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astroPT magazine Maio 2012 Volume 2 Edição 5

astroPT Maio2012

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AstroPT Magazine. Edição de maio de 2012. Publicação mensal com os posts relevantes do sítio astropt.org

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astroPT magazine

Maio 2012 Volume 2 Edição 5

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Fotografias a brincar com a Lua. (Não consigo saber quem é o autor. Se souberem quem foi o autor, digam-nos nos comentários)

Não se esqueçam que esta noite a Lua está sublime nos céus. Leiam este post.

Carlos Oliveira

Valmir M. de Morais disse:

As belas e criativas imagens fazem parte do projeto Moon Games – http://www.boredpanda.com/moon-games-laurent-laveder/ do fotógrafo francês Laurent Laveder. Website do autor: http://www.laurentlaveder.com/

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Maio 2012 ESPECIAL

Brincar com a LuaBrincar com a Lua

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Os nossos leitores estão de parabéns. Vários tira-ram fotografias à Lua, e outros deram-nos a conhecer fotos tiradas por amigos seus. Como sabem, esta noite tivemos a maior Lua do ano. Vou deixar aqui uma compilação de algumas des-sas fotos tiradas em Portugal e no Brasil. Carlos Oliveira

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Volume 2 Edição 5 ESPECIAL

12 fotos amadoras da grande Lua desta noite12 fotos amadoras da grande Lua desta noite

Crédito: Carlos Sousa, Mirandela, Portugal

Crédito: CAUP, Porto, Portugal

Crédito: Ricardo Hemsworth, Porto, Portugal

Crédito: Hélio Martins, Óbidos, Portugal

Crédito: Élvio Gomes, Madeira, Portugal

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Maio 2012 ESPECIAL

Crédito: Dennis Weaver, Fortaleza, Brasil

Crédito: Rodrigo Espinosa, Florianópolis, Brasil

Crédito: Marcos Vinícios, Salvador da Baía, Brasil

Crédito: Ednilson Oliveira, São Paulo, Brasil

Crédito: Stephan Milanez, São Paulo, Brasil

Crédito: Alexandre Kroth, Porto Alegre, Brasil Crédito: Cris Hattis, Mato Grosso do

Sul, Brasil

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No fim-de-semana, tivemos a maior Lua do ano e divulgamos 12 fotografias tira-das em Portugal e no Brasil, assim como o ano passado divulgamos 100

imagens da Super-Lua.

Agora, a National Geographic traz-nos mais algu-mas fotografias tiradas pelo mundo.

Carlos Oliveira

Mais 6 imagens da Grande Lua Mais 6 imagens da Grande Lua

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Volume 2 Edição 5 ESPECIAL

Crédito: Emanuel Lopes, Lisboa, Portugal

Crédito: Victor R. Caivano, Cristo

Redentor no Rio de Janeiro, Brasil

Crédito: Victor R. Caivano, Favelas do Rio de Janeiro, Brasil

Crédito: Gary Hershorn, Manhattan, Nova Iorque, EUA

Crédito: Quynh Ton, Seattle, EUA

Crédito: Anthony Ayiomamitis,

Templo de Poseidon, no Cabo Sou-nion a Sul de Atenas, Grécia

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Há 2 dias tivemos um eclipse solar anular/anelar. Vejam agora 20 fotografias desse eclipse tiradas em diferentes partes do mundo .

Carlos Oliveira

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Maio 2012 ESPECIAL

20 fotografias do eclipse anelar 20 fotografias do eclipse anelar

Crédito: Jimmy Westlake, no Texas, EUA Crédito: Joe C. Olsen, Texas, EUA.

Crédito: Associated Press, em Phoenix, nos Estados Unidos. Crédito: Tyler Burg, Minnesota, EUA.

Crédito: Tom Wagner, Iowa, EUA. Crédito: Elon Gane, Missouri, EUA.

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Volume 2 Edição 5 ESPECIAL

Crédito: Tom Bridges, em Tóquio, no Japão

Crédito: Robert Ball, New Mexico, EUA. Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.

Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA. Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.

Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.

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Maio 2012 ESPECIAL

Crédito: Eduardo Nakagawa, em Tsushima, no Japão. Crédito: AFP, no Japão.

Crédito: Phebe Pan, Xinfeng, China. Crédito: Phebe Pan, Xinfeng, China.

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Volume 2 Edição 5 ESPECIAL

Crédito: Associated Press, em Taipei, Taiwan.

Crédito: wacamera

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ESPECIAL Maio 2012

Maior Lua do ano é nesta noite de sábado para domingo !

O ano passado, falamos na Super-Lua, porque a 19 de Março de 2011, a Lua esteve a 356.577 kms da Terra. O que foi o mais próximo dos últimos 18 anos. Temos uma Super-Lua quando uma Lua Cheia está no perigeu (ponto mais próximo da órbita ao redor da Terra). Todos os meses temos uma Lua Cheia. E todos os meses temos um perigeu. Mas os dois simulta-neamente é mais raro.

Explicamos tudo sobre uma Super-Lua, neste post. O Alberto Fernando também explicou, neste post. O Miguel Claro tirou fotos à Lua, neste post. Divulgamos 100 fotos da Super-Lua, neste post.

Mostramos que, ao contrário do que é dito pelos vigaristas, o fenómeno da Super-Lua não provoca terramotos, neste post.

O fenómeno simultâneo do perigeu com a Lua Cheia dá-se a cada 413 dias. O último foi a 19 de Março de 2011; o próximo será a 23 Junho de 2013; e o outro a seguir será a 10 de Agosto de

2014. Ou seja, este fenómeno dá-se, em média, 1 vez por ano.

Neste sábado, dia 5 de Maio, iremos poder ver o que parecerá a maior Lua do ano (a Lua na verdade não aumenta de tamanho, mas parece fazê-lo devido às fases da Lua e à dis-tância a que se encontra da Terra. Lua cheia pare-ce maior, e Lua mais perto da Terra também pare-ce maior). Mas não será uma Super-Lua como em outros anos, já que não se encontrará tão perto da Terra. Desta vez, no perigeu a Lua estará a 356.955 kms de distância, e atingirá o ponto de Lua completa-mente cheia com a diferença de 1 hora de atingir o seu perigeu.

O perigeu da Lua, em que ela estará mais próxima de nós, será às 5 da manhã de domingo. Encoraja-mos toda a gente a olhar para a Lua! A Lua pare-cerá 14% maior e 30% mais brilhante. Encorajamos essa observação durante o nasci-mento da Lua, perto das 20 horas e 15 minutos de sábado em Portugal, e durante o pôr-da-Lua perto das 5:30 da manhã de domingo em Por-tugal, altura em que também estará mais próxima de nós. Como está próxima do horizonte, dar-se-à o fenómeno da “ilusão da Lua”, em que a Lua parecerá ainda maior, devido a uma miragem ain-da não totalmente compreendida por astrónomos e psicólogos.

Carlos Oliveira

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Super-Lua: perigeu da Lua Cheia

Todos os meses temos uma Lua Cheia. E todos os meses temos um perigeu. Mas os dois simultaneamente, com a Lua tão per-to, já não acontecia há 18 anos.

Ou seja, hoje poderemos ver uma Lua Cheia e com uma aparência maior (por estar mais perto). Será um magnífico espetáculo.

Ao contrário do que anda a ser dito pelos pseu-dos, esta aparência da Lua não terá quaisquer repercussões nefastasna Terra. Não provocará terramotos nem nada do género. O máximo que poderá ter é um aumento ligeiro do tamanho das ondas do mar (poucos centímetros a mais).

Mas há ainda mais um pormenor a que devem estar atentos. Além de estar uma Super-Lua, já por si aparente-mente maior que o normal, outro fator tornará a Lua aparentemente ainda muito maior.

Todos os dias, ao pôr-do-Sol, ou melhor, ao nas-cer da Lua, a Lua no horizonte parece bastante maior do que quando está por cima de nós. Há quem diga que a Lua aparenta ter um tamanho 50% maior do que quando está por cima de nós. Esta é uma enorme diferença de aparência! Os motivos têm a ver com uma ilusão ótica, e como tal, a Lua realmente parece muito maior.

Ou seja, recapitulando: - a Lua na realidade não muda de tamanho. Mas a aparência dela vista da Terra depende do sítio onde ela está em relação à Terra. - hoje teremos Lua Cheia, ou seja uma Lua grande no céu. - na sua órbita normal, a Lua vai hoje estar mais perto da Terra, o que faz com que se pareça ainda maior que o habitual. - se olharem para a Lua quando ela nascer e esti-

ver no horizonte, a somar ao tamanho aparente acima, ela parecerá ainda mais 50% superior ao normal.

Conclusão: hoje, não percam a super-super-super-Lua! Tentem vê-la por volta das 19h de Portugal. Ela parecerá ENORME no horizonte!

Carlos Oliveira

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Volume 2 Edição 5 ESPECIAL

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“Esta semana, o “Objecto da Semana” na Casa das Ciências julgo que será do agrado dos utiliza-dores desta “casa”. Chama-se “Efemérides e Esta-ções do Ano“. Brinquem lá um bocadinho com ele e digam o que vos parece…” – Diana Barbosa, Bió-loga e colaboradora do astroPT.

Respondi a este desafio de jogo, já que Leibniz aconselhava com vincada veemência que… faça-mos uso de todos os jogos, que brinquemos com os objectos, para compreendermos a Matemáti-ca.

Muita, e boa gente, reduz a Matemática à sua expressão algébrica, ou aritmética, ou geométri-ca. Será, a Matemática, antes, a zona de intersec-ção destas suas 3 facetas. Mas, e será só?

Música é Matemática, prossegue Leibniz, impará-vel, a jogar os jogos dos objectos, dotando-a da sua genuína expressão Universal, como já Pitágo-ras o fizera. E, quando vemos a Lua Cheia, ou o próximo QUARTO crescente, ou qualquer fase da Lua, estamos, de facto, a fazer uma observação Mate-mática.

Dizemos em que forma geométrica se constitui a quarta parte dum ciclo. Crescente ou minguan-te. Estamos até a ser sofisticados, apenas não o notamos porque o fazemos com toda a naturali-dade. Mais complexos, mesmo extremamente complexos e sofisticados, só o estaremos a ser quando estivermos a… cantar.

Veio esta divagação a propósito deste jogo de Astronomia divulgado pela também imparável Casa das Ciências. Nele, o jogador tem a ganhar uma excelente noção das Estações do Ano e das Efemérides tais como os Equinócios, Solstícios, Eclipses do Sol e da Lua e as Fases da Lua. Nas salas de aulas, este jogo tem inúmeras poten-cialidades, assim, alunos e Professores podem verificar de forma simples e graficamente conse-guida, as causas dos ciclos lunares, a proporção dos movimentos relativos da Terra e da Lua; afi-nal darem-se conta, de forma também muito acertada, de fenómenos que verificamos quase todos os dias, e noites.

Esta ligação entre a experiência diária e a abstrac-ção Matemática é sem sombra de dúvidas, funda-mental.

Para além de se criar um ambiente apelativo e criativo nas aulas, convenhamos, por vezes um tanto enfadonhas, torna-se a Matemática o que ela é na sua verdade profunda: divertida e imagi-nativa.

De acordo com a melhor orientação dos Professo-res, este jogo pode despoletar toda uma série de exercícios divertidos e que os alunos encontram como fácil referência no seu mundo natural. Em que latitude estamos, por exemplo. Como influencia a nossa posição geográfica, as observa-ções que fazemos. O que é, no fundo, o pôr-do-sol. Há algum ângulo recto observável na luz des-

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EDUCAÇÃO Maio 2012

Divagação das Estações – um jogo para as

salas de aulas

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ta estrela, ou ainda, porque temos a sensação de 3 dimensões num gráfico de 2, ou, ainda, daqui partir para questões mais elaboradas mas igual-mente apaixonantes.

Ou uma questão bem mais simples, há estrelas no céu durante o dia, a começar pelo Sol? Porque é o pôr-do-sol amarelo ou encarniçado e não quase branco? Porque mudam o Sol e a Lua de cor consoante os factores que influenciam o observador? E porque não convidar o Professor de História, o de Geografia, e o de Português para virem ajudar a Matemática?

Usando ferramentas como esta, inserindo a sua aplicabilidade na melhor ocasião de acordo e em complemento dos objectivos de aprendizagem, é possível tornar as aulas sempre divertidas e inte-ressante tanto para alunos como Professores. Eis algumas das potencialidades deste jogo.

Basta entrar nele e jogá-lo, que desde logo um Docente tem melhor capacidade de verificar qual o seu melhor uso nas salas de aula.

O jogo pode ser acedido “offline” nas salas de aula, através da Casa das Ciências e está suporta-do informaticamente pela conhecida aplicação de acesso livre Java. Deverão, nessa ocasião como nesta, referir o nome do autor Gilbert Castebois, mostrar aos alunos que o seu nome também está referido no aplicativo divulgado pela Casa das Ciências. É que, nesse caso, também estarão a dar uma excelente ilustração da Ética da referência dos autores.

Então podemos convidar mais um amigo da Matemática: o Professor de Filosofia. E, todos juntos, podem verificar a questão das proporções. É que neste jogo tal como nos manuais escolares, por necessidades imperiosas do grafismo e das ilustrações, não é possível desenhar a Lua, o Sol e Terra nas proporções cor-rectas das suas dimensões e distâncias.

Assim, socorri-me dum Palestra do conhecido

Astrofísico Neil DeGrasse Tyson, que resumo des-ta forma simples.

Caso a Terra tenha um diâmetro de 5 centíme-tros, eis como deverão comparar o Sol, a Lua, e as respectivas distâncias. Para valores aproxima-dos podem usar uma bola de pingue-pongue.

Tamanho da Lua: 1,3 centímetros, ou um berlin-de pequeno. Distância da Terra à Lua: 1,5 metros, segurem as 2 esferas uma em cada mão e afastem os braços até estarem totalmente esticados. Tamanho do Sol: uma bola do tamanho duma “mini-van”, com 5 metros de comprimento. Distância da Terra ao Sol, que será do compri-mento de 6 campos de futebol, ou 550 metros. Tempo que luz demora da Lua à Terra: ~1 segun-do. Tempo que luz demora do Sol à Terra: ~8 minu-tos.

E basta ir ao jogo, para ver logo imediatamente a nossa posição (da Terra) em relação à Lua e ao Sol na altura em que entrarmos (muda depen-dendo da altura que entramos e do sítio onde estivermos).

Espero que tenham gostado, e que sobretudo tenham aulas divertidas. Para terminar, junto a hiperligação para o jogo (e o programa Java).

Manel Rosa Mar-tins

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

PUB

AstroPT

alojado por: Grifin

http://www.grifin.pt/

Page 14: astroPT Maio2012

O site 9gag publicou umas imagens engraçadas sobre as esca-las no Univer-so. Na 1ª ima-gem, vê-se o planeta Terra que parece enorme, no entanto ao comparar-se com o Sol percebe-se que o planeta é pequenino e o Sol enor-me, e a seguir percebe-se que o Sol é minúsculo comparado com outras estrelas. Carlos Olivei-ra [NR: veja mais imagens no blog. Para isso clique aqui]

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EDUCAÇÃO Maio 2012

Terra PequenaTerra Pequena

Page 15: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

ESA promove as vantagens ESA promove as vantagens

espaciaisespaciais

A Agência Espacial Europeia (ESA) vai criar uma

campanha para mostrar como as experiências na

Estação Espacial Internacional nos beneficiam no

dia-a-dia. Podem ler mais sobre isto, aqui.

Das milhares de tecnologias que utilizamos, e que

nem nos damos conta que foram desenvolvidas

devido à exploração espacial, encontra-se por

exemplo, o termómetro no ouvido.

Carlos Oliveira

PUB

Page 16: astroPT Maio2012

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EDUCAÇÃO Maio 2012

Em maio, a menor das 88 constelações reco-

nhecidas pela União Astronômica Internacio-nal alcança sua maior altura no céu nas pri-

meiras horas da noite. Trata-se do Cruzeiro do

Sul, que apesar de pequena é uma das mais famosas constelações, sendo estampada até

em bandeiras de algumas nações.

Sua estrela principal tem dois nomes bem

conhecidos. Acrux e Estrela de Magalhães.

Acrux é a contração de “A” com “Crux”. “A” porque essa estrela é a mais brilhante do Cru-

zeiro do Sul, designada como “alfa” pelo astrô-

nomo Johannes Bayer, responsável por essa nomenclatura de dar letras gregas às estrelas

conforme o brilho. “Crux” porque trata-se do

nome oficial da constelação (usa-se o latim para denominá-la).

Essa ideia

de juntar a

letra corres-pondente

da estrela

na nomen-clatura com

o nome da

constelação veio do

astrônomo

americano Elijah Burritt

no século

XIX. Naque-la época

esse nome

alternativo só era res-

trito aos seus atlas, ganhando uso geral

somente em meados do século XX.

Podemos encontrar exemplos parecidos na

própria constelação do Cruzeiro do Sul (Becrux

e Gacrux) e também na constelação do Triân-gulo Austral (Atria).

Já o nome “Estrela de Magalhães” é uma homenagem ao navegador Fernão de Maga-

lhães, pioneiro da circunavegação. É um dos

poucos casos de nomes portugueses num uni-verso em que os nomes das estrelas são ára-

bes, gregos, latinos e chineses em sua maioria.

Um nome alternativo, também em português,

é “Magalhânica”.

Saulo Machado

Acrux, por que te chamam assim?

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

Texto publicado no jornal O Baluarte de Santa Maria no âmbito do projecto Ciência na Imprensa Regional

Existem três espécies de elefantes no mundo: o ele-fante-da-savana (Loxodonta africana), o elefante-da-floresta (Loxodonta cyclotis) e o elefante-asiático (Elephas maximus). E como eram aquelas espécies que já desapareceram? Existem muitos fósseis que permitem conhecermos melhor o seu aspecto. Mas, seria o seu comportamento comparável ao dos ele-fantes actuais? Sabe-se que hoje os elefantes têm uma estrutura social complexa, com segregação sexual e centrada em grupos matriarcais. Há quanto tempo é que este comportamento existe?

O comportamento dos animais extintos é difícil de estudar porque, ao contrário dos seus ossos, cara-paças ou concha, não fossiliza. No entanto, algumas pistas muito raras dão-nos, por vezes, a conhecer vislumbres dos hábitos dos animais extintos.

Este é o caso de uma recente descoberta feita num local chamado Mleisa, nos Emirados Árabes Unidos, por uma equipa internacional liderada por Faysal Bibi, hoje a trabalhar na Universidade Humboldt em Berlim. Este paleontólogo e a sua equipa descobri-ram uma pista com muitas pegadas fossilizadas de Proboscídeos, a família a que pertencem os elefan-tes.

Porque é que esta descoberta é tão interessante? Porque o número e disposição das pegadas permite-nos inferir muito acerca do comportamento social dos animais que por aquele local passaram há entre 6 a 8 milhões de anos.

O primeiro facto que esta descoberta nos transmite é que as pegadas seriam dos antepassados dos actuais elefantes, que se estima terem divergido há cerca de 6 milhões de anos. Depois, com base no

tamanho e espaçamento das pegadas dos pelo menos 13 indivíduos, foi possível estimar o tama-nho dos animais, que resulta ser comparável ao dos elefantes africanos.

No que diz respeito ao comportamento, o facto das pistas serem paralelas, indica que os animais esta-vam a viajar lado a lado, em grupo e, portanto, já teriam alguma estruturação social. Há ainda uma outra pista, de um animal solitário, que se cruza com as demais. Este animal era maior, pelo que os autores especulam que poderia ser um macho. A confirmarem-se as suspeitas de que a manada era constituída por fêmeas (a distribuição de tamanhos sendo similar à das manadas actuais) e que o animal solitário era um macho, isto implica que os elefan-tes ancestrais já viviam de forma similar à das espé-cies atuais e, portanto, que o seu sistema social tem uma história bem longa.

Procuram-se, pois, novas pistas de elefantes para continuar a reconstrução da evolução do comporta-mento social!

Referências:

Bibi, F. et al. (2012). Early evidence for complex social structure in Proboscidea from a late Miocene trackway site in the United Arab Emirates. Biology Letters DOI 10.1098/rsbl.2011.1185

In the footsteps of prehistoric elephants

Diana Barbosa

Elefantes

do Passado

Reconstrução da manada de Mleisa 1, tendo como base a espé-

cie Stegotretrabelodon como origem das pegadas (© Mauricio

Antón)

Page 18: astroPT Maio2012

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EDUCAÇÃO Maio 2012

Já toda a gente sabe que a Profecia Maia é uma

enorme treta que os vigaristas andam a tentar

impingir aos mais crédulos. Os próprios descenden-

tes dos Maias o confirmam: é tudo um disparate

com o único intuito de algumas pessoas fazerem

dinheiro à custa de mentiras.

Já explicamos tudo sobre o suposto fim-do-mundo

em 2012, aqui.

Agora, uma descoberta feita por arqueólogos veio

de uma vez por todas demonstrar que os Maias uti-

lizavam calendários ainda mais longos, e que aque-

les que dizem que os Maias pensavam numa grande

destruição nesta data estão só a vigarizar a popula-

ção!

E notem, como sempre, TODAS AS DESCOBERTAS,

TODO O CONHECIMENTO, é-nos dado pelos cientis-

tas (ou por artistas, por exemplo, se estivermos a

Encontrado calendário Maia mais antigo

de sempre, com implicações para o fim do

mundo!

Page 19: astroPT Maio2012

falar de belíssimas obras de arte; ou por outras

pessoas que utilizam métodos credíveis em ciên-

cias sociais, como psicologia, sociologia, educa-

ção, etc). Mas NUNCA pelos vigaristas pseudos –

esses NUNCA descobrem coisíssima nenhuma,

porque só têm por objectivo inventarem menti-

ras.

Neste caso, foi descoberto o calendário Maia

mais antigo de sempre.

Este calendário data do ano 813, e foi pintado

nas paredes de uma habitação que se encontra-

va na cidade de Xultún, na actual Guatemala.

O calendário regista ciclos lunares e planetários.

Este calendário atira completamente ao lixo a

ideia do fim do mundo em 2012, já que essa

ideia baseia-se em 13 ciclos (b’ak’tun) do calen-

dário Maia, quando na verdade ele tem 17

ciclos!

Este calendário é centenas de anos mais antigo

que os Códices Maias (1250), e prova que os “13

ciclos” foram somente uma manipulação poste-

rior.

Quem acredita nas supostas profecias Maias,

então agora é obrigado a perceber que os

Maias mostram que nada de importante acon-

tecerá na sociedade, no mínimo, por mais

alguns milhões de anos.

Pelo contrário, todas as mudanças serão, como

sempre, graduais.

“Pela primeira vez vemos o que podem ser regis-

tos autênticos de um escrivão, cujo trabalho

consistia em ser o encarregado oficial de docu-

mentar uma comunidade Maia”, disse William

Saturno.

Pelos vistos, as paredes eram utilizadas por este

escrivão como um quadro negro das escolas,

para resolver problemas matemáticos. Este

quarto parece assim ter sido utilizado para tra-

balho (ou reuniões), para documentar os ciclos

celestes.

Os cientistas continuam por lá a estudar outras

possíveis descobertas nas redondezas. “Ainda

nos resta explorar 99,9% de Xultún”, disse Wil-

liam Saturno. Ou seja, muitas mais descobertas

estarão à espreita…

Mas uma coisa é certa: a vigarice do fim-do-

mundo em 2012 está definitivamente enterra-

da!!! Menos para os vigaristas, claro… que conti-

nuarão a explorar as pessoas com mentiras com

um único objectivo económico. E menos para

este tipo de pessoas, como neste comentário,

que obviamente não lêem o artigo, mas comen-

tam continuando a acreditar na sua crença

infundada!

Estes calendários Maias representam uma forma

diferente de olhar o mundo.

William Saturno conclui: “Os antigos maias pre-

viam que o mundo ia continuar e que daqui a

7000 anos as coisas iriam ser exactamente

como agora. Continuamos sempre à procura de

fins para as coisas. Mas os maias procuravam

uma garantia de que nada iria mudar. Tinham

uma forma de pensar completamente diferen-

te.”

Leiam mais, no Público, Terra, The New York

Times, Live Science, National Geographic.

Por uma questão de transparência de informa-

ção, deixem-me dizer que eu já tinha conheci-

mento disto, porque o David Stuart, um dos ele-

mentos principais da equipa, faz parte aqui da

Universidade. Mas não escrevi qualquer post

antes, porque esperei pela saída do artigo cientí-

fico na Science. Podem ler o artigo, aqui.

Carlos Oliveira

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

Page 20: astroPT Maio2012

No post anterior foi abordada a utilização de desenhos no solo, de chips e outras coisas por parte de extra-terrestres para se comunicarem. “Uma civilização avançada produziria circuitos integrados semelhantes aos nossos? Estranho… A tecnologia deles, segundo os próprios crédu-los em visitantes espaciais, deveria estar anos-luz à frente da nossa.”, “Os soldados chineses tinham um meio de comunicação mais eficien-te. Com sinais de fumaça transmitiam mensa-gens por centenas de quilómetros através da Grande Muralha”. No entanto “Há quem discor-de. Uma revisão dos casos OVNIs desde 1970 organizada por Peter Sturrock, professor de físi-ca da Universidade de Stanford, chegou à con-clusão de que “pode ser útil avaliar cuidadosa-mente os relatórios sobre OVNIs para extrair informações sobre fenômenos incomuns atual-mente desconhecidos pela ciência.””.

Agora vem a terceira e última parte deste traba-lho realizado pelo nosso leitor Filipe Leonardo.

Outro projeto da força aérea americana para o estudo de OVNIs foi o Project Blue Book encer-rado em 1970 com base nas conclusões do Pro-jeto Colorado [12]. Desde então ficou comum encontrarmos nos textos de departamentos de física um esclarecimento sobre OVNIs como este da já citada UFRGS:

A maioria dos OVNIs, quando estudados, resul-tam ser fenômenos naturais, como balões,

meteoros, planetas brilhantes, ou aviões milita-

res classificados. De fato, nenhum OVNI jamais

deixou evidência física que pudesse ser estuda-

da em laboratórios para demonstrar sua origem de fora da Terra. [1]

Talvez essa minoria dos OVNIs restantes que não podem ser identificados intrigue pessoas

como Peter Sturrock e o físico teórico Michiu

Kaku, responsável por trabalhos com a Teoria das Cordas. Michiu declara em uma publicação

em seu site:

“as investigações sobre OVNIs que podem ser originários de outro planeta são, por vezes, o

“third rail” da carreira científica de alguém. Não

há qualquer financiamento para um olhar sério para objetos não identificados no espaço (…)

Além disso, talvez 99% de todos os avistamen-

tos de OVNIs pode ser descartado como sendo causado por fenômenos conhecidos, como o

planeta Vênus, gás do pântano (que pode bri-

lhar no escuro sob certas condições), meteoros, satélites, balões meteorológicos, ou ainda ecos

de radar que ricocheteiam em montanhas. (O

Página 20

EDUCAÇÃO Maio 2012

A gênese da ignorância sobre A gênese da ignorância sobre

alienígenas e OVNIs III alienígenas e OVNIs III –– Os Os

Identificados não são OVNIS Identificados não são OVNIS

Page 21: astroPT Maio2012

Página 21

Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

que é perturbador, para um físico entretanto, é

o 1% restante destes avistamentos, que são vários avistamentos feitos por vários métodos

de observações. Alguns dos avistamentos mais

intrigantes foram feitos por pilotos experientes e passageiros a bordo de linhas de vôos que

também foram monitorados por radar e filma-

dos. Avistamentos como este são mais difíceis de descartar.)” [13]

Por outro lado, é plenamente compreensível que após do Projeto Colorado as instituições

científicas não se inte-

ressem mais por pes-quisar OVNIs, o dinhei-

ro para tais pesquisas

na maioria das vezes sai do cidadão comum que

paga impostos, e a

declaração do Dr. Edward U. Condon de

que “estudos mais

extensos sobre OVNIs provavelmente não

podem ser justificados

na expectativa de avan-ços científicos” deve

pesar na hora de dar

destino ao dinheiro público. Normalmente

o investimento quando

a questão é vida fora da Terra acaba indo parar em projetos que certamente produzirão avanços

científicos, como por exemplo, o Telescópio

Espacial Kepler, que está produzindo resultados fantásticos e revolucionando o campo de exo-

planetas [14].

O efeito colateral dessa polêmica entre estudar ou não OVNIs, e a prevalência de poucos estu-

dos sobre os tais, parece ser o fermento para as

alegações fantásticas sobre alienígenas. Ao gigante Atlas era atribuída a tarefa de sustentar

a Terra em seus ombros, e essa alegação

extraordinária poderia ter ficado em pé eterna-

mente se Newton não demonstrasse que maçãs e planetas “caem” pelo mesmo motivo.

A ciência é a vela no escuro. Onde falta a sua luz sobram alegações fantásticas. Talvez esses

demônios da nossa ignorância sejam o indício

de que faltam estudos sobre OVNIs. Resta saber se é coerente estudá-los com o dinheiro que sai

do nosso bolso.

[12]U.S. Air Force Fact Sheet http://www.af.mil/information/factsheets/factsheet_print.asp?fsID=188&page=1

[13]The Physics of Interstellar Travelhttp://mkaku.org/home/?page_id=250

[14] Kepler Telescope http://kepler.nasa.gov/ Dário Codinha

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Na passada sexta feira celebrou-se mais um ano do nascimento de um dos maiores físicos de todos os tempos: Richard Feyn-man Richard Phillips Feynman (11 de Maio de 1918 – 15 de Febreiro de 1988) foi um físico americano conhecido pelos seus trabalhos sobre: os caminhos de integra-ção funcional na mecânica quân-tica; a teoria da electrodinâmica quântica; na física da superfluidez do super arrefe-cimento do Hélio líquido; e na física das partículas. Pela sua contribuição para o desenvolvi-mento da electrodinâmica quântica, Feynman,

em conjunto com Julian Schwin-ger e Sin-Itiro Tomonaga, recebeu em 1965 o Prémio Nobel da Físi-ca [1]. Ele também desenvolveu uma representação esquemática das expressões matemáticas que governam o comportamento das partículas subatómicas, onde mais tarde ficaram conhecidas pelos diagramas de Feynman. Durante a sua vida, Feynman tor-nou-se num dos cientistas mais conhecidos no mundo. Numa son-dagem de 1999, do British journal Physics World, com o nome de 130 físicos mundiais, Feynman foi incluído nos dez primeiros físicos

de todos os tempos [2].

[1] Página

dos Prémios Nobel

[2] Wikipedia (12-05-2012)

Eis uma playlist com palestras e entre-vistas que poderá ver aqui. [Veja também a suges-tão de livros nos comentários]

Mais vídeos aqui.

José Gonçalves

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EDUCAÇÃO Maio 2012

Richard Feynman Richard Feynman

Neste diagrama de Feynman, um electrão e um positrão aniquilam-se, produzindo

um fotão (representado pela linha azul) que se tornará num par quark-antiquark. A

seguir um irradia um gluão (representada pela espiral verde). Crédito: Wikipedia

Page 23: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

Normalmente diz-se que o planeta Terra na ver-dade devia-se chamar Planeta Água, devido à quantidade de água existente. Mas a verdade é que a água de que falamos é

aquela à superfície. No seu todo, os outros mate-riais estão em larga maio-ria.

Vejam esta imagem do U.S. Geological Survey, em que compara a quan-tidade de água existente na Terra com a quantida-de de Terra que é feita de outros elementos.

A “bola de água”, a quan-tidade de água, é mínima

em relação ao resto. Agora vejam esta imagem que compara a quan-tidade de água doce, com a quantidade de água total, e com a totalidade de elementos na Terra. Leiam mais sobre isto, aqui e aqui.

Carlos Oliveira

Água na TerraÁgua na Terra

Page 24: astroPT Maio2012

Algol é conhecida como a estrela-demónio.

Em 1667, o astrónomo Geminiano Montanari observou a estrela Algol e notou que ela variava de brilho. Em 1782, o astrónomo amador britânico John Goodricke, obser-vou Algol e confirmou que a estrela variava de brilho com um período fixo (2,867 dias). De for-ma brilhante, ele teorizou que seria um objecto a passar em frente da estrela, diminuindo-lhe o brilho – e então o que ele esta-ria a ver seria a estrela a eclipsar-se. Em 1783 ele apresentou as suas brilhantes deduções na Royal Society. Em 1881, Edward Charles Pickering confirmou que se tratava de uma estrela binária – duas estrelas a orbitarem-se mutuamente: Algol A e Algol B.

Mas sabe-se agora que estes não foram os pri-meiros a observar esta estrela binária, que se encontra a 93 anos-luz da Terra. Mais de 3000 anos antes, já os Egípcios observa-vam este sistema binário.

Investigadores analisaram o chamado Calendá-rio Cairo, que data de 1200 a.C, e repararam em dois ciclos: de 29,6 dias (devido à Lua), e 2,85 dias (que os investigadores dizem que se trata do sistema Algol). Parece assim que os Egípcios já se tinham dado conta das variações de brilho em Algol.

Na verdade, sabe-se agora que Algol não é um

sistema binário mas sim múltiplo, com Algol A e Algol B a orbitarem muito perto uma da outra, e com uma 3ª estrela, Algol C, a orbitar estas duas muito mais longe.

O mais interessante disto é que os astrónomos pensavam que a 3ª estrela iria abrandar a perio-dicidade da diminuição do brilho do sistema. Desde a observação de Goodricke não era possí-vel testar se isto se confirmava. Mas após mais de 3000 anos da observação dos Egípcios, é pos-sível ver as diferenças. E sabemos agora que há 3200 anos a periodicidade de variação do brilho era de 2,85 , o que é menor que os 2,867 medi-dos pelo Goodricke, provando que a periodicida-de ficou mais lenta.

Leiam aqui, aqui, e aqui.

Carlos Oliveira

Página 24

EDUCAÇÃO Maio 2012

Estrela demónio observada por Estrela demónio observada por

Egípcios há 3200 anos Egípcios há 3200 anos

Page 25: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

17 de Maio de 1969: a sonda soviética Venera 6 chega a

Vénus.

Os mais de 460ºC e uma pressão atmosférica 90 vezes

superior à da Terra não foram nada simpáticos para com

esta sonda que foi severamente danificada antes de che-

gar à superfície venusiana. Transmitiu dados científicos

durante 51 minutos de queda livre pela densa atmosfera do

planeta mais quente do Sistema Solar, percorrendo 38

quilómetros.

Se houvesse um Inferno no nosso sistema solar seria cla-

ramente Vénus:

gotas de ácido

sulfúrico caem do

céu mas não

chegam a beijar

o chão, a elevada

temperatura eva-

pora-as antes de

lá chegarem. Miguel Gonçal-ves.

Venera 6 Venera 6

Há muitos mas muitos anos atrás, muito antes da existên-cia do Homem Moderno, o chamado Homo sapiens sapiens, andava um nosso antepassado bastante curioso com o mundo que o rodeava. E achou por bem pegar em pequenos pedaços de madeira e começar a usá-los como fer-ramentas para ajuda em pequenas tarefas diárias. Este cientista da era pré-histórica nem sequer imagina-va o que era a ciência, o pensa-mento crítico, ou sequer o que eram descobertas fantásticas, mas já denotava um espírito científico. Claro que nessa altura já exis-tiam pseudos e demais trolls, que obviamente negavam a existência desse pau, mesmo até quando o tiveram na pró-

pria mão. Para estes, o mundo devia ser como sempre foi, sem novidades. A estagnação era óptima para eles. Assim poderiam continuar a controlar o que os outros faziam, através de mentiras conspiratórias e estórias sem nexo. O certo é que a ferramenta de pau teve sucesso na maior par-te da tribo. A descoberta cien-tífica fez evoluir toda a tribo para patamares nunca antes vistos. A ciência tecnológica revolucionou a sociedade da altura. E os pseudos, apesar de não acreditarem na evolução, tiveram que evoluir para outro tipo de conspirações e negação de outras evidências. Muitos anos depois, já com muita gente da altura a utilizar ferramentas, mais um momen-to “mágico” (os momentos

mágicos são-nos dados pela ciência). Claro que pelo caminho existi-ram imensos momentos des-tes, mas eu não posso escrever 50 páginas de texto… por isso, reporto-me só a alguns momentos. E neste caso, o momento foi de luz. Mais um cientista pré-histórico que não sabia o que era ciên-cia, mas o certo é que a sua curiosidade e a sua procura de conhecimento levou-o num momento de sorte e alguma inspiração (o tipo certo de “instrumentos”) à descoberta do fogo. Mas fogo, por si só, não traz muitas vantagens. É preciso controlá-lo. E foi assim que este cientista com mais alguns dos seus amigos, estu-daram, observaram, fizeram

História do Conhecimento História do Conhecimento

Page 26: astroPT Maio2012

experiências, testaram, previ-ram, etc, até terem a certeza de como poderiam criar por si próprios o fogo e controlá-lo da melhor forma possível. E assim, há centenas de milha-res de anos atrás, provavel-mente a mais importante des-coberta de sempre tomou con-tornos excepcionais. Tudo devido à mente científica de alguns génios. A sociedade, como sabemos, nunca mais foi a mesma. Agora já se tinha luz à noite, já se podia afugentar animais, já se podia cozinhar alimentos, entre muitas outras vantagens revolucionárias que o fogo trouxe. Mas não se pense que todos aceitaram estas mudança. Os pseudos e demais trolls da altura, fartaram-se de negar este feito assombroso. Mesmo com o fogo a arder à sua fren-te, mesmo com os cientistas a mostrarem-lhes como faziam e controlavam o fogo à sua fren-te, os pseudos negavam tudo. Para eles, era tudo magia vinda de deuses do mal. E por isso, os cientistas pré-históricos foram muito provavelmente deitados na sua própria foguei-ra. O objectivo era simples: continuar com a estagnação mental e tecnológica da socie-dade. Um povo que soubesse fazer fogo detinha conheci-mento que os ignorantes pseu-dos nunca teriam capacidade mental para deter. Por isso, os pseudos inventaram deuses maus que seriam os responsá-veis pelo fogo, e incutiram o medo nas pessoas de que conhecimento e desenvolvi-mento eram péssimos para elas (para as pessoas). Simulta-neamente inventaram que o

“fogo controlado” era tudo uma conspiração, um rumor, mas que não era verdade. Os pseudos tornaram-se trolls, que incutiam medo nas pes-soas e fartavam-se de dizer dis-parates, de modo a não deixar que o conhecimento real dos assuntos fosse divulgado. O certo é que o controlo do fogo prevaleceu quando cada vez mais pessoas perceberam que era a realidade. O conheci-mento científico melhorou consideravelmente a vida das pessoas. E os pseudos, apesar de não acreditarem na evolu-ção, tiveram que evoluir para outro tipo de conspirações e negação de outras evidências. Com ferramentas, fogo, e mais algumas invenções proporcio-nadas por mentes científicas, eis que muitos milhares de anos depois, alguns génios começaram a debater a razão da chuva. Até esta altura, a única razão apresentada tinha sido pelos pseudos: a chuva era criada pelo Deus da Chuva. Quando o Deus estava zangado connos-co, apanhávamos com tempo-rais. Quando estava satisfeito connosco tínhamos dias lindís-simos de Sol. A seguir os pseu-dos mentiram de que se podia controlar esse Deus com sacri-fícios. Seguidamente disseram que só eles tinham uma linha directa com esse Deus para o influenciarem da melhor for-ma. Estes com linha directa tinham agora um maior poder sobre todos os outros, porque supostamente tinham o poder de influenciar se iria chover ou não. E o povo, que vivia do cul-tivo, precisava de chuva. E por isso o povo passou a depender desses que, nada percebendo

de chuva, diziam que domina-vam o Deus da Chuva só para poder controlar o resto da população. Ou seja, apesar de serem ignorantes sobre o assunto, esses fizeram-se supe-riores aos outros… fazendo com que a sua ignorância sobre os temas fosse visto por aqueles mentalmente inferio-res como algo importante. Eles assumiram que as opiniões desinformadas deles eram superiores ao conhecimento dos assuntos. Estes pseudos auto-promoviam-se como aci-ma de todos os outros, porque só eles tinham acesso à infor-mação dada pelo Deus da Chu-va. Tudo o que fosse tentar explicar a chuva de forma racional, era visto pelos pseu-dos como um ataque ao poder que eles detinham. Todos aqueles que tentassem saber um pouco mais de meteorolo-gia seriam ameaçados e ataca-dos pessoalmente, porque o objectivo era manter o status quo. A informação era manipu-lada de modo a se continuar a controlar a população ignoran-te. Os pseudos não sabem como se produz a chuva, nem querem saber, porque o único objectivo deles é continuarem a sentirem-se privilegiados. É óbvio que isto não satisfez as mentes mais curiosas da altu-ra. Afinal, dizer que é o Deus da Chuva ou um coelho é a mesma coisa: não é qualquer explicação, mas sim só atirar um nome ao ar. As mentes mais científicas começaram a detectar alguns padrões: por exemplo, a chuva parecia ser muito mais fre-quente quando existiam mais nuvens no céu e quando estas eram até em tons mais negros.

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EDUCAÇÃO Maio 2012

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

Os pseudos, após inicialmente negarem a existência de nuvens, finalmente disseram que o Deus da Chuva se escon-dia atrás dessas nuvens. Mas os cientistas da altura tinham o péssimo defeito de fazer per-guntas com toda a lógica, como por exemplo: porque esse Deus é tão tímido? E por-que esse Deus precisava de nuvens para criar a chuva? Será que ele era tão pouco poderoso e tão dependente das nuvens, que nem conse-guia criar água sozinho? Durante séculos as mentes mais curiosas debateram possí-veis explicações para a chuva, até que por fim lá a consegui-ram compreender. E, afinal, não existia qualquer Deus da Chuva. Mais uma vez, os pseu-dos estavam enganados. Mais uma vez, os pseudos só esta-vam interessados em enganar as pessoas e incutir-lhes medo. Mais uma vez, a ciência promo-veu a democratização do conhecimento (toda a gente pode compreender como a chuva é criada, bastando para isso informar-se sobre o tema), atirando a tirania do obscuran-tismo pseudo para a sarjeta. Há quase 2500 anos atrás, um génio de nome Aristósteles, provou através da observação que a Terra era redonda. Até aí, prevalecia a versão pseudo de estarmos de pé sobre um enorme objecto pla-no. Mas Aristóteles através de 3 simples observações provou que, ao contrário do que diziam aqueles que suprimiam o conhecimento, a verdade era que a Terra era redonda. A notícia veio abalar o mundo. Os pseudos negaram esse

conhecimento. Para eles, era impossível o planeta ser redon-do, já que se fosse, “do outro lado” as pessoas cairiam. Os pseudos não quiseram saber das evidências, não quiseram saber das observações. Sim-plesmente negaram as obser-vações, porque punham em causa as suas crenças pessoais. Centenas de anos depois tive-mos a chamada Idade das Tre-vas. Esta é uma altura em que as mentes curiosas, científicas, foram colocadas de lado. Aqueles que buscavam o conhecimento eram apontados a dedo pela sociedade, e eram severamente punidos. Esta foi uma altura de total obscurantismo, onde as superstições, as crenças pes-soais, as pseudo-explicações, e as vigarices eram rainhas. Um povo ignorante é mais facilmente controlado, por isso quem lucrou com todas as mentiras foram aqueles que pertenciam à classe dirigente. Anos depois aconteceu a era a que se chama de Descobrimen-tos. As mentes curiosas, científicas, que viam mais além, queriam descobrir novos mundos, que-riam explorar o planeta, que-riam dar novos mundos ao mundo. Já os pseudos diziam para se ter cuidado, porque existiam muitos monstros nos mares, e era melhor ficarmos quietinhos sem aprender nada de novo. Os “Velhos do Restelo” existem em todas as eras. O certo é que o espírito empreendedor dos Humanos não pode ser enjaulado. E assim, as descobertas não se fizeram esperar.

Inicialmente, os pseudos nega-ram tudo. Afinal, para eles, não se podia atravessar os mares. Mas à medida que as evidên-cias se tornaram de tal maneira claras que nem eles teriam o desplante de negarem, tiveram então que se resignar. Passa-ram a negar outro tipo de evi-dências, e a continuar a incutir medos infundados nas pessoas com outras estórias para enga-nar os mais ignorantes da sociedade. Pouco depois, uma invenção holandesa foi parar às mãos de um italiano, que a usou para satisfazer a sua curiosidade sobre os céus. Galileu provou, entre outras coisas, que nem tudo no Uni-verso andava à volta da Terra (por exemplo, as 4 grandes luas de Júpiter), e por isso o geocentrismo estava errado. Esta mente científica chamou seguidamente os governantes da altura para olharem pela sua luneta. Os governantes de mentalidade pseudo não acre-ditavam no que viam. Mas sabiam que o que estavam a ver ia contra as suas próprias crenças e ia contra o status quo (porque deixavam de poder controlar as pessoas com mentiras). Sendo assim, tal como está documentado, os pseudos negaram as evidên-cias. Entre a realidade e as suas crenças pessoais, negaram a realidade. Entre o que o Uni-verso nos mostra e aquilo que eles gostariam que o Universo mostrasse, eles seguiram a via de que os seus desejos esta-vam acima das regras do Uni-verso. E por tudo isto, a mente cientí-fica, quem dizia a verdade, foi considerado culpado de querer

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fazer evoluir o mundo e foi condenado. Os pseudos prefe-rem que o mundo esteja estag-nado. Mais recentemente, tivemos uma série de desenvolvimen-tos matemáticos, científicos (alguns exemplos, juntamente com a electricidade, gravidade de Newton, electromagnetis-mo, raios-x, ondas rádio, luz ultravioleta, espectroscopia, etc), que nos fez compreender o universo à nossa volta. Claro que estas descobertas foram trabalhadas e desenvol-vidas por cientistas, por aque-les que procuram ter mais conhecimento; e nunca por pseudos que só sabiam vigari-zar as pessoas assustando-as com “energias invisíveis” que existiam no ar e que iam afec-tar negativamente a vida das pessoas. Newton, como todos os outros cientistas, passaram décadas da sua vida a tentar compreen-der e provar matematicamente (por 2+2=4) a realidade do mundo em que viviam; já quem crê nos pseudos, segue uma crença em vigarices pen-sadas em 5 minutos e coloca-das modernamente na inter-net. Newton, como todos os outros cientistas, compreenderam que tem que haver uma avalia-ção independente imparcial e rigorosa dos seus resultados, que possa ser provada por todos; já aqueles que entram na internet para dizer dispara-tes acham que as suas opiniões pessoais dos assuntos estão acima de qualquer conheci-mento objectivo que possa haver sobre esse assunto. Ou seja, como sempre, os cien-tistas tudo fizeram para tentar

compreender melhor o mundo e assim desenvolver a socieda-de proporcionando um maior conhecimento e conforto à Humanidade, enquanto os pseudos limitaram-se a negar esse conhecimento (praticamente negando que 2+2=4) e a vigarizar as pessoas com medos infundados. Os cientistas acedem a luz do conhecimento, enquanto os pseudos promovem o obscu-rantismo. Há relativamente poucos anos atrás, os cientistas descobriram um novo mundo neste mundo. Através da curiosidade e busca incessante de conhecimento por parte dos cientistas, foi descoberto um mundo micros-cópico que antes desconhecía-mos. Inicialmente, os pseudos nega-ram as evidências. Diziam que era tudo mentiras dos cientis-tas, que nos seus laboratórios inventavam coisas que que não existiam na realidade. Por exemplo, o fenómeno da bioluminiscência, há cente-nas de anos atrás, seria consi-derado pelos pseudos como algo do “diabo”, algo a temer, algo que era causado por “magia negra” que servia só para prejudicar os Humanos. Esses pseudos não queriam estudar o fenómeno, mas somente negar o conhecimen-to e vigarizar as pessoas com estórias assustadoras. Hoje, devido ao trabalho dos cientistas que buscam a expli-cação real para os fenómenos, sabe-se que a bioluminiscência é causada por pequenos orga-nismos vivos. A chamada medicina moderna desenvolveu-se de uma forma extraordinária em tempos rela-

tivamente recentes. Toda ela foi desenvolvida por cientistas, médicos. Toda ela foi desenvolvida com base no método científico de se faze-rem observações, testes, e pre-visões. A ciência é multidisciplinar. Sendo assim, não se pode negar as leis físicas e matemá-ticas quando se discute um assunto que vá contra as nos-sas crenças, mas depois aceitar essas MESMAS leis quando se precisa da ajuda de um médi-co. Infelizmente, a hipocrisia de utilizarem o conhecimento científico (indo ao médico ou estando ao computador) enquanto negam que ele exis-te, é uma das características de um pseudo, de um troll. A televisão não nos chega a casa por “artes mágicas”. A pessoa que vemos no ecrã não foi colocado lá por “bruxaria”. A televisão funciona obedecen-do a regras científicas, fruto do conhecimento de quem as aprendeu para desenvolver esta tecnologia de que desfru-tamos na nossa casa. As MESMAS regras científicas que fazem uma televisão fun-cionar, são aplicadas num imenso rol de outros exemplos, incluindo na astronomia. Negar teorias científicas (que só exis-tem porque existem evidências comprovadas), é negar que uma televisão pode funcionar. O Homem foi à Lua por 6 vezes, entre 1969 e 1972. As provas são por demais eviden-tes. Infelizmente, tal como por toda a história da humanidade, há sempre aqueles que, não contribuindo nada para os fei-tos fantásticos da Humanida-

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EDUCAÇÃO Maio 2012

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

de, negam as evidências e põem as suas crenças pessoais acima da realidade. A promoção do obscurantismo continua em todos aqueles que negam a realidade, de modo a promoverem a estagnação da Humanidade. Por toda a história, a Humani-dade teve medo de cometas, devido às estórias fantasiosas que os pseudos imaginaram. Os vigaristas aproveitaram-se deste medo para levar as pes-soas a tomarem certas atitudes em alturas de cometas, como por exemplo, venderem pasti-lhas para as pessoas se salva-rem, etc. Incutir medos infun-dados nas pessoas, é um negó-cio lucrativo para os vigaristas. Entretanto a ciência explicou o que são cometas, e o porquê de não meterem qualquer medo quando passam pelos nossos céus. Pelo contrário, devia ser motivo de regozijo para nós vermos de vez em quando estes espectáculos belíssimos nos céus. Infelizmente, os pseudos conti-nuam neste mundo. Por isso não é de estranhar que a atitu-de da Idade das Trevas e até da Pré-História tenha sido rejuve-nescida no ano passado com a passagem do cometa Elenin. Apesar de ser um cometa em que se sabia com certeza de que não iria provocar qualquer desastre na Humanidade, o certo é que os pseudos apres-saram-se a promover o obscu-rantismo, divulgando mentiras e tentando negar o conheci-mento dos assuntos. Uma sociedade medrosa é mais facilmente controlada. Houve até quem chegou ao ponto de dizer que o cometa era um buraco negro, quando

bastava olhar para o céu para perceber que isso era uma total mentira. O obscurantis-mo, a vigarice, a mentira, che-garam a este ponto, de levar as pessoas a acreditar em qual-quer vigarista que ponha um vídeo no Youtube em vez des-sas pessoas perderem 2 minu-tos para ir lá fora ver se o que estão a ouvir é verdade. Recentemente no nosso Face-book, tivemos um troll que negava a existência da Estação Espacial Internacional. Para ele, o lançamento de fogue-tões, como do recente Falcão, é somente uma simulação. Para ele, nada disso existe, o que pressupõe que também tenha a opinião absurda que não existem satélites. E no entanto, produtos que foram desenvolvidos na Esta-ção Espacial Internacional são agora utilizados por todos nós todos os dias em nosso provei-to. Isto já para não falar de que os satélites permitem-nos, entre várias outras coisas, ter comunicações muito mais efi-cientes. Mas o troll achava que é tudo uma enorme conspiração. Para saber qual é a verdade, tudo que o troll teria que fazer é sair da frente do computa-dor, ir lá fora e ver satélites e a Estação Espacial Internacional a passarem por cima de si. Mas ele não quer saber da ver-dade para nada. O único inte-resse que ele tem é negar a realidade. Ele nega a existência desses objectos enquanto utili-za os proveitos conseguidos devido à existência desses objectos. É um troll. E como todos os trolls, é um hipócrita que cospe na mão que lhe dá de comer.

Em traços gerais, esta é a história do conhecimen-to (Scientia = conhecimento). Ou melhor, é a história da Humanidade em busca de um gradual aumento de conheci-mento sobre o mundo que nos rodeia. De um lado temos os cientis-tas, que são curiosos, que bus-cam as respostas, que investi-gam, observam, experimen-tam, prevêem, e que preten-dem fazer evoluir a Humanida-de, democratizando o conheci-mento e dando cada vez melhores condições de vida às pessoas. E do outro lado, temos aqueles que não aprendem nada, mas gostam de dar opiniões desin-formadas, negando o conheci-mento, negando a realidade, negando as evidências, de modo a enganarem as outras pessoas, vigarizando-as com uma treta qualquer, encorajan-do a tirania do obscurantismo, de modo a promoverem a estagnação mental e cultural da Humanidade. Felizmente, o Universo tem sempre razão. E por isso, está acima de qualquer crença indi-vidual das pessoas. Daí que, sem surpresa, os cientistas têm ganho batalhas atrás de bata-lhas. E a prova está na evolu-ção tecnológica, cultural, e de conhecimento que fomos ven-do no mundo ao longo dos séculos. Os pseudos, coitados, nunca conseguem compreender nada dos assuntos, e estão sempre errados naquilo que dizem. Mesmo assim continuam bem vivos, porque, como diria Eins-tein, a estupidez não tem limi-tes.

Carlos Oliveira

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DIVULGAÇÃO Maio 2012

Cientistas precisam publicar artigos, dar aulas, preparar apresentações, escrever projetos e mais um tanto de coisas… isso tudo toma muito tempo. Não é a toa que muitos não se dedi-cam a atividades vistas como menos importantes para a sua carreira, como a divulgação científica. Com o objetivo de desmascarar alguns mitos sobre esse tema, pretendo mostrar neste texto que divulgar ciência pode tomar pouco do seu tempo e oferecer diver-sas vantagens com repercussões dire-tas e positivas para a sua carreira.

“Tenho que publicar artigos, não tenho tempo para isso.”

Primeiramente, não é necessário ter muito tem-po sobrando para manter uma divulgação regular da sua área. Na verdade, esta atividade deveria tomar pouco do seu tempo se você souber como fazê-la. O que você realmente precisa é de criatividade, prática e motivação. A prática de elaboração deste tipo de texto resulta na consoli-dação de conhecimentos práticos que vão cada vez mais te tornando “eficiente” e demandando menos tempo de dedicação. E, é claro, para não morrer na praia, como acontece com muitos blogs, é necessário manter uma motivação orien-tada a metas de longo prazo, algo que pode ser conquistado compreendendo como esta atividade pode lhe render bons frutos (continue lendo o texto para chegar nisso!).

“Isso não vai contar nada para a minha carreira.”

Na verdade, vai sim! Para se atualizar sobre isso, leia aqui e aqui. Resumindo a história, o CNPq vai acrescentar em breve um espaço no currículo Lat-tes para contemplar as atividades de educação e divulgação científica, e estas atividades passarão

a ser consideradas pelos comitês de avaliação de projetos do CNPq para concessão de financiamen-tos. Pois é, a coisa está ficando séria… mas as van-tagens da divulgação para a sua carreira vão bem além disso…

“O que eu ganho com isso?”

A divulgação pode permitir uma grande visibilida-de do pesquisador em relação à comunidade científica e a população de maneira geral. Se você divulga o seu trabalho de maneira descomplicada em um blog, é muito mais provável que as pes-soas conheçam o seu trabalho do que se você apenas publica o trabalho nas revistas especializa-das. Existem dados indicando que artigos que são divulgados em blogs tem um número considera-velmente maior de acessos do que artigos que não são divulgados. Além disso, existem também evidências de que pesquisadores que blogam regularmente são mais admirados e reconhecidos pelos seus colegas de área.

Ganhando visibilidade, os professores poderão atrair não só os alunos da sua própria universida-de como alunos de outras universidades que este-jam pensando em fazer uma pós-graduação e até mesmo os alunos de ensino médio que ainda

Divulgar ciência vai ajudar a sua carreira, Divulgar ciência vai ajudar a sua carreira,

não atrapalhar não atrapalhar

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Volume 2 Edição 5 DIVULGAÇÃO

estão decidindo que curso irão fazer. Como mui-tos deles vivem fuçando coisas na internet, este é um meio especialmente interessante para alcançá-los com a divulgação. Aqui o ganho na carreira é direto, pois os professores dependem de alunos para efetuar coletas de dados e ajudar a manter a produtividade regular. Isso envolve, necessaria-mente, ter alunos de graduação e pós graduação interessados disponíveis, mas estes alunos dificil-mente vão ter interesse na linha de pesquisa do professor se não a conhecerem (com exceção dos alunos da própria universidade que em algum momento poderão fazer disciplinas com o profes-sor), e por isso divulgar se torna umaferramenta estratégica para manter o laboratório com novos alunos motivados a cada ano (principalmente se a sua linha de pesquisa é menos conhecida). Se isso pode ser feito de forma gratuita e simples pela internet, a pergunta crucial é: “Por que não fazer?”

Mais do que isso, a prática de divulgar sua área para um público leigo terá repercussões para a sua própria capacidade de escrever e se comuni-car enquanto cientista, coisas que definitivamen-te terão implicações para o sucesso da sua carrei-ra acadêmica. Exercitando a escrita clara, objetiva e sucinta em textos de divulgação, você certa-mente estará melhor preparado na hora de escre-ver aqueles sonhados papers! Não se iluda achan-do que blogar é apenas um passa tempo e que você já treina a sua escrita o suficiente quando escreve seus artigos, sempre podemos (e deve-mos) melhorar nossa capacidade de se comuni-car, e o blog oferece uma forma de manter esse ritmo durante os intervalos que dividem o perío-do de elaboração de manuscritos (ou seja, duran-te as coletas, as análises de dados).

“Mas ninguém me incentiva…”

Além da recente iniciativa comentada anterior-mente, o CNPq já oferece todos os anos diversos editais e prêmios incentivando a atividade de divulgação. Um exemplo é este edital aqui (da uma olhadinha no dinheirinho disponibilizado). O Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecno-

lógica é outro exemplo do incentivo que o CNPq tem oferecido à divulgação. Diversas universida-des federais também oferecem editais de finan-ciamento para este tipo de atividade, basta dar uma procurada. E até a revista Nature andou incentivando os cientistas a invadirem a blogosfe-ra.

“Ok, estou convencido, mas por onde eu come-ço?”

Hoje em dia, abrir um blog na internet é fácil e gratuito. Entre as várias plataformas disponíveis, as mais usadas são oWordPress e o Blogspot. Se você clicar aqui, vai cair direto em uma página do WordPress na qual você pode iniciar imediata-mente o seu blog de maneira gratuita (basta clicar no “Get started here”). Aqui você pode iniciar um blog no Blogspot. Os ambientes de edição destas plataformas são bem intuitivos e simples, além do que existem diversos tutoriais e fóruns na inter-net que podem te ajudar a mexer no blog.

Divulgação não se resume a manter blogs ou pági-nas na internet. Exemplos de outras iniciativas importantes não faltam. Rubens Pazza, professor de biologia na Universidade Federal de Viçosa (UFV), é um ótimo exemplo da nova geração de professores antenados nisso – além de estar imerso em diversos projetos de pesquisa, ele mantém projetos de divulgação como a excelen-te Folha Biológica (em parceria com a Karine Frehner Kavalco), um periódico impresso de divul-gação da biologia que é distribuído a mais de 200 escolas, e o Rock com Ciência, um podcast des-contraído que mistura divulgação científica com um bom rock. Vale a pena ver essa reporta-gem que saiu no programa Hoje em Dia da Record sobre a Folha Biológica.

Outro exemplo é o programa de rádio sema-nal Fronteiras da Ciência, organizado por um gru-po de professores do departamento de física e biofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No programa, os professores sempre chamam um convidado para discutir sobre alguma questão ou área da ciência. Não

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precisa nem dizer que o programa é o maior sucesso entre os estudantes né…

Outro professor que está ajudando a quebrar os mitos envolta dos custos envolvidos na divulga-ção científica é o Adilson J. A. de Oliveira, profes-sor de física na Universidade Federal de São Car-los (UFSCar) que além de manter pesquisas sobre magnetismo e supercondutividade coordena o Laboratório Aberto de Interatividade para a Dis-seminação do Conhecimento Científico e Tecnoló-gico (LAbi). Além disso, mantém um blog de divul-gação, uma coluna no Ciência Hoje, é editor da revista de divulgação Click Ciência e coordena um projeto de educação científica para jovens.

Estes são exemplos práticos de que é possível manter uma carreira acadêmica produtiva e, ao mesmo tempo, uma atuação efetiva na divulga-ção científica.

Dicas para blogar sustentavelmente

Esse texto traz algumas dicas importantes para cientistas ocupados conseguirem blogar. Baseado nele e em ideias minhas (que algumas vezes divergem das do texto), seguem algumas dicas que podem tornar essa atividade prazerosa e sus-tentável:

1. Escreva textos pequenos, de preferência em uma linguagem que até a sua vovózinha querida conseguiria entender, o que não exclui a possibili-dade de escrever alguns textos mais profundos e técnicos voltados para os colegas da sua área. O que importa é o seguinte: não perca muito tem-po ou letras no texto, aborde temas pontuais.

2. Selecione esta atividade como “parte da sua agenda“, e não como algo totalmente opcio-nal. Se ela não fizer parte da agenda, sempre vão existir outras atividades que você priorizará e esta atividade pode demorar para virar um costume (que é quando a coisa fica boa).

3. Tente manter alguma periodicidade, como tex-tos semanais ou quinzenais, pelo menos no come-ço. Blogs com pouca ou nenhuma periodicidade acabam ficando às moscas e sendo progressiva-

mente esquecidos e abandonados pelos próprios donos.

4. Escreva sobre o que você anda lendo e pesqui-sando, aproveite anotações feitas das suas leitu-ras e transforme-as em um texto para um público maior. Assim fica fácil ter sempre algo para escre-ver no blog, já que um bom cientista sempre está com uma pilha de artigos e livros para ler.

5. Use esse espaço para manifestar opiniões e mobilizar a sua comunidade. O exemplo recente do boicote organizado contra a Elsevier mostra o poder político que os blogs vêm alcançando na nova era da ciência aberta, que está chegando para ficar. Que outros tipos de impacto uma mobilização entre profissionais de uma área poderia ter aqui no Brasil? Que tal conse-guir arrecadar fundos para projetos científicos pelo blog, como fez o Otto Heringer do blog Syn-bioBrasil? Revisão por pares após publicação, organização de projetos de pesquisa em larga escala, debate aberto entre cientistas sobre mudanças necessárias nas suas práticas… tudo isso e um pouco mais está atingindo progressiva-mente a comunidade científica por meio de blogs e páginas na internet, você não vai querer ficar de fora, vai?

E como disse Carl Sagan em um dos seus mais famosos livros:

“Divulgar a ciência – tentar tomar os seus méto-dos e descobertas acessíveis aos que não são cientistas – é o passo que se segue natural e imediatamente. Não explicar a ciência me pare-ce perverso. Quando alguém está apaixonado, quer contar a todo o mundo (p. 42, Sagan, 2006).”

Referências:

Sagan, C.(2006). O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escu-ro. São Paulo: Companhia das Letras.

André Rabelo

Página 32

DIVULGAÇÃO Maio 2012

Page 33: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 FÍSICA

A ciência por detrás da observação do Sol

Antigamente observar a nossa estrela baseava-se na observação directa, a partir da Terra, para questões de religião e agricultura. Essa observa-ção tornou-se mais científica quando foi necessá-ria para a orientação, navegação e para a própria ciência através do uso de telescópios. Neste momento as agências espaciais monitorizam a nossa estrela recorrendo a satélites (STEREO e SOHO). E é sobre estes que vamos falar.

As Leis que regem os satélites O movimento dos satélites regem-se pelas leis de Newton [1]. São essas leis que governam o movi-mento de objectos na Terra e que são extendidos ao movimento dos planetas, luas e outros satéli-tes. A matemática quedescreve esses movimentos pode ser descrita da mesma forma para o movimento circular (considere-se omovimento circular uniforme, mcu e que as órbitas são circulares para simplificar o nosso estudo).

Olhando para o Sol para o Sol

Page 34: astroPT Maio2012

Assim, se considerarmos um satélite de mas-sa m a orbitar um corpo central (um planeta ou estrela) de massa M, a força resultante será

Fres = (m v2) / r (a)

onde v é a velocidade do satélite e r a distância do satélite ao centro de massa do corpo central.

Esta força é o resultado da força de atração graví-tica do corpo central sobre o satélite. Assim, recorrendo à lei de gravitação universal de New-ton:

Fgrav = (G m M) / r2 (b)

onde G é a constante de gravitação universal (G = 6,673 x 10-11 N•m2/kg2)

Igualando as duas expressões (a) e (b) e resolven-do em ordem a v, temos:

v = (G M / r)1/2 (c)

Usando esta expressão da velocidade e (a) encon-tramos uma relação para a aceleração:

a = G M / r2 (d)

A última equação para descrever o movimento dos satélites é a equação de Newton da terceira lei de Kepler. Podem ver a formulação da expres-são aqui. Só vou apresentar o resultado:

T2/r3 = (4 π2)/(G M) (e)

Repare-se que nenhuma das três últimas equa-ções (c), (d) e (e) têm como variável dependente a massa do satélite (o que parece ser consensual, pois a massa do satélite é muito inferior quando comparada com a massa do corpo central). A ace-leração, a velocidade e o período do satélite ape-nas dependem do raio da órbita e da massa do corpo central onde o satélite orbita.

Podem recorrer a esta simulação para ver o movi-mento.

Os pontos de Lagrange

Os pontos de Lagrange [2] são cinco pontos na configuração orbital, onde um pequeno objecto sujeito apenas à força da gravidade pode teorica-mente ser estacionário relativamente a dois gran-des objectos celestes (por exemplo, um satélite

relativamente à Terra e à Lua).

Os pontos de Lagrange (descobertos pelo mate-mático francês Louis Lagrange em 1772) são solu-ções estacionárias do problema dos movimentos circulares restritos de três corpos. Por exemplo, dados dois corpos massivos nas suas órbitas circu-lares em redor de um centro de massa comum, existirá cinco posições no espaço onde um tercei-ro corpo, de massa desprezível, poderá ser colo-cado de modo a manter a sua posição relativa-mente aos outros dois corpos massivos. Passemos ao caso dos satélites [3]. O primeiro ponto de Lagrange (L1) está entre a Terra e o Sol.

Quanto mais próximo do Sol o satélite mover-se-

ia mais rapidamente na sua órbita afastando-se da Terra. Nesse ponto o satélite sofre a acção da

força gravítica da Terra, cancelando parte da for-

ça atractiva do Sol, reduzindo a sua velocidade e colocando-o em sincronia com a Terra

(demorando o mesmo tempo a dar a volta ao Sol,

1 ano).

L1 é uma boa posição para a monitorização do

Sol. O vento solar atinge o satélite uma hora antes de atingir a Terra. Neste momento é o saté-

lite SOHO que observa, desde esta posição, o Sol.

De forma semelhante ao primeiro ponto, o segun-

Página 34

FÍSICA Maio 2012

Page 35: astroPT Maio2012

do ponto de Lagrange (L2) está situado na sombra da Terra (mais afastado do Sol, mas praticamente à mesma distância da Ter-ra). Este ponto é óptimo para realizar observações e será a futura casa do James Webb Space Telescope.

O terceiro ponto de

Lagrange, L3, encontra-se

na órbita da Terra só que em oposição. Por isso,

não é visível ao nosso pla-

neta.

Estes três pontos estão sujeitos às flutuações gra-vitacionais e por isso disparam os foguetes para corrigir a sua posição, de modo a manter-se no mesmo local. Observem o vídeo aqui no blog.

Já os pontos L4 e L5 são muito estáveis, situam-se

na órbita da Terra e ficam respectivamente antes

e depois do planeta a 60º. Estes pontos serão possivelmente locais para albergar estações espa-

ciais futuras.

STEREO e SOHO

Dois dos satélites mais importantes que observam a nossa estrela são o SOHO [4] e o STEREO [5] O SOHO (Solar & Heliosphe-ric Observatory) é um projec-to conjunto entre a ESA e a

NASA para estudar o Sol desde o seu núcleo até à sua coroa e vento solar. Mais especificações téc-nicas (instrumentos, dimensões, etc.) podem ser encontradas aqui.

O STEREO (Solar TErrestrial RElations Observa-tory) foi lançado em Outubro de 2006, providen-ciando um único e revolucionário olhar sobre o sistema Sol – Terra. Os dois observatórios, que estão em posições opostas (ver figura em baixo)

na órbita da Terra, têm vindo a recolher dados sobre o fluxo de energia e matéria desde o Sol até à Terra. STEREO tem revelado a estrutura tridi-mensional das ejecções de massa coronal. Permi-tindo também ser como que um satélite do clima espacial ao detectar e enviar alertas preciosos quando as ejecções solares viajam em direcção à Terra.

Agora vejam essas trajectórias e os pontos de lagrange em acção [6] [Vídeo aqui]

[1] physicsclassroom

[2] texto extraído do wikipedia (11 de Maio de

2012)

[3] ESA

[4] SOHO

[5] STEREO

[6] video partilhado por Manel Rosa Martins.

Para saber mais ir aqui ou aqui.

José Gonçalves

Página 35

Jun-12Volume 2 Edição 5 FÍSICA

Posição das sondas STEREO durante uma tempestade solar.

Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center/Scientific Visualization Studio

Page 36: astroPT Maio2012

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FÍSICA Maio 2012

Agora vou dei-

xar-vos aqui

um desafio

ligado à nossa

estrela.

Em primeiro,

responda ao

seguinte

inquérito.

Em segundo,

uma das ques-

tões era sobre

quantas vezes

a Terra cabe-

ria no nosso

Sol. Pretendo

que façam as contas, apresentem esses cálculos e

o vosso resultado.

Em segundo, os cálculos para para saber quantas

vezes a Terra caberia na nossa estrela.

Pensemos da seguinte maneira:

A Terra, por aproximação, é uma esfera pequena

que vamos colocar dentro de uma esfera grande,

o Sol.

Ao calcular quantas vezes o Sol é superior à Terra,

determino quantas vezes a Terra caberia dentro

dele. Assim, posso estabelecer uma razão entre

os volumes dos dois corpos:

VSol = X x VTerra ↔ X = VSol / VTerra [1]

O volume de uma esfera é determinado matema-

ticamente por 4/3 π R3

Assim, a expressão [1] fica:

X = (4/3 π R3Sol) / (4/3 π R3

Terra) ↔ X =

(R3Sol) / (R

3Terra) [2]

Para conhecer os raios podemos ir a livros ou

diretamente à Wikipedia:

R(Sol) = 6,955×105 km e R(Terra) = 6

378,1 km

Substituindo [2] e resolvendo, obtemos:

X = (R3Sol) / (R

3Terra) ↔ X = (6,955×105)3 /

(6 378,1)3 ↔ X = 1 296634,0

Ou seja, o Sol é aproximadamente um milhão e

trezentas mil vezes superior à Terra. Assim, cabe-

ria aproximadamente 1,3 x 106 Terras dentro do

Sol.

José Gonçalves

Desafio solar Desafio solar

Resultados do inquérito realizado (siga o link do segundo parágrafo para saber mais)

Page 37: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 ESCALAS

Durante minha infância, quase nunca escutei a questão “O que você quer ser quando cres-cer?”. Felizmente. Afinal, des-cobri qual seria minha profis-são apenas aos 14 anos, após ficar encantado com uma edi-ção do jornalzinho da escola em que cursava o oitavo ano do ensino fundamental. Decidi então que buscaria o jornalis-mo. Ainda hoje, com 27 anos, diplomado nessa área, conti-nuo a me descobrir. E vejo que tenho afinidade e condições para atuar em muitos campos além da área de minha primei-ra formação acadêmica. No entanto, quando criança, não posso negar que outros campos causavam-me grande atração. Um deles era a astro-nomia. Mesmo sem conhecer bem o cotidiano de trabalho de um astrônomo, adorava o tema. Aliás, não tinha para nin-guém nas aulas de geografia! “De quantos graus é a inclina-ção da Terra?”, perguntava o professor. Levantava a mão e respondia. “Qual é a distância entre o Sol e Mercúrio?”. E lá estava eu novamente. Algumas das perguntas, confesso, atual-mente só conseguiria redarguir com o auxílio de uma boa enci-clopédia. Enquanto mais estudava sobre o assunto, fosse por meio

daquelas aulas ou ainda em leituras buscadas fora da esco-la – sem muito compromisso, mais despertava em mim uma percepção: a de que somos meras criaturinhas presas a uma pequena nave chamada Terra. Uma percepção extre-mamente simples, é verdade; porém, que acredito ser íntima e essencial a qualquer aficiona-do ou profissional de astrono-mia. Um dos pilares que sus-tentam nosso desejo de des-bravar o Universo. Tome as dimensões do Sol como exemplo. Em média 150 milhões de quilômetros de dis-tância da Terra, o astro, ainda assim, nos parece gigantesco. Porque, de fato, é: seu diâme-tro é 109 vezes maior que o de nosso Planeta. Além disso, nada menos que 99,86% da massa do Sistema Solar “pertence” ao Sol! Ou seja, a massa dessa estrela é 333 mil vezes superior a da Terra! Mas se tais dados impressio-nam, vale lembrar que o Sol é classificado por astrônomos como uma estrela anã. Sim… Anã! Para compreender facil-mente o motivo de tal qualifi-cação basta, por exemplo, comparar o astro rei a Antares. Situada na constelação de Escorpião, 600 anos-luz da Ter-ra, Antares é uma estrela

supergigante. Fosse “colocado” no lugar do Sol, esse corpo celeste excederia às órbitas de Mercúrio, Vênus, Terra e Mar-te! Pensar nas dimensões do Uni-verso é algo que nos confere um exercício de humildade. Humildade que não é aquele conceito estúpido, de se escon-der atrás de falsa modéstia; mas sim uma busca pelo auto-conhecimento. Saber quais são nossas virtudes e defeitos. Pro-mover nossas virtudes, curar nossos defeitos – se possível, tornando-os pontos positivos. Saber que hoje podemos ir além do que fomos ontem, que ninguém é igual a ninguém. Transmitir nossos conhecimen-tos e buscar aprender cada vez mais. E, sobretudo, reconhecer que o maior trabalho já foi feito: o Universo. Se tivesse a oportunidade de voltar à minha infância, mais precisamente às poucas oca-siões em que fui questionado sobre a pergunta do primeiro parágrafo, certamente respon-deria: “Gostaria de ser apenas um conhecedor das dimensões da força criadora desse Univer-so”. Nada mais. Rafael Ligeiro

Universo e lição de

humildade

Page 38: astroPT Maio2012

Milhões de planetas sem estrelas Milhões de planetas sem estrelas

influenciados pela matéria escura? influenciados pela matéria escura?

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COSMOLOGIA Maio 2012

Em 2010, uma equipa de cientistas mapeou de forma bastante precisa a quantidade de matéria escura existente no aglomerado de galáxias conhecido como Abell 1689, que se encontra a 2.2 mil milhões de anos-luz de distância. Este aglomerado é dos objectos mais massivos no Universo, e contém cerca de 1000 galáxias e tri-liões de estrelas. Mas a maior parte da massa não é estrelas ou massa “normal”, mas será massa que nos é invisível e que não sabemos o que é: matéria escu-ra.

Recentemente, como podem ler aqui e aqui, os cientistas foram mais longe, e teorizaram que neste aglomerado deverão existir inúmeros planetas, quiçá até super-terras, e alguns desses planetas, devido a se encontra-rem em zonas de maior densida-de de matéria escura, então esses planetas poderão ter a temperatura perfeita para conte-rem água no estado líquido à superfície. Mesmo sem estrelas perto, estes planetas receberão a energia da matéria negra.

“Scientists have recently theori-zed that invisible dark matter

could warm millions of starless

planets in regions such as Abell 1689 and make them habitable.

Dark matter, the team believes,

could keep the surfaces of such warm for trillions of years, outli-

ving all regular stars and may

ultimately prove to be the “dark” bastion of life in our universe. “I imagine 10 trillion years in the

future, when the universe has expanded beyond

recognition and all the stars in our galaxy have long since burnt out, the only planets with any

heat are these, and I could imagine that any civili-

zation that survived over this huge stretch of time would start moving to these dark-matter-fueled

planets,” Hooper said.”

Page 39: astroPT Maio2012

E os

cientistas ainda foram mais longe: estes planetas poderiam ter as condições perfeitas para a vida

tal como a conhecemos, mesmo sem terem estre-

las perto.

E, pergunto eu: porque não também pensar em

planetas feitos de matéria escura, e quiçá até

existir vida baseada nessa matéria?

Afinal, a matéria “normal” e mais abundante no

Universo é aquela a que chamamos de matéria

escura. A nossa “matéria normal” são somente

4% do Universo, uma ínfima excepção num Uni-

verso gigantesco.

Carlos Oliveira

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Volume 2 Edição 5 COSMOLOGIA

Page 40: astroPT Maio2012

Página 40

COSMOLOGIA Maio 2012

Esta é a Nebulosa do Ovo, numa imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble, combinando luz visível e infravermelha.

Uma estrela como o Sol está a morrer, e o que se

vê é a breve fase de nebulosa protoplanetária,

em que a estrela, que se encontra no centro da

nebulosa, aquece e excita o gás ao seu redor,

fazendo-o brilhar por vários milhares de anos.

Aliás, é possível que no centro da

nebulosa existam na verdade 2 estre-

las: um sistema binário.

As camadas que se vêem a sair do cen-

tro, são explosões periódicas (em

média, uma em cada 200 ou 300 anos)

de material que é ejectado pela estre-

la que está a morrer.

Carlos Oliveira

Nebulosa do OvoNebulosa do Ovo

Page 41: astroPT Maio2012

Página 41

Volume 2 Edição 5 COSMOLOGIA

Uma anã castanha é um objecto entre planeta e estrela: é mais massivo que planeta, mas não é massivo o suficiente para se tornar uma estrela. A massa das anãs castanhas estão compreendidas entre 13 vezes a massa de Júpiter e 80 vezes a massa de Júpiter.

Uma equipa internacional de astrónomos liderada por David Pinfield, descobriu uma anã castanha com 35 vezes a massa de Júpiter (notem que é massa, e não tamanho, como alguns sites errada-mente mencionam).

Esta anã castanha é constituída em 99% por hidrogénio e hélio. E tem uma temperatura de 400ºC. Foi denominada de BD+01 2920B, e orbita a estrela-mãe a 2600 vezes mais que a distância que a Terra dista do Sol.

O estudo destes objectos pode ajudar os astróno-mos a distinguirem entre anãs castanhas e plane-tas gigantes.

Leiam aqui, aqui, e aqui.

Carlos Oliveira

Encontrada anã castanha bastante fria

Page 42: astroPT Maio2012

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COSMOLOGIA Maio 2012

Nebulosa da Lagoa é Ionizada por Sistema

Binário Colossal

A estrela 9 da constelação do Sagitário (9 Sgr) é a principal fonte da radiação ultravioleta que ioniza e provoca a fluo-rescência do gás da Nebulosa da Lagoa, uma das principais atracções da Via Láctea durante as noites de Verão. O número (9) foi atribuído por John Flamsteed, um astrónomo inglês que viveu entre 1646 e 1719. Flams-teed produziu um catálogo de 3000 estrelas, numerando-as sucessivamente 1, 2, 3, …, etc., para cada constelação. O catálogo foi publicado pos-tumamente, em 1725, com o nome de Historia Coelestis Britannica.

A imagem seguinte mostra a

Nebulosa da Lagoa e a posi-ção da 9 Sgr, junto à região mais brilhante da nebulosa conhecida por “Hourglass” (ampulheta) devido ao seu aspecto carac-terístico quando observada por um telescópio com gran-de ampliação. A estrela per-tence ao enxame de estrelas jovens NGC6530, visível ao seu lado, à esquerda na ima-gem, que também contribui para a ionização do gás da nebulosa. O enxame e a nebulosa encontram-se a uma distância de 5800 anos-luz.

Sabia-se que 9 Sgr, para além ser uma estrela muito lumi-nosa e quente, de tipo espec-

tral O, era uma fonte de ondas de rádio sincrotróni-cas, i.e., emitidas por elec-trões que se deslocam a velo-cidades próximas da da luz e cujas trajectórias são desvia-das por campos magnéticos. Sabia-se também que outras estrelas de tipo O que apre-sentavam esta característica eram na realidade sistemas binários maciços, a radiação rádio observada sendo atri-buída à colisão dos ventos estelares poderosos das estrelas do sistema.

Com base nestes indícios, uma equipa de astrónomos das universidades de Liége, de Amsterdão e de Guana-juato (México), e do Observa-

(Crédito: ESO/S. Guisard

Page 43: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 COSMOLOGIA

tório de Genebra, decidiram observar com mais detalhe a 9 Sgr tendo em vista determi-nar se se tratava de um siste-ma binário. O que descobri-ram é muito interessante. Analisando o espectro da 9 Sgr ao longo de vários anos, em especial o posicionamen-to das várias linhas espec-trais, os astrónomos pude-ram determinar que na reali-dade estavam a ver a luz con-junta de duas estrelas. De facto, o movimento orbital das estrelas faz com que cada uma delas, alternada-mente, se afaste e aproxime da Terra. O efeito de Doppler resultante faz com que as linhas espectrais da que se aproxima se desloquem ligei-ramente para o azul ao passo que as linhas espectrais da que se afasta se deslocam para o vermelho. Podem ver este efeito no vídeo seguinte. [ver aqui]

A análise e desacoplamento dos dois espectros, um exer-cício complexo que envolveu a utilização de técnicas sofis-ticadas de processamento, permitiu pela primeira vez determinar a configuração do sistema e as propriedades das estrelas individuais. Assim, segundo o estudo, a estrela primária do sistema tem tipo espectral O3.5 V((f+)) (o “V” quer dizer uma anã, na sequência principal, o “((f+))” é uma anotação adi-cional que refere característi-

cas peculiares no espectro, reveladores de um vento estelar poderoso). Esta estre-la tem uma temperatura fotosférica de 44000 Kelvin e uma massa (estimada pelo tipo espectral) de 55 vezes a do Sol. A sua luminosidade, quando consideramos todos os comprimentos de onda, supera 1 milhão de vezes a solar! A estrela secundária é igualmente fenomenal. Tem um tipo espectral O5-5.5 V((f)), correspondendo a uma temperatura superficial de 41000 Kelvin e uma massa estimada de 36 vezes a solar. O mais extraordinário é que estas estrelas orbitam um centro de gravidade comum, com uma periodicidade de 8.6 anos, ao longo de trajec-tórias extremamente alonga-das. A excentricidade orbital é de 0.7. No periastro, o pon-to das suas órbitas em que mais se aproximam, as dis-tância entre as duas estrelas é de apenas 17% da distância no apoastro, o ponto em que estão mais afastadas.

A análise espectroscópica não permite determinar sem ambiguidade a massa e a dimensão das órbitas das estrelas pois a inclinação do sistema relativamente à linha de visão com a Terra não é conhecida. Segundo os auto-res o sistema deverá estar dentro dos limites de resolu-ção de interferómetros como o do VLT. A obtenção de ima-gens com as duas componen-

tes separadas com um tal instrumento permitiriam determinar a inclinação orbi-tal e establecer definitiva-mente os parâmetros referi-dos. A equipa propõe-se rea-lizar estas observações num futuro próximo. É importante referir que a observação de sistemas binários é um dos poucos métodos que permi-tem a determinação directa da massa das estrelas. Mais ainda, estrelas de tipo O são comparativamente muito raras na Via Láctea e em média muito afastadas do Sol. Sistemas binários forma-dos por estrelas de tipo O são ainda mais raros. Assim, quando surge a oportunida-de de observar e calcular com exactidão as característi-cas das estrelas de um tal sistema, os astrónomos investem bastantes recursos para fazê-lo. Estas medições são de importância crucial pois permitem testar os modelos de estrelas maciças e verificar se estes prevêem com exactidão as característi-cas destas estrelas. Outro resultado interessante deste estudo consiste no facto de mais um sistema emissor de radiação rádio sincrotrónica ter sido identificado com um sistema binário maciço, reforçando as conclusões de trabalhos anteriores que apontavam nesse sentido.

Podem ver o artigo aqui.

Luís Lopes

Page 44: astroPT Maio2012

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COSMOLOGIA Maio 2012

Big Bang e Deus

Este post já o tinha equacio-nado há uns meses. Foi no entanto adiado sine die. O que me fez voltar a ele foi o reavivar da memória e da necessidade, uma vez que no grupo do facebook de astro-nomia (Portugal), se voltou a falar na teologia, e na manei-ra em como ela via a astrono-mia.

Durante muito tempo, a astronomia foi vista com des-confiança. Talvez tenha mudado o paradigma o papa Gregório XIII. Foi ele a esta-belecer o calendário grego-riano (depois de o calendário Juliano se ter tornado obso-leto), e com ele tinha um gru-po de astrónomos, entre sacerdotes, matemáticos e cientistas, que ajudaram nos cálculos necessários. A astronomia é de casa, no Vaticano, seja porque o Vati-cano possui, às portas de Roma um observatório astro-nómico (Castelgandolfo) que funciona em cascata com um segundo observatório locali-zado numa montanha dos EUA (perto de Tucson, Arizo-na), seja porque o céu repre-senta uma profunda metáfo-ra religiosa: é um chamamen-to continuo e sempre novo ao desejo e à sede que o homem tem de infinito, é um convite constante à abertura para o insondável mistério do universo criado.

Este post é publico, e como tal, para todos os que o que-rem ler. É porém de maneira especial dedicado a todos aqueles que pensam a reli-gião como algo absolutamen-te incompatível com a astro-nomia e as ciências exactas, como se fosse impossível crer em Deus e ter o Big Bang como a teoria mais razoável para explicar a origem do universo. Fé e Razão não se contradizem. Uma leitura fundamentalista dos textos sagrados, leva a não poucos problemas. Como sublinha e bem a Cons-tituição dogmática Dei Ver-bum, a Bíblia é o livro da Palavra de Deus dirigida a nós homens. É uma carta de amor que Deus escreve ao seu povo, numa linguagem que remonta a dois ou três mil anos atrás. Como se sabe, a teoria do Big Bang é recente, e a história ou se faz (e escreve) por se ter sido testemunha dela, ou então, se faz por dedução. Olhando uma grande pedra com a forma de cogumelo, deduz-se que ela já foi encor-pada e por via da erosão, foi ganhando aquela forma “nova”. Se há um século atrás, nenhum cientista podia falar na teoria do Big Bang, não podemos querer que há três mil anos atrás a bíblia desse uma resposta

cientifica. A preocupação que presidiu não era, claramente, cientifica.

Em teologia, quando reflecti-mos sobre a ciência das ori-gens, também denominada Protologia, falamos sobre os mitos da criação das várias culturas, sobretudo semitas e mesopotâmicas, e falamos, OBVIAMENTE, na teoria do Big Bang como a mais atendí-vel e razoável. Como crente, católico, semi-narista e estudante de teolo-gia, não vejo qualquer tipo de contradição entre Fé e Astronomia, entre o mundo e a criação, criados por Deus, e a teoria do Big Bang. E vou explicar os porquês.

A teoria (combinação de evi-dências/provas) do Big Bang baseia-se, para se sustentar, na constatação de um facto: o universo continua a expan-dir-se a uma velocidade avas-saladora desde que “apareceu”. Essa teoria teve por base a analise das classes espectrais por Edwin Hublble em 1929. Curiosamente, dois anos antes, o padre católico e astrónomo belga Georges Lemaître já tinha equaciona-do um universo em expansão com origem num… “dia sem passado”.

Page 45: astroPT Maio2012

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Volume 2 Edição 5 COSMOLOGIA

Ora bem, sabendo da expan-são do universo que terá a beleza de uns 13 milhares de milhões de anos, é fácil deduzir que antes de se expandir, o universo era mais “compacto”. Com a ciência contemporânea, foi possível com os ciclotrons ou acelera-dores de partículas, decom-por a matéria e assim, “viajar no tempo”, até bem perto da origem do universo. Não se chegou ao segundo 0,0s, digamos em palavras pobres, mas “chegou-se” ao chama-do tempo de Planck que é igual a 10−43 segundos (dez elevado a menos quarenta e três). O que é uma infinidade dentro do próprio segundo. E sabe-se precisamente o que se “viu” naquele momento, não uma grande explosão como se costuma dizer, mas um desenvolvimento da matéria, a partir de uma sin-gularidade inicial, mais pequena que o ponto final no final desta frase.

Assim, como teólogo e como astrónomo amador, sabendo quanto afirmei, é-me fácil continuar a acreditar em Deus criador, e na teoria do Big Bang. Neste aspecto, bem como noutros, não há qualquer contradição entre fé e razão. João Paulo II em 1998 escre-veu a carta encíclica Fides et Ratio (fé e razão) e diz que ambas são como que duas asas que nos podem levar a Deus. Continua dizendo que

a nada serve apenas a fé que nos levaria a um fideísmo cego, por lhe faltarem as razões, e um racionalismo que prescinde da fé conduz invariavelmente a um beco sem saída onde faltam as res-postas às mais básicas ques-tões antropológicas assim como às situações limite e às questões existenciais.

Um dos problemas (o maior) da relação entre a ciência e a fé é a ignorância. Por um lado, os cientistas deviam aprender a ler correctamente a bíblia e a compreender as verdades da fé. Por outro lado, os teólogos e os homens da “igreja” deveriam actualizar-se sobre os pro-gressos da ciência, para con-seguir dar respostas eficazes às questões que ela coloca continuamente. Como referi atrás, defendo a conciliação da fé e da ciência. Ter fé não significa negar os factos, as evidências científi-cas. Da mesma forma, ser cientista, ou mesmo astróno-mo, não significa que deve-mos automaticamente pôr a nossa fé de lado. No meu entender, são conciliáveis. Respeito, evidentemente, quem possa ter a opinião contrária. O que não se pode tolerar é quem extremiza posições e nega os factos. Da mesma forma que não compreende-rei quem entre numa Igreja aos berros a afirmar que não tenho direito a estar lá com a

minha fé, também não com-preendo as atitudes de quem entra neste local de divulga-ção científica para afirmar mentiras à luz do (des)conhecimento que se tem dos assuntos. Foi também a pensar nesses que têm atitu-des intolerantes que decidi escrever este texto. O extre-mismo, seja em que área for, nunca é bom conselheiro. Como Cristão, entendo que não fazer uso de um cérebro racional é negar uma dádiva do Criador. Tentar com-preender o mundo através da ciência, em particular a astronomia, é desvelar um pouco mais o “véu” que nos faz compreeder o Criador e a criação em que Este se reve-la. Negar as evidências cienti-ficas, negar o conhecimento que se tem dos assuntos, é, no meu entender, ir contra a vontade do Criador que nos deu os meios (a mente) e o Universo para podermos explorar.

Podem ler mais nos seguintes links: Vaticano, FOXnews, Padre Funes… e muitos outros.

Gostava de poder alongar-me ainda mais. Daria uma excelente tese de mestra-

do

Prometo responder a todas as questões que colocareis nos vossos comentários.

Espero que vos seja útil o que escrevi.

Cristovão Cunha

Page 46: astroPT Maio2012

Página 46

SISTEMA SOLAR Maio 2012

O planeta Terra,

como todos os pla-

netas rochosos, for-

mou-se a partir de

colisões de milhões

de pequenas pedras

(diversificadas) no

início do sistema

solar. Isto claro,

numa visão simplis-

ta e simplificada do

assunto.

Esse

“bombardeamento”

passou por fases

mais intensas em

certas alturas. Por

exemplo, apesar da

Terra se ter forma-

do com o resto do

Sistema Solar há cerca de 4,6

mil milhões de anos atrás, hou-

ve um intenso bombardeamen-

to tardio há cerca de 4 mil

milhões de anos atrás (entre

4,1 e 3,8).

Mal esse bombardeamento

intenso terminou, a vida teve

condições mais estáveis para

se formar e florescer.

Agora, um novo estudo do

astrofísico William Bottke, diz-

nos que cerca de 70 enormes

asteróides colidiram com a Ter-

ra durante o período Arquea-

no, entre 2,5 mil milhões e 3,8

mil milhões de anos atrás.

Assim, esses impactos terão

tido certamente uma grande

influência no desenvolvimento

das primeiras formas de vida

terrestre.

Carlos Oliveira

Intenso Bombardeamento

PU

BP

UB

Page 47: astroPT Maio2012

Página 47

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Palene é uma pequena lua saturniana descoberta pela equipa de imagem da mis-são Cassini em 2004. Com ape-nas 5,8 quilómetros de compri-mento, Palene é um dos mem-bros de um trio de satélites (onde se incluem também Ante e Metone) situados entre as órbitas de Mimas e Encélado. Obtida durante uma passagem da sonda Cassini a apenas 36 mil quilómetros da superfície

da lua, esta composição retrata um pequeno e frágil corpo com uma forma ovalada, apa-rentemente coberto por camadas de fina poeira.

Sérgio Paulino

Pequena Palene

A pequena lua Palene com a atmosfera satur-niana como pano de fundo. Composição em cores naturais construída com imagens obti-das pela sonda Cassini a 16 de Outubro de 2010. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/

Gordan Ugarkovic.

O asteróide 2012 KP24 foi des-

coberto no passado dia 23 de

Maio. Cálculos dos astrónomos per-

mitiram concluir que o asterói-

de tinha cerca de 20 metros, viajava a 46.000 kms/h, iria

passar relativamente perto da

Terra hoje, 28 de Maio, às 16h20m (hora de Portugal), e a

distância a que iria passar seria

a cerca de 56.000 kms de dis-tância da superfície terrestre

(um pouco acima da órbita dos

satélites geoestacionários, mas muito abaixo da órbita da Lua).

Através de conhecimento cien-

tífico e matemático, os astró-

nomos chegaram imediata-mente à conclusão que o aste-

róide não representava qual-

quer perigo para nós. Era pequeno e não iria colidir com

a Terra.

Entretanto, se forem ao Goo-

gle, vêem alguns pseudos a

vigarizar os seus leitores a dizer que o asteróide iria bater na

Terra (a informação

contrária era supos-ta conspiração da

NASA), outros pseu-

dos diziam que iria bater na Lua, e ain-

da outros pseudos

escreveram que iria bater em satélites.

Os 3 cenários iriam exterminar muita gente na Terra.

O asteróide, tal como tantos outros, veio e já se foi embora. Nada aconteceu. Como sempre, os pseudos só mentiram. Como sempre, aconteceu tudo exactamente como os cientis-tas previram.

Carlos Oliveira

2012 KP24

Page 48: astroPT Maio2012

Página 48

JUICE à procura de vida

SISTEMA SOLAR Maio 2012

Sumo (juice) é um sinal de

vida? Não

A sonda JuIcE (Jupiter Icy Moon Explorer) é uma missão da ESA (Agência Espacial Europeia) que foi aprovada esta semana, de modo a partir em 2022 em direcção ao sistema de Júpiter, onde chegará em 2030, de

modo a estudar, entre outras coisas, a possível existência de vida nas luas Europa, Ganime-de e Calisto.

Esta é a terceira missão que tem como destino o sistema de Júpiter. A sonda Galileu chegou lá em 1995 e acabou a missão em

2003. A sonda JUNO está a caminho de Júpiter, onde chegará em 2016.

Leiam mais detalhes no Inovação Tecnológica, e neste abstract.

Carlos Oliveira

Page 49: astroPT Maio2012

Página 49

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Uma tempestade no pólo sul de Titã? Titã vista pela Cassini a 28 de Maio de 2012. Com-posição em cores falsas criada pela combinação de três imagens obtidas através de filtros para o ultravioleta (343 nm) e para o infravermelho pró-ximo (889 e 938 nm) (imagens origi-nais: N00190014, N00190017 eN00190020). Estão representadas a azul as camadas mais externas da atmosfera titaniana, em particular a neblina de aerossóis formada na termosfera (mais

evidente na banda do ultravioleta). As áreas a vermelho representam a camada superior da estratosfera, região onde o metano atmosférico absorve a luz solar. A verde está representada a superfície de Titã observada através de uma estreita janela do espectro electromagnético onde a atmosfera é transparente. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

Está a acontecer algo interessante no pólo sul de Titã. Nas últimas semanas surgiu sobre a região um complexo sistema de densas nuvens que aparente-mente se elevam a grande altitude. A sua estrutura é mais proeminen-te nas imagens da Cassini obtidas através de filtros para as bandas de absorção do metano, o que sugere que são essencialmente constituídas por este gás. Será este fenómeno uma grande tem-pestade polar?

Sérgio Paulino

Page 50: astroPT Maio2012

Página 50

SISTEMA SOLAR

A Cassini esteve muito atarefada

na passada quarta-feira. Depois

de concretizar mais um encontro

com a enigmática lua Encélado, a

sonda da NASA rumou para Dio-

ne, para uma invulgar passagem

a apenas 8 mil quilómetros da

sua superfície. A visita rendeu

uma pilha de imagens, algumas

com resoluções próximas dos 50

metros/pixel!

Esta foi a última passagem pela

lua de Saturno nos próximos 3

anos (a próxima realizar-se-á

apenas em Junho de 2015), pelo

que resolvi deixar-vos aqui uma

pequena selecção dos melhores

momentos deste encontro (cliquem

nas imagens aqui para as observa-

rem na sua máxima resolução).

Sérgio Paulino

Maio 2012

Imagens espectaculares da visita Imagens espectaculares da visita

da Cassini a Dioneda Cassini a Dione

Dione visto pela Cassini a 02 de Maio de 2012, durante a fase de aproximação. Mosaico construído com 5 imagens capta-

das a cerca de 46 mil quilómetros de distância (imagens origi-

nais: N00186321, N00186322, N00186323, N00186324 e N00186325). São visíveis a grande cratera Aeneas (no termina-

dor) e, mais oeste, Latium Chasma, um desfiladeiro com cerca de 360 km de extensão.

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.

Latium Chasma em alta resolução (região a sul). Mosaico construído com 3 imagens obtidas pela Cassini, a uma distância de

cerca de 9 mil quilómetros (imagens originais: N00186326, N00186327 e N00186328).

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.

Page 51: astroPT Maio2012

Página 51

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Imagem de contexto mostrando toda a extensão de Latium

Chasma, desde a cratera Eumelus (a sul) até à sua confluên-

cia com Larissa Chasma (a norte). São também visíveis mais

a oeste Petelia Fossae e Fidena Fossae, esta última atraves-

sando as deformadas crateras Meticus e Murranus.

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Hemisfério antisaturniano de Dione e a grande bacia de

impacto Evander a sul.

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Os desfiladeiros de Padua Chasmata e Eurotas Chasmata

atravessando o terreno irregular entre as crateras Ascanius

e Acestes. A sudeste são visíveis as crateras Mezentius e

Tiburtus com os seus proeminentes picos centrais.

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Dione e Saturno numa composição a cores construída com

imagens captadas pela Cassini a 02 de Maio de 2012, atra-

vés de filtros para o violeta, o verde e o infravermelho pró-

ximo (imagens origi-

nais: W00074069, W00074070 e W00074071).

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Pauli-

no.

Page 52: astroPT Maio2012

Página 52

SISTEMA SOLAR

No Domingo passado

cruzaram-se na fren-

te das câmaras

da Cassini os dois

maiores objectos do

sistema saturniano. A

equipa de imagem da

missão não desperdi-

çou a oportunidade e

registou o evento

numa belíssima

sequência de ima-

gens, das quais

fazem parte as três

imagens usadas nes-

ta composição a

cores.

Dentro de duas

semanas,

a Cassini realizará

uma passagem por

Titã que colocará um

ponto final nesta pri-

meira fase equatorial

da actual missão

Solstício. Durante o encontro, a sonda manobrará

para uma órbita inclinada que a irá afastar do pla-

no dos anéis por três longos anos. Para esta nova

fase estão programados 27 encontros com Titã e

apenas 1 com a lua Reia, em Março de 2013.

Sérgio Paulino

Maio 2012

Cassini fotografa encontro de

gigantes

Saturno e a sua maior lua Titã. Composição em cores naturais construída com imagens obtidas pela

sonda Cassini a 06 de Maio de 2012, através de filtros para o azul, o verde e o vermelho (imagens

originais: W00074108, W00074109 e W00074110).

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.

Page 53: astroPT Maio2012

Foram publicados anteontem na revis-

ta Science análises detalhadas aos primeiros

resultados obtidos pela missãoDawn na órbita de

Vesta. Pela primeira vez, os investigadores da

missão reuniram um corpo de evidências que lhes

permite afirmar que Vesta é um protoplaneta que

sobreviveu praticamente incólume ao caos e à

destruição que assolaram a Cintura de Asteróides

depois da sua formação há 4,56 mil milhões de

anos. De acordo com os dados disponibilizados

pela sonda Dawn, Vesta assemelha-se mais a um

pequeno planeta telúrico como Mercúrio, do que

aos inúmeros objectos que consigo partilham a

vasta região entre as órbitas de Marte e Júpiter.

Após quase um ano na órbita de Vesta, a son-

da Dawn desvendou uma superfície muito mais

complexa do que havia sido antecipado inicial-

mente pelos cientistas. No hemisfério sul,

a Dawn mapeou em detalhe a gigantesca bacia de

impacto Rheasilvia, uma estrutura com cerca de

500 km de diâmetro e 19 km de profundidade, e

com um invulgar padrão de fracturas em espiral

no seu interior. Na mesma região a sonda

da NASA descobriu Veneneia, uma anterior bacia

de impacto com 400 km de diâmetro que foi qua-

se totalmente obliterada por Rheasilvia. Ambas as

estruturas foram esculpidas por violentos impac-

tos ocorridos há cerca de 1 a 2 mil milhões de

anos. Os dados da Dawnconfirmam esta região

Página 53

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Vesta é um antigo embrião

planetário

Representação artística da estrutura interna de Vesta baseada

nos dados recolhidos pela sonda Dawn. São visíveis um núcleo provavelmente constituído por ferro e níquel, rodeado por um

manto e uma crusta completamente diferenciados.

Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Vesta em comparação com outros corpos semelhantes, Ceres,

Lua e os planetas telúricos Mercúrio e Marte.

Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA.

Três cortes de meteoritos HED observados em microscópios de

luz polarizada. Estão representados da esquerda para a direita os

meteoritos QUE 97053 (eucrito recolhido na Antarctica), Moore

County (eucrito recolhido na Carolina do Norte, EUA) e GRA

98108 (diogenito recolhido Antarctica). A missão Dawn confir-

mou que estes objectos têm origem na superfície de Vesta.

Crédito: University of Tennessee.

Page 54: astroPT Maio2012

Página 54

SISTEMA SOLAR

como o local de origem de

grande parte do material que

compõe os asteróides vestói-

des e os meteoritos HED

(howarditos-eucritos-

diogenitos), objectos cujas assi-

naturas espectrais são seme-

lhantes às de Vesta.

Rheasilvia e Vene-

neia remodelaram a geologia

do hemisfério sul de Vesta de

forma substancial. No entanto,

o hemisfério norte conserva

ainda o registo das colisões

que assolaram a superfície ves-

tiana num passado mais distan-

te. Baseados na variedade

mineralógica desta região e na

composição dos meteoritos

HED, os investigadores da mis-

são descobriram indícios de

que o interior de Vesta se dife-

renciou numa crusta, num

manto e num núcleo. Estes

indícios são suportados pela

detecção de uma concentração

de massa no centro de Vesta

com 107 a 113 quilómetros de

diâmetro, constituída provavel-

mente por ferro e níquel.

O padrão de minerais expostos

na superfície vestiana sugere

ainda que Vesta manteve um

oceano de magma subsuperfi-

cial durante algum tempo após

a sua formação. Foi essa com-

plexa evolução magmática que

conduziu à completa diferen-

ciação do manto e da crusta.

Podem consultar mais porme-

nores nos 6 artigos publicados

na Science (ver aqui, aqui, aqui,

aqui, aqui e aqui).

Sérgio Paulino

Maio 2012

Mapa da distribuição de piroxeno e de minerais ricos em ferro e magnésio no interior da bacia de impacto Rheasilvia. A roxo

estão representadas as maiores proporções de piroxeno, quantidades que se encontrariam nas camadas mais interiores da crusta

vestiana. Os dados foram obtidos pelo espectrómetro VIR da sonda Dawn.

Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/INAF.

Page 55: astroPT Maio2012

Dafne e Pã são duas pequenas

luas que orbitam Saturno no

interior do anel A, nas divisões

de Keeler e Encke, respectiva-

mente. Nesta imagem obtida

poucos meses depois do equi-

nócio saturniano, podemos ver

ondulações nas extremidades

do anel com componentes ver-

ticais e horizontais. Estas estru-

turas são produzidas por per-

turbações gravitacionais das

duas luas, que assim mantêm

as divisões livres de partículas.

Sérgio Paulino

Página 55

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Dafne, Pã e os seus efeitos no anel A

de Saturno

Dafne e Pã rasgando duas divisões no anel A de Saturno. Imagem obtida pela sonda Cassini a 03 de Junho de 2010.

Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

Page 56: astroPT Maio2012

Página 56

Vidro em Marte

SISTEMA SOLAR

Na parte norte do planeta Mar-te encontraram-se enormes regiões com vidro – campos escurecidos de “dunas de vidro” que ocupam grande par-te do hemisfério norte do pla-neta, similares ao que se vêem na Islândia. Antigos vulcões em Marte terão forjado este vidro na superfície de Marte. Quando o

magma arrefece bastante depressa, provavelmente devi-do ao contacto com água ou neve, solidifica, formando-se vidro vulcânico que terá a for-ma de grãos de areia – areia de vidro. Se isto for certo, então estas zonas têm maiores pro-babilidades de terem vida microbiana, devido à abundân-cia de substâncias químicas.

Leiam na New Scien-tist, Astrobiology Magazine, e artigo científico.

Pode ser coincidência tempo-ral, mas desde que o poder político-económico decidiu não enviar mais rovers para Marte, que as notícias de possível vida em Marte têm aumentado…

Carlos Oliveira

Maio 2012

Page 57: astroPT Maio2012

De acordo com resultados da

mis-

são NEOWISE publicados onte

m na revista Astrophysical

Journal, existem 4.700 ± 1.450

asteróides potencialmente

perigosos ou PHAs (acrónimo

inglês de potentially hazardous

asteroids) na vizinhança da Ter-

ra. Estes valores foram obtidos

pela análise dos elementos

orbitais de 429 asteróides pró-

ximos da Terra e correspon-

dem à melhor estimativa desta

população realizada até hoje.

Consideram-se potencialmente

perigosos os asteróides com

massa suficiente para provoca-

rem devastação na superfície

terrestre a nível regional ou

superior (por definição, aste-

róides com diâmetros superio-

res a 140 metros), que se apro-

ximam da órbita da Terra a dis-

tâncias menores que 0,05 UA.

Dos 8.880 asteróides próximos

da Terra detectados até hoje,

1.302 respeitam esses critérios,

sendo que destes 152 têm diâ-

metros superiores a 1 quilóme-

tro. Esta nova estimativa per-

mite concluir que apenas estão

catalogados 20 a 30% de todos

os PHAs.

Os novos resultados

da NEOWISE sugerem ainda

que os PHAs com baixas incli-

nações orbitais são mais nume-

rosos do que se assumia ante-

riormente. Curiosamente,

estes objectos são também

mais brilhantes e mais peque-

nos que os seus congéneres

com órbitas mais inclinadas,

um claro indício de que muitos

destes PHAs são fragmentos

gerados por violentas colisões

entre objectos da Cintura de

Asteróides, que posteriormen-

te migraram para órbitas inte-

riores à órbita de Marte. Dado

o seu alinhamento com o plano

orbital da Terra, estes objectos

serão certamente alvos prefe-

renciais para futuras missões

de exploração robóticas ou

humanas.

Podem ler mais sobre esta

notícia aqui.

Sérgio Paulino

Página 57

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

NASA estima a existência de 4.700 asteróides

potencialmente perigosos

Diagrama ilustrando toda a população de asteróides próximos da Terra estimada a par-

tir dos novos resultados da missão NEOWISE. Estão representados a laranja os aste-

róides potencialmente perigosos e a verde a órbita da Terra.

Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Page 58: astroPT Maio2012

Página 58

SISTEMA SOLAR

É difícil encontrar adjectivos que descrevam a beleza do mosaico que hoje aqui vos tra-go. Composto por imagens obtidas no distante ano de 1976 pela sonda Viking Orbiter 1, este fabuloso retrato de Marte é produto da paciência e da habilidade de Daniel Machá-ček, um dos magos do proces-samento amador de imagens espaciais que habitualmente participam no fórum UnmannedSpaceflight.com. Publiquei-o aqui numa ver-são menos pesada, mas acon-selho-vos vivamente a observa-rem-no na sua máxima resolu-ção no blog de Macháček (21 MB com uma resolução aproxi-mada de 800 metros/pixel!). O mosaico cobre uma interes-sante região de Marte que se estende desde a bacia de impacto de Argyre e a sua vizi-nha cratera Galle (o simpático sorriso marciano) até às planí-cies que rodeiam as falhas tec-tónicas de Thaumasia Fossae. A leste de Galle são visíveis as crateras Lohse, Helmholtz e Wirtz, encimadas pela ténue atmosfera marciana. A cratera Lowell e o seu arco de picos centrais aparece em posição de destaque, aproximadamente, no centro do mosaico. Podem consultar aqui uma versão legendada com mais algumas

estruturas geológicas identifi-cadas.

Sérgio Paulino

Maio 2012

Directamente dos arquivos da missão Viking:

espectacular mosaico de Marte!

O planeta vermelho de Argyre Planitia a

Thaumasia Fossae. Mosaico de 36 imagens

obtidas a 24 de Julho de 1976 pela Viking

Orbiter 1, através de filtros para as cores

violeta e vermelho. Para produzir a compo-

sição em cores aproximadamente naturais

foram sintetizadas imagens para o filtro

verde a partir dos outros dois filtros.

Crédito: NASA/JPL/Daniel Macháček.

Page 59: astroPT Maio2012

Poderão organismos terrestres

colonizar a superfície de Mar-

te? De acordo com um recente

trabalho de um grupo de cien-

tistas do DLR (Deutsches Zen-

trum für Luft- und Raumfahrt),

sim. Durante 34 dias, Jean-

Pierre de Vera e os seus cola-

boradores do Instituto de

Investigação Planetária, em

Berlim, mantiveram líquenes

antárcticos da espéciePleopsi-

dium chlorophanum selados

numa câmara com condições

ambientais semelhantes às da

superfície marciana. No final da

experiência, os investigadores

verificaram que os líquenes

não só estavam vivos como

também se tinham adaptado

ao seu novo ambiente, ocupan-

do nichos em fissuras abriga-

das nas rochas e no solo mar-

cianos simulados.

Os líquenes são seres vivos

simples, mas com uma incrível

capacidade de adaptação a

condições extremas. O seu

sucesso na colonização dos

mais variados ambientes ter-

restres tem origem na sua

invulgar organização e fisiolo-

gia. Os líquenes são, na verda-

de, uma associação simbiótica

entre um fungo (o micobionte)

e uma alga ou cianobactéria (o

fitobionte). Os micobiontes são

muito mais numerosos e envol-

vem completamente os foto-

biontes, alimentando-se dos

nutrientes por si produzidos e

controlando os seus ciclos

reprodutivos. Os fotobiontes

beneficiam da protecção que o

tecido fúngico fornece contra a

luz intensa, a seca e as tempe-

raturas extremas.

No interior da câmara de simu-

lação, os líquenes suportaram

condições verdadeiramente

inóspitas. Os investigadores

recriaram uma atmosfera mui-

to semelhante à de Marte, com

uma composição de 95% de

CO2, 4% de N2 e vestígios de Ar

e de O2, e uma pressão de ape-

nas 6 milibares (o equivalente

à pressão atmosférica encon-

trada 35 quilómetros acima da

superfície terrestre). Os consti-

tuintes minerais do solo e das

rochas onde se fixaram os

líquenes foram escolhidos com

base nos dados disponibiliza-

dos por missões como as do

robots Spirit e Opportunity.

Fontes luminosas especiais,

abrangendo todo o espectro

desde ultravioleta até ao infra-

vermelho, reproduziram em

ciclos de 16 horas de luz e 8

horas de escuridão, a intensa

radiação solar que atinge a

superfície do planeta verme-

lho. Por fim, a temperatura no

interior da câmara oscilou em

ciclos semelhantes aos da luz,

Página 59

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Líquenes antárcticos poderão sobreviver na

superfície de Marte

O líquen antárctico Pleopsidium chlorophanum. Crédito: DLR.

Page 60: astroPT Maio2012

Página 60

SISTEMA SOLAR

entre os -50ºC e os 23ºC.

Os resultados deste trabalho

sugerem que a fotossíntese é

um processo biológico possível

de concretizar nas condições

extremas oferecidas em Marte.

Os líquenes polares demons-

traram ser sobreviventes criati-

vos, colonizando em poucos

dias os nichos mais abrigados

no ambiente artificial da câma-

ra de simulação. A forma como

estes organismos se adaptaram

tão rápido a condições inóspi-

tas remete-nos para duas

noções muito importantes. Em

primeiro lugar, uma vez instala-

da a vida procura sempre solu-

ções engenhosas para sobrevi-

ver, pelo que não é abusivo

concluir que se alguma vez a

vida floresceu em Marte, ela

possa estar presente nos dias

de hoje nos habitats mais abri-

gados. Em segundo lugar, esta

extraordinária capacidade de

adaptação dos organismos ter-

restres às duras condições do

planeta vermelho mostra que a

protecção de uma possível

biosfera marciana deverá cons-

tar entre as principais priorida-

des no planeamento de mis-

sões de exploração a Marte.

Os investigadores estão agora

a testar as mesmas condições

desta experiência com outros

organismos, incluindo líquenes

polares e alpinos e cianobacté-

rias. Entre os organismos selec-

cionados contam-se alguns

usados em experiências reali-

zadas na Estação Espacial Inter-

nacional, em plataformas de

exposição às condições do

espaço. Até agora os resulta-

dos demonstram que um varia-

do leque de líquenes e ciano-

bactérias isolados de ambien-

tes polares apresentam as

mesmas capacidades de adap-

tação às condições ambientais

marcianas observadas na pri-

meira experiência.

Este trabalho foi apresentado

em Abril passado

na Assembleia Geral da União

Europeia de Geociên-

cia (podem encontrar um

sumário e algum material da

apresentação aqui e aqui).

Sérgio Paulino

Maio 2012

Câmara de simulação das condições ambientais de Marte usada na experiência. Crédito: DLR.

Page 61: astroPT Maio2012

O Mínimo de Maunder é o nome dado ao período entre 1645 e 1715. O nome deste período foi dado em homenagem a Edward Maunder que estudara como as latitudes das manchas sola-res mudam com o tempo.

O Mínimo de Maunder ocorreu

porque a actividade solar dimi-nuiu durante um longo perío-do, algo verificável pela ausên-cia de manchas à superfície. Dentro deste Mínimo de Maunder, durante 30 anos foram observadas somente 50 manchas solares, o que é um número muito menor que as

milhares de manchas solares observadas nos últimos anos.

No entanto, temos aqui um paradoxo, porque sendo as manchas zonas menos quen-tes, o óbvio até seria que o Sol aumentasse a temperatura. Na verdade, a razão principal para a diminuição da activida-

Página 61

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Sol com máximos e mínimos

preocupantes

Page 62: astroPT Maio2012

Página 62

SISTEMA SOLAR

de solar parece estar nas estruturas “mais brilhantes”, como as fáculas (na fotosfera) e as plages (na cro-mosfera), que são zonas mais quentes que a média. No entanto, como estas estruturas aparecem associadas a regiões activas (assim como as manchas), quando há falta de manchas há também falta (especialmente) de plages. Regra geral, num mínimo solar “normal”, continuam a existir fáculas que ajudam a manter o valor da constante solar, e daí não termos uma “micro época glacial” a cada mínimo. O grande problema é que não há registo das “manchas cla-ras” durante o Mínimo de Maunder. A opinião mais con-sensual é que terá sido a falta de fáculas que terá gerado a diminuição da constante solar, e daí, a mini-época glacial.

Algumas investiga-ções apontam para nesta altu-ra (século 17) a rotação do Sol ter abrandado, o que poderá ter alguma relação com o cam-po magnético, e consequente-mente com as manchas solares e as fáculas.

Uma das consequências deste efeito solar, foi a Europa e a América do Norte estarem debaixo de uma pequena idade do gelo, sobretudo com invernos extremamente gelados.

Existiram outros períodos de baixa actividade solar que culminaram no arre-fecimento do plane-ta. Nos últimos 8000 anos, existiram 18 períodos destes, sendo que os mais conhecidos são o Spörer Mini-mum (1450–1540) e o Dalton Mini-mum (1790–1820),

que além da influência solar terão também sido ajudados por um acréscimo enorme de actividade vulcânica.

Desde 1900 que estamos num período de relativo Máximo Solar. Este máximo solar teve picos nos anos 1950s e 1990s. Mas houve outras explosões solares que “fizeram história”, nomeadamente uma em 1980 que quase provocou a 3ª Guer-ra Mundial, porque nem os EUA nem a União Soviética perceberam que quem lhes tinha “fritado” os satélites não tinha sido o “outro lado”, mas sim o Sol. Em 2001, também houve um período de grande actividade solar. E até perto do mínimo solar em 2006, o Sol teve enormes explosões solares no ano 2005. O que prova que os ciclos de 11 anos do Sol, não são tão certinhos como gostaría-mos que eles fossem.

Neste momento estamos a caminhar para um pico solar

Maio 2012

Page 63: astroPT Maio2012

em 2013, o que é excelente porque nos tem proporciona-dobelíssimas auroras nos céus. Ao contrário do que dizem os vigaristas, o pico solar em 2013 não levará a explosões solares que afectem de sobremaneira a vida na Terra. Aliás, os dados mostram que este máximo solar é dos mais moderados dos últimos ciclos.

Após 2013, começa um novo ciclo que terá o seu mínimo em 2018, e terá novo pico máximo de actividade em 2024.

Na verdade, ao contrário do que dizem os ignorantes dos vigaristas, os cientistas que estudam o Sol publicaram 3 estudos diferentes que indicam que o Sol vai estar menos acti-vo no próximo ciclo. Um dos estudos mostra que a frequência de manchas solares, que são causadas por fortes forças magnéticas, tem dimi-nuído. Um outro estudo mos-tra que a força magnética des-sas manchas também tem diminuído. E o outro estudo mostra que os padrões de fluxo de gases na superfície do Sol parecem indicar que o Sol irá “perder força”.

Por tudo isto, devido a este conhecimento do Sol, é que se espera que o máximo solar em 2013 seja fraco.

E a partir daqui começam as preocupações… É que há quem especule que a partir de 2013, o Sol poderá entrar em hibernação. Se isso acontecer, então pode-rá haver uma nova “pequena era do gelo”, similar ao Mínimo de Maunder, com a fraca acti-vidade solar a levar a um decréscimo da temperatura na Terra.

Tudo isto faz-nos perceber 2 coisas: - o quanto a ciência é impor-tante e o orgulho em quem

tem a inteligência de procurar o conhecimento real dos assuntos, que nos permite compreender melhor o Univer-so à nossa volta. - a estupidez dos vigaristas que poderiam no mínimo utilizar o conhecimento real dos assun-tos (o possível novo Mínimo) para incutir medos infundados às pessoas, mas em vez disso são tão ignorantes que utilizam ideias totalmente contrárias à realidade para vigarizarem as pessoas.

Carlos Oliveira

Página 63

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Page 64: astroPT Maio2012

Página 64

Evento de Carrington Evento de Carrington ––

Tempestade Solar de 1859 Tempestade Solar de 1859

SISTEMA SOLAR

O Evento de Carring-

ton ou Tempestade Solar de

1859 foi uma grande tempesta-

de geomagnética provocada

por explosões solares.

A tempestade solar deu-se a 1

de Setembro de 1859 e enviou

várias e massivas CMEs

(Ejecção de Massa Coronal) na

direcção da Terra.

A segunda CME demorou

somente 17 horas a atingir a

Terra, em vez dos normais 3

dias para cá chegar.

Foi a tempestade solar mais

poderosa alguma vez registada

na história da Humanidade!

Nos céus, as auroras foram

assombrosas!

Viram-se “cortinas de luzes”

até na Flórida. Algumas pes-

soas na América sentaram-se a

ler o jornal à luz das auroras.

A luz das auroras chegou a ser

mais forte que a Lua Cheia.

Na superfície terrestre não foi

tudo boas notícias para os

Humanos: a tempestade solar

causou falhas no serviço de

telégrafo que existia na altura

na Europa e na América do

Norte.

Outras poderosas, mas um

pouco mais fracas, tempesta-

des solares aconteceram nos

anos 1921 e 1960, tendo sido

relatadas na altura interrup-

ções generalizadas de emissões

de rádio.

Carlos Oliveira

Maio 2012

Page 65: astroPT Maio2012

Página 65

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Recentemente escrevi sobre o Evento de Carrington, neste post. Esta Tempestade Solar deu-se em Setembro de 1859, e foi a tempestade geomagnética mais poderosa alguma vez registada na história da Huma-nidade. Na altura escrevi também que ela produziu auroras fantásti-cas nos céus da Terra, e até causou algumas falhas nos ser-viços de telégrafo.

Estava agora a ler este artigo do Apollo11.com que começa assim: “Em 1859, uma violenta explo-são solar praticamente blo-queou todas as comunicações telegráficas do planeta, eletro-cutando técnicos e produzindo auroras boreais até nas latitu-des baixas. Agora, um novo estudo mostra que se ocorres-se uma super explosão solar, as consequências seriam ainda piores.”

O telescópio espacial Kepler observou 83 mil estrelas como o Sol durante 3 meses e regis-tou 368 super-explosões(que podem ser desde 100 vezes a 10 milhões de vezes mais for-

tes que as CMEs pro-duzidas no Sol) em 148 estre-las como o Sol. Ou seja, só 0,18% das estrelas similares ao Sol pro-duziram estas super-explosões, e a proba-bilidade de estrelas de baixa rotação, como o Sol, ter estes eventos é ainda mais bai-xa. Por outro lado, estas super-explosões poderão depender dos campos magnéticos dos chamados Júpiteres Quentes (planetas gigantes próximos da estrela), que existem em gran-de quantidade no Universo, mas não no nosso Sistema Solar. Mas este estudo parece mostrar que a relação com Júpiteres Quentes, não existe.

Penso que há aqui várias coisas a considerar.

Em primeiro lugar é que esta informação é correcta. Mas será que os leitores vão perce-ber as explicações ou vão ser levados pelo título sensaciona-lista (“Sol: estudo mostra que super flare destruiria camada de ozônio“) e pelas frases ini-ciais também a levar para um certo sensacionalismo de fim do mundo? Em segundo lugar é que não sei se o artigo é baseado neste da BBC, mas com uma pitada de marketing de fim do mun-do, no sentido de que “quem conta um conto aumenta um

SuperSuper--Explosão Solar pode Explosão Solar pode

acabar com a atmosfera da acabar com a atmosfera da

Terra? Terra?

Page 66: astroPT Maio2012

Página 66

SISTEMA SOLAR

ponto” de modo a publicitar melhor o artigo. Em terceiro lugar é que a infor-mação não é totalmente cor-recta, nomeadamente o Even-to de Carrington. Na altura houve falhas em alguns servi-ços, mas não foi um caos gene-ralizado como o artigo dá a entender. Ou seja, não é preci-so exagerar sobre as conse-quências do que aconteceu. Em quarto lugar penso ser necessário referir as diferenças entre probabilidade e possibili-dade. Exemplo: Será que eu posso atravessar uma parede de cimento? Posso! Mas será que vou conseguir? Não, mes-mo que dê com a cabeça na parede todos os dias durante 3 biliões de anos! Ou seja, mes-mo que isto seja uma possibili-dade, a probabilidade disto acontecer é muito menor que, por exemplo ganharmos a lota-ria ou um asteróide dizimar-nos. A probabilidade do Sol ter uma destas super-explosões é tão baixa que não tem qual-quer interesse para nós. Aliás, existem evidências fortes que nunca houve nada disto no último milhar de milhões (bilhão, no Brasil) de anos. Em quinto lugar, não entendo as referências ao Evento de Carrington. O Evento de Car-rington não foi uma super-explosão. Na verdade é com-pletamente insignificante quando comparado com super-explosões. Seria como compa-rar formigas com elefantes. Ou seja, se um elefante me puser

a pata em cima, é normal que me esmague. Mas o que tem isso a ver com formigas, apesar de serem ambos animais? A verdade é que uma formiga não me esmagaria. E a probabi-lidade de um elefante me esmagar num piquenique no parque ao lado da minha casa aqui no Texas é irrelevante. O mesmo se passa aqui entre o Evento de Carrington e super-explosões.

Daí que ao contrário do sensa-cionalismo nos Media, Brad Schaefer, professor de astrofí-sica na Louisiana State Univer-sity, diz claramente: A Terra está a salvo destas super-explosões.

A notícia diz também que se

uma super-explosão vinda do Sol atingir a Terra, então aca-

baria com a camada de ozono

da atmosfera, levando a extin-ções em massa, e obviamente

ao desaparecimento da Huma-

nidade (devido à extrema radiação).

Estes possíveis resultados

foram compreendidos a partir de modelos de computador.

Mas isto são especulações sem

qualquer significado prático. Isto é o mesmo que dizer que

se eu atravessar a parede de

cimento, do outro lado encon-tro o Pai Natal. A verdade é

que eu não vou encontrar o Pai

Natal, porque não vou conse-guir atravessar a parede de

cimento. Da mesma forma, a

nossa camada de ozono está a salvo porque não teremos

estas super-explosões no Sol.

Uma possível consequência

destas super-explosões é muito

interessante. A radiação destas super-

explosões pode fornecer a

energia necessária para iniciar as reacções químicas necessá-

rias que podem levar à vida.

Claro que isto é pura especula-ção científica, mas diz-nos que

as super-explosões podem não

ter só efeitos devastadores para a vida.

Ou seja, resumindo e concluin-

do: - É importante saber-se o que

pode acontecer em estrelas

similares ao Sol. - Viram-se super-explosões em

estrelas similares ao Sol.

- Em todas as estrelas estuda-das, o número de estrelas simi-

lares ao Sol que desenvolveu

estas super-explosões é míni-mo.

- Os astrónomos ainda não

sabem os mecanismos concre-tos que formam estas super-

explosões, mas estão a investi-

gar o assunto. - As super-explosões podem

exterminar toda a vida comple-

xa num planeta, mas por outro lado podem também ajudar a

vida a começar.

- Estas super-explosões não acontecem no nosso Sol.

Leiam o artigo na Nature.

Carlos Oliveira

Maio 2012

Page 67: astroPT Maio2012

A Cassini realizou

anteontem uma

rara aproximação

a Metone, uma

das três minúscu-

las luas que

povoam a região

entre as órbitas

de Mimas e Encé-

lado. Situada a

apenas 200 mil

quilómetros de

distância de

Saturno e com

apenas 3,2 quiló-

metros de diâme-

tro, Metone é um

alvo difícil de

alcançar, pelo

que esta foi uma

oportunidade úni-

ca para a equipa

de imagem da

missão fotografar

a sua superfície.

Metone foi a primeira lua a ser

descoberta pela Cassini, logo

no início da missão, em 2004.

As novas imagens, obtidas no

Domingo passado, mostram

um corpo surpreendentemente

ovóide e liso, com subtis varia-

ções de albedo, características

curiosamente partilhadas pela

sua vizinha Palene. Metone e

Palene partilham com Ante

órbitas muito próximas no inte-

rior do anel E, região onde são

continuamente pulverizadas

com partículas de gelo e com-

postos orgânicos com origem

em Encélado, um facto que tal-

vez explique as suas estranhas

aparências.

Sérgio Paulino

Página 67

Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Cassini sobrevoa um ovo!

Metone fotografada pela sonda Cassini a 20 de Maio de 2012, a apenas 4.500 km de distância (imagem

original: N00189072).

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.

Page 68: astroPT Maio2012

Página 68

TERRA Maio 2012

Corria o distante ano de 1966

quando a NASA divulgou

uma espectacular imagem da

cratera Copérnico que rapida-

mente se transformaria num

ícone dos primeiros anos da

exploração espacial. A imagem

era apenas uma das inúmeras

obtidas pelas 5 sondas Lunar

Orbiter, enviadas para a Lua

entre 1966 e 1967 com o

objectivo primordial de patru-

lhar a superfície lunar em bus-

ca de locais de alunagem segu-

ros para as futuras mis-

sões Apollo. No entan-

to, o que a tornava

particularmente espe-

cial era o facto de ter

sido captada num

ângulo oblíquo a curta

distância do seu alvo.

Esta invulgar geome-

tria permitiu que, pela

primeira vez, os olha-

res humanos obser-

vassem a Lua como

um mundo de monta-

nhas e grandes roche-

dos, uma paisagem

que não era aparente

nas imagens até então

divulgadas. O seu impacto na

opinião pública foi de tal

ordem que a revista Life viria a

apelidá-la de “Imagem do

Século”.

Na altura, as sondas

da NASA usavam películas foto-

gráficas para a captação de

imagens da superfície lunar. As

fotografias eram depois digita-

lizadas e enviadas para a Terra,

onde eram impressas em papel

fotográfico e usadas para cons-

truir mapas detalhados da Lua.

Este procedimento conduziu a

que muitos dos dados originais

ficassem irremediavelmente

perdidos para sempre. Feliz-

mente, alguns engenheiros

da NASA sugeriram que os

dados originais fossem guarda-

dos em fitas analógicas, pelo

que as imagens originais das

missões Lunar Orbiter ainda se

encontram disponíveis.

Após 40 anos, o Lunar Orbiter

Image Recovery Pro-

ject (LOIRP), um projecto finan-

ciado pela NASA, assumiu o

papel de recuperar todo esse

fabuloso espólio e reprocessá-

lo com as mais modernas ferra-

mentas de processamento de

imagens. Os resultados têm

sido impressionantes e têm

revelado algumas fotografias

que rivalizam em resolução e

beleza com as actuais imagens

obtidas pela sonda Lunar

Reconnaissance Orbiter, como

é o caso desta imagem de

Copérnico.

Podem ver as mais recentes

publicações deste projec-

to aqui.

Sérgio Paulino

Reeditada imagem icónica da cratera

Copérnico

Uma nova versão de uma famosa imagem da cratera

Copérnico obtida pela sonda Lunar Orbiter 2 a 24 de Novembro de 1966 (cliquem na imagem para a verem

na sua máxima resolução).

Crédito: LOIRP.

Page 69: astroPT Maio2012

Página 69

Volume 2 Edição 5 TERRA

ilha de plástico ilha de plástico

Existe uma “ilha de plástico” no oceano pacífico, criada por toneladas de plásticos e detritos humanos que se vão acumulando ao longo de dezenas de anos. Um estudo dessa “ilha” mostrou que ela aumentou 100 vezes nos últimos 40 anos. Esse aumento está a alterar os habitats marinhos e a fazer muito mal a muita vida. Mas, como em tudo, há sempre alguém que beneficia com este lixo. Neste caso, é um insecto denominado Halobates sericeus que, devido ao alargamento da “ilha”, tem mais sítios para pôr os ovos.

Esta “ilha de poluição” é enorme. O Público diz que ela é maior que os EUA: “Segundo a Agência norte-americana para os Oceanos e Atmosfera (NOAA) “é muito difícil estimar a verdadeira dimensão” da concentração de lixo marinho no Norte do oceano Pacífico. Ainda assim, será algo entre os 11 e os 14 milhões

de quilómetros quadrados (por exemplo, os Estados Unidos têm mais de 9,6 milhões de quilómetros quadrados).” A France-Press diz que ela é do tamanho do Texas. A diferença entre um número e outro é enorme! De qualquer modo, mesmo sendo do tamanho do Texas, é mais ou menos do tamanho da França, ou seja, é

uma ilha bem grande!

Leiam o artigo, no Público, BBC, Live Science, Science Magazine, e artigo científico.

Carlos Oliveira

Page 70: astroPT Maio2012

A Missão Kepler descobriu mais 3 planetas como

a Terra (em termos de tamanho, massa, tempera-

tura, e superfície rochosa), que podem

ser habitáveis (diferente de habitados).

As estrelas-mãe são estrelas anãs do tipo M, e são

KOI (Kepler Object of Interest). Os seus nomes

são KOI 463.01, KOI 812.03, e KOI 854.01

Os 3 planetas agora detectados parecem estar

naquilo que é designado por “zona habitável” das

3 estrelas.

Saliente-se que a maior parte das estrelas no Uni-

verso são do tipo M, por isso em termos de pro-

babilidade, é normal que existam mais planetas

nesse tipo de estrelas.

Aliás, como publicamos aqui: Planetas rochosos à

volta de anãs vermelhas são muito comuns.

Assim, se houver vida no Universo, é mais prová-

vel ela existir nestes sistemas com estrelas-anãs,

do que em sistemas com estrelas similares ao Sol.

Por fim, refira-se que estes planetas ainda são

somente candidatos. É preciso ainda haver confir-

mação de que eles realmente se encontram lá.

Leiam o comunicado da Universidade de Cornell,

a tradução em português, e o artigo científico.

Carlos Oliveira

Página 70

Descobertos 3 planetas como a Terra Descobertos 3 planetas como a Terra

EXOPLANETAS Maio 2012

Page 71: astroPT Maio2012

Página 71

Volume 2 Edição 5 EXOPLANETAS

Uma equipa de cientistas que inclui Brice-Olivier Demory (MIT, primeiro autor), Michael Gillon (Universidade de Liege), Sara Sea-ger (MIT), Bjoern Benneke (MIT), Drake Deming (Universidade de Maryland) e Brian Jackson (Carnegie Institution) disponibilizaram na Internet um artigo no qual dão conta da detecção da emis-são infravermelha proveniente do planeta 55 Cancri-e, uma Super-Terra, ou Sub-Neptuno, que orbita a estrela hospedeira em apenas 17.7 horas e cujos trânsitos foram descobertos há sensivel-mente um ano. A equipa utilizou o telescópio espacial de infravermelhos Spitzer para observar quatro eclipses secundários do sistema, isto é, ocultações do planeta 55 Cancri-e pela sua estrela hospedeira, no comprimento de onda de 4.5 micrometros. A geometria dos eclipses secundá-rios é representada na figura que se segue. Note-se que imediatamente antes (e imediata-mente depois) do eclipse do planeta pela estrela, a face diurna do planeta está quase na totalidade voltada para a Terra. Observações feitas nesses instantes permitem determinar a luminosidade

infravermelha total da estrela e do lado diurno do planeta. Durante a ocultação do planeta, apenas a luminosidade infravermelha da estrela é observa-da. Subtraindo os dois valores podemos determi-nar a luminosidade infravermelha do lado diurno do planeta e com isso obter uma boa ideia da temperatura da sua atmosfera. A equipa mediu eclipses secundários com uma profundidades de 131 (+/-28) ppm (partes por milhão) o que se tra-duz numa temperatura atmosférica de 2360 (+/-300) Kelvin! As observações realizadas parecem implicar que o albedo do planeta (a fracção de luz recebida da estrela que ele reflecte para o espa-ço) é muito baixo. Por outras palavras, visto do espaço, 55 Cancri-e teria uma aparência escura. É também provável que o planeta transfira de for-ma muito ineficiente o calor acumulado no lado diurno para o seu lado nocturno, dando origem a grandes gradientes de temperatura. Finalmente, a detecção e a medição dos instantes em que ocorreram os eclipses secundários permitiu deter-minar com mais exactidão a forma da órbita do planeta (a sua excentricidade), anteriormente estimada em 0.25 e que estas observações colo-cam em apenas 0.06, portanto muito próxima de uma órbita circular (uma excentricidade de 0 cor-responde a uma órbita circular). Podem ver o arti-go aqui. Luís Lopes

Spitzer Detecta Luz Infravermelha de SuperSpitzer Detecta Luz Infravermelha de Super--Terra Terra

(55 Cancri-e vista do espaço junto à sua

estrela hospedeira. Crédito: Space.com

Crédito: Sara Seager, MIT

Órbitas com diferentes excentricidades com a posição da estre-

la (círculo negro) num dos focos. Crédito

Page 72: astroPT Maio2012

O astrofísico David Kipping lidera o projecto HEK (The Hunt for Exomoons with Kepler) que tem como objectivo descobrir luas em torno de planetas detectados pelo telescópio Kepler usando variantes das técnicas TTV (Transit Timming Variations – Variações nos Instantes de Trânsito) e TDV (Transit Duration Variation – Variação na Duração dos Trânsitos). Em grande parte estas variantes foram desenvolvidas por Kipping durante o seu doutoramento no Univer-sity College em Londres.

O projecto acaba de publicar a sua primeira des-

coberta na revista Science e, apesar de não se tra-tar de uma exo-lua, é notável. O artigo, cujo pri-

meiro autor é David Nesvorny, do Southwest

Research Institute no Colorado, um dos membros da equipa do HEK, descreve a detecção de um

novo planeta, possivelmente dois, em torno da

estrela KOI-872. Trata-se de uma estrela menos maciça (90% da massa), mais pequena (95% do

raio), mais rica em metais (2.5 vezes) e mais evo-

luída do que o Sol, situada a cerca de 2700 anos-

Página 72

EXOPLANETAS Maio 2012

Projecto HEK Descobre Primeiro Planeta em Dados do Projecto HEK Descobre Primeiro Planeta em Dados do

Kepler Kepler

As variações nos instan-

tes de trânsito do KOI-

872b que levaram à des-

coberta do planeta KOI-

872c. Crédito: South-

west Research Institute

Page 73: astroPT Maio2012

Página 73

Volume 2 Edição 5 EXOPLANETAS

luz. A análise das curvas de

luz da KOI-872 obtidas

pelo Kepler tinha já

permitido a descoberta

dos trânsitos do KOI-

872b, um planeta

gigante com uma mas-

sa de 0.8Mj (Mj = mas-

sa de Júpiter) que a

orbita com uma perio-

dicidade de 33.6 dias.

Mas havia algo de

estranho nos dados. O

KOI-872b realizava

trânsitos umas vezes

antes, outras vezes

depois, do instante pre-

visto. A amplitude

máxima destes atrasos

e avanços atingia as 2

horas.

Nesvorny e os colegas

analisaram a dinâmica do sistema através de um

simulador em computador e demonstraram que o

efeito é devido a um outro planeta no sistema,

agora designado de KOI-872c, com 0.37Mj

(Saturno = 0.3Mj) e um período orbital de 57.0

dias, portanto numa órbita exterior à de KOI-

872b. Este planeta não realiza trânsitos porque a

sua órbita está ligeiramente mais inclinada do que

a do KOI-872b vista da Terra.

Mas os dados do Kepler reservavam mais surpre-sas. A equipa reconheceu um outro sinal devido

aos trânsitos de um terceiro planeta no sistema,

uma Super-Terra com 1.7Rt (Rt = raio da Terra) e um período orbital de 6.8 dias. Este planeta tinha

escapado à pipeline de software desenvolvida pela equipa da missão Kepler e que tinha detecta-

do o KOI-872b. A profundidade dos trânsitos da

Super-Terra é bastante menor do que a dos trân-sitos do KOI-872b e o software poderá ter sido

ludibriado pelas variações nos instantes de trânsi-

to que descrevemos. Esta descoberta põe em evidência o poder dos

dados recolhidos pelo Kepler, quando combina-

dos com técnicas baseadas na análise da dinâmica

dos sistemas, para a detecção de mais planetas e

determinação das suas características. Podem ver

a notícia original aqui e o resumo do artigo na

revista Science aqui.

Luís Lopes

Os planetas KOI-872b e KOI-872c em órbita da sua estrela hospedeira. Crédito: Southwest

Research Institute

Page 74: astroPT Maio2012

No âmbito

do “Explorers Pro-

gram” da NASA, o Jet

Propulsion Labora-

tory (JPL) está a pro-

por uma missão mui-

to importante para o

estudo de exoplane-

tas – o observatório

Fast Infrared Exopla-

net Spectroscopy

Survey Explorer

(FINESSE). Depois de

lançado em 2016, e

durante 2 anos, a

missão propõe-se

observar mais de 200

Página 74

EXOPLANETAS Maio 2012

FINESSE FINESSE

Imagem simulada do observatório FINESSE em órbita terrestre. Crédito: JPL/NASA

As diferentes vistas da atmosfera proporcionadas pelo movimento orbital de um exoplaneta que realiza trânsitos. Em cada um

destes pontos pode obter-se muita informação sobre a atmosfera do exoplaneta analisando o seu espectro no infravermelho entre

os 0.7 e os 5.0 micrómetros, uma gama de comprimentos de onda em que moléculas como a água, o metano, o monóxido de car-

bono, e o dióxido de carbono têm bandas de absorção importantes. Crédito: JPL/NASA

Page 75: astroPT Maio2012

Página 75

Volume 2 Edição 5 EXOPLANETAS

exoplanetas que realizam trânsitos, no infraver-

melho entre os 0.7 e os 5.0 micrómetros, com um

espectrógrafo muito estável e preciso. Cada exo-

planeta será observado em diversos pontos da

sua órbita em torno da respectiva estrela hospe-

deira. Os espectros obtidos ajudarão a identificar

as espécies químicas que compõem a atmosfera

do exoplaneta, temperaturas, pressões, camadas

de inversão e padrões de circulação atmosférica.

Um estudo tão detalhado realizado para tantos

exoplanetas permitirá ter uma noção mais clara

da variedade de planetas que orbitam as estrelas

na vizinhança solar.

O observatório consiste num telescópio de 75cm

de abertura acoplado a um espectrógrafo, um

sistema de guiagem para manter o telescópio

apontado para as estrelas alvo, e as componentes

electrónicas necessárias à sua operação, armaze-

namento e transmissão de dados e recepção de

comandos. Os instrumentos serão refrigerados

através de um sistema criogénico para garantir a

sua estabilidade térmica e aumentar a sua sensi-

bilidade. Note-se que, se não fossem refrigerados

desta forma, os instrumentos do observatório

emitiriam radiação infravermelha (calor) suficien-

te para abafar o sinal débil das atmosferas dos

exoplanetas.

O FINESSE será colocado numa órbita polar a uma

altitude de 570 quilómetros que lhe permitirá

manter os painéis solares virados para o Sol

enquanto o telescópio se mantém virado para

regiões do céu observáveis (longe do brilho do

Sol, da Terra e da Lua). No seu desenho mais bási-

co o observatório não terá um sistema de propul-

são próprio pelo que, depois de colocado em

órbita, não poderá fazer afinamentos de trajectó-

ria.

Podem ver mais informação sobre a missão aqui.

Luís Lopes

As componentes do observatório FINESSE. Crédito: JPL/NASA

Page 76: astroPT Maio2012

Página 76

ASTRONÁUTICA Maio 2012

ULA lança AEHFULA lança AEHF--2 2

Após um adiamento de 24 horas devido a problemas técnicos, o foguetão Atlas-V/531 (AV-031) colocou em órbita o satéli-te de comunicações militares AEHF-2. O lançamento teve lugar às 1842:00,219UTC do dia 4 de Maio de 2012 e foi levado a cabo desde o Complexo de Lançamento LC-41 do Cabo Canaveral AFS, Florida. O pri-meiro satélite desta série havia sido coloca-do em órbita a 14 de Agosto de 2010. O satélite separou-se do estágio Centaur pelas 1934UTC. O AEHF-2 deverá receber a designação USA-235. O sistema AEHF é um serviço conjunto de comunicações por satélite que irá proporcionar comunicações globais, seguras, protegidas e resis-tentes às interferências para as os meios militares de alta prioridade. Estes satélites irão permitir ao Conselho de Segurança Nacional dos Estados Uni-dos a ao UCC (Unified Combatent Commanders) um controlo das suas forças tácticas e estratégi-cas a todos os níveis de conflito através da guerra nuclear geral e apoiar na obtenção da superiori-dade na informação. O sistema AEHF é o seguidor do sistema Milstar, aumentando e melhorando as capacidades deste, e expandindo a arquitectura MCSW. Irá propor-cionar conectividade ao longo de todo o espectro das áreas das missões, incluindo a guerra terres-tre, aérea e naval; operações especiais; operações nucleares estratégicas; defesa estratégica; teatro de defesa de mísseis; e operações espaciais e inteligência. Inicialmente previsto para ter seis satélites, o sis-tema AEHF terá quatro satélites na órbita geos-síncrona que irão proporcionar 10 vezes mais cobertura em relação aos satélites Milstar com um aumento substancial na cobertura para os uti-lizadores norte-americanos. O sistema AEHF é composto por três segmentos: espacial (os satéli-tes), solo (controlo de missão e ligações de comu-

nicações associadas), e terminais (os utilizadores). Os segmentos irão fornecer comunicações num conjunto especial de dados desde 75 bps até cer-ca de 8Mbps. O segmento espacial consiste de uma constelação inter-ligada de quatro satélites. O segmento de controlo de missão controla os satélites em órbita, monitoriza o seu estado, e fornece a monitorização e planeamento do siste-ma de comunicações. Este segmento é extrema-mente resistente, tendo tanto estações de con-trolo móveis como fixas. Os sistemas de comuni-cação com os satélites e entre os satélites operam em frequências extremamente elevadas (EHF) enquanto que as comunicações com o solo ope-ram em frequências super elevadas (SHF). O seg-mento de terminais inclui terminais fixos e móveis, terminais em embarcações e submarinos, e terminais no ar utilizados por todos os serviços e parceiros internacionais (Canadá, Holanda e Rei-no Unido). Com uma massa de 6.168 kg, os satélites AEHF são baseados no modelo comercial A2100 da Loc-kheed Martin que inclui um sistema de propulsão eléctrico Hall que é 10 vezes mais eficiente do que os sistemas de bi-propolente convencionais. Os motores removem a excentricidade orbital durante as operações de transferência orbital,

Page 77: astroPT Maio2012

Página 77

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

Novo lançamento orbital da China Novo lançamento orbital da China

A China levou a cabo um novo lançamento orbital

ao colocar em órbita o satélite de mapeamento

Tianhui-1B. O lançamento teve lugar às 0710:05UTC do dia 6 de Maio de 2012 e foi leva-

do a cabo por um foguetão CZ-2D Chang Zheng-

2D desde a Plataforma de Lançamento 603 do Complexo de Lançamento LC-43 do Centro de

Lançamento de Satélites de Jiuquan. O satélite TH-1B Tianhui-1B será utilizado junta-

mente com o satélite TH-1A Tianhui-1A para o

mapeamento em detalhe da superfície terrestre

utilizando técnicas esterotopográficas.

Rui Barbosa

manutenção orbital e reposi-cionamento do satélite. A car-ga a bordo contém sistemas de processamento de sinais de comunicações EHF/SHF. O aumento da cobertura é pro-

porcionado por antenas de dois SHF Downlink Phased Arrays, dois Crosslinks, duas antenas Uplinks/Downlink resistentes às interferências, uma antena Uplink EHF Phased

Array, seis antenas direccioná-veis Uplink/Downlink e antenas de cobertura geral para Uplink/Downlink. Imagem: ULA Rui Barbosa

Page 78: astroPT Maio2012

Página 78

ASTRONÁUTICA

A China levou a

cabo um novo

lançamento orbital, o tercei-

ro lançamento

em menos de duas semanas,

colocando em

órbita o satélite de observação

YG-14 Yaogan

Weixing-14 e o pequeno satéli-

te TT-1 Tiantuo-

1. O lançamen-to teve lugar às

0706:05UTC do dia 10 de Maio de 2012 e foi leva-

do a cabo por um foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B a partir do Complexo de Lançamento LC9 do

Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan.

O satélite YG-14 Yaogan Weixing-14 é o primeiro

de uma nova série de satélite de observação elec-tro-óptica e servirá para a obtenção der imagens

detalhadas da superfície terrestre para aplicação

militar, no entanto a agência de notícias Xinhua refere que o novo satélite será utilizado para mis-

sões de detecção remota com aplicações na agri-

cultura, gestão florestal, etc. O pequeno TT-1 Tiantuo-1 tem uma massa de 9,3 kg e é o primeiro nano-satélite chinês que incor-pora as funções de controlo, gestão de energia, transferência de dados e controlo de atitude num único quadro integrado. O satélite irá executar experiências de observação óptica, detecção da intensidade do oxigénio atómico em órbita e recepção de sinais AIS. As suas dimensões são 425 mm x 410 mm x 80 mm. Rui Barbosa

China lança YaoganChina lança Yaogan--14 e Tiantuo14 e Tiantuo--1 1

Maio 2012

Três novos membros para a Expedição 31 Três novos membros para a Expedição 31

A Rússia levou a cabo o lançamen-to da missão espacial tri-pulada Soyuz TMA-04M às 0301:23UTC do dia 15 de Maio de

2012 a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 ‘Gagarinskiy Start’ . A Soyuz TMA-04M foi colocada em órbita por um foguetão Soyuz-FG.

A bordo da Soyuz TMA-04M seguem Gennadi Ivanovich

Padalka (4, Rússia – Coman-

dante da Soyuz TMA-04M; Engenheiro de Voo da Expedi-

ção 31 e Comandante da Expe-

dição 32), Sergei Nikolayevich Revin (1, Rússia – Engenheiro

de Voo n.º 1 da Soyuz TMA-

04M e Engenheiro de Voo da Expedição 31/32) e Joseph

Michael Acaba (2, Estados Uni-

dos – Engenheiro de Voo n.º 2 da Soyuz TMA-04M e Enge-

nheiro de Voo da Expedição 31/32). A tripulação suplente

foi composta por Oleg Viktoro-

vich Novitsky (Rússia), Yevgeni Igorevich Tarelkin (Rússia) e

Kevin Anthony Ford (Estados

Unidos). A acoplagem com a ISS deverá ter lugar a 16 de Maio. Imagens: Roscosmos Rui Barbosa

Page 79: astroPT Maio2012

Página 79

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

A missão VA206

da Arianespace foi lançada às

2213UTC do dia 15 de Maio de

2012 transportando dois satéli-

tes de comunicações para o

Japão e para o Vietname.

A terceira missão

da Arianespace em 2012

decorreu sem problemas e

os satélites JCSAT-13 e Vina-

sat-2 foram colocados nas

órbitas respectivas.

O JCSAT-13 foi construído

pela Lockheed Martin Com-

mercial Space Systems e é

baseado na plataforma

A2100AX. Tinha uma massa de

4528 kg no lançamento e o seu

tempo de vida útil é de 15

anos. Transporta 44 repetido-

res em banda Ku. O Vinasat-2

foi também construído

pela Lockheed Martin Commer-

cial Space Systems e é baseado

no modelo A2100, tendo uma

massa de 2.969 kg no lança-

mento. Com uma vida útil de

15 anos, o satélite transporta

24 repetidores em banda Ku.

Imagem: Arianespace

Rui Barbosa

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A sua

revista

mensal de

astronáuti-

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imagem

para saber

mais]

ArianeAriane--5ECA lança dois satélites de 5ECA lança dois satélites de

comunicações comunicações

Page 80: astroPT Maio2012

Página 80

ASTRONÁUTICA

Este foi o primeiro de uma série de três lança-

mentos orbitais registados a 17 de Maio num

espaço de cinco horas!

A Rússia levou a cabo o último lançamento de um

foguetão Soyuz-U desde o Cosmódromo de Ple-

setsk, com estas lançadores a serem ali substituí-

dos pelos foguetões Soyuz-2.

A missão teve como objectivo colocar em órbita

um novo satélite militar de observação da série

Kobalt-M que recebeu a designação Cosmos

2480. O lançamento teve lugar às 1405UTC do dia

17 de Maio de 2012 e foi levado a cabo a partir do

Complexo de Lançamento LC16/2.

Este foi o 435º Soyuz-U a ser lançado desde Ple-

setsk.

Rui Barbosa

Maio 2012

Último lançamento de um SoyuzÚltimo lançamento de um Soyuz--U U

desde Plesetsk desde Plesetsk

Page 81: astroPT Maio2012

NimiqNimiq--6 em órbita 6 em órbita

Página 81

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

O terceiro lançamento orbital

num espaço de cinco horas viu

a colocação em órbita de um novo satélite de telecomunica-

ções canadiano.

O lançamento do Nimiq-6 teve lugar às 1912:14UTC e foi leva-

do a cabo por um foguetão

Proton-M/Briz-M a partir da Plataforma de Lançamento PU-

24 do Complexo de Lançamen-

tro LC81 do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão. O Nimiq-6 foi construído pela Space Systems/Loral e é baseado na pla-taforma LS1300 tendo uma massa de 4.500 kg. O satélite está equipado com 32 repetidores de banda Ku de alta potên-cia. O seu tempo de vida útil será de 15 anos.

Rui Barbosa

Primeiro lançamento comercial do HPrimeiro lançamento comercial do H--2A 2A

Duas horas e meia após o lançamento desde Ple-setsk na Rússia, o segundo lançamento previsto para o dia 17 de Maio tinha lugar no Japão. Esta foi a primeira missão comercial do foguetão H-2A ao colocar em órbita quatro satélites. A missão F21 foi lançada às 1639UTC do dia 17 de Maio de 2012 com um fogue-tão H-2A/202 a colocar em órbita os satélites Shizuku (GCOM-W1), Ari-rang-3 (Kompsat-3), SDS-4 e Horyu-2. O lançamento foi levado a cabo desde a Plataforma LP1 do Comple-xo de Lançamento Yoshinobu. O satélite Shizuku, ou GCOM-W1, foi desenvolvido pela agência espa-cial japonesa JAXA e tem como objectivo permitir uma observação em escala glo-bal dos parâmetros geofísicos para atestar sobre as alterações globais e mecanismos de circulação. A missão do satélite terá uma duração de 10 a 15 anos.

O programa GCOM é composto por duas séries de satélites, sendo os satélites GCOM-W para obser-

vação das alterações da circulação da água e os satélites GCOM-C para observar as alterações do clima. O satélite Arirang-3, ou Kompsat-3, foi desenvolvido pela agência espa-cial coreana KARI e tem como objec-tivo o desenvolvimento e maturação do hardware utilizando tecnologia obtida através do projecto Kompsat-1 e Kompsat-2 para assim se conse-guir cumprir a demanda da Coreia do Sul de serviços de satélite e for-mar uma tecnologia ao nível mun-dial. O pequeno SDS-4 (Small Demonstra-tion Satellite-4) será utilizado para

validar várias tecnologias e o satélite Horyu-2 irá testar um sistema de painéis solares de alta-voltagem. Ambos os satélites foram desenvolvi-dos por universidades. Rui Barbosa

Page 82: astroPT Maio2012

Página 82

ASTRONÁUTICA

O dia 19 de Maio de 2012 poderá ser outro dia histórico na conquista do espaço com o primeiro

voo espacial comercial até à estação espacial internacional.

A missão COTS-2+ (ou SpX-D) será lançada às 0855UTC por um

foguetão Falcon-9 da SpaceX a

partir do Complexo de Lança-mento LC40 do Cabo Canaveral

AFS. Esta missão pretende cum-

prir vários objectivos que esta-vam estabelecidos para as mis-

sões COTS-2 e COTS-3.

Este será o segundo voo orbital de uma cápsula Dragon devendo

esta missão acoplar com a ISS

três dias mais tarde. Esta missão estava originalmente prevista

para levar a cabo um voo de

demonstração com uma aproxi-mação até 10 km da ISS. No

entanto, a 9 de Dezembro de

2011, a NASA decidiu que a cáp-sula poderia ser «amarrada»

pelo sistema de manipulação

remota da ISS e posteriormente acoplada ao módulo Harmony,

cumprindo assim também os

objectivos de testar a aproxima-ção, voo em formação e modos

de abortagem de voo que esta-

vam originalmente previstos para a missão COTS-2. A captu-

ra, acoplagem e o transporte de

carga não essencial estavam ori-ginalmente previstos para a mis-

são COTS-3 (prevista para finais de 2012). Imagem: NASA Rui Barbosa

O Dragão irá voar até à ISS O Dragão irá voar até à ISS

Maio 2012

Page 83: astroPT Maio2012

Página 83

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

A missão COTS-2+ (ou SpX-D) foi lançada às 0744:34UTC do dia 22 de Maio de 2012 por um

foguetão Falcon-9 da SpaceX a partir do Comple-

xo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS. Esta missão pretende cumprir vários objectivos

que estavam estabelecidos para as missões COTS-

2 e COTS-3.

Esta será a primeira vez que um veículo privado

irá acoplar com a estação espacial internacional

ao abrigo do programa COTS (Commercial Orbital Transportation System) criado pela NASA para o

transporte de carga e mais tarde de astronautas

para a estação espacial internacional.

Este será o segundo voo orbital de uma cápsula

Dragon devendo esta missão acoplar com a ISS três dias mais tarde. Esta missão estava original-

mente prevista para levar a cabo um voo de

demonstração com uma aproximação até 10 km da ISS. No entanto, a 9 de Dezembro de 2011, a

NASA decidiu que a cápsula poderia ser

«amarrada» pelo sistema de manipulação remota da ISS e posteriormente acoplada ao módulo Har-

mony, cumprindo assim também os objectivos de

testar a aproximação, voo em formação e modos de

abortagem de voo que esta-

vam originalmente previstos para a missão COTS-2. A

captura, acoplagem e o

transporte de carga não essencial estavam original-

mente previstos para a mis-

são COTS-3 (prevista para finais de 2012).

A cápsula Dragon é um veí-culo reutilizável sendo com-

posto por um módulo pres-

surizado e por um módulo de carga não pressuri-zado. O veículo tem 4,40 metros de comprimento

e 3,66 metros de diâmetro. A secção de carga não

pressurizada tem um comprimento de 2,80 metros e 3,66 metros de diâmetro. Com os pai-

néis solares abertos o veículo tem uma enverga-

dura de 16,50 metros.

O lançamento decorreu sem qualquer problemas.

O final da queima do primeiro estágio ocorreu em

duas fases com os motores n.º 1 e 9 a desligaram-se em primeiro lugar, seguindo-se os restantes. A

separação entre o 1º e o 2º estágio ocorreu a

T+3m 5s. A ignição do 2º estágio ocorreu a T+3m 12s e a separação da carenagem de protecção

teve lugar a T+3m 52s. O final da queima do

segundo estágio teve lugar a T+9m 14s e a sepa-ração da cápsula Dragon ocorreu a T+9m 49s. Os

painéis solares abriram-se segundos mais tarde.

Após a separação a cápsula Dragon ficou colocada

numa órbita com um apogeu a 346 km, perigeu a

297 km e 51,6º de inclinação orbital. Imagem: NASATV Rui Barbosa

Dragon em órbita a caminho da ISS Dragon em órbita a caminho da ISS

Page 84: astroPT Maio2012

Página 84

ASTRONÁUTICA

“Agarramos um Dragão pela cauda!”, foi

desta forma que Donald Petti anunciou

que o sistema de manipulação remota da ISS, o Canadarm2, havia capturado o veí-

culo de carga Dragon da SpaceX.

Lançado a 22 de Maio de 2012 pelo foguetão Falcon-9 v1.0 (F-3) para a mis-

são COTS 2+, a Dragon foi cumprindo

todos os objectivos da missão até este dia. Só desta forma a NASA autorizaria a

sua aproximação à estação espacial e sua

posterior captura.

A captura teve lugar pelas 1356UTC do dia 25 de

Maio e a SpaceX tornava-se assim na primeira empresa privada a fazer chegar um veículo

comercial privado à estação espacial internacio-

nal. A captura deu-se aos 3 dias 6 horas 11 minu-

tos e 33 segundos de voo.

Após a captura, a Dragon deveria ser «ancorada»

ao módulo Harmony. Tal como o veículo de carga japonês HTV ‘Hounotori’, a Dragon não tem uma

capacidade de acoplagem autónoma e como tal

tem de ser capturada pelo braço robot da ISS e posteriormente ancora-

da à estação. O proces-

so de ancoragem reali-zou-se duas horas mais

tarde e em duas fases.

A primeira fase viu o Canadarm2 aproximar

a cápsula até junto do

porto de ancoragem no módulo Harmony, ter-

minando às 1552UTC. A

Dragon ficaria fixamen-te ligada à estação

espacial às 1603UTC do

dia 25 de Maio de 2012 quando estavam decor-

ridos 3 dias 8 horas e

18 minutos de voo. Imagem: NASATV Rui Barbosa

Dragon Dragon –– Dia histórico na ISS Dia histórico na ISS

Maio 2012

Page 85: astroPT Maio2012

A China não pára A China não pára

Um novo lançamento orbital

da China vem fechar este mês

de Maio que registou 11 lança-mentos orbitais bem sucedi-

dos. Temos de recuar até 1988

para encontrar um mês de maio com mais lança-

mentos (12) do que

aqueles que foram executados este ano

em Maio.

O lançamento do satélite Yaogan Wei-

xing-15 teve lugar às

0731:05UTC do dia 29 de Maio de 2012 e

foi realizado por um foguetão Chang Zheng-4C a partir do

Complexo de Lançamento LC9

do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan.

O YG-15 é descrito pelas auto-

ridades chinesas como um satélite de detecção remota

que será utilizado para melhor

vários aspectos económicos da China. No entanto, esta desig-

nação tem sido utilizada para

encobrir o verdadeiro objectivo militar destes satélites e o YG-

15 poderá ser um satélite de

reconhecimento equipado com um radar SAR. Este foi o 9º lançamento orbi-tal da China em 2012 igualando assim a Rússia em número de lançamentos orbitais (Rússia – 9; China – 9; EUA – 4; Arianes-pace – 3; Irão – 1; Índia – 1; Japão – 1; SpaceX – 1). Rui Barbosa

Página 85

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

A China levou a cabo o seu 8º

lançamento orbital em 2012

colocando em órbita o satélite de comunicações militar ZX-2A

Zhongxing-2A. O lançamento

teve lugar às 1556:04UTC do dia 26 de Maio de 2012 e foi

levado a cabo por um foguetão

Chang Zheng-3B/E a partir do Complexo de Lançamento LC2

do Centro de Lançamento de

Satélites de Xichang, província de Sichuan. O ZX-2A é o primeiro satélite da segunda geração de veícu-los ST-2 Shentong-2. A série

Shentong é composta por saté-lites de comunicações militares em órbita geostacionária e uti-lizam serviços de banda Ku. A primeira série era baseada no modelo DFH-3 (Dongfanghong-3) enquanto que a segunda série é baseado no modelo DFH-4, ambos desenvolvidos pela Academia de Tecnologia Espacial da China. Rui Barbosa

China lança satélite de comunicações China lança satélite de comunicações

militar militar

Page 86: astroPT Maio2012

astroPT

ao fim de 4 anos e 4 meses, atin-gimos 2 milhões de visitas.

Somente 8 meses depois disso, ao fim de 5 anos desde que começou o blog: - temos uma “biblioteca” consi-derável de notícias astro-nómicas, com quase 7000 posts em mais de 200 categorias; - estamos a ter uma média superior a 100.000

Este blog começou a laborar a 21 de Abril de 2007. Entramos timidamente, com poucos posts e poucos leitores. Tal como previmos, fomos cres-cendo devagar, gradualmente.

Ao fim de 3 anos e 7 meses, em Novembro de 2010, atingimos 1 milhão de visitas e estávamos a ter uma média de 60.000 visitas mensais. Somente 10 meses depois disso,

visitas mensais. - e atingimos 3 milhões de visi-tas. Obrigado a todos os nossos visitan-

tes!

Carlos Oliveira

3 milhões de visitas

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