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Atenção a Homens autores de Violência Anne Caroline Luz Grüdtner da Silva

Atenção a Homens autores de Violência

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Page 1: Atenção a Homens autores de Violência

Atenção a Homens autores de Violência

Anne Caroline Luz Grüdtner da Silva

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O Homem e a Violência

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Homem x Violência

O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, ou como vítima

As agressões sofridas por homens são mais graves e demandam maior tempo de internação

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Impacto da Violência

Vítimas de Homicídio no Brasil por arma de fogo em 2012

Adaptado de Waiselfisz (2013)

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Impacto da Violência

• As taxas de mortalidade por homicídio entre os homens são três vezes mais altas do que entre as mulheres.

• No ano de 2000, os suicídios tiraram a vida de cerca de 815 mil pessoas. Mais de 60% ocorreram entre homens (KRUG et al, 2002).

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Impacto da Violência

Em 2009, o inquérito Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA) identificou 4.012 atendimentos a vítimas de violências em serviços de urgência e emergência.

Destes, 72,6% foram de homens. Em 77% dos casos, um homem foi apontado como o autor da agressão.

Na violência doméstica é o principal autor

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PNASIH

A integralidade na atenção à saúde do homem implica na visão sistêmica do processo da violência,

requerendo a des-essencialização de seu papel de agressor.

Considerar os fatores que vulnerabilizam o homem à autoria da violência, para intervir nas causas (BRASIL,

2008).

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Questões de Gênero

O conceito de gênero é socialmente construído, e refere-se à organização das relações sociais e econômicas entre os sexos, especialmente na divisão do trabalho e do poder.

Fonte: ZéDassilva/Grupo RBS

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Questões de Gênero

Cada um dos dois gêneros é construído como corpo socialmente diferenciado do sexo oposto

A aquisição de atributos masculinos comumente se caracteriza por processos violentos

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Questões de Gênero

No modelo hegemônico são características de masculinidade:

• a força;

• poder sobre os mais fracos (sobre as mulheres ou sobre outros homens);

• a atividade (contrário de passividade);

• a potência; a resistência; a invulnerabilidade.

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Violência de Gênero

A violência de gênero se caracteriza por qualquer ato de agressão física, de relações sexuais forçadas e outras formas de coerção sexual, maus-tratos psicológicos e controle de comportamento que resulte em danos físicos ou emocionais, perpetrado com abuso de poder de uma pessoa contra a outra, em uma relação marcada pela desigualdade e assimetria entre gêneros (ZUMA et al, 2009).

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Questões de Gênero

A despeito dessa relevante associação entre masculinidade e violência, não se conclui que ser

homem é ser violento, pois outros modelos de masculinidade coexistem com os mais tradicionais.

É fundamental considerar as singularidades de cada um, bem como os contextos etários,

socioeconômicos, de raça e etnia.

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E o profissional de saúde?

Os serviços de saúde apresentam um papel importante no enfrentamento da violência, pois muitas pessoas procuram estes serviços para tratamento dos problemas de saúde advindos do abuso.

Locais de alerta para detecção de eventos violentos e atenção aos envolvidos.

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Atenção ao Homem autor de Violência

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Objetivo

- atendimento a homens autores de violência baseia-se na ideia de que o sujeito pode reconhecer e responsabilizar-se pela violência que comete, procurando formas de expressão não violentas.

- engajamento dos homens na promoção da equidade de gênero e em ações pelo fim da violência de homens contra mulheres (TONELI et al, 2010).

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Importante

Para reduzir os índices de violência baseada em gênero é primordial implementar ações mais eficazes de segurança pública, aliadas a ações em saúde dirigidas aos homens, tanto de caráter preventivo como de atendimento a autores de violência.

O trabalho com homens, em conjunto com trabalhos realizados junto às mulheres, seria uma alternativa mais eficaz na redução, contenção e prevenção da violência conjugal.

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Atenção

Isso não significa negar que há vítimas, e sim atentar para a complexidade da questão e apresentar medidas que contemplem todos os sujeitos envolvidos e suas especificidades.

Embora a penalização seja adequada em muitos casos, ela não é uma solução simples e direta (BEIRAS et al, 2012).

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Legislação

Lei No 11.340/ Maria da Penha - 2006

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) – 2008

Convenção de Istambul – 2011

Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres no Brasil – 2011

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Diretrizes para a atenção

O atendimento as situações de violência intrafamiliar deve incluir a atenção a homens agressores, buscando os seguintes objetivos: • Auxiliá-los a compreender a

gravidade de seu comportamento;

• Identificar a existência ou não de violência nas relações afetivas anteriores, bem como na família de origem;

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Diretrizes para a Atenção

• Levá-los a compreender quais situações provocam o comportamento violento;

• Avaliar o quanto sentem-se motivados a receber auxílio para modificar este comportamento;

• Encorajá-los a responsabilizar-se por seus pensamentos, sentimentos, percepções e comportamentos;

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Diretrizes para a Atenção

• Informá-los sobre as diversas formas de violência e seu impacto na vida das pessoas envolvidas;

• Auxiliá-los a desenvolver uma forma mais positiva de pensar e sentir sobre si mesmos, fortalecendo sua autoestima;

• Auxiliá-los a exercitar novas e mais adequadas formas de expressar sua agressividade (BRASIL, 2001).

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Identificando Situações de Violência

• Screening de Rotina para descobrir potenciais agressores

• Quando se sente irritado, agride verbalmente ou fisicamente a sua parceira?

• Alguma vez você chegou a machucar a sua parceira durante uma briga?

• Você tem medo de perder o controle e chegar a machuca-la um dia?

• Alguma vez forçou a sua companheira a ter relações sexuais quando ela não queria?

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Modelo de Intervenção

principais modelos de intervenção com homens que praticam violência conjugal são:

• modelo psicopatológico

• enfoque psicoeducativo pró-feminista

• enfoque cognitivo-comportamental

• enfoque construtivista-narrativista com perspectiva de gênero (Antezana, 2012)

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Modelo Psicopatológico

• desenvolvido por psicólogos, considera a violência no casal como um distúrbio da personalidade, desconsiderando a questão sociocultural de gênero.

• Perspectiva clínica e psicoterapêutica, abordando no tratamento dos homens dimensões como apego, vergonha, culpa e experiências traumáticas.

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Enfoque Psicoeducativo pró-feminista

• é favorável aos valores feministas e considera o problema de violência de gênero no âmbito das relações de poder e controle dos homens sobre as mulheres.

• A intervenção mais conhecida é o modelo Duluth, cuja metodologia se baseia na criação de grupos educativos.

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Enfoque Cognitivo-Comportamental • desenvolvido por psicólogos, considera a violência

um problema dos pensamentos, crenças e condutas das pessoas mais do que uma questão de poder e controle sobre o cônjuge.

• a intervenção é dirigida aos pensamentos considerados “incorretos”, dando prioridade à cognição.

• não incluem o gênero como tópico relevante para o problema, posicionando a questão no nível individual.

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Enfoque Construtivista-narrativista com perspectiva de gênero

• baseado na perspectiva construtivista, considera ao mesmo tempo o contexto sociocultural e político próprio dos enfoques pró-feministas e das teorias de gênero.

• a violência que homens desenvolvem contra as mulheres não é um fenômeno isolado devido a uma mente “errada”, e sim uma questão social inserida numa subjetividade individual.

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Importante

• intervenções convencionais, buscando causas para o comportamento violento, um perfil do autor de violência ou explicações exclusivamente intrapsíquicas não são suficientes ou satisfatórias.

• a utilização de grupos de conversação e reflexão vem sendo valorizados. Estes grupos devem buscar formas de flexibilizar e construir masculinidades não violentas, promovendo novas aprendizagens nas relações familiares e sociais baseadas no limite e respeito (BEIRAS, 2009; RAVAZZOLLA, 2007).

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Recomendações

• Parcerias com serviços que atuam com mulheres em situação de violência são importantes;

• A dimensão de gênero deve ser implementada;

• Os programas devem ser avaliados constantemente;

• Devem ser garantidas capacitações e material didático para os profissionais;

• Avaliação individual do participante antes da entrada em grupo;

• Trabalho em rede.

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No Brasil

• um dos modelos mais conhecidos de intervenção é o desenvolvido pelo Instituto NOOS (RJ - 1999).

• grupos reflexivos de gênero com homens, com um enfoque sistêmico.

• Trabalho em grupo visa a reconstrução de significados sobre modelos de masculinidade e relações de gênero, e permite o compartilhamento de experiências comuns em situações semelhantes e consequentemente a percepção de outras maneiras de expressão da masculinidade.

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NOOS

• Grupos semanais, com duração de duas horas e meia por encontro, durante cinco meses, num total de 20 encontros, com no máximo 12 homens.

• Grupos conduzidos por dois facilitadores.

• compromisso de convivência e não-violência ativa, levantamento temático e dinâmicas geradoras de conversas (BEIRAS, 2009).

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No Brasil

• NAFAVD - Núcleo de Atendimento à Família e aos autores de violência Doméstica (DF-2003).

• acompanhamento psicossocial.

• objetiva provocar reflexões sobre as questões de gênero, comunicação, reconhecimento e expressão de sentimentos, Lei Maria da Penha, entre outros temas relacionados à violência contra a mulher.

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NAVAFD

• inicia com atendimentos individuais.

• grupo com duração aproximada de três meses, duração média de duas horas, e acontecem semanalmente.

• Ao final do acompanhamento é realizada uma avaliação junto ao usuário de sua participação no programa e de possibilidades de outros encaminhamentos.

• duração média de seis meses.

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Possibilidades de Prevenção

- 6 de dezembro de 1989, Montreal – Canadá

- Presente em todos os continentes, em 55 países

- ONU: maior iniciativa mundial

- Instituto PAPAI (2001)

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Links Úteis

Instituto NOOS - http://noos.org.br/portal/

Instituto PAPAI -

http://institutopapai.blogspot.com.br/

Campanha do Laço Branco -

http://lacobrancobrasil.blogspot.com.br/

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Referências • BEIRAS, A. Grupos de Homens autores de violência: possibilidades de intervenções diante das

recomendações propostas na lei Maria da Penha. in Ronvinski, S. L. R. e Moraes, R. org, 1 ed, São Paulo: Vetor, 2009.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço. Série Cadernos da Atenção Básica n. 8, 2001.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Viva: vigilância de violências e acidentes, 2008 e 2009. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Brasília, 2008.

• GOMES, N. P. et al. Compreendendo a violência doméstica a partir das categorias gênero e geração. Acta Paul. Enferm., São Paulo, v. 20, n. 4, dec. 2007.

• KRUG et al, eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, 2002. • MINAYO, M.C.S. Laços perigosos entre machismo e violência. Cien Saude Colet, v. 10, n.1, p. 18-

26, 2005 • TONELI, M.J.F., LAGO, M.C.S., BEIRAS, A., CLIMACO, D.A. (org). Atendimento a homens autores

de violência contra as mulheres: experiências latino-americanas. Florianópolis: UFSC/CFH/NUPPE, 2010.

• ZUMA, C. E.; MENDES, C. H. F.; CAVALCANTI, L. F.; GOMES, R. Violência de gênero na vida adulta. In: NJAINE, K. (Org.). Impactos da violência na saúde. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz; Educação à Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, 2009.

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Obrigada pela atenção