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Comissão Nacional de Política Indigenista 3ª Reunião Ordinária
Brasília, 10 e 11 de outubro de 2007
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Ata da 3ª Reunião Ordinária Dia 10 de outubro de 2007
Manhã
Aos 10 dias do mês de outubro do ano de dois mil e sete, no auditório do Eron Hotel,
Brasília, Distrito Federal, realizou-se a 3ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política
Indigenista, com a participação dos seguintes representantes indígenas: Jecinaldo Cabral,
Ak'jabor Kayapó, Pierlângela Wapichana, Almir Suruí, Kohalue Karajá, Francisca Pareci, José
Aarão Guajajara, Kleber Luiz dos Santos, Marcos Xucuru, Lindomar Xocó, Luiz Titiah Pataxó Hã
Hã Hãe, Antonio Pessoa Potiguara, José Ciríaco Sobrinho, Marcos Tupã, Brasílio Priprá, Deoclides
de Paula, Danilo Terena, Wilson Matos, Glicéria Jesus da Silva; representantes de governo: Celso
Correa - Casa Civil, Cel. José Caixeta Ribeiro, Carlos Nogueira da Costa Junior – Ministério de
Minas e Energia; Edgard Dias Magalhães - Funasa, Suzana Grillo Guimarães - MEC, Quennes
Gonzaga – Secretaria Geral da Presidência; Muriel Saragoussi, Ministério do Meio Ambiente;
André Araújo – Ministério do Desenvolvimento Agrário; Aderval Costa Filho – Ministério do
Desenvolvimento Social; Kleber Gesteira Matos – Casa Civil; Cel. Marcondes José Tenório da
Silva – Ministério da Defesa; Jorge Luiz de Quadros, Ministério da Justiça, Márcio Augusto Freitas
de Meira - Funai; representantes da sociedade civil: Saulo Ferreira Feitosa - CIMI, Gilberto
Azanha - CTI; convidados: Deborah Duprat - 6ª Câmara do Ministério Público da União, Alda
Freire de Carvalho; assessores: Paulo Machado Guimarães - CIMI, Ricardo Verdum - Inesc,
Paulino Montejo - COIAB, Ubiratan Souza Maia - Instituto Warã, Avelino Batista – COIAB.
O Presidente da Comissão Nacional de Política Indigenista, Márcio Augusto
Freitas de Meira, deu início aos trabalhos da 3ª Reunião Ordinária da CNPI, tratando inicialmente
da pauta dos dias de trabalho, com a proposta de que começassem pela discussão sobre o
anteprojeto de lei para criação do Conselho Nacional de Política Indigenista; assim, o período da
manhã seria dedicado à leitura da proposta da subcomissão, aprovação e encaminhamento desta.
Prosseguindo, propôs que o período da tarde do dia 10 fosse destinado à discussão dos itens 02 e 03
da pauta (apresentação da CGE/Funai sobre proposta de avaliação do PNE; Apresentação do MEC
sobre o PAC/Educação, Prolind, PDE – PAR e Conferências de educação escolar indígena), que se
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referem a educação. Já na manhã do dia 11 abordariam os itens 04, 05 e 06, ou seja, PAC e
empreendimentos econômicos, agenda social e apresentação da Funai sobre a proposta de
reestruturação do órgão. Quanto à tarde, seria a gente teria o item 07 e 08 (apresentação da
CGPIMA sobre o Sistema Integrado de Gestão das Terras Indígenas - SIGAT , e Conferência
Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Solidário). Concluindo, o presidente propôs que se
estendesse os trabalhos até as 19 horas, destacando que o tema em discussão no período da tarde
demandaria bastante tempo, após o que consultou a plenária sobre a proposta, a qual defendeu
afirmando: "Eu acho que seria razoável, por conta do tempo e da quantidade dos temas que nós
temos. Eu juntei mais ou menos por grandes temas".
Marcos Xucuru, a propósito, desejou bom dia a todos, declarando sua preocupação
com o fato de que a maior parte dos membros indígenas ainda não se encontravam presentes,
afirmando: "a gente está aqui com 4 indígenas, o restante não está aqui, inclusive para a gente
discutir a pauta", de forma que, caso dessem prosseguimento à discussão, considera que os
indígenas sairiam prejudicados. "Eu gostaria que o senhor fizesse algumas ponderações nesse
sentido, aguardando mais alguns minutos para a gente poder de fato iniciar a nossa reunião", ao que
o presidente informou que os demais se encontravam a caminho e que a demora se devia ao trânsito.
Concordando, Marcos Xucuru destacou a importância do tema a ser discutido pela manhã, e que
contasse com a participação do plenário, fato que o presidente disse estar levando em consideração,
esclarecendo que apenas estava fazendo uma consulta aos que já estavam presentes, para adiantar.
Pierlângela Wapichana pediu a palavra, a seguir, com vistas a apresentar proposta de alteração da
ordem da pauta, afirmando que a seu ver não seria mudança muito problemática e explicando que se
tratava de considerar a questão do PAC - empreendimentos econômicos como um tema específico,
da mesma forma que agenda social também se tratava de outro tema bem específico, e um terceiro,
reestruturação da Funai. Além da apresentação da CGPIMA, verifica-se pela leitura dos
encaminhamentos das subcomissões que na reunião anterior faltou tratar da questão do orçamento,
sobre o qual havia sido solicitada uma explicação. A propósito, o presidente explicou que o tema
orçamento seria abordado dentro da apresentação da proposta da reestruturação da Funai, que
também incluiria PPA e outros temas relacionados. Reforçando sua fala, Pierlângela afirmou a
proposta indígena era que tratassem separadamente 1 - do PAC - empreendimentos econômicos, 2 -
agenda social e 3 - da reestruturação da Funai, separando-se pontualmente cada um desses itens.
Respondendo à proposta, o presidente afirmou que a idéia era exatamente essa, muito embora a
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ordem proposta por ele não fosse exatamente a mesma. Nesse ponto registrou-se a chegada dos
demais indígenas, aos quais o presidente saudou, passando a seguir à recapitulação quanto ao que
havia sido discutido com respeito à pauta, no sentido de que no dia 11 pela manhã primeiro
tratariam dos PAC - empreendimentos econômicos (1), depois da agenda social (2), passando à
apresentação da CGPIMA (3) e depois à apresentação sobre a reestruturação da Funai (4), lembrando
ainda que na última reunião ficara pendente, sendo transferida para a presente reunião, a
apresentação do PAC – FUNASA (5) e do PAC social (6). Quanto à apresentação da agenda social,
refere-se às medidas anunciadas pelo presidente Lula, inclusive na área da saúde, como foi definido
para a última reunião e não foi feito por não terem tido tempo suficiente. Reiterando o assunto para
a plenária, tendo em vista a chegada de outros representantes, o presidente informou que se estava
tratando da pauta, que considerou como sendo bastante extensa, e destacando que, de acordo com a
sua proposta, seria organizada em 4 tempos momentos - manhã e tarde do dia 10, manhã e tarde do
dia 11, explicando novamente a seqüência de temas a serem tratados. Caso aprovada a proposta,
disse o presidente, será possível organizar melhor o tempo disponível, reiterando a solicitação no
sentido de que se estenda as atividades até aproximadamente 19 horas, para que possam dar conta
da discussão da educação, um dos temas da tarde deste dia 10 de outubro. "Essa é uma proposta que
eu fiz", afirmou, havendo ainda as ponderações feitas por Pierlângela, no sentido de que os temas
sejam trabalhados separadamente, e esclarecendo que na proposta de reestruturação da Funai está
incluída a apresentação de todas as informações sobre o orçamento, PPA, entre outros temas que
serão esclarecidos quando da discussão desse item. Ainda com relação à pauta, Pierlângela solicitou
que fosse incluída ainda, para discussão na tarde do dia seguinte, a questão da indicação do relator
da ONU, que os indígenas gostariam de discutir na CNPI. Após concordar com a inserção de mais
esse ponto de pauta, o presidente pediu então que os membros se manifestassem e, caso não
houvesse ressalvas, que pudessem concluir a discussão sobre a pauta e dar início efetivo aos
trabalhos. A propósito, o representante indígena Arão Guajajara fez observação a respeito da
escassez de tempo para discussão dos pontos em pauta; a apresentação sobre proposta de
reestruturação da Funai era o ponto que gerava mais preocupação, por estar agendado para o dia
seguinte à tarde, coincidindo com o retorno de alguns representantes e portanto esvaziando a
plenária, em face do que solicitou ao presidente especial atenção. Esclarecendo a questão, o
presidente afirmou que sua proposta é que a reestruturação seja discutida no dia seguinte, no
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período da manhã e não à tarde, como se referira Arão Guajajara. Este tomou conhecimento da
informação e reiterou o interesse da bancada indígena com relação ao tema reestruturação.
Dando continuidade à consulta à plenária, o presidente passou à aprovação da ata
da 2ª Reunião Ordinária da CNPI, perguntando se haveria algum ajuste ou comentário a fazer
com relação à mesma, diante do que não houve manifestação da plenária. O presidente lembrou que
na pasta de cada um dos membros havia cópia da ata completa e da síntese dos encaminhamentos
aprovados na referida reunião, convidando os membros a se manifestarem com relação à ata. Nesse
ponto, o representante do MDS, Aderval Filho, pediu a palavra para apresentar sugestão,
afirmando que embora os membros tenham recebido a ata com antecedência, devido às várias
atividades desenvolvidas pelos representantes de governo em seus respectivos ministérios, podem
não ter tido tempo de analisar devidamente a ata. Nesse sentido, propõe que se altere o momento de
aprovação da ata, uma vez que, se a ata for usualmente aprovada ao término da reunião, ou nos
últimos momentos desta, teriam mais oportunidade para lê-la, durante os dois dias de reunião, em
que estão disponíveis para a Comissão. A proposta então foi colocada em votação na plenária e
aprovada sem ressalvas, ficando portanto definido que a aprovação da ata da 2ª Reunião seria feito
num momento posterior.
A seguir se passou ao primeiro ponto de pauta da reunião, qual seja, a discussão
sobre a proposta de texto para o anteprojeto de lei criando o Conselho Nacional de Política
Indigenista, conforme trabalhada pela respectiva subcomissão. Para isso, passou-se à projeção no
telão do texto, estruturado em três colunas: propostas para plenária, da representação indígena, dos
órgãos governamentais. Como metodologia, adotou-se a leitura de cada um dos artigos, abrindo-se
a palavra para ressalvas e sugestões, discutindo-se os pontos em que houvesse divergência,
aprovando ou deixando o item pendente, para definição em outra oportunidade. A discussão do
Capítulo I - Das finalidades e competências, do Capítulo II - Da composição, assim como da
Seção I - Da Representação Federal, transcorreu sem maiores divergências, aprovando-se todos os
artigos, com alterações pontuais em termos de linguagem. No entanto, houve polêmica com respeito
ao artigo 7° da Seção II, que trata sobre a representação dos povos e das organizações indígenas,
cuja redação o representante do MDS, André Araújo, solicitou que fosse melhorada, diante do que o
presidente propôs que alguém da subcomissão apresentasse proposta nesse sentido, tendo enfim se
adotado a seguinte redação: "Os povos indígenas e as organizações indígenas escolherão seus
representantes titulares e suplentes de acordo com as seguintes regiões, sendo que cada
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representante regional deverá ser de um povo indígena", aprovada pela plenária, inclusive o número
de representantes por região. Continuando a discussão da Seção II, passou-se ao parágrafo primeiro,
em que se lê: “O povo indígena que tenha tido um de seus membros eleito para um mandato no
CNPI não poderá ser reeleito para um mandato subseqüente”, foi solicitado que o plenário se
manifestasse; o representante da Funasa, Edgard Magalhães, posicionou-se afirmando que a
redação também estava truncada, não ficando claro a seu ver se quem não poderia ser reeleito era o
povo indígena ou o membro eleito para mandato. A fim de dar prosseguimento, o presidente
solicitou que esse item, assim como outros pendentes, fosse revisto pela subcomissão ou assessoria,
afirmando que, a seu ver, o conteúdo estava claro para o plenário, pela manifestação e pelo
consenso que houve, mas sugerindo que a assessoria formulasse um texto mais claro, considerando
aprovado o parágrafo. Após discussão generalizada, a representante indígena Pierlângela
Wapichana defendeu que o uso dos termos povo indígena restringia excessivamente as
possibilidades e que portanto se mudasse a redação, ao que o presidente comentou que isso
significaria mudar o conceito subjacente ao texto e não apenas a forma, e portanto o assunto teria de
ser debatido; pelo que entendia da fala de Pierlângela, prosseguiu, estaria dizendo que se poderia ter
mais de um só povo, ao que esta esclareceu que poderia ser reeleito o mesmo povo e não a mesma
pessoa. A esse respeito, o representante Jecinaldo Sateré-Mawé pediu a palavra, defendendo que se
tomasse como lição a escolha dos membros da Comissão, cujo processo de escolha considera ter
sido claro, e que se trabalhe, no anteprojeto ou por outros meios, o detalhamento do processo de
escolha dos representantes indígenas para o Conselho. Nesse sentido, propôs que em algum
momento, em determinada parte do regimento ou em outro documento mais adequado, que a
comissão delibere que o processo de seleção seja feito nas regiões e como deverá se dar tal
processo, destacando ser muito importante que se garanta a transparência do processo, sem com isso
dificultá-lo, inclusive o próprio funcionamento do Conselho Nacional. A sua proposta foi de que se
definissem as linhas gerais no anteprojeto de lei, mas que se tenha algum instrumento mais
detalhado, seja o regimento interno do Conselho outro. O presidente afirmou considerar correta a
preocupação de Jecinaldo, e que o a seção dois tratava um pouco disso; a dúvida, prosseguiu, seria
quanto a incluir o detalhamento no próprio projeto de lei ou remeter para algum outro instrumento
legal, como o regimento. Saulo Feitosa - CIMI, a esse respeito, afirmou que inicialmente entendia
que se poderia estar referindo ao representante e não ao povo, caso em que não haveria problema.
Porém, gostaria de ponderar, porque se criaria uma situação em que não seria possível dar
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continuidade aos trabalhos, pois uma vez que todos os membros houvessem concluído seu mandato
se teria uma conselho totalmente novo, desta forma não havendo ninguém que garantisse uma certa
continuidade por parte da representação indígena. A fim de evitar isso, o movimento pode avaliar
ser interessante reeleger alguém, prever um percentual para garantir essa continuidade, e se deveria
pensar sobre esse ponto. Diante dessas ponderações, concluiu o presidente, esse é um dos temas que
valeria a pena remeter ao debate em outra oportunidade, destacando-o como pendente entre os
demais e não o considerando aprovado, cabendo aos assessores e à subcomissão trabalhar propostas
para discussão.
Prosseguindo na leitura da proposta de anteprojeto de lei, bem como à aprovação dos
pontos em que havia consenso, passou-se ao 2° parágrafo, o qual dizia: “As áreas geográficas a que
se refere o caput deste artigo compreendem as seguintes unidades da Federação:
1) Amazônica: estado do Amazonas, Pará, Mato-Grosso, Maranhão, Tocantins, Rondônia,
Acre, Roraima e Amapá;
2) Nordeste-Leste: estado do Ceará, Bahia, Minas Gerais, Piauí, Pernambuco, Alagoas,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Espírito Santo;
3) Sul e Sudeste: estado do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de
Janeiro;
4) Centro-Oeste: estado de Mato Grosso do Sul e Goiás.
O presidente solicitou então ao plenário que se manifestasse quanto ao caput, ao que
o representante da Funasa, Edgard Magalhães, pediu a palavra para opinar que seria mais
adequado usar Amazônia ao invés de Amazônica, que seria um uso mais corrente. Porém, ao
consultar o plenário o presidente não julgou existir apoio suficiente à idéia, deliberando pela
manutenção do termo conforme proposto pela subcomissão, considerando aprovado o parágrafo 2º,
incisos de I a IV . Passando ao parágrafo terceiro, em que se lia: “Os representantes de que tratam
dos incisos I a IV do caput serão indicados em reuniões dos povos e organizações indígenas
localizados em cada uma das respectivas áreas geográficas descritas no parágrafo 2º deste artigo,
convocadas e coordenadas pelas organizações indígenas regionais, ouvidas as organizações
estaduais e locais, as quais deverão registrar em ata as escolhas dos seus representantes”. O
presidente pediu manifestação sobre o referido parágrafo, o qual destacou como sendo muito
importante, passando a palavra para a representante indígena Francisca Novantino Pareci, que
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também ressaltou a relevância do mesmo, principalmente para os estados e os povos que estão hoje
se organizando, bem como suas organizações. Francisca questionou, no entanto, a proposta de
serem ouvidas apenas, o que a seu ver não tem muito mérito, devendo-se garantir a sua participação
efetiva, inclusive das organizações estaduais, "até porque a gente de Mato Grosso sempre é
prejudicado em muitos momentos de discussões locais etc., exatamente porque ser ouvido é sempre
considerado como participação". O presidente destacou que essa ponderação dizia respeito
sobretudo à bancada indígena, em razão do que questionou se esta teria alguma sugestão de
encaminhamento. "Só para ajudar", disse o presidente, "do que entendi da fala de Francisca, a
palavra ouvidas deveria ser substituída, por exemplo, por algo como acompanhamento das
organizações estaduais". Pierlângela sugeriu então que se usassem os termos assegurar a
participação, ao que o presidente reformulou a proposta, que previa a substituição de "ouvidas" por
"assegurada participação das organizações estaduais e locais". A seguir, Saulo Feitosa opinou no
sentido de que se deveria mudar a pontuação, dividindo o período, para evitar que ficasse muito
extensa, iniciando o 4° parágrafo em "As escolhas...". A esse respeito, o presidente perguntou aos
assessores jurídicos, mais precisamente ao Dr. Paulo Guimarães, se o parágrafo terceiro, da forma
como está proposto, não estaria muito longo e deveria ser dividido, ao que este respondeu que
poderia sim ser dividido. O presidente então pediu sugestões de nova redação, mas primeiro propôs
que tratassem do conteúdo, discutindo depois a questão da divisão do parágrafo, consultando o
plenário se haveria alguma manifestação contrária a se mudar o texto para: “Os representantes de
que tratam ... convocadas e coordenadas pelas organizações indígenas regionais, assegurada a
participação das organizações estaduais e locais em todo o processo de escolha do representante”.
Jecinaldo Cabral manifestou-se, afirmando não ser contrário, mas propondo que de fato se
dividisse o parágrafo e que, além de se referir à participação "em todo o processo de definição do
conselheiro", ficando a redação da seguinte forma: “Convocadas e coordenadas pelas organizações
indígenas regionais, assegurada a participação das organizações estaduais e locais em todo o
processo de escolha do representante”. Arão Guajajara, a seguir, disse que, em relação à
continuidade, está claro, subentende-se o sentido, mas que, como foi falado anteriormente, "aqui
cada palavra muda o sentido", e portanto talvez de devesse assegurar a participação das
organizações estaduais e locais. O presidente por sua vez esclareceu que o capítulo já trata disso
em outro ponto, diante do que Arão se desculpou, enquanto o presidente prosseguiu na explicação
de que a seção dois trata da representação dos povos e das organizações indígenas. Sem mais
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ressalvas por parte dos membros da Comissão, o presidente releu o texto do 3° parágrafo da Seção
II, contendo as sugestões apresentadas: “Os representantes de que tratam dos incisos I a IV do
caput, serão indicados em reuniões dos povos e organizações indígenas localizados em cada uma
das respectivas áreas geográficas descritas no parágrafo segundo deste artigo, convocadas e
coordenadas pelas organizações indígenas regionais, assegurada a participação das organizações
estaduais e locais em todo o processo de escolha do representante”, perguntando a seguir se havia
manifestação contrária à aprovação dessa redação. Uma vez não tendo havido ressalvas, o
presidente considerou aprovado o texto, lembrando que deveria ser dividido em dois parágrafos, ao
que foi informado que já havia proposta de divisão, segundo a qual o 4° parágrafo teria a seguinte
redação: “As escolhas de seus representantes deverão ser registradas em ata”, sendo a proposta
aprovada.
Dando prosseguimento, o presidente passou à leitura do 5° parágrafo, que diz: “Os
povos e as organizações indígenas responsáveis pela realização das reuniões regionais deverão
encaminhar ao Ministro da Justiça, até trinta dias antes do término do mandato de seus
representantes, a indicação de seus titulares e suplentes, juntamente com a ata da respectiva reunião
e documentos que demonstrem a ampla divulgação do processo de escolha entre os povos e
comunidades da área geográfica pertinente”. A seguir questionou se haveria algum comentário a
fazer quanto a ele, ao que nenhum membro se manifestou, considerando-o aprovado, no entanto foi
então informado que o mesmo havia sido excluído da proposta final, uma vez que seu conteúdo já
está contemplado em outra parte do anteprojeto. Com relação ao 6° parágrafo, foi aprovado sem
ressalvas, com a seguinte redação: “Eventuais alterações de indicação representantes na CNPI, na
forma a ser prevista no Regimento, deverão ser encaminhadas formalmente ao Ministro da Justiça
com antecedência mínima de vinte dias da data prevista para a realização da reunião subseqüente,
excetuando-se o cumprimento deste prazo em face de razões de força maior”. O 7° parágrafo, após
alterações, passou a ter a seguinte redação: “As reuniões para indicações dos representantes
indígenas deverão ser acompanhadas por representante designado pela Secretaria Executiva da
CNPI, sendo obrigatório o convite para participação de membro do Ministério Público Federal”. A
propósito, Pierlângela Wapichana perguntou se não haveria problemas devido ao fato de que a
Secretaria já deverá estar em funcionamento antes do Conselho propriamente dito, sendo que, no
caso da Comissão, primeiro começou os trabalhos e depois fez a indicação da Secretaria Executiva.
"Como um representante da Secretaria Executiva vai acompanhar se ele [o Conselho] não foi nem
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formado?". Após afirmar que esta se tratava de uma boa pergunta, o presidente passou a palavra ao
representante governamental Kleber Gesteira, que sugeriu que a Comissão organizasse a primeira
eleição, daí em diante ficando por conta do Conselho, proposta esta que o presidente colocou para
deliberação da plenária. Celso Correa, da Casa Civil, opinou não haver problema em se fazer isso,
explicando que, uma vez aprovada a lei, há vários procedimentos iniciais até a implementação e
nomeação dos representantes do Conselho, e considerando que ficará vinculado ao Ministério da
Justiça, logo após a aprovação da lei o ministro da Justiça poderá designar um(a) secretário(a)
executivo para o Conselho entre os funcionários do Ministério da Justiça, o qual poderá fazer o
acompanhamento. O problema, destacou, seria vincular à CNPI, que é provisória, criada por
decreto, e até que se aprove a lei pode ter tido alguma mudança; sua posição, portanto, é que não
haveria problemas em deixar o texto como está. Pierlângela Wapichana deu continuidade à
discussão questionando quem vai escolher a Secretaria Executiva do Conselho, se está previsto no
anteprojeto que será designada pelo Ministério da Justiça. O presidente respondeu que isso deve
estar previsto em algum artigo sim, ao que foi informado que consta no 12° artigo: “O CNPI disporá
de uma Secretaria Executiva, subordinada ao seu presidente”, sendo informado ainda que em todos
os conselhos que existem, normalmente o(a) secretario(a) executivo(a) é indicado(a) pelo presidente
ou ministro ao qual o conselho é vinculado. A Secretaria Executiva, como o próprio nome diz, é
executiva, não política, e portanto cuida da execução de atividades que dizem respeito ao
funcionamento do conselho. Nesse sentido, disse Pierlângela, concorda com a ponderação de Celso
Correa. Com vistas a dar encaminhamento à questão, o presidente reiterou o que havia sido dito
pelo representante da Casa Civil, no sentido de que, aprovada a lei, o ministro da Justiça deverá
imediatamente nomear a Secretaria Executiva e esta poderá dar início aos trabalhos e
procedimentos necessários; com relação à sugestão apresentada anteriormente por Kleber Gesteira,
questionou se gostaria de colocar em votação ou retirá-la, em face das novas considerações. Kleber,
concordou que se retirasse a proposta de que o processo de escolha fosse feito pela Comissão,
restando então a ponderação de Pierlângela e a proposta do Celso Correa, no sentido de que se
mantivesse a forma do artigo, mesmo porque a Secretaria Executiva, criada pelo ministro, uma vez
aprovada a lei, deverá adotar os procedimentos necessários para o acompanhamento para a escolha
dos representantes indígenas do Conselho. Ainda a propósito dessa questão, Celso Correa afirmou
que, ao fazer os comentários minutos atrás, ainda não conhecia o teor do artigo doze e agora que já
está ciente dele considera ser necessário que se busque compatibilizar as duas redações. A melhor
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alternativa, a seu ver, é que assim que a lei venha a ser aprovada o ministro faça a designação da
secretaria executiva, que pode até ser provisória, vindo uma nova secretaria a ser designada pelo
presidente do CNPI mais tarde, algo assim. Enfim, a proposta consiste em se compatibilizar a
redação do presente artigo e do 12°. Pedindo novamente a palavra, Pierlângela Wapichana disse que
gostaria de propor uma reflexão para a representação indígena, perguntando se acreditam que
necessariamente seria preciso estar presente um representante da Secretaria Executiva na ocasião da
escolha dos membros, uma vez que já haviam definido a participação das organizações maiores e
também das organizações regionais, considerando importante a presença do Ministério Público
Federal, mas não necessariamente a de representante da Secretaria Executiva, já que se trata de um
processo próprio dos povos indígenas. Diante disso, continuou Pierlângela, gostaria de apresentar
proposta no sentido de que se excluir a Secretaria Executiva como um todo, prevendo-se apenas a
presença do Ministério Público Federal. O presidente, por sua vez, sugeriu que, considerando toda
a polêmica gerada pelo tema, fosse destacado em vermelho como indicação de que se voltasse a
discuti-lo posteriormente, para que se pudesse dar seqüência à discussão dos outros parágrafos.
Sem manifestação em contrário, passou-se então à discussão do próximo item.
Passou-se então à leitura da Seção III - Dos representantes das entidades
indigenistas, cujo artigo 8° diz: “Os representantes de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que atuam há mais de cinco anos e de forma sistemática na atenção em apoio aos povos
indígenas escolherão, por votação, seus representantes, titulares e suplentes em reunião para qual
serão convidadas todas as entidades que preenchem o requisito deste artigo”, o qual foi aprovado
sem ressalvas. A seguir, procedeu-se à leitura do § 1°, em que se lê: “As organizações indígenas
regionais e o Ministério Público Federal deverão ser convidados para acompanhar a reunião objeto
do caput deste artigo”, e a seguir à do § 2°, cuja redação é a seguinte: “No caso de vacância de
entidade indigenista com titularidade, assumirá efetiva e automaticamente a vaga a entidade
suplente mais votada em ordem decrescente nas respectivas assembléias.” Em face do
questionamento do presidente quanto a ressalvas aos parágrafos, Jecinaldo Cabral dirigiu-se ao
plenário para solicitar que fosse melhor especificada a informação constante no § 1°, esclarecendo
se a referência era a organizações indígenas de âmbito regional, estadual ou local, pois a seu ver
estava disposto de forma muito geral. O presidente, por sua vez, remeteu a questão a um
representante das entidades indigenistas, Gilberto Azanha ou Saulo Feitosa, ao que Gilberto Azanha
respondeu que seria preciso garantir a possibilidade de tornar a proposta viável, que não seria
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possível fazer uma assembléia com todas as organizações locais, assim, poderia ter um caráter
regional e nacional talvez, simplificando-se a convocatória. Aderval Filho, do MDS, afirmou que a
princípio os membros da CNPI teriam legitimidade como representantes, porque foram escolhidos
em ampla discussão, para poder acompanhar esse processo nas respectivas entidades, ao que
presidente afirmou considerar que a ponderação feita por Aderval as sugestões na prática são a
mesma coisa, pois se for feito levantamento sobre quais são as organizações de caráter regional e
nacional, poderá se verificar que são as mesmas. Portanto não vê nenhuma dificuldade de que se
acrescente as informações, conforme a sugestão da bancada das organizações indigenistas, no
sentido de que as organizações indígenas de caráter regional, nacional e o Ministério Público
Federal sejam convidados para acompanhar a reunião objeto do caput deste artigo. Desta forma, foi
colocada em votação a redação, ao que Jecinaldo comentou que ao se dizer "nacional e regional"
pode se dar o entendimento de que os dois têm estar presentes, o que para ele seria contraditório.
Assim, o presidente sugeriu que se substituí-se “e” por “ou”, lendo-se “As organizações indígenas
de carácter regional ou nacional”. Jecinaldo comentou então que seria preciso definir mais
claramente quem deve convocar essa reunião de indigenistas; comentou ainda: “conhecendo o
nosso movimento indígena, a gente tem organizações regionais que na verdade o conjunto disso é o
movimento indígena nacional. Então são as organizações regionais”, assim, propôs Jecinaldo,
deveria se referir apenas às organizações indígenas regionais. O presidente esclareceu então que a
redação proposta seria: “As organizações indígenas regionais e o Ministério Público Federal”, ao
que Jecinaldo reiterou sua pergunta sobre quem convocaria essa reunião, em face do que Márcio
Meira disse que deveriam ir por partes: primeiro, o texto do § 1°: “As organizações indígenas
regionais (suprimindo “de caráter”) e o Ministério Público Federal deverão ser convidados para
acompanhar a reunião objeto do caput deste artigo”, abrindo a palavra para manifestações sobre o
parágrafo 1°, ao que não houve ressalvas. A seguir o presidente perguntou se haveria manifestação
contrária ao restante do artigo oitavo e do § 2°, quando então Edgard Magalhães, da Funasa,
afirmou que não tinha posição contrária e sim sugestão, no sentido de que se coloque
especificamente o termo “os representantes das entidades indigenistas, entidades jurídicas de direito
privado... ”, justificando a forma utilizada está muito ampla, possibilitando que outras organizações,
inclusive não indigenistas, reivindiquem representação com base nesse artigo, por exemplo uma
entidade indígena que atende toda essa definição, mas não é indigenista e sim indígena. O
presidente no entanto esclareceu que a Seção III se refere especificamente aos representantes das
Ministério da Justiça - MJ
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entidades indigenistas e que portanto se estava tratando, neste momento, no artigo oitavo, parágrafo
primeiro e segundo, das entidades indigenistas, não sendo necessário explicitar mais, ao que Edgard
argumentou que a informação só constava no título, com o presidente repetindo que a seção tratava
especificamente das entidades indigenistas. Edgard Magalhães, novamente com a palavra, insistiu
que a informação constava apenas no título, e que, num caso extremo, não haveria condições de se
concretizar de fato, mas que se deveria considerar a hipótese, por exemplo, de uma entidade
indígena que não participa do movimento indigenista nacional, e tem ligação a um interesse
regional muito específico, viesse a entrar com mandato de segurança na Justiça, dizendo atender
essas condições, ou mesmo que entidades comerciais ou empresas, sendo empresa privada sem fins
lucrativos, que portanto atende a todas essas características, reivindique sua participação, entrando
com o mandato de segurança e eventualmente obtendo uma liminar da Justiça nesse sentido. Assim,
defendeu Edgard, não custaria explicitar a informação, já que o termo entidade indigenista só consta
no título do capítulo da seção. O presidente retomou a palavra, tecendo comentários sobre a
posição de Edgard, no sentido de que a informação já está no título da seção, porém, considerando a
seqüência de ponderações feitas pelo representante da Funasa, em tese podem ser feitas por
qualquer entidade, incluindo-se ou não os termos “entidades indigenistas” e qualquer entidade
poderia fazer uma manifestação judicial. Portanto a seu ver o importante seria garantir o processo
de decisão, o processo eleitoral e de escolha que será feito para a definição dessas entidades, o que
considera estar claro no artigo oitavo, afirmando ser esse o seu entendimento e a seguir abrindo para
novas manifestações. Wilson Matos dirigiu-se ao presidente afirmando que, sem querer ser
inoportuno, gostaria de perguntar se os representantes indígenas serão alternados e portanto não
poderão ser os mesmos indicados, destacando que pelo que entendeu essa é uma discussão que será
feita depois, mas que gostaria de perguntar se as entidades indigenistas também serão alternadas, se
poderão ser as mesmas. O presidente disse que não poderia responder essa pergunta e que talvez os
membros da subcomissão ou a assessoria jurídica sim, esclarecendo se, em relação à reeleição,
valeria para essa seção o mesmo que vale para as entidades indígenas. Um dos membros dirigiu-se
ao indígena Wilson Matos, afirmando que, quando se trata dos representantes indígenas, são mais
de 180 povos indígenas, enquanto que as entidades indigenistas "se contam nos dedos", pois são
entre cinco e sete, correndo-se o risco, por esse mecanismo, de não sobrar ninguém, ou se faz um
processo de escolha, para não repetir, e vão ser eleitas as mesmas entidades, esse é o problema.
Wilson Matos, por sua vez, ponderou afirmando que conhece bem mais entidades do que cinco,
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que faz estudos na área e tem certeza de que há mais entidades, inclusive em nível nacional, razão
pela qual fizera a pergunta.
Com vistas a dar encaminhamento à questão, o presidente destacou que duas
ponderações haviam sido feitas pelo plenário, sendo que, com respeito à de Edgard Magalhães, já se
posicionara, no sentido de que não se precisava necessariamente repetir o que já está no título da
seção III, uma vez que todos os pontos por ele aventados poderiam ser levantados,
independentemente de repetirem os termos propostos. Assim, o texto do artigo ficaria como estava,
ou seja: “Os representantes de pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que atuam há
mais de cinco anos e de forma sistemática na atenção em apoio aos povos indígenas escolherão, por
votação, os seus representantes, titulares e suplentes, em reunião para qual serão convidadas todas
as entidades que preenchem o requisito deste artigo”, questionando se haveria posição contrária a
isso. Uma vez não tendo havido mais manifestações, o presidente então considerou o texto
aprovado. Com relação ao § 1°, a proposta é que o texto, com as modificações feitas, tivesse a
seguinte redação: “As organizações indígenas regionais e o Ministério Público Federal deverão ser
convidados para acompanhar a reunião objeto do caput deste artigo”, questionando se haveria
alguma objeção a respeito, após o que, uma vez não havendo, considerou o parágrafo aprovado. A
seguir o presidente colocou § 2° em votação, cujo texto diz: “No caso de vacância de entidade
indigenista com titularidade, assumirá efetiva e automaticamente a vaga a entidade suplente mais
votada, em ordem decrescente das respectivas assembléias”, tendo o mesmo sido aprovado pelo
plenário. Aprovado esses textos, o presidente disse que gostaria de chamar a atenção para as
ponderações feitas anteriormente, que estão além do que consta nos referidos artigos, as quais
remeteu à subcomissão para debate mais tarde, na seqüência. Em primeiro lugar, trata-se do ponto
levantado por Jecinaldo, com relação a quando e quem convoca esse processo, informou; o segundo
trata-se do ponto levantado por Wilson Matos com relação à questão da reeleição, sobre se caberia
colocar nessa seção o mesmo que está previsto para as organizações indígenas em relação à
reeleição. Uma vez não havendo consenso sobre esses dois pontos, o presidente remeteu-os para
debate em momento posterior, quando a subcomissão deveria também apresentar sugestões. Dando
seqüência aos trabalhos, foi solicitado agregar mais um item, considerando a analogia feita por
Wilson Matos com referência às organizações indígenas, quanto às quais se reporta à abrangência
regional, o que não é feito no caso das organizações indigenistas. Nesse sentido, foi sugerido
equiparar as exigências, com relação à questão do caráter nacional ou regional das entidades
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indigenistas.
Passou-se a seguir ao Capítulo III , Do funcionamento, artigo 9°, cujo texto
aprovado diz: “O Conselho Nacional de Política Indigenista reunir-se-á ordinariamente a cada três
meses e extraordinariamente sempre que o seu Presidente o convocar”, aprovado pelo plenário sem
que se registrasse nenhuma manifestação. O artigo 10° foi igualmente aprovado, com a seguinte
redação: “Aos representantes indígenas é assegurada a realização de pelo menos um dia de reunião
preparatória antecedente às reuniões ordinárias ou extraordinárias do CNPI”. Quanto ao artigo 11°,
em que se lê: “O CNPI será presidido pelo Ministro da Justiça”, o presidente questionou o plenário
se haveria alguma manifestação, ao que Aderval Filho/MDS, posicionou-se no sentido de que,
apesar do interesse que o Ministro tenha em presidir, seria mais adequado que este delegasse a uma
outra pessoa a função de presidente do Conselho, como por exemplo ao presidente da Funai,
questionando os demais se haveria algum empecilho para isso, ao que se destacou que, caso se
mantenha a redação, o artigo seria determinante. O presidente afirmou então que gostaria de
colocar uma questão sobre o assunto, até porque a discussão não fora aprofundada na reunião
passada. “Eu vejo que isso não é um problema, da seguinte forma”, disse, “pelo que ficou
estabelecido aqui, os representantes dos ministérios têm sempre dois suplentes, indicados pelo seu
representante titular. A única ponderação que eu faço é a seguinte: normalmente os conselhos são
presididos mesmo pelos ministros, só que ministro geralmente tem dificuldade de agenda, inclusive
para estar presidindo o conselho. Então normalmente eu vejo que, no caso do conselho, o ministro
da Justiça poderá delegar a um de seus dois suplentes a presidência do conselho, na sua ausência”.
A seguir o presidente remeteu a questão aos membros da subcomissão, em busca de um melhor
entendimento, tendo em vista uma questão prática: “o ministro da Justiça, digamos que por sua
agenda, não poderá estar presidindo a reunião do conselho. Neste caso, quem assumirá no lugar do
presidente do Conselho claro, é o suplente do presidente!”, afirmou. Nesse sentido, prosseguiu
Márcio Meira, a primeira pergunta é: “se o representante, por exemplo da Funai – porque a Funai
tem um representante no conselho – se o ministro por exemplo escolhe o presidente da Funai como
substituto dele para presidir o Conselho, no caso, o suplente do representante da Funai assumiria?
Essa é uma pergunta que eu gostaria de fazer para subcomissão, para a gente poder tratar da prática
do funcionamento do Conselho”. Aderval Filho, por sua vez, exemplificou sua dúvida citando o
exemplo do ministro Ananias Patruz, que coordena uma comissão nacional, “não conselho e sim
uma comissão nacional”, disse Aderval, “aliás, ele preside, mas quando a gente foi de fato
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considerar essa questão de que se preside ou não, [verificou-se que] presidir significa que, se ele
não estivesse presente nas reuniões ordinárias, a reunião não poderia acontecer, então havia um
impeditivo legal”. Para solucionar a questão, continuou, delegou-se a presidência a uma secretária,
ou se flexibilizou a questão, de forma que a presidência coubesse ao ministro e/ou a quem ele
delegasse. “Porque senão a reunião não acontece, se o ministro da Justiça não estiver sentado onde
você [Márcio Meira] está, a reunião do Conselho não pode acontecer em termos jurídicos, pelo que
eu entendo, agora, pode ser que haja um equívoco da minha parte”, concluiu Aderval. A seguir com
a palavra, Carlos Nogueira/MME, solicitou fazer uso da palavra a fim de fazer uma contribuição
ao que fora falado por Aderval Filho, no sentido de saber qual é a função do presidente da Funai,
citando o exemplo de seu órgão, no âmbito do qual está sendo criado o Conselho Nacional de
Política Mineral, presidido pelo ministro e de caráter consultivo, enquanto que a secretaria
executiva é ocupada pelo Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, e no caso de
impedimento do presidente do conselho, que seria o ministro, a reunião acontece com o secretário, o
que foi definido oficialmente. Carlos Nogueira ressaltou que sua intenção era demonstrar o quanto é
difícil a agenda de um ministro, por exemplo: “ele vai vir na abertura, cinco minutos ele vai sair,
não vai ficar um dia, dois dias, principalmente em um conselho pesado como esse aqui, que tem um
dia antecipado, dois depois, no mínimo dois dias de discussão, dos quais ele dificilmente poderá
participar”. O representante do Ministério de Minas e Energia prosseguiu destacando não ter visto a
função do presidente da Funai na proposta de conselho em discussão, e que normalmente os
conselhos têm um secretário executivo, que assume como se fosse um vice-presidente e assume o
lugar do ministro, já que “dificilmente o ministro vai ficar o dia todo aqui e quando ele tiver que se
ausentar vai ter que delegar. É o caso que a gente está pensando lá para o nosso conselho
consultivo, em que o ministro é o presidente e o secretário executivo é o Secretário de Geologia, e
na ausência do presidente o secretário assume, está escrito lá no texto que está sendo submetido à
instância competente”, ao finalizar destacando que se tratava de uma contribuição ao que Aderval
havia dito momentos atrás. A seguir, Jecinaldo Cabral pediu a palavra para fazer uma proposta à
comissão, afirmando “eu assisti e participei de um processo que eu nunca tinha visto dentro do
governo ainda, que foi o processo de eleição do Conselho Nacional de Saúde. E pela primeira vez o
Conselho Nacional de Saúde fez uma eleição com a participação de todos os membros que
compõem o conselho nacional, e eu queria fazer essa preposição ao Conselho Nacional de Política
Indigenista, que não fosse uma presidência a partir somente do governo, mas se estamos aqui em pé
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de igualdade, também os povos indígenas reivindicam a presidência, para também terem
participação na presidência desse conselho nacional”. O Presidente, retomando a palavra,
perguntou se mais alguém gostaria de fazer uso da palavra, ao que a representante da SEPPIR,
Ivonete Carvalho, pediu a oportunidade de se manifestar. A seguir, desejou bom dia a todos e a
todas, apresentando-se como sendo Chefe de Gabinete Substituta da SEPPIR e destacando sua
intenção de contribuir com este ponto, que afirmou julgar extremamente importante, assim como
todos os outros artigos que foram trabalhados até aquele ponto, ressaltando ainda que “acho que nós
estamos todos aqui vivenciando um momento histórico, de protagonismo e de demarcação política
dos direitos da população indígena no Brasil”. Com relação ao artigo, Ivonete Carvalho declarou
que gostaria deixar questões para reflexão, no sentido de que, pelo caráter que tem a presidência de
um conselho, que se reflita sobre a importância de se ter um ministro à frente da presidência,
expressando concordância com a proposta de Jecinaldo Cabral, para que se pense na questão da
pluralidade e da representação dos povos indígenas na direção do conselho, afirmando ainda ser
importante pensar na perspectiva de suplente, “porque todos nós sabemos como são realmente
complicadas as agendas dos ministros”. Ivonete Carvalho declarou ainda que o cargo de presidente
é um cargo político, diferentemente da secretaria executiva por exemplo, afirmando: “eu acho que a
secretaria executiva coordena uma reunião, agiliza uma reunião, mas o papel do presidente ou do
seu representante, seu suplente, é fundamental na coordenação de uma reunião e de um conselho”.
O presidente se manifestou a seguir, afirmando que gostaria de deixar para reflexão a questão da
importância deste formato, de se ter a figura do ministro, mas também se ter a representação dos
povos indígenas neste papel, fundamental, que é a coordenação de um conselho, desempenhar o
papel político do conselho. A seguir, foi reforçada a posição de Jecinaldo e afirmando que deveria
haver um dispositivo na lei definindo que o presidente do Conselho seria eleito na primeira seção
do Conselho. A seu ver, essa regra deveria prevalecer, declarando ainda “que o fato dos conselhos
serem tradicional e historicamente presididos por ministros é só um dado, não significa que deva ser
assim para sempre. E eu acho que da mesma forma que é importante, em caráter simbólico, político,
o fato de o ministro estar presidindo, há também um mesmo simbolismo no fato de um
representante indígena o estar presidindo. Eu acho muito interessante também, tenho acompanhado
o processo do Conselho Nacional de Saúde, acho que é um ganho, e nós estamos partindo para
políticas plurais, para órgãos de controle que tenham essa composição plural, e não há lógica em
estabelecer que a presidência deva ser necessariamente do governo”. Retomando a palavra, o
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presidente sugeriu que, diante desse debate, seguindo o mesmo critério que vem sendo seguido até
o presente momento, o artigo 11° seja destacado em vermelho, e se volte ao debate logo em
seguida, uma vez que não há consenso em relação a esse ponto.
Não havendo objeções, passou-se então para o artigo 12°, cujo texto diz: “O CNPI
disporá de uma secretaria executiva, subordinada ao seu Presidente”, após a leitura do qual o
presidente questionou se haveria alguma manifestação, e como a princípio não houve, considerou o
artigo aprovado. A seguir passando-se à leitura do artigo 13°, que diz “O CNPI será secretariado
pela Funai”, quando o representante do Ministério de Minas e Energia, Carlos Nogueira, pediu a
palavra para apresentar questionamento sobre o artigo 12°, em que se diz que o CNPI disporá de
uma secretaria executiva subordinada ao seu presidente, destacando a relação entre os artigos e as
implicações disso. Carlos Nogueira destacou afirmou ainda que, anteriormente, quando fizera sua
fala, não havia ouvido as outras posições, portanto não tinha conhecimento de que há vinte anos se
desenvolve a metodologia descrita na saúde, e que está funcionando, o que, como foi colocado pela
SEPPIR, é um exercício de democracia com o qual se precisa aprender. Com relação à secretaria
executiva, prosseguiu, gostaria de saber se o secretário executivo também seria escolhido e se isso
também seria feito na primeira reunião, assim como gostaria de voltar à pergunta feita
anteriormente, sobre qual é a função da Funai no Conselho, se o presidente teria a função de
secretário, até porque logo após se está dizendo que a Funai deveria exercer o secretariado do
Conselho, e no próximo artigo se está dizendo que deverá exercer o suporte técnico logístico, mas
não se diz que deverá exercer a presidência. Então, concluiu Carlos, eu gostaria de fazer a mesma
pergunta do item anterior neste item também, porque o secretário executivo tem uma função
importante em qualquer conselho. Jecinaldo Cabral, a seguir, afirmou concordar com o
representante do Ministério de Minas e Energia, no sentido de que deve haver quanto à necessidade
de que a secretaria executiva esteja subordinada ao seu presidente, no entanto a seu ver a discussão
dos artigos 12° e 13° deverá acompanhar a discusão do artigo 11°, que ficou destacado em
vermelho para discussão posterior. O presidente concordou que não seria possível separar a
discussão desses três pontos; quanto ao 14°, em que se diz que “A Funai exercerá o suporte técnico
administrativo ao CNPI”, defendeu que, independentemente da definição política, terá que ser feito
pela Funai, por ser o órgão indigenista no Estado que tem condições de dar esse suporte,
defendendo ainda que o artigo 12° também não traz muitos motivos para polêmica. Ainda segundo
o presidente, os principais itens a discutir seriam o artigo 11° e 13°, que precisam ser discutidos
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juntos. A posição do presidente foi contestada pelo representante do MME, Carlos Nogueira, o qual
defendeu que o artigo 12° era tão importante quanto os demais, argumentando no sentido que,
supondo-se que o 13° e 14° forem aprovados e a secretaria executiva não seja exercida por alguém
da Funai, isso pode ser um problema, burocrática e administrativamente, podendo se estabelecer
uma relação complicada nesse aspecto. O presidente propôs então que se aprovasse apenas o artigo
14°, deixando o 11°, 12°, 13° serem debatidos em conjunto. Kleber Gesteira se manifestou a
seguir, solicitando que a subcomissão informasse se há diferença clara de papéis previstos nos
artigos 13° e 14°, bem como se o papel do 13° não poderia se confundir com o do 12°, uma vez que
para ele essas divisões não haviam ficado claras; Celso Correa, por sua vez, perguntou se o artigo
14° entraria na discussão. O presidente informou então que exatamente em razão dessas questões
levantadas por Kleber é que se faria discussão; com relação ao 14°, considerava não haver dúvidas,
por se referir exclusivamente ao suporte técnico e administrativo, a seu ver não existindo dúvidas
sobre isso, diferentemente do 11° e 13°, nos quais de fato há muitas dúvidas, o que justificava que
se desse continuidade à discussão sobre eles. Aderval Filho, a seguir, dirigiu-se ao plenário para
afirmar que a dúvida de Celso era pertinente, tendo em vista a confusão que poderia ser gerada caso
se tenha uma secretaria executiva, um secretariado, que não é o secretariado executivo, e um apoio
logístico e administrativo, exercidos por órgãos diferentes, sendo que a rigor a secretaria executiva
deveria cuidar de tudo isso, desde ser secretário executivo efetivo, sob o ponto de vista político, mas
também sob o aspecto administrativo, técnico, logístico, sendo que normalmente a secretaria
executiva assume os três papéis. Diante dessas questões, disse o presidente, o artigo 14° também
seria mantido em vermelho, ficando em destaque para discussão conjunta com os demais artigos
pendentes. Passou-se a seguir para o artigo 15°, cuja proposta de redação é: “O CNPI deliberará por
maioria absoluta de votos”, procedendo-se à leitura do Parágrafo único, que diz: “Será considerada,
para efeito de votação, a paridade de representantes governamentais e não governamentais”, que
também ficou pendente para ser deliberado posteriormente. Com relação ao artigo 16°, que diz: “O
presidente do CNPI votará apenas no exercício do voto de qualidade”; artigo 17°, em que se lê: “Os
representantes da Advocacia Geral da União (AGU) e do Ministério Público Federal (MPF) terão
assento permanente nas reuniões do CNPI como convidados”; artigo 18°, que diz: “O CNPI terá 6
câmaras temáticas permanentes e paritárias para análise de assuntos específicos relacionados com as
matérias de sua competência”; artigo 19°: “Sempre que julgar necessário, o CNPI convidará
pessoas, representantes de entidades da sociedade civil ou de órgãos públicos que possam colaborar
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com o desenvolvimento dos seus trabalhos”, foram aprovados sem ressalvas.
Concluída a discussão deste capítulo, passou-se ao próximo, o Capítulo IV , Da
Conferência Nacional de Política Indigenista, cujo artigo 20° diz: “A Conferência Nacional de
Política Indigenista integra a estrutura do CNPI e constitui-se em instância de participação dos
povos indígenas na formulação da política indigenista, cujos resultados e conclusões deverão ser
considerados pelo CNPI quando da aprovação das diretrizes da política indigenista nacional”, a
respeito do qual um dos membros comentou que se deve garantir a participação majoritária dos
povos indígenas, estabelecendo as regras, com a participação governamental de um terço no
máximo, dando maioria aos povos indígenas, como se faz em todas as outras conferências. Edgard
Magalhães/Ministério da Saúde, informou que Suzana/MEC [que tivera de sair] lhe pedira para
falar sobre como é a paridade na Conferência Nacional de Saúde, na qual todas as temáticas,
inclusive as de saúde indígena, obedecem à lei 8.642, que estabelece a paridade, sendo 50% de
representantes dos usuários do sistema de saúde, 25% dos prestadores de serviços e 25% dos
trabalhadores em saúde. Nos 25% dos prestadores de serviços estão incluídos os representantes
governamentais, então, 25% são prestadores de serviço de governo, 25% trabalhadores em saúde e
50% representantes dos usuários do sistema de saúde, aí englobadas todas as associações de
usuários, e as instituições de pesquisa. Jecinaldo Cabral manifestou-se a seguir, afirmando que a
fala de Edgard deixava claro que os povos indígenas devem ser maioria na conferência, defendendo
que a paridade faria sentido apenas no âmbito da comissão organizadora da conferência, na qual
deveria haver paridade entre o governo e os membros indígenas do CNPI. Ainda segundo Jecinaldo
Cabral, questões como a participação e direcionamento deveriam ser remetidas para a discussão do
regimento interno da conferência, não sendo possível se pensar em paridade na conferência em si,
uma vez que se estaria fazendo uma consulta às populações indígenas, de forma que a participação
do governo deveria se restringir à coordenação e à composição da comissão organizadora. O
presidente Márcio Meira deu prosseguimento, afirmando que, levando em conta a proposta de
Jecinaldo, o artigo teria o seguinte teor: “A conferência nacional dos povos indígenas integra a
estrutura do CNPI e constitui-se em instância de participação de todos os povos indígenas na
formulação da política indigenista da União, cujos resultados e conclusões deverão ser considerados
pelo CNPI quando da aprovação das diretrizes da política indigenista nacional”, sendo necessária a
inclusão de um parágrafo único estabelecendo que a comissão organizadora da conferência será
paritária, estabelecendo-se, no regimento interno da conferência, ou seja, em seu regulamento,
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como será a participação de ambas as partes. Um outro membro, que não se identificou, afirmou
que gostaria também de insistir na nomenclatura, no sentido de que a conferência dos povos
indígenas é um instrumento que eles convocam no momento que quiserem, e que a seu ver haveria
um equívoco a respeito do tema. Solicitou, ainda, especial atenção para o fato de que a decisão
sobre a composição do Conselho fica prejudicada diante de não se ter chegado a conclusão sobre
quem vai presidir o Conselho, revelando dúvida sobre a questão da paridade e composição do
Conselho, ao que se informou que são 21 representantes governamentais, 18 indígenas, 2 de
entidades da sociedade civil, ao que se levantou a questão de que o pressuposto é que o presidente
do Conselho é o ministro da Justiça, que terá o voto de minerva, e se isso se altera essa paridade
também será alterada. Ou seja, se o presidente do Conselho for um representante dos povos
indígenas, que terá apenas direito ao voto de minerva, essa paridade estará alterada, o que deverá
ser mudado para garantir a equivalência. Com vistas a dar encaminhamento à votação do artigo 20°,
o presidente questionou se havia acordo com relação ao caput do artigo, ressaltando ter entendido
que sim, além de se levar em conta também a lembrança do destaque com relação ao §1°. Quanto à
definição quanto ao texto do parágrafo, o presidente solicitou ao representante da Casa Civil, Celso
Correa, que conduzisse os trabalhos por alguns minutos, pois precisava se ausentar para tratar de
um assunto urgente ao telefone com o Ministério da Justiça. Celso então se dirigiu ao plenário
questionando se havia acordo em relação ao nome, se seria consenso a opção pela troca do nome ou
se a nomenclatura seria mantida como Conferência Nacional de Política Indigenista, ficando
aprovada alteração no título do capítulo e no caput do artigo, considerado-se aprovado ainda o
artigo que definia a situação de proporcionalidade na representação. Prosseguindo, Celso declarou
concordar com a opinião de Jecinaldo Cabral com relação à comissão organizadora ser paritária, no
entanto fazendo objeção quanto a ser o caso de colocar essa informação numa lei, mas deixando
claro que se essa for a decisão tudo bem. Como encaminhamento, Celso questionou se a
subcomissão deveria apresentar uma proposta de redação para definir a situação de
proporcionalidade ou se o plenário aprovaria o parágrafo primeiro na forma em que ele estava
proposto, abrindo a palavra para ponderações do plenário. Uma vez que os presentes deram a
impressão de não terem compreendido, Celso reformulou a proposição, informando que dispunham
de duas opções: pedir para a comissão que elabore o parágrafo para estabelecer a situação de
proporcionalidade na representação da conferência ou um parágrafo simplesmente falando da
questão da proporcionalidade, que seria paritária na comissão organizadora, de forma que esse
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ponto não constaria no projeto de lei. Aderval Filho/MDS lembrou aos presentes que, para guardar
a coerência, deveriam fazer constar em lei a participação governamental e de todos povos indígenas
na formulação da política, governamental e não governamental, para que nenhum deles seja
excluído, ao que Celso Correa afirmou que a seu ver essa informação estaria subentendida, pois não
é garantir que sejam só povos indígenas e sim garantir que todos eles sejam representados, mas que
se se quiser colocar governamental, para ficar mais clara a redação, não há problemas, embora não
veja necessidade, uma vez que, se colocarem a palavra governamental também se teria que incluir
delegado de organização indigenista, e aí se poderia voltar à redação anterior. O que está se
querendo fazer no caput é garantir a participação na conferência de todos os povos, e não de tratar
da questão de proporcionalidade de representação, o que deveria ser tratado no parágrafo ou no
regimento interno, perguntando a seguir se haveria alguma objeção em aprovar o caput do parágrafo
20 do jeito em que ele está. Uma vez não havendo objeções, foi então considerado aprovado. Saulo
Feitosa/CIMI , expressou a seguir uma preocupação com a redação no que se refere à participação
de todos os povos indígenas, pois isso poderia não ser possível e portanto se deveria evitar que
viesse a ser usado como uma dificuldade, propondo então que se retirasse a palavra todos. Acatando
a sugestão, Celso passou então à leitura do texto conforme aprovado, que seria: “A conferência
nacional dos povos indígenas integra a estrutura do CNPI e constitui-se em instância de participação
de todos povos indígenas na formulação da política indigenista, cujos resultados e conclusões
deverão ser considerados pelo CNPI quando da aprovação das diretrizes da política indigenista
nacional”. Já de volta à reunião, o presidente, confirmou a aprovação do artigo e passou ao §1°: “O
CNPI definirá a comissão organizadora da Conferência, de caráter paritário, e aprovará seu
regimento interno”, a respeito da qual Jecinaldo Cabral apresentou sugestão, expressa da seguinte
forma: “Eu tenho uma proposta para essa questão... o Edgard está aqui, ele sabe que, quando a gente
organiza a conferência de Saúde, o Conselho Nacional aprova a comissão e também o regimento
interno. Acho que seria interessante também que essa plenária do Conselho Nacional viesse a
compor a comissão e também aprovar o regimento interno, então depois disso passaria a
responsabilidade para condução da comissão. Eu acho que se poderia deixar isso claro, porque aí
essas outras coisas ficariam a cargo da comissão organizadora, como também já
determinado/aprovado em plenária o regimento interno. Acho que a gente poderia só destacar que a
plenária da CNPI é que vai compor a comissão e também vai aprovar o regimento interno, de forma
paritária”. Prosseguindo, o presidente afirmou que seria necessário traduzir a proposta de Jecinaldo
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para o texto de redação, solicitando que algum integrante da subcomissão, assessor ou o próprio
Jecinaldo redigisse o texto, que deveria vir a ser um parágrafo. Jecinaldo, por sua vez, afirmou que
o teor do parágrafo seria: “A comissão organizadora da conferência será definida pelo Conselho,
bem como a aprovação do seu regimento interno da conferência”, ao que o presidente retrucou
perguntando se seria: “A comissão organizadora da conferência será definida pelo Conselho, pelo
CNPI, que aprovará também o regimento interno”. Pierlângela Wapichana questionou o uso da
palavra aprovará, afirmando que a seu ver na verdade a comissão não aprova o regimento e sim a
plenária, ao que o presidente afirmou que o CNPI, o Conselho é que o aprova, diante do que
Pierângela argumentou que nas conferências em que tem participado se faz uma plenária para a
aprovação do regimento, ao que o presidente afirmou que não neste caso, que por sua experiência
em conselhos, como esta conferência é parte do conselho, então este tem, em tese – pela
representatividade que tem – legitimidade para elaborar e aprovar o regimento da conferência.
Assim, quando se for fazer a conferência, logo no início o regimento será apresentado, para deixar
bem claras as regras da conferência para todos os participantes; “isso é o que normalmente acontece
nas conferências, o que é importante é que, quando a conferência vai ser realizada, tem que deixar
bem clara as regras desde o início, sendo que essas regras foram definidas pela instância superior,
que é o Conselho”. Dessa forma, prosseguiu o presidente, se observaria a proposta de Jecinaldo, no
sentido de que o conselho terá que aprovar o regimento interno da conferência e a comissão será
definida pelo conselho para organizar e realizar a conferência, “É assim que funciona
normalmente”, concluiu. A propósito dessa questão, Jecinaldo referiu-se ao que dissera
Pierlângela, comentando que normalmente o regimento interno da conferência, no que se refere a
como vai acontecer a conferência nacional, em geral é submetido a apreciação em várias instâncias,
sejam estaduais, municipais ou regionais, e nesse caso poderiam ser incorporadas as contribuições e
depois seria aprovado no conselho. Diante do que o presidente comentou que, no caso das
conferências de educação e de saúde, como essas políticas públicas são constitucionalmente de
competência comum da União, dos estados e municípios, obrigatoriamente são feitas dessa forma,
pois contam com a participação de municípios, estados, chegando ao âmbito nacional. Porém,
prosseguiu, no caso dessa conferência dos povos indígenas, a constituição é muito clara e ela diz
que a responsabilidade pela política indigenista, no sentido mais estrito, é exclusiva da União, sendo
complementada pelas responsabilidades de setores como educação, saúde, cultura e outras áreas.
“Então esse é um tema que permeia vários debates que vão vir depois da educação, saúde, cultura e
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outras; eu acho que ele é o tema que está por trás desta questão aqui agora. No caso da conferência
nacional de política indigenista, ela tem um caráter diferenciado na sua realização, os critérios que
serão definidos pela regimento e pela comissão em si, aprovados pelo conselho, serão critérios
diferenciados, não serão somente pautados pelo pacto federativo, porque tem que ser diferenciado.
Então esse é um ponto que não cabe discussão aqui, isso é uma discussão longa, uma discussão
tensa no âmbito do conselho, para definição do regulamento da conferência, vai entrar na pauta do
conselho. O que é importante aqui neste momento é definir o que a gente está definindo, o conselho
aprova isso mesmo, a compreensão sobre a comissão organizadora, que é partidária, e o regimento
da conferência. É isso que tem que estar estabelecido aqui, é preciso que nós tenhamos clareza, se é
isso que nós estamos definindo aqui, sobretudo estou falando com a Pierlângela que foi quem
levantou a questão.” Pierlângela, por sua vez, expressou preocupação por se deixar questões
subentendidas, pois as pessoas que lidam com a questão podem mudar e o que estava subentendido
para um pode ser não ter o mesmo significado para o que vier a sucedê-lo. Sua preocupação,
prosseguiu, é se vai haver apenas a conferência nacional ou se será precedida de conferências
regionais, o que a seu ver deve constar expressamente no regimento interno. O presidente
concordou que esse tipo de informação deve constar no regimento, uma vez que nele é que deve se
definir como vai ser a conferência, o qual por sua vez deverá ser aprovado pelo conselho.
Pierlângela retrucou então que, da forma como está escrito [no projeto de lei] está subentendido
quem vai aprovar, sendo preciso melhorar a redação, deixando claro que quem vai aprovar diante
do presidente propôs a redação: “O CNPI definirá a comissão organizadora da conferência, de
caráter paritário, e aprovará seu regimento interno”, perguntando se a redação agradava Pierlângela,
que ainda apresentava dúvidas, e reformulando para “O CNPI definirá a comissão organizadora da
conferência inferida no caput, de caráter paritário, e aprovará seu regimento interno”, questionando
a plenária se esta redação contemplava a discussão. Não havendo manifestações contrárias,
considerou então aprovado o §1°, destacando que caso haja alguma questão para a qual não
atentaram esta será apontada pela equipe jurídica.
Concluída mais essa etapa da discussão, passou-se ao §2°, que diz: “A Conferência
Nacional de Política Indigenista realizar-se-á a cada 04 (quatro) anos”, abrindo a palavra para
comentários. Nesse sentido, Celso Correa/Casa Civil afirmou que a seu ver a periodicidade estava
fixada de forma muito rígida, quando na verdade poderia se definir que a conferência deveria ser
realizada no mínimo de quatro em quatro anos, com o que poderia ocorrer em períodos menores
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também, se fosse o caso. O presidente retrucou que deveria se dizer no máximo a cada quatro anos,
ao que Celso disse que se deveria atentar para a redação, uma vez que se usarem os termos no
máximo não se obteria o sentido desejado, sugerindo que se dissesse “com periodicidade máxima de
quatro anos”, para poder ser claro na redação, deixando claro se tratar de uma proposta. A seguir,
Francisca Pareci afirmou que era preciso lembrar que, depois que for desenhada a conferência,
definindo-se se vai haver consultar em outras instâncias, ou seja, se haverão conferências em âmbito
regional, e como será o seu desenho, se por povos ou em termos de proximidade geopolítica, se
essas conferências intermediárias vão acontecer entre uma conferência nacional e outra, então ser
terá uma preparação extensa. Por isso, prosseguiu, deve se pensar nisso ao definir a periodicidade,
mesmo sendo numa instância de caráter estritamente nacional em termos de atribuição nacional,
questionando se neste momento vão definir um desenho, decidir se acontecerão conferências
regionais e como se dará a definição dessa regionalidade. O presidente afirmou que, segundo sua
compreensão, e antes de passar para as questões levantadas por Francisca, de acordo com sua
experiência em organizar uma conferência nacional, quando se faz um evento dessa natureza, é um
conjunto, “inclui a regional, as locais, é um processo ascendente que chega numa plenária nacional,
ela é um conjunto, é uma conferência que reúne tudo isso. Então eu não vejo uma regional que vai
ser num ano e a nacional vai ser em outro ano, eu não sei se foi isso que você quis dizer, mas eu
vejo que, pelo que está colocado aí, a cada quatro anos no máximo acontece, durante três ou quatro
meses, o tempo que for necessário, esse processo de discussão ascendente de consulta, até o
plenário nacional”. Após o que o presidente afirmou que essa era sua forma de ver a questão,
perguntando a Francisca se sua fala contemplava o que ela havia abordado. Francisca, por sua vez,
afirmou que precisava ter uma compreensão mais clara sobre a questão, afirmando: “o senhor sabe
que, quando isso chega nas bases, evidentemente que a turma bate o olho e vê, questiona em que
momento vai haver de fato a participação regional”. Assim, prosseguiu Francisca, é preciso fazer
uma agenda de trabalho que possa ser acompanhada pelo movimento indígena, assegurando a
realização a cada quatro anos, seja no decreto ou no regimento, apesar de não acreditar que seria
possível definir tudo no âmbito da Comissão. O presidente, por sua vez, afirmou que o
detalhamento de tudo isso estará no regimento interno, passando a palavra para Jecinaldo, que
disse ter uma preocupação, no sentido de que ainda se está em processo de aprendizagem no que se
refere à democracia, e que observando o governo se percebe que ele fica quatro anos, depois é
substituído, de forma que se as conferências forem realizadas a cada 4 anos vão coincidir com a
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troca de mandato de governo, assim, caso acontecessem de três em três anos talvez se evitasse esse
problema. Jecinaldo afirmou ainda estar confuso com relação à medição do tempo a partir do qual
seriam realizadas as conferências, se seria contado a partir da aprovação desta lei ou de outra forma,
reafirmando sua proposta de que as conferências ocorram de três em três anos. Pierlângela também
se manifestou, lembrando que no decreto que instala a Comissão Nacional de Política Indigenista
está estabelecido que esta deverá organizar a Conferência Nacional de Política Indigenista, que fez
questão de ressaltar não se tratar da Conferência Nacional dos Povos Indígenas, já que discutiram
muito sobre a nomenclatura, que segundo seu ponto de vista claramente não tem relação com a
conferência que aconteceu em 2004, a qual não entre no mérito do que foi determinado na
Comissão. A esse respeito, Pierlângela perguntou então se a CNPI vai fazer esta conferência ou se
aconteceria após a aprovação da lei que cria o Conselho, a cada 4 anos. A propósito dos pontos
destacados pelos membros da Comissão, o presidente afirmou que se tratava de uma questão
política, tanto que não seria possível definirem esses prazos na proposta de lei; respondendo em
parte às questões propostas por Jecinaldo, o presidente esclareceu que a conferência será realizada
pelo Conselho. Dando prosseguimento, foi então discutido o Capítulo V, Das disposições gerais e
finais, artigo 21°, aprovando-se sem ressalvas os artigos 21º: “As despesas com deslocamentos dos
representantes indígenas e dos representantes das entidades indigenistas no CNPI correrão por conta
do Ministério da Justiça”; artigo 22º: “As reuniões do CNPI serão registradas em atas, que deverão
ser disponibilizadas, bem como o balanço semestral de suas receitas e despesas, por meio da rede
mundial de computadores, nos sítios do Ministério da Justiça e da FUNAI, podendo ser reproduzidas
e divulgadas, na íntegra, por quaisquer meios”; artigo 23º: “A participação no CNPI será
considerada função pública relevante não remunerada”; artigo 24º: “A instalação do CNPI dar-se-á
no prazo de sessenta dias da publicação desta Lei”; e artigo 25º: “O CNPI aprovará o seu regimento
interno na primeira reunião subseqüente à sua instalação”. Foi deixado pendente, para discussão
posterior, o artigo 26º, que diz: “O art. 4º da Lei n.º 5.371, de 5 de dezembro de 1967, passa a
vigorar com a seguinte redação: 'Art. 4º A Fundação terá sede e foro na Capital Federal e se regerá
por Estatutos aprovados pelo Presidente da República, respeitadas as diretrizes aprovadas pelo
Conselho Nacional de Política Indigenista.' Quanto ao artigo 28º, que diz: “Revoga-se a expressão
'estabelecer as diretrizes' contida no inciso I e nos incisos II, IV e V, todos do art. 1º e o art. 3º da
Lei n.º 5.371, de 5 de dezembro de 1967”, foi deixado em vermelho, para discussão posterior,
aprovando-se o artigo 27º, em que se lê: “Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação”. Tendo
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se chegado ao fim do documento e dado o adiantado da hora, foi então feito o intervalo para o
almoço, devendo-se retomar a reunião às 15 horas, destinando-se ainda meia hora para que a
bancada indígena se reunisse antes do reinício da reunião.
Ata da 3ª Reunião Ordinária Dia 10 de outubro de 2007
Tarde
Aos dez dias do mês de outubro do ano de dois mil e sete, às 15 horas e 50 minutos,
foram retomadas as atividades no âmbito da 3ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política
Indigenista, quando então o presidente Márcio Augusto Freitas de Meira se dirigiu à plenária
com vistas a definir a agenda de trabalho do tarde deste dia, informando que, conforme previamente
combinado, deveriam ter retomado às 15 horas, reservando-se meia hora para que os representantes
indígenas se reunissem, já se encontrando atrasados com relação a esse cronograma. A seguir, o
presidente propôs encaminhamento no sentido que, diante da importância do tema, inclusive pela
questão do tempo reduzido, iniciassem as atividades do período da tarde tratando diretamente das
questões ligadas à Educação. Quanto aos pontos pendentes no que se refere à proposta de
anteprojeto de lei para criação do Conselho Nacional de Política Indigenista – destacados em
vermelho no decorrer da manhã – propôs que se aproveitasse a noite para refletir sobre os pontos
pendentes, retomando-se a discussão e deliberando no primeiro momento do dia seguinte, a fim de
fechar a proposta do projeto de lei; a propósito, questionou o coordenador da subcomissão, Gilberto
Azanha/CTI, se concordava com o encaminhamento. Gilberto Azanha, por sua vez, informou que
teria outra proposta de encaminhamento, sugerida pela bancada não governamental: como há pontos
polêmicos, sobre os quais a bancada sentiu a necessidade de aprofundar a discussão e a sugestão de
encaminhamento é que essa discussão seja suspensa e que dê prosseguimento à pauta, por se temer
que a discussão se amplie e a pauta seja prejudicada. Nesse sentido, propõe-se que a subcomissão
faça reunião ampliada nos dias 23 e 24 de novembro, aproveitando a vinda dos representantes
indígenas para discussão do Estatuto, e que a discussão final do projeto de lei seja feita em plenária,
na reunião ordinária de dezembro, para aí então ser encaminhada à Casa Civil. O presidente
questionou então a plenária se aprovaria a proposta da bancada não governamental, afirmando que
de sua parte não via nenhuma dificuldade, sendo que se o plenário resolvesse aprová-la não haveria
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dificuldade, uma vez que ele proprio definira o prazo anterior, abrindo então a palavra. O primeiro a
se manifestar foi o Coronel Caixeta/GSI, o qual afirmou que seria importante que se definisse
como funcionaria a subcomissão ampliada, já que a subcomissão em si já discutira e apresentara
suas propostas, ao que o presidente perguntou se o que fora aprovado no decorrer dos trabalhos se
manteria como aprovado, o que foi confirmado, de forma que na reunião ampliada apenas seriam
discutidos os pontos pendentes, ou seja, aqueles que ficaram destacados em vermelho. Ademais,
destacou o presidente, a questão levantada pelo Coronel Caixeta não se refere ao mérito do
encaminhamento, concluindo portanto que o plenário aprovava a proposta em discussão, diante do
que não houve objeções. Assim, foi considerada aprovado o encaminhamento quanto à realização,
nos dias 23 e 24 de novembro, de reunião ampliada da subcomissão e aprovação final da proposta
na reunião da CNPI a se realizar no mês de dezembro. Com relação à composição da subcomissão
no que se refere à parte governamental, continuou o presidente Márcio Meira, este informou que
gostaria de sugerir que, além do representante do Gabinete de Segurança Institucional, Coronel
Caixeta, e representante do Ministério da Justiça, que a Funai possa, por meio de sua Procuradoria
Jurídica, contribuir com a discussão, propondo ainda que a Casa Civil também participe, para o que
se deveria aguardar o retorno de seu representante, Celso Correa, ausente no momento. O presidente
afirmou ainda que, a questão da composição levantada pelo Coronel Caixeta era de fato importante,
devendo se voltar a ela ao longo do dia e/ou no dia seguinte, com vistas a definir a composição da
subcomissão ampliada, consultando-se ainda a bancada não governamental com relação a quem
mais deveria integrá-la. Neste ponto, o representante do CTI, Gilberto Azanha, sugeriu que se
convidasse a Dra. Deborah Duprat/MPF, ou quem esta viesse a indicar, e a Dra. Alda Carvalho, da
Advocacia Geral da União. Diante disso, o presidente propôs que a proposta seja amadurecida e
depois se defina a composição da subcomissão ampliada, reiterando a proposta de que participem os
integrantes que já fazem parte da mesma, ou seja, representante do Ministério da Justiça, Gabinete
de Segurança Institucional, e ainda da Casa Civil, da Advocacia Geral da União, do Ministério
Público Federal, da bancada não governamental, devendo se fechar a questão no dia seguinte.
Encerrado esse ponto, o presidente informou que gostaria de passar imediatamente
para o próximo tema de pauta, uma vez que se dispunha de pouco tempo, e que se tratava de
educação, destacando se tratar de um ponto muito importante. O presidente esclareceu que no
primeiro momento seria feita apresentação pela Coordenação Geral de Educação da Funai, com
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respeito à proposta de avaliação do Plano Nacional de Educação; a seguir, seria feita apresentação
pelo MEC sobre o PAC da Educação, bem como sobre outros temas destacados pelo referido
ministério, sugerindo que primeiro fossem feitas as apresentações e depois se abrisse a palavra para
discussão, ao que não houve oposição. Definidos esses encaminhamentos, o presidente convidou
então a fazer uso da palavra Maria Helena Fialho, coordenadora da Coordenação Geral de Educação
da Funai, e em seguida a equipe do MEC. Maria Helena desejou boa tarde a todos e informou que a
apresentação da proposta de avaliação do Plano Nacional, como já falado em reunião anterior e no
âmbito da subcomissão, seria feita por Luiz Donizete, consultor responsável por elaborar o
instrumento de avaliação, a partir das informações que a coordenação destacara como sendo
interessantes, a seguir agradecendo a atenção e passando a palavra para o consultor. Luiz Donizete
desejou boa tarde a todos, informou que é antropólogo e que fora convidado pela Funai para fazer a
apresentação de uma proposta de avaliação independente do Plano Nacional de Educação, para a
qual utilizaria como recurso uma projeção em Powerpoint. Inicialmente, Donizete destacou que a
proposição da Coordenação Geral de Educação da Funai era de realizar uma avaliação independente
do Plano Nacional de Educação, que se trata de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional que em
2001 define um conjunto de metas e objetivos para serem cumpridos em todo o país em relação à
educação nacional. E esse plano, que estava previsto na Lei de Diretrizes e Bases - LDB, que é a lei
que regula a educação do país, traz um capítulo inteiro sobre educação indígena. A oportunidade de
fazer uma avaliação dessa lei, e mais especificamente desse capítulo que trata da educação indígena,
é importante no sentido de que, de modo geral, há no Brasil carência de avaliação de políticas
públicas, de diagnósticos de políticas públicas quanto à efetividade das ações que o governo
desenvolve, principalmente relacionada aos índios, seja da Constituição, LDB e do próprio Plano
Nacional de Educação. Espera-se, com essa avaliação, que proporcione uma visão ampla da
situação da educação indígena no país, o que considera possível a partir das vinte e uma metas
constantes do plano. Com relação à abrangência da avaliação, como as metas que estão no Plano
dizem respeito ao governo federal e aos governos estaduais e indiretamente aos municípios, o
recorte analítico para se fazer a avaliação são os entes federados, então se pretende observar a quem
cada meta estava destinada, quem deveria cumpri-la, de forma que basicamente se vai focar o
governo federal e os vinte e quatro estados da federação que têm populações indígenas reconhecidas
e que têm políticas de educação indígena em curso. Estariam fora, em um primeiro desenho, o Piauí
e Rio Grande do Norte que, embora tenha demanda de populações indígenas, até esse momento não
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entraria , já que esta é uma avaliação da implementação da lei. Com relação aos avaliadores, a
proposta é que se disponha de uma equipe de avaliadores não indígenas e de especialistas, formada
por cerca de cinco a sete membros contratados, juntamente com uma equipe de professores
indígenas, ou seja, uma equipe de avaliadores indígenas. A idéia é que se tenha um por estado,
informou Donizete, então os estados teriam pesquisadores não indígenas, contando-se ainda com
um professor indígena de cada estado para compor essa equipe. No que se refere ao perfil desses
pesquisadores não índios, devem ter experiência no ensino superior e terem atuado no campo da
educação indígena, um requisito muito básico, sabendo-se das inúmeras especificidades que ela tem
e que não é possível trabalhar com alguém de fora que desconheça totalmente esse campo, sendo
desejável portanto que esse pesquisador não indígena tenha um conhecimento mínimo dos
contextos que ele vai avaliar, que conheça minimamente a situação nos estados que couberam a ele
avaliar. No caso dos pesquisadores indígenas, imaginou-se que deveriam ser professores que
tivessem conhecimento na educação indígena do seu estado, estivessem descolados do movimento
de articulação por melhorias na educação no estado em que vivem, de preferência tenham passado
pela experiência do ensino superior e sejam licenciados nas iniciativas interculturais do curso;
precisam, ainda, ter tempo para atuar nesta avaliação, sendo a principal função do avaliador e
pesquisador não indígena ajudar o pesquisador não indígena a mapear quem são os atores no campo
da educação naquele estado, quais são as situações que devem ser olhadas para mapear o rumo da
educação naquele estado, permitindo que se conheçam algumas realidades etnográficos que
merecerão ser retratados na avaliação. Espera-se que a constituição deste grupo de pesquisadores
indígenas e não-indígenas resulte na criação de uma rede de avaliadores independentes, que possa
realizar este trabalho de avaliação de modo articulado, contribuindo mutuamente e visando uma
uniformidade nos procedimentos de pesquisa e análise dos dados coletados. Espera-se que a
constituição deste grupo de pesquisadores indígenas e não-indígenas resulte na criação de uma rede
de avaliadores independentes, que possa realizar este trabalho de avaliação de modo articulado,
contribuindo mutuamente e visando uma uniformidade nos procedimentos de pesquisa e análise dos
dados coletados. O caráter simultâneo da avaliação do PNE nos diferentes Estados deverá estar
ancorado numa interação virtual da equipe de modo que os pesquisadores possam contribuir uns
com os outros em estratégias de pesquisa, contatos com atores do campo da educação indígena,
coleta e interpretação de dados e redação das conclusões.
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O caráter simultâneo da avaliação do PNE nos diferentes estados deverá estar
ancorado numa interação virtual da equipe de modo que os pesquisadores possam contribuir uns
com os outros em estratégias de pesquisa, contatos com atores do campo da educação indígena,
coleta e interpretação de dados e redação das conclusões. Espera-se que a constituição deste grupo
de pesquisadores indígenas e não-indígenas resulte na criação de uma rede de avaliadores
independentes, que possa realizar este trabalho de avaliação de modo articulado, contribuindo
mutuamente e visando uma uniformidade nos procedimentos de pesquisa e análise dos dados
coletados. O caráter simultâneo da avaliação do PNE nos diferentes Estados deverá estar ancorado
numa interação virtual da equipe de modo que os pesquisadores possam contribuir uns com os
outros em estratégias de pesquisa, contatos com atores do campo da educação indígena, coleta e
interpretação de dados e redação das conclusões. Então, prosseguiu Donizete, O grupo de
avaliadores terá total liberdade para executar os levantamentos, entrevistas e análise de documentos
coletados, devendo ao final do trabalho responder, em seus relatórios técnicos, aos quesitos
propostos para tal avaliação. A Funai não terá qualquer ingerência no processo de avaliação, nem
seus funcionários poderão participar como avaliadores. Seu papel será o de zelar pelo cumprimento
da proposta de avaliação, viabilizar os meios financeiros e administrativos necessários para sua
execução, atestar a qualidade do trabalho desenvolvido e viabilizar a publicação e difusão dos
resultados, tal como previsto na proposta. Propõe-se ainda a criação de um grupo de
acompanhamento dessa avaliação, que possa acompanhar o trabalhos a serem realizados, sendo esse
grupo formado por representantes da própria Funai, do MEC, do Conselho Nacional de Educação,
da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena, da CNPI, do CONSED, e da UNDIME, o
grupo então teria a função de avaliar e monitorar o desenvolvimento da proposta, corrigir, facilitar e
ajudar para que de fato a avaliação aconteça e ocorra em bom termo. Como o cronograma está um
pouco apertado, prosseguiu Donizete, a avaliação da equipe que a elabora geralmente é no sentido
de prever um tempo menor, que normalmente se amplia; assim, prevê-se um ou dois meses para a
preparação administrativa, que seria por conta da Funai, uns quatro a cinco meses para realização
do trabalho de campo, ou seja, para pesquisa e redação dos relatórios individuais e uns três meses
para finalizar esses relatórios para divulgação e difusão. Há a proposta de reunir os pesquisadores
indígenas e não indígenas em um processo de capacitação, quanto se tentaria chegar a um acordo
com relação às propostas sobre a estrutura da avaliação, meta por meta. A capacitação seria o
momento de promover um grande seminário e de se acertar exatamente o que se vai avaliar em cada
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uma das metas. Com relação às diretrizes gerais da avaliação, as vinte e uma metas seriam
avaliadas, concomitante com o plano nacional de educação, padronizando-se as questões e os
indicadores, para se chegar a resultados aferíveis para cada uma das metas e comparáveis entre os
diferentes estados, existindo duas variáveis extremamente importantes no caso de uma lei como
essa: o prazo de cumprimento da meta e a responsabilidade no cumprimento da meta. Havendo
clareza nisso, afirmou o consultor, desdobra-se um seqüencial de perguntas a partir das quais se
poderá esclarecer se as metas/ano foram cumpridas, por quem é de direito da lei estabeleceu. A
idéia é que se tenha uma evolução desses itens avaliados, tomando por base o ano 2000, que é o ano
da prorrogação da lei até 2007, pensando que a proposta será implementada em 2008, contando-se
com um intervalo para avaliar se houve alguma evolução nos itens estabelecidos na lei para cada
uma das metas. Tratando sobre o material que havia sido entregue a cada um dos membros da CNPI,
Donizete informou que da página 24 em diante havia uma proposta de estrutura padrão básica, a
respeito da qual se pretende fechar proposta definitiva da avaliação com os pesquisadores. Nela
estariam definidos temas como meta a ser avaliada, estabelecendo a responsabilidade e o prazo do
cumprimento da meta, alguns indicadores para avaliá-la, quais são as políticas existentes em relação
ao seu cumprimento ou que referências poderiam ser utilizadas para avaliá-la e mais um conjunto
de questões por meio das quais se procurou desdobrar cada meta e objetivo em uma série de
questões. Não só perguntas objetivas, afirmou, mas também qualitativas, com vistas a esclarecer e
ampliar o processo de avaliação, assim como construir informações que permitam dar respostas
qualitativas a cada uma das metas, além de simplesmente “cumpriu ou não cumpriu, como foi feito,
com que recursos, com qual iniciativa, com que fatores, com qual metodologia etc.”. Com isso
pretenderam ampliar um pouco mais o escopo, ter um conjunto de perguntas e propostas para o
governo federal e um conjunto de questões e propostas para os governos estaduais. Concluindo sua
apresentação, Donizete informou que a idéia é que os avaliadores coletem essas informações junto
às secretarias estaduais de educação, em alguns casos as secretarias municipais, que técnicos e
gestores governamentais sejam entrevistados, para compor um leque diversificado de pontos de
vista, em termos metodológicos. Para isso também é importante que sejam feitas entrevistas com
professores, lideranças e pais de alunos, não exaustivamente, mas escolhendo contextos e
representações representativos daquilo que se está querendo demonstrar. Entre os entrevistados
estarão militantes de organizações da sociedade civil, professores universitários, professores de
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cursos de formação e outros profissionais envolvidos com a educação indígena, com a
recomendação de que as entrevistas sejam gravadas, para que esse processo fique documentado.
Passando-se a outro ponto da pauta de Educação, o presidente passou a palavra ao
representante do Ministério da Educação, Armênio Bello Schmidt que iniciou sua fala
informando que, pelo que foi discutido nas duas últimas reuniões da subcomissão, deveriam
apresentar, dentro do possível, o PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação, que seria o PAC da
Educação, e dentro do PDE, mais especificamente na questão indígena, o PAR – Plano de Ações
Articuladas. Iniciando, para situar a todos, que em suas palavras têm acompanhado de uma forma
ou outra a política do Presidente Lula para a questão da Educação, que tem colocado como uma
prioridade absoluta a educação como um todo, onde há dificuldades em diversos níveis;
especificamente no nível superior, que mais especificamente cabe ao governo federal, onde há
dificuldade para o ingresso e a permanência dos alunos, primeiro porque as universidades são em
número insuficiente diante da demanda, depois devido a suas condições, mencionando a questão do
abandono, por razões diversas. Por essas razões foi montado o PDE, explicou, colocando algumas
prioridades, considerando que cada uma das ações já fazem parte das responsabilidades das
secretarias do Ministério da Educação. Destacando que o governo federal não tem a
responsabilidade pelo Ensino Fundamental e Médio, mas tem co-responsabilidade, conforme
definido na Constituição, em regime de colaboração entre os 3 entes federados – e o governo
federal disponibiliza recursos subsidiários, de complementação orçamentária. Dentro disso tem
acompanhado, prosseguiu Armênio, ciente de que a Educação ainda está longe do nível de
qualidade que dela se espera. Nesse sentido, afirmou, o governo percebeu o seguinte: sempre
disponibilizava os recursos aos municípios e estados via Resoluções, e estes apresentavam projetos,
sendo muito difícil para o MEC fazer o acompanhamento diante da extensão do território nacional; a
conclusão foi que, por mais recursos que disponibilizasse, os objetivos não estavam sendo
alcançados. Diante disso se pensou o PDE, chamado “compromisso pela educação”, ou seja, todo
governador, prefeito, para receber recursos do governo federal, obrigatoriamente tem que assinar o
Compromisso pela Educação, que é uma Resolução, de número 29, disponibilizado no FNDE, e
possui metas – o estado ou município tem que apresentar seus objetivos e metas. O sentido então é
que se possa financiar, mas que haja formalmente o comprometimento. O MEC hoje tem o IDEB,
prosseguiu Armênio, que é um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que funciona de 2
formas: avaliação das escolas, externa, em que se avalia o aprendizado das escolas, e se soma no
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IDEB a Prova Brasil, com o fluxo escolar dos alunos, se estão passando ou não; isso dá uma média,
que quer dizer que não dá mais para continuar como estava – se se aprovar todo mundo, não
adianta, pois quando fizerem a prova vai aparecer, baixando o resultado e a média, o contrário
também. Com isso é possível avaliar todos os anos o rendimento, tendo se avaliado que há ótimas e
péssimas escolas públicas em todo o país; a melhor escola do mundo se localiza no Piauí, para se ter
uma idéia. O PDE é isso, coloca o compromisso, que precisa ser assinado para se ter o recurso
suplementar; há o automático, como aquele destinado à merenda, transporte, livro didático, o que é
universal, mas o recurso a mais, para formação de professores, publicação de material didático e
todo o financiamento que o governo faz depende da assinatura. Segundo informou, todos os estados
já assinaram e a grande maioria dos municípios já assinou. Além disso o governo pegou os
municípios com menores IDEB, em todos os estados, pegando os 1000 mais baixo e os 20 mais
baixos; os que tem índices mais baixos são os municípios que raramente conseguem enviar projetos
para o FNDE/governo federal solicitando recursos para os seus projetos, porque não têm estrutura
nas suas secretarias. Viu-se também que mais de 50% dos recursos do governo iam para os 200
maiores municípios, que possuem estrutura. Assim, foi feita a seleção pública de técnicos, que estão
indo para esses 1242 municípios em pior situação a fim de fazer um diagnóstico da realidade local,
e a partir daí fazendo o plano de trabalho desses municípios, ou seja, os que têm piores resultados
estão recebendo atendimento específico do Ministério da Educação para que sejam contemplados
em suas ações, pois são os que mais estão precisando; o que também faz parte do PDE. Com relação
ao Ensino Básico, está sendo criado um piso salarial para os professores, que ainda não existe,
havendo diferença entre estados e municípios; outro pondo do Plano é que o governo federal passa a
assumir para si a formação dos professores, tanto a inicial como a continuada; está sendo montada a
Universidade Aberta do Brasil, para se dar formação a esses professores, já que por exemplo entre
os que atuam em escolas em áreas rurais, apenas 21% têm formação. Outro ponto é a questão da
alfabetização, sabendo-se que hoje cerca de 40% dos alunos da 4ª Série são analfabetos funcionais e
se vai iniciar uma avaliação para enfrentar a questão. Há que se ver ainda a demanda por ensino
técnico, escolas técnicas e agro-técnicas, de forma que todas as cidades-pólo do país, entre outras
iniciativas. Por último, quanto às universidades, a meta é que até 2010 se aumente em no mínimo
50% o número de matrículas/vagas nas universidades públicas, o que passa pela abertura dos cursos
à noite, já que a maioria das universidades não funciona à noite; sendo que o governo lançou o
REUNE – plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, que vai aumentar em
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20% o custeio dessas universidades, passando por aspectos como abertura de cursos à noite,
reestruturação de currículos, aumento do número de alunos por professor, taxa de conclusão de
curso pelos alunos, com a meta de se chegar a 90% de conclusão. Assim, prosseguiu Armênio, o
PDE mexe com a Educação em termos gerais, desde o Ensino Básico ao Superior. Com relação ao
PAR – Plano de Ações Articuladas, no qual se elegeu municípios prioritários, dos quais a maioria
deles já foram visitados e analisados, providenciando-se os convênios e repasse orçamentário.
Ressaltando que os demais não ficam impedidos de participar, tendo direito a acessar o
financiamento do MEC após mostrar seus diagnósticos, mostrando metas e objetivos, ressaltando
que o PAR é compromisso para 4 anos, mas planejamento anual.
Dentro disso, destacou Armênio, percebeu-se que há alguns povos, comunidades,
ações, que devem deter um atendimento diferenciado, e entre eles a questão da educação escolar
indígena. Assim, segundo relatou, o governo criou o PAR, comum a todos, e está sendo elaborado o
PAR indígena, tendo sido chamados – entre 26 e 28 de agosto de 2007 – os representantes das
secretarias estaduais de Educação, dos 24 estados que têm educação escolar indígena. Os
municípios que têm responsabilidade sobre as escolas indígenas vão poder enviar seus planos de
trabalho via PAR geral; e como os estados têm responsabilidade maior, foram chamados, citando o
exemplo do Pará, que não tem escolas indígenas, mas assume a responsabilidade de fazer a
articulação para atender essa demanda. Os técnicos foram chamados, foram colocadas planilhas e se
começou a construir o diagnóstico, durante os 3 dias, segundo essa nova metodologia, e nos
próximos dias vão dar retorno, com todas as demandas do estado, basicamente em 6 pontos:
1)formação de magistério; 2) ensino médio integrado – mais que colocar o ensino dentro das
aldeias, que tenha qualidade, atendendo as demandas de cada comunidade; 3) material didático, na
língua materna; 4) Prolind – licenciatura somente para professores indígenas, sendo que no Brasil
há cerca de 4 mil professores com condições, e há demanda, para ingressarem na licenciatura, sendo
a meta do Presidente Lula de que até 2010 todos os 4 mil esteja na universidade; 5) gestão, ou seja,
continuar a qualificação da equipe técnica que atua nas secretarias; 6) construção de escolas, tendo
sido feito levantamento pelo governo federal no sentido de que das mais de 2.400 escolas, que são
muitas diante do crescimento em 40% nos últimos 4 anos, mas poucas diante da demanda, e das
quais se verificou que 1057 não possuem nenhuma estrutura física. Sabendo-se que a educação
pública como um todo, a educação do campo e mais ainda a educação indígena estão muito frágeis.
Então recebem recursos como todas as demais, mas sem contarem por exemplo com prédios para
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funcionar, sendo a meta a construção de pelo menos 1500 escolas ainda esse ano, por meio do
Fundo Escola do FNDE, tendo os engenheiros trabalhado com plantas para sua construção, já que
muitos municípios não têm condição de construí-las e isso já será disponibilizado pronto, apesar de
terem autonomia para fazer. Conforme afirmou, querem disponibilizar aos estados, por onde o PAR
vai disponibilizar os recursos, priorizar para o campo como um todo, escolas de 5ª a 8ª Série e
Ensino Médio. A equipe da SECAD vai receber as informações, analisar o PAR dos 24 estados, ver
qual a demanda real, organizar para 4 anos, vão devolver em novembro para os estados fazerem os
ajustes. No que se refere mais especificamente às atribuições do MEC com relação à questão
indígena, afirmou Armênio, diante das demandas dos povos indígenas, a intenção, dentro da
parceria com os estados, municípios e organizações como um todo, é garantir que essas metas; ou
seja, construir com os estados que hoje têm boa parcela da responsabilidade da educação, de acordo
com a legislação, montar um plano articulado, que contemple, num todo, a maioria das ações para
quatro anos. Isso, afirmou Armênio, possibilitará garantir a conclusão e efetivação dos cursos para
os estados, professores, movimento, pois não será mais necessário fazer a apresentação ano a ano,
que estão propondo acabar. Para isso foi feito um acordo com o CONSED, no sentido de que quando
aprovado um curso, em outubro/novembro, já se garanta por quatro anos o recurso, garantindo com
isso a sua conclusão dos que estejam em andamento, e o início, meio e fim daqueles que têm
demanda para iniciar. “É um desafio grande, uma ação muito forte, um plano de ações articuladas;
nós estamos articulando internamente no governo como um todo, construindo isso com os estados,
e queremos agora, ao mesmo tempo em que com os estados e as entidades, fazer a garantia das
instituições, e fizemos reuniões com algumas nesse sentido, de que seja garantida a continuidade
para aqueles que estão trabalhando hoje, para que não aconteça nenhum vácuo, cancelamento ou
suspensão de um curso ou outro, que todo ano acontece. Então dentro do PDE tem o PAR, dentro
dele tem o PAR Indígena, justamente por o governo federal, o presidente Lula e nosso ministro
Fernando Haddad terem essa sensibilidade para a demanda e a dívida social com os povos
indígenas. Isso requer do governo uma ação mais intensa, mais específica e diferenciada; para isso
estamos construindo esse PAR. A intenção é, dentro do tempo que se tem, construir para que atenda
o máximo possível da demanda histórica que as populações indígenas têm. Temos erros, temos
acertos, mas estamos tentando, passo a passo, acertar mais do que errar”. O MEC mudou sua
maneira de atuar, sua sistemática de funcionamento, prosseguiu Armênio, e que qualquer mudança
gera instabilidade, tanto interna como externamente; o PAR está em construção, e em função disso
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julgou-se, por questão mesmo de racionalidade, priorizar a questão indígena e fazer um plano de
ações em separado para atender as demandas indígenas. Dentro disso, afirmou, tentou-se colocar em
linhas gerais como o governo federal vem trabalhando hoje nesse regime de parceria com os estados
e municípios, dentro daquilo que legalmente é responsabilidade do governo federal, da forma como
tentando construir isso com os parceiros que têm responsabilidade, e, mais que isso, têm
compromissos quanto à entrega de resultados. Então a intenção é melhorar a educação pública do
país como um todo, já que toda ela tem problema, dentro do todo se passando à especificidade que
têm os indígenas, com suas características próprias, que têm os quilombolas, também com suas
especificidades, as populações do campo. Enfim, concluindo, Armênio afirmou que o tem se
buscado fazer a concertação política de forma que as escolas passem efetivamente a atender com
qualidade a demanda dos povos indígenas dentro das aldeias, o que demanda professores indígenas
com qualidade, uma reivindicação do movimento indígena. A esse respeito, lembrou uma reunião
recente, em que ele, Kleber, Suzana estiveram presentes e onde receberam uma comitiva que
apresentou pauta de reivindicações dos professores e lideranças para ele próprio e para o ministro.
A partir disso, afirmou, estão no processo de construção de um novo marco legal – que vem sendo
acompanhado pela Dra. Deborah Duprat, uma grande parceira do MEC – para a questão indígena,
uma vez que legislação atual não atende, sendo preciso fazer concurso, ou outra forma de contrato
para os professores indígenas. Enfim, afirmou, estão buscando construir uma legislação que atenda
essa demanda por professores, já que a legislação em vigor não contempla a diversidade como um
todo. Um exemplo disso, afirmou, é visto nas comunidades remanescentes de quilombos, havendo
mais de três mil comunidades remanescentes de quilombos hoje reconhecidas no país, das quais mil
e quarenta são certificadas, mas só cinqüenta e três são tituladas; onde se vê que a legislação
brasileira não contempla a diversidade. Ou seja, há mais de três mil comunidades remanescentes de
Quilombo, no entanto só é possível construir escolas em cinqüenta e três, porque de acordo com a
legislação só é permitido construir escolas em terras públicas, e as comunidades não são
reconhecidas como públicas. “Então, só para ter uma idéia, para que a gente consiga fazer uma
escola nas comunidades remanescentes de quilombos, a comunidade tem que fazer a doação da
terra para que eles passem o m² para o município, para que o município então possa construir. As
terras das comunidades resultam de lutas de dezenas de anos, então fazer uma doação disso é
sempre um processo inverso e complicado. Então estamos mexendo na legislação de quilombola, do
campo, mas especificamente na indígena, para que ela se adeque à demanda da educação escolar
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indígena hoje, que não é mesma de 88, não é a mesma de 90, de 2000, nem será a mesma de daqui a
5, 10 anos. Então a nossa legislação também tem que sofrer as alterações que se fizerem necessárias
para atender as demandas”. Para isso, informou, foram contratados consultores, entre os quais Jamil
Kury, para que façam uma proposta e se possa discutir com as lideranças e depois ver com o
CONSED como conseguem aplicar. Finalizando, o representante do MEC afirmou que, com relação
ao PDE e PAR seria isso o que teria a dizer, colocando a equipe à disposição.
O presidente agradeceu e afirmou que, feitas as exposições, em sua opinião se
complementam, não se excluem, mas ambas trazem à tona a grande complexidade da educação
indígena, evidenciam o grande desafio que é esse tema no país e também que se trata de um tema
com grandes problemas, “como colocou Armênio, a situação é muito difícil, é uma dívida enorme, e
eu creio que essa CNPI tenha um papel importante para completar, a Funai de acompanhar, o MEC,
no âmbito do governo federal, de executar e a comissão de acompanhar de perto, de opinar sobre a
questão da educação”. Trata-se de um momento de discussão, afirmou, que não se encerra no
presente dia e sim é uma discussão longa, que pode ganhar corpo nesse momento importante da
Comissão de iniciar o debate da educação, a seguir abrindo o plenário para o debate. A primeira
inscrita, Pierlângela Wapichana, afirmou que, quanto à apresentação da avaliação, tem
acompanhado e discutido o assunto, como representante da Comissão Nacional de Educação
Escolar Indígena, considerando que a proposta foi muito bem apresentada por Luiz Donizete e
contempla o que o movimento indígena de Roraima e de outros estados quer. Gostaria de fazer
algumas perguntas a Armênio, afirmando que não ouvira em nenhum momento se mencionar como
se dará a participação dos povos indígenas, para demandar às secretarias as ações para o PAR.
Segundo relatou, ouviu que houve encontro com as secretarias, que estas vão mandar informações,
mas em nenhum momento ouviu sequer recomendação para se ouvir os povos indígenas naquela
região, sendo o prazo muito pequeno para fazer discussão; até porque há estados que não têm
condições, e “sabemos como é essa relação municípios e estados com os povos indígenas”,
conforme já denunciado várias vezes. Sua pergunta então seria em qual momento estarão sendo
chamados, foi prevista a participação dos indígenas nas discussões para o PAR, ou se é só uma
questão de secretaria e MEC. Outra pergunta seria no sentido de que se retratou muito a questão das
secretarias estaduais e municipais, então como fica o apoio àquelas organizações indígenas que
possam ter acesso à publicação de material didático, que antes se podia e agora não mais.
Pierlângela perguntou ainda sobre as organizações indigenistas, que em muitos casos estão
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oferecendo educação, no caso das localidades que o Estado brasileiro não atende, questionando se
os povos dessas regiões vão ficar dependendo de recursos de ONGs. “Como será o apoio a esses
povos indígenas, vão continuar dependendo do apoio de organizações não governamentais, como
no caso de Roraima o CCPY, que trabalha com formação de professores Yanomami, que o Estado
não quis assumir, pela especificidade”. Outra pergunta seria com relação ao valor do PAR para os
povos indígenas, explicando que Ricardo Verdum, da subcomissão de Etnodesenvolvimento,
solicitou informações sobre alguns PPAs e obteve o valor, por exemplo, do Ministério da Educação
para o ensino fundamental indígena, que foi de quatro milhões e cem mil, porém com execução
zero, e em capacitação de professores indígenas, que tem um milhão e quinhentos mil, também com
execução zero. Assim, queria saber porque os recursos estão disponíveis e no entanto a execução é
zero. E uma outra pergunta seria sobre como vai ficar o Prolind, se pelo REUNI, e como está sendo
essa discussão, que tem prazo e está sendo discutido pelas universidades federais que têm
licenciatura. Dando seqüência, o presidente passou a palavra para Francisca Pareci, que afirmou
estar não só surpresa mas muito decepcionada com a forma como vem sendo tratada a educação
indígena nessa gestão de governo. “Até pela luta da Comissão Nacional de Professores Indígenas na
época, que acompanhei; e de lá para cá me lembro de propostas, discussões, seminários,
proposições encaminhadas para o MEC, apontando demandas específicas, proposições peculiares
das realidades dos índios no atendimento, mostrando onde que está o gargalho da educação
indígena. E quando vejo a apresentação sobre o PAR, percebo que a proposta não contempla essa
diversidade, o que falo por experiência própria, com a secretaria da educação do meu estado, onde
está lá, as meninas desesperadas tentando decifrar o indecifrável, para encaixar ali as demandas dos
povos indígenas. Outra questão que eu vejo é de que quando você coloca que é um PAR indígena
de ação diferenciada, eu não consigo ver essa diferenciação, visualizar esse diferenciado; o que eu
consigo visualizar é meramente o processo de escolarização nas comunidades indígenas e ponto
final... Sem contar que a participação das comunidades indígenas como protagonistas de seu próprio
destino e principalmente propositores das ações que irão demandar, isso não aparece. Tanto é que,
por exemplo, poderiam ser citados conselhos estaduais, conselhos que se têm dentro dos municípios
em alguns estados, que as comunidades têm se organizado de forma a assegurar sua forma de
participação, e eu não vi isso... Eu queria ver uma coisa bem apresentável aí para nós, nessa coisa
de datashow, porque aí a gente consegue visualizar e até refletir sobre as questões, mas isso não
está posto”. Outra questão levantada por Francisca, mencionada por Pierlângela, seria no sentido de
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que, quando se fala de mudança de política de gestão e não se conversa com o verdadeiro
beneficiário, que são os povos indígenas, isso é comprometedor, porque em alguns momentos os
índios têm a gestão na mão, mas não são eles que têm o controle. Pelo que pôde perceber na
exposição, disse Francisca, a proposta do PNE, juntamente com o PAR, trata-se do fortalecimento e
investimento dos estados e municípios para a condução das ações da educação escolar indígena,
mas não de uma educação de fato diferenciada, com tudo aquilo que se vem discutindo ao longo
desses anos. “Então isso eu não consigo visualizar em nenhum momento e olha que eu tive acesso a
todos os formulários que foram passados para equipe de educação indígena e do MEC”, declarou
Francisca. Outra questão, a seu ver mais importante, é que em nenhum momento foi citado que a
Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena participou, conversou, discutiu com os técnicos,
sentou com a SECAD para discutir como seria esse plano de ação articulada. “Eu considero isso
gravíssimo, porque já está se ferindo a OIT, e isso já foi colocado para mim e pelos próprios
companheiros indígenas. Outra questão que eu gostaria de salientar é em relação ao Prolind, que
para mim mesmo não está claro como fica. Vai ser no mesmo sistema anterior? Eu imagino, porque
nem todas as universidades têm um diálogo com as comunidades, está se construindo e não vi
nenhum incentivo. Então pelo que eu pude perceber é que é um verdadeiro pacotão”. Quanto à
qualificação, Francisca disse ter ficado decepcionada, entendera que na gestão de qualificação dos
técnicos estava prevista também a qualificação de todos os agentes indígenas ou não indígenas que
atuam na educação escolar indígena, então a seu ver não está claro, e só tem para os técnicos da
SEDUC. Outra questão apontada por Francisca disse respeito ao marco legal: “mais uma infração a
nós indígenas, porque você vai construir ou discutir o marco legal da educação escolar indígena sem
os índios! Também está ferindo a OIT, não está se cumprindo, ao construir uma legislação com
mudanças com essas secretarias que a gente tem, sem a participação dos índios, isso aí realmente
mostrou na verdade uma exclusão. Pelo que eu estou vendo é isso, atender demandas da realidade
dos estados e municípios, isso é que eu estou entendo do marco legal”, questionando de que forma
foi discutido e proposto com os povos indígenas, sua formação e formatação, pois se está mexendo
na LDB, nas leis que regulamentam a escolaridade indígena, o que se trata de contradição muito
grande. “Enquanto nós estamos tentando convencer a secretaria de educação de que temos que ser
parceiros e sem a participação indígena não se faz educação, o próprio MEC está mostrando o
contrário disso e de certa forma inviabiliza a participação indígena em qualquer processo
construtivo e democrático de uma política verdadeira que atende uma realidade específica”. Tendo
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em vista estar se estendendo em demasia, o presidente solicitou a Francisca que concluísse, ao que
esta afirmou “Eu sei, é muita emoção, o impacto é muito grande! Eu queria finalizar com outra
pergunta, que é em relação aos recursos financeiros: quer dizer, o MEC entra com uma contrapartida
e as secretarias, como ficam? E no caso de municípios que não têm recursos, que geralmente é mais
fácil de ser fechado e a comunidade indígena é muito maior, aonde fica a contrapartida dos gestores
estaduais ou municipais?”, finalizando sua fala. A seguir se passou a palavra a José Ciríaco,
capitão Potiguara, representante do Nordeste e Leste, que desejou boa tarde a todos e apresentou
sua pergunta, sobre qual a preocupação do MEC com os alunos que vêm abandonando seus cursos
na universidade e se o MEC tem algum projeto para a manutenção desses alunos. Agradecendo pela
objetividade, o presidente passou a palavra ao próximo inscrito, Saulo Feitosa/CIMI, que afirmou
ter tido dificuldades pelo fato de não se dispor de uma apresentação sobre o estudo ou algum
material escrito para acompanhar a exposição, por se tratar de muita informação, não sendo possível
assimilar tudo. Concluída a exposição, prosseguiu, ficou mais clara a urgência da convocação da
Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, ponto no qual acha que devem insistir, e que
aconteça o mais rápido possível, destacando ainda que muitas das considerações que gostaria de
fazer já foram feitas. “Eu acho que de fato há uma ausência total da participação indígena e aí nós
estamos, desde a instalação da CNPI, insistindo para que o governo brasileiro comece a exercitar
um mecanismo apresentado pela Convenção 169, que é a consulta aos povos indígenas; então de
fato é impossível se pensar num PAR indígena sem participação dos povos indígenas. E, também,
quando se fala da própria atividade direta com as secretarias estaduais ou municipais, em alguns
casos, fica difícil a gente entender: não foi apresentado um termo referência; falou-se muito em
diagnóstico, mas a partir de que e como para se chegar a propor alguma coisa. Então, primeiro eu
gostaria de ter as informações por escrito, seria uma solicitação; e a outra de que se construísse um
mecanismo de participação dos povos neste processo, voltando a insistir sobre a necessidade de que
se realize a conferência sobre educação indígena. A seguir, Kohalue Karajá, de Tocantins, o qual
reforçou a pergunta de José Ciríaco, informando que há vários universitários indígenas na
Universidade Federal de Tocantins, afirmando que faz dois anos que o estado em que trabalha, na
Secretaria de Cidadania e Justiça, abriu uma exceção, sendo alugada casa para os estudantes, assim
como a conta da luz e energia, e a Funai tem se esforçado para ajudar. Sendo que, diante das
dificuldades, alguns alunos indígenas desistiram e retornaram para a aldeia, questionando então qual
a postura do MEC diante desse fato, já que a cada ano mais alunos indígenas ingressam na
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universidade. Arão Guajajara , a seguir, disse que seria breve, primeiro ressaltando a falta de apoio
para os universitários indígenas; uma outra pergunta seria sobre o novo programa, o Prolind,
relatando que foi lançado um programa universitário para os índios, e no Maranhão houve muitos
não indígenas inscritos e até cursando, tendo se aproveitado dessa brecha de se matricular e se
inscrever pela internet e simplesmente se apresentaram como sendo indígenas e ninguém foi lá
conferir, enquanto os índios, que precisavam das vagas, ficaram de fora. “Espero que isso não
aconteça de novo e que haja uma supervisão do MEC ou de quem seja de direito. Nós temos de
cinco a dez pessoas que não são indígenas, inclusive em Sítio Novo, que nem indígenas tem, São
Luís e São José do Ribamar, que têm três, e por aí vai”. A outra questão, prosseguiu Arão, diz
respeito ao que se faz no âmbito da CNPI, pois “uma hora a gente imagina que está aqui no início
do processo para apresentar as propostas, de repente a gente chega e já tem um programa todo
montado, uma proposta já concretizada. De que forma a gente vai ter uma participação neste
processo?”, questionando se continuam discutindo, com a idéia de apresentar propostas para o
governo, ou destitui a Comissão e aguarda que o governo “determine essa situação de cima para
baixo”. O próximo a falar, Ak`jabor Kayapó , afirmou que os demais indígenas já haviam colocado
as questões que considerava mais importante; mesmo assim ia falar da história da sua região,
perguntando porque os recursos da educação não são usados, como os da saúde, para fretar aviões
para chegar na aldeia, explicando que só se chega a elas de avião. Em sua região há muito tempo
pedem para o Ministério de Educação para se ter escola dentro das aldeias com formação até a 8ª
série, mas não tem, explicando que têm medo de mandar os jovens estudar na cidade, devido ao
medo de alcoolismo, violência. A seguir, Marcus Xucuru, afirmou que se sentiu contemplado nas
falas dos demais, mas que gostaria d colocar para pensar na viabilidade, já que estão pensando na
criação do Conselho e poderiam amadurecer, discutir como implementar e a Comissão propor para
o governo a criação de um subsistema de educação escolar indígena. Outra questão, prosseguiu, é
que quando se fala em recursos, nos investimentos feitos pelo Brasil sem os resultados esperados,
isso se deve ao fato de que a educação é pensada não para atender de fato a população e sim a
interesses, inclusive políticos. Assim, os recursos vão, são destinados, mas não há fiscalização
adequada sobre sua aplicação ou não e portanto são desperdiçados, não atendem os índios nem a
sociedade como um todo. Marcos Tupã, a seguir, afirmou que cada região tem situações
específicas e diferentes, mas na sua região, no município de São Paulo, onde há 3 aldeias, há
situação específica, em que a prefeitura, a Secretaria Municipal “abraçou uma causa específica,
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criando o Centro de Educação de Cultura Indígena, onde funciona o Centro de Educação Infantil;
que é uma situação bem específica, não abrange todos os municípios no estado; mas existem outros
municípios que têm vínculos em atenção à educação no ensino de 5ª a 8ª séries, havendo confusão
com a repasse de verbas”. Nesse sentido, afirmou que seria importante haver regulamentação para
que os municípios que prestam essas ações tenham informações mais claras, e os índios também
possam acompanhar. Sentiu-se contemplado na fala de Marcus Xucuru sobre a questão de se criar
um subsistema, porque de fato os programas voltados para atender as aldeias precisam ser
discutidos junto às lideranças, com as comunidades a serem beneficiadas. Todos os povos e
comunidades estão pedindo para melhorar a qualidade, e tudo que for pensado para esses povos
deveria ser discutido com elas e suas organizações. Chamou-se então o próximo inscrito, antes do
que o presidente chamou atenção para o fato de que, até o momento, até o momento, apenas
Pierlângela fizera referência ao PAR, sendo importante que o plenário defina uma avaliação sobre a
questão. Luiz Titiar afirmou que sua preocupação disse respeito ao fato de que estão passando a
responsabilidade para os estados e municípios, afirmando que vêem o sofrimento dos professores,
que ficam meses sem receber, problemas de transporte. Gostaria saber ainda quais os
encaminhamentos para resolver essa situação e os que os demais representantes apontaram. A
seguir, a Dra. Deborah Duprat disse que teria vários pontos a destacar, iniciando pela observação
de Armênio no sentido de que são necessárias mudanças na legislação, por não ter sido feita para os
povos indígenas, concordando que de fato não é; é, sim, excludente, afirmou, tanto assim que antes
da CF 88 os índios não eram detentores de direitos, estavam sujeitos à tutela, até deixarem de serem
índios. Em sua opinião, “os gestores públicos não vão avançar em termos de política se continuarem
pensando em adaptar as políticas à legislação existente ou ficarem à espera de mudança legislativa,
que como se sabe é demorado, está aí o Estatuto dos Povos Indígenas para mostrar. O que eu acho,
e isso daí em todas as audiências, seja de índios, quilombolas, quebradeiras, tem se procurado
mostrar, que é hora do gestor enfrentar por exemplo o Tribunal de Contas e falar ‘olha, eu estou
fazendo uma interpretação dessa lei à luz da Constituição’, e não o contrário. Então não é razoável,
como a comunidade quilombola, ter que doar parte do seu território para construir uma escola; não
é razoável que, para as escolas indígenas terem o dinheiro direto na escola, a diretora tenha curso
superior, uma universidade pública funcionar só à noite por exemplo, de um desatino sem tamanho.
O primeiro ponto seria pegar a legislação existente e interpretar à luz dos princípios constitucionais
e não o contrário, e aí já se começa a avançar bastante. E é nesse sentido que nós estamos pensando
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na situação dos professores indígenas, e vem pensando junto com o movimento o tempo todo,
porque não vamos construir soluções jurídicas descolados dos movimentos. E aí entro na questão da
avaliação: quando surgiu o Plano Nacional o Ministério Público fez audiências junto com a Funai,
MEC, tentando obrigar as secretarias estaduais a cumprir as metas. O que se verificou é que, além
da falta de vontade política, em alguns casos, havia um profundo desconhecimento, que persiste até
a atualidade, daí porque o diagnóstico é de fundamental importância, tem muita coisa que não é
feita porque não se sabe como fazer, também porque se está descolado do movimento, das
populações indígenas daqueles estados. E aí fico preocupada, porque as propostas, o que o PAR
apresenta é uma relação de governo federal e secretarias estaduais de educação, que não estão
capacitadas para isso. Eu ouvi com muita apreensão a questão do Fundo Escola, que foi uma
experiência que tivemos cerca de 8 anos atrás e foi desastrosa, porque apresentava uma maquete de
escola que era impositiva, era o Batalhão do Exército que construía, entrava sem autorização na
área, enfim, em contrariedade a todos os princípios que se prega, sob a perspectiva de economia de
recursos, de racionalidade na aplicação de recursos, sem nenhuma preocupação com a questão
indígena. Eu acho que o grande problema da educação escolar indígena é que falta a ela o controle
social da origem, diferentemente da saúde, nós não temos o controle social na base, porque se assim
fosse não haveria nem um projeto a ser apresentado pelas secretarias estaduais ou municipais de
educação que não passasse pela avaliação dos usuários do serviço; isso é um problema muito grave,
imaginar que uma secretaria venha a apresentar um projeto, e o MEC a aprovar, sem que haja
controle dos usuários a respeito, o que para mim é muito grave. Eu teria outras observações a fazer,
mas acho que há um ponto que a Comissão poderia exigir do MEC, a informação mês a mês de
todos os recursos que são passados a título de educação, para os índios, para as secretarias estaduais
e municipais de educação. Porque é preciso exercer esse controle, saber o quanto se está recebendo;
digo isso porque estamos na CNPI, mas quilombolas, todos eles reclamam, por saberem que são
recebidos recursos, mas não o que é feito com eles; é preciso ter um controle desses recursos que
são repassados a título de convênio, seja o que for. E lembrar que o TCU vem dizendo, e às vezes
ficamos contra ele, às vezes a favor, que há determinadas políticas que não podem se desenvolver
pela via do convênio simplesmente, porque é um instrumento que, quando há qualquer falha na
prestação de contas, ele é interrompido; então a prestação de um serviço que é de natureza
permanente e essencial fica aos sabores daqueles que estão executando. E falo isso preocupada com
os programas de formação continuada de professores, agora estou vendo que será no período de 4
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anos, o que fica bem mais razoável, porque do jeito que estava não havia programa que andasse.
Enfim, são inúmeras as questões, quero dizer que pode até haver muito boa intenção nesse
programa que está sendo apresentado, mas ele se ressente do controle social. O presidente lembrou
que há mais uma inscrita, e depois Francisca, pedindo a ela que se possa retornar a palavra a Luiz
Donizete e Armênio, para que possa dar explicações necessárias. Renata/MEC afirmou que sua fala
se referia mais à proposta de avaliação, a qual considera estar bem sistematizada dentro dos
conteúdos, apesar de não estar dentro de sua área, para poder avaliar todas as metas. No entanto,
ressentia-se da institucionalização da pesquisa, que por ser muito ampla, lendo o que se propõe não
se vê a “amarração”, não sabendo se esse seria o espaço para isso, deixando a título de contribuição,
pois uma proposta nova de avaliação deve prever algum momento em que possa ser imediatamente
corrigida, então é preciso que seja institucionalizada; “Sei que a avaliação está sendo proposta
tentando manter a isenção dos órgãos, mas em algum momento eles devem estar presentes, devem
estar gerindo a proposta avaliação, até para se ter o controle para conduzi-la. É uma proposta ampla,
que vá atingir vários locais, e não consegui, na apresentação, perceber isso, ficando a título de
contribuição, pensar como será a institucionalização e diálogo com os órgãos, em que momento se
faz”.
O presidente retomou a condução dos trabalhos afirmando que, antes de devolver a
palavra Armênio e Luiz Donizete, para responderem aos questionamentos a eles propostos, gostaria
de lembrar algo importante, que sentiu muito fortemente nos comentários feitos pelos membros, e
se refere ao item que trata do processo; assim, gostaria de chamar a atenção para o fato de que “o
Presidente Lula, como qualquer outro presidente, graças a Deus, desde 1985, foi eleito, portanto
tem legitimidade para apresentar uma proposta de política pública. Dentre as propostas de política
pública que lançou, em que está o Plano de Desenvolvimento da Educação, e, inclusive a Agenda
Social dos Povos Indígenas que amanhã vou detalhar aqui, incluiu esta Comissão, inclusive com a
perspectiva de se criar o Conselho. Então o lugar que essa Comissão ocupa nessa política pública
que o governo lançou é como aquele em que se garante a participação dos povos indígenas para
questionar, perguntar, pedir esclarecimentos e se poder aperfeiçoar os procedimentos. Eu digo isso
para recolocar o patamar onde nós estamos, não podemos mais trabalhar na perspectiva olhando
para o retrovisor, devemos olhar para frente: hoje temos políticas públicas que envolvem uma série
de programas sociais, uma agenda social ampla que o Presidente Lula lançou, que inclui vários
temas, inclusive da educação, e que nesse complexo existe também a instância da participação e
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controle social que é esta Comissão. Portanto quero chamar atenção para isso porque acho que há
legitimidade tanto dos representantes indígenas como dos convidados para fazerem todos os
questionamentos que precisam ser feitos, mas também de compreendermos todos que o Ministério
da Educação, assim como a Funai e outros ministérios presentes, estão justamente aqui porque estão
dentro dessa política, ou seja, trazendo para o debate programas e ações que o governo federal está
construindo, do ponto de vista democrático, com participação. Então chamo atenção para isso, não
vou nem entrar no mérito da questão, antes de devolver a palavra para Armênio”, concluiu o
presidente. O representante do Ministério da Educação afirmou que passaria às respostas da “roda-
viva”, como chamou, falando de sua intenção de responder a todas, apesar de que seria preciso
muito tempo para contemplar todos os assuntos levantados. Inicialmente, na linha do que o
presidente afirmou, e levando em conta o que perguntou Titiar, da relação do governo com os
estados e municípios, se seria uma dívida ou compromisso, afirmou: “foi colocada a
responsabilidade de um gestor público, que responde por ela, se existe dívida e compromisso não
foi assumido nem assinado por nós; trabalhamos com uma legislação, à qual nós respondemos por
ela enquanto estamos e somos dirigentes, durante o que precisamos responder pelo que nos cabe
legalmente e fazer as alterações das leis que achamos que não estão atendendo. Para isso nos
baseamos no decreto 26 e 91, a LDB, a Resolução de março de 1999, o próprio PDE, os pareceres,
como o próprio Parecer 14, enfim, trabalhamos com a legislação que temos; discordando com ela,
precisamos fazer um empenho para mudar, trabalhamos dentro da legislação e o que coloca de
atribuições e responsabilidades de cada ente federado. É com isso que trabalhamos, por mais
críticas que tenhamos, para que não venhamos adiante a ter que responder por omissão ou mal uso
do recurso público”. Passando às outras questões, Armênio afirmou ter anotado 23 pontos, e que
tentaria sintetizar as respostas para contemplar todas. Dentro disso, afirmou ele, “no governo
federal, o tempo político não é o mesmo tempo civil; temos os prazos políticos, o governo tem seu
tempo para dar as suas respostas e tem os seus procedimentos formais de trabalho. Então em muitos
questionamentos o que estranho é o seguinte: o governo não mudou nada o que estava financiando,
o que o PAR quer fazer é dar responsabilidade maior aos estados e municípios, mas os 6 pontos que
serão financiados são exatamente os 4 que o governo já vinha financiando; só que ao invés de
recebermos uma resolução em separado, sem nenhuma preparação, agora estamos fazendo
discussão e organizando de uma forma que contemple a grande maioria das reivindicações só que
agora em 4 anos. Questão que foi colocada e consideramos absolutamente legítima, não fazemos
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nenhuma objeção e acolhemos sem nenhum problema, que é quanto à discussão local, com quem é
o maior interessado, que são as populações indígenas, continua da mesma forma, os estados e os
municípios estão apresentando no PAR da mesma forma que apresentavam antes, não se modificou
em nada. Isto é legalmente uma construção local, é lógico que há dificuldades, mais em uns locais,
menos em outros, mas da mesma forma que sempre foi, continua, mas a orientação do MEC é que o
máximo possível as propostas sejam consensuadas no local, com os órgãos, instâncias e
comunidades, da mesma forma como sempre foi. Então não é agora que o MEC vai fazer com os
estados e municípios – sempre foi feito, desde 1991. Em nosso entendimento, a mudança é positiva
no sentido de chamar todo mundo e construir dentre de uma realidade, até aí não mudou nada,
controle social e elaboração da mesma forma; acredito que vamos continuar tendo problemas na
questão da execução, mas para isso vamos ter uma maior responsabilização desse compromisso
assinado; nós estamos organizando esse financiamento. Quanto a ser com estados e municípios, isso
está na legislação vigente hoje, é com ela que temos de trabalhar, tentar mudar para atender a
demanda dos povos indígenas; que é positiva, pois em 4 anos aumentou em mais de 49% o número
de matrículas em escolas indígenas, volto a dizer, muitas nem escolas são, mas aumentou o número
de alunos na rede pública como um todo, e houve um acréscimo em mais de 42% do aumento de
escolas. Isto demanda dos municípios, estados, da sociedade como um todo, e também do governo
federal e dentro disso, volto a esclarecer, o PAR é plano de ações articuladas, que deverá ser
construído para dar maior organicidade. Então, por mais que eu respeite e ache legítimo, não há
discordância em relação à participação, em absoluto, o governo federal, dentro de sua legitimidade
e atribuição, tem autonomia para fazer. Pegando exemplo colocado aqui, de ação que tem execução
zero de seu orçamento, se formos reunir, falando em povos indígenas, do campo, quilombolas, se
formos parar para fazer discussão que leva muito tempo, sobre cada ponto, vamos ficar vários anos
com execução zero. Então o governo tem a legitimidade das suas ações, propostas, ideologias e
mecanismos de construção disso, uma delas é da forma que estamos trabalhando, cobrando
legalmente dos municípios e dos estados as participações e as construções na ponta; e esta , que é
legítima, tem que acontecer de igual forma no município e estado, que tem a responsabilidade. Com
relação à questão da execução que foi colocada, isso não mudou nada nos últimos anos, e com os
problemas que existem continua; para tranqüilizar, informo que esses recursos serão rigorosamente
utilizados, tranqüilizando ainda que, na construção do orçamento, é a demanda que vai dizer. Só
para construções indígenas são 20 milhões de reais, para construção de salas de aulas indígenas,
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muito mais que os 2, 3 milhões que estão previstos no orçamento; então, como vai ser pactuado, é
lógico que vai haver dificuldades. A Dra. Deborah tocou na questão do Fundo Escola – eu fiz
muitas também à época, mas era um outro momento, outros modelos, hoje os municípios vão ter
autonomia disso, para o que se fez 3 ou 4 modelos e pelas consultas que fizemos atendem a maioria,
não havendo obrigação nenhuma nesse sentido. Quando fui a Baía da Traição, vi uma escola que
parecia um disco voador, verde, redondo, desconectado da realidade, e não é essa escola que
pretendemos financiar, a custos, enfim...”. Tentando responder em linhas gerais, prosseguiu
Armênio, há ainda a questão do Prolind, que reconheceu não ter abordado, já que se concentrara no
PNE e PAR, programa de licenciaturas, informando que há 4 universidades executando, 8 em
processo de pesquisa, análise, implementação, programa que está sendo discutido no governo
federal e inclusive se está prestes a lançar edital, no mês de novembro. “Tanto as universidades
federais como estaduais têm a sua autonomia; mas como muito bem colocava o ministro Tarso
Genro o hoje ministro da Justiça quando era então ministro da Educação, muitas vezes há um
equívoco nas universidades, pois autonomia não é soberania, elas têm autonomia de seu
funcionamento, mas há um órgão gestor ao qual elas têm vínculo. Dentro disso vimos, e estamos
continuando dentro desse processo, de sensibilização das universidades públicas para a abertura de
cursos, nós queremos colocar 4 mil professores nessas universidades. Mas da forma que vínhamos
fazendo, o governo federal estava colocando 75% do orçamento do MEC, dos 12 bilhões de reais,
para as universidades federais, um outro recurso a mais, para que se abrissem esses cursos. O que
vimos, positivo, estão abertos, garantido o recurso para a formação dessas turmas que entraram,
percebemos que, se continuássemos tendo que colocar um recurso extra, por fora, nas
universidades, isso não se tornará política pública, enquanto tiver que depender de outro orçamento
não se tornará política pública, porque depende da sensibilidade do ministro de Educação, um
secretário de determinada secretaria etc. A partir de agora, portanto, vamos disponibilizar a todas as
universidades públicas, estaduais e federais, que apresentarem o seu plano de ação, uma política da
universidade – e os cursos de formação de professores indígenas têm que ser prioridade para a
universidade, que têm criação e expansão de vários cursos, e acabam não atendendo as demandas
indígenas, quilombolas, do campo. Então vamos disponibilizar recursos para a implementação
desses cursos, o que for necessário, se tiver que construir sala de aula etc., e a partir daí o custeio
desses custos deve ser da matriz das federais, pois recebem recursos em seu orçamento para a
manutenção de seus cursos. A meta do REUNE é a ampliação de 20% dos recursos para custeio, e
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nele próprio, que está em processo de implementação, está se fazendo discussão para que sejam
contempladas, em sua expansão, as temáticas e cursos de licenciaturas e especificamente da
diversidade. Então queremos, sim, colocar recursos para implementar nas universidades e a partir
daí que assumam enquanto cursos regulares, caso contrário não se efetiva enquanto política. As
estaduais, que têm muito acúmulo, muita competência, talvez muito antes das federais inclusive,
nós queremos colocar recursos para implementação, como eles não pertencem ao governo federal,
estamos discutindo como viabilizar de forma legal, para ver como fazer a manutenção desses
cursos, e por isso não saiu o edital. A discussão do Prolind portanto está bem avançada, com a
discussão aprofundada nesse ponto: mais do que sensibilizar, disponibilizar esse recurso para
implementação, e a partir daí que a universidade assuma enquanto seus cursos. Temos observado
que uma ou duas das universidades, quando o governo, o Ministério da Educação atrasa os repasses
– e é um problema – suspendem o curso ou não realizam uma etapa presencial. Então não pode ficar
assim, na dependência do governo federal, a universidade que vai se dispor a abrir curso, vai
receber recurso extra, sabe que esta assumindo a responsabilidade pela sua manutenção.
Acreditamos que vai haver uma expansão maior, e mais do que isso, que vai se ter a garantia da
continuidade desses cursos como um todo”. Com relação à gestão, Armênio explicou que, como
legalmente são os gestores de municípios e estados que têm a atribuição pela gestão, o
entendimento é que devem qualificá-los e por isso a formação das equipes técnicas, que não é
novidade. No que se refere à questão do marco legal, onde entra a questão do subsistema e outras
questões, disse que gostaria de tranqüilizar a todos, explicando que, embora já tivessem visto essa
demanda, ela foi apresentada pelas próprias lideranças indígenas, em solicitação ao ministro,
presente em documento oficial entregue a ele. Então, estão atendendo essa reivindicação, embora já
estivesse em processo, feita em audiência que os índios tiveram com o ministro. O que está sendo
feito, ressaltou, é elaborar para discussão, não foi enviado para lugar nenhum; o consultor
contratado, Dr. Jamil Cury, ainda está no início do processo de elaboração dos 6 produtos para os
quais foi contratado. Nada mais é do que uma análise legal das demandas que se têm, como a lei
atende isso, propostas e sugestões de alteração; após isso pronto, conforme afirmou, é
absolutamente tranqüilo, será colocado em processo de discussão, nas instâncias do ministério, via
Comissão, e na própria CNPI. Outra questão abordada por Armênio foi no sentido de que os
municípios e estados, quando apresentam um projeto, obrigatoriamente têm contrapartida, e da
mesma forma na construção do PPA. Assim, afirmou ele, querem saber: se o estado tem demanda
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de 100 escolas indígenas, quantas vai colocar, qual a sua responsabilidade; por exemplo,
legalmente, têm documento assinado pelo CONSED, após a Carta do Amazonas, um encontro que
reuniu todos os secretários estaduais de educação para discutir especificamente a parte indígena,
onde o estado assume o compromisso de que, a cada escola construída pelo governo federal,
deverão construir uma também, no regime de colaboração que estão tentando construir e efetivar.
Quanto à questão colocada pelo Capitão Ciríaco, continuou, trata-se de demanda muito forte, tendo
havido reuniões com vários alunos que de fato abandonaram os cursos, esclarecendo que as
universidades recebem recurso do Auxílio Estudantil, que muitas vezes não é bem trabalhado, não
atende a quem deveria atender, o que é sabido; que é questão de acompanhamento, de fiscalização
dentro das universidades para tentar saber. O governo federal tem discutido, o MEC tem tentado
garantir no âmbito das licenciaturas, tanto que no Prolind os alunos vão receber bolsa, que vai
diretamente para a conta do aluno, não será repassada para a universidade, informou, bolsa de
manutenção para o período em que estiver na cidade. Foram feitos alguns cálculos, “é lógico que
nunca atende toda a demanda, pois o Brasil é continental, mas tentamos fazer uma média de
deslocamento da aldeia até chegar ao aeroporto, passagem, manutenção... de forma que se não vai
atender de todo, subsidia para que possam se manter”. Com relação à solicitação de Saulo Feitosa,
no sentido de que seja enviado material sobre o que foi apresentado, Armênio informou não haver
problema, tudo o que falou está no site da educação, foi de lá que imprimiu, sobre o PDE, a
Resolução 29, sobre o Compromisso com a Educação; material este que é de livre acesso, público,
desculpando-se por não ter providenciado, mas se comprometendo em até o dia seguinte
disponibilizar para a organização. Com relação à realização da Conferência, tema levantado por
Saulo e, segundo Armênio, também fortemente discutido na subcomissão, já havia colocado e
reafirma que a Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, coordenada pelo MEC, vai
sair, está absolutamente garantida. Na próxima semana, afirmou, está prevista reunião entre Funai e
SECAD, para fazer ajustes e alguma construção política, e na semana seguinte uma reunião entre os
dois ministros, para se dar início às conferências, que serão em torno de 16 a 18 regionais
preparatórias para a Conferência Nacional do ano que vem. Assumiu que estão atrasados nos
prazos, mas que o processo está em andamento, já existindo proposta de portaria, que passou pela
Comissão, destacando, quanto aos atrasos, que para o governo realize uma conferência, são
necessários ajustes internos e isso está sendo colocado em prática. Sobre a fala de Arão sobre os não
indígenas que ocupam vagas de indígenas, explicou que ocorreu na primeira versão do Prouni,
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equivocada, a segunda já começa a corrigir isso; que esse tema passa pela questão das cotas nas
universidades públicas, que estão tentando se adequar para colocar quem legitimamente deve entrar.
Com relação à clareza dos repasses, afirmou que é do maior interesse do ministério que se tenha
fiscalização, acompanhamento e controle social dos recursos; que todo o acompanhamento é
disponibilizado no site, destacando estar ciente de que em alguns lugares não é fácil acessar, mas
informando que, além de constar no ‘Voz do Brasil’, há vários mecanismos para que as pessoas
possam acessar, concordando que se poderiam buscar outros mecanismos para acessar esses dados,
buscar logística para tal. Voltando à questão da Conferência, destacou que o MEC não tem
experiência, assim como tem a saúde, a Funai, sendo que apenas agora estará realizando sua
primeira Conferência Nacional de Ensino Básico, não tem acúmulo de experiência mas vai
construir. Concluindo, Armênio afirmou ainda que: “a forma que se tem hoje de trabalho, a forma
legal de responsabilidade dos entes federados hoje, estamos trabalhando para que os resultados se
efetivem melhor, tentando dar tranqüilidade, mais que para os gestores, para as lideranças,
professores e comunidades indígenas, dentro do que já havia sido dito: da mesma forma que deve
ser cobrado do município e estado, continua agora, deve ser consensuado no PAR como devia ser
antes, o que era antes continua. Tenho a convicção, por estar acompanhando há 4 anos, que o PAR
agora, o plano de trabalho em construção para os 4 anos deverá atender um número maior de
alunos, comunidades, povos, e com certeza representando um investimento do governo federal,
cobrando-se dos entes federados a sua cota de responsabilidade e participação”, concluindo sua fala
e se colocando à disposição.
A seguir a palavra foi passada para Luiz Donizete, que explicou, quanto à
institucionalização da pesquisa, está previsto no desenho geral da avaliação que o trabalho termina
com os relatórios individuais dos diferentes pesquisadores por estado, e esse material passa a ser
submetido à coordenação da avaliação, juntamente com uma equipe de edição; havendo ainda
momento previsto de um seminário em que se reúnem os pesquisadores, a coordenação da
avaliação, a equipe de edição e o grupo de acompanhamento com os diversos órgãos
governamentais, para finalização dos trabalhos. Não foi comentado mas há essa moldura de
conclusão do trabalho, reconhecendo que não poderia acabar simplesmente com o relatório
individual de um pesquisador, sem nenhum tipo de controle sobre a qualidade, sejam quanto aos
resultados quanto com a adequação em um formato para ser difundido. A outra questão, para
esclarecer, “é que havia uma expectativa, e eu deveria ter fechado minha fala com isso, mas entendi
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que na subcomissão de educação, quando se discutiu, ou na plenária, havia decisão de que fosse
apresentada à plenária para que fosse dado encaminhamento com relação à proposta, se a Funai
avança com isso, retrocede e aguarda o Inep elaborar proposta. Só para lembrar então que havia
proposta de encaminhamento com relação a isso”, finalizou. Em face desse último comentário, o
presidente destacou que justamente por isso havia colocado para a plenária a necessidade de se
definir um posicionamento. A seguir, informou que ainda havia as inscrições de membros, passando
a palavra inicialmente para Gilberto Azanha, que perguntou se o presidente gostaria de dar
encaminhamento à questão da avaliação, após o que se manifestaria, ao que o presidente então
pediu que Pierlângela e Francisca fizessem uso da palavra e depois daria encaminhamento. No
entanto, Gilberto explicou que não estava passando sua fala, e que se o presidente não fosse
encaminhar iria retomar a palavra. Assim, disse que teria duas observações relativas aos
esclarecimentos de Armênio e depois uma proposta de encaminhamento. “Primeiro, Armênio havia
dito que a lei o obriga a fazer as transferências de recursos para o sistema, a Seduc; mas a própria
lei que cria o Plano Nacional de Educação, a Meta 12, diz que se deveria fortalecer e ampliar as
linhas de financiamento para a ampliação dos programas de educação escolar indígena, a serem
executados pelas secretarias municipais ou estaduais, organizações de apoio aos índios,
universidades e organizações ou associações indígenas. Assim, desde 95, o MEC financia
organizações de apoio, universidades, organizações e associações indígenas para cursos de
formação e publicação de material didático. Esse ano, não teve um tostão, então alguma coisa
mudou, ao contrário do que foi dito. Em relação ao encaminhamento, pegando gancho da fala do
presidente com relação ao papel da CNPI, eu gostaria de propor encaminhamento, para que o MEC
submetesse os 24 PARs para exame e sugestões da subcomissão de Educação, porque há um prazo
para os PARs virem ao MEC, para fazer os exames, então nesse intervalo, antes de serem
retornados, proponho que passem pelo exame da subcomissão. É uma proposta de encaminhamento
para tirar resolução nesse sentido”, concluiu Gilberto Azanha. Nesse sentido, a Dra. Deborah
perguntou se não seria possível, até para cumprir a Convenção 169, que as secretarias, ao
apresentarem o seu projeto, de alguma maneira já trouxessem a evidência de que houve a consulta
prévia e o assentimento dos usuários do serviço. Do contrário, afirmou, não se terá a Convenção
atuando e é um instrumento que a Comissão cada vez mais tem que fazer cumprir, proposta esta
que, na visão de Gilberto Azanha, tinha problemas com relação ao prazo. O presidente a seguir
passou a palavra para Pierlângela, a qual afirmou que quem trabalha com a educação está em busca
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de avanços, e portanto se permanece tudo o que já existia nos últimos 4 anos, então isso não valeu
de nada. Assim, gostaria de externar seu descontentamento com a política atual do MEC para os
povos indígenas, porque já vem sendo dito que trabalhar com municípios e estados, fortalecê-los
não vai dar certo, afirmando que “não assina embaixo e paga para ver o que vai dar daqui a algum
tempo, pois vai se enterrar cada vez mais, saio daqui levando descontentamento; vai haver
seminário estadual em que estamos discutindo já um sistema de ensino para a educação escolar
indígena, e digo mais, se não houver nenhuma atitude por parte do governo, porque em nenhum
momento ouvi aqui citado que a Funai participou, os povos indígenas nem nada, foi o MEC,
simplesmente, então se continuar isso, e agora falo enquanto professora indígena de Roraima, nós
vamos fazer movimento para que nossos direitos sejam respeitados. Porque é inadmissível
continuar a situação da educação escolar indígena como está nesse país, e todo mundo que conhece
seu povo sabe como está. E mais do que nunca, a avaliação do Plano Nacional de Educação vai ser
de fundamental importância para mostrar, porque já foi feito um diagnóstico do Ensino Médio que
nunca foi publicado pelo MEC, que escancara como está a educação no país. E eu queria colocar
aqui para a Funai que não deixasse isso correr do jeito que está, porque é direito dos povos
indígenas, para a Dra. Deborah também que, como 6ª Câmara, se faça a defesa dos direitos, que os
representantes indígenas da CNPI nos posicionem, ver se a gente vai aceitar da forma que está ou se
vai ter essa resolução, se os PAR vão passar. Como professora acho impossível continuar com essa
hipocrisia, porque não dá para dizer que está melhorando, vai melhorar, há 4 anos conversamos com
a Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena, colocando isso, vamos mudar, melhorar o
repasse a fiscalização e eu pago para ver, dou prazo de um ano para se fazer avaliação e ver se isso
é política que vai atender os povos indígenas; me preocupando a formação superior, cursos que só
acontecem porque a Funai está bancando, se não fosse ela os alunos não estariam se formando.
Como ficam as instâncias dentro do ministério da educação? As universidades não querem dialogar
com os indígenas, querem impor cursos de cima para baixo; e, ainda, é ilegal construir escolas com
uma planta. Acho que não só o PAR deve passar, porque se passar por nossa mão, eu como membro
da subcomissão estaria assinando dizendo que concordo com esse negócio, mas não sei, aqui nem
sabemos o instrumento, não foi nem apresentada a essa comissão, apenas foi relatado, não se
mostrou documento em que se apresente quais as diretrizes disso, para mim está um vazio total, e
quando chegar em Roraima vou repassar isso para os companheiros e ver o que o movimento vai
decidir, não levo nem sequer uma questão que poderia ter sido apresentada para dizermos quais são
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as diretrizes do PAR. Então, quero externar, porque são muitos povos que estão sofrendo com a
questão indígena...”, ao que o presidente chamou atenção para o fato de que Pierlângela estava se
estendendo demasiadamente, e concluísse, ao que esta concluiu afirmando que “estão há 7 anos sem
educação [naquele estado], e queria externar meu descontentamento, que enquanto CNPI se tire um
encaminhamento mais sério do que só ver os PAR e o que vai acontecer”, concluiu. A seguir,
Francisca Pareci disse que gostaria de fazer comentários sobre a apresentação a respeito do PAR,
afirmando que por exemplo em seu estado têm uma proposta de encaminhamento junto às
secretarias e organizações indígenas locais, para se tentar fazer um diagnóstico da situação da
educação indígena, pois têm trabalhado na concepção de que qualquer concepção de política
pública deve ter não só a participação indígena mas principalmente os envolvidos deverão saber a
sua realidade. Isso é necessário para que se possa elaborar política que contemple essa realidade,
tendo se percebido no entanto que muitas vezes são feitas sem estar em conformidade com isso.
Francisca afirmou ainda que a proposta de avaliação do PNE foi discutida com os índios e inclusive
muitos já conhecem, sentem que está bem próxima de sua realidade, mas teria que se ver como
atrelar essa discussão à questão do diagnóstico da situação da educação indígena. Francisca
destacou o trecho da fala de Pierlângela em que esta disse que houve uma prévia quando foi feito o
diagnóstico do Ensino Médio, mas na verdade se fez um pequeno diagnóstico da educação indígena
no restante do país, mostrando a situação drástica que está. Assim propõe que a CNPI delibere
como sendo necessária de fato a realização da avaliação, não só para o PNE, mas para qualquer
política que o governo estiver fazendo para as comunidades indígenas.
O presidente a seguir informou que gostaria, antes de dar encaminhamento, que
Armênio pudesse novamente se colocar, diante das ponderações que foram feitas. Este disse que
não teria muito a dizer, concordando radicalmente com o que foi colocado, no sentido de que é
inadmissível continuar como está, ponto em considera haver acordo sem problema, também no que
se refere à necessidade de se fazer diagnósticos, avaliações, o que a seu ver faz parte do processo
democrático, tem que haver divergências, caso contrário “não seria necessário haver esse espaço
rico e representativo de discussão”. O entendimento e intenção enquanto governo federal, afirmou,
é ter muito claro que não se pode continuar como está hoje, e exatamente é preciso implementar
essa política; “quando o governo Lula assumiu, e havia 200 mil reais no orçamento do Ministério da
Educação para educação escolar indígena, e agora há 40, 50 milhões de reais, acredito que isso seja
sinal de avanço e de início de uma mudança; quando não tinha licenciatura e passa a ter
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licenciatura, tem problemas e dificuldades, sim, mas a avaliação do governo é de estar investindo o
máximo possível e que isso se reflita permanentemente em qualidade”. Com relação à construção
de escolas, mais uma vez foi frisado que o estado vai apresentar o modelo que achar que deve
demandar de construção, não havendo obrigatoriedade de construção. Quanto à questão que foi
proposta de passar o PAR por aqui, “eu trabalho com aquilo que ordenado e determinado, quer
dizer, não sei da legalidade, do funcionamento, se houver uma determinação de passar não há
problema, não há constrangimento algum nisso, pelo contrário, a nossa intenção é a de qualificar.
Agora o porque de não passar, não passou até agora, é em função dessa autonomia e legitimidade
que os ministérios têm de tocar as suas ações. Quer dizer, vamos tocar os procedimentos como
sempre foi feito, o ministério, dentro do que lhe cabe, da sua dominialidade tanto legal como
política vem executando e essa instância que está em sua 2ª ou 3ª reunião; ou seja, não é por isso
que o ministério não atuaria. Então, como alguém colocou, acho que não é radicalizar nem de um
lado nem de outro, que teria ou que se dissolver a Comissão se os ministérios não trouxerem para cá
todas as discussões. Eu não gosto de radicalizar, já fiz isso quando mais novo, mas não gostaria de
radicalizar de outro lado: os governos e ministérios não podem ficar parados, sem executar suas
políticas, seu orçamento, esperando que tudo isso seja discutido em todos os conselhos, já que só
para ter uma idéia o governo tem mais de 600 conselhos e comissões, e eu participo de pelo menos
30. Então, nesse sentido, o governo está tentando equacionar suas políticas, como sempre foi feito,
e se tiver essa determinação de que tem que passar por aqui, e dependendo da questão legal, para
nós não há nada a esconder, muito pelo contrário, nós queremos dar resultados, e isso passa por
resultados, o que passa por qualidade, por recursos e por seriedade, e isso com certeza é uma
definição do Presidente Lula, sob coordenação do ministro Fernando Haddad, um instrumento que
nós estamos utilizando dando seqüência às funções, atribuições que cabem ao ministério.
Obrigada”, finalizou Armênio. Antes de dar encaminhamento, o presidente disse que gostaria de
fazer alguns comentários: em primeiro lugar esclarecer, até devido à ponderação feita por Armênio,
que a Comissão, pelo seu regimento, tem caráter consultivo e também de sugerir ao governo
encaminhamentos. Então, afirmou crer que, se o Ministério da Educação já se dispõe, concorda,
isso é mais uma razão para que a Comissão possa sugerir, no sentido de aprofundar essa discussão,
mas independente disso gostaria de chamar atenção para algumas coisas; “Como falei no início de
minha fala, sem dúvida nenhuma, o governo do Presidente Lula foi o que mais promoveu a
participação da sociedade civil nas deliberações sobre políticas públicas, não me lembro e acho que
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ninguém de nós pode se lembrar de outro governo que tenha feito isso. A imprensa até brinca
porque o presidente fala ‘nunca antes na história’, mas é verdade, nunca antes na história houve
uma Comissão Nacional de Política Indigenista; é a primeira vez, nunca na história um presidente
determina por decreto que a Comissão inclusive elabore um projeto de lei para criar um conselho,
por lei, já estamos na 4ª reunião para discutir e vamos encaminhar isso. Portanto acho que
precisamos compreender que essa Comissão é exatamente o lugar para que, através da participação,
direta inclusive, das lideranças eleitas, possam fazer esses questionamentos e que o governo escute.
Esse é um ponto que eu queria destacar: esse é o lugar democrático para discussão, e inclusive o
Presidente Lula, no dia da instalação dessa Comissão, lembrou publicamente que os índios
deveriam cobrar do governo o que precisa ser cobrado. O segundo ponto é que a CNPI, como outros
conselhos, são espaços de co-responsabilidade; a grande dificuldade da construção de uma gestão
democrática pública é justamente compreender cada vez mais o que significa co-responsabilidade,
entre governo e sociedade civil. O governo, a instância governamental democraticamente eleita, ela
tem autonomia, legitimidade também de apresentar propostas, programas, ações etc. Então o
Ministério da Educação está elaborando uma série de propostas, que são legítimas, na medida em
que o governo tem legitimidade para isso, foi eleito, não foi imposto, não estamos numa ditadura.
Portanto, é importante que se resgate isso, nós temos que baixar um pouco a poeira, o tema é sem
dúvida candente, mas precisamos baixar um pouco a poeira, pois há necessidade de aprofundar mais
o debate, as preocupações são legítimas, corretas, mas é preciso aprofundar. Outra questão: muitos
dos representantes indígenas levantaram a questão da relação com os estados e municípios, Titiar
inclusive levantou questão perguntando se existe divida política para se fazer isso. Então eu gostaria
de lembrar que o Brasil é um país federativo, a Constituição definiu que o Brasil é um Estado
federativo, existem estados, municípios e a União. E, assim, nós trabalhamos na gestão política do
país desta forma, os governadores, os prefeitos têm autonomia inclusive, pela Constituição de 88,
que também estabeleceu que várias das competências do Estado brasileiro são comuns à União,
estados e municípios, dentre elas a educação pública, da cultura, entre outros. Quando o MEC está
propondo desenvolver trabalhos com estados e municípios, é porque está cumprindo a Constituição,
não é uma questão de dívida política com governadores ou prefeitos. Este é um quarto ponto que eu
gostaria de lembrar, para tornar claras as várias posições aqui. Por outro lado, há um 5º ponto,
também definido pela Constituição de 1988, que também diz que os povos indígenas têm direito a
uma educação diferenciada, que é um dos direitos específicos que os esses povos têm. E na
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Constituição fica inclusive estabelecido que a União tem um papel preponderante de
responsabilidade junto aos povos indígenas, sendo que em alguns casos a responsabilidades por
alguns desses direitos é exclusiva ela, como na demarcação das terras indígenas. Ou seja, o
constituinte de 88 deixou uma perspectiva híbrida sobre o que cabe a cada um, de um lado há as
responsabilidades dos estados e municípios e por outro a especifica. E tudo o que se está discutindo
aqui também passa pela interpretação que cada um faz conforme suas leituras próprias, legítimas,
do texto constitucional. Esse é um outro ponto importante que é preciso deixar claro, pois só vamos
superar as dificuldades na medida em que isso ficar claro, a educação, como outros temas, precisa
ser tratada de forma muito transparente e clara, estabelecendo todas as posições para que se possa
dar o passo adiante, ou então fica parado. Um outro aspecto para o qual chamo a atenção diz
respeito à gestão compartilhada das políticas públicas, que foi colocada pela Constituição e
legislação posteriores, estabelecer com clareza qual é o papel da Funai, do MEC, em relação à
educação, do Ministério da Saúde, em relação à saúde, na cultura, ainda há muita poeira quando se
trata desses assuntos. Na Funai, ainda existem muitas visões de que é a responsável por tudo o que
diz respeito aos povos indígenas, e isso é totalmente anacrônico, porque na prática, na vida real já
não é assim, existem muitos outros atores governamentais em políticas públicas ou ações
especificas que atuam junto aos povos indígenas. Não é mais a única que cuida e vou tratar melhor
disso amanhã, mas falo isso porque ouço muitas opiniões e sempre há de um lado os federalistas e
de outro os do pacto federativo e acho que não é essa a discussão, o bem contra o mal, os
federalistas são do bem e os municipalistas, estadualistas são do mal. Se ficar numa discussão desse
tipo, inclusive com relação à posição que deve haver no governo federal, num órgão como a Funai,
não vamos avançar. E já disse bem claro, inclusive no dia de minha posse: à Funai cabe
acompanhar, articular e integrar melhor as ações de políticas públicas do Estado, não executar, no
caso da educação temos uma série de ações complementares importantes; ao MEC cabe também
desenvolver e apresentar as suas propostas de educação, na própria perspectiva que o Armênio já
colocou, de debate democrático. E eu acho que quando o MEC coloca aqui claramente que vai ser
realizada a 1ª Conferência de Educação Escolar Indígena, nós estamos tratando da radicalização da
democracia, pois não existe no Brasil espaço mais amplo de debate democrático que nas
conferências, que nós temos construído ao longo dos últimos anos, e a perspectiva que o MEC
coloca de realizá-las nos coloca um grande desafio pela frente, e que a Comissão possa contribuir
para que seja uma grande conferência e se possa avançar nesse debate. Minha fala aqui na verdade é
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muito mais no sentido de apontar desafios, questões, dúvidas, para ajudar um pouco a encontrarmos
um rumo nessa discussão, que é fundamental”. Dito isso, prosseguiu o presidente, com relação à
proposta de encaminhamento apresentada por Gilberto Azanha, e a qual Armênio já se posicionou
afirmando que o MEC está aberto para essa possibilidade, afirmou acreditar ser interessante que a
CNPI possa, a partir do momento em que os estados encaminhem as suas propostas, recebê-las,
participando do debate ao longo do processo; que a subcomissão e o plenário possam participar
desse debate, ter acesso a essas propostas que virão dos estados. Nesse sentido, abriu a consulta ao
plenário sobre a proposta, que considera não como sendo algo definitivo, uma solução única, mas
um encaminhamento que dá um passo a mais para se avançar no debate. Armênio no entanto
ressaltou que trabalham com orientações superiores, que a Comissão tem autonomia para tirar suas
resoluções e encaminhamentos, mas que sua fala é que saia essa orientação, seja oficializada junto
ao Ministro da Educação e partir daí se avalie a questão da legitimidade, da legalidade e se for essa
orientação, desde que oficialmente encaminhada, defina-se como proceder. Nesse sentido o
presidente colocou em votação o encaminhamento no sentido de que, quando os estados
encaminhem para os estados seus planos de trabalho no âmbito do PAR, o Ministério os submeta à
apreciação da CNPI antes de os devolver para os estados essas propostas, ao que Gilberto Azanha
destacou que se trata da proposta de uma resolução da CNPI recomendando, sugerindo ao MEC que
envie à Comissão os PARs dos estados, para sugestões. Em consulta ao plenário, verificou-se que
não haver posições em contrário, considerando-se aprovado o encaminhamento, conforme
explicado. Feito isso, o presidente afirmou considerar que no dia de hoje a pauta está encerrada, se
haveria algum comentário, ao que Wilson Matos questionou se deveria ser feita minuta a ser
submetida ao plenário, ao que o presidente afirmou que será preparada e submetida à plenária no
dia seguinte. Antonio Potiguara, a seguir, propôs ao presidente, que os índios da CNPI possam
participar da Assembléia Potiguara, arcando com as passagens dos indígenas, ao que o presidente
afirmou que se analisaria a viabilidade de atender a solicitação na Funai. Gilberto Azanha pediu
questão de ordem, lembrando que há questão do referendo da plenária com respeito à avaliação do
PNE, ao que o presidente consultou a plenária sobre o encaminhamento sugerido pela Funai para
que seja feita avaliação independente do Plano Nacional de Educação, que foi aprovado pelos
presentes. Com relação à pauta do dia seguinte, o presidente lembrou que os trabalhos do presente
dia começaram com atraso, e que no dia 11 estava prevista a apresentação, a ser feita por ele
próprio, sobre os empreendimentos econômicos do PAC, assim como sobre a Agenda Social,
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cabendo à Funasa apresentar a parte da Saúde e ao MDS o que lhe cabe, apresentação sobre o Sigat,
que faz parte da Agenda Social, reestruturação, PPA, lembrando a todos que façam esforço para
começarem às 8:30 e possam cumprir a pauta inteira, conforme estabelecido.
Ata da 3ª Reunião Ordinária Dia 11 de outubro de 2007
Manhã
Aos onze dias do mês de outubro do ano de dois mil e sete teve início o
segundo dia da 3ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, sob a
presidência de Márcio Augusto Freitas de Meira, presidente da Comissão, o qual iniciou os
trabalhos da manhã propondo que se definisse a sistemática de trabalho, conforme a seqüência a
seguir: apresentação de um quadro geral sobre as obras do PAC que incidem nas áreas indígenas,
“que é um trabalho que a Funai está fazendo, não está concluído, mas vamos apresentar hoje aqui o
que já temos”; em seguida apresentação, por Aderval Filho/MDS, sobre a forma como o governo
decidiu que deve dar encaminhamento para a relação entre os empreendimentos e o impacto para os
povos indígenas e outros povos que também estão sendo impactados; em seguida, apresentação,
pelo presidente, da Agenda Social que o presidente Lula lançou em São Gabriel da Cachoeira, no
dia 21 último; apresentação sobre a proposta de reestruturação da Funai e depois sobre o Plano
Plurianual, informando que todos haviam recebido material farto. Nesse contexto da agenda,
prosseguiu o presidente, foram selecionados alguns pontos, destacando que tudo o que será
apresentado em termos de proposta e agendas está aberto para discussão com a Comissão. Antes de
dar início efetivo a esses trabalhos, porém, o presidente passou a palavra a Lindomar Xocó, o qual
solicitara alguns minutos para tratar de um assunto de interesse da representação indígena de sua
região. Lindomar, por sua vez, disse que antes de mais nada gostaria de registrar que neste estava
completando um ano da maior perda que o cenário político da região Nordeste vivenciara,
especialmente na sua região, Alagoas e Sergipe, que se refere à “inesquecível Maninha”,
informando que naquele dia estavam acontecendo atos públicos em sua memória, e diante do que
gostaria de contar um pouco da história dela. Nesse sentido, Lindomar informou que a história de
Maninha começava com seu pai, liderança política do Nordeste, a quem um dia pediu que a
deixasse secretariar uma reunião, vindo com o tempo a se tornar uma das maiores lideranças da
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região, fazendo da parte da comissão Leste-Nordeste. Lembrando sua importância, disse Lindomar,
gostaria de pedir a todos que se levantassem e fizessem um minuto de silêncio em sua homenagem,
em seguida acompanhado por todos os presentes. Ainda a propósito dessa questão, o presidente
passou a palavra para Saulo Feitosa; este por sua vez informou que até a presente data não consta
nada no atestado de morte de Maninha a respeito da causa de sua morte, que ninguém da cidade de
Palmeiras do Norte quis se responsabilizar, já que ela chegou ao hospital caminhando, com uma
crise respiratória, onde se alegou que não havia médicos, e esta veio a falecer. Diante disso, afirmou
Saulo, a CNPI deveria se posicionar, por meio de uma resolução, já que ela atuava na comissão de
saúde indígena, morre por falta de atendimento médico e sequer tem um atestado de óbito.
Considerando a proposta mais do que justa, o presidente posicionou-se no sentido de que a
Comissão pressionasse para que se possa saber a causa desse acontecimento junto com o hospital,
pedindo que seja providenciada a resolução.
Passando a seguir aos trabalhos pautados para o dia 11 de outubro, o presidente
informou que, conforme proposto minutos atrás, primeiro trataria do levantamento feito pela
Diretoria de Assuntos Fundiários da Funai em relação aos empreendimentos do PAC com
incidência em terras indígenas. Antes disso, destacou que se trata de uma tarefa que acreditavam
ser fácil – levantar os empreendimentos – mas que acabaram descobrindo não ser tão simples
assim, porque tiveram que levantar com detalhes e procurar todos os ministérios, principalmente
aqueles que têm responsabilidades por grandes obras, levantar obra por obra, plotar essas obras no
mapa etc. Então, prosseguiu, a perspectiva é que na verdade até o final do ano disponham de um
levantamento mais exaustivo e por isso estariam trazendo um levantamento ainda preliminar dessa
obras, sendo que para a apresentação se valeriam de quadro projetado no telão. Seguindo esse
quadro, informou, o que se vê é o resultado do levantamento dos empreendimentos que têm impacto
em terras indígenas, por região: na Amazônia Legal, noventa e cinco empreendimentos que têm
impacto nas terras indígenas; no Nordeste, vinte e nove empreendimentos; no Centro-Oeste, quinze;
no Sudeste, trinta e três, e, na região Sul, trinta e oito, resultando num total de duzentos e dez
empreendimentos. Esse levantamento, prosseguiu o presidente, como já dito, vai ser um trabalho
muito exaustivo, podendo se perceber que na Amazônia Legal está o maior volume de
empreendimentos, quase a metade dos empreendimentos do PAC. Nesses empreendimentos estão
incluídos vários tipos, desde obras grandes, como hidrelétricas, a pequenas obras de asfaltamento,
pequenas vias, que nem passam dentro de áreas indígenas, mas passam perto, então trazem um certo
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impacto. Foi considerado impacto não somente impactos diretos, informou, mas também
empreendimentos que incidam direto na terra indígena e no entorno das terras e que
consequentemente trarão conseqüências para a terra indígena. Esse é o critério utilizado para fazer
esse mapeamento, destacou o presidente, e inclusive as informações obtidas já estão sendo plotadas
no mapa, que se colocava à disposição nesse momento para que todos os interessados possam
consultar, informando que se tentou colocá-lo na tela mas não ficou muito visível. Num primeiro
momento, continuou o presidente, procurou-se inserir no mapa, por exemplo com relação a uma
estrada que será feita, as coordenadas, procuraram saber exatamente onde ela estrada iria passar,
porque caso passe dentro de uma terra indígena já se poderia identificar, e assim fizeram com todos
os empreendimentos. Portanto, frisou o presidente, esse é o primeiro levantamento que o governo
fez, de forma substancial, da incidência de empreendimentos em terras indígenas, disponibilizando
o mapa em questão. O objetivo neste momento é que até o final do ano tenha sido concluído o
trabalho mais exaustivo, inclusive separando por região, no caso da Amazônia Legal, dispondo-se
de um mapa mais detalhado para disponibilizar à Comissão. Seguindo o quadro exibido no telão,
continuou, o espera-se realizar até o final do ano o levantamento do impacto nas terras indígenas,
terra por terra, a caracterização dos empreendimentos e dos impactos diretos e indiretos e o estado
da arte no licenciamento ambiental e cumprimento de medidas. Quando a atual gestão assumiu a
Funai já existiam procedimentos, como por exemplo, o Ibama é o órgão que emite o licenciamento
ambiental e, pela legislação, é o órgão que está autorizado a fazer isso, e manda para a Funai, que
averigua se está ou não nas terras indígenas, “mas nós estamos fazendo um levantamento para saber
exatamente como está cada caso que já tinha dado parte antes da nossa chegada na Funai e para
poder ter também um levantamento exaustivo de licenciamento”, informou. Esse é o quadro geral,
continuou o presidente, informando que não faria o detalhamento obra por obra, até porque são
duzentos e dez empreendimentos; “mas o principal é que estamos de olho, e que até o final do ano
estamos, de forma exaustiva, levantando esses dados e disponibilizando para Comissão essas
informações a cada passo, a cada momento, digamos assim a cada passo do programa”. O
presidente a seguir passou a palavra para Aderval Filho/MDS, para que ajudasse a apresentar esta
parte, informando ainda que realizaram discussão dentro do governo, com a comissão que trata da
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e de Comunidades Tradicionais,
criada pelo governo e que envolve não só os povos indígenas mas também comunidades não
indígenas, como ribeirinhos, quebradeiras de côco, que também são afetadas pelos
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empreendimentos do PAC. “Então o governo não poderia tratar desta questão do impacto só com os
povos indígenas; tem de tratar também dos outros povos, e foi discutido dentro do governo e
definido dentro desta política, a qual inclui os povos indígenas, os procedimentos e forma que
devemos atuar, estabelecendo o diálogo, a ponte entre esses povos, mas respeitando a legislação,
que é fundamental, nós temos que seguir a legislação ambiental”. A seguir o presidente convidou
Aderval Filho a fazer uso da palavra, apresentando os procedimentos que foram discutidos dentro
do governo para a abordagem que deve ser feita, para discussão posterior. Aderval iniciou
desejando muito bom dia a todos e informando que, na verdade apresentaria algumas diretrizes que
estão pactuadas com a sociedade civil, representada por diversos segmentos sociais e tradicionais
que integram a comissão. “Essas diretrizes foram pactuadas em cinco oficinas regionais e estão na
pauta da Casa Civil e outros órgãos que estão mais diretamente envolvidos com a implementação
dos empreendimentos. As oficinas ocorreram entre os dias 14 a 23 de setembro de 2006, em Rio
Branco, Belém, Curitiba, Cuiabá e Paulo Afonso, envolvendo trezentos e cinqüenta participantes,
muitos deles indígenas. Foram diretrizes pactuadas antes mesmo do PAC e isso não estava na pauta
de discussão, portanto é só uma contribuição ao nosso debate, mas isso está na pauta de discussão
da comissão com a Casa Civil e os órgãos envolvidos”. Não se procederia à exposição da política
em si, informou Aderval, porque não seria objeto naquele momento, e sim posteriormente, mas
cabe informar que ela está estruturada em quatro eixos: acesso aos territórios tradicionais, aos
recursos naturais, infra-estrutura, que envolve a questão da sobreposição de empreendimentos sobre
territórios tradicionais, mas também resolução de conflitos em decorrência da sobreposição de
unidades de proteção sobre territórios tradicionais; a inclusão social, que vai desde educação
diferenciada, fortalecimento de cidadania, atenção diferenciada à saúde, adequação do sistema
previdenciário, acesso diferenciado a políticas públicas de inclusão; as questões de gênero, acesso à
gestão de recursos públicos, segurança pública e direitos humanos e fomento à produção. Esses são
os quatros eixos da política, destacou Aderval, passando-se a seguir às diretrizes específicas, que se
tratam de: garantir o direitos desses povos indígenas e das comunidades tradicionais que sejam
afetadas diretamente ou indiretamente por projetos, obras e empreendimentos, lembrando que são
diretrizes para implementação da política que foi decretada no dia 07/02, por decreto. Trata-se
também de disponibilizar informações e garantir a participação dos povos e comunidades
tradicionais na concepção, elaboração e implementação nos planejamentos setoriais de curto, médio
e longo prazo vinculados a grandes obras de infra-estrutura, seja no campo energético, na questão
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de estradas e etc., planos diretores e zoneamentos e outros planos de uso e ocupação territorial; criar
instrumentos para que povos e comunidades tradicionais sejam consultados e participem dos
processos decisórios, quanto à alocação de obras e empreendimentos em áreas que os afetam direta
e indiretamente, mesmo antes do pedido de licença prévia; garantir a informação e o debate interno
aos povos e comunidades tradicionais acerca do processo de licenciamento ambiental, em especial
pelos impactos que poderão vir a sofrer em função de obras, que possam sofrer direta ou
indiretamente, tanto com relação ao patrimônio material quanto ao patrimônio imaterial; bem como
a garantia de participar da avaliação desses impactos e de propor alternativas aos projetos e às
medidas mitigatórias, compensatórias e indenizatórias; viabilizar a participação dos povos e
comunidades tradicionais nas audiências públicas realizadas ao longo do processo de licenciamento
de obras e empreendimentos que lhes afetem direta ou indiretamente. Um outra diretriz diz respeito
a garantir a participação dos povos e comunidades tradicionais na concepção, elaboração e
implementação, bem como na utilização de mão-de-obra local em projetos de infra-estrutura, com
base nos padrões socioculturais destes povos e comunidades; garantir aos povos e comunidades
tradicionais o direito de receber benefícios pela servidão de trechos e áreas que tenham seus
territórios cortados ou parcialmente suprimidos por empreendimentos de utilidade pública ou de
interesse social, como estradas, portos, barragens, hidrelétricas, ferrovias, linhas de transmissão,
oleodutos, gasodutos etc. Indenizar e compensar os povos e comunidades tradicionais pelos danos
causados ao ambiente e ao patrimônio material e imaterial em decorrência de projetos e
empreendimentos executados no entorno e na bacia hidrográfica onde se localizam os territórios
desses povos e comunidades tradicionais, sendo que tal critério, segundo entendimento da
sociedade civil e em negociação com o governo, é de bacia hidrográfica. Prosseguindo na
apresentação, foi listado ainda o princípio que se refere a garantir aos povos e comunidades
tradicionais afetados direta ou indiretamente por projetos e empreendimentos o acompanhamento de
órgãos técnicos e jurídicos nas esferas federal, estadual e municipal do Ministério Público Federal e
da Advocacia Geral da União; criar mecanismos que garantam o efetivo controle social do processo
de ocupação humana e da utilização de recursos naturais no entorno e na bacia hidrográfica onde se
localizam os territórios de povos e comunidades tradicionais, visando ao amortecimento e à
mitigação dos impactos negativos dos processos. Citou ainda o princípio segundo o qual se deve
criar centros de pesquisas voltados aos povos e comunidades tradicionais, de meio ambiente,
produções locais, fontes não convencionais de energia e de habitação. Sendo que, na implementação
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de empreendimentos nos territórios de povos e comunidades tradicionais, deve-se proibir e coibir o
desmatamento de vegetação nativa e viabilizar a recuperação de áreas degradadas em bacias
hidrográficas de uso destes povos e comunidades tradicionais. Enfim, o último princípio propõe que
se deve respeitar a decisão livre e soberana de povos e comunidades tradicionais sobre as citações
de intervenções próprias ou em áreas de povos e comunidades tradicionais, quanto ao impacto de
obras de infra-estrutura, barragens, hidrelétricas, ferrovias, linhas de transmissão, oleodutos,
gasodutos e etc. E, no caso de aceitação, garantir a reparação prévia de terceiros sobre as regras de
convivência estabelecidas por tais povos e comunidades tradicionais. Portanto então essas são
algumas diretrizes, concluiu Aderval, ressaltando que nem todas estão diretamente ligadas à questão
de obras e empreendimentos em terras indígenas e também em outros territórios tradicionais, que
não se procurou esgotar a questão e sim oferecer uma contribuição da comissão nacional para a
discussão no âmbito da CNPI. Retomando a palavra, o presidente agradeceu a Aderval, propondo
que se desse continuidade à apresentação, completando-a, para depois a gente abrir para a discussão
na plenária, pedindo então que se passasse à projeção relativa à reestruturação da Funai. Antes,
porém, Saulo Feitosa/CIMI, pediu questão de ordem, afirmando que a seu ver seria complicado
debater a reestruturação da Funai e empreendimentos depois, a não ser que houvesse dois
momentos de debates. O presidente, por sua vez, afirmou avaliar que a reestruturação da Funai
envolveria também uma apresentação sobre o PPA, orçamento e sistema de gestão, e que para
discussão do PPA seria importante que os representantes tivessem conhecimento sobre essas
informações gerais, sendo que muita coisa que se relaciona a como devem agir no sentindo de
enfrentar os desafios do PAC passam pela reestruturação da Funai. Por isso, continuou, avalia que
seria importante apresentar o global, para dar melhor condição aos debates, mas que se o plenário
achar que se deve fazer uma discussão sobre o PAC, os empreendimentos e a metodologia que o
governo está apresentando para o debate poderiam mudar, ao que consultou o plenário. Marcos
Xucuru desejou bom dia a todos e afirmou que a seu ver seria de fato complicado apresentar tudo
de uma vez só, até porque não tiveram tanto tempo de analisar e “aí de repente a gente pega tanta
informação que fica sem saber, com uma dificuldade de discutir e debater”. Diante disso, propõe
que os temas sejam separados, discutindo-se questão a questão, para facilitar a conclusão, inclusive
por parte dos membros que acabaram de ter contato com tais informações. Aderval Filho expressou
concordância com relação às questões levantadas por Saulo, no sentido de que seria melhor discutir
separadamente esses assuntos; Jecinaldo Cabral, por sua vez, apresentou proposta no sentido de
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que formar um bloco com o que fora visto na apresentação sobre o PAC, o que o governo está
pensando com relação ao que o Aderval apresentou, a agenda que foi apresentada em São Gabriel,
que seria um contraponto, pois não sabem do que se trata. O presidente então propôs que a seguir
se passasse à apresentação da agenda para os povos indígenas, ao invés de apresentar a
reestruturação, abrindo a discussão desse tema juntamente com o que fora apresentado até ali,
abrindo para a discussão. Wilson Matos, pediu então questão de ordem, informando que a bancada
indígena pactuara em sua reunião que houvesse limitação de tempo, pois alguns falam e outros
ficam sem participação, solicitando que neste debate, que inclui vários e complexos temas, que se
fizesse uma limitação de tempo. O presidente disse que não se tem adotado essa metodologia de
marcar tempo, porque se tem deixado um pouco a palavra mais livre, mas sim preferiria recomendar
que fossem mais objetivos diante do nosso tempo. Arão Guajajara , a seguir, levantou a questão de
que se notava a presença de muitas outras pessoas além dos membros e convidados, sendo preciso
saber quem é quem, pois havia pessoas presentes que não se tem muita clareza de quem são,
pedindo que pelo menos se identificassem, informando se vieram a convite de alguém ou apenas
como ouvintes. Em resposta, o presidente informou que as pessoas que se encontravam na plenária
eram funcionários da Funai que convidara por conta para apresentação daquele dia, solicitando a
quem fosse servidor da Funai que se apresentasse. Assim, registrou-se a presença de Iara Vasques,
Coordenadora Geral de Meio Ambiente, Dr. Salmeirão, Procurador-Chefe da Procuradoria
Especializado da Funai, Vladinei, da aérea de Planejamento e que cuida do PPA, Luiz Carlos
Levinho, Diretor do Museu do Índio, um dos responsáveis também pela produção da Agenda
Social. Ao fim da apresentação informando que haviam sido convidados pelo presidente para dar
esclarecimentos, enquanto técnicos, caso viesse a ser feitas alguma pergunta específica.
A seguir o presidente fez apresentação da Agenda Social dos Povos Indígenas,
conforme material distribuído aos membros e exibindo no telão, explicando a seleção das fotos
usadas na apresentação, que tinham a intenção de mostrar a diversidade de situações vivenciadas no
país; que foi feita uma contextualização do cenário geral das populações e terras indígenas no país;
relacionadas ações desenvolvidas junto aos povos indígenas por diversos ministérios, existindo 78
diferentes ações no PPA, no caso ressaltando que são desarticuladas entre si; propostas,
primeiramente a Agenda Social dos Povos Indígenas, a reestruturação da Funai, potencializar CNPI,
fortalecer as organizações indígenas, ponto em que o presidente ressaltou que ao fim de sua
apresentação para o Presidente da República e ministros a proposta foi aprovada integralmente.
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Prosseguindo, informou que foram apresentadas diretrizes de atuação – proteção das terras e
promoção dos direitos indígenas, que tem a ver com o PPA, fortalecimento multisetorial – ações
compartilhadas entre os entes do Estado e sociedade civil, com a Funai atuando como articuladora
dessas ações; valorização da autonomia dos povos indígenas. Conforme a apresentação, informou
que foram apresentados 3 propostas de programas: proteção, promoção e qualidade de vida dos
povos indígenas, nos quais serão desenvolvidas as ações, destacando que envolvem conceitos como
proteção, de terras e direitos, promoção, gestão compartilhada e territorialidade. Foram
apresentados ainda os objetivos dos programas, entre os quais foram destacadas ações prioritárias
de governo, aprovadas pelo Presidente Lula para serem realizadas até 2010: regularização fundiária
das terras indígenas, com as metas em diferentes estágios relativos à regulamentação; territórios
indígenas da cidadania, explicando que estão relacionados com o conceito de territorialidade,
identificando-se regiões e populações representativas para se fazer ação forte e integrada, entre
diferentes entes do governo e sociedade civil, destacando que o próprio Presidente Lula sugeriu que
se incluísse o território Guarany-Kaiowá de Mato do Sul, que não se encontrava na proposta inicial.
Esse conceito, explicou, foi trabalhado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, do qual se
“apropriaram” e trata de se desenvolver programas de desenvolvimento sustentável. A terceira ação
se refere à recuperação de áreas degradadas, pensada sobretudo para o cerrado e mata Atlântica;
fiscalização e finalmente proteção de índios isolados. Seguindo, o presidente informou sobre os
objetivos do programa de Promoção dos Povos Indígenas, explicando que no seu âmbito haviam
sido definidas 3 ações prioritárias: documentação e valorização das línguas indígenas, incluindo o
levantamento e estudo de línguas, criação de núcleos de acervos digitais, para o que seriam feitas
parcerias com diversas instituições e a ser desenvolvida por meio do Museu do Índio. Ação muito
importante, devido ao fato de muitas línguas estarem em situação de risco, não terem documentação
lingüista adequada, ao fato de os índios não estarem capacitados para a descrição dessa línguas, e
porque o Estado brasileiro nunca se dispusera a atuar nessa área, onde são missionários que têm
feito esse papel; ponto inclusive destacado pelo próprio Presidente Lula, que sugeriu que fosse
financiada diretamente por alguma estatal, de forma que naquele mesmo momento conseguiram que
o Banco do Brasil a financiasse até 2010, de forma que é uma ação que já avançou e em caso de
dúvidas o diretor do Museu do Índio encontrava-se presente para os devidos esclarecimentos. A
próxima ação, prossegui, trata-se da valorização do patrimônio indígena, que será realizada
juntamente com o Ministério da Cultura, e consiste na implantação de 150 Pontos de Cultura
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Indígena, chamando a atenção para o fato de que as ações no âmbito do referido programa serão
desenvolvidas pela modalidade edital público, de forma a manter absoluta transparência. Como vai
ser o edital vai ser definido pela CNPI, mas insistem em que seja edital para evitar questionamentos
quanto ao atendimento de um povo ou segmento em detrimento a outro. A terceira ação é de auto-
sustentação econômica, que inclui duas ações consideradas importantes: primeiro o diagnóstico da
vocação econômica por região administrativa, para se ter diagnóstico nessa área, sendo o grande
desafio, a partir do debate com os povos indígenas, diz respeito à sustentabilidade futura dos povos
indígenas, com a sua participação e, segundo, a implementação de projetos de produção auto-
sustentável e geração de renda, a ser desenvolvida em parceria com vários órgãos. Seguindo, a
apresentação tratou do Programa de Qualidade de Vida para os Povos Indígenas, que engloba duas
ações, muito importantes, a criação do Sistema de Acompanhamento e Avaliação, criando
indicadores e procedimentos, que não existem atualmente, uma ação considerada prioritária, difícil
para a qual vão precisar da ajuda do Ministério do Planejamento; e a segunda ação sendo o
Fortalecimento do Controle Social. Como conclusão, o presidente informou que defendeu a
importância das terras indígenas para a preservação do meio ambiente e inclusive no que se refere à
questão do aquecimento global, mostrando como ilustração disso imagem de satélite na qual se nota
a diferença entre um território indígena e a degradação que caracteriza as áreas vizinhas. Portanto,
prosseguiu o presidente, essa foi a agenda apresentada ao Presidente Lula e ministros, e aprovada, a
qual recebeu as sugestões a que fez referência, e com o encaminhamento do Presidente no sentido
de que ele próprio gostaria de lançar, em São Gabriel da Cachoeira, por ser uma região de presença
indígena majoritária, recomendando ainda que se fizesse a apresentação da agenda na Comissão,
aprofundando-a no diálogo com as sociedades indígenas, organizações e sociedade civil em geral. O
presidente ressaltou ainda que a agenda foi feita com o sentido de abrir uma pauta para que o
governo possa evoluir, aprofundar, discutir, dentro dessa perspectiva mais ampla e geral,
esclarecendo ainda que, quando for apresentar o PPA e reestruturação, vai ser possível perceber que
os conceitos estão articulados, destacando ainda que apresentaria o orçamento previsto na Lei
Orçamentária para cada ação, para que a Comissão acompanhe, saiba onde está sendo aplicado e
possam debater. É uma agenda própria, que não tem relação direta com o PAC, e tem o objetivo de
promover e proteger os direitos dos povos indígenas, informando que Pierlângela esteve presente no
lançamento na condição de representante da Comissão e portanto pode dar seu testemunho crítico
sobre como transcorreu tudo.
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A seguir, Edgard pediu a palavra para lembrar que deveria ser feita também a
apresentação do PAC Saneamento, para o que se encontrava presente a Coordenadora de Obras e
Edificações em Áreas Indígenas, Lucimar , ao que o presidente confirmou que tal apresentação
estava prevista desde a semana passada, sobre saneamento em terras indígenas. Assim, convidou-se
a coordenadora do COSAN, do Departamento de Engenharia de Saúde Pública da Funasa, o segundo
departamento finalístico da Funasa além do Departamento de Saúde Indígena, a qual cumprimentou
a todos e informou que na reunião passada não houve oportunidade de se fazer a apresentação
devido ao tempo, e agora portanto se faria apresentação do PAC Saúde, com recorte para
saneamento em áreas indígenas. A coordenadora iniciou sua fala destacando que a proposta não é
nova, pois trabalham no saneamento das áreas indígenas desde 99, e que com a ênfase dada pelo
governo agora a visibilidade e as cobranças são maiores, algo natural. Apresentando-se, Lucimar
informou ser engenheira e coordenadora da área de saneamento da saúde pública, destacando que
apesar de haver um departamento de saúde indígena, dentro da Funasa, existe uma coordenação
específica no departamento de engenharia de saúde pública, a qual trabalha com a área indígena, o
mesmo não se repetindo nas coordenações regionais, quer dizer, nas unidades da federação em que
há coordenações regionais não existe coordenação específica para o saneamento em áreas
indígenas; e esse seria um dos primeiros empecilhos, por não haver estrutura formal nas
coordenações regionais. Prosseguindo, Lucimar informou que as principais diretrizes do PAC da
Funasa, que não são novas, simplesmente está organizada de forma mais didática, seriam:
atendimento às áreas de relevante interesse epidemiológico, como malária, doença de chagas,
esquisostomose etc.; o atendimento a grupos sociais minoritários ou estratégicos; a melhoria da e
eficiência da gestão dos serviços; otimizar investimentos para obtenção de melhor relação entre
custo e beneficio; otimizar e fortalecer dispositivos da lei de saneamento aprovada, após 20 anos
sem lei específica; atendimento prioritário para áreas de maiores déficits; articulação com outros
programas do governo federal e atendimento aos objetivos do PAC do atual governo. Seguindo, foi
informado de quais áreas especiais se fala – populações indígenas e remanescentes de quilombos,
trabalhando ainda em assentamentos e áreas rurais. Um dos eixos de atuação da coordenação,
informou Lucimar, é o apoio de controle da água, que esse ano está muito prejudicado pela falta de
orçamento, o que está gerando muita preocupação, informando ainda sobre esse atendimento em
áreas indígenas, sendo a questão da água em comunidades indígenas também tratada nesse item,
mas em que se encontra dificuldade devido à necessidade de que seja feito um novo censo das
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aldeias indígenas, para que se tenha informações concretas sobre essa população, um indicador
mínimo nesse tipo de ação. A propósito, Lucimar mostrou os dados de que dispõe a Funasa com
relação à população indígena e aldeias atendidas por água, situação atual e proposta de aumento do
atendimento às aldeias, tendo se verificado que a maior demanda era por melhoramento dos
sistemas já implantados. Uma estratégia utilizada para implantar as ações de saneamento, conforme
informou, foi a capacitação de agentes indígenas de saneamento, da própria aldeia, sendo este um
programa muito trabalhado e avaliado, sendo este um ano atípico, pois estão sendo formados menos
agentes que o previsto, prejudicando a sustentabilidade dentro da aldeia. Quanto às metas ate 2010,
são as seguintes: elevar a cobertura de aldeias com abastecimento de água, melhorias sanitárias ou
tratamento de esgoto, onde for o caso, entre outros dados estatísticos presentes na apresentação.
Após informar sobre os recursos para tais ações, esclareceu que a estratégia de implementação dos
recursos será de forma direta; ou seja, serão licitados pela Funasa, e não por convênio, experiência
que foi desastrosa e que somente vão repetir em casos excepcionais ou se algum município solicitar
que se invista em área indígena, não se utilizando, portanto, convênios para obras em áreas
indígenas. Com relação aos atores envolvidos, informou que na Funasa é o Departamento de
Engenharia de Saúde Pública, o DSAI, os DSEIs, Conselhos Locais a Distritais e o controle social.
Quanto às dificuldades para que as obras não sejam somente obras de engenharia mas tenham o
resultado que se espera destacou o empoderamento, entendimento de que uma obra implantada em
aldeia tem todo um trabalho de responsabilização da comunidade por aquilo; na própria Funasa, os
gestores entenderem o que é implementar saneamento em áreas e para povos tão diferenciados,
entre outras. Concluindo sua apresentação, agradeceu a atenção e se colocou à disposição.
Imediatamente após a apresentação, o presidente abriu a palavra para o debate,
iniciando por Francisca Pareci, que afirmou não ter conseguido visualizar as prioridades, tendo a
impressão de que todas as ações, a Agenda Social, têm como finalidade preparar os índios para os
impactos que resultaram do PAC, algo que considera irreversível. Afirmando que ao mesmo tempo
em que contemplam reivindicações, serão acompanhadas de ações que trarão impactos negativos
para os índios, devido a todos os interesses que estão em jogo. Questionou o que foi dito sobre os
territórios indígenas, por que não incluíra o Mato Grosso, que tem o povo Xavante, que mais sofre
na área do Cerrado; por que apenas 3 áreas prioritárias; um outro ponto seria quanto à recuperação
de áreas degradas, por que não incluiu o pantanal; o terceiro ponto diz respeito ao Premio Culturas
Indígenas, do qual reconhece o mérito, mas que está envolvendo pessoas que não têm relação com a
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questão indígena. Um outro ponto disse respeito à questão da auto-sustentação e diagnóstico da
vocação econômica, que a seu ver precisa ser muito discutida com os índios, como no caso do Mato
Grosso, onde o governo é contra os índios, devendo-se ficar atento para qual o foco será dado à
questão. Pediu ainda detalhamento quanto à questão da valorização do patrimônio cultural,
afirmando que há alguns anos houve proposta de alguns lingüistas de se fazer levantamento sobre
línguas que estavam desaparecendo, destacando que essa discussão passa pela formação de
professores. Sua preocupação é que não sabem o detalhamento, até porque receberam na
subcomissão o documento de um lingüista questionando acordo entre a Funai e instituição
holandesa, sendo que quando foi feita a apresentação isso não foi mostrado, apenas se falou no
governo. Pesquisando o assunto, verificaram que foram feitos acordos e que não está prevista
parceria com os índios, tratados como meros objetos de pesquisa, a lingüística pura mesmo,
demandando que isso seja revisto, já que a língua é mais que isso, é um patrimônio; assim,
prosseguiu Francisca, gostariam de ter acesso ao acordo que foi feito, saber os detalhes, o que está
sendo feito. Finalizando, perguntou à equipe da Funasa com relação ao abastecimento de água, pois
de um lado Funasa trata para implantar saneamento, o que é pertinente, mas por outro os
empreendimentos vão explorar esse recurso; e se houve levantamento quanto às razões pelas quais
há desabastecimento de água em determinadas regiões. O próximo a se manifestar, Luiz Titiar ,
pediu que haja mais fiscalização da atuação na área da saúde e também que no caso da apresentação
sobre Agenda Social, que também sejam retratados os índios do Nordeste, mostrando a sua
realidade para que a sociedade conheça seu sofrimento, questionando ainda se a Funasa vai trazer
sua programação para ser mais discutida da CNPI. Saulo Feitosa/CIMI, a seguir, disse que gostaria
de manifestar sua frustração diante da apresentação, por ter havido inversão total da pauta original,
tendo se aguardado 3 reuniões para que isso acontecesse; sendo que o pedido original era que o
governo apresentasse um levantamento geral e preciso de todos os empreendimentos previstos no
PAC com impactos em terras indígenas, principalmente com utilização de recursos hidráulicos. No
entanto, afirmou, tiveram 5 minutos dedicados a isso e o restante da manhã dedicada às ações
corriqueiras de vários ministérios. Inicialmente, prosseguiu, tiveram como informação que 210
afetam terras indígenas, questionando o fato de que não foi informado quais são, não foi
apresentada listagem de quais empreendimentos, quais terras afetam etc., sendo essas as
informações que interessam à CNPI para poder garantir os direitos a quem será afetado,
possibilitando informar e discutir com as comunidades envolvidas. Assim, afirmou não saber se isso
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foi proposital ou não, mas o fato é que não satisfez; um exemplo do está afirmando, disse Saulo, é
uma minuta de portaria do Ministério da Justiça, disciplinando o ingresso de técnicos em terras
indígenas, para fazer levantamento, inventário sobre potencial energético existente em terras
indígenas, que mereceria ser discutido na CNPI. Tendo em vista que tal inventário é a pré-condição
para a possível exploração dos recursos hidráulicos, deveria ser feito por lei ordinária, como prevê a
Constituição Federal, ponto em que preferia deixar a questão para especialistas. Prosseguindo,
Saulo afirmou ainda que a apresentação feita por Aderval mais uma vez reforçava a necessidade de
se construir um instrumento por meio do qual se assegure o uso e o exercício do que está previsto
na Convenção 169, com relação às consultas aos povos indígenas, que acabam sendo atropelados no
processo. Saulo disse que teria muito a discutir ainda, inclusive quanto ao que foi apresentado e não
havia sido solicitado, que tem aspectos importantes que é preciso reconhecer, mas tem também
questões que são preocupantes. Foi importante o que o presidente falou no sentido de que se está
divulgando um “PAC indígena”, cuja existência o presidente não reconhece, até porque, afirmou
Saulo, é contraditório se falar em PAC e autonomia de povos indígenas, já que um PAC indígena é
uma conceituação em princípio bastante contraditória, sendo preciso se discutir só políticas para
povos indígenas mesmo, o que teria de ser discutido com mais tempo. Questionou ainda os critérios
para escolha de prioridades na Agenda Social, os quais não estariam claros, assim como chamou
atenção também o fato de que o Presidente Lula tenha chamado atenção para o fato de que os
Kaiowá não tenham sido contemplados, tendo em vista que infelizmente sua atitude, ao longo dos
anos em que está no governo, tem sido bastante questionável; em todo caso destacando a
importância da preocupação dele com o povo Guarany Kaiowá. Insistiu, enfim, que tem que ser
dada ênfase maior ao papel da CNPI, pois se lança um programa como o PAC indígena sem ouvir a
Comissão é problemático. O próximo a falar, Danilo de Oliveira, disse que as questões que haviam
sido discutidas e apresentadas pelo presidente, por Aderval e também a questão do PAC, traziam
um pouco de insatisfação, mas que ao mesmo tempo era positivo ver que a CNPI hoje é uma
realidade, é um fórum em que se discutem essas questões, ao invés de ficarem sabendo pela
imprensa. “Mas eu acho assim que a felicitação maior é porque nós podemos a partir deste
momento colocar em prática o que realmente as comunidades indígenas têm como vontade, já que
afinal de contas até agora as propostas foram criadas sempre de cima para baixo, nunca pelas
bases”, ressaltando que devem fazer valer a vontade “do nosso povo que está nas bases”. Com
relação à questão da agenda social, foi dito que, na elaboração da Agenda Social, uma das
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referências foi a Conferência Nacional; “a gente viu aí algumas questões e quando se fala na
questão territorial é uma questão muito preocupante, até porque isso nós vivemos uma realidade
bastante difícil lá na nossa base, com morte de irmãos, índios, lideranças, por conta dessa questão
de terra. E ali na parte em que o presidente coloca com relação à proposta do próprio presidente
Lula, quando diz que, no segundo item, dos territórios indígenas e cidadania, ele coloca a definição
de três territórios indígenas: Alto Rio Negro, Parque do Xingu, Raposa Serra do Sol e São Marcos,
aí o presidente disse que, pela própria sugestão do presidente Lula, contemplasse aí a etnia Guarani-
Kaoiwá, que realmente estava isento aqui”. A pergunta que gostaria de fazer é: quais foram os
critérios adotados para se estabelecer isso, porque afinal de contas Guarani-Kaiowá é premente,
como outras regiões também são. “E se pudesse ser contemplado ali, no reassentamento dessas onze
mil famílias e porque na realidade não existe um estudo referente a isso. Nós sabemos hoje que a
Funai tem deficiências de recursos humanos, é evidente e nos sabemos disso; na discussão da
subcomissão de Terra foi evidenciado que, no ano 2006, eram trinta antropólogos e que hoje esses
antropólogos não estão mais na Funai e hoje só contamos com três. Então se nos fôssemos passar
por uma definição, toda aquela discussão de demarcação e delimitação levaria anos para acontecer.
Eu acho que aquela região que está necessitando urgentemente que o governo federal e a própria
Funai dê uma atenção definitiva para aquelas questões, onde lá o clima de religiosidade é muito
grande, nós não queremos mais ver parentes nossos morrendo por uma questão que é justa, que é
nossa, afinal de contas nós lutamos, porque nós não queremos brincar de mocinho e bandido não, e
sim porque nós entendemos que é uma questão muito justa”. Com relação ao PAC, referindo-se à
apresentação de Lucimar, da Funasa, a seu ver se focou muito na questão do saneamento, que
concorda ser de grande importância, tema sobre o qual inclusive houve, no ano passado e retrasado,
enfrentamento muito importante de dirigentes de órgãos, “principalmente os da Funasa, que não sei
se era do conhecimentos de todos vocês, mas colocavam uma coisa na impressa e na realidade não
existia e a gente acredita que a partir deste momento a questão do saneamento ela vai ser realizada
com êxito”. No entanto, sua preocupação maior, entre as questões levantadas pela representante da
Funasa, foi com o fato de não ter mencionado a questão dos convênios, salvo umas questões.
Assim, “eu quero colocar para fora o meu sentimento com relação a essa questão, hoje quem trata
da saúde indígena dentro das nossas bases, falando de saúde na sua totalidade, são os médicos da
cidade que assiste ao índio, que atende duas a três vezes na semana, na minha aldeia é uma vez por
semana, quer dizer que se o índio passar mal a estrutura é muito precária. Eu acho que se a Funasa,
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juntamente com o Ministério da Educação, fizesse alguma coisa, como elaboração técnica para a
gente começar a formar índios médicos, aí nós teríamos assistência 24 horas para pessoas que
moram dentro da aldeia”. Danilo defendeu que é preciso se pensar nisso a partir deste momento,
porque “hoje, se a comunidade indígena perece, é o que nós dissemos aqui, as coisas acontecem de
cima para baixo, a partir do momento que fizemos o inverso disso temos absoluta certeza que as
coisas vão acontecer de maneira diferente, com mais êxito, porque somos nós que sabemos, nós que
necessitamos, então nós queremos ter essa participação efetiva”. Inclusive, relatou Danilo, hoje a
representação indígena comentava que “o índio também quer ter seu carro, porque hoje o índice de
miséria na nossa região leva a óbitos de pais de famílias e frustração de vida, e frustração pela falta
de terra, pela falta de oportunidade. Hoje o índio nem tem condição de trabalhar, porque não está
qualificado, eu acho que temos que bater nesta questão da qualificação, a CNPI precisa apresentar
propostas e essa seria uma das minhas, para que a própria Funai possa estabelecer essa situação,
esse sentido da verdadeira situação, de sermos contemplados, porque até o momento em que o índio
estiver vivendo desta forma é porque realmente a falta de conhecimento está muito longe. E só
assim se é o verdadeiro cidadão feliz, quando se tem uma qualidade de vida melhor, e começa
também pela educação”.
Jecinaldo Cabral, com a palavra, afirmou que gostaria de lamentar muito a
imposição que ainda é feita pelo governo para os povos indígenas, no sentido de que, apesar de se
contar com um canal de diálogo como a CNPI, o governo monta uma Agenda Social sem consultar
a Comissão. “Isso é complicado, eu chamo isso de imposição, da mesma forma também que a gente
verifica a própria implantação do PAC da infra-estrutura; quando eu vejo uma apresentação como a
do MDS, que já discute os impactos, quer dizer, antes disso, em um ponto que precisamos passar,
esse ponto se chama consulta prévia de boa fé aos povos indígenas, que nós temos diretos e isso não
está sendo feito no rio Madeira, no Santo Antônio, não foi feita na transposição do São Francisco”.
Essa seria uma primeira consideração em relação a esse contexto do PAC e da agenda apresentada
pelo governo Lula, destacou Jecinaldo. “A agenda não se constrói assim, constrói com nossa
participação! Queria deixar isso bem claro, que sirva de lição para que a gente possa amadurecer
nosso Estado democrático”. Uma outra questão, disse ele, percebida entre as questões apresentadas,
diz respeito à Política Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, no âmbito do qual é preciso
especificar melhor a questão indígena, que a seu ver parece estar muito diluída e perdida dentro da
comissão, o que “é um desafio para todos, uma coisa que a gente está aqui nesta comissão para
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pensar; a gente não está aqui só representando a nossa região, e eu, vendo a Agenda Social do povos
indígenas, sendo da Amazônia, me sinto muito contemplado com a vontade de governo para a
região amazônica. Mas eu queria aqui dizer que se conserte e dê um verdadeiro equilíbrio na agenda
para os povos do Nordeste e do Sul do Brasil, pois eu não vi praticamente nada sobre essas questões
nestas regiões”. Então, prosseguiu Jecinaldo, “eu acho que não tem agenda, tem que ter propostas, o
presidente Márcio até falou um pouco neste sentido; essa questão das línguas também me preocupa
junto com a questão do patrimônio histórico indígena, que é essa questão do acórdão, que não é o
acórdão do TCU, então eu queria aqui reafirmar que nesta questão do PAC não está sendo levado
em consideração o direito da consulta prévia, livre e informada. E aí eu volto: nós tivemos
conhecimento de que houve algumas irregularidades, apresentadas pelo TCU, sobre as obras do
PAC, eu queria inclusive que se fizessem esclarecimentos sobre a transposição do rio São
Francisco. Creio que está faltando mais dados para nós termos uma agenda e peço reforço, que essa
questão da infra-estrutura seja mais discutida e melhor apresentada, dizendo quais são as obras de
infra-estrutura na Amazônia, que a maioria a gente vê onde está, para que a gente realmente possa
encaminhar, então, está muito superficial ainda esta questão”. No caso da Funasa, continuou
Jecinaldo, tem se enfrentado um problema de gestão, com as prefeituras, ONGs e agora na tentativa
de municipalização, e principalmente na dificuldade que percebida na maioria das prefeituras com o
regimento, que é muito rígido na municipalização, havendo realmente vontade de se eleger uma boa
bancada de prefeitos para o próximo ano. Quanto aos recursos da Funasa, prosseguiu, são muito
férteis, “por isso que a questão de controle social e a questão da gestão me parece ser um grande
desafio para nós como CNPI. Então eu queria apenas fazer essas considerações, creio que podemos
fazer uma readequação nesta agenda e tem um fator político importante, o Lula no seu primeiro
mandato e agora no segundo tem essa diferença politicamente, creio que isso é importante e para
uma agenda com questões mais concretas e na parte operacional nas nossas ações para as questões
indígenas. Obrigado!”, finalizou Jecinaldo. A seguir com a palavra, André/MDA afirmou que
gostaria de tratar de quatro pontos: rapidamente, como geógrafo, necessariamente precisava se
posicionar e solicitar à Funai que fizesse uma rediscussão do uso de critério de vocação econômica
por região administrativa, algo a que a ciência geográfica faz uma crítica profunda, sugerindo que
se aproveite o que vai ser discutido em relação a desenvolvimento em outros fóruns, delimitar uma
atividade mais coerente. O segundo ponto diz respeito aos Territórios da Cidadania, e, fazendo um
rápido esclarecimento, esta proposta começou no âmbito do Comitê do Desenvolvimento Agrário,
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mas que o governo federal, nesta nova gestão, vai transformar numa política de todo o governo,
reconhecendo os territórios que já existem; não se trata de demarcar território e sim se está
reconhecendo uma dinâmica que há ali para ter desenvolvimento social e econômico. Então, foram
elencados territórios prioritários em que o governo federal vai concentrar ações, no sentido de tentar
zerar alguns indicadores e melhorar a qualidade de vida naqueles territórios, inclusive constando
nos 30 primeiros Territórios da Cidadania prioritários a Grande Dourados, que inclui o município
de Dourados e o entorno e já foi elencado como território prioritário no MDA. Então, esclareceu,
pode ser que não estejam os três territórios que a Funai listou, mas já estava incorporado como uma
prioridade no MDA. O terceiro ponto, que é mais uma pergunta, prosseguiu, seria em relação a
como é ficam os programas e as atividades sob a coordenação da Funai, sobre a qual diz não ter
dúvidas, mas sim quanto à gestão de atividades, como por exemplo o assentamento de famílias e
outras iniciativas que se precisa pensar ao se falar em gestão. O último ponto, que seria mais uma
proposta, diz respeito às ações do PAC, visto que “não dá para fazer a apresentação de duzentos e
dez empreendimentos, a proposta é que, se a Funai já tem um levantamento, que disponibilize
imediatamente uma tabela com o local, os mapas, os nomes dos empreendimentos, qual é a empresa
que está envolvida, se houve consulta ou não à comunidade, quais são os tipos de impactos
previstos, se já teve licença ou não, e aí a gente coloca para próxima reunião da CNPI uma pauta
para discussão e não uma apresentação, porque já está aí a terceira reunião da CNPI que teria
prevista uma apresentação sobre os impactos. Então a gente coloca ao representante da Casa Civil,
caso tenha como contribuir, para que na próxima reunião todos os participantes tenham em mãos
todas essas informações, que eu não acho tão difícil assim, então a gente pula essa parte da
apresentação e vem só para o debate, com essas informações em mão, é já que a gente está aqui
prezando pela transparência e disponibilizando informações, acho que essa nova preocupação da
Funai, que é louvável, que esteja também na internet, em uma página, que seja só uma parte. São
esses os quatros pontos”, afirmou concluindo. A seguir, Marcos Xucuru afirmou concordar com
Saulo Feitosa e Jecinaldo, assim como com o companheiro André, em virtude da proposta inicial da
comissão no sentido de que fosse feita apresentação sobre o PAC; no entanto acabaram “se
perdendo um pouco nessas últimas apresentações que foram feitas, terminamos um pouco
prejudicados nesse sentido, na informação sobre esses impactos reais, que já foram ditos pelos
companheiros e não adianta repetir aqui”. A outra questão que gostaria de ver constar, prosseguiu
Marcos, diz respeito aos povos em região de fronteiras, que não foram citados em momento
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nenhum; retomando um ponto levantado por Jecinaldo, há também a questão das prioridades, já que
as três prioridades do governo se concentram na região amazônica, “e nós do Nordeste, ficamos
aonde nesta agenda social? Onde nós temos povos que estão em todo processo de reconhecimento,
demarcação, delimitação de territórios, lideranças sendo assassinadas, outras ameaçadas de morte,
como eu, solicitando ajuda policial, outros que foram assassinados pela questão da luta pela terra...
Onde é que fica essa questão dos povos indígenas no Nordeste? Por isso que eu acho que essa
iniciativa da Agenda, e aí eu concordo com o Saulo e o Jecinaldo, quero dizer que no dia da
implantação da comissão o governo disse 'vamos trabalhar juntos', se nós errarmos, erra todo
mundo junto, se acertarmos, é todo mundo junto. E onde está esse junta aí que eu não estou
percebendo? Porque uma programação, uma agenda feito essa deveria passar por esse crivo aqui, e
a partir daí nós começarmos a construir conjuntamente uma agenda que contemplasse as
diversidades regionais que existem no nosso país em termos da questão indígena. Mas espero, e aí
coloco, já enquanto proposta, que a comissão e as subcomissões possam discutir e reelaborar,
tentando discutir com as bases, envolver ao máximo as populações indígenas e organizações
indígenas nessa discussão”. Em relação à Funasa, continuou, “e aí quero dizer que eu sou do
conselho distrital de saúde de Pernambuco, lá não tem presidente, nós escolhemos uma forma mais
democrática, nós temos coordenadores, coordenadores de usuários, coordenador do gestor e
coordenador do trabalhador, e eu passei dois anos nessa coordenação e quero dizer para vocês: nós
temos uma dificuldade imensa nessa questão do controle social, em termos específicos, na
engenharia, que não se sente parte do subsistema de saúde e sim autônoma, onde muitas das vezes a
gente chama para discutir dentro do conselho e poucas explicações dão isso. É uma realidade e se
não me engano nos anos 2005-2006, em Pernambuco, voltou um milhão de reais, que não foi
investido em saneamento. E aí eu acho bonito quando apresenta o datashow, números, milhões de
reais, e a gente vê o povo Guarani-Kaiowá se acabando, desnutrido, se queixando de desnutrição;
quanto à questão do recurso, hoje ele é meramente captado e a prioridade da engenharia da Funasa
são os municípios, porque é voto, saneamento básico e empreendimentos dentro das prefeituras é
voto, e as populações indígenas representam poucos votos. Então chamo atenção, inclusive quero
que a companheira Lucimar, que além dessa distribuição do PAC para a saúde, quero que submeta
essa questão do PAC à subcomissão, para detalhar melhor e chamar representantes do órgão para de
fato esmiuçar essa questão e tentar fiscalizar, ver se a gente consegue fiscalizar essa questão dos
recursos, onde estão sendo aplicados”, finalizou. Ao final da fala de Marcus Xucuru, o presidente
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aproveitou para anunciar a chegada do Chefe de Gabinete do Ministro da Justiça, que viera fazer
visita à Comissão e trazer saudação do Ministro, propondo que após a fala do próximo inscrito
pudesse fazer uso da palavra. Nesse sentido, Pierlângela Wapichana afirmou que os
representantes que a antecederam já haviam colocado diversas questões que observaram nas
apresentações, destacando que a política nacional está sendo implantada, o que preocupa os povos
indígenas, que têm feito as reivindicações nas bases, participado das conferências, desempenhado o
seu papel, propondo que se veja a memória do que já foi discutido com as regiões, comunidades
etc., pois os representantes que estão presentes na CNPI não estão começando, têm larga
experiência com o movimento indígena, não estão começando; estão sim entrando no processo de
diálogo com o governo, sendo necessária uma concertação. Quando o presidente coloca um
posicionamento, acredita que já se trata de uma posição firmada no âmbito do governo, pois muitas
vezes os representantes do governo quase não se manifestam e só os índios fala. Por tudo o que foi
apresentado, falta um maior esclarecimento, até porque são representantes de regiões, em alguns
casos de vários estados, não havendo detalhamento das ações, informando inclusive que em
Roraima foi criada uma subcomissão da CNPI, e não se sente em condições de dar explicações
sobre o que foi proposto e questionando se serão os servidores da Funai a cumprir esse papel, por
exemplo apresentando questões como o impacto sobre os povos indígenas. Uma das preocupações
sobre a Agenda Social foi quanto à menção dos 210 empreendimentos, destacando que os índios
sabem que vão mesmo acontecer. Questiona-se, nesse ponto, como serão discutidas as medidas
compensatórias; que não pode dizer se é a favor ou contrária às propostas apresentadas, não tem
como se posicionar; que ao chegarem nas bases são cobrados para dar informações sobre as
políticas propostas. Outra preocupação levantada por Pierlângela com relação aos empreendimentos
disse respeito aos índios isolados, em áreas de fronteiras e outros, perguntando como fica a questão
da consulta prévia, quem vai autorizar isso, se a Funai tem esse poder; a questão das áreas de
fronteiras também é problemática, perguntando como se determina quem vai receber benefícios de
políticas no caso de povos que vivem em mais de um país. Pierlângela mencionou ainda os
Territórios da Cidadania, sobre os quais disse se preocupar quanto a questões como quem será
responsável pela coordenação dos mesmos dentro do território, como fica a situação do Comitê
Gestor, ligado à Casa Civil, gerando dúvida sobre o seu papel, funcionamento. Para encerrar,
perguntou sobre a proposta de documentação e valorização de línguas indígenas, afirmando que
tiveram acesso ao acordo e que, se for esse mesmo, não contempla um levantamento socio-
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lingüístico, tratando-se puramente de pesquisa lingüística, perguntando ainda quais são as 20
línguas, quem são os pesquisadores, como vai ser a capacitação de indígenas, quais as instituições,
lembrando que a língua passa muito pela formação de professores, tendo-se discutido que os
próprios índios venham a ser os pesquisadores, o que é uma forma de contemplar a autonomia. Para
a Funasa, levantou questionamento com relação ao conceito de saneamento, que deve também ser
pensado no contexto da diversidade e especificidade das culturas indígenas. Aproveitando a
presença do Dr. Ronaldo Teixeira, Pierlângela disse que gostaria de fazer solicitação em relação à
Secretaria da CNPI, no sentido de que a Secretaria Executiva pudesse ter seu trabalho mais
valorizado, pois trabalha muito e sua condição financeira é muito precária diante de tudo o que ela
faz, atende toda a Comissão e não é valorizada, ao que os demais aplaudiram em apoio a essa
solicitação.
O presidente pediu então que se pudesse ouvir rapidamente a saudação do professor
Nado, em nome do Ministro da Justiça, após o que seria dada continuidade aos trabalhos. Este
agradeceu o presidente e a todos que integram a comissão, colegas de ministérios e representantes
dos povos indígenas da CNPI, que conforme afirmou todos querem ver se tornar um conselho,
como é a intenção do Presidente Lula e Ministro Tarso. “Talvez eu devesse iniciar essa saudação
respondendo essas questões de reestruturação”, afirmou, “não só da Funai como também do
Ministério da Justiça, haja vista a reivindicação quanto à função da nossa querida Terezinha, que é
assessora para Assuntos Indígenas no Gabinete do Ministro, assim como é a Secretária Executiva da
Comissão. Coincidentemente ontem estive no Ministério do Planejamento, para discutir questões
não só dos administrativos da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, como também para
discutir o plano de carreira dos servidores do Ministério da Justiça, e foi inevitável tratar, como o
presidente Márcio vem tratando, da reestruturação da Funai. E eu faço referência a esse encontro de
ontem, essa reunião demorada, para dizer que a Terezinha faz parte desse horizonte, nessa
reestruturação que estamos propondo, porque o Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania, o Pronace, que foi lançado pelo Ministro Tarso Genro e Presidente Lula no dia 20 de
agosto prevê também uma nova estrutura interna no Ministério da Justiça. o Ministério do
Planejamento está preparando essa reestruturação, e nós queremos crer que a partir de janeiro de
2008 teremos não só mais condições de trabalho interno no Ministério, como também condições de
contemplar o valor do trabalho de Terezinha. Mas de fato eu vim para saudá-los em nome do
Ministro Tarso Genro, que estava primeiramente agendado para vir aqui hoje, mas houve mudança
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quando o Presidente o convocou para reunião sobre América do Sul, de todas as relações de
fronteira inclusive que Pierlângela abordou em sua intervenção, que é uma preocupação não só no
âmbito do Pronace, como é obviamente uma questão de Estado em sua relação com os países
vizinhos. E por dentro disso nós queremos aqui deixar como sugestão que se faça, num dado
momento, também um esforço de relacionar o Pronace com a questão indígena, de que maneira
aprofundar essa questão, abordando então segurança aos povos indígenas. Nós sabemos que
existem conflitos, que não são poucos, demarcações recentemente foram propostas pelo próprio
ministro, e são geradoras de impasse, de conflitos fundiários, agrários e que deverão ser temas
também da Comissão. Então eu gostaria de deixar aqui essa sugestão, conectarmos o Pronace com a
questão indígena, orientação de nosso ministro. Por último dizer também, nessa breve saudação,
que a experiência que o Ministro Tarso Genro tem em relação aos povos indígenas é também
orientadora de um futuro promissor hoje com o ministro no Ministério da Justiça. Por que digo
isso? Quando estivemos também no Ministério da Educação, nós chegamos no MEC, Márcio, com
um orçamento para a educação indígena que não ultrapassava 2 milhões de reais, e quando criamos
também no MEC uma Secretaria de Alfabetização, Educação Continuada e Diversidade, a SECAD,
nós oferecemos uma coordenação especifica para a educação no campo, a educação indígena, e
ampliamos orçamento naquela oportunidade, já no primeiro ano de 2004, para mais de 11 milhões
destinados à educação indígena. Com isso eu quero dizer que o compromisso do Ministro Tarso
Genro para com os povos indígenas já começa há um bom tempo e já está explicitado em suas ações
como gestor público, como foi também na educação. A nossa expectativa é que essa Comissão,
instalada pelo nosso governo, possa de fato traçar, a partir desse debate intenso, uma política que
possa ser compartilhada, governo – povos indígenas. Acho isso essencial para que se possa falar em
preservação de seus modos de vida, falar verdadeiramente nas demarcações na certeza que estamos
acolhendo esses povos que estão obviamente na nossa origem. As decisões da Comissão têm quer
ser soberanas e orientadoras da nossa política, então a responsabilidade que todos têm na Comissão
é enorme, porque é a partir da visão da Comissão que o presidente Márcio Meira pode se mover
com mais desenvoltura na boa presidência que está fazendo, quero aqui também registrar isso,
porque assumimos a Funai numa situação bastante limitada, para usar um termo ameno, e Márcio
está com esse desafio colocado pelo Ministro Tarso Genro, de forma muito clara. Então quero
parabenizá-lo também pelas iniciativas que está tendo à frente da Funai, cumprimentar mais uma
vez todos os representantes e reafirmar o compromisso do Ministério da Justiça, do Ministro, no
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que se refere à causa indígena. Muito obrigado pela oportunidade, cumprimentos e bom trabalho”,
concluiu. O presidente agradeceu ao professor Nado, afirmando esperar que ainda se tenha uma
oportunidade, considerando que ainda há mais uma reunião da Comissão em 2007, para que se
possa contar com a presença do ministro prestigiando a Comissão, afirmando que sem dúvida seria
muito importante, no momento final do ano, na última reunião do ano, que o ministro pudesse estar
presente e se pudesse compartilhar com ele as questões da Comissão. Antes de passar a palavra a
Wilson Matos, porém, o presidente informou que passaria a palavra para a Dra. Deborah, que tinha
uma questão de ordem; esta, por sua vez, afirmou que pelo que estava vendo até o momento, todas
as falas haviam sido de críticas ao fato de que estavam sendo apresentadas políticas à Comissão sem
que ela fosse escutada previamente. No entanto, ressaltou, é preciso se entender que essas políticas
estão sendo apresentas agora, estando sujeitas a ajustes se essa Comissão assim o entender. Então
seria o caso de já passar isso para as subcomissões, como encaminhamento, de que recebe as
sugestões e vai deliberar sobre elas. “Eu fico muito preocupada, e fiquei ontem, com o MEC
também, no sentido de que a Comissão se substitua aos destinatários das políticas, que também
precisam ser ouvidos diretamente; há uma parte de política que é da Comissão, mas há uma parte
que é de usuário do serviço, que não podem ser subtraídos. E aí se está trabalhando com uma pressa
que é de governo, e eu acho que tem que se mudar isso, a Comissão assumir para si o papel de
análise, de pedido de detalhamento, de encaminhamentos, avaliar e corrigir rumos se for o caso, e
trabalhar no seu tempo, para que não haja atropelos inclusive com relação àqueles que vocês
representam aqui. Uma coisa é política, outra é a ação específica junto aos grupos. Digo isso porque
soube da deliberação a respeito da questão da educação e fiquei preocupada; tem umas coisas aqui
que, independente de todo o conjunto, têm que ter uma reflexão muito grande por parte da
Comissão, que não prescinde da consulta dos povos atingidos, que é a questão do Território
Indígena da Cidadania, que acho uma proposta interessantíssima, agora é preciso refletir... Enfim há
vários aspectos. Eu observo aqui uma coisa que não cabe propriamente a esta Comissão, é muito
maior do que ela, que é essa proposta apresentada pelo Aderval, é aí vou saudar, porque há o
reconhecimento de que há quantidade enorme de povos e comunidades tradicionais que passam a
ficar visíveis para o Estado brasileiro, e que, pelo que está aqui, não podem mais ser removidos de
seus territórios, o que é uma coisa fantástica, quero deixar esse sinal aqui. Enfim a consulta está
aqui prevista e depois retomo a palavra para as críticas e comentários que eu acho que são
merecidos”.
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A seguir a palavra foi passada para Wilson Matos, o qual, dirigindo-se ao
presidente, afirmou que gostaria de fazer suas as palavras do colega Saulo e Jecinaldo, bem como
dos colegas do Mato Grosso, que representam o Centro-Oeste, e fazer alguns lembretes; em
primeiro lugar, com relação ao comitê gestor, de seu ponto de vista pode funcionar muito bem,
“desde que ele não influencie lideranças e não tenha esse relacionamento. A Funai tem 34 anos e
esse relacionamento é muito difícil, a cultura, a liderança, a diferença, e a partir do momento que o
comitê começa a impor lideranças, reconhecer as lideranças, isso vai trazer problemas não só para
os índios, mas para a própria Funai. Então isso é só um lembrete, é a mesma problemática que
acontece na minha aldeia, quem legitima nossas lideranças é nós, índios, não cabe à Funai ou ao
comitê gestor reconhecer lideranças, cabe respeitar, porque isso está na lei que assegura aos índios
costumes, línguas e respeitos. Isso significa que o Estado tem que ter respeito com as suas relações,
então essa relação do comitê gestor, eu peço, Sr. Presidente, que peça ao comitê gestor e que ele
pode ser muito útil, mas desde que essa relação não seja feita com o índio, mas com o governo,
como é que tem que fazer”. Com relação aos Territórios Indígenas da Cidadania, foi dito na
Comissão que foi proposta sua que os Guarany-Kaiowá fosse colocado como prioridade, propondo
que se faça uma recomendação no sentido do que foi proposto por André, do MDA.
Antes de dar prosseguimento, o presidente pediu espaço para fazer um breve
informe sobre o projeto GEF Indígena, um fundo global para o meio ambiente, que financia
projetos e estudos sobre o esse tema em todo Brasil, não só na Amazônia Legal, ao qual o governo
brasileiro solicitou recursos financeiros para a realização de um grande levantamento etno-
ambiental e recentemente recebeu resposta positiva. A proposta, portanto, é que esse levantamento
seja feito com a participação dos povos indígenas, para o que gostaria que a bancada indígena
acompanhasse de perto a elaboração do projeto, inclusive indicando nomes para fazer esse
acompanhamento, o que deverá ser feito ainda no decorrer da reunião. A seguir, o presidente disse
que prosseguiriam com os comentários, passando a seguir à proposta de reestruturação da Funai e
Plano Plurianual - PPA; dando a palavra à Dra. Deborah Duprat/MPF, a qual sugeriu como
encaminhamento com relação ao detalhamento das obras do PAC ser interessante que, na
informação que o presidente se dispôs a dar posteriormente, conste também quem é o órgão
licenciador, se é o Ibama ou algum outro órgão, se há termos de referência da Funai para iniciar
algum tipo de licença, entre outros, caso todos concordem; o Ministério Público atende pedidos de
instituições que trabalham com os quilombolas e outras comunidades tradicionais, esclareceu, e
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seria importante que além do mapeamento tivessem acesso a essas informações. Com relação aos
índios isolados, sugeriu que paralisados quaisquer empreendimentos nas áreas onde a Funai tenha
mapeado a existência de índios isolados, até que haja a definição territorial, até porque o
empreendimento pode significar deslocamento territorial. A terceira sugestão disse respeito ao
convênio para pesquisa sobre línguas indígenas, no sentido de que a documentação a ser
disponibilizada para o Ministério Público também fosse entregue à comissão; finalmente, disse que
gostaria de ouvir também o pessoal da saúde e do saneamento, uma vez que gostaria de lançar uma
discussão que tem sido um ponto crucial para o Ministério Público, com relação a obras em áreas
não regularizadas. O presidente informou então que Gilberto Azanha havia se inscrito para falar e
depois abriria para os representantes do Ministério da Saúde. Gilberto Azanha, por sua vez, disse
que gostaria de fazer uso da palavra naquele momento uma vez que seu comentário se aproximava
da linha de raciocínio da Dra. Deborah, ao que chamou a atenção para a sugestão do presidente de
que sejam indicados membros para acompanhar os empreendimentos do PAC. Em suas palavras,
"desde o primeiro momento estamos solicitando formalmente em plenária a vinda de um
representante do Ministério de Minas e Energia para nos mostrar as obras de hidrelétricas previstas,
dizer onde, quais são as empresas responsáveis e em que fase está o processo de licenciamento; e
lembro também, presidente, que além desses empreendimentos de aproveitamento hidrelétrico nós
já solicitamos que o MME venha fazer essa exposição. Eu lembro também que o DNIT tem uma
série de obras em andamento, paralelas ou afetando diretamente terras indígenas, e eu proponho
aqui que a gente faça também uma resolução para convidar o pessoal do DNIT para falar sobre
essas obras, no mesmo estilo do que a gente já pediu para o MME". Carlos Nogueira/MME,
pronunciou-se afirmando que, embora não conste em ata, ele havia dito na reunião passada que,
quando fizeram a solicitação, foi realizada sim uma apresentação pela Secretaria de Geologia e
Mineração do MME, a qual pode não ter sido a contento, tendo em vista a grande dificuldade com a
Aneel, uma vez que esta não tinha como disponibilizar dados sobre aqueles empreendimentos que
ainda não tinham licenciamento na hora, estavam na fase de processo, por causa de uma série de
procedimentos. Assim, prosseguiu Carlos, "eu sugeri aqui que o presidente da Funai fizesse um
ofício, porque – tem que se colocar bem claro – o PAC é organizado e gerenciado por três
ministérios: Casa Civil, Planejamento e Fazenda, e quem fala pelo PAC não são os ministérios
executores. Então logo depois, na outra reunião, apareceu a idéia de que a Funai apresentaria, até
achei que fosse em função do contatos que tiveram, achei até que apresentação aqui seria baseada
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nas solicitações que o órgão tivesse feito oficialmente, como o Gilberto estava dizendo. Mas ele
está correto, eu só estou dando um esclarecimento, entendi que a Funai, pelos dados obtidos,
poderia apresentar um projeto, mas quem fala do PAC é a Casa Civil, que é a coordenadora do
projeto; quer dizer que o encaminhamento deve ser feito para o Comitê Gerencial do PAC, qualquer
outro órgão vai alegar isso, mas nós que somos do MME, tivemos muitas dessas obras dentro da
ANEEL com estudo, avaliação, levantamentos, e estão ainda levantando bacias, com quatro ou
cinco possibilidades e ainda não decidiram qual é, foi isso o que eles alegaram e sugeri registrar em
ata, mas eu me lembro de ter falado isso e que a Funai fizesse esse encaminhamento, pois quem fala
sobre o PAC é o Ministério do Planejamento, Fazenda e Casa Civil". A propósito, o presidente
disse que, apenas para dar um esclarecimento com relação a isso, quando falou em fazer um
levantamento exaustivo dos empreendimentos, foi exatamente por isso, porque não é o MJ nem a
Funai, nem o MME que detêm essas informações, informando ainda que têm sido feitas
solicitações, mas são muitos os empreendimentos e as dificuldades, sendo necessário se fazer
levantamentos acerca dos empreendimentos, razão pela qual se fez uma apresentação preliminar.
Ainda segundo o que informou o presidente, "nós temos condições de, até o final do ano, apresentar
um levantamento com muito mais detalhes, não todos, mas boa parte deles. Então o que eu estou
dizendo é o seguinte: temos uma grande dificuldade de levantar os empreendimentos, a Funai
solicitou aos ministérios as informações e estamos conversando com as equipes desses ministérios;
o que eu estou disponibilizando para a comissão é o que se conseguiu levantar até o momento, e, se
a comissão achar razoável e concordar", dirigindo-se a Gilberto Azanha, "podemos indicar
membros não governamentais para a comissão, para estar junto conosco nesse trabalho e
acompanharem o levantamento dessas informações". Gilberto Azanha, em resposta, afirmou que
mantinha sua proposta de votação na plenária e convocação do DNIT para uma próxima reunião. O
presidente declarou que nada impede que a Comissão possa convocar o DNIT ou qualquer outro
órgão do governo para fazer uma apresentação, que uma coisa não exclui a outra, apenas gostaria de
deixar claras essas informações, a seguir passando a palavra para Francisca Pareci e depois para os
representantes das Funasa. Francisca Pareci afirmou pensar que de certa forma Gilberto Azanha
tinha razão – quanto mais esclarecimentos a Comissão tiver melhor, para que não tenha dúvida de
nada, uma vez que "nas bases somos muito cobrados e pelo menos temos que ter alguma resposta".
Francisca questionou ainda sobre um assunto que teria sido levantado por Pierlângela em outro
momento da reunião, a respeito de estudo sobre o potencial das bacias hidrográficas, ao que o
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presidente corrigiu informando que havia sido abordado por Saulo Feitosa, do CIMI, que havia
informado sobre a iniciativa de se fazer uma portaria que autorizaria a entrada de pesquisadores de
empresas energéticas, mas que até aquele momento não havia nenhuma portaria indicada, o assunto
não havia chegado na Funai. Portanto, prosseguiu o presidente, a informação que poderia dar era
somente essa, afirmando que quando chegar à Funai esta adotará os procedimentos sobre o que tem
que ser feito. Saulo, por sua vez, afirmou que na verdade havia se referido à minuta de portaria,
oferecendo-se inclusive para fornecer cópias da mesma para o presidente da CNPI, diante do que o
presidente afirmou ter conhecimento do assunto, a seguir encaminhando a consulta à Funasa sobre
os questionamentos direcionados aos seus técnicos. Com a palavra, Lucimar, da Funasa afirmou
que foram muitas as perguntas e tentaria responder rapidamente, começando pela pergunta de um
representante do Mato Grosso que perguntara se a Funasa dispõe de algum levantamento sobre as
aldeias que não foram totalmente atendidas ainda, afirmando que as aldeias do Mato Grosso têm
água, luz, estão em melhor situação que outros estados. Informou, ainda, que existem muitas
problemas que impossibilitam a Funasa de realizar ações, como falta de verba e técnicos; que
quando se referira ao fracasso da Fundação com as organizações não governamentais e prefeituras,
isso foi muito forte em Mato Grosso e por isso atualmente estão retomando obras que já deveriam
ter sido feitas quatro anos atrás, da mesma forma que estão retomando convênios que fracassaram.
Sobre a questão da participação da comunidade, continuou, "esse é o nosso sonho e de quem
trabalha com área indígena, e quando a Funasa estiver avançando nesse ponto, de poder se afastar e
ver que a comunidade se apropriou de um benefício que foi implantado, aí sim a gente pode dizer:
´nós trabalhamos bem´" . Continuando em sua fala, a representante da Funasa referiu-se a pergunta
feita por Pierlângela, informando que, em termos de concepção sobre saneamento, acreditam que
qualquer empreendimento, qualquer implantação requer investimento, que gera impactos positivos e
negativos, que se for feito mesmo que seja um poço numa área protegida isso vai gerar impacto,
seja de comportamento, seja ambiental ou de qualquer outra natureza, destacando que no presente
anos estão implantando mais melhorias para ampliação do que sistemas novos. O ponto principal a
destacar, continuou, motivo de satisfação, disse respeito ao fato de que na Funasa estão com um
problema muito sério, "pode até parecer ironia eu estar feliz com problemas sérios [risos] no
momento em que temos o Ministério Público em defesa dos indígenas e da atuação da Funasa, nós
temos os órgãos de controle, como o TCU, e é muito forte quando eles dizem que nós só podemos
atuar ou investir em áreas que são estritamente regularizadas; em alguns locais, como áreas que são
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precárias, nós estamos orientando para que se façam investimentos que não sejam vultosos ou
permanentes, como por exemplo reservatórios móveis, que podem ser mudados de lugar se for o
caso, banheiros móveis também; nós damos essa orientação, mas às vezes não dá certo". Com vistas
a definir formas de encaminhar esse problema, continuou Lucimara, foi feita consulta à Funai sobre
em que momento a Funasa pode fazer investimentos em áreas indígenas, no entanto até a presente
data não obtiveram resposta. "Fizemos uma portaria no início do ano", prosseguiu, "quando
estávamos prestes a fazer o planejamento, orientando as coordenações com os critérios que
deveriam ser adotados e, diante da escassez de recursos da Funasa, quais eram as prioridades, o
Ministério Público fez alguns comentários pertinentes e outros nós retrucamos, para lançar outra
portaria". Com a palavar, a Dra. Deborah salientou que a referida proposta não está limitada à
questão da saúde, também tendo relação com a educação, já que também o FNDE não admite a
construção de escolas em áreas não regularizadas. Assim, disse Deborah "eu vou trazer o problema
para a comissão, o Ministério Público estava pronto para expedir uma recomendação para a Funasa
quando nós decidimos socializar essa discussão, porque ela não é uma discussão simples, eu estou
ouvindo vários representantes de órgãos de governo dizendo que não pode... Não pode em termos,
se nós estivermos numa situação como aquela em que vivem os Guarani, cercados por soja, em que
os mananciais estão totalmente comprometidos, dizer que eles não vão ter água e portanto vão
sucumbir porque não é possível liberar recursos públicos para uma área antes do processo final de
demarcação... É preciso enfrentar o TCU e hoje em dia o TCU é uma instituição aberta para essas
situações de diferenças; o que acontece nessas horas é uma inércia dos órgãos para enfrentar o
TCU, comodismo com aquilo que acontece e já historicamente não se enfrenta. A questão da saúde
é bem diferente da regularização de terra , então eu queria lembrar que não é o atendimento a saúde
que está em discussão, porque o problema do saneamento básico é inquestionável", concluiu.
Com a palavra, o presidente informou que, voltando ao início, entendera como proposta de
encaminhamento, primeiro, que o levantamento detalhado das obras do PAC surgiu como
encaminhamento, o que não exclui o convite ao DNIT e combina com o que fora proposto por
Aderval, no sentido de que a Comissão, via subcomissão, possa participar, juntamente com a Funai,
dos aprofundamentos e do levantamento sobre os empreendimentos do PAC. Em consulta à
plenária, perguntou se haveria concordância em se convidar o DNIT para apresentar a sua proposta
com relação ao PAC, na área de transportes, para a CNPI. Uma vez não havendo nenhuma
manifestação contrária, considerou como aprovada a proposta de se fazer convite para o DNIT
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apresentar sua proposta na próxima reunião da CNPI. Um outro encaminhamento teria sido
proposto no debate relacionado à questão da saúde e outro no debate da educação, "que certamente
é um debate que vai durar muito ainda na Comissão", no sentido de que se faça convite para a Sub-
chefia da Presidência da República, para que participem de reunião da Comissão a fim de ouvir sua
preocupações, principalmente da bancada indígena, em relação ao PAC, sobre pacto federativo, o
papel dos estados e município, políticas públicas voltadas para os povos indígenas e problemas que
os povos indígenas vêm enfrentando. Pierlângela, por sua vez, revelou ficar ocupada com a
definição da pauta da próxima reunião, porque vai ser a última do ano, estando sendo feitos
encaminhamentos e "daqui a pouco vai atropelar de novo e nós vamos ter uma reunião cheia, sem
muito debate, sem muita discussão; então a gente aprova esse encaminhamento até o final, não sei
quais foram os encaminhamentos das subcomissões para definir uma pauta". Sua preocupação,
portanto, é que quanto ao que será priorizado para a próxima reunião, uma vez que a seu ver
estavam sendo aprovados muitos encaminhamentos, correndo-se o risco de ficar com uma pauta que
não virá a contemplar o que realmente precisa ser discutido, de se ter muitas apresentações, a
Comissão fique apenas assistindo e não tenha tempo para debater. Diante da preocupação de
Pierlângela, o presidente reiterou a decisão quanto ao convite ao DNIT e Secretaria da Presidência
e afirmou que logo depois se discutiria a agenda da próxima reunião, colocando em discussão a
definição de prioridades de pauta da próxima reunião. Um outro encaminhamento que fica nesse
sentido, prosseguiu, é a escolha de representantes da CNPI para alguns eventos, o primeiro deles,
em face das necessidades apontadas na própria CNPI, disse respeito à escolha de quatro
representantes para representar a CNPI na Conferência de saúde, que deveria ser feita nesse mesmo
dia. Além disso, a bancada indígena precisaria escolher cinco representantes da CNPI, podendo ser
entre os suplentes, um por região, para o projeto do GEF Indígena, para o que a bancada indígena
poderia se reunir, decidir e informar a Funai. Um outro encaminhamento seria quanto aos
empreendimentos em terras indígenas previstos no PAC, tema levantado por Aderval/MDS, sobre o
qual disse ter entendido que essa escolha poderia ser combinada com a respectiva subcomissão;
com relação à Agenda Social, prosseguiu, definiu-se a necessidade de participação mais efetiva das
subcomissões com vistas ao aprofundamento e detalhamento da Agenda e, por último, mais uma
questão, sobre o aprofundamento do debate sobre as definições do reconhecimento dos povos
indígenas com vistas ao acesso às políticas públicas tema que teria ficado evidente na discussão
final sobre saúde. A respeito desse último ponto, Edgard destacou que não se trata de
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reconhecomento ao direito a políticas públicas, que reconhecem, e que no caso da saúde a questão
dúvida é o agente executor desse direito, entendendo-se que em alguns casos o executor não seria a
Funasa e sim as secretarias municipais de saúde, por exemplo para os índios que moram em áreas
urbanas, ressaltando que reconhecem o direito, não negam a condição de indígenas de forma
alguma e que inclusive a Funasa é a que mais reconhece e opera os direitos indígenas na saúde no
país. O presidente retrucou afirmando que pautara outra coisa e sim percebera do questionamento
feito que há vários casos de povos indígenas sobre os quais ainda não foram feitos estudos ou os
estudos ainda estão em estado inicial, não se tendo definido com clareza em qual momento do
processo há o reconhecimento oficial para que todos os órgãos públicos do Estado brasileiro
possam atuar. A Dra. Deborah a seguir afirmou que a questão que poderia ser posta de outra
forma, pois o que a atormente, por exemplo no caso de a Funasa ter ou não que atender índios na
cidades há inclusive uma recomendação, mas que a questão posta é em que momento é possível a
instalação de equipamentos de natureza permanente em uma área indígena ainda que não concluído
seu processo de demarcação, ao que o presidente afirmou que, de qualquer forma, havia captado a
questão. Pierlângela disse que gostaria de aproveitar para pedir que o Conselho da Funasa também
apresente uma proposta para isso, o próprio órgão se coloque ao lado dos índios para pedir
modificações, como também no Ministério da Educação e verem como trabalhar juntos quanto a
isso e resolver a situação junto ao TCU. O presidente apresentou então questão de ordem, no
sentido de que estavam definindo um encaminhamento e que a pergunta que fizera foi quanto a ter
faltado algum encaminhamento na lista que levantou, ao que Gilberto Azanha respondeu
afirmando que havia o exame do edital para contratação de lingüistas e os convênios. André/MDA,
disse ter compreendido que tendo em vista que os ministérios e órgãos finalísticos não podem
responder pelo PAC e sim o Comitê junto à Casa Civil e outros órgãos, deveriam reforçar o convite
ao Comitê, tendo já esses 210 empreendimentos levantados pela Funai, o encaminhamento que
havia proposto. Para esclarecer a questão, o presidente disse que na hora que Carlos levantou a
questão já havia informado que a Funai tem feito já os procedimentos solicitando essas
informações, mas que chegam em velocidades e volumes diferentes, e por isso estão prosseguindo
na realização do levantamento. Então, o sugestão de encaminhamento que havia ficado era que a
Comissão, juntamente com a Funai, e se sugeriu que especificamente membros da subcomissão de
etnodesenvolvimento, fariam o detalhamento dos empreendimentos, para apresentar até a próxima
reunião. Jecinaldo Cabral disse que encaminharam a questão sobre a portaria de Santa Catarina,
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afirmando que não fora revogada, e por isso via a necessidade de reforçar encaminhamento da
última reunião, em que esta decisão foi aprovada pela Comissão. A propósito, o presidente
informou que as resoluções já foram publicadas no Diário Oficial, como recomendação, e que falta
a publicação da revogação, uma decisão que cabe ao Ministro da Justiça. Jecinaldo Cabral fez um
outro destaque, considerando importante que se esclarecesse e encaminhasse para fechar a questão,
com relação às cartas que Mércio Gomes tem feito, reconhecendo que não se deveria perder tempo
com esse tema, "que não ajuda em nada no fortalecimento da luta indígena, mas duas coisas
merecem ser consideradas e esclarecidas para que não se tenha dúvidas sobre o trabalho da
Comissão. Primeiro, seria bom que a secretaria analisasse bem as três cartas do Mércio que já
saíram na internet, onde ele acusa a CNPI de não ter representatividade; isso é uma coisa grave. E a
outra coisa é a acusação de que o Presidente desta Comissão, Márcio Meira, é quem articulou a
carta para pedir a não indicação do Mércio ... então, eu li um pouco isso e eu acho que é importante
dar algum tipo de encaminhamento; é uma questão urgente e não está na pauta, porém é uma
questão que remete à Comissão, que foi citada nessas questões. Outra coisa são acusações contra as
lideranças indígenas, mas isso nós vamos encaminhar na assessoria jurídica, é importante que a Dr.
Deborah está aqui e na segunda-feira ela deve estar recebendo uma documentação da nossa
assessoria jurídica, da Coiab junto com Apoinme, entrando com uma ação contra este cidadão e já
estamos encaminhando. Mas no que se refere à CNPI acho que seria importante encaminhar, pois
tem se esforçado, feito um trabalho sério", disse Jecinaldo, concluindo sua fala. O presidente a
seguir passou a palavra para Suzana Grillo/MEC, que disse se tratar de um questão de precisão com
relação ao encaminhamento que a Dr. Deborah havia proposto. Nesse sentido, informou que o
impedimento, no Ministério da Educação, de se construir escolas em terras indígenas não
regularizadas é da Procuradoria do FNDE, foram surpreendidos com isso quando, em 2005 - 2006
tiveram um valor maior de recursos a investir; a Procuradoria do FNDE não admitiu, vários
processos tiveram que ser revogados e arquivados. Então é preciso situar bem essa questão,
referindo-se a Pierlângela, que não é uma questão só da equipe do MEC, da Coordenação [de
Educação Indígena], é um encaminhamento com relação aos órgãos, às procuradorias jurídicas do
Ministério da Educação, do FNDE, que não autorizam esse tipo de construção. O presidente
perguntou à plenária se haveria algum outro esclarecimento com relação a encaminhamento, ao que
o cacique Ak'jabor Kayapó declarou que já que estava acabando o tempo da reunião, os seus
parentes já estavam indo viajar e com isso eles não iriam ouvir nada de discussão sobre a
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reestruturação da Funai, expressando sua insatisfação devido ao fato de que essas pessoas vão voltar
para as bases sem as referidas informações, onde serão pressionados, de forma que seria melhor
caminhar logo a discussão sobre a reestruturação. O presidente afirmou que era isso o que ele
próprio queria, mas que teve de dar a palavra para todos os que se inscreveram para falar e também
queria finalizar essa parte da reunião. Lucimar - Funasa, afirmou que, segundo podia perceber, a
próxima pauta estava muito extensa para dois dias de trabalho e que, sobre o ponto que se refere à
questão das terras, para a Funasa a questão do saneamento é crucial, a educação também e lógico
saúde; mas ressaltando que trabalham com recursos e são monitorados, tem que fazer, justificar e
explicar porque não fazem. Diante dessas questões, prosseguiu, gostaria de sugerir como
encaminhamento, informando que já sugeriu, "e nesses dois últimos anos a luta foi maior, e eu digo
isso como coordenadora de saneamento em áreas indígenas, e venho para esses fóruns muito
desarmada, aceito críticos, sei que muita coisa tem que ser melhorada, mas de qualquer maneira já
caminhamos bastante; mas nós estamos nesse impasse agora todos os dias. Então eu sugiro que a
gente provoque uma reunião com o Ministério Público, TCU, jurídicas da Funasa e do FNDE, que a
gente discuta isso exaustivamente e venha para cá com pontos já enxutos para serem discutidos aqui
na Comissão, porque senão a gente não fecha nenhum ponto e o ano está acabando", concluiu. O
presidente então afirmou que, só para repetir o encaminhamento que responderia essa questão, que
o aprofundamento e o debate sobre essa questão sejam remetidos à subcomissão de Terras
Indígenas e que a mesma discuta com a Funasa, com o MEC etc., esse tema e proponha para o
plenário da Comissão. Antes de se passar à aprovação dessas questões, Edgard/Funasa, esclareceu
que a Advocacia Geral da União se encontrava presente e também se poderia encaminhar consulta a
ela sobre a matéria. A seguir o presidente disse que repetiria os encaminhamentos propostos, para
serem aprovados em bloco:
● Convite ao DNIT;
● Convite à Subchefia de assuntos Federativos da Presidência;
● Escolha, pela CNPI, de quatro representantes na Conferência Nacional de Saúde;
● Escolha de cinco representantes, por região, para o GEF indígena;
● Encaminhamento da subcomissão de Etno-desenvolvimento para o acompanhamento
detalhado, junto à Funai, dos empreendimentos do PAC;
● Que a subcomissão de Terras Indígenas discuta a questão da saúde e educação com a AGU e
o MP;
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● Que a subcomissão de Educação receba da Funai o detalhamento dos estudos sobre línguas
indígenas, cabendo à Funai elaborar o detalhamento do edital para os estudos lingüísticos
que serão realizados;
● Quanto à Agenda Social, que seja feito aprofundamento, pelas subcomissões, dessa agenda,
para posterior discussão ao longo da pauta das subcomissões;
● Escolha, pela bancada indígena, ainda neste mesmo dia, de dois representantes, um titular e
um suplente, para o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
O presidente consultou então o plenário quanto à sua concordância com relação a esses itens e, não
havendo nenhuma manifestação contrária, considerou aprovados os encaminhamentos elencados.
A seguir, imediatamente, passou-se então à apresentação da proposta de reestruturação da Funai.
Assim disse que tentaria apresentar a proposta com a maior objetividade possível, com vistas a que
os representantes indígenas pudessem ter acesso ao máximo de informações possíveis, e que
afirmando que, independentemente do tempo, todos os documentos sobre o tema haviam sido
entregues justamente para que pudessem terem condições de disponibilizarem todas as informações
relativas à reestruturação e Plano Plurianual etc., para suas bases. Informou que havia sido
preparada apresentação que incluía o PPA, reestruturação e Agenda Social e, como já havia
apresentado a Agenda, iria se ater exclusivamente às informações sobre aos dois temas não
abordados. A seguir então se projetou a apresentação no telão, ao que o presidente chamou atenção
para o fato de que todos haviam recebido documento contendo as informações constantes na
mesma; que o documento havia sido esforço inicial feito no sentido de detalhar todo o programa
chamado Proteção e Promoção dos Povos Indígenas, que é o novo programa coordenado pela
Funai, no Plano Plurianual 2008 - 2011, e que no documento constavam todas as ações do
programa, com os detalhamentos, conforme aprovado pelo Ministério do Planejamento, informando
que inclusive no início há um texto com todas as diretrizes programáticas que nortearam a
elaboração do Plano. Cada ação tem já para o ano que vem um orçamento encaminhado para o
Congresso Nacional, sobre as quais informou que não entraria em detalhes, uma vez que já
dispunham do documento e precisavam ganhar tempo, passando apenas à leitura do orçamento de
cada ação para o ano que vem, para anotarem, embora esses dados constassem no material. A seguir
então fez a leitura do orçamento de cada ação previsto para 2008, conforme enviado ao Congresso,
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para a Lei Orçamentária, destacando que foi o valor encaminhado, não quer dizer que já esteja
aprovado, pois pode ser maior, contando-se por exemplo com emendas que aumentariam o
orçamento. Assim, informou que constava no quadro a ação no PPA 2004 - 2007, o nome da ação e
nome da ação 2008 - 2011 e o orçamento para 2008, por exemplo a primeira ação seria
"Capacitação de servidores públicos federais em processo de qualificação e requalificação", uma
ação normal, que já existia e continua para 2008 - 2011 e cuja previsão de orçamento era de 1
milhão de reais, tratando-se de uma ação interna para capacitação dos servidores. Em seguida a
duas ações "Gestão e disseminação de informações acerca da temática indígena" e "Sistema
Censitário", duas ações que constavam no PPA anterior e no próximo passam a ser uma só ação,
que é "Gestão e disseminação das informações acerca da temática indígena", englobando as duas
anteriores e tornando mais flexível o uso e a gestão desses recursos. A previsão da ação para o ano
que vem é de setecentos e cinqüenta mil reais. A seguir, "Garantia dos Direitos e afirmação dos
Povos Indígenas" e "Fomento a Projetos Especiais Voltados a Proteção das Terras e das Populações
Indígenas", que passa a ser "Articulação das Políticas de Proteção e Promoção dos Povos
Indígenas", em que se vê zero de orçamento mas não significa que não tenha orçamento e sim
porque esta é uma ação que é de articulação de todas as ações de programa, e portanto seus recursos
virão de uma outra ação, que é de "Gestão e administração do programa", mas o Ministério do
Planejamento obriga a abrir uma ação no PPA, para se poder gastar o recurso, não há como gastar
sem se ter ação no PPA, o governo só gasta recursos se há ação no PPA. A próxima ação é
"Demarcação e Regularização das Terras Indígenas", que já havia no PPA anterior e mantiveram no
próximo, cuja previsão de orçamento é de, quarenta e quatro milhões, seiscentos e oitenta e sete mil,
quatrocentos e trinta e seis reais. O presidente prosseguiu na leitura das ações, passando à de
"Gestão ambiental e territorial das terras indígenas", que na verdade é a reunião de 4 outras ações
anteriores: "Estudos dos Impactos Ambientais e Culturais de Empreendimentos em Terras
Indígenas", "Conservação e Recuperação da Biodiversidade em Terras indígenas", "Fiscalização de
Terras Indígenas" e "Regularização e Proteção de Terras Indígenas na Amazônia Legal - PPTAL
(Programa Piloto), cujo orçamento é no valor de onze milhões e oitocentos mil reais, entrando nessa
ação o Sistema de Gestão Ambiental das Terras Indígenas, sobre o qual estava prevista
apresentação para o presente dia. Carlos Nogueira/MME, pediu a palavra para explicar, no caso de
que algumas pessoas não estivessem entendendo como várias ações se transformaram em uma, "o
PPA é meio engessado, a partir do momento que se tem onze milhões e oitocentos em gestão
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ambiental e territorial, englobando as outras 4, caso se tivesse dividido dois milhões e meio para
cada uma delas, só se poderia gastar dentro daquela rubrica, e em determinados anos a
regularização anterior não anda a contento como a outra andou e estando dentro de uma única ação
se tem a flexibilidade de mudar o recurso naquilo que seria a outra ação que aparentemente foi
apagada. Mas o texto que está englobando está contemplando isso, parece algo burro, mas é assim
que funciona o PPA", concluiu. O presidente agradeceu e explicou que, como está com pressa para
chegarem à parte da reestruturação, não parou para fazer esse tipo de esclarecimento, ressaltando
que a redução de ações não quer dizer redução de orçamento, pelo contrário, este aumentou para o
ano que vem, mas assim se tem maior capacidade de gestão e aplicação, com mais flexibilidade, nos
temas abordados. Em seguida passou à leitura das outras ações e de seus respectivos orçamentos,
conforme presentes na apresentação: "Localização e Proteção de Povos Indígenas Isolados ou de
Recente Contato", "Promoção do Etnodesenvolvimento em Terras Indígenas e Promoção do
Etnodesenvolvimento em Terras Indígenas", "Proteção Social dos Povos Indígenas" e
"Reestruturação Organizacional da FUNAI", que dentre as demais aparece como não tendo
orçamento. A esse respeito o presidente explicou que isso se deve ao fato de que, apesar de a
reestruturação ainda não ter acontecido, era necessário prever e garantir os recursos para arcar com
os respectivos gastos, como conseqüência lógica. Sobre a próxima ação, "Fomento e Valorização e
aos Processos Educativos dos Povos Indígenas", foi esclarecido que antes havia 4 ações, agora
reunidas em uma, com recursos no valor de 6 milhões e 510 mil, exclusivos para a Educação. No
novo PPA, explicou o presidente, essa ação – como as outras ações finalísticas – é destinada a ação
finalística e não meio; no caso da compra de combustível, pagamento de frete de avião, por
exemplo, o recurso deverá vir da ação de Gestão e Administração do Programa, do custeio.
Enquanto que antes, no programa anterior da Funai, as ações estavam misturadas. E por isso era
muito ruim a gestão, porque cada ação era uma pequena Funai, cada coordenador de ação podia
comprar combustível com o dinheiro da ação e fazia ação finalística, enquanto que agora não, existe
uma ação finalística e os recursos da Educação são somente para Educação. Isso significa um
aumento real para essa área e para as ações finalísticas. A próxima ação é justamente "Gestão e
administração do programa pesquisa sobre populações indígenas", que tem previsão orçamentária
para 2008 de R$ 51.500.000,00, e é a “ação-meio”, ação que continua e consolida vários itens da
ação anterior e agora é mais densa e condensada. A ação seguinte, prosseguiu, “Pesquisa sobre
populações indígenas”, com orçamento de R$ 359.000, 00, é já existia, é uma ação de
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R$ 359.000,00 para 2008; seguindo, "Preservação do conhecimento dos povos indígenas", que
substitui a ação “Funcionamento do Museu do Índio”, com previsão orçamentária para 2008 de
R$ 2.600,00, uma ação e mudança importante, porque inclui não só o Museu, mas a perspectiva de
poder fazer acompanhamento de alcance nacional.
Nesse ponto, o presidente destacou que havia concluído a apresentação sobre a
mudança do PPA: as que já existiam, as ações novas e o orçamento de cada uma delas para 2008.
Antes de passar à próxima apresentação, chamou atenção para o fato de que fora disponibilizado
material com todas as ações, assim como os valores. Sua proposta para a Comissão, declarou, é que
“se possa fazer, daqui para frente, o orçamento anual da Funai, pautar, desde o início do ano, talvez
para a primeira reunião da CNPI no ano que vem, a discussão sobre todas as diretrizes de aplicação,
desse orçamento e da política, inclusive como definido enquanto atribuição do Conselho para que
possam aplicar os recursos e prestar contas à Comissão. Fazer uma gestão transparente dos recursos
e possam acompanhar sua aplicação. Esta é a conclusão que faço em relação à apresentação do
PPA”, finalizou o presidente. A seguir, prosseguiu, passaria à apresentação sobre a reestruturação
da Funai, conforme material distribuído para os presentes. Inicialmente, o presidente destacou que
os critérios para a reestruturação repetiam um pouco os que foram na Agenda Social: superação da
relação de tutela ou da visão dos índios como relativamente capazes, substituição do modelo
assistencialista em que o Estado exerce o papel de provedor pelo modelo calcado no binômio
proteção (de direitos) e promoção (da eqüidade), onde o Estado se coloca como parceiro dos povos
indígenas, uma mudança conceitual importante para que a reestruturação acompanhe a mudança
conceitual instaurada pela própria Constituição. Outro conceito importante diz respeito à
territorialidade, em que se considerou três aspectos relevantes para a localização das unidades da
FUNAI: proximidade com as aldeias; infra-estrutura de acesso e disponibilidade de serviços
essenciais; distribuição geográfica dos povos indígenas de acordo com semelhanças culturais ou
seja um, mapeamento étnico, explicando que às vezes o que parece estranho no território, por
exemplo quanto à definição da área de jurisdição, de abrangência de uma administração justifica-se
porque as características culturais daquela população indígena são diferentes de outros e por isso é
importante considerar isso quando se pensa na definição das administrações locais da Funai. Os
principais aspectos da nova estrutura, resumidamente, dizem respeito ao fato de que hoje o órgão
conta com 3 diretorias, a proposta é manter as três, porém mudando o conceito e a nomenclatura,
sendo que hoje há a Diretoria de Assistência, Diretoria de Assuntos Fundiários e Diretoria de
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Administração. A proposta é que a de Assistência se transforme em Diretoria de Promoção, ou seja,
sair do assistencialismo para uma diretoria com perspectiva de promoção; a de Assuntos Fundiários
se transformar em Diretoria de Proteção, que inclui questão fundiária mas não fica só nisso; e a de
Administração se transformar em Diretoria de Planejamento, Orçamento e Administração, pois a
Funai precisa urgentemente de planejamento, por isso sendo importante a mudança; essas seria a
composição direção da instituição, mudando a partir dos conceitos apresentados. Além disso, a
presidência terá 4 novas estruturas de assessoria, lembrando que hoje já tem algumas assessorias: a
Procuradoria Federal Especializada, vinculada à AGU e tem presença na Funai, já existe a
Auditoria, que tem relações com a Controladoria Geral da União, só que não existe hoje Assessoria
Parlamentar, Assessoria Internacional, Ouvidoria e Corregedoria, e estão propondo criar as 4 novas
além das que existem hoje, ressaltando por exemplo a importância da questão internacional hoje,
relação com o Congresso Nacional, e não existem. Então a proposta é de reforço do comanda da
Funai em termos de assessoria e do conceito de direção. Seguindo, há ainda o Museu do Índio,
vinculado diretamente à presidência, e propõe-se ainda que a Coordenação de Assuntos Externos se
transforme em Assessoria de Comunicação, além da Chefia de Gabinete que já existe hoje. Outra
questão diz respeito à proposta de que existam 5 coordenações na atual Diretoria de Administração:
Coordenação Geral de Captação de Recursos e Acompanhamento de Convênios, que não existe
hoje e é uma coordenação importante, porque há uma perspectiva cada vez maior de parcerias,
captação de recursos, assinaturas de convênios e hoje não há estrutura própria organizada para fazer
isso, havendo muito potencial para se captar recursos; Coordenação-Geral de Logística, que não
existe hoje e é uma necessidade, sabem as dificuldades devido às terras indígenas estarem
localizadas em regiões distantes, sendo necessário lidar com questões relacionadas a transporte de
todas as naturezas, e hoje não há coordenação geral que cuide dessa logística, que envolve inclusive
segurança; a Coordenação-Geral de Recursos Humanos, que existe hoje mas misturada com outras
coisas e pela proposta será específica para isso; uma Coordenação-Geral de Planejamento e
Orçamento e uma Coordenação-Geral Documentação e Tecnologia Informação. São propostas
então essas 5 coordenações, destacando que a atividade-meio de uma instituição, que se refere a
essa diretoria, é o coração da instituição, pois as atividades finalísticas só acontecem bem se ela é
bem sólida e dá condições para a atividade fim acontecer, daí a importância da nova estrutura.
Passando à Diretoria de Promoção, propõem 4 coordenações gerais: Coordenação Geral de Proteção
Social, de Cultura, de Educação e de Etnodesenvolvimento, as quais têm a ver com os conceitos que
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estão sendo trabalhados na CNPI. A Coordenação de Proteção Social a idéia é que seja o local da
Funai onde se poderá ter técnicos – nesse ponto destacando que a reestruturação não está descolada
do Plano de Cargos e da realização de concurso público – na área de proteção que possam ter a
função de coordenação e acompanhamento das políticas públicas, assunto muito falado na
Comissão, sabendo-se que o papel da Funai não é a execução direta de ações na área de saúde,
educação etc., mas precisa ter corpo que acompanhe essas ações e faça valer os princípios da
Administração Pública. Nesse ponto, Gilberto Azanha pediu a palavra, perguntando onde se
encontrava a Coordenação Geral de Estudos e Pesquisas, ao que o presidente respondeu que a idéia
é que as atividades que a referida coordenação desenvolve atualmente sejam divididas entre outras
coordenações, uma parte delas inclusive ficando na Presidência, pois cuida por exemplo de ingresso
em terras indígenas, e que as outras atividades sejam rearranjadas em outras. A Coordenação de
Cultura é nova, gostariam de dar ênfase muito grande a essa questão, considerando que a Funai
precisa ter mais presença na questão do patrimônio cultural, em torno da qual há uma discussão
séria, porque o que garante efetivamente os direitos dos povos indígenas é a sua cultura, então por
isso é importante terem tal coordenação, inclusive vai continuar cuidando da questão do artesanato,
da Artíndia, com a idéia de que se renove o conceito de gestão do artesanato nessa coordenação.
Quanto à Coordenação Geral de Educação já existe e continuará, certamente mantendo papel
importantíssimo, em sua atuação junto ao MEC, pretendendo que seja ação de acompanhamento,
integração com esse ministério; Coordenação de Etnodesenvolvimento é nova e vai assumir tudo o
que a atual Coordenação de Desenvolvimento Comunitário faz, mas ampliando a perspectiva na
linha do que a subcomissão tem discutido, destacando que muitos termos que têm sido usados na
Comissão estão sendo utilizados na reestruturação, e o diálogo da subcomissão com a Funai se dará
certamente nessa coordenação, onde se dá a aplicação de recursos, programas de
etnodesenvolvimento. Com relação à Diretoria de Assuntos Fundiários, terá 5 coordenações: a
Coordenação Geral de Identificação e Delimitação, que já existe e continuará e cuida de toda a parte
de regularização fundiária; Coordenação-Geral de Demarcação, Coordenação Geral de
Regularização Fundiária, a novidade sendo o fato de que devolveram a esta diretoria a
Coordenação-Geral de Meio Ambiente e a Coordenação Geral de Povos Isolados e Índios Recém-
Contatados, que não são novas mas na atual estrutura são subordinadas à Diretoria de Assistência,
explicando que uma boa parte da ação de fiscalização fica dentro da coordenação de meio ambiente,
tratando-se de um redesenho para otimizar a atuação da fiscalização. O conceito proposto, explicou
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Márcio, é o de proteção, dos índios isolados, recém-contatados, meio ambiente, das terras
indígenas, a proteção norteia todo o trabalho da diretoria.
A seguir a apresentação passou a tratar da estrutura regionalizada, explicando que
atualmente a Funai conta com 45 Administrações Regionais e 337 Postos Indígenas; a nova
estrutura – ressaltando que se trata apenas de uma proposta que se está apresentando e que e está
em discussão no Ministério do Planejamento, e ainda que a questão das administrações
regionalizadas é muito complexa, já se tendo pensado sobre ela várias vezes – prevê 12
Administrações Regionais, incluindo 39 Administrações Locais e 315 Representações Locais.
Explicando do que se trata, disse que se precisa deixar claro que estão propondo um aumento geral
de administrações, pois muita gente está comentando que estão diminuindo, mas é o contrário, estão
aumentando o número de administrações, de 45 hoje para 51, afirmou o presidente. A diferença na
proposta nova é que estão preocupados com a questão territorial, um dos conceitos que estão
trabalhando, ou seja, "queremos que algumas áreas, por conta do que se falou antes, proximidade
com as aldeias, questão cultural e da logística, possam ter uma administração regional daquele
território, que possa coordenar algumas ações, sobretudo na área administrativa, mais que na
representação política. Essa escolha, de 12 administrações regionais, explica-se porque, como na
Funai, diferente dos DSEIs da Funasa, as AERs são unidades gestoras, o administrador tem acesso
ao Siafi, recursos do PPA, e o que está acontecendo é que o dinheiro muitas vezes não chega na
administração ou na aldeia, e muitas vezes os problemas são resultado de que o recurso é
descentralizado num volume em que a administração não tem condições, inclusive operacionais,
para licitar, cumprir regras da lei que rege licitações etc., e por conta disso propõem que se tenha 12
administrações regionais. "A estrutura básica que estamos propondo para uma administração
executiva da Funai é que cada uma das 12 tenha um administrador regional, como hoje, com o
mesmo DAS; um serviço técnico, um serviço administrativo e um serviço de apoio logístico, além
de uma assessoria. Quanto aos DAS, para traduzir nessa linguagem, o administrador regional e o
local têm DAS 3, assessoria, DAS 2, e os serviços técnicos DAS 1, que se trata da proposta para as
AERs, que hoje só contam com dois DAS 3 e dois DAS 1, propondo-se então aumentar. É
importante destacar ainda que estou me referindo apenas aos cargos de direção, existindo ainda os
funcionários; então essa é a estrutura proposta para reestruturação das administrações regionais, que
será melhor detalhada quando se mostrar o mapa adiante, onde a situação fica um pouco mais
difícil". No caso da administração local, explicou, não conta com o serviço logístico, que fica só na
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regional, pois querem que a logística cuide da área, do território como um todo, contando com os
outros setores que existem também nas administrações regionais. Com relação às representações
locais, que são os atuais postos indígenas, podendo-se perceber que houve redução de 337 atuais
para 316, diferença resultante de uma matemática difícil, de diálogo com o Ministério do
Planejamento, relativa aos DAS unitários, resultante da criação dos DAS 2 de assessor. Com
relação às razões pelas quais de optou por reduzir aí, o presidente justificou dizendo que: "nós
identificamos hoje na Funai que há muitos postos indígenas que estão subutilizados, muitos sem
função, inclusive a necessidade do posto – cujo denominação mudaram para representação – remete
a vigilância, fiscalização, não de proteção da terra indígena, mas da própria comunidade; posto é
uma palavra, um conceito que remete à época do Rondon, então estamos substituindo o nome posto
indígena para representação local da Funai. A proposta é que em cada caso seja pensado, e a
discussão é, por exemplo, como vai ser a representação local no povo Potiguara, vamos conversar
com a comunidade para decidir se a representação vai ficar na aldeia, cada caso é um caso. A nossa
experiência hoje diz que é melhor nós termos uma representação discutida com cada povo para ver
melhor como posicionar essa representação, porque há casos em que não faz sentido hoje ter uma
representação na aldeia, narrando terra indígena que visitou recentemente em que os próprios
caciques pediram que não mande chefe de posto para lá, porque só cria problema para eles e então
preferem que o chefe de posto fique na capital, porque quando os aposentados vão para a capital
querem que tenha alguém para ajudá-los lá. Então isso é para se ver como a lógica muda em cada
situação; por exemplo vão sentar com os Kayapó para verem como preferem e a idéia é que a
representação local seja discutida caso a caso, com cada povo. Essa é explicação com relação à
estrutura que estamos propondo de representações locais, as quais têm uma vinculação às
administrações locais às quais estão jurisdicionadas". O presidente informou que a seguir mostraria
um mapa, que foi o primeiro exercício que fizeram, mas tendo em vista comentário feito por um dos
membros antes explicou que questionaram ao Ministério do Planejamento se poderiam ter
representações locais que não precisassem de DAS, em que por exemplo um funcionário da Funai
com função gratificada pudesse ser o representante local , e parece que há essa flexibilidade, ainda
não chegaram a um acordo, mas seria positivo porque poderiam ampliar se fosse necessário, sem
precisar necessariamente de DAS, o que ainda é uma discussão em curso. Prosseguindo, o
presidente afirmou que "isso aí é uma proposta, fruto de uma discussão difícil, em que
aprofundamos o máximo possível para trazer para vocês. A proposta é que tenhamos as 12
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administrações regionais como responsáveis administrativamente, principalmente, por essas
regiões, do ponto de vista mais administrativo que político. E aí a proposta, do Norte para o Sul, é
termos uma administração regional em Boa Vista, que se ocupe do estado de Roraima; uma
administração em Manaus, que se ocupe de parte do Amazonas, pois estamos propondo que a parte
sul fique na área 12, na cidade de Rio Branco - Acre; na área do Pará, que é a 9, estamos propondo
que a administração fique em Belém e que se ocupe também do Amapá, se bem que a parte sul do
Pará ficaria na área 7, uma área do Mato Grosso em que ainda temos dúvidas sobre a localização da
administração regional", ponto em que dialogou com Francisca Pareci sobre a questão da
localização, já que ela discordava da proposta e afirmou que estava sob forte pressão em
decorrência dessa questão. Em face do que o presidente frisou que o critério utilizado pela Funai
para essa proposta havia sido a proximidade com as aldeias, mesmo no caso das regionais, a
densidade da população indígena e também a logística, e que às vezes, pelo critério, pode ser uma
cidade ou outra, afirmando que Francisca deveria dizer para seu povo que ainda estão discutindo a
questão. Voltando ao mapa, informou que na área 8 estão propondo que a administração regional
fique em Imperatriz, que está no centro e próxima da maior parte da população indígena e não em
São Luiz; com relação à área 6, a proposta é que a administração regional fique em Recife; na área
5, que pega parte de Goiás, parte do Mato Grosso, basicamente as áreas Xavante, e parte de
Tocantins, área Xerente, estão propondo que fique em Goiânia, considerando que os Xerente têm
proximidade cultural com os Xavante e outros povos, voltando a dizer que se tratava de proposta,
algo não definitivo, em discussão. Com respeito à área 4, incluiria Minas, Espírito Santo e centro-
sul da Bahia, propondo-se que se mantenha a administração em Governador Valadares, enquanto
que a área 1 – São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, propõem que
a administração regional fique em Florianópolis, onde não existe nenhuma representação da Funai
hoje e então seria preciso criar uma administração nova, explicando que seria em Florianópolis
porque está no litoral, em primeiro lugar, e porque é onde está a maior parte da população Guarany,
que é muito pouco assistida no litoral, uma vez que as administrações atuais estão no oeste de Santa
Catarina e noroeste do Rio Grande do Sul e oeste do Paraná. Então estão propondo que a
administração regional seja em Florianópolis, mas que esta também se ocupe de uma forma mais
próxima, da população Guarany e Xokleng, mais próxima da referida cidade, explicando que no
ponto de vista da direção esta é uma proposta que traz melhorias em termos da organicidade da
região sul. Ainda com relação à região 1, afirmou que poderia inclusive adiantar que há uma
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proposta, uma questão que estão encaminhando, com relação a transferir a administração local, de
Bauru para o litoral de São Paulo, Santos – o que se trata de uma reivindicação antiga dos índios,
para atender os Guarany, que estão no litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo. Com relação à área
2, informou que é a área Guarany-Kaiowá, que inclusive foi destacada por conta da complexidade e
da gravidade da situação desse povo, com a administração regional sendo localizada em Dourados,
ressaltando que esta é a área em que a Funai já avançou mais rapidamente, já tendo sido criada a
Administração Regional da Grande Dourados, em Dourados, cuja sede já foi inaugurada, e estão
trabalhando na perspectiva da gestão territorial articulada com vários ministérios. A proposta é que
a administração fique em Dourados, trabalhando quase que exclusivamente com os Guarany-
Kaiowá. Quanto à área 3, pega quase que exclusivamente a população Terena, o Pantanal e outros, e
a proposta é que a administração regional fique em Aquidauana, porque é uma cidade que tem
condições logísticas boas e fica no centro da maior parte da população indígena do Mato Grosso do
Sul, tirando os Kaiowá, é o centro do mundo Terena, mais próxima dos Kadiwéu.
Esta é portanto uma proposta de divisão em territórios – no caso em 12 territórios
administrativos – e além desses 12 territórios há as administrações locais, cuja definição é ainda
mais difícil e não se dispõe ainda de mapa delas, até porque vão aumentar, algumas novas serão
criadas. Com relação ao critério não só para a criação de novas, mas para sua localização,
considerou-se primeiro que é preciso melhorar e marcar mais a presença do Estado de Direito
nacional, da Funai, articulando outros órgãos de governo, nas regiões onde há maior ausência do
Estado e maior pressão das frentes de expansão econômica, inclusive em função do Programa de
Aceleração do Crescimento, que é a região sul da Amazônia, que pega o sul do Amazonas, Acre,
Rondônia, norte do Mato Grosso, sul do Pará, Maranhão, onde está o "arco do desmatamento".
Então, disse o presidente: "nós consideramos como critério principal para a criação de novas
administrações locais da Funai, que se localizassem nessa área, para fortalecer a presença do
Estado, a proteção e promoção dos povos indígenas nessa área onde inclusive há uma população
indígena significativa. A partir desses critérios foi definida a criação de algumas administrações
novas, o que ainda está em fase de discussão com o Ministério do Planejamento e com a Comissão".
Mesmo assim, afirmou, iria informar que estão propondo uma administração nova em Barra do
Corda, no Maranhão, que antes tinha núcleos, que foram extintos, o que não detalharia na ocasião,
mas destacando que foram obrigados a fechar as unidades gestoras nesse estado, por razões que não
valeria detalhar no momento; sendo que a proposta seria criar essa administração quase que
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exclusivamente para cuidar dos Guajajara, uma discussão que está sendo feita com esse povo,
afirmando que Arão sabe que estão levando adiante a discussão, complicada devido a disputas
internas nessa questão. Uma questão de princípio do governo nesse caso é que tenham uma
administração local em Barra do Corda, não duas. Seguindo, informou que estão propondo uma
administração na cidade de Juína, em Mato Grosso, lembrando que basta ver o filme apresentado na
reunião anterior para justificar a criação de uma administração nessa cidade. Uma outra
administração nova que estão propondo criar é em Umaitá, no sul do Amazonas, sendo que hoje há
apenas um funcionário da Funai no local e há densidade populacional muito grande, tratando-se de
uma zona de grande pressão madeireira, de soja, expansão da frente agrícola. A proposta,
prosseguiu, é que fique subordinada à área 12, porque avaliam que a população indígena está muito
mais próxima, culturalmente, da região de Rondônia e Acre, do que dos indígenas do restante do
estado do Amazonas, mais perto de Porto Velho e muito distante de Manaus. Outra administração
local nova seria na cidade de Cruzeiro do Sul - Acre, fronteira com o Peru, sendo muito importante
e chegando à parte sul da terra Vale do Javari, que estão propondo que fique jurisdicionada a
Cruzeiro do Sul, porque Atalaia do Norte não dá conta, já que são necessários dias de barco vindo
de Atalaia, portanto levando-se em conta a questão da distância geográfica. O presidente informou
ainda que existe uma reivindicação dos índios do Ceará para que se crie uma administração local
em Fortaleza, havendo ainda o caso de algumas remoções, como de Baurú para Santos, já falada, a
proposta de remoção de duas administrações da região 1, que estão no Paraná, para outras regiões,
principalmente para a região da Amazônia, onde há maior necessidade, avaliando-se que a
administração na área de Londrina seria suficiente para dar conta da região, e já foi feita remoção
recente, prevista na proposta, necessária por questões emergenciais, que foi a criação de uma
administração local em Ji-Paraná, no centro de Rondônia, tendo se feito a transferência da
administração de Porto Velho, onde foi mantida representação local, já que a nova localização é
mais próxima da população de Rondônia, e por se tratar de um local onde há problemas sérios,
índios isolados etc., sendo que pela proposta será mantida Cacoal, até mesmo devido à questão
grave dos Cinta-Larga. Este seria um resumo das propostas, disse o presidente, a seguir abrindo a
palavra para os inscritos fazerem os respectivos comentários.
Arão Guajajara , do Maranhão, foi o primeiro a fazer uso da palavra, afirmando:
"presidente, eu sei que a intenção da Funai, do Ministério da Justiça, do Planejamento, Orçamento e
tudo deve ter sido pensado de forma a beneficiar de fato o nosso povo indígena. Mas acontece que a
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explanação que o senhor fez para os membros do CNPI nos remete a uma responsabilidade muito
grande, mesmo porque eu mesmo só tive acesso a essa proposta de reestruturação da Funai
segunda-feira, quando eu recebi essa pasta. Então, é uma questão muito delicada e uma
responsabilidade tamanha, que talvez o senhor ainda não tenha feito as adequações matemáticas das
conseqüências e pressões de cobranças que vamos ter quando a gente chegar nas bases. Porque a
ansiedade é tão grande que todo mundo pergunta, liga e pergunta como está essa reestruturação da
Funai, como se não tivesse outra pauta em discussão a não ser essa. Com base nessa situação, como
proposta de sugestão para a CNPI é que a gente leve essa proposta para as bases, para se discutir, e
se tenha uma outra discussão, mais aprofundada, numa outra reunião da CNPI, porque eu não me
contemplado com as informações dadas, de forma superficial, porque vejo que, mesmo com boas
intenções, vai ter repercussão sim nas bases, cobrança, mobilização, movimento, porque bem ou
mal as administrações que estão criadas hoje representam um ganho histórico para nossas
comunidades indígenas e isso tem que ser respeitado, não é somente com uma portaria, uma
determinação, que pode ser visto com bons olhos pelo Ministério do Planejamento, talvez pelo
senhor também, mas é preciso também que se respeite aquelas situações de base que tem que ser
consideradas, discutir incansavelmente essa situação, de preferência nas aldeias, que o senhor se
responsabilize de mandar técnicos para discutir com nossos parentes lá na ponta, para que mais
tarde eu não seja culpado por essa situação de reestruturação da Funai, como se eu viesse aqui
somente respaldar essa proposta que está pronta. Por isso eu coloco como sugestão e como
proposta para que a gente traga e a Funai pense de mandar seus técnicos para as aldeias para discutir
corpo a corpo com as nossas e nossas comunidades. Essa é a minha proposta, obrigado", finalizou
Arão Guajajara. O presidente pediu a palavra, para dar um esclarecimento antes de continuar, que
considerava muito importante, no sentido de que na próxima semana, exatamente porque estava na
agenda, foi apresentada proposta para discussão, afirmando achar mais do que justo que possam
levar para as bases a proposta, para que possam ouvir como se colocam em relação a ela, sendo que
na semana seguinte estaria sendo realizado seminário interno da Funai, com cerca de 200 técnicos
de todo o país, para os quais a proposta também seria apresentada, para que todos os funcionários
que vêm também possam voltar para as áreas, para contribuir, sabendo como é a proposta, para
poder debater nas áreas. Este seria o esclarecimento, para que possam continuar na discussão, que
não é fácil mesmo, como foi dito. A seguir foi passada a palavra para Francisca Novantino, Pareci
de Mato Grosso, que se manifestou da seguinte forma: "uma parte o Arão já falou; mas eu queria
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também dizer o seguinte: essa é uma situação que eu entendo ser de muita pressão e muito
preocupante, porque pelo que eu vi, em relação ao Mato Grosso, o senhor não entende nada, não
sabe nada sobre o Mato Grosso. Tudo bem, isso é natural...", ao que o presidente afirmou que isso
era bom, porque quer aprender, enquanto que Francisca afirmou esperar que o presidente tenha
bastante oportunidade para tal e ele retrucou dizendo que, como ela é professora, espera que possa
aprender com ela. Retomando sua fala, Francisca afirmou que "mês passado esteve uma comissão
aqui [em Brasília], diante do desespero dos índios, porque ficaram sabendo que vai fechar a Funai,
diante de todas as fofocas sobre esse assunto. A decepção deles foi no sentido de não terem sido
recebidos, mas eu gostaria de aproveitar a oportunidade para trazer um documento feito por uma
organização indígena de Mato Grosso, composta pelos povos do estado, que está fazendo um
convite para o senhor ir a Cuiabá fazer uma reunião com todas as lideranças do estado, incluindo
nisso os Kayapó de Colíder, o pessoal de Rondonópolis e outros", frisando que Rondonópolis era o
último estado em que pensavam como sede para a administração, diante do que vêem a situação
como sendo muito preocupante. Neste ponto, o presidente comentou que perspectiva de Francisca,
enquanto Pareci, certamente era muito diferente daquela dos Bororo, por exemplo, ao que esta
respondeu que Bororo é um povo, mas no estado há 42, a situação é bem mais complexa, embora
concordando que os Bororo precisam de uma representação local, pois também estão passando por
situação caótica, mantendo sua crítica quanto à localização geográfica. A proposta, portanto, é que o
presidente faça essa visita, prosseguiu Francisca, com tempo para discutir com os índios, se possível
ficando pelo menos 3 dias, a seguir fazendo a entrega do documento e esperando que o presidente
possa nesta oportunidade se comprometer a ir, ainda em novembro se possível, ao que este
respondeu que irá, depois da visita já combinada com Antonio Caboquinho 29 de outubro/30
novembro, diante do que Francisca afirmou que podem auxiliar na organização da reunião,
encerrando sua fala e agradecendo a atenção. Ao receber o documento, o presidente afirmou que
podem acertar sua agenda para ir a Cuiabá, cidade para a qual já tinha a intenção de ir e já conhece
bem. O próximo a se manifestar, Korralui Karajá , do Tocantins, expressou-se da seguinte forma:
"Eu queria ressaltar o seguinte, com relação a Palmas, onde não existe administração, de forma que
as necessidades dos Karajá são atendidas por Araguaína, Araguaia e Gurupi e quando acontece
algum problema, por exemplo com posseiros, precisamos recorrer ao Ministério Público Federal de
Palmas, a Funai tem que se deslocar de Araguaína, Gurupi para lá. Por isso, defende que se pudesse
instalar pelo menos um escritório em Palmas, inclusive para atender os universitários indígenas que
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estão lá, e também maior concentração do poder se encontram Palmas. Obrigado". A seguir, Danilo
Terena, da região centro oeste, que afirmou que, assim como os demais colegas, gostaria de
manifestar tristeza com relação a esse assunto, pois, como conversaram de manhã, falou-se em
apresentação de proposta e na realidade o próprio presidente teria de contradito quando disse que
em Mato Grosso do Sul já foi iniciado o processo, o que quer dizer que não é só proposta. "Não
estou aqui condenando, pois o senhor quando fez esse ato administrativo foi na melhor das
intenções, nenhum gestor por mais que venha para a Funai, tem a vontade de mostrar um bom
trabalho, mas, como a Chiquinha falou, é com relação à falta de conhecimento com a questão da
política indígena. E quanto a essa questão eu gostaria que o senhor levasse em consideração
também o que foi colocado em relação à administração de Aquidauana e nós tivemos essa discussão
porque há dias tivemos conhecimento dessa proposta, isso já é falado dentro das aldeias, outros já
estão dizendo que já não é mais proposta, já está até no PPA de 2008, então não é mais proposta e
sim está praticamente consolidado. E isso nós tememos, porque eu acho que tem que ser respeitada
a Convenção 169, apesar de que o senhor é o gestor, é o presidente da Funai, pode fazer tudo isso,
porque é um ato administrativo, mas acho que também deve passar pelos índios que estão lá nas
bases, sentimos a deficiência, a dificuldade, e queremos também cooperar para que o órgão que
cuida, trata dessa questão dos povos indígenas do Brasil nos consulte neste momento de bastante
importância para nós da CNPI, das bases. É isso". A seguir se passou a palavra para Brasílio, do
Sudoeste, que afirmou "eu fico até contente quando o senhor lembrou do povo Guarany, porque até
o momento não tinha sido lembrado do povo Guarany do litoral, é um pedido antigo, uma questão
de muito respeito para com esse povo, que está em todo litoral do Sul do Brasil, até o Rio de
Janeiro, e se lembrou bem. Agora eu tenho uma preocupação, apesar de minha comunidade estar
contemplada, com o Rio Grande do Sul e estado do Paraná, a reação que vai haver, mas acho que
foi uma boa colocação e correspondeu ao que o povo Guarany precisa, e em nome dele falo isso,
pelo respeito que houve e acho que fica bem colocado em Florianópolis, mas resta a preocupação
com o Rio Grande do Sul, que também tem muito povo Kaingang, e no Paraná também acho que se
tem que conversar bastante para que não se prejudique nem um nem outro". A propósito, o
presidente esclareceu que no caso do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, estamos
mantendo a Administração Local de Xapecó, Passo Fundo e Londrina, justamente para continuar
mantendo a atenção para os Kaingang. Ressaltando que a administração executiva regional e local,
do ponto de vista político, são iguais, a questão da regional é principalmente administrativa, pois é
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preciso se ter mais controle administrativo e logístico, agora por exemplo a AER Xapecó continuará
funcionando como está, atendendo os Kaingang. Repetindo, a pedido da Dra. Deborah Duprat, o
presidente repetiu que a grande maioria das administrações, da maneira que existem hoje, estão
sendo mantidas, e terão as mesmas funções que têm hoje, sendo que as administrações regionais
estão sendo criadas porque terão uma função mais ampla do ponto de vista administrativo, logístico,
geográfico, para deixar bem claro que não estão sendo extintas as administrações locais atuais,
algumas apenas que estão removidas de um lugar para outro para melhorar o atendimento, está
propondo-se isso. Seguindo, passou-se a palavra para Marcos Tupã, Guarany, da região Sudeste, o
qual afirmou que estava um pouco preocupado com essa questão da hierarquia, mas que na última
fala foi contemplado. Em sua região há muita preocupação devido às aldeias estarem no litoral,
havendo discussão séria principalmente com relação às terras, que existe em São Paulo uma
reivindicação dos Guarany de que a seja criada uma administração para os Guarany em Santos,
explicando que sua preocupação com hierarquia já fora contemplada. Wilson Matos, Centro-Oeste,
manifestou-se com as seguintes palavras: "Eu me remeto à bancada indígena e até como, não que
alguém tenha me mandado dizer isso, para mim está bem claro agora que foi explicado, que a
reestruturação visa melhorar o atendimento, disso não tenha dúvida, e como o presidente havia dito,
isso foi feito lá na minha área, eu falo com conhecimento de causa. Outra questão que a bancada
indígena tem que levar em consideração é que nós temos uma tribo aí no meio, e uma tribo
extremamente difícil de mexer, que se chama funcionários e é essa tribo que está passando essas
informações distorcidas nas aldeias, passaram na minha comunidade! Agora depois que eu tomo
conhecimento dela eu vejo que estava enganado, peço até desculpas de alguns comentários que fiz,
porque a administração de Campo Grande – vou falar de onde conheço – saindo para Aquidauana, é
uma cidade que tem estrutura, tem porte, fica no meio dos Terena e se aproxima da área Kadiwéu.
Vai contemplar os povos indígenas e é isso o que nós queremos, que seja funcional e atende o índio;
se vai ficar melhor para o funcionário, aí é outra conversa, se quer morar na capital, não quer ir para
Aquidauana, aí já é outra conversa, é a tribo dos funcionários, não dos Terena ou Kadiwéu. No
Mato Grosso do Sul até viemos pessoalmente pedir para não acabar com a administração de
Amambai, porque temos necessidade de atendimento muito premente e o presidente explicou que
não vai acabar, o que acaba é a autonomia financeira, que muitas pessoas estavam fazendo má
gestão dos recursos. Então enquanto índio fico feliz, é uma forma de controlar, mas não posso falar
pelas outras regiões, e sugiro que cada um analise, vamos gritar pelo que doer, mas acho que a
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reestruturação, depois que os funcionários tiverem conhecimento, e eles são os que têm maior
influência na comunidade, têm o dever de explicar. Na minha comunidade não tem problema, pois
já está funcionando e do meu ponto de vista deve se buscar que os patrícios índios sejam atendidos;
já quanto aos funcionários, isso não é com a CNPI, é questão de plano de cargos e salários, o que
vai ficar bom para o administrador, se ele não vai mais ser ordenador de despesas, não vai mais
poder ter mais 10% da loja que vende para ele, do posto de combustível...; isso estou falando
porque fui administrador, sei o quanto é duro trabalhar numa administração em que você trabalha
contra todos os funcionários, então o que não estão querendo perder é isso aí. E acho que o
atendimento para os índios tem que ser bem olhado", concluiu Wilson.
Carlos Nogueira, na seqüência, pediu questão de ordem, para lembrar que não se
aprovou a ata e como está havendo o esvaziamento da reunião, ao que o presidente disse que já ia
chamar atenção para esse fato, afirmando que antes de o quorum ficar esvaziado precisariam fazer a
aprovação, ao que consultou o plenário se foi feita a leitura e se poderia aprovar a ata da reunião
passada antes de passar a palavra para o próximo. Edgard Magalhães, do Ministério da Saúde,
explicou que havia feito algumas pequenas correções na síntese, apenas de redação, as quais já
haviam sido comunicadas à secretaria. A Dra. Alda Carvalho, da AGU, destacou que gostaria que
se registrasse o que falaria a seguir, com relação à ata da reunião anterior, dizendo: "aqui houve
uma colocação nossa da AGU, que já havia falado no dia anterior mas gostaria de repetir, para ficar
registrado na ata desta reunião de hoje, para a próxima, que vai ser aprovada, que é com relação à
permanência da AGU como convidada permanente, como está atualmente, foi aprovado, e como
nos manifestamos que gostaríamos de ser membro efetivo, pelas questões que já expus. Outra coisa:
eu deixei aqui claro, ficou entendido e registrado [lendo na ata anterior] que 'a Dra. Alda informou
que receberam convite para essa reunião e a anterior, para participar como convidados, que
conversaram na Advocacia e entenderam que poderiam participar como membros permanentes, este
foi o consenso da AGU', aquilo que eu falei ontem na primeira fala. 'No entanto, prosseguiu, tal
decisão dependia da vontade de todos os presentes, não podem impor a presença como membro,
convidado, etc.'. Então eu quero deixar registrado que pedi, que ao final ficou decidido que a
presidência dessa Comissão formalizaria a intenção para eu colocar ao nosso Consultor Geral da
União essa intenção de estar como membro convidado ou não, e me parece que não ficou registrado
assim bem claro, aliás, ficou registrado, mas não foi feita esta formalização e decidiu-se por
consenso da plenária que ficaria como convidado permanente. Então é apenas deixar isso
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registrado, porque futuramente pode ser que o nosso ministro venha a indagar e dizer e aí ele vai
dizer 'como é que a senhora esteve na reunião e não levantou essa hipótese'. É só por essa questão,
obrigada", concluiu a Dra. Alda Carvalho. "Está registrado", frisou o presidente, afirmando que,
diante de não ter sido feita nenhuma manifestação, considerava aprovada a ata da reunião
passada, passando a palavra para o próximo inscrito. Lindomar Xocó, de Sergipe, o qual afirmou
que se sentia contemplado com a palavra de Arão, mas gostaria de passar sua preocupação para a
plenária, com a forma como os funcionários da Funai atuam hoje nas comunidades, "hoje no
Nordeste, 50% das comunidades que são divididas a irresponsabilidade é da Funai. Por que algumas
comunidades não querem seus postos nas suas comunidades? Porque o trabalho da maioria dos
funcionários, dos chefes de postos é criar grupos, e isso tem acontecido no nosso estado do Alagoas.
E a minha maior preocupação é que se mude o pensamento, a forma desse pessoal trabalhar, porque
se pode colocar uma administração em cada cidade que tiver povos indígenas que vai continuar da
mesma forma. Eu ainda gostaria de deixar a proposta, senhor presidente, de disponibilizar recursos
para que a bancada indígena pudesse trazer as suas lideranças para que se possa discutir melhor essa
proposta de reestruturação da Funai", concluiu. O próximo a fazer uso da palavra, Antonio
Potiguara, disse que gostaria de fazer algumas observações, por conta da apresentação do
presidente, apesar de que se sentia praticamente contemplado, quanto à administração regional ser
no Recife, que já teve experiência muito grande na época das superintendências, em que existia a
ditadura, quando houve centenas de motivos para que não desse certo, como a seu ver não está
dando certo até hoje, "o que se via era que apenas um dos grupos de povos era quem dominava de
fato, junto com os próprios funcionários da superintendência, na época, e pelo meu ver ver a
administração proposta hoje parece ser mais um superintendência regional, e que principalmente o
meu povo, Potiguara, e principalmente agora com a distância, que dá quase mil quilômetros para
chegar nos povos do Ceará, para se ter essa organização de fato de acordo com essa distribuição
geográfica. Eu trago também um exemplo muito forte, como os senhores também saberão disso, da
administração de João Pessoa, onde se tem uma administração participativa, quem comanda todos
os recursos é o grupo de gestão, e aí é distribuído para todas as 26 aldeias, há uma aproximação
muito boa, uma discussão muito boa com os próprios funcionários da administração. A minha
preocupação é com o seguinte: a administração de João Pessoa continua ou sai? Uma outra coisa
que também me pediram para ver com o senhor, é quanto à administração do Ceará, parece-me que
existem 12 povos indígenas reconhecidos no Ceará e apenas um núcleo, que felizmente não foi
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extinto. Então principalmente os caciques me pediram para fazer mais essa reivindicação, para que
Fortaleza fosse contemplada com essa administração. Outra coisa que eu gostaria de saber é: se vai
aumentar os postos, como vai ficar a questão do concurso público, já que vai se precisar de mais
funcionários? Era somente isso", afirmou concluindo.
A próxima a se manifestar foi Glicéria Tupinambá, da região Nordeste/Leste, a qual
fez a seguinte fala: "Eu queria colocar a questão da região do sul da Bahia, dos núcleos que
atendem: Tamaraju e Cailhéus, queria saber como vai ficar. Outra coisa, uma preocupação minha,
se nos orçamentos está previsto, que ocorreu outro dia um fato preocupante, na aldeia de Olivença,
comunidade Sapucaieira, onde fica a escola indígena Tupinambá de Olivença, tínhamos ido para a
aldeia e ficamos sabendo que havia um índio assassinado junto da escola, a pauladas, machadadas, a
3 dias seu corpo estendido, perto da escola, com um monte de crianças estudando e ele lá e nem a
Funasa queria ir lá fazer o levantamento do corpo, nem a Funai tinha carro ou combustível para tirar
ele de lá. Tiramos do nosso bolso, locamos o carro, abastecemos e fomos procurar a polícia para
buscar o corpo e até hoje não foi dado procedimento, já tem mais de 10 parentes mortos,
assassinados nessa aldeia e nada foi feito. Hoje, na aldeia Tupinambá de Serra do Padeiro, está
ocorrendo um monte de delitos, desmatamento, por invasores, vivemos, tradicionalmente, e até hoje
não saiu a demarcação na nossa terras, a Funai atende a gente muito mal, e o Incra está fazendo
assentamento dentro de nosso território, em terra reivindicada por nós, criando assentamentos e
Funai não toma posição. Na questão da saúde, desde 2004, os recursos caem no município e o
prefeito não repassa... e quero entregar documento para o presidente da Funai que é um relatório
falando sobre Educação e Saúde e que essa nova gestão tenha um maior acompanhamento do que
está acontecendo nas nossas aldeias, e acompanhe junto à Funasa os recursos, trabalhe junto com a
comunidade". A seguir foi convidado a falar Luiz Titiar, que disse que gostaria de falar sobre a
preocupação sobre a estrutura da Funai, afirmando que é preocupante pensar quem vai levar isso
para as bases, se os técnicos ou os representantes do movimento indígena, que vão ter dificuldade
para explicar para os caciques, lideranças, patrícios o que foi apresentado. Sua maior preocupação,
afirmou, é com relação aos comentários na Funai, pessoas preocupadas em perder seus cargos, o
que já estaria atingindo as bases, e que para os índios que representam a CNPI fica difícil, acusados
de estarem querendo acabar e mudar a Funai. Assim, gostaria que se discutisse mais, colhesse
proposta das comunidades indígenas, peça principal. Novamente, afirmou que causa preocupação o
fato de que diz se tratar de proposta, mas que alguns compromissos já foram assinados, por
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exemplo na questão de Pataxó e Tupinambá, assinou ata na negociação que não ia mudar a
administração, então "é questão forte que vamos ter que levar para a região". A reestruturação da
Funai preocupa a questão da fiscalização dos territórios, por exemplo a questão dos Pataxó Hã Hã
Hãe, sugerindo que mapeasse compromisso com os povos indígenas. "E eu não quero que o senhor
compre essa agenda, não faça igual ao outro presidente que passou, até saindo na mídia sobre tantas
viagens que ele fazia aos interiores em conferências nacionais e ainda levando recado para
prejudicar as comunidades indígenas, dizendo que tinha muita terra para pouco índio, isso nunca sai
da minha mente e nem das comunidades indígenas. E o senhor fazendo a mapeação, o senhor divide
por região, tira aí uns três ou quatro dias para ficar no Nordeste e assim por diante, para visitar e dar
o recado, fazer o compromisso na base, que isso vai ajudar a gente que está aqui na CNPI. Com
relação às AERs, eu vejo assim que muitas não estão precisando mudar, elas estão precisando de
estruturar o funcionamento dela na região, aquelas denúncias que os índios sempre vêm e fazem na
Funai, todas as semanas, meses, já é rotina. E a minha preocupação e gostaria que me explicasse
com mais detalhes, quando fala que vai criar as AERs regionais. Eu tenho a preocupação que o
outro presidente, Mércio, criou política que era para evitar a presença das lideranças indígenas aqui
em Brasília, até que tumultuou tanto dentro da Casa do Índio que eu vi parente derramando sangue
do outro. Eu queria uma explicação maior porque o que entendi que se criar a AER regional evita a
gente vir até Brasília que é a sede maior. Então esse é o nosso recado e essa é uma visão minha que
eu queria um esclarecimento. E a pergunta que eu faço, senhor presidente: a Funai vai bancar as
passagens para os índios irem para a Assembléia Potiguara? A outra pergunta que eu queria fazer
diante da plenária é se tem condições, nas ações do governo, criar um artigo, junto com os
ministérios, para ajudar as AERs, nossos trabalhos de base, aos membros indígenas fazer seu
trabalho de base, prestando conta das outras 4 reuniões que teve da CNPI, e contribuir com recursos
financeiros, porque a gente, o nosso trabalho na maioria aqui é voluntário na base, tem aldeia que
nem ônibus vai, temos que andar a pé, tem essa demanda toda. E nós estamos sendo cobrados e
precisamos fazer uma articulação de base; e eu vim de uma reunião agora que surgiu essa pergunta:
será que a CNPI não pode ajudar vocês nesse trabalho de base, até para o fortalecimento da CNPI e
o programa de projeto de política do governo? Porque nós aqui queremos saber dessa realidade,
passo a passo do que está acontecendo, então essas são minhas preocupações e desde já nos Pataxó
Tupinambá queremos que o senhor vá nos visitar e fazer o nosso compromisso lá na nossa região".
Antes de concluir, Luiz Titiah propôs ainda que na próxima reunião se aumentasse um dia de
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reunião de trabalho e que se cumprisse os horários, principalmente a bancada do governo, uma vez
que a seu ver quando se chega no final da reunião o plenário já está vazio. A próxima inscrita,
Pierlângela Wapichana dirigiu-se aos presentes com as seguintes palavras: "Como o tempo está
avançado, a nossa preocupação como indígena é não passar tudo de uma vez só, e a gente
encaminhando, encaminhando... Acho que devemos ter um encaminhamento mais objetivo e como
o assunto não se esgota aqui, até porque tem muitas coisas aqui que para poder explicar para as
bases tem que ser uma questão de mais tempo, para a gente estar explicando o geral de como vai ser
a Funai a partir de agora, porque tem algumas questões que mudam. A preocupação aqui – lá em
Roraima vai ficar como está – e, pelo o que foi explicado, a gente tem uma preocupação muito
grande com quem está fazendo o trabalho lá, porque a valorização das pessoas começa de cima para
baixo, quem está lá na ponta trabalhando com os indígenas é quem recebe menos e mais trabalha. A
preocupação é que essas pessoas que estão lá trabalham diretamente, vão para o enfrentamento e
são as que menos tem valorização; não sei se no plano de cargos e salários isso está contemplado, e
a gente se preocupa com essa questão, porque às vezes o funcionário não ganha bem e acontece
aquela coisa: ele vai lá com fazendeiro, com madeireiro e ganha um pouquinho mais e aí o negócio
vai para outro lado. É igual a policial, a Funai nas regionais tem a mesma questão, o mesmo
problema que a polícia – se não há valorização há cooptação. Não estou dizendo que em todos os
casos, mas sabemos que acontece, e às vezes é por isso, o profissional não é valorizado e são eles
todos os dias que enfrentam a barra junto com os índios. Isso é um pouco do que eu queria colocar,
e dizer que isso vai ser discutido um pouco mais nas próximas reuniões e até os encaminhamentos,
porque não sou eu que vai dizer 'isso se está bom ou não está', vou levar para o pessoal e eles vão
dizer, na próxima reunião eu vou trazer a resposta deles. Eu quero perguntar também como ficou a
questão da Coordenação das Mulheres dentro desta nova estrutura, porque é uma coordenação que
foi criada recentemente, e não sei onde ficou esta ação, é um preocupação nossa, principalmente
porque estamos entrando na questão das mulheres – gênero, infância e juventude, e essa articulação.
Então, onde ficaram essas ações, das mulheres, dos jovens, que está na CGE, preocupa muito
porque a questão das mulheres é um trabalho bem específico, à parte e importante, estamos
começando este trabalho, e inclusive já informando sobre o encontro que vai acontecer de 19 a 22
de novembro em Cuiabá, realizado pela subcomissão, junto com apoio das instituições, está
realizando este primeiro encontro, de jovens e mulheres, nacional, é pequeno, mas estamos
começando este trabalho via CNPI, dando continuidade ao trabalho que a Funai já está fazendo e
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queremos dar continuidade". A título de esclarecimento, o presidente informou que a ação das
mulheres vai ficar dentro da Proteção Social dos Povos Indígenas, vai continuar na PPA. Enquanto
estrutura, informou que estão mantendo a ação e as atividades das mulheres dentro da Diretoria de
Proteção Social. Retomando a palavra, Pierlângela afirmou que outra coisa que gostaria de
perguntar seria quanto a como está a situação da desintrusão das últimas pessoas de Raposa Serra
do Sol, destacando que os preocupa muito o clima na região, que é muito tenso, estão realizando
encontros nas regiões, havendo os indígenas que estão lá defendendo, relatando ainda que
assinaram a carta compromisso. "O nosso compromisso nós estamos fazendo, agora eu quero saber
do governo federal, mesmo porque está circulando pelo jornal, e aí remeto ao Ministério da Defesa,
saiu veiculado no jornal, que não está acontecendo – e nós sabemos que a equipe da Funai está toda
lá, porque acompanhamos de perto, as reuniões também – então nossa preocupação e que essa
desintrusão não saia, e novos conflitos venham a acontecer. Assinamos carta-compromisso com o
governo federal e nossa parte estamos cumprindo, apesar de algumas lideranças contrárias, e as
notícias que estão saindo é que não há entendimento entre os ministérios para que essa operação
aconteça, então eu gostaria de ter um posicionamento", finalizou. O presidente pediu então a
palavra para dar um esclarecimento sobre esse ponto, apesar de fugir um pouco do assunto, mas
considerando ser importante. Nesse sentido, informou que existe decisão do Presidente da
República e do governo de fazer a desintrusão, que será feita, mas destacando "nós não podemos,
inclusive aqui na CNPI, falar dos detalhes da desintrusão, por questão até de sigilo desse tipo de
atividade, como outras que estamos fazendo também, mas só para informar, essa desintrusão será
feita, é uma decisão do Presidente para ser cumprida, e com o compromisso assumido junto às
organizações de Roraima", informou o presidente Márcio. Jecinaldo Cabral iniciou afirmando que
primeiro gostaria de parabenizar, considerando importante que um presidente da Funai tome a
frente na discussão de reestruturação, algo para o que é preciso ter coragem, mas também
responsabilidade, pois não é questão tão simples. "Um dia, o pessoal falando que, no governo
existia, dentro da questão social, três grandes problemas para o governo, que é a Funai, Incra e
Ibama. Mas então, ao mesmo tempo em que parabenizo, isso remete para a gente não trabalhe de
forma apressada e principalmente porque essa mudança apresentada confunde muito as nossas
comunidades, se não passar como o senhor está passando aqui, discutindo, se não fizermos isso
vamos cometer erros e nós não vamos avançar na reestruturação. Outra coisa: algumas pessoas,
dentro da Funai, acham que só eles são sabidos, só eles sabem fazer a reestruturação e dizem que
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for trabalhar com as comunidades isso vai inviabilizar a reestruturação e essas coisas tem que evitar.
Eu fiquei contente quando soube de reestruturação, mas fiquei triste por estar sendo discutido de
portas fechadas, mas agora, volto a dizer, é importante que tenha vindo para a CNPI. Então eu
queria fazer as seguintes proposições de encaminhamento: qualquer decisão a respeito da
reestruturação, eu penso que deve ter o aval da CNPI; outro, é muito importante que alguém da
CNPI acompanhe um pouco essas reuniões dentro da própria Funai ou desta avaliação; e outra, a
reposta tem que ser avaliada profundamente, não emperrar o processo e também não se aprovando
de qualquer jeito. Então eu tenho duas propostas: a primeira proposta é que, como são doze regiões
e doze administrações regionais, que a gente faça uma reunião em cada uma dessas administrações
regionais, para conversar com as organizações, com as lideranças tradicionais, para também se ter a
oportunidade de passar para eles, de colher com eles e poder consensuar isso, o que daria um
suporte muito grande, tanto para a Funai quanto tranqüilizaria também as bases. Então proponho
doze seminários, não assembléias, para que tenhamos subsídios para essa questão. E a outra
proposta é que a gente venha para uma discussão específica sobre reestruturação, numa próxima
reunião, com mais subsídios, e que isso seja contemplado numa avaliação de um ano após sobe a
reestruturação, para que se tenha tempo para avaliar o que está dando certo e não está. Isso seria a
minha proposição e minha pergunta mais específica seria com relação ao Amazonas, um estado
grande do jeito que é, Barcelos e Lábrea, principalmente esse último, eram chamados núcleos, e
não consegui entender como é que fica a situação deles, no rio Negro e Purús". O último inscrito a
falar foi Ak'jabor Kayapó, solicitando ao presidente que faça uma visita a sua área, lembrando que
quando da sua posse ele foi recebido na aldeia Kokraimoro, foi no Núcleo de Apoio de Tucumã, e
como conversaram a respeito disso, as lideranças querem ouvir dele diretamente, pressionando-o,
ao que explicou que não poderia ser naquele momento, pois estavam esperando reestruturação da
Funai, que o compromisso era que quando saísse a reestruturação o núcleo de apoio seria a ADR, e
está sendo cobrado pelo compromisso, mas segurou as lideranças lá e por isso não chegaram a
Brasília ainda. Além disso, disse terem preocupação com rio Vermelho, Moicaracô, entre outras
áreas, que não foram reconhecidas pela Funai, não têm posto certo e esse pessoal também está
cobrando, ao que tem explicado que vai ser criada a aldeia, só teriam que esperar a reestruturação.
Quer saber ainda que dia vai sair o concurso público, perguntando se seus parentes poderiam
participar também, que como os outros parentes fica preocupado com as bases, vão levar as
informações para discutir lá. Por isso reforçava o pedido para que fosse à aldeia explicar tudo, o
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mais rápido possível, explicando que já pensou até em entregar o cargo, já está cansado de viagens
e problemas e se continuar assim vai até sair da Comissão, pois já vem sofrendo muito com tantas
cobranças e responsabilidades. Então essa é a pergunta, que fale que dia vai ser a reunião na aldeia
Moicaracô, que desde a primeira reunião está pedindo que vá lá, mas até hoje estão aguardando sem
resposta, agradece por ter mostrado a reestruturação, para discutir na base e acabar com todas as
fofocas sobre esse assunto.
Tendo-se chegado ao fim dos comentários, o presidente informou que, antes de
passar às respostas, era preciso lembrar que convidaram a representante da ministra Matilde
Ribeiro, que acompanhara a reunião desde o início, e gostaria que ela pudesse fazer uma saudação
aos presentes. A propósito, informou ainda que, a pedido da ministra, dali em diante a Secretaria
Especial estaria participando da Comissão no papel de convidada, tendo em vista o interesse do
ministério em acompanhar e apoiar a Comissão, em seguida passando a palavra para a representante
da Seppir. Ivonete Carvalho afirmou primeiramente que – como militante, antes de iniciar sua
atuação no governo, onde ingressou recentemente – os dias de reunião foram uma grande aula,
porque a militância, a caminhada lhes traz experiência com comunidades quilombola no Rio Grande
do Sul, um dos motivos pelos quais estão desenvolvendo política prioritária dentro da Secretaria, o
eixo Quilombos, que é um dos focos centrais da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, ressaltando que a Secretaria não está descompromissada com as demais
comunidades tradicionais. Então, prosseguiu, gostaria de deixar saudação a respeito da importância
de poderem participar das reuniões e vivenciar, com a bancada indígena, a pluralidade, garra e ter a
dimensão da importância da Comissão. Saudou o presidente Márcio pela gentileza de os ter
convidado, explicando que a ministra só não esteve acompanhando a agenda por conta de uma
solicitação do Presidente, que naquele dia lançou a Agenda Social para a Criança e o Adolescente,
envolvendo uma série de agendas, mas registrando a saudação da ministra a todos os membros da
Comissão; registrou a presença também de Danilo, que trabalha na Sub-secretaria de Comunidades
Tradicionais. Ivonete disse que gostaria de registrar, ainda, a importância de terem na mesa duas
grandes guerreiras que, além de serem aliadas dos povos indígenas, também são aliadas do povo
quilombola, a Dra. Deborah Duprat e Dra. Alda Carvalho, afirmando que não é diferente, pois
participando da reunião sentiu-se em uma reunião dos quilombolas e percebeu que os problemas as
dificuldades são semelhantes. Destacando ainda que a máquina chamada Estado, governo, nunca foi
pensada para a diversidade que caracteriza a população brasileira, para assimilar as demandas das
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populações indígenas, ciganos, quilombolas, negros e negras urbanos, pescadores e todos os outros
povos tradicionais. Portanto, prosseguiu, vê como um grande avanço a existência de uma comissão
como essa, assim como ver a forma como Márcio, na qualidade de presidente da Funai e da
Comissão, conduz os trabalhos, com muita humildade, solidariedade, ouvindo e submetendo as
questões à representação indígena, a seu ver já dá um exemplo de como de fato está havendo uma
grande mudança na estrutura da Funai, o que representa um momento histórico. A representante da
Seppir registrou ainda o brilhantismo das mulheres indígenas na Comissão, que embora poucas em
termos numéricos são grandes em termos de qualidade, intervenção, qualificação. Afirmou ainda
sua imensa satisfação de ter participado durante os dois dias de reunião, que a pedido da ministra
informava que no planejamento 2008 - 2011 também contemplaria políticas para comunidades
indígenas e que seria discutido na Comissão, afirmando que estaria sugerindo isso e levando todos
os encaminhamentos da CNPI para que em reuniões futuras possam ter um momento para
apresentar proposta de planejamento, que políticas a Seppir tem e discuti-las com os membros da
Comissão. Informou que deixaram cópia do Relatório de Gestão da Secretaria 2003 - 2004, e que
por sua estrutura avaliam que avançaram, mas precisam caminhar muito mais, ressaltando que a
responsabilidade, no governo Lula, de gerenciar a política indigenista, está com a Funai e a Seppir é
parceira, acha que o órgão precisa ser fortalecido, reestruturado, mas consultando-se e dialogando-
se com as bases indígenas, e de fato é o órgão legítimo para fazer a interlocução e articulação da
política no âmbito do governo, os demais ministérios tendo de atuar como parceiros nessa
caminhada. Entendem que a Funai, por ser um órgão articulador das políticas, tem muitos desafios
pela frente, um processo de convencimento, o que não é fácil de fazer numa estrutura que nunca
pensou em incluir os diferentes, e portanto se trata de um processo no qual há toda uma caminhada
pela frente, dispondo-se de todos os elementos para tal. Para finalizar, disse que gostaria de dar
ênfase à importância de que a Comissão indique um representante indígena para fazer parte do
Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, o qual tem representatividade de todos os
povos historicamente discriminados no país, está sendo cada vez estruturado, tem voz e voto e
portanto é importante que tenham assento, que levem em consideração a cadeira que o Conselho
está disponibilizando. Despedindo-se, desejou axé para todas e força em sua luta.
O presidente agradeceu pelas palavras da representante da Seppir, afirmando que
esta deve se sentir à vontade para participar na Comissão, assim como a ministra Matilde,
ressaltando que serão sempre muito bem recebidas. A seguir, Pierlângela pediu espaço para fazer
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um convite à Secretaria, por parte da subcomissão de Gênero, Infância e Juventude, no âmbito da
qual estão tentando articular participações e estreitar a ligação com outros órgãos, e, oportunamente,
aproveitava para estender o convite para que a Seppir participe do encontro de jovens e mulheres
indígenas que estará sendo realizado em Cuiabá. Ressaltando a importância de estreitar a relação
com este órgão, informou que Léia Vale, que integra a Secretaria Executiva da CNPI, está na
organização do evento, por ser a coordenadora institucional da ação de mulheres indígenas na
Funai, convidando Ivonete a participar da organização e do debate no decorrer do Encontro, e
depois, nesse estreitamento de relação no que se refere aos temas abordados pela subcomissão.
O presidente a seguir disse que tentaria responder aos questionamentos da bancada
indígena, iniciando pelo que havia sido dito por Ak'jabor Kayapó, a respeito do que afirmou que
assumia com ele o compromisso de que, antes da próxima reunião da Comissão, fariam reunião em
sua aldeia, para conversar com os caciques sobre a proposta de reestruturação, que julgava
importante, independente da proposta de Jecinaldo, que seja feita reunião específica, por se tratar de
"especificidade dentro da especificidade", para que possam explicar melhor. "É disso que a
companheira Ivonete está falando", afirmou o presidente, "essa reestruturação é um movimento que
nós estamos fazendo no sentido de mudança nessa máquina que é o Estado brasileiro, que não foi
feita para trabalhar para os povos indígenas, foi feita para os brancos, como disse Lembo, o Estado
brasileiro foi feito para a elite branca, não para negros, indígenas etc. Então a reestruturação está
nesse contexto, e por isso é tão difícil fazer essa mudança. Então, Ak'jabor, primeiro é preciso
esclarecer que, como falei com os caciques Kayapó, nós não vamos acabar com a administração de
Redenção, que era a preocupação deles; não vamos acabar com a de Altamira, Colíder, essas
administrações vão continuar, queremos melhorar e reforçá-las, mas faço questão de poder ir lá e
explicar isso, esclarecer melhor. A proposta que eu trouxe hoje foi debatida dentro da Funai ao
longo desses últimos meses, foi discutida com o Ministério do Planejamento, para poder trazer para
a Comissão e para o corpo institucional da Funai na semana que vem, justamente para promover
esse debate. Eu concordo com o Jecinaldo, a nossa idéia é justamente essa, trouxemos para a
Comissão justamente com essa intenção, e eu aceito, acato a proposta, que era exatamente o que
tínhamos pensado, no sentido de que a CNPI seja uma instância de aprovação dessa reestruturação,
porque isso dá legitimidade inclusive para que a Funai realize, junto com o Ministério do
Planejamento, essa reestruturação. Eu só solicito que se faça essa aprovação o mais rápido possível,
ou na próxima reunião ou na primeira reunião da CNPI no ano que vem, no máximo, porque senão
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perdemos o tempo necessário para o início dos trabalhos, com o PPA que já está aí novo, ano que
vem etc. Então concordo com isso e concordo também que a própria Comissão, talvez uma das
subcomissões, possa acompanhar de perto na Funai os debates sobre a reestruturação; e aceito
também a proposta de que se faça uma reunião para cada uma dessas 12 áreas geográficas, para que
se possa fazer essa explicação. E gostaria de propor inclusive que a assembléia para a qual o
Caboquinho está convidando, que vai acontecer justamente em uma das regiões, que a gente possa
aproveitar para que seja uma primeira explicação. Para isso temos que construir essa agenda, no que
resta do mês de outubro, até o final do ano, porque não é uma agenda fácil, tem que se fazer a
reestruturação, mas ao mesmo tempo há todas as atividades normais da Funai, as reuniões todas,
não é agenda fácil, mas concordo que nós temos que fazer essas reuniões. E quero dizer que vocês
voltem para as bases com a tranqüilidade de dizer claramente que a apresentação feita pelo
presidente da Funai, na reunião da CNPI, foi planejada no sentido de que fosse apresentada hoje,
para iniciar um processo de discussão nas bases com vocês, na perspectiva inclusive, com os
instrumentos que apresentamos para vocês levarem do PPA, orçamento, das medidas e diretrizes
políticas que estamos orientando, para que possamos fazer uma mudança na estrutura da Funai que
seja realmente eficaz e responda aos interesses dos povos indígenas. Certamente nós vamos com
isso ter um resultado muito mais forte do ponto de vista da aprovação dessa reestruturação, de
legitimação dela, e ao mesmo tempo com a co-responsabilidade, que recai não só sobre o governo,
mas também todas as comunidades e lideranças indígenas, porque vamos ter uma reestruturação que
será um passo importante de uma mudança, evolução no conceito, concepção de uma política
indigenista de respeito para com os movimentos e organizações indígenas do Brasil. Então é essa a
mensagem que eu queria colocar, e nesse sentido, acato a proposta que entendo como consenso da
bancada indígena, além das questões pontuais que foram levantadas, que vai haver tempo para fazer
os esclarecimentos, que é a proposta de Jecinaldo. Então, não sei até se há quorum nesse momento
da reunião para se aprovar essa proposta, quero dizer que, diante dos membros que ainda estão
presentes, como presidente da Comissão e como presidente da Funai, acato a realização, daqui para
a frente, desses procedimentos de escuta. E precisamos então combinar – vou pedir para o meu
Gabinete para, junto com as administrações regionais, organizar essas visitas e reuniões para se
fazer o debate, inclusive essa reunião na aldeia do Ak'jabor. Esclarecendo pergunta que foi feita
fora do microfone, explicou que, quando se for fazer a reunião nas regiões, os membros da CNPI
em cada uma das regiões coordenará junto com a Funai o debate, a discussão, como representante
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da Comissão, para poder respaldá-la e fazer discussão aprofundada sobre o tema. É claro, só
fazendo um parênteses, foi comentado em várias falas, que existem funcionários da Funai que
muitas vezes fazem comentários, afirmando opiniões acerca da reestruturação. E quero dizer para
vocês o seguinte: é absolutamente legítimo, livre a opinião dos funcionários a respeito da
reestruturação, isso faz parte da nossa liberdade de expressão garantida constitucionalmente. Agora,
o que quero combinar com os membros da Comissão é que a posição oficial sobre reestruturação da
Funai é esta que foi apresentada hoje por mim, pela nossa equipe, que é fruto de uma discussão de
governo. E daqui para frente teremos esses debates, com a posição oficial que foi apresentada aqui
hoje; para isso estaremos realizando, semana que vem, reunião com mais de 200 funcionários, de
todas as regiões do Brasil, para explicar para os funcionários qual é a posição oficial da direção da
Funai, do governo sobre a reestruturação, inclusive o encaminhamentos de discussão e debate nas
regiões. Este é o esclarecimento que eu gostaria de dar para os membros da discussão", concluiu o
presidente. Com relação a um comentário feito por Caboquinho fora do microfone, e portanto
inaudível, o presidente esclareceu que, quanto às administrações regionais, esse é um debate que
será aprofundado nas regiões; quanto a outros encaminhamentos anteriores, considera como
aprovados. Quanto à definição de nomes, entendeu pelos encaminhamentos discutidos e aprovados,
que a Comissão indicará os nomes que combinaram, sendo que no caso da conferência de saúde
devem ser escolhidos 4 nomes ainda neste dia, pela bancada indígena; os outros nomes, que não
têm exigência de serem escolhidos nesse mesmo dia, considera que a bancada indígena pode
escolher e enviar para a Funai – os 5 nomes para o GEF indígena, um de cada região, para o
Conselho da Seppir, que são dois, somente isso, pois para o detalhamento do PAC e Agenda Social
ficou remetido para as subcomissões. Com relação à Conferência Nacional de Saúde,
Edgard/Funasa, explicou que estão tratando de 4 convidados, porque os delegados estão sendo
eleitos paritariamente, 50% de usuários, que tem vagas para indígenas, nos sindicatos e entre os
prestadores de serviços, em que também entram os que forem eleitos nessas instâncias, no caso da
CNPI devendo ser eleitos 4 representantes, sobre os quais afirmou não saber se deveria
obrigatoriamente ser observada a paridade, uma vez que já foi respeitada na escolha dos delegados.
Luiz Titiar , a seguir, pediu para que na Conferência de Saúde não aconteça o que houve na
anterior, podando-se as lideranças que participaram nas regionais, por terem feito cobranças aos
chefes de DSEIs que poderiam chegar à mídia. Edgard explicou que, assim como a anterior, a
presente conferência estava sendo organizada pelo Conselho Nacional de Saúde, com 6 mil pessoas
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participando, para a qual todos foram cadastrados como delegados. O presidente a seguir propôs
que se desse encaminhamento à escolha dos 4 representantes, mas Titiar antes pediu para se
registrar que as lideranças Pataxó Hã Hã Hãe encontravam-se na cidade, com um documento, que
contava com a assinatura dos membros indígenas da CNPI, em repúdio ao PAC, tendo em vista a
proposta de construção de uma barragem que segundo informou atravessaria a terra indígena,
inundando mais de 100 hectares de terra Pataxó. Pediu que fosse registrada a entrega do documento,
ao presidente e Ministério Público, informando ainda que naquele momento estava acontecendo
discussão no estado, o que é preocupante para esse povo. A Dra. Deborah Duprat neste ponto
disse que havia se levantado a questão sobre Paranatinga, perguntando se haveria alguém para
provocar a questão, informar e cobrar uma posição do presidente da Funai, quando então Francisca
Pareci afirmou que poderia falar sobre a questão, já que tem acompanhado a discussão, ao que a
Dra. Deborah perguntou como está a obra, se já acabou, com Francisca respondendo que já está
bastante adiantada, apesar das tentativas de impedir sua construção; que estão tendo muitas
dificuldades em razão de o governador ser um grande aliado do Presidente Lula, aliança que causou
problemas, afirmando ainda “quando eu coloco os problemas do estado do Mato Grosso é porque o
próprio governo lá está inviabilizando qualquer mobilização nossa; põe a própria bancada da
Câmara e do Senado a favor da questões, tornando difícil a discussão na CNPI”. A Dra. Deborah
explicou então que haviam lhe pedido informações sobre a situação, informando que juridicamente
o MP obteve vitória em Mato Grosso, primeiro uma liminar, depois ganhou a ação e aí entraram
com agravo no tribunal em Brasília, obtendo efeito suspensivo, diante do que o MP entrou com
recurso contra a decisão, o qual ainda não foi julgado. A propósito, a Dra. disse que gostaria de
tratar de um componente administrativo, afirmando que à época que Mércio era presidente houve
uma reunião na Funai em que ficou decidido um ajuste entre Funai e Ibama, segundo o qual este
último assumiria que seria o órgão a licenciar o empreendimento, os estudos não eram válidos e a
Funai iria apresentar um termo de referência; portanto estava tudo nulo e nem a ação judicial faria
sentido. Diante disso, solicitou ao presidente que informe em que pé está essa questão atualmente,
se o compromisso foi mantido, pois judicialmente estão conseguindo dar continuidade à obra;
Francisca reforçou a proposta e disse que o presidente poderia aproveitar para informar como está a
questão do estudo sobre as bacias hidrográficas, a minuta que pelo que entendeu está vindo da
Funai. O presidente afirmou que já dera informação sobre isso durante a reunião e que a minuta
que chegou à reunião não chegou formalmente na Funai, tendo inclusive ficado mal compreendido,
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devido ao fato de que há uma equipe no órgão se reunindo para discutir o estabelecimento de
procedimentos para ingressos em terras indígenas para a realização de estudos, mas não tem nada a
ver com a portaria, trata de qualquer ingresso. Com relação a Paranatinga explicou que, logo que
chegou à Funai, a primeira viagem que fez foi para Kayapó, a segunda para Xavante, onde tomou
conhecimento pela primeira vez da hidrelétrica Paranatinga, quando os próprios índios informaram
que a obra estava pronta, concluída, não havendo condições portanto de questionar a inviabilidade
do empreendimento. A discussão na aldeia girou em torno do fato de que, como a obra estava
pronta, informou Márcio, ao que no fundo a Dra. Déborah e Francisca Pareci falavam paralelamente
a ele, afirmando que este nem sequer sabia da história toda; com o que o presidente concordou,
destacando que a única informação à qual teve acesso sobre o assunto desde que chegou foi aquela
recebida na aldeia Xavante, onde pediram apoio no sentido de que a empresa responsável pela
construção da hidrelétrica viabilizasse indenizações e mitigações devido aos impactos gerados. “De
lá para cá, não tenho conhecimento, mas preciso efetivamente ter, as informações precisam chegar
até mim, e não tenho nenhum conhecimento sobre acordos anteriores e portanto não tenho como
emitir algum juízo sobre o tema”. Pierlângela Wapichana, a seguir, afirmou que, como questão de
encaminhamento, seria necessário levar em conta que a vã que deveria levar a delegação indígena já
estava esperando; que da bancada governamental apenas Suzana, do MEC, e Edgard, da Funasa,
ainda estavam presentes, e não havia sido feito o encaminhamento das subcomissões, da pauta, a
indicação dos nomes a que se referiram antes. Assim, prosseguiu, considerava a situação muito
preocupante, restando muitas questões pendências e portanto sendo preciso encaminhar alguma
coisa. Concordando com Pierlângela, o presidente afirmou que mais uma vez foram prejudicados
pelo tempo, que a pauta da Comissão é muito extensa, seu debate leva tempo, mas que, com relação
aos encaminhamentos das subcomissões, propõe que os documentos elaborados circulem entre os
membros da CNPI para que na próxima reunião dêem encaminhamento, a não ser que haja alguma
questão que deva ser encaminhada antes da reunião seguinte e neste caso as subcomissões deverão
adotar as medidas necessárias desde a presente data. O presidente afirmou ainda que gostaria de
resgatar a proposta de um dos membros, não se lembra se foi Arão, sobre a qual se comprometeu a
conversar com a Secretaria Executiva, para decidir sobre a viabilidade, no sentido de que a última
reunião da Comissão no ano de 2007 tenha duração de 3 dias, o que já adiantou não ser fácil, uma
vez que a bancada governamental tem expediente em Brasília normal, tem agenda pesada no dia-a-
dia e portanto é muito difícil disporem de mais um dia, além dos dois que já dedicam à Comissão.
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Mas se comprometeu a discutir o assunto e tentar viabilizar, para que se possa ter tempo de esgotar
todas as pendências na reunião de dezembro. Nesse sentido, Marcos Xucuru sugeriu que se fizesse a
alternância de titulares e suplentes, os quais poderiam participar na reunião nos momentos em que
os titulares não pudessem estar presentes; o presidente afirmou ser este um ponto que se pode
considerar no debate, afirmando que iria conversar com os representantes governamentais e com a
Secretaria Executiva a fim de ver se a proposta é viável. Como encaminhamento final, a bancada
indígena discutiu os nomes de representantes a participar da Conferência de Saúde; com relação aos
nomes para o GEF Indígena, Jecinaldo sugeriu que fossem mantidos os mesmos nomes que já vêm
acompanhando a discussão ao longo dos últimos anos, e, tendo sido aceita a proposta, entregou uma
relação com os referidos nomes. Diante do avançado da hora e da necessidade por parte de alguns
indígenas de seguirem para o aeroporto a fim de retornarem a suas cidades de origem, a 3ª Reunião
Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista foi encerrada pelo presidente, que lhes
desejou uma boa viagem, com votos de rever a todos na próxima reunião.
Assim, aproximadamente às 20:30, foi encerrada a 3ª Reunião Ordinária da
Comissão Nacional de Política Indigenista, da qual eu, Karla Bento de Carvalho – Assistente
Técnico da Fundação Nacional do Índio e integrante da Secretaria Executiva da CNPI, lavrei a
presente ata, que segue assinada por mim e por seu presidente.
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