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Assessor Geral de Comunicação Social das Águas nº... · a Política Estadual de Recursos Hídricos, as políticas de Preven-ção, Mitigação e Adaptação aos Efeitos das Mudanças

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Trilha das Águas Boletim Informativo Instituto de Gestão das Águas e Clima

Edição Fevereiro a Dezembro de 2008

Governador J aques Wagner

Secretária da Casa Civil Eva Maria Chiavon

Assessor Geral de Comunicação Social Robinson Almeida

Secretário do Meio Ambiente Juliano Matos

Diretor-Geral do INGÁ Julio Cesar de Sá da Rocha

Chefe de Gabinete Jorge Mendonça

Diretoria de Regulação Luiz Henrique Pinheiro

Diretoria de Monitoramento e Informação Wanderley Matos

Diretoria Socioambiental Participativa José Augusto de Castro Tosato

Diretoria de Planejamento de Recursos Hídricos José George Santos Silva

Diretoria Administrativa e Financeira Sóstenes Florentino

Procurador-Chefe Jorge Rocha

Textos Letícia Belém (DRT MG 6.309), Cláudia Oliveira (DRT PB 1.154) e

Yordan Bosco (DRT BA 2.992)

Edição Letícia Belém

Colaboração Brenda Medeiros (DRT RN 931)

Fotos André Carvalho e Yordan Bosco

Projeto gráfico e diagramação Márcia Meneses

Ascom INGÁ 71- 3116-3286 e 3116-3024 [email protected]

Avenida ACM, 357, Itaigara Salvador BA CEP 41825-000

Visite nosso site: www.inga.ba.gov.br

Unidades RegionaisEunápolis: (73) 3261 0217/ 0218Jequié: (73) 3525 8135Senhor do Bonfim: (74) 3541 5223/ 5222Juazeiro: (74) 3611 0198Irecê: (74) 3641 3768/5119Guanambi: (77) 3451 9009Barreiras: (77) 3612 8387Santa Maria da Vitória: (77) 3483 3536/3535Itabuna: (73) 3215 3029Feira de Santana: (75) 3221-6899 | 3624-4084

Endereços das Unidades Regionais do INGÁ:Eunápolis: Rua Viena, 425 - Bairro Dinnah Borges; Guanambi: Rua OlavoBilac, 45- Centro; Irecê: Rua Rio Grande do Sul, 143- Centro; Jequié: PraçaDuque de Caxias, s/n - Jequiezinho; Juazeiro: Conj. Habitacional, Lotes 1,2 e 3, Bairro Tancredo Neves; Sta. Maria da Vitória: Rua Mariano Borges,s/n°, Bairro Vila Nova; Senhor do Bonfim: Rua 3 Quadra B s/n - CasasPopulares Bonfim I; Itabuna: Rua Ruy Barbosa, 766, Centro e Barreiras:Rua Anibal Alves Barbosa, 175, Centro; Feira de Santana: Rua Castro Alves,1.314, Edf. Central Médica, 2º andar Bairro Centro - Seabra: Rua Ana Nery,nº223 – Centro

INGÁ conduziu o processo deformação dos quatro novos

Comitês de Bacias no Estado

Fotos: André Carvalho

INGÁnointerior

O novo número do Informativo “Trilha das Águas” chega com mudanças na Polí-tica Estadual de Recursos Hídricos, introduzidas pela Lei 11.050, de junho de 2008. Nocontexto da reforma administrativa proposta pelo Governador Jaques Wagner e apro-vada pela Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, a Superintendência de RecursosHídricos passa a se denominar Instituto de Gestão das Águas e Clima – INGÁ.

Ademais, amplia atribuições com a incorporação da área de mudanças climáticas,desertificação, restauração de nascentes e matas ciliares. A reforma também estabelecea criação de novas diretorias (de monitoramento e informação; socioambientalparticipativa; de planejamento de recursos hídricos) e da chefia de gabinete. Por suavez, o Boletim “Trilha das Águas” traz importantes notícias, que reforçam o esforço doGoverno da Bahia na gestão das águas.

Assim, o INGÁ começa a fiscalizar os usos das águas com poder de polícia adminis-trativa; o Estado norteia a política do uso sustentável da água para irrigação no Oeste;o Programa Monitora completa um ano avaliando a qualidade das águas dos riosbaianos; quatro novos Comitês de Bacias hidrográficas foram criados na Bahia; é im-plantado o programa Agentes Voluntários das Águas (AVA) com possibilidade dasociedade participar das ações de proteção de rios, nascentes e matas ciliares.

Cabe registrar a importância do aprimoramento do instrumento de outorga; arevisão dos planos de recursos hídricos; os cursos regulares e capacitações da UNIHIDRO;o intercâmbio de informações e experiências dos representantes de diversos Estadosnas reuniões do Fórum Nacional dos Órgãos Gestores. Por fim, apresentamos a trocade experiências com a África e a discussão sobre a desertificação. O tempo é de fazer,e 2009 é o ano de execução das políticas públicas.

Julio Cesar de Sá da RochaDiretor-Geral do INGÁ

Usuário de água éempossado como

membro de Comitê

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O Governo do Estado da Bahia alterou a denominação,

finalidade e estrutura organizacional do Sistema de Meio

Ambiente e Recursos Hídricos do Estado, mediante publica-

ção do Decreto de Lei nº 11.050, em 06 de junho de 2008.

Com isso, a antiga Superintendência de Recursos Hídricos(SRH) passou a ser o Instituto de Gestão das Águas e Clima(INGÁ), tendo sua área de atuação significativamente amplia-da. Com a nova lei, o INGÁ tem por finalidade gerir e executara Política Estadual de Recursos Hídricos, as políticas de Preven-ção, Mitigação e Adaptação aos Efeitos das Mudanças Climá-ticas e o combate à desertificação, além de realizar também osmonitoramentos hidrológicos, hidrogeológicos, climáticos ehidrometeorológicos do Estado.

Desta forma, o INGÁ passou a atuar na gestão focandoa integração e conectividade ambiental e ecológica com osmúltiplos usos da água. A partir dessa nova concepção, oEstado compreende a água como bem natural essencial àvida e como parte do ambiente, e não apenas como recursohídrico que é dotado de valor econômico. A alteração deSRH para INGÁ amplia também o leque de atividades queo órgão pode desenvolver, a exemplo de pesquisas aplica-das na área de recursos hídricos e de estudos destinados àelaboração e execução de programas, projetos e ações inte-gradas de preservação e conservação das águas.

MudançasPor abrigar o Centro Estadual de Meteorologia da Bahia

(Cemba), a autarquia passa a levar no seu nome a menção aesta prestação de serviço estatal, que é a produção de infor-mação climatológica, reforçando ainda mais essa impor-tante atribuição do Estado. O INGÁ é o único órgão dentrodo Estado que elabora diariamente a previsão meteorológicapara toda a Bahia, além de pesquisar e acompanhar o tem-po e o clima.

O INGÁ repassa o gerenciamento das barragens e reser-vatórios que estavam sob sua responsabilidade para a Com-panhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb),. Por outrolado, compete à autarquia estabelecer as regras de opera-ções de barragens no Estado da Bahia. Para ficar mais com-patível com as novas finalidades, as diretorias do INGÁ pas-saram a ser: Diretoria de Planejamento de Recursos Hídricos;de Monitoramento e Informação; de Regulação;Socioambiental Participativa e Administrativa e Financeira.

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos(Semarh) passou a ser denominada Secretaria de MeioAmbiente (Sema); o Centro de Recursos Naturais (CRA)passou a se chamar Instituto do Meio Ambiente e a Com-panhia de Engenharia Rural da Bahia passou a se chamarCompanhia de Engenharia Rural da Bahia (Cerb).

Estado cria o Instituto de Gestãodas Águas e Clima

A principal finalidade do INGÁ é gerir e executar a Política Estadual de Recursos Hídricos e dePrevenção, Mitigação e Adaptação dos Efeitos das Mudanças Climáticas. Dentre suas compe-tências, estão: participar da formulação da Política Estadual de Recursos Hídricos e implementá-la, de forma integrada e participativa; desenvolver e executar as políticas públicas relativas àgestão das águas superficiais e subterrâneas de domínio do Estado da Bahia;

Elaborar, manter atualizado e implementar o Plano Estadual de Recursos Hídricos; exercer aSecretaria Executiva do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH); monitorar e fisca-lizar os usos dos recursos hídricos, elaborando relatório periódico sobre a situação dos das águasno Estado;

Além disso, o INGÁ deve fomentar e acompanhar a elaboração e execução de estudos, projetose obras de infra-estrutura hídrica; elaborar e manter atualizado o cadastro estadual de usuáriosde recursos hídricos e de obras de infra-estrutura hídrica; outorgar (autorizar) o direito de usode recursos hídricos do domínio do Estado, na forma da regulamentação;

Efetuar a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; gerir e operar o Sistema Estadual de Informa-ções de Recursos Hídricos; acompanhar a implementação das metas progressivas e obrigatóriasde enquadramento de corpo d'água em classes segundo seus usos preponderantes; fomentar aorganização, a criação e garantir o funcionamento de Comitês de Bacias Hidrográficas; acompa-nhar a implementação das metas dos planos de Bacias Hidrográficas estaduais;

Promover a elaboração de estudos e projetos para subsidiar a aplicação de recursos financeirosem obras e serviços de regularização de cursos de água, de alocação e distribuição de água e decontrole da poluição hídrica, em consonância com o estabelecido nos planos de recursoshídricos;

Promover a realização de pesquisas aplicadas na área de recursos hídricos e de estudos destina-dos à elaboração e execução de programas, projetos e ações integradas de preservação e conser-vação das águas; aprovar e fiscalizar as condições e regras de operação de reservatórios, visandogarantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos planos de recursoshídricos; elaborar e manter atualizado o cadastro estadual de obras de infra-estrutura hídrica;

Implementar ações de mobilização social, educação ambiental e comunicação que possibilitema participação da sociedade em ações voltadas ao aproveitamento sustentável, conservação e usoracional dos recursos hídricos e na promoção da sustentabilidade das Bacias Hidrográficas;estimular a prática e o uso de técnicas e tecnologias adequadas à conservação e ao uso racionalda água e outros recursos ambientais associados;

Exercer o poder de polícia administrativa no cumprimento da legislação relativa à utilizaçãodos recursos hídricos estaduais e aplicar as respectivas sanções; pesquisar e monitorar o tempoe o clima, as mudanças climáticas e combate à desertificação; efetuar a previsão meteorológica eos monitoramentos hidrológicos, hidrogeológicos, climáticos e hidrometeorológicos;

Promover, amigável ou judicialmente, a desapropriação de bens necessários ao exercício de suasfinalidades previamente declarados de utilidade pública; estabelecer normas técnicas e admi-nistrativas que assegurem a operacionalidade das suas atividades; participar da gestão doFundo Estadual de Recursos Hídricos, nos termos da Lei; exercer as atribuições que lhe foremdelegadas e outras atividades correlatas.

Curiosidade - A sigla do Instituto de Gestão das Águas e Clima – INGÁ, coincidiu com o nome deum fruto muito comum que nasce nas matas ciliares, ou seja, nas margens de rios e lagos, preferin-do solos úmidos e até brejosos, devido à grande quantidade de sementes depositadas nas várzeaspelas enchentes. De origem indígena, ingá significa “embebido, ensopado, empapado”. Nada maisapropriado para o nome do órgão gestor das águas da Bahia.

Competências do INGÁ

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INGÁ passa a fiscalizar uso da águaOs usos que são feitos das águas superficiais

e subterrâneas de todos os corpos hídricos de

domínio estadual estão sendo fiscalizados pelo

INGÁ. É a primeira vez no Estado da Bahia que as

infrações cometidas em desacordo com as au-torizações concedidas pelo órgão gestor daságuas serão coibidas pelo Governo do Estado,com poder de polícia administrativa.

Este é um dos avanços do atual governo nagestão das águas. A partir da publicação do decre-to-lei 10.943/08 do Governador Jaques Wagner, oINGÁ passou a assumir a competência de fiscali-zar os usos dos recursos hídricos, tanto para cap-tar água ou lançar dejetos nelas, conforme previs-to na Lei das Águas (9.433/97), que institui a Polí-tica Nacional de Recursos Hídricos, e na Lei Esta-dual dos Recursos Hídricos (10.432/06).

A fiscalização é um dos instrumentos da ges-tão dos recursos hídricos que permite a prote-ção e conservação dos corpos d’água, bem comoum melhor controle dos mananciais de água doEstado, para a garantia dos usos múltiplos, dasustentabilidade hídrica e do uso racional dosrecursos hídricos.

Com a publicação do decreto-lei, competeao INGÁ fiscalizar o uso da água, acompanhar,controlar e apurar as infrações, a aplicação desanções e a determinação de retificações das ati-vidades, obras e serviços pelos usuários da águanas bacias hidrográficas da Bahia.

As ações visam atender às denúncias relativasao uso irregular dos recursos hídricos (comobarramentos de cursos d’água, captações acimado autorizado e lançamento de efluentes), bemcomo vistoriar as condicionantes (condições pre-vistas na licença) de outorgas concedidas (autori-zação de direito de uso da água) pelo INGÁ, com-binando com ações preventivas de educaçãoambiental e de orientação aos usuários da água.

Anteriormente, os fiscais do INGÁ poderi-am apenas, nas vistorias realizadas, notificar osinfratores, sem um instrumento jurídico que pos-sibilitasse o cumprimento das determinaçõesconstantes no auto de infração, e sem possibili-dade de punição para os reincidentes.

“A água é um bem comum, mas limitado. Por-tanto, é importante contar com a participaçãode toda a sociedade no sentido de preservá-la epromover um uso racional para garantir este bemàs presentes e futuras gerações”, ressalta o diretorde Regulação do INGÁ, Luiz Henrique Pinheiro.

PreparaçãoCom a regulamentação da fiscalização com

poder de polícia, os profissionais do INGÁ vêmpassando por um processo contínuo de treina-mento para estarem aptos a atuar nessa novafase da fiscalização das águas na Bahia.

No segundo semestre de 2008, os especialis-tas e técnicos em fiscalização do INGÁ partici-param de dois cursos para o aprimoramento dacompetência de fiscalizar o uso da água. O pri-meiro foi ministrado por especialistas de órgãoscomo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas(Igam) e a Agência Reguladora de Águas e Sane-amento do Distrito Federal (Adasa), e como tro-ca de experiência, conheceram os processos rea-lizados por estes órgãos.

O segundo curso proporcionou embasa-mento técnico e legal para a aplicação das san-ções e das legislações no combate às infrações emaior domínio das informações referente às nor-mas administrativas e jurídicas, como preenchi-mentos de formulários de autuação, o fluxo doencaminhamento dos processos administrati-vos da inspeção, procedimentos operacionais,os instrumentos e documentos de fiscalização,dentre outros.

Contou ainda com palestras para nivelar oconhecimento sobre a fiscalização das águas, comparticipação do diretor-geral do órgão, que étambém Doutor em Direito Ambiental, sobreDireito de Águas; Poder de Polícia; “Aspectos doServidor Público e os Crimes cometidos contra aAdministração Pública”; e instrumentos das Po-líticas Estadual e Federal de Recursos Hídricos.

As ações e campanhas estão sendo feitas por60 especialistas e técnicos em fiscalização, espa-lhados pela capital e Unidades Regionais no in-terior do Estado.

InfraçõesEntre as infrações classificadas com leves, gra-

ves e gravíssimas estão: “exercer atividade que re-sulte alteração no regime, na quantidade ou na

qualidade das águas sem a outorga”; “captar, deri-var ou utilizar recursos hídricos, para qualquer fi-nalidade, sem a respectiva outorga (autorização)de direito de uso da água”; “utilizar os recursoshídricos superficiais e subterrâneos em desacordocom as condições estabelecidas na outorga”;

E ainda: “lançar em corpos d’água esgotos, des-pejos e demais resíduos líquidos ou gasosos, trata-dos ou não, sem a respectiva outorga de direitode uso”; “perfurar poços para a extração da águasubterrânea sem a autorização, ou colocá-las emoperação sem a outorga”; “fraudar as medições”e“obstar ou dificultar a ação fiscalizadora; e o ato de“extrair minerais ou outros materiais em leitos dosrios e demais corpos hídricos sem as autorizaçõesdos órgãos competentes”.

MultasAs infrações previstas no decreto 10.943/08

serão punidas com advertência por escrito; san-ções restritivas de direito; embargo ou interdi-ção das obras ou atividades; demolição da obra;tamponamento do poço; apreensão de instru-mentos e a suspensão ou revogação da outorgade direito de uso da água. A multa para essestipos de infrações pode chegar ao valor de R$ 50mil, dobrando na reincidência e em caso dedescumprimento pode resultar no embargo, in-terdição ou suspensão da atividade.

“A fiscalização reforça a estrutura que está sen-do construída pelo Governo da Bahia para a pro-teção das águas”, explicou o diretor-geral do INGÁ,Julio Rocha. Outra ação estruturante que fortale-cerá ainda mais a fiscalização das águas na Bahia éa realização de concurso público para o preenchi-mento de 260 vagas, até o ano de 2011, para vári-as funções, incluindo a fiscalização.

A retirada de água de rios e poços sem autorização (outorga) é crime contra as águas

Fernando Bahia

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Novos critérios de outorgas protegemos mananciais

Na atual gestão, foram publicadas instru-

ções normativas regularizando os critérios técni-

cos referentes à outorga (autorização para direi-

to de uso da água) tanto para o uso dos recursos

hídricos quanto para fins de diluição, transporteou disposição final de esgotos domésticos emcorpos d’água de domínio do Estado da Bahia.

O modelo de outorga no Estado da Bahia con-templa o que existe de mais avançado na legislaçãodo país, não só no quesito direito do uso da água quantono de lançamento de esgotos domésticos nos rios, etem servido de referência para diversos Estados.

Lançamento de efluentesA normatização para lançamento de efluentes

pelo órgão gestor é uma novidade no país e é maisuma forma de proteção dos rios. Dentro dos critériosdefinidos está o de que todo despejo de esgotosdomésticos deve respeitar a classe em que o corpod’água está enquadrado para não interferir na quali-dade definida de acordo com os seus usos prioritários.

“A análise prévia da outorga avalia se o riotem capacidade ou não de diluir os efluentes,mantendo a classe em que está enquadrado, ouseja, mantendo o padrão de qualidade que o riotem que ter, segundo os usos prioritários defini-dos pela sociedade”, explica o diretor deRegulação do INGÁ, Luiz Henrique Pinheiro.

O principal objetivo da regulamentação dasoutorgas de direito de uso de recursos hídricos éassegurar o seu controle quantitativo e qualitati-vo e o efetivo exercício dos direitos de acesso àágua pela população.

Novos critérios para a construçãode barragens

O INGÁ estabeleceu também novos critérios para a concessão e dispensa de outorga para aconstrução de barragens em corpos d´água na Bahia. Dentre eles está a exigência de apresenta-ção de estudo de alternativas de utilização da água para as finalidades requeridas, incluindo osmananciais subterrâneos. Isto significa que o usuário que solicita a construção de uma barragemdeve contemplar outras possibilidades de acesso à água, inclusive subterrânea, e a análise da realnecessidade da obra.

“É a primeira vez no Brasil que um órgão de recursos hídricos constrói padrões técnicos quepossibilitam a garantia hídrica e a efetivação do princípio da precaução e do direito fundamental àágua. “Mais uma vez, a Bahia avança contemplando, inclusive, a possibilidade de intervenções hídricasque podem incluir cisternas, aguadas, caçimbas e barragens, como estabelece o Programa Água ParaTodos”, ressaltou o diretor-geral Julio Rocha.

Interesse socialOutra normatização para a autorização do uso da água publicada pelo INGÁ visa ampliar o

acesso ao uso da água para pequenos agricultores e para obras de interesse público ou social, comode saneamento básico. Ela possibilita a adoção de critérios alternativos para a comprovação dapropriedade do imóvel onde é solicitada a outorga.

As concessões de outorga de direito de uso dos recursos hídricos de domínio do Estado da Bahiasão expedidas pelo INGÁ, seguindo os critérios definidos nos Planos de Bacias existentes e estãocondicionadas à disponibilidade hídrica e à prioridade para a satisfação das necessidades básicas eproteção dos ecossistemas.

Entre os principais objetivos da outorga estão a prevenção de conflitos entre usuários e a conser-vação dos recursos hídricos. Estão passíveis de outorga a extração de água dos aqüíferos e a captaçãode água dos corpos d´água para usos múltiplos como consumo final, inclusive para abastecimentopúblico ou insumo de processo produtivo.

Também necessitam de outorga o uso da água para aproveitamento de potenciais hidrelétricose outros usos que alterem o regime, a quantidade e a qualidade da água existente em um corpod´água. Já pequenos usuários que utilizam uma vazão abaixo de 0,5 litros de água por segundo nãoprecisam de outorga, mas precisam ser cadastrados no órgão.

Vale lembrar que a prioridade dos volumes a serem outorgados é para o abastecimento humanoe animal. A obtenção da outorga é exigência prévia para os usuários obterem financiamentos paraprojetos de implantação de empreendimentos que demandem o uso de água.

Antes de ser concedida a autorização para uso da água, são feitos estudos para avaliar a disponibilidade hídrica para os diversos usos prioritários que a sociedade faz do manancial

André Carvalho

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Uso da água é discutido no OesteA preocupação em chamar a atenção para

a importância de se utilizar a água de forma raci-

onal e sustentável em uma das regiões do Esta-

do onde o consumo por este bem é mais inten-

sa motivou o INGÁ a promover, no início de ju-nho de 2008, o Seminário “Governança dasÁguas: Tecnologias de Irrigação para o Uso Sus-tentável”, no município de Barreiras.

Durante três dias, foram discutidas alternati-vas de irrigação para o uso sustentável para ocombate ao desperdício da água; a Importânciado Monitoramento Meteorológico para aGovernança das Águas; o Manejo e Conserva-ção do Solo e da Água, dentre outros temas.

O seminário promoveu o diálogo entre todosos setores sociais na busca pela universalização dodireito à água para todos, além de sensibilizar ascomunidades, os agricultores, os irrigantes, os pro-dutores rurais, os industriários, os povos e comu-nidades tradicionais e do campo, os pesquisado-res, os estudantes, os membros de Comitês deBacias Hidrográficas, a sociedade civil e o poderpúblico a utilizarem a água de forma sustentável.

Consumo de águaA região Oeste do Estado da Bahia é que faz

uma utilização mais intensa da água, ultrapas-sando 11 bilhões de litros por dia, o que equivalea aproximadamente 6 milhões de piscinas olím-picas por dia. A maior parte desta utilização vemda agricultura irrigada. As bacias dos rios Grandee Corrente têm áreas totais irrigadas de 145.701hectares e demandas máximas outorgadas de11.370.240 metros cúbicos de água por dia (oequivalente a 11 bilhões, 370 milhões e 240 millitros de água por dia) ou 131,6 metros cúbicospor segundo.

O comprometimento da disponibilidadehídrica das bacias hidrográficas dos Rios Grandee Corrente, e do aqüífero Urucuia, levaram o Go-verno do Estado a provocar a reflexão da socieda-de sobre o tema, e a adotar medidas mais restriti-vas em relação à concessão de novas outorgas.

As técnicas de irrigação poucos eficientes,pelo grande desperdício de água, como o do PivôCentral, foram debatidas no seminário. O dire-tor da Associação de Agricultores e Irrigantes daBahia (Aiba), José Cisino, disse que essa técnicatem cerca de 30 anos e foi criada quando nãohavia discussões nem consciência ambientais noBrasil. Ele falou também sobre a total ausênciado Estado, até então, em relação às políticasambientais na agricultura.

Utilização da águaEm um ato que comprova o comprometi-

mento do Governo Estadual com a transparên-cia, os dados referentes aos pedidos e emissãode outorgas (autorizações) de uso da água dasduas principais bacias da região Oeste, a do Rio

Yordan Bosco

Representantes de diversas instituições discutiram tecnologias mais eficientes de irrigação no seminário

Grande e a do Rio Corrente foram divulgados.Na bacia do Rio Grande, do total de 300 outor-gas concedidas para águas superficiais até o dia4 de junho, 267 foram para irrigação, 18 paraabastecimento humano, oito para abastecimen-to industrial, três para lançamentos de efluentes,uma para dessedentação animal e três para pe-quenas centrais hidrelétricas para geração deenergia, de até 30 megawatts (PCHs).

Já na bacia do Corrente, do total de 150 soli-citações atendidas no mesmo período, 133 fo-ram para irrigação; 12 para abastecimento hu-mano, uma para abastecimento industrial, umapara lançamentos de efluentes; uma paradessedentação animal e duas para PCHs.

Os pedidos para irrigação também são mai-oria absoluta para a solicitação de outorga deáguas subterrâneas. Na bacia do Rio Grande, fo-ram 122 solicitações, sendo 73 para irrigação, 14para abastecimento humano, 21 para abasteci-mento industrial e 14 para dessedentação ani-mal. Para as águas subterrâneas do Rio Corrente,foram concedidas 60 outorgas para irrigação, oitopara abastecimento humano, três para abasteci-mento industrial e uma para dessedentaçãoanimal, perfazendo um total de 72 solicitações.

Novas diretrizesAs considerações e propostas debatidas no

seminário foram resumidas na “Carta das Águasde Barreiras”, que contém encaminhamentospara os órgãos governamentais municipais e es-taduais, e sociedade civil. O documento abordaquestionamentos sobre o modelo de desenvol-vimento do cerrado baiano e sobre a proteção

dos rios e ecossistemas da região.Os participantes concluíram que há uma ne-

cessidade urgente de implementação de medi-das no controle ambiental, para garantir o aces-so dos recursos naturais a todos e todas e às fu-turas gerações. “O maior desafio na gestão dosrecursos hídricos é fazer com que toda a socieda-de entenda que a água é um bem fundamental,comum a todos os seres humanos e limitado”,ressaltou Julio Rocha, diretor-geral do INGÁ.

Entre as propostas sugeridas para os órgãospúblicos e para a sociedade, estão a adoção demedidas de controle mais rigoroso para a con-cessão de outorgas de águas subterrâneas e su-perficiais nas bacias dos rios Grande e Corrente;a exigência de utilização de novas tecnologiasde uso e manejo eficiente (como condicionantede outorgas para irrigação); a promoção de estu-dos e procedimentos de monitoramento doaqüífero Urucuia e a ampliação da malhaamostral das Bacias do Grande e Corrente, atra-vés do Programa Monitora.

Foram três dias, dez palestrantes, nove mode-radores, 23 debatedores, 18 instituições públicas enão-governamentais, mais de 300 participantese 10 representações de comunidades e povos tra-dicionais “Além de um debate aberto e transpa-rente entre sociedade e governo, criamos umapauta de propostas de interesse de diversos seto-res da sociedade, com a presença de órgãos comoCasa Civil, Seagri, UFBA, UNEB, Sema, prefeituras,vereadores e secretários municipais. Isso é um pro-cesso de construção coletiva. Políticas públicas seconstróem assim, e não da noite para o dia”, expli-ca o diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha.

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Ações de reuso da água podemser adaptadas no Semi-Árido

Israel é um dos países do Oriente Médio

que enfrentam graves problemas em decorrên-

cia da escassez hídrica. Mas tem encontrado al-

ternativas de reuso da água capazes de transfor-

mar água de esgoto em potável. Algo em tornode 90% da irrigação em Israel é feita com águaresiduária, ou seja, de efluentes que, após trata-dos, se destinam à irrigação de culturas comoalgodão, citricultura, batata e feijão. As alternati-vas de convivência com o problema podem ser-vir de base para o desenvolvimento de políticaspúblicas na Bahia; que tem 69,3% de seu territó-rio no semi-árido. A área é composta por 266municípios e reúne uma população estimada,segundo o IBGE, de 6.451.835 pessoas.

Representando o governo do Estado em via-gem oficial ao país, em agosto de 2008, a conviteda Câmara de Comércio América Latina-Israel, odiretor-geral do INGÁ, Julio Rocha; o diretor deRegulação do INGÁ, Luiz Henrique Pinheiro e asuperintendente de Irrigação da Secretaria deAgricultura do Estado (Seagri), Silvana Costa,conheceram algumas dessas experiências dereuso da água.

Em função da escassez hídrica no país, as em-presas em Israel desenvolvem, cada vez mais,tecnologias para a convivência com o problema.Por isso, a delegação visitou a Mekorot, empresaestatal israelense e conheceu o sistema de trata-

mento das águas residuárias da região metropoli-tana de Tel Aviv, localizada em Rishon. O esgoto étratado e se transforma em água para irrigação. Aestação de tratamento produz cerca de 370.000m3/dia de água, o equivalente a 135 milhões m3/ano - representando 15% da necessidade agríco-la. A empresa também utiliza o sistema de trata-mento terciário (lodo ativado e clarificadores) se-guido de infiltração do efluente no solo, obtendoem seguida condições até de potabilidade.

A delegação também conheceu a empresaNetafim, líder mundial em irrigação porgotejamento. A indústria fez apresentação so-bre a perspectiva da água na agricultura, desta-cando a necessidade de uso eficiente na irriga-ção, com análise de utilização de vazões baixas,irrigação super intensiva com utilização degotejamento associada à alta produtividade emenor impacto ambiental.

Depois, em Asheklon, os representantes dogoverno da Bahia visitaram a dessalinizadoraAdom, de tecnologia franco-israelense. A fábricareúne duas plantas para dessalinização com cap-tação de cerca de 28.000 m3/h de água proveni-ente do Mar Mediterrâneo e produz 14.000 m3/h de água potável. A água é repassada para aestatal e agência de água Mekorot. A visita com-preendeu todo processo da produção.

A superintendente de Irrigação da Seagri,Silvana Costa, avalia que “a experiência de Israelde uso da água pode efetivamente servir de

modelo para o desenvolvimento da agriculturabaiana no semi-árido”. Silvana ressalta que emIsrael, diversas empresas têm desenvolvido sis-temas fechados de uso de água por estímulogovernamental que possui campanhas públi-cas de uso eficiente.

A questão da água é uma dos temas mais im-portantes para o desenvolvimento de Israel. ParaJulio Rocha, “a tecnologia utilizada pela Mekorot éexemplo de que tratamento de esgoto pode sig-nificar investimento na sustentabilidade”.

Sistema de tratamentosecundário de esgoto

Outra experiência conhecida pela delega-ção baiana na viagem oficial a Israel foi o siste-ma de tratamento secundário de esgoto comaplicação na irrigação dos Mushavim. São áreasonde as famílias recebem lote de terra de igualtamanho para utilização agrícola de diversasculturas. A irrigação com utilização de efluentetratado se destina ao algodão, citricultura, ba-tata, feijão e outras.

Para o diretor de Regulação do INGÁ, “é aafirmação de que saneamento básico pode serconjugado com outras atividades benéficaspara a sociedade, uma vez que as tecnologiasde tratamento de esgotos domésticos são do-minadas em quase todo o mundo”.

Pinheiro acrescenta que o tratamento efici-ente dos efluentes domésticos e a escolha ade-quada e possível de um sistema de abasteci-mento feitos em Israel, são exemplos para regi-ões de escassez hídrica na Bahia. Ele lembrouque as principais cidades de Israel possuem sis-tema automatizado de irrigação para parquese jardins por gotejamento, com economia de50% a 60% da água proveniente dos sistemasde tratamento de efluentes. Todo sistema deirrigação é acompanhado e controlado porcomputador.

“A tecnologia utilizada pelaMekorot é exemplo de quetratamento de esgoto podesignificar investimento na

sustentabilidade”

A transformação do esgoto em água potável em Israel é uma alternativa para a escassez hídrica

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Irrigação por gotejamento de Israel éreferência para a Bahia

O sistema de irrigação por gotejamento en-

terrado usado em Israel pode ser uma referên-

cia para as culturas irrigadas da Bahia e foi uma

das experiências vivenciadas pelo diretor-geral

do INGÁ, o diretor de Regulação do INGÁ, e asuperintendente de Irrigação da Secretaria deAgricultura do Estado (Seagri), Silvana Costa,em viagem oficial ao país, no último mês deagosto, a convite da Câmara de ComércioAmérica Latina-Israel.

O sistema de irrigação por gotejamento pos-sibilita conjugar, com economia de água, umairrigação de alta eficiência através dogotejamento com a mecanização agrícola, co-mum em grandes áreas como é o caso da pro-dução de grãos e também da cana-de-açúcar.Esta última já utilizada com sucesso em algunspaíses, inclusive, no Estado de Alagoas.

Segundo a superintendente de Irrigação daSeagri, o sistema de gotejamento enterrado éexemplo de economia de água, redução de cus-tos e aumento da produção, além de possibilitarmenor impacto ambiental no solo pela aplica-ção eficiente de fertilizantes por meio da águade irrigação. Silvana Costa acrescenta que a Seagritem incentivado a irrigação localizada, mas res-saltou que “é um grande desafio o desenvolvi-mento de práticas que conduzam a um manejode irrigação eficiente, no qual haja redução dasperdas por condução e aplicação de água”.

O diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha, falouque a adoção na Bahia de um tipo de sistemacomo é o de irrigação por gotejamento enterra-do é fundamental para assegurar asustentabilidade dos rios. “Precisamos estimulara adoção das tecnologias que resultem no usoracional da água, para garantir a vida nos riospara as atuais e futuras gerações”. Ele acrescentouque esse processo é importante, inclusive, parasubsidiar ainda mais o INGÁ na concessão deoutorgas, principalmente nas áreas com gran-des demandas pelo uso da água como é o casodos pivôs centrais.

Kibbutz em Israel é exemplo de uso sustentável da águaEntre as experiências mais importantes de reuso da água na atualidade está o Kibbutz Hatzerim.

Trata-se de um movimento que cresceu fora da sociedade e tornou-se um modo de vida ruralpermanente baseado em princípios do igualitarismo e da comunidade. Nesse modelo de produ-ção, a principal atividade econômica é a irrigação por gotejamento enterrado e a produção indus-trial de componentes para a agricultura irrigada; exemplos de uso sustentável da água.

Durante visita oficial a Israel, o diretor-geral do INGÁ, o diretor de Regulação da autarquia, e asuperintendente de Irritação da Seagri, Silvana Costa, conheceram o local e verificaram o plantiode 300 hectares de jojoba em sistema de irrigação por gotejamento, alcançando uma produtivi-dade de 3000 kg/ha. Toda a produção deriva da irrigação com água residuária (água provenientedo esgoto doméstico) das residências do kibbutz e de cidade vizinha, após eficiente tratamentosecundário. A colheita é transformada no próprio kibbutz em óleo de jojoba para exportação.

O kibbutz possui ainda planta industrial que fabrica materiais e equipamentos de irrigaçãoque são vendidos para vários países do mundo, inclusive ao Brasil. A alta produtividade é resulta-do da aplicação da quantidade exata de água que a planta necessita. O sistema de irrigação porgotejo é exemplo de economia de água, redução de custos e aumento da produção, além dereduzir a aplicação de fertilizantes por conta de uso da água residuária.

Segundo Julio Rocha, “motivados por convicções fortes e por ideologia, eles deram forma auma sociedade com uma maneira de vida original. Com efeito, trabalham duramente para con-solidar a base econômica, social e administrativa de sua comunidade”.

“Precisamos estimular a adoção das tecnologiasque resultem no uso racional da água, para garantir

a vida nos rios para as atuais e futuras gerações”

A irrigação por pivô central, que ainda acontece no Brasil, deve ser substituída devido ao desperdício de água

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Programa Monitora traça diagnósticoda qualidade dos rios

Como parte do Programa Água Para Todos,

o Governo do Estado, através do INGÁ, está rea-

lizando, pela primeira vez na Bahia, a análise sis-

temática e simultânea da qualidade das águas

de cerca de cem rios do Estado. Ao longo doano de 2008 - o primeiro ano de execução doPrograma Monitora - técnicos do INGÁ e doCentro de Tecnologia Industrial Pedro Ribeiro(Senai/Cetind), vinculado à Federação das In-dústrias do Estado da Bahia (Fieb), fizeram qua-tro campanhas de campo.

Eles coletaram amostras de água de aproxi-madamente 210 pontos em diversos trechosdos rios que têm maior uso e importância para apopulação, da nascente à foz, inclusive em tre-chos onde os rios passam dentro de municípiospopulosos. O investimento do ProgramaMonitora é R$ 6,7 milhões até o ano de 2010.

As análises da água são feitas nos laboratóri-os do Senai/Cetind, acreditados e certificadospelo Inmetro, contratados pelo INGÁ. Além dosparâmetros físicos, químicos e biológicos, den-tro da metodologia denominada Índice deQualidade da Água (IQA), a análise da água con-templa metais pesados, pesticidas, agrotóxicos,sedimentos, e Índices de Estado Tróficos (IET), eainda indicadores orgânicos como, por exem-plo, séries de nitrogênio amoniacal, de nitrogê-nio orgânico, de carbono total e de fostato, nasbacias onde os usos da água apontavam a possi-bilidade de contaminação por estes elementos.

O monitoramento está sendo feito nos riosdas bacias do Extremo Sul, Leste, Recôncavo Sul,Inhambupe e Subaúma, dos Rios Pardo eJequitinhonha, das Contas, dos Rios Sauípe,Imbassaí e Pojuca, dos Rios Jacuípe, Joanes eIpitanga, Itapicuru, Paraguaçu, Subaé, São Paulo,Corrente, Grande, Salitre, Verde e Jacaré, Vaza-Barris, Real, Calha do Médio São Francisco,Submédio São Francisco, Paramirim, Onofre eCarnaíba de Dentro. Os rios do Estado foramdivididos em 17 macro-bacias hidrográficas,também chamadas de Regiões de Planejamen-to e Gestão das Águas (RPGAs).

Importância dos dadosO primeiro ano da série de monitoramento

das águas dos rios revela a situação real da qualida-de das águas dos rios baianos à sociedade e aosgovernos. O objetivo do Programa Monitora é teruma série histórica com o diagnóstico da qualida-de das águas das macro-bacias hidrográficasbaianas, que integrarão o banco de dados de recur-sos hídricos do Estado, e subsidiarão o governo cominformações técnicas e precisas, qualitativas e quan-

titativas, para a aplicação de políticas públicas decontrole da poluição e recuperação dos rios.

ResultadosA coordenadora do Monitora no Senai/

Cetind, Joana Paixão, explica que para o levanta-mento de todas as informações sobre a qualida-de das águas, foram analisados também a carac-terização do uso e ocupação do solo (através deinformações de órgãos como o IBGE), além dedados socioambientais e econômicos.

Todas as informações referentes aos resultadosdo Programa Monitora, por parâmetro analisado,por coordenadas geográficas de cada ponto anali-sado, por bacias hidrográficas, além dos gráficos daqualidade e os relatórios completos encontram-sedisponíveis no site www.inga.ba.gov.br, no link Pro-grama Monitora, ou diretamente em http://monitora.inga.ba.gov.br/.

Interpretação dos dadosOs resultados do primeiro ano do Programa

Monitora mostram que os pontos mais críticosestão nas áreas urbanas, tendo como principalfonte de poluição os esgotos domésticos. É possí-vel perceber que nas bacias onde há maior popu-lação residente, há também um impacto maiornas águas, com mais resíduos e esgotos. O tama-nho do rio, de sua vazão, a densidade populacionale o uso intensivo da água na região também inter-ferem nos resultados. Rios de grande vazão têmmaior capacidade de diluição da poluição.

A ocorrência de chuvas também influencia osresultados, já que aumentam a vazão dos rios e adiluição de efluentes. Por isso, as coletas foramrealizadas em diferentes regimes hidrológicos.

“São necessários estudos mais pontuais parasaber a causa das diferenças dos resultados deuma campanha para outra, mas quanto maior avazão dos corpos d’água, maior a capacidade queeles têm em diluir os materiais poluentes”, expli-cou Wanderley Matos, diretor deMonitoramento do INGÁ. Os rios de grandevazão do Estado são: Contas, Corrente, Grande,Paraguaçu e São Francisco.

Monitora em SalvadorNo município de Salvador, o Programa

Monitora analisou três pontos: Lagoa do Abaeté,Rio Ipitanga (após a barragem Ipitanga, que abas-tece a capital) e rio Jaguaribe. Isto porque a compe-tência de analisar a qualidade das águas dos peque-nos rios é do município. Nesse sentido, foi firmadoum convênio de cooperação técnica entre o gover-no do Estado, (através da Embasa, Secretaria do MeioAmbiente e INGÁ), a Prefeitura Municipal e a UFBA.

Os resultados serão integrados ao ProgramaMonitora quando estiverem concluídos.

Sobre o IQA e IETO Índice de Qualidade da Água (IQA) é um

índice adotado internacionalmente reunindo osparâmetros mais significativos que facilita a in-terpretação dos resultados. Ele utiliza noveparâmetros: três físicos (sólidos totais, turbidez,temperatura), cinco químicos (oxigênio dissol-vido, DBO, pH, nitrogênio total, fósforo total) eum biológico (coliformes termotolerantes).

O Índice de Estado Trófico (IET) avalia a qua-lidade da água quanto ao enriquecimento pornutrientes e seu efeito relacionado ao lançamen-to de esgotos domésticos e ao crescimento ex-cessivo de vegetais aquáticos (algas e macrófitasaquáticas).

ConseqüênciasO INGÁ tem a competência de monitorar a

qualidade das águas da Bahia e divulgar seus re-sultados, como determina a Lei Estadual de Re-cursos Hídricos (10.432/06) e Lei das Águas(9.433/97). As campanhas terão continuidadecom freqüência trimestral, com coletas de águaem diferentes regimes de clima, tempo e vazão.

A partir de 2009, está prevista a análise tam-bém da qualidade das águas subterrâneas doEstado, nos seus quatro maiores aqüíferos, emum investimento de mais R$ 5 milhões.

Os resultados do Programa Monitoraalertam para a necessidade dos municípios detratarem seus esgotos e também para a necessi-dade de consciência ambiental de toda a socie-dade. Nesse sentido, o Governo do Estado estáexecutando a ampliação da cobertura de esgotodentro do âmbito do Programa Água Para To-dos, e o PAC do Saneamento, que prevê investi-mentos de R$ 1,5 bilhão até 2010 na implanta-ção de sistemas de esgotamento sanitário emcentenas de cidades baianas.

Yordan Bosco

Os dados inéditos mostram como está a qualidade dosrios mais importantes do Estado

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Governo monitora águas de CaetitéO INGÁ incluiu no Programa Monitora os

pontos de captação de água utilizados para con-

sumo humano, agricultura e dessedentação ani-

mal pela população dos municípios de Caetité e

Lagoa Real, localizados no Sudoeste do Estado, a757 km de Salvador.

A primeira coleta de amostras de água foirealizada pelo INGÁ em 22 de Outubro de 2008,em sete pontos utilizados pela população local,para analisar a possível contaminação por urâ-nio. As coletas foram feitas em duas barragens,em dois poços, em duas torneiras públicas e emuma bacia de acumulação.

As análises foram feitas nos laboratórios do Senai/Cetind, com base no parâmetro Urânio Total, utili-zando a metodologia de radioatividadeespectometria de plasma industrial por ICP, e se-guiram os limites determinados pela Portaria 518/04 do Ministério da Saúde; pelas Resoluções doConselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)357/05 e 396/08; e pelos limites máximos permiti-dos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Monitoramento do urânioserá contínuo

O INGÁ fará análises trimestrais das águasda região para identificar se há contaminaçãopor urânio e em quais concentrações elas sãoencontradas, em todos os pontos de captaçãoutilizados pela população, tanto de águas super-ficiais quanto subterrâneas.

Fará também o monitoramento para identifi-car se há contaminação na água da região tambémpor outros metais pesados como chumbo, alumí-nio, rádio, radônio e ferro. Isto porque o urânio temuma meia-vida e perde gradativamente sua radio-atividade, se transformando em outros metais pe-sados, que também oferecem riscos à saúde huma-na e ao meio ambiente, explica a coordenadora doMonitora no Senai/Cetind, Joana Paixão.

Mapeamento das águas subterrâneasCom o objetivo de detectar a presença do urânio

e uma avaliação mais precisa da qualidade da água,inclusive em qual concentração e motivado por qualorigem, serão realizados estudos mais aprofundadosde avaliação sobre o fluxo da água subterrânea a par-tir do mapeamento geológico da região.

O INGÁ fará ainda o cadastramento dos po-ços existentes na região, a identificação do tipode uso da água da população local para fazer ocruzamento dos dados existentes, e omapeamento da geologia do local e das zonasde recargas de aqüíferos nas áreas de influênciada unidade de concentrado de urânio.

Todos os poços serão monitorados continua-mente pelo Governo do Estado da Bahia para me-lhor caracterização da qualidade da água. O acom-

panhamento do Governo do Estado visa tam-bém verificar se a contaminação nas águas au-menta em decorrência da atividade de minera-ção das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), ouse a contaminação é natural, devido à radioativi-dade presente no solo da região. A previsão é queestes estudos estejam concluídos em seis meses.

O estudo sobre os fluxos das águas subterrâne-as, através do mapeamento geológico, permitiráidentificar a comunicação entre os poços. “Essesdados e as informações sobre o histórico domonitoramento de urânio na região é que permiti-rão dados mais precisos sobre as causas da conta-minação”, esclareceu o diretor de Monitoramentoe Informação do INGÁ Wanderley Rosa Matos.

Entenda o casoA quantidade de urânio encontrada em ape-

nas um dos sete poços de água analisados peloINGÁ em Caetité estava cinco vezes acima dosparâmetros limites do Conama, representando ris-cos à saúde humana e ao meio ambiente.

Este poço, utilizado por cinco famílias do Dis-trito de Juazeiro, foi interditado pela Coordena-ção de Defesa Civil do Estado e o abastecimentoalternativo de água foi garantido pela PrefeituraMunicipal de Caetité, através de acordo com oMinistério Público. A análise do Estado foi feitaapós denúncia da Organização Greenpeace.

De acordo com o diretor do INGÁ, isso nãosignifica necessariamente que as pessoas queconsumiram a água deste poço estejam ou pos-sam ficar doente. “A interdição imediata dopoço, o fornecimento de água potável e a pres-tação de assistência para as famílias prejudica-das são ações preventivas, adotadas pelo Gover-no do Estado”, explica.

A Superintendência de Vigilância e Proteçãoda Saúde (Suvisa) da Secretaria da Saúde do Estadoestá garantindo a prestação de assistência às cincofamílias, cerca de 20 pessoas, que provavelmenteutilizavam a água do poço. “Não há motivos paraalarde”, explica Letícia Nobre, diretora da Suvisa. “Elasreceberão todo o apoio necessário, inclusive médi-co e psicológico, caso tenham sido contaminadas”.

O acompanhamento da situação está sendofeito pelo INGÁ; pela Secretaria Estadual de Saú-de, através da Superintendência de Vigilância eProteção à Saúde; pela Secretaria de Desenvolvi-mento Social e Combate à Pobreza, através daCoordenação Estadual de Defesa Civil; pelos Mi-nistérios Públicos Estadual e Federal e pela Prefei-tura Municipal de Caetité.

EncaminhamentosSe for comprovado o nexo de causalidade

entre a contaminação e a atividade da empresa,o órgão gestor das águas do Estado da Bahia ado-tará as providências administrativas cabíveis,dentre as quais, a suspensão da outorga (autori-zação do direito de uso da água) concedida àINB na região, multa e embargo do empreendi-mento, com base na Lei estadual 10.432/06 (Po-lítica Estadual de Recursos Hídricos).

As condicionantes para renovação de outor-ga já são estabelecidas pelo INGÁ à INB. Dentreelas, as análises dos elementos radioativos nostrês poços tubulares outorgados utilizados paraabastecimento humano, com o objetivo de veri-ficar possíveis implicações à saúde humana.

Dentro da perspectiva de gestão participativadas águas, o recém criado Comitê da Bacia doRio das Contas vai acompanhar o uso das águasna região de influência da INB.

Cerca de duas mil pessoas participaram da audiência pública em Caetité sobre a contaminação por urânio

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INGÁ inicia regularização deusuários da água Através de parceria com aAgência Nacional de Águas (ANA), o INGÁ pretendelegalizar, através dos instrumentos de outorga e dispensa,cerca de três mil usuários de águas na região de Irecê, alémde cadastrar sistemas de abastecimento e esgotamentosanitário de 49 sedes municipais da região de Juazeiro.Essas metas, que têm prazo para serem cumpridas atéfevereiro de 2009, estão dentro do Convênio 12, programaorçado em R$ 763.687,00, que visa aprimorar os sistemasde outorga e fiscalização.

Durante todo o primeiro semestre de 2008, cerca de20 técnicos do INGÁ, (da sede e das Unidades Regionaisde Irecê e de Juazeiro), cruzaram informações de três bancosde dados relacionados a usuários de água das sub-baciasdo São Francisco na Bahia. Através dos estudos do INGÁ,da ANA, da Codevasf e da UFBA, foi possível traçar umperfil de quem utiliza água dos afluentes do São Franciscoe de quantos são os poços artesianos da região.

Na região de Irecê, que abrange 26 municípios, olevantamento da UFBA, de 2005, registrou mais de cincomil poços. Os estudos apontam também que, deste total,existem pouco mais de mil usuários legalizados.

O Convênio 12 está equipando o INGÁ para dinamizaros trabalhos de campo, que mobilizou quatro equipesdurante todo o segundo semestre, promovendo umaintegração entre as bacias estaduais e federais. "O convêniojá possibilitou a compra de equipamentos importantespara a realização do trabalho, a exemplo de GPS, carros,barcos, palmtops, computadores, entre outros", explica oassessor do INGÁ, Leib Carteado, membro do grupo detrabalho responsável pelo projeto dentro da instituição.

Novos servidores são incorpo-rados Para atender às necessidades de contratação depessoal, o INGÁ realizou uma seleção pública no segundosemestre de 2008, através da empresa Consultec, da qualparticiparam 8.394 candidatos. Em novembro, após umasemana de capacitação e integração, os 175 novos servido-res aprovados no Processo Seletivo Simplificado no Regi-me Especial de Direito Administrativo (Reda) passaram afazer parte do quadro da autarquia.

Foram 75 vagas para nível universitário, 70 paranível médio e 30 para motoristas, voltadas às funções deTécnico de Nível Fundamental, Técnico de Nível Mé-dio I, II e III, Técnico de Nível Superior I, II e III e Analistade Nível Superior I a VIII, tanto em Salvador quanto nasdez Unidades Regionais (URs) do INGÁ espalhadaspelo interior do Estado.

Para o diretor-geral Julio Rocha, os novos servidorespúblicos do INGÁ são bem-vindos ao Governo do Esta-do da Bahia para fortalecer a estrutura interna e a Polí-tica Estadual de Recursos Hídricos.

Unihidro oferece cursos gratuitosPara promover a críticidade na sociedade e qualificar ser-vidores sobre os temas Meio Ambiente e Águas, a Univer-sidade Popular das Águas (Unihidro), ofereceu cursos deMestrado e Especialização gratuitos em parceria com uni-versidades públicas para os servidores dos órgãos ambientaisdo Estado e para a sociedade civil interessada nos temas.De acordo com o diretor-geral do INGÁ, “não há comofazer política ambiental sem formação, sem conhecimen-to e isso inclui a participação da sociedade civil”.

Foram destinadas vagas para os cursos de Mestrado emModelagem e Ciências da Terra e do Ambiente; e a Especi-alização em Educação Ambiental para a Sustentabilidade,em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana(Uefs); curso de extensão sobre Educação Ambiental Crítica:aspectos epistemológicos, metodológicos e políticos, emparceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba); e parao curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional e MeioAmbiente, através de convênio com a Universidade Estadu-al de Santa Cruz (Uesc).

Em parceria com aANA, o INGÁ estácadastrando osusuários de recursoshídricos

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Para José George Santos Silva, diretor de Planejamentode Recursos Hídricos do INGÁ, com a regularização devários usuários que não estavam no sistema, será possívelfaz uma melhor gestão dos recursos hídricos, uma vez quehaverá maior conhecimento sobre os usos das águas naregião e nos municípios que compõem a bacia. Na regiãode Irecê, as áreas contempladas pelo Convênio 12 são asSub-bacias dos rios Verde e Jacaré.

Em Juazeiro, o programa chega à sub-bacia do rioSalitre e demais afluentes do sub-médio São Francisco ,partes integrantes da bacia hidrográfica do Rio SãoFrancisco.

Sistema de informação de recursos hídricos é aperfeiçoado O INGÁ está desenvolvendoum novo aplicativo, baseado em software livre, para o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado. Oprograma, previsto para começar a funcionar até abril de 2009, permitirá um melhor acompanhamento das informaçõessobre as outorgas concedidas pelo INGÁ; além das ações de fiscalização desenvolvidas e o cadastro de usuários das águasno Estado.

De acordo com Eduardo Gabriel Palma, coordenador de Tecnologia de Informação e Comunicação do INGÁ, oprograma é uma importante ferramenta que permitirá uma gestão mais eficiente das águas no Estado. "Trata-se de umprograma sem custo de manutenção, e que pode ser utilizado em sistemas operacionais livres, conforme a política deinclusão digital incentivada pelos Governos estadual e federal".

O programa está sendo desenvolvido para atender às necessidades da gestão dos recursos hídricos, e é umaperfeiçoamento do software desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás,que tem como concepção o Cerberus, um programa de gerenciamento do licenciamento ambiental utilizado peloInstituto do Meio Ambiente (IMA) desde 1999, em parceria com o governo federal, que apesar de ser de uso livre, sófunciona no sistema operacional Windows.

Em visita ao secretário de Meio Ambiente de Goiânia, José de Paula Moraes Filho, no final de novembro de 2008,Gabriel Palma iniciou a cooperação técnica entre os Estados para o desenvolvimento do programa, com o apoio doMinistério do Meio Ambiente. Ele explicou que o atual software da Semarh goiana só gerencia o licenciamento, mas oaplicativo que está sendo desenvolvido no INGÁ terá informações sobre outorga e fiscalização, além de monitorar o fluxodos processos internos. "A perspectiva é que, após o aperfeiçoamento do novo sistema, ele seja disponibilizado paratodos os Estados brasileiros", ressaltou.

Atualmente, o INGÁ utiliza outros sistemas de informação, a exemplo do novo portal da instituição, que de forma maisleve, ágil e agradável, disponibiliza todas as informações sobre as ações e programas de governo desenvolvidos pelo órgãogestor das águas no Estado, como o site dos Comitês de Bacias Hidrográficas; os dados do Programa Monitora; asinformações meteorológicas, os dados das outorgas, a legislação das águas e as notícias atualizadas.

Está sendo aperfeiçoado também o Sigweb, que é o sistema de informações do INGÁ que possibilita o monitoramentodos focos de incêndio ocorridos no Estado com atualização de quatro em quatro horas, podendo ser visualizados os locaise o tamanho das queimadas. O sistema possibilita também a visualização pelo usuário do mapa interativo da Bahia atravésde imagens de satélite, com a identificação quantitativa e qualitativa das outorgas concedidas por bacias hidrográficas, porregiões de planejamento e gestão das águas, por territórios de identidade e por municípios, além de informações sobremonitoramento das águas, relevo das regiões e identificação das Unidades de Conservação estaduais e federais.

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Cientistas latino-americanos discutemcombate à desertificação

Vincular o tema Ciência e Tecnologia à luta

contra a desertificação, seca, degradação de ter-

ras e adaptação às mudanças climáticas foi uma

das estratégias contidas nos acordos firmados

entre os mais de 200 cientistas que participa-ram do I Encontro Latino-americano de Com-bate à Desertificação, que aconteceu em Salva-dor entre os dias 07 e 09 de julho.

O evento reuniu pela primeira vez pesquisa-dores de 32 países da América Latina e foi pro-movido pela Convenção das Nações Unidas deCombate à Desertificação (UNCCD), Ministé-rio do Meio Ambiente e Governo do Estado daBahia, por meio do INGÁ.

Após três dias de discussões sobre as basestécnicas e científicas de combate à desertificaçãono continente e no mundo, os pesquisadoresplanejaram as formas de se organizar para coor-denar as informações e torná-las disponíveis paratoda a sociedade. Foi discutido também o planode combate à desertificação da UNCCD (da qualfazem parte 191 países) para os próximos 10anos, além de estratégias para ampliar a rede depesquisadores do tema na América Latina ecomo essa iniciativa pode ajudar os países a sedesenvolverem. Os grupos de trabalho se com-prometeram também na elaboração de um in-forme com as propostas do encontro. “Os resul-tados daqui serão a base para uma grande con-ferência mundial que acontece no final de 2009,em lugar ainda a ser definido”, explica o sociólo-go e representante UNCCD, Heitor Matallo.

Integração entre saberesO encontro fortaleceu, entre os pesquisado-

res, a proposta de tratar do combate àdesertificação na América Latina como um pro-blema comum a todo o continente de uma ma-neira integrada. “O combate à desertificação é umprocesso muito amplo e não pode estar na mãode uma única entidade, porque tem questões eco-nômicas, ambientais, sociais e de saúde. São ne-cessárias ações conjuntas e efetivas entre os gover-nos”, reforça José Roberto de Lima, coordenadordo Plano Nacional de Combate a Desertificação(PAN-Brasil), no Ministério do Meio Ambiente.

“No âmbito regional, precisamos de uma basemais firme e realista para tomadas de decisões. Pre-cisamos melhorar o índice de conhecimento e oenvolvimento da academia nessa questão e envol-ver os governos Federal, estaduais e municipais”, dizo coordenador do PAN-Brasil. Lima destacou o com-promisso e a preocupação dos governos federal eda Bahia no enfrentamento do problema.

“O Brasil e a Bahia estão mostrando liderançaneste tema ao realizar este evento. É uma inicia-tiva que a UNCCD julga da mais alta importân-cia”, reforça Heitor Matallo. O sociólogo destacao pioneirismo do evento e sua importância noestímulo de outros encontros desta natureza emoutras partes do mundo, como Ásia, África eEuropa. “Estamos conformando um processo dedecisões para que a UNCCD contemple as ques-tões regionais da América Latina em todas assuas decisões”, diz.

Cooperações internacionaisOutro ponto importante no combate à

desertificação no continente latino-americano foio apoio oferecido pelo Instituto Interamericanode Cooperação Agrícola (ICCA) e pelo DeutscheGesellschaft für Technische ZusammenarbeitGmb (GTZ), Cooperação Técnica Alemã, para le-var adiante as iniciativas do encontro. As institui-ções ainda deixaram espaços abertos para outrasagências de cooperação que se interessem pelofortalecimento da causa. “O combate àdesertificação é fundamental para a economia desetores rurais, nas regiões semi-áridas”, defendeAnselm Duchrow, representante do GTZ

A desertificação é um problema de alcanceplanetário. É um processo específico que se dis-tingue de fenômenos similares que acontecemem outras zonas do mundo, porque tem lugar econdições climáticas adversa. Afeta negativa-mente a zona com recursos naturais limitadosde solo, água e vegetação, além de um contin-gente de pessoas em condições de altavulnerabilidade econômica.

As zonas áridas representam aproximada-mente 25% das regiões latino-americanas eCaribe, onde vivem 28% da população ou 145milhões de habitantes. No mundo, 2,6 bilhõesde pessoas, 42% da população do planeta, estãoem áreas afetadas pela desertificação. No Brasil,são mais de 32 milhões de pessoas e os prejuízoseconômicos chegam a 5,6 milhões por ano, deacordo com dados do PAN-Brasil.

Desertificação na BahiaNo Estado, 62% do território está em região

semi-árida, o que representa mais de 250 municípi-os e uma população de mais de 3 milhões de pes-soas. O Plano Estadual de Combate a Desertificação(PAN-Bahia) está sendo elaborado pelo INGÁ, e foiaprovado pelo Fundo Nacional de Meio Ambien-te, do Ministério do Meio Ambiente. Os técnicosdo INGÁ estão em campo para estudar as áreasvulneráveis do Estado e traçar o diagnóstico inicialpara a construção do PAN-Bahia.

Yordan Bosco

O conhecimento dos pesquisadores se transformou em estratégias de trabalho durante o seminário

Está sendo feito o mapeamento das áreas vulneráveis

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INGÁ - Após o encerramento do I EncontroLatino-americano de Especialistas em Combateà Desertificação, foi elaborada uma carta com osencaminhamentos. Qual o destino desta carta?HM - Ela será enviada para vários organismosdentro da convenção. Vai para o Comitê deRevisão de Implementação, para o Comitê deCiência e Tecnologia, para o secretário-executivoda Secretaria e para o presidente do Bureau daConferência das Partes. Isso significa que,quando todos receberem, os 191 países ligados àUNCCD estarão informados sobre o queaconteceu aqui em Salvador.

INGÁ - Em relação às causas científicas etecnológicas, quais as novidades que os paísesrepresentados no encontro apresentaram?HM - A novidade é uma mudança de enfoque.Os países da região latino-americana estão secomprometendo a gerar mais conhecimentospara a tomada de decisões políticas. Nesta área,temos muitas informações, mas elas não estãoconsolidadas. Precisam ser organizadas eapresentadas aos políticos e tomadores dedecisão, para melhorar o nível das ações noenfrentamento de problemas existentes noSemi-árido brasileiro. As secas, as

Representante da Secretaria da Convenção das NaçõesUnidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), obrasileiro Heitor Matallo é uma das maiores autoridadesinternacionais no tema. Ao longo de 20 anos de pesquisa,o sociólogo já publicou alguns livros e artigos científicos eproferiu inúmeras palestras em instituições nacionais einternacionais, a exemplo da Ben Gurion University ofNegev, da Arizona State University e do InternationalDevelopment Research Institute, do Canadá.

Presente no I Encontro Latino-americano deEspecialistas em Combate à Desertificação, promovidopelo Ministério do Meio Ambiente, UNCCD e Governo doEstado da Bahia, por meio do INGÁ, ele, que moraatualmente na Alemanha, falou ao Trilha das Águas sobreas diretrizes da Convenção para combater a desertificaçãono Brasil e na América Latina. Matallo também enaltece ocaráter de vanguarda do Brasil e da Bahia, com os PlanosNacional e Estadual de Combate à Desertificação.

Nações Unidas destaca avanços nocombate à desertificação na Bahia

INGÁ - O Brasil tem um programa decombate à desertificação (o PAN-Brasil) ea Bahia está elaborando o seu (PAN-Bahia). Em relação a este tema, comoestá o país, comparado à América-latinae a Bahia diante dos outros Estadosnacionais?HM - O Brasil tem uma posição devanguarda em relação a esse processo.Claro que programas de ação nacionalexistem em 27 das 33 nações latino-americanas. Mas nenhum o faz de formadescentralizada como aqui. O país épioneiro em planos estaduais de combateà desertificação. No caso da Bahia, emparticular, o Estado está fazendo umesforço incrível para prover o seu, o quenão é fácil. Apenas Pernambuco tambémavança nesta questão e isso é muito bompara a região Nordeste e para o país. Ogoverno Estadual baiano está de parabéns.INGÁ - Porque a escolha do Brasil paradebater sobre este tema?HM - O evento aconteceu no Brasilporque o governo, através do Ministériodo Meio Ambiente, demonstra umapreocupação muito grande com o risco dedesertificação e apostou na iniciativa. E aBahia foi o Estado que teve o maiorinteresse em apoiar e trazer o evento.INGÁ - Quais outras iniciativas decombate à desertificação o senhordestaca no Brasil?HM - A Embrapa tem o Centro de Pesqui-sas Agropecuárias do Trópico Semi-árido(CPATSA), que é o mais importante centroda América Latina de investigação depesquisa na área de tecnologias para oSemi-árido. Eles têm um estoque detecnologias e resultados muito importan-te que, inclusive, deveria ser mais divulga-do e mais aplicado.

“A novidade é umamudança de

enfoque. Os paísesda região latino-

americana estão secomprometendo a

gerar maisconhecimentos para

a tomada dedecisões políticas”

Heitor Matallo

Yordan Bosco

“Tivemos um evento importante porque vieram pessoasde vários países para debater um tema de extrema

importância para o futuro das condições ambientais,sociais, climáticas e econômicas do continente”

INGÁ - Quais os pontos mais importantes doencontro, na sua opinião?HM - O ponto mais importante para consolida-ção da UNCCD na América Latina foi a disposi-ção que todos os países do continente manifes-taram de se juntar em torno desta iniciativa. Ouseja, os países tomaram a decisão de não apenasapoiar, mas de trabalhar para que a IniciativaLatino-americana de Ciência e Tecnologia paraImplementação da Convenção tenha êxito epossa frutificar e produzir os resultados espera-dos. Tivemos um evento importante porquevieram cerca de 40 pessoas de vários países,entre representantes de organizações internacio-nais governamentais e não governamentais e deinstituições científicas, para debater um tema deextrema importância para o futuro das condi-ções ambientais, sociais, climáticas e econômi-cas do continente.

vulnerabilidades econômicas e sociais, asmigrações e a insegurança alimentar precisamde uma resposta do governo, com boa base deinformação.INGÁ - Qual as perspectivas de concretizaçãodas ações discutidas no encontro?HM - Estamos começando o momento deimplementar essas ações. O Plano Nacionalestabelece algumas ações que devem ser executa-das já dentro do programa. O Brasil tem feito açõesconcretas em patamares nacional e internacional.Recentemente, houve um curso de treinamentopara os representantes de nações africanos de línguaportuguesa, para eles aplicarem em seus países osconhecimentos adquiridos aqui. O Ministério doMeio Ambiente está abrindo um edital paraprojetos nos Estados que vai destinar recursos paraprojetos específicos de combate à desertificação.Estas são ações concretas e importantes.

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Estado implanta quatro novos Comitêsde Bacias Hidrográficas

A Bahia ganhou, no dia 15 de Outubro, qua-

tro novos Comitês de Bacias Hidrográficas. Em so-

lenidade na Fundação Luís Eduardo Magalhães, o

Governador Jaques Wagner assinou o Decreto de

Criação dos Comitês dos Rios Grande, Corrente,das Contas e do Entorno do Lago do Sobradinho.

Os termos de posse dos novos membros elei-tos, titulares e suplentes, foram entregues pelopresidente do Conselho Estadual de RecursosHídricos (Conerh) e secretário do Meio Ambien-te do Estado, Juliano Matos.

Vinculados ao Conselho, para onde as pro-postas e assuntos discutidos serão encaminha-dos, os Comitês são órgãos colegiados de caráterconsultivo e deliberativo, ou seja, com poder deproposição e decisão.

Os membros dos Comitês são representantesda sociedade civil, como povos indígenas, de usuá-rios da água, como abastecimento humano, irriga-ção, energia elétrica, navegação, lazer, turismo oupesca, e poder público de cada região hidrográfica,que passam a ter a atribuição legal de promover odiálogo com todos os interessados na questão daágua, discutir e encaminhar deliberações.

Três dos quatro novos Comitês – os dos RiosGrande, Corrente e do Entorno do Lago doSobradinho – integram a Bacia Hidrográfica doSão Francisco, pois são rios baianos afluentes doVelho Chico.

Importância dos ColegiadosOs membros dos novos Comitês foram elei-

tos após um amplo processo eleitoral, participativoe democrático, na maioria dos municípios quecompõem cada bacia envolvida, durante encon-tros regionais, reuniões plenárias e mobilização dasociedade civil, usuários da água e poder públicode cada região hidrográfica do Estado.

Durante o processo de formação dos Comi-tês, o INGÁ atuou como secretaria-executiva, dan-do suporte às diretorias provisórias e aos demaismembros, e capacitando mobilizadores, para as-segurar a presença da sociedade civil e dos peque-nos usuários, garantindo assim maior eqüidadeno processo. Em pouco menos de um ano, as di-retorias provisórias trabalharam na mobilização dasociedade para divulgar e tratar de temas relacio-nados à política de recursos hídricos e da baciahidrográfica e nas eleições dos membros.

“O Comitê é o fórum legítimo para a efetivaparticipação da sociedade na busca de soluçõesconcretas aos problemas socioambientais de cadaregião. O importante é que as soluções partam daprópria comunidade, que é detentora do conheci-mento, do saber do problema que vivencia. É neste

fórum que essa participação, de fato, acontece”, afir-ma Milene Maia, coordenadora de GestãoParticipativa do INGÁ.

A implantação de novos Comitês de Bacias nosmaiores rios do Estado da Bahia foi desencadeadapelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ),autarquia da Secretaria do Meio Ambiente, a partirda publicação de editais, convocando a sociedadea participar da gestão das águas do Estado da Bahia.Ela está prevista na Lei federal 9.433/97 e Lei esta-dual 10.432/06, por ser um dos instrumentos quegarante a gestão participativa dos recursos hídricos.

Isto porque compete ao INGÁ fomentar a cria-ção dos Comitês, avaliar o processo de formação ecustear sua manutenção até a criação da Agênciada Bacia, permitindo assim que a sociedade partici-pe das decisões do gerenciamento dos recursoshídricos no Estado.

Papel dos ComitêsA formação de Comitês de Bacias permite que

o monitoramento das águas e dos conflitos pelosseus usos respeitem as especificidades de cada ba-cia hidrográfica com suas diferenças culturais, soci-ais, ambientais, econômicas e políticas.

Cada Comitê vai tratar dos problemas relacio-nados às águas dos rios, como poluição, outorgas(direito de uso) e conflitos decorrentes do uso, sem-pre em conformidade com a Política Nacional deRecursos Hídricos. Um de seus objetivos é monitoraro uso da água, respeitando as especificidades decada bacia e as diferenças culturais, sociais,ambientais, econômicas e políticas das localidades.

Atualmente, existem seis Comitês em funcio-namento no Estado da Bahia: Itapicuru, Paraguaçu,Recôncavo Norte e Inhambupe, Leste, Salitre e Ver-de e Jacaré. Com a implantação destes novos Co-mitês, o Estado da Bahia passa a ter dez Comitês deBacias Hidrográficas em funcionamento, garantin-do assim a gestão participativa das águas. A partirde agora, os membros eleitos vão definir o calendá-rio anual de reuniões.

Poder compartilhadoPara o governador Jaques Wagner, os Comitês

sinalizam o compromisso do governo com asustentabilidade ambiental. “Eu acredito nocompartilhamento do poder com a sociedadecivil organizada. Tenho certeza de que, dessa for-ma, poderemos encontrar soluções mais adequa-das para o desenvolvimento com inclusão social,que é o que interessa a nós e ao povo”.

“Os Comitês funcionam como o parlamentodas águas, trabalhando na democratização do aces-so e no uso racional dos recursos hídricos”, afirmouo secretário do Meio Ambiente, Juliano Matos.

Entre os membros empossados, estava GilneiFerreira Rios, produtor rural de Jequié que vai inte-grar o comitê da bacia do Rio das Contas. Repre-sentante dos usuários da água para fins de irriga-ção, ele disse que vai se empenhar ao máximo nasdiscussões. “A irrigação é responsável por 70% dademanda da água consumida na Bahia e é a ativi-dade que provoca maior impacto ambiental. Como Comitê criado, podemos discutir com maiorprofundidade a minimização desse impacto e aconseqüente preservação do meio ambiente”, dis-se Gilnei, que planta cacau irrigado na região.

Já Jonas Pereira dos Santos é membro do Comi-tê da bacia do Rio Grande e representa a sociedadecivil. Ele faz parte da comunidade quilombola Ria-cho da Sacutiaba, onde vivem 215 pessoas, próxi-mo ao município de Wanderley. “Como membrodo Comitê, prometo lutar contra a poluição no rioe o desmatamento nos arredores. Podem ter certe-za de que os representantes dos quilombos vãofazer a sua parte”, falou Jonas, que vive do cultivo demilho, feijão, farinha e mandioca.

Comitê da Bacia do Rio Corrente(24 membros eleitos)· Área: 34.875 quilômetros quadrados· População: Mais de 196 mil pessoas· Localização: Oeste da Bahia· Integra 13 municípios, entre eles Santana, SãoFélix do Coribe, Bom Jesus da Lapa, Santa Maria daVitória, Correntina e Brejolândia

Comitê da Bacia do Rio Grande(24 membros eleitos)· Área: 76.630 quilômetros quadrados· População: Mais de 330 mil pessoas· Localização: Oeste da Bahia· Integra 17 municípios, entre eles Barreiras,Luís Eduardo Magalhães, São Desidério eRiachão das Neves.

Comitê do Lago do Sobradinho(24 membros eleitos)

· Área: 37.339 quilômetros quadrados· População: Mais de 154 mil pessoas· Localização: Nordeste da Bahia· Integra 11 municípios, entre eles Pilão Arcado,Remanso, Sobradinho, Sento-Sé, Casa Nova, Barrae Butirama.

Comitê da Bacia do Rio das Contas(30 membros eleitos)· Área: 55.483 quilômetros quadrados· População: Mais de 1,2 milhão de pessoas· Localização: Sudoeste e sul da Bahia· Integra 86 municípios, entre eles Ipiaú, Jequié,Brumado, Ituaçu, Poções, Ubatã, Caetité, Anajé,Itacaré, Barra do Rocha, Ibicuí, Ibirataia e Ubaitaba.

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INGÁ participa do X EncontroNacional de Comitês de Bacia

A recente criação de mais quatro Comitês de

Bacias Hidrográficas em menos de dois anos de ges-

tão do atual governo - totalizando o número de dez

Comitês em funcionamento em todo o Estado - e a

meta de aumentar esse número até o ano de 2010nas demais macro-bacias da Bahia, através da convo-cação da sociedade a participar da formação dos Co-mitês -, foram alguns dos destaques da palestra “Avan-ços na Gestão Participativa das Águas na Bahia”, quefoi apresentada pelo diretor-geral do INGÁ, Julio Ro-cha, na abertura do X Encontro Nacional de Comitêsde Bacia.

Rocha falou também sobre o papel dos Estadosna gestão das águas, sobre a importância da partici-pação da sociedade nas decisões que envolvem osrecursos hídricos de sua região através dos Comitêsde Bacias, sobre o papel dos Comitês de Bacias e aintegração da política das águas do país.

O X Encontro Nacional de Comitês de Bacia, pro-movido pelo Fórum Nacional de Comitês de Bacia,aconteceu no Rio de Janeiro no início de novembro eenvolveu os Comitês de Bacias de todo o país - im-plantados em 18 Estados da Federação - para trocarexperiências e apresentar como é feita a gestãoparticipativa e compartilhada entre todos os compo-

nentes do Sistema de Recursos Hídricos do Brasil.O encontro discutiu o “Fortalecimento da Ges-

tão Participativa das Águas – Dez Anos de Articula-ção dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Brasil”,visando destacar a importância dos Comitês de Ba-cias Hidrográficas dentro do Sistema Integrado deGerenciamento de Recursos Hídricos do Brasil.

Justiça pelas ÁguasA política de eqüidade étnica-racial e de gê-

nero desenvolvida pelo atual governo para oenfrentamento do Racismo Ambiental foi temade palestra proferida pelo assessor para Povos eComunidades Tradicionais do INGÁ, DiosmarFilho, dentro da programação do Encontro Naci-onal. Ele falou sobre o compromisso de garantir oacesso à água em quantidade e qualidade para ospovos e comunidades tradicionais, dentro do Pro-grama Água Para Todos, e da interlocução da Po-lítica Estadual dos Recursos Hídricos com a Políti-ca de Desenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais.

“O INGÁ está garantindo a participação dospescadores, marisqueiras, quilombolas, povos in-dígenas e comunidades do campo na constru-ção das políticas públicas para as águas e na ges-tão das águas, garantindo assento, voz e voto

nos Comitês de Bacias”, ressaltou.A economista e mestre em recursos hídricos

e saneamento ambiental do INGÁ, Elba AlvesSilva, proferiu palestra sobre “MetodologiaParticipativa para elaboração dos Planos de Baci-as”, dentro da programação do encontro. Ela fa-lou principalmente sobre os que tiveram os Ter-mos de Referência para a elaboração dos planosjá aprovados pelos Comitês baianos, que são osdo Salitre, Recôncavo Norte e Inhambupe,Paraguaçu e Verde e Jacaré.

Estiveram presentes no Encontro Nacionalmembros da Coordenação de GestãoParticipativa e de Planejamento de RecursosHídricos do INGÁ, e servidores da DiretoriaSocioambiental Participativa, além de 30 mem-bros dos dez Comitês de Bacias estaduais.

Para os integrantes baianos dos Comitês deBacias que participam do evento, representadospelo poder público, usuários da água, sociedadecivil organizada e povos indígenas-, a conquistada melhoria para a qualidade e quantidade daságuas é possível, cada vez mais através da pro-moção da discussão integrada, participativa ecompartilhada na proposição de metas paramonitorar o uso da água, e no respeito pelas di-ferenças culturais, sociais, ambientais, econômi-cas e políticas das localidades

Fórum Nacional dos Órgãos Gestores das Águas aprova criação de Associação

Os representantes de 21 órgãos gestores estadu-ais de recursos hídricos e entes federativos do país quecompõem o Fórum Nacional de Órgãos Gestores dasÁguas discutiram e aprovaram a proposta do Estatu-to da Associação dos Representantes do Fórum Naci-onal dos Órgãos Gestores durante o X Encontro Naci-onal de Comitês de Bacia.

Trata-se de uma entidade que irá formalmente re-presentar os interesses dos Estados na formulação deconvênios e cooperações técnicas. Para o diretor-geraldo INGÁ e Coordenador-Geral do Fórum Nacional, Ju-lio Rocha, “a organização da instituição é uma conquis-ta cotidiana para o fortalecimento das Políticas Estadu-ais e Nacional de Recursos Hídricos”.

O Fórum Nacional dos Órgãos Gestores de Re-cursos Hídricos busca integrar União, Estados e mu-nicípios para discutir as questões da água na agendanacional. Além de estimular o intercâmbio de infor-mações entre os órgãos, implementar e defender osinstrumentos da política nacional de recursoshídricos, as reuniões do Fórum possibilitam uma tro-ca de informações valorosa, já que experiências dediversos lugares do país são compartilhadas.

Representantes de diversos Estados trocam informações e experiências nas reuniões do Fórum Nacional

André Carvalho

O Fórum Nacional de Gestores de RecursosHídricos foi criado no final de 2007 com intuito defortalecer o Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos (SINGREH).

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Bacias Hidrográficas Estaduais terãoPlanos de Recursos Hídricos

A população das Regiões de Planejamento

e Gestão das Águas (RPGA) das sub-bacias dos

Rios Verde e Jacaré (afluentes da margem es-

querda do São Francisco); do Rio Paraguaçu; do

Rio Salitre e do Recôncavo Norte e Inhambupe

vai poder participar da elaboração e execução defuturos projetos na área de recursos hídricos daregião. Isso será possível através da elaboraçãodos planos de bacias.

O Plano de Bacia contempla um diagnósti-co biótico, físico, sócio-econômico e hidrológicodas bacias hidrográficas e, posteriormente, a exe-cução de programas para solucionar os proble-mas que foram detectados no diagnóstico.

Serão propostos programas de intervençõesvisando o uso sustentável das águas no territóriodas RPGAs, e soluções para os problemas iden-tificados no diagnóstico.

O Plano de Bacia visa ainda, entre outras coi-sas, fundamentar e orientar a implantação daspolíticas nacional e estadual e o gerenciamentodos recursos hídricos. Eles determinam, porexemplo, a implementação dos instrumentosde gestão na RPGA, tais como diretrizes e crité-rios para a outorga e sistema de informações so-bre recursos hídricos, proposta de enquadramen-to dos corpos d´água, além de critérios e valorespara a cobrança pelo uso da água.

Elaboração dos planos Os Planos de Bacia serão construídos atra-

vés de contratos por meio de licitação pública.Para isto, os Termos de Referência (TDR) foramelaborados e aprovados pelos respectivos Comi-tês de Bacia hidrográfica.

É um documento que determina as regraspara a construção do Plano, com basesparticipativas. Cada TDR reúne informações,metas e indicações metodológicas para servir debase para a elaboração de cada fase do plano.

Os TDRs foram construídos ao longo dasoficinas pela Coordenação de Planejamento deRecursos Hídricos do INGÁ, em conjunto comos membros dos Comitês de Bacias, com suascâmaras técnicas (ou grupos de acompanha-mento dos planos) e com demais atores envol-vidos na RPGA, durante meses de trabalho.

“O Plano de Recursos Hídricos é um instru-mento para pactuação das ações na RPGA, vi-sando à implementação de seus programas eserá importante para fortalecer os Comitês deBacias. Pretende-se promover a participação so-cial no processo de construção destes planos,

com o envolvimento da sociedade civil, do po-der público e dos usuários da água”, explica ocoordenador de Planejamento de RecursosHídricos do INGÁ, Luzinaldo Passos Jr, que é en-genheiro civil e biólogo.

A elaboração do Plano de Bacia terá partici-pação da sociedade, através de oficinas e consul-tas públicas que ocorrerão em diferentes locaispor toda a RPGA, com base na Resolução nº 17/2001, do Conselho Nacional de RecursosHídricos (CNRH).

Todo o processo será acompanhado e sub-metido também à aprovação pelos membrosdos respectivos Comitês. Prevê-se que a elabora-ção de cada Plano de Bacia terá duração de 11 a14 meses, a partir da assinatura do contrato.

Serão elaborados planos de bacia para todasas 26 RPGAs do Estado. Cada plano contempla ocenário atual dos diversos usos das águas na RPGA;a disponibilidade hídrica daquela bacia, ou seja, aquantidade de água disponível, e as demandasfuturas de utilização dos recursos hídricos, a partirdo que é apresentado pelos Comitês de Bacias. Oobjetivo do Plano é dar um norte para que todosos usuários possam ter água no futuro.

“O Plano de Recursos Hídricos será impor-tante para fortalecer os Comitês e para os pro-gramas não ficarem no papel. Os Comitês, osórgãos de gestão de água e a sociedade partici-pam do processo de construção”, explica o coor-denador de Planejamento de Recursos Hídricosdo INGÁ, Luzinaldo Passos Jr.

Membros dos Comitês conhecem, discutem e aprovam TDR do Plano da Bacia em reuniões e oficinas

André Carvalho

“O Plano de Bacia contemplaum diagnóstico biótico, físico, sócio-econômico, hidrológico e tambémcultural das bacias hidrográficas e,

posteriormente, a execução deprogramas para solucionar os

problemas que foram detectadosno diagnóstico. ”

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CONERH completa 10 anos de atuaçãoPara celebrar o aniversário da instância su-

perior da política das águas no Estado, o INGÁ

homenageou cerca de 80 conselheiros e ex-con-

selheiros pela contribuição à proteção das águas

no Estado da Bahia, durante cerimônia no Audi-tório Paulo Jackson, em 14 de setembro de 2008.

O evento contou com apresentação do músi-co, cordelista e educador ambiental Maviael Melo,seguido de um debate sobre o tema "O Papel dosConselhos Estaduais de Recursos Hídricos e aGestão das Águas", conduzido pela assessora deMeio Ambiente da Federação das Indústrias doEstado de Minas Gerais e membro do ConselhoNacional de Recursos Hídricos (CNRH), PatríciaHelena Boson; e pelo representante da AgênciaNacional de Águas (ANA), Dalvino Trocoli.

Os conselheiros do Conerh também foramlembrados pela consolidação da política daságuas na Bahia como uma das melhores do Bra-sil durante a abertura do Seminário Governançapara a Sustentabilidade, que comemorou os 35anos do Conselho Estadual do Meio Ambiente(Cepram), em 29 de Outubro de 2008. Na oca-

sião, eles receberam uma placa personalizada doaniversário do conselho.

Avanços na gestão das águas na BahiaPela primeira vez na história de um Conse-

lho de Recursos Hídricos do país, foram destina-das vagas e eleitos representantes dos povos ecomunidades tradicionais. Isto aconteceu por-que a atual gestão do governo do Estado da Bahiareconheceu a importância de incluir indígenas,quilombolas, marisqueiros, pescadores e comu-nidades de fundo de pasto na gestão das águas,através de uma participação democrática.

Na atual gestão, o Conselho teve sua atuaçãointensificada. Vale destacar a aprovação de quatropropostas de criação de Comitês de BaciasHidrográficas: da proposta de enquadramentoprovisório para os rios baianos e a proposta deregionalização das bacias hidrográficas.

Conerh aprova ampliação daparticipação social na gestão das águas

A Lei Estadual de Recursos Hídricos (10.432/06) passou por um amplo processo de revisão du-rante todo o ano de 2007, que envolveu servidoresdo Sistema Estadual do Meio Ambiente, e repre-sentantes da sociedade civil, universidades e co-munidades tradicionais através de uma série deaudiências públicas no interior do Estado, promo-vidas pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema).

As propostas de alteração na lei foram discu-tidas também pelos conselheiros do ConselhoEstadual de Recursos Hídricos (Conerh), apro-vadas pelo Conselho e encaminhadas para apre-

ciação do Governador Jaques Wagner, para pos-terior votação na Assembléia legislativa. Isto por-que compete ao Conselho, dentre outras atri-buições, analisar propostas de alterações de le-gislação pertinente aos recursos hídricos eencaminhá-las aos órgãos competentes.

Uma das propostas mais significativas paraalteração da lei foi a ampliação da participaçãosocial nas decisões referentes à gestão das águasdo Estado, que prevê quatro assentos para co-munidades e povos tradicionais no Conselho;três para Ongs; dois para conselhos de classe,um para universidades públicas e dez para usuá-rios da água dos mais diferentes setores, comoenergia elétrica, indústria, silvicultura, mineração,saneamento, agropecuária, irrigação, turismo,agricultura e um representante de saneamentomunicipal.

Foi contemplada também a intensificação ea racionalização do uso da água através da apli-cação do reúso; a incorporação de princípios dousuário-pagador na Política Estadual de Recur-sos Hídricos; a ampliação do controle social doFundo Estadual de Recursos Hídricos (Ferhba)pelo Conerh, além do aumento de representa-ções do poder público, de usuários e da socieda-de civil no Conselho e uma melhor definição doseu papel enquanto ente da Política Estadual deRecursos Hídricos.

Para a diretoria-geral do INGÁ, o governoWagner dá mostras de que tem capacidade demediar interesses e maturidade para construirunidade entre povos e comunidades tradicio-nais, sociedade civil, poder público e usuários deágua. "A opinião dos conselheiros melhorou oprojeto de lei, aprimorou os instrumentos dapolítica de recursos hídricos e a garantia da águacomo bem fundamental", explica Julio Rocha.

O secretário do Meio Ambiente do Estado,Juliano Matos, que preside o Cepram e o Conerh,afirmou que a aprovação da revisão da lei pelosconselheiros de recursos hídricos foi fundamen-tal. "A lei é um instrumento de política da secre-taria. Por isso, pretendemos torná-la transparen-te e qualificada", resumiu Matos.

Sobre o Conselho EstadualO Conerh, criado pela Lei Estadual nº 7.354/

98, é composto por 20 conselheiros e 40 suplen-tes, entre representantes da sociedade civil, dosusuários de água e dos poderes públicos munici-pal e estadual. Esta pluralidade de segmentosatesta a ampla participação da sociedade no con-selho, que é o órgão máximo na gestão dos Re-cursos Hídricos no Estado.

O Conselho integra o Sistema Estadual deRecursos Hídricos, junto com a Secretaria do MeioAmbiente, INGÁ, Comitês de BaciasHidrográficas, Agências de Bacias Hidrográficase órgãos e entidades do Poder Público, cujas ati-vidades influenciem ou são afetadas pela gestãode recursos hídricos. O Sistema Estadual deGerenciamento de Recursos Hídricos tem comoobjetivo formular e implementar a Política Esta-dual de Recursos Hídricos, coordenar a gestãointegrada das águas, planejar, regular e controlaro uso, a preservação e a conservação dos recursoshídricos e a recuperação da qualidade das águas.

Fazem parte do Conerh dez representantes doPoder Público Estadual (secretários de Estado e diri-gentes de órgãos indicados pelo governador JaquesWagner), dois do Poder Público Municipal, cincorepresentantes de usuários da água e três da socie-dade civil. O presidente do Conselho é o secretáriodo Meio Ambiente, Juliano Matos, e o secretário-executivo é o diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha.

Conselheiros foram homenageados em solenidade que celebrou os 10 anos do Conerh e os 35 anos do Cepram

Yordan Bosco

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Voluntários são capacitados para cuidardas águas no Estado

Para estimular ações de cidadania voltadas

para a preservação, recuperação e conservação dos

recursos naturais das bacias hidrográficas do Esta-

do, o INGÁ está formando e capacitando agen-

tes voluntários de comunidades tradicionais paraintervir nas bacias do Extremo Sul e do Rio Cor-rente. O programa, nomeado “Agentes Voluntá-rios das Águas”, foi criado pelo Governador JaquesWagner e tem a meta de capacitar, nesta primeiraetapa, cerca de 100 voluntários.

Com meta de criar turmas de agentes voluntári-os das águas em todas as RPGAs, esta primeira eta-pa, voltada para povos e comunidades tradicionais,está sendo financiada pelo Fundo Nacional do MeioAmbiente, do Ministério do Meio Ambiente, pre-vista para ser concluída em meados de 2009.

Segundo o diretor socioambiental participativo,José Augusto Tosato, o programa visa fomentar oenvolvimento comunitário na política de uso sus-tentável dos recursos hídricos, além de promover aintegração da comunidade com as bacias onde vi-vem para construir soluções coletivas para os pro-blemas socioambientais das águas no Estado.

No Extremo SulOs primeiros agentes voluntários das águas fo-

ram os povos indígenas da etnia Pataxó e pescado-res de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Eunápolis,no Extremo Sul. Durante cinco meses, o INGÁ fez amobilização social e o diagnóstico socioambientalcom a participação de instituições governamentaise não-governamentais do Extremo Sul e de povosindígenas das aldeias de Coroa Vermelha, Juerana,Aroeira, Agricultura e Reserva da Jaqueira, Mata Me-donha, Aldeia Velha, Boca da Mata e Barra Velha,localizadas em Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.

Também abrangeu as comunidades de pesca-dores de Santa Cruz Cabrália, do Povoado de Guaiúe dos distritos de Colônia e Gabiarra, em Eunápolis.

O diagnóstico aponta causas e conseqüênciasde problemas socioambientais da região, resultantesde opiniões, informações, reflexões e manifestaçõesexpressadas em uma série de atividades realizadascom os indígenas, pescadores e representantes deinstituições como: entrevistas, oficinas, reuniões for-mais e informais.

CapacitaçãoOs voluntários, indicados pelas instituições e

povos e comunidades tradicionais, participaram decurso de capacitação, que envolveu temas como Le-gislação Ambiental, com foco nas Políticas Nacionale Estadual de Recursos Hídricos, conservação e res-tauração de mata ciliar, educação e liderança comu-

nitária, com a participação inclusive de MarcosSorrentino, ex-diretor de Educação Ambiental doMinistério do Meio Ambiente.

Também foi realizada uma oficina de 40 horascom o objetivo de elaborar projetos para que sejamencontradas soluções aos problemas detectados nodiagnóstico socioambiental. Depois, foi construídoum plano de ação feito pelos agentes voluntários egrupo gestor. A última etapa será a execução do pla-no.

Segundo a coordenadora de EducaçãoAmbiental, Maria Henriqueta, a capacitação tam-bém foi feita através do diálogo de construção dossaberes individuais e coletivos, resgatando e valori-zando a criação de espaços para diálogos, afim deintegrar os diferentes saberes entre as comunidadese inseri-las na reflexão, na ação e nas tomadas dedecisão sobre o uso sustentado dos recursos naturaise da conservação da biodiversidade.

Vivências“Uma das minhas primeiras ações vai ser

conscientizar os pais das crianças e depois as crian-ças da minha comunidade”, diz a professora MarialvaDias dos Santos, que dá aulas para os indígenas naEscola Indígena Pataxó de Aldeia Velha, no distritode Arraial D’Ajuda. Ela disse que quer levar as criançasà beira dos rios e lagos para aulas práticas de conser-vação das águas. A comunidade onde ela atua éabastecida por dois poços artesianos, e ela quer mos-trar a importância de economizar esta água para quenão falte.

Membro da comunidade indígena AldeiaJuerana, no distrito de Coroa Vermelha, em SantaCruz Cabrália, o índio Ibiracuri (Carlos Sandro Diasde Souza) diz que o curso “vai dar a ele o conheci-mento para um assunto que é global, mas onde pre-cisa agir dentro de sua própria aldeia, na conservação

do rio Utinga, que corta o local”.A primeira ação de Ibiracuri será fazer uma reu-

nião com o Cacique da sua aldeia, para que ele possamultiplicar para os demais membros o conhecimen-to adquirido durante o curso. Depois, ele quer ir emoutras aldeias fazer a sensibilização e a conscientizaçãopara a preservação das águas. “Meu pensamento éque isso atinja toda a Bahia”, exulta.

Próxima etapaA estimativa para o Programa Agentes Voluntá-

rios das Águas é que os agentes possam dar prosse-guimento aos trabalhos nas suas comunidades, exe-cutando o plano construído por eles. O ProgramaAgentes Voluntários das Águas também está sendodesencadeado na região Oeste, na Bacia do Corren-te. O diagnóstico socioambiental e mobilização so-cial foram iniciados em outubro de 2008 nas cidadesde Santa Maria da Vitória, Correntina e São Félix doCoribe. A perspectiva, no entanto, é que seja disse-minado para toda a Bahia.

“A Bahia constrói passos significativos de um pro-grama de voluntariado consistente e em defesa dosnossos rios”, ressalta o diretor-geral do INGÁ. Para opromotor de Justiça de Eunápolis, João Alves, esta éuma atitude pioneira de um órgão governamentalpara instruir a sociedade a se organizar e participarativamente dos programas de fiscalização.

De acordo com Marcos Sorrentino, consideradoum dos maiores educadores socioambientais daAmérica Latina, a diversidade do primeiro grupo for-mado pelo Governo do Estado “é a prova mais con-tundente de que é possível enfrentar as questõessocioambientais com a participação de todos. A uniãode pessoas já sensibilizadas para conservação daságuas fortalece as ações individuais e influencia aspolíticas públicas para otimizar a utilização dos recur-sos na área”.

Cláudia Oliveira

O diagnóstico socioambiental do Extremo Sul foi apresentado aos jovens voluntários, em Porto Seguro

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Equipe do INGÁcomeçalevantamentodas nascentes doassentamentoTerra Vista,em Arataca

Yordan Bosco

INGÁ promove recuperação denascentes em assentamentos rurais

Em parceria com famílias de trabalhadores

rurais sem-terra, uma equipe do INGÁ trabalha

na recuperação e preservação de nascentes, rios

e matas ciliares de quatro assentamentos de tra-

balhadores rurais sem-terra da Bahia. As açõesfazem parte do projeto “Terras Sustentáveis”, quevisa desenvolver ações voltadas à proteção daságuas em áreas de preservação permanente nosassentamentos, onde centenas de famílias so-brevivem da terra e captam água dos rios.

O Terra Sustentáveis, um dos quatro proje-tos do INGÁ aprovados pelo Fundo Nacionaldo Meio Ambiente do Ministério do Meio Am-biente (MMA) no ano passado, está em fasebem adiantada de diagnóstico e articulação comas comunidades, nos assentamentos Terra Vis-ta, em Arataca; Dom Hélder Câmara, em Ilhéus;Docina Paula, em Bonito, e Andaraí, no municí-pio de mesmo nome. Estes dois últimos naChapada Diamantina.

O programa realiza ainda oficinas que abor-dam questões como a importância das Áreas dePreservação Permanente (APPs) nos assenta-mentos a discussão de temas como agroecologia,permacultura, coleta de sementes e restauraçãode mata ciliar. Como resultado prático das ofici-nas, estão sendo realizados o plantio de mudas,restauração de mata ciliar e de áreas de nascen-tes no assentamento, em uma extensão queenvolve aproximadamente 12,5 hectares emcada um deles.

Terra VistaNo assentamento Terra Vista, a equipe do

INGÁ já concluiu a primeira fase de avaliaçãodas condições ambientais, em uma área de 913hectares de terra do assentamento, para a elabo-ração do projeto de recuperação e reflorestamen-to, que será realizado em parceria com as 75 fa-mílias que vivem no local.

Neste assentamento, estão sendo estudadascerca de 10 nascentes. Com exceção de três, queficam em uma das reservas ecológicas, as demaisapresentam problemas de assoreamento, des-gaste do solo, contaminação por produtos tóxi-cos e degradação das matas ciliares. A coordena-dora de Desenvolvimento Sustentável, AnapaulaDias, explica que a situação é perfeitamente re-versível, com o trabalho de recuperação e reflo-restamento.

O assentamento tem 12 anos, é um dos mar-cos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) naBahia e no Brasil e possui três reservas ecológicasde Mata Atlântica, pastagens para a criação de 80cabeças de gado (para a produção de leite), pisci-

cultura e plantações de café, cacau e banana. To-dos esses recursos são administrados pela Coope-rativa de Produção Agrícola Construindo Sul Ltda(Cooperasul). Há também pequenas roças de fei-jão, milho, abóbora, entre outros produtos, para asubsistência dos assentados.

ImportânciaAs lideranças do assentamento explicam que

dentro do Terra Vista, há uma preocupaçãomuito grande em promover o crescimento eco-nômico e social em consonância com asustentabilidade ambiental. “Fazendo a nossaparte aqui, podemos convencer os fazendeirosvizinhos a fazer a parte deles”, explica o assenta-do “Seu Loro”, apontando para a margem de umriacho, desgasta por agrotóxicos da plantaçãode cacau de uma fazenda vizinha.

O diretor do MST e presidente do Cooperasul,Joelson Ferreira de Oliveira, afirmou que “a recupe-ração das nascentes é fundamental para garantiro abastecimento de água para o presente e o fu-turo nosso e de outras pessoas que vierem. Garan-te também a nossa contribuição para a conserva-ção dos ecossistemas do planeta”.

Dom Hélder CâmaraJá no Assentamento Dom Hélder Câmara,

no município de Ilhéus, onde o diagnósticoambiental também está adiantado, os técni-cos do INGÁ mantêm um diálogo sistemáticocom a comunidade e com outras organizaçõesnão-governamentais que têm atuação no as-sentamento e articulou uma agenda, que inte-gra todas as atividades e projetos existentes,com foco na sustentabilidade do local. Para isso,foi criado um grupo gestor da agenda de ativi-dades do assentamento, sobretudo das ações

sustentáveis para a elaboração do Plano deDesenvolvimento Agrário, estimulando assimo envolvimento da comunidade.

O assentamento Dom Hélder tem a econo-mia baseada na cultura do cacau e produção delátex, além de roças individuais e criação de ani-mais de pequeno porte, para garantir rendamensal às 26 famílias que foram assentadas háquatro anos, após seis de ocupação.

Para o coordenador estadual do MovimentoTerra Liberdade (MTL) e liderança do assenta-mento Dom Hélder Câmara, Agnaldo Leal, oGuiga, a chegada do Projeto “Terras Sustentá-veis” está organizando ações dispersas que jáocorriam nos assentamentos. “A recuperação dasmatas ciliares e o fortalecimento da infra-estru-tura do assentamento, através da captação deágua de qualidade, de forma sustentável, vai nosproporcionar um avanço muito grande”, explica.

Por assentamento, 40 agentes estão sendocapacitados para colaborar na construção de umnovo modo de produção, visando técnicasconservacionistas para implementar as estratégi-as de manutenção da terra, fomentar a questãoambiental e a importância da sustentabilidade eda conservação dos recursos hídricos.

Até dezembro, estará em andamento o re-florestamento de algumas regiões selecionadas.O Programa Terras Sustentáveis trabalhará tam-bém a sensibilização das comunidades para umaocupação sustentável e para a conservação dosrecursos hídricos, assim como o estímulo doenvolvimento das mesmas em todas as fases doprojeto, com igualdade de oportunidade. “A idéiado projeto é promover uma qualidade de vidapara os assentados e para o ambiente em queeles vivem”, explica a coordenadora de desenvol-vimento sustentável, Anapaula Dias.

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Iguape Sustentável é construído com ascomunidades tradicionais

Para atender às demandas sócio-ambientais

dos povos e comunidades tradicionais que vivem

na Baía do Iguape, no Baixo Paraguaçu, no

Recôncavo baiano, o INGÁ apresentou no municí-

pio de Maragogipe a proposta do Programa IguapeSustentável, durante as atividades do NovembroNegro. O programa foi discutido e construído coma participação das comunidades da região.

O programa será executado em parceria coma Sepromi e a Sedur, e apoio das Prefeituras Mu-nicipais de Maragogipe, São Félix e Cachoeira.Trata-se da execução de uma política públicavoltada para a melhoria da qualidade de vidasócio-ambiental dos pescadores, marisqueiras,quilombolas, extrativistas, artesãos e demaismoradores dos pequenos povoados deMaragogipe, Cachoeira e São Félix, que vivem noBaixo Paraguaçu, na Baía do Iguape.

O Programa Iguape Sustentável será desen-volvido até dezembro de 2010. Envolverá um in-vestimento de R$ 4,3 milhões do governo doEstado e beneficiará os povos e comunidadestradicionais das localidades de Santiago doIguape e São Francisco do Paraguaçu, no municí-pio de Cachoeira; do povoado de Pilar, no muni-cípio de São Félix, e dos povoados de Salaminas,Porto da Pedra, Ponta de Souza, Coqueiros, Najée Capanema, no município de Maragogipe, atin-gindo uma população de cerca de 93 mil habi-tantes.

O lançamento do programa é resultado da vi-sita técnica que representantes do INGÁ e de ou-tros órgãos públicos realizaram na Baía do Iguape,localizada no Baixo Paraguaçu, em junho de 2007.

Dentre os objetivos do programa está garantira gestão integrada e participativa das águas a par-tir do envolvimento dos povos e comunidadestradicionais da região, com respeito aos seus sabe-res, valores e sistema organizacional. Isto será feitotambém de forma alinhada com as Políticas Na-cional e Estadual de Recursos Hídricos, e com aPolítica Nacional de Desenvolvimento Sustentá-vel dos Povos e Comunidades Tradicionais. Outrameta é promover a Justiça Ambiental pelas Águasmediante ações e atividades voltadas para o usosustentável das águas na Baía do Iguape.

Ações concretasO Programa Iguape Sustentável visa também res-

taurar 15 hectares de matas ciliares em nascentes ecursos d´água que alimentam a Baía do Iguape. Pre-tende ainda estimular a participação de povos e co-munidades tradicionais no Comitê da BaciaHidrográfica do Rio Paraguaçu, e promover cursos decapacitação voltados à educação socioambiental por

meio da Universidade Popular das Águas do INGÁ.Outra atividade do programa é a realização

de estudos de impacto socioambiental para ori-entar diretrizes da gestão do reservatório Pedrado Cavalo; implementar três hectares de Siste-ma Agroflorestal; facilitar processos de educa-ção socioambiental por meio de ações deeducomunicação e da implantação dos Progra-mas Coletivo Educador e Agentes Voluntáriosdas Águas; implementação de políticas públicasde saneamento, abastecimento, habitação e ge-ração de trabalho e renda.

Além disso, estão previstos o aprimoramen-to dos instrumentos da Política Estadual de Re-cursos Hídricos como a fiscalização e outorga(direito do uso da água), além da ampliação daárea de abrangência do Programa Monitora naregião, que avalia a qualidade das águas dos 77maiores rios do Estado.

Segundo José Augusto Tosato, diretor da di-retoria Socioambiental Participativa do INGÁ, oPrograma Iguape Sustentável “é o encaminha-mento de políticas públicas demandadas pelospovos e comunidades tradicionais ao INGÁ. Aopção em implementar essas políticas públicasna Baía do Iguape também se justifica pelo fatode lá viverem comunidades e povos tradicionaishistoricamente vítimas do racismo ambiental”.

Compromisso com os povos ecomunidades tradicionais

“Este é um momento que nós ajudamos aconstruir”. Com essa frase, a quilombola emarisqueira do município de Maragogipe,Lenira Santos, representante do Conselho

Quilombola da Bacia e do Vale do Iguape, de-monstrou a alegria das comunidades tradicio-nais do Baixo Paraguaçu ao participarem daconstrução da proposta do Programa IguapeSustentável, que será lançado pelo GovernadorJaques Wagner.

“O Iguape Sustentável propõe ações e ativi-dades voltadas para o uso equilibrado dos re-cursos naturais, visando promover tecnologiassustentáveis que respeitem o sistemaorganizacional dos povos e comunidades tra-dicionais, valorizem os recursos naturais locaise as práticas, saberes e tecnologias tradicionais”,explicou José Augusto Tosato.

A secretária da Promoção da Igualdade, LuizaBairros, ressaltou que essa metodologia de cons-trução do programa com as comunidades fazcom que o Iguape Sustentável seja participativoe, sobretudo, inclusivo. “Esses objetivos e metasvão ser definidos pelo processo de discussão. Éuma coragem incrível em se tratando de umprograma de governo”, afirmou.

“A gente não está aqui por acaso. Está pelaafirmação de que as comunidades tradicionais,pescadores, marisqueiras, indígenas,quilombolas, têm espaço no Governo Estadu-al”, destacou Julio Rocha.

Para Juvani Viana, liderança da Comunida-de Quilombola do Caonge, o momento foi es-pecial e deve ter o envolvimento de todos ospovos e comunidades tradicionais do Iguape.“A gente está agradecendo muito a reparaçãoque o governo tem dado para as comunidadesquilombolas, porque a gente não existia. Vamosdiscutir e participar dentro de todos os proje-tos que envolvem o Iguape”, afirmou.

André Carvalho

A proposta do programa foi apresentada e discutida com as comunidades no município de Maragogipe

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Governador recebe Carta pelas Águasdos povos e comunidades tradicionais

Em cumprimento ao compromisso firma-

do entre o INGÁ com as comunidades e povos

tradicionais que participaram dos Encontros

pelas Águas, realizados em diferentes bacias

hidrográficas ao longo do ano de 2007, o Go-vernador do Estado da Bahia, Jaques Wagner,recebeu a Carta pelas Águas, durante a Confe-rência Estadual de Meio Ambiente, realizadaem março de 2008.

O documento, com 47 páginas, contémtodas as demandas relacionadas às águas le-vantadas durante os encontros com povosindígenas, do campo, quilombolas, pescado-res e marisqueiras, comunidades de terreiro e

Yordan Bosco

O Governador Jaques Wagner recebeu, das mãos de Ekedy Sinha, do Terreiro Casa Branca, a Carta Pelas Águas

toda equipe que trabalhou para fazer dessaárea uma prioridade de Governo”, disse.

Ekedy Sinha fez um breve histórico sobrea Carta pelas Águas e destacou a conquistapautada pelo diálogo com o governo do Es-tado em prol das águas e do meio ambientecomo um todo. “Para nós, que cultuamos anatureza, é muito importante estar sentan-do com o governador para discutir um as-sunto tão relevante para todo mundo. É aprimeira vez que isso acontece na Bahia; émais um passo para a consolidação da Cartapelas Águas. Isso não vai ficar à toa; temosque trabalhar juntos, independente de reli-gião, porque queremos um mundo melhorpara nossos filhos”, afirmou.

Comunidade participam na gestão das águas do Estado

Conselho pede atenção às ReservasExtrativistas

Na oportunidade, Ekedy Sinha leu três mo-ções. Uma de aplausos pelos Programas Águapara Todos e Monitora, que têm o objetivo deampliar o acesso à água em quantidade e quali-dade na Bahia. A outra moção parabenizou oEstado pela realização dos Encontros pelasÁguas, da II Conferência Estadual do Meio Am-biente e pela organização da ConferênciaInfanto-juvenil pelo Meio Ambiente. Nessa mo-ção, o Conselho de Acompanhamento eAplicabilidade da Carta pelas Águas solicitou queos representantes do conselho tornem-se dele-gados natos das Conferências Estadual e Nacio-nal de Meio Ambiente.

Em outra moção, o conselho pede atençãoespecial do governo com as políticas públicasdirecionadas às Reservas Extrativistas do Iguape,Corumbau e de Canavieiras. Solicita o apoio doEstado da Bahia para interceder na Presidênciada República em prol da criação da ReservaExtrativista de Cassurubá, localizada entre osmunicípios de Caravelas e Nova Viçosa, no Ex-tremo Sul da Bahia. Pede ainda proteção e con-servação do ecossistema marinho do ParqueNacional de Abrolhos.

dos segmentos jovens, crianças e mulheres, erepresenta um marco para a consolidação dodiálogo entre o Governo do Estado e os po-vos e comunidades tradicionais.

Ao receber o documento das mãos deEkedy Sinha, representante de todas as co-munidades e povos tradicionais e presidentado Conselho de Acompanhamento eAplicabilidade da Carta pelas Águas, o go-vernador da Bahia, Jaques Wagner, disse quea carta simboliza um passo avançado na ges-tão governamental que é pautada na demo-cracia e no diálogo. O governador falou queessa área é um espaço de aprofundamentoda democracia direta para o exercício da co-operação e do diálogo. “Quero parabenizar a

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INGÁ promove políticas deenfrentamento ao Racismo Ambiental

Com o objetivo de promover a Justiça

Ambiental pelas Águas, o INGÁ tem desenvol-

vido várias ações que resultam em políticas pú-

blicas de eqüidade de raça, etnia e gênero na

gestão pública das águas. São ações de reparaçãoambiental do Estado com os povos e comuni-dades tradicionais, que encontram respaldo nocompromisso firmado pelo Governador JaquesWagner no Programa de Governo “Por UmaBahia Sustentável Ambiental e Participativa”.

O assessor para Povos e Comunidades Tradi-cionais do INGÁ, Diosmar Filho, ressalta que apolítica afirmativa das águas do atual governo temcontribuído para reverter o quadro de negação doacesso à água aos povos e comunidades tradicio-nais, com a inclusão definitiva destes na gestãoparticipativa dos recursos hídricos do Estado.

Como avanços na política de Justiça Ambientalpelas Águas, ele destaca a garantia de assento parasegmentos com representações de quilombolas,indígenas e de fundo de pasto, no Conerh e nosquatro novos Comitês criados na Bahia; além dapublicação e entrega da Carta pelas Águas ao go-vernador, com diretrizes apontadas pelos povos ecomunidades tradicionais para as políticas públi-cas de recursos hídricos na Bahia; e a criação doConselho das Águas, que visa acompanhar aaplicabilidade das Cartas pelas Águas.

Gestão ParticipativaIndígenas de Coroa Vermelha, pescadores e

marisqueiras das Reservas Extrativistas deCanavieiras, Corumbau e do Iguape, quilombolasde Sapiranga em Mata de São João, comunidadesde terreiros de Salvador, e quebradeiras de coco doMaranhão foram alguns dos povos e comunida-des tradicionais que tiveram a oportunidade dedenunciar como são vítimas do racismo ao parti-ciparem, em Salvador, do I Seminário de JustiçaAmbiental pelas Águas – As águas não têm cor.

Promovido pelo INGÁ em parceria com aSecretaria de Promoção da Igualdade, com apoioda Secretaria de Justiça, Cidadania e DireitosHumanos, Ministério Público Estadual e a RedeBrasileira de Justiça Ambiental – GT de Comba-te ao Racismo Ambiental, o seminário teve comoobjetivo promover o diálogo sobre racismoambiental que é praticado, segundo os pesqui-sadores, sobretudo, em territórios de concentra-ção de grupos étnicos e raciais.

Outra perspectiva foi contribuir para firmaro Programa de Gestão Ambiental Sustentável eParticipativa do Governo do Estado da Bahia, nosentido de promover a inclusão dos povos e co-munidades étnicas–raciais com a consolidaçãoda justiça pela vida das águas.

DepoimentosDurante o seminário, representando o

Quilombo de Sapiranga, em Praia do Forte, JoãoAlves Ramos fez um breve histórico de como acomunidade vem sendo vitimada pelo racismoambiental. Disse que a comunidade vivia da pes-ca e da agricultura familiar e aos poucos as famí-lias foram sendo excluídas de seus territóriospelos empreendimentos turísticos. “A gente qua-se não tem acesso à pesca. Todo mundo ficasubordinado a emprego em hotel ou a trabalharde caseiro”, descreveu.

Carlos Alberto Pinto, da Reserva Extrativistade Canavieiras, disse que o racismo ambiental évivenciado no cotidiano pelas comunidades depescadores e marisqueiras, constantementeameaçadas por investidores da carcinicultura,que estão destruindo os manguezais e provo-cando a morte de peixes e mariscos devido aodespejo de produtos químicos.

Maria José Gomes Marinheiro, representanteindígena no Comitê da Bacia Hidrográfica do RioSão Francisco, citou a falta de acesso à água paracomunidades que muitas vezes moram na beirados rios. Quilombola do São Francisco do Paraguaçu,dona Maria das Dores de Jesus falou de problemascomo o derramamento de óleo que contamina osrios, das cercas que estão impedindo o acesso dospescadores e marisqueiras aos manguezais.

Luta pelo título de terraO indígena Tuxá Manuel Uilton Santos disse

que uma das grandes lutas de todas as etnias, so-bretudo na Bahia e no Espírito Santo, é pela posseda terra. Nesse sentido, denuncia que uma dasmaiores ameaças aos povos indígenas é a invasãode seus territórios para o plantio de eucalipto.

A quilombola Vânia Guerra, representante daAssociação do Quilombo de Marambaia, no Riode Janeiro, também falou da luta pela perma-nência em seus territórios. Ela contou que a mai-or luta do seu povo é pelo reconhecimento doquilombo onde seus antepassados viveram eonde mais de 300 famílias moram sobrevivendoda pesca e da agricultura de subsistência.

Modelo boliviano em debateO diretor “ciudadano” da “Empresa de Agua

de Cochabamba”, na Bolívia, Angel Hurtado, falousobre a “Organização social pela garantia das águas”no seminário, relatando que a guerra pela água naBolívia começou em 1999, quando o governo dopaís decidiu privatizar a companhia de água deCochabamba. Os pequenos produtores rurais e aspopulações indígenas foram os maiores prejudi-cados pelos aumentos de mais de 100% nas tari-fas e pelo controle de todo o sistema de rios, lago-as, poços e abastecimento, por parte da empresaconcessionária, a Água de Tunari.

Ele destacou que só através da organização emobilização que as grandes lutas populares po-dem ser conquistadas. “Só organizados podemoslograr o que necessitamos e conquistar respeitoe igualdade”, afirmou.

Yordan Bosco

No Seminário As Águas Não Têm Cor, foram ouvidos relatos da necessidade de Justiça Ambiental Pelas Águas

“A gente quase não tem acessoà pesca. Todo mundo fica

subordinado a emprego emhotel ou a trabalhar de caseiro”

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Intercâmbio entre África e Bahia édiscutido em visita técnica

O intercâmbio entre o Brasil e o Governo

da República Democrática de São Tomé e Prín-

cipe foram alguns dos avanços conquistados na

visita à África, feita, no segundo semestre de

2008, pelo diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha e oassessor para Povos e Comunidades Tradicionaisda autarquia, Diosmar Filho. Na viagem oficial,eles representaram o Governo do Estado da Bahiano Seminário Internacional “Educação, Ambien-te e Desenvolvimento Comunitário”, a convitedo Ministério do Recursos Naturais e Ambientede São Tomé e Príncipe.

As parcerias entre a Bahia e a nação africanaforam temas do encontro entre o embaixadordo Brasil na República de São Tomé e Príncipe,Manoel Innocêncio de Lacerda Santos Júnior, e oMinistro Conselheiro, Carlos Vizioli, com JulioRocha e Diosmar Filho. Na oportunidade, foi dis-cutida a possibilidade de a Bahia construir inter-câmbio na área ambiental e de recursos hídricos,como no monitoramento das águas, restaura-ção de mata ciliar e mudanças climáticas.

Plano de Ação Nacional paraAdaptação às MudançasClimáticas

O Ministério dos Recursos Naturais e Ambi-ente de São Tomé e Príncipe entregou aos repre-sentantes do Governo da Bahia o “Plano de AçãoNacional para Adaptação às Mudanças Climá-ticas”, elaborado com apoio do Banco Mundial edo Fundo Mundial do Meio Ambiente. Para odiretor-geral do Ambiente de São Tomé, Arlindoda Ceita Carvalho, “o plano estabelece a avalia-ção das vulnerabilidades, as necessidades deadaptação, a definição das opções prioritárias eas estratégias de implementação para o país”. Eledisse que o governo de São Tomé e Príncipe estáaberto ao diálogo com o Estado da Bahia.

Lançamento do Caderno deJustiça Ambiental

Como parte da visita oficial à África, foi lan-çado em São Tomé e Príncipe o “Caderno Justiçapelas Águas: Enfrentamento ao RacismoAmbiental”, que faz parte da Série Textos, Água eAmbiente 2, do INGÁ. A publicação foi apresen-tada aos são tomenses em cerimônia realizadano Centro de Cultura Guimarães Rosa, na Em-baixada do Brasil no país, com presença de auto-ridades locais, portuguesas e espanholas.

O lançamento foi seguido de um debate e,entre os mais de 80 convidados, prestigiaram oembaixador do Brasil em São Tomé e Príncipe,Manoel Innocêncio de Lacerda Santos Júnior, a

ministra do Tribunal Superior de Justiça, MariaAlice Rodrigues Vera Cruz Carvalho, o Procura-dor Geral de Justiça, Roberto Raposo, represen-tantes do Ministério dos Recursos Naturais eAmbiente e o diretor do Centro de ExtensãoUniversitário e Ambiente da Junta da Galiza(Espanha), Carlos Valle.

Para o INGÁ, o lançamento da publicaçãoem São Tomé teve grande significado, pois fir-ma a opção do Governo da Bahia em construirpolíticas afirmativas e aprofundar lanços históri-cos e culturais com o continente africano.

INGÁ participa da elaboração da Leidas Águas de São Tomé e Príncipe

O modelo de gestão das águas na Bahia e aaplicação dos instrumentos da política de recur-sos hídricos como a outorga (direito do uso) e oenquadramento dos corpos d´água, vão servir debase para a elaboração da Lei de Recursos Hídricosde São Tomé e Príncipe. O INGÁ participará doprocesso mediante solicitação feita pela diretora-geral de Recursos Naturais e Energia do Ministé-rio dos Recursos Naturais e Ambiente de SãoTomé e Príncipe, Lígia Cristina Soares de Barros.

Para Lígia Soares de Barros, a participação doINGÁ será fundamental para subsidiar o proces-so no país que enfrenta dificuldades no controledos usos das águas pela falta de uma lei nacionale dos instrumentos regulatórios. Ela lembrou quehá uma necessidade da integração da políticade meio ambiente com a de recursos hídricos.Soares de Barros enfatizou o desejo de que o seupaís passasse a trabalhar com espaços de partici-pação, incluindo as comunidades na constru-ção e fortalecimento da gestão, como acontececom os Comitês de Bacias Hidrográficas.

O diretor-geral do INGÁ externou o apoioinstitucional para a gestão das águas da naçãoafricana, inclusive, quanto à parceria para elabo-ração de proposta de Lei de Recursos Hídricos

de São Tomé e Príncipe. Falou ainda que o INGÁpode contribuir com curso de formação em ou-torga do direito de uso de água, o apoio no mo-delo de política participativa com implantaçãode Comitês de Bacias e a realização de ativida-des conjuntas com os países africanos.

Dessalinização da água do mar emCabo Verde

A convivência com a seca, com a escassezhídrica e o enfrentamento da desertificação fo-ram algumas das experiências da Ilha do Sal, naÁfrica, conhecidas pelo diretor-geral do INGÁ,Julio Rocha e o assessor para Povos e Comunida-des Tradicionais, Diosmar Filho na viagem ofici-al ao continente. Na Ilha de Cabo Verde, elesconheceram a experiência de dessalinização. Apopulação da Ilha, formada por cerca de 17 milhabitantes, depende da água do mar para abas-tecimento humano e demais usos, através dossistemas de dessalinização.

Na Ilha, que é parte do Arquipélago de CaboVerde, também há o grave problema de falta dechuva. Na ilha, não existem rios que cortem oterritório, nem acesso à água doce subterrânea.A Ilha tem fundamentalmente sua base econô-mica na pesca artesanal e no turismo.

Para Francisco Lopes, morador da Ilha e em-presário em Santa Maria, a dificuldade de acessoà água é uma preocupação de todos, pois o cus-to do bem é dividido com a sociedade e a maiorparte dos cabo-verdianos não tem renda paraassumir esse ônus. Lopes conta que o metro cú-bico custa atualmente quatro euros, cerca de R$9,88. “Isso repercute na vida de todos os cabo-verdianos. Sem dúvida, a água é o maior proble-ma que temos e se agrava a cada dia”, afirma.

Segundo Julio Rocha, a situação aponta adessalinização como alternativa para consumo, cons-tituindo uma experiência a ser analisada em face doPrograma Água para Todos, do Governo da Bahia.

As troca de experiências com os países africanos irá contribuir com a gestão das águas da Bahia

Divulgação

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Com o objetivo de construir políticas de

desenvolvimento e cooperação técnica entre a

Bahia e os países africanos de língua portuguesa,

o Governo do Estado promoveu no início do

mês de dezembro de 2008 o “Fórum África - Bra-sil – Bahia pela Sustentabilidade das Águas”. Oevento reuniu representantes dos Governos Es-tadual e Federal do Brasil, e dos países Angola,Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipee da Comunidade dos Países de Língua Portu-guesa (CPLP), em Salvador.

O Fórum África-Brasil–Bahia foi um espaçoimportante de diálogo, dentro da Política de Co-operação Internacional do Estado da Bahia, paraos participantes trocarem experiências e conhe-cerem as políticas dos países no enfrentamentoda desertificação e mitigação dos efeitos da seca;das mudanças climáticas; do combate ao racis-mo ambiental e na gestão das águas, para a ga-rantia de efetivação dos múltiplos usos e a de-mocratização do acesso.

O evento foi realizado pelo INGÁ, em con-junto com as secretarias de Promoção da Igual-dade; do Meio Ambiente; de Justiça, Cidadaniae Direitos Humanos; de Planejamento; de Cul-tura e de Turismo.

A troca de experiências entre os países foi um dos pontos mais importantes do Fórum África-Brasil- Bahia

Ivan Erick

A partir das discussões do “Fórum África-Bra-sil–Bahia pela Sustentabilidade das Águas”, foiproduzida a Carta de Salvador. O documentoserá entregue ao governador Jaques Wagner e irásubsidiar a construção das cooperações para aspolíticas públicas nas áreas social, ambiental eeconômica, com foco na sustentabilidadehídrica, socioambiental, etnica-racial e cultural.

Fórum aproxima África e Bahia

Transversalidade de ações de governoPara fortalecer o apoio à gestão participativa e inclusiva das atividades de sustentabilidade

hídrica, socioambiental e a promoção da igualdade étnica-racial e de gênero, INGÁ e a Sepromiassinaram um termo de cooperação técnica.

O convênio entre as duas instituições fez parte das ações do Novembro Negro e tem comofoco especial o envolvimento dos povos e comunidades tradicionais, como quilombolas,marisqueiras, pescadores, de fundo de pasto e de terreiros no uso sustentável das águas e nocombate ao racismo institucional e ambiental.

Dentre os programas prioritários da cooperação estão os Programas Iguape Sustentável, oQuilombo Sustentável, a capacitação dos Agentes Voluntários das Águas em comunidadesquilombolas e o mapeamento das fontes sagradas dos povos e comunidades de terreiros.

O INGÁ e a Sepromi já são parceiros em outros projetos, a exemplo do Programa IguapeSustentável, a publicação do Caderno de Justiça Ambiental e a realização do Seminário deJustiça Ambiental. Constam nas cláusulas do termo, entre outras pautas, o compromisso deambas as instituições em disponibilizar servidores e instalações físicas necessárias para o de-senvolvimento de atividades previstas na cooperação.

Antes da assinatura do termo de cooperação, em novembro de 2008, a secretária da Pro-moção da Igualdade, Luíza Bairros, proferiu uma palestra sobre racismo institucional. "Nemsempre o combate ao racismo institucional está escrito nas normas, mas tem de estar naprática dos trabalhos das instituições. E mesmo quando está nas leis, nem sempre estas sãoobedecidas", explica Bairros.

Para o diretor-geral do INGÁ, a assinatura do convênio é um momento importante deafirmação de justiça socioambiental no Estado. "Existe uma série de eventos que unem as açõesde governo. Isto é importante para garantir às comunidades tradicionais o acesso aos recursoshídricos e ao meio ambiente. Neste quesito, as comunidades negras são um dos grupos quemais sofrem", explica Julio Rocha.

Para o governador Jaques Wagner, a relação daBahia com os países africanos é um processo cres-cente de cooperação em busca de crescimento sus-tentável. “A Bahia tem muito o que aprender eensinar sobre recursos hídricos, meio ambiente,desertificação e mudanças climáticas”, ressaltouo governador.

Secretaria de JustiçaCom o objetivo de integrar as políticas de direitos

humanos e recursos hídricos do Estado da Bahia, vi-sando o apoio à Educação Ambiental e atividades rela-cionadas à implementação de desenvolvimento sus-tentável e sustentabilidade hídrica, o INGÁ e a Secre-taria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH)assinaram um Termo de Cooperação Técnica, ao finaldo I Seminário de Justiça Ambiental pelas Águas.

A cooperação visa também promover a defesados direitos humanos e a capacitação de popula-ções vulneráveis sobre o funcionamento do Siste-ma Estadual de Gerenciamento de RecursosHídricos, com atenção especial aos direitos dos po-vos indígenas.

Foi definido que, em 2009, será organizado emconjunto de um curso sobre Direitos Ambientais eHumanos para os Povos Indígenas e também aosPovos e Comunidades Tradicionais, com assentono Conselho das Águas.

Outro encaminhamento do termo será a consoli-dação de um banco de dados sobre os povos indígenasconsiderando aspectos etno-ambientais, ou seja, respei-tando os saberes e o modo de inter-relação das diversasetnias com o meio ambiente nos lugares onde vivem.