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Atendendo o Fiscal www.valorjuridico.com.br 1 A A T T E E N N D D E E N N D D O O O O F F I I S S C C A A L L Autor: Paulo Henrique Teixeira Esta obra está sendo disponibilizada gratuitamente aos usuários do site www.valorjuridico.com.br e do novo site www.valortributario.com.br

Atendendo o Fiscal

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Atendimento ao fiscal tributário, muito bom

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Autor: Paulo Henrique Teixeira

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9.610/1998).

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Autor: Paulo Henrique Teixeira Paulo Henrique Teixeira é Contador, reside em Curitiba - PR. Auditor e Consultor Tributário de várias empresas no Estado do Paraná e Santa Catarina, autor de várias obras, entre as quais: Auditoria Tributária, Defesa do Contribuinte, Auditoria Contábil, Auditoria Gerencial, Controladoria Empresarial, Contabilidade Introdutória, Auditoria Trabalhista, Blindagem Fiscal, Contabilidade Tributária, e Gestão Tributária (as duas últimas, em co-autoria com Júlio César Zanluca).

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SUMÁRIO

FISCALIZAÇÃO NA EMPRESA A Fiscalização Definição, objetivo e conflitos Estado de Direito

Fiscalização – regras CTN Regras aplicáveis a todas as fiscalizações Poder de Polícia Regras Gerais do Direito Administrativo Súmulas do STF

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COMO ATENDER A FISCALIZAÇÃO Centralização do atendimento em uma pessoa Em hipótese alguma o fiscal deve ser atendido pelo sócio...

O Agente Fiscal deve apresentar Mandado de Procedimento Fiscal - MPF ou documento equivalente Verificação da autenticidade do MPF Competência para a emissão Prazo de validade Extinção Conteúdo e abrangência Identificação e checagem do Fiscal Abuso de Poder no início da fiscalização Entrega de documentos e prazos

Livros exigidos pelo fisco: Obrigatórios e facultativos Documentos exigidos pelo fisco : Obrigatórios e facultativos Condutas irregulares da autoridade fiscal Cuidados com Informações e esclarecimentos prestados ao fisco Obstrução ao trabalho da fiscalização Poderes da fiscalização Fiscalização Eletrônica - SRF Conclusões sobre a Ação Fiscal Teste do índice de vulnerabilidade fiscal das empresas brasileiras

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ATENDENDO O FISCAL

A maioria dos Contribuintes tem medo e horror a fiscalização, mesmo que levem em ordem os procedimentos administrativos e contábeis da empresa, conforme determina a legislação tributária. Nesta obra, estudaremos nações de como o Contribuinte ou Sujeito Passivo deve se posicionar por ocasião de uma fiscalização federal, efetuar uma defesa e a sistemática do processo administrativo/fiscal.

1. FISCALIZAÇÃO NA EMPRESA

A FISCALIZAÇÃO 1.1 Definição, objetivo e conflitos O poder-dever de fiscalizar está relacionado à atividade Administração Pública, ligado aos preceitos constitucionais, entre eles os constantes no artigo 37 da Constituição Federal: da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade. As prerrogativas atribuídas à Fiscalização pela ordem jurídica têm por objetivo proporcionar condições de eficácia em sua atuação, portanto, não são privilégios para utilizar como abuso ou benevolência, mas para realizar os interesses públicos do Estado de Direito para que este cumpra sua finalidade. A fiscalização tributária objetiva otimizar (aumentar, melhorar) a arrecadação de tributos, agindo de forma inquisitória e investigatória com um cunho sancionador quando se depara com o descumprimento da normas tributárias. O caráter inquisitório se dá pelo motivo que a fiscalização não é obrigada a aceitar passivamente as alegações, informações e provas apresentadas pelo sujeito passivo. O poder de investigação (mero exercício de uma competência) das atividades fiscais é limitado, constituindo assim, na verdade uma autorização vinculada para exercer uma ação em nome de um poder devidamente delimitado pelos princípios e normas da competência tributária, pautada na Constituição Federal. Ao chegar na empresa o Fiscal deve lavrar o termo de fiscalização no registro de termos de ocorrência. O objetivo da fiscalização é a constatação de infrações à legislação e exigir o seu cumprimento. O Fisco não vai ao contribuinte com o intuito de parabenizá-lo pela sua organização ou conceder honras ao mérito, pelo recolhimento exemplar de tributos.

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O Art. 142, do CTN, dispõe: “Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” O lançamento é o ato que constitui o crédito tributário, praticado, privativamente pela respectiva Autoridade Administrativa. A competência vinculada da Autoridade Administrativa significa dizer que esta deve subordinar-se ao que expuser a lei, tão-somente executando as atribuições de seu cargo, tudo em prol do interesse coletivo. Na prática há um atrito de interesses em jogo: o fisco quer encontrar irregularidades e jamais assinar um atestado de idoneidade em favor do contribuinte. O contribuinte, por sua vez, sabe que qualquer irregularidade, mesmo involuntária, representará ônus para a empresa. Parece impossível um ambiente amistoso, onde se digladiam interesses tão conflitantes, só será possível desde que haja um tratamento equilibrado das partes, evitando abusos de ambas as partes, observado pelo cumprimento dos princípios legais (Princípios Constitucionais, do Direito). 1.2 Estado de Direito O artigo 1º, da CF/88, preconiza o sentido do Estado Democrático de Direito, na forma do respeito de na garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, os quais também têm deveres: de cidadania, de lealdade e respeito às instituições, dever de pagar o imposto justo e colaborar nos trabalhos de fiscalização. O Estado tem o dever de bem cumprir a lei e respeitar os princípios constitucionais de proteção aos direitos e garantias individuais, “pois quando ocorre a violação de um direito fundamental pela ação do Estado, é o próprio interesse público que está sendo ferido” (Bottallo, Eduardo Domingos). O Estado de Direito só se consolidada quando existe democracia, que equivale à expressão da igualdade, liberdade e dignidade da pessoa, adicionado à submissão à lei do poder estatal. “Estado de Direito é o que se subordina à lei” (Geraldo Ataliba).

Art. 145, CF/88:

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§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; XXII - é garantido o direito de propriedade; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 1.3 Fiscalização – Regras CTN CTN - Artigo 195 “Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos comerciantes, industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.” O fisco tem acesso: - Mercadorias; livros; arquivos; documentos; papéis; efeitos comerciais (duplicatas, faturas, etc.); efeitos fiscais (guias de recolhimento, livros de apuração, informações periódicas, etc..) CTN - Artigo 196

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“Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo.” Quando a fiscalização insiste em permanecer na empresa, alem do prazo máximo, cabe mandado judicial, requerendo o fim da mesma. CTN - Artigo 200 “Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção.” A requisição de força policial somente se justifica quando ocorrer embaraço ou desacato no exercício das funções fiscais, o simples fato de pedir identificação e confirmação do fiscal, não se configura embaraço nem desacato. Se a empresa, entrega os documentos solicitados ao fisco, auxiliando na fiscalização, bem como o trata cordialmente, não há o que se falar em embaraço ou desacato. Lei 9.784/99- art. 1º e 2º O Processo Administrativo Fiscal e seus reflexos no relacionamento Fisco-Contribuinte estão estabelecidos na Lei 9.784/99: Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito;

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... IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; ... VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; ... IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; ... X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; .... XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em. 1.4 Regras aplicáveis em todas as fiscalizações a) Poder de Polícia

É atividade da Administração Pública;

Age limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade;

Regula a prática de ato ou abstenção de fato;

O motivo dessa atividade é o interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes;

Predominância do interesse público sobre o particular, tendo a Administração Pública supremacia sobre os administrados;

A administração Pública busca o bem-estar social ao normatizar as condutas dos cidadãos.

Devem, no entanto, ser preservados os direitos fundamentais constantes na Constituição.

É atividade exercida pelo órgão competente e exatamente dentro dos limites pela lei aplicável ao caso.

Se houver procedimento estabelecido em lei, estas regras deverão ser obedecidas.

Se houver discricionariedade (o administrador tem liberdade de decidir quais são os critérios de melhor solução para realizar a finalidade pública) no ato de polícia, este não poderá dar-se com abuso ou desvio de poder.

O Poder de Polícia consta no art. 78, CTN: “Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao

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exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966) Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.” b) Regras Gerais do Direito Administrativo

Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado - extraído do próprio conceito de Estado, advindo do pacto social onde a individualidade cede algumas regalias para o bem-comum.

Princípio da Legalidade – ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da Lei, constante da própria Constituição.

Princípio da Finalidade – aplicar a Lei exatamente para o atendimento aos fins nela contidos.

Princípio da Razoabilidade – exige que as decisões do administrador público sejam sensatas e coerentes com o raciocínio do cidadão médio comum.

Princípio da Proporcionalidade – exige o exercício da competência administrativa na exata extensão e intensidade do interesse público demandado.

Princípio da Motivação – o administrador público deve justificar os seus atos (descrevendo a base legal de suas decisões).

Princípio da Impessoalidade – o administrador público deve tratar todos os administrados sem qualquer discriminação decorrentes de suas características pessoais.

Princípio da Publicidade – O administrado tem direito ao acesso à informação sobre todos os assuntos públicos.

Princípio do Devido Processo Legal e da Ampla Defesa – Ao administrado cabe o direito de ter suas reivindicações atendidas através do processo formal regular, com direito a manifestação contraditória, e aos recursos atinentes ao procedimento.

Princípio da Moralidade Administrativa – O relacionamento entre o cidadão e a administração deve ser permeado por ética, lealdade e boa-fé.

-Princípio do Controle Judicial dos Atos Administrativos – os atos administrativos subordinam-se às decisões judiciais exaradas pelos órgãos competentes do Poder Judiciário.

Base legal: Lei Federal 9.784/99 c) Súmulas do STF

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Súmula 70: É INADMISSÍVEL A INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMO MEIO COERCITIVO PARA COBRANÇA DE TRIBUTO. A Constituição Federal assegura o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei (art. 170, § único). A interdição, por se tratar de uma medida extrema, só pode ocorrer por motivos relevantes, em que o interesse público é ferido, nos casos de flagrante ofensa ao livre exercício da atividade econômica. Súmula 323: E INADMISSÍVEL A APREENSÃO DE MERCADORIAS COMO MEIO COERCITIVO PARA PAGAMENTO DE TRIBUTOS. Porém, as legislações dispõem sobre a possibilidade de a Fiscalização apreender livros e documentos que comprovem a infração fiscal. Devem, no entanto serem lavrados termos e documentos de apreensão, para caracterização do procedimento como regular. Súmula 439: ESTÃO SUJEITOS À FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA OU PREVIDENCIÁRIA QUAISQUER LIVROS COMERCIAIS, LIMITADO O EXAME AOS PONTOS OBJETO DA INVESTIGAÇÃO. Súmula 547: NÃO É LÍCITO A AUTORIDADE PROIBIR QUE O CONTRIBUINTE EM DÉBITO ADQUIRA ESTAMPILHAS, DESPACHE MERCADORIAS NAS ALFÂNDEGAS E EXERÇA SUAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS.

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2. COMO ATENDER A FISCALIZAÇÃO

2.1 Centralização do atendimento em determinada pessoa Essa pessoa deve ser:

conhecedor da empresa (rotina de negócios, rotinas contábeis, qualidade dos documentos apresentados à Contabilidade);

sabedor das contingências tributárias existentes na empresa; (riscos assumidos pela empresa);

responsável pelo atendimento ao fiscal;

conhecedor da Legislação e do Processo Administrativo Fiscal ;

características: formação superior (Contabilidade, Direito, Administração, Economia); bom relacionamento; falar menos que o necessário, não pode ser de comando; equilibrado (jamais pode ser estourado); ajude a desenvolver o trabalho de fiscalização (no sentido de ser prestativo ao fiscal, relacionamento amigável, mas profissional, estar pronto para dar esclarecimentos, será o ponto de equilíbrio no embate entre o fisco e o contribuinte, porém deverá fornecer apenas documentos e informações necessários, em hipótese alguma entregar o jogo ao fiscal, descobrir é função da fiscalização).

Todas essas exigências e outras se justificam, pois o Agente Fiscal é um profissional capacitadíssimo, para início de conversa, basta verificar o conteúdo das provas para o ingresso na carreira, são anos de preparo, a seleção (muito concorrida), além da Escola de Treinamento e Atualização. 2.2 Em hipótese alguma o fisco deve ser atendido pelo sócio, diretor, administrador Estes somente serão colocados a par da condução dos trabalhos, sendo que entrarão em cena no momento da assinatura do auto de infração ou em uma negociação do parcelamento. Sempre estarão, tomando as decisões, mas na figura da pessoa que estiver atendendo o fisco.

O sócio é “esquentado”, quer liquidar logo a fatura ($).

O sócio pensa que a empresa é sua e pode fazer o que quiser.

O sócio pode facilmente irritar, xingar o fiscal, bem como mandá-lo embora (crime de desacato, obstrução à fiscalização).

O sócio, normalmente, pelas suas atribuições, não está a par de todas a situações tributárias que envolve a empresa e as suas conseqüências.

Não tem tempo suficiente para dar atenção ao fiscal

O Fiscal não é funcionário da empresa, é uma autoridade. Também é um ser humano, que bem tratado pode entender a legislação que a empresa aplicou a seu favor.

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2.3 O Agente deve apresentar o MPF - Mandado de Procedimento Fiscal ou outro documento equivalente (fisco estadual e municipal) O Mandato de Procedimento Fiscal deverá ser obrigatoriamente apresentado pelos fiscais da Receita Federal ou do INSS.

A partir de 01.05.2007, através da Portaria RFB 4.066/2007, alterada pela Portaria RFB no 10.382, de 29 de maio de 2007, ficam aprovados os seguintes modelos de Mandado de Procedimento Fiscal:

I - Anexo I: Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização (MPF-F II - Anexo II: Mandado de Procedimento Fiscal – Especial (MPF-E); III - Anexo III: Mandado de Procedimento Fiscal – Extensivo (MPF-Ex); IV - Anexo IV: Mandado de Procedimento Fiscal – Complementar (MPF-C); V - Anexo V: Mandado de Procedimento Fiscal – Diligência (MPF-D

Não será exigido MPF nas hipóteses de procedimentos fiscais internos de cobrança e verificação de contribuições declaradas em Guia de Recolhimento do FGTS, GFIP, GPS. a) Verificação da autenticidade do MPF Receita Federal - ao receber um Mandado de Procedimento Fiscal a pessoa física ou jurídica deverá verificar a autenticidade do mesmo com a utilização do programa Consulta Mandado de Procedimento Fiscal, disponível na página da Secretaria da Receita federal na Internet, onde deverão ser informados o número do CNPJ ou CPF, conforme o caso, e a senha constante do Mandado. No caso da pessoa física ou jurídica não possuir acesso a Internet poderá verificar a autenticidade do Mandado comparecendo a uma unidade da Secretaria da Receita Federal ou pelo número de telefone indicado no Mandado. INSS - ao receber um Mandado de Procedimento Fiscal a pessoa física ou jurídica poderá verificar a autenticidade do mesmo mediante consulta ao site do Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS na Internet, com a utilização de uma senha específica contida no próprio MPF, ou então em qualquer Agência da Previdência Social – APS, ou mesmo pelo telefone constante do referido Mandado. b) Competência para emissão Receita Federal

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I - Coordenador-Geral de Fiscalização; II - Coordenador-Geral de Administração Aduaneira; III - Superintendente da Receita Federal do Brasil; IV - Delegado de Delegacia da Receita Federal do Brasil, de Delegacia da Receita Federal do Brasil Previdenciária, de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização, de Delegacia Especial de Instituições Financeiras e de Delegacia Especial de Assuntos Internacionais; V - Inspetor-Chefe das unidades constantes do Anexo VII. INSS Mandado de Procedimento Fiscal - MPF será emitido pelo: I - Diretor de Arrecadação do INSS; II - Coordenador-Geral de Fiscalização da Diretoria de Arrecadação do INSS; e III - Titulares da área de fiscalização das Gerências-Executivas do INSS. c) Conteúdo e abrangência

I - a numeração de identificação e controle;

II - os dados identificadores do sujeito passivo;

III - a natureza do procedimento fiscal a ser executado (fiscalização ou diligência);

IV - o prazo para a realização do procedimento fiscal;

V - o nome e a matrícula do AFRFB responsável pela execução do mandado;

VI - o nome, o número do telefone e o endereço funcional do chefe do AFRFB a que se refere o inciso anterior;

VII - o nome, a matrícula e a assinatura da autoridade outorgante e, na hipótese de delegação de competência, a indicação do respectivo ato;

VIII - o código de acesso à Internet que permitirá ao sujeito passivo, objeto do procedimento fiscal, identificar o MPF.

d) Não exigência do MPF O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento das seguintes fiscalizações:

I - realizado no curso do despacho aduaneiro;

II - interno, de revisão aduaneira;

III - de vigilância e repressão ao contrabando e descaminho realizado em operação ostensiva;

IV - relativo à revisão interna das declarações, inclusive para aplicação de penalidade pela falta ou atraso na sua apresentação (malhas fiscais);

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V - destinado, exclusivamente, à aplicação de multa por não atendimento à intimação efetuada por AFRFB em procedimento de diligência, realizado mediante a utilização de MPF-D ou MPF-Ex;

VI - destinado à aplicação de multa por não atendimento à Requisição de Movimentação Financeira (RMF), nos termos do art. 4º do Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001;

Na hipótese de realização de diligência, em decorrência dos procedimentos fiscais de que trata este artigo, deverá ser emitido MPF-D. Base legal: art. 6, da Portaria RFB 4.066/2007. e) Dos Prazos Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade:

I - cento e vinte dias, nos casos de MPF-F e de MPF-E;

II - sessenta dias, no caso de MPF-D. A prorrogação do prazo poderá ser efetuada pela autoridade outorgante, tantas vezes quantas necessárias, observado, em cada ato, o prazo máximo de sessenta dias, para procedimentos de fiscalização, e de trinta dias, para procedimentos de diligência. A prorrogação poderá ser feita por intermédio de registro eletrônico efetuado pela respectiva autoridade outorgante, cuja informação estará disponível na Internet. O AFRFB responsável pelo procedimento fiscal fornecerá ao sujeito passivo, quando do primeiro ato de ofício praticado junto ao mesmo após cada prorrogação, o Demonstrativo de Emissão e Prorrogação, contendo o MPF emitido e as prorrogações efetuadas, reproduzido a partir das informações apresentadas na Internet. Os prazos a que se referem os arts. 12 e 13 serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972. A contagem do prazo do MPF-E far-se-á a partir da data do início do procedimento fiscal. g) Da Extinção do Mandado de Procedimento Fiscal O MPF se extingue:

I - pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo;

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II - pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 12 e 13 (cento e vinte dias, nos casos de MPF-F e de MPF-E e sessenta dias, no caso de MPF-D). Esta hipótese não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela emissão do Mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal.

Na emissão do novo MPF não poderá ser indicado o mesmo AFRFB responsável pela execução do Mandado extinto. IMPORTANTE: Se não cumpridos os prazos acima mencionados pode ser argüido a nulidade do Auto de Infração sem discussão do mérito, ou seja, se o fiscal ficar mais de 120 dias fiscalizando a empresa e não prorrogar o ato de fiscalização, toda a autuação será invalidade. g) Disposições Gerais A RFB, por intermédio de seus administradores, garantirá o pleno e inviolável exercício das atribuições do AFRFB responsável pela execução do procedimento fiscal. No curso do procedimento fiscal, outros servidores, AFRFB ou não, poderão participar de seu desenvolvimento desde que devidamente identificados e acompanhados de AFRFB designado, sob a responsabilidade deste. Somente os AFRFB acompanhantes poderão firmar termos, intimações ou atos assemelhados, desde que em conjunto com o AFRFB designado. Os MPF emitidos e o demonstrativo de que trata o § 2º do art. 13, incluindo as modificações efetuadas no curso do procedimento fiscal, constarão no processo administrativo fiscal que venha a ser formalizado e convalidarão o procedimento fiscal em si. Os MPF de que trata esta Portaria serão emitidos em três vias, que terão as seguintes destinações: I - sujeito passivo; II - processo administrativo fiscal, quando instaurado; III - arquivo da unidade da RFB do domicílio do sujeito passivo. Base legal: art. 11 a 20 da Portaria RFB 4.066/2007, alterada pela Portaria RFB no 10.382, de 29 de maio de 2007. Em cada Estado ou Município da Federação são dados nomes diversos às Ordens de Fiscalização, no entanto o documento dando início à fiscalização,

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autorizado pelo Delegado ou outra pessoa responsável deve ser apresentado pelo fiscal, sob pena de ser aplicada disciplina individual ao fiscal. 2.4 Identificação e Checagem do Fiscal

O Fiscal deve se identificar na Portaria da empresa;

Em hipótese alguma, o Fiscal pode entrar na empresa, deve sempre aguardar na Portaria, como as demais pessoas que queiram adentrar-se na empresa (a Portaria da empresa serve para identificar as pessoas, é norma interna de qualquer empresa, o fiscal deve aguardar sua vez de ser atendido). Esse mesmo procedimento deve ser realizado com a Polícia Militar ou outro órgão público ou privado de fiscalização; a empresa é um local privado, protegido pela Constituição, deve ser invadido somente por determinação judicial, ou no caso de incêndio ou se alguém está em eminente perigo de vida. A fiscalização tem direitos Constitucionais de averiguar o lançamento do tributo, mas dentro das próprias normas Constitucionais e de Direito que vigem em nosso país.

Mesmo que mostre sua carteira de identificação, deve aguardar;

O Porteiro deverá chamar a pessoa designada para atender a fiscalização;

O responsável, solicitará ao Fiscal o Mandado de Procedimento Fiscal ou documento equivalente, de acordo com a legislação de cada Estado, Município ou Órgão Público fiscalizador;

Caso o fiscal não tenha em mãos documento autorizando fiscalização, pedir educadamente o nome do fiscal e número da Carteira de Identificação, e ligar para o órgão público, ao qual está lotado o agente, sob a alegação de própria instrução dos Órgãos Estatais e que existem falsos fiscais na praça e a checagem da informação protegerá a empresa e o próprio fiscal, solicitando informações sobre a respectiva fiscalização, fiscal autorizado.

-Se o fiscal der a entender que não aceita tal procedimento, e ameaçar em chamar a polícia:

O responsável deverá concordar com a idéia, pois é uma forma de salvaguardar a empresa, até mesmo, para auxiliar a identificação do Fiscal. Se for um falso fiscal irá logo embora, se for verdadeiro e sendo necessário a intervenção da polícia, ainda será uma forma de proteção à empresa, pois a força policial não poderá adentrar na empresa sem mandado judicial, sob pena dos policiais, individualmente, responderem a processos na incorporação;

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-Houve contato com a repartição pública e esta confirmou a fiscalização, o nome do fiscal, etc., então este poderá entrar na empresa, ser conduzido a uma sala própria (de reuniões, etc..) e será atendido normalmente. O atendente se desculpará pelo ocorrido, mas reafirmando a necessidade da checagem da identificação, como proteção (de forma educada, atende-o cordialmente, etc.).

Observação: toda a abordagem inicial deve ser na Portaria da empresa, não sendo permitido o acesso do fiscal nas dependências da empresa. Os porteiros devem estar cientes disso, sob pena de Advertência e suspensão do trabalho por descumprir norma ou regulamento interno, bem como, manter na ponta da língua o funcionário responsável pelo atendimento da fiscalização;

Se o fiscal apresentar o MPF, não havendo nenhuma dúvida, pode-se, então, solicitar que entre na empresa, porém se houver algum indício de irregularidade (borrões, erros) é necessário entrar em contato com o órgão público expedidor para esclarecer dúvidas;

No MPF consta a data de início da fiscalização, a qual não será no próprio dia, pesquisando pela internet, mediante senha, a confirmação da fiscalização;

Desde a abordagem inicial, até na condução dos trabalhos, o Fiscal tende a se portar de forma psicologicamente “superior” ao contribuinte, no sentido que: eu sou a lei, a autoridade, eu posso autuar, sou a força, sou o leão, quero atendimento especial, etc. Cabe à pessoa designada pelo contribuinte, entender de forma normal e natural essa atitude, sem que exerça sobre si qualquer influência ou domínio psicológico, e aos poucos demonstrar que o Fiscal é um cidadão comum, dotado de direitos e obrigações, e deve cumprir todos os requisitos estabelecidos na lei. O atendente pode demonstrar equilíbrio, atendendo bem o fiscal sem se exaltar, conduzindo a fiscalização dentro da ordem e da forma mais benéfica à empresa. No sentido de auxiliar a condução do trabalho, das informações (desde que criteriosamente filtradas), manter ambiente profissional e saudável nas condições de trabalho, jamais obstruindo a fiscalização.

2.5 Abuso de poder no início da Fiscalização Caso o fiscal, ultrapassando a Portaria, entrar na empresa, coagindo funcionários e sócios (vocês são sonegadores, vou chamar a polícia, vão todos presos se não permitirem a verificação de documentos e não colaborarem) abrir pastas, arquivos, gavetas, documentos pessoais (não se confunde a pessoa jurídica com a do sócio – Princípio da Entidade), exageros, ameaças, retirar documentos sem protocolo e

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autorização. A empresa sendo coagida a permitir tal situação de abuso de poder, terá as seguintes opções:

Dirigir todos os funcionários, sócios e pessoas que presenciaram a situação a uma Delegacia de Polícia e registrar queixa, descrevendo pormenorizadamente as atitudes e atos do Agente Fiscal. (Esse boletim de ocorrência policial, com o maior número possível de testemunhas, servirá como prova a favor da empresa para solicitar a preliminar de NULIDADE e conseqüente arquivamento do auto de infração, pois não foram obedecidas as regras legais processuais para a autuação). Normalmente, o contribuinte receia por represálias ao tomar essa atitude, porém, se o fiscal inicia o processo de fiscalização dessa forma, ele será intransigente até o final, não analisando as considerações da empresa, tornando o ambiente empresarial em um verdadeiro terror, culminando em autuação pesada contra a empresa;

Fazer petição constando o acontecido ao órgão público responsável pela fiscalização, contendo a assinatura das testemunhas, mediante protocolo;

Acessar o link da Receita Federal, na página da Ouvidoria e fazer reclamação diretamente no link: http://www.receita.fazenda.gov.br/Principal/Ouvidoria.htm ou pelo telefone ligando para 0800 702 1111, de 2ª a 6ª feira (exceto feriados), das 8 às 20 horas, onde os atendentes irão formalizar o registro e fornecer o número da ocorrência e senha para posterior consulta;

Mandato de segurança para que encerre a fiscalização por abuso de poder. Uma das dificuldades do mandado de segurança é produzir prova para convencer o juiz;

As câmeras de segurança e também gravadores no ambiente poderão auxiliar na produção de provas, as quais posteriormente deverão ser traduzidas em laudo, assinado por perito competente.

O art. 30, da Lei 9.784/99, determina que são inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. O artigo 78, do CTN, no seu § único dispõe que “considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.” O Fiscal detém o poder de polícia e deve agir com discricionariedade, ou seja, tem liberdade de decidir quais sãos os critérios de melhor solução para realizar a finalidade pública (fiscalização), desde que previstos em lei e sem abuso ou desvio de poder. O poder de polícia tem a faculdade de escolher qual o procedimento a ser adotado dentre os vários descritos na Lei.

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O Art. 200, do CTN, determina que as autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção.” A requisição de força policial somente se justifica quando ocorrer embaraço ou desacato no exercício das funções fiscais, o simples fato de pedir identificação e confirmação do fiscal, não se configura embaraço nem desacato. Se a empresa entrega os documentos solicitados ao fisco, auxiliando na fiscalização, bem como o trata cordialmente, não há o que se falar em embaraço ou desacato. O fato da fiscalização, na abordagem inicial à empresa, vier com força policial configura a ação discricionária com abuso de poder, portanto ilegal, pois não há a possibilidade prévia de embaraço ou desacato à autoridade sem que se tenha feito o primeiro contato com a fiscalizada. Atualmente, não há como o fisco justificar que fica engessado ao fiscalizar uma empresa, se não agir na surdina. Tanto o fisco federal como o estadual sabe do volume das operações da empresa mais do que os próprios sócios: A Receita Federal tem as informações da DIMOB, da DIPJ, da DIRF, da DACON, da DCTF, da CPM., do ITR, SINTEGRA, dos Bancos, dos Cartórios, das Concessionárias de Veículos, dos Órgãos Públicos Federais e Estaduais e outros; também, por lei tem acesso aos arquivos magnéticos da empresa (contabilidade, estoques, etc.) CPMF. Presunções Legais. 2.6 Entrega de Documentos e solicitação de prazos Todo e qualquer documento deve ser solicitado por escrito pelo Agente Fiscal, bem como todos os documentos devem ser entregues mediante protocolo ao Fiscal. Normalmente o fisco pede mais do que pode. Exemplo: No MPF consta que será fiscalizado o ano de 2002, referente ao IRPJ e CSLL e tributação reflexa (PIS e Cofins). Não poderá o fisco exigir documentação referente 2001 ou até mesmo solicitar documentação relativa ao IPI. Se solicitar, por escrito, é uma prova de abuso de poder. Se o fizer, será informalmente, nesta situação o atendente do fiscal, informará que por ORDENS DA EMPRESA, poderá fornecer apenas os documentos solicitados por escrito. A entrega do documento, mediante protocolo, responsabiliza o fiscal pela guarda do mesmo, não podendo alegar posteriormente que não o recebeu. Em alguns casos, o Fiscal pode aumentar a multa de ofício, de 75% para 112,5%, por impedimento a fiscalização e, se for o caso arbitrar o lucro, motivado pela

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resistência ao atendimento da fiscalização, pela não entrega de documentos. Fato esse que não ocorreu, mas como não foram protocolados os documentos, não há como fazer prova em contrário de que os documentos solicitados foram entregues. A solicitação de prazo à fiscalização para a entrega de documentos ou livros obrigatórios deve ser feita através de documento protocolado. A empresa solicita determinado prazo para apresentação de documentos, entretanto, não faz por escrito, o Fiscal vai concedendo prazos verbalmente, até que num certo tempo, emitirá auto de infração arbitrando as transações da empresa, com agravamento de multa, cabendo a prova em contrário ao contribuinte. A fiscalização alegará, a seu favor, que a documentação não lhe foi entregue conforme solicitado, configurando o ilícito. Se a prorrogação dos prazos para entrega de documentos for feita por escrito, mediante protocolo do agente, e gozando o contribuinte de prazo permitido, não tem o que se falar em autuação pela não entrega de documentos, configurando abuso de poder. Neste embate, ou é o fisco que conduz o jogo ou é o contribuinte, pois quanto mais provas e formas de como autuar o contribuinte melhor, mesmo conduzindo ou produzindo provas imorais, todo o cuidado é pouco. 2.7 Livros exigidos pelo fisco – obrigatórios e facultativos a) Livros, relatórios, controles auxiliares O artigo 195, do CTN, autoriza os fiscais a examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos e papéis do contribuinte, com o objetivo de verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável e conferir ou calcular o montante do tributo devido, bem como o contribuinte deve manter a guarda e Livros Obrigatórios e dos documentos que lastreiam os respectivos lançamentos. Isto significa que o contribuinte está obrigado a exibir à autoridade fiscal SOMENTE os LIVROS OBRIGATÓRIOS, constantes nas leis e regulamentos e respectivos documentos. Por exemplo, uma empresa comercial optante pelo lucro real, pela legislação do Imposto de Renda, é obrigada a fornecer O Livro Diário e Diários Auxiliares, Livro Razão, Registro de Inventário, Livros de Entradas (compras), Lalur e Arquivos Magnéticos. Qualquer outro livro, planilhas, controles internos que não constem na legislação e solicitados pela fiscalização em tela são INDEVIDOS. Devem ser apresentados apenas os livros exigidos pelo Regulamento do Imposto de Renda (no caso de fiscalização do ICMS, os exigidos pelo Regulamento do ICMS).

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Assim sendo, o fiscal não deve, não pode e não tem o direito de exigir fichas, planilhas de controles internos e outros registros não exigidos por lei. Algumas vezes o fiscal até solicita, extrapolando a sua competência, o Contador deve estar atento e polidamente informar que vai verificar se a empresa possui ou não. Nada impede que o Contador apresente livros ou planilhas não obrigatórios que façam prova a favor da empresa. Exemplo: planilha de controle de financiamentos, planilhas de receitas, planilhas de custos, planilhas compensação e cálculo Selic, etc. Aliás, os controles internos que corroborem (estão de acordo) com a Contabilidade devem ser apresentados para dar segurança ao fiscal, de que a empresa está em ordem e é de boa fé. O exposto é no sentido de que o Contribuinte não tem obrigação por lei e NÃO DEVE apresentar outros livros, relatórios e controles que possam comprometer a empresa em uma fiscalização (porque a fiscalização não tem o direito de exigi-los), pois se esses relatórios comprometem a empresa serão anexados como prova no processo contra a empresa, dificultando qualquer linha de defesa, os tributos levantados pelo fiscal devem ser comprovados que são devidos e deixaram de ser recolhidos. Em resumo, se houver alguma irregularidade na empresa, o fiscal é que deve investigar, descobrir, levantar as provas e autuar a empresa e não a empresa se “entregar” e, também, que a fiscalização tem limites. Diferença entre documento público, documento privado e documentos que

não fazem prova Públicos: instrumento público é o formado por oficial público no exercício de suas funções. Particular: “Entende-se por instrumento particular o escrito que, emanado da parte, sem intervenção do oficial público, respeitada certa forma, se destina a constituir, extinguir ou modificar um ato jurídico” (De Plácido e Silva, 1975, pág. 817). Analisando os documentos de um auto de infração, nota-se claramente quando se tratam de documentos públicos e privados, conforme exposto acima. Slips e relatórios (planilhas, controles) não são documentos particulares, pois o documento particular deve respeitar certa forma (são meros bilhetes que não obedecem à forma correta para serem documentos particulares). Isso significa que tais fatos não são devidamente provados, eles não existem e, conseqüentemente, não existe verdade nas acusações. Se os fatos da causa são comprovados por provas inidôneas, não há como formular uma convicção.

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Exemplo de ERRO do setor Contábil em uma fiscalização: O fiscal solicitou relação de faturamento (a qual não é obrigatória mas pode ser providenciada), porém a Contabilidade forneceu uma relação, assinada pelo Diretor da empresa, onde constavam valores diferentes dos registrados contabilmente no Diário e no Razão. A empresa foi autuada por omissão de receita. Dois erros básicos foram cometidos: a) não havia a obrigatoriedade de apresentação do referido relatório; b) o relatório não foi conciliado com o Razão da época. Conclusão: autuação, com provas irrecusáveis e incontestáveis. Porém de outro lado, a não apresentação dos livros obrigatórios acarretará no ARBITRAMENTO do lucro da empresa (art. 259, 529 e 530 RIR/99). O Contador deve estar atento à legislação para ter ciência de livros que são obrigatórios ou não. 2.8 Documentos exigidos pelo fisco: Obrigatórios e facultativos Os arts. 196 e 197, do CTN, determinam que as diligências da fiscalização sejam feitas e documentadas por escrito, na forma de exibição de livros, documentos, mercadorias, bens, de forma que o contribuinte entregue um documento mediante requisição por escrito. A empresa tem a obrigação de apresentar ao fisco apenas os documentos solicitados por escrito. Se a documentação solicitada permanecer na empresa não tem a necessidade de protocolo dos documentos, neste caso, elaborar protocolo em termos gerais que está fornecendo a documentação solicitada. (o fiscal pode alegar em seu relatório que não foi fornecida tal documentação, porém mediante o protocolo prova-se que não é correta esta afirmação). A empresa não deve e não tem obrigação de entregar ao fisco qualquer documento que possa comprometê-la, mesmo quando solicitado. O máximo que o fiscal pode fazer é glosar a despesa e autuar a empresa. O raciocínio neste caso é o seguinte:

se fornecer o documento que contém provas contra a empresa, esta será autuada da mesma forma, só que uma diferença: a fiscalização anexa ao processo a prova concreta contra a empresa comprovando o erro, fraude , etc., deixando praticamente a empresa sem argumentos na defesa;

ao autuar a empresa pela não apresentação da documentação e não tendo provas reais, a empresa poderá se defender junto ao Delegado de Julgamento, ao Conselho de Contribuintes e ainda à Câmara de Recursos Fiscais, anexando ao processo apenas as provas que lhe aprouver, cabendo ao julgador a decisão.

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também, se houver alguma incorreção na empresa cabe ao fiscal investigar e localizar tal situação ( e é mérito dele se achar), não cabe à empresa se auto-denunciar no processo de fiscalização, ela tem todo o tempo para a denúncia espontânea até o início da fiscalização;

Exemplo: não é obrigatória a apresentação de extratos bancários à fiscalização. Caso faça prova a favor da empresa deve ser apresentado. A fiscalização deve realizar o trabalho em função dos documentos exigidos por lei.

O objetivo da fiscalização é achar erros, falhas na documentação da empresa, anexá-las ao processo fiscal como provas para obter êxito em julgamentos tanto na esfera administrativa como judicial, pois o fiscal deve comprovar ou demonstrar evidências concretas para autuar a empresa, senão não passa de presunção, um indício de sonegação tornando a defesa com chances de êxito. Também, vale lembrar, que existem as chamadas de presunções legais ( presunção prevista em lei), nas quais cabe ao Contribuinte a prova em contrário. Exemplo de presunções legais, conforme RIR/99:

a) a indicação na escrituração de saldo credor de caixa (art. 281); b) a falta de escrituração de pagamentos efetuados (art. 281); c) manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada( art. 281); d) base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente demonstradas (art. 282); e) falta de emissão de nota fiscal ( art. 283); d) Depósito bancário em que o contribuinte não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações ( art.287).

Essas presunções o fiscal levanta através da Contabilidade da empresa, independente da apresentação de documentos, por isso o Contador ao escriturar a movimentação da empresa deve ater-se a esses fatos. Antes de entregar qualquer documento deve ser feita uma análise detalhada do quê deve ser disponibilizado à fiscalização. Antes mesmo da autuação é necessário estabelecer uma estratégia de defesa, pois cada empresa sabe onde corre e onde não corre riscos (até porque a legislação proporciona situações diferenciadas de interpretação), a própria lei define que o empresário é aquele que assume o risco de sua atividade - lucro ou prejuízo. Todo e qualquer prazo solicitado à fiscalização para a entrega dos documentos deve ser feito por escrito. O fiscal não pode se recusar em conceder tal prazo, pois não

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pode exigir a entrega de documentos ou outras obrigações com prazo insuficiente para o seu cumprimento. (artigo 5º e 170 da Constituição Federal de 1988), senão a empresa pode alegar cerceamento de defesa. ACORDÃO Nº 101-84273 - 1ª CÂMARA SESSÃO DE 10 DE NOVEMBRO DE 1992 - DOU DE 20.06.94 IRPJ - ESCRITURAÇÃO RESUMIDA DO LIVRO DIÁRIO - DESDOBRAMENTO DOS REGISTROS CONTÁBEIS. Não da causa ao arbitramento do lucro a manutenção, pela pessoa jurídica, de escrituração resumida do livro "Diário", quando ficar comprovado: a) que não lhe foi dado prazo razoável para proceder ao desdobramento das diversas contas; b) a contribuinte promoveu, na fase impugnativa, discriminação das parcelas contabilizadas de forma resumida; c) a documentação comprobatória foi colocada a disposição do Fisco; e d) não foram apontadas falhas ou irregularidades que tornassem imprestável a escrituração mantida pela empresa e, de conseqüência, impedisse a apuração do lucro real. Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar argüida e, no mérito, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Quanto a documentação, vale lembrar que o fiscal possui meios alternativos de verificar se a empresa está contabilizando corretamente suas atividades. Através de correspondências às demais pessoas jurídicas que a empresa negocia, solicita relação de faturamento, saldos em determinadas datas, confirma notas fiscais de despesas, etc., além de informações constantes na DIRF, DIMOB, DIPJ, CPMF, etc. Apesar de existir o sigilo bancário, direito constitucional, e a empresa alegá-lo na defesa, pedindo nulidade do auto de infração, a fiscalização solicita os extratos junto às Instituições Financeiras e muitas vezes obtém êxito. Por exemplo, a falta de lançamento do faturamento, além de ser fraude, multa agravada, o fiscal pode detectar facilmente. A divergência no levantamento de dados na fiscalização de uma empresa acabou resultando em um auto de infração. Enquanto o departamento contábil passou uma informação para o fiscal, o departamento de produção passou outra. Por isso, cada empresa deve eleger um único profissional para se comunicar com o Fisco. ACÓRDÃO Nº 102-45606 - 2ª CÂMARA (SESSÃO DE 21.08.2002 - DOU DE 05.11.2002) Processo nº: 10650.000325/98-04 Recurso nº: 129.076 Matéria : IRPF - EXS.: 1995 e 1996 IRPF - ATIVIDADE RURAL - DESPESAS DE CUSTEIO E INVESTIMENTOS - GLOSA - COMPROVAÇÃO - As despesas de custeio e

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investimentos da atividade rural, escrituradas em livros próprios, devem ser devidamente comprovadas e sustentadas em documentação hábil e idônea. Não estando devidamente comprovadas, são passíveis de glosa e não podem ser admitidas na apuração do resultado tributável da atividade rural. Recurso parcialmente provido. Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso. 2.9 Condutas irregulares da autoridade fiscal A administração fiscal, na maioria das vezes, parte do principio de que o cidadão ou pessoa jurídica é culpado. Contrariando o princípio de que todos são inocentes até provar ao contrário. Dessa forma, perpetuando atos de intimidação, abusos, levando funcionário de empresa a crises nervosas, de choros incontidos, etc., um absurdo medieval. O abuso de poder e os meios ilícitos de conseguir provas são reprováveis e devem ser veemente combatidos. A atividade da fiscalização encontra uma série de limitações de ordem comportamental, constantes na Constituição Federal, nos artigos 5º, 34 e 180, citamos algumas condutas IRREGULARES do fisco:

a) Invadir o estabelecimento ou tomar posse dos bens do contribuinte, ameaçar ou intimidar. Em alguns procedimentos a fiscalização chega abrindo arquivos, gavetas, etc. e intimidando. É completamente ilegal e inconstitucional tal atitude, pois fere o direito à Liberdade e à Dignidade, exceto através de mandado judicial. O empresário ou o Contador devem recepcionar o fiscal em uma sala, receber o termo de fiscalização, combinar as visitas e não permitir que a fiscalização em forma de abuso de poder e infringindo a Constituição mexa em qualquer local. b) Empreender ou formular torturas de ordem moral para obter informações O contribuinte tem direito ao Tratamento Humano, não podendo receber torturas de ordem moral. c) Exigir do contribuinte o cumprimento de obrigações não previstas em Lei O contribuinte está obrigado a fornecer somente os documentos e livros previstos na lei. d) Violar a honra, imagem ou intimidade do contribuinte.

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e) Criar dificuldades de funcionamento tanto do estabelecimento em si como do trabalho dos funcionários e impedir a locomoção de pessoas ou funcionários do contribuinte. f) Chamar o contribuinte de sonegador, ou dar tratamento discriminatório e difamatório pela sua condição. g) Exigir a entrega de documentos u outra obrigações com prazo insuficiente para o seu cumprimento. h) Exigir documentos, controles internos, relatórios, etc., não obrigados por lei. i) Induzir o contribuinte ao erro. j) O Fisco pode ter acesso apenas às instalações e informações referentes ao tributo sob fiscalização. O fiscal foi à empresa, no horário do almoço, e levou as informações do servidor da empresa para fiscalizar, e entre as informações havia dados de desenvolvimento de produto. Esse tipo de ato deve ser denunciado por isso. Primeiro porque ele não tem o direito de entrar na empresa quando quer, exceto em caso de denúncia para fazer o flagrante, depois porque dados de desenvolvimento do produto são dados de sigilo profissional. Se houver abuso de poder, o contribuinte pode dar voz de prisão ao fiscal e pedir a substituição dele para evitar retaliação. l) Documentos que embasem auto de infração não podem ser obtidos por meios abusivos. Os fiscais ao se dirigir à sede ou domicílio do contribuinte não podem utilizar de meios vexatórios para obter os documentos, conforme artigo 991 RIR/99: “Art. 991. É assegurado ao sujeito passivo (CF, art. 5º, inciso XXXIV): I – o direito de petição, em defesa de direitos ou contra a ilegalidade ou abuso de poder; II – a obtenção de certidões, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.”

O abuso de poder é considerado infração à lei, ilícito, tendo sido abusiva a apreensão de documentos que instruírem a exigência, tal comportamento ilícito não é admissível como prova, conforme art. 5º, LVI, da Constituição Federal.

O fiscal está sujeito a várias normas e regras na atividade de fiscalização, caso adote um procedimento irregular na atividade, cabe constar tal procedimento da defesa administrativa, mediante prova testemunhal que será levada a termo (escrita) e reivindicar anulação do auto de infração devido à má conduta do fiscal.

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O Artigo 145, da Constituição Federal de 1988, também dispõe sobre o poder e o dever do Agente Fiscal:

Art. 145, CF/88:

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 2.10 Cuidados com os esclarecimentos e informações prestadas ao fisco Em algumas situações, a fiscalização emite um questionário dos pontos que não foram esclarecidos. Cabe a empresa mencionar sua versão sobre o assunto, no entanto não devem ser dadas respostas que possam comprometer a empresa, no máximo respostas gerais ou simplesmente não responder, não há uma obrigação legal. O Contador deve ficar atento. Eis Acórdãos em que o uso do questionário foi utilizado como prova a favor do fisco: ACORDÃO Nº 108-07346 - 8º CÂMARA (DOU DE 18.06.2003 - SESSÃO DE 16.04.2003) Processo nº: 11080.006811/2001-87 Recurso nº: 131.587 Matéria: IRPJ e OUTROS - Anos: 1996 a 1999 OMISSÃO DO REGISTRO DE RECEITAS - MEIOS DE PROVA - A omissão de receitas, quando a sua prova não estiver estabelecida na legislação fiscal, pode realizar-se por todos os meios admitidos em Direito, sendo livre a convicção do julgador. Confirma a prova, a apresentação, pelo contribuinte, de demonstrativo informando os valores omitidos, em resposta à intimação do Fisco. ACÓRDÃO Nº 106-13232 - 6ª CÂMARA (SESSÃO DE 18.03.2003 - DOU DE 20.05.2003) Processo nº: 13984.000435/2002-40 Recurso nº: 133.412 Matéria:IRPF - Ex(s): 1999 e 2000 IRPF - PRELIMINAR - LEGITIMIDADE PASSIVA - CONFISSÃO - Tendo o contribuinte confessado como sendo sua a movimentação financeira em conta bancária em nome de outra pessoa, o lançamento com base nos depósitos bancários, previsto no art. 42, da Lei nº 9430/96, deve ser feito em seu nome, posto que os créditos representam, de fato, valores relacionados com a sua pessoa e não com aquela que tinha a titularidade da conta, mas não a movimentava efetivamente.

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OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - Com o advento da Lei nº 9430/96, caracterizam-se também omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular não comprove a origem dos recursos utilizados, observadas as exclusões previstas no parágrafo 3º, do art. 42, do citado diploma legal. Recurso negado. Por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento por erro de identificação do sujeito passivo e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. O artigo 928, do RIR/99, estabelece: “Nenhuma pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não, poderá eximir-se de fornecer nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal”. O artigo 5º, LXIII da CF/88, garante ao preso o direito ao silêncio. O STF, no recurso HC nº 68.929/SP, julgou o seguinte: (...) o privilégio contra auto-incriminação ... traduz direito público subjetivo assegurado a qualquer pessoa, que na condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva prestar depoimento, perante órgãos do Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário”. No caso dos sócios da empresa, ao assinar uma prestação de informações ou esclarecimentos dando a interpretar que o fato é sonegação fiscal, há possibilidade de serem presos por crime à legislação tributária, motivo pelo qual não devem presta informações que poderão ser usadas para incriminá-los. O contribuinte deve estar atento a alguns princípios básicos, como por exemplo, o direito de a pessoa não falar para não se incriminar, senão perante o juiz para exercer o direito de defesa (contraditório). Em depoimentos, durante a ação fiscal, alguns fiscais ameaçam os depoentes com pena de prisão de mentirem, quando em juízo no mesmo caso, os indivíduos serão dispensados do compromisso de dizer a verdade. O mesmo ocorre nos questionários elaborados pela fiscalização, nos quais o contribuinte não é obrigado a declarar algo que o comprometa, ou simplesmente deixa em branco ou não tem nada a declarar. Isso significa que a ação fiscal tem caráter processual e constitucional, constituindo-se em um meio de o indivíduo proteger-se contra o arbítrio. Dessa forma, o auto de infração que se constituir dentro de violações e abusos não poderá ser subsistente e será nulo. Porém, de outro lado o Contribuinte não pode ser totalmente avesso às intimações a prestar ao fisco, sob pena de ter contra si computado o agravamento de multas e caracterizado a obstrução da Fiscalização, esta última dá legalidade a apreensão de documentos pela fiscalização.

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Portanto, o Contribuinte deve sim responder a fiscalização, mas medir todas as palavras a serem mencionadas nos chamados questionários, explicando de forma geral ou até mesmo omitindo uma ou outra informação, quando julgar necessário, protocolando a entrega do documento junto ao Fiscal. O art. 27, da Lei nº 9.784/99, determina que “o desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. Parágrafo Único: No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado.” Significa que se o contribuinte não apresentar a documentação solicitada pelo fiscalização, poderá apresentá-la na ocasião da defesa. ACORDÃO Nº 101-85063 - 1ª CÂMARA SESSÃO DE 28 DE ABRIL DE 1993 - DOU DE 05.08.94 IRPJ - FALTA DE ESCLARECIMENTOS - PENALIDADE. A multa prevista no artigo 652, parágrafo 1º do RIR/80 c/c a do artigo 9º do Decreto-lei nº 2303/86, não se aplica na hipótese de o contribuinte deixar de prestar informações no prazo marcado, se a repartição o intima na condição de sujeito passivo, com vistas a dar inicio a ação fiscal. Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. 2.11 Obstrução ao trabalho de fiscalização A empresa de forma alguma deve obstruir o trabalho da fiscalização, pelo contrário, precisa estar sempre pronta e disposta a oferecer o melhor tratamento possível, no sentido de esclarecer, ser prestativa, demonstrar cálculos (impossível que alguma coisa não esteja certa), lógico sem expor as partes deficitárias da empresa. De acordo com o Código Tributário Nacional o fiscal tem o dever e o poder de constituir o crédito tributário. Ao constituir o crédito, nem o Presidente da República e nem qualquer autoridade executiva ou legislativo têm o poder de cancelá-lo, é uma prerrogativa pessoal, somente os julgadores administrativos ou judiciais que podem anulá-lo, depois de cumprido todo o rito processual. Portanto, não é aconselhável irritar, maltratar, impedir a fiscalização, querendo ou não é uma autoridade, e deve ser tratada com toda a polidez e cordialidade, mas não esquecer que é um “jogo” e ele vai fazer o possível para ter o êxito pelo qual é o seu objetivo ( autuar a empresa). O Contribuinte por sua vez, tem o dever de defender sua empresa, aplicando o conhecimento da regra legal.

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Lembrando que o Contribuinte deve responder às intimações da Receita, em prazo hábil, caso o prazo seja insuficiente para a entrega de documentos ou livros, deve ser solicitado por escrito ao Fiscal a prorrogação do prazo (constar o prazo), o qual deverá ser protocolado pelo Agente. Art. 33, da Lei 9.430/96, dispõe: ¨Art. 33. A Secretaria da Receita Federal pode determinar regime especial para cumprimento de obrigações, pelo sujeito passivo, nas seguintes hipóteses: Decreto nº 3.724, de 10.1.2001. I - embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; II - resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde se desenvolvam as atividades do sujeito passivo, ou se encontrem bens de sua posse ou propriedade; Haverá agravamento de multa de ofício a incidir sobre eventuais exigência, nos casos de falta de colaboração ou embaraço à Fiscalização, conforme Lei 9.430/96. A empresa deve entregar a documentação suficiente à Fiscalização (sem expor sua parte deficitária), deixar as portas abertas para o Fiscal, com tratamento cordial, sempre transparecendo a boa-fé e a cooperação da empresa. Explicar, que por ordens da administração, deve entregar documentos quando solicitado por escrito e quando entregues protocolados. Para evitar que o fiscal tenha acesso a documentos sigilosos da empresa, esses devem ser guardados em locais próprios, fora da empresa. A boa-fé da empresa e o pronto atendimento à fiscalização (solicitando prazo quando necessário) tornará uma fiscalização sem tumultos e mais compreensiva por parte do fiscal. 2.12 Poderes da fiscalização Os auditores fiscais têm direito ao acesso nas dependências da empresa fiscalizada e podem proceder ao exame de livros e documentos de contabilidade do contribuinte e realizar diligências e investigações necessárias para apurar a exatidão dos lançamentos, das declarações, dos balanços e documentos apresentados, com propósito de verificar o cumprimento das obrigações fiscais, conforme art. 911 do RIR/99.

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Porém, como já mencionado, o exame se estende a documentos que estejam relacionados com o exame, bem como disquetes e qualquer outro meio de gravação de informações. Vejamos o que dispõe o RIR/99, sobre os poderes da fiscalização: Art. 914. As repartições ou os Auditores-Fiscais do Tesouro Nacional procederão às diligências necessárias à apuração de vacância de casas ou apartamentos, bem como dos respectivos preços de locação, podendo exigir, quer do locador, quer do locatário, a exibição dos contratos e recibos (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 139, e Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º). Retenção de Livros e Documentos Art. 915. Os livros e documentos poderão ser examinados fora do estabelecimento do sujeito passivo, desde que lavrado termo escrito de retenção pela autoridade fiscal, em que se especifiquem a quantidade, espécie, natureza e condições dos livros e documentos retidos (Lei nº 9.430, de 1996, art. 35). § 1º Constituindo os livros ou documentos prova da prática de ilícito penal ou tributário, os originais retidos não serão devolvidos, extraindo-se cópia para entrega ao interessado (Lei nº 9.430, de 1996, art. 35, § 1º). § 2º Excetuado o disposto no parágrafo anterior, devem ser devolvidos os originais dos documentos retidos para exame, mediante recibo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 35, § 2º). Lacração de Móveis, Depósitos e Arquivos Art. 916. A autoridade fiscal encarregada de diligência ou fiscalização poderá promover a lacração de móveis, caixas, cofres ou depósitos onde se encontram arquivos e documentos, toda vez que ficar caracterizada a resistência ou o embaraço à fiscalização, ou ainda, quando as circunstâncias ou a quantidade de documentos não permitirem sua identificação e conferência no local ou no momento em que foram encontrados (Lei nº 9.430, de 1996, art. 36). Parágrafo único. O sujeito passivo e demais responsáveis serão previamente notificados para acompanharem o procedimento de rompimento do lacre e identificação dos elementos de interesse da fiscalização (Lei nº 9.430, de 1996, art. 36, parágrafo único). Os auditores da Receita Federal têm a faculdade de examinar livros e documentos fora do estabelecimento (art. 915), do sujeito passivo da ação fiscal. Para tanto é preciso que o fiscal lavre termo escrito de retenção de documentos, no qual o fiscal deve especificar a quantidade, espécie, natureza e condição dos livros e documentos retidos. No protocolo deve constar documento por documento, não bastando a descrição “01 caixa de documentos”. Tendo sido iniciada a ação fiscal com a apreensão de documentos, sem que tivesse sido lavrado seu termo de início e fica o fiscal por mais de 120 (cento e vinte dias) dias, conforme Portaria 3.007/2001, sem qualquer ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, mesmo sem ter devolvido os documentos,

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determina o encerramento da ação fiscal por força do § 2º, do art. 7º, do Decreto 70.235/72. Porém o fiscal pratica atos em continuidade, esses exames serão considerados reexames no mesmo exercício, sem a devida ordem escrita do Superintendente, Delegado ou Inspetor da Receita, os quais não terão validade, conforme art. 906 RIR/99, por falta de autorização expressa. A lei, no entanto, é clara, a extensão do exame é limitada a assuntos e documentos que tenham relação direta ou indireta com o próprio exame. É recomendado que o sujeito passivo não resista a uma ação da fiscalização, porém não significa que deve ser entregue toda a documentação pedida pelo fiscal ou permitir abusos e que os fiscais ultrapassem os limites permitidos por lei ao exame, cumprir o que está na lei. Até porque a fiscalização tem poderes para prosseguir na execução de exame em caso de resistência, tais como: promover a lacração de móveis, caixas, cofres ou depósitos, onde se encontram arquivos e documentos (art. 916 RIR). No entanto, a lacração não se dá apenas por ocorrer resistência, mas também quando as circunstâncias ou quantidade de documentos não permitirem sua identificação e conferência no local ou no momento em que foram encontrados. 2.13 Fiscalização Eletrônica SRF A Receita Federal lançou a Fiscalização Eletrônica – FISCEL, onde os Créditos Tributários controlados nesta intimação têm origem exclusivamente nas informações prestadas pelo contribuinte por meio da DCTF. Por isso, o correto preenchimento da DCTF é essencial para evitar o recebimento de intimações Fiscel. Recebendo uma intimação de cobrança dos débitos da DCTF ou ciente de débitos pela pesquisa de situação fiscal, o contribuinte deve, antes de procurar o Atendimento da SRF, verificar se as DCTF foram corretamente preenchidas. Se a intimação não for atendida no prazo estipulado, os débitos serão encaminhados para inscrição em Dívida Ativa da União. Caso constate erro de preenchimento da DCTF, transmitir a retificadora no prazo estipulado no Termo de Intimação, não sendo necessário comparecer a uma Unidade da Receita Federal. Outras formas de fiscalização:

Atualmente a Receita Federal está fazendo convênios com os fiscos estaduais e municipais, no sentido de que as informações referentes às

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autuações serão encaminhadas à Receita Federal. Então quem for autuado pelo ICMS por omissão de receitas poderá receber a visita do fisco federal.

A própria CPMF é um indicativo para a fiscalização.

A DFC , informação estadual anual, onde o fisco federal seleciona as informações de estoque inicial e final, para fiscalizar o IPI, IRPJ e CSLL.

A DIRPJ, de onde o fisco federal extraí informações estatísticas com relação aos custos de produção. Por exemplo, nos últimos 05 anos a variação do custo de fabricação, prestação de serviços ou mercadorias vendias ficou em torno de 35% do faturamento total, porque em determinado ano este custo teve variação para 55%. Algo indica que naquele ano houve alguma alteração incomum e pode ser utilizada para fins de indicar uma fiscalização.

A DACON, para fins de cruzamento, para fiscalizar o PIS e a COFINS.

O próprio sistema de fechamento de câmbio do Banco do Brasil, tanto para exportações ou importações, onde a Receita Federal pode cruzar o valor declarado nas importações, por CNPJ, versus os pagamentos feitos ao exterior às mesmas empresas fornecedoras. Bem como os contratos de câmbio não fechados versus os valores declarados como exportações com isenções e imunidades tributárias.

Informações junto ao SERASA, onde pode filtrar BALANÇOS FRIOS e a partir daí cobrar a omissão de receita e responsabilizar penalmente Contadores e Empresários, já que os balanços ilegais estão assinados.

Por último, a Receita Federal desenvolveu um sistema de inteligência chamado ARPIA, onde todas as informações citadas acima são processadas de modo a encontram inconsistência objetivando emitir relatório de pessoas físicas e jurídicas que certamente não cumpriram com suas obrigações tributárias.

São tantas informações que a Receita Federal não tem fiscal suficiente para realizar todas as diligências. Fica o alerta para manter a escrituração contábil em ordem. Conclusão: o fisco sabe mais dos custos, da movimentação financeira, da receita e outros dados do que o próprio dirigente da empresa. Não acabou, lembrei ainda de uma reportagem vinculada no Jornal Nacional do mês de agosto de 2007, onde a Polícia Federal e a Receita Federal, em operação conjunta, estavam utilizando um aparelho de RAIO –X (como os de aeroportos) para identificar e quantificar as mercadorias enquanto os caminhões passavam pelo posto policial.

CONCLUSÕES SOBRE A AÇÃO FISCAL Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, e contendo o objetivo e o propósito da ação desenvolvida para verificar a exatidão do recolhimento dos impostos. O qual

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retira do contribuinte a espontaneidade de denunciar as irregularidades existentes (denúncia espontânea), bem como o processo de Consulta torna-se ineficaz. Nesse sentido dispõe o Parecer CST nº 2.716/84: “O Ato que determinar o início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do contribuinte somente em relação ao tributo, ao período e à matéria nele expressamente inseridos”. Por exemplo: O objeto da fiscalização é o Pis e a Cofins, o contribuinte poderá retificar sua Declaração de Renda no tocante ao IRPJ e a CSLL e eventualmente outros tributos e efetuar a Denúncia Espontânea. O nosso entendimento é o de que não caberá multa de mora (20%) por denúncia espontânea, havendo apenas a incidência de juros de mora (SELIC) sobre o principal, porém se for realizado parcelamento perante a Receita Federal, está exigirá o principal + multas + juros.

O artigo 138 do CTN dispõe que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito de importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Lembrando, ainda, que o Contribuinte terá 20 dias, após a ciência do MPF para recolher os tributos já declarados, conforme art. 47, da Lei 9.430/96, alterada pelo art. 70 da Lei 9.532/97. Exemplo: tributos declarados na DCTF e não recolhidos. Caso não sido exercido esta opção, caberá multa de ofício de 75%, sobre o valor principal do tributo declarado e não recolhido. Esta é a interpretação da Receita Federal do art. 44, da Lei 9.430/96 – é um absurdo cobrar multa de ofício sobre tributo declarado na DCTF e não recolhido, pois a Receita Federal pode lançar os valores declarados na DCTF em Dívida Ativa, bem como o não pagamento por incapacidade financeira do Contribuinte não pode ser apenada, pelo fato de não constituir ato ilícito (exceto tributos retidos na fonte): é mais uma forma do ¨Leão¨ oprimir e coagir os contribuintes a pagar pela força. Outro fato importante sobre a ciência do objeto da fiscalização é a Súmula 439 do STF, a qual esclarece que o poder de inspeção que os órgãos fiscalizadores possuem é restrito ao propósito da investigação e não assume caráter de devassa. SÚMULA Nº 439 DO STF:

ESTÃO SUJEITOS A FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA OU PREVIDENCIÁRIA QUAISQUER LIVROS COMERCIAIS, LIMITADO O EXAME AOS PONTOS OBJETO DA INVESTIGAÇÃO.

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Toda apreensão deve ser precedida de um termo que mostre os propósitos do exame e a apreensão, acompanhada de um termo escrito com a discriminação detalhada documento por documento, não importando que sejam centenas e centenas os documentos. O Fisco pode apreender o que é indispensável e não apreender tudo, para ver o indispensável. Abusa do poder de apreensão o fiscal que, para sua comodidade, apreende para ver, posteriormente, a indispensabilidade de documento ou cousa. Encerrada a ação fiscal, o Auditor efetua um relatório que se denomina “Relatório de Trabalho Fiscal”. No qual descreverá todas as circunstâncias da ação fiscal, bem como a conclusão a que se chegou com os trabalhos, onde lavrará um termo de encerramento de ação fiscal ou um auto de lançamento ou auto de infração. Do auto de infração notificará o sujeito passivo para que possa apresentar defesa (impugnação) no prazo de trinta dias. No momento em que o sujeito passivo impugnar o auto de infração, estará instaurando o processo administrativo–fiscal.

3. FASES DO PROCESSO DE IMPUGNAÇÃO FISCAL

Acabando o processo de fiscalização, o fiscal emitirá um termo de encerramento de fiscalização mencionando que não encontrou irregularidades na empresa ou emitirá um AUTO DE INFRAÇÃO, cobrando os tributos que julga serem devidos. A partir do momento da lavratura do auto de infração, a empresa deve efetuar a defesa administrativa de fato e de direito, anexando provas com o objetivo de reverter a cobrança dos tributos. O processo de defesa(impugnação) administrativa pode ser elaborado pelo Contador ou outro profissional, não havendo a exigência de um profissional específico. O processo administrativo/fiscal de defesa na Receita Federal obedece ao seguinte trâmite: 3.1 1ª ESTÂNCIA – DELEGA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO

O contribuinte no prazo de 30 dias, do recebimento do Auto de Infração faz a impugnação (defesa) do auto de infração e encaminha ao DELEGADO julgador DA RECEITA FEDERAL no Domicílio de sua empresa, o qual, por sua fez, faz o julgamento e profere a chamada DECISÃO DE 1º INSTÂNCIA.

Essa decisão pode extinguir totalmente, manter parte ou a totalidade dos tributos reclamados no auto de infração.

Sendo a decisão desfavorável ao contribuinte, este tem 30 dias da ciência da decisão para recorrer à 2ª ESTÂNCIA, no entanto caso a decisão seja desfavorável ao fisco , e se tratando de valores relevantes (valores iguais ou

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superiores a R$ 500.000,00), a própria autoridade julgadora recorre à 2º INSTÂNCIA.

3.2 2ª INSTÂNCIA – CONSELHO DE CONTRIBUINTES CONSIDERAÇÕES INICIAIS No caso em que a decisão do Delegado (1ª Instância) for desfavorável ao contribuinte, este tem 30 dias da data de ciência da decisão, para recorrer com petição a ser encaminhada ao Conselho de Contribuintes (1º, 2º e 3º Conselhos, conforme competência da matéria), mediante arrolamento de bens. O Conselho de Contribuintes profere a chamada DECISÃO DE 2ª INSTÂNCIA. Se a decisão for contrária ao Contribuinte, poderá recorrer à 3ª INSTÂNCIA, desde que tenha decisões contrárias sobre o mesmo assunto no próprio Conselho de Contribuintes e na 3º Instância ou que o Contribuinte teve êxito na 1ª INSTÂNCIA e perdeu no Conselho de Contribuintes. No caso de decisão unânime (todos os votos dos julgadores) do Conselho de Contribuintes contra o fisco (a favor da empresa) não poderá o fisco recorrer a 3ª Instância (sendo extinto de vez o auto de infração). Observação: A petição encaminhada ao Conselho de Contribuintes poderá ser entregue na Receita Federal de domicílio da empresa, no entanto o julgamento é realizado em Brasília-DF e as decisões devem ser acompanhadas pelo Diário Oficial da União ou via internet, pois nesta fase o Contribuinte não recebe o comunicado da decisão em seu endereço. Considerações Gerais sobre a composição do Conselho de Contribuintes - As Câmaras, observada da composição paritária, poderão dividir-se em Turmas; - O Conselho Pleno compõe-se dos Conselheiros integrantes das Câmaras; - Cada Câmara tem 08 (oito) Conselheiros e 04 (quatro) Suplentes; - Metade dos Conselheiros e dos Suplentes será constituída por representantes da Fazenda Nacional (com o cargo de Auditor-Fiscal, no mínimo de 05 anos); - A outra metade dos Conselheiros e dos Suplentes será constituída por representantes dos Contribuintes (indicados por entidades de classe de suas categorias econômicas de nível nacional, por solicitação do Presidente do respectivo Conselho). (Base Legal: art. 2º, do RICC)

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Os Conselhos serão dirigidos por Presidentes, designados pelo Ministro de Estado, escolhido dentre os Presidentes das Câmaras. O Ministro de Estado designará, ainda, os Vice-Presidentes dos Conselhos, escolhidos dentre os Vice-Presidentes das Câmaras. Os Presidentes das Câmaras serão escolhidos dentre os Conselheiros representantes da Fazenda Nacional. Os Vice-Presidentes das Câmaras serão escolhidos dentre os Conselheiros representantes dos Contribuintes. (Base Legal: art. 5º, RICC)

3.3 3ª Instância – Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF 3.3.1 CONSIDERAÇÕES Sendo a decisão no Conselho de Contribuintes desfavorável ao contribuinte e cumprido e provados certos quesitos (desde que tenha decisões contrárias sobre o mesmo assunto no próprio Conselho de Contribuintes e na 3º Instância ou que o Contribuinte teve êxito na 1ª INSTÂNCIA e perdeu no Conselho de Contribuintes), o contribuinte terá 30 dias, contados da ciência do acórdão, para recorrer à Câmara Superior de Recursos Fiscais e esta profere a chamada DECISÃO DE 3º INSTÂNCIA. Esta é a instância final do Processo Administrativo Fiscal, sendo a decisão definitiva, não cabendo mais recurso das partes. Como observamos se a decisão for desfavorável ao Fisco na 3ª Instância (Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF) ou por votação unânime dos julgadores contra o fisco no Conselho de Contribuintes (2ª Instância), o auto de infração deverá ser extinto, inexistindo qualquer exigência fiscal, nem mesmo judicialmente o fisco poderá recorrer e exigir os tributos constantes no auto de infração. Por isso, toda a atenção é necessária em um processo de fiscalização, no sentido de não apresentar provas contrárias à empresa e elaborar uma linha de defesa forte. Já o CONTRIBUINTE, se perder o processo na esfera administrativa, poderá recorrer ao Poder Judiciário na tentativa de anular a exigência fiscal. Um processo de defesa administrativa, considerando as três instâncias, tem uma estimativa de duração de 03 a 05 anos; no Judiciário a estimativa é de mais uns 04 a 05 anos. São 07 a 10 anos de espera, podendo ocorrer no meio um REFIS/PAES e ainda alguns juristas estão pedindo a ISONOMIA CONSTITUCIONAL (igualdade) para com os parcelamentos dos órgãos públicos com a União que é de 240 meses.

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Resumindo, se o Contador, por ocasião do lançamento contábil, levantar todas as provas necessárias (mesmo em assuntos controversos pela fiscalização) poderá administrar com sobra todos os aspectos de tributação da empresa.

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TESTE DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE FISCAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Fonte: IBPT – site www.ibpt.org.br As questões abaixo dizem respeito aos principais motivos de lavratura de autos de infração, que acusam alguma irregularidade praticada pela sociedade empresarial. Outras situações, como erros no preenchimento de declarações ou falhas na prestação de informações por parte de terceiros não foram levadas em consideração. Cada questão tem 3 alternativas, com um peso para cada resposta. Todas as alternativas (a) têm peso 1, as alternativas (b) têm peso 2 e as alternativas (c) têm peso 5, exceto a alternativa c da questão número 1 que tem peso 3. O resultado da somatória das respostas equivale a um Índice de Vulnerabilidade Fiscal das Empresas Brasileiras – IVFB, discriminado ao final. QUESTÕES

1) Faturamento anual da empresa e o seu regime de tributação são: a) Até 2.400.000,00 de faturamento anual, enquadrada no SIMPLES = 1 ponto b) Empresa não enquadrada no SIMPLES e com faturamento anual até R$

3.000.000,00 = 2 pontos c) Empresa com faturamento anual superior a R$ 30.000.000,00 = 3 pontos

2) A base de cálculo anual da CPMF, em relação ao faturamento declarado, é: a) Até 1,3 vez o valor do faturamento = 1 ponto b) Acima de 1,3 vez até 2 vezes o valor do faturamento = 2 pontos c) Acima de 2 vezes o valor do faturamento = 5 pontos

3) Fez liquidação irregular de operações de câmbio, nos últimos cinco anos,

cujo valor total seja de :

a) Até R$ 100.000,00 = 1 ponto b) Acima de R$ 100.000,00 até R$ 300.000,00 = 2 pontos c) Acima de R$ 300.000,00 = 5 pontos

4) Fez a compensação de tributos federais com créditos adquiridos de terceiros,

cujo valor seja de : a) Até R$ 50.000,00 = 1 ponto

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b) Acima de R$ 50.000,00 até R$ 300.000,00 = 2 pontos c) Acima de R$ 300.000,00 = 5 pontos 5) A empresa apresenta prejuízos fiscais e/ou base de cálculo negativa da

CSLL, na apuração do Lucro Real: a) Nos dois últimos anos = 1 ponto b) Nos três últimos anos = 2 pontos c) Mais de dois dos itens acima = 5 pontos

6) A empresa NÃO TEM rígido controle de Bancos, Estoques, Contas a Pagar,

Contas a Receber e Patrimônio: a) Somente um dos itens acima = 1 ponto b) Dois dos itens acima = 2 pontos c) Mais de dois dos itens acima = 5 pontos 7) O valor do faturamento declarado para fins de apuração do ICMS, em

relação ao valor do faturamento declarado para fins de apuração da base de cálculo dos tributos federais, é de:

a) Até 10% maio que o faturamento declarado para fins de apuração da base de cálculo dos tributos federais = 1 ponto

b) Acima de 10% a 20% maior que o faturamento declarado para fins de apuração da base de cálculo dos tributos federais = 2 pontos

c) Acima de 20% maior que o faturamento declarado para fins de apuração da base de cálculo dos tributos federais = 5 pontos

8) O valor das vendas através de cartões de crédito, em relação ao faturamento

declarado, é de:

a) Até 50% do faturamento declarado = 1 ponto b) Acima de 50% até 100% do faturamento declarado = 2 pontos c) Acima de 100% do faturamento declarado = 5 pontos

9) O gasto anual com serviços terceirizados, em relação ao total da folha de

pagamento é: a)até 30% do montante anual da folha de pagamento = 1 ponto b)Acima de 30% até 70% do montante anual da folha de pagamento = 2 pontos c) Acima de 70% do montante anual da folha de pagamento = 5 pontos

10) Utiliza-se de despesas ou custos se a devida comprovação, para redução de

base de cálculo de tributo, cujo montante anual de:

a) até 5% do montante total de custos e despesas = 1 ponto

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b) Acima de 5% até 20% do montante de custos e despesas = 2 pontos c) Acima de 20% do montante total de custos e despesas = 5 pontos

Observação: quando a resposta não se enquadrar em nenhuma das alternativas marcar a letra (a). RESULTADO: _____________ pontos A somatória aponte o Índice de Vulnerabilidade Fiscal:

a) Índice Remoto: até 12 pontos b) Índice Pequeno: até 13 pontos c) Índice Médio: 14 pontos d) Índice Grande: de 16 a 18 pontos e) Índice Provável: acima de 18 pontos