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Ministério da Justiça MJ ATA da 22ª Reunião Ordinária Comissão Nacional de Política Indigenista - CNPI Período: 10 a 12 de dezembro de 2013

Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

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Page 1: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Ministério da Justiça – MJ

ATA da 22ª Reunião Ordinária

Comissão Nacional de Política

Indigenista - CNPI

Período: 10 a 12 de dezembro de 2013

Page 2: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Centro de Formação em Política Indigenista

Sobradinho/DF

Esclarecimentos iniciais

A 22ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista -

CNPI foi antecedida por reuniões, em separado, da bancada indígena e

indigenista, bem como da bancada governamental. A plenária se iniciou no dia 10

de dezembro de 2013, no período matutino, com a presidenta Maria Augusta

Boulitreau Assirati, que moderou toda a reunião, consultando os participantes

sobre os encaminhamentos e, após acordar as deliberações, decidiu-se que a

bancada indígena se reuniria com a Dra. Débora Duprah, do Ministério Público

Federal, suspendendo a plenária no período da manhã para possibilitar tal reunião,

e deliberou o retorno dos trabalhos da CNPI às 14h do primeiro dia conforme a

pauta acordada. O segundo dia, durante o período da tarde, os membros da CNPI

foram participar em agendas externas, daí a reunião foi retomada no terceiro dia,

que transcorreu segundo a dinâmica previamente acordada, os horários foram

seguidos e ao final dos trabalhos a organização agradeceu a presença de todos

desejando boas comemorações natalinas. Segue a relação de participantes,

conforme listas de presenças, anexas a este documento.

Participantes:

Representantes do Governo: José Eduardo Cardozo - Ministro da

Justiça; Maria Augusta B. Assirati - Presidente da CNPI; Juliano Pimentel Duarte

e Daniel Mendonça Lage da Cruz - Casa Civil/PR; Elmir Flach - Secretaria-Geral

da Presidência da República; Frederico Raphael C. D. Brito - Gabinete de

Segurança Institucional/PR; Antonio Alves e Bianca Moura - SESAI/Ministério

da Saúde; Thiago Thobias - Ministério da Educação; André Schiessl - Ministério

do Meio Ambiente; Celiane Santos -Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate a Fome; Cel. Eustáquio B. Soares - Ministério da Defesa; Luiz

Fernando M. Souza - Ministério do Desenvolvimento Agrario; Olga Novion -

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Marcelo Veiga e Natália Dino

- Ministério da Justiça.

Representantes Indígenas da CNPI: Kohalue Karajá, Francisca

Navantino Pareci, Elcio Severino da Silva, Lourenço Borges Milhomem, Simone

Vidal da Silva, Dilson Domente Ingaricó, Lindomar Santos Rodrigues, Luiz

Vieira Titiah, Rosa da Silva Souza, Marcos Luidson de Araujo, Sandro Emanuel

Cruz dos Santos, Marcos dos Santos Tupã, Brasílio Priprá, Valcélio Figueiredo,

Anastácio Peralta.

Representantes de ONGs: Saulo Ferreira Feitosa – CIMI; Daniel Pierri –

CTI.

Demais Participantes: Dra. Deborah Duprat - Ministério Publico

Federal, Kleber Santos, Antonisio Lulu, Winti Suij, Kamilla Pacheco, Jean

Martins, Lucia Oliveira - Funai, José Maria A. e Silva - Funai, Breno Gonçalves,

Page 3: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Uilton Tuxá, Daniel Benites, Paulino Montejo, Alessandra Farias, Jô Brandão,

Rosivaldo Silva, Maria Helena Fialho, Giovana Tempesta, Samira Suelly,

Claudio Lopes de Jesus, Aline Cavalcante, Fernando Viana, Ivan Stibich, Patricia

Chagas, Rafael Wedero, Jaime Siqueira, Dourado Tapeba, Mariana Castilho,

Manoel Prado Junior, Solange Alves.

Secretaria-Executiva do Ministério da Justiça: Teresinha Gasparin

Maglia, Gracioneide Maria Rodrigues e Samira Suelly.

Relatora da Funai: Eliane da Silva Souza Pequeno.

Dia: 10/12/2013, manhã:

Maria Augusta Boulitreau Assirati (Presidente CNPI) – Está aberta a

22ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista. Agradeço a

presença de todos e todas. Registro que temos aí bastante falta na bancada de

governo, mas acho que o pessoal também deve estar chegando. A nossa proposta,

e a Teresinha primeiro dará alguns informes. Está bem, eu estou com aquela do

dia anterior que eu recebi, quevocê me passou.

Teresinha Maglia (Secretaria Executiva-MJ) – É sobre a pauta. Eu não

sei se houve alguma mudança.

Maria Augusta – Vamos consultar, antes, de a gente consultar pessoal

sobre a pauta e a gente definir aqui a nossa pauta, e organizar o nosso trabalho

para esses dias de CNPI. Eu queria pedir para todo mundo, para a gente

homenagear uma pessoa que está fazendo aniversária essa semana, que fez

aniversário ontem, na verdade. E que é uma pessoa que é muito companheira, que

é uma pessoa que tem um compromisso enorme com a pauta, com a CNPI, que

sempre se dedicou integralmente para os trabalhos da CNPI. Que é uma pessoa

amiga, que é uma pessoa que está sempre disposta a nos ajudar, contribuir, e que

soma muito com o nosso trabalho, com a nossa luta aqui na política indianista,

que é a Teresinha Maglia. Registrar também que fez aniversário na sexta-feira

passada, a Natália do Ministério da Justiça, parabéns! O pessoal está ficando mais

velho, o meu já foi faz tempo. Então pessoal, é o seguinte: A pauta que tinha sido

proposta, que é a que está aqui na minha mão, ela previu o seguinte: No dia 09 as

reuniões das bancadas que já foram feitas, hoje na terça-feira primeira parte da

Plenária geral com a discussão de portarias e decretos de terras indígenas. Dia 11,

das 9h às 12h30’ arranjo institucional da FUNAI e PNGATI das 14h às 20h, com

intervalo das 16h30’ às 17h, a pauta 'Educação Escolar Indígena' e 'Saúde

Indígena'. E no último dia, quinta-feira dia 12 das 9h às 12h30’ a pauta seria

'Resultado da Conferência Nacional de saúde indígena' e 'Avaliação do ano de

2013' à tarde, e agenda para o ano de 2014, com o planejamento da Conferência

Nacional de Política Indigenista. Essa era a pauta que estava proposta. Já vou

Page 4: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

abrir a palavra para todo mundo se manifestar. Mas ontem, na reunião de governo

a gente fez só uma proposta de adendo a essa pauta, para submeter à Plenária, que

seria juntar a pauta da Conferência Nacional de Saúde que está prevista para

quinta-feira, com a discussão de saúde indígena, que vai ser na quarta-feira à

tarde. Então a gente condensaria e ficaria com um tempo maior para discutir o

planejamento de 2014 e o planejamento da Conferência Nacional. Então essa foi a

proposta que a gente trouxe de governo, e aí eu acho que a Natália também pode

passar o informe sobre a vinda do Ministro aqui hoje à tarde, o horário, como está

previsto, qual a proposta de exposição e debate sobre a minuta de portaria. Para a

gente poder então se acertar, e alinhar e organizar os nossos trabalhos para o dia

de hoje e para os próximos dias, se todos estiverem de acordo.

Natália Dino (Ministério da Justiça) – Bom dia a todos e todas! Como a

Guta falou a gente tem o informe sobre a vinda do Ministro, ele só poderá estar

presente a partir das 04h de hoje no período da tarde. E ele manifestou um grande

interesse de que a discussão da minuta de portaria fosse feita na presença dele,

que ele abrisse essas discussões e estivesse aqui para iniciar o processo de debates

com vocês. Então por conta dessa impossibilidade de horário dele, na parte da

manhã de hoje em razão de uma viagem, a gente gostaria de solicitar a alteração

da pauta para que a minuta de portaria seja debatida na parte da tarde de hoje e

também na parte de amanhã, tanto pela manhã, quanto pela tarde, conforme seja

de interesse da bancada.

Maria Augusta – Obrigada Natália, pessoal só um último informe: A

Teresinha passou para todos nós a síntese e a ata da reunião passada da CNPI,

como eu acho que ninguém teve tempo de ler porque ela mandou ontem à noite, a

gente pode fazer a aprovação das atas no final da reunião, obrigada. Está aberto

então para a gente definir aí os nossos trabalhos quem quiser sugerir e contribuir.

Sandro Tuxá – Bom dia a todos e todas! Sandro Tuxá, pela região leste e

nordeste. Ontem nós tivemos a oportunidade de poder sentar na nossa bancada

pela manhã e pela tarde, e fazer uma leitura muito aprofundada sobre o cenário

atual, sobretudo em relação a questão da portaria. A gente concorda com o

encaminhamento de podermos pautar a portaria na tarde, depois da apresentação

da portaria nós podemos ouvir o Ministro e nós fazermos o encaminhamento que

aqui determinamos em grupo. Como nós já estamos a duas reuniões aguardando o

posicionamento, sobretudo do Ministro, voltado às demandas que foram

apresentadas na mesa de negociação, na mesa de articulação do movimento

indígena, reuniões até que houveram posteriormente as reuniões da CNPI,

tentando estabelecer um diálogo sobre os implementos que foram apresentados.

Como encaminhamento, e aproveitando também a presença da nossa digníssima

Dr. Débora Duprat, nós gostaríamos de poder aproveitar essa manhã. E aí é um

encaminhamento que nós fazemos, para podermos sentar entre bancada indígena

Page 5: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

novamente, porque aí já é uma oportunidade ímpar, a presença da Dr. Débora,

para a gente nivelar às informações a cerca não só da portaria, como de outros

encaminhamentos que foram feitos diante da mobilização que houve. Nós

tivemos algumas dificuldades para alguns parentes vieram chegar posteriormente,

a gente não conseguiu nivelar todas as informações. A gente gostaria de poder

contar com o apoio da bancada de governo, para a gente poder ter esse momento

em reservado com a bancada indígena, para a gente poder realmente se debruçar

em relação às atividades da CNPI no primeiro horário da tarde e a pauta sendo

retomada no período da tarde.

Simone Karipuna – Simone Karipuna, região amazônica, estado do

Amapá e norte do Pará, representando aqui nessa Comissão. A gente também

deliberou pela reunião da bancada indígena e indigenista, também que a gente

pudesse aqui levar como encaminhamento para a pauta, que fosse revisto os

últimos encaminhamentos feito pela bancada, para que o Ministro trouxesse para

a gente em relação à questão das terras. A FUNAI. Houve encaminhamentos, que

a gente retome agora, para que a gente não fuja da nossa pauta, porque até então

não foi respondido. Então isso foi uma deliberação da reunião da bancada

indígena e indigenista ontem, que a gente retome isso, como o Sandro já falou

também essa questão da gente poder ouvir o Ministro, no momento dispor sobre a

portaria também, foi uma decisão conjunta, e também depois de ouvir, deliberar.

E posteriormente continuar verificando a questão da pauta, verificando a questão

da PNGATI, também que a gente vai ter o momento de fazer conversa, também já

tem a questão da saúde. Isso! Então a gente seguir um pouco, acho que seria

interessante que a gente pudesse rever agora o momento como que vai se dá daqui

para frente. O momento de resposta das solicitações que foram feitas em relação

aos últimos encaminhamentos pela gente, tem um documento em relação a isso,

para que a FUNAI, tanto o Ministério da Justiça, traga para a gente essa resposta

e a Casa Civil também.

Dourado Tapeba – Da mesa de diálogo, região nordeste. Queria reforçar

as falas do Sandro e da Simone em relação à questão da portaria, porque na outra

reunião que a gente teve com o Ministro, agora sexta-feira, foi quinta-feira, a

gente propôs a questão das consultas nas bases. E a nossa preocupação é que não

deixar a cargo só da CNPI, porque é uma preocupação muito grande dos povos

indígenas, as bases. E aí a proposta de que o Ministro, sobre a portaria, mas que

não se faça debate, porque nós temos que debater nas bases, para poder a gente ter

realmente aqui uma situação mais esclarecida pelo nosso pessoal da base. Porque

a preocupação é de fazer o debate aqui e ficar como consulta ao CNPI, mas na

realidade as consultas primeiramente nas bases para depois colocar, era isso.

Saulo Feitosa – Sem prejuízo dessa proposta que a bancada indígena está

fazendo, eu queria sugerir mais um tema para pauta, que é o PLS 236, que trata da

Page 6: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

mudança do Código Penal, eu considero importante a CNPI ter informações e se

posicionar. Até porque a própria Procuradoria da FUNAI trabalhou na proposta

que contribuiu com a Comissão, e agora a relatoria do senador Pedro Taques está

fazendo umas mudanças muito ruins, umas propostas de alteração de emendas,

em uma perspectiva bem colonialista, bem tutelar. Acho que até aproveitando a

Dra. Débora, que veio do Ministério Público para também ter uma conversa, a

gente poder chegar até o relator.

Maria Augusta – Bom pessoal, então a proposta que está colocada na

mesa é: Fazer uma suspensão dos trabalhos agora pela manhã, para a bancada se

reunir com a Dr. Débora e retornar os trabalhos da Plenária às 14h, com a pauta

que está colocada aqui. Então iniciaríamos. Quer falar Simone?

Simone Karipuna – É só levando em consideração esse encaminhamento

que a gente deu, e que a gente consiga rever os últimos encaminhamentos que

foram dados nas últimas reuniões da CNPI, está bem.

Maria Augusta – Então vamos ver se eu consigo sintetizar: Então haveria

essa suspensão agora, vocês fariam uma reunião com a Dra. Débora, vocês estão

solicitando isso na verdade, retornaria os trabalhos na Plenária às 14h, com a

pauta territorial. Ou seja, dividida em dois momentos, a discussão, a apresentação

do Ministro da portaria com os encaminhamentos necessários e o tratamento dos

últimos pontos de pauta, das últimas reuniões, que não tiveram ainda concretude,

não tiveram uma resposta ainda concreta em relação ao que foi colocado e

discutido nas últimas reuniões. E o Saulo está propondo um acréscimo da

discussão do PLS 236, que eu vou fazer uma proposta rápida para ver se a gente

encaixa aqui, e nos outros dias seguiríamos com essa proposta de pauta que foi

colocada aqui. Amanhã pela manhã discutiríamos os avanços e desafios, que

estão colocados em relação às ações da FUNAI e a PNGATI, durante a parte da

tarde a pauta 'Educação e Saúde indígena', e no dia seguinte pela manhã. Aliás,

planejamento de 2014 e Conferência Nacional de Política Indigenista. Eu queria

só fazer uma proposta, antes de abrir para a Plenária avaliar essa colocação que

foi colocada aqui pela bancada indígena, se a gente não aproveitaria então a

presença da Dra. Débora, para agora rapidamente fazer um debate sobre o PLS

antes da reunião de vocês, sugestão, está bem? Então está aberto aí para a gente

deliberar sobre a proposta que está.

Saulo Feitosa – Guta, a minha proposta, como o PLS, ou seja, não tomou

conhecimento dele, a minha proposta era que, não agora, mas que a gente pudesse

ter um momento para informar. E a gente fazer alguma deliberação no contato da

própria CNPI com o senador Pedro Taques, para uma conversa com ele, depois

não necessariamente a gente ocupasse o tempo para debate, dado que tem essa

urgência da minuta.

Page 7: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Então vamos tentar encaixar na sexta-feira pela manhã

o debate do PLS, acho que talvez o próprio Saulo possa trazer os informes, a

gente pode trazer também o pessoal da nossa Procuradoria para contribuir no

debate. E aí não sei se a Dra. Débora vai estar aqui na sexta, não. Quinta

desculpa, por que eu estou falando sexta? Mas aí a gente discute, qualquer coisa

eu mando o material para o MPS, faz a comunicação por escrito. Tudo bem

gente? Todos em acordo com essa proposta? Ok? Então vamos retornar à reunião

às 14h, 14h30’ aqui na Plenária da CNPI, é isso Teresinha? 14h30’? Está bem,

almoçam aqui, 14h então, está bem gente? Retomamos a nossa reunião. Obrigada

então e até de tarde.

Dia: 10/12/2013, tarde:

Maria Augusta – Boa tarde. Nós estamos retomando aqui, o segundo

período da nossa reunião, tivemos uma parada técnica de manhã, e não sei quem

estava pela manhã na reunião, se a bancada indígena junto com a doutora Débora,

se tem alguma proposta de encaminhamento para gente começar a nossa reunião,

já que a previsão de chegada do Ministro para gente começar a pauta fundiária às

16h. Queria registrar aqui a chegada de mais algumas pessoas do governo, Tiago,

que não estava, enfim, tem mais um pessoal da FUNAI que chegou também, a

Giovana da Coordenação de Identificação e Delimitação, Carolina. Vocês tem

alguma proposta gente, para antes da chegada do Ministro, a gente já começa

organizar um pouco a pauta. Nós trouxemos aqui também, resgatamos o

documento da penúltima reunião da CNPI, que a bancada indígena apresentou ao

governo, que vai ser, também, discutido aqui, quando o Ministro chegar, com

aqueles pontos de pauta, que precisam ser retomados e serem rediscutidos com a

reposta do governo. Não sei se vocês pretendem que a gente releia aquele

documento, que a gente use esse momento para aprovar as atas da última reunião,

enfim. Aprovação das atas então? Todo mundo conseguiu ter acesso e ler as atas

da 21ª?

Teresinha Gasparin Maglia– Presidenta, com licença. É interessante o

pessoal lembrar que a ata, é uma degravação, ou seja, está na íntegra o que vocês

falam em plenária, até se vocês suspirarem, ou espirrarem vai aparecer aí, não, eu

estou brincando. A gente sempre manda, faz a síntese, e eu peço desculpa por ter

mandado só ontem, mas a síntese, tanto a síntese quanto a degravação, só chegou

até nós na sexta feira, aí, eu trabalhei final de semana e ontem à noite até 1h30’ da

madrugada, para conseguir fazer com que chegassem a tempo de nós

conseguirmos aprovar hoje. Quem não teve acesso, seria bom dar uma olha, mas

ela é na íntegra, como cada um de vocês fala, aí, vê presidenta se quer aprovar

igual ou se querem esperar o pessoal dar uma lida, e se precisarem também, a

Page 8: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gente pode imprimir, hoje a noite a gente pode imprimir e trazer amanhã, para o

pessoal ter acesso. Obrigada.

Maria Augusta –Bem colocado esse esclarecimento, importante, pela

Teresinha, eu acho que a gente, enfim, se vocês quiserem esse tempo para ler a

memória, alguém tiver alguma consideração a gente pode dar esse tempo.

Podemos então, aproveitar para resgatar aquele, fazer uma leitura do documento

que foi apresentado pela bancada, na penúltima reunião, e que a gente também,

como foi sugerido, e encaminhado aqui hoje pela manhã, tratar dessa pauta

também, assim que o Ministro chegar para participar da reunião com a gente.

Tem acordo em relação a isso? Vocês querem fazer a leitura vocês, alguém da

bancada, ou querem que a gente leia? Bom, “Brasília, 23 de agosto de 2013,

senhores e senhoras membros da Comissão Nacional de Política Indigenista e

demais convidados presentes, considerando o Regimento da CNPI, em especial o

que trata do objetivo desta Comissão, considerando que essa reunião

extraordinária tem o objetivo de avançar nas demandas apresentadas, sucessivas

vezes, nas últimas reuniões da CNPI e condensadas em cartas para a Presidenta

Dilma, a qual se comprometeu, com os líderes indígenas, a avançar na

implementação dos nossos direitos, inclusive, determinando aos seus ministérios

auxiliares, e em especial ao Ministério da Justiça, maior empenho nesse sentido,

reafirmamos que o tema terra é imprescindível e prioritário aos povos indígenas,

mas tem se apresentado uma série de entraves e investidas de retrocesso aos

direitos territoriais. Considerando que os procedimentos de regularização

fundiária das terras indígenas estão respaldados na Constituição Federal e no

Decreto 1775/96, sendo este os instrumentos legais que devem orientar os

procedimentos demarcatórios, é necessário estabelecer os prazos e ter a

seriedade em responder aos povos indígenas, sobre a implementação de seus

direitos. Portanto, após receber as informações prestadas pela Funai, sobre a

questão fundiária, discutir em grupos regionais, analisar a situação

administrativa, politica e jurídica das terras indígenas nos Brasil,

recomendamos, que a Funai emita até a próxima reunião da CNPI, proposta

para o início de outubro, as portarias de delimitação, das três terras indígenas,

para as quais não há nenhuma pendência técnica que impeça o avanço do

procedimento. A saber, Terra Indígena Tapeba, Ceará, Terra Indígena Mato

Castelhano, rio Grande do Sul e Terra Indígena Kaxuyana/Tunayana no Pará.

Que no mesmo prazo, o Ministro da Justiça emita as portarias declaratórias das

sete terras indígenas, para as quais não há nenhuma pendência técnica que

impeça o avanço do procedimento, conforme anexo. Que no mesmo prazo, a

Presidência da República emita os decretos de homologação, das quinze terras

indígenas, para as quais não há nenhuma pendência técnica que impeça o

avanço do procedimento, conforme anexo. Que no mesmo prazo, a Presidência

da República emita os decretos de desapropriação, das duas terras indígenas,

para as quais não há nenhuma pendência técnica que impeça o avanço do

Page 9: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

procedimento, conforme anexo. Que a Funai não paralise os oitenta e três

estudos de identificação e delimitação, que estão em curso, além dos vinte e sete

processos de demarcação física e os quarenta e dois processos de pagamento de

benfeitorias, ver anexo e traga prazos concretos para a finalização de cada um

deles na próxima reunião da CNPI. Que a Funai traga na próxima reunião, a

lista da totalidade das terras reivindicadas para as quais não há nenhum

processo administrativo instaurado, para que as comparemos com nossas

próprias listas, também em anexo, e esclareça prazos concretos para a criação

de GTs para essas terras. Reiteramos que a metodologia para o avanço nas

mesas de diálogo, já foi acordado em plenária, e elas devem ter espaço na

própria CNPI, sem a redução da bancada. Ouvindo que o governo é contrário à

PEC 215 e PLP 227, esperamos empenho para rejeição dessas propostas no

Congresso Nacional, pois se caso aprovadas, podem acabar com nossos direitos.

Da mesma forma, as 19 condicionantes discutidas pelo STF, no caso Raposa

Serra do Sol, não estão julgadas e nem transitada em julgado, portanto a

Portaria 303 não faz sentido, devendo ser revogada em definitivo. Como ato

simbólico com os Povos Indígenas, esperamos um sinal do Estado Brasileiro, que

quer ter um diálogo sério e transparente, por isso, reiteramos o pedido de

criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, por decreto presidencial,

seguindo a resolução da última reunião da CNPI, como medida justa e

necessária. Atenciosamente. Bancada Indígena da CNPI, APIB, e demais

lideranças e organizações indígenas convidadas.” Daí, seguem os anexos com as

áreas indígenas aguardando a declaração e outras, a identificação, aliás, para

declaração e homologação. E, a ata da reunião preparatória que reencaminha essa

proposta. Aberta a palavra para apreciação.

Marcos Xucuru –Marcos Xucuru, da região nordeste e leste. Bom,

Presidenta, feito a leitura dos últimos encaminhamentos da Comissão Nacional de

Política Indigenista, e acordado assim, por todos, ficamos apreensivos, inclusive,

com a mudança de pauta, nos últimos dias ao chegarmos aqui, onde, na verdade,

nós esperaríamos tanto do Ministro da Justiça, quando do Gilberto Carvalho e da

própria Funai, a apresentação, real, de todas essas demandas que a Comissão

Nacional, incansavelmente, vem colocando e pautando nessa Comissão. Bom, de

modo que, só o Ministro da Justiça poderá, até porque, ele ficou com a

incumbência dessa mesa de diálogo, e o Gilberto Carvalho também, com o

movimento e, principalmente, a pauta que foi trabalhada com a presidente Dilma,

e o foco dado foram às demarcações das terras indígenas. Inicialmente, é o

primeiro item da pauta do movimento, porque entendemos que sem terra, sem

resolver esse imbróglio das demarcações das terras indígenas no país, nós não

teremos avanço na construção da política indigenista. Então, de fato, fazendo essa

memória, do que nós já encaminhamos, precisamos, de fato, de que haja umas

respostas, imediatamente, por parte do governo, em relação a essa pauta

específica. De modo que eu acho, que precisa da presença do Ministro para poder,

Page 10: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

fazer com que, ele nos apresente, concretamente, esses avanços ou as propostas

que foram colocadas aí, das portarias, até porque, como a gente está vendo, que

estamos enxergando que há uma intencionalidade, no sentido de enfraquecer o

trabalho, inclusive, da Funai. A Funai não consegue mais publicar um relatório, a

Funai não tem mais essa incumbência que, na verdade, faz parte do seu trabalho.

Não se consegue, a gente tem visto que na última reunião, na penúltima reunião

que tivemos. Inclusive, abrindo um parêntese aqui, o que aconteceu em Alagoas,

com a retirada do grupo de trabalho da Funai, pelo Ministro da Justiça, em virtude

de uma conversa com Renan e com Collor de Melo, isso é de um absurdo tão

grande. Porque a Funai, ela perde toda a sua capacidade, tanto localmente, como a

nível central de poder se pronunciar, em relação a sua própria atividade, a sua

incumbência, enquanto órgão indigenista. O que aconteceu também, no Ceará,

com o povo Tapeba, e nós, incansavelmente, falávamos para o Ministro: “Não

faça isso, porque isso é extremamente complicado.” Mas mesmo assim,

aconteceu, a mesa de negociação lá no Ceará, e as informações, inclusive,

Dourado Tapeba que está aqui, é que mesmo tendo essa conversa lá no Ceará,

com o governador, com os políticos lá na região, posteriormente, o governador

entra com ação judicial contra a portaria. Então, assim, o Ministro termina tirando

a força da Funai, dando oportunidade aos latifúndios, aos grandes empresários e

os políticas, incidirem nas demarcações de terras indígenas e por outro lado,

enfraquecendo a Funai, e isso, de fato, é muito complicado. Quando chegamos

aqui, e temos uma proposta dessas, de minuta e que onde ele quer concretizar e

colocar no papel, exatamente esse pensamento, enfraquecendoa nossa Instituição,

que é o que nos resta ainda, é a FUNAI, e que a gente, na verdade, precisa é

fortalecer ela, isso é muito complicado. Então, não houve avanço por esse lado,

de que deveria se dar respostas, já deveria ter dado, porque nós temos muitas

terras aí, que não tem problemas judiciários, tem terras que, simplesmente, usar o

poder da caneta dele e publicar essas portarias, e o que a gente vê é o contrário.

Não se demarca mais terra, não se consegue avançar nessa pauta, e nesse

governo, principalmente, não temos esse ano mesmo, foi um fiasco, um desastre

total, em relação a essa pauta de terras, no nosso país. Só tende os conflitos a

aumentarem, porque, quando eu falava para ele, na última reunião, se isso não

ocorrer nós vamos fazer auto demarcação, nós vamos ter que ir para o

enfrentamento, não tem outra alternativa e, com certeza, iremos ser prejudicados,

porque vidas, tenho certeza, que vai ser tiradas, tenho plena convicção disso. A

gente remete isso ao próprio estado brasileiro, que não cumpre com o seu papel,

que é fazer cumprir o que manda a Constituição Brasileira, que é demarcar nossas

terras, que vem passando por um processo pós-constituinte, que tinha um prazo

estabelecido, que ainda hoje, o estado brasileiro tem essa dívida, em relação à

demarcação das terras indígenas. Então, era um pouco isso que eu queria falar.

Saulo – Aproveitando que o Marcos se reportou a reunião passada,

quando veio uma delegação do povo Xucuru-cariri de Alagoas, na delegação veio

Page 11: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Antônio Celestino, que falou em nome da delegação. Uma das lideranças que

acompanhou foi o Jecivaldo Xucuru-Cariri, que infelizmente faleceu semana

passada, 56 anos, em uma situação muito parecida ao que aconteceu com a

Maninha, ele foi levado ao hospital, os médicos medicaram com analgésico, ele

volta para casa, só que o caso dele era trombose intestinal, ele faleceu por

negligência médica. Pelo que eu tenho acompanhado, durante essa luta do povo

Xucuru-cariri, para demarcar aquela terra, já é a quinta liderança, então, há uma

geração, acho que daquela primeira geração, só resta seu Antônio Celestino.

Jecivaldo, um homem lutador, eu conheci Jecivaldo, morreu aos 56 anos, era

sempre perseguido, sempre ameaçado de morte, no momento que o grupo estava

trabalhando, na área, é retirado, e mais uma liderança que morre frustrada, diante

da sua luta, porque, mais uma vez a expectativa da demarcação foi frustrada,

realmente. É para registrar, fazer a memória dessa pessoa que eu considero uma

das lideranças, mais importantes do país, grade guerreiro, era um homem da luta

de base, articulava todo o Estado dele, e foi o grande companheiro da Maninha,

ele era sempre o apoio na comunidade. Então, só para aproveitar e fazer o registro

e mais uma vez protestar que o Estado vai protelando, vai arrastando os conflitos

e as pessoas vão morrendo, sejam assassinadas ou por fatalidades como essa.

Sandro Tuxá –Sandro Tuxá pelo Leste Nordeste. Eu fico apreensivo com

esse novo cenário, que não é tão novo assim, e trago esse sentimento

compartilhado aí, com o Saulo, e com os parentes que aqui estão, porque nós

estamos debruçados, desde 2007, sob a CNPI. Além da pauta de terra, uma puta

que nós julgamos importante era a pauta da criação do Conselho, mas, lógico, não

se avançamos tanto quanto questão do Conselho, que não foi aprovado até agora,

e diante da falta de resposta sobre a inúmeras reinvindicações que trouxemos

aqui, sobre tudo a falta de respostas com as resoluções que foram criadas nessa

Comissão, nós resolvemos ter uma resposta pontual do governo. Não foi fácil

para nós, superarmos a problemática do que é importante, do que é prioritário, do

que é demanda para já, porque para nós todas as terras indígenas são demandas

para já. Então, se debruçamos mesmo assim, passamos vários dias, exaustivos aí,

em termos de debates, para classificar terras prioritárias, e respostas emergentes

em relação a essas terras, sobretudo levados em conta à questão da problemática

local. Eu estive conversando com alguns parentes do Sul, sobretudo, e trazendo a

fala de Saulo aí, de um guerreiro que nós perdemos, recordei que a cada mês,

morrem várias lideranças no Sul, não é um não é dois, e tudo isso está ligado a

terra, tudo isso relacionado ao conflito fundiário. Nós não podemos deixar de

falar, de é nesse tempo de CNPI, é nesse tempo de articulação de movimento,

frete as demandas do movimento, e do governo que mais lideranças foi vitimadas.

Nós trouxemos, na última reunião da CNPI, dados atualizados, por contas dos

conflitos fundiários que nem me recordo mais, centenas de lideranças foram

vitimadas por conta do conflito fundiário. A resposta que temos é que os conflitos

fundiários gera a desordem no campo, gera criação de quadrilha, de máfia

Page 12: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

indígena, frente à luta por terra, e isso acaba sendo pactuado por muitos, dada a

falta de resposta por parte do governo. E o que é impressionante, é que mesmo

agente chegando a esse entendimento, mesmo a gente superando as nossas

limitações e tentando pautar o governo para um direcionamento, uma resposta, a

gente não consegue. Acreditávamos, nós, ingenuamente, que esse ano seria um

ano de resposta e por isso, pautamos de forma incisiva buscando essas respostas,

sobretudo na questão da terra, não tivemos resposta, não chegou nenhum

entendimento por parte do governo, os processos que estão sendo encaminhados,

que chegam a Casa Civil é terra indígenas aprece que põe uma pedra em cima. Eu

acho que a gente precisa, como eu estava dizendo, se respeitar, a gente precisa se

respeitar, e parece que esse respeito está vindo só da parte dos indígenas, eu não

estou falando dos representantes do governo que estão aqui, eu estou falando da

cúpula do governo, núcleo duro do governo, que não querem dar as respostas para

nossas principais demandas. Há tempo que nós estamos discutindo uma pauta,

outra pauta é criada, e a gente não consegue entender porque, essas outras pautas

são criadas, porque o governo estabelece como norte a Comissão Nacional de

Política Indigenista, e a cada momento, uma realidade é trazida, para dar umas

respostas, não aos indígenas, mas para a bancada ruralista, porque até agora, até

nos prove o contrário, essa portaria nos representa isso, o entendimento de dar as

respostas e tirar as tensões do Congresso e dar as respostas que a bancada

ruralista tanto busca. Em tempo que nós estamos a debruar sobre essa portaria, a

gente vê pareceres do núcleo agrário, do próprio Partido dos Trabalhadores,

contradizendo a mesma, se reunindo e dizendo que ela ameaça o próprio ato

institucional da Funai, e fragiliza o órgão, por isso se levantam contra. Então, eu

concordo como Marquinho, até por uma questão de se respeitar, o respeito é

mútuo, é preciso que nós, realmente, começamos, nessa reunião da CNPI, tendo o

posicionamento do Ministro, porque nós não estamos aqui para brincar, nós

viemos na qualidade de representante indígena, liderança de nossas comunidades

e nós não estamos conseguindo levar essas respostas. O Ministro tem que dizer

isso, porque nós não temos as respostas, porque é que ele não está conseguindo

emplacar e porque ele não respeita as pautas da nossa CNPI. Nós achávamos, só

para frisar, e o Marquinho lembrou bem, que aqui, ele iria, podemos nos

surpreender também, pessoal, de repente o Ministro chega aqui com várias

portarias para serem declaradas, encaminhadas por ele. É isso que nós

aguardamos.

Anastácio Peralta –Boa tarde. Anastácio Peralta Guarani Kaiowá, Mato

Grosso do Sul. Eu acho que, desde 2007, a gente vem falando a mesma coisa,

acho eu o governo criou uma ouvidoria, dentro da CNPI, de se especializar em

escutar, só escuta, mas não encaminha nada, e a gente tem que mudar essa

política, porque de 2007 até agora, a gente não conseguiu avançar em nada. A não

ser os nossos parentes assassinados, assassinados por pistoleiros, e ultimamente, a

própria polícia matando liderança. Então, eu vejo assim, qual a responsabilidade

Page 13: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que o estado brasileiro tem, e o compromisso que tem com povos indígenas, que

nós somos daqui, somos primeiro daqui, originários, como diz a Constituição, só

que não é respeitado, até aprece assim, vejo eu só tem uma política, uma política

do agronegócio, uma política que o boi vale mais que uma criança, a soja vale

mais que um pé de cedro, agora é a cana que está aí. O povo, principalmente, o

pessoal do agronegócio está se organizando, fazendo leiloes, arrecadando

dinheiro, para matar índio, não é para resolver o problema do nosso estado

brasileiro. Eu vejo que a justiça tem que tomar uma posição nisso. Eu estive

acompanhando um pouco a situação dos leilões, e também a nossa, eles estão aí,

pronto, eles não precisa fazer leilão para criar milícia, eles já tem a milícia, que é

apropria Polícia do Estado, e ninguém toma providencia, e os indígenas, nós

indígenas, Guarani Kaiowá, já tomou uma posição, pode construir lei, pode

construir o que for,ou portaria, nós vamos continuar ocupando as nossas terras,

por quê? Porque o estado não dá um resultado para nós, e esses fazendeiros se diz

dono da terra, eles não são dono da terra, porque quando eles chegaram aí, nós já

estávamos aí. Então, o estado brasileiro só tem de política de três eixos, um é o

latifundiário, o banqueiro e o grande empresário. Então, o governo brasileiro,

atende. A economia está acima das questões sociais, o ser humano. Então, a gente

precisa mudar esses servos deste país. Até esses tempos, eu fui ao Congresso

Nacional, achei que todo mundo discutia Direitos Humanos, mas lá é direito do

boi, da soja, direito do minério, não é Direito Humanos, isso é o estado brasileiro,

que se diz um estado brasileiro, um país, como dizia o Lula: “Um país de todos.”

Eu vejo que é um país de alguns. Então, se nós não tomarmos providência logo,

na demarcação das terras, e vão acontecer muitas coisas ruins, e ruins par ao lado

mais fraco, que é os indígenas, e tem uma frestrinha lá, para mostrar que é a

nossa mama. Quem vai morrer somos nós, é muito feio para um estado brasileiro,

que é soberano, não tomar uma posição de justiça, esse nome chama justiça, de

portaria em portaria, vai tirando o nosso direito. Então, a justiça precisa tomar

uma posição, que continua, nós indígena vivendo, porque nós fazemos parte desse

país, nossa cultura, as nossas tradições, a nossa língua, achamos que as nossas

línguas é que são brasileiras, que a gente fala português, língua de outro país.

Então, a gente precisa tomar uma posição, imediato, e o governo brasileiro, ele

não está a serviço de defender direito indígena, ele está a serviço de defender a

economia, eu sempre tenho falado que boi não vota, nem soja. Então, tem que

tomar muito cuidado com quem eles estão aliados. Era isso, muito obrigado.

Dourado Tapeba –Boa tarde a todas e a todas, Dourado Tapeba, Ceará.

Na mesa diálogo, eu represento a região nordeste. Eu queria fortalecer as falas

que foram feitas aqui já. Fico assim, me perguntando que todas as falas que vocês

vão falar aqui, todas elas são repetidas, de reuniões anteriores, a gente foi criado a

mesa de diálogo com a presidente Dilma, com os Ministros, e essa mesa de

diálogo não está funcionando como deveria funcionar. Quer dizer, nós pedimos as

demandas, que foi lida aí, pelo Marquinhos, e na realidade, as demandas que nós

Page 14: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

colocamos para que o governo respondesse, ele está mandando para nós, como

cabe essa portaria, coisas que vai cada vez mais piorar em relação ao nosso

acesso, as nossas terras indígenas. Aí, colocando aqui, também, eu queria até

inteirar o apoio que nós temos do Ministério Público, a doutora Débora, a doutora

Eliana, que muito nos ajudou também, e também, reiterar o compromisso com a

questão dos povos indígenas, mas eu fico preocupado, porque muitas vezes tem

traidores dentro desses órgãos. Porque, como foi colocado aqui, o govenador, ele

entrou com a contestação, para o governador entrar com a contestação,

imediatamente, é preciso que alguém passa a informação para ele. Eu quero dizer

com toda sinceridade, eu tenho toda confiança no seu trabalho, sei que não é de

você, mas eu acho que dentro desses órgãos indigenistas, deve ter alguém

repassando informações, para que essas coisas aconteçam, a questão das

contestações. É por causa do Pitaguary também, no Ceará, tem uma ação na

justiça que está, praticamente, perdida, por causa dos prazos que a própria Funai

também, perde, a Procuradoria Jurídica da Funai, perde muito prazo, a Rosa está

aí, testemunha. Então, eu queria só, como discuti, porque não dá mais para nós

ficar repetindo o que nós dizemos nas reuniões anteriores, eu acho que eu não

queria estar nesse lugar nesse momento, porque eu tenho certeza que você

gostaria de resolver tudo, pelo menos uma parte, mas você não está tendo o apoio

que o Ministério da Justiça tem que dar, para que a coisa acontecesse. Porque, se

você tivesse o apoio integral, essas portarias não sairiam para prejudicar, cada vez

mais, os estudos das terras indígenas, que estão aí, para serem estudados. Então,

eu queria estar colocando essa minha insatisfação em relação a isso, e dizer que

nós, movimento indígena, temos que fazer a nossa parte, temos que fazer o

movimento mais forte, sair desse momento amistoso, e partir, realmente, para o

avanço, como nós fazíamos antes. Achava que esse governo de esquerda, que não

é mais de esquerda, que ia resolver o problema, nós fomos enganados, nós

estamos sendo atropelados, inclusive, a gente fica preocupado porque, o próximo

ano é ano de eleição, e esse governo não está fazendo nada para que aconteça a

questão para os povos indígenas. É um governo anti-indigenista, infelizmente, eu

tenho que dizer isso, achava que talvez a redenção de nossas terras, de nossos

povos indígenas, o retorno de um trabalho coletivo, entre todos os povos, mas aí,

eu me enganei, todos nós nos enganamos; Mas nós temos esperança, nós não

vamos se suicidar, nós vamos cada vez fortalecer essa luta, eu tenho certeza que

um dia nós venceremos. Era isso, obrigado.

Maria Augusta– Obrigada Dourado. Brasílio.

Brasílio Priprá – Boa tarde a todas e todos. Eu quero só complementar o

que os companheiros falaram aí, o que é lamentável, é que os povos indígenas, o

verdadeiro brasileiro, os verdadeiros mesmo, eu estou falando o verdadeiro,

aqueles que são verdadeiros brasileiros, que gosta, realmente, que são do meio

ambiente. O que eu fico preocupado, é que todo esse povo que está no Mato

Page 15: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Grosso, Rondônia, são pessoas que vieram lá do sul, tiraram na década de 50 a

terra dos povos indígenas lá, hoje vem para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

retoma de novo outras terras e força o governo, dizendo que eles que tem o

direito. É lamentável, e o governo, o governo que se diz do povo, que é para ser

do povo não tem coragem de enfrentar, 50, 100, pessoas que são latifundiários.

Então, o povo tem direito a 50 hectares, 100 hectares, agora umas pessoas têm

direito a 10.000 hectares, 100.000 hectares. Então, para o povo que é dono desse

país, que aqui estiveram por amor a esse país, não vieram para explorar esse país,

são verdadeiros brasileiros, são verdadeiros que cuida do meio ambiente

brasileiro, hoje precisa engatinhar, chorar, perante o governo para, pelo menos,

ter o direito a terra, que governo é esse? Eu me orgulho de ser brasileiro, vou

morrer com orgulho de ser brasileiro, ser indígena, porque tenho orgulho do meu

sangue, tenho orgulho do meu país, mas quando e vejo essas poucas pessoas que

não respeitam os verdadeiros brasileiros, eu fico triste, mas vou morrer lutando,

porque tenho meus filhos, os meus netos. Eu luto é por amor, amor sim, a essa

terra, a esse Brasil que é tão bonito, esse Brasil que é invejado por outras pessoas

que vem aqui, e se acovarda contra o verdadeiro brasileiro e o governo não tem

coragem. Nunca nesse país, em 513 anos, os povos brasileiros estiveram em uma

situação tão difícil, que estamos passando no século 21, onde deveria ser

diferente. Então, na verdade, é lamentável, é triste, às vezes, a gente repete quase

as mesmas coisas, porque? Porque nada anda, quando se apresenta um

documento, a gente pensa que é favor a gente, muito contrário, é para recalcar o

povo brasileiro, o verdadeiro povo brasileiro, e não são só os povos indígenas

não, é os quilombolas, os pequenos agricultores. Parece que fala na sociedade

total do Brasil, não, é 50, 100 pessoas que faz isso, e o governo tem medo desse

povo, o governo está sendo covarde, por causa de 100 pessoas, que querem terra

indígena, que não compraram, não é dono, mata índio para ser dono das coisas,

não tem respeito, não tem sentimento, não sabe o que é amor, só sabe o que é

ganância. Talvez hoje eu estou aqui, amanhã não sei, não sei se estou aqui, mas

vou morrer lutando e sempre falando a verdade, porque o nosso compromissos,

do Conselho Nacional de Política Indigenista, a qual todo mundo lutou, para se

criar uma mesa de diálogo com o governo, é para defender os direito indígenas.

Vamos lutar, podemos perder, mas sendo sinceros honestos e responsáveis, temos

certeza, presidente, que a senhora também, tem esse respeito, e tem essa vontade

que as coisas andam, mas nós da CNPI e do Conselho Nacional, reconhecemos do

que tem limite. Eu gostaria que o Ministro estivesse aqui, eu gostaria de ter a

possibilidade de conversar com a presidente Dilma, se, realmente, ela ama esse

país, para ela provar que ela ama esse país, ela tem que cuidar do verdadeiro

brasileiro, ela deve se espelhar em uma pessoa que faleceu e que ela foi visitar

Nelson Mandela. Eu gostaria que nascesse um brasileiro aqui, e chegasse à

Presidência da República, que tivesse respeito ao verdadeiro povo brasileiro, e

honrasse essa bandeira brasileira, que tem muito brasileiro que honra, mas precisa

Page 16: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

sim, nascer uma Mandela aqui nesse país, para defender os direitos indígenas e

que faça ser respeitado. Muito obrigado.

Maria Augusta– Obrigada Brasília. Winti.

Winti Suyá –– Boa tarde a todos. Meu nome é Winti, sou povo Kĩsêdjê

do Xingú. Estado de Mato Grosso. Venho representar esse grupo de 16 povos

indígenas do Xingú. Eu só queria perguntar para a presidente, o que você sente

com esse espaço chamado CNPI? Que a gente ouve falar que é mesa de diálogo

com o governo, indígenas, indigenistas com o governo, as empresas. Neste

momento, eu sempre ouvi que nesse espaço, como espaço de uma discussão, é

inválido, esse espaço de CNPI, porque eu falo isso? Parece o governo não tem

mínimo respeito pela decisão de diálogo por esse povo brasileiro que está aqui

tentando colocar a sua posição em cima, que querer fazer, que as coisas ande de

uma forma, legalmente, com consideração de políticas, de entendimento, em

frente com indígena e com não indígena. Cada vez mais que o indígena faz, e

coloca, e consegue seu espaço, política e governo ameaçam esse espaço e não dar

valor para esse espaço de diálogo. Eu fico infeliz com isso, que diálogo é esse,

que diálogo que o povo indígena, liderança indígena, eu está aqui à frente do

governo, colocar a posição de todas as lideranças dos baixos, dos seus povos que

estão sofrendo nas terras indígenas, que está sofrendo nas suas terras e as coisas

não anda. Principalmente, hoje que a gente ouve falar do governo, governo fala,

as políticas fala que o índio hoje, não quer terra, só quer saúde e educação, isso

não existe índio sem terra. Nós indígenas, nós população em geral, não existimos

também. Eu acho que isso o governo tem que reconhecer, e tem que respeitar, e

tem que entender, que nós estamos aqui, não é para mentir, entre nós, em frente

com outro, olhando na cara dos outros, nós não estamos mentindo. O governo

poderia entender, e acreditar no que nós estamos dizendo aqui, cada vez mais o

povo indígena está conquistando seu espaço, para falar seus direitos, e cada vez

mais o governo está querendo acabar com esse espaço, querendo impedir esse

espaço de diálogo. Eu sempre ouvi falar desse espaço de CNPI, que é importante,

que a gente sente, parece um espaço que não é diálogo, porque não tem resposta

para nós. Eu acho que toda vez que eu venho a ouvir a resposta do governo, não

tenho uma resposta nem positiva, nem encaminhada, uma coisa, um processo que

já está acontecendo, tudo é difícil. Então, eu só queria dizer isso, para vocês que

estão aqui mostrando a nossa cara, continuar mostrando, dialogando com o

governo, as empresas que são responsáveis, poderia entender esse diálogo,

poderia considerar esse espaço, e onde que as nossas lideranças estão aqui lutando

diante dos nossos direitos, e cada vez mais o nosso direito está ameaçado, a gente

sente que nossos parentes estão morrendo porque não tem mais a força para

defender o nosso direito. A Funai, cada vez mais, parece que não faz parte do

governo e não tem nem o mínimo de apoio a esse setor, que diretamente é ligado

ao Ministro da Justiça, parece que não tem valor, e isso que eu digo a vocês, e até

Page 17: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

mesmo, ao representante que tiver aí, responder esse espaço para eu levar para os

16 povos que existem no território Xingu. Obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Winti. Tem mais alguém inscrito, alguém

mais? Alguém mais quer falar? Lourenço.

Lourenço Krikati –Boa tarde. Lourenço Krikati,região norte, COIAB.

Bom, eu queria só passar para as bancadas governistas, do governo que a

presidenta da CNPI, e doutora Débora. Não, a Presidenta da CNPI e a doutora

Débora, das autoridades que nós estamos, por enquanto, estamos se encontrando

aqui e os outros autoridades mais na frente. Todas as falas de liderança presentes

aqui, a nossa preocupação e na mesma linha. Muito me preocupa hoje, lembrando

hoje que na reunião, aproveitando a Conferência, nós fizemos um movimento

para falar com o Ministro, cobrando ele que para nós liderança indígena, de todo

o Brasil, representante legítimo que vem de base. Eu quero dizer para o governo

nosso, durante esse tempo, depois de mandato do governo passado, do Lula, a

presidenta da república não está, sequer, respeitando uma conjuntura de discussão

política, entre povos indígenas e governos, não está respeitando, sequer, uma vez

se presenciou. Eu quero tocar nisso, porque não tem respeito, começa por aí, uma

instância que discute a nível nacional a política para a população indígena, que

próprios indígenas discutem também, junto com o governo dos representantes, e

se preocupa como própria fala do Brasílio, que sequer a presidenta tem

preocupação conosco, população indígena. No final, a conclusão está fechando

com ruralistas, latifúndio, de todo o acompanhamento que nós olhamos um

pouco, infelizmente, ela não está preocupada com um país pluricultural que nós

temos um país rico, ela nem, sequer, olha para esse lado. Como todos nós

falamos, nós somos primeiros, mas nós estamos sendo os últimos agora, então,

nós queríamos tocar nessa parte, que este ano achamos que, pelo menos uma vez,

nas reuniões a presidente estivesse presente, e eu cobrei isso do Ministro. Mais

uma coisa, que eu quero lembrar, que na reunião, na mesma reunião, eu me

levantei e cobrei também, da presidente da Funai, porque que esse tempo todo

fica como interina, porque não incentivar? Incentivar como presidente mesmo?

Então, isso preocupa a nós, até falei para o Ministro isso, espero e quando chega,

der a resposta, porque no momento não respondeu. Então, toda essa conjuntura,

essa avaliação hoje, finalizando este ano, felizmente nós voltamos para base, não

com um final feliz, eu quero falar do sentimento nosso com a população, no dia

12 e 13 nós estamos reunindo agora, a população indígena, do estado do

Maranhão, infelizmente, durante esse tempo, nós vamos passar só negativo.

Então, nós temos que passar essas informações para a base, para tomar

conhecimento. E própria Conferência, essa semana que passou, viram que o

governo não está do lado dos povos indígenas, pelo contrário. Então, tentamos

fazer de uma forma de cobrar do próprio Ministro, para cobrar da presidenta, para

fortalecer, principalmente, a instituição Funai, o órgão ainda tentando, como a

Page 18: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

própria presidente já mostrou que, realmente, está vestindo a camisa, mas não está

sendo esse o fortalecimento da Funai, por parte do ministério, por parte do

governo mesmo, para a presidenta; isso nos preocupa, aonde que nós vamos

chegar? Como alguns já falaram, nós temos uma conversa vazia para nós, isso nós

não podemos mais esconder o que nós estamos vendo, então, eu estou achando

que, mais uma vez, está empurrando, e para não acontecer, não cumprir o que já

na lei estão inventando um monte de decreto, então, isso preocupa nós. Então, eu

quero dizer a vocês, com essas palavras, porque amanhã, provavelmente, não vou

poder vir, diz para os colegas da bancada, estou saindo, estou tentando a minha

ida amanhã, às 11h, e eu tenho que estar no dia 12 prestando contas. No IBGE,

fala em quase 36 mil indígenas, no censo da Funai, e da SESAI, nós somos em 32

mil, então nós estaremos dia 12 e 13 passando essas informações, prestando

contas com todos os povos indígenas do estado, por conta da Assembléia, logo a

diretoria da organização de base, e nós temos que estar presentes para passar

essas informações; Por isso, não vou estar amanhã aqui, mas colegas, nossos

colegas a cada dia, com certeza, vamos estar, depois me passar as informações do

final desse encontro aqui, dessa reunião. Então, queria dizer a vocês, daqui a

pouco, com certeza, o Ministro vai estar presente, mas assim, eu quero dizer a

vocês, que é isso que eu penso que eu vejo hoje, como a COIAB também, estou

indo para também, em nível da Amazônia, conversar com o nosso povo lá,

através como organização. Então, eu quero assim, dizer o que eu estou vendo

hoje, como organização ao nível da Amazônia brasileira.

Maria Augusta –Obrigada Lourenço. Titiah está inscrito. Gente eu queria

fazer uma proposta para vocês. Então, está bom, como vocês lêem todo o meu

pensamento, a idéia era a gente dar uma interrompida, antes de o Ministro chegar,

fazer o nosso lanche, para depois na hora que ele chegar, a gente seguir a reunião

direto. Pode ser? Todo mundo tem acordo?Acordado.

Luiz Vieira Titiah –É o seguinte eu queria falar aqui um pouquinho, eu

não quero repetir o que a liderança colocou aqui na reunião da CNPI, mas uma

coisa que eu queria deixar registrado aqui, Guta e todos os representantes do

governo, que nós ficamos sempre analisando, e eu sou um que sempre avalio isso.

Nós já enxergamos a fraqueza dentro da reunião da CNPI, então, hoje aqui está

mais de dezessete representantes da bancada indígena, onde aqui tem sete, da

bancada do governo. A nossa preocupação, dentro dessa política de estado, é que

na última reunião da CNPI, onde nós conversamos com o Ministro da Justiça, ele

deixou bem claro, outra hora nós, eu estava dialogando com mais de trinta

deputados da bancada ruralista. Aí, quando ele veio conversar com a gente, tirou

algum encaminhamento, que era aquela pauta lá, para o Ceará, consultar o

governador e tal, sobre a questão do território lá, dos Tapeba do Ceará. A outra

coisa que a gente tem que avaliar, na questão dessas consultas que ele está

fazendo lá nos estados, a gente se preocupa com a ida dele na Bahia, aquela ida

Page 19: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

de vocês na Bahia, onde ele tinha conversado antes com o representante dos

fazendeiros, depois foi ouvir as lideranças, e na saída dele, o que aconteceu,

morte de três Tupinambá, pela questão da luta da terra. Então, Guta, isso está

sendo preocupante para gente. Que conversa é essa mesmo que ele está tendo

com a bancada ruralista, com os representantes dos fazendeiros? Que assim que a

saída dele, os fazendeiros se fortaleceu mais, fazer movimentação na BR, em

seguida teve morte de três Tupinambá na região. Está acontecendo no extremo

sul, com as retomadas de terras, e agora também, nós estamos tendo ameaça

Pataxó Hã Hã Hãe, por questão de parar o trabalho do GT, isso não está sendo

avaliado. Então, Guta é o seguinte, a gente está ainda acreditando no seu trabalho,

e eu quero que você com carinho, respeita aquela fala do pai de Maninha, na

última reunião da CNPI, que aquilo não só foi um conselho, mas foi uma oração

de cultura do povo dele, lhe fortalecendo para tu enfrentares as demandas do dia a

dia. Isso também, nós aqui da bancada indígena, e outras lideranças que conhece

um pouco do seu trabalho, estamos confiante nisso, mas a gente, sinceramente;

Nós já tomamos uma decisão, o movimento indígena já tomou uma decisão, e

essa decisão, eu vou registrar aqui na bancada da CNPI, é nós, o governo não está

nem aí, com a demarcação de terras indígenas, a nossa revolução é retomada do

nosso território, isso não vai parar, e nem governo nenhum vai parar essa decisão

nossa. Então, já está decidido, a gente vai começar a fortalecer a nossa retomada,

porque o próprio governo está provocando isso. Então, eu acho que temos que

chegar o momento, nós esperamos que a vinda dele aqui, que ele traga algo, que a

gente, de fato, conclua aqui, dentro da reunião da CNPI, leva para as bases,

porque para a semana a gente tem uma Assembléia da POIME, nós temos que

levar algo para as 400 e poucas lideranças que vai reunir lá, no extremo Sul da

Bahia; Eu acho que você também, vai estar presente, você tem que levar lago

concreto para as lideranças que está te esperando lá. Eu só queria registrar isso

aqui nesse momento na reunião da CNPI. Muito obrigado.

Maria Augusta –Obrigada Titiah, boa tarde, vamos retomar a nossa

reunião aqui, após o intervalo, com a chegada do Ministro, e do secretário de

assuntos legislativos, Marivaldo, e o secretário Antônio Alves que acabou de

chegar também. Bem vindo, Antônio. Então, retomando, eu proponho que, não

sei se o Ministro tem alguma proposta, se gostaria de começar falando. Então,

podemos começar passando a palavra para o Ministro pessoal, ou vocês querem

primeiro, fazer uma rodada de colocações, e depois passamos a palavra para ele?

Então, passamos a palavra para o Ministro.

José Eduardo Cardozo – Boa tarde a todos e todas vocês, quero saudar

mais uma vez o encontro da CNPI. Eu queria aproveitar essa minha fala inicial,

para passar algumas informações, e fazer um rápido balanço desse período, desde

a nossa última reunião até hoje. Nós temos, no Ministério da Justiça,

desenvolvido algumas atividades, na perspectiva de poder garantir, melhor, o

Page 20: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

cumprimento da nossa atividade, no que diz respeito aos direitos dos povos

indígenas. E, claro, uma das questões centrais que se coloca para nós, não é única,

mas o resto vem sido desenvolvida pela Funai com tranqüilidade, é a questão da

demarcação de terras indígenas. Nesse ponto, apesar dos nossos esforços,

imensos, nós ainda passamos por uma fase de grande turbulência, de grande

acirramento e de situações que nós precisamos fazer uma reflexão. No dia de

hoje, eu participei de uma reunião na Câmara dos Deputados, estive eu, doutor

Rodrigo Janot, Procurador Geral da Republica, e foi uma reunião muito difícil,

quero dizer que foi uma reunião bastante difícil. Basicamente, o que motivou essa

reunião foi que na última reunião que nós tivemos lá, eu manifestei a posição do

governo, contrária a PEC 215, por entender que essa PEC é inconstitucional, e

por entender que do ponto de vista do mérito, ela traz mais problemas do que

resultados. Também, falei da posição do governo, relativamente ao projeto de lei

227, que dizia que embora seja necessário regulamentar o Artigo 231 § 6º da

Constituição Federal e que o governo não se furtaria discutir uma

regulamentação, a proposta do projeto de lei 227 nos parecia, primeiro

inconstitucional, em vários aspectos, e em segundo lugar nos parecia também,

inconveniente porque, limitava, sobremaneira, o espectro de situações que

poderiam ensejar a demarcação de terra. Nessa reunião a doutora Débora também

estava, foi a última reunião que tivemos, doutor Janot, doutora Débora, também,

já tinha sido uma reunião difícil. Aí, o próprio Ministério Público ficou de fazer

um estudo informal, o doutor Janot, sobre os problemas que poderiam ter esse

projeto de lei 227, eu fiquei de encaminhar para a Câmara, uma proposta ser

discutida, de portaria disciplinadora, dos processos de demarcação. Falei que essa

portaria seria encaminhada a lideranças indígenas e a eles, para que nós

tivéssemos uma discussão aberta, sobre seria essa portaria, se não seria esta, e

fiquei nesse período de trabalhar nas mesas de negociação, em alguns estados que

estavam colocados dentro de uma ordem. Nós tínhamos assumido dar

continuidade a mesa de Mato Grosso do Sul, eu tinha proposto que faríamos uma

mesa no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, Alagoas e Bahia. Até

o momento nós damos continuidade no Mato Grosso do Sul, estivemos no Rio

Grande do Sul, embora não tenha sido possível, ainda, fazermos uma mesa, no

sentido estrito, no Rio Grande do Sul, porque é uma recusa que se possa fazer

uma reunião em conjunto. Na Bahia, eu tive que passar na gente da lista, por

força de uma situação que se verificava, inclusive, na própria CNPI, quando

conversei com lideranças baianas, também, não foi possível fazer uma mesa,

porque houve recusa, vai fazer duas reuniões separadas, e fizemos ontem em

Santa Catarina. Isso foi o que fizemos nesse período, com alguns

encaminhamentos concretos, que eu posso detalhar para vocês depois, mas a

reunião de hoje foi muito mais difícil que a anterior, no meu modo de avaliar,

porque ao ver daqueles que estavam na reunião hoje, com o presidente, que era o

mesmo espectro de deputados que estavam na reunião passada. Nós não

encaminhamos nenhuma proposta de regulamentação do Artigo, que hoje a

Page 21: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

proposta deles é regulamentada pela PL 227, ou seja, a questão teria avançado

nessa regulamentação, eles acham que o governo tomou uma postura só para

segurar o projeto, mas não vem dialogando sobre isto. Acharam a portaria

péssima, porque entendem que a portaria, ela é pró-indígena, na medida em que

qualifica os representantes indígenas em um patamar diferente de outros; Acham

que as regras que estão colocadas, relativamente a consulta de órgãos, não tiraram

o protagonismo da Funai, e que a Funai continua, ainda, a manter o papel, que

essa portaria seria, portanto, uma legitimação do que já se faz, e que portanto,

seria totalmente parcial. O próprio Deputado Osmar Serralho, fez uma série de

questionamentos, em relação à portaria, eu propus que depois, se quisessem,

faríamos uma reunião específica, para elucidar o porquê dos posicionamentos dos

ministérios, naquela linha, mas em face desse desagrado, eles resolveram propor,

ao Colégio de Lideres, implantação, imediata, da Comissão que vai examinar a

proposta de Emenda Constitucional 215. Eu argumentei, dizendo que isso não só

não resolveria, como agravaria o problema que o governo é contra, o próprio

Advogado Geral da União, o Ministro Luiz Adams, disse que entendia que esta

PEC é inconstitucional, eu salientei que o despacho dado pelo Ministro Luiz

Roberto Barroso, numa ação que tratava, justamente, da tramitação legislativa

acenava para esta inconstitucionalidade, mas saíram irredutíveis da reunião, e

essa proposta, assim que eu sai, ela ficou de ser submetida, na tarde de hoje, ao

Colégio de Lideres. Eu acabo de ser informado, na vinda para cá, que o Colégio

de Lideres aceitou a proposta e a Comissão será instalada hoje à tarde às 18h nos

plenários da Câmara dos Deputados. Então, portanto, os esforços que nós temos

feito, relativamente, a tentar demonstrar que o melhor caminho não é este,

infelizmente, não renderam êxito, existiram também, nessa reunião, propostas

para que eu determinasse a suspensão, imediata, dos processos demarcatórios em

curso, eu disse que isto era impossível, que legalmente isto não é possível.

Ficaram de discutir a aprovação, não sei se nesta PEC ou em outro texto desta

possibilidade, legislativamente paralisando até que se resolvesse o problema da

PEC, levantaram, também, a possibilidade de uma CPI da Funai, para a qual já

existe número, para investigar situações de irregularidade no órgão. E,

relativamente ao projeto de lei 227 também, ficaram de renovar, não sei se farão

isto ou não, a urgência constitucional para a eventual votação em plenário. Então,

portanto foi uma reunião muito ruim, dentro dos nossos propósitos, eu tentei

demonstrar que nós buscávamos, exatamente, a linha do entendimento, que aquilo

não era linha de entendimento, houve até a proposta, de um Deputado, que se

criasse uma Comissão para fazer um plano, um pacto, a expressão utilizada, um

pacto sobre a política indígena do século 21. Eu falei que achava isto bom, desde

que fosse uma comissão plural, que não representasse apenas um dos lados, que

isso poderia representar um diálogo que era o esforço que o Ministério da Justiça

vinha fazendo, mas isso não foi aceito, e partiu-se então, para esta política de

criação, imediata, desta Comissão desta PEC. Disseram que talvez, possa ser

melhorado o texto da PEC, que possa ser colocadas outras coisas, inclusive, a

Page 22: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

própria suspensão dos processos de demarcação, e que isso teria que implicar em

uma discussão maior, que seria um momento que a Câmara dos Deputados teria

de discutir o assunto e reagir a uma inércia, segundo eles, do governo

relativamente à proposta, porque a portaria, ao contrário de resolver o problema,

seria uma clara afirmação do governo em um alinhamento pró-indígena, sem

considerar outro segmento da sociedade. É isso que eu considero uma reunião

ruim, porque acho que isso não ajuda a resolver o problema, só acirra a

contradição. Do ponto de vista do governo, eu reitero e falei publicamente com a

impressa, hoje na hora do almoço, que a nossa posição é radicalmente contrária a

PEC 215, que embora entendamos que é necessária a regulamentar Constituição

no § 6º do Artigo 231 essa proposta da PL 227 não é boa, ela é inconstitucional

em vários aspectos. Não haveria nenhum problema de nós discutirmos um texto

para isto, mas que não era, efetivamente, esse texto, que nós prosseguiremos

discutindo a portaria, para verificar se esse é o caminho, ouvindo lideranças

indígenas, ouvindo lideranças dos produtores, ouvindo parlamentares, porque nós

achávamos que objetivamente esse era o caminho e continuaríamos fazendo as

nossas mesas de negociação. Bem, passado esse quadro, eu quero precisar um

pouco o quadro, primeiro das mesas de negociação. Objetivamente, enquanto

mesas que não são de negociação, mas são de diálogo, utilizar a expressão que eu

acho mais correta, que sempre se fala que direito não se negocia, não se negocia

mesmo, mesa de diálogo, nós temos duas funcionando, as outras ainda não foram

instaladas, Rio Grande do Sul, nós não conseguimos fazer uma mesa, foram

reuniões separadas e Bahia também não conseguimos fazer, foram reuniões

separadas, as mesas de diálogo, portanto duas que nós conseguimos fazer. Em

Mato Grosso do Sul, nós avançamos, nós já temos uma sinalização do governo,

relativamente, a questão da Fazenda Buriti, de que nós utilizaremos verbas do

governo Federal para uma compensação indenizatória na Fazenda Buriti, tivemos

um problema inicial, qual foi o problema inicial? É que alguns proprietários, dois

deles, se recusavam a aceitar uma avaliação da área, agora parece que só um está

resistindo a esta avaliação da área, o governo do estado, ele não aceitou a nossa

proposta de nós repassarmos dinheiro para obras, e ele faria o pagamento das

indenizações. Então, nesse momento, nós estamos conversando a possibilidade de

fazer o repasse, fundo a fundo, não sei se precisaremos de autorização legislativa

para isso ou não. E, acabou agora, a avaliação feita pelo INCRA, da Fazenda

Buriti, isso talvez, tenha um problema, porque parece que a avaliação é, muito,

inferior àquilo que pretendiam receber os proprietários. Então, nós teremos,

talvez, outro tormento de negociações, que seria o valor relativo à indenização

que foi feita pelo INCRA. Mas, do ponto de vista da mesa de diálogo, as coisas

vão bem, em relação à Buriti. Eles nos fazem uma acusação permanente de que

esta mesa, não teria significado, a não ser pró-indígena, porque teriam ocorrido 30

ou 40 retomadas, ou ocupações como eles dizem, no Estado do Mato Grosso,

desde a instalação desta mesa; Eu ponderei ainda na reunião de hoje, que estas

ocupações, de fato, tinham se dado, mas que nós havíamos feito um trabalho de

Page 23: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

diálogo com as lideranças indígenas, porque isso se dava mais a não localização

da Fazenda Buriti, mas na outra parte do Estado, nós temos que contemplar

também, na mesa de negociação; Mas eles entenderam que isto era um

rompimento da negociação, que há uma recusa da Força Nacional, e da Polícia

Federal em cumprir as reintegrações de posse, que consideram isso absolutamente

inaceitável. Essa é a razão pela qual, no último sábado, teria sido feito o leilão

para a aquisição de área, e contratação de segurança privada, leilão que foi

suspenso pelo Juiz de primeira instância, mas cuja liminar, foi cassada a

posteriori. Independentemente, deste aspecto, eu acho que a mesa, no Mato

Grosso do Sul, ela avança com dificuldades, e aproxima dificuldade que nós

teremos é, exatamente, é a discussão com os proprietários, do valor da terá, é o

que me parece. Já a mesa de Santa Catarina foi muitíssimo bem, na primeira

rodada de ontem, pelo menos é minha avaliação, e conversando depois com

representantes indígenas, e representantes de proprietários, pequenos agricultores,

o Ministério Público, essa é minha avaliação. Um acordo que andava meio

emperrado, quanto à possibilidade de realização, de que, provisoriamente, os

índios seriam acomodados em uma área comprada pelo governo do estado, mas

que isto independia de aceitação de qualquer das partes em relação ao processo,

praticamente, vai depender de consultas, mas foi muito bem. O governo do

estado, já empenhou a verba para comprar esta área, é um total de 8 milhões de

reais. Ficou acertado, mas sob consulta, das respectivas bases, que os índios

poderiam ocupar esta área de imediato, definido o caráter provisório, se,

eventualmente, houvesse uma reversão da decisão judicial, e se dissesse que a

área, que se discute, não é indígena, esta área comprada pelo governo do Estado,

ficaria com os indígenas, se eventualmente não se reverter, se ficasse confirmado

que é área indígena seria passada e os indígenas sairiam da área que seriam

locados provisoriamente, assumiriam a posse da área definitiva, e aí, haveria uma

discussão quanto a eventual indenização aos pequenos proprietários, sendo que

houve um pré-entendimento com o governo do estado, que o governo do estado

venderia esta área, dos 8 milhões, ou contribuiria com esses 8 milhões

equivalentes, para um processo de indenização dos proprietários. Esse foi mais ou

menos o processo que foi discutido ontem, me parece que há um encaminhamento

bom, para que se chegue a este acordo. Em relação à outra área que foi discutida

lá em Santa Catarina, que é a área de Morro dos Cavalos, aí, houve uma grande

dificuldade. Eu pedi o mapeamento dos moradores da área, uma vez que existem

situações bastante diferentes lá, e os proprietários mesmo, não sabem se vão

querer sentar em uma mesa de negociação, e nós dissemos a eles que se eles não

sentarem, obviamente, a lei será cumprida, porque eu vou tentar mediação até o

limite, e não tem outra saída que não seja isso. Então, mas a primeira negociação

foi, extremamente, positiva, claro. Em linhas gerais, até peço desculpas porque

estou bastante rouco, com sinusite, e ontem foi o dia inteiro, e hoje de manhã

também, foi muito pesado. Mas este é, especificamente, o quadro que está

colocado, sem prejuízo de muitas outras questões que vocês também, podem

Page 24: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

fazer, e que eu me coloco, inteiramente, à disposição para responder. Fui

informado agora, que foi adiada a instalação que seria hoje às 18h, da PEC, por

alguma razão se desistiu, ou foi apenas adiada talvez, para amanhã quarta feira,

talvez por indicação de parlamentar, não sei, exatamente a razão, porque foi, mas

há uma decisão de implantar, realmente. É isso, estou aberto às questões que

vocês acharem, pedir apenas a Presidente da Funai que coordenasse aí, as

questões.

Brasílio – Boa tarde Ministro, boa tarde a todos. Eu queria deixar aqui a

minha preocupação,Ministro, sobre essa parte que o senhor falou que os

Deputados estão contra povos indígenas, eu acho eu aí, é o momento do governo

brasileiro estar junto com nós povos indígenas, porque terra indígena é terra da

União, este é o momento de o governo demonstrar que, realmente, as terras da

União tem que ser respeitado, porque terra indígena é terra da União. Então,

precisamos agora, o governo ter um pulso firme, de governo, e defender esses

verdadeiros brasileiros que ficam em cima da terra da União. Então, agora, nesse

momento, esperamos, não só, a presidenta da Funai, não só o Ministro, mas sim

todos os outros órgãos do governo, todos os ministérios e, principalmente, a

Presidente Dilma, que tenha pulso firme, demonstrando que esse país, tem ordem,

que esse país precisa ser respeitado, e que algumas pessoas desse país, não pode

desrespeitar a terra da União, porque eu digo terra da União, porque todas terras

dos povos indígenas são terras da União. Então, precisamos manter esse respeito,

e é esse momento, Ministro, que contamos com a sua colaboração, levando a

nossa reivindicação a Presidente Dilma, para que nós temos apoio, porque se nós

formos esperar atitude desses deputados, que tem esse tipo de atitude, que todas

as melhores terras, as melhores praias desse Brasil, está nas mãos dessas pessoas,

e hoje ainda, o pouco que fica, continua querendo tirar. Então, Ministro, eu lhe

peço, em nome de todos os povos que estão aqui representados, aqueles que estão

ainda lá, sem contato, precisa ter uma posição de governo, porque se deixar essas

pessoas não respeitar os direitos dos povos indígenas, não estão respeitando

governo, não estão respeitando União. Eu acho que é o momento do governo

brasileiro ter pulso firme, demarcar essas terras mostrando que nesse país, ainda

tem ordem. Obrigado.

Maria Augusta– Obrigado Brasílio. Sandro Tuxá.

Sandro Tuxá – Bem, boa tarde a todos e todas. Sandro Tuxá, pelo leste e

nordeste, e a nossa organização, APOIME. Bem, Ministro, mais uma vez nos

encontramos, debruçados sobre a pauta principal, que é a questão da nossa mãe

terra, e nós, profundamente, podemos externar e agradecer pela ação do senhor,

desenvolvida para buscar os entendimentos. Mas isso nos entristece por demais,

porque nós estamos há dois dias, três dias, enfrentando obstáculo, diante do

cenário que tivemos, com mais de 2 mil índios, ou 1.600 índios na Conferência,

Page 25: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que pautou a CNPI, que brigou com a CNPI, que brigou com a mesa de

negociação para que nós não pudéssemos, em hipótese alguma, discutir a portaria

que o Ministro nos trouxe. Nós, ao debruçamos sobre ela, viemos com

entendimento de trabalhar metodologia, de chegar às comunidades, de fazer essa

pesquisa, para mostrar que não estamos fechados às possibilidades e ao diálogo, e

a resposta que o Congresso nos traz, através da bancada ruralista, é totalmente

contrária. Então, fica claro, por a mais b, que os índios não estão fechado ao

diálogo, e sim, o Congresso Nacional, e sim a bancada ruralista, e aí, eu concordo

com o Brasílio, quando ele diz que se faz necessário uma ação enérgica, pro parte

do governo, para defender os direitos dos povos indígenas. Até quando o

Congresso pode legislar contra a Constituição, sem nenhuma ação contrária a esse

poderio do Congresso Nacional? Até quando o governo pode se pauta, diante de

uma ação do Congresso Nacional? Aí, eu quero voltar aqui atrás, porque nós

precisamos independente de todos esses embates, das respostas dos Ministros,

sobre as pautas que pactuamos, anteriormente, das ações que demandamos na

reunião anterior da CNPI. Nós queremos dizer uma coisa Ministro, acho que se

faz necessário, uma ação de equilíbrio por parte do governo, eu estava

conversando com a nossa bancada indígena, agora a pouco, e eu disse: “Meu

Deus, sequer nós temos uma presidenta, com cargo como titular.” Nossa

presidenta está aí, há seis, cinco, seis meses, como substituta, nos parecendo que

o governo não sabe a quem recorrer, ou se quer colocar uma pessoa dele e não

tem coragem de segurar a própria presidenta. As demandas que nós apresentamos,

nenhuma apareceu como contra ponto, e agora é necessário, nós estávamos

falando na sua ausência, estamos falando na sua presença, é necessário um

posicionamento por parte do senhor, e por parte do nosso governo. É isso que eu

queria contribuir.

Maria Augusta– Obrigado Sandro. Wilton.

Wilton – Boa tarde a todos os parentes, saudações ao seu Ministro, a

presidente da Funai, os demais que acompanham a mesa, todos os não indígenas,

que não são membros da CNPI que estão presente. Senhor Ministro, acho que o

senhor deve se recordar de mim, eu, no sai três de outubro do corrente ano, eu

usando da máxima boa fé, que um líder indígena tem, gentilmente, lhe presenteei

com uma caneta, simples, uma caneta Bic, mas que era uma caneta que estava

tomada de esperança. Naquele momento, naquele ato, eu imaginava que, de fato,

pudesse alcançar o momento, que o senhor pudesse fazer uso daquela simples

caneta para nos beneficiar, nós povos indígenas, no sentido de assinar aquele

pacote de terras indígenas, que foi pré-anunciado, no primeiro semestre, que o

senhor reafirmou, aqui, o compromisso de que alguns dias após, que estaria dando

andamento a assinatura dessas portarias. Lamentavelmente, até agora, nada

aconteceu, e o senhor nos dá essa informação, é triste, porque pelo que está posto,

diante de nossos olhos aqui, é que a caneta será utilizada sim, em algum

Page 26: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

momento, mas será contra nós povos indígenas no Brasil. Não sei se será o

senhor, que será obrigado a usá-la contra nós, mas certamente, se não for o

senhor, será outro que estará ocupando o seu lugar, que será forçado pelos

ruralistas, os inimigos dos povos indígenas no Brasil, assinar a erradicação dos

direitos dos povos indígenas a seus territórios tradicionais. Isso é lamentável, é

doloroso, mas não deve nos servir de consolo, a gente não deve se conformar, por

várias vezes, provocamos vossa excelência: “Senhor Ministro o governo, de fato,

tem compromisso com as terras indígenas no Brasil?” E o senhor por mais de

uma vez, repetiu: “Temos.” Eu cheguei até ao ponto de perguntar: “Senhor

Ministro, quantos por cento da sua fala é fala pessoal, e quantos por cento de sua

fala representa uma posição do governo?” Você disse: “A minha fala inteira é

uma posição do governo.” E reforçado pelo Ministro Gilberto de Carvalho, que

estava presente no momento também, e agora simplesmente, o senhor chega para

nós, depois de passar mais de 60 dias e diz: “Tentei convencê-los, mas não foi

possível.” Eu acredito que se, de fato, essa composição de governo tem

compromisso com os territórios dos povos indígenas do Brasil, a situação não

deve ser tratada de tal forma, simples assim, eles não quiseram me ouvir, não, aí,

agora se faz necessário o governo adotar uma postura mais concreta, mais firme,

que possa parecer para nós, compromisso; que até então, o que nós percebemos é

que, lamentavelmente, a questão fundiária nesse país, quem tem pautado são os

ruralistas, e o nosso governo está de joelhos, simplesmente, por conta do pleito

político, é preciso continuar, e é preciso fazer as composições, em prol das

composições, nós temos que engolir sapo. Só que as terras indígenas desse país,

não é sapo para ninguém estar engolindo, são um direito constitucional que nós

temos, a gente precisa ser respeitado, é uma imoralidade, uma composição de

governo, que passou três décadas pregando igualdade de direito, pregando

respeito a valores agora, simplesmente, diante de um pleito político tem que se

curvar diante dos interesses do grande capital, isso é vergonhoso. Eu gostaria que

o senhor, sensibilizasse, e usasse dos poderes que tem, enquanto Ministro de

estado desse país, que dialogue com a chefe maior desse país, a presidente Dilma,

porque se o governo não adotar uma postura mais concreta, muito sangue será

derramado, ainda mais, porque muito sangue tem se derramado. Muitos povos

indígenas tem vestido uma camisa de coragem, tem se encorajado e tem feito a

luta, com a força dos próprios punhos, com a força de Tupã. E, aí seremos

obrigados a recorrer às forças poderosas, encantada, pedir a Deus força, coragem

para a gente poder fazer aquilo que o estado não tem coragem de fazer, que é

fazer a demarcação do nosso território, e com isso, assegurar o respeito aos

territórios dos povos indígenas do Brasil. Muito obrigado.

Maria Augusta– Obrigado Wilton. Pessoal tem duas pessoas inscritas, o

Ministro está sugerindo aqui, que após essas duas inscrições ele comece já a

responder, depois a gente reabra as inscrições para as falas. O próximo inscrito é

Page 27: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

o Cacique Babau e como ele não é representante na CNPI, eu consulto a plenária,

se há acordo em a gente abrir a palavra para ele? Ok, Babau com a palavra.

Babau (Cacique Tupinambá) – Boa tarde a todos. Senhor Ministro, eu

conheço o senhor por televisão, eu acho que o senhor não me conhece, mas já

ouviu falar de mim, eu sou alguém que ninguém deve temer, ou deve gostar, ou

deve odiar, não precisa, sou apenas mais um Tupinambá, que resiste a 500 anos.

O senhor está perante uma nação, o senhor não está perante só de uma pessoa, o

senhor está perante uma nação que há 500 anos recebe, da mão do governo, só

canetada de distinção, só canetada de assassinato. Desculpe por atrapalhar vocês,

porque eu vou falar o que eu estou com vontade, pois quando esses invasores

chegou na terra nossa, a primeira canetada que essa tal Coroa Portuguesa deu, foi

dizer que Tupinambá era inimigo deles, da Coroa Portuguesa, e decretou a

extinção dos Tupinambá, que todos deveriam matar Tupinambá, eles não

conseguiram. Depois distribuíram Capitanias Hereditárias e aos donatários

determinou que para cada um que iria receber terras nas capitanias deveria matar

o máximo de Tupinambás que eles encontrassem, mas o senhor sabe por que eles

ordenavam isso? Porque nós somos a própria existência, a existência de vocês

depende da minha existência, mas às vezes, as pessoas quer morrer e quer destruir

o outro, porque ele se envergonha de olhar na cara e ver que ele não consegue ser

igual aquele. Ele não consegue ter a liberdade, ter a coragem de encarar qualquer

um, para ser real, ser a si próprio, prefere dormir amargurado, se tem uns

pesadelos no sonho, cedendo ao que o outro quer, de que fazer aquilo que dá paz

no coração, aquilo que eleva com a vida próspera após essa, porque essa aqui é só

uma provação de sofrimento. Nós Tupinambás, nós não tememos a morte, e

jamais vamos temer, pois nós sempre dissemos somos só 20% de nós que é

matéria, 80% espírito, e nós somos espírito de guerra, nós estamos para proteger

quem precisa ser protegido. Então, Ministro, o que está acontecendo com os

povos indígenas no Brasil, desculpa eu Tupinambá não consigo falar só de mim,

porque nós representamos as nações, eu quero ver qual é a tribo que está aqui,

quando puxa um ritual nosso, se Tupinambá não chega, chega ou não chega? Para

ordenar e direcionar o poder da guerra, nós é a própria existência, e isso, nesses

500 anos, de branco lidando com nós, não conseguiu descobrir de nós, povos

indígenas, nenhum décimo do que somos nós, nós somos o que o homem não

pode compreender, nós somos a incompreensão do mundo, e a incompreensão

está na cara de todo mundo aí, agora. A questão aqui Ministro, não é briga de

terra não, a questão que está em disputa naquele Congresso Nacional que o

senhor está falando aí, é a nossa existência, se vai deixar nós povo indígena

continuar vivo, ou se vai matar a todos nós. Passaram 500 anos tentando nos

escravizar, e nós não aceitamos a escravidão, nós não admitimos, e Tupinambá

retornou para gritar que não vai deixar povos indígenas virar escravo de ninguém,

e nós não tem medo de nada e nem de ninguém, quando alguém achar que

destruiu nossos corpos, vocês vão ver, vocês vão apreciar o que acontece com

Page 28: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

esse mundo. Nós conseguimos controlar o mar, consegue controlar o ar, e

consegue controlar a fúria da terra, veja quantas vezes os portugueses relataram

em seus relatórios que nós Tupinambá fazia um ritual nas praias, fazia navios

deles afundar ou se perder, não acha que eles estavam mentindo não. O que estão

fazendo com nós, Ministro, na desumanidade da ambição do dinheiro, está

levando a um conflito sem tamanho nesse país, o senhor é Ministro, peço que

pegue seus antropólogos e mande fazer o relato Tupinambá, comece pelo

massacre lá de Olivença, de 1565, nós morremos, mas nós não nos rendemos, nós

destruímos os engenho de açúcar, nós acabamos com tudo, mas não se

escravizamos, não saímos do território. Nós passamos esses anos todos, vou pular

além, o Ministério da Guerra, em 1910, demarcou a terra, Tupinambá e Pataxó,

50 léguas em quadro, 50 léguas, aceitaram Pataxós, mas Tupinambá, não. O

senhor pega lá seus relatórios do seu ministério, para ver lá, acusaram nós de ser

comunista e mandaram nos matar, aquele Presidente, que aqui estava Getúlio

Vargas, considerou que nós éramos comunistas, e mandou dizimar aldeia

Tupinambá de Serra do Padeiro, nos caçaram peguem qualquer documento está

lá. Os Tupinambás que é da mata estão botando fogo em tudo que é de fazenda,

está tirando todo mundo, Ministro, é porque ninguém quis apurar, nesse período

que levaram nosso chefe para ser julgado e condenado e assassinado no Rio de

janeiro, como comunista, Ministro. Esse governo brasileiro jogou uma espécie de

uma doença nas nossas terras Tupinambá, que até hoje nunca ficou explicado, que

na Região inteira, morreu umas 65 mil pessoas, Ministro, está publicado nos

jornais da época, 65 mil mortos, e nós estamos vivo, nós sobrevivemos, não é

essas leizinha aí, que vai acabar. Então, não estou reclamando por causa de lei,

não vim aqui para pedi para o senhor assinar a portaria Tupinambá não, assina se

o senhor quiser se não quiser cancela, agora vai ter matar todos nós, dentro da

nossa terra. A terra é de Tupinambá, e Tupinambá não arreda o pé dela, e peço ao

senhor o seguinte: retirem da terra Tupinambá, aqueles trecos lá, daquela Polícia,

Base Militar, eu não quero aquelas bases lá, eles queriam botar três bases militar

em Serra do Padeiro, bota em um dia, nós declara guerra a eles no outro. Getúlio

Vargas tentou 12 anos, Base Militar nas nossas aldeias, foram 12 anos de

massacre, de morte e não admitimos, e não é agora que nós vamos admitir Base

Militar lá dentro, que toda vez que mataram um Tupinambá foi o governo que

matou, foi a polícia, pode tirar todos de lá, não tenha medo não, já tomou nosso

território, deixe um fazendeiro encarar lá nós, mas tira essa polícia de lá, de

dentro de nós. E outra coisa, Ministro, Adriano, o que está fazendo, desculpe o

senhor, o senhor falou aqui sobre a autonomia Funai, não é isso que Tupinambá

enxerga, não é isso, não é isso que Tupinambá enxerga, o que Tupinambá está

enxergando é uma ingerência do Ministério da Justiça, sobre a liberdade da Funai;

É um órgão parceiro o Ministério da Justiça, não para o Ministério da Justiça,

sufocar e tirar todos os poderes, que eles não têm poder nem de falar com o

Policial Militar, que ameaça e faz calar a boca. Nós precisamos de uma Funai,

forte que nos representa, é um órgão de nós povos indígenas, o Ministério da

Page 29: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Justiça tem uma questão mais ampla, mais toda, agora a Funai não, deve ser

reforçada nas demarcações de terra, tem que estar com habilidades, com poderes,

e for possível, aqueles funcionários, o senhor tem que dar autonomia de polícia,

para que possa defender vida daqueles povos que não consegue se defender na

integridade, sem isso, o senhor está vendo aí, os leilões, que o governo não

consegue parar um leilão, que diz que é para matar povos indígenas, imagine os

outros, enfraquecendo o órgão da Funai como está. É só ligar para o Ministro, o

Ministro pega e diz: “Tira o estudo de tal terra, suspende a equipe de tal terra.”

Isso não contribui para vida, isso contribui para a morte, e quanto mais está

destruída a Funai, que é um órgão que foi criado, pensado, porque nós somos

brasileiros, mas nós somos nações indígenas, com língua e crenças diferentes, um

órgão precisa ser forte, num momento que se esfacela, no momento que é

destruído. Esses outros que estão aí Ministro, eu entendo, porque eles são

gananciosos, eles querem tudo, questiona que nós tem muita terra, que a Funai

está demarcando muita terra, que a Funai está fazendo isso o aquilo, mas o senhor

sabe quando é bastante terra, não sai de 40 anos aqui no Brasil. O senhor sabe

quantas pessoas da gente tem que morrer, do outro lado morre ninguém não

Ministro, só morre dento dos povos indígenas, e aí, o que acontece? O Órgão cada

vez mais enfraquecido, não consegue proteger nem a eles mesmos, não consegue

se defender, quando um fazendeiro acusa que estão demarcando terra para muito

índio, não tem poder nem de chegar e retrucar dizendo quando tem o Quartieiro

com 50 mil hectares de terra um homem só, fica um Tupinambá com 47 mil,

quase 10 mil índio é muita terra; Espera ainda, onde está essa contradição aí,

como é que um homem só tem 50 mil não é considerado muita terra, e mais de

10, quase 10 mil índio para ter 47 mil hectares é muita terra? Para o Ministro

suspender qualquer coisa dos Tupinambás ele tem que devolver as 50 léguas em

quadro dos Tupinambás, que vai abarcar, não só, Tupinambá, mas quase 70 etnias

que tem naquele território, por isso que usou o nome dos dois povos, para

proteger todos os demais povos que ali viva pelo sul da Bahia. Então, Ministro,

quero que o senhor reflita, estou falando para o senhor, porque o senhor está

representando diretamente a Presidente da República, não tenha medo de tomar as

decisões certas, que as outras coisas vão para o lugar, mas toda vez que vocês

tenta negociar com bandido, com aquele que sempre tirou a vida nossa, aí,

complica a de vocês também, cada dia mais, cada hora mais. Espero que o senhor

não fique indignado, com raiva da minha pessoa, por esse desabafo, mas esse é

Tupinambá falando. Muito obrigado.

Maria Augusta– Próximo, o Marquinhos Xuxurú. Obrigada Babau.

Marcos Xucurú – Marcos Xucurú, região nordeste e leste, representando

a APOIME. Bom, eu gostaria de me ater à fala que o Ministro fez em relação ao

que ele foi fazer no Congresso Nacional, e me remete a refletir e a pensar diante

do que a própria CNPI tem encaminhado, tem pautado aqui nesta Comissão.

Page 30: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Relembrando o que nós discutimos, nas últimas reuniões e que pautávamos,

justamente, nessa mesa de diálogo, que se constitui no âmbito da CNPI, e pautada

pela Presidência da República, que nós, como ponto principal, tratamos da

questão terra, por entendermos que através daí, e tudo aquilo que o Cacique

Babau coloca, onde está a nossa força, a nossa mística, a nossa religiosidade, e a

partir daí que a gente constrói todas as outras coisas. Esperávamos que nessa

reunião senhor Ministro e como nós conversávamos com o próprio Ministro da

Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, na última reunião, que hoje a

gente estava na esperança tivéssemos aqui várias portarias declaratórias, que está

no amplo do seu Ministério, a assinatura de algumas homologações de algumas

terras indígenas, e também, por parte da Funai, a liberação dos relatórios de tantas

terras, que precisa ser destravada no âmbito do governo. Como a gente falava, lá

atrás, e falava isso para o senhor, que essa Comissão, desde o momento que nós

começamos um processo de discussão do governo, nós não tivemos o prazer,

nesse governo ou no governo passado, de avançarmos nessa pauta, não

conseguimos avançar. Então, meio que para a gente, fica uma situação

complicada, porque há uma demanda do movimento dos povos indígenas, da qual

nós representamos aqui, e que temos e que temos pautado, mas não temos tido

essa sinalização por parte do governo. O que a gente vê, aí, eu acho que o senhor

está no seu direito, em relação, de promover essas mesas de diálogo, essas mesas

de conversa, mas, no meu ponto de vista, não tem avançado, até pelo fato que

ocorreu no Ceará, quando nós, naquela ocasião da penúltima reunião no

Ministério da Justiça, que o senhor pediu para suspender o relatório, a portaria da

terra indígena, Tapeba que precisava conversar com o governador. Isso foi feito, a

conversa, posteriormente, aconteceu, mas conversando com o Dourado, que está

aqui que a voz liderança é a Rosa, que é daquela região, a informação é que o

Governador entrou com uma ação, entrou com contestação contra o processo.

Significa que essa mesa, ela não está surtindo efeito, e muito pelo contrário, está

tardando cada vez mais, o processo de demarcação das terras indígenas. Então,

nós precisamos destravar isso, eu acho que depende do comando maior, que é do

senhor, eu acho que fortalecer a Funai, nesse aspecto, é importantíssimo, diante

do que foi colocado aqui que, inclusive, a bancada ruralista, contrariamente, a

proposta de portaria, isso faz com que nós, inclusive, aqui da CNPI, não

discutamos mais sobre isso. E foi colocado, inclusive, pelo movimento, na quinta

feira passada, que foi contrariamente a essa proposta de portaria, a gente enxerga,

e temos enxergado que há um esvaziamento nesse aspecto, de que a Funai se

enfraquece cada vez mais. Então, é preciso que a Funai, ela seja fortalecida, eu

acho que a gente precisa, nesse sentido, ir para o contra ataque, e o contra ataque

significa, o governo brasileiro soltar as declarações que tem, demarcar as terras

que estão aí, sabe, por que nós temos que ir para esse enfrentamento, porque eu

acho que não dá mais, nós, enquanto movimento indígena, liderança indígena,

está dialogando ou dialogar dessa forma, onde nós só temos perdido, onde nós só

temos recuado. Então, eu acho que já passou essa fase, e não dá para a gente

Page 31: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

mais, ter essa flexibilidade, diante do cenário político que se instala, hoje, no

nosso país; Temos um Congresso anti-indígena, e não dá para que nós pactuemos

com essa situação, com essa proposta que foi colocada, de se fazer uma

Comissão, um pacto, entre a bancada ruralista, não sei se é com o governo, eles

propuseram. Mas é de algum modo, eles tentam de alguma forma, vindo dessa

forma, porque, na verdade, o que interessa a eles é mexer na Constituição, é

avançar com a PEC 215, e o PLP 227, precisamos, evidentemente, se posicionar

em relação a isso, mais firmemente, como já foi colocado pelas outras lideranças.

José Eduardo Cardozo – Veja eu quero falar vários pontos aqui. Mas eu,

evidente que os movimentos, eles sabem, melhor do que ninguém, a maneira pela

qual lutam e, melhor do que ninguém, as táticas que devem desenvolver. Mas tem

um exemplo muito atual, que não pode nos passar despercebido, e que eu acho

que foi, uma verdadeira, lição para todos nós, em relação a como lidar com as

causas justas, em processos de disputa muitos fortes. Grandes causas foram

perdidas, porque não se soube analisar, exatamente, os passos que devem ser

dados em cada momento, não é fácil para o movimento e nem para alguém da

política saber, que passo dar em cada hora. Você tem que fazer um exame,

permanente, da correlação de forças, e saber quando avança, saber quando recua,

saber quando ataca por um lado, saber quando você faz tática de guerrilha, ou

quando você faz enfrentamento em campo aberto. Como eu disse muitas grandes

causas, na maioria foram perdidas por erros de avaliação, porque saber a hora de

fazer cada coisa é um grande desafio, saber que a coragem, ela é muito

importante, mas que ela não deve substituir nunca a razão, que é outro fator muito

importante, para você ganhar uma disputa. O maior exemplo disso, a meu ver,

morreu agora, chama-se Mandela, Mandela ficou 27 anos preso, saiu com a

mesma ideia e com a mesma causa, e saiu vitorioso, ele soube recuar, soube

avançar, soube dialogar, sempre medindo a correlação de forças, e sabendo

liderar, claro, eu quero dar esse exemplo, para fazer uma análise daquilo que foi

dito. O Congresso Nacional, formalmente e substantivamente, é um poder distinto

do Executivo, como o Judiciário também é. O governo tem uma base de apoio no

Congresso? Tem, tem uma base de apoio, mas muitas vezes o governo é

derrotado, e derrotado de forma dura no Congresso Nacional, nós tivemos

exemplos recentes disso, foram várias situações, pode olhar imprensa, que o

governo foi derrotado por setores expressivos da bancada governista, ou seja, não

existe e nem pode existir, em uma democracia, uma relação de subordinação entre

eleitos. Presidente da República é eleita, parlamentares e senadores também são,

independente da crítica que nós façamos ao nosso sistema político, essa é a

realidade. Frequentemente, o governo dá ordens a sua base, do ponto de vista de

orientar votações, e perde, temos, por exemplo, o orçamento impositivo que

passou agora, o governo tinha posição contrária, entrou num processo de diálogo

para conseguir uma situação, minimamente, aceitável, porque perdeu no

Congresso Nacional e perderia ainda mais, se não tivesse uma avaliação da

Page 32: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

conjuntura. Então, quando se diz que o governo tem que ter uma posição firme,

na questão indígena, tem tomado como tomou no orçamento impositivo, como

tomou em outros momentos, em que ganhou e outros em que perdeu. O

importante é você saber como você lida com as realidades, quando estão postas,

analisando em cada momento, em cada situação. No orçamento impositivo ficou

claro que o governo ia perder, perdeu, ele era contra o orçamento impositivo, que

é poder que o parlamentar ia dizer onde vai colocar o dinheiro, e o Executivo não

pode dizer não, claro que isso passou, ok. Mas, o governo tem o poder de vetar o

projeto de lei, mas o veto pode ser interrompido pelo Congresso Nacional, e

quando é PEC, o governo não tem nem poder de veto, porque 3/5 do Congresso

Nacional pode aprovar a PEC. A situação, hoje, no Congresso Nacional, por

erros, ou por acertos, ou por ideologia, não importa, ela não é favorável a nós, não

é favorável a questão indígena, estou me associando aqui, porque eu estou

associado a isso, porque ela não é favorável? Porque é um erro de avaliação

imaginar, que são só setores ruralistas que, hoje, querem aceita certas medidas,

não é verdade. Partidos Progressistas, e que não são inimigos da causa indígenas,

também, estão se juntando a esse bloco, especialmente, por causa da questão dos

pequenos agricultores, por causa de assentados e por causa de agricultores

familiares, e que há um confronto aberto, especialmente, na região sul do país,

com situações de demarcações e que se sentem injustiçados. Então, parlamentares

que, historicamente, defenderam a causa indígena, hoje, estão em outra posição,

vamos ter clareza disto, nós queremos, podemos até dizer que são apenas os

ruralistas, não é verdade; Porque eu digo isto? Porque nós temos que entender a

correlação de forças, para saber quando q você lida com uma situação, quando

você lida com outra, querer carimbar todos que hoje, pode até estar defendendo a

PEC 215 como ruralista, não é correto; Por que eu digo isto? Porque esta questão

também, se projeta no Poder Judiciário, nós tivemos uma importante derrota,

recentemente, no Judiciário, importante derrota que foi a Kayabi, em que o

governo demarcou, na nossa avaliação era uma situação tranquila, do ponto de

vista formal. Houve uma suspensão de liminar, com base na jurisprudência, da

Raposa Serra do Sol, dizendo, se não me falha a memória, me corrijam porque eu

não li, me informaram, que havia, não estava provado o esbulho anterior a CF 88.

Porque é o seguinte, a Raposa Serra do Sol, embora não tenha sido dito que é

norma, ela tem uma jurisprudência, uma decisão que pode servir para casos

futuros, lá se disse que o marco da ocupação é 88, e quem poderia, não seja 88,

desde que ficasse caracterizado o esbulho possessório anterior. O que o Ministro

Fux disse na liminar, eu não li, peço desculpas se tiver errado, é que não estava no

nosso processo caracterizado o esbulho, devidamente, de 88, e por isso foi

suspenso. Ora, situações dessa natureza podem implicar em muitas suspensões,

nós não tivemos a análise, e a percepção só que acontece, se nós não tivermos a

percepção que depois da Raposa Serra do Sol que nós temos que instruir os

nossos processos de maneira diferente, e casos dessa natureza pode demorar anos

para serem decididos no Supremo Tribunal Federal. Há muitos casos, em que

Page 33: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

liminar foram dadas, e que anos se passam, sem que vá para o plenário, esse é o

pior dos mundos, porque se eu tenho um processo judicial suspenso, isso pode

passar anos sem que eu possa fazer nada, sem que vocês possam fazer nada, sem

que ninguém possa fazer nada. Então, não basta a gente dizer vamos para o

enfrentamento, etc. Nós estamos dentro de uma realidade que nós temos que

entender o que está acontecendo, para encontrara tática para ganhar, e não a

coragem para perder, a coragem é sempre importante, mas ela tem que estar

associada a uma análise do que nós devemos fazer. Claro, o governo vai se

empenhar muito, mas muito mesmo, para que não seja aprovada a PEC 215, vai

se empenhar muito, para que não passe aquela versão do projeto de lei 227. Agora

eu não tenho poder de evitar isso, ou de evitar outros retrocessos na legislação

indígena, se eventualmente nós não tivermos a tática certa, vou falar francamente

a vocês, não há governo que consiga isso. O próprio governo norte-americano,

que é o governo mais poderoso, recentemente, teve um dissabor terrível com o

Congresso Nacional deles, então, nós temos que fazer uma análise política

adequada, e acho que a nossa estratégia, ela não pode ser só a da coragem, tem

que ser da racionalidade, e da análise precisa em relação a como fazer. Quando

nós propusemos a portaria, e ainda vou e quero discutir a portaria, tanto com

vocês como com o Congresso Nacional, ela parte de uma lógica, que eu peço que

vocês lembrem, quando no passado se resolveu estabelecer o direito de defesa dos

processos de demarcação, uma proposta de decreto, segundo me contam, houve

uma grande reação contra o decreto, hoje, as pessoas que defendem a causa

indígena dizem: “Não mexa no decreto.” Eu posso dizer a vocês que este decreto

salvou as demarcações feitas no período, porque se não tivesse dado direito de

defesa, como o decreto prevê, todos os processos seriam anulados, com base na

Constituição de 88. Por isso, hoje, nós defendemos esse decreto, mas não época

não se tinha essa percepção, na época isso era visto como uma concessão

indevida aos setores conservadores, quando, na verdade, isto surge, pode até ter

sido uma ação de conservadores que queriam isso, mas surge como uma

necessária adaptação a Constituição de 88, na legislação. O que eu estou dizendo

é, primeiro, ou nós melhoramos o processo de demarcação, ou nós tomamos

alguns cuidados formais, ou nós trazemos, para dentro do processo, informações

que podem ser utilizadas depois em ações judiciais, ou nós vamos amargar outras

liminares, considerando, inclusive, a orientação jurisprudencial da Raposa Serra

do Sol. Vou dar um exemplo para vocês, quando nós estávamos em Santa

Catarina ontem, discutindo Morro dos Cavalos, o governo estadual anunciou que

vai entrar com uma ação contra a declaração, contra a portaria, e falou vários

argumentos, todos formais, um deles, inclusive, que diz que a pessoa que

requereu a demarcação é quem fez o laudo. Que a antropóloga que fez o laudo é

quem teria requerido a demarcação, o que afastaria a isenção do laudo, eu não sei

se isso é verdade, mas você percebe como é pequena sutilizas formais, podem

ensejar ações liminares, aquilo que nós fazemos, muitas vezes, com boa fé, pode

ser utilizado, então, nós temos que ter muito rigor formal. Quando você fala em

Page 34: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

situações de conflito, ou você tem o rigor formal, ou você pode ter atraso de anos

em um processo de demarcação, essa portaria tem que objetivo? 1º) Colocar no

papel ceras situações que já ocorre, para formalizá-las; 2º)O objetivo de trazer

informações no processo de demarcação, com o objetivo de instruí-lo melhor, não

de atrapalhar, de instrui-lo melhor, porque hoje, com a lei de acesso com

informações, você pode obter as informações desse órgão e utilizar fora do

processo de demarcação, onde não tendo a informações não houve a resposta

adequada, nem o tratamento adequado. Dou um exemplo, o tal dos laudos da

EMBRAPA, que não são nem um pouco antropológicos, mas se nós não

trouxermos, principalmente, nessa questão da prova do esbulho, não houver isso,

alguém pode pegar esse laudo, pela lei de acesso a informação, e entrar com uma

ação na justiça, eu prefiro tratar ele no processo de demarcação, quero te falar

francamente, posso estar errado, então, vou discutir essa portaria, etc. Ela não foi

feita, essa portaria, com o objetivo de prejudicar, é o contrário, foi no processo de

avançar. E o 3º ponto dessa portaria é a mediação. A mediação hoje, é uma

preocupação em todos os processos judiciais, todos, é preferível a mediação do

que a ação judicial, nós queremos introduzir a mediação nesta portaria. Foi com

base nestes pilares, melhorar a instrução, ter melhor formalização e garantir a

mediação, em todas as fases nós fizemos essa portaria, se é o melhor texto, se não

é o melhor texto, isso nós estamos aberto para discutir. O que eu acho é que não

dá para ficar, as coisas como estão, porque nós vamos começar, especialmente,

depois, da reafirmação da Raposa Serra do Sol e de situações de formalização,

que nós estamos vendo, que tem problemas, se nós fecharmos os olhos a isso, nós

vamos ter, grandes, derrotas judiciais, posso estar enganado, mas eu acho que é

preferível, prevenir do que remediar. Quero observar que o governo tem sido

firme em algumas questões, hoje mesmo, eu fui muito pressionado nessa reunião,

para que nós parássemos a desintrusão[leia-se extrusão] dos Awá, eu disse que

nós não vamos parar, pois que isso já venceu todas as decisões judiciais, e que

quanto a isso não há colocação. Falava-se que 7 mil pessoas seriam retiradas,

falei: “Isso não é meu dado, se tiver situação de realocação, que nós tivermos

que fazer com pessoas carentes, faremos.” Mencionou-se na reunião que o Juiz,

que as Forças Armadas estavam lá, falei: “As Forças Armadas estão lá, porque

essa decisão judicial.” E aí eles ficaram: “Ah, o senhor que cumprir decisão

judicial do Awá, porque que não cumpre das reintegrações de posso do Mato

Grosso do Sul, Porque que vocês são imparciais?” Claro, então há um conjunto

complexo de situações que nós temos que entender, e saber como é que nós

vamos lidar com essas situações no período. Então, em síntese, a portaria, ela foi

feita, não para resolver problema nenhum, mas para evitar problemas, que nós

queremos, introduzir o mecanismo da mediação, ela não tira o protagonismo da

Funai, ela deixa a representação indígena em uma situação privilegiada no

processo, tanto que ela faz diferença em quem acompanha e quem participa, é

uma expressão que está lá colocada, que mostra, claramente, a diferenciação das

coisas. Ela permite a mediação em qualquer fase do procedimento, ela permite

Page 35: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

solução de vícios formais, a partir de outras informações que são colocadas, esta

foi a orientação que presidiu esta portaria, eu acho ela necessária, não sei se

nesses termos, não discuti. Eu quero ouvir todo mundo, inclusive, contribuição do

Ministério Público, contribuições do Conselho Nacional de Justiça, contribuição

dos indígenas, contribuição dos proprietários de todos, mas esse era o objetivo,

dar segurança formal em situações futuras, evitar que situações como essa, se é

que são verdadeiras, como por exemplo, a que foi falada ontem em Santa

Catarina, de quem pediu a abertura do procedimento e quem fez o laudo possam

inviabilizar situações futuras por décadas, quanto menos penas nós tivermos,

menos eles podem se apegar para atacar o processo, quanto mais consistente

foram os nosso laudos menos dissabores nós teremos, porque basta uma situação

para que os outro tentem generalizar: “Está vendo, olha aí, o laudo era incorreto,

o laudo foi errado, a Funai é parcial, etc.” Então, essa é a cautela que nós

queremos fazer, e é por isso que estamos fazendo a portaria e queremos muito

discutir com vocês, discuto até pessoalmente, para poder entender as razões de

eventuais críticas, mas a orientação é esta, segurança jurídica, colocar no papel o

que já se faz, evitar irregularidades formais, e fazer a mediação para evitar o mais

possíveis conflitos. Sandro, o que o governo pode fazer Sandro? O que nós

podemos fazer para evitar essa provação, nós vamos fazer, mas nós vamos ter que

ter clareza e cabeça para entender como se faz as coisas, também, não vamos

jogar a opinião pública contra o movimento indígena, tem que ter clareza disso. O

grande aliado que a questão indígena tem hoje, é a opinião pública, não podemos

perder isso, eu falava isso na Bahia, naquele dia que estava tendo aquela

ocupação de estrada, população local ensandecida com a ocupação da estrada, e

nós dissemos: “Gente, nós não podemos perder essa relação com a população.”

Porque a questão indígena é bem vista pela sociedade, se você inverte o processo,

aí nós estamos linchados, claro. Então, as táticas tem que ter, a meu ver, para

avançar essa questão, te que ter muita clareza de como se faz isso, Awá eu

informei hoje, Kayabi tomamos o reverso, Marawatsedé, nós enfrentamos

também, e conseguimos, enfrentamos e conseguimos. Agora, quando você tem

situações de iminente litígio, como essa que foi colocada no Morro dos Cavalos,

em que eu estou convencido de que não há nenhuma discussão antropológica

sobre a tradicionalidade da terra, ninguém me falou isso, falam lá, mas não foi

argumento, etc. Mas eu tenho vistos formais e o governo de Santa Catarina vai

entrar com uma ação alegando que quem pede é a antropóloga que faz que é uma

parcialidade do processo, isso pode dar fragilidade sim, nós temos que sanear

situações dessa natureza, quer dizer, já no longo dos processos demarcação. E, aí,

algumas coisas que eu não entendi, o Babau fez uma afirmação que eu me perdi

completamente, tem sido constante entre os indígenas pedirem a presença da

Força Nacional, para proteger os índios e em Mato Grosso do Sul, eu estive agora

os Terenas, que estiveram comigo há uma semana, 10 dias, dizendo: “Olha, os

fazendeiros estão vindo para cima, pelo Amor de Deus deixa a Força Nacional

aqui, não tira.” Porque eu tenho pouco contingente da Força Nacional, eu tirei

Page 36: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

esse contingente também, para mandar para a Bahia, de Mato Grosso, então, faça

isso me reuni com a Polícia Federal, me reuni com a Força Nacional de

Segurança Pública para reforçar com os Terenas, que era uma situação difícil,

retornei para o pessoal lá, parece que ainda não está bom o negócio, por quê?

Porque a Força Nacional ela faz a mediação, ela evita que matem indígena, evita

a situação, pois bem, isso me foi pedido pelos Terenas. Quando eu estive na

Bahia, na mesa de negociação indígena, me foi pedida que havia uma ofensiva

dos fazendeiros contra os indígenas, me foi falado ali, e ali nós propusemos um

grupo integrado de planejamento, e a SENASP doou para o governo da Bahia,

porque era o seguinte, havia um acordo que nós tínhamos com Mato Grosso do

Sul, em que algumas Bases Policiais Comunitárias seriam colocadas para a

proteção de terra indígenas, regularizadas. O governo do estado do Mato Grosso

do Sul, parece que não quis mais isto, nós não tínhamos como fazer, e o governo

da Bahia, topou colocar estas bases para dar proteção aos indígenas e evitar os

conflitos. Então, se eu entendi o que o Babau está falando, posso estar falando

coisa diferente, mas são essas bases que estão sendo colocadas para a proteção

dos indígenas, com a Força Nacional, não é Exercito, é com a Força Nacional e

com a Polícia Federal, eu até quero entender isso aí. Babau

Cacique Babau – O senhor pode pegar desde o governo Lula, toda vez

que a polícia, na Serra do Padeiro só chega atirando de metralhadora, nós foi

bombardeado, não em retomada, mas na terra que minha família vive e pode

provar a mais de 600 anos. No pé da serra nós fomos bombardeado de 5h da

manhã até 5h da tarde, com tiro de ponto 50, nós provou, todo mundo dizia que

era mentira, nós achou as cápsulas lá da bala e entregamos.

José Eduardo Cardozo – Quando foi isso?

Cacique Babau – Foi em 2008, e sucessivamente, a Polícia lá, a Federal,

por exemplo, levou em 2010, em 2009 torturou de choque elétrico 5 índios de

minha aldeia que arrancou o coro. E foi a CNPI que conseguiu trazer rapidamente

para não sofrer outros danos. Em 2010, a Polícia Federal na fazenda Palmeira

entrou com carro, com Congresso de Direito Médico homens dentro, depois saiu

e deixou junto lá, Congresso de Direito Médico homens armados e que nós

provou que os índios lá conseguiu que eu acho que foi obra dos encantados, que

os encantados deu ordem da gente não tirar nenhuma vida de ninguém. Nós

conseguimos, apesar deles está atirando muito em nós, conseguimos capturar um

por um, tomar as armas e entregar as armas para a Secretaria Pública do Estado

da Bahia, que lá tinha até PF na inscrição das balas sem deflagrar. Nós, agora

mesmo, com a Força Nacional lá, por exemplo, todo aquele quebra-quebra, foi na

cidade não foi lá, na aldeia não.

José Eduardo Cardozo – Foi na cidade, é verdade.

Page 37: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Cacique Babau – É lá, na cidade, por exemplo, é o refeito que, Antônio

Alves, que desviou meio milhão de reais da saúde indígena e agora foi condenado

a devolver o meio milhão de reais para nós, e ele não quer pagar, aí, o que é que

ele fez, os vereadores, porque soube que nós se filiamos ao PT, e ia disputar nas

próximas eleições, a eleição e colocamos na Bahia um deputado indígena para

concorrer um Deputado Estadual; Aí ele se mobilizaram dentro da cidade, mas

contra essas coisas, aí para botar a população contra nós, dizendo tirando esse

dinheiro, vai deixar a cidade sem funcionar, estão impedindo a gente de

recadastrar título, estão impedindo a gente de recadastrar Bolsa Família, estão

impedindo outras coisas. Nós somos povo autônomo, nunca pedimos nada para

ninguém, temos uma sustentabilidade perfeita muito boa, a Funai mesmo sabe, a

gente tem uma sustentabilidade na Serra do Padeiro, quase acima do nível

nacional, nós tira por família, mais 1.200 reais por mês, por família, nós temos

uma sustentabilidade incrível, e eles tem raiva disso. Por isso quebraram o

diretório do PT para não acontecer, porque aceitou filiar índio, são eles que estão

bancando. Aí, o que acontece, com a Força Nacional e Polícia Federal, fizeram

um acordo com o Prefeito, esse Prefeito Jeová Nunes, de São José da Vitória, o

Guima, de Buerarema para pegar e montar, que foi o que vocês informaram lá,

que ia botar a base dentro do Sururu e Vila Brasil. Aí, agora eles estão querendo

fazer a reintegração de bases dentro da aldeia Serra do Padeiro, e colocar as bases

dentro da Serra do Padeiro. Pode perguntar para a Funai, para o grupo aqui.

José Eduardo Cardozo – Foi depois da morte dos três índios?

Cacique Babau – Não, a morte foi lá na praia, na Serra do Padeiro não

aconteceu nada, não tem nada de morte lá, não tem violência não. Porque uma

perseguição em cima de uma aldeia que não tem briga entre indígena, eu estou

dessa idade, nunca vi um índio lá na minha aldeia dar um murro na cara do outro,

por exemplo, uma mulher tomar um tapa do marido, uma criança espancada pelo

pai, a gente encontrar um índio bêbado, na minha aldeia você não conhece isso,

na minha aldeia você não vê, lá não tem drogado.

José Eduardo Cardozo – Babau, eu não estou informado onde vão

colocar, eu posso até checar, aí a gente conversa depois.

Cacique Babau – Mas o senhor sabe que a Força Nacional e a Polícia

Federal, por exemplo, recebeu, entrou na aldeia Tupinambá, em Serra do Padeiro

com cerca de quase 30 homens em um caminhão, soltou dentro da fazenda São

José, eles saquearam a fazenda, essas pessoas, aí um senhor de 90 anos estava lá,

estava passando mal, as outras pessoas estavam na escola, os outros estavam

trabalhando; A gente teve que cercar, prendemos a Polícia federal e a Força

Nacional lá, e chamamos de ladrão enquanto eles não devolvessem o que foi

Page 38: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

usurpado lá, de nós, aí, foi a Funai que foi solta-los. Aí para o senhor vê, eles

entraram, os fazendeiros, os pistoleiros que entrou, o pessoal que entrou, não foi

sozinho não, foi a Força Nacional e a Polícia Federal que levou e depois soltou

dentro de uma retomada da gente, onde não tinha ação nenhuma, e com senhor

idoso e tudo, aconteceu. Então, nós na Serra do Padeiro, sabemos que se alguém

matar alguém de nós lá, com certeza, foi a Polícia.

José Eduardo Cardozo – Mas, isso da Força Nacional, quando foi que

aconteceu?

Cacique Babau – Foi há 15 dias.

José Eduardo Cardozo – Veja, eu vou ver o que está acontecendo, nós

colocamos um pessoal lá, porque havia se falado, porque tinha uma existência e

tal, nós colocamos gente de fora, para comandar, vamos ver o que está

acontecendo. O que eu sei é que foi feito um plano de segurança, para evitar o

conflito na região. É isso. Agora, claro, se o Juiz manda uma ordem x de cumprir

tal coisa, isso tem que ser cumprido, a Polícia não tem essa liberdade, o que eu

posso é ligar, falar, dizer.

Cacique Babau – Não tem ordem, não tem nada disso. Estava indo para

outra aldeia. Para passar por dentro da Serra do Padeiro, e pararam.

José Eduardo Cardozo– Então, eu vou ver o que é que está acontecendo.

Eu não sei o que é isso. Quem a Polícia Federal?

Cacique Babau – A polícia Federal e a Força Nacional, segundo eles

relataram, que os Caciques permitiram uma roça de cacau.

José Eduardo Cardozo – Ah, é isso, eu já sei o que é.

Cacique Babau – O que eu sei o seguinte, quando faz uma retomada, é

porque ele precisa viver, ele tem que mandar e o certo que eles usaram essa

desculpa, passaram por dentro da Serra do Padeiro, para entrar, saquear, eu falei

para eles: “Olha se você está sob o comando de alguém deixar eles entrar,

quebrar cadeado, saquear coisas, então.”

José Eduardo Cardozo – Deixa eu ver se é esse episódio. Eu fu, me

informaram que havia tido um acordo para que colheita de cacau fosse feita por

alguns dos produtores, eu tinham sido objetos de uma retomada, e que isso tinha

sido autorizado, e a Força Nacional foi acompanhá-los, para que eles pudessem

fazer a colheita de cacau. Foi isso?

Page 39: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Cacique Babau – Isso, mas não foi nessa área, essa área deles, eles

tiveram normal, eles entraram na Serra d Padeiro, que é outra aldeia, que jamais,

nós estava tomando o que é nosso, aquilo é nosso, nós não deixa ninguém entrar,

eles entraram com carro e ainda fizeram esse tipo de coisa.

José Eduardo Cardozo – Então, foi lá embaixo que deu a confusão?

Cacique Babau – Deixamos claro, as pessoas, a Polícia tem que ser

isenta, faz acordos com Prefeitos, porque as fazendas é em nome de terceiros,

porque não pode ser registrada no nome deles, porque eles não pode identificar

patrimônio, e eles lá aceitam morar nessas fazendas para cumprir reintegração de

posse, espera a, tem uma contradição senhor Ministro, em alguma coisa.

José Eduardo Cardozo – Eu vou tentar entender o que está acontecendo,

porque ali o que a gente colocou foi gente de fora, para fazer um plano de

segurança, em conjunto, o Governador da Bahia também, não é uma cara, nem o

Secretário, que são inimigos dos índios, não é assim. Então, eu quero ver o que é

que está acontecendo.

Cacique Babau – O Governador não é inimigo nosso, bate aqui e fala te

amo, mas quando chega lá no fazendeiro e fala: “É nós vamos dar um jeito disso

não sair.” É Geraldo Simões que está gerenciando, todo esse comando para não

sair a terra Tupinambá, nós vamos matar nem que seja de feitiço. Nós vamos

fazer um feitiço.

José Eduardo Cardozo – Quem é Geraldo Simões? Ah, bom, deixa eu

ver o que está acontecendo, especificamente, porque ali o plano de segurança, é

para evitar o conflito, como em Mato Grosso do Sul, é a mesma coisa.

Cacique Babau – Então, pega toda a Polícia, leva lá embaixo para a

praia, onde os índios são assassinados, para dizer que o índio matou o outro, e a

gente sabe que não é.

José Eduardo Cardozo – Vamos ver o que está acontecendo lá, eu vou

ver, exatamente, o que está acontecendo, para mim isso é uma surpresa. O plano

de segurança é feito para a proteção e evitar o conflito. Bem, então, só para

concluir Babau, eu vou ver que diabo está acontecendo aqui, está certo. No Ceará

que foi mencionado aqui, eu quero dizer o seguinte, houve um contato com o

governador Cid Gomes, aí, combinou-se a situação, inclusive, que haveria uma

contestação, porque como o plano ele tinha que prevê uma situação, o acordo

passaria por uma contestação que o governador faria. Agora, se deu alguma

situação não escrita, nada que não seja ajustável. O governador, o Cid, ele ajustou

isso que eles fariam a contestação, e que no final aí, se resolveria o problema, foi

Page 40: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

o combinado. Então, eu não acho que no Ceará houve problema não contornável,

pode ter tido um mal entendimento, mas ali houve um acordo que eles iriam fazer

a contestação sim, para poder viabilizar a coisa, então, acho que isso aí, é,

perfeitamente, contornável. Para finalizar, o que eu quero dizer é o seguinte, na

minha opinião, eu acho que nós temos que avaliar a correlação de forças que está

colocada, no Sul do país, eu sinto, dos pequenos agricultores, muita disposição de

diálogo, eles apontam, na reunião de Santa Catarina, eles defenderem terra para

os indígenas, eles defenderem, querem ficar com a terra deles, é claro, mas eles

defendem terra para os indígenas, não existe aquela animosidade. O que está

acontecendo é que algumas lideranças, aproveitando o momento eleitoral, do não

que vem, estão querendo acirrar o confronto. Eu vejo hoje lideranças, dos setores

ruralista do Rio Grande do Sul, indo a Mato Grosso, nacionalizando a disputa, por

força do processo eleitoral que está aí, então, nós temos que ter clareza dos passos

que vão ser dados. O que eu defendo, a manutenção das mesas de diálogos, o que

nós conseguimos de tencionar nesse momento é melhor, eu acho que nós temos

que ter clareza, que algumas retomadas que estão sendo feitas, elas não

contribuem, nós temos que tentar ir na mesa de diálogo. Terceiro, nós temos que

evitar aprovar retrocessos na legislação indígena no Congresso Nacional, de que

maneira nós temos que fazer isso? Nós temos que dialogar, temos que fazer. O

governo vai colocar o seu peso nisso, mas do jeito que está a coisa, nós podemos

ser derrotados, então, nós temos que entender aí, a questão não é confronto, nem

coragem para o confronto é saber como o movimento se posiciona diante de

situações dessa natureza. E, finalmente, a portaria, no meu modo de entender, eu

vou pedir para o meu pessoal, amanhã, fazer uma apresentação para vocês, para

que a gente possa verificar onde estão os acertos da portaria, onde estão os erros

da portaria, porque se ela está sendo tão duramente recriminada pelos ruralistas,

não é possível que seja também tão duramente recriminada por vocês, alguma

tem, não é possível desagradar todo mundo. Eu estou convencido que esta

portaria sana problemas, pode ser melhorada, é claro, vamos ver o que pode ser

feito, mas nós queremos entender a critica, e ver se, realmente, a gente entende a

lógica das coisas. Então, amanhã, eu vou pedir para o meu pessoal fazer uma

exposição detalhada, para vocês, a gente sentar depois fazer as oficinas para

discutir, para poder entender onde estão os problemas.

Maria Augusta– A próxima inscrita é a doutora Débora.

Déborah Duprat– Ministro, eu entendo até como razoável a disputa

fundiária, enfim, é uma disputa entre um grupo que quer manter aí, alguns

determinados privilégios. O que não dá para aceitar, e eu acho que isso está

ficando bastante grave, é esse discurso de ódio que vem sedo disseminado Brasil

a fora, escancaradamente, isso vem sendo multiplicado, começou em Mato

Grosso do Sul e está sendo replicado Brasil afora. Nós tivemos semana passada,

começou semana passada, esse episódio do leilão em Mato Grosso do Sul para

Page 41: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

arrecadar recursos para formação de milícias, para atacar indígenas, isso é uma

coisa assim, absurda, isso tem contaminado, sinto dizer, as instituições públicas.

A polícia, isso que o Babau falou da Polícia Federal aconteceu na Bahia, tem um

representante do Aty Guassu para falar como se deu uma reintegração de posse,

recente, no Mato Grosso do Sul, com a Polícia Federal com armas apontadas para

a população indígena. Então, eu acho que enfim, isso tem que ser, de alguma

maneira, contido, eu acho que as mesas de negociação podem ter lá seu propósito,

agora, em relação a isso, é preciso alguma medida enérgica. Eu estava lendo um

trabalho que o CTI, fez a respeito de um grupo indígena, para Comissão Nacional

da Verdade, e estava vendo o que os militares falavam, em termo de demarcação

de terras indígenas, naquele período da ditadura, não corresponde, nem de perto,

ao que hoje se fala a respeito disso. Então, nós estamos vivendo em um cenário,

absolutamente, de terror, então eu acho que isso precisa de alguma maneira ser

contido, porque as reações estão crescendo em violência, e vão aumentar, eu acho

que esse é o quadro de gravidade de ambos os lados.

José Eduardo Cardozo – Eu concordo doutora, e acho que isso passa

todo o esforço que nós podemos fazer, será feito, tem sido feito. A orientação eu a

Polícia Federal recebe, e a Força Nacional, é para evita o conflito, abusos tem que

ser punidos pelas Corregedorias, quando eu sou informado, eu abro investigações

sobre isso, vou ver o que aconteceu nesse caso na Bahia. Agora, o que eu acho,

ou nós temos a clareza de que a situação se agoniza, e nós temos que ter as táticas

adequadas para cada momento, ou nós vamos tentar apagar incêndio riscando

fósforo na gasolina, e aí, a nossa gasolina também, ela é problemática. Eu acho

que nós temos que ter clareza disso, buscar, negociar, avançando na negociação,

sendo firmes nas negociações, mas tendo clareza das táticas que estão sendo

utilizadas. Eu acho, na minha opinião, falei isso publicamente, até para lideranças

indígenas, as retomadas que foram feitas em Mato Grosso do Sul, trouxeram

combustível para quem quer atacar a causa indígena, não acho que foi apropriado,

eu acho que certas situações sã evitáveis. Os inimigos às claras, nós sabemos

quem são o problema é quando se juntam a pessoas que poderiam ser aliadas, e aí,

nós temos problemas na correlação de força. Se você me permitir, eu quero só

concluir Babau, dizendo o seguinte, a disputa, a nossa briga não é com o

parlamento, porque se você começar a brigar com o parlamento, você briga com

513. A nossa briga são com os setores lá que nós temos que, inclusive, descolar

eventuais progressistas deles, porque se você chama para a briga todo mundo, a

possibilidade de você ser derrotado é imensa. Eu não quero chamar todo mundo

para a briga, eu quero selecionar meus adversários e ter alguns, ou neutros e do

meu lado, se eu jogo todo mundo junto contra nós, eu posso ter a melhor causa do

mundo, mas eu perco. Então, eu acho que isso, essa tática, ela tem que ser muito

bem pensada e refletida, por isso que eu dei o exemplo do Mandela, o Mandela

soube fazer isso, magistral.

Page 42: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta– Pessoal, só porque a gente está seguindo a inscrição. A

próxima é a Chiquinha, já consulto a plenária se pode passar a palavra para a

Rosane, que é a próxima inscrita? Questão de ordem, da Simone. O Ministro está

informando que tem que ir embora, daqui a meia hora.

Simone Karipuna – Ministro, uma questão de ordem, e aí, bancada eu

queria pedir, justamente, a aprovação de vocês para esse encaminhamento que eu

vou propor ao Ministro. Primeiro, eu gostaria de perguntar ao senhor, o senhor

pretende hoje, apresentar essa portaria aqui na instância da CNPI?

José Eduardo Cardozo – Se você me permitir, eu queria pedir que fosse

amanhã de manhã, hoje o Marcelo Veiga, inclusive, ele está no hospital, eu não

sei o que aconteceu, ele vinha, e está no hospital, ele viajou comigo para Santa

Catarina, e hoje está no hospital. Então, se você me permitir eu ia sugerir que

fosse amanhã de manhã.

Simone Karipuna – Então, o senhor vai estar aqui, Ministro?

José Eduardo Cardozo – Em princípio não, mas vai estar a minha

Assessoria.

Simone Karipuna – Então está, eu tenho um encaminhamento.

José Eduardo Cardozo – Pois não.

Simone Karipuna - Eu gostaria muito também, novamente de pedir a

bancada, que a gente, nesse momento, se o senhor nos permitisse apresentar, para

o senhor, o nosso posicionamento como bancada indigenista.

José Eduardo Cardozo – Antes de ouvi a apresentação da portaria?

Simone Karipuna – Bom, na realidade assim, se eu pudesse apresentar

hoje, mas pelo visto o senhor não vai estar e a gente queria fazer isso na sua

presença.

José Eduardo Cardozo – Veja, tudo bem, sem nenhum problema, podem

fazer, eu escuto, agora, se a portaria ainda não foi exposta, você já tem um

posicionamento sobre ela?

Simone Karipuna – Na realidade, é um posicionamento do próprio

movimento nesse sentido, seguindo o encaminhamento que a gente deu na

reunião de quinta feira com o senhor, e esse documento é bem explicativo, nesse

sentido, se o senhor nos permitir.

Page 43: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

José Eduardo Cardozo – Por favor.

Maria Augusta – Então, só Simone, antes de apresentar, então, eu queria,

vamos terminar garantir as pessoas que estavam inscritas, a gente reduz a fala a

dois minutos, para poder dar a oportunidade, pode ser gente? Então, Chiquinha, a

próxima é a Rosane, tem acordo da planária, para a gente abrir a palavra para a

Rosane? Tem acordo, gente? E o próximo é Saulo.

Chiquinha – Bom, Ministro, eu prestei bastante atenção nos seus

esclarecimentos, que o senhor colocou, e pensando diante dos nossos

companheiros aqui, nós discutimos. Eu queria fazer apenas uma questão de

colocação do meu entendimento, de uma maneira geral. Até para ajudar nesse

processo que a gente está vi vendo, primeiramente, eu assim, diante do contexto

do meu Estado, e diante dos contextos de outros Estados dos parentes que estão

vivenciando toda essa violência contra os nossos direitos, eu queria ressaltar para

o senhor que, assim, eu tenho achado muito estranha a posição do governo; Por

mais que o senhor tenha colocado aqui, a sua opinião, a sua força política,

colocando essa questão de que, de fato, o governo está empenhado, tudo, mas se a

gente vê que no fundo da questão, não existe um empenho tão grande, por causa

do nível de comprometimento que o Congresso e o governo tem com essas

bancadas e com as empresas que estão por trás de tudo isso aí, empresas que

bancaram as campanhas eleitorais. Eu estava doida para ouvir mesmo o nosso

Cacique que saiu, ele deixou uma coisa bem clara, esse conflito que aconteceu aí,

tem a ver com a questão eleitoral, sabe, quando os índios se posiciona que estão

do lado de alguém, aí vem o outro, vem o contrário. Então, eu tenho

entendimento assim, e eu lendo um texto agora de um jornalista, que ele escreve

sobre guerra fria contra os índios no Brasil, está desse jeito, guerra fria contra os

indígenas, e coloca a posição política partidária no meio, sabe a questão da

posição política partidária e a disputa pelas terras. Porque eu estou falando

isso,Ministro? Olha só, há uma década, lá trás, a briga era com o MST, não era

verdade, quantas vezes o MST, eles invadiram propriedade, fizeram tudo isso que

a gente sabe, o passado diz, a história está aí, para contar, qual foi a posição que o

governo teve? O governo teve uma posição firme, o próprio Lula se comprometeu

com o MST, fez um pacto com eles, inclusive, parou, você não ouve um, de uns

10 anos para cá ninguém fala mais de invasão de nada por MST, alguns casos

assim, mas que vai lá e faz uma discussão. Agora de repente, a mira se volta,

totalmente, contra nós povos indígenas, e isso está tão grande, tão ferrenho, que

eu fico extremante preocupada, como o que está acontecendo em Mato Grosso do

Sul, que estão acontecendo lá no sul, na região sul, e em outras partes do nosso

país. Então, eu fico muito preocupada com isso, quando o próprio Congresso se

propõe a querer derrubar direitos constitucionais, porque o que está ai, e o que a

gente está tentando fazer aqui, remediar com essa portaria, remediar uma coisa

Page 44: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que é um direito constitucional, como é que você vai fazer isso? Está certo que

nós tínhamos que fazer uma emenda para fazer a regulamentação, então eu fico

muito preocupada com isso. Agora, por outro lado, eu queria perguntar para o

senhor, que o senhor pudesse ver assim, por exemplo, no caso amanhã, ela vai

fazer a apresentação da proposta nossa, está bom, mas é muito importante que o

senhor possa também, escutar nessa reunião de amanhã. Por exemplo, o senhor

não vai estar no primeiro momento, mas no segundo momento o senhor vai ter

que estar, e ouvir o que tem a dizer hoje e amanhã, depois nessa reunião.

José Eduardo Cardozo – Vocês não vão fazer oficinas para debater o

problema? Eu quero estar junto para debater.

Chiquinha – Mas é isso que vai ser colocado aqui, Ministro, mas o que

eu vou fechar minha reflexão, que eu quero refletir com o senhor. É, assim, a

preocupação que a gente está tendo nesse momento, que nós estamos inseguros

no nosso direito, e que o governo Dilma, eu vou dizer o governo Dilma, o

governo Lula, o governo Dilma está, extremamente, comprometido com tudo isso

que está acontecendo. Claro que as empresas estão de olho nas terras indígenas,

então, eu gostaria depois que o senhor pudesse refletir, ver aí, de que momento a

gente vai poder abordar esse assunto, porque isso vai ter reflexos nas eleições. Era

isso que eu queria colocar, só isso Ministro, para uma questão de reflexão, até por

conta da nossa situação.

Rosane Kaingang – Bom, boa tarde senhor Ministro, boa tarde a todos e

a todas. Obrigado pela palavra, eu estou aqui representando o Cretã, e

ARPINSUL, na mesa de diálogo. Eu gostaria de ser prática, como nós gaúchos

somos, Ministro, de bate e volta entre eu e o senhor, na resposta. O senhor vai

paralisar as demarcações?

José Eduardo Cardozo – Não.

Rosane Kaingang – Muito bem. O senhor vai assinar as portarias e de

demarcação e declara de posse?

José Eduardo Cardozo – Sim.

Rosane Kaingang – Quando?

José Eduardo Cardozo – As que puderem passar por um processo de

mediação, serão assinadas.

Rosane Kaingang – Ou seja, mediação, que mediação, as mesas de

diálogo? Porque, e depois eu quero falar sobre isso. A outra pergunta, nós

Page 45: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

tivemos uma reunião ampliada, anterior a reunião da CNPI, com várias lideranças

que estavam aqui em um acampamento, essas lideranças estão aguardando o que

o senhor pediu aos membros da CNPI, o levantamento, e nessa reunião desta

CNPI, que está acontecendo, o senhor traria por escrito e diria para nós quais as

portarias que o senhor iria assinar de terra. No entanto, nós não vimos isso até

agora, concretamente, a aí, a pergunta é e aí, nós vamos ficar assim, não vamos

ter resposta concreta? É isso eu que quero saber do senhor, sim ou não?

José Eduardo Cardozo – Não, é o seguinte, eu estou tentando fazer um

processo de mediação para isso, por exemplo, Ceará, nós conseguimos fazer

mediação, estamos tentando, agora nesse momento, a mediação no Pará para

resolver o dos quilombolas, uma convivência para eles soltar, Kaxuiana. Eu estou

fazendo, na medida em que a gente consegue equacionar o problema,

minimamente, para evitar um conflito nós estamos fazendo, sim, como não. Nós

vamos fazer a desintrusão dos Awá, nós fizemos, ou seja, nós estamos fazendo,

aquilo que nós podemos fazer, no limite das possibilidades, qual é o problema?

Em alguns estados, eu estou tendo o problema de fazer a mesa, não consigo

montar a mesa, inclusive, no seu.

Rosane Kaingang – Lá, nós não vamos montar a mesa com a FETRAF,

nem FAMASUL, nem CNA, nós vamos com os pequenos colonos, que são os

atingidos, que nós pedimos para o senhor ir até a terra para conversar com os

pequenos colonos, mas vamos indo, isso nós vamos nos posicionar depois.

José Eduardo Cardozo – Eu estou respondendo, eu fui até Erexim, qual

é o problema? O problema é que quando nós estávamos indo na terra, eu fui

avisado que várias, várias lideranças de outras etnias, estavam indo para lá, e que

poderia haver confronto; Então, nós resolvemos marcar em Erexim separado, eu

me reuni com o pessoal, e me reuni em Porto Alegre com os produtores para não

dar confusão, eu não quero ir lá e provocar um conflito, foi isso, e não consegui

fazer a mesa.

Rosane Kaingang – Agora vamos para a pergunta Ministro, o senhor vai

dar, realmente, condições da Funai trabalhar, porque até o momento que se

discutiu reestruturação, eu não vi nenhuma resposta por parte do senhor, como

Ministério da Justiça. Também, não vi aquela vez que o senhor foi na Funai,

mandou a Funai fazer um levantamento de todos os problemas deles, compactuou

com os servidores da Funai, e eu estava presente, ia dar condições da Funai

melhorar, a reestruturação, e até hoje eu não vi resposta concreta.

José Eduardo Cardozo – A proposta que a Funai fez de reestruturação

foi endossada pelo Ministério da Justiça, e está hoje, no Planejamento.

Page 46: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Rosane Kaingang – Sim, e aí, cadê a resposta do Planejamento?

José Eduardo Cardozo – Bom, o Ministério da Justiça endossou, está no

Ministério do Planejamento, está discutindo a proposta.

Rosane Kaingang– Mas, aí, eu acho que cabe ao senhor, na sua gestão

também, fazer gestões.

José Eduardo Cardozo – Querida, as gestões estão todas feitas, não só

desta área da Funai, eu tenho, um minutinho, se você me pergunta eu tenho que

responder, e você ouve a minha resposta. Não, então não vou responder. Então,

você faz a pergunta e quando eu puder, eu respondo.

Rosane Kaingang – Mas, eu entendi a sua resposta.

José Eduardo Cardozo – Mas eu não respondi, como você entendeu?

Rosane Kaingang – O senhor disse que está fazendo gestões.

José Eduardo Cardozo – Gestões, não só da Funai, eu tenho várias

situações de reestruturações que são indispensáveis, inclusive, para a portaria, eu

estive hoje de manhã, com a Ministra Mirian Belchior pedindo caso, nós

venhamos a fazer a portaria, eu preciso ter uma estrutura, no gabinete do Ministro

para fazer essas mediações. Eu não tenho condições, eu tenho ido a vários

Estados, me empenhando nisso, porque eu acho que esta questão é central, vários

Estados, eu não tenho condições de fazer isso, como eu estou fazendo, o tempo

inteiro. Eu não tenho condições de passar um dia inteiro em Santa Catarina, um

dia inteiro no Rio Grande do Sul, um dia inteiro na Bahia, porque o Ministério da

Justiça ele é imenso, eu tenho 44 mil outros problemas, eu estou me empenhando

pessoalmente assim, porque eu acredito que esse é o caminho, se não eu lavaria as

minhas mãos. Agora, eu preciso ter uma estrutura que faça essa mediação, porque

senão eu, a pessoa do Ministro, não consegue fazer isso sozinho.

Rosane Kaingang – Bom, Ministro, por último nós queríamos ouvir, já é

a terceira vez que as lideranças nossas pedem, e aqui os membros da CNPI

pediram, devido uma vulnerabilidade que se encontra a Funai, eu vou lhe fazer, e

o senhor vai ter que responder, o senhor vai efetivar a senhora presidenta da

Funai?

José Eduardo Cardozo – Isso está sendo colocado para o governo, e esta

avaliação é feita pelo governo. Quem nomeia a Presidente da Funai, quem efetiva,

quem deixa de efetivar é o governo como um todo. O que eu vou te dizer é o

seguinte, a Funai tem hoje uma presidenta que está respondendo pelo exercício, e

Page 47: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

isso, no momento, que for decidido será comunicado a vocês, nós estamos ainda

em uma situação de interinidade, por várias, Polícia Rodoviária ficou um tempão

em interinidade, várias situações foram feitas dessa maneira.

Rosane Kaingang – Outra pergunta Ministro, nós temos vários relatórios

na mão da senhora Presidente da Funai, ela tem sua autorização para aprovar

esses relatórios de terra ou não?

José Eduardo Cardozo – A política que o Ministério da Justiça está

fazendo é da mediação no limite máximo das possibilidades, essa é a orientação

política que eu tenho, eu não quero situações paralisadas novas na justiça, nem

quero situações de conflito que eu não tenha exaurido o limite máximo da minha

possibilidade de resolver. Em alguns casos, a gente sabe que não tem como

resolver, caso Awá, por exemplo, não tem conflito para resolver, porque ali não

tem negociação possível, então, vamos efetivar, nós vamos fazer a desintrusão,

nem tem conflito objetivamente. Agora, em situações de conflito, eu vou ao limite

da minha possibilidade, para tentar evitar o conflito, e que aquilo que é um ato,

que parece um avanço, pode ser um retrocesso de anos, com uma liminar, com

uma situação na justiça que paralise situações. É a política que nós estamos

traçando, de governo, não é minha.

Rosane Kaingang – Então, eu queria por último dizer senhor Ministro,

quando o governo Federal não segue uma legislação, uma Constituição, uma

legislação indigenista, ele deixou nós vulneráveis. Ele só deixou duas opções para

nós, nós não estamos brigando com os pequenos colonos isso não existe, no Rio

Grande do Sul não existe, em Santa Catarina não existe, no Paraná não existe,

mas o governo botou nós para brigar com a CNA - Confederação Nacional da

Agricultura, FAMATO, FAMASUL, braço da FETAF. Nós temos duas opções, e

nós vamos passo a passo, nós sabemos como lutar dentro do Congresso Nacional

com relação ao Poder Legislativo, Judiciário e governo federal. Agora o que não

pode é nos deixar na vulnerabilidade, nos deixar vulnerável, e entre as duas

opções, nós vamos, o nosso passo a passo e nós vamos para as nossas ações

práticas que está dando duas opções para nós guerrear e pajelança, isso nós vamos

fazer. Obrigado.

José Eduardo Cardozo – Só uma informação, vai ser instalada hoje sim

a PEC, acabaram de anunciar, o relator será o deputado Osmar Serralho, do

PMDB do Paraná.

Maria Augusta – Saulo.

Saulo Feitosa – Boa tarde, senhor Ministro. Eu vou pedir a permissão de

dialogar com o senhor, sobre algumas questões que foram colocadas.Eu começo

Page 48: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

lhe dizendo que eu sou um dos indigenistas mais antigos, porque eu nasci invasor

de terra indígena, eu nasci em Palmeira dos Índios, a terra que recentemente o

senhor suspendeu esses trabalhos. Eu nasci invasor.Eu tive que tomar uma

posição, ou eu me aliava a meus parentes e amigos, ou eu me aliava ao povo

Xucuru cariri, e eu tomei uma posição, estou só lhe dizendo, isso não me

impossibilitou de viver em Palmeira dos Índios e não me impossibilitou de

manter as relações com meus familiares, por mais complicado que tenha sido

essas relações. No ano de 94, fui salvo pelos índios, de uma tentativa de anti

anistiamento feito, não por pequenos ocupantes da terra indígenas, mas por

grandes latifundiários, que tem terra no Mato Grosso, tem terra no Paraguai, e

tem pequenas chácaras no município. É só par a gente entender a gravidade, eu

acho que quando o cacique babau coloca a questão que a discussão é da

existência humana; Na última reunião da CNPI, esteve uma liderança querida do

povo Xucuru cariri, Jecivaldo, ele faleceu depois que voltou daqui, aos 56 anos,

sem ver a sua terra sendo demarcada, e muitas lideranças que u conhecia ali,

morreram sem que a terra fosse demarcada. Eu estou dizendo isto senhor Ministro

só para o senhor começar a refletir que a cada suspensão de trabalho que é feito, é

o intervalo de tempo que para algumas pessoas custa uma vida, e eu estive no

funeral de Jecivaldo, e achei bonito o que uma professora, da comunidade, disse:

“Você foi um homem sábio, preparou sete filhos, quatro filhos e três filhas,

deixou sete guerreiros, porque você sabia que a luta ia continuar.” Então, dito

isso, eu gostaria de também, dizer para o senhor que há concordância entre muitas

coisas que o senhor fala, a correlação de forças eu acho que não há divergência, o

senhor fala como se não houvesse, por parte do movimento indígena e

indigenista, uma incompreensão sobre a correlação de força, eu acho que há sim;

É muito bom que o senhor nos faça perceber ainda mais, porque o senhor tem,

inclusive, informações que nós não acessamos, e essa correlação de forças, ela é,

totalmente, desfavorável, o nosso receio é que o governo, piore essa correlação de

forças.

José Eduardo Cardozo – Concordo com você.

Saulo Feitosa – Então, esse exercício que a gente faz, é nessa tentativa,

justamente, de buscar um certo equilíbrio, ou diminuir a desvantagem nessa

correlação de forças, nesse sentido, eu vou também, quere me dialogar coma

própria experiência do Mandela. É muito bom que o senhor traga o Nelson

Mandela para a nossa sala, por quê? Por que a mídia está querendo transformar o

Mandela, em um reconciliador sem memória. Em um Mandela. Pois é, e nós

sabemos que não, porque Mandela sempre foi implacável com os inimigos do

povo, Mandela sempre foi implacável com o racismo. Então, é isso que nós

estamos querendo dizer, que nessa correlação de forças tem que haver a

inteligência, a habilidade, mas isso que o senhor coloca a gente só pode entender

no contexto do Mandela, então ele se mantém com os seus princípios

Page 49: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

assegurados. Nessa discussão dos princípios, o senhor também, por mais de uma

vez, fez referência ao Decreto 1775, eu lutei contra ao 1775, e o 1775 foi muito

ruim para os povos indígenas, Ministro. Eu vou lhe dizer o porque, vou lhe da

vários exemplos, nós dizíamos, que o 1775 não vai impedir as ações judiciais, não

impediu; O 1775, só para lhe dar um péssimo resultado dele, é o responsável

direto pelo assassinato do Cacique Chicão, pai do Marcos. Quando o Ministro

Jobim, fez o anuncia de que esse decreto, ele viria a existir, aqui ele recebeu um

grupo de ruralistas de Pernambuco, eles voltaram fizeram festas dizendo que as

terras Xucuru não seriam mais demarcadas. Esses mesmo ruralistas apresentaram

272 contestações, depois insatisfeitos com as contestações, porque não obtiveram

êxito desejado, não reduziram a terra, tanto quanto pretendiam, eles assassinaram

o Cacique Chicão. Eu poderia dar vários exemplos, não vou lhe dar, só para pedir

que o senhor não repita que o 1775 trouxe de benefício. Se ele tivesse de

resultado, apenas no assassinato do Cacique Chicão, ele já seria um decreto de

morte, ele resultou em muita coisa mais grave do que isso, mas é lógico que tem

sempre que ter o mais velho para fazer a memória, por isso que eu estou aqui me

colocando nesse papel. Então, diante dessas questões todas, eu acho que a

reflexão que o senhor coloca dessa discussão da tática para ganhar versus a

coragem para perder, pode estar correta essa sua preocupação, agora a tática para

ganhar, ela não pode se converter em uma antecipação de derrotas. Eu acho que o

cuidado que nós temos que fazer, nessa conjuntura, e é por isso que a gente está

insistindo é, justamente, como nós vamos encontrar essa saída. Eu fico

impressionado com a sua coragem e disposição de dar conta do Ministério da

Justiça, ainda fazer essas viagens país afora, com essas tentativas, eu o senhor

acha que vai resultar, então nós temos uma releitura aqui, não porque

historicamente o Cacique Babau foi bom em fazer essa memória, e infelizmente,

é isso. O estado é isso aí, o estado é brando, o estado pertence a uma classe,

infelizmente, a nossa luta é para mudar essa situação, ela avançou pouco, e todos

os acordos firmados. Desde a colônia, nós tivemos acordos onde tivemos 72

lideranças indígenas, por exemplo, na Confederação Cariri, representantes do Rei

de Portugal, os índios firmaram acordo, cederam 5 mil guerreiros, para a coroa 4

meses depois o acordo foi desfeito, e 12 mil Januins foram assassinados.

Infelizmente, essa memória que o Babau faz, ela é importante para gente ter

consciência da história. Mas o que eu estou querendo fazer essa reflexão toda é só

para dizer o seguinte, eu acho eu nós temos que compreender o seu esforço, e

sabemos que é um esforço, que para o senhor tem uma perspectiva de solução de

conflitos. Ao mesmo tempo, nós temos uma demanda de comunidades que gritam

por vida, então, o senhor vai ter que fazer uma reflexão, e encontrar a equação,

entre o seu convencimento de que é preciso negocia e as vidas dessas milhares de

pessoas. Então, nesse contexto é que faz sentido, esse desafio que o senhor está se

colocando, é ter sempre presente a vida dessas pessoas, e para tanto eu acho que

demarcação de terras, as terras que não tem nenhum impedimento, deveriam

acontecer sim. Essa tentativa de solução de conflitos, como também, sou um dos

Page 50: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

mais antigos, durante o governo do Fernando Henrique, nós todos aqui éramos

oposição aquele governo, mas foi feito uma tentativa de negociação com a

CONTAG, na época o Ministério da Justiça, não lembro mais quem era o

Ministro, mas foi feito um levantamento de todas as situações que envolviam

demarcação de terras de pequenos ocupantes. Se chegou a pensar em um grande

convenio entre Funai e INCRA, para a solução desses conflitos, várias dessas

organizações que estão ligadas a COTAG, a FETAG certamente estiveram nestas

discussões, nessas tentativas de diálogo. Depois mudou o Ministro, e todo aquele

esforço, que a Funai tinha feito, as entidades indigenistas, ele foi esquecido. É só

para dizer que também, já houve outras tentativas, mas fazendo essa distinção,

entre pequeno ocupante e grande invasor.

José Eduardo Cardozo – Deixa eu fazer um comentário. Eu quero te

cumprimentar, concordo com 90% do que você disse, portanto 10% de

divergência, tua análise. Vai da análise do Mandela a tua percepção da correlação

de força, minha discordância em 10%, e aí, eu estou convencido disso, é que

embora, talvez tenha tido uma gênese, um processo muito ruim no 1775, ele

talvez seja o viés do advogado falando, eu tenho a mais absoluta convicção, eu

não sei quais foram os interesses que estavam por trás na realização desse

decreto, mas eu tenho que separar o interesse que levou a uma situação. Esse

decreto, a meu ver, por garantir o direito de defesa, ele salvou as demarcações que

foram feitas no período, se ele não tivesse direito de defesa, não sobreviveria nada

no judiciário; Isso experiência de quem milita na área jurídica, de quem estuda

essa área, o direito contraditório da ampla defesa, ele foi consagrado na

Constituição na parte administrativa, se mesmo formalmente, não fosse feito isso,

eu acho que hoje você teria um desastre nas demarcações feitas. Então, eu acho

que nessa dimensão, independente da gênese, do que determinou das situações, eu

digo mais, eu acho que o 1775, ele, claro, ele não evitou as judicializações, elas

estão dadas aí, ele evitou judicializações com êxito, e derrota para procedimentos

de demarcasses, essa é a grande vantagem histórica. Eu acho mais, quando eu falo

em evitar a judicializações, eu tenho esperanças, mas eu falo evitar a

judicializações com êxito, com liminares, porque nós temos que ter certo rigor

formal nesses procedimentos, porque se nós não tivermos esse rigor formal, se

não tivermos laudos, que respondam a certas questões eu são levantadas, hoje,

pela jurisprudência, nós vamos ter revés, quanto maior o conflito, maior a

possibilidade de revés. Advogados estão se treinando, no Mato Grosso do Sul,

por exemplo, nós sabemos que pessoas foram fazer antropologia para orientar os

advogados nos laudos, a qualidade no embate jurídico está aumentando. Então,

nós temos que ter respostas adequadas, a portaria, ela visou isso dar mais

qualidade jurídica, na instrumentalização, e introduzir o caminhão da mediação.

Uma pena, na minha opinião, eu não sabia dessa experiência no governo

Fernando Henrique Cardoso, achei muito bom, você registrar, uma pena que não

tinha dado continuidade, talvez tivesse resolvido muitos dos problemas que tem

Page 51: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

sido colocados. Eu, talvez, mais que todo mundo, talvez tenha mais defeitos do

que virtudes, mas eu entro de cabeça nas coisas que eu acredito, eu acredito que a

única saída, que nós temos, é a busca da mediação nesta questão indígena,

analisando a correlação de força, analisando o processo como está, sem prejuízo,

de nós não mediarmos situações que não tem mediação, ou que não devem,

minimamente, ser mediadas, dentro de uma análise tática, a correlação de força.

Awá, por exemplo, não tem mediação possível, quer dizer, Marawatsedé, não

tinha mediação possível, quando eu liguei para o governador, dizendo que eu

tinha dado ordem para a Polícia Federal, para prender aqueles que estavam

colocando a população dentro da Marawatsedé, e que eu tinha acionado o COT da

Polícia Federal, que é a tropa de elite, para fazer esta prisão, eu fiz com

convicção, porque ali não tinha mais mediação possível, tinha ameaçado. Nós

sabíamos que estavam levando coquetel molotov para reagir, e ali então, nós

botamos 300 a 400 homens para fazer a operação colocada, é diferente de certas

situações que eu acho que ainda tem margem de diálogo, se não tiver margem de

diálogo vai ter que se cumprir a lei. A judicialização é um problema, por

exemplo, eu vou citar o Morro dos Cavalos, se o governo estadual tiver êxito na

ação que disse que vai propor, ele pode ter uma liminar que paralisa aquela

questão por anos. Eu acho que ali podiam ter situações que pudessem ser

evitadas, soube da ação ontem na mesa, o procurador geral do estado, estava

presente na mesa, e falou que o governo do Estado havia vários registros formais,

não sei se vai ter êxito ou não, claro, mas se nós tivéssemos tomado algum

cuidado, nós não daríamos pé para um ataque judicial. Então, é isso que a minha

preocupação é essa, a portaria foi feita com esse sentido e com a mediação, ou

seja, os dois elementos. Mas feita a divergência, o resto eu assino embaixo e

cumprimento a tua intervenção, eu não faria melhor e acho que está correta a tua

análise, inclusive, que me faz refletir também, é importante.

Simone Karipuna – Simone Karipuna, região amazônica, representando

nessa Comissão Amapá e Norte do Pará. Fui escolhida pela Comissão Indígena e

Indigenista para ler a carta do posicionamento indígena, em relação à minuta da

portaria. Gostaria de dizer ao Ministro antes de iniciar a leitura, que para nós, os

membros da CNPI, para mais outras lideranças, foi passada para o nossos e-mail,

e a gente tomou conhecimento da minuta da portaria, e também, no dia da reunião

com o senhor, quinta feira também, foi repassada cópias da minuta da portaria,

então, já nos deu subsídios suficientes para poder expor essa carta ao senhor:

“Articulação dos povos indígenas do Brasil, APOIME, APIN/SUDESTE,

APIN/SUL, Conselho dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul, Atiguaçu e

COIAB. Brasília, 10 de dezembro de 2013. Ao plenário da Comissão Nacional

Indigenistas, Nós liderança da bancada indígena, das organizações indígenas, da

mesa de diálogo instalada no âmbito da Comissão Nacional de Política

indigenista, reunido por ocasião da 22ª Reunião Ordinária desta Comissão, que

acontece no período de 9 a 12 do corrente, considerando a apresentação por

Page 52: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

parte do Ministro da Justiça, da minuta da portaria, que busca estabelecer

instruções para a execução do procedimento administrativo de demarcação de

terras indígenas, de que trata o Decreto 1775/96, viemos diante desta plenária

manifestar: 1º) Os nossos povos e comunidades, após serem informados sobre a

possibilidade deste novo instrumento ser publicado sentem-se profundamente

preocupados, pois entendem que a minuta de portaria, aumenta as ameaças aos

direitos territoriais, já atacados por meio de outras portarias, como a 303 e

iniciativas legislativas como a PEC 215 e o PLP 227. Ao invés de zelar pelos

direitos indígenas, o governo tem dado sinais claros de que tomou posição em

favor dos ruralistas, do agronegócio e do latifúndio. Continua omisso diante da

violência contra nossos povos, como se pode ver, de fato, de que nem sequer se

manifestou ou atuou, judicialmente, para impedir a realização do leilão das

milícias, através dos quais os ruralistas se armam para tirar a vida de nossas

lideranças. Ao contrário, tem insistido em criminalizar a resistência indígena,

retomando a conduta do regime militar. 2º) Em razão disso, esclarecemos que a

CNPI não é um simples fórum de consulta para medidas que interessam ao

governo, mas um espaço de diálogo, de articulação de políticas públicas, e que

em relação a essa minuta de portaria, que tem efeito sobre a totalidade das

terras indígenas do país, deve atuar como instância de mediação, de uma ampla

consulta às comunidades indígenas em suas bases. Essa consulta deve ser feita,

tendo como referência processos como o da formulação de nova proposta de

Estatuto dos Povos Indígenas, durante o qual através da CNPI foram realizadas

uma série de oficinas regionais, para construção com as bases, ou então, como

nas Conferências Nacional de Saúde Indígena e de Educação que também

mobilizaram amplamente as comunidades locais. Nesse sentido, nossa proposta é

que essa discussão de minuta de portaria aconteça por meio de, um mínimo de 10

oficinas regionais, Coordenadas pela Funai, pelas organizações indígenas e pela

bancada indígena da CNPI, esperando ainda que ao final do processo, o governo

respeite a decisão dos povos e comunidades, nos termos da Convenção 169 da

OIT. 3º) Reafirmamos, finalmente, que a apresentação da minuta realizada pelo

Ministério da Justiça não constitui de forma alguma a consulta a bancada

indígena e as demais lideranças, que aceita apenas discutir proposta

metodológica para a discussão a ser realizada com as bases do movimento

indígena. 4º) Entendemos que a tentativa de limitar as discussões sobre a enorme

dívida que ainda resta, em relação a demarcação das terras indígenas, a

avaliação dessa desastrosa minuta de portaria é uma forma de se esquivar em

dar respostas concreta, sobre as demandas já apresentada desde a primeira

reunião da mesa de diálogo. Naquela ocasião cobramos do Ministro da Justiça, a

emissão da portaria declaratória de oito terras indígenas que estão sobre a sua

mesa, sem nenhum obste administrativo, e também, cobramos à Presidência da

República os decretos de homologação de 15 terras indígenas que estão na

mesma situação. Desde então, vimos cobrando uma resposta formal, por escrito,

a respeito dos prazos coma conclusão desses processos, e até agora nada foi dito

Page 53: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

sobre o tema. Já sendo a terceira reunião sem resposta concreta. Também,

cobramos uma agenda e prazos, para os demais processos de demarcação que

ainda estão pendentes e nada foi apresentado. Esperamos por isso, que o

governo atenda imediatamente as nossas reivindicações. “Bancada indígena da

CNPI e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.”

Sandro Tuxá – Sandro Tuxá pelo leste e nordeste, APOIME. Eu só

queria contribuir, sobre a nossa carta, o nosso manifesto junto ao nosso Ministro.

O nosso entendimento construído com o Ministro, na audiência que tivemos na

semana passada, de realmente estaremos efetivando essa consulta junto aos povos

indígenas, entendendo que nós já tivemos acesso, como a Simone mesmo

informou a todo o teor da portaria, inclusive, com elementos, porque o Ministro

mesmo já indagou em vários momentos, o porquê da portaria. Então, nós

entendemos senhor Ministro que não se faz necessário ter uma apresentação

formal, já que nós tivemos conhecimento da mesma, via e-mail, via documento, e

até perante a fala do senhor. Nós queremos é que o senhor, realmente, possa

atender o nosso pedido, porque nós estamos concordando com essa oitiva, junto

aos indígenas, e também, levando em conta, que nós temos um passivo muito

grande, sobre as ações da CNPI, voltadas as outras demandas que aqui estão

postas, relacionada à educação, relacionada à primeira Conferência Nacional de

Política Indigenista, e outros ritos da própria Conferência. Portanto nos

entendemos que amanhã, nós devemos nos debruçar sobre a pauta da

Conferência, entendendo que nós já tivemos conhecimento, do teor da matéria da

portaria, e que nós submeteremos esta consulta, junto às comunidades. Queríamos

que o senhor Ministro pudesse endossar o nosso pedido das dez Conferências,

porque foi uma experiência louvável, das Oficinas, que fizemos as dez Oficinas,

debruçamos sobre o Estatuto dos Povos Indígenas, foi a primeira, pioneira em

nível nacional, e é uma experiência que já foi compactuada pela Funai; Então, a

Funai estaria em cargo disso, junto com a CNPI, e junto com os Dirigentes do

movimento indígena. Era isso que eu queria contribuir.

Daniel Pierre – Daniel Pierre, do Centro de Trabalho Indigenista/CTI. É

só uma questão de ordem sobre este último parágrafo da carta, que faz menção a

um documento que os índios já aposentaram, e a Rosane também fez menção a

esse documento, então eu própria que a gente lesse, junto com o Ministro, a lista

das terras que foram reivindicadas para cobrar uma posição de cada uma dessas

terras. Faço minhas as palavras do Saulo, no sentido de que é muito louvável o

esforço de fazer essa mediação de conflitos em situações onde, é muito crítica

mesmo, mas nesta lista tem terras onde não é o caso, tem uma terra, por exemplo,

no Rio Grande do Sul que tem 222 hectares, seria muito bom ter uma posição

formal sobre, enfim, essa e outras terras.

Page 54: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

José Eduardo Cardozo – Bom, deixa só eu começar de trás para diante.

Eu acho excelente a ideia das oficinas, concordo, acho correto, acho que a CNPI

não tem que ser um órgão homologador ou não homologador das coisas, precisa

ver o eu vocês tem a dizer sobre isso. Eu faço duas observações só, eu tenho uma

preocupação com o tempo, por que eu tenho a preocupação com o tempo? O fato

de nós abrirmos uma discussão sobre a portaria é benéfico, porque eu vou saber a

crítica, as coisas, é melhor, etc. Mas também, coloco a questão da

procedimentalização do processo de demarcação, isso não precisa ser feito,

necessariamente, por portaria, pode ser feito por lei, e até agora ninguém, teve a

ideia no Congresso Nacional, de fazer um projeto de lei tratando desse assunto,

mas pode ter, isso pode não ser um procedimento tão adequado quanto aquele que

aprece que nos queremos chegar, claro. Então, qual é a minha sugestão, que a

gente faça as Oficinas, com brevidade, a maior brevidade possível, por quê?

Porque senão, isso até poderá ser utilizado para apresentar um projeto de lei, no

Congresso Nacional, com outras características e com outras intensões diferentes

que a daquela da portaria. Eu temo isso. Não foi colocado, mas eu acho que

podem colocar, por quê? Porque quando nós apresentamos a portaria, a PEC 215

é um pouco isso também, lembre-se a PEC 215 ela tira do Executivo e bota no

Legislativo a questão. E foi falado o seguinte: “A redação não precisa ser está, a

redação pode se outra.” Inclusive, foi dito a reunião o seguinte: “Não, nós

podemos deixar, já que o senhor acha que é inconstitucional, vamos deixar o

decreto final para a Presidente da república, mas vamos fazer o procedimento no

Legislativo.” Isso foi falado na reunião hoje, como sugestão. Isso me assusta um

pouco, quer dizer, a Presidente da República tem o simples caráter

homologatório, de um processo de demarcação feito, sobre a condição do

Legislativo, eu acho que igualmente inconstitucional, não vou entrar nesse mérito,

mas essas ideias podem ser aperfeiçoadas e chegarem, me falaram essa semana, o

seguinte: “Não, deixa o executivo faz a demarcação, a gente faz o processo isso,

a gente regula o processo, mas submetido a homologação do legislativo.” Aí,

você já começa a ter uma diminuição das arestas condicionais, e aí, surge a ideia

que eu acho que nós temos que estar atendo, ou seja, uma lei disciplinando

procedimento, e remetendo, após a decisão da presidenta para uma homologação

do legislativo, do processo. Então, para evitar que situações dessa natureza, possa

ser objeto de debate, inclusive, com decorrência, como essa da PEC 215, eu acho

que nós deveríamos aperfeiçoar esta portaria, então dizer que ela é boa, não é boa.

Eu vou me esforçar para discutir também, com o Congresso Nacional, essa

portaria, trazendo para as lideranças indígenas, as sugestões que fazem, porque se

nós tivermos uma situação de procedimentalização definida, essa discussão, pelo

menos, essa não se coloca, e pode ajudar a esvaziar a discussão da PEC 215. Em

minha opinião, embora hoje, eles sejam, radicalmente, contra a portaria, mas se

nós chegarmos a um denominador, isso pode ajudar a esvaziar, pelo menos, um

setor lá que eu vejo da PEC 215. Então, se nós amarramos muito a nossa

discussão, nós podemos ser atropelados pelo próprio Congresso Nacional quando

Page 55: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

legisla aí lei é lei e terá que ser cumprida. Aliás, eu se fosse maquiavélico, se

tivesse com outras posturas, diferentes das que eu tenha, eu não faria a PEC 215,

eu faria uma regulamentação diferente, em processo legislativo da tramitação das

demarcações, claro, mas isso cada um pensa, por isso que eu acho que nós

tínhamos que agilizar. Concordo com as oficinas, acho correto, claro que eu

discordo da análise que está feita no documento, em várias passagens, mas eu

acho que as oficinas são boas. Só coloco uma observação, a portaria, ela não é

uma portaria, de fácil compreensão, porque ela envolve certa nuances, como até

falei na reunião que eu estive com você essa semana, diferença entre

representação, participação e acompanhamento, por isso que eu acharia bom, sem

haver debate, haver uma exposição da portaria, até para que vocês percebam que

nós erramos na redação, se for o caso, ou vocês percebam o que nós quisemos

dizer, para aperfeiçoar. Não sei se aqui, porque quem pega para ler a portaria,

pode ter uma visão diferente, hoje, por exemplo, o Deputado Osmar Serralho, fez

uma série de críticas à portaria, eu a meu vê, não tinha o menor sentido, inclusive,

para aquilo que ele estava falando, ele entendeu errado, quer dizer, e ele é uma

pessoa, imagina, formação jurídica, deu aula de direito e entendeu errado, ou nós

dissemos errado, ou ele entendeu errado, não posso afastar essa hipótese. Por isso

que eu sugiro, que a equipe que redigiu a portaria, pudesse fazer uma exposição,

em algum momento, para que vocês pudessem verificar até o que nós quisemos

fazer, bom, mas isso aqui não está claro, então poder mudar, eu acho que seria

melhor, mas a decisão é de vocês. Essa portaria foi feita a muitas mãos, foi muito

debatido, tiveram várias sugestões que não formam aceitas, outras que foram

aceitas, participaram Ministério da Justiça, AGU, Casa Civil, mas a palavra final

da formatação foi nossa, Ministério da Justiça. Tiveram várias propostas que não

foram aceitas, e outras que foram aceitas, mas por isso que eu quero ouvir. Houve

consulta das mais diversas. Eu comecei na verdade, vou ser muito franco, eu

comecei a discutir essa ideia com a Presidente anterior da Funai, com a Marta,

que apresentou o primeiro esboço de uma ideia, nós achávamos que poderia

melhorar processo de demarcarão da terra, a partir daí, desde a época da Marta,

nós temos tido essas discussões.

Sandro Tuxá – Senhor Ministro, nós gostaríamos de insistir na proposta

que nós já apresentamos, por conta do andar dos incrementos que nós precisamos

dar na CNPI, e a gente entende que não vai haver maiores prejuízos, uma vez que

nas oficinas será abordado todo o teor da portaria e todos os índios poderão

compartilhar do entendimento.

José Eduardo Cardozo – Haveria um momento nas oficinas que a gente

pudesse fazer a exposição?

Sandro Tuxá – Claro, correto, sim.

Page 56: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

José Eduardo Cardozo – Perfeito, sem problemas, ok. Fechado, está

bom.

Déborah Duprat – Eu queria saber se há uma disposição do governo de

estar conversando com o judiciário?

José Eduardo Cardozo – Sim.

Déborah Duprat – Principalmente, falo a respeito de Kayabi, porque eu

estive com o Ministro Luiz Fux, enfim, fiquei bastante impressionada, primeira

coisa. A segunda é o seguinte, eu queria saber, se já estão instaurados, na Polícia

Federal, inquéritos sobre esse leilão de milícias.

José Eduardo Cardozo – Eu vou verificar.

Déborah Duprat – E o outro Ministro, sobre o arrendamento, porque a

gente sabe que tem uma indústria por trás desse arrendamento.

José Eduardo Cardozo – Deixa eu lhe falar, os inquéritos, eles correm

em sigilo, eu não posso, nem se soubesse, falar. Arrendamento existe em grau,

bastante aprofundado.

Déborah Duprat – Mais inquérito aberto?

José Eduardo Cardozo – Inquérito aberto, em nível bastante

aprofundado.Eu não posso dar mais detalhes.

Maria Augusta – Eu vou fazer uma intervenção nesse sentido, porque eu

acho, um pouco para concluir também, e fazer uma fala da Funai, porque como eu

fico aqui presidindo a mesa acabo nunca também, me colocando no papel de

representante da Funai, mas acho que é importante nesse momento fazer uma

fala. Eu concordo com as avaliações aqui que foram colocadas, a gente também,

da Funai tem vivido momentos difíceis, eu acho eu tem locais que a gente tem

sentido, na nossa atuação local, o conflito a resistência a nossa ação, a dificuldade

de compreensão também, das pessoas em relação muitas vezes ao próprio

procedimento de demarcação, e a gente também, é favorável. A Funai tem se

colocado a disposição para fazer esse diálogo, quando esse diálogo é possível,

quando existe possibilidade da gente tentar uma mediação, quando a gente sabe

que estamos diante de uma situação, em que o conflito envolve pessoas que estão

em seguimentos, igualmente, vulneráveis. Mas eu queria também, retomar uma

questão que a doutora Déborah colocou aqui, acho que compartilhar um pouco,

até com os próprios companheiros aqui da bancada de governo, que nem a gente

conversou ontem, na nossa reunião de governo, é que, realmente, as críticas que

Page 57: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

tem se colocado, as ofensivas, as colocações que tem sido colocada ao próprio

trabalho da Funai, a atuação do movimento indígena, elas tem sido extremamente

pesadas, elas tem sido caluniosas, a gente assiste assim, diariamente no jornal,

parlamentares colocando que os laudos da Funai são fraudulentos, que a ação da

Funai é criminosa, que nós estamos instrumentalizando o movimento indígena

para fazer retomadas, que nós estamos financiando arrendamento. Então, assim,

eu aproveitei essa fala da doutora Déborah, para dizer que, bom, primeiro que nós

sabemos que temos falhas no nosso trabalho, a Funai é uma instituição que

historicamente, nunca foi muito valorizada, ela precisa, de fato, refinar alguns

procedimentos, a gente tem essa compreensão, a gente tem a compreensão que é

possível e preciso melhorar o nosso trabalho em alguns aspectos. Agora, eu acho

inadmissível também, a gente, enquanto governo, e eu venho compartilhando essa

angústia também com os nossos companheiros de bancada, a gente não se colocar

diante dessas afirmações caluniosas que tem sido colocada, o nosso trabalho não é

fraudulento, nós não estamos fraudando laudos, nós não estamos vendendo áreas

para arrendamento, nós não estamos financiando retomada, isso é uma decisão de

cada movimento, de cada povo que tem se organizado e que tem adotado as

medidas que entende melhor, e arcado inclusive com as consequências disso,

como tem sido falado na mesa do Mato Grosso do Sul. Então, eu queria colocar

isso, Ministro, em relação ao arrendamento, mais uma vez, eu acho que a

PNGATI ela vem trazendo essas diretrizes para gente juntos, todos os órgãos de

governo e as próprias comunidades que habitam as terras indígenas, fazerem a

gestão das áreas regularizadas de uma forma sustentável, baseada nos princípios e

diretrizes que estão alinhadas com o que a Funai vem defendendo para a

promoção dos direitos dos indígenas e proteção territorial. As terras indígenas são

terras da União, a Funai é contrária expressamente ao arrendamento, nós inclusive

formalizamos pedido à Polícia Federal para investigar situações de arrendamento,

inclusive em locais que se dizia que havia algum tipo de relação de alguns

servidores da Funai com situações de arrendamento, nós não compactuamos com

isso, achamos que a gestão das terras indígenas regularizadas, elas tem que ser

feitas de acordo com as diretrizes que a Funai e que o governo federal já

explicitou através de uma política nacional instituída por decreto da presidenta

Dilma. E pedimos esse apoio, a gente quer fazer um trabalho à altura do que

merecem os povos indígenas, as terras que estão regularizadas precisam ter

atenção também, precisam ter um trabalho, um investimento, um fomento de

ações governamentais, os indígenas tem colocado frequentemente a necessidade

de apoio do governo federal para fomentar atividades produtivas. Nós vamos

tratar disso aqui amanhã, vamos fazer a nossa prestação de contas, o balanço do

ano de governo, eu, Antônio Alves, o pessoal do MEC vai estar aqui, todo mundo

vai falar um pouco do que tem feito. Fazer esse balanço do ano, e no último dia a

CNPI vamos planejar o ano de 2014, Ministro, e que a gente acha, queríamos

também pedir o seu apoio, enquanto pessoas que se debruçam em cima da pauta

indigenista, que a gente tenha a possibilidade de realizar essa Conferência

Page 58: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Nacional de Política Indigenista, que é o que está se propondo, que é uma ideia

que veio da bancada indígena, que muitos segmentos aqui de governo já

aceitaram. Aliás, ontem na reunião de bancada de governo, já adiantando aqui a

nossa posição, foi consensual o apoio do governo em relação à Conferência, a

gente, enfim, vai apresentar algumas propostas aí em relação ao que vocês estão

colocando, de datas, enfim, que podem recolocar um pouco o que vocês

trouxeram. Mas, em relação ao mérito a gente é favorável, e a gente acha

Ministro, que nesse contexto desfavorável, como o senhor colocou, e que todos

nós temos no seu papel, cumprindo o seu papel enquanto Funai, enquanto

Ministério da Justiça, buscado superar essas dificuldades, a gente precisa também

de uma unidade, e a Funai precisa também desse apoio do governo, para a gente

poder levantar a cabeça, tratar também das outras demais pautas que a gente tem.

A gente sabe que a pauta territorial ela é fundamental, a gente compreende isso, a

gente reforça isso que tem sido colocado por todos os indígenas, não só os

representantes da CNPI, mas por outros, por outras terras onde eu tenho visitado,

por outras áreas de acampamento em que eu tenho ido, a situação do Mato Grosso

do Sul, Anastácio está aqui para também nos dar sempre o seu testemunho,

chamar a atenção para a situação de vulnerabilidade daquela área. A gente sabe

que a terra é fundamental, mas o trabalho da Funai não é só esse, a gente também

quer ter dignidade de se afirmar como um órgão público, se afirmar como um

órgão que desenvolve uma política pública, uma política pública que tem uma

responsabilidade, proteger e promover o direito dos povos indígenas, a gente tem

capacidade de dialogar, mas a nossa missão institucional, é essa, então extrapolar

muito a minha missão institucional também eu acho que é difícil. E, por isso eu

peço Ministro, o seu apoio para a gente poder finalizar o ano de uma forma não

tão negativa, eu acho que positiva não está, o cenário positivo não está para nós,

mas para a gente poder encerrar de uma forma, procurando fazer a discussão

dessa portaria. A portaria foi proposta, todos nós Funai, os indígenas estão abertos

a fazer essa discussão, deixaram isso claríssimo aqui, diferente de outros

segmentos que não querem nem fazer a discussão da portaria, mas a gente quer, a

gente acha que isso é importante, vamos ver quais são as questões que a portaria

pode melhorar, enfim, vamos fazer essa discussão e ver se para o ano que vem a

gente começa em uma perspectiva um pouco menos desfavorável para a gente

realizar o nosso trabalho, e para a gente poder, enquanto estado brasileiro,

cumprir o nosso papel de proteger e promover os direitos dos indígenas. Obrigada

Ministro.

José Eduardo Cardozo – Obrigado a vocês, eu vou agradecer a vocês,

não sem antes dizer algumas coisas importantes, não é só a Funai que tem sido

atacada, eu próprio tenho sido, recentemente em uma audiência uma senadora me

falou que eu sou um enrolador, que eu sou um omisso, até me deu um novo nome

“José Omisso Cardozo”, e a minha omissão é justamente não parar esse processo

de demarcação, no caminho oposto ao que estão sendo colocado. Então, todos nós

Page 59: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

estamos submetidos a essa situação, e evidente é impossível o corpo não apoiar o

seu membro, a Funai é governo, ela não é uma ONG, ela é governo, é nomeada

pelo governo para seguir a linha de governo, então eu não posso separar a Funai

de governo, claro e naturalmente, o governo tem que apoiar a Funai, claro, porque

seria a mesma coisa que um corpo não apoiar a sua perna, o corpo tem um

cérebro, tem a perna, e o cérebro comanda a perna, mas tem que apoiar essa

perna, não é verdade? Então, nessa perspectiva é evidente que as políticas

governamentais têm que envolver todos os membros do seu corpo, e a linha

traçada pela presidenta Dilma Rousseff é muito clara e tem que ser seguida, não

só pelos seus Ministros como por todos os seus órgãos, a orientação é garantia

dos direitos indígenas, aquilo que a presidenta disse na reunião com vocês, a

orientação é, cumpra-se a Constituição, a orientação é buscar mediação ao limite

das possibilidades para evitar conflitos como ponto de responsabilidade

governamental sem prejuízo daquilo que efetivamente deve ser feito como tarefa

do poder executivo. Claro, essa é a missão que eu tenho, essa é a missão que a

Funai tem, eu até pela forma que a Funai é um membro de um corpo e a linha é

única. Nessa perspectiva eu acho muito importante a gente desenvolver esse

diálogo que eu não me furto, mas ainda, quero ser muito franco, nessa linha da

mediação que é uma linha de governo, é uma linha que eu acredito

profundamente, eu posso estar errado, eu não vejo outro horizonte possível para

tentarmos. E, por isso, eu tenho me empenhado muito, eu me empenharia em

qualquer condução, porque quando você está em um governo, você ou sai dele ou

cumpre as suas determinações, e quando o governo determina, eu posso até,

eventualmente, já participei de vários governos na vida, posso falar, eu não

concordo, mas não acho que é o suficiente para ir embora, porque se eu tenho

orientação, e acho que contraria os meus princípios, por dever de lealdade, de

honestidade e ética eu tenho que sair do governo, mas nunca aconteceu isso

comigo no governo da presidenta Dilma Rousseff. Mas, nesse caso, a orientação

de seguir a mediação não é uma coisa que eu cumpro por dever hierárquico, que

todos nós membros de um corpo por lealdade temos que fazer, mas é porque eu

acredito nisso, e o meu empenho máximo é nessa linha, eu acredito nisso, eu

acredito no direito dos povos indígenas e acredito que é possível diminuir muitos

dos conflitos, das demandas judiciais como forma e alternativa, quer dizer, ou

seja, não é só um cumprimento de ordem hierárquica que por lealdade eu teria

que cumprir, mas é também por crença, eu espero não estar equivocado nisso. E

nesse ponto vocês contem com a minha firme atuação nessa linha, enquanto eu

estiver no ministério, me empenharei ao máximo para cumprir aquilo que é esta

orientação, e no mais, agradecer a vocês a oportunidade de a gente poder fazer

essas oficinas discutindo esta portaria, para aperfeiçoá-la, para que eu possa

entender eventuais críticas, para que eu possa explicar o que a gente quis fazer,

redigir melhor ou mostrar para vocês que a redação é boa. Em síntese, eu

agradeço esta oportunidade que nós vamos fazer, seria muito importante que nós

tivéssemos um cronograma disso, e eu peço encarecidamente por força da

Page 60: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

conjuntura adversa que nós estamos vivendo hoje, e conflituosa, quanto mais

enxuto for esse cronograma é melhor para nós darmos respostas, é melhor para

nós fecharmos portas para que ventos estranhos não enterrem pelas nossas

janelas. Então, eu acho que esse cronograma mais rápido, sem prejuízo da

profundidade de discussão, sem prejuízo do nosso empenho em realizar, é de

fundamental importância, porque o tempo agora, ele pode jogar contra nós na

realidade que nós estamos vivendo. Então, a vocês muito obrigado, eu continuarei

me empenhando nessas mesas de negociação, no limite da minhas possibilidade,

repito, não por dever hierárquico que eu faria lealmente como sempre, mas

também porque eu acredito que nós vamos superar essa adversidade, evitar

retrocessos e garantir avanços, desde que a gente tenha a sensibilidade, a análise

da correlação de forças e a maturidade necessária para compreender o momento

que nós vivemos, que não é dos mais fáceis, mas também não é dos mais difíceis,

é um momento que, como muitos na vida de quem está na gestão da coisa

pública, tem que ser superado. Obrigado a vocês.

Marcos Xukuru – Sr. Ministro, e gostaríamos que tivéssemos esse

compromisso, como nós vamos fazer esse processo ter esse acordo aqui com o

senhor, que não publicasse essa portaria.

José Eduardo Cardozo – Não, não vai ser publicada não, fique tranquilo,

não vai ser publicada.

Marcos Xukuru – Nós queremos essa garantia, essa fala do senhor

registrada, inclusive em Ata, porque o nosso compromisso nós iremos fazer na

medida em que nós nos comprometemos aqui. Iremos fazer o possível.

José Eduardo Cardozo – Claro, não, está garantido, ninguém vai

publicar portaria nenhuma. Aliás, foi uma orientação da presidenta, ela falou:

“Não quero que nada seja feito sem que sejam ouvidos os indígenas.” Foi feita a

reunião dos índios, com vocês, com todos os indígenas, os índios. O que eu quero

é só dizer a vocês, por favor, a maior agilidade possível nisso, eu não vou

publicar, mas eu preciso que vocês façam o cronograma rápido para que a gente

possa viabilizar isso.

Marcos Xukuru – Convido a bancada indígena e indigenista para sentar

urgentemente ali mediante essa informações que nós tivemos em relação à

proposta da PEC.

Chiquinha Paresi – Ministro lembre-se da garantia de recursos

financeiros?

Page 61: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

José Eduardo Cardozo – Sim, eu vou fazer o possível, eu não tenho a

menor ideia do custo disso, mas vou atrás dele. Ah, do Irapuá, perdão, eu estou

tão cansado que eu não estava me lembrando. Não, não é o problema de uma

portaria é o contexto em que ela se insere. Há algumas lideranças do Rio Grande

do Sul que estão loucas para que qualquer ato seja praticado para incendiar o Rio

Grande do Sul, eu acho que ali é uma terra que tem uma baixa densidade de

conflito, mas o estado não tem, por isso que eu queria fazer a mesa de negociação

lá e não consegui até agora, porque ali, está claro que não tem conflito, eu soltaria

com base na mesa e ninguém pode dizer o contrário, eu tentei fazer isso, uma vez

eu falei com as lideranças lá, mas eu não consegui fazer. Qual era a minha ideia,

quais são os conflitos que tem lá? Ah, não tem, bom, então vamos fazer, e aí

ninguém poderia dar como justificativa para colocar fogo nas outras, por

exemplo, lá eu tenho alguns assentamentos com o Mato Preto, como o Passo

Grande da Forquilha, que são assentamentos muito fortes, e que algumas pessoas

não bem intencionadas estão querendo utilizar para incendiar, inclusive Santa

Catarina e Paraná, claro. Então, eu tenho que isolar as coisas, pelo menos na

minha avaliação, eu não posso imaginar, por exemplo, se você solta uma coisa e

não fica claro para o pessoal de Mato Preto que uma coisa não tem a ver com a

outra, incendeia imediatamente, então é só esse o cuidado que nós temos que ter,

daí eu tenho insistido na mesa de negociação, mas eu sei que lá não tem esse

observação, mas eu preciso deixar isso transparente para o estado e para os

principais envolvidos, eu tenho certeza que na mesa de negociação isso fica

facilmente resolvido em cinco minutos.

Maria Augusta– Pessoal, vamos encerrar então nosso primeiro dia da 22ª

Reunião da CNPI, e quem quiser se reunir pode usar as salas ali do lado, está

bem? Obrigada. Olha, amanhã, 9h aqui, está bem?

Dia: 11/12/2013, manhã:

Teresinha G. Maglia – Bom dia a todos e a todas. A presidente está um

pouquinho atrasada e pediu que se iniciasse a reunião mesmo sem a presença

dela, afinal e de imediato passo a palavra para a Carolina, da Diretoria de

Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, para que ela comece essa

apresentação, que seria os arranjos institucionais da Funai. Prestação de contas do

ano 2013.

Carolina – Bom gente, bom dia a todos e todas. Como a Teresinha já

falou, eu, Carolina, sou Diretora Substituta da Diretoria de Promoção e

Desenvolvimento Sustentável. E a Funai, como todos sabem, tem duas diretorias

finalísticas, que é a Diretora de Promoção ao Desenvolvimento

Sustentável/DPDS, e a Diretoria de Proteção Territorial/DPT. Então a ideia é

fazer uma breve prestação de contas sobre o trabalho que a gente desenvolveu no

Page 62: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

ano de 2013, e também traçar um panorama dos desafios presentes e futuros que a

gente tem enfrentado. Eu não vou seguir estritamente o power point, mas assim,

porque tenho outras coisas que eu quero falar que não estão refletidas aí mas,

antes de mais nada, eu acho importante colocar que a Diretora de Promoção e

Desenvolvimento Sustentável ela foi criada em 2009 com a reestruturação da

Funai. Então, antes disso ela, se chamava Diretoria de Assistência. Com a

reestruturação, o caráter de atuação da diretoria se modifica substancialmente,

passa a ser uma diretoria que tem o desafio de promover o desenvolvimento

sustentável, a autonomia dos povos indígenas, o respeito, enfim, a diferença, a

agrobiodiversidade das terras indígenas. Enfim, é todo um enfoque diferenciado

do que era anteriormente a Diretoria de Assistência, que estava voltado como o

próprio nome diz, a uma ação assistencialista, que era bastante resumida na

entrega de alimentos, ferramentas, sementes, a prática de listas, era muito o que

acontecia no âmbito dessa diretoria.

Marcos Xukuru – Marcos, região nordeste e leste. Só questão de ordem

já que estamos dando início aos trabalhos, é bom estipular a questão de um

horário, quanto tempo você precisa para poder fazer a sua apresentação para a

gente poder otimizar o nosso tempo em virtude de que precisamos à tarde termos

uma outra agenda, só para a gente poder organizar esse tempo até 12h, 12h30’,

não sei que hora a gente vai ficar.

Carolina – Certo, temos 20 minutos para apresentação e um vídeo de 12

minutos, uns 40 minutos no total. Então, como estava dizendo, o novo viés de

atuação da Diretoria está voltado, não mais para uma ação assistencialista, enfim,

de uma proteção tutelar do estado com os povos indígenas, mas sim da

valorização das terras indígenas para a promoção da autonomia dos povos

indígenas, e a valorização dos modos de vida, ou seja, é a Funai tendo que se

redesenhar para conseguir prestar um apoio aos povos e terras indígenas de forma

diferenciada, se antes se fazia de uma forma bastante padronizada, a gente passa a

ter como diretriz esse atendimento diferenciado. Então a Diretoria de Promoção e

Desenvolvimento Sustentável ela trabalha com dois grandes eixos, um deles é o

eixo da gestão territorial e ambiental. Pode passar o próximo slide e daí eu vou

mostrar onde isso se reflete na estrutura da diretoria. Esse eixo da gestão

territorial e ambiental está refletido bastante na Coordenação-Geral de Promoção

ao Etnodesenvolvimento, na questão de atividades produtivas, enfim, fomento à

produção, geração de renda, autoconsumo. Na Coordenação-Geral de Gestão

Ambiental, e também na Coordenação-Geral de Licenciamento Ambiental. E, o

outro viés de peso da atuação da diretoria, é na área da promoção dos direitos

sociais e de cidadania, ou seja, no reconhecimento dos indígenas como cidadãos

brasileiros que tem direitos iguais a todo cidadão brasileiro, mas ao mesmo tempo

são sujeitos de direito diferenciado, que devem ter a sua diversidade cultural, a

sua especificidade cultural respeitada no âmbito das políticas públicas. Essa é a

Page 63: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

atual, são as cinco coordenações gerais que compõem a diretoria atualmente e é

uma configuração que se consolidou no ano passado, teve o que muita gente

chama da outra reestruturação da Funai, mas não foi, foi uma reorganização da

Funai o Decreto 7774, é isso? Acho que é? Em junho do ano passado teve outro

decreto que reorganiza um pouco o que foi proposto na reestruturação de 2009. E

afetou diretamente a estrutura da Diretoria de Promoção e Desenvolvimento

Sustentável, e levou a configuração dessas cinco coordenações gerais no âmbito

da diretoria. Então a Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento,

CGETNO, todo mundo conhece muito as siglas. Na CGETNO, o Coordenador-

Geral é o Júlio César, que eu acho que não está aqui ainda. Já chegou o Júlio? O

Júlio César é o Coordenador-Geral. Então é legal que vocês conheçam, ele deve

está chegando, ele está na Funai a mais ou menos dois meses, mas de toda forma

está aqui o Ivan representando a CGET no que é o Coordenador de Geração de

renda na Funai. Quem quiser dinheiro é com o Ivan. Então o Ivan coordenador de

geração de renda. A Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos Sociais,

CGPDS, a Coordenadora-Geral é a Patrícia Chagas, que está ao telefone ali, ela

pode se levantar para todo mundo saber quem é. A Patrícia já está com a gente há

mais de um ano. A Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania, a

Coordenadora-Geral, a CGPC, a Coordenadora-Geral é a Erika Yamada, vários

de vocês já conhece, porque ela participa da CNPI, ela era assessora do Aluizio,

assessora da Diretoria de Proteção Territorial. Não está aqui, está lá no Território

Etnoeducacional Yanomami. Mas, temos aqui a Eliane Pequeno, que é

representante da CGPC, trabalha lá, e não sei se tem a Josilene Brandão ainda não

chegou, mas à medida que chegar eu apresento. A Coordenação-Geral de

Licenciamento Ambiental, que a Coordenadora-Geral é Maria Janete Carvalho,

acho que também vários de vocês conhecem a Janete Carvalho, já trabalha há

muito tempo nessa área de licenciamento ambiental e a Coordenação-Geral de

Gestão Ambiental, CGGAM, Jaime Siqueira, também muito conhecido. A Julia,

ela trabalha no licenciamento ambiental com a Janete, ela é uma das

coordenadoras. Então essa é a configuração atual da diretoria, e eu vou falar um

pouquinho dos avanços em cada área dessa esse ano, e também falar um pouco

sobre o Projeto GATI, e a PNGATI, o Projeto Gestão Ambiental e Territorial de

Terras Indígenas que é um projeto piloto de ações de gestão territorial e ambiental

que ocorre em 32 terras indígenas no país, e a PNGATI que é a Política Nacional

de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas que foi decretada no ano

passado, então o projeto GATI ele faz iniciativas piloto, digamos, da política,

embora a política tenha saído depois do projeto. E também assim, só para

enfatizar, esse é o todo, é uma diretoria que está num processo de reconfiguração

da própria atuação da Funai como um todo, então todas essas coordenações gerais

elas estão com inúmeros desafios à frente, e é uma diretoria que trabalha

muitíssimo, e para desenvolver o seu trabalho tem que está constantemente

atuando e em parceria com outros órgãos que têm também atribuições sobre

execução da política indigenista do país, então o etnodesenvolvimento a gente

Page 64: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

tem uma interface muito forte com o Ministério do Desenvolvimento Agrário,

com a Embrapa, os direitos sociais a gente tem uma interface muito forte com o

Ministério do Desenvolvimento Social, com a própria SESAI. A promoção de

cidadania tem uma interface grande com o MEC e com o MInC, licenciamento

ambiental com o Ministério do Planejamento, com o Ministério de Minas e

Energia, com o Ministério dos Transportes, e a gestão ambiental, sobretudo com o

Ministério do Meio Ambiente. Então a gente não consegue fazer o nosso trabalho

sozinho de forma nenhuma, a gente tem que estar sempre dialogando com outros

órgãos no âmbito federal, mas também estadual e municipal quando vai para as

regionais e CTLS da Funai. Bom, esse ano alguns avanços da Coordenação-Geral

de Promoção ao Etnodesenvolvimento, vou citar apenas alguns, mas um deles é a

realização do segundo módulo de capacitação para servidores dos serviços de

gestão ambiental e territorial das Coordenações Regionais da Funai para quê?

Para aprimorar a elaboração dos planos de trabalho das coordenações regionais.

Por que isso? Isso tem a ver com essa mudança da qual eu estava falando. Por

muito tempo, a Funai, ela entregou semente, ferramenta, mas hoje em dia a gente

tem um desafio de está conseguindo construir e de forma participativa com os

povos indígenas os planos de trabalho regionais que atendam a demanda das

comunidades indígenas e consigam se adaptar localmente, regionalmente, as

potencialidades produtivas das terras indígenas, enfim, do país inteiro. Então, a

gente tem feito uma série de capacitações para ir habilitando os servidores que

estão atuando nas pontas para essa nova orientação. Claro que a gente sabe vocês

que estão nas bases aí, a gente sabe que isso ainda tem muito que avançar, até

porque hoje em dia a gente tem conseguido avançar bastante na produção de

planos de trabalho bastante qualificados e inclusive construídos

participativamente com os povos indígenas, às vezes daí a gente entra no

problema da execução, até tem um plano de trabalho já muito mais aprimorado,

mas aí entra numa dificuldade de execução da Coordenação Regional. Mas isso,

enfim, é um processo mesmo. Outro avanço esse ano que é um avanço que não é

só desse ano, mas que é um processo que está acontecendo é a realização de

diagnósticos sobre turismo em terras indígenas, e a sistematização de

informações, com proposta de minuta para visitação em terras indígenas. Então é

uma meta do PPA da Funai a regulamentação do turismo em terras indígenas, até

2015, e existe todo um plano de trabalho para isso, já foram feitos diagnósticos

em várias terras indígenas sobre turismo, e atualmente a gente já conta com uma

proposta que a gente pretende submeter à discussão com vocês, inclusive de

minuta para regulamentação da visitação em terras indígenas. Não vou me

alongar nisso porque isso aqui é um tema que requer um diálogo mais detalhado,

um pouco mais longo para explicar enfim todo esse processo. Em termos de

avanço também a ampliação e consolidação de parcerias com instituições

públicas federais como o MDS, MDA. Ainda, no etnodesenvolvimento, esse ano

a gente já realizou uma aproximação com o instituto de propriedade industrial

visando à adoção de sinais distintivos por produtos indígenas de terras indígenas,

Page 65: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

então nós começamos a discutir o processo de criação e constituição de marcas

indígenas, de selos indígenas para os produtos indígenas. Então é uma ação que

está em curso, participamos e apoiamos vários eventos de intercâmbios e troca de

insumos e sementes nas terras indígenas, e entre os povos indígenas como é o

caso da feira de sementes em Ingaricó, a feira de sementes Krahô e a Feira

Nacional de Agricultura Tradicional indígena, e também temos promovido ações

mais robustas voltadas à segurança alimentar e em áreas de indígenas de recente

contato, como é o caso de Awá Guajá e também áreas prioritárias da Funai, como

é o caso de Mundurucu e Marawatsedé. Essas áreas, só fazer uma observação,

essas áreas que estão citadas aí, Awá Guajá, Mundurucu, Marawatsedé, são áreas

de atuação prioritária que a Funai tem feito ações articuladas em conjunto, várias

coordenações gerais da Funai estãofazendo expedições nessas áreas para a gente

ter um conjunto de ações mesmo que atenda as demandas dessas terras indígenas

que estão em situação de extrema vulnerabilidade, sofrendo grandes pressões e

assim por diante. Então não é só um avanço do etnodesenvolvimento, mas de uma

forma geral na Funai se tem feito esse esforço entre as duas diretorias de fazer

uma atuação articulada. Bom, aí eu estou passando para a Coordenação-Geral de

Promoção dos Direitos Sociais, os avanços dessa coordenação geral e acho que é

interessante também traçar um desafio que é comum a Coordenação-Geral de

Proteção ao Etnodesenvolvimento e a Coordenação-Geral de Promoção dos

Direitos Sociais, por uma ação que a gente vem refletindo dentro da Funai que é

essa necessidade de fazer uma transição desse padrão de assistência para um

padrão de promoção ao desenvolvimento sustentável. Então assim, nós sabemos

no país muitas terras indígenas recebem cesta básica, que é uma ação que é

acompanhada pela Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos Sociais. O caso

do Mato Grosso do Sul é emblemático porque existe distribuição universal de

cesta básica para as terras indígenas lá. E a gente está buscando traçar uma

estratégia de, paulatinamente, fazer numa transição de modo que a gente tenha

mais fomento às atividades produtivas, às roças, às atividades inclusive que tem

potencial de geração de renda nas comunidades indígenas, e uma redução da ação

assistencialista. A gente sabe que tem terras e localidades que a gente não tem

como abrir mão da cesta básica, que realmente as comunidades dependem disso.

Mas, a gente sabe que tem lugares que inclusive tem comunidades que pararam

de plantar pela acomodação, bom, está recebendo a renda do Bolsa Família,

recebe a cesta básica e parou, e isso afeta diretamente a saúde das comunidades

indígenas que passam a ter um padrão alimentar inferior, muito baseado em

carboidratos, enfim, esses alimentos que são distribuídos por meio da cesta

básica. E deixam de estar cultivando a sua semente, de estar plantando, de estar

trabalhando com os recursos das suas terras. Então a gente já fez esse ano uma

inversão, colocamos mais recurso para o etnodesenvolvimento e menos para as

ações mais assistencialistas digamos assim, e pretendemos continuar trabalhando

nesse sentido no ano que vem. Bom, então a Coordenação-Geral de Promoção

dos Direitos Sociais nesse o ano, um dos avanços foi a assinatura de acordos de

Page 66: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

cooperação com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,

sendo que um deles é voltado para o estudo e aprimoramento do programa Bolsa

Família. Então um pouco nessa linha que eu estava falando aqui da cesta básica

também, o programa Bolsa Família começou a ser acessado por muitas

comunidades indígenas no país, e hoje está havendo uma pesquisa em nível

nacional em algumas regiões piloto, são sete terras indígenas. Para se fazer uma

avaliação do impacto do programa Bolsa Família nas terras indígenas e para os

povos indígenas, porque a gente sabe que em muitos casos o Bolsa Família gerou

aquela situação de dependência, de apreensão de cartões do Bolsa Família por

comerciantes locais que se aproveitam e se apropriam do recurso que os indígenas

recebem. Também tem essa questão do recurso financeiro acaba gerando um

desestímulo a utilização, a plantação, as roças das comunidades indígenas, e

assim por diante, então está havendo uma avaliação para que se possa aprimorar o

programa Bolsa Família que é um programa universalizante, que é para todo

mundo igual, eventualmente ele ter algumas características diferenciadas para os

povos indígenas. Então após o resultado da pesquisa vai se buscar aprimorar o

desenho do programa que para atender as especificidades dos povos indígenas.

Também estamos fechando a criação de um sistema de direitos sociais e

cidadania que deve ser lançado ano que vem, para fazer um levantamento, enfim,

para que a gente tenha um cadastro mais padronizado pela Funai, um

levantamento de dados nas terras indígenas, da população, dos benefícios que a

população indígena está recebendo e assim por diante, de repente depois a

Patrícia pode até falar um pouquinho mais do sistema que ela está acompanhando

diretamente. Também fizemos a regulamentação dos serviços de acolhimento ao

índio, a Instrução Normativa nº 2, isso é super recente, acho que faz umas duas

semanas que foi publicado no diário oficial, mas é importante porque essa

regulamentação, importante que todos vocês saibam e disseminem essa

informação porque regulamenta como é que se dá o acolhimento ao índio pela

Funai quando os indígenas estão em Brasília em articulação social. Tem critérios

para isso, a gente precisa ter que as nossas regionais estejam informadas, então

cria um fluxo de comunicação, estabelece períodos de permanência. Enfim, é

importante que todo mundo se aproprie dessa normativa que foi recém-criada. E

bom, esse ano foi criada a sala, foi instalada uma sala de situação no âmbito do

programa Brasil Sem Miséria. É uma sala de situação para discutir a questão

indígena na qual a Funai senta junto com o Ministério do Desenvolvimento Social

e Combate à Fome e com Ministério do Desenvolvimento Agrário para avançar

uma série de pautas, seja voltada ao etnodesenvolvimento ou a promoção dos

direitos sociais no sentido de se buscar a diferenciação dessas políticas públicas

que já estão dadas aí, seja a política de ATER, a política de fomento, a política de

assistência social, e trabalhando com um refinamento dessas políticas para os

povos indígenas. Então, foi muito frutífero esse ano ter essa sala de situação com

o MDA e com o MDS, porque a gente conseguiu avançar uma série de pautas,

inclusive estamos trabalhando uma proposta que é a de fomento coletivo, que

Page 67: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

seria uma forma de está podendo apoiar associações indígenas para atividades

produtivas nas suas terras. Ao invés do fomento, ele ser por família, também tem

essa possibilidade de haver um aporte de recursos federais que possam ser

alocados para associações indígenas, para produção indígena associada à

assistência técnica rural. Isso está em andamento também ano que vem, imagino

que a gente já tenha uma normativa sobre isso. Também, no âmbito dessa sala,

outra coisa que tem sido discutida, por exemplo, é a qualificação da ação de

distribuição de cestas básicas, qualificar a distribuição porque a Funai ficou muito

envolvida na entrega das cestas básicas, de conseguir fazer a logística para

entregar a cesta básica, de conseguir embalar a cesta básica, o que acabava

onerando os servidores das Coordenações Regionais, das coordenações técnicas

locais, nesse serviço assim mais manual, e acaba afastando eles do trabalho

técnico que eles têm que fazer, então a gente avançou nos diálogos com a

CONAB, esse ano, de modo que a Funai fique menos envolvida com essa

operacionalização, até porque isso tem um impacto no nosso orçamento bastante

alto, e que a gente possa desonerar os nossos servidores para que eles possam está

construindo os planejamentos, dando andamento a execução das atividades

finalísticas nas terras indígenas. E, outro avanço também dessa sala de situação, é

a abertura do diálogo com a Secretaria Nacional de Assistência Social para que os

CRAS e CREAS que estão localizados dentro das terras indígenas passem a ter

uma atuação diferenciada, de fato, isso é um diálogo insipiente, que está no

começo, mas existe essa abertura da Secretaria. E, também conseguimos

viabilizar a indicação de áreas de terras indígenas não só no semiárido, aí está só

o semiárido, mas em outras localidades do país para terem acesso ao programa

Água Para Todos. Então comunidades que estão com dificuldade de acesso à

água, seja para consumo, ou seja, para produção, poder ter o acesso a esse

programa federal que é o Água Para Todos. Bom, então a Coordenação-Geral de

Promoção de Cidadania ela é uma coordenação, mudando já a fita para outra

coordenação geral, ela é uma coordenação que foi criada ano passado, e ela tem

duas coordenações específicas, uma delas é a Coordenação de Processos

Educativos que está responsável pelo acompanhamento das ações de educação

escolar indígena e de apoio a processos educativos indígenas, e a outra

coordenação que se chama Coordenação de Mobilização Social, Gênero e

Geração. A Eliane pode me corrigir, talvez eu troquei a ordem. Bom, mas de toda

forma ela trata da temática, se foi criado um locus, dentro da Funai, para tratar da

temática de mobilização social. Diga Eliane.

Eliane Pequeno – Eliane, antropóloga da CGPC, a Coordenação-Geral de

Promoção da Cidadania é composta pela Coordenação de Promoção dos

Processos Educativos, e pela Coordenação de Gênero, Assuntos Geracionais e

Mobilização Social, ou seja, COPE e COGEM.

Page 68: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Carolina – Então é essa coordenação, que é um locus que foi criado

dentro da Funai para está se pensando processos de mobilização, de

fortalecimento das associações indígenas, de fortalecimento da participação social

indígena nos diferentes fóruns onde políticas públicas estão sendo discutidas, seja

no âmbito federal, estadual ou municipal, local. Ela está voltada para isso, mas é

bastante jovem essa área, e também discute como já havia uma coordenação

anteriormente voltada para assuntos para assunto de gênero e geração para

discutir na pauta das mulheres indígenas, da juventude indígena e infância. Bom,

em alguns avanços aqui, na verdade tem muito mais, mas só destacar alguns dos

avanços da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania, que foi o apoio, a

realização e a participação indígena em mais de 100 eventos esse ano, no

contexto das políticas públicas e iniciativas de fortalecimento dos povos

indígenas. O apoio a cerca de 1.450 estudantes no ensino superior. E, a transição

do auxílio da Funai para o Bolsa Permanência do MEC, isso é uma pauta que de

repente o próprio MEC vai falar mais longamente, mas a Funai ela vinha e

continua apoiando em certa medida a permanência de estudantes indígenas no

ensino superior por meio de um auxílio, no entanto a gente está num processo de

transferência dessa atribuição do pagamento desse auxílio para o MEC que já está

ocorrendo, e ele se configura nesse programa chamado Bolsa Permanência, que é

uma portaria que saiu em junho desse ano, então nós já temos vários indígenas no

país de ensino superior que estão inscritos no programa Bolsa Permanência no

MEC para que possam dar continuidade aos seus estudos de ensino superior.

Bom, nós temos também 22 Territórios Etnoeducacionais pactuados com o MEC,

e nessa Coordenação-Geral há apoio a uma série de iniciativas de processos

comunitários indígenas, atualmente a gente apoia 11 iniciativas. A Coordenação-

Geral de Licenciamento Ambiental tem como avanços uma organização e

normatização cada vez maior da atuação da Funai nos processos de licenciamento

ambiental de empreendimentos, a garantia da oitiva dos povos indígenas nos

processos, ou seja, dentro dessas normativas está bastante claro que em todo o

processo de licenciamento, em todas as suas etapas as comunidades indígenas

devem ser ouvidas e devem participar. E, também se percebe hoje já um maior

reconhecimento por outros setores do governo da importância do componente

indígena nesses processos. No entanto, ainda há vários desafios para essa

coordenação-geral, um deles é a mobilização qualificada e informada dos povos

indígenas para que possam intervir nos processos de modo também qualificado e

informado, ou seja, a gente conseguir está fazendo processos de capacitação

mesmo dos indígenas sobre como é que funciona o licenciamento ambiental,

quais são as normas, quais são as etapas de modo para empoderar as comunidades

mesmo para atuar quando estão sendo impactadas por grandes empreendimentos,

e também um acompanhamento de processos de licenciamentos estaduais e

municipais, dos quais nem sempre os povos indígenas e a Funai costumam ser

alertados. Isso é muito importante também porque quando o empreendimento ele

é federal já tem toda uma normativa que obriga o IBAMA a informar a Funai, e a

Page 69: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gente consegue acompanhar com mais qualidade e transparência os processos.

Agora quando têm empreendimentos estaduais ou municipais, essa normativa ela

não abarca as situações dos estados e municípios e, muitas vezes, a Funai não é

sequer informada que está havendo isso, e aí muitas terras indígenas acabam

sendo impactadas diretamente por seja rodovias estaduais, PCHs, MCHs,

estaduais ou municipais sem que a gente tenha conhecimento, então é importante

que a gente sempre seja informado, mas não há ainda esse fluxo muito bem

estabelecido. Bom, a Coordenação-Geral de Gestão Ambiental tem destaque aqui

em dois grandes avanços, um deles foi a formação do grupo de trabalho

interministerial com o Instituto Chico Mendes para se tratar das interfaces e das

sobreposições de terras indígenas e unidades de conservação. Esse grupo foi

criado em maio, ele tem um ano de prazo para dar diretrizes, encontrar soluções e

alternativas nos casos de sobreposição de terra indígena e unidade de

conservação. Nós já realizamos diversas reuniões no âmbito desse grupo de

trabalho. E, também começamos um processo aí de aprimoramento da

participação indígena em comitês de bacias hidrográficas, tendo como a primeira

experiência o caso da bacia hidrográfica do Rio Doce, em novembro. E aqui, eu

vou falar um pouquinho, estou quase terminando, vou falar um pouquinho do

projeto GATI e da PNGATI que têm sido conduzidos com o protagonismo da

Coordenação-Geral de Gestão Ambiental, no entanto são tanto um projeto quanto

uma política que impacta, e que é responsabilidade da Funai como um todo, e não

só da Funai, também do Ministério do Meio Ambiente e que tem o pleno

envolvimento dos povos indígenas e das organizações indígenas. Então o projeto

GATI teve vários avanços, na verdade ano que vem é o último ano do projeto

GATI. Mas, esse ano a gente pode destacar como avanços do projeto GATI:

intercâmbios e capacitações para agroflorestas, beneficiamento de frutas,

agroecologista, ativismo, criação de animais silvestres, cartografia e GPS,

participação em congressos. Também, a discussão sobre centros de formação

indígena como espaços que se pode está discutindo a gestão territorial e ambiental

e formando indígenas para estarem atuando nesse campo. Então, teve essa

discussão no sul e sudeste, pantanal e cerrado, e tivemos também intercâmbio

para conhecer outros centros de formação de excelência na Amazônia, como é o

caso da CPI/Acre e o da Raposa Serra do Sol, em Roraima. Também temos uma

Carteira de microprojetos lançada ano passado, não é Jaime, e aí foram 48

microprojetos apresentados pelas comunidades indígenas e 26 deles já foram

pagos pelo menos em partes. Então são vários microprojetos de gestão territorial e

ambiental que estão em andamento nas terras indígenas. E, aí eu vou falar

rapidamente aqui da PNGATI, depois a gente vai apresentar um vídeo que é para

fechar essa parte da apresentação. Como vocês sabem, a PNGATI foi uma

política nacional construída de forma participativa com os povos indígenas, foi

um processo de consulta, um processo que levou vários anos para se consolidar

até a publicação da política, tem o envolvimento direto do Ministério do Meio

Ambiente e da Funai. E, é uma política que está voltada de forma ampla a gestão

Page 70: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

ambiental e territorial de terras indígenas, e que envolve não apenas só Funai ou

só MMA, ou só organizações indígenas, mas sim uma série de órgãos do governo

que estão refletidos na estrutura do Comitê Gestor da Política Nacional sobre o

qual eu vou falar daqui a pouco. Então, é uma política ser implementada por

todos, com um protagonismo dentro da Funai na coordenação desse processo,

mas por diversos órgãos, não apenas órgãos federais, mas também estaduais,

municipais, organizações da Sociedade Civil, organizações indígenas e

indigenistas. Esse ano nós tivemos uma série de cursos de formação continuada

em gestão territorial e ambiental, tivemos três turmas iniciadas na Amazônia, uma

turma iniciada no sul e sudeste e uma oficina de mobilização no nordeste que está

acontecendo nessa semana, não é Jaime, começa amanhã no Nordeste. Dois

planos de gestão emblemáticos que estão em processo de construção que é o

PGTA de Marawatsedé e Mundurucu, nós temos várias ações em curso, já

fizemos ações de sensibilização, oficinas de etnomapeamento, reconhecimento

territorial, disponibilização de mudas para recomposição ambiental. Os planos de

gestão são ações que são realizadas também por um conjunto de coordenações

gerais da Funai e outros parceiros. Então, é um esforço realmente de articulação e

envolvimento de diversos setores. Também, de planos de gestão nós tivemos sete

planos de gestão concluídos no Acre, e 16 projetos de planos de gestão para

construção de planos de gestão aprovados para 2014, através de um edital do

PDPI, isso em parceria com o MMA. Tivemos a capacitação para chefes dos

serviços de gestão territorial e ambiental das Coordenações Regionais, e o que eu

já havia mencionado a instalação do Comitê Gestor em outubro. Então o Comitê

Gestor da política foi instalado em outubro desse ano, ele é o órgão de

governança da PNGATI, e é integrado por representantes governamentais e não

governamentais, e representantes dos povos indígenas. E as competências do

Comitê Gestor são: coordenar a execução da PNGATI, promover articulações

para implementação da PNGATI, acompanhar e monitorar as ações da PNGATI,

e propor ações, programas e recursos necessários a implementação da PNGATI

no âmbito do Plano Plurianual das diretrizes orçamentárias do orçamento anual e

outras fontes de financiamento. Então, esse Comitê Gestor ele é realmente o

órgão de governança da política e ele é que vai dar configuração das ações que

vão ser realizadas, vai ajudar na captação de recursos, de modo que as decisões

aqui sejam tomadas coletivamente sobre os passos para a implementação da

política. E assim, só para vocês terem uma ideia, não vai para enxergar os nomes,

mas nós temos uma série de representantes dos povos indígenas que compõem o

Comitê Gestor da PNGATI, representantes da COIAB, a APOIME, APIB, e At

Guassú, APIN Sudeste, tem assento. E dos representantes governamentais nós

temos a Funai, o Ministério da Justiça, o Ministério do Meio Ambiente, o

Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério do Desenvolvimento Social

e Combate à Fome, e o Ministério da Saúde. Esse é um grande desafio para 2014,

a gente conseguir realmente o engajamento de todos esses atores e ter resultados a

partir das reuniões, resultados efetivos a partir das reuniões e das deliberações do

Page 71: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Comitê Gestor da política, porque como eu já falei anteriormente, essa política só

vai realmente sair do papel de uma forma mais efetiva com o engajamento de

todos esses atores. E isso, eu estou falando aqui de recursos humanos, de recursos

orçamentários, e da mobilização de todos para que a gente concretize essa

política. Bom, gente devo ter esquecido várias coisas que eu gostaria de falar, mas

agora a gente vai passar um vídeo da uma prestação de contas do que foi feito em

relação à PNGATI e do projeto GATI, e depois se tiverem perguntas a gente está

a disposição. Obrigada. Só segura um pouquinho, que eu me lembrei de uma

coisa que eu tinha esquecido. É o seguinte: a gente estava falando da PNGATI,

das ações que a gente tem feito para buscar recursos para implementar a política,

e a gente tem uma série de iniciativas que já estão em curso, uma delas é o projeto

KFW, que vai iniciar com o apoio do recurso do governo alemão, que vai iniciar

o ano que vem, e que tem um enfoque primeiramente na região sul do Amazonas,

e é voltado para a gestão territorial e ambiental. Estamos fechando um edital para

chamada do Fundo Amazônia para apoiar a construção e implementação de

planos de gestão territorial e ambiental em terras indígenas, uma proposta em

conjunto também com MMA para apoiar essa construção e implementação de

PGTAS, e processos de formação e gestão territorial e ambiental. E, também

temos o tal do BRA, que é, enfim, acho que o Jaime pode explicar melhor o BRA

do que eu.

Jaime Siqueira – É um projeto em parceria com o PNUD, assim como o

projeto GATI, que possibilita da gente utilizar recursos de fontes do próprio

orçamento e também fontes externas para apoiar ações relacionadas à PNGATI.

Nós estamos nessa semana finalizando a criação desse projeto, mais um projeto, é

um projeto para apoiar ações da PNGATI com recursos do orçamento, mas por

ser um projeto ligado ao PNUD facilita a gente, por exemplo, contratar

consultorias e fazer outras ações que são muito difíceis, normalmente, no dia-a-

dia das nossas instituições, é isso.

Carolina – Então é isso gente, só para dar alguns exemplos de ações que

estão em curso e que provavelmente ano que vem já vão ser recursos disponíveis

para se estar fazendo ações de gestão territorial e ambiental nas terras indígenas

no Brasil.

(apresentação do vídeo institucional da Funai)

Carolina – Gente, só para fechar. Então, me lembrei de duas coisas que

eu havia esquecido, me lembrei de um dos desafios da gestão da Coordenação-

Geral de Gestão Ambiental que não estava colocado ali, que é também a gente

está propondo uma reflexão e normatizando essa interface das políticas

ambientais e das leis ambientais, como elas se aplicam às terras indígenas, isso é

um grande desafio, sobretudo agora que nós temos um novo código florestal,

Page 72: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

então esse é um desafio enorme que nós temos aí para 2014 em diante. E, outro

desafio que é comum a todas as áreas da Funai que é a questão de servidores e

recursos orçamentários. Assim, isso quando a gente pensa desafios, isso sempre

aparece porque o nosso quadro de servidores está pequeno, a gente precisa

aumentar nossa capacidade de atender as pontas. E, o nosso orçamento também é

pequeno, sofre os contingenciamentos, então isso também dificulta a plena

execução do nosso trabalho. E, finalmente eu queria apresentar para vocês o Julio,

que é o Coordenador-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento. Está aqui

Julio, de camisa listrada. Está bom gente, muito obrigada. Se tiver dúvidas, eu

não sei se tem espaço para dúvidas agora.

Maria Augusta – Pessoal bom dia. Eu queria só fazer uma breve

consideração aqui em relação à apresentação que foi colocada aqui da DPDS. Eu

não vi a apresentação inteira, eu estava conversando ali com o pessoal lá fora

sobre outras questões, mas já conheço bastante essa apresentação, afinal de contas

ainda pertenço a Diretoria de Promoção e Desenvolvimento Sustentável na Funai,

então a gente já refletiu e discutiu muito a respeito de tudo que foi apresentado

hoje aqui. Queria colocar assim, só uma sensação que eu tive enquanto a gente

assistia o vídeo da PNGATI, e um pouco relacionado à reunião que a gente teve

ontem. Eu acho que a PNGATI, todo esse esforço de investimento que a Funai

vem fazendo nas ações de promoção, eu acho que a gente avançou muito nessa

área de promoção, a gente conseguiu amadurecer a atuação da Funai um pouco, a

gente conseguiu refletir, implementar coisas novas, pensar soluções novas,

amadurecer áreas como a relação com a educação, com a saúde, pensar os

processos educativos tradicionais, pensar num processo de discussão de cidadania

indígena, enfim, várias coisas foram amadurecidas ali nessa área, mas acho que a

PNGATI ela vem num momento, e ela foi aprovada num momento em que a

expectativa era de que a gente já tivesse um pouco superado os entraves

principais no que diz respeito aos processos de regularização fundiária das terras

indígenas, então ela vem como um passo para frente, na expectativa de que se

desse um passo para frente, quer dizer, a política indigenista ela se debruçou

muitos anos em cima das questões relacionadas à regularização fundiária,

demarcação de terras indígenas, embora isso ainda não tivesse concluída, esse

trabalho como um todo, mas existiu um arcabouço já normativo, enfim, jurídico e

político que garantisse isso. E acho que a PNGATI ela vem na expectativa de ser

um passo à frente de se pensar então a gestão das áreas regularizadas. No entanto,

a gente vê que na verdade esse passo ele ainda é paralelo, não é um passo a frente,

a gente ainda volta e meia retorna a discussão da questão de demarcação de terras

indígenas, da garantia do direito originário à ocupação de terras tradicionais,

então eu também, eu acho que assim, as coisas não avançaram tanto quanto a

gente gostaria, mas acho também que a gente não pode enxergar esse passo da

PNGATI, da gestão das áreas regularizadas como um passo, que deve ser

desconsiderado, que deve ser colocado, digo, em segundo plano. Eu acho que a

Page 73: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gente tem que fortalecer essa política, tem muita coisa para se fazer ainda para

que ele possa sair do papel, e acho que, mesmo a gente estando numa conjuntura

aqui está difícil de tratar as questões fundiárias, a gente não pode deixar essa

conquista se perder, a gente não pode deixar essa conquista ficar secundarizada. E

acho que esse esforço ele é de todos nós, esse esforço é dos órgãos de governo,

tem o papel do movimento importante, tem um papel das organizações da

sociedade civil também que é fundamental, a gente também dentro do governo

disputar recursos para isso, a Carolina colocou aqui que um dos desafios vem

sendo buscar internalizar e obter recurso para poder desenvolver os planos de

gestão e concretizar a PNGATI. Então, acho que essa sensação um pouco que eu

tive de que embora a gente tenha certeza de que o momento está difícil no que diz

respeito à regularização, às demarcações de terras indígenas, também não

podemos secundarizar essa conquista que foi hoje ter uma política governamental,

uma política pública voltada para a gestão territorial e ambiental das terras

indígenas. Que é uma política que ainda precisa amadurecer, ela é ainda criança,

ela vai crescer, ela vai amadurecer, ela vai ter outros incrementos ao longo do seu

processo de implementação, e isso vai depender muito da forma como a gente

cuidar dela. Então, um pouco essa sensação que eu tivepara compartilhar com

vocês e fazer também um pedido da gente se esforçar para também não

secundarizar essa discussão, esse debate que é fundamental também para a

política indigenista. Feitas essas considerações, a gente, eu queria que a gente

compactuasse aqui um pouco o nosso tempo, porque talvez eu já escutei aqui

algumas pessoas falando que vai haver uma proposta de mudança de agenda para

à tarde, eu acho que a gente pode tratar disso daqui a pouco, mas assim, agora são

11h, tem duas pessoas que pediram para falar, não sei se vão ter mais inscrições,

eu acho que a gente podia trabalhar uns 15 minutos com debates, algumas

perguntas e respostas sobre a apresentação da DPDS, um pouco mais se acharem

que é necessário, e depois a gente poder ter também apresentação da DPT, que é

um pouco o balanço do ano, tratar um pouco das questões que inclusive vocês nos

pediram que a Funai respondesse desde a pauta passada em relação às terras

indígenas, processos de demarcação que estão na Funai, estudos e tudo mais, e

outras ações também, porque a DPT também não trabalha apenas a área de

identificação e delimitação, ela trabalha com fiscalização, vigilância,

monitoramento, a parte de índios isolados, e recente contato que eu acho que é

importante vocês saberem também o que a gente está fazendo, então se a gente

puder pactuar dessa forma, a gente considera que daí a Funai conseguiu fazer o

balanço um pouco na CNPI do seu trabalho nesse ano, se tiver acordo. Ok? Então

primeira inscrita, a Rosa.

Carolina – Enquanto isso, eu vou apresentar a Janete Carvalho, que é a

Coordenadora-Geral de Licenciamento. É que eu apresentei todos os

coordenadores gerais, e ela não tinha chegado. Ela que é a coordenadora-geral de

licenciamento da Funai.

Page 74: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Rosa Pitaguary – Só uma pergunta. Rosa Pitaguary, Ceará. APOIME

nordeste e leste. É só assim, sobre os Comitês que foram criados pela Funai,

vocês têm uma listagem de quais desses Comitês estão funcionando? Comitês

Regionais, porque a minha pergunta, por que é que eu faço essa pergunta?

Porque, no Ceará, foi feito apenas uma reunião para criação e posse, e nunca

mais, e nós enquanto comunidade indígena sempre a gente cobra da Funai os

encaminhamentos, como que anda isso e a resposta que nós temos é porque não

tem recurso para fazer as reuniões do Comitê. Por que é que eu estou

perguntando? Porque eu faço parte, pelo menos eu fui empossada para fazer parte

desse Comitê e a gente nunca sentou, nunca conversamos e a gente sempre cobra,

e nós não temos respostas, então assim, se é para a gente discutir uma

apresentação dessa muita bonita, falo até que aqui a CNPI também participa da

PNGATI, então assim, eu também desconheço, eu enquanto Rosa dessa

participação.

Maria Augusta – Chiquinha.

Chiquinha Pareci – Bom dia a todos e a todas. Chiquinha Pareci, do

Mato Grosso. Bom, a minha questão que eu queria colocar um pouco dentro desse

viés que a Rosinha colocou, e colocar mais algumas questões que foram

discutidas aqui mesmo na CNPI. Bom, uma coisa que eu queria perguntar, eu

perguntei já para o Jaime anteriormente, que eu gostaria de enfatizar isso.

Primeiramente, em relação às apresentações que foram colocadas ali de como

ficou a Funai, na estrutura dela. E, vocês sabem que tem muitas questões ainda

pendentes da Funai dentro daquela reestrutura dela. E, eu acho que é essa questão,

a gente tem que até discutir com o Ministro, porque a questão da reestrutura da

Funai não diz respeito só para nós, nem para você, Guta, como presidente

provisória, mas toda conjuntura institucional dela tem que ser tratada com o

Ministro, porque afinal é ele que vai lá discutir com a presidenta. Então, penso eu

que tem que ser uma pauta que a gente tem que levar em consideração nessa

discussão que nós estamos discutindo terra. Outra coisa que eu queria colocar um

pouco, que a Rosa já colocou aí, em relação aos Comitês, também a mesma

questão que eu gostaria de saber, e essa questão do acompanhamento mesmo da

CNPI em relação à PNGATI. Bom, de fato nós participamos, nós aqui que foi

referendado uma série de ações da própria política, pensou eu que a política está

em processo ainda de implementação, porque para mim não está implantado, até

por que, para mim, implantação é quando você tem um recurso e tem a ação, aí

vai tudo junto. Agora do contrário, um faz aqui, outro não faz ali e tal e a coisa

acontece assim meio paralela, a própria Guta falou, as ações são paralelas, de fato

são paralelas, a gente percebe isso. Outra paralela que eu vejo é assim, em relação

às políticas gerais dos órgãos, porque eu penso que não é só a Funai que tem que

prestar conta, mas todas as instituições que estão aqui na CNPI, conosco. Todas

Page 75: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

as instituições, eu quero saber o que estão fazendo, e qual foi o encaminhamento

que foi dado, que isso aí nós já pedimos desde o ano passado, ano retrasado e

fomos pedindo, durante esses anos todos da CNPI a gente está sempre pedindo,

quais são as ações que determinados órgãos que estão presentes, aqui na CNPI,

tem com os povos indígenas, política indigenista. Não é mais aquela política do

tempo de Rondon, e não é mais uma política centrada, ela é uma política que

agora ela descentralizou e a gente precisa saber. Outra questão também que eu

gostaria é em relação mesmo, por exemplo, no caso da PNGATI. Não tem como

você discutir determinadas ações sem discutir a questão mesmo da terra,

demarcação de terras indígenas, isso é um assunto que a gente tem que tratar com

o Ministro também. Discutir terras sem estar a terra regularizada, o que é que

adianta, para depois aqui a invasão, aí começa todo o desespero de novo. Não

adianta, nós temos que tratar esse assunto, a terra é fundamental para nós, sem ela

como alguém já falou ali, a terra é tudo para nós, é tudo, é a nossa sobrevivência,

é a nossa identidade como povo, como cultura, é tudo. Então, não tem como

discutir isso sem ter uma terra regularizada, sem ser uma terra bem tratada, se ela

não está de fato de posse dos povos indígenas. E, outra questão que eu gostaria de

colocar aqui é assim, em relação à questão da educação e a PNGATI. Na vez

anterior, eu tinha colocado, não me lembro de qual foi das reuniões, tinha

colocado que nós temos que fazer as ações se integrarem entre elas. Agora fica o

ministério faz uma ação, outro ministério faz outra, ninguém se encontra aqui, no

caso nosso para nós indígenas. Ninguém sabe o que o outro está fazendo, sabe de

repente as coisas acontecem. Eu estou falando isso gente porque eu fui cobrada

uma vez numa reunião de liderança, e eu não sei nem o que falar para as

lideranças de fato, e eles têm razão, aí um faz um, cada hora vem um aqui, está

igual secretaria, a secretaria também é mesma coisa, vai um setor vai lá, faz uma

coisa, outro vai lá e faz a outra, ninguém se entende. E, de repente tem a mesma

instituição fazendo a mesma coisa. Nós temos que acabar com isso gente, tem que

acabar com isso, nós temos tratando de cidadania, de povo, é a vida da gente que

está pendente nisso aí. Aí fica um faz uma coisa, o da saúde faz outra, a educação

faz outra. Por exemplo, a questão da PNGATI em relação à educação, eu tinha

pautado que a educação é uma política transversal, ela tem que ser discutida,

porque a educação gente que faz a cabeça das pessoas, é que forma cidadania. E

se a educação não está naquela discussão de terra, ela não está na discussão da

saúde, ela não está na questão do etnodesenvolvimento, não está em nada, não

adianta nada. As próximas gerações que virão, não sabe nem o que é PNGATI,

porque só chama um grupinho, e pronto. Então eu vou falando isso também,

porque outra cobrança que eu recebi e os professores me questionaram “a gente

não sabe de nada, como é que nós vamos discutir um tema com nossos alunos,

nós nem sabemos o que é que está se tratando”. Então eu acho assim, nós temos

que, eu acho que a Funai tem esse poder discutir isso, até por conta que, ou bem

ou mal, ou descentralizado ou não, é a Funai ainda que é a referência no

imaginário nosso e da sociedade de uma maneira geral com a questão da política

Page 76: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

indigenista. Então, cabe a ela desenvolver o seu papel de orientar as outras

instituições e demais ministérios. Por exemplo, na questão da formação

continuada, na questão da capacitação, vai capacitar o povo sobre questão de

terra, tem que capacitar todo mundo, tem que capacitar para eles entenderem que

os índios, não são vagabundos não, porque tem muita gente, é a sociedade

envolvida, pensa que nós somos tudo vagabundos que está na terra, não faz nada,

os índios não fazem nada, não. Que vocês apresentaram aí coisas muito boas, o

que nós temos para apresentar, os índios trabalhando na terra, a produção

econômica, produzimos, nós fazemos artesanatos, fazemos cada coisa

maravilhosa com que a natureza nos dá, o que os nossos ancestrais nos deixaram.

Mas, a sociedade de uma maneira geral não sabe de nada, não sabe. E aí, ela

desce o pau na gente, acaba com a gente, fala que nós não sabemos fazer nada,

que nós somos isso, somos aquilo. Então, nós temos que capacitar todos os

envolvidos, por exemplo, uma crítica que eu faço séria, pena que o MEC não está

aqui para escutar. Essa questão dessa discussão do PNGATI com a educação tem

tudo a ver sim, e eu não vi até agora a ação relacionada com a educação, está só

assim, uma coisinha ali, ah não tem nada a ver, é sistema de ensino, é escola, não

tem nada a ver com PNGATI. Então, ou vocês colocam isso aí na matéria de fato

e ponham uma ação, ou então para mim não tem sentido o PNGATI também, não

tem sentido. Porque fica todo mundo discutindo terra, terra, terra, produção,

produção, produção, fiscalização, fiscalização, fiscalização. E daí? Um grupo

pequeno, pronto. E o resto? E o restante da comunidade, onde é que está? O

restante da sociedade envolvida, onde é que está? Então gente, nós vamos discutir

o direito, ainda nesse momento que nós temos sendo bombardeado, violados

nesse campo de direito. Essa é uma coisa, e finalizando, eu quero dizer também,

achei muito interessante a ação que vocês colocaram lá, as ações de produção dos

povos indígenas. Isso tem a ver também na integração que estou falando das

ações de política, como a questão, por exemplo, que eu ouvi reclamações das

mulheres naquela oficina que a gente fez com o CONSEA sobre a questão da

merenda escolar. Gente, com uma terra dessa, com uma produção econômica

dessa que a terra dá para nós indígenas, e comprando merenda tudo no mercado

para dar para as crianças. Ah, o que é que é isso? Então, aí mais um protesto em

relação ao PNGATI, obrigação da PNGATI, pode discutir a questão da merenda

escolar, pode colocar na pauta. Agora o que é que é isso? Aí as mulheres elas

falaram, eu fiquei assim, e de fato elas têm razão gente, tanta produção. E aí a

merenda escolar é comprada na cidade, é feita toda uma negociação com a

mercadoria lá, levam coisas que não tem nada a ver na alimentação. E elas

reclamaram, e a nossa produção Chiquinha, como é que fica? Nós somos

mulheres de terra, de produção, e no que é que adianta a escola não aproveita.

Pena que o MEC não está aqui para poder escutar isso aqui. Então gente, ou o

PNGATI coloca a educação lá, porque a educação não é só escola não gente, e

tem a ver com aquelas ações que vocês colocaram lá, que eu vi lá que são ações

de negócio educativo aí da comunidade, que vocês colocaram aí. Os processos

Page 77: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

educativos tradicionais. Então se o próprio setor está discutindo isso, tem uma

proposta de política para isso, por que é que o PNGATI não foi tirar isso aí e

colocou lá no dele? Viu Jaime, você tem obrigação, você se comprometeu com a

gente aqui, e eu pelo que eu estou vendo achei legal, achei bacana, e eu acho que

parabéns a iniciativa, só que educação está fora daí, educação não é só sistema de

ensino, e não é só escola, educação é tudo. Então, ela é uma discussão, é uma

política transversal. Era isso que eu queria fazer, e de maneira geral, pelo esforço

que vocês fizeram, eu até parabenizo por isso, porque com todo problema que a

Funai tem, com toda essa situação que nós estamos vivendo, a ausência de

recursos e todo esse massacre mas, pelo menos tem uma proposta que eu vejo que

é positiva e que está assegurada aí o futuro dos povos indígenas, suas

comunidades. Era isso.

Maria Augusta – Chiquinha, olha, valeu o ano, tudo que nós fizemos e

passamos para receber esse elogio seu em relação às ações da DPDS viu,

agradeço pela Funai inteira. Anastácio Peralta.

Anastácio Peralta – Bom dia. Anastácio Peralta, Guarani Kaiowá de

Mato Grosso. Eu vejo assim, que no Brasil a gente burocratiza muitas coisas. E eu

acho que é um projeto fácil de aplicar na prática ele. Só que não sei se a

instituição ou as pessoas que não têm muito conhecimento, o que é que é facilitar

as coisas, que a gente não consegue aplicar esses tipos de projeto. E aí a gente

politiza ele, aí burocratiza, faz um punhado de coisa para não acontecer. Um

projeto, nesse modelo, eu escrevi em 2010, andei com ele o Brasil inteiro debaixo

do meu braço, esquentando ele, acha bonito mas, na prática, tem dificuldade. Eu

já passei para a Presidente Guta o último Aty Guassú um projeto desse, passei

para a Silvia um projeto desse e a gente não tem muito a resposta disso. E eu tive

que mandar para outros países para poder ser aprovado. E, às vezes assim, a gente

fala bonito, mas na prática a gente não consegue aplicar. E, é coisinha mínima, eu

sempre tenho falado assim o que a Funai sabe muito bem fazer no Mato Grosso

do Sul, não sei se é forçado, é distribuir cesta. Então nós indígenas Guarani

Kaiowá a gente já pensa demarcação com produção, e a gente já iniciou esse

projeto lá. Agora precisa de apoio. Que nem a Guta falou, precisa politizar isso,

mas politizar como? Eu acho muito importante as visitas, troca de experiência,

mas se você não faz na prática nunca vai ter. E a gente já iniciou esse projeto lá,

até convido vocês da CNPI, bancada, para ir visitar. Porque agora nós temos que

por em prática, não dá para a gente ficar rodeando o toco, não é um projeto caro,

é um projeto barato, bom, fácil de fazer. Outra coisa, a educação que a gente tem

que ter não é uma educação para a gente sair da aldeia para ficar na cidade, mas

tem uma educação que a gente valoriza a nossa aldeia, o nosso campo, a nossa

alimentação, a nossa saúde, e a gente não consegue fazer isso, a gente tem uma

faculdade hoje, indígena, em Dourados, que a gente também está construindo um

projeto para a gestão ambiental, valorizar o meio ambiente, a nossa aldeia. E, às

Page 78: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

vezes, a gente não tem muito apoio nisso, o país não está preparado, porque a

gente tem um olhar para a monocultura, nosso olhar é tudo para a monocultura,

muita soja, muita cana, essas coisinhas a gente não valoriza, então o país precisa

mudar esse servo também, porque valorizar. Então, mas eu queria assim, já que

até agora eu não tive resposta desses projetos, vê se o ano que vem, a Funai, a

presidência e quem puder aí, ir fazer uma visita no Panambizinho, e a gente

conversar sobre esse projeto, porque tem criança que nem sabe que jeito que é

arroz, nem feijão, que jeito que nasce, porque nós tem mais de 15 anos recebendo

cesta. Então, a gente precisa não enrolar muito, eu vejo muita enrolação nesses

projetos, era isso.

Maria Augsta – Obrigada Anastácio. O próximo é o Titiah e depois tem

escrito o Dourado. Mais alguém quer se inscrever, porque daí a gente encerra para

abrir a parte da DPT. Brasília. Vamos encerrar na Simone, para a gente abrir a

outra pauta.

Luiz Titiah – Bom dia a todos. Sou Luiz Titiah da região nordeste e leste

representando a APOIME. Então é o seguinte, o que eu vejo dessa explanação aí

desse trabalho, eu queria fazer aqui algumas colocações. Principalmente eu que

faço parte da Comissão de Etnodesenvolvimento dentro da CNPI, foi criado um

grupo de trabalho junto com o MDA onde a gente fez alguns encaminhamentos e

parou o trabalho do grupo. E assim, igual o Luiz Fernando está aqui presente na

reunião da CNPI, eu queria saber qual foi a situação por nós termos parado esse

trabalho. E, uma coisa que nós divulgamos, principalmente nas bases foi a

questão da última reunião, a ideia de nós caminharmos dentro da política do

estado brasileiro, é a questão da criação do PAA Indígena. Isso a gente não sabe

como é que está esse processo. Então é o seguinte, o que eu vejo Guta dentro da

realidade do que aconteceu dentro da Funai e da reestruturação da Funai, o que eu

vejo assim, tem muito gasto em capacitação dos novos funcionários que entraram

aí, e isso lá na ponta não está desenvolvendo, porque eu lembro que quando foi

discutido aqui na reunião da CNPI, que ia ter uma pactuação dentro da política

nos estados e nos municípios, onde que ia ter técnico nas Coordenações Regionais

para está desenvolvendo um trabalho junto com essas parcerias, sinceramente,

não funciona. Eu dou exemplo o meu estado, quem está buscando projeto de alta

sustentação para as comunidades são os presidentes das associações, são os

presidentes dos movimentos locais, e não tem nenhum acompanhamento técnico

do órgão, da Funai, presente. Então isso, há uma situação muito difícil. A outra

coisa que eu queria dizer, que eu vejo também Guta, sinceramente, e vou dizer

aqui para os representantes do governo. Eu vejo muita propaganda política, mas

nós não vemos ação, nós não vemos essas ações desenvolvendo lá na ponta. Nós,

aqui em trabalho de grupo fizemos alguns levantamentos sobre o programa Bolsa

Família, algumas ações de projeto que estava lá, que precisava o governo

fiscalizar se realmente está indo para as comunidades indígenas, se realmente está

Page 79: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

desenvolvendo aqueles projetos dentro das comunidades indígenas, porque os

levantamentos sempre é levantado aqui que gastou x em tal aldeia, x em tal

região, mas quando a gente vai visitar, a gente representante dos movimentos, aí

nós vemos as reclamações das lideranças, das organizações internas, não, não

vem para aqui não, vem para o município, vem para o estado, mas dentro da

comunidade não foi implantado ainda esse projeto. E, outra coisa que a gente

olhou aqui, que foi o enfraquecimento do desenvolvimento desse projeto, o

acompanhamento técnico para desenvolver os projetos dentro das comunidades

indígenas, principalmente comunidade que não sabe fazer o seu levantamento dos

seus projetos para está buscando algo dentro dessas ações dentro dos projetos do

governo do estado. E, assim eu me preocupo Guta, sinceramente eu já quero

deixar um exemplo dentro do meu estado, e que até mesmo a Funai está querendo

ser trabalhada em 2014 sobre a estruturação da Funai, que sempre a gente vem

pedindo aqui, dentro da CNPI, que nós queremos voltar àquela discussão sobre a

reestruturação da Funai, principalmente nós liderança indígena que fomos

cobrados na base, que somos também culpado pela reestruturação da Funai. Toda

vez que nós tentamos pautar essa discussão, nós sempre somos podados dentro da

reunião da CNPI, eu tenho essa visão. Porque eu estou preocupando até pela

questão do meu estado, apesar de que nós temos informação agora que não vai ter

mais assembleia da APOIME, a gente ficou revoltado com a situação que nós

enfrentamos ontem dentro do Congresso Nacional, a gente se preocupa com essa

nova que está aí implantada dentro do governo contra as comunidades indígenas.

E veja assim, eu estou preocupado com essa estruturação meus parentes, porque

já está começando lá dentro do nosso estado da Bahia. Onde já estão fechando

CTLs, onde que tem mudança de Coordenação Regional para uma instância de

mais de setecentos e poucos quilômetros, onde as comunidades estão com uma

luta de retomada de terra, onde está o conflito, onde está o derramamento de

sangue, onde que já foi índio à óbito. E, eu não sei como é que vai ser essa

implantação dessa nova estruturação da Funai, como vai funcionar. Esses

técnicos, como estão sendo preparados para desenvolver esse desenvolvimento lá

na ponta. Então, eu acho que eu mesmo estou triste, eu queria deixar registrado

aqui na reunião da CNPI, porque eu fui cobrado pelo Carlos que estava

responsável na assessoria do projeto do GATI, onde que me pediu apoio como

representante da APOIME para desenvolver as atividades do Nordeste, e eu me

empenhei, fiz o meu papel, e hoje Guta esse projeto do GATI na região,

principalmente para os Pataxó e outras regiões está parado, porque o cara acho

que não teve competência de desenvolver o trabalho dele de levantamento da

assessoria que ele estava fazendo sobre o projeto do GATI, então nós estamos

num prejuízo, por causa de uma pessoa que não tem competência de desenvolver

a atividade dentro dos projetos das ações. Então, eu queria deixar isso registrado e

nós precisamos desenvolver isso, nós precisamos desenvolver isso, e nós

queríamos saber em que pé estão essas ações. Então, eu acho que nós precisamos

discutir, e assim, com essa representação eu acho que assim, só quero fazer um

Page 80: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

registro aqui, esperamos que essa representação de fato em 2014 vá para a prática.

Que chega de tanto gasto e na prática nada vai ser desenvolvido. Acredito, Guta,

no seu trabalho, acredito. Eu mesmo ia fazer algumas colocações na presença

ontem do Ministro, de fato do que está acontecendo, principalmente na nossa

região, mas eu deixei, porque nós tínhamos outro ponto importante para discutir,

mas assim, mesmo que não tenha assembleia da APOIME, eu queria deixar aqui

registrado, eu conversei, acabei de conversar com algumas lideranças lá que essa

situação que está na Bahia pode atingir nas outras regiões, é um começo que é lá

na Bahia. Que mesmo que você não vai poder ir para a assembleia da APOIME,

que nós íamos discutir isso lá, que você vá para lá e faça uma reunião com o

movimento do estado da Bahia, porque estão aguardando e estão esperando para

discutirmos mais e ter um esclarecimento nessas mudanças que vai haver lá,

principalmente na questão da Funai. E, que lá nós não estamos sendo contra a

Funai, nós queremos deixar bem claro, nós queremos moralizar a Funai e ajudar

de fato que a Funai desenvolva o seu papel dentro da região, principalmente que é

meio complicado o estado da Bahia. Meu muito obrigado, era isso que eu queria.

Maria Augusta – Obrigada Luiz. Brasílio, e Simone, a próxima. Pessoal,

vamos só observar o tempo, senão a gente não consegue.

Brasílio Priprá – Bom dia a todas e a todos. Eu vou ser bem rápido. Na

verdade Presidente eu fui contemplado já alguma com a fala do Titiah, eu fico na

linha dele que a Funai, ela tem que se reestruturar. O nosso papel aqui é também

apoiar e nós precisamos de uma Funai forte, eu sei que não depende só da

presidente, mas nós precisamos de uma Funai forte, que realmente está bem

colocada no papel, a gente sabe que algumas coisas estão funcionando e nem tudo

está parado, mas nós precisamos que vá mais na prática, que atinja outras áreas

com mais necessidade. Então, na verdade, aqui eu deixo o parabéns a todos que

montaram isso mas, realmente, precisa está na prática. A reestruturação da Funai

ela precisa, porque na verdade queira ou não queira os povos indígenas têm uma

Funai como referência então, na verdade, a reestruturação na Funai ela faz com

que os povos indígenas tenha mais confiança na Funai, uma Funai mais forte, até

porque a liderança de base, conhecer a Funai mais forte que está hoje, hoje a

Funai está fraquinha, ela está assim com a água no pescoço, mas vamos, porque

nós aqui, nós somos cobrados por lideranças de base, liderança que conhece a

Funai há 35, 40 anos, aquela Funai forte, e hoje a gente sabe que não é isso.

Então, aqui nós também temos juntos, estamos dispostos a ajudar, vamos cobrar a

Presidência da República com outros Ministros para que ajudem a Funai ser a

Funai mais forte. Sabemos que a Funai tem um papel importante dentro das áreas

indígenas, mas que hoje ela não está fazendo, e precisa melhorar. Obrigado.

Maria Augusta – Simone e Dourado.

Page 81: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Simone Karipuna – Bom dia a todos e a todas. Sou Simone, a Simone

Karipuna, região amazônica, representando o Amapá e Norte do Pará nessa

Comissão. Essa minha fala eu pego um pouco da fala do Titiah, que ele acabou

lembrando sobre a nossa participação da bancada indígena dentro de um grupo

GTI, um grupo interministerial, Funai e lideranças indígenas e MDA que foi

criado para que a gente desse justamente encaminhamento sobre as questões

voltadas à DAP que ainda não era adequada para a questão indígena. Então na

Subcomissão de etnodesenvolvimento que a gente também remete para a questão

da PNGATI, e aí a Chiquinha também fala uma coisa muito interessante,

recentemente a gente participou de um seminário nacional sobre segurança

alimentar e nutricional para os povos indígenas, e aí lá houve uma demanda muito

grande em relação dessa questão de como acessar a questão da merenda escolar e

que ela fosse fornecida pelas comunidades indígenas, que dentro das

comunidades indígenas têm sua produção. E, infelizmente, isso não vem

acontecendo. Esse grupo de trabalho foi criado justamente para estabelecer e

facilitar esse acesso das comunidades indígenas a esse programa, e isso não vem

acontecendo. Nesse ano de 2013 nós nos reunimos na Bahia, justamente pautando

encaminhamento para proposta da DAP indígena, que até hoje a gente não

conseguiu nenhum encaminhamento que fosse repassado para nós indígenas do

GTI, do GT que foi criado. Não foi passada nenhuma informação depois da

reunião que ocorreu na Bahia. E nós estamos sendo cobrados, no seminário nós

fomos cobrados. A Carol estava lá, ela viu, na carta do final também saiu essa

cobrança. E a gente fica como liderança indígena que foi e que está dentro

discutindo isso, se sente um pouco engessado quando somos cobrados, que a

gente não apresenta resultados. Isso realmente eu remeto que está aqui o Ivan,

está aqui o Luiz Fernando do MDA que a gente possa não sei se agora,

presidente, mas que a gente possa de fato colocar em prática o que a gente

acordou na reunião na Bahia, porque nós estabelecemos um cronograma de

atividades que até então não foi nos apresentado nenhum encaminhamento em

relação a isso. Queria também se você me permite puxar um pouquinho de

sardinha para o meu povo na região do Amapá, a gente sabe da grande

dificuldade que hoje a Funai tem para desenvolver suas atividades na ponta, mas

os povos indígenas de Oiapoque ao qual eu pertenço, é histórico o momento de

fazer o seu monitoramento nas suas terras. Esse ano a gente conseguiu mobilizar

900 indígenas e conseguimos fazer na grande parte das terras indígenas que são

três, a gente conseguiu fazer o monitoramento lá. Infelizmente, sem nem muito

apoio da Funai, mas eles se articularam e conseguiram, lógico, com os servidores

da Funai, com apoio, mas sem justamente um outro financeiro para execução.

Então assim, eu queria registrar isso aqui, e também em outras regiões, tem já se

programado para fazer e a gente eu acho que por recurso está chegando, chegou

agora no segundo semestre, então ainda não ocorreu. Então queria fazer esse

registro, porque como várias lideranças aqui já falaram, para nós terra, o nosso

território é muito importante. Queria também questionar aqui em relação de que

Page 82: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

agora para o ano de 2014 a gente comece a pensar ou então, e também quero

questionar com vocês em relação ao concurso público da Funai. Era isso.

Maria Augusta – Obrigada Simone. Dourado.

Dourado Tapeba – Bom dia a todos e a todas. Dourado Tapeba, mesa de

diálogo, representando o nordeste, mesa de diálogo. Eu já estou contemplado em

parte com a fala da Chiquinha, mas eu queria falar sobre três pontos: a questão da

reestruturação da Funai, a questão da PNGATI e a questão da educação. A

reestruturação da Funai inclusive a gente ajudou fazer essa discussão, mesmo

depois que a própria CNPI foi acusada de ter se vendido para o governo, e a gente

sabe que não foi isso que aconteceu. Inclusive a gente foi penalizado por várias

perdas das regionais e também de CTLS que foram colocadas em lugares que

realmente ficou difícil para o atendimento dos povos indígenas. Mas é o seguinte,

não se faz reestruturação sem recursos humanos. A Simone tocou bem ainda com

o concurso público da Funai. É preciso que a gente proponha também, que faça

uma mobilização em frente ao Ministério do Planejamento para que essa questão

desse concurso saia, porque nós sabemos o servidor da Funai hoje não existe mais

nem um terço dos servidores que tinham há 10 anos, há 15 anos. E os poucos que

tem estão se aposentando, então é preciso que a gente corra logo essa questão de

apoiar também não só os servidores, mas quem possa também está fazendo parte

dessa discussão e apoiando, ir lá no Ministério do Planejamento e colocar, fazer

nossa crítica e o repúdio, porque todo dia sai na televisão as vagas para os setores,

inclusive hoje estava passando vários setores do governo fazendo vaga para

concurso público, essa é uma questão. A questão da PNGATI, quando nós, eu fiz

parte da discussão nas oficinas, e a gente pensou a PNGATI numa forma que

todos os povos indígenas do Brasil fossem atendidos pela PNGATI, só que depois

de tudo feito, inclusive depois que foi assinado o ano passado, em junho do ano

passado, se não me engano foi dia 06 de junho, estive até presente, criaram o

GATI que só trabalha em terras regularizadas, terras homologadas, então

inclusive o Ceará tem uma que tem vários projetos, que é Tremembé do Córrego

João Pereira. Mas outras, a maior parte das terras, 99% das terras ficam

descobertas. Então é preciso que essa PNGATI que ela possa estender as cidades

do Brasil, independente de ser demarcada, homologada essa questão, isso é uma

questão que a gente tem que propor isso. Ainda mais questionando aqui a questão

de um projeto, de um projeto não, de uma ação, um programa que era a Carteira

Indígena, que tinha o PPG7 que financiava a questão lá da Amazônia brasileira,

que era o PDPI, então foi criada a Carteira Indígena para ajudar a resolver alguns

problemas das outras regiões, principalmente da região nordeste e sul. E esse

programa foi um programa que foi muito bom, inclusive o Luiz Fernando está

aqui, participou desse programa, o André também, e esse programa ele melhorou

muito a vida de muitos índios nessas regiões. E esse programa praticamente

acabou-se. Seria que poderia com a PNGATI tentar resgatar essa ação dentro da

Page 83: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

PNGATI para continuar esse trabalho nas terras indígenas? É uma outra proposta.

A questão da educação, eu queria propor aqui, e acho que falou muito bem ali em

relação à questão dos territórios etnoeducacionais, eu queria propor que a Funai

trouxesse de volta, recriasse a Comissão de Educação que os povos indígenas

perderam muito com a saída, com a extinção da Comissão de Educação Escolar

Indígena da Funai. Então é preciso que a gente possa refazer essa discussão para

que possa melhorar mais ainda a educação. Acho que inclusive até propor

também que existe também uma Comissão de saúde também na Funai, porque

quer queira ou não, a Funai ainda é o órgão fiscalizador de toda política

indigenista no país. Então queria fazer essa fala, já estou contemplado em várias

falas aí e pedir com que a gente possa realmente acelerar esses projetos, esses

programas. Era isso.

Maria Augusta – Obrigada Dourado. Eu vou passar aqui, a Carolina vai

apresentar algumas respostas, o Luiz Fernando e a Lúcia vai falar sobre os

Comitês Regionais. Eu só queria fazer uma reflexão antes de passar a palavra

para eles, no seguinte sentido gente. Bom, primeiro falar um pouco sobre a

reestruturação. Eu gostaria de fazer uma discussão de reestruturação da Funai

com vocês, inclusive a gente tinha se proposto da última reunião para cá nós

pensamos em começar esse debate nessa reunião do CNPI aqui, no entanto a

pauta ficou bastante apertada, a gente tem sido frequentemente premidos por

emergências, e a CNPI passa a discutir reativamente digamos a um fato que está

colocado ou uma emergência que está colocada, e a gente acaba não fazendo essa

discussão aqui. Eu estou assim deixando registrado o meu interesse e a minha

total adesão a essa proposta de discutirmos a questão de reestruturação. Por que é

que eu estou falando isso? Porque eu acho que a reestruturação, primeiro alguns

fatores, teve coisas que ficaram por implementar por uma série de circunstâncias

da reestruturação que foi planejada em 2009, foi implementada em 2009.

Segundo porque de 2009 para cá tem coisas que tem que ser revistas, porque são

coisas que não deram certo,a nosso ver, na avaliação da gestão agora, passado uns

quatro anos. E, terceiro porque tem coisas que para a realidade atual, porque a

conjuntura muda também que precisam ser repensadas. E vocês precisam

compreender o que é que a gestão tem pensado em relação a isso, o que é a

diferença de, por exemplo, você ter uma unidade gestora, uma coordenação

regional e você ter como você está pedindo e cobrando aqui. CTLS funcionando

para quê? Para implementar projeto para desenvolver ações de direitos sociais,

para fomentar, ajudar nas ações de PNGATI, para fazer interlocução, bom, fazer

interlocução é mais o papel da CR, com o PAA, PNAE que são os programas que

foram citados aqui e que de fato a gente está atrasado, vocês têm toda razão, o

caminho está traçado, existe a política, existe o caminho, e a gente precisa

viabilizar isso, o que é que está faltando, eu acho que essa reflexão a gente

também fazer, temos conversado muito, Luiz Fernando, o Edmilton, o pessoal do

MDA, está muito próximo da gente, o MDS também veio muito forte nessa

Page 84: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

discussão, mas assim, a gente está com os caminhos prontos e precisamos

viabilizar, vocês têm razão em relação a isso. Reestruturação voltando. Eu acho

que a gente precisa discutir, nós temos avaliações do ponto de vista da Funai e

vocês também precisam compreender isso gente, porque é o seguinte, todo mundo

quer uma unidade gestora perto da sua área, na nossa concepção não é isso que

está resolvendo o problema, não é isso que está fazendo a diferença, o que vai

fazer diferença é você ter um corpo de servidores, fazer o concurso, aumentar os

servidores, e ter a Funai lá indo para as terras indígenas. Uma vez por semana,

uma vez a cada 15 dias, mas conhecendo os problemas, trazendo isso para a

coordenação regional e a coordenação regional podendo fazer a relação com a

sede quando é preciso ou resolvendo o problema quando o problema é local e

pode ser discutido no próprio estado. Agora todo mundo quer uma unidade

gestora, uma coordenação regional perto da terra indígena. Isso não resolve o

problema na nossa avaliação. Mas nós estamos abertos a discutir isso com vocês,

queremos discutir essa concepção com vocês, e também podemos e estamos

abertos para ser convencidos do contrário. Eu acho que isso tem que ser discutido

mesmo, tem regionais, e aí fazendo uma autocrítica da Funai que não estão

funcionando, que não estão funcionando, por diversas razões: por falta de

servidor, ou porque mesmo não consegue avançar no cumprimento das suas

atribuições, porque não conseguem muitas vezes o papel do que é ser uma

coordenação regional, do que é ser um CTL, qual a interlocução entre essas duas

unidades da Funai. Então isso precisa está internalizado, tanto para nós da Funai,

os servidores, o corpo, as CLs, as CTLs, quanto para vocês, qual é o papel de

cada unidade, o que é que se cobra de cada uma das unidades, o que é que se

cobra de CTL, o que é que se cobra da CR, por que é que não existe uma

comunicação adequada entre CTL e CR, muitas vezes e sede, o planejamento que

a gente faz no começo do ano, e muitas vezes chega no fim do ano e cadê, não

conseguimos implementar um monte de coisa, por quê? Então tem uma lição de

caso interno que é nossa, tem uma série de gargalos, de desafios que a Funai tem

que superar e isso é uma tarefa nossa, mas tem uma discussão que tem que ser

feita com vocês também para a gente poder está alinhado nisso e na compreensão

de qual é o papel de cada unidade da Funai. Então eu estou me dispondo a gente

fazer isso, talvez não seja uma discussão de CNPI, talvez seja uma discussão da

Funai com a bancada indígena, enfim, precisamos num formato de discutir isso,

mas assim, estou aberta, estamos abertos para fazer essa discussão e mais do que

isso, achamos necessário. E isso me leva também a fazer outra reflexão que é a

nossa discussão aqui da CNPI, a nossa dinâmica, o nosso funcionamento da

CNPI. Nós estamos sei lá, quatro, cinco reuniões, nem sei dizer muito bem

quantas, mas faz muitas reuniões que não são regulares, que a gente não consegue

ter a discussão da pauta das subcomissões, que a gente não consegue avaliar o que

foi tratado e encaminhado nas subcomissões e fazer o monitoramento dessas

ações, nós estamos fazendo reunião atrás de reunião para tratar de emergência,

para discutir questão pontual do que está acontecendo no momento,

Page 85: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

encaminhamos uma, duas, três coisas depois nem retomamos isso para saber o

que é que está caminhando e o que é que não está. Então assim, eu tenho feito

essa reflexão a respeito da CNPI, acho que hoje é um dia propício para colocar

isso, porque a gente teve uma reunião que foi tumultuada, não tivemos

subcomissões, a gente não trata mais das pautas setoriais, então eu acho que nós

estamos num momento e aproveitando que é a última do ano, e também trazendo

o governo para essa reflexão, porque os indígenas eu acho que já ouvi algumas

pessoas reclamando do funcionamento da CNPI, mas eu acho que como é a

última do ano, nós temos obrigação gente de fazer essa avaliação e pensar o que

vai ser da CNPI o ano que vem nós queremos continuar nesse modelo ou não,

vamos voltar. E acho que assim, tem pautas importantes. Essa questão da

PNGATI que está sendo colocada aqui, fazer uma avaliação, criar um grupo da

CNPI que consiga fazer uma avaliação, discutir com as áreas onde estão sendo

implementadas as ações da PNGATI para a gente também poder monitorar, que

pode ser no etno, exatamente entendeu. Então assim, nós não estamos fazendo

desse espaço, dessa instância na minha avaliação, essa é uma avaliação pessoal

minha, que eu não discuti com governo, não discuti com a bancada indígena, nem

indigenista, mas eu acho que nós precisamos enriquecer, qualificar o nosso

trabalho e voltar a ser, fazer da CNPI uma instância de pensar e monitorar

políticas públicas, uma instância de participação e controle social. Eu não estou

vendo hoje o CNPI como essa instância. Alguém? Acho que foi o Winti que

colocou ontem, o que é que a gente achava de que a CNPI estava virando um

espaço de escuta, de ouvidoria, que as pessoas chegavam, que os indígenas

falavam, falavam, falavam, e a gente escutava tudo, todo mundo ia embora para

casa, toma o lanchinho e vai embora depois de três dias sem ter feito uma

reflexão mais robusta, sem ter conseguido concretizar algum encaminhamento, ou

monitorar ou cobrar, eu acho que a CNPI ela tem que ser esse espaço.

Independente da roupagem dela, da forma como ela está constituída, hoje ainda é

uma Comissão, mas que a gente sempre disse que era um embrião do Conselho, o

Conselho ele é um espaço de participação e controle social, mas independente da

forma, eu acho que a atuação nossa ela tem que está voltada para esse objetivo,

para esse trabalho de participação de controle social. Então foi só uma reflexão

para a gente pensar, pensar na nossa participação, eu acho que a gente tem que

reavaliar, governo tem estado muitas num tem ou representação total aqui da

bancada, e bancada indigenista também, ficamos aquela coisa de a organização

que saiu vai voltar, não vai, a gente tem que retomar esse debate, bancada

indígena, representação é a mesma representação desde que a CNPI começou, é

isso mesmo gente, não é. Eu acho que essas reflexões, está na hora da gente fazer,

nós temos hoje quantos anos de CNPI? Sete anos. Então assim, eu acho que essa

avaliação, estamos num momento oportuno de fazê-lo, mas assim, não é uma

posição de bancada ou nem de Funai, é uma posição pessoal minha que eu estou

colocando aqui, acho que a gente tem que pensar esse espaço. Então Carolina,

Luiz Fernando e Lúcia.

Page 86: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Ivan – Era só uma dúvida já que vocês vão falar sobre essa questão que a

Simone colocou do concurso, que me preocupa bastante. De que está sendo

cobrado e prometido há muito tempo e a gente não tem resposta, então queria

ouvir também se o Ministério do Planejamento tem alguma resposta sobre isso, e

além do Ministério do Planejamento eu queria saber se a Funai tem um estudo

sobre essa questão do que vai acontecer nos próximos anos com as

aposentadorias, porque eu queria que vocês trouxessem isso para a CNPI, porque

eu ouço muito isso que em dois anos não vai ter ninguém na Funai, todo mundo

vai se aposentar. Eu sei, eu estou exagerando por querer.

Lúcia Alberta – Então eu vou falar dos Comitês Regionais. Então, eu sou

a Lúcia Alberta, eu trabalho na assessoria da presidência da Funai e um dos

assuntos que eu ajudo a coordenar na Funai são os Comitês Regionais. Então os

Comitês que foram criados com a reestruturação da Funai, a ideia era eles serem

esse espaço de gestão compartilhada e planejamento, avaliação dos trabalhos da

Funai nas pontas. Então hoje das 37 coordenações regionais, nós temos 30

Comitês instalados, desses 30 pela nossa avaliação que fizemos recentemente,

pensando um pouco essa reestruturação dentro da Funai, nós temos 15

Coordenações que hoje nós podemos dizer que tem o Comitê Regional

funcionando como foi pensado na reestruturação. Então são Comitês que

planejam as ações da CR, avaliam e depois eles também aprovam os planos

regionais como está na estrutura da Funai. Eu vou falar rapidamente quais são

esses Comitês só para vocês terem uma ideia de quais nós avaliamos como

Comitês que estão funcionando. Então: CR Madeira, Minas Gerais, Espírito

Santo, Nordeste 1, Paulo Afonso, Ji-paraná, Rio Negro, Manaus, Alto Solimões,

Maranhão, Araguaia e Tocantins. Eu falei somente 10 aqui, o que nós temos uma

às vezes que realmente estão funcionando, desses que eu citei aqui, tem alguns

que funcionam muito melhor, que realmente conseguem fazer essa gestão

compartilhada da política, enquanto outros eles conseguem fazer reuniões,

discutem, mas ainda não conseguem avançar. Os outros 15 que estão instalados,

mas que não funcionam, são Comitês Regionais que foram instalados na época

com objetivo de cumprir metas. Então eles foram criados, podemos até falar

assim, sinceramente, “a toque de caixa”, e nós precisamos, junto com as

coordenações regionais e os povos indígenas, repensar esses Comitês Regionais,

desde os membros até o objetivo desse Comitê naquelas regionais. E os sete que

precisam ser instalados, ou seja, são Comitês que ainda nem foram pensados nas

Coordenações Regionais. Desses sete eu cito: a CR Xavante, CR Ribeirão

Cascalheira, CR Xingu, CR Juruá e outras que eu não estou lembrando agora,

mas que a gente pode passar também essa tabelinha para vocês. Eu acho que é

isso assim, uma informação bem rapidinha. Obrigada.

Page 87: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Carolina – Bom, essa demanda me remetendo ao Dourado, da Carteira

Indígena, PDPI, enfim, essa demanda de retorno desses projetos, isso é constante,

a gente sabe que os povos querem a volta disso, mas o que é que a gente tem

feito? Tanto Carteira Indígena quanto PDPI foram projetos também com recursos

internacionais também, com um início, meio e fim, são projetos que estavam

muitos deles demonstrativos, restritos no tempo e no espaço. E houve uma série

de aprendizados a partir dessas experiências e o interessante é que a gente possa

converter isso numa política, numa ação continuada, numa ação de governo, e não

nessa característica de projeto. Então quando eu apresentei ali e falei que uma das

questões que a gente está discutindo no âmbito da sala de situação é a proposta de

fomento coletivo, ela vem ao encontro dos aprendizados que se teve com esses

projetos, ou seja, o fomento coletivo, mas aí como uma ação de governo, algo

continuado que possa está fomentando atividades produtivas indígenas, apoiando

associações, provendo assistência técnica adequada, como uma ação continuada.

Então nós estamos trabalhando isso, não num molde de um projeto, mas sim de

uma ação de governo. Sobre a questão colocada aqui também pelo Dourado do

projeto GATI e da PNGATI, eu acho que é importante a gente diferenciar, porque

o projeto GATI é também um projeto com tempo limitado para ocorrer, uma

iniciativa piloto e em 32 terras indígenas. O que não quer dizer que naquelas

terras indígenas que não estão sendo apoiadas pelo projeto GATI não possam ter

ações de gestão territorial e ambiental conforme propõe a política. Aliás, a

política ela consolida um fato em larga medida ela consolida um fato que é a

gestão territorial ambiental ela já acontece nas terras indígenas pelos povos

indígenas. E uma série de ações de gestão territorial ambiental já vem sendo

apoiadas e fomentadas por órgãos governamentais, por organizações da

Sociedade Civil há muito tempo. A política ela consolida objetivos, diretrizes de

gestão territorial e ambiental, e ela está aí para todas as terras indígenas. Então eu

acho que é importante a gente separar, não é porque não tem o projeto GATI que

não está sendo beneficiado ou que não pode ser beneficiado com ações de gestão

territorial e ambiental. Quando eu falei de todos esses projetos aí que a gente tem

para apoiar a PNGATI a partir do ano que vem, isso também vai está voltado à

possibilidade é para todas as terras indígenas do país. Bem como os projetos, os

planos anuais de trabalho da Funai, o que a CGGAM, a CGETNO, a CGMT

apoiam são ações da PNGATI, de monitoramento territorial, de produção, de

recuperação de área degradada, isso tudo é a PNGATI. Só para a gente diferenciar

essas duas iniciativas. No que diz respeito às políticas que foram aqui citadas, o

programa de aquisição de alimentos, o programa nacional de alimentação escolar,

e depois a DAP que é uma porta de entrada para acessar esses programas, eu acho

que o Luiz Fernando vai poder falar também, mas assim, de fato como durante a

apresentação eu coloquei ali outras políticas e programas do governo como o

programa Bolsa Família, como ação de distribuição de alimentos, que precisam

está pensando a especificidade das terras indígenas, que são políticas que estão aí

para todos, mas que elas precisam ser trabalhadas para atender melhor as terras

Page 88: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

indígenas, essa é uma discussão que a gente tem feito, nem por isso, há uma série

de terras indígenas que já estão sendo beneficiadas pelo PAA nos moldes que ele

está colocado, mas a gente sabe e a Coordenação-Geral de Promoção ao

Etnodesenvolvimento já vem trabalhando numa revisão também dos gargalos, do

PAA para as terras indígenas, mas nós temos terras indígenas inclusive em

Roraima, lá no Alto Solimões que já estão inseridas e vendendo sua produção.

Mas nós sabemos que temos que avançar mais nesse âmbito, bem como o

programa nacional de alimentação escolar que tanto vai contribuir para segurança

alimentar e saúde dos povos indígenas por está consumindo alimentos produzidos

localmente, quanto também é uma janela de oportunidade para a geração de

renda, para as famílias que estão produzindo localmente e podem está vendendo

sua produção e essa produção tem uma circulação local. Sobre a DAP indígena eu

acho que eu deixo para o Luiz Fernando falar. Então deixa eu me calar aqui, só

vou falar mais sobre o que vocês colocaram aqui nessa ponta, sobre a PNGATI e

o espaço, qual é a interface, como o CNPI é uma das instâncias de governança da

PNGATI, como é que essa discussão se insere? No âmbito da CNPI, isso a gente

realmente vai ter que construir. Eu acho que um lugar para a gente construir esse

fluxo de como é que vai estar dialogando a respeito da PNGATI. No Comitê

Gestor, nos Comitês Regionais, e aqui na CNPI, uma vez que o Comitê Gestor foi

recém-instalado, eu acho que nós vamos ter que repactuar aí um fluxo, o que é

que cada instância vai está tratando e acho sim que a CNPI, a gente tem feito

reuniões da CNPI discutindo essencialmente terra, nas últimas reuniões, e

acabamos não tendo o tempo adequado para está discutindo outros temas tão

relevantes que são voltados à gestão territorial ambiental e eu acho que aí a

PNGATI ela tem que está pautada na CNPI. É isso por enquanto.

Teresinha – Obrigada Carol. Luiz Fernando, do MDA.

Luiz Fernando – Bom dia a todas e todos, vou procurar ser breve, mas

uma resposta direta aos membros do GTI, Simone Karipuna, Luiz Titiah, Priprá,

Anastácio Peralta, e os representantes de governo, Ivan. Enfim, Simone, a gente

conversa bastante sobre isso. Eu acho que a primeira coisa que eu quero deixar

claro é que o MDA jamais relegou ao segundo plano os trabalhos do GTI, a gente

entende que o GTI é uma instância importantíssima de discussão para acesso de

políticas públicas, de acesso dos povos indígenas às políticas públicas tanto de

governos federais, como de municipais e tal. Foi um ano também difícil, e eu não

quero que vocês interpretem isso aqui como qualquer desculpa, realmente foi um

ano bastante difícil para nós, já que no primeiro semestre nós perdemos

praticamente toda equipe técnica, eu tenho trabalhado todos esses meses com uma

estagiária e uma consultora, e avançamos bastante, porque foi um ano de

conquistas, nós realizamos a II Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural

Sustentável que foi um sucesso, acho que vai contribuir bastante também para o

crescimento e inserção desses povos as nossas políticas. E outros eventos,

Page 89: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

chamadas públicas grandes no âmbito Brasil Sem Miséria que enfim, deu

realmente, consumiu bastante a pequena equipe, e apoio a vários outros eventos

Brasil a fora. No que diz respeito especificamente a DAP I, nós temos um

problema que infelizmente não é possível, está fora da nossa governabilidade,

resposta rápida e isso para esse ano ainda, já que se trata de problema de rede,

tem um contrato do MDA com uma instituição que é responsável por toda

manutenção dessa rede. E o contrato termina agora no final do ano, e que o prazo

para que nós possamos terminar e concluirmos toda a adaptação dessa rede para

ser disponibilizada para a Funai, e aí sim realizarmos as capacitações dos técnicos

das CRs e tal para que possam está emitindo essas DAPs, isso vai levar ainda

alguns meses, mas a gente espera e sinceramente isso não é uma informação

vazia, a gente espera realmente que até julho de 2014 isso esteja rodando pleno.

Com relação à gente não ter realizado durante o segundo semestre as reuniões,

pelo menos as duas outras reuniões que a gente deixou agendado na reunião lá em

Ilhéus, pois eu peço realmente desculpa pessoalmente, eu não tive perna para

fazer. Pessoal, fui eu. Desculpem, e vou marcar, eu proponho que a saia dessa

reunião da CNPI com uma data marcada e com uma pauta. Já que todas as metas

pertencentes à portaria, com exceção da questão do crédito, e a conclusão dessa

construção da DAP indígena, tudo foi feito de acordo com o proposto. Não foi

possível também darmos aquela visibilidade toda para todas as regiões como a

gente pactuou lá em Ilhéus sobre as políticas, a gente tem feito isso no âmbito das

nossas chamadas públicas, que envolve essa questão da capacitação. Para acesso a

PAA, PNAE, mas tem sido feito no âmbito das nossas chamadas, que é onde a

gente consegue ter perna para alcançar. Enfim, sobre GTI eu acho que é isso, a

gente precisa fazer uma reunião emergencial de fato, se vocês quiserem a gente

pode verificar, assim, possibilidade ainda de fazer até o final do ano, coisa que eu

acho difícil, mas proponho que vocês marquem uma data para o iniciozinho do

ano. Inclusive com alguma proposição de pauta, eu acho que a gente tem que

rever a portaria para que nos oriente, para que a gente crie novas metas, novos

objetivos, isso não impede que a gente discuta outras pautas como a gente vem

fazendo no âmbito desse grupo de trabalho. Então realmente eu peço desculpa a

vocês se a gente não conseguiu avançar da forma como a gente pretendia. Vamos

tentar melhorar em 2014, Titiah. Só mais uma coisinha, o MDA ele entra como

um parceiro eu acho que importante aí em todos esses projetos e metas futuros.

PNGATI a gente vê com muito bons olhos, eu estou vendo uma colega de muitos

anos que eu tenho muito orgulho de ser amigo dela, a Eliane Pequeno, onde a

gente começou as primeiras discussões sobre PNGATI, ainda quando eu tinha e

tenho orgulho de ter pertencido a DAF e tudo começou lá. Então hoje a gente

pensa que tem a possibilidade também de através das nossas chamadas públicas

estarmos contribuindo de modo efetivo, tanto para levar a informação sobre a

PNGATI para as comunidades e os povos indígenas, como estarmos atuando,

colocando recurso lá. Só uma complementação na fala da Carol, é interno, mas eu

vou abrir, eu acho que o nosso grupo de trabalho na nossa sala de situação, a

Page 90: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gente precisa pensar sim no fomento coletivo, o MDS é fundamental nisso, mas

eu acho que a gente tem trazer o investimento também. E eu acho que isso tem

que está dentro das chamadas públicas do MDA, por exemplo. Nós precisamos

ter a coragem, a determinação e tal de fazermos as mudanças que precisam ser

feitas, inclusive leis novas para que isso seja possível, para que a gente trabalhe

custeio, fomento e investimento dentro de um mesmo instrumento, para que a

gente possa dar continuidade, porque é isso que eles se ressentem, a assistência

técnica de situação rural ela é importantíssima do ponto de vista de orientação, de

informação. Só que isso gera uma grande expectativa e também um pouco de

decepção por parte dessas comunidades que são atendidas, porque eles

descobrem, poxa, isso é possível, mas como é que a gente vai fazer isso se a

chamada não disponibiliza o recurso necessário para que isso seja executado e se

torne sustentável. Então a gente precisa discutir isso lá dentro da nossa sala de

situação, eu acho que a CNPI tem um papel fundamental aí no sentido de

empurrar a gente para essa lógica de pensamento e tal. Então estamos juntos

dentro da PNGATI. E Dourado, a Carteira Indígena sem sombra de dúvida, e a

gente como amigo, a Carteira Indígena, não é por ter participado dela, mas

realmente eu vejo como o melhor programa que já foi disponibilizado para os

povos indígenas na questão do etnodesenvolvimento. A impossibilidade de a

gente trabalhar com recurso internacional e tal não deveria ser impedimento para

que um programa tão exitoso tivesse continuidade. Então só para dar essa

resposta eu vejo mais uma vez que as chamadas públicas podem funcionar aí, por

quê? Porque traz como eu já afirmei, o custeio, o fomento e o investimento traz a

PNGATI já que a gente pode trabalhar dentro dessas chamadas metas de

atendimento a meio ambiente e tal, e aí é óbvio, a gente vai sentar para conversar

com pessoas que podem nos qualificar nisso já, enfim, o pessoal que está a frente

do programa. E também atender a um número maior de comunidades indígenas, e

eu acho que nessas chamadas elas são tímidas, a gente precisa de unir forças,

recursos e tal, e abranger mais e tal. Aí eu acho que também daríamos uma

resposta a CNPI no que diz respeito à solicitação da volta da Carteira Indígena, a

Carteira Indígena não morreu, ela só está adormecida. Obrigado. Aos membros

do GTI, eu vou está à disposição aqui para a gente conversar e marcar isso da

forma que vocês acharem melhor. Obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Fernando. Só reafirmando aqui, a gente tem

sentido a importância dessa parceria com o MDA, isso tem sido fundamental,

acho que a gente ainda tem o que avançar, mas a gente conseguiu dar passos em

frente, eu concordo plenamente enquanto Funai de que a gente precisa aumentar

mesmo o número dessas chamadas, que é o formato do Carteira Indígena, ele

pode chamar um outro programa, mas a ideia disso é que a gente com recursos

públicos fomente a implementação de projetos que as próprias comunidades

podem planejar, que enfim estejam de acordo com as diretrizes do que a PNGATI

estabelece, e que as próprias comunidades por muitas vezes serem menos

Page 91: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

burocratizadas, as organizações, não ter esse peso digamos assim para se

movimentar, que a máquina do estado tem pode implementar com muito mais

rapidez, e muito mais efetividade. Então eu tenho pleno acordo com essa fala do

Luiz Fernando.

André – Aqui é André do Ministério do Meio Ambiente, sou analista

ambiental. Respondendo um pouco ao Dourado, e a discussão da Carteira

Indígena, em todos os fóruns de discussão que a gente participa, a gente sempre

tem essa cobrança. Tanto em relação ao PDPI como a Carteira Indígena. Mas

enfim, eles são projetos com recursos limitados, com tempo limitado, o PDPI já

foi prorrogado diversas vezes. Ainda teve uma sobra de recursos e a gente lançou

esse ano uma chamada que aprovou 16 projetos e entorno de R$ 4 milhões que a

gente fez já todas essas capacitações iniciais, e assim, no começo do ano a gente

pretende fazer a liberação desses recursos. Com relação à Carteira Indígena eu

lembro que teve uma discussão no CONSEA, uma reunião específica para

discutir a Carteira Indígena, e aí teve as discussões, naquele momento a

conjuntura muda, mas a Funai deu uma indicação que poderia absorver a Carteira

Indígena, talvez essa discussão não tenha ido para frente, ou então talvez tenha

sido substituída pela discussão do fomento coletivo que o MDS está puxando, que

a Funai está participando e o que o MMA também participa. E até respondendo a

Chiquinha que cobrou um pouco sobre os resultados do ano, então vou falar de

um minuto, teve esses 16 projetos aprovados pelo PDPI, em torno de R$ 4

milhões. O Ministério junto com o ICMBio realizou um curso de formação de

gestores em PNGATI da região Sul/Sudeste do bioma Mata Atlântica. A gente

está participando junto com a Funai e com o BNDES para elaboração do edital do

Fundo Amazônia que pode ser um edital que tenha uma escala bem maior do que

até os projetos da Carteira Indígena e do próprio PDPI. Também tem a ideia de

uma discussão com a Funai para se elaborar o edital, para a elaboração de PGTAS

através do Fundo Clima. Então, seria mais ou menos essas as considerações.

Maria Augusta – Obrigada André. Bom, então encerramos essa pauta,

vamos chamar aqui o Aluizio, Diretor de Proteção Territorial para fazer a

apresentação.

Jaime Siqueira – Aviso que na próxima reunião da CNPI, em função até

da gente retomar as discussões mais aprofundadas, mais temáticas, que haja um

tempo maior para a discussão da PNGATI, porque a CNPI é órgão de governança

da PNGATI, a discussão que a gente tem feito aqui sobre esse tema tem sido mais

geral, eu acho que a CNPI precisa se apropriar melhor desse debate, os membros

do Comitê Gestor podem fazer um relato mais qualificado sobre o que é que está

sendo discutido, e o Comitê Gestor já tem a próxima reunião marcada para a

segunda quinzena de março, se por acaso a CNPI se reunir antes disso, eu gostaria

de propor como encaminhamento para amanhã, discussão e tal, tenha pelo menos

Page 92: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

um dia, ou pelo menos um período dedicado para a discussão da PNGATI para

que os membros do Comitê Gestor possam fazer um relato mais qualificado deste

trabalho. Planejamento tem uma série de atividades que já estão sendo iniciadas e

que precisa ser aprofundada, a CNPI precisa se apropriar disso. Então é só uma

proposta.

Maria Augusta – Perfeito Jaime, inclusive fica como proposta também, a

gente pode deliberar amanhã, eu acho que a gente poderia fazer uma apresentação

já dos PGTAS que já estão em fase de implementação, como é que estão o que é

que tem o que é que já andou fazer um pouco um balanço também do que é que já

está em curso, o que é que está andando, como é que as coisas estão se

apresentando aí em termos de resultado. Obrigada.

Aluizio Azanha – Boa tarde a todos. Representação indígena. Os poucos

representantes do governo que ainda permanecem aqui. Meu nome é Aluizio, sou

Diretor de Produção Territorial da Funai. Antes vou fazer um pouco o balanço

das ações, vou focar na parte da regularização fundiária, então não vou entrar um

pouco, atendendo um pouco a demanda do que foi colocado na última reunião da

CNPI, vou procurar aqui fazer um balanço das ações de regularização fundiária,

então não abarca aqui as ações de vigilância, proteção, fiscalização, e as ações

mais específicas em relação à proteção dos índios isolados, eu vou focar aqui um

pouco a apresentação em relação à regularização fundiária das terras indígenas.

Antes vou fazer uma apresentação rápida para a gente nivelar um pouco a questão

dos procedimentos, das metas do PPA para chegar em 2013 especificamente,

porque as nossas metas que a Funai trabalha e como todo órgão de governo

trabalha em cima de metas do PPA que são para quatro anos e a partir desse

monitoramento que a gente foca o que é que a gente avançou em 2013, mas sendo

tendo como metas o que foi estabelecido no plano plurianual. Então, as bases

legais que aqui hoje está vigente essa base legal dos processos de demarcação de

terras indígenas, Artigo 231/CF 88, a Lei 6.001/73, Decreto 1775/96, Convenção

169, a Portaria MJ 14/96 e a Portaria 2498, de 2006 que é a que regula a

participação dos entes federados no processo de demarcação de identificação que

também foi uma portaria feita em 2011 que deu também uma repercussão aqui no

âmbito da CNPI por não ter sido objeto de consulta à época, e que ela está de

certa forma incorporada na nova proposta de portaria que regula a participação

dos órgãos da administração pública federal e dos órgãos aí dos representantes

dos entes federados, os estados e municípios. As etapas, rapidamente, só porque

isso tem vinculação em relação as nossas metas, na etapa, então primeira parte é a

identificação e delimitação que é o ato da presidência da Funai, aprovação do

relatório de identificação, depois tem toda parte da contestação administrativa,

pois o processo vai para o Ministério da Justiça, o ato do Ministro é a portaria

declaratória. Feita a portaria declaratória se realiza a demarcação física da terra

indígena, e a parte da regularização fundiária propriamente dita, com a avaliação

Page 93: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

das benfeitorias, o início do processo de indenização e pagamento dessas

benfeitorias, a regularização da posse propriamente dita. Feita a demarcação

física o processo é instruído para homologação, vai para a Casa Civil da

Presidência da República e sendo assinado o decreto homologatório a gente

registra na Comarca específica na Secretaria do Patrimônio da União essas etapas,

hoje, previstas pelo Decreto 1775 que diz respeito aos processos administrativos

de demarcação de terras indígenas. Esse é o objetivo geral da diretoria de

proteção territorial na Funai, que é garantir os povos indígenas a plena ocupação

de suas terras por meio de ações de regularização fundiária, fiscalização,

monitoramento, proteção dos isolados, contribuindo para a redução de conflitos e

para ampliar a presença do estado democrático pluriético de direito. O objetivo

principal é que a gente tenha a demarcação das terras indígenas como um meio

para se atingir a posse plena, e não uma demarcação com um objetivo em si

mesmo, então o objetivo da demarcação que é previsto na Constituição Federal é

garantir a posse plena e o usufruto exclusivo dos povos indígenas sobre suas

terras. Então, o que a gente vem trabalhando nesse PPA é esse conceito de posse

plena dos povos indígenas sobre suas terras para além do avanço do processo

administrativo e formal, ou seja, que essas terras elas sejam demarcadas,

regularizadas e que sejam garantidas a posse plena e usufruto exclusivo dos

recursos e das demais riquezas existentes na terra indígena. As metas do PPA

atingidas até novembro de 2013 são: 20 terras delimitadas, a nossa meta é de 56

terras delimitadas em quatro anos, a delimitação compreendendo então a

aprovação do relatório de identificação, até novembro de 2013, a gente aí está

com quase quarenta e poucos por cento da meta atingida. Falta ainda dois anos,

então se tudo certo, se a gente tiver toda liberdade possível e se não modificar os

procedimentos aí a gente conseguirá cumprir essa meta. Esse é um pouco o

quadro regional da situação das terras indígenas, só para a gente ter o

dimensionamento da discrepância em relação às terras regularizadas na Amazônia

Legal e nas demais regiões do país. Então o último gráfico são as áreas

regularizadas, a gente percebe que o grosso das áreas regularizadas elas se

concentram no Amazônia Legal, isso é importante também porque as nossas

metas, esses quatro anos a gente tentou, estamos investindo fortemente em mudar

um pouco o eixo dos estudos de identificação de demarcação de regularização da

Amazônia Legal para as regiões aí do nordeste, sudeste e centro-oeste do país,

então esse gráfico mostra o que se avançou de demarcação, houve avanços

significativos nos últimos 20 anos, mas ainda concentrado na região da Amazônia

Legal, e a própria ação do governo particularmente da Funai nos últimos sete

anos a dez anos, também surge toda essa reação do movimento aí dos ruralistas

que é um pouco a gênese e também da própria reação dos ruralistas dessas demais

iniciativas, porque também é um guinada da ação do estado brasileiro em relação

à demarcação em regiões que são mais densamente ocupadas, com uma ocupação

mais intensa, com título de terras muitas vezes mais longos, e aí com o poder

econômico mais forte, mais organizado, e que também está por detrás dessa

Page 94: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gênese, desse movimento todo do ruralista aí, e como diria o Ministro, não só os

ruralistas, outros setores progressivos dentro de outros partidos. A barrinha maior

é só pegar a barra maior é a Amazônia Legal. A da esquerda, primeira barra,

pegando o foco da regularizada, a primeira barra da esquerda ali grande é

Amazônia Legal. Então o quadro da esquerda, o número, são os números de terras

indígenas. E a segunda é o centro-oeste, a terceira é o nordeste, a quarta é o

sudeste, a última o sul. Então as terras regularizadas a gente tem mais terras

regularizadas na Amazônia, depois vem o sul, depois vem o sudeste, depois vem

o centro-oeste, e por último o nordeste. Não tem a ver com superfície, tem a ver

com número de terras. Eu vou dar alguns dados de terras regularizadas, que aí

pega a superfície. Então das terras indígenas, são 419 terras indígenas

regularizadas, o total dessa área aproximadamente 105 milhões o que representa

12% do território nacional. Sempre colocando esse dado de que 8% dessas 419

elas ainda não estão na posse plena dos índios, ou seja, cumpriram com toda a sua

etapa administrativa, está registrada, regularizada, mas ainda pendente da retirada

dos ocupantes, seja eles de má fé ou de boa fé, o caso que a gente tinha, por

exemplo, era o Marawatsedé que era uma terra regularizada, registrada, mas que

não estava na posse plena, hoje Marawatsedé saiu desse 8%, mas a gente tem

terras como Ianomami ainda pendente de regularização fundiária, a Terra

Indígena Awá que é regularizada, Alto Rio Guamá que é regularizada e não estão

na posse plena dos povos indígenas. TI Apterewa ainda não está regularizada.

Estou trabalhando só com as regularizadas. Dos aproximadamente 12% já

regularizados como terra indígena, 98,75% concentram-se na Amazônia Legal.

Essa aqui é a discrepância em relação às demarcações na Amazônia Legal e fora

da Amazônia Legal, é um dado significativo. Ou seja, 1,25% das terras

regularizadas da superfície das terras regularizadas situa-se na região sul, sudeste,

centro-oeste, nordeste do país, que chega num total de 1.300.000 hectares para

cerca de 600 mil indígenas. Então essa situação de confinamento que a gente

verifica aí que vocês vivenciam no seu dia-a-dia. Isso é o mapa que demonstra

claramente essa discrepância. Aí é só um quadro comparativo da superfície das

terras indígenas por unidade da federação. Está certo, o gráfico azul é o gráfico da

superfície, bem lembrado. Existe, mas nem é representativo. Só para trabalhar

com gráficos, todos os estados. E aqui fala das terras indígenas regularizadas.

Vou só citar alguns dados também, só em relação a algumas. Isso aqui é o dado

de Mato Grosso do Sul, mostrando o confinamento, a densidade demográfica,

1,64% das terras regularizadas do total do estado. Representa o total do estado,

isso é um pouco para mostrar que o avanço da demarcação em nenhum momento

implicará em qualquer empecilho ao desenvolvimento econômico do estado. A

terra indígena. E o grandão ali é a superfície total do estado. Então esse é o dado

do Mato Grosso do Sul, isso porque a gente está contando o Kadiwéu. Porque eu

estou trabalhando aqui só terra regularizada, porque não adianta eu colocar num

dado as áreas que estão declaradas que não estão na posse dos índios, ou seja, a

gente coloca, dimensiona uma superfície sem isso está na posse dos índios e para

Page 95: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

o dado de confinamento que tem que ser trabalhada a posse plena. Então eu estou

trabalhando aqui sempre com terras regularizadas. Então a densidade demográfica

só para vocês terem uma ideia da população Guarani Terena eu retirei o Kadiwéu,

é de 149,2 indígenas por quilômetro quadrado, enquanto a população geral é de

6,8. Ou seja, a densidade demográfica das terras indígenas é 21 vezes maior do

que a densidade demográfica do estado. Estamos falando de confinamento, claro.

Paraná que é um estado sensível aí, todas as terras demarcadas regularizadas elas

chegam a 0,5% da superfície do estado do Paraná. Santa Catarina a gente tem um

avanço significativo com 0,85% da superfície total do estado. Estou trabalhando

com regiões que obviamente a gente sabe que são situações fundiárias muitas

vezes diferenciadas em relação à Amazônia Legal, então são muitas vezes

minifundos ou não, também não dá para generalizar, a gente sabe que é uma

situação fundiária diferente na região sul da Amazônia Legal. Mas o dado

objetivo que até o momento ninguém consegue rebater é o seguinte, a demarcação

das terras indígenas região sul não serão empecilho para o desenvolvimento

econômico ou engessamento do estado, isso não tem como fazer qualquer dado

por mais que a CNA consiga trabalhar muito bem seus dados ao por esses dados.

Ainda que eles tenham a tática de somar unidade de conservação com terra

indígena, e muitas delas estão sobrepostas para mostrar se a gente continua

demarcando terras indígenas ou criando unidades de conservação, esses dados

mostrariam que daqui há 20 anos teria que ter dois Brasil para demarcar na média

que estava sendo demarcada, mas eles somam unidade de conservação com terra

indígena e esses dados são totalmente sobrepostos. Então eles são bons de

manipular os dados, mas contra esse dado aí eu não consegui verificar nenhuma

coisa que se oponha a essa situação drástica, eu não estou nem trabalhando com

os dados de população aí, eu acho que Brasília, eu tenho o dado de cabeça, não

sei se é 30 mil indígenas na região de Santa Catarina. Eu acho que é Rio Grande

do Sul. 20 mil indígenas, 30 mil. São regularizadas. Isso, exatamente, foi a típica

pergunta da audiência lá da Comissão foi essa. Eu respondo. Se eu somar, por

exemplo, vou dar um dado concreto. Rio Grande do Sul 0,38. Aí eu vou trabalhar

com os dados, como eu tenho terras indígenas em estudo e lá são cerca de 30

terras indígenas, a Funai tem 30 terras indígenas em estudo no Rio Grande do Sul,

eu vou pegar o dado da própria Embrapa, e os dados da Embrapa aí são também

importantes, ele trabalha com média de demarcação, eles fizeram, quem teve

acesso aos estudos da Embrapa, vê a questão indígena, você poderia verificar que

a média do Rio Grande do Sul era dois mil hectares, eles calculam a média da

região amazônica ou da região sul, traçam as médias aí da delimitação e dava

2.400 era a média do Rio Grande do Sul. Eu tenho hoje, não varia muito de fato a

demarcação dessas terras, o Mato Preto tem quatro mil, mas Irapuá tem 200

hectares. TI Passo da Forquilha para ficar nos exemplos que foram citados ontem

como casos conflituosos ou não, Mato Preto tem quatro mil, Irapuá tem 200,

Passo Grande da Forquilha chega a dois mil e pouco hectares, Mato Castelhano

que é uma área que está para ser aprovada também não passa de dois mil hectares.

Page 96: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Essa é o padrão de dois mil hectares. Se eu somar as 30 terras indígenas com essa

porcentagem vai mudar bastante ali, acho que vai chegar a 0,50% no máximo, se

eu somar todas com as 30 terras em estudo. Então se quiserem fazer um

ordenamento territorial e falar, não, o Rio Grande do Sul só vai ter 3% de terra

indígena demarcada, a gente vai ter muita terra para demarcar, então assim, por

mais que eles sempre questionem que a gente está trabalhando com os dados

regularizados exatamente para mostrar a necessidade de se avançar nas áreas em

estudo. Mas ainda assim essas áreas que estão em estudos elas não são

significativas ao ponto de modificar essa discrepância entre a superfície total do

estado e a superfície hoje de posse dos índios, destinada aos índios, e ainda

calculando aí a população, ali já tem a densidade demográfica inclusive para o

estado Rio Grande do Sul. Então são alguns dados para a gente sempre ter em

mente. E eu também usei, eu gostei dessas pizzas assim porque eu aprendi com a

CNA. Os dados são importantes para a gente fazer um contraponto aos dados que

são vinculados à imprensa, no Congresso, é importante a gente ter esses dados de

forma consistente para conseguir fazer os contrapontos necessários para conseguir

também atrair a opinião pública, para atrair outros órgãos da administração

pública federal para que não entre num discurso mistificante, que são propagados

aí por certas instituições e principalmente pelo Congresso Nacional. Esses são os

principais obstáculos da regularização fundiária, a carência de profissionais

especializados, a resistência e a dificuldade de realização dos trabalhos de campo,

a judicialização dos processos administrativos e o contexto político aí, PEC,

portaria, nova portaria, tudo isso são obstáculos à regularização fundiária. Aqui

eu acho que essa apresentação a gente fez para uma discussão com a ARPIB se

não me falhe a memória quando a gente fez as estratégias para os avanços num

processo de regularização fundiária e a gente identificou as dificuldades e as

estratégias para superação de cada ponto. Então, é um pouco tem definida a

estratégia no estudo, as dificuldades e um contraponto em relação à estratégia. Aí

eu passo essa apresentação para todo mundo para a gente ir ganhando tempo. Só

marcando a questão da carência de profissionais de recursos humanos, como a

digníssima representante do Ministério do Planejamento ficou presente aqui a

nossa apresentação, e o Ivan lembrou uma coisa importante, que é o servidor

público, que não basta o concurso, a gente tem que discutir a carreira para que a

gente consiga de fato ter a permanência dos servidores. Isso é importantíssimo,

estratégico para nós. É para a gente tentar mais uma vez atrair a sensibilidade de

todos os órgãos, a gente põe a bandeirinha do Brasil ali. Então aqui é um pouco o

que nós fizemos em 2013, quais as áreas que foram delimitadas, mais uma vez

terra indígena delimitada é aquela que tem um relatório aprovado pela presidência

da Funai, abrindo o prazo de contestação administrativa. Então não está em

ordem cronológica, a gente tem Kaxixó, em Minas Gerais com cinco mil hectares,

Iguatemi Peguá, 41 mil hectares, é que aquela extensão em hectares ali está 415,

não, é 41 mil. Iguatemi Peguá que foi aprovada no início do ano, primeira terra

delimitada para os Guarani fruto do compromisso de ajustamento de conduta

Page 97: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

assinado em 2007, ela é maior área hoje Guarani reconhecida, delimitada,

aprovada, é 41 mil hectares. A gente tem o Boa Vista do Sertão do Promirim, em

São Paulo, Lago do Limão, Amazonas, Tupinambá de Belmonte/Bahia, Jaraguá

em São Paulo, Jaraguá antes sustentava o título da menor terra indígena

regularizada do Brasil e quiçá do mundo, eram cerca de 1,7 hectares para uma

população de mil indígenas, era a menor terra indígena demarcada reconhecida no

Brasil todo, Jaraguá lá em São Paulo, agora ela está com cerca de 532 hectares.

Tapeba dispensa apresentação. A terceira vez que é aprovada a Terra Indígena

Tapeba com 5.838 hectares por questões judiciais ela já foi aprovada, já teve

portaria declaratória, já foi revogado o processo, já voltamos, no início dessa vez

contou com a participação de todos os entes federados desde o início do processo

administrativo. E vamos ver se a gente consegue avançar nesses 33 anos aqui.

Não, eu só queria chamar a atenção um pouco da questão já da onde que a gente

tem focado os estudos, e a delimitação. A gente percebe que grande parte dessas

áreas que foram reconhecidas, porque tem aquela, muito aqueles dados e aqui eu

tenho inúmeros dados do governo Fernando Henrique, Dilma, Lula, quanto se

aprova mais, onde se aprova menos, mas muitas vezes não se faz uma análise

qualitativa desses dados, então trabalha com superfície, ah você homologou x e

não consegue trabalhar os dados qualitativos dessas regiões, então a gente

delimitou às vezes poucas terras, e aí são cerca de sete, oito, que não são poucas,

mas em regiões fora da Amazônia Legal que são regiões obviamente com um

maior tensionamento, maior dificuldade para se fizer isso, mas de qualquer forma

dessas que foram delimitadas, uma só que está na Amazônia Legal, ou seja, das

sete, seis estão fora da Amazônia Legal, um pouco tentando avançar, lógico que a

gente tem pleito, continua com vários estudos na Amazônia Legal, depois outros

dados vão mostrar isso. Os dados em relação à Amazônia Legal, mas essa

guinada da demarcação para fora da Amazônia Legal é essencial, e os dados

demonstram o esforço que a Funai vem fazendo em relação a contemplar os

povos indígenas hoje que estão com maior carência de terras. Para lembrar ainda

tem dívidas ainda passivas na região da Amazônia de também 100 anos. Depois,

os dados da terra indígena em estudo vão mostrar isso, a gente ainda continua

com o mesmo número de terras indígenas, na Amazônia ainda é o principal, terras

indígenas em estudo, ela se concentra na Amazônia Legal, mas esse gráfico a

gente já está quase conseguindo superar. Então, essas foram as terras delimitadas,

foram sete esse ano por enquanto, o ano só termina 31 de dezembro, temos

esperança que ainda aumentaremos esses dados. Esses foram os grupos

Técnicos/GTs constituídos em 2013, aí mostra aí um pouco essa diversidade,

terras em Santa Catarina, na Amazônia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio

Grande do Sul, Pará, Amazonas, Acre, Pernambuco, Minas, Amazonas,

Rondônia, Rondônia, Mato Grosso, Pará, foram os GTs constituídos, alguns, a

maioria deles complementares, a gente tem trabalhado com poucos novos GTs

tentando acabar com o passivo de terras indígenas que estão em estudo. A gente

hoje tem 108 terras indígenas em estudo, então ao invés da gente criar novos

Page 98: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

estudos a gente está tentando concentrar esforços e delimitar essas áreas antes de

abrir novos GTs, isso já é uma orientação do PPA desde o início, a gente abre

novos GTs, mas a gente em vez de ficar criando um monte de GTs e não

conseguir concluir eles, a gente está focando na conclusão desses estudos. Essas

foram as terras encaminhadas ao Ministério da Justiça, esse ano foram três terras

encaminhadas, a gente ainda tem a perspectiva dessa e da próxima semana

encaminhar mais duas terras, que é Pontal dos Apiaká, no Mato Grosso, e

Paquiçamba, no Pará, Irapuá, Kauwahiva do Rio Pardo, Taunepegue, foram

encaminhadas ao Ministério da Justiça para decisão a cerca da assinatura da

portaria declaratória e se junta às terras que estão aguardando a portaria

declaratória que se não me falha a memória são sete ou oito, se junta a outras

terras que já foram encaminhadas em anos anteriores. Essas foram as terras

indígenas encaminhadas para homologação, ainda verifica que a grande parte da

homologação ainda se concentra na Amazônia Legal, porque as áreas que estão

em estudo e que estão sendo delimitadas da região sul e sudeste ainda não

conseguiram atingir essa etapa do processo administrativo, então na fase de

homologação a gente ainda tem um grande volume de terras da Amazônia Legal,

mas temos terras em outras regiões, Potiguara do Monte Mor, Rio dos Índios/RS,

Toldo Imbu, Santa Catarina, Morro dos Cavalos em Santa Catarina e outras áreas

aí. Essas foram as terras indígenas demarcadas fisicamente. Xucuru Kariri, só

uma pequena observação que o Saulo colocou aqui na liderança não tinha visto a

terra ser demarcada, a terra foi demarcada fisicamente sim, esse ano, a gente

concluiu o processo de demarcação física, instruímos o processo já de

homologação que foi suspenso foi a questão da avaliação de benfeitoria, mas nós

conseguimos concluir a demarcação física da terra indígena, fizemos a

demarcação física de Caramuru Paraguaçu, Carapó, Dourados, Vale do Guaporé,

Chapecó, Pinhalzinho, Canhadão, ou seja, demarcamos terra também em Santa

Catarina, São Paulo, Piaçaguera, vencemos essa batalha com Eike Batista graças

também a que ele faliu, talvez isso tenha contribuído para a gente conseguir

avançar em Piaçaguera, conseguimos demarcar Piaçaguera. Awá fizer uma

aviventação com uma demarcação, Porquinhos do Kanela, no Maranhão também

conseguimos, e Pindoti esperamos conseguir que também é na região de Santa

Catarina, litoral norte do povo Guarani. Essas foram as terras demarcadas

fisicamente. Essas aqui foram as terras indígenas com ocupantes indenizados em

2013, ou seja, pagamento de indenização, isso pressupõe que o ocupante

reconhece o domínio da união, retire todas as ações judiciais eventualmente

existentes, e se retire da terra indígena. Então esse é o momento crucial para a

demarcação que é exatamente tirar a terra indígena do papel e transformar ela em

posse, em área, em dignidade, em tranquilidade, então essa é o fim do processo, a

regularização fundiária propriamente dita que é um dos maiores gargalos nossos.

É realmente tirar as terras indígenas do papel, essas foram as áreas que a gente

conseguiu indenizar, estamos fazendo as indenizações, nesse momento ainda

temos várias Comissões de pagamento em campo, e priorizamos muito essas

Page 99: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

regiões aí. Então também varia, temos terras no Rio Grande do Sul, na Bahia,

Paraná, Maranhão, Pernambuco, Amazonas, TI Pankararu que também é uma

dessas terras que está há 30 anos em processo de regularização fundiária, ou seja,

terra reconhecida que não avança na retirada dos ocupantes. Essas terras

indígenas julgadas, essa sigla aí que a gente é que a gente trabalha muito com

sigla aqui, é a Comissão de Análise de Benfeitoria, o procedimento anterior, ao se

fazer a indenização a gente tem que submeter para saber se essa benfeitoria está

ou não de boa fé, que o que é previsto pela Constituição Federal é indenização

das benfeitorias consideradas de boa fé, aqueles ocupantes de má fé não tem

direito nem a indenização das suas benfeitorias. Então foram as terras que foram

submetidas e que estão em previsão de pagamento. Faltou o Morro dos Cavalos

que foi julgado esse ano também na Comissão de Análise. Esse é o quadro da

situação geral administrativa das terras indígenas, a gente tem 108 terras

indígenas em estudo, a gente ainda se concentra grande parte no norte, mas já tem

um avanço significativo na região sul, ou seja, já está quase equiparando as terras

indígenas que estão em estudo na região sul, na região norte. A gente tem 37

terras delimitadas, ou seja, aprovaram o relatório, estão na fase de contraditório,

ou ainda estão aguardando a portaria do Ministério da Justiça, são cerca de 37, e

66 terras estão declaradas, mas ainda estão pendentes de demarcação física ou

foram demarcadas fisicamente, e estão pendente de homologação pela

Presidência da República, temos 15 terras homologadas e ainda pendentes à

regularização, o registro em cartório, e o registro na Secretaria do Patrimônio da

União, totalizando cerca de 537 mais 108 terras em estudo, é que muitas vezes o

agente soma ali, porque os 108 na verdade são procedimentos em estudo,

eventualmente um procedimento pode resultar em duas terras indígenas, então

tem uma circunstância aí que a gente prefere deixar, são 536 terras indígenas,

mais 108 procedimentos que estão em estudo. Esse é o quadro final. Não pergunta

a extensão delas, mas que são regularizadas, então um pouco esse é o panorama

geral aí pelo curto prazo de tempo, e estou aberto aí a perguntas,

questionamentos. E lembrando que a proposta pelo menos que foi passada para a

CNPI é que amanhã a gente trabalhasse um pouco o planejamento também de

2014, minimamente a gente estabeleceu alguns critérios de prioridades em relação

aos GTs, então não vai entrar aqui no contexto político que já foi fartamente

discutido ontem, PEC, nova portaria, foquei claramente aqui nos dados e nos

procedimentos que estão sobre a competência exclusiva da Funai.

Chiquinha Pareci – Chiquinha Pareci, Mato Grosso. De certa forma,

Aluizio, eu me senti contemplada em alguns aspectos aí, essa sua apresentação, e

ela respondeu um pouco daquele levantamento que nós apresentamos aqui. Ela

responde alguns aspectos desse levantamento que a gente tinha pedido, dentro

daquilo que a gente conhece, sabe, eu mesma estive que fazer um levantamento

no meu estado com alguns polos, e principalmente com o pessoal da Funai, das

regiões. E para a gente ter um entendimento do que é que está acontecendo, dessa

Page 100: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

situação de uma maneira geral. Bom, mas eu tenho algumas questões que tsão

questões que tenham a ver com aquela parte primeira também da apresentação

que eu deixei passar, mas assim, depois a gente ficou lembrando. Primeiro que

ficou para responder algumas coisas que o Dourado perguntou que se relaciona a

questão da reestrutura da própria Funai. Por exemplo, a respeito da questão da

educação, como é que vai ficar, que eu acho que isso a gente pode deixar para o

seu segundo momento, e outras questões relacionadas à própria Funai e a sua

atividade. Bom, o que eu vou perguntar aqui, não é nem questionamento, mas

assim uma questão mesmo de perguntar um pouco da situação. Nós tivemos aí

algumas reuniões que eu participei com as mulheres e assim com algumas

lideranças, e assim, algumas coisas foram perguntadas para nós de como que a

CNPI estaria discutindo essas temáticas. Primeira coisa uma foi a questão de

geração de renda mesmo, vocês apresentaram aqui para nós, assim um pouco

dessas atividades e algumas políticas que estão sendo já propostas e algumas em

andamento, mas eu penso que é um tema que a gente tem que discutir também

isso aí, porque lá na ponta isso tem procurado também por nós, o pessoal vem

perguntar como é que isso está sendo pensado como política, porque na política

indigenista, porque antes o que é que era para a gente? A política indigenista era

um, o foco era um, aí foi mudando, e agora é outro. E aí nós também fomos

mudando. Então como vamos agora nós, povos indígenas, dentro dessa nova

conjuntura atual do mundo contemporâneo, como vamos lidar com a nossa

própria subsistência, sobrevivência em relação às terras. Eu acho que tem tudo a

ver um pouco do que vocês colocaram. E a questão da pauta da geração de renda

para nós, eu acho que tem que ser um assunto que a gente pode pauta

futuramente. Mas eu queria perguntar também em relação à questão da

regularização fundiária mesmo. Mudou, a gente percebe, eu me lembro de que há

uns 20 anos que eu participei, a gente participava dos processos de demarcação

das terras indígenas em loco, eu participei, eu conheço, na minha cabeça eu tenho

o mapa, o mapa do meu povo, o mapa das terras indígenas do meu povo, porque

eu participei do grupo técnico, de trabalho do GT e acompanhando para inclusive

colocar marcos em alguns lugares. E assim, nós tivemos também situações dessas

demarcações na época e um pouco da época do Rondon e dos tempos atuais, que

alguma parte de terra ficaram de fora. Por exemplo, terras indígenas que tem

nascente dos rios, ficaram fora. Por exemplo, meu povo no Rio Formoso nós

estamos agora solicitando anexar uma parte desse território, dessa terra para a

nossa terra indígena, porque ficaram de fora, e lá que está a nascente dos rios, as

partes bem importantes e que nós dependemos disso aí para subsistência de uma

maneira geral. Eu queria saber como é que vocês estão pensando em relação a

isso, porque dessas situações das terras, como é que está essa situação, de anexar

essas partes das terras que ficaram fora na hora da demarcação desses aspectos.

Por exemplo, áreas que eram áreas de caça, ficou fora você entendeu, onde tinha

os cemitérios tradicionais, ficou fora. E aí, como é que está? Os índios estão

pedindo de volta, e principalmente em relação à questão das águas, dos rios, das

Page 101: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

nascentes, o nosso caso, por exemplo, do Rio Formoso são nascentes que ficou

fora, principal nascente ficou de fora, e a gente quer agora de volta. E ainda não

está invadida, e ainda está preservada. Agora se começar essa loucura toda desses

ruralistas e desses caras aí que querem ocupar as mesmas terras, tomar a terra na

verdade, eles não vão demorar muito, já estão acabando com elas. Essa é uma

coisa. Outro caso também que apesar de você não ter focado, negócio em relação

à região centro-oeste, mas você disse que o Mato Grosso, por exemplo,

recentemente ouvi uma notícia que o governo do nosso estado tinha pedido uma

anexação de um pedacinho da terra lá entre o Mato Grosso e Pará. O mapa do

Mato Grosso você sabe não é, uma cabeça e tal assim lateral, e aí tem um

pedacinho ali onde está aquele picozinho assim, um trecho assim, o governo está

pedindo, reivindicando essa terra para Mato Grosso, para anexar nas terras de

Mato Grosso. Eu vi isso e eu fiquei preocupada. Eu queria saber de vocês se essa

parte que eles estão reivindicando ou se vocês sabem disso, não é uma das terras

que os povos indígenas estão pedindo, por exemplo, Apiacá está pedindo que a

regulamentação da terra deles. Eu gostaria de saber se você tem essa notícia, se

vocês têm essa informação, é bem pequena, e eles estão pedindo. Então para mim

é terra indígena aquilo lá, e o governador está pedindo para anexar na terra de

Mato Grosso para colocar no mapa inclusive. Essa área pelo o que ele fala na

notícia, é uma área que Rondon que fez a demarcação. Se Rondon fez a

demarcação, para mim tem índio no meio, sabe, tem terra indígena. Então eu acho

que eu gostaria de saber isso, e eu gostaria que fizesse essa tarefinha para você na

próxima reunião da CNPI você me trazer esse dever aí de casa. Até para eu dar

resposta para os parentes que na próxima nós vamos ter uma reunião com

algumas lideranças aí, e eu preciso colocar isso daí na questão porque eu acho

isso superimportante. Outra coisa que eu queria colocar para vocês de uma

maneira geral a Funai, se tem como dentro daqueles critérios estabelecidos para a

demarcação da terra, reconhecer o estado brasileiro, reconhecer as demarcações

comunitárias, porque tem muitos, por exemplo, esses dias mesmo eu conversando

com um liderança ela falou para mim: pois é Chiquinha, o mapa que nós temos

conforme a nossa tradição, conforme a nossa cultura, os nossos conhecimentos

tradicionais era um. Aí veio o estado brasileiro, demarcou de outra forma, já

mudou o mapa. Então eu queria saber assim se existe essa possibilidade, eu tenho

um sonho que poderia, de repente, esse reconhecimento de reconhecer esses

mapas, e colocar isso como um dos critérios para a demarcação. Porque, claro,

lógico que terras que já estão com essas questões de conflito e tal, assim tem que

ir para a justiça no meu entendimento, não tem como, como é que a gente vai

fazer. Aí fica essa guerra, essa situação toda, a gente tem que analisar isso muito

bem até por conta, para ter uma segurança para os povos de uma maneira geral.

Então eu gostaria que também fosse colocado levantamento do quadro dessa

situação. Por exemplo, no caso do nosso povo, no caso de Rio Formoso, no mapa

nosso incluía essas nascentes dos rios que estão bem preservadas ainda, tem água

potente ainda de qualidade. Então a gente tem receios, porque a invasão está

Page 102: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

sendo cada dia que passa, maior. Outra coisa também é no caso da demarcação de

terras indígenas do tempo do Rondon, estou falando isso, tempo do Rondon, mas

ele foi um grande, uma pessoa que demarcou algumas áreas, e que elas foram

invadidas. Exatamente, eu bastante tenho uns prós e uns contras em relação à

política dele. E foram diminuídas, em que procedimento está essas terras? Lá em

Mato Grosso nós temos algumas nessa situação. Então isso para mim é muito

importante a gente ver. E o último que gostaria de perguntar para você é sobre

essa CPAB que fica o órgão, porque você falou, mas aí eu fiquei meio na dúvida,

é a Funai, é a Funai que tem, é o Ministério da Justiça, como é que é isso, onde é

que elas se encontram? Até para a gente ter um entendimento. Por último, a

questão dos laudos antropológicos, que a CNA, não só a CNA, mas os ruralistas

de uma maneira geral e as suas instituições questionam laudos antropológicos,

inclusive o exemplo que o Ministro deu ontem para nós, de que estão colocando

até os antropólogos numa situação constrangedora, quer dizer, o cara faz um

trabalho, não fez um trabalho para ele não, ele fez um trabalho para o estado

brasileiro, isso tem que ficar bem claro. O estado que mandou, o estado que está

pagando, você está entendendo, por um direito constitucional. E como é que os

caras pegam e questionam, aí para tudo, só porque os caras questionaram. Então

eu acho que é uma questão em relação aos dados antropológicos que nesse

sentido eu gostaria de propor um encaminhamento sobre essa questão em relação

até o perfil dos antropólogos, porque tem antropólogos e antropólogos, porque eu

sei de casos assim que eu tomei conhecimento em relação com as mulheres na

reunião do MEC, de algumas que colocaram uma situação lá que eles estão

vivendo, de que a antropóloga fez, a antropóloga depois ela virou, como se diz,

virou a casaca contra os indígenas. Então eu acho assim, eu acho que nós

tínhamos também que discutir, abrir uma discussão com a ABA em relação a essa

questão. Por exemplo, para mim na educação é fundamental os pareceres dos

antropólogos nessa questão das especificidades. E pelo que eu vi, algumas

questões ou o próprio Ministro, ele colocou o papel importante que o

antropólogo. Eu acho que a gente tem que discutir isso, porque ficou muito solto

assim depois da constituição federal, ficou tudo solto, aí qualquer um quer ser

antropólogo, e não tem assim uma coisa, é, qualquer um, só porque conhece uns

indiozinhos, vai lá na aldeia, passeia, é amigo dos índios, eu já virei antropólogo.

O que é que é isso? Vamos maneirar isso aí. E, tem os especialistas indígenas, os

especialistas em índios, e que se julgam. Tanto é verdade gente que passa a

própria CNA, todo esse grupo dos ruralistas, estão usando os antropólogos, agora,

mas só que contra nós. Então eu acho que era uma coisa que eu queria colocar e

pontuar em relação a isso. Obrigada.

Rosa Pitaguary – Rosa Pitaguary, região nordeste. Eu queria perguntar

assim, foi falado ali sobre terras que já foi feito estudo, já estão desentrosadas,

homologadas, enfim. Nós também tínhamos pedido, acho que no pedido, no

documento anterior, as terras que ainda não tem GT, que a gente não viu aqui, até

Page 103: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

mesmo porque nós queríamos igualar as listas sobre terras que já são demarcadas,

enfim, para ver se está batendo igual com a nossa do movimento indígena. A

outra coisa eu acho que é a falta de diálogo que não tem entre as coordenações

regionais e a Funai aqui sobre a questão de terra, porque quando a gente fica

sabendo dos processos, já tem terminado o prazo, a gente já tem perdido, que nem

aconteceu com a terra Pitaguary, que hoje estamos aí correndo um risco muito

grande de perder uma grande parte da nossa terra, por que, por conta de

negligência, de procuradores que não cumpriram com o prazo, e por conta disso,

nós deixamos aí a perder isso. E aí eu queria saber até então uma resposta sobre

isso, ou até mesmo pela conversa que nós já tivemos. E aí eu queria pedir que

vocês tivessem assim um pouquinho de atenção e prioridade sobre essa questão

da região nordeste para que a gente possa ver todas as situações das terras que

estão aí pendentes.

AluizioAzanha – Eu vou tentar responder muito brevemente. Em relação

à participação da demarcação, a gente continua requisito a participação inclusive

hoje tem uma instrução normativa que regulamenta como se dá a participação

indígena tanto na identificação nos estudos, é a própria Portaria 14 do Ministério

da Justiça prevê a anuência dos índios, ou seja, os índios têm que dar anuência,

tem que ter uma carta formal de anuência, além disso, tem todo um procedimento

de acompanhamento dos indígenas, inclusive com eventual apoio nosso, para

aquelas indígenas que vão ficar 30 a 40 dias em campo, orientando, deixando suas

atividades de subsistência, suas atividades profissionais para participar, a

instrução que regulamenta o pagamento de auxílio para várias áreas, seja para a

educação, para isso que a normativa, por orientação do TCU, a Funai

regulamentou esse ano. E um dos eixos é a questão da ação de proteção. Tanto os

estúdios de identificação quanto também na demarcação física. Há uma ação de

vigilância prevista para nós, o acompanhamento dos indígenas na ação de

demarcação física. Então, da mesma forma que participam nos estudos de

identificação, os indígenas também acompanham a empresa que venceu a

licitação junto com os técnicos da Funai. E, além disso, nas questões de

aviventação, ou seja, aquelas áreas que já foram demarcadas há muito tempo, que

estão com programa de marco, de modificação dos marcos, a gente faz o processo

de aviventação como uma ação inclusive de vigilância e de prevenção de ilícitos,

a gente deve ter clareza disso, então continua na mesma forma, inclusive na

normativa tem que ser indicado pelas comunidades indígenas, quem que é o

representante, pelas organizações, está tudo muito bem detalhado em relação a

isso. Em relação aos antropólogos, vou falar da parte que me cabe aqui em

relação aos estudos de identificação, eles são conduzidos a partir de um critério

legal que é o colocado pelo Decreto 1775 que é ser antropólogo com qualificação

reconhecida. Então assim, não basta ser antropólogo, tem que ser antropólogo

com qualificação reconhecida, que nós entendemos qualificação reconhecida é

exatamente a experiência sobre aquele grupo indígena envolvido. Ou seja, tem

Page 104: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que ter experiência naquele grupo indígena envolvido, é o que garante a

qualificação reconhecida dele, e obviamente, é importante isso, o antropólogo

quando está coordenando o estudo, seja ele servidor da Funai, já sendo servidor,

seja eventualmente um contratado ou um cedido para um universidade, ou

contratado por outras formas ou como colaborador, o eventual momento que ele é

designado para coordenar os estudos, ele está na qualidade de servidor público

com o ônus e o bônus disso. Então a gente teve caso de antropólogos que não

encaminharam os relatórios conforme o previsto, a gente entra com a notificação

judicial, notificação extra-judicial para que eles apresentem ou devolvam os

recursos que foram gastos com isso. Então tem todo também um trabalho, a gente

investe muito na qualificação dos antropólogos, porque muitas vezes vem de uma

área mais acadêmica e não entende a natureza do processo administrativo, quando

não são pessoas da universidade, quando são servidores da casa fica mais

tranquilo, conhece os procedimentos, então a gente investe muito na qualificação

e na capacitação dos antropólogos em curso de formação, manuais de orientação

para cada um dos estudos de identificação, a gente tem uns quatro elementos, art.

231CF/88, para cada um desses elementos, seja a parte do antropólogo, do

ambiental, do engenheiro agrônomo, a gente tem normativas que orientam, tem

um manual de orientação para cada um desse profissional que vai atuar. Investir

muito também na qualificação dos nossos próprios servidores, inclusive das CRs.

Esse ano a gente deu continuidade, ano passado a gente fez uma oficina, esse ano

a gente já fez hoje, outra a gente mapeia todos os servidores das CRs que tem

curso superior, seja na área de antropologia, história, formação ambiental,

fizemos aqui uma oficina de cinco dias detalhando como se escreve um relatório,

por capítulo, na Portaria 14, ela é super detalhada, então parece que os

antropólogos escrevem relatório tomando um chá e apresenta no dia seguinte.

Porque nunca leram, eu já dei para ele várias vezes cópias do relatório de

identificação para ele poder ler e fazer suas colocações com mais propriedade, eu

acho que tem avançado, alguns contra laudos são feitos de forma com mais

consistência de fato, inclusive é o que vocês estão colocando muito os produtores

rurais têm contratado os antropólogos, historiadores. Isso antropólogo não é

monopólio para defender os índios, tem a formação de fazer isso aquilo. Mas

qualifica um pouco a discussão, sai de uma discussão ideológica, eu li muito a

contestação administrativa, contestação judicial, trabalho com isso todo dia, e às

vezes é isso, fica aquela coisa, ah, o antropólogo fez isso, trabalhou aquilo, tomou

um chá, é amigo dos índios, não sei o que e etc. Eu recebi recentemente um

relatório, um contra laudo, mas com aspectos históricos de fato, questionando, ou

seja, entra para uma discussão técnica em relação ao estudo, saindo um pouco da

visão ideológica ou da crítica, porque já tem um roteirozinho da contestação,

primeiro agride o antropólogo enquanto pessoa, depois mostra as suas relações

com a comunidade ou com as ONGs, etc., tem todo um roteiro e eles estão

aperfeiçoando, isso é natural, e a gente para o nosso lado a gente tem que

exatamente aperfeiçoar e dar mais consistências aos relatórios que sejam capazes

Page 105: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

de responder todos esses dados técnicos e é um ponto que a gente tem investido,

inclusive à luz do que está discutido que é um dos pontos que você coloca. Então,

hoje a gente não passa despercebida de toda discussão que está colocada no

judiciário em relação ao marco temporal da ocupação, a vedação de terra indígena

ampliada, o que você colocou assim, as partes que são anexadas, que foram

deixadas de fora dos estudos ou da primeira demarcação. O próprio Supremo

disse que é possível fazer a ampliação de terra indígena demarcada, a AGU

também disse, desde que seja caracterizado o vício num processo originário,

então todo o trabalho que Funai faz, por exemplo, num processo de verificação de

um estudo às vezes de reestudo, ou às vezes a gente chama de estudo de

identificação, porque aquela demarcação, por exemplo, citar o caso de Buriti aqui

que é uma área que o Rondon fez. A área de Buriti ela foi demarcada sem

qualquer estudo, então a gente não chama nem de revisão de limites, porque

revisão de limites ou reestudo seria um estudo prévio, nunca foi feito um estudo.

A área foi demarcada por outros critérios que não os critérios técnicos, e mesmo

porque à época não tinha nenhuma legislação, então a gente orienta sempre a

caracterizar o vício num processo originário, por que é que essas áreas ficaram de

fora, foi feito antes da Constituição Federal, tinha cara dos índios, não houve

acompanhamento, por que é que as cabeceiras ficaram de fora, por que é que

essas áreas de ocupação tradicional, a gente tem que caracterizar o vício num

processo, primeiro o processo de demarcação, para conseguir responder aos

questionamentos tanto das consultorias jurídicas, porque esse processo

obviamente passa pela procuradoria da Funai, depois vai para a consultoria

jurídica do MJ, e depois também pela própria Casa Civil, e eles perguntam, mas

aqui está caracterizado vício, está seguindo, e para a gente conseguir nos

relatórios também fazer frente aos questionamentos judiciais que são colocados.

Então uma orientação, a própria discussão do marco temporal que foi citado

ontem pelo Ministro em relação ao Kayabi, mas Kayabi foi negada por

ampliação, não por marco temporal, que foi o que foi usado por causa do Buriti,

para dizer que não era terra tradicionalmente ocupada, o marco temporal, a gente

no próprio relatório deixar claro qual que foi o processo de esbulho, por isso essa

interação hoje da antropologia com a história, com a parte das leituras de cadeia

dominial, de todo processo de regularização fundiária que a gente tenha

capacidade aí de ter relatórios cada vez mais consistentes, aprimorar o que tiver

que aprimorar, eventuais falhas processuais, a gente está aprimorando para

conseguir que realmente a gente consiga fazer frente a todo esse contexto, a todo

esse questionamento, então investimos muito em orientação e capacitação dos

coordenadores dos GTs, e das equipes da Funai, a gente usa muito hoje os

servidores das regionais nos nossos grupos técnicos, ou naquilo que a gente vem

chamando de qualificação de reivindicação das áreas que ainda não foram, não

tem GTs constituídos, e a gente precisa saber os elementos, que isso também está

contemplado na portaria do Ministro, na nova portaria, tem lá uma parte toda que

diz que é do juízo de admissibilidade que é o que a gente chama de qualificar esse

Page 106: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

pleito com algumas informações suficientes. A gente investe muito na interação

também da Funai com a procuradoria, foi falado aqui que muitas vezes, acho que

foi o Titiah que falou aqui, ah, os servidores a gente qualifica e não resultado. Eu

discordo completamente, na área fundiária mesmo, lá no sul da Bahia, se a gente

não tivesse os novos servidores conseguindo fazer os relatórios para subsidiar

hoje a suspensão, segurança que a gente está entrando contra 40 reintegrações de

posse de Tupinambá de Olivença, se esses relatórios das regiões não vêm com

informações qualificadas, qual que é o imóvel, quantos ocupantes indígenas estão

ocupando na área, todos os dados técnicos, isso é essencial para que a gente aqui

consiga fazer atuação, então temos investido muito forte também nesse

acompanhamento na qualificação das ações judiciais e do que nós temos, e que

não adianta falar para a procuradoria, ah, você tem que atuar. Nós temos que dar

subsídios para procuradoria. Então hoje a gente no âmbito da diretoria uma

assessoria jurídica que só trabalha não uma assessoria jurídica, é a procuradoria

jurídica que faz assessoria, mas a gente tem uma assessoria dentro da diretoria, só

faz interlocução com a procuradoria. Então responde todas as ações judiciais, dá

os subsídios, a equipe que você conheceu. E naquele caso específico de Pitaguary

foi uma falha do procurador que realmente deixou o prazo transcorrer. E a gente

hoje faz esse monitoramento, inclusive para cobrar a procuradoria, a gente que

faz o levantamento de todas as ações judiciais, fazemos o acompanhamento delas,

então pautamos a procurando também nesse sentido, a gente passa as listas das

ações judiciais, entramos nós mesmos nos andamentos processuais, pede o

número do agravo, do recurso e ficamos monitorando para garantir que a

procuradoria também não perca os seus prazos. Temos investido muito nessa

interação, considerando que todos os processos administrativos hoje estão

judicializados. Então era isso, a lista. A Comissão de Análise da Boa Fé ela é

formada por coordenações gerais da própria Funai. Então é uma instância interna

a Funai que analisa as benfeitorias, eu sou Presidente da Comissão e ela é

formada por cinco, seis coordenações gerais da Funai inteira, e aí passa todo o

processo também para a procuradoria e quem autoriza os pagamentos é a

presidenta da Funai.

Maria Augusta – Pessoal, tem mais duas pessoas aqui que querem falar,

Natalia e a Olga, já vou passar a palavra. Só queria complementar uma coisa que

o Aluizio falou, em relação assim a essa reflexão sobre os processos de

demarcação. Acho que é importante colocar assim, que da década de 80 para cá a

própria legislação mudou muito, vieram as portarias, o próprio decreto que

chegou em 96. Então, muitos processos sobre os quais hoje a gente está

debruçando ainda, eles tiveram início num período lá atrás, quando a legislação

era outra, o arcabouço jurídico, o número de exigências era muito menor

inclusive para você fazer uma demarcação de terra indígena. Hoje é mais

complexo, a legislação exige um rigor maior no procedimento, e a própria Funai

tem um rigor muito maior ao qualificar, como colocou o Aluizio, as

Page 107: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

reivindicações, ao estabelecer as etapas internas do procedimento, porque a gente

sabe que hoje qualquer vírgula que tiver fora de lugar ela vai ser questionar

administrativa ou judicialmente, então a gente também tem buscado aperfeiçoar

os nossos procedimentos e sabemos que precisamos melhorar ainda, para que

justamente a gente não deixe fragilidade ou vulnerabilidades que possam impedir

que o processo chegue ao final, seja por uma impugnação administrativa, uma

contestação administrativa, ou até por judicialização. Então o rigor hoje é muito

maior e nós da Funai também temos que ter esse rigor interno muito maior. Já

dizia isso até naquele filme Paralelo 10, o Meireles, ele mesmo usa essa frase, ele

disse olha, hoje você fazer uma demarcação de terra indígena no Brasil não é

mais como na década de 80, o rigor é muito maior. Então nós da Funai, também a

equipe técnica ela tem que está mais preparada, ela tem que está mais segura, ela

tem que está mais firme ao proceder qualquer tipo de ação dentro do processo de

demarcação, porque qualquer vírgula fora de lugar será motivo para inviabilizar

uma demarcação, então isso também nós temos nos preparado internamente, o

Aluizio colocou o esforço das oficinas internas, agora a gente está para o fim do

ano preparando também um trabalho interno sobre a instrução processual que

muitas vezes é um vício bobo, formal de um despacho que não foi dado interno, e

que isso é usado para questionar e pode inviabilizar um processo de demarcação.

Então nós também estamos tendo que nos adequar a isso, mas acho que é

importante também que todo mundo tenha claro que hoje tem processos que estão

ainda por delimitar, mas declarar e também homologar que começaram lá atrás

numa época que num contexto normativo e político completamente diferente que

hoje a gente vai ter que enfrentar problemas e por isso que o Ministro colocou,

que às vezes. Com certeza, a política interfere no processo, então hoje mesmo se

for um vício formal, pequeno, ele nessa conjuntura será utilizado para

inviabilizar. Então acho que é importante a gente ter isso em mente, o Ministro

colocou aqui que tem sido questionado, que os processos da Funai tem problema,

a gente sabe que a gente tem fragilidades que precisam ser robustecidas, que

precisam ser fortalecidas, mas também há processos sobre os quais a gente está

tratando hoje, que não tiveram uma conclusão e que começaram nesse marco

normativo e político completamente diferente. Natalia e Olga.

Aluísio – Só rapidinho, só em relação à questão que foi colocada a ABA.

A ABA fez um evento semana passada, inclusive a Carolina participou, para a

discussão dos laudos antropológicos, e a partir desse contexto todo. Não, esse que

você está falando da ABA em João Pessoa. A gente fez uma outra discussão com

o INPF semana passada em Porto Alegre que discutiu isso, e nessa segunda-feira

também teve a reunião da associação dos profissionais de antropologia, que é um

outro grupo que também está discutindo a profissionalização ou não, se vira uma

categoria profissional, limite das éticas, etc. e também é um assunto que está

sendo discutido tanto pela ABA quanto pelas outras associações.

Page 108: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Chiquinha Pareci – Sim, inclusive eu fiquei de fazer um

encaminhamento por conta da educação e de alguns aspectos aí. Agora eu acho

que tem socializar isso com a gente. Nós povos indígenas temos que nos

empoderar dessas informações. Não, mas é verdade, a gente, nós precisamos nos

empoderar dessas discussões técnicas sobre o trabalho dos antropólogos sim

senhor, porque no final quem dá o veredicto em relação aos aspectos históricos e

antropológicos, e dizer da forma de vida das condições daquele povo naquele

território, são eles, o estado vai ouvi-los, então eu acho isso muito importante. E

eles são também aqueles que vão dar os pareceres em relação à própria política,

porque é isso que marca a diferença entre nós indígena e o povo de uma maneira

geral. Então por isso que eu acho muito importante essa socialização dessa

discussão e eu quero propor aqui assim que a ABA venha conversar com a gente

aqui na CNPI.

Natalia – Boa tarde a todos e todas. Chiquinha sobre a ABA mesmo que

eu iria me manifestar também, acrescentando as informações que o Aluizio já

trouxe, já antecipou. Queria dizer que essa é uma sugestão que o Ministério da

Justiça considera da mais alta relevância, que eu irei levar para o Ministro da

Justiça. E queria informá-los também que o Ministério da Justiça, o Ministro da

Justiça já iniciou também um diálogo com a ABA, já teve uma reunião no final de

outubro para discutir com a ABA a Comissão de Assuntos Indígenas da

Associação Brasileira de Antropologia, porque também considera esse diálogo

muito importante com os antropólogos, tendo em vista o seu papel de altíssima

relevância e impactos sobre o processo de demarcação de terras indígenas. Então

é uma opinião que nós compartilhamos, e que nós pretendemos dar andamento a

essa aproximação do diálogo com a categoria técnica dos antropólogos.

Olga – Boa tarde. Boa tarde a todos e a todas. Olga do Planejamento.

Quanto a contratação de pessoal para a Funai, para compor o quadro por

reestruturação, a Funai e o Ministério da Justiça tem que encaminhar o pedido ao

Ministério do Planejamento, porque isso se faz através de concurso. E é um

procedimento que tem de ser feito assim. Uma coisa que eu queria só comentar

com vocês, é que normalmente, não sei qual é o nível, se é nível de segundo grau,

o que está precisando, porque esse pessoal deveria ir principalmente para a ponta,

que na Funai está mais desvalida de profissionais. E eu queria, não sei se a Funai

faz isso ou não, e se faz me desculpe, mas você teria que dar para esse pessoal um

curso de treinamento indigenista, porque não pode o pessoal contratá-lo, concurso

público e tal, ir para a área e não ter esse treinamento, principalmente quando esse

pessoal de segundo grau ou de terceiro grau também, que não conhece a realidade

indígena. Eu acho que o curso de treinamento de indigenismo é indispensável,

provavelmente no pedido também teria que ser pedido recurso para esses cursos

de treinamento.

Page 109: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Só então assim, um pouco, a gente tem um processo

aberto, com a solicitação de concurso já há algum tempo, o processo já teve

várias idas e vindas, ele voltou agora recentemente para a Funai com uma

sinalização de que não seria possível realização do concurso esse ano, por enfim,

situação orçamentária, mas aí depois disso ainda em conversas, porque a gente

não quer nunca se conformar com a resposta negativa, se sinalizou com a

possibilidade de um número pequeno de vagas, mas isso foi conversado só depois

do processo ter voltado formalmente, e aí sinalizou-se que eventualmente um

número pequeno de vagas poderia ainda ser aberto esse ano, mas não temos ainda

nada formalmente colocado pelo Ministério do Planejamento nesse sentido.

Olga – Só quero pedir a vocês que no momento que isso já está

caminhando dentro do Ministério da Planejamento, por ser isso de alçada da SEG,

que não é a Secretaria que eu trabalho, vocês me informem, porque eu vou lá,

trago a pessoa que está fazendo isso e fico em cima e a gente faz isso com mais

celeridade.

Maria Augusta – Obrigada Olga. Podemos encerrar então o nosso

período da manhã.

Sandro Tuxá – Eu não sei se tem quórum por parte do governo, eu não

sei como é que a gente pode votar. São mais de tantas resoluções que a CNPI já

tem feito, acho que uma que nós precisamos reiterar e fazer, porque essa CNPI

começou pedindo concurso público da Funai. Houve aquele reajuste de pelo

menos dois mil funcionários, aí baixou para 400, houve aquele concurso que aí

teve aqueles problemas que muitos migraram para outro órgão, e a gente não

voltou a pautar. Acho que deveríamos fazer uma resolução de encaminhamento

pedindo ao próprio ministério que possa liberar esse concurso público, assinado

pelo governo e pela Bancada Indígena, para dar visibilidade a essa demanda que é

latente, porque lá na minha região, todo o Nordeste, a maioria dos funcionários

estão caindo.

Maria Augusta – Eu acho que super bom, eu acho que a gente pode,

como está baixo o quórum, fazer essa deliberação para amanhã. Obrigada gente.

Então está encerrado aqui o nosso período da manhã.

Observação: no período da tarde, os membros da CNPI foram participar

em agendas externas, daí a reunião foi retomada no dia seguinte.

Dia: 12/12/2013, manhã:

Teresinha Maglia – Gente, vamos começar e vamos nos programar para

o dia de hoje? Bom dia a todos e a todas antes, que seja um bom dia hoje, o nosso

Page 110: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

último dia da nossa Plenária. A presidenta Maria Augusta ficou em reunião até

tarde com os Mundurucu, nós vamos iniciar, nos programar, vamos fazer a

programação do dia de hoje de questão de tempo, quais os assuntos, que daí

quando o pessoal do governo chegar e o pessoal. Parabéns à Bianca que está aqui,

que é a única representante governamental que se encontra. O pessoal está

chegando agora. Então vamos nos organizar? Ficou dois pontos de pauta de

ontem, que ficou educação e saúde, eu gostaria que a Chiquinha comentasse essa

questão da educação, como é que ficou definido e como é que o pessoal está

achando, para nós depois encaminharmos então quais são os outros pontos.

Chiquinha Paresi – Bom dia a todos e a todas nesta última reunião deste

ano, não é Teresinha? Deste ano e dizer para vocês que em relação à educação

houve, assim, um certo contratempo das informações, também eu tive esse

equívoco nessas informações. Eu tinha entendido que a gente poderia marcar uma

audiência de exclusividade com o Ministro lá no gabinete dele, só que depois eu

fui rever inclusive na Ata, na verdade, nós estávamos pedindo a presença do

próprio Ministro aqui na CNPI, igual os outros, que como ficou marcado para o

Ministro da Saúde, e tinha outro Ministro que não me lembro, ah, o próprio

Cardozo, Eduardo Cardozo, então, nesse seguinte sentido a nossa proposição é de

que de fato o Ministro venha na CNPI, o Ministro da Educação venha na CNPI

nos escutar e ouvir o que nós aqui, os membros da CNPI, os representantes da

CNPI, tem a dizer sobre a questão da educação. Neste sentido eu gostaria de

solicitar a todos vocês que vocês tragam as demandas, igual a gente já está

fazendo um pequeno levantamento da situação de uma maneira geral, a partir de

uma série de questões que vem acontecendo, e aí a minha proposição, assim, na

condição da área da qual a gente atua é de que ele possa vir tão logo na primeira

reunião da CNPI. Nós vamos ter também a CONAE, que é a Conferência

Nacional de Educação, que vai acontecer em fevereiro do próximo ano e nós

lutamos bastante para assegurar a presença dos povos indígenas. Eu inclusive

trouxe uma listinha de algumas regiões do Brasil que ainda não estão

contempladas com a presença indígena na CONAI e depois aí eu vou passar para

vocês, eu vou ler aqui, eu não estou aqui com ele, estão aqui na minha mochila,

mas, assim, para passar para vocês sobre a situação. De uma maneira geral

praticamente já estamos contemplados com quase o Brasil todo na Conferência da

CONAI, mas tem alguns estados que não encaminharam os seus representantes e

nesse sentido eu chamo atenção para os meus companheiros indígenas, que eles

possam passar uma mensagem e pedir para as bases que enviem os seus

representantes ou mandem os nomes, porque nós temos um prazo. Então era isso

que eu queria colocar. Então, Teresinha, na verdade, é assim, que o Ministro

possa vir para a reunião da CNPI, assim como os outros estão vindo, ele também,

e depois disso é que nós possamos marcar uma audiência com ele, nesse sentido.

Page 111: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha – Ok, Chiquinha. Então nós, da Secretaria-Executiva, vamos

mandar o convite ao Ministro Mercadante para que ele, então, se faça presente na

próxima reunião da CNPI, na primeira do ano de 2014, é isso? Bom, nós temos

ainda como pauta, que ficou de ontem, avaliação da Conferência da Saúde,

planejamento, aliás, desculpa, avaliação do ano 2013, planejamento do ano 2014

e o PLS 236, que o Saulo levantou, que fala sobre a mudança do Código Penal e

ainda Conferência Nacional de Política Indigenista. Essa pauta da Conferência

Nacional, o pessoal da Funai pediu para a gente discutir à tarde, o Jaime, o

pessoal da PNGATI, que eles também gostariam de fazer presente para discutir

com vocês, então nós podemos deixar para a parte da tarde. Então vamos

distribuir o tempo, ver como é que a gente pode fazer essa nossa pauta e nós

também temos que discutir a questão das oficinas, que eu não tinha anotado aqui,

sobre a minuta de portaria, que essa nós temos que fechar hoje também. Entra na

questão do planejamento 2013. O que ficaria de manhã, o que ficaria à tarde?

Ficou então: avaliação da Conferência de Saúde Indígena, não é avaliação,

informes, como foi, quem fez a avaliação foi o próprio pessoal da saúde, mas,

então, colocar os informes, como é que foi a Conferência, o que o pessoal achou,

os próprios indígenas que participaram, que participaram da coordenação da

Conferência; avaliação 2013, os trabalhos da CNPI; planejamento 2014; o PLS

236; e Conferência. Sandro.

Sandro Tuxá – Região leste e nordeste, APOINME. O que eu queria só

recordar, que ontem à tarde, quando nós finalizamos os trabalhos, a gente ficou

combinado no começo das atividades de hoje a gente fazer uma resolução de

encaminhamento solicitando uma audiência no Ministério do Planejamento para

tratar de forma específica do concurso público da Funai e aí como teria um

número pequeno, não tinha quórum, a gente ficou de votar essa proposta.

Olga – Eu entendi que a Guta antes da minha colocação tinha respondido

que a Funai e o Ministério da Justiça já tinha encaminhado alguma coisa lá e que

seria aberto um concurso para 400 vagas, isso foi quando eu coloquei também

que seria interessante que a Funai providenciasse um curso de treinamento de

indigenismo.Porque esse povo vai para a ponta tem que ter. Então não sei se

vocês comentaram, creio que vocês comentaram alguma coisa, que não sei se

ficou acordado que seria feito hoje.

Sandro Tuxá – Foi, na verdade, o seguinte, só queria recordar que eu

encaminhei isso no final, ficou no fechamento a proposta para que pudesse estar

encaminhando isso hoje pela manhã. Eu só queria reforçar que nessa ida para que

a gente promova essa resolução de uma reunião junto ao ministério, na direção do

ministério, possam também estar presentes alguns representantes indígenas,

porque é uma fragilidade da não resposta do órgão durante esse tempo de

reivindicação, sobretudo da CNPI, então se faz necessário uma gestão e ontem

Page 112: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

ficou encaminhado e a gente precisaria colocar em votação para que dê esse

encaminhamento.

Teresinha– Sandro seria uma resolução ou seria uma solicitação de

audiência?

Sandro Tuxá – Mas é a solicitação de audiência pedida pela bancada

indígena e pela bancada do governo.Então se não precisa, se todos concordam, é

só mais um encaminhamento.

Teresinha – É porque uma resolução, não cabe uma resolução aqui, cabe

uma solicitação de audiência com a Secretaria-Executiva do Ministério do

Planejamento em nome da bancada indígena, sim, com toda a bancada indígena e

governamental da CNPI solicitando uma audiência com a Secretaria-Executiva,

ou com a Ministra do Planejamento. Isso seria para agora, para a próxima

reunião, no intervalo entre agora janeiro e fevereiro? Para hoje? Não, porque

resolução, Sandro, ela tem que ser publicada no Diário Oficial, aí não dá tempo,

demora, é uma burocracia.

Sandro Tuxá – Há necessidade de realmente pautar isso?

Teresinha – Olga, então quem sabe a gente entra em contato com a

Secretaria-Executiva do Planejamento e ver se é possível ainda hoje. Pode ser?

Sandro, vamos encaminhar isso, então assim que a Maria Augusta assumir, aqui,

eu e a Olga já vamos fazer essa menção para ver se a gente consegue. Como?

Não, resolução não tem como fazer de um dia para o outro, porque a resolução

mesmo que a presidenta Maria Augusta assine aqui a gente tem que passar pelo

gabinete do Ministro, porque é publicado na página do Ministério da Justiça.

Sandro Tuxá – Só para ajudar. No caso, o intuito nosso é de ter um ato

mais formal e realmente trazer as respostas e publicizar essas respostas. É porque

a gente precisa de resposta.

Olga – Pelo o que eu entendi, ontem, a presidenta disse que já tinha esse

entendimento, que já sabia qual era o número de vagas, teríamos que esperar que

ela chegasse para saber em que pé está e a partir daí com a maior rapidez a gente

ir atrás para conseguir um comprometimento, um orçamento, não sei se já está

contemplado no orçamento isso, não sei em que pé já está. Acho que teria que

esperar Maria Augusta.

Teresinha – Sandro e pessoal, a sugestão da Olga é que a gente espere a

Maria Augusta chegar, que ela já tem mais informações, que ela já passou para a

Olga ontem, passou aqui a informação, então a gente costurar com ela, ver o que

Page 113: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

ela já negociou com o Ministério do Planejamento, o que ela negociou, porque eu

não estou a par disso.

Sandro Tuxá – Então a gente resolve o caso com a presença dela e faz o

encaminhamento. Lúcia, é que ontem nós conversamos. Ontem nós conversamos

sobre a necessidade do concurso e de pautarmos o concurso e trazer isso como

foco da CNPI, ou seja, fazer gestão junto ao Ministério do Planejamento que há

muito vem aqui, mas não consegue demandar nada sobre o concurso público.

Diante das três mil vagas, que foram solicitadas para a Funai, que já vem

tramitando há muito tempo lá, saiu aquele concurso que entrou 400, 600 pessoas e

a maioria migraram, e não foi resposta para o órgão. Pensando nisso, para

institucionalizar o pedido, a gente trouxe a ideia, eu propus ontem para a Guta de

fazer uma resolução pedindo uma audiência para que nesse momento tenhamos as

respostas devidas quanto, como, metas, e quando, o que é que o ministério

realmente está se propondo e para isso era necessário o tempo do Ministério

poder ajustar e dar as respostas para a CNPI e para o Movimento Nacional. Foi

isso que mais ou menos ficou entendido ontem. Agora como a presidenta tem

outras questões aí nós não sabemos se podemos encaminhar agora sem a presença

dela. Por favor.

Lúcia Alberta – Oi, bom dia para vocês. Então, desde o ano passado a

Funai apresentou já uma proposta para o Ministério do Planejamento, não sei, a

Marta ainda era Presidente, ela até falou que era uma proposta de Funai cinco

estrelas, não sei se vocês lembram dessa conversa de Funai cinco estrelas. Então

foi uma proposta, além do concurso, de pensar a estrutura do órgão e aí isso foi

cortado, pediram para a gente diminuir um pouco a nossa proposta, uma proposta

bem robusta demais, não tinha condições financeiras para aquela proposta e aí nós

refizemos essa proposta de pensar a estrutura da Funai. Hoje, os nossos

coordenadores regionais, eles têm cargos de IDS 3, a ideia, por exemplo, era que

tivesse o IDS 4, porque isso também mudaria um pouco a representação política

deles nas regionais. E aí dentro dessa proposta emitir um concurso público

pedindo três mil vagas e aí nós recebemos a resposta recentemente, isso que a

Guta até falou para vocês, não foi uma resposta formalizada, não é um Ofício e

nós conseguimos algumas vagas para fazer concurso ainda em 2014, a ideia era

que o edital seria lançado até agora, final de dezembro, mas como nós não temos

nada formalizado não tem como fazermos o pregão, essas coisas todas. Então a

princípio nós conseguiríamos 150 vagas, todas para ensino superior e aí nós

estamos definindo que todas essas 150 vagas, elas vão ser para coordenações

técnicas locais, não vai ser nenhuma vaga para Brasília e nenhuma vaga para

Coordenação Regional. Então a princípio o que nós temos já de informação do

MPOG é isso que eu estou falando para vocês, está bom?Assim, a proposta, eu

concordo com vocês, eu acho bem importante essa resolução, porque ela vai

ressaltar o pedido que está lá.

Page 114: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha – Então seria diferente, não seria uma resolução solicitando

audiência, porque uma solicitação de audiência não cabe em uma resolução. Uma

resolução cabe colocar pedindo urgência para que seja feito o concurso público,

não para receber vocês, para reforçar o pedido de que saia até o final do ano.

Sandro Tuxá – Podemos fazer as duas coisas? Porque eu acho que uma

ida, um grupo, tanto da parte do governo para apoiar a Funai, como dirigentes

indígenas que sai de alguma comissão, para se fazer presente nesse ato lá com a

secretária-executiva ou com a própria ministra é muito importante também. Então

poderia ficar duas coisas: uma resolução e uma data a ser marcada de uma visita,

porque aí não impede da Funai estar fazendo os encaminhamentos junto com a

própria Olga e tudo mais até enquanto essa reunião chega. O importante é que

tenha algo realmente efetivo, estabelecido e que venha vincular a

responsabilidade do ministério.

Lúcia Alberta – Só para terminar, nós vamos entregar para vocês, daqui a

pouco a informação que vocês pediram ontem, que é o dado que nós temos hoje

de servidores e o percentual de quantos vão se aposentar até 2020, e fora isso nós

estamos trazendo também o resumo da proposta da política que nós estamos

propondo para a Funai, aí lá fala da questão do concurso que nós já protocolamos

no MJ, está bom?

Teresinha – Ok, então? Nós vamos, então, preparar um texto de

resolução assim que a Guta assumir aqui e um pedido de audiência então. Eu

quero saber para quando vocês querem essa audiência, se é para agora, para hoje?

Hoje muito em cima não, então durante o mês de dezembro para janeiro, para

quando que a gente vai solicitar.

Sandro – Eu insisto que a gente possa fazer os dois. Uma coisa não

invalida a outra. A reunião, que a Olga vai ter com a Funai e outros mais, são

tudo dentro do próprio governo, é uma coisa e essa reunião junto com a direção e

os indígenas e outros mais para trazer as respostas precisa de um tempo, porque

estão sinalizando, não tem nada efetivo, não tem nada concretizado, de modo que

não precisaria ser necessariamente essa reunião ano, poderia ser no primeiro, quer

dizer, é uma ideia também.

Teresinha – Saulo.

Saulo – Saulo, do CIMI. Sobre essa discussão eu acho que, de fato,

podem acontecer as duas coisas, audiência e a resolução, mas eu já estou

querendo adiantar outra preocupação em relação à discussão do próprio formato

do concurso, quer dizer, o que é esquisito é que a Funai realiza um concurso que

Page 115: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

não tem cota para indígena, quando outros órgãos da administração pública

assegura cota para indígena, até mesmo o concurso para procurador da república

agora, o próximo concurso já prevê cota para indígenas e para negros. Então acho

que tem que haver uma discussão na CNPI sobre o formato desse concurso, que a

gente poderia também estar tratando na próxima reunião, não sei quando, mas ou

criar uma comissão, mas isso tem que ser bem discutido, porque o concurso mais

branco hoje do Brasil é o da Funai.

Sandro – Desculpa. Daí, pessoal, a necessidade de nós estarmos presente

para decidir sobre isso aí.

Olga – Eu lembro que o ano que vem é um ano eleitoral, então a gente vai

ter que correr. Eu não sei se essa discussão não poderia ser feita logo para logo

terminado o ano, início de janeiro já fazer isso, porque se a Funai pediu para 2014

e a gente está questionando outra coisa. E esse é um processo que demora a

discussão, não sei o que, gera formato, e há um prazo para chamar concurso, se

fazer concurso, por isso que eu disse, nós temos que correr para que isso aconteça

o ano que vem, se não, o ano que vem, no final do ano que vem de novo, na

última reunião da CNPI, que a gente sabe que a Funai está sem gente.

Teresinha – Como o ano é eleitoral, ano que vem acho que são 13 meses

ou é seis meses antes da eleição não pode fazer concurso, não é? Então por isso

tem que ser. Quem é advogado aí, são quantos meses? A Casa Civil? Daniel.

Daniel, sabe me dizer?

Daniel Mendonça – eu sou Daniel Mendonça, da Casa Civil, já vim nas

primeiras reuniões aqui no CNPI. Acho que no diz respeito a cotas a gente tem

que lembrar o seguinte, a presidenta enviou para o Congresso Nacional com

motivo de urgência um PL que estabelece cotas para negros, o PL está tramitando

no Congresso, a gente espera realmente que seja aprovado e muito provavelmente

o PL vai ser um PL de cotas para negros e indígenas. Ele está sofrendo

transformações, estão sendo apresentadas Emendas exatamente para que os

indígenas sejam contemplados, quer dizer, então essa questão que hoje é

significativa, não estou de maneira nenhuma dizendo que não é significativa, mas

essa questão hoje, por assim dizer, da dominância branca na Funai, ela pode daqui

a quatro ou cinco meses deixar de ser uma questão. Acho que não precisa gastar

essa bala, porque provavelmente o PL no Congresso vai contemplar os indígenas

também. É a nossa expectativa.

Teresinha – Saulo.

Saulo – Meu nome é Saulo. Daniel, eu só não entendo porque o concurso

da Funai tem que ser condicionado a aprovação de um Projeto de Lei quando

Page 116: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

outros concursos já estão sendo realizados independente do Projeto de Lei ser

aprovado acerca das cotas.

Daniel Mendonça – Concordo com o senhor, acho que é absolutamente

legítimo sim. Agora a questão é o seguinte, antes do PL você tinha uma situação

relativa à indefinição, cada órgão estabelecia cota ou não e ficava uma coisa solta,

o PL uniformiza isso, e aí eu só estou dizendo, claro, essa questão é super

relevante, mas ela pode deixar de ser na medida que a gente vai ter assegurado a

cota no curto prazo, acho que cabe o debate.

Lúcia – Eu sou a Lúcia, da Funai. Então, como nós ainda não temos

amadurecido essa ideia de pensar nas cotas para indígenas, o que nós pensamos

para esse concurso logo, se ele realmente for acontecer antes do período eleitoral,

que nós esperamos que sim. É que ele seja regionalizado e dentro do termo de

referência ele obrigue os candidatos a terem alguns perfis que vá de certa forma

mantê-los naquela Coordenação Técnica Local, porque hoje um problema grande

que a Funai enfrenta é a desistência de pessoas que passaram no concurso. Nós

temos regional que 20 pessoas foram lotadas e hoje tem dois servidores, todos ou

pediram remoção, ou pediram demissão, foram para outro concurso, então nós

pensamos nisso e, além disso, no processo de formação, que já vai estar no Termo

de Referência, ou seja, o candidato é aprovado e ele vai passar por uma formação,

essa formação, ela vai ser eliminatória e essa formação, ela vai ser feita dentro da

terra indígena, então para ver se a pessoa realmente tem resistência psicológica,

tem sensibilidade, perfil para trabalhar com povos indígenas. Então é o que nós

estamos tentando fazer se for para fazer logo esse concurso, se realmente for

autorizado oficialmente.

Marcos Xucuru –Bem, questão de ordem aqui, por gentileza. Marcos

Xucuru, região nordeste leste. Eu proponho que nós encaminhamos o processo, a

gente está entrando já em uma discussão aqui, enfim, que eu acho que é preciso a

gente retomar a pauta. O tema, ele é relevante, é importante sim, eu proponho,

enquanto medida de encaminhamento, então se é urgente, urgentíssimo, então nós

não temos tempo essa semana para ficar aqui, até por questões ou outras que já

estamos aqui duas semanas em Brasília, eu proponho que aconteça nos primeiros

meses de janeiro, então que a Funai e a CNPI encaminhem um pedido de

audiência para que haja uma discussão e aí não é necessário também vir toda a

bancada indígena da CNPI para o Congresso, então discutir com um grupo

menor, não sei se a Subcomissão de Assuntos Legislativos, não sei que

subcomissão poderia estar sendo convocada de repente para fazer parte dessa

audiência com a Ministra, enfim, com quem seja de fato agendada a reunião.

Então eu proponho para encaminhamento, em termos de encaminhamento, a

gente consiga, de modo consensual, esse pedido para janeiro, enfim, a gente toca

a nossa pauta. Obrigado.

Page 117: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha– Ok. Então acatado a sugestão do Marcos.

Simone – Tudo bem, mas eu acho que seria interessante se fosse

disponibilizado essa proposta que a Funai já tem da proposta para a gente se

apoderar e contribuir.

Teresinha Maglia – A Lúcia está colocando que vocês vão receber hoje,

é isso? Hoje vocês já vão receber esse material, está? Bom, então vamos seguir,

ficou assim então, nós vamos pedir, solicitar a sugestão do Marquinhos. Vamos

ver se todo mundo acata, um pedido de audiência para a segunda semana de

janeiro, que a primeira semana de janeiro todo mundo sabe que é início de ano,

para isso a gente vai, então, solicitar para a segunda semana de janeiro e a

sugestão é que seja a Subcomissão de Orçamentos e Finanças e a Subcomissão de

Assuntos Legislativos, agora não vamos conseguir chamar todo o pessoal dos

indígenas, CNPI, tendo em vista que nós vamos ter que trabalhar com 1/12 avos,

todo o Ministério trabalha com 1/12 avos e o orçamento não está aberto, então

para a gente conseguir trazer todo mundo vai ser difícil, então a gente pega duas

ou três subcomissões e traz o pessoal para discutir isso na audiência. Pode ser

assim? Aí a gente vê uma data com o Ministro, com a Ministra, faz a solicitação,

quando confirmada a gente entra em contato com todos vocês e chamam vocês,

então, para essa audiência e concomitantemente a gente faz a resolução, a

presidenta assina a resolução e já encaminhamos, então, já no início da semana

que vem a gente encaminha essa resolução para o Ministério do Planejamento.

Sim, vamos ter que ainda fazer ela para depois ser aprovada em Plenária até o

final da tarde. Ok? Então vamos seguir, todo mundo concorda que seja nesse

formato: agora a avaliação da Conferência de Saúde, depois a avaliação 2013,

planejamento 2014? Isso de manhã ficaria, e o Marquinhos sugeriu bem, vamos

ver um horário, hoje e amanhã seria, então, avaliação da Conferência e avaliação

2013, é isso? À tarde fica planejamento 2014, PLS 236 e Conferência e ainda

oficinas. Olha que nós temos muito assunto hoje. Sobre educação, então, ficou

para primeira reunião da CNPI do ano que vem.

Marcos Xucuru –Marcos Xucuru, região nordeste leste. Eu proponho que

nós possamos estipular um horário aqui para as apresentações e eu acredito que

Bianca não precisa mais do que uma hora para explicar um pouco, acho que meia

hora é o suficiente para ela falar do que foi a Conferência, enfim, e aí a gente

poderia, então, entrar um pouco nessa avaliação do exercício de 2013 e também a

gente discutir o PLS e ficaríamos a parte da tarde só para planejamento.

Teresinha – Ok. E Conferência.

Marcos Xucuru – E a Conferência de Saúde Indígena.

Page 118: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha – E as oficinas, não é?Ok. Bianca.

Bianca – Bem, bom dia. Meu nome é Bianca, estou como Assessora do

Controle Social, coordenei o Comitê Executivo da V Conferência Nacional de

Saúde Indígena e nessa proposta, que o Marcos apresentou, eu gostaria de dividir

o meu tempo também, nos 30 minutos dividir com os indígenas que participaram

como delegados e convidados durante a V Conferência, então eu gostaria de

dividir esse momento da avaliação com quem esteve presente participando da

etapa nacional e também participaram de algumas etapas, desde as etapas locais,

distritais e da nacional também. Eu não sei como a gente combina, se eu falo

brevemente desse histórico e aí depois a gente passa para vocês. Pode ser assim?

Pode ser? De acordo? Então está. Só vou fazer um resgate do início de quando

começou a proposta e como chegamos até esse ano. Eu tinha uma apresentação,

mas acho que fica meio chato ficar apresentando, vou falar mesmo aqui. A

Conferência, ela foi convocada ano passado pelo Conselho Nacional e pelo

Ministério da Saúde, então as etapas, foram três etapas, etapa local, etapa distrital.

A etapa local, devido à demora da aprovação do orçamento, ela só iniciou em

abril efetivamente, então a etapa local, ela durou de abril até setembro; a etapa

distrital foi de 1º de julho a 15 de outubro; e a etapa nacional foi agora de 2 a 6 de

dezembro. Então foram divididas em três etapas até chegarmos à etapa nacional

que aconteceu semana passada. A Conferência teve o tema central: Subsistema de

atenção à saúde indígena e SUS: direito, diversidade e atenção diferenciada; e

quatro eixos temáticos, sendo que esses eixos, eles se dividiram em subeixos, que

o primeiro eixo foi atenção integral e diferenciada nas três esferas de governo;

controle social, e a gestão participativa foi o segundo eixo; o terceiro eixo foi

etnodesenvolvimento e segurança alimentar e nutricional; e o quarto eixo foi

saneamento e edificações em terras indígenas. Para discutirmos esses quatro eixos

foi elaborado pela Comissão Organizadora um documento base, um documento

orientador com questões problematizadoras, que elas nortearam as discussões e as

propostas que vieram desde a etapa local. Foram 306 etapas locais com

envolvimento de 23.505 pessoas, então como eram etapas locais que aconteceu a

sua grande maioria nas aldeias a maioria, esses 23 mil foram, sim, de indígenas,

esses 505 se resume a equipe do distrito que ia até o local realizar as etapas

distritais e algumas Secretarias Municipais de Saúde que participaram. Então,

assim, essa primeira etapa foi muito rica, que abrangemos, lógico que não foi, o

ideal e o perfeito seriam todos os 305 povos com todas as aldeias e todas as

comunidades, e os 800 e tantos mil indígenas, mas uma Conferência dessa

dimensão foram 306 locais e com essa proporção significa dizer que o debate foi

bem feito no sentido de estar abrangendo o maior quantitativo de indígenas e de

comunidades. São 305 etnias, se a gente pudesse fazer a proporção é como se

fosse uma Conferência para cada etnia, mas o que não ocorreu, em 306. As etapas

distritais, algumas iniciaram seguindo o cronograma, o Regimento Interno, teve

Page 119: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

um pequeno problema, questões de licitações, o que demorou também a

realização das etapas distritais, que como alguns daqui, que estão participando da

CNPI e participaram das etapas distritais, viram que tinha todo um processo de

organização, de local, de material e tivemos dificuldades com as solicitações que

vinha e voltava das AGU’s, o que atrasou um pouquinho, mas algumas delas

iniciaram no prazo que foi estabelecido pelo Regimento Interno da Conferência,

que foi aprovado no Conselho Nacional de Saúde, que foi dia 1º de julho. E a

última, que foi o Maranhão, ela encerrou dia 17 de outubro. Foram 34, cada um

correspondendo com o distrito, que também houve a participação de 6.785.

Lembrando que os participantes da etapa distrital vieram como os delegados

retirados desde a etapa local. Então esse Regimento, ele disse o número de

participantes de cada distrito, quantos delegados seriam das locais para as

distritais e assim a retirada, a seleção dos delegados das etapas distritais para a

etapa nacional. Dos delegados previstos foram 1.352 delegados das etapas

distritais para vir para o âmbito nacional, desses nós tivemos participando

efetivamente durante a etapa nacional 1.212 e 202 convidados. O relatório

consolidado da etapa nacional, ele foi discutido oriundo das 34 etapas distritais,

nele constavam 453 propostas, propostas essas que vieram da base, propostas

essas que vieram das etapas distritais, e que foram aprovadas integralmente 446,

apenas 29 foram destacadas e aprovadas durante a plenária final, porque teve uma

metodologia desde as etapas locais, distritais e para a etapa nacional, então foram

propostas de base mesmo, sendo que 95% foram aprovadas na íntegra e apenas 29

levados para o debate na plenária final. E foram aprovadas 57 moções, sendo que

essas 453 propostas são oriundas dos oito subeixos que foram divididos já

posteriormente. Só metodologicamente informando para vocês que a Conferência

Nacional, ela teve todo um processo organizativo, teve a metodologia, teve a

implementação da Comissão Organizadora, teve a instalação de subcomitês para

que a gente pudesse fazer uma Conferência daquela magnitude com cerca de dois

mil participantes. De forma técnica, foi isso. De forma política, nós avaliamos

enquanto gestão positivamente foi uma Conferência, eu não participei da IV, mas

participei de outras Conferências Nacionais, o clima foi um clima de harmonia,

de unidade, a gente percebia que estávamos todos ali com o propósito de avaliar a

política que estava há 11 anos, avaliar essa Política Nacional de Saúde dos Povos

Indígenas e propor diretrizes para construir uma nova Política de Saúde dos

Povos Indígenas, avaliar avanços e desafios, de que maneira nós conjuntamente

podemos estar construindo uma nova ou reformulando a Política de Saúde dos

Povos Indígenas com o intuito de levar uma saúde de qualidade. Foram assinadas

duas portarias durante o ato: uma que estávamos ansiosamente aguardando que é

em relação à compra de medicamentos, que vai nos ajudar bastante, que os

gargalos, digamos assim, do subsistema é média complexidade, medicamentos; e

também a questão do transporte. Então gradativamente, com muito esforço,

estamos conseguindo vencer essas barreiras, essas dificuldades e sempre

informando a comunidade dos avanços e dos desafios. Eu não sei se eu fui breve

Page 120: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

demais, mas eu gostaria de compartilhar também com os que participaram

ativamente desse processo essa avaliação. A avaliação que a gestão faz é

extremamente positiva, em um ano, ficamos um ano inteiro organizando e

conseguimos chegar aprovando essas propostas, propostas essas que foram

construídas desde as etapas locais e distritais, de acordo com a metodologia que

foi apontada. Então agradeço a oportunidade de estarmos avaliando

conjuntamente e me coloco à disposição para alguns esclarecimentos de

metodologia e de processo de trabalho que foi. A gente pede desculpas se não

conseguimos satisfazer a todos, porque, assim, trabalhamos para isso, para que

todos fossem bem acolhidos, bem recebidos, e que a discussão fosse realmente

bem construída conjuntamente, lógico que um probleminha ou outro ocorreram,

porque uma conferência grandiosa dessa a gente não tem 100% de aprovação,

mas a gente tem um 100% de certeza que a dedicação, o compromisso que essa

gestão fez de realizar não digo a melhor, mas se esforçar para que ela tenha sido a

melhor: vocês saibam disso que é o sentimento da gestão do Ministério da Saúde

e da Secretaria Especial de Saúde Indígena que não mediu esforços para realizar e

fazer acontecer essa conferência. Obrigada, e eu passo a palavra para os membros

que participaram desde etapas locais até as distritais. Estava lembrando aqui que

uma vez eu cheguei atrasada, que eu estava vindo de uma etapa distrital e me

desculpei, então, assim, de algumas eu pude participar, local, distrital, da grande

maioria, e que é esse o trabalho que a gente vem desenvolvendo, o controle social

de estar cada vez mais perto da comunidade não só ouvir vocês, mas de que

maneira podemos trabalhar conjuntamente para estar melhorando o subsistema.

Obrigada.

Teresinha – Então vamos iniciar. O Lindomar se inscreveu, Marcos

Xucuru também. Marcos.

Marcos Xucuru – Bom, Marcos Xucuru, da região nordeste e leste. Eu

tive a oportunidade de participar de todas as etapas da conferência até chegar à

Conferência Nacional, a V Conferência, e dizia da forma que foi feita e pensada

de forma muito democrática, uma participação ativa do controle social no

processo vindo da base, vindo dos Conselhos Locais com a participação das

lideranças e eu falo isso porque nós, povo Xucuru e os povos de Pernambuco,

onde tive a oportunidade de participar algumas etapas em Pernambuco de alguns

outros povos com a participação do controle social, com a participação das

lideranças, com a participação, enfim, dos trabalhadores e dos gestores, então foi

algo muito compartilhado, algo que foi, de fato, socializado e com a participação

efetiva de tantas pessoas que diretamente e indiretamente estavam relacionadas,

ligadas a saúde indígena. E de fato as propostas que foram ali nas etapas locais

tiradas, então foi um momento de inclusive avaliar o que era do âmbito da SESAI

e que eram questões muito mais locais, peculiar de cada povo e assim fazendo

eliminação e trazendo, de fato, o que era de cunho nacional enquanto propostas de

Page 121: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

políticas e de acompanhamento por parte tanto da gestão quanto do próprio

controle social, na perspectiva de construção das políticas. Ao chegarmos às

Conferências Distritais de fato havia aquele processo ali de interação entre os

povos ali presentes e fazendo inclusive as etapas de eliminação e isso de forma

muito consensual eamplamente discutida nos trabalhos de grupo até chegarmos a

Brasília na Conferência Nacional, que também meu ponto de vista foi

extremamente importante, porque pudemos discutir com os outros povos de

outras regiões e de fato houve essa harmonia, porque eu estive também na IV

Conferência, eu participei da IV Conferência, em Rio Quente, e, de fato, houve

naquela conferência um clima muito tenso entre os povos indígenas, entre o

movimento indígena inclusive e essa agora não, nós conseguimos, de fato, fazer

algo consensuado, amplamente discutido e encaminhado de acordo com o que as

bases, com o que nós, de fato, tínhamos encaminhado. Então eu avalio e aí

reforço o que Bianca coloca, de que foi uma Conferência extremamente

importante com a nossa participação e que bons resultados ali não se foram

encaminhados, porém foi mais uma etapa que conseguimos fazer e aí vem os

desafios pela frente, que é colocar, de fato, em prática aquilo que foi discutido e

encaminhado pelas lideranças, pelo movimento ali representado ali pelos caciques

e pelo controle social. É, de fato, tirarmos do papel, aquilo que foi planejado,

discutido amplamente no território nacional e que o estado brasileiro a partir de

agora assuma e coloque em prática tudo aquilo que foi discutido e encaminhado

pela V Conferência Nacional de Saúde. Dizer que, para mim, isso foi um

processo muito importante, eu falava em algum momento diante desse período de

um ano e colocava, ali, de fato, é um processo de escuta muito importante,

amplamente discutido, então você observe que todos os territórios, todos os povos

foram ouvidos. É um processo de escuta muito importante que aconteceu e até

falava: será se, em relação à Convenção 169, e como nós fazíamos parte desse

grupo de trabalho da Convenção 169, porque não se fazia um processo de escuta,

de construção da proposta de regulamentação da Convenção 169 a partir dessa

experiência de escuta a todos os povos e assim construirmos, de fato, esse

processo de consulta livre prévia e informada. Então, assim, eu avalio que foi

muito importante nesse sentido, dessa escuta, de que, de fato, houve esse respeito

por parte do estado no sentido de ouvir atentamente a todos os povos, todas as

etnias, enfim, contemplando a todos nesse processo. Então eu avalio que foi

importante e que agora o novo desafio para nós, inclusive da CNPI, é o

acompanhamento dessa pós-conferência nas políticas que foram pensadas.

Obrigado.

Teresinha – Gente, a presidenta está na mesa, então agora eu passo a

palavra para ela, para ela continuar com os trabalhos, está ok?

Brasílio Priprá –Presidente, só uma questão de ordem. É o Brasílio

Priprá. Eu acho que primeiro definir, assim, uns minutinhos para o pessoal que

Page 122: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

vai falar, senão uns falam 10 minutos, assim só para a reunião andar, só uma

sugestão. Obrigado.

Maria Augusta – Pessoal, bom dia, bom dia a todas e todos. O próximo

inscrito é o Lindomar, então estamos pactuando aqui dois minutos de fala para

cada um. Três minutos de fala.

Lindomar Xocó – Eu me sinto contemplado com a fala da Bianca.

Lindomar, Xocó, região nordeste e leste, bom dia a todos e a todas. Eu me sinto

contemplado com a fala da Bianca e do Marcos, mas eu gostaria aqui de reafirmar

que a conferência é mais uma afirmação para nós, indígenas, e que o governo

deve ouvir, levar como experiência, que quando as coisas são bem trabalhadas na

base não há um confronto nem com governo, nem com nossos parentes, que as

coisas vêm bem debatidas, vêm bem enxugadas, então a Conferência Nacional de

Saúde, ela traz esse modelo para o governo. A gente vê pessoas do Conselho

Nacional, Presidente do Conselho Nacional dos Conselhos Municipais de Saúde,

ele afirmou que a Conferência Nacional de Saúde vai propor no Conselho

Nacional de Saúde que seja um modelo para o nacional, que vai acontecer o ano

que vem assim. A metodologia, presidente, pode ser cansativa do trabalho do

grupo, mas na Plenária Final, eu fiz parte desde a II Conferência Nacional de

Saúde, era estressante, nós entrávamos em votação 8h e saímos 1h, 2h do outro

dia, isso era estressante. Então, assim, começamos os trabalhos às 9h, foi até 14h .

Outra coisa, outro fato pequeno que é estressante demais para todo mundo, que

sempre foi, a questão das filas, não houve filas na Conferência Nacional de

Saúde, nem para o credenciamento, nem para os hotéis, o almoço, todo mundo

almoçava à vontade, assim, então são coisas pequenas, detalhes que deixam as

pessoas muito irritadas. Então no geral eu acho que o governo em geral, todos os

ministérios quando pensar em trabalhar qualquer política tem que começar dessa

forma, trabalhando e muito bem as bases. Muito obrigado.

Maria Augusta – Dourado.

Dourado Tapeba – Bem, eu queria salientar, até porque já estou

contemplado em uma fala da Bianca e também do Marquinho, mas eu queria

salientar o seguinte, na III Conferência houve uma tumulto tão grande em relação

à questão de um grupo defendendo Funai, outro grupo defendendo a criação da

SESAI, então, assim, acho que a criação da SESAI, a proposta veio desde a II

Conferência e que essa V Conferência, ela resultou, talvez não sei porque as bases

estavam mais preparadas, os Conselhos Locais funcionando, em muitos lugares

funcionam muito bem, em outros lugares menos, outros lugares tem problemas,

mas a gente conseguiu trazer as propostas das bases e o que eu acho mais

interessante foi que houve uma harmonia muito grande em todas as regiões, coisa

que não aconteceu na III. Na IV foi mais ou menos equilibrada, mas essa V

Page 123: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Conferência a gente pode ter a certeza que ela foi a melhor Conferência de todas

as que aconteceram pela questão da harmonia, pela questão da metodologia, pela

questão da organização. Eu participei da organização também da Comissão

Organizadora Nacional, o desempenho de todas as pessoas na Conferência, o

Comitê Executivo através da Bianca, ela inclusive estava sempre preocupada:

“Será que vai dar certo? Será que vai dar alguma coisa errada?” A gente estava

sempre perto dela: Bianca, você sempre saiba que tem alguém querendo fazer o

mal, mas o mal por si se destrói, e é tanto que as pessoas queriam fazer o mal, que

a gente sabia quem era, se portou de maneira que a gente entendeu que a coisa

realmente é pela nossa preocupação que estava acontecendo, desvendou a mente

daquelas pessoas que não queriam que a coisa desse certo, mas graças a Deus a

participação da Funai, a participação de todos os órgãos que estiveram presentes.

O mais interessante que eu achei de ganho nessa Conferência foi os atos

assinados pelo Ministério da Saúde, a questão da tripartite, na questão do

medicamento. E aí o seguinte, o que eu queria que acontecesse mesmo é que esta

Conferência e tudo o que nós aprovamos nos Conselhos Distritais, os planos

distritais, elas pudessem realmente ter a participação que ela concede o papel, que

não faça que nem a última Conferência que, como foi colocado ali pelo

Lindomar, votamos até 1h da madrugada e praticamente 20% saíram no papel, na

época na FUNASA. E eu acho que a SESAI é um órgão que nós criamos,

ajudamos a criar, então tem o nosso protagonismo, tanto o nosso, como dos

indigenistas, dos parceiros e aí o que eu proponho aqui é que a gente acompanhe

e a Bianca, como controle social, que ela possa também objetivar a capacitação

para os Conselhos Locais e Distritais de Saúde para que a coisa possa funcionar

realmente em parceria adequada. Então era isso, obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Dourado. Cacique Darã.

Cacique Darã – Bom, quero agradecer a todas as lideranças, presidência,

a presidenta da Funai, a Bianca, todos que estão aqui presentes. Olha, eu

participei de todas as conferências, acho que essa V Conferência aí marcou

bastante pelo, assim, uma marca muito grande pelos povos indígenas, por quê?

Desde a base os caciques participaram da Conferência, a comunidade, as crianças

também, os jovens participaram, porque foi importante de participar a base, por

quê? Porque é de lá que a gente tira todas as propostas para serem encaminhadas

para vim ser votada aqui em Brasília. Então quero agradecer a equipe da SESAI,

e que fez esse trabalho, eu estava analisando, fique quieto até agora, não falei,

desde a Conferência fique analisando, não falei muito, porque a gente, quieto, a

gente vai analisando que as propostas que foram aprovadas realmente vão sair do

papel. E agradecer também os funcionários da base que ajudaram a construir

também; o governo ajudou também a construir, o Ministro, porque tudo é passado

por ele. Então acho que nós levantamos uma bandeira que estava a meio mastro

dentro da saúde indígena e nessa conferência, eu vi e tenho certeza que essa

Page 124: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

bandeira foi o topo do mastro. Então, assim, as lideranças que sempre estão aí

com a situação, que vinha reivindicando saúde melhor, querendo uma qualidade

melhor de saúde, e também quero lembrar que através que a SESAI pegou tudo

sucateado a saúde indígena, que eu também ajudei construir a SESAI, também

participei do grupo de GT também junto com meus amigos, com meus irmãos,

então naquela época a gente estava querendo uma saúde de qualidade e isso está

acontecendo aos poucos e vai acontecer mais coisa ainda. Para o ano que vem nós

vamos ter os medicamentos, que estavam faltando na aldeia, que era a

reivindicação, que eram os anseios da população indígena; as vias tudo novas já

estão começando a chegar também, isso acho que é um ganho muito importante.

Eu me sinto, assim, honrado e orgulhoso de ter participado, de criar essa SESAI.

Falando como Cacique Darã, como representante da ARPIN Sudeste, então isso

acho que vai ainda enriquecer mais o governo, vai ajudar. Isso quando se trabalha

igual o Lindomar falou que se trabalha junto e mostrando para o governo e o

governo mostrando para nós não vai ter embate, não vai ter a discussão. Bianca,

eu quero dar os meus parabéns para vocês, eu vi a sua correria, não tive tempo

ainda de conversar com Dr. Antônio Alves, queria dar os parabéns para ele, foi

tudo organizado, desde a limpeza do chão, os banheiros, de tudo, coisinhas

mínimas que pode atrapalhar uma conferência. Muito obrigado.

Maria Augusta – O próximo é o Brasílio.

Brasílio – Brasílio Priprá, do povo Xokleng, Santa Catarina. O pessoal já

disse quase tudo, mas eu quero dar parabéns para a saúde indígena, a

metodologia, a organização. Eu acho que foi muito bem organizado. Participei de

outras, mas eu achei, assim, de excelente organização, não teve fila para nada,

todos foram bem atendidos na hora de chegar, na hora de sair e realmente

parabéns a todos que ali organizaram, todas as pessoas, foram várias pessoas,

parabéns a todos. Eu só queria que, na verdade, tudo que foi deixado pelos povos

indígenas ali escritos, as propostas, elas dessem certo. Se ela dá só 60% está

ótimo. É difícil? É. Nós vamos lutar, eu acho que está aí uma boa proposta e

vamos aí à luta. O que eu queria deixar aqui: qual é o desafio da SESAI para

implantar após a conferência? Isso eu queria deixar aqui, mas de parabéns. Eu

acho que nunca houve, eu acho que qualquer órgão do governo quando for fazer

uma Conferência para a saúde indígena, ou outra coisa que seja feito eu acho que

tem que se espelhar nesse modelo que fez a SESAI para atender os povos

indígenas. Obrigado.

Maria Augusta – Obrigado Brasílio. Titiah.

Luiz Titiah – Bom dia a todos. Eu queria fazer uma avaliação, em

primeiro lugar agradecer a Deus pelo empenho de todos os delegados, de todas as

lideranças indígenas que construíram desde a base. Assim, na minha visão, esse

Page 125: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

ano dentro do governo foi o único gasto proveitoso para os povos indígenas foi

essa Conferência Nacional de Saúde Indígena, mas, também, assim, eu queria

também fazer avaliação e agradecer também, no momento, a coragem que todos

os delegados teve de dentro da Conferência ter uma decisão de fazer uma

caminhada de protesto contra o Decreto 1.775/96, que no momento nós achamos,

assim, ter um pouco, assim, de consideração por parte do governo lançar aquela

minuta de portaria sem consultar a gente, principalmente no momento aonde nós

estávamos discutindo a política de saúde para o nosso povo, mas, assim, enfim.

Nós ontem agradecemos ao Dr. Antônio, que no momento também quero

agradecer a Bianca, a presença aqui da reunião da CNPI, nós lá enxergamos e

vimos o empenho dela para estar resolvendo vários problemas, e agradecer a

comissão organizadora que também se empenharam, indígena, e dizer, assim,

Bianca, nós também temos, assim, uma esperança que, de fato, o que foi

encaminhado na Conferência Nacional de Saúde, realmente, o ano que vem,

principalmente dentro do controle social, a gente aplica lá na ponta para

realmente fortalecer uma saúde com qualidade para os povos indígenas de todo o

Brasil. Muito obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Titiah. Dilson.

Dilson Ingarikó – Bom dia. Dilson Ingarikó, estado de Roraima. Ontem

eu fiquei fazendo isso aqui, pedindo vez de fala, mas ninguém conseguiu

enxergar, e eu vou aproveitar para falar, porque a discussão ontem foi relacionada

às terras indígenas e hoje estamos avaliando a Conferência, tudo está relacionado.

Eu fiquei observando muito a cobrança de lideranças indígenas, de jovens,

mulheres indígenas, durante a Conferência, focava muito a relação terra é

principal o assunto para a questão da saúde indígena, porque sem terra não

haveria saúde para os povos indígenas. O tempo todo se colocava isso e aí para

reforçar, veio um assunto de segurança alimentar que também estava pautado na

Conferência e junto tratou muito a questão de produção agrícola, fortalecimento,

que também se tocou no assunto ontem e aí tudo isso se resume para movimento

indígena a visão de futuro indígena é a terra, garantia da terra, que gera segurança

alimentar e nutricional para os povos indígenas e garante qualidade de vida e a

saúde melhor para as comunidades indígenas. E, aí gera a questão de produção,

sabemos que existem nas comunidades indígenas com as terras menores e que

levam a depender da cesta básica muitas vezes por falta de espaço de produção

mesmo, por falta de pensar, planejar melhor os seus projetos. E dizer também que

o PNGATI, eu acho que esses assuntos que foram retirados para ajudar pensar

melhor na metodologia das Conferências tanto local, distrital e nacional foi o

PNGATI, porque eu vi alguns assuntos que foram observados, foram analisados,

então é uma das ações a ser concretizadas do PNGATI, porque está ligado a

Conferência, está ligado com o PNGATI e esclarecer aqui relação PNGATI que é

uma política ali, não é um projeto específico. Quem cria o projeto específico em

Page 126: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

suas regiões são os povos indígenas que elaboram os seus projetos de vida

conforme sua necessidade, é aprofundado no PNGATI, não é o PNGATI, como

tudo não vai atender todas as regiões, até porque as regiões são diferentes, povos

diferentes e cada povo tem seu desejo de criar seu projeto de vida, enfim. Então

as nossas decisões internalizadas lá localmente é que vão com que o governo

pense de atender, podemos entender que ele é uma política, é uma rede e dentro

da rede tem cada um uma especificidade. Ok? Essa é a minha contribuição e

parabenizo a SESAI. É a primeira vez que essa Conferência chega na ponta

mesmo naquelas comunidades, que dificilmente vem para a capital, para as

cidades, mas que o governo vai lá e discute junto com a comunidade e dou o

parabéns por isso. Eu fui uma das pessoas que coordenou regionalmente a

Conferência, ajudamos a entender, é importante com que o povo entenda o que é

isso, o que significa e contribuam, é por isso que não teve tanta polêmica na

discussão, porque respeitamos a decisão das populações locais. Obrigado.

Maria Augusta– Obrigada Dilson, Kohalue.

Kohalue – Oi. É Kohalue Karajá, região amazônica. Então, assim,

Bianca, queria dizer que em relação à Conferência no meu ponto de vista foi

realmente, como os colegas aí acabaram de relatar, eu avalio como positivo e

referente à Conferência que aconteceu lá em Caldas Novas foi maior tumultuada.

Agora, assim, nós temos que pensar agora daqui para frente colocar na prática o

que foi aprovado lá durante votação. E também eu queria pedir para vocês aí que

pudesse estar fiscalizando a DSEI, eu quero focar especificamente da minha

região, já aconteceram, espero que não venha a acontecer daqui para a frente, em

função transporte, por exemplo, negar atendimento para os parentes que residem

em Palmas, maioria dos estudantes, e dizer que índio desaldeado não tem direito

de atendimento em relação a transporte. Isso aconteceu na minha família relação a

meu filho, eu peço para vocês aí que realmente não deixem acontecer mais isso,

existe diálogo para isso, buscar para não acontecer, chegar a ponto de procurar a

justiça. Eu acho que todos estando aqui em relação à CNPI, a gente está aqui para

contribuir no trabalho do governo, e não adianta a gente querer só debater, falar

mal, isso não resolver. Então a minha contribuição é só isso, para parabenizar

vocês, Dr. Antônio Alves e a sua equipe, e a base também estiveram presentes lá,

e o CNPI também esteve presente. Realmente a presença do nosso grupo foi

bastante relevante para a construção desse modelo que a gente espera que

realmente funcione na prática. Obrigado.

Maria Augusta– Obrigada Kohalue. Valcélio.

Valcélio – Bom dia a todos. Valcélio Terena, Mato Grosso do Sul. Eu

quero também aqui agradecer e concordar com todos os meus companheiros da

CNPI que já falaram Bianca, referente à Conferência Nacional de Saúde Indígena

Page 127: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

e eu concordo com eles. Eu tive a oportunidade também de estar participando de

todas as Conferências Distrital, Estadual e a Nacional pela primeira vez, eu vejo

que realmente é tudo o que nossos companheiros têm falado aqui, aconteceu tudo

conformes pelos seus trabalhos também que tem realizado, mas a gente faz

também uma avaliação. E reavaliando, em 2013, o que mais a gente vinha

discutindo a questão terra e saúde, então nós não podemos de deixar também aqui

de estar cobrando. Eu vejo que a Conferência Nacional realmente foi muito

importante para nós estar reivindicando as nossas demandas de cada localidade e

região, mas eu vejo, assim, que as falas dos meus companheiros estão certas, nós

temos que cobrar colocar ela na prática, ouvir as demandas das comunidades

indígenas. A gente conta muito com o apoio do Dr. Antônio Alves, tanto você

também que está mais próximo da CNPI, que está direto com a gente aí, eu vejo

que realmente para o nosso dizer local, estadual, para ela estar com um trabalho

bem desenvolvido eu acredito que precisa de parceria do governo federal estar

ajudando a gente. Hoje eu vejo que o estado de Mato Grosso do Sul, nós vamos

falar aqui, ela passa por uma necessidade realmente, mas através dessa

Conferência, que a gente acabou de concluir, eu acredito que se ela sair do papel,

ir para a prática, nós vamos estar trabalhando muito bem. Essa é a minha palavra.

Maria Augusta – Obrigada Valcélio. Eu vou passar para a Bianca fazer

as considerações dela e depois o Luiz Fernando também pediu um minutinho de

fala. Eu só queria complementar, assim, ouvindo todo mundo aqui na CNPI,

comentar e elogiar a Conferência, eu queria também me solidarizar isso, porque

estive lá em dois momentos, e também achei Bianca, assim, toda a parte do

acolhimento, a organização, os temas, tudo foi muito bem pensado, eu também

me senti muito feliz de poder participar, poder contribuir e acho, de fato, que tudo

que eu ouvi lá, e a gente está escutando aqui hoje realmente a Conferência foi um

sucesso. E acho que nós aqui da CNPI, a gente poderia pensar em algum

mecanismo de ir fazendo acompanhamento, monitoramento dessas Resoluções

que saíram da Conferência, pensar em de repente ter uma Comissão para isso, a

gente tem uma Comissão que pode fazer isso, trazer para a Plenária, sei lá, a cada

três ou quatro meses, uma avaliação do que tem sido implementado, porque acho

que isso também ajuda a dar concretude, a efetivar o que foi tirado na

Conferência. Então passo a palavra para você. Obrigada.

Bianca – Gente, obrigada. Vocês não imaginam o quanto eu fico feliz,

mais feliz ainda de estar aqui na CNPI avaliando é com pessoas que

acompanharam e já vem de uma história de luta que há mais de 20 anos, alguns

outros há 30 anos, e foi um desafio muito grande para o Ministério de Saúde, para

a Secretaria Especial de Saúde de Indígena e para essa equipe, que está na gestão

da SESAI, porque nós só existimos, de fato, a SESAI há três anos e dois meses. O

ano de 2011 foi um ano de transição, então de fato e de direito conseguimos em

apenas dois anos e meio começar a executar de fato mesmo as ações de saúde

Page 128: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

com a gestão do subsistema. Um subsistema que já existe há 14 anos a mais, não,

há 14 anos, de uma política que existe há 12 anos. Então foi um desafio, uma

coragem da gestão do Dr. Antônio Alves de fazer uma avaliação em uma política

que já existe há uma década, no subsistema que já está há mais de uma década.

Feliz de saber que tivemos a oportunidade de externalizar o compromisso que a

gente sempre vem falando, mas reforçar isso através de atitudes, não adianta só a

gente falar. Acho que o compromisso maior que vocês visualizam isso são as

atitudes e o comportamento que essa gestão tem em respeito, em sempre buscar

trabalhar conjuntamente em parceria com todos vocês. Era para o Dr. Antônio

estar fazendo essa avaliação, então, assim, eu fico um pouco envergonhada,

porque ele, como gestor maior da SESAI, Secretário e Coordenador da

Conferência, estava pautado para ontem à tarde, infelizmente como foi suspensa,

ele não pôde estar vindo hoje por conta de alguns compromissos lá na SESAI e eu

estou aqui, ele me encobriu de fazer essa avaliação, então, assim, é diferente, uma

assessora fazer do que o próprio Secretário. Ele queria muito estar aqui com

vocês fazendo essa avaliação conjunta. E dizer que concordo plenamente com o

que vocês falaram, principalmente com o Marquinho, que é mais uma etapa, a

próxima etapa é analisar o pós-conferência e a metodologia que foi colocada das

etapas distritais, porque muitas propostas quando elas veem tem resolução de

âmbito distrital, não precisa vir para a nacional, a nacional é diretriz para nortear

a nova política dos povos indígenas, de saúde dos povos indígenas. Então isso fez

com que também a comunidade e os coordenadores sentissem responsáveis,

porque algumas propostas têm que serem resolvidas em âmbito local. Como

recentemente foi aprovado o Plano Distrital de Saúde Indígena uma das

estratégias é que essas propostas reflitam também, a gente faça uma análise dos

Planos Distritais que foram aprovados e que estão em vigência, que a gente pode

estar reavaliando e readequando para melhor atender e vai ser também o nosso

norteador para a busca de novo orçamento para estar dando conta, porque às

vezes o que se propõe foram discussões da base, mas uma discussão bem racional

de que: olha, isso é viável, então vamos aprovar, vamos propor, porque isso é

viável, é factível. Então foi uma conferência que ela foi construída sempre com o

pé no chão da sua viabilidade, da sua racionalidade, que maneira nós podemos

construir. E a grande maioria do desafio que está lá proposto é uma articulação

que temos que fazer cada vez mais com estados e municípios, que é a questão da

média e da alta complexidade, que foge totalmente a missão do subsistema, que é

a questão da média e da alta que está com os estados e os municípios, e o avanço

da publicação das duas portarias, que é o gargalo dos medicamentos, e os distritos

tem assentos nas CIBs, ou seja, discutir com estados e municípios a questão dessa

regulação. Agradeço mais uma vez a oportunidade e estaremos aqui juntos

contribuindo e construindo um subsistema melhor e que atenda com qualidade e

principalmente com respeito a todos vocês, aos povos indígenas do Brasil.

Obrigada.

Page 129: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Obrigada Bianca. O Luiz Fernando pediu a palavra

para fazer umas considerações sobre o que a gente discutiu ontem.

Bianca – Desculpa, só lembrando, a maioria dos delegados que vieram

para a etapa nacional foram pessoas de base, que viajaram pela primeira vez, que

participaram também pela primeira vez. Isso demonstra a democratização que foi

e a legitimidade que foi da escolha desses delegados para o âmbito nacional.

Então, assim, foi todo um processo que a grande maioria veio pela primeira vez e

nunca tinham saído das suas aldeias também, então isso legitimou mais uma vez

esse processo democrático e de dar oportunidades a essas pessoas que vivam o

cotidiano nas suas dificuldades e vir, estar aqui defendendo as propostas que

fizeram desde o âmbito local. Vou passar a palavra.

Luiz Fernando – Bom dia a todas e a todos. Na verdade, é só um

esclarecimento, Guta, já que a gente está pautada para o período da tarde para

falarmos sobre ainda o GTI, marcarmos as reuniões com pauta. Eu pedi só que

fossem distribuídos os dados que eu solicitei ontem para hoje, bem rápido, sobre

dados do TAA e é um esclarecimento só para vocês não receberem esse

documento aí e não saber por que isso chegou às mãos de vocês. Então são dados

referentes aos anos de 2009 a 2012, ainda não foram consolidados os de 2013, e,

na verdade, eu estou falando isso até para fortalecer a importância da participação

da CNPI, do GTI, para fortalecer o trabalho da Funai e do MDA na construção da

DAPIndígena. A DAPI é realmente muito importante, se vocês notarem nessa

planilha o número total de indígenas beneficiários desses anos vocês vão verificar

que o número é bastante baixo, são 136 indígenas, em todos os estados da

federação, mas o volume de recurso que foi manipulado por essas 136 pessoas é

bastante significativo, oito milhões. Em 2009 a primeira coluna, até 2012, e o

valor total de R$ 8.917.639,60. O maior gargalo para que o MDA conseguisse

ampliar o número de beneficiários realmente sempre foi a DAP por todas as

dificuldades de comprovação de dados. Enfim, o formulário de acesso não era e

ainda não é adequado aos povos indígenas, então por isso nós tomamos como

prioridade mesmo a criação e a implementação dessas DAPI. Eu acredito que a

partir de julho de 2014, como a gente está prevendo, quando essa DAPI começar

a rodar, desses 136 indígenas, a gente deve saltar ainda no primeiro ano para

números bastante significativos, dois mil, três mil indígenas, segundo ano, e isso

será exponencial, e se a gente pensar e analisar essa planilha você vai vê que com

o aumento do número de beneficiários como essa política pode ser benéfica para

os povos indígenas, mesmo com os problemas que a gente sabe que o programa

vem passando, mas é um programa positivo. Acho que merece algumas

considerações nossas para que sejam alterados alguns artigos que regulam a

forma como esses recursos chegam e são distribuídos. Enfim, é um programa

positivo, a gente deve continuar acreditando nele e fortalecê-lo principalmente

com a publicação e realmente a execução da DAPI. Era só isso, obrigado.

Page 130: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Obrigada Luiz. Bom, deixa-me acompanhar aqui a

pauta que a Teresinha estabeleceu com vocês hoje pela manhã, se não tivermos

mais nenhuma consideração sobre saúde e a Conferência, e passaremos para o

ponto de avaliação do ano de 2013, é isso Então acho que podemos, e o próximo

ponto é o PLS 236, que foi sugerido pelo Saulo ontem, ou pelo Daniel, não

lembro, um dos dois.

Luiz Titiah –Guta, questão de ordem, eu só queria deixar registrado aqui

na CNPI, que agora recebi uma ligação, pois sou representante do nordeste e

leste. Queria deixar aqui registrado na CNPI uma ligação que eu recebi lá agora

da região, parece que está tendo umas reintegrações de posse lá nos Tupinambás.

Eu queria que entrasse em contato com alguém da Funai lá para estar

acompanhando de perto pela situação até que o Cacique Babau colocou aqui na

reunião.

Maria Augusta – Ok, vamos avaliar, e registrando também que ontem

depois da CNPI, eu assinei a prorrogação da permanência dos nossos servidores

que estão lá fazendo esse acompanhamento das questões lá do sul da Bahia, dos

conflitos que tem havido lá. Então temos servidores, além dos da Coordenação

Regional, para acompanhar essas situações e a gente vai obter informações e traz

para você Titiah. Obrigada.

Saulo – Só uma questão de ordem, eu queria só propor uma inversão de

pauta, porque essa questão do Projeto de Lei eu penso em usar 10 minutos, vou

fazer uma proposta de encaminhamento. A gente poderia fazer rapidamente isso e

investir na avaliação.

Maria Augusta – Eu também acho, porque avaliação é longa, pode ser

que a gente avance um pouco na hora do almoço. Eu concordo com esse

encaminhamento proposto pelo Saulo. Então, PLS 236.

Saulo – Então, pessoal, o seguinte, em meio a toda essa enxurrada de

processos no Congresso Nacional alguns a gente deve dedicar maior ou menor

atenção. Esse Projeto de Lei, o 236, na verdade se trata de uma proposta de

mudança do Código Penal Brasileiro. Alguns de nós pudemos em algum

momento refletir sobre isso. A Funai acompanhou esse processo, a própria

Procuradoria da Funai acompanhou esse processo, mas o fato é que foi construído

uma Comissão de Juristas para apresentar uma proposta de reformulação do

Código Penal, essa Comissão de Juristas concluiu o seu trabalho e esse trabalho

foi, então, encaminhado ao Senado. No que se refere ao tratamento dispensando

aos povos indígenas estava razoável a proposta da Comissão de Juristas, por quê?

Porque essa Comissão incorporou alguns artigos da Convenção 169, o que para

Page 131: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

nós é muito importante, porque o tempo todo a gente está brigando pela execução

de fato, pela implementação da Convenção 169, dentre eles tem dois artigos que

são importantes no que se trata dessa questão penal. Um é o Artigo 9º da

Convenção 169 que vai estabelecer o seguinte, eu vou ler tal qual está na

Convenção 169, serei bem breve, então o Artigo 9º, ele está falando exatamente

da situação em que o índio praticar algum delito e ele é punido e diz o Artigo 9º,

da 169: “Na medida em que isso for compatível com o Sistema Jurídico Nacional

e com os Direitos Humanos internacionalmente reconhecidos deverão ser

respeitados metas, aos quais os povos interessados recorrem tradicionalmente

para a repressão dos delitos cometidos pelos seus membros.” Então, ou seja,

aqueles atos em que a comunidade já tem uma pena e que é reconhecida, não há

incompatibilidade com o Sistema Nacional e Internacional de Direitos Humanos,

não se trata de tortura, não se trata de pena de morte, enfim, então isso é acatado.

Nos países, tipo Colômbia, Bolívia, os países vizinhos aqui, todos já têm isso e

muito mais avançado. A Comissão de Juristas propôs isso, acontece que o atual

relator, que é o senador Pedro Taques, Mato Grosso, que é Procurador da

República, inclusive já trabalhou muito com povos indígenas lá no Mato Grosso,

ele fez emenda a esse artigo e a Emenda dele é muito ruim, porque a emenda dele

transfere para o juiz essa definição, ao invés de assegurar, ele mantém o texto que

a Comissão diz, mas acrescenta: “Podendo ao juiz, conforme a gravidade do fato,

decidir sobre isso.” Então, vai caber ao juiz analisar a razoabilidade ou não disso,

então ele tira o poder, que, de fato, foi estabelecido pela Convenção 169, e

transfere para o juiz, quer dizer, é uma proposta em uma perspectiva bem

colonialista, tutelista, então o juiz decide. Então essa emenda não tem o menor

cabimento. A outra questão é o Artigo 10 da Convenção 169, que também foi

incorporado, e que o Senador Pedro Taques também está emendando esse Artigo

que aparece lá no PLS 236, no § 2º, que diz o seguinte, no que se refere a pena, ao

cumprimento da pena: “A pena de prisão será cumprida em regime especial de

semiliberdade ou mais favorável no local de funcionamento do órgão de

assistência ao índio mais próximo de sua habitação.” Isso está inclusive

reproduzindo o que já existe no próprio Estatuto do Índio, atualmente, e

acrescentando a questão da semiliberdade. O relator, o senador Pedro Taques, de

novo ele faz uma emenda e para fazer essa emenda, tem aquele ditado de que eu

conserto, como é que é? A emenda saiu pior do que o conserto, então foi isso

também. Ele usa o argumento do senador Aloysio Nunes, que se fundamenta na

existência de índios imputáveis e inimputáveis, isso é um argumento antigo que

alguns juízes ainda insistem nisso, em dizer que há índios que são inimputáveis.

Então eles quando vão fundamentar a emenda para tirar essa possibilidade da

semiliberdade é dizendo que há índios que são integrados, que não são integrados,

que há índios imputáveis e índios inimputáveis, então aquela velharia da

legislação indigenista antiga. Eu não quero me aprofundar, diante disso

considerando que o senador Pedro Taques fez essas emendas e essas emendas no

contexto, inclusive da discussão dos outros projetos de lei, elas são muito ruins,

Page 132: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

porque elas negam a existência da Convenção 169, inclusive elas retroagem ao

Estatuto do Índio, a Lei 6.001, e é da ditadura militar, então a minha proposta era

que a CNPI se envolvesse nessa discussão do PLS e pudesse marcar uma

conversa com o relator, com o senador Pedro Taques, que a própria da

presidência da CNPI pudesse estar agendando isso até mesmo porque a Funai

contribuiu com essa proposta de discussão da comissão, não é Natália? Não sei se

enviando através do Ministério da Justiça, mas eu lembro que eu estive

conversando com alguns procuradores da Funai e na tentativa de que ele

reconsidere, isso não tem cabimento, ele tem conhecimento da causa indígena, ele

sempre atuou junto com a Sexta Câmara. Então a minha proposta é a gente

assumir esse PLS também como importante e que comece a agir em relação a

isso.

Maria Augusta – Obrigada Saulo. A palavra está aberta, a Natália quer

fazer algumas considerações e aí a gente encaminha a forma de tratamento da

proposta aqui do Saulo.

Natália – Bom dia a todos e todas. Sobre o PLS 236 eu tinha alguns

informes a fazer, é uma pena que a gente não esteja conseguindo ter as reuniões

hoje nas áreas da CNPI com a reunião da Subcomissão de Assuntos Legislativos,

porque a gente acaba se concentrando em algumas propostas legislativas e

deixando outras que também dizem respeito aos povos indígenas em descoberto,

porque não estão tanto na pauta prioritária. O Código Penal, qualquer proposta de

emenda, de alteração que a CNPI deseja fazer o Ministério da Justiça vai

colaborar por meio da sua Assessoria Parlamentar. Eu queria só informar que ele

está na pauta da semana que vem da Comissão Especial, que analisa esse projeto,

de lá ele segue para a Comissão de Constituição de Justiça do Senado. Uma vez

aprovado nessas duas Comissões ele segue para o plenário do Senado, se

aprovado no plenário do Senado, ele vai para a Câmara dos Deputados ainda.

Então um melhor lugar para fazer uma proposta de emenda é nessa Comissão

Especial, porque ela analisa todo o texto e é o primeiro estágio, é o primeiro

marco de aprovação do texto e é o relator senador Pedro Taques. A sessão,

segundo informações da Secretaria Parlamentar do MJ, será terça-feira, semana

que vem, então eu sugeriria que caso o encaminhamento seja para agendar

alguma reunião isso se dê ainda essa semana para que o senador possa levar em

consideração isso ainda antes da sessão de votação na Comissão Especial. E mais

uma vez eu coloco o Ministério, a Secretaria Parlamentar à disposição da CNPI

para o que puder colaborar.

Maria Augusta – Saulo, só um minutinho. Chiquinha, ou é em cima

disso? Chiquinha. Está, então Chiquinha.

Page 133: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Chiquinha – Chiquinha Paresi, Mato Grosso. Bom, eu queria dizer que,

assim, eu acho até muito importante a gente já fazer uma visita para ele, não sei

como que a gente pode fazer isso, ou através da CNPI, ou através pelos próprios

indígenas representantes para o Mato Grosso. Eu digo isso porque o senador

Pedro Taques, ele sempre se propôs que é a favor da causa indígena e lá no meu

estado, Mato Grosso, ele foi um dos senadores que têm se aproximado muito da

questão indígena no estado, tanto é que eu faço parte de um grupo que ele está em

contato, assim, de fazer com referência, sou eu, o Félix e tem mais um grupo aí de

indígenas, e, assim, estou até surpresa com isso, porque na última conversa que

nós tivemos a gente fez se colocando com ele a respeito de algumas questões que

nós gostaríamos de estar pautando. A gente falou para ele, ele colocou à

disposição até o escritório dele de lá de Cuiabá e de Brasília e tanto é que nós,

indígenas de Mato Grosso, estamos querendo pautar até umas questões com ele e

também ele provavelmente pode ser um candidato a governo do estado, então ele

mesmo já está se propondo a procurar. Eu recebi antes de eu vir para cá algumas

comunicações que ele está fazendo, ele mandou para mim, para eu distribuir e

conversar com os indígenas a respeito disso e aí a gente tinha que analisar bem

em relação de como a gente vai fazer isso perante a informação que a Natália

acabou de dizer, quer dizer, nós temos pouco tempo, é um prazo muito curto, as

sessões vão acontecer, a semana aqui a gente já vai ter uma e se nós temos algum

encaminhamento para fazer eu queria até ver se a CNPI propõe se a gente vai

fazer por CNPI ou se a gente lá para o Mato Grosso passamos isso, porque nós

vamos ter, como diz o ditado, encontro com ele e provavelmente talvez antes do

final do ano mesmo. Então para mim eu estou colocando isso para vocês para

colocá-los a par de que nós, em Mato Grosso, os indígenas, temos essa, assim,

relação com ele. Era isso.

Teresinha – Obrigada Chiquinha. Saulo.

Saulo – Então, a minha sugestão é que dada a urgência nesse caso a CNPI

poderia aprovar uma resolução para manutenção do texto original da Comissão e

aí a Assessoria Parlamentar, no caso a emenda seria uma emenda supressiva as

emendas do senador. Isso a gente tem que correr para ainda aproveitar essa

discussão na Comissão Especial, o que não impede, aliás, é importante que

independente disso se converse antes com ele para explicar por que está se

propondo que ele retire essas emendas. Mesmo que a CNPI faça é importante que

o movimento indígena no Mato Grosso faça também.

Teresinha – Ok, obrigada Saulo. Ninguém mais inscrito? Encerrado então

esse assunto. Então vamos providenciar Saulo depois você me ajuda nessa

resolução e a gente faz, então, Natália, Saulo, para a gente fazer a resolução para

que seja lida aqui e aprovada para depois publicar.

Page 134: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Chiquinha – Teresinha, eu precisaria acima de um texto, de algo mais

concreto sobre a parte dele para a gente poder ter instrumento de marcar

audiência com ele lá em Mato Grosso.

Teresinha – Ok, então eu pedi ajuda, depois da Natália e Saulo para a

gente fazer isso, de repente no intervalo do almoço. Fechamos, então, esse ponto

de pauta. Vamos para o próximo que seria a avaliação do exercício 2013. O nosso

trabalho de todo o ano de 2013, das reuniões, tivemos algumas reuniões, várias

reuniões esse ano, e eu acho que avaliar o trabalho da CNPI e avaliar um trabalho

como um todo. Então eu abro inscrição se alguém gostaria já de se manifestar

para a avaliação do ano 2013.

Rosa – Rosa Pitaguary, Ceará. Quando a gente tinha conversado sobre a

avaliação nós falamos até que fizesse uma pequena apresentação também do que

tinha sido proposto, aí eu lembro, assim, você também fez a cartilhazinha, que foi

distribuída agora na Conferência Nacional de Saúde Indígena, que vem pautando,

assim, todas as ações que nós fizemos no decorrer desses anos de Comissão

Nacional de Política Indigenista, CNPI, mas eu acho que realmente o pontapé

inicial para essa discussão eu acho que deve vir realmente de você, porque eu

acho que a memória mesmo atual mesmo a gente vai só complementando e

avaliando os pontos.

Teresinha – Bom, então, a cartilha que a gente fez e apresentou que eu

acho que vamos começar por aqui, ela não é, na verdade, uma prestação de contas

do ano 2013, aquela cartilha foi feita em função da Conferência aonde nós

teríamos muitos indígenas que não conhecem a CNPI, que não tinham noção do

que era, então a gente fez aquela cartilha a toque de caixa, peço desculpas se tiver

alguma coisinha errada, porque veio a resolução em poucos dias que nós teríamos

um stand da CNPI para divulgar lá e aí a gente conseguiu fazer em três dias fazer,

em dois dias a gráfica para imprimir. Na verdade, essa cartilha é uma maneira de

expor para os parentes de vocês, os indígenas que estavam na Conferência levar

para casa, terem o conhecimento do que é CNPI, quem é que compõe a CNPI,

como é que ela funciona, algumas fotos do sistema que é feito na CNPI, as

subcomissões, o que a CNPI fez até agora, e no final a gente colocou Regimento

Interno, porque muita gente vem nos perguntar como faz para substituir os

membros da CNPI e como faz para participar da CNPI. Tem muita gente que acha

que a CNPI é um espaço aberto onde eu estou lá no sul do Rio Grande do Sul e eu

gostei do trabalho da CNPI, eu quero entrar, então a gente colocou o Regimento

Interno justamente para saber que tem regras, que é escolhido em assembleia,

como é feito, quem é que participa, como é que os povos se reúnem e fazem

assembleia para escolher e quando tem que ser substituído também é feito por

assembleia, não é dois, três que escolhem os membros da CNPI, eles fazem parte

de regiões e isso vai para o Ministro, as organizações encaminham uma

Page 135: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

assembleia onde participam membros do governo da CNPI e é convidado o

Ministério Público, aí depois disso é mandado para o Ministro José Eduardo

Cardozo, que é publicado no Diário Oficial, o Ministro da Justiça, e publicado no

Diário Oficial. Então, na verdade, esse livrinho não é uma prestação de contas

nossa, mas é uma maneira de divulgar o que é a CNPI. Como Secretária-

Executiva eu avalio esse ano, eu acho que foi um ano bastante pesado, bastante

difícil, mas que eu acho que a gente teve avanços e eu não gostaria de, como

Secretária-Executiva, avaliar esse ano, eu gostaria que vocês, como membros da

CNPI, avaliassem o que houve de avanço, o que houve de retrocesso, o que

paralisou. Então eu acho que é um apanhado mais geral de vocês como membros

representantes das organizações indígenas e o pessoal do governo também se

quiser fazer avaliação, eu acho que nós fazemos uma avaliação. Então eu ouço e

aí depois a presidenta vai entrar. O primeiro inscrito então, Titiah.

Luiz Titiah – Bom dia a todos. Luiz Titiah, representando o nordeste e

leste, e a APOINME. O que eu queria dizer, Teresinha e para todos, que a minha

avaliação esse ano da CNPI, primeiro eu queria agradecer aos participantes do

governo que estão aqui presente, vem sempre nessa caminhada, nós temos essa

visão, aqueles que realmente querem que tenha mudança dentro da política

indigenista, aqueles que se empenharam junto aqui com a gente para desenvolver

e, assim, nós queremos dizer a questão do nosso avanço como a bancada

indígena, porque esse ano nós tivemos uma participação muito interessante onde

foi no abrigo indígena, com todas as demandas que tem aí dos projetos de leis aí

contra o nosso direito, mas nós tivemos, assim, um avanço, uma oportunidade de

estarmos participando do abrigo indígena, do acampamento. O último

acampamento aqui em Brasília a bancada da CNPI indígena teve de estar lá nas

plenárias colocando algumas atividades da CNPI e as lideranças de base abriram

esse espaço para nós e nós socializamos juntos. E, assim, também é a

oportunidade que nós temos de trazer todas as demandas que veio da região, onde

nós registramos na CNPI, alguns foram encaminhados, outros estão aí parados,

outros estão no meio do caminho, mas, assim, nós acreditamos que esse ano de

2014 a gente tem de mais um pouco ir para a prática da CNPI, por quê? Porque

nós, a delegação toda aqui, passamos por um processo, enfrentamos Conferência

nas nossas bases, na nossa região, para ser escolhido para vim dar o recado dos

povos indígenas do Brasil. E, assim, nós somos muito cobrados, eu queria

aproveitar esse momento aqui, dizer para os representantes do governo, quando a

gente faz aqui algum papel chato de cobrar dentro da CNPI, porque lá na ponta

nós somos cobrados pelos caciques, lideranças, representantes de base, e, assim, o

que é complicado para a gente, Teresinha, por exemplo, aquela liderança que não

sabe labutar com a tecnologia, que não sabe entrar no site da Funai para saber as

demandas que têm da CNPI para ele estar por dentro. Isso que a gente vem

cobrando muito, e eu queria que o ano 2014 voltasse aquela atividade da CNPI

nas regiões, que quando nós cobramos aquilo na gestão do Márcio Meira, aquilo

Page 136: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

foi, assim, fortaleceu muito a gente na base, por exemplo, algumas reuniões em

alguns estados aonde tinha a oportunidade de alguns caciques, alguns pajés,

algumas lideranças pelo menos ir lá participar como ouvinte e ver, assim, de perto

um pouco a realidade, o que era a CNPI. E voltando, assim, nós não tivemos

muito avanço na questão da nova estruturação da Funai, eu quero aqui mais um

momento cobrar, porque nós fomos, assim, penalizados, assim, de algumas

políticas de alguém ao contrário de dizer que nós fomos vendidos, nós, da

bancada da CNPI, fomos vendidos na nova estruturação da Funai, onde nós

pedimos que a presidenta da CNPI na época fizesse uma carta dizendo que nós

cobramos que essa discussão fosse para a ponta, ser discutido igual está sendo

agora com a minuta aí da portaria sobre o Decreto 1.775/96. Então, assim, o que

eu quero dizer, assim, teve os momentos difíceis, teve o momento da gente

também registrar, assim, alguns fatos de luta, de retomada, luta pela terra, aonde

registramos alguns fatos de violência contra o nosso povo, mas, assim, enfim, nós

com toda a dificuldade que a gente passa nós estamos parabenizados, que nós

estamos mostrando a nossa resistência. Achamos, assim, um pouco difícil em

alguns momentos que nós pedimos entre nós mesmos para parar um pouco, a

atividade da CNPI foi um ano, isso foi um prejuízo muito grande para nós, nós

avaliamos e dizer, assim, que nós esperamos que o ano que vem alguns

encaminhamentos nós vamos trabalhar. Eu acho que eu vi a Natália deixou bem

claro que muitas coisas nós não pontuamos que está discutido dentro da CNPI até

por causa dos projetos que vieram aí, mas que o ano que vem nós vamos pontuar

nisso aí, levar para a ponta alguma coisa para nós mostrarmos lá à nossa

comunidade, ao nosso povo. E, de fato, agradecer, assim, os representantes do

governo que vem participando, atuando junto com a gente e nesse momento

aproveitar aí, um feliz Natal, um ano novo, e que nós vamos estar aí para 2014,

nós realmente colocar as atividades de fato, ir para a ponta e para a prática. Meu

muito obrigado.

Teresinha– Obrigada Titiah. Próximo, Dilson.

Dilson – Dilson, estado de Roraima. Minha linha de avaliação vai mais na

metodologia das reuniões mesmo. Eu fui contemplado na fala do Titiah relação

paralisação das atividades, nós avaliando, uns acham que é melhor paralisar por

falta de avanços nas reivindicações e encaminhamentos que são feitos aqui na

CNPI e o governo estava fazendo diferente dos que estavam sendo encaminhado,

por isso a bancada indígena entendeu que é melhor parar as atividades, porque as

atividades encaminhadas que no trabalho encaminhadas não estavam sendo

cumpridas por parte do governo. Então, mas avaliando a nível regional junto com

lideranças indígenas disseram também que a CNPI é um espaço de diálogo entre

governo e que por momento nenhum não poderia parar e sim chamar cada vez

mais o governo para esclarecimento mesmo e discutir e decidir junto com o

governo e que nosso posicionamento não tem que ser só indígena, aqui é CNPI

Page 137: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

composta de forma paritária e que o governo também aqui na CNPI tem que se

posicionar a relação algumas questões encaminhadas e que nós aqui, bancada

indígena, falarmos mais e menos fala o governo, bancada do governo, sendo que

eles também tinham que discutir mais com a gente. Acredito que a metodologia,

que nós vamos pensar agora, poderá ajudar. Eu proponho que a metodologia, eu

acho que é importante manter a reunião preparatória da bancada indígena, quanto

do governo também, mas que a gente entrasse com os informes antes de ir para as

subcomissões e que o governo chegasse com as informações do que está sendo

feito em cada Ministério e que a partir dessa discussão nós tomássemos uma

avaliação melhor, uma discussão melhor em grupos para vir para a Plenária. Isso

seria o meu encaminhamento.

Teresinha– Obrigada Dilson. O próximo inscrito é Chiquinha.

Chiquinha – Bom dia a todos e a todas. Chiquinha Paresi, Mato Grosso.

Bom, o que eu queria fazer de uma avaliação, nós temos aspectos positivos e

aspectos negativos, eu coloco desta forma. Aspectos positivos, algumas coisas,

questões que nós tínhamos pautado nos anos anteriores a gente conseguiu de certa

forma realizar, por exemplo, nós tivemos algumas Conferências de participação,

participamos de Conferências com as mulheres, Conferências da juventude,

algumas das Comissões foram encaminhadas. Tivemos também, assim, a

participação também de autoridades aqui que vieram de certa forma prestar

esclarecimentos de algumas questões que estavam afetando as comunidades, que

estão ainda afetando as comunidades indígenas. Um dos aspectos que eu

considero, assim, bastante preocupantes e também considero ainda que a gente

tem que avançar mesmo é em relação à divulgação, mais divulgação e mais de

certa forma a presença da CNPI nas bases. Eu digo isso porque, por exemplo, eu

tenho o estado de Mato Grosso onde nós temos na nossa avaliação 43 povos

indígenas, nós temos povos aí que eu estava verificando que estão reivindicando

as suas terras agora, povos que migraram para Mato Grosso, como o caso do

Guarani Kaiowá, Guajajara, estão dentro de Mato Grosso, nós temos Canela,

Krenak, que estão em Mato Grosso, são povos que chegaram para Mato Grosso e

estão reivindicando suas terras. Então, assim, essas pautas já foram colocadas

aqui na CNPI. Tivemos também, assim, em relação à questão que os colegas

colocaram alguns pontos que o Titiah colocou e eu concordo plenamente com ele,

o Dilson também, em relação à questão, por exemplo, da paralisação da CNPI.

Bom, eu avalio como positiva a nossa paralisação, porque nós chegamos ao

limite, naquele momento político nós estávamos sendo ludibriados, enganados e

eu me senti como otária, porque a gente vinha para as reuniões da CNPI pensando

naquilo que nós tínhamos pautado em reuniões anteriores, quando chegávamos

aqui nós tínhamos outra novidade, outros encaminhamentos foram feitos e

totalmente diferente daquilo que a gente tinha esperado, então isso atrasou muito,

isso caracterizou, assim, uma imagem muito negativa nossa nas bases, que vocês

Page 138: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

sabem, quer dizer, a CNPI está apenas para referendar aquilo que o governo

decide, então, quer dizer, a gente decidiu uma coisa e por detrás já era decidido

outra coisa completamente diferente. Isso é péssimo para nós, quer dizer, então ou

abríamos um diálogo sério, ouvíamos mesmo ou a CNPI tinha uma função

realmente importante ou nada feito, então para mim aquele momento de se decidir

não querer mais dialogar e nem participar foi muito importante, tanto é que houve

mudanças depois, quando nós voltamos houve algumas mudanças. Então, essas

questões nós temos que avaliar, é o contexto, não é só se foi ou negativo ou não,

mas, assim, de uma maneira geral ela contribuiu muito, porque a partir disso

muitas comunidades começaram: “Ué, por que a CNPI paralisou?” Quer dizer,

já estão antenados, prestando atenção. “Não, paralisou por conta disso.”“Ah

bom, isso é verdade.” A Portaria 303 está aí para dizer. Outra questão positiva foi

aproximação nossa com as próprias reuniões que nós fizemos do calendário do

movimento indígena, o abril indígena, isso foi muito importante, terra livre,

porque a gente pôde estar presente cara a cara com as comunidades de diferentes

partes do país e poder abrir um diálogo e conversar com eles e mostrar também a

nossa própria fragilidade, as dificuldades que nós temos de ter no acesso as

próprias comunidades, a dificuldade que a gente tinha para chegar na ponta, não é

fácil isso, vocês sabem disso. Um ponto positivo, a questão da divulgação pela

própria Funai, o site da Funai, eu estive com vários indígenas que chegaram para

mim e falaram assim: “Eu só conhecia a CNPI através do site da Funai.” Porque

muitos têm acesso e muitos não têm acesso, então onde tem acesso muitas das

escolas indígenas tem acesso através dos sites, através da internet, mas temos

também comunidades que não tem acesso nenhum, então nós temos que lutar por

essas comunidades terem acesso, porque praticamente nós já fizemos um

calendário de atuação nossa nas bases dizendo de quantas vezes que nós temos

que visitar as comunidades, quantas vezes e não foi aceito, vocês sabem disso, o

calendário não foi aceito 100%, não conta, de uma série de situações, de recursos

financeiros e de agendas mesmo. Então, quer dizer, alguém colocou aí, acho que

foi o Titiah que colocou aquela agenda de trabalho da gente estar dentro

permanente nas comunidades a partir de várias reuniões, seminários, encontros,

que acontecem e fazer uma agenda casada da CNPI com os demais órgãos que

são realizados. Por exemplo, o PNGATI tem uma agenda de trabalho nas bases,

por isso que nós estamos cobrando da PNGATI que a gente insira a participação

da CNPI ali, eles têm uma agenda programada já com várias oficinas e seminários

nas comunidades, então a gente quer estar presente, mas a gente não era visado.

Outra questão que eu gostaria de ressaltar, assim, deixar claro que a dificuldade

desta CNPI, desta Comissão, é exatamente pelo número de indígenas

representantes que são poucos ainda para dentro da representatividade geral dos

povos indígenas do Brasil. Por exemplo, lá em Mato Grosso agora se criar o

Conselho nós vamos ter quatro representantes só para Mato Grosso, quatro, aí eu

já me sinto, agora uma só não dá, quer dizer, só tem eu e o meu suplente, no meu

caso do Mato Grosso, é um, é muito difícil para um estado como é Mato Grosso,

Page 139: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

43 povos, dificuldades de acesso, é complicado. Agora em uma nova formação e

composição, como é pretendido pelo Conselho, é diferente, tem estados aí que vai

ter seis representantes, só o estado vai ter seis, por quê? Porque é a formatação

que a gente teve para o Conselho. Nesse sentido em relação a Conselho para mim

nosso trabalho como CNPI já está consolidado em relação o que foi criada a

Comissão. Para mim a Comissão é provisória, a Comissão da CNPI é provisória e

a nossa luta é a criação do Conselho. Nesse sentido eu quero apelar aqui de novo,

inclusive para a Presidente da Funai, a Presidente da CNPI, da gente se debruçar

nos esforços da criação do Conselho de Política Indigenista, do Conselho gente,

do Conselho. O nosso papel é provisório, a gente sabe disso, ninguém é eterno e a

gente sabe disso, e a minha esperança era da gente sair e já emplacar o Conselho.

Agora a gente sabe que pelo Congresso vai ser impossível diante do contexto que

está no Congresso Nacional, mais contra a gente do que a favor, impossível. O

nosso apelo é para o Decreto mesmo da presidente Dilma e isso para mim é um

papel fundamental do Ministro da Justiça, de ele fazer todo o esforço possível,

você está entendendo? Para se concentrar na criação do Conselho, porque é esse

Conselho que vai criar a mudança que vai ter conforme as comunidades querem,

eu acho justo isso, das mudanças de uma maneira geral, mudanças das

representações, eu concordo plenamente, mas é o Conselho. Então essa é uma

coisa positiva que eu vejo, que o nosso trabalho foi positivo nisso e demais agora,

daqui para frente nós vamos é fazer apenas os demais conformes, o nosso papel

nós já fizemos. E eu quero reafirmar aqui, voltar a dizer de que algumas coisas

nós avançamos, algumas coisas paralisamos. Em relação à educação, da qual a

gente lutou tanto, ainda temos muita coisa a ser colocada, não foi feito, não me

sinto ainda satisfeita no nosso trabalho por conta dessas enperrações que foge da

nossa alçada como representante indígena, porque tem muita coisa que nós

colocamos aqui para o governo e não foi encaminhado. A pauta, como disse

vocês, parou e muitas questões aí não foram encaminhadas. O único apelo que eu

faço é para, assim, que o Ministro possa fazer o encaminhamento mesmo de

agenda positiva com a Presidente Dilma nessa questão da criação do Conselho,

nem que seja pelo Decreto, que agora não tem mais jeito, é o decreto e pronto, de

se criar o Conselho, aí sim, aí a mudança, vem tudo. Isso que o nosso parente

falou, o Dilson aí, das metodologias concordo plenamente, até então nós vamos

protelando até acontecer isso. Bom, era esse o meu informe e dizer que a gente

está no aguardo aí dessas mudanças que eu espero que o ano que vem a gente já

tenha realmente de fato consolidado. Meu muito obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Chiquinha. Marcos Tupã. Ah, desculpa, o

Sandro não foi ainda, então Sandro. É porque ele estava antes da Chiquinha. Está,

desculpa, é que a inscrição do Sandro aqui estava antes, eu achei que ele já tinha

falado. Vamos relacionar aqui, tem Marcos Tupã, Dourado, Lindomar, Valcélio e

Saulo.

Page 140: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Sandro – Bem, Sandro, Tuxá, pela região leste e nordeste da APOINME.

Eu me apego também à fala da Chiquinha e dos outros que me antecederam,

sobretudo no posicionamento da paralisação da CNPI, mas não vou entrar no

mérito, porque eu acho que ela falou muito bem. De alguma maneira após esse

processo a CNPI para os povos indígenas recebe o devido destaque uma vez que

nós conseguimos por alguma maneira mostrar as intenções e quantos delegados

representantes de nossa base aqui na CNPI, tentando superar aqueles momentos

tristes lá com a questão da situação da Funai. O que eu queria dizer aqui, que

como é um espaço conciliador, como é um espaço interlocução com o governo

nada impede de nós manifestarmos o nosso entendimento junto às esferas de

governo para que o executivo do governo, porque a gente sabe que aqui se

encontram os nossos representantes do governo e nós entendemos que esses

representantes do governo veem na condição amistosa de fazer os devidos ajustes,

as alianças necessárias com os povos indígenas para encaminhar as demandas que

são aqui apresentadas, que realmente a gente possa poder traduzir isso dentro dos

ministérios, a gente não consegue fazer isso. A gente ter uma lembrança muito

triste de alguns momentos que tentamos de encaminharmos algumas coisas e não

ter as devidas respostas, então às pessoas que estão aqui por parte do governo

deve ser pautado, enquanto dirigente do governo, e que possa fazer gestão junto a

seu ministério, cobrar um posicionamento, porque de alguma maneira cada um de

nós somos parte desse processo. Uma determinada resolução foi encaminhada por

parte da CNPI de recomendação, de solicitação, de informação, a gente que está

no nosso ministério tem de alguma maneira, as pessoas que estão nesse

Ministério, o dever de acompanhar e trazer essa resposta para dentro da CNPI e a

gente poder ter a devida divulgação, porque isso é o encaminhamento e a gente

peca nisso. Houve os devidos encaminhamentos dentro da CNPI. Quanto à

questão da mobilização do movimento indígena não adianta, quem tem que fazer

essa divulgação daquilo que nós demandamos somos nós, porque é uma

articulação do movimento, é como nós enfrentamos o nosso problema e aí vai

competir a cada um de nós e aos nossos aliados, porque aí eu já falei muito ao

CIMI e ao CTI, que estão voltados a isso. O que eu entendo é que a gente precisa

realmente caminhar com o pensamento que a CNPI é um espaço de realmente de

interlocução com o governo e que ela somada a Comissão Conciliadora, ela

fortalece, porque ela traz as organizações de base e isso é um ponto positivo. Eu

penso que, de fato, o que nós precisamos é emplacar esses apontamentos, esses

ajustes necessários para que venhamos a criar o nosso Conselho. Se, em 2014,

nós criarmos o nosso Conselho de Política Indigenista, a CNPI cumpre o seu

legado, cumpre o seu papel, vai ter um assento institucionalizado que delibera

sobre a política oficial do estado. Então a gente vai ter que nos ajudar quebrando

as barreiras necessárias e aí a gente pede encarecidamente a todos os integrantes

de governo, que aqui estão que possam transformar o núcleo duro de seu

ministério. É um pedido que a gente faz enquanto bancada indígena, porque o

Conselho, ele vem dar as respostas necessárias das principais bandeiras de luta do

Page 141: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

movimento e do governo em favor dos seus interesses, que nós sabemos que

temos esse enfrentamento. O governo entende uma coisa de uma forma, entende

outra e nesse espaço de interlocução poderemos estar de alguma maneira em um

pé de igualdade, porque poderemos estar convergindo, errando e acertando, mas

de forma mútua, não da forma que está aí o Congresso trabalhando 24 horas em

prol de fazer um desmantelo com os interesses e direitos indígenas, como fizeram

agora a instalação da Comissão Especial para contrapor os direitos indígenas

garantidos na Constituição, que é a nossa Carta Magna, que é o sonho dos

brasileiros quando foi aprovado em 88, que agora está sendo dilacerada, destruída

pelo Congresso, que está simplesmente vislumbrar os seus interesses. É por isso

que eu volto a pautar, temos que contar de forma harmoniosa e de parceria com

vocês, que são representantes do governo, e tenho certeza que cada um de vocês

incide na pauta dos seus ministérios e é preciso que vocês relacionem junto com a

gente para que no ano a gente possa estar criando esse Conselho. Muito obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Sandro. Agora sim, Marcos Tupã.

Marcos Tupã – Bom dia. Bom dia a todos, bom dia à presidente. Marcos

Tupã, Mbyá Guarani, sudeste. Eu quero dizer que para nós, indígenas, da bancada

indígena, lideranças, a gente vem enfrentando situações difíceis em nossas

regiões, em nossas comunidades, mas eu quero antes, assim, dizer, parabenizar a

todos nós, a todos os movimentos indígenas e que todos nós sabemos das

dificuldades e problemas, mas tenho certeza de que cada momento, cada fase,

cada ano que nós estamos nesse movimento, nessa política defendendo os nossos

direitos a gente vem nos fortalecendo muito diante das dificuldades e problemas.

Mas, dizer para os representantes do governo eu acho que é importante que todas

as demandas, resoluções, enfim, aqui encaminhada pela CNPI. Ela precisa, de

fato, assim, trazer resposta, trazer explicação para a bancada indígena do que foi

encaminhado, do que foi colocado para que nós possamos ter essa confiança de

que aqui é um espaço de diálogo, aqui nós procuramos trazer essa discussão para

que todas as questões colocadas sejam, de fato, informadas as nossas

comunidades. De fato, assim, nós somos cobrados em nossas comunidades dessas

informações que muitas vezes chegam ou não chegam aqui para que nós

possamos levar para as nossas comunidades. Nós, da nossa região do povo Mbyá

Guarani, eu quero aqui reforçar um pouco a questão dessa situação das terras na

faixa litorânea que são as nossas terras, muitas delas estão nesse processo ainda

de não reconhecimento total das demarcações das nossas terras, porque a nossa

região já pelo processo histórico da colonização portuguesa, enfim, daí as nossas

terras são pequenas, nem sequer pode discutir como se discute o Programa

Nacional de Política da Gestão Ambiental Territorial, por exemplo. As nossas

terras são pequenas, não todos estão garantidos, daí como vai se implantar o

Programa Nacional de Gestão Ambiental? Então eu quero aqui registrar para nós

e solicitar de todos os órgãos do governo para que esses esforços sejam

Page 142: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

contemplados nas nossas terras, nossas aldeias, nossas comunidades, seja ela na

questão da saúde, seja ela na questão da demarcação das terras, que é primordial

nas nossas comunidades, nossa terra guarani, que está localizada na faixa

litorânea. Como eu disse, as nossas terras muito pequenas, não se pode pensar em

um Programa de Gestão Ambiental. Eu quero muito aqui pedir o esforço de cada

um das partes do governo para essa questão. Eu também aproveito a

oportunidade, eu sei que a Conferência de Saúde, e acho que contemplou e que

foi discutido muito a questão da territorialidade, mas eu quero aqui também dizer

e perguntar se foi discutido a questão das terras? Muitas das terras guarani,

inclusive no oeste do Paraná e na faixa litorânea e muitas terras não estão

garantidas, estão no processo, umas estão com o GT, outras nem publicado os

limites ainda foram e muitas dessas terras são as maiores dificuldades dessa não

contemplação de assistência, atendimento a saúde nestas comunidades. Às vezes

os funcionários locais falam que não podem atender, porque as terras não estão

demarcadas. Esses são os maiores conflitos, esses são muitos os desafios que nós

enfrentamos ainda nas nossas regiões. Eu ressalto esse item, no caso aqui de

como foi discutido essa discussão na Conferência? E dizer aqui para nós,

enquanto do movimento indígena da nossa região, que 2014 nós temos esse

desafio muito grande como os nossos movimentos indígenas em cada região, em

cada organização, nas aldeias e principalmente nesse movimento nacional que eu

acho que temos que nos organizar, nos preparar, vir com mais força buscar essa

compreensão dos novos povos como tem feito em todo ano, mas também eu acho

que fortalecer melhor a nossa participação, o nosso envolvimento pela questão

dos desafios que vem aí que é a criação dessa Comissão 215 e, além disso, eu

acredito que está ocorrendo o Projeto de Lei da Mineração que a gente nem está

tratando aqui, mas é importante a gente buscar essa informação de como está e

essa questão. Eu enquanto representante Mbyá, Guarani, eu vejo muito nessas

regiões as nossas dificuldades desse processo da demarcação das terras e de

outros desafios que temos de fato aqui que nos fortalecer. E sobre a Conferência

Nacional de Política Indigenista para 2014, previsto, eu acho que é pensar de fato,

assim, na metodologia para que todas as comunidades indígenas de aldeias para

contemplar mesmo a participação dos nossos indígenas, dos nossos grandes

líderes tradicionais das aldeias para fortalecer o nosso movimento, as nossas lutas.

Eu acho que na metodologia a gente vai discutir melhor isso, não vou aqui me

estender, mas enquanto representação no qual eu faço parte essa é a minha

preocupação aqui é uma aprendizagem aqui na CNPI, nas discussões, e eu fico

muito indignado com a situação que passamos, vivemos esse confronto que temos

que confrontar diretamente muitas vezes, mas exigir aqui, solicitar dos

representantes de governo que olhe com muito carinho, muita atenção, porque são

dificuldades e problemas, os nossos parentes, nossas lideranças estão morrendo

em suas comunidades em defesa dos direitos e eu quero contar com o movimento

indígena, principalmente nas nossas causas com certeza estamos juntos e

parabenizando a todos e com certeza organizar e fortalecer mais ainda a nossa

Page 143: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

luta e buscar. Se vivemos até aqui, 513 anos, temos muita luta pela frente, então

fortalecer e que todos os movimentos e a sociedade estejam do nosso lado.

Maria Augusta – Obrigada Marcos. O próximo é o Dourado.

Dourado Tapeba – Eu queria parabenizar a CNPI como um todo pelo

desempenho também de recuar quando foi preciso recuar e retomar quando foi

preciso retomar. Inclusive eu avaliando, parabenizando toda a Comissão de

Política Indigenista dos Povos Indígenas, principalmente o pessoal que representa

a nossa região, na Comissão Leste Nordeste, que representa a organização da

APOINME, que vai do Ceará ao Espírito Santo, que várias reuniões da

coordenação da APOINME eram feitas algumas críticas que tinham alguns

representantes nossos que entravam mudos e saiam calados. Então, desta forma

eu quero dizer que nós, da região, estamos sendo bem representando, a avaliação

que se faz agora é que o crescimento dos participantes, dos representantes da

nossa região, quero registrar o crescimento de todos, Marquinhos, Sandro Tuxá, a

Rosa, Lindomar, o Titiah, e isso é um ponto positivo. E aí o ponto mais positivo

foi do movimento indígena a nível nacional reconhecer que a CNPI é a instância

que realmente discute as políticas para todos os povos indígenas no Brasil.

Sabemos que temos muitos Conselhos, sabemos que temos outras instâncias que

estamos lá, mas o movimento indígena soube reforçar essa história na questão da

mesa de negociação, porque o governo queria uma mesa de negociação para

discutir as proposições do governo, mas nós já sabíamos que tinha essa Comissão,

já foi colocado que já existe a Comissão. Então para não ficar coisa solta foi

discutida a reunião da mesa de negociação com a Comissão, negociação não, de

diálogo, e aí o fortalecimento foi muito grande. O outro ponto positivo é da gente

ter agora como coordenação da CNPI uma pessoa que realmente tem

transparência com a Política Indigenista desse país, porque aí eu queria

parabenizar a Maria Augusta pela questão, eu nunca vi um presidente de Funai se

expor tanto como ela já se expôs nesse pouco tempo que ela está na Funai, porque

a língua dos outros presidentes atrás era mais só defender a questão do governo, e

eu quero parabenizar por isso. Também não posso deixar também de parabenizar

a Teresinha pelo esforço que ela tem feito para que essas reuniões aconteçam. E

aí, eu queria só propor para o planejamento de 2014 que a Funai, ela possa dar

condições aos membros da CNPI de fazer a discussão lá na ponta, lá nas aldeias,

porque nós temos aqui, sabemos que quando volta para as aldeias, como o Sandro

bem falou, que essa pessoa não sabe nem o site da Funai na base, então é preciso

que ela fosse fazer que nem a própria SESAI está fazendo no controle social, de

que os assessores indígenas, os presidentes de CONDISI, eles possam estar

visitando as suas bases a nível de estado, a nível de região para repassar o que se

discute aqui na CNPI. Então eu acho que a SESAI cresceu muito nessa questão

pela questão do controle social, de ter investido bastante. Agora existem certos

controles sociais que não funcionam, porque ficam esperando, ficam de braços

Page 144: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

cruzados, então é preciso descruzar os braços para que a coisa possa acontecer. E

aí por mais posso dizer um Feliz Natal, um próspero ano novo, que possa trazer

para nós uns presentes, que essa PEC, ela não seja aprovada na Câmara, que a

gente possa realmente derrotar e eu acho que nós temos que procurar os nossos

pajés, nossas lideranças tradicionais e fazer realmente rituais para que as coisas de

mau pensamento não possam acontecer no nosso meio. E aí dizer um ano novo

cheio de alegria para todos nós, que 2014 possa ser realmente um ano positivo, e

que a gente possa pensar positivo também, porque se a gente pensar negativo a

negatividade, ela entra dentro da gente. Então parabéns a todos nós e agradecer a

Deus por nós estarmos aqui e que a gente possa realmente continuar sobrevivendo

e aí repudiar o ato de ontem na Câmara Federal aonde os ruralistas lá investiram

em muitas pessoas que nem sabem o que é que estavam fazendo lá para poder

agredir a gente, mas aí tivemos muita sorte que o pessoal da Polícia Federal

chegou e organizou e nós saímos de lá sem agressão física, mas foi muito ruim a

questão de ontem. Isso, registrar também que inclusive o Saulo ouviu uma pessoa

dizer que estava recebendo R$ 10,00, uma camisa e tudo pago para conhecer

Brasília, para ficar aqui em Brasília, então é muito. E, por fim, eu queria

parabenizar também todo o pessoal do governo, que está aqui também, que de

uma forma contribuiu para as coisas acontecerem e dizer que no próximo ano o

governo possa ser mais presente na CNPI, porque a gente vê mais a bancada de

indígenas, mais a bancada indigenista, a bancada de governo está deixando a

desejar com a presença aqui na Comissão. Muito obrigado.

Maria Augusta – Obrigada Dourado. Pessoal, vamos parar de desejar

feliz natal, porque tem reunião à tarde, estou achando que vocês estão querendo

não vir à tarde. Vou inscrever a Bianca, o próximo inscrito é o Lindomar.

Lindomar – Lindomar, Kariri-Xocó, estado de Sergipe, região nordeste

leste. Eu me sinto já contemplado com a fala de todos os companheiros que já

passaram, mas eu gostaria também de registrar aqui que eu acho que quando se

trata da bancada da CNPI eu acho que a CNPI fez seu papel, fez muito bem, foi

paciente, enxugou o que pôde enxugar. Eu acho que o governo foi que não deu

resposta dos nossos encaminhamentos, o governo foi falho e principalmente no

ponto principal que é a questão da terra. Nós pedimos a lista, mostramos quais

são as terras que não tem problema, como encaminhar todos esses

encaminhamentos da CNPI, da nossa Comissão e o governo não encaminhou. Eu

gostaria de dizer para vocês que eu vou sair daqui hoje muito triste, porque nós

vamos levando na bagagem dois presentes muito ruins: que é a portaria, que o

Ministro quer lançar, está com esse propósito; e a instalação da PEC 215, é muito

preocupante, até já liguei para a minha comunidade já para que a gente possa

estar se reunindo e juntarmos mais força. Então, assim, no geral eu acho que a

bancada fez seu papel, o governo, nós tivemos esse diálogo entre nós aqui da

CNPI, mas o governo faltou aí cumprir com os encaminhamentos que foram

Page 145: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

dados. Eu gostaria só de fazer um pedido, não ao governo, mas pedir a bancada

aqui do governo, quanto amigos que estamos trabalhando juntos, que nos dessem

em nome da população indígena esse presente que eu vou pedir agora, que já que

vamos levando dois presentes ruins, que vocês pudessem estar se inteirando, que

eu tenho certeza que vocês têm esse contato muito próximo aos seus Ministros,

para que eu pudesse estar pedindo a Dilma para no apagar das luzes poder estar

dando esse presente que é encaminhando ao Congresso a medida provisória, que

já temos o projeto, já temos toda a discussão, da criação do Conselho Nacional de

Saúde de Política Indigenista. Então é um pedido particular a vocês, que vocês

pudessem estar fazendo isso aos seus Ministros para que pudesse estar intervindo

pelo menos para que a gente não passe um natal tão amargo. Muito obrigado.

Teresinha – Obrigada Lindomar. O próximo inscrito é Valcélio.

Valcélio – Bom dia a todos. Valcélio Terena, Mato Grosso do Sul, região

centro-oeste. Quero, primeiramente, agradecer pela oportunidade, hoje está

fazendo um ano que eu fui eleito pela CNPI e para mim foi um aprendizado que

está sendo de grande aproveito par a gente estar sempre reivindicando as nossas

demandas. Quero falar em relação no corrente ano de 2013 eu acredito, assim,

que para nós, da região de Mato Grosso do Sul, foi um ano, assim, muito pesado,

de grande dificuldade, que a gente vem enfrentando, até inclusive nós estamos

enfrentando ainda no momento, mas eu quero sempre agradecer a Deus pelo

espaço, agradecer também bastante pela presidente Maria Augusta, Teresinha,

aquelas instituições sempre que estão nos apoiando nas nossas reivindicações.

Quero deixar registrado aqui, assim, que Mato Grosso do Sul, Terra Indígena

Buriti, a gente teve um sofrimento muito grande que quando nós falamos, assim,

expectativa de 2013, a gente teve uma perca que repercutiu praticamente o mundo

na vida de Oziel Gabriel e também estivemos o Oziel Gabriel, que é parente,

ficou na cadeira de rodas, então isso para nós é muito doloroso, mas eu quero

agradecer também os irmãos aqui, companheiros da CNPI que estão sempre junto

com a gente apoiando o nosso movimento. A gente aprendeu também ouvir as

reivindicações de todos os estados, dos nossos parentes, que cada um tem uma

reivindicação quase diferente, mas no momento a gente discutiu muito a questão

da terra, a questão da saúde. Esperamos que em 2014 nós vamos superar. Quero

contar bastante com o apoio da bancada indígena, do governo que olha para nós

aí, que nós estamos na vida. E também quero agradecer sempre a presença da

nossa instituição não governamental, CPI, o CIMI, que está sempre presente nas

nossas reuniões. É essa a minha contribuição.

Teresinha – Obrigada Valcélio, obrigada. Próximo inscrito, Saulo.

Saulo – Eu acho que de fato nós precisaríamos de mais tempo para poder

fazer avaliação mais aprofundada. Só queria colocar, primeiro, que o que eu

Page 146: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

percebi, que nos últimos anos durante o governo da presidenta Dilma houve o

desempoderamento da Comissão, a gente estava no processo de construção de

empoderamento, de aperfeiçoamento, de funcionamento, mas a postura assumida

pelo atual governo e a conjuntura, esse avanço, essa agressão que foi feita contra

os direitos indígenas no Congresso Nacional acabou provocando um impacto

muito grande dentro da CNPI e a própria conjuntura, ela tem obrigado a bancada

indígena a em vários momentos propor suspensão das atividades e a conjuntura é

tão complicada que sempre coincide quando há reunião da CNPI em Brasília

acontece algo que demanda uma ação urgente dos indígenas. Nesse sentido eu

acho que o que tem sido muito positivo é a compreensão da representação

governamental, porque eu imagino o que é você planejar atividades inúmeras, se

planeja naqueles dias e de última hora tem que refazer esse planejamento, então

essa flexibilidade eu acho que tem sido o aspecto positivo, embora o governo seja

um dos causadores dessa situação também, o próprio governo, mas a

representação governamental tem compreendido essa conjuntura e tem sido

bastante solidário. Isso eu acho o aspecto positivo. Em termos do funcionamento

eu acho que, de fato, a existência das subcomissões possibilita que a gente tenha

uma intervenção mais qualificada, uma participação mais qualificada no plenário,

mas, como eu já falei, a conjuntura acaba impossibilitando. Então em termos de

metodologia eu continuo acreditando que as subcomissões, elas são importante,

elas são necessárias para que a gente possa, de fato, se preparar para reuniões

Plenárias e diminuir o número de temas que vem aqui para a reunião Plenária.

Considero também que a gente não conseguiu avançar na transformação da CNPI

em um espaço mais indígena, nós somos uma formatação que não é muito

diferente das outras formatações. Vocês mesmos, os indígenas, poderiam tornar

isso aqui mais indígena, o modelo é branco, a forma de organizar a reunião é

branca, então a gente tem que aprender também outras formas de ser. Nas duas ou

três reuniões passadas você até criava outro momento, quando estavam muito

aperreados aí vamos rezar um pouco, aí vinha uma reza, mas a gente poderia

melhorar a sistemática e trazendo para a CNPI uma mudança na forma de pensar

as questões, uma mudança na forma de construir as questões, porque do outro

lado o que está ocorrendo, como a gente está vendo agora no PLS 236, é o

retrocesso. Acho que a CNPI começou inclusive quando foi construir a proposta

de Estatuto dos Povos Indígenas, ela começou a trazer umas concepções novas na

forma de pensar a legislação, na própria elaboração no Projeto de Lei que cria o

Conselho Nacional de Política Indigenista. Então se os inimigos históricos dos

índios estão querendo retroagir a gente tem que avançar mais, então tem que

formular mais e a CNPI eu acredito deveria ser um espaço aonde a contribuição

da representação indígena pudesse dar um caráter mais indígena, menos branco,

menos ocidental nesse espaço. Eu acho que ela possibilita, porque, como eu falei,

há compreensão por parte também da representação governamental. Agora é a

hora de vocês nos catequizarem, fazerem o processo inverso, vocês foram

catequizados pelos brancos, façam o processo inverso, tragam a contribuição, o

Page 147: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

aporte na forma de pensar e fazer indígena. Enfim, acho que é uma fala muito

rápida, mas a Guta já falou ontem que a gente precisa avaliar muitos pontos, ela

destacou os pontos de ontem, já estão registrados lá na Ata, não vou recuperar

aqui, mas acho que ela apontou pontos que são, de fato, merecedores, aqueles

pontos que ela apontou ontem a gente poderia estar discutindo nas subcomissões,

avaliar em outro momento e depois trazer para aprofundar na Plenária. Esse

momento agora é o momento que não vai possibilitar esse aprofundamento.

Teresinha – Obrigada Saulo. O próximo, Élcio Machineri, Toya.

Élcio Machineri – Toya Machineri, região amazônica e nessa Comissão

representando a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia

Brasileira, COIAB. A COIAB está nos 11 estados amazônicos, Amazônia Legal.

A minha avaliação começaria parabenizando a SESAI aqui representada pela

Bianca, que ela foi a Conferência e por ter realmente mastigado da melhor forma

possível as propostas, que foi bastante interessante, porque de todas as propostas

que foram pautadas apenas 25 não teve o consenso geral, então demonstrou o

tamanho da organização e do debate que foram feitas nas regionais e na etapa

local. Também parabenizar o esforço grande da Teresinha, nossa Secretária-

Executiva da CNPI, que tem trabalhado bastante para que as reuniões possam

acontecer da melhor forma possível. Gostaria de destacar aqui com relação aos

trabalhos encaminhados pela CNPI à Comissão Nacional, aliás, a Política

Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas, ela nasceu aqui através da

CNPI, após um ano foram feitos cinco seminários regionais e após um ano dos

seminários regionais nós tivemos o Decreto e foi pautado por aqui, eu acho que o

próprio Decreto da PNGATI é muito importante para as questões indígenas de

todo o território nacional, porque anteriormente se pensava muito apenas na

Amazônia e com a política nós podemos estar construindo uma política, uma

proposta de política que abarcasse todo o território nacional com as realidades de

cada estado e de cada bioma. Então eu isso coloco um dos pontos positivos que

sai dessa Comissão. E analisar a Comissão de Política Nacional, CNPI, com as

atividades que foram encaminhadas eu acho que ela encaminhou todas as

atividades que estavam. O que significa realmente a Comissão? Ela não é uma

consultiva, é uma Comissão Consultiva não deliberativa, então acho que nesse

ponto que foram encaminhadas algumas surtiram efeito, outras não pelo fato dela

não ser realmente o Conselho que nós pretendíamos, mas temos muitos ganhos,

principalmente o movimento indígena, como disse o Dilson, é um espaço oficial

do estado brasileiro de diálogo com as populações indígenas. Anteriormente,

penso eu, que a Comissão não estava fortalecida, seus representantes não estavam

fortalecidos, aqui falo pela Região Amazônica, não pelas outras regiões, mas

porque as nossas próprias organizações indígenas não valorizam os seus

representantes dentro da Comissão e a partir do momento que ela o fez isso, que

foi aqui agora na mobilização nacional, teve outro caráter, não é Dourado, e

Page 148: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

reconheceram que realmente esse é o espaço de diálogo não do movimento

indígena, mas dos dois, movimento indígena e governo, e isso fortalece muito a

ação do movimento indígena. Com relação aos membros governo aqui colocar

também como que seja parceiros, eu acho que essa parceria já existe, a partir do

momento que se senta na mesa de diálogo há essa parceria, mas que o

envolvimento seja maior, como foi solicitado pelo Lindomar, que cada um possa

estar trabalhando com os seus Ministros, ministério com assessoria do Ministro.

Não seria nem uma solicitação, mas, tipo assim, que essa conversa pudesse ser

feita nos ministérios para que mais esclarecimentos o Ministro tivesse, para que a

coisa não caminhasse da forma que está caminhando atualmente e talvez o

envolvimento maior da bancada governamental com as questões indígenas nós

teríamos um reforço maior, e a participação também nos debates, porque se isso é

um espaço de diálogo nós temos que dialogar, não só a bancada indígena falar e

não ter resposta do outro lado, mas que se torne realmente um espaço de diálogo

para que a gente possa estar conversando e a partir das propostas aí tiramos

nossas dúvidas, que eu acho que dessa forma nós vamos construir bastante coisa

daqui para frente. E era isso. Obrigado.

Teresinha – Obrigada Toya. O próximo inscrito Daniel.

Daniel Mendonça – Bom dia a todos. Acho que eu fui contemplado aqui

com a fala dos companheiros da bancada, não vou falar muito, só queria, assim,

pensando em avaliação a única coisa que me vem à mente é que esses últimos

dois anos acho que foram os anos mais duros para o ataque aos direitos indígenas

e eu acho que essa avaliação positiva, que alguns de vocês estão colocando, se

deve ao fato de que a CNPI foi um espaço importante na resistência a esses

ataques e pensando, assim, no planejamento do ano que vem, que a gente vai

discutir depois, eu só queria colocar uma questão que eu acho que o ano que vem

será muito semelhante a esse, a esse aspecto. Eu acho que os ataques vão

continuar a vir, como esse fim de ano deixou claro aí com a aprovação dessa

Comissão Especial, e eu espero que a CNPI continue sendo essa trincheira que ela

foi esse ano, daí que vem essa força de articulação com o restante do movimento

indígena que vocês colocaram aqui. Disso eu também tenho a agradecer em

relação à bancada do governo que foi sensível aos momentos mais críticos de

apoiar as Resoluções que foram tiradas aqui, eu acho que se teve algum avanço

dentro da CNPI foi o de conseguir conter alguns ataques, enfim. Eu acho que eu

fui bem contemplado pela fala de vocês, só queria agradecer aqui aos membros da

bancada indígena de ter dado a oportunidade de estarmos juntos com vocês nessa

batalha e me colocar à disposição aí nos próximos anos, no próximo ano, para

continuar junto com vocês aprendendo aí nessa luta. É só isso.

Teresinha – Obrigada Daniel. O próximo inscrito Cacique Darã.

Page 149: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Cacique Darã – Bom, boa tarde, já são 12h32. Em primeiro lugar quero

agradecer a todos os companheiros aí indígenas e a bancada do governo. Em

primeiro lugar quero agradecer a CNPI, APIB e todas as organizações, porque o

estado de São Paulo estava ficando sem representatividade aqui dentro da CNPI

com falta de alguns Conselheiros, quem estava vindo é o Marcos Tupã, mas nós

temos a vaga do Donizete, que não estava vindo mais, e falta também de um

representante da ARPIN Sudeste para representar aqui junto com vocês para

trazer reivindicação do Rio de Janeiro, estado de São Paulo. Igual o Marcos Tupã

foi bem objetivo na fala dele, da questão das terras eu vou falar em nome do

geral, não vou fazer só um contexto de uma região, do interior também, porque

nós temos as dificuldades lá no interior, questão da terra, e também agradecer

todo o movimento que foi feito essa semana com essa organização e também

lembrar também que, igual nosso parente disse bem claro, nós estamos levando

duas bagagens ao contrário a questão dos povos indígenas. Lembrar também que

a CNPI é uma bancada de indígenas e não indígenas que leva essa reivindicação

até a Dilma, porque está sendo um retrocesso, está sendo muito triste esse final de

ano pelas causas das terras indígenas. Ontem nós tivemos vários embates com o

pessoal que estava lá no Senado e foi uma coisa muito triste, estamos aí querendo

ajudar o governo e o governo não está enxergando. Eu vou deixar bem registrado

aqui, se a Presidente não tomar uma posição sobre a questão da terra indígena, as

demarcações, que a gente vê muitas mortes na retomada das terras, que foi nossa,

que é nossa. Nós não viemos tomar terra de ninguém nesse país, eles que vieram

tomar as nossas terras. Se a Presidente Dilma e se a bancada do governo não levar

essa reivindicação do Cacique Darã, representando um povo lá na nossa região,

nós vamos levar até a nível de outro país, a gente vai procurar os Direitos

Humanos, a gente tem que procurar, nós temos que procurar, porque os índios

estão sendo massacrados. Então a minha reivindicação é essa, gostaria que a

bancada do governo, que está junto com o nosso povo aqui na CNPI, levasse até a

Dilma, se vocês não levar o Cacique Darã vai levar, porque eu tenho os caminhos,

eu tenho os meus contatos junto ao governo americano. Então se vocês não tomar

providência sobre a votação que está tendo no Senado contra os índios, estou

sendo sincero para vocês, eu vou levar. E agradecer a cada um dos meus

companheiros que me acolheram aqui dentro da CNPI, agradecer mesmo do

fundo do coração, então agradeço a Teresinha que fez contato comigo, Paulino, a

ARPIB, APOINME, então quero agradecer a todos, a presidência da Funai,

agradecer, estive outra vezes conversando com a Presidência, acho que é uma

guerreira mesmo a Presidente, não tem medo de lutar pela causa indígena. A

partir do momento que ela me atendeu, eu e o Chicão estivemos lá conversando,

nós precisamos também fazer assembleia para quem que vai assumir quem vai

responder pela ARPIN Sudeste. Então queria pedir encarecidamente para vocês aí

que nos ajudasse, pedir para a Bianca se não possa ajudar nós lá para fazer essa

assembleia lá para regularizar mesmo e pedir para a Dona Teresinha também,

para a Teresinha, que regularizasse também, ajudasse nós a tentar regularizar o

Page 150: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

desfalque do Donizete aqui dentro dessa casa aqui, nessa mesa, porque nós

estamos ficando só um aqui dentro e agora eu que estou começando com o apoio

de todos aí da bancada do governo, da bancada dos indígenas, então isso quero

deixar registrado. E contar com a sua ajuda também Bianca para nós sermos

parceiros, lutar pela terra, saúde, educação e moradia. Então é só isso, muito

obrigado.

Teresinha – Obrigada Cacique Darã. Bianca.

Bianca – Bianca, SESAI. Diante da conjuntura também não poderia

deixar de fazer uma avaliação da CNPI durante esse ano 2013. Acho que diante

da conjuntura desse ano, de 2013, foi extremamente positivo os avanços que nós

tivemos, que tivemos avanços também, principalmente no que diz respeito ao

fortalecimento dessa Comissão e aí somos todos, a bancada indígena e a bancada

do governo. Se não conseguirmos avançar enquanto governo foi devido a

algumas conjunturas em fomos impostos, porque na medida do possível conjunto

com vocês solidariamente, não só solidariamente, mas como responsabilidade de

estado fizemos gestão, não só os nossos Ministros, só os nossos Secretários, mas

também não medimos esforços para estarmos avançando conjuntamente. Eu acho

que isso demonstra ao fato de que tanto os indígenas, quanto os indigenista aqui,

o CIMI e o CTI, eles reconhecem a forma com que essa bancada se comportou

não só de forma solidária, mas de forma responsável e de forma de respeito nas

questões que não só afetam vocês, como afetam o governo como um todo. Então

eu avalio como extremamente positivo esse ano diante dessa conjuntura que não

foi só o ataque a vocês, mas o ataque também ao governo que se posiciona o

tempo inteiro em a favor dos direitos de vocês, que se nós estamos hoje aqui é

porque nós acreditamos que é possível avançar, mas que diante desse cenário

alguns passos demos para trás para analisar que estratégia, enquanto governo,

enquanto cada pasta aqui que cada um representa, podemos estar analisando e

avançando cada vez mais. Isso foi o que o Ministro colocou,o Ministro José

Eduardo, temos que pensar uma estratégia de avançar cada vez mais na garantia

dos direitos, não só direito à terra, mas o direito à saúde, educação, e de que

maneira pensando conjuntamente. Hoje fico muito feliz em saber que estamos

trabalhando sim em parceria e é assim que nos vemos, tanto vocês, quanto nós

também nos vemos trabalhando de forma solidária e responsável. Foi a partir

desse fórum que a SESAI deu o seu pontapé inicial, foi uma avaliação da saúde

na CNPI que o Presidente Lula tomou a decisão de criar, de se pensar um órgão

específico para a saúde indígena. Então, assim, resgatando um pouco dessa

história o quanto é importante, o quanto está fortalecido e se fortalecendo essa

Comissão, que se avaliou, começou a ser iniciada a discussão da PNGATI, hoje a

SESAI tem três anos, então olha só o avanço que se tem e que, apesar de toda

essa conjuntura negativa de alguns manifestos que sabemos que é fato, que é

concreto, conseguimos avançar bem e para fortalecer cada vez mais nós temos

Page 151: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que continuar e avançar lógico, e internamente de que maneira nossa bancada, ela

tem se reunido, assim como vocês tem as reuniões de bancada nós temos uma

reunião prévia para estar alinhando e sempre que nos reunimos é de que maneira

podemos fortalecer cada vez mais os direitos de vocês e de que maneira

trabalhamos internamente para que isso venha a se concretizar. O Saulo trouxe

uma coisa que eu estava tentando pensar de que maneira seria essa metodologia, o

caráter menos branco e mais indígena. No formato que as reuniões são feitas das

Comissões, do Conselho Nacional, que eu participo da SISE, do CONDISI,

assim, eu não acho esse formato totalmente equivocado, mas uma coisa que eu

senti falta, e acho que eu não cheguei atrasada esses dias não, acho que só não

vim ontem, mas uma coisa que eu senti falta que e nós colocamos durante a

Conferência é que cada dia da Conferência tinha um ritual e uma região

responsável e eu senti falta disso, porque uma vez nós puxamos acho que na

reunião anterior da CNPI, creio eu que para começar a mudar um pouquinho que

começasse com o ritual, geralmente é uma semana inteira, são cinco dias de

reunião ou quatro dias, e aí cada região ficasse responsável para puxar um toré,

uma oração, para estar fortalecendo. Creio que é isso também que está faltando, a

gente pedir aos Encantados, ao Mavotsi, que é mais lá do Xingu, ao Tupã, a Deus,

a espiritualidade de forma geral, sabedoria principalmente, discernimento, porque

acho que assim a gente consegue pensar conjuntamente encontrar algumas

alternativas e respostas. Foi um ano de provação não só para vocês, indígenas,

mas para nós, governo, foi um ano de amadurecimento interno, é um ano que a

gente está fechando que eu avalio como extremamente positivo no sentido da

resistência e de que estamos convictos que nós poderemos e estamos buscando

caminho para avançar na seguridade dos direitos de vocês, que também é o nosso

direito enquanto cidadão brasileiro. Não é o direito do indígena, mas é o direito

de cidadão brasileiro quando ele é ameaçado e isso está mexendo com todos nós

que acreditamos não só com a causa, mas principalmente temos como retaguarda

uma Constituição que ela é cidadã e que agora está demonstrando que está ferindo

o direito do cidadão brasileiro, dos indígenas especialmente. Então, assim, eu

avalio como extremamente positivo e parabenizo a nossa presidenta enquanto

presidenta dessa Comissão, a nossa Secretária-Executiva CNPI, a toda a bancada

do governo, que não mede esforços, estando aqui, participando das reuniões, mas

também quando retorna das reuniões sempre faz gestão junto aos seus secretários,

diretores, Ministros no sentido de avançar cada vez mais e dizer que se às vezes

não conseguimos, mas é porque outras questões, muito maiores do que essa, não

do governo em si, não da gestão da presidenta, mas a conjuntura que muitas vezes

são colocadas e muitas vezes a gente não pode explicitar tão claramente, porque a

gente também sofre retaliação não do governo, mas, assim, da atual conjuntura

que passa o Congresso. A gente sempre tem falado que não depende só do Dr.

Antônio de fazer a saúde, não depende só de o Ministro fazer a saúde, a

presidenta infelizmente, ela está refém do Congresso, então muitas vezes ela quer

avançar, mas temos o Congresso, então ela não governa sozinha, ela não tem esse

Page 152: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

poder de falar: “A partir de agora está feito isso.” Tem toda uma conjuntura.

Então, assim, a gente tem também que entender isso, que alguns avanços não

foram feitos nesse sentido diante da atual conjuntura que a gente sabe que a gente

está vivendo na pele e que a gente sofre junto com vocês. Eu não estou falando só

da boca para fora, porque quem conhece e que acompanha o nosso trabalho sabe

o quanto nós sofremos conjuntamente com vocês. Isso não são palavras ao vento,

quem acompanha o trabalho, seja da saúde, seja da Funai, sabe o quanto isso

atinge enquanto cidadão, enquanto pessoas que estão na gestão profundamente e

às vezes sentimos de não corresponder à altura da demanda que a gente sabe que

é imensa. Afinal são 513 anos de dívida que esse estado brasileiro tem

infelizmente parte desse estado não se reconhece como os primeiros habitantes e

não sei se seria o caso de fazer uma campanha maciça. A história do Brasil, ela é

muito distorcida quando se fala de povos indígenas, só quem sabe realmente

quem são vocês, é quem trabalha cotidianamente e somos multiplicadores disso,

então de que forma nós podemos para o ano com a Conferência fazer um

movimento maciço de informação desses povos, desses 305 povos? Quem é essa

população? Como vive? E seus costumes? Quem sabe nos mobilizar e ter pessoas

que se juntem a nós para estar fortalecendo cada vez mais os seus direitos. Então

eu avalio como positivo esse ano, principalmente diante dessa conjuntura e creio

que é um passo extremamente importante para a gente estar avançando cada vez

mais e estamos no caminho certo, de forma respeitosa, solidária, trabalhando

conjuntamente em parceria, tenho esperança que 2014 será bem melhor do que

2013. Obrigada.

Teresinha – Obrigada Bianca. Kohalue.

Kohalue – Então, bom dia a todos, Kohalue Karajá, Região Amazônica.

Na verdade, a minha contribuição vai ser mais uma reflexão para nós todos,

principalmente a bancada do governo. 2013 eu acho que foi um dos piores

momentos em relação aos direitos indígenas, foi violação dos direitos indígenas,

também houve bastantes assassinatos das lideranças indígenas por causa da terra.

Infelizmente parece que a Constituição Federal de 88 não assegurou, que nossos

direitos estão lá garantidos, que é Artigo 231, 232. Quando a gente começou a

estudar sobre os direitos aí ali fala que seria mais ou menos cláusulas pétreas,

quer dizer, isso não pode ser mudado nunca, pode acrescentar. Infelizmente os

parlamentares, que são anti indígenas, que a maioria são ruralistas, parece que

para eles têm o valor, como nosso amigo costuma falar, ele não está aqui, o lá do

Sul, Guarani Kaiowá, como é que chama ele? Peralta. Parece que a cabeça de

gado tem um valor do que o próprio indígena. Homem branco, esses caras aí só

pensam riqueza, cada vez mais se enriquecer e destruir natureza, acabar com a

floresta. Isso acontece no Sul, Santa Catarina, ali no Mato Grosso do Sul, todos

têm conhecimento disso. Vocês podem ver que é só plantação de soja assim, não

existe mais árvores, nem animais silvestres. Eu fico muito triste, porque o que

Page 153: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

está acontecendo agora nesses últimos dias, como o amigo nosso acabou de falar,

a gente está levando é uma tristeza na nossa bagagem, nossos parentes indígenas

estão lá na base esperando uma notícia, mas infelizmente não é isso que está

acontecendo aqui, apesar de tudo é inconstitucional, mas eu acredito que nós

temos Ministro do Supremo Tribunal, que teremos que fazer isso, recorrer a ele

para tentar derrubar esse tal de PEC 215, entendeu? Então, assim, a gente não

pode parar diante desses tantos problemas que a gente está enfrentando, somos

guerreiros. Eu tenho certeza que o espírito dos nossos ancestrais estão com a

gente, estão e vão com a gente daqui para frente. É só isso, muito obrigado.

Teresinha – Obrigada Kohalue, e com o Kohalue encerram-se as palavras

e passar a palavra para Presidenta que ela vai se manifestar.

Maria Augusta – Obrigada Tere. Bom, eu queria também, enfim, pedir

licença as bancadas aqui para me despir um pouco do papel de Coordenadora aqui

da mesa, de Presidente da CNPI, e fazer também umas reflexões e contribuir aí

nessa nossa avaliação, nesse nosso balanço de 2013. A gente percebe que todas as

avaliações que foram feitas aqui dos nossos trabalhos da CNPI, elas se

interrelacionam de maneira muito forte com a avaliação um pouco da conjuntura,

enfim, do ano de trabalho, dos órgãos, enfim, do próprio movimento no que diz

respeito à pauta indígena e acho que é consensual, pelo o que foi colocado aqui,

de que foi um ano de uma conjuntura bastante difícil e eu particularmente acho

que o ano para nós foi difícil, na Funai, foi um ano particularmente para mim

também de muitos desafios, de um amadurecimento, como a Bianca colocou, eu

acho que, enfim, essa é a palavra que resume bastante o sentimento que eu

chegou ao final desse ano, um sentimento de que os desafios, as durezas da vida,

os desafios que são colocados, enfim, para nós que temos uma perspectiva e um

projeto político, um projeto de sociedade, esses desafios, eles nos obrigam, eles

não nos deixam outra alternativa se não buscar amadurecer com isso e pensar

formas de enxergar a situação, analisar a conjuntura e pensar formas de superar

esses momentos difíceis. Para mim acho que foi um ano de bastante superação.

Eu queria muito, assim, agradecer essas manifestações de apoio que vocês

colocam aqui, isso para mim foi fundamental para eu ter conseguido ter forças

para passar por esses momentos difíceis e, enfim, de todos os indígenas com

quem a gente se relacionou nesse ano eu senti esse apoio, um apoio ao

desempenho desse papel em que eu estou desempenhando nesse momento. O

apoio também dos companheiros indigenistas, eu acho que todas as organizações

que trabalham em defesa da pauta indígena também manifestaram sempre um

apoio a mim, enfim, a gestão e a Funai que também foi fundamental para que a

gente pudesse sobreviver esse ano, e aos companheiros de governo, de quem eu

tenho também recebido, enfim, particularmente bastante apoio, bastante

manifestações de solidariedade, contribuições no sentido da gente poder juntos

enfrentar isso, nos dar as mãos, nos unir e conseguir enxergar isso a partir

Page 154: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

também de um distanciamento que é necessário, mas que é difícil na medida em

que todos nós estamos vivendo isso. Então viver isso e também estar no governo,

estar à frente da gestão de algum órgão e ter que propor formas de superar esses

desafios, de evitar os conflitos e de fazer o nosso papel de que é de dirigente, que

é em última análise de quem é governo, é muito difícil, mas eu acho que essa

unidade que a gente vem tendo, enfim. Queria destacar aqui especialmente, assim,

a SESAI, acho que toda a equipe da SESAI, o Dr. Antônio, a gente tem

conversado muito esses últimos tempos e muitas vezes, assim, era um fim de

noite que eu estava ali trabalhando, 21h, 21h30’ ele ligava, estava na SESAI

ainda, a gente discutindo os últimos detalhes ali da Conferência, ele pedindo

ajuda, a questão das pistas de pouso, então esse compartilhamento, essa

solidariedade, ela foi fundamental para que a gente pudesse avançar e outras

parcerias institucionais também. Eu acho que o MDA, o Luiz Fernando não está

aqui, mas queria destacar, assim, que foi muito importante o apoio que a gente

teve, o fortalecimento dessa parceria MDA e Funai nesse ano, a gente conseguiu

avançar em ações concretas, importantes. Essa questão que, como o Luiz falou,

da DAPI, da chamada, a gente pensou isso com muito empenho e com muita

expectativa de que desse certo. No meio do caminho avaliamos que tivemos

alguns equívocos, vamos reavaliar isso, enfim, na parceria dos dois órgãos, mas

também discutindo isso o ano que vem no GTI com vocês. A gente acha que tem

algumas coisas que a gente pode superar, que a gente pode melhorar. Enfim,

tantos outros parceiros, o MMA, tivemos também ações concretas muito bacanas,

conseguimos fazer os editais para essas últimas chamadas com recursos do

Ministério do Meio Ambiente, a Funai sozinha não conseguiria fazer isso, a gente

não teria recurso para isso, foi importante, porque é uma ação que valoriza

justamente isso que vocês colocaram, que é aquele modelo do Carteira Indígena,

do PPCDAM, enfim, de outros programas e projetos aí que justamente o quê?

Valorizam a ação das próprias organizações indígenas, das próprias comunidades,

valorizam a perspectiva mesmo de implementar projetos e políticas públicas que

vem a partir da visão das comunidades, de cada realidade que é diferente, de cada

região que é diferente, então eu acho que isso também foi muito legal, enfim. Eu

estou, certamente, esquecendo e deixando de mencionar outras questões e

parcerias importantes, mas acho que um pouco para exemplificar que nesse

momento foi fundamental a gente poder também buscar essa unidade entre nós,

órgãos de governo, e buscar essa força que vem a partir dessa unidade, desse

pensar interinstitucional, multidisciplinar, interministerial, para que a gente

pudesse ter avanços e houve também, apesar da conjuntura diversa, momentos

importantes e ações que eu acho que a gente não deve nunca esquecer que

representam conquistas. Conquistas que acho que ainda estão longe de concretizar

o que a Bianca cita, que é o resgate da dívida histórica que o estado brasileiro tem

com os povos indígenas no Brasil e que é uma dívida que eu acho que se leva

ainda muito tempo para se reverter, para se resgatar, mas eu acho que tem pessoas

dentro desse governo que estão e como em outros muitos e tantos governos já

Page 155: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

houveram pessoas que trabalham, se dedicam e assumem um compromisso de

fazer a sua parte nesse processo de resgate histórico e sinceramente, assim, eu

queria me colocar no conjunto dessas pessoas que assumiram esse compromisso

não só a partir do momento em que vou para a Funai, mas, enfim. Participei de

momentos diferentes na CNPI compondo o Ministério da Justiça, enfim,

representava o Ministério aqui na CNPI também e acho que esse é um processo

mesmo, um processo histórico que muitas vezes tem retrocessos, que faz com que

taticamente seja necessário um recuo e que em outros momentos tem avanços,

momentos em que a gente pode comemorar vitórias. Acho que a gente não pode

esquecer nunca e perder de vista o marco constitucional. O marco constitucional,

ele é uma vitória muito importante e que tem sido um pilar fundamental para toda

a discussão, e implementação, e defesa da pauta indígena, um pilar fundamental

na perspectiva de não retrocesso e é esse momento que a gente está vivendo

agora, um momento em que o que está em jogo é o próprio marco constitucional

de defesa desses direitos indígenas. Então acho que ele tem sempre que estar no

nosso entendimento, na nossa compreensão e na nossa bagagem de instrumentos

de defesa e garantia desses direitos e que é um marco recente também, 1988 é

uma data que não está muito lá atrás na história, muito recente, então isso um

pouco para a gente também perceber como a história, ela se dá de maneira

dinâmica. Hoje a gente vive, 25 anos depois da promulgação da Constituição

Federal, um momento delicado em que se está colocando em xeque os próprios

direitos que estão colocados ali na Constituição Federal. Então é um pouco essa

análise mais ampla da conjuntura para entrar também um pouco na avaliação aqui

dos nossos trabalhos da CNPI. Foi colocado muito em relação à gente pensar a

efetividade do que é tirado aqui, que muitas vezes a gente tira Resoluções, tira

encaminhamentos e isso acaba ficando um pouco perdido, isso é uma angústia um

pouco que eu tenho também. Eu sempre achei que a gente tinha que instituir

mecanismos mesmo de ter um monitoramento um pouco mais refinado e eu acho

que isso depende de uma boa vontade entre nós mesmo de pensar esses

mecanismos, como é que a gente vai monitorar, talvez para o ano que vem pensar

em ter uma instância dentro da CNPI de monitoramento desses nossos

encaminhamentos, não sei, estou pensando alto aqui. Foi tratado um pouco da

questão da metodologia das reuniões, eu acho que a gente também pode avançar

um pouco, refinar esses processos, isso depende também de um despojamento

nosso, dos membros, de refletir o que não está dando certo, eu acho que tem

coisas, mesmo, que a gente pode melhorar. O Saulo trouxe a questão das reuniões

das subcomissões que eu tenho pleno acordo, eu acho que a pauta indígena, ela é

muito ampla, então se a gente ficar trazendo o tempo todo tudo para a Plenária a

gente vai se perder no debate, a gente vai se desorganizar ou perder a nossa

organização, então eu acho que para o ano que vem pensar em, de fato, voltar a

valorizar e a enriquecer o trabalho das subcomissões eu sugiro e acho que isso é

bastante importante. Nós temos também que refletir sobre a nossa representação,

a representatividade das pessoas que estão aqui nessa mesa, isso foi trazido muito

Page 156: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

pela bancada indígena e também colocado pela bancada indígena em relação um

apelo de que a bancada governamental levasse o que é discutido aqui para os seus

órgãos, buscar se internalizar isso. Eu acho que isso é fundamental, mas acho que

isso não é uma questão que permeia só a CNPI, hoje a gente tem um número

grande de Conselhos que funcionam na Esplanada com participação paritária dos

movimentos sociais e que também vivem, e se discutiu essa questão, questão de

que muitas vezes são tirados encaminhamentos e Resoluções dentro dos

Conselhos e que acabam não sendo internalizadas muitas vezes pelos órgãos de

governo e que acabam também por outro lado não chegando a base dos

movimentos, então é essa questão da representatividade. Isso é uma das grandes

questões desse século XXI, a representatividade dentro das instâncias e dos

órgãos de participação e controle social, a representatividade do Congresso, dos

Parlamentares em relação as suas representações, as suas bases, enfim. Eu acho

que essa é uma questão central na sociedade e no sistema político que a gente

hoje vive. Então como pensar aqui dentro do nosso micro espaçozinho como

melhorar essa representatividade, tanto do ponto de vista eu acho que do

movimento, espalhar e conseguir capilarizar isso para a base das comunidades

indígenas, mas também do nosso lado de governo como internalizar esses

encaminhamentos, esses debates que a gente trava aqui na CNPI. Enfim, fazendo

uma reflexão também um pouco mais longa, acho que é importante dizer que a

partir do governo Lula a gente tem um crescimento muito grande do número de

instâncias de participação e controle social dentro do governo federal. Talvez a

Secretaria-Geral possa até falar em números mais precisamente. Eu cheguei a

estudar isso, tinha esse número de cabeça, hoje eu não lembro, mas um

crescimento expressivo do número de Conselhos, do número de Conferências

realizadas, do número de, enfim, fóruns de participação, enfim, não me vem à

cabeça agora outros instrumentos, mesas de monitoramento, de diálogo, enfim.

Muitas instâncias foram criadas a partir do governo Lula para possibilitar essa

participação da sociedade civil, ouvidorias, dos movimentos sociais organizados e

para que a gente pudesse aprofundar os mecanismos de relação e de governo de

forma democrática, de governo de forma participativa. Eu acho que o Presidente

Lula, ele deixou isso muito claro, isso foi uma marca muito forte do governo, e

passado hoje, enfim, já mais de 10 anos em relação ao início do governo Lula a

gente hoje vive um momento em que, na minha avaliação, era importante a gente

avaliar como é que essas instâncias, esses instrumentos, esses fóruns de

participação social tem se comportado e em que medida eles têm contribuído de

fato para ser fóruns que permitam a entrada da sociedade civil, dos movimentos

sociais, enfim, dos cidadãos, fóruns que permitam que os cidadãos, movimentos e

sociedade civil ingressem na gestão pública, ingressem e contribuam para o

governo e que façam de fato o governo ser uma estrutura mais permeável, mais

democrática e mais participativa. Eu acho que esse é um momento em que a gente

tem que avaliar isso. Então coloco tudo isso para dizer que essa reflexão aqui

nossa, da CNPI, não é só uma reflexão nossa, da CNPI, ela é uma reflexão de um

Page 157: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

momento do processo de democratização do estado brasileiro e que permeia

também outras instâncias, outros Conselhos e acho que essa reflexão é

fundamental, ela é importante, mas apenas estou acentuando em um contexto um

pouco mais amplo para a gente também não ficar sempre achando que a questão,

ela está só colocada aqui no âmbito da pauta indígena. Eu acho que essa é uma

questão um pouco maior. Alguém colocou, acho que foi o Sandro, se não me

engano, que a gente precisava reafirmar que o espaço da CNPI é o espaço de

interlocução dos indígenas com o governo e a Chiquinha coloca na fala dela, de

maneira bastante, que a CNPI era para ser uma instância provisória. De fato,

porque quando se institui a CNPI lá atrás ainda no governo do Presidente Lula se

faz isso já com uma perspectiva muito concreta da criação do Conselho, por quê?

Porque o governo encaminha formalmente ao Congresso Nacional um Projeto de

Lei para criação do Conselho Nacional de Política Indigenista esperando que isso

fosse uma medida que não tivesse muito problema para ser aprovada e que isso se

viabilizaria de forma muito rápida e a gente está já em 2013, ou seja, passado seis

anos da criação, sete, da CNPI, seis? Seis anos da criação da Comissão, a

conjuntura esteve, enfim, uma série de mudanças, a gente não conseguiu ver esse

projeto aprovado e a gente continua funcionando enquanto uma Comissão. Então

queria juntar um pouco essa fala do Sandro com a da Chiquinha e expressar a

minha opinião a respeito disso, é que eu acho que, de fato, a CNPI hoje, ela tem

sido esse espaço de interlocução dos indígenas com o governo, com todos os

problemas que se tem, com todas as dificuldades e com todas as questões que eu

acho que a gente tem que aprofundar e que melhorar. Eu acho que esse é um

espaço, gente, é um espaço que foi conquistado, é um espaço que foi instituído,

assim, com o apoio do Presidente da República, do Presidente Lula que participou

em diversas reuniões da CNPI, inclusive Extraordinárias que foram fora de

Brasília tiveram a participação do Presidente Lula. Então eu acho que a gente tem

que reconhecer isso e se apegar um pouco a essa conquista que foi a criação da

CNPI, independente da forma como ela hoje está instituída, ou seja, ainda como

uma Comissão, não tendo conseguido alcançar o status de Conselho, eu acho que

nós temos que reafirmar a necessidade de manter esse espaço, que no mérito ele é

um espaço que permite esse diálogo, que permite a participação de um conjunto

de representações indígenas importantes e que, como alguém colocou se não me

engano foi o Dani, que conseguiu também garantir, assim, em alguns momentos

difíceis que não houvesse algum tipo de retrocesso mais grave no âmbito e no

cenário da Política Indigenista. E com isso eu não quero dizer que a gente tem

que deixar de batalhar pela criação do Conselho, eu acho que isso é uma pauta

que já foi expressa aqui muitas vezes dentro da CNPI pela bancada de governo,

pela bancada indígena, pela bancada indigenista e que foi e é objeto também,

inclusive, de uma resolução nossa, das bancadas, da Plenária toda da CNPI, foi

aprovado isso aqui. A gente buscar, então, nesse momento conjuntural a

instituição do Conselho por meio de Decreto, então acho que a gente tem que

buscar perseguindo esse objetivo, mas acho que a gente não tem que perder de

Page 158: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

vista que a criação do Conselho é um aspecto simbólico, importante, porém

formal. A gente ainda tem o nosso espaço de diálogo, de debate e participação,

que é a CNPI, então vamos perseguir o nosso objetivo, porém reafirmando

sempre a CNPI como esse espaço, a meu ver, de diálogo dos indígenas com o

governo. A Bianca colocou uma coisa bem interessante que é a história da gente

pensar em uma campanha para o ano que vem e tudo mais, e aí já entrando um

pouco com algumas sugestões para a nossa pauta da tarde, que é o planejamento.

Eu acho, gente, que o ano que vem, o ano de 2014, ele vai ser um ano, assim, em

que a gente não vai ter facilidade para avançar na pauta fundiária, eu acho que a

pauta territorial, ela vai ser uma pauta difícil, eu acho que como foi esse ano, mas

o ano que vem eu acho que tende a ser mais difícil pelo cenário eleitoral, pelo

cenário, enfim, que está colocado, que a gente tem visto já a partir da ação do

Congresso desses últimos dias e acho que a perspectiva da nossa atuação, ela tem

que ser uma perspectiva, assim, organizativa, de planejamento, de pensar uma

perspectiva macro, de pensar nas ações de promoção, aprofundar isso. Acabei de

ter uma notícia boa aqui pelo celular, de que a gente conseguiu em uma primeira

instância já aprovar um recurso via Fundo Amazônia para implementação da

PNGATI, de um projeto que a Funai apresentou, então acho que a gente vai

conseguir esse recurso para 2014, isso vai nos permitir avançar nas ações da

PNGATI, isso é muito importante. E aí fico pensando um pouco no que a gente já

refletiu internamente na Funai, compartilhamos até com alguns companheiros que

estão aqui, sejam de governo, sejam indígenas, que a gente fez um trabalho muito

preliminar ainda na Funai de pensar um pouco o que a gente tinha conseguido

avançar nesses últimos anos em relação à Política Indigenista, o que a gente

achava que precisávamos avançar. Isso se relaciona muito com essa reflexão e

debate que a gente vem fazendo, que certamente vai surgir à tarde, que é a

proposta da Conferência. Acho que a gente realizar essa grande Conferência, a

gente pensar em uma Política Nacional de Promoção e Proteção dos Direitos dos

Povos Indígenas, uma política que consiga articular e amarrar todas as ações do

governo federal, que hoje são feitas, já são realizadas, mas são realizadas por cada

ministério, muitas vezes falta uma amarração, uma amarração, porque eu acho

que cabe a Funai, como Coordenadora da Política Indigenista no Brasil, como

órgão que é o responsável pela Coordenação da Política, a gente precisa amarrar

isso. A gente também poderia ter um instrumento único que regulamentasse essa

Política Nacional, pensando, enfim, na construção de um sistema de Política

Indigenista, que pudesse amarrar também a responsabilidade dos estados, a

responsabilidade dos municípios, que pudéssemos pensar a Política Indigenista de

uma forma mais ampla, mais consolidada e que viesse a abarcar e atender de

maneira mais clara as especificidades regionais, as especificidades de cada povo e

as responsabilidades também de cada órgão público nesse país. Então eu acho que

esse é um pouco o debate que a gente vai fazer à tarde e a gente fez um pouco um

ensaio disso tudo na Funai e construímos um documento a respeito disso, um

documento até que alguns de vocês acho que tiveram acesso, a gente encaminhou

Page 159: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

isso para o Ministério da Justiça, encaminhamos uma cópia ainda, claro que em

versão preliminar, para a SESAI e para o MEC, porque justamente a gente trouxe

um pouco essa reflexão da amarração das políticas e a SESAI e o MEC hoje são

quem tem sistemas um pouco mais consolidados para trabalhar a pauta indígena

nesse momento. Então eu acho que a gente pode aprofundar isso tudo, eu acho

que nós temos perspectiva para um trabalho do próximo ano, que pode não ser o

trabalho ideal, mas que é o trabalho que nos está sendo possível realizar nesse

momento e que é um trabalho fundamental da gente pensar macro, da gente

pensar essa política grande, como é que a gente articula tudo isso e lá nessa

proposta, Bianca, por isso que eu citei, falei tudo isso, a gente faz uma sugestão e

aí colocamos isso para o Ministro de algumas ações que a gente achava na Funai

que ainda podiam ser realizadas em 2013. Uma delas é reafirmando a questão da

criação do Conselho, que a gente achava que ainda esse ano poderia investir nessa

tentativa. Bom, falamos um pouco da Portaria 303, que também já foi objeto de

reflexão e de resolução dessa Comissão, a gente achava que esse debate também

até o final do ano podia ser enfrentado, enfim. Pensamos algumas medidas aí para

2013 emergenciais, mas no macro e para o ano que vem existe uma proposta, e

isso já a gente vai colocar no nosso planejamento do ano que vem da Funai, que é

articular uma Campanha Nacional em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.

Eu já conversei sobre isso com alguns ministérios, que toparam apoiar essa

campanha, a gente não consegue fazer também isso sozinho, porque isso é uma

campanha que custa caro, a gente queria fazer uma campanha inclusive de mídia

e tudo mais. Então como você trouxe essa proposta aqui, eu acho que a gente

poderia reforçar isso, pensar como é que a CNPI, enfim, pode apoiar, se acham

que essa é uma ideia boa, podemos refletire ter a contribuição também de outros

órgãos para essa campanha, mas é algo que a gente já tem inclusive não só nesse

documento, mas como uma orientação para o planejamento da Funai do ano que

vem investir nessa proposta da campanha. Deixa-me ver se eu falei tudo que eu

queria, mas já falei muito. Gente, vamos almoçar que está todo mundo com fome.

Obrigada. Agora eu queria que o Presidente Lula apoiasse aí o nosso projeto para

2014, entendeu? E a gente pode, então, parar para o almoço, já falei demais.

Queria agradecer e aguardo, então, a nossa parte da tarde para a gente poder

pensar 2014. Obrigada, bom almoço para todo mundo.

Dia: 12/12/2013, tarde:

Maria Augusta – Pessoal, boa tarde, sei que tem gente que ainda está se

organizando nas salas, tem um grupo que está escrevendo a resolução, tem um

pessoal que me parece que foi até a Conferência de Direitos Humanos, não é

conferência que se chama, é o Fórum Mundial de Direitos Humanos, e então o

pessoal está se organizando para voltar. A nossa pauta de agora de tarde é o

planejamento de 2014, para o planejamento eu entendo que a gente tenha que

discutir um pouco essas oficinas que foram tratadas com o Ministro da Justiça

Page 160: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

para discussão da portaria, eu acho que isso faz parte do nosso planejamento de

2014, discutir um pouco o planejamento da Conferência e aí tem duas pequenas

coisinhas que a gente queria no final e aí eu peço a licença de todos e todas aqui

das bancadas, que a Funai queria apresentar para vocês rapidamente o nosso novo

portal. Hoje a gente falou um pouco da questão do site, das informações, a gente

vai lançar agora o nosso novo portal da Funai em dezembro, a perspectiva era que

a gente conseguisse lançar nessa CNPI, mas ainda tem uns ajustes que estão

sendo feitos, mas a gente queria mostrar para vocês como vai ficar a nova página

da Funai, mas só podemos fazer isso ao final da nossa discussão porque o pessoal

da Assessoria de Comunicação está vindo e a nossa assessora parlamentar que é a

Solange está aqui também, e ela queria dar uma palavrinha para dar alguns

informes, para fazer uma rápida colocação de como foi e está sendo essa história

da instalação da Comissão, da PEC 215, para a gente poder um pouco se tiver

dúvidas, enfim, aprofundar sobre isso. A Bianca também quer falar alguma coisa.

Bianca – Boa tarde, Bianca SESAI Ministério da Saúde. Só para entender

um pouquinho, vamos começar o planejamento e depois a Conferência?

Maria Augusta – Eu proporia de a gente começar com os informes da

Solange e aí entrar no planejamento e dentro do planejamento eu que estou

sugerindo que dentro do planejamento a gente tem que pensar um pouco nas

oficinas da portaria e na Conferência.

Bianca – Eu vou tentar participar até o final porque eu tenho um

compromisso com o Fórum Mundial e vou ter que me ausentar um pouquinho

mais cedo. Independe se tiver avançado até eu sair se tiver avançado a

Conferência tudo bem, mas de antemão já me coloco de antemão para estar

contribuindo com o processo de organização da Conferência Mundial. Ah, da

Conferência dos Povos Indígenas, desculpa. Que poderá encaminhar para uma

mundial dos povos indígenas da América não é gente? A gente pode sair com

uma moção, já é um indicativo.

Maria Augusta – E acho que a gente vai precisar bastante mesmo Bianca,

porque na medida em que foi bem avaliada a Conferência Nacional de Saúde

Indígena eu acho que muitos dos subsídios aconteceram lá a gente pode

incorporar para pensar a nossa Conferência aqui. Se tiver de acordo eu já passo a

palavra para a Solange, pode ser? Sol e Gustavo nossos Assessores Parlamentares

da Funai. Obrigada.

Solange – Boa tarde gente, boa tarde a todos. Enfim, eu conheço a

maioria, acho que a maioria me conhece, estou assumido agora junto com o

Gustavo a Assessoria Parlamentar e a ideia é a gente sempre estar fazendo

informe para vocês do cenário que está, do que está acontecendo no Congresso e

Page 161: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

é legal que vocês puderem estar com a gente. Então a gente vai fazer essa análise

juntos do que aconteceu. Na verdade são três informes que a gente gostaria de

passar meio rápido, primeiro, antes de entrar na história da PEC, nós estamos com

projeto de mineração que não é amineração indígena, o projeto de mineração era

para ser votado agora no final do ano, está sendo discutido, está na iminência de

ser votado e o projeto de mineração tem um artigo que fala de mineração

indígena, a gente está tentando na negociação retirar esse artigo, o pessoal do

movimento está nessa luta, salvo engano é o artigo 109 que é do Projeto de

Mineração geral, tem um artigo que traz de novo uma ameaça aos direitos

indígenas, então a gente está nesse momento nessa luta para retirar esse artigo e

não está fácil porque o relator é uma figura de difícil trato. Assim, eu estou

passando o informe e não sei se são informes requentados, se vocês já sabem, mas

enfim, desculpa se são informes requentados. Segundo informe que o PL que era

do Conselho da CNPI, transformar a CNPI em Conselho saiu o último relatório

do Relator e é contrário ao PL dizendo que a Comissão já tem a mesma

contribuição, que não precisa desse Conselho, enfim, é o relatório que saiu essa

semana desse PL da Comissão do Meio Ambiente com parecer contrário,

desculpa, do Meio Ambiente não, da Comissão da Amazônia, contrário ao projeto

de governo em relação a instituição, transformar a CNPI em Conselho. Outra

rasteira para a gente que a gente vai ter que lidar com isso e ver qual é a

estratégia. Mais uma. E o terceiro é só dá um informe, como vocês

acompanharam a história do Congresso, é que a composição da PEC ficou acho

que pior impossível, e ontem teve reunião da bancada do PT e eles reafirmaram

os nomes que já tinham sido previamente indicados. O que a gente está tentando

fazer agora é trazer isso para a conta dos ambientalistas também. O mantra, a

gente está fazendo a discussão dizendo que a história da PEC não é só direitos

indígenas, só terra indígena que está sendo ameaçada, ele fala de unidades de

conservação, e nós não tivemos uma nota do Ministério do Meio Ambiente, nós

não tivemos uma nota do ICMBio, nós não tivemos. Enfim, e os ambientalistas

começaram a agir, começaram a acordar para essa ameaça que também paira aí, é

uma nova discussão do Código Florestal, nós já acionamentos também o Sarney

Filho, ele estava nessa briga toda, se negou a indicar o PV e o PSB foram os dois

que não indicaram nomes ainda por conta de resistência, só que o fato de não

indicar não quer dizer que vai paralisar porque o presidente da casa tem atribuição

e ele tem competência legal para fazer indicação ad hoc, ele pode fazer essa

indicação. De qualquer forma, a estratégia que nós buscamos hoje, e ontem, foi o

seguinte como houve um problema legal ontem que nós entendemos legal e

formal na hora da eleição da mesa, assim o PV vai tentar verificar se pode entrar

com questão de ordem ou questionar se vai tentar questionar a eleição, porque

quando um deputado chegou para votar a eleição da comissão já tinha se

encerrado, então com todo aquele barulho a gente vai tentar olhar essas coisas

regimentais, o PV ficou de fazer isso. Segundo, o deputado Sarney Filho

possivelmente vai entrar na briga com esse viés ambientalista, tentar melar o

Page 162: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

máximo essa discussão. O PT a gente também, o pessoal, a gente foi tentar

também fazer com os parlamentares mais próximos tentando trazer pessoas mais

ativas, mais fortes para essa discussão, os que estão agora não são muito dessa

pauta, então a gente não sabe mais ou menos. Assim, a gente vai ver como vai ser

a condução desses trabalhos, mas não é um cenário muito favorável, não. O que

nós ficamos sabendo hoje também é que tem uma grande possibilidade, mas

assim, são comentários de bastidores, que esse relatório até já esteja pronto, então

assim, eles estão fazendo essa coisa de alegre, mas tem grande, assim, o cenário

já está mais ou menos desenhado e que esse e aí é um alerta para a CNPI mesmo,

essa história de não colocar e aí estou falando como advogada e como pessoa que

milita na área, essa história de falar assim: vai ficar só na discussão e não vai

para o plenário. Isso não tem quem segura, regimentalmente, estou falando por

conta de regimento, conseguindo o número de assinaturas não tem como o

presidente segurar essa história de não colocar no plenário e pode ser que a gente

leve uma rasteira e em qualquer momento eles adiantem a história, terminem o

seu trabalho e coloquem o relatório final em plenário e aí a gente novamente.

Enfim, esse é o cenário. O que a gente está tentando fazer é isso, os deputados

mais próximos ocuparem esse espaço lá para ficar tentando prorrogar o máximo,

vai ver essa questão regimental, enfim, tentar atrasar ao máximo a condução dos

trabalhos, mas é isso, é a minoria da minoria. E, outro cenário também é que o

pessoal do PSDB. Parece que tem uma ala do PSDB muito brava, e que vão

questionar os nomes que foram indicados aqui, uma ala do PSDB que está mais

ligada a questão do meio ambiente. Quando eu falo essas palavras a gente tem

que ver quem é quem na ordem do dia, tem o PSDB ligado aos ruralistas, mas

tem uns que são ligados, o deputado Trípole é da Comissão do Meio Ambiente e

disse que ia brigar por esse espaço porque ele entende que a questão ambiental

está em risco. Então assim, tem forças aí brigando internamente em seus partidos

para poder somar a essa luta maior. Agora assim, o recado é essa história. Acho

que o cuidado é justamente essa história de que não é só discussão, o Ministro

disse que tinha esse possível, que ia tentar não colocar para votar, que o governo

ia tentar segurar, mas regimentalmente é muito difícil se o trabalho da Comissão

se encerrar, e eles não levarem a plenário. Enfim, vocês precisam depois discutir

as forças que estão e como vai lidar com essa história toda. Na próxima terça feira

já tem agenda para essa Comissão. Por isso que eu estou dizendo, lógico que são

comentários que a gente traz porque são pessoas ligadas. Bastidores, bastidores

que você pega as informações. Essa história do relatório que está mais ou menos

pronto, alguma coisa deve ter mesmo, eles não estão de alegres nessa história. É,

e aí o que eles querem o que se percebe, eles querem acelerar o trabalho. A gente

falou: Mas semana que vem é bom que já esteja encerrando o ano, não dá para

vacilar. Qual o cenário que nós temos: semana que vem é a última semana do

Congresso mesmo, só que o Presidente chamou os deputados por conta do

orçamento, então tem grande possibilidade de dar quórum no Congresso, por que

assim, se não fosse dificilmente deputado vem na semana de natal, mas a gente

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está com essa espada na cabeça porque é votação de orçamento. Votação de

orçamento, como é uma coisa de interesse de todos, então tem grande chance dos

deputados estarem na Casa na próxima semana, estando na Casa tem grandes

chances dessa Comissão se reunir, porque assim, em dois segundos eles fazem

dar quórum. A reunião está marcada para terça feira às 14h. Mas enfim, na página

da Câmara está às 14h e com essa possibilidade, porque 18h estava essa história

toda, mas eu acho que vai dar Plenário. Na página está às 14h. Tem essa

possibilidade das 18h, mas eles estão com medo de ter Plenário, porque se a

discussão no Plenário estiver ocorrendo não se pode ter Comissão Deliberativa

paralela. O Plenário tem prioridade em termo regimental, se tiver discussão em

Plenário essa história de 18,14, enfim, na Câmara, na página está às 14h com essa

possibilidade de 18. Mas o que a gente traz é o seguinte, como é orçamento tem

grande chance dos Deputados estarem na Casa na terça feira. Então, eu posso até

passar aqui para vocês darem uma olhada, porque como são bastantes nomes.

Espera aí, eu vou passar para o Gustavo que ele ajuda nesse informe.

Gustavo – Essas pessoas que foram definidas pelo PT para participar do

grupo que a gente pode até ler aqui rapidinho que é o Afonso Florence que era

Ministro do MDA, o presidente da Comissão, Geraldo Simões do PT da Bahia

que já se manifestou favorável a PEC 215 em alguns momentos e está brigando

para que o PT mude a sua posição de ser contrário a PEC 215 para que seja

favorável, o Pe. João que é contrário do movimento de Minas Gerais, do setor

agrário do PT, Anselmo de Jesus do PT de Rondônia, Paulão de Alagoas e o

Valmir Assunção do PT da Bahia. Valmir Assunção é contra a PEC 215, o a favor

é o Geraldo Simões. O Valmir Assunção é suplente. Suplentes são Anselmo de

Jesus, Paulão e Valmir Assunção. Os titulares são Afonso Florence. O discurso

do Pe. João é que se deve mexer na desintrusão [extrusão] como um tema a ser

decidido pela bancada, porque a desintrusão [extrusão] do jeito que ele imagina

que é feito hoje é agressivo aos assentados, às pessoas que são impactadas pelas

demarcações. O Geraldo Simões é deliberadamente favorável a PEC 215, tem um

viés de defesa dos agricultores e o Afonso Florence foi Ministro do

Desenvolvimento Agrário, então tem sua base ligada aos pequenos agricultores,

mas o PT deliberou que tivesse um grupo de suporte a esses seis que se reuniria

para orientá-los e para trabalhá-los na força de ser contrário a PEC, de se manter

posição contrária e esse grupo é formado pelo Pe. Tom, pelo Molon que é um

bom regimentalista que defendeu a inconstitucionalidade da PEC 215 na CCJ

com muito vigor, e o Saguás do Mato Grosso que tem uma posição meio dúbia,

mais o Renato Simões que é o suplente do Genuíno. Renato Simões que entrou no

lugar do Genuíno, que é um aguerrido contrário a PEC 215 pela forma mais

legalista, mas constitucionalista do viés que vão dar suporte a esses deputados. O

que está claro é que é uma disputa ainda dentro do partido, como está sendo uma

disputa dentro dos outros partidos também como a Sol disse, o PSDB também

está tentando melhorar um pouco o universo com medo da questão ambiental,

Page 164: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

indígena, ter uma relevância grande na eleição e com isso o candidato deles

perder essa pauta, essa bandeira, então não é uma luta perdida, mas será uma luta

Política mesmo. A sociedade é que vai decidir o posicionamento que as pessoas

vão ter nessa Comissão e eles dizem que é uma Comissão para não se votar nada

e sim para se fazer pressão no governo federal para que o governo federal resolva

a questão da demarcação da terra indígena, segundo eles, antes que a PEC faça o

seu relatório e continue sendo, como a gente disse, uma espada na cabeça dos

direitos indígenas que aí fica esse jogo de cena e isso foi o que a gente conseguiu

colher desses dias de trabalho.

Paulino – Só para ajudar na conversa. Paulino Assessor da ARPIB. Só

para ajudar na conversa, o quadro colocado hoje resumidamente vai depender da

mobilização. Como nós demonstramos desde julho do ano passado contra a

Portaria 203 passando pelo mês de abril que empurramos essa PEC até o final do

ano agora, só depende de mobilização exatamente nas três frentes aí, ambiental,

quilombolas e indígenas. A gente vai ter que trabalhar muito o risco se com eles

podem aprovar em três anos podem aprovar em três meses, está colocado o risco

desanimador a compulsão da Comissão. Incluindo o Geraldo na turma dos

ruralistas estamos dezesseis a seis, Dezesseis a seis, isso contando com alguma

conversão dos outros do PT que estão lá, porque não tem acúmulo, não tem peito,

o próprio presidente da Comissão é uma “rainha da iglaterra”. O presidente de

Comissão não manda, nada, quem manda é o Relator, mesmo que o Florence

tenha sido Ministro do Desenvolvimento Agrário, isso não resolve nada, ao

contrário. Então gente, é só para resgatar uma conversa que nós tivemos uns

tempos atrás de a própria bancada indígena, CNPI, se articular para fazer

presença intermitente em Brasília junto com as comunidades, só assim que

seguramos a Portaria 203, e a PEC 215. O quadro é desfavorável, mas ainda bem

que há uma sensibilização total. Eu estava agora no Fórum Mundial dos Direitos

Humanos, estávamos com um seminário da frente parlamentar dos direitos

humanos e há uma unanimidade, inclusive saiu uma nota de uma carta dirigida ao

presidente da Câmara repudiando a instalação dessa Comissão. Mas, a gente tem

que recorrer a todos, inclusive junto ao STF, a gente já verificou possibilidade de

ação jurídica para impedir a tramitação, não tem condição de apresentar outro

mandado de segurança, é possível sim, mas aditivar o mandado anterior quando, à

época, era iminente a ameaça da instalação da Comissão, agora a Comissão está

lá, pode ter um motivo para sensibilizar o Ministro Barroso para, de vez, derrubar

essa medida. A gente vai ter que recorrer a todas as possibilidades, mecanismos,

formas de luta mais diversas possíveis para tentar barrar, porque isso é o fim da

picada, passando isso já era o resto, nem a minuta da portaria pode preocupar

mais, eles vão tratorar tudo.

Sandro – Sandro. Na verdade é uma curiosidade, vocês que estão

acompanhando mais aqui em Brasília, havendo essa reunião da Comissão, que

Page 165: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

passo que eles poderiam estar dando que poderia ainda mais dificultar a nossa

ação? Porque a depender, se preciso for, alguém tem que se mobilizar para ser

aqui.

Paulino – Regimentalmente, terça feira eles não têm como aprovar

porque a primeira sessão da Comissão é elaborar a agenda de trabalho da

Comissão. Entendemos que os poucos parceiros que temos lá irá incidir na

definição da agenda, nós mesmo, enquanto movimento, vamos apresentar

requerimento adoidado para as audiências públicas, visitas, diálogos, etc. O

problema é que, certamente, vamos ter muita dificuldade para aprovar

requerimentos, porque como maioria assim como eles podem aprovar o que eles

querem pode evitar aprovar o que nós queremos. Var ser muito difícil porque os

parlamentares, os poucos que estão lá, vão contar uns três porque o resto vai a

reboque, vamos ter que respaldar muito com mobilização, esse é o desafio viu

Sandro. E vamos contar que as próximas semanas não andem muito não só pela

questão do orçamento, até porque tem um Projeto de Lei novo onde os

parlamentares estão querendo aumentar as contratações para os seus gabinetes,

isso aí vai dar rolo, na próxima semana, porque tem companheiros que já estão

trabalhando, ia entrar em pauta hoje, foi jogado para terça feira que é um assunto

de plenário. Então, vamos torcer para que as forças se embolem no meio de

campo.

Solange – Só para clarear, de qualquer forma essa história do plenário é

só para dizer para a gente não se iludir no argumento de que essa Comissão é só

para discutir, que não vão levar a plenário, isso não tem garantia. Porque, assim, o

Ministro, e estou me respaldando na fala e nessa justificativa que estão dando que

a Comissão é só pra se discutir, que tem um acordo de não se levar a plenário, o

que eu estou chamando atenção é questão regimental, o plenário é uma

possibilidade muito plausível porque conseguindo a assinatura necessária nem o

presidente consegue barrar a ida para o plenário, isso é fato. O plenário, lógico

que não é esse ano não, tem toda a parte regimental, toda parte formal da

discussão da Comissão, tem que ter as audiências, tem que ter as reuniões, enfim,

tem todo um passo. O marco temporal que nós estamos dizendo de terça feira era

assim, nós estávamos na esperança de ter sido encerrado o trabalho do Congresso

essa semana e de não ter mais nada na semana que vem. E essa nossa esperança já

caiu por terra por quê? Por conta do orçamento tem grande possibilidade dos

parlamentares estarem aqui, eles estando aqui vão começar os trabalhos da

Comissão da PEC na semana que vem. Começar. Então é isso. Agora, jogo rápido

mesmo, faço minhas as palavras do Paulino e só acrescentando, uma coisa é o

Congresso e do Congresso nossas relações são muito ruins, a correlação de força

a gente está, a gente perde longe. Agora, essa história da mobilização, e aí o

movimento se aproximar do movimento ambientalista é a nossa única, que eu

vejo ser a única saída, mobilização e se aproximar do movimento ambientalista,

Page 166: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

com essas duas forças e o povo na rua. A única coisa que estremece o Congresso,

que estremece as forças postas. E quilombolas, então eu acho que as lideranças

aqui têm que pensar como trazer, porque assim, até então só os índios se

manifestaram, o movimento ambientalista a gente ainda não viu nada tão incisivo,

não estou dizendo que não estão mexendo, a gente não viu nada tão claro e

evidente como foi a reação dos índios e estou aqui se vocês tiverem alguma

dúvida.

Maria Augusta – Bom, então vamos partir para o nosso ponto de

planejamento de 2014 e aí relembrando, acho que não estava todo mundo aqui na

hora que a gente estava tentando se organizar, para o planejamento considero que

já tem duas pessoas bastante importantes que a gente vai ter que se debruçar, uma

é pensar o cronograma das oficinas de discussão da portaria do Ministro que

conforme foi tirado aqui com o Ministro e o segundo ponto é a gente pensar na

programação e planejamento da Conferência. Então, e a agenda da CNPI do ano,

a gente tem que pensar a nossa agenda do CNPI, as reuniões e tudo mais e

pensando que se nós formos de fato já dar início às etapas preparatórias da

Conferência, a gente vai ter bastante reunião na ponta, muita região nos locais,

nas terras indígenas, então talvez pensar um pouco casar o cronograma da CNPI

com algumas agendas da Conferência, enfim, acho que a gente vai precisar ter

bastante atividade. Procurar administrar muito bem o nosso tempo no ano que

vem porque é um ano mais curto, a gente sabe, com todas as atividades eleitorais,

a Copa, vai ser um ano mais enxuto, então a gente poder aproveitar alguns

momentos para desenvolver mais de uma atividade em conjunto, pode ser, por

exemplo, uma etapa preparatória e já uma reunião da CNPI. A gente precisa

pensar um pouquinho para conseguir desenvolver e executar toda nossa agenda

para o ano que vem. Então está aberto para a gente começar a refletir. Bianca já

se inscreveu.

Bianca– Bianca SESAI, Ministério da Saúde. Assim, penso eu que uma

vez decidida a realização da Conferência ela requer uma prioridade zero porque

foi o que aconteceu conosco da saúde indígena da SESAI, ela foi convocada no

final do ano passado, de 2012, tivemos o ano inteiro de reuniões para realizar as

etapas locais e distritais e aí não se discutia outras etapas. No controle social, só

se discutia as etapas da Conferência, como ia ser a Conferência, não tinha como o

controle social desenvolver atividades paralelas, tanto que da criação da SESAI

para cá foi organizar o controle social no primeiro ano, plano distrital para só

centralizar forças na realização das etapas da quinta. Então, como é prioritário

também menos um, em ordem de prioridades, a realização dos seminários. É uma

proposta, iniciaria no caso com os seminários para o primeiro trimestre, não sei,

quadrimestre. No primeiro trimestre, trabalhamos com doze avos que é o tempo

que se monta, se constitui a Comissão Organizadora da Conferência para pensar o

documento orientador, para pensar a metodologia da Conferência, porque assim, a

Page 167: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gente vê ela bonitinha que foi graças a Deus foi um sucesso, deu tudo certo, mas

são muitos detalhes, são várias reuniões que se faz para pensar cada passo. Como

temos duas agendas eu acho que onde vamos ter que dividir tarefas em relação à

organização da primeira Conferência e do Seminário. Creio que pelas falas, pelo

momento com o Ministro, temos urgência na realização desse seminário em

relação à minuta. É para a gente pensar de que maneira vamos trabalhar esse

planejamento para que não se atropele e se pense de maneira organizada, porque

não adianta a gente ter pressa e depois sair mal feito.

Maria Augusta – Deixa-me só tirar uma dúvida. Você colocou que o

seminário que vocês realizaram foi para constituir a Comissão Organizadora,

redigir o documento base e qual era a terceira tarefa?

Bianca– Foi o seguinte, teve a convocatória pelo Ministro e pelo

Conselho Nacional que institui, convoca a realização da Conferência, com isso

tem uma portaria que diz quem é o Coordenador da Conferência e os membros da

Comissão Organizadora que são indicados pelo Conselho Nacional. Uma vez

instalado isso oficialmente no Diário Oficial da União essa Comissão começa a se

reunir para pensar metodologia, para pensar os eixos, para discutir o tema central,

porque isso foi discutido, levada a ideia para a Comissão, a Comissão debate,

lógico que tínhamos a Ciça que estava acompanhando todo esse processo porque

temos que pensar o tema central, no caso da saúde, os eixos, e aí, o que vamos

discutir? Como vamos fazer? Foi feito elaborado o documento orientador com

questões problematizadoras, foi passado na Comissão. Então assim, são passos

que tem que ser dados. A relatoria como ela se organiza? São detalhes que não

podem passar batidos. É bobagem. Não, tem todo um processo de organização

que antecede as etapas locais, porque o que se discutiu nas etapas locais foi

baseado em um documento orientador para subsidiar a relatoria para a etapa

distrital e assim sucessivamente. Eu creio que fazendo duas atividades

concomitantes não sei como conseguiríamos, no caso como CNPI, como Funai,

como governo, dar conta de tanta demanda assim para o primeiro semestre, então

acho que pensar prioritariamente, no caso, as oficinas por conta da urgência da

portaria e se instala a Comissão Organizadora, não que ela deixe de trabalhar, mas

já se pensa na instalação da Comissão Organizadora enquanto um grupo trabalha

na questão da portaria para a gente se organizar mesmo e unir forças, porque não

adianta, o que acontece, o mesmo grupo que vai estar discutindo a portaria vai

estar também envolvido na organização da conferência e acaba prejudicando um e

outro. Para a gente pensar de que maneira podemos internamente nos organizar e

já instituir essa Comissão.

Maria Augusta – Só mais uma dúvida. Quantas reuniões e etapas

preparatórias vocês fizeram na nacional?Locais, e distritais?

Page 168: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Bianca – Foram 306 etapas locais com o envolvimento de 23.505 pessoas.

Para acontecer essas etapas locais a Comissão Organizadora se reuniu desde

janeiro pensando documento orientador, pensando como seria a metodologia e aí

foi toda uma metodologia baseada na Comissão de Relatoria, então tem todo um

desenho metodológico que tem que ser discutido para se iniciar uma etapa local,

porque a gente sabe o que vai acontecer na etapa local e o fluxo que vai até a

nacional.

Maria Augusta – Ok, obrigada Bianca.

Teresinha – Já temos três pessoas inscritas.

Bianca– Gente eu não sei se eu me fiz entender, para a gente nesse

momento no planejamento ver o que a gente prioriza e uma coisa para não ficar

chocando, para acontecer os dois planejamentos da melhor forma possível.

Aproveitando enquanto ainda não passo a palavra eu vou me despedir porque eu

vou ter que sair por conta de outro compromisso com o Fórum Mundial de

Direitos Humanos que nós vamos falar também sobre a Conferência, eu já tinha

avisado no início das atividades, mas é um prazer. Desculpa, presidenta, tomar

assim a fala. Mas é um prazer estar com vocês, não sei se agora eu posso falar um

feliz natal e um próspero ano novo, que 2014 seja melhor que 2013 e é sempre

um prazer estar aqui com vocês. Nos encontraremos em outros fóruns, em outros

momentos, em outras reuniões, em outras assembleias. Um beijo no coração de

vocês e até a próxima e desculpe qualquer coisa, se não foi atendido com tanto

carinho, tanto acolhimento algumas demandas, mas é porque como ser humano a

gente acaba cometendo alguns equívocos, mas sempre no sentido de estar

melhorando e acertando. Bom final de semana, bom retorna a todos vocês que

estão conosco desde a semana passada, principalmente.

Teresinha – Obrigada Bianca. Obrigada Bianca e um feliz natal para você

também. Primeira inscrita então nós temos a Chiquinha.

Chiquinha Paresi – Bom, Chiquinha Paresi, Mato Grosso. Bianca

obrigada viu Bianca e você está convidada para compor a nossa Comissão, aquela

Comissão que nós estávamos falando, até por conta de toda discussão que nós

tivemos entre nós paralelamente, mas assim, é muito importante isso para vocês

nos ajudarem a pensar, essa Conferência para nós é muita prioridade. Obrigada.

Bianca– Apoio integral e restrito. O que vocês precisarem, vocês sabem

que podem contar para a gente está reunindo e discutindo.

Page 169: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Desculpa interromper a fala Chiquinha, rapidinho.

Você não tem escapatória, você vai sair para a outra reunião, mas a gente vai te

colocar na Comissão está bem?

Bianca– Aceitadíssimo, só comunica o meu chefe também tá gente.

Maria Augusta – Eu falo com ele, pode deixar.

Chiquinha Paresi – Bom o que eu queria dizer é o seguinte, afinal nós

vamos ter o ano que vem bastante tumultuado se for pensar bem, o calendário e

tal e de certa forma a prioridade maior para nós é realmente essa Conferência e eu

queria lembrar aqui a todos, é bem rápida a minha fala, em relação a essa questão

da participação que não é só a nossa participação, mas é a participação de todos

os envolvidos, inclusive os governos estaduais e municipais. Nesse sentido os

governos estaduais vão estar envolvidos com a questão da eleição, ano que vem é

eleição e é Copa do Mundo, então nós temos aí dois eventos que praticamente vai

envolver o Brasil 100%, então é nesse sentido que a gente está preocupada aqui,

inclusive a nossa Comissão, a gente está preocupada exatamente com esse tempo

e de como vai ser dividido, distribuído esse calendário e principalmente casando

com a questão, quero lembrar os companheiros aqui, a questão do orçamento,

porque isso tem que estar previsto de um ano para outro. Essa é a questão que eu

estou bastante preocupada. Obrigada.

Teresinha – Obrigada Chiquinha. Rosa.

Rosa Pitaguary – Boa tarde a todos, Rosa Pitaguary, nordeste e leste

APOIME. Assim, nós tivemos uma reunião, foi criada uma pequena Comissão

para que a gente pudesse exatamente estar discutindo essas questões e a nossa

preocupação é exatamente em cima de ser um ano muito cheio que viria um ano

de Copa, um ano eletivo e por conta disso nós nos preocupamos muito

exatamente porque essa Conferência para nós é prioritária e agora a gente está se

debatendo com essa questão das oficinas, dessa minuta, enfim, e nós tivemos uma

conversa paralela onde a gente estava exatamente vendo como fazer. Como nos

organizar para o próximo ano vendo todas essas questões e vendo também como

seriam realizadas tanto as Conferências, nós tivemos essa conversa para a gente

estar fazendo essa troca de ideia. Eu fico muito preocupada porque a gente

precisa realmente nos planejar, nos organizar e por conta disso o tempo é muito

pouco para que a gente possa estar trabalhando a questão da Conferência e para

estar acontecendo a Conferência Nacional para o próximo ano. Está muito corrido

e eu acho que a gente teria que ver bem essas questões.

Teresinha – Obrigada Rosa. Rosane.

Page 170: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Rosane Kaingang – Bom, Rosane. Eu concordo com o que a Chiquinha

disse, e a Rosa Pitaguary, e ainda temos mais, nós temos aqui, eu estou lendo aqui

a ata resumida da 2ª Reunião Preparatória da CNPI 19/11/2013, tem mais uma

atividade aqui da PNGATI, então aqui está, as atividades são: dez oficinas

regionais entre os meses de março e maio de 2014, então é complicado, uma série

de atividades também com e essa da PNGATI. Então nós temos que refletir

porque às vezes a gente tem muitas atividades nas nossas regiões e acabamos por

fazer mal as coisas e dizer, a presidente da Funai não está na sala, mas para

contribuir nós tivemos nove ou dez oficinais regionais de Política Indigenista e

está no acervo da Funai como foi o sistema de convocação e quem dirigiu as

conferências regionais foram as organizações indígenas e lideranças dentro de

uma portaria colocada pela Funai e a minha sugestão é CNPI, organizações

indígenas, dirigindo essas Conferências e elas têm que ter o formato das

conferências como houve da política indigenista, porque no quesito saúde

começou tantos seminários locais, estaduais, não sei o quê, regionais, confundiu

os nossos povos na ponta, no quesito da saúde, esse formato da saúde que houve.

Então, a minha sugestão é nesse sentido porque já temos dentro da Funai um

exemplo de como foram essas Conferências regionais de política indigenista e a

nacional dentro desse sistema que a Bianca falou, é isso, então tem que refletir

sobre essa mesma agenda da PNGATI. Obrigada.

Teresinha – Só por uma questão de ordem, vou falar como Secretaria

Executiva, Teresinha Secretaria Executiva, a Rosane questiona. Só para

esclarecer esse ponto da Rosane porque ficou uma dúvida. Por que só entre março

e maio? Porque o orçamento da União só abre no fim de fevereiro e começo de

março, até aí todos os ministérios se não for aprovado até dia 31 agora só vão

trabalhar com um doze avos, para nós conseguirmos fazer as nossas conferências

regionais em mês de janeiro e fevereiro é muito difícil conseguir recurso, todo

mundo sabe que nós só temos que fazer as nossas reuniões a partir de março

como todo Conselho. Bo,, março, abril e maio está livre, junho nós temos a Copa,

julho, agosto e setembro é o período eleitoral, ou seja, três meses antes da eleição

e três meses depois da eleição não se pode fazer Conferência porque caracteriza

campanha eleitoral. Eu me baseei no Código Eleitoral de Eleições para saber

como fazer e eu achei que eram só três meses, são seis meses, são três meses

antes não se pode marcar nada e três meses depois porque caracteriza campanha

eleitoral a junção de pessoas. Você faz três meses antes você está durante a

campanha, três meses depois você fez uma promessa antes que três meses depois

será realizada, é um ano difícil por isso, então sobrou mesmo, outubro, novembro

e dezembro, sobrou mesmo março, abril e maio. Por isso o tempo é exíguo, muito

exíguo mesmo para nós fazermos isso. Sim, mas o Jaime já vai entrar, o Jaime já

está inscrito aqui e ele também vai entrar nessa questão da PNGATI com uma

proposta que a PNGATI tem de fazermos juntos a PNGATI e a Conferência.

Page 171: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Acho que o Jaime entra nessa, vamos continuar os inscritos porque eu só

justifiquei porque os três meses. Vamos ao próximo então, Dourado.

Dourado Tapeba – Eu queria só lembrar, a Rosane já fez uma parte da

fala que eu ia falar, em relação a questão organizadora que seria a própria CNPI,

as organizações indígenas e também envolver a questão dos professores e a

questão da articulação nacional da juventude também estar participando da

Comissão Organizadora, era só isso para acrescentar.

Teresinha – Obrigado Dourado. Marcos Xukuru.

Marcos Xukuru – Marcos Xukuru, da região nordeste e leste. Eu estou

mais cego em tiroteio porque a gente está no planejamento de 2014, ou estamos

falando da Conferência Nacional de Política Indigenista?

Maria Augusta – Vamos retomar aqui, rapidinho gente, vou tentar

explicar Marquinhos. Quando a gente começou ainda tinha algumas pessoas fora

da sala, a gente conversou o seguinte, que para fazer o planejamento de 2014 a

gente tinha duas coisas fundamentais além do quê, de planejar os nossos trabalhos

aqui da CNPI para 2014 que são cosias que já foram discutidas aqui na Plenária

da CNPI que é a questão da realização da Conferência que é uma agenda que está

proposta para ter início em 2014, tem algumas inclusive propostas de realizar a

própria etapa nacional em 2014, o que foi tirado aqui na vinda do Ministro que

era a realização de 10 oficinas para a discussão da portaria e também a agenda de

trabalhos da CNPI. Então dentro do planejamento de 2014 a gente está se

propondo a fazer esses três pontos principais de discussão, é isso. Mas se também

tiver alguma proposta de encaminhamento diferente a gente pode rediscutir.

Teresinha – Questão de ordem, Lindomar. Encaminhamento? De

encaminhamento tem Simone, Saulo e Jaime inscrito, quem sabe a gente houve,

encerram aqui e a gente já encaminha, pode ser Lindomar? Então é Simone.

Simone Karipuna – Oi, boa tarde, Simone Karipuna, região Amazônica.

Na realidade eu sigo na mesma, um pouco aqui, apesar da Guta ter dado uma

tranquilizada, mas eu estou me sentido um pouco confusa, e não estou

conseguindo visualizar muito a forma que nós estamos discutindo agora, vocês

me perdoem, mas é a forma que eu vou tentar me encontrar aqui, vou ser bem

breve. Nós temos três meses apenas, se eu tiver errada Teresinha me corrige, três

meses apenas para pensar nos seminários sobre a minuta da portaria, nós temos

também, estamos pensando também aqui sobre a Conferência Nacional de

Política Indigenista. Certo? A gente precisa estabelecer primeiramente o que nós

vamos pensar de que forma vai ser executada no ano que vem, o que a gente

agora vai planejar. Primeiro é o seminário sobre a portaria da minuta? A minuta

Page 172: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

da portaria desculpa. Ou a gente vai pensar agora de como vai se dar toda a

questão da Conferência Nacional? Eu estou meio confusa, estou baratinada aqui.

Paralela a isso também tem a questão da PNGATI que é justamente a implantação

de tudo. Aproveitando isso eu já remoto um pouquinho, a gente como

Subcomissão de Etnodesenvolvimento, a gente tem visto que tem acompanhado

que está ocorrendo a reunião no Comitê Gestor da PNGATI e a Subcomissão

solicita aqui também essa participação nessas reuniões. Com essa questão eu fico

pensando, a Rosa falou e a Chiquinha também mencionou, a gente estava aqui

esperando iniciar a reunião e a gente teve um bate volta de conversa entre várias

lideranças e pensamos como poderia ser a Conferência Nacional e a gente

pensando como se daria isso. Também foi discutido muito isso hoje, os moldes de

como foi a questão da Conferência de Saúde. Foi muito boa. A gente

acompanhou, eu acompanhei várias lideranças aqui acompanharam e viram a

importância que é, até porque, como a Chiquinha falou, a abrangência da

Conferência local, da Conferência Nacional não será somente para indígena,

porque a gente vai querer pegar vários parceiros tanto municipal, de várias

instâncias no nível local, para que a gente possa, a nível estadual também, fazer

todo esse nivelamento do que é a importância da Política Indigenista. Eu acho que

se for por aí, eu começo a dar uma visualizada de como é isso.

Teresinha – A presidenta está colocando que a Lúcia vai fazer um

calendário, vai tentar colocar o que for falado para no final a gente conseguir

fechar. Obrigada Simone. Saulo.

Saulo – Eu acho que a discussão sobre planejamento de 2014 tem que ser

concentrada na Conferência Nacional de Política Indigenista. Sobre essa

discussão de PNGATI.O que eu entendo, se nós vamos realizar uma Conferência

Nacional de Política Indigenista PNGATI, embora a PNGATI já tenha uma

proposta, tem inclusive um orçamento próprio para realização dessa discussão a

PNGATI é também parte da Política Nacional. Então o que eu entendo é que a

ação, o planejamento de 2014 deve ser a realização da Conferência Nacional de

Política Indigenista. A minuta tem que se submeter a esse processo, não faz

sentido, e a gente vai ter que explicar isso para o Ministro, não faz sentido

nenhum a gente estar discutindo uma Política Indigenista em nível nacional, e ao

mesmo tempo estar antecipando a discussão de uma minuta, quer dizer, a gente

está colocando a proposta, a minuta de portaria acima da Conferência Nacional de

Política Indigenista. Então, nós temos que agir com coerência. Acho que essa

conversa a gente tem que falar com o Ministro. A celeridade que o Ministro pede

é impossível ser menos que um ano, se é para fazer essa discussão. A Conferência

Nacional de Saúde não conseguiu fazer em um ano não é? É mais de um ano

porque tem as locais, a gente, se não fossemas eleições nós achamos que até

junho a gente fecharia a etapa nacional. Mas, com as eleições e o Ministro deve

entender isso melhor do que a gente, não dá para fazer a Conferência Nacional

Page 173: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

antes das eleições, só depois das eleições, lá para começo de dezembro. A

nacional, porque a gente pode realizar as consultas regionais, o ideal seria realizar

as locais, não vai ser possível, não vai ser possível do ponto de vista de tempo

principalmente. Agora, o que eu fico muito bem convencido de que é capaz a

gente realizar esse esforço, porque há essa necessidade de realizar essa

Conferência Nacional de Política Indigenista, é que pelo que me parece, pelo que

a gente conhece dos outros Conselhos que a Guta falava de manhã é importante

lembrar Guta, são 34 Conselhos, desses 34, apenas os povos indígenas e as

populações tradicionais não tem status de Conselho, são 32 Conselhos e duas

Comissões, simbolicamente isso é muito ruim, isso para mim caracteriza racismo.

Então, até do ponto de vista simbólico a gente tem que argumentar. Acho que

durante a gestão Lula foram 14 ou 15 Conselhos reestruturados ou criados. Então,

porque só a Comissão Nacional de Política Indigenista e a Comissão Nacional de

Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais não podem ter status de

Conselho? Para o estado brasileiro é muito ruim. Mas enfim, eu acho que a nossa

proposta seria: vamos realizar a Conferência Nacional de Política Indigenista, a

PNGATI é um dos pontos mais importantes a serem considerados nessa

Conferência, por isso pensar o tempo que vai ser dedicado a cada tema vai ser um

exercício da Comissão que vai preparar a Conferência e a minuta vai ter que ser

submetida a esse processo senão a gente inverte completamente a lógica e o

esforço e o compromisso dos povos indígenas vai ser para chegar ao final do ano

com a Conferência já realizada. Eu acho que não dá para pensar para além disso.

A outa coisa que eu gostaria de deixar aqui registrado, a CNPI tem experiência

também em execução das atividades tanto das próprias reuniões como das

oficinas com o investimento de poucos recursos. Vejam a Secretaria Executiva da

CNPI que nem são pessoas da CNPI, Funai e Ministério da Justiça se articulam,

coordenações, não tem despesas para o estado. As oficinais do Estatuto foram

realizadas da maneira mais econômica possível, inclusive a etapa nacional o

governo nem arcou, foi o próprio movimento indígena. Isso não é argumento,

financeiro não é argumento e tempo também não é argumento porque eu acho que

a CNPI consegue junto com as organizações indígenas fazer isso rapidamente e

da maneira mais econômica possível.

Maria Augusta – Obrigada Saulo. O próximo é o Jaime.

Jaime – Oi, Jaime da Funai. Eu queria reforçar um pouco algumas

questões que o Saulo levantou, e alertar para a importância que a gente está vendo

de fazer de forma integrada a Conferência de Política Indigenista e de Gestão

Territorial e Ambiental, mas fazer de forma integrada mesmo, a gente quer evitar

alguns riscos nesse caso, seja de colocar essa discussão da PNGATI em segundo

plano ou seja fazer ela fragmentada. Então agora vamos discutir a Política

Indigenista, dois, três dias para isso, vamos pegar dois dias para fazer da

PNGATI, tem que fazer integrado mesmo. Os temas que a PNGATI coloca, acho

Page 174: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que 70% dos temas da Política Indigenista estão ali dentro, agrega mais saúde,

educação e a gente tem o conjunto da obra. A gente tem assim, a Comissão que

for ficar responsável de organizar esse processo tem que pensar,

metodologicamente, isso de ter tempo suficiente para discutir o conjunto de temas

que são muito complexos e que seja discutido de forma integrada, que a gente não

fragmente e nem deixe um tema renegado ao segundo plano, essa é uma questão.

O Comitê Gestor da PNGATI na sua 1ª Reunião já propôs isso, os representantes

indígenas, os representantes de governo que fazem parte, muitos deles fazem

parte da CNPI também, já fizeram essa proposta de integrar e fazer uma coisa só.

Só que assim, a avaliação do Comitê Gestor da PNGATI era que era impossível

fazer essa Conferência em 2014, a proposta do Comitê Gestor da PNGATI foi

fazer em abril de 2015 por conta de todas as questões que já foram levantadas

aqui. Eu sei que existem contra-argumentos dizendo que em 2015 será outro

governo, a gente não sabe se vai ter compromisso de fazer a Conferência em

2015, que é legal tentar acelerar o passo, mas se a proposta é fazer 10

preparatórias. Se a proposta é fazer 10 preparatórias e mais essa demanda dos

seminários que eu não sei se vai ficar inserido ou não no contexto das

preparatórias, eu acho um tempo, pessoalmente,acho apertado e o Comitê Gestor

da PNGATI também achou difícil fazer em 2014, mas enfim, a decisão nesse caso

cabe a CNPI, como a gente destacou ontem a CNPI também é órgão de

governança da PNGATI, é o órgão, digamos assim, máximo de governança da

PNGATI, se a CNPI decidir assim vamos tocar o barco assim, mas pessoalmente

e o Comitê Gestor também entendeu assim, a gente está vendo dificuldade de

conseguir cumprir toda essa agenda em 2014. Do ponto de vista da PNGATI, da

Conferência da PNGATI, uma das questões importantes é discutir propostas para

o novo PPA, está certo? Porque a PNGATI apesar de já ter algumas ações

previstas no PPA em vigor antes mesmo da assinatura do decreto, a grande

maioria das ações não tem previsão orçamentária, e precisa. É um dos temas, um

dos objetivos importantes da Conferência é subsidiar o novo PPA. É claro que

não precisa ser só a Conferência a fazer isso, a gente tem outras formas de

influenciar o próximo PPA e ele vai começar a ser discutido em 2014, 2015, por

isso que a gente achou no âmbito do Comitê Gestor que o prazo máximo para

realização da Conferência seria abril de 2015 para dar tempo de ter propostas

concretas para o próximo PPA 2016-2019. Então é um pouco isso que eu queria

destacar, reforçar essa ideia de fazer junto, mas de forma integrada, de forma

articulada para que a gente tenha bons resultados, mas assim, eu acho tem o

desafio agora é pensar o tempo disso, a organização desse processo porque fazer

uma Conferência não é uma atividade simples, é um negócio extremamente

complicado que exige bastante mobilização e bastante planejamento e pensando

no caso da PNGATI em uma previsão orçamentária para o próximo PPA. Acho

que era isso.

Page 175: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Paulino está inscrito, eu já vou te passar a palavra, eu

só queria fazer algumas considerações aqui gente. Assim, isso que o Saulo coloca,

e que o Jaime reforça um pouco, só para colocar para vocês que é a posição da

Funai, em que sentido? No sentido de que, na verdade não é que a gente vá fazer

junto, duas coisas, a Conferência Nacional de Política Indigenista e a Conferência

Nacional da PNGATI, juntar as duas coisas, na verdade elas são uma coisa só. A

Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental é uma parte fundamental da

Política Indigenista que a gente quer ver discutida, implementada, enfim, pensada

na Conferência para poder se tornar em um instrumento único que regulamente a

Política de Promoção e Proteção aos Direitos de Povos Indígenas no Brasil. E,

outra consideração que eu queria fazer é o seguinte, eu até fiz questão de fazer

essa pergunta para a Bianca antes dela sair, assim, a gente fez uma avaliação

super positiva da Conferência Nacional de Saúde Indígena, que houve um

cuidado de fazer toda a preparação, a discussão nas bases, de isso vir subindo

para instâncias regionais e depois chegar a uma etapa nacional que é o modelo

mais adequando para você pensar uma Conferência, e ela disse que foram 306

reuniões de etapas preliminares, 306, então assim, a gente aqui falar em 10

reuniões me parece buscar simplificar um processo que é o contrário, que tem que

ser enriquecido, que tem que ser intensificado porque afinal de contas nós

estamos tratando e planejando realizar a I Conferência Nacional que vai pensar a

Política Nacional para os Povos Indígenas no Brasil. Exatamente, o Marquinhos

está falando que tem que ser dentro desse modelo, essa é um pouco a avaliação

que eu tenho também, eu acho que seria simplista a gente pensar em, sei lá, 10,

que fossem 20 etapas preparatórias. Eu acho que a gente tem que pensar muito

mais do que no tempo que isso precisa ser realizado, mais na qualidade desse

trabalho preparatório para que possamos vir para uma etapa nacional com

subsídio bastante forte e embasado para a gente tratar de uma política nacional,

que não é uma coisa simples, não é uma coisa qualquer, é um trabalho muito

importante, é fundamental para direcionar o futuro da Política Indigenista no

Brasil. Paulino.

Paulino – Obrigado. Na verdade, o Saulo adiantou um monte de coisas

que eu queria reiterar, o Jaime concordou, e a presidenta idem. Eu só queria

reforçar, de fato, que eu acho que o que nós estamos discutindo agora é a agenda

do próximo ano, acho que a gente teria que ser consensual quais serão as fases da

Conferência e já definir as datas. O que nós vamos fazer no primeiro trimestre, e

o que nós vamos deixar para os últimos três meses do ano, e acho que tem que

conciliar a agenda da Conferência enquanto atividade prioritária, número zero,

com as reuniões da CNPI, porque eu entendo que a Comissão Organizadora tem

que passar pelo âmbito da CNPI, ampliada, não do jeito que está aqui, aqui está

só a CGI, GSI não é? Com todos os órgãos que tem algum envolvimento com a

Política Indigenista, ou seja, tornar efetiva a plenária da CNPI enquanto órgão

responsável pela preparação da comissão da política indigenista. Eu acho que esse

Page 176: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

é o grande desafio, porque desse jeito aqui não vai dá para planejar Conferência

nenhuma, então esse é o primeiro desafio. Eu diria que, Jaime, a gente sabe como

está a discussão, tem que fazer um trabalho didático, político, técnico, muito sério

para convencer a opinião tanto do Comitê Gestor, quanto dos órgãos envolvidos,

quanto dos gestores de que a PNGATI não é uma Conferência paralela à Política

Indigenista. Aqui entre nós tem entendimento que são duas Conferências

paralelas, juntas, isso tem que superar, porque evidentemente o foco central e o

peso da PNGATI é a sustentabilidade, a proteção, a sustentabilidade dos

territórios indígenas, mas é tão importante quanto o tema da saúde, da educação,

da resistência, da promoção cultural, sociocultural dos povos indígenas, acho que

a gente tem que nesse sentido abrir o debate, talvez não seja esse momento,

porque no meu entendimento não é só uma questão de agenda, de datas, é uma

questão de metodologia de conteúdo da Conferência e tratar os assuntos no

mesmo patamar. Todos os aspectos que dizem respeito aos povos indígenas, áreas

indígenas, tem que ser tratados no mesmo porque aquela Conferência que o

Mércio fez, é a Conferência dele, esse é o momento de se discutir a Política de

Estado para os povos indígenas, a Política Indigenista que o Estado brasileiro vai

estabelecer a partir de 2015 com os povos indígenas em todas as áreas, em todas

as dimensões, porque além da PNGATI tem um assunto, presidenta, que nós já

discutimos há um ano e quatro meses, desde quatro de setembro de 2012, que é o

tema da reestruturação de ser levada para a ponta. Como vamos tratar isso?

Vamos tratar no âmbito da Conferência ou vamos tratar em outra agenda paralela

para as bases? Esse é um assunto que tem que se tocar porque a reestruturação

não vai para frente discutindo aqui na CNPI não, por mais que haja representação

qualificada e respeitada e legitimada, a reestruturação vai se discutir, lá na ponta

junto às comunidades, os povos, às organizações, às sociedades. Como que a

gente vai conciliar isso ou isso vai fazer parte da pauta de conteúdo da

Conferência. Como que vamos conciliar tem um monte de agendas que a gente

tem que ver se faz coincidir, separa, posterga a outro, inclusive a minuta da

portaria é certamente e concordo com os companheiros, fica atrelada e

subordinada à dinâmica maior que é das Conferências, senão a gente está

subvertendo a ordem, que já houve uma subversão da ordem no encaminhamento

dessa portaria, pois uma portaria não pode estar acima de um decreto assim como

um decreto não pode estar acima da Constituição, de uma lei, e uma lei está acima

da Constituição. Acho que a gente tem que tratar as coisas na ordem correta e o

quadro da conjuntura Política eleitoral do próximo ano condiciona a gente,

lamentavelmente, não tem como forçar a barra para tocar uma minuta ou qualquer

outra atividade a não ser atrelada a perspectiva da Conferência e ajustar à agenda

da CNPI e a agenda da Conferência. Acho que esse é o grande desafio e muito

trabalho, mas a expectativa é que seja com a participação de todos os órgãos do

governo, não só com os que estão aqui, senão acaba virando uma reunião de

indígenas e não da Política Indigenista do País.

Page 177: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha – Só uma questão de ordem, eu vou furar a fila aqui, como nós

não temos nenhum representante do Ministério da Justiça, nem um titular e nem

um suplente, eu acabei de falar com o Dr. Marcelo, porque o Ministério da Justiça

tem que responder também alguma coisa sobre as Conferências e sobre a minuta

da portaria, e o Dr. Marcelo pediu que eu transferisse a vocês que a discussão, as

oficinas da portaria, da minuta de portaria deveria ser o quanto antes em função

de que senão ficarão paralisadas todas as demarcações, portarias, mas quando

mais nós demoramos mais tempo fica. Então o que deveria ser em primeiro lugar

as oficinas da portaria e em seguida da Conferência. Estou transmitindo o que ele

me passou que era para nós avaliarmos bem, mas o que mais urgente agora seria

nós definirmos a minuta da portaria para que continuassem tocados os processos

de demarcação de terra indígena.

Rosane – O chefe dele disse que não ia paralisar as demarcações.

Teresinha – Sim, mas por isso, ele não ia parar as demarcações, mas

pedia que houvesse pressa e prioridade para que seja largada essa portaria. Para

isso ele pediu urgência, então transmito o que o Marcelo pediu que a gente

avaliasse bem. Eu coloquei que havia prioridade primeiro em primeiro lugar as

Conferências regionais e dentro delas as oficinas e ele pediu que nós

discutíssemos prioritariamente as oficinas para que continue sendo feita a

demarcação o mais rápido possível. Agora volto à palavra para vocês. O Elmir, da

Secretaria Geral da Presidência da República, em seguida o Saulo.

Elmir – Boa tarde, sou o Elmir, da Secretaria Geral. Em beneficio da

produtividade do trabalho eu acho que a gente poderia seguir dar uma sequência

da seguinte forma, primeiro definir quando a gente vai ver as sugestões de data

para essa Conferência, para a nacional, e em função disso determinar o que a

gente pode fazer e qual é a extensão, por exemplo, dos debates na base que vão

prepara essa Conferência. Eu acho que isso seria um procedimento que deve nos

ocupar agora imediatamente para a gente poder avançar. Obrigado.

Teresinha – Obrigada Elmir. Saulo.

Saulo – Vou dialogar com a Guta, a Bianca e o Marquinhos. A Bianca

não está mais.Não está, mas é a parte da fala deles. Eu acho que vocês pensam

muito burocraticamente, eu penso desburocratizando os processos. Os povos

indígenas sempre fizeram suas auto consultas, no ano de 2000, foi realizada a I

Conferência dos Povos Indígenas do Brasil, que a gente se esquece disso, não foi

aquela de 2006. Participaram cinco mil pessoas em Porto Seguro. Em um ano

foram produzidas umas cinco mil cartilhas Paulino em várias línguas com todo o

material que ia ser discutido, os pontos principais de discussão e as organizações

indígenas fizeram o processo preparatório. Porque também, outra coisa ruim é o

Page 178: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

movimento indígena ficar na dependência do Estado, então as organizações

indígenas são interessadas nesse processo, não dá para só fazer uma reunião se

tiver alguém do Estado lá para legitimar. Por isso que eu acho que se é uma

preparação prévia, quando nós discutimos essas 10 oficinas a gente discutiu que

teria que haver um material produzido, que teria que ter uma linguagem acessível

para o povo que é alfabetizado e para o povo que não é alfabetizado, que teríamos

que ter os tradutores do processo, para só depois acontecer as 10 oficinas

regionais, quer dizer, nós teríamos formas de pensar. A Funai tem as

coordenações locais, as organizações tem os seus contatos, tem que haver uma

contribuição entre, principalmente a Funai, mas aí já entre a SESAI também. No

caso da Conferência Nacional de Saúde, a gente tem uma estrutura que você tem

o Conselho Local, não tinha como não passar pelo Conselho Local, porque aí

seria inclusive desonesto, tem o Conselho Local, tem o Conselho Distrital, então a

própria estrutura do subsistema ela impõe isso e se não fizer assim fica

invalidado, entendo eu. Inclusive eu acho que eu fui um dos primeiros aqui a

discutir sobre o sistema, quando o CIMI propôs isso disseram que era uma

viagem do que nunca ia ser efetivado. Lógico que a gente não pensou assim, um

subsistema que ia ter essa ingerência grande do poder político, enfim, não vamos

discutir isso. Mas o que eu estou dizendo é que na nossa proposta que a gente

quando se reuniu no Ministério da Justiça a gente pensou que tinha que haver a

discussão prévia das comunidades, por isso que eu estou falando,

desburocratizando antes das dez oficinas teria que haver a preparação prévia,

agora, as deliberações só ocorreriam nas oficinas e quem viesse para as oficinas,

porque também a gente não apresentou uma proposta não é? Já seria

automaticamente o delegado da Conferência Nacional, a gente não elegeria dado

isso que vocês colocam, quer dizer, o poder está na comunidade, a comunidade

participa do processo de discussão, mas ela envia os seus membros para a

regional, quem vem para regional já é delegado da nacional, não tem processo de

eleição, aí não tem como não aferir o poder dado a comunidade que aí é outra

coisa da metodologia que tem que discutir bem, é a comunidade indicando quem

vai para essas dez. É só para dizer que na proposta como a gente discutiu naquele

dia a gente pensou também que teria essa local, mas o momento local não estaria

necessariamente sendo. É, institucionalizado, seria um espaço mais autônomo de

discussão. Agora, qual a obrigação, no caso, da CNPI e da Funai, principalmente,

é como fazer com que as comunidades estejam discutindo, o que vai ser

disponibilizado, que documento eles vão receber, por exemplo, isso que vocês

nos entregaram aqui, como vai para a linguagem das comunidades, e aí como

entra as organizações, qual a demanda disso. Enfim, é só para dizer que isso não

começa nas dez oficinas.

Teresinha – Entendi. Obrigado Saulo. Marcos Xukuru.

Page 179: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Marcos Xukuru – Bom primeiro dizer Marcos Xukuru, da região

nordeste e leste. Não sei por que Saulo me citou nesse negócio, eu apenas

concordei que eu acho que todos os povos devem ser escutados, isso é uma coisa

que eu já vinha falando e citei exatamente como se no Rio Grande do Sul onde a

Rosane colocava que foi péssima a situação lá da SESAI, infelizmente a gente

não pode por questões generalizar o que houve, o que aconteceu, sei que em

Pernambuco nós acompanhamos enquanto controle social, enquanto cacique,

enquanto liderança em todos os aspectos em Pernambuco e de fato uma discussão

que foi extremamente importante e a participação efetiva das lideranças

indígenas, dos Conselhos locais, de professores. Houve um envolvimento de fato

da participação na construção da Política de Saúde Indígena. O que o colega ali

concordo, acho que tem que haver sim esse envolvimento, agora, evidentemente

dentro dessa metodologia que você coloca aí eu acho que é extremamente

importante também, porque é uma coisa que eu não tinha ainda escutado, não

tinha visto isso. Outra coisa é em relação à resposta de Marcelo, eu acho aqui que

não podemos atrelar de forma alguma essa questão da portaria à demarcação das

terras indígenas, essa minuta de portaria, ou seja, forçando a barra aqui para a

CNPI que nós temos que discutir urgentemente essa situação senão aí demarcar a

terra indígena. Então assim, está com a faca no pescoço da gente, eu

particularmente acho que não é bem por aí. Quando nós falamos aqui que iríamos

analisar e discutir o processo é no nosso tempo, o nosso tempo que nós estamos

colocando é nessa perspectiva da escuta local e vindo para algo dessa magnitude

ouvindo a todos e todas dentro do processo. Eu, particularmente, discordo de

atrelar essa discussão da minuta de portaria nessa urgência que se coloca o

Marcelo nessa discussão, eu discordo completamente e a gente tem que seguir e

tocar o barco dentro dessa perspectiva da Conferência Nacional de Política

Indigenista assim como está sendo colocada, e proposta aqui pelos demais

companheiros.

Teresinha – Obrigado Marcos Xukuru. Próxima inscrita, Maria Augusta,

presidenta da Funai.

Maria Augusta – Não, só assim, dialogando um pouco com a proposta do

Saulo que eu acho que é bem interessante, claro que não desconsiderando o que

foi realizada a Conferência Nacional dos Povos Indígenas, mas assim, a gente

vem refletindo muito e até fizemos um pouco internamente essa discussão na

Funai, de que eu acho que a gente precisaria dar um passo a diante em relação ao

que já houve, que seria você ter uma Conferência que discutisse a Política

Indigenista e, inevitavelmente, você vai ter a necessidade para ver essa política

que vai ser discutida na Conferência e para ver ele implementada você vai

necessitar de atores governamentais ou o poder público, do estado para que essa

política possa se implementar efetivamente, não no todo efetivamente porque uma

política não se implementa só a partir de uma ação do estado, mas vai contar

Page 180: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

também com a necessidade de você ter ações públicas, ações do poder público.

Então, eu acho que ter uma Conferência pensando a política e por isso talvez eu

tenha imaginado ela em um modelo muito mais burocrático como é inerente a

tudo que leva participação de representantes do estado, mas é você ter também

uma participação de governo nessas discussões desde a base, isso é uma coisa que

dá trabalho, que leva tempo, que custa dinheiro, que vai um investimento de

orçamento bastante grande que foi um pouco o modelo como foi pensada e

realizada a Conferência Nacional de Saúde Indígena. Claro que eles têm um

conjunto, um sistema de participação e controle social dentro do Sistema Único

de Saúde, dentro do SUS, que já é muito mais, digamos assim, fechado no que diz

respeito à forma de indicação de representações, à participação dos próprios

Conselhos na eleição de delegados, como a Bianca colocou aqui na discussão do

texto base, enfim, a Comissão Organizadora da Conferência foi retirada de dentro

do próprio Conselho que é uma coisa que eu fiz um pouco um paralelo pensando

que a agente poderia trabalhar isso aqui dentro da CNPI para, enfim, tirar essas

primeiras premissas e esses primeiros trabalhos que teriam que ser organizados na

Conferência. Eu acho que esse modelo mais livre é bastante interessante, mas eu

acho que nós estamos em um momento do nosso histórico na relação do estado

com os povos indígenas do Brasil que requer uma participação governamental

ainda bastante forte para que a gente possa ter essa discussão incorporada,

internalizada no governo desde o que se pensa na base até se chegar para uma

etapa nacional. Mas assim, para reflexão, não precisamos também fechar isso

nesse exato momento, mas, colocando a partir de o quê a minha fala foi feita e

como a gente tem pensado um pouco esse processo da Conferência na Funai.

Obrigada.

Teresinha – Obrigada Guta, próximo inscrito Brasílio.

Brasílio Priprá – Brasílio Priprá, Santa Catarina. Eu acho assim, é como

dizem os companheiros, eu acho que a gente deve discutir, se comprometeu com

o Ministro que seria discutido nas bases, deve ser assim, agora, o que nós temos

que entender o governo e o próprio Ministro, é que nós temos que ter um tempo,

até porque nós precisamos avaliar bem, nós temos que trabalhar, as lideranças de

base têm que ter essa tranquilidade para conversar, ouvir, até porque a portaria da

terra indígena vai sair daqui a seis meses e dentro de um ano estartodas as terras

demarcadas, então nós precisamos de tranquilidade até em respeito aos nossos

povos que também não têm esse hábito de ter muito. Eles têm que ter

tranquilidade, vão sentar, vão conversar, vão ouvir, a gente tem que explicar para

eles o que está acontecendo, então tudo isso gera um tempo. Na verdade, a gente

está com a faca no pescoço e ter que fazer isso muito rápido, todas as coisas que

tem que ser feitas muito rápido acho que se tornam quase mal feitas. Nós

precisamos ter essa tranquilidade, não que a gente, se pudéssemos fazer com

rapidez provavelmente nós faríamos, mas se nós fizermos isso provavelmente nós

Page 181: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

vamos desrespeitar os nossos povos, isso nós temos que ter respeito,

tranquilidade, até porque o que nós vamos fazer são coisas para a comunidade e

também ajudando o governo a solucionar um problema que a nós incomoda, tanto

para os povos indígenas quanto para o próprio governo. Então nós precisamos ter

essa tranquilidade, infelizmente essa recomendação do Dr. Marcelo é um pouco

assustadora, mas vamos ver o que dá para fazer o mais rápido possível. Também

temos interesse disso ser feito o mais rápido possível, mas eu acredito que tão

rápido assim não dá para fazer. Eu queria deixar aqui, não sei se eu vou falar

mais, mas eu queria agradecer a parte do governo a que os militares

incansavelmente em todas as reuniões da CNPI sempre estiveram e sempre

estiveram aqui dentro dos horários, respeitando, assim, não de todo o governo,

mas de todos os governos que apareceu aqui da parte do governo os militares

tiveram mais respeito pela reunião da CNPI. Então quero agradecer eles de

coração, muito obrigado pelo respeito que têm.

Maria Augusta – Obrigado Brasílio. O próximo é o Lindomar.

Lindomar –Lindomar, da cidade de Sergipe. Eu gostaria de acompanhar

esse mesmo raciocínio do Saulo. Eu fiz parte da Comissão Organizadora da

Saúde e uma coisa que eu preocupo de cara é com o orçamento que eu sei que o

orçamento é um montante de dinheiro, vocês nem imaginem o quanto foi gasto na

Conferência de Saúde. Qual é a minha proposta? É encaminhar dessa forma,

nessa metodologia que o Saulo está encaminhando e que no futuro a gente possa,

acontecendo essa Conferência a gente pode estar trilhando de que forma, nós já

temos experiência, trilhando de que forma nós queremos para as futuras, mas que

nesse momento que a gente possa estar vendo essa questão de data da forma que o

Saulo está propondo, que a gente possa encaminhar. Obrigado. Levando em

consideração esses três meses que a Teresinha falou que só temos para realizar.

Obrigado.

Maria Augusta – Não tem mais ninguém inscrito. Toya vai falar?

Toya Manchineri – Tem uma questão que as propostas estão sendo

colocadas aí são interessantes para o debate, mas acho que nesse momento nós já

estamos às quatro horas da tarde, 16h, e o debate? Acho que a questão que eu vou

trazer aqui é mais na questão de a gente definir prazos. A Conferência Nacional

de Política Indigenista é bastante interessante, a PNGATI está dentro e outras

Políticas Públicas também. Eu acho que esses três meses, acho que nesse

momento a gente poderia estar discutindo a composição da Comissão

Organizadora da Conferência, acho que dá tempo para gente e a partir da

composição definir datas para nós termos um documento base para trabalhar essa

Conferência que aí eu acho que seria de março a maio, talvez provavelmente a

Page 182: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

gente definisse esses três meses para concluir esse documento base e ser aprovado

na CNPI que é lógico que nós estaríamos avançando muito mais. Obrigado.

Rosa Pitaguary – Rosa Pitaguary, Ceará. Nessa ata que nós tivemos

acesso, da 2ª Reunião Preparatória que nós já começamos a falar sobre a

Conferência aí a gente aqui embaixo já coloca para a gente ver organizar um

seminário que seria com algumas pessoas para estar vendo exatamente a questão

da Conferência, outra reunião, porque assim, nós estamos em um grupo, em uma

Comissão, essa Comissão é bem enxuta, quanto nós começamos a conversar

sobre a Conferência eu particularmente acho que essa Comissão deve ser

ampliada, porque até mesmo tem várias questões que têm que estar colocadas,

aqui na ata nós colocamos alguns ministérios ou órgãos que teriam que estar

fazendo parte da Comissão Organizadora também da Conferência e eu acho que

realmente é como o nosso colega colocou, que nós já deveríamos estar fechando

datas e vendo essa Comissão para que a gente possa estar dando esses

encaminhamentos porque tem que fechar também a questão de recursos para o

próximo ano que é uma coisa que também é prioritário porque se não tiver isso

não tem como acontecer as outras, então a gente já poderia estar pautando

algumas coisas que são importantes para que a gente pudesse estar fechando. E,

como foi citado aqui, a Conferência de Saúde Indígena que aconteceu tanto as

locais como as distritais e a nacional, eu participei de ambas as Conferências,

tanto na local do meu povo quanto na distrital que foi no Ceará como aqui na

Nacional, então assim, temos pessoas que podem estar nos ajudando, que

participaram. A Bianca se dispôs aqui, é uma pessoa importadíssima para que

estivesse também nos ajudando nessa Comissão com a experiência que ela já teve

da Conferência Nacional da Saúde e a gente já estar pontuando isso e fechando,

porque se a gente for discutir, discutir, nós vamos sempre estar repetindo sempre

a mesma coisa e não vamos chegar a lugar nenhum. Acho que nós devíamos

pontuar algumas coisas e fechar. Obrigada.

Maria Augusta – Rosa, você poderia então já apresentar para a plenária a

proposta que vocês fizeram, lá na reunião preparatória? Pelo menos dos órgãos?

Assim gente, só tentando acompanhar, encaminhar. Eu gosto bastante dessa

proposta do Toya, de a gente tirar hoje aqui a composição da Comissão e a

Comissão pode aprofundar esse debate, se vão ser mais preparatórias ou menos,

as etapas locais vão ter participação do governo ou não, enfim acho que esse

debate vai ser aprofundado depois, isso não precisa ser decidido agora. Então tirar

hoje, eu acho, a Comissão Organizadora e da parte do governo como tem vários

representes que não estão aqui presentes a gente poderia definir ao menos os

órgãos, depois as representações quem não tiver aqui pode encaminhar

posteriormente os representantes de cada órgão e tirar o prazo para a primeira

reunião da Comissão Organizadora, e o prazo final para elaboração do documento

Page 183: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

base. Acho que seriam essas três deliberações que a gente poderia tirar na reunião

de hoje. Ok? Então está bem. Quer apresentar Rosa a proposta?

Rosa Pitaguary – Eu vou ler aqui o que a gente conversou, colocando:

“Os participantes da reunião preparatória da 22ª Reunião da CNPI definiram

que a agenda dessa Plenária terá a mesma pauta da reunião anterior, acontecida

no dia 22/10/2013. Com relação à Conferência Nacional de Política Indigenista,

a sugestão é que deverá acontecer em 2014, incorporada à Conferência Nacional

da PNGATI. Os participantes definiram como órgão participante da Comissão

Organizadora desta Conferência: a Secretaria Geral da Presidência, Funai,

Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério

da Educação, Ministério da Cultura, Ministério do Desenvolvimento Social,

Ministério da Saúde, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério da

Comunicação, Ministério do Esporte, Casa Civil, Ministério da Justiça, INCRA.

Esse outro aqui é ICMBio, Ministério Público Federal, Conselho Nacional de

Justiça e OAB. A Conferência Nacional será realizada em dez regionais” que

aqui nós já temos uma proposta de ser mudada, quer dizer, ter as locais e depois

essas outras, “entre os meses de março e maio de 2014”. Por conta que nós

também já justificamos o ano que a gente vai ter por conta da Copa e o ano letivo.

“A etapa nacional será realizada após a eleição se for possível, os membros da

CNPI coordenarão a Conferência. A Conferência abordará os seguintes temas: A

Constituição Federal, a educação, saúde, autonomia, tutela, terra, território e

questões fundiárias, e a discussão sobre o Estatuto dos Povos Indígenas será

dividido em seis grupos”. Todas essas propostas seriam trazidas para cá para que

fossem apreciadas por todos e se tivesse ainda alguma pactuação, não é? Por

todos nós, e se tivesse mais alguma coisa para ser colocado, algum órgão que a

gente possa ter esquecido, enfim, seria mais ou menos dessa forma. Lá embaixo

tem, aí tem uma planilha, “tem essa planilha que nós colocamos e tem algumas

observações que nós colocamos: marcar reunião para discutir os valores, que

são os recursos porque eu acho que se não tiver, a gente discutir isso. É o

principal. Verificar o percentual para ser apresentado na reunião da CNPI,

organizar um seminário preparatório da Conferência” e enfim. Acho que foi

mais ou menos isso que nós tínhamos conversado que eu passei entregando para

todos para ver o que mais ou menos a gente tinha discutido e em cima disso ver o

que a gente poderia estar melhorando, se faltou alguém a gente acrescentar e

apreciação de todos aí.

Saulo – Oi. É só para fazer Rosa uma correção aí no texto, porque aí fala

“A discussão sobre o Estatuto”, ninguém na verdade pensou a discutir a

discussão do Estatuto na Conferência, é porque alguém estava falando da

metodologia do Estatuto e durante a proposta do Estatuto eram construídos seis

grupos e cada grupo trabalhava uma quantidade de temas, mas isso não faz parte

da proposta. Só para não confundir. Outra coisa, aproveitando a minha fala, acho

Page 184: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que a Guta já fez referência, esse texto da Funai eu gostei muito a maneira como

ele está um texto sucinto de vinte páginas, acho que é um ponto de partida para se

pensar na discussão durante a preparação dessa Comissão, achei legal, os anexos

também muito bons, está de uma maneira objetiva. Aí nós temos documento

produzido pela Funai, documento produzido pelas próprias organizações

indígenas ARPIB, os próprios da Conferência que são subsídios importantes para

essa Comissão que vai trabalhar, acho que dá para dizer que tem material bom

para ser trabalhado.

Simone Karipuna – Simone Karipuna. Na realidade é uma indagação a

essa Comissão, eu não sei, é que eu não vi aqui o Ministério da Defesa, e aí eu

acho interessante chamar para o bojo da discussão. Outra coisa também que eu

faço uma observação aqui, aqui quando diz: “Os membros do CNPI coordenarão

a Conferência.” Ficou não sei se ficou solto, eu acho assim, a gente tem que Eu

gosto de visualizar aquilo que eu estou trabalhando então eu fico muito geral.

Então assim, quem vai de fato estar coordenando porque eu sei que vai ter que ter

um grupo mais. Para que a gente possa verificar essa questão da Conferência.

Lógico que todo mundo da CNPI vai estar envolvido, mas justamente essa

questão de pontuar mais essa questão. E, essa coisa que a Rosa pontua e os que

antecederam já colocaram muito essa questão de trabalhar uma questão de data

para essa reunião, então na verdade eram só esses dois pontos que eu tinha que

fazer.

Lindomar – Só ajudando Guta, nessa preocupação da Simone, essa

Comissão uma vez tirada, eu estou dizendo isso por experiência da Comissão

Organizadora da Conferência. Porque quem conduziu a Conferência de Saúde não

foi nem os próprios coordenadores da Conferência, se foi visto dentro do âmbito

nacional quem podia ajudar e a gente escolheu, prepararam, não foi visita assim

faz, houve uma preparação e aí aconteceu.

Maria Augusta – Quantas pessoas tinham na Comissão Organizadora da

Saúde?

Lindomar – Rapaz, era em torno de umas 40 pessoas.Era paritária,

tinham trabalhadores, gestores, tinham usuário. Eram organizações, tinham vários

segmentos.

Maria Augusta – Porque é o seguinte, a Rosane se inscreveu, eu já vou

passar a palavra. Se a gente, eu achei um pouco grande o conjunto de órgãos para

compor a Comissão Organizadora porque assim, tem 17 órgãos de governo, se a

gente fosse incluir com a sugestão da Simone, a defesa seriam 18 e aí mais a

representação indígena que eu acho que no mínimo teria que ser paritária. Então,

eu acho que para uma Comissão Organizadora talvez fique um pouco grande.

Page 185: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Agora, em termos de participação, claro, acho que todos esses órgãos tem que

estar, pensei também, enfim, na SEPPIR que não está aqui, a gente poderia

acrescentar alguns outros órgãos que não foram citados, mas talvez pensar em

fazer uma Comissão um pouquinho mais enxuta, é uma Comissão de trabalho

mesmo, senão as coisas não fluem muito bem, mas só uma sugestão. Rosane.

Rosane – Eu concordo, queria dizer, queria referendar o que a presidenta

está fazendo, está falando, porque por experiência própria nas discussões das

Conferências Regionais de Política Indigenista a metodologia que o Saulo falou

foi sobre a metodologia utilizada por nós, quando discutimos certo? E aí, a Funai

convocou as organizações via portaria, as lideranças que não tinham organizações

e discutiu com eles, e eles é que coordenaram e compuseram as discussões da

metodologia e do material e a pergunta é, se é uma Conferência de Política

Indigenista nossa, para quê tanto órgão na composição da discussão? É isso que

temos que refletir e também o seguinte, eu queria terminar a minha fala, a

composição é grande, temos que ver como fazemos isso. Da inclusão das

organizações indígenas da Comissão Nacional da Juventude coordenando junto e

não podemos deixar de dizer as mulheres, porque as mulheres indígenas

participaram de uma discussão recente que nós participamos não é Chiquinha?

Você estava presente. De segurança alimentar para o CONSEA, as 50 mulheres

indígenas e elas já têm um documento produzido, e que está disponível aqui,

quem quiser a impressão eu divulguei no seminário da PNGATI em Porto Alegre,

era isso.

Maria Augusta – Chiquinha.

Chiquinha Paresi – É o seguinte pessoal, não sei se vocês prestaram

atenção naquela reunião que nós tivemos onde foi pautada a proposta da

realização dessa Conferência. Essa Conferência é completamente diferente das

demais Conferências que nós temos tido nesses últimos anos e pautadas para

esses últimos tempos, ela é diferente, na verdade essa Conferência é atrasadíssima

em termos de Constituição Federal. Lembra que nós fizemos uma retrospectiva

história da Constituição Federal para cá? Na verdade essa Conferência é para dar

ciência, dar conhecimento à sociedade brasileira sobre Política Indigenista. Então

ela é uma Conferência que envolve os indígenas e não indígenas e envolve

principalmente gestores de políticas públicas que atuam conosco. É uma

Conferência que vai dar um divisor de águas, entendeu? Ela não é igual, não

pensem vocês, não é igual a Conferência que nós temos tido da saúde, nós

estamos colocando a saúde como referência apenas na organização, mas não nos

seus princípios e objetividade, é diferente. Essa Conferência é uma Conferência

que já devia ter acontecido, como eu falei, pós-constituinte. Inclusive é uma

Conferência que foi colocada em vários momentos quando aconteceu a

Conferência que criou a CNPI, nessa Conferência dos Povos Indígenas, porque na

Page 186: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

verdade o que nós queremos com essa Conferência é chamar a atenção da

sociedade sobre o que é Política Indigenista que o povo não conhece não, aí ficam

aí discutindo nossas questões, discutindo sobre nossos povos. Qualquer um hoje

em dia na sociedade de uma maneira geral quer discutir sobre questão indígena,

mas sem saber o que são povos indígenas e o que é essa Política Indigenista.

Então, por isso é uma convocatória, a ideia deve ser colocada. Eu digo isso gente

até por conta de várias outras demandas que saíram de outras Conferências, as

pessoas não sabem o que é isso. Ela é uma Conferência diferente mesmo, por

exemplo, vocês estão achando que são muitos órgãos, mas não são, sabe por quê?

Muitos dos órgãos estão aí, o pessoal que está posto aqui junto conosco na CNPI,

mas tem muitos servidores de vários órgãos que desde o momento que

descentralizou a Política Indigenista, desde a década de 90 para cá, contando, por

exemplo, no pacto da Educação, não sabe o que é, e não sabe o que é Política

Indigenista, não sabe nada. Então, quer dizer, o que nós temos hoje é um quadro

de ações muito jogadas, muito dispersas, inclusive da nossa realidade. A

convocatória, inclusive até a convocatória, como o Ministério da Justiça é

responsável pela própria Política de uma maneira geral, é ele que aí convocar, é o

Ministério da Justiça. O nosso entendimento não é colocar essa Conferência igual

às outras, por isso que eu concordo com o que alguns de vocês colocaram com

muita propriedade dizer que a PNGATI faz parte da Política Indigenista, a

questão da educação faz parte, a questão da saúde faz parte. Então pessoal, é uma

Conferência bem específica e diferenciada, é uma Conferência intercultural, que

nós estaremos convocamos a sociedade brasileira para discutir essa Política

Indigenista, porque em relação a isso não são só os órgãos, mas o próprio povo

brasileiro é o que nós vamos fazer agora nessa campanha que a gente vai liberar

agora em abril do ano que vem a gente vai liberar em relação a nosso favor sobre

a questão da demarcação de terra e a nosso favor porque nós somos povos

indígenas, porque nós existimos e porque nós estamos até agora em um mundo

contemporâneo. Então nós vamos fazer um divisor de águas, primeiro uma

política indigenista antes de Rondon, depois de Rondon, período de Rondon,

fecha com a Constituição Federal para cá, é essa a Conferência, já está até

atrasada essa Conferência. Então por isso que ela foi colocada dessa forma e aí o

que a Rosinha colocou aqui dessas instituições tem que chamar sim, porque boa

parte dos gestores e eu falo isso, gestores do governo federal, gestores dos

governos municipais e estaduais, desconhecem a política, desconhecem a

realidade dos povos indígenas, nem sabe do que se trata, nem sabe o que é isso. E,

basta dizer, ouvir o que estou escutando que está acontecendo nessa Conferência

que está acontecendo agora da juventude e dos direitos humanos lá, um monte de

coisa que estão falando lá e o povo está mais perdido do que os vizinhos estão

tentando se encontrar lá, só para vocês terem uma ideia. Então, na verdade, é a

primeira Conferência que vai chamar a atenção do povo brasileiro, da sociedade

nacional, sobre a nossa política e nós povos indígenas, então ela é diferente sim e

Page 187: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

é aqui que vai marcar, daqui para frente que nós vamos marcar uma nova relação

com o Estado brasileiro. Bom, era isso que eu queria colocar.

Maria Augusta – Obrigada Chiquinha. Tem três inscritos. Pessoal, assim,

vamos só pactuar, a gente abre as três inscrições, o pessoal fecha, a gente vai

tomar um lanche, volta para fechar isso aqui, eu só queria. É para encaminhar

tudo, agora assim, eu só queria pontuar um esclarecimento que eu acho

importante, essa fala da Chiquinha é fundamental porque eu também vejo essa

Conferência como um marco, o resultado dessa Conferência vai ser um marco

normativo e institucional nessa relação povos indígenas e Estado e justamente por

isso é que tem que ter uma participação maciça de órgãos do governo, órgãos

públicos e não só governo federal gente, estados, municípios e tudo mais. Em

relação a esses órgãos que foram trazidos para seremchamados, eu acho que todos

eles e mais um conjunto de outros que não estão aqui tem que ser chamados a

participar da Conferência. O que eu coloquei e queria afirmar aqui é que para a

Comissão Organizadora poderíamos tirar um grupo menor, porque reunir com 17

órgãos de governo mais uma paridade indígena, da bancada indígena que tem que

compor também a Comissão Organizadora, nós vamos ter um grupo para

organizar, para pensar, para escrever para trabalhar, que é um grupo operativo, é

um grupo de trabalho, quarenta pessoas, praticamente, eu acho que é muito, mas

enfim, estou aqui dando a sugestão e só esclarecendo que a fala da Chiquinha não

inviabiliza, alias, ela complementa o que a gente colocou aqui em relação a

organização. Os próximos inscritos são o Saulo, e o Paulino.

Saulo – É para contemplar essa questão que a Chiquinha coloca, não

apareceu aqui, mas a gente tinha falado da realização de um Seminário Nacional.

Mas, esse Seminário Nacional é o momento em que todos esses ministérios

seriam convidados antes de começar o processo das dez reuniões, acho que

resolve ali e de fato eu acho que a preparação da Conferência fica no âmbito da

CNPI, CNPI organiza uma Comissão pequena e convida quem achar interessante

e as organizações, claro.

Paulino – O que eu quero dizer é, simplesmente, concordar com os

encaminhamentos que foram feitos pelo pessoal da Secretaria que é a gente se

debruçar sobre a data da próxima reunião da CNPI para entrar no meio da

composição da Comissão Organizadora. Acho que esse não tem muito o quê

perder de tempo nisso aí, era unicamente isso concordando com o que foi dito

pela Chiquinha, o Saulo, decidir isso, ou antes, de sair para o lanche ou na volta,

definir a data da próxima reunião da CNPI e lá que a gente discute a composição

da Comissão Organizadora e o plano de trabalho na sequência.

Luiz Fernando – Na verdade só para lembrar que nós temos um acordo

com relação ao Grupo de Trabalho Interministerial, então só lembrar a bancada

Page 188: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

do GTI, se vocês discutiram ontem ou hoje pela manhã a data, que fica a critério

do grupo. Não, depois do lanche, só lembrar que vocês também solicitaram não

agora, antes da 4º Reunião, utilizando a mesma fala do Titiah, incluir um número

maior de lideranças nas nossas reuniões, vocês solicitaram que houvesse um

número de convidados maior e que fosse feito uma vez em cada estado. Fizemos

o primeiro em Ilhéus na Bahia que foi, em minha opinião, eu acho que foi a

melhor reunião do Grupo de Trabalho, se definiu muitas coisas ali, algumas

andaram bem outras não como eu disse ontem. Vou aproveitar a fala para não

ficar repetitivo, Simone, Titiah dando resposta principalmente a vocês dois,

algumas coisas ficaram pactuadas na 4ª Reunião, dentre elas vocês pediram que a

gente desse uma celeridade à publicação das chamadas públicas no âmbito do

Brasil sem Miséria, á época nós estávamos em final de conclusão de chamada

para três mil famílias, 1.500 famílias no Rio Grande do Sul, e 1.500 famílias no

Mato Grosso, isso foi feito. A chamada para 1.500 famílias no Rio Grande do Sul,

já está em execução, o vencedor do certame foi a EMATER do Sul,

complementando essa chamada, nós, e aqui não houve tempo real até porque nós

já estamos no final o ano, não houve tempo de consultar a CNPI sobre isso, na

minha coordenação nós ainda tínhamos um recurso para apoio, apesar de ter

apoiado vários eventos indígenas esse ano, nós ainda tínhamos R$ 950 mil e nós

decidimos jogar também no Rio Grande do Sul para complementar mais 1.500

famílias que teriam ficado fora da chamada. Estamos fazendo isso via convênio

com o governo do estado, já está praticamente consagrado. Vocês pediram

também que nós divulgássemos as políticas públicas executadas pelo MDA para

as bases indígenas nos estados e ontem, por questão de esquecimento e por

questão de um monte de cruzamento de agenda, e eu também não me preparei

para essa demanda de vocês ontem, então hoje eu trouxe o Guia de Políticas

Públicas do MDA e do INCRA que já é o resultado da demanda do GTI, vou

distribuir pra vocês também. No âmbito dos jogos indígenas, também foi uma

demanda do GTI, que a gente realizasse feiras da agricultura tradicional indígena

como forma de demonstrar que os povos indígenas não produzem só artesanato, a

alimentação indígena. Na verdade o não indígena se arvorou. Enfim, é crítico para

um lado, mas se arvorou e está interferindo em está levando alimentos prontos,

industrializados para a aldeia na última década, isso está notoriamente sabido por

todos que é extremamente nocivo à saúde indígena. Nós fizemos dentro do

âmbito dos jogos indígenas, a 1ª Feira da Agricultura Tradicional Indígena e com

muito orgulho por parte do MDA a gente ficou muito satisfeito com os resultados

porque além do evento em si, da feira, nós fizemos três oficinas onde discutimos

as possibilidades de inclusão desse público na venda direta e no PAA, PNAE,

discutimos os gargalos, as dificuldades que eles enfrentam para acesso a essas

políticas e também as facilidades. Eu acho que a gente precisa também estar

atento, e fortalecer ações que esses povos já conseguiram vencer as dificuldades e

a gente apoiar, estamos também fazendo isso. Nós temos ainda um plano e isso

foi tralhado em conjunto com a Funai, eu quero chamar a atenção que essas

Page 189: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

chamadas públicas no âmbito do Brasil sem Miséria foram construídas desde o

início com a Funai e também com o MDS e outros parceiros que contribuíram e

ainda temos uma demanda de nove mil famílias para o ano que vem, acho que

essa chamada é muito importante até para cumprimento de metas estabelecidas

pela CNPI, mas acho que a gente, assim, que nós devemos nos reunir

principalmente com a Funai porque acho que essa chamada merece, precisa ser

transformadas algumas metas e atividades precisam ser modificadas sobretudo

para incluir esses novos programas que hoje estamos aprovando na CNPI como é

o caso da PNGATI, trazer também. Ela já não tem mais aqui. Mas, também trazer

para dentro das chamadas demandas indígenas estabelecidas na V Conferência

Nacional de Saúde. Então quer dizer, é preciso que a gente reformule essas

chamadas. Bom, fizemos outras chamadas, Rio Negro, e estamos construindo

agora uma chamada para o estado do Acre em que a gente quer fazer e eu vou

chamar também a discussão na próxima reunião do GTI, para que a gente utilize

essa primeira chamada para o Acre como um projeto piloto, que a gente verifique

se isso é viável em um tamanho maior, em uma dimensão maior, é exatamente.

Era isso gente, eu fico à disposição para atender. E, a data que vocês decidirem, o

local, por favor, data e local. Está ok? Enquanto está ocorrendo esta discussão

aqui eu, silenciosamente, vou distribuir esse material que eu acho que vai auxiliar.

Maria Augusta – Obrigada.

Sandro Tuxá – Deixa ajudar aqui o meu cacique Marquinhos e a minha

presidenta. Eu acho que já está completo Marquinhos, pode começar.

Maria Augusta – Vamos começar pessoal, é o seguinte, então a gente já

tem os nossos encaminhamentos. Olha só, eu já vou falar, a gente tem a resolução

sobre o PLS 237 ou 236. Bom, sobre a resolução que foi retirada do

encaminhamento do PLS, a gente vai ler para ver se aprova, temos que aprovar as

atas da última reunião e temos que encaminhar a questão das datas e a

organização da Conferência. Antes disso eu queria propor duas coisas rápidas,

uma é que o Cacique Damião pediu a palavra, queria passar a palavra para ele

rapidinho se estiver acordo da Plenária. Ok, Cacique Damião então pode vim

pegar o microfone e depois da fala dele queria propor que rapidinho o nosso

pessoal da Assessoria de Comunicação apresentasse muito rapidamente para

vocês o que vai ser o nosso novo portal, a gente tinha, como eu falei para vocês, a

ideia de lançá-lo aqui nessa CNPI, não deu tempo, vai ser ainda agora em

dezembro, mas a gente queria mostrar para vocês uma prévia de como vai ser o

nosso portal. Está bom?

Cacique Damião – Boa tarde, meu nome é Cacique Damião, Cacique

Damião meu nome e idioma é parisanã. Então eu estou aqui três meses

participando junto desse GTI e não conheço ninguém, eu não estou lutando dentro

Page 190: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

do GTI, mas a minha compreensão do meu estudo é lutar para a retomada das

áreas indígenas tradicionais de Marawatsedé. Mas agora estou com os senhores e

senhoras e todos os meus parentes que estão presentes, eu fiquei muito contente e

estou acompanhando sua discussão e relação, só que eu queria pedir nossos

parentes, não podem desanimar, não podem perder paciência, vamos lutar até

acontecer, mudar a cabeça da autoridade, dos que são contra índios, fazendeiros,

políticos, queremos mudar a cabeça deles, da nossa com paciência, com a nossa

experiência. Sou quem luta, mas diz há 48 anos para conseguir a retirada dos

fazendeiros e dos poceiros, mas deu tudo certo, então queria agradecer com a

presidenta da Funai e da CNPI. Estou hoje finalizando a minha participação, eu

preciso retornar para a aldeia porque lá ainda temos ameaças de morte do povo

com os fazendeiros e também já foi ameaçado muito e até hoje a ameaça existe,

mesmo que não temos medo pode acontecer de repente, mas não vou chorar, eu

tenho experiência para isso, se alguém guerrear eu quebro a perna deles. Isso é

coragem, eu agradeço toda a equipe que o governo federal tem, representantes do

governo, da Secretaria Especial e todo Ministro e Ministério da Defesa e o

Ministro da Justiça, agradeço aos nossos companheiros, guerreiros, Paulo Maldo

é guerreiro, Ministro é guerreiro, Thiago é guerreiro, presidente é guerreira,

presidenta da Funai. Então a nossa vitória foi muito resultado e grande é a nossa

vitória. Aos nossos parentes sou muito agradecido e agradeço a presidenta,

presidente também está presente, apresentando, esclarecendo, a compreensão

dela, então vamos, queremos unir e batalhar juntos, quem está a favor dos índios

vamos estar unidos, uma pessoa lutar não vai conseguir nada, unir quebra forças

mais ainda. Isso que eu queria pedir aos nossos parentes. Muito obrigada e muito

obrigada à presidenta.

Maria Augusta – Obrigada Cacique. Vamos passar então a leitura da

resolução.

Teresinha – Gente é um pouquinho cansativo, mas eu vou pedir a atenção

de vocês para nós conseguirmos aprovar no final: Resolução nº004 de 12 de

dezembro de 2013 Dispõe sobre o Projeto de Lei nº 236 de 2012. A Presidente da

Conferência Nacional de Política Indigenista, CNPI, no uso de suas atribuições

que lhe conferem o inciso III do Artigo 28 do seu regimento interno conforme

portaria nº 1396 de 15 de agosto de 2007 que dispõe sobre a Política Nacional de

Indigenista e considerando que os membros da CNPI se reuniram na 22ª Reunião

Ordinária realizada entre os dias 9 a 12 de dezembro de 2013; Considerando que

a Comissão Nacional de Política Indigenista é o espaço de participação e diálogo

entre os diferentes órgãos do governo federal e os povos indígenas tendo como

missão a construção e o acompanhamento das políticas indigenistas dos povos

brasileiros; Considerando todas as manifestações de seus membros durante a 22º

Reunião Ordinária da CNPI, expressando preocupação com o tratamento dado aos

indígenas no Artigo 36 do PLS, Projeto de Lei do Senado, nº 236 de 2012;

Page 191: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Considerando que, ao tomar conhecimento do conteúdo das emendas

apresentadas pelo relator senador Pedro Taques, a Comissão Nacional de Política

Indigenista/CNPI Resolve: 1º) Manifestar-se expressando o seu entendimento de

que o texto original aprovado pela Comissão de Juristas está em conformidade

com o paradigma constitucional e os tratados internacionais de direitos humanos,

de modo especial a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho,

OIT, incorporada ao ordenamento jurídico nacional pelo Decreto nº 5051, de

2004. 2º) Manifestar-se expressando o seu entendimento de que as emendas

propostas pelo relator senador Pedro Taques não encontram-se em acordo com a

legislação acima citada uma vez que limita o reconhecimento e aplicação dos

usos, costumes e tradições dos povos indígenas ao crivo do magistrado. 3º)

Sugere-se que sejam rejeitadas as emendas apresentadas pelo relator mantendo-se

assim o texto original aprovado pela comissão de juristas no que se refere aos

§§2º e 3º do artigo 36. 4º) Diante disso propõe-se a seguinte redação. Artigo 36:

Não há culpabilidade quando o indígena pratica o ato agindo de acordo com seus

usos, costumes e tradições do seu povo de acordo com o laudo do exame

antropológico. Artigo1º A pena será reduzida de um sexto a um terço se em razão

dos referidos usos, costumes e tradições o indígena tiver dificuldade de

compreender ou internalizar o valor do bem jurídico protegido pela norma ou o

desvalor de sua conduta. Artigo 2º A pena de prisão será cumprida em regime

especial de semiliberdade, ou mais favorável, no local de funcionamento do órgão

federal de assistência ao indígena. Artigo 3º Na medida em que isso for

compatível com o Sistema Jurídico Nacional e com os direitos humanos

internacionalmente conhecidos deverão ser respeitados os métodos aos quais os

povos indígenas recorrem tradicionalmente para repressão aos delitos cometidos

pelos membros de suas comunidades. Artigo 4º É considerado indígena o

indivíduo que se auto declara como tal e é reconhecido pelo respectivo povo e a

comunidade a que pertence. Brasília, 12 de dezembro de 2013. Maria Augusta,

Presidente da CNPI Interina.

Maria Augusta – Aprovado gente?Aprovada a resolução. As atas da

reunião passada. 21ª Reunião da CNPI, aprovadas? Algum óbice? Não? Aprovada

as atas. Bom, então vamos passar para a apresentação do site rapidinho para nós

fazermos os nossos encaminhamentos.

Madeleine – Boa tarde gente, quem não me conhece eu sou Madeleine,

Assessora de Comunicação da Funai, a nossa proposta desse site é que todos

contando Presidência, Diretoria, as Coordenações, tenham espaço nesse nosso

novo portal, nós estamos chamado de portal porque tudo vai estar dentro desse

novo site da Funai, Museu do Índio e inclusive nós temos um espaço para a CNPI

onde todas as portarias, enfim, todas as resoluções que saírem da CNPI vão ter

um espaço exclusivo para elas. A nossa ideia é que já agora nesse mês de

dezembro a gente coloque esse portal no ar, faremos um período de experiências,

Page 192: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

aqui nós estamos com o novo portal, naquele momento nessa primeira parte nós

vamos colocar as notícias, aqui terras e povos indígenas nós vamos colocar

exatamente as informações das terras, dos povos. A ideia desse portal é que não

só nós que trabalhamos com as questões indígenas, mas que todo mundo que

precise de informações que são ligadas a terras indígenas, a povos indígenas,

questões indígenas, ele vire um referencial, que a Funai vire um referencial para

que as informações sejam encontradas aqui. Vocês estão vendo ali CNPI em

destaque, é onde nós vamos colocar a gente ainda está alimentando esse portal, é

onde nós vamos colocar todas as resoluções que já saíram de todos os encontros,

reuniões extraordinárias, então todas as vezes que precisar de alguma informação

da CNPI ela vai estar sempre em destaque, todas as informações vão estar aí.

Uma informação que eu acho que vai ser bem relevante nesse nosso portal, além

da Funai, nós temos o Ministério da Justiça, precisou de alguma informação do

Ministério da Justiça nós vamos poder acessar diretamente do nossos site, não

precisa ir lá para o Ministério da Justiça, ele está linkado com o Ministério da

Justiça, quando a gente clica naquele banner Mistério da Justiça, a gente já vai

entrar no Ministério da Justiça. Então a ideia é que tudo referente às questões

indígenas estejam nesse portal, nós estamos finalizando o portal para no máximo

em duas semanas ele já estar no ar, a gente entra em caráter experimental. A

PNGATI vai estar aqui também em destaque, aqui vai estar a PNGATI em

destaque com o Museu do Índio e a proposta é que seja um portal dinâmico,

contamos com a colaboração de vocês também, o que vocês quiserem: Não olha,

está faltando isso, é importante que nesse momento a gente dê um destaque para

esse assunto de questões indígenas. Nós estamos completamente abertos a isso,

não só a parte de comunicação, mas o Fale Conosco vocês podem mandar

informações, vai cair direto na Ouvidoria o Fale Conosco, a comunicação vai cair

direto lá na comunicação, é um formulário eletrônico que nós fizemos na parte do

Fale Conosco que cai direto na Ouvidoria, todas as vezes que eu estou querendo

uma informação, não estou localizando. Não só nós que trabalhamos as questões

indígenas, mas todo mundo que quer algum tipo de informação vai poder pedir

aqui, já vai cair direto na Ouvidoria e a Ouvidora então tem o tempo por lei de 20

dias para responder e na comunicação nós também criamos um espaço para que

essas questões, porque o que a gente vê muito é que às vezes os veículos de

imprensa, mídia, têm algumas informações equivocadas, mesmo a gente tentando

responder sempre a impressa, às vezes eles ficam com algumas dúvidas. A ideia

é, tem alguma dúvida, entra aqui, tem aqui o mapa de onde nós estamos

localizados, a Funai. É importante falar que agora nesse novo portal todas as CRs

e CTLs vão estar contempladas aqui, então questões que acontecem porque antes

as CRs e CTLs estavam usando, aqui coordenações regionais, eles antes estavam

usando blogs porque não tinham espaço, agora tem no nosso portal. Pelo mapa

agora a pessoa consegue visualizar onde ela quer: Ah, eu quero saber alguma

coisa de uma determinada CR, de uma determinada CTL. Essas informações nós

já estamos disponibilizando e vão estar no portal e vão ser também alimentadas

Page 193: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

pelas próprias CRs e CTLs, aqui a pessoa pode navegar, a proposta é que ela

navegue em todas elas, cada Coordenação vai ter uma apresentação, as matérias

das Coordenações vão estar aqui também. Então eventos, fatos que acontecem em

uma determinada região que hoje a gente não tinha um lugar específico agora a

gente tem em nosso portal através desse mapa, onde a pessoa vai clicando. Teve

um evento, vamos pensar em coisas boas, não só coisas ruins, mas enfim, a

proposta é que as notícias referentes àquela determinada região estejam nesse

nosso portal. Esse portal foi criado pensando em todos, então a colaboração de

vocês, o que vocês precisarem: Olha da minha região nós temos uma informação.

O espaço está aberto para isso com as CTLs, as terras indígenas, a proposta é que

as pessoas possam entrar e ver exatamente tamanho, que povos que tem naquela

região, a ideia do portal é essa, que ele seja uma referência de questões indígenas.

Todas as informações que nós pudermos colocar nesse portal de questões

indígenas, de terras, notícias boas ou veiculação de notícias que são interessantes

que a gente coloque, uma nota explicativa que a gente não estava tendo esse

espaço que as pessoas consigam visualizar nesse novo portal da Funai esse tipo de

informação. Essa é a proposta do portal e a gente espera que agora já em

dezembro ele entre no ar, a gente vai começar em caráter experimental por uns 15

dias. Mas, que a partir de janeiro do próximo ano a gente realmente tenha uma

alimentação mais rápida, que o nosso portal seja mais dinâmico, então: Ah, vai ter

uma reunião. A proposta é que a gente já visualize isso diretamente no portal da

Funai, todas as informações ligadas às questões indígenas.

Maria Augusta – Só um adendo, já refletindo aqui que eu acho que seria

bom a partir do ano que vem a gente criar um espacinho para a Conferência não

é? As informações da Conferência e tudo mais de acordo com a agenda que a

gente definir aqui hoje. Obrigada Made. Não sei se alguém tem alguma dúvida ou

quer comentar.

Madeleine – Esse portal já é o que vai entrar no ar, se vocês tiverem

alguma dúvida, ali “Quem Somos”, exatamente falando da Funai, as ações da

Funai, as questões que estão no dia. Hoje, por exemplo, esse evento da CNPI já

vai ter um espaço para isso, a matéria já vai entrar diretamente na página principal

que hoje as pessoas têm certa dificuldade de visualizar essas informações, acaba

se perdendo no site e a proposta hoje é que, atendendo inclusive à Lei da

Transparência, as informações estejam todas aqui. Outro ponto importante é que a

partir desse portal todas as nossas fotos, as imagens que são captadas, elas vão

estar todas disponíveis aqui, então, por exemplo, a reunião da CNPI que está

acontecendo, as fotos todos que foram tiradas pelos nossos fotógrafos, nós temos

dois fotógrafos oficiais da Funai que é o Edinho, o Edson e o Mário, acho que

todos já conhecem, vão estar aqui. Elas podem ser baixadas, se vocês precisarem:

Ah, eu quero de repente fazer um informativo de vocês. A gente pode colocar isso

na página da Funai também, essa já são as fotos de ontem na presença do

Page 194: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Ministro que ele esteve aqui, então a ideia é essa, é dar uma transparência maior

ao trabalho, tanto da Funai quanto das lideranças indígenas, dos povos indígenas

estejam se vendo nesse portal e estejam representados aí. Não sei se a presidenta.

Nós fizemos, elaboramos um vídeo, nós ficamos nós sabemos que aqui na CNPI

teve um momento de prestação de contas ontem, hoje de manhã, apresentação dos

trabalhos que foram realizados ao longo desse ano de 2013, nós tínhamos uma

proposta inicial de colocar todos os, não só a presidenta falou, mas todos os

diretores, os coordenadores gerais, mostrando um pouco do trabalho que foi

desenvolvido ao longo desse ano de 2013 e as propostas de 2014, aquelas que

foram apresentadas aqui, mas até por conta da CNPI, tudo está acontecendo nessa

semana, todas essas questões que nós sabemos que aconteceram nessa semana,

nós não conseguimos colocar todos os diretores e coordenadores gerais, mas nós

fizemos um vídeo onde a presidenta mostra um pouco do trabalho que foi em

2013, mostra um pouco dos encontros que aconteceram e a gente vai passar para

vocês. Pode ser agora presidenta? Não, ele tem cinco minutos. Está bom? Oito

minutos.

(Apresentação de vídeo institucional da Funai. 2:22:32.9 a 2:31:10.6)

Maria Augusta – Gente, obrigada. Bom, então vamos voltar aqui a nossa

agenda, a gente agora procurar fazer os encaminhamentos sobre a Conferência.

Alguém quer começar propondo datas e a Comissão Organizadora.Bom, então

vamos lá gente. Só para recuperar um pouco, para ajudar na nossa reflexão, teve a

proposta de a gente montar a Comissão Organizadora, foi dada uma sugestão de

que isso saísse daqui de dentro da CNPI, é preciso então que chamemos alguns

órgãos do governo federal para participar dessa Comissão. Foi feita uma reflexão

aqui de que talvez não os 17 que foram citados no documento, embora os 17

tenham que participar. Então, o que a gente tem que tirar, principalmente, é quem

fará parte da Comissão Organizadora e como a gente vai, para quando iremos

marcar a nossa primeira reunião da Comissão que eu acho que coincide também,

pelo que eu estou entendo nós ter também um número de reuniões menor de

reuniões da própria CNPI para tratar de diversos assuntos, mas que a CNPI vai

estar no ano que vem concentrada muito mais nas discussões e operações,

digamos assim, que envolvem a Conferência. Não sei, acho que isso tem que ser

definido. Titiah.

Titiah – Eu acho assim, eu me preocupo quando coloca assim. Tem

ministério ali que às vezes nem está contribuindo na nossa discussão, que às

vezes falha em algumas reuniões. Minha preocupação é colocar esses nomes aí e

na hora das atividades falharem e atrasar as conferências por participação de

pessoas e a quantidade, eu acho que tem que dividir as tarefas não é? Porque já

que vai ter a Conferência dividir as tarefas como teve na Saúde, teve a Comissão

de Comunicação, teve a Comissão de Infraestrutura e assim, enfim, acho que

Page 195: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

pode ter uma quantidade, mas que deve dividir quem vai trabalhar metodologia,

quem vai trabalhar infraestrutura, quem vai trabalhar a organização e cada

Comissão se reúne, faça seus encaminhamentos e depois marca uma data que

sentam todos juntos e mostram seus encaminhamentos para socializarem juntos

até a Conferência Nacional.

Rosa Pitaguary – É porque assim, nós tivemos conversando com

algumas pessoas, na hora do intervalo, e nós temos uma pequena Comissão que já

começou essas discussões, e que a proposta seria a permanência dessas pessoas,

acrescentando mais os representantes da Subcomissão de Etnodesenvolvimento,

até mesmo porque fazem parte da discussão, a questão da PNGATI, a gente vai

englobar, então assim, seria ela e aí viria os representantes governamentais e aí a

gente veria quem poderia estar somando. Quem está nessa Comissão é como

represente, nós temos o Tóya e o Uilton que vem representando a APIB, temos a

Chiquinha, a Pierlângela, eu e Delclides e temos também o Saulo, do CIMI, e que

na falta dele vem o Daniel, os dois seriam, e mais dois representantes indígenas

que fariam parte dessa Comissão que seria do etnodesenvolvimento. Simone e

Marquinhos que fazem parte.

Titiah – Acho que uma ideia assim, como vai trabalhar em conjunto podia

fazer uma Comissão que representasse para o estado não? É, dentro da CNPI, por

exemplo, um da Bahia, um do Mato Grosso, para eles também estarem

divulgando nas suas regiões o que está organizando para a Conferência. Só uma

opinião.

Jaime – Então, sugeri talvez integrar essa Comissão alguns

representantes indígenas que estão no Comitê Gestor da PNGATI, porque vocês

citaram vários aí, mas acho que nenhum deles faz parte do Comitê Gestor da

PNGATI, tem o Uilton Tuxá, tem a Sônia Guajajara, tem o Chico Apurinã, sei lá,

alguns desses, tem o Mário Nicácio, são alguns dos representantes e

observadores. O Toya está como observador. Só para misturar um pouco mais, é

uma sugestão. A Ceiça Pitaguary, exatamente, acho que a Ceiça faz parte

também, enfim, acho que para garantir que essa discussão esteja representada no

Comitê Gestor da PNGATI, os órgãos de governo são basicamente os mesmos

acho que não tem muito problema, mas os representantes indígenas eu sugeriria

essa questão, escolher alguns desses nomes. A gente depois pode passar a lista,

mas alguns dos nomes indígenas que fazem parte do Comitê Gestor da PNGATI e

uma última questão que eu acho que é legal definir um ponto de partida, quer

dizer, uma primeira reunião dessa Comissão e tal, mas era legal ter um ponto de

chegada, era importante saber a data que está se definindo para realização da

Conferência, porque é de lá para trás que você organiza o trabalho, isso define

números de reuniões, logística, datas, etc. Define-se o ponto de partida e eu acho

que tem que definir o ponto de chegada.

Page 196: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Marcos Xukuru – Eu, particularmente, acho que inclusive da nossa

participação, acho que já tem muita gente inclusive nossa, se a gente está

pensando em um grupo menor para pensar um pouco como vai dar o rumo da

própria Conferência, então o que vai de fato nortear quais são os pontos principais

que vão estar inseridos ali, é algo que é muito técnico. E, eu acho que não há

necessidade de ter um por estado. Ele falou um monte de gente ali também sabe,

eu acho que ali já tem muita gente, acho que daria para dar uma enxugada mais

ainda, porque essa Comissão vai ter o papel de elaborar algo, trazer aqui na CNPI,

socializar com todos nós aqui, dizer é isso mesmo, não é, acrescenta, tira, coloca,

então eu acho que não há necessidade de colocar um monte de gente, fica até

difícil para reunir, sabe? Eu acho que deveria dar uma enxugada mais inclusive

no nome da gente ali.

Maria Augusta – Espera aí gente, vamos seguindo as inscrições. O

Sandro quer falar? Então está bem, Sandro. Não tem mais ninguém inscrito, quer

falar Lúcia? Sandro, Rosane, Saulo. É Saulo ou Daniel, que é suplente, fica um

titular e um suplente.

Sandro Tuxá – Bem pessoal. Sandro pela região leste/nordeste. Eu

concordo com o Marquinhos que realmente tenha que ter uma enxugada, se a

gente for colocar um por estado vai pesar muito e tem que ter agilidade, tem que

ter agilidade e aí acaba sendo uma outra Conferência. Levando pelo princípio que

nós tínhamos entendido que a questão da SESAI tinha conseguido traduzir um

pouco do ideário que nós entendemos por Conferência, do mecanismo de

organização, teve um número significativo, mas não foi um número tão

avassalador. Tem 34 distritos, pela regra teria que ver os 34 presidentes, não

vieram os 34 presidentes. Vieram apenas 17 indígenas, em nível de Brasil, de

todas as representações, segmentos de organização indígena, tentou-se trazer, a

sugestão é essa, que nós congreguemos. Eu estou falando assim para reafirmar a

sua fala Marquinhos, tentar fechar a conversa a partir daqui, tentarmos trazer

segmentos do nosso movimento em nível nacional, das nossas organizações,

representantes das organizações indígenas, representantes desses espaços que têm

aí. Justamente, da APIB e outros mais, mas eu pensei em um número abaixo de

10 pessoas, acho que estaria bom, acho que cinco pessoas poderiam estar

representando a região, mas não estaria representando os interesses todos. Então

assim, e no caso, se a gente conseguisse além das cinco pessoas por região

contemplarmos as nossas organizações indígenas, integrantes da APIB,

integrantes do Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais que vêm, a gente

fecharia em um número de sete pessoas e um por região.

Sinome Karipuna – Eu acho que tem que avaliar as pessoas que já estão

ali, que já fazem parte da equipe.

Page 197: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Espera aí só um pouquinho. Rosane, depois Simone,

Rosane Kaingang – Questão de contribuição, eu vou na mesma coisa do

Sandro Tuxá, nós, por exemplo, se for um por região, por organização, pela nossa

região nós estamos contemplados, só que nós estamos com muitas tarefas a fazer

e nós indicaríamos um da ARPINSUL, porque senão fica muito desigual, eu estou

vendo ali, muito desigual quando você coloca três, quatro pessoas da mesma

região, está desigual isso para mim e as organizações, se elas não forem parte

dessa discussão quem vai ajudar os membros da CNPI coordenar essa

Conferência lá na ponta. É isso que eu acho e eu acho que é muito desigual isso aí

quando você coloca três, quatro da mesma região, não tem a participação

igualitária. E aí, presidenta da Funai, eu gostaria de sugerir aos membros da

CNPI, nós temos um Assessor Técnico da APIB, o Paulino, o Paulino para nós

que faz as preparatórias de todas as nossas delegações, de todas as nossas

reuniões, inclusive as preparatórias dos membros da CNPI, eu gostaria de inseri-

lo aí porque ele dá conta de dar essa resposta para as outras organizações. Essa é a

minha contribuição.

Maria Augusta – Obrigada Rosane, pessoal, só para contribuir aqui,

recuperar um pouco. Eu vou passar a palavra para quem está inscrito. Recuperar

um pouco qual é o papel da Comissão Organizadora. Essa Comissão vai ter que

pensar em constituir Comissões, como foi colocado aqui, Comissões de

infraestrutura, comunicação, mobilização, logística, texto base, é uma Comissão

que é operativa, ela pode vir a buscar outros atores para ir se incorporando a essas

Comissões. As deliberações, o que nós estamos tratando aqui é que as

deliberações que vão ser trazidas, as sugestões, as propostas das Comissões

Organizadoras vão ser deliberadas aqui na CNPI, então assim, pensar que tem que

ter todas as representações e tal, não sei se é o caso porque a deliberação vai se dá

nessa mesa aqui, então a Comissão é para operar, para fazer a coisa acontecer,

isso tanto do ponto de vista de governo quanto do ponto de vista de movimento

indígena e indigenista. Próximo inscrito é o Saulo e depois o Paulino.

Saulo – A minha questão já foi contemplada.

Paulino – Paulino. A minha preocupação é o seguinte, tem horas que a

gente leva a discussão como se a Comissão Organizadora fosse só do indígena,

acho que precisa ser paritário e tem muita gente que não precisa estar não vou

defender o meu nome, mas na hora que for trabalhar mencionar o processo

certamente os membros da Comissão vão requerer apoio, auxilio suporte técnico

e tudo mais. Ou se decide levando um critério de equidade na representação das

regiões tanto no âmbito da bancada quanto no âmbito das organizações indígenas,

ou se tira gente que tem a disposição de trabalhar, não é brincadeira tocar uma

Page 198: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Conferência, é um grupo de trabalho, Comissão Preparatória é sacal, tem que

trabalhar muito. Se for só para vim somar, fazer número. Não quero dizer que seja

isso, mas a gente tem que pensar que enquanto mais enxuto, mais operativo

melhor.

Marcos Xukuru – Só uma questão de ordem, nesse sentido. Marcos da

região nordeste e leste. Nesse sentido eu peço para retirar o meu nome, inclusive

para enxugar mais um pouco o número de participantes e também porque eu não

tenho essa disponibilidade no ano que vem. Quero dizer que nós vamos estar

envolvidos, eu vou estar envolvido em um processo de eleição da APOIME, da

articulação da nossa organização, e eu não vou ter tempo suficiente para dar conta

disso aí. Eu não vou colocar o meu nome simplesmente para ter volume ou estar

vindo aqui em Brasília, enfim, eu não. Então nesse sentido eu retiro meu nome da

participação.

Dourado Tapeba – é o mesmo diálogo. Reforçando o que foi falado pelo

Titiah, só que o seguinte, os indígenas indicam seus nomes e o governo indica os

deles, nós não podemos interferir na indicação do governo, como o Paulinho

falou paritário, então o governo indica os nomes.

Valcélio - A minha proposta é que fosse sete e sete. Colocaria cinco

indígenas, dois indigenista e o governo. A dupla ali.

Maria Augusta – Sete indigenistas e sete do governo? Fechou? Quem

está aqui gente, vamos lá. Tóia e Uilton, Chiquinha e Pier, Rosa e Delclides,

Saulo e ou Daniel, um titular e um suplente, Simone, Titiah e Marquinhos que

está pendido para retirar o nome. Aqui nós temos um, dois, três. Tirou o

Marquinhos e coloca a Solange. Quantos aí então?

Lúcia Alberta – Já coloquei. Tem nove.Então tem que tirar dois.

Dourado Tapeba – Aí tem dois da APIB que tem o Uilton e a Solange

Guajajara. Eu sugiro que tire um dos dois.

Sandro – Uilton está no Colegiado. Uilton no Comitê e está no

Colegiado. Então deixa, Saulo lembrou bem.

Rosane – Entrando nessa questão do não cumprimento a gente vem

observando e vem olhando enquanto ARPINSUL das presenças e do

compromisso quando se assume fazer parte de uma Comissão para nós o cara tem

que dar conta, comparecer e ele também tem que contribuir, para ficar calado não

dá. Eu vou defender dois nomes aqui, da nossa região nós vamos trocar. Vamos

trocar Delclides está inadimplente, já faltaram duas reuniões dessa Comissão, nós

Page 199: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

vamos colocar o Rilton, certo? E eu defendo o nome da Soninha Guajajara pela

APIB porque a Sônia tem contribuído muito. Certo. Pode ser? E depois nós

vamos falar com o Delclides, certo?

Teresinha – Rosane, Teresinha da Secretaria Executiva. Lembrando que,

para substituição dos membros da CNPI, tem que cumprir o que está no

regimento interno.

Rosane Kaingang – Mas eu não estou substituindo membro da CNPI, eu

estou substituindo da Comissão Organizadora.

Teresinha – Da Comissão, ah, desculpa, desculpa.

Maria Augusta – Espera um pouquinho, vamos tentar organizar. Titiah,

só um pouquinho.

Valcélio – Presidente, vamos ser sinceros, vamos ser sinceros, porque é o

seguinte, eu acho que essa Comissão é mais uma Comissão que vai trabalhar

tecnicamente, não precisa colocar 20, 30 por região, agora eu fui entender depois

a colocação. Eu acho que vai aumentar mais na hora que criar a Comissão

Organizadora da Conferência que eu acho que vai ter um do estado para estar

organizando o seu povo, então acho que nós temos que ter a consciência de

escolher os cinco ou sete que for fechado, mas que seja aqui, olhando, e ele fazer

o compromisso como o Marquinhos colocou aí: Não dá para mim, eu estou fora.

Para nós não colocarmos pessoas, depois mais na frente ele não poder estar

contribuindo e nós ficarmos no prejuízo por causa de um ou dois ou três que não

puderam contribuir nessa comissão técnica.

Maria Augusta – Espera aí gente, a Guta vai ler e vocês vão dizer se tem

acordo ou não.

Lúcia Alberta – Vamos lá, sete lideranças indígenas: Rosa, Tóya,

Chiquinha, Pierlângela, Delclides, Simone, Sônia Guajajara. Um indigenista:

Daniel, Saulo suplente. Governo, sete também: Funai, MMA, SG, SESAI, MEC,

MJ, mais um. Deixa-me só falar uma coisa para explicar para a Rosane a questão

do nome do Rildo. Rosane, Rosane, Rosane, só para explicar, é assim, para a

gente poder comprar as passagens para a reunião da CNPI nós compramos

passagens para os membros titulares e suplentes e com a CNPI incorporou a Mesa

de Diálogos nós compramos passagens para os membros da mesa e os membros

da mesa são aqueles que participaram da reunião com a Dilma em julho. Tem que

ver se o Rildo é um desses, se não for não tem como a gente comprar passagem

para ele participar disso, tem que avaliar isso também. Só isso.

Page 200: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha – Só justificando, o Delclides participou como CNPI e

participou da reunião com a presidenta Dilma, na última reunião preparatória que

teve o Delclides estava na reunião, ele está inadimplente nessa e esteve em outra.

Agora, na preparatória ele esteve sim.

Rosane – Mas quem fez parte da Mesa de Diálogo aquele dia é o Cretan,

isso que eu vim representar ele aqui. O Cretan faz parte da Mesa de Diálogo

gente. Mas agora que ela colocou que a Mesa de Diálogo que ela só pode comprar

passagem para a mesa de diálogo. Então quem é da Mesa de Diálogo é o Cretan.

Teresinha – O Delclides estava na reunião com a presidenta Dilma, o

Delclides é representante da região Sul na CNPI, foi discutido já o nome dele na

última reunião aqui, e ele participou da reunião reparatória onde foi definido isso,

ele não é de outra região gente.

Marcos – Pois é ele é da região Sul, se tem algum problema lá.Se não tem

problema nenhum então está garantida a presença lá e posteriormente vocês,

enquanto organizações conversam com ele em relação a isso. Eu acho que nós da

bancada indígena aqui precisamos encaminhar o assunto e não vamos ficar aqui

debatendo questões internas de vocês. Eu proponho que permaneça da forma que

está, o Sul está contemplado e lá vocês discutem, pedem para Cretan conversar

com o representante na CNPI e vocês encaminhem esse assunto para lá.

Maria Augusta – Lúcia, você poderia ler de novo a representação de

governo, por favor, só para a gente ver os ministérios.

Lúcia Alberta – Funai, MMA, SG, SESAI, MEC, MJ e tem mais uma

vaga porque a ideia é sete, e sete.

Dourado Tapeba – MDA.

Maria Augusta – Fechou então não é? Tudo bem gente, alguma sugestão

de vocês em relação à bancada de governo? Está legal? Tudo certo? Está bem,

então definimos a composição dessa primeira Comissão Organizadora, vocês

acham que é interessante a gente fazer um rolzinho mínimo de atribuições daqui

para sair o que essa Comissão tem que fazer ou na primeira reunião define?

Lúcia Alberta – Eu coloquei aqui o que você tinha falado, só para

acrescentar, o que é o objetivo desse grupo que nós falamos: Construir grupos de

trabalho para organizar uma proposta de desenho estrutural para implantação da

Conferência Nacional. Esta Comissão deverá apresentar uma proposta a ser

deliberada por todos os membros da CNPI em sua própria reunião ordinária.

Page 201: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Mediador – É na sua próxima reunião ordinária. Data, então gente.

Teresinha – E outra coisa, eu me comprometo para a próxima reunião

trazer nos moldes de como foi a da Saúde, qual é a competência de cada

Comissão, adaptando a nossa, não fechando, mas sim trazendo quais são as

atribuições e para que fosse adaptado em reunião aqui conosco.

Maria Augusta – Só mais uma contribuição, eu queria resgatar aqui a

proposta que o Elmir e o Jaime fizeram que fosse da gente começar pensando as

datas a partir da data da Conferência Nacional e vim lá da frente para trás para

saber toda agenda que a gente tem que compor, porque senão a gente não vai

chegar a um cronograma factível. Será em 2015, gente? Ou ainda esse ano? Eu

acho que esse ano não vai dar. Vamos fazer com calma. Abril de 2015. Fechou

todo mundo, tem acordo abril de 2015 a etapa nacional. Preparatórias, tem a

proposta do Saulo de se fazer as locais de forma mais livre, só com algum

subsidio do que for decidido e for tratado pela Comissão Organizadora em termos

de texto base e realizar um número x de pré-conferências regionais, a proposta

inicial que vem no texto de vocês são 10 e eu tenho uma sensação de 10 é pouco,

mas enfim, o Saulo quer falar.

Saulo – É só para fundamentar a minha proposta, que mais do que livres

que sejam autônomas, eu acho que na discussão local não precisa ser paritária,

tem que empoderar a comunidade, tem que restituir os fóruns próprios das

comunidades. Cabe à Comissão preparatória produzir material e ver como a Funai

vai colaborar, quem está lá, alguém de uma organização, mas não precisa ter

paridade, para justamente ir realizando essa proposta de mudança que a própria

Funai discutiu, tirando a tutela, então vamos garantir a autonomia local.

Maria Augusta – Queria só tirar uma dúvida em relação a sua proposta

Saulo, então assim, está claro para mim, eu acho essa proposta bem interessante,

não precisa ter a paridade, mas pode ter a participação também dos órgãos

públicos que estão compondo a Conferência, é isso?

Saulo – Não, claro, até para contribuir, só que assim, a minha proposta é

que não há obrigatoriedade, até em alguns lugares as próprias comunidades vão

convidar da SESAI, da Funai, etc. Mas, dar autonomia plena a comunidade, acho

que seria isso, empoderar a comunidade e a discussão local completamente

autônoma. Aí quando vem para as regionais entra no critério da paridade.

Dourado Tapeba – Presidenta, Dourado Tapeba. Eu queria propor que 10

oficinas, 10 seminários, oficinas regionais é pouco, eu queria propor 15, três por

região.

Page 202: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – São as etapas regionais. A primeira proposta então que

surge é que nas regionais façamos três por região, é a proposta que o Dourado

coloca três por região seriam 15, cinco regiões no país. Uma por regional.

Proposta do Sandro, uma Conferência por regional da Funai, essa é a minha ideia

também, 37.

Dourado Tapeba – Essa era a primeira que eu tinha colocado.

Marcos Xucuru – Acho que para que a gente contemple a questão da

diversidade e a gente vai ter tempo para isso, eu acho que deveria acontecer uma

por cada regional, acho que é melhor.

Maria Augusta – Pessoal é o seguinte, não sei se quem está aqui do

governo se lembra disso, o que eles estão colocando uma por regional significa o

quê, a região jurisdição das Coordenações Regionais da Funai. Nós temos 37

regionais então faríamos uma por regional então seriam 37. Simone tem dúvidas,

vamos tentar aclarar, contribuir para que ela saia.

Simone Karipuna – Tenho um parente que diz “Eu ter dúvida” E aí eu

estou com dúvida. Visto o que está sendo encaminhado é que é uma pré-

conferência. Eu tinha entendido logo que a gente começou a conversar que seria

as coordenações regionais iriam pensar de que forma seria melhor para poder

realizar as suas conferências locais e em seguida faria a consolidação com os

indígenas. Não é mais isso?

Maria Augusta – Vou tentar trazer aqui os elementos, as primeiras etapas

Simone que a gente está propondo são as mais localizadas possíveis, então em

cada terra indígena, cada terra indígena vai poder fazer por aldeia ou não, vai

fazer todo um processo. Isso, como colocou o Saulo ter uma obrigatoriedade de

ter uma paridade participativa. E isso vem para as regionais está bem? Aonde vai

fazer, isso vai definindo nos processos.

Jaime – Só, assim eu acho que a proposta é interessante porque é uma

forma também de envolver os Comitês regionais das CRs nesse processo, está

certo? Uma vez que boa parte dos Comitês está desarticulada, inclusive eu acho

que é uma oportunidade muito interessante para rearticulação de Comitês

Regionais que ainda não estão em pleno vapor levando em conta inclusive que

além da CNPI, o Comitê Gestor da PNGATI, os Comitês Regionais também são

órgãos de governança da PNGATI, eu acho muito legal a ideia, só acho que tem

que ser. Essas reuniões vão ter que ser um ou momento ou outro vão ter que ser

simultâneas porque se for uma depois da outra acho que a gente passa de 2015.

Acho que em algum momento nós vamos ter que ter reuniões simultâneas

acontecendo pelo Brasil.

Page 203: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Sandro Tuxá – Pessoal eu queria contribuir na proposta. Sandro Tuxá,

pela região leste e nordeste, APOIME. Eu acho que não tem nenhum problema

que as reuniões aconteçam simultâneas porque cada administração tem uma

atividade própria e tem uma ação própria, se fosse assim não tinha reunião dos

Comitês, apesar, como o Paulino bem lembrou bem, que está desestruturado, mas

eu acredito que a forma de acontecer por coordenações regionais é trazer a

problemática da realidade local de forma muito mais apurada e tentar trazer a

problemática, tentar romper os gargalos que tem em cada organização, inclusive a

inoperância da CTL, inclusive a inoperância dos Comitês Gestores, vão trazer as

fragilidades do órgão e de outras coisas mais, que tanto afetam a questão indígena

das políticas públicas.

Teresinha – E, lembrando bem que vocês se forem concomitantes,

procurar que não sejam duas na mesma região porque vocês como membros da

CNPI vão ter que estar em todas, vocês vão ter que estar girando em todas, então

cuidado para que não sejam duas na mesma região. Eu acho que vocês já tem um

pouco de experiência como foi aquela do Estatuto não ? Vocês já têm

experiência, já lembra como ela é puxada, como ela foi corrida. Então, vamos

encaminhar, vamos ver data então?

Lindomar Xocó –Lindomar Xocó. E que tudo fique a critério da

Comissão Organizadora que traga para o Pleno para que a gente possa estar

encaminhando tudo isso nas regionais para não deixar que o Administrador faça

da forma que ele quer.

Teresinha – Correto, inclusive vocês devem ter bem lembrado quando a

gente fez as oficinas do Estatuto não foram os Coordenadores que escolheram

quem eram as pessoas que participava, foi vocês junto com os Coordenadores.

Acho que é um trabalho pactuado junto para que não haja nem só de um lado nem

só de outro.

Lindomar Xocó – Eu estou dizendo isso porque em algumas

negociações, por exemplo, na minha, nós como representantes da CNPI não

somos convidados para nada, então não somos respeitados, essa é a minha

indignação.

Teresinha – Ok. Só um minutinho. Saulo estava inscrito e depois

Chiquinha.

Saulo – Comentando a proposta de que quando o grupo pensou realizar

10 pré-conferências era considerando que a nacional aconteceria ainda em 2014

em função da conjuntura. Se agora está se pensando para 2015 e aí se amplia o

Page 204: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

número das Conferências regionais, acho legal, mas vejo que é importante se

garantir um momento intermediário que seria no final de 2014. Um seminário, do

mesmo jeito que a gente vai ter um seminário preparatório, eu acho que tem que

ter um grande seminário intermediário porque fica muito distante, o ideal para

mim seria que as conferências, todas as conferências regionais fossem realizada

ainda em 2014, ou antes, ou depois das eleições, para a gente ter o começo do ano

todo seria a sistematização e esse seminário de dezembro, começo de dezembro

ou final de novembro seria muito importante para isso, então acho que já que eles

vão se multiplicar a gente tem que garantir um outro momento nacional que se

discute a metodologia como isso vai se dar, o seminário preparatório, as

conferências, aquele momento que antecede a conferência e depois a conferência,

é para justamente juntar todas essas contribuições que vem das regiões.

Teresinha – Saulo, esse seminário regional seria para somente para a

Comissão Organizadora, o pessoal costurar o resto ou bem mais ampliado, uma

pré-conferência nacional? Desculpa Chiquinha, só para eu tirar essa dúvida.

Saulo – Eu estou entendendo assim Teresinha, naquele seminário, do

primeiro seminário vai se preparar os coordenadores, em tese todo mundo que vai

coordenar as conferências locais deveria estar naquele seminário preparatório, o

segundo seminário vai ser basicamente um mesmo público, que é o publico que

trabalhou nas coordenações e ali nós vamos ter um momento da sistematização

geral para não ficar isso só com aquela Comissão de sistematização pequena que

vai surgir depois.

Teresinha– Ok. Obrigada Saulo. Chiquinha.

Chiquinha Paresi – O meu é questão mesmo de esclarecimento. Eu

quero ter um entendimento com clareza para que eu possa divulgar essa discussão

na minha região, no meu estado, Mato Grosso, por exemplo, eu quero dar a

situação mesmo nossa, nós somos lá cinco regiões, então o que eu tinha pensado

era um pouquinho diferente do que nós realizamos na época do Estatuto, porque

no Estatuto a gente problemas, nós tivemos situações de administrações que

estavam fechadas os índios tinha invadido, estavam fechado e esses indígenas

tiveram que vir para outra administração. Tivemos uns problemas super

estressantes. Eu vejo que é muito importante a questão do esclarecimento para

essas administrações, de clareza para os coordenadores regionais das CTLs sobre

o que está acontecendo gente, porque eu não quero passar o que eu passei, pelo

amor de Deus, estressante, por exemplo, a gente mandou uma lista para um

determinado, na época era administrador, ele não mandou porque não tinha

passagem, ele falou que não sabia de nada, sabe aquela história? Não sei de nada,

não sei o que está acontecendo. Então, esse tipo de coisa, assim, penso eu que

como a Funai é a base institucional que vai coordenar, uma das coordenadoras em

Page 205: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

relação a isso, eu penso que ela tem que dar esse esclarecimento, fazer uma

reunião com todos os coordenadores, se possível chamar eles aqui em Brasília e

decretar. Decreto olha aqui, vocês estão fazendo isso, isso, isso e isso. Vocês tem

que orientar porque a gente teve esse problema. Outra questão também, como eu

coloquei em relação a isso, em relação à contribuição, por exemplo, do município

e dos estados, é lógico que os municípios vão querer participar e aí também uma

orientação para não ficar assim só eu faço aí eu fico batendo lá e falando não, que

é assim, mas eu não tenho respaldo daqui de cima que não mandou nada para lá

como aconteceu no próprio Estatuto, não falaram nada, não orientaram nada, e os

caras, é lógico: Eu não vou fazer, não tem orientação e quem manda em mim é o

presidente. É desse jeito que os de lá falam. Então vamos parar com isso e a coisa

sair daqui, vai para as bases, chama esses coordenadores, põem eles aqui, senta

com eles, orienta como deve ser. Lembrando que nós temos administrações. Eu

falo administração, pois não consigo mais assimilar esse negócio de coordenação,

que não tem ninguém está vazio, não tem ninguém, ou então tem uma pessoa e os

indígenas estão sendo atendidos por outro. No meu caso são cinco regiões e a

gente pensa em fazer em cinco regiões, por exemplo, nós temos um povo que vai

ser só para eles, por exemplo, o próprio Xavante vai ser só para eles que são nove

terras indígenas, Xingu, dezessete povos só para o Xingu, não tem como a gente

trazer o Xingu para outro lugar, é lá só para eles. Nesse sentido que eu estou

querendo contribuir, assim, ver como a gente pode pensar cada realidade é uma

realidade, só quero dizer para vocês que de uma maneira geral eu não quero

passar o estresse que eu passei como foi a do Estatuto, porque é muito bonito aqui

e tal, os chefes aqui, mas lá na ponta a conversa é outra. Eu acho assim, a gente

fecha essa questão aí muito bem fechada e a ordem vai para lá, que os caras muito

disso gente: Eu só aceito as ordens lá de cima, avisou, se não avisou dançou. É

desse jeito que funciona a questão.

Titiah – Questão de ordem. Luiz Titiah representando o nordeste e leste.

Eu recebi uma ligação agora e queria registrar aqui na reunião do CNPI, que a

questão dos Tupinambá está ruim sabem, tem uma manifestação dos fazendeiros

onde fecharam a BR 101, queimaram pneus e estão protestando para tirar a

comunidade de Babau da terra de qualquer jeito, acho que assustaram funcionário

da Funai, acho que deram porrada na viatura da política e está muito ruim lá a

região. Queria ver se Guta pudesse entrar em contato com alguém lá para saber se

realmente está acontecendo isso mesmo. Me ligaram, agora.

Maria Augusta – Vou entrar em contato. É porque o Marcelo estava em

contato com o pessoal da PF, mas eu vou ligar na regional também e passo o

informe.

Teresinha – Não, Paulino é o último inscrito.

Page 206: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Paulino – Eu só queria embasar a fala da Chiquinha, eu estou lembrando

aqui a experiência do GT da PNGATI nós tivemos muito problema para garantir a

participação de algumas lideranças exatamente pela desconexão, inclusive receio

e, sei lá, rixa entre administradores e lideranças indígenas e acho que a gente tem

que contornar isso garantindo no seminário de preparação a participação dos

coordenadores regionais, eles têm que estar no início do processo, não basta

passar uma circular, uma instrução apenas, tem que envolver eles no processo e

inverter um pouco a coisa, eles têm que aprender que o sujeitos de direito tem que

ser protagonistas o bastante possível são as lideranças, eles têm que começar a

respeitar as lideranças que estão inclusive na CNPI. A experiência nossa é

traumática, naquela hora pedi a palavra e ao mesmo tempo retirei porque tem

problema de ordem estrutural, tem regionais que não estão estruturadas, então

vamos ter que ver como trabalhar isso de fato para que uma regional não tenha

prejuízo em termos de encaminhamento dos processos, das discussões e a

construção da Conferência. Esse é um grande desafio inclusive para a presidenta

da Funai.

Maria Augusta – Falando como presidência da Funai agora, concordo,

acho que temos que ter a participação das regionais em todas as etapas, temos

pleno acordo. Acho que a gente tem locais mesmo onde temos problemas

estruturais nas regionais, mas a gente precisa dar conta, então eu acho que se há

algum lugar onde a gente está sem coordenador, com coordenador substituto, nós

vamos ter que viabilizar a participação de alguma forma das regionais, e isso

Paulino, eu já me comprometo aqui a assumir essa atribuição e ter essa

participação regional garantida em todas as etapas.

Saulo – Pensando alto, metodologia, nós teríamos Comissão responsável

pela preparação, aquele seminário, o primeiro seminário nacional que seria o

seminário de preparação para mobilização ele deveria ser um seminário que teria

em torno de 200 pessoas, porque nós teríamos 37 coordenadores regionais mais

os membros das organizações indígenas, a gente teria um número grande de

pessoas que estariam se preparando. E, nesse seminário envolver o Comitê Gestor

da PNGATI. Por exemplo, têm que ver todas essas pessoas tem que estar, eu acho

que duzentas pessoas é um número bom. Nós iríamos para essas conferências

autônomas das comunidades e as conferências regionais depois as 37 e mais um

seminário intermediário que seria de socialização, um seminário de socialização e

de sistematização esperando que até o final de 2014 tenha acontecido as 37, senão

a gente faria com as que já aconteceram, mas tem que haver esse momento

intermediário antes de abril e aí a gente fecharia um processo de metodologia que

eu acho que garante a mobilização permanente e a informação, a comunicação, à

socialização. Problemas como esse que a Chiquinha disse, se aparecem no

seminário de socialização a gente já tenta resolver até a Conferência Nacional

para não vim esse problema para a Conferência Nacional.

Page 207: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Maria Augusta – Lúcia, você quer fazer a leitura? Eu acho que ficou

faltando a gente fechar, não sei se a hora que eu sai vocês discutiram isso, a data

para a nossa primeira reunião e eu estava um pouco fazendo as contas aqui de

quantas atividades a gente vai ter entre etapas regionais, seminários e tudo mais

para a gente poder refletir um pouco também para isso já ser um instrumento para

a primeira reunião da Comissão. Quer ler Lúcia, para ver como ficou?

Lúcia Alberta – Eu já inventei uma sigla aqui. Como toda sigla de

conferência começa com CO eu já inventei um COMP aqui. Só para resumir.

Vamos lá. Então, primeiro com relação às etapas. Pela fala de vocês nós vamos

ter pelo menos cinco etapas, o primeiro é essa primeira reunião que seria em

janeiro ainda que eu estou chamando de seminário de arrancada do processo de

construção da Conferência Nacional de Política Indigenista, nesse caso

participam somente os membros da Comissão Organizadora. O segundo, aí

começando nas pontas, em um primeiro momento teriam momentos prévios das

pré-conferências mais autônomas nas terras indígenas, nas aldeias, sem paridade,

para iniciar a discussão. Então ele seria livre de organização por CR coordenado

se possível pelas CTLs no âmbito dos comitês regionais. Esqueci o nome, alguém

falou, Jaime falou. O segundo momento, quer dizer, o terceiro momento: a pré-

conferência por regional da CR, seriam 37 pré-conferências. Outro, um seminário

nacional que o Saulo chamou de intermediário para sistematizar as discussões,

fechando a organização da Conferência Nacional, que seria no mês de dezembro,

e a Conferência Nacional seria na semana dos povos indígenas em abril de 2015.

Eu acho que é isso de informação. É isso mesmo? Vocês entenderam? É isso?

Dourado Tapeba – Lúcia, a data dessa primeira reunião da Comissão

Organizadora e aí a Comissão Organizadora faz as outras datas das próximas

reuniões.

Lúcia Alberta– Eu coloquei aqui, pela fala de vocês deu para entender

que seria em janeiro, aí eu coloquei final do mês de janeiro. Da Comissão, é a

primeira Comissão.

Teresinha – Simone, pedindo uma questão de ordem.

Simone Karipuna –É o seguinte, presidenta, a gente tinha feito uma fala

sobre a questão das reuniões do GT Interministerial só que a gente ficou de dar a

resposta agora depois do lanche. Eu vou ter que sair agora porque eu estou

precisando resolver uma questão pessoal e o Luiz também está de saída. Da

bancada indígena como proposta tanto para a Funai quanto para o MDA que a

reunião seja, isso já foi acordado em reunião, em conversa de bastidores, de ser na

segunda quinzena de fevereiro. Então a gente deixa isso acordado e que essa

Page 208: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

reunião ocorra aqui em Brasília até porque início de ano é meio complicado, que

a gente já havia acordado de ter reuniões fora de Brasília, mas que essa

inicialmente do ano de 2014 fosse aqui em Brasília e aí a gente fica conversando

Luiz Fernando para que a gente fique fechado essa agenda de datas, a bancada

indígena está ciente disso. Ok. Obrigada. Não, espera aí. Só queria desejar a todo

mundo um feliz natal, e um 2014 de muita prosperidade e muitas conquistas para

os povos indígenas. Um abraço a todos.

Maria Augusta – Pessoal é o seguinte, vamos considerar que a gente está

com a data da Nacional proposta que é o período de abril de 2015, eu considerei

aqui que a gente teria contando até lá, de janeiro até lá a gente teria 16 meses,

tirando dois junho, e julho de Copa, e tem que tirar eleição. Então vou tirar cinco,

dois da eleição e mais digamos dezembro que é um mês de fim de ano, não dar

para fazer muita coisa, ficariam 11 meses, é isso ou não? Eu não sei isso. Então

tira dois da Copa, três da eleição e janeiro que não dá para fazer nada. Tira três,

Saulo, que você acha?

Teresinha – Em consulta à justiça eleitoral para ver se pode ou não pode

a gente só está vendo três antes e três depois quando se fala em Conferência.

Maria Augusta – Na verdade a gente vai ter 41 atividades sem contar as

etapas locais, porque olha só, uma reunião da Comissão Organizadora que é a

primeira de preparação que acho que já dá para marcar para janeiro, o seminário

de mobilização. Abril? Eu acho muito longe, mas enfim, 37 pré-conferências

regionais, um seminário de socialização que seria do final das regionais e a etapa

nacional, então esse seminário e a nacional podem ficar para 2015 e a gente teria,

essas 41 atividades teriam que se dividir em mais ou menos de 10 a 13 meses aí.

Tem que ser quatro atividades mais ou menos por mês, sejam as regionais. Enfim.

É mais ou menos isso e aí considerando que as regionais podem acontecer

concomitantemente, não precisa ser algo que seja uma realizada por período, um

período pode ter duas ou três realizando ao mesmo tempo. Em dezembro? Então

coloca em dezembro.

Dourado Tapeba – Eu queria só propor o seguinte, que esses detalhes

fossem discutidos na Comissão Organizadora.

Maria Augusta – Então ótimo, fechou. Então que dia nós vamos marcar a

data, essa aqui tem que marcar a primeira da Comissão Organizadora? É janeiro,

mas não dá para a gente já sair com a data fechada?

Maria Augusta – Isso, quarta feira dia um, dia dois é quinta. Vamos fazer

na segunda não é gente, dia sete. Então, duas propostas, semana de 13 a 17 ou de

Page 209: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

20 a 24 ou 13 a 18? Abstenções? Aprovada a semana de 20 a 25. Então está bem

gente, semana de 20 a 25. Próxima reunião da CNPI Teresinha, março?

Teresinha – Vamos marcar agora o calendário do ano, porque eu preciso

prever para nós juntarmos. Então são quatro por ano, vamos manter como

mantivemos as outras, março, junho, setembro e dezembro?

Maria Augusta – Eu estava pensando que a gente pudesse juntar um

pouco as agendas da CNPI já com esse calendário da Conferência, então, por

exemplo, pega algumas regionais a CNPI pode ir para o local, faz um dia de

reunião da CNPI lá, já vai avaliando. Não sei se isso é viável também. Aí no

seminário pode ser uma reunião, exatamente. A de dezembro e a de março pode

ser junto com a reunião do Seminário.

Maria Augusta – Gente, só uma coisa, eu acho que faltou um detalhe

bem importante, mas a gente está sem uma representação do MJ aqui na mesa que

a Teresinha vem pela Secretaria Executiva, que é o seguinte, precisa ter a portaria

que institui? Se for decreto, então é presidencial.

Maria Augusta – É portaria do Ministro. Não temos Conselho, não tem

problema, poderia ser do Ministro, mas não exige um decreto não é? Presidencial.

Mas, você leva isso Tere, porque tudo isso depende de ter a portaria chamando.

Então está bem, a Teresinha vai levar isso para eles. Ok? Então fechando a

questão da Conferência? E agora eu gostaria de puxar também a questão das

datas, já temos a data para as regionais, para a nacional, as reuniões da CNPI, as

ordinárias são quatro no ano ordinárias e a gente sempre prevê uma extraordinária

se precisar durante o ano. Eu acho que agora nós teríamos que discutir a questão,

não sabemos se vocês concordam ou não, mas a questão das oficinas para discutir

a minuta de portaria gente. Porque senão nós vamos ser cobrados, eu e a Tere

vamos ser cobradas quando vai ser as oficinas e nós não discutimos, só

discutimos a Conferência. Não, Marcelo esta no Fórum de Direitos Humanos

representando o Ministério da Justiça, e a Natalia que é suplente esta em uma

reunião na Funai, representando a Secretaria Executiva, para discutir sobre

rodovias do Mato Grosso, e nós não tivemos ninguém aqui.

Saulo – Teresinha, a proposta nossa é que nessas reuniões acontecesse a

discussão. A proposta nossa é que aconteça dentro dessas oficinas. O que pode se

fazer é para não esperar até 2015 é o seminário de sistematização fechar a

sistematização do resultado da consulta à minuta, se o Ministro achar, para não ter

que esperar até 2015. Então, colocaria no final de 2014 no seminário nacional de

socialização e sistematização. É, porque também, o Ministro disse que ia

dialogar? Dizendo ele que a proposta é diálogo nossa.

Page 210: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

Teresinha – Lembre-se que o Ministro tinha dito que precisava o quanto

antes dessa definição. Que ele queria que tocasse em janeiro ainda.

Saulo – Sim, mas o Mateus já colocou que ele tem que obedecer os

tempos também, não pode agora chegar e chantagear, é bom que está registrado

em ata.

Teresinha– Não, eu vou levar isso, Saulo, eu vou levar isso, vou colocar.

Saulo – Certo, mas eu estou querendo constar em ata, diálogo significa

dialogar e não chantagear, então não se pode colocar: Olha, se não fizer isso não

se demarca terra indígena. Você inviabiliza o diálogo, então o Ministro vai ter que

entender, quando ele propõe diálogo o diálogo tem que ser de fato franco e que

haja possibilidade de as pessoas serem informadas sobre o tema que vai

possibilitar o diálogo com as comunidades, com as organizações, ele vai ter que

entender Teresinha.

Dourado Tapeba – Eu queria dizer o seguinte Guta, também ao Ministro,

que aqui não é Conselho, mas é a Comissão. O que responde pelo Conselho é a

Comissão. Então, o Ministro tem que convocar a Conferência no âmbito da

Conferência Nacional de Política Indigenista.

Maria Augusta – Pessoal, é o seguinte, só fazendo um registro, nós

estamos finalizando a reunião, dedicamos grande parte do nosso tempo pensando

no cronograma da Conferência e já no finalzinho, são 19h30’, estamos apenas

Teresinha e eu aqui, presidente e secretária executiva do governo, não temos mais

ninguém aqui da bancada de governo, a bancada indígena e a bancada indigenista

estão fazendo uma proposta, que foi a proposta que já foi ventilada desde o inicio

do debate, de a gente inserir a discussão, as oficinas sobre a portaria no âmbito

desse cronograma da Conferência. Nós não temos condição de decidir isso aqui

porque a bancada de governo se esvaziou, não tem nenhum representante aqui

então a gente vai levar ao Ministro. Espera só um pouquinho que estão me

ligando aqui, para definir na próxima reunião.

Teresinha– Isso, na próxima reunião em março, que é a próxima reunião

da CNPI é em março, em janeiro deverá ser a reunião da Comissão Organizadora.

Chiquinha Paresi – Essa é a pauta para a próxima reunião?

Teresinha – Isso. E outra pauta eu acho que esse pequeno grupo que vai

se reunir em janeiro é o mesmo grupo que estava definindo a pauta das reuniões

da CNPI, eu acho que quando for se reunir em janeiro já define também a pauta

da próxima reunião incluindo essa sobre as oficinas da portaria, da minuta da

Page 211: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

portaria. É isso então? Encaminhado? O último tópico aí: Sobre as oficinas para

discussão da minuta de portaria do Ministério da Justiça que reorganiza os

procedimentos de demarcação da terra indígena, a proposta da bancada indígena

na CNPI é que a consulta seja feita no âmbito das conferências regionais da

Conferência Nacional de Política Indigenista. Como a reunião ordinária nesse

momento estava esvaziada essa decisão será deliberada na próxima Reunião

Ordinária da CNPI. Ah é, Lucia que fique bem claro, esvaziada por parte da

representação governamental. É isso, gente? Bom, antes de encerrar, antes da

Maria Augusta, da presidenta encerrar, eu gostaria de dizer como Secretária

Executiva agradecer a cada membro da CNPI mas, primeiramente, pedir desculpa

se em algum momento nesse ano as coisas não correram exatamente como todo

mundo queria, exatamente como tinha que ser, mas a gente fez, tanto eu quanto a

Graci, lá no Ministério da Justiça, quanto a Maria Augusta, mas eu vou falar por

nós duas não é Graci? Que a gente sempre procurou fazer, dar o máximo de nós

pela CNPI e esperamos que no próximo ano a gente continue caminhando e

caminhando cada vez mais, porque no ano que vem teremos um ano pesado, com

muito trabalho e desejar a todos um feliz natal, um ano de 2014 com um campo

bem aberto para que a gente consiga resolver e fazer tudo o que a gente planejou

para o ano que vem e parabéns para nós todos.

Chiquinha Paresi – Eu só queria dar um recadinho bem rapidão, além de

desejar boas festas para todos, Teresinha, todo esse material vai ser mandado para

a gente não é? É. Só queria aproveitar a oportunidade também de agradecer a

Teresinha, a Secretaria Executiva nossa, agradecer aos parentes, a todos aqueles

direta ou indiretamente que contribuíram para a realização das nossas reuniões,

que se não fosse essas pessoas que muitas delas às vezes a gente não cita, a gente

não conseguiria estar aqui. Meus agradecimentos sinceros a você, Guta, pela seu

esforço, o seu empenho em chegar até o dia de hoje, porque não é fácil, a gente

sabe disso, e esperamos que o outro ano que vem de fato seja um ano melhor para

nós indígenas e para a nossa luta.

Rosa Pitaguary – Rosa Pitaguary. Eu também quero agradecer a todos e

a todas, principalmente a nós bancada indígena que continuamos firmes e fortes,

por mais uma reunião, terminando mais um ano nós bancada indígena dialogando

para nós mesmos, então assim, que nós continuemos fortes, mas que o próximo

ano tenha o governo também para estar nos escutando até o final. E quero

parabenizar Tere, Secretária Executiva, Graci pelo apoio que sempre tem nos

dado aqui, pelo carinho, pela atenção, Guta, também por ter estado sempre aqui

nos escutando, ouvindo as nossas reclamações de certa forma, mas é porque às

vezes é preciso que a gente realmente coloque o que a gente está sentindo e quero

desejar a todos e a vocês três um feliz natal cheio de prosperidade, feliz ano novo

com bastante saúde, que nós possamos realmente conseguir vencer essa agenda

Page 212: Ata da 22ª Reunião Ordinária da CNPI

que foi colocada para o próximo ano e que está todo mundo já preocupado com

ela. Obrigada.

Brasílio Priprá – Eu também quero agradecer a todos, um feliz 2014 para

todos com um abraço e um beijo no coração de todos. Obrigado.

Maria Augusta– Pessoal, obrigada a todo mundo, acho que já avaliamos

um monte, também queria falar aqui que espero que no ano que vem a gente

consiga realizar a nossa agenda de trabalho e queria agradecer a todos os nossos

colaboradores que ficaram e ficam sempre até o final, a Eliane que veio essa vez

de suplente porque o nosso pessoal estava todo de férias, então obrigada por ter

contribuído, o pessoal da equipe de gravação, som que ajudou a resolver, o nosso

câmera que ajudou a resolver as questões dos microfones que essa vez não

queriam nem deixar a gente falar. Então é isso minha gente, está encerrada a

reunião, bom ano novo, boa volta para todo mundo e até 2014.

***