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45 ASTRONOMIA FUNDAMENTAL EDUCATIVA Elso DRIGO FILHO 1 Thierry Gregory Gil CHANUT 2 Resumo: O presente trabalho trata do ensino de conceitos de Astronomia voltado às Escolas Públicas de São José do Rio Preto, SP. Os objetivos principais foram: resgatar o saber em astronomia do aluno de Ensino Fundamental nas Escolas Públicas; aprofundar o conhecimento no domínio da Astronomia dos professores de Ciências e Matemática; contextualizar o conteúdo da Astronomia dentro do programa de Matemática; organizar e viabilizar a participação das escolas escolhidas pelo projeto na VIII Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Uma apostila intitulada “A Astronomia Fundamental – entre mitos e realidade” foi produzida e distribuída como material de apoio. Palavras-chave: Astronomia; Ensino Fundamental; Sistema Solar. 1. INTRODUÇÃO O Ensino de Ciências nas Escolas tem sido alvo de intenso debate sob os mais variados ângulos que o tema permite, para uma idéia da importância e abrangência do tema vide referência [1-3]. A Astronomia está intimamente ligada a esse debate compartilhando em grande parte dos problemas apontados, principalmente àqueles relacionados a Ensino das Ciências Exatas. Uma observação astronômica preliminar está ao alcance de todos, bastando olhar o céu. O movimento do Sol, das estrelas, planetas, Lua entre outros pode ser observado a olho nu. Entretanto, esse tipo de curiosidade espontânea tem sido cada vez mais rara, principalmente entre os jovens. Assim, se faz necessário um incentivo inicial para despertar ou reforçar o interesse no assunto, além de fornecer informações básicas sobre o assunto. É possível identificar vários aspectos onde pode existir uma atuação efetiva no sentido de contribuir na melhoria do ensino de conceitos fundamentais de Astronomia para a população escolar. Em particular, pode ser destacado que essas contribuições podem atuar na motivação e formação dos alunos, na instrumentação do professor e na produção de textos objetivando sintetizar e transmitir parte do conhecimento básico acumulado na área. O presente artigo apresenta resultados obtidos através de atividades desenvolvidas nestes sentidos, motivação e formação. 1 Orientador. Docente do Departamento de Física do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – UNESP – Campus de São José do Rio Preto 2 Aluno bolsista do projeto.

ASTRONOMIA FUNDAMENTAL EDUCATIVA - unesp.br 1/astronomia.pdf · Morales Herval da Silva. As oficinas realizadas apenas com os professores também ocorreram satisfatoriamente, com

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ASTRONOMIA FUNDAMENTAL EDUCATIVA

Elso DRIGO FILHO1 Thierry Gregory Gil CHANUT2

Resumo: O presente trabalho trata do ensino de conceitos de Astronomia voltado às Escolas Públicas de São José do Rio Preto, SP. Os objetivos principais foram: resgatar o saber em astronomia do aluno de Ensino Fundamental nas Escolas Públicas; aprofundar o conhecimento no domínio da Astronomia dos professores de Ciências e Matemática; contextualizar o conteúdo da Astronomia dentro do programa de Matemática; organizar e viabilizar a participação das escolas escolhidas pelo projeto na VIII Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Uma apostila intitulada “A Astronomia Fundamental – entre mitos e realidade” foi produzida e distribuída como material de apoio.

Palavras-chave: Astronomia; Ensino Fundamental; Sistema Solar.

1. INTRODUÇÃO

O Ensino de Ciências nas Escolas tem sido alvo de intenso debate sob os mais

variados ângulos que o tema permite, para uma idéia da importância e abrangência do tema vide

referência [1-3]. A Astronomia está intimamente ligada a esse debate compartilhando em grande

parte dos problemas apontados, principalmente àqueles relacionados a Ensino das Ciências

Exatas.

Uma observação astronômica preliminar está ao alcance de todos, bastando olhar o

céu. O movimento do Sol, das estrelas, planetas, Lua entre outros pode ser observado a olho nu.

Entretanto, esse tipo de curiosidade espontânea tem sido cada vez mais rara, principalmente entre

os jovens. Assim, se faz necessário um incentivo inicial para despertar ou reforçar o interesse no

assunto, além de fornecer informações básicas sobre o assunto.

É possível identificar vários aspectos onde pode existir uma atuação efetiva no

sentido de contribuir na melhoria do ensino de conceitos fundamentais de Astronomia para a

população escolar. Em particular, pode ser destacado que essas contribuições podem atuar na

motivação e formação dos alunos, na instrumentação do professor e na produção de textos

objetivando sintetizar e transmitir parte do conhecimento básico acumulado na área. O presente

artigo apresenta resultados obtidos através de atividades desenvolvidas nestes sentidos,

motivação e formação.

1Orientador. Docente do Departamento de Física do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – UNESP – Campus de São José do Rio Preto 2 Aluno bolsista do projeto.

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2. METODOLOGIA

A atuação efetivamente realizada junto às Escolas Públicas de São José do Rio

Preto consistiu em uma seqüência de ações buscando construir e desenvolvem condições para

fomentar e subsidiar o Ensino de Astronomia. O primeiro passo consistiu em entrar em contato

com as Escolas e propor o projeto a ser desenvolvido em parceria. Duas Escolas foram escolhidas

para implementação do projeto. Todo o restante dos trabalhos foram centrados nessas duas

Instituições.

Tendo como base os “Parâmetros Curriculares Nacionais” [1] e o conteúdo indicado

pela Sociedade Astronômica Brasileira e Agência Espacial Brasileira para a OBA (explicito em seu

regulamento [4]), foi elaborado um programa a ser trabalhado. Esse programa contemplou nove

itens básicos a serem seguidos, são eles:

- A origem do mundo: mitos e realidade.

- História da Cosmologia.

- História do Telescópio.

- A nebulosa primordial.

- O sistema solar: características e dinâmica.

- O movimento dos planetas.

- Movimento anual do Sol e as estações do ano.

- Fases da Lua.

- Eclipses.

Um questionário inicial foi respondido pelos alunos das Escolas participantes. Este

questionário teve como objetivo avaliar previamente o conhecimento imediato dos alunos em

relação ao conteúdo específico que seria trabalhado posteriormente. Os resultados serviram de

guia para um curso realizado nas escolas relativo à parte teórica e observacional (luneta) e uma

palestra realizada no IBILCE/UNESP, preparatórios para a Olimpíada de Astronomia e

Astronáutica. Foram ao todo dezoito questões subdividas em cinco partes, a saber: 1) mitos da

origem do mundo (questões de 1 a 3); 2) mitologia grega e filosofia da natureza (questões de 4 a

6); 3) Formação do sistema solar (questões de 7 a 8); 4) planetas do sistema solar (questões de 9

a 13); 5) fases da lua, os eclipses e as órbitas planetárias (questões de 14 a 18).

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O mesmo questionário foi aplicado ao final das atividades para poder servir de base

sobre a evolução dos alunos nos temas abordados. A participação e resultados obtidos na OBA

também serviram de parâmetro para o trabalho realizado.

Finalmente, no segundo semestre, foi realizado uma oficina de astronomia da qual

participaram os professores das Escolas participantes e outros interessados. Essa oficina foi

realizada buscando complementar o conhecimento básico em Astronomia dos professores de

Ciências e Matemática que lecionam esta disciplina para os alunos do Ensino Fundamental. A

cada um deles foi entregue uma apostila cujo objetivo era servir de complemento didático, também

foi disponibilizado cópias para as bibliotecas das Escolas. Essa apostila foi idealizada e redigida

pelo aluno de graduação participante do projeto.

I) ESCOLAS PARTICIPANTES

O contato inicial com as Escolas participantes foi realizado por intermédio da Prof.

Dra. Maria Eliza Brefere Arnoni (Departamento de Educação IBILCE/UNESP). Dessa forma, foi

possível conversar com os professores de Matemática: Pedro Edgar Bellini, da EE Prof. Zulmira da

Silva Salles, e Santa Morales Herval da Silva, da EE Prof. Daud Jorge Simão. Desde o início, foi

possível obter todo o apoio da parte desses professores para o desenvolvimento do projeto.

Ambas as Escolas participantes se situam no Município de São José do Rio Preto,

SP. A EE. ZULMIRA DA SILVA SALLES está localizada na Rua Olavo Guimarães Correa S/N,

Jardim Urano e possui atende uma clientela que varia de classe média C até níveis de extrema

pobreza e oferece Ensino Fundamental regular, ciclo I e II. A EE. PROF. DAUD JORGE SIMÃO

se localiza à Rua Argemiro Acayaba de Toledo, no 80, no bairro Cidade Jardim, e abriga uma

clientela que varia de classe média C até níveis de extrema pobreza, oferecendo Ensino

Fundamental regular, ciclo I e II, Ensino Médio regular e TC-2000-Ensino Fundamental e Médio.

II) RESULTADOS

O primeiro resultado a ser analisado, está relacionado com os questionários

respondidos pelos alunos, antes e depois de participarem no projeto. Das respostas dadas foi feito

o histograma da porcentagem dos acertos em cada circunstância. A figura I mostra esse

histograma feito com as respostas iniciais, antes do início dos trabalhos; enquanto a figura II

mostra os resultados após a realização das atividades do projeto. Comparando os dois

histogramas é possível perceber uma melhoria significativa nos índices de acertos.

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Figura I: Porcentagem de acertos feitos pelos alunos quando da aplicação inicial do questionário.

Figura II: Porcentagem de acertos feitos pelos alunos quando da aplicação do questionário após as

atividades programadas.

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Outro ponto importante com respeito aos resultados obtidos diz respeito a grande

participação dos alunos na OBA. Praticamente a totalidade dos alunos participaram da Olimpíada,

o que mostra uma acentuada componente motivacional. Alguns alunos tiveram um bom

desempenho na Olimpíada e três deles receberam medalhas de bronze, vale destacar o aluno

Rodrigo Roberto Fernandes da 7a serie da E.E. Daud Jorge Simon (vide foto mostrada na figura

III).

Figura III: Da esquerda para a direita: Diretor da E.E. Prof. Daud Jorge Simon, Prof. Pedro Caetano Pitelli, bolsista do projeto Thierry Gregory Gil Chanut, aluno Premiado Rodrigo Roberto Fernandes e Profa. Santa

Morales Herval da Silva.

As oficinas realizadas apenas com os professores também ocorreram

satisfatoriamente, com participação efetiva dos presentes através de questionamentos e

discussões. Durante as oficinas a apostila foi entregue aos professores para servir de material de

suporte aos trabalhos a serem desenvolvidos sobre o tema. Nas figuras IV e V são mostrados os

professores de cada Escola que participaram da oficina.

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Figura IV: Professores da E.E. ZULMIRA DA SILVA SALES na Oficina de Astronomia.

Figura V: Professores da E.E. DAUD JORGE SIMON na Oficina de Astronomia.

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3. CONCLUSÃO

Tendo em vista os resultados obtidos é possível afirmar que os objetivos propostos

foram alcançados. Foi possível atuar na realidade escolar de forma positiva no que se refere ao

Ensino de Astronomia. O envolvimento, tanto dos alunos como dos professores das Escolas, foi

muito grande. A participação dos alunos na OBA, com resultados positivos em vários casos,

também consiste em um resultado significativo.

É importante destacar que as atividades deste projeto permitiram perceber, ao

menos em parte, a dedicação e as dificuldades que enfrentam os professores da rede pública. A

convivência com as Escolas mostrou que há interesse na região de São José do Rio Preto por

propostas alternativas para o ensino das Ciências, incluindo a participação em olimpíadas e em

estabelecer parcerias com a Universidade, como essa, ligada ao núcleo de Ensino da UNESP.

Uma vez tendo realizado o projeto, espera-se que, a partir dos conceitos básicos de

Astronomia discutidos, seja possível aos professores continuar e aprofundar as atividades nessa

área.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] – Secretaria de Educação Fundamental “Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências Naturais” – Brasília: MEC/SEF, !998.

[2] – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura “Ciência Na Escola – um direito de todos” – UNESCO, Brasilia, 2005. Disponível on-line http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001400/140099porb.pdf (fev./ 2007)

[3] – Caniato, R. “Consciência na educação”. Ed. Papirus, Campinas, 1997.

[4] - Sociedade Astronômica Brasileira e Agência Espacial Brasileira, http://152.92.4.67/paginas.php?p=regulamento#9 (abril/2006).