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Nomes Quem quiser aprender mais sobre astronomia e sobre o Universo tem a opção de visitar os observatórios e assistir a palestras e oficinas. Além disso, cursos de extensão são oferecidos nas universidades Fumec e Federal de Minas Gerais (UFMG). Veja abaixo algumas opções: UFMG. O Departamento de Física oferece um curso de Iniciação à Astronomia, do Laboratório de Astronomia da UFMG. A próxima edição do curso será realizada em abril. As inscrições têm início amanhã. Outras informações na Fundep: 31 3409-4200. Fumec. A universidade oferece o curso de extensão Passaporte para a Astronomia, ministrado pelo professor Ricardo José Vaz Tolentino. A próxima edição é gratuita e será realizada aos sábados, nos dias 19 e 26 de maio. Ceamig. O Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (Ceamig) também oferece uma programação gratuita de palestras e workshops para interessados em astronomia. Outras informações no endereço: www.ceamig.org.br. Famosos. Muitos asteroides recebem o nome de pessoas famosas. Dentre os nomes, há os de cientistas, físicos, astros do cinema e da música. Alguns exemplos são: Einstein, Goya, Aristóteles, McCartney e Elvis. RICARDO VAZ TOLENTINO/DIVULGAÇÃO “Ver a imagem capturada da Lua por outra pessoa em revistas de astronomia é muito legal. Mas ver a imagem com os próprios olhos, aí, sim, é sensacional”. Ricardo Vaz Tolentino DIRETOR DA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DA FUMEC E “ASTRÔNOMO ENTUSIASTA” ¬ LUIZA ANDRADE ¬ “Uma noite clara e um céu estrelado. Com apenas esses ingredientes, é possí- vel que descobertas cientí- ficas sejam feitas por pes- soas comuns”, é o que afir- ma o astrônomo e coorde- nador do Laboratório de Astronomia do Departa- mento de Física da Univer- sidade Federal de Minas Gerais, Renato Las Casas. Segundo o professor, a astronomia é um ramo da ciência que apresenta ca- racterísticas especiais. “Ela permite a participa- ção de pessoas comuns até mesmo em descober- tas que podem mudar con- ceitos tidos como certezas em todo o mundo”, diz. Ricardo Vaz Tolenti- no, astrônomo amador, concorda. A formação aca- dêmica do diretor da Fa- culdade de Ciências Em- presariais da Fumec, gra- duado em engenharia ci- vil, pós-graduado em sis- temas e mestre em tecno- logia, não tem nem um pingo de astronomia. Po- rém, toda noite, Ricardo entra em seu observatório e, com muita paciência, di- reciona seu olhar ao Uni- verso, em busca de ima- gens curiosas e descober- tas científicas. RECONHECIMENTO. O tempo que o professor Tolenti- no passa no observatório não é em vão. Ricardo é o autor de nove imagens premiadas nos Estados Unidos e internacional- mente reconhecidas. A mais recente delas, cha- mada de “O gigante Cós- mico”, compara os tama- nhos de Júpiter, Saturno e Marte com uma cratera da Lua. Além de ter sido pre- miada e publicada no mais importante site so- bre a Lua, nos Estados Uni- dos, e em uma revista de astronomia da Austrália, a foto ainda gera comentá- rios. “Recebo e-mails de pessoas elogiando a captu- ra da cena. É muito diverti- do fazer parte dessa comu- nidade de interessados em astronomia”, comenta o professor. UNIVERSO. A importância dos astrônomos entusias- tas é enorme, segundo o professor Las Casas. “Mes- mo se juntássemos todos os astrônomos do mundo, não seríamos capazes de mapear o universo”, diz o especialista. Os amadores fazem um papel complementar e, muitas vezes, de desta- que, segundo explica Las Casas. O professor afirma, ainda, que vários asteroi- des importantes foram identificados, pela primei- ra vez, por astrônomos amadores. “Uma prova da popula- ridade da astronomia atualmente é, a cada dia que passa, haver mais co- metas que têm nomes de pessoas comuns. Isso acon- tece porque quem ‘desco- bre’ tem o prazer de esco- lher o nome”, comenta Las Casas. Imagem compara tamanhos de planetas ao de cratera da Lua Serviço EMMANUEL PINHEIRO 7 Outra descoberta que já faz parte do álbum de fotos no site do astrôno- mo entusiasta Ricardo To- lentino é uma suposta crate- ra “superfantasma” na Lua. O professor usou os equipa- mentos em seu observatório para fotografar uma cratera totalmente coberta por lava basáltica. A imagem gerou reconhecimento internacio- nal, e a cratera já está sendo estudada por cientistas nor- te-americanos. O professor levou cinco anos para montar um labora- tório com equipamentos es- peciais que permitem fazer imagens incríveis dos astros. Contudo, mesmo sem esses equipamentos, ainda é possí- vel fazer análises das estrelas no céu, segundo o coordena- dor do Laboratório de Astro- nomia da Universidade Fede- ral de Minas Gerais (UFMG), Renato Las Casas. Um ponto fraco da astro- nomia é o preço dos equipa- mentos. É tudo muito caro, e, com apenas um aparelho, não é possível observar vá- rios tipos de fenômeno. Con- tudo, segundo Las Casas, quem tem interesse em ini- ciar as atividades de observa- ção do Universo pode muito bem se divertir com os sim- ples aparelhos binóculos. “Um bom binóculo custa cer- ca de R$ 300 e permite des- cobrir no céu uma série de coisas legais”, garante o es- pecialista. Segundo o professor, um modelo bastante poten- te para observações astro- nômicas deve ser 7 x 50 (au- mento de sete vezes e lente de 50 mm). (LA) Paixão. O professor universitário Ricardo Vaz Tolentino mantém um observatório particular para registrar imagens do Universo Outra descoberta Observadores já identificaram vários asteroides importantes Crateraé alvo deestudo nos EUA ¬ Em 1993, três astrôno- mos amadores identificaram o que viria a ser uma grande contribuição para a ciência. O cometa Shoemaker-Levi 9, descoberto em uma imagem gerada pela observação dos astrônomos amadores Ca- rolyn e Eugene Shoemaker e David Levy, chocou-se com o planeta Júpiter um ano de- pois de rastreado em julho de 1994. A descoberta possibilitou a primeira observação direta de uma colisão extraterrestre entre dois corpos do Sistema Solar. O evento teve uma gran- de importância para a comuni- dade científica, uma vez que permitiu aos astrônomos ob- ter mais informações sobre Júpiter. Mas ele estava longe se ser a primeira grande desco- berta do trio de amadores. Ca- rolyn e Eugene Shoemaker e David Levy já haviam identifi- cado 11 outros cometas duran- te suas sessões no observató- rio da Califórnia. (LA) Astrônomos amadores ajudam a mapear segredos do Universo Fenômeno histórico registrado por entusiastas da astronomia Hobby. Cada vez mais pessoas comuns se dedicam a atividade e contribuem para descobertas científicas O TEMPO Belo Horizonte 23 DOMINGO, 1 DE ABRIL DE 2012 23 INTERESSA |

Astronomia amadores

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Quem quiser aprender maissobre astronomia e sobre oUniverso tem a opção devisitar os observatórios eassistir a palestras eoficinas. Além disso, cursosde extensão são oferecidosnas universidades Fumec eFederal de Minas Gerais(UFMG). Veja abaixoalgumas opções:

UFMG. O Departamentode Física oferece um cursode Iniciação à Astronomia,do Laboratório deAstronomia da UFMG. Apróxima edição do cursoserá realizada em abril. Asinscrições têm inícioamanhã. Outrasinformações na Fundep: 313409-4200.

Fumec. A universidadeoferece o curso de extensãoPassaporte para aAstronomia, ministradopelo professor Ricardo JoséVaz Tolentino. A próximaedição é gratuita e serárealizada aos sábados, nosdias 19 e 26 de maio.

Ceamig. O Centro deEstudos Astronômicos deMinas Gerais (Ceamig)também oferece umaprogramação gratuita depalestras e workshops parainteressados emastronomia. Outrasinformações no endereço:www.ceamig.org.br.

Famosos. Muitosasteroides recebem onome de pessoas famosas.Dentre os nomes, há os decientistas, físicos, astrosdo cinema e da música.Alguns exemplos são:Einstein, Goya, Aristóteles,McCartney e Elvis.

RICARDO VAZ TOLENTINO/DIVULGAÇÃO“Ver a imagemcapturada da Luapor outra pessoaem revistas deastronomia émuito legal. Masver a imagemcom os própriosolhos, aí, sim, ésensacional”.

Ricardo Vaz TolentinoDIRETOR DA FACULDADE DECIÊNCIAS ECONÔMICAS DAFUMEC E “ASTRÔNOMOENTUSIASTA”

¬ LUIZA ANDRADE

¬ “Uma noite clara e umcéu estrelado. Com apenasesses ingredientes, é possí-vel que descobertas cientí-ficas sejam feitas por pes-soas comuns”, é o que afir-ma o astrônomo e coorde-nador do Laboratório deAstronomia do Departa-mento de Física da Univer-sidade Federal de MinasGerais, Renato Las Casas.

Segundo o professor, aastronomia é um ramo daciência que apresenta ca-racterísticas especiais.“Ela permite a participa-ção de pessoas comunsaté mesmo em descober-tas que podem mudar con-ceitos tidos como certezasem todo o mundo”, diz.

Ricardo Vaz Tolenti-no, astrônomo amador,concorda. A formação aca-dêmica do diretor da Fa-culdade de Ciências Em-presariais da Fumec, gra-duado em engenharia ci-vil, pós-graduado em sis-temas e mestre em tecno-logia, não tem nem umpingo de astronomia. Po-rém, toda noite, Ricardoentra em seu observatórioe, com muita paciência, di-reciona seu olhar ao Uni-verso, em busca de ima-gens curiosas e descober-tas científicas.

RECONHECIMENTO. O tempoque o professor Tolenti-no passa no observatórionão é em vão. Ricardo é oautor de nove imagenspremiadas nos EstadosUnidos e internacional-mente reconhecidas. Amais recente delas, cha-mada de “O gigante Cós-mico”, compara os tama-

nhos de Júpiter, Saturno eMarte com uma cratera daLua. Além de ter sido pre-miada e publicada nomais importante site so-bre a Lua, nos Estados Uni-dos, e em uma revista deastronomia da Austrália, afoto ainda gera comentá-rios. “Recebo e-mails depessoas elogiando a captu-ra da cena. É muito diverti-do fazer parte dessa comu-nidade de interessadosem astronomia”, comentao professor.

UNIVERSO. A importânciados astrônomos entusias-tas é enorme, segundo oprofessor Las Casas. “Mes-mo se juntássemos todosos astrônomos do mundo,não seríamos capazes demapear o universo”, diz oespecialista.

Os amadores fazem umpapel complementar e,muitas vezes, de desta-que, segundo explica LasCasas. O professor afirma,ainda, que vários asteroi-des importantes foramidentificados, pela primei-ra vez, por astrônomosamadores.

“Uma prova da popula-ridade da astronomiaatualmente é, a cada diaque passa, haver mais co-metas que têm nomes depessoas comuns. Isso acon-tece porque quem ‘desco-bre’ tem o prazer de esco-lher o nome”, comenta LasCasas.

Imagem compara tamanhos de planetas ao de cratera da Lua

Serviço

EMMANUEL PINHEIRO

7Outra descoberta quejá faz parte do álbum

de fotos no site do astrôno-mo entusiasta Ricardo To-lentino é uma suposta crate-ra “superfantasma” na Lua.O professor usou os equipa-mentos em seu observatóriopara fotografar uma crateratotalmente coberta por lavabasáltica. A imagem geroureconhecimento internacio-nal, e a cratera já está sendoestudada por cientistas nor-te-americanos.

O professor levou cincoanos para montar um labora-

tório com equipamentos es-peciais que permitem fazerimagens incríveis dos astros.Contudo, mesmo sem essesequipamentos, ainda é possí-vel fazer análises das estrelasno céu, segundo o coordena-dor do Laboratório de Astro-nomia da Universidade Fede-ral de Minas Gerais (UFMG),Renato Las Casas.

Um ponto fraco da astro-nomia é o preço dos equipa-mentos. É tudo muito caro,e, com apenas um aparelho,não é possível observar vá-rios tipos de fenômeno. Con-

tudo, segundo Las Casas,quem tem interesse em ini-ciar as atividades de observa-ção do Universo pode muitobem se divertir com os sim-ples aparelhos binóculos.“Um bom binóculo custa cer-ca de R$ 300 e permite des-cobrir no céu uma série decoisas legais”, garante o es-pecialista.

Segundo o professor,um modelo bastante poten-te para observações astro-nômicas deve ser 7 x 50 (au-mento de sete vezes e lentede 50 mm). (LA)

Paixão. O professor universitário Ricardo Vaz Tolentino mantém um observatório particular para registrar imagens do Universo

Outra descoberta

Observadores jáidentificaramvários asteroidesimportantes

CrateraéalvodeestudonosEUA

¬ Em 1993, três astrôno-mos amadores identificaramo que viria a ser uma grandecontribuição para a ciência.O cometa Shoemaker-Levi 9,descoberto em uma imagemgerada pela observação dosastrônomos amadores Ca-rolyn e Eugene Shoemaker eDavid Levy, chocou-se com oplaneta Júpiter um ano de-pois de rastreado em julhode 1994.

A descoberta possibilitoua primeira observação direta

de uma colisão extraterrestreentre dois corpos do SistemaSolar.Oevento teveuma gran-de importância para a comuni-dade científica, uma vez quepermitiu aos astrônomos ob-ter mais informações sobreJúpiter. Mas ele estava longeseseraprimeiragrandedesco-berta do trio de amadores. Ca-rolyn e Eugene Shoemaker eDavid Levy já haviam identifi-cado11outros cometas duran-te suas sessões no observató-rio da Califórnia. (LA)

AstrônomosamadoresajudamamapearsegredosdoUniverso

Fenômenohistóricoregistradoporentusiastasdaastronomia

Hobby. Cada vez mais pessoas comuns se dedicam a atividade e contribuem para descobertas científicas

O TEMPO Belo Horizonte 23DOMINGO, 1 DE ABRIL DE 2012 23INTERESSA|