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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................... ..........................................................................4 2. ATERROS SOBRE SOLOS MOLES................................................5 3. MÉTODOS CONSTRUTIVOS.....................................................5 3.1 ATERRO CONVENCIONAL COM SOBRECARGA TEMPORÁRIA................................5 3.2 ATERROS CONSTRUÍDOS EM ETAPAS, COM BERMAS LATERAIS E REFORÇADOS.................6 3.3 ATERRO SOBRE DRENOS VERTICAIS.............................................6 3.4 ATERROS LEVES..........................................................7 4. ESTRUTURA DOS SOLOS......................................................8 3.1 NÍVEL DE TENSÕES........................................................8 3.2 GRAU DE SATURAÇÃO.......................................................9 3.3 HISTÓRIA DE TENSÕES E TENSÃO DE P-ADENSAMENTO.............................9 3.3.1 SOLO NORMALMENTE ADENSADO ¿ = σ'om )...................................................................................... 10 3.3.2 SOLO P-ADENSADO ( σ'vm > σ'om)........................................................................................... 11 3.4 RECALQUES...........................................................11 3.4.1 ANALOGIA HIDROMECÂNICA......................................................................................................... 11 3.4.2 CÁLCULO DE RECALQUES................................................................................................................ 14 3.4.3 RECALQUE SECUNDÁRIO....................................................................................................................... 17 3.5 ACELERAÇÃO DE RECALQUES.............................................18 3.5.1 DRENOS VERTICAIS............................................................................................................................... 18 3.5.2 DRENOS DE AREIA................................................................................................................................ 20 3.5.3 DRENOS FIBROQUÍMICOS...................................................................................................................... 21 3.5.4 SOBRECARGA TEMPORÁRIA.................................................................................................................... 23 3.5.5 ADENSAMENTO A VÁCUO....................................................................................................................... 25 5. ANÁLISE DE ESTABILIDADE.................................................25 5. ATERROS SOBRE ESTACAS E COLUNAS..............................................27 5.1 SOLOS MOLES...........................................................27 5.2 CONSTRUÇÃO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES...................................28 5.3 ATERROS SOBRE ESTACAS...................................................30 5.4 ATERROS SOBRE COLUNAS..................................................32 5.4.1 COLUNAS DE MATERIAL GRANULAR........................................................................................................ 33 5.4.2 COLUNAS DE BRITA.............................................................................................................................. 33 1

Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

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Aterros sobre solos moles: Caracterizações Gerais e Aplicações.

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Page 1: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................4

2. ATERROS SOBRE SOLOS MOLES................................................................................................................... 5

3. MÉTODOS CONSTRUTIVOS.......................................................................................................................... 5

3.1 ATERRO CONVENCIONAL COM SOBRECARGA TEMPORÁRIA.......................................................................................53.2 ATERROS CONSTRUÍDOS EM ETAPAS, COM BERMAS LATERAIS E REFORÇADOS..............................................................63.3 ATERRO SOBRE DRENOS VERTICAIS......................................................................................................................63.4 ATERROS LEVES...............................................................................................................................................7

4. ESTRUTURA DOS SOLOS.............................................................................................................................. 8

3.1 NÍVEL DE TENSÕES...........................................................................................................................................83.2 GRAU DE SATURAÇÃO......................................................................................................................................93.3 HISTÓRIA DE TENSÕES E TENSÃO DE PRÉ-ADENSAMENTO.......................................................................................9

3.3.1 SOLO NORMALMENTE ADENSADO ¿ =σ ' om ).............................................................................................10

3.3.2 SOLO PRÉ-ADENSADO (σ ' vm > σ ' om)...................................................................................................113.4 RECALQUES...............................................................................................................................................11

3.4.1 ANALOGIA HIDROMECÂNICA...............................................................................................................113.4.2 CÁLCULO DE RECALQUES.....................................................................................................................143.4.3 RECALQUE SECUNDÁRIO.............................................................................................................................17

3.5 ACELERAÇÃO DE RECALQUES...................................................................................................................183.5.1 DRENOS VERTICAIS...................................................................................................................................183.5.2 DRENOS DE AREIA.....................................................................................................................................203.5.3 DRENOS FIBROQUÍMICOS............................................................................................................................213.5.4 SOBRECARGA TEMPORÁRIA.........................................................................................................................233.5.5 ADENSAMENTO A VÁCUO...........................................................................................................................25

5. ANÁLISE DE ESTABILIDADE........................................................................................................................ 25

5. ATERROS SOBRE ESTACAS E COLUNAS................................................................................................................. 27

5.1 SOLOS MOLES..............................................................................................................................................275.2 CONSTRUÇÃO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES................................................................................................285.3 ATERROS SOBRE ESTACAS................................................................................................................................305.4 ATERROS SOBRE COLUNAS..............................................................................................................................32

5.4.1 COLUNAS DE MATERIAL GRANULAR.............................................................................................................335.4.2 COLUNAS DE BRITA...................................................................................................................................33

6 MONITORAMENTO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES............................................................................................34

6.1 MEDIDORES DE DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS E VERTICAIS..................................................................................346.2 RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DA ARGILA..............................................................................................................36

6. CONCLUSÃO............................................................................................................................................. 37

7. REFERÊNCIAS............................................................................................................................................ 37

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Page 2: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ATERRO SOBRE DRENOS VERTICAIS..............................................................................6

FIGURA 2 - BLOCOS DE EPS............................................................................................................7

FIGURA 3 - CONFIGURAÇÃO DOS GRÃOS.........................................................................................8

FIGURA 4 - CURVA TENSÃO-DEFORMAÇÃO - SOLO ARENOSO.........................................................9

FIGURA 5 - GRÁFICO "HISTÓRIA DE TENSÕES".............................................................................10

FIGURA 6 - SITUAÇÕES DE CARREGAMENTO E TRANSFERÊNCIA DE TENSÕES..............................13

FIGURA 7 - SITUAÇÕES DE RECALQUE...........................................................................................14

FIGURA 8 - RECALQUE DE SOLO NORMALMENTE ADENSADO........................................................15

FIGURA 9 - RECALQUE DE SOLO PRÉ-ADENSADO...........................................................................15

FIGURA 10 - COEFICIENTE DE ADENSAMENTO SECUNDÁRIO........................................................19

FIGURA 11 - DRENOS VERTICAIS INSTALADOS..............................................................................20

FIGURA 12 - CONFIGURAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS..................................................................20

FIGURA 13 - SENTIDOS DE DRENAGEM..........................................................................................21

FIGURA 14 - DISPOSIÇÃO DOS DRENOS.........................................................................................22

FIGURA 15 - PROCESSO DE CAVAÇÃO DOS GEODRENOS...............................................................23

FIGURA 16 - APLICAÇÃO DE SOBRECARGA TEMPORÁRIA SOBRE SOLOS MOLES............................24

FIGURA 17 - EMPREGO DE SOBRECARGA TEMPORÁRIA SOBRE SOLOS MOLES...............................25

FIGURA 18 - SISTEMA DE ADENSAMENTO A VÁCUO......................................................................26

FIGURA 19 - ESFORÇOS NA SUPERFÍCIE.........................................................................................28

FIGURA 20 - EXEMPLO DE SOLO MOLE..........................................................................................29

FIGURA 21 - GEOMETRIAS REAL E IDEAL DE ATERROS.................................................................30

FIGURA 22 - REPRESENTAÇÃO DE ATERRO SOBRE ESTACAS.........................................................32

FIGURA 23 - ATERRO SOBRE ESTACAS...........................................................................................32

FIGURA 24 - REPRESENTAÇÃO DE RECALQUES EM ATERROS SOBRE ESTACAS..............................33

FIGURA 25 - ATERRO SOBRE COLUNAS DE MATERIAL GRANULAR................................................34

FIGURA 26 - ATERRO SOBRE COLUNAS DE BRITA..........................................................................35

FIGURA 27 - INCLINÔMETRO..........................................................................................................36

FIGURA 28 - PALHETA - VANE TEST..............................................................................................37

Tabela 1 - Correlações empíricas para obtenção de Cc........................................................................16

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Page 3: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

LISTA DE EQUAÇÕES

EQUAÇÃO 1 - RAZÃO DE PRÉ-ADENSAMENTO.................................................................................9

EQUAÇÃO 2 - CÁLCULO DE RECALQUE DE SOLO NORMALMENTE ADENSADO...............................13

EQUAÇÃO 3 - CÁLCULO DE RECALQUE DE SOLO PRÉ-ADENSADO.................................................13

EQUAÇÃO 4 - EXPANSÃO DO SOLO................................................................................................14

EQUAÇÃO 5 - CÁLCULO DO RECALQUE..........................................................................................16

EQUAÇÃO 6 - EQUAÇÃO DE KJELLMAN.........................................................................................20

EQUAÇÃO 7 - RECALQUE SECUNDÁRIO.........................................................................................29

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Page 4: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

1. INTRODUÇÃO

Construir aterros sobre solos moles e compressíveis é um desafio que se apresenta

com uma frequência crescente a engenharia. Para a construção sobre solos de baixa

capacidade de suporte ou “solos moles” como são comumente conhecido, duas condições

deve ser respeitadas; a primeira delas é a garantia da estabilidade evitando a ruptura total ou

parcial das fundações e a segunda é a manutenção de suas deformações, sejam elas verticais

ou horizontais. Existema algumas alternativas que garantem a diminuição de recalques

construtivos e melhoram as características gerais da obra: construir aterros sobre estacas que

impactam positivamente no tempo de execução; e aterros sobre colunas que reduzem

substancialmente as possibilidades de recalque. Apesar disso, a alternativa mais comum para

este problema é a execução de drenos verticais, estes são inseridos dentro da camada de solo

mole com o propósito de promover a redução dos recalques após a construção, acelerar o

ganho de resistência ao cisalhamento e da capacidade de carga devido ao adensamento ao

diminuir o caminho máximo de drenagem dentro da camada de solo que esta sofrendo a

drenagem vertical.

A fim de que haja uma melhoria na parte de projeto visando eliminar quaisquer

problemas durante a execução, deve-se fazer um constante monitoramento. Os tipos mais

comuns estão relacionados aos deslocamentos verticais e horizontais e à resistência não-

drenada da argila.

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Page 5: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

2. ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

Os solos moles quando encontrados em obras de movimentação de terras, para espessuras

inferiores a 4,00 m devem ser removidos e depositados em forma de bota-fora. Para espessuras

superiores a 4,00 m devem ser estabilizados para possibilitar seu emprego como terreno de

fundação dos aterros. A necessidade de remoção de solos moles deve ser indicada na fase de

projeto, definindo as espessuras das camadas a remover.

Os solos moles são compostos por sedimentos argilosos com valores de SPT ≤ 4, ou seja,

argilas moles, areias argilosas fofas de deposição recente, depósitos de solos orgânicos e solos

hidromórficos, em geral, existentes em zonas baixas, alagadiças, mangues e brejos; várzeas de

rios; antigos leitos de cursos d'água; e planícies de sedimentação marinha. Os solos argilosos

moles são caracterizados pela sua baixa resistência, uma compressibilidade muito acentuada

(devido ao teor em água e índice de vazios muito elevados) e uma permeabilidade muito baixa, o

que leva a que a expulsão de água seja tipicamente muito demorada, fazendo com que os

assentamentos das superfícies do terreno ocorram por períodos de tempo muito dilatados. Estas

características dificultam as construções, tornando necessário adotar técnicas que permitam

ultrapassar essas dificuldades, através da redução da compressibilidade edo aumento da

permeabilidade do solo.

3. MÉTODOS CONSTRUTIVOS

3.1 ATERRO CONVENCIONAL COM SOBRECARGA TEMPORÁRIA

Consiste em um aterro executado sem dispositivos de controle de recalque ou de

estabilidade. O mais comum é que o aterro convencional tenha sobrecarga temporária para

aumentar a velocidade dos recalques primários e compensar os recalques secundários. Apesar

disto, este método construtivo tem um prazo elevado para estabilização dos recalques e

necessita de um grande volume de terraplanagem associado a empréstimo e bota-fora.

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Page 6: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

3.2 ATERROS CONSTRUÍDOS EM ETAPAS, COM BERMAS LATERAIS E REFORÇADOS

Quando a resistência não drenada das camadas superiores do depósito mole é baixa,

torna-se necessária a redução da altura do aterro. Para isso, pode-se construir o aterro em

etapas, permitindo o paulatino ganho de resistência da argila. Outra solução está na utilização

de bermas de equilíbrio, que permite aumentar o fator de segurança quanto à ruptura e

distribuir melhor as tensões. Após o uso de bermas, os geossintéticos para reforço estrutural

devem ser instalados para evitar danos mecânicos à estrutura.

3.3 ATERRO SOBRE DRENOS VERTICAIS

Também conhecidos como geodrenos, consistem em um núcleo plástico com ranhuras

em forma de canaleta, envolto em um filtro de geossintético não tecido de baixa gramatura.

Nos aterros feitos sobre geodrenos, executa-se inicialmente a camada drenante e os drenos

são solidarizados à sapata de cravação. Em geral, são associados a sobrecargas temporárias,

ou seja, instalam-se drenos verticais e aplica-se um vácuo neste sistema.

Figura 1 - Aterro sobre drenos verticais

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Page 7: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

3.4 ATERROS LEVES

Esta técnica consiste no uso de materiais leves no corpo de aterro, reduzindo a

magnitude dos recalques. Tem como vantagem a melhoria nas condições de estabilidade

desses aterros, permitindo também a implantação mais rápida da obra e diminuindo

recalques diferenciais. Atualmente há grande emprego do Poliestireno expandido. A

técnica consiste na substituição parcial do aterro tradicional por blocos de EPS de alta

densidade. Fácil de manipular, biologicamente inerte, extremamente leve e com alta

resistência mecânica, sobretudo à compressão, o EPS é um material celular plástico que

consiste de pequenas partículas de forma esférica. Com estrutura microcelular contendo

aproximadamente 98% de ar, o poliestireno expandido tem peso específico da ordem de

1% em relação aos solos, mas com boas propriedades mecânicas. Dessa forma, quando

devidamente aplicado, pode reduzir as possibilidades de deformações das camadas moles

do terreno.

As vantagens do uso de EPS nas obras são sua baixa densidade, baixa absorção de

água, resistência mecânica, resistência à compressão, fácil manuseio, versatilidade de

tamanhos e formatos e redução de prazos. São utilizados os blocos de EPS substituindo o

solo que seria usado no aterro, em seguida, é executada uma camada protetora de

concreto para redistribuir as tensões sobre o EPS e evitar o puncionamento desse

material.

Figura 2 - Blocos de EPS

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Page 8: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

4. ESTRUTURA DOS SOLOS

A estrutura dos solos é um fator importante na definição da sua compressibilidade. Solos

granulares podem ser arranjados em estruturas fofas, densas e favo de abelha (solos finos),

conforme mostrado na Figura abaixo. Considerando que os grãos são admitidos como

incompressíveis, quanto maior o índice de vazios, maior será a compressibilidade do solo.

Figura 3 - Configuração dos grãos

3.1 NÍVEL DE TENSÕES

O nível de tensões a que o solo está sendo submetido interfere na sua compressibilidade

tanto no que diz respeito à movimentação relativa entre partículas, quanto na possibilidade de

acarretar em processos de quebra de grãos.

A figura abaixo ilustra a influência do nível de tensões. Nesta figura, quanto mais vertical

é a tangente à curva, maior é a compressibilidade do material. Quando, por exemplo, um solo

arenoso fofo é comprimido, as partículas vão se posicionando em arranjos cada vez mais densos,

diminuindo a compressibilidade do solo. A medida que o nível de tensões é aumentado, elevam-

se as tensões intergranulares acarretando em fraturamento e/ou esmagamento das partículas.

Com a quebra de grãos, a compressibilidade aumenta sensivelmente.

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Page 9: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 4 - Curva Tensão-Deformação - solo arenoso

3.2 GRAU DE SATURAÇÃO

No caso de solos saturados, a variação de volume ocorre por uma variação de volume de

água contida nos vazios (escape ou entrada). No caso de solos não saturados, o problema é mais

complexo uma vez que, ao contrário da água, a compressibilidade do ar é grande e pode interferir

na magnitude total das deformações.

3.3 HISTÓRIA DE TENSÕES E TENSÃO DE PRÉ-ADENSAMENTO

No caso da utilização da curva e x log 𝜎’v (Figura 5), observa-se, diferentemente dos

outros gráfico, uma mudança brusca de inclinação da tangente à curva de compressibilidade.

Este fato se dá porque este tipo de gráfico permite observar claramente quando o solo muda de

comportamento. No trecho inicial, de menor compressibilidade, o solo está, na realidade, sendo

submetido a um processo de recompressão.

No trecho seguinte, o solo está sendo carregado, pela primeira vez, para valores de

tensão efetiva maiores do que os máximos que o depósito já foi submetido (Figura 2.10). Assim

sendo, o limite entre os dois trechos é definido por um valor de tensão efetiva correspondente à

máxima tensão efetiva que o solo foi submetido em toda sua história. A esta tensão efetiva dá-se

o nome de tensão efetiva de pré-adensamento (𝜎’vm).

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Page 10: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 5 - Gráfico "História de Tensões"

Originalmente, acreditava-se que o trecho de compressão virgem pudesse ser

representado por uma reta. Entretanto, com os avanços das técnicas de amostragem e preparação

de corpos de prova para realização de ensaios; isto é, com a melhoria da qualidade das amostras,

tem-se verificado a não linearidade do trecho de compressão virgem. Há uma redução da

compressibilidade (cc) com o aumento do nível de tensão efetiva. Este comportamento pode ser

atribuído à indução de alinhamento das partículas com o aumento da tensão efetiva vertical. Com

isso, gera-se uma mudança na estrutura e, consequentemente, na compressibilidade do material.

O conhecimento do valor de σ’vm é extremamente importante para o estudo do comportamento

dos solos, pois representa a fronteira entre deformações relativamente pequenas e muito grandes.

Na prática, a relação entre a tensão efetiva de pré-adensamento (σ’vm) e a tensão efetiva vertical

de campo (σ’vo ) pode se dar de duas maneiras:

3.3.1 SOLO NORMALMENTE ADENSADO ¿¿ =σ ' om )

Neste caso, o solo nunca foi submetido a uma tensão efetiva vertical maior a atual. Para

esta condição diz-se que o solo é normalmente adensado e sua Razão de Pré-Adensamento

(RPA) ou OCR (“Over Consolidation Ratio”), definida como sendo:

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Page 11: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

RPA=σ ' vm

σ ' om

Equação 1 - Razão de pré-adensamento

é igual à unidade (RPA = 1,0).

Durante a formação de um solo sedimentar, por exemplo, as tensões vão crescendo

continuamente com a deposição de novas camadas. Nesses casos, nenhum elemento foi

submetido a tensões efetivas maiores do que as atuais.

3.3.2 SOLO PRÉ-ADENSADO (σ ' vm > σ ' om)

Se a tensão efetiva de pré-adensamento (σ’vm) é maior que a tensão efetiva vertical de

campo (σ’vo), conclui-se que, no passado, o depósito já foi submetido a um estado de tensões

superior ao atual. A Razão de Pré-Adensamento (RPA) será sempre maior do que 1 e a este

material dá-se o nome de solo pré-adensado.

3.4 RECALQUES

3.4.1 ANALOGIA HIDROMECÂNICA

Quando um solo saturado é submetido a um carregamento, parte da carga é transmitida

para o arcabouço sólido e parte é resistida pela água. A forma como esta divisão acontece na

prática pode ser visualizada a partir da analogia hidromecânica apresentada na figura abaixo.

A Figura abaixo (a) mostra um cilindro de solo saturado com uma pedra porosa no topo,

que permite passagem de água. Considerando o arcabouço sólido como uma mola e a existência

de uma válvula que regule a passagem de água pode-se observar o comportamento das duas fases

em separado. Quando uma carga é transmitida ao conjunto mola (solo) / água, as parcelas que

serão resistidas, respectivamente, pela água e pelo arcabouço sólido irão depender da velocidade

com que a água escapa. Imediatamente após a aplicação da carga (t = 0), toda a carga é suportada

pela água. À medida que ocorre o escape da água (t = 0+), as cargas vão sendo transferidas para

a mola, até que, ao final do processo (t = ∞), toda a carga passa a ser resistida pela mola,

chegando-se a uma condição de equilíbrio. Nesta analogia, o deslocamento do pistão representa

o recalque observado na superfície do solo devido à aplicação de uma tensão vertical. A este

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Page 12: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

recalque dá se o nome de recalque por adensamento ou primário.

O processo gradual de transferência de tensões entre a água (poropressão) e o arcabouço

sólido (tensão efetiva) é denominado de Adensamento ou Consolidação. Ao observar este

processo, verifica-se que a magnitude do deslocamento do pistão depende exclusivamente da

compressibilidade da mola e não do conjunto mola + água. Respeitando-se a analogia, conclui-

se, portanto que a compressibilidade de um solo está associada exclusivamente à variação das

tensões efetivas e não das tensões totais (σ=σ '+u).

É interessante ressaltar que o modelo mostrado na Figura a seguir, incorpora a condição

de deformação horizontal nula. Na prática, essa situação ocorre quando a área carregada é muito

superior à espessura da camada. Em outras palavras, o carregamento é considerado infinito e

tanto as deformações quanto o fluxo de água como o fluxo de água são exclusivamente verticais.

Em situações de carregamento finito, após a aplicação da carga, o solo sofre tanto

deformações verticais quanto horizontais, como mostra o segundo conjunto de figuras abaixo.

A existência de deformações horizontais faz com que parte do carregamento seja

transmitida ao arcabouço sólido e parte à água. Assim sendo, os excessos iniciais de poropressão

gerados pelo carregamento não se igualam à variação de tensão vertical (∆ u ≠ ∆ σ ). A parcela que

é transmitida instantaneamente à mola, equivale a uma variação da tensão efetiva. Em face desta

variação de tensões efetivas, o solo varia de volume resultando em recalques denominados

iniciais ou não drenados.

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Page 13: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 6 - Situações de Carregamento e Transferência de Tensões

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Page 14: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 7 - Situações de recalque

Assim sendo, para carregamentos finitos, inicialmente ocorrem recalques devido aos

deslocamentos horizontais do solo da fundação (recalques iniciais) e, numa segunda fase, tais

recalques só ocorrerão se houver a expulsão de água de forma análoga à analogia do

carregamento infinito. A este recalque dá se o nome de recalque por adensamento ou primário.

Em geral, esses dois tipos ocorrem simultaneamente, preponderando em determinadas condições

um ou outro.

A única diferença entre os recalques de adensamento para as situações de carregamento

finito x infinito está no valor do excesso de poropressão inicial a ser transmitido para o

arcabouço sólido.

3.4.2 CÁLCULO DE RECALQUES

De maneira geral os recalques podem ser divididos em 3 categorias como mostra a Figura

8. Além dos recalques inicial e de adensamento, observa-se uma última fase, denominada de

recalque secundário. O Recalque total (σ T) é, então, determinado somando-se todas as parcelas.

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Page 15: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 8 - Recalque de solo normalmente adensado

Equação 2 - Cálculo de recalque de solo normalmente adensado

Caso a tensão efetiva vertical final ultrapasse a tensão efetiva de pré-adensamento; isto é,

se σ ' vf > σ ' vmtem-se:

Figura 9 - Recalque de solo pré-adensado

Equação 3 - Cálculo de recalque de solo pré-adensado

Quando esta situação ocorre, a tensão efetiva de pré-adensamento, que representa a

máxima tensão efetiva que o elemento foi submetido na história do depóstito, passa a ser igual à

tensão efetiva final induzida pelo carregamento ¿ = σ ' vm).

Para situações de descarregamento, a expansão do solo é calculada em função da

compressibilidade definida pela inclinação Cs, da curva de compressibilidade; isto é:

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Page 16: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Equação 4 - Expansão do solo

3.4.2.1 ESTIMATIVA DO PARÂMETRO DE COMPRESSIBILIDADE CC

Na ausência de ensaios de laboratório, os valores de Cc podem ser estimados

preliminarmente, por correlações empíricas (Tabela 1).

Tabela 1 - Correlações empíricas para obtenção de Cc

3.4.3 RECALQUE SECUNDÁRIO

O recalque secundário, também chamado de fluência (‘creep”) está associado a

deformações observadas após o final do processo de adensamento primário, quando as tensões

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Page 17: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

efetivas já se estabilizaram. Com isso, ao contrário dos recalques imediato e de adensamento, a

consolidação secundária ocorre para tensões efetivas constantes. Este processo pode ser atribuído

a uma mudança no posicionamento das partículas em busca de um arranjo mais estável, após a

dissipação dos excessos de poro pressão. O fenômeno do adensamento secundário é encontrado

em todos os solos, mas se mostra mais pronunciado naqueles que contêm matéria orgânica.

Segundo Ladd, as deformações durante a compressão secundária ocorrem pelo fato das

partículas de solo, ao final do adensamento primário, estarem posicionadas em um equilíbrio

instável. Assim sendo, estas continuam a se movimentar se restabelecer uma estrutura estável.

Num tempo infinito, a compressão secundária tende a zero.

O adensamento secundário constitui uma redução do índice de vazios enquanto a tensão

efetiva se mantém constante. Desta forma, se o coeficiente de adensamento secundário for

constante para todas as tensões efetivas, pode-se representar no gráfico e vs. log 𝜎’, curvas

correspondentes a diversos tempos de adensamento secundário, paralelas à reta virgem.

Considerando que o recalque secundário independe da variação de tensões efetivas, sendo

função exclusiva do intervalo de tempo, a expressão para cálculo do recalque normalmente usada

na prática é:

Equação 5 - Cálculo do recalque

onde eo e Ho são, respectivamente, o índice de vazios e espessura da camada iniciais, Cα o

coeficiente de compressão secundária (Figura 3.15), tt o tempo final e tp o tempo correspondente

ao final do adensamento primário. Em geral tf corresponde ao tempo associado à vida útil da

obra.

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Page 18: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 10 - Coeficiente de Adensamento Secundário

3.5 ACELERAÇÃO DE RECALQUES

3.5.1 DRENOS VERTICAIS

A instalação de drenos verticais tem por finalidade acelerar os recalques através da

redução dos comprimentos de drenagem. Como a distância entre drenos passa a ser

necessariamente inferior ao comprimento de drenagem vertical, o processo de adensamento é

acelerado, havendo uma predominância de dissipação do excesso de poropressão no sentido

horizontal-radial (Figuras 11 e 12).

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Page 19: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 11 - Drenos Verticais instalados

Figura 12 - Configuração dos drenos verticais

Pelo fato da distância entre drenos ser necessariamente inferior ao comprimento de

drenagem vertical, o processo de adensamento é acelerado, havendo uma predominância de

dissipação do excesso de poro pressão no sentido horizontal-radial e fazendo com que a

drenagem vertical tenha menor importância.

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Page 20: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

3.5.2 DRENOS DE AREIA

Drenos de areia são instalados abrindo-se furos verticais na camada argilosa e

preenchendo-os com solo granular. O diâmetro dos drenos varia entre 0,20 m a 0,60 m. O

diâmetro dos grãos de areia deve ser especificado de forma a evitar a colmatação dos drenos

(entupimento dos drenos por carreamento dos finos). Materiais geossintéticos têm sido muito

utilizados em substituição aos drenos granulares ou mesmo como elementos de filtragem para

evitar a colmatação.

Figura 13 - Sentidos de Drenagem

O espaçamento dos drenos dependerá da permeabilidade da camada e do tempo

necessário para se atingir a um determinado grau de adensamento. Espaçamentos típicos variam

da ordem de 2 m a 5 m. Em planta, os drenos podem ser localizados segundo arranjos

quadrangulares ou triangulares, conforme é apresentado na Figura 9.6. Dependendo da

configuração adotada, o raio de influência do dreno (R) fica definido em função do seu

espaçamento (S). No caso de malhas quadrangulares R=0,56S e para malhas triangulares

R=0,53S.

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Page 21: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 14 - Disposição dos Drenos

3.5.3 DRENOS FIBROQUÍMICOS

Um pré-dimensionamento do efeito causado pelos drenos fibroquímicos verticais em um

processo de adensamento pode ser realizado a partir do método proposto por Kjellman, que é

expresso pela equação:

Equação 6 - Equação de Kjellman

Onde: t = período de adensamento; D = diâmetro do cilindro de solo drenado (m); ch =

coeficiente de adensamento horizontal (m²/ano); d = diâmetro equivalente da 1ª faixa drenada

(m); e Uh = grau de adensamento médio.

A equação foi colocada em forma de ábaco (Figura 6), que relaciona o grau de

adensamento, o tempo disponível para a adensamento e o coeficiente de adensamento horizontal.

A partir do ábaco, obtém-se o espaçamento entre drenos, que deve ser usado para a definição de

uma malha triangular.

A instalação dos drenos fibroquímicos (ou geodrenos) de membranas plásticas, com cerca

de 10 cm de largura por 5 mm de espessura, envolvidas por geomembranas (Figura 9.9) é o da

cravação. A cravação é feita por meio de lanças verticais, que podem atingir cerca de 30 metros

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de profundidade (Figura 9.10). Após a cravação, segue-se com a aplicação de aterro provisório,

de sobrecarga.

Figura 15 - Processo de Cavação dos Geodrenos

3.5.4 SOBRECARGA TEMPORÁRIA

Consiste na aplicação de uma sobrecarga temporária (em geral, da ordem de 25% a 30%

do peso do aterro), com a finalidade de aceleração dos recalques. Com a sobrecarga, a magnitude

dos recalques totais aumenta fazendo que se atinja, em menor tempo, o valor previsto para o

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Page 23: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

recalque total. O tempo de permanência da sobrecarga é determinado por estudos de

adensamento e, posteriormente, verificado no campo através do monitoramento de recalques e

poropressões. Quando o recalque esperado de projeto é atingido, a sobrecarga é removida. A

Figura 9.11 ilustra esta técnica.

Figura 16 - Aplicação de sobrecarga temporária sobre solos moles

Um exemplo de aplicação da técnica de uma sobrecarga temporária de 2,0 m, em aterro

de 3,0 m de altura (sob uma camada de solo mole) para acesso a uma ponte é apresentado na

Figura 9.12. Prevendo-se a inauguração da obra em 6 meses, o recalque estimado somente para o

aterro rodoviário, seria de 22 cm, havendo ainda um recalque pós-obra de 8 cm. Este recalque

acarretaria em desnivelamento da pista em relação ao tabuleiro estaqueado, o que seria

prejudicial à segurança do tráfego. Com a execução de um pré-carregamento de 2,0 m de aterro,

em pouco mais de 4 meses de obra, o recalque seria de 30 cm. No final da obra, após a remoção

da sobrecarga, todo o recalque já terá ocorrido.

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Page 24: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 17 - Emprego de sobrecarga temporária sobre solos moles

A aplicação da alternativa de pré-carregamento pode ser eficaz em solos silto-arenosos,

mas é pouco eficaz em solos argilosos de baixa permeabilidade, especialmente se a espessura da

camada mole for grande. Nesse caso, esta alternativa só é eficaz se combinada com o uso de

drenos verticais ou geodrenos.

Por fim, quando o aterro é construído diretamente sobre a camada de argila mole, faz-se

necessária a execução de um tapete drenante arenoso, no contato com o solo compressível, de

modo a disciplinar o escoamento da água expelida pelo adensamento da camada de solo mole.

3.5.5 ADENSAMENTO A VÁCUO

Esta técnica consiste na aplicação de vácuo em um sistema de drenos verticais, como

mostra o esquema da Figura 18. A técnica se aplica a aterros com altura máxima de 4 m, quando

a camada de argila estiver na superfície do terreno.

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Page 25: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 18 - Sistema de adensamento a vácuo

5. ANÁLISE DE ESTABILIDADE

A análise da estabilidade dos taludes de aterros apoiados diretamente sobre solos moles

diferencia-se dos outros casos de taludes pelo fato da segurança contra a ruptura estar associada

principalmente à resistência do solo da fundação. Nestes casos, ângulos de taludes utilizados

com freqüência pelos práticos em terraplenagem (inclinação 3h:2v, por exemplo) perdem

totalmente o significado, pois a reduzida resistência do solo da fundação passa a preponderar

sobre a resistência o solo do aterro como condicionante da estabilidade. O problema de

estabilidade de aterro sobre solo mole é equivalente a problema de capacidade de carga de

fundação.

Em análises de estabilidade da fundação, as cargas aplicadas ao subsolo por um aterro

reforçado podem ser comparadas àquelas aplicadas a uma sapata. Dessemodo, as análises são

tratadas como um problema de capacidade de carga dafundação e, assim, permitem o uso de

soluções baseadas na teoria da plasticidade.Para a resistência ao cisalhamento, Su, são

considerados dois perfis a seremanalisados: resistência crescente linearmente com a

profundidade, e resistência uniforme, porém, com profundidade limitada por camada resistente.

O fator de capacidade de carga da sapata, para os dois perfis deresistência, depende se

esta é lisa ou rugosa. Na base da sapata rugosa, são geradas tensões cisalhantes que resistem à

movimentação do solo, o que nãoacontece na base da sapata lisa, justificando a diferença entre

valores do fator de capacidade de carga.

O aterro não-reforçado aplica, à fundação, cargas verticais combinadas comtensões

cisalhantes desenvolvidas pelo deslocamento lateral do aterro. Essastensões cisalhantes reduzem

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Page 26: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

a capacidade de carga da fundação. O reforço,colocado na interface aterro-fundação, melhora a

estabilidade, atuando de duas formas: reduzindo as forças que causam a ruptura, opondo-se às

tensõescisalhantes derivadas do aterro (assim a fundação só suporta cargas verticais)

eaumentando as forças que resistem à ruptura, gerando tensões cisalhantes e,conseqüentemente,

melhorando a capacidade de carga da fundação.

Métodos de equilíbrio limite são comumente aplicados em análises deestabilidade de

aterros sobre solos moles. Em aterros reforçados, algumasconsiderações referentes à influência

da força de tração mobilizada no reforço, emrelação aos métodos de equilíbrio limite, devem ser

feitas.

A força no reforço pode atuar de duas formas na estabilidade: como forçaindependente

que aumenta o momento resistente sem alterar a resistência do soloe, através da componente

normal, aumentando a resistência do solo do aterro. Asegunda forma é geralmente adotada para

aterros reforçados com várias camadasde reforço, não sendo recomendada para aterros com uma

única camada de reforço.

No cálculo da força máxima no reforço, requerida para obter um determinado fator de

segurança, efetuada através do método de equilíbrio limite, é necessárioassumir uma orientação

para a força no reforço em relação à superfície de ruptura. O reforço é, em muitas vezes,

instalado na direção horizontal, mas, próximo dacondição de ruptura, o reforço se deforma junto

com o aterro e a fundação. Assim,três diferentes direções para a força no reforço, em relação à

superfície de ruptura,são estudadas: horizontal, tangencial a superficie de ruptura e bissetorial em

relação à superfície de ruptura.

Figura 19 - Esforços na superfície

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Page 27: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Nos métodos de equilíbrio limite, a análise de estabilidade é feitaconsiderando

possíveis mecanismos de colapsoe calculando o equilíbrio estático dos blocos que compõem o

mecanismo. O modelo rígido-plástico descreve ocomportamento do solo.

Existem algumas diferenças entre os métodos propostos de equilíbrio limite,como por

exemplo, a consideração do tipo de superfície de ruptura a ser analisada. A escolha da superfície

de ruptura depende da geometria do aterro e da fundação. No caso de um aterro extenso sobre

uma camada de solo mole deprofundidade limitada por uma camada resistente, é melhor

considerar o mecanismode blocos deslizantes. A superfície circular é bem aplicada em camadas

profundas.

5. ATERROS SOBRE ESTACAS E COLUNAS

5.1 SOLOS MOLES

Além de ser um tipo de solo sedimentar que apresenta baixa resistência à penetração a

percussão, número de golpes no SPT (Standard Penetration Test) maior que 4, solos moles são

materiais de baixa capacidade de suporte, baixa permeabilidade e elevada compressibilidade.

Tamém podem ser definidos como depósitos de solos com predominância de partículas siltosas,

com formação geológica recente. São compostos por uma camada de argila, composta por argilas

moles e areias argilosas fofas, que possui grande compressibilidade e coesão. Geralmente se

encontram em estado normalmente adensado ou ligeiramente préadensado, com algumas

exceções principalmente nas partes superficiais, devido ao ressecamento decorrente da oscilação

do lençol freático ou devido à existência de aterros ou camadas sobrejacentes que produzem

sobrecarga.

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Figura 20 - Exemplo de solo mole

As principais características desses solos são:

a) Grande compressibilidade

b) Baixa resistência

c) Pequena Permeabilidade

d) Baixa Consistência

Podem apresentar uma considerável variação espacial de susas propriedades físicas, tais como:

a) Resistência não-drenada

b) Umidade

c) Granulometria

d) Índice de vazios

5.2 CONSTRUÇÃO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

Várias obras de engenharia envolvem a construção de aterros sobre solos moles. A

construção de aterros sobre este tipo de solo requer cuidados quanto à definição dos parâmetros

geotécnicos, tipo de análise e seqüência construtiva adotada. A rápida construção de aterros pode

levar o solo de fundação à ruptura, sob condições não drenadas. Várias obras de engenharia

envolvem a construção de aterros sobre solos moles. Dentre estas, citam-se: aterros rodoviários,

ferroviários, aterros para construções industriais e barragens de terra, entre outros. Esse tipo de

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Page 29: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

obra, apesar de muito estudada, ainda surpreende projetistas e executores, tanto no que diz

respeito às condições de estabilidade ou aos níveis de deslocamentos verticais e horizontais

observados no campo. A figura seguinte mostra um exemplo do contraste entre a geometria

típica de aterro sobre solo mole, concebida no projeto, e a geometria resultante no campo.

Figura 21 - Geometrias real e ideal de Aterros

Os principais pontos a serem observados em aterros sobre solos moles são:

Estabilidade, seguem em uso os métodos de equilíbrio bidimensional com superfícies

circulares e poligonais. Dependendo da importância, os coeficientes de segurança

utilizados podem ser de 1,4 a 1,5.

Magnitude do recalque primário, que é estimado utilizando parâmetros obtidos de ensaios

de adensamento, ou na falta deste, usar correlações entre parâmetros de

compressibilidade e a umidade natural.

Recalque secundário, considerado como finito, pode ser estimado, no caso específico dos

solos moles, com o auxílio da seguinte expressão:

Equação 7 - Recalque Secundário

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Page 30: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Onde ra = recalque secundário, Hsm = espessura da camada de solo muito mole e [Cc

1+e] = índice

de compressão virgem da camada de solo muito mole.

Velocidade do recalque; tem que se estabelecer qual será a evolução do adensamento

com o tempo, sejam primários e secundários.

5.3 ATERROS SOBRE ESTACAS

No aterro sobre estacas com reforço de geogrelhas, utilizam-se capitéis para transferir

a carga do aterro e do tráfego para as estacas e para camadas de solo com maior capacidade

de carga, conforme mostrado a seguir. As geogrelhas são utilizadas na base do aterro para

redistribuir os esforços do aterro e tráfego para os capitéis e, consequentemente, para as

estacas. Parte da carga vai para os capitéis, e parte dela para a geogrelha.

Figura 22 - Representação de aterro sobre estacas

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Page 31: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

Figura 23 - Aterro sobre estacas

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Page 32: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

A técnica apresenta como principal vantagem a significativa redução dos recalques

construtivos quando comparados a obras de aterros convencionais ou sobre drenos verticais.

Outro fator importante é a diminuição do tempo de execução do aterro, já que não há

necessidade de aguardar a dissipação do excesso de poropressão e conseqüente mobilização da

resistência na argila mole para o alteamento do aterro, podendo este ser feito em uma só etapa, já

que não há preocupação com a instabilidade da argila mole.

A desvantagem seria a necessidade de se garantir que haja o efeito de arqueamento do

aterro. Para tanto, a razão entre a espessura de aterro acima da geogrelha e o espaçamento entre

faces de capitéis adjacentes deve superior ao limite de 0,7. Com isso, evita-se que ocorram as

deformações no topo do aterro em função da deformação na geogrelha, conforme apresentado na

figura 3, que podem conduzir a necessidade de manutenções periódicas da via. As outras

desvantagens estão relacionadas aos custos dos equipamentos necessários à cravação das estacas

e confecção dos capitéis, bem como ao custo da aquisição e instalação da geogrelha.

Figura 24 - Representação de recalques em aterros sobre estacas

5.4 ATERROS SOBRE COLUNAS

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Page 33: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

5.4.1 COLUNAS DE MATERIAL GRANULAR

A técnica de utilização de colunas de material granular pode ser utilizada quando se

pretende aumentar a capacidade de carga do solo mole de fundação e ao mesmo tempo

reduzir a magnitude dos recalques. A introdução destas colunas em um depósito mole é

responsável por um acréscimo de estabilidade dos aterros, uma vez que as superfícies de

ruptura passam a interceptar estas estruturas que apresentam características geomecânicas

superiores às do solo de fundação. Salienta-se também, que além do incremento em termos de

estabilidade do aterro, estas colunas também proporcionam uma maior velocidade de

drenagem das pressões neutras durante a fase de execução da obra.

Figura 25 - Aterro sobre colunas de material granular

5.4.2 COLUNAS DE BRITA

A técnica de reforço de solos com colunas de brita em solos é uma das mais usadas quando se

pretende aumentar a capacidade de carga e reduzir e acelerar assentamentos. É indicada

especialmente para fundações de aterros, bem como para quaisquer outras situações com cargas

relativamente modestas que permitam tolerar assentamentos apreciáveis. A introdução de

colunas de brita em solos moles é responsável por um aumento da estabilidade de aterros

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Page 34: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

executados sobre os mesmos, uma vez que as superfícies de deslizamento passam a interceptar as

referidas colunas que apresentam características mecânicas superiores às dos solos. Para além do

aumento de resistência, também se tira partido da grande aceleração dos assentamentos

processados, que ocorrerão na sua quase totalidade durante a fase de construção da obra.

Figura 26 - Aterro sobre colunas de brita

6 MONITORAMENTO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

O monitoramento do aterro é importante para o adequado dimensionamento e

desempenho geral para a obra. Isso devido à ocorrência de recalques de magnitude acentuada. A

deformabilidade pode ser fator para limitação de uso. Devido as possíveis discrepâncias

existentes entre o comportamento previsto e o comportamento real de campo, é de suma

importância o monitoramento do aterro, a fim de ajustes, caso necessário, sejam realizados

durante o período construtivo.

6.1 MEDIDORES DE DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS E VERTICAIS

Existem vários instrumentos para acompanhamento de deslocamentos vertical e

horizontal, tanto superficial quanto em profundidade. Os inclinômetros são os instrumentos

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Page 35: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

mais utilizados para medir os deslocamentos horizontais em solos. Um tubo de plástico ou

alumínio, com ranhuras diametralmente opostas (que servem de guia), é inserido em um furo

de sondagem e os deslocamentos são monitorados por uma sonda representada na figura. A

base do tubo deve ser instalada em uma camada rígida (em geral rocha), mantendo-se fixa ao

longo do tempo. Os deslocamentos horizontais são registrados em duas direções ortogonais,

ao longo do comprimento do instrumento. Atualmente estão disponíveis no mercado

inúmeros tipos de inclinômetros, com características distintas.

Figura 27 – Inclinômetro

Os deslocamentos verticais podem ser monitorados superficialmente ou em profundidade.

Os marcos superficiais são os instrumentos mais simples para registro dos deslocamentos

verticais. Elementos metálicos ou de concreto, de pequena dimensão, são instalados em pequenas

valas na superfície do aterro. Estes elementos possuem um pino, visível, que servirá como mira.

O monitoramento dos deslocamentos é feito por acompanhamento topográfico.

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Page 36: Aterros Sobre Solos Moles - Caracterizações Gerais

6.2 RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DA ARGILA

O Ensaio de palheta é o método mais utilizado no mundo para a determinação “in situ” da

resistência não drenada de argilas moles saturadas. O ensaio surgiu devido à dificuldade da

retirada de amostras e determinação dos parâmetros de resistência e sensibilidade destas argilas

em laboratório, e foi desenvolvido por engenheiros que necessitavam implantar projetos em

áreas sujeitas a este tipo de material.

A normalização dos procedimentos é feita no Brasil pela NBR 1095 da ABNT “Ensaios

de Palheta in situ” e nos Estados Unidos pela ASTM D 2573-01 “Standard Test Method for Field

Vane Shear Test in Cohesive Soil”.

Figura 28 - Palheta - Vane Test

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O ensaio de palheta visa determinar a resistência não-drenada de solos argilosos “in situ”,

utilizando palheta de secção cruciforme, a qual é cravada no terreno e submetida ao torque

necessário para cisalhar o solo ao seu redor por rotação.

6. Conclusão

7. Referências

A sustentabilidade na mobilidade. (n.d.). Retrieved from <http://rodoviasverdes.ufsc.br/files/2010/05/Geotecnia-Ambiental-Parte-1.pdf>

Alexandre Paschoalin Filho, J., Vanzolini Moretti, G., & Kenhiti Suzuki, D. (n.d.). Análise de estabilidade de um aterro apoiado sobre estacas de brita executadas em solo mole . Retrieved from <http://www.morettiengenharia.com.br/txt/pub/Anál100622142712.pdf>

Cabral, M. P., Vargas, C. A. L., & Viana, P. M. F. (n.d.).AvaliaÇÃo do desempenho mecÂnico de aterro reforÇado em solo mole: Estudo de caso . Retrieved from <http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/conpeex/mestrado/trabalhos-mestrado/mestrado-murilo-pacheco.pdf>

D. (n.d.). Mais informações - damasco penna. Retrieved from <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:60QQi3DZH8wJ:www.damascopenna.com.br/src-pt/download-files.php?file=infoVane.pdf &cd=1&hl=en&ct=clnk&gl=br>

DNER. (n.d.). Existem vários instrumentos para acompanhamento de deslocamentos vertical e horizontal, tanto superficial quanto em profundidade. os inclinômetros são os instrumentos . Retrieved from <http://www1.dnit.gov.br/anexo/Anexo/Anexo_edital0004_02-00_0.pdf>

Lambda, M. (n.d.). Aterros sobre solos moles. Retrieved from <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/4261/4261_3.PDF>

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