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0 Universidade Federal do Pará Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Amazônia Oriental Universidade Federal Rural da Amazônia Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Karol Guimarães Oliveira ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA E CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN DE MACACO-PREGO (Cebus apella) EM DILUIDORES À BASE DE ÁGUA DE COCO IN NATURA E TES-TRIS Belém 2010

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Universidade Federal do Pará Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Amazônia Oriental Universidade Federal Rural da Amazônia

Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal

Karol Guimarães Oliveira

ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA E CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN DE MACACO-PREGO (Cebus apella) EM

DILUIDORES À BASE DE ÁGUA DE COCO IN NATURA E TES-TRIS

Belém 2010

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Karol Guimarães Oliveira

ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA E CRIOPRESERVAÇÃO DO

SÊMEN DE MACACO-PREGO (Cebus apella) EM DILUIDORES À BASE DE ÁGUA DE COCO IN NATURA E

TES-TRIS

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Ciência Animal. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural. Universidade Federal do Pará. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Amazônia Oriental. Universidade Federal Rural da Amazônia. Área de concentração: Produção Animal. Orientador Profa. Dra. Sheyla Farhayldes S. Domingues

Belém 2010

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Karol Guimarães Oliveira

ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA E CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN DE MACACO-PREGO (Cebus apella) EM

DILUIDORES À BASE DE ÁGUA DE COCO IN NATURA E TES-TRIS

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Ciência Animal. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural. Universidade Federal do Pará. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Amazônia Oriental. Universidade Federal Rural da Amazônia. Área de concentração: Produção Animal.

Data da aprovação. Belém - PA: ______/_______/_______

Banca Examinadora

______________________________________ Profa. Dra. Sheyla Farhayldes S. Domingues Universidade Federal do Pará - UFPA _______________________________________ Dr. John Patrick Kastelic Agriculture and Agri-Food Canada, Lethbridge, Alberta, Canada

_______________________________________ Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva Universidade Estadual do Ceará - UECE

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A Deus

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, por permitir que eu chegasse até aqui e nunca me abandonar, dando-me força nos

momentos difíceis.

À minha mãe Eleonora, por sempre pensar em nós em primeiro lugar e na nossa felicidade

acima de tudo. Por me apoiar incondicionalmente, me ouvir e sempre ter uma palavra de

consolo nos meus momentos de aflição. Por orar por mim e pelo seu amor.

À minha família, que mesmo longe, se faz presente com seu ilimitado apoio e incentivo. E por

me fazer sentir importante a cada demonstração de carinho.

À Profa. Dra. Sheyla Farhayldes Souza Domingues pelo seu comprometimento e seriedade

que muito contribuíram para a realização deste trabalho. E ainda, por estar sempre disposta a

ajudar e superar qualquer obstáculo.

À Dra. Regiane Rodrigues dos Santos, pela valiosa contribuição durante o desenvolvimento

do artigo dessa dissertação.

Ao Dr. José Augusto Pereira Carneiro Muniz, pelo auxílio na obtenção do material necessário

para a realização desse trabalho.

Ao Prof. Dr. Otávio Mitio Ohashi e Marcela Cordeiro do Laboratório de FIV-UFPA pelos

conhecimentos repassados e pela ajuda no preparo dos diluidores.

Aos amigos do Laboratório de Biologia e Medicina de Animais Silvestres da Amazônia

(BIOMEDAM-UFPA). Em especial àqueles que incansavelmente me acompanharam durante

a realização dos experimentos: Gustavo Sales, Danuza Leão, Stefânia Miranda, Adriel Brito,

Débora Almeida.

Ao Dr. Paulo Henrique Gomes de Castro, pelo apoio e por estar sempre disposto a ajudar.

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Aos funcionários do Centro Nacional de Primatas, especialmente: Sarah Scalercio Dra. Aline

Imbelone, Dra. Gilmara Abreu, D. Laura Ferro, D. Rosa, Obadias, Léo, Melânia, D. Socorro e

aos técnicos Sr. Oswaldo, Sr. Viana, Sr. Alfredo pelo apoio e por estarem sempre dispostos a

ajudar.

Ao Rodrigo Rodrigues, amigo e funcionário do PPGCA, pela paciência e profissionalismo.

Aos meus amigos, pelos diversos momentos de alegria e com os quais eu posso sempre

contar: Nilton Jr. Rascon, Taty, Rose, Sherlem, Danyzinha, Ramon, Suzanne, Cristina, Dani,

Shirley, Rayanne, Danigata, Natália e Cleber.

Aos animais experimentais, que mesmo sem saber, contribuíram de forma valiosa.

À CAPES, pela concessão da bolsa e ao CNPq pelo apoio financeiro.

À UFPA e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal.

Ao Centro Nacional de Primatas (IEC-SVS) pelo apoio fundamental para a realização desta

pesquisa.

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“O Senhor é o meu pastor e nada

me faltará.”

Salmo 23

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RESUMO

A espécie Cebus apella (macaco-prego) é amplamente utilizada como modelo experimental

na pesquisa biomédica. Entretanto, são escassos os estudos dedicados a avaliar o sêmen

desses animais, que é composto por uma fração líquida e uma coagulada de difícil

manipulação e alta concentração de espermatozóides imóveis. Portanto, objetivou-se I) avaliar

o efeito de duas concentrações de cafeína (6 e 10 mM/mL) diluídas em TES-TRIS e água de

coco in natura (ACIN) na ativação de espermatozóides de C. apella e II) testar um protocolo

de criopreservação do sêmen comparando dois diluidores (TES-TRIS e ACIN) acrescidos de

gema de ovo e glicerol. O sêmen de seis animais mantidos no Centro Nacional de Primatas foi

coletado por eletroejaculação, diluído na fração-A de TES-TRIS ou ACIN, e incubado a 35°C

até dissolução do coágulo seminal. O tempo de liquefação foi comparado. Posteriormente foi

mensurado volume, concentração, morfologia espermática e percentual de espermatozóides

vivos. No experimento I as amostras foram diluídas em TES-TRIS ou ACIN acrescidos de 6 e

10 mM de cafeína após o término da motilidade durante a liquefação e mantidas a 35°C.

Motilidade e vigor foram avaliados por 5 h. Para o experimento II, após liquefação, o sêmen

foi diluído na fração-B (fração-A + gema de ovo e glicerol) dos diluidores, envasado,

resfriado a 4°C (2 h), em seguida a -60°C (20 min), antes de ser mergulhado em nitrogênio

líquido. O sêmen foi descongelado a 35°C (5 min). Os resultados foram expressos como

média ± EP. O efeito dos diluidores foi comparado pelo teste t Student e ANOVA (p ≤ 0,05).

O coágulo liquefez em 4,5 ± 1,7 e 2,8 ± 1,1 horas (p < 0,05) em TES-TRIS e ACIN

respectivamente. O volume médio, concentração, percentual de espermatozóides normais e

vivos antes de congelação foi respectivamente 0,6 ± 0,2 mL; 1.806 ± 367 x 106

espermatozóides/mL; 81,3 ± 2, e 40,1 ± 3,3 (TES-TRIS) e 30,9 ± 4 (ACIN). A duração da

motilidade em TES-TRIS e ACIN foi, respectivamente, 5 ± 1,4 e 1 ± 0,5 h. A motilidade

média nesse período foi 38 ± 10% (TES-TRIS) e 18 ± 9% (ACIN). Foi verificado aumento da

motilidade após adição de cafeína apenas nas amostras diluídas em ACIN 6 mM (21 ± 9%) e

ACIN 10 mM (22 ± 11) (p > 0,05). O percentual de espermatozóides vivos após

descongelação foi 26,2% em TES-TRIS e 13,2% em ACIN (p < 0,05). Para a criopreservação

de sêmen de C. apella TES-TRIS é mais indicado e pode, assim como ACIN + cafeína, ser

empregado na inseminação artificial com sêmen a fresco diluído.

Palavras-chave: Cebus apella. Sêmen. Água de coco. Tes. Criopreservação. Ativação.

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ABSTRACT

The species Cebus apella (capuchin monkey) is an important experimental model used in

biomedical research. However, there are few reports regarding their semen, which is

composed by both liquid and coagulated fractions, difficult to handle and containing a high

proportion of immobile spermatozoa. Thereafter, the aims of this study were to: I) evaluate

the effect of two caffeine concentrations (6 and 10 mM/mL) diluted in TES-TRIS and coconut

water solution (CWS) on the activation of C. apella spermatozoa and; II) test and compare

two extenders for semen cryopreservation (TES-TRIS and CWS plus egg yolk and glycerol).

Semen from six males maintained at the National Primate Center was collected by

electroejaculation, diluted in A-fraction of TES-TRIS or CWS, and incubated at 35 °C until

coagulum liquefaction. In Experiment I, the samples were diluted in TES-TRIS or CWS plus

6 and 10 mM caffeine after stopped motility during liquefaction and maintained at 35 °C.

Motility and vigor were evaluated for 5 h. In Experiment II, after liquefaction, semen was

diluted in B-fraction (A-fraction + egg yolk and glycerol) of the extenders, packed, cooled to

4 °C (2 h), then to -60 °C (20 min), before being plunged into liquid nitrogen. Semen was

thawed at 35 °C (5 min). The results were expressed as mean ± SEM. The seminal coagulum

liquefied in 4.5 ± 1.7 and 2.8 ± 1.1 hours in TES-TRIS and CWS, respectively. Volume,

concentration, percentage of normal and live sperm before freezing were, respectively, 0.6 ±

0.2 mL; 1806 ± 367 x 106 spermatozoa/mL; 81.3 ± 2, and 40.1 ± 3.3 (TES-TRIS) and 30.9 ± 4

(CWS). For TES-TRIS and CWS, the duration of sperm motility was 5 ± 1.4 and 1 ± 0.5

hours and mean motility was 38 ± 10% and 18 ± 9%, respectively. Motility increased after

caffeine addition only in samples diluted in CWS 6 mM (21 ± 9%) and CWS 10 mM (22 ±

11) (p > 0.05). Post-thaw live sperm percentage was 26.2 in TES-TRIS and 13.2 in CWS (p <

0.05). For cryopreservation of semen from C. apella TES-TRIS was more appropriate than

CWS. However, TES-TRIS and CWS + caffeine potentially may be useful in artificial

insemination of fresh diluted semen.

Key-words: Cebus apella. Semen. Coconut water. Tes. Cryopreservation. Activation.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10

2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 12

2.1 OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................. .........................................................................................................

12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 12

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 13

3.1 OS PRIMATAS ........................................................................................................... 13

3.2 A ESPÉCIE Cebus apella ............................................................................................ 14

3.2.1 O sêmen de C. apella ............................................................................................... 16

3.3 O COÁGULO SEMINAL ........................................................................................... 17

3.4 MÉTODOS DE COLETA ........................................................................................... 18

3.5 CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN DE PRIMATAS ............................................... 20

3.5.1 Meio diluidor e seus componentes ......................................................................... 21

3.5.1.1 Crioprotetores ......................................................................................................... 22

3.5.1.2 Antibióticos ............................................................................................................ 23

3.5.1.3 TES-TRIS ............................................................................................................... 24

3.5.1.4 Água de coco .......................................................................................................... 24

3.6 ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA ..................................................................................... 25

4 LIQUEFAÇÃO DO COÁGULO SEMINAL, ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA E CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN DE MACACO-PREGO (Cebus apella) EM ÁGUA DE COCO IN NATURA (ACIN) E TES-TRIS...................................................

27 5 CONCLUSÃO GERAL................................................................................................. 44

REFERÊNCIAS..................................................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

A biodiversidade mundial, particularmente em regiões tropicais como o Brasil, está

agora mais ameaçada do que em qualquer outro período histórico (IUCN, 2008) e sua

conservação é um dos principais desafios que precisam ser atingidos para preservar a vida de

animais em risco de extinção (CHEN et al., 2004).

A conservação da variabilidade genética de animais silvestres pode ser garantida com

sua proteção em seus habitats naturais (in situ), pela manutenção das condições adequadas em

cativeiro, em criatórios conservacionistas ou de pesquisa (ex situ), bem como pela formação

de bancos de germoplasma, na qual gametas e células somáticas podem ser utilizados em

programas de biotecnologia de reprodução. A conservação in situ consiste em uma das mais

eficazes estratégias de conservação. Entretanto, é necessário considerar que a perda da

variabilidade genética vem ocorrendo de forma acelerada, provocada principalmente pela

fragmentação de habitats em decorrência de ações antrópicas como o desmatamento. Por isso,

é de suma importância lançar mão de técnicas para recuperar e preservar o potencial genético

de animais mesmo após a sua morte, através da conservação ex situ, que pode complementar

programas de conservação in situ (DOMINGUES; CALDAS-BUSSIERE, 2006).

No Brasil, existem 26 espécies de primatas neotropicais ameaçadas de extinção

(IBAMA, 1989), distribuídos nas famílias Atelidae, Pitheciidae e Cebidae. A essa última

família pertence à espécie Cebus apella, que não se encontra ameaçada e é um excelente

modelo experimental para o estudo da fisiologia da reprodução, como a biologia do oócito, a

espermatogênese (LEÃO et al., 2008) e para o desenvolvimento de biotecnologias a serviço

das espécies em extinção (DOMINGUES; CALDAS-BUSSIERE, 2006).

Entretanto, técnicas como criopreservação de gametas, inseminação artificial,

produção e transferência de embriões, ainda não são aplicadas em C. apella. Elas possuem o

seu impacto limitado devido à dificuldade de obtenção de espermatozóides viáveis

(DOMINGUES; CALDAS-BUSSIERE, 2006), pois o sêmen dessa espécie apresenta uma

porção coagulada de difícil acesso que possui concentração espermática consideravelmente

maior que o restante do ejaculado (NAGLE; DENARI, 1983; ARAÚJO et al., 2007). Por isso,

estudos para o aperfeiçoamento de técnicas para obtenção e expansão do sêmen de C. apella

são de importância inquestionável. Protocolos de coleta seminal através de eletroejaculação

por sonda retal (EEJ) já foram testados com sucesso nessa espécie (BARNABE et al., 2002;

PAZ et al., 2006; ARAÚJO et al., 2007). A EEJ é uma importante técnica de coleta em

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homens com injúria no cordão espinhal, possuindo as vantagens de ter boa aceitação clínica

por não requerer cirurgia, além de permitir que até 90% do sêmen obtido permaneça com seu

DNA intacto, sugerindo não ser uma técnica destrutiva para o espermatozóide (SØNKSEN;

OHL, 2002).

Algumas técnicas de dissolução do coágulo seminal de C. apella foram descritas, e

substâncias naturais como a água de coco in natura constituem alternativas para sua

liquefação e diluição (ARAÚJO et al., 2009), além de apresentar potencial para ser

empregada também na criopreservação do sêmen dessa espécie, já que proporcionou

excelentes resultados para outros grupos animais (SALLES, 1989; TONIOLLI, 1989a;

CRUZ, 1994; MONTEZUMA JÚNIOR; VIANA NETO; NUNES, 1994; CARDOSO et al.,

2003; CARDOSO; SILVA; SILVA, 2006). Contudo, é imprescindível comparar sua atuação

com a de outros diluidores cuja composição e mecanismos de ação sejam bem definidos,

como o TRIS e o TES, amplamente utilizados para diversas espécies.

Para uma melhor compreensão do presente projeto de dissertação, a revisão de

literatura abordará os aspectos mais relevantes da biologia reprodutiva de C. apella, além do

estado atual da tecnologia do sêmen para essa espécie.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVOS GERAIS

• Avaliar a espécie Cebus apella como modelo experimental para outros

primatas neotropicais importantes para a pesquisa biomédica e/ou ameaçados de extinção;

• Desenvolver e aprimorar a tecnologia do sêmen para a espécie Cebus apella.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Analisar as características físico-químicas dos ejaculados;

• Comparar a eficiência da liquefação do coágulo seminal em diluentes à base de

TES-TRIS e ACIN;

• Investigar a influência do coágulo seminal sobre os espermatozóides inclusos

nessa porção;

• Avaliar o efeito de duas concentrações de cafeína (6 e 10 mM/mL) diluídas em

TES-TRIS e ACIN na ativação espermática após liquefação do coágulo seminal;

• Testar um protocolo de criopreservação da fração líquida e coágulo seminal

liquefeito, comparando dois diluidores (TES-TRIS e ACIN) acrescidos de gema de ovo e

glicerol.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. OS PRIMATAS

Devido a sua similaridade filogenética com a espécie Homo sapiens (ABEE, 2003;

WOLF et al., 2004), os primatas não-humanos se tornaram importantes modelos

experimentais utilizados na pesquisa biomédica (WRIGHT; BUSH, 1977; AURICCHIO,

1995). Estes animais são geralmente os melhores ou, às vezes, os únicos modelos para estudar

determinadas doenças em humanos, bem como para elaboração de estratégias de prevenção e

terapias (ABEE, 2003), além de serem importantes na realização de diversas pesquisas em

reprodução relacionadas à saúde humana (ABBOTT et al., 2004).

Os primatas atuais seguem a seguinte classificação taxonômica segundo Wilson e

Reeder (2005):

Ordem Primates

• Subordem Strepsirrhini

o Infra-ordem Lemuriformes (lêmures)

o Infra-ordem Chiromyiformes (ai-ai)

o Infra-ordem Lorisiformes (lóris, gálagos)

• Subordem Haplorrhini

o Infra-ordem Tarsiiformes (társios)

o Infra-ordem Simiiformes

� Parvordem Platyrrhini (macacos do Novo Mundo)

� Parvordem Catarrhini (macacos do Velho Mundo)

Dentre os Platyrrhini (= narina achatada) encontram-se os primatas Neotropicais, que

têm ampla distribuição geográfica (Américas) e são representados por um grande número de

espécies distribuídas nas famílias Cebidae, Pitheciidae e Atelidae. Dentre os primatas

neotropicais brasileiros, a espécie Cebus apella, Linnaeus, 1758, destaca-se por ser uma das

mais utilizadas como modelo biológico na pesquisa biomédica (WRIGHT; BUSH, 1977;

NAGLE et al., 1979; FRAGASZY; ADAMS-CURTIS, 1998).

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3.2. A ESPÉCIE Cebus apella

Cebus apella é um platirrino pertencente à Superfamília Ceboidea, Família Cebidae,

Subfamília Cebinae, Tribo Cebini e Gênero Cebus (GOODMAN, 1996), tendo ampla

distribuição geográfica: Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Brasil, Guianas, Suriname e

Venezuela (FRAGASZY et al., 2004) (Figura 1).

Eles são animais de porte médio, sendo que os machos têm o corpo 34% maior que o

das fêmeas e pesam em média 2,5 kg quando alcançam a maturidade sexual, por volta dos 7

anos de idade (NAGLE; DENARI, 1983). Têm um sistema poligâmico de acasalamento e as

fêmeas reproduzem-se referencialmente com o macho dominante. (EMMONS, 1990; ROWE,

1996). A gestação ocorre 1 vez ao ano e dura entre 150 e 160 dias, com uma única cria

(gêmeos são raros) que nasce com cerca de 260 g. Possuem cauda semi-preênsil e alimentam-

Fig. 1: Distribuição de espécie C. apella.

Elaborado por RASCON, N. L. (2009) baseado em FRAGASZY et al. (2004).

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se de frutos, nozes, sementes, flores, insetos, ovos e pequenos vertebrados. Vivem em bandos

de 18 a 27 indivíduos (ROWE, 1996). Uma de suas características mais marcantes é a

presença de tufos pretos no alto da cabeça e a coloração mais escura da pelagem dos membros

e cauda (NOWAK, 1991) (Figura 2).

O sistema reprodutor do macho de C. apella é constituído por dois testículos, dois

epidídimos, dois ductos deferentes, duas vesículas seminais, próstata, duas glândulas bulbo-

uretrais (TEIXEIRA, 2005), um pênis dotado de um vestígio de osso peniano (báculo) e uma

glande muito desenvolvida em formato de prego, sendo por isso conhecido vulgarmente como

“macaco-prego” (NAPIER; NAPIER, 1986) (Figura 3).

Fig. 2: Exemplar macho da espécie Cebus apella. Fonte: Animal Park Zoo.

Fig. 3: Trato reprodutor masculino de Cebus apella. Fonte: Teixeira

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3.2.1. O sêmen de C. apella

As glândulas acessórias de C. apella têm forma e função semelhantes às encontradas

em humanos. A vesícula seminal possui várias funções, dentre elas a mais importante é a

produção do líquido seminal, que é rico em frutose e proteínas, e serve como transporte aos

espermatozóides durante a ejaculação (TEIXEIRA, 2005).

O ejaculado dessa espécie é constituído por duas porções: a primeira é uma fração

líquida, transparente e viscosa, enquanto que a segunda é mais volumosa, opaca e consistente,

formando um coágulo seminal (Figura 4). Os valores máximos dos parâmetros espermáticos

citados na literatura para a fração líquida são: 71% de motilidade espermática; 3,5 de vigor;

pH 7,5 (PAZ, 2006); volume 1,9 ml e concentração 2,1 x 108 SPTZ/ml (ARAÚJO et al.,

2009). Poucas pesquisas se propõem a estudar a fração coagulada, sendo os melhores

resultados relatados por Araújo et al. (2009): volume 0,98 ml e concentração 1,6 x 109

SPTZ/ml. Entretanto, esses valores podem ser influenciados por variáveis como o período de

abstinência sexual, a fração seminal analisada, o método de coleta de sêmen, o anestésico

utilizado para contenção química do animal, o stress a que ele está submetido nas condições

de cativeiro, dentre outras (THOMSON et al., 1992).

Fig. 4: Coágulo e fração líquida do sêmen de Cebus apella.

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3.3. O COÁGULO SEMINAL

A formação do coágulo seminal deve-se à reação entre as secreções provenientes do

lobo cranial da próstata e da vesícula seminal (AMBOKA; MWETHERA, 2003). O coágulo

formado tende a absorver grande número de espermatozóides do ejaculado, justificando a sua

alta concentração espermática em relação à fração líquida (HERNÁNDEZ-LÓPEZ; CERDA-

MOLINA; MONDRAGÓN-CEBALLOS, 2008). Dixson e Anderson (2002) denominam este

sêmen com aspecto gelatinoso firme de “plug copulatório”. Segundo esses autores, ele se

molda no contorno da vagina da fêmea após a cópula atuando como uma barreira que impede

a inseminação por outros machos, agindo como um mecanismo de seleção sexual. O coágulo

pode assumir diferentes consistências conforme o tipo de acasalamento da espécie, sendo

assim, em regimes monogâmicos ou poligínios, ambos em que a fêmea tem somente um

parceiro sexual, o plug tende a ser menos consistente ou até mesmo ausente, em contraste com

regimes poligâmicos (quando não há o estabelecimento de casais) em que atinge consistência

quase sólida. O plug ou coágulo seminal também pode servir como um veículo dos

espermatozóides para o interior da cérvix da fêmea, constituindo uma barreira física e

química, pois apresenta pH alcalino, aumentando o índice de sobrevivência dos

espermatozóides no meio ácido vaginal.

Várias espécies de primatas do Velho e Novo Mundo formam plug copulatório.

Hernández-López et al. (2008), analisando o ejaculado de Ateles geoffroyi durante duas

épocas do ano, verificaram aumento do volume de coágulo seminal durante as estações secas

em relação às chuvosas. Há evidências de que a produção desse coágulo seja um processo que

exija algum gasto energético pelo macho, pois ela é consideravelmente maior quando as

fêmeas encontram-se mais receptivas ao coito (HERNÁNDEZ-LÓPEZ; CERDA-MOLINA;

MONDRAGÓN-CEBALLOS, 2008). Entretanto, ainda inexistem estudos suficientes para

elucidar o processo de produção do coágulo seminal entre as espécies de primatas. (DIXSON;

ANDERSON, 2002).

Devido ao coágulo ser a porção de maior concentração espermática do sêmen (BUSH

et al., 1975; ARAÚJO et al., 2009), algumas pesquisas são realizadas com o intuito de

maximizar seu aproveitamento e impedir que ele dificulte o processo de criopreservação.

Alguns protocolos sugerem a liquefação desta fração através da imersão do tubo coletor em

banho-maria a 37 °C por 30 minutos para o sêmen de Macaca fascicularis (macaco-cauda-

longa) (LI et al., 2003; LI et al., 2005b). Outros recomendam a liquefação enzimática em

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pronase e quimotripsina para Callithrix jacchus (sagüi) (MORRELL; HODGES, 1998) ou

com soluções contendo tripsina ou tripsina e hialuronidase para A. geoffroyi (macaco-aranha)

embora estas enzimas afetem a motilidade e o vigor espermático, além de não desfazerem

totalmente o coágulo (HERNÁNDEZ-LÓPEZ et al., 2002).

Algumas técnicas para dissolução do coágulo seminal de C. apella foram descritas.

Paz et al. (2006) utilizaram meio TCM 199 acrescido das enzimas tripsina e hialuronidase e

observaram que em ambos os casos houve uma redução significativa da motilidade e do vigor

espermático em comparação à fração líquida de acordo com o tempo de exposição, além de

não promoverem a completa dissolução do coágulo. Alguns protocolos sugerem sua

dissolução sem o uso de enzimas proteolíticas, utilizando apenas solução salina a 0,9%

(NAGLE; DENARI, 1983), diluidor a base de água de coco in natura (ARAÚJO et al., 2009),

ou a base de água de coco em pó (OLIVEIRA et al., 2010), todos associados à fragmentação

mecânica do coágulo com o uso de pipeta e incubação em banho-maria a 37 °C por 2 horas,

quando se atingiu a completa dissolução do coágulo seminal.

3.4. MÉTODOS DE COLETA

O método de coleta de sêmen mais difundido há algumas décadas em primatas tem

sido a eletroejaculação. Nos anos 60, a estimulação peniana direta foi um dos primeiros

métodos utilizados e consiste na estimulação elétrica direta do pênis do animal contido em

uma cadeira adaptada sem que haja necessidade do uso de sedativo, aplicável em espécies de

pequeno porte como C. jacchus (KUEDERLING et al., 2000; SCHNEIDERS; SONKSEN;

HODGES, 2004) e S. sciureus (YEOMAN et al., 1998). Os bons resultados alcançados com

essa metodologia podem estar relacionados à melhor estimulação do trato reprodutivo por

inteiro e diminuição das taxas de contaminação por urina, porém requer condicionamento

adequado dos animais à cadeira de contenção, se limitando a espécies de pequeno tamanho

corpóreo e fácil manipulação (contenção física) (VANDEVOORT, 2004).

Há outros métodos de coleta de sêmen utilizados em primatas não-humanos como:

vagina artificial, lavagem vaginal, punção de epidídimo, masturbação e estimulação vibratória

peniana. A vagina artificial pode ser utilizada para coleta de sêmen de algumas espécies como

Gorilla gorilla (gorila) (GOULD; MARTIN; WARNER, 1985) e Pan troglodytes

(chimpanzé) (YOUNG; SMITHWICK; GOULD, 1995). Tanto a utilização de vagina

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artificial, quanto à masturbação, são métodos que requerem condicionamento do animal, uma

vez que é necessário realizar o estímulo pelo animal (vagina artificial) ou permitir que ele o

faça (masturbação). Ambos eliminam a necessidade de contenção química, diminuindo as

interferências na qualidade do ejaculado (VALLE, 2002). A técnica de lavagem vaginal já foi

testada em C. jacchus, fornecendo sêmen de boa qualidade (KUEDERLING; MORREL;

NAYUDU, 1996; VALLE, 2002). A micropunção de cabeça e cauda de epidídimo é um

método usualmente empregado em animais recém-mortos e já foi aplicada em M. fascicularis

(MAHONY et al., 1996), P. troglodytes (YOUNG et al., 1994), Macaca fuscata (SANKAI et

al, 1997) e C. jacchus (MORRELL et al., 1997).

Atualmente existem protocolos de coleta seminal por estimulação retal por sonda ou

eletrodo para poucas espécies de primatas, dentre elas: Gorilla gorilla (SEAGER et al., 1982),

Macaca nigra (THOMSON et al., 1992), Pan troglodytes (YOUNG; SMITHWICK;

GOULD, 1995), Alouatta caraya (MORELAND et al., 2001), C. apella (BARNABE et al.,

2002; ARAÚJO et al., 2007; 2009), A. geoffroyi (HERNÁNDEZ-LÓPEZ et al., 2002), Papio

anubis (AMBOKA; MWETHERA, 2003) e Macaca fascicularis (LI et al., 2005b).

Uma vez que a maioria das espécies neotropicais não possui um protocolo definido de

estímulos elétricos, a seqüência de estímulos utilizada para uma pode ser repetida para as

outras correlatas. Na coleta seminal de S. sciureus foram alcançados bons resultados ao

utilizar um intervalo de voltagem de 0,95-1,15 volts, obtendo tempo médio para ejaculação

entre 2 e 3 minutos (LANG, 1967). Em A. geoffroyi foram aplicados estímulos de 1 volt e 10

mA até 7 volts e 100mA, aumentado 1 volt a cada 2 ou 3 tentativas sucessivas, além de

estimulação manual do pênis (HERNÁNDEZ-LÓPEZ et al., 2002). Valle et al. (2004)

utilizaram estímulos de 0 a 8 volts para A. caraya com aumentos subseqüentes de 0,5 volt a

cada série de 30 estímulos que duravam cerca de 2 a 3 segundos com intervalo de 1 a 2

segundos.

A EEJ tornou-se uma técnica importante como método de indução da ejaculação

também na espécie C. apella devido ao seu volume corpóreo e comportamento agressivo,

fatores que predispõem contenção química para o manuseio seguro dos animais e que

dificultam a utilização de outras técnicas de coleta seminal nesta espécie. Barnabe et al.

(2002) descreveram um protocolo em que são realizadas 5 séries de 20 estímulos cada, em um

nível progressivo de intensidade, de 50 a 300 mA. Contudo, Araújo et al. (2009)

demonstraram que é possível induzir a ejaculação com estímulos que variaram de 12,5 mA a

100 mA, como o observado por Halstead, Vervoort e Seager (1987) e Ohl, Mccabe e Sønksen

(1996), com intervalos de 30 segundos entre cada série de estímulos. Esses intervalos

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otimizaram o processo de ejaculação, sendo possível obter frações de sêmen líquidas e

coaguladas nos intervalos entre cada série. Em estudos que visam a coleta de sêmen por EEJ

em homens com disfunções ejaculatórias, tem sido descrito que os intervalos entre as séries

possibilitam o relaxamento do esfíncter uretral externo e favorecem a ejaculação em direção

anterógrada com otimização do procedimento de eletroejaculação (OHL; SØNKSEN;

BOLLING, 2000; SØNKSEN; OHL; WEDEMEYER, 2001; SØNKSEN; OHL, 2002). Esse

protocolo é vantajoso em relação aos atualmente utilizados para a espécie por oferecer menor

risco de injúrias aos indivíduos em conseqüência das baixas amperagens empregadas. Seager

et al. (1982) recomendam também a lubrificação da sonda retal com gel ou pomada de

vaselina com o objetivo de reduzir o risco de lesões no reto.

3.5. CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN DE PRIMATAS

O princípio dessa biotécnica é congelar o espermatozóide diminuindo reversivelmente

a sua atividade metabólica, permitindo o seu armazenamento por tempo indeterminado, o que

possibilita o emprego desse sêmen congelado em programas de inseminação artificial

(ENGLAND, 1993). A criopreservação inclui inicialmente uma etapa de resfriamento, que

consiste na redução progressiva da temperatura do sêmen diluído, baseado no princípio de que

o frio é o agente mais eficaz na diminuição das atividades metabólicas dos espermatozóides,

podendo ser conservado em estado líquido por várias horas com taxas de fertilidade

aceitáveis, conforme observado por Mies Filho (1987).

A importância da redução da temperatura se justifica pela ação de certos produtos do

metabolismo celular como o ácido láctico e o gás carbônico, que podem aumentar a acidez do

sêmen, desencadeando danos celulares irreversíveis (MCKINNON, 1996). A peroxidação dos

lipídios da membrana leva à perda da sua integridade, o que prejudica a função celular e,

conseqüentemente, diminui a motilidade do espermatozóide (AURICH; KUHNE; HOPPE,

1996). Quando os espermatozóides são armazenados a 5 ºC, as necessidades metabólicas

decrescem a aproximadamente 10% daquela que teriam se estivessem à temperatura de 37 ºC.

Em conseqüência, a produção de catabólitos será menor e a peroxidação da membrana

plasmática mais lenta, de modo que o desgaste da célula não ocorre de forma tão rápida

(MCKINNON, 1996).

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A criopreservação de sêmen de alguns primatas não-humanos como: Cercopithecus

aethiops, Erythrocebus patas, Macaca speciosa, Macaca mulatta, Pan troglodytes

(ROUSSEL; AUSTIN, 1967), Papio anubis (KRAEMER; VERA CRUZ, 1969), Saimiri

sciurius (DENIS et al., 1976), Macaca fascicularis (MAHONE; DUKELOW, 1978), lêmures

(CLAVERT et al., 1986), Gorilla gorilla (LAMBERT et al., 1991), Macaca thibetana

(CHEN et al., 1994), Callithrix jacchus (MORRELL et al., 1997) e Macaca fuscata

(SANKAI et al., 1997) tem sido descrita. Contudo, somente para cinco dessas espécies foi

relatado sucesso após inseminação artificial com sêmen descongelado (LI et al., 2005a).

3.5.1. Meio diluidor e seus componentes

Para o sucesso da preservação dos espermatozóides através da criopreservação, é

necessário seguir uma série de passos que visam à redução dos danos causados às células e

que assegurem longevidade in vitro e in vivo. O meio diluente é utilizado com o intuito de

proteger os espermatozóides dos choques térmicos e osmóticos que ocorrem durante o

processo (CONCANNON; BATTISTA, 1989). A existência de diferenças na composição

lipídica da membrana plasmática do espermatozóide entre as espécies, raças e ainda entre

indivíduos da mesma espécie, pode explicar o maior ou menor efeito protetor de um diluente

aos espermatozóides de um determinado indivíduo (HOLT, 2000). A composição do diluente

é de extrema importância e deve ser específica para cada espécie. Ele deve ser constituído por

determinadas substâncias para ser completo e eficiente, tais como (ROTA, 1998):

- agentes crioprotetores;

- substâncias tampão para assegurar o controle do pH: TRIS, TES, ringer lactato, água

de coco, citrato e fosfato de sódio;

- fonte de energia: frutose ou inusitol;

- antibióticos.

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3.5.1.1. Crioprotetores

As substâncias crioprotetoras são divididas em penetrantes e não penetrantes de

acordo com o peso molecular e a conseqüente propriedade de atravessar ou não a membrana

plasmática (RODRIGUES, 1992). Os crioprotetores permeáveis mais utilizados são o

glicerol, etilenoglicol e dimetilsulfóxido (DMSO), essenciais para minimizar ou prevenir a

formação de cristais de gelo intracelular. Os crioprotetores impermeáveis, como as

lipoproteínas da gema do ovo e as proteínas do leite, por outro lado, auxiliam na estabilização

da membrana plasmática durante o processo de congelação/descongelação (RODRIGUES,

1992). Os diluentes utilizados na criopreservação de sêmen de primatas não-humanos

geralmente contêm gema de ovo, açúcares, glicerol ou DMSO em proporções variadas

(MORREL; HODGES, 1998).

A gema de ovo é um dos protetores mais utilizados como base dos diluentes de sêmen,

sendo incorporada de forma habitual na maioria dos protocolos de conservação. Ela protege

contra o choque pelo frio devido à presença das frações lipoprotéicas de baixa densidade na

sua composição, restaurando os fosfolipídios perdidos durante o choque térmico provocado

pela mudança de temperatura que ocorre durante o resfriamento inicial do sêmen. A gema de

ovo previne também a liberação da enzima hialuronidase pela célula espermática

(HAMMERSTEDT; GRAHAM; NOLAN, 1990).

O glicerol (CH3H8O3) é o crioprotetor mais empregado na congelação do sêmen de

diferentes espécies e possui a capacidade de penetrar através das membranas celulares

(SILVA et al., 2003), permanecendo tanto na membrana quanto no citoplasma, impedindo,

dessa forma, a formação de grandes cristais de gelo intracelulares (WATSON, 2000).

Contudo, sabe-se que o glicerol exerce efeitos tóxicos sobre os espermatozóides, como

alterações físico-químicas que podem levar à ruptura da membrana plasmática, à remoção de

importantes proteínas de membrana ou provocar danos acrossomais (LOVELOCK; POLGE,

1954). A concentração final ideal de glicerol no diluente seria aquela em que há uma

predominância de seus efeitos protetores sobre os efeitos tóxicos. Essa concentração pode ser

influenciada por outros componentes do diluente, pelo padrão de resfriamento e pelos

métodos de congelação e descongelação. No entanto, os fatores determinantes seriam as

características seminais de cada espécie (WATSON, 1979). Alguns trabalhos demonstram que

concentrações excessivas desse crioprotetor podem causar diminuição da capacitação

espermática (LI et al, 2005a), demonstrando-se tóxico para espermatozóides de C. jacchus

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quando fora dos limites da concentração ideal para essa espécie (2,5-7%) (MORREL et al.,

1997; MORREL; HODGES, 1998), intervalo que compreende a concentração adequada para

Macaca mulatta, 5% (SI et al., 2004 apud SILVA, 2005b).

A concentração ideal de glicerol varia amplamente entre as diferentes espécies de

primatas: 14% para Macaca speciosa, Erythrocebus patas e Cercopithecus aethiops

(ROUSSEL; AUSTIN, 1967), 10% para Pan troglodytes (SADLEIR, 1966), 2.5-5% para

Macaca fascicularis (CHO; HONJO, 1973), 5% para Macaca assamensis (LI; GAO; JI,

2004), 3-5% para Macaca mulatta (SI et al., 2000), 7% para Ateles paniscus e Ateles

marginatus (SILVA, 2005b). Li et al. (2005a) demonstraram que os efeitos dos crioprotetores

permeáveis são independentes do tipo do diluidor. Além disso, espermatozóides de diferentes

espécies podem reagir de forma distinta ao glicerol.

A etapa de glicerolização tem sido realizada antes do resfriamento do sêmen de

diversas espécies de primatas. Conradie, Oettle e Seier (1994) diluíram sêmen de

Cercopithecus aethiops em solução com glicerol a 32 °C antes de resfriar a 5 °C, similar a

Lanzendorf et al. (1992) com sêmen de Gorilla gorilla. Ejaculados de Macaca fascicularis

foram diluídos 20 minutos antes de resfriar a 5 °C por 2 horas. Seier et al. (1993) compararam

os efeitos do resfriamento de ejaculados de Cercopithecus aethiops a 32 °C ou 5 °C antes da

adição do glicerol a mesma temperatura. Eles observaram que motilidade era maior quando a

glicerolização ocorria a 32 °C, sugerindo que a permeabilidade do glicerol seja termo-

dependente.

3.5.1.2. Antibióticos

Os antibióticos são adicionados ao meio diluidor para prevenir contaminações das

amostras de sêmen, que podem afetar negativamente a fertilidade, devido à própria presença

das bactérias, à produção de toxinas ou à degradação dos componentes do meio. Os

antibióticos mais comumente utilizados em primatas são a penicilina e a estreptomicina

(SILVA, 2005b).

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3.5.1.3. TES-TRIS

O TRIS (Tris-hidroximetil-aminometano - H2NC(CH2OH)3) é uma substância

facilmente solúvel em água e disponível comercialmente em um alto grau de pureza na forma

de cristais. Ele permanece estável em temperatura ambiente por diversos meses e é conhecido

por não inibir diversos sistemas enzimáticos (BATES, 1962 apud SILVA, 2005a), atuando

como tampão iônico bipolar com pH entre 7,0 e 9,0 (MCPHAIL; GOODMAN, 1984).

Rodrigues (1997) reportou que o TRIS não apenas apresenta atividade tamponante, mas que

também atua na redução do metabolismo da frutose pela célula espermática, contribuindo para

a preservação de sua energia.

Diluentes contendo TRIS (hidroximetil aminometano) e TES (ácido N-

Trishidroximetil-metil-2- aminometanosulfônico) já foram utilizados na criopreservação do

sêmen de espécies de primatas do Velho Mundo, como Clorocebus aetiops (SEIER et al.,

1993) e M. fascicularis (MAHONE; DUKELOW, 1978; TOLLNER et al., 1990; SANKAI et

al., 1994; LI et al., 2005b) e do Novo Mundo, como C. jacchus (MORRELL et al.,1998), A.

paniscus e A. marginatus (SILVA, 2005b).

3.5.1.4. Água de coco

Estudos realizados a partir da década de 80 constataram que a água de coco (Cocos

nucifera, família Palmae) pode ser uma alternativa como diluidor de sêmen de várias espécies,

já que é uma solução natural, ligeiramente ácida, estéril, composta de sais, proteínas,

açúcares, vitaminas, gorduras neutras, indutores da divisão celular, eletrólitos diversos

(NUNES, 1986; BLUME; MARQUES JR, 1994), fornecendo os nutrientes necessários para a

conservação de células espermáticas. Sua fração ativa foi identificada como um fitormônio

promotor de crescimento celular denominado ácido 3-indol-acético. Contudo, é necessária a

correção de osmolaridade e pH de acordo com as características seminais da espécie em

estudo, uma vez que a água de coco proveniente de frutos com idade de seis meses (variedade

verde-da-praia) apresenta osmolaridade em torno de 500 mOsmol/L e pH de 4,5 a 5,0

(NUNES; COBARNOUS, 1995). Para tal correção, após filtrar a água de coco, adiciona-se

água destilada e uma solução de citrato de sódio a 5% (NUNES, 1995).

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A água de coco vem sendo amplamente utilizada para variados fins em diferentes tipos

celulares: maturação e cultivo de oócitos e embriões bovinos (BLUME et al., 1997a, BLUME

et al., 1997b); cultivo de folículos pré-antrais caprino (SILVA et al., 2000) e ovino

(ANDRADE et al., 2002 apud CORDEIRO et al., 2006); diluição do sêmen de caprinos

(SALLES, 1989; TONIOLLI, 1989a), suínos (TONIOLLI, 1989b), cães (MONTEZUMA

JÚNIOR; VIANA NETO; NUNES, 1994; CARDOSO et al., 2003; CARDOSO; SILVA;

SILVA, 2006), ovinos (CRUZ, 1994), bubalinos (VALE et al., 1999 apud CORDEIRO et al.,

2006), humano (NUNES, 1998) e do primata C. apella (ARAÚJO et al., 2009). Diluidores a

base de água de coco in natura (ACIN) forneceram excelentes melhorias relacionadas à

motilidade e vigor espermático em caprinos, mantendo a viabilidade das amostras (NUNES,

1986). Cardoso, Silva e Silva (2004) obtiveram aproximadamente 60% de espermatozóides

caninos móveis após descongelação.

Com relação à espécie C. apella, Araújo et al. (2009) demonstraram que a solução à

base ACIN é eficiente na conservação da viabilidade espermática, mantendo

aproximadamente 87% de espermatozóides vivos em banho-maria a 37 °C por até 7 horas

após a coleta do sêmen. Ela apresentou também vantagens em relação a meios diluidores

contendo enzimas proteolíticas para dissolução do coágulo, como a tripsina e a hialuronidase,

que além da queda da motilidade e do vigor espermático, podem causar danos a membrana

espermática impedindo o sucesso da criopreservação (HERNÁNDEZ-LÓPEZ et al., 2002;

PAZ et al., 2006).

3.6. ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA

Diversos estudos relatam a baixa motilidade espermática do sêmen de primatas

coletado por eletroejaculação (MORREL et al., 1998; YEOMAN et al., 1998; SCHNEIDERS;

SONKSEN; HODGES, 2004), além do fato de que o plug mantém os espermatozóides

imóveis até que estes sejam ativados no trato reprodutor da fêmea (DIXSON; ANDERSON,

2002). Logo, surge a necessidade de administrar substâncias ao meio diluente do sêmen em

estudo, que possuem a propriedade de estimular a motilidade progressiva espermática. Dentre

essas substâncias que possuem a propriedade de estimular a motilidade, estão os derivados da

metilxantina, como a cafeína, teofilina e a pentoxifilina, pois inibem a adenosina cíclica 3''-5''

monofosfato (AMP) fosfodiesterase levando a um aumento intracelular das concentrações de

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AMPc (BUNGE, 1973). A cafeína, especificamente, é descrita como um inibidor de

fosfodiesterase capaz de aumentar e manter a respiração e a motilidade espermática

(MAHONY et al., 1996).

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4 LIQUEFAÇÃO DO COÁGULO SEMINAL, ATIVAÇÃO ESPERMÁTICA E

CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN DE MACACO-PREGO (Cebus apella) EM ÁGUA

DE COCO IN NATURA (ACIN) E TES-TRIS

Semen coagulum liquefaction, sperm activation and cryopreservation of capuchin

monkey (Cebus apella) semen in coconut water solution (CWS) and TES-TRIS

Karol G. Oliveira a,b, Stefânia A. Miranda a,b, Danuza L. Leão a,c, Adriel B. Brito a,b, Regiane R. Santos a,b,d, Sheyla F. S. Domingues a,b,c,*

aLaboratório de Biologia e Medicina de Animais Silvestres, Universidade Federal do Pará,

Belém, Pará, Brasil bPrograma de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Pará, Belém,

Pará, Brasil cFaculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Pará, Castanhal, Pará, Brasil

dDepartment of Equine Sciences, Veterinary, Pharmacology, Pharmacy and Toxicology

Division, Utrecht University, Utrecht, The Netherlands

*Autor para correspondência: Sheyla F. S. Domingues, DMV, PhD E-mail: [email protected] Endereço: Rua Augusto Corrêa, Campus Básico, CEP 66075-110, Belém, Pará, Brasil Tel/Fax: + 55 32018011

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Resumo

Os objetivos do presente estudo foram testar o efeito de diluidores a base de água de coco em

pó (ACIN) e TES-TRIS na liquefação do coágulo seminal, na ativação espermática do sêmen

fresco e na criopreservação do sêmen de macaco-prego (Cebus apella). O sêmen de seis

machos adultos foi coletado através de eletroejaculação, diluído em TES-TRIS ou ACIN e

incubado a 35°C até completa liquefação do coágulo seminal. No experimento I, após a

liquefação, as amostras foram diluídas em TES-TRIS ou ACIN acrescidos de 6 e 10 mM/mL

de cafeína. Motilidade espermática e vigor foram avaliados durante 5 horas. Para o

experimento II, após liquefação, as amostras de sêmen foram diluídas em TES-TRIS (3,5% de

glicerol na solução final) ou ACIN (2,5% de glicerol na solução final), criopreservado e

estocado em nitrogênio líquido por 1 semana. O coágulo seminal liquefez em 4,5 ± 1,7 e 2,8 ±

1,1 horas (média ± EPM) em TES-TRIS e ACIN, respectivamente. Os espermatozóides

mantiveram-se móveis em TES-TRIS e ACIN por 5,0 ± 1,4 e 1,0 ± 0,5 horas,

respectivamente. A motilidade média nesse período foi 38 ± 10% (TES-TRIS) e 18 ± 9%

(ACIN). Após a adição de cafeína a motilidade aumentou somente nas amostras contendo

ACIN, tanto a 6 mM (21 ± 9%) quanto a 10 mM (22 ± 11%) de cafeína. O percentual de

espermatozóides vivos após a congelação foi 26,2% em TES-TRIS e 13,2% em ACIN.

Portanto, TES-TRIS (3,5% glicerol) foi mais apropriado que ACIN (2,5% glicerol) para a

criopreservação de sêmen de C. apella. ACIN + cafeína aumentou consideravelmente a

motilidade espermática, podendo ser utilizada para melhoria da técnica de inseminação

artificial com sêmen fresco.

Palavras-chave: Cebus apella; espermatozóide; coágulo seminal; criopreservação; ativação

espermática

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Abstract

The objectives of the present study were to test the effect of coconut water solution and TES-

TRIS on the seminal coagulum liquefaction, sperm activation in fresh diluted semen, and on

the cryopreservation of semen from capuchin monkeys (Cebus apella). Semen was collected

from six males by electro-ejaculation, diluted in TES-TRIS or coconut water solution (CWS),

and incubated at 35° C until the coagulated fraction of the semen was completely liquefied. In

the Experiment I, after liquefaction, samples were diluted in TES-TRIS or CWS, plus 6 and

10 mM/mL of caffeine. Sperm motility and vigor were evaluated during 5 hours. For

Experiment II, after liquefaction, semen samples were extended in TES-TRIS (3.5% glycerol

in the final solution) or CWS (2.5% glycerol in the final solution), cryopreserved and stored

in liquid nitrogen for 1 week. The seminal coagulum was liquefied in (mean ± SDM) 4.5 ±

1.7 and 2.8 ± 1.1 hours in TES-TRIS and CWS, respectively. Sperm were motile in TES-

TRIS and CWS for 5.0 ± 1.4 and 1.0 ± 0.5 hours, respectively. The mean motility in this

period was 38 ± 22% (TES-TRIS) and 22.0 ± 16.0 (CWS). Motility increased after caffeine

addition only in samples diluted in CWS containing 6 mM (22.5 ± 16.0) or 10 mM (28.0 ±

19.0) caffeine. Post-thaw live sperm percentage was 26.2% in TES-TRIS and 13.2% in CWS.

For cryopreservation of semen from C. apella TES-TRIS (3.5 % glycerol) was more

appropriate than CWS (2.5 % glycerol). CWS + caffeine potentially increase sperm motility

and may be useful in artificial insemination of fresh diluted semen.

Keywords: Cebus apella; spermatozoa; seminal coagulum; cryopreservation; activation

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1. Introdução

Aquecimento global, destruição e fragmentação de habitats, introdução de espécies

exóticas, assim como caça e outras pressões de exploração, têm provocado a extinção de

muitas espécies animais (Fickel et al., 2007). Atualmente, todas as espécies de primatas do

Novo Mundo estão listadas na Convention on International Trade in Endangered Species of

Wild Fauna and Flora (CITES), mesmo que apresentem diferentes graus de vulnerabilidade.

Isso estimula o desenvolvimento e aplicação de biotécnicas reprodutivas para prevenir a

extinção de muitas espécies de primatas. Portanto, o simples estabelecimento de um banco de

sêmen poderia ajudar a manter a diversidade genética e facilitar o desenvolvimento de outras

tecnologias reprodutivas assistidas (Vidal et al., 2007).

A criopreservação do sêmen de primatas não-humanos tem sido descrita utilizando

diferentes diluidores, como glutamato de sódio ou TES-TRIS (Tabela 1).

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Tabela 1: Composição dos diluidores usados na criopreservação do sêmen de diferentes espécies de primatas não-humanos.

NI: Não informado. * Valores médios calculados do epidídimo direito e esquerdo ** Nascimentos após inseminação artificial com sêmen descongelado

Espécie Tampão Crioprotetor Viabilidade pós-congelação (%)

Motilidade pós-congelação (%)

Referências

Callithrix jacchus TES-TRIS 3% glicerol 34 44 O’Brien et al., 2003 Cercopithecus aethiops Glutamato de sódio 14% glicerol 53 28 Roussel e Austin, 1967 Cynomolgus monkey TRIS 6% glicerol 45 29 Feradis et al., 2001 Erythrocebus patas Glutamato de sódio 14% glicerol 51 23 Roussel e Austin, 1967 Macaca assamensis TES-TRIS 5% glicerol 39 69 Li et al., 2005 Macaca fascicularis TES-TRIS 3% glicerol NI 65 Tollner et al., 1990** TRIS 5% glicerol 62 61 Li et al., 2005 Macaca fuscata TES-TRIS 5% glicerol 60 65 Sankai et al., 1997 Macaca mulatta Glutamato de sódio 14% glicerol 50 27 Roussel e Austin,1967 TES-TRIS 12% glicerol NI 27 Dong et al., 2009 TES-TRIS 3% glicerol NI 54 Dong et al., 2009 TRIS 5% glicerol 74 85 Sanchez-Partida et al., 2000** Macaca speciosa Glutamato de sódio 14% glicerol 50 25 Roussel e Austin, 1967 Papio anubis Glutamato de sódio Gema de ovo 65 44 Kraemer e Vera Cruz, 1969 TES-TRIS 3% glicerol 47 83 O’Brien et al., 2003 Pan troglodytes Glutamato de sódio 14% glicerol 54 27 Roussel e Austin, 1967 TES-TRIS 5% glicerol 21* 30* Kusunoki et al., 2001 TES-TRIS 2,5% glicerol 46* 28* Kusunoki et al., 2001** TES-TRIS 3% glicerol 28 43 O’Brien et al., 2003

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Entretanto, somente em duas (Macaca fascicularis e Macaca mulatta) dessas espécies

de primatas há relatos de nascimentos após programas de inseminação artificial utilizando

sêmen congelado (Tollner et al., 1990; Sanchez-Partida et al., 2000).

Os primatas do Novo Mundo têm recebido comparativamente menos atenção com

relação à criopreservação do sêmen. O macaco-prego (Cebus apella) tem sido utilizado com

sucesso como modelo experimental na pesquisa biomédica (Domingues et al., 2010). Porém,

apesar da disponibilidade de métodos seguros e eficientes para coleta de sêmen dessa espécie

neotropical (Araújo et al., 2009), nenhum protocolo de criopreservação de sêmen foi relatado.

Uma das prováveis barreiras para o sucesso da preservação do sêmen de C. apella é a

formação de uma porção coagulada e consistente do ejaculado, que contém alta concentração

de espermatozóides imóveis (Nagle e Denari, 1983). Por isso se tem afirmado que a diluição

do coágulo seminal só é possível através da utilização de tripsina (Hernández-López et al.,

2002). No entanto, a tripsina danifica severamente as células espermáticas de macaco-prego

(Paz et al., 2006) que, uma vez fora do coágulo seminal, se tornam extremamente instáveis

(Hernández-López et al., 2008). Além disso, diferentemente do ejaculado humano, cujo

coágulo seminal liquefaz facilmente entre 5 e 20 minutos (Tauber et al., 1980), o plug seminal

de macaco-prego apresenta o grau mais alto de coagulação (Barnabe et al., 2002). Por isso,

é crucial otimizar o protocolo de dissolução do coágulo associado ao posterior incremento da

viabilidade e motilidade espermática.

A eficiência da água de coco in natura (ACIN) na conservação do sêmen de C. apella

foi relatada (Araújo et al., 2009), assim como na criopreservação do sêmen canino (Cardoso et

al., 2006). Além disso, a presença do fator de crescimento ácido-3-indol-acético na ACIN é

considerada um fator que promove a preservação dos espermatozóides em baixas

temperaturas (Toniolli et al., 1996). A ACIN é uma substância complexa que contém enzimas

e nutrientes, dentre outras substâncias, que também podem facilitar a liquefação do coágulo e

a sobrevivência dos espermatozóides após a diluição e a criopreservação do sêmen. Embora

seja importante salientar que a cafeína, um conhecido inibidor da fosfodiesterase, tenha sido

utilizada com sucesso a várias concentrações para aumentar a motilidade espermática em

outras espécies de primatas (Boatman e Bavister, 1984; Mahony et al., 1996), seus potenciais

efeitos e respectivas concentrações a serem administradas em espermatozóides de C. apella

após a liquefação ainda são desconhecidas.

Portanto, esse estudo foi conduzido com os objetivos de (I) avaliar a ACIN como um

diluente do coágulo seminal, (II) analisar o efeito de duas concentrações de cafeína (6 e 10

mM/mL) na ativação de espermatozóides imóveis e (III) testar um protocolo de

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criopreservação de sêmen para C. apella após liquefação do coágulo seminal, usando ACIN e

TES-TRIS como diluidores e glicerol como crioprotetor.

2. Material e Métodos

2.1. Animais

Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética em

Pesquisa Animal (nº 013/2009/CEPAN/IEC/SVS/MS). Foram utilizados seis machos

saudáveis e sexualmente adultos de C. apella, com idade média entre 10 e 20 anos, mantidos

no Centro Nacional de Primatas (CENP). Comprimento, largura, altura, circunferência e

volume dos testículos foram mensurados. O peso corporal dos animais foi aferido durante

todo o período experimental. Os animais foram alocados em gaiolas individuais de 90 x 80 x

80 cm (comprimento, largura e altura, respectivamente), sob fotoperíodo natural, no CENP,

Ananindeua, PA, Brasil (1º 22' 57"S, 48° 22' 52"N). O clima é tropical úmido, com

temperatura anual média de 28 °C. A dieta consistia de frutas e vegetais frescos, leite e ração

comercial peletizada (Foxy Junior Supreme, Curitiba, PR, Brasil). Vitaminas, minerais e ovos

eram ofertados uma vez por semana, e água ad libitum.

2.2. Diluidores

Dois diluidores foram testados: TES-TRIS (Morrell, 1997) e água de coco in natura

(ACIN) (Toniolli et al., 1996). Cada diluidor consistia de duas frações (A e B). Composição,

osmolaridade e pH das frações A (diluição) e B (criopreservação) de ambos diluidores é

apresentado na Tabela 2.

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Tabela 2: Composição, osmolaridade e pH das frações A e B de TES-TRIS e ACIN. Composição Osmolaridade pH

Fração A ACIN Água de coco in natura Água ultrapura Solução de citrato 5% Estreptomicina Penicilina

50,00 mL 25,00 mL 25,00 mL

0,20 g 0,10 g

294 mOsm

6,5

TES-TRIS TES TRIS D-Frutose Estreptomicina Penicilina

4,90 g 1,06 g

0,20 g 0,20 g 0,10 g

327 mOsm

7,2

Fração B ACIN Fração A de ACIN Gema de ovo Glicerol

75,00 mL 20,00 mL 5,00 mL

589,2 mOsm

6,5

TES-TRIS Fração A de TES-TRIS Leite desnatado em pó a 11% Gema de ovo Glicerol

36,5 mL 36,5 mL 20,0 mL

7,0 mL

525,5 mOsm

7,0

2.3. Condicionamento animal e anestesia

Um experimento piloto foi executado com seis animais para avaliar o efeito do

condicionamento no tempo de ação da anestesia. O condicionamento foi conduzido por

cooperação, de forma que os animais eram recompensados com uvas frescas quando

permitiam a injeção do anestésico. Cada animal foi anestesiado com Cloridrato de ketamina

(10 mg/Kg; IM; Vetanarcol, Konig) e Cloridrato de xilazina (1 mg/Kg; IM; Köning S.A.,

Avellaneda, Argentina).

2.4. Coleta de sêmen e análises preliminares

O sêmen foi coletado sob condições higiênicas e no mesmo período do dia: pela

manhã, antes da 1ª refeição. Os animais foram estimulados por meio de eletroejaculação

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(EEJ), segundo Oliveira et al (2010). A EEJ foi realizada utilizando um eletroejaculador

(Autojac-Neovet, Uberaba, Brasil) à bateria, equipado com uma probe retal bipolar (9 mm de

diâmetro e 15 cm de comprimento). A probe era lubrificada e posicionada ventralmente no

reto, estendendo-se a aproximadamente 5 cm do esfíncter anal para estimular a próstata. Cada

sessão de estímulos consistia de seis séries, compostas por 10, 15, 20, 25, 30 e 35 estímulos

elétricos (12,5 a 100 mA) com intervalos de 30 segundos entre as séries. Quando o animal não

ejaculava após a sessão, não eram realizadas tentativas adicionais no mesmo dia. As coletas

eram realizadas em intervalos mínimos de 15 dias. Todos os animais alcançaram ereção

peniana e ejacularam pelo menos uma vez. O ejaculado era coletado em tubo de

microcentrífuga (1,5 mL). Logo após a coleta, os espermatozóides eram imóveis, por isso,

somente volume e aspecto seminal eram imediatamente avaliados.

2.5. Diluição I e liquefação

O ejaculado de cada animal foi dividido em duas partes iguais; cada uma foi diluída

em 500 µL da fração A dos diluidores testados (TES-TRIS ou ACIN) e mantida a 35 °C.

Posteriormente, o coágulo seminal em cada diluidor era mecanicamente fragmentado por

meio de repetidas pipetagens a cada dez minutos, até completa liquefação, com a obtenção de

um líquido viscoso. O tempo necessário para a liquefação em ambos os meios diluidores foi

registrado. Concentração, Osmolaridade, morfologia, integridade de membrana, motilidade e

vigor espermáticos foram avaliados após a liquefação.

2.6. Avaliação do sêmen

A concentração espermática foi mensurada em câmara de Neubauer e a osmolaridade

em osmômetro (Vapro, Wescor, Utah, EUA). Morfologia espermática e percentual de

espermatozóides vivos foram avaliados através de um esfregaço preparado adicionando 5 µL

de eosina 1% (Vetec) e 5 µL nigrosina 1% (Vetec) a 5 µL de sêmen em uma lâmina pré-

aquecida (35 °C). Defeitos morfológicos identificados nos espermatozóides foram

classificados em primários e secundários (Tabela 3). A motilidade espermática foi avaliada

através de contagem de 200 células em lâmina pré-aquecida (35 °C), de acordo com Li et al.

(2005). O vigor também foi avaliado subjetivamente e classificado em um score de 0 a 5. As

análises subjetivas de todas as amostras foram realizadas pelo mesmo operador e feitas em

microscópio óptico (Nikon E400, Japão) em magnificação de 100x.

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2.7. Delineamento experimental

Dois experimentos foram desenvolvidos neste estudo: no experimento 1, um total de

cinco ejaculados (um ejaculado por macho) foi estudado para comparar a eficiência da adição

de cafeína nos espermatozóides em ambos os diluidores. No experimento 2, um total de dez

ejaculados de seis animais (pelo menos um ejaculado por animal) foi usado para investigar a

criopreservação do sêmen usando dois diferentes diluidores (TES-TRIS e ACIN) e o glicerol

como crioprotetor.

2.8. Experimento 1: Ativação espermática

Após a liquefação do coágulo na fração A de cada um dos diluidores, vigor e

motilidade espermática foram avaliados. A duração da motilidade foi registrada. Quando

vigor e motilidade chegavam a 0 e 0%, respectivamente, duas alíquotas de cada amostra eram

retiradas e diluídas na fração A do diluidor correspondente acrescido de cafeína à

concentração final de 6 ou 10 mM/mL, de acordo com Boatman e Bavister (1984) com a

espécie Macaca mulatta. Motilidade e vigor espermáticos foram avaliados a cada 30 minutos

durante 5 horas em microscópio invertido (Motic, British Columbia, Canada).

2.9. Experimento 2: Criopreservação do sêmen

Após liquefação do coágulo seminal as amostras foram divididas em alíquotas, de

acordo com o delineamento experimental, e submetidas a uma segunda diluição (diluição II),

usando a fração B de cada diluidor separadamente na proporção 1:1. O glicerol foi usado na

concentração final de 3,5% em TES-TRIS (modificado de Morrell, 1997) e 2,5% em ACIN

(modificado de Toniolli et al., 1996). Em seguida as amostras foram envasadas em palhetas

plásticas de 0,25 mL (IMV, L’Aigle, France), seladas com esferas metálicas e estocadas

horizontalmente a 4 °C por 2 horas. Posteriormente, as esferas eram mantidas por 20 minutos

a -60 °C antes de serem mergulhadas em nitrogênio líquido (-196 °C). Após uma semana as

amostras eram descongeladas em banho maria a 35 °C por 5 minutos, e então o percentual de

espermatozóides vivos era determinado. Portanto, o percentual de espermatozóides vivos era

avaliado em quatro momentos: após diluição na fração A (diluição I), após liquefação do

coágulo seminal, após diluição na fração B (diluição II) e após congelação-descongelação.

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2.10. Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± EPM. As diferenças entre parâmetros

biométricos dos testículos direito e esquerdo e as comparações entre TES-TRIS e ACIN em

todos os estágios de ambos os experimentos foram analisados pelo teste t de Student. O efeito

dos diluidores no percentual de espermatozóides vivos, motilidade e vigor espermáticos foram

avaliados por ANOVA, e as diferenças foram estabelecidas pelo teste de Fisher. P< 0,05 foi

considerado como estatisticamente significante.

3. Resultados

Largura, altura, comprimento, circunferência e volume dos testículos foram 1,6 ± 0,1

cm, 1,5 ± 0,1 cm, 2,5 ± 0,1 cm, 6,0 ± 0,3 cm, e 2,0 ± 0,2 cm3 respectivamente, sem diferença

significativa entre os testículos direitos e esquerdos. O peso corporal médio dos animais antes

do período experimental foi 3,7 ± 0,5 kg, similar ao peso final (3,6 ± 0,4 kg).

O condicionamento dos animais antes da anestesia diminuiu o stress e aumentou a

duração do efeito anestésico de 37,4 ± 3,6 para 52,3 ± 6,3 minutos (P<0,05). A coleta de

sêmen foi bem sucedida em 19 de 21 tentativas. A ereção peniana iniciou em média na

primeira série de estímulos elétricos, sendo que a ejaculação ocorria freqüentemente a partir

da terceira série, após 18 minutos. As sessões de coleta duravam em média 40 minutos.

Não houve variação individual nem variação entre os animais com relação à qualidade

do sêmen. A fração líquida do sêmen era transparente e incolor, e a fração coagulada era

levemente esbranquiçada, gelatinosa e de difícil manipulação. O volume seminal médio foi

0,6 ± 0,2 mL. O coágulo seminal liquefez em 2,8 ± 1,1 e 4,5 ± 1,7 horas (P<0,05) em ACIN e

TES-TRIS, respectivamente. A concentração espermática após total liquefação do coágulo

foi em média 1806 ± 367 x 106 espermatozóides/mL e a osmolaridade 372 mOsm. Não houve

diferença significativa (P>0,05) entre os diluidores quanto ao percentual de espermatozóides

normais e anormais (anomalias primárias e secundárias) (Tabela 3).

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Tabela 3: Morfologia espermática após diluição nas frações A de ACIN e TES-TRIS Morfologia espermática ACIN (%)

(Média ± EPM) TES-TRIS (%)

(Média ± EPM) Espermatozóides normais 78,2 ± 2,0 83,7 ± 1,0 Anomalias primárias

Cabeça 07,8 ± 0,5 03,2 ± 0,5 Peça intermediária 01,2 ± 0,8 02,9 ± 0,7 Cauda 03,0 ± 0,4 03,0 ± 0,2 Total 12,0 ± 0,6 09,1 ± 0,7 Anomalias secundárias

Cabeça 01,4 ± 0,7 01,5 ± 0,1 Peça intermediária 01,0 ± 0,4 04,0 ± 0,5 Cauda 08,2 ± 0,2 12,7 ± 0,3 Total 10,6 ± 0,5 6,06 ± 0,4

A motilidade foi significativamente maior (entre 10 e 70%) nas amostras diluídas na

fração A de TES-TRIS que naquelas diluídas em ACIN, porém, ela não foi recuperada após a

adição de cafeína em TES-TRIS (Tabela 4). Somente nas amostras diluídas em ACIN ocorreu

ativação após a adição de cafeína (6 e 10 mM). A motilidade espermática observada após

adição de 10 mM de cafeína foi significativamente maior que a motilidade inicial nas

amostras de ACIN sem cafeína. Além disso, foi verificado aumento do percentual de amostras

exibindo espermatozóides móveis durante 5 horas de avaliação. (Tabela 4).

A comparação dos percentuais de espermatozóides vivos nos quatro diferentes

momentos de análise é apresentada na Figura 1. Não foram observadas diferenças

significativas entre os diluidores após diluição I e liquefação. Somente após a diluição II e

descongelamento, observou-se uma taxa de viabilidade espermática significativamente menor

quando ACIN foi utilizado em comparação com TES-TRIS. Sendo verificada uma redução

significativa no percentual de espermatozóides vivos após essas etapas (diluição II e

descongelamento) em ambos diluidores. Após descongelamento, o percentual de

espermatozóides nas amostras em TES-TRIS e ACIN foi 26,2 e 13,2%, respectivamente.

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Tabela 4: Motilidade e vigor imediatamente após liquefação do coágulo, e após exposição dos espermatozóides imóveis a ACIN e ao TES-TRIS, acrescidos de 6 ou 10 mM de cafeína. Motilidade (%) Vigor Duração da motilidade (h) Liquefação do coágulo ACIN TES-TRIS

22,0 ± 16,0a 38,0 ± 22,0 b

3,0 ± 01,0 a 3,0 ± 05,0 a

1,0 ± 05,0 a 5,0 ± 01,4 b

Adição de cafeína* ACIN 6 mM 10 mM TES-TRIS 6 mM 10 mM

22,5 ± 16,0 a 28,0 ± 19,0 a

0,0 ± 0,0 c 0,0 ± 0,0 c

2,0 ± 0,8 a 2,8 ± 1,1 a

0,0 ± 0,0 c 0,0 ± 0,0 c

3,4 ± 01,1 b 4,0 ± 01,2 b

NA NA

* Cafeína foi adicionada quando a motilidade chegava a zero. NA= não se aplica

Figura 1: Percentual de espermatozóides vivos após diluição I, liquefação, diluição II e descongelamento. Letras maiúsculas diferentes (A, B) indicam diferença estatística (P < 0,05) entre diluidores em cada estágio. Letras minúsculas diferentes (a, b) indicam diferença estatística (P < 0,05) entre os estágios.

4. Discussão

No presente trabalho foi possível liquefazer o coágulo seminal usando tanto TES-

TRIS quanto ACIN, sem prejudicar a viabilidade, motilidade e vigor espermáticos. Sendo

mais lenta a liquefação em TES-TRIS (4,5 horas) que em ACIN (2,8 horas). Geralmente a

liquefação seminal é efetuada na presença de enzimas não-específicas, como a tripsina (Nagle

e Denari, 1983), para dissolver o coágulo seminal ou plug copulatório, que é composto pela

Liquefação Diluição I Diluição II Descongelamento

ACIN

TES-TRIS

P

erc

en

tua

l d

e S

PT

Z v

ivo

s

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semenogelina I e II (Valtonen-André et al., 2005). A água de coco contém uma variedade

grande de nutrientes, incluindo vitaminas, minerais, antioxidantes, aminoácidos, fatores de

crescimento e enzimas (Gopikrishna et al., 2008), que podem auxiliar a liquefazer o coágulo

rapidamente a 35 °C.

Quando a liquefação foi seguida pela criopreservação, TES-TRIS, e não ACIN, foi o

melhor diluidor para preservar a viabilidade espermática. Embora sua eficiência tenha sido

relatada em outras espécies animais, como canina (Cardoso et al., 2006) e suína (Toniolli et

al., 1996), informações relacionadas aos efeitos crioprotetores da ACIN no sêmen de primatas

ainda são inexistentes. Em contraste, TES-TRIS tem sido usado na criopreservação de sêmen

de outros primatas não-humanos resultando em alta taxa de sobrevivência pós-congelação

(Yeoman et al., 2005) e nascimentos após IA (Morrell, 1997).

No presente estudo os melhores resultados obtidos com TES-TRIS, após

criopreservação quando comparado com ACIN, pode ser explicado por três hipóteses.

Primeiro, pela concentração mais alta de glicerol (3,5% em TES-TRIS e 2,5% em ACIN);

segundo, a presença do leite no diluidor a base de TES-TRIS aumentou a osmolaridade da

solução, o que reduziu o risco de formação de cristais de gelo intracelular; e finalmente,

componentes desconhecidos na água de coco, como enzimas, podem ter sido tóxicos ou

prejudiciais à célula após criopreservação.

A adição de cafeína para ativar espermatozóides tem sido eficiente em primatas não-

humanos (Boatman e Bavister, 1984). Todavia, mesmo quando adicionado em ambas as

concentrações ao diluidor TES-TRIS, não foi observada a recuperação da motilidade.

Diferentemente, a adição de cafeína à ACIN, em ambas as concentrações resultou ma

recuperação da motilidade espermática. A cafeína é conhecida por aumentar os níveis de

cAMP intracelular (Cascieri et al., 1976), que pode induzir a motilidade espermática

(Harayama e Miyaki, 2006). A ACIN, por sua vez, é rica em ácido 3-indol-acético (AIA),

uma auxina capaz de substituir cAMP em bactérias entéricas, restaurando vias específicas

(Bianco et al., 2006). Por isso, sugerimos que exista um efeito sinérgico entre a cafeína e os

componentes da ACIN, envolvidos na recuperação da motilidade espermática.

Deste modo, a ACIN pode conter enzimas capazes de promover a rápida liquefação do

coágulo seminal do sêmen de C. apella, o que poderia ser útil para a inseminação artificial

com sêmen fresco. Além disso, a cafeína e os componentes da ACIN, provavelmente AIA,

podem agir sinergicamente no processo de ativação espermática. Porém, para a

criopreservação do sêmen de C. apella, o diluidor a base de TES-TRIS acrescido de 3,5% de

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glicerol assegurou melhor qualidade seminal pós-congelação que ACIN mais 2,5% de

glicerol.

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5. CONCLUSÃO GERAL

O diluidor a base de ACIN pode ser usado para desfazer rapidamente o coágulo

seminal de C. apella. Entretanto, a motilidade espermática é mantida por mais tempo em

ACIN acrescida de cafeína e TES-TRIS. Para a criopreservação do sêmen, TES-TRIS a 3,5%

de glicerol é mais indicado que ACIN a 2,5% de glicerol.

Mais estudos in vitro e, principalmente, in vivo, são necessários para confirmar a

viabilidade do sêmen descongelado de C. apella. Contudo, as técnicas desenvolvidas nesse

estudo podem contribuir para a formação de bancos de genoma de primatas não-humanos

ameaçados de extinção.

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