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Sem Opção Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Mundo - Seção: - Assunto: Outros Assuntos - Página: Capa e A10 - Publicação: 04/01/20 URL Original: Ataque dos Estados Unidos mata general do Irã em Bagdá e aumenta tensão na região Ataque dos Estados Unidos mata general do Irã em Bagdá e aumenta tensão na região Líder supremo iraniano promete vingança implacável, enquanto Trump diz que Irã nunca venceu uma guerra Um ataque realizado pelos Estados Unidos contra o Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, na madrugada desta sexta (3, noite de quinta no Brasil) matou o principal comandante militar do Irã, o general Qassim Suleimani, e fez escalar a tensão entre americanos e iranianos . Os EUA confirmaram que a ação foi autorizada pessoalmente pelo presidente Donald Trump e anunciaram que vão mandar outros 3.000 soldados para o Oriente Médio, enquanto o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu “vingança implacável”. Considerado um herói em seu país, Suleimani foi tratado como mártir e recebeu uma oração em rede nacional como uma das homenagens. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas no Irã e em outros países, como Índia, Líbano e Paquistão, para protestar contra a morte do general. Entoando frases como “morte à América” e segurando cartazes com a foto do comandante, os manifestantes queimaram bandeiras dos EUA e do Reino Unido —visto como aliado americano, embora o premiê britânico, Boris Johnson, tenha afirmado que não tinha conhecimento prévio do atentado. Em uma série de publicações no Twitter, Donald Trump afirmou que “o Irã nunca venceu uma guerra” e que Suleimani “deveria ter sido morto muitos anos atrás”. Mais tarde, em um pronunciamento a repórteres, falou em guerra novamente, mas em outro tom. “Agimos para parar uma guerra. Não agimos para iniciar uma guerra.” Segundo ele, “Suleimani estava planejando ataques iminentes e sinistros a diplomatas e militares americanos”. De acordo com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a ação que matou Suleimani foi posta em prática para interromper um “ataque iminente” que poderia ter ameaçado a segurança de americanos no Oriente Médio. Um comunicado do Departamento de Defesa afirmou que Suleimani estava “ativamente desenvolvendo planos para atacar diplomatas e outros funcionários americanos no Iraque e na região”. Do outro lado, o aiatolá Khamenei decretou três dias de luto oficial em todo o país. “O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos esses anos”, escreveu no Twitter. Uma vingança implacável aguarda os criminosos que encheram suas mãos com seu sangue e o de outros mártires.” O presidente do Irã, Hassan Rouhani, também prometeu vingança “por esse crime horrível dos criminosos Estados Unidos”. Para ele, a morte de Suleimani “redobra a determinação da nação iraniana e de outras nações livres da região de se opor à intimidação dos Estados Unidos e defender os valores islâmicos”. Os EUA não aumentaram oficialmente seus níveis de alertas internos contra o terrorismo, mas o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, disse que a cidade estava se preparando para um ataque como nunca antes. Segundo ele, a ameaça a Nova York aumentou significativamente da noite para o dia, considerando o poder militar de que dispõem os iranianos. “Os nova-iorquinos merecem saber que entramos em uma realidade diferente.” Outras cidades americanas também tomaram medidas de precaução. Chicago, por exemplo, aumentou a segurança nos aeroportos e disparou avisos pedindo para a população se manter “vigilante”. Em Los Angeles, a polícia informou que estava monitorando os eventos no Oriente Médio e pediu às pessoas para ficarem alertas. Horas depois do ataque no Iraque, a embaixada dos EUA em Bagdá pediu aos cidadãos americanos que deixassem o país imediatamente. No último dia 24, um funcionário terceirizado do Exército americano foi morto após um ataque contra uma base americana próxima a Kirkuk. Washington culpou a milícia Kataib Hizbullah (também apoiada pelo Irã) pela ação e no domingo (29) realizou um ataque aéreo

Ataque dos Estados Unidos mata general do Irã em Bagdá e … · aeroportos e disparou avisos pedindo para a população se manter “vigilante”. Em Los Angeles, a polícia informou

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Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Mundo - Seção: - Assunto: Outros Assuntos- Página: Capa e A10 - Publicação: 04/01/20URL Original:

Ataque dos Estados Unidos mata general do Irã emBagdá e aumenta tensão na regiãoAtaque dos Estados Unidos mata general do Irã emBagdá e aumenta tensão na regiãoLíder supremo iraniano promete vingança implacável, enquanto Trump dizque Irã nunca venceu uma guerraUm ataque realizado pelos Estados Unidos contra o Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, na madrugada desta sexta (3,noite de quinta no Brasil) matou o principal comandante militar do Irã, o general Qassim Suleimani, e fez escalar a tensão entreamericanos e iranianos.Os EUA confirmaram que a ação foi autorizada pessoalmente pelo presidente Donald Trump e anunciaram que vão mandaroutros 3.000 soldados para o Oriente Médio, enquanto o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu “vingançaimplacável”.Considerado um herói em seu país, Suleimani foi tratado como mártir e recebeu uma oração em rede nacional como uma dashomenagens.Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas no Irã e em outros países, como Índia, Líbano e Paquistão, para protestar contraa morte do general.Entoando frases como “morte à América” e segurando cartazes com a foto do comandante, os manifestantes queimarambandeiras dos EUA e do Reino Unido —visto como aliado americano, embora o premiê britânico, Boris Johnson, tenha afirmadoque não tinha conhecimento prévio do atentado.Em uma série de publicações no Twitter, Donald Trump afirmou que “o Irã nunca venceu uma guerra” e que Suleimani “deveriater sido morto muitos anos atrás”.Mais tarde, em um pronunciamento a repórteres, falou em guerra novamente, mas em outro tom. “Agimos para parar umaguerra. Não agimos para iniciar uma guerra.”Segundo ele, “Suleimani estava planejando ataques iminentes e sinistros a diplomatas e militares americanos”.De acordo com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a ação que matou Suleimani foi posta em prática parainterromper um “ataque iminente” que poderia ter ameaçado a segurança de americanos no Oriente Médio.Um comunicado do Departamento de Defesa afirmou que Suleimani estava “ativamente desenvolvendo planos para atacardiplomatas e outros funcionários americanos no Iraque e na região”.Do outro lado, o aiatolá Khamenei decretou três dias de luto oficial em todo o país. “O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos esses anos”, escreveu no Twitter.Uma vingança implacável aguarda os criminosos que encheram suas mãos com seu sangue e o de outros mártires.”O presidente do Irã, Hassan Rouhani, também prometeu vingança “por esse crime horrível dos criminosos Estados Unidos”. Paraele, a morte de Suleimani “redobra a determinação da nação iraniana e de outras nações livres da região de se opor àintimidação dos Estados Unidos e defender os valores islâmicos”.Os EUA não aumentaram oficialmente seus níveis de alertas internos contra o terrorismo, mas o prefeito de Nova York, odemocrata Bill de Blasio, disse que a cidade estava se preparando para um ataque como nunca antes.Segundo ele, a ameaça a Nova York aumentou significativamente da noite para o dia, considerando o poder militar de quedispõem os iranianos. “Os nova-iorquinos merecem saber que entramos em uma realidade diferente.”Outras cidades americanas também tomaram medidas de precaução. Chicago, por exemplo, aumentou a segurança nosaeroportos e disparou avisos pedindo para a população se manter “vigilante”.Em Los Angeles, a polícia informou que estava monitorando os eventos no Oriente Médio e pediu às pessoas para ficaremalertas.Horas depois do ataque no Iraque, a embaixada dos EUA em Bagdá pediu aos cidadãos americanos que deixassem o paísimediatamente. No último dia 24, um funcionário terceirizado do Exército americano foi morto após um ataque contra uma base americanapróxima a Kirkuk. Washington culpou a milícia Kataib Hizbullah (também apoiada pelo Irã) pela ação e no domingo (29) realizou um ataque aéreo

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em áreas controladas por essa facção no Iraque e na vizinha Síria. A ação gerou revolta contra o país no Iraque e levou manifestantes e milicianos a atacarem a embaixada dos EUA em Bagdá naterça (31) —o cerco terminou no dia seguinte. Em uma rede social, o presidente Donald Trump acusou o Irã de orquestrar a invasão e disse que o país seria responsabilizado."O Irã matou um segurança privado [terceirizado] americano e feriu outras pessoas. Respondemos com vigor e sempre iremosresponder", disse, em referência à ação do último domingo."Agora, o Irã está orquestrando um ataque contra a embaixada dos EUA no Iraque. Eles serão responsabilizados. Esperamos queo Iraque use suas forças de segurança para proteger a embaixada", acrescentou Trump na ocasião.A presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, afirmou que o ataque arrisca provocar “uma escaladaperigosa da violência” e que tanto os EUA quanto o mundo não podem ver as tensões aumentarem. Ela também criticou aadministração Trump por ter conduzido o bombardeio sem ter consultado o Congresso.O secretário-geral da ONU, António Guterres, demonstrou preocupação com o acirramento das tensões entre Estados Unidos eIrã, que colocou a comunidade internacional em alerta. “É um momento em que os líderes devem exercer o máximo de moderação. O mundo não pode permitir outra guerra no Golfo”,disse seu porta-voz. A crise também impactou a cotação do petróleo.O porta-voz do Parlamento do Iraque, Mohammed al-Halbousi, condenou o ataque americano em seu país. “É uma flagranteviolação da soberania e violação de acordos internacionais”, afirmou. Para o presidente francês, Emmanuel Macron, que disse ter discutido a situação com o russo Vladimir Putin, o Irã precisa evitarprovocações.A ação que matou o general Qassim Suleimani deixou ao menos outros nove mortos, entre eles Abu Mahdi al-Muhandis, líder deuma milícia iraquiana favorável a Teerã, e o porta-voz do grupo, Mohammed Ridha Jabri.Os dois carros em que eles estavam foram atingidos por mísseis americanos quando deixavam o aeroporto.O militar liderava havia mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã responsável pelo serviçode inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior.Próximo do aiatolá Khamenei, Suleimani era um dos nomes mais cotados para sucedê-lo no comando do país, segundo o jornalThe New York Times —o líder supremo iraniano tem 80 anos. Ele estava em Bagdá para participar de encontros com líderes de milícias iraquianas.Para Washington, Suleimani era o idealizador da estratégia de apoiar milícias no Iraque e na Síria contra as tropas americanas.Por isso, o governo dos EUA culpava o general pela morte de até 700 militares do país nos últimos anos.Ainda na noite desta sexta-feira, a televisão estatal iraquiana informou que um outro bombardeio aéreo americano atingiu umamilícia numa estrada ao norte de Bagdá. Seis pessoas morreram e três ficaram gravemente feridas, segundo as primeirasinformações divulgadas.

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