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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E AVALIAÇÃO DO SEU POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO RICARDO DOUGLAS DE SOUZA C U I A B Á - MT 2013

ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS DE§ões-Teses... · Resumo – As interações microrganismos-planta são as mais diversas possíveis, variando do parasitismo às associações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS DE

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E AVALIAÇÃO DO

SEU POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO

RICARDO DOUGLAS DE SOUZA

C U I A B Á - MT

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS DE

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E AVALIAÇÃO DO

SEU POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO

RICARDO DOUGLAS DE SOUZA

Biólogo

Orientadora: Profª. Dra. ELISABETH A. FURTADO DE MENDONÇA

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)

autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

S729a Souza, Ricardo Douglas de.Assembleia de Microrganismos Endofíticos de

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) e Avaliação do seuPotencial Biotecnológico / Ricardo Douglas de Souza. --2013

xv, 174 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientadora: Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça.Co-orientador: Marcos Antônio Soares.Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical,Cuiabá, 2013.

Inclui bibliografia.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS

ENDOFÍTICOS DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E

AVALIAÇÃO DO SEU POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO

Autor: RICARDO DOUGLAS DE SOUZA

Orientadora: Dra. ELISABETH APARECIDA FURTADO DE MENDONÇA

Aprovada em 22 de Fevereiro de 2013.

Comissão Examinadora:

____________________________

Profa. Elisabeth Aparecida Furtado

de Mendonça

(FAMEV/UFMT) (Orientadora)

___________________________

Prof. Marcos Antônio Soares

(IB/UFMT) (Co-orientador)

___________________________

Prof. Luciano Nakazato

(FAMEV/UFMT)

___________________________

Prof. Fabio Lopes Olivares

(CBB/ UENF)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela fidelidade e presença sempre amiga. Pela

ajuda nos momentos difíceis e refugio nas horas de cansaço.

Agradeço àqueles sem os quais nada disso seria possível, pois são

meu porto-seguro, onde posso me atracar não importa as circunstancias:

minha família. Esse trabalho também é de vocês.

Agradeço professora Elizabeth, pela pronta disponibilidade em todos

os momentos, e pela confiança depositada em mim.

Agradeço ao professor Marcos Antônio Soares, pela infinita paciência,

dedicação, pelas palavras de apoio nos momentos difíceis, pelas correções

nas horas necessárias, obrigado por tudo.

Agradeço aos professores da banca (Fabio Lopes Olivares e Luciano

Nakazato) pela pronta aceitação em participar e pelas valiosas

contribuições, sugestões e discussões.

Agradeço aos professores do Programa de Pós-graduação em

Agricultura Tropical, pela disponibilidade e socorro em horas tão diversas.

Agradeço a equipe do LABEM, pela amizade e ajuda, sem vocês não

seria possível. Andressa, obrigado! Muito mais que pela ajuda nos

experimentos, obrigado pela amizade, por ser todo ouvido, por ser boca de

Deus pra mim e simplesmente por ser quem é. Deus lhe Abençoe sempre!

Ao Breno e William, pelos inúmeros auxílios, vocês tem parte nesse trabalho

também. A Katia, Bruna, Jaqueline, Fabio, Matthews, Marcelo, André, enfim,

todos do LABEM, Obrigado!

Agradeço ao Grupo de Oração Missão Misericórdia pelo apoio e pelas

orações de cada um, ajudaram muito, vocês nem sabem o quanto.

Agradeço a Carmem e Sidinéia pela ajuda, por ter me acolhido no

laboratório de sementes de forma impar, a ajuda de vocês fez toda a

diferença.

Agradeço ao pesquisador Carlos Roberto Casela (EMBRAPA Milho e

Sorgo, Sete Lagoa/MG), a pesquisadora Rosalee A. Coelho Netto (INPA) e

Drª. Dyana Alves Henriques (UMC/SP), pelas Linhagens de fungos

patogênicos, cedidas para a realização desse trabalho.

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ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS DE

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E AVALIAÇÃO

DO SEU POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO

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ASSEMBLEIA DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS DE

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E AVALIAÇÃO DO

SEU POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO

Resumo – As interações microrganismos-planta são as mais diversas

possíveis, variando do parasitismo às associações simbióticas. Endófitos

merecem atenção especial entre estes microrganismos porque as suas

relações com os hospedeiros podem resultar no aumento da adaptabilidade

das populações vegetais num determinado ecossistema. Estes

microrganismos tem demonstrado serem importantes fontes de prospecção

de metabólitos especiais com diferentes propriedades bioativas de interesse

das indústrias farmacêuticas e agrícola, e ferramentas chaves no

desenvolvimento de processos biotecnológicos como no controle biológico

de patógenos. Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) é uma planta

conhecida pelo seu uso medicinal e ornamental encontrada nas áreas

inundáveis do pantanal matogrossense. Portanto, este trabalho tem como

objetivo: a) Isolar e identificar a assembleia de microrganismos endofíticos

por meio de método dependente de cultivo; b) Determinar e avaliar a

interação entre fungos obtidos de E. scaber com outros hospedeiros; c)

Avaliar a capacidade antagônica dos endófitos obtidos contra

microrganismos patógenos de interesse médico e agronômico e no controle

biológico em grãos; d) Verificar traços funcionais importante na promoção de

crescimento de planta no banco de bactéria endofíticas de E. scaber, e)

Avaliar a inoculação de bactérias com traços funcionais na germinação e

desenvolvimento de plântulas de soja. Um banco de endófitos foi construído

a partir do isolamento dependente de cultivo em meio ágar batata com

fragmentos de raízes e pecíolos. Após 15 dias de incubação, 113 e 46

linhagens de bactérias e fungos, respectivamente, foram obtidas de pecíolos

e raízes de E. scaber. Após a identificação molecular, as bactérias

apresentaram maior riqueza de espécies distribuídas em 10 gêneros e 25

táxons e os fungos diferenciados em 13 gêneros, distribuídos em 19 táxons.

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As linhagens de fungos FREII-ED1 e FREIII-ED2 foram inoculadas em

plantas assépticas em meios de cultura in vitro. As plantas hospedeiras

Vochysia divergens, V. haenkeana, Combretum lanceolatume Capsicum

frutensces em contato com FREII-ED1 e FREIII-ED2 mantiveram-se vivas e

não desenvolveram sintomas ou sinais de doenças. Estes dois fungos

colonizaram internamente o sistema radicular das espécies através de suas

hifas mielinizadas e septadas, diferenciando microesclérodio e, portanto,

foram definidos como fungos do tipo dark septates. O sequenciamento da

região ITS das linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2 classificou-os em

Pestalotiopsis theae e Lophiostoma cynaroidis, respectivamente. A seleção

de endófitos antagônicos a patógenos foi determinada pelo confronto

realizado através da técnica de cultura dupla. Nove microrganismos de

importância agronômica e médica, sendo cinco fungos patogênicos

(Colletotrichum lindemunthianum, C. gloeosporioides, Corynespora

cassiicula, Fusarium solani, Microsporum canis) e quatro bactérias

patógenas (Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, S. saprophyticus

e Escherichia coli) constituíram os microrganismos patogênicos utilizados.

Além disso, grãos de soja foram microbiolizadas com as bactérias

endofíticas com atividade contra todos os microrganismos testados. Obteve-

se os extratos, fração acetato de etíla, dos fungos antagônistas a todos os

microrganismos patogênicos, a fim de avaliar a produção de compostos

antifúngicos. A atividade bactericida dos extratos foi avaliada através de

autobiografia contra E. faecalis, S. aureus, S. saprophyticus. Avaliou-se

sessenta e duas bactérias quanto à produção do fitohormônio AIA e

solubilização de fosfato de cálcio. Para o teste de promoção de crescimento,

sementes de soja foram microbiolizadas com sete linhagens de bactérias

produtoras de AIA e solubilizadoras de fosfato de cálcio. Avaliaram-se a

porcentagem de germinação, índice de velocidade de emergência e a massa

seca das plântulas aos 13 dias da semeadura. Os microrganismos de

interesse foram identificados através de técnicas moleculares pelo

sequenciamento parcial do gene 16S, para bactéria, e da região ITS para

fungo, do gene rRNA. Duas bactérias, identificadas como Bacilus,

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demonstram eficiencia no controle de todos os patógenos avaliados, e

demonstraram aptidão de controlar, quase 100% o desenvolvimento de

fungos em grãosde soja. Das 47 linhagens de fungos, 10 foram eficientes

para inibir o crescimento do micélio de todos os fungos patogênicos. Os

antagonistas classificaram-se em cinco gêneros, a saber: Corynespora,

Cochliobolus, Penicillium, Chaetomium e Eupenicillium. Cinco dos

antagonistas aos fungos patogênicos demonstraram capacidade de inibir o

crescimento das cepas patógenas bacterianas. Os extratos dos endófitos

demonstraram inibição contra todos os microrganismos testados. Todas as

bactérias avaliadas produziram AIA in vitro, e 47 solubilizaram fosfato de

cálcio in vitro. As linhagens de bactérias produtoras de AIA e solubilizadoras

de fosfatos foram identificadas como pertencentes ao gênero Enterobacter e

Klebsiella. As sementes de soja inoculadas com bactérias produtoras de AIA

e solubilizadores de fosfato de cálcio não tiveram sua germinação afetada,

sendo que quatro linhagens de bactérias endofíticas demonstram eficiência

em promover o acúmulo de massa seca em plântulas de soja.

Palavras-chave: Antagonismo, Promoção de crescimento, Microrganismos

endofíticos, Chapéu de couro, soja.

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ASSEMBLY OF ENDOPHYTES Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus) AND EVALUATION OF ITS POTENTIAL

BIOTECHNOLOGICAL

Abstract - The plant-microorganism interactions are the most diverse

possible, ranging from parasitic to symbiotic associations. Endophytes

deserve special attention among these microorganisms because their

relationships with the host may result in increasing the adaptability of plant

populations in an ecosystem. These microorganisms have been shown to be

important sources of prospecting special metabolites with different bioactive

properties of interest of the pharmaceutical and agricultural tools and key in

the development of biotechnological processes such as biological control of

pathogens. Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) is a plant known for its

medicinal and ornamental found in the wetlands of the Pantanal of Mato

Grosso. Therefore, this work aims to: a) isolate and identify the assembly of

endophytic microorganisms by culture-dependent method b) Determine and

evaluate the interaction between fungi obtained from E. scaber with other

hosts and c) evaluate the ability of antagonistic endophytes obtained against

pathogenic microorganisms of medical and agronomic and biological control

in grain d) Check functional traits important in promoting plant growth in bank

endophytic bacterium E. scaber, e) Evaluate the inoculation of bacteria with

functional traits in germination and development of soybean seedlings. A

database was constructed from endophyte isolation dependent in medium

potato agar with fragments of roots and stems. After 15 days of incubation,

113 and 46 strains of bacteria and fungi, respectively, were obtained from

stems and roots of E. scaber. After identifying molecular bacteria showed

greater richness of species in 10 genera and 25 different fungal taxa and 13

genera distributed in 19 taxa. The strains of fungi and FREIII FREII-ED1-ED2

were inoculated in aseptic culture medium in vitro. Host plants Vochysia

divergens, V. haenkeana, Combretum lanceolatum e Capsicum frutensces

contact FREII-ED1 and ED2-FREIII remained alive and did not develop

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symptoms or signs of disease. These two fungi internally colonized the root

system of the species through their myelinated and septate hyphae,

differentiating microesclérodio and therefore were defined as fungi like dark

septates. The sequencing of the ITS region of strains FREII-ED1 and FREIII-

ED2 ranked them in Pestalotiopsis theae and Lophiostoma cynaroidis

respectively. The selection of endophytes antagonistic to pathogens was

determined by comparison performed by dual culture technique. Nine

microorganisms important agronomic and medical, five pathogenic fungi

(Colletotrichum lindemunthianum, C. gloeosporioides, Corynespora

cassiicula, Fusarium solani e Microsporum canis) and four pathogenic

bacteria (Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, S. saprophyticus

and Escherichia coli) were the microorganisms pathogenic used. Moreover,

grains of soybeans were microbiolized with endophytic bacteria with activity

against all tested microorganisms. The obtained extract, ethyl acetate

fraction, fungi antagonistic to pathogenic microorganisms all in order to

evaluate the production of antifungal compounds. The bactericidal activity of

the extracts was evaluated autobiography against E. faecalis, S. aureus, S.

saprophyticus. Reviewed Sixty-two bacteria for the production of

phytohormone IAA and solubilization of calcium phosphate. To test the plant

growth promotion, soybean seeds were microbiolized seven bacterial strains

producing IAA and solubilizing calcium phosphate. We evaluated the

germination percentage, rate of emergence and seedling dry mass at 13

days after sowing. The organisms of interest were identified using molecular

techniques by partial sequencing of the 16S for bacteria and fungus-ITS

region of the rRNA gene. Two bacteria, identified as Bacillus demonstrate

efficiency in controlling all pathogens evaluated, and demonstrated ability to

control almost 100% the development of fungi in grains of soybean. Of the 47

fungal strains 10 were effective for inhibiting the mycelial growth of all

pathogenic fungi. The antagonists were classified into five genera, namely:

Corynespora, Cochliobolus, Penicillium, Chaetomium and Eupenicillium. Five

pathogenic fungi antagonists have demonstrated an ability to inhibit the

growth of pathogenic bacterial strains. The extracts of endophytes showed

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inhibition against all tested microorganisms. All bacteria evaluated in vitro

produced IAA and 47 solubilize calcium phosphate in vitro. The bacterial

strains producing IAA and phosphate solubilizing were identified as belonging

to the genus Enterobacter and Klebsiella. Soybean seeds inoculated with

bacteria producing IAA and phosphate solubilizing calcium were not affected

their germination, and four strains of endophytic bacteria demonstrate

effective in promoting dry matter accumulation in soybean seedlings.

Keywords: Antagonism, Growth promotion, Endophytic, Chapél de couro,

Soybeans.

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xii

1. SUMÁRIO

2. Página

3. RESUMO............................................................................................. vi

4. ABSTRACT......................................................................................... ix

5. 1. INTRODUÇÃO............................................................................... 16

6. 1.1 Referências Bibliográficas .......................................................... 21

7. 2. COMUNIDADE DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS

CULTIVÁVEIS DA PLANTA MEDICINAL Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus) NO PANTANAL DO BRASIL................................... 25

8. Resumo.............................................................................................. 26

9. Abstract.............................................................................................. 28

10. 2.1 Introdução.................................................................................... 30

11. 2.2 Material e Métodos...................................................................... 33

12. 2.2.1 Obtenção do material vegetal................................................... 33

13. 2.2.2 Isolamento dos microrganismos, purificação e preservação.... 33

14. 2.2.3 Variabilidade genética e identificação das linhagens de fungos

endofíticos.......................................................................................... 34

15. 2.2.4 Variabilidade genética e identificação molecular das linhagens

de bactérias endofíticas..................................................................... 36

16. 2.2.5 A análise dos dados.................................................................. 37

17. 2.3 Resultados e discussão............................................................... 38

18. 2.3.1 Estrutura da assembleia de fungos isolados de Echinodorus

scaber................................................................................................ 40

19. 2.3.2 Estrutura da assembleia de bactérias de Echinodorus scaber. 48

20. 2.4 Conclusões.................................................................................. 55

21. 2.5 Referências Bibliográficas........................................................... 56

22. 3. DARK SEPTATE DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E

SUAS ESPECIFICIDADES EM DIFERENTES HOSPEDEIROS...... 66

23. Resumo.............................................................................................. 67

24. Abstract.............................................................................................. 69

25. 3.1 Introdução.................................................................................... 71

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xiii

26. 3.2 Material e Métodos...................................................................... 74

27. 3.2.1 Microrganismos e meios de cultura utilizados.......................... 74

28. 3.2.2 Observação de estruturas fúngicas associadas às raízes de E.

scaber................................................................................................ 74

29. 3.2.3 Caracterização e Identificação molecular das linhagens

fúngicas.............................................................................................. 75

30. 3.2.4 Obtenção de plântulas gnotobióticas........................................ 76

31. 3.2.5 Inoculação de fungos em plântulas e observação

macroscópica..................................................................................... 76

32. 3.2.6 Estudo em microscopia das raízes inoculadas......................... 76

33. 3.3 Resultados e Discussão ............................................................. 78

34. 3.3.1 Associação entre raízes de Echinodorus scaber e fungos...... 78

35. 3.3.2 Colonização de plântulas axênicas em condições in vitro........ 78

36. 3.3.3 Identificação das linhagens de fungos endofíticos................... 85

37. 3.4 Conclusões.................................................................................. 87

38. 3.5 Referências Bibliográficas……………………………………....… 88

39. 4. ATIVIDADE ANTAGONICA A MICRORGANISMOS

PATOGÊNICOS E CONTROLE DE FUNGOS in vitro POR

BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS ISOLADAS DE Echinodorus scaber

Rataj (macrophyllus) EM GRÃOS DE SOJA..................................... 93

40. Resumo.............................................................................................. 94

41. Abstract……………………………………………………...........……… 96

42. 4.1. Introdução................................................................................... 97

43. 4.2. Material e Métodos................................................................... 100

44. 4.2.1. Microrganismos e meios de cultura....................................... 100

45. 4.2.2. Seleção de bactérias endofíticas antagônicas a fungos

patógenos........................................................................................ 101

46. 4.2.3. Ensaio de antibiose contra bactérias patógenas................... 101

47. 4.2.4. Analise de ERIC-PCR das bactérias endofíticas

selecionadas.................................................................................... 102

48. 4.2.5. Identificação e analise filogenética das bactérias endofíticas102

49. 4.2.6. Controle da incidência de fungos em grãos de soja.............. 103

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xiv

50. 4.3. Resultados e Discussão........................................................... 104

51. 4.3.1. Seleção de bactérias antagônicas a microrganismos

patogênicos...................................................................................... 104

52. 4.3.2. Potencial de inibição de bactérias patogênicas..................... 106

53. 4.3.3. Caracterização e identificação molecular das linhagens BREI-

92 e BREIII-10................................................................................. 108

54. 4.3.4. Controle in vitro de fungos em grãos de soja........................ 110

55. 4.4. Conclusões............................................................................... 113

56. 4.5. Referências Bibliográficas…………………………… ….……... 114

57. 5. POTÊNCIAL AGRONÔMICO DE BACTERIAS ENDOFÍTICAS DE

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) EM PLÂNTULAS DE

SOJA............................................................................................... 120

58. Resumo............................................................................................ 121

59. Abstract ........................................................................................... 122

60. 5.1 Introdução.................................................................................. 123

61. 5.2 Material e Métodos.................................................................... 125

62. 5.2.1 Microrganismos e meios de cultura........................................ 125

63. 5.2.2 Produção de fitohormônio Acido indol-acético pelas linhagens de

endofíticos........................................................................................ 125

64. 5.2.3 Screening de isolados endofíticos solubilizadores de fosfato de

cálcio................................................................................................ 126

65. 5.2.4 Análise de ERIC-PCR das bactérias endofíticas

selecionadas.................................................................................... 127

66. 5.2.5 Identificação das bactérias endofíticas através do

sequenciamento parcial do gene 16S do rDNA............................... 127

67. 5.2.6 Microbiolização de sementes de soja com bactérias endofíticas

isoladas de E. scaber....................................................................... 128

68. 5.3 Resultados e Discussão............................................................ 129

69. 5.3.1 Bactérias endofíticas de Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus) com potencial para produzir AIA e solubilizar fosfato

de cálcio........................................................................................... 129

70. 5.3.2 Caracterização e sequenciamento do gene 16S rDNA.......... 134

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xv

71. 5.3.3 Promoção de crescimento de plântulas de soja..................... 135

72. 5.4 Conclusões................................................................................ 139

73. 5.5 Referências Bibliográficas......................................................... 140

74. 6. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FUNGOS ENDOFÍTICOS

ISOLADOS DE PLANTA MEDICINAL DO PANTANAL Echinodorus

scaber Rataj (macrophyllus)............................................................ 145

75. Resumo ........................................................................................... 146

76. Abstract............................................................................................ 148

77. 6.1 Introdução.................................................................................. 149

78. 6.2 Material e Métodos.................................................................... 152

79. 6.2.1 Microrganismos e meios de cultura........................................ 152

80. 6.2.2 Seleção de fungos endofíticos antagonista a patógenos....... 153

81. 6.2.3 Caracterização por ISSR-PCR e identificação das linhagens

com potencial antagônico................................................................ 154

82. 6.2.4 Obtenção de extratos dos fungos endofíticos......................... 155

83. 6.2.5 Detecção da atividade antimicrobiana dos extratos............... 155

84. 6.2.6 Ensaio de bioautografia dos extrados fúngicos obtidos.......... 156

85. 6.3 Resultados e Discussão............................................................ 158

86. 6.3.1 Linhagem de fungos endofíticos com atividade antagonica a

microrganismos patogênicos........................................................... 158

87. 6.3.2 Identificação dos fungos endofíticos com potencial

antagônico....................................................................................... 160

88. 6.3.3 Atividade antimicrobiana dos extratos AcOET dos fungos

endofíticos........................................................................................ 163

89. 6.3.4 Autobiografia dos extratos fúngicos........................................ 165

90. 6.4 Conclusões................................................................................ 168

91. 6.5 Referências Bibliográficas......................................................... 169

92. 7. Conclusões Gerais.................................................................... 173

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16

1. INTRODUÇÃO

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) comumente denominada

como chapéu de couro é uma planta popularmente conhecida por seu uso

medicinal e ornamental (Pott e Pott, 2000). São apresentadas por Pott e Pott

(2000) oito espécies de chapéu de couro presentes na região pantaneira,

todas pertencentes à família Alismataceae e ao gênero Echinodorus.

A família Alismataceae é monocotiledônea colonizadora de áreas

alagáveis como canais, margens de lagos e pântanos (Tanaka, et. al 1997).

Esta família é formada por 12 gêneros e cerca de 80 espécies (Souzae

Lorenzi, 2005). No Brasil ocorrem dois gêneros (Echinodoruse Sagittaria)

agrupando cerca de 25 espécies, sendo 18 destas pertencentes ao gênero

Echinodorus (Vieirae Lima, 1997).

Segundo Pott e Pott (2000),E. scaber encontra-se apenas na América

do Sul, sendo distribuída no Brasil (Amapá, Amazonas, Piauí, Paraná, Santa

Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e Venezuela.

Dentre as espécies do gênero Echinodorus, E. grandiflorus e E.

scaber possuem propriedades medicinais semelhantes (Nuneset al. 2003).

Ambas as espécies são usadas popularmente para o tratamento de várias

enfermidades como: reumatismo, tratamento de ácido úrico, sífilis, doenças

de pele e de fígado e também para fins diuréticos (Pott e Pott, 2000).

Além das propriedades medicinais descritas acima, trabalhos com

extratos de espécies desse gênero têm demonstrado propriedades

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antiedematogênica, efeito anti-hipertensiva, intiinflamatória, antinociceptiva e

antibacteriana (Duarteet al. 2002; Dutra et al. 2006; Garcia et al. 2010;

Lessa et al. 2008). Duarte et al. (2002) enfatizam que o potencial

antimicrobiano encontrado na espécie E. grandiflorus pode relacionar com

os esteróides, saponinas, polifenóis e flavonóides presentes no extrato.

Nesse sentido, a literatura demonstra que alguns microrganismos que

habitam o interior do tecido de plantas, denominados endófitos, apresentam

capacidade de produzir compostos bioativos idênticos ou semelhantes aos

da planta hospedeira (Zhao et al. 2011). Essa capacidade, segundo Zhao et

al. (2011), é possível devido ao processo co-evolutivo que culminou com

uma estreita relação entre o microrganismo e sua planta hospedeira.

Microrganismos endofíticos segundo Schuls e Boyle (2005) colonizam

internamente o tecido vegetal, intra ou extracelular, sendo detectados num

momento particular, de forma mutualística, em hospedeiros aparentemente

saudáveis.

Exemplos de compostos produzidos por plantas e relatados como

produzidos por microrganismos que habitavam o interior de seu tecido

vegetal é o Paclitaxel obtido da planta Taxus brevifolia e relatado para o

fungoTaxomyces andreanae isolado de folhas da mesma planta(Stierle et al.

1993).Podofilotoxinaencontrado na plantaSinopodophyllum hexandrum e

relatado também para o fungo Alternaria sp (Yang et al. 2003).

Segundo Strobel e Daisy (2003) os conhecimentos levantados pela

etnobotânica são muito importantes para a escolha de plantas que possuem

microrganismos endofíticos com potencial biotecnológico.

Os estudos dessa intrigante interação endofítico-planta demonstram

que muitos desses microrganismos podem favorecer o desenvolvimento do

hospedeiro de forma direta, pela produção de fitohormônios e

disponibilização de nutrientes para a planta, ou de forma indireta produzindo

compostos secundários que auxiliam na defesa contra a herbivoria e/ou no

aumento da resistência a outros organismos patogênicos (Piccoliet al. 2011).

Várias pesquisas realizadas com microrganismos endofíticos que

produzem metabólitos secundários indicam que essas novas fontes de

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compostos bioativos podem ser aproveitadas em diferentes áreas como na

agricultura, como novos fármacos e também na indústria (Alyet al. 2011;

Wang et al. 2010; Zhao et al. 2011).

A constante mutação dos microrganismos, resultando em linhagens

resistentes aos antimicrobianos disponíveis no mercado, tem levado a um

empenho em pesquisas para a descoberta de novos fármacos (Dzidicet al.

2008). Porém, entre os anos de 1980-2000, poucos antibióticos naturais

foram lançados no mercado devido à redução de pesquisas na busca de

novas linhagens que produzam compostos ativos contra microrganismos

infecciosos, sendo focado nesse período pesquisas genômicas e de

compostos de linhagens até então conhecidas (Guimarães et al. 2010).

Essa crescente demanda da indústria farmacêutica pela procura de

novos bioativos tem como principal objetivo descobrir novas substâncias que

atuam em microrganismos resistentes para aplicação tanto em animais

como em humanos. Segundo Saleem et al. (2010), a necessidade da

descoberta de novos antibióticos vê-se necessária pela resistência adquirida

pelos microrganismos patógenos aos antibióticos atuais e a indisponibilidade

de novos agentes antimicrobianos no mercado. Além disso, a descoberta de

novas famílias de antibióticos é imprescindível para a medicina e agronomia

(Hu, 2007;Bale et al. 2008).

Mato Grosso tem se despontado na produção agrícola, aumentado a

cada ano sua produção de grãos. A estimativa de produção de soja para a

safra 2011/2012 é de 22.162.350 toneladas no Estado (Instituto

Matogrossense de Economia Agropecuária – IMEA, 2012).

Um dos fatores para o crescente aumento da produção de soja no

Estado também se deve ao aumento da área plantada. Esse aumento de

área do plantio de soja, segundo Gomes et al.(2009), vem ocasionando o

aumento da quantidade e intensidade de doenças de importância

econômica. A elevada ocorrência de patógenos no atual sistema de

produção de soja, caso não seja controlada, podem acarretar problemas

fisiológicos nas plantas, diminuindo a produção (Soares et al. 2004).

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Grande parte do sistema de produção vigente, utiliza produtos

químicos para controlarem doenças causadas por microrganismos com o

objetivo de aumentar a produtividade e/ou reduzir perdas resultantes da

doença (Godoy et al. 2004). O uso constante desses produtos, a longo

prazo, acarreta danos ao meio ambiente, como contaminação dos sistemas

hídricos superficiais ou subterrâneos (Veiga, et. al 2006) e contaminação, de

forma direta ou indireta, da comunidade que está envolvida na produção

(Araújo et. al 2007). Outrossim, apesar dos fungicidas químicos reduzirem o

nível de infecção de fungos em sementes (Soto-Arias e Munkvold, 2011), o

tratamento recorrente com esses produtos pode provocar o surgimento de

linhagens de fungos resistentes. Além disso, esse tipo de tratamento é

dispendioso aos produtores (Vurro e Gresselro, 2006).

Dentro deste panorama da produção agrícola, não se pode deixar de

comentar que nas últimas décadas tem-se dado ênfase a busca de

alternativas biológicas para aumentar sua produtividade, encontrando-se

assim novas formas de disponibilizar nutrientes para as plantas e

metodologias que diminuam a severidade de doenças, acarretando um

menor impacto no meio ambiente pelo uso excessivo de defensivos

químicos (Carmonaet al. 2011). Uma dessas alternativas tem sido o uso de

microrganismos endofíticos para controlar fitopatógenos, insetos pragas,

promover o crescimento de seu hospedeiro além de auxiliar na resistência a

estresses abióticos (Akelloet al. 2007; Bae et al. 2008; Barrettiet al. 2008;

Ryanet al. 2008; Senthilkumaret al. 2009; Baldottoet al. 2010; Lanna Filhoet

al. 2010).

O objetivo geral deste trabalho é construir um banco de

microrganismos endofíticos de E. scaber para avaliação do potencial

biotecnológico das linhagens obtidas. Já os objetivos específicos, são:

a) Isolar e identificar a assembleia de microrganismos endofíticos de

E. scaber por meio de método dependente de cultivo;

b) Determinar e avaliar a interação entre fungos obtidos de E. scaber

com outros hospedeiros;

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c) Avaliar a capacidade antagônica dos endófitos obtidos contra

microrganismos patógenos de interesse médico e agronômico e no controle

biológico em grãos;

d) Avaliar a atividade antimicrobiana de extratos obtidos de fungos

endófitos.

e) Verificar traços funcionais importante na promoção de crescimento

de planta no banco de bactéria endofíticas de E. scaber,

f) Avaliar a inoculação de bactérias com traços funcionais na

germinação e desenvolvimento de plântulas de soja.

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2. COMUNIDADE DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS

CULTIVÁVEIS DA PLANTA MEDICINAL Echinodorus

scaber Rataj (macrophyllus) NO PANTANAL DO BRASIL

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COMUNIDADE DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS CULTIVÁVEIS DA

PLANTA MEDICINAL Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) NO

PANTANAL DO BRASIL

Resumo – Este estudo descreve a assembléia de endófiticos presentes em

pecíolo e raízes de três indivíduos de Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus), planta medicinal coletada de área úmida brasileira. Obteve-

se um total de 159 linhagens de microrganismos cultiváveis de 221

fragmentos de pecíolo e raiz. Deste total, 46 linhagens corresponderam a

fungos (30 de pecíolo e 16 de raiz) e as demais 113 são bactérias (69 de

pecíolo e 44 de raiz). Identificação morfológica e o sequenciamento da

região do espaçador interno transcrito (ITS) do gene rRNA foram utilizadas

na identificação dos fungos revelando suas distribuições nas classes

Sordariomycetes (Sordariales, Xylariales, Microascales, Hypocreales e

Glomerellales), Dothideomycetes (Pleosporales e Capnodiales) e

Eurotiomycetes (Eurotiales), sendo a primeira mais abundante. Com

exceção da linhagem identificada como Massariosphaeria sp, os demais

gêneros são relatados como endófitos em outros hospedeiros. Os gêneros

mais frequentes em E. scaber constitui-se de Acremonium e Penicillium.

Houve nítida diferença na composição da assembleia fúngica entre pecíolo e

raiz. Somente o gênero Penicillium foi comum nos dois órgãos. A

Identificação molecular das bactérias pelo sequenciamento parcial do gene

16S rRNA resultou em 10 gêneros distribuídos em 25 táxons pertencentes

aos filos Proteobacteria (78,32% das linhagens – representando as classes

gamma e beta-proteobacteria), Firmicutes (19,59%) e Actinobacteria

representando aproximadamente 2% dos isolados analisados. Os gêneros

mais comuns consistiram-se de Enterobacter, Bacillus (19,59%), Klebsiela

(13,40%) e Pseudomonas. Quatro táxons (Klebsiela pneumonie, Bacillussp.,

Pseudomonas sp HE 613571.1 e Pseudomonas putida) foram comuns entre

pecíolo e raiz. A sequência 16S do isolado de Rasltonia picketti apresentou

identidade com outra linhagens de Rasltonia picketti isolada de raízes de

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Vochysia divergens coletada na mesma área úmida. Estes resultados

demonstram que E. scaber abriga uma diversa assembleia de endófitos

constituída por linhagens de fungos e bactérias. Estes microrganismos são

candidatos importantes para a prospecção de produtos e processos

biotecnológicos visando o uso sustentável de recursos naturais.

Palavras-chave: Chapéu de couro, Bactéria endofítica, Fungo endofítico,

Diversidade genética.

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COMMUNITY CULTIVABLE ENDOPHYTES MEDICINAL PLANT

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) NO PANTANAL OF BRAZIL

ABSTRACT – This study describes the assembly of endophyte present in

stems and roots of three individuals of Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus), medicinal plant collected from wetland Brazilian. There was

obtained a total of 159 strains of microorganisms cultivated stem 221 and

root fragments. Of this total, 46 strains corresponded to fungi (30 stems and

16 root) and the remaining 113 are bacteria (69 stems of petiole and 44 of

root). Morphological identification and sequencing of the internal transcribed

spacer region (ITS) rRNA gene were used in the identification of fungi

revealing their distributions in classes Sordariomycetes (Sordariales,

Xylariales, Microascales, Hypocreales and Glomerellales) Dothideomycetes

(Pleosporales and Capnodiales) and Eurotiomycetes (Eurotiales ), the first

being the most abundant. Except for the strain identified as Massariosphaeria

sp, the other genera are reported as endophytes in other hosts. The genera

most frequently in E. scaber consists of Acremonium and Penicillium. There

was a clear difference in the composition of the assembly between fungal

root and stems. Only the genus Penicillium was common in both organs. The

molecular identification of bacteria by partial sequencing of the 16S rRNA

gene resulted in 10 genera distributed in 25 taxa belonging to the phylum

Proteobacteria (78.32% of the lines - representing class gamma and beta-

proteobacteria), Firmicutes (19.59%) and Actinobacteria representing

approximately 2% of the isolates analyzed. The most common is consisted of

Enterobacter, Bacillus (19.59%), Klebsiela (13.40%) and Pseudomonas. Four

taxa (Klebsiela pneumonie, Bacillus sp, Pseudomonas sp HE 613571.1 and

Pseudomonas putida) were common between stems and root. The sequence

of the 16S isolated Rasltonia picketti showed identity with other strains from

roots Rasltonia picketti isolated Vochysia divergens collected in the same

wetland. These results demonstrate that E. scaber houses a diverse

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assembly consists of endophyte strains of fungi and bacteria. These

microorganisms are important candidates for the exploration of biotechnology

products and processes aimed at the sustainable use of natural resources.

Keywords: Chapéu de couro, Endophytic bacteria, Endophytic fungus,

Genetic diversity.

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2.1 Introdução

As associações planta-microrganismos possuem uma miríade de níveis

variando do parasitismo ao mutualismo simbiótico. A interação estreita entre

estes dois organismos além de ancestral, é amplamente distribuído entre os

diferentes grupos vegetais e microbianos. Diferentes autores propuseram

definições específicas para esse grupo particular de microrganismos, o que

demonstra a complexidade da própria interação (Hyde; Soytong, 2008)

Neste trabalho, endofítós serão definidos de acordo com Schuls e Boyle

(2005): microrganismos que colonizam internamente o tecido vegetal intra ou

extracelularmente num momento particular, e coexistindo de forma

mutualística em hospedeiros aparentemente saudáveis. Essa complexa

comunidade é constituída por fungos e bactérias, e ao contrário de

microrganismos patogênicos, não causam prejuízo à planta hospedeira

(Porras-Alfaro e Bayman, 2011).

A interação endófito-planta é um importante componente para a

diversidade nos ecossistemas naturais (Suryanarayanan et al. 2011). Vários

estudos demonstraram a capacidade destes microrganismos em auxiliar o

desenvolvimento de seu hospedeiro seja pela capacidade de aturem como

agentes de controle biológico de microrganismos patogênicos ou pela

produção de hormônios vegetais que auxiliaram o crescimento da planta

hospedeira (Piccoli; Travaglia, 2011;Seo et al. 2010; You et al. 2012).

As Avaliações das comunidades endofíticas em diferentes hospedeiros

vêm aumentando, o que possibilita a descoberta de novas espécies

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microbianas, suas possíveis aplicações biotecnológicas e seus papeis

funcionais nos ecossistemas (Guo et al. 2010). Esses organismos colonizam

todos os tecidos de diferentes órgãos, tais como raízes, folhas, pecíolos,

frutos, flores, sementes e caule, podendo apresentar especificidade de

colonização a diferentes órgãos como folha, ramos e raízes (Fishery e

Petrini, 1992; Kumar e Hyde, 2004; Qin et al. 2012; Shimizu, 2011).

Segundo Rodrigues (1994), essa especificidade pode ocorrer pela diferença

química ou tecidual das estruturas internas de cada órgão vegetal da planta.

Além do tipo de tecido ou órgão da planta, estudos têm demonstrado

que a colonização endófito-planta pode variar de acordo com a espécie

hospedeira, podendo influenciar na composição de sua comunidade de

microrganismos endofíticos (Quilliam; Jones, 2012;Sun et al. 2012).

Várias pesquisas realizadas com endófitos demostram a potencialidade

deles em sintetizarem metabólitos que sob o ponto biotecnológico,

constituem novas fontes de compostos bioativos, aplicáveis em diferentes

áreas como na indústria de alimentos, agrícola ou farmacêutica (Aly et al.

2011; Piccoli et al. 2011; Zhao et al. 2011). In vivo, estes metabólitos

possuem um papel importante nas interações metabólicas entre

microrganismos e seu hospedeiro, tais como sinalização, defesa natural e

regulação da simbiose (Schulz e Boyle, 2005).

Diversos compostos bioativos, inicialmente isolados de plantas, são

produzidos por endófitos em condições in vitro e, portanto, podem ser novas

fontes de obtenção e prospecção destes compostos utilizando demandas

tecnológicas menos complexas. De acordo com Strobel (2003), plantas

medicinais podem abrigar uma assembléia de endófitos capazes de

sintetizarem compostos bioativos com potencial farmacológico ou aplicação

agrícola. A obtenção de um banco de endófitos cultiváveis de plantas

medicinais permite a busca de produtos e processos biotecnológicos

utilizando estes microrganismos como fonte para a prospecção, além de

possibilitar a avaliação do papel funcional destes microrganismos.

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus), pertencente à família

Alismataceae, é uma espécie conhecida popularmente por seu uso

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medicinal e ornamental (Pott e Pott, 2000). A família dessa espécie ocorre

em áreas alagáveis como canais, margens de lagos e pântanos (Tanaka, et.

al 1997). Sendo que, a distribuição das espécies dessa família é limitada a

lugares especificos, como demonstra Pott e Pott (2000), ao indicar que E.

scaber está presente apenas na América do sul, sendo encontrada

frequentemente apenas no Brasil e Venezuela. O perfil fitoquímico de

flavonas C-Glicosiladas presentes nas folhas desta espécie foi recentemente

estudando, demonstrando atividade antinociceptiva em dores abdominais

induzidas em camundongos Swiss, demonstrando que essa planta possui

potencial de aplicações farmacológicas (Estrada, 2012). Assim, o objetivo

desse estudo foi investigar a diversidade na assembléia de endófitos

cultiváveis presentes em pecíolos e raízes de E. scaber além de,

estabelecer um banco destes microrganismos para prospecção de

compostos bioativos ou processos biotecnológicos.

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33

2.2 Material e Métodos

2.2.1 Obtenção do material vegetal

Foram coletados três indivíduos, em sua fase adulta, da planta

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) na região do pantanal de Poconé –

MT (16° 25' 22.5"S e 56° 25' 17.4"W) no mês de Junhode 2011

representando o estágio final do período de cheia. Os indivíduos coletados

foram retirados integralmente do solo com uso de escavador manual e

manuseados cuidadosamente para impedir que as raízes fossem

danificadas. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos e em

caixas térmicas contendo gelo, sendo imediatamente transportadas para o

laboratório para serem processadas em até 24h.

2.2.2 Isolamento dos microrganismos, purificação e preservação

O isolamento dos microrganismos endofíticos de E. scaber foi

realizado no Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana (LABEM)

do Instituto de Biociências (IB) da Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT). Depositou-se uma exsicata no Herbário da Universidade Federal

de Mato Grosso do Sul sob o registro CGMS-30907. Os microrganismos

endofíticos foram isolados de pecíolo e raiz utilizando a metodologia de

Petrini & Muller (1986), com modificações.

Os indivíduos foram lavados cautelosamente com água corrente para

retirada de todo o solo e outros resíduos. Em seguida, parte das raízes foi

meticulosamente retirada e depositadas em béquer com água e detergente e

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agitadas por 5 minutos. Posteriormente, realizou-se o enxague com água

destilada até a total retirada do detergente; em seguida as raízes foram

levadas a capela de fluxo laminar. Para o pecíolo, realizou-se a limpeza

superficial com o auxilio de esponja e detergente, e posteriormente, retirou-

se um fragmento de aproximadamente 5 cm com o auxilio de um bisturi, e as

extremidades foram parafinadas. A assepsia do material vegetal proceseu-

se com álcool 70% por um minuto, NaClO com 2,5% de cloro ativo por três

minutos e álcool 70% por 30 segundos. Finalmente enxaguou-se o material

com água destilada esterilizada por três vezes, sendo que 50 µL da última

água do enxágue foi adicionada a um tubo contendo 5 mL de caldo nutriente

(3g de extrato de carne; 5g de peptona; 1000 mL de agua destilada) para

confirmar a eficiência da assepsia. Posteriormente retirou-se fragmentos de

aproximadamente 1 cm com o auxilio de um bisturi, previamente flambado.

Sete fragmentos foram depositados em cada placa de Petri contendo o meio

de cultura batata dextrose ágar (BDA), com o auxílio de uma pinça flambada.

Quanto a amostra de raízes, fragmentos de aproximadamente 1 cm, obtidos

com o auxilio de uma tesoura, previamente flambada foram depositados em

meio de cultura BDA. Depositaram-se todas as placas a 28 ºC por 15 dias,

sendo transferidos os microrganismos que cresceram nos fragmentos para

placas de Petri contendo BDA.

As colônias de bactérias obtidas dos fragmentos de pecíolo e raiz de

E. scaber foram estriadas em meio de cultura ágar nutriente (AN) para

obtenção de culturas puras. A constatação da purificação ocorreu por

coloração de Gram e a armazenagem procede-se a 4ºC, sendo

posteriormente estocados a -20ºC em glicerol 80% (v/v). A purificação dos

fungos ocorreu monosporicamente ou por repicagem do micélio em placas

contendo meio BDA e estocados a 4ºC em tubos contendo BDA.

2.2.3 Variabilidade genética e identificação das linhagens de fungos

endofíticos

Separou-se as linhagens de fungos endofíticos em morfotipos de

acordo com suas características macro e microscópicas do micélio crescido

em BDA por 7 dias a 28ºC. Culturas esporulantes foram identificadas de

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35

acordo com as descrições das espécies e utilizando chaves de identificação

(Sutton, 1980; Barnett et al. 1998; Carmichael et al. 1980). Culturas não

esporulantes foram designadas mycelia sterilia e separadas em diferentes

morfotipos de acordo com a cor do micélio, textura e extensão de

crescimento em BDA (Guo et. al. 2000). A conformação do agrupamento nos

diferentes morfotipos ocorreu por análises moleculares.

A extração do DNA genômico dos fungos foi realizada com kit de

extração de DNA, seguindo recomendações do fabricante (Axygen

biosciences, USA). A conformação da morfotipagem ocorreu pela análise da

variabilidade genética utilizando-se o marcador molecular ISSR (Inter simple

sequence repeat amplification), com o oligonucleotídeo BH1 (5' - GTG GTG

GTG GTG GTG - 3') (Integrated DNA Technologies, Inc). O volume de uma

reação foi de 25µl, contendo 1 µl de extrato de DNA, 2,5 µl de tampão de

PCR 10x, 2,5mM de cada dNTP, 10pM de cada primer e 1U de taq

polimerase. O programa do PCR consiste em um passo de desnaturação

inicial de 94ºC por 2 min, seguido de 35 ciclos de 94 ºC por 1 min, 50 ºC por

2 min e 72 ºC por 2 min, e o passo final de alongamento de 72 ºC por 10 min

em um AMPLITHERM Thermal Cyclers.

O produto de ISSR-PCR foi submetido à eletroforese em gel de

agarose 1,2% em tampão TEB 0,5x. Determinou-se o tamanho dos

amplicons com marcador 123pb DNA Ladder (Sigma-Aldrich, Inc.). As

imagens foram salvas em um fotodocumentador (Loccus Biotecnologia,

Brasil) para posterior analise. A avaliação da diversidade ocorreu por

inspeção visual do gel, considerando todos os amplicons visíveis. Isolados

com o mesmo perfil de amplificação foram considerados dentro do mesmo

morfotipo. Selecionou-se uma linhagem representante de cada morfotipo

para identificação molecular.

A identificação ocorreu pelo sequenciamento parcial do espaçador

interno transcrito (ITS) da região rDNA de representantes de cada grupo de

morfotipo. Os oligonucleotídeos ITS 4 (5′-TCC TCC GCT TAT TGA TAT GC-

3′) e ITS 5 (5`-GGA AGT AAA AGT CGT AAC AAG G-3') (White et al. 1990)

foram utilizados para amplificação da região intergênica 18S a 28S. O

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volume de reação foi de 25 µL e as condições de amplificação realizou-se

como segue: desnaturação inicial de 94ºC por 2 min, seguido de 35 ciclos de

94 ºC por 45 seg, 50 ºC por 45 seg e 72 ºC por 1 min, e o passo final de

alongamento de 72 ºC por 10 min em um AMPLITHERM Thermal Cyclers.

Os produtos de amplificação foram purificados (Dunn; Blattner, 1987)

e quantificados por eletroforese em gel de agarose 1,2%. O sequenciamento

foi realizado pelo método de Sanger com o Kit Big Dye no ABI3100 Applied

Biosystem.

2.2.4 Variabilidade genética e identificação molecular das linhagens de

bactérias endofíticas

A extração do DNA genômico total das bactérias purificadas foi

realizada segundo a metodologia de Cheng et. al. (2006) e os

oligonucleotídeos ERIC1 (5'-ATGTAAGCTCCCTGGGGATTCAC-3') e ERIC2

(5'-AAGTAA GTGACTGGGGTGAGCG-3') (Tian-Xing, 2011) usados para

avaliar a diversidade genética dos isolados. O volume da reação de ERIC-

PCR foi de 25 µL e a amplificação aconteceu através dos seguintes passos:

desnaturação inicial a 94 ºC por 2 min, seguida de 30 ciclos a 94 ºC por 1

min, 45,5 ºC por 1 min e 30 seg. e 68 ºC por 6 min, e a extensão final a 68

ºC por 10 min.

O produto de ERIC-PCR foi submetido à eletroforese em gel de

agarose 1,2% em tampão TEB 0,5x. Determinaram-se os tamanhos dos

amplicons com marcador 123pb DNA Ladder (Sigma-Aldrich, Inc.). As

imagens foram salvas em um foto documentador (Loccus Biotecnologia,

Brasil) para posterior análise. A avaliação da diversidade ocorreu por

inspeção visual do gel, considerando todos os amplicons visíveis. O perfil de

amplificação transformou-se em uma matriz binária com os valores:

0:ausência e 1: presença para cada amplicon. A similaridade dos dados foi

calculada através do Coeficiente de Jaccard (Sneath e Sokal, 1973). O

agrupamento, utilizando o algoritimo UPGMA (Unweighted Pair-Group

Method with Arithmetical Average), foi obtido baseando-se na matriz de

similaridade com o software NTSys v.2.1(Rohlf, 2001). Considerou-se um

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nível de 80% de similaridade mínima entre os isolados para definição de

Unidade Taxonômica Operacional (OTU) (Torres et al, 2008).

A amplificação do gene 16S rDNA foi realizado utilizando os primers

27F (5′-AGA GTT TGA TCM TGG CTCAG-3′) e 1492R (5′-TAC GGY TAC

CTT GTT ACG ACT T-3′) (Weisburg et al. 1991). As condições de

amplificação ocorreu como segue: desnaturação inicial de 94 ºC por 2 min,

seguido de 35 ciclos de 94 ºC por 45 seg., 50 ºC por 45 seg. e 72 ºC por 1

min, e extensão final de 72 ºC por 10 min.

Os produtos de amplificação foram purificados (Dunn; Blattner, 1987)

e quantificados por eletroforese em gel de agarose 1,2%. O sequenciamento

incidiu pelo método de Sanger com o Kit Big Dye no ABI3100 Applied

Biosystem.

2.2.5 A análise dos dados

As sequências ITS e 16S foram comparadas no banco de dados do

GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) com sequências conhecidas, por

uma pesquisa de similaridade via Blastn (Altschul et al. 1990).

O calculo da frequência de colonização dos endofíticos deu-se pela

fórmula:

Onde TC é a taxa de colonização, FE é o número de fragmentos com

pelo menos um endofítico e FT é o número total de fragmentos analisados

(Photita et al. 2001). A abundância relativa foi calculada dividindo o número

de isolados de um táxon pelo número total de isolados de todos os táxons.

Os táxons raros consistiram-se dos isolados com frequência inferior a 3,3%

(Sun et al. 2012). O índice dediversidade de Shannon (H’) foi calculado de

acordo com a fórmula:

Onde s é o número de espécie, e pi é a abundancia relativa de cada

espécie. A equitabilidade (J) foi estimada de acordo com a fórmula J=

HS/HSmax , onde HS é o índice de diversidade de Shannon e HSmax

representa o valor máximo de HS, considerando um indivíduo de cada

espécie na comunidade (Kumar & Hyde 2004).

TC (%)= FE

FT x 100

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38

2.3 Resultados e discussão

As interações entre vegetais e seus microrganismos associados são

complexas e capazes de influenciar o estabelecimento de comunidades

vegetais e alterar diferentes atributos do ecossistema. Tais relações, são

alvo do interesse de diferentes pesquisadores e os resultados, além de

contribuir na elucidação dos mecanismos de interação, tem diferentes

aplicações ecológicas e biotecnológicas. Este trabalho apresenta o

isolamento e elucidação da diversidade taxonômica e genética de endófitos

cultiváveis presentes em Echinodorus scaberRataj (macrophyllus) presente

em área úmida no Brasil. Apesar da metodologia utilizada, ser dependente

de cultivo, e espécies com baixa taxa de crescimento ou não cultiváveis

serem improváveis de isolamento por esta técnica (Hyde & Soytong, 2008),

uma relativa diversidade de endófitos foi obtida de E. scaber, representada

pelas 159 linhagens de microrganismos cultiváveis obtidos a partir de 221

fragmentos de pecíolo e raiz de (Tabela 1). Deste total, 46 linhagens

correspondem a fungos (29 de pecíolo e 17 de raiz) e as demais 113 são

bactérias (69 de pecíolo e 44 de raiz). As frequências de colonização geral,

desconsiderando os diferentes órgãos analisados, constituíram 23,34 e

50,42% para fungo e bactéria, respectivamente.

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TABELA 1 - Taxa de colonização (%), índice de diversidade de Shannon (H'),

índice de equitabilidade (J) e riqueza de endófitos cultiváveis

presentes nos pecíolo e raiz de Echinodorus scaber

Fungo Bactéria

Pecíolo Raiz Total Pecíolo Raiz Total

Nº de Amostras 119 102 221 119 102 221

Nº de amostras

infectadas 37 14 51 86 32 118

Nº de isolados

recuperados 30 16 46 69 44 113

Taxa de

colonização (%) 30.15 13.70 23.34 73.17 31.48 50.42

H’ 1.96 2.07 2.56 1.56 2.40 2.49

J 0.81 0.94 0.87 0.61 0.86 0.77

Riqueza 11 8 19 13 16 25

Apesar do índice de diversidade de Shannon para fungos (H’ 2,56) ser

levemente maior em relação ao índice de bactérias (H’ 2,49), a riqueza de

espécies bacterianas, representada pelas 25 espécies, foi maior que as 19

espécies de fungos. Os valores de equitabilidade (J) das comunidades foram

0.77 e 0,87 para bactérias e fungos, respectivamente. Índices de diversidade

permitem a compreensão do espectro e densidade de endófitos num único

número facilitando comparações entre espécies de plantas, hábitats, clima,

assim como determinar mudanças nas relações da comunidade frente a

alterações nos fatores bióticos e abióticos (Mahaffee and Kloepper 1997a,

1997b). A riqueza de espécies e composição geralmente variam entre

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hospedeiros individuais e influenciadas pela condição do hospedeiro (Sieber

e Hugentobler, 1987), pelo tempo de amostragem e pela localização precisa

das unidades amostradas (Unterseher et al. 2007). Consequentemente, a

apresentação da riqueza e composição de endófitos basearam-se em

metodologias de cultivo utilizando três indivíduos coletados da mesma região

e sob condições ambientais muito semelhantes.

.

2.3.1 Estrutura da assembleia de fungos isolados de Echinodorus

scaber

As 46 linhagens de fungos obtidas de E. scaber foram agrupadas em

19 morfotipos pelas características macroscópicas do micélio e diferenciação

de estruturas reprodutivas in vitro. Metodologias tradicionais de identificação

de fungos, envolvendo análise de caracteres morfológicos, não identificam

linhagens estéreis e podem agrupar linhagens com características

semelhantes. A confirmação dos agrupamentos ocorreu pelo perfil de

amplificação do marcador molecular ISSR das diferentes linhagens dentro

do mesmo grupo (dados não mostrados). Linhagens agrupadas

morfologicamente apresentaram perfis de amplificação ISSR idênticos.

A identificação da linhagens resultou em 13 gêneros distribuídos em 19

táxons (Tabela 2). Três morfotipos foram identificados pelas características

reprodutivas ao nível de gênero: Acremonium sp, Colletotrichum sp e

Penicillium sp; um quarto morfotipo, por não diferenciar esporos não pode

ser identificada e, portanto, denominada de micelia sterillia (MS).

Os demais quinze grupos morfológicos foram identificados pelo

sequenciamento da região ITS da grande subunidade do gene rRNA. A

identificação molecular revelou 15 diferentes táxons com alta identidade -

97% de identidade da região ITS foi usado como critério de similaridade ao

nível de espécie (Brienet al. 2005)- com outras sequências depositadas no

GenBank (Tabela 2). As sequências ITS de três táxons resultaram em

identidades abaixo de 93% podendo representar espécies ainda

desconhecidas ou ineficiência do marcador utilizado na identificação.

Apesar da região ITS possuir regiões variáveis favoráveis à análise de

espécies próximas, outros marcadores tem sido utilizados para elucidar

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relações filogenéticas mais complexas, tais como os genes da citocromo

oxidase C mitocondrial , DNA topoisomerase e beta-globulina (White et

al.1990; Guarro et al. 1999; Hinukson et al. 2005).

A identificação molecular demonstrou que os fungos são Dikarya,

especificamente Ascomycota, distribuídos em Pezizomycotina. As classes

representativas foram Sordariomycetes (Sordariales, Xylariales,

Microascales, Hypocreales e Glomerellales), Dothideomycetes (Pleosporales

e Capnodiales) e Eurotiomycetes (Eurotiales) representando 44,4, 31,2 e

24,4% das linhagens identificadas, respectivamente. Arnold e Lutzoni (2007)

indicam Sordariomycetes como classe abundante de fungos endofíticos

presentes em planta tropicais. E. scabera presentou porcentagens

consideráveis de Dothideomycetes e Eurotiomycetes, sugerindo que esta

espécie possa ser um reservatório destas classes de importância econômica

e ecológica, assim como observado em plantas de café em países tropicais

(Vega et al. 2010).

O gênero mais frequente em E. scaber constituiu-se de Acremonium,

seguido de Penicillium sp (Tabela 3). O primeiro é amplamente distribuído na

subfamília Pooideae de Poaceae (White et al. 1993) e, em determinados

hospedeiros, contribui na resistência a insetos (Breen, 1994). Este gênero

ocorreu especificamente em pecíolo, bem como a sua especificidade por

folhas da planta medicinal Tinospora cordifolia (Mishra et al. 2012).

Penicillium é outro gênero comumente conhecido por colonizar diversos

órgãos como raiz, pecíolo e folha de diferentes hospedeiros (Geris et al.

2003; Xing e Guo, 2011; Mishra et al. 2012) e do ponto de vista

biotecnológico, representa uma excelente fonte de produtos naturais com

propriedades anti-tumor (Nicoletti et al. 2008).

Novetáxons raros (Abundância relativa < 3,3%) e outros sete, apresentando

frequência mediana (Abundância relativa entre 3% e10%), estão presentes

nesta espécie hospedeira (Tabela 3).

Em geral, a assembléia de fungos endofíticos possui um ou poucos grupos

dominantes, sendo a maioria composta por espécies raras (Petrini et

al,1992). Em folhas de Myrciaria floribunda e Alchoenea castaneifolia,

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espécies vegetais de savanas brasileiras, o gênero Colletotrichum foi o mais

frequentemente isolado (Vaz et al, 2012) e, nas folhas e pecíolos de Hevea

brasiliensis, os gêneros Pestalotiopsis, Penicillium, Trichoderma foram os

mais frequentes (Gazis & Chaverri, 2010).

A frequência de colonização nos pecíolos de E. scaber por fungos

endofíticos foi maior em relação às raízes (Tabela 1). Houve diferença no

índice de diversidade de Shannon (H’=1,96, H’=2.07) entre as comunidades

fúngicas de pecíolo e raiz, respectivamente. Em muitos casos, as raízes

apresentam maiores índices em relação a outros órgãos, como folhas, por

exemplo, (Tao et al. ,2012). Da mesma forma, a equitabilidade (J) foi maior

em raiz, conforme apresentado para os fungos endofíticos das raízes da

orquídea Bletilla ochracea (Tao et al. ,2012).

Houve diferença nítida na composição e riqueza da comunidade fúngica

considerando os diferentes órgãos analisados (Tabela 3). Penicillium sp

constituiu o único táxon comum aos dois órgãos analisados e os demais 18

táxons foram tecidos específicos. A riqueza de espécies foi maior no pecíolo

(11 táxons em comparação aos oito presentes em raíz) onde encontrou-se

seis táxons raros obtidos somente deste órgão. Acremonium sp e

Massariosphaeria sp. constituíram os mais frequentes em pecíolo, enquanto

nas raízes, o gênero Penicillium (representados pelos grupos Penicillium sp

e Penicillium shearii) foi dominante.

Diferenças na comunidade endofítica entre órgãos do mesmo hospedeiro

são comumente encontradas indicando certo grau de tecido especificidade

(Rivera-Orduna et al. 2011; Tao et al 2012; Rodrigues e Samuels 1990;

Rodrigues 1994; Photita et al. 2001;Kumar e Hyde 2004). Diferentes

hipóteses auxiliam na compressão desta especialização: diferentes táxons

podem apresentar capacidades diferenciadas em utilizar e sobreviver a partir

de um substrato específico (Carroll e Petrini, 1983); comunidades de fungos

são afetadas pela textura e alterações na fisiologia e fitoquímica do tecido

vegetal (Arnold et al. 2001); hospedeiros ou ambientes, por exemplo, parte

aérea e radicular do hospedeiro, possuem diferentes fatores físico-químicos

limitantes ao desenvolvimento das diferentes espécies microbianas, tais

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como umidade, compostos químicos, temperatura, pH, dentre outros. A

dificuldade de translocação das hifas nos tecidos internos do hospedeiro

pode contribuir para a sua permanência em determinado órgão no qual a

infecção iniciou.

Com exceção do gênero Massariosphaeria, os demais táxons encontrados

em E. scaber foram descritos anteriormente em outros hospedeiros (Gond et

al. 2007;Ge et al. 2008;Madki et al. 2010;Rivera-Orduña e Suarez-Sanchez,

2011;Liu et al. 2012;Khan et al. 2012a;Maciá-Vicente e Ferraro, 2012;Qi et

al. 2012;Spiteller et al. 2012;Wang et al. 2012).

O potencial de fungos endófitos como fonte de novos produtos naturais com

bio-atividades é evidente e atrativo para diferentes áreas da biotecnologia

farmacêutica e agrícola. Em pouco mais de um ano, diferentes

pesquisadores descreveram mais de 178 substâncias produzidas por

fungos, sendo 138 novos metabólitos (Debbab et al., 2012). Algumas

espécies de fungos obtidas de E. scaber são promissoras na produção de

compostos com propriedades bio-ativas e merecem atenção especial pelo

seu potencial biotecnológico.

Polocetideos é uma grande família de produtos naturais com grande

diversidade estrutural sintetizados por plantas, fungos e bactérias utilizado

como medicamento clinicamente efetivas em diferentes aplicações; três

novos policetídeos foram isolados do endófito E. shearii isolado da planta

medicinal Thysanoleana latifolia(Jumpathong; Seshime, 2011). Em

Pestalotiopsis theae identificou-se quatro novos pestalotíois, sendo que um

destes inibiu eficientemente a replicação do vírus HIV in vitro (Li et al. 2008).

Brefeldina A, composto com diferentes propriedades biológicas (Harri et al.

1963), foi produzido por Cladosporium sp isolado da planta medicinal

Quercus variabilis(Wang et al. 2007). Acremonium e Colletotrichum são

comumente relatados como gêneros importantes na prospecção de produtos

ou processos biotecnológicos (Yu et al. 2010; Baker e Satish, 2012).

Outras espécies são importantes em processos que resultam na

promoção de crescimento de plantas ou no controle de doenças causadas

por patógenos. Paecilomyces lilacinus destaca-se no controle biológico de

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nematódeos por parasitar ovos e fêmeas reduzindo a sua densidade

populacional no solo e algumas linhagens tem sido objeto de patentes (EPA,

2005; Kiewnick e Sikora, 2003, 2006).

Este estudo demonstrou que E. scaber abriga uma diversidade fungos

endofíticos com grau de órgão especificidade em relação as espécies

obtidas. As linhagens isoladas e mantidas em micoteca são uma importante

fonte para a prospecção de novos metabólitos com propriedades de

interesse ou de compostos similares relatados para seu hospedeiro, além de

compreender seus papeis funcionais. Para essas propostas, o foco da

pesquisa foi especificamente sobre a assembléia de fungos cultiváveis.

Obviamente, a utilização de técnicas independentes de cultivo e baseadas

na análise de DNA devem ser utilizadas para identificar e ampliar o

conhecimento da comunidade de fungos endofíticos de E. scaber.

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TABELA 2 - Identificação molecular de morfotipos de fungos endofíticos

isolados de Echinodorus scaber, baseados em suas

sequências ITS com base em consultas BLASTN em NCBI

Isolados GenBank Nº de

Acesso

Identidade

(%)

FAEII-23 Cercospora apii JX143532.1 99

FREII-55, FREII-54 Chaetomium aureum JQ846057.1 99

FAEII-18 Cladosporium

cladosporioides JQ936096.1 99

FAEII-19, FAEII-24 Cochliobolus lunatus JN853778.1 99

FAEII-21 Cochliobolus sativus EF452447.1 99

FAEII-7a, FAEII-15, FAEII-16 Corynespora sp. JN853778.1 99

FREI-39 Eupenicillium shearii JQ863221.1 99

FAEII-13 Paecilomyces lilacinus HM439952.1 99

FAEII-9 Corynespora cassiicola AY238606.1 98

FREIII-62 Pseudallescheria boydii JQ889698.1 98

FREII-57 Eupenicillium javanicum U18358.1 97

FAEII-23a, FAEII-12,

FAEII-18a, FAEII-22 Massariosphaeria sp. JQ435790.1 96

FREIII-ED2 Lophiostoma cynaroidis EU552138.1 93

FREI-35, FREI-36, FREI-40 Penicillium shearii GU944606.1 92

FREII-50, FREII-ED1 Pestalotiopsis theae HQ832793.1 89

FAEII-4, FAEII-7, FAEII-8,

FAEII-10, FAEII-20, FAEII-25,

FAEII-26, FAEII-27, FAEII-28,

FAEII-29, FAEII-30, FAEIII-33

Acremonium sp. - -

FREIII-59, FREIII-60 Colletotrichum sp. - -

FAEII-11 Mycelia sterilia

FAEII-6a, FAEII-14, FAEII-15a, Penicillium sp. - -

FREI-37, FREII-56, FREIII-58

-: Fungos identificados por características morfológicas

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46

TABELA 3 - Abundância relativa (%) dos microrganismos endofíticos isolados de pecíolo e raiz de Echinodorus scaber

Bactérias

Fungos

Pecíolo Raiz Total

Pecíolo Raiz Total

Bacillus sp. 1,92 8,89 5,15

Penicillium sp. 10 17,65 12,77

Klebsiella pneumoniae 7,7 20 13,40

Acremonium 40 - 25,53

Pseudomonas putida 1,92 4,44 3,10

Cercospora apii 3,33 - 2,13

Pseudomonas sp. HE613571.1 1,92 4,44 3,10

Cladosporium cladosporioides

3,33 - 2,13

Acinetobacter schindleri 1,92 - 1,03

Cochliobolus lunatus 6,67 - 4,25

Acinetobacter sp 1,92 - 1,03

Cochliobolus sativus 3,33 - 2,13

Enterobacter cloacae 5,77 - 3,10

Corynespora cassiicola

3,33 - 2,13

Enterobacter ludwigii 1,92 - 1,03

Corynespora sp. 10 - 6,38

Enterobacter sp.

JN 391530.1 3,85 - 2,10

Massariosphaeria sp.

13,33 - 8,51

Enterobacter sp. JQ396391.1 61,54 - 32,99

Mycelia sterilia I 3,33 - 2,13

Microbacterium sp. 1,92 - 1,03

Paecilomyces lilacinus

3,33 - 2,13

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Táxons raros (frequência <3,3%) (Sun et al. 2012).

Bactérias

Fungos

Pecíolo Raiz Total

Pecíolo Raiz Total

Pseudomonas hibiscicola 5,77 - 3,10

Chaetomium aureum - 11,77 4,25

Pseudomonas sp. FJ405364.1 1,92 - 1,03 Colletotrichum sp. - 11,77 4,25

Aeromonas hydrophila - 2,22 1,03

Eupenicillium javanicum

- 5,88 2,13

Bacillus não cultivável - 6,67 3,10

Eupenicillium shearii - 5,88 2,13

Bacillus pumilus - 22,22 10,31

Lophiostoma cynaroidis

- 5,88 2,13

Bacillus subtilis - 2,22 1,03

Penicillium shearii - 23,53 8,51

Burkholderia nodosa - 2,22 1,03

Pestalotiopsis theae - 11,77 4,25

Enterobacter cancerogenus - 6,67 3,10

Pseudallescheria boydii

- 5,88 2,13

Enterobacter sp. HQ673829.1 - 8,89 4,12

Enterobacter sp. JX941543.1 - 2,22 1,03

Microbacteriaceae bacterium - 2,22 1,03

Ralstonia pickettii - 2,22 1,03

Stenotrophomonas sp. - 2,22 1,03

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48

2.3.2 Estrutura da assembleia de bactérias de Echinodorus scaber

Até o presente momento, informações sobre à diversidade de

bactérias endofíticas foram obtidas por metodologias dependentes de

cultivo. Ao total, 113 linhagens heterotróficas foram isoladas de pecíolo e

raíz de E. scaber indicando que os tecidos internos destes órgãos abrigam

uma assembléia de bactérias endofíticas. A diversidade genética destes

isolados foi avaliada por meio da análise comparativa dos padrões

eletroforéticos obtidos da amplificação ERIC-PCR. A análise de

agrupamento, utilizando o modelo UPGMA, resultou no dendrograma (Figura

1). Considerando o nível de 80% de similaridade, observa-se 51 Unidades

Taxonômicas Operacionais (OTU’s) constituídas de 22 grupos compostos

por pelo menos duas linhagens (apresentando similaridade J-=1). As demais

OTU’s são constituídas por linhagens de perfis únicos de amplificação via

ERIC-PCR.

Identificação molecular pelo sequenciamento parcial do gene 16S

rRNA de 44 OTU’s resultou em 10 gêneros distribuídos em 25 táxons

pertencentes aos filos Proteobacteria (78,32% das linhagens –

representando as classes gamma e beta-proteobacteria), Firmicutes

(19,59%) e Actinobacteria representando aproximadamente 2% dos isolados

analisados (Tabela 4).

Proteobacteria é um importante e frequente grupo de endófitos

encontrado em vegetais (Ferrando et al. 2012), inclusive em espécies

presentes em áreas úmidas (Li et al. 2011a). Deste filo, a classe

Gammaproteobacteria foi mais diversificada sendo representada pelos

gêneros Enterobacter, Acinetobacter, Pseudmonas, Klebsiela, Aeromonas e

Stenotrophomonas. Somente os gêneros Bukholderia e Ralstonia

constituíram-se como Betaproteobacteria.

É esperado que diferentes hospedeiros abriguem uma comunidade

relativamente diversificada de bactérias endofíticas como a encontrada neste

estudo. Em 220 fragmentos de raízes de canola isolou-se 18 diferentes

gêneros de bactérias endofíticas (Germida et al. 1998).

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49

O gênero predominante em E. scaberfoi Enterobacter representando

aproximadamente 48% das linhagens, bem como os gêneros Bacillus

(19,59%), Klebsiela (13,40%) e Pseudomonas (10,31%) (Tabela 3). Os dois

gêneros mais comuns são comumente descritos como endófitos de

diferentes espécies vegetais, como Glycine max e Sophora

alopecuroides(Assumpçãoet al. 2009; Zhaoet al. 2011b) e possuem

importantes aplicações controle biológico de patógenos (Senthilkumar et al.

2009; Cho et al. 2009), produção de enzimas hidrolíticas (Islam et al. 2010) e

na promoção do crescimento vegetal (Dias et al. 2009; Madmony et al.

2005). Acinetobacter, Microbacterium, Aeromonas, Burkholderia, Ralstonia e

Stenotrophomonas constituiram os gêneros menos frequentes encontrados

em E. scaber (Tabela 3). Os dois primeiros foram obtidos somente de

pecíolos e os demais isolados de fragmentos de raízes. As espécies

dominantes de pecíolo e raiz variaram de acordo com o órgão, sendo

Enterobactersp. JQ396391.1 abundante no primeiro, e Bacillus pumilus no

segundo.

Enterobacter é comumente relatado como endofíto, encontrado

como dominante em caule de cana de açúcar (Magnaniet al. 2010).

Interessantemente, a linhagem Enterobacter sp. JQ396391.1 – isolada de

pecíolo -possui alta homologia com sequências depositadas no GenBank

obtidas de bactérias endofíticas fixadoras de nitrogênio isoladas de arroz

(JN698043) e a Enterobacter sp. PXG11 (JQ396391) presente no trato

digestivo de Plutella xylostella - traça das crucíferas.

Os índices de diversidade e a riqueza de espécies em raíz foram

maiores (H’ 2,40 e 16 espécies) (Tabela 1) em relação aos parâmetros

encontrados em pecíolo (H’ 1,56 e 13 espécies) como observado na

assembléia de bactérias endofíticas de batata e Panax notoginseng (Berg et

al. 2005; Ma et al. 2012). Esse resultado está de acordo com Rosenblueth e

Martínez-Romero (2004) que afirmam que na maioria das espécies vegetais,

as raízes abrigam maiores quantidades de endófitos quando comparadas às

partes aéreas.

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50

Em E. scaber, bactérias endofíticas são menos restritivas a

colonização de um determinado órgão em relação aos resultados

encontrados para fungos. Klebsiela pneumonie, Bacillussp., Pseudomonas

sp HE 613571.1 e Pseudomonas putida foram comuns entre pecíolo e raiz

(Tabela 3). O tamanho e a plasticidade metabólica das bactérias podem ter

contribuído para a translocação ou movimentação de espécies entre órgãos

próximos através do xilema. A órgão-especificidade resultou em nove e doze

espécies características de pecíolo e raiz, respectivamente.

Os gêneros Enterobacter, Pseudomonas, Klebsiella, Aeromonas e

Burkholderia foram descritas em outros hospedeiros presentes em áreas

úmidas na China em Typha angustifolia e Phragmites australis (Jha e

Kumar, 2007; Li et al. 2010, Li et al. 2011); Microbacterium e

Stenotrophomonas detectados em Oryza sativa (Ferrando et al. 2012) e

Lima (2012) obteve os gêneros Burkholderia, Bacillus, Acinetobacter e

Ralstonia de fragmentos de raízes de Vochysia divergens coletados na

mesma área desta pesquisa. Especificamente, a espécie Rasltonia picketti

obtida das raízes de E. scaber e V. divergens possuem homologia entre si

compartilham identidade com as mesmas sequencias depositadas no

GenBank. A proximidade genética entre as linhagens bactérias isoladas na

mesma área em de E. scaber e V. divergens será futuramente determinada

para discutir a possível transferência horizontal destes táxons entre os

hospedeiros.

Durante a associação entre planta-endófito, o hospedeiro fornece uma

miríade de nutrientes, além de um habitat cujas condições físico-quimicas

são mais constantes em relação aquelas do ambiente externo ao

hospedeiro. Em contrapartida, esses microrganismos favorecem, direta ou

indiretamente, o crescimento e produtividade ao seu parceiro (Costa e

Loper, 1994; Verma et al. 2001; Muthukumarasamy et al. 2002; Lee et al.

2004; Wakelin et al. 2004; Ryan et al. 2008). A estação úmida no Pantanal é

marcada por uma intensa produtividade, principalmente pela disponibilidade

de água, que até então, era um dos fatores mais limitantes neste ambiente

na estação de seca. A comunidade endofítica pode ter um papel significativo

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51

na ciclagem de nutrientes, atuando na degradação e/ou mineralização da

matéria orgânica e consequentemente, disponibilizando nutrientes neste

ecossistema. Bactérias endofíticas podem fixar nitrogênio, além de

solubilizar fosfato mineral, sugerindo que estes organismos possam

aumentar a disponibilidade de nutrientes para seus hospedeiros, como é

sugerido por Kuklinsky-Sobral et al. (2004) para Pseudomonas, Ralstonia,

Enterobacter, Pantoea e Acinetobacter em soja.

Outros gêneros, como Stenotrophomonassp faz parte da microbiota

edáfica e sua diversidade metabólica permite a utilização de compostos

fenólicos e desnitrificação (Heylen et al. 2007). Liu et al. (2007) demonstrou

a capacidade de degradação de p-nitrofenol por Stenotrophomonassp

linhagem LZ-1 e seu potencial uso em programas de biorremediação, já que

este é um composto tóxico derivado da degradação do paration (Mulbry e

Karns, 1989). Características importantes em programas de remediação, tais

como degradação de compostos fenólicos (Al-Zuhair e El-Naas, 2012) e

derivados de petróleo (Bucheli-Witschel et al. 2009), foram demonstradas

em linhagens da espécie R. picketti. Resultados semelhantes ocorreram na

degradação de óleo diesel (Kaczoreket al. 2010) e remoção de cádmio/zinco

por A. hydrofila e Microbacterium sp (Aniszewski et al. 2010),

respectivamente.

E. scaber possui uma assembleia de bactérias heterotróficas

endofíticas nos pecíolos e raízes com um potencial a ser explorado na

promoção de crescimento de plantas, no controle biológico de patógenos e

na capacidade de biorremediação de compostos tóxicos no ambiente.

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52

FIGURA 1 - Dendograma gerado a partir da analise do perfil de amplificação

por ERIC-PCR das linhagens de bactérias endofíticas isoladas

de E. scaber, utilizando coeficiente de similaridade de Jaccard.

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53

TABELA 4 - Identificação molecular das bactérias endofíticas, baseados em

suas sequências parciais do gene 16S rRNA

Isolados GenBank Nº de

Acesso Identidade

(%)

BAEI-8 Acinetobacter sp AM184209.1 99

BAEIII-63 Enterobacter cloacae JX514409.1 99

BAEI-1, BAEI-3, BAEI-7, BAEI-9, BAEI-10, BAEI-12, BAEI-13, BAEI-15, BAEI-16, BAEI-18, BAEI-20, BAEI-24, BAEI-25, BAEI-26, BAEII-33, BAEII-37, BAEII-39, BAEII-40, BAEII-49

Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEI-2, BAEI-4 Enterobacter sp. JN391530.1 99

BAEI-11 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEI-19, BAEI-21, BAEI-22, BAEI-23, BAEIII-75

Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEI-30 Enterobacter sp. JQ396391.1 99 BAEII-36 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEII-38 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEII-48, BAEIII-79 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BREI-82 Enterobacter sp. JX941543.1 99

BAEIII-62 Klebsiella pneumoniae JX435602.1 99

BREI-117, BREI-131, BREII-150

Klebsiella pneumoniae JF772061.1 99

BAEIII-76, BREI-85, BREI-88a Klebsiella pneumoniae JF772079.1 99

BREI-129, BREI-118 Klebsiella sp. JQ793784.1 99 BAEIII-57 Pseudomonas putida JX276777.1 99

BAEII-31 Pseudomonas sp. HE613571.1 99

BAEI-14, BAEI-17 Enterobacter cloacae JF513137.1 98

BREIII-107 Bacillus subtilis JX489606.1 98 BREI-88 Bacterium MCF49 HQ179093.1 98

BREI-89, BREII-139 Pseudomonas sp. HE613571.1 98

BAEII-50, BAEIII-72 Pseudomonas hibiscicola

JQ659719.1 98

BAEIII-60 Pseudomonas hibiscicola

JQ291604.1 98

BAEIII-59, BREI-92, BREI-121, BREI-126, BREIII-104

Bacillus sp. AY437616.1 97

BAEIII-64 Enterobacter ludwigii JN644550.1 97

BAEIII-67, BREII-142 Klebsiella pneumoniae JX435602.1 97

BREI-116 Pseudomonas putida JX276777.1 97

BREIII-108, BREI-132, BREII-135, BREII-138

Enterobacter sp. HQ677829.1 96

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Isolados GenBank Nº de

Acesso Identidade

(%)

BREI-86 Microbacteriaceae bacterium

DQ490447.1 96

BREI-84 Uncultured bacterium HM778681.1 96

BREII-136 Stenotrophomonas sp. EU722314.1 95

BREII-99, BREI-128, BREII-100

Uncultured Bacillus sp. FJ227516.1 95

-: Linhagens ainda não sequenciadas

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55

2.4 Conclusões

Pecíolo e raiz de Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) são

colonizados por fungos e bactérias endofíticas. Isolou-se 46 linhagens de

fungos e 113 cepas de bactérias deste hospedeiro.

A riqueza da assembléia de bactérias é maior em relação à de

fungos. Treze gêneros distribuídos em 19 táxons de fungos foram

identificados ao passo que para bactérias distinguiu-se 10 gêneros

distribuídos em 25 táxons.

Observou-se tecido especificidade maior para fungos, sendo o

gênero Penicillium comum a raízes e pecíolos, e para bactérias,

Enterobacter, Klebsiela, Bacillus e Pseudomonas foram obtidas nos dois

órgãos analisados.

O banco de fungos e bactérias obtidas de E. scaber possuem

gêneros e espécies com potencial para a prospecção de metabólitos

especiais, uso em programas de controle biológico, biorremediação e

promoção de crescimento de plantas.

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3. DARK SEPTATE DE Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus) E SUAS ESPECIFICIDADES EM

DIFERENTES HOSPEDEIROS

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DARK SEPTATE DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) E SUAS

ESPECIFICIDADES EM DIFERENTES HOSPEDEIROS

Resumo – Fungos endofíticos dark septate (DSE), são um grupo de fungos

endofíticos caracterizados pelas hifas melanizadas e septadas e que

colonizam assintomaticamente a raiz da planta hospedeira, geralmente em

habitats estressantes. Essa interação pode conferir a planta hospedeira

diversas vantagens, como resistência induzida a estresses bióticos e

abióticos. Fungos endofíticos isolados de Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus), com características de DSE foram selecionados a fim de

confirmar a característica de dark septate das linhagens e identificá-las, além

de determinar o potencial endofítico das possíveis linhagens DSE em

diferentes hospedeiros in vitro. Raízes de E. scaber foram diafanizadas,

coradas e observadas em microscópio para averiguar se essa planta

continha estruturas características de DSE; o que resultou na observação de

diferentes estruturas fúngicas, tanto de fungos endomicorrízicos e DSE. A

identificação molecular pelo sequenciamento da região do espaçador interno

transcrito do gene rRNA das linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2, apresentou

89 e 93% de identidade com as linhagens Pestalotiopsis theae

(HQ832793.1) e Lophiostoma cynaroidis (EU552138.1). Essa baixa

identidade pode caracterizar novas linhagens de DSE isolados de E. scaber.

Posteriormente, FREII-ED1 e FREIII-ED2 foram inoculados em plântulas

gnotobióticas de quatro espécies não hospedeiras, pertencentes a três

famílias botânicas diferentes, sendo as espécies Vochysia divergens Pohl,

Vochysia haenkeana, Combretum lanceolatum Pohl ex Eichler, pertencentes

à comunidade de plantas da área de coleta, e Capsicum frutensces L.

(pimenteira). Nenhuma das espécies vegetais inoculadas apresentou

sintomas aparentes de doença quando inoculados com as linhagens

fúngicas. As raízes das espécies inoculadas foram diafanizas e coradas com

azul de tripano para observação em microscópio, o que demonstrou que os

endofíticos colonizaram as raízes de todas as espécies onde foram

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observadas hifas junto ao sistema radicular. Estruturas típicas de DSE,

como hifas melanizadas septadas inter e intracelularmente e

microescleródios internamente as células foram observadas nas raízes das

espécies vegetais utilizadas, demonstrando que FREII-ED1 e FREIII-ED2

correspondem a microrganismos DSE. A colonização de diferentes

hospedeiros, incluindo C. frutensces, uma espécie de interesse agronômico

demonstra que esses microrganismos são capazes de se infectar

assintomaticamente outras espécies da comunidade de espécies de plantas

local, sendo possível que essas linhagens possam ter papéis funcionais

importantes no estabelecimento das espécies aos quais estejam presentes,

sendo necessários futuros estudos a campo para averiguação dessa

hipótese.

Palavras-chave: Fungos edofíticos, interação fungo-planta, chapéu de

couro, Pantanal.

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DARK SEPTATE OF Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) AND

SPECIFIC IN DIFFERENT HOSTS

Abstract – Dark septate endophytic fungi (DSE) are a group of endophytic

fungi and characterized by melanized septate hyphae and asymptomatically

colonize the roots of the host plant, usually in stressful habitats. This

interaction may confer several advantages to the host plant, as induced

resistance to biotic and abiotic stresses. Endophytic fungi isolated from

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus), with characteristics of SDRs were

selected to confirm the characteristic dark septate strains and identify them

and determine the potential of endophytic possible DSE strains in different

hosts in vitro. Roots of E. scaber were cleared and stained and observed

under microscope to see if this plant characteristic structures contained in

SDRs, which resulted in the observation of different fungal structures, both

SDR and mycorrhizal fungi. Molecular identification by sequencing the

internal transcribed spacer region of the rRNA gene of the strains FREII-and

ED1-ED2 FREIII, showed 89 and 93% identity with the strains Pestalotiopsis

theae (HQ832793.1) and Lophiostoma cynaroidis (EU552138.1). This low

identity can characterize new strains isolated from E. SDRs scaber. Later,

FREII-ED1 and ED2 FREIII-gnotobiotics seedlings were inoculated in four

non-host species, belonging to three different botanical families, and species

Vochysia divergens Pohl, Vochysia haenkeana, Combretum lanceolatum

Pohl ex Eichler, community owned plant area collection, and Capsicum L.

frutensces (Pepper). None of the inoculated plant species showed apparent

symptoms of disease when inoculated with fungi. The roots of the species

have been inoculated diafanizas and stained with trypan blue for observation

under a microscope, which showed that endophytes colonize the roots of all

species where hyphae were observed in the root system. Structures typical

of SDRs, as melanized septate hyphae and microsclerotia inter and

intracellularly internally cells were observed in the roots of the plant species

used, demonstrating that FREII-ED1 and ED2-FREIII correspond to

microorganisms DSE. The colonization of different hosts, including C.

frutensces, a species of agronomic interest demonstrates that these

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microorganisms are able to infect other species asymptomatically community

site of plant species, it being possible for these strains could have important

functional roles in establishing the species which are present, requiring

further studies the field to investigate this hypothesis.

Keywords: Endophytic fungal, plant-fungus interaction, chapéu de couro,

Pantanal.

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3.1 Introdução

Endofíticos são microrganismos que colonizam os tecidos internos de

vegetais pelo menos em alguma fase do seu ciclo de vida, sem causar

danos aparentes ao hospedeiro. A interação ocorre em espécies vegetais

das mais diferentes famílias botânicas e ecossistemas. Esta relação, na

maioria das vezes mutualística, resulta em aumento de crescimento,

resistência induzida a estresses bióticos e abióticos (Schulz et al. 2006).

Entre os fungos endofíticos, o grupo dark septate (DSE) destaca-se

pela colonização do sistema radicular de inúmeras espécies vegetais, sendo

o complexo Phialophora-Gaeumannomyces e Phialocephala fortinii os

principais subgrupos de DSE (Gruning et al. 2011). Estes microrganismos

compõem um grupo polifilético caracterizado pelas hifas septadas escuras e

colonizam intra ou extra-celularmente o tecido radicular de plantas

aparentemente saudáveis (Stoykeet al. 1992; Pierceyet al. 2004).

Microscopicamente, são facilmente reconhecidos pela diferenciação de

microescleródios no interior da célula hospedeira. A identificação morfológica

nem sempre é evidente ou possível, pois muitas vezes, não diferenciam

estruturas reprodutivas in vitro taxonomicamente importantes, resultando em

linhagens sem a devida identificação (Mandyam e Jumpponen, 2005). Por

outro lado, a classificação molecular deste grupo nem sempre é conclusiva

devido à sua origem polifilética.

A distribuição dos hospedeiros de DSE é taxonomicamente e

espacialmente diversa, sendo capazes de colonizarem diferentes famílias

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vegetais e distribuindo-se dos trópicos ao ártico (Jumpponen e Trappe

(1998). Esses fungos geralmente colonizam plantas presentes em ambientes

estressantes como desertos, ambientes de altitudes elevadas e rochosos e

áreas úmidas (Barrowet al. 2008;Schmidt et al. 2008;Kandalepaset al. 2010)

e em determinados casos, contribuem para a adaptabilidade do hospedeiro

às condições ambientais estressantes, como temperaturas elevadas

(Khidiret al. 2010; Mandyam e Jumpponen, 2012).

O papel funcional desses fungos ainda é controverso (Mandyam e

Jumpponen, 2005). Apesar da pouca compreensão da funcionalidade deste

grupo de endófitos, sua vasta ocorrência, abundância e ampla gama de

hospedeiros indicam a importância de DSE nos diversos ecossistemas

naturais (Jumpponen e Trappe 1998).

A compreensão dos mecanismos que estabelecem uma interação

mutualística necessita de estudos moleculares. A facilidade de manipulação

dos organismos envolvidos e protocolos de estabelecimento da associação

in vitro são requisitos importantes, até mesmo essenciais, para compreender

etapas necessárias da interação e os mecanismos moleculares expressos

no estabelecimento mutualístico. A interação modelo entre Arabidopsis

thaliana - Piriformospora indica tem sido utilizada em diferentes estudos

(Khatabiet al. 2012). A. thaliana possui seu genoma sequenciado, sua

manipulação laboratorial é relativamente simples e diversos mecanismos

moleculares da interação desta planta com patógenos são conhecidos;

(Joshiet al. 2012; Rodrigoet al. 2012; Zhanget al. 2013). P. indica é um

basidiomicota capaz de associar-se às raízes de uma gama de hospedeiros

de forma assintomática e, muitas vezes mutualística, afetando positivamente

a desempenho vegetal (Franken, 2012; Qianget al. 2012).

A investigação da diversidade de fungos endofíticos presentes em

raízes de Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus), coletada no Pantanal,

resultou na obtenção de três linhagens – FREII-50, FREII-ED1 e FREIII-ED2

– com características semelhantes aquelas descritas para DSE quando

cultivadas in vitro (Gruninget al. 2011).

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73

E. scaber pertencente à família Alismataceae, e é uma espécie

conhecida popularmente por seu uso medicinal e ornamental (Pott e Pott,

2000). A família dessa espécie ocorre em áreas alagáveis como canais,

margens de lagos e pântanos (Tanaka, et. al 1997). Segundo Pott e Pott

(2000), E. scaber está presente na América do sul, encontrada apenas no

Brasil e Venezuela. Essa espécie é usada popularmente para o tratamento

de várias enfermidades como: reumatismo, tratamento de ácido úrico, sífilis,

doenças de pele e de fígado e também para fins diuréticos (Pott e Pott,

2000).

Os objetivos desta pesquisa foram avaliar presença de estruturas

fungicas em raiz de E. scaber, confirmar a característica de dark septate das

linhagens endofíticas de interesse e identifica-las, determinar o potencial

endofítico das possíveis linhagens DSE em diferentes hospedeiros in vitro e

estabelecer um protocolo de interação para avaliação de mecanismos

moleculares desta associação.

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74

3.2 Material e Métodos

3.2.1 Microrganismos e meios de cultura utilizados

Três linhagens de fungos – FREII-50, FREII-ED1 e FREIII-ED2 –

obtidas de tecidos internos de raiz Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus)

foram acessadas no banco de microrganismos endofíticos pertencentes ao

Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana (LABEM) da

Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá. O meio de cultura batata

dextrose ágar (BDA) foi usado para manutenção das culturas dos fungos e o

meio mineral mínimo-MM- K2HPO4, 1,6 g; KH2PO4, 0,2 g; (NH4)2SO4, 1 g;

MgSO4.7H2O, 0,2 g; FeSO4.7H2O, 0,01 g; NaCl, 0,1 g; CaCl2.2H2O, 0,02 g;

1000 mL de água destilada- (Murashige e Skoog, 1962) foi utilizado para

germinação e estabelecimento da interação fungo-planta. Quando

necessário, as linhagens foram crescidas em meio caldo batata dextrose

sem agitação até obtenção de uma massa micelial necessária à extração de

DNA.

3.2.2 Observação de estruturas fúngicas associadas às raízes de E.

scaber

A existência de simbiose entre as raízes de E. scaber e fungos foi

determinada qualitativa e quantitativamente em raízes coletadas e coradas

de acordo com Phillips e Heyman (1970). Raízes de três indivíduos foram

processadas e coradas. A diafanização de segmentos de aproximadamente

1 cm ocorreu em KOH 2,5% aproximadamente 30 min em água fervente. Em

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seguida, drenou-se a solução e enxagou o material em água correte. O pH

foi acidificado com HCl 1% por cinco min à 65 °C e após retirada o excesso

de ácido, os fragmentos de raízes foram corados com com azul de tripano

0,05% em lactoglicerol (1:1:1, ácido lático:glicerol:água). Posteriomente

montaram-se lâminas para microscopia com fragmentos a fim de observa-los

com auxílio de microscópio. As estruturas fúngicas foram classificadas de

acordo com literatura especializada (Peterson et al, 2004; Petrini, 1986).

Cauculou-se a frequência das estruturas de acordo com o método de grade

de intersecção (Mcgonigleet al. 1990) observando-se 100 campos sob

aumento de 400X.

3.2.3 Caracterização e Identificação molecular das linhagens fúngicas

A extração do DNA genômico das linhagens foi realizada com kit de

extração Miniprep, seguindo recomendações do fabricante (Axygen

biosciences, USA). A identificação deu-se pelo sequenciamento parcial do

espaçador interno transcrito (ITS) da região rDNA de representantes de cada

grupo de morfotipo. Os oligonucleotídeos ITS 4 (5′-TCC TCC GCT TAT TGA

TAT GC-3′) e ITS 5 (5`-GGA AGT AAA AGT CGT AAC AAG G-3') (White et

al. 1990) foram utilizados para amplificação da região intergênica 18S a 28S.

O volume de reação foi de 25 µL e as condições de amplificação ocorreram

como segue: desnaturação inicial de 94ºC por 2 min, seguido de 35 ciclos de

94 ºC por 45 seg, 50 ºC por 45 seg e 72 ºC por 1 min, e o passo final de

alongamento de 72 ºC por 10 min em um AMPLITHERM Thermal Cyclers.

Os produtos de amplificação foram purificados com PEG 6000(Dunn;

Blattner, 1987) com modificações, e quantificados por eletroforese em gel de

agarose 1,2%. O sequenciamento incidiu pelo método de Sanger com o Kit

Big Dye no ABI3100 Applied Biosystem. As sequências foram comparadas

no banco de dados do GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) com

sequências conhecidas, por uma pesquisa de similaridade via Blastn

(Altschulet al. 1990).

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76

3.2.4 Obtenção de plântulas gnotobióticas

A capacidade infectiva e especificidade das linhagens DSE foram

avaliadas em quatro espécies vegetais: duas arbóreas, constituídas por

Vochysia divergens Pohl (cambará) e Vochysia haenkeana Mart. (pau

amarelo), ambas Vochysieaceae; um arbusto da família Combretaceae

representado por Combretum lanceolatum Pohl ex Eichler (pombeiro); e uma

espécie herbácea representada pela Solanaceae Capsicum frutensces L.

(pimenteira).

A obtenção de plântulas gnotobióticas foi possível com a

desinfestação das sementes das quatro espécies vegetais. Para as espécies

Vochysieaceae, Combretaceae e Solanaceaeas sementes foram

desinfestadas de acordo com Pinto et al. (2011), Pinto et al. (2012a e b).

Após o procedimento de desinfestação superficial, depositou-se as

sementes em placas de Petri contendo aproximadamente 25 mL de meio

MM. As placas foram mantidas em câmara de crescimento a 28 ºC com

fotoperíodo de 12/12h escuro/claro.

3.2.5 Inoculação de fungos em plântulas e observação macroscópica

Após os sete dias do período de germinação das espécies, duas

plântulas foram transferidas para placas de Petri contendo MM. Discos

contendo fragmentos de micélio das linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2

foram depositados próximo ao sistema radicular. Cada placa continha uma

espécie vegetal e uma linhagem de fungo. O tratamento controle consistiu

em plântulas não inoculadas com as linhagens endofíticas e, portanto,

consideradas assépticas. Após a inoculação, as placas foram mantidas nas

mesmas condições de germinação por um período de 25 a 30 dias.

Diariamente, observaram-se características de desenvolvimento das

plântulas inoculadas e comparou-se com aquelas mantidas como controle.

3.2.6 Estudo em microscopia das raízes inoculadas

Após o período de 25 a 30 dias, as plântulas foram coletadas e as

suas raízes submetidas ao processo de diafanização pelo método de Phillips

e Hayman (1970), com modificações. Armazenou-se as raízes em frascos

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com solução KOH 10% a 60ºC por 1 hora. Posteriormente, drenou-se o KOH

e os fragmentos enxaguados em água destilada. Em seguida, foi adicionado

ao frasco HCl 1% e mantido a 60ºC. Após 5 minutos, drenou-se o ácido e as

raízes coradas em azul de tripano 0,05% em lactoglicerol (1:1:1-ácido lático,

glicerol, água) (Phillips e Heyman, 1970). Lâminas de microscopia foram

montadas com fragmentos das raízes coradas e observadas em microscópio

óptico para observação de estruturas típicas de fungos DSE (Petersonet al.

2008).

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78

3.3 Resultados e Discussão

3.3.1 Associação entre raízes de Echinodorus scaber e fungos

Os indivíduos de Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) coletados

não apresentavam sinais aparentes de infecção por fitopatógenos e suas

raízes estavam aparentemente integras. A descoloração e observação dos

fragmentos radiculares corados possibilitou o reconhecimento de estruturas

fúngicas presentes nos tecidos internos (Figura 1). Observaram-se hifas

coradas pelo azul de tripano sem a presença de septo, indicando uma

possível colonização por fungos endomicorrízicos, e estruturas semelhantes

a vesículas foram observadas em dois dos três indivíduos coletados. Hifas

de coloração marrom e septadas, juntamente com microescleródios,

permaneciam presentes em 3,67 e 1,33% respectivamente, dos campos

observados nos fragmentos corados, respectivamente (Tabela 1).

3.3.2 Colonização de plântulas axênicas em condições in vitro

As raízes são os órgãos vegetais com ampla diversidade de interação

com a microbiota edáfica. Fungo associados às raízes de plantas, nas

regiões alpinas, levou ao reconhecimento de um grupo com hifas estéreis,

escuras, septadas e microescleródio sendo incialmente denominados dark

septate (DS) (Read e Haselwandter, 1981). Especificamente, o termo dark

septate endophyte (DSE) foi utilizado para agrupar um conjunto de fungos

que apresentam variações na melanização das hifas septadas e

colonizadores dos tecidos internos do sistema radicular de hospedeiros

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saudáveis (Stoyke e Currah, 1991). FREII-50, FREII-ED1 e FREIII-ED2

foram isolados de raízes de E. scaber e possuem coloração marrom intenso

ao crescerem em meio BDA apresentando hifas septadas levando a crer que

pudesse se tratar de linhagens DSE. Não se utilizou a linhagem FREII-50

nestes experimentos por que pertence a mesma espécie que a linhagem

FREII-ED1, de acordo com os dados de identificação molecular.

FIGURA 1. Estruturas fúngicas em raiz de Echinodorus scaber. A – hifas

sem septos, coradas com azul de tripano. B – Vesículas. C –

hifas septadas marrons e microescleródios. As setas indicam

as estruturas observadas. Aumento de 400x.

TABELA 1. Percentagem de estruturas fúngicas observadas em raizes de

três indivíduos de Echinodorus scaber

Estruturas Fúngicas Média (%) Indivíduos com presença de estruturas

Microescleródios 1,33 ±0,58 3

Hifa septada 3,67 ±5,51 2

Hifa azul 7 ±3,61 3

Vesícula 1 ±1 2 ± - desvio padrão

Vochysia divergens, Vochysia haenkeana, Combretum lanceolatum e

Capsicum frutensces inoculadas com as linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2

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permaneceram vivas após o período de interação. Estas plântulas

desenvolveram-se conforme aquelas mantidas em condições axênicas, ou

seja, sem inoculação dos fungos. Sintomas ou sinais de doenças não foram

detectados no sistema radicular nem na parte aérea das espécies vegetais

interagindo com estes fungos in vitro (Figura 2). Não houve queda foliar,

sintomas de murcha nem clorose durante o período de interação. Segundo

Wu e Guo (2008), esse fato pode ser um indicativo de compatibilidade na

associação entre plântulas e microrganismos mutualísticos.

FIGURA 2. V. dyvergens, V. haenkeana, C. lanceolatum C. frutensces

inoculadas com linhagens endofíticas FREII-ED1 e FREIII-ED2

isoladas de E. scaber.

A observação microscópica de fragmentos das raízes demonstrou

claramente a capacidade infectiva destes fungos nos tecidos internos das

raízes das quatro espécies analisadas (Tabela 2). Apenas em C. frutensces-

FREII-ED1 não apareceram hifas sobre as raízes diafanizadas, sendo

necessário repetir o experimento para observação da interação dessas

espécies. FREII-ED1 e FREIII-ED2, além de crescerem sobre o sistema

radicular das espécies vegetais testadas, são capazes de penetrarem os

tecidos internos deste órgão nos hospedeiros. A presença de hifas

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melanizadas inter e intracelularmente nos tecidos das raízes foi observada

em todas as espécies hospedeiras, onde se observaram hifas sobre as

raízes diafanizadas, e para os dois isolados avaliados. Houve diferenciação

de microescleródios internamente às células das raízes de V. divergens, V.

haenkeana, C. lanceolatum e C. frutensces (Figura 3). Essas estruturas

observadas são morfologicamente similares àquelas descritas para fungos

endofíticos do tipo dark septate (Jumpponen e Trappe, 1998) confirmando o

caráter DSE das linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2.

TABELA 2. Estruturas de infecção das linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2

em raízes de hospedeiros após 25 dias de interação in vitro.

Plantas FREII-ED1 FREIII-ED2 Sintomas

HMS ME HMS ME

Vochysia divergens + + + + NS

Vochysia haenkeana + + + + NS

Combretum lanceolatum + + + + NS

Capsicum frutensces - - + + NS

HMS – hifa melanizada septada; ME – microescleródios; + presença; - ausência; NS –

nenhum sintoma aparente.

A associação de fungos DSE com plantas hospedeiras é amplamente

distribuída e diversificada, relatada em mais de 600 hospedeiros

filogeneticamente diferentes (Jumpponen (2001). Esses endófitos

contribuem de diferentes formas com seus hospedeiros, seja melhorando a

nutrição mineral, produzindo metabólitos especiais com atividade contra

microrganismos patogênicos e diminuição da herbivoria (Mandyam e

Jumpponen (2005).

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Nas condições avaliadas, houve um equilíbrio entre os fatores de

patogenicidade de FREII-ED1 e FREIII-ED2 e o sistema de defesa das

espécies vegetais avaliadas resultando numa colonização assintomática

(Shulz e Boyle, 2005). A interação de A. thaliana com oito linhagens

endófitas demonstrou que somente três colonizaram assintomaticamente

esse hospedeiro in vitro, as demais linhagens provocaram sintomas de

doenças como clorose e redução no crescimento (Junkeret al.2012).

Plântulas de Hyptis marrubioides apresentaram sintomas de murcha quando

o seu sistema radicular foi inoculadas com seus endófitos Trichodermasp,

Fusarium sp ou Papulaspora sp em condições in vitro, sendo esta última, a

espécie mais virulenta (Vitorinoet al. 2012). Estas avaliações da interação

planta-microrganismos e da capacidade endofítica são importantes na

seleção de modelos com o objetivo de compreender os passos e os

mecanismos da interação não somente em condições artificiais. Outras

vantagens dos protocolos de associação endófito-hospedeiro in vitro são a

possibilidade de avaliar o papel funcional dos microrganismos no

desenvolvimento do hospedeiro sem influência de demais fatores bióticos e

abióticos, além de possibilitar qual o efeito da interação dos parceiros da

relação no perfil qualitativo e quantitativo de metabólitos em ambos

(Fusconiet al. 2010; Vitorino et al. 2012).

A conexão entre sistemas radiculares de plantas hospedeiras é bem

documentada em fungos micorrízicos justamente pela baixa especificidade

das micorrizas arbusculares (Chiariello e Hickman, 1982; Selosseet al.

2006). Esta conexão pode funcionar como canais de troca de informações

entre as plantas conectadas (Whitfield, 2007) e consequentemente

influenciar no estabelecimento de plântulas, competição, diversidade e

dinâmica da comunidade vegetal (Simard e Durall, 2004; Selosse et al. 2006;

Whitfield, 2007).

A baixa especificidade dos fungos DSE possibilita vislumbrá-los como

componentes do ecossistema capaz de interligar hospedeiros através do

sistema radicular tendo suas hifas como pontes ou agentes conectores,

podendo a interconexão ocorrer entre indivíduos da mesma espécie ou entre

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espécies distintas. FREII-ED1 e FREIII-ED2 demonstraram características

de fungos dark septate e baixa especificidade evidenciada pela capacidade

infectiva em V. divergens, V. haenkeana, C. lanceolatum e C. frutensces

espécies bem distintas representantes de três famílias botânicas, sendo a

última representando uma espécie de interesse agronômico e ornamental

não sendo encontrada na área de coleta de E. scaber.

V. divergens, V. haenkeana e C. lanceolatum são espécies presentes

no mesmo habitat onde houve a coleta dos indivíduos de E. scaber dos

quais foram obtidas as linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2. É possível que

no Pantanal, estes fungos dark septate tenham papéis funcionais

importantes no estabelecimento das populações vegetais nas quais eles

estejam presentes. Visto que E. scaber, no pantanal de Mato Grosso, está

presente fortamente apenas nas épocas de inundação do pantanal; segundo

Pott e Pott (2000) as folhas secam no período de seca. Outras espécies

podem funcionar como repositório destes endófitos para E. scaber que

possui ciclo de vida limitado; por outro lado, o endófito pode se manter no

ambiente pantaneiro mesmo sem a presença de um dos seus hospedeiros.

Para comprovar essa hipótese, é necessária a detecção destes fungos nos

referidos hospedeiros em condições de campo.

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FIGURA 3. Raízes diafanizadas e coradas com azul de tripano, das espécies vegetais C. lanceolatum, V. dyvergens, V.

haenkeana, e C. frutensces inoculadas com as linhagens endofíticas FREII-ED1 e FREIII-ED2 isoladas de E.

scaber.

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3.3.3 Identificação das linhagens de fungos endofíticos

Uma parte da diversidade em fungos associados a plantas pode ser

atribuída aos DSE, seja pelas suas variações morfológicas e filogenéticas

(Jumpponen e Trappe, 1998). A maioria das espécies DSE são classificados

dentro de Helotiales das ordens mais diversa de Ascomycota, além de

espécies presentes em Pleosporales, Sordariales e Pezizales (Gruninget al.

2011).

As sequências ITS de FREII-50 e FREII-ED1 apresentaram 89% de

identidade com Pestalotiopsis theae (HQ832793.1) e, FREIII-ED2

demonstrou 93% de identidade com Lophiostoma cynaroidis (EU552138.1)

quando comparadas com sequencias depositadas no GenBank. A identidade

abaixo de 97% com sequencias depositadas no banco de dados pode

representar novas espécies até então não isoladas e descritas, como

apresenta (Sun et al 2012), ao considerar esse valor de identidade da região

ITS para espécies de fungos.

Esses dados moleculares indicam que FREII-50 e FREII-ED1

representam duas linhagens da mesma espécie de DSE colonizadora da

raíz de E. scaber. Estes dois isolados foram coincidentemente obtidos do

mesmo indivíduo hospedeiro. Em contrapartida, FREIII-ED2 representando

uma segunda espécie DSE, foi obtida das raízes de um segundo indivíduo

hospedeiro, apesar de todos os indivíduos terem sido coletados na mesma

área. A observação das raízes dos três indivíduos de E. scaber coletados

em campo demonstrou que todos possuíam estuturas características de

DSE.

A região ITS de FREII-50 e FREII-ED1 possui identidade outras

linhagens de Pestalotiopsis theae (EF423551.1 – 89%), Pestalotiopsis

microspora (JQ863222.1 – 88%),Pestalotiopsis sp (EF423555.1 – 88%) e

fungo endofítico não identificado (EU561622 – 89%). Pestalotiopsis theae foi

descrito na assembléia endofítica das raízes de Holarrhena antidysenterica

na Índia (Tejesviet al. 2009) e em partes aéreas das espécies chinesas

Camellia nitidíssima e Podocarpus macrophyllus(Weiet al. 2006). Em

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contrapartida, outras linhagens foram consideradas patógenas nas folhas de

C. reticulata e C. sinensis(Wei et al. 2006).

FREIII-ED2 possui identidades na região ITS com outras linhagens de

Lophiostoma cynaroidis (FJ487937.1- 91%), com fungos não cultiváveis

(EU917115.1 – 92%) ou fungos não identificados (HM123518.1 – 93%).

Lophiostoma cynaroidis é uma espécie saprófita presente em solos de

florestas tropicais da Austrália (Curlevskiet al. 2010) e Sul da África

(Marincowitz et al. 2008). Sua capacidade endofítica e características de

DSE são sugeridas para raízes de Sporobolus cryptandrus – gramínea

presente em ambientes áridos nos EUA (Khidiret al. 2010) – e Inula

crithmoides – halófita presente em mangue na Espanha (Maciá-vicente e

Ferraro, 2012).

O tipo de relação endófito-hospedeiro não depende apenas do

genoma das espécies interagindo num fino controle do balanço entre

patogenicidade e mutualismo (Schulz e Boyle, 2005) características

abióticas –temperatura, umidade, salinidade– influenciam a plasticidade

desta interação. Consequentemente, endófitos de uma determinada espécie

podem comporta-se diferentemente com hospedeiros distintos. Porras-Alfaro

e Bayman (2011) relataram um isolado de Moniliophthora sp. assintomático

em raiz de gramínea apesar da sua patogenicidade em cacaueiro.

O endofítismo assintomático das linhagens FREII-ED1 e FREIII-ED2

foi similar para as espécies avaliadas neste trabalho in vitro indicando a

possibilidade de interação com quatro genótipos diferentes sob as mesmas

condições ambientais.

Esse é o primeiro estudo envolvendo fungos DSE isolados de E. scaber e

com capacidade endofítica em quatro diferentes espécies vegetais. A ampla

gama de hospedeiros destes fungos desperta novas perguntas, com o

objetivo de verificar se FREII-ED1 e FREIII-ED2 possuem papeis funcionais

capazes de propiciar melhor adaptabilidade nestes diferentes hospedeiros e

o papel dessa interferência na dinâmica da população de V. dyvergens, V.

haenkeana e C. lanceolatum em áreas úmidas.

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87

3.4 Conclusões

Raízes de Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) estão

associadas com estruturas de fungos semelhantes à endomicorrizicos e dark

septate.

Duas diferentes espécies, uma representada pela linhagem

FREII-ED1 e outra composta pela linhagem FREIII-ED2, são capazes de

associar-se assintomaticamente com as raízes de Vochysia divergens,

Vochysia haenkeana, Combretum lanceolatum e Capsicum frutensces in

vitro.

Apesar da baixa identidade, as sequencias ITS de FREII-ED1 e

FREIII-ED2 possuem similaridades com sequencias das espécies

Pestalotiopsis theae e Lophiostoma cynaroidis, respectivamente.

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88

3.5 Referências Bibliográficas

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4. ATIVIDADE ANTAGÔNICA A MICRORGANISMOS

PATOGÊNICOS E CONTROLE DE FUNGOS in vitro POR

BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS ISOLADAS DE Echinodorus

scaber Rataj (macrophyllus) EM GRÃOS DE SOJA

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ATIVIDADE ANTAGÔNICA A MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS E

CONTROLE DE FUNGOS in vitro POR BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS

ISOLADAS DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) EM GRÂOS DE

SOJA

Resumo – Bactérias endofíticas colonizam o tecido de plantas, sem causar

sintomas aparentes. Vários estudos têm relatado o uso de bactérias do

gênero Bacillus como agentes de bio-controle e como novas fontes de

bioativos. O objetivo desta pesquisa foi identificar e avaliar o potencial

antagônico in vitro de bactérias endofíticasisoladas de Echinodorus scaber

Rataj (macrophyllus) contra patógenos de interesse medicinal e agronômico

e também verificar sua capacidade de controlar o desenvolvimento de

fungos em grãos de soja. Avaliaram-se um total de 113 linhagens de

bactérias endofíticas para selecionar aquelas com potencial antagônico.

Para isso foram confrontadas com os fungos patogênicos Colletotrichum

lindemunthianum, C. gloeosporioides, Corynespora cassiicula, Fusarium

solanI e Microsporum canis, pelo método de cultura dupla. As bactérias

antagonistas foram submetidas a teste de antibiose contra quatro bactérias

patógenas: Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, S. saprophyticus

e Escherichia coli pela técnica de sobre-camada. Identificaram-se as

linhagens selecionadas através de técnicas moleculares. A avaliação de

controle de crescimento de fungo em grãosde soja foi realizada em Blotter

teste com 200 grãos por tratamento. Foram selecionadas duas

linhagens,BREI-92 e BREIII-107, identificadas como pertencentes ao gênero

Bacilluse possivilemente de espécies diferentes. Ambas inibiram o

crescimento micelial de todos os fungos avaliados. Quando inoculados em

grãos de soja, BREI-92 e BREIII-107 demonstraram 95 e 97% de controle do

desenvolvimento de fungos sobre os grãos. Somente BREIII-107 foi eficiente

no teste de antibiose, inibindo o crescimento de E. faecalis, S. aureus,

S. saprophyticus. As bactérias endofíticas selecionadas possuem amplo

potencial antimicrobiano e no controle biológico de fungos em grãos de soja,

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sendo necessários maiores estudos para compreender o mecanismo

antagônico e de controle.

Palavras-chave: Bacillus sp, Controle biológico, Fungos fitopatógenos,

Antibiose.

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96

ANTAGONISTIC ACTIVITY TO PATHOGENIC MICROORGANISMS AND

CONTROL OF FUNGI in vitro BY ENDOPHYTIC BACTERIA ISOLATED

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) IN SOYBEAN GRAIN

Abstract – Endophytic bacteria colonize the plant tissue without causing

apparent symptoms. Several studies have reported the use of bacteria of the

genus Bacillus as bio-control agents and as new sources of bioactive. The

aim of this study was to identify and evaluate the potential of in vitro

antagonistic endophytic bacteria isolated from Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus) against pathogens of agronomic and medicinal interest and

also verify its ability to control the growth of fungi in soybean grain. A total of

113 isolates of endophytic bacteria were evaluated to select those with

antagonistic potential. To this were confronted with pathogenic fungi

Colletotrichum lindemunthianum, C. gloeosporioides, Corynespora

cassiicula, Fusarium solani and Microsporum canis, the dual culture method.

Bacteria antagonists underwent antibiosis test against four pathogenic

bacteria: Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, S. saprophyticus,

and Escherichia coli by the technique of over-layer. The selected strains

were identified by molecular techniques. The evaluation of fungal growth

control in soybeans was conducted in Blotter test with 200 seeds per

treatment. We selected two strains, and BREIII Brei-92-107, identified as

belonging to the genus Bacillus and possivilemente different species. Both

inhibit mycelial growth of all fungi evaluated. When inoculated in soybean

grain, and BREIII brei-92-107 showed 95 and 97% control of fungal growth

on the grain. Only BREIII-107 was effective in antibiosis test, inhibiting the

growth of E. faecalis, S. aureus, S. saprophyticus. The selected endophytic

bacteria possess broad antimicrobial activity and biocontrol fungi in soybean,

larger studies are needed to understand the mechanism of control and

antagonistic.

Keywords: Bacillus sp., biological control, phytopathogenic fungi, Antibiosis.

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97

4.1. Introdução

Microrganismos endofíticos segundo Schuls e Boyle (2005) colonizam

internamente o tecido vegetal, intra ou extracelular, e são detectados num

momento particular, de forma mutualística, em hospedeiros aparentemente

saudáveis.

Várias pesquisas realizadas com endófitos demostram a potencialidade

deles em sintetizarem metabólitos especiais que sob o ponto de vista

biotecnológico, constituem novas fontes de compostos bioativos, aplicáveis

em diferentes áreas, como na indústria de alimentos, agrícola ou

farmacêutica (Aly et al. 2011; Piccoli et al. 2011; Zhao et al. 2011).

A atividade antagônica de bactérias endofíticas isoladas de diversas

espécies vegetais vem sendo estudada contra diferentes patógenos

humanos, e tem obtido resultados positivos (Asraful e Renukaradhya, 2010;

Seo et al. 2010), indicando que esses microrganismos são promissoras

fontes de novos compostos bioativos antimicrobianos a serem aplicados na

medicina (Strobel e Deisy, 2003).

Grande parte do sistema de produção vigente utiliza produtos químicos

para controlar doenças causadas por microrganismos com o objetivo de

aumentar a produtividade e/ou reduzir perdas resultantes da doença. Apesar

dos fungicidas químicos reduzirem o nível de infecção de fungos em

sementes (Soto-Arias e Munkvold, 2011), o tratamento recorrente com esses

produtos podem provocar o surgimento de linhagens de fungos resistentes.

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Além disso, esse tipo de tratamento é dispendioso aos produtores e

prejudiciais a saúde humana e ao meio ambiente (Vurro e Gresselro, 2006).

Diferentes métodos são capazes de mitigarem o uso de defensivos

agrícolas (Baleet al. 2008; Wanner, 2010). Um destes é o uso de

microrganismos não patogênicos e antagônicos aos fitopatógenos, sendo

denominado de controle biológico. A capacidade antagônica dos endófitos

tem-se demostrado eficiente no controle de patógenos e consequentemente

na redução do uso de agrotóxicos (Li et al. 2011).

Bacillus é um gênero bem estudado que apresenta atividade

antagônica contra vários patógenos, sendo utilizado como biopesticidas em

culturas de trigo, soja, feijão, entre outros e, inoculação de linhagens

diretamente em plantas para controlar doenças na cultura de tomate,

pimentão, arroz e cevada (Caoet al. 2010; Cho et al. 2012). Na medicina,

estudos in vitro têm demonstrado o potencial do gênero Bacillus em suprimir

o crescimento de bactérias patogênicas ao homem como Staphylococcus

aureus e Escherichia coli (Sihem et al. 2011; Wu et al. 2012).

Esse empenho no estudo de novos compostos bioativos com atividade

antimicrobiana deve-se ao fato da constante mutação dos microrganismos

resultando em linhagens resistentes aos antibióticos disponíveis no mercado

(Dzidic et al. 2008). Porém, entre os anos de 1980-2000, poucos antibióticos

naturais foram lançados no mercado devido à redução de pesquisas na

seleção de novas linhagens que produzam compostos ativos contra

microrganismos infecciosos, sendo focado nesse período pesquisas

genômicas e de compostos de linhagens até então conhecidas

(Guimarães,et al. 2010). Assim, segundo Saleem et al.(2010), a necessidade

da descoberta de novos antibióticos vê-se necessária pela resistência

adquirida pelos microrganismos patógenos aos antibióticos atuais e a falta

de disponibilidade de novos agentes antimicrobianos no mercado. Além

disso, a descoberta de novas famílias de antibióticos é imprescindível para a

medicina atual (Hu, 2007).

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) é uma planta conhecida

popularmente no Brasil por seu uso medicinal e ornamental, denominada

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pelas populações como chapéu de couro. Essa espécie é usada

popularmente para o tratamento de varias enfermidades como: reumatismo,

tratamento de ácido úrico, sífilis, doenças de pele e de fígado e também para

fins diuréticos (Pott e Pott, 2000).

Esta pesquisa teve como objetivo:

a) selecionar in vitro bactérias endofíticas isoladas de E. scaber

antagônicas a patógenos animais e vegetais.

b) determinar a capacidade de controle biológico no desenvolvimento

de patógenos pós-colheita em grãosde soja.

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4.2. Material e Métodos

4.2.1. Microrganismos e meios de cultura

Um total de 113 isolados de bactérias endofíticas isoladas de

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) foi utilizado para seleção de

linhagens de interesse com potencial antagônico. O banco de

microrganismos endofíticos pertencentes ao laboratório de Biotecnologia e

Ecologia Microbiana (LABEM) da Universidade Federal de Mato

Grosso/Cuiabá-MT.

Avaliou-se o antagonismo de bactérias endofíticas contra quatro

espécies de bactérias - Enterococcus faecalis (ATCC 29212),

Staphylococcus aureus (ATCC 25923), S. saprophyticus (ATCC 43867),

Escherichia coli (ATCC 25922) - e cinco espécies de fungos - Colletotrichum

lindemunthianum, agente causal da antracnose do feijoeiro; C.

gloeosporioides, responsável pela antracnose pós-colheita em frutos e pela

antracnose foliar em diversas hortaliças; Corynespora cassiicola, promotor

da mancha alvo em soja; Microsporum canis, agente causal de

dermatomicoses em animais, e Fusarium solani, promotor da podridão

radicular de diversas culturas.

O meio de cultura batata dextrose ágar (BDA) foi usado para os testes

de antagonismo e manutenção dos fungos patógenos. Ágar nutriente (AN)

constituiu o meio utilizado para manutenção das culturas de bactérias.

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101

Quando necessário, os fungos foram ativados por sete dias e as bactérias

em 24h, ambos a temperatura de aproximadamente de 28ºC.

4.2.2. Seleção de bactérias endofíticas antagônicas a fungos

patógenos

O teste de antagonismo baseou-se na metodologia de cultura dupla

(Mew e Rosales, 1986) com modificações. Inoculou-se no centro da placa de

Petri um fragmento de 0,5 cm de diâmetro obtido da borda do micélio dos

fungos patógenos. Foram testadas duas bactérias por placa. Cada linhagem

de bactéria endofítica foi inoculada em dois pontos equidistantes a 3,5 cm do

disco de micélio. Repicaram-se as colônias a 3,5 cm equidistante do centro

da placa. Encubaram-se todas as placas de Petri do ensaio a 28ºC. A

interação foi analisada diariamente até o sétimo dia. Determinou-se a

atividade antagônica pela observação da inibição do micélio do fungo

patogênico em comparação com o controle que continha apenas o patógeno

ao centro da placa.

As linhagens que apresentaram resultados positivos, contra todos os

fungos testados, foram submetidas novamente ao ensaio em triplicata.

Obteve-se a taxa de inibição do crescimento do patógeno pela medição do

diâmetro em centímetro do micélio no sétimo dia. montaram-se lâminas com

os patógenos que apresentaram alterações na coloração do micélio próximo

a zona de confronto com os isolados endofíticos; e as lâminas foram

observadas em microscópio. O experimento foi conduzido em delineamento

inteiramente casualizado e as médias submetidas à análise de variância

(ANOVA) e o teste de média adotado foi Scott-Knott.

4.2.3. Ensaio de antibiose contra bactérias patógenas

Realizou-se o teste de antibiose pelo método de sobrecamada

(Pugsley, 1987). As bactérias endofíticas foram inoculadas em pontos

específicos em meio AN. Após 24h, as células das bactérias endofíticas

ativadas foram mortas com vapor de clorofórmio e, as placas armazenadas

até completa evaporação do solvente. Posteriormente, adicionou-se, sobre a

camada de células mortas, uma suspensão de bactérias patógenas em AN

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fundente e armazenadas por 1h em geladeira. Após esse período

incubaram-se as placas a 28ºC e após 24h, o diâmetro do halo de inibição

mensurado. Todos os testes foram realizados em triplicata e as medias

obtidas posteriormente avaliadas.

4.2.4. Analise de ERIC-PCR das bactérias endofíticas selecionadas

A extração do DNA genômico total das bactérias selecionadas foi

realizada segundo a metodologia de Chenget al. (2006). Os

oligonucleotídeos específicos utilizados foram ERIC1 (5'-

ATGTAAGCTCCCTGGGGATTCAC-3') e ERIC2 (5'-AAGTAA

GTGACTGGGGTGAGCG-3') (Tian-Xing, 2011). Realizou-se a amplificação

através dos seguintes passos: desnaturação inicial a 94ºC por 2 min,

seguida de 30 ciclos a 94ºC por 1 min, 45,5ºC por 1 min e 30 s e 68ºC por 6

min, e a extensão final a 68ºC por 10 min.

O produto de ERIC-PCR foi submetido a eletroforese em gel de

agarose 1,2% em tampão TEB 0,5x. Determinaram-se os tamanhos dos

amplicons com marcador 123pb DNA Ladder (Sigma-Aldrich, Inc.). As

imagens foram salvas em um fotodocumentador (Loccus Biotecnologia,

Brasil) para posterior analise. Obteve-se a avaliação da diversidade por

inspeção visual do gel, considerando todos os amplicons visíveis. O perfil

das bandas foi transformado em uma matriz binária com os valores: 0:

ausência e 1: presença. Calculou-se a similaridade dos dados através do

Coeficiente de Jaccard (Sneath; Sokal, 1973).

4.2.5. Identificação e analise filogenética das bactérias endofíticas

A amplificação do gene 16S rRNA foi realizado utilizando os

oligonucleotídeos 27F (5′-AGA GTT TGA TCM TGG CTCAG-3′) e 1492R (5′-

TAC GGY TAC CTT GTT ACG ACT T-3′) (Weisburg, 1991). As condições de

amplificação consistiram em: desnaturação inicial a 94ºC por 5 min, seguido

de 30 ciclos a 94 ºC por 40s, 58 ºC por 35s e 72 ºC por 1 min e 20s, e

extensão final de 72ºC por 10 min.

Os produtos de amplificação foram purificados utilizando

polietilenoglicol (PEG 6000) 20% (Dunn e Blattner, 1987), e quantificados

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103

por eletroforese em gel de agarose 1,2%. Rrealizou-se o sequenciamento

pelo método de Sanger com o Kit Big Dye no ABI3100 Applied Biosystem, e

as sequencias comparadas no banco de dados do GenBank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov) com sequencias conhecidas, por uma pesquisa

de similaridade via Blastn (Altschul et al. 1990). Os resultados com maior

identidade foram incluídos e alinhados utilizando ClustalW. Realizou-se as

análises filogenéticas pelo método Vizinho mais Próximo com o programa

MEGA 5 (Tamura et al. 2007). Confiança nos clados específicos obtidos nas

topologias das árvores foi testada pela análise de bootstrap com 1000

réplicas. Eliminaram-se todas as posições com gaps do conjunto da análise

e posições mal pareadas foram corrigidas.

4.2.6. Controle da incidência de fungos em grãos de soja

Utilizaram-se grãos de soja (Pionner y30, safra 2010/2011; colhido na

Fazenda Aricá cidade de Diamantino-MT). Os testes de microbiolização de

grãos de soja foram realizados em setembro de 2012.

Bactérias cresceram em Caldo Nutriente (CN) por 24h, a 28ºC e sob

agitação de130 rpm. A suspensão de células de cada linhagem bacteriana

foi ajustada no espectrofotômetro UV-VIS (Shimadzu, UV mini 1240) para

A540=0,50, utilizando solução salina 0,85%.

Os grãos foram submetidos à assepsia superficial (solução de

hipoclorito de sódio 2,5% por três minutos e três enxágues sequenciais em

água destilada esterilizada); posteriormente, a microbiolização seguiu as

recomendações de Luz (2001), com modificações. Imergiu-se os Grãos

desinfestados nas suspensões bacterianas por três minutos, sob agitação

manual, e distribuí-os uniformemente sobre placas de Petri contendo

substrato de papel de filtro. Os grãos do tratamento controle foram imersos

em CN. Cada tratamento constituiu-se de 200 grãos, distribuídas em oito

repetições de 25 grãos. Os grãos foram incubados em câmera de

germinação tipo BOD a 25±1 ºC, com fotoperíodo de 12/12h por sete dias,

sendo umedecidos a cada dois dias com uma solução de restrição hídrica -

1,0 Mpa. Posteriormente, avaliaram-se os grãos em microscópio

estereoscópio, verificando a incidência de fungos filamentosos nos grãos de

soja.

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104

Para avaliar o potencial antagônico das linhagens endofíticas em

fungos presentes nos grãos de soja, calculou-se a porcentagem de controle

de grãos com fungos dos tratamentos pela fórmula:

Onde, Nº GCF é o número de grãos do tratamento controle com fungos

e Nº GMF é o número de grãosmicrobiolizados com fungos. Realizou-se a

analise estatística pelo teste de kruskal-Wallis para avaliar se os dois

tratamentos inoculados apresentavam diferença significativa entre si.

4.3. Resultados e Discussão

4.3.1. Seleção de bactérias antagônicas a microrganismos patogênicos

Das 113 linhagens de bactérias acessadas para o teste de

antagonismo duas - BREI-92 e BREIII-107 - foram eficientes na inibição do

crescimento do micélio de todos os fungos patogênicos testados. Estas

linhagens foram obtidas do tecido interno das raízes de dois indivíduos

distintos de Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) e, coletados na área

úmida brasileira denominada Pantanal. As raízes dos hospedeiros abrigam

maiores quantidades de bactérias que outros órgãos (Hallmann et al. 1997)

facilitando a obtenção de linhagens antagonistas a partir desse órgão (Berg

et al. 2005; Ma et al. 2012). Segundo Cao et al. (2012), essa especificidade

de órgão pode ocorrer por se tratar de um ambiente com condições

favoráveis, como abundância de água e nutrientes, tornando-se assim o

principal local de competição entre antagonistas e demais organismos da

microbiota deste órgão.

Houve diferenças significativas entre BREI-92 e BREIII-107 na

porcentagem de antibiose refletida nas inibições do crescimento micelial. M.

canis foi mais sensível ao efeito inibidor das duas bactérias endofíticas;

porém, com diferença entre os isolados, resultando em 52,9 e 59,3% de

inibição do crescimento micelial quando confrontado com BREI-92 e BREIII-

107, respectivamente. C. cassiicula e C. gloeosporioidesforam menos

sensíveis aos efeitos antagônicos. A inibição do crescimento micelial nestes

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105

dois patógenos obteve diferença estatística, alcançando apenas 6,3 e

19,6%, respectivamente, quando confrontados com BREI-92 (Figura 1).

A antibiose exercida por bactérias sobre patógenos atua por diferentes

mecanismos, tais como síntese de substâncias antimicrobianas, competição

por espaço e nutriente, secreção de enzimas líticas, alteração de pH e/ou

síntese de compostos voláteis. Os mecanismos de síntese de compostos

voláteis e metabolitos secundários têm demonstrado eficiência em inibir o

crescimento de fungos (Chen et al. 2008; Leelasuphakul et al, 2008).

Leelassuphakul et al. (2008) indicaram que a inibição do micélio de

fitopatógenos através da produção de metabólitos secundários possui uma

maior eficiência quando comparado à síntese de compostos voláteis. A

diferença entre a porcentagem de inibição do crescimento do micélio de

fungos patogênicos (Figura 1) pode indicar uma possível distinção entre os

mecanismos utilizados por essas linhagens ou ao grau do mecanismo.

Futuros trabalhos poderão ser realizados para definir qual o mecanismo de

antibiose usado por BREI-92 e BREIII-107.

FIGURA 1. Taxa de inibição de fungos patogênicos por bactérias endofíticas

isoladas de E. scaber. BREIII-107, BREI-92. CL: C. lindemuthianum, CC: C. cassiicola, CG: C. gloeosporioides, FS: F. solani, MC: M. canis. As médias seguidas pela mesma letra, maiúscula entre espécies de fungos e minúscula entre bactérias considerando uma espécie de fungo, não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. As barras representam o desvio padrão das médias.

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106

Após análise da atividade antagônica as estruturas das hifas na placa

de confronto foram observadas, por apresentar alteração na coloração do

micélio próximo à zona de inibição. Observou-se que as hifas de C.

lindemunthianum confrontadas pela BREIII-107 apresentaram vacuolização

e ruptura celular, enquanto as hifas do tratamento controle não

apresentaram alteração celular (Figura 2). Esse efeito de vacuolização já foi

descrito por Leelasuphakul et al.(2008), como sendo causado pela produção

de lipopeptídeos que modificam a permeabilidade da membrana do fungo e

da composição lipídica, provocando uma diferenciação na hifa do fungo em

contato com esse composto. Porém, a produção de enzimas líticas,

produzidas por bactérias, como a quitinase, também interfere na lise da

parede das células dos fungos patógenos, como descrito para o fungo

fitopatógenos Fusarium oxysporum(Li et al. 2009; Dihazi et al. 2012).

4.3.2. Potencial de inibição de bactérias patogênicas

As linhagens BREI-92 e BREIII-107 foram utilizadas nos testes de

inibição de bactérias patogênicas. Avaliaram-se patógenos Gram positivos:

E. faecalis, S. aureus, S. saprophyticus e gram negativos:E. coli.

A bactéria BREI-92 não inibiu nenhuma das espécies testadas,

enquanto BREIII-107 inibiu E. faecalis, S. aureus, S. saprophyticus (Figura 3)

nas condições avaliadas. A inibição variou entre as espécies patogênicas,

chegando a 1,66; 1,76 e 2,23 cm de halo, para S. aureus, E. faecalis e S.

saprophyticus, respetivamente. Esse resultado está de acordo com vários

trabalhos realizados com linhagens de bactérias do gênero Bacillus que têm

demonstrado aptidão para inibir o crescimento de diversas bactérias

patógenas de humanos como E. coli, S. aureus (Asraful; Renukaradhya,

2010; Wu et al. 2012). Estudos recentes têm demonstrado que algumas

bactérias do gênero Bacillus produzem compostos extracelulares, como

bacteriocinas e/ou iturinas, com propriedades antibacterianas contra

espécies patogênicas (Basurto-Cadena et al. 2012;Brittes et al. 2012).

Basurto-Cadena, et al. (2012), obeteve resultado semelhante ao avaliar a

atividade antibacteriana de Bacillussubitilis,que produzem bacteriocinas,

contra bacterias patógenas, alcançando atividade positiva para S. aureus e

negativa para E. coli.

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107

FIGURA 2. Hifas de fungos patógenos em confronto com bactéria endofíticas BREIII-107 isolada de E. scaber. CC: C. cassiicola, CG: C. gloeosporioides, FS: F. solani, MG: M. canis, C. lindemuthianum. (B): Hifas confrontadas com BREIII-107; (C): Tratamento controle. Setas indicam vacuolização das hifas.

Tratamento

Controle

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108

FIGURA 3. Teste de antibiose entre bactérias patógenas e endofíticas BREI-92 e BREIII-107 isoladas de E. scaber. (1): colônia da bactéria endofítica BREI-92 e (2) colônia da bactéria endofítica BREIII-107. E. faecalis, S. aureus, S. saprophyticus e E. coli foram inoculadas na placa de Petri, sobre as colônias das bactérias endofíticas mortas com vapor de clorofórmio. As setas indicam o halo de inibição em volta da colônia da bactéria endofítica.

4.3.3. Caracterização e identificação molecular das linhagens BREI-92 e

BREIII-107

A amplificação dos isolados BREIII-107 e BREI-92 utilizando o

oligonucleotídeo ERIC resultou em cinco e 18 bandas (Figura 4),

respectivamente. O tamanho das bandas variou de 150 a 1230bp para

BREI-92 e 738 a 1000bp para BREIII-107. Estes resultados indicam que os

dois isolados possuem diferentes padrões de marcadores ERIC.

FIGURA 4. Amplificação por ERIC-PCR das duas linhagens de bactérias endofíticas isoladas de E. scaber. M: marcador 123pb, I: BREI-92, II: BREIII-107.

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109

A sequência parcial do gene 16S do rDNA demonstrou que ambos os

isolados pertencem ao gênero Bacillus quando comparadas a sequencias

depositadas no GenBank, sendo que BREI-92 apresentou 97% de

identidade com a espécie Bacillus sp. (HQ843093.1)e, BREIII-107

demonstrou 98% de identidade por Bacillus subtilis (JX489606.1). Os

isolados serão denominados Bacillussp. BREI-92 e Bacillussp. BREIII-107.

A partir da sequencia do gene 16S do rDNA foi construída a árvore

filogenética através do método do Vizinho mais Próximo (Figura 5). A árvore

filogenética demonstrou que as duas bactérias separam-se em clados

diferentes indicando que pertençam a espécies distintas.

Interessantemente, as linhagens das bactérias com alta similaridade

da sequencias do gene 16S rDNA avaliadas no estudo da filogenia das

bactérias endofíticas BREI-92 e BREIII-107 são descritas como

antagonistasde fungos fitopatógenos como C. gloeosporioides, C.

lagenarium, Pythium aphanidermatum, Fusarium oxysporum, Rhizoctonia

solani, Aspergillus flavus (Wulff et al. 2002; Ongena et al. 2005; Cho et al.

2009; Hu et al.2010). Essa atividade antagônica, segundo os autores, é

permeada pela produção de lipopeptídeos da família das Iturinas,

surfactinas, fengicinas e, proteínas como LCI, LCII, LCIII.

FIGURA 5. Árvore filogenética baseada na análise de sequência parcial de

genes 16S rDNA mostrando o agrupamento das duas bactérias endofíticas isoladas de E. scaber com sequencias obitidas no GenBank. A árvore foi gerada aplicando o método Vizinho mais Próximo (software MEGA;. Tamura et al, 2007). Os números nos nós indicam valores de bootstrap em percentagem (1000 bootstraps). Os números entre parênteses são os números de acesso no GenBank.

Bacillus é um dos gêneros bacterinos com grande importância em

programas de controle biológico, prospecção de metabólitos bioativos e

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110

capacidade antibiose resultante de compostos antimicrobianos (Cao et al,

2010;Wang et al. 2009; Yan et al. 2011; Li et al. 2011). Este gênero, quando

em condição endófita, pode auxiliar no desempenho de seu hospedeiro

impedindo a colonização de organismos patógenos (ASRAFUL et al. 2010).

Ela é comumente encontrado nos tecidos internos de diferentes hospedeiros

como Epimedium brevicornum Maxim (He et al, 2009), Prunus mume (Li et

al, 2009), Panaxnotoginseng(Ma et al. 2012). Esses resultados indicam que

as duas linhagens de Bacillus, encontradas em raiz de E. scaber, podem

desempenhar papel importante junto a seu hospedeiro, auxiliando no

controle de fitopatógenos. Essa afirmação ainda necessita de demonstração

experimental.

De acordo com a análise filogenética de BREIII-107 ela pode

pertencer às espécies B. subitilis ou B. amyloliquefaciens, o que vem

concordar com seu potencial antagônico a diversos patógenos, visto que

essas espécies são relatadas como produtoras de substâncias proteicas

com atividade antimicrobiana (Hu et al. 2010; Seo et al. 2010).

4.3.4. Controle in vitro de fungos em grãosde soja

Bacillussp.BREI-92e oBacillussp.BREIII-107 foram eficientes no

controle in vitro do desenvolvimento de fungos filamentosos sobre os

grãosde soja (Figura 6). A inibição do aparecimento de fungos sobre os

grãos chegou próximo de 100% quando comparados à testemunha. O

resultado indica que essas linhagens também possuem antagonismo sobre o

desenvolvimento dos fungos presentes nos grãos. Outros estudos são

necessários para compreender o mecanismo utilizado pelas bactérias

endofíticas nessa interação, seja ela através da produção de metabólitos

secundários, compostos voláteis ou a relação de competição entre bactérias

endofíticas-fungos. Os tratamentos com Bacillussp. BREI-92 e Bacillussp.

BREIII-107 não diferiam estatisticamente entre si, alcançando 95% e 97% de

inibição de grãos mofados, respectivamente (Figura 6).

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111

Segundo Mertz et al (2009), um dos fatores mais importantes para

comercialização de grãos é a sua qualidade fisiológica que é permeada pela

forma de armazenagem após a colheita. Os fungos presentes nos grãos

podem causar perda de peso do grão através do consumo de matéria seca e

gorduras (Lázzari, 1993). O detrimento de grãos devido à deteriorização

causada por fungos está entre as principais causas de prejuízos após a

colheita (Krishnamurthy, et al. 2008). Além disso, esses grãos mofados

podem ser fontes de propagação de doenças para os locais de destino

(Hartman et al. 1999). Para solucionar esses problemas, métodos de

controle, sejam eles através fungicidas químicos ou usando microrganismos

antagonistas como bioprotetores, têm sido desenvolvidos para contornar

esse problema (Araújo et al. 2005; Benatto Junior et al. 2012).

FIGURA 6. Controle do crescimento de fungos em grãos de soja por

bactérias endofíticas isoladas de E. scaber. BREIII-107; BREI-92. As barras acima das médias representam seu desvio padrão.

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112

Estudo usando bactérias indica a eficiência do gênero Bacillus no

controle do desenvolvimento de patógenos em sementes de milho, arroz e

soja (Luz, 2001; Ludwig et al. 2009; Young et al. 2009). Esses estudos

reforçam a eficiência desse gênero como possíveis meios alternativos de

controle de patógenos em grãos.

A descoberta do potencial antifúngico de BREI-92 e BREIII-107 abre

uma gama de possibilidades de estudos que visam controlar a incidência de

patógenos pós-colheita em grãos de soja, sendo necessários estudos sobre

a interação bactéria endofítica-soja a fim de verificar a atuação benéfica

dessas linhagens a serem usadas como bioprotetores em grãos de soja.

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113

4.4. Conclusões

Das 113 bactérias testadas, as linhagens BREI-92 e BREIII-

107 possuem potencial antagônico a cinco espécies de fungos patogênicos:

Colletotrichum lindemunthianum, C. gloeosporioides, Corynespora

cassiicula, Fusarium solani, Microsporum canis.

BREIII-107 é capaz de inibir bactérias patogênicas nas

condições avaliadas.

O potencial inibitório destas linhagens resultou na redução de

aproximadamente 100% do crescimento de patógenos pós-colheita em

grãos de soja, quando avaliadas em condições in vitro.

BREI-92 e BREIII-107 possuem alta identidade com

sequências do gênero Bacillus, sendo denominadas de Bacillus sp BREI-92

e Bacillus sp BREIII-107.

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114

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120

5. POTÊNCIAL AGRONÔMICO DE BACTERIAS ENDOFÍTICAS DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus)

EM PLÂNTULAS DE SOJA

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121

POTÊNCIAL AGRONÔMICO DE BACTERIAS ENDOFÍTICAS DE Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) EM PLÂNTULAS DE SOJA

RESUMO – O objetivo desta pesquisa foi averiguar o potencial de produção

do fitohormonio ácido indol acético - AIA e solubilização de fosfato de cálcio

por bactérias endofíticas isoladas de Echinodorus scaberRataj

(macrophyllus)e avaliar sua aplicação napromoção de crescimento de

plântulas de soja. Acessou-se 61 bactérias endofíticas de E. scaber para os

testes. A produção de AIA foi quantificada por método colorimétrico e a

solubilização de fosfato de cálcio procedeu-se com inoculação das linhagens

endofíticas em meio National Botanical Research Institute’s phosphate

(NBRIP) por 15 dias. Os halos de solubilização foram mensurados e o índice

de solubilização calculado. Para o teste de promoção de crescimento,

microbiolizou-se sementes de soja com sete linhagens de bactérias

produtoras de AIA e solubilizadoras de fosfato de cálcio. Avaliou-se a

porcentagem de germinação, índice de velocidade de emergência e a massa

seca das plantas aos 13 dias da semeadura. As linhagens de interesse

foram identificadas pelo sequenciamento parcial do gene 16S rRNA.Todas

as linhagens de bactérias demonstraram eficiência para produzir AIA e 47

solubilizaram fosfato de cálcio in vitro. O vigor das sementes não foi alterado

pela microbiolização, visto que não houve diferença significativa no índice

de velocidade de germinação comparado ao da testemunha não inoculada.

As linhagens BAEI-28, BAEII-37, BAEIII79, BREI-117, promoveram o

aumento da massa seca de plântulas. Esses resultados evidenciaram que

todas as bactérias endofíticas de E. scaber avaliadas, são capazes de

produzir AIA e, grande parte delas, podem solubilizar fosfato de cálcio in

vitro e que BAEI-28, BAEII-37, BAEIII79, BREI-117 possuem traços de

promoção de crescimento de plântulas de soja evidenciado pelo aumento de

massa seca.

Palavras-chave: Acido indol acético, Solubilização de fosfato, Promoção de

crescimento, Sementes de soja.

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122

AGRONOMIC POTENTIAL OF ENDOPHYTIC BACTERIA DE Echinodorus

scaber Rataj (macrophyllus) IN SOYBEAN SEEDLINGS

ABSTRACT – The aim of this study was to evaluate the production potential

of the phytohormone indole acetic acid - IAA and solubilization of calcium

phosphate by endophytic bacteria isolated from Echinodorus Scaber Rataj

(macrophyllus) and assess their application in promoting growth of soybean

seedlings. Were accessed 61 endophytic bacteria E. scaber for testing. The

production of IAA was quantified by a colorimetric method and solubilization

of calcium phosphate proceeded with inoculation of endophytic fungi in

medium National Botanical Research Institute's phosphate (NBRIP) for 15

days. The halos were measured solubility and solubilization index calculated.

To test for growth promotion, soybean seeds were microbiolized seven

bacterial strains producing IAA and solubilizing calcium phosphate. We

evaluated the percentage of germination, speed of emergence and plant dry

matter at 13 days after sowing. Strains of interest were identified by partial

sequencing of the 16S rRNA.Todas strains of bacteria were effective to

produce IAA and 47 were positive to solubilize calcium phosphate in vitro.

Seed vigor was not altered by microbiolization, whereas no significant

difference in the rate of germination rate compared to the noninoculated.

Strains BAEI-28, BAEII-37, BAEIII79, Brei-117, promoted increased seedling

dry weight. These results indicated that all endophytic bacteria E. scaber

evaluated are capable of producing IAA, and most of them can solubilize

calcium phosphate in vitro and BAEI-28, BAEII-37, BAEIII79, brei-117

possess traits of growth promotion of the seedlings of soybean evidenced by

increased dry weight.

Keywords: indole acetic acid, phosphate solubilization, growth promotion,

Soya beans.

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123

5.1 Introdução

A soja (Glycine maxL.) é a principal oleaginosa cultivada no mundo,

alcançando a produção de 263.948 milhões de toneladas na safra

2010/2011 (Hiroshi e Lazzarotto, 2011). Segundo os autores, o Brasil ocupa

o segundo lugar em produção, perdendo apenas para os Estados Unidos.

O crescente aumento na produção deve-se, entre outros, a sua qualidade

nutricional, com elevado teor proteico, empregado na alimentação humana e

animal, seu potencial para a produção de óleos aplicados na alimentação

humana e na síntese do biodiesel. Além disso, é cultura padronizada e

uniforme, com aptidão de ser comercializada e produzida em diversos

países do mundo (Hiroshi e Lazzarotto, 2011).

Nas ultimas décadas, tem-se dado ênfase a pesquisas que atinem

alternativas biológicas para aumentar a produtividade agrícola, encontrando-

se assim novas formas de disponibilizar nutrientes, promover o crescimento

e auxiliar na resistência a estresses bióticos e abióticos em culturas

cultiváveis, visando assim, aumentar a produção e manter a sustentabilidade

(Akello et al. 2007; Bae et al. 2008; Barretti et al. 2008; Ryan et al. 2008;

Senthilkumar et al. 2009; Baldotto et al. 2010; Lanna Filho et al. 2010). Uma

das opções para se conseguir alcançar o desafio de aumentar a produção e

reduzir impactos ambientais, é o uso de microrganismos endofíticos com

potencial de aplicação agronômico.

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124

Microrganismos endofíticos, segundo Schuls & Boyle (2005), colonizam

internamente o tecido vegetal, intra ou extracelular, detectados num

momento particular, de forma mutualística, em hospedeiros aparentemente

saudáveis.

Os estudos dessa intrigante interação microrganismo endofítico-planta

demonstram que muitos desses microrganismos podem favorecer o

desenvolvimento de seu hospedeiro de formas diretas, pela produção de

fitohormônios, como ácido indol acético (AIA) (Khan et al. 2012; Piccoli et al.

2011), ou aumentando e melhorando a nutrição mineral do hospedeiro,

como a solubilização do fósforo imobilizado no solo (Ma et al. 2011), ou de

forma indireta, produzindo compostos secundários que auxiliam na defesa

contra a herbivoria e no aumento da resistência a outros organismos

patogênicos (Yang et al. 2011).

Diversos estudos relatam o potencial de bactérias endofíticas para

promover crescimento, tanto de parte aérea quanto de raiz, aumentar a

produção de frutos e melhorar o desempenho da planta diante de estresses

abióticos em diversas culturas como pimenta, tomate, abóbora e milho (Khan

et al. 2012). As linhagens endofíticas isolados por Khan et al. (2012), foram

isoladas de hospedeiros diferentes das culturas que foram aplicadas,

demonstrando serem capazes de colonizar outras espécies além de seu

hospedeiro original. No entanto, os autores indicam que é necessário

estudos prévios entre cultivar-microorganismo endofítico por se tratar de

uma relação estritamente específica. Diante dessa perspectiva, esse

trabalho teve por objetivo averiguar o potencial de produção do fitohormonio

AIA, solubilização de fosfato por bactérias endofíticas isoladas de

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) e avaliar sua aplicação para

promoção de crescimento de soja.

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125

5.2 Material e Métodos

5.2.1 Microrganismos e meios de cultura

Um total de 61 bactérias endofíticas isoladas de Echinodorus scaber

Rataj (macrophyllus) do pantanal de Mato Grosso foram acessadas no

banco de microrganismospertencentes ao laboratório de Biotecnologia e

Ecologia Microbiana (LABEM) da Universidade Federal de Mato

Grosso/Cuiabá-MT, para screening das linhagens com potencial de

produção de AIA, solubilização de fosfato de cálcio e promoção de

crescimento de plântulas de soja.

Ágar nutriente (AN) foi o meio usado para manutenção das culturas

de bactérias. Quando necessário, as bactérias foram ativadas por 24h, sob

agitação de 125rpm, a temperatura de 28ºC aproximadamente.

5.2.2 Produção de fitohormônio Acido indol-acético pelas linhagens de

endofíticos

Avaliou-se a produção de AIA por método colorimétrico descrito por

Gordon & Weber (1951). Inicialmente, as bactérias foram crescidas em

10mL de meio de cultura caldo Nutriente (CN). Ajustou-se a densidade

óptica (DO) de todas as amostras para A600: 0,5 através de diluição com

solução salina (0,85%). Posteriormente, transferiu-se os isolados (5% v/v)

para o meio caldo nutriente suplementado com triptofano (100 μg mL-1) e

incubou-se por 72h, no escuro, a 28ºC sob agitação constante (125rpm)

(Melo Pereira et al. 2012). Após o período de incubação os isolados foram

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centrifugados a 12.000g por 5 min. Em seguida, procedeu-se a avaliação da

produção de AIA, misturando 1mL do sobrenadante e 1 mL do reagente de

Salkowski (1 mL de FeCl3 – 1,35g/10mL; 50 mL de HClO4 – 35%). Os tubos

contendo o mix permaneceram no escuro por 15 min a 28ºC. A presença de

AIA foi visualizada pela coloração rósea. Como controle negativo, foi

utilizado apenas o caldo nutriente suplementado com triptofano. A

quantificação de AIA deu-se pela leitura da absorvância em

espectrofotômetro (530 nm). Realizaram-se todas as dosagens em triplicata.

A concentração de AIA foi determinada utilizando-se de uma curva padrão

de AIA sintético (Sigma). O experimento constituiu em um delineamento

inteiramente casualizado e submeteram-se os resultados à Análise de

Variância (ANOVA). O teste de médias adotado foi Skott-Knott, em nível de

5% de significância.

5.2.3 Screening de isolados endofíticos solubilizadores de fosfato de

cálcio

Submeteram-se os isolados com resultado positivo para produção de

AIA à avaliação de solubilização de fosfato de cálcio. Alíquotas de 5 μL das

soluções bacterianas, com densidade óptica (DO) ajustada para A600: 0,5

foram colocadas em placas de Petri com meio de cultura sólido National

Botanical Research Institute’s phosphate (NBRIP) segundo Nautiyal (1999),

e incubadas a 28ºC por 15 dias. Os isolados que apresentaram formação de

halos translúcidos no meio de cultura foram considerados positivos para

solubilizar fosfato de cálcio in vitro, e submetidos novamente ao teste em

triplicata. A avaliação do índice de solubilização de fosfato foi realizada por

meio da medição do diâmetro do halo translúcido formado pela bactéria

solubilizadora no décimo quinto dia. Para isso, mediu-se o halo com o auxilio

de uma régua milimétrica e calculou-se o índice por meio da fórmula:

Onde, IS é o índice de solubilização; DTH é o diâmetro total do halo e

DC é o diâmetro da colônia de bactéria. OIS foi realizado de acordo com

DTH IS (mm)=

DC

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127

Hara e Oliveira (2005), em baixa solubilização (IS < 2), média solubilização

(2< IS < 3) e alta solubilização (IS > 3).

5.2.4 Análise de ERIC-PCR das bactérias endofíticas selecionadas

A extração do DNA genômico total das bactérias selecionadas foi

realizada segundo a metodologia de Cheng et. al. (2006) e os

oligonucleotídeos específicos utilizados consistiram em ERIC1 (5'-

ATGTAAGCTCCCTGGGGATTCAC-3') e ERIC2 (5'-AAGTAA

GTGACTGGGGTGAGCG-3') (Tian-Xing, 2011). A amplificação seguiu os

seguintes passos: desnaturação inicial a 94ºC por 2 min, seguida de 30

ciclos a 94ºC por 1 min, 45,5ºC por 1 min e 30s e 68ºC por 6 min, e a

extensão final a 68ºC por 10 min.

O produto de ERIC-PCR foi submetido a eletroforese em gel de

agarose 1,2% em tampão TEB 0,5x. Determinaram-se os tamanhos dos

amplicons com marcador 123pb DNA Ladder (Sigma-Aldrich, Inc.). As

imagens foram salvas em um fotodocumentador (Loccus Biotecnologia,

Brasil) para posterior análise. A avaliação da diversidade foi obtida por

inspeção visual do gel, considerando todas as bandas visíveis.

5.2.5 Identificação das bactérias endofíticas através do

sequenciamento parcial do gene 16S do rDNA

A amplificação do gene 16S rDNA aconteceu utilizando os

oligonucleotídeos 27F (5′-AGA GTT TGA TCM TGG CTCAG-3′) e 1492R (5′-

TAC GGY TAC CTT GTT ACG ACT T-3′) (WEISBURG, 1991). As condições

de amplificação foram realizadas como segue: desnaturação inicial a 94ºC

por 2 min, seguido de 35 ciclos a 94 ºC por 45s, 50ºC por 45s e 72ºC por 1

min, e extensão final a 72ºC por 10 min.

Os produtos de amplificação foram purificados, e quantificados por

eletroforese em gel de agarose 1,2%. Realizou-se o sequenciamento pelo

método de Sanger com o Kit Big Dye no ABI3100 Applied Biosystem, e as

sequencias comparadas no banco de dados do GenBank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov) com sequencias conhecidas, por uma pesquisa

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128

Blastn (Altschul et al. 1990). Os resultados mais próximos foram incluídos e

alinhados utilizando ClustalW.

5.2.6 Microbiolização de sementes de soja com bactérias endofíticas

isoladas de E. scaber

Utilizou-se nesse ensaio sementes de soja pertencente a cultivar TMG

132RR oriundas da Fazenda Bela Vista, Município de Sinop-MT. Sete

linhagens de bactérias endofíticas, três com maior potencial de solubilizar de

fosfato (BAEI-26, BAEI-28, BAEIII-55), três com maiores concentrações de

AIA (BAEII-37, BAEII-49, BREI-117) e uma intermediária para solubilizar

fosfato e produzir AIA (BAEIII-79), foram usadas nesse ensaio.

As bactérias cresceram em CN por 24h e a suspensão de células de

cada linhagem bacteriana foi ajustada no espectrofotômetro para A540=0,5

utilizando solução salina (0,85%).

A microbiolização seguiu as recomendações de Luz (2001), com

modificações. Mergulhou-se as sementes de soja em suspensões das

bactérias endofíticas durante 10 minutos a 25ºC, sob agitação manual. As

sementes do tratamento testemunha foram mergulhadas em caldo nutriente

esterilizado sob as mesmas condições dos demais tratamentos. Quatro

repetições com 25 sementes, totalizando 100 sementes constituíram um

tratamento. Após a inoculação, semearam-se as sementes em bandejas

contendo areia lavada, onde permaneceram acondicionadas em ambiente

de laboratório sob fotoperíodo de 12h a temperatura de 25ºC±1 e umidade

relativa do ar de aproximadamente 51%. Foram determinadas a

porcentagem de germinação de plântulas, o índice de velocidade de

emergência (Edmond e Drapala, 1958) e a massa seca da plântula no

décimo terceiro dia.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado

com oito tratamentos e quatro repetições. Os resultados foram submetidos à

análise de variância,e as médias comparadas pelo teste de Skott-Knott, a

5% de significância.

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129

5.3 Resultados e Discussão

5.3.1 Bactérias endofíticas de Echinodorus scaberRataj

(macrophyllus)com potencial para produzir AIA e solubilizar fosfato de

cálcio

Todas as 62 bactérias estudadas nesse trabalho produziram AIA,

destas, 47 (78%) foram capazes de solubilizar fosfato de cálcio insolúvel in

vitro (Tabela 1).

Dentre os 62 isolados produtores de AIA selecionaram-se

aleatoriamente dez para avaliação da concentração da produção desse

fitohormônio. Nove das dez bactérias avaliadas, não diferiram

estatisticamente na concentração de AIA, produzindo entre 22 e 31,5 µg/mL.

Apenas a bactéria BREI-95 produziu 11,5 µg/mL (Figura 1).

Essa ampla gama de bactérias produtoras de AIA já foi descrita por

Assumpção et al. (2009), onde 100% dos isolados bacterianos isolados de

sementes de soja produziram esse fitohormônio. Melo Pereira et al. (2011),

encontraram resultados semelhantes quando isolaram bactérias endofíticas

de morango e constataram que aproximadamente 80% das linhagens

sintetizaram AIA. Segundo os mesmos autores, essas linhagens possuem

grande potencial para promover o crescimento de plantas de morango. Esse

potencial de promoção de crescimento de planta exercido por AIA se deve

ao fato dele pertencer ao grupo de fitohormônio conhecidos como Auxinas,

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130

que é conhecido por estimular o crescimento de vegetais. A forma

predominante desse fitohormônio é o AIA que atua no alongamento celular

(Kotake et al. 2000).

A concentração de AIA encontrada na maioria dos isolados está de

acordo com o trabalho de Assumpção et al. (2009), que obtiveram entre 2,6

e 34,9 µg/mL ao avaliar a concentração desse fitohormônio por bactérias

endofíticas isoladas de soja. Valores próximos também foram descritos por

Patel et al. (2011), quando analisaram a produção de AIA por Pseudomonas.

Estudos anteriores demonstraram que a concentração de AIA em

inoculantes comerciais variou de 6,62 e 13,16 µg/mL para Bradyrhizobium

japonicum E109 e Azospirillum brasilense Az39, respectivamente (Cassan et

al. 2009). Esses relatos indicam a maior eficiência das linhagens endofíticas

presentes nesse trabalho para produzir AIA. Porém, dados de pesquisas

recentes apresentam um numero reduzido de Bradyrhizobium com

capacidade de produção de AIA (Prévost e Juge, 2012), indicando que

pesquisas que visam analisar o sinergismo entre linhagens padrão e

endofíticas, produtoras de fitohormônio, podem ser uma boa alternativa para

promover o crescimento de planta como sugerem Lima et al. (2011) na

cultura de feijão.

Tabela 1. Avaliação da produção de AIA e solubilização de fosfato de cálcio

por bactérias endofíticas isoladas de E. scaber.

Isolado AIA Ca3(PO4)2 Isolado AIA Ca3(PO4)2

BAEI-1 + + BAEI-23 + + BAEI-2 + + BAEI-24 + + BAEI-3 + + BAEI-25 + + BAEI-4 + - BAEI-26 + + BAEI-5 + + BAEI-28 + + BAEI-7 + + BAEI-30 + + BAEI-9 + + BAEII-33 + +

BAEI-10 + + BAEII-35 + + BAE-11 + + BAEII-37 + + BAEI-12 + + BAEII-38 + + BAEI-13 + + BAEII-40 + + BAEI-15 + + BAEII-41 + + BAEI-16 + + BAEII-44 + + BAEI-17 + + BAEII-48 + -

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131

BAEI-18 + + BAEII-49 + + BAEI-21 + + BAEII-50 + +

Isolado AIA Ca3(PO4)2 Isolado AIA Ca3(PO4)2

BAEIII-51 + - BREII-97 + + BAEIII-54 + + BREIII-105 + + BAEIII-55 + + BREIII-108 + - BAEIII-57 + + BREI-115 + + BAEIII-58 + + BREI-116 + - BAEIII-72 + - BREI-117 + - BAEIII-75 + + BREI-118 + - BAEIII-78 + - BREI-121 + + BAEIII-79 + + BREI-124 + - BREI-84 + - BREI-125 + - BREI-85 + - BREI-126 + + BREI-88 + - BREI-129 + - BREI-90 + + BREI-132 + + BREI-95 + + BREII-134 + + BREI-96 + + - - -

+ produz AIA e/ou solubiliza fosfato. – não solubiliza fosfato.

FIGURA 1. Produção de AIA por bactérias endofíticas de E. scaber. As

médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi

aplicado o Teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Entre os 48 isolados positivos para solubilizar fosfato, 46 possuem IS

baixo, e os outros dois isolados apresentaram IS médio. As bactérias com

maiores índices de solubilização foram os isolados BAEIII-55, BAEII-50 e

BAEI-28 com IS de 2,15; 2,02 e 1,91, respectivamente (Figura 2).

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Figura 2: Índice de solubilização de fosfato por Bactérias endofíticas isoladas de E. scaber em meio NBRIP após 15 dias de encubação. As barras nas colunas representam o desvio padrão das médias.

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Bactérias endofíticas com habilidade de solubilizar fosfato insolúvel in

vitro são obtidas de diversos hospedeiros (Luo et al. 2011; Nyambura

Ngamau, 2012; Quecine et al. 2012). O fosforo é um dos principais

nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas. Porém, cerca de

90 a 95% do fosforo do solo encontra-se presente em forma insolúvel,

inviabilizando o aproveitamento desse nutriente pelas plantas (Vassileva et

al. 1998). Essa aptidão de solubilizar fosfato por bactérias endofíticas pode

ocorrer pela produção de vários ácidos orgânicos, como: ácido málico,

acético, cítrico, fumárico, lático, succicínico e glucônico(Leyval et al. 1989;

Taha et al. 1969). Segundo He et al. (1996), ácidos reduzem o pH do solo,

aumentando a solubilização de fosfato, tendo assim, papel importante para

esse processo.Os resultados encontrados nesse trabalho sugerem que as

bactérias endofíticas isoladas de E. scaber possui potencial de solubilizar

formas de fosfato insolúveis.

5.3.2 Caracterização e sequenciamento do gene 16S rDNA

A amplificação dos isolados utilizando o oligonucleotídeo ERIC

resultou na detecção de 9 a 25 bandas (Figura 3). O tamanho das bandas

variou de 100 a 1230bp entre os isolados. Visualmente a bactéria endofítica

BREI-117 se difere do padrão de bandas das demais bactérias indicando

que este isolado possui diferentes padrões de marcadores ERIC.

FIGURA 3. Perfil de amplificação ERIC-PCR em sete linhagens de bactérias endofíticas isoladas de E. scaber. M: marcador 123pb, 1: BAEI-26, 2: BAEI-28, 3: BAEII-37, 4: BAEII49, 5: BAEIII-55, 6: BAEIII-79, 7: BREI-117.

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A sequência parcial do gene 16S do rDNA, concordando com a

caracterização em ERIC-PCR, demonstrou que, dentre os isolados

identificados, apenas BREI-117 pertence a gênero diferente, sendo BAEI-26,

BAEII49, BAEIII-79 pertencentes ao gênero Enterobacter e BREI-117

pertencentes ao gênero Klebsiella quando comparadas a sequências

depositadas no GenBank (Tabela 2). Os isolados BAEI-28, BAEII-37, BAEIII-

55 estão em processo de sequenciamento, porém, pela análise do padrão

de banda de ERIC-PCR esses isolados também pertencem ao gênero

Enterobacter.

Na literatura esses dois gêneros são comumente descritos como

produtores de fitorhomônio e solubilizadores de fosfato (Santi Ferrara et al.

2011), desempenhando papel importante no crescimento de milho e arroz

(Jha et al. 2007; Kumar et al. 2012).

TABELA 2. Identificação de bactérias endofíticas isoladas de E. scaber com

base no seqüenciamento parcial do gene 16S rRNA.

Isolados GenBank Nº de Acesso % de Identidade

BAEI-26 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEI-28

BAEII-37 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEII-49 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BAEIII-55

BAEIII-79 Enterobacter sp. JQ396391.1 99

BREI-117 Klebsiella pneumoniae JF772061.1 99

5.3.3 Promoção de crescimento de plântulas de soja

Nenhuma das linhagens de bactérias endofíticas isoladas de E.

scaber inoculadas em soja acarretou prejuízo a germinação ou a velocidade

de emergência das plântulas (Tabela 3). Quatro das sete bactérias testadas

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aumentaram a massa seca das plântulas de soja avaliadas no décimo

terceiro dia da semeadura (Figura 4).

TABELA 3. Dados médios de germinação e índice de velocidade de

emergência (IVE) de plântulas normais de soja aos 15 dias após a

instalação.

Tratamentos Germinação

(1ª contagem) Germinação IVE (%)

____________%______________

Testemunha 74 a 97 a 4.58 a

BAEI-26 73 a 97 a 4.60 a

BAEI-28 66 a 97 a 4.54 a

BAEII-37 60 a 98 a 4.59 a

BAEII-49 50 b 97 a 4.47 a

BAEIII-55 63 a 97 a 4.36 a

BAEIII-79 44 b 97 a 4.51 a

BREI-117 66 a 99 a 4.39 a

CV% 9,12 2.93 3.16

* Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.

Esse resultado está de acordo com os relatos de Jha et al. (2007) e

Kumar et al. (2012), que identificaram linhagens de bactérias endofíticas do

gênero Klebsiela e Enterobacter como agentes promotores de crescimento

de planta de arroz e milho. Além disso, Enterobacter e Klebsiella já foram

descritas como pertencentes à comunidade endofítica de soja (Assumpção

et al. 2009; Kuklinsky-Sobral et al. 2004). Assumpção et al. (2009) obtiveram

resultado positivo para o incremento da massa seca da raiz de plantas de

soja ao inocular uma linhagem de Enterobacter, isolada de semente de soja.

O resultado positivo de promoção de crescimento de plântula de soja

pelos isolados BREI-117 (Klebsiella sp.), BAEII-37 e BAEIII-79 (Enterobacter

sp.) encontrado em nosso trabalho pode estar associado diretamente a

produção de AIA e solubilização de fosfato, indicados como responsáveis

pela acumulação de massa seca (Quecine et al. 2012). Porém, o isolado

*

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BAEI-26, também pertencente ao gênero Enterobacter, não apresentou

resultado satisfatório na promoção de crescimento de plântulas de soja.

Esse resultado também foi demonstrado por Assumpção et al. (2009), ao

inocular duas linhagens de Enterobacter em soja; indicando que além da

produção de fitohormônio e solubilização de fosfato existem outros fatores

importantes para o bom êxito da promoção de crescimento, sendo a

especificidade da interação bactéria-planta fundamental nesse caso, além

disso, as variações dos genótipos das espécies envolvidas também possui

papel importante (Salvaudon et al. 2008, Khan et al. 2012).

FIGURA 4. Incremento de massa seca de plântulas de soja inoculadas com

bactérias endofíticas isoladas de E. scaber após 13 dias de

semeadura. As médias seguidas pela mesma letra não diferem

estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Scott-Knott a

5% de probabilidade.

A aplicação de bactérias endofíticas em espécies não-hospedeiras de

interesse agronômico já vem sendo relatada com bom êxito para várias

culturas como o arroz, cana-de-açúcar, laranja, feijão, abobora, pimentão

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(Lacava et al. 2007; Zakria et al. 2008; Eduardo et al. 2012; Khan et al. 2012;

Quecine et al. 2012). Indicando ser uma alternativa para o desenvolvimento

de uma agricultura sustentável, diminuindo assim o uso de defensivos e

fertilizantes químicos. Khan et al. (2012), ao utilizar linhagens de bactérias

endofíticas isoladas de Populus trichocarpa e Sitka sitchensis e obter

resultados promissores na promoção de crescimento de varias culturas de

interesse agronômico como milho, adverte a necessidade de estudos

peculiares entre bactéria endofítica-cultura, por se tratar de uma associação

específica entre cada linhagem-cultivar. Outro aspecto relevante sobre o uso

de bactérias endofíticas em plantas não-hospedeiras é a possibilidade de

aplicação de diversos isolados com potencial de produção de fitohormônio, e

disponibilização de nutrientes, presentes em espécies não cultivadas, sobre

culturas de interesse agronômico como a soja.

Esse é o primeiro relado de bactérias endofíticas de E. scaber, com

traços funcionais de promoção de crescimento de plantas com efeito positivo

em plântulas de soja, isoladas no pantanal de Mato Grosso, Brasil. Esse

estudo abre uma vasta gama de possibilidades para estudos com

microrganismos endofíticos do Pantanal brasileiro a serem empregados na

agricultura.

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5.4 Conclusões

Das 61 bactérias endofíticas avaliadas nesse estudo, todas

sintetizaram AIA e 47 isolados solubilizaram fosfato de cálcio in vitro.

Sementes de soja microbiolizadas com os isolados endofíticos

testados não são prejudicadas em seu estádio de germinação,

permanecendo inalterado o seu vigor.

Os isolados BAEI-28, BAEII-37, BAEIII-79 pertencente ao

gênero Enterobacter e BREI-117 pertencente ao gênero Klebsiella

promoveram o aumento de massa seca de plântulas de soja.

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6. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FUNGOS

ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE PLANTA MEDICINAL DO

PANTANAL Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus)

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ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS

DE PLANTA MEDICINAL DO PANTANAL Echinodorus scaber Rataj

(macrophyllus)

Resumo – Fungos endofíticos têm apresentado diversas aplicações

biotecnológicas pela produção de metabólitos secundários de interesse na

indústria farmacológica e agronômica. O objetivo desse estudo é caracterizar

extratos obtidos do cultivo de fungos endofíticos de Echinodorus scaber

Rataj com propriedades antibacterianas. Um total de 46 fungos endofíticos

isolados de E. scaber foram avaliados quanto ao seu potencial de

antagonismo contra os fungos patogênicos Colletotrichum lindemunthianum,

C. gloeosporioides, Corynespora cassiicula, Fusarium solani eMicrosporum

canis. A seleção de microrganismos antagonistas foi realizada pela técnica

de cultura dupla. Testaram-se os isolados positivos para inibir todos os

fungos patogênicos contra as bactérias patógenas Enterococcus faecalis,

Staphylococcus aureus, S. saprophyticus e Escherichia coli, pela técnica de

difusão em bloco de ágar. As linhagens com potencial antagônico foram

identificadas por técnicas moleculares. Obtiveram-se Extratos fração Acetato

de etíla dos fungos com potencial para inibir todos os microrganismos

testados. A atividade antimicrobiana dos extratos foi avaliada pela técnica de

difusão em disco contra todos os fungos patogênicos novamente; e através

da técnica de cromatografia em camada delgada para avaliação da atividade

antibactericida com as bactérias E. faecalis, S. aureus, S. saprophyticus. Os

fungos endofíticos antagonistas pertencem aos gêneros Corynespora,

Penicillium, Chaetomium, Eupenicillium. Dez isolados foram eficientes para

inibir os fungos testados,alçando inibição do crescimento do micélio do fungo

patogênico acima de 40% para todos os fungos testados. Cinco isolados

inibiram todas as bactérias avaliadas. O extrato Acetato etílico dos fungos

selecionados como antagonistas, inibiram o desenvolvimento de todos os

fungos patogênicos, alcançando inibição máxima de 29% para M. canis. A

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bioautografia demonstrou presença de varias frações para cada extrato e a

atividade anti bactericida dos extratos foram confirmadas.

Palavras-chave: autobiografia, Extrato acetato de etila, Fungos endofíticos,

chapéu de couro.

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ANTIMICROBIAL ACTIVITY OF ISOLATED ENDOPHYTIC FUNGI

MEDICINAL PLANT PANTANAL Echinodorus scaber Rataje (macrophyllus)

ABSTRACT - Endophytic fungi have submitted several applications for

biotechnological production of secondary metabolites of interest in the

pharmaceutical industry and agronomy. The aim of this study is to

characterize the extracts of endophytic fungi cultivation of Echinodorus

scaber Rataj with antibacterial properties. A total of 46 endophytic fungi

isolated from E. scaber were assessed for their potential antagonism against

pathogenic fungi Colletotrichum lindemunthianum, C. gloeosporioides,

Corynespora cassiicula, Fusarium solani and M. canis. Selection of

antagonistic microorganisms was performed by dual culture technique.

Isolates positive for inhibiting pathogenic fungi were all tested against

pathogenic bacteria Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, S.

saprophyticus and Escherichia coli, by diffusion technique in agar block. The

strains with antagonistic potential were identified by molecular techniques.

Extracts were obtained ethyl acetate fraction of the fungi with the potential to

inhibit all microorganisms tested. The antimicrobial activity of the extracts

was evaluated by the disk diffusion technique against all pathogenic fungi

again, and through the technique of thin layer chromatography for evaluation

of antibacterial activity with the bacteria E. faecalis, S. aureus, S.

saprophyticus. The endophytic fungi antagonists were identified as belonging

to the genera Corynespora, Penicillium, Chaetomium, Eupenicillium. Ten

isolates were effective in inhibiting the fungi tested, raising growth inhibition

of the pathogenic fungus mycelium of above 40% for all tested fungi. Five

isolates were positive to inhibit all bacteria evaluated. The ethyl acetate

extract of fungi selected as antagonists inhibited the development of all

pathogenic fungi, reaching maximum inhibition of 29% for M. canis. The

bioautography showed the presence of various fractions for each extract and

anti bactericidal activity of the extracts were confirmed.

Keywords: autobiography, ethyl acetate extract, endophytic fungi, chapéu de

couro.

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6.1 Introdução

Microrganismos endofíticos, segundo Schuls e Boyle (2005), colonizam

internamente o tecido vegetal, intra ou extracelular, e são detectados num

momento particular, vivendo mutualisticamente em órgãos aparentemente

saudáveis.

A aplicação biotecnológica de microrganismos endofíticos possui um

leque diversificado de funções na indústria farmacêutica e agronômica. Um

exemplo clássico de produção de compostos bioativos produzido por fungos

endofíticos, com aplicação na indústria farmacêutica, é o paclitaxel obtido do

fungo endofítico Taxomyces andreanae isolado de folhas da planta Taxus

brevifolia. Além disso, esses microrganismos foram reportados para produzir

metabolitos com atividade anticancerígena, antioxidante, antimicrobiana,

entre outras (Stierleet al. 1993;Carvalho et al. 2012; Pavithra et al. 2012). O

Antibiótico griseofulvina, obtido originalmentea partir de Penicilliumsp, foi

detectadoem Xylaria sp. F0010isolado da casca interna de Abies holophylla.

Na agricultura, esse grupo de microrganismos vem sendo reportado como

eficiente na promoçãodo crescimento e desenvolvimento de seu hospedeiro

de forma direta pela produção de fitohormônios e disponibilização de

nutrientes (Latif et al. 2011; Chutima e Lumyong, 2012; You et al. 2012).

Chutima e Lumyong (2012) demonstraram que Colletotrichum

gloeosporioides e Tulasnellasp. isolados de espécies de orquídeas, foram

capazes de produzir ácido índol acético (AIA) e promover o crescimento de

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arroz e feijão, além de melhorar a germinação de sementes de milho. Outro

mecanismo indireto de promoção de crescimento da planta hospedeira é o

controle biológico exercido pelo fungo endofítico, impedindo que

fitopatógenos colonizem e desenvolva doença no hospedeiro (Rojas et al.

2008).

Antagonismo microbiano, segundo Romeiro (2007), é o ato de um

microrganismo utilizar de todos seus recursos para provocar a morte,

impedir o crescimento e/ou a multiplicação de outro. A atividade antagônica

exercida por fungos endofíticos é bem conhecida, sendo resultado de

diferentes mecanismos, como parasitismo, competição por espaço e

nutriente, produção de metabólitos secundários com atividade

antimicrobiana como enzimas líticas, antibióticos e compostos voláteis

(Romeiro, 2007). A produção de substâncias antimicrobianas por fungos

endofíticos filamentosos tem ganhado ênfase nos últimos anos pela procura

de novos antibióticos que atuem contra microrganismos resistentes (Pavithra

et al. 2012).

Diferentes metabólitos antimicrobianos são biosssintetizados por

fungos endofíticos, como: brefeldina A, obtida de Paecilomyces sp.

eAspergillus clavatus (Wang et al. 2002), ergosterol, impetrada por

Rhizoctonia sp. (Maa et al. 2004), emodim produzido por um fungo endofítico

com 98% de similaridade com Chaetomium globosum (Kusari et al. 2008)

e7-amino-4-coumarina produzido por Xylaria sp. (Liu et al. 2008). Além

desses bioativos, Kim et al. (2004), descreveram os diterpenos

periconomicinas A e B isolados de Periconia sp. com forte atividade

antimicrobiana. Esses relatos conferem a esse grupo de microrganismo um

grande potencial de uso de seus metabólitos secundários a serem

empregados na indústria, medicina e agricultura (Guo et al. 2008; Strobel,

2003).

A literatura demonstra que alguns microrganismos endofíticos podem

produzir compostos bioativos idênticos ou semelhantes aos da planta

hospedeira, levando a uma longa discussão da origem dessas substâncias

(Zhao et al., 2011). De todo jeito Strobel e Daisy (2003), afirma que os

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conhecimentos levantados pela etnobotânica são muito importantes para a

escolha de plantas que possuem microrganismos endofíticos com potencial

biotecnológico.

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) é uma planta conhecida

popularmente no Brasil por seu uso medicinal e ornamental, denominada

pelas populações como chapéu de couro. Esta espécie é usada

popularmente para o tratamento de várias enfermidades como: reumatismo,

tratamento de ácido úrico, sífilis, doenças de pele e de fígado e também para

fins diuréticos (Pott e Pott, 2000).

O objetivo desse estudo foi caracterizar extratos obtidos do cultivo

defungos endofíticos de E. scaberRataj(macrophyllus) com propriedades

antibacterianas.

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6.2 Material e Métodos

6.2.1 Microrganismos e meios de cultura

A seleção de linhagens de interesse peocedeu-se por métodos que

avaliam o antagonismo de endófitos contra microrganismos.

O potencial antagônico dos fungos endofíticos foi avaliado contra

nove microrganismos patogênicos, sendo cinco espécies de fungos e quatro

espécies de bactérias. Os fungos patogênicos testados constituíam-se de

Colletotrichum lindemunthianum, agente causal da antracnose do feijoeiro;

C. gloeosporioides, responsável pela antracnose pós-colheita em frutos e

pela antracnose foliar em diversas hortaliças; Corynespora cassiicola,

responsável pelamancha alvo em soja; Microsporum canis, agente causal de

dermatomicoses em animais, e Fusarium solani, relacionado à podridão

radicular de diversas culturas. As linhagens de bactérias foram Enterococcus

faecalis (ATCC 29212), Staphylococcus aureus (ATCC 25923), S.

saprophyticus (ATCC 43867) e Escherichia coli (ATCC 25922).Um total de

47 fungos endofíticos isolados de Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus)

foi acessado no banco de microrganismos endofíticos pertencentes ao

Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana (LABEM) da

Universidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá, para screening das

linhagens com potencial antagônico.

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O meio de cultura batata dextrose ágar (BDA) foi usado para os testes

de antagonismo e manutenção dos fungos. Ágar nutriente (AN) serviu para a

manutenção das culturas de bactérias. Quando necessário, os fungos foram

ativados por sete dias e as bactérias em 24h sob agitação de 125 rpm em

meio liquido, ambos a temperatura de aproximadamente de 28ºC.

6.2.2 Seleção de fungos endofíticos antagonista a patógenos

A seleção foi realizada pela técnica de cultura dupla (Mew e Rosales,

1986), com modificações. Inoculou-se um disco de 0,5cm do micélio dos

fungos patogênicos no centro da placa de Petri com meio BDA e, a 3,5cm

equidistante foram inoculados dois discos das linhagens endofíticas. A

inoculação de um disco de micélio do patógeno ao centro da placa de Petri

constitui o tratamento controle. As placas foram seladas e armazenadas a

28ºC. A interação dos micélios foi analisada diariamente até o sétimo dia de

incubação. Observou-se o potencial de inibição do crescimento micelial do

fungo patógeno nesse período. Os fungos com potencial antagônico foram

submetidos a novo teste em triplicata e no sétimo dia de incubação calculou-

se a taxa de inibição pela fórmula:

(Shiomi et al. 2008)

Onde, TI é a taxa de inibição, DC é o diâmetro em cm do fungo

patogênico no tratamento controle e DM é o diâmetro em cm do fungo

patogênico no tratamento com o fungo endofítico.

As linhagens de fungos endófitos com potencial para inibir todos os

fungos patógenos selecionados no experimento acima foram submetidos a

teste qualitativo de antagonismo contra bactérias patogênicas. Para isso,

realizou-se a técnica de antibiose em bloco de ágar, conforme Ichikawa et. al

(1971), com modificações. Cresceram-se as bactérias patógenas em caldo

nutriente (CN) espalhando-as em placas de Petri com meio AN e, em

seguida, inoculou-se sobre a placa, discos de micélios dos fungos

endofíticos. Posteriormente, incubaram-se as placas a temperatura de 4ºC

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por quatro horas. Após esse período, as placas foram incubadas a 28 ºC por

24 horas. A atividade antimicrobiana foi confirmada pela visualização de

halos de inibição próximos aos discos de micélio dos fungos endofíticos.

6.2.3 Caracterização por ISSR-PCR e identificação das linhagens com

potencial antagônico

A extração do DNA genômico dos fungos foi realizada com kit de

extração de DNA, seguindo recomendações do fabricante (Axygen

biosciences, USA). Realizou-se a análise de ISSR-PCR utilizando-se o

oligonucleotídeo BH1 (5' - GTG GTG GTG GTG GTG - 3') (Integrated DNA

Technologies, Inc). O volume de uma reação foi de 25µl, contendo 1 µl de

extrato de DNA, 2,5 µl de tampão de PCR 10x, 2,5mM de cada dNTP, 10pM

de cada oligonucleotídeo e 1U de taq polimerase. O programa do PCR

consiste em um passo de desnaturação inicial a 94ºC por 2 min, seguido de

35 ciclos a 94 ºC por 1 min, 50 ºC por 2 min e 72 ºC por 2 min, e o passo

final de alongamento a 72 ºC por 10 min em um AMPLITHERM Thermal

Cyclers.

O produto de ISSR-PCR foi submetido à eletroforese em gel de

agarose 1,2% em tampão TEB 0,5x. Os tamanhos dos aplicons foram

determinados com marcador 123pb DNA Ladder (Sigma-Aldrich, Inc.). As

imagens foram salvas em um fotodocumentador (Loccus Biotecnologia,

Brasil) para posterior analise. Obteve-se a avaliação da diversidade por

inspeção visual do gel, considerando todos os amplicons visíveis. O perfil de

amplificação foi transformado em uma matriz binária com os valores:

0:ausência e 1: presença para cada amplicon. Calculou-se a similaridade

dos dados através do Coeficiente de Jaccard (Sneath e Sokal, 1973).

Obteve-se o agrupamento, utilizando o algoritimo UPGMA (Unweighted Pair-

Group Method with Arithmetical Average), baseando-se na matriz de

similaridade com o software NTSys v.2.1(ROHLF, 2001). Um nível de 80%

de similaridade mínima entre os isolados foi considerado para definição de

Unidade Taxonômica Operacional (OTU) (Torres et al. 2008).

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155

A identificação dos microrganismos foi realizada pelo sequenciamento

parcial do espaçador interno transcrito (ITS) da região rDNA de

representantes de cada OTU. Para isso, uzou-se os oligonucleotídeos ITS 4

(5′-TCC TCC GCT TAT TGA TAT GC-3′) e ITS 5 (5`-GGA AGT AAA AGT

CGT AAC AAG G-3') (White et al. 1990) para amplificação da região

intergênica 18S a 28S. O volume de reação e o programa do PCR foram os

mesmo para análise de ISSR-PCR.

Os produtos de amplificação foram purificados (Dunn; Blattner, 1987) e

quantificados por eletroforese em gel de agarose 1,2%. Realizou-se o

sequenciamento pelo método de Sanger com o Kit Big Dye no ABI3100

Applied Biosystem, e as sequências comparadas no banco de dados do

GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) com sequências conhecidas, por

uma pesquisa de similaridade via Blastn (Altschul et al. 1990).Todas as

sequências analisadas foram depositadas no GenBank sob número de

acesso: KC662100 – KC662101, KC662104 – KC662107.

6.2.4 Obtenção de extratos dos fungos endofíticos

Fermentados foram preparados a partir do cultivo de fungos

endofíticos que inibiram todas as bactérias e fungos patogênicos. Obteve-se

o extrato pela maceração do micélio em acetato de etila (AcOEt). Para isso,

cultivou-se as linhagens endofíticas em duas placas de Petri contendo

aproximadamente 20 mL de BDA, em cada uma, por 15 dias a 28ºC. Após o

período de incubação, cortou-se o micélio em pequenos pedaços

transferindo-os para um erlenmeyer contendo 50 mL do solvente AcOET,

ficando armazenado por 72h a 25ºC no escuro. Posteriormente o micélio foi

separado do solvente por filtração em papel de filtro nº4, e o extrato

concentrado com remoção do solvente em rotavapor a 30 ºC. Os extratos

foram transferidos para um frasco previamente tarado para obtenção da

massa total.

6.2.5 Detecção da atividade antimicrobiana dos extratos

Testou-se os extratos de AcOET contra os fungos patogênicos. Para

isso, discos de micélio de 0,5 cm dos fungos patógenos foram inoculados no

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centro de placas de Petri contendo meio BDA; e ao terceiro dia de

crescimento, dois discos de papel de filtro contendo 250µg dos extratos de

AcOET, foram colocados a 3,5cm equidistante do centro da placa. Inoculou-

se o tratamento controle com discos de papel de filtro contendo o solvente

AcOET. A atividade antimicrobiana foi determinada pela observação da

inibição do micélio do fungo patógeno em comparação com o tratamento

controle. Obteve-se a taxa de inibição do crescimento do patógeno pela

medição do diâmetro em centímetro do micélio no sétimo dia. O experimento

foi conduzido em triplicata e delineamento inteiramente casualizado. As

médias então submetidas à análise de variância (ANOVA) e o teste de

média adotado foi Scott-Knott a 5% de probabilidade.

6.2.6 Ensaio de bioautografia dos extrados fúngicos obtidos

A atividade antimicrobiana contra as bactérias patogênicas E. faecalis,

S. aureus e S. saprophyticus foi detectada pela técnica de bioautografia,

segundo Zheng et al. (2005), com modificações. Frações de 200 µg dos

extratos AcOET foram eluidas utilizando clorofórmio:metanol (9:1 v/v) em

placas de sílica (PF254) de cromatografiaemcamada delgada analítica

(CCDA), previamente desinfestadas em estufa de esterilização a 80ºC por

24h. Observou-se As placas desenvolvidas sob luz ultra-violeta nos

comprimentos de onda de 254 nm para observação do cromatograma das

frações presentes na sílica. Posteriormente, a placa cromatográfica foi

transferida para placa de Petri (15cm) e coberta com AN fundente contendo

uma suspensão das bactérias patogênicas. Incubou-se as placas por 24h a

37ºC, e em seguida, o AN foi pulverizado com 2,5mg/ml de Brometo Tiazolil

azuldetetrazólio(MTT), e incubadas novamente até a revelação dos halos de

inibição.

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158

6.3 Resultados e Discussão

6.3.1 Linhagens de fungos endofíticos com atividade antagônica a

microrganismos patogênicos

Dos 47 fungos endofíticos avaliados, 10 linhagens foram eficientes

para inibir o crescimento do micélio de todos os fungos patógenos testados.

A ação antagônica dos isolados endofíticos variou entre os tratamentos,

sendo as linhagens FREI-36 e FREI-35 menos eficientes na inibição de F.

solani (38%) e C. gloeosporioides (42%), respectivamente. Contudo, os

isolados FAEII-19 e FAEII-24, exerceram o maior antagonismo, resultando

em 81 e 85% de inibição do crescimento do micélio de C. lindemunthianum,

respectivamente (Figura 1).

A atividade antagônica exercida por endofíticos sobre os fungos

patógenos ocorre por diferentes mecanismos, seja por competição por

nutrientes, parasitismo e predação, produção de compostos antimicrobianos,

como antibióticos e compostos voláteis, e produção de enzimas líticas como

quitinases (Romeiro 2007). No entanto, Handelsman e Stabb (1996),

sugerem que muitos agentes de controle biológico suprimem doenças

causadas por fungos fitopatogênicos por mais de um mecanismo de

antagonismo.

Em geral, dez fungos endofíticos (21%) isolados de Echinodorus

scaber Rataj (macrophyllus) apresentaram amplo espectro de atividade

antagônica frente ao controle de cinco diferentes fungos patogênicos de

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plantas e animais. Essa ampla gama de atividade nem sempre é encontrada

entre os antagonistas endofiticos, como sugere os isolados endófitos de

beterraba que apresentaram alta especificidade de antagonismo,

demonstrando controle contra apenas um patógeno (Zachow et al. 2008).

FIGURA 1. Antagonismos de fungos endofíticos isolados de E. scaber exercido contra fungos patogênicos. C. lindemunthianum, b C. gloeosporioides, C. cassiicula, F. solani, M. canis. Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas entre as linhagens endofíticas e minúsculas dento do mesmo tratamentos, não diferem significativamente entre si pelo teste Skott-Knott, a 5% de probabilidade.

O teste de antibiose revelou que, das 10 linhagens de fungos

positivas para inibir todos os fungos patógenos, somente FAEII-21, FREI-35,

FREI-36, FREI-40, FREII-57 demonstraram atividade antagônica a todos as

bactérias patogênicas no teste de antibiose por difusão em bloco de ágar

(Figura 2).

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FIGURA 2. Antibiose exercida por fungos endofíticos isolados de E. scaber (macrophyllus) contra bactérias patogênicas. Os números representam as linhagens endofíticas com atividade a todos os patógenos, sendo: 1: FAEII-21, 2: FREII-57, 3: FREI-35, 4: FREI-40, 5: FREI-36. As setas demonstram a presença de halo de inibição.

6.3.2 Identificação dos fungos endofíticos com potencial antagônico

As 10 linhagens de fungos endofíticos, positivos para inibir todos os

fungos patógenos avaliados, foram separados em seis grupos, de acordo

com suas características morfológicas macro e microscópicas (Figura 3).

Dentre esses grupos, FAEII-16, FAEII-19, FAEII-21 e FAEII-24, foram isolados

de pecíolo de E. scaber; e FREI-35, FREI-36, FREI-40, FREII-54, FREII-57

foram obtidos de raiz de E. sacaber.

O ISSR do DNA total dos isolados resultou em seis padrões de

amplificação. A Figura 4 demonstra a estrutura dos grupos formados pelo

UPGMA. O dendograma confirma a distância genética entre os grupos

obtidos pela analise morfológica, indicando a presença de grupos

antagonistas diferentes na comunidade de fungos endofíticos isolados de E.

scaber. Considerando o nível de 80% de similaridade no dendograma, pode

-se verificar seis OTU constituídas de três grupos e três perfis únicos. Os

três grupos apresentaram similaridade J=1, portanto, possuem o mesmo

padrão de amplificação.

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FIGURA 3. Vista frontal dos morfotipos dos fungos endofíticos antagonistas

isolados de E. scaber em placas de Petri aos sete dias de

crescimento em meio BDA. As setas indicam as hifas dos

isolados fungicos em aumento de 400x.

A identificação molecular demonstrou que os sete grupos pertencem a

seis gêneros diferentes quando comparados às sequências encontradas no

GenBank, sendo que FAEII-16 apresentou 99% de identidade com

Corynespora sp, FAEII-21 apresentou 99% de identidade com Cochliobolus

sativus, FAEII-24 obteve 99% de identidade com Cochliobolus lunatus,

FREI-40 descrito para Penicillium shearii com 92% de identidade, FREII-54

foi descrito como Chaetomium aureum, com 99% de identidade e FREII-57

apresentou 97% de identidade com Eupenicillium javanicum (Tabela 1).

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FIGURA 4. Dendograma gerado a partir da analise do perfil de amplificação por ISSR-PCR das linhagens de fungos endofíticos com atividade antagônica isoladas de E. scaber, utilizando coeficiente de similaridade de Jaccard.

TABELA 1. Identificação dos fungos endofíticos isoladas de E. scaber com

base no seqüenciamento ITS rRNA.

Isolados GenBank Nº de

Acesso Identidade (%)

FAEII-16 Corynespora sp. JN853778.1 99

FAEII-21 Cochliobolus sativus EF452447.1 99

FAEII-24 Cochliobolus lunatus JN853778.1 99

FREI-40 Penicillium shearii GU944606.1 92

FREII-54 Chaetomium aureum JQ846057.1 99

FREII-57 Eupenicillium javanicum U18358.1 97

Todos os gêneros encontrados nesse trabalho já foram isolados

anteriormente como fungos endofíticos. Os gêneros Corynespora e

Chaetomium isolados da casca de Aegle marmelos na Índia (Gond et al.

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2007); já o gênero Penicillium foi isolado na China, de pecíolo de Quercus

variabilis (Ge et al. 2008); Cochliobolus encontrado em casca, folha e raiz de

Taxus globosa, no México (Rivera-Orduña e Suarez-Sanchez, 2011); e, por

fim, o gênero Eupenicillium, isolado na China de folhas deMurraya

paniculata(Wang et al. 2012). No entanto, muitos trabalhos relatam que

algumas dessas espécies também podem exercer patologias em diversas

culturas, como Corynespora sp.em tomateiro (Coelho netto et al. 2012) e

Cochliobolus sativus em trigo (Aggarwall et al. 2004). Porém, a interação

microrganismo-planta não depende somente das espécies envolvidas, o

ambiente e o tempo são fatores importantes no estabelecimento e no tipo de

interação (Schlz e Boyle, 2005). Barreto et al. (2003), isolou a espécie C.

cassiicola, patógeno da planta Lantana camara, vivendo assintomaticamente

no mesmo hospedeiro, e com forte indício de exercer controle biológico em

alguns biótipos de L. camara. Nos últimos anos, foram relatados isolamento

de substâncias importantes dos gêneros descritos, como enzimas e

antifúngicos produzidos por E. javanicum(Nakadate et al. 2008; Tao et al.

2011), Chaetomium globosum (Li et al. 2011), Cochliobolus

lunatus(Podobnik et al. 2008), Corynespora cassiicola (Hunter et al. 2011),

Penicillium chrysogenum(Brakhage et al. 2005); demonstrando que esses

gêneros pertencem a importantes grupos de microrganismos com potencial

para aplicações biotecnológicas.

6.3.3 Atividade antimicrobiana dos extratos AcOET dos fungos

endofíticos

O rendimento dos extratos AcOET variou de 11 a 16 mg.Todos os

extratos AcOET foram eficientes para inibir o crescimento micelial dos

fungos patogênicos (Figura 5). A porcentagem de inibição variou entre os

endofíticos e os patógenos confrontados. Utilizando 250 µg do extrato

AcOET, a atividade antimicrobiana variou de 4,12% para C.gloeosporioides

a 29% para M. canis, na presença dos extratos de FREI-35 e FREI-40,

respectivamente. Ambas as linhagens endofíticas pertencem ao gênero

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Penicillium, que é comumente conhecido pela produção de compostos

antimicrobianos (Brakhage et al. 2005).

Podobnik et al. (2008), relataram que Cochliobolus lunatus produz

citocromo P450, um precursor do ergosterol, já descrito como composto

antifúngico. O extrato AcOET, extraído de FREI-21 que pertence ao gênero

Cochiolbolus, na concentração de 25µg/µLinibiu o crescimento micelial de C.

lindemunthianum, C. gloeosporioides e M. canis em 28, 17 e 17%,

respetivamente; indicando ter uma ampla atividade antifúngica em

microrganismos de interesse agronômico e clinico.

FIGURA 5. Teste antimicrobiano dos extratos de AcOET dos fungos endofíticos FREI-35, FREI-36, FREI-40, FREII-57, FREII-21, isolados de E. scaber contra fungos patogênicos. C. lindemunthianum, C. gloeosporioides, C. cassiicula, F. solani, M. canis. Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas entre os fungos patogênicos, no mesmo tratamento; e minúsculas entre as linhagens de fungos endofíticos, não diferem significativamente entre si pelo teste Skott-Knott, a 5% de probabilidade.

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O extrato da linhagem FREII-57, identificada como pertencente ao

gênero Eupenicillium obteve uma inibição acima de 10% do crescimento

para todos os fungos patógenos, tendo menor inibição para C. cassiicula e

F. solani com 11% de inibição e maior controle sobre C. lindemunthianum

com 27% de inibição do crescimento do micélio. O gênero Eupenicillium é

descrito pela produção de eujavanicina A, eficiente no controle do fungo

patógeno Aspergillus fumigatus (Nakadate et al. 2008).

De modo geral, a atividade de controle do crescimento de fungos

filamentosos patogênicos foi menor, quando comparado ao teste em cultura

dupla. Esse resultado está de acordo com Handelsman e Stabb (1996), que

afirma que o controle de fungos antagonistas é realizado através de

múltiplos mecanismos. Assim, um determinado fungo endofítico, com

atividade antagônica, pode inibir o crescimento de outros organismos

através da produção de metabolitos secundários com atividade

antimicrobiana, bem como também pode inibir simultaneamente através de

competição por espaço e nutriente.

6.3.4 Autobiografia dos extratos fúngicos

Pela CCDA eluída em clorofórmio/metanol (9:1), foi possível detectar

o padrão de variação das substâncias nos extratos fúngicos obtidospela

observação dos diferentes fatores de retenção visualmente discrepantes na

revelação (Figura 6). Agruparam-se os extratos de acordo com o provável

número de substâncias apresentadas na CCDA. Os extratos dos fungos

FREI-35 e FREI-40apresentaram três substâncias; os demais foram

agrupados separadamente, sendo que o extrato do fungo FREI-36

apresentou quatro substâncias; FREII-57 apresentou duas substâncias; e

finalmente o extrato do fungo endofítico FREII-21 apresentou cinco

substâncias.

Os extratos FREII-57 e FAEII-21 apresentam zonas de inibição com

atividade antimicrobiana em todas as bactérias testadas por autobiografia.

No entanto, E. faecalis foi mais sensível a todos os extratos, demonstrando

que os extratos FREI-35, FREI-36, FREI-40 possuem maior diversidade de

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compostos antibacterianos, apesar de não aparecer zonas de inibição nas

demais bactérias nas concentrações testadas.

FIGURA 6. Cromatografia em camada delgada analítica dos extratos Acetatoetílicos de fungos endofíticos isolados de E. scaber irradiada com luz ultra-violeta a 254 nm. Os números representam os extratos aplicados a placa de sílica. 1: FREI-36; 2: FREI-35; 3: FREI-40; 4: FREII-57 e 5: FAEII-21.

O teste conseguiu demonstrar que os extratos possuem substâncias

com maior atividade antimicrobiana, destacando-se o extrato FREII-57 de E

jacanicum, na presença de E. faecalis, S aureus, S. saprophyticus. Esse

resultado está de acordo com Nakadate et al. (2008) que demonstraram que

E. javanicum possui atividade antibacteriana a várias bactérias patógenas

de humanos, incluindo a linhagem MBRC12732 de S. aureus. Esse autor

também afirma que E. javanicum produz um composto antimicrobiano

denominado Eujavanicina A.

A forte atividade antimicrobiana do extrato FAEII-21, pertencente ao

gênero Cochliobolus, também é suportada pelo resultado de Shao et al.

(2011), que demonstraram que o fungo Cochliobolus lunatus produtor de

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lactonas possui atividade antimicrobiana contra varias bactérias

patogênicas.

Futuros trabalhos deverão elucidar o perfil químico dos extratos de

acetato de etila obtidos das linhagens endofítica isoladas de E. scaber.

FIGURA 7. Atividade antimicrobiana revelado pelo teste de bioautografia-CCD dos extratos AcOET de Fungos endofíticos isolados de E. scaber. O solvente usado na eluição das amostras foi clorofórmio-metanol (9:1 v/v). A atividade antimicrobiana foi detectada pela presença de zonas de inibição claras, contrastando com o fundo purpura. 1: Extrato FREI-35, 2: FREI-36, 3: FREI-40, 4: FREII-57, 5: FAEII-21.

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6.4 Conclusões

Extratos AcOET das linhagens FREI-35, FREI-36, FREI-40, FREII-57

e FREII-21, pertencentes aos gênerosPenicillium, Cochliobolus e

Eupenicillium,apresentaram atividades antibacteriana e antifúngica in vitro.

A cromatografia dos extratos das linhagens FREII-21 e FREII-

57apresentaram compostos com diferentes fatores de retenção com

atividade antibacteriana.

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7. Conclusões Gerais

Echinodorus scaber Rataj (macrophyllus) possui bactérias e

fungos endofíticos. As bactérias endofíticas cultiváveis pertencem a 10

gêneros e 25 taxons, e os fungos estão distribuídos em 19 taxons e 13

gêneros diferentes.

As raízes de E. scaber apresentaram estruturas tipocas de

fungos endofíticos dark septate (DSE).As linhagens FREII-ED1 e FREIII-

ED2que apresentaram características com DSE, demonstraram identidade

com Pestalotiopsis theae e Lophiostoma cynaroidis, respectivamente.

Colonizaram assintomaticamente o tecido interno de quatro espécies não

hospedeira: Vochysia divergens, Vochysia haenkeana, Combretum

lanceolatum e Capsicum frutensces.

Bactérias endofíticas do gênero Bacillus e fungos endofíticos

dos gêneros Corynespora, Cochliobolus, Penicillium, Chaetomium e

Eupenicillium,possui aptidão antagônica aos fungos patogênicos

Colletotrichum lindemunthianum, C. gloeosporioides, Corynespora

cassiicula, Fusarium solanie Microsporum canis; e as bactérias patógenas

Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, S. saprophyticus e

Escherichia coli.

Bactérias dos gêneros Enterobacter e Klebsiella isoladas de E.

scaberproduzem AIA e solubilizam fosfato de cálcio.

Os isolados BAEI-28, BAEII-37, BAEIII-79 pertencente ao

gênero Enterobacter e BREI-117 pertencente ao gênero Klebsiella,

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produtoras de AIA e solubilizadoras de fosfato de cálcio, promoveram o

aumento de massa seca de plântulas de soja.

Extratos acetato de etila dos fungos pertencentes aos gêneros

Corynespora, Cochliobolus, Penicillium, Chaetomium e Eupenicillium possui

atividade antimicrobiana contra todos os microrganismos patogênicos

testados.