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ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho José Affonso Dallegrave Neto NTC 26/abril/2010

ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho

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ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho. José Affonso Dallegrave Neto NTC 26/abril/2010. Conceito legal de ASSÉDIO SEXUAL - Art. 216-A, do Código Penal: - PowerPoint PPT Presentation

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ASSÉDIO MORAL E SEXUAL

nas Relações de Trabalho

José Affonso Dallegrave Neto

NTC 26/abril/2010

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Conceito legal de ASSÉDIO SEXUAL

- Art. 216-A, do Código Penal:

“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo, ou função”.

Pena: detenção de 1 a 2 anos.”

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REQUISITOS DE CONFIGURAÇÃO:REQUISITOS DE CONFIGURAÇÃO:

a) constrangimento provocado por agente favorecido pela ascendência exercida sobre a vítima;

b) ação dolosa e reiterada que visa vantagem sexual.

Observações:

- Agente: sempre o empregador ou superior hierárquico da vítima;

- Agente e vítima poderão ser do sexo masculino ou feminino, hetero ou homossexual.

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“Demonstrada a conduta de conotação sexual não desejada, praticada pelo chefe, de forma repetida, acarretando conseqüências prejudiciais ao ambiente de trabalho da obreira e atentando contra a sua integridade física, psicológica e, sobretudo, a sua dignidade, resta caracterizado o assédio sexual, sendo devida a correspondente indenização por danos morais.” (TRT, 17ª. Região, RO 1118/97, Ac. 02/07/98, Rel. Carlos Rizk)

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“A caracterização do assédio sexual no âmbito das relações de trabalho passa pela verificação de comportamento do empregador ou de prepostos, que abusando da autoridade inerente à função ou condição, pressiona o empregado com fins de obtenção ilícita de favores. Mas galanteios ou simples comentários de admiração, ainda que impróprios, se exercidos sem qualquer tipo de pressão, promessa ou vantagem, não configuram o assédio para efeitos de sancionamento civil.”

(TRT, 3ª Reg. 4ª. T., RO 1533/200, Rel. Lucide D’Ajuda Lyra de Almeida, DJMG: 20-04-202, pág. 13)

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III – CONCEITO DE ASSÉDIO III – CONCEITO DE ASSÉDIO MORAL:MORAL:

(Márcia Novaes Guedes)(Márcia Novaes Guedes)

- mobbing (ou bullying) significa todos aqueles atos e comportamentos provindos do patrão, do superior hierárquico ou dos colegas, que traduzem uma atitude de contínua e ostensiva perseguição que possa acarretar danos relevantes de ordem física, psíquica e moral da vítima.

(*) Terror psicológico no trabalho. LTr, 2003, p. 33.

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Nomenclatura:

“O termo “assédio moral” foi utilizado pela primeira vez pelos psicólogos e não faz muito tempo que entrou para o mundo jurídico. O que se denomina assédio moral, também conhecido como mobbing (Itália, Alemanha e Escandinávia), harcèlement moral (França), acoso moral (Espanha), terror psicológico ou assédio moral entre nós, além de outras denominações, são, a rigor, atentados contra a dignidade humana. (...)”

(TRT 3 ª R. – RO 01292.2003.057.03.00.3 – 2ª T. – Rel ª Alice Monteiro de Barros – DJMG 11.08.2004, p. 13).

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- Requisitos de configuração:

-O mobbing agrega 3 elementos:

A) abuso de poder;B) manipulação perversa;C) discriminação negativa;

Cláudio Couce de Menezes:

“aquele que assedia busca desestabilizar a sua vítima. Por isso mesmo, o processo é continuado e de regra sutil, pois a agressão aberta desmascara a estratégia insidiosa de expor a vítima a situações incômodas e humilhantes”.

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Formas recorrente de mobbing:

a) provocação do isolamento da vítima no ambiente do trabalho;

b) cumprimento rigoroso do trabalho como pretexto para maltratar psicologicamente a vítima;

c) referências negativas, indiretas e continuadas, à intimidade da vítima;

d) desprezo e discriminação negativa à vítima como fruto de uma implicância gratuita.

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Perfil do assediador:

- pessoa “perversa” que só consegue ter uma boa auto-estima humilhando e controlando os outros.

- busca massacrar alguém mais fraco, cujo medo gera conduta de obediência, não só da vítima, mas de outros empregados que se encontram ao seu lado. (Alice M. de Barros)

Marcia Guedes identifica os tipos de agressores:

- instigador; - casual; - colérico; - megalômano; - frustrado; - crítico; - sádico; - puxa-saco; - tirano; - aterrorizado; - invejoso; - carreirista; - pusilânime.

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Perfil da vítima:

Geralmente são empregados com um senso de responsabilidade quase patológico, ingênuos no sentido de que acreditam nos outros e naquilo que fazem; pessoas humildes e bem-educadas.

- Marcia Guedes afirma que muitas vezes “a vítima não é negligente nem desidiosa, mas, ao contrário, possui qualidades, sendo este o motivo de ser escolhida pelo agressor”.

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“A tortura psicológica, destinada a golpear a auto-estima do empregado, visando forçar sua demissão ou apressar a sua dispensa através de métodos em que resultem em sobrecarregar o empregado de tarefas inúteis, sonegar-lhe informações e fingir que não o vê, resultam em assédio moral, cujo efeito é o direito à indenização por dano moral, porque ultrapassada o âmbito profissional, eis que minam a saúde física e mental da vítima e corrói a sua auto-estima.”

(TRT, 17a. R., RO 1315/2000.00.17.00-1, Rel. Sonia das Dores Dionísia)

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DISTINÇÃO:DISTINÇÃO:

- No AS o agente perturba a vítima pela chantagem, visando vantagens sexuais;

- No AM o agente perturba a vítima pelo psicoterror, visando a eliminação da vítima do mundo do trabalho;

- É comum que o AM seja uma consequencia pela resistência da vítima ao AS;

- No AS o agente é sempre um superior hierárquico da vítima;

- No AM a vítima poderá ser o próprio chefe e o agente um grupo de subalternos.

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Tipologia:

Assédio vertical - a violência parte do chefe ou superior, que tem em mira seu subordinado.

Assédio horizontal - ocorre dentro da mesma escala hierárquica, entre colegas de trabalho, motivados pela competição; (*) pode ocorrer individualmente ou de forma coletiva, quando todos os demais colegas retaliam a vítima.

Assédio ascendente - a violência é praticada pelo empregado ou grupo de empregados contra um chefe, visando destroná-lo do cargo.

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Assédio moral organizacional

“conjunto de condutas abusivas, ostensivas e continuadas, em que o empregador objetiva a sujeição de um trabalhador, ou de um grupo de trabalhadores, à sua exorbitante política de produtividade.”

AM: objetiva discriminar e estigmatizar a vítima, visando a sua exclusão do mundo do trabalho;

AM Org: objetiva submeter, à força, o trabalhador à rigorosa política de resultado;

vídeo: aumento de produtividade

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ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO. “Comprovado nos autos que a reclamada, extrapolando o seu poder diretivo e organizacional, pressionava a autora a cumprir metas, usando de expedientes constrangedores, tem-se como configurado o assédio moral que autoriza a apenação da reclamada ao pagamento da indenização por danos morais”. (TRT 3ª R.; RO 1078/2008-023-03-00.4; 2ª. T.; Relª Maristela Iris; DJEMG 25/11/2009)

- No PR, o Sindicato dos Metalúrgicos acusa a multinacional Bosch de utilização do assédio moral para pressionar os empregados a aceitar redução salarial em troca da manutenção do emprego.

Fonte:www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi3001200923.htm - março/2009

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ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL. “O procedimento de 'incentivo de vendas' adotado pela empresa, consistente em atribuir 'troféu tartaruga' ao vendedor com menor desempenho na semana, trouxe desequilíbrio emocional aos vendedores, independentemente de quem o recebia, uma vez que na semana seguinte qualquer empregado vendedor poderia ser o próximo 'agraciado' daquele abuso patronal, que ocorreu de forma generalizada e reiterada. Neste contexto, o tratamento humilhante direcionado ao autor e existente no seu ambiente de trabalho mostra-se suficiente para caracterizar o fenômeno do assédio moral, máxime quando presente prova de que a conduta desrespeitosa se perpetrou no tempo, de forma repetitiva e sistemática. Configurado o assédio moral e a culpa patronal, devida a indenização pretendida pelo autor.” (TRT 23ª R.; RO00650.2009.009.23.00-3; 1ª. T.; Rel. Tarcísio Valente; DEJTMT 05/03/2010; Pág. 39)

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- MPT: legítimo para propor ACP e postular dano moral coletivo (art. 82, IV, CDC e art. 5o, L.7347/85)

- O valor indenizatório reverte a um “fundo gerido por um Conselho de que participa o MP e representantes da comunidade” - Art. 13, L. ACP (FAT);

- MPT move ACP n. 500/2008 denunciando Assédio Moral Organizacional no BB S/A –

7ª. VT de Brasília

Relatos de humilhações, isolamento (vg: proibição de almoçar junto com colegas) e outros abusos.

- http://portalctb.org.br/site/index.php?option=com_content&Itemid=&task=view&id=4552

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO MORAL COLETIVO. LEGITIMIDADE DO MPT.

(...) Tem-se que a empresa ré, por intermédio de um de seus prepostos, ao desrespeitar e submeter seus trabalhadores a condições humilhantes de trabalho, produziu uma lesão significativa a interesses extrapatrimoniais da coletividade e, como tal, merece ser condenada na reparação do mal, em valor adequado e justo. (...)

Assim, considerando a gravidade do ato, o alto grau de culpabilidade da ré, o grande número de empregados vitimados pelo assédio moral, a resistência da ré às negociações e o descaso da direção da empresa, de se concluir que o valor indenizatório fixado, R$ 300.000,00, mostra-se razoável à situação

(TST; AIRR 900/2006-007-04-40.8; 7ª T.; Rel. Min. Maria D. Novaes; DEJT 30/03/2010; p. 1836)

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Dra. Margarida Barreto, em artigo no portal www.adital.org.br:

"Ferramenta utilizada por muitos empregadores na busca da maior produtividade e lucratividade (...).

Assim, algumas empresas têm adotado, de forma reiterada, prendas e castigos como forma de forçar os trabalhadores a atingirem metas estabelecidas em seus cronogramas de produção.

Normalmente a penalidade para aqueles que não atingem os patamares fixados, é a exposição vexatória perante os demais integrantes do grupo tais como, vestir-se com roupas do sexo oposto, dançar ao som de músicas de conotação erótica, submeter-se a corredor polonês, etc".

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EFEITOS CONTRATUAIS do EFEITOS CONTRATUAIS do Assédio:Assédio:

1. Rescisão Indireta, art. 483, da CLT:

O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:

d – não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

e – praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e da boa-fama.

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Jurisprudência:

ASSÉDIO MORAL. RESCISÃO INDIRETA. DANO MORAL. “Patenteada nos autos a prática de lesividade à honra e dignidade do autor, decorrente de assédio moral perpetrado pelo empregador, via de seu gerente, plenamente legítima se faz a rescisão indireta do contrato de trabalho, com as consequentes verbas rescisórias, bem como a indenização por dano moral vindicada.” (TRT 3ª R.; RO 409/2009-074-03-00.2; Turma Recursal de Juiz de Fora; Rel. Paulo Maurício R. Pires; DJEMG 12/08/2009)

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Jurisprudência:

“Considerando os fatos e circunstâncias constantes dos autos a respaldar a narrativa da inicial no sentido da prática de assédio sexual pelo gerente da reclamada, sem que esta tomasse providência acerca do noticiado pela autora, plenamente justificado o motivo da rescisão indireta do contrato de trabalho, com o conseqüente deferimento das verbas rescisórias pertinentes, bem como de indenização por danos morais.”

(TRT 3ª Região, 4a. T., RO 8703/2001, Rel. Caio L.de A.Vieira de Mello, DJMG: 15-09-2001, pág 10)

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JUSTA CAUSA DO ASSEDIANTE:JUSTA CAUSA DO ASSEDIANTE:

Art. 482 – Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:

b) incontinência de conduta ou mau procedimento;

j) ato lesivo da honra ou da boa-fama praticado no serviço contra qualquer pessoa ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem.

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Jurisprudência:

“Assédio sexual. Tipificação como incontinência de conduta. Requisitos. O assédio sexual grosseiro, rude e desrespeitoso, concretizado em palavras ou gestos agressivos, já fere a civilidade mínima que o homem deve à mulher, principalmente em ambientes sociais de dinâmica rotineira e obrigatória e que nestes ambientes (trabalho, clube, etc.) o constrangimento moral provocado é maior, por não poder a vítima desvencilhar-se definitivamente do agressor.” (TRT, 3a. Reg. RO 2211/94, Rel. Maurício Godinho Delgado. DJMG: 23/04/94).

“Mau procedimento. Constitui justa causa para a dissolução do contrato laboral a Violação não consentida da privacidade de uma colega de trabalho.” (TRT, 12a. Reg., RO 596/85, 12/05/85, Rel. Câmara Rufino)

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JUSTA CAUSA PARA A DISPENSA. ART. 482, B, CLT. PRÁTICA DE ASSÉDIO SEXUAL E MORAL.

“Os fatos apurados nos autos configuram o assédio sexual e moral praticado pelo recorrente, e não uma simples brincadeira entre colegas de trabalho. O recorrente extrapolou em muito os limites de uma convivência aceitável, sobretudo em se tratando de uma colega subordinada às suas ordens. O lapso de tempo entre o início do assédio e a denúncia dos fatos por parte da ofendida não configura o consentimento, haja vista que, de regra, não se trata de um evento imediato. Ao contrário, em geral são sucessivos eventos que se prolongam no decorrer do tempo. Essa é a medida dos fatos apurados no presente feito, atestando a falta grave cometida pelo recorrente no ambiente de trabalho”.

(TRT 8ª R.; RO 00003-2009-007-08-00-0; 4ª. T.; Relª Desª Fed. Alda Maria de Pinho Couto; DJEPA 17/07/2009; Pág. 25)

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RESPONSABILIDADE DIRETA E RESPONSABILIDADE DIRETA E INDIRETA DA EMPRESA:INDIRETA DA EMPRESA:

Assediante = pessoa do empregador = responsável direto pela reparação;

Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

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-Fundamento da CF:

A CF guindou o meio ambiente (art. 225) à categoria de bem de uso comum, impondo- se ao empregador a obrigação de assegurar ao empregado um ambiente de trabalho hígido e equilibrado (art.200, VIII,CF).

“Ao empregador incumbe a obrigação de manter um ambiente de trabalho respeitoso, pressuposto mínimo para a execução do pacto laboral. A sua responsabilidade pelos atos de seus prepostos é objetiva (Súm. 341 do STF), presumindo-se a culpa”

(TRT 3ª R., 5a. T., RO n . 4269/2002, Rogério Valle Ferreira, DJMG: 06-07-2002, p. 14)

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Assediante = superior hierárquicoEmpresa = responde por ato de 3o.;

Art. 932: São também responsáveis pela reparação civil:

III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

Teoria da representação delitual:

empregado = longa manus do empregador

presunção juris et de jure de culpa

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- Art. 933, Código Civil: responsabiliza o empregador “ainda que não haja culpa direta de sua parte”.

O assediante é como um animal que ameaça e cerca a vítima (to “mob”) até conseguir devorá-la.

- Ao empregador cabe elidir a prática do assédio, protegendo a vítima

Culpa in eligendo e in vigilando:

(*vídeo)

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INDENIZAÇÃO em caso de INDENIZAÇÃO em caso de Assédio:Assédio:

O assédio:

- ofende a dignidade do trabalhador (1º, III,CF);

- afeta a honra objetiva e subjetiva (5º, X, CF);

Indenização por dano material e moral

Art. 5º, X, da CF dispõe: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”

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Indenização por Dano Moral:

Conceito de dano moral:

A) residual: são todos os danos que não têm repercussão de caráter patrimonial

B) pretium doloris: é aquele que causa uma dor moral à vítima

Savatier: “é todo sofrimento humano não resultante de uma perda pecuniária”

A dor moral tem preço?

*vídeo (tragédia)

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O melhor conceito:

C) Dano moral caracteriza-se pela simples lesão a um direito de personalidade

Comprovação em juízo: (presunção hominis)

"Na concepção moderna da reparação do dano moral, prevalece a orientação de que a responsabilidade do agente se opera por força do simples fato da violação, de modo a tornar-se desnecessária a prova do prejuízo em concreto."

(Resp. 173.124, 4ª T., DJ: 19.11.01)

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"Dispensa-se a prova do prejuízo para demonstrar a ofensa ao moral humano, já que o dano moral, tido como lesão à personalidade, ao âmago e à honra da pessoa, por sua vez é de difícil constatação, haja vista os reflexos atingirem parte muito própria do indivíduo o seu interior. De qualquer forma, a indenização não surge somente nos casos de prejuízo, mas também pela violação de um direito." (STJ, Resp. 85.019, 4ª T., Rel. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ: 18.12.98)

“Assim, provada a existência de fato que normalmente ofende a pessoa em seu âmago, (...) presume-se o dano moral.” (TRT 3ª R. – RO 00754-2003-086-03-00-0 – 8ª T. – DJMG 28.08.2004 – p. 18)

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Dupla função do dano moral:

a) Compensatória (necessidade da vítima);

b) Pedagógica-preventiva (capacidade da empresa)

“A indenização por dano moral deve ser fixada em valor razoável, de molde a traduzir uma compensação, para a vítima (empregado) e, concomitante,

punir patrimonialmente o empregador, a fim de coibir a prática reiterada de

atos dessa natureza.”

(TRT – 3ª R – 5ª T – RO nº 9891/99 Taísa Mª. M. de Lima – DJMG 20.05.2000 – p. 16)

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Indenização por Dano MaterialAlém do dano moral, cabe reparar:

- de eventual rebaixamento funcional;

- desconto indevido de faltas;

- despesas com remédios e psicólogo;

- incapacidade decorrente de doença ocupacional (arts. 948 a 950 do CC)

Síndrome de ”burn-out”: combustação completa (esgotamento) do trabalhador decorrente de intenso estresse no ambiente do trabalho;

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“Comprovado que a Autora está acometida de doença ocupacional (art. 20, II, Lei n.º 8.212/91), consistente em "síndrome de burnout", originada de ambiente de trabalho hostil e inadequado, no qual a forma encontrada pela empresa para a administração do seu pessoal é a prática constante de assédio moral, passível de desencadear sintomas físicos e psíquicos graves às vítimas, deve ser fixada indenização pelos danos materiais e morais decorrentes da violação de direitos da personalidade da trabalhadora”.

(TRT 9ª R.; Proc. 09748-2007-015-09-00-2; Ac. 26273-2009; Quarta Turma; Rel. Des. Luiz Celso Napp; DJPR 18/08/2009)

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“A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do assediado de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.” (TRT, 17ª. Região, Ac. 9029-2002, DOE: 15.10.2002)

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AÇÃO DE REGRESSO:AÇÃO DE REGRESSO:

- Cabe denunciação à lide:

Art. 70, CPC: – A denunciação da lide é obrigatória: III – àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

Art. 934, NCC: Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz

- Art. 462, § 1º da CLT: desconto salarial para compensar dano “desde que tal tenha sido acordado ou praticado dolosamente pelo empregado”;

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EFEITOS CRIMINAIS:EFEITOS CRIMINAIS:

- Assédio sexual, art. 216-A do C. Penal Pena: 1 a 2 anos de detenção.

- A condenação criminal é exclusiva da pessoa do assediante, não havendo responsabilidade indireta de que trata o art. 932, III, do CCC.

-Com base na legislação penal (art. 43, CP), o criminoso estará, no máximo, submetido à pena alternativa.

- A competência para apreciar o crime de assédio sexual é do Juizado Especial (pg único do art. 2o. da L. 10.259/01).

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APELAÇÃO CRIME. ASSÉDIO SEXUAL. ARTIGO 216-A DO CÓDIGO PENAL. VALIDADE DO DEPOIMENTO DA VÍTIMA.

Provada a prática da infração penal pelo acusado e, não havendo excludentes de ilicitude ou causa de isenção de pena, impõe-se a manutenção da sentença condenatória, estando correta a pena fixada. Apelação improvida.

(Recurso Crime nº 71000962142, Turma Recursal Criminal, Relator: Angela Maria Silveira, DJRS 7/12/2006)

Page 46: ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho

- Assédio moral = não há tipificação penal, contudo o assediante pode incorrer nas seguintes figuras do Código Penal:

- crimes contra a honra (art. 138 a 140); - perigo de vida e da saúde (art. 130/136) - induzimento ao suicídio (art. 122); - lesão corporal e homicídio (art. 129/122)

- Art. 935 CC: “a responsabilidade civil independe da criminal, não se podendo, contudo, questionar mais sobre a existência do fato ilícito ou sobre sua autoria, quando estas questões já estiverem decididas no juízo criminal”.

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PROVA JUDICIAL DO ASSÉDIO:PROVA JUDICIAL DO ASSÉDIO:

- De extrema dificuldade para a vítima (ação às “portas fechadas”);

“A gravação da conversa de um dos interlocutores não configura interceptação, sendo lícita como prova no processo penal, aplicando-se, nesse caso, o princípio da proporcionalidade, que permite o detrimento de alguns direitos para que prevaleçam outros de maior valor.” (STJ, RHC, 7216/SP, 5a. T., RT n. 755/580)

Page 48: ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho

“GRAVAÇÃO TELEFÔNICA. A aceitação no processo judiciário do trabalho, de gravação de diálogo telefônico mantido pelas partes e oferecida por uma delas, como prova para elucidação de fatos controvertidos em juízo, não afronta suposto direito líquido e certo da outra parte, a inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas, porque essa garantia se dá em relação a terceiros e não aos interlocutores.”(TST, SDI, Ac. n.: 1564 – ROMS n. 11134– Rel. Min. Ermes Pedro Pedrassani, DJ: 27.9.1991, p. 13394)

Page 49: ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho

- O julgador deve ser sensível no momento de coligir a prova do assédio;

“Exigir-se prova cabal e ocular para vislumbrar o assédio sexual é simplesmente impossibilitar a prova em Juízo, e assim contribuir para que ilicitude de tanta gravidade continue ocorrendo.”

(TRT, 2ª Reg., 10a. T.,, Ac. n. 20010503530-2001, Rel. Vera Marta Publio Dias, DOE SP, PJ, 31/08/2001)

Page 50: ASSÉDIO MORAL E SEXUAL nas Relações de Trabalho

FALTA DE SENSIBILIDADE DO FALTA DE SENSIBILIDADE DO JULGADOR:JULGADOR:

“Não existindo promessa de vantagem ou ameaça de prejuízo, em câmbio de sexo, não se pode cogitar de assédio sexual, no âmbito das relações de trabalho, pois o intuito de sedução, que é inato ao ser humano, por si só não implica reparação, em caso de resistência, uma vez que a subsistência da espécie humana – abstraída a hipótese da clonagem – depende dos acasalamentos.”

(TRT, 6a. R., RO 41302,Ac.1075/2002-906-06-00-7, 1a. T., DJ: 14/05/02)

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JURISPRUDÊNCIA ELUCIDATIVA:JURISPRUDÊNCIA ELUCIDATIVA:

“ASSÉDIO MORAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR.

1. O dano moral está presente quando se

tem a ofensa ao patrimônio ideal do trabalhador, tais como: a honra, a liberdade, a imagem, o nome etc. Não há dúvidas de que o dano moral deve ser ressarcido (art. 5º, V e X, CF). O que justifica o dano moral, nos moldes da exordial, é o assédio moral.

2. O assédio moral é a exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções.

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3. O empregador, pela culpa na escolha e na fiscalização, torna-se responsável pelos atos de seus prepostos (Súmula n. 341, STF). A responsabilidade é objetiva do empregador. Contudo, torna-se necessária a prova (...)

Os requisitos da responsabilidade civil subjetiva são: a) ato comissivo ou omissivo; b) dano moral; c) nexo causal; d) culpa em sentido amplo (dolo) ou restrito (negligência, imprudência ou imperícia).

(TRT, 2a. Reg., 4a. T., RO01 - 02146-2003-902-02 00, Rel. Francisco Ferreira Jorge Neto, DOE SP, PJ: 01/08/2003)

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“Ao contrário do que afirmam os detentores do poder econômico, a cujo "canto da sereia", lamentavelmente, se aliam alguns integrantes do Poder Judiciário, de que recrudesce a indústria do dano moral, a realidade é outra.

É o despertar na consciência, na experiência e até mesmo no estímulo de doutrinadores e jurisconsultos sensíveis, o espírito de cidadania, de amor próprio, de auto-estima, que há muito o povo brasileiro havia perdido e agora tenta, a duras penas, recuperar e a esses esforços, sem dúvida alguma, não pode o Judiciário ficar alheio.

Não é indústria do dano moral. É indústria da defesa dos seus direitos, tentativa de, pelo menos, se atenuar a indústria da impunidade;” TJRJ – AC 3442/2000 – (22082000) – 14ª C.Cív. – Rel. Des. Ademir Pimentel – J. 27.06.2000

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Indústria do dano moral ou indústria da humilhação moral?

"O homem se humilha; se castram seus sonhos, seu sonho é sua vida e vida é trabalho; sem o seu trabalho

o homem não

tem honra, sem

a sua honra

se morre,

se mata..."

(Gonzaguinha)

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Assédio processual exercício abusivo e reiterado das faculdades processuais, em especial do direito de ampla defesa e contraditório, objetivando:

- retardar a prestação jurisdicional e/ou

- prejudicar dolosamente o ex-adverso.

Distinção com a Litigância de má-fé:

LMF: caracteriza-se pela simples incidência de 1 das hipóteses expressas em lei (art. 17 e 600, CPC).

AP: é mais ampla e intensa que a LMF, caracterizada pela sucessão de atos processuais que, em conjunto, colimam obstruir a prestação jurisdicional e/ou prejudicar a parte ex-adversa.

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"Praticou a ré 'assédio processual', uma das muitas classes em que se pode dividir o assédio moral. Denomino assédio processual a procrastinação por uma das partes no andamento de processo, em qualquer uma de suas fases, negando-se a cumprir decisões judiciais, amparando-se ou não em norma processual, para interpor recursos, agravos, embargos, requerimentos de provas, petições despropositadas, procedendo de modo temerário e provocando incidentes manifestamente infundados, tudo objetivando obstaculizar a entrega da prestação jurisdicional à parte contrária."

(Mylene Pereira Ramos, Juíza da 63ª VT de São Paulo, Processo nº 02784200406302004)

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Fundamento para aplicar a multa e a indenização em ambos os institutos:

Art 18, CPC: 1% a 20% do valor da causa “...e indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e despesas que efetuou”;

Art. 601, CPC: multa de até 20% do valor atualizado da execução, “...sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material”

No AP a indenização também se fundamenta na regra do art. 927 do CC.

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- A multa processual deriva do dever do Estado de zelar pelo rápido andamento das causas (arts. 765, CLT e 125, II, CPC) e de prestar jurisdição em tempo razoável (CF, art. 5º, LXXVIII).

- Em ambos os casos (LMF e AP), o juiz poderá fixar ex officio a multa e/ou a indenização as quais serão, a rigor, revertidas em prol da parte prejudicada (art. 601, CPC, in fine) e, excepcionalmente em prol do FAT (vg: litigante de má-fé em ACP; analogia do art. 13, L. 7347/85);

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- Na LMF a multa legal deve ser fixada dentro do próprio processo;

- No AP a indenização poderá ser a posteriori, em ação autônoma ou arbitrada pelo próprio julgador que a declarou dentro dos chamados efeitos reflexos da sentença:

Pontes: “são repercussões eventuais da decisão que, mesmo que não previstas em lei, decorrem da própria eficácia natural da sentença”.

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Assédio processual. Indenização. Retardamento do processo. Conduta reprovável. (TRT, 9a. R., 1a. T. Processo 00511-2006-562.09.00-3, Rel. Tobias de Macedo Filho, DJPR: 16/09/2008)

“A prática do assédio processual deve ser rechaçada com toda a energia pelo Judiciário. Os Tribunais brasileiros, sobretudo os Tribunais Superiores, estão abarrotados de demandas retóricas, sem a menor perspectiva científica de sucesso. Essa prática é perversa, pois além de onerar sobremaneira o erário público torna todo o sistema brasileiro de justiça mais lento e por isso injusto. Não foi por outro motivo que a duração razoável do processo teve de ser guindado ao nível constitucional. (contin.)

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Os advogados, públicos e privados, juntamente com os administradores e gestores, têm o dever de se guiar com ética material no processo. (...) A legitimação para o processo impõe o ônus público da lealdade processual, lealdade que transcende em muito a simples ética formal, pois desafia uma atitude de dignidade e fidelidade material aos argumentos. O processo é um instrumento dialógico por excelência, o que não significa que possa admitir toda ordem de argumentação.

(TRT, 3ª. R., 4ª. T., Processo : 00760-2008-112-03-00-4 RO, Rel. Jose Eduardo de RC Junior, DJMG 21/2/09)

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Bibliografia:

- GUEDES, Marcia Novaes. Terror psicológico no trabalho. LTr.

- DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade Civil no DT. 4a. ed., maio de 2010. LTr

- roteiro da aula (PPA). Acesse:

www.twitter.com/DallegraveNeto