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 Divaldo Franco Pelo Espírito Manoel Philomeno De M i randa  Atendimento Fraterno

Atendimento Fraterno Divaldo Franco

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Divaldo FrancoPelo Esprito:

Manoel Philomeno De Miranda

Atendimento Fraterno

2 DivaldoPereiraFr anco

ATENDIMENTOFRATERNO DitadapeloEsprito: ManoelPhilomenodeMiranda EDITORAFEB FederaoEspritaBrasileira www.febnet.org.br Psicografadapor: DivaldoPereiraFr anco Digitalizadapor: L.Neilmoris 2009 Brasil www.luzespirita.org.br

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Atendimento FraternoDitadapor: MANOELPHILOMENODEMIRANDA

Psicografadapor: DIVALDOPEREIRAFRANCO

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CONVITE: Convidamosvoc,queteveaoportunidadedeler livrementeestaobra, aparticipardanossacampanha de SEMEADURADELETRAS, queconsisteemcada qualcomprarum livroesprita, leredepois presenteloaoutrem, colaborandoassimna divulgaodoEspiritismoeincentivandoaspessoas boaleitura. Essaao,certamente,rendertimosfrutos. AbraofraternoemuitaLUZparatodos!

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ndiceApresentao pg.6 PREFCIO:Terapiado Amorpg. 8 Pr imeir aPar teATENDIMENTOFRATERNO pg.10

1 EntrevistacomDivaldoFranco pg. 11 2mbitodeao pg. 23 3Problemasdepersonalidade pg. 28 4Perfildoatendente fraterno pg. 30 5Asfasesdoatendimento pg. 32 6Osaberouvirpg. 35 7Aempatia pg. 38 8Recomendaesprticasparaosatendentespg. 40 9 Estudosdecasospg. 45 SegundaPar teAEXPERINCIADOCENTROESPRITACAMINHODA REDENO 10 AEquipe pg. 57 11 Adinmicadoatendimento pg. 60

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Apresentao

EmsendooEspiritismoumadoutrinapossuidoraderespostaselucidativas para as questes desafiadoras da vida, de instrumentos prticos capazes de ajudar aos que sofrem, desde que, honestamente, queiram ajudarse e ser ajudados, natural que um nmero crescente de pessoas busquemno com o propsito de solucionarseusproblemasedificuldadesexistenciais. Segundo a FEB Federao Esprita Brasileira , o Centro Esprita devecriarcondiesparaumeficienteatendimentoatodososqueoprocuramcom opropsitodeobteresclarecimento,orientao,ajudaouconsolao. O Atendimento Fraterno a concretizao dessa recomendao Febiana, fundamentada no Evangelho, objetivando assistncia individualizada aos que sofrem,atravsdodilogoespontneo,confidencialeprivativo. Tratase de atividade tambm conhecida no Movimento Esprita como entrevista, no devendo ser confundida com as tcnicas conhecidas como relaesdeajuda,emborao conhecimentodessastcnicas,edeoutrasdasreas daPsicologiaoudaComunicao,possafacilitarotrabalhodequemsededicaato nobrelabor. EsteLivrosepropeoferecerreflexessobreotema,quedointeressede todos os espritas, alm de um pequeno roteiro para quantos se disponham a implantar o Atendimento Fraterno nos Centros Espritas, ou com essa atividade se envolver. NelereunimosapalavratoexperientequantoinspiradadeDivaldo Pereira Franco, a quem entrevistamos, a contribuio sempre abalizada de Suely Caldas Schubert,ampliando matrias j por ela tratadasna apostila da Aliana Municipal EspritadeJuizdeForasobreoassunto,enossaprpriaexperincianasatividades do Centro Esprita Caminho da Redeno, de SalvadorBahia, que vai examinada principalmentenasegundapartedoLivro. Faz parte ainda do contedo da Obra uma sntese de assuntos por ns estudados para compor um mnimo de fundamentos tcnicos e doutrinrios indispensveisexecuo daatividade. De maiorrelevncia, porm, para o propsito deste modesto trabalho, so os luminosos pensamentos do Codificador e dos Bons Espritos, em especial da BenfeitoraJoannadengelis,quebondosamenteoprefaciou. DoCodificadorlevantamosasorigensespirticasdoAtendimentoFraterno aoevocaroseuvigorosodiscursoaosespritasdeLyoneBordeaux,quandogravou

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este lapidar depoimento, que pode servir de lema para os atendentes fraternos: Coloco em primeira instncia o consolo que preciso oferecer aos que sofrem, ergueracoragemdoscados,arrancarumhomemdesuaspaixes,dodesespero,do suicdio, detlo talvez no limiar do crime! No vale mais isto do que os lambris dourados?(Grifamos) Faz bem, e muito bem, refletir no que Allan Kardec falou na mesma ocasio:Homensdamaisaltaposiohonrammecomsuavisita,porm nunca,por causa deles, um proletrio ficou na antecmara. Mais adiante ele adiu: Guardo milhares de cartas que para mimmais valem do que todasashonrarias da Terra e que olho como verdadeiros ttulos de nobreza. (Cartas que, certamente, ele respondeuparalevaraesperanaaosaflitosquelhebuscaramoconcursoseguroe afvel). EmJesustemosoAtendenteFraternoperfeitoque,almdeterensinados multides, atravs de Seus inolvidveis discursos, deixounos preciosas lies dialogadas, atravs das quais o Seu verbo de luz socorreu os indivduos, cada um conforme a sua necessidade: o Moo Rico, a Samaritana, a Mulher Equivocada, Zaqueu,JoanadeCusaetantosoutros,libertandoatodos,quesefizeramherisno futuro. Se o Divino Mestre disse: Vinde a mim todos vs que estais aflitos e sobrecarregados, tambm props: Que vos ameis uns aos outros. Isto como a dizernos assim: Se estiverdes em condio, vinde diretamente a mim pelos caminhosformososdaorao,massevossobrecarregardesapontodenoachardes ocaminhoemocionaldaprece,recorreiavossoirmopoisqueatravsdeleeuvos ajudarei. Apoiandose nessa proposta os primeiros apstolos da Palavra, no CristianismoPrimitivo,apssuaspregaes,aindatocadospelaslnguasdefogo inspiradoras da oratria finda, se punham disposio para ouvir e aconselhar os irmosdecaminhada,encorajandoosparaaluta. EisoAtendimentoFraterno,ontem,hojeesempre. Salvador,agostode1997 AEquipedoProjeto ManoelPhilomenodeMir anda

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PREFCIO

Terapia do amor

Aspatologiasdaalmaviolncia,dio,cime,ressentimento,amargura, suspeita, insatisfao, dentre outras muitas respondem por incontveis aflies queaturdemoserhumano. Alma encarnada,nela se encontram asmatrizes do bem como do mal em quesecompraz,dandocampoaoseudesenvolvimento. Comoefeito,asalegriaseasdoresqueseexteriorizamsomentepodemser erradicadas quando trabalhadas nas suas razes causais. Interpenetrando todas as clulas e assenhoreandose dos equipamentos orgnicos, que passa a comandar, a almaouEspritoencarnadoimprimenoselementosfsicososcontedosvibratrios quelhesopeculiares,caractersticosdoseuestgiodeevoluo. Ossofrimentoshumanosdequalquertiposomanifestaesdosdistrbios profundosqueremanescemnoserespiritual,desarticulandoossensoresemocionais e a harmonia vibratria que vige nas clulas, o que faculta a instalao das enfermidades. Oserhumano,emqualquersituao,aquiloaqueaspira,airradiaodo quesente,osinteressesquecultiva.Aferradocondutaprimitiva,reagindomaispor instintodoqueagindopelarazo,permitequeasdeficinciasinternasseexpressem emformade problemasqueseexteriorizamperturbadores. OvaliosocontributodaMedicinaacadmica,quandonoacompanhado por umbomrelacionamentomdicopaciente,resultaincompletoparaatingirascausas excruciantes das doenas e angstias. Certamente, na maioria das vezes, minora a dor,aparentemente vencendoamas,porquenoalcanaaalmaenferma,eisqueela reaparece soboutrasexpresses,produzindosofrimentos. O conhecimento do ser imortal, da sua preexistncia ao bero e sobrevivncia ao tmulo, tornase indispensvel para qualquer cometimento teraputicoemrelaoaosproblemasedoreshumanos. Por isso mesmo, a terapia do amor de vital importncia, envolvendo o paciente em confiana e ternura, ao mesmo tempo esclarecendoo quanto sua realidadeeconstituioespiritual. * Oatendimentofraternotemcomoobjetivoprimacialreceberbemeorientar com seguranatodos aqueles que o buscam. No se prope a resolver os desafios

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nemasdificuldades,eliminarasdoenasnemossofrimentos,masproporaocliente osmeioshbeisparaa prpriarecuperao. Apoiandose nos postulados espritas, o atendimento fraterno abre perspectivasnovaseprojetaluznaquelesquesedebatemnosddalosdasaflies. Medianteconversaoagradvel,evitandoseatitudesdeconfessionrio,o atendentefraternaldevesaberdesviarostemasqueincidemnosvciosdaqueixa,da lamentao,daautopunio,demonstrandoqueomomentodelibertaoepazest chegando,masaaoparaoxitodependedoprpriopaciente,quedeveiniciar,a partirdessemomento,oprocessodeautoterapia. Concomitantemente, o atendimento fraterno, emrazo dos propsitos que persegueedascircunstnciasemqueocorre,facultaaosEspritosnobresadequado socorroaocliente,quedeverpermanecerreceptivoaomesmo.Nessaocasio,tem incio a ao fludica, o auxlio bioenergtico, a inspirao, que lhe propiciaro a mudana de clima mental, de psicosfera habitual, facultandolhe a transformao interior para melhor e a rearmonizao da alma que interagir na aparelhagem orgnica. Prepararsebem,psicolgicaedoutrinariamente,fazseimprescindvelpara o desempenho correto do mister a que o atendente fraterno deseja dedicarse. Ao ladodessesrequisitoscabelhedesenvolverosentimentodeamor,emboravigiando se para evitar qualquer tipo de envolvimento emocional, jamais esquecendo a fraternidadegentilecaridosacomorecursohbilparaadesincumbnciadatarefaa queseprope. O atendimento fraternona Casa Esprita de vital importncia, para que todoaquelequelhebusqueaajuda,sejaorientadocomequilbrio,guiandooparao labordeautoiluminao. * Encontramos,nestelivro,diretrizessbiasecuidadosamenteestabelecidas paraumcorretodesempenhodaatividadefraternalnoatendimentoaosnecessitados e desconhecedores da Doutrina Esprita, oferecendolhes apoio e esclarecimentos lcidosparaoautodescobrimento,a autolibertao. Confiamos que esta contribuio dos companheiros estudiosos que constituem o Projeto Manoel Philomeno de Miranda, atinja a finalidade a que se destina, auxiliando aos trabalhadores sinceros do Movimento Esprita, que se candidatamaajudar,naInstituioondemourejam. Salvador,15dedezembrode1997 J oannadengelis

Pgina psicografada pelo mdium Divaldo Pereira Franco na sesso medinica da noite de 15/12/1997,noCentroEspritaCaminhodaRedeno,emSalvador,Bahia.

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PRIMEIRAPARTE

Atendimento Fraterno

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Entrevista com 1 Divaldo FrancoJ osFer r az:QualautilidadedoutrinriadoserviodeAtendimentoFraterno naCasaEsprita? Divaldo: Receber as pessoas, orientandoas quanto s possibilidades de que a Casa dispe em formade recursos que so colocados s ordens daqueles que vm at ao ncleo de iluminao espiritual, encaminhando os que tm problemas para receberem as respostas pertinentes s suas necessidades e, por fim, fazendo o trabalhoeducativoefraternaldebemconduzirtodosaquelesquebatemsportasda InstituioEsprita. J oo Neves: benfico para as pessoas que recorrem terapia dos passes serem,antes,assistidaseorientadaspeloatendentefraterno? Divaldo: O Atendimento Fraterno uma psicoterapia que modifica a estrutura do problema no indivduo que se acerca da Casa Esprita com ideias que no correspondemrealidade.Podesedizerque,desse contatopessoalqueantecipao passe, muitas vezes o cliente j se beneficia, sendo at mesmo desnecessria a aplicaoda bioenergia. Vivemos numa sociedade que padece conflitos psicossociais, socioeconmicos, comportamentais, cujos indivduos tm necessidade de fazer catarse. Como o atendimento psicanaltico muito caro e muito prolongado, no Atendimento Fraterno o indivduo tem a oportunidade de abrir a alma ao bom ouvinte,queopodeorientarcomseguranaedemitizarosignificadodopasse. Como natural, a desinformao atribui ao passe um carter de natureza miraculosa, o que tem levado algumas pessoas menos esclarecidas a estabelecer o nmero deles para a soluo de certos problemas, o que no deixa de ser um equvoco, porque se poder apliclos em nmero infinito e, se o paciente no se transformarinteriormente,denadaadiantarateraputica.Seelenoseabrirpara assimilarasenergias,fazsesemelhanteaumapedragranticaque,apesardeestar mergulhadaemguasabissaispormilhesdeanos,aoser arrebentadaencontrase secainteriormente.

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A presente Entrevista foi proposta e realizada no transcurso de reunio pblica do Centro Esprita CaminhodaRedeno,emSalvador,Bahia.

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J os Fer r az: Quais so os requisitos indispensveis para que uma pessoa, na funodeatendentefraterno,possasintonizarcomosBons Espritos? Divaldo: A condio essencial a boa moral. Do ponto de vista espiritista o requisito moral do indivduo relevante, imprescindvel. Utilizamonos de um brocardo popular: Dizme quem s e eu te direi com quem andas dizme com quemandaseeutedireiquems. Ir a Deus atravs da prece outra condio, pois se abrem os canais psquicos para uma perfeita sintonia com o Mundo Espiritual que nos assiste no atendimento s criaturas da Terra. Alm desses caracteres essenciais, alm dos valoresmorais,imprescindveloconhecimentodaDoutrinaEsprita.Nosepode propiciar um bom atendimento fraterno na Casa Esprita, sem que se conhea o Espiritismo,oqueseriaparadoxal,falandosedeumacoisacomaqualnoseest identificado. O conhecimento amplo da Doutrina Esprita um requisito que tem carter primacial, porque a pessoa ir falar a respeito daquilo que a essncia da Doutrinaafimdequeoclienterecmchegadoseinteiredoquepode conseguir. Um bom tato psicolgico necessrio. A capacidade de saber ouvir valiosa,porqueocliente,normalmente,querfalar.Namaioriadasvezes,nodeseja ouvirrespostas,querdesabafar,comomuitosoafirmam,porque,nafaltadeuma resposta para o problema, ele necessita de algum que o oua. Ento, o atendente devepossuiressetatopsicolgicoparadaroportunidadeaovisitantede liberarsedo conflito. Evitar, quanto possvel, que ele fale de questes ntimas, de que se arrependerdepois,quando passaroproblema. O Atendimento Fraterno no um confessionrio. Como o prprio nome diz,umencontro,noqualseatendefraternalmentequelequetemqualquertipode carncia. Comtatopsicolgicopodesedesviar,nomomentooportuno,umaquesto quesejainconvenienteeinterromperoclientenahoraprpria,afimdequenose alongue demasiadamente, gerando um lan de afinidades entre o terapeuta do atendimentoeaquelequeobusca,evitandoproduzirseoque,svezes,ocorreentre opsicoterapeutaconvencionaleoseupaciente. O atendente fraterno deve manterse em condio no preferencial por pessoas,numaneutralidade dinmica, como diria Joanna de ngelis, porquetodos soiguais dizaJustia peranteaLei.Atodos,ento,quetemproblemasenos buscam,deveremosatendercomcarinho,sempreferncias, semexcepcionalidadese semabsorvermososeuproblema,paraqueeleno setorneumpacientenossoeno transfiratodososseusdesafiosparanossaresidncia.Nopoucas vezes, omesmo perguntar:Quandoeutiverumproblemapossotelefonarlhe?Nosera resposta em casa eu tenho outros compromissos voc vir quando necessitar, aquiaoAtendimento. J oo Neves: Pessoas h, que embora interessadas nas orientaes do

Atendimento Fraterno, esto topresas s ideias fixas, que dificultam a absoro daorientao.Comofazer,para ajudlasadesviaressasfixaes? Divaldo: Deixar, primeiro, que falem. O primeiro encontro sempre muito difcil.Apessoavemcommuitasideiasquenocorrespondemrealidadeouvem

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cptica, e fala com certa indiferena ou vem fascinada pela hiptese de ter o problemaresolvido no primeiro encontro. Ento acha que pelo fato de estarnuma CasaEsprita,osseusproblemasjnomaisiroafligila. Essapessoa,nomomento em que comea a falar, deveremos deixla expor a sua dificuldade por alguns instantese,logodepois,interrompla,informandoa:Agoravoc vaimeouvir. Seapessoainsistir,afirmaremos:Vocnoveioparamedoutrinar,massimpara pedirconselhos,queeuvoulhedar.Agoravaidependerdevocaceitlosouno evitandoassim,queapessoatransformeoAtendimentoFraternonumrosriode queixas. Poderemos dizer tambm: At aqui a sua vida foi dessa forma neste momento abreselhe uma etapanova. necessrio quevocme oua, para poder veraspossibilidadesqueestoaoseualcance.Agorapare,eouaassugestesque tenho e que so indues simples. Joanna de ngelis, a nossa Mentora, diz o seguinte: Tudo comea no pensamento. Toda vez que um pensamento for perturbador,substituaoporoutroquesejapositivo. Seacriaturadisser:Mas,eunoposso...Responderemos:Vocno quer mas o quantons lhe podemos daralm disso,no lhe prometemosnada. Nolheoferecemosaquiloquenopodemosdoar,porquantonoestamosaquipara enganaraspessoas. Evitarse, ao mximo, essas expresses de natureza prodigiosa, que martirizam o paciente, dandolhe informaes que ele no tem capacidade para digerir.Diantedeumapergunta:Serqueeusouobsidiado?respondasecom honestidade: Nosei. Ser que existem comigo obsessores? Eles s esto em contato conosco,porqueestamosemsintoniacomeles... Evitese, tanto quanto possvel, aumentarlhe a carga de aflies com informaesindevidasouquepodemnocorresponderrealidade. J os Fer r az: Os bonsEspritos ajudam as pessoas que buscam oAtendimento

Fraterno? De que forma? Fale, particularmente, sobre a desobsesso na nossa Casa.Divaldo:Todoaquelequesobeaumplanalto,mesmoquenosed conta,aspira oxignio puro quem desce ao vale, onde existem pntanos e matria em decomposio,mesmoqueonopercebaimpregnasedemiasmas.ACasaEsprita o planalto no qual podemos comungar com Deus. o osis refrescante na severidade adusta da terra sfara. a ilha generosa no oceano tumultuado das paixes. Quando algum se adentra pela Casa Esprita e aqui fazemos uma generalizao, estendendo a qualquer templo de f religiosa amparado pelos EspritosquetmaliatarefadepreservaronomedeDeus,oSeu valordiantedas almas e, no caso especfico do Cristianismo, a presena de Jesus, que prometeu nuncanosdeixarrfos. Quando chegamos Casa Esprita, as Entidades benevolentes e caridosas dispem de Espritos outros que se encarregam de vigiar, de proteger o recinto humano e o espiritual. Fazem programas, utilizandose de Entidades com capacidadesmagnticasparaimpediraentradadeoutras,perturbadoras,obsessoras, assim tambm de pessoas que causam transtorno, tumulto e generalizam desequilbrios,oquepatenteemnossasCasas,comonoutrascongneres.

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A nossa Instituio tem as portas abertas a quem quer que seja, e todos somos testemunhas de que jamais aconteceu qualquer coisa desagradvel, face massa que a frequenta, e que pode trazer psicopatas, dependentes qumicos de drogas, de lcool, desajustados, porque as defesas magnticas estabelecidas, de alguma formaimpedemlhes a entrada, da mesma forma queas defesas espirituais impossibilitam a penetrao de Espritos perversos que, s vezes, esto acompanhandoosseushospedeiros.Eisporque,ajcomeaadesobsesso... ApresenadosbonsEspritoseoatendimentoquefazemlogomodificaa estrutura psquica dos pacientes, afastando as Entidades malvolas que os iro aguardar sada, fora dessas defesas magnticas. Quando os visitantes saem tumultuados,ansiososparavoltaracasaerecuperarospensamentosnegativoscom os quais vieram e momentaneamente os deixaram, ouvindo a palestra ou recebendoaorientao volvemsviciaespsquicas,eassimatraem, deretorno, osseuscomparsas,prosseguindooproblema. Essaumadesobsessocoletiva. Nas conferncias, nas aulas, em quaisquer instrues dignificantes, enquanto o pblico se concentra na proposta elevada, os bons Espritos aplicam energias corretivas, libertadoras, naqueles que esto vinculados ideia superior, realizando,dessemodo,igualmente,ateraputica desobsessiva. Em nossa Casa, em particular, e em outras, no sentido genrico, os Benfeitores,aoveremopacientequeveioparaoAtendimentoFraterno,observando a sua carncia real, a sua angstia, a sua honesta necessidade de mudar, anotam quaisosperseguidoresqueosafligem,etrazemnos,emparticularediscretamente, ssessesmedinicasparatratamento desobsessivo. Eles me apresentam verdadeiros livros onde registram os endereos das pessoas que pedem visitas, e as atendem. Determinam Espritos que acompanham aquelas que pediram socorro, e que permanecem por longoperodo ao lado delas. Mesmo que qualquer uma mude de ideia, o seu acompanhante continua dandolhe assistnciaatomomentoemqueoquadro semodifique. Aquele Esprito assistente tornase o comunicador das Entidades que mourejamnaCasaEspritaequepassamaterconhecimentodecomovaio processo de recuperao do cliente, que antes veio pedir socorro. Isso comea, portanto, quando nos adentramos na Casa Esprita ou noutro templo de f, mais particularmente quandonos encontramos ematendimento fraterno, porque os bons Espritos estoacompanhandonos e, percebendo a gravidade, maior ou menor,de nosso problema, removem aqueles Espritos perturbadores e os trazem doutrinao. Ocorre, com muita frequncia entrens, essa doutrinao sem a presena do paciente, o que perfeitamente compreensvel. Estar ali participando no necessrio para a sua recuperao, impondolhe assistncia reunio medinica. Dessemodo,oAtendimentoFraternotambmtemocarterdedesobsessolcida, porqueoatendentefuncionacomodoutrinadoreo pacientecomobeneficirio. J ooNeves:Nasuaexperinciatovastadeatendentefraterno,quaisascausas preponderantesquedesencadeiamasaflieshumanas? Divaldo:Oegosmo,seriaarespostadeAllanKardec.Oegosmoocncerda sociedade,porqueelequedesencadeiaoutrosdistrbiosemnossareaespiritual.

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o egosmo que responde pela nossa agressividade, porque ele nos leva ao egocentrismo,aodireitodecrerquesomosocentrodoUniverso,edemerecermos tudo e todos, tornandonos soberbos. O cime tambm causainfeliz,porquenos fazpensarquesomosproprietriosunsdos outros,dosobjetos,das ocasiesedas circunstnciasodioatodoaquelequenoconcordaconoscoenosagridefator dissolvente e desprezvel a revolta e, consequentemente, a clera fulminante, que abre espaoaodio,constituindoseelementopernicioso. Graasaessesfatores,asenfermidadessenosalojamcommaisfacilidade, porquantooegosmoproduzenzimasdestrutivas,quevmperturbarometabolismo e facultam campo para a instalao de doenas degenerativas. Ao mesmo tempo, tornanosdistnicos,epassamosaterproblemaspsicolgicos,abrindoensejoparaa vinculao com as Entidades perversas,malvolas, tendo incio a os processos de obsesso. APsiconeuroimunologiaidentificouque possumosnasalivaumaenzima que protege o nosso organismo de infeces virticas a imunoglobulina. O egosta introspectivo, apaixonado, indiferente aos problemas alheios. Produz toxinas que impediro a fabricao da imunoglobulina, deixandoo a merc das doenas.Porisso,Jesusofereceucomoterapiafundamentaloamor,porque,quando se ama, saise de si para poder tornarse til o individuo esquece seus prprios problemasparacontribuirpeladiminuiodosalheios. Quando comeamos a amar, a vida iridesce a paisagem, que se apresenta enriquecida, e as nossas pequenas dores tornamse menores diante do volume de afliesquedesgovernamomundo.Jesussintetizoutudoissodeumaformamuito bela, quando os discpulos afirmaram que Ele sempre atendia as criaturas tomado por compaixo. No esse sentimento de piedade vulgar, mas, com a paixo de ternura,comodesejoveementedemodificaraquelasituao.essesentimentode amor que ajuda e faz que se entesoure os recursos para diminuir os sofrimentos humanos. J os Fer r az: Esta pergunta foi elaborada por Suely Caldas Schubert: Como

conduzir a orientao a uma pessoa que j tentou o suicdio algumas vezes e persiste na mesma ideia? Devese, de alguma forma, dizerlhe quais as consequnciasfunestasdoseuatoinfelizouserlhecompreensivo econsolador? Divaldo:Amelhormaneiradeconsolaradvertirquantoaosriscosqueadvm comoconsequnciasdosnossosatosimpensados.Consolase,quandoseesclarece. Amelhorformadeconsolaralgumarranclodaignorncia,educlo. Allan Kardec faz uma abordagem, em O LIVRO DOS ESPRITOS, que excelente, ao referirse tarefa da educao, elucidando que os males humanos decorremdapredominnciadosinstintosagressivos,quesesentemrepelidos,como diria o psicanalista Alfredo Adier, e devem ser superados atravs dos mtodos morais disciplinadores. Allan Kardec se reporta educao moral. necessrio dizeraopacientequeeletemodireitodeinterromperavidafsica,masque esseato lhe trar tais e quais consequncias inevitveis. Ele est sofrendo hoje angstia, desesperao, sente soledade, incompreenses, como colheita dos atos imprevidentesdeontem.Secomplicaraatualexistnciacomumaatitudederevolta contraDeus,asociedadeeasimesmo,assuaspenaseafliesseromuitomaiores.

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,portanto,perfeitamentelcitoenecessriodizersecomdoura,paranoparecer quelheestamosprometendoumcastigocomofazemalgumasdoutrinasdoDeus terror que o agora colheita de uma sementeira infeliz, e que ele est tendo a opo de superar o drama ao invs de entregarse ao suicdio, uma opo cujas consequnciasseromuitomaisfunestas. J ooNeves:Diganosumaposturaadequadaaassumirdiantedaspessoasque seveem assinaladaspordesviosdasexualidade,conflitadascom essaproblemtica. Divaldo:Aposturadabondade,masnodaintimidadecompreenso,masno conivncia esprito fraternal, mas sem estmulo ao prosseguimento do comportamentoquenocorrespondeticaestabelecidapelaDoutrinaEsprita.O indivduotemdireitosuaoposexualouaqualqueroutra,poisesteseulivre arbtrio,masnotemodenosobrigaraconcordarcomele,deexigirqueestejamos aoseulado,afimdequetenhaumaescusaparacontinuarno vcio. ApropostadoEspiritismoerguer,jamaisdecontribuirparaquesevenha permanecer numa atitude cmoda, sem esforo, e de grandes prejuzos para o ser espiritualquesomos,najornadacarnalemque estamos.Acontinnciaeafidelidade aos outros o que no gostaramos que nos fizessem, no lhes faamos. Assim, a melhor atitude para acabar com o erro, a conservao da virtude. O melhor caminhoparafazercessaraagressividadesocial,apazdeesprito,queluarizaa violnciaemodificaaestruturadoagressor. Sejaqualfor,portanto,otipodedesviodo comportamentosexual,moral, tico, espiritual, que nos seja apresentado, a nossa atitude teraputica, sem conivncia,repito,semanuncia,semreproche,porqueoindivduotemodireitode fazerdasuavidaoquelheaprouvermastemosodeverdemostrarlheocaminho corretoquedeveseguir. J osFer r az:recomendvelsugerirtratamentosmdicooupsicolgicoparao atendido?Emquecircunstncias? Divaldo: Quando o paciente traz um problema na rea da sade, a primeira perguntadeveser:Estrecebendoassistnciamdica?PorqueoEspiritismo no uma Doutrina que combate a Medicina, como muita gente pensa, e como duranteumlargoperodoosmdicossupuseram,faceaocomportamentoirrelevante de alguns indivduos que se diziam espritas ou curadores e ficariam melhor colocadoscomocurandeiros. Allan Kardec escreveu que: O Espiritismo marcha ao lado do progresso, aceitatudoquantoele comprova,masnosedetmondeaCinciapra,porquea Cincia estuda os efeitos e o Espiritismo remonta s causas. A funo do Espiritismo no curar corpos, mas animar o homem, a fim de que se autocure espiritualmente, e a sade sejalhe uma consequncia da prpria transformao moral. Da, perfeitamente vlido, e mesmo compreensvel, que o atendente pergunte: Tem recebido assistncia mdica? quando o mesmo se encontre enfermoedizerlhemais:Noabandoneoseumdico,porqueoEspiritismo irtambmajudlo,atravsdele,aresolveroproblema. Nos casos de natureza psicolgica, nos distrbios comportamentais, nos transtornosneurticosepsicticos,justoqueseperguntetambm:Jconsultou

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oespecialista? Porquepessoash,queficammuitomagoadasquandofalamosas palavras psiquiatra e psiclogo. Se ele indagar: De que especialidade? Responderse:Doproblemaqueoestafligindo:opsiclogo,opsicanalista,o psiquiatra,porque,hojeaPsiquiatria,aPsicologiaeaPsicanlisenotmsomentea exclusiva finalidade de tratar doentes, mas de evitar as doenas que lhes so pertinentes. Sendo possvel, todos deveremos, periodicamente, consultar um psiclogo,umpsiquiatra.Damesmaformacomorealizamosumcheckupparao organismo fsico,deveramosfazlotambmparao comportamental,opsicolgico, o psquico, evitando determinados distrbios que comeam sutilmente e que se podemagravar,atmesmonareadasenilidade,quandoultrapassamosdeterminada faixadeidade. vlido que se sugira assistncia mdica, mesmo porque, em caso de agravamento do problema, ningum pode culparnos de havermos negligenciado comosdeveresdaassistnciaespecializada. J oo Neves: No Atendimento Fraterno temos observado um medo acentuado nas

criaturas humanas: medo de doena, medo da morte, medo de feitio, medo de assumircompromissosmedinicosemclimaderespeitabilidade.Falenosumpouco sobreisso.Divaldo: A desinformao inimiga do progresso. A desinformao pior do que a ignorncia total, porque a informao equivocada, a meia verdade so mais perigosasdoqueamentira.Infelizmente,grassaemnossosarraiaisameiaverdade. Existem aqueles que se comprazem em transformar a mediunidade em um instrumentodivinatrio,Ofatodesermdiumdarlheiaopoderdesabertudo,de entendertudoederesolvertudo. uma meiaverdade,Omdium,comoonomediz, instrumento, aquele que se encontra no meio. Quando assimila a informao de que se faz objeto, tornase instrumento lcido quando apenas transmite sem conscincia, instrumento automtico que no lucra, que no se beneficia com a oportunidadedequedesfruta. Algum,um dia,me disse: Conversando com Chico Xavier,notei que ele muito culto, que fala escorreitamente,queno comete erros gramaticaisnem prosdicos, e que tem informaes muito seguras no entanto, dizem que ele tem apenas o curso primrio. Respondilhe: verdade. Ele fez o curso primrio dentrodapropostaconvencional,masconsideremosque,desdecriana,eledialoga comosMestres,osEspritosnobresquevmTerra,enoapenasseexpressando na lngua brasileira, porque viveram aqui no pas, mas tambm Espritos de escol nas reasda Cincia, da Filosofia, das Artes... toda uma existncia deconstante aprendizagem. Quando psicografa, filtra a mensagem dos Espritos, depois a l, a datilografa,rel,enviaaemlivro,queterminaporreceber,voltandoainteirarsedo seu contedo. natural que aprenda. Ele no pode ser to rstico quanto ns. Se aprendemosoque osEspritosescrevemporseuintermdio,lendolheoslivros, bvioqueeleprpriooslendomuitasvezes,conheceosmaisdoquens.Ademais, ele interroga aos Autores, que lhe apresentam adenda, que lhe trazem esclarecimentos mais complexos, e que lhe dizem coisas que no esto escritas. Dessemodo,ChicoXaviernosomenteumapessoabeminformada,umsbio, porqueocultaa suasabedoria,evitandoconstrangeranossaignorncia.

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natural, portanto, que nesse trabalho do Atendimento Fraterno procuremos iluminar a prpria conscincia, quanto possvel, oferecendo aos indivduos uma viso qualitativa, principalmente do que a Doutrina Esprita , do que lhes est reservado, para que, naturalmente, esclarecidos, mudem de comportamentoparamelhor.Essaconquistailuminativapodemoshaurirnoestudo daDoutrina,naconvivnciacomosBonsEspritos,nosdilogosquemantemosuns com os outros,eademais,nasintoniapermanentequedeveremospreservardepois queoAtendimentoFraternoterminaevamosparacasa. J osFer r az: Comoconduziraorientaoparaumasenhoracasadaqueadulterou

e arrependeuse noentanto,o seu parceiro continuacoma atitude persistente de darcontinuidadeligaoirregular,inclusive,ameaandoade contaraomarido.Divaldo:Todosdesfrutamosdodireitodeerrar,mastemosodeverde recuperarmo nos.Seapessoanoteveresistnciaseassumiuumcompromissoextraconjugal,ao despertardoproblema,quetomeaatituderigorosadeinterromplo.OEvangelho fala com clareza que, caindo em si,Simo Pedro percebeu o grande erro dehaver negado Jesus. ReabilitouseentregandoLhe toda a vida e caindo em si, Maria de Magdala identificou o abismo em que se encontrava, e ergueuse, tornandose a grande mensageira da ressurreio e caindo em si, Judas no teve resistncia, cometendo um crime pior: o suicdio... A pessoa que ca em si, deve assumir as consequnciasdoseuato,enovoltaratombar.Nosetratadeumateoriauma terapia. Sehouverameaaporpartedoexplorador,digaselhe:Muitobem,que a cumpra, e se fique em paz, evitandose prosseguir na fossa da degradao, pois que, o chantagista, alm de venal, perverso. A mulher estava enganada e despertou,nomaisentrandonasombra. Nossoserrospoderemosresgatloshoje,amanhoumaistarde.Sempre tempodefazlo.Seoadlterolevaraoconhecimentodoesposo,eelecobrar,que elatenhaalealdadededizer:Infelizmente,verdadeatdeterminadopontoagora nomais.Tomeeleaatitudequelheconvier,porqueelajtomouasua:mudar de vida para melhor, com o direito de reabilitarse. Se o ofendido a abandonar, o problema, agora, ser dele. Porque se esteja sob ameaa, no justo continuar corrompendosemais. J oo Neves: Como atender a uma pessoa queesteja nolimiar entre alucidez e o desequilbrio?TmacorridonossaCasapessoasnassuas ltimasresistncias. Divaldo: Dizer que, quando queremos, podemos. Estimulla a mudar de paisagem mental. Todo aquele que est fraquejando emocionalmente fixa em demasia os seus conflitos, gerando uma psicosfera de autocompaixo. A autocompaixo umdramatogrande,quanto a indiferenadesentimentos,porque, naautocomiseraooindivduosomentevasuadesgraaenoacontribuiodos valoresqueestoaoseualcance,aguardandoo.NareadaPsicologia,falaseque humatendnciamuitomaiorde conservaratristezadoqueaalegria,adoraoinvs dobemestar. umcomportamentomasoquista. Asnossasalegriassomuitorpidaseasnossastristezasmuito demoradas, porque ns gostamos mais da tristeza. As nossas alegrias parecem que no nos

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saciam e queremos mais. Determinada coisa de impactoou de felicidade, algumas horas depois, j no nos preenche to plenamente. Mas, uma contrariedade, um insucesso,marcanostoprofundamenteque ficamosarepetilomentalmente,oque fazqueseimprimacadavezmaisem nossoinconscienteprofundo. Quandopassarmosacoletarasalegriaseanodarvaloraosdesconfortos, s vicissitudes, enfrentaremos os problemas com mais naturalidade. Achamos, porm, que vida feliz a daquele que tem dinheiro, que vive o prazer. Isto, no entanto, uma vida sensualista, no sentido de gozo incessante. Na hora em que compreendermos que gozo no felicidade, e que prazer uma questo que diz respeito s sensaes, sendo felicidade aquilo que afeta s emoes profundas, encararemos as vicissitudes como acidentes de percurso, porque a nossa meta a plenitude. Marcamnos mais a tragdia, o sofrimento, do que a felicidade e a harmonia. Observese que o indivduo, portador de uma vida extraordinariamente correta, ao cometer um erro, isso o que passa a ressaltar nele a partir da. Um grandecantor,comoPavarottiououtros,amadosnomundointeiro,seumdia,num concerto,criaturashumanasqueso,tiveremqualquerdistrbiodevoz,umerrode compasso, a nota noalcanada, perdem todo o valor, como se eles fossem robs sem direito de se permitirem fragilidades. Assim, tambm, todos somos medidos, nopelasnossasvirtudes,maspelosnossoserros.Aimprensa,amdia,vivedisso, porqueraramenteseapoianasocorrnciasfelizes,sustentandosecomadivulgao dasquestesque corrompemocorao. Temos que dizer pessoa: Voc est no limiar, o que bom, porque aindanocaiu.Vocseencontranomnimodassuasreservas,oquemuitobom sinal,aindatemreservasconsidereaquelequejtombou... Joanna de ngelis sempre me diz: Quando vires algum com os ps sujos de lama, no acuses o descuidado, pois que ele acaba de sair do pntano. Preocupatecomaquelesquetmospslimpos,correndooperigo deseadentrarem nele e enfrentarem dificuldades para sair. Ento, digamos a essa pessoa: Voc estquaseentrandonopntano.Aprovaquevoctemforaodesejodecontinuar caminhando. Particularmente, procuro fazer o que me possvel para me desincumbir das tarefas. Chega o momento em que eu digo: Agora, meu Senhor, com o Senhor, porque a minha parte j fiz e tiro da cabea o problema. Se Ele no o resolver,porquenodeveriaserresolvido.Novejomotivoparame amargurar. Lembrome do AbadePierre o que fundou as Comunidades de Emas que elegeu o seguinte slogan: Eu sempre pensava, nas horas de perigo e de problemas,quechamandoporDeuseEleouvindo,iachegarcincominutosdepois datragdia.Massemprequepassavaodesafio,medavacontaqueDeuschegava, pontualmente,cincominutosantesDigamosaessapessoa:ChameporDeus!V para casa, pensando que tudo vai dar certo, e, se no der de imediato, continue pensandoqueir acontecer,porquesemprehumanovaoportunidade. Certa feita, atendi a uma paciente que me disse: Senhor Divaldo, a pior coisaquemepoderiaacontecereramorrer,eeuacho queeuvoumorrer! Respondi lhe: Aleluia! Felicidade para voc. Imagine se voc fosse eterna nesse corpo... Claroquevocvaimorrer,vaiselibertardessecorpo,qualocorrercomigoecom

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todos. a melhor coisa que lhe vai acontecer. Agora, a pior coisa que nos pode acontecer matar algum, porque crime. Mas, voc morrer, perfeitamente normal.Apessoaredarguiu:Sabequeeunotinhapensadonisso?Econclui: Estnahoradecomearapensar. J os Fer r az: Devese atender pessoas alcoolizadas, drogadas ou em desequilbriomental?Comoprocedernessescasos? Divaldo:Nosedeveatendertaiscasosnessascircunstncias.Apessoanotem comoabsorverrespostas.Dialogarcomafamlia,ofereceraofamiliaracompanhante astcnicasdecomoconduziropaciente,e,quandoomesmoestiveremcondies de ouvir, que venha ao dilogo. Porque, no estado de conscincia alterado por drogas, lcool ou por alucinaes outras, ele no tem a menor possibilidade de assimilar palavras ou energia, ou alguma proposta teraputica mas, o acompanhante,sim. Normalmente, nesses casos, digo: Gostaria de falar com uma pessoa da famlia,paraqueamesmaorienteoenfermo.Porqueocontatoconoscoserbreve, mas,no lar, se far demorado.Ento necessrio instruiro familiar, a fim deque possaministraraorientao,assimprolongandoa. J ooNeves:OAtendimentoFraternoumarelaodeajudaqueestpresente

em todas as atividades da vida. Na famlia, na rua, notrabalho. Falenos alguma coisa que seja do interesse geral para todos ns, e aproveite para concluir este trabalho,porqueestaaltimaquesto.Divaldo:Somosmodelos,queiramosouno.Todossomosexemplosunsparaos outros.Nossospensamentos,palavraseatossomensagensquedirigimosequeso captados por aqueles que se encontram na mesma faixa mental, atraindoos. O nosso pensamento dissenos Joanna de ngelis, ontem noite, em uma mensagempsicogrficaumdnamogeradordeforas.Deacordocomoteor ou a qualidade da suamensagem, produz asas quenos alam ao infinito ou pesos quenoschumbamspaixes. OAtendimentoFraternoumareadesemeaduraperanteavida.Estamos sempre oferecendo mensagens de alegria ou de tristeza. Essas mensagens podem tornarseverbais,depoisdementalizadas,epodemserdemovimentos,deposturae de interesses outros. necessrio compreender que estamos no mundo para nos desincumbirdeumatarefaessencial,queaconstruodeumanovasociedade,que ser resultado da edificao de ns prprios no nosso mundo ntimo. muito comum, queles que amam, terem o cuidado de no transmitir suas aflies s pessoasqueridas. No Atendimento Fraterno, nesse intercmbio amigo, as vibraes iro encharcaroualiviaraquelequetemfacilidadedecaptlas.EstamosnaTerrapara estemisterajudareporissoqueoCentroEsprita,utilizandosedesseinter relacionamento pessoal, elege pessoas credenciadas, para que, tecnicamente, apliquem o Atendimento Fraterno de maneira edificante. Somos mensagens vivas, transparentesestamossempreemitindoondasecaptandoas,porquesomosantenas transceptoras. De acordo com o tipo de mensagem que emitirmos, receberemos respostaidntica,sendoporessarazoqueoEvangelhonosadverte:Vigiareorar

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para no cair em tentao vigiar, prse numa atitude positiva, dinmica, de construo do bem dentro de si mesmo. No se trata de uma conduta mstica, alienada, que no seja compatvel com o progresso da cultura nem da civilizao hodiernas.Orarno estararepetirpalavras,porm,agir. Algumreagecontramim,problemadelequandoeureajocontraalgum, problema meu. Ento teremos a capacidade de agir, porque somos seres que raciocinamos, e toda vez que reagimos, voltamos faixado instinto agressivo. S reagimos porque nos sentimos feridos, magoados, egoisticamente alcanados. Quando agimos, nos realizamos, porque, mesmo diante do malfeitor, daquele que nos agride, assumimos uma postura de paz, sabendo que a nossa mensagem vai fecundar... Mulher, ningum te condenou? Perguntou Jesus quela que foi surpreendidaemadultrioelevadapraapblica.Ela,olhandoemderredor,deu se conta que j no havia ali nenhum dos acusadores, que se afastaram na ordem decrescente de idade, dos mais velhos para os mais jovens, j que o Mestre propusera que aquele que estivesse isento de culpa ou de pecado que atirasse a primeira pedra. Como os mais velhos, por certo, deviam ter mais pecados que os mais novos, eles, os mais idosos, se foram, e ante a sua surpresa, que no mais estavasendo acusadaporeles,nemcondenadaporJesus,interrogouO:Eagora, Senhor? Vai e no tornes a equivocarte no voltes a emaranharte no cipoal das paixes, porque at h pouco ignoravas a verdade, tinhas pouca responsabilidade, mas, a partir deste momento, sabes, s consciente, e as tuas responsabilidadessomuitomaiores. NapropostadeJesus,diantedamulhersurpreendidaemadultrio,Eleno anuiu com o erro, no reprochou, porque a sua tarefa no era a de perdoar ou de condenar,masadeorientar,educar.Efoiexatamente oqueElefez,pedindoqueela no voltasse a pecar. Assim, a Doutrina Esprita nos prope o despertar da conscincia, para que, com a conscincia lcida, no repitamos as nossas insensatezes,osnossoserros,porqueavidareal,legtima,aespiritual.Informam nososEspritosnobres,semnenhummasoquismodapartedelesoudanossa,que valeapenasofrerumbreveperodoparadesfrutarde plenitudeporumalargaetapa. As dores da Terra, por mais longas, so sempre muito curtas, no relgio da eternidade. Um corpo vencido por enfermidades desgastantes, dilacerado por processos degenerativos, uma bno de Deus, e, mesmo quando ultrajado e vencido, o instrumento da nossa elevao. Uma vida social de desafios, de dificuldades econmicas, de exlio na comunidade, e at mesmo na solido, o caminho reparador, a nossa oportunidade de ascese atravs de cujo roteiro atingiremosoplanaltodasublimao. NoestamosnaTerraporacaso.Anossavidaprogramada.Opsiquismo Divino est dentro de ns. Ele se desenvolve, ele se agiganta. O Deotropismo nos atrai a Misericrdia Divina espera por ns, e, medida que nos vamos conscientizando, cumprenos o dever de realizar a transformao ntima, a fim de lograrmos a realizao para a qual estamos encarnados. Bendigamos pois, as dificuldadesquenosvisitamaceitemososdesafiosdosofrimentoquenoschegae procuremosumamaneiradinmicaparamudaraestruturadosacontecimentos,afim de quepaire,emummomentoquenoestmuitodistanteequecertamenteno ser

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de imediato, a presena do amor que nos alar aos Cimos de onde desfrutaremos paz, onde reconstruiremos a famlia feliz, e seremos, a nosso turno, igualmente felizes. * Prece:

DivinoBenfeitor! ChegamosaomomentodedizerTegraas,jqueTelouvamosno contextodestaemoo, destaspalavras. Ecomonosabemoslouvareagradecersempedir,suplicamosTe quenoslevesdevoltaintimidadedomstica,quenosconduzasderetorno aolaremclimadeharmonia,deesperana,reconfortados,reencorajados paraaluta. Amigodenossas vidas! Recebenos, como somos, com o que temos interiormente, e abenoanos para que o nosso logo depois seja enriquecido de bnos libertadoras,diferindodomomentoquetemossidoataqui. Segue conosco no rumo do nosso lar e conduznos nos dias do futuro conformenosguiastedopassadoatestepresente. Que a paz de Jesus, generosa e reconfortante, permanea conosco,meus irmos,agoraesempre! Assimseja!

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mbito de aoAEquipedoPr ojeto Os problemas que aturdemas criaturashumanas,nos diasde hoje, so os mais diversificados possveis e vo, desde a necessidade pura e simples do conhecimento, sangstias superlativas dos que se encontram sobraando os mais pesados fardos. Nesta variada gama est a clientela que busca o Atendimento FraternodosCentrosEspritas. Uns perderam entes queridos e no conseguiram superar a dor dessas perdas outros, no alcanando um relacionamento estvel na vida afetiva ou familiar, transferem para o convvio social os seus conflitos, desajustandose e fracassando nas metas programadas alguns, pedindo por outros, tocados de compaixo ou incomodados pelo desequilbrio daqueles com quem serelacionam h os vitimados pela pobreza, pelo desemprego, cuja problemtica, conquanto de ordem material, tem razes e implicaes mais profundas tambm, entre essa clientela, se incluem os viciados, vitimas de si mesmos mas, de um certo modo, atingidospelomeiohostildeumasociedadeaindanotransformadapelasluzesdo Evangelhoincluemseosdoentesdetodaordem:damente,docorpoedaemoo, emprocessosdemoradosdeinadaptaosocialporfim,osque,deumahorapara outra, se veem a braos com desafios superiores s suas foras. Todos pleiteando soluesespecficaseencaminhamentosadequadosparasuasdificuldades. Em sntese, poderamos dizer que o alcance do Atendimento Fraterno engloba as diversas nuances do sofrimento humano e diretamente os problemas engendrados pelo ego personalstico, que propelem os indivduos utilizao incorreta do livre arbtrio. Destaque para a problemtica da obsesso, a doena do sculo, ainda pouco considerada pois de permeio com muitos desses conflitos humanos esto as interferncias espirituais variadas, gerando alteraes do comportamento edaemoodeampliadosriscoseconsequncias. o Centro Esprita um campo de trabalho, entre tantos outros, onde o CristoesperaqueadistribuiodeSuamisericrdiasejaprodigalizada.Todavia,a atividadedeouvireorientardialogandoestpresenteemtodo lugar,partedavida, podendoedevendoserexercidaondeseesteja.Nohquemnoserecordeque,em algum momento da existncia, precisou ser ouvido e auxiliado por outrem a encontrar umrumo,a solucionar um conflitointerno.Esse algum pode ter sido o pai, a me, um professor, um amigo ou mesmo um estranho que se aproximou, providencialmente, a partir da fazendose o benfeitor a favorecer com elementos decisriosimportantesparaoexistir. Propomos, a seguir, algumas situaes ou oportunidades onde o Atendimento Fraterno se impe como dever daqueles que disputam a honra de ajudareservir.

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NOLAR Esteja atento ao comportamento psicolgico do seu familiar. Registrando algo de anormal na sua convivncia com ele, induzao a abrir o corao. Possivelmente ele est precisando de uma palavra de conforto moral, um roteiro orientador para uma problemtica iniciante, que poder ser contornada em tempo hbil mediante o apoio no seio da famlia. Lembrese, sempre, que Deus ajuda criaturaatravsdeoutracriatura. Quando notar, no seu filho, os primeiros sinais da conduta antissocial e antifraterna,abordeocombondadeaustera,evitandoquearepetiodaocorrncia crieohbitoinfeliz.Erradiquenonascedouroasrazesdomal,no permitindoquea faltadeatenolhetoldeavisodoquemaisessencialparaasuaprpriavida:os deveres que o amor impe no cuidado e zelo com as plantas tenras que Deus lhe confiou. Notandoquealgumdocrculofamiliarvivedificuldadessperas,inerentes aocarreiroevolutivo,adianteseparaoferecersuacontribuiodeajuda,tornando se solidrio. Conquanto no deva assumir por ele os deveres que a ele compete, contribua, de algum modo, passando as suas experincias e dando, com ele, os passosnecessriosparaquesesintaseguroeamparado. Receite, incessantemente, o tnico preventivo do amor, ensinando dentro do lar os caminhos de Deus e da retido de carter, atravs do prprio exemplo, antes que o fermento deteriorado dasinfluncias alheiasarraste os filhos dalma para ocorredorescurodasviciaes. Ensinamentossonegadosnolar,colheitadexitosdiminuda.

NOTRABALHO No se isole do companheiro que divide com voc as horas estafantes de suajornadadetrabalho.Estandoemocionalmenteaeleligado,emsurgindonavida do colega a dificuldade moral e o momento inquietante, eis o seu instante de compartilharajudando, extravasando sentimentos fraternais em ondas de amizade pura. O verbo, utilizado a servio da compreenso, como gotas de remdio oportuno para minimizar aflies e abrir horizontes alentadores de otimismo e de esperana. Se hoje voc ajuda, mais adiante poder ser aquele que necessita ser ajudado. Esforcese para conservar o bomhumor, para que no seja voc o interruptoradesligarocircuitodaalegria,destoandodosdemais.Porm,apretexto de estar bem com todos no comungue com o anedotrio vulgar e a conversao vazada em termos maledicentes e depreciativos. Todos acabaro se acostumando com o seu jeito de ser e respeitando os valores morais deseu carter reto. Essa umamensagemdeauxlioquevocpassasilenciosamente. Anteorastilhodeplvoradadesconfianaedacompetioinescrupulosa, sejam seus a palavra sensata, a atitude fiel e o comportamento recatado quanto nobre.Ederealvalorapresenadealgumquesepronunciecomequanimidadee justiaondemedraadiscrdia.disfaradaou no.

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Defenda princpios de cooperao, valorizando o esforo de todos. No explorarnemsedeixarexploraratitudeeducativaqueabre,sempre,possibilidades paratrocasdequalidadesuperior. Passe uma mensagem no verbal que traduza a sua alegria de viver, mantendoseorganizadoedisponvel.Umadecoraopersonalizadaemsuasalade trabalho,umamensagemotimista,emolduradanumquadrodeparede ousobreasua carteira,podeserotoquedesuapresenafalandointimidade dasoutraspessoas.

NAVIAPBLICA Talvezsejacoincidnciaumencontroinesperado,narua,comumapessoa desconhecidamaspodeseralgumtrazidosuapresena,porDeus,afimdeque voc exercite a capacidade de amar ao prximo. Cumprimentandoa, gentilmente, ouaacomadevidaateno.afimdequepossasertile(quemsabe?)ajudlana soluo de alguma dificuldade. Suas palavras, envolvidas por um sentimento emptico,podemredirecionaraquelamente,seatribulada,abrindoespaoparaque encontrerespostaadequada. * Umdolodovoleibolcitadinopercorriadespreocupadamenteaviapblica, dirigindoseaotreinamentodirio,quando,inesperadamente,ouviualgumchamar lhe.Voltouse,curioso,paraidentificaroapelanteedeparousecomumadolescente que, de imediato, declarouse seu admirador incondicional. Conversaram durante algunsminutos,osuficienteparaqueoatlticodesportistanotasseorostodorapaz cobertodefeiascicatrizes,dandolheuma aparnciamuitodesagradvel.Inquirindo, veio a saber que o jovem sofrera um atropelamento que redundou naquele ser deformadoqueestava,agora,diantedosseusolhos,fragilizadoeinfeliz.Fizeraoito operaes plsticas de efeitos benficos diminutos. Na semana seguinte iria submetersenonaintervenoeencontravasemuito angustiado.Asuafamliano lhe dava a ateno desejada e, naquele encontro casual, estava recorrendo a um estranhopararogarapoio,compreenso,amizade.Sim,estavapedindoquelhefosse feita uma visita ao hospital geral da cidade, onde seria operado, pois a sua convalescena seria muito difcil de enfrentada, como das vezes anteriores, sem a presenadosfamiliares. Sabendo da impossibilidade de atenderquela solicitao,em decorrncia dos compromissos profissionais do clube que defendia, o astro, religioso que era, aproveitou o ensejo para estimular o rapaz, dizendolhe da excelncia da f em Deus, que a ningum desampara. Que ficasse tranquilo porque tinha certeza que, daquelavez,osresultadosdacirurgiaseriamexitosos.Incutiunaquelamentejuvenil as bnos do otimismo, da esperana, e j ia despedirse, quando o adolescente segredoulhe: No fosse este encontro com voc e, talvez, eu desse cabo da minha vida,poisestavadesesperado.

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NOTRANSPORTECOLETIVO Verifique, sempre, quem est sentado ao seu lado, familiarizandose com aquelafisionomiaquelheparecedesconhecida. Pense: Poder ser algumque esteja enfrentando asdificuldadesnaturais daexistncia,carregando,nosombros,difceisproblemasntimosseno,poderser umamigoqueavidaestmetrazendodevolta. Tente auscultar o que transita na mente da pessoa, mantendo uma conversao amistosa aborde um assunto agradvel para sondarlhe a alma e, notando algum indcio de qualquer carncia relacionada com a personalidade fragilizada,faledanecessidadedacomunhocomoCriador,quesempredsinalde Seuamorpelascriaturasatravsdeumainfinidadedemeios,e,emparticular,pelos fiosinvisveisdopensamentoquando,emprece,aElenosligamos. Demonstre o seu interesse por aquilo que ele fala pois, assim, ter a oportunidade de prender a ateno do novo amigo para o que voc lhe quer transmitir.Epasselhepequenasnotasdecompreensoedeinteresse,construindo,a partirdaqueleinstante,vnculosnovosdeamizadefraternal. a sua oportunidade para, discretamente, aplicar os recursos de uma construo de ajuda, sem interesses subalternos. Introduza, nos sentimentos dessa pessoa, que lhe parece um estranho,a fora estimulante da sua afetividade,qual o bomsamaritanoqueusadosrecursosdacaridadeaoprximosemapreocupaode identificarse. * No se preocupe em tornarse inoportuno. Fale sem constrangimento, atirando a semente de bomhumorno solo promissor daquela almamerecedora de ateno. Sentadoaoladodeumrapaz,visivelmentedeprimido,naclassedeumtrem suburbano, aquele corao gentil conseguiu saber, atravs de suas habilidades interpessoais,dograndedramaqueseescondianaquelecorao: Minha priso envergonhou meus pais. Nenhum dos meus parentes visitoume durante os oito anos que passei na Penitenciria Estadual pagando a dvidaquecontraparacomaSociedade. O rapaz conjecturava que isso tivesse acontecido porque seus genitores eram pessoas de poucas letras e sem recursos financeiros para viajar. No entanto, uma grande interrogao o inquietava a todo instante: Ser que os meus entes queridosjmeperdoaram? Para facilitar as coisas, escrevera previamente para eles, dizendo que colocassemumavisoqualquerondeotremiriaparar,afimdefacilitarasuadeciso decontinuarviagemouregressardefinitivamenteaolar. Quando o comboio de ferro se aproximou da cidade, embora as palavras otimistas e cheias de esperana que o amigo inesperado lhe dissera, o jovem no estavaemcondiespsicolgicasdeolharparaajanelacomointuitodeverificara mensagemqueospaistinhamparaele. Seu companheiro de viagem delicadamente ofereceuse para essa

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incumbncia, trocando de lugar com ele e se pondo a observar atravs da janela. Minutos depois, colocou a mo no brao trmulo do exsentenciado dizendo em sussurroeemocionado: V,agora. E o rapaz, com lgrimas incontidas nos olhos, leu a mensagem de boas vindas: Bemvindo sejas,filhodenossaalma.

NOCENTROESPRITA Ao perceber algum que chega, por primeira vez, a Casa Esprita a que vocestvinculadoporlaosdeafeioecompromissosdeservios,aproximese, sorria, converse... seja algum a dar boasvindas com efuso de legtima fraternidade. Esse no um trabalho protocolar e formal da responsabilidade exclusiva de quem dirige a Casa, mas um impulso espontneo de quem est feliz comaconvivnciacriste,porissomesmo,interessadoemexpandirsentimentosde amizade. Lembrese que uma recepo fria traduz apatia injustificvel, e que a presenadealgumnaCasaEsprita,pormuitotempodespercebida,demonstraque os que esto ali albergados se encontram enclausurados em si mesmos e pouco interessados na expanso da Boa Nova na Terra. Que seja a sua presenanaCasa Espritaumaviagempermanenteao coraodeseuirmo. Integresenoespritodaalegria,disputandoahonradetrabalhar,comtodos eentretodos,sempreocupaeshegemnicasoudominadoras. Cordialidade permanente, silncio a qualquer impulso maledicente, o mximo de empenho para o aproveitamento de toda e qualquer contribuio, sem cobranas, exibicionismos, querelas...lembrese que, em parte, depende de voc o climadeamizadequeatrairosbonsEspritos. Semarcasdopassadoedesafiosdopresentelheameaamocompromisso comaposturafraternal,disciplineosimpulsosecumpraoseudeverdetrabalhare serviratquepossaamaremprofundidade.Nosejavoc apedradeescndalo,nem ocidodissolventedaamizade,mas,antesde tudo,umpontoderefernciaparaque oamortriunfe. Cuidado com a indiferena, o desapreo e as preferncias para que tais atitudesnomaculemasuaparticipaonoesforocoletivo.Se o companheirose afastou, conquanto no saiba o motivo, interessese por ele nada custa um telefonema, uma visita, uma conversa estimuladora e, se enfermo, a sua presena junto a ele. So essas atitudes deveres impostergveis, sem os quaisa convivncia cristdeixadetersentido,tornandose igualaoutraqualquer. s vezes, voc deixa de adotlas, no por descaso, mas por excesso de trabalhooupreocupaescomosseusprpriosproblemas.Todavia,revejaaatitude erefaaasprioridades,poisosdeveresdasolidariedadeestoemprimeirolugarno coraodoesprita.

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Problemas de personalidadeSuelyCaldasSchuber t muitoimportanteparaoAtendimentoFraternoqueoatendenteconhea algumas noes bsicas (ainda que bem simples) acerca dos problemas de personalidade, a fim de evitarse o equvoco, diante de certos casos, considerados como processos obsessivos quando, na realidade, expressam conflitos, desajustes, traumas, transtornos psquicos, enfim, que tm como origem o prprio indivduo, queumEspritoenfermo,digamosassim. propciooesclarecimentodeJorgeAndraarespeito: Essasestruturasdoentes,doEspritooudaindividualidade,imprimemnas clulas nervosas desvios metablicos a refletirem uma intensa gama de personalidadesdoentias,consequnciade autnticasrespostascrmicas. A palavra personalidade deriva de persona , palavra latina que significa mscara . Designava antigamente a mscara usada no teatro por um ator. Modernamente, definese personalidade como o conjunto das caractersticas intelectivas, afetivas e volitivas que constituem o modo de ser ede sentir de uma pessoa. Apersonalidade resultadeumainteraosocial,ouseja,dorelacionamento doindivduocomaspessoasqueconstituemosgrupossociaisdequefazparte:lar, escola,trabalho,lazer. Em sentido mais amplo podese dizer que a personalidade de uma pessoa formaseapartirdeumaconjugaodefatoresgenticos,pelaeducaoquelhe transmitida,pelocontextohistricoemquevive,pelainteraosocial,etc. Em Psicologiah um conjunto muito vasto das Teorias da Personalidade, comumadiversidademuitograndedepontosdevista. Quandodesejamosasoluodeumproblema,oprimeiropassobuscara suacausa,asuaorigem.Qualaorigemdosproblemasdepersonalidade? Segundo Rollo May, a origem uma falta de ajustamento das tenses dentro dapersonalidade. Oprocessodeajustamentodastensesocorrecontinuadamente,poristoa personalidade nunca esttica. E viva, dinmica, em constante mutao. Como ocorremessastenses?Semprequeumapessoaexperimenteumsentimentodeque deve fazer isso ou aquilo, ou um sentimento de inferioridade, de triunfo ou desespero, as tenses de sua personalidade esto sofrendo um processo de reajustamento.Porexemplo:lendoumlivroououvindoumapalestratodaideiaque nosatraiaaatenoenosconvideaumareflexomaisprofundaprovocaumnovo ajustamentodas tensesemnossapersonalidade. Portanto, estabilidade ou equilbrio da personalidadeno significa que ela deva tornarse esttica. Em verdade, viver ajustarse, continuamente, a novas

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experinciasdecadadia. ParaRolloMay,acaractersticabsicadapersonalidadealiberdade.Ele afirma que existem quatro princpios essenciais para a personalidade humana: liberdade,individualidade,integraosocialetensoreligiosa.Inferese,pois,que a falta de ajustamento das tenses pode ocasionar conflitos a manifestarse sob variadas formas e sintomas, desde a timidez, excessivo acanhamento, medo de relacionarse com as pessoas, ansiedade, angstia, fobias, depresso, at desaguar nos transtornos psquicos como as neuroses ou, em casos mais graves, como a esquizofrenia,aspsicoses,etc. Essa dificuldade de ajustamento s injunes do diaadia acarreta um conflito ntimo prejudicando o relacionamento com o meio social em que o indivduoestinseridoe,noraro,podealcanaratmesmoaspessoasmaisntimas desuaconvivncia. Portanto, existe neurose quando os conflitos no podem ser trabalhados, superados, tornandose desproporcionais capacidade do indivduo de lidar com eles.Emdecorrncia,surgemosmecanismosdedefesaneurticos,que sosituaes queapessoaengendratentandodisfararoufugirdeseusproblemasinteriores.Essa fugapassaporumavastagamadesubterfgios,comoos vcios,porexemplo,que constituemsupostasvlvulasdeescape,ouofecharseemsimesmo,tentandoevitar oconfrontocomastensesnaturais davida. JorgeAndraelucida: Devemos considerar, como personalidade desviada, as condies dinmicasqueatingemocarterecujaintensidadeougraumodificaroacondutae consequentementeavidasocial.Dessemodo,estaroenquadradososindivduosque destoam da mdia, apresentando tanto agressividade exagerada como passividade extrema, os desvios sexuais, os alcolatras, e uma srie de disfunes da personalidade. Geralmente so indivduos que acham que suas reaes so mais desencadeadaspelomeio emquevivemdo quepartindodelesprprios. O ajustamento, a estrutura da personalidade, fazse pela interao dos componentesbiopsicoscioespirituais. Esses problemas de origem crmica, cujas causas esto no Esprito endividado perante as Leis Divinas, encontram nos esclarecimentos da Doutrina Esprita os recursos teraputicos imprescindveis para que alcancem a prpria libertao.

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Perfil do atendente fraternoEquipedoPr ojeto Uma descoberta importante feita por profissionais da Psicologia foi que a eficcia da ajudapossvel de ser prestada aalgum porum terapeutanodepende tantodaescolapsicolgicaaqueomesmoestvinculadomas,sobretudo,avalores subjetivosrelacionadoscomoseucomportamentodiramos,seucarisma,oamor queirradiaqueotornaumapessoadotadadequalidadesinterpessoaisrelevantes equalidadesntimas(forainterior) queocredenciamparaotrabalho. Emsendoumapessoatolerante(semserconivente),expressarum respeito e uma aceitao incondicionais em relao ao ajudado, separando sempre o ser, o Esprito, da problemtica que o inquieta, que dever ser vista como um jugo, um acessrioincmodoqueapersonalidadeassumiue,portanto,temporrio,quenada temavercomaqueleserdehumanaspaixes,masdeessnciadivina,quelhecabe amarcomtodasasverasdeseusentimento. De posse dessa compreenso ter facilidade em ser autntico (sem ser grosseiro),poisnoespaodoAtendimentoFraternonohcampopara dissimulao da parte de quem atende, que dever expressar sentimentos com sinceridade e interesse real de ajudar. Quando dizemos sinceridade, no estamos aconselhando queapretextodeserreal,sedeixedeguardarasconveninciaseobomtom. Oatendentefraternosersempreumapessoacomedidaediscreta,dosando aquelainformaocujoteorintegraloajudadonoteriaainda condiesdesuportar. Somenteassimeleinspirarconfianaeperceberadequadamenteossentimentose emoes do outro a quem ajuda, recebendo a inspirao dos bons Espritos e transformando aquela vivncia confusa e deformada da pessoa a quem atende em algocompreensvelepassvelde renovao. um dos objetivos do Atendimento Fraterno levar o atendido a essa compreensodesimesmo(aindaqueemnveissuperficiais,noincio)paraqueele atendido sejacapazdeflexibilizarsuascrenaspoucoracionaise lgicasealterar os seus valores, a forma de ver a vida e a prpria situao, tornandose mais otimista, para, a partir da, fazer uma programao de vida, traar um roteiro evolutivoqueenvolvaasuperaodasdificuldadesna ocasioapresentadas. No cabe ao atendente fraterno passar receitas prontas, encaminhar solues que saiam exclusivamente de sua cabea. preciso a adeso, a cumplicidadedoatendido,quedeverestardispostoaassumirardeadaprpria vida. Bom mesmo ser quando o ajudado tomar a orientao que recebe (discretamente) como umadescobertasua, porque,nesse caso, ele se aplicar com mais energia ao esforo pela superao de obstculos. Voltaremos a esse assunto maisadiante,nocaptulo seguinte.

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da responsabilidade da Direo da Casa estabelecer o perfil ideal do atendentefraterno,queserpassadoaoCoordenadordoservioque,porsuavez,se incumbir de organizar um processo seletivo capaz de identificar esses valores humanoseincorporlosaotrabalho. Digamosqueumperfilapropriadoenglobariaduasordensderequisitos:os humanos bsicos e os de natureza doutrinria. Entre os primeiros alinhamse as seguintesqualidades:saberajudarse,ouseja,apessoajterumaequaodevida bem delineada interesse fraternal por outras pessoas, que sintetizaremos com a expresso:gostardegentebomrepertriodeconhecimentos,noapenasdoponto devistainformativomastambmvivencialhbitodeoraoedeestudoorao paramantlonasintoniacomosbonsEspritos,eestudoparamantloatualizadoe em condio de compreender as pessoas ser pessoa moralizada, ou seja, estar conscientemente vivendo mais em funo da essncia o Esprito que da aparncia a vida transitria do corpo e dos prazeres equanimidade, ponderao,equilbrioemocional,pacinciaesegurana,queconstituemumleque de conquistas emocionais e psquicas que o capacitam a lidar com situaes desafiadoras. Entre os requisitos doutrinrios ou relacionados com a vivncia esprita incluiramos: integraonas atividades do Centro e conhecimento da sua estrutura de funcionamento familiaridade com o Evangelho de Jesus conhecimento da Doutrina Esprita obras bsicas da Codificao e obras complementares sobre mediunidadeeobsesso/desobsesso,especialmenteasdeAndrLuizedeManoel Philomeno de Miranda obras sobre educao ecomportamento humano e, por fim,competnciaparaaplicarpasses. No primeiro grupo de requisitos, os referentes s qualidades humanas, inmerasoutrasalmdasapresentadaspoderiamseraventadas.Emverdade,todae qualquerqualidadehumanasomaparaaeficinciadoatendimento.A nossainteno no,nempoderiaser,esgotlas,maslevantaroroldasprincipais,segundonossa ptica. Algumas qualidades e requisitos no foram includos por estarem relacionados com o prprio crescimento do atendentena tarefa e que seadquirem com a prtica. Entre estes est a empatia que o sentir dentro, ou seja profundamente,asensibilidadeparaintuirouperceberaexperinciadooutro.Este temaserobjetodeumestudomaisdetalhadonocaptulo7. O Atendimento Fraterno, conquanto seja uma atividade que requer dos atendentes a posse de habilidades interpessoais, na dinmica da Casa Esprita assume um carter eminentemente inspirativo, em que atendentes e atendidos so auxiliados pelos bons Espritos que se vinculam tarefa, os primeiros, recebendo intuies quanto natureza dos problemas enfocados e as sugestes a serem fornecidasparaasoluodosmesmoseossegundos,recebendooapoioemocional indispensvel,afimdequetenham confianaparasedesvelarem.

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As fases do atendimentoAEquipedoPr ojeto Uma questo levantada por psiclogos foi identificar que habilidades possuemaspessoasdenominadassignificativas(asquetmjeitoparaajudar)queas tornam interessantes em relao s demais e se essas habilidades poderiam ser sistematizadas,afimdeensinadasemcursosformaisparaprofissionaisdaajudaou, informalmente,paraquantosseinteressampelosoutros. Acreditando ser isso possvel, Robert R. Carkhuff definiu os grupos principais dessas habilidades interpessoais, conforme citadas na Obra de Clara Feldmam:CONSTRUINDOARELAODEAJ UDA: ATENDER: expressar de forma indireta (no verbalmente) disponibilidade e interessepeloajudado RESPONDER: demonstrar, por gestos e palavras, compreenso por ele, correspondendolheexpectativapessoal PERSONALIZAR: conscientizlo de que uma pessoa ativa, com responsabilidadenoseuproblema,ecapazdesolucionlo ORIENTAR:saberavaliar,comele,asalternativasdeaopossveis,de modo afacilitarlheaescolha(quedele)daaotransformadora.

Estamos denominando esses quatro grupos de habilidades do atendente fraternoouajudador,fasesdoprocessodeajuda,porqueelasestosequenciadase ordenadas de forma invarivel. Uma depende da outra, a primeira sendo pr requisitoparaasegundaeassimpordiante.Porexemplo:nosepodeorientarsem antespersonalizar,ouseja:delinearmetaspara ajudaroatendidosemanteslevlo compreensodesuaexperincia,da mesmaformaqueopersonalizardependedeum convenienteresponder,estedeumadequadoatender,tendosecomocertoqueam preparao de cada uma dessas fases pode comprometer irremediavelmente a fase seguinteeo prprioatendimento. Estabeleceu, ainda, o psiclogo americano citado, que a cada grupo de habilidades(ou fases)referidascorrespondeumareaofavorvelnoajudado,que deve ser cuidadosamente observada. Assim sendo, quando o ajudador (atendente fraterno)atende,eatendebem,oajudadoenvolvese,ouseja,adquireacapacidade deseentregar,confiante,aoprocessodeajuda.Quandooajudadorrespondebem,o ajudadoexplorase,ouseja:adquireacondioemocionalparaperceberasituao em que se encontra naquele momento em que pede ajuda. Durante o personalizar deveaconteceroprocessodocompreendernoajudadoouseja:

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ele ir mais fundo no exame de si mesmo a ponto de estabelecer, pela reflexo, ligaes de causa e efeito entre os vrios elementos presentes na sua experinciadevidademodoadefiniraondequerchegar.Porfim,acapacidadede orientarabre,noajudado,apossibilidadeparaoagir,queomovimentointernoda almaparasairdeumaposiopsicolgicadesfavorvelparaoutramaisadequadae felicitadora. Essa trajetria, que vai do envolverse ao transformadora, talvez no acontea plenamentenum nico encontro. Que hajam outros, nonecessariamente comomesmoatendentefraterno,e,porisso,voltamosaenfatizaraimportnciade se dispor,no Centro Esprita, de uma equipe coesa eque vibre em unssono sob a regnciadeidnticosprincpios. Quandonos referimos a umtermo para o processo, no falamos de modo absoluto, porque o processo formal do Servio cede lugar naturalmente para a vivncia esprita, (quando o ajudado adere ou se vincula) ou para aatuaosocial paraondeconverge,emltimaanlise,oprodutodoAtendimentoFraterno.Istose consubstancianofatodequeumdosefeitosmaissalutaresqueocorrenaqueleque passou pelo Atendimento Fraterno, e honestamente se permitiu ser ajudado, a capacidade que adquire de escolher, de futuro, novos e eficientes ajudadores, acelerandooseuprocessodetransformaontimae crescimentoespiritual. Agora, de obrigao, para maior clareza, que detalhemos as habilidades dequesecompecadagrupooufasedoprocessodeajuda: ATENDER envolve desde o cuidado com o ambiente fsico (decorao, conforto, pessoal de recepo) ao prprio comportamento de polidez e de interessedoAtendente,quedeversaberreceber,terposturaadequadadurante aentrevista,aproximarse(nocriardistnciasporsuperioridadeouexcessode formalismo), prestar ateno (concentrandose para ouvir bem e observar as reaesdooutro). Queremos particularizar, neste tpico, uma habilidade especial: o saber ouvir, que, alm de impressionar positivamente pelo grau de empatia que vinculaajudadoreajudado,assegura,atravsdamemorizao,aevocaodos elementos fticos e opinativos que o ajudado expressa, favorecendo a orientao. Nada pior do que um ajudador que no presta ateno e que a cada momentoprecisarecapitularcomperguntasoqueouviu.nessafasedoouvir quecomeaabrotarnamentedoAtendentea inspiraodosbonsEspritos,que deve ser guardada para, no momento prprio, nas fases seguintes, do atendimento,basearasuaorientao. RESPONDERnosignificatosomenteadevoluoderespostassperguntas formuladas pelo atendido. Responder perguntas s uma parte desta fase. Responder identificar e confirmar com o prprio ajudado o seu problema principal, escoimandoo dos acessrios inteis de sua mente em confuso. E expressar com os prprios, os sentimentos do outro. , enfim, perceber a linguagem corporal do outro e o que ela representa como mensagem a ser correspondidaadequadamente.NohdestaquenoAtendimentoFraternopara o ato de perguntar como iniciativa do atendente, porque a ele pouco dado

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perguntar,sodevendofazernasseguintesocasies: Quandonoentendeu Quandooajudado,mesmoestimulado,noconsegueseexpressar,no consegue traduzir seus sentimentos ou est perdido no mbito de suas divagaes. PERSONALIZAR o momento do ajudado se descobrir como pessoa, perceber o fato de que no um passivo diante de sua experincia mas um atuante, uma pessoa responsvel por seus atos, pensamentos e emoes, alcanando a compreenso de que os outros podem ser, to somente, agentes estimuladores dessas emoes (positivas ou negativas). A partir dai, tornase conscincia de deficincias que precisam ser alijadas e qualidades a ser aperfeioadas no esforo da reconquista do equilbrio ntimo, Este um processo muitas vezes doloroso, mas necessrio, por ser a antecmara do autodescobrimento,quespodeseralcanadopeloscaminhosdoamor,quando oatendentecapazdepassaressachamadivina,atravsdepalavraseatitudes gentis, e quando o atendido capaz de recebla atravs de uma entrega confianteeesperanosa. porestarazoqueseafirmaseremasduasfasesiniciaisdoatendimento, o atender e o responder, praticamente definidoras do sucesso da ajuda, pois estessoosmomentosdocontatopessoaapessoaemqueoamordevepenetrar a alma do atendido predispondoo transformao. preciso que haja uma certainstantaneidade,comoumareaoqumica,paraqueessefogodivino o amor passe deum indivduo para outro, sendo esta a razo para o sucesso dosAtendentesFraternoscarismticoseafetuosos. Implantadaaconfianapeloamor,opartodoautodescobrimentosed,em nveismnimosquesejam.compatveiscomoestgioconsciencialdecadaum predispostoestaroatendidoparareceberaorientao,comoumcampoaser semeado,prenunciandoumacolheitafuturadebnos.Istoporqueasemente aDoutrinaEsprita deexcelentequalidade. ORIENTAR ser a parte mais fcil, se o Atendente conhece a Doutrina, cabendolheorganizarasuaexpressodeformaclaraesimplesparatransferila para o atendido como informaes prticas, a partir das quais se definir um planodeao,queoatendidodeverseguirporiniciativaprpria,objetivando a soluoalmejada.

Bibliogr afia: ClaraFeldmandedeMiranda. MrcioLciodeMiranda ConstruindoaRelaodeAjuda Edio Crescer, BeloHorizonte,MG.

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O saber ouvirEquipedoPr ojeto Nodesempenhodafunodoatendentefraterno,umfatormuito importante aqualidadedoatodaaudio: ouvirbem. Normalmente, as pessoas, embora procurando escutar atentamente, s se inteiramdametadedoqueouvem.Noperododeminutosconservamsomenteum percentual muito baixo daquilo que ouviram. Considerandose a variedade e a qualidade de fatores que influem sobre a audio, ouvir a habilidade mais descuidadadaComunicaoHumana. Retiramosdetextodeautorannimoosseguintespreciososensinamentos:

Ouvir mais produtivo que falar, em todos os nveis.A pessoa quesabeouvirmaissimptica,conquistaointerlocutore,acimadetudo acrescenta ao seu prprio patrimnio cultural, a informao que o outro exterioriza. Interromper constitui violao do principal objeto da comunicaohumananaaudio:fazercomqueooutrofale.Observaes e comentrios podem ser guardados at o final da exposio, quando semprehavertempoparadirimir dvidas. Ouvir renunciar. a mais alta forma de altrusmo, em tudo quantoessa palavrasignificadeamor eatenoaoprximo. Oatodeouvir,exige,dequemouve,associarseaquemfala. necessrioempenhodequem falaparafazersecompreender. Qualquer pessoa pode melhorar sua capacidade para ouvir. Ouvir uma tcnica mental que pode ser aperfeioada em treinamentoe prtica. Napredisposioparaoatodeouvirinfluemfatoresfsicosementais.

FATORESFSICOS Temper atur a: tanto o calor como o frio excessivos prejudicam a audio. O calorirrita,eairritaoproduzmalestar,indisposioe cansao.Porsuavez,o frioexcessivodeprimelevandoaumbaixondicenoatodeouvir. Rudo: quando intenso, perturba a audio da mesma forma que o silncio absoluto. Foram realizadas experincias com pessoas por tcnicos em Comunicao Humana na rea da audio, chegandose concluso de no

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existirgrandediferenanorendimentodoatodeouviremambientebarulhento ousilencioso,adependerdacapacidadedeouvirbemdecadapessoa. Iluminao:localdemasiadamenteiluminadoperturbaaexpressofaciale os gestos da pessoa que est falando, concorrendo para prejudicar a audio. Convenienteevitarseameialuz,tratandosedenarrativassrias,comonocaso do Atendimento Fraterno, quando se exige a ateno de quem ouve e um controle e acompanhamentodas expresses corporais do atendido. Iluminao normal,portanto. Meioambiente:a preocupao com a preparao ambiental imprescindvel, nosomentenoseuaspectofsico,mas,sobretudo,nombitodapsicosferado local onde ocorre arelao deajuda, pois os Mentores Espirituais do trabalho ajudam os atendentes, atravs da inspirao e da intuio.Deve ser, portanto, um local onde no haja o transitar de pessoas, nem tampouco atividades incompatveiscomtarefasdeordemespiritual. CondiesdeSade:acapacidadedeatenodequemestouvindoafetada no processo da Comunicao Humana quando qualquer estado anormal de sade fsica ou psicolgica se implanta. Por isso recomendvel que o AtendenteFraternoabstenhasedatarefaquandodoenteoumalhumorado.Em se tratando de deficincia auditiva, da parte do atendente ou do atendido, a relaodeajuda ficacomprometida.Porestemotivo oaparelhoauditivodeve merecerporpartedoAtendenteFraternoumaavaliaoperidica.Adeficincia inconsciente exerce influncia sobre o sistema nervoso provocando reaes imprevisveis durante o interrelacionamento. Quem ouve mal, e no sabe, irritasecomfacilidade.

FATORESMENTAIS

Indiferena: o atendente desinteressado no ouve bem. Nada pesa mais no autoamordoatendidodoqueaindiferenacomqueestsendoouvido.Quando seconseguedeixardeladooegosmo,como objetivodeouvir,descobreseque as pessoas merecem a nossa ateno e tm dificuldades e problemas que pretendemcompartilharconosco. Impacincia: o ato de ouvir exige, de quem ouve, associarse a quem fala, e viceversa.Necessrioempenhodequemfalaparafazerse compreendido,ede quem ouve para compreender. Qualquer emoo perturba o processo da audio. As impacincias so todas emocionais, portanto, desajustadoras do equilbrionervosodequemestouvindo. Pr econceito: o antagonismo apaixonado impossibilita o ato de ouvir bem. A concordncia irrefletida, tambm. A maior dificuldade na audio est na pessoa comportarse objetivamente. Na sua impossibilidade, devese tentar a empatia, fazendo uma projeo imaginativa para colocarse no lugar de quem estfalando.Opreconceitodistorceaaudioeoouvintepassaaconcentrarse na procura de detalhes, de mincias reais ou imaginveis, que lhe permitam refutarouaceitaroqueouve.

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Pr eocupao: a palavra significa ocupao antecipada. Preocupar prender a ateno em pensamentos que fervilhamnamente dapessoa queest ouvindo. Comatenopresaaumaocupaoantecipada,noserpossvelouvirbem.A audio uma ocupao interna e exige ateno total. A preocupao intermitente e, por norma, no se deve ouvir o atendido quando o ouvinte estiverpreocupado.Tratasedosilnciomentalqueoatendentese deveesforar poradquirir. Ansiedade:Umhbitoquedevesercorrigido,Oouvinteansiosoparaprovara suarapidezdeconcluso,antecipaaspalavrasdointerlocutor, dizendo:Jseio que voc vai dizer. Como no poderia deixar de ser, equivocase por precipitao,enganandosequantoaoqueiriadizerapessoaque fazanarrativa. Istodemonstradificuldadedeconcentrao,provocandoumaatenodifusa(e no dirigida) com caractersticas de desinteresse, indiferena e uma srie de fatores que concorrem para se ouvir mal, sem que exista na pessoa que est ouvindo qualquer defeito do aparelho auditivo. Como as pessoas esto mais propensasafalardoqueaouvir,habituadasainterromper,aconteceumefeito desagradvel, quando dois indivduos resolvem falar ao mesmo tempo, convencidosdequesefaroouvirlevantando otimbredesuasvozes.

EXERCCIOPRTICO Consiste em um mtodo bem simples, mas de resultados positivos, promoverleiturasdetextosemvozalta,enquantoosdemaisconcentramsenoque estsendolido.Nofinal,cadaumdoscandidatosconvidadoafazerum resumodo queseacaboudeouvir.Osresultadossocomparadosecomentadosentretodos.A experincia repetida, at que o nvel de compreenso e reproduo seja considerado satisfatriopelogrupo.

Bibliogr afia: J.R.WhitakevPenteado. ATcnicadaComunicaoHumana LivrariaPioneira Editora.

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A empatiaSuelyCaldasSchuber t SegundoodicionrioAurlio,empatiaquerdizer:sentiroquesesentiria casoseestivesse nasituaoecircunstnciaexperimentadasporoutra pessoa. Apalavra empatia vemde einfuhlung,termousadoporpsiclogosalemes, que significa, literalmente, sentir dentro. derivada do grego pathos que quer dizersentimentofortecprofundosemelhanteaosofrimentoetendocomoprefixoa preposio in. Diferedesimpatiaqueexprimesentircom. Aempatiaumestadodeidentificaomaisprofundodapersonalidade,a tal ponto em que uma pessoa se sinta dentro da outra personalidade. nesta identificaoqueoverdadeiroentendimentoentreaspessoaspodeocorrer. O primeiro passo para quea pessoa alcance essa condio de empatia a simpatia, ou seja, sentir com. Assim, o Atendente Fraterno deve ter facilidade de simpatizar com as pessoas, de sentir com cada uma os sofrimentos e dificuldades queatravessam,e,sentirse solidrio. A empatia denota um estgio mais avanado e podese dizer que a essnciadoamor.Somenteaquelequeamaaoprximotemacapacidadedesentir dentro, isto , de mergulhar no mundo dos sentimentos alheios e captarlhes a mensagem silenciosa, os apelos, a busca, e, em profunda doao, transmitir a palavra certa, permeada desse amor desinteressado e terno que transcende ao entendimentocomum. Empatia disposio para transcender as limitaes do tempo (eu tenho tempo para lhe ouvir) e os prprios contedos emocionais, pessoais doatendente (eumecolocosuadisposioe,nessemomento,vocapessoamaisimportante e os seus problemas so o centro do meu interesse). ainda a garantia de que o contedo das declaraes seja absolutamente sigiloso, por mais trgico, porque significa a verdade de quem fala, verdade essa muitas vezes dolorosa, terrvel ou agressiva. A pessoa emptica aquela que consegue, ou se esfora para conseguir evitar que seus princpios e valores interfiram no depoimento de quem fala, permitindo que esta fala seja integral, atingindo, dessa forma, o objetivo do AtendimentoFraterno,queodeoferecerespao,tempo,atenoeamorfraternal paraqueooutroselibere,omaispossvel,deseuscontedosemocionaisnegativos. AlfredoAdlerassimseexpressasobreaempatia:

Aempatiaocorrenomomentoemqueumserhumano falacomo outro. impossvel compreender outro individuo se no for possvel, ao

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mesmo tempo, identificarse com ele... Se buscarmos a origem dessa capacidade de agir e sentir como se fssemos outra pessoa, iremos encontrlanaexistnciadeumsentimentosocialinato.Narealidade,ela um sentimentocsmicoe um reflexo doencadeamento de todo o cosmo quevive emns.umacaractersticainevitveldoserhumano. A capacidade de empatizar denota amadurecimento espiritual, que progressivo esedesenvolve,cadavezmais,exatamenteproporcionalmedidaem queapessoaaprofundaasuadisposiodeamaraoprximoe,emltimaanlise,a vidaemtodasassuasformidveisexpresses. A Doutrina Espritaabre perspectivas ilimitadasnessa rea, convidando o indivduoaexerceracaridadeplena,talcomoassinalaaquesto886de OLIVRO DOS ESPRITOS, quando os Instrutores da Vida Maior lecionam quea verdadeira caridade consiste na benevolncia para com todos, indulgncia para com as imperfeiesalheiaseperdodasofensas. ParaosserviosdeAtendimentoFraternoosignificadodaempatiaamplia se etornase,realmente,nacapacidadedeamaraoprximo,consoanteo inolvidvel ensinamentodeJesus,quesintetizatudoistoemplenitude:Amaraoprximocomo asimesmo.

Bibliogr afia: RolloMay A ArtedoAconselhamentoPsicolgico.

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Recomendaes prticas para os atendentesEquipedoPr ojeto

No Pr ometer Cur as ou Estabelecer Cer tezas Absolutas: Uma das finalidades do Atendimento Fraterno ajudar pessoas a redirecionarem suas vidas em funo de uma melhor compreenso das dificuldades a que esto jungidas, a adotarem atitudes mais favorveis harmonizao ntima de que carecem. O atendente fraterno deve ser positivo, estimulante e animado para influenciar as pessoas a fazerem as mudanas necessrias conquista de si mesmas, avanando no rumo do progresso e da paz. Porm, deve trabalhar sempre com o relativo, fugindo s declaraes extremadas, carregadas de promessasmaravilhosas,que,nemsempreosatendidosestoemcondiesde construiroudelasso merecedores. O Atendimento Fraterno est voltado para a soluo dos problemas caracterizados por falta de ajustes da personalidade na vida ntima da pessoa. Jamaisomaravilhoso,arevelaocomrelaoaomgicoeaomsticopoder contribuireficazmente paraasoluodetaisnecessidades. Devese deixar bem claro, isto sim, que Deus ajuda incessantemente, na medidadoesforoedaboavontadedecadaum,equenenhumaaonobem nemqualquermovimentodaalmanosentidodereparaodasfaltasficarsem resposta. Recusar Gr atificaes, Atenes ou Distines Especiais: Tais encmios poderiam ser vistos como pagas indiretas. Todos os que trabalham nas Casas Espritas,servindoaospropsitosdoConsolador,naTerra,jsabemqueodai degraaoquedegraarecebestesregrainsubstituvel.Aconfiabilidadede umaCasaEspritarepousanaobservnciadesseprincpioticoque,nosendo nico,fundamental,comobasedeapoio paratodososdemais. Evitar Opinies Pessoais: O suporte para o aconselhamento num servio de Atendimento Fraterno de uma Casa Esprita est nos postulados da Doutrina Esprita. Ela representa hoje, na Terra, a concretizao da promessa do Consolador Prometido. As pessoas buscam o Centro Esprita porque esto sequiosas desse Consolador que lhes esclarecer as razes do sofrimento, ao mesmotempoapresentandoparaelasametodologiacapazdelibertlasdesse

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sofrimento.Sonegaressedivinoalimentoaosquedeleprecisam,dandolhes, em troca, opinies pessoais, pode ser qualificado como traio ou burla injustificveledegravesconsequncias. No Inter fer ir em Receitur ios Mdicos Ainda que seja mdico, um atendente fraterno no dever fazlo. E se no o for, mais grave ainda o procedimento,porfaltadecompetnciaparao desiderato. Oquelevamuitasvezesaseagirdessaformaaeuforia,aconfianana fora transformadora da Doutrina e na eficcia da Teraputica Esprita. Essa confiana, que dever ser mantida, bem se v, no invalida a excelente contribuio desempenhadapelaMedicina,pelaPsicologiaeoutras cinciasque se envolvemcomasadehumana,ddivasdeDeusque so,ajudandonosna preservao da vida e na conquista de condies mais favorveis para o exerccio de nossas funes, e que se somam, isto sim, s possibilidades da TeraputicaEsprita. svezes,oimpulsosurgenamentedoatendente,interessado honestamente nobemestardoatendido,parasugeriresseouaqueleprofissionaldasade,de suapreferncia.Quesecontenha,porquenodasuafunofazerindicaes dessa natureza, muito menos em substituio aos j escolhidos pelo atendido, porque, nesse caso, estaria interferindo na deciso do outro e assumindo uma responsabilidadegravequelhenocompete. Manter Pr ivacidade, Mas No Vedao Absoluta da Sala: A privacidade daestruturadoprprioServio.Umlocalemqueapessoapossafalarsemser escutada e expressar suas emoes de forma mais reservada. No h necessidade, todavia, de se fechar a porta e mantla trancada, como se estivssemosguardandodelicadossegredos. O ato de se manter a porta apenas encostada garante essa privacidade,ao mesmotempodeixandoseumcertoacessoparaalgumaprovidnciaque sefaa necessria, e o atendido, que vem pela primeira vez, mais tranquilo, por no estar totalmente isolado da sala de recepo, das pessoas que ali esto, dos prpriosamigosouparentesqueotrouxeramqueleencontro. Amedidatambmumaprecauoparaoprprioatendente,quenoest isentodasciladasquelhepodemserarmadasatravsdepessoasemdesarmonia ntima que acorrem ao Atendimento Fraterno. A porta apenas encostada inibe um pouco as arremetidas do desequilbrio, permitindose que rapidamente algumsejachamadoparaajudar. Falar Com Simplicidade: O vocabulrio do atendente deve ser ajustado cultura e s possibilidades de compreenso do atendido. No necessrio violentarse, mas proceder detal forma que a comunicao se estabelea, sob pena de comprometer a prpria relao de ajuda. Alis, a boa tcnica da comunicaoditaanecessidadedese verificar,duranteaconversao,se est havendo compreensodeparteaparte,oquepoderserpercebidopelasreaes emocionais,posturasoumesmoatravsdeperguntashabilmenteformuladas. Ns, espritas, particularmente, deveremos tomar cuidado ao lidar com os noespritasporcausadovocabulrioespecficodaDoutrinaEsprita. Atender o Indivduo, de Pr eferncia, Sozinho: So comuns as inibies e constrangimentosquepresenasaparentementeinofensivasprovocam.Quantas

42 DivaldoPereir aFr anco

vezes, pessoas afins (pais, maridos, esposas, etc.) acompanham os seus afeioadosaosgabinetesde AtendimentoFraternonoparaajudarem,mas,para fiscalizarem, colocarem seus pontos de vista, recalcando os dos seus entes queridos. Oatendentedevesugerirdelicadaehabilmentequecadaumsejaatendido separadamente, porm, em hiptese alguma, recusarse a fazer o atendimento emgrupo.Talrecomendao,svezes,seinverte:quandooatendidonotiver condies de assimilar a orientao, face s suas desarmonias ntimas, a presenadeumacompanhantepoderserbastantetil. No Fazer Revelaes: Comentrios sobre vidncias de Espritos, revelaes dopassado,cenasdeoutrasvidas,etc.,soclaramenteindesejveis,prejudiciais edespropositadasnamaioriadoscasos.Quandoocorremtaisfenmenoscomo atendente(esoextremamenteraros)paraorientlo,darlhemaissegurana no atendimento e no para que revele ao seu interlocutor o que est acontecendo. Cuidados no sero poucos para que o prazer egoico de se colocar em evidncianoestimulesemelhanteprocedimento. No Dizer ao Atendido: Voc Est Obsidiado! Conquanto se perceba, numaentrevista,aobsessocomoumfatoevidenteeconsumado,acolocao do fato nunca pode ser to enftica, para no deprimir nem gerar pnico, ocorrnciasmuitoprejudiciaisaquemjest fragilizadoedependente. Podese falar, em tese, na ao dos Espritos sobre as criaturas humanas, demonstrandoqueofatomaiscomumdoqueseimaginaeaconselharseum menude providncias capazes de preservar o ajudado desse mal e erradicar lhe asprimeirasmanifestaes. Caberia,aqui,umaquesto:senosepodeoudeveadvertiraoatendidode que portador desse mal, como tratlo? Encaminhandoo para a Doutrina Esprita (reunies doutrinrias e de estudos, livros, laborterapia da caridade, trabalho, etc.) e recomendando a utilizao das terapias espritas, num Centro srio,semprequesesentirememdficitde forasvitais,desordememocional ou dificuldade de concatenao lgica do pensamento. Tais providncias representam,propriamente,adesobsesso,quenaturalmentesecompletarcom adoutrinaodosEspritosmalfazejosnasreuniesmedinicas,oqueocorrer por iniciativa dos Mentores Espirituais, sem a necessidade da presena do assistido encarnado e mesmo sem o seu conhecimento, independentemente de nossavontade,mas conformeanecessidade,mritoeprioridadedecadacaso. Fixarnamentedoatendidoaideiadaobsesso fragilizloaindamaise coloclo no rol dos doentes, quando poderemos coloclo entre os companheirosde trajetria. No Doutr inar Espr itos Dur ante o Atendimento: Incorporaes ocorrem, algumas vezes, atravs dos prprios atendidos em situao de descontrole emocional,obsessoinstaladaouaforamentode mediunidade.Aposturacorreta doatendentefraternochamarlucidezo atendidomdiumparaqueoEsprito seafaste.PodesernecessriaumabreveexortaoausteraaoEspritocomeste propsito, seguida, em casosrenitentes,de passes dispersivos. No se trata de desca