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DESTAQUES TOQUE DE SAÍDA Director Alfredo Lopes Chefe de Redacção Soledade Santos Externato Cooperativo da Benedita Rua do Externato Cooperativo Apartado 197 2476-901 Benedita [email protected] externatobenedita.net Trianual - Abril de 2011 Ano 6 - Número 16 - 1,00 € UM UZBEQUE NO ECB Página 3 PROFESSORES POR UM DIA Página 7 COMO PREPARAR OS EXAMES Página 10 ENTREVISTA À PSICÓLOGA DO ECB Página 11 LIBERDADE PRECISA-SE! PACIÊNCIA ESGOTA-SE Página 13 FENÓMENOS CLIMATÉRICOS Página 15 EGAS MONIZ Página 16 NEUROCIÊNCIA E MATEMÁTICA Página 17 VISITA AO MUSEU DO TEATRO E À ASSOCIAÇÃO MOINHO DA JUVENTUDE No passado dia 28 de Janei- ro, a turma 10ºK do Curso Pro- fissional de Técnico de Apoio Psicossocial realizou uma visita de estudo ao Museu do Teatro e à Associação Moinho da Juven- tude. Nesta visita, integrada nas disciplinas de Área de Expres- sões e de Animação Sociocultu- ral, fomos acompanhados pelas professoras Estela Santana e Helena Rodrigues. Durante a manhã, visitámos o Museu do Teatro, em cujo jardim pudemos passear e tirar fotogra- fias, antes de termos sido enca- minhados para as instalações do museu. Aqui, percorremos uma exposição enquadrada nas co- memorações da República – “A República vai ao Teatro” – que incluía imagens, cartazes e fi- gurinos da época. De seguida, participámos num ateliê de es- crita e de caracterização: foi-nos proposto que criássemos, em pequenos grupos, uma história a partir de um leque e de alguns elementos cénicos, como um poço numa floresta, uma mesa e uma lareira. Depois de criada a história, caracterizámo-nos com trajos apropriados às persona- gens e à época e, no mini teatro do Museu, cada grupo repre- sentou a sua história e assistiu à dos colegas. Após as drama- tizações, realizou-se uma visita guiada ao Museu, no qual estão expostas fotografias de acto- res e actrizes que fazem parte da história do teatro português, bem como acessórios e cenários de diversas peças, como figuri- nos do Auto da Alma, de Gil Vi- cente. Da parte da tarde, visitámos a Associação Moinho da Juven- tude, na Cova da Moura, com o objectivo de conhecer uma ins- tituição com projectos de inter- venção social. A visita começou com a apresentação do projecto Sabura pelo guia Heidir. Este é um projecto de percursos guia- dos pelo bairro, durante os quais as pessoas são convidadas a descobrir o Roteiro das Ilhas no Alto da Cova da Moura. A Asso- ciação Moinho aposta na quali- ficação do bairro, na formação dos seus habitantes, no empre- endedorismo e na alteração da imagem que a população da ci- dade de Lisboa tem deste bairro. (Continua na pág. 4)

ASSOCIAÇÃO MOINHO DA JUVENTUDE - ecb.inse.ptecb.inse.pt/images/jornal/numeros/n16_final.pdf · Alfredo Lopes Chefe de Redacção ... 14 de Março; e a equipa de Duatlo do Externato

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DESTAQUES

TOQUE DE SAÍDA

DirectorAlfredo Lopes

Chefe de RedacçãoSoledade Santos

Externato Cooperativo da BeneditaRua do Externato CooperativoApartado 197 2476-901 [email protected]

externatobenedita.net

Trianual - Abril de 2011Ano 6 - Número 16 - 1,00 €

UM UZBEQUE NO ECBPágina 3

PROFESSORES POR UM DIAPágina 7

COMO PREPARAR OS EXAMESPágina 10

ENTREVISTAÀ PSICÓLOGA DO ECBPágina 11

LIBERDADE PRECISA-SE! PACIÊNCIA ESGOTA-SEPágina 13

FENÓMENOS CLIMATÉRICOSPágina 15

EGAS MONIZPágina 16

NEUROCIÊNCIA E MATEMÁTICAPágina 17

VISITA AO MUSEU DO TEATRO E À ASSOCIAÇÃO MOINHO DA JUVENTUDE

No passado dia 28 de Janei-ro, a turma 10ºK do Curso Pro-fissional de Técnico de Apoio Psicossocial realizou uma visita de estudo ao Museu do Teatro e à Associação Moinho da Juven-tude. Nesta visita, integrada nas disciplinas de Área de Expres-sões e de Animação Sociocultu-ral, fomos acompanhados pelas professoras Estela Santana e Helena Rodrigues.

Durante a manhã, visitámos o Museu do Teatro, em cujo jardim pudemos passear e tirar fotogra-fias, antes de termos sido enca-

minhados para as instalações do museu. Aqui, percorremos uma exposição enquadrada nas co-memorações da República – “A República vai ao Teatro” – que incluía imagens, cartazes e fi-gurinos da época. De seguida, participámos num ateliê de es-crita e de caracterização: foi-nos proposto que criássemos, em pequenos grupos, uma história a partir de um leque e de alguns elementos cénicos, como um poço numa floresta, uma mesa e uma lareira. Depois de criada a história, caracterizámo-nos com

trajos apropriados às persona-gens e à época e, no mini teatro do Museu, cada grupo repre-sentou a sua história e assistiu à dos colegas. Após as drama-tizações, realizou-se uma visita guiada ao Museu, no qual estão expostas fotografias de acto-res e actrizes que fazem parte da história do teatro português, bem como acessórios e cenários de diversas peças, como figuri-nos do Auto da Alma, de Gil Vi-cente.

Da parte da tarde, visitámos a Associação Moinho da Juven-tude, na Cova da Moura, com o objectivo de conhecer uma ins-tituição com projectos de inter-venção social. A visita começou com a apresentação do projecto Sabura pelo guia Heidir. Este é um projecto de percursos guia-dos pelo bairro, durante os quais as pessoas são convidadas a descobrir o Roteiro das Ilhas no Alto da Cova da Moura. A Asso-ciação Moinho aposta na quali-ficação do bairro, na formação dos seus habitantes, no empre-endedorismo e na alteração da imagem que a população da ci-dade de Lisboa tem deste bairro.

(Continua na pág. 4)

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

2 ESCOLA VIVA

EDITORIAl SUMÁRIOEscola vivaVisita ao Museu do Teatro 1

Acontecendo 2

XVIII Rally Paper do Externato 3

Dia dos namorados 3

Um Uzbeque no ECB 3

Visita de estudo a Marvão e Castelo de Vide 4

Uma visita a Lisboa 4

Química do Mosteiro 4

TOP 10 5

Parlamento dos jovens 5

Ser voluntário, ser solidário 6

Testemunho CVP 6

Voluntariado 6

O professor reflexivo 7

Professores por um dia 7

Como preparar os exames 10

Crescer 19

Fomos ao Museu 20

Arte e CulturaBeatles vs. Stones 5

Clássicos da literatura 8

Livro, de José Luís Peixoto 8

Viagens de Gulliver 8

Entre livros 9

Jazz ou Fado 9

Sugestões de leitura 9

Olhar CircundanteEntrevista - Psicóloga do ECB 11

À descoberta do património local 11

Discriminação e homossexualidade 12

Dos nossos dias 12

Transexualidade 12

Liberdade precisa-se! Paciência esgota-se 13

O lugar da Memória 10

Recriar o Mundo3 poemas 13

Ciência, Tecnologia e AmbienteA Evolução da Ciência 7

Coastwatch 14

Na praia do Salgado 14

Albinismo 14

Fenómenos climatéricos 15

A 1ª mulher no espaço 15

Egas Moniz 16

Home - O Mundo é a nossa casa 16

Neurociência e Matemática 17

Alguns segredos da programação 18

Programação - um grande quebra cabeças 18

Mente Sã em Corpo SãoXadrez escolar 17

Alimentos para adolescentes 19

As receitas da Isabel 19

Passatempos e Curiosidades

Enigmas 18

Astrologia 20

BD - A escola é f ixe 20

Director do Jornal:Alfredo Lopes

Redacção: Deolinda CastelhanoLuísa CoutoSoledade Santos (Chefe de redacção)Teresa Agostinho

Marketing e vendas:Maria José Jorge

Composição gráfica:Nuno RosaPaulo Valentim Samuel Branco

Equipa de Reportagem:Acácio CastelhanoAna DuarteAna Luísa QuitérioClara PeraltaEstela SantanaFátima FelicianoGraça SilvaJosé CavadasMaria de Lurdes GoulãoRicardo MiguelSérgio TeixeiraValter Boita

Impressão: Relgráfica, LdaTiragem: 500 exemplaresPreço avulso: 1,00 €

No final de mais um período escolar, a mais de meio de outro ano lectivo mar-cado pela incerteza e pelo desconcerto, não tanto da escola, mas do que a rodeia e aflige, escrever um editorial que conte-nha um sinal de esperança para os nos-sos jovens não se afigura tarefa fácil. E no entanto…

A vida renasce todos os anos, e essa constatação lembra-nos que não há in-verno que sempre dure, nem, por ana-logia, mal que não se acabe. Começam os dias a crescer. E muito antes da data oficial de 21 de Março, já as margaridas despontam, os pássaros se inquietam e as mimosas florescem. São os primei-ros sinais da primavera, ainda longe de se afirmar. Também assim a esperança – que não devemos deixar extinguir, para que possa, quando os dias ficarem mais claros, sair da letargia a que o tempo agreste a forçou. Lembremo-nos de que não haveria primavera se os seres não resistissem ao longo crepúsculo molhado e frio, empenhando nessa luta toda a sua capacidade de sobrevivência. E se nos lembrarmos deste exemplo extremo da natureza, descobriremos que também nós possuímos a força que busca perpetuar a vitória da vida.

De facto, o ciclo da natureza é esse e, sendo o da natureza, é intrinsecamente o nosso. Atentemos então nos sinais: co-meçamos a ouvir o canto dos pássaros e as suas disputas pré-nupciais. Do mesmo modo, surgem as abelhas que irão trans-portar o pólen dos campos e dos poma-res. É ainda um tempo difícil e inseguro, o do início. No entanto, todos acreditamos que a primavera vencerá, que a ameixo-eira do quintal, florida de branco, irá ata-petar a terra, para que as ameixas pos-sam formar-se e, já no calor de Junho, dessedentar-nos.

Mas até se chegar aí, pensemos no que foi preciso, pensemos no inverno duro e inclemente, na resistência sem concessões, na perseverança que todos os ciclos de crescimento nos impõem. E tomemos para nós o exemplo da prima-vera, certos de que, seguindo-o, viremos a orgulhar-nos da nossa força, como as grandes árvores parecem orgulhar-se da sua folhagem de seiva e sol, às portas do verão.

Professora Soledade Santos

Decorreu a 21 de Março, Dia da Poesia, a de-clamação dos poemas seleccionados na 1ª fase do Concurso Literário promovido pelas professoras de Português. Treze alunos deram voz aos poemas que escreveram, numa breve e intensa cerimónia em que foi manifesto o envolvimento dos jovens poetas. Os poemas vencedores são anunciados no Sarau Cultu-ral.

Os alunos da nossa escola têm-se distinguido na prestação desportiva, e não apenas no xadrez: Miguel Silva, Catarina Marques e Georgeta Munteanu repre-sentaram o ECB no Corta-Mato Nacional, realizado a 14 de Março; e a equipa de Duatlo do Externato ven-ceu a XIV edição do Duatlo do Cadaval, competição a contar para a Taça de Portugal, enquanto no plano individual, Marco Sousa venceu a competição geral e João Santos se classificou em terceiro lugar.

As semanas do final do 2º período foram inten-sas. Além de prosseguir a caminhada em direcção ao culminar do ano lectivo, a nossa escola abriu as por-tas, como em anos anteriores, para uma sucessão de ocorrências que atestam o seu envolvimento em pro-jectos científicos e culturais, bem como a capacidade de dinamizar a comunidade local. Destacamos, entre estas ocorrências, a Semana Cultural, de 1 a 7 Abril, durante a qual têm lugar a celebração dos Dias do Francês e do Inglês; o Sarau Cultural; o lançamento dos Cadernos ECB; representações teatrais diversas, uma delas, integrada no projecto das Rotas de Cister, intitulada “Se um grupo de monjas fosse viver para o mosteiro de Alcobaça”; várias palestras, conferências e exposições. Já no 3º Período, entre 4 e 8 de Maio, teremos a Feira do Livro.

ACONTECENDO

Defenderam tese de mestrado, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, no passado dia 22 de Março, os professores Ângela Gens, Liliana Gens e João Simões. O ECB conta as-sim, entre o seu corpo docente, com mais três mestres, a quem endereça-mos felicitações.

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

ESCOLA VIVA 3

XVIII RAllY PAPER DO EXTERNATO UM UZBEQUE NO ECB

Quando cheguei a Portugal, senti logo muitas diferenças. O mais estranho foi sobrevoar o oce-ano, à chegada a Lisboa. Nunca tinha visto tanta água junta! Depois, também não percebia nada do que ouvia. Outra diferença que senti foi o clima. Estava tanto calor! Apesar destas coisas diferen-tes, gostei do país. Mesmo assim, o Uzbequistão, país onde nasci, é o mais bonito do mundo!

O Uzbequistão fica situado na Ásia Central, faz fronteira com o Tajiquistão, o Turquemenistão, o Afeganistão, o Quirguistão e o Casaquistão, e tem cerca de 27,5 milhões de habitantes. A sua capi-tal é Tasquente. Eu nasci em Samarcanda, uma cidade a oeste do Uzbequistão. Foi aí que vivi até vir para Portugal, em Junho de 2010. Samarcanda é uma grande cidade, tem espaços muito bonitos para visitar. Faço o convite para visitarem Regis-ton, um parque onde os turistas vão passear e fa-zer compras. Em toda a cidade, há muitos museus com obras de arte. O mais importante é o Museu de Alisher Navoy, escritor uzbeque do século XV. Para além dos museus, há muitos monumentos ligados à religião muçulmana.

A gastronomia uzbeque é muito boa! Já alguém provou oshpalav? É óptimo! Um prato típico uzbe-que feito com carne de vaca, óleo, cenoura, grão e arroz. E galubsi? Outro prato típico feito com carne de vaca e arroz. E os doces? O meu preferido é o tort, bolo de chocolate e chantilly.

E a natureza? Espaços verdes como Hazrato Dovut, uma serra onde se pode passear e fazer piqueniques.

Para terminar, não posso esquecer a minha fa-mília e os amigos que deixei em Samarcanda. Os amigos estão a estudar no colégio, e os meus fami-liares, uns estão em casa, uma irmã é médica em Samarcanda, e a outra está a estudar no colégio.

E assim é o meu país – Uzbequistão. No outro lado do mundo, mas perto do meu coração!

Abdunasim Kholov, 10ºI

Sob o signo do fim do mundo anunciado para 2012 – foi assim que a equipa orga-nizadora, chefiada pela professora Estela Santana, recebeu os participantes para o “XVIII e último Rally Paper do ECB”, como diziam, que começou a acelerar pela Be-nedita e arredores por volta das 8h30 da manhã fria e cinzenta do dia 4 de Março.

As 27 equipas concorrentes, algumas delas lideradas por encarregados de edu-cação, rivalizaram em originalidade e boa disposição, tentando corresponder às so-licitações de uma “apocalíptica” e exigen-te organização que não poupou esforços para tentar ludibriar a perspicácia dos concorrentes, aos quais, não obstante, compensou com originais prémios, tais como o prémio solidariedade, arrecada-do por duas equipas; o prémio da equipa mais indisposta; o do desejo mais difícil de concretizar; o da equipa mais atrasada; o

da equipa mais apocalíptica; e o habitual prémio do melhor disfarce, recebido pela “Família Prazeres do Coito”.

Também animado e muito participado foi o jantar, durante o qual se apresen-tou a correcção da prova e a ansiada e simultaneamente temida classificação das equipas. No pódio, e em 3º lugar, com 118 pontos, ficaram “As pescadinhas de rabo na boca”, conduzidas pela professora Li-liana Gens; em 2º lugar, “As MarchettaS” da professora Carla Dias, com 122 pontos. Recebeu o troféu de ouro e a incumbência de organizar a próxima edição do Rally, se os desígnios anunciados não se con-cretizarem, e ainda o aplauso de todos, o sugestivo “ECB Golf Resort Team”, com 124 pontos, dirigido pelo professor Joel Machado.

Professora Fátima Feliciano

O DIA DOS NAMORADOS NO ECBNo Dia dos Namorados, o Projecto Cres-

cer promoveu uma palestra subordinada ao tema “Violência no Namoro”. Dinamiza-da pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), contou com a presença de duas técnicas do Gabinete de Apoio à Víti-ma de Santarém e envolveu várias turmas do 9º, 10º e 11º ano.

Além disso, na Sala do Aluno, tiveram lugar exposições, jogos e dinâmicas com recurso a materiais multimédia, abordando os temas das IST’s, da violência no namo-ro e das relações de afectividade. A dina-mização destas actividades foi feita pelo

Projecto Crescer, contando com a boa co-laboração das alunas do Curso de Técnico de Apoio Psicossocial do 10º K.

Realizou-se também, nos dias 14, 21 e 28 de Fevereiro, um workshop sobre rela-ções interpessoais, intitulado “I got a fee-ling… and you?”, dinamizado pelas profes-soras Rita Vicente e Vera Catarino, tendo como público-alvo os alunos do ensino se-cundário.As actividades decorreram numa atmosfera de partilha e de boa disposição, tendo os envolvidos revelado um bom grau de adesão e de colaboração.

Equipa do Projecto Crescer

Samarcanda - Uzbequistão

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

4 ESCOLA VIVA

Nas disciplinas de Área de Projecto e de Química, os alunos do 12ºA e as professoras Pilar Peres e Isabel Lu-cas, estão a desenvolver um projecto inserido nas “Rotas de Cister”, relativo ao Mosteiro de Alcobaça. O principal objectivo deste trabalho é fazer um estudo químico do Mosteiro.

De forma a divulgar o projecto e o seu desenvolvimento, a turma criou um site no qual é possível verificar a metodo-logia utilizada e os trabalhos que vão sendo concretizados:

http://www.wix.com/aidaquimica/quimicadomosteiroVisite-nos. Esperamos por si!

Os alunos de Química do 12ºA

SANTA MARIA DE AlCOBAÇA

Foi no dia 24 de Fevereiro, um dia surpre-endentemente ensolarado, que a turma do 11º E de Línguas e Humanidades e as professo-ras Teresa Dias e Teresa Agostinho se aventu-raram por terras alentejanas. Apesar de no início estarmos desanimados, não só por termos acordado com a aurora, como também por ter havido uma avaria eléctrica no autocarro (o que nos manteve em espera durante algum tempo), a verdade é que o per-curso valeu a pena.

Mas deixemo-nos de palavras re-buscadas e passemos ao relato de uma das mais fantásticas visitas de estudo que alguma vez se poderia ter feito numa região seca e árida como o nosso Alentejo.

Depois da avaria, seguimos apres-sadamente para Marvão, uma vila fronteiriça e esquecida pelos por-tugueses. Demos um passeio pela Quinta dos Olhos d’ Água, integrada no parque natural da Serra de São Mamede. Depois, o nosso guia, Rui Quarenta (nome in-vulgar!), levou-nos às ruínas e ao museu mo-nográfico da cidade romana de Ammaia, uma das principais atracções deste roteiro. A ci-dade está apenas parcialmente explorada do ponto de vista arqueológico, mas aquilo que observámos deixou-nos água na boca para lá voltarmos mais tarde e vermos a evolução das escavações.

Antes do almoço, subimos à Serra de São Paulo e fomos visitar o santuário de Nossa Senhora da Penha, uma ermida rodeada por pedras de grande dimensão e pela maravilho-

sa vista de Castelo de Vide. Nunca largámos a máquina fotográfica, consumidas pela bele-za paisagística da zona! Nada nos escapava, nem o mais ínfimo pormenor!

Seguimos para a Portagem, uma localidade próxima que alberga uma antiga torre medie-val e um parque de merendas que, para nosso azar, estava interdito. Assim, desfrutámos das nossas iguarias sentadas na ponte do rio Se-ver, enquanto resolvíamos um quebra-cabe-ças relacionado com a visita e disponibilizado pela professora Teresa Dias.

De tarde, rumámos ao castelo de Marvão, edificação também medieval e candidata a Pa-trimónio da Humanidade. No posto de Turismo, onde fomos recebidos, vimos um pequeno ví-deo acerca da vila e das suas potencialidades e apreciámos alguns bordados feitos com cas-

ca de castanha, o que nos chamou a atenção, visto ser pouco usual. O amável Rui Quarenta conduziu-nos pelo interior do castelo, deixan-do-nos percorrer as passagens, subir escadas

e explorar muralhas… Este foi o pon-to alto a visita, marcado pela altitu-de do monumento e pela estonteante vista, uma espécie de mar edificado, através de casas, uma breve quimera que nos deu asas para navegar até à Serra da Estrela (na verdade, conse-guimos identificar uma crista branca no horizonte).

Desolados por deixar Marvão, diri-gimo-nos a Castelo de Vide, uma vila igualmente bela, mas menos surpre-endente. Visitámos o centro histórico, em particular a Judiaria e a Sinago-ga, percorremos algumas ruas labi-rínticas, deparámo-nos com a famosa fonte da Vila, falámos com alguns ha-bitantes que nos revelaram a praça D. Pedro V, escondida pela Câmara Mu-

nicipal, e ainda tivemos tempo para lanchar.São as pequenas vilas e aldeias de Portugal

que guardam a nossa herança cultural mais remota e oferecem uma viagem às origens, não só patrimoniais, como também espirituais. São estas zonas que devemos valorizar, são estes palcos que devemos querer pisar, são estas relíquias que devemos preservar!

Deixamos aqui uma amostra do que nos encheu a alma e os olhos. Só vos resta a vo-cês, leitores, imaginar o resto.

Flávia Silva e Margarida Serralheiro (pelo 11º E)

VISITA DE ESTUDO A MARVÃO E CASTElO DE VIDE

No dia 2 de Fevereiro, o 7º e 8º A realizaram uma viagem a Lisboa. Durante a manhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, fizemos uma visita guiada à expo-sição À Volta do Mundo: observámos pinturas, esculturas e artefactos oriundos de várias partes do mundo e recolhidos por Calouste Gulbenkian. Seguiu-se o almoço, no Parque das Nações, onde confraternizámos e apreciámos os vulcões de água.

Por volta das 14h30, iniciámos a visita à exposição didáctica “Sexo e Então?”, no Pavilhão do Conhecimento. Nesta exposição, ligada ao tema da Educação Se-xual, havia “brinquedos”, cartazes, tiras de banda desenhada e outros conteúdos que visavam esclarecer as dúvidas dos jovens e promover atitudes de responsa-bilidade no que se refere à sexualidade.

As duas exposições foram bastante interessantes, mas os alunos gostam sempre muito é do convívio e da animação que ocorre durante o percurso em autocarro.

Abel Gutierres e David Sousa, 8ºA

UMA VISITA A lISBOA

(CONTINUAÇÃO DA PágINA 1)

No âmbito do projecto, fizemos ainda um percurso guiado pelas principais ruas do bairro, tendo visitado algumas valências da Associação dos Moinhos, como a creche, o ATL, o estúdio de música e o grupo de Hip-Hop.

A turma gostou e aprendeu muito com esta visita de estudo. Tivemos oportu-nidade de explorar e desenvolver a criatividade, de aprender novas técnicas de trabalho de palco, formas de intervenção social e ainda de contactar com pes-soas residentes no bairro e utentes dos serviços prestados pela Associação dos Moinhos da Juventude.

Patrícia Nicole, 10º K

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

ESCOLA VIVA 5

PARlAMENTO DOS JOVENS

No dia 19 de Janeiro, os alu-nos do Externato elegeram os representantes ao Parlamento dos Jovens, de entre as listas apresentadas pelas turmas A, F e G do 8º Ano. A turma A foi a vencedora, tendo elegido 10 de-putados, seguida pela G, com o mesmo número de eleitos, e por fim a turma F, com 3 deputados.

No dia 26 de Janeiro, 6ª fei-ra, os jovens deputados reuni-ram-se em Sessão Escolar para discussão das propostas e para eleger os representantes do

ECB à sessão distrital. George-ta Munteanu, do 8ºG, presidiu à sessão, assessorada por Hélder Cruz, do 8ºF, como vice-presi-dente, e Bruno Couto, do 8ºA, como secretário.

Os deputados apresentaram as suas propostas para mini-mizar o problema da violência na escola. A violência em meio escolar tem vindo a ganhar am-plitude mediática e cada vez se ouve falar em mais casos. Tendo origem em causas que ali não tínhamos hipótese de resolver,

restava-nos apresentar e votar medidas capazes de minimizar o problema, medidas que estes deputados se comprometeram a defender na Sessão Regional. Estas medidas passam pela pre-venção, nomeadamente melho-rando a vigilância, através do reforço e da formação do pes-soal não docente, com particular incidência nos vigilantes; pela dinamização de actividades que envolvam toda a comunidade escolar, no sentido de melhorar a relação aluno-aluno, de com-bater discriminações e de sensi-bilizar para a paz e para a tole-rância; e ainda pela criação da figura do aluno tutor, ou seja, de alunos mais velhos que possam ajudar à integração dos mais no-vos, promovendo desta forma a mediação escolar.

No final da reunião foram elei-tos 3 alunos - Georgeta Montea-nu, Carlos Martins e Bianca Pina - para representar o Externato na sessão distrital do Parlamen-to dos Jovens – 3º Ciclo, a qual se realizou no dia 14 de Março.

Jéssica Pereira, Jéssica Tomaz,

Micaela Fonseca e Sofia Fialho, 8ºA

TOP 101º- A Villa – Nora Roberts

2º - A Filha da Minha Melhor Ami-ga – Dorothy Koomson

3º - O Capitão Cuecas – Dav Pi-lkey

4º - Harry Potter e a Pedra Filoso-fal – J. K. Rowling

5º - A Lua de Joana – Maria Tere-sa Maia Gonzalez

6º - A Prisão do Silêncio – Torey Hayden

7º - O Amor Está no Ar – Dorothy Koomson

8º - O Velho e o Mar – Ernest He-mingway

9º - Filha do Mar – Elizabeth Gil-bert

10º - Bica Escaldada – Alice Vieira

Os livros mais requisitados na Biblioteca do ECB durante os me-ses de Setembro de 2010 a Janei-ro de 2011.

John Lennon, Paul McCartney, George Har-rison, Ringo Starr, Mick Jagger, Keith Richar-ds, Charlie Watts, Bill Wyman, Brian Jones, Mick Taylor e Ronnie Wood. Esta lista de no-mes imediatamente é reconhecida por muitos e associada a dois dos maiores grupos da mú-sica popular, os Beatles e os Rolling Stones, cuja influência foi marcante nos anos 60 e que continuam a inspirar e a fazer sonhar gera-ções, através da sua música, letras, ideias e atitudes.

Os Beatles formaram-se em Liverpool, em 1960, e acabaram em 1970; os Rolling Sto-

nes começaram em 1962, em Londres, e ainda hoje continuam a dominar as audiências com os seus concertos ao vivo. Os Stones sem-pre cultivaram uma imagem mais controversa, com sucessivos escândalos, enquanto os Be-atles assumiam uma imagem mais limpa, mas com contradições latentes que se acentuaram no final dos anos 60 e levaram ao colapso do grupo.

Ambos os grupos foram influenciados pela grande música americana negra, R&B, canto-res de blues, como Muddy Waters e Robert Johnson, e pelo rock´n roll dos anos 50 (Elvis Presley, Chuck Berry…). Estas influências fo-ram talvez mais acentuadas nos Rolling Sto-nes, enquanto nos Beatles se foram aparen-temente desvanecendo, dando lugar a uma maior experimentação, não só em termos mu-sicais, mas também testando ao máximo, em estúdio, as possibilidades das novas tecnolo-gias, com a ajuda daquele que é considerado o quinto Beatle, o produtor George Martin.

As duplas Lennon/McCartney e Jagger/Richards, criaram alguns dos maiores hi-nos da música popular: quem não conhece “Yesterday”, “I Can´t Get no Satisfaction”,

“Hey Jude”,“Sympathy For the Devil”, “Let It Be”, “Start Me Up”, e tantas outras. Quanto a discos, o álbum dos Beatles, de 1967, “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band” é talvez o mais conhecido de toda a música rock, isto também devido à sua famosa capa. Para além deste disco, os conhecedores da música dos Beatles têm em grande apreço “Rubber Soul” (1965), “Revolver” (1966), “White Album” (1968) e “Abbey Road” (1969). Os Rolling Sto-nes, que foram sempre uma grande banda ao vivo, se não a maior, têm nos álbuns “Beggars Banquet” (1968), “Let It Bleed” (1969), “Sti-cky Fingers” (1971) e principalmente no duplo “Exile on Main St.”, de 1972, o seu apogeu.

Muitas vezes colocados nos extremos da mesma revolução musical, uma coisa tiveram em comum – o génio com que escreveram e gravaram grandes canções. A sua influência na música popular é incomensurável. Que me-lhor elogio se poderia fazer a um determinado grupo do que afirmar que iriam ser os próxi-mos Beatles ou os próximos Rolling Stones?

Professor Francisco Franco

THE BEATlES VS. THE STONES

SeSSãO eScOlaR

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

6 ESCOLA VIVA

SER VOlUNTáRIO, SER SOlIDáRIO!

No dia 27 de Novembro de 2009, o Conselho de Ministros da União Europeia declarou oficial-mente 2011 como o Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Acti-va. Pretende a UE incentivar os esforços desenvolvidos pelas comunidades e pelas auto-ridades locais e regionais, criando condições na so-ciedade civil propícias ao voluntariado e aumentando a visibilidade das iniciati-vas já existentes. Para tal, é necessário incentivar o intercâmbio, formar volun-tários e proporcionar opor-tunidades de colaboração. Foi neste contexto que os professores do grupo de EMRC do Externato apre-sentaram o projecto Ser Voluntário, Ser Solidário!

No actual contexto mundial, marcado por uma crise econó-mica e de valores, é impossível ficar indiferente aos números que todos os dias dão conta da quantidade de pobres existen-tes na nossa Europa. Segundo os dados disponibilizados, “78 milhões de pessoas na UE - ou seja, 16% da população e 19% das crianças – estão actualmen-te sob a ameaça da pobreza”. As pessoas são consideradas em risco de pobreza quando vivem com um rendimento inferior a 60% do rendimento familiar me-diano no seu país. Em 2004, cer-ca de 23,5 milhões de pessoas tinham de viver com menos de 10 euros por dia. Os indicadores de pobreza não são iguais em todos os países da Europa, contudo, basta um olhar atento ao que se passa à nossa volta, até mes-

mo nas escolas, para perceber-mos que esta pobreza vai muito além da capacidade de adquirir bem materiais, trata-se de haver crianças e adolescentes a passar fome e pessoas sem oportunida-des de trabalho para sustenta-rem as suas famílias.

Atentas a esta realidade, mui-tas instituições têm surgido, com o intuito de alimentar quem tem fome. Incansáveis têm sido os esforços de alguns municípios, empresas privadas e escolas, entre outras. Na linha da fren-te, encontramos também a Igre-ja Católica, que tem actuado de diversas formas e com todos os meios disponíveis. No respeito pelo mandamento do amor ao próximo e pela vivência da cari-dade, instituições católicas como a Caritas Portuguesa e a Comu-nidade Vida e Paz não só dão o peixe, como também ensinam a pescar, e é esta a lógica de uma caridade que se deixa iluminar pela verdade. A verdadeira ca-ridade é aquela em que as pes-soas se envolvem no sentido de contribuírem para a construção dum desenvolvimento humano

de alcance universal. Para que isto se concretize, a Doutrina So-cial da Igreja apresenta dois cri-térios orientadores da acção da caridade na verdade, a Justiça e o Bem Comum.

Os alunos de EMRC da nossa escola estão conscientes des-

ta exigência cristã, daí que, no âmbito do projecto Ser Voluntário, Ser Solidário, se tenham envolvido em acções de voluntariado e solidarie-dade, sendo de mencionar a Comunidade Vida e Paz, fun-dada pela Irmã Maria Gon-çalves que, não só distribui alimentos pelos sem-abrigo, como tem um programa para a sua reinserção na vida ac-tiva, um programa para for-mação e acompanhamento dos que saem das ruas e ainda, com uma intenção de

prevenção, um programa de sen-sibilização para estudantes.

Várias actividades têm sido levadas a cabo pelos alunos. Recordo o fim-de-semana de vo-luntariado na Casa de Saúde de Idanha; a visita às instalações, entrega de alimentos e o contac-to com utentes da Comunidade Vida e Paz; a recolha de tampas de plástico para ajudar o Rodrigo (menino de 3 anos que precisa de uma mão biónica); a colabo-ração no peditório nacional da associação Abraço, entre outras.

Para finalizar, quero pedir a colaboração e o apoio de toda a comunidade educativa na con-cretização destas acções que tornam a nossa escola mais hu-mana e consciente da realidade que a envolve.

Professora Vera Catarino

TESTEMUNHO COMUNIDADE

VIDA E PAZ

No dia 11 de Fevereiro, al-guns de nós, alunos do Exter-nato, visitámos a Comunidade Vida e Paz. Quando chegámos, fomos recebidos pela assisten-te social que ali trabalha, a Dr.ª Mafalda, que nos falou acerca dos perigos da droga e das suas consequências, motivando-nos a não consumir. Falou-nos tam-bém dos procedimentos para a recuperação dos sem-abrigo e dos toxicodependentes.

Quando menos esperáva-mos, interveio um senhor que é toxicodependente, tem 42 anos e já está em recuperação há 9 meses. Contou-nos a sua vida e explicou-nos como a droga lhe trouxera problemas, tanto que está a tentar reconquistar a fa-mília aos poucos. O senhor Luís, assim se chamava, alertou-nos para o que envolve a droga e o álcool. E nós teremos todo o cui-dado e atenção.

Terminámos a visita com o desejo de ajudar. Deste modo, decidimos colaborar com a Co-munidade Vida e Paz, e o grupo de alunos do 9º ano que lá este-ve entregou, no dia 11 de Março, em nome de todos os alunos do ECB, os donativos recolhidos. Obrigado a todos pela colabora-ção.

Maria João, Suze e Miguel, 9º G

“Ajudar”. Este foi o verbo eleito por to-dos nós quando nos perguntaram: porque foste a Idanha? E de facto, o nosso propó-sito era ajudar, no entanto, fomos nós que acabámos por ser ajudados.

Foram muitos os beijinhos, os abraços, os sorrisos e os carinhos que recebemos (isto tirando os jogos que jogámos e tudo aquilo acerca do que reflectimos e do que esta experiência nos fez pensar). E então perguntamos: Quem ficou a ganhar? Nós, claro! Porque nada é mais reconfortante do que fazer alguém sorrir. Mesmo que esse sorriso se tenha perdido em segundos,

para nós irá permanecer dia após dia, como se alguém ou algo nos estivesse constante-mente a recordar.

Foi uma experiência que jamais será es-quecida, quer pelos momentos fantásticos que passámos com aqueles que fizemos sorrir, os utentes, quer pelos momentos que passámos em grupo, entre voluntários. Foi uma experi-ência bastante importante para o nosso cres-cimento como pessoas. E se todas as pessoas sentissem um pouco do que nós sentimos lá, seriam mais felizes e encontrariam uma vida mais plena.

Sofia Fialho, 10º A

VOlUNTARIADO NA CASA DE SAÚDE DE IDANHA

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

ESCOLA VIVA 7

O PROFESSOR REFlEXIVO – DESAFIOS E TENSÕESFalar de professores reflexivos leva-nos a

considerar que, apesar de existir uma predis-posição em cada professor, há um conjunto de destrezas que todos devem domi-nar para realizar com sucesso este modelo de ensino. Estas aptidões dizem mais respeito a competên-cias cognitivas e metacognitivas do que de conduta, contrariamente ao que se pensava anteriormente.

Pollard e Tann (1987) descre-veram as destrezas necessárias à realização de um ensino reflexivo: capacidade de diagnóstico, tanto a nível da sala de aula como da escola (compilar dados, descrever situações, processos, causas e efeitos); destrezas analíticas, ne-cessárias para analisar os dados compilados e, a partir deles, cons-truir teorias; destrezas avaliativas: formulação de juízos sobre as con-sequências educativas dos projectos e os re-sultados alcançados; destrezas estratégicas: dizem respeito ao planeamento da acção; destrezas práticas: capacidade de relacionar os fins com os meios; destrezas de comunica-ção: os professores reflexivos necessitam de partilhar as suas ideias com outros colegas, o que sublinha a importância das actividades de trabalho e de discussão em grupo.

Assim, a formação de professores – quer inicial quer contínua – deve propiciar o desen-volvimento destas destrezas, promovendo jor-

nadas, encontros, simpósios, seminários que abordem a EDUCAÇÃO, com relevo para o desenvolvimento profissional dos professores, desenvolvimento esse entendido como pro-cesso mediante o qual se revêem, renovam e desenvolvem os propósitos de ensino, os co-nhecimentos e as competências essenciais à planificação e à prática.

A formação de professores é confrontada,

quer no nosso país, quer internacionalmente, com a necessidade de servir o desenvolvi-mento do país, preparando os cidadãos para

a sociedade do conhecimento. Mas poucos são os programas de for-mação inicial que se ocupam deli-beradamente do desenvolvimento pessoal, social e ético-deontológico do futuro professor.

Penso que o momento actual re-clama que profissionais competen-tes sejam convidados a contribuir teórica, prática e eticamente nos espaços educacionais. Faz-se tam-bém sentir a necessidade de o pro-fessor desenvolver a sua praxis em conformidade com as exigências sociais mais amplas. Segundo Da-vid Justino, não incutimos sentido de futuro àquilo que é por natureza do futuro! Andamos a formar alunos para os problemas do passado e

não para o futuro. Educar para a incerteza? É voltar àquilo que é básico e estruturante: leitu-ra, cultura científica, escrita; hábitos de traba-lho; racionalidade, maior abertura ao mundo. E é nesse sentido que educar para a incerteza é centrar o esforço nas aprendizagens funda-mentais e nos saberes axiais.

Professora Paula Castelhano

No âmbito da disciplina de Biologia/Geolo-gia, os alunos do 11º A estão a partilhar os seus conhecimentos acerca de “Reprodução Assexu-ada dos Seres Vivos” com os alunos do 5º Ano da escola Frei António Brandão da Benedita.

Com a ajuda e cooperação dos professores e da delegada do departamento de Ciências desta escola, a professora Sebastiana Costa, foi possível agendar algumas aulas com as tur-mas. Agradecemos, por isso, a receptividade e disponibilidade que ali encontrámos.

A interacção entre os alunos do Externato e os do segundo ciclo tem sido muito positiva, tendo estes demonstrado interesse pelo tema e partilhado conhecimentos e ideias com os seus “novos” professores. Ora, nada poderia agradar

mais a estes aspirantes a professores do que conseguir cativar os seus alunos! Quase sem se aperceberem, foram também eles invadidos pelo sentimento de entusiasmo que caracteriza estes encontros.

Apesar de a escola se preocupar essencial-mente com o desenvolvimento intelectual dos alunos, deve também oferecer um espaço de reflexão acerca de valores, se quer realmente contribuir para o desenvolvimento sócio-moral dos jovens e para a melhoria da sua qualidade humana.

O ECB é, sem dúvida, uma escola que dá ensejo à nossa reflexão e fomenta o nosso em-penho!

Os alunos do 11ºA

PROFESSORES POR UM DIAA EVOlUÇÃO DA

CIÊNCIA

Desde o tempo de Hipócrates, quando foi estabelecido o Juramen-to de Hipócrates (que estabelece os deveres do médico), a forma de tra-tamento dos pacientes foi sempre es-sencial. Porém, foi-se tomando cons-ciência de que não só é necessário tratar o doente, mas também fazê-lo de uma forma mais eficaz, para que a recuperação seja mais rápida e o seu conforto acautelado. Para isso, foi necessário o desenvolvimento da ci-ência: evolução de tratamentos, equi-pamento, vacinas, e a melhoria das condições de higiene nos hospitais, por exemplo.

A ciência também evoluiu devido à curiosidade do Homem e ao seu fas-cínio pelo saber. Ao longo da história, é possível ver pessoas de variadas áreas que contribuíram para o desen-volvimento da ciência.

A ciência é muito importante pois é aplicada em áreas como a Medici-na, a Biologia, e a Geografia, entre outras.

Sara Mendes, 9ºE

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

ARTE E CULTURA8

CláSSICOS DA lITERATURA

Para muitos de nós, só a palavra Literatura é assustadora, pois, quan-do a ouvimos, o pensamento leva-nos automaticamente para as montanhas de livros que teremos de ler, de ana-lisar parágrafo a parágrafo, os mon-tes de coisas que teremos de saber, enfim, pensamos logo numa disciplina que dará trabalho demais.

Mas comecemos por ir ao dicioná-rio ver a definição que ele nos dá des-ta assustadora palavra: Literatura: s. f. A colecção das obras literárias de um país ou de uma época. Conheci-mento das belas-letras. Erudição de letras. Carreira das letras. Arte de fa-zer composições literárias.

Depois disto, e embora mais escla-recidos, a verdade é que continuamos de pé atrás quanto à escolha da dis-ciplina, pois não queremos perder o nosso precioso tempo a ler livros que foram escritos há muito tempo e que, pensamos nós, já não interessam a ninguém. Mas estamos completamen-te enganados.

A disciplina de Clássicos da Litera-tura não nos faz perder tempo, mas sim ganhá-lo, alargando a nossa cul-tura. E ,ao contrário do que se pensa, não é uma disciplina muito trabalho-sa. Exige alguma dedicação, sim, mas aquelas obras escritas há bastante tempo ajudam-nos a entender melhor os dias de hoje. E quantas vezes en-contramos nos Clássicos expressões de que tínhamos conhecimento, que até usamos, sem saber a sua origem, sem saber que aquele escritor ou es-critora as tinham dito primeiro.

Entregamo-nos assim à leitura e, sem nos apercebermos, essa dedica-ção passa a gosto pela disciplina, o que a torna mais simples e cativante. Pois, como dizia Italo Calvino, um cé-lebre escritor italiano do século XX, “ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos.”

Mariana Agostinho, 12º D

José Luís Peixoto é um jovem romancis-ta contemporâneo que começa a ser reconhe-cido a nível internacio-nal pela sua prosa ino-vadora, como é o caso do seu último romance intitulado Livro.

Livro conta uma his-tória envolvente acer-ca da emigração por-tuguesa para França, país onde decorre esta

aventura, e que acolheu inúmeros portugueses que ambicionavam uma vida mais próspera. A acção do romance inicia-se em 1948, numa vila do interior de Portugal, e conta o abando-no de Ilídio (personagem principal), de apenas seis anos, que fica à guarda de Josué, um po-bre carpinteiro que o acolheu quando sua mãe o abandonou.

Durante estes anos na vila, Ilídio arranja dois amigos, Galopim e Cosme, acabando por se apaixonar por Adelaide, uma das raparigas da vila e sobrinha da Dona Lubélia. Ilídio es-

creve um bilhete a Adelaide, em que dizia: “Se namorares comigo, dou-te um pombo, cem es-cudos e um livro.” E a partir daí eles começaram a namorar, apesar de Adelaide não ter aceitado o pombo porque fazia muito lixo. No entanto, Dona Lubélia proibiu o namoro de Adelaide, forçando-a a ir para França, clandestinamente. Quando Ilídio toma conhecimento desse facto, resolve segui-la. E então a história toma um novo rumo: Ilídio vai trabalhar nas obras e, ao reencontrar Adelaide, fica a saber que ela já se casara com Constantino, que conheceu quando trabalhava numa biblioteca.

Na minha opinião, Livro é surpreendente pela forma como está construído, e por isso aconse-lho a leitura desta fascinante história que agu-ça o imaginário dos leitores com personagens diferentes, complexas e envolventes, e onde o autor faz um exercício de escrita absolutamente fora do comum: “A minha voz – diz José Luís Peixoto – é como este livro: capa, papel, peso medido em gramas. O que quero dizer também é como este livro: o mundo subjectivo, existen-te e inexistente, sugerido pelo significado das palavras.”

Adriana Marques, 10ºG

LIVRO, DE JOSÉ lUÍS PEIXOTO

Gostaria de vos aconselhar a leitura de Viagens de Gulli-ver, do escritor irlandês Jona-than Swift, uma narrativa de viagens e aventuras extrema-mente divertida e que, além do mais, faz uma sátira a toda a espécie humana, especialmen-te à sociedade inglesa contem-porânea do autor.

As aventuras iniciam-se com o naufrágio do navio onde Gulliver seguia, como cirurgião de bordo. Arrastado pelas on-das, chega a uma ilha desco-nhecida, cujos habitantes, os liliputianos, eram muito peque-nos, mas muito convictos da sua importância. Os liliputianos passavam boa parte do tempo envolvidos em questiúnculas – como a que dividia o país em dois partidos, por causa da al-tura dos saltos dos sapatos – e entravam em guerra pelos mo-tivos mais insignificantes. Não querendo ser utilizado nesta guerra, Gulliver consegue es-capar e regressar à pátria.

Ao fim de algum tempo, par-te em nova viagem que, des-ta vez, o leva a Brobdingnag, uma terra de gananciosos e licenciosos gigantes, onde se

sentirá, por sua vez, liliputia-no. Mas não é ainda aqui que Gulliver descansará dos seus trabalhos.

A terceira viagem leva-o ao país dos cavalos inteligen-tes, os Houyhnhm, em cuja sociedade, justa e racional, encontra o modelo daquilo que gostaria que fosse o seu país. Gulliver é adoptado por um dos cavalos sábios que se ocupa da sua instrução. Con-tudo, nesta sociedade utópica há o receio de que os Yahoo, uma raça de humanos selva-gens e violentos, venham a tornar-se cultos e a destruir os Houyhmhm. A permanência de Gulliver agudiza os receios e, com grande desgosto seu, vê-se forçado a partir.

Consegue regressar a In-glaterra e aí tenta, sem grande sucesso, transmitir os ensina-mentos que colheu dos cavalos sábios. Por fim, retira-se para uma casa no campo, onde leva uma vida tranquila. Escreve as aventuras das suas viagens que, com grande irritação sua, são publicadas por um seu vizi-nho e amigo, deste modo che-gando até nós.

Ao contrário de outros es-critores seus contemporâneos que escreveram narrativas de viagens verosímeis, Swift re-lata-nos viagens imaginárias, mas com forte componente crí-tica.

O livro é muito divertido, como já disse, e de leitura bas-tante fácil, pelo que aconselho os meus colegas a lerem-no.

Mariana Mateus, 12º D

VIAGENS DE GULLIVER

UM CláSSICO DA lITERATURA EUROPEIA

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

ARTE E CULTURA 9

Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti esti-veram juntos em estúdio a gravar um álbum que é fruto de uma «empatia total» entre cantor e pia-nista.

O álbum, que tem por título Carlos do Carmo - Bernardo Sassetti, apre-senta dez canções do repertório da música portu-guesa e de um universo de escolhas afectivas do fadista. Nele foram incluídos, por exemplo, Cantigas do Maio, de José Afonso, Lisboa que amanhece, de Sérgio Godinho, Foi por ela, de Fausto, e Avec le temps, de Leo Ferré. A estes temas juntam-se os inéditos Retrato, de Mário Cláudio e Bernardo Sas-setti, e Talvez por acaso, de Manuela de Freitas e Carlos Manuel Proença.

Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti já tinham trabalhado juntos, quando o fadista celebrou 40 anos de carreira, em 2003. Os dois músicos pas-saram três dias em estúdio, e 90% do que está no álbum foi gravado à primeira, para preservar a cum-plicidade que se estabeleceu entre ambos.

Um álbum difícil de classificar: Jazz ou Fado? Para Carlos do Carmo, este é um disco «de dois amigos, feito com muito coração».

Professor José Cavadas

Milagrário Pessoal, o mais recente romance do angolano José Eduardo Agualusa tem como tema central o amor, não só aquele que une os prota-gonistas da acção, Iara a jovem linguísta e o velho professor, mas principal-mente o amor pela língua portuguesa.

A narrativa tem como ponto de partida a tarefa

de Iara de registar todos os neologismos e dicio-narizá-los, no entanto, o seu trabalho é perturbado quando tem a informação de que algo de enormes proporções está a subver-ter a língua portuguesa à escala mundial. Uma vez que se acha incapaz de descobrir o mistério so-zinha, Iara vai procurar a ajuda de um velho pro-fessor angolano e, juntos, empreendem uma viagem para tentarem resolver a origem dos neologismos perfeitos. Para além da viagem física (Portugal, Brasil e Angola) há uma viagem pela língua portu-guesa e, de permeio, uma homenagem ao escritor angolano Mário Pinto de Andrade e ao português Camilo Castelo Branco.

Tal como o próprio au-

tor afirmou na apresenta-ção do livro, “A questão dos neologismos é um pretexto. O livro conta a história de um homem que se apaixona por uma mu-lher e que para a seduzir lhe oferece uma maneira de dizer o mundo, uma linguagem nova. A história dos neologismos é um pre-texto para contar essa ou-tra história de amor e para falar da construção de uma língua, desta aventu-ra que é a construção da língua portuguesa.”

Aventuremo-nos, pois, acompanhando os pro-tagonistas de Milagrário Pessoal, a descobrir o se-gredo das palavras, atra-vés da escrita de Agualu-sa.

Professora Luísa Couto

Mais uma vez, fomos à procura dos leito-res da nossa escola para sabermos dos seus hábitos de leitura. Falámos com a professora Zita Nogueira, professora de Português, com a funcionária da secretaria, Fátima Couto, e com a nossa colega, Indira Leão, do 10º G.

Comecemos en-tão pela professora Zita Nogueira que, com muita amabi-lidade, respondeu às nossas pergun-tas.

O livro que mais gostou de ler foi Diga não aos seus filhos, de John Ro-semond, psicólogo nor te-amer icano:

“É um livro absolutamente fantástico sobre a educação dos filhos e que, na minha opinião, como mãe e professora de jovens, deveria ser lido por todos os pais, mesmo antes de terem filhos. Dar-lhes o que precisam e não o que simplesmente querem, exigir mais responsa-bilidade e obediência e menos, muito menos tempo em frente da televisão – são alguns pontos-chave para uma educação mais cor-recta e saudável.”

O livro que mais lhe custou a ler foi Sapa-tos de Rebuçado, de Joanne Harris, e Clepsi-dra, de Camilo Pessanha. O escritor que mais aprecia: “Gosto muito de autores portugue-ses, nomeadamente Rui Zink, Miguel Sousa

Tavares (só mesmo dos livros!) e de todos os clássicos portugueses, sobretudo Eça de Queirós.”

O livro que anda a ler neste momento: “Nos últimos tempos, tenho dedicado as minhas lei-turas aos livros infantis (para o meu filho de cinco anos) e aos livros infanto-juvenis, so-bretudo para o meu trabalho com os alunos do Ensino Básico. O último livro que li foi mesmo o mais recente livro de poesia da professora Soledade Santos, Sob os Teus Pés a Terra.”

O livro que aconselha: Diga não aos seus filhos, “porque além de ser interessante, é também importante, visto que estamos a so-frer uma crise de educação!”

Passemos agora aos gostos literários de Fátima Couto, funcionária administrativa do ECB. O livro que mais gostou de ler: Notícia da Cidade Silvestre, de Lídia Jorge, “porque é um livro que retrata, de forma positiva, a situ-ação da mulher.” O livro que mais lhe custou a ler foi Os Maias, de Eça de Queirós. O es-critor que mais aprecia: Miguel Sousa Tava-res. O livro que anda a ler neste momento: A Peregrinação de Emanuel de Jesus, de Pedro Rosa Mendes. O livro que aconselha: O Rio das Flores, de Miguel Sousa Tavares, “porque é um livro que se lê muito bem e que aborda a História de Portugal (queda da Monarquia e implantação da República) ”.

Finalmente, a Indira Leão, que frequen-ta o curso de Línguas e Humanidades e que adora ler. O livro que mais gostou de ler: “É muito difícil escolher só um. Talvez escolhes-

se Rainhas Trágicas, de Juliette Benzoni, pois adoro romances históricos e este é um livro muito inte-ressante que conta a vida de 18 rainhas de épocas diferentes e que tiveram vidas in-felizes, por terem de se sujeitar às traições dos seus maridos e à

discriminação da sociedade, o que as levou muitas vezes à demência e ao suicídio.

O livro que mais lhe custou a ler: Um In-verno em Marraquexe, de Manuel Pope. O es-critor que mais aprecia: “Relativamente a es-critores estrangeiros, gosto muito de Juliette Benzoni e de Almudena de Arteaga. Quanto a escritores portugueses, aprecio Camilo Cas-telo Branco, Sophia de Mello Breyner Andre-sen, José Saramago e Eça de Queirós.”

O livro que anda a ler: “Terminei há pouco o livro Medeia, Recriação Poética de Euripí-des, de Sophia de Mello Breyner. O livro que aconselha: “Depende dos gostos de cada um, mas para quem gosta de romances históricos, aconselharia Rainhas Trágicas, de Juliette Benzoni, D.Inês de Castro, de A. Pedro Gil, As Lágrimas de Karseb, de Julio Murillo Ller-da, e A Princesa de Éholi, de Almudena de Arteaga, porque ao lermos este tipo de livros estamos a apostar na nossa cultura geral”.

Margarida Serralheiro e Flávia Silva, 11º E

ENTRE lIVROS

SUgESTÃO DE lEITURAJAZZ OU FADO?

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

O LUGAR DA MEMÓRIA10

COMO PREPARAR OS EXAMES O final do ano lectivo aproxima-se. O tempo

que passa é percepcionado de modo diferen-te pelos alunos que têm de realizar exames. Para estes alunos, o tempo passa velozmente e traz consigo uma série de preocupações, di-rectamente proporcionais à importância que a escola e o sucesso académico têm para eles. Assim, um aluno que se preocupe em ter bons resultados escolares, tenderá a sentir mais ansiedade e nervosismo com a perspectiva de ter de realizar exames, mui-tas vezes sentidos como decisivos para a progressão académica ou para atingir de-terminado objectivo profissional.

Para que estes (curtos) meses que ain-da faltam decorram tranquilamente, deixo algumas sugestões aos alunos:

Encarem os exames como MAIS UM tes-te; se diminuirmos o grau de importância que atribuímos a uma coisa, ela deixa de nos provocar tanta ansiedade. Contudo, di-minuir a importância dada ao exame, não significa não o prepararmos. Um exame, tal como um teste, é utilizado para analisar o que o aluno sabe acerca dos conteúdos que FO-RAM DADOS NAS AULAS. Deste ponto de vis-ta, o aluno deverá estudar PARA CADA AULA, e não apenas para o exame! Se assim for, vai repartir o estudo por mais etapas – diminuindo o tempo e a quantidade de matéria em cada etapa. Este passo facilita a compreensão dos conteúdos e o estabelecimento de relações entre os mesmos.

No entanto, como os exames englobam matéria de vários anos, é fundamental que o aluno crie uma ROTINA adequada à sua pre-paração; assim, pode determinar, por exem-plo, que até à data dos exames, todos os sá-

bados serão dedicados ao estudo. O dia deve também obedecer a uma rotina, de modo a facilitar a aprendizagem. Por exemplo: ouvir sempre um determinado tipo de música, es-tudar sempre no mesmo local, que deve ser agradável e confortável.

Um outro aspecto muito importante é a OR-GANIZAÇÃO PRÉVIA do estudo: por exemplo, um dossier onde se arquiva todo o material a estudar, com um índice de conteúdos, exames

de anos anteriores, etc. Assim, a primeira par-te da preparação para exames deve ser de-dicada à percepção do que é preciso estudar – ter a noção do ESQUELETO DA MATÉRIA. Um método que dá resultado consiste em veri-

ficar e anotar em folhas individuais TODOS os TEMAS GERAIS. Posteriormente, para cada tema, o aluno preenche a folha com definições, relações, exemplos, exercícios – em suma, com a “matéria”.

No final do estudo de cada tema, é fun-damental fazer exercícios, como se fossem testes, sem recurso a livros ou apontamen-tos, para que o aluno confirme para si-pró-prio se domina ou não aquele tema. Esta auto-avaliação é a ÚNICA forma de o aluno ter a certeza se aprendeu ou não e, conse-quentemente, de não se sentir ansioso com a perspectiva de poder “não saber a maté-ria” para o exame!

Por fim, de modo a que a matéria fique solidamente compreendida e memorizada para ser facilmente recordada, é importan-

te que seja FREQUENTEMENTE REVISTA – uma revisão rápida, em vários momentos da semana, de modo a que os conceitos se tor-nem familiares.

E não esquecer: na maioria das situações, a ansiedade nos testes ou exames significa apenas consciência de que não se estudou o necessário.

BOM ESTUDO!Margarida Ferreira, Psicóloga do ECB

Actualmente, e com muita frequência, ou-vimos opiniões diversas sobre o novo edifício do Agrupamento de Escolas que, dentro em breve, irá albergar quase todas as crianças do Pré-Escolar e 1º Ciclo da Freguesia da Bene-dita.

Como quase sempre acontece quando se vislumbra uma alteração significativa, as opi-niões divergem e, o mais interessante é que todas são muito bem fundamentadas. Aque-les que são a favor lembram que as crianças terão uma Cantina, o que vai facilitar a vida dos pais, uma vez que a hora de almoço será

passada na escola, e os filhos conviverão com colegas de outros lugares, abrindo-se-lhes novos horizontes. Por outro lado, os que são contra, lamentam que os filhos tenham de sair da velha escola que eles próprios, os seus pais e avós já frequentaram; dizem que ainda está em muito bom estado e que professores com menos alunos têm outra disponibilidade e se afeiçoam às crianças, sendo quase uns segundos pais.

No meio desta polémica, resolvemos fazer uma pequena pesquisa sobre a evolução da escola na freguesia, chegando a interessan-tes conclusões. Por exemplo, desconhece-se a data exacta da criação da primeira escola na Benedita, mas António Sousa e Silva, no seu livro “Benedita a Terra e a Gente”, diz-nos que “a partir de 1850, portanto há 160 anos atrás, aparecem os primeiros beneditenses que já sabiam ler, e em 1890 havia 121, dos quais 25 sabiam também escrever”.

Em 1897, completaram a instrução primá-ria os primeiros alunos, entre os quais Antó-nio Ferreira Siome e José Ribeiro de Almeida. Num comunicado saído na “Semana Alcoba-cense” em 12-08-1903, podia ler-se: “Aproxi-

madamente cincoenta annos que se effectuou o primeiro Despacho para a cadeira official de instrução primária desta freguesia (…).” É interessante salientar que este comunica-do foi escrito pelos cinco alunos que haviam concluído os seus exames primários: António Joaquim do Carmo, António Nazareth, António da Silva Violante, José Martinho e José Na-zareth.

Em 1908, por Decreto Real, foi criada a es-cola do sexo feminino na Lagoa do Frei João, e só em 1911 surge a primeira escola feminina na Benedita, sede da Freguesia.

Em 1915, a Confraria do Santíssimo Sa-cramento fez doação, à Câmara Municipal de Alcobaça, de um edifício destinado a residên-cia paroquial, para que fosse transformado e passasse a ser o 1º edifício escolar na Bene-dita, o qual ficou conhecido como “Casa do Passal”. Mas só dez anos depois, em 1925, a “Casa do Passal” ficou devidamente adap-tada para ser edifício escolar. Era um edifí-cio funcional, com dois pisos independentes, funcionando a escola feminina e masculina no piso inferior, e residindo os professores no su-perior. Esta escola situava-se junto do “Largo do Poço da Praça” e por ela passou a grande maioria dos beneditenses, até cerca de 1960, altura em que, após a inauguração da actual escola, a velha “Casa do Passal” foi demolida.

Professora Maria José Jorge

O lUGaR Da MeMÓRIa

A CASA DO PASSAl

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

OLHAR CIRCUNDANTE 11

No seu entender, o que é a Psicologia?É uma ciência que estuda os comporta-

mentos, reacções e processos mentais do ser humano. Abrange várias áreas: investi-gação, prevenção e tratamento de patologias mentais; divide-se ainda pelo tipo de traba-lho: psicologia educacional, clínica, social…

A Psicologia divide-se também por áreas teóricas: psicanálise, psicologia cognitiva, comportamental… São as diferentes formas de “olhar” para as perturbações mentais e também se referem às diferentes formas de intervenção. A psicanálise dedica-se a traba-lhar ao nível mais profundo, com processos inconscientes e sub-conscientes. A psicolo-gia cognitiva incide na forma como a pessoa pensa sobre as coisas, o mundo. A psicologia comportamental é uma vertente óptima para trabalhar com ansiedade e fobias, por exem-plo.

A que área da Psicologia se dedica?A minha formação de base é a psicologia

clínica e área teórica psicanalítica. No entan-to, trabalho com outras teorias, em função dos problemas que surgem. Por exemplo, na es-cola, as áreas teóricas que mais se utilizam são a comportamental e a cognitiva, embora utilize a psicanalítica para a compreensão dos

problemas. Na escola, o tipo de trabalho é muito direccionado para a avaliação psicoló-gica e para a orientação escolar (psicologia educacional), para o apoio na melhoria de téc-nicas de estudo, colaboração com professores e encarregados de educação… É um trabalho muito abrangente!

Que dificuldades encontra no seu traba-lho?

Não encontro grandes dificuldades… Tal-vez os alunos que por vezes é difícil apanhar no gabinete. Em clínica privada esse proble-ma não se coloca porque só lá vai quem quer. Aqui na escola, muitos alunos são referencia-dos pelos professores ou pais e, em alguns casos, passo um ano inteiro a tentar que ve-nham por sua iniciativa, na hora marcada, to-das as semanas, mas são situações pontuais.

Normalmente, ao fim de poucas sessões, os alunos já aderem bem.

Quais são os aspectos mais positivos do seu trabalho?

Os aspectos positivos são quase todos! Gosto muito do meu trabalho! Mesmos as situ-ações mais complicadas que aparecem fazem com que goste ainda mais do trabalho, pois são a oportunidade de ajudar alguém que está numa fase menos boa da sua vida ou, em ter-mos escolares, de ajudar um aluno a conse-guir alterar e melhorar a sua forma de estudar. Para mim é muito motivador porque isso pode determinar o sucesso escolar e pessoal desse aluno, ou seja, pode contribuir para que um dia ele venha a fazer aquilo de que gosta, sem estar limitado pelos resultados escolares.

O que diria a um aluno que estivesse a pensar em prosseguir estudos em Psicolo-gia?

Diria para seguirem aquilo de que gostam! É muito importante ter um emprego de que se goste. A falta de emprego é geral em todas as profissões. Portanto, o que há a fazer é ser perspicaz, ao longo do curso irem investindo em colaborações com professores, volunta-riados, ir pesquisando locais onde poderiam trabalhar no futuro... No fundo, é lutarem, não ficarem à espera que os empregos caiam do céu e aceitarem todas as oportunidades que tiverem!

Entrevista por Andreia Serrazina, Maria Ribeiro e

Marisa Rodrigues, 10.º K

ENTREVISTA À PSICÓlOgA DO ECB«É MUITO IMPORTANTE TER UM EMPREgO DE QUE SE gOSTE.»

“À Descoberta do Património Local” é o tema do nosso Projecto Anual de Actividades Articuladas na EB1/JI, em conformidade com o PAA do Agrupamento - “Património Material e Imaterial: o Currículo Local”. Neste âmbito, solicitou-se a colaboração de toda a comuni-dade educativa – pais, alunos, familiares, pro-fessores aposentados que vivenciaram esta escola e jardim-de-infância noutros tempos – para se organizar uma exposição sobre “O Passado da Escola, Jardim de Infância e CRP da Ribafria”.

Foi feita uma recolha de fotografias, mate-riais escolares, documentos e registos desse tempo. Colaboraram os antigos alunos, pro-fessores, pais e encarregados de educação e as pessoas que, de algum modo, contribuíram para a construção do CRP – Centro Recrea-tivo Popular da Ribafria, Bairro da Figueira e Algarão, onde esta exposição, aberta ao público no dia da Festa de Natal, 17 de De-

zembro, pode ser visitada aos domingos, das 14h00 até às 17h00, no 2º piso do CRP.

A intenção deste projecto é dar a conhecer às nossas crianças as vivências e tradições dos seus pais e avós, preservar e valorizar a memória e o respeito pelo passado, no sen-tido de construirmos a nossa identidade an-corada nas nossas raízes. Com a partilha de experiências, as nossas crianças percebem e comparam as memórias passadas, para assim poderem transmiti-las no futuro.

Um agradecimento muito especial a todos os pais, familiares, antigos professores/as, educadoras, autarcas, presidente do CRP e a todas as pessoas que se envolveram e se em-penharam para a concretização da exposição que a todos nos orgulha e que engrandece a nossa identidade e memórias.

A Educadora Coordenadora do Estabelecimento da

EB1/JI da Ribafria,

Maria Trindade do Carmo Ferreira (Tiná)

À DESCOBERTA DO PATRIMÓNIO lOCAleB1/JI Da RIBaFRIa

Somos alunas do Curso Profissional de Técnico de Apoio

Psicossocial e, no âmbito da disciplina de Psicologia,

entrevistámos a psicóloga Dra. Célia Margarida Ferreira, a quem fomos encontrar no

Gabinete de Orientação Escolar.

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

OLHAR CIRCUNDANTE12

DISCRIMINAÇÃO E HOMOSSEXUAlIDADE

TRANSEXUAlIDADE

Como todos sabemos, há pessoas que não se sentem bem em relação à sua sexualidade e ao seu corpo, e por isso recorrem à cirurgia e a outros métodos para o alterar. Chamamos-lhes transexuais. Há quem os consi-dere como aberrações, ou doentes. Outros pensam que essas pessoas foram alvo de erros genéticos que po-dem ser corrigidos.

Após um debate na minha tur-ma, cheguei à conclusão de que as opiniões também ali se dividem: há quem ache que cada um deve procu-rar a felicidade, mesmo que para isso tenha de deixar de ser como era ao nascer; e há quem ache que os tran-sexuais são pessoas doentes, pois se cada um nasce homem ou mulher, deve aceitar o seu sexo como a natu-reza lho destinou, sem procurar alte-rar essa situação.

Inês Couto, 8º F

A homossexualidade não é uma condi-ção do nosso tempo. A verdade é que sem-pre existiu, embora os homossexuais tenham sido ostracizados em algumas culturas e em determinadas épocas. Virginia Woolf, Elizabeht Bishop, Mar-guerite Yourcenar, Greta Garbo, Oscar Wilde, Tchaikovsky, Leonardo Da Vinci, Lord Byron, William Shakespeare, Mi-guel Ângelo, entre outros, foram famo-sos homossexuais. Não se trata de uma simples escolha, doença ou aberração, mas de uma condição natural que deve ser encarada a par da heterossexuali-dade, pois têm a mesma origem e razão de ser.

Ainda hoje, há indivíduos, socieda-des e culturas que discriminam a ho-mossexualidade. Em parte devido a uma educação que transmite a mensa-gem de que a homossexualidade é uma coi-sa anormal, doentia, depravada e repugnan-te. Anormal porque é contra a natureza ou a vontade divina, doentia e depravada porque não tem qualquer propósito além do prazer. Estes argumentos naturalistas, religiosos ou com base nas regras sociais reflectem apenas preconceitos.

Em primeiro lugar, o que é a normalidade? Este é um conceito relativo e circunstancial.

A diferença e a singularidade é que definem a condição humana, não a homogeneidade.

A homogeneidade é redutora e assustadora, quer na natureza quer na cultura. É certo que todos temos necessidade de algo em comum numa comunidade, mas esta caracteriza-se pela multiplicidade e pela heterogeneidade.

O argumento religioso não é forte, pois baseia-se na autoridade dos livros religiosos. Ora, argumentar desta forma é fazê-lo de for-ma circular. Afinal, por que razão atribuímos autoridade à Bíblia? Por ser um livro inspira-

do por Deus. E como sabemos da existência de Deus? Com base na Bíblia. Além disso, os

princípios éticos não devem depen-der só da vontade de Deus, senão tornam-se arbitrários.

Quem condena a homossexualida-de com base no argumento de que o prazer pelo prazer é algo condenável está a raciocinar mal, uma vez que procurar ser feliz e ter uma vida apra-zível é um direito de todos. Também, o facto de o prazer não ser condená-vel em si mesmo não implica que se-jamos hedonistas. Além disso, a se-xualidade não se limita à procriação, não é apenas um meio ao serviço da preservação da espécie, mas faz par-te da nossa condição.

Ser homo ou heterossexual é um assunto privado que apenas diz res-

peito a cada um de nós. A orientação sexu-al das pessoas não deve ser limitadora dos seus direitos e deveres nem deve ser julgada de ânimo leve. Temos de ter presente que faz parte de quem somos, da nossa identidade. Rejeitá-la é condenar e destruir o nosso ser.

Penso, assim, que a homossexualidade deve ser vista como uma condição do ser e uma forma de viver.

Rute Madaleno, 11.º E

Vamos avançando pela vida, experimentan-do sentimentos e emoções. Uns dias correm-nos bem (ou achamos que correm), com tudo a suceder como planeámos, outros menos bem, com surpresas desagradáveis em acrescento. E outros ainda muito mal, com alguma coisa sempre a irritar-nos. Os nossos dias passam e da maior parte deles não guardamos memó-ria, são idênticos a todos os outros em que as tarefas, os papéis que desempenhamos, as conversas que mantemos, os sorrisos dis-traídos que damos, tudo é automatizado, sem no entanto ser cínico ou falso, simplesmente fazem parte da rotina quotidiana, como se a capacidade de ser, pensar e sentir, não fosse precisa ou nos tivesse abandonado.

Destes dias pardacentos e desbotados, não se pode dizer que são desagradáveis, alguns tornam-se até agradáveis pela previsi-bilidade evidente, ao contrário de outros cuja monotonia é um autêntico enfado. O clima emocional que nos envolve, esse sim, tem um papel muito importante, pois é daí que advém a nossa disponibilidade em relação aos acon-tecimentos, encarando-os como positivos ou negativos. Vivemos também os dias, umas ve-zes de forma descansada e descontraída, à mercê do que vai acontecendo, e outras em busca de qualquer coisa, uma espécie de bus-ca inquieta de algo, nem sabemos bem o quê. Sobre esta intranquilidade que nos agita dize-mos que é boa, que é positiva, construtiva, si-nal de que estamos vivos. Será? Quando nos

perguntam porque estamos tão animados ou tão desmoralizados, explicamos sintomas de boas ou más coisas que estão eventualmente a acontecer interior ou exteriormente, como se dependêssemos disso para modular o nosso humor e o nosso estado de espírito, ou então achamos que é do “tempo” ou até ansiedade.

Usamos pouco e mal os nossos recursos íntimos para a nossa vida, entre eles a capa-cidade de filtrar o que de melhor ela nos ofe-rece, o que nos diz mais e o que é mais im-portante. Vivemos todos neste momento numa conjuntura um pouco instável — é pois urgen-te uma atitude mental positiva.

Maria do Rosário (Zaira), funcionária administrativa

DOS NOSSOS DIAS

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

13RECRIAR O MUNDO

EXAMES. Para que servem? Segundo se diz: “Os exames nacionais são

instrumentos de avaliação sumativa externa no Ensino Secundário. Enquadram-se num processo que contribui para a certificação das aprendizagens e competências adquiridas pe-los alunos e, paralelamente, revelam-se ins-trumentos de enorme valia para a regulação das práticas educativas, no sentido da garan-tia de uma melhoria sustentada das aprendi-zagens.” In GAVE.

Testar os alunos em determinadas compe-tências. Supostamente! E os professores em outras tantas, principalmente a da paciência. Será que há competência em que se enquadre este dom?

Paciência para quê? Vejamos se enumero todas.

PACIÊNCIA para ir às reuniões de correcto-res, onde se analisa como aplicar os critérios e os cenários de resposta, o que é compreen-sível, tendo em conta a complexidade do dis-curso! Ou será confusão? Ou será pela falta de lógica? Ou pelo facilitismo? Bom, o que é evidente é a diversidade de informações que cada “orientador” transmite. Tenha lógica ou não!

PACIÊNCIA para compreender algumas questões de exames, umas fáceis demais, ou-tras complexas, tenha ou não lógica!

PACIÊNCIA para corrigir entre 30 a 60 pro-vas em menos de nada.

PACIÊNCIA para cumprir prazos. (Porque há outras tarefas a cumprir além da correcção dos exames!)

PACIÊNCIA para o fazer sem qualquer re-conhecimento. Qual reconhecimento? Então não faz parte das funções do professor cor-rigir?

Na verdade poderíamos redigir um mani-festo ou discutir longamente o assunto. De momento, vou tão só apresentar como nos dias de hoje se fazem as coisas: até ao ano passado, APENAS os exames do ensino se-cundário eram pagos (X por prova). Sim, por-que os professores do ensino básico tinham

APENAS direito ao correspondente às deslo-cações. Porquê? Então… porque são menos que os outros … porque sim… o trabalho difí-cil, longo, delicado, que exige estudo, talento e tacto não interessa!

A coisa faz-se muito mais facilmente sem custos nem pagamentos. Eu vos explico. Por causa dos cortes orçamentais, não só não ha-

verá pagamento por qualquer serviço prestado relativamente aos exames (até porque, diga-se, os professores estão a receber o seu orde-nado, logo não fazem mais que a sua obriga-ção! Não é o que muitos pensam?! Claro que sim!!!), como, AGORA, serão os professores a pagar para ver os exames! Estarei a exagerar?

Passo a explicar. Ficou-se recentemente (Janeiro) a saber que a tutela se lembrou de criar uma Bolsa de professores classificado-res.

BOLSA é uma boa classificação. BOLSA cheia de professores que não têm outro remé-dio senão fazer o que os detentores do poder decidem à revelia de quem possa não concor-dar com ISTO!

E porquê, perguntará o leitor desconhece-dor deste assunto.

Passo a explicar, ainda que não queira ma-çar o leitor com muitas explicações. De acor-do com o decreto X, portaria Y, segundo uns critérios de selecção que abrangem todo e qualquer professor de uma determinada dis-ciplina em exame, farão parte da dita Bolsa de classificadores quatro professores no total.

Ninguém escapa. A mim, fez-me lembrar o In-dex da Inquisição!

Continuam a seguir-me? Pois bem, depois os professores têm de ser formados, UPS, têm de fazer formação para aprender a corrigir exames. Não é facultativa, é OBRIGATÓRIA. Condição sine qua non. Por um período de quatro anos, os professores vão andar a cor-rer durante uns meses para a dita formação, concluindo com um “relatório crítico” (porque assim obtêm-se créditos), para posteriormente corrigir com um maior rigor os exames. Con-cordam? Não se sabe. Não interessa. Faz par-te! Ah, sem esquecer a parte de irem custear as deslocações. Portanto, vão pagar para ver exames!

Mais ainda, vai tomar à força o tempo li-vre dos professores. Aquele período a que qualquer trabalhador tem direito, incluindo fins-de-semana, tempo para descansar e pas-sar tempo com a família, o qual, há muito os professores têm vindo a despender, já que ho-rário de trabalho não se limita ao tempo que passam na Escola e a algumas horitas de tra-balho pessoal em casa. Ainda que o faça por-que considera que o deve fazer, para bem de si e dos alunos, ou porque passa tanto tempo na escola que não tem outra hipótese. Outra coisa é decidirem, mais uma vez pelo profes-sor. Os professores passaram portanto a ser uma BOLSA RICA na posse de um PODER, escravos do trabalho.

BOLSA. Uma designação que não deixa de ser irónica e que também lembra o bolsão, símbolo de poder, prepotência e usura, que Gil Vicente utilizou para caracterizar a persona-gem do onzeneiro. Será que tem outro signi-ficado?

E lá, e cá, teremos a PACIÊNCIA a aguen-tar mais este Fado. Deve ser mais uma forma de testar a competência dos professores. Não deixa de ser um atentado à liberdade de um SER que um dia destes resolve que chega de MUDANÇA “sem quê nem para quê”. Olhem que a PACIÊNCIA esgota-se!

Professora Lucília Borges

lIBERDADE PRECISA-SE! PACIÊNCIA ESgOTA-SE!

“Tudo que é realmente grande e inspirador

é criado pelo indivíduo que pode trabalhar

em liberdade.” (Albert Einstein)

O SOlO SOL é indispensávelPara podermos sobreviver, Não há estrela igualávelQue nos possa aquecer.

Os meses da Primavera e VerãoQue meses tão bons,Brilha tanto então Que parece possuir dois tons.

Amarelo e laranja Como geralmente o retratamos, Parece uma franja Quando da Terra o espiamos.

Nas outras duas estações Não há que atraiçoar Anda sempre aos encontrões,Com as nuvens e o luar.

Hélder Cruz, 8º F

SERá DE PODER SERá DE QUERER

Será de poder será de quererSentir o fracasso e não o verPoder sentir não sendo assimQuerendo empatar apenas o fim

Sabendo que a desilusão chegaEsperando que vá emboraEspero pela bonançaDe que não vejo a hora

Daniel, 12º B

FUgACIDADENa sala de estar uma fogueiralambe rostos de um passado recenteuma mão nocturnachega a lenha crepitae ilumina uma fugaz centelhade intensidade no rosto.

Abre-se a porta e vemalguém com as intenções perdidasalgures no rasto do tempoafasta os toros em chamasaté o calor ser moderado e suficiente.

Luís Norte Lucas (ex-aluno do ECB) in Agio, revis-

ta de Literatura, ed. Artefacto, Fevereiro 201

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE14

INICIATIVA NACIONAl DE lIMPEZACOASTWATCH

No passado mês de Janeiro, as turmas A, B e C do 11º Ano participaram na 21ª Campanha Coastwatch, um projecto de cariz europeu, coordenado pela Irlanda desde 1988, e que conta com a colaboração de 23 países, entre os quais Portugal. Entre nós, este projecto desenvolve-se há cerca de 20 anos e a sua coordenação está a cargo do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente - GEOTA.

Todos os anos são cobertos aproximadamente cerca de 2000 km da nossa costa, através da participação de voluntários de to-das as idades que colaboram in-tegrados em escolas, grupos de escuteiros, ONGA, câmaras muni-cipais, grupos particulares, etc. É por isso que, desde o seu apare-cimento, o Coastwatch deixou de fazer apenas a recolha de infor-mação e monitorização do litoral, passando a incluir outras áreas

de acção, como a conscienciali-zação dos cidadãos e a educação ambiental. A nível da participação pública, os dados recolhidos são tomados em consideração nas de-cisões relacionadas com o litoral.

Com o preenchimento de um inquérito (por unidade - troços de 500m - em blocos contínuos de 5km), cada turma participante teve a possibilidade de analisar a situação ambiental do litoral por-tuguês, nomeadamente a da Praia do Salgado, sensibilizando-se as-sim os alunos para a importância do litoral e contribuindo para a sua preservação, bem como in-centivando a participação activa de todos na defesa da qualidade ambiental desta área tão sensível.

Anualmente, o projecto tem contado com a participação de aproximadamente 5000 voluntá-rios.

Soraia Marques, 11ºA

NA PRAIA DO SAlgADO

A palavra albinismo deriva do latim, albus (branco), e designa uma doença que afecta a capacidade de uma pessoa ou animal produ-zir melanina, o pigmento responsável pela cor dos olhos, da pele e do cabelo. Como conse-quência desta incapacidade, os albinos apre-sentam pele clara, olhos cinzentos ou averme-lhados e cabelo esbranquiçado.

O albinismo é uma doença hereditária, pro-vocada por uma mutação genética que origina características físicas muito específicas: a fal-ta de alguma das enzimas sintetizadoras da melanina ou a incapacidade da enzima para entrar nas células responsáveis pela pigmen-tação. Normalmente, a doença é diagnostica-da através de um exame oftalmológico.

Como a melanina tem um papel importante no desenvolvimento dos olhos, todos os al-binos apresentam visão abaixo do normal. E

como esta proteína protege a pele da acção nociva dos raios solares, os doentes albinos costumam apresentar queimaduras causa-das pela exposição ao sol, formação de ru-gas, envelhecimento prematuro da pele, de-senvolvimento de tumores malignos na pele, sensibilidade à luz e dores nos olhos, quando permanecem em ambientes muito iluminados.

O albinismo afecta 1 pessoa em cada 17 mil, e não escolhe etnias nem sexo, apesar de ser mais comum em determinadas popula-ções. Até ao momento, não existe tratamento que cure a doença, o máximo que as pessoas albinas poderão fazer é diminuir a exposição aos raios solares, através da utilização de roupa adequada, da aplicação de filtros sola-res e da utilização de óculos especiais para filtrar os raios ultravioleta.

Cátia Santos, 11ºB

AlBINISMO

No dia 12 de Janeiro, deslocámo-nos à praia do Salgado, praia essa constituída por uma zona dunar, uma zona intertidal com cerca de 30 metros, e ainda uma zona supratidal também ela com 30 me-tros. O objectivo da nossa visita – participar no projecto “Coastwa-tch”, levado a cabo pelo GEOTA, com a participação do Externato. Ao nosso grupo coube a investigação de 250 metros de praia. No final, os dados recolhidos serão utilizados para fins estatísticos, visto que este projecto é levado a cabo em toda a Europa.

O trecho de praia investigado compreendia a zona intertidal (entre a linha normal de maré cheia e de maré vazia) e a zona supratidal (entre a linha normal de maré cheia e a linha máxima atingida nas marés vivas). Durante a investigação, encontrámos várias espécies de plantas, entre elas o cordeiro da praia, o estorno, o junco e o chorão; e também várias espécies de animais, como o guincho e o garajau. Descobrimos igualmente resíduos, maioritariamente em-balagens plásticas e metálicas, não excluindo resíduos de vidro e alguns electrodomésticos. Apesar do elevado número de resíduos, a zona intertidal estava limpa, pois aqueles encontravam-se na zona supratidal, acontecendo o mesmo com as plantas. Os animais, pelo contrário, foram encontrados na zona intertidal.

Na nossa opinião, esta actividade é bastante pedagógica, pois leva os alunos a identificar as características biológicas e geológicas da praia e a calcular o tempo de degradação dos resíduos. É ainda um bom método para avaliarmos o estado da linha costeira portu-guesa.

Francisco, João Lindo, Jorge,

Nicolau, Pedro e Rui, 11ºB

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 15

A baixa produção de matérias-primas ali-mentares, as intempéries dos últimos meses, que ocorreram um pouco por todas as regi-ões do globo, e práticas especulativas sobre bens de primeira necessidade causaram um aumento do preço dos alimentos para valores nunca registados, segundo a FAO, a organiza-ção da ONU para a agricultura e alimentação.

No último ano, o trigo e milho subiram mais de 80 por cento. O açúcar mais de oito por cento. O preço de produção da carne aumen-tou também por causa do aumento do custo

de produção dos cereais para alimentação dos animais. Este problema não diz respeito só ao nosso país, mas a todos os países do mundo. Actualmente começa a assumir con-tornos preocupantes, mas pode ser facilmente compreendido se o observarmos através de vários pontos de vista.

Em primeiro lugar, encontramos as causas naturais, tais como as grandes secas e incên-dios florestais que ocorreram na Rússia, gran-de produtor de cereis, e que destruíram gran-de parte das colheitas e zonas de plantação agrícola, por conseguinte houve uma diminui-ção da exportação de matérias-primas para fazer face à quebra de produção. As inunda-ções na Austrália, outro grande produtor de cereais, também provocaram um rombo no abastecimento dos mercados internacionais. O Brasil e a Argentina, os maiores produtores da América do Sul, caso sejam afectados por alguma catástrofe natural, podem tornar este panorama ainda mais negro – se as inunda-ções do Brasil e a tendência de chuvas inten-sas neste continente afectarem as áreas que produzem cereais, os preços poderão aumen-tar mais ainda.

Por outro lado, a mudança de hábitos ali-mentares de algumas potências emergentes,

dado o efeito da globalização e a abertura da economia de mercado, levou a um aumento da procura mundial destas matérias-primas, assim como da tendência especulativa. Tudo somado, ao contrário do que se verificava no passado, este conjunto de factores torna im-possível prever o custo dos alimentos, criando uma grande volatilidade e incerteza quanto ao futuro.

O défice da balança alimentar portuguesa aumentou mais de 20 por cento durante os úl-timos anos. Portugal está muito dependente das importações alimentares, principalmente, do país vizinho. Ora, esta enorme dependên-cia do país em termos alimentares poderá ser uma janela de oportunidade para fomentar a produção agrícola nacional. O nosso país tem uma grande quantidade de zonas despovo-adas e com recursos naturais que, se forem rentabilizados, podem compensar a subida de preços dos produtos básicos. Também vai ser necessário vigiar a especulação deste tipo de bens, sem, contudo, criar mecanismos de con-trolo que sequem o comércio ou o arrumem – deve haver alguma maneira de o fazer…

Professor Sérgio Teixeira

FENÓMENOS ClIMATÉRICOS E PREÇO DOS AlIMENTOS

Embora seja comum saber quem foi o primeiro homem no espaço, há um nome cujo lugar na memória colectiva não faz jus ao valor e significado que possui: Valentina Tereshkova. A primeira cosmonauta.

Nascida em 1937 em Maslen-nikovo, uma pequena terra na região de Yaroslav, era filha de um agricultor que desapareceu em combate, entre 1939 e 1940. A mãe, uma operária da indústria têxtil, ficou sozinha a educar os três filhos.

Tereshkova entrou para a es-cola aos 8 anos de idade, no fim da guerra, mas, aos 17, teve de abandonar os estudos e de come-çar a trabalhar na indústria têxtil,

para apoiar a família. Ambiciosa, procurando mais da vida, prosse-guiu os estudos por correspon-dência e aprendeu a saltar de pára-quedas no clube de aviação de Yaroslav, um clube subsidiário da força aérea soviética. Após o seu primeiro salto, em 21 de Maio de 1959, fundou o clube de pára-quedistas da fábrica têxtil.

Entretanto, Yuri Gagarin torna-ra-se o primeiro homem no espa-ço, e acreditava-se ser um dever patriótico colocar também uma mulher em órbita, antes dos ame-ricanos. Procuraram uma mulher jovem que representasse a típica mulher da URSS. Não precisava de saber pilotar, pois o voo seria controlado pelo piloto automático da nave, mas a experiência como pára-quedista era essencial, pois o tripulante seria ejectado de pá-ra-quedas, depois da reentrada na atmosfera. Os requisitos físi-cos: menos de 30 anos de idade, menos de 1,70 m de altura, me-nos de 70 kg de peso, excelente forma. Encontraram 58 potenciais candidatas, das quais 5 foram seleccionadas para treino. Teres-chkova era a menos qualificada, uma vez que não tinha feito o en-sino superior. As restantes eram pilotos, pára-quedistas de topo e engenheiras. Após os difíceis

testes físicos, Tereschkova reve-lou-se a mais capaz fisicamente, mas com algumas dificuldades na teoria de propulsão e engenharia aeroespacial. Contudo, revelou ser a candidata que melhor re-presentava o que os governantes entendiam ser o ícone da mulher soviética.

Assim, na manhã de 16 de Ju-nho de 1963, Tereshkova e a sua colega de reserva, Solovyova, es-tavam preparadas na plataforma de lançamento. A nave, Vostok 6, com o nome de código “Chaika” (gaivota), lançou a cápsula sem falhas para o espaço. Tereshkova orbitou 48 vezes a Terra e passou cerca de 3 dias no espaço, em contraste com o voo de aproxi-madamente 2 horas de Gagarin. Deram-lhe ordens para que per-manecesse atada com o cinto de segurança durante todo o voo, para combater a náusea, o que lhe provocou dores na perna direi-ta. A situação tornou-se intolerá-vel ao terceiro dia. A isto se soma uma ferida de pressão no sítio onde o anel do capacete tocava nos ombros. Depois de ser ejecta-da da cápsula, Tereshkova cons-tatou com horror que ia aterrar de pára-quedas num lago. Exausta, desidratada e esfomeada, duvi-dou possuir a energia necessária

para nadar até terra firme. Contu-do, um vento forte conduziu-a até à margem, embora esse mesmo vento tenha causado uma queda muito dura, de que quase resultou um nariz partido.

Em suma, Valentina passou mais tempo no espaço do que to-dos os astronautas americanos, em conjunto, até à data. E no seu único voo tirou fotos que permiti-ram identificar as camadas de ae-rossóis na atmosfera terrestre.

Valentina licenciou-se mais tarde em engenharia e prosseguiu uma carreira política. Recebeu di-versas condecorações, incluindo a Ordem de Lénine, a Medalha de Ouro das Nações Unidas e o pré-mio Simba, do movimento interna-cional das mulheres. Em 1990, re-cebeu um doutoramento honorário da Universidade de Edimburgo. E a uma das crateras da face oculta da Lua foi dado o seu nome.

Em 2007, foi convidada para a residência do presidente russo, Vladimir Putin, onde aproveitou a ocasião para se propor como vo-luntária para uma missão tripula-da a Marte, fazendo questão de frisar a sua vontade, mesmo que isso signifique um bilhete só de ida.

Miguel Madruga, ex-aluno do ECB

A PRIMEIRA MUlHER NO ESPAÇO

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE16

O NOBEl PORTUgUÊS DA MEDICINAeGaS MONIZ

António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz nasceu no dia 29 de Novembro de 1874, em Es-tarreja, e faleceu no dia 13 de Dezembro de 1955, com 81 em anos, em Lisboa. Foi um célebre médico, neurologista, investiga-

dor, professor, político e escritor português.

Formou-se em medicina na Universidade de Coimbra, onde veio a leccionar Anatomia e Fi-siologia. Em 1911, transferiu-se para a recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade de Lis-boa, e passou a ensinar a recente cadeira de Neurologia, como pro-fessor catedrático. Abriu também consultório em Lisboa e começou a fazer deslocações regulares de estudo e investigação a outros países, principalmente a França.

Desde os seus tempos de es-tudante, manteve uma activida-de política intensa. Era defensor activo da liberdade de expressão e pensamento. Devido às suas ideias anti-ditatoriais, esteve pre-so várias vezes. Foi deputado, embaixador e ministro dos Negó-cios Estrangeiros, no governo de Sidónio Pais.

Foi nomeado director do Hos-pital Escolar de Lisboa em 1922, e, em 1923, tornou-se sócio da Academia das Ciências de Lis-boa, instituição de que veio a ser presidente em 1928. Foi também director da Faculdade de Medici-na da Universidade de Lisboa.

Egas Moniz contribuiu decisi-vamente para o desenvolvimento da medicina. Realizou em 1927 a primeira angiografia cerebral bem sucedida num paciente vivo, o que tornou possível localizar ne-oplastias, aneurismas, hemorra-gias e malformações no cérebro humano, abrindo assim novos ca-minhos à cirurgia cerebral.

Entre as suas descobertas científicas mais importantes, con-ta-se a leucotomia pré-frontal, concretizada em 1935. Este mé-todo terapêutico, que veio a ser usado para tratar psicoses, epi-lepsia e até dores de cabeça cró-

nicas, valeu a Egas Moniz o Pré-mio Nobel da Medicina, em 1949. A leucotomia foi depois transfor-mada e desenvolvida pelo ameri-cano Walter Freeman, cujo méto-do ficou conhecido por lobotomia. A imagem negativa da lobotomia e a sua identificação abusiva com a leucotomia está relacionada com a metodologia de Freeman, que fez uma verdadeira campanha de lobotomização pelos Estados Uni-dos, onde realizou mais de 3500 operações, no que foi imitado por muitos outros psicocirurgiões em diversos países. Hoje, a loboto-mia só é usada excepcionalmen-te, por motivos de natureza ética.

Egas Moniz revelou-se ainda um notável orador, conferencista e escritor.

Ana Paola da Silva Ferreira, 9º E

HOME – O MUNDO É A NOSSA CASAa PROPÓSITO DO FIlMe

Quando se pronuncia a palavra racional, todos nós a associamos de imediato ao ser humano. Contudo, como é demonstrado no documentário “Home”, o Homem não passa de um ser insensato e irracional, incapaz de reflectir acerca das suas acções, um assas-sino feroz, egoísta e alheio aos seus próprios actos.

No início, o nosso planeta era apenas uma grande rocha, com vulcões e erupções que alteravam constantemente a superfície do globo. O oxigénio tomou parte da Terra e envolveu-a, juntamente com alguns gases já existentes. Formou-se então a atmosfera, a qual permitiu o desenvolvimento dos se-res vivos e a sua evolução, até chegarmos à vida como hoje existe. Durante milhões de anos, o nosso planeta permaneceu estático quanto a mudanças drásticas por influência da fauna ou da flora. Mas hoje, quase toda a Terra, minério e riquezas que cobrem o pla-neta, foram já explorados pela nossa espé-cie. Nenhum outro ser vivo conseguiu mudar tão drasticamente o planeta, como o Homem. A Terra dá-nos de comer, de vestir, onde dor-mir, onde existir. E nós? O que damos à Terra? Com este filme, foi-me possível ver, a nu e a cru, a quantidade de atrocidades que comete-mos contra a nossa casa.

O Homem explora tudo e dissipa quantida-des infindáveis de recursos, como se não sou-besse que estes são de certo modo limitados, até mesmo os recursos renováveis, como a

água. Muitos animais são mantidos escravos da nossa espécie, sendo colocados em “cam-pos de concentração” para serem submetidos

a um processo rápido de engorda, de forma a servirem de alimento à população, sedenta de consumo. Esta foi a parte que mais me chocou no filme. Apenas devido a motivos egoístas e cruéis, o Homem mantém em cativeiro milhões de animais, privando-os de terem uma vida de acordo com a sua espécie, de viverem a vida com algum propósito, de acordo com a função que desempenham num ecossistema, pois to-dos os animais são importantes na manuten-ção do equilíbrio. Tal como o Homem, os ani-

mais têm sentimentos, têm direitos e devem ser tratados com alguma dignidade. Matar um animal é possível, sim, mas só o devemos fa-zer para consumo necessário, e devemos re-tirar a vida ao animal da forma o mais indolor possível. É necessário atingir uma harmonia entre a nossa sobrevivência, a dos outros se-res vivos e a sobrevivência do planeta. Se as gerações e os animais durante os milhões de anos da vida da Terra anteriores à nos-sa era o conseguiram, porque não havemos nós de o conseguir? Mas com o crescimento das grandes metrópoles, aumentou também o consumo, a construção de prédios, de es-tradas e de infra-estruturas gigantescas. Não menos grave é a desigualdade social, pois os países mais ricos em matérias-primas são quase sempre os que têm mais pobreza e mais guerras.

É necessário mudar isto, necessário de-volver à Terra a sua beleza natural, o seu esplendor e imponência. É necessário tomar-

mos consciência de que este é, de momento, o único planeta onde se conhece vida, o que reforça ainda mais a importância extrema da sua preservação. O que acontecerá se não conseguirmos mudar? Uma coisa é certa: se nos unirmos, seremos capazes de encontrar uma harmonia global entre consumo, desen-volvimento, justiça social e preservação do ambiente. Afinal, o mundo é a nossa casa!

João Tobio, 10º A

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 17

Como é que podemos aprender a verdade com o pensamento? Da mesma maneira que aprendemos a ver melhor um rosto se o dese-nharmos.

Ludwig Wittgenstein

A ciência para este século terá de se as-sumir como uma ciência marcadamente mul-tidisciplinar\interdisciplinar, com a matemática a desempenhar um papel cada vez mais pre-ponderante.

Deste modo, a formação de futuros cientis-tas deverá, necessariamente, promover uma cultura interdisciplinar através da qual, por exemplo, os biólogos se encontrarão melhor preparados para comunicar com matemáticos, enquanto estes serão educados a apreciar questões\problemas na área da biologia.

Paradigmático é o caso da neurociência. Para além de revelar um desenvolvimento intenso ao longo das últimas duas décadas, atrai investigadores de áreas como a matemá-tica, física, engenharia e informática, fundindo metodologias, saberes e vivências. A neuro-ciência estuda o sistema nervoso, com o ob-jectivo primordial de compreender a estrutura e o funcionamento do cérebro, da mente e do comportamento. Engloba, entre outras, áreas como: neurociência molecular; neurociência

celular; neurobiologia evolutiva; neurociência comportamental; neurociência cognitiva; neu-rociência computacional e neurociência mate-mática.

Os métodos computacionais e a matemá-tica desempenham um papel fundamental na compreensão do sistema nervoso. De facto, à semelhança do que se passa em outros ra-mos da ciência, a construção de modelos é fulcral para o avanço do conhecimento. Para construir um modelo funcional do cérebro é necessário aglutinar informação de várias áreas, tendo em atenção os vários níveis de organização do sistema nervoso – a utilização de métodos matemáticos na construção de um modelo força-o a ser preciso, completo e auto-consistente.

O trabalho, na década de 1950, dos fisio-logistas Alan Hodgkin e Andrew Huxley (pelo qual lhes foi atribuído, em 1963, o prémio No-bel de fisiologia\medicina), ilustra o sucesso da utilização de métodos matemáticos na solu-ção de problemas fundamentais da neurociên-cia. Actualmente, os matemáticos continuam a construir modelos, baseados nas equações de Hodgkin-Huxley, sendo de referir as equações de FitzHugh-Nagumo e as de Morris-Lecar.

O sistema nervoso possui duas classes de células: as células gliais e os neurónios. Estes são as unidades funcionais do sistema nervo-so, que nos permitem receber a informação, processá-la e agir. O cérebro humano contém cerca de 1011 neurónios. Estruturalmente, um neurónio pode ser dividido em três partes: dendrites, corpo celular e axónio. O axónio é a principal unidade condutora de um neurónio, estabelecendo ligações, designadas sinap-ses, com outros neurónios, formando circuitos e transmitindo informação a grandes distân-cias, ao propagar um sinal eléctrico momen-tâneo, designado potencial de acção (impulso neural).

Durante um potencial de acção, a activida-de eléctrica na membrana de um neurónio é alterada, elevando-se rapidamente o poten-

cial de valores da ordem dos -65 mV até cer-ca de 20 mV, após o que retorna ao potencial de repouso. Uma vez iniciado, o potencial de acção propaga-se ao longo do axónio e, ao atingir uma sinapse, despoleta um processo que perturba a membrana celular de um neu-rónio pós-sináptico originando um potencial sináptico. Este processo constitui o núcleo do sistema de comunicação no cérebro.

A ideia conceptual subjacente ao modelo matemático de Hodgkin-Huxley baseia-se no facto de as membranas celulares dos neuró-nios se comportarem como circuitos eléctricos, grosso modo devido à presença de iões de só-dio e de potássio. Com este modelo, Hodgkin e Huxley conseguiram explicar o mecanismo segundo o qual é gerado, e como se propa-ga, o potencial de acção, conseguindo ainda prever a existência, na membrana celular dos neurónios, de pequenos canais através dos quais se verifica a troca dos iões de sódio e de potássio. (Somente décadas após o traba-lho original de Hodgkin e Huxley se conseguiu proceder à observação destes canais).

A utilização da matemática em neurociên-cia tem-se intensificado, permitindo avanços significativos no estudo dos mecanismos da memória, dos ritmos do electroencefalograma, das alucinações visuais, etc. Mais, hoje em dia, não só a matemática desempenha um pa-pel crucial na investigação em neurociência, como questões colocadas nesta área estão a motivar pesquisa importante em matemática.

Apesar de todas as conquistas da ciência, o cérebro humano, com a sua rede de biliões de células, organizadas em sistemas com-plexos que constroem as nossas percepções do mundo que nos rodeia e regulam o modo como interagimos com esse mundo, permane-ce um mistério. Colocamos mais questões do que obtemos respostas. Continuaremos, sem desânimo, a dissecar o cérebro com o cérebro que almejamos compreender!

Professor Paulo Coelho

NEUROCIÊNCIA E MATEMáTICA

O XI Open Nacional de Xadrez Escolar, realizado no passa-do dia 17 Fevereiro, no CCGS, foi uma grande festa do xadrez, com 273 inscritos. Uma organização do Externato Cooperativo Benedita, ADEXOESTE, com os apoios, entre outros, da Junta de Freguesia, dos Bombeiros Voluntários, do Desporto Escolar e da Federação Portuguesa de Xadrez.

Este Open, aberto a todas as escolas, consistiu em dois tor-neios: Torneio A - infantis A e B (nascidos a partir de 1997); e Torneio B, para os nascidos até 1997, inclusive.

Francisco Cavadas, do Externato Cooperativo da Benedita, e Daniel Bray, da Escola Secundária Acácio Calazans Duarte, da Marinha Grande, foram os campeões deste XI Open Nacional de Xadrez Escolar.

Professor José Cavadas

XI OPEN NACIONAl DE XADREZ ESCOlAR NO CggS

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE18

P r o g r a m a ç ã o não é das coisas em que tenho mais dificuldades, mas também não acho fácil. Normalmen-

te, utilizo a pesquisa para apren-der o que ainda não sei, procu-rando nos recursos fornecidos pelos professores e na internet. A dificuldade na programação mui-tas vezes advém da parte de al-goritmia, que não foi muito bem apreendida. Existem dificuldades na algoritmia porque é algo novo, não se pode memorizar, enqua-dra-se na matemática, exigindo pensamento lógico.

Flávio Penas, 12ºF

Uma grande difi-culdade em progra-mação é pôr uma ideia em código ou transformá-la num programa, isto é, num algoritmo que

resolva problemas concretos. Outra dificuldade é o domínio da linguagem do código: sem esse domínio da linguagem, é muito difícil a aplicação da ideia ou do algoritmo.

Bruno Luís 12ºF

eNIGMaSEnigma 1

Com os algarismos x, y e z formam-se os números de dois algarismos xy e yx, cuja soma é o número de três algarismos zxz. Quanto valem x, y e z?

Enigma 2

A Maria e o Manuel disputaram um jogo no qual são atribuídos 2 pontos por vitória e é retirado um ponto por derrota. Inicialmen-te, cada um tinha 5 pontos. Se o Manuel ganhou exactamente 3 partidas, e a Maria no final ficou com 10 pontos, quantas partidas disputaram?

Enigma 3

Calculando-se: 1094-94, e somando-se todos os algarismos do resultado obtido, que valor iremos obter?

Curiosidade

Um ano é bissexto quando é divisível por 4. Porém, exis-te uma excepção. Os anos que terminam por dois zeros serão bissextos se forem divisíveis por 400. Exemplo:

2012 é um ano bissexto. Pois 2012/4 = 503, ou seja, o resto da divisão de 2012 por 4 é zero.

1998 não é um ano bissexto, pois 1998/4 = 499,5.

5000 não é um ano bissexto, pois, apesar de ser divisível por 4, é um número terminado em 00 e não é divisível por 400.

professor Acácio Castelhano

Encontrar uma boa definição para “programação” nunca foi ta-refa fácil, há quem a assemelhe a uma arte, outros referem que se trata de uma ciência, ou, ainda, que está associada a processos de construção, como é o caso da engenharia. É, no entanto, con-sensual que se trata uma área que procura a resolução de pro-blemas concretos, sendo a ma-temática e o raciocínio lógico as principais ferramentas. Não re-quer grande capacidade cultural, mas exige pensamento abstracto, domínio de técnicas de elabora-ção de algoritmos e prática regu-lar.

Esta disciplina é, para os alu-nos, uma autêntica novidade, por serem confrontados com uma for-ma de pensar diferente daquela

a que vêm sendo habituados ao longo do seu percurso escolar, e esta alteração requer um esforço e dedicação.

Começa-se a programar pela construção de algoritmos, o que implica planeamento e esquema-tização do que se pretende fazer. Logo aqui começam as dificulda-des, pois estas são capacidades que em alguns alunos estão pou-co desenvolvidas. A fase seguinte é implementar o algoritmo, e para isso é fundamental compreender como este foi concebido. Dominar a sintaxe e a estrutura da lingua-gem de programação é essencial para que o programa funcione correctamente. A compilação do programa também é tarefa com-plicada — a simples descober-ta de um ponto e vírgula (;) em falta, no meio de várias de linhas de código, pode ser um processo moroso que exige muita atenção, concentração e uma boa dose de paciência.

Talvez por tudo isto, a progra-mação seja considerada, pela maioria dos alunos, uma discipli-na de dificuldade elevada, e nem sempre é encarada com bons

olhos. Programar não é decorar, não

se aplicam fórmulas ou receitas pré-concebidas, mas colocam-se em acção capacidades que pro-curam responder aos desafios, e reúnem-se competências adquiri-das em diferentes áreas do saber. Assistir às aulas e estudar pelos livros, sem experimentar o que se aprendeu, não é suficiente para superar os desafios. Programar exige um trabalho persistente, intenso, realizado fora da aula. É necessário reflectir acerca do que se aprendeu, reformular os pro-blemas iniciais, ponderar novas hipóteses de resolução, ir ao en-contro de novas soluções através de avanços e recuos.

Muito importante é também ser bom aluno na disciplina de mate-mática. Quem quer iniciar-se na programação deve começar por resolver problemas com um grau de exigência mais baixo e ir pro-gredindo, à medida que vai inte-riorizando os conceitos.

Professores Alexandre Lourenço e

Samuel Branco

AlgUNS SEgREDOS DA PROgRAMAÇÃO

Curso de Informática e Gestão? Que cur-so será este? Que disciplinas é que inclui? Quando ouvi falar deste curso, pensei que até poderia ser interessante, pois hoje em dia quase tudo depende de tecnologias; e depois de ver as disciplinas, pensei que tal-vez fosse o curso ideal para mim, e lá me fui inscrever.

O meu maior receio era Programação, pois não sabia o que se dava, era uma dis-ciplina nova para mim. Durante a primeira

semana, foi muito bom, a professora dizia que seria fácil e que irí-amos gostar e lá acreditei nela. Pensei que se me esforçasse um bocado talvez “a coisa fosse lá”, mas não foi nada assim, e logo na segunda semana, pensei – Onde é que eu me fui meter?

Enfim, a Programação é uma disciplina em que é preciso traba-lhar constantemente, pois exige treino do raciocínio lógico. Hoje em dia, para superar as dificuldades que tenho, utilizo os recursos for-necidos pelos professores e pela Internet. Por vezes consigo chegar ao raciocínio, mas não o consigo “meter” no papel, essa é a minha grande diculdade.

A quem pensar seguir Programação, aconselho que vá em frente, tem o seu grau de dificuldade, mas com algum esforço consegue-se tudo.

Ricardo Matias, 12ºF

UM gRANDE QUEBRA-CABEÇAS!PROgRAMAÇÃO

SOlUçõeS

Enigma 1Resposta: x=2, y=9, z=1

Enigma 2Resposta: 7 partidas

Enigma 3Resposta: 834

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ANO 6 - Nº 16 TOQUE DE SAÍDA

MENTE SÃ EM CORPO SÃO 19

alIMeNTOS PaRa aDOleSceNTeS

AS RECEITAS DA ISABElBOlO DE REQUEIJÃO DA SERRA

Ingredientes:6 gemas e 2 claras; 450g de açúcar; 600 g de requeijão; 120 g de margarina; 100 g de farinha;1 colher de chá de fermento em pó; 1 colher de chá bem cheia de canela; Raspa de um limão pe-queno; Margarina para untar e farinha para polvilhar.

Preparação:

Numa tigela, bata as gemas com o açúcar até obter um creme esbranquiça-do. Adicione a raspa do limão e a mar-garina derretida, em fio, e batendo sem-pre. Passe os requeijões pelo passador de rede, junte-os ao preparado anterior

e misture. Adicione depois a farinha misturada com o fermen-to e a canela, batendo sempre. Finalmente, bata as claras em castelo e envolva-as cuidadosamente no preparado. Ligue o forno a 180º. Unte uma forma com margarina e polvilhe-a com farinha. Verta-lhe a mistura e leve ao forno durante 40 minutos. Espete um palito para verificar se o bolo está cozido, retire do forno, desenforme, deixe arrefecer e sirva.

Professora Isabel Neto

Qualquer adolescente que pese o mesmo que um adulto precisa de comer mais do que este. Durante a adolescência, há uma maior necessidade de determinados nutrientes, pelo que se deve prestar atenção especial a:

Proteínas – Os rapazes precisam de 45 a 65 gramas diários, e as raparigas de 46 a 55. As leguminosas, em combinação com os ce-reais e seus derivados (pão, massa, etc.), os frutos secos oleaginosos e as batatas podem satisfazer adequadamente as necessidades proteicas dos adolescentes. Pode, além disso, adicionar-se produtos lácteos e ovos.

Cálcio – Necessário para o desenvolvi-

mento do esqueleto. A quantidade diária re-comendada (QDR) para os adolescentes entre os 11 e os 18 anos é de 1200 miligramas, mais 50% que a QDR dos adultos. Além do leite e seus derivados, também são boas fontes de cálcio os frutos secos oleaginosos, o sésamo, a laranja, a couve e os brócolos.

Ferro – A QDR para meninas é de 15 mili-gramas, mais 50% que para os adultos; para os rapazes, é de 12 miligramas. As meninas nesta idade estão mais sujeitas a sofrer de anemia por falta de ferro, devido, entre outras coisas, ao aparecimento da menstruação. Uma alimentação rica em produtos naturais provê ferro suficiente, no entanto devemos sempre ter em conta o seguinte: o chá, o café, e o farelo reduzem a absorção de ferro, enquanto a fruta, as verduras e as hortaliças frescas a favorecem.

Zinco – É fundamental para o desenvolvi-mento dos órgãos reprodutores. As ostras são muito ricas em zinco, embora não seja neces-sário recorrer a elas, já que o gérmen de trigo, as sementes de sésamo e de abóbora, assim como os frutos secos oleaginosos, são boas fontes de zinco para os adolescentes.

Fibra – Os adolescentes tendem a consu-

mir menos do que o necessário (de 20 a 25 gramas diários). A fibra encontra-se unica-mente nos vegetais: cereais integrais, fruta, verduras, hortaliças e leguminosas.

Os frutos secos oleaginosos e as sementes são muito recomendáveis, devido à compo-sição rica em ácidos gordos essenciais, vita-minas do grupo B, vitamina E e minerais: os pistáchios são uma boa fonte de ferro; o caju e as sementes de abóbora são ricos em zinco; as amêndoas contêm cálcio, e as sementes de girassol, magnésio e ferro.

Os adolescentes gostam de comer coisas doces – as tâmaras, as passas, os figos e ou-tros frutos secos são a melhor opção e con-tribuem para reduzir ou eliminar o consumo de chocolates, bolos e caramelos. Pães com recheio e sanduíches são uma das comidas preferidas pelos adolescentes. É preferível que sejam de pão integral. Evitar além disso os recheios com enchidos, que favorecem o aparecimento de radicais livres, e os hambúr-gueres, que favorecem o aparecimento de do-enças cardiovasculares.

Professor Miguel Fonseca

A aquisição de valores, saberes e práticas tem impacto na nossa in-terioridade, tornando-nos eticamente melhores, para melhores serem as nossas decisões. Crescer é aprender a ser com os outros.

Envolvidos nesta tarefa, professores, alunos e encarregados de educa-ção estão naturalmente implicados no Projecto Crescer da nossa escola, o qual, no decurso deste ano lectivo, se alargou ao ensino secundário, uma vez que a portaria n.º 196-A/2010 veio determinar que as escolas elaborem um projecto de educação sexual, devendo as turmas dispor, no mínimo, de doze horas para realização de sessões de sensibilização e de esclarecimento no que toca a temas tão variados como a dimensão ética da sexualidade, a fisiologia da reprodução humana, métodos contracepti-vos, infecções sexualmente transmissíveis, métodos de prevenção, mater-nidade e paternidade na adolescência, tolerância e respeito pela diferença, maus tratos e violência doméstica. No tratamento destes temas, há sempre a preocupação de trabalhar competências de relacionamento interpessoal, comunicação, tomada de decisão e assertividade, entre outras.

O Projecto Crescer tem assegurado a todos os alunos informação e formação no que toca à educação para a saúde, promovendo sessões com técnicos de saúde; workshops, dinâmicas de grupo, comemorações de dias temáticos, dinamização do Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno e do Gabinete de Saúde & Condição Física. E para o 3º período, está plani-ficada uma sessão de sensibilização sobre o álcool, para alunos do 3ºciclo.

A educação para a sexualidade é apenas uma das vertentes da edu-cação para a saúde, encarada aqui em função da definição apresentada pela Organização Mundial de Saúde, segundo a qual a sexualidade “é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e so-mos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental.” Nesta perspectiva, crescer não é apenas tornarmo-nos maiores, mas também construir uma mente sã, cons-ciente e responsável, para que nos tratemos e aos outros com respeito e dignidade.

Equipa do Projecto Crescer

CRESCER NÃO É SÓ gANHAR MAIS UNS CENTÍMETROS

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ANO 6 - Nº 16TOQUE DE SAÍDA

Os alunos do 7º e 8º ano do Ex-ternato realizaram este ano a “Vol-ta ao mundo no Museu”, visita à exposição permanente do museu Gulbenkian, constituída por mais de 1000 peças, o que lhes permitiu co-nhecer melhor as civilizações egíp-cia, grega e romana, bem como o Oriente e a Europa.

As obras de arte patentes no museu, coleccionadas por Calous-te Gulbenkian durante cerca de 40 anos, e às quais ele se referia como “as suas filhas”, estão patentes ao público neste museu desde 1969, fa-

zendo parte de uma vasta colecção de cerca de 6000 peças.

Em www.museu.gulbenkian.pt é possível descobrir um grande nú-mero destas peças, com informação pormenorizada e completa. Da An-tiguidade ao séc. XX, com especial destaque, na pintura, para obras de Rubens, Rembrandt, Degas, Renoir e Manet.

Depois desta viagem à volta do mundo, quem não ficará mais rico? Os nossos alunos ficaram com cer-teza.

Professora Maria de Lurdes Goulão

FOMOS AO MUSEU CAlOUSTE gUlBENKIAN

Astrologia significa “discurso sobre os astros”, assunto que nos apaixona desde os confins do tem-po. Dos caldeus aos nossos dias, muitos cientistas, filósofos e inte-lectuais foram astrólogos: Tycho-Brahé, Galileu, Kepler, Newton e To-más de Aquino, por exemplo.

A Astrologia funda-se na ciência e na matemática para descrever com precisão os movimentos dos corpos celestes e relaciona aquilo que observa no Cosmos com a re-alidade humana, utilizando o movi-mento de estrelas e planetas ao lon-go das doze casas do Zodíaco. Os signos correspondem, assim, a doze campos de experiência, em que os planetas – os vários tipos humanos – se exprimem. Hermes Trimegis-to, médico egípcio do século a. C., e Tomás de Aquino registaram essa analogia entre os fenómenos do Universo e o Homem:

“Os corpos celestes são a cau-

sa de tudo quanto acontece neste mundo sublunar; agem directamente sobre as acções humanas, mas os efeitos que produzem não são ne-cessariamente inevitáveis.” (Tomás de Aquino, in Suma)

“Quod est inferius est sicut quod est superius, et quod est superius est sicut quod est inferius, ad perpe-tranda miracula rei unius”, (Hermes Trimegisto, in Secretum Secreto-rum).

Deve-se a Hipócrates, médico do século V a. C., o estabelecimento de uma relação entre o temperamento humano – colérico, sanguíneo, fleu-mático e melancólico – e os 4 ele-mentos primordiais: fogo, ar, água e terra. E muitos psicólogos usam, hoje, o vocabulário da Astrologia – elementos, signos, planetas – para descrever a complexidade da psique humana.

Professora Ana Luísa Quitério

aSTROlOGIa

DISCURSO SOBRE OS ASTROS