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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1492 Abril/2014 Tudo começou com um grupo de agricultores e agricultoras querendo produzir, porém não tinham terra, esse foi um dos motivos que fez surgir o Assentamento Nova Paz, localizado em Queimadas-BA. Depois de muitas lutas, conquistaram a terra a partir da Reforma Agrária, e de uma terra abandonada, que para muitos era vista como infértil. Hoje cerca de 17 famílias munidas de contratos que atestam a regulamentação do uso da terra tiram o sustento deste pedaço de chão, e dão vida e fazem brotar uma nova esperança a cada semente cultivada. Cada família hoje detêm aproximadamente um hectare para produzir e criar animais. Entre as famílias que fazem parte do Assentamento está a de Seu Horlando dos Santos, de 55 anos, e da Dona Analdina Alves da Silva, de 58 anos, que a cerca de cinco anos usa a terra como principal fonte de renda. ''No começo foi difícil, sou natural de Salvador, me mudei para Queimadas com minha esposa a cerca de nove anos, a mudança não foi tão difícil, pois os filhos já tinham tomado rumo na vida. Só tínhamos nós dois, a gente estava procurando um lugar tranquilo para viver e que possibilitasse a sobreviver da terra. Quando tudo começou até em acampamento a gente ficou, foi uma luta. Quando olho para tudo isso que nós conquistamos, quando olho aquela plantação tão grande, quando penso que é de lá que tiro o sustento da minha casa me encho de orgulho e vejo que realmente valeu a pena'', diz Seu Horlando. O lote da terra conquistada pelo casal fica cerca de 4 km da casa onde eles moram, o que não desencoraja Seu Horlando e Dona Analdina a todos os dias, as vezes até mais de uma vez por dia, a ir cuidar da plantação. Na terra eles cultivam de tudo um pouco, alface, couve, cenoura, beterraba, pepino, quiabo, batata doce, aipim, cana-de-açúcar, berinjela, coentro, cebola, cebolinha, entre outras culturas, gerando assim sustentabilidade alimentar e financeira. Cultivar todas essa iguarias não é tarefa fácil, mas a comunidade Nova Paz é banhada pelo rio Itapicuru, o qual seu Horlando e sua esposa souberam com sabedoria extrair tudo o que ele poderia lhes oferecer. ''A gente usa a água do rio Itapicuru para molhar a nossa lavoura. Assentamento gera renda e esperança para família na comunidade de Nova Paz Queimadas

Assentamento gera renda e esperança para família na comunidade de Nova Paz

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Tudo começou com um grupo de agricultores e agricultoras querendo produzir, porém não tinham terra, esse foi um dos motivos que fez surgir o Assentamento Nova Paz, localizado em Queimada-BA.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1492

Abril/2014

Tudo começou com um grupo de agricultores e agricultoras querendo produzir, porém não tinham terra, esse foi um dos motivos que fez surgir o Assentamento Nova Paz, localizado em Queimadas-BA. Depois de muitas lutas, conquistaram a terra a partir da Reforma Agrária, e de uma terra abandonada, que para muitos era vista como infértil. Hoje cerca de 17 famílias munidas de contratos que atestam a regulamentação do uso da terra tiram o sustento deste pedaço de chão, e dão vida e fazem brotar uma nova esperança a cada semente cultivada. Cada família hoje detêm aproximadamente um hectare para produzir e criar animais. Entre as famílias que fazem parte do Assentamento está a de Seu Horlando dos Santos, de 55 anos, e da Dona Analdina Alves da Silva, de

58 anos, que a cerca de cinco anos usa a terra como principal fonte de renda.''No começo foi difícil, sou natural de Salvador, me mudei para Queimadas com minha esposa a cerca de nove anos, a mudança não foi tão difícil, pois os filhos já tinham tomado rumo na vida. Só tínhamos nós dois, a gente estava procurando um lugar tranquilo para viver e que possibilitasse a sobreviver da terra. Quando tudo começou até em acampamento a gente ficou, foi uma luta. Quando olho para tudo isso que nós conquistamos, quando olho aquela plantação tão grande, quando penso que é de lá que tiro o sustento da minha casa me encho de orgulho e vejo que realmente valeu a pena'', diz Seu Horlando.O lote da terra conquistada pelo casal fica cerca de 4 km da casa onde eles moram, o que não desencoraja Seu Horlando e Dona Analdina a todos os dias, as vezes até mais de uma vez por dia, a ir cuidar da plantação. Na terra eles cultivam de tudo um pouco, alface, couve, cenoura, beterraba, pepino, quiabo, batata doce, aipim, cana-de-açúcar, berinjela, coentro, cebola, cebolinha, entre outras culturas, gerando assim sustentabilidade alimentar e financeira. Cultivar todas essa iguarias não é tarefa fácil, mas a comunidade Nova Paz é banhada pelo rio Itapicuru, o qual seu Horlando e sua esposa souberam com sabedoria extrair tudo o que ele poderia lhes oferecer.''A gente usa a água do rio Itapicuru para molhar a nossa lavoura.

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Queimadas

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Temos aqui um sistema de irrigação por bombeamento que vem direto do rio, tudo foi projetado para nada dar errado. A partir disso só puxei alguns canos aqui, outros ali e assim consigo obter os resultados que quero. Esse rio aqui é a nossa salvação, graças a ele as coisas estão bem verdinhas, e apesar da época de estiagem nunca falta água. Sem falar que o ponto que fiz a horta é estratégico, é bem embaixo de uma árvore, então não precisou eu fazer nenhum tipo de cobertura morta, a natureza conspirou ao nosso favor'', explica seu Horlando.Não é só de água que uma semente precisa para crescer e reproduzir. Há muitos fatores que cercam o desenvolvimento de uma verdura, ou de uma hortaliça, é aí que entra o adubo, o qual na propriedade da família optou por um adubo orgânico, como descreve dona Analdina.''A gente usa adubo natural. Além de não fazer mal a saúde, para nós é de graça. Usamos o esterco bovino e de cabra. Outra coisa que não fazemos uso são esses venenos para combater as pragas, os agrotóxicos. Aqui usamos a planta Nim para que tudo seja saudável''. Hoje, além de comercializar seus produtos na cidade, a família ainda atende projetos do governo como o

Programa de Nacional de Alimentação Escolar - PNAE e a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, além de fazer doações para comunidade e para Casa Pastoral local. De acordo com o casal a renda média, com muito esforço é de R$ 1.200,00 mensais, mais isso varia, pois depende muito da produção em cada mês. Na feira, Dona Analdina diz que os fregueses já conhecem seus produtos, que já optam por eles. ''Tenho fregueses que só compram comigo, se eu não tiver, por exemplo, a abóbora, a alface fica sem comer esses dois itens na semana. Eles acreditam na gente, sabem que nossas hortaliças são saudáveis, que não tem veneno. Tenho uma cliente de Salvador, o esposo dela trabalha aqui em Queimadas, então toda semana já leva a feira de legumes. Eles inclusive já vieram conhecer o nosso cantinho. É bom demais cuidar da terra, plantar e ver dar fruto e poder de certa forma

passar adiante isso, pois a gente faz isso''.Como todo agricultor e agricultora, Seu Horlando e Dona Analdina têm planos, como destaca seu Horlando. ''Além de aumentar a nossa produção, e já que tenho minhas cabras, quero agora uma vaquinha que possa tirar o meu leite, e até a minha carne, pois é algo que sempre está caro. As verduras já temos, só me falta mesmo o leite e carne. E queremos também investir em maquinário, principalmente transporte, pois todo dia de feira temos que pagar a alguém para levar os nossos produtos. O mais importante de tudo é continuar cuidando dessa terra que para mim é uma horizontal e uma vertical. É tudo para mim. É meu pé direito''. Dona Analdina completa. ''É o nosso pão de cada dia. De onde tiramos o nosso sustento. Ela nos encoraja a todos os dias a seguir a mesma rotina. Ser gente do campo não é fácil não. Plantar tem todo um processo, é preparar a terra, limpar os matos, molhar, combater as pragas, é muito trabalho, mas no final é compensador. Só os sabores desses alimentos já compensa isso tudo''.

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