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Ministério da JustiçaComissão Nacional de Política Indigenista
ATA/DEGRAVAÇÃO
16a. Reunião Ordinária da CNPI
Comissão Nacional de Política Indigenista
Brasília - DF, 31de março a 01 de abril de 2011
ATA/DEGRAVAÇÃO
16ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA
COMISSÃO NACIONAL DE POLÍTICA INDIGENISTA- CNPI
Nos dias 31 de março a 01 de abril de 2011, reuniram-se nas dependências do
Centro de Formação em Política Indigenista da Funai, situado em Sobradinho/Brasília/DF, os
integrantes da Comissão Nacional de Política Indigenista, juntamente com convidados, em sua
16ª Reunião Ordinária.
Nesta Reunião Ordinária contamos com a presença do Excelentíssimo Ministro
de Estado da Justiça, Dr. José Eduardo Cardozo, os membros titulares ou seus respectivos
suplentes indígenas e governamentais, representantes das ONGs e convidados, conforme listado
a seguir:
- Dr. José Eduardo Cardozo – Ministro de Estado da Justiça
- Representantes de governo: Márcio Meira – Presidente CNPI/Funai-MJ e Aluisio Castelo
Guapindaia – Vice-Presidente; Maria Augusta B. Assirati – Ministério da Justiça; Milena
Medeiros – Casa Civil; Carlos Nogueira – Ministério de Minas e Energia; Carlos Rogério Cota –
Gabinete de Segurança Institucional/PR; Cel. Antonio Fernando Secchi – Ministério da Defesa;
Lylia Galetti – Ministério do Meio Ambiente; Antonio Alves e Edimilson Canale – Ministério da
Saúde/SESAI; Juliana Miranda – Secretaria-Geral da Presidência da República; Luana Arantes –
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome; Silvia Ferrari – Ministério do
Desenvolvimento Agrário; Olga Novion – Ministério do Planejamentyo, Orçamento e Gestão.
- Representantes indígenas: Francisca Navantino - Pareci; Lindomar Santos Rodrigues - Xocó;
Marcos Luidson de Araújo – Xukuru; Luiz Vieira Titiah - Pataxó Hã Hã Hãe; Ak’Jabour Kayapó;
Simone Karipuna; Jecinaldo Barbosa Cabral – Saterê Mauré; Deoclides de Paula - Kaingang;
Antonio Pessoa Gomes Potiguara; Brasílio Priprá – Xokleng; Sandro Emanuel C. dos Santos-
Tuxá; Anastácio Peralta – Guarani Kaiowá; Dilson Ingaricó; Kohalue Karajá.
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- Representantes da sociedade civil: Saulo Feitosa – CIMI.
- Convidados permanentes: Daniela Alarcon –SEPM.
- Convidados Especiais: Guilherme Almeida de Almeida – SAL/MJ; Joana Alencar – IPEA
Cláudio Ronquete – Secretaria de Erradicação da Extrema Pobreza/MDS; Maya Takagi –
Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional/MDS.
- Assessores: Paulino Montejo e Denise da Veiga Alves.
- Demais participantes: Marcos T. Fabaro – SESAN/MDS; Nathalie Beghin - GM/MDS; Kátia
Favilla – SE/MDS; Milton Nascimento – CGSAN/MDS; Willian Pereira Costa – INCRA;
Guilherme Alves Pereira – Ministério de Relações Exteriores; Clarice do C. Jabur – CGEEI-
SECSD/MEC; Aniel Priprá – Cacique Xokleng e Cíntia Núbia Moraes; Francisco José Lourenço
da Silva – Cacique Xucurí Kariri; Barnabé – Xucuru Kariri; Hemerson Cruz de Morais; Enyson
Cruz de Morais; Euzani da Cruz; Ademir Cruz Soyrê; Humberto Cruz.
- Funai/Assessoria – Paulo Celso de Oliveira; Frederico Magalhães; Fabiana Vaz Mello;
Deusuleide Câmara; Iara Flor-Ascon/Funai; Bruno Perez-ASCON/Funai; Silvia/Coordenação de
Proteção Sócia; Salete Miranda, Socorro Brasil; Francisca Picanço; Marcela Menezes; Mayson
Albuquerque.
- Secretaria-Executiva: Teresinha Gasparin Maglia, Gracioneide M. Rodrigues, Karla Bento de
Carvalho e Leia Bezerra do Vale.
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16ª Reunião Ordinária Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI
Brasília, 31 de março a 01 de abril de 2011
Dia 31/03/11 – Manhã
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Bom dia! Bom dia a todos, a todas. Muito brevemente
abriremos hoje aqui a nossa 16ª (décima sexta) Reunião Ordinária da CNPI Comissão Nacional de Política
Indigenista, aqui no Centro de Formação Indigenista da FUNAI em Sobradinho. E hoje essa reunião da
CNPI é a 1ª (primeira) reunião da Comissão realizada no ano de 2011 (dois mil e onze). 1ª (primeira)
reunião realizada também já no governo da presidente Dilma Rousseff e também na gestão do ministro
da Justiça José Eduardo Cardozo, que nos honra aqui com sua presença nesse primeiro momento e eu
quero imediatamente passar a palavra a ele para que ele possa abrir nossos trabalhos aqui na primeira
reunião de 2011 (Dois mil e onze).
Doutor José Eduardo Cardozo – Ministro de Estado da Justiça - Bem, meu bom dia a todos e a
todas. Quero inicialmente saudar Márcio Meira, presidente da FUNAI a todos os membros da CNPI, e
dizer da minha satisfação de poder estar nesta reunião, neste momento.
Para o Ministério da Justiça, a FUNAI é um órgão que tem uma importância e uma relevância
indiscutível. E nessa perspectiva a CNPI deve ser visto por nós como um órgão de suma importância. Por
essa razão eu faço uma saudação a todos e de imediato já passo a palavra ao meu querido amigo e
companheiro Márcio Meira para fazer a condução dos trabalhos.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado Ministro, eu queria pedir a sua autorização e a
compreensão de todos, membros da CNPI e todos presentes aqui, que, antes de iniciarmos, rapidamente
antes de eu iniciar essa apresentação do balanço, vinte minutos, do trabalho da CNPI eu quero solicitar
que façamos um minuto de silêncio em homenagem ao nosso querido vice-presidente José Alencar que
esteve presente nessa CNPI no ano passado durante toda a reunião, em junho, e, então, quero que
façamos uma homenagem a ele aqui nesse momento.
*Um minuto de silêncio.
Obrigado.
Presidente, questão de ordem. Lindomar.
Lindomar, Povo Xokó, Nordeste e Leste - Nós estamos com a presença aqui em Brasília de algumas
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lideranças do Estado de Alagoas que estão vindo para cá e gostaria que a Plenária pudesse aprovar a
vinda deles até aqui no plenário para poder também passar esse nosso trabalho para as comunidades.
Muito obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Sim, se houver concordância da, do plenário da CNPI
poderemos acolher aqui os representantes. São quantos? Oito. Oito? Sobretudo se houver espaço aqui
para todo mundo sentar né? Também? Alguém tem alguma manifestação em contrário? Não havendo
manifestação em contrário, e as possibilidades de acomodações, colheremos aqui os representantes.
Eu vou iniciar rapidamente aqui uma apresentação que, para os membros da CNPI, a maior parte
deles já é de conhecimento. Mas alguns novos membros da CNPI ainda não é, sobretudo do nosso
ministro, então é importante que façamos aqui rapidamente em vinte minutos, uma apresentação do
Balanço que a CNPI fez nos últimos 4 (quatro) anos. A Comissão Nacional de Política Indigenista, ela foi
criada pelo Decreto de 22 de março de 2006 e instituída em 2007. E representa um marco histórico do
protagonismo indígena na articulação, monitoramento e avaliação das políticas públicas. Estabelece canal
específico para o diálogo entre os diversos Órgãos de governo responsáveis pela política indigenista
oficial do Estado brasileiro e representantes indígenas de todo o país. Os quais têm se reunido
regularmente para tratar dos mais importantes temas relacionados à questão indígena.
O Regimento Interno foi discutido e aprovado na primeira reunião ordinária. Estabelece como
competências, propor diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da Política Indígena Nacional,
propor estratégias de acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas pelos Órgãos
da Administração Pública Federal. Propor atualização da Legislação e acompanhar a tramitação.
Incentivar a participação dos indígenas, na formulação e execução das políticas do governo federal.
Apoiar a capacitação técnica dos executores das políticas indigenistas.
A sua composição: são de 20 (vinte) representantes indígenas; 13 (treze) do governo federal e 2
(dois) de organizações não governamentais. As Reuniões Ordinárias são feitas a cada dois meses e
Extraordinárias que são convocadas pelo Presidente da CNPI ou 2/3 (dois terços) dos seus membros. E
existem também as subcomissões e disposições gerais.
Eu vou agora abordar por temas que foram tratados aqui pela CNPI e os encaminhamentos que
foram realizados a partir das proposições que surgiram no início dos trabalhos. Ou seja, ainda no primeiro
momento do funcionamento da CNPI. Na área da saúde, nós tínhamos uma situação de piores
indicadores entre todos os segmentos sociais. Aliás, esses indicadores ainda são presentes na sociedade
brasileira, como a taxa de mortalidade infantil de 48,5 (quarenta e oito vírgula cinco) por mil nascidos
vivos e o índice nacional de 21 mil (vinte e um) por nascidos vivos, em 2007 (dois mil e sete). E daí as
proposições que surgiram na época. Primeiro a de fortalecimento e autonomia aos Distritos Sanitários
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Especiais Indígenas, recomposição da força de trabalho nos Distritos sanitários indígenas e o
reconhecimento da declaração de nascidos vivos, DNV emitidos por parteiras e agentes de saúde.
Os resultados, os principais resultados e respostas feitas até o momento em que foi atualizado esse
quadro agora esse ano, de 2011 (dois mil e onze), foi a Secretaria Especial de Saúde Indígena, a SESAI
pelo Decreto 7.336 (sete mil, trezentos e trinta e seis) de outubro de 2010 (dois mil e dez). A diretriz de
execução descentralizada da ação de saúde, a articulação de governo e participação indígena,
desburocratização e integração ao Sistema Único de Saúde, apropriação de conhecimentos acumulados do
Conselho Setorial de Saúde, e a proteção e promoção da saúde indígena, a taxa de mortalidade infantil de
2009 (dois mil e nove) caiu de 48,5 (quarenta e oito, vírgula cinco) por mil para 41,5 (quarenta e um
vírgula cinco) por mil. Ainda é alta, mas houve já essa redução.
E a perspectiva futura em curso é a convocação dos 802 (oitocentos e dois) servidores temporários
selecionados, já autorizados pelo Ministério do Planejamento, com remuneração diferenciada de acordo
com a Medida Provisória 483 (quatro, oito, três) de 2010 (dois mil e dez). O subsistema de atenção à
saúde indígena passa por um processo de transição, o objetivo é de melhorar o atendimento as
comunidades indígenas e, é, o Projeto de Lei nº 5022 (cinco mil e vinte e dois) de 2009 (dois mil e nove)
que assegura, que está em curso né? Que assegura a validade e regula a expedição do DNV.
Aqui nós temos uma foto, é, da reunião, da última reunião, aliás, de 19 de outubro de 2010 quando
houve a criação pelo presidente Lula por Decreto da Secretaria Especial da Saúde Indígena lá no Palácio
do Planalto. Foi uma das mais importantes conquistas que teve a participação direta aqui da CNPI ao
longo do governo do presidente Lula.
Com relação ao aproveitamento escolar indígena. A situação era o aumento do número de alunos e
de escolas indígenas verificados nos últimos anos não têm sido acompanhados de um incremento na
qualidade de educação ofertado para as comunidades indígenas. E os principais pleitos eram a realização
da Conferência Nacional de Educação escolar indígena e o controle social e participação indígena na
política de educação escolar indígena.
Os principais resultados: O MEC realizou a primeira Conferência Nacional de Educação Escolar
Indígena em novembro de 2009 (dois mil e nove) com a participação de 450 (quatrocentos cinqüenta)
delegados indígenas, 18 (dezoito) conferências regionais foram realizadas com a participação de 2520
(dois mil quinhentos e vinte) delegados indígenas, e a Comissão Nacional de Educação escolar indígena
instituída pelo MEC pela portaria nº 734 (setecentos e trinta e quatro) de 7 de junho de 2010 (dois mil e
dez). Em curso e perspectiva futura nós temos as deliberações da Conferência que foram subsídios da
construção de modelo e sistema de educação escolar indígena e é o novo plano nacional de educação de
2012 (dois mil e doze) e 2020 (dois mil e vinte). Foi uma conquista muito importante porque isso agora
está incluído na Lei né. Do Plano Nacional de Educação nessa nova etapa. Quem vem agora aí pela
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frente.
Continuando na educação, tinha também um pleito que era a criação de um sistema próprio de
educação, melhorar o modelo de gestão, e revisão das metas para a Educação Escolar Indígena e no Plano
Nacional de Educação. O Decreto nº 6861 (seis mil oitocentos e sessenta e um) criam uns territórios étno
educacionais, que foi o principal avanço a esse pleito do sistema próprio de educação. A implantação de 6
(seis) territórios etnos-educacionais já foram feitos, no baixo Amazonas, no Amazonas, no alto Rio Negro,
Amazonas, no Cone Sul do Mato Grosso do Sul, no Pantanal, do Mato Grosso do Sul, Timbira, no
Maranhão E Tocantins e Xavantes no Mato Grosso. E foi feito um destaque orçamentário do MEC para a
FUNAI de R$2.000.000,00 (dois milhões) de reais, para operacionalização desta implantação no ano
passado né? 2010 (dois mil e dez) e avaliação qualitativa no cumprimento de metas da Educação Escolar
Indígena, no Plano Nacional de Educação também realizado pela FUNAI.
Perspectiva futura: Implantação e implementação em 2010 dos demais territórios étnicos os
educacionais e 2010 e 2011 aí, no caso. Subsídio para política e investimento em educação escolar
indígena e elaboração do novo plano nacional de educação 2012 (dois mil e doze), 2020 (dois mil e vinte)
que são as metas da educação escolar indígena e a continuidade do trabalho e implementação dos
territórios étnicos os educacionais. Ainda na educação, né? Com relação aos estudantes implementarem
instrumentos para acessos e permanência e o acompanhamento do estudante indígena no ensino
superior. E o principal resultado foi a realização de 7 (sete) a 9 (nove) de julho, junho do Seminário sobre
o ensino superior indígena para discutir e propor o aperfeiçoamento da questão do acesso e permanência
dos estudantes. Isso deve ter sido em junho do ano passado né? 2010 (dois mil e dez). E, perspectivas em
curso, implementar instrumentos diferenciados que permitam acesso à permanência e o
acompanhamento dos estudantes indígenas no ensino superior. Aqui nós estamos vendo a foto da criação
do Território Etnoeducacional do Oiapoque em outubro de 2010 (dois mil e dez), né? São as pactuações
que são feitas nos territórios étnicos educacionais.
Em relação às Terras Indígenas: A situação era que o ritmo de demarcações, quatro vezes maior em
2007 (dois mil e sete), porém insuficiente para cumprir a meta da Agenda Social. A presença de
ocupantes de não índios nas terras Indígenas tem aumentado em razão do ritmo lento dos levantamentos
fundiários e da deficiência na fiscalização das terras demarcadas, provocando sucessivas invasões. O
pleito principal era o plano de carreira específico em concurso público dotando a FUNAI de quadro
técnico e recomposição do quadro técnico especializado da FUNAI que esse era um gargalo que nós
tínhamos. Ampliação do orçamento da FUNAI para indenizações e proteções das terras indígenas, e a
fiscalização das terras indígenas. Os principais resultados: a reestruturação da FUNAI em curso
destacando-se o concurso público e a criação da coordenação geral e monitoramento territorial e o
incremento do orçamento da FUNAI nas ações de regularizações e demarcações. E em curso, nós
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estamos trabalhando na melhoria da eficiência das ações de monitoramento e fiscalização, sistema de
informações, e regularização fundiária. E a implantação do sistema indigenista de informações que está
em curso.
Empreendimentos em Terras Indígenas: A situação. Dos cerca de 550 (quinhentos e cinqüenta)
Projetos de licenciamento ambiental que afetam terras indígenas, 60 (sessenta) processos inserem-se no
PAC. Envolvendo mais de 100 (cem) terras indígenas. Insuficiência de técnicos para análise,
encaminhamento e acompanhamento de processos de licenciamentos na FUNAI. Ausência de
normatização do componente indígena no licenciamento ambiental. Os pleitos principais: a ampliação do
quadro técnico especializado, a regulamentação do componente indígena no processo de licenciamento
ambiental de empreendimentos que afetam terras e povos indígenas.
E os principais resultados: o concurso realizado, em revisão a proposta de instrução normativa que
estabelece normas sobre a participação da FUNAI no processo de licenciamento ambiental de
empreendimentos ou atividades potencial e efetivamente causadoras de impactos ambientais e sócios
culturais nas terras dos povos indígenas e, em curso, nós estamos trabalhando na regulamentação da
atuação da FUNAI no licenciamento ambiental por meio de instituição de normativa do componente
indígena nos procedimentos de licenciamento ambiental. Com definição de competências, quanto às
obrigações entre diferentes poderes e esferas do governo. Essa norma, articular a norma pelo conselho
nacional do meio ambiente. Isso aí é uma norma que precisa ser encaminhada ao CONAMA para
aprovação.
Empreendimentos em Terras Indígenas: O pleito: regulamentação do componente indígena no
processo de licenciamento ambiental de empreendimentos que afetam terras e povos indígenas. Os
principais resultados: foi a ampliação da participação dos indígenas nos processos por meio da consulta da
política nacional de gestão ambientar e territorial em terras indígenas. Foram realizados quatro
seminários sobre empreendimentos que afetam terras indígenas, com participações de indígenas e
convidados. Representantes do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí. E, em curso, concluir o
cronograma de seminários que afetam as terras indígenas em diversas regiões, com a participação de
indígenas e convidados.
Assuntos Legislativos: Dificuldade de coordenação, integração entre políticas governamentais tem
resultado em ações pouco eficazes no enfrentamento das questões que afetam os povos indígenas.
Principais pleitos é a criação do Conselho Nacional de Políticas Indigenista que é a transformação dessa
Comissão num Conselho. Aprovação do Estatuto dos povos indígenas: A moção do arquivamento do
Projeto de Lei 1057/2007 (mil e cinqüenta e sete/dois mil e sete) permite a retirada de crianças do
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convívio materno por imagem distorcida e nociva da cultura indígena. Principais resultados: Nós temos o
Projeto de Lei nº 3571/2008 (três mil, quinhentos e setenta e um/dois mil e oito), enviado ao Congresso
Nacional. Presidente Lula quem encaminhou esse Projeto de Lei criando o Conselho. Que ainda está em
tramitação no Congresso. E a realização de 10 (dez) oficinas para discussão do Estatuto do Índio com
formatação do substitutivo do Projeto de Lei encaminhado ao Congresso Nacional. A CNPI realizou esse
trabalho e, está atualmente no Congresso Nacional também essa Proposta que a CNPI aprovou. Em curso,
nós temos a articulação e gestão do Executivo com vistas a agilizar o Processo de tramitação pelo
Congresso e a discussão sobre o Projeto de Lei 1057 (mil e cinqüenta e sete) com a relatoria do Congresso
Nacional. Esse Projeto de Lei 1057 (mil e cinqüenta e sete) é de autoria da Bancada evangélica, no
Congresso. É que, tem interesses aí em relação à questão aí, é, segundo eles, né? Haveria abusos nas
comunidades né? Com relação as crianças. O que é um absurdo.
A CNPI se manifestou já sobre esse tema. Com relação ao tema Gênero e Juventude, é a situação de
dificuldade de coordenação e integração entre políticas governamentais tem resultado em ações pouco
eficazes no enfrentamento das questões que afetam os povos indígenas. Os pleitos: garantir a participação
dos jovens e de mulheres indígenas nos diversos conselhos nacionais e fóruns específicos, relacionados ao
desenvolvimento das políticas públicas do Brasil. Principais resultados: Nós realizamos 10 (dez)
Seminários sobre a Lei Maria da Penha com a participação de 346 (trezentos e quarenta e seis) mulheres
indígenas de diferentes etnias.
E a participação indígena no Seminário Nacional da Juventude. E estamos em implementação da
política de acordo o segundo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Este ano inclusive está
previsto também realização dos Seminários para os homens, que foi uma deliberação também do
encontro nacional de mulheres, quer dizer, elas deliberaram que se façam os Seminários com os homens
porque senão, não haverá avanços na questão da Lei Maria da Penha.
O item 7: Segurança, Justiça e Cidadania.
A situação é de violência contra pessoas e povos indígenas têm aumentado nos últimos anos,
principalmente pelo aumento dos conflitos fundiários. Os pleitos: levantamento sobre indígenas presos
no país; que seja criada a defensoria pública indigenista. Possibilitando que os indígenas tenham acesso à
assistência judiciária gratuita prestada por defensores públicos em processos administrativos e judiciais.
Os principais resultados: a realização de mutirões pelos procuradores da FUNAI em Mato Grosso do Sul,
Bahia e Rondônia. Para realização de levantamentos das situações dos presos e assistência jurídica
indígena em situação carcerária e instalação de procuradoria. Essas regiões é onde o tema é mais grave. E
em curso, as perspectivas futuras em médio prazo, a estruturação dos trabalhos, mutirões, esforços
concentrados nas demais áreas de vulnerabilidade visando garantir os direitos aos indígenas vítimas de
violências. E, no curto prazo, a publicação de normativa, uma portaria da, ou seja, Geral da União,
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clareando as competências da Procuradoria Federal na defesa dos direitos humanos.
Comunicação e Cultura: Uma situação apresentada era a situação de línguas indígenas ameaçadas
de desaparecimento. Que tem relação também com a cultura no sentido amplo. E, um dos pleitos, era a
valorização, a proteção e a promoção das culturas indígenas. Os principais resultados foram: a cooperação
com o Ministério da Cultura para implantação de pontos de Cultura Indígena e o desenvolvimento de
programa de documentação de línguas e culturas indígenas em parceria com a Fundação Banco do Brasil
e a UNESCO que produziu 20 (vinte) mini sites em funcionamentos e uma série de outros produtos fruto
desse Projeto e também dos Pontos de Cultura indígena. E, em curso de perspectiva futura, nós temos a
continuidade do Programa de documentação de línguas e culturas indígenas em parceria com a Fundação
Banco do Brasil e a UNESCO. É, fortalecimento Institucional da FUNAI.
A situação era a dificuldade de coordenação e integração entre políticas governamentais tem
resultado em ações pouco eficazes no enfrentamento das questões que afetam os povos indígenas. O
pleito era a Reestruturação da FUNAI para que tenha condições de coordenar e acompanhar as ações de
políticas públicas. A implementação do Plano de carreira indigenista específico para a FUNAI. Os
principais resultados: Foram a realização do concurso temporário para 60 (sessenta) vagas de técnicos em
2008 (dois mil e oito); a medida provisória 441 (quatro, quatro, um) né? Com a instituição de duas
gratificações para servidores da FUNAI.
A autorização para o concurso público em 2009 (dois mil e nove) que foi realizado em 2010 (dois
mil e dez) para preenchimento de 3100 (três mil e cem) vagas, ainda no momento foram preenchidas
apenas 425 (quatrocentos e vinte e cinco) nesse primeiro momento, 2010 (dois mil e dez). Realização de
concurso público em 14 de março de 2010 para o preenchimento dessas 425 (quatrocentos e vinte e
cinco) vagas. E o Seminário de formação dos novos servidores realizado também no ano passado. Em
curso nós temos a implementação, o aumento de capacidade operativo da FUNAI e a qualificação dos
novos concursados para atuar no contexto intercultural frente aos desafios da política indigenista.
Além disso, tínhamos o pleito da Reestruturação da FUNAI para que tenha condições de coordenar
e acompanhar as ações de políticas públicas e a implementação do plano de carreira indigenista
específico. É, os principais resultados: foi criado no quadro de pessoal da Fundação, integrante do PGPE
(Plano Geral de Cargos do Poder Executivo) 600 (seiscentos) cargos de indigenistas especializados, 1800
(mil e oitocentos) cargos de agentes indigenistas e 700 (setecentos) cargos de auxiliar indigenismo. Com
Decreto 7056 (setenta, cinqüenta e seis) que aprova o Estatuto e o quadro demonstrativo dos cargos em
Comissões e das outras providências. Esse conjunto deu a FUNAI melhores condições, na verdade, a
competência de acompanhar as políticas públicas de outros ministérios, de outros órgãos da
administração pública. E a perspectiva futura é o fortalecimento da capacidade funcional da FUNAI com
a coordenadora da política indigenista do Estado brasileiro que foi definido pelo Decreto e a criação dos
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Comitês Regionais. Que é a implementação da descentralização da FUNAI. As Coordenações Regionais e
as Coordenações Técnicas Locais que é o principal desafio desse ano de 2011 (dois mil e onze).
Fortalecimento institucional da FUNAI: Pleitos: que sejam adotadas medidas de caráter
permanente com vistas ao fortalecimento da capacidade de gestão da FUNAI, criando-se instâncias de
participação e controle social por parte das organizações indígenas nos vários níveis de decisões e
implementação das políticas a ações dos órgãos indigenistas, seja em nível Nacional, Regional ou local. O
principal resultado foi a criação dos comitês regionais nas estruturas de gestões descentralizadas
participativa da FUNAI por Decreto 7056 (setenta, cinqüenta e seis) e a realização de seminários para
esclarecimento sobre a reestruturação. Em perspectiva: A gestão participativa consolidada da FUNAI,
instrumentalização dos Comitês, tendo como métodos políticos o planejamento estratégico participativo,
os planos regionais, e o respeito a organização social e autonomia dos povos indígenas. Que está em curso
agora já em 2011 (dois mil e onze) esse planejamento. Então são essas as principais demandas desses
pleitos e resultados ao longo desses 4 (quatro) anos, e é, o que está sendo feito em curso né? Ou com
perspectivas.
Como o senhor vê, ministro, a CNPI teve um papel muito importante para essas conquistas. Se não
fosse a CNPI muitos desses avanços, resultados, não teriam sido possíveis e tem sido um espaço realmente
de muita riqueza de aprendizados de diálogos por todas as partes, tanto por parte do governo como da
parte das lideranças indígenas.
Gostaria agora, é, de pedir a sua autorização para que possamos ouvir aqui os representantes
indígenas, a bancada indígena, sobretudo, nesse momento, com a sua presença aqui, pelo tempo né? E
que o senhor possa depois nos saudar aqui com as suas palavras. Então, queria perguntar aqui a bancada
indígena, como foi organizado né? Que eu sei que foi, e quem são os inscritos.
Professora Francisca? Sim. Então a primeira inscrita, a professora Francisca Pareci do Mato Grosso.
Francisca Navantino Pareci - Bom dia a todos e a todas. Meu nome é Francisca Navantino, sou do
Povo Pareci do Estado de Mato Grosso.
Eu vou ler aqui o manifesto da nossa Bancada Indígena e Indigenista.
(Leitura do Manifesto)
À excelentíssima senhora Dilma Rousseff, Presidente da República Federativa do Brasil.
Ao Excelentíssimo Senhor José Eduardo Cardoso, Ministro do Estado da Justiça.
Nós, lideranças indígenas, membros da Bancada Indígena e Indigenista, reunidos em Brasília por
ocasião da 16ª (décima sexta) Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indígena, CNPI,
considerando a continuidade desta Comissão sobre responsabilidade do governo da presidente Dilma
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Rousseff, depois de mais de 4 (quatro) anos de funcionamento, preocupados com a manutenção de um
quadro de desrespeito e violação aos direitos dos povos indígenas, e, cientes da nossa responsabilidade de
zelar por esses direitos nessa instância, de diálogo e negociação com o Estado brasileiro, viemos por meio
desta, apresentar à vossa excelência, as seguintes manifestações.
Mesmo reconhecendo os avanços que implicaram na criação da CNPI e alguns feitos como as
consultas que possibilitaram discutir Proposta para o novo Estatuto, a elaboração do Projeto de Lei do
Conselho de Política Indigenista, é a construção de uma Proposta de política nacional de gestão
territorial e ambiental das terras indígenas PNGATI, o Estado brasileiro durante o mandato do governo
Lula não atendeu a contento as demandas e perspectivas do Movimento Indígena, permitindo que as
políticas voltadas aos povos indígenas, continuem precárias ou nulas, ameaçando a continuidade física e
cultural desses povos tal como nos casos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul e dos povos do Vale do
Javari, no Amazonas. Expressões de descasos e da omissão do Estado.
Diante deste quadro, reivindicamos do governo da presidente Dilma Rousseff, comprometimento
no atendimento das seguintes demandas:
1 - Criação na Câmara dos deputados, da Comissão especial para analisar o PL 2057/91 (dois mil e
cinqüenta e sete, barra noventa e um) considerando as Propostas encaminhadas pela CNPI após
discussões nas seguintes regiões do país, visando a tramitação e aprovação do novo Estatuto dos Povos
Indígenas. Desta forma, todas as questões de interesses dos nossos povos serão tratadas dentro desta
Proposta. Evitando serem retalhadas por meios de distintas iniciativas Legislativas que buscam reverter
os avanços assegurados pela Constituição Federal de 1988 (mil novecentos e oitenta e oito).
2 - Que o governo redobre esforços na tramitação e aprovação do Projeto de Lei 3571/2008 (três
mil, quinhentos e setenta e um, barra, dois mil e oito) que cria o Conselho Nacional de Política
Indigenista, instância deliberativa, normativa e articuladora de todas as políticas e ações atualmente
dispersas nos distintos órgãos de governo.
3 - Que a CNPI apóie a mobilização de nossos representantes junto ao Congresso Nacional para
assegurar o andamento dessas iniciativas e outras matérias de interesse de nossos povos, conforme
discutido na 15ª (décima quinta) reunião Ordinária desta Comissão.
4 - Que o governo da presidente Dilma agilize a assinatura do Decreto de criação da Política
Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas e a sua devida implementação para
assegurar as condições de sustentabilidade dos nossos povos e territórios.
5 - Que o Executivo, por meio do órgão responsável, a FUNAI, cumpra com máxima celeridade a
sua obrigação de demarcar, proteger e desentrosa todas as terras indígenas priorizando com urgência, os
casos críticos dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul, principalmente, os Guarani-Kaiowá e do povo
Tupinambá de Olivença no sul da Bahia, não descartando a fragilidade em que se encontram tantos
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outros povos e terras em todo o país.
A agilidade na conclusão das distintas fases do procedimento de demarcação é necessária para
diminuir a crescente judicialização que vem retardando a efetividade das demarcações concluídas pelo
Executivo, vulnerabilizando as comunidades frente à violência de grupos contrários ao reconhecimento
das terras indígenas e a sua proteção pela União.
6 - Que essas lutas dos nossos povos pelos seus direitos territoriais não sejam criminalizadas a
exemplo do que vem ocorrendo com nossos líderes na Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, que são
perseguidos e criminalizados na maioria das vezes por agentes do poder público que deveriam exercer a
função de proteger e zelar pelos direitos indígenas. Reinvidicamos ainda, que sejam punidos os
mandantes e executores de crimes cometidos contra os nossos povos e comunidades.
7 - Reivindicamos do excelentíssimo senhor ministro da Justiça, uma reunião de trabalho com as
nossas lideranças que compõem a CNPI e os dirigentes das nossas organizações regionais que fazem parte
da articulação dos povos indígenas do Brasil, APIB, para tratar destas e de outras demandas dos nossos
povos e organizações.
8 - Que o governo garanta os recursos financeiros suficientes para a implementação da Secretaria
Especial de Saúde Indígena e efetivação da autonomia política, financeira e administrativa dos Distritos
sanitários especiais de Seis, com a participação plena e controle social efetivo dos nossos povos e
organizações nos distintos âmbitos: local e nacional. Evitando a reprodução de práticas de corrupção,
apadrinhamentos políticos, e o agravamento da situação de abandono e o desassistência em que estão
muitos povos e comunidades indígenas.
9 - Demandamos da presidência da CNPI a convocação do ministro da Saúde, senhor Alexandre
Padilha para que compareça ao plenário desta Comissão, a fim de informar e fazer esclarecimentos a
respeito da situação e das perspectivas da implementação da Secretaria Especial de Saúde - SESAI.
Conforme termo de pactuação acordado entre o Ministério da Saúde, a FUNASA, trabalhadores da Saúde
e representantes dos nossos povos no final do ano de 2010 (dois mil e dez).
10 - Que a FUNAI conclua o Processo de Reestruturação garantindo os recursos financeiros e
humanos para superar a situação de falta de direção e descontentamento que está generalizando-se nas
distintas regiões do país, assegurando de fato a participação das organizações e lideranças indígenas no
Processo de discussão dos ajustes ao Decreto na formulação do regimento interno da FUNAI na
composição e localização das coordenações regionais e coordenações técnicas locais. E, em todo o
Processo de implementação e controle social da reestruturação. Que os Seminários sobre a
Reestruturação não sejam um simples repasse de informações ou de esclarecimentos, muito menos de
anuência de nossos povos, as propostas da FUNAI. Mas que, possibilitem o levantamento das reais
demandas para ajustar a Reestruturação às realidades de cada povo ou região.
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11 - Que o governo da Presidenta Dilma normatize a institucionalização do direito dos nossos
povos. A consulta livre, prévia e informada sobre os distintos assuntos que afetam, tal como a
implantação de grande empreendimento em suas terras. Exemplo: Belo Monte, Santo Antônio e o Girau.
Transposição do rio São Francisco no nordeste e as PCH em terras indígenas. Conforme estabelece a
convenção 69 (meia nove) da Organização Internacional do Trabalho -OIT que em 2004(dois mil e
quatro) foi incorporada a Legislação Nacional através do Decreto 5051 (cinco mil e cinqüenta e um).
12 - Que o Ministério da Educação assegure a participação dos povos e organizações indígenas, na
implementação dos territórios, etno educacionais e que cumpra as resoluções aprovadas pela 1ª
Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena de 2009 (dois mil e nove).
Brasília, 31 de março de 2011 (trinta e um de março de dois mil e onze).
Assinam, membros da Bancada Indígena e Indigenistas.
Muito Obrigada.
Sandro Tuxá - Bem, bom dia a todos e todas. Meu nome é Sandro, representando o Leste e
Nordeste aqui na CNPI, cumprimentando a Bancada governamental e indígena na pessoa do nosso
ministro, seja bem vindo ao nosso trabalho, senhor ministro.
Queríamos aproveitar a oportunidade para realmente enfatizar que a nossa Comissão Nacional de
Política Indigenista, ela nos trouxe muitos avanços. E isso nós não podemos esquecer. Ao longo desses 4
(quatro) anos, conseguimos trabalhar várias questões emblemáticas, sobretudo os nossos pontos de
discussões sobre o Estatuto e outros empreendimentos, outros programas que estavam vinculados à
questão de mineração que nós pedimos para estar vinculado ao Estatuto e outras ações foram demandadas
de forma positiva nessa Comissão. Contudo, senhor ministro, temos que lembrar que algumas ações
pontuais que foram desenvolvidas nessa Comissão, e fortemente trabalhou como a questão da SESAI,
criação da Secretaria, como a questão da Reestruturação da FUNAI. Como a questão do Conselho
Nacional Político e Indigenista, como a questão do próprio Estatuto, não conseguimos avançar. Nós não
sabemos o que realmente acontece, o que realmente está a acontecer nas instâncias governamentais do
Congresso que as coisas não andam, não é? A nossa Secretaria, senhor ministro, já tem que funcionar a
partir de abril em toda a sua plenitude. A partir do dia 19 (dezenove) de abril, melhor dizendo. E até
agora não temos a clareza necessária de como ela vai atuar, não sabemos se já tem a efetivação de todos os
programas que terão que ser implementados para essa nova estrutura da SESAI. Não temos ainda
definidas as autonomias dos Conselhos Distritais. Isso também agrava de alguma maneira na nossa
Reestruturação da FUNAI. Foi uma luta do Movimento Indígena Organizado através também da CNPI e,
em parceria com o próprio presidente da FUNAI a essa reestruturação. Mas ela não está sendo de forma
clara nas nossas comunidades. Nossas lideranças estão sendo cada vez mais questionadas de como a nossa
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nova estrutura irá acontecer sem o presidente da FUNAI.
E isso, nós precisamos, amanhã, não sei, nós possamos sentar e definir de como nós vamos passar as
informações necessárias de como ela vai ocorrer a partir de então. Nós também estamos muito
preocupados quanto, à condução da nossa Comissão Nacional de Política Indigenista. Porque é ela quem
tem que sair fortalecida para que o Conselho realmente possa estar estruturado, que o Conselho
realmente possa ir com a voz indígena e com a voz do governo. E nós estamos sentindo, que as vezes as
reuniões, em alguns momentos é reunião de índio para índio. Devido ao esvaziamento do governo.
Temos que frisar que já há duas reuniões a Subcomissão de Cultura e Comunicação não se sentam porque
não vem ninguém do governo! Nossos integrantes vêem de suas comunidades para sentarem e debaterem
e voltam, sem nenhuma contribuição a dar e sem nenhuma contribuição para levar a nossa comunidade.
Então, é preciso que realmente o governo também, não desmerecendo aos que aqui sempre estão,
né? possa entender que esse é um espaço de interlocução importante para o nosso Movimento Indígena.
Mas que também seja levado como espaço de interlocução importante, para o governo que muitas vezes
foi sinalizado pelo nosso próprio presidente da República, o Lula. E é preciso que nós voltemos a nos
olhar, não só a Bancada Indígena, mas, sobretudo a Bancada do Governo, o seu compromisso, o seu papel
com a questão da política indigenista. Seguindo a questão, nós queríamos muito, encarecidamente,
senhor ministro, que essas reivindicações feitas através dos nossos documentos, possam realmente de
foto, serem levados a nossa presidente Dilma, porque nós entendemos que a nossa presidente, vem
sinalizando uma abertura muito boa de diálogo para com o Movimento Indígena e nós queremos que a
política indigenista, seja de forma levantada no governo federal como algo prioritário. Ainda, nós
queríamos muito enfatizar a importância né?, de termos ainda nesta reunião a oportunidade de
sentarmos com o ministro da Saúde. É preciso que o ministro da Saúde clarifique né?, a todas as nossas
lideranças indígenas, para que os mesmos levem para as suas bases e, possam tranqüilizar as nossas
comunidades. Porque o que ocorre em nossas comunidades é o caos. Infelizmente a FUNASA não atuou
de forma digna a Reestruturação. A FUNAI não foi parceira. Sabemos disso e hoje quem paga são as
comunidades indígenas. Porque não estão atuando em nenhuma de suas áreas de abrangência. E isso tem
dificultado e muito!- Desculpa presidente, vou ser o mais breve possível na minha conclusão. Nós
queremos que, na verdade, através de Vossa. Excelência, o governo possa trazer a centralidade da política
do Estado para a questão indígena. Respeitando o diferencial, e a nossa especificidade. Não queremos ser
tratados como coisa secundária! Ou de forma, diluída em outras políticas. Queremos obter de forma clara
uma postura do nosso governo brasileiro. Entendemos que esse é o marco legal dessa nova estrutura de
governo, dessa nova demanda que surge do Movimento Indígena, que não é nova, mas que agora se faz
necessária, sobretudo na questão da SESAI. O meu muito obrigado.
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Márcio Meira - Presidente da CNPI - O Lindomar, depois o Ak`Jabor e o Anastácio. Eu queria
insistir, acho que é muito importante para nós, mas principalmente para a Bancada Indígena, poder ouvir
o ministro, certo?, e, ele tem realmente um horário, né? Certo? Então vamos tentar.
Lindomar Xocó - Bom dia presidente, bom dia senhor ministro, bom dia a Bancada governamental,
nossa Bancada Indígena e a todos aqui presentes.
Vou ser bem objetivo senhor presidente. Senhor Ministro eu sou Lindomar, sou do povo Xokó do
Estado de Sergipe, representando a região Nordeste e Leste e representando também o fórum de
presidente. A instância onde estou como coordenador adjunto dos 34 (trinta e quatro) Distritos de Saúde
do país. Eu vou ser bem objetivo porque o tempo é precioso.
Senhor ministro, senhor presidente, a situação na Saúde não está boa desde quando foi criado o
Decreto que criou a Secretaria Especial de Saúde Indígena. A desassistência de lá para cá vem sendo feita
pela FUNASA, o governo é sabedor, e agora, nós estamos há vinte dias da autonomia e nós não estamos,
as comunidades não tem clareza dessa autonomia. Por quê? Porque há uma insistência muito grande
através, quero ser bem claro aqui, tenho acompanhado todo esse Processo; através do PMDB, da
FUNASA, através do PMDB. A FUNASA não tem cumprido com seu papel. Há uma insistência muito
forte para o saneamento não vir para a Saúde Indígena, para a SESAI. Esta briga está grande. A FUNASA
não deu nenhuma condição para essa assistência que foi combinada, quando foi decretada a autonomia
dos Distritos. Isso nos preocupa. Porque essa demanda veio para cima de nós quando CNPI. Como
representantes também do Conselho Distrital de Saúde. A situação não está boa. Eu gostaria de dizer que,
sem recursos humanos, sem o saneamento vindo para a SESAI, sem a isenção desse Decreto para a Saúde
Indígena, também para a FUNAI, esse Decreto 7446 (sete, sete, quatro meia) que veta muitas coisas,
como contratação de recursos humanos, transportes, imóveis. Então isso vai gerar o maior caos na Saúde
Indígena. Já está gerando.
Então, nós estamos aqui pedindo encarecidamente que se possível, daqui para amanhã, consigamos
essa agenda com o ministro porque a demanda que está vindo para a Secretaria, a Secretaria, a direção do,
da Secretaria, ela, como é que se diz, ela, é preciso limite, mas a demanda, tem chegado e muito para o
senhor doutor Antonio Alves. Então, em nome do Conselho e do Fórum de Presidente, eu peço
encarecidamente que, por favor, consiga essa agenda pra nós. Valeu? Muito obrigado.
AK´JABOR KAYAPÓ- Bom dia a todas as bancadas indígenas e, Senhor Ministro; Marcio Meira -
Presidente da CNPI e aos demais. Meu nome é AK´JABOR, líder da Nação Kayapó, e membro da CNPI.
Já que meus parentes colocaram tudo, que tem uns problemas que estão acontecendo, desde o início do
ano passado, com o governo passado, e agora nós estamos esperando, nós estamos esperando esperança
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nesse governo agora para ver melhorar as coisas. Para ver se melhoram as coisas. Porque desde o governo
passado, nós estamos discutindo, pedindo, socorro! Senhor ministro, para ver se ajudam-nos. E hoje
mesmo, queria dizer que, na nossa área, lá na base, que o pessoal está morrendo demais! Nós temos
esperança do governo do meu povo que está morrendo lá, do Brasil, não só os meus Kayapó.
É por isso que os parentes já estão colocando todos os problemas que nós temos aí. E já que o
senhor está aqui presente, está vendo que nós temos sangue igualmente ao senhor e eu quero que vocês
convidem o Presidente da República, que eu mesmo ajudei-a e ajudei o Presidente Lula, ajudei Dilma
agora. Agora nós estamos esperando que ela resolva o problema sério que está acontecendo no Brasil
todo, com os povos indígenas. Por causa disso que o meu povo lá, no novo Congresso, fizeram reunião,
agora, antes de ontem, fizeram uma reunião, fizeram o documento, mandaram para mim ontem a noite,
para eu entregar para você ir em cima desses problemas. A questão de saúde. A questão da FUNAI que
não está bem.
Eles falaram para mim agora, meu povo Kayapó: já que você está ajudando para Reestrutura a
FUNAI, para melhorar ou piorar agora. Acabou a FUNAI. Então é melhor Senhor Ministro, ajudar a
FUNAI. Ajuda a FUNAI, acelera o orçamento para a FUNAI para ajudar lá na base. Porque, o senhor está
aqui e tem muitas coisas. Nós também temos muitas coisas e o sofrimento que temos lá, e estamos
precisando da ajuda do senhor para ajudar o presidente da FUNAI para ajudar a base. Esses que são os
meus pedidos. E, me falaram que por causa desses problemas, o pessoal lá do Novo Progresso, querem
bloquear a BR 163 (um meia três), que vai bloquear depois de amanhã, que vai começar a bloquear por
causa desse problema de morte das crianças, a morte dos adultos que está havendo lá. Me deram os
documentos aqui, e eu quero que o senhor receba, que está tudo escrito aí, para encaminhar para ver se
vocês me dão uma resposta urgente para eu ligar para o pessoal, hoje à tarde ainda, que eles estão pedindo
a mim. Obrigado a vocês.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado AK´JABOR. Eu estou com a informação aqui da
segurança do Ministro aqui, da agenda dele, que ele tem que sair. Então eu queria só que o Anastácio
falasse bem rápido para passarmos para o Ministro, imediatamente.
Anastácio Peralta - Guarani Kaiowá - Bom dia. Meu nome é Anastácio Peralta. Então, eu vejo
assim que, já escrevemos bastantes coisas, quando foi criada a CNPI. Agora, ministro, como fazer andar
essas coisas que nós escrevemos vamos supor, saúde, ah, várias coisas. Mas, na minha região ministro,
Mato Grosso do Sul, tem um problema muito grave que é a falta de demarcação de terras e também a
violência. E, nós, no mandato passado, o presidente Lula conseguiu trazer 17 (dezessete) ministros dentro
da CNPI e só que nós não conseguimos resolver os problemas mais graves da questão indígena. E, a nossa
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esperança, ainda assim acreditamos na Instituição, acreditamos nos governos, só que nós precisamos
construir uma política mais definida para a questão indígena.
Que não existe, né? Nesses quinhentos anos aí, nunca existiu a política para a questão indígena.
Tem várias políticas, mas ações muito fragmentadas, né? Por mais que o presidente da FUNAI se esforce,
por mais que alguns ministros se esforcem, mas não tem o fortalecimento dessas políticas. Às vezes, sai
um governo e já muda tudo, né? E também queremos que se fortaleça também a Secretaria da CNPI. Que
seja mais forte porque só temos a Terezinha lá dentro né? para aquentar esse baque todo. E, ministro,
lutar com os direitos indígenas, você está lutando contra o país, por bem dizer. Você está lutando contra
o Congresso Nacional. Porque o Congresso é feito de empresários, latifundiários e grandes, que são os
nossos adversários. Então é muito difícil mexer com a questão indígena. Mas eu acredito que, o que nós
escrevemos no passado e até agora, eu acho que vamos colocar em prática. Porque nós não podemos
matar o que nós falamos e o que nós escrevemos. Muito obrigado.
Doutor José Eduardo Cardozo - Ministro da Justiça - Bem, eu quero mais uma vez cumprimentar
todos vocês e dizer que logo que eu tenha a honra de ser indicado para o Ministério da Justiça pela
presidenta Dilma Rousseff. Vários amigos meus me diziam que um dos maiores problemas que eu
encontraria no ministério da Justiça seria a questão indígena. E, eu vou confessar a vocês, que passados os
90 (noventa) dias, da nossa gestão no ministério da Justiça, eu sinceramente não acho que a questão
indígena seja um problema. O tratamento da questão indígena é um dever. Dever do Estado. Não
podemos ver, dever, como um problema. Temos que vê-los como desafios. Eu digo que é um desafio
porque há muito preconceito na questão indígena. E, há muito desconhecimento em relação à questão
indígena. E nós temos que ter clareza que o Ministério da Justiça não pode tratar a FUNAI, como eu
tenho dito ao meu amigo e companheiro Márcio Meira, como um patinho feio. Como aquele órgão que
agente puro e simplesmente deixamos para lá, navegando sem darmos atenção a ele. Se o Estado
Brasileiro tem o dever de resgate em relação aos povos indígenas, se o Estado brasileiro tem o dever
histórico de cumprir com a Constituição, se o Estado brasileiro tem, em última instância a obrigação de
tratar todos os brasileiros como cidadãos, a questão indígena é um desafio e não um problema, que se
esconde debaixo do tapete. É por essa razão que eu quero saudar aqui a Comissão Nacional de Política
Indigenista.
Eu acho que através da história, nós percebemos que muitas vezes o Estado Brasileiro tratou
políticas de formas autoritárias. Tratou políticas de maneira a imaginar que aqueles que governam, sabem
tudo, decidem suas políticas, e a impõem a população brasileira. Nós estamos mudando isso. O governo
Lula mudou isso. O governo Dilma continuará mudando isso. Vocês representam a possibilidade de
diálogo na formulação da política indigenista. O diálogo entre diferentes setores do governo e a
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população indígena. Entre as lideranças da população indígena e as lideranças de governo. E, a partir daí
se começam a fazer pactuações, se começam a fazer entendimentos. A partir daí se faz uma política de
Estado produzida por todos aqueles que integram o Estado aos diversos fatores que devem formar. Então,
por isso eu quero saudar o trabalho que vocês tem feito.
E é um trabalho muito importante para o Estado brasileiro e precisa prosseguir, agora algumas
coisas nós vamos precisar enfrentar, eu vi que uma das reivindicações que foi apresentada, uma delas é
uma reunião de trabalho comigo e eu quero dizer que já esta, então, aceita a reivindicação e eu quero
marcá-lo o mais rapidamente possível, eu até falava com o Marcio Meira, durante o dia de hoje eu quero
combinar esta data, eu sei que vocês têm problema de deslocamento e nos temos custos com
deslocamento, tá certo, então não sei da possibilidade da minha agenda de marcar ainda agora neste
período, segunda ou terça eu não sei se estarei viajando, seu estou no Brasil onde é que eu estou, que
estou meio perdido com a minha agenda, quero dizer para vocês muito francamente que eu cheguei
ontem de viajem da Bolívia as 03:00 da manhã, então eu não sei, mas se puder fazer agora, eu quero fazer
agora, senão nos vamos marcar uma data para fazer, porque, porque eu acho que a pauta que vocês
apresentaram é muito importante, eu quero destacar dois pontos, não quero pegar outros não, porque nos
não vamos ter condições de aprofundá-los aqui, nos vamos aprofundá-los na reunião de trabalho, um
deles é a questão do Projeto de Lei que interessa diretamente a população indígena, particularmente a
questão do Estatuto dos Povos Indígenas, uma coisa que aprendi, fui deputado federal por oito anos e
vereador por oito anos, para nos aprovarmos Projeto de Lei, primeiro, nos temos que jogar juntos fechado
e segundo tem que aprender a negociar, senão não aprova, quero dizer com vocês com franqueza, nos
apresentamos para o governo o Estatuto que acho que deve ser, aquilo que foi concensuado entre nos,
agora vamos pensar, no Congresso Nacional tem gente que defende os índios, tem gente que não gosta
dos índios e gente que não tem a menor noção de como é a questão indígena, então nos vamos ter que
atuar, negociar e para isso vamos ter que jogar casado e tem que ter uma estratégia, muitas vezes a gente
pensa que quando um Projeto de Lei para, é descaso do governo, não é, eu mesmo tenho Projetos de Leis,
outros no Ministério da Justiça que estou batalhando para aprovar e é uma dificuldade, porque um
levanta uma peninha aqui, outra levanta uma peninha lá, outro levanta um probleminha aqui e toca a
contornar e toca a costurar, e nos vamos ter que fazer isso como nosso Estatuto.
Senão ele não sai, nesta reunião de trabalho eu quero discutir com vocês dentre outras coisas, a
questão da estratégia do Estatuto, porque, porque nos vamos fechar uma estratégia, ai nos vamos falar
com a liderança do governo lá na Câmara, eu vou falar com o Ministro da Articulação Institucional o Luis
Sérgio, para nos tratarmos desta questão, ai nos vamos sentar para negociar e para negociar gente tem que
ter unidade viu, porque se temos que negociar um ponto e vocês começam a brigar entre vocês e a gente
começa a brigar entre nós, não vai sair nada, teremos que ter muita unidade para negociar isso. Mas o
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Ministério da Justiça vai encarar este Projeto de Lei e outros que vocês coloquem como relevantes como
prioritários na nossa estratégia de ação parlamentar, isso não que dizer que eu vou conseguir garantir
aprovação não! Quero ser muito sincero, porque, porque eu não posso, temos que convencer o Congresso
Nacional, isto aqui é um time, um time que defende uma proposta, eu estou dizendo o seguinte, como
ministro eu estou no time, nós vamos organizar o time para jogar uma boa partida de futebol e se
possível ganhar o jogo, esta é a idéia, nesta reunião nos vamos discutir isto.
Outra questão que vocês reivindicaram aqui, que me preocupa e esta me preocupando muito, que é
a questão da demarcação e da judicialização das demarcações das terras indígenas, não há uma semana
que eu não receba parlamentares no meu gabinete e lideranças dos Estados para questionar as
demarcações, quero ser franco, isso revela um potencial de demanda judicial imenso e, portanto a
possibilidade real de cair na justiça algumas demarcações, quero falar com franqueza aos companheiros,
então temos que sentar e discutir isso, eu não sei se é melhorar o Decreto de Demarcação para termos
mais segurança jurídica, porque nos queremos a demarcação, nós temos que fazer com segurança de
forma que não caia na Justiça, agora precisamos discutir isso com vocês, com franqueza, como irmãos,
está certo! Porque acho que este é um problema que vamos enfrentar, e muito, não adianta nada a
FUNAI demarcar e eu baixar a Portaria, nós fazermos uma festa para a Presidenta da República, depois
vem a liminar da justiça e arrebenta tudo e ai nunca mais resolve esta coisa. Me recordo que quando saiu
o Decreto que regulamenta, muita gente estava contraria ao Decreto, porque achava que ia dar direito de
defesa, etc. e tal, essas coisas tem que tomar cuidado viu gente, porque tem que fazer, porque se não faz,
depois cai na justiça é preferível nós fazermos o negócio formalmente em ordem do que nós
atrapalharmos depois e ficarmos dez anos, vinte anos, trinta anos, quarenta anos para resolver, nós
sabemos como funciona a justiça brasileira, eu sou advogado, e eu era advogado de um Órgão Público, eu
me lembro de uma ação que tramitava, inclusive envolvia disputa sobre terra indígena, há (110) cento e
dez anos, então vocês imaginam, nós não queremos demarcação de terra indígena na justiça com
cinqüenta, sessenta, setenta anos sendo objeto de briga lá, então nós temos que unir nosso time, verificar
como é que resolveremos este problema, vejam que a pauta que vocês colocam. Peguei só duas questões e
duas questões que vão ter que exigir nós trabalhemos muito com a manga arregaçada para vermos como
faremos.
Então para finalizar meus companheiros e minhas companheiras eu quero dizer o seguinte,
Ministério da Justiça não tratará a questão indígena como uma questão secundária, pode ter certeza disso,
eu tenho total disposição de trabalhar com vocês a questão indígena, dialogando, construindo,
verificando as prioridades, dando possibilidades a FUNAI trabalhar e o sei de um dos pleitos que foi feito,
pelo meu querido amigo Cacique foi a questão de recursos para a FUNAI, o que eu puder fazer para dar
recurso para a FUNAI nós vamos dar, agora nós temos um problema também de recurso geral, este ano
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nos tivemos um corte de 50 bilhões no orçamento que tinha que ser feito e o Ministério da Justiça teve
um corte de 1.5 bilhões, então aquela coisa, quando o cobertor é curto nós cobrimos em cima e o pé fica
de fora, eu vou tentar colocar o cobertor para cobrir a FUNAI, agora nós vamos ter que entender o
momento que nós passamos e vamos ter que aproveitar cada centavo que vai para a política indigenista
no Brasil, cada centavo tem que valer por dez teremos que fazer uma boa gestão, tem que saber gastar
bem não vai poder desperdiçar e eu conto com vocês para isso, e mais, algumas questões que Ministério
da Justiça tem que desenvolver como prioridade de governo, eu acho que os povos indígenas podem estar
conosco discutindo isso, Outro dia eu falava com o Márcio Meira, eu venho da Bolívia, nós fomos fazer
uma série de acordos para a questão do tráfico de drogas, do controle de fronteira, uai, porque as
comunidades indígenas não podem discutir conosco política de segurança nessa questão, porque não faz
um Projeto com as comunidades indígenas para ajudar-nos a combater o tráfico de drogas, porque não
envolve os povos indígenas nisso, porque nós sabemos que este tráfico de drogas afetam algumas
comunidades indígenas. Nós sabemos que infelizmente há membros das comunidades indígenas que as
vezes participam de situações deste tipo e acabam inclusive se viciando com craque, com outros tipos de
drogas, então porque não envolvemos a comunidade indígena neste Projeto, claro há questões, que nós
precisamos aprofundar, aproximar as comunidades indígenas de nós para que possamos entender
melhor os problemas para que vocês possam entender melhor nossos problemas, porque somos parceiros,
é assim que temos que construir uma política de parceria, o que não quer dizer que sempre vamos
concordar não, nós vamos ter discordância, um vai achar uma coisa outro vai achar outro, mas temos que
chegar num acordo e essa é nossa disposição do Ministério da Justiça, trabalhar junto com vocês,
trabalhar junto com a FUNAI, e dando prioridade a estas questões, agindo como parceiros, por que?
porque é um dever do Estado brasileiro fazer assim, nós temos que entender o papel que o Estado
brasileiro teve na história em relação aos indígenas, massacrando comunidades impondo políticas
autoritárias, desqualificando os povos indígenas, nós precisamos fazer o movimento inverso, mas para
fazermos o movimento inverso nós temos que estar muito integrados, muito, muito mesmo, na minha
parte vocês podem ter absoluta certeza que com muita lealdade eu quero desenvolver este trabalho, e eu
sei que nós temos na FUNAI uma direção muito competente, eu tenho um carinho especial, muito
mesmo, confio muito nesta turma que esta aqui, é uma turma boa, abnegada, uma turma que apanha, eu
presencio diariamente as bordoadas que esse caras tomam para defender vocês e as vezes eu registro uma
bordoada de lá e de cá também, vamos deixar claro, esse pessoal que está aqui tem a minha confiança
total.
São pessoas que defendem a causa indígena e fazem aquilo que podem, das tripas coração, para
poder cumprir este papel, eu quero dar muita força a essa direção, muita força a FUNAI, muita força a
esse Conselho, porque acho que não estou fazendo nada mais do que cumprir o meu dever, o dever do
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ministro da Justiça é tratar os povos indígenas com dignidade e lutar para que a política indigenista no
Brasil seja compreendida, aceita pela sociedade, resgatando o papel importante que o Estado brasileiro
tem nesta questão, bom trabalho a vocês, vou informar ao Márcio Meira que hoje vamos fazer um acordo
e marcar uma data para nós sentarmos, arregaçar as mangas e começar a discutir as pautas de vocês.
Muito obrigado.
Marcio Meira – Muito obrigado Sr.Ministro.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Continuando nossa pauta, nossa pauta da reunião. Conversei
com a Teresinha e nós acrescentamos aqui dois pontos só, que a Bancada indígena, trouxe, para a pauta
que tinha sido apresentada pela presidência, que, dentro dessa seqüência nós vamos agora, é, é, a
Proposta, na verdade é o seguinte, é que a Teresinha trouxe a proposta da Bancada Indígena, a proposta
de pauta e, fazendo o cruzamento das duas, só tem dois pontos que foram divergentes, digamos assim, só
para complementar. Então, acrescentamos na pauta estes dois pontos, tá? Então, eu queria imediatamente
passar a palavra para a representante da Secretaria Geral da Presidência, informando inclusive ao
plenário da CNPI que a Secretaria Geral da Presidência, é, mudou né, no novo governo, nós temos um
novo ministro, que é o ministro Gilberto Carvalho, que era o chefe de Gabinete do presidente Lula, e o
novo ministro Gilberto Carvalho, ele, substituiu a representação da Secretaria Geral na Presidência, na
CNPI e o representante titular aqui na CNPI é a Juliana que está aqui ao nosso lado, aqui, A Juliana já é
conhecida aqui da CNPI. Para vocês lembrarem a Juliana participou da CNPI é, e algumas vezes como
representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. E agora ela é servidora lá da Secretaria Geral
da Presidência. Então passo a palavra a Juliana que ela está trazendo um informe a pedido da Secretaria
Geral sobre o novo papel da Secretaria Geral. Ela vai dar todas as informações.
Juliana Miranda - SG/PR- Obrigada presidente Márcio, bom dia a todos, todas as lideranças
indígenas, aqueles que eu já conhecia pelo trabalho de defesa e promoção dos direitos humanos, e aqueles
nossos colegas de governo que também nos trabalhos de promoção de direitos humanos, os povos
indígenas e de uma maneira geral.
Dentro da Secretaria Geral eu hoje venho a pedido do ministro Gilberto Carvalho, nosso novo
ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, e do Secretário Nacional de Articulação Social
que é o Paulo Maldos, também uma pessoa, acredito eu, bastante conhecida, por esse Fórum de diálogo.
Paulo Maldos, hoje ele está em Manaus e, seguindo mais tarde para São Gabriel da Cachoeira. Nós
destacamos aí uma equipe de governo, para aquela região do norte, bem ao norte do Amazonas, na
expectativa de reabrir um diálogo com a comunidade, comunidade formada em sua maioria *palavra não
compreendida sua totalidade, uma comunidade indígena. Na expectativa de se levar um fôlego de
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governo de Estado, para aquela região. Então o Paulo e mais um assessor da nossa Secretaria hoje
acompanha uma reunião de governo em Manaus e depois com algumas também lideranças indígenas e
representantes da sociedade civil, e amanhã eles estarão em diálogo com os jovens, com crianças, com,
focando educação e saúde, e territórios, né? , lá em São Gabriel da Cachoeira. Eu estou como secretária
adjunta nessa nova Secretaria Nacional de Articulação Social e eu queria falar, gastar um pouquinho do
nosso tempo, prometo ser bem breve, senhor presidente.
Porque eu acho que os pontos que me seguem são pontos de máxima urgência e sei que todos nós
queremos e estamos ansiosos por ouvir.
A Secretaria Geral com a missão, ministro Gilberto quando foi também convidado pela presidente
Dilma, ele conta em todos os seus espaços públicos que a presidente Dilma o chamou e disse:
"Gilbertinho, eu preciso que você me mostre e me coloque a verdade. O que o Movimento Social, o que
os Movimentos Sociais de todos de todos os seus segmentos, demandam de nós governo, de nós Estado?
Então, preciso que você seja essa porta voz legitimada pelo Movimento, também pela sociedade civil e me
traga a verdade”.
E dentro da Secretaria Geral, hoje nós temos uma estrutura que convive com uma grande tarefa de
gestão da Presidência da República, de Órgãos governamentais né? Por exemplo, alguns Órgãos que
estavam na Casa Civil e o foram recolocados para a Secretaria Geral. Então temos uma missão de gestão,
de administração e de controle interno. Mas, em paralelo nós temos funções finalísticas, com a Secretaria
Nacional da Juventude, e com essa Secretaria de Articulação Social com a qual nós estamos com uma
nova equipe lá dentro. Essa Secretaria, ela é tida pelo ministro como o coração, o coração da Secretaria
Geral. É ela, que, não só tem que fazer a ponte com o Movimento, a ponte entre Estados e sociedade,
fortalecer essa ponte, mas, principalmente dar vazão a essa ponte. Nossa missão primeira não é só escutar,
é dialogar. Então, a Secretaria de Articulação Social ela está se estruturando sobre três grandes pilastras,
como estas aqui.
Talvez mais fortes um pouco. A pilastra do diálogo social; a pilastra da participação social e da
educação cidadã e popular. Não sei se todo você tem conhecimento, acredito que sim. Já ouviram falar da
RECIDE? que á Rede de Educação Cidadã também instituída e criada lá, em 2003 (dois mil e três), pelo
Programa de Combate a Fome. Ela tinha algumas frentes de mobilização social e estava vinculada a
Presidência da República. Hoje ela nos pertence. Então esse trabalho de educação popular e cidadã estão
também dentro dessa Secretaria de Articulação Social. E eu queria, presidente, então, destacar que dentro
dos diálogos sociais, reestruturamos a, essa diretoria com coordenações de diálogos com os Movimentos
de Campo e Território, com os movimentos Urbanos, movimentos Sindicais, movimentos Religiosos e
Culturais. Na expectativa de, ao trabalhar a questão do território, nós estejamos também contemplando
Movimentos pró Quilombos, movimentos indígenas, e outros de comunidades tradicionais.
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A Diretoria de Participação Popular, de participação social, a nossa expectativa para esse mandato é
introjetar no governo e neste Estado a participação e o diálogo como método! Que todas as políticas, que
todos os programas, que todas as ações desse governo contemplem necessariamente a participação do
povo. A participação organizada ou desorganizada. No diálogo, na presença, de definições, de construção
de políticas públicas. Ali naquela diretoria que está hoje coordenada ou dirigida pelo Pedro Pontual, ele
tem ido a todos os Conselhos e Colegiados com essa fala de boas vindas e apresentando essa nova equipe.
Para não só refletirmos sobre o grande processo já acumulado nos últimos 8 (oito) anos de Conferências
Nacionais, de Conselhos Nacionais e de Ouvidorias, mas chamando todos vocês a um novo salto que é
nesses mecanismos formais, também conversar com os não formais ainda, as novas linguagens e
mecanismos de participação social.
Nós temos um grande processo aí visto na comunidade internacional a importância da internet, da
cultura digital, diminuindo as distâncias e como que isso para o nosso país poderia ser reaproveitado e
melhor aproveitado nas nossas políticas públicas também.
Então essa é uma missão que o ministro Gilberto Carvalho tem nos colocado. A Secretaria Geral,
nós temos, hoje, presenciado, participado de um Processo de Planejamento Estratégico. A FUNAI e
alguns outros órgãos do poder Executivo também estão desenvolvendo seus planejamentos ou já
desenvolveram seus planejamentos estratégicos. Nós ainda não fechamos. E agora estamos no momento
de alencar as ações prioritárias. E dentro da Secretaria de Articulação Social, vocês podem ter a certeza
que o componente indígena, ele está contemplado e vai ser intensificado nos nossos trabalhos. Então,
obrigada também pela acolhida e, a partir de agora eu estarei presente em todas as reuniões da CNPI
representando a Secretaria Geral.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado, Juliana. Eu queria em seu nome agradecer o
Secretário Nacional de Articulação Social agora da Secretaria Geral, Paulo Maldos, que, é, durante os
últimos anos como assessor da Presidência, também lá, quando ainda assessor do Gilberto Carvalho,
sempre foi um grande parceiro da CNPI, sempre parceiro da, do Movimento Indígena, da causa indígena
e que nesse momento não pôde estar aqui presente, mas estaria, caso não estivesse viajando justamente
para tratar da questão. E, convidar sempre, você, como representante, mas também ele, a estar presente
aqui na nossa CNPI. E eu queria aproveitar, acho que nenhum de nós, aqui da CNPI ou como presidente,
se negaria a fazer esse convite. E você também transmita esse convite ao nosso ministro Gilberto
Carvalho para que ele, na próxima reunião da CNPI ou numa próxima reunião da CNPI possa honrar
aqui a CNPI com a sua presença para que traga a sua mensagem, a sua saudação ou a sua fala, aqui na
CNPI. Seria um prestígio importante para a nossa Comissão. Transmita esse convite ao nosso ministro
Gilberto Carvalho.
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Eu queria abrir então, aqui agora para o plenário, para alguma pergunta ou algum esclarecimento a
respeito da Secretaria, da nova Secretaria Nacional de Articulação Social e a relação que ela tem com a
questão indígena. Se tiverem alguma pergunta ou algum esclarecimento, para fazer a Juliana. Está aberta.
A Lylia Galetti se inscreveu. Foi a primeira a se inscrever.
Lylia Galetti – MMA - Lylia Galetti do Ministério do Meio Ambiente. Primeiro eu quero, aqui me
regojizar com todos pela criação dessa secretaria. Eu acho que ela é, tem um papel muito importante a
cumprir e, pergunto a Juliana, se tem uma pauta que é fundamental para Povos Indígenas e povos de
comunidades tradicionais, um trabalho político que vinha sendo feito desde o primeiro governo do Lula,
que diz respeito ao acesso desses povos, comunidades tradicionais, povos indígenas incluídos, a recursos
públicos através de algum instrumento institucional como mecanismo que esteja de acordo com as
características desse público? Nós temos aí esse público de povos tradicionais. Um esforço grande do
Ministério do Meio Ambiente, da FUNAI, do MDS, né? Para citar apenas os órgãos que tem, inclusive
atuado de forma conjunta, nessa questão. E os recursos públicos do Orçamento da União, hoje, eles são,
digamos, distribuídos né?, acessados pela sociedade civil, através de Convênios que é um instrumento
que não contenta em absoluto as especificidades de povos indígenas e povos de comunidades
tradicionais. De maneira que esse acesso ao recurso público diretamente por esse público através das suas
Associações, organizações representativas, é, extremamente frágil e dificultoso. O Ministério do Meio
Ambiente, junto com o MDS no âmbito da Comissão Nacional de povos de comunidades tradicionais
chegou a elaborar uma minuta de Projeto de Lei, inclusive, é, que propunha modificações na 8866 (oito,
oito, meia, meia) para facilitar esse acesso e, esse Projeto sofreu uma série de dificuldades e foi, estava no
âmbito da Casa Civil já, eu acho que essa Secretaria talvez fosse o espaço para recuperar isso e recolocar
na pauta e foi interrompida até, por contexto político que não nos favorecia, que foi a CPI das Ongs que
na verdade, tinha por parte da oposição ao governo Lula na época, uma intenção muito mais de
criminalizar, de criar obstáculos do que, de fato investigas as verdadeiras fraudes que ocorrem no âmbito
dessas Organizações Não Governamentais.
Pouco antes de a presidente Dilma vencer as eleições *palavra não compreendida também fez esse,
uma carta em que coloca isso como uma prioridade né? Então eu gostaria de, não sei, é uma pergunta,
mas também é um desejo, eu acho que é uma demanda dos povos indígenas, para falar de modo mais
específico aqui no âmbito da CNPI de que possamos, como governo avançar na criação desse
instrumento. Até porque o que nós temos hoje está sendo, está mudando. Não vai dar mais para ficar
apoiando Projetos de Associações Indígenas, de organizações indígenas e através de Projetos de
Cooperação internacional em função de determinações diferenciadas aí do TCU. Eu acho que é uma
questão extremamente sensível e de fundamental importância. Hoje nós temos fundos e mais fundos
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públicos de recursos, que os índios não têm condições de acessar.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado Lylia.
Nós temos quatro inscritos. Queria pedir, que nós também, as inscrições também, pudessem ser
bem objetivos nas nossas falas porque nós temos muito trabalho aí pela frente.
O próximo inscrito é o Dilson. Depois do Dilson é o Jecinaldo.
Dílson Ingaricó - Bom dia. Meu nome é Dilson, representante do Estado de Roraima, na qualidade
de suplente na CNPI.
Primeiro, a preocupação nossa em todo o país quando nós que participamos do Movimento
Indígena, queria que nós fôssemos além de programas já implantados no governo federal. Durante o
governo Lula, foram implantados vários programas e, que na sua execução, na implementação nas regiões
ou nas terras indígenas, foram muito complicados a se implementar. Isso, devido, como colocou o
ministro da Justiça, a questão de preconceitos com relação à questão indígena. Muitos prefeitos e
vereadores que não defendem a causa indígena, e acabam prendendo os Programas criados pelo governo.
Então, diante dessa preocupação, o que realmente precisa fortalecer? A questão do Movimento Social, a
questão do movimento indígena que sempre estão discutindo suas políticas públicas. Aliás, reivindicando
conforme suas necessidades e não conseguem transformar essas suas reivindicações em política pública.
Em todo o território nacional, no que diz respeito às terras indígenas, também se vê a questão de
desnutrição nas crianças como também nas mulheres grávidas, e problemas nas faixas de fronteiras. É
importante que essa Secretaria em conjunto, junto com os ministérios tenha uma boa articulação
atendendo as reivindicações do Movimento Indígena. E o que nós vemos em todo o território nacional é
muito preocupante. Inclusive ontem na discussão, em várias partes, aparecem, como na discussão do
gênero, apareceu a questão de desnutrição. Também na discussão de educação, apareceu a questão de
desnutrição. O resultado de tudo isso está relacionado também como está sendo aplicada a questão de
ensino nas escolas indígenas. Eu acho que o problema não se isola. Separado, é, o gênero, o cuidado que
se tem com a questão indígena, a demarcação, a presença dos Municípios nas terras indígenas, as
empresas presentes, próximas.
O que as comunidades costumam pescar e caçar hoje, não pode caçar ou que se é que as
comunidades que estão próximas as vilas e não tem mais caça e pesca e que agora requer uma estratégia
para que as comunidades se desenvolvam de fato. Garantia de segurança alimentar e garantia de
melhorias no ensino, no que diz respeito à educação escolar indígena. Então, eu não falaria isoladamente.
Eu falo um pouco tudo misturado porque um depende do outro. Creio que esta secretaria, além de estar
ouvindo e dialogar com o Movimento Indígena, precisa muito bem dialogar com os Ministérios, para que
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haja uma efetivação, uma implementação dos Programas, ou reivindicações das populações indígenas.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado Dilson.
Jecinaldo. Depois do Jecinaldo, o Saulo.
Jecinaldo Saterê Maué- Bem, eu queria fazer uma pergunta para a Juliana.
É preocupante na política indigenista, brasileira ainda, a dispersão dos recursos que vem para as
comunidades indígenas. E isso tem sido uma briga da CNPI. É, nós vemos na FUNAI, um Órgão
indigenista oficial, mas que não tem mais a gestão de todos esses recursos. E isso me preocupa! Por a
questão indígena (estar) inclusa nessa Secretaria, também de que forma vai se dar esse relacionamento
entre o Órgão Indigenista oficial, entre o próprio Ministério da Justiça, e o próprio Movimento Social que
no caso, o Movimento Indígena. Eu tenho um pouco, essas preocupações. De que forma isso vai se dar na
prática de fato. Obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Juliana, eu vou pedir para o pessoal fazer todas as perguntas.
Tá bom?
Saulo Feitosa - CIMI -- Juliana, é... duas questões:
A primeira em relação à Secretaria Geral, mesma, no relacionamento com as Unidades da
Federação, com os governos Estaduais. Nós percebemos, pelas informações que os indígenas apresentam,
dificuldades na implementação de várias políticas, que elas são construídas e, acatadas em âmbito
nacional, mas há dificuldade na manutenção, na garantia por parte das unidades da Federação,
concretamente! A questão da Educação Escolar Indígena; a professora Francisca fala o tempo todo que
está havendo um retrocesso em várias unidades da Federação, dentre outros né? Então, que papel cumpre
a Secretaria Geral no relacionamento com essas unidades, né? para assegurar, não só a manutenção, como
o avanço na implementação dessas políticas.
A outra questão é em relação à Secretaria mesmo, de articulação dos Movimentos. Se entendemos
um Processo, quer dizer, a própria CNPI, ela surge em um momento histórico, de pós-colonização, é, 100
(cem) anos do indigenismo estatal, e ela apresentou novidades, estabelece um novo campo de relações de
poderes, é isso que temos presenciado aqui. Agora, desde a aprovação da Convenção 169 (um meia nove),
todo mundo critica. Não há por parte do Estado brasileiro, a implementação das consultas. E, isso não é só
porque o Estado não quer. Quer dizer, você tem que construir essas experiências. Como é que irão se
realizar essas consultas: E aí, você está numa Secretaria que é de Articulações Sociais, e tem o Movimento
Indígena. E a minha pergunta é: se nessa Secretaria, não se poderia ter como pauta, a discussão sobre a
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construção dessa experiência, ou, os instrumentos necessários para as realizações dessas consultas.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Antes da passar para o próximo inscrito, queria registrar
também a presença aqui do presidente da Câmara Municipal de Autazes, no Amazonas, o vereador
Cecílio Mura, aqui presente, e o André Mura que é o secretário municipal de assuntos indígenas de
Autazes, também que está aqui presente. Obrigado pela presença, que tem inclusive uma prefeitura de
Barreirinha, aqui.
(Comentário) Vou circular, fazer circular para todos os membros aqui verem aí o material. Circular
para cá primeiro para esse lado do governo aqui.
Próximo inscrito é o Canale, do Ministério da Saúde Secretaria Especial de Saúde Indígena. Faço
esse registro com muito orgulho, na primeira reunião do ano, anunciar o próximo escrito é o
representante da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, e ele é um indígena, tem
esse importante detalhe.
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI - Obrigado Márcio. Uma boa parte dos meus
parentes já me conhecem, mas uma parte do governo não. Meu nome é Edmilson, sou do povo Terena. É
de Mato Grosso do Sul, mas minha projeção foi em Cuiabá. Ex-coordenador do Fórum Presidente
juntamente com Lindomar e ex-conselheiro nacional de saúde.
Com base nisso, Juliana, eu queria, acho que, não sei se já foi repassado. Eu queria saber assim, para
eu discutir futuramente com a nossa articulação lá, de controle social. Qual é o papel da Secretaria, ou
qual é a finalidade dela. Por que estão discutindo, as questões dos Conselhos? E, em qual momento nós
poderemos, em um futuro próximo, incluir as questões dos Conselhos Distritais de Saúde indígena que
fazem essas discussões, que fazem o acompanhamento da execução da Saúde indígena, dentro do
governo, né? junto ao Ministério da Saúde, junto a SESAI, agora.
Então praticamente é isso. Estou chegando agora e então queria saber com relação, de quando
iremos fazer essa discussão com relação aos Conselhos. E de que forma, aí seria a todos, a todos os
membros da CNPI muito preocupado com relação à efetivação dessa Comissão para Conselho. De que
forma a Secretaria de Articulação pode nos auxiliar nas seguintes perspectivas, que eu havia até
conversado na Bancada governamental. De que forma, nós, da CNPI, principalmente indígenas, vamos
fazer essa articulação para transformar essa Comissão em Conselho? Eu estou muito preocupado em
relação a isso. De que forma nós, povos indígenas, aí eu me incluo, veremos, como essa Comissão poderá
se tornar um Conselho? Que irá discutir essas proposições correlacionadas às questões indígenas?
Porque não dá também para um grupo de indígenas aí, chegar ao Congresso e fazerem uma bagunça lá e
colocar em crédito ou em descrédito todo esse trabalho que estamos fazendo. Então, nós temos que nos
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articular para vermos de que forma nós iremos efetivar isso. E de que forma essa Secretaria pode nos
ajudar "nessa" articulação. Seja ela política, seja ela organizacional, principalmente nossa, dos povos
indígenas, para nós darmos realmente esse avanço, conforme o ministro falou. Precisamos estar
organizados. Mas de que forma vamos nos organizar para tornarmos realidade esse sonho, de efetivar esse
conselho. Obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - estamos registrando a presença aqui também do Cacique
Aniel Priprá. Presente aqui também na nossa reunião da CNPI.
Próxima inscrita é a Simone. É a última inscrita.
Simone Karipuna - Bom dia a todos e a todas, sou Simone, sou Simone Karipuna lá do Estado do
Amapá.
É, eu ouvi a sua fala e das demais pessoas que se pronunciaram, então, eu queria lembrar que, eu
não sei se foi falha minha, mas na exposição feita para o ministro, eu não vi a exposição da subcomissão
de Etno-desenvolvimento da qual eu faço parte, e, com o componente indígena, eu e mais o Titiah, e
alguns membros de alguns ministérios como o MDA, MDS, MMA, a FUNAI, e, dentro dessa
subcomissão, nós estamos indo, justamente na linha dessa apresentação. Estamos com uma Proposta de
fazer uma discussão e, achei louvável essa discussão agora da Secretaria. Nós estamos com uma Proposta,
é, e foi feito, nós fizemos uma reunião extraordinária da Subcomissão, e, ontem, nós nos reunimos
também para propor justamente isso. Buscar uma discussão em conjunto com vários segmentos, com
vários ministérios, com várias organizações indígenas, e, indigenistas, para justamente mapear tudo o que
já tem sido feito dentro das discussões de educação, saúde, meio ambiente.
Para que de fato nós possamos consolidar né? As discussões, para que de fato consigamos
encaminhar e pontuar vários assuntos que hoje, as nossas lideranças indígenas, nossos povos indígenas,
almejam né? Então nós vamos ter o momento de exposição da nossa Subcomissão. Eu perguntei a
Terezinha e ela disse que é a partir de amanhã. Mas desde então eu convido você pra estar presente na
próxima reunião da Subcomissão. Porque essa é uma preocupação nossa, que nós estamos tendo dentro da
Subcomissão de propor e estão pautando essa questão de poder justamente, sentar, avaliar né? e propor.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Juliana?
Juliana Miranda - SG/PR- Eu fico muito feliz por um lado, que essa minha fala tenha estimulado
tantas participações. E, por outro, preocupada com o tamanho da nossa responsabilidade, também. Não,
algo que nos impeça ou atrapalhe o nosso trabalho. Pelo contrário! Mas, cada vez mais, eu tenho certeza
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de como é importante o governo se articular para ouvir e para dialogar, também né?
Então eu vou começar citando, respondendo pergunta por pergunta. Mas, antes de responder até a
Lylia do MMA, colocar que a Secretaria Geral, a nossa expectativa não é que ela seja o centro do diálogo
nem a 'única' a dialogar, e a 'conversar' e 'responder' aos Movimentos Sociais de todos os segmentos né?
Pelo contrário. Nós queremos é estimular cada vez mais os outros ministérios, as outras autarquias, as
outras fundações, a administração pública de uma maneira geral, que dialoguem com o setor social nosso,
brasileiro. Então, nossa maior missão é essa. É abrir as outras portas e aprofundar esse diálogo dentro do
governo e fora do governo.
Como o Dilson colocou, como é que...não sei se foi o Dilson ou o Jecinaldo. Mas é, como é que
esses Órgãos indigenistas né? como é que vamos conversar com a FUNAI? Como é que vai ser a política, o
trabalho, tendo a FUNAI como o principal órgão, como órgão de política né? É muito simples, de forma
articulada. Então é esse, a nossa, é um desafio e missão ao mesmo tempo. E, para o Movimento e, para a
sociedade, já, de, com trabalho de comunicação, de interlocução, principalmente dentro do governo. E
acreditamos que isso se dará de duas formas: de forma horizontal e de forma vertical, já respondendo
também a pergunta do Saulo.
É preciso trabalhar a articulação social nos Estados, nos Municípios né? Nas outras unidades
federativas do nosso país. E a nossa perspectiva é essa, para, além de abrir portas dentro da Esplanada, que
essas portas sejam cada vez mais institucionalizadas. Fico feliz em ter no Ministério da Justiça, um
assessor especial do ministro para articulação social. Fico feliz em saber que a FUNAI também já tem hoje
uma pessoa né? que eu conheci essa semana. Que nós vamos intensificar as nossas conversas, os nossos
trabalhos. Ministério da Saúde, Ministério de Desenvolvimento Social, Ministério de Minas e Energias
também, né? Nós vamos institucionalizar cada vez mais esse canal de diálogo com os movimentos; o que
já tem sido feito. Aprimorar e aprofundar isso. Enfim, então, não só verticalizar né? nos Estados e
Municípios, mas no horizontal, dentro do governo federal. Como estimular que secretários e executivos
de todos os ministérios institucionalizem em suas gestões a participação social, o diálogo social.
Semana que vem nós vamos receber a pauta nacional do MAB que é o Movimento dos Atingidos
por Barragens. E a Secretaria Geral é que coordena a articulação de todos os Órgãos federais e não
federais, públicos e governamentais na resposta dessa pauta nacional. Daqui a duas ou três semanas o
Grito da Terra também estará aqui em Brasília. Abril Vermelho, Abril Indígena...nós vamos receber essas
pautas e teremos a missão, pelo menos a primeira, o primeiro trabalho é coordenar uma Mesa de governo
para dar as respostas que a sociedade precisa e quer ouvir.
Lylia, quando você coloca o acesso da comunidade dos povos indígenas e comunidades tradicionais,
recursos públicos e cita esse anti Projeto de Lei que pelo que você me colocou ali, não foi nem
apresentado ainda ao Congresso Nacional, eu e a minha colega da Casa Civil, tenho certeza, nós já, nos
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colocaremos a partir de agora a disposição para encontrar qual foi o entrave desse anti Projeto de Lei.
Mas, mais do que isso, o ministro Gilberto Carvalho já se comprometeu na reconstrução daqueles
diálogos sobre o Marco Regulatório do terceiro setor, da sociedade civil, ou das Ongs. É uma discussão
que a BONGUE também esteve presente e outras instituições, e outras entidades, né? sociais, durante o
ano de, quase todo o, uns dois ou três anos, a discussão né? há um amadurecimento dessa discussão e
agora, pela chefia do gabinete do ministro, que é a Maria Vitória, e o Pedro Pontual. Existe um grupo
dentro da Secretaria Geral que está pensando e conversando já com alguns setores, religiosos, CNBB.
Tivemos uma reunião recentemente, tivemos uma reunião com o Movimento de mulheres. A expectativa
é que essas conversas se intensifiquem para que esse Projeto do Marco Regulatório seja da melhor forma
aprovado ou apresentado à sociedade. Discutido com a sociedade ainda este ano.
O problema da desnutrição das crianças indígenas é um problema que o Estado brasileiro tem que
se, de uma vez por todas, se atentar né? e se preocupar se articular para isso. Eu me lembro, na Secretaria
de Direitos Humanos, no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, quando nós fizemos uma
missão ao Mato Grosso do Sul, e fomos a um Centro de Reabilitação de crianças. Era notório a fragilidade
daquelas crianças e a carência daquelas crianças por afeto né?. O afeto de todas as formas. O afeto
alimentar, o afeto de carinho, o afeto de atenção. Talvez, Dilson, seja interessante nós colocarmos a
questão da desnutrição, e aí eu acho que a Luana nas próximas horas ela vai apresentar também uma
perspectiva desse novo governo Dilma, no combate ou no enfrentamento e na erradicação da pobreza
extrema, podendo né? e tendo como uma das diretrizes, os recortes, o recorte indígena, né?
A Convenção 169 (um meia nove) Saulo, nós já discutimos internamente na Secretaria Geral que
alguns imbróglios são notórios, principalmente, é, atualmente o próprio ministro, ele está coordenando
uma Mesa de diálogo com as Centrais Sindicais e com as empresas dos grandes empreendimentos das
obras do PAC. Hoje, agora, ele deve estar fechando uma reunião a respeito de Giráu e Santo Antônio em
Rondônia. Eu particularmente estive recentemente lá em Giráu, nos canteiros das obras. E também em
contato com algumas comunidades e algumas localidades. Acabamos de voltar de Belo Monte. E, o que
nós levamos ao nosso ministro, foi uma situação de extrema preocupação com os próximos
empreendimentos, sejam eles de hidroenergia ou não.
As grandes obras do PAC: essa questão já está sobre um grande alerta da equipe da Secretaria Geral
sob a nossa coordenação, lá na Secretaria de Articulação Social. E quanto a Convenção e a
regulamentação da Convenção desses mecanismos de audiências e oitivas indígenas, quero aqui sugerir
na presença do presidente, que iniciemos um planejamento ou um plano de ação favorável à discussão
dessas, da regulamentação né? identificando quais seriam os melhores instrumentos, uma portaria ou
mesmo algum Decreto que regulamente esse componente. Porque nós temos percebido, em tão pouco
tempo que esse vazio normativo gera muita, muita insegurança em várias questões. Então isso já é algo,
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Saulo, que estamos preocupados na Secretaria Geral e já discutimos lá com o Paulo Maldos uma
possibilidade de trabalhar e apoiar a FUNAI nessa discussão.
O Edmilson me pergunta como articular os Conselhos né? Distritais, Saúde indígena e outros
demais Conselhos.
Nós temos uma perspectiva. Eu falo em perspectiva gente, não de forma evasiva assim ou, é porque
a demanda e o trabalho são enormes. Em apenas 90 (noventa) dias de gestão, é, como disse o ministro da
Justiça, eu venho da Secretaria de Direitos Humanos, e lá nós tínhamos o hábito de muito trabalho e na
Secretaria Geral é pior ainda. E, nesses 90 (noventa) dias, estamos conduzindo os nossos planejamentos,
as nossas principais ações, as ações prioritárias para este ano e para os próximos anos. E a principal ação
em nível de articulação, é articular os Conselhos já existentes. Então, essa minha fala e esse livro que
livro que vocês receberam é um livro da gestão passada, que trás um retrato né? é um, uma foto,
fotografia do Conselho naquela época. Qual era a composição e aqui não tem todos os Conselhos
nacionais. Nós temos a informação que hoje no Brasil, são mais de 60 (sessenta) Conselhos nacionais com
alguma participação social. Aqui nós temos o destaque para 34 (trinta e quatro). Trinta e dois Conselhos e
duas Comissões né?. Nesse livrinho que todos vocês receberam.
A nossa perspectiva desse ano é intensificar a articulação transversal, entre os Conselhos e as
questões discutidas nos Conselhos. A nossa própria presidente já começou sua gestão dando um novo
formato de articulações das políticas públicas, quando ela define os eixos intergovernamentais, os Fóruns
intergovernamentais, né? Os Fóruns governamentais. Nós temos o Fórum do Desenvolvimento Social, o
Fórum da infra-estrutura, o Fórum de Desenvolvimento Econômico e o Fórum de Direitos e Cidadania.
Esse Fórum de direito e cidadania ele tem como membro, órgãos membros né? A própria FUNAI,
Ministérios...Secretaria dos Direitos Humanos, a Secretaria de Política de igualdade racial, a Secretaria de
Mulheres. Então, esses Órgãos estarão coordenados sob o cabeça, ou, sob o coordenador que é o Gilberto
Carvalho. Nós instauramos o Fórum há duas semanas. Sexta-feira, que é amanhã, teremos uma primeira
reunião de trabalho. E a perspectiva é essa né? articular essas ações de direitos e cidadania. Então, como
cada vez mais, conversar com a infra-estrutura, com os órgãos de desenvolvimento econômico, a
importância, falar da importância da participação social.
E o que esperamos é que não sejamos os únicos com esses discursos né? não só dentro do governo
mas também fora do governo. Então é preciso se intensificar cada vez mais o trabalho dos organismos,
das organizações, dos Movimentos, da sociedade civil organizada e não organizada. No controle social, na
transparência e na participação.
Este ano nós teremos iniciadas treze conferências nacionais. Lá na Secretaria Geral nós já também
começamos um trabalho de articulação dessas conferências. As Comissões organizadoras dessas
conferências têm que se enxergarem. As pessoas que participam na ponta dessas conferências,
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definitivamente não irão participar só de uma conferência. Normalmente participam de todas. Porque os
autores são quase sempre os mesmos, né?
Então, neste ano nós iniciaremos, nós governo federal né? e governo de uma maneira geral, e terá
em torno de quase quatro milhões de pessoas envolvidas em conferências nacionais. Então nós já
puxamos uma conversa das Comissões organizadoras da parte governamental. Agora em abril vamos
puxar uma conversa da parte não governamental dessas Conferências organizadoras, das Comissões
organizadoras das Conferências deste ano. E também, Edmilson, nós, há umas duas semanas, convidamos
todos os secretários executivos dos Conselhos e os que tem uma mínima participação social, para uma
conversa já de planejamento de plano de ação, de como pode ser a articulação entre esses Conselhos.
Reforçando a importância de nós não falarmos para nós mesmos. Então é preciso Conselhos de infra-
estrutura, de Energias, de outros segmentos de políticas públicas também participarem dessa articulação.
Independente dessa fala de hoje, eu me coloco a disposição de todos vocês para estreitarmos cada
vez mais a nossa conversa, o nosso diálogo lá na Secretaria Geral ou em suas comunidades. Eu posso
depois deixar os nossos contatos para que vocês nos procurem, seja pessoalmente ou por contato
telefônico ou e-mail. E todas as ações ou idéias ou Propostas que estiverem também sendo o foco, a
articulação e a participação, nós estamos dispostos a ouvir e a conversar e a discutir.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigada Juliana. É, foi solicitado durante a sua fala, três
pessoas pediram para fazerem algum comentário. A representante do ministério da Justiça, primeiro
lugar e, depois a representante da Casa Civil e o representante Marcos Xukurú. Então queria abrir para
estes três comentários.
Maria Augusta - Ministério da Justiça - Bom dia a todos e todas. Eu sou Maria Augusta. Eu sou
representante do Ministério da Justiça, na Comissão. E estou muito feliz de estar hoje participando aqui.
Especialmente por termos também podido contar com essa fala do ministro que foi muito positiva né?
para os nossos trabalhos.
Bem, eu queria dizer assim, um pouco pegando, nem ia falar sobre esse assunto agora, mas como a
Juliana citou na fala dela. Eu acho que essa abertura que teve início no governo Lula de espaços
institucionais de participação social, ela tem condições muito efetivas, muito positivas para ter uma
continuidade, um alargamento e um aprofundamento no governo agora no governo Dilma, né? Então,
nesse sentido, assim, nós do ministério da Justiça estamos estruturando lá uma assessoria de articulação e
participação social também né? que vai ser, que vai representar esse espaço de diálogo com a sociedade
civil, com os Movimentos organizados, e com a sociedade civil também não organizada né? Enfim, nós
temos a perspectiva de criar também uma Ouvidoria Geral do Ministério da Justiça, e tudo mais. É, nesse
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sentido e assim, focando mais em um dos nossos trabalhos eu acho que a CNPI ela tem um protagonismo
importante e, né? e fundamental eu diria, nessa, na discussão da questão indígena, mas também da
amplificação desses espaços de participação social.
Eu creio que nessa conjuntura em que estamos vivendo, é, de recursos contidos né? ou,
dificuldades orçamentárias que estamos vivendo agora no governo é fundamental esta articulação do
ponto de vista de quem está no governo, nesses espaços de participação social, esse diálogo e essa
aproximação para, exatamente poder otimizar as ações e os recursos. Então eu acho que nesse sentido,
essa nova formatação da Secretaria Nacional de Articulação Social né? da Secretaria Geral, ela vem nos
dar esse suporte, essa orientação para que nós possamos então aproximar esses diálogos do ponto de vista
de quem, dentro do governo, trabalha espaços de participação social. Então, a minha fala é um pouco no
sentido de dizer para a Juliana que hoje está aqui representando a Secretaria Nacional e também
explicitar isso para vocês da Comissão que o ministério da Justiça está totalmente aberto a fazer esse
movimento. Eu, vejo assim, como fundamental essa questão da transversalidade entre as políticas de
participação, porque eu acho que sem isso não temos, temos menos condições de avançar nessas questões.
Então nós estamos muito abertos a isso. Acho que a Secretaria vai nos ajudar muito também com esse
trabalho e queria colocar, explicitar isso aqui para vocês da Comissão e dizer que também as nossas portas
lá estão abertas para que possamos fazer uma discussão participativa sobre Direitos, Cidadania, Políticas
de Justiça, Segurança Penitenciária enfim, com, dialogando com a sociedade, é e especialmente aqui nesse
espaço dizer que isso, com foco na questão indígena também será prioridade como inclusive já foi
ressaltado pelo ministro. Era só isso. Obrigada.
Milena - Casa Civil- Bom dia a todos. Milena da Casa Civil. Antes de tudo a Juliana, ela está ao
telefone, mas eu gostaria de, como representante da Casa Civil dizer o quanto também estamos satisfeitos
com essa dinamização, da atuação da Secretaria Geral como parceira e a Casa Civil obviamente está a
disposição no que couber as suas atribuições. Não é isso? É, eu especificamente pedi a palavra para fazer
um esclarecimento e tirar algumas dúvidas com relação à fala da Lylia Galetti, tudo bem Lylia? É, eu acho
que particularmente eu não acompanhei o andamento desse anti Projeto no tempo em que eu estou
representante da Casa Civil aqui. E peço perdão por não ter informações mais precisas no momento e me
comprometo até o período da tarde, tentar levantar, até gostaria de pedir o número para você depois.
Tranqüilo, mas pela parte da Casa Civil, que cabe à Casa Civil. Veja só, eu acho que cabe um
esclarecimento, uma ponderação sobre o que cabe à Casa Civil com relação à tramitação de anti Projetos,
Projetos de Lei, de Propostas, inclusive para Decretos.
Não cabe à Casa Civil, decidir pela aprovação de nenhuma Proposta. O papel da Casa Civil é
subsidiar a decisão do presidente da República, com relação às Propostas que são apresentadas. Para
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tanto, são feitas duas análises no âmbito da Casa Civil. Uma análise de mérito e uma análise jurídica. Só
que esse trâmite, nem sempre é de conhecimento, por isso que eu acho interessante, esclarecer, muitas
vezes mesmo após o parecer jurídico e de mérito, são detectadas pendências, não estou dizendo que isso
aconteceu, mesmo porque eu não acompanhei o assunto. Mas muitas vezes são detectadas ausências de
pareceres de órgãos julgados importantes para a definição, para levar a uma decisão sábia da presidência
da República. Então muitas vezes, na dependência de receber posições de outros ministérios que não
foram consultados originalmente, em uma exposição de motivos ou uma Proposta original. Então por isso
eu realmente tenho que rastrear o que aconteceu, qual é esse Projeto, quando ele foi apresentado e o que
de fato ocorreu. É, um outro problema com relação a essas propostas, não sei se foi esse o fato, é, na
mudança de governo, foi feito um levantamento junto a cada ministério, de pendências, é, de avaliação
jurídica de Propostas. Não só a Casa Civil, no sentido de cobrança da Casa Civil com relação a pareceres,
mas como da outra mão, os ministérios, fazerem um balanço do que estaria "entre aspas", parado na Casa
Civil porque, a responsabilidade é sempre da Casa Civil, né isso? E o que ocorreu é que muitas Propostas
tiveram que ser reapresentadas junto aos órgãos proponentes, para, houve mudança de gestão, ouve
mudança de ministros para a reavaliação técnica quando necessário, e se necessário.
Então eu acho importante, a Casa Civil não tem como interesse algum de dificultar o que quer que
seja, com relação a qualquer política e que diga respeito a qualquer setor. Muito pelo contrário. A Casa
Civil tem o papel de ser pró-ativa, parceira e dentro do que lhe cabe, como competência propiciar toda a
gestão necessária, isso junto aos órgãos de governo, para dirimir dúvidas, ajudar no discernimento, e
tornar possível as demandas de uma forma segura e hábil.
Então é, Lylia, eu gostaria que depois você, se nós pudéssemos conversar, até para me inteirar um
pouco sobre o assunto, e eu me comprometo até o período da tarde, no máximo até a amanhã de manhã,
levantar o que foi que aconteceu. Mas eu estou à disposição. Sempre que vocês tiverem algum interesse
em conhecer um pouco melhor, como ocorre esse trâmite, nessas Propostas na Casa Civil, eu estarei ao
inteiro dispor. Mas não é de interesse da Casa Civil, nem responsabilidade de dizer não ou sim a
nenhuma Proposta. Casa Civil subsidia a decisão da presidente da República. Muito obrigada.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Próximo inscrito é o Marquinhos Xukurú, o último inscrito.
Marcos Xukuru da região Nordeste Leste - É, em cima da resposta que foi dada pela Juliana, ao
companheiro Saulo, em relação à questão da Convenção 169 (um meia nove), onde ela sinaliza de haver
uma conversa com a FUNAI, né? e eu proponho ainda que nós, da Bancada Indígena, e principalmente a
Subcomissão de Empreendimentos e Impactos em Terras Indígenas, possamos também fazer parte desse
Processo de discussão em virtude dos vários seminários que temos realizado, já realizamos quatro, como
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já foi mencionado na apresentação do Balanço. E, já temos em vista, uma média de uns quatrocentos
empreendimentos né? que insidem em terras indígenas. E ainda faltam realizarmos seis. Acredito eu, me
parece que cada terra indígena tem uma obra, tem um Projeto né? que afeta os povos indígenas. É uma
preocupação eminente para nós podermos, inclusive, e a preocupação inclusive dos povos indígenas que
tem andado nos nossos Seminários essa preocupação da consulta porque ninguém sabe efetivamente né?
de que forma é se dado e as vezes ficam jogando lá um jogo né? A FUNAI fez uma consulta, não fez a
consulta fez só apenas uma reunião. De quem é esse papel, efetivamente. Então eu acho que é urgente,
urgentíssimo diante dessa questão termos o mais rápido possível não é? Essa conversa em relação a essa
questão especificamente. Quando, é, a representante do Ministério da Justiça, me permita chamar de
Guta, que é mais popular. Quando se trata dessa mudança que você menciona, internamente no próprio
ministério, um pouco, a mudança de um formato. Eu gostaria que pudéssemos também aprofundar um
pouco essas mudanças porque temos algumas experiências, como ocorreu no MEC né? aonde temos a
SECAD e que terminou havendo algumas modificações e apenas é mais um pontinho lá dentro daquele
espaço que não tem tanta importância. Então, é importante nós também podermos dialogar e termos
maiores informações, que tipo de mudanças são essas. Porque, que na verdade queremos é que cada vez
mais o ministério né, reforce esse trabalho, como tem tido até agora, com esses espaço que temos no
ministério, onde temos acesso, onde temos entrado, temos discutido, temos espaço ali que efetivamente é,
temos acesso, não é? diretamente. Então é importante conversamos melhor sobre essas mudanças que
eventualmente venham a ocorrer no ministério.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - O Marquinhos foi o último inscrito, né? Eu aproveito para
respondê-lo, até pedindo licença para a Maria Augusta, a Guta né? que esse ponto acho que pode ser
tratado com o ministro na medida em que ele abrir o espaço aí para essa conversa com ele. Então aí
poderíamos que ele, até poder tratar com ele esse assunto. Porque como o Ministério da Justiça como é
um ministério central, não é? da política indigenista, na medida em que a FUNAI é um órgão vinculado
ao próprio Ministério da Justiça. Então é realmente, é um tema que ele realmente poderá, junto com a
Guta, dar melhores esclarecimentos e nós podermos conversar sobre esse assunto mais amiúde né?
Eu queria aproveitar aqui também para, estamos fechando aqui nossas atividades agora da manhã,
aproveitar para, já foi apresentada, mas, apresentar algumas pessoas que estão chegando aqui do governo
né? Na nossa Comissão, é o caso da Guta né? do ministério da Justiça; caso da Juliana lá da Secretaria
Geral, É o caso do Edmilson lá do ministério da Saúde, da SESAI, junto com o secretário Antônio Alves
que é o titular, não é? que estão chegando agora, né? Os outros membros governamentais vocês já
conhecem? Estão continuando nas suas posições, aqui na Comissão. E, também gostaria, de aproveitar
para dizer que na perspectiva da essa discussão agora da Secretaria Geral né? do diálogo com os
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Movimentos sociais, em geral e o Movimento indígena especificamente. Também lá na FUNAI nós
criamos né, no ano passado uma instância importantíssima que não existia, que foi a Ouvidoria não é?
cujo ouvidor é o nosso companheiro Paulo Celso Pankararu. E este ano agora nós criamos também uma
assessoria na Presidência da FUNAI cujo assessor esteve ontem aqui nas Subcomissões, o Francisco
Piyãko que foi convidado por mim e agora está já trabalhando conosco na Presidência da FUNAI que
ficará com a atribuição, complementará a contribuição da Ouvidoria de diálogo com, de referência, com
as organizações indígenas, o Movimento Indígena, associações indígenas, e também as organizações
indigenistas né? como o CIMI, como o CTI, como o ISA que participa aqui da CNPI não é? e ele então
não está hoje aqui porque também foi chamado a fazer essa viagem com a Secretaria Geral que foi dito já
pela informado aqui pela Juliana. Então, mas ele esteve ontem aqui participando das Subcomissões. Então
estou aproveitando agora essa ocasião para informar a vocês todos que ele estará a partir de agora,
também como um ponto de referência aí, é, em relação às organizações, ao Movimento Indígena e
também, acrescentando os prefeitos e governos estaduais também, ele fará também essa relação aonde,
sobretudo aquelas prefeituras que tem indígenas como prefeitos ou que tem alguma assessoria ou
Secretaria dos Povos Indígenas e Estados também que tem esse mesmo tipo de estrutura, tipo de
organização.
Então é um informe que eu queria dar aqui para vocês, né? E, é, certamente vocês poderão ter a
oportunidade de encontrar, outras, várias vezes aí com o Francisco, não é?
O Francisco, só para quem não o conhece, é um indígena do Estado do Acre, do povo Ashaninka e
ele nos últimos oito anos foi secretário estadual dos povos indígenas do Estado do Acre. E ele agora está
conosco aqui na FUNAI nessa missão, né?
É, o Caboquinho queria fazer algum comentário final aqui? É só para dar um informe também,
antes, agora já de ordem, é, prática, aqui. É, a Teresinha está com uns crachás aí, tem tom, é importante
que todo mundo que não tenha crachá, todos que estão participando da nossa reunião da CNPI, precisam
sair agora para o almoço é, aqueles que ainda não tem crachás, é, com crachá, porque na entrada aqui do
prédio, da FUNAI, é, no período da tarde, na portaria só poderá ter acesso ao prédio, a pessoa com o
crachá, né? Então é importante que todos que não tenham ainda o crachá, que já solicitem para a
Teresinha, o crachá, tá? Caboquinho, algum comentário? E o Edmilson, algum comentário aqui para
darmos segmento.
Caboquinho Potiguara - É questão de ordem presidente. Caboquinho da região Norte e nordeste,
Potiguara.
É, de acordo com o documento lido aqui pela Chiquinha, ficou uma interrogação aí a respeito do
ministro da Justiça, né? Nós estamos pedindo uma urgência para termos essa reunião com ele. Ou melhor,
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da Saúde. Então eu queria que vossa excelência fizesse essa solicitação o quanto antes para que nós, ao
sairmos daqui, chegando nas aldeias, nós falarmos alguma coisa para a população que ficaram. Que estão a
desejar. Só isso.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - É, o Edmilson do Ministério da Saúde pediu também para
fazer um comentário.
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI - O meu é rápido, viu? Agradecer a todos e só dizer
o seguinte, que, concretizada a questão da Secretaria que vai estar em discussão amanhã, mais
aprofundada. Gostaria de agradecer a todos os membros da CNPI pelo empenho com que todos aqui
tiveram, de forma muito direta, na efetivação da Secretaria. Estamos em outro momento, né?.
Reconhecendo isso, não é? de que vocês foram nossos apoiadores, nossos colaboradores na questão dessa
efetivação. Aí só gostaria de fazer esse lembrete e agradecer a todos os membros da CNPI, que, de uma
forma direta, nos ajudaram nessa efetivação e que estamos em outro momento agora que é de
organização. E que iremos discutir essa questão da Secretaria amanhã, mais aprofundadamente com o
secretário. Não sei nós, eu posso até ver com ele a questão do ministro, mas não garanto. Aí à tarde, eu
terei uma resposta com relação a isso. Muito obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - O Jecinaldo queria fazer também uma fala rápida.
Jecinaldo Saterê Maué - É. É bem rápido presidente.
Na fala do ministro, ele apontou a possibilidade, junto com a FUNAI, é, de Projetos para a linha de
fronteiras e principalmente o combate ao tráfico de drogas. E, é não sei se todos assistiram uma matéria
da polícia indígena, do Alto Solimões, na fronteira com a Colômbia. E, eu trago essa demanda e com
certeza é a realidade de outros povos que vivem na fronteira também. Eu queria um pouco, uma certa, é,
dentro das prioridades nossas, tentar encaminhar isso durante a reunião da CNPI. Que é um problema
gravíssimo e urgente! Obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Queria só informar que esse ponto de pauta, esses ponto das
fronteiras que o ministro apresentou aqui, foi uma demanda que ele apresentou a FUNAI logo no início
do ano quando ele me convidou a permanecer na presidência da FUNAI. Ele apresentou. Apresentou
para nós da FUNAI essa demanda de que, nessa política geral e de proteção às fronteiras brasileiras nós
pudéssemos ter uma atuação conjunta também com a FUNAI. Porque envolve a polícia federal, envolve
outros órgãos né? Então eu imediatamente falei para ele que, importante era que nós apresentássemos
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uma Proposta de Trabalho comum, entre a Funai e polícia federal, e os outros Órgãos do Ministério da
Justiça e que essa Proposta depois fosse apresentada que à CNPI. Então nós estamos trabalhando agora,
nesse momento, a FUNAI junto com o Ministério da Justiça, nós estamos trabalhando na elaboração dessa
Proposta que ele mesmo nos cobrou. Então acho que esse é um ponto, certamente que ele, por isso que
ele próprio chamou atenção. Um ponto importantíssimo que nós estamos já trabalhando aí para, assim
que ele tiver uma Proposta já mais organizada, nós vamos apresentar aqui na CNPI, essa Proposta.
Bom, nós vamos agora para o nosso intervalo de almoço, né? A proposta é que nós fôssemos
retornar aqui para, é, às 14:30h (quatorze e trinta) tá? para à tarde, a atividade da tarde é, que vai ser
pautada pela questão legislativa como um todo.
Bom almoço para todos!
31/03/11 – Tarde
Márcio Meira - Presidente da CNPI - Nossa programação agora da tarde, é, ela é pautada
pelo tema geral, de Assuntos Legislativos. É um tema que é muito importante para a CNPI
porque existem muitas iniciativas, relativas a projetos, no Congresso Nacional, é, e que foram de
iniciativas, ou do Executivo ou até de iniciativas também de parlamentares e algumas também
de iniciativas que tem interesse aqui da CNPI, não é? Esses projetos são muitos. Tem de todo tipo
de projetos. Tem os que são a favor, né?, das comunidades indígenas, né?. Tem outros que são
contrários aos interesses indígenas. E nós precisamos acompanhar atentamente esses projetos,
para justamente impedir aqueles que sejam inconstitucionais ou contra os indígenas, avancem.
E fazer com que, aqueles que são necessários e importantes para as comunidades né?,
possam avançar, né? E, é, no âmbito do governo federal, o Ministério da Justiça tem, dentre as
suas competências, uma das suas competências, uma das suas competências, o Ministério da
Justiça tem aquela de acompanhar, é, formular também, né?, e orientar, é, o Governo Federal, na
elaboração de Projetos de Lei, de acompanhamento também do Congresso Nacional, de Projetos
de Lei, etc. E dentro do Ministério da Justiça, a Secretaria de Assuntos Legislativos é a Secretaria
que cumpre essa missão, né? A Secretaria de Assuntos Legislativos é a Secretaria que cumpre
essa missão, não é? A Secretaria de Assuntos Legislativos já é uma Secretaria que, é, conhece a
CNPI e tem participado aqui e participou ativamente na época da elaboração do Projeto, do
substitutivo que a CNPI elaborou como proposta né, para o Congresso do Estatuto dos povos
indígenas à época, o secretário, era o secretário Pedro Abramovay não é? e, portanto, já é
conhecida nossa aqui da CNPI. Portanto a Secretaria de Assuntos Legislativos, o secretário é o 39
Marivaldo, e o secretário Marivaldo, foi convidado a Secretaria e, eles foram convidados, e ele
por razões de agenda dele, delegou ao Guilherme que está aqui ao meu lado e eu aproveito para
agradecer a presença dele aqui entre nós na CNPI né?, é, que é da equipe lá do, da secretaria, que
já vinha acompanhando também as questões da CNPI aqui já, há algum tempo já conhece o
nosso trabalho para que nós pudéssemos aqui, hoje à tarde, podermos tratar desse assunto. Qual
é a idéia? A idéia é que nós possamos reafirmar esse diálogo aqui nosso da CNPI com a SAL é, no
que diz respeito não só ao conhecimento né?, informação desses é, processos, como também de,
definir também uma estratégia de como poderemos atuar é, conjuntamente.
Hoje pela manhã o Ministro da Justiça esteve aqui, inclusive ele apontou aí a, se posicionou
aqui no sentido que o Ministério da Justiça esteja, né? ao lado da CNPI e, junto com a CNPI e
com os indígenas de uma forma unificada é, trabalhando nos interesses das comunidades no
Congresso. Então por isso tudo que, eu acho que é importante nós possamos ouvir o que o
Guilherme, é, e depois nós fazermos o debate aqui na CNPI sobre esse tema Legislativo, né?
Então, é, passo a palavra aqui então ao Guilherme, para que ele possa nos trazer as informações
aí, e, fazer a sua apresentação. Obrigado.
Guilherme - Secretaria de Assuntos Legislativos/MJ - Obrigado Márcio. Boa tarde a todos e
a todas. É um prazer poder participar aqui nesse debate com vocês. Eu acho que nós temos muita
coisa para aprender e posicionamentos para buscar no âmbito da CNPI. Mas o Márcio deixou
bastante claro o papel da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça. Nosso
papel no âmbito do Ministério é de acompanhar, de trabalhar na elaboração de projetos de Lei, e
aí, a participação da Secretaria ao longo do debate do Estatuto dos Povos Indígenas, da proposta
de projeto substitutivo, é, de acompanhar o Congresso Nacional tentando buscar a aprovação
daquilo que seja de interesse das políticas do Ministério da Justiça e, em um momento final
quando o projeto é aprovado e vai encaminhada a sanção da Presidente de, é, eventualmente se
manifestar por algum veto que apontar alguma violação ao interesse público ou a Constituição
que são os fundamentos, para, que a Presidente possa vetar algum trecho ou integralmente um
Projeto de Lei que seja considerado inadequado.
E aí, eu queria deixar muito claro que a função da Secretaria de Assuntos Legislativos é
trabalhar nesses momentos todos, buscando implementar a política, é, e as políticas, e buscando
defender os interesses da política, das políticas do Ministério da Justiça. E nesse contexto, é
fundamental deixar claro que a política indigenista, ela tem, é, na Comissão Nacional de Política
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Indigenista um orientador, um apoiador, é, um espaço de debate para instruir essa política.
Então em última instância, a Secretaria de Assuntos Legislativos vai ser o braço que ajuda a
implementar essas diretrizes que forem definidas aqui. Esse é o nosso papel, esse é o nosso
contexto, mas a função também, é, é, de auxiliar naquilo que diz respeito à técnica, seja a técnica
legislativa, seja a técnica de respeitar o processo legislativo e as regras, segundo as quais os
projetos andam, tramitam, seguem. Então nossa, minha missão aqui é de relatar para vocês como
andam as coisas e de buscar subsídios para defender os interesses da CNPI junto ao Congresso
Nacional e, em conjunto, pensarmos em uma estratégia de como atuaremos na defesa dos
projetos de nossos interesses e no combate daqueles que forem contra os pressupostos, as
políticas, é, definidas em curso.
É, eu poderia passar aqui horas, se vocês quisessem, dizendo números e Projeto, em que
comissão que ele está e qual que é o último parecer. Eu acho que esse não é o interesse de vocês.
E por isso, eu tentei catalogar o grande número de projetos em duas ou três categorias que eu
acho que vale a pena nós debatermos com um pouco mais de profundidade. A primeira eu diria
que são aqueles projetos que nós consideramos como essenciais. São as nossas prioridades
máximas, é aquilo que queremos ver aprovado, é aquilo sobre o qual vale nós nos aprofundarmos
numa discussão de conteúdo, de estratégia, de metodologia de atuação, e de próximos passos.
Nessa categoria, eu, nós enxergamos lá na Secretaria, obviamente, a idéia da Comissão é
eventualmente destruir, se essa informação estiver errada, mas nós enxergamos o Estatuto dos
Povos Indígenas e o Projeto de Criação do Conselho Nacional de Política Indigenista. Essas são
as nossas duas prioridades máximas com relação à questão e aquilo que queremos ver aprovado,
que queremos trabalhar para a aprovação.
É, a segunda categoria que eu colocaria, são aqueles projetos que causam é, algum, que
causam preocupação. Aqueles projetos que, seja solidário com a questão fundiária, por se
sujeitarem ao Congresso Nacional na demarcação de terras ou por uma série de outros motivos,
eles são identificados como de interesses contrários à questão indigenista. Esses projetos, nossa
tarefa é de buscar, é, que eles não sejam aprovados, e nesses casos, nós gostaríamos de contar,
com subsídios. Já contamos com subsídios da FUNAI, mas contar também com o subsídio da
Comissão como um todo, podendo ajudar, os posicionamentos do Ministério a enfrentarem com
mais e melhores argumentos, é, a tramitação desses projetos, para informar ao Congresso
Nacional sobre sua nocividade e poder trabalhar pela sua rejeição. Tem uma terceira categoria de
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Projetos. São aqueles projetos que não são os prioritários, não são os nocivos, mas, de certa
forma, eles tratam da questão indigenista, eventualmente merecidos reparos, às vezes mais
acertadamente ou menos acertadamente, na visão de vocês, potencialmente, mas que
entendemos que eles tratam das questões de uma forma isolada. Com esses projetos, de modo
geral, nossa estratégia e acho que isso é um espaço para discuti-la ou invalidá-la, tem sido a de
apostar que não é adequado, que o avanço desses projetos pode prejudicar uma regulamentação
que seja coerente, ou seja, se nós começarmos a regulamentar cada tema, cada direito penal,
visão da propriedade, a propriedade intelectual, de forma separada, a chance de nós termos é,
um conjunto de normas que sejam um pouco como Frankstein, seja uma bagunça que não
conversem direito entre si, é grande.
Nesses casos, independentemente do mérito da proposta, nosso posicionamento tem sido
nos últimos tempos, e acho que isso pode ser discutido aqui, no sentido de indicar a relevância
do tema, mas a importância de que isso seja regulamentado, de uma forma homogenia e que já
existe, um longo e intenso e muito qualificado debate, que levou a construção de uma proposta
do Estatuto dos Povos Indígenas, e que é essa a proposta que o Ministério entende como a mais
adequada em detrimento daquele projeto. Basicamente nos últimos tempos, a nossa posição com
relação aos variados brasileiros que tem aqui na minha frente, mais de 70 (setenta), é, mas, eles
de modo geral, se enquadram nesses critérios e essa tem sido nossa forma de atuação.
O que eu acho que nós podemos, numa, dos possíveis debates, dessa tarde, pode ser
justamente o de verificar, 1º (primeiro), esse entendimento. São esses mesmos os projetos
prioritários. É assim que devemos atuar com os nocivos? É esse o comportamento que devemos
ter com os projetos que tratam de te, mas de formas esparsas? Se esse entendimento, se essa
lógica, se essa estratégia inicial ela está de acordo com o interesse da comissão, se não está, que
ajustes precisaremos fazer? Uma 2ª discussão que eu acho que pode ser interessante também para
esse debate, é uma discussão, sobre, é com relação, sobretudo aos prioritários, a criação do
Conselho e ou ao Estatuto, quais podem ser os caminhos que tenhamos para buscar sua
aprovação mais célere. Quais são os caminhos; quais são as oportunidades; quais são os riscos
dessas oportunidades para que tenhamos em conjunto uma visão esclarecida e uma decisão tanto
quanto possível consensual e que permita que tenhamos muito em breve, dois textos que vamos,
com certeza é sermos marcos na política indigenista. Porque irão reconhecer uma esfera de
governância e reconhecer um conjunto de direitos e regulamentos que já foram intensamente
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debatidos. Conheço, em boa parte, é, os problemas, os dilemas, as discussões, a temperatura
dessas discussões. Sei que os temas não são, é, sempre consensuais, muito pelo contrário. Sei que
existe muito debate, mas eu acho, sobretudo, que esse espaço, é um espaço é, que tem, dentre as
suas qualidades, a qualidade de, pela conversa, chegarmos a pontos de interesses comuns a todos
e que poderão trazer a todos uma legislação melhor, e uma política indigenista melhor para o
país. Então eu acho que, é, eu estou aqui, também e, sobretudo, e muito, para ouvi-los. Eu acho
que o Ministério, ele funciona na medida em que ele atende as necessidades das pautas.
Ninguém melhor para dizer as necessidades é, e as questões principais e os
posicionamentos das pautas indigenistas, que é a Comissão Nacional de Política Indigenista.
Então estou aqui para ouvi-los e a minha sugestão inicial de temas, de proposta de debate é essa,
mas, acho que o presidente pode conduzir isso de uma forma mais adequada.
Muito obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Guilherme. É, eu vou abrir aqui para o
plenário, né?, para perguntas e colocações. Mas eu acho interessante essa divisão que o
Guilherme fez aqui desses três blocos, né? É, agora sem dúvida nenhuma é importante nós
conversarmos sobre estratégias, porque em relação ao 1º bloco, eu acho que o ponto central é
definição de estratégia de como nós vamos abordar o Congresso, né? Da forma como o Ministro
falou hoje de manhã, de uma forma unificada.
Porque se nós não estivermos unificados conforme ele falou, dificilmente conseguiremos
aprovar um Projeto de Lei no Congresso. É, o 2º bloco que você se referiu, eu entendo que é a
mesma coisa, que tenhamos uma estratégia também para agirmos de forma unificada, em bloco,
mas com objetivo contrário, ou seja, um jeito de impedir esse tipo é, de, é, projeto, de evoluir no
Congresso. Por exemplo, é o caso do projeto de Lei que prevê a retirada do Poder Executivo, ou
seja, da FUNAI, a autoridade constitucional de demarcação de terras indígenas, transferindo essa
autoridade para o Senado, não é? Nada mais é do que um Projeto de Lei de autoria do deputado,
dos deputados, é, Aldo Rebelo e Ibsen Pinheiro, de um projeto que, é extremamente
preocupante, não é? Então nós temos também que ter uma estratégia para poder atuar também
no Congresso. E, o 3º bloco, eu acho que ele também é interessante, porque muitas vezes,
também a CNPI, nós desconhecemos, não é?, uma série de projetos, as vezes nem sabe que tem
projeto A ou B que são até interessantes, outros não são, é, tão, mas que, é, podemos identificar
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eventualmente algum projeto muito interessante, e que podíamos retirar desse 3º bloco, né? e
trazer para o 1º bloco, né? então por isso foi, é, pautado, né?, na tarde de hoje né?, esse diálogo
com a SAL porque na verdade não é uma pauta para hoje a tarde só, né? Mas é, que essa tarde de
hoje, seja um primeiro momento para que nós possamos com a CNPI e a SAL junto com FUNAI
e a sua, é, assessoria e também assessoria parlamentar do Ministério da Justiça, né?, já atua no
Congresso Nacional e nós podermos desenvolver um trabalho em conjunto com os povos
indígenas.
É, para concluir, eu queria destacar, que nós tivemos um sucesso muito importante no ano
passado, é, quando da criação da Secretaria Especial da Saúde Indígena. Por que teve sucesso?
Porque foi exatamente isso que aconteceu: houve uma posição unificada, da CNPI no
Movimento e do governo, no Congresso e nós conseguimos derrotar lá, todas as nossas, é, nossos
obstáculos, né? que não eram pequenos, não é? para conseguirmos aprovar a Secretaria Especial
da Saúde Indígena. Projeto de Lei que criou, né?, a Secretaria. Então, é, fazendo apenas essa, esse
comentário, para que nós possamos aproveitar, eu queria que aproveitássemos o máximo, né?
essa oportunidade para podermos traçar um debate com Ministério da Justiça, para nós
podermos até seguir orientação que o Ministro deu-nos. Então, ficam abertas aí as inscrições. Eu
já estou vendo o Edmilson aí, inscrito. Dilson, também? Pode?
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI - Bom, boa tarde a todos. Edmilson, do
Ministério da Saúde. Eu vou falar aqui não como governo. Mas como representante indígena,
né? Eu acho que isso muito me preocupa com relação a temas que estão tramitando dentro do
Congresso Nacional há vários anos e não conseguimos dar uma vazão disso. Preocupados com
isso, é, porque impactam diretamente nas nossas regiões, seja a questão de terras, educação e
saúde, acho que eu já, é, avançaria viu, presidente?, como uma proposta. A exemplo daquilo que
o senhor falou, com relação à questão da saúde, eu acredito que dentro da CNPI deveria ter uma
comissão de articulação para fazer acompanhamento disso junto ao Congresso. O diferencial da
Saúde foi que, semana a semana, nós estarmos aqui indígenas, fazendo a discussão dentro do
Congresso, lá com o, a bancada do Governo e o que era o contrário também a efetivação da
Secretaria. E nós conseguimos, né?, depois de muita luta, depois de muita persistência, porque
uma parte, inclusive do Governo que era o pessoal do PMDB não queriam que a Secretaria
saísse. E nós fomos para o enfrentamento. Acredito que se tiver uma comissão de articulação
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né?, porque aí serão várias frentes. Que é a questão da mineração, a questão do Estatuto, a
questão da (texto não entendido) e que essa comissão pudesse é, juntamente aqui, e mais.
Acredito também que seria uma proposta de nós mapearmos quais são as instâncias de discussão
em que está o Movimento indígena e fazer a discussão relacionada a isso. Quando for a questão
da Saúde, temos lá o conselho Nacional da Saúde, temos a CISI e temos as outras instâncias que
me ocorre, podemos estar colocando gente nossa da CNPI para estarmos fazendo essa discussão
com essas instâncias. Acho que esse seria o encaminhamento mais objetivo. Obrigado.
É o Dilson?
Dílson Ingaricó - É, boa tarde. Dilson, Estado de Roraima, Povo Ingaricó. Eu fiquei
bastante preocupado quando o presidente falou que a questão do repasse, da responsabilidade da
FUNAI para o Senado, no que diz respeito à demarcação das terras indígenas. Hoje, a decisão do
STF ao julgar a Raposa Serra do Sol, é o que é mais utilizado como o aval principal nas políticas
de demarcação das terras indígenas. No que diz respeito a quando fala assim que não pode mais
ampliar as terras indígenas, né?, as 16 (dezesseis), são quantas condicionantes? São dezesseis. São
dezenove! 19 né? Então hoje, nos Estados, aquilo ali serve como base de discussão da política
indígenista. A, e também preocupa muito, se passar a responsabilidade da FUNAI para o Senado,
aí, a comunidade, é, representantes indígenas, não vão ter acesso de discussão, dentro do
Congresso.
Já com a participação da maioria, das populações indígenas, nas FUNAI, já é complicado,
imagina no Senado. Então desde já, como membro, como representante indígena, é, é um
projeto realmente preocupante, e eu sou a favor de que seja criada essa comissão que o Edmilson
propõe aí, para acompanhar inclusive o e nos posicionar em relação aos esses projetos de Lei que
tramita no Congresso, né? Eu não saberia dividir isso nas categorias: categoria 1; categoria 2;
categoria 3 que o secretário apresentou ali, mas, de nossas prioridades, que favorecem, que são
de criação do movimento, inclusive de deliberações da CNPI, é, o que já foi apresentado aqui na
Carta da comissão, a questão da, do reconhecimento do, da gestão territorial e ambiental das
terras indígenas, o que está em tramitação Estatuto dos Povos Indígenas, é um projeto que foi
amplamente discutido e não tem como recuarmos disso. Temos que nos fortalecermos para que
ela seja efetivada. É isso!
Marcus.
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Marcos Xukuru - Marcos da região Nordeste e Leste. Bom, é, primeiro começando pelo que
o Edmilson levantou, sobre a proposta de criar uma nova comissão para acompanhamento. No
meu ponto de vista acho que não se faz necessário, até porque já temos a subcomissão de
Assuntos Legislativos, né? Aqui, a questão de repente de estarmos criando comissões e mais
comissões e termina a CNPI, né?, se emaranhando nesse monte de coisa e termina não tendo a
funcionalidade, né? que poderia ter né?. Então, podemos ficar muito que perdidos aí. Já temos
uma subcomissão que trata especificamente desses assuntos que poderíamos estar aprofundando
aí.
Em relação às estratégias, né?, em relação aos vários projetos, deveríamos é, de fato,
passarmos por uma peneira, como foi dito aqui, tem vários, tantos projetos, enfim, tramitando.
Passar por uma peneira, é, por essa comissão. Essa subcomissão, quais são os projetos que são
favoráveis, que não são favoráveis aos povos indígenas. Temos a nossa assessoria para
acompanhar isso também, porque nós não temos tempo efetivamente de estarmos, né? aqui. E,
em relação a estratégia de enfrentamento, para essa questão, me parece que nessa reunião de
trabalho com o Ministro, com certeza vai surgir uma demanda de trabalho, e acredito eu que a
forma de trabalho mais correta para que possamos ajustar esse time, como que, segundo ele, é,
primeiro é termos uma conversa com os líderes de governo, né?, com os líderes de partidos, no
Congresso Nacional, porque somos sabedores que a bancada governista é grande hoje dentro do
Congresso, mas nem todos são favoráveis, e vários parlamentares não são favoráveis as questões
indígenas.
Então, primeiro acho que, nessa reunião de trabalho, identificando isso, termos né?,
aliados, é, os líderes de bancada né?, e o líder do governo, né?, nesse espaço, juntamente com as
comunidades , com as organizações indígenas, por isso a idéia de fazermos essa reunião
conjuntamente, de trabalho, né?, me parece uma estratégia, para que tenhamos esse bloco, né?.
Tem questões que são divergentes, né?, do próprio governo com o Movimento Indígena, então,
próprio debate, dessa própria discussão de aprofundamento, né?, iremos aí, né?, separando o joio
do trigo e vendo de que modo poderíamos estar avançando na questão da política indigenista. É,
concordo que há uma preocupação dessa questão da fragmentação, de repente vários projetos
sendo passados de forma isolada, e estratégia nós já discutimos sobre isso aqui, por isso que
apostamos de termos o tempo todo colocado a necessidade do Estatuto dos Povos Indígenas, né?,
porque termina esvaziando, tem muitas coisas que passamos, né?, que discutimos, é, nas
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comunidades, nos seminários que aconteceram e de repente, aparece um projeto e termina
esvaziando. Então vai chegar um momento em que não faz mais sentido, né?, a questão do
Estatuto dos Povos Indígenas. Então, é importante que centramos forças especialmente na
questão do Estatuto, né?, nesse primeiro momento, sem deixar de lado evidente as outras
questões.
Próximo inscrito é o Carlão.
Carlos Nogueira - Ministério de Minas e Energia- Boa tarde, Carlos Nogueira do Ministério
Minas e Energia. Eu gostaria de fazer um comentário aqui com relação a essa projeto como está
escrito esse projeto aqui, em andamento, sobre a questão especial da mineração, e, antes de, eu
ia falar exatamente o que o Marquinho falou ali agora, eu acho que se nós centrarmos, eu acho
que o grande gargalo disso tudo aí, é o Estatuto dos Povos Indígenas. Partindo do momento em
que nós aprovarmos o Estatuto, muito embora do que esta aí, vai ser resolvido, porque foi isso
que nós tentamos resolver durante dois ou três anos aí, ou dois anos as grandes pendências.
Então, o Estatuto aborda todos os temas indígenas, né? Eu acho que vai ter coisas que vão
naturalmente acontecer, mas o arcabouço legal está dentro do Estatuto dos Povos Indígenas. Eu
acho que esse é um fato que nós, eu nunca entendi né?, por que não há um interesse, por
exemplo: havia um interesse muito grande de imobilizar estratégia *palavra não compreendida o
item dois, certo?, eu acho e, agora eu estou falando com a SAL né?. Existe um grande
movimento para esse número dois, o número dois ser esbarrado, mas eu não vejo nenhum
empenho de fazer o número 1 (um) andar. Então essa é uma crítica que eu estou fazendo assim,
não é?, assim, interessante, porque eu acho que nós temos, se nós andarmos com o 1 (um),
muitos desse dois vão deixar de existir, não é?. Então já é uma colocação. E com relação a
questão de mineração, eu gostaria de dizer o seguinte: existiu uma comissão, não é?, especial, no
Congresso Nacional na Câmara, especialmente na Câmara dos deputados, para a questão de,
normatizar não, como é que se diz, é, o Artigo 231 regulamentar, o Artigo 231 da Constituição.
E, essa comissão foi constituída, exatamente, eu vou fazer um breve histórico e rápido, que foi
exatamente esse projeto que foi, que estava lá tramitando, era um projeto de governo, no âmbito
do Ministério da Justiça, da FUNAI e do Ministério de Minas e Energia, do DNPM do gabinete
de Segurança Nacional, do ano de 2004, 2005 mais ou menos, antes da gestão, no máximo dele.
O que viemos apoiar, aprovar, tentar aprovar esse, no final do mandato quando foi estratégia
*palavra não compreendida logo, conseqüentemente a posse do Márcio, o Márcio pediu para que
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não fosse encaminhado que estava sendo criado a CNPI e que nós precisávamos estudar isso no
âmbito da CNPI. Se concordou, não é? e essa subcomissão foi sendo né?, protelada e aí então o
grande papel do saudoso Deputado Valverde que era o relator dessas, dessas, dessa comissão
especial não é? e, agora eu gostaria de dizer que essa Comissão Especial, ela foi extinta, gente,
certo?, ela foi extinta com um mandato findo.
Ela foi extinta. Quer dizer, não existe. O que está, agora vigente agora, lá no Congresso
Nacional é o meu Projeto 1060 (dez, sessenta) do senador Romero Jucá. Entendeu? Então esse
Projeto de Lei que tinha sido incorporado como ao projeto de Lei do Romero Jucá, quer dizer,
passou a ter uma nova redação que se parece e muito né?, contendo algumas, alguns detalhes, ao
Capítulo 4 (quatro) se não me falha a memória, do Estatuto dos povos Indígenas, né?, quer dizer,
ele tem muita né?, porque nós participamos atentamente na discussão aqui com a CNPI , essa sua
comissão, ela deixou de existir. Se vão abrir uma nova comissão especial para analisar o projeto,
tem um destaque separado lá, do deputado da Bahia João Almeida do PSDB que ele retroage
totalmente da discussão dos dois lados, não é?. Então quer dizer, o que está, o que vai aqui hoje,
daqui para frente é o 1060 (dez, sessenta) do senador Romero, o que está no meu entendimento,
o tema é esse. Então mais uma vez eu volto. Nós temos que caminhar para o número 1 (um) aí,
tentar organizar. É só esse esclarecimento, porque está todo mundo pensando que, por que está
escrito mineração é aquela comissão que está lá. Ela deixou de existir com o fim do mandato. É
só esse o esclarecimento.
Saulo.
Saulo Feitosa - CIMI - Eu quero inicialmente dizer da, do quanto é importante esse tema
que está sendo pautado hoje. Que nós estamos, nova legislatura não é? e, novo governo,
demandas velhas. Só por uma questão de memória, é, embora nós já saibamos, acho importante
destacar, é que eu acho que um dos grandes, dos grandes acontecimentos da ação da CNPI se deu
no âmbito legislativo. Porque nós levamos 16 (dezesseis) anos, para retirar da Mesa Diretora da
Câmara, um requerimento. Então você tinha um requerimento de julho de 94 (1994), que
trancava, quer dizer, que barrou o processo de votação do então, PL 2057 que já até sido
aprovado por uma comissão especial deveria ter seguido diretamente para o Senado. Então, todas
as mobilizações contra as gentes indígenas, conseguiram atravancar durante 16 (dezesseis) anos.
E como é que isso se deu? Isso se deu no contexto de uma mobilização dos povos indígenas com
a realização daquele Seminário, que a CNPI possibilitou, e depois, um gesto simbólico que
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inclusive, se deve o mérito a iniciativa do presidente da CNPI e do Ministro da Justiça, de ir lá e
entregar aquele texto, quer dizer, que era um texto que nós achávamos que ele ia ser utilizado
no momento em que fosse entrar, no momento em que, o requerimento fosse, fosse votado e
fosse submetido a discussão do PL/2057, Nós iríamos levantar, apresentar o texto em forma de
emendas e etc.
Quer dizer, o presidente da CNPI junto com Ministério da Justiça vão lá, numa atitude
política e simbólica, depois, agenda uma reunião com representantes entre os dos representantes
da CNPI e se consegue o compromisso do presidente da Câmara de colocar o recurso em
votação. O recurso é votado. Eu acho que esse acontecimento é um acontecimento
importantíssimo! Não é? Então assim, um ganho político muito importante. Depois, que eu acho
que aí é para se discutir a estratégia, certo?, o que acontece na seqüência, porque aí, entra,
naquilo que nós falamos aqui, que o Ministro falou, que agora o Guilherme retomou, a questão
da estratégia. O que é que acontece na seqüência. Então, esse hábito, é, destravou o
procedimento. O deputado Valverde e a deputada Perpétua Almeida, certo dia começa a alegar
para todo mundo, dizendo, que história é essa? O Estatuto está aqui na pauta, vai ser votado em
plenário, nós não fomos comunicados. Porque nós montamos a estratégia, mas nós não nos
mobilizamos para o passo seguinte. Porque também ninguém esperava que fosse tão célere a
discussão. Então, o que é que aconteceu: é para lembrar a questão da Comissão, Edmilson. O que
aconteceu naquele momento? A CNPI se reúne. A bancada diz não. Nós não queremos a votação
em plenário. Nós queremos que se constitua a nova comissão especial para que possamos discutir
a comissão. A CNPI possibilitou a vinda, dos indígenas, eu estou só lembrando isso, né?. Foi feito
um agendamento; os indígenas mapearam quem seriam os parlamentares dos seus respectivos
Estados e, foi, mais, sei lá, uma semana no Congresso para dizer: nós queremos que retire da
pauta. Nós não queremos a votação em regime de urgência porque, nós não temos possibilidade
de participação. E aí, até que parecia contraditório, não é? Chegar lá e dizer para o Michel
Temer: tira da pasta, não é? Fica aí! Só que isso já era o último ano daquela legislatura, era ano
eleitoral, não é? Então, houve, só para dizer que eu acho que houve esse, um certo, um, não,
houve certo um acompanhamento não é? E houve é, medidas preventivas de fato. Se ele tivesse
sido votado naquele momento no plenário, sem ninguém que poder intervir, teria sido um
desastre, né? Então eu acho que esse aí é, precisamos retomar. O que acontece agora? Acontece
agora, nova legislatura! O que estava proposto em termo de constituição da Comissão Especial,
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que aí, por isso que eu considero muito importante esse momento, "espera aí ô Carlão, eu estou
fazendo essa memória porque eu não estou tão convencido porque se descuidou do número 1
(um)!" Eu acho que era mais difícil trabalhar o número 1 (um) do que trabalhar naquela, porque
você tinha uma comissão especial tratando da mineração.
Mas você tinha um requerimento que estava barrando a tramitação do Estatuto não é?
Então, acredito que nós não estávamos tão articulados com a SAL como deveríamos, né? Essa
discussão dentro do governo também, ela não se aprofundou, né? Como aconteceu em outros
momentos. Eu estou lembrando estratégia *palavra não compreendida que eu estava em Minas
Gerais e estratégia *palavra não compreendida me ligou para tratar da votação do Conselho que
estava já se dando, né? Mas, enfim, eu acho que houve, isso nós temos que lembrar: é um mérito
da CNPI, foi uma vitória importante! O que é que eu acho agora em termo de estratégia: a
estratégia nossa, de votar o recurso, funcionou, ela foi eficiente. Quer dizer, ela superou 16
(dezesseis) anos de impedimento, de entrave.
Então foi uma estratégia eficiente. A discussão inclusive que nós tivemos com a SAL era
por quê? Se entendia estratégia *palavra não compreendida. Nós achamos que talvez seja melhor
apresentar esse texto em forma de um novo projeto de Lei. E dizíamos: olha, mas um novo
Projeto de Lei, ele vai fazer todo aquele rito da tramitação, passar pelas comissões e até chegam
em plenário para empurrar a, o tal do requerimento para que seja votado, vai perder tempo,
então, nós, achamos que teria uma outra forma entendeu? De fazer isso, que achava difícil, como
é que vai fazer essa votação do requerimento que se dá como iniciante da estratégia *palavra não
compreendida do Ministro da Justiça, né?, e aí, aí naquele momento, achávamos que não, que
não era bom apresentar então, um novo projeto de Lei porque iria começar toda a tramitação de
novo. Aí, péra! Queria ser estratégia *palavra não compreendida a comissão especial. Acho que
agora, agora temos um novo momento para repensar a estratégia. Eu acredito que é urgente a
criação da Comissão Especial; é urgente que o governo mobilize o seu apoio, a sua base, para que
os indicados a compor essa comissão, sejam pessoas que possam dialogar com o Movimento
indígena, que possam dialogar com a CNPI. Para que tenhamos agora a possibilidade de fazer
uso daquele texto. E na reunião da subcomissão da, de Assuntos Legislativos, foi muito boa,
muito participativa.
Houve muito debate. Acho que o Guilherme até já trouxe algumas propostas, inclusive de
novo, a proposta de pensar essa questão de um, depois ele pode colocar, né?, no projeto do
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Executivo. Então, eu estou assim, animado com esse momento. Eu acho que nós temos
possibilidade, desse que o Carlão está observando de nós alcançarmos durante essa legislatura.
Essa, organizar. Também acredito que nesse momento, quer dizer, além de priorizar o projeto de
Lei, de criação do Conselho, nós também temos que nos cuidar. Estratégia *palavra não
compreendida pelo fato de já ter sido aprovado no Senado, ele agora está na Câmara, ele merece
uma atenção, né?, e aqueles outros projetos, tem esse aqui, que o Márcio falou que é relevante,
mas tem outros que não são relevante mas que atrapalham porque eles servem de lobby, né?,
quando alguém aqui na pauta aparece no número 57 (cinqüenta e sete) O número 57 (cinqüenta
e sete) é um Projeto enorme, quer dizer, ele não serve pra nada! a não ser, fazer, é, propaganda
contra, os direitos indígenas. Então, tem alguns que vamos ter que atacar, porque eles
atrapalham o, esse atrapalha, eu acho, inclusive a discussão do Estatuto. É, o Ministro colocou, é,
vai precisar de uma negociação grande né?. Então eu acho que de fato fazer essa análise, e dar
uma refinada aí, vai ser importante.
Presidente Marcio Meira - Presidente da CNPI - É, não tem nenhuma pessoa inscrita que
eu tenha visto, pelo menos. Então eu vou aqui, devolver a palavra ao Guilherme, na pauta do
Guilherme, obviamente quem quiser se inscrever aí, a pauta está aberta porque é um debate
importante estratégia *palavra não compreendida.
Guilherme - Secretaria de Assuntos Legislativos/MJ - Obrigado. Eu queria é, tentar na,
nessa minha fala dialogar com todas essas falas que aconteceram até agora. É, eu anotei aqui
alguns pontos, eu queria só voltar a eles, não como uma estratégia *palavra não compreendida de
resposta, mas como uma construção de conjunto de diálogo de próximos passos. É, a primeira
coisa que eu achei bem importante, pontuada pelo Edmilson e pelo Dilson, foi o seguinte: foi a
necessidade de esforço conjunto na busca de aprovação. Ô, eu acho o seguinte. Qualquer
estratégia que venhamos a desenhar, ela terá que ter uma premissa. É, quanto mais gente tiver,
atuando junto e, no mesmo sentido, maiores as chances de conseguirmos alguma coisa. Então,
isso pressupõe duas coisas: 1º e tanto quanto possível, estarmos juntos e 2º, estarmos no mesmo
sentido. E, aí, é, já, é, dialogando também com o que o Márcio falou, e uma coisa que eu acho
importante é o seguinte: é, já temos na SAL uma ótima interlocução com a Funai. O importante
seria que nós conseguíssemos também buscar é, buscar subsídios da CNPI conforme o caso. Para
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subsidiar as nossas posições. Quando eu falo, juntar forças, eu acho o seguinte, eu acho que a
CNPI como um Órgão legítimo para consolidar os rumos de uma política indigenista, ela tem
uma legitimidade muito grande nas suas posições que venha a apresentar seja no Ministério da
Justiça, seja no Congresso Nacional.
O Ministério da Justiça também tem o seu papel institucional em seu reconhecimento.
Juntos, eu acho que as chances dessas, não uma soma, mas uma multiplicação de esforços e,
potencializar, eu acho fundamental. Então, eu já me coloco à disposição e, acho que cabe a CNPI
pensar na melhor forma de estruturar, mas, eu acho que uma interlocução direta na qual é, o
posicionamento sobre direitos e projetos pudesse chegar até a SAL, para que a SAL pudesse
utilizá-los para embasar suas posições e mesmo, uma interlocução direta que permitisse uma
forma mais é, cotidiana, ou até mais tática que estratégica, ou seja, a nossa estratégica, já, temos
grandes linhas. Mas a tática é aquilo do dia a dia. Vamos falar com deputado tal para pedir tal
coisa, porque é, nessa pauta, botaram na pauta esse "detalhe".
Se nós tivermos uma proximidade maior, não só a SAL, mas a assessoria parlamentar do
Ministério da Justiça que é quem faz, geralmente, essa linha de frente, ter essa, essa interação
maior e eu já me coloco à disposição para fazer essa ponte. Eu acho que é, um passo necessário
para conseguirmos o que pretendemos. Com relação a estratégia *palavra não compreendida do
Carlos, eu, concordo em parte, é, não acho que faltou empenho do Ministério da Justiça. E o
Saulo apontou bem a dificuldade que temos. O impasse que temos, e que sentimos na dinâmica
do Congresso é o seguinte: é um pouco isso; quando foi colocado o OK com in locus em votação.
Mas qual o projeto? O projeto chegou ao Congresso Nacional, como um Ato político! Como um
Ato político, com a entrega pelo Presidente e pelo Ministro de um Projeto de Lei. E ele surtiu
nesse contexto esse efeito político! O seu efeito político de sustar o requerimento de dar
prosseguimento. O projeto precisa, de alguma forma, chegar oficialmente ao CN para que ele
possa tramitar, para que ele possa estratégia *palavra não compreendida para que ele possa
eventualmente ser objeto de uma comissão especial. Então ele precisa, seja via Congresso, seja
via Executivo, que esse projeto chegue. E aí, a minha sugestão, reitero aqui, a sugestão que foi
feita na, para a Comissão 2009 (dois mil e nove) pelo então secretário Pedro Abramovay. Eu
acho que, como a secretarias Assuntos Legislativo, nós entendemos, é muito importante que o
projeto fosse encaminhado como uma proposta do Poder Executivo. Sei que existe uma
polêmica. Sei que existe potencial, reabertura de discussões e debates de um consenso que não é
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óbvio. Mas eu queria dar pelo menos três motivos pelos quais eu acho que isso é importante. 1º é
o seguinte: Um Projeto de Lei de iniciativa do Executivo ele tem por si só, esse carimbo
estratégia *palavra não compreendida Poder Executivo, ele garante uma, série de condições,
prioridades, prerrogativas que outros projetos não têm. O Executivo pode, conforme o caso
requerer a estratégia *palavra não compreendida projeto de sua autoria.
Um projeto estratégia *palavra não compreendida Executivo, ele não é arquivado. E, uma
série, por si só, ele é identificado como um projeto que o Governo apóia e isso já tem um valor
simbólico muito grande. Não precisa perguntar se o Governo apóia. Se ele é do Executivo, é
porque o Governo apóia. Então, o fato de ser estratégia *palavra não compreendida Executivo,
ela dá para a tramitação, uma, um conjunto de elementos de força que permitem aí, um, uma
maior chance de sucesso! Um 2º elemento de preocupação, essa é uma preocupação mais técnica,
do que política é o seguinte: o projeto como ele está, ele em alguma medida, ele estabelece, é, ele
dispõe sobre competência e organização no poder executivo. É, isso é aquilo que chamamos
tecnicamente, odeio usar expressões técnicas, mas, essa vem ao caso, de "vício de iniciativa". Um
projeto, só um Presidente pode apresentar Projetos de Lei que fale da estrutura do poder
executivo. Se um projeto, que trate da estrutura do executivo, ele entra como uma Emenda,
como um substitutivo, apresentado por um deputado, esse projeto é inconstitucional! E se ele for
nessa estratégia *palavra não compreendida inconstitucional, isso pode ser depois questionado na
justiça. Então é, o projeto não ser apresentado pelo executivo, enfraquece o próprio projeto.
Porque, se, primeiro ele for, discutido, aprovado e apresentado como ele está, ele pode ser
questionado na justiça e algumas partes dele podem ser considerada nulas. Inválidas depois. Já
foram 20 (vinte) anos de espera! é, talvez mais alguns de tramitação. Quando conseguir a
aprovação ter o projeto sendo declarado como inconstitucional, eu acho que é triste, é
preocupante. Então, de antemão é uma, é um motivo pelos quais nós achamos que é importante,
é, ter o, o, projeto encaminhado pelo Executivo. E um 3º motivo, que eu acho que é bastante
relevante, é o seguinte: inevitavelmente, é, o, projeto vai ser, objeto de uma intensa discussão no
Congresso Nacional assim como já foi na comissão. É, eu não acho que seja necessário reabrir
todos os debates, um por um. Pelo contrário.
Eu acho que é necessário, é, de apresentar o projeto à Casa Civil, para que seja
encaminhado ao Congresso Nacional é, para a validação do projeto do Estatuto, explicando que,
esse projeto é o projeto que foi construído em conjunto e foi consenso que foi atingido. Com
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isso, é, o que se espera é o bom, é, isso tudo sem prejuízo de reabertura da comissão especial, isso
tudo sem prejuízo de, manter a , idéia de acelerar. O que eu acho é o seguinte: só o fato de, de,
buscar, acelerar, a comissão especial sem fazer com que o projeto chegue ao Congresso, é, é uma
estratégia boa, mas ela pode ganhar força extra se nós colocarmos nisso, o encaminhamento
oficial do projeto e, a priorização que um consenso ainda maior, que espera obtenha-se no
governo, ao ser encaminhado pelo executivo, possa trazer aí a velocidade necessária para que o
projeto venha a seguir, tramitar. Acho que, é, vi que tem intervenções solicitadas. Acho que
podemos voltar depois com mais considerações. É, tem inscrito sim. Tem a Lylia, inscrita, depois
o Edmilson.
É, dentro dessas, priori, eu não vou ter muito que falar, acho que o, desculpa, esqueci o teu
nome... Guilherme. Que o Guilherme já, já, colocou algumas coisas, mas, da minha preocupação,
com esse, essa, esse aí, encaminhamento do Estatuto, ainda não entendi ainda muito bem, em
que lugar está nessa altura do campeonato, né?, é, mas a minha pergunta é nesse sentido. Até
que ponto é uma boa estratégia a, seria uma reapresentação? Não sei , porque não sei exatamente
em que pé está o projeto, é, dentro do Congresso. Essa reapresentação pelo executivo, porque,
porque nós chegamos também a debater na CNPI e, é, naquele momento se achou também que
se teria uma dificuldade grande de conseguir uma, enfim, uma articulação, interna de governo
para sem grandes, problemas, apresentar isso via executivo, não é? Não sei até quanto podemos
apostar nisso, mas se existe um risco do outro projeto digamos, se aprovado e depois ser
considerado inconstitucional porque mexe com a estrutura do Estado, né? e não está sendo
encaminhado pelo executivo, acho que é uma questão, é, que teríamos que, enfim, que enfrentar
e ter uma alternativa para isso. A outra questão é quanto a, a sugestão que você coloca,
Guilherme, de que a CNPI subsidie mais diretamente. Tanto a SAL quanto é, é, pressione no
sentido positivo do termo é, parlamentares, etc. no sentido estratégia *palavra não
compreendida. O que você que é uma posição é, de uma, de uma comissão ou é produto de todo
um trabalho representativo etc. etc. Que seria o caso por exemplo no caso do infanticídio nós
pegamos aqui uma sessão plenária bastante discutida a questão, aprofundadas, vierem ,
especialistas das universidades, e tal, talvez pegar isso e transformar isso em um documento só
para dar um exemplo num caso desse, é, projeto específico do infantilismo, não é? É, mas era
mais isso, assim, não sei se alguém tem essa condição de fazer essa análise das perspectivas que
teríamos de fazer esse redirecionamento do PL do Estatuto via Executivo.
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Edmilson? Bom, eu só queria fazer então uma questão com relação a comissão de
articulação que eu havia falado. Estratégia *palavra não compreendida primeiramente me
desculpar pelos equívocos, né? e com certeza já falaram que já tem essa comissão. Então acredito
que, Márcio e demais membros da CNPI que, após , conforme for a proposta , estratégia
*palavra não compreendida do Marquinhos , após essa agenda de trabalho com o Ministro,
realmente, então nós possamos fazer com essa, com que essa comissão de articulação, ela possa
desenvolver realmente seu papel. Que ela tem condições de fazer essa articulação. Por que, em
que sentido? Até quando foi falado agora há pouco aí, com relação ao posicionamento da, do,
digamos que da CNPI com relação aos itens que estão tramitando dentro do Congresso. E mais,
acredito que, um dos pontos primordiais é que, o Movimento Indígena Organizado, seja ela
APIB, COIAB, e APOINME, e ARPINSUL, se posicionem com relação a esses itens que estão
discutidos aqui. Por isso que eu falei na questão da articulação da CNPI com relação a isso. E que
foi o diferencial, da saúde, que eu vou voltar a frisar, que foi em relação a isso. O Movimento
indígena organizado oficializou que era favorável a criação da secretaria que, era uma demanda
da população indígena, que estavam atrás dessas melhorias. A CNPI tem que tentar fazer essa
articulação para que o governo, ele possa ver que o Movimento Indígena Organizado, eles estão
no Norte, ou no, no mesmo caminho. Porque, enquanto não houver isso, não houver essa
articulação aqui, entre nós, como os outros vão ficar?. Os indígenas, da FUNAI ! E a questão não
é essa. A questão é maior! A questão é estruturante, de organização e de articulação. Se nós não
conseguirmos fazer esse movimento de articulação, nós, aqui da CNPI, muitos dos nossos
trabalhos eles vão parar dentro do Congresso. Por quê? Outro grupo de indígenas, vão se ver
contemplados com aquelas demandas que, para, nós entendermos que é verídico e que é fato e,
aí, impedem, e como estão impedindo a criação do Conselho. Então isso é um fato concreto. Se
nós não conseguirmos fazer essa articulação, essa organização, primeiramente interna, para
depois nós querermos avançar, não iremos muito longe. É só isso que eu queria falar com relação
a essa comissão de articulação. Se ela existe, então vamos rediscutir qual é realmente o papel
dela e de que forma o Ministro vai dar condições dessa comissão, ou desse grupo, ter condições
de trabalhar. Só nesse sentido que eu queria falar.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Só esclarecendo, essa comissão é a subcomissão de
Assuntos Legislativos, não é?, da CNPI. E ela já existe. Então é todo o trabalho que, é, a CNPI
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desenvolve, ou articula, etc. é feito pela subcomissão. Então foi a essa subcomissão que o
Marquinho fez referência.
Edmilson - Só um parêntese, também. A comissão de? É subcomissão de Assuntos
Legislativos. Só que aí também tem que ter a outra parte que seríamos nós, o movimento
indígena junto com as outras organizações. Aí então, uma coisa *interrupção "só para esclarecer
né? A subcomissão de Assuntos Legislativos foi quem articulou com a APIB para a ação em
relação a SESAI. Então foi, foi feito isso que você falou, aí. Foi graças a isso que a SESAI se
constituiu. Então, é, a estratégia de fato é essa mesmo. Tem que ser uma aliança forte e
unificada, não é?, da CNPI com as organizações. É, o próximo inscrito é o Saulo.
Saulo Feitosa - CIMI -- comentários pouco compreendidos Mas, para responder a
indagação metodológica feita pelo Guilherme, que você diz, ah, do momento em que o
requerimento é votado não se sabe que projeto se vota. Você sabe sim. Nós sabíamos que
queríamos votar o 2057 (dois mil e cinqüenta e sete). Eu acho, é importante, até para também, é,
essa questão que a Lylia levanta fique clara, né? Qual era a discussão primeira, que nós tínhamos
desde a primeira reunião da CNPI isso foi pautado. É que o presidente da CNPI trouxe a
proposta do APL , aquilo a que o Carlão se referiu e ai, a CNPI reage. Ao invés de discutir a PM
PL. sobre a mineração, vamos discutir um novo texto para o Estatuto. E a primeira indagação, se
parte de, um procedimento metodológico. É, que se desconsideram o 2057 (dois mil e cinqüenta
e sete) ou, partimos o 2057 (dois mil e cinqüenta e sete). Isso foi uma longa discussão! E a
proposta para trabalho nas oficinas, ela tinha como base o texto 2057 (dois mil e cinqüenta e
sete) que eu vou até, aqui agora fazer uma confissão. Eu achava que nós iríamos, no máximo
fazermos alguns remendos do 2057 (dois mil e cinqüenta e sete) porque havia o receio de muitas
pessoas de, o texto direcionar!, todo mundo, era o risco que achávamos. Que se confirmou
exatamente o contrário, não é? Teve Capítulo que foi totalmente rejeitado, quer dizer, ficou um,
algo novo, não é?! É. Ficou algo novo! Então, a opção foi essa. Vamos partir do texto do projeto
2057 (dois mil e cinqüenta e sete).
Quando se pensou, também, aquilo que é Lylia, retoma a discussão. Quando se pensou:
vamos pressionar o requerimento para votar o projeto de Lei, o 2057 (dois mil e cinqüenta e
sete). Aquilo que eu fiz, o, o comentário, o que era que nós pensávamos: Faz-se, ter-se, esse
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entrave do requerimento; se constitui uma nova constituição especial, e, se vai votar o 2057
(dois mil e cinqüenta e sete). E aí, aí é que entramos com as emendas, com tudo que vem. O que
é importante que você trás essa memória da discussão? Resposta: De um projeto do Executivo. É
que agora é o seguinte: se nós temos uma comissão especial já aprovada, o Executivo
apresentando o projeto de Lei, eu não entendo de regimento. Mas eu imagino que, ele vai para a
comissão especial. Que aí, aí, é por isso que eu estou dizendo que a conjuntura é outra. E se,
naquele momento abandonássemos o 2057 (dois mil e cinqüenta e sete), pois é, e nós fôssemos
fazer, pegar o texto que resultou do processo CNPI. Disse não; o Executivo representa o texto. O
que era que ia acontecer? Ia acontecer a tramitação, depois seria a pensar, do, o 2057 (dois mil e
cinqüenta e sete). O 2057 (dois mil e cinqüenta e sete) estava impedido de ser votado porque
tinha aquele requerimento.
O que você aborda agora traz uma novidade. Não tem mais o entrave. Não vejo prejuízo
que, se o regimento permite isso, não sei, né? Se o regimento permite, nós constituiremos a
comissão especial e, mesmo o Executivo, apresentando, um novo texto, se o Executivo vai
decidir isso. Mas o texto agora não vai ficar pensado, porque o 2057 (dois mil e cinqüenta e sete),
já, não está mais parado na Mesa Diretora. Interrupção (Carlos Nogueira): só para fazer um
esclarecimento, eu nem sei ele entraria como um projeto no Executivo. E vou dizer porque.
Porque o projeto que estava na comissão especial, inicialmente ele era do Executivo. Eu acabei
de dizer em 2004, 2005, nós fizemos aquele todo que estava lá na comissão que o Valverde era o
relator, aquele Projeto de Lei foi gestado dentro do Ministério da Justiça, FUNAI, que não era
estratégia *palavra não compreendida Ministério de Minas e Energias BNPM cadeia
institucional, quando o governo foi apresentar, como o projeto de regulamentação do artigo
deliberativo 231, o senador Romero Jucá falou: espera aí! Existe um projeto tramitando aqui. Eu
só aceito se for como substitutivo. E nem sei se, nós quiséssemos colocar o Estatuto dos Povos
Indígenas como, ia bater de encontro a um acordo prévio, já de governo de que, aquele estava
sendo desviado já era projeto de governo anterior, entendeu? Por isso foi criada essa comissão.
Eu só estou reforçando o que você está dizendo, né?
Continuando Saulo - E aí, aproveito, aproveito para fazer outra memória 2057 (dois mil e
cinqüenta e sete). O 2057 (dois mil e cinqüenta e sete) é resultado de um acordo entre a FUNAI,
porque tinha um projeto de Lei que era da FUNAI , um projeto de Lei que era do NDI e um
projeto de Lei que era do CIMI e, a, o CAPOIB, era antes da APIB, né?. O CAPOIB, com base
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nos três projetos de Lei, mandou um texto enorme, também. Então, houve uma comissão que
trabalhou, era governo, Movimento Indígena e as entidades. E aquilo também já foi um acordo.
Hein? Se nós recuperarmos a memória do 2057 (dois mil e cinqüenta e sete), também tinha a
origem do próprio governo, quer dizer, foi um acordo feito ali naquela discussão, né?
Interrupção. Certo! Não, é só para dizer, porque depois aquele 2057 (dois mil e cinqüenta e sete)
foi resultado da comissão especial, que teve, se não me falha a memória, a dep. Tereza Jucá como
relatora, e como o 1º Projeto já tinha começado a tramitar, e aí esse detalhe. O 1º projeto que
tinha começado a tramitação era o 2057 (dois mil e cinqüenta e sete) apresentado, acho que pelo
Aloísio Mercadante, a origem do NDI!, então o número ficou, o número do 1º projeto. Mas o
texto era o texto do resultado de um acordo.
Bom, o próximo inscrito é o Marquinho.
Marcos Xukurú da Região Nordeste Leste - Eu fico preocupado. Primeiro eu não sou da
subcomissão de Assuntos Legislativo né? Apenas eu estou ouvindo aqui a explanação, o que foi
conversado, e, me preocupo, porque o esforço que nós, que fizemos, todos nós, tanto o governo
quanto os indígenas para arregimentar todos os povos e lideranças indígenas do país, do país
todo e até os acampamentos de Terra Livre, houve a anuência do Acampamento Terra Livre
também, né?, enfim, e de repente me vem na memória e pelo que estou vendo, para mim é um
retrocesso. Se nós voltarmos novamente né?, passarmos por todo esse procedimento novamente,
até porque, no meu conhecimento, posso até estar equivocado, tanto a SAL analisou essa
proposta quanto a Casa Civil né?. Do modo que nós entendemos que era possível ser apresentado
enquanto Emenda, né? assim, aprovar o recurso e apensarmos entrar em apresentar como
Emenda. Então eu me preocupo muito em relação a isso né? Tem o impedimento do Guilherme,
é, e eu acho que a bancada indígena precisa é, de conversar mais sobre essa situação não é?,
porque de fato me preocupo porque nós passamos aí quantos anos, não é? Quantos anos.
Só vingando, mais de 15 (quinze) anos né?, com essa proposta do Estatuto lá paralisada. E
agora quando sinaliza para caminhar, de repente volta para entrar como um projeto do
Executivo?! para passar por todos os trâmites novamente, né? Eu me preocupo muito, sabe? Isso
é uma questão pessoal e inclusive solicito da bancada indígena que se posicione em relação a essa
questão, para que nós tenhamos maior entendimento; quais são os percursos e os trâmites né?,
relacionados ao Estatuto.
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O que o Edmilson falou dessa preocupação do Movimento indígena, estar acompanhando o
procedimento, inclusive no documento que nós acabamos de ler pela manhã, né? solicitando a
reunião de trabalho com o Ministro da justiça, mas, pode ver que está aqui a APIB, né? que
representa né? as organizações indígenas do país, que têm representantes das várias
organizações. Então, a bancada indígena, ela está em consonância com o Movimento, né?, com
as organizações indígenas né?. Então, evidente que vamos estar também solicitando a presença
do Movimento indígena para reforçar isso, até porque vamos ter o Acampamento Terra Livre,
com certeza este ano né? Onde, podemos estar reforçando não é?, dependendo dessa estratégia
*palavra não compreendida de trabalho do que sair e reforçando inclusive dentro do CN a
proposta que por ventura e estratégia que nós possamos estar construindo junto a essa agenda
com o Ministro.
Brasílio Priprá - Eu gostaria de também fazer um comentário aqui na mesma linha do
Marcos. Eu acho que é sobre o Estatuto do Índio. Eu acho que foi bem discutido, foi discutido no
Brasil inteiro, com várias lideranças indígenas, né?, todos tiveram ciência, tiveram oportunidade
de discutir com as organizações indígenas. Todos, tudo que está ali, foi à discussão, e aprovado,
pelos povos indígenas; pelas organizações. Foi um trabalho muito bem feito, assim, deu
oportunidade para eles dizerem o que queriam o que precisam estratégia *palavra não
compreendida começar tudo de novo, nós vamos passar mais 4 (quatro) anos talvez, e chegando
daqui há 4 quatro anos, e vamos voltar a dizer o que nós estamos dizendo hoje. Então eu acho
que é importante que o governo, nesse momento, quando eu também tenho o interesse de
aprovar o Estatuto do Índio, eu acho que o importante é medir os esforços, acertar e fazer com
que vá para o Congresso Nacional e seja votado. Os nossos povos indígenas estão esperando esse
Estatuto do Índio já, aí há quase 17 (dezessete) anos. Nós estamos lutando, a CNPI tem avançado
em algumas coisas. Tanto é, que essa proposta que está aí, a CNPI acompanhou, todo mundo
acompanhou.
Então na verdade é a proposta dos povos indígenas, é aquilo que os povos indígenas
precisam, para atender esses povos indígenas do Brasil. Então, todos acompanharam não é?
Lideranças de base, todo mundo acompanhou! Então, essa proposta é a mais filtrada para atender
os povos indígenas, hoje no Brasil que foi mandada ao Congresso aí, para aprovar junto com esse
projeto que está aí. Então na verdade, eu gostaria sim, se o governo realmente está no momento
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e quer ajudar os povos indígenas. Então vamos sentar, vamos acertar e vamos mandar para o
Congresso Nacional para aprovar! Porque senão nós ficaremos na conversa, no papel e nós
ficaremos discutindo isso aqui. E tem muitas coisas que interessam a nós, mas que também
interessam ao governo resolvendo o Estatuto do Índio. Muito obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI- Agora é o Guilherme. Estou voltando para ele e
depois nós continuaremos.
Questão de Ordem:
Sandro Tuxá - Bem, eu estava aqui, o parente pegou e me soprou aqui. Não estou
entendendo muito bem essa questão do Estatuto. E também não estou entendendo muito bem
essa questão, quando é o projeto do executivo: se isso volta, se não volta. Será que não era bom,
alguém explicar em particular para nós? Eu estava dizendo assim: como em nosso tema tudo gira
em torno do Estatuto. Na verdade, eu queria sugerir aqui, presidente, não sei se na bancada
alguém pode me *palavra não compreendida. Que nós pudéssemos tirar aí, dois minutinhos para
a assessoria pegar, e dar uma conversada conosco. Porque às vezes a coisa é tão simples! As
vezes, essa proposta que foi apresentada veio realmente para ajudar (isso) né? e veio realmente
para somar e para que possamos, conjuntamente termos uma direção. Interrupção do Marcio
Meira - Presidente da CNPI- O Guilherme está aqui do meu lado e dizendo assim: se vocês
concordarem, ele mesmo pode fazer isso, tá?, explicar o que é, o que não é, tá? Então vamos
voltar aqui a palavra para ele. Se for satisfeito, ótimo! Se não, aí nós voltaremos para ver como
fica.
Guilherme - Secretaria de Assuntos Legislativos/MJ - Bom, vou tentar explicar. Me
interrompam a qualquer momento o que não ficar claro. O que acontece: Como que um projeto
de Lei entra no Congresso? Como que ele começa? Como que ele, quem pode apresentar um
projeto de Lei? Estou aqui na frente com a *palavra não compreendida só para poder ler a
Constituição. Está aqui. Artigo 61 (sessenta e um). A iniciativa de Lei cabe a qualquer membro
ou comissão da Câmara, do Senado ou do Congresso. Quem pode apresentar um projeto de Lei.
Membro da Câmara, membro do Congresso, Comissão da Câmara, Comissão do Congresso, ao
presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, Procurador
Geral da República, e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos na Constituição. Esse dos
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cidadãos, tem um problema. É o processo de iniciativa popular que tem que juntar 1 (um)
milhão de assinaturas, e não sei quantos Estados. Eu acho, como cidadão, eu quero muito que
mudemos isso, para que um cidadão possa apresentar isso de um jeito mais fácil. Mas, por
enquanto quem pode apresentar um projeto de Lei, são: Membros do Congresso; Presidente do
Supremo Tribunal Federal; o Presidente da República. Os que estão ao nosso alcance. Então, o
projeto aqui, se ele for entrar como um projeto próprio, um projeto que está chegando agora no
Congresso, para entrar, ele tem que entrar pela mão de um membro do Congresso Nacional; de
uma Comissão do Congresso Nacional ou, no caso, da Presidência da República, para ele chegar.
Qual que era a estratégia que nós tínhamos no ano passado ou que tínhamos nos anos
anteriores? Como funcionava a estratégia? O que significou quando entregou na mão do
presidente da Câmara, no caso? Significou o seguinte: Marcio Meira - Presidente da CNPI da
Câmara, essa Comissão Nacional de Política Indigenista, que discutiu longamente, que tem
competência para representar, está te trazendo este Projeto aqui! Que é uma versão atualizada
daquele projeto de quase 20 (vinte) anos atrás. Se o senhor, fizer as coisa andarem, quando o
projeto anterior voltar a ser discutido, se, entenderem conveniente, por favor, usem este, ao
invés daquele outro. E aí, como que isso funcionaria? A pessoa que é o relator do Projeto, que ela
reanalisar o 2057 (vinte cinqüenta e sete), ela teria poderes para, querendo, poderia falar: Olha,
pediram para analisar de volta o 2057 (vinte, cinqüenta e sete). Fiquei sabendo que existe um
Projeto da CNPI! Acho-o adequado, e, como ele é um aperfeiçoamento daquele projeto 2057
(vinte, cinqüenta e sete), ao invés de eu ter o trabalho da minha cabeça para aperfeiçoá-lo por
própria, deixe-me pegar esse trabalho, que a legítima já está feita, e vou colocar este para
votação. O que vocês acham, senhores deputados? Esta é que é a estratégia! Até agora, isso até já
foi. Temos a força política, para que o Congresso saiba da importância do Projeto, e que, fazendo
andar a comissão, e, se a pessoa, que é o relator, da importância da estratégia definir o relator,
aceitar esse projeto e colocar esse projeto como seu, com a discussão reaberta. Houve uma
vitória, o Saulo apontou muito bem, de reabrir a discussão, de destravar o andamento do projeto.
Uma 2ª próxima vitória seria a de conseguir que a Comissão voltasse a discutir a 2057 (vinte
cinqüenta e sete). A 3ª vitória seria que, o deputado que viesse a ser o relator, aceitasse essa idéia
e, sobretudo com a pressão nossa, com a importância política que seu ao caso, e viesse e falasse:
tudo bem! Eu entendo e coloco como, se meu fosse, o texto da CNPI.
Infelizmente, na nossa estrutura legislativa, constitucional e da comissão, a comissão não
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tem o poder de apresentar diretamente um projeto no Congresso Nacional. Tem que passar por
alguém. Precisa passar por um deputado, por um senador, por uma comissão ou, pelo presidente
da República. Na estratégia de reabrir a comissão, em último caso, em última instância, no fio,
no detalhe final, quem coloca o projeto, é o relator, ou seja, o deputado, como substitutivo, como
uma proposta alternativa. É o projeto que já foi discutido, o 2057 (vinte, cinqüenta e sete).
Então essa é a alternativa 1 (um). Um deputado colocar a discussão em reaberto.
Alternativa 2 e talvez não sejam tão contraditórias assim, acho que elas podem se
complementarem, é: a presidente encaminhar o projeto. Ela encaminhando o projeto. O projeto
existe na Câmara, e ele entra na Câmara, ele tem tramitação na Câmara. Nessa tramitação, o que
pode acontecer, pode acontecer de ele se apensado à 2057 (vinte, cinqüenta e sete). E aí, a pessoa
que for fazer com o relatório 2057 (vinte, cinqüenta e sete) pode falar: olha, ao invés de colocar
o projeto como ele estava, tem um projeto que entrou aqui que é importante, que é da
Presidência da República, que veio do CNPI, que existe oficialmente no Congresso, numerado, e
que eu acho que seja melhor que aquele de 91 (1991) parado desde de 94 (1994). Portanto adoto
este projeto como meu substitutivo. Então, basicamente acontece o seguinte: a discussão alertou-
me muito bem, consertou minha omissão quando destacou a importância em destravar o projeto
como ele estava, né? o requerimento que estava lá atravancando e a importância de retomar uma
comissão especial, para discutir o projeto. Uma vez que existe uma comissão especial, nós temos;
com esse texto, entra nessa comissão especial, e com esse texto, colocar no mundo do 2057
(vinte, cinqüenta e sete), como um projeto, que veio do executivo, que foi validado e foi
discutido, foi apresentado, tem a prerrogativa de não ser arquivado nunca, de ter prioridade, etc.
ou, como algo, que um deputado foi muito bem convencido e colocar como se fosse seu, como se
fosse a sua versão, como subsídio da CNPI para o projeto. - Não sei...Ficou mais claro? Então o
que nós temos na verdade, o projeto que está lá está esperando a Comissão abrir, um relator ser
escolhido, esse relator aceitar a idéia de relatar o projeto, e aceitar colocar esse texto como o
outro e também vai ter a liberdade, como deputado, de colocar o texto que ele quiser. Nós temos
nossa legitimidade de instruí-lo, da importância da legitimidade e do trabalho que foi construir
esse texto. Mas, o deputado que for o relator, ele vai ter sempre essa liberalidade de colocar o
texto que ele quiser. O texto que ele vai colocar, é o texto que ele, como deputado, decidir,
obviamente nós temos todo direto de instruí-lo.
Senhor Marcio Meira - Presidente da CNPI- É o Sandro e depois a professora Francisca e o
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Ak’Jabor.
Sandro Tuxá - Pelo Leste, Nordeste. Bem, para mim ficou claro né?, eu acho que o que
você acabou de falar não de encontro ao que foi dito pela manhã. Até porque o Ministro deixou
claro a necessidade de nós estreitarmos os laços. Fazermos uma proposta cada vez mais
unificada. Inclusive propôs um aumento de trabalho. Eu acho que já é o primeiro momento de
trabalho para poder essa proposta sair. Senão eu não vejo, eu particularmente entendo que, se
nós conseguíssemos fazer com que a nossa proposta viesse a ser enviada, viesse remetida pela
Presidência da República, já era um ganho, sim! Aí eu acho que nós temos condições de, ao
sentar com o Ministro, poder tratar deste e de outros assuntos. E, no meu entendimento ficou
mais do que claro. E eu agradeço pelo esclarecimento Dr. Guilherme.
Francisca Navantino Pareci- Bom, eu queria, de fato eu também tive a compreensão agora
mais esmiuçada, né? que você conseguiu explicar. Nesse sentido eu gostar de perguntar. Já que
nós estamos aqui também no trabalho de fazer uma agenda né?, com o próprio governo e o
Ministro se dispôs a isso. Eu penso que seja o momento oportuno de nós estarmos inclusive nessa
agenda de trabalho. A primeira tarefa do executivo né?, do governo de uma né? se mostrar
aberto conosco levando em consideração todo esse trâmite e esse trabalho que tivemos né, não
só nas oficinas, nas oficinas que foram realizadas né? Nas oficinas realizada uma ação da CNPI
mas, principalmente pela própria luta do Movimento Indígena. Então eu acho, que isso é que
tem que ser levado em consideração. Esse reconhecimento da nossa luta. Pelo que eu entendi, o
projeto está lá. Eu entendo também que, eu acho que o vice-presidente está esperando alguém
chegar com toda essa mudança que aconteceu do ano passado pra cá. Eu gostaria de ver também
o seguinte. Eu me lembro que, em toda essa mobilização que nós fizemos na CNPI nós fizemos
uma agenda com o próprio Congresso Nacional. O que nós fizemos? Nós fizemos assim, é, um
pacto com determinados deputados. E quem era à frente disso era o falecido Eduardo, não era?
[E quem esteve a frente disso foi o falecido Eduardo] Ele quem fez, inclusive ele apontava que
era favorável. Penso que esse também é um trabalho que nós teremos que fazer.
Por exemplo: eu fiquei encarregada naquele momento de ter a lista de todos os deputados e
senadores, favoráveis a causa indígena. E, com aqueles que tinham resistência, o trabalho seria
corpo a corpo, da própria CNPI e o Movimento indígena daqui que é a APIB.
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Esse foi o encaminhamento que nós tivemos. Recordando né? recordando as atas e
documentos que nós temos fartos sobre essa mobilização, né?, penso que, penso que seja o
momento oportuno de que, quando fizermos essa agenda de trabalho com o Ministro, a primeira
questão é colocar se o governo assume o reconhecimento dessa luta toda, principalmente da
CNPI nessa posição em que ela tomou. Para nós, nós já demos um grande passo né? E também
assim; quem nos forneceu - eu estou até vendo aqui com o pessoal do Legislativo que forneceu a
lista dos desses deputados.
Fez um trabalho e o governo precisa coloca alguém ali para fazer esse acompanhamento.
Então, eu acho assim, que tudo que você colocou aqui para nós, nesse esclarecimento dos
Processos, ele foi muito válido. Mais ainda, diante da situação que você colocou agora no final.
Que você coloca que está lá aguardando né, toda essa mobilidade, né? essa mobilização daqui
para frente. Eu acho que se isso acontecer, e vocês da SAL fizerem a parte de vocês junto
conosco, praticamente, eu com muito otimismo, pode-se dizer assim, teremos aí um novo
encaminhamento do Estatuto. Porque meu filho já tem 20 anos e já vai 20 anos que o estatuto
esta lá aguardando.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Boa Tarde Ak´Jabor do Estado do Pará.
Ak’Jabour Kayapó - Seu presidente, quero perguntar, mais uma vez, que eu já perguntei
três vezes, eu não sei se você se lembra ainda, eu vou perguntar novamente, porque até o
momento o senhor não explicou direito a respeito do Estatuto do Povos Indígenas, foi criado a
Comissão Nacional de Política Indigenista, tem poderes junto com Ministro, Ministério e o
Governo, que já pedi ao plenário ao presidente da comissão, pegaram este projeto de todos os
lados dentro do Congresso Nacional que nos temos que buscar estes projetos todos e discutir,
juntar estes projetos todos, arrumar o relator, só um relator e caminhar um projeto e nos vamos
ficar em cima disto e vai ser aprovado mais rápido, porque, tem muitos os projetos que estão do
lado, tem projeto da FUNAI, tem CIMI, tem COIAB, tem não sei aonde, tem vários projeto, e os
próprios deputados federais, os próprios senadores, eles tem projetos também, é por isso que nos
indígenas e vocês também do Governo, que nos queremos que esses projetos sejam aprovados e
logo deputado, não esse ai não, tem que ser meu, esse projeto foi eu que fiz, então tem que ser
aprovado, esse ai, e deixar o projeto do governo o indígena para lá, por isso que estou pedindo
mais uma vez senhor presidente, é melhor pegarmos todos os projetos dento do congresso
nacional juntar tudo.
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Tem o senador Antonio Feijó, tem projeto deste senador, tem do..., como é o nome... tem
vários projetos que estão dentro lá, então é melhor Sr. Presidente, procurar a pessoa e pegue
todos os projetos que são dentro do congresso nacional e traga para cá, aqui, e ai nos vamos
juntar isto tudo e encaminhar para que seja aprovado, porque senão, não aprovam não, aquele
tempo que eu não sabia disto, por isso que eu já te falei, por isso eu não quero que seja aprovado
este estatuto dos povos indígenas até agora, por causa disso, eu quero saber direito, nos estamos
lá no mato e nos não sabíamos de nada, hoje estamos aprendendo as coisas, aquele tempo que as
pessoas que foram nas aldeias *palavra não compreendida e foram lá para o exterior chegar e ver
do índio, levando mossas riquezas para lá e falando em nome dos índios, hoje não, hoje nos
temos que pedir, hoje seu Ministro, presidente eu estou doente, eu estou com fome, estou com
este problema, nós temos que falar que nós estamos com problema agora, neste momento, é por
isso que nos estamos pedindo a vocês do plenário para o Ministros pegar todos estes projetos,
para nos caminharmos, porque senão aprova não.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado, Lindomar, Região Nordeste e Leste.
Lindomar Xocó - Primeiro Sr. Presidente me permita, eu gostaria de saudar aqui, as nossas
lideranças do Estado de Alagoas, nosso representante de Xucuru Kariri, Kariri Xokó e Karapotó
de estado de Alagoas, obrigado ao plenário, por ter aceitado para que este povo estivesse aqui
também assistindo esta discussão, mas dentro da questão do estatuto do projetos que estão
tramitando, eu gostaria de propor para que a CNPI pudesse darmos condições também para nos,
nas nossas bases já que somos de vários estados, podermos estar trabalhando isto localmente,
pela facilidade, tem uma outra aproximação com as lideranças, e nos podermos fazer com que
essa coisa venha trabalhada da base, porque aqui se torna mais difícil chegar, existem vários
seguimentos, eu trabalhei na comissão que ficou aqui trabalhando questão da secretaria e eu vi
como as coisas se dão, é mais nos falarmos lá com os caras do que aqui no congresso, porque
aqui nos encontramos varias barreiras, lá se torna mais fácil de se trabalhar essa questão, só era
isso, muito obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado Lindomar, Luis Titiah.
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Brasilio Priprá - Questão de ordem Presidente, eu acho que, o que o Lindomar esta falando
ai eu acho que é o entendimento do próprio presidente, tanto é que encaminhou documentos
para as antigas administrações para que isso acontecesse e não aconteceu, só confirmando o que
o Lindomar acabou de colocar aqui, obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Luis Titiah.
Luis Titiah - Pataxó Hã Hã Hãe - Boa Tarde, Luis Titiah, representando Nordeste e Leste,
Marcio Meira - Presidente da CNPI a discussão que já dos parentes e até do próprio governo, eu
acho que nos já sabemos quais são os papeis, a primeira lição que nos tivemos do estatuto com as
nossas lideranças em 1988, e nos indígenas sabemos o nosso papel e nos sabemos também a data
que nos tivemos para ajudarmos dentro da CNPI desengavetar esse processo do estatuto, eu acho
assim, nos fizemos o trabalho na base que foi aquelas oficinas, onde nos ouvimos as lideranças os
caciques e demais, hoje a responsabilidade esta aqui um pouco na CNPI, fizemos o nosso
trabalho mas esta dependendo de alguma coisa acho que esta caminhada ao congresso, um, dois
ou três não vai resolver o problema, porque tem vários deputados, vários políticos que é de
vários estados diferentes mas se a bancada indígena da CNPI lá, fizerem suas visitas, fizerem seus
diálogos, principalmente com as lideranças políticas que são contra o Estatuto dos Povos
Indígenas, eu acho que no teremos um avanço, mas o que eu queria aqui Sr. Presidente e que nos
saíssemos agora com algo concreto com esta oportunidade do Ministro com esta agenda, nos
fechássemos aqui, o que nos vamos caminhar, agendado com data e quando, para não chegar na
próxima reunião da CNPI para não ficarmos reavaliando esta mesma questão, porque vai
desgastando um pouco, e agora pra frente temos que trabalhar nisto dai, enquanto não
trabalharmos nesta questão do estatuto, nos estaremos sofrendo dentro da política do estado,
espero que essa passagem minha na CNPI, que não seja daqui mais doze anos, quinze anos, que
novas lideranças vão ter que lutar para desengavetar este estatuto novamente para ser discutido,
porque o que foi o governo Lula que passou e nada foi resolvido, então eu queria deixar
registrado dentro da CNPI, que nos agora tiramos o encaminhamento do agendamento, a
comissão da CNPI vai para dentro do Congresso encaminhar esta questão do Estatuto tem um
trabalho que o companheiro acabou de colocar aqui, que é a questão técnica do processo, tudo
bem temos que respeitar, nos estamos aqui no dialogo, também tem o papel do movimento
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indígena, ta vindo ai o Acampamento Terra Livre que nos não vamos ficar parado, pela questão
que está acontecendo com os povos indígenas, na questão da saúde, da educação,
empreendimento,desmatamento dentro das áreas indígenas nos vamos dar o nosso recado, eu
queria presidente por gentileza que nos déssemos o encaminhamento fechando já a data, porque
o que vocês do Governo podem fazer para nos ajudar, isso ai, muito obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Luana.
Luana - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - Luana Arantes,
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Então gente, eu acho assim, sem duvida o estatuto é prioridade para nós na CNPI etc.,
como diz o Saulo, estamos ai, mudamos a legislatura e estamos com uma pauta antiga, mas que
precisamos efetivamente traçar nossa estratégia, sabe Titiah, acho que antes de encaminhar, e eu
concordo com o Sandro, que nos ainda não temos elementos suficientes para sabermos para que
caminho seguirmos, pelo menos eu também não tenho, sabe Sandro, na hora que você pediu
esclarecimento para a bancada indígena, eu acho que pelo menos, eu, enquanto representante do
Ministério do Desenvolvimento e Social não tenho domínio também sobre este fluxo, entendeu,
eu acho que nos precisamos ter uma clareza de quais os possíveis fluxos, eu acho que o
Guilherme já deu uma luz para nos, temos este caminho e este outro caminho, e uma coisa é esse
caminho da burocracia o caminho técnico, outra coisa é avaliação política do que significa optar
por um caminho ou optar por outro caminho eu acho que precisamos de um mapeamento desses
novos legisladores, quem são nossos amigos, os aliados, quem são aqueles que vão entravar os
nossos inimigos mesmo, nos sabemos que eles existem dentro do Congresso Nacional, para
termos mais elementos, mesmo para fazermos a escolha da estratégia, senão o movimento
indígena vai aqui o outro vai ali e nos podemos dar tiro que não seja certeiro novamente, de todo
jeito sabemos que é uma pauta que não vai se resolver do dia para a noite, é algo que temos que
pensar a médio prazo, pelo menos, mas acho que ter o foco sem duvida nenhuma, isso ocorrer
no mandato da presidente Dilma, mas assim, eu não sei eu não tenho segurança de opinar nesse
momento de qual seria a melhor estratégia para nos tomarmos, é tentar fazer com que uma
comissão seja reconstituída, que o deputado vai lá presente via Dilma, não é, quais são os riscos
disso ai os tempos, enfim, ai eu não sei também quando vai ser a reunião com o Ministro, mas
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até lá sair um grupo daqui para sistematizar isto, entendeu, e ter uma avaliação mas
pormenorizada mesmo desta situação, porque realmente nos precisamos ter cautela e escolhas
muito bem fundamentadas para montar a estratégia e seguirmos nela até o fim e sairmos
vitoriosos desta vez, afinal de contas são mais de duas décadas, é isso, obrigada.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Guilherme, volta para você.
Guilherme - Secretaria de Assuntos Legislativos/MJ - Eu não sou membro da comissão,
estou na condição de SAL aqui, então eu dou minha sugestão como SAL, obvio que a estratégia e
o caminho e a decisão é da comissão, mas talvez com alguns informes extras, bom, o primeiro
elemento para considerarmos é; um projeto que é encaminhado pelo executivo tem
procedimentalmente e tem simbolicamente mais força. Este é um elemento para considerarmos.
No entanto um projeto que é encaminhado pelo executivo, é um projeto que representa a
compreensão da presidência da republica sobre o problema, que eventualmente pode divergir
em algum ponto da comissão, o processo de submissão de um projeto de lei do executivo
funcionou da seguinte forma, um Ministério apresenta isto para todos os Ministérios que tem
haver com a matéria, cada um destes Ministérios, tem que ter o seu parecer técnico e jurídico,
com parecer favorável de todos, chega à presidência da republica e a presidente decide pelo
encaminhamento ou não ou pela redação final e encaminha para uma mensagem que é o tipo de
oficio que manda para o congresso, então, encaminhar pelo executivo significa isso, significa
colocar este texto num debate no executivo com os Ministérios envolvidos e pela amplidão do
tema eu sei que não são poucos, mas, com, obviamente com a menção clara de que se trata de
um projeto oriundo da CNPI, com acumulo que representa um consenso e com uma carga
política muito forte deixa isto claro para o governo para que o governo e seus Ministérios
deliberem com a pressão política do próprio Ministério da Justiça no sentido de uma resposta
rápida nos projetos nossos onde costumamos fazer isso, cobrar de cada Ministério e seu
posicionamento sua manifestação tempestivamente para que este projeto chegue à presidência
da republica e seja analisado pela presidente e a decisão dela de encaminhar ou não encaminhar,
no caso de um projeto encaminhado pelo executivo o lado positivo e que nos temos é maior
força regimental maior força simbólica e queira ou não um consenso do governo de inúmeras
áreas a respeito do projeto, no acaso dele ser encaminhado, então eu acho que esse, o lado
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eventualmente possa levantar uma preocupação para a comissão é, talvez sejam dois, primeiro:
Ser discutido por todos esses Ministérios é uma coisa que não é do dia para a noite.
Pode ser uma coisa, questão de semanas, pode ser uma questão de poucos meses. Mas é algo
que não é automático. Mas, para quem esperou 20 (vinte) anos, talvez dois meses, seja, para que
a coisa ande, seja algo compreensível e até desejável. Outra questão é a seguinte: O Projeto final
pode ser um Projeto de governo com base no Projeto da CNPI. Que pode ser exatamente o
mesmo ou pode ter alterações que representem a visão do governo sobre, como um todo, e seus
diferentes Ministérios, diferentes esferas sobre o assunto. E aí é uma questão política que eu,
aqui, não posso garantir que, o Projeto que será encaminhado vai ser (será) exatamente o que
está aqui.
O que eu acho que dá para tentar trabalhar e aí é uma questão de articulação da Casa Civil
e de conversa, que é de verificar, em medida é, e como esses debates seriam conduzidos no
âmbito dos Ministérios como um assunto de governo e não, de Comissão. Então é do ponto de
vista de encaminhamento pelo Executivo, os prós e contras seriam esses. Pois teriam muito mais
força, legitimidade, participação. Mas o Processo depende de um trâmite burocrático e político
interno, e, estará sujeito eventualmente a alguma alteração. Obviamente o texto quando chega
no Congresso Nacional ele é aberto para discussão é (fica) sujeito a todas alterações possíveis e
imagináveis.
E que, acredito eu, com relação ao texto original, poderão ser muito mais intensas do que a
própria, eventual alteração que o governo possa vir a fazer em algum ponto aqui. E, mais que
isso. O texto chegando no Congresso Nacional como posição de governo, é, em tese, ou pelo
menos pela parte que nós observamos, é que o governo tem mais força na prática para brigar
pela integridade do texto. Então, geralmente, um texto, não em todos os casos obviamente, isso
não é uma regra geral, mas é uma impressão, é meio que, que é que deriva da prática; é mais
comum que um texto de governo não seja mudado, do que um texto de um parlamentar seja
mudado. Existe uma, é, a força, também está ai. Então, nessa estratégia o que existe é, um risco
de alguma mudança inicial deliberada pelo governo, mas é sempre algo a ser negociado e aí, eu
acho que a própria Comissão tenha essa função de acompanhar esse Processo e de
eventualmente de discutir esse Processo com o governo durante, sei, eu acho que sem reabrir
muito as discussões, mas tem coisas que o governo e diferentes Ministérios possam querer
rediscutir; falo apenas pela Justiça, não falo pelos demais. Mas eu acho que a vantagem de o texto
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chegar como documento oficial de governo é inegável. Como texto oficial de governo.
O outro caminho tem como dificuldade, o seguinte: depende demais de articulação, de
passos e de medidas específicas. O Saulo abordou muito bem que, uma escapada do Projeto
inicial pode ter um efeito meio que catastrófico! De repente você conseguiu tirar o requerimento
de votação e se ninguém se mexer, ser voltado o texto antigo de 91, 94 e não o de 2009.
Entendeu? Então, isso gera uma necessidade de cuidado, de costura tão grande, que existe um
risco aí também! Que é o risco da costura esgarçar ou do ponto sair atrasado. Então, de vantagem
que teríamos, é que em tese não passaríamos pela demora e legitimação ou mudanças feitas pelo
Executivo. De risco, nós passaremos pela demora e pelas modificações feitas pelo Legislativo.
Sem ter a força do Executivo como um todo. A situação atual, a conjuntura, uma análise muito
pessoal minha, né? Secretário - não conversei com ele sobre o assunto. É de que hoje o texto
como foi colocado, tem o apoio do Ministério da Justiça. E não necessariamente do governo
como um todo.
O Ministério da Justiça e, obviamente a FUNAI que faz parte, é uma entidade vinculada ao
Ministério da Justiça. O texto sair como texto da Presidência da República ele tem o sinal de ser
um texto que tem o apoio do governo como um todo. E aí acho que essa busca, desse consenso
suplementar que pode tomar algum tempo, e pode ter alguma negociação, alguma concessão,
pode dar, justamente a força a velocidade o impacto e o valor simbólico que esperamos que o
texto tenha, que acreditamos que o texto tenha, mas que, sentimos que no Congresso ele ainda
não tenha sido reconhecido com a intensidade que desejamos. Então, esta é a minha visão como
secretário de Assuntos do Legislativo. Eu acho que, espero poder ajudar na decisão de vocês.
Obviamente de um jeito contraditório. Vocês podem discordar; acharem não é bem assim. Eu
acho que, completando só a minha opinião, que ganharemos e conseguiremos enfim, termos um
Estatuto se conseguirmos juntar esforços. Se a CNPI conseguir juntar esforços com o governo
inteiro e não só com o Ministério, eu acho que aí teremos realmente a chance de fazermos o
assunto deslanchar. Já conseguimos tirar a trava. Agora precisaremos empurrar, guinchar,
rebocar de alguma forma. E aí, quanto mais pessoas estiverem no Movimento, mais chances
teremos de ver isso aprovado ou, pelo menos avançando que por si só já desejamos bastante.
Sandro Tuxá - Leste e Nordeste - Mais uma vez eu fico muito agradecido, Dr. Guilherme
pela paciência e dedicação em nos amparar sobre qual o melhor método que a SAL pensa sobre
70
tudo isso. E, eu, particularmente entendi e acredito que a nossa bancada também entendeu, né?
Contudo, vale lembrar, até diante das falas do próprio Edmilson, quando ele fala, diz da questão
de aglutinar forças do próprio Movimento Indígena, da necessidade de estreitar relações; das
várias instâncias que temos enquanto articulação de Movimento. E, nós entendemos que diante
de tal decisão, ele terá que ser feito de forma coordenada né? junto com os nossos Movimentos
Organizados.
A CNPI é um conjunto de tudo isso. Até porque nós fizemos um trabalho que inspirou
certo tato, certos cuidados, uma exposição por parte de nossas pessoas enquanto lideranças
indígenas. Que, fomos em nossas Regiões, como lembrou Luís Titiah. Que teve Seminários. Que
teve FUNAI. Que teve uma série de coisas. E, voltando aqui para a sua fala, é! Realmente vamos
ter que decidir. Vamos começar a discutir o Estatuto já com o governo, porque teremos aí, os
seus ganhos e suas percas. Vamos levar logo ao Congresso porque a briga vai ser bem pior, bem
maior. Porque aí, nem todo o governo vai estar “consensuado”. Vamos começar já a brigar de
ontem, vamos brigar mais na frente.
A grosso modo é isso que representa para mim. E eu acho que nós deveríamos ter a
oportunidade de podermos processar tudo isso e podermos sentarmos, entre nós mesmos em
outro momento. Temos amanhã também, não sei. Podemos “consensuar” isso com outras
organizações. Mas essa proposta que nos trouxeram da SAL é muito bem vinda, é muito bem
aceita. Acho que nós temos que maturar tudo isso para que possamos, quem sabe, estarmos o
quanto antes com uma ação bem consolidada do Movimento Indígena. Já que o assunto Estatuto
é um dos assuntos mais delicados. Sabemos que será a mesma coisa que aconteceu com a questão
da Constituinte, né? Que nossos guerreiros tiveram que largarem suas Aldeias por vários meses
para estarem aqui, para estarem lutando, fazendo articulações. Sabemos que com o Estatuto não
será diferente. Mesmo tendo o apoio do governo...mesmo tendo o apoio do governo. Até porque,
do governo, infelizmente, como qualquer outra família, tem o ...como é? o carneiro, né?.
Não!...o carneiro..sei lá, o pele de cordeiro, não sei como é o dito popular. Então assim, a ovelha
negra. Porque vamos achar que estamos contando, vamos achar que estamos compactuando e,
não estamos não é? Mas assim, eu acho que serve. Espero que seja a fala da bancada indígena
também, para que possamos avançar nessa discussão. Teremos que fazer o dever de casa, que ele
está vindo aí com toda força e teremos que estar preparados para isso sim e, teremos que estudar
muito sobre isso. Obrigado presidente.
71
Marcio Meira - Presidente da CNPI- Saulo e depois o Dilson.
Dílson Ingaricó - Na verdade seria uma avaliação da nossa atividade na Comissão. Quando
nós vimos a uma reunião, para a reunião da CNPI com uns cartuchos para nós atirarmos naquilo
que entendemos. Parabéns para esta explanação. Eu acho que cada setor, cada representante do
governo, deveriam fazer a mesma coisa, esclarecendo essas estratégias. Aluno nenhum vai passar
na prova sem que o professor tenha uma explanação legal naquilo que diz respeito a gestão do
país, como dizer. Onde eu quero chegar com isso: quando estamos falando aqui repetidamente
né? aqui na bancada indígena né? É porque nós não sabemos construir a estratégia. A estratégia
se constrói a partir do momento que nós tenhamos uma boa compreensão. O que nos esclarece,
isso complementa a nossa arma para nós montarmos a nossa estratégia. Isso é muito bom.
Muitas vezes temos a dificuldade de criar uma política pública. Ficamos discutindo aqui
problemas internos dos Ministérios como muitos falam aqui: me desculpe é que a bancada do
governo, que toda vez que vimos para cá sempre está vazio, ali. Parabenizo aqui, é, a bancada
indígena que sempre está lotada, até o fim. Do início até o fim, a bancada indígena sempre está
cumprindo com seu dever. E, a bancada do governo me desculpe, sempre esvazia antes do
tempo. Então eu acho que, nos compromissos de dialogar e construir uma política pública, antes,
precisa ter o esclarecimento legal. Eu acho isso é o primeiro passo. Não adianta nada discutirmos
aqui sem sabermos as estratégias. Obrigado.
Saulo Feitosa - CIMI - Minha intervenção é mais no sentido de dizer que as interações que
foram feitas, é óbvio, precisamos aprofundar mais a discussão...é isso mesmo né? Só, que
também têm questões que elas independem de vir ou não uma propositora da parte do
Legislativo. Por exemplo: a questão da Comissão Especial independe se teremos ou não o texto
do Executivo. A questão da Comissão Especial é a seguinte ou se discuti no plenário da Câmara
nós não temos acesso aos deputados, o se discuti na Comissão Especial mesmo que seja o Projeto
que venha do Executivo.
Então isso já é um consenso. Desde quando começamos a discutir o Estatuto, até para
quem, o trabalho das oficinas repercute, esse texto tem que ser criado uma nova Comissão
Especial. E hoje, o vice-Presidente da República, então presidente da Câmara, ele já tem a
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clareza, viu Guilherme, de qual era a nossa Proposta. Não fez porque politicamente não achou
interessante. E nós podemos até entender naquele contexto eleitoral. Então, como ele havia
assumido o compromisso de destravar o Processo, ele o fez! Ele disse, bom, então se, se destrava
qual é a conseqüência disso? Entra na pauta, chega e entra na ordem do dia.
Ótimo. Então nós temos que inclusive reconhecer que ele cumpriu com o acordo, né?
Então, é só também para dizer isso. Mesmo que tenhamos uma tramitação de um novo Projeto
de Lei que será construído no Executivo, a questão da Comissão Especial, para que nós da CNPI
e para que o Movimento Indígena tenha uma participação, ela é imprescindível. E a outra
questão também que tem que ficar clara para nós, quer dizer, independente de qualquer questão
dessa mesma vindo do Projeto de Lei do Executivo, nada impede do voto em separado, como
agora, no Projeto da mineração, né? Inclusive, que pode partir até de parlamentar que está na
base, aí entre os aliados, né? Mais uma vez, só para reforçar que, para mim, nós estamos
começando primeira reunião da CNPI em alto estilo. Acho que a discussão é essa mesmo.
O Márcio já colocava ali no intervalo, que a idéia era de nós termos alguns temas que
seriam prioritários, que iríamos trabalhado ao longo do ano e essa discussão, desde que nós
começamos, no primeiro momento da manhã, né? e essa discussão agora, eu quero assim,
testemunhar que eu fico mais animado para nós discutirmos as questões maiores, né? que dizem
respeito a todo mundo. E, Guilherme, embora eu entenda que você coloca que a Proposta do
Ministério da justiça, agora não podemos deixar de reconhecer que todos os Ministérios que
estão representados aqui pelos menos os 12 (doze), eles pactuaram! É lógico, não veio como uma
Proposta do Executivo, mas isso inclusive chegou ao conhecimento do presidente da República,
que esteve numa reunião da CNPI. Então, agora um novo governo, mas, também dentro da
história do governo anterior e acho que isso se consolidou. E o importante é que nós
reconheçamos isso.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Eu acho que, antes de passar a palavra aqui para o
Guilherme eu queria dizer só dizer o seguinte: Que, de fato, o que o Saulo falou chamou a
atenção e eu queria destacar. Eu gostaria muito que pudéssemos, nesta nova etapa, agora da
CNPI neste ano 2011 (dois mil e onze) governo da presidente Dilma, que nós pudéssemos travar
debates aqui na CNPI sobre grandes temas e grandes questões de interesse dos povos indígenas.
Eu entendo que nesse tema específico aqui do Estatuto, temos outros temas ainda para
73
tratarmos, eu vejo que ficou claro para todos nós aqui a explicação do Guilherme de que do
ponto de vista metodológico, digamos assim, encaminhamento formal tem dois caminhos para
que possamos andar com o Estatuto, certo? Acho que nós *palavra não compreendida uma
vitória muito importante que foi destravar o processo, essa é uma conquista importante da CNPI
e outra conquista foi construir um Projeto como nós construímos, né?, de forma participativa e
inclusive, até esqueci de falar a vocês, exemplo isso já foi, o Guilherme que é testemunha de que
a elaboração da Proposta do Estatuto pela CNPI já foi motivo de exemplos em Seminários de
como deve ser feito um Processo participativo de elaboração Legislativo. Ano passado! Na
Presidência da República! Acho que isso é um grande mérito da CNPI. Por outro lado, temos
consciência de que houve uma grande participação dos Ministérios que participam aqui da CNPI
na construção de um grande consenso mas não necessariamente da unanimidade.
Havia alguns pontos em que não houve unanimidade, mas houve, digamos, um
posicionamento final de que nós votaríamos e aprovaríamos aquele texto que foi aprovado. Mas,
o índice de aprovação dos Ministérios foi muito grande então eu acho que isso ajuda na
construção. De qualquer forma o que eu queria colher do que foi dito aqui, acho que, queria
sugerir que nós pudéssemos dar nesse ponto um encaminhamento neste sentido é de quê.
Primeiro, a questão do, no âmbito desse tema do Legislativo, certo? o Estatuto seja encarado
como prioridade máximo. Quer dizer, a prioridade máxima do governo no tema Legislativo em
relação a questão indígena é o Estatuto dos Povos Indígenas. Então isso que eu acho que foi um
entendimento aqui de todos. Segundo ponto é o seguinte: o Ministro da Justiça colocou a
disposição hoje aqui de contribuir, inclusive com sua experiência como deputado federal para a
condução desse Processo. Então eu acho que temos também aí um segundo aspecto que ajuda
muito em relação a nossa tarefa como prioridade, certo? O terceiro ponto é de que tenhamos um
levantamento, aí esse levantamento poderia ser feito talvez pela subcomissão de Assuntos
Legislativos da CNPI em conjunto com a SAU de, quem são os deputados e senadores. quer
dizer, aquilo que a professora Francisca levantou.
Quem são, agora na nova Legislatura os deputados eleitos, os senadores eleitos. Quem são
aqueles que são potenciais aliados da aprovação do novo Estatuto dos Povos Indígenas. Para nós
podermos ter um mapa desses deputados e senadores, né? Com a colaboração obviamente da
bancada indígena, né? e das organizações indígenas e nós podermos fazer esse mapa. Um
terceiro ponto é que a, própria subcomissão de Assuntos Legislativos, junto a APIB possa, a
74
partir desse mapa feito, né? desenvolver um trabalho corpo a corpo no Congresso Nacional com
esses deputados e senadores que forem identificados nesse mapa de aliados, né? Um outro ponto
e que na verdade antecede a todos esses, é que, nós possamos a partir de hoje ou amanhã,
definido com a agenda do Ministro marcar essa reunião com o Ministro e que esse seja o
primeiro ponto de pauta. Quer dizer, obviamente uma reunião com o Ministro não podemos ter
10 (dez) pontos de pauta, né? Acho que devemos ter um ou dois pontos de pauta com ele, três
pontos de pauta no máximo, para podermos estar com ele.
E, aí, eu queria pedir a Guta representante aqui do Ministério da Justiça, né?, que
pudéssemos já definir aqui como primeiro ponto de pauta na reunião com o Ministro, como
tema máximo de prioridade né? da CNPI o tema do Estatuto dos Povos Indígenas. E que nós
possamos levar a ele nessa reunião o tema do Estatuto dos Povos Indígenas. E que nós possamos
levar a ele nessa reunião já um pouco desse trabalho. Se pudermos ter, já esse mapeamento; os
dois caminhos já definidos aqui, porque eu acho que aqui, a leitura que eu faço é a seguinte;
acho que aqui ainda não é o momento de se definir qual o caminho que tem que ser seguido. O
que está se definindo aqui é o seguinte: existem dois caminhos e, precisa ter mais elementos para
que possamos definir qual o melhor caminho. Eu acho que o próprio Ministro, pela experiência
que ele tem no Congresso como deputado, pelo empenho que ele explicitou aqui hoje no sentido
de construir essa agenda ele também pode ajudar, né?, no debate com ele sobre a definição
desses caminhos. De um ou de outro caminho ou quiçá de um terceiro que nós nem, ou dos dois
juntos, que nós possamos ouvir dele. Porque ele como deputado certamente poderá trazer-nos
alguma luz né? que não conseguimos perceber. Eu queria sugerir aqui, no que pudéssemos, no
que tange ao estatuto dos Povos Indígenas, dar esse encaminhamento e que possamos sair para o
intervalo do café aqui agora. Tem o intervalinho do café.
Retorno:
Guilherme - Secretaria de Assuntos Legislativos/MJ - Retomando. Naquele começo
tínhamos feito aquela categorização de: 1º: Aquelas que são nossas prioridades máximas. 2º:
Aqueles que somos contra. 3º: Aqueles que vamos dar uma olhada com calma mas que, a
princípio gostaríamos que fosse tratado com o Estatuto.
Acho que o primeiro tema para voltarmos aqui, é pelo menos informar e pensar o que
podemos fazer sobre nossa segunda grande prioridade que é o Conselho Nacional de Política
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Indigenista.
Vale um informe: Como está a tramitação disso. O que acontece: ele foi indicado para
passar, foi apresentado na Câmara pelo Executivo. Ele tinha que passar por 4 (quatro) comissões.
Três primeiras. Ele já passou pelas duas primeiras, está na terceira. Cada Comissão, ela analisa o
Projeto segundo a sua lógica e segundo o seu tema. Vou até buscar aqui as comissões que ele
passou. Ele já passou pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, e foi aprovado. Já passou
pela comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, foi aprovado. A terceira comissão
que ele iria passar e que está agora, é uma Comissão de Finanças e tributação.
A função dessa comissão é a seguinte: é verificar se vai gera custo; se esse custo está
previsto; como é que está o orçamento do governo para este Projeto e tudo mais. Quem estava
analisando isso e que iria fazer seu relatório seria o deputado Vinhatti de Santa Catarina que,
infelizmente não foi reeleito. Mas nós tivemos algumas reuniões com o deputado Vinhatti ao
longo do ano passado. Ele tinha algumas dúvidas sobre a questão de finanças, orçamento,
tributação com relação a esse Projeto. Nós esclarecemos essas dúvidas e o então Ministro Luís
Paulo Barreto encaminhou a ele uma mensagem, um ofício, um aviso dizendo: olha, com relação
a questão orçamentária, a situação é essa, está tudo previsto, então não há impacto nenhum! o
deputado Vinhatti analisou, recebeu e apresentou um parecer favorável, ou seja, ele falou: olha,
o Ministro me explicou que está tudo certo. Então estou de acordo. O parecer dele ia ser votado.
Está para ser votado. Ia ser votado no ano passado, só que daí, o Congresso é assim: aconteceu
um problema, por uma questão não colocaram na ordem do dia, não votou, não votou... passou o
ano!!! E ele não está mais lá. O que acontece agora? É preciso que a Comissão de Finanças e
Tributação indique um novo relator. Esse novo relator se quiser, ele já tem um parecer
anteriormente apresentado. Ele vai ter sua própria visão, mas já tem algo para ajudá-lo a
entender a situação. E, ele apresentando esse novo relatório, esse relatório é votado e se for
aprovado vai para a última comissão.
Então qual a pode ser, qual que eu acho que é a nossa estratégia possível agora. E em
princípio é a que a SAU adotará salvo se houver alguma divergência, algum entendimento
contrário. Vamos trabalhar para que nessa comissão, identificar nessa comissão quem seria o
deputado com interesse na causa, com proximidade com a causa, que compreenda a situação e
que mantenha a opinião favorável ao que já foi apresentado pelo deputado Vinhati, mas que não
teve tempo de ser votado. E aí, encontrar um deputado que possa, que tenha isso e tentar fazer
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com que ele seja o relator. Fazer com que ele apresente o relatório o mais brevemente possível e
que o Projeto seja votado. O Projeto depois irá para a Comissão de Construção e Justiça que é a
última Comissão na Câmara. Na Comissão de Construção e Justiça, esse Projeto, não será
analisado o mérito [não terá o mérito analisado] A Comissão vai só ver se o Projeto é
constitucional ou não.
A princípio não deverá ter problema. Mas também eu acho que é uma tarefa do Ministério
da Justiça e na qual eu espero contar com o apoio da Comissão de também garantir de que, a
pessoa que vá analisar o projeto, seja uma pessoa que tenha afinidade com a causa, que tenha
conhecimento da causa, que possa sim, fazer um relatório embasado e, assim desejamos
[esperamos] pela aprovação para que ele seja aprovado. A boa notícia é que assim: existem alguns
ritos de apreciação de um Projeto de Lei. Dá para dividir em vários tipos, como urgência,
prioridade, etc.? Mas uma coisa que é boa saber, é que tem Projetos que eles são votados na
Comissão e depois eles são votados em plenário. O caso clássico que temos aqui é o caso do
Estatuto que para ser votado em plenário levou tantos anos. Existem casos, por outro lado [por
outro lado existem casos] em que o Projeto, é o que chamamos *palavra não compreendida
conclusiva na Comissão. O que isso que dizer? Se a Comissão 1 (um) falar, de acordo; a dois falar,
de acordo; a três falar, de acordo; a última Comissão que falar, de acordo; ele vai direto para a
outra Casa. Ele vai direto para o Senado. Então, ele não corre o risco, a não ser que alguém
apresente um requerimento e peça que ele seja julgado em plenário. Eu acho que não vai ser o
caso e nossa função é trabalhar para que não seja, porque sendo votado nessas duas últimas ele
vai direto para o Senado. Então, é um Projeto que, embora ele esteja tramitando desde 2008
(dois mil e oito) eu acredito que ele tenda a não demorar tanto. O pequeno problema que teve ao
longo de 2010 (dois mil e dez) foi justamente essa dúvida em relação a questão financeira que o
Ministro Luís Paulo Barreto explicou e que o deputado compreendeu e a Comissão teve que
votar. Então, o acompanhamento próximo à Comissão, no sentido de identificar a melhor
pessoa para ser o relator.
Buscar um relatório favorável para que ele seja votado na Comissão seguinte. E também
continuar o acompanhamento no Senado. Então, é um Projeto que apresentou um pequeno
probleminha, que já foi resolvido e a nossa estratégia é não perdê-lo de vista e identificar se
acontecer alguma coisa errada. Mas ele está seguindo o seu ritmo normal de tramitação. Essa é
uma boa notícia. Eu acho que podemos ficar um pouco confortável com isso mas sem perder
77
obviamente a atenção na matéria.
Outra iniciativa Normativa que temos lá no Ministério da Justiça que chegou recentemente
é o Decreto da Política Nacional de Gestão Ambiental em terras indígenas. *palavra não
compreendida que foi debatida também, eu sei, longamente com as comunidades, tem toda uma
construção social, uma longa aí, construção social que está agora, depois de uma última rodada
no governo de pequenos ajustes , está no Ministério da Justiça para uma apreciação final. Essa
Proposta deverá ser analisada nas próximas semanas e colocada naquele sistema de
documentações, como contei no começo, o que acontece com o Projeto de Lei do Executivo,
acontece também com o Decreto. O Ministério que apresenta, ele apresenta e indica todos os
Ministérios que têm relação com a matéria para que as suas consultorias jurídicas dêem o parecer
e para que os Ministros assinem. E quando isso acontece, chega à Presidência. Então ele está
nesta fase.
O Ministério da Justiça está nessa última análise para colocar no sistema, consultar os
demais Ministérios envolvidos para que eles apresentem seus pareceres e, chegar à Presidência
para a deliberação final. No caso o Decreto não vai ao Congresso e é a própria presidente quem
assina e ele entra em vigor. Então eu acho que nós estamos aí em um estágio bastante avançado.
Está em discussão finalíssima no governo. Muito mais para os pereceres finais. Eu acho que
teremos aí, nas próximas semanas ou no máximo, nos próximos meses, o Decreto na Casa Civil e,
espero eu, e aprovado muito em breve.
Não sei se eles têm Projetos específicos que vocês gostariam de debater. Eu trouxe o
computador para isso, no caso de um Projeto não estar na minha listagem e podermos buscar,
analisar. Uma sugestão que eu faço é a seguinte: vocês comentaram agora há pouco sobre o
interesse de a subcomissão de assuntos Legislativos tivessem uma visão geral dos Projetos. E,
para nós da Secretaria de Assuntos Legislativos, isso é muito bom, pelo seguinte. Como a nossa
função é tentar se posicionar indicando a posição do Ministério, em todos os Projetos de Lei
*palavra não compreendida o Ministério. Muitas vezes os temas são os mais variáveis possíveis.
Quanto mais informações qualificadas a secretaria tiver para defender posições favoráveis
ou contrárias, melhor! E eu não vejo um Órgão melhor ou mais legítimo para informar sobre
essas possíveis posições ou apontar problemas ou bons Projetos do que a Comissão. Uma sugestão
de procedimento que eu coloco aqui e me coloco a disposição também da Comissão é a seguinte:
a Secretaria de assuntos Legislativo poderia levar todos os Projetos de Lei existentes que nós
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encontrarmos que tratem dos da questão indígena e encaminharmos para a Comissão. Aí, o
papel da Comissão ou da subcomissão, se for o caso, seria de avaliar esses Projetos e tentar
apontar em cada um desses Projetos se ele é bom ou se ele é ruim e por quê. Essa informação
ajudaria muito ao Ministério da Justiça levar ao governo, as lideranças do governo, a CRI, a
subchefia de assuntos parlamentares que coordena as articulações. Qual é a posição com relação
aos assuntos indígenas? Então, poderemos manter sempre o foco naqueles nossos Projetos
prioritários.
Tendo duas prioridades, saberemos com clareza o que é prioridade. Mas é fundamental,
acho que é muito importante para a política indigenista, ter uma visão geral dos Projetos que
existem, e ter uma posição inicial de preferência legítima, ou seja, vindo da Comissão, se o
Projeto é bom ou ruim. E aí, eu, como o Ministério da Justiça e como secretaria de Assuntos
Legislativos, eu me comprometo a ajudar a levar essa posição em cada um dos Projetos. Por meio
de nota técnica e, aí, o que seria interessante, seria ter não só, uma visão da posição sobre cada
um dos Projetos, eventualmente dos pontos positivos que eles possam ter, mas, sobretudo, da
importância e da prioridade de cada um. Porque faz parte, e aí, contando um pouco do nosso dia
a dia, da estratégia Legislativa, o debate político é um debate é confronto de idéias onde as vezes
nós ganhamos, as vezes perdemos e as vezes cedemos algumas coisas. Então, até entender que
tipo de Projeto é um Projeto que achamos que não seja tão nocivo ou que seja até benéfico. Uma
coisa pode ser ruim numa estratégia Legislativa é sempre ser "contra". Isso sentimos no dia a dia
nas diferentes áreas. Consumidor, segurança pública... se formos sempre contra tudo, chega uma
hora em que deixamos, na Secretaria, de sermos ouvidos.
Então, identificar altas positivas, outros Projetos que sejamos favoráveis a aprovações, isso
não é imprescindível, mas ajuda muito na estratégia. Olha: aprove esse. Mas esse aqui, nem
pensar mesmo! Então, a comissão ao levar isso em consideração na hora de analisar os Projetos,
ou a subcomissão, se for o caso, para nós isso é uma ferramenta fundamental de estratégia.
Então, minha sugestão é a seguinte: Eu me comprometo a levantar lá com a nossa equipe e
encaminhar para a subcomissão todos os Projetos que encontrarmos com relação a questão
indígena. E aí, embarcaríamos, ou seja, na 1ª rodada: quais são os mais importantes ou os menos
importantes. 2º: Quais àqueles que somos favoráveis e que somos contrários. 3º: Quais os que nos
são muito favoráveis e muito contrário. E ou, quais àqueles que achamos que dá para consertar e
por quê.
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Ate agora vimos traçando a estratégia com base naqueles três pilares que eu contei no
começo. Os prioritaríssimos; aqueles que não topamos de jeito nenhum. E aquele bolo que não
entendemos direito, não tem subsídio para compreender a matéria em profundidade e, portanto,
nós falamos, olha: parece legal mas é melhor o Estatuto.
Se conseguirmos fazer com que essa Comissão, ela consiga entrar num detalhe e consiga
atingir com mais clareza o tema específico, eu acho que teremos chances de termos boas vitórias
também. Mas, de novo, a minha visão como secretário de assuntos legislativos, de como lidamos
com estratégias de outras áreas, é a Comissão que é soberana para definir e decidir a estratégia e
contar com o apoio da SAU para executá-la.
Não sei se a idéia é boa, mas também quero muito ouvir vocês.
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Obrigado Guilherme. Vamos abrir agora as
inscrições. Só quero pedir que possamos, são 5:35h (cinco e trinta e cinco), estabelecer um teto
para a reunião às 18:15h (dezoito e quinze).
Os inscritos:
A Lylia, depois a professora Francisca.
Lylia Galetti – Ministério do Meio Ambiente- Lylia Galetti do Ministério do Meio
Ambiente. Eu acho a idéia muito boa viu, Guilherme? Eu ia até propor isso. Esse levantamento
para que a nossa subcomissão possa acompanhar. Agora eu acho que tem alguns Projetos [me
chamou atenção essa coisa de que não podemos ser sempre contra]. Acho que na conjuntura
atual, com um Estatuto que digamos, abrange grande parte das principais questões que dizem
respeito aos direitos indígenas, é difícil não trabalhar no "atacado". Aí eu acho que falta talvez
outra coisa que possamos fazer no âmbito da CNPI é ter algum posicionamento em que os
demais órgãos de governo possam também seguir. Não uma determinação. Pelo menos uma
indicação em relacionados Projetos, de como orientaríamos uma orientação da Comissão
Nacional em relação ao seu posicionamento nesse sentido.
Vou dar um exemplo que nós do Ministério tomamos: assumimos o Projeto do Estatuto
como um Projeto que dá conta de uma série de questões. Então, tudo que chega para nós, para
área técnica, que vem pela assessoria parlamentar, aqueles Projetos de Lei que entende-se que
deva ter uma opinião do Ministério do Meio Ambiente. Por exemplo: todos os Projetos
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referentes a maioria da terra da Chiquinha, infelizmente, que são Projetos que tentam caçar a
homologação das terras indígenas. É um Projeto de Lei para caçar a homologação com
argumentos de que a FUNAI desrespeitou isso, desrespeito aquilo etc. etc. Mesma coisa, os
Projetos que pedem que a demarcação das terras indígenas saiam do âmbito Executivo e vá para
o Legislativo.
Tem mais de um! Para nós, acho que recebemos uns três Projetos diferentes, nessa linha.
Que a demarcação não deve ser no Executivo [não é um, são três, quatro, cinco deputados] acho
a Frente Parlamentar anti-indígena, possivelmente, coordenadamente, encaminham esses
Projetos. E do Mato Grosso, é sistemático os deputados federais do Mato Grosso, o
encaminhamento de Projetos de Lei tentando caçar terras indígenas já homologadas, né? Então,
um pouco essa orientação. Acho que têm questões. Como essa Comissão fechou questões em
torno de um Projeto de Lei, que é o Projeto do Estatuto, que de alguma maneira, tivéssemos dos
órgãos de governo, essa orientação. Quer dizer, está dentro do Projeto de Lei do Estatuto?! Isso é
o que temos feito lá nas nossas notas técnicas. Isto está contemplado no Estatuto que também
está, então, portanto, tchau para vocês. Nós vamos ficar com o Estatuto! Alguma coisa aí nessa
direção porque aí nos organizamos e atuamos de maneira coletiva no mesmo sentido.
Professora Francisca.
Francisca Navantino Pareci- Francisca Navantino, Mato Grosso.
Bom, eu compreendi agora algumas questões que você colocou. Mas eu havia pensado uma
coisa muito mais avançada. Uma agenda de trabalho mais aperfeiçoada para nós. Tipo assim: O
que a CNPI vai fazer como ação para este ano dentro destas prioridades? Que nós vamos fazer?
Porque o que a Lilian colocou ali, que eu assim, achei muito importante. Ela colocou aí. Por
exemplo, no caso do meu povo lá. Todos aqueles Processos que foram encaminhados no governo
Lula, praticamente, todos com Processo na Justiça! Quer dizer, o que adianta? Andou um
pouquinho e voltou. Então essa é uma questão. Então eu pensei assim dentro da minha visão, da
realidade da minha Região, e pensando também no nosso Brasil diante das situações todas que
nós temos visto aí com os colegas aqui, é, manifestando os problemas que eles têm nas suas
Regiões.
Eu pensei assim, o que poderíamos classificar como prioridade de ações? Por exemplo:
Ações do governo que são atitudes, e posições que o governo terão que tomar para
81
determinadoras questões que afetam os povos indígenas. Por exemplo, assim: na questão da
educação; na questão da saúde. Esse Decreto mesmo, Decreto 7446 (sete mil, quatrocentos e
quarenta e seis) de 1º de março de 2011 (primeiro de março de dois mil e onze) que vetam um
monte de coisas. Um monte de ações estão comprometidas, né? Esse é um exemplo. Aí, além
desse daí, ainda temos a questão dos procedimentos demarcatórios. Que muitas vezes não
avançam por questões orçamentárias, ou por qualquer outra questão. Isso, no meu
entendimento, são ações de governo! Outra questão: Projetos de sustentabilidade econômica.
Muitos Projetos que as comunidades indígenas querem fazer, que estão em andamento, às
vezes paralisam! Ou porque acabaram os recursos, ou porque numa situação e outra e o governo
não se posiciona! Então, mais ou menos é isso! Tem mais coisas! Mas eu estou só elencando
exemplos dessa natureza. No caso das ações do Legislativo; prioridade 1 (um)! Estatuto dos Povos
Indígenas. Aliás, é prioridade de gerações!!! Que, se brincar, já vamos fazer 50 (cinqüenta) anos,
brigando por conta desse Estatuto, né?! Um caso! o Estatuto dos Povos Indígenas. Prioridade 2
(dois)!: A criação, né?, a homologação, né?!, e de fato, é homologar o Conselho Nacional de
Política Indigenista! Para mim é isso: prioridade! São duas prioridades grandes!!! Aí, tem essas aí!
E Outras! Além disso, nós temos outras questões. Por exemplo, assim: As estratégias. Você
colocou aí que, em muitos momentos nós teremos que debater com o legislador, certo? Então,
para mim, nada é mais justo, e de que funcionaria perfeitamente esta instância aqui de
colegiado, tratar o assunto aqui, dessa discussão que você acabou de colocar aí. Por exemplo:
venham para cá os deputados. Os deputados que venham para cá, debater conosco! Por exemplo:
a partir desse levantamento que você vai fazer aí, né? Levantando quais são os Projetos, inclusive
esses Projetinhos pequenininhos, coisas assim, ementas, não sei o que, como a Lylia colocou!
Venha discutir aqui! Deputado, o senhor vai ter que ir lá! Sentar cara-a-cara com os indígenas
para tratar do assunto! Esta é a minha proposta!!! Por que eu estou dizendo isso? Assim como, o
governo tem, os aliados, a base aliada; pode-se dizer assim né? a base aliada, ele tem também, a
oposição!!! Evidentemente! Nós também! É a mesma situação!.
Só que nós precisamos encontrar espaços propícios para fazer a discussão! Por exemplo: eu
me senti totalmente assim inútil! no dia em que foi para votar esse Conselho. Nós ficamos
desesperados, porque eu nunca havia lidado com essa situação, né? Praticamente por conta de
um grupinho, pequeno, nós fomos inviabilizados de aprovar o Conselho!!! E chegou ao ponto do
deputado chegar e falar: não, nós vamos ter que fazer isso assim, assim. A Teresinha sabe melhor
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a história porque ela ficou, coitada, desesperadamente correndo atrás para tentar organizar o
Processo. Mas nós fomos ameaçados! Então, tem espaços em que, nós indígenas, somos
ameaçados! Quando se trata de interesses coletivos, gerais e de direito! né?. Então! Aí nesse
caso, vem para cá, para a discussão!. É isso que eu quero ver o governo atuar conosco! Colocar
nós, representantes indígenas, desta Comissão, em igual situação com eles, governo. Eu acho, no
meu entendimento, pelo que eu vi hoje, da fala do Ministro, é esse o encaminhamento que ele
está tentando nos colocar, e trazendo, abrindo novo diálogo conosco.
Esse é o meu entendimento. Então, por exemplo, dessas questões que você colocou que eu
achei extremamente, muito interessante! a agenda partiria desses encaminhamentos, tá?
Prioridade 1 (um), prioridade 2 (dois), prioridade três e assim vai indo. Até chegarem questões
pertinentes, questões básicas, por exemplo, como essa questão de proibição de diárias, de não sei
o que. Questões pequenas, que não se podem fazer por causa de Decreto, por causa de uma série
de procedimentos jurídicos, administrativos que impedem as ações de serem feitas, né? junto às
comunidades indígenas! É nesse entendimento, Guilherme, que eu gostaria de saber de você, se
você também, tem a mesma percepção em relação ao governo? Porque eu estou entendendo
assim! E aí, eu queria ver de você, essa posição?!
Saulo Feitosa - CIMI - É uma proposta já de encaminhamento, acho que a subcomissão de
assuntos legislativos, até irá fazê-la amanhã.
Durante as reuniões de subcomissão, nós temos um tempo limitadíssimo, né? Você tem
uma manhã e uma tarde para se discutir. A Proposta então, que a Subcomissão de Assuntos
Legislativos e a SAL, agendem amanhã, quando nós formos fazer a programação da CNPI ,
agendem um dia ou dois dias para uma reunião fora do ambiente da reunião ordinária, da
subcomissão. Se, um dia de trabalho ou dois dias de trabalhos para aprofundarmos essas
questões, né? Até porque, até a legislatura passar, nós já tínhamos essa tabela com a listagem dos
Projetos de Lei. Inclusive, muitos deles apensados ao próprio 2.057 (dois mil e cinqüenta e sete).
Mas, além da Câmara, nós temos o Senado com alguns aspectos que precisamos chegar a um
entendimento comum.
A SAL e a subcomissão, *palavra não compreendida* então eu acho que, se conseguirmos,
1(um) dia ou, sei lá, ou até dois dias para trabalhar, né? E amanhã já poder fazer esse
agendamento. Acho que é muito bom até nessa perspectiva de atualizar esses Projetos e tomar
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decisões conjuntas.
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI - Acho que é só um complemento dos
encaminhamentos aí. Acredito que, até para o nosso preparo, acho que para a organização
interna, algumas ações antecedam talvez até a reunião com o Ministro. Que seria essa agenda de
trabalho, que talvez seja esse levantamento que está se propondo, dessa Comissão ter um tempo
para sentar e ver com a questão das prioridades que serão, que poderão ser alcançados a, curto,
médio e longo prazo. Dependendo da excepcionalidade de cada um. Acho que é assim, uma coisa
assim que também acho que antecede é a questão da excepcionalidade com relação a esse
Decreto.
A CNPI pode propor um encaminhamento ou um direcionamento para que o Ministro
tenha condições de discutir o planejamento, com que forma vai se dar essa excepcionalidade.
Porque isso antecede tudo! Isso antecede a nossa organização tanto da CNPI quanto da FUNAI
nas nossas bases. E se, não abrirmos essa excepcionalidade, nós estaremos amarrados em
fazermos várias ações que estão sendo impedidas através desse Decreto. Então é uma questão de
verificar isso, que se está propondo. A questão da excepcionalidade e apontar os pontos que já
foram discutidos aqui. E a questão do Estatuto e do Conselho. Então, praticamente só para
finalizar isso e depois que a Comissão aí, que é a SAU né? tenha condições de discutir
profundamente como vai fazer os encaminhamentos com relação a esses Projetos que estão
tramitando dentro do Congresso. É só isso para ajudar no encaminhamento. Obrigado.
Guilherme - Secretaria de Assuntos Legislativos/MJ - Não sei se já nos encaminhamos para
os momentos finais. Mas, de toda forma queria pelo menos dialogar também com as falas. 1º a da
Lylia e explicar melhor na verdade, em dois pontos: 1º é o seguinte: quando eu digo que em
alguns casos nós, no Processo, na estratégia Legislativa, nós identificarmos Projetos que possam
ser aprovados *palavra não compreendida troca por outros casos, eu falei em abstrato, isso é mais
ou menos como lidamos na secretaria. Podem existir questões ou *palavra não compreendida ou
agendas, nas quais uma defesa intransigente nessa posição é necessária. Estou me colocando,
não sou membro da Comissão, vocês entendem melhor a política do que eu, é apenas um
elemento para se considerar uma definição de uma Política Legislativa.
E aí, eu queria completar essa intervenção, com relação a, justamente essa idéia de uma
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Política Legislativa. Qual que é a nossa idéia? A idéia é de que, aquilo que fazemos no Congresso,
aquilo que fazemos por Decreto, encaixe com aquilo que queremos que aconteça com esse tema
com essa área. A nossa briga é para que dê certo, o que queremos. Então não podemos perder
isso de fundo, de meta. E quando eu mencionei a idéia de analisar Projeto por Projeto, ou ter
elementos extras, a idéia é mais ou menos a seguinte: nosso dia a dia, a nossa comunicação com o
Congresso, é avisar aos deputados de uma Comissão tal, que vai votar. Senhor deputado, o
Ministério da Justiça com relação a esse Projeto, acha isso! E, ainda por cima, há outras
entidades, outros Ministérios, outras Comissões que nos apóiam com relação a isso, acham
aquilo, e, portanto somos a favor ou contra.
A nossa regra geral como contei até agora para este tipo de Projeto era contar. Olha, é um
Projeto que, trata de um tema que já está no Estatuto e, portanto quero que não vote. Se,
conseguirmos qualificar essa resposta, para que ela seja uma resposta mais ou menos assim: olha,
esse Projeto é um tema que está no Estatuto. E por isso queremos que não vote. E, além disso,
essa idéia não é boa por conta disso, disso, disso e daquilo? Teremos mais força! Aprendemos
nesses anos de SAL que, embora, nem sempre as pessoas acreditem muito nisso, é verdade o fato
que bons argumentos são ouvidos pelo Congresso. Enquanto vocês puderem trazer para a Mesa,
para o debate, para a Secretaria, para o Ministério, para a FUNAI, para a Comissão bons
argumentos em cada um dos casos, eu acho que só temos a ganhar. É esse que é o meu convite. É
essa que é a minha proposta, essa é que é a minha intenção quando eu acho que podemos buscar,
aprofundar posições e argumentos em cada um dos Projetos.
Professora Francisca, com relação a sua intervenção, eu acho que ainda tem dois elementos
diferentes. Vou tentar separá-los.
1º é o seguinte. Com relação a estratégia para a Comissão, eu acho que me cabe no máximo,
dizer o que eu penso mas aí eu tenho até que sair da Comissão. Então da estratégia, as
priorizações, quais seriam os caminhos possíveis, quais são as alternativas, como Secretaria de
um Ministério, que apoia a Comissão, eu trago com muita boa vontade, mas eu acho que a
decisão da estratégia em sí, deve sair daqui. Eu não me sinto legítimo, não acho que seja a minha
função fazer isso.
Com relação a medidas administrativas e burocráticas, eu tenho sentido, no início de
governo, e não é apenas impressão minha, saiu nos jornais, vocês mesmos perceberam, que
existe sim, uma política de maior austeridade fiscal e de contenção de despesas. O que não é
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necessariamente negativo, pelo contrário, faz parte de um cuidado maior com a coisa pública,
faz parte de medidas econômicas para garantir um adequado desenvolvimento e por aí, vai.
E, de um modo geral, esse tipo de medida, ela é desenhada em um contexto macro. O
mesmo corte que vocês sentem, eu sinto! Nossas limitações orçamentárias para fazer viagens, e
passagens, praticamente cortaram, um quinto dos nossos planejamentos de debates e de Projetos.
Estamos buscando formas de contornar. Mas é importante entender que isso não é em prejuízo
de uma área, de um segmento, de uma Comissão. Isso é proposto de uma forma abstrata. Então,
sinto também isso. Eventualmente, há espaço, embora, entenda eu, reduzido, de reverter em
excepcional alguns casos. Porque todo mundo quer ser recepcionado. Eu acho que a CNPI é um
caso que cabe mais que inúmeros outros, mas é uma questão a ser lidada diretamente com o
planejamento, nas quais as ações de sucesso dependerão do planejamento.
E com relação a estratégia como um todo, eu acho que o passo inicial para identificarmos o
conjunto de Projetos e obtermos uma posição, sem prejuízo das estratégias já faladas, com
relação ao Estatuto, buscar um diálogo no governo e buscar uma *palavra não compreendida
Comissão Especial, com relação já ao Projeto de Lei, de Conselho, acompanhar de perto o
trâmite adequado. Então eu acho que estamos num bom caminho. Na condição de um
"opinador" externo, essa é a minha posição.
Obrigado Guilherme. Eu queria aproveitar e agradecer muito a sua presença aqui na CNPI.
Agradecer a SAL - Secretaria de Assuntos Legislativos, secretário Marivaldo, que não pode estar
aqui, mas que está sendo representado por você muito bem!
Até pelos ensinamentos. Eu próprio aprendi muita coisa hoje sobre Processos do
Legislativo e temas correlatos que eu desconhecia. Isso tudo ajuda muito a CNPI e aos membros
da CNPI a aprofundarem mais esse tema. É um tema que eu considero crucial para a Política
Indigenista.
(Aplausos)
Estamos aqui já caminhando para o final deste tema. E, a partir do que foi colocado, eu
queria propor um encaminhamento para complementar a 1ª parte daquele que já foi aprovado.
Com relação a questão do Conselho, como foi dado o informe aqui, que já foi aprovado nas
duas primeiras Comissões e está pendente na Comissão de Finanças. Eu queria sugerir como
encaminhamento que a CNPI e a Presidência da CNPI, juntamente com a Assessoria
Parlamentar, tanto da FUNAI quanto a do Ministério da Justiça, pudéssemos, junto a SAL, e com
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algum representante da bancada Indigenista ou Indígena, aqui em Brasília, ou alguém da APIB,
né?, que possamos identificar lá na, são duas coisas: Identificar quem, avaliamos que deve ser um
bom relator, e, identificada a pessoa, irmos ao Congresso, a Câmara, A Comissão para fazermos
uma conversa com esse parlamentar para que ele possa, ir explicando inclusive a questão do
Conselho, e tudo. Dar esse encaminhamento bem objetivo. Porque aí nesse caso, ao contrário do
Estatuto, já temos um, digamos, a bola está na marca do pênalti, pelo que eu entendi, né? É uma
questão de nós fazermos esse Movimento.
Feito isso, aí nós teremos a Comissão de Construção e Justiça que eu acho que o
Movimento tem que ser o mesmo, né?. Também de identificar na Comissão de Construção e
Justiça quem poderia também ser o relator e podermos avançar, né? Esse pequeno grupo,
presidente da CNPI com a Assessoria Parlamentar do Ministério da Justiça, da FUNAI, alguém
da SAL e alguém aí da bancada que esteja aqui em Brasília, que fique. Porque com a pessoa aqui,
poderá, junto conosco ir ao Congresso, rapidamente, né?. Isso é uma medida que eu considero de
curto prazo, próximas semanas.
Com relação a questão, ao outro ponto, né? Que eu acho que é mais complexo, eu queria
sugerir o seguinte: foi colocado isso aqui. Eu queria só acrescentar mais um ponto. Que, a
subcomissão de Assuntos Legislativos, possamos marcar nos próximos 15 (quinze) dias, no
máximo 20 (vinte) dias, tá?. Talvez na outra semana, sem ser nessa semana, na outra semana,
uma reunião só da subcomissão de Assuntos Legislativos com a participação da SAL, com a
participação da Assessoria Parlamentar do Ministério da Justiça, Assessoria Parlamentar da
FUNAI, com a participação também da Procuradoria da Justiça Federal, especializada da FUNAI,
Dr. Salmeirão, Porque nós já temos um acumulado, né? A Subcomissão já fez um trabalho de
levantamento, talvez só tenhamos que atualizar esses dados, né? E, os dados que já foram
levantados, por exemplo, que eu tenho conhecimento, de cara eu já *palavra não compreendida
de mais ou menos 90 (noventa) Projetos né? No âmbito do Legislativo.
Eu creio que essa reunião poderia ser feita, nas próximas duas semanas, antecedendo a
reunião com o Ministro. Para quê? Para que, quando nós formos fazer a reunião com o Ministro,
nós temos aí só que saber, não sei se a representante , a Guta, tem algum informe sobre a agenda
com o Ministro da Justiça, tem? Tem. Você pode dar esse informe a nós? Então a proposta que eu
faço é essa. Que nos próximos 15 (quinze) dias, talvez no fim da outra semana até, no máximo,
possamos ter essa reunião. De tal forma que essa reunião leve essa Agenda de prioridades ou seja,
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como a professora Francisca levantou, a prioridade máxima, que é a questão do Estatuto dos
Povos Indígenas, como nós definimos hoje mais cedo.
E na seqüência, a questão do Conselho como eu sugeri aqui, observando o que foi colocado,
aqui pelos membros da plenária. Em com relação aos assuntos mais gerais, a subcomissão pode
definir nessa reunião quais seriam os pontos que levaríamos além do Conselho e do Estatuto, ao
Ministro para que possamos dar o encaminhamento aí, já de trabalho, não é? de ação efetiva daí
para frente, né? . Então, foi o que eu extrai do que foi colocado aqui, né? e creio que dessa forma
assim nós teremos condições de chegar na reunião com o Ministro de uma forma bastante
qualificada. E, essa pauta ser, na minha opinião, uma pauta, uma questão, digamos assim, não é
só uma pauta, mas é uma Agenda permanente. A subcomissão de assuntos legislativos, a partir
daí, essa Agenda, ser uma Agenda permanente da CNPI ao longo do ano de 2011 (dois mil e
onze) como prioridade. E, eventualmente, se tivermos algum ponto de ajuste, alguma coisa, nas
próximas reuniões da CNPI poderemos tratar, avaliar, né?, e a subcomissão trazer para nós , mas,
fica *palavra não compreendida essa Agenda., a estratégica de 2011, legislativa essa linha. Então
eu queria consultar aqui apenas a plenária se seria nessa linha. Só precisamos saber aqui da Guta,
o informe da reunião com o Ministro.
Maria Augusta - Ministério da Justiça - Então, nós fizemos uma discussão interna e a
preparação, enfim, do espaço na Agenda que seria possível nós conseguirmos construir o mais
breve possível e a sugestão do próprio Ministro foi que fizéssemos a reunião no dia 19
(dezenove) de abril. Acho que trazendo aí uma simbologia de um encontro significativo, né? do
Ministro com a bancada indígena não é? acho que a bancada indigenista né, porque podemos
agregá-la também. Então, a proposta é que façamos no dia 19 (dezenove) de abril, com
possibilidade também, depois até, dei uma conversada aqui com a Salete no corredor e tudo, que,
nesse espaço teríamos a possibilidade de amadurecer e construir essa pauta né? para já tê-la no
dia 19 (dezenove). Então eu acho que ficaria interessante. E aí faríamos na parte da manhã com
início às 9:00h (nove) da manhã.
Marcio Meira – Presidente da CNPI - Eu queria agradecer aí ao Guilherme mais uma vez
pela contribuição né? e a Lylia pelo, vai ter que sair né? Então o encaminhamento está feito.
Vamos abrir agora aqui um espaço para o pessoal do IPEA que rapidamente vai
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*Interferência.
Então está aberta aqui a palavra para o pessoal do IPEA .
Joana Alencar - Boa tarde a todos, eu sou do IPEA. Sou pesquisadora do IPEA
*Interferência. E nós estamos fazendo uma pesquisa, uma pesquisa ampla sobre participação
política no Brasil. A intenção do IPEA hoje é contribuir ao máximo com o governo para o
fortalecimento da democracia e para isso precisamos fortalecer as instâncias de participação. E a
1ª coisa para conseguir fortalecer as instâncias de participação é conhecer quem participa, o que
pensa, como atua, e, a 1ª fase dessa pesquisa é justamente a aplicação de um questionário que nós
viemos aplicar aqui. Este questionário está sendo aplicado em 31(trinta e um) Conselhos
Nacionais . Duas Comissões né? Essa é uma Comissão, mas ela tem toda a característica, a
intenção dela é virar Conselho muito em breve, então achamos superimportante aplicarmos aqui
também. Eu gostaria de pedir a vocês e dizer que é extremamente importante cada questionário
respondido. Vai fazer uma grande diferença para nós e, é isso. O questionário aborda esses temas
né?, ele quer saber quem atua né? Tem o 1º bloco que fala do perfil. O 2º bloco, como vocês
atuam no Conselho, como é o trabalho de vocês, a relação de vocês com as bases, com os
representados, e a 3ª que é extremamente importante também é que estamos colhendo a opinião
de vocês sobre como melhorar o trabalho do Conselho. É isso. Eu gostaria que vocês
respondessem. Podem entregar hoje se quiserem. Pode entregar amanhã, no máximo amanhã,
com a Terezinha que eu pegarei com ela mais tarde. Obrigada.
Obrigado ao IPEA por lembrar aqui da CNPI.
Bom, então nós estamos chegando ao final da nossa (1º dia) reunião, queria agradecer a
todos ..... *Interferência* e com essa fala estamos encerrando a atividade do dia aqui da CNPI.
Boa tarde, Eu sou Jozete Cruz da aldeia Kariri Xokó, do Estado de Alagoas. A nossa vinda
aqui foi tentar, não agora, que eu estou vendo que o senhor está muito atarefado, e ver a
possibilidade de em outro dia o agendamento para conversar com vossa excelência e também
nesse momento mostrar e apoiar todos que representam a nossa comunidade, inclusive o
Lindomar, que não é de agora que o conhecemos. É um lutador, mostrando com a nossa dança o
nosso ritual, o TORÉ.
Dança
01/03/11 – Manhã89
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Então, iniciando o nosso trabalho de hoje, em primeiro lugar
bom dia a todos. Queria agradecer a presença dos amigos, companheiros que vieram a CNPI, a Comissão
Nacional de Política Indigenista para nos apresentar muitas informações importantes sobre essa questão
da segurança alimentar, da questão da relação eu a segurança alimentar tem, também, com a vida dos
povos indígenas no Brasil, com a saúde principalmente. Hoje também discutiremos, à tarde, o tema da
saúde e esses temas estão muito próximos, muito vinculados. E na mesma linha de ontem, em que
discutimos um grande tema que foi o legislativo, a idéia hoje é discutirmos dois grandes temas aqui. Esse
tema da manhã que é muito importante e também o tema da saúde. Nesses temas nós temos tido
importantes avanços nos últimos anos, mas ainda temos muitos desafios pela frente. Então por isso tudo
que é importante desenvolvermos essa discussão pela manhã e a tarde continuando como tema da saúde.
Eu queria antes de passarmos a palavra para nossos companheiros pedir à Fabiana, que é a Coordenadora
Geral de Promoção dos Direitos Sociais da FUNAI, que ela possa rapidamente fazer uma introdução da
pauta para que, imediatamente, iniciemos o nosso trabalho. Fabiana.
Fabiana - Funai– Bom dia a todos. Eu sou Fabiana da Coordenação de Promoção de Diretos Sociais.
Rapidamente, só para enfatizar o porquê de estarmos trazendo esse debate aqui para dentro da Comissão
Nacional de Política Indigenista. Eu queria dar um dado para vocês e que tem me preocupado muito.
Pelo menos uma vez por dia eu recebo um documento de diversas fontes, seja de Ministério Publico, seja
de comunidades, no qual o termo pobreza ou pobreza extrema está lá nesse documento. Obviamente nas
suas diversas variáveis, em um conceito que traz a questão da pobreza. Um dos motivos para trazermos
isso aqui é que tem uma discussão forte que passa pela saúde, mas não só pela saúde, os condicionantes do
processo de segurança alimentar dos povos indígenas são muito variados.
A situação de segurança alimentar dos povos indígenas, e eu acho que isso não é novidade para
nenhum de vocês aqui, ela está associada a uma serie de fatores. Acesso à terra, invasão das terras por
ilícitos ambientais, a questão ambiental, a potencialização do fortalecimento do processo de alimentação
próprio para os representantes indígenas, então tratar de segurança alimentar é estratégica, pois acabamos
lidando com uma serie de outros processos de fatores que trazem ela. Eu estou aqui com algumas
informações, alguns dados e eu queria somente citar para ajudar-nos em um debate futuro. Eu acho que
todos aqui são conhecedores, inclusive a CNPI já tinha solicitado que fosse apresentado um inquérito
nacional de saúde e nutrição dos povos indígenas. Esse inquérito, que eu acho que não é novidade para
ninguém, traz um quadro preocupante em relação à segurança alimentar e nutricional dos povos
indígenas por um lado e por outro um critica em relação às políticas de segurança alimentar destinadas a
esses povos. Então, como pano de fundo, para que possamos fazer o debate, após as duas apresentações
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que serão feitas posteriormente, estamos trazendo para cá a apresentação desse inquérito.
Quem fará a apresentação desse inquérito é a *palavra não identificada, porque como essa pauta foi
decidida muito em cima, nós não conseguimos trazer quem, de fato, havia feito a pesquisa. Essa é uma
pesquisa publica e a intenção dessa pesquisa foi justamente orientar o desenvolvimento de políticas para
os povos indígenas. Outro dado que eu quero citar é que está sendo construído um plano de erradicação
da pobreza extrema e nós precisamos fazer uma discussão com os povos indígenas de como o seguimento
indígena passa a compor esse plano. Não só como eles vêm a compor esse plano, mas um dos desafios
também, de como a participação indígena se dará nesse processo de elaboração do plano. Isso não é uma
proposta só da FUNAI. Na ultima reunião da CPC, do CONSEA e da Comissão de Povos Indígenas já traz
essa prerrogativa, a necessidade de trazer esse seguimento para a construção do plano de erradicação. E aí
eles dão como exemplo e que está na memória da reunião a situação de Dourados. Dourados é um
município que tem um IDH alto, mas, no entanto você tem uma população com uma situação de
vulnerabilidade extrema, na verdade sujeito a riscos extremos. Ali nós já podemos trabalhar, inclusive,
com esse conceito. Então eu acho que temos uma serie de desafios pela frente, temos um desafio da
FUNAI, que é um desafio da Coordenação de Promoção dos Direitos de poder discutir essa questão. Nós
quisemos articular a elaboração desse plano da Política Nacional de Segurança Alimentar por questões
obvias e isso ficara claro na apresentação. Eu acho que é importante, os povos indígenas aqui presentes,
ou seja, os seus representantes aqui presentes entenderem o que essa política traz, sobretudo porque esse
ano será realizada a Conferência Nacional de Segurança Alimentar, em que há inclusive um numero de
vagas garantidos e podendo ser ampliada, uma quota, mas é importante a participação grande dos povos
indígenas.
Então eu acho que isso é um tema que precisa ser discutido aqui. Além do desafio de pensar sobre a
participação indígena nesse processo de elaboração desse plano, como discutiremos quais serão os
critérios que traduzem realmente na vulnerabilidade desses povos, porque hoje temos uma serie de dados
e informações, mas em fatos, o próprio inquérito que foi apresentado foi uma amostra. Nós não sabemos
exatamente a situação de povo a povo, de região a região, de terra a terra, então precisamos passar para a
construção dessa informação, desses números exatos e isso deve orientar a proposta de ações para dentro
desse plano. Quero só dar mais uma informação, para não me estender e também porque serão
apresentadas varias informações a partir do inquérito, mas esse é um dado muito importante que eu
sempre gosto de colocar é a informação do *áudio com defeito. Só como exemplo, porque essas
informações que eu vou passar aqui são informações que o próprio movimento precisa se apoderar delas,
pois existem sistemas de informações publicas em podemos ter acesso a elas para podermos trabalhar com
elas. Então o dado que eu quero passar para vocês é um indicador que mostra a situação de
vulnerabilidade extrema, sobretudo quando o atrelamos a outros indicadores, é o indicador de
91
tuberculose na população indígena brasileira. A média nacional da incidência está em torno, para vocês
terem uma idéia, de 38,1 a cada 100 mil habitantes. A população indígena varia, em alguns lugares, de
527 na região do Araguaia. Isso não está ligado somente à estruturação do serviço de saúde, e isso nós
veremos à tarde, está ligado a uma serie de outras situações que essas comunidades vivem no seu dia a
dia. A maior parte da situação da tuberculose está vinculada ao alcoolismo, à invasão das terras, à
construção de políticas adequadas de segurança alimentar que respeite autonomia, que respeita os
sistemas próprios de vocês, enfim. Então é um pouco disso que queremos trazer, mais do que isso e mais
grave que isso, essas taxas estão associadas, sobretudo, à população infantil, às crianças e idosos, então ela
está associada à desnutrição, que por sua vez pode estar associada a uma serie de outros fatores como, por
exemplo, o saneamento, o acesso aos alimentos, enfim. Então eu trouxe isso para começarmos a
problematizar para que assim que começarem as apresentações consigamos qualificar, trabalhar melhor o
nosso debate. Não vou me estender mais. Presidente, por favor.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Fabiana. Imediatamente passarei a palavra para –
quem será a primeira pessoa?
Intervenções fora do microfone
Fabiana – Funai – Essa é uma apresentação do inquérito que é publica e foi como a FUNASA no
período...utilizou.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – É eu me comprometi a – na verdade assim, é um Power
Point público e passaríamos para as pessoas conhecerem os dados e nós agregaríamos algumas
informações a mais que consideramos importantes. Nessa apresentação da FUNASA, que é muito
genérica, o Márcio conhece e ela foi apresentada no CONSEA e nós, na CP6, pegamos o documento e
extraímos outros dados que a FUNASA não tornou publico nessa apresentação oficial, que foi a mesma
feita para a imprensa e a que foi feita no CONSEA. No CONSEA a apresentação foi mais rica, porque o
próprio coordenador da pesquisa esteve presente e o chefe do DSAI da FUNASA na época, que já não é
mais o mesmo. Eu acho que enquanto não chega - primeiro deixar claro que o inquérito realizado pela
FUNASA é um avanço grande, é o primeiro do Brasil, mesmo fora do Brasil, os inquéritos nutricionais
sobre povos indígenas e populações tradicionais são raros.
Então é uma iniciativa que tem que ser valorizada, uma iniciativa de governo importante, que foi
feita com a intenção de agregar novos dados ao SISVAN, que é o Sistema de Vigilância de Saúde Indígena
e de Segurança Alimentar Indígena, mas ainda não tem um nível de consolidação que permita que
trabalhemos com ele na formulação direta de políticas publicas. A não ser, como fazia a própria
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FUNASA. Eu não sei como o Ministério da Saúde está encaminhando isso agora. Então o inquérito é uma
amostra de 113 aldeias espalhadas em todas as regiões brasileiras e os focos são as crianças e mulheres em
idade reprodutiva. De 14 a 49 anos, mulheres em idade de ter filhos, de parir, e crianças de 0 a 5. Foi feito
um trabalho muito interessante, mas muito longo para ficar expondo aqui e isso, só para vocês terem uma
idéia, é o resultado todo, inclusive com os instrumentos de pesquisas que foram utilizados. Foi uma
pesquisa riquíssima, detalhadíssima dessas 113 aldeias. É uma amostra. Uma amostra significativa, pois a
FUNASA trabalha com 3.751 aldeias, menos de 10%, mas ele é muito significativo do ponto de vista do
resultado e do significado que isso tem quando agregados aos dados de mortalidade infantil e de
desnutrição infantil.
Está aí o período de realizar a ABRASCO, a Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde, que
coordenou o inquérito. Para quem não sabe é uma instituição reconhecida internacionalmente, uma
instituição seria que coordenou e envolveu varias universidades do Brasil inteiro nesse inquérito.
Financiamento do Banco Mundial, *palavras não identificadas, essa pesquisa foi realizada em 2008 e
2009, aldeia por aldeia. O objetivo era esse de descrever a situação alimentar *palavra não identificada e
seus fatores determinantes em crianças indígenas menores de 60 meses de idades, que é de cinco anos
para baixo, e mulheres de 14 a 49 anos em todo o país. É um estudo transversal de base populacional
nacional – aqui eu vou ter que ler mesmo e quando puder agregar alguma coisa, porque essa é uma
apresentação da FUNASA – uma representatividade macro regional, conforme definição constante lá no
edital que foi feito, são as regiões do IBGE, os territórios regionais do IBGE. Não é *palavra não
identificada, não é administração, não é recorte de território de educação. Foram entrevistadas 6.707
mulheres, 6.285 crianças, 5.277 domicílios, casas de famílias indígenas e 113 aldeias em todo o país. Aí
não da muito para ver, mas são os instrumentos da pesquisa. São questionários muito detalhados sobre
saúde, alimentação, o que planta, o que produz, vacina, amamentação, é um universo grande e foi uma
pesquisa muito detalhada.
Vamos direto agora aos resultados. Aí é uma amostragem dos produtos cultivados nas roças ou
plantações domesticas indígenas, segundo as regiões. Bom, ali no anterior tem um alista dos produtos. A
nossa mandioca bate o recorde praticamente de todas as regiões, é um produto essencial da alimentação
indígena no Brasil inteiro, independente de povos e etnias. Eu vou passar logo para o segundo. Ali está
lixo. Então vamos ao lixo, porque nos estamos nos resultado por domicilio. Antes disso, não está no
Power Point, mas é interessante esse dado sobre criação domestica. Tem um grande numero já, uma
incidência grande de criação de animais que, eventualmente, anteriormente, enfim, no histórico anterior
ao contato, não fazia parte dessas culturas, tipo galinha, pato, até peru tem, boi, vaca, peixe, cabra, bode
no nordeste é um índice altíssimo. Vamos aos resultados por domicilio.
O lixo coletado por serviço de limpeza é mínimo. Então esse lixo fica dentro da aldeia na maior
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parte das vezes, não tem nenhum serviço. Mesmo nas áreas onde as terras e as aldeias estão próximas da
área urbana, as prefeituras não cumprem seu papel de tirar o lixo de dentro das aldeias. É sempre um
trabalho difícil conseguir isso. Aqui pelos dados, não está dando para ver, Norte e Centro-Oeste são onde
o problema é maior, que são terras indígenas mais afastadas da área urbana, demais difícil acesso. No
Nordeste e no sudeste o lixo é coletado em um percentual bem maior do que nessas outras duas regiões.
Se olharmos em geral no Brasil, que talvez seja o caso aqui para agilizarmos, 79% do lixo dessas 113
aldeias é jogado, enterrado ou queimado nas próprias aldeias. Tem lixo jogado nos rios, tem varias
situações diferenciadas aqui.
A origem da água, que também é um dado relevante, nas regiões, torneira fora da casa chega a 36%,
torneira fora da casa de uso coletivo, que é muito comum no Nordeste, 59,5%, água de poço está em 7,8%
e rio, igarapé, lago e açude 11%. Então tem um avanço do trabalho da FUNASA de saneamento durante
anos, mas esse indicador ainda é bastante preocupante em termos da qualidade da água.
Fonte de renda dos domicílios indígenas – eu vou pegar sempre pelo geral, mas lembrando de que
há uma diferença entre as regiões e que é sobre a população dessas 113 aldeias. Então é interessante
vermos a entrada de recursos monetários, que não é recente, mas cresce muito a partir do governo Lula,
no caso as aposentadorias, benefícios sociais, Bolsa Família, que passam a serem acessados pela população
indígena. A questão da venda de produtos de agricultura, pecuária e principalmente a venda de produtos
de extrativismo que tem uma política nacional para isso e, na minha avaliação dentro do ministério, na
carteira indígena ainda é pequeno o acesso dos povos a essas políticas para povos e comunidades
tradicionais. Então há um esforço, tanto no ministério, quanto na FUNAI, de tentar alavancar essa
participação indígena nessas políticas voltadas para o extrativismo. Esse quadro é interessante. São as
fontes de alimentos referidas por domicilio nas regiões. Então você tem cultivo ou criação coletiva dos
domicílios pesquisados. 9.2%, que é o que se esperava que poderia ser, pelo menos na região Norte, um
índice alto, mas não é. Caça, pesca ou coleta coletiva, 13%. Cultivo ou criação domiciliar sobe para
83,2%. Isso é um dado superimportante para a perspectiva de *palavra não identificada o autoconsumo,
que é uma coisa que funciona. Você trabalhar diretamente com a família no local, apoiando a produção
de alimentos para o autoconsumo. Caça ou pesca domiciliar, 64,7%. Coleta domiciliar – eu não sei
explicar exatamente o que é isso. É uma pena que essa apresentação tenha sido feita praticamente por
uma leitura, agregando outra reflexão, mas foi o que conseguimos trazer para falar. Mas já é muito alta a
compra como fonte de alimento, que pode significar que a produção para autoconsumo tem um índice
bem baixo, não responde fortemente pelas fontes de alimento indígena em uma produção da própria
aldeia, dos próprios indígenas. Isso a gente pode ver naquilo que é comprado fora das terras indígenas.
Aqui também temos o dado de cesta básica. É um dado alto para o tamanho da mostra. Quase 50% desses
domicílios, dessas famílias recebem cesta básica. O que é um dado alto, mas é também coerente com os
94
outros dados da dificuldade de acesso a alimentação.
Bom, temos outras formas aqui, mas eu acho que não vale a pena comentar muito. Depois passamos
para uma media de resultados em relação á mulher nessa faixa de 14 a 49 anos. O que chama mais a
atenção é a situação das mulheres na região Norte. Esse inquérito é interessante e ao mesmo tempo muito
preocupante, porque, exatamente na região Norte, onde nós temos populações de contatos mais recentes,
um pouco mais preservadas do contato com a sociedade, é onde a situação é pior. Então é uma reflexão a
ser feita. Isso aqui é a distribuição das mulheres de 14 a 49 anos na população indígena pesquisada. Na
minha leitura, não sou estatística e nem nada, mas eu acho muito significativo. É uma faixa de população,
com um numero de mulheres nessa faixa, alta. Vamos para frente.
Daqui para frente todos os dados são preocupantes e o principal deles é a questão da anemia, que
nunca está associada a um fator só. Em alguns povos é possível precisar que essa anemia tem a ver com
malária, diretamente em função da mineração, da invasão das terras indígenas com mineração. Mas de
maneira geral as mulheres indígenas têm altos índices de anemia em todo o Brasil. No caso das mulheres
grávida isso aumenta, porque o organismo precisa de mais, então o índice aumenta. E é algo que pode ser
corrigido no sufoco. A FUNASA vai lá e dá o ferro, dá a vitamina e não sei o que lá, mas o essencial para
melhorar esse quadro, obviamente é a alimentação. Não é o remédio depois que a anemia já está
instalada. Prevalência de pressão arterial também é preocupante. Isso nas mulheres, por enquanto nós
estamos nas mulheres, mas no conjunto do inquérito um dos principais problemas apontados é a
incidência, que começa a ser muito significativa entre os indígenas, de doenças tipicamente da
“civilização”, ou seja, do mundo não indígena; diabetes, hipertensão, obesidade, que são problemas de
saúde muito urbanos, de países avançados. Quanto mais desenvolvido, pelo menos no ocidente, maior o
índice de pressão alta e obesidade, vide Estados Unidos que é um exemplo bem claro disso. Glicemia – eu
tô tentando agilizar.
Não identificado – Eu acho que é importante você apresentar o conjunto.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – Eu acho que, embora o Ministério do Meio Ambiente não
recomende ficarmos reproduzindo, mas talvez para as representantes indígenas, reproduzir frente e verso
o resumo. Está em PDF, está no site, mas assim, para quem vai para a aldeia, onde não tem computador.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Devem distribuir copias e eu acho que você deve apresentar
o conjunto, porque são informações fundamentais para nós discutirmos depois.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – Eu só pelo desculpa, porque eu não tenho uma capacidade
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de leitura muito técnica dos dados da FUNASA. Estou colocando aqui questões da nossa experiência;
minha, da Luana, da Fabiana, tanto da FUNAI, quanto o MMA (Ministério do Meio Ambiente) tem e as
coisas que eu ouvi nas três apresentações em que eu fui sobre esse inquérito.
Bom, prevalência de glicemia, que também é no resumo do inquérito, considerada alta entre as
mulheres de 14 a 49 anos, tanto grávidas como não grávidas. 66% de glicemia alterada sugestiva de
diabetes. É o que eu tinha falado antes. É apenas uma comprovação de que o diabetes é grave, por ser
entre mulheres em idade reprodutiva e, inclusive, grávidas. Então é um índice de glicemia grande. Aí
novamente e eu acho que todo mundo aqui tem como contribuir nisso, principalmente os próprios
indígenas, a FUNAI e o próprio Ministério da Saúde, o que significa de sempre estarmos ligando isso à
alimentação.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Lylia. Lylia, só uma questão de ordem do Jecinaldo.
Jecinaldo Saterê Maué– Obrigado, Presidente. Depois da apresentação da Lylia nós teremos algum
técnico, alguém que aplicou os questionários nessa área da estatística, que pudesse - como ela mesma já
falou que tem dificuldades e eu acho que é a nossa oportunidade de acertar em termos de políticas
publicas com esses dados que estão sendo apresentados aqui.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – A informação que eu recebi aqui é a seguinte. Os
pesquisadores que realizaram esse inquérito são da Fiocruz, no Rio de Janeiro. O Carlos Coimbra não está
aqui no momento, mas o objetivo hoje foi trazer o resultado desse inquérito geral, porque ele serve como
pano de fundo para o debate do pessoal da secretaria do MDS está aqui. Então são informações que
servem como pano de fundo para o debate que ocorrerá em seguida. Essa é a informação que eu recebi
aqui. Só para debater a questão, vocês irão receber a copia do material todo e eventualmente, mais a
frente, poderemos voltar a esse tema mais geral e convidar o pessoal para poder detalhar mais aqui, se for
o caso.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – De qualquer maneira, eu acho que os dados estão aí são
representativos. Nós temos que pensar que são representativos de uma amostra, mas que se soma aos
outros dados que o governo tem e que as próprias lideranças indígenas têm. Passamos aqui pela glicemia.
Agora temos a anemia. A prevalência de anemia em mulheres indígenas não grávidas e grávidas, por faixa
etária, nas regiões. Novamente os índices gerais aqui embaixo. Esse número equivale ao numero de
mulheres. 32,7% no Brasil todo. Então, quando chega à parte mais medica, mais especifica, eu não sei.
*intervenções fora do microfone
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O índice corporal, massa corporal. Pois é. Aí, chegou o povo da FUNASA aí, da saúde de FUNAI.
*intervenções fora do microfone
É, isso nós já colocamos. É o dado que mais choca é esse. É um dado geral com índice altíssimo. Não
deveria ser principalmente nas mulheres grávidas. Isso significa, também, que o bebe que vai nascer já
está prejudicado e por aí vai.
*intervenções fora do microfone
Fabiana – Funai – Ele compara mulheres grávida com não grávidas, porque a prevalência em
mulheres grávidas costuma acontecer, só que é quase que a mesma. Você tem algumas situações *palavra
não identificada de determinada comunidade inteira com anemia.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Antes de passar para você. Parece que tem algumas pessoas
aqui que podem trazer alguns elementos a mais na apresentação. Então se tiver alguém técnico que possa
complementar alguma informação é só solicitar que abriremos o espaço para a pessoa explicar, fazer
algum esclarecimento. Edmilson.
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI – Edmilson, do Ministério da Saúde. Mais uma
questão de ordem. Pelo visto, na minha avaliação, a apresentação está prejudicada. Porque a pessoa que
poderia vir e esclarecer melhor sobre isso é o Carlos Coimbra e dentro do Ministério da Saúde, da SESAI,
é a Rosalina, que está viajando. Aí essa pauta, especialmente do inquérito, foi definida agora na reunião
de terça-feira, na nossa reunião que tivemos lá. Esse momento aqui, talvez em outro momento de
discussão, se aglutinasse com essa que poderíamos estar encaminhando já, que seria o plano de
erradicação da pobreza extrema e depois de segurança alimentar. Por exemplo, eu não tenho subsídios
para discutir com os demais sobre isso aqui.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – Você me permite?
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI – É só uma questão de ordem.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – Eu quero sugerir, claro. Em detalhes nós não temos
condições. Nós podemos então ir para as considerações finais que todo mundo vai entender. Lembrando
claramente o que é essa amostra, o que ele significa. É uma amostra regional, significativa, mas não é
um...
97
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Rapidamente, de novo eu vou repetir para ficar claro, para a
plenária entender. Não era objetivo da nossa pauta da manhã, uma apresentação detalha do inquérito
nutricional, porque senão teríamos chamado o pessoal da Fiocruz e seria uma pauta só. Não é esse o
objetivo. O objetivo da pauta hoje é discutir a situação de segurança alimentar dos povos indígenas e nós
estamos com o pessoal do MDS para discutir isso. O objetivo dessa apresentação é ser um pano de fundo,
um resumo desse inquérito, para que possamos ter subsídios para o debate, certo? É obvio que isso
poderá, em outra ocasião, ser apresentado com mais detalhes. Então vamos tentar fechar mais
objetivamente a apresentação, por favor. Lilian.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – Eu sugiro encaminhar para o resultado diretamente. O
resultado, na verdade, falará de recomendações.
Fabiana – Funai – Lylia, eu pergunto a todos aqui presentes. Eu vou pedir para, se for do interesse,
que a Silvia/Funai pudesse nos fazer a apresentação. Eu acho que é importante observarmos alguns dados
aí e outros que trazemos.
Lylia - Ministério do Meio Ambiente – Ótimo. Depois eu gostaria de me inscrever para falar de
dados que não estão aqui, mas que eu acho altamente relevantes e que por algum motivo não foram
integrados.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Eu vou dar dez minutos para encerrarmos esse tema e
passarmos para o ponto, tá? Dez minutos. Então vamos encerrar em dez minutos essa apresentação.
Silvia/Funai – Meu nome é Silvia, sou enfermeira, trabalhava até uns seis meses atrás na FUNASA e
acompanhei a apresentação oficial. Eu vou ler também, porque faz tempo que não vejo essa apresentação.
Hoje eu trabalho na FUNAI, na Coordenação de Proteção Social, cumprindo as ações de saúde. Então
aqui o importante é vermos que entre as mulheres entre 14 e 49 anos tem um índice considerável de
obesidade. Eu vou falar do Brasil, tá? Vou generalizar mesmo, mas como a Lylia já falou, tem diferenças
regionais bem significativas. 15% das mulheres apresentaram obesidade e 30% apresentaram sobrepeso.
Então, nisso estamos vendo a mudança do perfil epidemiológico das mulheres indígenas, dos povos
indígenas. Baixo peso, 2% das mulheres apresentaram e 51% está com o peso adequado.
Agora o resultado das crianças. Distribuição de crianças menores de cinco anos de idade com
presença de certidão de nascimento. Crianças que tem certidão de nascimento no Brasil. 91% das
crianças apresentaram a certidão de nascimento e qual foi o local de nascimento dessas crianças. 68%
nasceram em hospital ou maternidade. Aqui vemos bem a diferença. Na região Norte somente 31%
98
nasceu em hospital ou maternidade e na região Sul ou Sudeste, 83%; 30% das crianças nasceram na
aldeia; menos de 1% nasceram nas CASAIS, Casas de Apoio à Saúde do Índio, e menos de 1% em outros
locais também. Distribuição das crianças menores de cinco anos por macro região de acordo com a
incidência de diarréia na ultima semana. Então eles perguntaram, “Na ultima semana, a sua criança teve
diarréia?”. Então 23% das mães falaram que as crianças tiveram diarréia na ultima semana. Na região
Norte esse índice foi de quase 38%. Crianças que tiveram diarréia e que usaram a terapia de hidratação
oral, 56% das crianças usaram. Nós sabemos que essa terapia de hidratação oral é importantíssima para
que a criança não desidrate e não venha a morrer. Proporção de crianças com déficit de estatura para a
idade por macro região; então vemos que no Norte, 41% das crianças estão com problema na estatura. O
que isso significa? O que isso aponta? Quando a criança não cresce o suficiente, imaginamos que se deve à
alimentação que ela teve durante a vida. Até uns dois ou três anos de idade, todas as crianças crescem
igual, independente da alimentação, mas a partir dessa idade a alimentação já vai interferindo na altura.
Então aqui eu acredito que são as crianças menores de cinco anos. Então, na região Norte nós vemos que
41% está com déficit de estatura.
O local onde menos tem é no Nordeste, 13%. No Brasil, 26% das crianças. Prevalência de anemia
em crianças entre 6 e 59 meses, que seria cinco anos de idade. Aí o dado é muito preocupante, pois vemos
que 51% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentaram anemia. Esse número, na região
Norte, sobe para 66%. Então esse é um fato muito preocupante e o local onde menos tem é no Nordeste,
mas que 45% das crianças estão com anemia. Lembrando que na região Nordeste nós temos programa do
Ministério da Saúde que são para trabalhar essa questão de anemia. Tanto na distribuição de ferro, de
acido fólico. Na região Norte eu não sei se tem esse programa. E que não apresentaram anemia no Brasil,
48%.
Agora as considerações finais e recomendações. Você quer falar, Lylia? Quer que eu leia? Posso ler
aqui? Vou ler então.
Frente a sociodiversidade indígena existente à natureza descritiva desse estudo, as recomendações
que se seguem deverão ser adequadas às especificidades regionais e sócio culturais, sendo fundamental a
participação indígena nas decisões sobre o modo de como as intervenções devem ser adotadas e
implementadas. Os problemas identificados e as estratégias a serem adotadas para enfrentá-los
extrapolam o setor saúde, sendo necessárias, portanto, ações de caráter intersetorial ou interinstitucional
e multiprofissional. Realizar periodicamente inquéritos de saúde e nutrição indígena no Brasil. E eu acho
que esse primeiro inquérito foi muito importante para termos uma linha de base, que não se tinha isso
antes. Utilizar os resultados como linha de base do sistema de vigilância alimentar e nutricional indígena
e para o planejamento, monitoramento e avaliação, como todos devem saber aqui, existe o SISVAN, que
está implantado dentro da SESAI, e quase todos os distritos já tem implantado, mas sabemos que existem
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alguns problemas em nível local, em uns locais funciona melhor e em outros não. Mas o SISVAN, a
principio é para medir o peso, a altura de todas as crianças menores de cinco anos de idade. Essa medição
é para ser mensal, mas não são em todos os locais que se consegue fazer e para avaliar como esta esse
crescimento da criança. SISVAN só avalia peso e altura. A questão de anemia ou outras coisas não são
avaliadas no SISVAN. Valorizar, manter e qualificar os registros de dados secundários. O SISVAN
também pergunta em relação à amamentação e sobre os beneficio sociais. Apoiar a progressão na
regularização e demarcação de terras indígenas visando à garantia a extensão territorial suficiente para
possibilitar a autossubsistência, segurança alimentar e nutricional dos povos indígenas. Apoiar e articular
o desenvolvimento de estratégias complementares de subsistência e desenvolver projetos de subsistência
com a participação efetiva das populações indígenas locais, de modo a contribuir com a segurança
alimentar e nutricional. Levar em consideração os projetos de subsistência, as formas de organização
interna do grupo em questão e a lógica comumente adotada pelo grupo para obtenção de alimentos ou
recursos.
Ampliar a cobertura e recuperar as instalações sanitárias nas aldeias para garantir a disponibilidade
e a qualidade da água para consumo humano, bem como o adequado destino dos dejetos e do lixo, tendo
em vista a sua adequação à sua realidade sócio cultural e ambiental local. Desenvolver atividades de
educação em saúde com base na característica sócio cultural e ambiental local. Garantir a estrutura
desejável, para atenção integral para a saúde indígena, no que se refere à gestão, bens materiais, em suma,
os recursos humanos, operacionalização e qualidade técnica do cuidado. Criar estratégias locais, junto às
equipes multidisciplinares de saúde, para identificação de casos de hipertensão arterial e diabetes nas
aldeias e monitoramento do tratamento. Elaborar e implementar estratégias de combate aos fatores de
risco para doenças crônicas não transmissíveis e assegurar e qualificar a segurança materno-infantil.
Na atenção infantil. Prevenir as doenças de transmissão vertical, assegurando acesso a
imunobiológicos e medicamentos em tempo oportuno. Promover o aleitamento materno exclusivo até o
sexto mês de vida e mantê-lo de forma complementar até dois anos. Promover a segurança alimentar e
combater a desnutrição. Garantir o acesso e regularidade da vacinação, principalmente na região Norte.
Combater as carências nutricionais especificas, tratar e prevenir como, por exemplo, a anemia. Controlar
e reduzir as hospitalizações por causa potencialmente evitável no nível primário da atenção. Por
treinamento e qualificação da atenção à saúde e por melhorias sanitárias e da qualidade de vida,
interrompendo o circulo vicioso de desnutrição-infecção. Garantir o registro civil dos nascimentos e
óbitos, na região Norte principalmente. Articular e apoiar, junto à rede de referencia hospitalar do SUS,
as ações complementares e necessárias à atenção qualificada e oportuna da população indígena, como
vacinação de hepatite B e BCG, que é feita na hora em que a criança nasce; registro civil ao nascimento,
acesso ao preenchimento do cartão da criança, entre outros. E aqui é a equipe que coordenou e os
100
pesquisadores que estavam envolvidos.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Silvia, pela sua colaboração, a Fabiana e a Lylia.
Agora eu passo a palavra diretamente para...
Cláudio Roquete – Bom dia a todos. Quero agradecer ao Presidente Márcio e à Teresinha pelo
convite, pela oportunidade de estarmos aqui hoje conversando. Rapidamente quero pedir desculpas às
apresentadoras por uma inquietação minha, no inicio da apresentação. Foi uma necessidade de sair por
uma indisposição gástrica imprevista e indesejada, mas acho que dá para continuarmos conversando. Vou
fazer uma apresentação muito de erradicação da extrema pobreza, que a presidente Dilma anunciou já
antes da posse. Pois não?
Dilson Ingaricó – Só por questão de ordem. Nós não ouvimos o seu nome.
Cláudio Roquete – Meu nome é Cláudio Roquete, sou Secretário adjunto da Secretaria de
Erradicação da Extrema Pobreza, recentemente criada dentro do Ministério de Desenvolvimento Social,
do MDS. Então o objetivo aqui é apresentar a minha concepção e as linhas gerais do plano nacional de
erradicação da extrema pobreza, que foi anunciado como um compromisso, principal compromisso da
presidenta Dilma e que será detalhado a apresentado à sociedade em breve. Certamente esse plano não
será bem sucedido se for encarado, e não está sendo encarado assim pelo governo, como uma ação
especificamente do Governo Federal. Esse plano é um plano que tem que mobilizar a sociedade.
Nós percebemos um grande interesse da sociedade. Há muitas demandas já querendo contribuir,
etc. E nós temos certeza que, a partir do anuncio do plano, teremos diálogos muito freqüentes para
avaliar, ouvir, alterar determinadas diretrizes, etc. O plano irá requerer, não apenas que ouçamos, mas
que aceitemos e incorporemos a participação da sociedade. Principalmente a sociedade organizada, que
terá um papel fundamental nesse plano.
Em linhas gerais, o plano parte do principio de encarar a pobreza e a extrema pobreza como um
fenômeno que vai além da carência de renda, de renda monetária. A pobreza e a extrema pobreza se
expressam, também, por carências em serviços básicos, como acesso à água, energia elétrica, habitação
decente, esgotamento sanitário, saúde, educação e também por dificuldades de inclusão produtiva. Das
pessoas terem oportunidades de se relacionar com a sociedade mais geral, com o dinamismo econômico
da sociedade, de uma forma produtiva e se beneficiando dos avanços e do desenvolvimento econômico e
tecnológico, que uma parte da sociedade brasileira tem com muito vigor, inclusive. Hoje, nós assistimos o
Brasil sendo saudado em vários fóruns internacionais, do ponto de vista do seu vigor na economia. Ao
101
mesmo tempo, sabemos que existem milhões de brasileiros que não tem como se relacionar com os
benefícios que esse vigor econômico traz. Então, o plano tem esses três eixos, baseado nessa concepção de
que a pobreza não é apenas renda, ela é multidimensional. Envolve esses outros aspectos. O desenho do
plano se baseia, se assenta em três eixos. O primeiro eixo é garantia de renda para essa população
extremamente pobre. Essa garantia de renda diz respeito tanto à questão da previdência rural, que é um
tema caro para as populações indígenas, mas nós sabemos que muitas vezes, algumas pessoas tem o direito
e não o exerce por, às vezes, não saber ou não ter a estrutura adequada para reivindicar um direito que
ela tem. Se eu não me engano, a FUNAI teve recentemente algumas ações para melhorar esse acesso à
previdência rural por parte das populações indígenas.
Eu acho que é um exemplo disso que eu falo, da dificuldade que se apresenta às populações mais
pobres de acessar seus direitos. Felizmente a houve uma iniciativa da FUNAI nesse sentido. A questão do
beneficio de prestação continuada também é um direito que, às vezes, não é acessado por
desconhecimento ou porque alguém já tentou e não encontrou acolhimento, não foi bem recebido, não
conseguiu passar pela porta do órgão responsável por reconhecer esse direito. E o programa Bolsa
Família, que diz respeito mais diretamente ao nosso ministério, que também pelos estudos que fizemos,
estatísticos e ainda serão mais aprimorados, mas nós supomos que existam cerca de um milhão de pessoas
que ainda não acessam o Bolsa Família, embora tenham direito a acessá-lo. Então, nesse eixo de garantia
de renda cabe ao estado se preparar para facilitar ou ir atrás dessas pessoas que tem esses direitos e não o
exercem. No caso especifico do Bolsa Família, nós faremos uma ação chama de “Buscativa”, que é uma
ação que está sendo desenhada e terá vários instrumentos, que é exatamente para encontrar essas um
milhão de pessoas que não estão recebendo o Bolsa Família, embora tenham direito.
E provavelmente são aquelas pessoas, que representam o núcleo ou o setor mais duro da miséria e
da pobreza, que nem sabem que tem esse direito em especifico. Às vezes não sabe nem que podem ter
direitos. É uma situação bastante trágica. O outro eixo é o eixo de acesso a serviços, como saúde,
educação, água, energia elétrica, etc. Nós sabemos que esses serviços são anunciados, há muito tempo,
como serviços públicos, universais, direito de todos, no entanto eles ainda não são exercidos dessa forma.
Na verdade, sabemos que uma boa parte das verbas publicas, que vão para esses serviços, não atingem a
população extremamente pobre. E aí há uma característica também, muitas, não todas, mas muitas das
populações extremamente pobres tem dificuldades de se articular, social e politicamente; tem poucas
relações sociais, tem pouca influencia, tem pouca voz e quando tem dinheiro investido ou um dinheiro
disponível para alguma coisa, outros setores sociais mais articulados, com mais capacidade de
mobilização, com mais informação, são mais rápidos, mais ágeis na apropriação desses recursos. Então
cabe ao plano fazer com que o estado se adeque, se aparelhe, se prepare para ajudar, para que nessa
disputa quem leve vantagem, neste momento, seja a população extremamente pobre. Um exemplo, se eu
102
anunciar que quero construir ou que vou financiar uma creche para a população pobre em uma cidade
qualquer, por exemplo, no Rio de Janeiro, se eu deixar pelo curso natural das coisas, pode ser que ela vá
para uma população razoavelmente pobre, mas dificilmente irá para uma área extremamente pobre. Isso
se for deixar como é o curso normal dos acontecimentos. Então nessa parte de serviços, além de investir
mais, serão necessários novos investimentos, mas tem que haver uma determinação do Governo Federal;
uma cobrança, uma articulação, uma conversa coma sociedade no sentido de garantir que realmente
dessa vez esses serviços sejam, prioritariamente apropriados por essa população.
O outro eixo, que é em relação com o outro problema que eu falei da dificuldade de se beneficiar
dos aspectos do desenvolvimento econômico, do dinamismo da economia brasileira, nós o estamos
chamando de Eixo da Inclusão Produtiva. Esse Eixo da Inclusão Produtiva, o Governo Federal, no geral,
está mantendo muitas informações. Estamos construindo mapas muito detalhados. Tanto mapas de
oportunidades, estamos chamando de oportunidades as obras, planos, projetos econômicos, que nós
conhecemos e alguns são totalmente independentes do Governo Federal, outros nós conhecemos bem e
outros nós temos como analisar, pela dinâmica econômica, onde tende a se expandir determinada
indústria, determinado ramo industrial, ou de serviço ou turismo. Nós temos informações suficientes para
montarmos o mapa, que estamos chamando de Mapa de Oportunidades.
O primeiro esforço é tentar casar esse Mapa de Oportunidades com o Mapa da Extrema Pobreza e
identificar ali quais são as ações necessárias para que esses dois “Brasis” conversem. Um aspecto
importante nessa ação será qualificar, ajudar na qualificação, na preparação dessas pessoas extremamente
pobre, para que elas aproveitem essas oportunidades, possam aproveitar ativamente essas oportunidades.
O Governo Federal terá que olhar isso em micro região, lá na região, lá na ponta, no município e às vezes
no detalhe do município, para ver ser precisa levar esse conjunto de informações para fazer pactuação
local, não apenas com a parte publica, com os governos estaduais, municipais, mas também com os
setores que são ativos naquele local. Nós não temos como predeterminar quais são os atores.
Em cada local você vai ter um ator importante, é um ator que naquela sociedade tem uma
experiência, tem uma pratica, tem um conhecimento que dá de dez à zero em qualquer técnico do
Governo Federal, que lá chegue para falar o que tem que fazer. A gente pode chegar com informações
macros, com dinheiro e com determinação, mas muitas das especificações serão dadas pelas comunidades
locais. No caso das comunidades indígenas, ontem a Kátia, que trabalhou no MDS, funcionaria que está
aqui nos acompanhando, me falou bastante sobre as peculiaridades que teremos que levar em conta nesse
plano quando olharmos os territórios indígenas; onde a interrupção terá que ser mais direta, não tanto
com os governos estaduais e municipais, que às vezes estão fora da problemática em alguns lugares, não
em todos, mas em alguns lugares eles não estão envolvidos ou não estão predispostos a enfrentar a
questão indígena. Então teremos que ter um arranjo para conversarmos mais diretamente com as
103
populações nesses locais. Só para completar, essa coordenação, essa secretaria, esse plano de erradicação
da extrema pobreza está dentro de uma concepção de governo, que a Presidenta Dilma definiu, onde nós
teremos metas muito claras, onde seremos cobrados por essas metas. De alguma forma, quando eu vi a
tragédia que é essa pesquisa, os dados muito alarmantes nessa pesquisa sobre a parte da saúde indígena,
evidentemente que ai tem que sair metas, temos que ter metas com prazos para alcançá-los, temos que
incorporar isso para sermos cobrados por isso. Não podemos, apenas, termos intenção. Eu acho que esse é
um desafio que nós temos, de incorporar esse inquérito, que é um inquérito muito bem feito e muito
relevante.
O governo, evidentemente que essas ações são transversais; elas abarcam mais do que o ministério e
soa ações que não dizem respeito apenas ao Ministério de Desenvolvimento Social. Essa compreensão
está desde o inicio do governo Dilma muito bem estruturada, porque ela organizou o conjunto dos
ministérios em quatro fóruns, nós temos apenas quatro fóruns. A Presidenta dialoga com quatro fóruns. É
o Fórum de Direitos e Cidadania, que é um fórum extremamente importante para a população indígena,
coordenado pelo Gilberto Carvalho da Secretaria geral da Presidência da Republica, que envolve vários
ministérios nesse fórum, inclusive o MDS. A FUNAI também participa desse fórum. Esse fórum segue a
mesma lógica, terá que ter metas de seis meses, a Presidenta fará reuniões de seis em seis meses para
escutar o que foi feito e o que não foi feito, correções de rumos, etc. A FUNAI está dentro desse fórum,
assim como nós do Ministério do Desenvolvimento Social e quem coordena é o Gilberto Carvalho da
Secretaria Geral da Presidência.
Outro fórum é o Fórum de Desenvolvimento Econômico, coordenado pelo Ministério da Fazenda,
tem o Fórum de Infra-estrutura, coordenado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e
tem o Fórum de Erradicação da Pobreza, que é coordenado por nós do MDS, pela Ministra Tereza
Campelo. Então, a Presidenta organizou o governo em quatro fóruns para dialogar. Dentro do Fórum de
Erradicação da Extrema Pobreza nós temos uma secretaria extraordinária, da qual eu faço parte, cujo
trabalho é coordenar essas ações especificas e fazer todo o acompanhamento e dialogo com a
implementação do plano. Os detalhes do plano serão lançados em breve, a minha expectativa é que até a
primeira semana de maio isso esteja sendo anunciado. A Presidenta, evidentemente está dando um
caráter importante e publicamente ela já falou isso, desde antes da posse, na posse, depois da posse, em
Portugal, aonde ela vai ela reafirma esse compromisso e eu acho que temos que aproveitar essa
oportunidade. Isso para, efetivamente, retirar essa mancha terrível não sociedade brasileira, que é
persistente como um fenômeno massivo, que é a miséria e a extrema pobreza.
Então eu acho que as linhas gerais são essas. Eu não vou me alongar mais. Eu acho que temos que
preservar o espaço do debate posteriormente. Obrigado Presidente.
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Marcio Meira - Presidente da CNPI – Passo a palavra diretamente para a Maya. Tem alguém ai que
tem que ajudar na apresentação.
Maya Takagi – Bom dia. Meu nome é Maya Takagi, sou Secretária de Segurança Alimentar e
Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, mesmo ministério do Cláudio,
da Luana, do Marcos, do Milton, depois eu vou apresentar a equipe que está aqui, a Melane do CONSEA,
com quem temos trabalhado bem próximo. Também quero agradecer o convite do Márcio, de todos
vocês. É um prazer muito grande, de coração mesmo, estar aqui. Esse trabalho do conselho, eu sei que
não é uma coisa trivial. É um momento muito importante de dialogo. É um espaço qualificado,
organizado, planejado, esse dialogo do governo diretamente com as comunidades diretamente envolvidas
com as políticas publicas do Governo Federal. Eu vou tentar dar um panorama geral sobre o estado da
arte da política de segurança alimentar e nutricional do Governo Federal, e chegar ao final com as
políticas que estamos implantando hoje e com os recortes específicos para as populações indígenas.
Bom, eu não sei o quanto vocês acompanharam isso, mas a construção da política tem um caminho
muito longo, longo desde a década de 40, 50, mas ela ganhou muito mais força com a vitória do
Presidente Lula em 2003. Previamente ao governo, o instituto de cidadania elaborou a proposta de
política de segurança alimentar que foi chamada de Fome Zero, que foi implantada a partir de janeiro de
2003. Com isso o marco institucional disso foi a recriação do CONSEA, do Conselho Nacional de
Segurança Alimentar, que temos representação das populações indígenas, quilombolas, enfim, das
comunidades tradicionais. E a criação do Ministério de Segurança Alimentar e Nutricional, que foi
incorporado, a partir de 2004, no Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Esse processo
de construção, desde o CONSEA, ministério e as políticas existentes, ele evoluiu.
Hoje já temos um conjunto de leis, decretos que garantem o que sempre quisemos que o estado
brasileiro garantisse, que é o direito humano à alimentação adequada. Hoje nós temos instrumentos que
dizem que é obrigação do estado garantir a alimentação, pois isso é um direito da população; não deve ser
usado com o instrumento político de governantes, como beneficio, como uma dádiva, não. Ele é um
direito. Por isso que estou trazendo esse macro legal, porque acho muito importante todos nós estarmos
sempre reforçando esse caráter legal e vocês estarem cobrando esses direitos como publico prioritário.
Então a lei 11.346, de 2006, criou o sistema de segurança alimentar, que visa garantir o direito humano à
alimentação. O decreto, enfim, posteriormente nós tivemos outros fatos legais que garantiram o
funcionamento do conselho, só CONSEA, e criou, em 2007, o sistema de segurança alimentar e
nutricional, que eu sei que a Fabiana já viu todo o briefing sobre esse fórum e nós também traremos
informações sobre isso. Uma atuação muito importante, só para vocês saberem, tudo isso foi construído
muito puxado pelo próprio CONSEA, tem representação de dois terços da Sociedade Civil e um terço do
105
governo. Eu acho que isso é um exemplo de como trabalhar a construção participativa da política. Ela
tem resultados positivos e muito mais qualificados do que, basicamente o governo está elaborando para os
diálogos.
Um dos resultados importantes desse processo de construção foi garantir na constituição o direito à
alimentação como um direito social. Antes nós tínhamos saúde, educação, trabalho, previdência, mas a
alimentação ainda não era um direito garantido na constituição. Então esse trabalho resultou em que, no
ano passado foi feita toda uma mobilização e isso já é garantido pela constituição. No final do ano
passado, nós conseguimos regulamentar a Lei Orgânica e estabelecer um parâmetro para construirmos a
política de segurança alimentar, que eu vou explicar também. Vou tentar não me alongar, mas vou falar
quais são os componentes da política. Vai muito além do MDS. O MDS é o coordenador, mas tem o
conjunto de, no mínimo, 19 ministérios envolvidos na política de segurança alimentar e está elaborando
um plano de segurança alimentar para os próximos quatro anos. Então para continuarmos sobre o que a
lei garante. Então ela institui o sistema de segurança montado. É uma obrigação do estado respeitar,
proteger, promover e prover o direito humano á alimentação; instituir instrumentos de monitoramento e
exigibilidade na relação de direitos; reafirmar os princípios do direito humano à alimentação adequada,
soberania alimentar e participação social e a *palavra não identificada da segurança alimentar. E
estabelece o escopo da segurança alimentar como política.
Eu acho que para trabalharmos o conceito do que é a segurança alimentar e nutricional. É a
realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base, praticas
alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e
ambientalmente sustentáveis. Isso é só para vocês terem idéia da abrangência da segurança alimentar. Ela
abrange desde a questão da sustentabilidade, a questão da saúde e o acesso à alimentação propriamente
dita.
Então, o que é o Sistema de Segurança Alimentar que eu estou falando? Primeiro tem a
Conferencia Nacional de Segurança Alimentar, que é realizada de quatro em quatro anos, que a Fabiana
já colocou e ao final eu vou falar da importância de vocês estarem presentes, preparados e com a
delegação nessa conferencia, que é onde se define as diretrizes da política. Será em Salvador de 7 a 10 de
novembro. O segundo componente, não em ordem de prioridade, mas é o próprio CONSEA, que é um
órgão construtivo vinculado à Presidência da Republica. Essa é uma especificidade muito discutida com a
sociedade, de que é importante de que as diretrizes da política sejam dialogadas diretamente com a
Presidenta Dilma, com a Presidência da Republica. A presidência do conselho é da Sociedade Civil e a
Secretaria Geral é do Ministério do Desenvolvimento Social, da Ministra Tereza Campelo. Terceiro
componente, a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional, que é a parte
106
governamental do CONSEA, que hoje é composta por 19 ministérios. O quarto componente, órgãos e
entidades da segurança alimentar dos estados, Distrito Federal e municípios. Nós sabemos que não é só
responsabilidade do Governo Federal. Como disse o Cláudio, isso repercute em todas as ações do plano.
Então é responsabilidade dos estados, municípios e da Sociedade Civil também garantir o direito humano
à alimentação adequada. E o quinto, instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, que temo interesse
em aderir e ofertar ações dentro dos princípios e diretrizes do sistema.
Então isso é para vocês terem uma idéia da abrangência do que é a Política Nacional de Segurança
Alimentar. São oito eixos. Um é a promoção do acesso universal á alimentação adequada e saudável. Ter o
acesso é se alimentar; via renda, Bolsa Família, alimentação direta ou, inclusive, produzindo seu próprio
alimento. O importante é que a família tenha condições de se alimentar. O segundo componente é a
promoção de abastecimento e sistemas sustentáveis de descentralizados de base agroecológicos, quer
dizer, que tipo de alimento estamos falando? Do alimento sustentável, de base agroecológico, não um
alimento, simplesmente industrializado ou sem condições de prover todos os nutrientes e componentes
importante para uma alimentação saudável. O abastecimento, também, porque não basta ofertar o
alimento, o alimento tem que ser acessível. Hoje nós vemos o problema do preço do alimento. Quando o
alimento sobe, diminui a segurança alimentar, porque você tem que gastar mais. Você diminui a renda,
que você pode utilizar em outras necessidades, porque você tem que gastar mais de alimentação. Isso faz
parte do escopo da política de segurança alimentar. O terceiro, educação alimentar e nutricional.
Vocês viram os dados do inquérito, o problema da obesidade e do sobre peso. Eu estava
comentando com o Márcio, não está fora dos padrões médios brasileiros não. Isso os dados específicos das
populações indígenas. É um problema serio, é um problema de saúde publica e nós temos que enfrentar
com um conjunto de ações de governo e da Sociedade Civil para enfrentar esse problema. É um problema
de falta de acesso a produtos naturais, frescos. Nós sabemos que o consumo de alimentos frescos e
naturais tem diminuído ao longo dos anos e tem aumentado o consumo de alimentos industrializados e
isso é um problema. Enfim, nós temos um conjunto de instrumentos para enfrentar isso. O quarto,
promoção do acesso universal à água de qualidade, que também já foi colocado. Água é base para a vida,
sem água nós não temos segurança alimentar. Quinto, fortalecimento das ações de alimentação e nutrição
em todos os níveis da atenção à saúde. O sexto – aqui está repetido, desculpa. Tem um erro aqui, mas
depois eu vejo o que é. Apoio à iniciativa de promoção à soberania alimentar, à segurança alimentar e
nutricional, direito humano à alimentação adequada. Soberania no sentido do que? De o país dispor de
condições de definir qual é a necessidade de métodos de produção adequados para garantir o acesso à
alimentação a toda a sua população. A questão da dependência da importação de elementos estratégicos
para ter condições de definir até o contrario. Decisões sobre esse, que pode passar por produtos que não
prejudiquem a alimentação e, por exemplo, matrizes energéticas que também não prejudiquem a
107
alimentação. Estamos falando do exemplo dos Estados Unidos com o milho. O milho, que é um produto
de alimentação humana afetando o álcool, pois se destina para a produção de álcool e prejudica os preços
alimentares até em nível mundial. E o oitavo, monitoramento da realização do direito humano à
alimentação adequada. Acompanhar se o estado está provendo esse direito a toda a sociedade.
Entrando especificamente no Ministério do Desenvolvimento Social, na secretaria, o escopo é
muito amplo, a secretaria e o ministério tem um conjunto de ações, que eu vou explicar aqui, que estão
dentro desse sistema que falamos aqui, que é muito mais amplo do que o próprio ministério ou a própria
secretaria. Eu vou falar muito rapidamente como temos trabalhado esses componentes dentro da
secretaria e como isso incide sobre as populações indígenas. Então nós trabalhamos com o circuito da
produção de alimentos, da comercialização, esse circuito também existe, de valorizar a agricultura
familiar, a produção de base agroecológica e consumo no sentido da alimentação adequada. Então o que
nós temos como ação. As cisternas, vocês devem conhecer e isso começou pela Sociedade Civil, uma ação
da ASA, uma articulação do semiárido, para acesso á água para consumo. Isso é uma coisa muito
especifica de regiões que não tem regularidade nas chuvas e isso garante a segurança alimentar, pelo
menos para o consumo da família durante o ano. A segurança alimentar para povos e comunidades
tradicionais, a Luana que é a coordenadora dessa política. O *palavra não identificada para a produção
para o autoconsumo, isso foi falado no inquérito e é uma ação importante.
Quem tem acesso às terras, tem condições de produzir o seu próprio alimento, está muito mais
adequado, associado a sua cultura no sentido de produzir o seu próprio alimento ao invés de adquiri-lo
via comercio. O quarto é a inclusão produtiva. O segundo passo, estruturação de cadeia produtiva de
leite, de mel, de farinha, de varias atividades aí. Comercialização. Nós temos o PA, Programa de *palavra
não identificada de Alimentos, que eu vou falar mais para frente como estamos trabalhando isso, que liga
a ponta da produção com a distribuição de alimentos. Há distribuição de alimentos para grupos
populacionais específicos, tem a questão das cestas que estava no inquérito e o consumo. Nós trabalhamos
com os equipamentos por grupo de alimentação e nutrição *palavra não identificada municípios e estados
já implantados. Banco de alimentos, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, promoção da
agricultura urbana e *palavra não identificada e educação alimentar e nutricional.
Está longo? Tá. Então eu vou tentar focar na nossa parte aqui. Aquele primeiro item da produção.
Então nós temos a promoção da segurança alimentar para povos e comunidades tradicionais, que é muito
voltado para esse apoio para o autoconsumo. Isso é uma coisa que o MDS vem comentando, via carteira
indígena desde 2003. Inclusive, em 2003 eu trabalhava no Ministério de Segurança Alimentar e nós que
demos inicio a, pelo menos, passar recursos para o MMA para conseguir formar o primeiro conjunto de
projetos da carteira. Além dos povos e comunidades tradicionais, nós temos famílias que moram no
campo, que não tem condições de produzir seu próprio alimento, porque tem problema de seca, de falta
108
de recursos, vende sua força de trabalho de forma bastante irregular, não consegue se dedicar à atividade
produtiva e tem uma dificuldade de se alimentar. Então nós temos uma ponta do *palavra não
identificada de produção para o autoconsumo. Então tudo isso entrará no plano de erradicação da
extrema pobreza, que eu vou falar fortemente depois. Inclusão produtiva, que são as que estimulam as
iniciativas de produção de pequenas agroindústrias e qualificação da população.
Essa é a carteira indígena, que vocês já conhecem bem. Aqui só tem um problema de formatação,
mas é *palavra não identificada ao apoio de projetos de segurança alimentar e desenvolvimento
sustentável em comunidades indígenas em território nacional, com foco na produção de alimentos do
agro extrativismo, artesanato, revitalização de praticas e saberes tradicionais associadas a essas atividades,
de acordo com as demandas das sociedades indígenas, respeitando suas identidades culturais, sua
autonomia, preservando e recuperando o ambiente. Eu achei esse conceito muito abrangente. Aqui são os
dados do MMA, já foram investidos nove milhões até 2009. Em 2010, mais um milhão e quatrocentos.
Esse ano, nós vamos repassar um recurso, não via carteira indígena, mas para a FUNAI, para o
autoconsumo nessa linha do projeto da carteira, para fazer essa transição da carteira indígena.
Especificamente dos povos e comunidades tradicionais, nós temos um convenio com a Bahia,
diretamente para povos indígenas, e um termo de cooperação com a FUNAI, em que vamos passar esse
recurso de um milhão esse ano. Na parte de comercialização, eu vou falar muito rapidamente do PAA,
que é a idéia de usar o poder de compra do Governo Federal de alimentos e direcioná-lo para os
agricultores familiares e, inclusive, para as comunidades tradicionais e povos indígenas, que tenham
capacidade de oferta nesses alimentos, que isso resulta na renda em uma ponta e no alimento na outra
ponta. Nós já temos condições de ampliar isso. Hoje são *valor não compreendido mil agricultores, e isso
depende, obviamente da capacidade de organização das comunidades, porque a aquisição é de
associações, cooperativas, enfim. É uma aquisição coletiva, vamos fizer assim. Pode falar.
*intervenções fora do microfone
É muito alto. Desde castanha, açaí, polpa. Nós temos uma abrangência muito ampla de produtos, de
acordo com a modalidade, porque tem uma parte que é para a cesta, por exemplo, arroz, feijão, farinha.
Mas tem o que chamamos de compra com doação simultânea, que você compra de uma comunidade e
distribui na cidade. Isso pode ser alface, tomate, cenoura, enfim, produto regional. Esse é o espírito da
compra com doação simultânea. Porque é difícil compor uma cesta, mas se consegue fazer o destino na
localidade e estimular o consumo. É até culturalmente importante preservar produtos de extrativistas,
para que as populações da cidade possam conhecer e valorizar. Aí tem o PA leite, que é mais no Nordeste.
Pode passar. Aqui é uma ação em que temos uma ação direta com as comunidades indígenas, que é a
distribuição de gêneros direto, que chamamos de cesta.
Nós não gostamos dessa palavra “cesta” não. Precisamos achar um termo melhor. Para você garantir
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o direito humano à alimentação, se a família não tem condições de produzir o seu alimento, você não
pode negar esse direito. Você tem que garantir de uma forma mais rápida e direta. E o mais rápido é
fornecer alimento para que eles não morram de fome, para não comprometer a saúde das crianças. Nós
vimos no inquérito que as crianças são as mais afetadas. Nós temos que ter um olhar muito especial em
relação à desnutrição. Tanto na saúde, na questão da amamentação, que é muito importante no
desenvolvimento da criança, e o acesso regular à alimentação de qualidade. Então isso é emergencial.
Nosso deseja é que essa demanda por cesta diminua ao longo dos anos, mas temos que garantir esse
acesso. As comunidades indígenas, de fato, são as que mais têm acesso à cesta. Isso é um trabalho feito em
conjunto com a FUNAI. Para o consumo tem os restaurantes, cozinhas, e eu acho que isso tem um
interesse pelas comunidades indígenas. É você fomentar equipamentos públicos que possam preparar
elementos recebidos do PAA, produz a refeição e vende a um preço subsidiado. Nem que seja de um ou
dois reais e que isso seja fomentado na própria comunidade. O restaurante não, porque o restaurante é de
uma magnitude maior, mas as cozinhas sim, pois são em municípios em localidades de pequeno e médio
porte, que tem até 100 refeições por dia. Pode ir passando rápido. Eu vou só focar naqueles que são da
nossa pauta aqui.
Casas populares, feiras. Agricultura urbana e Peri-urbana, nós sabemos que tem muitas
comunidades indígenas que vivem em meio à periferia das cidades que não podemos colocar dentro do
escopo do Pronaf, por exemplo, por não estar no meio rural. Então nós fomentamos na secretaria ações
de produção de alimentos via horta e colocação desses produtos no mercado local. É uma ação feita com
universidades, municípios e estados. Educação alimentar e nutricional, que é trabalhar campanhas para a
promoção de alimentos locais, regionais, naturais e diminuir o risco de doenças, obesidade e sobre peso.
A ultima. Estou fazendo oficialmente o chamamento da 4ª Conferência de Segurança Alimentar, que a
Fabiana já colocou. Nós teremos, agora esse ano e até julho, as conferencias municipais, regionais ou
territoriais, que estão sendo chamadas pelos estados e municípios. Até setembro as conferencias estaduais
e do Distrito Federal. Nessas conferencias são definidos os delegados. O numero de delegados da
conferencia são 1600 e tem uma cota de 22%, para comunidades tradicionais e povos indígenas, eleitos
nos estados. Então 56 delegados deverão ser indígenas e escolhidos nas conferencias estaduais. Tem um
manual orientador, que eu posso deixar aqui para vocês e haverá uma capacitação especifica para os
delegados indígenas antes da conferencia.
Eu queria mostrar duas coisas aqui para vocês. Eu vou deixar aqui com o Presidente Márcio Meira,
um manual de orientação para a 4ª Conferencia, que explica todas as diretrizes; e essa publicação, que foi
feita pelo conselho, que é um indicador de monitoramento da segurança alimentar e nutricional e do
direito humano a uma alimentação adequada, que trabalha desde os indicadores de produção, de saúde,
educação e mostram de fato, que nossas crianças indígenas têm os piores índices nutricionais em relação
110
às outras comunidades. Então nós temos que ter um olhar especifico. Em relação ao plano, nós estamos
priorizando a expansão de produção para o autoconsumo, do PA e do acesso à água. Estamos fazendo no
mapeamento, e queremos fazer isso junto com a FUNAI, das comunidades para uma priorização
territorial; de onde nós vamos começar.
Então onde começaremos esse ano e para onde vamos no ano que vem? Então o Marcos está aqui,
que é o diretor da minha área lá, que estamos trabalhando para dar mais escala a essas ações de
autoconsumo e temos de ter uma meta especifica para as comunidades tradicionais e em especial para as
indígenas. Então esse mapeamento, estamos solicitando à FUNAI, pois acho importante termos esse
dialogo ao longo dos anos, porque o nosso desafio, de erradicação da extrema pobreza, é muito grande.
Não conseguiremos resolver os problemas seculares das comunidades indígenas, mas queremos dar
aquele patamar mínimo de dignidade e de qualidade de vida àquelas que estão em piores condições. Esse
é um chamamento que fazemos para vocês nos ajudarem a definir essas áreas prioritárias em que
trabalharemos esse ano.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Maya, pela apresentação. Quero informar que
vamos abrir a inscrição aqui. Já vi o Sandro ali, o Marquinho, todo mundo vai falar. É só dar o informe de
que esse material que ela me deu aqui, o livro, está circulando aí. Tivemos a informação de que
poderemos ter um livro para cada um de vocês. A Terezinha vai indicar o numero de pessoas para, na
próxima reunião, nós entregarmos para todo mundo. Em relação aquele documento da conferencia, eu
quero pedir para tirarmos copias, para cada membro da CNPI receber o regulamento da conferencia.
Então vamos abrir as inscrições agora. Só recuperando aqui, eu vi que foi o Sandro, o Caboquinho, o
Marquinho, o Anastácio, Francisca, Simone. Tem uma ordem, né? Eu quero pedir, como ontem,
procurarmos sempre sermos objetivos, pra podermos ganhar tempo e todos poderem falar.
Sandro Tuxá – Sandro, pelo nordeste e leste. Uma coisa que me chamou a atenção, e é uma coisa
que estamos reivindicando há muito tempo. Quando colocamos a questão das cotas para as comunidades
indígenas, comunidades tradicionais e indígenas. Queria lembrar que temos que procurar outro método,
porque, geralmente, nos estados nós não conseguimos sobressair, porque o movimento negro, com todo o
respeito que eu tenha a eles, e outros movimentos organizados são muito mais articulados que nós e nós
não conseguimos chegar, saber das datas. Isso é muito complicado garantir nossa participação através de
comunidades tradicionais. Nós deveríamos pensar para termos, realmente, a cota indígena, por menor
que seja. Outra coisa que eu queria ver se a secretaria pode responder, de quando ela falou em relação aos
programas do governo, de aquisição de alimentos, se entra a questão de pecuária; a questão de pescado,
das associações. Se entra e como depois poderemos acessar essas informações. Através da Luana ou de
111
outros? Era só isso, presidente. Muito obrigado.
Márcio Meira – Presidente da CNPI - Caboquinho.
Caboquinho Potiguara – Caboquinho, Leste e Nordeste. Eu quero agradecer pela exposição
conferida aqui. Eu tenho algumas coisas que eu gostaria que fossem mais especificadas. Uma é a questão,
em que eu fico muito preocupado, principalmente na minha área, do acompanhamento técnico dentro
das áreas indígenas. Eu acho que, principalmente o quadro hoje, que nós temos dentro das áreas
indígenas, de técnicos, agrônomos ou de outras especialidades em que diz respeito a esses projetos, são
muito poucos. Eu deixaria como embasamento, como proposta, que procurassem ver que tem muitos
povos indígenas e muitos técnicos agrícolas que estão ai desempregados, que poderiam fazer parte do
contexto para contribuir. Nunca ninguém avançou nisso. Nós sabemos que temos os técnicos da
EMATER, da EMBRAPA, mas são limitados ainda. Então é mais nessa linha. Talvez buscando um
concurso ou alguma coisa assim.
Outra coisa, que eu gostaria que fosse focada, é a questão das sementes tradicionais, que estão se
perdendo. A cada dia estão se perdendo as sementes tradicionais e nós não vemos nenhuma política
especifica direcionada para discutir sobre essa questão. Na realidade, as sementes que são dadas pela
FUNAI, na maioria, são híbridas, então fica muito difícil para trabalharmos. Eu falo isso, porque sou
técnico também. Outra coisa que quero ver também, Maya, é quanto à questão da burocracia dos
projetos. São muito burocráticos. Às vezes, o projeto volta, vai, vem, vai, vem e acaba passando o prazo.
Era só isso. Muito obrigado, Presidente.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Caboquinho. Agora é o Marquinho Xukuru.
Marcos Xukuru – Marcos Xukuru, da região Nordeste e Leste. Primeiro quero dizer que a
importância desse tema, que está sendo posto aqui na mesa, na comissão nacional, é muita informação
para processar. Eu acho que deveríamos ter um tempo maior para podermos processar tudo isso que foi
apresentado. Tem alguns programas que eu acho importante, por exemplo, o PAA. Nós temos, no Estado
de Pernambuco, feito uma articulação junto com o governo de estado, através do IPA, tentando fazer os
povos indígenas de Pernambuco acessar esse programa e tem dado certo. Tem, efetivamente, dado certo,
porem com algumas ressalvas. Um grande problema encontrado muitas vezes parte do município.
Quando é uma prefeitura aliada, que tem a sua dedicação, a coisa flui bem; quando não, há uma
dificuldade para a implantação desse trabalho.
Eu acho que o Caboquinho falou uma coisa importante. Nós temos hoje algumas linhas de credito,
112
com o PRONAFE, algumas questões, principalmente adentrando os territórios que já estão demarcados,
homologados, “desintruzados” e que os povos indígenas estão ocupando efetivamente. Mas tem a questão
da assistência técnica e extensão rural. Em Pernambuco, nós realizamos o primeiro seminário, em
parceria com o governo do estado, com o Ministério do Movimento Agrário, discutindo uma política de
terra indígena. Eu acho que é importante pensar uma política para os povos indígenas, porque quando
vamos disputar com os fazendeiros, com os grandes empresários, que tem uma monocultura no estado,
isso dificulta muito para nós. Então os técnicos ficam mais voltados para esses grandes negócios que
terminam, muitas vezes, com os povos indígenas sem o acompanhamento técnico. Isso é uma dificuldade.
Então é preciso avançarmos nessa discussão. Já temos feito isso junto ao ministério, que eu espero
que crie um corpo maior, pois a demanda que existe no nosso país, em relação às populações indígenas,
precisa de um reforço. Antes só tinha o Andrezinho, o André e a Silvia, que acompanhavam o Brasil todo
nesses projetos, que os povos indígenas têm acessado junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e é
uma dificuldade. Então precisamos olhar par isso, para que, de fato, possamos avançar. Outra coisa que
foi falado é a questão da burocracia. Nós passamos um ano, praticamente, para acessarmos o projeto do
Ministério do Desenvolvimento Agrário. Por quê? Primeiro as organizações internas, as associações,
muitas vezes não atendem o perfil que é estabelecido pelo sistema. Então é difícil. Agora entrou outro
sistema, que é o *palavra não identificada. Esse que é o nó mesmo, para você prestar contas, para você
poder acessar. E as organizações e associações não tem esse corpo técnico para poder apresentar e fazer
todo esse trabalho. Então como seriam essas ações chegando dentro dos povos indígenas? Os povos
indígenas não tem esse tipo de informação dentro dessas questões todas aí. Eu acho que era isso mesmo.
Qualquer coisa depois eu vejo.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Anastácio.
Anastácio Peralta - Guarani Kaiowá – Anastácio, Guarani-Kaiowá, Mato Grosso do Sul. Eu achei
muito bonito a erradicação da pobreza. Se formos fazer uma avaliação, o que é erradicação da pobreza?
Com essa mentalidade Européia, eu vejo que o Brasil inteiro é pobre. Não são as pessoas que passam fome
que são pobres. Eu acho que foi o melhor tema que chegou aqui. Eu acho que a esperança venceu o medo
e agora chegou erradicação da pobreza. Já tem muito tempo, em que nós indígenas estamos discutindo o
que erradicação da pobreza. Nós estudamos muito o bem viver oralmente com os Guarani-Kaiowá. O que
é “bem viver”? É ter um carro importado ou um celular da hora? Mas como nós iremos combater a
pobreza, se nós não temos as terras, nós não temos mais os peixes, nós não tem mais os rios e quando tem
está poluído. Então eu acho que é um tema bastante importante, não só para o CNPI, mas para o próprio
país. O que é combater a pobreza? Os Guaranis tem muita experiência nisso, porque tiraram as terras
113
deles, tiraram as florestas, rios, mas continua com a sua cultura viva, alegre e feliz, lutando pelos seus
direitos e principalmente pelas suas terras.
Eu achava que poderíamos ir mais fundo nesse estudo do que é a erradicação da pobreza. São os
plantadores de cana? Eles são ricos ou eles são pobres também em pensamento, em valores culturais ou
valores da própria terra? É o plantador de seja? Eles que são ricos e nós que somos pobres? Eu acho que
tem que trabalhar mais isso. O criador de gado. O que faz mal para a natureza? Energia nuclear? Eu acho
que é uma coisa muito interessante que nós temos discutido o bem viver dos Guarani-Kaiowá. O bem
viver é ter alimentação, muita alimentação, ter a partilha, ser alegre, ser feliz e ter espaço para viver. Mas
um povo que vive preso em pequena terra, em que nós vivemos confinados, é muito difícil combater a
pobreza. Às vezes fica a disputa, igual à mentalidade dos exploradores. Os inimigos estão lá dentro, eu
dou uma cesta, se chegar o “marmitex” ele vai pegar e não vai dividir com o outro. Onde tem muita
pobreza é difícil você dividir. São a mesma coisa os grandes empresários, que são muito gananciosos. Eles
nunca vão dividir o que eles têm, eles querem mais. Então esse combate à pobreza, eu acho que
poderíamos aprofundar mais na partilha mesmo, como partilhar isso. Os grandes continuam ganhando
muito mais e nós ganhando muito menos. Outra coisa, como nós teremos uma alimentação de qualidade
se em volta de nós estão passando agrotóxico, veneno, tudo quanto é coisa. É muito difícil isso.
O Lula está de parabéns por ter criado essa lei e a Presidente Dilma pegar esse tema como
erradicação da pobreza. Mas não podemos considerar pobre porque está gordinho ou porque está faltando
peso, mas também educar os grandes empresários também. Era essa minha fala.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Anastácio. A próxima inscrita é a professora
Francisca Pareci.
Francisca Navantino Pareci – Francisca Navantino, do estado do Mato Grosso, do povo Pareci. Eu
estou na linha do que o Anastácio falou. Eu achei interessante esse plano, dessa discussão dessa
erradicação da pobreza, no entanto, antes dessa discussão, para os povos indígenas, nós temos que fazer
uma grande reflexão. Porque o que temos visto nos últimos anos das ações governamentais é levarem os
povos indígenas à pobreza, mas não a pobreza somente do ponto de vista econômico, mas uma parte do
que o Anastácio colocou aqui. A condição de vida das nossas tradições está sendo totalmente violada.
Primeiramente teremos que fazer uma diferença do conceito de pobreza na hora de discutir sobre povos
indígenas. Tem que diferenciar, porque o que é pobreza para o branco não é pobreza para os índios, nós
temos cultura.
Eu não me esqueço de umas falas de muitas lideranças tradicionais, que sempre têm colocado isso,
que a nossa pobreza não é uma pobreza do ponto de vista da ocidentalização econômica. Não é isso, mas
114
tem o envolvimento de uma serie de outras questões que estão nos levando para isso. Então temos duas
situações que estamos vivendo hoje que são: de um lado, nós indígenas estamos sendo levados para
termos uma condição de vida igual ao dos não índios, com o capitalismo entrando nas terras indígenas,
aleatoriamente; obrigados a ter de engolir, vamos dizer assim, e por outro lado estamos perdendo nosso
território, os recursos naturais. Estamos sendo violados gradativamente. Vamos pegar os pontos
principais das próprias ações do governo. Esse grandes empreendimentos que estão aí. Um cacique
chegou e falou para mim: “Ô Chiquinha, isso que está levando nós para a pobreza.”. Sim e em todos os
sentidos. Inclusive a perda do território, da condição de sustentabilidade do bem viver que o Anastácio
está falando.
O que é o bem viver, para nós índios? É ter uma terra saudável, ter sustentabilidade, recursos
naturais disponíveis, que você vai lá e pega na hora que quiser, é ter sua roça, é ver seus filhos falando na
língua, praticando a sua cultura, é isso que é para nós. Com mais outras coisas. É ter uma educação
adequada e coerente com a nossa realidade e não está acontecendo isso. Então eu acho que temos que
marcar uma posição, aqui na CNPI, desse conceito de o que é erradicar essa pobreza. Porque se é pra
levar para o lado econômico de não ter casa, não ter isso ou não ter aquilo, o que está acontecendo nas
aldeias? A maioria dos nossos povos está sendo obrigada a construir casas, igual de não índios, dentro da
aldeia, porque não tem mais os recursos naturais da tradição. Se você perde os recursos naturais, você
perde os rituais também. Vou dar um exemplo de um povo que está passando por uma situação dessa: os
Ena Wê Nê Nawê. A pratica principal só ritual deles, que é da pescaria do peixe, eles estão perdendo. E
esse ano tem o risco de não acontecer. Por quê? Porque uma grande empresa está lá, fez a PCH, desviou o
recurso do rio e acabou. E nisso quem vai embora? A quem está matando? Está matando a tradição.
Eles vão perder a língua, o espaço territorial, etc. Então eu acho que é isso que temos que trabalhar
aqui. Eu sou favorável a que? À discussão sobre políticas, para nós, indígenas, é discutir a especificidade
nossa. Porque no dia em que perdermos a nossa cultura não seremos mais ninguém. E nesse sentido
também, eu queria colocar, que nesses programas, apesar de toda essa situação, nós tivemos um programa
que contribuiu muito com a vitalidade, com a busca, recuperação e revitalização. Eu estou falando isso a
partir do que eu ouvi de vários povos, principalmente do meu estado, o Mato Grosso. É a carteira
indígena, que ajudou muito o povo a recuperar, revitalizar determinadas praticas culturais. E a carteira
indígena, nós não sabemos como será daqui para frente. Um programa tão importante, para nós
indígenas, corre o risco de não acontecer mais.
Não se tornou política pública. Simplesmente irá desaparecer. Então, gente, se é para discutir esse
programa, esse plano que a nossa Presidente está lançando, aqui tem quatro fóruns e ela dialoga
diretamente com esses fóruns. Eu gostaria que colocasse a CNPI como o quinto fórum. Pronto, vamos
discutir com ela sobre o plano da erradicação da pobreza. Ela lutou muito também. Eu sei disso. Da vida
115
pessoal dela. A historia de vida dela é belíssima. É uma grande guerreira na luta dela por esse país. Nós
estamos lutando pelo nosso povo indígena, para manter as nossas tradições; o que está muito difícil diante
do que nós estamos vendo. Então eu sou favorável de que, na nossa proposta, eu gostaria que os
companheiros se atentassem para isso, nesse plano, nessa discussão tão importante, atrelado com a
discussão da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar, pois tem tudo a ver, pois é a sobrevivência de
um povo. A discussão de que a CNPI entrasse como mais um fórum de discussão, de dialogo com a nossa
Presidente. É isso que eu gostaria de pedir para os nossos representantes aqui, de levar essa questão para
ela; de mais um fórum para se abrir, para discutir com ela. Vamos discutir dentro da nossa especificidade
e não em uma generalização de política, de discussões e de ações de governo. Não é isso. Nós queremos
ações especificas. Como foi o exemplo positivo da carteira indígena e gostaríamos, se for possível, de
retomar essa discussão da carteira indígena. Era isso que eu queria colocar e muito obrigada.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Simone, a próxima inscrita.
Simone Karipuna – Simone Karipuna, região Amazônia. Eu fico muito feliz com a fala da
Chiquinha e é isso mesmo. Nós estávamos, justamente, discutindo antes da conversa, que é nesse sentido
que vem uma preocupação quando eu vi a exposição do Cláudio em relação a esse programa de
erradicação da pobreza. Aí eu pergunto para ele, para que me esclarecesse quais os critérios que vocês
estão desenhando para que se discuta como está sendo construindo esse programa que vocês estão
propondo aqui, como está sendo desenhado. Porque, como eu falei, eu sou da região da Amazônia, onde
nós temos áreas muito distantes da cidade, onde o acesso a alguns programas do governo é difícil para os
indígenas; às vezes é só de aeronave e o governo não dá esse direito aos povos indígenas.
O direito de ir e vir. Nós temos áreas que para uns indígenas sair de dentro dessa área, ele tem que
ter sete mil reais para poder pagar um frete aéreo. Aí nós pensamos na qualidade de vida desse indígena,
que está lá dentro, e ele é incluído na erradicação da pobreza. Como que a vida dele lá dentro, quer dizer,
porque ele não tem acesso a esses programas, aí ele está dentro do bojo da erradicação da pobreza. Então
a minha preocupação vem para como vocês estão tratando esse tema, como vocês estão colocando para
incluir na discussão. Então é uma preocupação que vem conosco. Eu, como indígena, não poderia deixar
de me preocupar com essa questão. Eu faço parte de uma subcomissão de ética e desenvolvimento, onde
discutimos esse tema. Como indígenas, já nos preocupamos em poder discutir junto aos componentes do
governo que fazem parte dessa subcomissão, de pensar uma proposta para o governo, eu vou ate ler para
vocês.
No tocante do que é esse plano de erradicação da pobreza, a subcomissão de ética e
desenvolvimento discutiu a necessidade de critérios orientadores, que desrespeitam aos povos indígenas,
116
tais como adequados aos povos indígenas, considerando a definição do que se considera a qualidade de
vida, deve ser feita pelos próprios interessados. Deve se considerar aspectos étnicos, culturais e regionais
e não apenas critério de renda per capita. Então eu queria muito que vocês, ao trabalharem esse tema,
que pensassem justamente no sentido de que discutam em conjunto com a gente esse programa, essa
proposta que vocês estão desenhando. É de suma importância para nós, discutir e que não entremos no
bojo do que é toda essa estrutura que vocês apresentam para nós dessa erradicação da pobreza para os
povos indígenas. Que se pense, justamente, em discutir junto com a gente. Obrigada.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Bom, o próximo inscrito sou eu. Eu me inscrevi. O Dilson
está inscrito. Depois de mim é a Silvia, depois o Edmilson, depois o Dilson, depois o Brasílio.
*intervenções fora do microfone.
Eu me inscrevi, porque eu ia abordar o assunto, mas eu resolvi manter a minha inscrição aqui,
porque o assunto que eu ia abordar foi o assunto que o Anastácio levantou. Por quê? Eu acho que a
questão de fundo dessa discussão, que é muito importante, esse tema é central na questão de política
indigenista no Brasil hoje, é fazermos uma reflexão no governo sobre duas coisas. O primeiro tema é a
discussão sobre a especificidade das políticas publicas para os povos indígenas. Quando nós falamos, e está
definido isso na legislação, foi apresentado pela Maya e pelo Cláudio, que em todas essas políticas, deve
ser respeitada a diversidade cultural.
Esse é uma conceituação já definida na legislação e nas políticas publicas. Qual o problema que eu
estou levantando aqui? É muito difícil nós sairmos dessa definição da diversidade cultural para uma
tradução pratica de execução dessas políticas com os povos indígenas. Não é fácil fazer isso, mas é
importante levantar essa questão, porque quando falamos de povos indígenas, nós estamos falando de
mais de 220 povos diferentes e cada povo tem uma situação em que é necessário ser considera por um
ponto de vista de um sistema de segurança alimentar e nutricional. Só aí já coloca uma complexidade
gigantesca.
Então esse é o primeiro ponto que eu queria levantar para reflexão. Nós temos que debater mais, no
governo, as especificidades das políticas publicas para as culturas. E o segundo ponto, que é decorrente
desse primeiro, é fazer uma reflexão maior sobre o que significa pobreza, porque esse também é um
debate importante, pois aí entra a definição do que é a extrema pobreza. O conceito de pobreza e de
extrema pobreza, que foram desenvolvidos ao longo de décadas, não só no Brasil como no mundo inteiro,
discutido pelas Nações Unidas e que nós temos adotado já, principalmente no governo do Presidente
Lula, é um conceito que, embora tenha evoluído muito, tem como base fundamental as sociedades
ocidentais.
Principalmente as sociedades européias. Isso nos leva a, muitas vezes, identificar, com o nosso olhar
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de governo matizado por esses princípios, quando observamos uma comunidade indígena, um povo
indígena, acabamos identificando como pobreza ou extrema pobreza. Mas nem sempre essa pobreza ou
extrema pobreza é real. Eu não estou querendo dizer que isso é um problema ou que não existem
situações de pobreza no sentido econômico, de ausência de alimentação ou da necessidade de alimentos
para aquela comunidade, mas não é só isso. Eu, por exemplo, tive varias oportunidades de discutir com
pessoas que viajaram para alguma comunidade indígena ou viajaram juntamente comigo, pessoas que
nunca foram em uma comunidade indígena, uma pessoa do governo, e de repente nós vamos lá e essa
pessoa vai. A primeira coisa que essa pessoa comenta comigo é “Mas eles são tão pobrinhos.”, e esse
comentário ano é um comentário excepcional não. Ele é geral. É a primeira coisa que a pessoa comenta
comigo. Então esse comentário é extremamente preconceituoso, porque eu conheço centenas de
indígenas que já me disseram que não gostam e se sentem muito agredidos quando alguém chega e diz
que aquele povo, comunidade ou aldeia é pobre. Esse conceito de pobreza vai muito além da questão
econômica. Então eu me inscrevi para levantar essa questão e, a partir daí, colocar outra questão. Eu acho
que essa questão não é nova, mas vou recolocar. Primeiro, no caso da política geral, já está previsto isso,
mas eu acho que precisamos consolidar mais essa idéia de um componente indígena na política. Aquilo
que a professora Francisca colocou, mas traduzindo em outra linguagem. Nós precisamos ter um
componente indígena na política e esse componente tem que ser diferenciado.
É a mesma coisa na educação. Não pode ser a mesma que vai para a escola das nossas crianças nas
cidades. A educação escolar indígena tem que ser diferenciada. O grande desafio do Brasil, como nação, é
oferecer para os povos indígenas, políticas públicas diferenciadas. Como nós construímos um
componente indígena nessa política? Aí entra a questão da carteira indígena, por exemplo. Se
apresentamos, nos últimos anos, uma serie de idéias e propostas e uma delas se destacou, ela apareceu
pequena, mas virou uma coisa em que todas as comunidades indígenas entenderam que aquilo é bom, eu
acho que temos que transformar essa idéia em uma política publica forte. Aumentar os recursos, dar
maior visibilidade para ela, melhor eficácia e eficiência na aplicação, com fazer isso, etc. eu estou dando o
exemplo da carteira indígena, mas poderia ser outro. Então esse é o primeiro ponto.
O segundo ponto é o plano que está sendo elaborado agora. A pergunta que eu faço para o Cláudio
é, como o plano está sendo elaborado e se não seria necessário e saudável, que esse plano já fosse
apresentado pela Presidenta com um componente indígena, que não é a mesma coisa que componente
para populações tradicionais. Não podemos misturar. Essa também é uma questão que eu tenho batido
muito no governo, é que muita gente no governo pensa que populações tradicionais incluem os povos
indígenas. Não incluem, porque a quebradeiras de coco, ou os ribeirinhos na Amazônia, por exemplo,
tem o direito? Tem, mas não tem nada a ver e é completamente diferente de povos indígenas. Então a
pergunta é: não haveria possibilidade, seria saudável ou importante, que pudéssemos a partir dessa
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discussão na CNPI, que a nossa subcomissão de etino-desenvolvimento pudesse contribuir com a
elaboração do Plano Nacional de Erradicação da Extrema Pobreza, que a Presidenta Dilma coloca como
prioridade em seu governo. Nós concordamos, obviamente, com essa prioridade. Mas estamos propondo
o seguinte, que nesse plano tenha um componente indígena, que é um elemento diferenciador. Dar a essa
política, como as outras políticas que nós defendemos dessa mesma maneira, o caráter de autoridade que
precisa ter. Não só de universalidade, porque o conceito de universalidade é essencial. Todos nós
concordamos com ele e já discutimos muito isso, mas qual é a questão que os indígenas sempre levantam?
Que nós temos que ter o conceito de autoridade. Então políticas publicas têm que ter universalidade e
autoridade. Autoridade significa o que? Tem que ter um componente diferencial para os povos indígenas.
Esse componente diferencial não é um problema, é uma solução. Então eu queria, na verdade,
simplesmente fazer essas duas perguntas. Primeiro em relação à política geral, de aprofundarmos essa
questão do componente indígena, com a carteira indígena - a FUNAI, obviamente está à disposição para
aprofundarmos isso com o MDS, já havíamos aprofundado, mas precisamos aprofundar mais – e no caso
do plano, especificamente, termos esse componente indígena no plano. Quando a Presidenta lançar o
plano, já ter esse componente previsto no plano. Com isso que acho que teríamos um avanço muito
importante nessa política, porque ela mexe com vários fatores, vários setores da vida dos povos indígenas
no Brasil. Seria um avanço muito grande, muito importante. Então essa era a minha fala. A próxima
inscrita é a Silvia.
Silvia Ferrari – Ministério do Desenvolvimento Agrário – Em relação às propostas de
encaminhamento, foi totalmente contemplado pela proposta do Márcio. Sinto-me na necessidade de
esclarecer algumas coisas e apresentar outras, que estão sendo trabalhadas pelo MDA, por causa dos
questionamentos feitos.
Em relação aos técnicos indígenas, nós que trabalhamos especificamente com isso, a única ação
orçamentária, que temos dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário, especifica para povos
indígenas é a Assistência Técnica e Expansão Rural. Existe desde 2004, que estamos sempre dialogando
com vocês, publicamos um livro de algumas experiências no final do ano passado, que distribuímos aqui.
Nós estamos tentando trabalhar, porque é um entendimento que construímos dentro do MDA, que essa
ação deveria ser coordenada pelas organizações indígenas. Em muitos lugares nós não conseguimos fazer
essas parcerias com as organizações indígenas, mas agora, com a criação da lei de *palavra não
identificada, no inicio do ano passado e que está começando a ser executada do final do ano passado até
agora, que foi quando lançamos as primeiras chamadas nesse formato, é facilitado o gerenciamento desse
recurso pelas organizações indígenas.
Então em relação aos técnicos indígenas, nas chamadas de projetos, nós sempre enfatizamos e
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demos pontuação a mais para as organizações que traziam, em suas equipes, os técnicos indígenas. Em
relação à efetivação desses técnicos no quadro dos estados, das empresas estaduais *palavra não
identificada, nós fazemos um dialogo permanente através da rede temática de *palavra não identificada,
junto aos povos indígenas. Tem representação do movimento indígena dentro dessa rede. Atualmente,
quem realmente está atuando, apesar de já termos convidado todas as organizações regionais, mas não
tivemos resposta de algumas, é a representação da APOINME, ARPIN-SUL, ARPIN-SUDESTE e MOPIC.
Estamos com dificuldades com COIAB e ARPINPAN. Aí nós avançamos em estados como Acre, Alagoas,
nós temos, no processo seletivo da equipe, uma seleção especifica para técnicos indígenas; na Bahia terá
agora o processo seletivo dos técnicos indígenas, para serem incorporados na equipe da EBDA; em
Pernambuco, no inicio de março, tivemos uma conversa, que o Marquinho acompanhou, com o IPA para
que no próximo concurso, que será no meio do ano, ter vagas para indígenas. Isso tentando suprir a
questão das empresas publicas de *palavra não identificada. Nas não governamentais, nós tentamos dar o
incentivo para que eles estejam dentro dos projetos.
Aí nós encontramos um problema, que é a falta de recurso para o fomento, para o apoio às
atividades produtivas, á recuperação ambiental, o que não temos hoje dentro do MDA. Nós temos o
credito que não é uma coisa adequada, teria de adequá-lo ao programa. Nós temos agora esse grupo de
trabalho interministerial, que está em processo de tramitação dos nomes, foi para a assinatura do
Ministro do MDA, o Afonso Florence, vai chegar ao Ministério da Justiça para publicar o nome, para
podermos começar os trabalhos. A intenção desse grupo de trabalho, que foi uma indicação da
subcomissão de etino desenvolvimento, é fazer adequação a essas políticas publicas, que são mais gerais e
que estão dentro do MDA, para o acesso dos indígenas. Resolver o problema da ADAPI, PAA, PENAE,
produtos de acesso à biodiversidade, PRONAF, enfim, fazer as discussões desses programas que estão
dentro do MDA, que tem recorte em outros ministérios. Nós precisamos evoluir nesse sentido. É uma
leitura que se tinha dentro do MDA e não conseguíamos fazer essa disputa interna de quem está
trabalhando. Como o Marquinho fala, a nossa equipe.
Era o André e eu. Depois entrou a Ruth Henrique como consultora, que ficou no ano passado, e
agora o André saiu para o Mestrado e estou somente eu, para dar conta de analisar os projetos, fazer fluxo
de contratação, analise de prestação de contas, estar nos fóruns de discussão com o movimento e com o
governo, então é bem complicado. E ainda fazer essa discussão interna dessa necessidade desse trabalho.
Como se trabalha a assistência técnica sem colocar algum recurso de apoio para as iniciativas que tem.
Então, às vezes, você vai chegar a uma área que tem a equipe técnica, mas você precisa do dinheiro para
construir uma casa de farinha. Enfim, e não dá para contar com o PRONAF para esse tipo de coisa. Hoje
está se abrindo o dialogo para isso, hoje eu sou suplente aqui na CNPI, mudamos as indicações de nomes.
O Edimilton Cerqueira, que é o titular pelo MDA. Ele não está aqui hoje, pois foi com esse grupo para
120
Rio Negro. Ele foi colocado como titular da CNPI, porque ele é a pessoa que veio para assumir uma
diretoria que está sendo criada dentro do MDA, ligada ao gabinete do Ministro, que é uma diretoria de
povos e comunidades tradicionais, que é, enfim, toda essa discussão de conceito. Hoje o que temos de
especifico dentro do MDA? Para quilombolas e indígenas. Então é quem vai primeiro para essa diretoria
na tentativa de construir um programa, que fortaleça essas ações que já existem e depois amplie para as
populações tradicionais de uma forma geral. Então, está se abrindo esse dialogo de uma ampliação de ação
interna, que nós podemos, e eu peço o apoio da FUNAI, para que consigamos efetivar essa discussão. Hoje
nós tentamos casar os projetos da *palavra não identificada indígena com a carteira, com a FUNAI local,
mas com as nossas agendas e tramitações internas nos órgãos, não conseguimos encaixar muito e, às vezes
isso fica descompassado. Aí acaba o dinheiro da atividade produtiva da FUNAI e á a hora que a equipe
técnica chega. Enfim, é isso que eu queria falar.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – O próximo inscrito. Eu queria propor o seguinte, que na
próxima fala encerremos a inscrição. Então vou ler só para conferir. O Edmilson, o Dilson, o Brasílio, o
Kohalue, o Jecinaldo, a Lylia e a Luana. Então na fala do Edmilson encerra-se as inscrições, para
voltarmos para eles poderem responder para nós.
Edmilson Canale - Ministério da Saúde - SESAI – Obrigado. Bom dia. Edmilson do Ministério da
Saúde. Márcio, eu vou tentar ser muito breve, até mesmo com o encaminhamento, mas se eu estiver
equivocado com os meus encaminhamentos que eles sejam desconsiderados, com relação aquilo que está
sendo proposto, ou aquilo que deve ser o objetivo da CNPI. É em relação às articulações com as estancias
aqui representadas. Na seguinte perspectiva, sendo rápido e objetivo, com base no que Chiquinha falou
também, que a CNPI levasse nessa agenda com o Ministro a possibilidade de a CNPI ser esse articulador e
definir essa política publica para os povos indígenas. Por quê? Eu, hoje, observo que muito do que foi
discutido aqui funciona, dentro dos ministérios, por interesse de pessoas. As pessoas que estão à frente
desses projetos ou programas dentro dos ministérios. Quando saem, a coisa não caminha. Então temos
que definir isso como uma política publica de governo. Discutir isso junto com o Ministro na seguinte
perspectiva, tudo que foi apresentado são ações que estão sendo executadas dentro dos ministérios, mas
isso precisa ser centralizado.
Em que sentido? A questão do problema com relação à desnutrição, ele entra no processo do
desenvolvimento da sustentabilidade dos povos indígenas, entra com a questão da terra, então são cadeias
de ações que precisam ser, não fragmentadas, mas aglutinadas. Então nessa perspectiva, de talvez ter esse
quinto fórum e estarmos discutindo diretamente com o governo, não da de ficar com essas ações
fragmentadas dentro de vários ministérios e não termos uma política publica definida para os povos
121
indígenas. Então eu acho que essa é a minha proposta, de tentar resolver ou minimizar esses problemas
que aí estão; seja ele com relação ao problema do agravo de doenças. Saneamento básico; se não tiver
saneamento básico não adianta dar medicamento para o paciente, ou para o indígena, que aumenta o
consumo de medicamento, mas o saneamento básico está precário, então uma coisa complementa a outra.
Então é só nessa perspectiva que eu queria fazer essa observação rápida, porque os pontos, apresentados
pela erradicação da pobreza, são garantia de renda, acesso a serviços e inclusão produtiva. O plano
nacional é praticamente a mesma coisa. Produção, consumo, então só faltou otimizarmos isso na seguinte
perspectiva, a CNPI, sendo esse articulador para definir essa política publica para os povos indígenas.
Obrigado.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Dilson.
Dilson Ingaricó – Bom dia. Dilson, do estado de Roraima. Primeiro quero parabenizar o governo
pela iniciativa. Eu acho que é uma tentativa do governo de acertar, diante de todos os problemas que
existem no país em relação à questão indígena. Cabe a nós técnicos, professores, sociólogos indígenas
readequar isso aqui conforme a realidade dos povos indígenas. Lembrando que o governo também criou
os territórios da cidadania, que o Cláudio falou, a possibilidade de trabalhar com os territórios da
cidadania indígena. Creio que, em quase todo o Brasil, onde têm povos indígenas, o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, a SDT, implantou os
territórios da cidadania.
Dando oportunidades para que as próprias comunidades indígenas, ocupantes daquele território,
discutam a forma de como desenvolver aquele território. Eu acho que isso já é o primeiro passo, porque o
governo dá abertura, dá possibilidade de as próprias comunidades discutirem a maneira de desenvolver as
comunidades. Eu acho que já é um avanço muito grande. E é muito importante nas comunidades
indígenas a questão de discussão. Isso tem que acontecer a nível regional. Não adianta discutirmos para a
comunidade. Eu acho que discussão tem que acontecer na base. O que me preocupa muito quando
dizemos que queremos desenvolvimento sustentável; são Pareci com educação escolar indígenas
especifica. Não aparece nada de especifico para essa questão. Da mesma forma, o desenvolvimento
sustentável.
Os próprios indígenas, eu não quero criticar, mas técnicos indígenas aprenderam técnicas de
produzir utilizando venenos ou outros tipos de defensivos. Aí acaba aceitando o mesmo que o agricultor
utiliza. Nisso se desvaloriza os conhecimentos técnicos culturais das populações indígenas. Isso acaba com
uma quantidade grande de maquinas. Eu entendo, porque a terra onde foi invadido, já foi uma área de
degradação e realmente requer uma correção, mas aí precisamos estudar alternativas para produção
122
agrícola indígena.
Eu queria falar um pouco sobre PAA, Programa de Aquisição de Alimentos. É um programa, que se
for trabalhado muito bem, potencializa, incentiva a comunidade a produzir. Esse programa tem que
chegar às comunidades indígenas mostrando que a produção indígena será valorizada, onde tem produtos
em grande quantidade, produzidos pelas comunidades indígenas, está sendo comprado pelo governo e
dispõe para a própria comunidade indígena. Eu acho que isso incentiva a produção indígena.
A questão de erradicação da pobreza, na concepção indígena, é muito generalizado, como já
colocaram aqui. Trazendo para a realidade indígena, pobreza para nós é diminuição do território
indígena, é poluição do meio ambiente, saída dos jovens, talvez por falta de ocupação na comunidade,
desvalorização dos conhecimentos tradicionais – muitos de nós aqui falamos, mas nas comunidades
indígenas falta a vivencia da cultura, de ser representado e não somente apresentar durante visitas,
durante festas e sim vivenciar a realidade indígena, a cultura e as técnicas tradicionais indígenas. Eu acho
que isso tem que acontecer. Muitas vezes, em outras regiões, nós vivemos como a sociedade nacional e
quando vem uma visita, nós apresentamos alguma coisa indígena. Eu sou contra isso. Como professor,
como educador, eu acho que temos que viver como é na comunidade. Nós viemos para a cidade, usamos
roupas, mas nunca deixar de fazermos o nós somos; como nós fazemos, o conhecimento que nós temos.
Toda essa mudança de cultura, de técnicas está relacionada à desvalorização da cultura indígena.
Aqui mesmo na CNPI está sendo desvalorizada, porque não aparece a comissão de cultura. Cultura
é a origem do conhecimento, é aí que nasce o saber, seja indígena ou não. Se não tiver uma profunda
discussão da relação de fortalecimento do conhecimento indígena nas técnicas de produção, nós
estaremos falando sobre maquinas, tratores, etc. Isso está relacionado com desenvolvimento. Na verdade,
nós somos reféns de sistema produtivo, esperamos que a maquina produza e a comunidade fica sem saber
o que fazer. Talvez por falta de território ou tem território, mas não tem técnica. Nós precisamos
aprender outras técnicas, como já colocaram. Então precisamos pensar, construir as estratégias lá, como
efetivar, como implementar esses programas. Sabendo que a CNPI é um espaço onde nós deliberamos e
levamos os desejos das comunidades indígenas. Nós somos representantes de centenas de milhares de
indígenas de todo o Brasil.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – O próximo inscrito é o Brasílio.
Brasílio Priprá – Brasílio Priprá, da região Sul. O pessoal já falou bastante e falou muito bem, mas o
que eu queria contribuir é que é que nem a frase que o Presidente disse, alguém chega à comunidade e
diz “pobrezinhos”. Você olhando parece pobrezinho. Às vezes é mais rico do aquele que está chegando
ali, porque ele está bem de espírito. O que mais ele precisa é o respeito por aquilo que ele gosta e precisa
123
e é dele, o meio ambiente; água limpa, peixe limpo para comer e o incentivo desse Programa de
Aquisição de Alimento, da Carteira Indígena, eu acho que tem que incentivar o alimento que aquela
comunidade gosta. Então eu acho que precisa. Parabéns ao pessoal que está no governo, com vontade de
ajudar, mas eu acho que teria que criar um fórum de discussão com a Presidente Dilma, para, realmente,
encontrarmos o caminho de um programa de governo para os povos indígenas. Diferente daqueles que,
eu respeito muito, mas que não vivem de terra, vivem de cidades ou em outros lugares por aí, mas essa
mentalidade o governo tem que criar dentro dele. Quer ajudar? Parabéns, mas vamos conversar, vamos
acertar, porque os índios não são pobres não. Talvez precise de um empurrão para aprender a comer
aquilo limpo, o peixe, pode ser até verdura, porque a caça que eles queriam comer não tem mais. Não
pode chegar e dizer que só caçar não vai poder mais. Pelo menos respeitar, porque se fala muito em meio
ambiente; os povos indígenas são o verdadeiro meio ambiente. Muitos esquecem que se morrer uma
arvore, pode plantar ela de novo, mas quando morre um índio não da de plantar de novo. Então eu
gostaria, como proposta, eu acho que o companheiro Anastácio falou muito bem, a professora Chiquinha,
de irmos mais nessa direção. Eu acho que vamos chegar mais perto daquilo que as comunidades precisam
principalmente na parte de alimentação. Muito obrigado.
Presidente, só um minutinho, porque o Caboquinho quer fazer uma colocação.
Caboquinho Potiguara – Presidente, mais baseado no que estávamos falando sobre a questão da
ADAPI. Alguns projetos com o Banco do Nordeste, no caso, precisam tanto da ADAPI, quanto da carta
de anuência da FUNAI. Nós estamos prejudicados, e eu acho que o Nordeste todo, porque os
coordenadores regionais, eu acho que no Brasil todo, não estão dando essa carta de anuência. São muitos
projetos que estão emperrados, porque falta essa carta. Era somente isso.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – O próximo é o Jecinaldo.
Jecinaldo Saterê Maué– Presidente, queria dizer que estamos aqui em um fórum de dialogo, mas
que, como vários das lideranças indígenas falaram, não podemos ser omissos em varias questões. Eu
queria somente acrescentar e reforçar algumas questões já faladas. Reforçando, por exemplo, a questão de
que tem que se levar em consideração a realidade de cada povo indígena. Nós temos desde povos que não
tem nenhum contato com a sociedade e nós temos povos vivendo nas periferias das cidades. Então isso é
uma realidade que tem que ser considerada no debate das discussões. Agora, essa discussão vai dar certo?
Se tiver de fato uma participação direta das comunidades indígenas, dos povos indígenas. Este fórum, que
tem o debate mais próximo da Presidente do Brasil, a nossa guerreira Dilma Rousseff, poderia ser o
encaminhamento da nossa CNPI a participação direta nessa discussão. Não trata de uma questão técnica,
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se trata de uma discussão de uma realidade da participação indígena de forma mais direta.
É preciso ficar claro, aqui na CNPI, para o governo brasileiro que, nós povos indígenas enxergamos,
e em alguns momentos, uma contradição no governo. Contradições que eu queria dizer da grande
preocupação. Nós estamos discutindo as coisas, mas nós queremos sempre, como prioridade, a
demarcação das terras, as políticas publicas adequadas à nossa realidade, a educação, a saúde adequada à
realidade dos nossos povos. Aí nós poderemos, de fato, construir uma política indigenista. Hoje nós
discutimos uma coisa aqui, só que lá fora está sendo construída uma hidrelétrica que inundará vários
povos. Isso é contraditório no governo brasileiro. Então essa questão, eu estou falando da hidrelétrica de
Belo Monte, que eu particularmente sempre fui contra a questão da hidrelétrica, que é, depois da
transamazônica, outro grande mal que está na Amazônia e é um exemplo errado para outras regiões do
Brasil. Mas nós temos que ir debatendo. São anos de descaso com a questão indígena, mas nós temos um
dialogo e de alguma forma é necessário esse debate, no meio de tantos conflitos que ainda existem na
questão indígena. Por isso o próprio Ministro disse, a questão indígena é um conflito, mas ele não encara
como isso. Que bom que ele está encarando assim, porque aí ele se prepara, porque vem muito debate
pesado pela frente. Então eu quero concluir aqui, apenas dizendo que é muito bom vermos o esforço e,
principalmente, pautado em uma questão real, concreta, que é o trabalho da pesquisa que foi feita.
Áudio interrompido.
01/04/11 – Tarde
Teresinha Maglia - Secretária-Executiva da CNPI – Bom gente, boa tarde, bom retorno. Como fiz
alguns comentários com o Dr. Márcio hoje de manhã, eu teria algumas justificativas e alguns assuntos
para tratar com vocês e enquanto o doutor Antônio Alves não chega eu gostaria de apontar algumas...
Bom, faltou a palavra. Vocês devem estar lembrados que nós fizemos na reunião passada o balanço geral,
este foi apresentado, foi bastante extenso e ficamos de fazer uma publicação de um livrinho, de uma
revista, enfim, de um balanço geral de todas as ações na CNPI nesse tempo todo. Ontem o Dr. Márcio
apresentou, mas foi bem sucinto, foi bem rápido, então eu gostaria de colocar para vocês que essa revista
ainda não está pronta... ...essa revista, para fazermos uma publicação não tão complexa, ela se tornaria...
para a fazermos mais complexa um pouco, contando tudo o que nós discutimos, nós não conseguimos
aprontar, para essa reunião, ficamos de ver uma boneca, ou seja, de apresentar mais ou menos como seria,
mas infelizmente ainda não ficou pronta. Nós estamos com uma equipe da FUNAI nos ajudando a montá-
la e nos comprometemos que, assim que ela ficar pronta, a encaminharemos para o e-mail de vocês para
darem uma olhada e aí nós a mandamos para publicação – pode ser assim?
125
Todos – Pode
Teresinha Maglia - Secretária-Executiva da CNPI – OK, fechamos assim então. Peço desculpas mas
não conseguimos fechar a revista na íntegra. Assim que estiver pronta encaminharemos e, se vocês
tiverem alguma mudança ou alteração, nos encaminhem de volta, nós mudamos e mandamos publicar,
para que ninguém fique descontente se faltar uma coisa ou outra.
Bom, nós temos aqui uma justificativa do Ministério da Cultura. Nós encaminhamos um convite
para a participação de um membro na subcomissão de cultura, eles nos encaminharam uma
documentação, um ofício, colocando que a pessoa que era a convidada permanente na CNPI não se
encontra mais no Ministério da Cultura e eles esclarecem no fim que não foi possível indicar nenhum
representante para participar da reunião devido à impossibilidade da agenda dos servidores. Nós
enviamos o convite um mês antes e no dia 23 de fevereiro eles nos encaminharam que ninguém viria
participar. Acho que reiteramos a importância de alguém estar nessa subcomissão e é justificando
também, e o pessoal comentava hoje de manhã, que o Ministério da Cultura novamente não conseguiu se
reunir, e fica um pouco delicado porque temos uma convidada permanente, uma representante da
bancada indígena, que é a Rosa, que se desloca lá do Ceará para participar dessa subcomissão de cultura e,
no entanto, a subcomissão de cultura não consegue se reunir por falta de membros. Nessa reunião só
estavam presentes o Sandro, que também faz parte de uma outra subcomissão, e acho que a bancada
indígena de repente tem o Sandro, o Caboquinho e o *palavra não compreendida, acho que os três fazem
parte de outras subcomissões e às vezes choca o mesmo horário da suas subcomissões com a de cultura –
então pode ser preciso reavaliar em qual subcomissão ficam, ou então poderíamos conseguir fazer um
ajuste para que a subcomissão de cultura passe para a tarde mas, enfim, a subcomissão de cultura está sim
com problemas. Não se reuniu duas vezes, nem na reunião da 15ª nem na 16ª.
Teresinha Maglia - Secretária-Executiva da CNPI – Temos algumas justificativas por faltas. Deu
para perceber que há 5 representantes indígenas que não estão presentes e eles nos encaminharam suas
justificativas por que não estão presentes aqui hoje. Temos a justificativa do Dodô, que é do Mato Grosso
do Sul, para onde encaminhamos um convite e, como vocês bem perceberam, pois vocês receberam 3
convites, um para a semana do dia 14, um para a semana do dia 24, e a última retificação foi para essa
semana agora. Houve vários problemas de agenda e tivemos que mudar algumas vezes. Bom, no dia 14 o
Dodô apareceu para a reunião, ou seja, houve uma falta de interpretação na leitura do convite – por parte
da coordenação geral, não por parte do Dodô – e foi comprada a passagem para ele para a semana do dia
14 e, para essa semana, não havia mais recurso – porque a CNPI não podia pagar duas vezes, né? – então
126
não havia mais recurso para ele participar dessa reunião de agora. O *palavra não compreendida, que é de
Rondônia, nos comunicou a impossibilidade de participar e convocamos então o Wellington Gavião, seu
suplente, e o Wellington estava com pendência no relatório de viagens das reuniões anteriores. Élcio
*palavra não compreendida também com problemas na coordenação regional de *palavra não
compreendida, ele tinha pendência, conseguiu resolver a pendência, no entanto não conseguiu vir
porque não teve tempo hábil de comprar a passagem e correr as diárias. Sobre Aarão e Lourenço, eu
gostaria de comunicar a vocês que recebemos uma correspondência da COAPIMA, que é a organização
dos povos do Maranhão, aonde eles, por solicitação do próprio Aarão, por problemas de faculdade – ele é
vereador – ele pediu então a alternância, ou seja, agora passa a titular o Lourenço e fica como suplente o
Aarão. Só que não nos comunicaram porque não veio nem um nem outro dessa vez. O titular passa a ser
agora o Lourenço Milhomem e o Aarão é o suplente. Donizete e Marcos Tupã, infelizmente nenhum dos
dois está aqui, nem o Donizete, como titular, nem o Marcos Tupã, como suplente, porque ambos estão
com problemas no relatório de viagens feitas anteriormente.
Vocês já receberam o material do inquérito que foi apresentado de manhã e foi solicitado mais um
outro que o MDS está providenciando, não chegou até agora, não é, Luana? Ele está vindo e assim que
chegar nós o colocaremos para vocês.
Bom, acho que seriam essas as informações que teríamos e acho que, mesmo que o dr. Márcio não
esteja, nós estamos aqui. Seja bem vindo o Dr. Antônio. O nosso ponto de pauta hoje é… O Dr. Antônio
faria parte desse painel da tarde que é sobre saúde. Então mesmo que o dr. Márcio não esteja presente, já
daremos início, vamos aproveitar o máximo o nosso tempo porque ainda temos mais três pontos de pauta
depois. Então de imediato já passamos a palavra ao Dr. Antônio para que feita essa explanação com
respeito à SESAI, a Secretaria de Saúde do Indígena, da qual ele é o secretário. Seja bem vindo.
Dr. Antônio Alves – Ministério da Saúde – SESAI - Muito boa tarde a todos e a todas. Quero saudar
a Teresinha e os companheiros do Ministério, a Guta, que está aqui conosco representando o Ministério
da Justiça, e que até pouco tempo trabalhava conosco na Ouvidoria da CGEP, nos abandonou e fugiu para
o Ministério da Justiça – reforçou lá o Ministério, né Guta? Bom, quero abraçar a vocês todos, indígenas e
não-indígenas, em minha satisfação em novamente retornar aqui, agora como membro efetivo, não tinha
podido vir ainda mas já tinha mandado a Irânia, o Edmílson está aqui acompanhando, como assessoria
especial da SESAI. Eu estive como vocês, se não me engano, foi na... a reunião foi em dezembro? Foi. Pois
hoje já estamos aí com 5 meses de criação da Secretaria Especial, dia 19 de abril fará 6 meses, o período já
era esperado por nós, foi uma transição difícil, justamente porque a área de saúde indígena é uma área
muito complexa e que, em função disso, passar de um órgão para outro exige uma concentração de
esforços de todos e todas, bem intenso, para que possam conduzir com o menor percalço possível para o
127
objeto final, a missão final na área, que é oferecer ações de qualidade aos povos indígenas.
– Após a criação, dia 19 de outubro, tivemos um período de transição do governo Lula para o
governo Dilma, então até dezembro foi organização de equipe, definição de ministro, foi uma área que
tivemos um certo prejuízo em função de uma definição que demorou, de quem seria o Ministro da Saúde,
e logo que começou o ano, em janeiro, veio toda a composição das equipes – novamente um mês
complicado. E tivemos ainda como fatores que contribuíram para que a velocidade da transição se desse
mais devagar porque definimos naquela época que o orçamento da saúde indígena ficaria ainda na
FUNASA porque haviam vários processos em andamento – de contas, licitações, obras que estavam em
andamento, e precisaria estar o orçamento lá para que pudessem continuar, e não teremos tempo na nova
secretaria de iniciar esses processos para que não houvesse nenhum prejuízo.
Então o orçamento, em novembro e dezembro, ainda ficou na FUNASA. Quando começa o ano,
aprova-se a Lei Orçamentária. O Congresso só encaminhou o projeto de lei para a sanção presidencial no
início de fevereiro. Aí foi mais um tempo, e o governo trabalha, nesse período, com o chamado
duodécimo – pega o orçamento de cada órgão, divide por 12, e vai mandando um doze avos de acordo
com o orçamento de cada órgão. Só que ele se baseia no orçamento do ano anterior. Como a SESAI não
existia no ano anterior, não tinha orçamento. Na época em que foi encaminhado o projeto de lei
orçamentária, em 31 de agosto. Então novamente ficamos o mês de janeiro e grande parte de fevereiro
sem recursos porque o duodécimo nosso foi para a FUNASA, que era o órgão que tinha o orçamento da
saúde indígena quando foi encaminhado o projeto de lei em 31 de agosto de 2010. Quando a presidente
sancionou a lei, em fevereiro, aí vem depois a aprovação de um decreto com o chamado QDD – Quadro
de Descrição das Despesas, que vai dizer a despesa de cada órgão. Demorou mais um tempo, então
basicamente a SESAI começa a trabalhar com orçamento próprio a partir de março, só no mês passado.
Nesse meio tempo, então, nós vimos trabalhando ainda com a FUNASA, mandando recursos e algumas
coisas em andamento com a FUNASA. Iniciamos nesse período a constituição de equipes em cada DSEI
justamente para que pudéssemos atender ao grande objetivo de toda essa discussão nossa que é a criação
do distrito sanitário especial autônomo, ou seja, como unidade gestora com autonomia. Tem alguns
condicionantes, que são definidos por lei e nós temos que seguir. Por exemplo, a 1ª medida que toda DSEI
tem que ter é um registro, é um cadastro na Receita Federal chamado CNPJ – Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica. Iniciamos esse processo e, para vocês verem que não é tão simples, ontem conseguimos o
último DSEI com CNPJ, que foi o DSEI da Bahia. Tínhamos 33 e ontem conseguimos o 34º DSEI. Depois
que cada distrito tem o seu CNPJ, tem algumas outras medidas que são necessárias para que ele continue
trabalhando na perspectiva da autonomia. Tem que ter a chefia de orçamento e finanças nomeada, tem
que ter um substituto desse chefe, recursos humanos e logísticos têm que estar nomeados, também com
seus substitutos, e aí entramos num bolo do governo, com um complicador que ainda estamos, até hoje,
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sofrendo, viu Guta? Teresinha conhece bem isso.
Existe um decreto, em função de uma lei, que determina que 75% dos cargos comissionados de
DAS 1, 2 e 3 têm que ser preenchidos por servidores de carreira, efetivos. Esse é um grande complicador,
porque temos nós, temos DSEI, como é o caso do Vale do Javari, que tem somente 3 servidores efetivos.
Tem 1 artífice, 1 agente administrativo e 1 mestre de obras, somente. Nossa estrutura, como já apresentei
para vocês – passe o seguinte, por favor – aí está o organograma do Ministério da Saúde, na ponta aqui
vocês têm a Secretaria Especial de Saúde Indígena, que é a 6ª secretaria do Ministério. Pode passar o
seguinte. Essa é a estrutura da SESAI, que eu já tinha apresentado para vocês em dezembro do ano
passado, e aí está a estrutura do DSEI. Então cada caixinha daquelas ali, com exceção da Divisão de
Atenção à Saúde, são DAS 1. A Divisão é DAS 2, que é um cargo de direção de assessoramento superior, e
as CASAI também são DAS 1. Aquela função de apoio é uma função gratificada. O quadro de servidores
que veio para a SESAI, que foram redistribuídos tem bastantes pessoas, são 2168 servidores, e desses, 450
são agentes de endemia. Alguns têm até nível superior, mas no quadro efetivo são nível médio e
fundamental para agente de endemia, que na época da SUCAM, da Fundação Nacional de Saúde, eram
cargos que bastava saberem ler e escrever. Eram contratadas essas pessoas para fazer o combate às
endemias. Aplicavam aqueles agrotóxicos, aqueles produtos para matar barbeiros, ratos, e outras coisas
mais.
A grande maioria desse 2168 tratam-se de agentes de endemia. Tem alguns motoristas, tem agentes
de saneamento, pouquíssimas pessoas de nível superior. Então compor esse quadro com 34 DSEI
nacionalmente tem sido difícil para nós justamente porque nós mandamos a nomeação para o
Planejamento, o Ministério do Planejamento analisa toda a Esplanada dos Ministérios e verifica se tem
vaga quando o nome indicado não é servidor, se existe vaga naquele cargo para nomeação. Se tiver, ele
nomeia, por exemplo, vou dar um exemplo para vocês – vocês conhecem bem o Valdenir França, que é o
nosso assessor lá da região amazônica. Até hoje ele não foi nomeado. Eu encaminhei a nomeação dele em
novembro; quando eu liguei para o Planejamento, tinha 80 pessoas na frente dele. Você manda, eles
analisam; tem vaga, vê lá o primeiro, nomeia, e fica aguardando. Como o governo mudou, e como o DAS
1 é uma função que geralmente quem entra não muda, a maioria que tem é ocupada por servidores, por
exemplo o Padilha não mexeu em ninguém lá que é nomeado para servidor. O que preocupa é o DAS 1.
Na secretaria geralmente são cargos menores, do ponto de vista financeiro, não existe muita disputa
política para indicação, então a grande maioria é servidor público. Daí fica nessa fila e é na Esplanada
toda – aí eles analisam: se o Márcio mandar para preencher um DAS 1, se o dele estiver na frente para a
SESAI, nomeia o dele e o meu fica esperando. Não tem essa questão de prioridade, mas o Ministério
segue à risca esses 75% porque os sindicatos dos trabalhadores também acompanham essas nomeações,
eles defenderam a criação dessa lei, é uma regra nacionalmente aplicada no Governo Federal. Então, para
129
nós termos um DSEI autônomo, além do CNPJ, que é o registro na Receita, que a partir daí é que vai
abrir contas, ter todo o procedimento contábil, eu tenho que ter o chefe, logicamente, nomeado em
orçamento e finanças, recursos humanos e logística e com seus respectivos substitutos – então alguém
para substituir ali só pode ser servidor de carreira.
É uma complexidade e estamos com algumas dificuldades, estamos tentando ver de que forma
discutir a questão no Planejamento, considerando que é uma secretaria nova, que tem todo um processo
que precisa ser implementado, mas estou levantando lá para o ministro Padilha conversar com a ministra
Miriam Belchior. Depois que temos toda essa estrutura o ministro me delega a competência para ser
ordenador de despesas da Saúde Indígena. Houve essa portaria e eu recebi a delegação para ser ordenador
de despesas. Essa portaria me permite subdelegar para o chefe do DSEI – então, hoje, dos 34 nós já temos
7 chefes de DSEIs, com subdelegação, já completas, que já podem ser consideradas (a partir do
treinamento que vamos fazer semana que vem) como unidades gestoras autônomas. Qual é a nossa meta?
Promoveremos em Brasília, de 17 a 21 de abril, a Semana de Saúde Indígena, com várias atividades,
dentre as quais, no dia 19, nós queremos estar com todos os 34 DSEIs como unidades gestoras
autônomas. Esse é um desafio, uma meta que é colocada para cumprir aquele grande anseio de toda a
comunidade indígena que é ter o *palavra não compreendida e aí, nesse treinamento que teremos a
semana que vem, nós estamos trazendo o chefe do DSEI, o chefe da logística, da seção de recursos
humanos, e de orçamento e finanças, onde eles vão, de domingo a sábado, trabalhar conosco e aprender,
aqueles que já sabem vão nos ajudar também a ensinar os outros, como é que se manuseia o SIAFI, o que
é registro de pessoal, o que é um pregão, o que é uma ata de registro de preço, uma licitação, e aí vão
dividir: cada grupo do ministério estará trabalhando com os grupos específicos nessas 4 áreas para nós
trabalharmos para que eles possam ir se capacitando para que a unidade de fato comece a funcionar como
unidade gestora autônoma. Claro que nem todos dirão que a partir do dia 19 serão gestores autônomos
plenos, porque haverá DSEI que vai precisar do apoio do outro, que vai precisar do apoio do nível
central, ou até de um outro órgão – por exemplo, se a FUNAI tem uma região onde temos um DSEI junto
com eles, e já tem alguém treinado, nós vamos utilizar para ajudar a treinar o novo pessoal, porque a
regra é a mesma para todo mundo. A lei que eu tenho de seguir é a mesma deles, a lei que temos de
respeitar e de obedecer. E aí então os DSEI começam a caminhar com as suas pernas. Por exemplo, o
estado do Amazonas tem 7 DSEI, então se nós tivermos em Manaus um núcleo bem estruturado no DSEI
Manaus ou no Ministério da Saúde, esse núcleo pode ir para os DSEIs e dar apoio para aqueles que
estiverem com a estrutura menos organizada em função da dificuldade de pessoal que nós ainda temos,
porque esses cargos não podem ser ocupados por pessoal contratado por convênio tem que ser nomeado
ou servidor efetivo; então quem está conveniado conosco não pode ser designado, por exemplo, para ser
pregoeiro, pregoeiro tem que ser servidor público, tem regras, normas, que precisam ser seguidas, e a lei
130
8.112 é rigorosa com relação a isso.
Esse é o estado hoje que nós estamos, é um momento que consideramos importante, dessa
transição, temos ainda algumas dificuldades, que estamos enfrentando, porque nem tudo o que queríamos
fazer nesse período foi possível, os 2 meses da transição na formação de equipe e depois o período de
transição mesmo dentro do governo. Isso teve alguma dificuldade, por exemplo, até hoje a FUNASA não
teve mudança na sua administração central, isso está gerando ainda algumas dificuldades. Algumas obras
do ano passado que foram empenhadas no final do ano têm que ser executadas esse ano e é preciso que o
orçamento nosso hoje na SESAI volte para a FUNASA para ela executar, porque foi ela que fez o projeto,
a licitação, então *palavra não compreendida talvez prorrogar o decreto da transição. Todo o patrimônio
não foi ainda devidamente levantado, um inventário, para que pudesse ser feita a transição e a
transferência patrimonial e, embora já tenhamos formado essa comissão, está trabalhando, mas ela tem
que ir até no polo base, na aldeia, para levantar, e checar e depois fazer a transferência patrimonial, então
é um trabalho que vai exigir um tempo maior nosso também. Pode passar, por favor.
– Bom, o Ministério da Saúde, na gestão do ministro Padilha, trabalhou na gestão central com a
definição de alguns objetivos estratégicos em todo o ministério. A SESAI participou desse planejamento
estratégico da gestão central do Ministério e nós definimos coletivamente, no âmbito do Ministério, o
objetivo estratégico da SESAI que é esse que está aí colocado: “Promover atenção à saúde dos povos
indígenas, ampliando o acesso e qualificando a gestão”. Logicamente, quando se fala em ampliar o acesso,
é ampliar o acesso com qualidade – eu posso atender muita gente e não resolver os problemas, eu ampliei
o acesso mas não qualifiquei a ação, então aí é qualificando a gestão e também a ação enquanto se amplia
o acesso. Pode passar.
– Para que nós possamos promover essa atenção à saúde dos povos indígenas, ampliando o acesso e
qualificando a atenção nós definimos alguns eixos. O 1º eixo é dar atenção à saúde. O que nós
pretendemos como salto de qualidade para que possamos atingir esses objetivos estratégicos pactuados
internamente pela direção do Ministério? Isso foi construído com a participação de todas as secretarias do
Ministério. Então a saúde indígena é transversal, porque basicamente envolve, na sua gestão, todas as
secretarias do Ministério. Tem uma que cuida da assistência farmacêutica, e trabalhamos na SESAI com
assistência farmacêutica, então essa secretaria é parceira nossa na definição da política e da compra para
medicamentos e insumos na área. Também na parte de equipamentos médico-hospitalares, temos uma
secretaria que cuida da parte de gestão do trabalho e da parte de gestão de sistemas, que é a *palavra não
compreendida, ela também tem a ver conosco, quando formos discutir o perfil dos profissionais que
devem trabalhar na saúde indígena, o nº ideal de trabalhadores, também é transversal à *palavra não
compreendida.
A SAS – Secretaria de Atenção à Saúde, que cuida da atenção primária para os povos não indígenas,
131
e também de toda a estrutura de urgência e emergência e de média e alta complexidade. Então a SAS
também tem uma relação forte conosco, já que a nossa missão é a atenção primária nas aldeias. Portanto,
quando precisamos de uma atenção hospitalar, ou complementar/ambulatorial, nós precisamos nos valer
dos serviços do SUS, que tem uma relação com a Secretaria de Atenção à Saúde. Existe uma secretaria que
cuida das grandes endemias, que é a SVS, da vigilância em saúde – tuberculose, malária, AIDS, DST,
leishmaniose, então essa secretaria também se relaciona com a nossa porque temos nas nossas ações esses
agravos que precisam ser enfrentados pelo Sistema Único de Saúde e a SVS é quem define as diretrizes
nacionais, inclusive a compra de alguns medicamento para essas patologias no âmbito do SUS e também
no âmbito da SESAI. Temos uma secretaria que cuida da gestão participativa e do controle social,
ouvidoria, auditoria, a gestão participativa, o controle social e também muito *palavra não compreendida
da avaliação, aquela que eu coordenava antes, também tem relação conosco, com controle social, com a
gestão participativa que têm a ver com a SESAI. Todas as áreas do Ministério se relacionam de alguma
forma, mais ou menos intensamente, com as SESAI, e portanto é preciso essa integração. E aí, uma
primeira inflexão que nós fizemos, um salto de qualidade que é preciso ser dado para cumprir esse objeto,
é implementar, no âmbito do subsistema um modelo de atenção à saúde baseado na linha do cuidado
integral, ou seja, você tem que ver a pessoa com toda a sua necessidade, em toda linha que ela necessitar –
desde a atenção primária, lá na promoção à saúde, na prevenção da doença, até a cura e a reabilitação,
garantindo a integralidade. Isso articulado com as práticas de saúde de medicina tradicionais. Uma
questão que nós precisamos e pretendemos estabelecer uma relação forte com os pajés, com as parteiras,
toda a cultura e as práticas tradicionais que existem na população indígena. Além de buscar a ação
intersetorial – com a FUNAI, com o MDS, que está ali, com o Ministério da Defesa, com todos os órgãos
de governo que têm uma relação com a política indigenista nacional. Pode passar.
– Uma outra inflexão muito forte e necessária é essa da pactuação com os estados e municípios na
regulação para o serviço de referência e contra referência. Hoje, por exemplo, eu estou autorizando uma
remoção de Boa Vista para Curitiba para a cirurgia de um bebê recém-nascido, que nasceu com uma
doença cardíaca e precisa ser operado urgentemente. Quem faz isso é o Sistema Nacional de Regulação,
que procura onde existe a vaga no país, define, agenda, aciona a SESAI, alugamos uma UTI móvel – nesse
caso específico – e manda para Curitiba. Isso é uma ação de média/alta complexidade que não é a tarefa
da SESAI mas nós, como órgão de saúde, temos que propiciar isso porque há municípios que não têm
recursos para fazê-lo e a criança precisa ser transferida. Um outro caso é lá no Pará, que precisa mandar
uma pessoa também, e aí a *palavra não compreendida já, para uma cirurgia cardíaca lá na Unifesp de São
Paulo, Hospital São Paulo, que é da Universidade Federal do Estado de São Paulo, que ela é do MEC.
Então aí está nessa parte da pactuação, agora, como isso é feito hoje? Existe um incentivo, chamado
de atenção especializada – IAEPI – e um hospital ou um serviço recebe aquele recurso e, se ele trabalhar
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e fizer algo para os indígenas, já recebeu o recurso, e se não fizer, também já recebeu o recurso. O que
nós queremos fazer? Um pacto e definir um contrato de gestão em que eu digo: se ele fizer, eu pago pelo
serviço que foi feito, e não mando o dinheiro sem saber se vai ou não ser feito. Uma nova relação.
Implantar uma rede de urgência e emergência para os povos indígenas, integrando com a rede de
urgência e emergência do SUS, onde já temos algumas organizações em todo o país, e a expressão maior,
que vocês já devem conhecer, é o SAMU – 192, que faz toda uma parte de remoção e nós temos que ter
uma relação com eles. Pode passar.
– Aí vem o eixo 1, a quarta inflexão, Implantar o Brasil Sorridente Indígena nos 34 DSEIs. Nós
queremos também, no dia 19, estar lançando o que é o Brasil Sorridente Indígena, que será expandido
para todos os 34. Começaremos com o DSEI Xavante, com o DSEI Alto Purus, e o DSEI Alto Solimões,
logicamente cada um dos 34, além desses, que já tiverem as suas equipes, nós já começaremos também a
implantar o Brasil Sorridente Indígena que chega com uma proposta, num plano A, de zerar, durante 6
meses, toda a necessidade odontológica dos indígenas nas aldeias, então um grupo de dentistas e
auxiliares que vai tentar zerar, em seguida então organizar para dar continuidade a esse trabalho,
chegando com o laboratório de próteses e a instalação na cidade do chamado centro de especialidade
odontológica, que oferece desde tratamento de canal até a colocação de aparelho, ou seja, uma atenção à
saúde bucal conforme a ofertada, e deve ser para o SUS. Também será lançado no dia 19, que é o Dia do
Índio. Aí vem toda uma compra de equipamentos, unidade móvel, consultórios, que vão, no caso da área
fluvial, trabalhando para adquirir a unidade móvel fluvial, com consultório, que possa percorrer as áreas
e levar esse atendimento a populações indígenas que moram nas regiões próximas aos leitos dos rios.
Estruturar ou reestruturar redes de estabelecimentos, aí vem todo um planejamento de obras de reforma,
ampliação, construções, garantindo condições de atendimento às populações indígenas e aos profissionais
e também de conforto para os profissionais que vão desde a unidade básica, sede do polo, casais, *palavra
não compreendida postos de saúde nas aldeias. Seguinte.
– O sexto salto de qualidade é implantar em toda a rede de atenção à saúde que assiste os povos
indígenas, a política de humanização do SUS e uma outra que tem também no SUS como um todo
coordenada pela Secretaria de Atenção à Saúde, a SAS, do Ministério, e nós queremos levar esse também
para os nossos estabelecimentos. Trabalhar antropologicamente também é importante para que o
profissional possa oferecer atendimento humanizado às populações. Incrementar e promover a formação
dos agentes de saúde e saneamento, dar continuidade a uma ação que já vem sendo feita pela FUNASA.
Próximo.
– A pactuação dos municípios à lei. Construir um mapa sanitário indígena. O que significa isso? O
Ministério definiu como um objetivo estratégico dele construir um mapa sanitário nacional, onde vamos
saber no mapa do Brasil a situação em cada município, em cada região ou pólo ou estado, que
133
equipamento temos ali na área de saúde, se tem UTI móvel, quantos são, onde estão, ambulância, SAMU,
se tem socorro, qual a especialidade, e também relacionar a que tipo de doença tem naquela região, então
o mapa sanitário identifica necessidades, condições de atendimento às necessidades, ou necessidade de
ampliação desses equipamentos que for necessária. A presidente já lançou 2 programas na área da saúde
depois que ela assumiu, aliás 3, um que é o Farmácia, aliás Saúde não tem Preço, onde toda farmácia
credenciada do Farmácia Popular, onde as pessoas iam com a receita e pagavam somente 10% do preço
do produto, porque 90% é bancado pelo Ministério da Saúde, ela então determinou que 100% desses
medicamentos fossem bancados pelo Ministério da Saúde, ou seja, então levou a receita onde tem a
farmácia credenciada, a pessoa recebe o medicamento e não dispensa nenhum recurso para pagar por esse
medicamento.
Nós queremos também no dia 19 levantar, já fizemos esse levantamento lá com a nossa área de
despesa farmacêutica, 438 municípios que têm população indígena na sua jurisdição, com quantas
farmácias credenciadas tem no Farmácia Popular. Aqueles que não tiverem, nós vamos fazer uma força-
tarefa do Ministério até o dia 19 para credenciar e garantir também esse programa para a população
indígena. Então é Saúde não tem Preço indígena também, a população que aí logicamente, como hoje é
feito, o nosso pessoal que leva, sempre com receita médica. Nesse mapa sanitário indígena então estamos
desenhando em cada localidade que tem população indígena, quais são as patologias que têm, as doenças
que têm mais freqüentes naquela região, como estão distribuídos os nossos Pólo base, unidades básicas de
saúde, qual a relação delas com o município, o que tem no município, e utilizar o saúde indígena como
uma ação também estruturante do SUS. Por exemplo, vamos chegar em Campinápolis, no Mato Grosso, e
vamos construir um centro de especialidade odontológica do Brasil Sorridente Indígena. Logicamente
que ele não será apenas para atender indígena, atenderá a população indígena mas também a população
do município. Da mesma forma vamos trabalhar com hospitais, existe uma parceria com o Banco
Mundial chamada QualiSUS, o Saúde Indígena está participando, onde, nesse município que tem
população indígena, nós vamos estar focando esse investimento dessa parceria com o banco para
fortalecer os hospitais, ou os ambulatórios, ou maternidades, se for o caso, para garantir melhor qualidade
ao atendimento da população indígena. Pode passar.
– Então, quais são as inflexões, aí é o eixo 2, desenvolvimento de pessoas, então vimos a parte de
serviços, de estrutura, de infra-estrutura, desenvolvimento de pessoas. Assegurar pleno funcionamento
da força de trabalho da atenção à saúde indígena redimensionando as equipes e, isso na próxima agora os
convênios que serão assinados pelo Ministério num chamamento público também, fizemos o
redimensionamento dessas equipes, onde com certeza a quantidade de profissionais será bem superior ao
que temos hoje, para garantir que, quando uma equipe vai para uma aldeia, fica 30 dias e sai,
imediatamente tenha outra para substituir e não fique esperando passar o tempo de folga para depois
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voltar, então garantir equipe em aldeia permanentemente e não esporadicamente, como vem ocorrendo
em vários locais. Vamos fazer esse cálculo e agora vamos colocar isso em prática.
Estruturar as equipes de saneamento ambiental em terra indígena no DSEI. Vai ser a equipe que
fica no DSEI e ela vai percorrer para garantir o saneamento ambiental em terra indígena e também a
supervisão dos sistemas que forem implantados. Também atuar na busca da desprecarização dessa relação.
Hoje são trabalhadores contratados por convênio, trabalhadores contratados por meio de concurso, que
são os da FUNASA, e aqueles que são contratados na parceria com prefeituras – que algumas utilizam o
convênio, outras contratam temporariamente, e outras contratam na relação, né Lindomar? De boca, sem
nenhuma garantia trabalhista para o trabalhador, que assina um recibo quando recebe o salário. É
chamado o RPA, Recibo de Prestação de Serviço Autônomo. Essa desprecarização é importante para
garantir perspectiva para as pessoas que trabalham na saúde indígena que já é por si só uma área difícil
em função da questão da interculturalidade e também da localização dos locais de trabalho. Pode passar.
– Formular uma política de recursos humanos para a saúde indígena que contemple: definição do
perfil dos profissionais, que formação eu preciso ter na graduação ou na pós-graduação, para quem for
trabalhar com saúde indígena, entrando na questão da antropologia, e outras áreas que são importantes
nessa inter-relação. Definição do quantitativo, já temos esse quadro levantado, e estabelecer um
programa de educação permanente continuada para os membros da equipe, que precisam periodicamente
se atualizar para oferecer melhor atendimento aos povos indígenas. Pode passar.
– Instituir a residência multiprofissional em saúde indígena, hoje nós não temos, temos em várias
áreas, mas não temos em saúde indígena, onde um enfermeiro, um dentista, um médico, um psicólogo,
ou qualquer um outro das 14 profissões da saúde, quando terminarem os cursos na universidade, possam
se especializar numa residência multiprofissional, oferecendo aí um subsistema como a área de
treinamento para essas pessoas durante o seu processo de especialização, ou de mestrado, ou de doutorado
– e aí um desafio, ou uma tarefa que nós temos pela frente, o Edmílson está acompanhando aí conosco, é
de nós construirmos um programa de especialização em gestão pública para o subsistema de saúde
indígena, e oferecer vagas para os indígenas e para os não-indígenas, da mesma forma que começou
domingo agora, na UnB, um curso de mestrado profissionalizante em sustentabilidade, desenvolvimento
onde são 26 vagas, são 13 indígenas e 13 não-indígenas. Inclusive o *palavra não compreendida a aula
inaugural no domingo à tarde na UnB, e eu participei também. Então queremos levar isso também para a
área da saúde – preparar os indígenas para a gestão dentro do subsistema na sua complexidade, na sua
plenitude. Pode passar.
– Articular e apoiar iniciativas de desenvolvimento educacional e profissional em saúde indígena
como bolsa de residência médica profissional, pró-residência, que é programa de interiorização, porque
hoje muitas vezes o profissional se forma e ou fica na capital ou na cidade onde tem a faculdade, nunca,
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ou dificilmente, ele vai para o interior. É uma dificuldade que nós temos para levar médicos para as
equipes multifuncionais, além de outros profissionais, mas médico é mais difícil ainda. Pode passar.
– Transformar o subsistema num campo de extensão que, desde a época da graduação, o estudante
possa ter a possibilidade, bancada por nós, para conhecer o funcionamento do subsistema de atenção à
saúde indígena, indo às aldeias acompanhando as equipes, à semelhança do Projeto Rondon que hoje
ocorre nas outras áreas. Fazer isso também porque através, ou por meio desse contato, dessa
sensibilização, nós podemos estar incentivando e abrindo oportunidades de futuros profissionais na área
da saúde indígena que muitas vezes não vão porque não tiveram oportunidade de conhecer. Ainda no
eixo 3 é gestão do subsistema, utilizar o Ministério para criar um indicador de qualidade e acesso que vai
medir como está o acesso – as pessoas estão tendo possibilidade de acessar uma ação de saúde ou um
serviço? Esperou muito? Quanto tempo? Depois que foi atendido, quanto tempo ele teve seu problema
resolvido? Foi imediatamente? Demorou? Porque demorou? Esse indicador vai nos dizer quais são os
gargalos que temos porque, na saúde indígena, utilizando o próprio SUS, em cima disso atuar para
garantir agilidade quando for necessário uma intervenção curativa. Formular programas de formação de
gestores de saúde indígena ao que me referi anteriormente. Hoje já temos implantado no Ministério da
Saúde, coordenado pela secretaria executiva, que é a 2ª pessoa do Ministério, é a vice-ministra, a Dra.
Márcia Amaral, uma sala de situação só para a saúde indígena, então pintou uma questão, a gente leva
para essa sala e todos os órgãos do Ministério têm assento, nós discutimos e dali saem as medidas que são
necessárias para enfrentamento daquela situação que foi levantada.
Tivemos recentemente um episódio que gerou uma discussão numa sala que foi um surto de
malária numa aldeia de ianomâmis venezuelanos na fronteira e, do lado brasileiro, uma aldeia e que o
pessoal atravessou para buscar atendimento no bolo base brasileiro, e nós temos a saúde indígena, a
Venezuela não tem, e com um surto grande de mortes do lado venezuelano e que nós tivemos que
intervir com uma ação rápida para impedir que essa malária pudesse exterminar aquela comunidade
daquela aldeia ianomâmi. Então são situações que surgem de repente, que essa sala nos permite ir
envolvendo todo o Ministério. Se eu tiver algo de medicamento, eu levo para sala e ali nós temos todas as
secretarias, inclusive a que cuida de medicamento, e o órgão do Ministério que cuida de compra, que é o
departamento de logística do ministério da Saúde, que faz compra de 10 bilhões em medicamento,
insumo, por ano, então o órgão tem bastante experiência. Portanto estamos inseridos nesse contexto, daí
a importância da SESAI, da secretaria, e de ter criado uma secretaria no âmbito do Ministério, que
*palavra não compreendida dialoga com diferença de andar, e a SESAI estrategicamente, para quem ainda
não visitou está convidado a visitá-la, fica entre o andar do Ministro e acima do andar da secretária-
executiva, ela está no 4º andar, o Ministro está no 5º, a secretária no 3º, estrategicamente ficamos entre os
dois, para não ter que fugir da gente. Pode passar.
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– Fortalecer o sistema de formação e os processos de monitoramento e avaliação. Queremos
acompanhar de perto a ação de cada DSEI que vai ter autonomia e vai ter um controle e avaliação do
órgão central. Para isso é importante um sistema de informação ágil, simplificado e que possa nos garantir
que eu acompanhe como é que está a mortalidade, ou morbidade, as doenças que ocorrem em cada DSEI,
e saber se aquele chefe de fato está cumprindo ou não seu papel na gestão, garantindo a ação. Melhorar a
infra-estrutura das unidades e a comunicação, importantíssimo parta a saúde indígena, ter um sistema de
comunicação que funcione, que seja ágil, exclusivo, não compartilhado como é o caso hoje, que muitas
vezes as nossas ondas de freqüência de radiocomunicação disputam com outros órgãos, dependendo da
época você não tem como se comunicar, porque a freqüência está ocupada ou congestionada. Pode passar.
– Implantar os contratos, que já falei também, este aqui é todo DSEI vai assinar com a SESAI um
contrato de gestão com metas definidas. Queremos pactuar quantas crianças serão vacinadas, de que serão
durante o ano, quantos atendimentos de pré-natal, quantas ações de controle social, reuniões,
treinamentos, capacitação, de todas as equipes, e acompanhar o desempenho de cada DSEI por meio de
indicadores. Aí poderemos avaliar e acho que a FUNAI pode utilizar esse mesmo sistema, depois
podemos compartilhar com vocês, para acompanhar o desempenho das suas regionais, que a lógica é a
mesma, geralmente estamos basicamente quase na mesma área de abrangência territorial, então esse
contrato já vamos ver se estaremos com ele pronto agora pelo menos numa fase inicial, mais simplificado,
exatamente no dia 19 de abril.
Realizar, e aí um debate que precisamos fazer no fórum, a 5ª conferência, considerando que esse
ano tem a 14ª, que termina em dezembro, e estamos numa fase ainda de transição que não acaba agora,
ela continua, quem puder estar trabalhando nas pré conferências para o ano que vem, em 2013 fazer uma
conferência para avaliarmos de fato o que aconteceu com a mudança, com a SESAI, com toda essa
política reformulada. Trabalhar na construção entre os planos distritais, já que agora vamos começar a
trabalhar no plano plurianual a partir do Governo Federal, e cada plano distrital tem que ter como
fundamento o PPA, que é onde temos ali as ações e os investimentos. O governo está ainda trabalhando
num modelo de PPA 2012/2015 que será para todo o Governo Federal. Consolidando o plano nacional de
saúde indígena que depois vem para o plano nacional de saúde como um complemento e aí vêm as
especificidades da saúde indígena. Pode passar.
– No eixo 4, controle social e também essa promoção da atenção à saúde. Fortalecer o controle
social e aí incluir os condizes do PID, que é um programa de inclusão digital, uma parceria com a Oi, com
a CGEP, garantindo computador, garantindo canal de TV por assinatura que a Oi cedeu ao Ministério da
Saúde, e com ele poder trabalhar com conferências, pré conferências, videoconferência, treinamento de
agentes, acompanhamento das reuniões do conselho. Apoiar o plano de fazer uma reestruturação dos
conselhos, já começou esse trabalho, criamos um grupo em Brasília já tem uma proposta de revisão de
137
regimentos, programação das reuniões, garantindo orçamento para que haja de fato o acompanhamento
pelo controle social, e apoiar o foro permanente que o presidente *palavra não compreendida. Faremos a
1ª reunião nossa, será agora no período de 17 a 21 do foro do presidente. Pode passar.
– Estabelecer um canal de diálogo permanente com os trabalhadores de saúde indígena também,
mas talvez estabelecendo mesma negociação do Ministério que já tem. Algumas ações fundamentais para
que isso ocorra: *palavra não compreendida a relação do trabalho, já falei. Instituir a política de pessoal.
Realizar a reforma entre ações, essa é a questão do decreto que deu uma bloqueada, que proíbe locação de
veículos, de motorista, então estamos pensando na busca de uma excepcionalidade junto ao
Planejamento. Reforma também está proibido, compra, aluguéis, então todo o governo está subordinado
a isso aí. Integrar as ações de atenção primária com a rede de assistência do SUS faz parte da política
nacional de atenção à saúde indígena e a outra também. Revisão de todo o regimento – estamos
trabalhando nesse sentido. Vai ser apresentado ao foro. Esse é um incentivo que foi criado mas nunca foi
instituído, que é o Hospital Amigo do Índio, com adaptações para a comunidade indígena. Algumas
questões que não podem deixar de acontecer em 2011. A 1ª delas é essa, estruturar técnico e
operacionalmente o DSEI transformando em unidades gestoras autônomas. Nós queremos fazer isso até
19 de abril. Iniciar o trabalho de precarização.
Já começamos isso com o Planejamento, já chamaremos agora os 802 selecionados o ano passado.
Instalar o DSEI em sede própria. Talvez tenhamos aí uma séria de dificuldades. Vou pedir a
excepcionalidade do decreto. Reforma de CASAI ou mudança – já começamos. Xavante interditaram 2
CASAI, mudamos de aluguel a duas casas alugadas, reformadas, melhorando 100% a qualidade do
atendimento nas CASAI. Estabelecer fluxo e disciplina em cada CASAI, e aí é importante a parceria com
a FUNAI, porque como a FUNAI não tem mais a casa de apoio, muitos estão vindo para a CASAI como
casa de apoio e não como a casa de saúde, e aí usando a estrutura que não é para esse tipo de atividade.
Vem para tira certidão, documento, vai para a CASAI. Vamos estabelecer regras, pactuar no foro para
definir fluxo, senão não temos como garantir um atendimento adequado para as populações.
Celebrar todos os contratos necessários de prestação – já temos nossa equipe de gestão está fazendo
isso, sub-rogando contratos da FUNASA para a SESAI e já iniciando o processo próprio da própria SESAI.
Fortalecer o controle social, já falei. Pactuar com o estado e município, já estamos trabalhando também,
nosso pessoal da coordenação de articulação. Implantar Satisfação, está implantado, Brasil Sorridente, dia
19 estarão construídos os 3 DSEIs a que eu me referi. Na verdade não é a mãe cegonha, é a rede cegonha
indígena, que também será lançada em 19 de abril, que é toda uma programação de atenção à gestante
durante o pré-natal, durante o parto, e até a criança completar 2 anos de vida. Isso foi lançado em Minas
Gerais nessa semana, semana passada, pela presidente Dilma e o Padilha, e agora estaremos lançando o
rede cegonha indígena para a população indígena também, nas mesmas características da rede cegonha
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do SUS. Trabalhar para garantir que no futuro os representantes indígenas possam participar da 14ª
conferência, convocar os 802 que já estamos fazendo com o Planejamento. Isso é a etapa seguinte, que
estamos trabalhando na autorização por contratos temporários, substituir convênios, imaginando que esse
ano vamos trabalhar ainda com convênios. Rever o termo de conciliação judicial, foi assinado com a
FUNASA e ainda não foi cumprido e agora tem que ser cumprido pelo Ministério da Saúde, pelas SESAI.
É preciso ter revisão. Assinar o contrato de ação pública com o Ministério da Educação, para que o
*palavra não compreendida possa se transformar em referência para a saúde indígena. Também já tem um
trabalho feito com a direção dos *palavra não compreendida . Organizar em cada DSEI as equipes de
saneamento. E agora, nos dias 7 e 8, as SESAI, juntamente com a ENAPE, estaremos reunidos para fazer o
planejamento estratégico em cima desse objetivo estratégico e ir detalhando mais ações no âmbito
central, e o Planejamento então desencadeia em nível de cada DSEI para construção ou revisão dos
planos distritais e aí só aguardando a questão do PPA.
Então esse é o trabalho que a SESAI está conduzindo, ainda tendo dificuldades e vamos continuar
tendo, porque é um trabalho que não é fácil, mas felizmente temos um apoio integral do ministro
Padilha, ele convocou e determinou a todos os secretários e dirigentes do Ministério para darem apoio e
terem como prioridade a saúde indígena. Logicamente, com as suas responsabilidades específicas, mas
apoio integral da ministra, dra. Márcia, nessa perspectiva. Considerando que temos obras que foram
contratadas e não executadas, mas que precisam ser executadas, de saneamento, ainda pela FUNASA, e
considerando que não conseguimos ainda fazer o chamamento público para os editais, os convênios, e
ainda não tivemos autorização do Planejamento para contratação temporária diretamente pela SESAI,
nós estaremos prorrogando o prazos de validade do decreto, e talvez os convênios, e imediatamente,
talvez até no dia 19, já ter lançado um edital de chamamento público para alguns convênios até o final do
ano, que é o prazo que imaginamos que o Ministério do Planejamento vai nos autorizar a fazer essa
substituição.
Estamos trabalhando com isso, somando, parece que tem aí uma... Esse aqui é o nosso orçamento,
vocês têm que saber, teve a execução ano passado, saneamento e atenção deu lá em cima, podem ver na
1ª coluna, 613 milhões, o projeto de lei orçamentária anual que foi encaminhado para o Congresso em 31
de agosto de 2010 previu um orçamento total de 672 milhões, tivemos cortes, vocês podem ver aí na 2ª
coluna à direita, é a chamada diferença, onde o Congresso cortou algumas partes do nosso orçamento,
19.470.000, então ficamos com orçamento para 2011 de 652.761.462, onde 50 milhões desse montante
dizem respeito a saneamento em terra indígena em 2011, e 17 milhões, está ali bem na 5ª linha de baixo
para cima, depois do 50, são recursos para custeio na área de saneamento, que vão garantir diária para as
pessoas que vão para campo, a compra de manutenção do sistema de abastecimento, então dando um
total de 67 milhões que é o orçamento de saneamento e o restante, somado com o da SAS, que é do
139
IABPI, com o orçamento 2011 de 672 milhões, aliás, 652.771.000, e aí nós vamos transformar tudo isso
em ações concretas na ponta. Cada centavo tem que se transformar em ação. Logicamente envolvendo
tudo isso que eu falei, que vai desde a capacitação do conselheiro, garantia de reuniões periódicas,
garantia de manutenção do sistema de abastecimento, construção de novos, e também de destinação de
dejetos e instalações chamadas sanitárias, passando pelas CASAI, alimentação, chegando a horas vôo, até
os tratamentos como esse a domicilio, que infelizmente o SUS não está dando conta, nós temos que estar
buscando porque não pode deixar morrer nenhuma criança indígena.
– Esse é o trabalho que tem exigido de nós, um grupo ainda pequeno, que faz um esforço muito
grande, e as dificuldades são as mais diversas, mas felizmente temos o apoio do ministro e da presidente e
com isso esperamos e sabemos sempre que contamos com o apoio de vocês e vamos ver se conseguimos ir
fazendo essa caminhada. E melhorar a atenção à saúde dos povos indígenas. Esse é o quadro nacional,
estou aqui prestando contas à CNPI, que foi uma das grandes responsáveis pela criação da SESAI e de
tudo isso que estamos hoje apresentando. OK Márcio, obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado Dr. Antônio Alves, secretário da Secretaria de
Saúde Indígena, pela sua vinda aqui à CNPI, é muito importante mesmo que, depois de todo o esforço
que foi feito pela criação da secretaria, foi criada em outubro por decreto do presidente Lula então ainda
faz pouco tempo, 5 meses, e já na 1ª reunião de 2011 tive a oportunidade de ver já o andamento e início
desse trabalho da SESAI. *palavra não compreendida e poder discutir aqui. Então na verdade vou
imediatamente abrir aqui ao plenário para perguntas, colocações em relação ao secretário Antônio Alves.
Está aberto então a inscrições, só que agora o 1º se *palavra não compreendida.
Ak’Jabor Kayapó – Boa tarde, meu nome é Ak’Jabor, do estado do Pará. Boa tarde a todos. Seu
secretário, que está na presença, agora, nesse momento. Muitos parentes já vai colocar, vai perguntar,
saúde indígena dentro desse novo governo, ele vai falar, ele vai perguntar. Mas eu quero falar pro senhor
porque eu tenho uma carteira de documento lá de Novo Progresso, então no dia seguinte que o ministro
da Justiça e o presidente da FUNAI receberam, e esse documento foi feito de... e convocaram,
convocaram vocês que está aqui no... Então, já que eles quer... Segunda-feira, me falaram agora, segunda-
feira às 11 horas que já vai fechar a BR 163, parece que é a 263, por aí. E o casa de saúde, FUNAI, é muito
problema lá. Então é por atendimento. É por isso que eles mandou documento. O ministro já recebeu, o
presidente da FUNAI recebeu. Eu pedi pros parentes... Eu assinei também mas agora é o senhor que
recebe também para mim mandar agora, hoje à tarde, para lá. Era isso, mas agora os parentes já quis
abafar lá. Pela saúde. Nós temos saúde precária mesmo. Até agora mesma coisa, só uma palavra de todo o
Brasil que tá acontecendo com a gente. Era isso.
140
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Brasílio.
Brasílio Priprá – Brasílio Priprá, região Sul. Dr. Antônio Alves, nosso companheiro, com o qual nós
batalhamos tanto para criar a secretaria, onde a CNPI e todos nós, a gente em conjunto brigou para que se
criasse isso. Os povos indígenas, não é nem a CNPI, os povos indígenas. Na verdade a nossa preocupação
é ainda fica na mão da FUNASA. Esse é o medo que nós temos. Outra coisa que eu queria deixar aqui é
que a secretaria faça um investimento em cima dos profissionais indígenas. Eu dou como exemplo
algumas lideranças tradicionais. Tem quem diga assim: “É, a FUNAI atendia bem, melhor do que a
FUNASA, melhor né?” – mas esse atendimento, que se dizia, é porque na época a FUNAI tinha os
profissionais indígenas, que moravam dentro da área, independente de horário trabalhado, e tinham um
salário digno. Eles trabalhavam, mas recebiam pelo que faziam. Então por isso que *palavra não
compreendida lideranças tradicionais esse deveria ser que nem a FUNAI, não que a FUNAI atendesse
melhor, mas ela tinha essa direção.
Eu dou como exemplo uma pessoa lá, ela se aposentou há 15 anos, mas ela é uma indígena,
enfermeira, está lá ainda, porque ela é uma indígena, então esse é o grande investimento que a
secretaria... Acho que é uma coluna que se pode acompanhar e tentar organizar. É investir em seus
profissionais indígenas. Hoje, o senhor conhece até melhor do que eu, 50% dos profissionais da área de
saúde são indígenas. Isso é uma das coisas que a gente gostaria que fosse... Eu não sei se eu entendi mal, se
entendi me desculpe, mas é que me parece que continua alguma coisa com município, ou com estado,
alguma coisa, isso eu queria deixar, até peço desculpas se eu estiver enganado, mas para, em vários casos,
ainda deixar recurso no município é soltar pelo salo, isso aí já aconteceu, vem acontecendo.
Então é o momento de nós pensarmos bem, discutir melhor, mas temos uma direção, minha
preocupação é que ainda está devagar, e a ansiedade dos povos indígenas é muito grande. A esperança dos
povos indígenas na parte de saúde é a secretaria nova, com novos recursos, para atender no momento
certo. Eu sei que tem as dificuldades no governo, mas nós em conjunto, de mãos dadas, todos os povos
indígenas nós temos que buscar essa melhoria, principalmente na área de saúde, porque nós temos
companheiros aí, gente que se perdeu, poderiam estar no meio de nós, então são coisas que a gente perde
e não poderia perder, e muitas vezes por tão pouco, na gestão de algumas pessoas, da FUNASA, eu não
dizia que era companheiro não, não achava não, porque o senhor sabe disso, que todo o trabalho da
FUNASA é contra a criação dessa secretaria especial de atendimento à saúde dos povos indígenas. Então
essa grande preocupação não é só minha, mas de toda a CNPI e dos povos indígenas porque esse pedido é
dos povos indígenas e a gente lutou junto, tá tentando melhorar, tem melhorado, mas com muita timidez,
e nós precisamos disso aí com a maior rapidez possível. Então eu queria deixar aqui a minha preocupação
141
e, como sugestão, é isso que eu falei aí, que nosso companheiro tem também alguma coisa a colocar, é isso
ai, muito obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI– Obrigado Brasílio. Caboquinho.
Caboquinho Potiguara – Boa tarde. Caboquinho, região Leste/Nordeste. Dr. Antônio, eu também
trago aqui algumas preocupações. Vou direcionar aqui mais para o *palavra não compreendida potiguara.
Eu recebi um documento do chefe, quando ele nos preocupa, principalmente com a publicação desse
decreto 7446, que diz respeito à questão dos imóveis e dos equipamentos e por enquanto também a
questão do espaço físico, isso aí eu queria que o senhor nos desse também um esclarecimento, porque nós
teríamos o que falar quando chegarmos às nossas lideranças. Outra coisa que preocupa também é essa
questão da necessidade de informação precisa mesmo, quanto ao futuro do abastecimento de veículos, e
da transparência dos bens móveis e imóveis para a SESAI.
Acho que temos que ter também essa transparência. Outra questão também é essa questão da
morosidade dos pagamentos dos contratos, esses contratos administrativos urgentes nós temos uma
defasagem muito grande por conta dessa questão desses contratos. É uma questão que, como o senhor
colocou aqui, financeiro existe, e sabe como está essa situação. Bem, eu acho que perdi boa parte da sua
palestra, mas eu queria focar a questão de usar *palavra não compreendida também, a questão do salário
daquelas pessoas que vivem 24 horas praticamente dentro da comunidade, existe uma disparidade muito
grande quanto a essa questão do *palavra não compreendida, especialmente dessa observação. Obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Gílson.
Dílson – Dílson, estado de Roraima. A minha dúvida é, eu fiquei preocupado na gestão do SESAI.
Não sei se entendi bem, que para dirigir ou coordenar os DSEI tem que ser um profissional do quadro.
Não sei se é isso. E aí, logicamente nas comunidades indígenas não tem ninguém que seja do quadro, que
tenha concurso. Creio que em alguns estados, na área de educação, existem concursos específicos, que
fazem seleção dos profissionais. Na saúde indígena, será que não poderia haver concurso específico para
formar quadro de profissionais na área de saúde? Essa é a minha pergunta.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado Gílson. Titiah.
Luiz Titiah - Pataxó Hã Hã Hãe – Boa tarde, Titiah, representando Nordeste e Leste. Dr. Antônio, é
o seguinte, eu vi a questão do levantamento da saúde ali, você falou uma coisa bem certa, é uma questão
142
do próprio apoio que a bancada indígena deu na criação da SESAI, e o que eu vejo é que muitas questões
sendo levantadas do meio do ano para cá, tem muitas coisas que estão sendo discutidas, sendo avaliadas
na bancada indígena, dentro das reuniões plenárias da CNPI, que temos de ir logo direto. Acho que está
precisando, Dr. Antônio, o senhor junto ao presidente da CNPI, agendar imediatamente uma reunião
com o Ministro da Saúde para estamos junto, discutindo, dialogando, como resolver a situação da política
de saúde indígena. Eu vendo isso e tem algumas coisas práticas que eu acho que agora, com o senhor
sendo secretário da SESAI, tem como resolver. Quero deixar registrado, acabei de receber um
telefonema, na minha aldeia morreu uma criança por falta de assistência de saúde.
Com a questão desse decreto que não está tendo o apoio para o servidor ir para as casas de apoio à
saúde, está sendo ruim para nós, aí está a falta de transporte, de medicamento, de atendimento à saúde,
então tem algumas coisinhas assim, dentro da política de saúde indígena, que a SESAI que tem o poder de
resolver. Com todas essas questões que o senhor acabou de colocar e que a gente vem colocando dentro
da discussão, que são essas situações básicas, a falta de atendimento mesmo, então eu sinceramente acho
que essa reunião tem de ser imediata com o ministro para ele mesmo nos dizer o que vai fazer de agora
para a frente com a questão da saúde. Porque sinceramente, desde o ano passado estamos avaliando a
mesma coisa, e no painel está vindo a mesma coisa, para nós do que está passando dentro da política de
saúde. Eu acho que agora eu vejo um caminho da situação e nós vamos esperar até o dia 19, tem uma
campanha interessante aí para a saúde indígena, esperamos que chegando ao dia 20 ou 21 tenha alguma
proposta concreta e ao meu ver temos que ter de imediato um diálogo com o ministro da saúde. Para
tirarmos isso do papel e irmos para a prática fazer os outros processos. Muito obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Simone.
Simone Karipuna – Simone Karipuna, estado do Amapá e norte do Pará. Primeiro eu queria
agradecer, na pessoa da Irânia, a visita que foi feita no mês passado à minha região, onde foi uma equipe,
poder esclarecer a implantação do distrito lá na minha região. Queria agradecer da equipe ter ido lá e
também lembrar que foram feitas várias reivindicações por parte de todas as lideranças do Amapá e norte
do Pará, lá representadas, e cobrar os encaminhamentos que foram solicitados pelas lideranças, eu
gostaria muito, viu doutor Antônio, eu sei que a sua equipe trouxe para o senhor as nossas reivindicações
e que assim que fosse possível que nos desse um retorno. Sabemos que já houve vários retornos, parte a
Irânia ficou de encaminhar para a equipe justamente fazer uma intervenção na CASAI de lá, essa equipe
já se encontra lá no meu estado, mas houve outras reivindicações das lideranças indígenas que até então
aguardamos dentro das possibilidades de vocês. Eu gostaria de reforçar a questão que o Caboquinho
colocou, a questão de pagamento de pessoal, porque o não-pagamento implica também num mau
143
atendimento a nossas comunidades indígenas, a questão da pactuação, queríamos entender como está,
porque temos 2 áreas distantes, na nossa região, e que precisam de profissionais, para que entrem, para
atuarem, e também na questão da infra-estrutura mesmo, da implantação do distrito lá na nossa região,
então é uma preocupação que eu trago, eu queria também dizer que eu até traria para vocês a ata da
reunião que houve lá, e quem fez a ata foi a equipe do controle social acompanhada pelo DSEI Amapá e
norte do Pará, mas até agora não concluíram a ata, seria interessante até que houvesse uma cobrança pela
parte da equipe que foi lá, porque ainda não apresentou, e dizer da nossa preocupação que de fato
aconteça o implante de todos os distritos nas regiões. Queria reforçar também a fala do Titiá, quando diz
que seria interessante que tivéssemos uma agenda com o ministro da Saúde para que de fato ele sinta essa
nossa preocupação, que é uma preocupação de todos os povos indígenas do Brasil. Obrigada.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Simone. Jecinaldo.
Jecinaldo Saterê Maué– Eu queria primeiramente parabenizar a criação da SESAI. De fato a CNPI
teve um papel importante, e as lideranças indígenas, na 4ª conferência, que foi em Goiânia, foi muito
importante o debate que tivemos. Sabíamos que a FUNASA não tinha mais condição nenhuma de cuidar
da saúde indígena. O único ponto em que nós não chegamos a um entendimento, o movimento indígena
nacional, era se naquele momento era ou não o momento de criar a secretaria, eu particularmente
defendi a criação da secretaria, e liderei pela Amazônia a questão da criação da secretaria, naquela ocasião
junto dos líderes lá na 4ª conferência, na hora da confusão lá eu perdi o meu celular, com máquina
fotográfica, eu subi na mesa defendendo a criação da secretaria e esqueci e o cara que achou que estava
faltando aí levou e até hoje não me devolveu. Mas tudo bem, faz parte da luta, da nossa luta, e naquele
dia a FUNASA manipulou a maioria e nós perdemos na votação por 4 ou 5 votos, mas isso é coisa do
passado. Vamos caminhar para a frente que é melhor.
Vamos tirar do passado uma reflexão para o futuro. Eu queria dizer das preocupações, presidente.
Nós, que já estamos há algum tempo no movimento indígena, e várias outras lideranças que sabem da
história da saúde indígena como vem se dando. O pessoal da transição da FUNAI para a FUNASA, FNS,
né? Foi também um problema gravíssimo, e não está sendo diferente, então é difícil ver, Dr. Antônio
Alves, principalmente lá na ponta, está complicado, a FUNASA cruzou os braços, e principalmente, a
situação que já estava difícil com a FUNASA ficou mais complicada ainda. Então nós precisamos, não por
uma questão simbólica, Dr. Antônio Alves e presidente da FUNAI, para a bancada tanto do governo
quanto indígena, precisamos somar forças, por uma questão simbólica, no Dia do Índio, na semana dos
povos indígenas, o ministro receber essa CNPI e dizer que daqui para a frente é uma nova política e que
as coisas serão adotadas de uma maneira diferente nesse novo governo da presidente Dilma, que
144
infelizmente no governo do presidente Lula nós não conseguimos avançar muito na questão da política
de saúde. Então eu direi aqui algumas preocupações. Primeiro é o recurso do saneamento. Vários partidos
políticos estão querendo que o saneamento continue na FUNASA.
O movimento indígena, as lideranças, as organizações não querem mais papo nenhum com a
FUNASA. Nós queremos todo o recurso da saúde indígena na nova secretaria. Me parece que essa é uma
defesa que a gente tem feito, e eu tenho visto na fala das lideranças e na manifestação de documentos que
estão ocorrendo na Amazônia e em todo o Brasil. Uma outra questão: o grande problema da FUNASA,
para ficar bem claro aqui, nós dizemos assim: corrupção, apadrinhamento político, e outros que não vou
dizer do que ocorreu, precisamos agir diferente. Algumas questões o senhor está acertando, e tem
algumas questões que o senhor está começando um pouco equivocado, eu acho que era bom
melhorarmos esse processo. Primeiro, essa questão da gestão: ela precisa ter um debate. Não precisa do
foro do presidente somente discutir o perfil do novo chefe do DSEI. Esse perfil, claro, tem que ser
discutido, mas tem que ser colocado lá com a comunidade.
O cargo é do governo, mas a confiança tem que ser das comunidades indígenas. Vai trabalhar com
os indígenas, não vai trabalhar com o governo somente. Isso é importante nesse debate. E felizmente o
Valdenir e o Edmílson são companheiros nossos da luta, estão com a gente nessa batalha. Mas é
humanamente impossível fazer esse debate. É preciso criar os canais de debate para que possamos fazer
esse debate internamente, porque senão vai acontecer uma coisa, que eu critico os políticos, deputados e
senadores que indicam os nomes deles de apadrinhamento, mas vai acontecer o debate dentro,
internamente. Isso vai dividir os indígenas, ou já está acontecendo isso, então é preciso ter um diálogo
amplo, aberto, com aquela região, daquele distrito, para não acontecer como está acontecendo em alguns
lugares. O técnico X, por exemplo, lá do Javari, o Tota, que é chefe da FUNAI, é o cara perfeito para ser o
chefe da DSEI do Javari. Só que não foi combinado ou não foi discutido com as lideranças indígenas, e o
Jorge, o chefe do DSEI, criou uma briga com eles. Jorge Marubo. Quer dizer, poderíamos somar junto
com o Jean, que é o mesmo Tota, e o Jorge, o Clóvis, outras lideranças indígenas que nós queríamos
acertar perfeitamente. Agora o Jorge não fala mais com... não tem mais essa questão. Então está
acontecendo isso, e isso prejudica porque na hora de as coisas acontecerem lá, não vão acontecer, tem
esse impasse interno que vai acabar prejudicando as ações lá da ponta. A mesma coisa em Parintins, a
mesma coisa em Manaus, a situação está muito complicada, Dr. Antônio Alves, criou-se grupos e grupos e
precisa ter muita cautela na hora de caminhar. Estou falando essa questão da gestão e queria acrescentar
só mais uma questão aqui, que é a questão do recurso da SAS, há uma disparidade, Dr. Antônio Alves,
muito grande. Houve chefes, coordenadores da FUNASA, que foram indicados pelo deputado X, por
exemplo lá no Amazonas, e vou lhe dar 2 exemplos do que está acontecendo, e do documento que vou
lhe entregar do prefeito que não pôde... o senhor tinha uma audiência mas ele não pôde, o senhor foi
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com o ministro mas ele não pôde ir lá com o senhor. Mas o que está acontecendo? A prefeitura de Borba,
no Amazonas, no rio Madeira, recebe mais de 100 mil Reais da SAS, e tem uma população de 4 mil
habitantes indígenas.
A prefeitura de Barreirinha, também no Amazonas, já na fronteira com o estado do Pará, recebe 20
mil Reais e tem 7 mil habitantes indígenas – e isso não está acontecendo, eu estou dando o exemplo aqui
para resumir, mas isso está acontecendo em outros municípios, é mais fácil entrar o recurso para ajudar os
políticos que são apadrinhados. O conselho distrital de Parintins já assinou a pactuação, já está há meses
lá na SAS, e não se tomou nenhuma posição. Daqui a pouco queria lhe passar essa questão aqui, uma
questão bem concreta. Concluindo, eu queria só dizer da importância de caminharmos juntos. Aqui, nos
encaminhamentos, doutor Antônio Alves, queremos um debate entre nós da CNPI e o foro da
Presidência. E é muito bom o senhor dar prioridade para a questão do controle social. Controle social é
fundamental porque eles estarão lá na ponta para fiscalizarem as coisas que vão acontecer. Então era isso
que eu queria colocar, na minha fala aqui nessa discussão da saúde indígena. Obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Jecinaldo. O próximo inscrito sou eu, eu me
inscrevi aqui. Quando tenho alguma posição aqui, como membro da CNPI, não como presidente, aí me
inscrevo. Primeiro queria dizer, doutor Antônio, que nós da FUNAI somos absolutamente solidários com
a secretaria especial de saúde indígena que foi criada ano passado, também porque nós acreditamos nela e
fomos junto com a CNPI e o movimento indígena, parceiros também para a construção dessa secretaria.
Sabemos o quanto foi difícil o trabalho para que ela fosse criada, então somos absolutamente solidários
nesse processo de transição, que é difícil, ao que o senhor se referiu agora há pouco. Eu anotei 4 pontos
aqui que eu queria comentar. Primeiro é o seguinte: nós sabemos que a ação de atenção à saúde indígena
já estava prevista e incluída no PPA, no Programa de Proteção dos Povos Indígenas, que é o programa da
PPA que é coordenado pela FUNAI e que tem as outras ações também que a FUNAI executa, ações
também de alguns outros ministérios. Um dos principais objetivos que eu acho da FUNAI, como
organização que é coordenadora e articuladora da política indigenista do estado brasileiro como um todo,
é que as ações do governo brasileiro voltadas às comunidades indígenas, elas não só existam, ou seja,
existam ações específicas, como foi tratado hoje de manhã aqui com o MDS, essa discussão da
especificidade, na Saúde já existe isso, que essas ações já estejam colocadas dentro do programa de
proteção e promoção dos povos indígenas. Porque: porque isso facilita a gestão integrada da política
indigenista e inclusive há a possibilidade de juntar ações, de reforçar ações. Então, a pergunta é: eu
percebi ali naquela apresentação que o capítulo do saneamento em aldeias não está nesse mesmo
programa. Embora as ações de proteção à saúde indígena estejam no programa 150, que é o nosso
programa, a ação de saneamento não está.
146
Então a pergunta é: seria possível que trabalhássemos em conjunto agora para que o próximo PPA,
2012/2015, pudéssemos incluir todas as ações finalísticas da saúde e do saneamento indígena dentro do
mesmo programa, quer dizer, a parte de saúde já está, e que o saneamento também pudesse estar. Isso
ajuda a, se não resolver, a pelo menos melhorar, o acompanhamento da aplicação desses recursos
orçamentários, financeiros, que muitas vezes são vítimas dessas influências políticas que Jecinaldo se
referiu ainda agora, porque, como o nosso programa é coordenado pela FUNAI, e estamos sempre
acompanhando as ações, e temos muito interesse, e obrigação, inclusive, constitucional e legal de
acompanhar a execução das políticas públicas, para nós seria muito interessante. Acho que esse é um
ponto que eu gostaria de levantar. Outro aspecto que eu queria colocar é com relação à autonomia dos
distritos. Porque eu entendi que a proposta é até o dia 19 de abril todos os distritos, os 34, já estarem
incluídos, prontos para terem autonomia.
Então eu queria dizer aqui, chamar a atenção para o seguinte: a FUNAI, em seus 36 distritos, para
usarmos o nome da Saúde, nós temos 36, já temos essa autonomia administrativa, com essas unidades
gestoras e etc. E há muito tempo, e mesmo assim é difícil conseguir executar as coisas nas nossas
unidades. O que eu queria colocar é o seguinte, é a disponibilidade aqui, estou registrando publicamente
aqui na CNPI, a disponibilidade das nossas equipes aqui da FUNAI, das nossas coordenações regionais,
dentro das nossas possibilidades, obviamente, porque também nós temos limitações, para apoiar. E é
nesse sentido que eu queria propor até a possibilidade de fazermos algum tipo de treinamento e
capacitação conjunto, já fizemos aqui por exemplo, esse ano de 2011, aqui no nosso centro já fizemos uma
oficina com os nossos chefes de serviço administrativo da FUNAI nas 36 regionais, sobre procedimento
de licitação, pregão, e outras atividades administrativas como essas. Estou propondo a possibilidade de
fazermos isso conjuntamente, oferecendo nosso centro de formação aqui, em Sobradinho, para que a
Saúde não precisa nem alugar lugar nenhum pode vir aqui, usar o nosso centro de formação aqui, trazer o
pessoal para podermos colaborar nesse esforço, porque eu sei que é difícil fazer isso, e é importante
também que compreendamos aqui o seguinte, se nós somos os pais da criança, quer dizer, da CNPI, a
bancada indígena, o movimento indígena, a FUNAI, ajudamos a fundar a SESAI, agora temos que dar a
nossa contribuição, é isso que estou colocando aqui nesse ponto específico, estamos dispostos a contribuir
para colaborar. Outro terceiro ponto é nos colocando à disposição para ajudar na possibilidade de haver
uma audiência com o ministro da Saúde. Eu, conhecendo o ministro da Saúde como o conheço, tenho
certeza que ele não terá nenhuma dificuldade de acolher uma reivindicação de uma audiência, e eu ia
sugerir que fizéssemos o mesmo procedimento que fizemos hoje de manhã, e ontem também, e que a
subcomissão de saúde, junto da CNPI, que é a responsável por esse tema, possa a subcomissão de saúde
ter essa agenda com o ministro da Saúde e levar aquilo que a CNPI aqui coloca como ansiedade e como
questões que estão levantadas. Então me coloco à disposição para também reforçar e aí é com o ministro
147
da Saúde esse ponto. E o último ponto que eu queria colocar é com relação a um diálogo sobre essa
questão dos chefes dos DSEIs.
É um diálogo fraterno esse que faço porque eu já estou há 4 anos e 8 dias na FUNAI e eu conheço,
se tem uma coisa que eu conheço razoavelmente hoje em dia é esse tema, e eu acho que o Jecinaldo
colocou no comentário dele é real, ele levantou uma questão que é importante, mas eu queria
complementar, porque eu acho que o grande problema é que, e aí eu acho que é um diálogo fraterno que
devemos fazer, é coo encontrarmos na chefia dos DSEIs, como também no nosso caso da FUNAI, nossos
coordenadores regionais, pessoas que sejam, as pessoas têm que ser da confiança do dirigente. Quer dizer,
do presidente da FUNAI, do secretário de Saúde. Essas pessoas também têm que ter uma relação de
confiança com a comunidade, todos nós estamos de acordo com relação a isso.
O problema é que nós muitas vezes somos vítimas do sistema de influências políticas – seja de
políticos, deputados, e outros partidos políticos que querem indicar e às vezes até obrigar-nos a nomear
uma pessoa que tem uma vinculação política com qualquer outro partido, e que às vezes nem conhece a
área, não é um técnico, e isso eu condeno, acho que isso não deve ser a regra a não ser que seja um
tratamento correto, às vezes pode até ser uma pessoa indicada politicamente, mas que tenha o perfil
técnico adequado para conduzir. Principalmente na área da Saúde, uma área que mexe com a vida das
pessoas. Mas eu queria acrescentar um ponto também, que muitas vezes também as comunidades
indígenas, suas lideranças na região, principalmente quando se tem uma regional que tem mais de um
povo na jurisdição, também fazem a mesma coisa. Ou seja, um tem o seu candidato, o outro tem o seu
candidato, e às vezes isso faz o mesmo sistema, quer dizer, reproduzem infelizmente o pior exemplo que
têm dos não-indígenas nesse ponto, e ficam indicando pessoas que não têm competência técnica, às vezes
até um indígena, mas não é só pelo fato de ele ser indígena que ele vai necessariamente atender
corretamente a comunidade à qual ele pertence ou da qual advém. Estou colocando esse ponto aqui até
porque eu sei que o nosso *palavra não compreendida aqui está começando agora aqui nessa missão,
porque precisamos ter uma relação muito franca com o movimento e as organizações indígenas para que
encontremos sempre esse cuidado muito grande na seleção dessas pessoas, desses profissionais. Então o
que fico chamando a atenção é exatamente para que se procure encontrar, principalmente no caso da
Saúde, que mexe com a vida das pessoas, tenhamos muita responsabilidade nesse ponto, u seja, não
podemos aceitar apadrinhamento de nenhum jeito, venha de onde vier, venha de político, nem de
branco, nem de prefeito, e acho que também de setores do movimento indígena, de organizações
indígenas ou das comunidades que às vezes não têm conhecimento dessa questão. Acho que isso tem que
ser discutido de uma forma franca, como temos procurado fazer na FUNAI, com dificuldades, nem
sempre conseguimos chegar, muitas vezes erramos nesse processo, que não é fácil encontrar pessoas com
qualidade técnica para isso. Sei que estou colocando o dedo na ferida, mas se não colocar, não avançamos.
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Acho que só avança à medida que temos essa consciência de que isso precisa ser...
Simone Karipuna – Ei presidente, só um minuto.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Já vou passar aqui a próxima inscrita, é uma questão de...
Simone Karipuna – Justamente nesse sentido que o senhor está falando, o Jecinaldo foi muito feliz
na fala dele porque acabei omitindo um pouco que justamente eu estava me referindo à questão da ata
que houve na minha região, que é bem parecido com o que talvez o Jecinaldo esteja falando é que na
minha região houve a pactuação por todos os povos indígenas do Amapá e norte do Pará na indicação de
um nome de um indígena. E até então nossas lideranças estão aguardando o posicionamento por parte da
SESAI porque na reunião que houve lá nos passaram que esse não é o papel do movimento indígena, de
poder fazer nenhuma indicação. Então foi uma questão que estamos num diálogo, é bom que
socializemos essa informação, mas aí vem uma outra questão – já que é consolidado o movimento como
um todo, é uma outra questão, não?
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Por isso que eu levantei essa questão, porque essa questão
tem que ser pactuada, porque, até fazendo um comentário no que você falou, eu não estava na região
nem na reunião, mas a posição de que não cabe ao movimento indígena indicar e nomear pessoas é
verdade, não cabe mesmo. É a mesma coisa em uma organização indígena qualquer, quem elege e escolhe
os dirigentes da organização, quem será membro da organização não é o Estado, não é a FUNAI, não é o
governo. O que eu estou falando é de relação de confiança. Confiança é outra coisa. Quem tem a
obrigação e a responsabilidade de nomear um chefe, um dirigente de uma organização do Estado é o
Estado, é o dirigente o responsável, agora, essa nomeação pode e deve ser feita numa relação franca de
confiança. É isso que estou chamando a atenção. E essa confiança tem que ser recíproca. Porque, se ela
não for estabelecida dessa forma, o risco de não dar certo é alto. Então, como nós estamos começando o
trabalho, os distritos estão ganhando autonomia, estão começando a desenvolver seu trabalho agora,
temos que ter responsabilidade, e é isso que estou levantando, tanto nós aqui do governo quanto o
movimento indígena, a CNPI, as organizações têm que ter responsabilidade de que nós não podemos
correr o risco, nós não temos o direito de que esses distritos sanitários, que precisam de autonomia, não
funcionem porque têm um dirigente que não tem competência para isso.
Porque, se isso acontecer, todos os políticos do PMDB que foram referidos aqui por vocês, ou de
outros partidos, ou de outros setores, que eventualmente criticaram a criação da secretaria, vão dizer
“Olha aí, nós tínhamos razão.” Porque, na verdade, a SESAI foi criada e não está funcionando. Estou
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chamando esta responsabilidade aqui. Eu acho que eu, como presidente da FUNAI, porque como eu me
inscrevi aqui, estou falando como membro da CNPI, estou colocando essa questão porque eu acho que
temos que ter maturidade, o movimento indígena, as organizações indígenas e o governo para não deixar,
em hipótese nenhuma, que essa secretaria corra o risco de não dar certo. É claro que tem dificuldades,
todos nós sabemos aqui que há dificuldades nessa transição, mas a questão da autonomia do distrito e
quem vai ser o chefe do distrito é central. E, se ela está sendo definida agora, nesse primeiro momento,
nós temos que definir isso o melhor possível que a gente puder, com pessoas da melhor qualidade, para
que a gente possa efetivamente ter um melhor resultado que mostre e prove que o problema da saúde
indígena pode ser resolvido, pode ser melhorado, e que não era feito isso porque isso era realmente mal
conduzido. Esse era o ponto que eu queria levantar, eu até me estendi já demais, mas era isso. O próximo
inscrito é o Marquinhos.
Marcos Xukuru, da região Nordeste e Leste – Eu não vou entrar nesse mérito da questão das
indicações, eu acho que o papel que temos aqui é um compromisso com os povos indígenas do país, de
fato a assistência e a atenção básica efetivamente aconteçam na ponta. Evidente que, nessa caminhada,
sempre surge... senão vai parecer que nós estamos aqui defendendo de um, ou de A, de B e de C, e esse
não é o nosso papel aqui. Quando se coloca num aprofundamento essa relação de confiança, de
confiabilidade entre nós, isso é importante. Eu tenho minha posição em relação a isso, tanto que lá no
DSEI de Pernambuco os povos indígenas não entravam nesse mérito de discussão de indicação, de um
indígena assumir, concordo que tem que ser uma pessoa gabaritada e que efetivamente tenha a confiança
da população indígena e que também tenha o conhecimento necessário para fazer a gestão plena da
execução da Saúde. Isso é importante. Enfim, concordo que não devemos parar o que está em andamento
que é o mais crucial que estamos aguardando, a efetivação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, a
autonomia dos distritos, e a funcionalidade deles, que não podemos, de forma alguma, em virtude de
alguns problemas relativos a essa questão de indicação, implicar no andamento da efetivação da secretaria
especial. Quero deixar claro isso aqui e, se tiver problema em algum DSEI, em algum distrito, que trate à
parte, vamos conversar, mas acho que o restante não pode ser prejudicado em relação a essa questão da
qual já estamos avançados.
A pergunta que eu teria para fazer, muito rapidamente, é a respeito da publicação das equipes para
os cargos da administração autônoma dos DSEI. Isso é fundamental para que ele efetivamente comece a
funcionar. De recursos financeiros nós temos um problema em Pernambuco, e aí estou tratando
especificamente de Pernambuco, até agora a previsão desse 1º semestre era em torno de 2 milhões e meio
de Reais e apenas foram 500 mil, isso tem inclusive um prejuízo imenso por conta das ações que estavam
previstas e questões pendentes e como é que vai efetivamente dar andamento nas programações
150
seguintes? Também temos problemas de recursos na parte da engenharia, temos aí uma necessidade
inicial de uns 3 milhões de Reais para podermos trabalhar aquilo que já estava orçado, que já estava
planejado, obras que já foram licitadas, inclusive, e que estava aguardando apenas recurso para efetivar na
ponta ações de saneamento básico.
Tem uma questão, que afeta não só a FUNASA mas também todo órgão público, é a questão das
diárias, que está afetando todos os órgãos públicos de forma geral, em Pernambuco, eu acredito que no
Nordeste, principalmente relacionado à questão da Saúde, se não houver o pagamento de diária desses
profissionais que são os... lá não temos conveniados, carros locados, essas coisas, os próprios motoristas da
fundação, que vai passar agora para a nova estrutura, fazem esse papel. São motoristas da FUNASA que
são os motoristas, são os transportes, e quem sem diárias esses funcionários vão parar, porque não têm
condições de estar em área sem ter as suas diárias para se alimentar, para enfim. Isso é um problema sério,
em Pernambuco temos hoje uma totalidade de aproximadamente 45 mil indígenas, então se não houver a
imediata resolução desse problema, vai parar tudo. Como é que as equipes vão seguir para dentro das
áreas para fazer o seu trabalho? Isso é um problema que temos que discutir, de que modo vai encaminhar.
A outra questão é a contratação dos trabalhadores de saúde indígena para as equipes nas áreas indígenas,
que já foi citada e como é que vai ficar a questão da contratação das equipes, em virtude da... indo essa
gestão toda para os DSEI, os distritos, e ainda hoje são contratos provisórios via municípios, então quão
efetivamente vamos ver essa questão. Então as minhas perguntas são esses 4 pontos e, enfim, é isso.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Sandro.
Sandro Tuxá – Sandro pelo Leste e Nordeste. Dr. Antônio Alves, antes de mais nada nós
agradecemos pelo senhor ter a oportunidade de ter oportunizado seu tempo estando aqui, na sua agenda,
e tenho na sua pessoa um parceiro de fato e, dizer que, para nós é muito importante ficar assegurado esse
momento com o ministro. Eu acho que vai ter esse encontro aí de 17 a 21, esse momento vai ser muito
rico porque todos os presentes que vão estar estão presentes aqui, nós estávamos até tendo uma reunião
até agora há pouco com a nossa bancada indígena, já que eu estou com a fala posso até falar, né? Que no
caso, eu não sei por que eu fui falar também, mas assim, que no caso nós decidimos que nós temos uma
agenda, digamos assim, de trabalho com o ministro da Justiça para o dia 19, simbolicamente no dia 19.
Pensamos que nos poderíamos chegar alguns dias antes, no caso dia 17, para no dia 18 poder sentar
todo o movimento indígena junto com a CNPI, junto com representantes de organizações indígenas,
junto com os presidentes de conselhos distritais, para podermos fazer alguns encaminhamentos
necessários para a condução das demandas da área da saúde, para que quando nós chegarmos a ter a
oportunidade de sentar com o ministro nós possamos estar afinados e bem articulados nas indagações a
151
serem feitas. Nós queríamos contar com o apoio também da secretaria, para garantir passagem de alguns
representantes, a questão da CNPI para a CNPI poder garantir a vinda dos representantes antes, não é
isso Lindomar? E ao mesmo tempo eu queria informar que eu não entendo, sinceramente, é como um
agente indígena de saúde, que passa o dia, o cotidiano dentro das comunidades indígenas, como na
maioria do Nordeste, não consegue ganhar um salário mínimo. O senhor tem que tomar providências em
relação a isso. Porque há um repasse de recursos que é feito através da prefeitura, quando ele vai receber
esse recurso, com os cortes que tem, hoje me entregaram até documento, inclusive – estão ganhando 420
Reais. Por exemplo pelo pólo base de Paulo Afonso, o salário mínimo é quinhentos e quarenta e cinco.
Então é uma questão de ajuste, de fato. Enquanto nas outras maioria da região o pé... o teto está em torno
de setecentos reais.
É até desumano uma pessoa trabalhar trinta dias e quem está segurando a FUNASA a SESAI agora,
no momento, são esses agentes indígenas que estão lá no campo. O que gostaria que o senhor pudesse se
atentar a isso.
É... e uma outra coisa seria ainda as falas do nosso representante, eu queria que ficasse claro o
seguinte: eu acho, sim, que é... é nessas questões de indicação, o senhor deve se atentar a ter a
sensibilidade necessária quando os grupos estão organizados, que indica seus representantes para ver as
possibilidades de nomeação, mas eu queria enfatizar, no caso da Bahia, nós não temos indicação, né?
Estamos aí solidários na questão da re... da... da pessoa que está fazendo a transição, pedir o apoio do
nosso secretário para poder é... liberar o nosso companheiro Admilson a própria *palavra não
compreendida para sentar conosco numa reunião de trabalho com as lideranças da nossa região junto
com a interventora, né, lá pelos pólos básicos de Paulo Afonso, Ibotirama e Beira do Pombal.
Trouxemos um documento, já entregamos ao Admilson para entregar a Vossa Excelência, é... isso
era outra coisa. E por último... e por último é... nós ficamos preocupados e apreensivos quando nos
chegou, agora pela manhã, uma questão que nos chamou muita atenção e nós iremos levar para a... para
a... é... essa questão até pela manhã ao presidente, mas depois disseram que o senhor poderia vir nos
tranqüilizar, que é a questão de prolongar o prazo, né? De convênios, no caso as... que a FUNAI continue
sendo a conven... é... a FUNASA, perdão, continue fazendo os convênios, né? E nos preocupou porque
até o dia 19 todas as responsabilidades tem que estar com a nossa SESAI, e que chegou a nossos ouvidos
que o ministro da saúde estaria sinalizando que esses convênios poderiam ser prorrogados e que a
FUNASA poderia ainda continuar fazendo os convênios.
152
Nós queríamos esclarecimento se isso é verdade, se isso é pertinente e que nós achamos que isso
não... não... não... não vai garantir o... andamento... o bom andamento que nós tanto esperamos da nossa
secretaria. Muito obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI– A professora Francisca, a última inscrita, não vi mais
nenhum. Tem mais alguém inscrito? Lindomar, também, então, Lindomar. Professora Francisca depois o
Lindomar.
Francisca Navantino Pareci – Bom é... Francisca Navantino, Mato Grosso. Bom esse... Dr. Antônio
o que eu queria colocar aqui para o senhor é assim: a partir do que o senhor nos apresentou, né? Nessa...
apresentação, né? Onde o senhor coloca já as a... as ações, a política em si que da... da... que está se
discutindo que... e que a secretaria irá tocar. Mas tem um ponto, assim, que eu... pode ser até que eu
esteja equivocada, talvez ela esteja oculta nas... ações, de repente, da... da secretaria e eu não tenha visto,
né? Que meus... meus... meus óculos estão defasados, que é a questão da formação dos profissionais de
saúde indígena.
É... no tempo da FUNASA, da falecida FUNASA, esse... existia *intervenções fora do microfone é,
está mais morta do que viva, *intervenções fora do microfone mas, assim, existia uma é... iniciativa
bastante positiva, inclusive, eu falo isso com bastante propriedade porque eu participei de vários
momentos, de várias reuniões, inclusive junto com a FUNAI nessa discussão e é o nosso entendimento, a
nossa proposição era criar uma política de formação para os profissionais da saúde.
Nós temos aí, eu acho que o Dilson colocou isso, né? É... Odilson Ingaricó, ele colocou alguma coisa
nesse sentido, né? E eu estou aqui, é recordando isso porque eu acho que é um assunto extremamente
importante.
E eu a... e vem... e muito, assim, tem a ver com as questões que nós estamos colocando aqui de
profissionais, de perfil de profissionais, né? De condições para que esses profissionais possam, de fato,
atender à demanda de seus povos, no caso estou falando dos indígenas, né? E, nós temos lá em Mato
Grosso um programa, né, que é o PROLIND, né? E d... que ele, na Universidade Federal de Mato Grosso,
onde nós temos vários profissionais indígenas na área de saúde, em processo de formação.
Nós temos na área de medicina, nutrição, enfermagem, psicologia e outros cursos, né?
Relacionados à... à saúde indígena. No entanto, eles estão sob a ameaça de a qualquer momento eles...
153
eles terem seus... as suas bolsas cortadas.
Começaram com o incentivo da própria FUNASA. A FUNASA, no início, ela deu todo o apoio a
esses estudantes. E, pelo que eu sei, esses estudantes... as vagas são vagas não do estudante, eles são vagas
do povo. Então, por exemplo, quando o estudante ele deixa, ele desiste daquele curso, a desistência é do
povo, não é do... do aluno individual, por que aquela cota é coletiva, e não individual e isso a
universidade entendeu. Que eu considero isso uma política de cota positiva, quando é a comunidade que
indica o candidato e indica o seu profissional.
Para isso tem que passar pelo processo que o... nosso companheiro aí o... Jecinaldo colocou.
Discussão com a comunidade, a comunidade entender o processo. Para que ela possa ter condições de
indicar esses... esses profissionais, né? Concordo plenamente que tem que ser uma coisa muito bem
orquestrada com a comunidade pactuada. Eu acho que... que o Márcio colocou isso aí. É... muito bem
pactuada com a comunidade, né? Porque aí, o controle social e toda a fiscalização dos processos da... das
atividades, inclusive até das responsabilidades dos profissionais é a comunidade é quem orienta e é ela
que acompanha. Para mim seria a melhor política, o meu sonho é ver uma comunidade fazer isso, ter o
direito de escolher os profissionais dela que ele quer trabalhar, mas dentro de um perfil, dentro de toda
uma característica, de uma condição de fato que atenda à realidade daquele povo. Então, e.. FUNASA ela
deu... iniciou esse processo e, de repente, o processo desapareceu, com essa mudança toda, com essa
brigaiada toda da FUNASA com... por conta dessa... da SESAI, desapareceu.
Hoje os nossos alunos estão lá, estou falando isso por causa que estou acompanhando a situação
deles antes de vir para cá, até podia, assim, saber mais o que está acontecendo e a universidade não vai
mais poder inclusive nem abrir as vagas porque, simplesmente, esses profissionais que estão em processo
de formação e a própria universidade não tem condições de abrir se não tiver esse apoio. E pela exposição
que o senhor colocou aqui, eu não vi nenhum incentivo, nada que diga em relação à formação de
professores... a formação de professores, estou igual ao... de prof... a formação de profissionais de saúde,
que tem a ver com a educação, evidentemente. Nós estamos falando de formação no ensino superior, nós
estamos falando na formação de ensino técnico, ensino técnico de enfermagem, até porque, foi difícil mas
nós conseguimos, pelo menos, fazer com que a nosso... o nosso povo entendesse que... é técnico até
porque nós não existimos mais, né? Auxiliar também, não é verdade? Não é... não tem mais esse
reconhecimento.
Hoje nós temos de técnico de enfermagem para enfermagem e medicina e outras coisas. Então,
154
esses alunos que são poucos que estão nas universidades, né? É... nós só conseguimos dois, com muita
dificuldade e agora eles estão sob a ameaça de a qualquer momento... e eu não sei mais o que eu faço, o
que... porque de tanta... assim, assim... reclamações que nós recebemos e, por outro lado, o setor da... da
área de saúde indígena não faz nada. FUNASA esqueceu porque agora está de briga mesmo já... perdeu o
espaço com o indígena então ela não vai lutar mais... militar nesse campo, mas a SESAI, a nova
secretaria... não vi falar nada disso. Por isso que eu estou perguntando... gostaria que o senhor nos
colocasse isso, por que é de interesse, eu penso que a CNPI tem responsabilidade nisso, de pautar essa
questão da formação dos profissionais indígenas de saúde. Esse incentivo, essa motivação, o direito que
eles tem de serem incentivados nessa formação. E é pactuado, sim, com a comunidade indígena.
Então eu estou... estou... assim, bastante preocupada por conta de que? O que é que nós vemos aí?
A carência de profissionais indígenas com formação qualificada. Nós não temos. Em outras áreas, nós
estamos tentando criar, né? Na área de direito, então criar, exatamente com essa funcionalidade, com esse
objetivo de atuar, dar o retorno para o seu povo, para a sua comunidade. Então, eu gostaria de saber é...
é... Dr. Antônio como é que vai ficar essa questão desses profissionais.
Né... nós temos várias, assim, é... esse... alguns encaminhamentos que estão paralisados nesse
campo da formação, né? E é um assunto... um assunto que me interessa bastante porque eu milito no
campo desde a educação básica até o ensino superior e até a pós graduação. *intervenções fora do
microfone E nós estamos em uma universidade *intervenções fora do microfone a minha universidade,
na qual eu trabalho, hoje está tentando ver se consegue pautar profissionais da saúde, mas estamos tendo
grandes dificuldades *intervenções fora do microfone porque, os encaminhamentos que nós fizemos
junto ao Ministério da Saúde não foram avante. Não foram. Né? Nós não vimos, não sabemos... então
nós... eu gostaria de saber, do senhor, essa que é a minha pergunta. O meu questionamento é isso: como
está sendo pensado, ou não, né, a questão dos profissionais de saúde... indígena? Os índios, aliás,
profissionais indígenas de saúde. Para os indígenas, porque os brancos, vocês sabem, moram na cidade
tem as condições todas para fazer... mas o índio, lá na aldeia, que é indicado pela sua comunidade,
concluiu o seu ensino médio, a comunidade indica ele e, chega na hora ele não tem esse apoio e eu
gostaria de saber de que forma nós vamos trabalhar essa questão da formação desses profissionais.
Obrigada.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado. Lindomar.
Lindomar Xocó – Boa tarde a todos e a todas... agradecer ao presidente, aí, pela oportunidade...
155
esqueceu? [risos], mas tudo bem. Dr. Antônio sua vinda até aqui é muito importante para que possamos
tirar dúvidas e encaminhar proposta.
Presidente, eu como intermediador tanto do foro do presidente quanto da CNPI, vejo que estou
nessa jogada, estou lá e cá nessa ponte. É... eu me sinto na responsabilidade de também tirar algumas
dúvidas e dizer... até falar um pouco do processo de... para essas escolhas o... os critérios para a escolha
dos... dos... dos chefes de distrito, né?
É preocupado com... com essa missão que nós sabíamos que era grande, tanto os par... por parte dos
indígenas quanto por parte dos políticos, no dia seguinte após a... a eleição, a votação, melhor dizendo, a
aprovação da... da... SESAI... que criava a SESAI, nós fomos surpreendidos com pessoas já querendo
ocupar cargos... cargos políticos que não iriam nos atender a essa demanda. Então, preocupado com isso o
foro do presidente se sentou e cria... criamos alguns critérios já para... que pudéssemos estar apresentando
para a sociedade para poder barrar tanto aqueles indígenas que não estavam dentro daquele perfil e
também aqueles políticos... bem, não deixando o espa... mas deixando o espaço para, num outro
momento, como foi feito, de convidarmos, tan... tanto as organizações quanto os outros movimento como
a CNPI e as outras instâncias para que nós pudéssemos tirar um encaminhamento conjunto.
Sabemos que não tivemos... foram convidadas, infelizmente, as organizações que, não sei porque,
não compareceram em nenhuma das reuniões do foro. Foram convidadas e não compareceram. Mas, eu
gostaria de deixar bem claro que nesse início de... de... de... de... de trabalho não tivemos a oportunidade
realmente, nem tanto o foro, nem a CNPI de convidar, de debater melhor essa... essa... essa questão junto
às nossas comunidades e aos nossos estados. Por isso que eu quero aqui registrar e já pedir a compreensão
do presidente Márcio e do secretário, Dr. Antônio... é... a vinda desse pessoal na próxima... agora no
meado do mês para que nós pudéssemos estar trabalhando toda essa conjuntura política. Não só dessas...
de que forma nós vamos trabalhar isso, como a política em geral para a questão de saúde, terra, então...
essa política toda que estamos passando nesse momento, então, a necessidade de se fazer esse evento
ampliado para que nós pudéssemos... estar trilhando um caminho, né, conjunto.
Mas depois eu gostaria, Dr. Antônio de sair de pedir a permissão do plenário para ler os
encaminhamentos, aqui, da subcomissão de saúde, que está dentro daquilo tudo que vocês aqui já
praticamente falaram. Muito obrigado.
Senhor Marcio Meira - Presidente da CNPI– Eu queria só fazer uma... aproveitar para fazer uma
156
questão de encaminhamento aqui, em relação às subcomissões, eu queria dar o seguinte... queria sugerir,
né? O seguinte encaminhamento: Todo mundo recebeu aí a... a... o conjunto de... que eu pedi para a
Teresinha preparar, não é? Para nós... ganharmos tempo, não é? Eu sugeri que todas as subcomissões é...
apresentassem o seu material... tem os encaminhamentos que todo mundo recebeu e, em princípio, ele já
considera todos os encaminhamentos aprovados se são aprovados, certo? A não ser que alguém, algum
membro aqui da... plenária, é... daqui a pouco até o final da nossa atividade levante algum ponto
específico, dizendo: ó, queríamos mudar ou corrigir alguma coisa.
Então a... a... só para dizer que o encaminhamento da subcomissão de saúde, portanto, a não ser
que tenha alguma sugestão, todo mundo *intervenções fora do microfone lê e se tiver alguma sugestão
nós vamos modificar, senão...
Lindomar Xocó – Tem uma falha aqui Dr., que eu quero, presidente, que eu quero aqui pedir
desculpas ao plenário é que o... o... a nossa subcomissão de saúde digitou a nossa... a nossa reunião, o
nosso encaminhamento no computador do Caboquinho, parece que ele deixou lá em Cuba [risos]
Então estou aqui só com as propostas, né, os encaminhamentos, mas com a responsabilidade de
mandar essa minuta da nossa... nossa... tá bom? Obrigado.
Simone Karipuna – É... presidente?...questão de ordem.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Sim.
*intervenções fora do microfone
Márcio Meira - Presidente da CNPI – É uma questão de ordem?
Simone Karipuna – questão de ordem. É... diante do encaminhamento que o senhor acabou de
fazer, é... eu tenho de duas subcomissões do... encaminhamentos que não estão, é... dentro dessa proposta
desses... dessas atas das subcomissões entregues pela secretaria. Aí eu queria saber se, é... eu posse
entregar à secretaria, ela estaria aprovada. OK.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Sim, é isto que eu estou falando, quero dizer, tem que...
vamos ouvir o último da... do tema da pauta da saúde. Eu só fiz... eu só fiz esse comentário para não...
157
para esclarecer aqui, mas vamos concluir aqui as inscrições, né, o... Anastácio é o último aqui da...
Anastácio Peralta - Guarani Kaiowá – Bom, Anastácio Peralto, Guarani Kaiowá, Mato Grosso do
Sul. É... é que eu fico preocupado, assim, com os nosso parceiros, né? Às vezes nós aqui temos a FUNAI, a
secretaria de saúde especial, mas, assim, como é que nós amarramos melhor, lá na base, FUNAI e
secretaria de saúde, porque são todos...
Esses dias eu fui até no Ministério Público, né? Aí comecei a falar, né? Porque é tudo governo
federal, né? São todos parentes, mas tem horas que não se entendem, né? É... Ministério Publico Federal
com Ministro da Justiça, um punhado de coisas, né? Então veja aí: saúde é federal, FUNAI é federal,
então se nós pudéssemos fazer uma articulação na base, mais amarrada um pouco, né? FUNAI, FUNASA,
todos os parceiros pat... é... é... indígenas né? Como amarrar melhor essas políticas públicas, porque...
porque nós ficamos meio... parece que as pessoas são... a FUN... a... a saúde é dono de índio a FUNAI é
outro dono e vem um punhado de dono, né? Eu acho que se nós pudéssemos desmantelar um pouco
essas... essa coisa antiga que está aí, né? Se nós pudéssemos articular, eu acho que agora sim viriam os
conselheiros, né? Que cada... é assim, que cada um tem a sua posição, mas que, na hora do trabalho, é
muito melhor para nós trabalharmos, tanto a sustentabilidade a... a... só tem saúde quem come bem, né?
Mas aí é papel da FUNAI de fazer a roça e de... essas coisas eu acho que deviam ser amarradas, coisinha
pequena, mas ela dá resultado agora uma... uma dividição, eu sempre olho para eles assim: dividir é bom
para dominar, né? Você divide e domina, né? Ou faz todo mundo brigar.
Mas, assim, outra coisa também eu estava pensando na... na... nos técnicos de saúde, mas se nós
pensássemos também nuns técnicos de saúde diferenciados, como tem na educação: que sabe sua história,
né? Sabe um punhado de coisas, que tivesse essa formação. Sei que talvez deve ser difícil, que nem o
Paulinho falou, de nós pensarmos numa medicina indígena, né, talvez, né? Pensando já nisso
futuramente e criar essa coisa, porque a vez da saúde não é só dar... aplicar injeção, dar o comprimido,
né?
Talvez lembrando da... do mito da cura, né? Que a pessoa conhece. Isso também faz bem para o
espírito, para a alma e essa... saúde que nós temos, essa universal ela não fala nada disso, né? Chega mete
o remédio, mete a injeção... se sarar, se não sarar, se morrer vem o caixão, né? E o... é uma coisa assim,
então eu pensava, assim, que... numa formação técnica, mas diferenciada, né? Não essa que, nós
chegamos lá... aprende aqui, chega lá na aldeia e aplica do mesmo modelo do branco e... isso é
complicado. Era isso a minha fala. Obrigado.
158
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, Anastácio. Então eu devolvo aqui a palavra ao... ao
Dr. Antônio Alves dizendo que, da parte da FUNAI, se... duas coisas:
Primeiro, eu, como presidente da FUNAI, espero que pela minha fala fun... toda é... a nossa
instituição siga essa orientação, mas nem sempre acontece isso, né? A FUNAI não é dona de nenhum
índio, né?
Segundo, é... nós queremos trabalhar juntos, eu e o Antônio Alves temos uma... uma... uma... uma
relação de aproximação nossa aqui muito forte. O problema é que, isso também, quando vai lá para a
ponta... necessariamente acontece, por isso, a oferta que eu fiz ainda agora aqui da... de nós podermos
utilizar este espaço inclusive para a formação conjunta, capacitação conjunta, é... de... servidores da
FUNAI e da SESAI. Devolvo aqui a palavra para o... para o Antônio.
Dr. Antônio Alves – SESAI - Bom, obrigado aí pelas várias contribuições, eu acho que esse contato
ele é fundamental porque Brasília é uma região muito isolada, viu? Você... principalmente em se tratando
de saúde indígena, em que a... a... a relação, é... saúde doença ela se dá nas aldeias, né? Na grande maioria,
sabendo que tem os índios também que moram nas cidades.
E... se nós não tivermos um sistema, um subsistema que se organize com uma comunicação muito
bem construída, daqui para lá e de lá para cá, dificilmente nós conseguiremos acompanhar e dar uma
qualidade melhor ao conjunto do que é necessário, né?
Mas eu quero começar pelo... pela fala do Anastácio, que eu achei que coloca uma questão e que
eu... com, quero dizer, concordo plenamente, a necessidade do governo federal ter uma integração dos
órgão que atuam na saúde na... na área indígena, não é?
Quero dizer, da mesma forma que temos uma relação boa, eu e o Márcio, a FUNAI e a SESAI, o
Pedrão ainda está lá conosco, trabalhou com você, é importante que nós tenhamos com os outros órgãos
também, porque a saúde ela acaba, é... sendo a mai... quero dizer, captando a manifestação daquilo que
não acontece nas outras políticas, não é?
Eu cito como exemplo freqüente a questão de Dourados, Mato Grosso do Sul. Ali se mon... pode-se
montar o melhor sistema de saúde, mas se eu não conseguir resolver a questão da terra, garantir a
alimentação adequada e de qualidade para aquele povo, ocupação naquilo que eles sabem fazer, é uma
159
população que vai estar sempre comprometida na sua saúde física ou mental. Principalmente mental, não
é? A juventude que não tem perspectiva, vai para o corte de cana quando é a época, bóia fria, depois volta
para uma aldeia que não tem o que fazer, quero dizer, não tem o que fazer: não tem a caça, não tem a
pesca, não tem a floresta e aí, não há sistema... para montar, vai ter que montar um bom serviço de
assistência psicológica e psiquiátrica porque os jovens vão, de fato buscar outras alternativas. Aí vem a
questão da droga, do crack, do álcool, né? Então é fun... é estratégico o governo federal, e aí a FUNAI tem
um papel que ela que é a coordenadora da política indigenista, buscar essa integração, não é? Daí... que
não é fácil.
Não identificado - … a luta nossa aqui sempre...
Não identificado - … nós já mandamos quinhentas mil para os ministérios todos e sempre...
sempre... sem essa...
Dr. Antônio Alves - SESAI – A CNPI *intervenções fora do microfone tem que ser essa expressão
infelizmente não conseguimos um conselho, mas a comissão é esse embrião. Acho que é lutar para que
nessa gestão da presidenta Dilma, nós consigamos aprovar o conselho nacional de política indigenista,
né? Que tem um... esse papel dessa busca da integração. Mas a questão, infelizmente acaba priorizando
outra questões. Nós vamos, nós da SESAI, vamos fazer um esforço para estarmos sempre aqui,
representados, né? Que valorizamos e apoiamos importan... e achamos importante essa... esse espaço de...
construção de políticas intersetoriais, né?
E... e aí, Anastácio coloca também uma questão que a Francisca levantou e que, na minha
apresentação, Francisca, está lá explicitado. Eu sempre me referi, que a... nós vamos construir com vocês
uma política de formação de RH investindo na população indígena.
Eu disse isso acho que até na época lá que o presidente me convidou até para falar, né, que o...
quando ele assinou o decreto, o ministro temporão estava falando, ele me chamou também para falar que,
se naquele momento nós pudéssemos, ali, nomeando um secretário especial de saúde indígena, indígena,
eu estaria muito mais feliz do que sendo eu o indicado naquele momento, logicamente. Que nós temos
que trabalhar para que vocês possam ir assumindo essas... e aí, vem a questão da bolsa, eu quero conhecer
depois, mas na nossa programação está prevista como um desafio, a formação de RH indígena para a
saúde indígena, tá?
160
Não... talvez você não tenha, no momento, prestado atenção, mas vai ficar aí a apresentação, pode
checar que está lá, bem caracterizada, né?
A residência multiprofissional, que o Ministério já financia, porque hoje as bolsas de residência, na
área de saúde médica ou não médica, a grande parte delas é financiada pelo Ministério da Saúde, mas,
para isso, o índio tem que se formar, porque a bolsa, a residência é só depois, não é?
Na graduação tem... tem... o governo Lula já criou o... os mecanismos para a gratuidade do ensino
público. Quantos filhos de pedreiro, de donas de casa já se formaram hoje com o ProUni? Tem uma
política de educação para a população que não tem condição de se manter, o ProUni é um exemplo disso.
O Fies é outro então acho que... agora é aperfeiçoar, é detectar esses casos que estão havendo aí para nós
vermos de que forma... eu não sei que incentivo é esse que a FUNASA dava, né? Mas, a partir do
momento que se começou a discutir ... a SESAI, nós tivemos, infelizmente, um recrudescimento da ação
da FUNASA, até porque ela não queria que a ação não era... algumas pessoas nela não queriam a criação
da SESAI, né?
Aqui agora eu entrego esse documento que eu estou levando aqui...Ak´Jabor entregou
– Obrigada.
Dr. Antônio Alves - SESAI – O Basílio, é... coloca uma questão, Basílio. Que a... a relação FUNASA
vem muitas vezes a gente joga a culpa na instituição muita... e esquece que a instituição é constituída de
pessoas.
A FUNASA sozinha não faz mal a ninguém. Ela faz porque tem uma gestão que decidiu que não
quer fazer. Aí ela faz mal. Não é? É... na transição nós tivemos que necessitar da FUNASA, não teve jeito,
porque senão iam perder um conjunto de contratos que não tinham condição de... você não pode trocar,
parar um carro que não pode parar, para trocar os pneus dele, infelizmente não dá, tem que ser andando.
E aí a relação teve que existir.
Em alguns locais ela se deu bem, em outros ela se deu com maior dificuldade e em outros muito
ruim. Vocês são testemunhas disso aí, não é?
Naquele lugar que o superintendente que era antes era o coordenador tinha uma compreensão
desse processo e apoiou deu... deu sustentabilidade, continua dando, né? Então, é... ela está num processo
161
de mudança, o ministro está aí definindo a direção central dela e nós esperamos porque as obras, por
exemplo, que foram empenhadas em dezembro, com recursos do PAC 1 e 2, PAC 1, continuam sob a
gestão da FUNASA, nós definimos que... porque eles fizeram todo o processo, conhecem a dinâmica. Não
dá para nós chegarmos e assumirmos isso se nós não participamos deste processo, então, ela vai tocar. Daí
a necessidade de você prorrogar um pouco mais para terminar pelo menos o orçamento de 2011, que
quando foi encaminhado ainda era FUNASA, a SESAI foi criada em de... outubro. O orçamento já estava
aprovado e definido no congresso, então, é... é... é importante que continuemos essa parceria logicamente
assumindo. Hoje, o Ministro deu mais um passo importante. Ele delegou aos núcleos do Ministério da
Saúde competência para apoiar a SESAI. Então, quando o núcleo está organizado é ele que apóia,
inclusive Manaus que é um situação que Jecinaldo coloca... a chefe do núcleo lá que tem toda a
experiência de gestão está dando todo o apoio para *palavra não compreendida porque a... Manaus está
sob intervenção branca.
Saiu o que era, entrou lá o *palavra não compreendida que foi para lá. E já saiu, entrou outro agora.
Então todos os processos foram interrompidos numa grande operação da polícia federal. E aí o núcleo
teve que assumir isso até sem ainda a delegação, mas agora tem a delegação. Então licitações, alimentação
para CASAI e processos de urgência, os núcleos estão assumindo conosco, tá? E vão continuar, e na
medida que o DSEI vai ganhando autonomia, e aí a autonomia, nós temos que entender que não vai ser
uma pe... um setor, um DSEI lá que vai ficar ele fazendo tudo, não é, porque senão não precisava ter
SESAI, ou não precisava do Ministério. Criava o DSEI e acabou, não é. Autonomia, toda autonomia é
relativa. A dele é relativa, ele tem que prestar contas ao ministro.
Então, você tem o que fazer, tem a competência, mas... e aí nesse momento nós acreditamos que
vão ter três situações à semelhança do SUS quando foi criado em 90 com a lei. Tinha município que podia
fazer tudo, estava organizado, ele era gestor pleno. Então nós vamos ter DSEI que vai sair já plenamente
funcionando com... já com a experiência, o pessoal. Esse vai ser gestor pleno.
Tem outros que vão fazer algumas coisas e outras, não. Nós chamamos à época o semipleno, aqui
também vai ser e aí, nós vamos ajudar. Vamos pedir à FUNAI para nos ajudar, o núcleo do Ministério vai
ajudar, a FUNASA no que ainda puder, ela pode ajudar porque você para treinar uma pessoa, você não
precisa nem deter crédito que determina, só relação de governo para governo, de instituição para
instituição.
Então... e tem aquele DSEI, como é o caso do Vale, que nós vamos ter dificuldade porque lá não
162
tem nem servidor. Eu falei que só tem três. Para compor aquelas caixinhas nós precisamos de um chefe,
quatro chefes de sessão, uma divisão são... são cinco, seis a CASAI, sete. No mínimo sete se tiver mais de
uma CASAI são oito. Lá só tem três: um mestre de obras que vai assumir a sessão de saneamento, por
quê? Ele sabe fazer. É ele que fazia o que os engenheiros planejavam. Ele não vai fazer planejamento, mas
ele sabe construir um sistema de abastecimento de água. Ele pode muito bem ser chefe dessa sessão, não
tem problema. Mas aí o orçamento de finanças, nós não temos, recursos logísticos nem recursos
humanos, e nem... nem a outra de... da divisão de atenção.
Então é um DSEI que vai estar, é... nós chamamos de gestão incipiente. Aí Manaus vai ter que dar
um apoio lá.
Tabatinga do lado que o primo vai organizar melhor, vai poder ajudar... eu liguei para ele hoje, tem
que ajudar o... Vale do Javari, né? E a FUNASA e a FUNAI aí na organização delas também vai nos
ajudar, ou onde vocês estiverem, né? Depois o Márcio conversa com você, mas é importante essa
integração nossa para vencer isso aí, né?
É... o Brasílio também coloca a questão da... dos investimentos profissionais indígenas. E aí, é a
mesma coisa que a Francisca trouxe, né, também, como a demanda que é dos AIS e dos AISAN, que já são
contratados ou que serão ou que serão substituídos. Nos temos uma política para eles, porque são os
verdadeiros promotores da saúde indígena. Ele não tem o papel da cura nem da reabilitação, mas tem o
papel da promoção e da prevenção. Ele pode ajudar o acompanhamento do pré-natal da gestante,
principalmente se for AIS feminina, em função da relação de mulher para mulher indígena. Que ela...
ela... deve fazer? Saber o acompanhamento de que se... como é que se dá um processo de gravidez e o que
pode aparecer que possa complicar essa gravidez e aí alertar a equipe. Que o papel era alertar a equipe,
não é? Agora, para isso, tem que ter equipe lá, e é uma outra garantia que nós estamos buscando nessa
reformulação de pessoal, né? Que tenha permanentemente pessoas de uma equipe profissional técnica
formada para isso para garantir essa... esse... esse atendimento.
A outra questão é essa da política de formação de RH indígena para a saúde indígena que vai, desde
a graduação, com o apoio, aí, os incentivos que a Francisca coloca, para a bolsa ou parceria também com a
MEC... o MEC para a... com a própria FUNAI, até para os cursos de graduação, mestrado, doutorado e
também na área de especialização de residência multiprofissional, né?
Relação com o município. Olha, a nossa meta, viu, Brasílio, é... Brasílio demais. É ter o recurso da
funasa da saúde indígena num único local, que se chama SESAI. E aí, trabalhar para utilizar esse recurso
163
de que forma? De preferência com um único gestor de pessoal.
Tem DSEI nosso aqui que ele nem sabe quem é o profissional que está trabalhando, que foi
contratado para uma prefeitura Oriximiná no Pará. O DSEI de gua... de to... de Guamá. GuaToc, lá.
Guamá Tocantins. Quem decide quem contrata e administra tudo lá é a prefeitura de Oriximiná, o DSEI
nem fica sabendo, nós queremos acabar com isso.
A gestão tem que ser da SESAI e do DSEI. Então a nossa meta é pegar os 170 milhões do... das
SAIS, do IABPI, trazer para a SESAI e nós sermos administradores disso aí. Quem vai contratar pessoal?
A SESAI. O DSEI/SESAI, e não a prefeitura.
Então essa é a relação que estamos construindo. Prefeitura entra de que forma? A lei definiu
claramente: ela é parceira na média e na alta complexidade. Nós não vamos ter hospital do índio, mas nós
queremos um hospital municipal que atenda o índio quando for necessário. Então essa tem que ser a
relação. A Lei é muito clara e nós estamos trabalhando nesta construção, Márcio, de fazer essa pactuação,
definir, assinar um termo, um contrato de gestão com a prefeitura, mas... e essa é uma discussão para você
Titiah para o Sandro, o Marquinhos, o pessoal do nordeste, porque é uma região totalmente diferente do
país que, basicamente, todos os profissionais são contratados via prefeitura. Basicamente. Você tira um
pequeno conveniozinho que tem no Ceará e o Maranhão que, está no nordeste, mas é considerado
Amazônia Legal, todo o restante é prefeitura. Cada uma contrata de uma forma. Umas nem tem garantias
trabalhistas, como é o caso lá do... do... Lindomar Xokó, lá no... Sergipe, Alagoas.
As pessoas são contratadas, não têm férias, não têm fundo de garantia,não... *intervenções fora do
microfone pois é. Então, eu preciso que vocês me ajudem a fazer essa mudança porque ela não é fácil. São
438 municípios dez por cento... um pouquinho menos... 10% (dez por cento) dos municípios brasileiros
que têm uma organização forte e que acha que esse dinheiro é deles e que não pode ser da ação indígena
e fazem o que querem. Nós não queremos isso.
Agora, se a comunidade indígena, conosco, nos ajudar, nós vamos fazer essa batalha e aí já estou
com um assunto que foi falado aqui, gente. O primeiro entendimento que nós tivemos com relação à
convênio é o seguinte:
A FUNASA tinha os convênios... tiveram... criou a SESAI, mas nós é que estamos fazendo a gestão
de pessoal contratado pelo convênio, não é a FUNASA, somos nós. Claro, algum DSEI, mais ou menos
164
com alguma dificuldade ou não.
O fato de prorrogar ou não o convênio não significa que se o DSEI estiver autônomo, com
capacidade de gestão, é ele quem vai continuar fazendo a gestão de pessoal. Qual foi a nossa compreensão
inicial que depois, com a consulta com os órgãos de controle, ou seja, o Ministério Público e TCU, que
s..., como a FUNASA fez um processo, um chamamento público e selecionou as conveniadas, que o
Ministério poderia fazer o mesmo convênio sem precisar dessa seleção. Não nos deixaram fazer isso. Não,
vocês vão ter que também fazer um processo, chamamento público para selecionar quem vai, tá? Como o
tempo não dá, e aí nós só começamos a ter recurso agora a partir de março, teremos que prorrogar
imediatamente... estamos construindo já o edital de chamamento público. E aí, Brasílio, já vamos chamar
dentro da lógica que a SESAI vai trabalhar, de preferência, já sair de prefeitura para contratar, em todos
os locais. É possível? Vamos trabalhar para ser. E aí precisamos do apoio, porque tem município que acha
que esse recurso nunca mais pode sair de lá. Por quê? Porque ele pega o dinheiro, tira 20% de pedágio,
faz o que quer, não presta conta e só utiliza 80% na saúde indígena. Nós não vamos deixar isso.
E aí, eu não quero falar publicamente, mas tem vários municípios que nós identificamos que está
fazendo isso, e outros que fazem coisas piores do que isso, não é?
Então essa questão nós vamos estar enfrentando agora, já no lançamento desse edital de seleção e
aí, substituir até que o Planejamento nos autorize a fazer contratação direta.
Com seleção, não sei se também foi colocado aqui por alguém, não sei se foi... se foi a Francisca
também, que é uma seleção regionalizada em que você pode fazer uma só para São Gabriel da Cachoeira
onde vai concorrer quem for de São Gabriel da Cachoeira e não lá de Manaus, tá?
Nos 802 já teve mais ou menos um processo assim, né, aquela... não vamos chamar agora os 802,
né? Então essa... essa é a nossa meta, aí. E a relação com o município, aí, se dá dessa forma. Com a
FUNASA... é uma parceira que poderá onde puder e tiver condição, nos ajudar, onde não puder, nós não
vamos querer também atrapalhar, tá? O Caboquinho coloca uma questão que até o Piná disparou um e-
mail nacional para os presidentes de CONDISI pedindo apoio para nós tentarmos excepcionar o Decreto
7.446 de primeiro de março de 2011.
O que é esse decreto? Ele estabeleceu a redução de recurso, limites de diárias, no caso nosso, que
não somos órgãos de fiscalização, 50%, ou seja, é o limite. Então nós estamos trabalhando na exposição de
motivos para o Planejamento e para a presidenta Dilma que a saúde indígena não pode ser conduzida
165
com a aplicação desse decreto.
Eu tenho CASAI interditada, tive que alugar fora do decreto, agora tem o decreto... a de Manaus,
Jecinaldo conhece, era para ter ali uma interdição e ter uma outra CASAI, em função das condições, e
muitas outras, né?
Nordeste também não trabalha muito com CASAI, que é uma outra realidade que nós temos que
buscar, porque o... é muito melhor colocar dentro de uma estrutura que é de saúde do que fazer o que se
faz num DSEI que o Lindomar conhece, que paga tão pouco a diária, que os indígenas ficam hospedados
em motéis.
Não vamos querer isso, gente. Não vamos querer. Temos que enfrentar isso. Entendeu?
Francisca Navantino – O que que é isso, é uma vergonha.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Doente no motel ninguém faz muita coisa, você sabe disso.
[risos]
Dr. Antônio Alves - SESAI – Então... não é um bom local para ir doente. Ne... né, Lindomar? Pois
é.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Pessoal... então são questões que n... que n... e aí nós temos que
discutir com o nordeste, viu, Caboquinho, Marquinho, é... Sandro, o pessoal, temos que buscar as casas de
saúde, as CASAI, construir as CASAI no nordeste. Que é uma estrutura de saúde, que dá suporte, você
tem lá uma equipe de saúde para dar apoio, que é a experiência de outros locais e que pode ser aplicada
também. Vamos fazer esse debate com vocês, é... oportunamente.
Caboquinho Potiguara – Dr. Antônio só uma questão de ordem aqui, por favor. É... quando você
fala aí com... com... que as prefeituras, hã, irão sair, né? Como é que fica a questão das ONGs?
Dr. Antônio Alves - SESAI – Não, pois é. Hoje, até agora, nesse momento e acho que até 19... acho
não... e até 19, nós não temos como sair das ONGs porque o Planejamento ainda não autorizou que eu
pudesse contratar. Quando é que eu posso sair de uma ONG? É quando eu puder contratar diretamente.
Tem três formas só de fazer: ou o Ministério contrata, ou faz convênio com a ONG e ela contrata,
166
ou o dinheiro vai para a prefeitura e a prefeitura contrata. Não tem outra forma de contatar pessoal, tá?
É um serviço de prestação continuada, não pode parar, então, não pode também trabalhar de outra
forma como a 866 perm... trabalha então, nós já fizemos um... um... uma demonstração perante o
Ministério do Planejamento que, com o recurso que nós temos hoje contratando, O – N – G, ONG,
passando para a prefeitura, eu aumento o número de servidores e fica mais barato contratando
temporariamente ou efetivamente. Como estamos na época de mostrar redução de despesas, acho que
vamos ser bem sucedidos quando chegarmos lá com essa proposta para mostrar para eles.
Estamos agendando já a próxima reunião, primeiro para discutir os 802 que já foram... foram
resolvidos e agora essa da substituição. Agora, enquanto isso não ocorre, nós vamos continuar. Agora,
tem ONGs e ONGs: tem algumas que se perguntarem à comunidade indígena eles não querem que
interrompa. Pega o pessoal de Roraima que trabalha com a... com a Kaiowá que está lá agora, Mato
Grosso do Sul, Maranhão, é... Minas Gerais ou Rondônia, que eles foram para lá agora. O IBRASPE que
está no pessoal do Amapá aqui, ó.
Simone Karipuna – Não. Que, é... é... não está atendendo à nossa demanda.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Não, pois é. Exatamente. Porque o IBRASQUE foi para atender uma
pequena parcela do DSEI, a maior parte do recurso ficou com a prefeitura de Macapá *intervenções fora
do microfone que não quer mais, felizmente. Nós vamos tirar e aí nós vamos fazer lá, tentar encontrar
com vocês uma solução, e uma que chega para botar tudo, 100%, tá?
Porque fica alguém do IBRASQUE na prefeitura, lá em Oiapoque, quer dizer, em cada região tem
um feudozinho que comanda. Então você não faz gestão de saúde dessa forma, né? Então nós vamos estar
enfrentando isso, viu, Caboquinho, essa... essa questão das ONGs, mas aí, vamos tentar selecionar aquelas
que são melhores, né? Para... até o final do ano e ver se o Planejamento nos autoriza.
É... você falou da morosidade a... a... transferência de bens já tem uma comissão nacional, tem
comissões regionais para... para ir até as aldeias levantar isso e fazer a... a... o patrimônio a... quer dizer
as... o inventário patrimonial para tentar fazer a transferência, só trazer, obviamente, aquilo que puder
ser utilizado, né, bem servível; inservível nós não queremos.
A remuneração do AIS e o AISAN. Bom, esse é um debate que tem que ser feito com a política de
167
pessoal com um todo, né? Não pode ser isolada, né? Hoje, o que não pode se admitir é o que foi colocado
aqui de ter um AIS, um AISAN ganhando menos de um salário mínimo.
Existe uma lei federal que não permite isso. Então eu preciso saber onde é que é e a me fa... para
nós tentarmos acionar a prefeitura porque ele, como prefeito, não poderia estar fazendo isso.
O Dilson lá de Roraima trouxe a questão aí, da questão dos cargos que foi um debate que foi feito
concurso específico. Nós vamos, quando for uma seleção, tentar fazer por local, por região, por... para
tentar valorizar e aproveitar o pessoal que está trabalhando hoje, inclusive, mas isso tem que ser um
processo público, né?
O AIS e o AISAN é um debate que nós queremos fazer de uma outra forma, porque ele tem uma
característica que os outros profissionais não têm que é a indicação das comunidades. Se nós
estabelecermos uma regra de concurso público para o AIS e o AISAN, a comunidade não pode mais
indicá-los. E aí a nossa idéia é encaminha uma proposta de emenda constitucional, uma PEC, para tentar
disciplinar a contratação do AIS e do AISAN da mesma forma que foi para o ACS, o agente comunitário
de saúde do PSF não indígena.
Tá. Titiah, toda essa questão da... assim, todo o apoio da bancada indígena realmente foi... aliás, a
SESAI, ela nasce... não nasce, mas ela veio à tona com uma reunião da CNPI, né, quando o presidente
Lula comparece, em 2008, e vocês colocam ele na parede: resolva a questão da saúde indígena, né,
*palavra não compreendida. Dali ele chamou o Danilo e o Temporão que estavam lá e aí começou toda
aquela... *intervenções fora do microfone ah, não estavam? *intervenções fora do microfone. Ah. eu achei
que estivessem lá. Bom, mas ele deu o recado e dali começou aí ver a questão do projeto de lei, né?
*intervenções fora do microfone Danilo estava. Então a se... e depois as ge... as várias manifestações da
CNPI, elas foram, elas foram fundamentais para continuar esse debate. Quer dizer, a pressão e a força que
vocês têm conseguiram, né, dar o suporte, e o Márcio, então como presidente da FUNAI, foi essencial lá
no Planalto e... em função da relação dele com o Lula. Que o presidente queria, mas as coisas não
aconteciam como ele queria, né? Ele... infelizmente essa burocracia acaba fazendo isso.
Muitas vezes eu quero alguma coisa aqui como SESAI, lá na ponta tem um chefe de DSEI ou um
coordenador de pólo básico e não faz acontecer, mesmo eu querendo. Infelizmente... e nós temos que
identificar, e o controle social dá duro para que isso não ocorra, né?
168
Agora, essa questão disso, das... dos cargos compo... concursados isso... isso é uma lei e um decreto
não tem como nós mudarmos isso, não é? 75% são... tem que ser ocupados... só se tiver uma outra lei que
mude, né?
Isso é importante para os servidores públicos, a responsabilidade que têm, que é diferente. Hoje um
servidor que comete alguma fraude, além dele ter um processo civil e criminal, ele tem um processo
administrativo e que pode perder o cargo. Até a aposentadoria ele pode perder se ele já tiver sido
aposentado, já estiver aposentado. Então daí essa questão da importância do servidor, né?
É... sim, nós já tínhamos programado... Titiah também trouxe essa questão, nesse foro de 17 a 21 já
tinha combinado com o Padilha de nós termos... trazer umas organizações indígenas junto com o foro e
termos uma reunião com ele ne... nesse período, não sei ainda qual é o dia.
E aí estou conversando com o Márcio aqui, para... a CNPI, os membros da CNPI da área indígena
ou da saúde, ou não sei de que forma... para poder participar conosco, né?
*intervenções fora do microfone
Não... é aí depois nós veremos, mas nós vamos garantir, nesse período, além do 19 que poderá ser
um ato que nós queremos com a presidenta Dilma, para lançar esses... todos esses programas, que é um
momento, também que vocês estariam com ela. Aí o Márcio vai nos ajudar com o... com o José Eduardo,
lá, viu, Guta? Que os dois ministros pe... quiser assumindo isso, né, como compromisso de levar de...
para... na agenda da presidenta para esse dia, porque eu acho que é importante um contato com a
população indígena, com a comunidade, a representação da comunidade, né? Já que ela foi em um evento
aí em que estava toda a população indígena, né, acho que é importante.
É... e aí é lógico, viu Titiah, é claro que quando nós tivermos os DSEIs devidamente organizados,
hoje ainda temos dificuldades de uma vontade nossa se transformar numa... numa ação lá na ponta.
Infelizmente, eu digo que, a partir do dia 20 de outubro de 2010, em que eu fui nomeado secretário, junto
com a criação da SESAI, o que saiu no mesmo Diário Oficial, o meu celular nunca mais parou de tocar, de
segunda a segunda.
Então, na outra secretaria que eu estava, sexta-feira, hoje, dezoito horas, podia desligar e ficar em
casa sábado e domingo, que ninguém me acionava. Agora... porque saúde não tem hora, não tem
169
momento, a primeira... o primeiro... no primeiro fim de semana da minha nomeação, foi uma remoção de
Gaúcha do Norte, lá do Mato Grosso, do DSEI lá do... do Xingú, né, para trazer para Brasília um paciente
com derrame cerebral que precisava de UTI, UTI móvel para trazer, e vaga na UTI em Brasília. Então
foram um sábado e domingo que eu passei envolvido para garantir essa vaga... primeiro trazer, depois a
vaga para essa pessoa. Então... e meu celular é público, ele está na página da SESAI, está no meu cartão,
que eu vou distribuir para vocês aqui, pode passar. Está no cartão de visita, viu? Por quê? Porque é um
celular institucional e eu tenho essa missão, essa função que, inclusive, vocês foram responsáveis para que
eu fosse nomeado também. Tá bom?
Então tem que cobrar, mas tem que me ajudar também, porque senão...
É... então co.. ainda seguindo aqui na semana, então, assina da... Simone colocou, nós vamos cobrar
essa ata, viu, cobrar essa ata lá de vocês.
Teve essa questão da indicação, que eu levei para o ministro, mas ele tem toda essa discussão que
está aqui colocada aqui...não vou entrar nela aqui, tá?
Eu ia falar sobre a questão do IBRASPE com vocês, né? Lá é um... é um DSEI que nós queremos,
inclusive vamos contratar uma pe... fazer um estudo agora do Brasil Sorridente lá na... você vai nos ajudar
para percorrer os locais, fazer todo um planejamento para nós implantarmos também o Brasil Sorridente
lá porque tem toda a estruturação e, ampliar o número de dentistas, de auxiliar de saúde bucal, né?
A questão da infra-estrutura, ela está ruim em todo lugar, né? Não é só do Amapá, infelizmente.
O Jecinaldo faz uma fala muito boa, como todos os demais, mas traz uma questão da política geral,
eu... esperei ele lá ontem e não foi possível. Antes de ontem ele foi com uma equipe lá, numa comitiva lá
de... de Barreirinha e outros locais e, ontem, eu só recebi o... lá o vereador Cecílio, né? E o André. André?
Que é o secretário lá da prefeitura de Altazes. Eu reservei o espaço para vocês, mas vocês tinham outro
compromisso lá... farei uma visita brevemente àquela região para nós reunirmos as organizações, até
porque o Amazonas, o estado são sete de seis.
Nós temos que montar uma estrutura em Manaus, bem organizada, para dar suporte, e aquela
CASAI, ela é regional. É uma CASAI que abrange sete de seis, né? e Então lá tem que ser uma
integração... é... nós estamos trazendo aqui então a COIAB também no... nesse período, tá? Tem que
170
conversar muito la com o Marco Apurinã, né?
Quer dizer, você tem nos apoiado, e o movimento, na defesa do saneamento continuar onde está
hoje que é saúde, é na SESAI. Nós temos todo um planejamento, não deu para apresentar aqui, agora, a
questão do saneamento. Região Amazônica tem um débito enorme em relação à água potável, ao
abastecimento de água. Tem DSEI que, igual a Javari, tem zero de... de... instalação de sistema de
saneamento. Então, é um quadro muito ruim.
Nós temos que atuar fortemente, não é? Temos que fazer esse debate do perfil e... concordo. Essa
questão das prefeituras, nossa idéia não é fortalecer essa ou aquela, é tirar o recurso e administrar isso
diretamente, né? Porque, infelizmente, o ano que vem vai ser complicado, porque é ano eleitoral. Esse
dinheiro, não vai passar o dim dim, minha gente, vocês sabem disso. *intervenções fora do microfone. É,
ué, então nós temos que... no foro nos vamos discutir isso, viu, Lindomar, Edmilson, nós debatemos e
tirar como encaminhamento, porque aí eu tenho força para combater a confederação dos municípios, etc.
e tal, tá?
O Márcio coloca aí toda a questão do apoio da... da... é... da FUNAI, aí a audiência já está
assegurando isso aqui, é um... você está com ele lá porque seria bom que se tivesse uma audiência com o
ministro Padilha ou, e até com a presença do José Eduardo Cardoso, se for o caso, viu, Márcio, se fosse
possível, uma audiência deles com os dois ministros. Ou... O José Eduardo e o... e o ministro Padilha.
Porque há... é uma relação bem... não pode separar. Mas aí você vê. Nós vemos direito.
Márcio Meira - Presidente da CNPI – Da nossa parte não há problema nenhum.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Da nossa também já era a meta, então já era para ter feito antes, o
ministro pediu para deixar para esse momento, agora, tá?
É...
Senhora Francisca Navantino – Dr. Antônio, Eu só queria fazer uma sugestão para o senhor. Nessa
agenda que o senhor está fazendo, aí, com os ministérios e com os ministros, as autoridades. Eu gostaria
que o senhor colocasse também, na sua agenda, uma... esse... uma audiência com o nosso Ministro da
Educação.
171
Por que eu estou dizendo isto? Porque está prevista uma... uma reunião dele com a Cordenação
Geral da Educação Escolar Indígena do MEC, para discutir exatamente sobre a situação de alunos
indígenas, né, com o objetivo de se criar, é... um programa específico, diferenciado para atendimento de
alunos indígenas na graduação de vários cursos, mas o senhor como é da saúde, pode propor, né, no caso
dos indígenas que estão no processo de formação e que ingressarão nesse processo também, na
graduação, nas universidades, uma proposta também junto com o MEC. Eu acho isso muito interessante
junto às universidades, tá, por conta de que já temos aí a... a demanda, né.
Francisca Navantino Pareci– E temos... e temos também a necessidade.
Ha... esse entendimento é que, para se tentar criar, é... absorver os alu... os estudantes que a FUNAI
hoje dá cobertura, você entendeu?
Mas com muita precariedade.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Tá.
Francisca Navantino Pareci– Então, seria uma proposição da sua parte nessa... nesse campo da
formação dos profissionais indígenas da saúde.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Tá.
Francisca Navantino Pareci– E também a oportunidade para que o... que outros indígenas possam
atuar, porque tem muitos que estão atuando na saúde, mas não tem essa oportunidade da formação.
Então, eu acho que seria com três ministros...
Dr. Antônio Alves - SESAI – Viu, Márcio?
Francisca Navantino Pareci– ...é isso que eu gostaria que o senhor...
Dr. Antônio Alves - SESAI – A gente pode... Acho que nós poderíamos trabalhar até algo mais
amp... mais, quero dizer, mais amplo, que seria... se nós conseguirmos que a presidenta receba o
movimento no dia 19, aí nós vamos sugerir com os ministros das áreas que tem uma relação...
Francisca Novantino – Certo.
Dr. Antônio Alves - SESAI – … com a política indigenista.
Francisca Navantino Pareci– Certo.
172
Dr. Antônio Alves - SESAI – Porque aí ela convoca o Haddad, convoca todo mundo.
*intervenções fora do microfone
Dr. Antônio Alves - SESAI – E se convocar com certeza, eu tenho certeza....que ninguém faltará.
Francisca Navantino Pareci– E eu... e eu vou entregar aqui para o senhor...
Dr. Antônio Alves - SESAI – ...conhecendo a Dilma...
Francisca Navantino Pareci– … que no nosso documento, está posto como uma das prioridades
essa reunião. Está aqui, ó. E aí eu coloquei assim...
Dr. Antônio Alves - SESAI – Nós já vamos trabalhar nessa...
Francisca Navantino Pareci– Eu fiz uma... eu marquei aí...qual que é a... a... a... demanda.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Ah, tá. Hã.
Francisca Navantino Pareci– E aí eu... eu... acho que e... e... eu... precisa resolver esse negócio.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Quer deixar comigo isso aqui?
Francisca Navantino Pareci– Pode, pode ficar com o senhor. Tá bom? Obrigada.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Tá. Tá bom. É... deixa eu ver mais aqui porque tem que correr aqui,
né?
O Marquinho, ele trouxe uma questão, né, que nós estamos enfrentando, está dentro da nossa
excepcionalidade, que é a questão da diária. Ela é complexa na Lei 7.446.
Nossa forma de trabalho em muitos DSEIs é: a equipe vai e fica trinta dias em área e volta, dez dias
de folga, depois mais trinta dias em área. Se eu só posso autorizar quarenta diárias por ano para um
motorista, como é... quem é que vai levar a minha equipe na próxima viagem? Porque, com... com uma
diária de trinta dias já... já come trinta diárias das quarenta. Com mais dez, acabou as do ano todo. Então,
173
isso eu estou colocando nesse documento para buscar a excepcionalidade. Eu tenho a impressão que
atinge também a FUNAI. *intervenções fora do microfone. Não é?
Márcio Meira - Presidente da CNPI – É só até para aproveitar e dizer para vocês que... que a
FUNAI, por exemplo, já encaminhou para o Ministério do Planejamento, para o Ministério da Justiça,
uma nota técnica de... de... oito páginas, colocando as excepcionalidades das atividades da FUNAI com
relação a esse decreto, né? E estamos esperando o retorno do Ministério do Planejamento para... nesse
sentido, né? Porque... principalmente em relação à diárias e passagens. Posso mandar uma cópia para
você depois.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Uma cópia para nós vermos, com a nossa construção. *intervenções
fora do microfone. Não. Mas lógico, ué, aí eu vou propor ao Padilha e esse conjunto de ministros aí, junto
lá coma... com a presidenta Dilma. Mas independente disso, se não conseguir a presidenta, vê se nós
podemos fazer com os ministros. Se não com todos, pelo menos com aqueles... Justiça, Saúde, de repente
a Míriam que ela conhece bem, a do Planejamento, né, ou até o Haddad. Vamos tentar aí.
A questão das AIS eu já respondi, porque o Marquinho colocou também essa relação que lá, em
Pernambuco ela é forte porque tudo lá é prefeitura, e cada prefeitura tem uma forma de contratar, né?
Cada uma tem... e o Antônio Fernando basicamente fica sem ... sem poder fazer essa gestão, o prefeito
coloca quem ele quer, da forma que quer, então é muito ruim. Nós vamos ter que enfrentar esse debate
aí.
O Sandro falou da agenda com o ministro, já estamos promovendo pro... buscando isso aí. Salário
mínimo, viu Sandro, depois é... de me dizer qual é a prefeitura, qual é a prefeit... não, não precisa falar
em público não. Bota num papel e me traz aqui, para o prefeito não... *intervenções fora do microfone.
Hã? Não, não... neguinho está gravando tudo.
A questão dos convênios, então, foi isso que eu expliquei da... do... da chama... do chamamento que
nós vamos divulgar o edital. E aí eu... prorroga... a medida que eu for assumindo, vai saindo desse
convênio, então, daqui para julho basicamente nós temos como meta estar substituindo todos, ampliando,
e aí eu preciso chegar em Pernambuco, que a minha idéia será um edital para também fazer em
Pernambuco,né, contratar alguém para colocar lá até que nós possamos contratar, concentrar de uma
forma diferente, mas aí nós fazemos um debate com vocês, tá?
174
É... Francisca já respondi, basicamente, Lindomar... tem sido também um grande parceiro lá da
SESAI, né, is... em função da participação no foro, né, e, nós passamos a integrar essa... trazer a
subcomissão mais as... as lideranças, né, no momento nacionais, vão ter algumas que tem um papel local,
né, você pega por exemplo a FOIRN, lá no alto do Rio Negro, ela tem uma... um passado histórico de luta,
tem a ROTUCARA lá, que é do pessoal dos Ianomâmis então nós vemos isso com você e tentar ver se é o
momento que se... numa reunião dessas, hã... entidades, mais o foro, com o ministro Padilha. E ele, mais
do que ninguém, porque já foi diretor do DESAI, conhece a área, tenho apoiado integralmente a todo
momento, é um grande parceiro nosso lá, e que está nos ajudando neste momento de dificuldade e, com
certeza, vai ser o nosso porta-voz na luta para aquilo que depender do Planejamento ou de outro
ministério, né?
É... eu gostaria de estar vindo aqui apresentando um quadro muito melhor do que fizemos, agora,
é... é uma área muito complexa. Nós enfrentamos resistências, preconceitos, é... temos que domar, quero
dizer, no bom sentido, aí a Comissão Tripartite que realmente pensa o SUS, mas especificidade não entra,
então, a todo momento estamos conseguindo amansar um leão, né, em defesa dos animais e da natureza,
mas não é uma questão muito fácil, mas... *intervenções fora do microfone Tá. O que é que tá... Não, não.
Pois é, recurso financeiro ainda continua indo na forma que tem hoje: fundo a fundo passa da SAIS... para
dar não é SAIS, né, a SAIS é porque esse orçamento é lento, é no orçamento do SAIS, mas é um recurso
do Fundo Nacional de Saúde que vai para as prefeituras, né? *intervenções fora do microfone O que é que
você está querendo saber sobre... Na medida que nós... nós queremos trazer para nós a gestão desse
recurso e acabar repasse e colocar uma contratação direta, ou seja...
Marcos Xukuru – Não é em relação à questão da contratação, não. É... é recurso destinado ao
distrito que na... que...
Dr. Antônio Alves - SESAI – Ah, sim.
Marcos Xukuru – Do teto que foi orçado, por exemplo, para a questão dos... da... dos convênios já
firmados e... e... e... é... enfim, uma série de ações que tem que ser feitas, que já foram é... planejadas em
que falta recurso, por exemplo, nós temos um teto, para esse primeiro semestre, de dois milhões e meio, o
senhor até o momento o senhor foi enviado um quantitativo de quinhentos mil que prejudica as ações do
distrito.
Marcos Xukuru – Então, é... ver de que modo está sendo feito esse recurso porque essa demora
175
em... qual é... qual é o problema que está existindo e, também, relativa à questão dos é... dos recursos
também para hã... o saneamento básico, não é? Precisamos retomar, não é, esses... esses andamentos das
construções, das obras que tem, nos territórios indígenas, em relação ao saneamento básico.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Na reunião do foro, nós queremos fazer um debate com vocês e
também os membros da comissão sobre a questão do saneamento, onde nós vamos apresentar um quadro
nacional de como é que está, o recurso que temos, e pactuar como aplicar esse recurso em função das
diferentes necessidades. Tem locais em que, quase 100% tem, já, água, tem outros que tem zero. Então,
como nós vamos aplicar os cinqüenta milhões e com os dezessete que é de custeio, tá? Vamos fazer esse
debate, mostrando o quadro nacional, e priorizando e definindo. O que que aconteceu nesse período?
Como nós não tínhamos orçamento, foi feito destaque orçamentário para a FUNASA, não é em cima de
qualquer é... cálculo sobre teto, não é, porque o teto era quando... na lógica da FUNASA. Agora vamos
trabalhar com outra lógica. É plano distrital que define o planejamento, como aplicar, né, então, aquelas
regionais que tinham processo em andamento solicitaram recurso e foi destacado via orçamentariamente
para lá. Então, tivemos dificuldade com algumas regionais da FUNASA que não cumpriram essa
redistribuição desse recurso, né?
O Antônio está vindo, agora, na reunião que começa domingo e vai até sábado da outra semana,
vão estar levantando tudo isso com o nosso pessoal do Planejamento e tentando repor aquilo que estiver
com dificuldade, já com relação a saneamento também. Porque saneamento nós só recebemos em alguns
locais o técnico. Não vem nem o engenheiro e nem os equipamentos que foram comprados com os
recursos da saúde indígena que deveriam vir. Por isso nós queremos a comissão de le... de s... de
inventário levantar isso. Tem locais que tem perfuratriz de poços artesianos que não vieram para nós. Nós
queremos levantar, aí, porque é um recurso da saúde indígena, né?
Então é isso, Márcio. Eu acho que, em linhas gerais... *intervenções fora do microfone. Tá. Pois
não.
Luis Titiah – Pataxó Hã Hã Hãe – É... Dr. Antônio, eu queria saber como é que a SESAI está
pensando na questão do... dos técnicos indígenas que vieram de Cuba, que se formaram, lá, na medicina,
e estão aí, né, principalmente nós temos lá na nossa aldeia lá Pataxó *palavra não compreendida.
Né, que ele está ajudando, assim, em alguns trabalhos, assim, voluntários, né? Assim, de fazer
alguns levantamentos, ne... nessa área, né?
E aí eu queria ver como é que que a SESAI está pensando, assim, de aproveitar esses parentes aí que
176
vieram de lá de Cuba e estão aí, né?
Lá em minha aldeia mesmo, o que está lá está sem saber... ter o que fazer.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Que é indígena, né?
Luis Titiah – É, que é indígena.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Ele é indígena, foi para Cuba, se formou em medicina, como tantos
outros que vieram para o Brasil e não tiveram *intervenções fora do microfone. Né? E que não tiveram
ainda o seu diploma reconhecido. O ministério já tem uma comissão que agora, junto com o MEC, está
tentando resolver.
Eu já tive uma reunião com a associação deles, porque seria a nossa grande saída para a saúde
indígena, se nós pudéssemos contratar esse pessoal. Mas enquanto não resolver essa questão do
reconhecimento, do registro do diploma e o registro do CRM de cada estado, o ministério não pode fazer
essa contratação. Ele pode ter um outro tipo de contratação, mas ele não pode exercer a medicina. Dar
receita não pode, que é o exercício ilegal da medicina, mas ele pode nos ajudar em outras formas lá,
vamos ver de... pegar esse grupo lá e ver de que forma eles podem nos ajudar no DSEI, né.
Saulo Feitosa - CIMI -– Acho que nessa questão específica, tem muitos que estão fazendo a seleção,
as provas que fazem aqui algumas universidades para conseguir através da universidade, então, viabilizar,
e muitos têm dificuldade de deslocamento, de ficar hospedado no local das provas. Acho que,
independente desse procedimento era outra coisa que poderia se estar vendo, né, que aí poderia é...
nesses casos, os alunos estarem apoiado. Eu estou dizendo que em alguns... a... uns três anos atrás, ele... o
pessoal estava bem articulado, fazia várias reuniões ...e alguns, na hora do deslocamento para o local da
prova, tinham dificuldades. … alguns fizeram, né, já completaram... fizeram a carga... complementação,
né?… de conteúdo e de carga horária e... aí resolve... é uma forma também de resolver o problema, né?
Muitas universidades abrem essa prova, né?
Dr. Antônio Alves - SESAI – Enquanto o CEGEP, quando era secretário da outra secretaria, eu
patrocinei um encontro deles lá em Fortaleza. Dos encontros do... Encontro dos Estudantes de Medicina
de Cuba, né? É... lógico que agora nós temos uma recessão de... esse decreto aqui... esse decreto, né, e se
não tiver uma vinculação com... por exemplo eu não posso dar uma passagem para alguém ir fazer uma
prova porque não... não é uma rela... quero dizer, como é que eu justifico isso perante a CGU ou o
177
Tribunal de Contas, né? Não é um recurso para uma ação de saúde, embora saiba a importância de que ele
faça aquela prova e passe, também, né, tem que passar, porque aí poderá ser contratado diretamente.
Se nós tivéssemos, são quase 500 no Brasil hoje, já seria um a revolução na saúde indígena desse
povo trabalhando para esse menino trabalhando para nós.
Eles têm uma formação que é voltada para a comunidade, que é o sistema de formação de Cuba, né,
na Medicina Comunitária, então, seria uma saída. Eu tenho contato com eles, com a associação deles
estão... estão no Ministério Nacional, já fizemos um diálogo com eles nessa perspectiva deles: ajudar em
tudo que for possível para que eles tenham o reconhecimento do diploma e depois nós fazermos a
contratação deles, quer dizer, seria, para nós, excelente.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado Dr. Antônio Alves aqui pela sua presença na CNPI,
né.
Dr. Antônio Alves - SESAI – Eu sou membro da CNPI.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É voc... boa lembrança, você é o... você é o... titular, né, do
Ministério da Saúde é... aqui na CNPI, mas hoje veio na condição de convidado e também como
secretário, então, é... duplamente bem vindo aqui na nossa comissão.
É... eu queria agora nós... concluindo aqui a nossa... o nosso trabalho, né, tivemos uma, ainda,
alguns pontos ainda na nossa agenda aqui que, é... eu estou entendendo que talvez fiquem até
prejudicados por conta do tempo, né, porque nós estamos com já 18h e... e... muita gente já tem que se
deslocar, inclusive, né?
Eu queria primeiro... antes de qualquer coisa, fazer uma pergunta sobre se tem... alguém tem algum
óbice, algum... alguma colocação é... contrária à nossa... à ata da reunião passada, não é? Porque senão
tiver nenhum óbice ela... fica... op... é... aprovada, né?
Tem alguém que tem algum ponto em relação à ata da reunião passada? *intervenções fora do
microfone*. A ata da reunião passada.
Caboquinho, você tem algum ponto em relação à ata da reunião passada?178
Caboquinho Potiguara – Não, não, presidente. Eu estou preocupado é com a questão do horário. É
que eu tenho que viajar daqui a pouco.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Pois é, por isso que eu estou... e...
Caboquinho Potiguara – Mas... mas antes disso eu queria... eu queria fazer aqui um tipo de repúdio
a... aos participantes do governo no caso do... do que faz parte da subcomissão de Saúde ou melhor de...
de Cultura.
Marcio Meira - Presidente da CNPI– Certo.
Caboquinho Potiguara – Não compareceu ninguém do governo, nem da FUNAI não compareceu
para nós discutirmos, né? Queria que isso ficasse... ficasse gravado porque é um descaso, não é? Na
questão cultural, principalmente, e não ter um repro... de importância... de não ter a participação para
nós discutirmos.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Está registrado, inclusive, com a concordância do presidente
da CNPI, tá? Na próxima reunião eu vou pessoalmente participar da reunião da subcomissão de cultura,
sim.
Francisca Navantino – É... presidente eu gostaria só de fazer também um esclarecimento sobre o
representante do MEC. É... ele foi para Manaus, né, acompanhando um grupo de trabalho e ele justificou
a ausência, mas só que esse... a... tev... é... veio uma técnica do MEC, ficou até há algumas horas aqui, né,
e depois ela teve que sair, mas mesmo assim eu... tem... é... ele... eles são apenas suplentes, né, mas, assim,
a... eles já... eles foram, mas eu não sei se a coordenadora nova, agora, não sei se ela é... ela é a titular,
então...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É... as... secretária da SECAD, nova secretária. Não. Eu já...
eu já tive uma audiência com ela e já solicitamos que haja substituição formal da titular da... que era o
secretário André Lázaro, né, *intervenções fora do microfone. Já foi substituído. Ela que é a titular... é...
então a Cláudia que é a nova secretária da SECAD. É a titular e o Gersem é o suplente, né? Então, é... o
Gérson hoje não pode participar... ontem e hoje, né, já justificou, né, e... esperamos que a próxima
reunião ela venh... a secretária esteja presente.179
Jecinaldo Saterê Maué – Presidente, é... nós reunimos a bancada indígena e tem um
encaminhamento, aproveitando que o Dr. Antônio Alves está aqui, é... nós vamos ter uma reunião com o
ministro, né, uma reunião de trabalho... e nós queríamos, pelo menos um dia, para nós nos prepararmos,
né, os indígenas, para um debate, um diálogo com... com... com o ministro.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – O Ministro da Justiça?
Jecinaldo Saterê Maué– O Ministro da Justiça.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Não, foi marcado ontem mesmo. Já foi anunciada aqui a data
do dia 19 de abril...
Jecinaldo Saterê Maué – Pois é, nós queremos que venham com um dia de antecedência para nos
reunirmos antes só os indígenas. A proposta é dia 17.
Marcio Meira - Presidente da CNPI– Hã, porque dia 17 é um domingo, né?
Jecinaldo Saterê Maué– Nós chegamos dia 17...
Marcio Meira - Presidente da CNPI - Dia 18...
Jecinaldo Saterê Maué– Reúne 18, tá?
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Tá.
Jecinaldo Saterê Maué– E... como já estaremos vindo pela CNPI, o foro vai estar também nesse
período reunido, e as organizações indígenas virão, entendeu, o Edmílson também... já com o Sr. Antônio
Alves, Dr. Antônio Alves nessa articulação, porque nós queremos ter um momento específico entre a
CNPI, a bancada indígena e o foro e as organizações, para nós fortalecermos essa luta, essa batalha.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Tá bom. Eu acho que essas datas aí já... estão bem
combinadas, né?
180
*intervenções fora do microfone.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Anastácio.
*intervenções fora do microfone.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É... é porque as subcomissões de Assuntos Legislativas, elas
têm que fazer sua reunião, obviamente preparando a sua pauta para...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – … a reunião do dia 19, né?
Jecinaldo Saterê Maué– Tem mais uma...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Mas isso aí é uma questão, digamos, que... que eu acho que é
paralela a... a essa questão aqui levantada pelo Jecinaldo.
Jecinaldo Saterê Maué– Aí tem mais um encaminhamento é que, o senhor tem conhecimento que
algumas pessoas eles... eles criticam as coisas por criticar. Não acompanha a coisa direito, fala mal da
CNPI, fala que nós somos comprados do governo, que nós não... não estamos lutando aqui para defender
nosso direito. Isso não pode ficar assim.
– Eu tenho autonomia para falar as coisa, né, todos nós aqui, lideranças, né, nós trazemos a
demanda, a realidade, mas nós não podemos aceitar isso, Marcio Meira - Presidente da CNPI da CNPI,
por isso que um dos encaminhamentos é que tudo esteja sendo gravado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Exatamente.
Jecinaldo Saterê Maué– E eu... e eu... nós gostaríamos que seja... seja feito um vídeo institucional
sobre a CNPI, inclusive sobre depoimento das lideranças de que nós estamos aqui tratando de assuntos de
extrema importância do futuro do nosso... nosso povo, né, do futuro da questão indígena do nosso país
junto com o governo. Apesar de que, eu concordo também, eu concordo com o Caboquinho de... desse
repúdio, acho que tem que melhorar a participação e quem está aqui, nosso respeito e... e pela... pela
participação.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É, nós, nós temos colocado já, inclusive, Jecinaldo, nas
181
últimas reuniões, né, esse ponto, não é, inclusive eu tenho feito um esforço pessoal, né, de ir
pessoalmente aos ministérios para que os representantes governamentais estejam presentes ao longo de
todas a reunião, né? E nós temos tido essa dificuldade aqui e, ao mesmo tempo, também temos que inovar
aqui alguns que são sempre presentes aqui, alias o Cota é um deles, sempre está presente aqui, o... o
coronel *palavra não compreendida também, outros que estão sempre presentes aqui, mas...
*intervenções fora do microfone
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É... é uma luta e aí, nós estamos aí no... sempre insistindo
para que...
Jecinaldo Saterê Maué – A proposta do vídeo e outros meios de comunicação para...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Isso.
Jecinaldo Saterê Maué – … ter acesso a essas questões, não só a ata que é difícil de ler a ata, nós... o
pessoal da equipe coloca a ata nos nossos e-mails, mas nós... até nós mesmos temos dificuldade. Imagine
levar isso lá... tirar cópia lá para os nossos parentes lá. Então, é...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Ela está acolhida, essa sugestão, inclusive na reunião, última
reunião do... do governo passado, foi encaminhado isso, nós já estamos, aí, a secretaria executiva, aí,
vendo, aí, processo de licitação para a produção de materiais sobre a CNPI, inclusive um balanço, né, dos
quatro anos publicado para poder ser divulgado então isso está... está sendo produzido, agora esse... esse
vídeo institucional, nós podemos também incluir, aí, nessa nossa pauta, né, de... de...
Jecinaldo Saterê Maué – Pela avaliação do movimento indígena nacional que, nós estamos
procurando nos articular entre nós, e essa reunião vai ser muito importante, agora no... no... durante o
mês de abril, é só para informar de que, por exemplo, só para terminar essa questão.
É... algumas pessoas, é... indígenas e outras pessoas que estão por trás, que não querem ver essa
construção estão fazendo coisas que... no... é... de anos de discussão, presidente, como o Conselho
Nacional de Política Indigenista, que é uma coisa séria, ser... em alguns minutos ser detonado.
Eu acho que isso, nós estamos abertos para discutir com quem que seja, com qualquer outra
182
liderança, porque nós não somos melhores do que ninguém, mas eu acho que nós temos que construir
juntos e garantir o que já temos e construir mais coisas para o nosso povo. Obrigado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado. É... Paulino?
Paulino Montejo – APIB – Obrigado Márcio esse... uma contribuição, assim, bem concreta com
interesse também que a Teresinha escute então, é... é o seguinte: O Jecinaldo se queixou da... não se
queixou, mas todo mundo comenta que a... a memória é um documento de 140 páginas a última.
Quarenta, ou trinta e sete, parece, a síntese. Para efeitos de divulgação, é preciso dentro da própria
organização das bases do movimento indígena... eu sugeriria que nós façamos um esforço de fazer um
resumo executivo, onde conste apenas as principais deliberações e os encaminhamentos respectivos,
porque isso precisa ser divulgado ao máximo, de fato, né?
É uma sugestão, né, e... que funcione pelo menos a experiência na *palavra não compreendida* e
acho que poderia ser adotada pela secretaria executiva.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado, obrigado pela sugestão. Eu acho que é outro
ponto que é... nós temos que discutir depois na secretaria-executiva da CNPI para nós vermos, aí, essas
sugestões todas de divulgação, como que nós podemos dar encaminhamento, além de todas as outras que
nós já vínhamos conduzindo, tá?
É... bom, é... *intervenções fora do microfone*. Eu só queria fazer a pergunta oficial porque tem
que gravar, né? Com relação à ata da reunião da... da reunião pa... passada, alguém tem alguma posição
contrária à ata da reunião passada? Então está aprovada a ata da reunião passada, né, e... a Teresinha
agora tem alguns informes.
*intervenções fora do microfone.
Teresinha – Teresinha, Secretária-Executiva. Eu só gostaria de lembrar a bancada indígena que
para a publicação dessa revistas, desse exemplar que vai ser o balanço geral, que vai ser um grande
defensor e... nosso, mandamos um e-mail para cada representante indígena pedindo que vocês fizessem
um texto da bancada indígena com respeito ao CNPI para que isso também seja incluído nessa revista,
vamos supor. Porque vai ter um texto do ministro, um texto do Dr. Márcio e também um texto acho que
a bancada indígena.
183
A Pierlângela ficou de dar... de juntar o texto das idéias de algumas outras pessoas para colocar
nesse texto. Ah... ela recebeu alguns... algumas contribuições mas não... não nos encaminhou para que
fosse então... como também está atrasada, não tem problema nenhum, eu pediria que vocês, de repente,
em... por e-mail, conversassem entre vocês e fizessem um texto, alguém fizesse, passasse para todo
mundo revisar, para ser revisto, para que ele também integre essa revista do balanço geral. Obrigada
presidente.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – A companheira da Secretaria de Política para as Mulheres
parece que tem também um informe, aqui, para dar para todos.
Daniela Alarcon – Secretaria de Política para as Mulheres – Obrigada presidente. É... Daniela
Alarcon, Secretaria de Política para as Mulheres, convidada permanente na CNPI. Eu queria apenas dar
um informe, é... é mais ou menos agora em me... meados de abril, foi convocada... foi publicado o decreto
que convoca a 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. Essa conferência está prevista para
acontecer de 12 a 14 de dezembro a etapa nacional. Eu gostaria de dar esse informe principalmente para
os membros da bancada indígena para que já, é... por favor avisem as organizações, tanto aquelas que tem
departamentos de mulheres quanto aquelas que não tem, para que se mobilizem e estejam atentos ao
calendário da... das conferências que vão ter as suas esta... as suas etapas, é... estaduais, municipais, então
é importante que nós fortaleçamos a participação indígena porque nós sabemos a dificuldade de ter
representantes indígenas ao longo de todo o processo.
É... ainda não temos esse calendário e tampouco o regimento da conferência, mas isso deve sair nos
próximos dias. Também está em debate a proposta de realização de uma conferência temática, que
poderia ter temática de mulheres indígenas, mas isso ainda está em aberto e é claro que isso depende de
uma construção coletiva junto aos movimentos também.
Esse é o informe que eu gostaria de dar, aproveito a oportunidade, também, para, é... destacar a... a
parceria que nós estamos desenvolvendo com a FUNAI, né, para a realização agora de treze seminários
com os homens indígenas a respeito da Lei Maria da Penha e, também, seis oficinas de capacitação para
mulheres indígenas para participação nos comitês regionais. É uma ação importante, a SPM vai fazer um
destaque financeiro para a FUNAI para que essa atividade seja realizada, então, é muito importante o seu
esforço inclusive de que os cortes, né, de recursos, de orçamentos e... e de diárias e passagens não venham
a prejudicar as atividades, porque é muito importante, é uma prioridade, tá?
184
É... os membros depois podem checar na... na... na ata das subcomissões, é... lá se destaca o porquê
da importância de se realizar essas atividades e a SPM fica à disposição para nós tocarmos essa parceria.
Obrigada.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Obrigado Daniela. É... então, é... ficou aprovada a ata da...
da... reunião passada e também já ficaram, porque não... não... não houve até agora, pelo menos, eu
queria perguntar se houve algum acréscimo, algum ajuste às deliberações e encaminhamentos das
subcomissões.
*intervenções fora do microfone*.
Não... não havendo nenhuma... nenhum acréscimo ou correção foram aprovadas as deliberações
das subcomissões também, que foram apresentadas por escrito por cada subcomissão.
É... nós tínhamos ainda aqui, é... alguns pontos que não vão dar tempo nesse momento, então, é... a
sugestão que eu faço é que a gente possa, é... tratar desses assuntos aqui, desses pontos que ficaram
faltando aqui, principalmente o que eu considero mais importante que é a agenda política estratégica da
CNPI para... para 2011, que nós possamos conversar sobre esse assunto na reunião que nós vamos ter, né,
no dia 18, né, antecipando o dia 19, que a bancada vai estar aqui e nós possamos ter uma conversa
específica sobre essa agenda política estratégica para 2011. Marquinhos...
Marcos Xukurú – Em relação... Marcos Xukuru das regiões Nordeste/Leste. Como foi aprovada a
ata, a... a... os encaminhamentos das subcomissões, não sei se o presidente da CNPI, é... observou, nós
reforçamos aqui que já tinha sido encaminhado na... na última reunião é... os seminários de
empreendimentos e impactos em terra indígenas.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Isso.
Marcos Xukurú – E... pelo... nós estamos reforçando que aconteça nesse... nesse... nesse primeiro
semestre, não é, em virtude da urgência e do tema que é extremamente relevante para podermos discutir
e aprofundarmos e... inclusive a subcomissão e a própria comissão nacional ter um funcionamento de
que... que modo vai trabalhar em relação a isso, nós já tínhamos construído, inclusive, uma agenda, né, e
a pergunta... a pergunta é se essa agenda permanece, né, que está aqui dos... dos... seis seminários que
ainda restam, né?
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Marcio Meira - Presidente da CNPI – É... o... a... a agenda de seminários, que aí não vale ó para os
seminários de empreendimentos, né? Todos os seminários inclusive esses seminários da Lei Maria da
Penha e outros seminários que estavam agendados, aí para... para a CNPI, ele ficaram prejudicados agora
nesse primeiro semestre por conta desse decreto que con... de contenção de diárias e passagens, né?
Então, nós estamos... já fizemos uma manifestação ao... ao Ministério do Planejamento, é... colocando a
especificidade, né, do trabalho da FUNAI e... para que o Planejamento possa autorizar para nós, aí, o
volume de... de... recursos necessário para poder garantir a realização desses... desses seminários. Não só
desses seminários de empreendimentos, mas também dos seminários relativos a outras políticas que ficam
prejudicadas ou ficaram prejudicadas por conta desse decreto, tá? Então nós vamos estar analisando junto
ao Ministério do Planejamento, até levando essa... esse encaminhamento aqui da CNPI para... para...
obter a liberação dos recursos.
Marcos Xukurú – Então como é que fica? Porque aqui nós temos... nós colocamos, né, a realização
ocorrerá até julho, né, julho de 2011. Esse foi o teto que nós estabelecemos na... na subcomissão, não é?
Então...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É, nós vamos ter que... nós vamos ter que considerar essa
colocação ou essa posição da CNPI, junto ao Planejamento, para que nós possamos rever. O problema é
que... que a CNPI tem limitações legais agora, né, porque nós temos problema de limitação de diárias e
passagens que vale para todo o governo, né? Vocês viram aqui agora também a questão da saúde, também
é a mesma coisa. Então, o posicionamento que foi aprovado aqui vai ser levado para o Planejamento, para
nós podermos negociar lá, e... e ser mais um ponto a ser colocado lá para eles para que nós tenhamos
recursos, né, para a realização desses seminários.
De qualquer forma, nós já tínhamos apresentado.
Marcos Xukurú – Re... recurso... recursos, é...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Financeiros e orçamentários que eu estou falando... das
diárias e passagens.
Marcos Xukurú – Mas... mas... das diárias e passagens. Para a realização dos... dos seminários já
tem... já tem garantida...
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Marcio Meira - Presidente da CNPI – É porque o principal ... o principal custo dos... dos
seminários é de diária e passagem. Se nós não temos recursos de diária e passagem inviabiliza a
realização...
Marcos Xukurú – Mas aí parece que...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – … dos seminários.
Marcos Xukurú – Me parece...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – … nesse momento.
Marcos Xukurú – Eu conversei com a Marcela o problema, é... tá na FUNAI porque são os
funcionários da FUNAI que me parece que, tá com esse problema de diárias e passagens.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É porque para...
Marcos Xukurú – Para a... a realização dos seminários, né, eles... já estão pelo MJ, garantido esses
recursos de local, hospedagens, alimentação...
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Nós temos o recurso, porque é o seguinte: o recurso
orçamentário e financeiro da FUNAI para ação finalística, nós temos, certo? Porque o... o... o orçamento
da FUNAI desse ano de 2011 sofreu corte muito pequeno, né, em relação ao do ano passado, que nós
executamos no ano passado. Onde é que nós sofremos cortes muito grandes? Foi no orçamento de diárias
e de passagens. Então, tudo aquilo que nós temos que desenvolver, desempenhar, que envolva diária e
passagem, ficou muito prejudicado. Então por isso nós fizemos essa nota técnica para o Ministério do
Planejamento, pedindo que eles revejam essa... essa questão de diárias e passagens da FUNAI, porque
senão prejudica muito nosso trabalho. Não é só dos seminários, porque, por exemplo, é...*palavra não
compreendida de identificação de terra indígena, é... pagamento de benfeitoria, é... e... e tudo isso tudo é
questão, por exemplo dos prédios, né, de aluguel, né, e tudo o mais. Então nós já fizemos essa
documentação toda, certo?
E isso está prejudicado principalmente no primeiro semestre, porque no primeiro semestre nós
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temos um limite que é... é pequeno, né, porque foi cortado e, com o agravante que nos três primeiros
meses do ano, que ainda não tinha o decreto, nós já executamos uma boa parte. Então até junho nós
estamos com uma limitação muito grande, né, de diárias e passagens, né? Então foi por isso que a Marcela
deu essa explicação para vocês aí.
Jecinaldo Saterê Maué – Presidente eu queria que garantisse essa pauta de Reestruturação da
FUNAI também.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Exatamente.
Jecinaldo Saterê Maué – O negócio está pegando nas bases, viu?
Marcio Meira - Presidente da CNPI – É, exatamente.
Marcos Xukurú – Está ficando muito complicado.
Marcio Meira - Presidente da CNPI – Pois é, eu estou propondo que esse assunto, os assuntos que
ficaram pendentes hoje por causa do tempo, que nós pudéssemos, então, é... conversar sobre eles no... na
reunião que nós vamos ter no dia 18, aí, esse período de 18, né, nós vamos estar aqui, a bancada, e aí,
como são assuntos, um assunto e outro assunto de agenda estratégica política da CNPI, dá para ter uma
conversa, é... direta e nós definirmos... e o outro assunto é um assunto com o presidente da FUNAI, né,
que é um... um assunto até, digamos, específico da FUNAI, então nós podemos tratar nesse momento.
É... então, é... dessa forma concluiu, né, os trabalhos. Nós temos um... tem mais algum ponto?
Sandro?
Sandro Tuxá – Só pediria... Sandro, só... é... em relação... Marcos Xucuru da relação nordeste/leste,
há algum tinha... tinha uma conversa conosco ainda, só queria que nós da bancada indígena e pediria que
o presidente da FUNAI também pudesse participar dessa conversa que é em relação às mudanças, né,
previstas para acontecerem lá no Ministério da Justiça, da Assessoria Indígena, entendeu, dentro do
Ministério, então, eu gostaria que tivéssemos essa discussão com a Guta... compartilhada com todos nós
da bancada indígena e o presidente da FUNAI, é... presente.
Marcio Meira - Presidente da CNPI da CNPI – É... tudo bem, nós encerramos os nossos trabalhos
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aqui. Nós temos um... o Sandro... quer falar alguma coisa, Sandro?
Está contemplado.
Estão todos convidados, aí, para o lanche que está montado aqui do lado, certo? É...
coffebreak...não ...., o lanche, eu prefiro lanche, merenda, merenda.
______________________________________________________________FIM
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