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SUBCOMISSÃO DO TRIGO RELATÓRIO FINAL RELATOR: DEPUTADO HEITOR SCHUCH Porto Alegre, Junho/04 ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE … · subcomissÃo do trigo relatÓrio final relator: deputado heitor schuch porto alegre, junho/04 assemblÉia legislativa do estado

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SUBCOMISSÃO DO TRIGO

RELATÓRIO FINAL

RELATOR: DEPUTADO HEITOR SCHUCH

Porto Alegre, Junho/04

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

COMPOSIÇÃO

RELATOR

Deputado Heitor Schuch (PSB)

MEMBROS

Deputado Edemar Vargas (PTB)

Deputado Elvino Bohn Gass (PT)

Deputado Frei Sérgio Gorgen (PT)

Deputado Iradir Pietroski (PTB)

“ ...se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ele fica só; mas se morrer,

produz muito fruto...”

(João 12.24)

Agradecimentos

Agradecemos às entidades e autoridades que representam o setor em nível estadual e federal

que colaboraram com esta pesquisa, dentre as quais, Apassul, Banco do Brasil, Banrisul,

Bolsa de Valores do RS, Conab, Embrapa, Fetag, Farsul, Fecoagro, Sinditrigo, Secretaria de

Estado da Agricultura e Abastecimento, Ministério da Agricultura, Pecuária e

Cooperativismo. Agradecer em especial a Comissão de Agricultura Pecuária e

Cooperativismo desta Casa pela parceria e ajuda dispensados através da assessoria e de seu

Presidente, Deputado Jerônimo Göergen. Agradecer aos demais colegas da Subcomissão

pelo apoio e trabalho desenvolvidos em conjunto.

ÍNDICECOMPOSIÇÃO.......................................................................................................................................................1

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................................................................4

1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 41.2 HISTÓRICO...........................................................................................................................................................71.3 OBJETIVOS...........................................................................................................................................................9

1.3.1 objetivo geral........................................................................................................................................... 91.3.2 objetivos específicos.................................................................................................................................9

1.4 DURAÇÃO DOS TRABALHOS...................................................................................................................................10

2 TRIGO - CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA....................................................................11

2.1 CENÁRIO DA OFERTA E DEMANDA MUNDIAL DO TRIGO...............................................................................................112.2 OFERTA E DEMANDA DO BRASIL........................................................................................................................... 122.3 OFERTA E DEMANDA NO RS................................................................................................................................. 132.4 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO................................................................................................................................ 182.5 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NO RS...................................................................................................................... 18

3 RESUMO DAS REUNIÕES E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS.......................................................................... 19

3.1 EM 15-12-2003: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA UNIDADE DA COTRISOJA EM SELBACH.................. 203.2 EM 15-12-2003: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA DE VEREADORES DE GIRUÁ.....................213.3 EM 25-02-2004: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA EMBRAPA PASSO FUNDO............................................24

3.3.1 MANEJO ...............................................................................................................................................263.3.2 CULTIVARES........................................................................................................................................ 263.3.3 ZONEAMENTO AGRÍCOLA.................................................................................................................273.3.4 MELHORAMENTO E QUALIDADE ALIMENTAR..............................................................................273.3.5 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO.........................................................................................................273.3.6 PROGRAMA MIPGRÃOS ARMAZENADOS........................................................................................ 273.3.7 A QUESTÃO DO CONTROLE DE DOENÇAS ....................................................................................283.3.8 PARCERIAS...........................................................................................................................................283.3.9 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA.................................................................................................28

3.5 REUNIÃO COM O PRESIDENTE DA APASSUL.................................................................................... 303.6 EM 12 /04/2004 - REUNIÃO DIREÇÃO DA FUNDACEP.......................................................................333.7 AUDIÊNCIA COM O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO ......................................................... 35 ............................................................................................................................................................................36

4 TABULAÇÃO DO QUESTIONÁRIO COM AS ENTIDADES ...................................................................37

4.1 FETAG/RS......................................................................................................................................................... 37 4.2 FECOAGRO/RS ......................................................................................................................................... 394.3 SINDITRIGO .............................................................................................................................................. 424.4 FARSUL........................................................................................................................................................45

1LOGÍSTICA E INFRA-ESTRUTURA PARA O TRIGO............................................................................. 46

5.1 CONTRIBUIÇÃO DA BOLSA DE MERCADORIA E CORRETORES SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DO TRIGO .........................................................................................................................................................485.2 FORMAÇÃO DE PREÇOS .........................................................................................................................495.3 SUGESTÕES E PROPOSTAS..................................................................................................................... 505.4 PERFIL DO SETOR DE PANIFICAÇÃO NO ESTADO........................................................................... 50

6 RESUMO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELOS TRITICULTORES E DEMAIS ELOS DA CADEIA TRIGO NO RIO GRANDE DO SUL..............................................................52

6.1 NA VISÃO DOS PRODUTORES DE TRIGO............................................................................................ 526.1.1 PRODUÇÃO..........................................................................................................................................52

6.1.1.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................526.1.2 MERCADO............................................................................................................................................ 53

6.1.2.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS ............................................................................................................................536.1.3 PROGRAMA DE INCENTIVO À PRODUÇÃO DE TRIGO................................................................. 546.1.3.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS ................................................................................................................ 54

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6.1.4 PREÇO MÍNIMO...................................................................................................................................55 6.4.1.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................55

6.1.5 SEGURO AGRÍCOLA............................................................................................................................55 6.1.5.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................56

6.1.6 CRÉDITO RURAL................................................................................................................................. 56 6.1.6.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................56

6.1.7 NOVAS CULTIVARES ..........................................................................................................................56 6.1.7.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................56

6.1.8 CLASSIFICAÇÃO DO TRIGO.............................................................................................................. 57 6.1.8.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS............................................................................................................................57

6.1.9 PESQUISA E EXTENSÃO RURAL........................................................................................................58 6.1.9.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................58

6.1.10 CUSTO DE PRODUÇÃO DO TRIGO................................................................................................ 58 6.1.10.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS...........................................................................................................................58

6.2 NA VISÃO DA INDÚSTRIA DE TRIGO................................................................................................... 596.2.1 AUMENTO NA DEMANDA ................................................................................................................. 59

6.2.1.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................596.2.2 INTEGRAÇÃO DA CADEIA TRIGO.....................................................................................................59

6.2.2.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................606.2.3 TRIBUTAÇÃO .......................................................................................................................................60

6.2.3.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................606.2.4 QUALIDADE DO TRIGO GAÚCHO....................................................................................................60

6.2.4.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................616.2.5 QUALIFICAR RECURSOS HUMANOS................................................................................................61

6.2.5.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................616.2.6 INFRA-ESTRUTURA E LOGÍSTICA.................................................................................................... 61

6.2.6.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................626.2.7 DESVANTAGEM COMPETITIVA ........................................................................................................62

6.2.7.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS.............................................................................................................................62

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ..................................................63

ANEXOS................................................................................................................................................................ 71

ANEXOS................................................................................................................................................................ 71

ANEXO I – TABELA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE TRIGO.......................................................... 72

ANEXO II – EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO NOMINAL MENSAL DO TRIGO.................................. 73

ANEXO III – COMPARATIVO DO CUSTO/RENTABILIDADE................................................................. 74

ANEXO IV – DEMONSTRATIVO DO CUSTO DE PRODUÇÃO................................................................ 75

ANEXO V – DOCUMENTOS ENCAMINHADOS A ENTIDADES.............................................................. 76

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO,.................................................................................................................... 76

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO, ..............................................................................................80

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO, ..............................................................................................80

OF. GAB. Nº .116/04 PORTO ALEGRE, 05 DE MAIO DE 2004..................................................................82

OF. GAB. Nº .116/04 PORTO ALEGRE, 05 DE MAIO DE 2004..................................................................82

EXCELENTÍSSIMO SENHOR,................................................................................................................................... 82

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 INTRODUÇÃO1.1 INTRODUÇÃO

O pão permeia toda a história do Homem, principalmente pelo seu lado

religioso. É o símbolo da vida, alimento do corpo e da alma, símbolo da partilha. Foi

sublimado na multiplicação dos pães, na Santa Ceia, e até hoje simboliza a fé, na missa

católica – a hóstia.

O trigo desempenhou e ainda exerce um importante papel no processo de

desenvolvimento da agricultura gaúcha e da economia do Rio Grande do Sul. Apesar dos

problemas enfrentados pelos produtores ao longo de sua história, ainda continua sendo uma

das principais alternativas de cultivo no inverno.

A triticultura gaúcha passou por duas fases distintas. A primeira, durante o

período de subvenção à produção e à comercialização. No período onde eram praticados

subsídios, os produtores de trigo recebiam preços acima dos praticados no mercado

internacional.

O segundo período caracterizou-se a partir dos anos 90, pelo fim da política de

incentivos e proteção para a cultura, jogando o mesmo na competição do mercado

internacional e como moeda de troca especialmente no Mercosul, acarretando uma

significativa queda na produção nacional.

Durante muitos anos, vários fatores foram apontados como causadores dos

altos e baixos na produção do cereal no Estado. A falta de liquidez no mercado, doenças,

fatores climáticos, altos custos de produção, preços baixos, armazenagem deficiente,

qualidade do produto, juros elevados, tributação excessiva, concorrência externa entre outros,

influenciaram negativamente na produção.

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

O avanço da tecnologia fez com que vários problemas enfrentados fossem

eliminados ao longo do tempo, favorecendo os produtores no cultivo do trigo. Atualmente, os

produtores alegam que, fora o problema de ordem climática, o fator mercado tem sido a

principal causa dos altos e baixos no cultivo do trigo em nosso Estado. Os acordos e tratados

comerciais, na maioria das vezes, dificultaram e inibiram maiores investimentos que são

fundamentais e necessários para dar competitividade ao trigo gaúcho e brasileiro.

No final dos anos 80 e início da década de 90, o país foi submetido a uma nova

abertura comercial que abalou a já fragilizada triticultura gaúcha e brasileira. Até então, o

Estado era detentor do monopólio da compra de todo o trigo. Em 21 de novembro de 1990,

através da lei 8.096, decretou-se a saída do complexo agroindustrial do trigo.

Embora o Estado reconheça a importância do cultivo do trigo, pouco tem sido

realizado para inserir o cereal no patamar que merece dado sua importância sócio-econômica.

A influência do mercado externo, o fator clima, os baixos preços no mercado interno, a falta

de um seguro que garanta uma renda mínima, os problemas de armazenagem e logística, a

infra-estrutura ineficiente, os altos custos de fretes, os altos custos de produção, a

concorrência desleal, os preços subsidiados no mercado internacional, as taxas de juros e

prazos de pagamento diferenciados deixaram os produtores gaúchos sem condições de

competir tanto no mercado interno como externo nos últimos 15 anos.

Nas últimas duas safras, os produtores do Rio Grande do Sul e do Brasil

voltaram a investir na cultura, onde os gaúchos praticamente dobraram o volume de produção

na safra 2003. Os fatores que contribuíram para isso foram a redução da produção mundial de

trigo, as políticas internas de governo com adoção de instrumentos de apoio à

comercialização tais como: o aporte de recursos para crédito de custeio e comercialização,

elevação do preço mínimo, lançamento de contratos de opção, LEC (Linha Especial de

Comercialização), PEP (Prêmio para Escoamento de Produto), aquisição direta da agricultura

familiar, entre outros.

Mesmo com adoção das medidas acima relacionadas, não foram garantidos

preços remuneradores e liquidez na comercialização da safra gaúcha, frustrando os

produtores, apesar do desempenho expressivo na produção, resultado do ganho de

produtividade.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Frente às dificuldades acima relacionados, houve a necessidade de verificar se

os principais entraves e gargalos que a cadeia do trigo vem enfrentando e que tem impedido a

sustentabilidade na produção do cereal no Estado.

A instalação da Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa do Estado do

Rio Grande do Sul teve como foco verificar as causas da fragilidade na produção e

comercialização do trigo, apurando as causas e possíveis soluções para o setor, numa visão de

integração entre todos os elos da cadeia agroindustrial do cereal, com a finalidade de

fomentar de forma conjunta a produção e o abastecimento do mercado gaúcho e brasileiro, e,

caso for necessário, o mercado externo.

O referido estudo parte da análise do comportamento dos preços da matéria-

prima praticados no mercado, dos custos de produção, das medidas de apoio de políticas

públicas, das políticas de abastecimentos, da tributação, do crédito, da concorrência desleal e

das dificuldades na logística.

As verificações e proposições aqui apresentadas têm como objetivo colaborar

para a expansão e continuidade da atividade tritícola, diante do desafio atual de conseguir-se a

inserção competitiva do triticultor gaúcho em uma economia globalizada, assegurando

remuneração ao produtor de trigo. A garantia de renda só se dará através da conquista de

novos mercados. Esse é nosso maior desafio: conquistar mercados internos e externos e sua

continuidade.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

1.2 HISTÓRICO1.2 HISTÓRICO

Em 23 de outubro de 2003, ocorreu reunião na Comissão de Agricultura

Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa com os representantes da cadeia trit no

Rio Grande do Sul, para tratar sobre a comercialização da safra 2003 de trigo. Uma das

deliberações da Comissão foi a de criar uma Subcomissão para tratar da cadeia trigo no

Estado. Em 30 de outubro de 2003, em reunião extraordinária da Comissão de Agricultura,

Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, foi

apreciado o requerimento do Deputado Heitor Schuch, solicitando a constituição de uma

Subcomissão do Trigo.

Na data de 27 de novembro, antes da reunião ordinária da Comissão de

Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa, na Sala José Antônio

Lutzenberger, foi instalada a Subcomissão do Trigo, originando a RDI nº 117 /2003, e

processo nº 20777/01.00 03-1, designando os membros titulares e suplentes. Foi designado o

Relator, Deputado Heitor Schuch eos Deputados Iradir Pietroski, Elvino Bohn Gass, Frei

Sérgio Görgen e Edemar Vargas.como integrantes da Subcomissão. A Subcomissão realizou

três reuniões de trabalho no interior do Estado: a primeira em Selbach, a segunda em Giruá e

a terceira em Passo Fundo – regiões com destaque na produção de trigo.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

Reunião de instalação da Subcomissão

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Uma série de documentos e sugestões foram apresentados pelas lideranças dos

produtores, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sindicatos Rurais e cooperativas, Câmaras de

Vereadores, produtores e técnicos. Dos documentos e relatos colhidos, das apresentações

assistidas, foram colhidos dados, sugestões, posicionamentos, denúncias e proposições, que

possibilitaram a conclusão e os encaminhamentos que fazem parte do relatório final da

Subcomissão do Trigo.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

1.3 OBJETIVOS1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Apresentar, descrever e apontar os principais problemas que atingem a

comercialização da safra gaúcha de trigo, com a finalidade de sugerir soluções possíveis.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar e apurar os principais aspectos ligados à competitividade da cadeia produtiva

do trigo no Rio Grande do Sul.

• Apurar os freqüentes problemas na comercialização das safras enfrentados pelos

produtores, apurando as causas dos baixos preços, bem como avaliar a formação dos

preços no mercado, comportamento dos custos de produção para os produtores, as

importações realizadas pela indústrias gaúchas anualmente.

• Identificar os principais gargalos e entraves históricos que a cadeia produtiva do trigo

enfrenta em relação à disponibilidade de crédito, logística, armazenagem, assistência

técnica, tecnologia, classificação, tributação, pesquisa e extensão rural, taxas de juros,

instrumentos de comercialização, intervenção do poder público, seguro agrícola, Proagro,

fatores climáticos.

• Avaliar a importância econômica e social da cultura do trigo para o Estado do Rio Grande

do Sul, verificando as inter-relações e impactos que existem com outras culturas de verão

e demonstrar as possíveis conseqüências que o aumento ou redução da área e produção

podem causar para a economia gaúcha e aos produtores.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

1.4 DURAÇÃO DOS TRABALHOS1.4 DURAÇÃO DOS TRABALHOS

A Subcomissão do Trigo foi instalada no dia 27 de novembro de 2003, e teve

como data prevista para seu encerramento o dia 15 de junho de 2004, respeitando assim os

cento e vinte dias regimentais.

O RDI nº 117/2003 regulamenta esta Subcomissão e consta, na íntegra, nos

anexos do presente relatório.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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2 TRIGO - CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA2 TRIGO - CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA

Julgamos importante descrever de forma sucinta o quadro de oferta e demanda

no mundo, no Brasil e no Estado do Rio Grande do Sul, para evidenciar a importância que o

cereal tem para a segurança alimentar para 9 milhões de gaúchos e de 170 milhões de pessoas

só no Brasil e para mais de 6 bilhões de pessoas em todo o mundo .

O cenário de oferta de demanda contém uma série de informações que, há

anos, vem preocupando os produtores de trigo em nosso Estado. Para tanto, é através da

avaliação e interpretação dos dados que pode-se buscar alternativas para a retomada ou não da

produção deste importante cereal e por políticas públicas de apoio à triticultura gaúcha e

nacional. Os dados mostram que há anos o Brasil produz volume insuficiente para garantir a

necessidade interna de trigo, porém, existem razões que fazem com que continuemos

produzindo menos que a demanda e o produtor enfrentando problemas no momento da venda

da safra.

2.1 CENÁRIO DA OFERTA E DEMANDA MUNDIAL DO TRIGO2.1 CENÁRIO DA OFERTA E DEMANDA MUNDIAL DO TRIGO

A tabela 1 mostra dados mundiais de produção, importação, consumo,

exportação e estoque final de trigo em milhões de toneladas. A produção mundial de trigo

estimada em 588,7 milhões de toneladas para a safra 2004/2005, ou seja, um acréscimo em

relação ao ano anterior. Os dados da safra 2003/2004 mostram que esta é uma das menores

safras mundiais de trigo nos últimos cinco anos.

As projeções para os estoques indicam uma queda de 4% para safra 2004/2005.

Já pelo lado do consumo, houve uma pequena recuperação. Importante ressaltar que a partir

da safra 2000/2001 a produção mundial de trigo está sendo inferior ao consumo,

consequentemente os estoques foram reduzindo-se. O volume de exportações anuais nos

últimos cinco anos foi da ordem de 105 milhões de toneladas, com tendência de redução para

patamares de 100 milhões de toneladas nos próximos anos, representando uma queda superior

a 5% no comércio mundial de trigo. A tendência para o trigo gaúcho para os próximos anos é

de manter o mercado externo conquistado na última safra, onde exportamos mais de 1,3

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

milhão de toneladas de trigo. Além disso, o Estado tem plenas condições de gerar oferta de

trigo para abastecer o mercado interno. O que vai definir o destino da produção serão os

níveis de preços.

Os principais países exportadores são Argentina, Canadá e Austrália, que

exportam em torno de 70% de suas produções internas, demonstrando grande competitividade

na produção deste cereal, embora em alguns deles é preciso considerar os subsídios dados aos

produtores .

Tabela 1- . Oferta e demanda mundial de trigo em milhões de toneladasSafra Estoque Produção Importação Consumo Exportação Estoque

Inicial Final

1998/99 191,8 589,9 102,0 579,3 102,0 202,4

1999/00 202,4 585,2 112,7 584,4 112,7 208,9

2000/01 208,9 581,4 104,0 583,8 104,0 206,4

2001/02 206,4 580,8 110,8 585,4 110,8 201,9

2002/03 201,9 566,9 110,0 601,7 110,0 167,1

2003/04( 1) 167,1 549,6 103,6 587,9 103,6 128,8

2004/05 ( 2 ) 164,1 588,7 101,6 594,2 101,6 123,3Fonte: World Agricultural Supply and Demand/USDA - maio/2004(1) Estimativa

(2) Previsão

OBS: Os estoques iniciais de um ano/safra não são necessariamente conincidentes aos estoquesfinais do ano/safra anterior, e refletem as ifnormações contidas na base de dados do USDA.

2.2 OFERTA E DEMANDA DO BRASIL2.2 OFERTA E DEMANDA DO BRASIL

A tabela 2 indica os dados fornecidos pela Companhia Nacional de

Abastecimento (CONAB) sobre a oferta e demanda brasileira de trigo para o período de 1998

a 2004, com base em dezembro de 2003. Importante ressaltar que os dados de produção não

são coincidentes com as estatísticas do IBGE para o período citado na tabela, mas muito

semelhantes. Cada instituição tem uma forma de levantamento dos dados. Para o IBGE, a

maior produção de trigo que o Brasil teve foi no ano de 1987, com 6.034 milhões de

toneladas. Permaneceu com uma produção inferior a 5,5 milhões até 1989 e, a partir da safra

1990, caiu para patamares da ordem de 3 milhões de toneladas, coincidentemente , data em

que caiu o monopólio da compra estatal do trigo.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

O dado mais alarmante é o volume de trigo que o Brasil importou em média

nos últimos 5 anos, da ordem de 7 milhões de toneladas e produziu, no mesmo período, um

média de 3,2 milhões de toneladas segundo a Conab, ou seja, volume para atender 30% da

demanda nacional. Não é aceitável que o Brasil, com uma população de mais de 170 milhões

de pessoas, que consome mais de 10 milhões de toneladas anuais de trigo equivalente em

grãos, e que dispõe de uma condição privilegiada de solo e clima, permaneça com o atual

quadro de oferta e demanda de trigo. Urge a necessidade da retomada da produção nacional.

Tabela 2 - Quadro de oferta e demanda trigo Brasil em mil toneladasSafra Estoque Produção Importação Supirmento Consumo Exportação Estoque

Inicial Final

1998 627 2.188 7.139 9.954 9.340 5 609

1999 609 2.403 7.718 10.730 9.975 3,2 752

2000 752 1.658 7.632 10.042 9.324 1,6 716

2001 716 3.194 7.055 10.966 10.193 2,6 770

2002 770 2.914 6.853 10.538 9.770 3,7 764

2003 764 5.851 5.070 11.732 10.111 1.303 270

2004* 270 5.900 4.970 11.139 10.111 800 228

Fonte: CONAB, - abril /2004* Estimativa

2.3 OFERTA E DEMANDA NO RS2.3 OFERTA E DEMANDA NO RS

Os dados do IBGE, mostram que o Rio Grande do Sul semeou 1.063 milhão de

hectares de trigo em 2003 e colheu 2,3 milhão de toneladas. As boas condições climáticas

favoreceram a boa produtividade conseguidas pelos produtores na safra passada, superior a 2

mil kg por hectare(vide tabela 4) A demanda estimada no Estado é de 1 milhão de toneladas

como mostra a tabela 3.

Cabe observar que as indústrias gaúchas importaram, em média, nos últimos 5

anos (tabela 5), mais de 450 mil toneladas anuais de trigo de fora do país, mais precisamente

da vizinha Argentina, nosso tradicional fornecedor. O setor industrial alega que isso é

necessário para fazer a mistura com o trigo gaúcho, para atender as necessidades do setor de

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

panificação, massas, biscoitos, uso doméstico e outros usos que exigem cada vez mais

tipificação de farinhas.

O setor industrial consome entre 800 a 950 mil toneladas/ano de trigo grão que

somado a reserva destinada para semente e outros usos num volume estimado em 180 mil

toneladas chegando a uma demanda estimada de 1,12 milhão de toneladas. Se considerarmos

que o Estado produziu nas últimas 5 safras, uma média de 1 milhão de toneladas., somadas às

importações anuais e, sem considerar os estoques remanescentes contata-se que sempre

sobrou trigo gaúcho no mercado. Nesta última safra, além da demanda anual necessária para

moagem, sobraram mais de 1,5 milhão de toneladas de trigo gaúcho.

A alternativa encontrada pelos produtores, cooperativas e comerciantes foi a

exportação. Isso gera uma insegurança entre os produtores na hora de plantar, pois, temem

não conseguir vender a safra a preços compensatórios, prática que normalmente ocorre nos

anos onde a produção supera a demanda estadual, como foi o caso da safra de 2003, onde

produzimos o dobro da safra de 2002. (vide tabela3) . Pelo quadro de oferta e demanda,

observa-se que, no Estado, nas últimas 5 safras a produção praticamente foi equilibrada com

demanda. No entanto, se levarmos em conta o volume de importação, sobraram em média

mais de 400 mil toneladas de trigo gaúcho, que todos os anos precisa ser transferido para

outros mercados seja ele interno ou externo.

Situação complicada para os produtores na medida que nossa logística é

problemática , visto que o valor do frete geralmente é elevado, tornando nosso grão menos

competitivo que o trigo importado, além de outros fatores como a tributação desigual em

alguns Estados, prazos, taxas de juros e câmbio que fazem com que os industriais moageiros

nos principais centros consumidores optem pelo trigo importado ou de outras regiões do país

em detrimento do trigo gaúcho.

O quadro atual de oferta e demanda de trigo no Estado, segundo agentes do

mercado e da FecoAgro/RS, indica que foram exportados 1,3 milhão de toneladas, mais as s

para moagem das indústrias no Estado que até maio de 2004 era da ordem de 250 mil

toneladas, significando que já foi comercializado mais de 1,5 milhão de toneladas, restando

em estoque de aproximadamente 600 mil toneladas. Esse volume está ajustado à demanda da

indústria até o final do ano, sem levar em conta as importações mensais.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

14

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

A indagação dos produtores é até quando vão permanecer com insegurança na

hora de vender a safra. Os preços médios recebidos pelo produtor de trigo, comparados com a

evolução dos custos de produção, mostra as oscilações de preços e da rentabilidade ao longo

dos anos. (vide anexo III) O comportamento dos preços do trigo nos últimos anos, demonstra

que o mesmo tem mercado garantido, na medida que os preços da paridade do cereal

importado forem desfavoráveis aos importadores.

Os dados históricos de importação de trigo pelo Rio Grade do Sul, como

mostra a tabela 03, chega a 45% da demanda o que além de gerar grande dependência

externa, gera insatisfação dos produtores e contribui para aumentar o déficit comercial.

Somente em 2003 o Brasil gastou US$ 1 bilhão de suas divisas com importação de trigo. As

450 mil toneladas importadas pelos gaúchos representaram um dispêndio de US$ 81,4

milhões.

Os gastos com importações de cada tonelada de trigo possibilitariam financiar

o equivalente a 1 hectare de custeio na qual se poderia produzir cerca de 1.800 kg/ de grão por

hectare . O Estado tem um potencial de área a ser explorada de 1,2 milhão de hectares, a uma

produtividade de 2.000 kg por hectare, poderíamos produzir um volume superior a 2,5

milhões de toneladas a cada safra se as condições climáticas fossem favoráveis.

Ainda poderíamos movimentar toda uma cadeia sócio-econômica através de

ocupação racional das terras do Rio Grande do Sul; redução dos custos das demais culturas

em rotação nas propriedades entre 15% e 20%; comercialização de insumos e máquinas e

equipamentos; ocupação de mão-de-obra – geração de empregos em todos os elos da cadeia

trigo; mais industrialização para exportação de farinhas e farelos com valor agregado

diferenciado para o mercado; contribuição para melhoria de renda gaúcha; movimentação

financeira nas comunidades; maior racionalidade e aproveitamento do sistema de

armazenagem; contribuição para redução do déficit da balança comercial; geração de tributos

para a União, Estados e municípios; mais desenvolvimento das comunidades no interior;

decentralização do desenvolvimento.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

15

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Tabela 3 : quadro de oferta e demanda de trigo no RS em mil toneladasOFERTA 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004*

Produção 1.035 590 516 725 891 1.075 1.126 2.395 2.300

Importação 300 367 350 448 602 534 438 511 400

Suprimento 1.335 957 866 1.173 1.493 1.609 1.564 2.906 2.700

DEMANDASetor Industrial 850 900 900 920 930 950 940 950 950

Reserva sementes 100 45 65 80 90 110 115 120 120

Outros(rações) 70 60 100 90 95 50 70 60 60

Demanda total 1020 1005 1065 1090 1115 1110 1125 1130 1130

Exportação 1300 1000

Estoque Final 315 83 378 499 439 476 570Fonte: Fecotrigo/FecoAgro/RS/Sinditrigo/Abitrigo/IBGE/Conab/Sesex

Tabela 4: Produção no RS e no Brasil

RIO GRANDE DO SUL BRASIL

SAFRA

AREA COLHIDA

PRODUCAO

RENDIMENTO

PH SAFRA

AREA COLHIDA

PRODUCAO

RENDIMENTO

PH

(ha) (t) (Kg/ha) MEDIO (ha) (t) (Kg/ha) MEDIO

1980 1.358.522 1.016.243 748 74,71 1980 3.122.107 2.701.613 865 76,101981 903.501 1.072.456 1.187 77,29 1981 1.920.142 2.209.631 1.151 77,851982 1.308.052 516.790 395 70,42 1982 2.827.929 1.826.945 646 74,121983 690.566 797.422 1.155 76,81 1983 1.879.078 2.236.700 1.190 76,821984 634.187 611.632 964 74,60 1984 1.741.673 1.983.157 1.139 76,691985 970.804 1.001.958 1.032 76,41 1985 2.676.725 4.320.267 1.614 79,371986 1.197.724 1.808.002 1.510 75,64 1986 3.864.255 5.689.680 1.472 76,571987 998.324 1.783.449 1.786 78,06 1987 3.455.897 6.034.586 1.746 78,921988 1.051.188 1.605.043 1.527 78,21 1988 3.476.288 5.745.670 1.653 80,401989 808.649 1.461.720 1.808 78,12 1989 3.282.319 5.555.184 1.692 75,661990 988.158 1.168.628 1.183 73,83 1990 2.680.989 3.093.791 1.154 73,971991 617.413 682.684 1.106 1991 2.049.461 2.916.823 1.423 1992 489.317 902.861 1.845 1992 1.955.621 2.795.598 1.4301993 598.312 917.325 1.533 1993 1.482.231 2.197.354 1.4821994 554.129 806.983 1.456 1994 1.348.853 2.096.259 1.5541995 270.247 334.525 1.238 1995 994.734 1.533.871 1.5421996 587.368 1.035.481 1.763 1996 1.795.985 3.292.759 1.8331997 478.209 590.622 1.235 1997 1.521.545 2.489.070 1.6361998 384.614 516.636 1.343 1998 1.408.852 2.269.847 1.6111999 396.931 725.953 1.829 1999 1.249.764 2.461.856 1.9702000 557.145 891.409 1.600 2000 1.138.687 1.725.792 1.5162001 613.131 1.075.912 1.755 2001 1.727.392 3.364.949 1.9482002 794.187 1.126.624 1.419 2002 2.043.983 2.925.890 1.4312003 1.063.194 2.395.554 2.253 2003 2.488.149 5.899.795 2.371

IBGE- Abril/04 IBGE- Fev/04

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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SAFRA PRODUÇÃO DEMANDA IMPORTAÇÃO PREÇO DISPÊNDIO(em milhões/t) (em milhões/t) (em mil/t) ( em US$/t) ( em milhões)

1996 1.035.481 1.020.000 411.000 217,00 89.187.000,00

1997 590.622 1.040.000 368.000 162,69 59.869.920,00

1998 516.636 1.050.000 602.000 125,00 75.250.000,00

1999 725.953 1.050.000 448.000 120,00 53.760.000,00

2000 891.409 1.090.000 596.682 115,39 68.851.135,98

2001 1.075.912 1.050.000 533.428 131,69 70.247.133,32

2002 1.126.624 1.100.000 411.381 146,49 60.263.202,69

2003 2.395.554 1.100.000 511.162 159,16 81.356.543,92

Fonte: SECEX- FECOAGRO/RS- IBGE- CONAB

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

Trigo - RS

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

ha -

t

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

Kg/h

a

Área Colhida (ha) Produção (t) Rendimento (kg/ha)

Trigo - Brasil

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

ha -

t

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

Kg/

haÁrea Colhida (ha) Produção (t) Rendimento (kg/ha)

Tabela 5: Dispêndio com importação no RS

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

2.4 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO2.4 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO

No Rio Grande do Sul existe uma capacidade instalada nas unidades industriais

de moagem de 2,1 milhões de toneladas, que transformam aproximadamente 900.000

toneladas de trigo grão. Praticamente 70% da matéria-prima industrializada é consumida no

Estado, o restante 30% é destinada a outros mercados no país. Segundo dados do setor de

panificação, existia no Brasil em 1998 52.000 padarias, sendo que aproximadamente 20%

delas localizavam-se na região sul. A demanda nacional de farinha de trigo por segmento de

mercado tinha a seguinte composição:segmentos panificação, 55%, uso doméstico 17%, usada

na fabricação de massas 15%, destinado a biscoitos 11% e outros usos 2%. A demanda de

farinha para panificação nas pequenas padarias as consideradas artesanais, era na faixa de

82% , enquanto que os supermercados absorviam 18%. O segmento de biscoitos e massas na

metade da década de 90 absorviam 5% e 10% respectivamente da farinha consumida no país.

Na tabela 3 deste estudo, verifica-se que a média de importação pelo Estado do

Rio Grande do Sul foi de 524 mil toneladas nos anos de 2000, 2001 e 2002, representando

um dispêndio superior a U$$ 70 milhões de dólares. Em nível de Brasil as importações nos

últimos anos ultrapassaram o volume de 7 milhões de toneladas, gerando um gasto superior a

800 milhões de dólares.

Cada vez mais a pesquisa precisa desenvolver variedades que atendam à

segmentação de mercado, assim o Brasil caminhará para uma redução efetiva da dependência

do trigo importado.

2.5 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NO RS2.5 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NO RS

O trigo se constitui na principal cultura de inverno no Rio Grande do Sul. A

retomada do cereal como atividade estratégica para o setor agrícola gaúcho é relevante, dada a

geração de empregos em toda a cadeia produtiva. Conforme os dados do Censo Agropecuário

(IBGE, 1985), naquele ano, existiam no Estado 83.245 agricultores que cultivavam trigo, com

uma área média de 1,4 ha por produtor. Uma década depois o Censo de 1995/96 do IBGE

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

18

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

revelou que o número de triticultores no Estado reduziu-se para 33.677, ou seja, uma queda de

60%, com uma área média colhida de 9,89 hectares.

Neste ano de 2003 certamente aumentou o número de agricultores que

produziram trigo. O dados do censo apontaram ainda que 82,89% dos produtores tinham

imóveis com área abaixo de 50 hectares. Os números indicam a importância estratégica que a

retomada do trigo exercerá para os agricultores familiares. Segundo estudo “Série Realidade

Rural” que trata do Trigo, volume 32 , “o aumento da área cultivada nas últimas safras trouxe

para a atividade trigo 48.020 estabelecimentos que não se ocupavam com a triticultura por

ocasião do censo de 1995/96”. O mesmo estudo estima que em 2002 aproximadamente

81.696 estabelecimentos foram envolvidos no cultivo dos 794.187 hectares ocupados com

trigo no Estado.

Esse quadro justifica plenamente o esforço de todos os integrantes da cadeia

produtiva, produtores, indústrias, consumidores e governos pela retomada da atividade trigo

.Das 52.000 padarias que existiam no Brasil em 1998, 20% delas localizavam-se na região

sul. Pode-se inferir que somente no Rio Grande do Sul temos mais de 5.500 estabelecimentos

funcionando, que por sua vez desempenham um papel social importante na geração de mais

de 40 mil empregos segundo o Sindipan. Por outro lado, não está computado o número de

empregos gerados na industrialização da farinha, no setor de transporte, na distribuição e

outros setores envolvidos na cadeia como um todo. Considerando apenas o valor bruto da

produção (VBP) anual , somente no ano de 2003, com uma produção gerada de 2.3 milhões

toneladas a um preço médio de R$ 429,00 a tonelada, tivemos um VBP de R$

986.700.000,00. Somando os valores gastos com insumos básicos, com máquinas e

implementos agrícolas, os valores ultrapassam o giro de R$ 1 bilhão a cada safra. Importante

ressaltar que a cada 15 hectares cultivados, é gerado um emprego.

3 RESUMO DAS REUNIÕES E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS3 RESUMO DAS REUNIÕES E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

3.1 EM 15-12-2003: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA UNIDADE DA3.1 EM 15-12-2003: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA UNIDADE DA

COTRISOJA EM SELBACHCOTRISOJA EM SELBACH

A audiência teve como objetivo avaliar e debater os baixos preços do trigo

safra 2003 e alternativas de comercialização da safra, frente ao mercado sem interesse de

compra de trigo gaúcho, e foi presidida pelo Deputado Heitor Schuch , relator da

Subcomissão de trigo. A mesa dos trabalhos foi composta, além do Deputado, pelos senhores,

Darci Hartmann, Prefeito municipal de Selbach, Inque Schneider,. presidente dos Sindicato

dos Trabalhadores Rurais de Selbach, representando os sindicatos da região e Fetag/RS,

gerente do Banco do Brasil de Selbach e Aurélio Vicari, presidente da Cotrisoja de Tapera.

Participaram da reunião os representantes dos Sindicato de Trabalhadores Rurais de Fortaleza

dos Valos, Tapera, Ibirubá, Não-Me-Toque e produtores de trigo da região.

O encontro teve a seguinte pauta:

• Avaliação do cenário nacional do mercado de trigo;

• Avaliação medidas de apoio à comercialização do trigo no RS;

• Ouvir as entidades e lideranças dos produtores e demais integrantes da cadeia trigo sobre a

comercialização da atual safra e perspectivas para safra 2004.

Síntese das Avaliações:

Repetiu-se novamente a falta de liquidez na venda da safra de trigo em 2003.

O produtor foi induzido a aumentar a área plantada, frente os bons preços

praticados no mercado, e dado o significativo aumento no preço mínimo para vigorar na safra

2003.

Na região do Alto Jacuí, os produtores estão frustados frente aos baixos preços

ofertados no mercado, sendo que a média praticada estava na faixa de R$ 20,00 a saca,

abaixo do preço mínimo e inferior à paridade com o trigo importado e muito aquém do custo

de produção de R$ 25,00 a saca.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

20

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Na avaliação da Cotrisoja de Tapera, o preço só não foi menor graças às

exportações previstas. As principais reivindicações e os encaminhamentos apresentadas pelos

presentes foram :

a) Intervenção junto ao Ministério da Agricultura para implementação de instrumentos de comercialização que possam reverter os baixos preços de trigo praticados no mercado gaúcho, da ordem de R$ 20,00 a saca, abaixo do preço mínimo e da paridade do trigo importado.

b) Que o Governo Federal garanta efetivamente o preço mínimo para os agricultores familiares;

c) Que o governo Federal, através da CONAB, e Ministério de Segurança Alimentar e Combate à Fome ( MESA) inclua o trigo na compra direta de toda a produção da agricultura familiar, para garantir renda e recompor estoques estratégicos do Governo Federal, para colocação no Programa Fome Zero.

d) Que o governo do Estado coloque os armazéns da Cesa à disposição dos produtores para formação de estoques estratégicos do Governo Federal, ou arrende para os produtores ou cooperativas.

e) Implantação imediata do seguro renda para os agricultores ( seguro agrícola);

f) Preservar e desenvolver variedades que atendam as demandas da indústria e setor de consumo de farinha e derivados do trigo;

g) Que o governo destine recursos para estudos sobre variedades de trigo que seja resistente a doenças e resistente a chuvas, ou até mesmo pesquisa de trigo transgênico se necessário para dar resistência ao trigo gaúcho;

h) Continuar abrindo mercados em nível internacional para Exportação do trigo gaúcho como forma de garantir melhor preço ao produtor;

i) Iniciar o debate e a inclusão do trigo nos negócios via Bolsa de Mercadorias, transformando em moeda de troca ou melhor, ser mais um instrumento de apoio ao financiamento da safra;

j) A cadeia produtiva do trigo, juntamente com os governos federal e estadual, tem que desenvolver ou colocar em prática um Plano Estratégico para a triticultura brasileira;

k) Criar linha de crédito de apoio à pesquisa e aos produtores para segmentação e segregação do trigo no Estado já para próxima safra.

3.2 EM 15-12-2003: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA DE3.2 EM 15-12-2003: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA DE

VEREADORES DE GIRUÁVEREADORES DE GIRUÁ

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

A audiência pública foi realizada na Câmara de Vereadores de Giruá e contou

com a presença das seguintes entidades: Cotap- Cooperativa Triticola de Giruá – LTDA,

Cotrirosa- Cooperativa Triticola de Santa Rosa, Câmara de Vereadores de Giruá, Sindicato

dos Trabalhadores Rurais de Giruá, Banrisul – Agência de Giruá, Sindicato Rural de Giruá,

Banco do Brasil, Agência de Giruá, Emater- Escritorio de Giruá, Coopermil- Cooperativa

Mista de Santa Rosa LTDA, Câmara de Vereadores de Santa Rosa, Prefeito Municipal de

Giruá, Representante da FecoAgro/RS , representante do Deputado Elvino Bonh Gass e

produtores rurais de Giruá e Santa Rosa.

A mesa dos trabalhos foi composta pelo Deputado Heitor Schuch, relator da

Subcomissão Trigo da Assembléia Legislativa , Prefeito Municipal, Presidente da Câmara de

Vereadores, Representantes dos Sindicatos de Trabalhadores e Sindicato Rural de Giruá.

Na avaliação feita, tanto por parte dos vereadores como pelos representantes

das entidades de produtores rurais, Giruá foi o município que mais cresceu em área cultivada

com trigo no Estado. Segundo os dados apresentados pelo representante da Emater, na safra

1998 eram cultivados 5 mil hectares de trigo e a produção obtida foi de 5 mil toneladas com

uma produtividade média de 1 mil kg/ha. Na safra 2003, foram cultivados 30 mil hectares de

trigo, onde foram colhidas 60 mil toneladas, a produtividade média foi de 2 mil kg/ha. O

crescimento no município foi de 6 vezes a área cultivada em 1998, enquanto a produção

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

cresceu mais de 10 vezes. Significa que os produtores acreditaram e apostaram na cultura do

trigo. Comparando com o crescimento do Estado, este foi de apenas 3 vezes na área cultivada

no mesmo período, e 2 vezes no ganho de produção e produtividade.

A indignação do produtores e da Comissão Municipal do Trigo do Município

de Giruá foi com relação à constante falta de liquidez e principalmente os baixos preços

praticados no mercado na diferentes safras, apesar da produção de trigo no Brasil ser inferior

a 50% da demanda estimada de 10,2 milhões de toneladas. Isso é inaceitável na visão das

entidades e produtores.

No final do encontro, a Comissão Municipal do Trigo do Município de Giruá,

entregou ao Relator da Subcomissão de Trigo na Assembléia Legislativa, uma Pauta de

Sugestões e Reivindicação.

a) Definição da política de comercialização para a cultura do trigo, antes do plantio da safra 2004 e 2005;

b) Disponibilização, em tempo hábil, dos programas governamentais para comercialização tais como:

- Programa de Escoamento da Produção ( PEP )- Leilão de Contratos de Opção;- LEC- Linha Especial de Crédito e Comercialização;- EGF- para cooperativas e indústrias, sendo que para estes últimos, com aplicação dos

recursos limitados ao momento de colheita da safra;- Prolongamento do vencimento dos custeios e trigo para 30/05, de 2004 sem custos

adicionais ao produtor, mantendo os juros contratados no custeio;c) Desenvolvimento de um programa estadual para exportação de trigo e incentivos para as

exportações atuais, de forma que, pela iniciativa privada ou pelas ações governamentais, torne-se um mecanismo permanente;

d) Criação de mecanismo, em nível federal, para tributação do produto importado, promovendo assim a equivalência de preço do produto nacional;

e) Criação de uma CPI da comercialização do trigo em nível estadual e federal, a exemplo do que ocorreu com a criação da CPI da carne;

f) Suspensão da entrada de trigo de outros países, bem como das mesclas de farinhas, no momento da colheita e comercialização da safra brasileira;

g) Estruturação de programa de seguro agrícola com custos compatíveis;

Essas foram as sugestões apresentadas pelas lideranças do Município de Giruá

e Região, como forma de contribuir para a sustentabilidade na produção de trigo, já que o

município apresenta um dos maiores índices de crescimento na produção e produtividade de

trigo no Estado.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

23

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

3.3 EM 25-02-2004: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA EMBRAPA PASSO3.3 EM 25-02-2004: AUDIÊNCIA PÚBLICA NA EMBRAPA PASSO

FUNDOFUNDO

Sob a presidência do Deputado Heitor Schuch, e com a presença dos Senhores

Erivelton Ramon , diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo de Passo Fundo,

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo, Técnicos da Emater/RS, Cooplantio,

além de responsáveis técnicos de cada setor de pesquisa que integram a Embrapa trigo e

produtores da região de Passo Fundo.

A referida reunião teve como objetivo discutir a situação da pesquisa e

extensão rural . Segundo o diretor da Embrapa Trigo de Passo Fundo, a viabilização da

triticultura no Rio Grande do Sul e no Brasil, passa necessariamente por aspectos

fundamentais, ao qual o Centro de Pesquisa tem como meta, colocar à disposição dos

produtores e demais elos da cadeia trigo no Estado. Como entidade pública, entende que o

dever da instituição é dar respostas às demandas dos produtores e demais elos da cadeia trigo

em relação à pesquisa, no sentido de contribuir para o futuro da nossa triticultura.

A entidade, ao longo dos anos, vem desenvolvendo ações na área de Pesquisa e

Desenvolvimento, dando prioridade como ente público a um programa de abrangência

nacional em relação a trigo. O primeiro desafio foi desenvolver variedades de trigo que se

adaptassem às diferentes regiões de produção. O esforço maior foi consolidar as

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

24

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

características já incorporadas ao material nacional , adaptando o trigo a diferentes

ecossistemas. Dentro do Rio Grande do Sul cada região sofre com os diferentes

comportamentos climáticos.

O segundo desafio foi o de incorporar aumento de produtividade. Mais

recentemente, na década de 90 , com o fim do monopólio do Governo Federal na

comercialização de todo trigo produzido no Brasil , o desafio passou a ser a incorporação de

características qualitativas ao trigo nacional que era taxado como de má qualidade. Ainda no

início dos anos 90 a Embrapa disponibilizou trigos com alta força de glúten e estabilidade.

Foram liberados para o plantio cultivares com qualidade para uso na fabricação de biscoitos e

bolos, que exigiam força de glúten baixa, cultivares com características de glúten para

panificação, para massas e cultivares melhoradoras, que misturadas a trigos com

características de qualidades insuficientes, possibilitam elaborar qualquer tipo de produto

industrial derivado de trigo. Segundo a direção da Embrapa Trigo, atualmente a legislação

brasileira incorpora as características de qualidade demandadas pela indústria instalada no

país , permitindo que o Brasil passa a fornecer trigo para outros países o que ocorreu com

mais de 1 milhão de toneladas de trigo gaúcho da safra 2003 onde foi exportado.

No momento atual, o grande desafio que a pesquisa da Embrapa vem

enfrentando e em certos aspectos já superados é na competitividade do trigo . Nosso estado é

o que mais sofre com o problema da competitividade em função das condições climáticas, de

logística, e distância dos centros de consumo. Segundo Benami Bacaltchuk pesquisador da

Embrapa Trigo, a pergunta que mais se repete entre os produtores gaúcho é “vamos conseguir

produzir trigo com qualidade e competitividade para garantir a preservação tanto dos

mercados interno e externo abertos recentemente?” Aí vem a responsabilidade das instituições

de pesquisa onde as mesmas devem priorizar suas atividades em áreas que atendam os

interesses dos vários segmentos do mercado de trigo como: 1) criação de novas cultivares; 2)

qualidade industrial; 3) redução de riscos climáticos; 4) resistência as doenças e pragas; 5)

adaptação aos diferentes ambientes ; 6) tolerância ao complexo de acidez nociva do solo.

Tudo isso visa atender os diversos usos na segmentação de mercado e regiões produtoras no

estado e em outros estados produtores de trigo no Brasil.

Outra ação apontada por Benami foi com relação à redução de custos de

produção que está relacionada aos seguintes aspectos – a) controle biológico de pragas e

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

25

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

doenças; b) sistemas de suporte à tomada de decisões para controle de doenças ; c) redução de

perdas por erosão através do sistema de plantio direto na palha; d) racionalização da

recomendação de adubação; e) redução de consumo de combustível; f) aumento da eficiência

pela capacitação de mão-de-obra; g) redução de uso de mão-de-obra; h) redução de doses de

defensivos; i) redução de perdas na colheita; j) redução de perdas no transporte; k) redução de

perdas em armazéns; l) redução de perdas no processamento; m) integração de lavoura-

pecuária; Ressalta Benami que é preciso as entidades estarem sempre atentas em relação ao

mercado, identificando nichos para produtos diferenciados, novos mercados, exportação,

especialidades e agregação de valores possibilitando a sustentabilidade na produção. A área

de fomento a produção ocupa um destaque importante , tanto pela iniciativa privada,

organização dos produtores, e aquelas ligadas a política de governo como definição de linhas

de crédito, questão tributária, infra-estrutura entre outras que fazem a diferenciação em termos

de buscar a tão almejada competitividade e qualidade na oferta de trigo em nosso Estado.

O diretor da Embrapa Trigo apresentou toda a equipe técnica que pesquisa

trigo, na oportunidade em que apresentaram as principais tecnologias geradas e os desafios

que a entidade vêm desenvolvendo e enfrentando no apoio à produção de trigo.

A missão da Embrapa é “Viabilizar soluções tecnológicas para o

desenvolvimento sustentável do agronegócio de trigo e de outros cereais de inverno, em

beneficio da sociedade”. A entidade gera e disponibiliza as seguintes tecnologias para o trigo

e cultivos de inverno.

3.3.1 MANEJO

A missão é buscar quebra de paradigma, visando aumentar o potencial de rendimento. Gerar

tecnologias e informações colocando a disposição dos produtores, para resolver problemas de

pragas, doenças, ervas daninhas, fatores físico químico, água, luz temperatura entre outros.

3.3.2 CULTIVARES

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

26

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Criação de cultivares que visam dar competitividade paro o agronegócio do trigo. Para tanto

já foram lançadas 58 cultivares de trigo, com ampla adaptação as diversas regiões e que

permitiram expressivo aumento na produtividade e produção de trigo no Brasil.

3.3.3 ZONEAMENTO AGRÍCOLA

A Embrapa Trigo conseguiu, através do desenvolvimento do zoneamento agrícola para o

trigo, reduzir os riscos de perdas na lavoura por adversidades climáticas, propiciando ainda a

redução nas taxas de seguro agrícola no Brasil (Proagro). Através de informações sobre o

comportamento climático, define-se as regiões e suas épocas mais apropriadas para o plantio

do trigo, regiões com maior ou menor potencial de rendimento, indicações tecnológicas para

ambientes diferentes como elementos de tomada de decisão do produtor .

3.3.4 MELHORAMENTO E QUALIDADE ALIMENTAR

A cada ano são lançadas cultivares de trigo próprias para a indústria de panificação, de

biscoitos e de massa, com o intuito de manter e melhorar a qualidade dos alimentos derivados

do trigo. A pesquisa em melhoramento quer disponibilizar ao produtor variedades segregadas

com características desejadas pelo mercado.

3.3.5 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO

A Embrapa Trigo orgulha-se de estar entre as instituições pioneiras no estudo e

desenvolvimento desse sistema. Através de ações multidisciplinares e interinstitucionais, a

Embrapa viabilizou e difundiu o sistema de plantio direto. Em parceria com a indústria,

desenvolveu máquinas mais eficientes e adequadas à realidade do produtor. Continua com sua

equipe de pesquisadores estudando variedades de Kits de plantio que equipam as mais

modernas semeadoras vendidas no mercado.

3.3.6 PROGRAMA MIPGRÃOS ARMAZENADOS

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

27

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Através do manejo integrado de Pragas de Grãos Armazenados, desenvolvido

pela Embrapa Trigo, permite eliminar pragas que atacam os grãos e causam danos estimados

em 10% da produção anual brasileira. Há também as perdas qualitativas provocadas por

pragas que desvalorizam ou desclassificam o grão comercialmente. Com o uso da técnica ,

diminuem-se os riscos à saúde humana e animal e a poluição ambiental, pela racionalização

de uso de pesticidas destinados ao controle de pragas de grãos armazenados. Essa técnica esta

a disposição dos produtores, cooperativas e demais armazenadores tendo como foco a

tolerância zero que visa melhor a qualidade e conservação da matéria-prima trigo e outros

grãos em relação a limpeza, higienização, adequação nas instalações para melhorar o padrão

de qualidade e imagem do trigo gaúcho.

3.3.7 A QUESTÃO DO CONTROLE DE DOENÇAS

A cultura do trigo é susceptível à incidência a uma série de doenças que atacam a cultura e

demandam controle. O desenvolvimento de tecnologias capazes de permitir a preservação da

saúde humana e de animais, bem como do ambiente. O controle biológico de pulgões de trigo

é exemplo disso, é a redução do uso de inseticidas. Em breve o controle biológico de doenças

poderá ser usado em substituição a fungicidas no tratamento de sementes de trigo. Estima-se

que o controle biológico pode incrementar entre 10 a 12% na germinação de sementes e no

rendimento de grãos. O controle e manejo de pragas é um problema para os produtores ,

tecnologias que oneram menos o custo de produção e menos poluentes ao meio ambiente é o

que a pesquisa trabalha, estudando os principais gargalos que ocorrem no campo, no

laboratório e no pós-colheita.

3.3.8 PARCERIAS

A Embrapa Trigo mantém com indústria, empresas e instituições, sejam públicas ou privadas,

na área de pesquisa e extensão rural, agroindústria, produção de sementes, na difusão de

tecnologias que beneficiam os produtores.

3.3.9 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

O centro de pesquisa contribui na formação e capacitação de agricultores, técnicos e

estudantes , através de cursos, treinamentos, dias de campo. Além dessas atividades, coloca a

disposição dos triticultores, uma série de publicações que tratam de resultados de pesquisa ou

novas tecnologias voltadas ao trigo.

Abaixo segue respostas das perguntas enviadas às entidades integrantes da cadeia produtiva

do trigo no Rio Grande do Sul , respondida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Trigo de

Passo Fundo.

1) Quais os principais problemas e desafios enfrentados pelo Centro Nacional de Pequisa de Trigo (CNPT) de Passo Fundo?

Os problemas enfrentados pela Embrapa, nos últimos 5 anos pelo menos, referem-se à disponibilidade de recursos para atender às demandas da sociedade, pois eles estiveram nesse período, muito aquém das necessidades. Técnicamente, os maiores problemas da pesquisa, referem-se às condições de ambiente, que impõem limitações tanto à produtividade (rendimento do trigo) como à qualidade do mesmo. O ambiente (clima) desfavorável favorece a ocorrência de doenças e diminui a qualidade do trigo. A diminuição da qualidade é provocada por doenças, especialmente a giberela, e por chuva na maturação, que provoca a germinação na espiga, alterando a composição protêica do grão.

2) Quais as políticas e medidas de apoio que devem ser implantadas para incentivar a pesquisa em relação a trigo?

As políticas e medidas a serem implementadas poderia ser no tocante ao estímulo de parcerias interinstitucionais, como por exemplo, com a Fepagro e com a Emater. Com a Fepagro, ativando novamente a pesquisa com trigo e, com a Emater, treinamentos com os seus técnicos para o repasse de tecnologias aos produtores, especialmente os da agricultura familiar, incentivando a moagem em moinhos coloniais e o uso da farinha na propriedade. É nosso desejo implementar um programa para a fabricação caseira de pães, biscoitos e bolos e a organização de cooperativas para a comercialização desses produtos, aumentando a renda das famílias. Contatos com a Emater já estão sendo feitas e precisamos agilizar esses processos.Precisamos melhorar a infra-estrutura de armazenamento, para a propriedade e fora dela.Também precisamos criar mecanismos para viabilizar a exportação do trigo para outros estados, usando o produto pelas famílias de baixa renda (mesmo que o trigo não possua qualidade industrial), com características para panificação caseira e fabricação de biscoitos e bolos.Além da exportação para outros estados, poderíamos viabilizar a exportação desse trigo para outros países, criando, assim, mercado adicional para o produto.

Erivelton Scherer RomanChefe GeralEmbrapa TrigoC. Postal, 45199001-970 Passo Fundo - RS

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

3.5 REUNIÃO COM O PRESIDENTE DA APASSUL3.5 REUNIÃO COM O PRESIDENTE DA APASSUL

Em 27 de março de 2004, o relator da Subcomissão do Trigo da Assembléia

Legislativa, Deputado Heitor Schuch reuniu-se em Vacaria com o Presidente da Apassul , Sr

Narciso Barison Neto, para ouvir a entidade sobre a situação da produção de semente de trigo

no Estado.

Na avaliação de Barison Neto o sistema de produção de sementes no Estado

está desarticulado e cada vez mais se desestruturando. Iniciou com a questão das variedades

de soja transgênicas que entraram no Estado sem controle e sem nenhum acompanhamento e

respeito às normas técnicas conforme previa a legislação vigente. O setor de sementes

organizado significa a garantia de proteção dos materiais gerados e colocação no mercado de

produtos com padrões de qualidade, atendendo à demanda cada vez mais segmentada.

Com a nova lei de sementes, teremos um sistema de produção de semente

certificada e um sistema de semente não certificada, porém com controle de gerações. Para

tanto, segundo a Apassul, o sistema de produção de semente não certificada, que

supostamente vai resultar na semente comercial, possui controle de gerações (será produzida

tendo como origem a semente certificada e poderá ser multiplicada, por no máximo, duas

gerações). É importante ressaltar que a semente fiscalizada foi um sistema implantado sem

controle de gerações, que utilizava semente de origem conhecida e controlava a qualidade da

semente produzida, através de padrões de lavouras e de semente. Para o assessor da Apassul,

Antônio Eduardo Loureiro da Silva , há um paradóxo. Entende, como não há correlação entre

controle de gerações e produtividade, a exigência de controle de gerações , também na

semente não certificada é desprezável. O mesmo ressalta que o detentor da cultivar, pode

fazer esta exigência , independente da lei. Esta estabelece que a semente poderá ser produzida

sem ser feita a comprovação de origem genética, quando ainda não houver tecnologia

disponível para a produção de semente genética da respectiva espécie. Além destes dois

sistemas haverá a possibilidade de o produtor produzir a sua própria semente. Ou seja a

semente para uso próprio que foi instituída através do Artigo 10º , da Lei de Proteção de

Cultivares: quantidade de reprodução vegetal guardada pelo produtor, a cada safra, para

semeadura ou plantio exclusivamente na safra seguinte em sua propriedade ou outra qualquer, Relatório Final da Subcomissão do Trigo

Deputado Heitor Schuch, Relator

30

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

para cálculo da quantidade, os parâmetros registrados para a cultivar no Registro Nacional de

cultivares.

Para o especialista em semente, Loureiro da Silva, muitos estão esperançosos

com a nova legislação, pois entendem que haverá maior controle da semente para uso próprio

e consequentemente da semente bolsa branca ( semente com nenhum controle e padrão legal).

Por outro lado esquecem ou ainda não perceberam o custo deste processo e valores das taxas

de serviço público que serão implementadas.

O setor sementeiro do Rio Grande do Sul vive um momento difícil. As taxas de

utilização de sementes vem reduzindo sistematicamente. Barison Neto diz que é preciso

reverter esse quadro. Estima-se 65% da semente de trigo segue os padrões recomendados no

passado. O patamar de uso de semente fiscalizada ultrapassava a 90% de trigo semeada. O

momento é de motivar todos os segmentos do setor de sementes, público e privados,

principalmente as entidades que congregam os produtores rurais consumidores e instituições

de assistência técnica, crédito e extensão rural, para repensarem juntos a forma de ação e

principalmente reformular o sistema de produção de sementes no Estado do Rio Grande do

Sul. Enquanto outros Estados mantiveram suas estruturas públicas funcionando, o mesmo não

aconteceu aqui, onde foram negligenciadas por vários anos ações sistemáticas que davam

suporte ao setor de semente no Estado.

Precisamos gerar novas variedades com alto padrão genético. A genética é o

principal fator na semente. É fundamental que se defina de uma vez por todas a lei de

biossegurança, onde possa ser liberada a pesquisa nacional através da Embrapa e outras

instituições de pesquisa, para evitar a dependência futura a exemplo do que vem acontecendo

com a soja transgênica. Precisamos desenvolver cultivares de trigo resistente a geadas, para

isso é necessário termos nossa ciência própria sem depender de concorrentes ou de terceiros.

Não se pode negligenciar o controle quanto a doenças e quanto a assistência

técnica. É preciso que o poder público exerça seu papel regulamentador e fiscalizador das

normas estabelecidas pelo mesmo. Outro fator fundamental é a base de dados estatísticos de

controle de cultivares disponíveis no mercado a cada safra confiáveis que estejam à

disposição do setor de consumo de sementes. Para que isso aconteça, será necessário a união

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

31

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

em uma bandeira única, setor privado e setor público ambos dando suporte para que o sistema

de produção de sementes funcione.

Todos sabem que nenhuma atividade informal gera tributo, e foge totalmente

do controle de possíveis doenças ou outros fatores que podem gerar insegurança ao produtor e

por conseqüente a sociedade como um todo. A Apassul é contra o caminho da informalidade

e da insegurança.

O grande desafio é desenvolver um Plano Estadual de Reestruturação do setor

de semente no Estado. Assim estaremos evitando que cultivares de trigo continuem sendo

vendidas aos produtores por preços elevados sob alegação que é um produto diferenciado

portando com maior potencial produtivo em termos de produtividade, resistência e de

qualidade, o que na verdade não se confirma na prática. O que se quer é evitar a

desestruturação crescente do setor de sementes e a exploração do produtor e sim colocar a

disposição dos agricultores materiais seguros e a preços acessíveis no mercado que atenda as

demandas do mercado.

Na visão da Apassul, existe uma falha na implementação de política para o

setor de sementes no Estado, apesar dos esforços do poder público. É preciso que o Estado

estabeleça critérios e defina diretrizes para sua atuação na área de semente. Caso isso não

venha ocorrer, risco do descontrole, da desorganização, da falta de dados, é iminente.

QUESTÕES RESPONDIDAS PELA APASSUL À SUBCOMISSÃO DO TRIGO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:

1- Quais os principais problemas, dificuldades e desafios enfrentados pela Apassul no que

se refere À produção de sementes de trigo para atender os produtores, o consumo interno

ou mesmo para exportação da produção de trigo no Rio Grande do Sul?

- Aumento do uso de sementes bolsa branca (produtores sem registro no Mapa e/ou SAA).

- Falta de apoio das entidades de assistência técnica e Extensão Rural.

2- Na visão da sua instituição, quais são as políticas e medidas de apoio que devem ser

implementadas para fomentar o setor de sementes e a produção do trigo como forma de

apoio a produção gaúcha de trigo (setor público e privado )?

- na difusão do uso e na comercialização de Sementes Certificadas ou Fiscalizadas.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

32

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

- na exportação para outros Estados: ICMS incidindo (embora com redução na base de

cálculo) na exportação de sementes de Trigo.

3.6 EM 12 /04/2004 - REUNIÃO DIREÇÃO DA FUNDACEP3.6 EM 12 /04/2004 - REUNIÃO DIREÇÃO DA FUNDACEP

O relator da Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa ouviu o Diretor

da Fundação Experimentação e Pesquisa da Fecotrigo de Cruz Alta, José Riedel, para quem o

trigo passa por três questões chaves:

a) questão técnica – nesse campo, se faz necessário uma maior integração entre a pesquisa, a extensão rural e assistência técnica no sentido de buscar as melhores alternativas para o cultivo do trigo em nosso Estado.

b) questão de logística – somos um Estado que tem uma demanda limitada, a 1 milhão de toneladas, porém nos últimos anos em média importou mais de 500 mil toneladas o que significa que precisamos colocar em outros mercados a cada safra praticamente a metade da produção gaúcha de trigo. Não foi diferente na safra 2003. A posição geográfica do Rio Grande do Sul expõe a fragilidade na competição do nosso trigo com o trigo nacional e o importado.

c) questão de mercado – raros são os anos que os produtores de trigo não enfrentam problemas de liquidez na hora da venda da safra. Talvez o Estado sofre por não ter ainda uma marca forte do trigo gaúcho dentro da nosso potencial. È uma questão cultural nossa que precisa ser avaliada, dadas as condições de solo, de clima e genética – isso não existe no Estado. O exemplo está no mercado Argentino, com a produção do trigo pão e do Canadá com o trigo melhorador.

Para buscar uma identidade do trigo gaúcho, precisamos desenvolver e definir

ou dividir o Estado por regiões considerando suas características de solo e clima para que a

pesquisa possa acompanhar com seus estudos técnicos os cultivares que melhor se adaptem e

respondem a cada ambiente ou região. O foco desse esforço é valorizar o trigo gaúcho para se

tornar um fornecedor de determinado tipo de trigo para o segmento do mercado seja ele

interno ou externo. Sabe-se que a segregação por região é mais difícil de operacionalizar em

detrimento do comportamento cultural dos produtores e dos técnicos. Nesse contexto, terá que

se definir onde pode produzir trigo e onde não pode se produzir trigo – isso é forte para os

produtores entender.

Quem será responsável pela implementação desta proposta: através de um

Fórum conjunto entre entidades de pesquisa e assistência técnica do setor público, privado,

das organizações representativas dos produtores. O primeiro passo é ouvir a base de

sustentação da estrutura atual de suporte financeiro, infra-estrutura como cooperativas,

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

33

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

armazenadores, agentes do mercado, indústria , padarias, entre outros. A partir do consenso

se possível, definir o zoneamento da produção de trigo no Rio Grande do Sul.

Na atual estrutura de produção e no atual sistema de classificação do trigo,

vamos continuar com preços diferenciados, e mais quem garante que vamos ter sempre a

mesma qualidade dadas as condições diferenciadas de clima de solo? Certamente,

precisaremos investir em infra-estrutura em genética e em gestão estratégica.

Mesmo que tal sugestão não venha acontecer, o Estado tem uma função

importante no que refere-se à fiscalização e monitoramento da produção de sementes, sem

atuação ou com atuação tímida, a proliferação de sementes de saca branca crescerá . O

mapeamento da produção de sementes facilitará a adequação na cobrança de royalties em

função da Lei de proteção das cultivares.

A realidade do mercado indica que cada vez mais o controle e a certificação de

produtos é uma realidade, não podemos andar na contramão da história. Não basta boa

vontade é preciso pragmatismo, continuidade de projetos, resultados favoráveis e divisão de

tarefas.

Para finalizar, entendemos que ações centradas nas seguintes questões técnicas

para buscar a tão sonhada sustentabilidade na produção de trigo no Estado são importantes:

1) Qualidade do grão - pesquisa de cultivares resistentes a chuva na colheita e combate a pragas que possam gerar perdas qualitativas e quantitativas do trigo – sem dúvida terá que haver evolução na pesquisa.

2) Doença- o problema da giberella- situação ainda não resolvida que precisa evoluir. A questão da toxina – outro problema que demandará grandes investimentos.

3) Armazenagem – não é de hoje que o diagnóstico aponta para necessidade de investimentos. As estruturas existentes na sua maioria, são frágeis frente as exigências do mercado. Perdas qualitativas depreciam o valor da matéria-prima.

4) Tamanho da área e da safra gaúcha – que alternativa nos resta no Estado, pois temos 5 milhões de hectares, desse total 1,7 milhão de hectares para potencial rotação. Por outro lado, o mercado é restrito a 1 milhão de toneladas – que culturas ou atividades vamos ocupar o restante da área no inverno? O trigo como commoditie significa marca, tipo nessas condições o trigo gaúcho tendo sua marca certamente terá seu nicho de mercado e os produtores não mais serão comprados e sim venderão o seu trigo a um preço diferenciado dentro das características e potenciais existentes.

5) Outro ponto frágil é a falta de laboratórios equipados que expõe as deficiências nas análise das pesquisas desenvolvidas.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

34

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6) Dentro dessa premissa apresentada sugere-se a restruturação do setor de sementes, com atuação mais efetiva do estado nos laudos técnicos buscando sempre a integração com produtores .

7) Sugerimos que o Estado através da Fundação de Pesquisa realize investimento em pesquisa de trigo, com dotação orçamentária ou através de parecerias ou entidades do setor privado.

8) Na logística, o Estado e o governo federal, devem investir na conservação da malha rodoviária e incentivo a outros meios de transporte da safra de trigo que coloque o trigo gaúcho em outro patamar de competição no mercado .

9) Dentro de uma visão de integração setorial por áreas afins, sugere-se que de forma conjunta, se pense estratégias de reestruturação dos centros de pesquisa através de uma central de programas e projetos distribuindo responsabilidades , com aporte de recursos financeiros e humanos para desenvolver dentro de uma gestão eficiente com resultados para toda a cadeia . Isso se viabilizará através de convênios de gestão.

10) Que determinado percentual do imposto de importação de trigo seja repassado para as instituições de pesquisa .

Essas foram as ponderações e alternativas feitas pelo Diretor do Fundacep-Fecotrigo de Cruz Alta, entidade de pesquisa mantida por 40 cooperativas agropecuárias.

3.7 AUDIÊNCIA COM O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,3.7 AUDIÊNCIA COM O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,

PECUÁRIA E ABASTECIMENTO PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

O Deputado Heitor Schuch esteve em audiência no Ministério da agricultura e

Abastecimento no sentido de verificar quais foram as providências tomadas em relação as

sugestões e preposições envidas pela Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa do

RS. Foi recebido pelo Diretor de Abastecimento do MAPA, Sr. José Maria dos Anjos.

O diretor de Abastecimento, informou ao Deputado Heitor Schuch, que o preço

mínimo do trigo para safra 2004 ficará o mesmo, valor de R$ 400,00 a tonelada para o trigo

pão.

O ministério informou ainda que a tendência é de haver escassez de recursos

para atender a demanda a juros de 8,75% ao ano. Disse que a linha Pronaf estaria garantido.

O Deputado manifestou a insatisfação que gerará entre os agricultores se tais

medidas se confirmarem, em especial com relação ao não reajuste no preço.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

36

4 TABULAÇÃO DO QUESTIONÁRIO COM AS ENTIDADES 4 TABULAÇÃO DO QUESTIONÁRIO COM AS ENTIDADES

Após realizarmos audiências públicas e reuniões com entidades que integram a

cadeia trigo, julgamos importante enviar questionários para as principais entidades que

deparam-se com freqüência com problemas relacionados ao trigo, para ouvir seu relato sobre

os principais problemas e desafios que o setor vem enfrentando, e também colher das mesmas

sugestões e proposições.

4.1 FETAG/RS4.1 FETAG/RS

A Fetag/RS encaminha à Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa um

relato dos problemas e desafios que os agricultores familiares enfrentam na produção do trigo

bem como sugestões e proposições e alternativas de políticas a serem implementadas para a

retomada e fomento a produção de trigo em nosso Estado.

1- Quais os principais problemas e desafios enfrentados pelos agricultores familiares na visão da Fetag/RS? • Em anos de safra boa, como a de 2003, os agricultores enfrentam problemas de não ter

para quem vender o produto.

• Dificuldade dos agricultores em acessar as tecnologias de ponta para o trigo embora

muitos deles conseguem aplicar.

• Com freqüência os agricultores enfrentam excesso de chuvas na colheita.

• Permanência de doenças como a giberela que exige tratamentos e onera o custo da

lavoura.

• A cada safra os custos dos insumos básicos aumentam mais que a inflação e supera os

aumentos do preço do trigo no mercado.

• Preços baixos no pico de oferta da safra gaúcha, ficando abaixo do preço mínimo e abaixo

do custo de produção e também do preços de paridade do trigo importado, gerando

prejuízos ao setor .

• Concorrência desleal de trigo importado que entra no brasil com o auxilio de subsídios

praticados nos países fornecedores do cereal que refletem no mercado interno do trigo.

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• Apesar de ter avançado em alguns aspectos, perdura a burocracia no acesso ao crédito e

pior, exigência por parte dos agentes financeiros de reciprocidade.

• Baixo percentual de recursos da linhas Pronaf, e das linhas do crédito rural, destinado para

agricultura familiar representando menos de 20% do total de custeio aplicado no estado,

representando em valor apenas R$ 44 milhões contra um valor R$ de 252 milhões

investidos .

• Deficiência na armazenagem, o agricultor familiar não tem estrutura para armazenar a

safra de trigo, com elevadas taxas cobradas no armazenamento.

• Fragilidade e Ineficiência de um seguro agrícola que dê segurança ao agricultor familiar

em investir e aumentar o nível de produção.

• O trigo é uma atividade de elevado risco, dado as variações climáticas.

• Falta de um diálogo mais efetivo entre os produtores e indústria, o agentes do mercado

para definir qual o tipo de trigo que deve ser plantado.

• Dificuldade de análise laboratorial no momento da entrega da safra junto a cooperativas

ou empresas compradoras do cereal, isso deprecia o valor do produto.

2- Quais as principais políticas e medidas de apoio que devem ser implementadas para

incentivar a produção de trigo pelos agricultores familiares no RS?

A Fetag/RS sugere as seguintes proposições :

• Incluir no programa troca-troca da Secretaria da Agricultura do Estado, a semente e

insumos para o plantio do trigo destinado aos agricultores familiares.

• Que o governo do Estado, reformule o programa estadual de seguro agrícola vigente

através de subsídio ao prêmio , no sentido de ampliar seu grau de abrangência, para o trigo

é imprescindível o seguro pelo fato de ser uma atividade de alto risco.

• Que a Embrapa concentre e amplie a pesquisa em trigo para gerar tecnologias que sejam

adequadas e aproprias aos agricultores familiares .

• Que o governo federal, agilize o processo de regulamentação do seguro agrícola, para que

o mesmo seja implementado imediatamente.

• Que o governo federal defina uma política que seja duradoura de aquisição de toda a

produção de trigo gerada pelos agricultores familiares caso os preços no mercado forem

inferiores ao preço mínimo ou abaixo do preço da paridade do trigo importado.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

38

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• Que o governo do Estado, através da Emater amplie os serviços dando prioridade na

assistência técnica aos agricultores familiares, para repasse de tecnologias mais

apropriadas e atuais em relação a trigo, e que ações sejam planejadas e executadas

conjuntamente com a Fetag/RS de acordo com o Protocolo de Cooperação Técnica já

existente.

• Que o governo do Estado aporte mais recursos para que a Fepagro possa desenvolver e

ampliar a pesquisa em trigo.

• Que o governo do Estado faça contratos de cooperação técnica para desenvolvimento da

assistência técnica e pesquisa junto as entidades representativas dos agricultores com a

finalidade de melhor a renda do agricultor e o nível tecnológico da atividade trigo.

• Que as indústrias gaúchas, gaúchas dê preferência pela compra da safra de trigo gaúcho.

• Que seja criado um grupo de trabalho , com a participação do setor de governo, pesquisa,

assistência técnica, agricultores, agentes do mercado, setor moageiro, consumidores,

panificadores , para debater os gargalos e alternativas de fomento a produção e

desenvolvimento da cadeia trigo no estado e que o mesmo seja coordenado pela Câmara

setorial do trigo e Secretaria da Agricultura.

4.2 FECOAGRO/RS 4.2 FECOAGRO/RS

A FecoAgro/RS é a entidade sucessora da Fecotrigo no Estado que exerceu no

passado um papel preponderante na definição das políticas voltadas para o trigo. Na visão da

Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul- FecoAgro/RS,

os principais problemas e desafios enfrentados pelos produtores e cooperativas de trigo são:

• falta de uma política adequada de preços;

• dificuldade na comercialização da safra;

• altas taxas de juros no crédito de custeio e de comercialização;

• excesso de chuva na colheita;

• crédito insuficiente para:

• custeio, investimento e comercialização do trigo no estado;

• alto custo da lavoura;

• deficiência na classificação no momento da recepção do produto dado a deficiência de

estrutura no recebimento e na armazenagem;

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

39

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• falta de seguro agrícola adequado para trigo;

• Proagro inadequado;

• falta de uma maior integração da cadeia apesar de ter melhorado a cada ano;

• dificuldade de controlar o padrão de qualidade;

• duplicidade de análise do produto;

• tributação desigual ( interna e externa);

• alta carga tributária local

• fretes elevados – elevado custo Brasil;

• deficiência técnica na armazenagem do trigo;

• desestruturação do sistema de produção de sementes;

• concorrência desleal com o trigo importado e na farinha;

• falta de política de escoamento da safra;

• produtividade do trigo ainda baixa;

• ações limitadas da pesquisa e extensão por falta de investimentos e recurso financeiros e

de RH;

• ausência de políticas de estoques estratégicos;

• burocracia no acesso ao crédito;

• perdas na colheita;

• perdas na armazenagem e elevados custos de manutenção de estoques e conservação do

grão em períodos longos de estoques.

• Quebra de contrato entre vendedores e compradores de trigo no momento da entrega do

produto.

• Colheita concentrada o que leva um fluxo intenso de descarga;

• Produtos com características diferentes chegando ao mesmo tempo;

• Níveis variados de tecnologias nas propriedades ;

• Necessidade de secagem na colheita ;

PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS

• desemprego;

• reduz a competitividade das lavouras de verão , soja e milho entre 15 e 20% ;

• menos alternativas de produção no inverno;

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

40

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• menos renda ao produtor;

• êxodo rural;

• maior dispêndio com importações;

• desestruturação da triticultura;

• ociosidade na indústria moageira;

• desestímulo do produtor;

• redução da área plantada ;

• excesso de dependência de matéria-prima importada;

• mercado conturbado;

• perdas de arrecadação de impostos;

RELACIONAMOS E SUGERIMOS AS SEGUINTES SUGESTÕES PARA POLÍTICAS E MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA O FOMENTAR A PRODUÇÃO DE TRIGO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

• organizar a cadeia trio no Rio Grande do Sul;

• realizar campanhas junto à sociedade para demonstrar a importância sócio-econômica do

trigo para o Estado;

• revisão da política tributária na esfera federal e estado para o setor trigo, estabelecendo

igualdade de tratamento tributário;

• implementar políticas de viabilização da cultura através de plano plurianual;

• qualificar a estrutura de análise e de armazenamento do cereal, modernizando o setor com

novos investimentos ;

• avançar na profissionalização da cadeia trigo;

• estudar demandas de trigo interna e externa conforme segmentação do mercado;

• avançar na profissionalização dos produtores de trigo;

• mapear as demandas dos clientes para estruturar a lavoura por tipo de grãos demandados

pelo mercado;

• crédito para desenvolvimento e uso de novas tecnologias;

• mais crédito para custeio, comercialização, investimento para política de modernização e

adequação do sistema de armazenagem;

• salvaguardas para o trigo gaúcho e brasileiro;

• tarifação compensatória;

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

41

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• que seja criado um grupo de trabalho coordenado pela Câmara Setorial Estadual do Trigo,

onde com a participação dos produtores, cooperativas, indústria moageira, setor de

panificação, consumidores, governo do Estado e federal, setor de pesquisa e assistência

técnica, para tratar dos problemas e possíveis alternativas de solução para os entraves que

a cadeia enfrenta.

• Melhorar a comunicação entre os produtores, pesquisa e comercialização, no que refere

aos parâmetros para determinação das classes pão e brando e outros tipo;

• Estabelecer uma metodologia para avaliação do fluxo de comercialização e sua liquidez

comercial de cada variedade de trigo gaúcho enquanto a mesma esteja sendo avaliada nas

questões técnicas de cultivo.

• Pensar na redução do número de variedades, com a finalidade conseguir um melhor

uniformidade dos lotes a serem comercializados;

4.3 SINDITRIGO 4.3 SINDITRIGO

As sugestões e preocupações apontadas pelo Sindicato da Indústria de Trigo do

Rio Grande do Sul- Sinditrigo fazem parte do seu planejamento realizado em 2003 que

contou com a participação de todos os elos da cadeia trigo no Estado onde foram apontadas as

seguintes proposições.

1)PROMOVER A QUALIFICAÇÃO TÉCNICA, UNIFICAÇÕ E DIVULGAÇÃO DE

CONCEITOS TÉCNICOS PARA A CADEIA TRIGO GAÚCHO ATRAVÉS DE:

• reativar o Propan para médios e pequenos negócios visando capacitar as médias e

pequenas empresas;

• realizar cursos específicos para o segmento;

• promover curso de tecnologia de alimentos, com ênfase no segmento trigo;

• implementar programa de estágios em pequenos negócios;

• integrar as áreas técnicas;

• ordenar a realização de eventos da cadeia trigo;

• promover a criação de parceria entre pesquisa- moinhos- produtores- cooperativas e

insumos.

• disponibilizar treinamento aos profissionais da cadeia trigo;

• desenvolver a capacitação da mão-de-obra; Relatório Final da Subcomissão do Trigo

Deputado Heitor Schuch, Relator

42

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

2) DESENVOLVER CAMPANHA DE MARKETING PARA AUMENTAR O

CONSUMO DE DERIVADOS DE TRIGO

• promover a abertura da colheita do trigo;

• divulgar os benefícios dos derivados e quebras de tabus ;

• desenvolver produtos de maior valor nutricional como linha institucional;

• assegurar a participação ativa dos derivados de trigo no programa Fome Zero e merenda

escolar;

3) AMPLIAR A INTEGRAÇÃO DA CADEIA DE TRIGO DO RIO GRANDE DO SUL

• realizar reuniões com formadores de opinião unificando interesses (fabricantes de pães,

biscoitos, panificadores, moinhos, produtores, cooperativas, pesquisa) , envolvendo todos

os segmentos para reivindicar interesses comuns;

• integrar moinhos, comerciantes, pesquisa e produtores;

• reativar a câmara setorial do trigo ;

• levar informações a toda à cadeia trigo;

4) QUALIFICAR , CLASSIFICAR E CERTIFICAR O TRIGO GAÚCHO

• conscientizar os centros de pesquisa, produtores e cooperativas de produtores e

armazenadores;

• aplicação da portaria de classificação;

• segregar na armazenagem conforme a finalidade de uso;

• certificação do trigo na origem - unidades armazenadoras;

• manter o Proazem para ampliar o volume de recursos para armazenamento;

5) ASSEGURAR RECURSOS PARA A PESQUISA DO TRIGO

• assegurar regularidade no fluxo de recursos governamentais para a pesquisa;

• assegurar uma participação mais ativa da iniciativa privada no desenvolvimento da

pesquisa através de parcerias;

• aumentar a produtividade e a qualidade do trigo;

6) ENCAMINHAR PAUTA DE REIVINDICAÇÕES VISANDO A

COMPETITIVIDADE DA CADEIA TRIGORelatório Final da Subcomissão do Trigo

Deputado Heitor Schuch, Relator

43

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• articular pauta conjunta de reivindicações entre Moinhos, Produtores de trigo e Indústrias

de derivados;

• assegurar preço mínimo que remunere os custos de produção;

• elaborar uma pauta para importação de trigo e derivados;

• equalizar a tributação dos produtos da cesta básica;

• proteção do mercado local contra subsídios praticados em outros países;

• buscar a equiparação tributária nacional e internacional;

• gestionar a revisão do Proagro ;

Prezado Senhor,Deputado Estadual Heitor SchuchRelator da Subcomissão de Trigo Conforme combinado, encaminhamos as referidas respostas. Atenciosamente, SINDITRIGO-RS -------------------------------------------------------------------------------------

Resposta -Pergunta 1: Quais os principais problemas, dificuldades e desafios enfrentados pelas indústrias na produção de farinha de trigo no Rio Grande do Sul?

O maior desafio da Cadeia Trigo é promover o aumento da demanda no final da Cadeia, representado pelos produtos industrializados (que possuem como matéria-prima base a farinha de trigo) dirigidos através do pequeno e médio varejo, como padarias, mercados e supermercados com padaria própria e pequenas indústrias de alimentos em geral que possui carências voltadas para a qualificação da mão-de-obra e pela quase ausência de planejamento de marketing e vendas, constituindo uma "represa" de potencial para consumo, não obstante a participação das grandes industrias de pães, massa e biscoitos no mercado. Analisando-se a cadeia trigo nos últimos anos, observa-se um crescimento do setor produtivo de trigo, com a incorporação de novas tecnologias e variedades as quais vem, cada vez mais adequando-se às necessidades do setor moageiro, que foi o elo da cadeia que mais evoluiu, apresentando até ociosidade de sua capacidade instalada justificada pelas carências acima citadas, pelo próprio mercado importador de farinhas de outros países, dentre outras dificuldades que constituem o atual cenário da competitividade: -Infra-estrutura de transporte ferroviário deficiente; -Alto custo de transporte-navegação lacustre(Rio Grande-Porto Alegre); -Falta (ainda que menor) de trigos para panificação; -Problemas tributários internos e interestaduais; -Concorrência da farinha da Argentina subsidiada;

Resposta-Pergunta 2:

Na visão da sua instituição, quais são as políticas e medidas de apoio que devem ser implementadas para incentivar a produção de trigo e fortalecimento do setor da indústria gaúcha de farinha e dos panificadores para atender o consumidor final dos derivados do trigo ( setor público e privado) ?

Analisando as mudanças do mercado nos últimos 10 anos, onde observa-se uma tendência cada vez maior do consumo de produtos prontos e semi-prontos para consumo, conclui-se a importância cada vez maior do produto preparado(industrializado). Desta forma, lê-se como principal item desta classe de produtos, "o pão", acompanhado de suas variações e derivados. Para termos uma idéia, o consumo de pão no Brasil é muito baixo, comparado com as médias mundiais, o que projeta uma possibilidade pessimista de, no mínimo dobrar o consumo destes produtos. Este baixo consumo,

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

44

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

comparativamente a outros países, está relacionado com a diferença na qualificação da mão-de-obra, já que em termos tecnológicos de equipamentos e instalações, as diferenças são mínimas. Mão-de-obra qualificada permite agregar ao produto final três itens que são fundamentais para garantir o alto consumo: Qualidade, padronização e variedade de produtos, que na pequena empresa e varejo de alimentos, podemos constatar problemas em relação a estes itens. Sendo assim, podemos indicar: -A implementação de um grande projeto de qualificação de mão-de-obra para a pequena e média empresa de alimentos; -A implementação de projeto de incentivo ao consumo de pães e derivados, subsequente ao projeto acima citado; - Inclusão de pães e derivados na merenda escolar; - Implementação de projetos e ações da Cadeia Trigo que influenciem na solução dos problemas relacionados a infra-estrutura e custos de transporte, produção de trigos para panificação e concorrência das farinhas argentinas.

Essa foi a contribuição que o Sindicato da indústria de trigo encaminhou para a Subcomissão de Trigo da Assembléia Legislativa como forma de colaborar para fomentar a produção de trigo no Rio Grande do Sul.

4.4 FARSUL4.4 FARSUL

Resumo das respostas do questionário respondido pela Farsul para constar

neste Relatório onde constam as principais sugestões da entidade.

Principais problemas da cultura do trigo:

• - Falta de política definida de comercialização;

• - Alto risco de perdas por adversidades climáticas;

• - Falta de seguro que garanta os investimentos de custeio;

• - Falta de recursos suficientes para desenvolvimento da cultura.

Políticas e medidas Importantes:

• Implementação de política de garantia de comercialização;

• Manutenção do Contrato de Opção do governo federal;a) entendimento prévio da cadeia;

b) determinação de preços mínimo adequados.

• Criação e implementação de seguro de garantia da produção;

• Disponibilização dos recursos necessários, com acesso para todos;

• Garantir a via de exportação

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

45

11 LOGÍSTICA E INFRA-ESTRUTURA PARA O TRIGOLOGÍSTICA E INFRA-ESTRUTURA PARA O TRIGO

Tanto os produtores como os exportadores ,operadores de mercado de trigo, e

indústrias queixam-se da ineficiência ou morosidade do setor público na promoção de

melhoria na logística e infra-estrutura.

“A falta de continuidade administrativa, legislação que privilegia o

corporativismo, distorções das políticas de investimentos, recursos alocados em

obras que servem muitas vezes apenas para manter à ineficiência e ao mão

gasto”.

Na visão dos operadores dos portos e do mercado, o Estado deve apenas

exercer seu papel de controlador dos portos, deixando para a iniciativa privada as operações.

Assim o Estado preserva seu papel de controlador de forma neutra e com tratamento igual a

todos os operadores de portos. “ A sugestão é que as estruturas públicas nesse setor, seja

arredado as instalações e equipamentos para iniciativa privada, isso possivelmente reduzirá

custos ao poder público, e poderá aumentar a eficiência nas operações”.

A grande luta , conjunta, entre o produtor, operadores e Estado, e agentes do

mercado de trigo é para buscar a “ competitividade do trigo gaúcho no mercado interno e

externo” . É preciso que os processos na logística sejam mais ágeis .

Há deficiências como o calado nos portos, que reduz o poder de carga dos

navios, o que encarece o valor do frete.

No caso do trigo, é necessário pensar na possibilidade de interiorização com

uso de modais possíveis – rodoviários, hidroviário e ferroviário. No Estado e país, ainda falta

uma cultura portuária, sobre a importância de um porto e de uma política portuária nacional.

Tanto o mercado interno de trigo como o mercado internacional, exige cada

vez mais velocidade na logística como fator de competitividade. Outro fator limitador para o

transporte do trigo gaúcho para outras regiões do país é o imposto de renovação da marinha

mercante, de 25% sobre o valor do frete, o governo deveria retirar este tributo e tornar os

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

fretes mais competitivos.

Outro dado que preocupa os produtores e agentes do mercado de trigo, é o

transporte e a estocagem dos produtos de uma forma geral que consomem em média 27% das

receitas. Na Europa, esse percentual é de apenas 9% . Como as indústrias ou exportadores de

trigo gaúcho poderão ter preços competitivos para outras regiões do mercado interno e

externo se na corrida por mercados já parte com uma desvantagem como essa? A deficiência

e ineficiência no transporte, resulta em prejuízos significativo aos produtores, indústrias e a

cadeia de trigo do Rio Grande o Sul frente aos demais mercado de trigo seja ele interno ou

externo.

É preciso que o Estado resgate a importância da multimodalidade ( uso

integrado de rodovias, ferrovias, hidrovias), para facilitar o escoamento da safra de grãos do

interior do estado até o porto com valor de frete menor.

Segundo dados da Associação Brasileira de Terminais Portuários ( ABTP)

mostra que 90% do transporte de mercadorias dentro do Estado são realizadas através de

rodovias, 7% e feito via ferroviária e 3% por hidrovias.

No Estado, existem 11,8 mil quilômetros de rodovias estaduais mais 984

quilômetros de rotas federais. Os demais modais de transporte a oferta é menor, são 3.100

quilômetros de ferrovias e aproximadamente 750 quilômetros de hidrovias ( sendo que alguns

trechos só é possível navegar com a maré cheia). Há no estado ainda a baixa qualidade da

infra-estrutura oferecida principalmente na conservação das estradas.

Dados recentes divulgados pelo Secretário dos Transporte do Rio Grande do

Sul, mostrou que 52% das estradas gaúchas estão em bom estado. Outros 33% foram

considerados regulares e 15%, ruins. Esses números indicam que somente a metade das

nossas rodovias estão em condições normais de trafegabilidade.

O setor de logística e infra-estrutura no estado, enfrenta problemas sérios de

conservação, de necessidades urgentes de reparos, tem muito ainda que melhorar para dar o

tão esperado diferencial aos produtos gaúchos colocados em outros mercados.

Relatório Final da Subcomissão do Trigo

Deputado Heitor Schuch, Relator

47

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Abaixo, a resposta do terminal Termasa e Tergrasa de Rio Grande.

Excelentíssimo Sr Deputado Heitor Schuch:

Atendendo à vossa solicitação, estamos lhe enviando as respostas do questionário da Subcomissão Trigo da Assembléia Legislativa, que foi enviado ao Sr. Caio Cesar F. Viana.. Tendo conhecimento de sua importância para nosso estado e país, anexamos.

QUESTÕES :

1. Quais os principais problemas, dificuldades e desafios enfrentados pela Termasa e Tergrasa no

que se refere a logística e escoamento da safra destinada para outros estados ou para exportação

da produção de trigo no Rio Grande do Sul ?

TERMASA e TERGRASA não tiveram nenhuma dificuldade em operacionalizar internamente as

1.300.000 Ton que recebeu em 2003/2004 para exportação. Os dois gargalos mais críticos ocorreram por

conta da precariedade da Rodovia BR/392 trecho entre Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista, e a falta de

drenagem do canal de acesso do Porto de Rio Grande, que manteve por diversas vezes navios presos sem

condições de saída aguardando marés Altas, problema que foi solucionado posteriormente ao nível de 40 pés

de profundidade.

2. Na visão da sua instituição, quais são as políticas e medidas de apoio que devem ser

implementadas para facilitar a logística do trigo como forma de apoio à produção gaúcha de trigo

(setor público ou privado) ?

Uma das questões primordiais de políticas públicas para apoiar não só o trigo

mas todas commodities agrícolas, é o aprofundamento do porto de Rio Grande para 43-44 pés

e manutenção das vias rodoviárias pluviais em condições plenas de uso.

Essa foram as sugestões encaminhadas pelos Terminal portuário, Termas e

Tergrasa , responsável pela maioria das operações de exportação de trigo realizadas neste ano

para o mercado interno e principalmente para o mercado externo.

5.1 CONTRIBUIÇÃO DA BOLSA DE MERCADORIA E CORRETORES5.1 CONTRIBUIÇÃO DA BOLSA DE MERCADORIA E CORRETORES

SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DO TRIGO SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DO TRIGO

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

48

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Não existe uma cultura por parte dos produtores em negociar sua safra através

da Bolsa de Mercadorias. Atualmente o que e feito via Bolsa são os Leilões de Trigo através

da CONAB, para operacionalização dos contratos de opção ou operações de AGF ou EGFs. É

importante que seja aberto uma janela para que os produtores de trigo realizem operações de

venda de trigo via Bolsa. Tratativas vem ocorrendo para que isso seja efetivado. As vendas só

vão acontecer se houver um conscientização e aceitação pelos produtores e indústria. Temos

que mostrar ao setor produtivo que a venda via bolsa é um espécie de financiamento, fator

positivo neste momento de escassez de recursos via crédito rural para custeio das safras. É o

caminho para o autofinanciamento.

Muitos produtores firmam negócios chamados de gaveta. Os contratos de

compra e venda realizadas via Bolsa, gozam de plena garantia. As operações são transparente

e tem confiabilidade. Transparência no sentido que todos os que operam no mercado nesta

modalidade, tem acesso as posições de oferta e demanda e níveis de preços e a operação é

igual para todos. Têm confiança porque têm parâmetro de preços e as negociações são

realizadas com indicativo de quanto vale o produto no mercado.

5.2 FORMAÇÃO DE PREÇOS 5.2 FORMAÇÃO DE PREÇOS

O mercado de trigo gaúcho é limitado ao consumo mensal da ordem de 70 mil

toneladas mês o equivalente entre 800 e 900 mil toneladas ano destinado a moagem. O Rio

Grande do Sul, depende de preços de outros mercados, interno e externo. Ficamos na

dependência da demanda da indústria e a demanda é diluída ao longo dos 12 meses do ano o

que reduz a liquidez . Além desses fatores, estamos sujeitos a variações climáticas , geadas ,

chuvas na colheita apesar de já possuir trigo mais resistentes.

Nosso trigo é taxado e classificado no mercado como fraco, claro, e com maior

oferta de produto com característica de brando. Os moinho de fora do Estado ditam os preços

pela competitividade que possuem na venda da farinha que é determinada pelo fator

localização e tributação diferenciada.

Fato novo ocorreu a partir de outubro de 2003, passamos a exportar trigo. A

expectativa no mercado é se vamos repetir ao vendas internacionais em 2004 e se teremos

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

49

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

novamente uma safra com produto de boa qualidade como obtido na safra 2003, ou se vamos

competir com outros fornecedores que ocupam fatia no mercado internacional, que poderão

voltar a fornecer a preços menores?

Além das exportações a intervenção do governo com mecanismo de

sustentação de preços, fizeram com que os preços não caíssem mais.

5.3 SUGESTÕES E PROPOSTAS5.3 SUGESTÕES E PROPOSTAS

• - Que o famoso custo-Brasil seja reduzido, desonerando o setor produtivo, dando

competitividade ao produto nacional.

• Que o valor dos pedágios sejam diferenciados para o transporte da safra .

• Que a tributação sobre o frete seja diferenciada para que se possa reduzir o valor do

mesmo.

• Que os governos federal e estadual façam manutenção e conservação das rodovias.

• Que haja mais negociação e acordo entre produtor, armazenador, cooperativas e

indústrias para dividir os custos do carregamento dos estoques ao longo do ano.

5.4 PERFIL DO SETOR DE PANIFICAÇÃO NO ESTADO5.4 PERFIL DO SETOR DE PANIFICAÇÃO NO ESTADO

Um mercado que vem mudando seu perfil , novos competidores ganham

espaço, é o de massas de pão congeladas e pré-prontas. Sua fabricação é realizada em fornos

de pequeno porte e baixo custo, expandindo-se cada vez mais em pequenos comércios,

competindo com padarias tradicionais e com redes de supermercados.

A média de consumo brasileiro de consumo de pão é de 27 quilos per capita.

No Rio Grande do Sul, a média de consumo é de 37 quilos anuais. Isso representa dois

pãezinhos de 50 gramas por dia.

A organização mundial da saúde recomenda o consumo de pelo menos 60 kg

por habitante ano.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

50

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Para o Sindicato das Indústrias de Panificação ( Sindipan/RS), o pão

congelado não representa concorrência às padarias tradicionais. O que mais preocupa é o

mercado informal, pois cerca de 40% dos produtos seriam oriundos de estabelecimento

irregulares. Grandes quantidades de pães são vendida nos grandes centros como Porto

Alegre, sem origem, com nenhum tipo de higiene. Há uma verdadeira guerra de preços entre

os pequenos estabelecimentos.

O setor enfrenta dificuldades de repassar para o preço final do pão os

constantes aumentos dos custos como energia elétrica e tributos. A guerra de preços e o

baixo consumo tem levado ao fechamento de muitas padarias no Estado.

O Sindipan/RS tem cadastradas 5,5 mil padarias, que geram 40 mil empregos.

Supõe-se que outras 1,5 mil estariam funcionando de forma clandestina.

Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria

revela que são três os segmentos que operam com a venda direta ao consumidor – padarias,

supermercados e pontos de venda de massa e pão congelado. Sendo que as padarias ainda são

preferidas por 79,5% dos moradores de Porto Alegre como local para compra do pão, 13,7%

optam pelo supermercados e 6,8% são indiferentes quanto ao local de compra.

Segundo os dados do Centro de Estudos e Pesquisa da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul, o preço do pão subiu menos do que a média da inflação nos últimos 10

anos na Região Metropolitana e Porto Alegre. Enquanto o preço do pão subiu133,3%, o

Índice de Preços ao Consumidor ( IPC) no mesmo período variou 188%.

Há uma busca pela qualificação por parte das padarias, no sentido de melhorar

a gestão, controlar processos, para aumentar as vendas e os lucros.

O setor entende que tem espaço para aumentar o consumo de pão , mas a crise

que as pessoas enfrentam não permite o aumento das vendas no curto prazo.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

51

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6 RESUMO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS 6 RESUMO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS

PELOS TRITICULTORES E DEMAIS ELOS DA CADEIAPELOS TRITICULTORES E DEMAIS ELOS DA CADEIA

TRIGO NO RIO GRANDE DO SULTRIGO NO RIO GRANDE DO SUL

Concluída a etapa de ouvir os produtores e lideranças que representam os

triticultores no Estado sobre as dificuldades que enfrentam ao longo dos anos em relação à

comercialização da safra gaúcha, bem como das ponderações trazidas pelos demais elos da

cadeia trigo, julgamos ser importante registrar, neste trabalho, os problemas vivenciados na

visão dos produtores, das industrias , dos agentes de mercado, dos operadores da logística,

dos agentes da pesquisa e das entidades representativas dos produtores.

A relevância das informações, sob nossa ótica, será de grande valia para a

formulação das conclusões a serem apresentadas.

Cada segmento envolvido na cadeia trigo que participou direta ou

indiretamente dos trabalhos da Subcomissão do Trigo, forneceu subsídios que servirão como

proposições e alternativas para ações imediatas, com o objetivo de garantir a sustentabilidade

da produção de trigo no Rio Grande do Sul.

6.1 NA VISÃO DOS PRODUTORES DE TRIGO6.1 NA VISÃO DOS PRODUTORES DE TRIGO

6.1.1 PRODUÇÃO

No cenário atual, observa-se que a produção no Estado foi de 2,3 milhões de toneladas, contra

uma demanda anual da ordem de 1,1 milhão de toneladas. Tal situação contribuiu para que os

preços recebidos pelo produtores na safra 2003 fossem abaixo do preço mínimo definido pelo

governo federal, de R$ 400,00 a tonelada , abaixo do custo de produção de R$ 25 a saca. e

abaixo do preço de paridade com o trigo importado, gerando insatisfação aos produtores.

6.1.1.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

52

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Definição, por todos os elos que integram a cadeia trigo no Estado,

de um plano plurianual de produção de trigo, bem como uma política de controle e tamanho

das safras, que seja capaz de garantir o abastecimento interno (Estado e Brasil) e também

exportar se necessário, visando a garantia de preços remuneradores ao trigo.

Que o governo do Estado amplie a abrangência do seguro agrícola e

que o governo federal, ainda nesta safra, comece a operar com o seguro de renda ao produtor ,

diferente do Proagro, que protege mais os agentes financeiros.

6.1.2 MERCADO

Com relação ao mercado gaúcho de trigo, verificou-se falta de

liquidez nos meses subsequentes à colheita, desinteresse dos compradores pelo trigo gaúcho,

muitas indústrias estavam abastecidas com trigo da safra anterior e de trigo importado. Isso

fez com que o produtor recebesse preços na faixa de R$ 20,00 a saca (vide anexo II) muito

aquém dos custos de produção. Por outro lado, o preço do pão de 50 gramas nas padarias e

derivados do trigo da própria farinha, não baixou para os consumidores.

Diante da falta de liquidez no mercado, restou os produtores e

cooperativas e agentes do mercado, optar pela exportação de 1,3 milhão de toneladas de trigo

gaúcho, fato histórico.

6.1.2.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Em relação ao mercado interno, dever ser adotadas medidas de apoio

à transferencia do trigo gaúcho para outras regiões de grande consumo, através de incentivos

via infra-estrutura e logística e também na questão tributária.

Também são necessárias linhas de crédito para adequação técnica no

parque de armazenagem, para garantir a segmentação e tipificação da matéria-prima a fim de

atender as necessidades do mercado.

Liberação de recursos para EGF para produtores, indústria,

cooperativas e demais agentes do mercado, para comercialização da safra , bem como para

EGF semente, em montante suficiente para atender o cultivo da área planejada e em tempo

hábil.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

53

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Com a segmentação da matéria-prima, revisar a forma de

classificação do trigo como forma de valorizar o trigo gaúcho, que serve para abastecer os

vários segmentos de mercado, mas que na hora do produtor vender a safra o preço ofertado é

diferenciado, por ser um produto para outros usos que não seja para o pão.

• Garantia de aquisição pelo governo do trigo da agricultura familiar ao preço mínimo ,

caso os preços no mercado forem inferiores aos praticados internamente.

• Revisar a portaria de classificação, visando reduzir os deságios e valorizar o trigo brando.

• Manter a TEC em 13% nas importações de trigo procedente de terceiros mercados.

• Criar mecanismo que proíba a entrada de farinha pré-mistura procedente da Argentina.

• Que o governo federal adote rígido controle fitossanitário na entrada do trigo importado

seja ele de qualquer origem.

• Que sejam mantidos em vigência e acionados, se necessário, todos os instrumentos de

apoio à comercialização da safra que proporcionem liquidez na comercialização ( EGF,

AGF, contrato de opção, LEC, CPR, PEP)

6.1.3 PROGRAMA DE INCENTIVO À PRODUÇÃO DE TRIGO

Há anos, o Brasil desponta como um dos países que mais importa trigo no mundo.

Existe um quadro de desequilíbrio entre oferta e demanda interna, onde anualmente são

importadas 7 milhões de toneladas gerando um dispêndio da ordem de US$ 1 bilhão. No

entanto, não temos uma definição de uma política de estoques estratégicos por parte do

governo federal, para garantir o abastecimento do mercado e regular preços. Geralmente os

recursos bancários para financiar o custeio e a comercialização da safra são em quantidade

inferior à demanda, falta de adequação técnica no parque de armazenagem, sem contar com

problemas de ordem climática e de doenças que afetam a lavoura de trigo.

6.1.3.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

É fundamental que seja posto em prática o plano plurianual para o

desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo no Brasil, apresentado pelo setor ao governo

federal, onde estabelece estratégias e metas para os próximos cinco anos.

O Estado deve elaborar seu plano plurianual integrado às metas

nacionais , com programas de elevação da produtividade, expansão da área de plantio e da

adoção e aprimoramento das tecnologias já existentes, parceria entre o governo do Estado e

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

54

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

produtores, cooperativas e indústrias, com suporte necessário para garantir a armazenagem do

trigo, assistência técnica, crédito via Banrisul, conservação continuada das estradas para

facilitar o escoamento da safra. Garantir equalização tributária com demais Estados para

facilitar a colocação da farinha gaúcha nos centros de consumo.

Criar um “conselho regulador da produção do trigo gaúcho” ,

integrado pelo setor produtivo, agentes do mercado, setor de produção de sementes,

assistência técnica, pesquisa, governo e indústrias.

6.1.4 PREÇO MÍNIMO

Anualmente é definido o preço mínimo de garantia para o trigo, no entanto, isso não

vem acontecendo na prática. O governo federal vem a cada safra implementando novos

instrumentos para garantia da comercialização. Somente os agricultores familiares têm a

oportunidade de vender a safra ao governo, mas é pequeno o volume adquirido.

6.4.1.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Que o governo federal estabeleça uma política estratégica para

formação de estoques, e que o mesmo disponibilize recursos para garantir aquisição de toda a

produção dos agricultores familiares.

Corrigir anualmente o Preço Mínimo de Garantia com base na

variação dos custos de produção, e na paridade do produto importado.

Que o governo do Estado, através da CESA, disponibilize os

armazéns com tarifa especial para armazenamento de trigo aos produtores, cooperativas e

moinhos de trigo, com o objetivo de melhor escoamento da safra e a garantia da segregação

de qualidade demandada pelo mercado e facilitar a execução da política de garantia de preços

mínimos quando necessário.

6.1.5 SEGURO AGRÍCOLA

A cultura do trigo é uma das atividades que enfrenta elevado grau de risco, devido às

adversidades de ordem climática. O produtor tem a opção do Proagro, mas este não cobre

todos os gastos efetivos aplicados na lavoura. Este é um tema que sempre está na ordem do

dia , mas que ainda carece de uma solução prática para sua implementação.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

55

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6.1.5.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Que o governo federal estabeleça um seguro renda, com subsídio ao prêmio, para

atender a todos os produtores para valer ainda na safra 2004. Que o governo do Estado faça

uma revisão e reestruturação do programa de seguro agrícola visando ampliar o universo de

abrangência de produtores, com subsídio através de dotação orçamentária do Estado, como

forma de garantia de continuidade na produção de trigo.

6.1.6 CRÉDITO RURAL

Os produtores continuam enfrentando uma enorme burocracia no momento de

acessar o crédito, que muitas vezes causa transtornos e constrangimentos que levam o

mutuário a desistir de uma linha especial de crédito, como é o caso do Pronaf, optando por

fazer pacotes junto a fornecedores de insumos, encarecendo os custos da lavoura.

6.1.6.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Disponibilizar recursos suficientes para o custeio anual, via agente

oficial do governo federal, em montantes suficientes para possibilitar incremento tecnológico,

e que atenda os aumentos da área plantada. Mesma medida deve ser adotada pelo governo do

Estado, colocando recursos à disposição dos produtores através do Banrisul com taxa de juros

da linha Pronaf e do crédito rural, com taxas máximas de 8,75% ao ano.

Que sejam mantidas ou se possível reduzidas as atuais taxas de juros

praticadas no Pronaf e dos recursos controlados aplicados no Crédito Rural.

Aumentar os percentuais de recursos destinados para custeio de trigo

aos agricultores familiares.

6.1.7 NOVAS CULTIVARES

Cada vez mais o mercado vem demandando matéria-prima com características

que atendem às exigências do consumo estratificado. As indústrias alegam que as maioria das

variedades produzidas no Estado não atendem a maior fatia do mercado de farinha de trigo,

que é destinada à fabricação de pão, por isso importam da Argentina para fazer mescla.

6.1.7.1 MEDIDAS NECESSÁRIASRelatório Final da Subcomissão do Trigo

Deputado Heitor Schuch, Relator

56

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• Que seja incentivado através de parcerias com as instituições de pesquisa , sejam elas

públicas ou privadas, com disponibilização de recursos humanos, materiais ou financeiros

para criação e lançamento de novas cultivares que visem dar competitividade à cadeia do

trigo gaúcho, próprias para atender a indústria de panificação, de biscoitos, de massa, uso

doméstico , e outros usos e assim atender a segregação de trigo desejada pelo mercado.

• Delinear padrão de qualidade para cada região específica , bem como as cultivares

recomendadas para cada região no Estado.

• Definir critérios e parâmetros para avaliação das variedades existentes e classificação das

variedades a serem lançadas pelas entidades de pesquisa no Rio Grane do Sul, bem como

a eliminação ou desclassificação de variedades que não atendem mais aos objetivos

propostos.

• Restringir o crédito oficial, seguro agrícola e Proagro ao produtor que está produzindo

fora do programa estabelecido ou estiver cultivando variedades não recomendadas dentro

da regionalização da produção de trigo.

6.1.8 CLASSIFICAÇÃO DO TRIGO

Questiona-se a estruturação da tabela atual de classificação do trigo. Na visão

dos produtores, as características e tipos de produto diferenciados da forma como vem sendo

aplicada na verdade deprecia o valor do produto tornando-se muitas vezes referência de preço

no mercado e é referência para o próprio governo na operacionalização dos instrumentos de

apoio à comercialização da safra. Em muitos casos, ocorre uma diferença de classificação nas

amostras analisadas pelo vendedor e o comprador, com resultados diferentes.

6.1.8.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

• Revisão imediata da portaria de classificação do trigo, como forma de valorizar os

diferentes tipos de trigo, e valorizar mais o produto no mercado.

• Armazenar o trigo em condições adequadas, separando-o, visando manter a qualidade do

produto e atender às exigências do mercado.

• Manter atualizado o cadastro de todos os armazéns e silos existentes no Estado

registrando suas condições técnicas de armazenagem.

• Segregação do trigo pela qualificação física no recebimento da safra.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

57

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• Melhorar as condições dos laboratórios que fazem análise do trigo no Estado.

6.1.9 PESQUISA E EXTENSÃO RURAL

Frentes às exigências por qualidade e tipificação de produto cada vez maior das

indústrias e demandantes de farinha, é necessário que sejam levadas ao produtor as mais

modernas técnicas disponíveis, para propiciar a evolução na tecnologia aplicada pelos

produtores.

6.1.9.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

1. Que o governo federal aporte mais recursos para Embrapa e demais instituições de

pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias de ponta, o mesmo deve ser adotado pelo

governo do Estado, dotando condições as suas entidades na área de pesquisa e extensão

rural , e principalmente possibilitar a transferência de tecnologias aos produtores e demais

elos da cadeia trigo.

2. Que o governo federal crie um fundo para os valores arrecadados com o imposto de

importação de trigo e que os recursos sejam destinados às instituições que desenvolvem

pesquisa de trigo.

6.1.10 CUSTO DE PRODUÇÃO DO TRIGO

A partir da safra de 1997, com o uso mais intenso da tecnologia do plantio

direto nas operações de lavouras, os custos reduziram-se significativamente em função da

diminuição de uma série de operações, reduzindo os prejuízos aos produtores. Assim como as

indústrias optam por adquirir trigo no mercado que mais lhe favorece, independente de ser

gaúcho, paranaense, argentino, ou americano. Para o produtor o que interessa é que os preços

no mercado ou na aquisição pelo governo superem os custos de produção e que tenham

liquidez no momento da venda da safra ( vide anexo III).

6.1.10.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

58

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Que os centros de pesquisa desenvolvam tecnologias e coloquem à

disposição dos produtores para proporcionar a redução do custo da formação da lavoura. Que

o governo do Estado inclua no programa troca-troca o fornecimento de insumos para a

lavoura de trigo aos agricultores familiares.

6.2 NA VISÃO DA INDÚSTRIA DE TRIGO6.2 NA VISÃO DA INDÚSTRIA DE TRIGO

6.2.1 AUMENTO NA DEMANDA

Na ótica do setor industrial, um dos maiores desafios da cadeia trigo é

promover o aumento da demanda no final da cadeia, pelos produtos industrializados que

possuem como matéria-prima a farinha de trigo . É preciso aumentar o consumo “ per capita “

dos derivados do trigo.

6.2.1.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Desenvolver uma campanha de marketing para aumentar o consumo.

Para isso é preciso despertar o interesse do empresário para a necessidade do marketing, para

que através dele se divulgue os benefícios dos derivados. As indústrias terão que investir mais

em produtos de maior valor nutricional como linha institucional.

Outra medida importante é assegurar a participação ativa dos

derivados de trigo no programa Fome Zero e na merenda escolar de pães e derivados de trigo,

fornecidas através dos estabelecimentos públicos mantidos pela União, Estados e municípios.

Redução na ociosidade da capacidade instalada do parque moageiro

gaúcho.

6.2.2 INTEGRAÇÃO DA CADEIA TRIGO

Embora venham ocorrendo avanços nas negociações entre os elos que fazem

parte da cadeia trigo, é preciso avançar mais para promover uma maior integração entre os

segmentos. Relatório Final da Subcomissão do Trigo

Deputado Heitor Schuch, Relator

59

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6.2.2.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Como forma de integração, realizar e promover agendas de reuniões,

encontros técnicos conjuntos com formadores de opinião unificando interesses entre os

fabricante de pães, biscoitos, moinhos, produtores, cooperativas e pesquisadores.

Tornar a Câmara Setorial do Trigo, tanto em nível estadual como

federal, instrumento de debate dos problemas e encaminhamentos de soluções dos entraves

que surgirem, que dificultam o desenvolvimento da cadeia trigo .

6.2.3 TRIBUTAÇÃO

As indústrias gaúchas além de enfrentar dificuldades de colocar a farinha nos

grandes centros consumidores no país devido à questão da logística, e tributações que são

diferentes entre os Estados. È preciso fiscalizar a farinha importada da Argentina, denominada

de pré-mistura, com adição de sal e que paga imposto de exportação de apenas 5% na

Argentina, enquanto para a farinha comum e para o grão este imposto é de 20%, gerando

uma concorrência desleal para as indústrias gaúchas.

6.2.3.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

• Que o governo federal adote medidas no sentido de proibir a entrada de farinha pré-

mistura importada da Argentina.

• Que o governo do Estado adote mesmo tratamento tributário praticado nos demais

Estados no sentido de dar competitividade ao trigo e à farinha gaúcha.

6.2.4 QUALIDADE DO TRIGO GAÚCHO

As indústrias reconhecem a incorporação de novas tecnologias e variedades as

quais vem, cada vez mais, adequando-se às necessidades do setor moageiro, mas entendem

que é possível dar continuidade avançando ainda mais pois, só assim, elas poderão remunerar

melhor os produtores. “Ainda ocorre falta ( ainda que menor ) de trigos para panificação.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

60

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6.2.4.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

• Que sejam definidos pelos técnicos e pela pesquisa, as vocações regionais e padrões de

trigo que o Rio Grande do Sul deve produzir.

• Que seja reestruturado o parque de armazenagem no Estado para facilitar a segmentação

da matéria-prima.

• Desenvolvimento de variedades de trigo com maior resistência à diversidade de clima.

• Classificação do trigo na armazenagem.

• Segregar na armazenagem o trigo conforme a finalidade de uso.

• Estabelecer certificação do trigo na origem.

• Manter, incentivar e ampliar os programas e volumes de recursos para armazenamento.

6.2.5 QUALIFICAR RECURSOS HUMANOS

Na ótica do setor industrial, é preciso promover a qualificação técnica,

unificando e divulgando conceitos técnicos para todas as pessoas que estão envolvidas na

cadeia trigo. Hoje o fator conhecimento é fundamental para o desenvolvimento de produtos.

6.2.5.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Implementação de um grande projeto de qualificação de mão-de-

obra a exemplo do Propan para dar oportunidade às empresas do pequeno e médio varejo,

como padarias, mercados e supermercados com padaria e pequenas indústrias de alimentos

em geral, que possuem carências nesta área tornando potencial para aumento no consumo e

melhoria das suas receitas.

6.2.6 INFRA-ESTRUTURA E LOGÍSTICA

A maioria das indústrias concentram-se próximas ao centro consumidor. As

deficiências e frete elevado no transporte da região da produção para deslocamento até a

indústria muitas vezes torna nosso trigo mais caro para o industrial, e menos competitivo que

o produto importado. Claro que outros fatores influenciam na competitividade, é o caso das

taxas de juros, prazos de pagamentos, qualidade do produto, câmbio .

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

61

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

6.2.6.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

Melhorar a conservação das rodovias estaduais e federais no Estado.

Melhorar e tornar mais ágil a multimodalidade do transporte do trigo até as indústrias e ao

porto de Rio Grande para exportação de trigo para outras regiões do país ou exterior.

Gestionar junto ao Governo Federal, para que seja reduzido o

percentual de 25% cobrado sobre o frete marítimo destinado a marinha mercante.

6.2.7 DESVANTAGEM COMPETITIVA

Apesar da evolução tecnológica utilizada pelos produtores do Rio Grande do

Sul, ainda é possível avançar em termos de ganhos de produtividade e melhoria genética no

trigo, tornando mais rentável aos produtores, e que atenda as necessidades da indústria.

Outros fatores que inibem a competitividade do trigo gaúcho é a pesada carga tributária, a

infra-estrutura ineficiente, a taxas de juros e a desigualdade de benefícios fiscais concedidos

entre Estados.

6.2.7.1 MEDIDAS NECESSÁRIAS

• Implementar isonomia tributária entre os Estados produtores de trigo, isonomia na saída

de farinha para outros regiões do país. Essa medida permitirá o aumento das vendas de

farinha pelas indústrias moageiras gaúchas a outros Estados.

• Criação de variedades de trigo com características para fabricação de pão, para atender o

setor de maior demanda por farinha.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

62

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O presente trabalho representa um primeiro esforço de sistematizar, sob

o enfoque dos diversos segmentos que representam a cadeia trigo no Estado, os principias

problemas, desafios e medidas recomendados para serem adotados tanto pela iniciativa

privada como pelos governos, através de políticas públicas. Embora não tivesse maiores

pretensões analíticas, procurou-se sempre que possível, registrar as principais variáveis que

mais interferem no processo produtivo e no mercado.

Procurou-se levantar os problemas e desafios estratégicos e estruturais

enfrentados pela cadeia trigo no Estado, no sentido de juntar esforços permanentes para

encontrar alternativas para a sustentabilidade da produção de trigo no RS, dado a sua

importância socio-econômica.

Após a criação da Subcomissão do Trigo foram realizadas ações dentro

do prazo previsto. Foram realizadas reuniões e audiências públicas no interior do Estado, com

a finalidade de ouvir os elos da cadeia produtiva do trigo, propiciando foro de debates e

discussões a cerca do assunto. Participaram produtores, indústrias, cooperativas, agentes do

mercado, agentes financeiros, prefeituras, Câmaras de Vereadores, instituições de pesquisa,

entidades de assistência técnica entre outros, que contribuíram para as conclusões dos

trabalhos desta Subcomissão . Também ocorreram audiências com instituições bancárias e o

Ministério da Agricultura, para buscar apoio ao setor.

No decorrer das atividades da Subcomissão do Trigo, ficou evidenciado

a necessidade de adoção de medidas tanto pelo poder público como pela iniciativa privada ,

para que a retomada da produção de trigo seja duradoura.

Constatou-se que o produtor, no tempo da compra estatal, geralmente,

não enfrentava grandes problemas na comercialização. No máximo até o mês de fevereiro do

ano seguinte a maior parte da safra já estava vendida, ou seja, existia liquidez através da

intervenção do Estado. Em 21 de novembro de 1990, através da Lei 8.096, foi quebrado o

monopólio da compra estatal do trigo.

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Curiosamente, em 1989 ocorreu a última safra em que o Rio Grande do

Sul produziu o equivalente a 1,5 milhão de toneladas, caindo sucessivamente nos anos

seguintes. Recuperamos o patamar superior a 1 milhão de toneladas a partir da safra 2001,

sendo que em 2003 colhemos a maior safra da história.

Com saída do governo da compra de trigo em 1990, tanto as indústrias

como os produtores de trigo não estavam preparados para atuar num mercado onde os

patamares de preços oscilam de acordo com a lei da oferta e demanda. De um lado, as

indústrias passaram a ter liberdade na compra da matéria-prima e de, outra parte, os

produtores passaram a depender do interesse da indústria e dos agentes do mercado na

aquisição do trigo. Como a maioria dos moinhos não tinha capacidade de armazenagem

suficiente para estocagem, comprava somente o necessário para seu uso no curto prazo,

prática que ainda vem ocorrendo.

A venda da safra passa a ter problema de liquidez. Novamente entra a

intervenção do governo com mecanismos de apoio à comercialização da safra para possibilitar

que os produtores e cooperativas esperassem por momentos de preços melhores no mercado e

para que a indústria pudesse manter estoques. Vigorava também o AGF (Aquisição do

Governo Federal) onde o governo adquiria o trigo que estava financiado via crédito oficial

dentro do Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). O volume de trigo adquirido

em AGF era vendido posteriormente em leilões através da CFP (companhia de financiamento

da produção) hoje substituída pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Decorridos 15 anos da queda da compra estatal, embora a oferta sempre foi inferior à

demanda, no Brasil, raros foram os anos que o governo não precisou adotar mecanismos de

apoio para que o produtor pudesse vender a safra.

No momento atual, se debate a questão da fome no Brasil. Convivemos com

uma enorme contradição. A safra de trigo brasileira segundo o IBGE foi de 6 milhões de

toneladas em 2003, um crescimento na produção nacional de 100%, o que é suficiente para

abastecer menos de 60% da demanda nacional que supera 10 milhões de toneladas .

O crescimento da área plantada foi estimulada pela expectativa de bons preços

no mercado interno e externo no momento do plantio. Os triticultores gaúchos plantaram em

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

64

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

2003 1 milhão de hectares, segundo dados do IBGE, Conab e Emater, 24% superior à safra

anterior, e colheu 2,3 milhões de toneladas o dobro do volume produzido no ano de 2002.

Apesar da oferta ser menor que a demanda no Brasil, os produtores gaúchos

enfrentaram novamente dificuldades de vender o trigo da safra passada onde as ofertas de

preço situavam-se na faixa de R$ 20 a saca, no pico da colheita.

Novamente, ocorreu a falta de liquidez na comercialização da safra. Os

produtores alegaram que os preços ofertados no mercado para o trigo não cobriram os custos

da lavoura, consequentemente, não garantem rentabilidade ao produtor.

Por outro lado, o volume de importações de trigo no Estado foi superior a 400

mil toneladas nos últimos 3 anos (vide tabela 5), que somados à produção esperada, teremos

um volume de oferta superior a 2,5 milhões de toneladas, frente a um consumo gaúcho na

casa de 1,1 milhão de toneladas. Ou seja, teremos que buscar outros mercados para o nosso

trigo.

Os produtores gaúchos enfrentam todos os anos a concorrência do trigo

colhido mais cedo no Paraná e do produto argentino. Na verdade, os triticultores enfrentam

há anos a concorrência do trigo importado da Argentina e de terceiros mercados, com pesados

subsídios.

A alternativa encontrada pelos produtores e cooperativas para garantir

melhores preços foi o caminho da exportação do trigo para o mercado internacional. O trigo

gaúcho foi bem aceito no mercado externo, a dúvida que fica é se vamos conseguir dar

continuidade nas exportações e se vamos ter novamente uma safra de boa qualidade e

produtividade como foi a safra passada.

As indústrias alegam que precisam importar trigo, pelo fato da oferta de

trigo pão produzido no Estado ser aquém das necessidades e por isso importam trigo da

Argentina para atender as necessidades do mercado consumidor de farinhas.

Outros fatores apontados pelos agentes do mercado de trigo e pela própria

indústria é a questão da qualidade, e quantidade de trigo pão, e os problemas do Custo Brasil,

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

65

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

que onera o setor, através da pesada carga tributária, logística e infra-estrutura ineficientes,

taxa de juros elevadas e demandas reprimidas.

Além dos fatos já descritos, a Subcomissão do Trigo procurou apurar as causas

dos problemas enfrentados na cadeia trigo, avaliando os principais gargalos enfrentados pelos

produtores no processo produtivo e na venda da safra, da mesma forma verificar as

dificuldades e desafios dos demais elos da cadeia trigo no Rio Grande do Sul. Por isso,

julgamos fundamental relacionar a seguir, as sugestões e proposições levantadas no decorrer

das ações , que poderão auxiliar na adoção de políticas públicas e na resolução dos problemas

que atingem a cadeia produtiva do trigo.

Assim sendo, propõe-se:

• Que o governo do Estado juntamente com o Governo Federal , estabeleça uma estratégia

de médio e longo prazo, envolvendo todos os agentes da cadeia produtiva, com a

finalidade de fomentar e fortalecer a produção de trigo no Rio Grande do Sul e país.

• Que o Rio Grande do Sul, através da Secretaria da Agricultura e Câmara Setorial do

Trigo, onde participam representantes de todos os setores da cadeia trigo, firmem

compromissos que garantam estabilidade na produção, garantia de fornecimento aos

agentes do mercado, liquidez na comercialização e rentabilidade dos setores.

• Que sejam definidas metas sobre volume a ser produzido nos próximos anos, visando

abastecer no mínimo 60% do mercado brasileiro nos primeiros anos até chegar próximo à

demanda total (conforme sugestão já encaminhada recentemente ao Governo Federal

pelos integrantes da cadeia produtiva).

• Que o Estado reúna ainda no ano de 2004 todas as entidades representativas da cadeia

produtiva, juntamente com poder público estadual e federal a exemplo do que já ocorreu

em 2001 no Paraná, com a finalidade de definir uma “estratégia para a recuperação da

triticultura gaúcha e nacional”.

• Faz-se necessário também a manutenção de medidas de apoio à comercialização ainda

para a safra 2004, como aporte de recursos para EGF a produtores, cooperativas,

indústrias e EGF sementes, pelo governo federal e estadual, através de seus agentes

financeiros, Banco do Brasil e Banrisul, visando garantir a sustentação de preços e

produção.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

66

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• Além do EGF que sejam colocados a disposição dos produtores, caso necessário, outros

instrumentos de sustentação de preços como: PEP (Prêmio de Escoamento do Produto),

Contrato de Opção, CPR (Cédula de Produto Rural), LEC (Linha Especial de

Comercialização), entre outros.

• Que o governo federal aporte recursos para garantir a compra direta da produção de trigo

da agricultura familiar, para garantir renda e recompor estoques estratégicos de alimentos

do governo federal em 2004.

• Sugere-se que seja mantida a TEC para entrada de trigo de origem de terceiros mercados.

• Que seja Criado no Rio Grande do Sul, o “ Grupo do Trigo” para de deliberar e contribuir

com sugestões técnico-políticas visando a recuperação da triticultura gaúcha e que o

mesmo seja coordenado pela Secretaria da Agricultura.

• Que seja dada equiparação tributária do ICMS na comercialização interestadual da farinha

de trigo, visando dar competitividade ao trigo gaúcho frente aos demais estados e regiões.

• Revisão e reestruturação e implementação do programa de seguro agrícola no estado e

Brasil, com forma de garantia de produção para o trigo.

• Que sejam adotadas políticas de apoio a pesquisa para o desenvolvimento da cultura, e

que a arrecadação proveniente da TEC do trigo com origem em terceiros mercados seja

destinada para pesquisa.

• Que o Governo Federal e estadual garantam mais recursos para readequação técnica

operacional do parque de armazenagem de produtores e cooperativas e indústrias visando

a segregação do trigo de acordo com o padrão de qualidade exigido pelo mercado.

• Que a Comissão do Mercosul na Assembléia Legislativa Gaúcha sugira ao Governo

Federal, a adoção de medidas na defesa da cadeia produtiva do trigo nacional, de

preferência criando um imposto de importação compensatório no Brasil de 15% sobre a

farinha pré-mistura proveniente da Argentina, ou no desenvolvimento de gestões junto às

autoridades do País vizinho para que haja a equalização nos impostos de exportação da

cadeia de trigo.

• Que a Secretarias de Agricultura do Estado seja responsável pela coordenação e a

divulgação do Plano estratégico de recuperação a atividade trigo bem como no apoio e na

execução do programa estadual de trigo proposto.

• Que as entidades de pesquisa públicas e privadas, estabeleçam experimentação e pesquisa

em áreas localizadas, carentes de informações sobre cultivares adaptadas a determinadas

regiões e atendo as necessidades dos produtores e demandas do mercado.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

67

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

• Recomenda-se que as indústrias, juntamente com as entidades representativas dos

produtores de trigo, com base na análise do mercado, planejam e definam a quantidade de

trigo desejada para o consumo ao longo do ano por segmentação de consumo.

• Determinar um marca para o trigo gaúcho( identidade para o trigo gaúcho).

• Melhorar a comunicação entre a pesquisa, produção e mercado.

Em fim, o Rio Grande do Sul, tem produtores capacitados, e regiões aptas a

produção de trigo, tem um mercado limitado, mas com a integração da cadeia produtiva será

possível de forma gradativa, eliminar os gargalos e restrições e poderemos transformar o

Estado em um fornecedor de trigo para as demais regiões do país e para o mercado externo.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

68

Pelas razões expostas, fica aprovado este Relatório.

Deputado Heitor Schuch (PSB)

Relator

Deputado Iradir Pietroski (PTB)

Deputado Elvino Bohn Gass (PT)

Deputado Frei Sérgio Görgen (PT)

Deputado Edemar Vargas (PTB)

FICHA TÉCNICA

Técnicos:

Tarcísio Minetto – Chefe de Gabinete Bancada PSB

Anselmo Piovesan – Chefe de Gabinete Dep. Heitor Schuch

Colaboração:

Lisiana Santos – Gab. Dep. Heitor Schuch

Silvana Dalmás – Gab. Dep. Heitor Schuch

ANEXOS

ANEXO I – TABELA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DEANEXO I – TABELA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE

TRIGOTRIGO

PRODUÇÃO DE SEMENTES DE TRIGO( ATESTADA) EM 2001, 2002,2003 E BRUTARECEBIDA EM 2004(T) PRINCIPAIS CULTIVARES

ATESTADA (t) RECEBIDA (t)Nº CULTIVARES 2001 2002 2003 2004

1 Onix 505,2 5.232,21 29.850,662 BRS 179 3.569,26 15.870,47 25.569,72 29.023,893 BRS194 147,00 1.242,15 5.200,15 17.500,884 FUNDACEP 30 6028,09 12.042,36 12.930,68 12.830,635 ALCOVER 759,7 2.512,27 9.001,796 BRS 177 60,27 1.057,01 3.743,57 8.545,577 CEP 24 - INDUSTRIAL 5.396,44 7.076,02 6.397,17 7.955,588 CEP 27 - MISSÕES 8.922,05 9.662,06 9.110,57 6.560,129 RUBI 8.337,02 10.568,59 7.404,15 5.370,62

10 CD 105 28,45 926,66 1.232,46 5.035,9411 JASPE 100,00 772,92 4.999,3912 OUTRAS 41.527,81 36.206,88 17.491,49 24.382,58

TOTAL 74016,39 96017,1 97597,36 161057,65* PREVISÃO SEMENTE ATESTADA EM 2004 : 108.687 TONELADAS

ANEXO II – EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO NOMINAL MENSAL DO TRIGOANEXO II – EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO NOMINAL MENSAL DO TRIGO

Mês 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Janeiro 8,55 9,66 7,52 8,28 9,58 11,15 12,09 15,01 28,42 21,50

Fevereiro 8,40 8,60 7,20 8,18 10,02 11,48 12,12 15,22 29,25 22,50

Março 8,20 9,90 7,90 8,38 10,76 11,56 13,20 15,53 29,87 22,71

Abril 7,80 11,40 8,86 8,72 11,35 12,50 13,23 15,85 29,70 22,90

Maio 7,75 13,20 9,72 8,66 11,98 12,65 14,15 16,50 28,88 26,92

Junho 6,90 14,10 9,22 8,79 12,02 12,81 15,50 17,81 28,00

Julho 8,32 7,10 13,87 8,87 9,35 12,21 13,02 16,50 20,50 25,17

Agosto 8,50 7,20 13,75 9,00 9,28 12,80 13,65 17,10 22,83 24,20

Setembro 11,52 6,90 12,90 8,50 9,39 13,05 13,18 16,05 25,10 22,75

Outubro 9,53 7,10 9,20 8,20 8,96 12,65 12,58 14,70 32,02 21,50

Novembro 11,98 8,30 7,95 8,25 9,37 12,01 11,87 15,00 31,94 20,80

Dezembro 11,85 8,60 7,80 8,30 9,45 12,25 11,68 15,02 27,90 21,00

M édia Ano 10,28 7,73 11,03 8,46 8,90 11,72 12,34 14,56 21,35 25,80 23,31

Fonte: Cooperativas

ANEXO III – COMPARATIVO DO CUSTO/RENTABILIDADEANEXO III – COMPARATIVO DO CUSTO/RENTABILIDADE

Ano 1995 1996 1997 1998* 1999 2000 2001** 2002** 2003** 2004***

Preço MercadoMédio R$/saca 7,73 11,03 8,46 8,90 11,72 12,34 14,56 21,35 25,80 22,24

Rentabilidade/custo% (40,38) (17,83) (31,93) (14,82) (1,15) (10,29) 0,38 39,00 (0,06) (23,55)

Preço MínimoR$/saca (1) 7,14 7,80 7,80 9,42 11,10 12,30 13,50 17,10 24,00 24,00

Rentabilidade/custo% (44,95) (41,88) (37,25) (9,86) (6,41) (10,61) (6,90) 11,33 (7,01) (17,50)

Custo de ProduçãoR$/saca 12,97 13,42 12,43 10,45 11,86 13,76 14,50 15,36 25,81 29,09

Produtividade

Em sacas/ha 38 38 40 40 40 40 40 40 40 40

FONTE: CONAB/MA/FECOTRIGO/FECOAGRO/RS* ADOTADO SISTEMA DE CÁLCULO PARA PLANTIO DIRETO** PREÇOS PRÁTICADOS DE JANEIRO A DEZEMBRO*** PREÇOS MÉDIOS PRÁTICADOS DE JANEIRO A MARÇO DE 20041- Considerado preço do trigo qualidade superior2- Custo estimado base 01/03/04

ANEXO IV – DEMONSTRATIVO DO CUSTO DE PRODUÇÃOANEXO IV – DEMONSTRATIVO DO CUSTO DE PRODUÇÃO

RUBRICAS CUSTO GERAL

CUSTO ATUAL EM 01-03-04

35 ha R$/ha % R$/sc 60kgCUSTO OPERACIONAL MÁQUINAS E IMPLEMENTOS

4.426,01 126,46 10,87 3,16

Combustíveis 2.402,87 68,65 5,90 1,72 Lubrificantes 199,08 5,69 0,49 0,14 Filtros 123,76 3,54 0,30 0,09 Conservação e Reparos 1.700,30 48,58 4,17 1,21 MÃO-DE-OBRA 2.225,32 63,58 5,46 1,59 Própria 0,00 0,00 0,00 0,00 Contratada 2.225,32 63,58 5,46 1,59 INSUMOS MODERNOS 18.909,56 540,27 46,43 13,51 Fertilizante - base 7.262,50 207,50 17,83 5,19 - cobertura 2.224,11 63,55 5,46 1,59 Semente 3.832,00 109,49 9,41 2,74 Defensivos - herbicida 899,50 25,70 2,21 0,64 - inseticida 168,00 4,80 0,41 0,12 - fungicida 4.480,00 128,00 11,00 3,20 - formicida 43,45 1,24 0,11 0,03 TRANSPORTE EXTERNO 1.408,72 40,25 3,46 1,01 Insumos 190,72 5,45 0,47 0,14 Produção 1.218,00 34,80 2,99 0,87 BENEFICIAMENTO 357,70 10,22 0,88 0,26 SOMA (A) 27.327,31 780,78 67,09 19,52CUSTO FIXO CONSTRUÇÕES/INSTALAÇÕES

586,37 16,75 1,44 0,42

Depreciação 324,86 9,28 0,80 0,23 Conservação e Reparos 235,37 6,72 0,58 0,17 Consumo 26,14 0,75 0,06 0,02 MÁQUINAS E IMPLEMENTOS

6.496,15 185,60 15,95 4,64

Depreciação 4.716,82 134,77 11,58 3,37 Remuneração do Capital 1.779,33 50,84 4,37 1,27 INSUMOS MODERNOS 249,55 7,13 0,61 0,18 Calcário 249,55 7,13 0,61 0,18SOMA (B) 7.332,07 209,49 18,00 5,24TERRA 3.836,61 109,62 9,42 2,74 Remuneração ao fator 3.696,00 105,60 9,07 2,64 I.T.R 140,61 4,02 0,35 0,10SOMA (C) 3.836,61 109,62 9,42 2,74 CUSTO DO FINANCIAMENTO

2.235,19 63,86 5,49 1,60

Juros 854,79 24,42 2,10 0,61 Proagro 1.088,77 31,11 2,67 0,78 Assistência Técnica 291,63 8,33 0,72 0,21SOMA (D) 2.235,19 63,86 5,49 1,60TOTAL (A+B+C+D) 40.731,18 1.163,75 100,00 29,09NOTA : O Funrural como é ônus de comercialização, não está computado no custo, mas deve ser considerado em cálculo de rentabilidade.AGREGAÇÃO CUSTO DE PRODUÇÃO P/ EFEITO DE ANÁLISE

R$/ha R$/t R$/sc 60Kg

1. Custo Operacional + Custo do Financiamento.....................

844,64 351,93 21,12

2. Custo Operac. + Custo do Financiamento + Custos Fixos..........

1.054,13 439,22 26,35

3. Incluída a Remuneração ao Fator Terra ................ 1.163,75 484,70 29,09Fonte: Fecotrigo - FecoAgro/RS

ANEXO V – DOCUMENTOS ENCAMINHADOS AANEXO V – DOCUMENTOS ENCAMINHADOS A

ENTIDADESENTIDADES

Of. GAB. Nº. 035/2004 Porto Alegre, 10 de Fevereiro de 2004.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Ao cumprimentá-lo, dirijo-me a Vossa Excelência na qualidade de relator da Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, para encaminhamento de algumas preocupações e proposições por parte dos produtores, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sindicatos Rurais e cooperativas, a respeito da comercialização da safra 2003 de trigo gaúcho e propostas para Plano Safra 2004.

A safra de trigo gaúcha em 2003 foi a melhor dos últimos 14 anos com produtividade média acima de 2 mil quilos por hectare, de acordo com os dados do IBGE, e de boa qualidade atingindo pH acima de 80.

Até o momento, aproximadamente 50% da safra foi vendida e os produtores aguardam melhora do preço no mercado. Mais de 55% da área plantada no Estado foi financiada e os produtores precisam vender a safra para liquidar os financiamentos mas os preços baixos não garantem renda.

O bom desempenho da safra 2003 deveu-se às condições climáticas favoráveis e expectativa inicial de bons preços no mercado, aliado aos investimentos tecnológicos realizados pelos agricultores.

A demanda no Estado é da ordem de 1,1 milhão de toneladas, considerando uso industrial, reserva de sementes e outros usos. A produção da safra 2003 foi de 2,1 milhão de toneladas. O produtores continuam com dificuldade na comercialização da safra anterior. Os baixos preços poderão influenciar os produtores a reduzir a área a ser plantada em 2004, pondo em risco a retomada da produção nacional .

Senhor Ministro, a pressão sobre os preços continua sendo verificada no mercado de trigo gaúcho, mesmo passado o pico da colheita. As ofertas de preços oscilavam na primeira semana de fevereiro de 2004 na casa de R$ 21 a 22 o saca com poucos negócios e preços inalterados. As atuais cotações estão abaixo do preço mínimo fixado para safra 2003 de R$ 400 (R$ 24 saca) e inferior aos custos da lavoura e abaixo do preço paridade com o trigo importado.

Os agricultores não concordam em vender a safra atual abaixo do custo de produção, ou até mesmo abaixo do preço mínimo fixado pelo governo federal. Apesar da oferta ser menor que a demanda no Brasil, estima-se que atenderá 50% da demanda nacional que é superior a 10 milhões de toneladas.

Frente à conjuntura atual de mercado e preocupado com o futuro do cereal, e diante dos fatos acima relatados, solicitamos o apoio do Ministro da Agricultura no sentido de definir com urgência o Plano Safra das lavouras de inverno com aporte de recursos e preço mínimo remunerador para o trigo safra 2004 conforme os Custos de Produção (vide anexo) acompanhado de medidas abaixo relacionadas que visam dar sustentação de preços e renda aos produtores e principalmente garantir no futuro a estabilidade na produção de trigo em nosso Estado e país .

1- Que o Governo Federal, através da CONAB, e Ministério de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA) garanta a compra direta de toda a produção de trigo da agricultura familiar;

2- Que o Governo Federal aporte recursos para EGF para o trigo destinado a indústria e semente, para os produtores e cooperativas visando a sustentação de preços.

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

3- Que seja adotado mecanismo de apoio à remoção do trigo produzido no Rio Grande do Sul, como forma de abastecer outras regiões do país que dependem do trigo importado.

4- Que o governo adote no plano safra trigo 2004 medida no sentido de dificultar a importações de trigo, até que seja comercializado toda a produção do trigo gaúcha e nacional.

5- Que seja mantida a LEC – Linha Especial de Crédito a Comercialização. Instrumento que agiliza o financiamento de estocagem, baseado no preço de mercado do produto e não no preço mínimo.

6- Proibir a entrada de farinha pré-mistura importada da Argentina, criar regras para coibir a entrada de farinha “ maquiada “ ( adição de 0,3% de sal), que paga imposto de exportação na Argentina de apenas 5%, enquanto que para a farinha e o grão de trigo este imposto é de 20%.

7- Que o Governo Federal contemple no planto safra inverno o Contrato de Opção de venda para o trigo, tendo como objetivo sinalizar uma trajetória de preço para o mercado. Esse contrato com liquidação a partir de janeiro, podendo ser antecipado caso os preços no mercado forem inferiores ao preço mínimo.

8- Correção no preço mínimo conforme variação do custo de produção, de R$ 400 para R$ 461 a tonelada e com base no preço paridade no mercado internacional.

9- Aporte de recursos superior a R$ 1 bilhão para safra de trigo no Brasil, e de R$ 364 milhões para o Rio Grande do Sul, demanda estimada pela FecoAgro/RS para custeio da safra 2004.

10- Liberação de financiamento de R$ 729 por hectare de trigo conforme custo. 11- Estruturação de programa de Seguro Agrícola com custos compatíveis para o trigo.12- Definição da política de comercialização e recursos para a cultura do trigo antes do plantio

da safra, oportunizando ao produtor conhecer em tempo hábil os programas e instrumentos governamentais de apoio a produção.

13- Manutenção do sistema de crédito e custeio alongado, com liquidação dos contratos em cinco parcelas a partir de janeiro do ano seguinte à contratação.

14- Revisão da legislação que trata do frete marítimo como forma de baratear o custo do frete .

15- Aumento nos limites do custeio da safra hoje limitado a R$ 150 mil por produtor.16- Risco de falta de espaço para armazenamento da safra de verão caso a safra 2003

permanece estocada.Lembramos que estas proposições são oriundas da Subcomissão do Trigo da Assembléia

Legislativa do Rio Grande do Sul como forma de sugestão, com objetivo de dar continuidade a retomada da produção desse importante cereal de inverno. Estas são reivindicações dos produtores, sindicatos de trabalhadores rurais, Fetag/RS e cooperativas e FecoAgro/RS e demais integrantes da cadeia trigo, que querem preservar e ampliar a produção de trigo.

Ao Excelentíssimo Senhor,Roberto Rodrigues,Ministro da Agricultura e Abastecimento,Brasília/DF

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

77

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Of. GAB. Nº. 049/2004 Porto Alegre, 03 de março de 2004.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Ao cumprimentá-lo, dirijo-me a Vossa Excelência na qualidade de parlamentar que representa os interesses dos agricultores familiares , e como relator da Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, para encaminhar sugestões , oriundas dos agricultores familiares, sindicatos, cooperativas a respeito da atividade trigo e outras culturas de verão safra 2004/2005 .

A Agropecuária gaúcha, foi o setor de destaque no ano de 2003, com uma taxa de crescimento de 18,5% . Ao nível de Brasil a expansão foi da ordem de 5%. Esse desempenho expressivo foi resultado , principalmente , dos crescimentos nas produções de milho ( 39,1%) , soja ( 70,7%), e trigo ( 83,8%), culturas em que o Estado é um dos maiores produtores no país.

Deve-se destacar que os desempenhos do milho, da soja e do trigo, foram resultado dos crescimentos em suas produtividades: 43,8%, 57,2% e 39,8% respectivamente. As cultura do arroz e fumo, culturas importantes no Estado tiveram, quedas em suas produções na safra passada- 14,2% e 5,2% . Já a produção animal teve um desempenho inferior ao da lavoura.

A noticia sobre aprovação dos preços de garantia para os cereais de inverno, mantendo os mesmos valores que vigoraram na safra passada, para o trigo bem como para triticale, cevada, canola e a aveia, gerou descontentamento entre os produtores. Nossa sugestão encaminhada ao Ministério, foi de reajustar para R$ 461,00 a tonelada para o preço mínimo do trigo, para compensar a elevação nos custos de produção.

Lamentamos a não alteração no preço mínimo do trigo, aprovado recentemente, mas, é preciso que o governo federal, mantenha e amplie os atuais instrumentos de apoio ao custeio da safra e principalmente aqueles voltados para comercialização da safra com mecanismos de sustentação de preços .

Senhor Ministro, solicitamos o empenho do Ministério da Agricultura para implementação de medidas que venham garantir a continuidade do bom desempenho do setor agropecuário no último ano, com garantia de renda aos produtores , ao qual relacionamos abaixo.

SAFRA DE INVERNO

1- Aprovação urgente da equalização das taxas de juros , e liberação imediata dos recursos destinados ao custeio da safra de inverno oriundos do tesouro nacional.

2- Imediata liberação das normas operacionais para que os agentes financiadores possam liberar e disponibilizar imediatamente o acesso aos recursos para pré-custeio e custeio da safra de trigo 2004.

3- Urgência na regulamentação do Seguro Agrícola, para ser implementado ainda na safra de inverno 2004, com subvenção do prêmio.

4- Liberação de financiamento de R$ 729,00 por hectare de trigo conforme o custo de produção.( vide anexo)

5- Aporte de recursos superior a R$ 1 bilhão para safra de trigo no Brasil, e de R$ 364 milhões para os produtores gaúchos visando atender a demanda estimada para 2004. ( vide anexo )

6- Lançamento de Contrato de Opção para o trigo antes do início do plantio da safra com preço de referência de R$ 27,00 a saca para vencimento em janeiro de 2005, com base nos custos e no preço de paridade de importação.

7- Proibir a entrada de farinha pré-mistura importada da Argentina.8- Garantia de compra de toda safra dos agricultores familiares, caso os preços no mercado sejam

inferiores ao preço mínimo estabelecido. 9- Revisão na atual portaria de classificação do trigo, o atual modelo deprecia os preços, dado as

características genéticas do trigo gaúcho. Mesmo que não seja trigo classificado como trigo pão, os demais tipos precisam ser valorizados evitando preços baixos no mercado.

OUTRAS PREOCUPAÇÕES:

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

1- Empenho do Ministério da Agricultura na busca de solução para o caso da Parmalat visando evitar mais prejuízos aos produtores de leite.

2- Interferência do Ministro junto ao Sindicato da Indústria de fumo para que sejam retomadas as negociações com os produtores e suas entidades representativas , para discutir preço e comercialização da safra atual.

3- Que o Ministério da Agricultura, interfira junto ao Ministério da Fazenda para que não haja elevação na carga tributária sobre os insumos agrícolas, em decorrência da incidência do PIS/COFINS , evitando a elevação nos custos das lavouras, já que os produtores familiares não podem se creditar, em função de não terem contabilidade nas propriedades.

4- Que o Ministério da Agricultura, interfira junto ao Ministério dos Transporte para que sejam realizadas urgentemente operações de melhoria e conservação nas estradas junto as regiões produtoras e acesso aos portos brasileiros.

5- Desburocratizar o acesso ao crédito, pois, muitos produtores, ficam impossibilitados de acessar os recursos dadas as exigências de garantias reais , para isso é preciso flexibilizar as mesmas.

6- Ampliar os limites de crédito individual para os produtores para safra 2004/05.7- Reduzir as atuais taxas de juros para agricultura de 8,75% ao ano.8- Aumentar dos atuais 25% da exigibilidade bancária para recursos obrigatórios dos depósitos à

vista, destinados ao custeio e comercialização da safra para patamares superiores a 30%.9- Que os preços mínimos para safra de verão 2004/05 sejam reajustados com base nos custos de

produção e no preço paridade com produto importado.10- Que seja garantido a aquisição de produtos da agricultura familiar , destinando aos programas

sociais, através da formação de estoques estratégicos do governo.11- Maior aporte de recursos para pesquisa pública visando repassar tecnologia de ponta aos produtores

e melhoria na competitividade principalmente dos agricultores familiares.12- Garantir aporte de recursos para o Brasil superior a R$ 40 bilhões para financiamento de custeio e

comercialização da safra 2004/005. 13- A demanda estimada para o Rio Grande do Sul para 2004/05 é superior a R$ 5 bilhões. Na safra

passada foram aplicados R$ 3,3 bilhões no Estado, atendendo menos de 30% da demanda por crédito rural .

As proposições acima apontadas, tem como objetivo colaborar para a expansão da políticas públicas a serem adotadas na safra de inverno e verão 2004/005, como forma de garantir a sustentabilidade de crescimento do setor nos últimos anos, e principalmente garantir renda aos produtores. Para tanto, é necessário a manutenção dos programas de custeio e investimentos adotado na safra passada, com ampliação de novos instrumentos e programas, atendendo as expectativas do setor agrícola e pecuário de nosso país.

Ao Excelentíssimo Senhor,Roberto Rodrigues,Ministério da Agricultura e Abastecimento,Brasília/DF

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

79

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Of. GAB Nº. 105/2004 Porto Alegre, 22 de abril de 2004.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Os produtores rurais do Estado do Rio Grande do Sul foram os que mais

sofreram com a estiagem que assolou o sul do País. Sabemos do esforço do

Governo Federal em liberar recursos para auxiliar mais de 250 mil produtores

atingidos e mais 350 municípios em situação de emergência.

A forma encontrada pelos produtores para amenizar prejuízos da seca, é

investir nas culturas de inverno mais especificamente no trigo para recompor a

renda ainda em 2004.

No ano passado foram financiados no Estado, 580 mil hectares do total de

mais de 1 milhão de hectares cultivados com trigo, representando 55% da área

financiada, onde foram aplicados mais de R$ 250 milhões em custeio. Para a atual

safra o valor anunciado é de R$ 300 milhões, ainda insuficientes para atender a

demanda que é da ordem de R$ 390 milhões.

Em 2004, além de enfrentarem o problema da seca, parte dos produtores

estão com dificuldades de conseguir recursos para custeio do trigo a juros de

8,75% ao ano.

Segundo eles, ao procurarem os agentes financeiros para acessar só terão

garantido o acesso a recursos com taxa de juro de 8,75% produtores com renda

anual de até R$ 40.000,00. Os demais produtores com renda superior e que não

acionaram o crédito para custeio de trigo na safra passada dificilmente terão

recursos com esta taxa de juros. Os recursos ofertados tem juro superior a 18% ao

ano. Somente no Estado, a previsão é de que 1500 triticultores com financiamentos

superiores a R$ 40 mil, terão que recorrer a fontes alternativas se necessitarem de

mais recursos.

Frente aos fatos acima relatados, solicitamos o empenho do Ministério da Agricultura no sentido de gestionar junto ao Ministério da Fazenda para que sejam atendidos os seguintes pleitos dos produtores gaúchos:

1- O mix de taxa de juro que está sendo proposta pelos agentes é um

absurdo, supera 18% ªª, inviável para o nível de rentabilidade desta

cultura. Caso isso ocorrer, o produtor corre sério risco de fazer um

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

80

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

lavoura com baixos investimentos comprometendo a produtividade

esperada e poderá não conseguir saldar as contas no final da safra.

2- Que 100% dos recursos destinados ao custeio da safra de trigo 2004

sejam disponibilizados aos produtores a juros de no máximo 8,75% ao

ano sem redução do teto praticado na safra passada de R$ 150 mil.

3- Liberação urgente dos recursos para custeio de trigo, priorizando os

agricultores que mais sofreram com a seca.

Certos de contar com Vossa apreciação, renovamos nossos cumprimentos.

Ao Excelentíssimo Senhor,Roberto Rodrigues,Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,Brasília/DF.

c.c. para Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Banco do Brasil, Banco do Estado do RS, Secretaria da Agricultura do RS, Câmara Setorial do Trigo e Governo do Estado do RS.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

81

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Of. GAB. Nº .116/04 Porto Alegre, 05 de maio de 2004.

Excelentíssimo Senhor,

Os produtores rurais do Estado do Rio Grande do Sul

foram os que mais sofreram com a estiagem que assolou o sul do país. Sabemos do esforço

do Governo do Estado em liberar recursos para auxiliar mais de 250 mil produtores atingidos

e mais de 370 municípios em situação de emergência.

A forma encontrada pelos produtores para amenizar

prejuízos da seca, é investir nas culturas de inverno mais especificamente no trigo para

recompor a renda ainda em 2004.

No ano passado foram financiados no Estado, 580 mil

hectares do total de mais de 1 milhão de hectares cultivados com trigo, representando 55%

da área financiada, onde foram aplicados mais de R$ 250 milhões em custeio. Para a atual

safra o valor anunciado é de R$ 320 milhões, pelo Banco do Brasil, ainda insuficientes para

atender a demanda que é da ordem de R$ 390 milhões.

Sabemos da importância do Banrisul em destinar

novamente recursos para custeio e comercialização da safra de trigo 2004.

Em 2004, além de enfrentarem o problema da seca,

parte dos produtores estão com dificuldades de conseguir recursos para custeio do trigo a

juros de até 8,75 ao ano.

Segundo, ao procurarem os agentes financeiros para

acessar sé terão garantido o acesso a recursos com taxa de juro de 8,75%, sob alegação de

limitação de recursos. Neste caso muitos produtores terão que recorrer fontes alternativas

se necessitarem de mais recursos. As taxas de juros para a suplementação de recursos,

supera a casa de 18% ao ano, elevada para os atuais níveis de rentabilidade da atividade.

Frente aos fatos acima relatados, solicitamos o

empenho do Banrisul, no sentido de aportar recursos para que sejam atendidos os

seguintes pleitos dos produtores gaúchos:

mix de taxa de juro que está sendo proposta pelos agentes é um absurdo, supera 18%

ao ano, inviável para o nível de rentabilidade desta cultura. Caso isso ocorrer, o produtor

corre sério

risco de fazer uma lavoura com baixos investimentos comprometendo a produtividade

esperada e poderá não conseguir saldar as contas no final da safra.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

82

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Que 100% dos recursos destinados aos custeio da safra de trigo 2004 pelo Banrisul,

sejam disponibilizados aos produtores a juros de no máximo 8,75%ao ano sem redução

do teto praticado na safra passada de R$ 150 mil.

Liberação urgente dos recursos, em patamar superior aos liberados na safra passada,

para custeio do trigo, priorizando aos agricultores que mais sofreram com a seca.

Certos de contar com o acolhimento deste pleito, renovamos cordiais saudações.

Ao Excelentíssimo Senhor,

Nelson Marchesan Júnior,

Diretor de Agronegócios do Banrisul,

N/C

c.c para Ministério da Agricultura, Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento

Agrário, Banco do Brasil, Secretaria da Agricultura do RS, Câmara Setorial do Trigo e

Governo do Estado do RS.

Relatório Final da Subcomissão do TrigoDeputado Heitor Schuch, Relator

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