23
1 T2A02 ATELIER DE TEORIA DA CIDADE: NOVAS PRÁXIS EDUCATIVAS AOS ESTUDANTES DE ARQUITETURA E URBANISMO Prof. Dr. José Oswaldo Soares de Oliveira, Brasil, Universidade de Taubaté – Departamento de Arquitetura, Grupo Ambiente Construído, PróReitoria de Pesquisa e Pós Graduação Prof. Dr. Paulo Romano Reschilian, Brasil, Universidade de Taubaté – Departamento de Arquitetura Núcleo de Estudos em Políticas Sociais, PróReitoria de Pesquisa e PósGraduação SUMÁRIO: O presente trabalho relata a experiência em desenvolver um aprendizado em Fundamentos Sócio- Econômicos da Arquitetura Urbana junto a Departamento de Arquitetura da Universidade de Taubaté. Destaca-se o estabelecimento de dinâmicas didáticas pautadas por exercícios seqüenciais orientados pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas projetuais). Instigam-se os alunos a investigarem temas, a priori, apresentados em sua expressão quotidiana, próxima ao senso comum. A partir da questão, por exemplo: Porque existem favelas (moradias precárias) no Brasil? busca-se chegar a essência de sua compreensão teórica, no caso, sob a óptica da produção sócio-econômica da urbanização. Parte-se das respostas iniciais dos alunos para aprofundar a temática, apoiando-se em exercícios do domínio da produção textual para apreender e em parte, vivenciar em Atelier o papel do espaço na história e na contemporaneidade como instância da sociedade. Das indagações iniciais, outras vão sendo estabelecidas pelos professores, buscando levantar e aprofundar os temas a partir de categorias analíticas comuns à Teoria da Urbanização, por exemplo, como os relacionados ao papel do Estado no Brasil ou o das elites, ou ainda, aos relativos a estratificação econômica e ao papel

ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

1

T2A02 ATELIER DE TEORIA DA CIDADE: NOVAS PRÁXIS EDUCATIVAS

AOS ESTUDANTES DE ARQUITETURA E URBANISMO Prof. Dr. José Oswaldo Soares de Oliveira, 

Brasil, Universidade de Taubaté – Departamento de Arquitetura, Grupo Ambiente Construído, Pró‐Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação 

Prof. Dr. Paulo Romano Reschilian, Brasil, Universidade de Taubaté – Departamento de Arquitetura 

Núcleo de Estudos em Políticas Sociais, Pró‐Reitoria de Pesquisa e Pós‐Graduação 

SUMÁRIO: O presente trabalho relata a

experiência em desenvolver um

aprendizado em Fundamentos Sócio-

Econômicos da Arquitetura Urbana

junto a Departamento de Arquitetura

da Universidade de Taubaté.

Destaca-se o estabelecimento de

dinâmicas didáticas pautadas por

exercícios seqüenciais orientados

pelos professores em Atelier de Aula

(assim, como se desenvolvem na

seqüência das disciplinas projetuais).

Instigam-se os alunos a investigarem

temas, a priori, apresentados em sua

expressão quotidiana, próxima ao

senso comum. A partir da questão,

por exemplo: Porque existem favelas

(moradias precárias) no Brasil?

busca-se chegar a essência de sua

compreensão teórica, no caso, sob a

óptica da produção sócio-econômica

da urbanização. Parte-se das

respostas iniciais dos alunos para

aprofundar a temática, apoiando-se

em exercícios do domínio da

produção textual para apreender e

em parte, vivenciar em Atelier o papel

do espaço na história e na

contemporaneidade como instância

da sociedade. Das indagações

iniciais, outras vão sendo

estabelecidas pelos professores,

buscando levantar e aprofundar os

temas a partir de categorias analíticas

comuns à Teoria da Urbanização, por

exemplo, como os relacionados ao

papel do Estado no Brasil ou o das

elites, ou ainda, aos relativos a

estratificação econômica e ao papel

Page 2: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

2

da especulação imobiliária. Com

estas atividades objetiva-se

possibilitar aos estudantes, a

construção de um instrumental

teórico para compreender o espaço

como produção da sociedade e;

assim, poder redimensionar o papel

do arquiteto e urbanista nos

processos que condicionam e/ou

determinam a organização espacial.

Em suma, a compreensão do

processo de produção do espaço,

sua apreensão teórica, poderá

contribuir para uma efetiva

participação dos arquitetos e

urbanistas, atuando de modo mais

incisivo na organização do espaço da

sociedade. A presente tentativa de se

criar o Atelier de Teoria da Cidade

está visando a construção de uma

pedagogia que se aproxime mais do

perfil destes estudantes de

arquitetura e urbanismo. Visa criar

novas dinâmicas, as quais possam

evitar o caráter por vezes efêmero

dos esforços de aprendizados. De

fato, almeja-se, sem perder a

profundidade do conhecimento

teórico, desenvolver uma didática a

qual possibilite incorporar a teoria de

modo mais consistente à práxis no

exercício dos arquitetos e urbanistas.

Tarefa em curso, com inúmeros

desafios à frente, mas também

alguns alentos.

ATELIER DE TEORIA DA CIDADE: OS FUNDAMENTOS DE FUNDAMENTOS

A Universidade de Taubaté,

localizada na cidade de Taubaté é

uma autarquia municipal, portanto

uma instituição pública, em parte

subvencionada por aportes públicos e

também, por recursos de

mensalidades dos estudantes. Nesta

importante instituição brasileira, com

30 de atuação na Região do Vale do

Paraíba, entre os Estados de São

Paulo e Rio de Janeiro, encontram-se

dezenas cursos de graduação,

especialização, mestrado e

doutorado, destacando-se o Curso de

Arquitetura e Urbanismo, no qual

Page 3: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

3

atuamos como professores e

pesquisadores.

Neste quadro institucional, o Curso

de Arquitetura e Urbanismo, ao longo

da sua constituição desde 1978, vem-

se pautando por um debate no que

tange a sua forma de organização.

No caso, destacando o seu perfil

junto à sociedade e ao Estado (grau

de engajamento quanto às demandas

sociais e institucionais) e à economia

de mercado (grau de atendimento a

livre iniciativa). Paralelamente a

esses debates, outros estiverem

presentes para se estruturar o projeto

pedagógico, sobretudo no que tange

a organização do curso pelos eixos

horizontal (por ano letivo), eixos

verticais (relativos à cada sequência,

projeto, teoria e tecnologia) e ainda,

pelos chamados eixos transversais,

(tentativas de discussão tanto por ano

letivo como pela sequência,

associados também ao perfil

inicialmente referido (peso das

demandas sociais ou da economia de

mercado).

O Curso de Arquitetura e Urbanismo

está constituído, desde sua origem,

pelo clássico tripé das sequências de

Teoria e História, Projeto e

Tecnologia. Ao longo destes anos, as

disciplinas vêm se constituindo com

certa autonomia junto à grade

curricular. Em que pesem as

discussões coletivas no

Departamento de Arquitetura, as

disciplinas vem sendo formuladas a

partir de um quadro de ementas

também estabelecido em

consonância com as Diretrizes

Curriculares, aprovadas no plano

nacional em 1994, fruto das

discussões promovidas no âmbito da

ABEA (Associação Brasileira de

Ensino de Arquitetura e Urbanismo)

e, em última instância, receberam o

aval do Ministério da Educação

brasileiro, definindo as bases para a

organização do ensino de arquitetura

e urbanismo, necessárias para o

reconhecimento do exercício

profissional em todo território

nacional.

Page 4: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

4

Cabe ressaltar, que discutia-se desde

1978, a alteração do currículo em

Arquitetura e Urbanismo e que, nesse

contexto, a área de Arquitetura e

Urbanismo no Brasil, antecipa-se às

próprias diretrizes da Graduação

superior, lançadas em 1997,

propondo Diretrizes Curriculares,

substituindo e ampliando a

abordagem do currículo mínimo então

vigente no Brasil.

No âmbito da extensão e diversidade

do território do país, há uma

amplitude de abordagens do

desenvolvimento do ementário,

inclusive, recomendadas para se dar

conta das realidades regionais

diversas. Neste quadro, o presente

texto pretende destacar o papel da

disciplina Fundamentos Sócio-

Econômicos da Arquitetura Urbana,

presente no Curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade de

Taubaté.

De um lado, trata-se de uma

disciplina, a qual cabe abranger, em

parte, a própria realidade brasileira,

bem como, de como esta realidade

vem sendo historicamente produzida

e, por outro lado, estabelecem-se os

fundamentos sócio-econômicos do

próprio processo de produção da

arquitetura.

Uma primeira questão já se

apresenta no âmbito da discussão

apontada junto ao Departamento de

Arquitetura da Universidade de

Taubaté, bem como a parcela de

outras escolas. A qual arquitetura

deve-se levantar, conhecer, e estudar

os fundamentos sócio-econômicos?

Deve-se voltar a uma arquitetura

estritamente produzida pelos

arquitetos e urbanistas em suas

práxis? Ou, se deve voltar para a

produção do conjunto da arquitetura

produzida socialmente no país,

considerando-se a pluralidade de

seus agentes sociais?

Page 5: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

5

Uma primeira observação é

necessária: na visão destes

professores e pesquisadores, busca-

se compreender e desenvolver uma

aprendizagem voltada para o

conjunto de toda a produção

arquitetônica. A questão é: como se

pode determinar este estágio de

produção da arquitetura no país? E

outra também vem à debate: no caso,

no conjunto deste processo de

produção, qual seria o grau de

abordagem necessária para destacar

mais especificamente a arquitetura

produzida pelos arquitetos e

urbanistas?

De antemão, necessário explicitar:

não se busca minimizar a relevância

do trabalho dos arquitetos, o qual os

professores também se vinculam

como profissionais. Em qualquer

obra, pública ou privada, voltada às

instituições, à sociedade, ou à

economia de mercado, sempre é

possível identificar e compreender os

seus fundamentos sócio-econômicos.

Aqui, portanto, é importante destacar

os próprios fundamentos da disciplina

de Fundamentos Sócio-Econômicos

da Arquitetura Urbana desenvolvida

na Universidade de Taubaté. Partem

os professores de uma visão

prospectiva para o exercício da

arquitetura no Brasil. Trata-se, assim,

de uma disciplina que se funda no

pro-jecto de um desenvolvimento

para o país.

Em outras palavras, o exercício da

arquitetura é compreendido a partir

de um desenvolvimento o qual só

será efetivo a partir de que toda a

sociedade possa ter acesso a uma

arquitetura qualitativa. Mais

precisamente, busca-se um exercício

na graduação que permita aos

estudantes pensar e atuar sobre uma

demanda por trabalhos de arquitetos

em potencial. Atualmente, o trabalho,

efetivo, dos arquitetos no Brasil

abrange uma pequena parcela da

sociedade, praticamente, à pequena

parcela com rendimentos econômicos

acima de 20 salários mínimos,

Page 6: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

6

quando muito atinge a parcela de 10

salários mínimos. Isto, representa,

um exercício restrito a 5% das obras

executadas no país.

Implica-se, assim, em compreender

os entraves ao pleno exercício dos

arquitetos brasileiros, os quais estão

distantes em atender, de fato, o

conjunto das demandas sociais. Aqui

não se trata de reconhecer as ações

dos arquitetos e urbanistas no campo

social, por sinal, com obras

significativas ao longo de diversas

gerações durante o século vinte. Mas,

sim compreender o pequeno alcance

destas obras emblemáticas à

sociedade e às Políticas Sociais. Por

exemplo, obra como o Conjunto do

Pedregulho, do arquiteto Reidy, na

cidade do Rio de Janeiro, RJ, nos

anos trinta. Ou então, a obra da

arquiteta Lina Bo Bardi, expressa

pela revitalização do Pelourinho na

Bahia, pautada pela diretriz que

buscou conciliar moradia e trabalho

na área do centro histórico de

Salvador, BA. Exemplos eloquentes e

tantos outros no tocante à moradia,

registrados na tese de doutoramento

de Rubano. (FAUUSP, 2001)

São referências significativas à

história da Arquitetura e do

Urbanismo, fundamentos de como se

pode pensar e atuar no

desenvolvimento no país. Contudo,

são exemplos emblemáticos e não a

desejável tônica da própria produção

arquitetônica e longe ainda de

representar o conjunto da produção

existente no país, no caso, pautada

por moradias e obras auto-

construídas, comumente com

materiais precários, edificadas a base

do improviso e da urgência, sem

planos, reproduzindo este perfil para

o espaço dos acessos e usos

coletivos das favelas e bairros

populares das cidades.

Diante deste quadro, de auto-

construção de grande parte de

nossas cidades, de sua precariedade

material, da ausência de

equipamentos públicos, sem falar na

Page 7: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

7

deficiência da infra-estrutura urbana:

ausência de calçamento, de água

potável, esgoto, iluminação,

telefonia... gerou-se um padrão de

moradia e urbanidade, notoriamente,

pautado pela segregação entre áreas,

de um lado, as das elites econômicas

e de classes médias dotadas de um

padrão de primeiro mundo e, de outro

lado, a expressão material da

realidade dos países do terceiro

mundo, abarcando a maioria da

população da base da pirâmide

social, representada por mais de 80%

dos brasileiros, com sua renda

aquém a 3 salários mínimos.

Compreender esta realidade da

produção social das cidades

brasileiras. Sensibilizar os estudantes

ao exercício de uma cidadania

responsável e prospectiva para o

desenvolvimento brasileiro. Despertar

uma visão de polis, da vida urbana

coletiva, uma dimensão de que “nós

moramos e vivemos na cidade. Estas

premissas vem constituindo parte

substancial dos fundamentos de

nossa disciplina de Fundamentos

Sócio-econômicos da Arquitetura

Urbana.

Importante registrar: independente de

quadrantes analíticos e perspectivas

políticas dos colegas atuantes ao

longo das décadas em que a

disciplina compõe o Curso de

Arquitetura e Urbanismo da

Universidade de Taubaté, sempre os

conteúdos estiveram associados a

uma visão prospectiva do

desenvolvimento nacional e

comprometidos com uma visão

humanista universal.

Esta perspectiva implica em

compreender a própria urbanização

contemporânea, no caso do Brasil,

compreender a crise sócio-urbana

contemporânea e suas origens

históricas. Esta perspectiva de

compreender a urbanização pode nos

propiciar subsídios, bem como,

delinear instrumentos políticos e

teóricos para interferirmos no

planejamento e no projeto do país,

Page 8: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

8

mediante o fomento de uma

arquitetura e um desenvolvimento

urbanístico voltado ao conjunto da

sociedade, portanto, em Políticas

Sociais no plano nacional.

Isto posto, pode parecer óbvio

àqueles envolvidos no tema de modo

crítico. Contudo, esta perspectiva

requer, uma visão do curso de

fundamentos de arquitetura e

urbanismo, pressupostos além dos

quadrantes da economia do livre

mercado. O que não implica em

negligenciar seu papel dominante na

estruturação da sociedade brasileira

e negar as possibilidades de sua

regulação para cumprir papel

relevante ao atendimento de

demandas sociais.

Este esforço do Curso de

Fundamentos implica em sensibilizar

o coletivo dos alunos, em geral,

egressos desta cultura de mercado e

a esta, de imediato, vinculados

enquanto expectativas futuras de

atuação. Um dado revelado deste

perfil verifica-se nas pesquisas juntos

aos estudantes; em geral, de modo

espontâneo, quando indagados nas

disciplinas em que atuamos, em

média, 70% buscam o curso de

arquitetura e urbanismo numa

expectativa de atuarem na área do

edifício arquitetônico, sem associá-la

à produção da cidade. Muitos vêm

tomar contato com a existência da

temática de “urbanismo” na própria

escola. Estes dados revelam a

própria cultura sobre a arquitetura

promovida pela mídia, a qual a obra

arquitetônica moderna e

contemporânea, em geral, apresenta-

se, muito mais, como uma distinção

de status e diferenciação social às

elites brasileiras e às suas principais

instituições.

A visão da cidade como um todo, o

compromisso e a dimensão de “de

morar e viver na cidade e de exercer

a cidadania” ficam sensivelmente

prejudicadas. Portanto, a tendência

dos estudantes é buscar o destaque

de seu trabalho em arquitetura e na

Page 9: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

9

mídia, como parte de uma possível

projeção social junto ao mercado.

Neste contexto, encontramo-nos para

atuar no ensino de fundamentos

sócio-econômicos da arquitetura

urbana junto a Universidade de

Taubaté. Da experiência docente

junto a outras Universidades no

Estado de São Paulo: Universidade

do Vale do Paraíba, Anhembi

Morumbi, Universidade Paulista,

campus Bacelar, São José dos

Campos, Alphaville, Universidade

Mogi das Cruzes e Universidade

Brás Cuba, dentre outras, sabe-se

que este quadro também revela o

quoditiano destas e de outras escolas

de arquitetura brasileira, sobretudo

expressivos nas instituições privadas.

Outro dado a ponderar refere-se ao

papel desta própria disciplina no

quadro das matérias eletivas. Por

tradição, a sequência de projeto e

urbanismo é compreendida como

formada pelas disciplinas da síntese.

Em que pese a relevância e inclusive

a pertinência desta visão, esta

compreensão é defendida, por vezes,

independentemente da qualidade das

sínteses propostas bem como das

dinâmicas desenvolvidas. Como se, a

priori, o compromisso prospectivo

estivesse assegurado na própria

sequência de projeto e urbanismo. E

por outro lado, como se a sequência

de teoria e histórica constituísse num

segundo plano à possibilidade do

pensamento prospectivo. Sobretudo

no tocante aos fundamentos, há

quem distorça um programa voltado à

compreensão do processo de

produção arquitetônica e urbana sob

à perspectiva de um compromisso de

promover um ambiente arquitetônico-

urbano qualitativo à toda sociedade,

confundido este programa com as

atividades de um assistencialismo

social. Portanto, pressupondo um

papel menor a estes esforços

acadêmicos. Esclarecimentos

necessários, os autores estão

também vinculados a sequência de

urbanismo e planejamento, portanto,

a ênfase almejada está relacionada a

Page 10: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

10

síntese voltada ao pensamento

prospectivo do país, independente da

sequência.

ATELIER DE TEORIA DA CIDADE: UMA PRIMEIRA APROXIMAÇÃO

Num quadro, por vezes, permeado

por estereotipo, como sensibilizar os

alunos para esta proposta de

abordagem de Fundamentos ? Neste

ano letivo propôs-se iniciar a

disciplina a partir de perguntas

simples, as quais realizamos no

quotidiano. Por exemplo: porque

existem as favelas (moradias

precárias) nas cidades brasileiras?

Trata-se de uma questão próxima ao

senso comum da população. A partir

de uma questão-tema, incentivou-se

os alunos a desenvolverem as

redações, apontando as explicações

sobre a própria resposta à pergunta.

A proposta foi, portanto, observar o

estágio de compreensão, de visão de

mundo dos alunos sobre a questão,

antes de um desenvolvimento do

tema pelos docentes. Após as

redações dos alunos, os professores

foram lendo e já sistematizando as

idéias chaves destas respostas,

organizando-as em lousa, para, em

seguida, desenvolverem estes

conteúdos. O coletivo dos alunos, em

linhas gerais, associou a urbanização

precária à perversa distribuição de

rendimentos sócio-econômicos no

país. No caso do Brasil, trata-se da

terceira maior concentração de renda

econômica de dos países do mundo.

Ao lado destas relações, outras

importantes foram desenvolvidas

pelos alunos, por exemplo, os

problemas relacionados ao acesso

social à tecnologia, bem como ao seu

próprio desenvolvimento; o acesso

precário à educação e à cultura,

também foi apontado como um

impeditivo de novos horizontes à

transformação da realidade; como

também, à presença de corrupção na

sociedade política brasileira (isto,

antes da atual crise brasileira,

evidenciando sua origem histórica).

Page 11: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

11

As respostas desenvolvidas

individualmente e também em

equipes, contribuíram para

estabelecer um rico quadro de

tópicos para as análises. Neste caso,

os professores sistematizaram os

temas, de certo modo, ordenando e

concatenando-os para sua

compreensão e aprofundamentos.

Voltaremos aos desdobramentos dos

exercícios a seguir.

Quais as dificuldades encontradas

neste exercício. Primeiro, a proposta

foi de um Atelier de Teoria, em

equivalente ao Atelier de Projeto. Ao

início, uma certa perplexidade, houve

uma certa inércia inicial dos

estudantes. Como Atelier, optou-se

por estimular os estudantes,

apontando as atividades como parte

de avaliação mediante atribuição de

conceitos (notas) como

complementar a avaliação bimestral.

Outras dificuldades reportam-se a

própria composição dos perfil dos

alunos. A grosso modo, neste

segundo ano letivo, como parcela dos

estudantes, talvez próximo a 1/3,

ainda não necessariamente se

engajararm no aprendizado do curso

de arquitetura e urbaniosmocomo um

todo. Esta parcela identifica-se, ou

pode ser identificada, como um

segmento “aprendiz flutuante”,

portanto, o trabalho em Atelier nem

sempre os estimula, pois pressupõe

uma presença em sala para

desenvolver os trabalhos e atividades

em sala. Neste sentido, esta parcela

resistiu às atividades do Atelier, ao

compromisso o qual exigia para se

aprendizado.

Por outro lado, outra parcela

significativa dos alunos viu-se

contemplada e valorizada nas

propostas de Atelier de Teoria, pois

de certo modo, estariam “produzindo

teorias”. Esta parcela pode ser

identificada a um outro 1/3 dos

estudantes, com papel mais ativo, e,

o outro 1/3 como papel de aceitação,

Page 12: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

12

ainda que com certa perplexidade

diante das propostas.

Do ponto de vista teórico, a disciplina

pretendia - e busca ainda – abordar

as questões sobre a crise sócio

urbana contemporânea para num

segundo estágio, aprofundá-las sob a

perspectivas históricas. Isto revelou-

nos algumas outras dificuldades, as

dificuldades presentes na redação

dos alunos, dificuldades em

comunicar as idéias. Entre o que se

compreende, a própria visão pessoal

e o segundo momento de um Atelier,

a visão crítica sobre a realidade,

discutida e aprofundada, inclusive

diante de leitura de textos.

No desenvolvimento do Atelier ficou

evidente tanto o perfil intelectual dos

estudantes e seu papel e motivação

junto ao curso de arquitetura de

arquitetura e urbanismo.

Uma parcela conseguiu avançar na

elaboração sobre a compreensão da

realidade de formação e existência

das favelas articulando-a com uma

visão crítica da estrutura sócio-

econômica brasileira, apreendendo-a

tanto das contribuições dos colegas,

como dos aprofundamentos teóricos

dos professores, como ainda a partir

de leitura de textos e dos novos

ateliers desdobrados.

Contudo, uma outra parcela,

praticamente manteve as mesmas

falas iniciais, revelando um

alheamento ao próprio Atelier. E

inclusive, alegando legiitimidade em

emitir a opinião pessoal, em

detrimento de todo o trabalho

realizado no plano coletivo discente,

das abordagens teóricas dos

professores e mesmo dos

argumentos desenvolvidos nos

textos.

Mas é relevante ressaltar: este

quadro no tocante ao envolvimento

dos alunos, maior ou menor

engajamento e inclusive o grau de

motivação ou mesmo de resistência,

foi importante às dinâmicas das

Page 13: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

13

aulas, pois estas trouxeram à cena

pública, levando os estudantes a se

expressarem e posicionarem. Estas

discussões desenvolveram intra-sala,

com os professores favorecendo-as e

estimulando o plano do diálogo, como

parte intrínseca para se pensar os

Fundamentos de modo prospectivo.

Este diálogo transbordou para além

sala, revelando aspectos latentes dos

diversos compromissos com a vida

acadêmica, como vem se relatando.

ATELIER DE TEORIA DA CIDADE: CONTEXTO E DESDOBRAMENTOS

A proposição deste Atelier de Teoria

da Cidade emergiu das preocupações

e reflexões destes docentes no que

tange as dificuldades encontradas no

ensino de teorias na lida universitária.

No caso, a abordagem de questões

complexas e áridas da nossa

realidade brasileira é um desafio aos

professores, sobretudo, quando se

depara com novas gerações, em

parte, oriundas de universo cultural

que nem sempre valoriza o âmbito da

reflexão e o exercício da cidadania.

Ao longo destes anos, estes docentes

vem-se esforçando para buscar

novas dimensões do aprendizado

ensaiando novas experiências e

práticas pedagógicas participativas.

Este Atelier de Teoria da Cidade foi

proposto para integrar-se a um

projeto pedagógico do Departamento,

no qual cada ano letivo desenvolve

um eixo temático, sobre qual todas as

disciplinas, com suas especificidades,

voltam-se para um exercício de

Trabalho Síntese. Isto é, contribuem

para a elaboração de único trabalho

temático por cada equipe, durante o

segundo semestre letivo, o que está

em andamento neste período.

A contribuição da disciplina de

Fundamentos, como já se apontou, é

possibilitar aos estudantes subsídios

para tanto compreender a realidade

como também, aventar no plano

propositivo novas hipóteses para sua

organização sócio-espacial.

Page 14: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

14

O Plano de Ensino Dentro deste escopo foi desenvolvido

o Plano de Ensino, portanto cabe

destacar a sua estrutura e os seus

conteúdos essenciais. O Plano de

ensino de Fundamentos Sócio-

econômicos da Arquitetura Urbana

prevê o desenvolvimento da

disciplina em dois semestre letivos,

com uma carga horária total de 136

horas, com 4 horas/aulas por

semana, incluindo atividades teóricas

e práticas nesta grade e, totalizando

uma média de 17 dias letivos por

semestre.

O Objetivo da disciplina principal da

disciplina consistem em: Desenvolver

as relações existentes e possíveis,

entre a organização social do

trabalho vigente nas sociedades

urbanizadas e os agenciamentos dos

territórios almejados e necessários

para um desenvolvimento social

igualitário e sustentável do habitat.

Somam-se a este principal, outros

objetivos específicos. Primeiro,

destaca-se: propiciar subsídios

teóricos para a compreensão do

processo histórico de modernização

econômico-industrial e os seus

desdobramentos no processo de

urbanização, com ênfases nas

origens da Revolução Industrial; em

aspectos da industrialização e

urbanização brasileira, e, sobretudo,

com destaque ao atual processo de

globalização econômica e as novas

formas de configurações do

território. E o segundo objetivo

específico: propiciar subsídios

teóricos e empíricos para a atuação

projetual no campo da arquitetura e

especialmente, nas áreas de

urbanismo e planejamento, mediante

a exposição e pesquisas sobre as

relações intrínsecas entre a

organização socioeconômica do

trabalho sob a égide do capitalismo

vigente e as possibilidades de

mudanças para o agenciamento

espacial voltado a sociedade.

A ementa da disciplina desdobra-se

nos seguintes temas e sub-temas,

elencados a seguir por semestres:

Page 15: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

15

Primeiro semestre letivo

1. - O habitat contemporâneo em

face da urbanização capitalista.

1.1 - A cidade e o habitat modernos e

o contraponto da expansão periférica.

2. - A modernidade como projeto de

transformação cultural e urbana.

3. - Do contexto pré-capitalista à

revolução industrial.

3.1 - A questão da moradia da

classe trabalhadora no século XIX.

Segundo semestre letivo

4.- A organização sócio-econômica

urbana brasileira.

4.1 - Industrialização e urbanização

no Brasil.

4.2 - Industrialização e urbanização

no Vale do Paraíba.

5. - Globalização e urbanização: a

organização do território e do habitat

contemporâneo.

5.1 - A questão do habitat e a

sustentabilidade dos assentamentos.

5.2 - Os fundamentos para a

organização do habitat.

5.3 - Orientação para o trabalho

Síntese

6 - O habitat contemporâneo na

periferia do capitalismo.

6.1 - Novos agenciamentos

espaciais: realidade e perspectivas.

6.2 - Trabalho síntese –

desenvolvimento e aplicação em

atelier do conteúdo

dos bimestres anteriores

6.3 - Trabalho síntese – avaliação,

revisão e reflexões

No que tange aos procedimentos

metodológicos, às dinâmicas das

atividades propostas aos estudantes,

a proposição centra-se na

compreensão da realidade espacial

contemporânea às origens históricas

de sua produção sócio-econômica.

Como já se apontou, partiu-se de

questões comuns, quotidianas para

desencadear um processo de

reflexão e apreensão dos temas mais

complexos, valorizando sempre que

possível o trabalho em grupo. Dentre

os exercícios: levantamento de

questões pelos professores e alunos

Page 16: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

16

sobre a realidade; leitura de textos

em sala de aula para debate; leitura

de cartografia dos assentamentos

humanos relativos à realidade

brasileira, metropolitana e regional;

debates sobre as questões que

implicam nos fundamentos da

arquitetura e do urbanismo

contemporâneos, sobressaindo as

obras emblemáticas dos arquitetos e

urbanistas; trabalhos individuais e em

grupos, desdobrando em

sistematização coletiva; aulas

expositivas pelos docentes dos

conceitos fundamentais e idéias-

chave da literatura estudada; e

identificação dos fundamentos do

desenho do habitat e do processo de

urbanização.

As dinâmicas do Atelier A seguir destaca-se o

desenvolvimento do Atelier de Teoria

da Cidade, sobretudo destacando

atividades realizadas durante o

primeiro semestre.

primeiro semestre letivo O primeiro semestre iniciou-se com

questões formuladas pelos

professores, num crescente de

assuntos: a partir da moradia

precária, passou-se a discussão da

segregação sócio-urbana,

destacando a relação centro-periferia,

posteriormente, além de questões,

deu-se o aprofundamento de leituras.

De questões sobre a realidade

contemporânea buscou-se, numa

segunda etapa, apoio nos estudos

históricos. Dentre outros em Villaça,

Spósito, Engels, conforme referências

ao final deste teto.

Primeiro, ressaltam-se as questões

inicialmente formuladas pelos

docentes, bem como as que

sucederam, sejam para o exercício

individual ou em equipe, e mesmo,

depois, coletivamente.

Page 17: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

17

as questões formuladas pelos professores 1) Por que existem favelas

(moradias precárias) nas cidades

brasileiras?

2) Procure descrever as

características da(s) área(s)central(is)

das cidades e

das áreas periféricas, quanto aos

equipamentos públicos e tipos de

construção predominantes?

3) Quais as soluções que vocês

conhecem para enfrentarmos “o

problema da moradia precária”?

4) Quais as soluções que vocês

conhecem para pensar, propor e

construir uma cidade para

superarmos a divisão centro/periferia

?

5) Qual o papel dos estudantes e dos

arquitetos na qualificação do espaço

da moradia e do espaço urbano? Eles

tem algum papel ?

A seguir, destacam-se as questões já

desdobradas, de certo modo, das

levantadas anteriormente, assim

como fruto de trabalho de

sistematização de textos já

produzidos em Atelier:

Questão Individual:

1) O que são favelas ? Como

podemos caracterizá-las? Como

elas se estabelecem nas

cidades? Porque elas existem?

Questão em Equipes

2) Considerando o atual estágio de

desenvolvimento tecnológico

(tecnologia de ponta) alcançado pelas

sociedades, inclusive a Brasileira,

como se explica a precariedade

material presente em nossas

cidades?

Questão Individual

Considerando a forma pela qual a

renda e a sua atual distribuição na

sociedade brasileira e, também, a

partir da análise da leitura da obra de

Villaça (1986): “moramos na cidade,

mais do que na casa”, então reflita

sobre o papel do arquiteto e urbanista

e do Estado na organização social do

espaço.

Enquanto dinâmica cabe destacar: a

proposta de trabalhos docentes

Page 18: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

18

orientando alunos individualmente,

em equipe, em dois blocos de

equipes de alunos sob orientação de

cada professor, uma média de quinze

estudantes; e ainda, o trabalho de

sistematização em lousa das diversas

atividades, bem como retorno dos

textos produzidos em sala ou mesmo

das atividades extra-sala.

Uma atividade muito importante

aconteceu com a proposta de

entrevistas com profissionais

arquitetos sobre os fundamentos de

seu exercício como arquiteto e como

cidadão. No caso, desenvolveu-se

um roteiro de questões a partir dos

trabalhos de todos os alunos em

Atelier, destacando o papel dos

estudantes e dos arquitetos no

âmbito técnico, político e filosófico.

Outra atividades deveras significativa,

realizada desde 2001, foi a proposta

de compreensão da realidade de

alguma cidade da região de Taubaté,

conhecida como Vale do Paraíba

paulista. Esta atividade pressupõe o

conhecimento e a organização

cartográfica deste para depois

apresentá-la junto a rede escolar

pública da cidade escolhida.

(atividade em estruturação).

as questões formuladas pelos alunos Ao longo do semestre letivo, após a

abordagem dos textos de Villaça,

Engeles e Spósito pelos professores,

instigou-se os alunos a formularem as

questões individualmente e depois

em equipe, seguindo uma dinâmica

das equipes dialogarem entre si. O

elenco de questões revela, em parte,

a abordagem desenvolvida pela

disciplina, no caso, a compreensão

da crise sócio-urbana contemporânea

como inserida no processo histórico.

A partir destas questões dos

estudantes, os professores

sistematizaram a redação, agrupando

os conteúdos afins, respeitando a

estrutura das indagações formuladas:

Ao sistematizar as dúvidas em

trabalho de equipes e também, ao

apresentar em lousa, criou-se uma

oportunidade para uma equipe

Page 19: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

19

desenvolver as respostas da questão

formulada pelos colegas de outra

equipe. A partir das respostas, a

equipe que formulou se pronunciava

sobre a consistência destas, por

exemplo, se houve uma

compreensão da própria questão,

bem como se as respostas

contemplavam as expectativas ou

necessitavam de complementos.

Assim, estudou-se para realizar a

segunda avaliação bimestral. A seguir

as questões sistematizada destes

coletivo.

as questões formuladas pelos alunos 1) Como se explica o processo de

migração do campo para a

cidade?

2) Quais as consequências do êxodo

rural na vida dos camponeses e

no crescimento urbano ?

3) Quais as consequências que a

Revolução Industrial causou no

Brasil, seja na arquitetura, no

sistema na arquitetura, no sistema

viário e no trabalho?

4) Quais as relações entre a

industrialização e o processo de

urbanização na Inglaterra no

século dezenove ? Como foi a

adaptação dos camponeses na

cidade?

5) Devido a industrialização, no XIX,

como, hoje, no século XXI, as

cidades são

afetadas?

Segundo semestre letivo O presente semestre letivo está

atrelado ao Trabalho Síntese

desenvolvido junto a essa turma, na

2ª série do curso de arquitetura e

urbanismo. O eixo pedagógico tem

como temática: o partido na

arquitetura e urbanismo “Habitat

Coletivo e a Cidade”. O início deste

semestre letivo ocorreu com o

desenvolvimento da Semana

Pedagógica, voltada a todos alunos e

professores do curso, destacando a

abordagem sobre a metodologia do

trabalho em arquitetura e urbanismo.

No tocante a disciplina de

Fundamentos, buscou-se inicialmente

Page 20: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

20

avaliar o impacto dos conhecimentos

desenvolvimentos na Semana

Pedagógica, relacionando-os ao

desenvolvimento dos estudos em

arquitetura, enfatizando o percurso

metodológico das exposições dos

palestrantes.

Questão individual:

Considerando os conteúdos dados

em fundamentos e também expostos

na semana pedagógica, como

podemos desenvolver uma

metodologia de intervenção

habitacional – arquitetônica e

urbanística – na área central de

Taubaté, o qual fomente o processo

de requalificação desta região e,

assim, venha potencializar o papel da

cidade como instância privilegiada de

nossa, vida social cultural e política?

Esta questão veio abrir as atividades

de Atelier neste semestre. Das

reflexões iniciais passou-se a um

trabalho de sistematização das

possibilidades metodológicas das

intervenções habitacionais,

elaboradas pelas equipes, em média

formada por quadro estudantes.

Após, apresentarem em lousa, nova

sistematização agrupando as

atividades de duas equipes e, desta,

passando-se para dois blocos

formulação num agrupamento maior

de equipes. O desafio é chegar-se a

uma sistematização coletiva dos

procedimentos metodológicos a

serem desenvolvidos, ou ao menos,

considerados como relevantes, para

orientar os trabalhos de intervenção

habitacional na área central da cidade

Taubaté. Paralelo a esta

sistematização, novos subsídios

teóricos estarão sendo desenvolvidos

a partir das referências bibliografias

arroladas a seguir.

Como apontou-se no sumário este

Atelier de Teoria da Cidade é uma

experiência em desenvolvimento, o

parágrafo anterior relata as atividades

realizadas nesta data, 15 de agosto

de 2005. Ao mesmo tempo realiza-se

e se reflete sobre as possibilidades

pedagógicas. Ao todo tempo busca

acompanhar o grau de motivação e

Page 21: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

21

mesmo de resistência dos alunos,

ainda que compondo um grupo

menor do total. Sabe-se dos limites

presentes, pois a dinâmica do Atelier

tende a expor ao plano público os

interesses dos estudantes favoráveis

ou não. Isto em si, permite um

pequeno exercício de cidadania,

indispensável para pensar um país

prospectivo.

O Atelier vem sendo uma

aprendizagem coletiva e, neste

sentido, os professores tem muito a

agradecer a todos os estudantes,

pois exigem a constante revisão de

procedimentos e reflexões e rever as

possibilidades de comunicação,

interação e diálogo com um geração

na faixa de vinte anos de idade.

Acredita-se que há motivação de

parcela considerável da turma, mas

não total. Contudo, há uma presença

expressiva de uma parcela de alunos

para a qual, além de agradecimentos,

deposita-se as esperanças de

construir novas espacialidades

qualitativas no plano arquitetônico e

urbanístico a todo o povo brasileiro

país. Este reconhecimento vem

sendo renovado aula-a-aula, na

esperança que esta chama possa ser

sempre ampliada.

Page 22: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

22

Bibliografia

ENGELS. F. A situação da classe

trabalhadora na Inglaterra. São

Paulo:

Global, 1995. (Destaque ao prólogo

à edição brasileira, prefácio e

introdução).

SPOSITO. M.E. Capitalismo e

urbanização. São Paulo: Contexto,

1997.

MARICATO, E. Habitação e cidade.

São Paulo: Atual, 1997.

OLIVEIRA. F. O Estado e o urbano

no Brasil. Revista Espaço e

Debates. São Paulo Cortez, 1982, nº

6.

OLIVEIRA, J.0.S. A Quem Interessa a

Urbanização Clandestina. Estudos

sobre Campos do Jordão, Sp. São

Carlos: EESC-USP, 1991

(dissertação de mestrado).

OLIVEIRA, J.0.S. Contribuição ao das

Origens da Ideologia do

Planejamento Moderno no Brasil:

Domingos Jaguaribe e as Propostas

dos Núcleos Coloniais: 1874-1900,

São Paulo: FAUUSP, 1998.

RESCHILIAN, P.R. Elementos de

Construção do Ensino de História da

Arquitetura Brasileira e Exemplos de

sua Divulgação em São Pauklo,

1994-1999. SãoPaulo: FAUUSP,

1999.

RESCHILIAN, P.R. A Produção de

Assentamentos Precários em São

José dos Campos: a Favela Nova

Tatetuba, um

ExemploparaAnálise,2004 (tese de

doutoramento)

RIBEIRO, L. C.; CARDOSO, ª L.

Planejamento urbano no Brasil:

paradigmas e

experiências. Revista Espaço e

Debates. São Paulo: NERU, 1994, nº

37, pp.77-

89.

VILLAÇA. F. O que todo cidadão

precisa saber sobre habitação. São

Paulo:

Global, 1986.

MARICATO, Ermínia. Brasil cidades:

alternativas para a crise urbana.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. ALVA,

E.N. Metrópoles (in)sustentáveis.

Page 23: ATELIER DE TEORIA DA CIDADE - rafaellopezrangel.com sobre la arquitectura y el... · pelos professores em Atelier de Aula (assim, como se desenvolvem na seqüência das disciplinas

23

Salvado: Relume Dumará, 1979