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Atendimento adequado e prioritário às pessoas
com deficiência
Módulo III – Parte II
Realização:
Atendimento prioritário à pessoas com deficiência:Sobre o atendimento à pessoas com
deficiência, responda (para você mesmo) as perguntas abaixo:
-Você sabe o que é deficiência e o que define o tipo da mesma?
-Você sabe o que representa o princípio da acessibilidade?
-Como atender adequadamente a pessoa com deficiência?
-Você conhece os direitos sociais e individuais da pessoa com deficiência?
-Sabe qual é a legislação que define tais direitos?-Você acha que é efetivo o grau de autonomia
oferecido no atendimento à pessoas com deficiência?
O primeiro passo para compreensão sobre acessibilidade é a
construção do conceito de deficiência...
...mas afinal o que é isso que chamamos de
deficiência??
O que a legislação afirma O que a legislação afirma que é a deficiência?que é a deficiência?
• DECRETO Nº 5.296 - DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004 - DOU DE 3/12/2004 - promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
A pessoa é considerada com deficiência se tiver uma limitação ou incapacidade para o desempenho de alguma dificuldade e
se enquadra nesses tópicos:
– Deficiência Física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; Pode ser adquirida ou congênita.
• Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o;
• Deficiência intelectual: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
1. comunicação;2. cuidado pessoal;3. habilidades sociais;4. utilização dos recursos da comunidade;5. saúde e segurança;6. habilidades acadêmicas; 7. lazer; e 8. trabalho;
• Deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências
• Sim, de acordo com o DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.
A pessoa é considerada com Deficiência auditiva quando se enquadra no tópico abaixo:
Deficiência auditiva: Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela
que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.Pode ser adquirida ou congênita.
E a surdez, é deficiência?
A Constituição Federal de 1988
Fala sobre o Princípio da isonomia (que abrange a discussão de deficiência)
• Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Cláusulas discriminatórias – a Constituição veda EXPRESSAMENTE distinções com relação a origem, raça, sexo, cor, idade, estado civil e deficiência física. Essas cláusulas não são taxativas, são meramente
exemplificativas. • Cap. 7º Estabelece garantias constitucionais para criação de
programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental. Acesso a logradouros, edifícios de uso público e fabricação de veículos de transporte coletivo adequado às pessoas portadoras de deficiência.
• Art. 7º inciso XXXI - Proíbe qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
• Artigo 40º - Vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos servidores portadores de deficiência;
Mas qual é a origem da deficiência?
• O que chamamos de deficiência hoje, fora marcado por construção histórica cultural com 4 marcos principais em relação a sua concepção, são eles (Zavareze, 2009):
–Era pré-cristã;–Era das institucionalizações depositárias;–Era de criação das escolas especiais e;–Era da Inclusão.
A Era pré-cristãOcorreu durante o período feudal e foi marcado
pela negligência.As pessoas com deficiência eram colocadas à
margem e não recebiam qualquer tipo de atendimento, diante do fato de não se saber como
lidar com os corpos diferentes, a escolha era a eliminação dessas pessoas.
Negligência se estendeu até a década de 50 do século passado, representadas pelas restrições
nos ambitos infantil e educacional para as pessoas com qualquer tipo de deficiência.
A Era das institucionalizações depositárias
Na Alemanha no século XVIII houve a construção de espaços com o objetivo de funcionarem como
“depósitos” aos deficientes sob o prisma de instituições.
O objetivo dessas instituições era a segregação, sem qualquer interesse de auxílio ou tratamento, o cuidado e
inserção era muito menos contemplado.
No Brasil ele perdurou até meados do século XIX...
Era da criação das escolas especiais
Corresponde ao final do século XIX e meados do século XX
É um período marcado pela criação de escolas especiais que tem como objetivo dar
acesso à uma educação diferenciada aos deficientes.
Essa iniciativa teve como motivo os altos gastos em manicômios e asilos e surgiu como uma
tentativa de evitar a segregação.É nessa era que as lutas pelos direitos e culminou
na mudança da Constituição Federal Brasileira, que cria uma integração
obrigatória entre a escola e o atendimento educacional especializado. Porém a falta de preparo dos professores em lidar
com pessoas com deficiência e a falta de acessibilidade não colabora com a
inserção das pessoas com deficiência. E as leis se mostram distantes da realidade no
âmbito da deficiência.
Era da inclusãoSurge o interesse do desenvolvimento
biopsicossocial e de que as diferenças venham a ser respeitadas como individualidades
dentro da coletividade.
A mudança de paradigma foi na década de 60, em que o termo incapacidade foi adotado, depois dando espaço às capacidades residuais, pois
existia de fato a capacidade, mas era limitada por um ou mais aspectos. Não necessariamente o
físico, e muito menos ele apenas.
Termos como inclusão e acessibilidade são recorrentes na referencia das pessoas com
deficiência que são inseridas na escola.
A discussão da atual era (da inclusão) é: será que as pessoas com deficiência são, ou foram, de fato
incapazes?
Ótimo!Já vimos o que a legislação
brasileira define sobre a deficiência (tipos e leis que
definem algo sobre o contexto da deficiência), a
origem do termo, até chegar à consideração de
acessibilidade...
...mas afinal, o que é ...mas afinal, o que é deficiência?deficiência?
Existem várias possibilidades de entendermos a deficiência, duas possibilidades mais
recorrentes são: o Modelo Biomédico (definição da Organização Mundial da Saúde), e a do
Modelo Social da Deficiência (definição da UPIAS - Union of the Physically Impaired Against
Segregation).
Modelo Biomédico
• Definição da OMS
Exemplo de conceituação de deficiência pelo Modelo
Biomédico:A deficiência resulta em uma desvantagem social, pois a
lesão física tem como fator predominante, incapacidades motoras e sociais. Essas incapacidades impedem, por
exemplo, que essa pessoa possa desempenhar um papel laboral com total eficiência esperada em relação à pessoas sem
qualquer deficiência.
Porém,
o modelo Biomédico não alcançava mais a resposta à desigualdade e que, pelo contrário, acabava legitimando-a.
Apesar do vasto desenvolvimento das concepções e materiais de adaptação orgânica, que foram desenvolvidos pela
concepção Biomédica, a concepção limitou a deficiência à um padrão.
Pelo Modelo Social da Deficiência
A UPIAS (Union of the Physically Impaired Against Segregation), que fora criada em 1976, redefine a
deficiência em termos de exclusão social (na forma de opressão social) baseados no Materialismo Histórico:
Discriminação pela deficiência em exclusão social.
O surgimento do Modelo Social da Deficiência é efetuado em resposta ao Modelo biomédico, que não alcançava
mais a resposta à desigualdade e que, pelo contrário, acabava legitimando-a.
A deficiência é redefinida em termos sociológicos, e não mais estritamente biológicos e anatômicos.
Portanto...Esse modelo busca deslocar o problema da deficiência do
indivíduo, para uma perspectiva social.
Assim, a experiência de deficiência vai além da lesão, já que são os significados a ela atribuídos pelos grupos sociais
onde ela surge que a concebem como causa de desvantagem.Exemplo de conceituação de deficiência pelo
modelo social:
A minha deficiência não está na incapacidade das minhas
pernas se locomoverem, mas na inacessibilidade dos
ônibus que me impedem a possibilidade de locomoção. A função social não se perde pela lesão, já que a cadeira de rodas
atinge a mesma função de locomoção do que as pernas.
Então a acessibilidade surge como uma forma de
combater a desigualdade, dar autonomia e garantir os direitos sociais e individuais
das pessoas com deficiência?
Se você respondeu que sim...
Você está CERTO! Parabéns!Se você dá acesso à qualquer
pessoa, ela pode exercer a sua cidadania. No caso da deficiência, dar o acesso adequado depende
da sua deficiência...
O início do acesso é a abordagem...
...e como posso (ou não) me direcionar à uma
pessoa com deficiência?Momento
histórico
Termo utilizado Valor de homem
No começo
da história
Os inválidos Sujeito socialmente inútil, sem qualquer
valor político ou social.
Século XX até
1960
Os incapacitados Reconhecimento de uma capacidade
residual nas pessoas com deficiência. Mas
a redução do sujeito era automática em
todos os aspectos. Físico, social,
psicológico, político.
De 1960 até
1980
Os defeituosos ;
Os deficientes e;
os Excepcionais
Os três termos utilizados focavam a
deficiência, mas mantinha sem identidade
a pessoa com deficiência.
De 1981 até
1987
Pessoas
deficientes
Foi atribuído o valor de pessoa, mas
generalizava a deficiência
De 1988 até
1993
Pessoas
portadoras de
deficiência
O "portar algo" não dava conta, pois
subentende-se um grau de escolha em
ter, ou não ter, qualquer deficiência.
De 1990 até
hoje
Pessoas com
necessidades
especiais
Termo inconstitucional, que indica
categoria diferenciada às pessoas com
deficiência. Os que necessitam de algo
especial
Continuando a termologia...Momento
histórico
Termo
utilizado
Valor de homem
De 1990 até
hoje
Pessoas
especiais
O termo "especial" não agrega valor de
identidade à pessoa, pois novamente cria
uma categoria diferente à pessoa com
deficiência
Em junho de
1994
Pessoas com
deficiência
Reconhecimento de uma identidade, que
configura-se com uma categoria médica,
estética e funcional diferente das pessoas
sem deficiência.
Em maio de
2002
Portadores de
direitos
especiais
Termo inconstitucional, que indica uma
necessidade de tratamento legal diferenciado
às pessoas com deficiência.
De 1990 até
hoje
(atualmente
utilizado)
Pessoas com
deficiência
Reconhecimento de uma identidade, que
configura-se com uma categoria médica,
estética e funcional diferente das
pessoas sem deficiência.
Comprometimento físico Pessoa com deficiência Física
Comprometimento “mental”Pessoa com deficiência
intelectual
Mas como sabemos, essa pessoa em nossa frente
apenas tem um modo de vida diferenciado, podemos chamá-la normalmente pelo seu nome
respeitando as suas possibilidades, como qualquer
outro cliente.
Mas sabemos que o tipo de deficiência é fundamental para compreendermos a adaptação
do atendimento que possa oferecer o melhor
atendimento...
Vamos conhecer um pouco então das necessidades:
As pessoas com Deficiência Física:
Geralmente mantém um grau alto de autonomia, às vezes uma amputação de um
braço causa dificuldade na escrita, ou um cadeirante terá dificuldade no acesso ao ambiente que não contenha rampas (não muito íngremes) nem elevadores. Mas de maneira geral, o atendimento funcionará
sem adaptações maiores
As pessoas com Deficiência visual:
Também mantém um grau alto de autonomia, a leitura é possível apenas
mediada, que alguém leia para a pessoa (documentos legais devem estar em braile,
ou preciso de uma procuração para o tradutor da escrita representar a pessoa
com deficiência visual) e a escuta é preservada, ou seja, é muito adequado que
as tratativas sejam feitas verbalmente e pela fala e escuta. O ambiente precisa oferecer guias no chão, corrimão em
escadas e em ambientes de transporte (ex: elevadores).
As pessoas com Deficiência auditiva:
A comunicação deve ser por LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, ou por verbalizações
escrita (caso a pessoa seja alfabetizada). O ambiente não necessita de adaptações estruturais, apenas de funcionários que entendam e possam se comunicar por
LIBRAS.
É possível acessar um dicionário para conhecer mais sobre LIBRAS no site -
http://www.acessobrasil.org.br/libras/
As pessoas com Deficiência intelectual:
O grau de autonomia depende do grau de habilidades adaptativas afetadas pela deficiência. Se a pessoa for incapaz
judicialmente, somente o seu tutor poderá responder oficialmente por ela. Caso ela
possa desenvolver as faculdades suficientes para compreensão do
atendimento, não é necessária qualquer adaptação no atendimento. É comum
casos de pessoas com deficiência intelectual que não precisa de qualquer
atendimento exclusivo, (Ex: Algumas pessoas com Síndrome de Down, com
Autismo leve)
E ergonomicamente, como preparar o espaço para receber pessoas com
deficiência?Existem variadas normas reguladoras técnicas (NBRs) sobre a
acessibilidade em locais de público acesso, ou ambientes laborais para pessoas com deficiência.
Essas normas foram pautadas na política nacional para integração da pessoa portadora de deficiência, originadas
pela Lei nº 7.853/89 e pelo Decreto nº 3.298/99.
Você pode acessá-las no site - http://www.deficienteonline.com.br/principais-normas-de-acessibilidade-para-deficientes___9.html
A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao
lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgão e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos
desta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I – na área da educação; 2 – na área da saúde; 3 - na área da formação profissional e do trabalho; 4 - na área de recursos humanos e; 5 – na área das edificações.
Você pode acessar a lei no site - www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm
...se o atendimento que você fará no futuro oferecerá acessibilidade,
autonomia e garantia dos direitos às pessoas com deficiência?
Isso depende apenas de você!
Por fim, cabe refletir...