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ATA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA PROCESSO Nº: 4.369/2018. OBJETO: Contratação, de caráter emergencial, de empresa para execução de serviços de manejo de resíduos sólidos e limpeza pública nesse Município de Aracruz/ES. Aos vinte e oito dias do mês de maio de dois mil e dezoito, ao meio dia, reuniu-se no Edifício Sede desta Prefeitura, sito à Avenida Morobá, 20, Bairro Morobá, Aracruz-ES, a Comissão Permanente de Licitação e com base no parecer exarado pela procuradoria proferiu a seguinte decisão: I – Decisão Registra a CPL que, consoante exarada na ata constante na página 812/815 dos autos, em virtude dos diversos apontamentos feitos pela empresa SA AMBIENTAL concernente à documentação apresentada pela empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA na sessão do dia 25/05/2018, os autos foram encaminhados à Procuradoria Geral deste Município para manifestação acerca dos questionamentos exarados em ata. Antes de adentrarmos na recomendação da PROGE e no mérito das decisões, é imperioso memorar que o procedimento em questão é uma contratação emergencial que tem como fulcro o art.24, inciso IV, da lei 8.666/1993 e que, embora esteja sujeito ao princípio da legalidade, claramente se caracteriza como menos formal que o procedimento licitatório propriamente dito, um exemplo claro do acima afirmado é que o procedimento de dispensa de licitação prescinde a publicação oficial para apresentação de propostas. É cediço, também, que o fato de a dispensa de licitação ser caracterizada como menos formal não afasta a obrigatoriedade de a Administração Pública observar e aplicar os princípios administrativos norteadores das licitações. Princípios esses que não podem ser aplicados de forma isolada e absoluta, uma vez que não há hierarquia entre eles. A PROGE, no parecer constante às fls. 817 a 825, assim recomendou: Nessa esteira, no intuito de que a Comissão Permanente de Licitação possa decidir pela habilitação e julgamento da proposta vencedora, deve a referida equipe se valer das seguintes regras e posições jurisprudenciais: (i) vícios de ordem formal e material podem, em regra, ser corrigidos/sanados, mas, não, os erros substanciais, que destoam claramente das regras fixadas no instrumento convocatório e não se mostram aptos a atender o objeto a ser contratado, na forma em que indicado pela administração pública municipal. Isto se dá pelo fato de que, por um lado, a administração pública se submete aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e ao julgamento objetivo (que visam assegurar a isonomia e a impessoalidade) e, por outro, ao formalismo moderado (que visa assegurar a ampla concorrência, a eficiência e a vantajosidade);

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ATA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

PROCESSO Nº: 4.369/2018.

OBJETO: Contratação, de caráter emergencial, de empresa para execução de serviços de manejo de resíduos

sólidos e limpeza pública nesse Município de Aracruz/ES.

Aos vinte e oito dias do mês de maio de dois mil e dezoito, ao meio dia, reuniu-se no Edifício Sede desta

Prefeitura, sito à Avenida Morobá, 20, Bairro Morobá, Aracruz-ES, a Comissão Permanente de Licitação e com

base no parecer exarado pela procuradoria proferiu a seguinte decisão:

I – Decisão

Registra a CPL que, consoante exarada na ata constante na página 812/815 dos autos, em virtude dos

diversos apontamentos feitos pela empresa SA AMBIENTAL concernente à documentação apresentada pela

empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA na sessão do dia 25/05/2018, os autos foram encaminhados à

Procuradoria Geral deste Município para manifestação acerca dos questionamentos exarados em ata.

Antes de adentrarmos na recomendação da PROGE e no mérito das decisões, é imperioso memorar que o

procedimento em questão é uma contratação emergencial que tem como fulcro o art.24, inciso IV, da lei

8.666/1993 e que, embora esteja sujeito ao princípio da legalidade, claramente se caracteriza como menos

formal que o procedimento licitatório propriamente dito, um exemplo claro do acima afirmado é que o

procedimento de dispensa de licitação prescinde a publicação oficial para apresentação de propostas.

É cediço, também, que o fato de a dispensa de licitação ser caracterizada como menos formal não afasta a

obrigatoriedade de a Administração Pública observar e aplicar os princípios administrativos norteadores das

licitações. Princípios esses que não podem ser aplicados de forma isolada e absoluta, uma vez que não há

hierarquia entre eles. A PROGE, no parecer constante às fls. 817 a 825, assim recomendou:

Nessa esteira, no intuito de que a Comissão Permanente de Licitação possa decidir pela habilitação e

julgamento da proposta vencedora, deve a referida equipe se valer das seguintes regras e posições

jurisprudenciais:

(i) vícios de ordem formal e material podem, em regra, ser corrigidos/sanados, mas, não, os erros substanciais,

que destoam claramente das regras fixadas no instrumento convocatório e não se mostram aptos a atender o

objeto a ser contratado, na forma em que indicado pela administração pública municipal. Isto se dá pelo fato de

que, por um lado, a administração pública se submete aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e ao julgamento objetivo (que visam assegurar a isonomia e a impessoalidade) e, por outro, ao

formalismo moderado (que visa assegurar a ampla concorrência, a eficiência e a vantajosidade);

(ii) o Colendo Superior Tribunal de Justiça tem fixado o entendimento de que defeitos formais, que não afetam

o cumprimento efetivo das condições do ato convocatório, não devem ser considerados, senão vejamos da

ementa do julgamento do MS nº. 5.418-DF:

DIREITO PÚBLICO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCEDIMENTO LICITATORIO. VINCULAÇÃO AO EDITAL. INTERPRETAÇÃO DAS CLAUSULAS DO INSTRUMENTO CONVOCATORIO PELO JUDICIARIO, FIXANDO-SE O SENTIDO E O ALCANCE DE CADA UMA DELAS E ESCOIMANDO EXIGENCIAS DESNECESSARIAS E DE EXCESSIVO RIGOR PREJUDICIAIS AO INTERESSE PÚBLICO. POSSIBILIDADE. CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA PARA ESSE FIM. DEFERIMENTO. O "EDITAL" NO SISTEMA JURÍDICO-CONSTITUCIONAL VIGENTE, CONSTITUINDO LEI ENTRE AS PARTES, E NORMA FUNDAMENTAL DA CONCORRENCIA, CUJO OBJETIVO E DETERMINAR O "OBJETO DA LICITAÇÃO", DISCRIMINAR OS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS INTERVENIENTES E O PODER PÚBLICO E DISCIPLINAR O PROCEDIMENTO ADEQUADO AO ESTUDO E JULGAMENTO DAS PROPOSTAS. CONSOANTE ENSINAM OS JURISTAS, O PRINCIPIO DA VINCULAÇÃO AO EDITAL NÃO E "ABSOLUTO", DE TAL FORMA QUE IMPEÇA O JUDICIARIO DE INTERPRETAR-LHE, BUSCANDO-LHE O SENTIDO E A COMPREENSÃO E ESCOIMANDO-O DE CLAUSULAS DESNECESSARIAS OU QUE EXTRAPOLEM OS DITAMES DA LEI DE REGENCIA E CUJO EXCESSIVO RIGOR POSSA AFASTAR, DA CONCORRENCIA, POSSIVEIS PROPONENTES, OU QUE O TRANSMUDE DE UM INSTRUMENTO DE DEFESA DO INTERESSE PÚBLICO EM CONJUNTO DE REGRAS PREJUDICIAIS AO QUE, COM ELE, OBJETIVA A ADMINISTRAÇÃO. O PROCEDIMENTO LICITATORIO E UM CONJUNTO DE ATOS SUCESSIVOS, REALIZADOS NA FORMA E NOS PRAZOS PRECONIZADOS NA LEI; ULTIMADA (OU ULTRAPASSADA) UMA FASE, "PRECLUSA" FICA A ANTERIOR, SENDO DEFESO, A ADMINISTRAÇÃO, EXIGIR, NA (FASE) SUBSEQUENTE, DOCUMENTOS OU PROVIDENCIAS PERTINENTES AQUELA JA SUPERADA. SE ASSIM NÃO FOSSE, AVANÇOS E RECUOS MEDIANTE A EXIGENCIA DE ATOS IMPERTINENTES A SEREM PRATICADOS PELOS LICITANTES EM MOMENTO INADEQUADO, POSTERGARIAM INDEFINIDAMENTE O PROCEDIMENTO E ACARRETARIAM MANIFESTA INSEGURANÇA AOS QUE DELE PARTICIPAM. O SEGURO GARANTIA A QUE A LEI SE REFERE (ART. 31, III) TEM O VISO DE DEMONSTRAR A EXISTENCIA DE UM MINIMO DE CAPACIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA DO LICITANTE PARA EFEITO DE PARTICIPAÇÃO NO CERTAME E SUA COMPROVAÇÃO CONDIZ COM A FASE DE "HABILITAÇÃO". UMA VEZ CONSIDERADA HABILITADA A PROPONENTE, COM O PREENCHIMENTO DESSE REQUISITO (QUALIFICAÇÃO ECONOMICO-FINANCEIRA), DESCABE A ADMINISTRAÇÃO, EM FASE POSTERIOR, REEXAMINAR A PRESENÇA DE PRESSUPOSTOS DIZENTES A ETAPA EM RELAÇÃO A QUAL SE OPEROU A "PRECLUSÃO". O EDITAL, "IN CASU", SO DETERMINA, AOS PROPONENTES, DECORRIDO CERTO LAPSO DE TEMPO, A PORFIAR, EM TEMPO CONGRUO, PELA PRORROGAÇÃO DAS PROPOSTAS (SUBITEM 6.7); ACASO PRETENDESSE A REVALIDAÇÃO DE TODA A DOCUMENTAÇÃO CONECTADA A PROPOSTA INICIAL, TE-LO-IA EXPRESSADO COM CLAREZA, MESMO PORQUE, NÃO SO O SEGURO-GARANTIA, COMO INUMEROS OUTROS DOCUMENTOS TEM PRAZO DE VALIDADE. NO PROCEDIMENTO, E JURIDICAMENTE POSSIVEL A JUNTADA DE DOCUMENTO MERAMENTE EXPLICATIVO E COMPLEMENTAR DE OUTRO PREEXISTENTE OU PARA EFEITO DE PRODUZIR CONTRA-PROVA E DEMONSTRAÇÃO DO EQUIVOCO DO QUE FOI DECIDIDO PELA ADMINISTRAÇÃO, SEM A QUEBRA DE PRINCIPIOS LEGAIS OU CONSTITUCIONAIS. O "VALOR" DA PROPOSTA "GRAFADO" SOMENTE EM "ALGARISMOS" - SEM A INDICAÇÃO POR EXTENSO - CONSTITUI MERA IRREGULARIDADE DE QUE NÃO RESULTOU PREJUIZO, INSUFICIENTE, POR SI SO, PARA DESCLASSIFICAR O LICITANTE. A "RATIO LEGIS" QUE OBRIGA, AOS PARTICIPANTES, A OFERECEREM PROPOSTAS CLARAS E TÃO SO A DE PROPICIAR O ENTENDIMENTO A ADMINISTRAÇÃO E AOS ADMINISTRADOS. SE O VALOR DA PROPOSTA, NA HIPOTESE, FOI PERFEITAMENTE COMPREENDIDO, EM SUA INTEIREZA, PELA COMISSÃO ESPECIAL (E QUE SE PRESUME DE ALTO NIVEL INTELECTUAL E TECNICO), A PONTO DE, AO PRIMEIRO EXAME, CLASSIFICAR O CONSÓRCIO IMPETRANTE, A AUSENCIA DE CONSIGNAÇÃO DA QUANTIA POR "EXTENSO" CONSTITUI MERA IMPERFEIÇÃO, BALDA QUE NÃO INFLUENCIOU NA "DECISÃO" DO ORGÃO JULGADOR (COMISSÃO ESPECIAL) QUE TEVE A IDEIA A PERCEPÇÃO PRECISA E INDISCUTIVEL DO "QUANTUM" OFERECIDO. O FORMALISMO NO PROCEDIMENTO LICITATORIO NÃO SIGNIFICA QUE SE POSSA DESCLASSIFICAR PROPOSTAS EIVADAS DE SIMPLES OMISSÕES OU DEFEITOS IRRELEVANTES. SEGURANÇA CONCEDIDA. VOTO VENCIDO. (STJ - MS: 5418 DF 1997/0066093-1, Relator: Ministro DEMÓCRITO REINALDO, Data de Julgamento: 25/03/1998, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 01.06.1998 p. 24RDJTJDFT vol. 56 p. 151RDR vol. 14 p. 133)

(iii) o Colendo Tribunal de Contas da União tem estabelecido a posição de que erros de ordem material, por

não prejudicarem o teor da proposta ofertada, não se mostram danosos ao interesse público, tampouco

prejudiciais aos princípios da isonomia e da razoabilidade. Sobre o tema, mister trazer à baila trecho da ratio

decidendi constante no voto proferido nos autos do Processo TC 028.079/2013-2, Acórdão 187/2014:

“(...) 14. Compulsando os autos, julgo, em consonância com o exame da unidade técnica, que a correção dos erros questionados, por não prejudicar o teor da proposta ofertada, não se mostra danosa ao interesse público, tampouco prejudicial aos princípios da isonomia e da razoabilidade. 15. A dita retificação refere-se à atualização do valor do ticket-alimentação, definido na ‘Convenção Coletiva de Trabalho Terceirizado’, e à diminuição do percentual do SAT, com o ajuste da fórmula de cálculo. A essência da proposta seria mantida ao se verificar que a correção do percentual do seguro acidente diminuiria o valor global proposto e, em relação à diferença a maior decorrente da atualização do auxílio alimentação, essa seria compensada com a diminuição da margem de lucro da empresa, conforme declaração do licitante. 16. Sobre esse tema, são vários os julgados desta Corte (Acórdãos 2.104/2004, 1.791/2006, 1.179/2008 e 2.371/2009, todos Plenário, e Acórdão 4.621/2009, da 2ª Câmara) que, em casos similares, deliberou pelo aproveitamento de propostas com erros materiais sanáveis, conforme excertos reproduzidos nos parágrafos 40 a 43 da instrução transcrita no relatório antecedente a este voto. 17. De modo semelhante aos casos apreciados nessas decisões, entendo que o ato de desclassificação em questão foi de extremo rigor e pode culminar na perda da vantajosidade esperada do certame. Entendo que o rigorismo adotado na apreciação da proposta reprovada deveria ter sido mitigado com os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da supremacia do interesse público. 18. Não há que se falar que o aproveitamento da proposta rejeitada culminará na perda da isonomia do certame, uma vez que não se trata de oportunizar a apresentação de nova proposta para uma empresa. Conforme já explicado, as correções pretendidas abarcam erros materiais que não impactam no valor global da proposta. 19. Ademais, não observo, nas manifestações das entidades, argumentos contundentes que justifiquem a recusa de proposta inferior em quase 40% do valor vencedor ou que demonstrem a desvantagem de se proceder tais correções. Vale repetir que, nesse caso, a proposta desclassificada com o menor preço, após a ponderação dos fatores da técnica e do preço, manteve-se com avaliação final melhor que a proposta da única licitante que restou classificada. 20. Nesse contexto, observo que a rejeição da proposta da empresa Informação Publicidade Ltda. mostra-se mais desfavorável ao interesse público, do que a sua manutenção, apesar dos erros reportados. Assim, à luz do art. 3º da Lei de Licitações e dos princípios do interesse público, da economicidade, da razoabilidade e da busca pela proposta mais vantajosa na licitação, acolho o encaminhamento sugerido pela unidade instrutiva para se determinar ao Ministério da Educação a adoção de providências no sentido de proceder, no âmbito da Concorrência 1/2013, a anulação do ato de desclassificação da empresa Informação Publicidade Ltda., e dos demais atos dele decorrentes; retornando, no caso de se optar pela continuidade da licitação, à fase de avaliação das propostas (...)”. (grifou-se)

(iv) a doutrina entende que a Administração não deve descartar, pela inabilitação, competidores que

porventura apresentem falhas mínimas, irrelevantes ou impertinentes em relação ao objeto do futuro contrato.

Acerca do tema, assim leciona José dos Santos Carvalho Filho, in Manual de direito administrativo, 31. ed. rev.,

atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017, pgs. 206 e 208:

“(...) Habilitação é a fase do procedimento em que a Administração verifica a aptidão do candidato para a futura contratação. A inabilitação acarreta a exclusão do licitante da fase do julgamento das propostas, e, embora seja uma preliminar deste, vale comoum elemento de aferição para o próprio contrato futuro, que é, de regra, aliás, o alvo final da licitação.A Administração não pode fazer exigências indevidas e impertinentes para a habilitação do licitante. A própria Constituição,ao referir-se ao processo de licitação, indica que este ‘somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômicaindispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações” (art. 37, XXI). No mesmo sentido, já decidiu o STJ que as exigênciasna licitação devem compatibilizar-se com seu objetivo, de modo que ‘a ausência de um documento não essencial para afirmação do juízo sobre a habilitação da empresa não deve ser motivo para afastá-la do certame licitatório’”.pg. 206) – (...) Vistos os fatores alinhados no Estatuto como necessários à habilitação dos participantes, vale a pena averbar que tais fatoresdevem ser analisados dentro de critérios de legalidade e de razoabilidade a fim de que não seja desconsiderado o postulado dacompetitividade, expresso no art. 3o, parágrafo único, daquele diploma. Deve o administrador, ao confeccionar o edital, levar emconta o real objetivo e a maior segurança para a Administração, já que esta é a verdadeira mens legis. Sendo assim, não lhe é lícito descartar, pela inabilitação, competidores que porventura apresentem falhas mínimas, irrelevantes ou impertinentes em relação ao objeto do futuro contrato, como indevidamente tem ocorrido em alguns casos. Quando

sucede esse fato, o Judiciáriotem vindo em socorro dos participantes prejudicados por tais inaceitáveis exigências, que estampam, indiscutivelmente, condutaabusiva por excesso de poder. Assim, nenhuma restrição pode ser imposta se em desconformidade com o Estatuto (...)”. (fl. 208) - (grifou-se) (v) a Lei Federal nº. 8.666/93, em seu art. 43, §3º, prescreve que é “facultada à Comissão ou autoridade

superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a

instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta”;

(vi) sobre o dispositivo legal supramencionado, o C. Tribunal de Contas da União tem fixado o entendimento de

que o ajuste sem a alteração do valor da proposta não representa apresentação de informações ou

documentos novos, mas, apenas, o detalhamento do preço já fixado na disputa de lances ou comparação de

propostas, senão vejamos, verbi gratia:

Acórdão nº. 670/2016 - TCU - Plenário: Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la procedente; acolher as razões de justificativa apresentadas pelas Sras. Aline Pereira dos Santos (CPF 900.279.813-04), Elis Regina da Silva (CPF 975.005.851-87) e Valdete Dantas Machado (CPF 392.570.701-82), em relação à audiência objeto dos presentes autos; sem prejuízo das recomendações descritas no subitem 1.8 desta deliberação.

1. Processo TC-022.807/2015-2 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Responsáveis: Aline Pereira dos Santos (900.279.813-04); Elis Regina da Silva (975.005.851-87); Valdete Dantas Machado (392.570.701-82) 1.2. Interessado: Beja Engenharia Ltda-me (05.957.380/0001-70) 1.3. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 1.4. Relator: Ministro Augusto Nardes 1.5. Representante do Ministério Público: não atuou 1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 1.7. Representação legal: Ana Carolina Soares de Mesquita (25493/OAB-DF) e outros, representando Aline Pereira dos Santos, Valdete Dantas Machado, Elis Regina da Silva e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; João Pedro da Costa Barros (17.757 A/OAB-DF) e outros, representando Beja Engenharia Ltda-me; Marcus Waldhelm de Moura (48.164/OAB-DF) e outros, representando Construtora Moura Ltda.. 1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: 1.8.1. Dar ciência à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, sobre as seguintes impropriedades, identificadas no edital e na condução da Tomada de Preços 2/2015, o que afronta a jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.811/2014, 371/2009 e 187/2014 do Plenário, e 1.401/2014-2ª Câmara), com vistas à adoção de providências internas que previnam a ocorrência de outras semelhantes: 1.8.1.1.a desclassificação da representante, Construtora Moura Ltda. (CNPJ 00.817.127/0001-06), ocorreu indevidamente, uma vez que detinha a melhor proposta global passível de ajuste com ônus suportado exclusivamente pela empresa, mediante a diminuição do lucro proposto e a manutenção do valor global da proposta; 1.8.1.2.o edital padrão que norteou os atos da comissão de licitação, notadamente as disposições constantes dos itens 6.9 e 8.1.1, “c”, restringe indevidamente as ações da comissão de licitação, que se vê impossibilitada de abrir oportunidade para que o licitantedetentor da melhor proposta, ajuste as planilhas de preços ofertadas, notadamente em itens isolados e compensáveis, de maneira a não alterar sua proposta global; 1.8.2. Comunicar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, às responsáveis chamadas em audiência e à representante, Construtora Moura Ltda. (CNPJ 00.817.127/0001-06), o teor desta deliberação; 1.8.3. Arquivar o presente processo, nos termos do art. 237, parágrafo único, c/c o art. 250, inciso I, do Regimento Interno/TCU. (grifou-se)

Acórdão 1.811/2014 – Plenário:

Erro no preenchimento da planilha de formação de preço do licitante não constitui motivo suficiente para a desclassificação da proposta, quando a planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração do preço ofertado.

Acórdão 2.546/2015 – Plenário: A existência de erros materiais ou omissões nas planilhas de custos e preços das licitantes não enseja a desclassificação antecipada das respectivas propostas, devendo a Administração contratante realizar diligências junto às licitantes para a devida correção das falhas, desde que não seja alterado o valor global proposto.

(vii) o Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso ordinário em mandado de segurança, negou provimento

ao Recurso, para manter ato do Tribunal Superior Eleitoral que não desclassificou proposta comercial que, por

equívoco, deixou de apresentar em uma dada tabela a discriminação de preços unitários, senão vejamos, in

verbis:

“A Turma negou provimento a recurso ordinário em mandado de segurança em que se pretendia a desclassificação de proposta vencedora em licitação para aquisição de urnas eletrônicas para as eleições municipais do ano 2000, em virtude do descumprimento de exigência prevista no edital - falta de apresentação dos preços unitários de determinados componentes das urnas. A Turma manteve a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que entendera que o descumprimento da citada exigência constituíra mera irregularidade formal, não caracterizando vício insanável de modo a desclassificar a proposta vencedora.” (STF, RMS 23.714-DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 5.9.2000 – Informativo nº. 201) – (grifou-se)

(viii) mutatis mutandis, quanto à possibilidade de adequação de erros ou falhas não substanciais, outros atos

normativos autorizam a referida prática, senão vejamos:

a) o Decreto Federal nº. 5.450/05, prescreve, em seu art. 26, §3º, que:

Art. 26...omissis... (...) § 3o No julgamento da habilitação e das propostas, o pregoeiro poderá sanar erros ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica, mediante despacho fundamentado, registrado em ata e acessível a todos, atribuindo-lhes validade e eficácia para fins de habilitação e classificação.

b) a Lei Federal nº. 11.079/04 institui, via art. 12, IV, que:

Art. 12...omissis... (...) IV – o edital poderá prever a possibilidade de saneamento de falhas, de complementação de insuficiências ou ainda de correções de caráter formal no curso do procedimento, desde que o licitante possa satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no instrumento convocatório. Por todo o exposto, valendo-se dos apontamentos supramencionados e no cotejo entre os princípios da vinculação ao instrumento convocatório/julgamento objetivo X formalismo moderado/vantajosidade/ampla concorrência, recomenda-se à Comissão Permanente de Licitação que

adote o seguinte procedimento:

(i) se certifique de que os documentos apresentados pelos participantes atendem às exigências de habilitação,

às previsões no termo de referência, ao elencado no projeto básico e aos demais elementos objetivos que

regulam a relação jurídica a ser pactuada;

(ii) em caso:

a) positivo, os interessados devem ser qualificados/habilitados e suas propostas devem ser classificadas, de

acordo com o critério de julgamento fixado pela administração pública municipal;

b) negativo, deve a CPL averiguar se as falhas constatadas consistem em erros formais/materiais ou em erros

substanciais:

b.1 os vícios de ordem formal/material, irrelevantes ou impertinentes em relação ao objeto do futuro contrato,

podem ser corrigidos mediante a adoção de diligências complementares ou ajustes com ônus suportado

exclusivamente pela empresa interessada, com a manutenção do valor da proposta;

b.2 os erros substanciais não se encontram aptos a correção, eis que destoam claramente das regras fixadas

no instrumento convocatório e não se mostram aptos a atender ao objeto a ser contratado.

(iii) havendo dúvida técnica se o documento apresentado pela parte interessada atende ou não ao exigido nos

elementos que instruem o processo administrativo, deve a questão ser submetida ao crivo da Secretaria

Municipal de Transportes e Serviços Urbanos, para que indique a interpretação técnica a ser dada à casuística

em exame;

(iv) in casu, os questionamentos suscitados pela CPL (quanto às divergências sobre os itens que compõem

as diversas equipes de trabalho, sobre o balanço patrimonial da empresa ESTRE SPI AMBIENTAL S/A e sobre

o documento intitulado "termo de compromisso", anexo à fl. 806), podem ser resolvidos nos seguintes termos: a) ou a CPL entende que os documentos de habilitação e a proposta apresentada pela pessoa jurídica

atendem ao fixado pela administração pública municipal no termo de referência e seus anexos, concluindo que

os documentos retratam fielmente as exigências estabelecidas pelo Município, devendo, neste caso,

qualificar/habilitar a empresa e classificar a proposta da pessoa jurídica interessada;

b) ou a CPL entende que os documentos de habilitação e a proposta oferecida pela pessoa jurídica

apresentam simples vício de ordem formal/material, irrelevante ou impertinente em relação ao objeto do futuro

contrato, podendo ser corrigido mediante a adoção de diligências complementares ou ajuste com ônus

suportado exclusivamente pela empresa, com a manutenção do valor da proposta, devendo, neste caso,

qualificar a empresa e classificar a proposta da pessoa jurídica interessada;

c) ou a CPL entende que os documentos de habilitação e a proposta não mantêm qualquer pertinência com a

posição inicialmente fixada pela administração pública municipal, não se mostrando aptos a atender ao projeto

básico, ao termo de referência e aos seus anexos, tornando-os inadequados para a finalidade a que se

destinam. Neste caso, como o vício não pôde ser sanado, restará à CPL desqualificar a empresa ou

desclassificar a proposta da pessoa jurídica interessada.

Havendo dúvida técnica se os documentos de habilitação e/ou a proposta apresentada pela empresa se

apresentam em conformidade para com o projeto básico, com o termo de referência e seus anexos, pode a

CPL se valer de consulta à Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Urbanos e às demais Secretarias

Municipais que, porventura, mantenham afinidade técnica com a matéria alvo de questionamento.

Seguindo a mesma linha de raciocínio da PROGE e realizando uma análise de cada um dos apontamentos

constantes na ata acostada à página 812/815 dos autos, temos que: quanto à alegação da empresa SA AMBIENTAL de que no balanço da empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA não consta o certificado de

regularidade do contador perante o Conselho Competente, registra a Comissão que o Termo de Referência

não exigiu apresentação do referido certificado, o que já seria suficiente para declarar a improcedência do

apontamento, mas visando corroborar a decisão da CPL registra-se, também, que, conforme pág. 767, o

balanço da proponente fora devidamente publicado com a correspondente menção do contador, a saber, o Sr.

Alexandre Francisco Macedo, registrado no Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo sob o n°

207.606/0-8 e que a CPL procedeu à conferência do seu registro no site do Conselho Regional de

Contabilidade de São Paulo (pág 831). Por fim, para aniquilar quaisquer dúvidas acerca do tema, ressaltamos

que o Tribunal de Contas da União – TCU determinou à Companhia Enérgica de Alagoas (CEAL) que adotasse

providências necessárias no sentido de tornar nulos os atos administrativos que inabilitaram empresas por não

terem apresentado selo de Habilitação Profissional, por intermédio do acórdão n°1924/2011-Plenário. Em

decisão recente (acórdão 282/2018), o egrégio Tribunal considerou irregular edital da Prefeitura Municipal de

Presidente Tancredo Neves – BA, recomendando que se abstivesse de constar em seus editais exigência de

apresentação de CRC. In verbis:

“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de 1ª Câmara, ante as razões

expostas pelo Relator, em:

[...]

9.5. dar ciência ao Município de Presidente Tancredo Neves – BA acerca das seguintes irregularidades

observadas na Tomada de Preços 001/2015, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à

prevenção de ocorrência de outras semelhantes:

9.5.1. exigência de Certificado de Registro Cadastral - CRC ou de certidão, excluindo-se a possibilidade de

apresentação de documentação apta a comprovar os requisitos de habilitação, em atenção ao disposto no art.

32 da Lei 8.666/93;

[...]

(ACÓRDÃO 282/2018 - PRIMEIRA CÂMARA, Relator AUGUSTO SHERMAN, Processo 011.152/2015-0)

(grifos nossos)

Irrefutável, portanto, que tal alegação não merece prosperar.

Quanto à arguição da empresa SA AMBIENTAL de que a Certidão de Regularidade Federal da empresa

ESTRE SPI AMBIENTAL SA é positiva com efeitos de negativa, mas no balanço não identificou débitos com a

receita, compreende a CPL que tal apontamento não possui o condão de inabilitar a proponente, uma vez que

merece prosperar a alegação da empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA, a qual registrou na ata da sessão do

dia 25/05/2018 que o débito perante a receita encontra-se suspenso, portanto, não há nenhum impedimento

em emitir a certidão, ademais o balanço contempla em suas linhas as obrigações tributárias, não havendo

obrigação de informar no balanço com quais e com quem as obrigações tributárias são assumidas, sejam elas

federais, estaduais ou municipais. Analisando o balanço da proponente pode-se observar que há previsão de

obrigações tributárias, mas não há discriminação do ente federativo a que se refere. Irrefutável, portanto, que a

alegação da empresa SA AMBIENTAL não merece prosperar.

Quanto à arguição da empresa SA AMBIENTAL de que a empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA apresentou

licença de destinação final de resíduos de saúde de titularidade da empresa Brasil Ambiental, registra a CPL

que, tendo em vista que tal documento sequer fora exigido no Termo de Referência e que a proponente não

obteve qualquer benefício com a apresentação do mesmo, tal apontamento, também, não possui o condão de

inabilitar a proponente.

Quanto à arguição da empresa SA AMBIENTAL de que a empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA infringiu a

exigência do item 12.7.12, uma vez que apresentou relação de veículos e equipamentos em quantidades

incompatíveis com a relação prevista no Termo de Referência, pois no item 1.8.8 do Termo de Referência há

previsão de que a empresa deverá contar com um caminhão poliguindaste duplo e um simples, porém a

proponente somente constou um duplo; e, ainda, no item 1.7.3 do Termo de Referência consta “equipes”, ou

seja, quatro basculantes e duas pás carregadeiras, mas a proponente apenas apresentou equipamentos

referentes a 1 equipe. Refutando o apontamento da empresa SA AMBIENTAL, a proponente ESTRE SPI AMBIENTAL SA relata ter atendido de forma satisfatória o Termo de Referência, constando de forma clara e

objetiva a listagem de equipamentos, e que, inclusive, o item 1.8.8.1 faculta à empresa a utilização ou não de

caminhão polisimples, desde que mantido o nível de qualidade dos serviços e que, quanto ao item 1.7.3 houve

erro na pluralidade do texto, pois é satisfatoriamente executado de forma a atender exatamente como descrito

no Termo de Referência. A CPL entendeu relevante constar a literalidade dos itens 1.8.8 e 1.8.8.1. A saber:

1.8.8. Para este serviço, a CONTRATADA deverá mobilizar equipes padrão compostas por 1 (um) caminhão

poliguindaste duplo e 1 (um) caminhão poliguindaste simples, com 1 (um) motorista e 1 (um) gari por

caminhão, conforme dimensionamento da CONTRATADA, e o total de 80 (oitenta) caixas estacionárias,

munidos de ferramentas adequadas, como vassourão, pá, entre outros. Fica a CONTRATADA obrigada a

observar, no dimensionamento da guarnição, essa composição mínima da equipe padrão deste serviço.

1.8.8.1. Fica facultada à CONTRATADA a utilização de caminhão poliguindaste simples, desde que seja

mantido o nível de qualidade de atendimento.

Quanto ao item 1.7.3, o Projeto Básico assim prevê:

1.7.3. Para este serviço, a contratada deverá mobilizar equipes padrão compostas por 1 (uma) pá carregadeira

e 2 (dois) caminhões basculantes trucados com PBT mínimo de 23 (vinte e três) toneladas com 2 (dois)

motoristas, 1 (um) operador e 2 (dois) garis, munidos de ferramentas adequadas, como vassourão, pá, enxada,

carrinho de mão, entre outros. Fica a CONTRATADA obrigada a observar, no dimensionamento da guarnição,

essa composição mínima da equipe padrão deste serviço, podendo ser alterada desde que, comprovadamente,

seja mantida a qualidade da prestação dos serviços.

Por se tratar de questão de cunho técnico, a CPL, seguindo recomendação da PROGE, encaminhou os autos à

SETRANS, para dirimir dúvidas acerca da interpretação dos itens acima.

Os autos foram encaminhados à SETRANS para que informassem se a interpretação feita pela empresa

ESTRE SPI AMBIENTAL SA, relatada na ata do dia 25/05/2018, está correta ou se houve erro de interpretação

e consequente erro na formulação da redação dos veículos e equipamentos da mesma. Em despacho

constante às fls. 830, a Gerente de Limpeza Pública, Francine Aparecida Sousa, assim exarou:

“1 – O item 1.7.3 do presente termo de referencia cita a composição operacional dos serviços a serem

prestados com relação à Coleta Mecanizada e Transportes de Resíduos Inertes. Para esta composição foi

utilizado o estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas, no qual consta que para a coleta de 2730 toneladas/mês serão necessários 6 (seis) caminhões basculantes trucados e 3 (três) pá carregadeiras, sendo

utilizado 2 (dois) caminhões basculantes trucados e 1 (uma) pá carregadeira por equipe padrão. Desta forma o

município de Aracruz utilizada em seus serviços operacionais por se tratar da coleta em contratação

emergencial o quantitativo de 2000 toneladas/mês, assim a totalidade de 2 equipes padrão. Visto que,

tecnicamente seja inviável apenas uma equipe, pois o município detém grande extensão territorial e alta

demanda do serviço, desta forma torna-se inviável para a municipalidade trabalhar com apenas uma equipe

padrão. O termo de referencia neste mesmo item cita que a contratada deve observar o dimensionamento da

guarnição em relação à composição mínima da equipe padrão para o referido serviço. Desta forma cabe as

empresas concorrentes elaborar composição operacional que atenda a demanda do município na coleta

mecanizada e transporte de resíduos inertes.

2 – Quanto ao serviço contido no item 1.8.8. no qual cita a utilização de equipes padrão compostas por 1 (um)

caminhão poliguindaste duplo e 1 (um) caminhão poliguindaste simples, com 1 (um) motorista e 1(um) gari por

caminhão, é necessário que seja mantido este padrão mínimo de equipe. Assim como ocorre no item 1.7.3, a

municipalidade utilizou dados fornecidos no estudo da Fundação Getulio Vargas - FGV, estudo este elaborado

para dar embasamento a contratação dos referidos serviços. A equipe técnica da Setrans trabalha com

monitoramento diário do serviço e constata por meio de demandas dos munícipes ser inviável no presente

momento a utilização de equipe padrão diferente da que consta no termo de referencia, ou seja

por 1 (um) caminhão poliguindaste duplo e 1 (um) caminhão poliguindaste simples. Por este motivo qualquer

redução no número de veículos irá impactar negativamente no serviço ora fornecido pelo município de

Aracruz.”

Ou seja, conforme exarado pela SETRANS, são necessários para o item 1.8.8, (1) poliguindaste duplo e (1)

poliguindaste simples, a faculdade refere-se à substituição de (1) poliguindaste duplo por (1) simples e, quanto

ao item 1.7.3 são necessárias (2) equipes padrão, ou seja, (04) caçambas e (02) pás carregadeiras, portanto,

houve erro de interpretação da empresa.

No presente caso, é nítido que a Comissão encontrou-se diante de um evidente conflito entre os princípios do

formalismo moderado e economicidade e o da vinculação ao instrumento convocatório. Sabendo-se que, diante

de um conflito de princípios a adoção de um não provoca a aniquilação do outro, é importante realizar a

ponderação e considerar a importância de cada um deles no caso concreto, porém, sem perder de vista os

aspectos normativos. Embora a empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA tenha apresentado esses erros em sua

proposta, não se pode olvidar que trata-se da proponente de menor preço, tendo proporcionado uma diferença

de R$1.097.437,56 (hum milhão, noventa e sete mil, quatrocentos e trinta e sete reais e cinquenta e seis

centavos) com relação à segunda colocada (SA AMBIENTAL), portanto seria desarrazoado desclassificar, de

plano, a proposta que, à primeira vista, é a mais vantajosa para a Administração Pública. Esse é, também, o

entendimento explicitado pelo TCU no voto do Acórdão 4.621/2009-2C, em caso que a proponente de menor

preço apresentou erro em sua proposta:

‘Releva ainda saber o procedimento a ser adotado quando a Administração constata que há evidente equívoco

em um ou mais dos itens indicados pelas licitantes.

Não penso que o procedimento seja simplesmente desclassificar o licitante. Penso sim que deva ser avaliado o impacto financeiro da ocorrência e verificar se a proposta, mesmo com a falha, continuaria a preencher os requisitos da legislação que rege as licitações públicas - preços exequíveis e compatíveis com os de mercado. Exemplifico. Digamos que no quesito férias legais, em evidente desacerto com as normas trabalhistas, uma

licitante aponha o porcentual de zero por cento. Entretanto, avaliando-se a margem de lucro da empresa,

verifica-se que poderia haver uma diminuição dessa margem para cobrir os custos de férias e ainda garantir-se

a exequibilidade da proposta.

Em tendo apresentado essa licitante o menor preço, parece-me que ofenderia os princípios da razoabilidade e da economicidade desclassificar a proposta mais vantajosa e exequível por um erro que, além de poder ser

caracterizado como formal, também não prejudicou a análise do preço global de acordo com as normas

pertinentes. (g.n)

Por outro lado, se essa vantajosidade na proposta da empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA decorreu da

redução dos veículos e equipamentos, não há que se falar em vantajosidade real e efetiva, mas sim em

desigualdade entre os proponentes, uma vez que qualquer outra empresa poderia diminuir o valor ofertado

mediante a redução do quantitativo de veículos e equipamentos.

Como pode ser verificado nas decisões proferidas por essa Comissão em outras contratações, tem a CPL

adotado o mesmo posicionamento recomendado, atualmente, pela jurisprudência pátria, qual seja, a adoção do

princípio do formalismo moderado nas contratações públicas. A própria PROGE deste Município, no processo

da Concorrência Pública n°002/2017, mediante excelentíssimo parecer exarado pela douta procuradora Ariane

Maia Guimarães Sepulchro, advertiu à CPL que, embora a lei 8.666/1993 estabeleça que as propostas que não

atendam as especificações contidas no instrumento convocatório devem ser desclassificadas, o rigorismo

excessivo no julgamento das licitações vem sendo mitigado, com fulcro em outros princípios. Segue trecho do

parecer:

“A lei 8.666/1993, ex vi de seu art. 48, inciso I, estabelece que as propostas que não atendam as

especificações contidas no ato convocatório da licitação serão desclassificadas.

Não obstante, é certo que este rigorismo excessivo na apreciação das propostas na fase de julgamento das licitações, vem sendo mitigado, com fulcro em outros princípios, quais sejam, da proporcionalidade e razoabilidade, que também devem esgueirar a prática de toda atividade administrativa. [...]

Aliás, não raro, pode ocorrer que a rejeição da proposta torna-se mais prejudicial ao interesse público, do que a sua manutenção, inobstante os erros apontados em seu conteúdo.” Portanto, se no julgamento da Concorrência Pública e demais modalidades licitatórias vem sendo

recomendada a aplicação do formalismo moderado, na dispensa de licitação não poderia ser diferente,

mormente por se tratar de um procedimento com menos formalidades que as modalidades tradicionais da lei

8.666/1993.

Quanto a esse ponto, no Parecer constante à pág. 817/825, a PROGE recomendou à CPL que um dos

posicionamentos que a Comissão poderia adotar é o seguinte:

“b) ou a CPL entende que os documentos de habilitação e a proposta oferecida pela pessoa jurídica

apresentam simples vício de ordem formal/material, irrelevante ou impertinente em relação ao objeto do futuro

contrato, podendo ser corrigido mediante a adoção de diligências complementares ou ajuste com ônus suportado exclusivamente pela empresa, com a manutenção do valor da proposta, devendo, neste caso,

qualificar a empresa e classificar a proposta da pessoa jurídica interessada;” (g.n)

Seguindo a Inteligência do exarado pela PROGE, entende a CPL que trata-se de erro formal, uma vez que o

ajuste decorre de ônus que deve ser suportado pela empresa, desde que mantenha sua proposta inicial.

Tendo em vista que não existem fórmulas prontas para cada caso, devem ser sopesados os princípios

administrativos visando à obtenção da melhor proposta, pois o certame licitatório não representa um fim em si

mesmo, mas um meio que busca o atendimento das necessidades públicas. Nas palavras do professor Adilson

Dallari: a “licitação não é um concurso de destreza, destinado a selecionar o melhor cumpridor de edital”.

Dessa forma, visando não ferir o item 12.7.12, que estabelece que os veículos e equipamentos disponibilizados

pela proponente devem atender ao estabelecido no Termo de Referência e, visando, ao mesmo tempo, atender

à recomendação da jurisprudência pátria com relação à aplicação do formalismo moderado e, dessa forma,

não desclassificar a proposta mais vantajosa para a Administração, garantindo, assim, a aplicação

concomitante dos princípios administrativos, nos valemos, por analogia, das decisões abaixo, proferidas pelo

Tribunal de Contas da União.

No acórdão n° 2637/2015, o egrégio Tribunal exarou entendimento no sentido de que é possível aceitar

proposta de menor preço, ainda que tenha havido erro na proposta, desde que o acréscimo seja suportado

pelo licitante, uma vez que ele deverá manter sua proposta global inicial. In verbis:

“28. Assim, ao indicar novos motivos para a desclassificação, sem conferir chance para que a licitante se

pronunciasse quanto ao feito, é que se defende que a entidade agiu com formalismo exagerado.

29. O fato ganha mais relevância quando se ponderam os argumentos da representante no sentido que, sem

considerar os aspectos suscetíveis de contestação da análise do despacho 74/2015, como a CCT/CE, as

incorreções apontadas na planilha apresentada importariam custo adicional de R$ 6.770,67 mensais, já

incluídos os impostos e encargos incidentes sobre a diferença.

30. Ainda de acordo com a representante, no que não foi contestada pela Funasa, tal valor representaria um

custo adicional, em toda a vigência do contrato a ser firmado, de R$ 81.248,04, ou 1,7181% do valor da

proposta, acréscimo que seria suportável, no expressado pela empresa, a partir da redução de percentuais

relativos a custos de implantação, gestão (insumos indiretos) e lucro, sem prejuízo à qualidade dos serviços e à

exequibilidade da proposta.

31. Relativamente ao erro que se repetiu nas propostas corrigidas, quanto ao valor do vale alimentação no Rio de Janeiro (RJ), que não teria considerado aditivo que o elevou de R$ 18,50 para R$ 20,00, a análise que deve ser feita é quanto à dimensão dada a esse ponto, que encontrou potencial para eliminar proposta economicamente mais vantajosa para a Administração Pública (cerca de R$ 980 mil mais barata). No mesmo sentido, o referido Tribunal, no Relatório que acompanha a Decisão 577/2001-Plenário, delineia-se

a hipótese fática similar à ora apresentada, em que, constatado o erro, a licitante propõe-se a corrigi-lo,

arcando com os custos necessários para manter sua proposta global:

‘Evidentemente espera-se não haver diferenças entre a informação posta na planilha e aquela exigida pela lei

ou pelo acordo. Mas, e se houver? Só há duas alternativas, cuja validade cabe discutir:

1ª) acata-se a proposta, mas o proponente tem que suportar o ônus do seu erro (que resulta em uma

oferta menos competitiva, se o valor informado for maior que o exigido, ou em uma redução da margem de

lucro inicialmente esperada, na situação inversa); ou

2ª) desclassifica-se a proposta sumariamente, o que não deixa de ser uma medida drástica, se considerarmos

que a licitação não é um fim em si mesma, mas meio para a Administração selecionar a oferta que lhe for mais

vantajosa, dentro dos limites de atuação estabelecidos pelo legislador.’

Aplicando-se o entendimento jurisprudencial no presente caso, é possível acatar a proposta da proponente,

ainda que tenha apresentado erros, desde que a mesma comprometa-se, formalmente, a executar os serviços

com todos os veículos e equipamentos descritos no Termo de Referência relativo a essa contratação. Tendo

em vista a iminência do término do contrato, deve a proponente comprovar, com urgência, nos autos do

processo, que dispõe dos veículos e equipamentos que não constou em sua relação.

Em contrapartida, deve a licitante arcar com o ônus de seu próprio erro (que foi decorrente do equívoco na

interpretação dos termos do instrumento convocatório), mantendo o valor inicial de sua proposta, uma vez que,

conforme entendimento firmado do Tribunal de Contas da União, não há possibilidade de majoração do preço

inicialmente proposto (Acórdãos 1.811/2014 e 2.546/2015).Caso a proponente afirme que não consegue

manter o mesmo preço inicialmente ofertado realizando os serviços com as quantidades descritas no Termo de

Referência, sua proposta será desclassificada.

Nessa oportunidade, registra a Comissão que procedeu ao cálculo de inexequibilidade previsto na lei

8.666/1993, constatando que nenhum valor, global e unitário, apresentado pela empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA figurou-se inexequivel. Segue cálculo na página 596 dos autos.

Importante ressaltar que a pretensa contratação é referente à uma dispensa de licitação com caráter

emergencial, cujo contrato vigorará por 180 (cento e oitenta) dias, podendo ser rescindido em período inferior

quando da contratação definitiva dos serviços por intermédio da Concorrência Pública n°004/2014, portanto,

ainda que o contrato não vigore por 180 dias, ou seja, ainda que a diferença obtida entre a 1° e 2° colocada

não se dê efetivamente no valor de R$1.097.437,56, em virtude de rescisão do contrato em prazo inferior, tem

a Prefeitura Municipal de Aracruz, com a contratação da empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA, uma economia

de R$182.906,26 (cento e oitenta e dois mil, novecentos e seis reais e vinte e seis centavos) por mês, valor,

inquestionavelmente, significante. Portanto, tendo em vista a solução proposta, visando manter a proposta

mais vantajosa para a administração, tal apontamento não possui o condão de inabilitar a proponente.

Quanto à arguição da empresa SA AMBIENTAL de que, com relação à exigência do item 12.8 do Termo de

Referência (licença ambiental de operação), o documento apresentado pela empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA não possui legitimidade, uma vez que o representante do aterro sanitário, Sr. Peterson Felipe Souza

Soares, não possui legitimidade para a emissão do documento, a proponente ESTRE SPI AMBIENTAL SA alega que, quanto ao Termo de Compromisso firmado com a AMBITEC, a carta de anuência é um documento

acessório, não exigido para essa fase e que o texto do Termo de Referência é objetivo, pois “para a

participação do lote 02 deverá apresentar o seguinte documento: licença ambiental e operação expedida por

órgão ambiental para destinação final em aterro sanitário classe 2, e que, para tanto, a ESTRE atendeu de

forma satisfatória o item 8.12.2, encartando em sua documentação a licença. Quanto a esse apontamento,

assiste razão à empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA, uma vez que o Termo de Referência não exigiu, dentre

o rol de documentos de habilitação, a apresentação do Termo de Compromisso com o aterro. Importante

ressaltar que, consoante art.6°, inciso XVI, compete à CPL receber, examinar e julgar todos os documentos e

procedimentos relativos às licitações, não podendo exceder sua competência, exigindo documentos além do

arrolados pela SETRANS como essenciais à habilitação da empresa. Porém, visando dirimir quaisquer

dúvidas, fora realizada diligências junto à empresa AMBITEC no dia 28/05/2018, entrando em contato pelo

telefone n° (11) 3429-5000 com a funcionária Camila Mendes da Silva, a qual declarou à CPL que o Sr.

Peterson Felipe Souza Soares é o gerente operacional da unidade do aterro de Aracruz e possui procuração

com amplos poderes para resolver quaisquer situações que envolvam compromissos firmados pelo referido

aterro. Comprovando o acima afirmado, a mesma encaminhou a procuração do Sr. Peterson Felipe Souza

Soares, acostada às fls. 827 a 828 desse processo.

Quanto ao registro da empresa SA AMBIENTAL de que pesquisou no site do IEMA pelo CNPJ informado na

sessão pela licitante ESTRE SPI AMBIENTAL SA e constatou que a empresa não possui licenciamento

ambiental para exercer as atividades de coleta e transporte de resíduos no âmbito do Estado do Espírito Santo.

E, em contrapartida, registrou a empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA que tal documento não foi exigido no

instrumento convocatório e que, portanto, atenderam ao solicitado no Termo de Referência. Assiste razão à

empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA, uma vez que não pode a CPL exigir documentos não arrolados no

Termo de Referência como exigência de habilitação, além disso, consoante informação da servidora da

SETRANS, Francine Aparecida Souza, tal licença é procedimento posterior à fase de habilitação.

Pelas razões expostas e devidamente justificadas, decide a CPL questionar à empresa ESTRE SPI AMBIENTAL SA se a mesma se compromete a executar os serviços com todos os veículos e equipamentos

descritos no Termo de Referência relativo a essa contratação.

KELLEN SERRA BARBOSA

Presidente da CPL

ARIANE PEREIRA NICOLI RANYELLE FERNANDA MILER Membro Membro

SANDRA APARECIDA DELAIA RAMOS ANA LÚCIA MACHADO MAZZEGA Membro Membro

PATRICIA SOUZA NASCIMENTOGALAVOTTI JOSIANE DIAS ROSÁRIO Membro Membro