Assim Falava o Mestre

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Huberto Rohden

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UM HOMEM PREPAROU UM GRANDE BANQUETE E CONVIDOU MUITA GENTE.De todos os setores da vida humana tira o Mestre os seus smbolos materiais para ilustrar o grande simbolizado espiritual, o mistrio do reino de Deus da lavoura, da horticultura, da pomicultura, do ambiente domstico, culinrio; e desta vez entra na zona da vida social do seu pas. O reino dos cus semelhante a um homem rico que preparou um grande banquete para celebrar as npcias de seu filho. E, na hora do banquete, mandou os seus servos a fim de chamarem os convidados para o festim. Estes, porm, comearam a alegar pretextos vrios para no comparecer. Um dos convidados disse: Comprei uma quinta, e preciso ir v-la; rogo-te metenhas por escusado. Outro respondeu: Comprei cinco juntas de bois, e preciso experiment-los; rogo-te me tenhas por escusado. Um terceiro replicou: Casei-me, e por isso no posso ir. Este nem sequer pediu desculpas. Os mensageiros relataram tudo isso a seu senhor. Ao que este lhes ordenou:Ide pelos povoados e aldeias e convidai todos os que encontrardes, cegos, coxos, aleijados, para que se encha a minha casa. E assim se fez. Mas nenhum daqueles que haviam sido convidados em primeiro lugar provou o banquete. A est um retrato fiel da humanidade de todos os tempos! Todos so convidados para a grande solenidade, mas nem todos atendem ao convite. O banquete o reino de Deus o reino de Deus, porm, est dentro do homem. o tesouro oculto, a prola preciosa. Muitos homens acham que tm coisa mais impoante a fazer do que encontrar a parte boa que Maria encontrara; andam por demais atarefados com a parte de Marta. Conhecem muitos objetos, mas ignoram o seu prprio sujeito. Realizam tudo menos a si mesmos...Longo e rduo o caminho para esse misterioso Alm de dentro... Sem contaso os percalos que o homem-ego criou no caminho para o homem-Eu...Todos os homens so convidados pelo Cristo interno e, no raro, pelos arautos do Cristo externo para tomar parte na festa nupcial de sua alma, no consrcio mstico entre sua alma e o divino Esposo. Todos, seja qual for a sua profisso ou condio social lavradores, criadores de gado, homens e mulheres, solteiros e casados, sbios e ignorantes , porquanto a luz ilumina a todo homem que vem a este mundo. Muitos homens, porm, no querem escutar a voz silenciosa da sua prpria alma. No conhecem o tesouro oculto e a prola preciosa de seu prprio Eu espiritual; s conhecem a ganga de seu ego fsico-mental.A luz do Logos, verdade, ilumina a todos, mas somente aos que recebem em si essa luz -lhes dado o poder de se tornarem filhos de Deus. No basta que a luz divina esteja presente no homem, necessrio que tambm o homem se torne presente a essa luz. to difcil, no princpio, o homem atender a essa voz silenciosa de dentro, porque os rudos de fora abafam tudo com as suas brutalidades profanas. O homem obsessionado pela violenta seduo dos objetos materiais dinheiro, possesses, prazeres, vanglrias, ambies dificilmente encontra tempo para atender ao discreto murmrio de sua alma. As quantidades de fora so to conhecidas, e a qualidade de dentro to desconhecida... E fcil encontrar escusas para no comparecer ao banquete espiritual. Nunca temos tempo para aquilo de que no gostamos mas para aquilo de que gostamos nunca falta tempo; e, se faltasse, amos fabric-lo. O tempo, a bemdizer, no algo que exista objetivamente; somos ns mesmos que o fazemos, segundo as nossas predilees. O lcifer da nossa inteligncia duma incrvel sagacidade; justifica habilmente todas as suas complacncias; prova com facilidade que o preto branco, que o crculo quadrado, que o no idntico ao sim. Para tudo quanto a vontade quer, encontra a inteligncia um sistema cientfico ou filosfico que justifique as predilees da vontade.O homem profano se impressiona muito mais com o que tem do que com o que , os seus teres campos, animais, mulheres lhe so visveis; o seu ser lhe invisvel. ***Decepcionado com os homens do ter, convida o senhor os homens do no ter,os pobres, os sofredores, os desprezados dos homens e os deserdados dafortuna. E eis que estes atendem ao convite! No esto presos aos pseudo-valores externos, e tm o caminho aberto para compreender o valor interno.Verdade que o simples fato objetivo da pobreza ou doena no suficiente para a compreenso espiritual; mas no deixa, muitas vezes, de preparar ocaminho. O sofrimento cria no homem uma espcie de desconfiana noselementos fsicos e mentais, uma vez que o sofrimento brota desseselementos; e na razo direta em que decresce a confiana nos objetos de forae cresce a confiana na realidade de dentro. O sofrimento promove umprocesso de libertao e desprendimento paulatino. O adorador da matriamorta e cultor da carne viva encontra o seu cu nessas posses e nessesgozos, ao passo que o homem destitudo desses derivativos vai em busca deuma felicidade para alm desse mundo visvel e tangvel. ***A cobia das coisas materiais continua a ser o impedimento nmero um emnosso caminho de auto-realizao. Nenhum outro percalo mereceu tanta ateno do divino Mestre como este. Sempre de novo previne ele seusdiscpulos contra o perigo da escravizao pelos objetos materiais: Ningumpode servir a dois senhores, a Deus e s riquezas.Em tempos antigos, o nico modo de algum se libertar dessa escravido eradesertar de vez do mundo, abandonar todas as suas posses. E, em muitoscasos, ainda hoje em dia este o caminho que almas heroicas escolhem.H, todavia, outra modalidade de libertao. Consiste em que o homem,embora continue legalmente como proprietrio de seus bens, os faa reverterem benefcio e usufruto de seus semelhantes. Destarte, deixa ele de ser odono e proprietrio, passando a ser simples administrador duma parte dopatrimnio de Deus em prol da humanidade.----------------------------------Para a compreenso espiritual; mas no deixa, muitas vezes, de preparar o caminho. O sofrimento cria no homem uma espcie de desconfiana nos elementos fsicos e mentais, uma vez que o sofrimento brota desses elementos; e na razo direta em que decresce a confiana nos objetos de forae cresce a confiana na realidade de dentro. O sofrimento promove um processo de libertao e desprendimento paulatino. O adorador da matria morta e cultor da carne viva encontra o seu cu nessas posses e nesses gozos, ao passo que o homem destitudo desses derivativos vai em busca deuma felicidade para alm desse mundo visvel e tangvel. ***A cobia das coisas materiais continua a ser o impedimento nmero um em nosso caminho de auto-realizao. Nenhum outro percalo mereceu tanta ateno do divino Mestre como este. Sempre de novo previne ele seus discpulos contra o perigo da escravizao pelos objetos materiais: Ningum pode servir a dois senhores, a Deus e s riquezas. Em tempos antigos, o nico modo de algum se libertar dessa escravido era desertar de vez do mundo, abandonar todas as suas posses. E, em muitos casos, ainda hoje em dia este o caminho que almas heroicas escolhem.H, todavia, outra modalidade de libertao. Consiste em que o homem, embora continue legalmente como proprietrio de seus bens, os faa reverter em benefcio e usufruto de seus semelhantes. Destarte, deixa ele de ser odono e proprietrio, passando a ser simples administrador duma parte do patrimnio de Deus em prol da humanidade.O capitalismo extremo defende o direito da posse individual com usufruto individual. O comunismo, por sua vez, apregoa a posse social com usufruto social. Nesta forma extrema, nem o capitalismo nem o comunismo so aceitveis. Cada um dos dois tem uma verdade e um erro. A verdade do capitalismo o direito posse individual mas o seu grande erro o usufruto individual. O comunismo proclama a grande verdade do usufruto social e comete o erro de proibir a posse individual. Se evitarmos os dois erros, o do capitalismo e o do comunismo, e ficarmos com as duas verdades, que cada um deles contm, teremos uma forma de comunismo cristo, baseado na ideia da posse individual com usufruto social. O grande mal no est, realmente no direito posse individual; o mal est em que o possuidor individual queira gozar, ele s, ou ele com seu pequeno grupo, todos os seus bens, sem se importar com os sofrimentos do resto da humanidade. Enquanto o homem no se convencer de que ele apenas administrador do patrimnio de Deus em prol da humanidade, no haver soluo para o doloroso problema social. Mas essa convico nasce de uma grande compreenso da verdade sobre si mesmo.Quando o homem ultrapassa o seu pequeno ego e descobre o seu grande EU,perde a noo estreita do que dele. A morte do falso eu e sua ressurreio no grande ns produz necessariamentea morte do pequeno meu e o ressurgimento do grande nosso. Quando o eu desemboca no ns, o arroio do meu desgua no oceano do nosso. este o comunismo cristo do amor espontneo, bem diferente do comunismo poltico da lei compulsria...