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Prefeitura do Município de São Paulo Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente - SVMA Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - CADES 1 ATA DA 32ª REUNIÃO PLENÁRIA EXTRAORDINÁRIA Aos 15/05/2013, sob a presidência do Coordenador Geral do CADES, Sr. Luis Eduardo Peres Damasceno, realizou-se a 32ª Reunião Plenária Extraordinária do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - CADES, convocada com a seguinte Pauta: Expediente: 1. Posse do senhor Luiz Fernando Romano Devico, como conselheiro titular, representante do Departamento de Controle da Qualidade Ambiental da SVMA. 2. Posse do senhor José Eduardo Rodrigues Silva, como conselheiro suplente, representante do Departamento de Parques e Áreas Verdes de SVMA. | Ordem do dia: 1. Exposição sobre a Revisão Participativa do Plano Diretor Estratégico, pelo Sr. Anderson Kazuo Nakano, representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

ATA DA 32ª REUNIÃO PLENÁRIA EXTRAORDINÁRIA · Exposição sobre a Revisão Participativa do Plano Diretor Estratégico, pelo Sr. Anderson Kazuo Nakano, representante da Secretaria

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AATTAA DDAA 3322ªª RREEUUNNIIÃÃOO PPLLEENNÁÁRRIIAA EEXXTTRRAAOORRDDIINNÁÁRRIIAA

Aos 15/05/2013, sob a presidência do Coordenador Geral do CADES, Sr. Luis

Eduardo Peres Damasceno, realizou-se a 32ª Reunião Plenária Extraordinária do

Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - CADES,

convocada com a seguinte Pauta:

Expediente:

1. Posse do senhor Luiz Fernando Romano Devico, como conselheiro titular, representante do Departamento de Controle da Qualidade Ambiental da SVMA.

2. Posse do senhor José Eduardo Rodrigues Silva, como conselheiro suplente, representante do Departamento de Parques e Áreas Verdes de SVMA.

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Ordem do dia:

1. Exposição sobre a Revisão Participativa do Plano Diretor Estratégico, pelo Sr. Anderson Kazuo Nakano, representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

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Secretário Adjunto Manuel Vitor: Já temos quórum. Bom dia a todos. Vamos dar início, então, à 32ª Reunião Plenária Extraordinária, nesse dia 15/05/2013, quarta-feira, às 9h00. Bom dia a todos os senhores. Agradecendo a presença e agradecendo especialmente a presença do nobre vereador Gilberto Natalini, que retorna aqui, ao convívio do CADES. Vamos dar início. Manoel Vitor de Azevedo Neto, Secretário Adjunto, eu estou iniciando. O Secretário teve uma convocação na Câmara, deverá chegar até o término da reunião. Eu vou passar então, para o Damasceno, para o início da nossa pauta dessa reunião extraordinária.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Bom dia a todos. Daremos início à pauta. Primeiro item do expediente é a posse do senhor Luiz Fernando Romano Devico, como conselheiro titular, representante do Departamento de Controle de Qualidade Ambiental da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. A posse do senhor José Eduardo Rodrigues Silva, como Conselheiro suplente, representante do Departamento de Parques e Áreas Verdes da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. De pé, por gentileza. Vamos sentar à mesa. José Eduardo, e Luiz Fernando Devico está à esquerda. A posse do senhor Sérgio Krishana. Se eu errei na pronúncia, desculpe. Krishana Rodrigues, como Conselheiro titular, e a senhora Rosângela Veríssimo da Costa Sartorelli, como Conselheira suplente, representante da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, da SIURB. Passamos a quem eu peço uma salva de palmas, aos empossados. Ordem do dia: exposição sobre a revisão participativa do Plano Diretor Estratégico, pelo senhor Anderson Kazuo Nakano, representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. Por gentileza, o microfone para o...

Anderson Kazuo Nakano: Posso começar? Bom dia a todos e a todas. Quero agradecer a oportunidade que o CADES Municipal tem propiciado, abrindo esse espaço nas suas reuniões, para a gente trazer essa discussão sobre o Plano Diretor Estratégico do município de São Paulo. Na verdade, uma discussão sobre a revisão do Plano Diretor aqui do nosso município, que está em andamento. Já estão sendo feitas uma série de discussões públicas, já estão sendo feitos os estudos, enfim. Então a gente está em um processo de trabalho e essa discussão, essa atividade, eu entendo como parte desse processo participativo de revisão do Plano Diretor, porque há uma ideia da gente fazer esse tipo de atividade, também, com outros canais. De participação com outros Conselhos, que têm outros atores sociais, que têm outros grupos. Então, a gente quer, de fato, ampliar esse processo de interlocução, de discussão com outros canais institucionalizados de participação da sociedade, que têm a ver, diretamente, com esse trabalho de revisão do Plano Diretor. Que é um tema que acaba tendo uma série de intersecções, uma série de ligações com a atuação de vários Conselhos Gestores, aqui da nossa cidade. Então, só para a gente ter uma visão geral do processo de trabalho, a revisão do Plano Diretor, ela é uma parte de um processo maior de trabalho que está sendo desenvolvido na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. Esse processo maior é o processo de revisão dos instrumentos de planejamento e gestão urbana do município, instituídos por meio de leis, principalmente, leis municipais. Nós dividimos esse processo maior de trabalho, em três grandes etapas: a primeira grande etapa, que já está em curso, já está acontecendo, é a revisão do Plano Diretor Estratégico, instituído pela lei 13.430/2002. Então, essa primeira etapa a gente já iniciou. E pretendemos concluí-la até setembro. A gente vai ver no cronograma seguinte, até setembro de 2013. Concluir a fase de elaboração da minuta do Projeto de Lei no âmbito do poder executivo, para se iniciar o processo no âmbito do poder legislativo. Então, na verdade, esse processo até 2013, até setembro de 2013, é um processo que se restringe a esse processo que nós estamos desenvolvendo no âmbito do poder executivo, que terá continuidade no legislativo então. Na segunda etapa, que está programada para iniciar também no segundo semestre de 2013, consiste na revisão dos planos regionais estratégicos das subprefeituras, e da lei de parcelamento, uso e ocupação dos solos, instituídos pela lei 13.885/2004. Essa segunda etapa, ela vai se desenvolver ao longo de 2014. A previsão é que adentre 2014 e avance até o segundo semestre. A gente não fique revisando até o final do ano de 2014. A gente pretende usar a segunda parte do segundo semestre de

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2014 para desenvolver a terceira etapa de trabalho, que é a revisão do código de obras, e da legislação específica, que regulamenta alguns instrumentos de política urbana. Então, esses instrumentos, eles estabelecem regras, estabelecem critérios, estabelecem parâmetros de utilização, ocupação dos espaços urbanos da cidade, estabelecem uma série de direitos para os proprietários de imóveis, para os agentes produtores do espaço urbano na cidade, mas também estabelece uma série de obrigações, como a gente vai ver daqui a pouco. Então, esse conjunto de legislações, no Plano Diretor, você tem um conjunto de legislações, de regras, aliás, um conjunto de regras, um conjunto de critérios, de parâmetros urbanísticos, e de parâmetros para aplicação dos instrumentos de política urbana, que abrangem o município como um todo. O Plano Diretor, ele é o instrumento básico da política urbana no Brasil, definido constitucionalmente, reiterado no Estatuto da Cidade, que é a lei federal que trata da política urbana brasileira. Então, o Plano Diretor, ele é o instrumento de planejamento do território do município como um todo, e incide nos elementos estruturais e estruturantes da cidade. Agora, os planos regionais e a lei de parcelamento e uso e ocupação do solo, eles detalham esses aspectos do uso e da ocupação do solo do Plano Diretor. O Código de Obras trabalha mais com regras de edificação e de ocupação do terreno, do lote, por novas edificações. E as legislações específicas incidem em alguns instrumentos de política urbana mais específicos, que se aplicam em alguns trechos da cidade, como por exemplo, as operações urbanas consorciadas, os instrumentos de aproveitamento de imóveis ociosos, imóveis vazios. Então, a ideia é que a gente discuta o planejamento e a gestão da nossa cidade, não só agora, em 2013, mas isso é um processo de trabalho e de discussão pública e é um processo participativo que adentra 2014 e 2015. É importante ter essa visão de que esse processo participativo, para se discutir o planejamento e a gestão urbana, vai se desenvolver ao longo desses três anos. Então, nós vamos querer estar discutindo o planejamento da nossa cidade durante todo esse período, trazendo novos instrumentos, novas regras, novas bases jurídicas para esse planejamento acontecer nos próximos anos aqui no município de São Paulo. Tratando da primeira etapa, da revisão participativa do Plano Diretor Estratégico, aqui a gente tem um cronograma só daquela primeira etapa, que vai se desenvolver nesse ano de 2013 e adentra, um pouco, o segundo semestre deste ano de 2013. Então, nós temos quatro grandes etapas de trabalho, para essa revisão participativa do Plano Diretor. A primeira grande etapa é a avaliação temática participativa do Plano Diretor. Ela é participativa, porque ela se deu com atividades públicas. Com discussões públicas. A gente iniciou essa etapa no dia 27 de abril, realizamos uma série de discussões públicas, em torno de vários temas, vários componentes do Plano Diretor. Eu vou trazer alguns resultados dessa avaliação, aqui para a gente poder discutir, analisar. Essa primeira etapa, ela foi interessantíssima, porque nós nos debruçamos sobre a implementação do Plano Diretor de 2002. Os vários componentes do Plano Diretor de 2002, o modelo de regulação do uso e ocupação do solo desse Plano Diretor. Nós nos debruçamos sobre esse modelo presente no Plano Diretor de 2002, e discutimos, problematizamos, avaliamos a validade dele diante da realidade da cidade, as questões dos empreendimentos imobiliários, grandes empreendimentos de impacto, instalando na nossa cidade. A gente avaliou, discutiu a validade desse modelo. Chegamos à conclusão que o modelo de regulação de uso e ocupação do solo presente no Plano Diretor de 2002, ele continua válido. Mas ele precisa ter uma melhor operacionalidade para regular, planejar os empreendimentos imobiliários para regular e planejar os grandes empreendimentos de impacto, que se instalam na nossa cidade. A gente, nessa primeira etapa, avaliou os componentes habitacionais, fizemos uma avaliação minuciosa das zonas especiais de interesse social, das quatro categorias das zonas especiais de interesse social. A gente fez vistorias em todos os quase mil perímetros de zonas especiais de interesse social. A gente vistoriou uma por uma, para saber que ação que foi feita, que investimento que foi feito, que empreendimento que foi construído nessas zonas especiais de interesse social, empreendimentos públicos, empreendimentos privados. Então, fizemos essa vistoria, para verificar o desempenho dessas quatro categorias de zonas especiais de interesse social. Não foi a farra do boi, a gente não perdeu o controle total dessas zonas especiais de interesse social. Teve ações de urbanização de favelas, teve ações de regularização fundiária mínima. A conclusão a que a gente chega, é que as zonas especiais de

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interesse social previstas no Plano Diretor, não orientaram a política habitacional do município, nos últimos 10 anos. Então, ela teve um desempenho muito frágil, muito insuficiente. Elas não foram capturadas pelo mercado imobiliário. Tiveram algumas zonas especiais de interesse social em áreas vazias, que foram utilizadas para implantar empreendimentos de médio e alto padrão, mas isso foi uma quantidade muito pequena, três perímetros, três áreas tiveram esse problema, mas isso pode estar relacionado com direito de protocolo, etc. Na ZEIS 3, que são as áreas marcadas do Centro, com edifícios ociosos, teve alguns empreendimentos de médio e alto padrão, que também pode estar relacionado com direito de protocolo. A gente pode explicar melhor, discutir melhor depois desse instrumento, mas que não foi uma coisa generalizada. Então, essa avaliação dos componentes habitacionais também foi muito rica, muito interessante. Na atividade pública, tivemos, lá, 500 pessoas discutindo esse tema, trazendo propostas. A gente avaliou também, os componentes ambientais do Plano Diretor de 2002, com participação significativa, ali, da sociedade. Dos vários componentes... Eu vou trazer uma parte dessa avaliação desses componentes ambientais do Plano Diretor de 2002 aqui, para essa reunião. A gente avaliou as questões da mobilidade urbana, avaliamos vários instrumentos de política urbana instituídos pelo Plano Diretor de 2002, avaliamos o desempenho dele, do ponto de vista financeiro, do ponto de vista urbanístico, avaliamos os investimentos. Eu vou trazer também, aqui, algumas realizações de investimentos que estavam previstas no Plano Diretor de 2002, e colocamos isso em discussão no sábado passado. Enfim, então essa etapa, nós já cumprimos. Com essa primeira etapa da avaliação temática participativa, com um balanço positivo, assim, do debate, das discussões, usamos metodologias diferentes de oficinas, de audiências públicas e plenárias, para testar novos formatos, novos métodos participativos, que rompem com o formato tradicional de audiência pública, para que a gente consiga ter mais espaço para os participantes poderem se manifestar, se colocar, colocar suas contribuições, colocar suas propostas em atividades de grupos, grupos moderados por coordenadores, utilizando a metodologia de cartelas, com moderação. Então, a gente quer aprofundar, nessa segunda etapa, ainda mais, essa metodologia, que inova esse processo de levantamento de propostas e contribuições, junto à sociedade civil. Essa primeira etapa se concluiu avaliando, discutindo os vários componentes do Plano Diretor de 2002, mas ela vai se concluir verdadeiramente, naquele terceiro item, que é a Conferência Municipal da Cidade de São Paulo. Está programada para acontecer no dia 31 de maio e 1º de junho, e a gente quer discutir um dos últimos componentes do Plano Diretor de 2002, na Conferência, que são os instrumentos de gestão e de planejamento, de participação social. O Plano Diretor de 2002 instituiu o Conselho Municipal de Política Urbana, instituiu instrumentos de participação, como audiência pública, assembleias territoriais, projetos, programas, planos de iniciativa popular, e instituiu uma série de canais de participação, mais a Conferência da Cidade e tudo o mais, que precisa melhorar. A gente tem como aperfeiçoar, tem como ampliar o alcance participativo desses instrumentos. Então a gente quer aproveitar um espaço na Conferência Municipal de São Paulo para colocar isso em discussão. Então, com isso, a gente conclui essa primeira etapa da avaliação temática participativa, para entrar na segunda etapa, que começa no dia 8 de junho. São oficinas públicas para levantamento das propostas de contribuições que vão ser realizadas nas 31 subprefeituras, usando essas metodologias que permitam ali, um levantamento, no máximo possível dessas propostas e contribuições dos participantes, dos moradores desses territórios das subprefeituras em vários pontos do município de São Paulo. Esse conjunto de atividades está sendo acompanhado por um canal digital que a gente já colocou em operação, e que a partir de junho, ele abre mais um módulo, que é um módulo para o cidadão enviar contribuições. Enviar suas propostas, enviar os seus documentos, também. Então a gente tem, como canal para recepcionar essas propostas e contribuições, essas atividades presenciais, essas oficinas, e, em paralelo, esse canal digital, que é um canal que a gente está usando também, para disponibilizar todos os materiais, disponibilizar todos os PowerPoints, documentos, leis, para que as pessoas possam estar se apropriando desses conteúdos também. Então, a partir dessa massa de conteúdos, de propostas, de contribuições da sociedade, a gente tem que ter uma metodologia muito clara de sistematização disso tudo, que é o processo na terceira etapa. Está previsto

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ali, como terceira etapa, mas na verdade, isso já começou, porque na primeira etapa, nas atividades públicas, a gente já recebeu um conjunto grande de propostas e de contribuições. Então, isso já está sendo sistematizado, definindo o que vai ser incluído no Plano Diretor, o que vai para os Planos Regionais Estratégicos, o que vai para a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, o que vai para o Código de Obras, o que vai ser encaminhado para políticas setoriais. Então essa sistematização, ela é importante, não só para a gente definir como nós vamos incorporar essas propostas no novo Plano Diretor do município, mas também para fazer a quarta etapa, que é a devolutiva. A gente tem que explicar para a sociedade, como que essas propostas foram incluídas na minuta do Projeto de Lei, aonde que elas foram incorporadas nessa minuta, e se não foram incorporadas, que encaminhamento que a gente deu. Então, esse é o nosso programa de trabalho, então a gente vê que essa quarta etapa, ela está lá prevista, para agosto e setembro, que é a terceira rodada de discussão pública que a gente vai apresentar essa minuta e também vai fazer essa devolutiva em relação às propostas e contribuições recebidas por parte da sociedade. Queremos deixar a minuta também, disponível nesse canal digital que a gente criou, para que as pessoas possam estar lendo a minuta, fazendo análises, fazendo sugestões, fazendo contribuições no texto da lei, também, nessa quarta etapa. Bom, essa é a programação geral do trabalho, mas esse trabalho é um trabalho complexo, um trabalho dinâmico, ele envolve muita gente, ele envolve vários setores da prefeitura, envolve vários segmentos da sociedade, há muitos grupos de interesse mobilizados em torno desse tema, da revisão do Plano Diretor, há muitos conflitos. A cidade é um território de conflitos. Conflitos de interesses, conflitos de visões sobre o planejamento desses territórios, e então isso inclui, define complexidades muito grandes, para esse processo de trabalho. O Brasil tem uma política urbana nacional instituída desde a Constituição Federal, capítulo sobre Política Urbana, artigos 182 e 183, regulamentados pelo Estatuto da Cidade, e institui bases jurídicas nacionais para a Política Urbana brasileira. Essas bases jurídicas estabelecem princípios para a política urbana brasileira. Esses princípios estão consagrados no ordenamento jurídico nacional. O Plano Diretor é parte desse ordenamento jurídico nacional. E como parte desse ordenamento jurídico nacional, ele tem que estar alinhado com os princípios consagrados nas bases jurídicas nacionais. E esses princípios... têm 3 princípios, são fundamentais. Princípio da função social da cidade, das propriedades urbanas é um princípio constitucional que precisa ser operacionalizado por meio dos Planos Diretores. A Constituição Federal e o Estatuto da Cidade definiram o Plano Diretor como instrumento básico da Política de Desenvolvimento e de Expansão Urbana. E a missão básica da lei que institui o Plano Diretor no município, é definir concretamente, os modos de cumprimento da função social da cidade e das propriedades urbanas. A essência desse princípio é o seguinte: uma cidade precisa estar a serviço da realização das capacidades e do desenvolvimento humano. Uma cidade precisa estar a serviço do bem-estar das pessoas. Uma cidade, ela precisa estar a serviço da efetivação de direitos sociais, dos direitos sociais que estão consagrados no nosso ordenamento jurídico nacional. Então uma cidade, ela é um contexto sócio, político, econômico e territorial, que tem que estar a serviço da realização de todo esse processo de desenvolvimento social, compatível com o meio ambiente. Compatível com o patrimônio ambiental. Essa é a essência desse princípio da função social da propriedade, da cidade e da propriedade. O princípio da função social da propriedade é importante a gente entende-lo, porque ele é a missão básica do Plano Diretor. A Constituição Federal, ela consagrou o direito de propriedade no Brasil. Está lá no capítulo dos direitos fundamentais. O direito de propriedade da nossa Constituição, ele se equipara ao direito à vida e ao direito à liberdade. Temos o direito à vida, o direito à liberdade e o direito à propriedade, na nossa Constituição. Só que para exercermos o direito à propriedade aos imóveis urbanos, nós temos deveres. Nós temos deveres de utilizar, ocupar este imóvel urbano, segundo determinações estabelecidas no Plano Diretor e na legislação urbanística. E aí que se dá o cumprimento da função social da propriedade urbana. Então esse cumprimento da função social da propriedade urbana se realiza a partir da obediência dos proprietários de imóveis urbanos, a todas as determinações do Plano Diretor e da legislação urbanística. Não são só os imóveis ociosos, os imóveis vazios que devem cumprir com a sua função social determinada no Plano Diretor. A função social se dá

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pelo cumprimento de todas as determinações estabelecidas no Plano Diretor e na Legislação Urbanística. Então, essa é a essência desse princípio constitucional que orienta toda política urbana, toda política habitacional do nosso país. Isso está enraizado, está calcado no ordenamento jurídico nacional. O princípio da gestão democrática, ele é o princípio também consagrado no Estatuto da Cidade, e ele não é uma opção. Fazer processo participativo em relação à revisão do Plano Diretor, revisão dos planos regionais, revisão das leis de parcelamento, uso e ocupação do solo, dos processos de elaboração de projetos urbanos, projetos de intervenções urbanas, não é uma escolha, não é uma opção fazer processo participativo, aplicar instrumentos de gestão democrática. Isso é uma obrigação. Garantida ali, no Estatuto da Cidade. E precisamos aperfeiçoar a democratização da nossa gestão urbana, para além dos canais institucionais. Ontem à noite, nós estávamos discutindo com o segmento das ONGs, do Conselho Municipal de Política Urbana, e foi uma unanimidade. Todos exigindo a qualificação dos processos participativos na gestão democrática da cidade, exigindo processos de informação, exigindo processos de disseminação de informações. Então, isso é algo que a gente tem que estar buscando permanentemente no nosso processo, e nos nossos instrumentos de planejamento e gestão urbana. Isso é um aperfeiçoamento permanente e que exige formação contínua do cidadão sobre esse assunto, sobre essa matéria. Porque se o Plano Diretor, a Legislação Urbana influencia tanto a vida das pessoas, ela tem esse alcance de determinar como é que você vai exercer o seu direito à propriedade imobiliária, nada mais justo e necessário, que todos os cidadãos conheçam essa lei, que tem essa influência no seu exercício do direito de propriedade de imóveis urbanos. Então esse processo de formação é algo que a gente precisa incorporar no sistema de planejamento e gestão democrática previsto no Plano Diretor. Bom, o terceiro princípio que está subjacente às diretrizes da política urbana, definidas no Estatuto da Cidade, é o princípio da equidade social e territorial. A desigualdade sócio-territorial, ela estrutura os nossos espaços urbanos. As nossas cidades, modo de produção do espaço urbano no Brasil, modo de produção de terras urbanas no Brasil, segue um padrão desigual de acesso à terra urbana. Segue um padrão desigual de distribuição de acessos sociais às terras urbanas. Então isso resulta em cidades com desigualdades sócio-territoriais, sócio-espaciais profundas. Então, esse princípio da equidade sócio-territorial precisa nortear todos os componentes do Plano Diretor. Os objetivos que orientam esse trabalho, e que estão baseados nesses princípios, são objetivos que não estão totalmente fechados ainda, porque a gente tem colocado isso em discussão nas discussões públicas, e as pessoas têm emitido opiniões sobre esses objetivos. Esses objetivos, eles estão sendo permanentemente processados, sendo trabalhados, mas de qualquer maneira, esse conjunto de novos objetivos é que a gente já colocou, já apresentou na avaliação temática participativa. O que a gente tem percebido é que são objetivos que têm grande aderência no debate público. São objetivos que têm grande aderência à agenda política dos vários segmentos da sociedade. Porque não tem nada de novo aqui, nesses objetivos, na nossa cidade. São objetivos que já estão no debate público há 20 anos, há mais de 20 anos. Todos esses objetivos foram trabalhados de uma maneira ou de outra no Plano Diretor de 2002, mas que continuam válidos, porque nossas cidades não resolveram esses problemas, essa necessidade de fortalecer espaços produtivos e aproximar locais de emprego e de moradia. A gente tem que fortalecer a base econômica da nossa cidade, encarar novas formas de produção que estão existindo na nossa cidade... A cidade de São Paulo não é mais a cidade industrial da década de 30, da década de 40. Há novos formatos de espaços produtivos que surgiram e estão se desenvolvendo na nossa cidade. Isso inclui a economia popular nas atividades produtivas, isso inclui os espaços habitacionais. Os espaços domésticos, muitas vezes, são espaços de produção. Isso, em diferentes escalas incluindo até a economia popular dos catadores, dos recicladores, das confecções, enfim, há uma série de configurações produtivas nos nossos territórios, que é importante o planejamento, os instrumentos de planejamento trabalharem, darem conta, viabilizarem e fortalecerem esses espaços produtivos. Agora, esses espaços produtivos, eles são importantes também para aproximarem locais de trabalho e locais de moradia. Porque a gente tem uma estrutura ainda, de empregos muito concentrados no quadrante sudoeste. No centro expandido aqui desse vetor, que vai de Sé-República, e envolve esse território entre

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os Rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí. Nossos empregos estão muito concentrados ainda, nessa parte da cidade, e isso define as condições de mobilidade urbana, que é aquele segundo objetivo que a gente precisa melhorar essas condições de deslocamento das pessoas na cidade, principalmente nos deslocamentos entre o local da moradia e o local de trabalho, que é a maior parte das viagens, dos 18 milhões de viagens realizados... aliás, muito mais, das viagens realizadas diariamente aqui na região metropolitana de São Paulo, a maior parte é para trabalhar e para estudar. Então quando você tem uma cidade em que as áreas de emprego e as áreas de moradia estão distantes, essas condições de mobilidade são piores, mais congestionadas, as viagens são mais demoradas. Então melhorar as condições de mobilidade com a ampliação da oferta de transporte coletivo, fortalecer os modos não-motorizados de deslocamento, e desestimular o uso do automóvel individual. Isso apareceu com muita força na nossa discussão sobre mobilidade urbana, os ciclos ativistas marcaram muita presença, reivindicando que o planejamento da nossa cidade incorpore a bicicleta como um modal de transporte, exigindo melhores condições de circulação das bicicletas, ciclovias etc. Melhoria das condições do pedestre. E é interessante, porque nessas discussões, as pessoas expressaram claramente necessidade de desestimular o uso do automóvel no espaço da cidade. Desestimular que os empreendimentos imobiliários, por exemplo, exija grandes quantidades de vagas de estacionamento. Ao invés de trabalhar com exigência de número mínimo de vagas de estacionamento dentro do empreendimento imobiliário, se trabalhe com o número máximo de vagas de estacionamento, em determinadas áreas da cidade. Principalmente nas áreas com boa oferta de transporte coletivo. Porque terra urbana é um bem muito caro de ser produzido. Com infraestrutura, investimentos coletivos, e é um desperdício que boa parte dessas terras urbanas sejam utilizadas para que um carro fique estacionado 8, 9 horas por dia ali, parado. Então, a gente tem que controlar essa destinação de terra urbana para estacionamento de carros, dentro dos empreendimentos. Então, apareceu com muita força, essa agenda do desestímulo aos automóveis. Terceiro objetivo é o objetivo de planejar os empreendimentos imobiliários e grandes equipamentos de impacto. É uma discussão pública muito forte. Os empreendimentos imobiliários têm se distribuído em alguns bairros da cidade, isso tem provocado impactos. Os grandes empreendimentos de impacto, shopping centers, estádios de futebol, centros empresariais etc., grandes empreendimentos habitacionais, grandes condomínios etc., isso tem se implantado nos espaços das cidades, e a gente tem o desafio de planejar, estabelecer critérios sobre como e onde esses empreendimentos devem se implantar nos bairros da cidade, gerando o que o prefeito chama de externalidades positivas para a cidade. Externalidades positivas não só em contrapartida financeira, mas também melhoria de calçada, melhoria de espaço público, melhoria de ofertas de áreas verdes, e até ofertas de habitação de interesse social. Então, esses desafios de planejar a distribuição e a implantação adequada de empreendimentos imobiliários de grandes equipamentos de impacto, continuam válidos. O desafio de acessar terras urbanas para produção de habitação de interesse social, principalmente nas áreas centrais e nos locais com boa oferta de transporte, de infraestrutura, é um desafio histórico da nossa cidade, e continua presente, porque a gente viu, nesses últimos anos, a experiência do Minha Casa, Minha Vida aqui em São Paulo esbarrou justamente na dificuldade de acessar a terra urbana que encareceu muito, para se produzir esses empreendimentos habitacionais. Cabe ao Plano Diretor estabelecer uma política de terras para a habitação de interesse social. Porque para você produzir habitação de interesse social, você precisa basicamente de dois grandes recursos: dinheiro e terra urbana. O Plano Diretor é um instrumento para a gente destinar terra urbana para produção de habitação de interesse social. O desafio, o objetivo de melhorar as condições de vida, de habitabilidade e de segurança na posse dos assentamentos precários, e nos assentamentos informais, nas favelas, nos loteamentos irregulares, nos conjuntos populares, continua válido. O desafio de proteger e recuperar os patrimônios ambientais e os patrimônios culturais, isso continua vigente. Eliminar as áreas de risco, de inundações, de deslizamentos, de movimentos de massa na nossa cidade, principalmente nas áreas com ocupação habitacional, com moradia da população de baixa renda, eu acho que isso é prioridade máxima na nossa cidade. Eu acho que se a gente fizer grandes projetos de desenvolvimento urbano, e

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não eliminar, não avançar nessa eliminação de áreas de risco, eu acho que a gente ainda não chegou lá, nas melhorias das condições da nossa cidade. O objetivo de melhorar a oferta de equipamentos e serviços, infraestruturas urbanas nos bairros da cidade, também é uma agenda antiga e continua válida. Os bairros da periferia têm déficit de creches, têm déficit de escolas. Faz parte do Plano Diretor planejar essa oferta de redes de equipamentos para estruturar a vida no bairro. Equipamentos básicos: saúde, educação, esporte, áreas verdes. Então, a SMDU está trabalhando em uma proposta de redes de equipamentos, articulando diferentes equipamentos no território. Equipamentos de saúde, educação, lazer, aproveitando equipamentos que estão ociosos. O município de São Paulo tem um patrimônio de equipamento público ocioso brutal. E a gente tem que reconfigurar, aproveitar isso. Então esse é um trabalho que está sendo feito, e isso pode ser absorvido no Plano Diretor, para ele ser executado ao longo dos próximos anos. E por fim, o desafio de adaptar os nossos espaços urbanos às necessidades e tendências do envelhecimento populacional e das pessoas com deficiência física, com mobilidade reduzida. É uma tendência que não vai voltar. Essa tendência do envelhecimento populacional, ela veio para ficar. Nós somos os idosos daqui 15, 20 anos, talvez menos. E a nossa cidade não está preparada do ponto de vista das calçadas, dos espaços públicos, dos equipamentos, dos transportes, dos serviços de saúde. Não está preparada para essa tendência que já está muito forte nas nossas cidades, e não se restringe às áreas centrais, não. O envelhecimento populacional, ele já está se espraiando por todos os territórios da cidade. O mesmo vale para as pessoas com deficiência física e para os pedestres em geral. Bom, agora entrando um pouco em algumas das questões que surgiram a partir da avaliação do Plano Diretor de 2002, eu preparei a apresentação agora, em duas partes. Você tem uma primeira parte dos investimentos nos elementos estruturadores definidos no Plano Diretor Estratégico de 2002. O Plano Diretor de 2002 tem uns componentes macros da cidade, que foram denominados como os elementos estruturadores. Isso é um raciocínio correto. Está lá no Plano Diretor de 2002. Primeiro elemento estruturador que o Plano Diretor de 2002 assumiu como base para a nossa cidade, é o sítio. O sítio físico, sítio natural, e a rede hidrográfica. Essa ideia de que a cidade se produz, ela se constrói, ela se organiza, sobre esse sítio físico, sobre esse terreno, atravessado por essas redes de rios, de córregos e represas. Então essa rede hídrica estrutural, ela foi incorporada como parte da estrutura da nossa cidade. No Plano Diretor de 2002, se previu uma série de investimentos para melhorar as condições desta rede hídrica. Aqui a gente tem, neste mapa, as manchas verdes, os parques existentes em 2002. A gente tem o Parque... Os Parques principais, na verdade. Parque Ibirapuera, o Parque do Estado, Parque do Carmo, o Parque da Cantareira, do Tietê, Anhanguera, lá em cima, enfim, Parque da Guarapiranga. Então a gente tem aqui os grandes parques principais que existiam em 2002. Aqui a gente tem os Parques existentes e os Parques que foram propostos no Plano Diretor de 2002. Nesses pontinhos verdes. Nesse conjunto de parques municipais propostos pelo Plano Diretor de 2002. E aqui, circundado com esse círculo vermelho, a gente têm os Parques que foram implantados, e que estavam previstos lá no Plano Diretor de 2002. Uma boa parte desses parques são aqui na zona sul. Ali, principalmente ao longo do trecho sul do Rodoanel. Mas também, alguns parques ali no fundão da zona leste, no extremo da zona leste, e aqui na zona oeste também. Então, esses são os parques municipais que estavam previstos no Plano Diretor e que foram implantados. Aqui, a gente tem os parques lineares que estavam previstos no Plano Diretor de 2002. Essas linhas verdes são linhas em fundos de vale, atravessadas por cursos d’água, e que se pensou, no Plano Diretor de 2002, em criar parques lineares ali. Aqui, nesses pontos circundados por essa linha vermelha, tracejada, a gente tem os parques lineares implantados. A gente vê que não seguiu a lógica do parque linear. Com exceção ali, do Tiquatira, que você tem, de fato, um parque mais linearizado, os outros parques são parques em pontos do território, e que alguns deles não estão naqueles fundos de vale, naqueles cursos d’água que foram pensados para receber parques lineares. Alguns estão fora dessa lógica. Então, os parques que foram executados não seguem essa concepção dos parques lineares que tinham sido pensados no Plano Diretor de 2002. Agora, o que a gente vê, e a gente colocou isso em discussão no sábado passado, todo mundo reconheceu a importância da ampliação da oferta de parques na cidade. Agora, todo mundo também reconheceu a

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necessidade de a gente repensar o modo de produção desses parques. Ontem à noite, com o segmento das ONGs, foi muito forte a fala da necessidade de ter gestão democrática no processo de implantação desses parques. Não só na formulação dos projetos, mas também depois, na implantação. Então a gente tem aqui, uma avaliação com relação a esses investimentos, que incidem diretamente nesse elemento estruturador, chamado rede hídrica estrutural. Isso é uma coisa positiva do Plano Diretor de 2002, que teve esses avanços nos investimentos, mas que pode ser aperfeiçoado, pode ser melhor trabalhado. Aqui também tem outro tipo de investimento que incide diretamente nesse elemento estruturador chamado rede hídrica, que são os piscinões, que são aquelas áreas de retenção de águas, para minimizar os impactos do aumento da vazão de águas nos períodos de mais chuva. Então, esses piscinões são os piscinões em pontos verdes, que existiam em 2002. Tinham esses sete piscinões que existiam no município nesse período. Aqui, em laranja, são os piscinões que o Plano Diretor de 2002 propôs serem executados na nossa cidade. Aqueles conjuntos de seis piscinões ali na zona norte, eles foram transformados em propostas. Não é que foram executados. Mas foram transformados em propostas de parques lineares. Deixaram de ser piscinões. Passaram a ser parques lineares, que poderiam ser parques que funcionariam ali, como área de retenção de água, também, nos períodos de chuva. Nos períodos de menos chuva, seriam parques. Mas isso precisa ser trabalhado. Aqueles dois piscinões do centro foram descartados. Apesar de propostos no Plano Diretor de 2002, foram descartados. Permaneceu esse grande conjunto de piscinões, ali na bacia do Aricanduva, Pirajussara, certo, para combater as inundações e as enchentes. Desses piscinões propostos, os roxos e os magenta, são os piscinões que foram executados, ou que estão em obras. Então teve essa implantação desses piscinões. Agora, nas discussões, tanto no sábado quanto ontem, o que se colocou é a necessidade de repensar o projeto, a configuração desses piscinões para que eles sejam, não só um local onde se sedimenta, assoreia e acumula lixo. Esses piscinões, eles precisam ser elementos qualificadores do espaço urbano. Elementos qualificadores dos bairros. Não pode ser só esse lugar que retém água, mas também retém os procedimentos do assoreamento, retém lixo, cria bicho, e se transforma em um vetor transmissor de doenças. Então, a gente tem que estabelecer condições melhores para a implantação desses piscinões na rede hídrica da nossa cidade. Aqui a gente tem a rede viária estrutural. São as vias estruturantes da cidade, na ligação entre os bairros, na ligação entre o bairro e centro, na ligação entre os municípios metropolitanos, na ligação da metrópole com outras regiões do país. Então, aqui a gente tem a hierarquia do sistema estrutural estabelecido no Plano Diretor de 2002. Aqui, em linhas laranja e nas linhas tracejadas, a gente tem o conjunto de vias a melhorar. Essas linhas laranja são as vias a melhorar na nossa cidade. As linhas tracejadas são as vias a serem abertas. Que estavam previstas ali no Plano Diretor de 2002, para completar e melhorar aquele sistema viário estrutural. E os pontinhos são intervenções pontuais, de melhoria viária. O Plano Diretor então previu esse conjunto de investimentos viários no sistema viário estrutural que é um componente dos elementos estruturadores da nossa cidade. Porque ele faz essas conexões entre as diferentes áreas do município. Aqui, em linhas azuis, e em quadrados azuis escuro, são as obras viárias realizadas nesse período. Na última década. A legenda deu uma desconfigurada ali, mas acho que isso deve ser por causa da projeção. Então a gente vê que tiveram intervenções viárias que... principalmente essas pontuais, nesses quadradinhos azuis, que não seguiram o que estava sendo previsto no Plano Diretor. Então esse descompasso, entre planejamento viário e execução de obras viárias, é um descompasso que a gente precisa repensar e é importante a gente pensar, a exemplo dos piscinões, modos melhores de executar obras viárias, para que isso não seja só uma melhoria viária, mas seja também, melhoria de calçada, melhoria de espaço público, transformações ali, do espaço urbano local. Aqui a gente tem a rede de transportes públicos ferroviários, a ferrovia e o metrô. Aqui a gente tem os corredores de ônibus existentes em 2002. Eu vou voltar nos trens e nos metrôs daqui a pouco. Mas aqui, além da rede hídrica estrutural e do sistema viário estrutural, o Plano Diretor de 2002 definiu o sistema de transporte coletivo como um elemento estruturador da cidade. Isso está correto, a ideia é manter essa ideia. Então, aqui, parte desse sistema de transportes coletivos que é estruturador da nossa cidade, a gente tem os corredores de ônibus.

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Então aqui, nós temos os corredores de ônibus e os terminais de ônibus que existiam em 2002. Aqui, a gente tem, em linhas laranja, os corredores de ônibus e os terminais que foram propostos pelo Plano Diretor de 2002. Aqui a gente tem, em amarelo, os corredores e os terminais que foram executados. Então aqui a gente tem o conjunto de corredores que existiam, os que foram executados, e os que foram propostos no Plano Diretor de 2002. A gente vê que os corredores e os terminais executados estão muito mais aqui no setor oeste do município, e lá, na zona sul, em direção a Parelheiros. Aqui a gente tem a rede de metrô existente em 2002, e o Plano Diretor de 2002, ele recepcionou alguns investimentos em linhas de metrô, que estavam sendo pensadas no governo do estado. Então a gente vê aqui, essa proposta de ampliação da Linha Verde, em direção à Vila Leopoldina, e ampliação dessa Linha 5, aqui, em direção à zona leste. Então, a gente vai ver que essa proposta do governo do estado, e essa aqui, foi descartada. Elas não estão na previsão de investimento do governo do estado. Então, a gente tem aqui, em linhas amarelas, o que foi executado nesse período. Que é a Linha 4, até Butantã, e aquela extensão da Linha Verde em direção a Tamanduateí, em direção aqui, ao vale da Vila Prudente. E o trecho da Linha 5, lá no Capão Redondo. Então, a gente tem que discutir com o metrô, como que a gente vai recepcionar os investimentos em transporte do metrô, consolidando coisas factíveis. Coisas que de fato vão ser executadas, para evitar de a gente incorporar, na nossa estrutura de transporte coletivo, investimentos que podem ser modificados no futuro. Aqui, a gente tem as linhas de trem da CPTM que existiam em 2002. Vejam que, na verdade, essa linha de trem aqui, que percorre em paralelo ao Rio Pinheiros, ela tem um leito ferroviário que desce, mas ela está desativada. Estava desativada a partir de Jurubatuba. Aqui, em azul, são as propostas de modernização dessas ferrovias. Aqui, ao longo do Tamanduateí, a linha que vai para o ABC, esse trecho da linha que vai para a zona leste, e esse ramal Poá. A proposta do Plano Diretor era modernizar, melhorar o funcionamento desses trechos de ferrovia. Foi executado, essas estações aqui, no ramal Poá, para atender a USP Leste etc., e foi feita a modernização para integração centros, Brás-Barra Funda. E essa extensão aqui, essa ativação desse trecho da ferrovia de Jurubatuba até o Grajaú, isso não estava previsto no Plano Diretor, mas foi executado. E essa extensão a gente pode verificar depois, mas certamente, essa extensão da ferrovia em direção ao Grajaú, contribuiu para o aumento da superlotação dessa Linha Lilás, que corre em paralelo ao Rio Pinheiros. Bom, esse processo de investimento na rede de transporte coletivo, ele se deu em paralelo à implantação da política de Bilhete Único, que é um instrumento de integração entre os diferentes modais de transporte - ônibus, trem e metrô - e contribuiu para a redução dos custos de acesso ao transporte coletivo. Então, o Bilhete Único, ele contribuiu muito para aumentar o número de passageiros que utilizam esse sistema de transporte coletivo. Só que a ampliação da rede, tanto da rede de corredores da rede de metrô não acompanhou esse grande aumento de passageiros no transporte coletivo. Então, isso resultou na superlotação que a gente está vendo. E também, resultou na popularização do perfil de passageiros do metrô. A gente tem visto... As pesquisas socioeconômicas sobre o perfil de passageiros que usam o metrô hoje têm mostrado que a maior parte dos passageiros é população de baixa renda, que conseguiu acessar mais esse serviço. Agora, o resultado é que superlotou e o sistema está sobrecarregado. Que essa adoção dessa política precisava ter sido acompanhada... a política do Bilhete Único, precisava ter sido acompanhada pela ampliação da rede, que não aconteceu no ritmo necessário. A última parte dessa apresentação, com relação às bases macros do zoneamento da nossa cidade. O Plano Diretor de 2002 definiu duas macrozonas. A macrozona de estruturação e qualificação urbana, essa mancha cinza. Que inclui, que engloba basicamente, a área mais urbanizada da nossa cidade, que está fora da área de proteção e recuperação aos mananciais. Ao mesmo tempo, ele recortou, nessas áreas amarelas, as zonas exclusivamente residenciais. Que são os bairros Jardins, Alto da Lapa, os bairros com casas unifamiliares, grandes lotes, muita arborização, e que tem uso exclusivamente residencial. O Plano Diretor reconheceu esses bairros, consagrou isso como zoneamento exclusivamente residencial, e o Plano Diretor, ele reconheceu a existência dessas áreas industriais que estão em transformação. Então, essas áreas industriais que estão em transformação podem ter indústria, mas podem receber, como processo de transformação, outras atividades comerciais, e outros

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tipos de empreendimentos. O que sobrou de área cinza, o Plano Diretor definiu como zona mista, reconhecendo que a cidade é uma cidade de usos comerciais, serviços, institucionais e residenciais, que se misturam na cidade. Esse daqui é o mapa das diretrizes de uso e ocupação do solo. Então o Plano Diretor diz, para lidar com essa cidade misturada, de usos residenciais e não-residenciais, o que a gente tem que fazer? A gente tem que controlar a convivência, as relações de vizinhança entre moradia, comércio, serviço e instituição, para gerar menos incomodidade, e reduzir os impactos dessa convivência de atividades residenciais e não-residenciais. Então esse é o modelo consagrado ali, no Plano Diretor de 2002. Agora, isso ainda precisa ser melhor operacionalizado, isso precisa ser aperfeiçoado. Isso não está redondinho, ainda, em termos de aplicação. Isso precisa ser aperfeiçoado, principalmente na revisão da lei de parcelamento, uso e ocupação do solo. Porque a lei de parcelamento e uso e ocupação do solo não desenvolveu devidamente toda essa forma de regular o uso do solo, em um contexto de mistura de usos residenciais e não-residenciais. Claro que teve avanços. Teve aperfeiçoamentos. Mas eu acho que temos que aproveitar essa revisão, para aperfeiçoar mais. Agora, outra coisa que foi introduzida no Plano Diretor foram essas macroáreas. O Plano Diretor, ele incluiu a macroárea de urbanização consolidada, que define basicamente, as áreas onde a urbanização está mais completa, onde você tem os melhores bairros, onde você tem a infraestrutura completa. São nessas áreas amarelas. O Plano Diretor definiu objetivos de adensamento aonde for possível, e controle do adensamento nessas áreas de urbanização consolidada. Só que aqui a gente vê a sobreposição entre essa macroárea de urbanização consolidada, e as zonas exclusivamente residenciais, definidas ali, anteriormente. A gente vê que a maior parte das zonas exclusivamente residenciais estão justamente dentro dessa macroárea de urbanização consolidada, e que não permite adensamento. E a gente nem quer que seja feito o adensamento dessas áreas. Então, as áreas possíveis de adensamento são naquelas áreas amarelas, fora das zonas exclusivamente residenciais. Isso no caso da macroárea de urbanização consolidada. Porque o Plano Diretor, ele definiu também essa macroárea de urbanização em consolidação, que é uma área... já tem urbanização mais desenvolvida, mas ainda falta emprego, faltam equipamentos. Os objetivos dessa macroárea de urbanização em consolidação, ele está impreciso no Plano Diretor. A gente tem que melhorar essa definição. E o Plano Diretor definiu a macroárea de urbanização e qualificação nessas áreas mais periféricas, que são as áreas onde você tem grande concentração de favelas, loteamentos irregulares, conjuntos populares, e lá tem déficit de emprego, tem déficit de infraestrutura, tem déficit de equipamentos. Ali, o objetivo é melhorar as condições urbanas desse território, e que no programa de metas, a gente vê que essa parte do município é o que eles chamaram de zonas de vulnerabilidade e ela reúne várias metas para melhorar as condições de vida da população. E o Plano Diretor definiu também essa macroárea de reestruturação e qualificação, que inclui o centro, inclui os territórios industriais que estão passando por grandes transformações, inclui as principais várzeas da cidade, enfim. Qual é o nosso grande desafio nessa revisão? Compatibilizar aqueles elementos estruturadores da rede hídrica, do sistema viário principal, do sistema de transporte coletivo, com essas macroáreas. Esse é o nosso grande desafio. Porque o raciocínio ainda não está fechado lá no Plano Diretor de 2002. Bom, outro macrozoneamento que o Plano Diretor de 2002 estabeleceu... Estabeleceu aquele macrozoneamento, aquelas macroáreas para as áreas urbanas, que é a macrozona de estruturação e qualificação urbana, e aquelas macroáreas urbanas. Mas o município de São Paulo tem uma grande porção do seu território e tem uma importância ambiental enorme. Então, o Plano Diretor de 2002 definiu essa macrozona de proteção ambiental, que estão incluídas nessas áreas verdes. Os critérios de delimitação dessa macrozona de proteção ambiental estão expressas nesses mapas menores, aqui do lado. Porque os limites dessa macrozona de proteção ambiental estão compatíveis com o perfil do relevo... A gente vê aqui, que esse limite dessa macrozona de proteção ambiental do sul, do norte, do leste, do oeste, respeitam as áreas com maior declividade, nessas áreas onde você tem mais morros, mais encostas, com declividades maiores, e também com um tipo de solo mais frágil para a urbanização. São essas áreas da carta geotécnica. Então a macrozona de proteção ambiental já incorpora no Plano Diretor, esse subsídio da

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carta geotécnica do município. Isso foi um avanço. Isso é uma... no Brasil, isso é uma... é algo que não é comum. Isso é uma inovação importante do nosso Plano Diretor, que a gente pode aperfeiçoar. A Patrícia Seppa, ela costuma dizer que a delimitação dessa macrozona de proteção ambiental, ela estabeleceu não só o que existe na nossa cidade para ser protegido, mas ela estabeleceu também o que a gente quer para a nossa cidade, em termos de proteção... em termos de recuperação de áreas urbanas. A gente vê que uma grande parte dessa macrozona de proteção ambiental tem ocupação urbana. Então, essa macrozona não só reconheceu os valores ambientais que precisam ser protegidos no nosso município, mas reconheceu a existência de áreas urbanas que precisam ser recuperadas, do ponto de vista urbano e ambiental aqui nessas áreas. Então, esse critério geomorfológico e geotécnico, um dos critérios de delimitação dessa macrozona, a gente quer manter, a avaliação é que isso é um avanço, isso é correto, e também, a existência de coberturas de vegetação, que a gente tem aqui nesse mapa do atlas ambiental, essa macrozona obedece bastante essas áreas com maior concentração de vegetação significativa do nosso município. Então a ideia é só fazer ajustes dessas delimitações, mas sem perder esse avanço. Agora, outro critério de delimitação foi a aderência aos limites da área de proteção e recuperação aos mananciais, estabelecidos por legislação estadual, tanto na zona sul, quanto na zona norte. Então isso coloca para a gente, agora, o desafio de articular, compatibilizar essa macrozona de proteção ambiental, às leis específicas da Billings e da Guarapiranga. Estabelecer um zoneamento nesse território, a gente ter que compatibilizar nossas bases para o planejamento do município a essas definições do governo do estado com as necessárias adaptações. Aqui, o Plano Diretor definiu, dentro dessa macrozona de proteção ambiental, essa macroárea de conservação e recuperação, que expressa isso que eu falei anteriormente, dessa macrozona de proteção, ela não tem só o objetivo de proteger. Ela tem o objetivo de recuperar, também, áreas que já foram degradadas por ocupações urbanas, e perdas ali de patrimônio ambiental. Aqui nesse mapa, a gente vê a taxa geométrica de crescimento anual nas áreas de ponderação do município de São Paulo no período de 2000 a 2010. A gente vê que naquelas manchas mais escuras, amarelas e laranja escuro, as taxas geométricas de crescimento anual entre 2000 e 2002 davam acima de 2%. Nas mais escuras, ali na Cidade Tiradentes, ali em Anhanguera, essa taxa superava 5% ao ano. Para vocês terem uma ideia, uma taxa geométrica de crescimento anual de 3% ao ano já é uma taxa superacelerada. O município de São Paulo, quando estava explodindo na década de 70, estava crescendo a 3% ao ano. Então a gente vê que as taxas maiores de crescimento populacional estão justamente aqui, nas macrozonas de proteção ambiental do leste, do sul e do norte. Principalmente onde está passando o trecho Sul do Rodoanel, e o trecho Norte do Rodoanel. Então, esse processo de crescimento urbano, ele está se dando tanto por surgimento de novos pequenos núcleos urbanos, quanto por adensamento de núcleos urbanos que já existem lá. Esse crescimento acelerado ele tem tido essa característica nessas áreas da cidade. O Plano Diretor definiu também, nessa mancha verde mais escura, a macroárea de uso sustentável. Aqui, uma das questões importantes que a gente tem que equacionar nessa revisão é a relação urbana-rural. Porque nessa parte, dessa macrozona de proteção ambiental, você têm essas características, de área de produção agrícola, misturadas com nucleações urbanas, com áreas de cobertura vegetal importante, perto de recursos hídricos importantes. Você tem, nessa área, essa convivência que não está muito bem equacionada ainda, no Plano Diretor de 2002, principalmente nessa relação urbana-rural. Então, isso é uma coisa que a gente precisa redefinir, porque as zonas especiais de produção agrícolas, as ZEPAGs, elas não deram conta. Essa é uma avaliação que a gente fez. Elas não resolveram esse problema. Há uma avaliação que as zonas de desenvolvimento sustentável, as zonas de proteção e desenvolvimento sustentáveis, ZPDS, pode responder melhor a essa realidade nessa parte do município. Para fechar, o Plano Diretor definiu a macroárea de proteção integral, ali no Parque da Serra do Mar, no extremo sul, no Parque da Cantareira, no extremo norte. Certamente a gente tem que incorporar... a gente tem que incorporar as unidades de conservação nesse novo Plano Diretor. O município de São Paulo tem unidades de conservação estadual, municipal, e isso a gente tem que recepcionar nesse novo Plano Diretor, agora. E aqui, o conjunto total dessas macroáreas. E a gente tem que aperfeiçoar esta base,

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compatibilizar tudo isso com aqueles elementos estruturadores, porque é esse mapa que tem que expressar o projeto de cidade que a gente está perseguindo. A gente tem que expressar, no território, nosso grande projeto de cidade, porque é esse projeto de cidade que vai orientar a construção de todos os outros componentes do Plano Diretor. Porque um Plano Diretor é a expressão territorial de um projeto de cidade macro, articulado com investimentos, estratégias, parâmetros urbanísticos, e instrumentos de política urbana. E tudo isso tem que estar sendo orientado para aquele conjunto de objetivos que eu enunciei no começo da apresentação. Obrigado, e desculpa pelo alongamento do tempo.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Agradecemos ao Kazuo, à sua apresentação, e os conselheiros, conselheiras que queiram fazer alguma pergunta ao Kazuo, está aberto. Evandro, por gentileza. Desculpa, o vereador Natalini.

Cons. Evandro Reis: Bom dia a todos. Evandro Reis, diretor do DEPLAN, da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Primeiro, agradecer o Kazuo, SMDU, por ter vindo aqui hoje, e ter feito essa excelente apresentação. E aproveitar a oportunidade também para parabenizar a comissão dos trabalhos, por SMDU. Também parabenizar a excelente participação de todos os técnicos, conjunto de técnicos da Secretaria do Verde e Meio Ambiente envolvidos nessa discussão em andamento, desde o princípio estão participando ativamente. Os técnicos destacados pelo nosso Secretário Ricardo Teixeira, que não estão medindo esforços e têm participado, inclusive, nos finais de semana, nas audiências que estão sendo realizadas aos sábados à noite, enfim, na discussão geral aí, dessa primeira etapa, que constituiu de uma avaliação temática e participativa. São diversos temas, conforme o Kazuo já colocou. E eu gostaria de lembrar alguns deles, que são a verticalização, o adensamento, conflitos de uso do solo, provisão habitacional, instrumentos urbanísticos, temas ambientais e da mobilidade. São temas importantes para a cidade, e também destacar e parabenizar pela ousadia desse plano, que está privilegiando o transporte coletivo. Isso é bem interessante para a cidade por causa da mobilidade urbana. E o tema ambiental do qual eu vou destacar, como coordenador por parte da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, eles são imensos, são incomensuráveis, importantíssimos nesta revisão. Do grupo ambiental, a política ambiental do Plano Diretor, nós temos a questão da macroestrutura territorial, macrozonas, macroáreas, elementos estruturadores, integradores, avaliação da macrozona de proteção ambiental já colocada aqui, pelo Kazuo, definição, análise, critério, delimitação, inconsistências verificadas, dinâmica urbana, adensamento, expansão urbana, a influencia do Rodoanel, a questão dos maciços a serem preservados, pela passagem do Rodoanel Norte. A dimensão rural urbana, compatibilização com leis especificas do reservatório Billings e Guarapiranga está sendo bem destacado. Desempenhos das zonas de interessa ambiental, os parâmetros urbanísticos, a situação de ocupação, zona de interesse ambiental, zonas especiais. A questão da ZEPAN, ZEPAG, ZPDS, ZLT, ZEP. A questão do desenvolvimento da zona leste, que está sendo vista também aí, com carinho, está sendo integrada na discussão. O desempenho do sistema das áreas verdes, a questão da drenagem urbana. Os instrumentos urbanísticos da política urbana. Questão dos licenciamentos. E por último, da mobilidade também. Em termos geral, mobilidade não-motorizada. Enfim, são temas amplos, todos eles discutidos. Agora abertos à avaliação, à sugestão de toda a sociedade, através das reuniões públicas, audiências, tem a conferência. Enfim, a participação está sendo ativa. Hoje nós estamos aqui com (incompreensível), tem o Horácio, a Patrícia, a Hélia aqui, que estão participando, tem outros técnicos que não puderam estar aqui, hoje, mas que estão participando ativamente. E vai ter muito trabalho aí, até setembro, quando a ideia é entregar a minuta à apreciação da Câmara Municipal. Então, parabéns. Com relação às temáticas ambientais, nós estamos aí à inteira disposição de todos. Muito obrigado.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Muito obrigado. Com a palavra o vereador Natalini.

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Cons. Gilberto Natalini: Obrigado. Bom, em primeiro lugar, eu queria dar um bom dia a todos, a todas. Um prazer enorme estar aqui com vocês novamente. Dar uma explicação aqui, e me eximir da culpa de ter faltado aqui, em algumas reuniões. Na verdade, a confusão não foi de minha parte, a coisa que eu mais queria no mundo era continuar representando a Câmara aqui, no CADES. Mas houve um entendimento da mesa da Câmara, da presidência e da assessoria parlamentar, que ao mudar eleitoralmente a Câmara, eu não seria mais oficialmente. Então a (incompreensível) poderia até me confirmar aqui, mas teria que haver uma confirmação. Eu, que não sou enxerido, fiquei esperando a confirmação que não veio. Porque, na verdade, o entendimento que eles tinham foi errado. Quem me esclareceu foi o Damasceno, que disse: “Não, o seu mandato...” Será que é algum espírito que está rondando aqui. Eu estou achando que está tendo algum encosto aqui no microfone. Vamos chamar... Então... É brincadeira. Então o Damasceno me esclareceu. Então realmente eu tenho um mandato, que a não ser que seja interrompido pelo atual presidente, eu fico aqui até 2014, acompanhando o CADES. Então eu estou de volta aqui. Não sou mais presidente da Comissão de Meio Ambiente, hoje sou apenas membro, o presidente é o vereador Aurélio Nomura, mas vou procurar representar os meus pares da maneira mais democrática e mais ampla possível. Eu queria cumprimentar, além de cumprimentar todos vocês, o Nakano pela apresentação. Foi muito ilustrativa. Queria felicitá-lo pela apresentação. E fazer um comentário rapidíssimo, para não tomar muito tempo, mas eu participei da elaboração desse plano em 2002. Eu participei, eu apresentei 90 emendas, 90. A grande maioria na área ambiental, na área ambiental e na área de saúde pública. Dessas 90, 17 foram aceitas, foram incorporadas e foram aprovadas. Principalmente na área ambiental. Eu acho, assim, não é para puxar sardinha para o nosso lado, que somos, vamos dizer assim, um pouco mais agitados nas questões ambientais, mas eu acho que... Agora é o espírito sambista. Samba.

(falas sobrepostas)

Orador não identificado: Bom, vamos fazer uma vaquinha e comprar um som novo para o CADES.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Já foi comprado.

Cons. Gilberto Natalini: Essa visão de macrozona ambiental, acho fundamental, foi um avanço enorme na época. Avanço enorme. Agora, hoje, Nakano, a macrozona tem que ser a cidade toda, a macrozona ambiental. Ela tem que preservar aquilo que nós avançamos, mas diante da nova realidade climática, dos novos desafios de sustentabilidade que foram colocados daquela época que nem se falava nisso. De alguns anos para cá, a nossa preocupação na construção. Eu acho que do ponto de vista urbanístico, habitacional, da justiça social, da propriedade da terra etc., é quase um consenso. Dificilmente vai haver alguém que vai levantar contra o que está apresentado ali. É quase consensual. As pessoas não tem coragem de falar contra isso, mesmo aqueles que não acreditam nisso, do ponto de vista ideológico. Agora, a questão ambiental é um debate muito grande. Então eu, a minha sugestão é que esse plano seja permeado das questões das questões ambientais de ponta a ponta. Porque no centro, por exemplo, nós não temos grandes áreas verdes. Mas a permeabilização do centro da cidade é fundamental. Não é? Porque as chuvas hoje são muito maior do que eram. E os pontos de cheias hoje são muito maiores. Então eu estou fazendo isso como contribuição modesta, humilde, sem nenhum tipo de... Mas pela vivência que a gente tem, eu acho que nós devíamos... E eu acho que aí a Secretaria do Verde, que está aqui, que meu colega, meu amigo querido, Ricardo Teixeira é o secretário, e toda a equipe, e os outros membros de governo que estão aqui, deviam vestir dessa... Estou achando que essa manifestação do microfone é até, assim, um negócio para a gente esverdear esse Plano Diretor. Então é uma preocupação que eu tenho. Eu participei das 61 audiências públicas que a Câmara fez, naquela tentativa de revisão que houve há alguns anos atrás, agora. Foram 61 audiências, em todas a gente batia nisso. O plano foi retirado de lá porque questão de justiça, judicial, tal. Agora vocês estão refazendo, fica a minha

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preocupação. Na Câmara, eu vou bater, eu vou trabalhar, e mesmo nas audiências, para que... na confecção do que vocês vão encaminhar para a Câmara, para que a gente possa dar alguns saltos adiante disso. Na questão ambiental, como preocupação universal da cidade, perpassando todos os outros tópicos. Eu acho que a questão ambiental é interdisciplinar, perpassa todos os outros tópicos. Nós temos que avançar nas construções com aquecimento solar, nós temos que avançar no reuso da água de chuva, nós temos que avançar no reuso de água propriamente dita na cidade de São Paulo. Nós temos que avançar na arborização, nos pontos que não tem, aonde tem também. Além de tudo que já foi dito. Então é uma preocupação de um médico que foi ganho para o ambientalismo. Então, muito modesta, humilde, sem nenhuma pretensão de ensinar nada para ninguém particularmente para o senhor que é um expert no assunto. Agora, para terminar, presidente, eu queria dizer, colocar aqui três preocupações em 30 segundos: a primeira, eu li no jornal de hoje que por questões jurídicas de contrato, naquela confusão toda, em julho e agosto a inspeção veicular será suspensa na cidade de São Paulo, justo no meio do inverno. Então me preocupa muito isso. Eu acho que nós devíamos nos debruçar em algum momento sobre isso, ver como nós podemos dar um salto nisso. Não sei de que maneira, jurídica, não sei como, técnica, não sei. Mas suspender a inspeção veicular em julho e agosto é temerário demais do ponto de vista de saúde das pessoas, dos paulistanos. E as outras duas preocupações, para eu encerrar aqui, é a respeito daqueles dois parques que estão planejados na cidade, que é o Parque da Brasilândia e o Parque da Vila Silvia, entre outros, e que sofreram no começo do ano, já no final do ano passado, mais no começo desse ano, duas ocupações que estão lá, e que a gente não conseguiu ainda resolver, avançar na implantação destes dois parques. Eu visitei, por várias vezes, o Parque da Brasilândia, eu convido vocês a visitarem. Tem uma cachoeira lindíssima, uma mata lindíssima, é um lugar lindíssimo, que não pode ser perdido pela cidade. Não podemos perder aquilo. Já tem lá cerca de 400 ocupantes, que à noite, geralmente, os barracos estão bem vazios. Ocupam de dia e de noite... E a Villa Silvia é do CDHU, e o CDHU pediu uma reintegração de posse, que foi concedida, mas não foi executada por falta de condições de abrigar as pessoas, tal. Fica como preocupação. Não para a discussão hoje, que eu sei que não é motivo da pauta. Muito obrigado a vocês. E eu fico feliz de estar de retorno aqui, no CADES.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado. Os inscritos são para pergunta ao Nakano. E a próxima conselheira é a Beatriz. Microfone, por favor, e se identifique.

Cons. Beatriz Fábregues: Parabéns pela apresentação. Beatriz Fábregues, conselheira da sociedade civil. Realmente a apresentação foi ótima. A preocupação que a população está mostrando pelo transporte público me parece, assim, de suma importância. Realmente, se nós resolvermos o problema de transporte público, nós vamos resolver o problema da cidade. E acredito, nos gráficos que você mostrou, aparece justamente a Marginal de Pinheiros como uma área totalmente carente de transporte público, e acho que isso é uma coisa que realmente o projeto de corredor de ônibus na Marginal Pinheiros, acho que é de suma importância. Obrigada.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado. Agora a conselheira Marta Amélia.

Cons. Marta Amélia: Kazuo, primeiro, parabéns. Depois que o vereador Natalini falou é difícil até fazer um resumo da ideia. Mas o que eu achei interessante foi a comparação de 2002 para hoje, eu só senti falta de uma coisa, que ainda é muito pouco desenvolvido, ou mencionado. Na parte ambiental, nós temos a prestação de serviço ambiental, que as áreas contribuem. Isso seria muito interessante, se a partir desse novo movimento de avaliação do plano, a gente tivesse esse termômetro de acordo com as macroáreas. E que tivesse, também, definido junto, não só a questão hídrica, mas a questão da questão por bacia. Como está? E colocar isso em um formato de um termômetro. Eu tenho uma macrozona residencial, e eu tenho uma industrial, mas assim, mostrando isso também. Porque nós sabemos, igual

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foi mencionado, nós estamos em uma região metropolitana, e nós temos a interferência de todas as cidades compostas nessa região. E como fica esse serviço social e ambiental, se eu faço uma coisa muito bem aqui e eu tenho Guarulhos e outras cidades que me causam impactos sociais e ambientais? Então a gente tem esses serviços mostrados, ambiental e social, e o impacto deles. Não adianta a cidade de São Paulo estar aí, com avanços e nós termos essa contribuição ambiental que causa o impacto aqui, social na cidade de São Paulo. Só uma ideia.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado. Agora com a palavra o conselheiro Eduardo Storopoli.

Cons. Eduardo Storopoli: Bom dia a todos. Eduardo, representando o segmento das universidades. Quero parabenizar o Kazuo pela excelente apresentação, abordando aí... fez uma abordagem também, um comparativo com o Plano Diretor de 2002, e agora a nova proposta que está sendo discutida. Amplamente discutida. Então, o que deu certo do plano de 2002, o que não foi cumprido ainda, mas que realmente foram ideias importantes, que foram acatadas do Plano Diretor anterior, e a proposta do novo plano. Mas a gente vê aqui que realmente está abrangendo todas as áreas aí. Quer dizer, um Plano Diretor, uma proposta que está se desenhando, de inclusão, de melhoria, de ampliação da moradia, do papel, também, do... do papel... da posição social da propriedade também, do direito social. Bom, São Paulo está tendo um crescimento acelerado, um adensamento nesses últimos cinco, oito, dez anos. Então aí, nós não podemos deixar de pensar, também, aqui, além de inclusão da moradia, inclusão também da educação, principalmente no ensino fundamental, agora pelo Plano Nacional de Educação vai ser obrigatório, a partir de 2016, a partir dos quatro anos de idade, isso é muito positivo, muito importante. Já foi demonstrado em países desenvolvidos, quanto mais cedo a criança entra na escola, na educação infantil, trabalhando, já, a alfabetização, a socialização, isso é importante, porque já foi demonstrado que as crianças conseguem atingir aí o ensino superior com menos evasão. Todas as áreas que o senhor citou ali, Kazuo, que está tendo um crescimento populacional muito grande, de 25%, exatamente ali, as áreas de manancial, então nós temos que garantir também acesso a serviços também, serviços de educação... Eu sei que nós tivemos, nas gestões anteriores, tivemos dificuldade ali, por ser zona de proteção ambiental, de instalar novas escolas de educação fundamental. Agora, como vai ser ampliado a partir dos quatro anos de idade, isso está no Plano Nacional de Educação, então no Plano Diretor, quando for ali... ou seja, como sugestão, como contribuição, da importância de levar serviços de educação, unidade básica de saúde, nessas regiões onde está tendo um crescimento populacional muito grande. E também, gostei muito aí, da proposta, ou seja, a gente não tem que incentivar o uso do carro. Então, eu acho que nós temos que incentivar o transporte público, o transporte coletivo, de qualidade, o metrô, monotrilho, por ferrovia, corredor de ônibus. Mas isso aí tem que se fazer uma parceria muito... uma parceria, uma sinergia com município, com o estado, com a região metro... não pode pensar a cidade de São Paulo sozinha. Tem que pensar como macrorregião, São Paulo e também as cidades do entorno, na grande São Paulo. Quer dizer, tem que fazer um trabalho de transporte porque São Paulo... a cidade vizinha de São Paulo, você nem sabe onde está a divisa. E não tem como, também, segurar e frear o crescimento, o adensamento. Eu achei muito positivo de que para incentivar mesmo o transporte público, as ciclovias. Então, as pessoas se deslocarem o menos possível de carro, de automóvel. E também a estratégia de não exigir... trabalhar no máximo e não no mínimo, na questão das vagas dos novos empreendimentos, mas para isso se tornar viável precisa realmente ter um forte investimento público. E por último, a questão também, o Natalini falou também da questão do incentivo às soluções sustentáveis, de prédios... hoje já temos isso. Inclusive, saiu uma matéria no final de semana, da revista Folha de São Paulo, foi capa da Folha de São Paulo, quanto você, hoje, já tem materiais, vidros, laminados, ou com proteção de evitar o... dar o maior conforto possível para usar menos ar-condicionado. Então que haja incentivos pela prefeitura, nesse sentido, no Plano Diretor, como também o reuso, o sistema à vácuo. Eu não sei porque aqui não é utilizado o sistema à

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vácuo no Brasil. Osso campus, lá na nossa universidade, nós temos lá dois campus com o sistema, e economiza muito mesmo. Você vai dar uma descarga, economiza bastante, ao invés de você usar nove litros, ou mais, você usa um pouco mais de um litro por descarga. Então isso... É muito caro tratar água, e realmente aí a gente pode estar economizando. E a questão do lixo também. Eu acho que é importante também, nós estamos aqui dando uma contribuição, pelo CADES, a questão do lixo. São Paulo está reciclando, (incompreensível) reciclagem, de reaproveitamento, então isso nós temos que incluir também como sugestão aí, na proposta da seleção da coleta seletiva do lixo, e como vamos trabalhar isso daí, porque realmente a demanda tem por energia, a demanda também... a produção de lixo também, como tratar isso daí. E temos que usar essas tecnologias que estão ao nosso alcance agora. Então está a minha contribuição aí. E parabéns pela apresentação. Muito bom.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado, Eduardo. Agora o conselheiro Abel.

Cons. Abel: Primeiramente, parabéns. Eu ia falar, mas o professor Eduardo, o nosso querido vereador e colega Marta já falou. Agora, a nossa preocupação da nova proposta, é uma região metropolitana, porque São Paulo é uma cidade que recebe pessoal de toda a região metropolitana, uma grande parte da região metropolitana vem trabalhar em São Paulo. Eu não sei como nós podemos fazer para fazer essa divulgação junto aos prefeitos das regiões metropolitanas, e também junto com o estado. Essa é uma... Parabéns aí, pela apresentação.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado. Com a palavra a conselheira Ângela.

Cons. Ângela Branco: Ângela Branco, Secretaria Municipal de Segurança Urbana. Parabéns pela apresentação. Eu queria me concentrar um pouco na questão da macrozona ambiental, de proteção ambiental, indo um pouco ao encontro na fala do vereador Natalini. Considerando que a Secretaria de Segurança Urbana tem um grande esforço de manter a guarda ambiental, na proteção do patrimônio natural, e é um grande desafio frente aos crimes, tentando coibir os crimes ambientais, mas principalmente a ocupação irregular de espaços públicos e privados de importância ambiental. Então eu que gostaria de dar esse destaque e trazer, também, como sugestão a observação de um instrumento, de uma ferramenta talvez, que foi elaborado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente, já em 2011, elaborado pelos técnicos da Secretaria Do Verde, mas também trabalhado de forma participativa e que foi apresentado aqui, no CADES, e também foi lançado na Câmara Municipal, também na Comissão de Meio Ambiente, que é o Plano Municipal de Ações e Estratégias pela Biodiversidade. Então eu acredito que esse plano também deva ser considerado. Porque esse plano traz a questão da biodiversidade, tanto florística, faunística, a necessidade de proteção desses elementos naturais e a importância deles, tanto para a saúde da população que vive aqui, no meio urbano, e também a sua repercussão dentro da área de meio ambiente, mas principalmente na questão da saúde humana.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado. Agora, não tendo mais inscritos, eu volto a palavra ao Kazuo.

Anderson Kazuo Nakano: De fato a gente vê que o planejamento urbano e as cidades do século XXI tem que trabalhar com a agenda ambiental. Esse é o planejamento urbano do século XXI, é um planejamento que articula agenda urbana e a agenda socioambiental. Por isso que quando os colegas da Secretaria do Verde e Meio Ambiente entraram em contato para vir participar dessa reunião, a gente achou prioritário mesmo. Quero reforçar uma coisa que o diretor Evandro colocou, de fato, esse processo, essa análise é uma construção coletiva dos técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, da Secretaria do Verde e Meio Ambiente... eu estou vendo aqui a Hélia, o Horácio, a Patrícia Seppe, tem outros técnicos também, a Tereza, o próprio Evandro participou de algumas das nossas reuniões, o Edu. Enfim, tem um conjunto de técnicos da Secretaria do Verde e Meio Ambiente que tem, de fato, nos ajudado

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bastante, não só com relação às avaliações dos componentes ambientais, mas agora, também, com relação às questões da carta geotécnica de 93, e que a Lei Federal 12.608 obriga que o planejamento urbano considere a carta geotécnica, capacidade suporte do meio físico, como base para o planejamento urbano, para evitar riscos, evitar o surgimento de áreas que expõe as pessoas a riscos de deslizamentos, erosões, queda de rochas etc. Então essa interlocução com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente tem sido muito fértil, tem sido muito produtiva, assim como com a Secretaria de Transportes e com a Secretaria de Habitação. A gente, de fato, precisa ter cada vez mais essa articulação intersecretarial, porque as secretarias aqui do município de São Paulo tem um acúmulo de conhecimento que é inacreditável. Então é importante mobilizar esses conhecimentos, essas experiências, nesse processo de construção desses instrumentos, que estão ganhando base social. Isso é uma coisa que a gente percebeu, o planejamento urbano hoje, ele está na pauta do debate público, na sociedade. Agora, dialogando com os pontos, quero diante disso agradecer muito a disponibilidade, a contribuição da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, do secretário Ricardo Teixeira, do secretário adjunto Manoel, do diretor Evandro, que tem feito essa abertura, dado essa abertura para a gente desenvolver esse trabalho. Agora, com relação às questões que foram colocadas, de fato, com relação ao transporte público, a Beatriz colocou essa necessidade de transporte público nas marginais, o prefeito Fernando Haddad, ele está muito disposto a enfrentar esse debate sobre a prioridade do transporte público e o desestímulo ao uso do automóvel. Ele tem anunciado para o nosso secretário e tem anunciado nas reuniões das secretarias, junto com as secretarias, a necessidade, a prioridade de ampliar a utilização do espaço do sistema viário com transporte coletivo. Ele tem dito que pistas com três ou mais faixas de rolamento, uma tem que ser trabalhada para adaptar o transporte coletivo. Essa é... Claro que é uma colocação geral, tem que ser avaliada tecnicamente, tem que ser avaliada do ponto de vista das configurações do sistema viário. Não é todo o sistema viário que precisa de transporte coletivo, ou que permite transporte coletivo. Mas isso é uma visão que está sendo anunciada pelo próprio prefeito, de, de fato, o sistema viário que tem essa oferta de espaço de três ou mais faixas de rolamento, pelo menos uma ser aproveitada para transporte coletivo. Agora, com relação ao que a Marta colocou, em relação a gestão por bacias e a ideia dos serviços ambientais, e o monitoramento por bacias hidrográficas, de fato isso é um componente do que a gente tem que trabalhar no sistema de gestão, de planejamento e gestão do planejamento da cidade. Trabalhar esse monitoramento por bacias, não só do processo de urbanização, mas também em relação às questões ambientais. É algo que a gente precisa aperfeiçoar. Porque o Plano Diretor de 2002, ele previa um sistema de informações de uma maneira genérica, a gente tem que detalhar melhor como a gente vai definir esse sistema de informações, para ser um sistema de avaliação e monitoramento da cidade e dos instrumentos de planejamento da cidade. Porque a gente teve que fazer essa avaliação do Plano Diretor de 2002 nesse ano, no começo desse ano, contando com toda essa contribuição intersecretarial, mas isso, na verdade, deveria ter sido feito ao longo dos últimos 10, 12 anos, permanentemente. Cada componente do Plano Diretor tinha que estar sendo avaliado detalhadamente, para que quando a gente chegasse nesse momento de revisão, a gente já tivesse essa avaliação pronta, clara, detalhada, para subsidiar esses aperfeiçoamentos que a gente precisa fazer do novo Plano Diretor. Então a gente pretende construir essa proposta do sistema de planejamento e gestão, já introduzindo monitoramento e avaliação de uma maneira permanente no processo. E as questões metropolitanas que a Marta colocou e o Abel reforçou, de fato são grandes desafios, porque, como todos vocês estão bem familiarizados, a gente não tem essa instância de governança, de planejamento de gestão metropolitana. Temos a EMPLASA, temos os planos metropolitanos, mas a gente não tem essa estrutura de governança. Apesar de a gente estar em articulação com a Secretaria das Relações Institucionais, que é quem tem essa atribuição de fazer essa articulação com os municípios metropolitanos, eu acho que isso ainda está aquém do que deveria estar. E tem essa ideia do Plano Diretor Metropolitano, o prefeito Haddad assumiu a presidência do Conselho Metropolitano, com esse compromisso, de fazer um Plano Diretor Metropolitano. Que eu acho que a gente pode influenciar muito na construção desse plano, para construir essa articulação, enfrentar as

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questões metropolitanas de fato. Juridicamente, inclusive, o Plano Diretor tem o seu limite municipal. Então ele tem um alcance limitado diante das questões metropolitanas. Temos que conjugar um outro instrumento ali, de escala metropolitana, para ser desenvolvido, para responder adequadamente essas questões. O Plano Diretor do Município não responde a questões metropolitanas. Ele tem muitos limites. Plano Diretor não resolve todos os problemas. Ontem à noite, o secretário Fernando, lá com as ONGs, colocava isso, a gente tem que saber os alcances do Plano Diretor, que são muitos, tem grandes alcances estabelecidos pelo Estatuto da Cidade, mas ele tem limites. E a questão metropolitana é um limite claro, ali. Agora, com relações a questão da moradia, da educação e da oferta de equipamentos, que o Eduardo colocou, de fato, a questão da moradia é estratégica nesse Plano Diretor, tanto para ampliar a estratégia que já foi adotada em 2002, da Zona Especial de Interesse Social, mas a gente já viu que tem que rever critérios, ali, de atendimento habitacional nas ZEIS, a gente tem que rever critérios de beneficiários. E a gente tem que melhorar a estratégia, talvez trabalhando ali, com formas de produção de habitação de interesse social fora das ZEIS também. Porque tem muito empreendimento habitacional de interesse social e do mercado popular, que foi produzido fora das ZEIS, uma quantidade significativa. Então a gente tem que estimular isso também, na produção da moradia na nossa cidade. E articular isso com oferta de equipamentos mesmo. O Plano Diretor, além desses componentes da regulação, do controle do uso e ocupação do solo, ele tem que ter uma agenda de investimentos claras, como a gente mostrou aqui, as agendas nos elementos estruturadores, em parques, piscinões, obras viárias, transporte coletivo. Agora o que a gente está querendo introduzir como agenda de investimento, a rede de equipamentos. Equipamento intersetoriais. Dia 25 agora, vai ter um gesto do prefeito, lá em São Miguel, ele vai quebrar os muros que dividem equipamentos de saúde, equipamentos de educação, equipamento de esporte, equipamentos de lazer, que ocupa uma quadra, mas essa quadra está toda retalhada por muros, e em cada pedaço da quadra, você tem um equipamento desse tipo. Então esse trabalho que está sendo desenvolvido, que está sendo coordenado pela secretária adjunta da SMDU, a Tereza Herling, é essa articulação de equipamentos desse patrimônio subutilizado. E aí, quando você quebra os muros, você libera a área, além de você integrar os equipamentos, você libera a área que pode ser aproveitada para a agricultura urbana, você libera a área para permeabilizar o solo nessas áreas, aumentar a oferta de áreas verdes nesses equipamentos. Tem 40 teatros ociosos na cidade, tem 50 centros desportivos municipais em ruínas na cidade, que precisam ser reconfigurados. Então essa rede de equipamentos, além de pensar equipamentos novos, a ideia é reconfigurar esse patrimônio existente ali, e incorporar isso no Plano Diretor como investimento prioritário, para que isso seja observado nos próximos planos plurianuais, nas leis diretrizes orçamentárias, na lei do orçamento anual, para que a gente vá executando esses investimento ao longo dos anos. Então, a questão dos resíduos sólidos, isso aqui é importante, apesar do município de São Paulo ter um plano de resíduos sólidos, eu acho que é muito genérico ainda. 60% do lixo produzido no município de São Paulo é orgânico, poderia ser usado para compostagem, poderia ser usado para geração de energia, do gás metano, por exemplo. Eu sei que a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente tem, já, passos em direção a isso, eu acho que essa é uma linha que pode ser aperfeiçoada no desenvolvimento desse plano de gestão de resíduos sólidos, incluindo catadores, incluindo coleta seletiva, reciclagem, reutilização, reuso. Então eu acho que a gente tem que pensar no Plano Diretor, previsão de vários planos setoriais que precisam ser realizados. Esse plano de gestão de resíduos sólidos é um deles. Por fim, as questões relacionadas que o vereador colocou, aliás, quero registrar que nessas nossas atividades, o vereador Natalini, a assessoria dele sempre está presente nas contribuições, nas discussões, é verdade isso, outros vereadores também. Isso para a gente tem sido importante, porque já vai preparando o momento ali no Legislativo, já vai se apropriando desse conteúdo. Por fim, a questão das construções, dos prédios sustentáveis, com novos materiais de construção, com dispositivo de reuso, reuso da água, piscininhas ali, essa é uma matéria que pode ser trabalhada no Plano Diretor de uma maneira geral, mas ela é muito mais pertinente no código de obras. A gente tem o código de obras de 1992, está muito defasado. Então essa é uma matéria importante para ser incluída no código de

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obras, as edificações sustentáveis. Obrigado pelas contribuições, eu registrei todas aqui. Vou querer até a transcrição dessas falas, para a gente poder usar como matéria de trabalho. Obrigado.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Tem mais uma pergunta para o senhor responder, pedindo licença aos conselheiros, que é uma das técnicas da secretaria que participou, que gostaria de fazer uma pergunta para você, que é a Patrícia Seppe. Por gentileza.

Patrícia Seppe: Bom, na verdade, Kazuo, é um questionamento e também uma sugestão. Apesar de a gente estar constantemente conversando, até agradeço a disponibilidade e a forma como a SMDU vem conduzindo, de abrir a discussão para os técnicos, e a direção da SVMA de permitir que a gente participe dessa discussão. São duas questões que eu quero pontuar, a primeira, apesar de a gente ter visto insistentemente os objetivos do plano, quando a gente olha mais como plateia, duas questões me chamaram a atenção, e eu acho que mereceria a gente fazer uma reflexão maior. Primeiro, eu não sei muito bem os termos como está escrito, mas a discussão da moradia qualificada, o direito à moradia subnormal. Aí eu acho que o plano vai ter que resolver uma discussão crucial, que são os dois direitos difusos e não individuais. Primeiro, que é o direito à moradia, mas o segundo direito, que não é individual e é de toda a sociedade, o direito ao meio ambiente com qualidade. E não existe uma sobreposição de que o direito da moradia é soberano sobre o direito ao meio ambiente, da mesma forma que o direito ao meio ambiente não é soberano ao direito da moradia. Por que eu estou colocando isso? Eu acho que a gente tem que, talvez, ali, acrescentar o direito a moradia subnormal, desde que respeite a questão do meio ambiente. Eu falo isso do ponto de vista, principalmente das regularizações e das questões de ocupação em área de preservação permanente, que é uma discussão ainda difícil de ser enfrentada. A gente espera que o Plano Diretor enfrente isso. Então, como conciliar os dois direitos? Já que um não sobrepõe ao outro. A outra questão é que está lá como objetivo eliminar as áreas de risco. Na verdade eu acho que a gente teria que ser... é lógico que o desejo seria eliminar, mas a gente, na verdade, precisa aprender a conviver. Até porque o plano trabalha com universos de 10, 15, 20 anos, e toda vez é impossível a gente eliminar em 10, 20 anos. Então, na verdade, a gente deveria trabalhar para conviver com as questões de risco. É lógico que quando elas impõem risco à vida, é um direito do poder público. E aí não aparecem duas questões que são muito caras, que é a discussão da adaptação para as mudanças climáticas. Na discussão da revisão, que foi feita nos últimos quatro anos, a Secretaria tentou trabalhar com dois conceitos importantes, que a gente espera que agora seja incorporados, que é a discussão dos serviços ambientais não restrito a macrozona de proteção ambiental, é o serviço ambiental na zona cinza. O serviço ambiental desse Parque Ibirapuera, que as empreendedoras muito bem vendem a sua paisagem, mas não colaboram em nada com sua manutenção. Então é a discussão desse serviço ambiental. Dos serviços ambientais das áreas a serem permeadas no centro. Então essa discussão é importante. E aí a discussão da adaptação. E finalmente, eu quero perguntar para o Kazuo como fica, aí aproveitando o vereador Natalini, a gente está em uma discussão de revisão de plano, mas existem alguns projetos de lei em discussão na Câmara que são muito vinculados. A gente tem uma discussão do Estudo de Impacto de Vizinhança, já aprovado em primeira votação, se eu não estou errada. Uma discussão do polo gerador de tráfego, que vai ser encaminhada à Câmara, e ontem a gente ficou sabendo que também existe um PL do vereador Aurélio Nomura, que institui EIA/RIMAs para empreendimentos acima de dois mil metros. Acho que essa discussão não pode caminhar desvinculada a discussão da revisão, sobre o risco de a gente ter leis que são totalmente incompatíveis. Então fica aí as minhas sugestões e essa questão: como que os PLs que hoje caminham, que estão, ou muito par e passo a revisão do PDE e da lei de uso, a administração está vendo isso?

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Obrigado, Patrícia. Kazuo.

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Anderson Kazuo Nakano: É, de fato, essa questão habitacional e ambiental, não tenho a resposta. A gente vai construir esse processo com relação aos assentamentos precários em APPs, mas vamos ter que construir uma proposta conjunta. Agora, eu tenho para mim, isso é uma coisa que já apareceu nas discussões do grupo, APPs naquela macrozona de estruturação e qualificação urbana é uma coisa. As APPs na macrozona de proteção ambiental é outra coisa. Em termos de ocupação urbana, em termos de preservação. Então eu acho que... Revisão do código florestal não equacionou isso, as APPs urbanas. Apesar disso ter estado nos debates, em vários momentos isso... teve até a proposta de um capitulo sobre as APPs urbanas, que foi retirado. Então eu acho que a gente pode inovar no Plano Diretor de São Paulo, sinalizar algo nesse sentido. Agora, eu concordo que são dois direitos difusos que não são hierarquizados. Eu penso que, assim como a gente estabelece, em algumas situações, condições de adaptação do território nas áreas de risco, para permitir que pessoas possam continuar sem perigos ali no lugar, eu acho que tem áreas também, principalmente nas áreas mais urbanizadas, em que podemos exigir condições ali, de regularização, de consolidação compatíveis com as questões ambientais, com as questões hídricas. Compatíveis com a preservação e com a recuperação. Eu acho que a gente tem, hoje, instrumentos e técnicas que a gente pode buscar. É claro que isso, falando assim, de uma maneira geral, pode ser simples, porque tudo isso ganha mais complexidade quando você começa ver as situações caso a caso, situações emblemáticas de ocupação urbana em áreas de interesse ambiental. Eu acho que essa necessidade de compatibilizar e aperfeiçoar o instrumento das ZEIS e da ZEPANs, trabalhar isso na área urbana de uma maneira adequada, é uma das nossas linhas de trabalho no grupo. Isso é um ponto. Com relação aos serviços ambientais, eu acho que é uma... eu tenho visto outros planos diretores incorporar a ideia de serviços ambientais para preservação ambiental, mas também para produção agrícola, para produção de alimentos, eu acho que é absolutamente compatível. A gente tem muitos instrumentos novos, que foram instituídos, que foram experimentados em nível estadual, municipal, e muita coisa do nível federal, que a gente tem que incorporar nesse novo Plano Diretor. Instituto do Abandono de Imóveis, a dação em pagamento, a demarcação urbanística, os planos setoriais de mobilidade, saneamento básico. Então nesses últimos 10 anos, a quantidade de legislação federal que incide no desenvolvimento urbano foi instituída no nosso país, que a gente tem que absorver para essa revisão do Plano Diretor. Por fim, com relação aos PLs, que estão tramitando na Câmara. Começou agora, uma pessoa que está na SMDU e que tem um papel exatamente de fazer essa articulação política interinstitucional, e levantar todos os processos que estão tramitando na Câmara e que tratam da pauta do desenvolvimento urbano. A gente tem que analisar todos eles, para ver o que pode ser recepcionado no Plano Diretor e o que a gente tem que negociar, para não avançar, porque senão pode entrar em conflito com as propostas do Plano Diretor, e o que a gente tem que revogar, caso tenha sido aprovado, já. Então tem coisas ali, desses PLs, componentes que podem ser recepcionados e ampliados no Plano Diretor. Agora tem instrumentos que precisam ser aperfeiçoados, ali, desse PL. Por exemplo, o EIV/RIV não dá conta de impactos acumulativos no espaço urbano. Trabalha na lógica do empreendimento a empreendimento. Isso tem que ser aperfeiçoado. Eu estava conversando com o vereador Nabil, semana passada, que é o relator desse PL, tem apontado esses problemas, para que se ele puder, já, melhorar nesse processo, a gente já pode recepcionar isso como base para o Plano Diretor. Então essa avaliação, essa varredura desses PLs, a gente está analisando um por um agora, com a ajuda da assessoria jurídica da SMDU.

Coordenador Luis Eduardo Damasceno: Kazuo, agradeço a sua presença, agradeço a sua disponibilidade, a sua brilhante apresentação. Aos senhores conselheiros, dia 22 de maio teremos a plenária do CADES. E agora passarei a palavra para o presidente da mesa, Manuel Vitor, secretário adjunto do Verde e Meio Ambiente.

Secretário Adjunto Manuel Vitor: Também quero agradecer muito ao Kazuo, a disponibilidade, a ampla apresentação, a profundidade da apresentação. Foi muito feliz por parte do CADES, dos conselheiros

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terem solicitado essa reunião extraordinária, muito importante. Acho que não se encerra aqui, é lógico, e é importantíssimo que os conselheiros e todos nós participemos como sociedade no processo, nas próximas etapas aí, nas oficinas públicas, com essa contribuição, divulgando e participando ativamente, participando também até o final das etapas, da quarta etapa de devolução, de devolutiva. Não tenho dúvida de que eu concordo plenamente com o que falou o vereador Gilberto Natalini, sobre o Plano Diretor permear por ele toda a questão ambiental, não existe aglomeração, cidade que possa viver ou servir aqueles que vivem nela, se ela não for uma cidade saudável. E a questão ambiental é fundamental e realmente tem que permear todas as discussões. Nenhum de nós quer viver em uma cidade com doença crônica e por isso ser infeliz, ou não ser um lugar agradável de se viver. Mas uma vez te agradecendo e também solicitando, uma solicitação, se você poderia deixar a sua apresentação, ou o material que você trouxe aqui, para que a gente pudesse utilizar, se aprimorar, estudar sobre ele também. Então eu agradeço muito. E estamos todos à disposição, lógico, como Secretaria, como técnicos, com acervo de conhecimento do nosso pessoal. Mas eu acho que é fundamental também a participação de3 todos da sociedade e de todos aqui, os conselheiros, naquilo que eles puderem levar de informação, principalmente sobre a discussão do Plano Diretor. Obrigado então, Kazuo. Está encerrada, então, a nossa 32ª Reunião Extraordinária.

Conselheiros presentes:

ANDRÉ DIAS MENEZES DE ALMEIDA JOSÉ FRANCISCO DE ALMEIDA NETO ANDRÉ LUIS GONÇALVES PINA LOURDES ELIZABETH RESS ANGELA MARIA BRANCO LUIZ FERNANDO ROMANO DEVICO ANTONIO ABEL ROCHA DA SILVA MARIA JOSÉ DE ANDRADE FILHA BEATRIZ ELVIRA FABREGUES MARIA LUCIA TANABE CINTHIA MASUMOTO MARINA MAGRO BERINGHS MARTINEZ EDUARDO IGNÁCIO DE FARIA MARTA AMÉLIA DE OLIVEIRA CAMPOS EDUARDO STOROPOLI MILTON ROBERTO PERSOLI EVANDO REIS SERGIO KRICHANÃ RODRIGUES

GILBERTO TANOS NATALINI VERA LÚCIA ANACLETO CARDOSO ALLEGRO

Conselheiros com justificativa de ausência:

GEORGE DOI / MARCIO ESTEVES DA SILVA / MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA REALI ESPOSITO / ROS MARI ZENHA / WALTER PIRES

Conselheiros suplentes presentes:

ANDRÉ LUIZ MOURA DE ALCÂNTARA / HELIA S.B. PEREIRA / JOSÉ EDUARDO RODRIGUES DA SILVA / ROSANGELA VERISSIMO DA COSTA SARTORELLI

Coordenador Geral:

LUIS EDUARDO PERES DAMASCENO

Secretária Executiva:

OCLERES HARKOT

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