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i MAIRA OLIVEIRA SILVA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E COMPOSIÇÃO DE OLIGOSSACARÍDEOS EM SUBPRODUTO OBTIDO DO PROCESSAMENTO INDUSTRIAL DA GOIABA (Psidium guajava) CAMPINAS 2015

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MAIRA OLIVEIRA SILVA

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E COMPOSIÇÃO DE

OLIGOSSACARÍDEOS EM SUBPRODUTO OBTIDO DO

PROCESSAMENTO INDUSTRIAL DA GOIABA (Psidium guajava)

CAMPINAS

2015

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RESUMO

A goiaba (Psidium guajava L.), uma das frutas tropicais mais consumidas e utilizadas na

indústria brasileira, é conhecida como fonte de compostos bioativos relacionados à

prevenção de várias doenças no homem, sendo seu subproduto agroindustrial também

vinculado a esse benefício. A proposta do presente trabalho foi fornecer dados sobre o

subproduto obtido do processamento de goiaba da variedade Paluma, analisando-se

distintas metodologias de extração e determinação da capacidade antioxidante dos

compostos fenólicos presentes na matriz e identificando a presença de oligossacarídeos,

importante prebiótico, bem como sua quantificação, destacando-se a importância de sua

aplicação na alimentação. Dois tipos de extração – única com solução hidroetanólica 80% e

sequencial com solução hidroacetônica 80% (fenólicos livres), hexano (fenólicos

lipossolúveis) e acetato de etila (fenólicos conjugados) – foram utilizadas para a

quantificação dos compostos fenólicos, flavonoides e taninos, sendo a avaliação da

atividade antioxidante realizada por três ensaios antioxidantes DPPH – 2,2-difenil-1-

picrilhidrazil, ABTS – ácido 2,2'-azinobis-3-etilbenzotiazolina-6-sulfonico e ORAC –

capacidade de absorção de oxigênio radical. A identificação e quantificação dos

oligossacarídeos foram realizadas em extratos obtidos por três mecanismos – shaker, ultra-

turrax e ultrassom, avaliando-se o mecanismo mais eficiente na recuperação do composto.

O subproduto agroindustrial se mostrou uma boa fonte de compostos fenólicos, sendo a

extração sequencial de melhor eficiência na extração dos compostos fenólicos (0,56 mg

EAG.g-1

– extração única e 2,60 mg EAG.g-1

– extração sequencial), refletindo na maior

atividade antioxidante determinada pelos três ensaios quando comparada com a fruta. Os

oligossacarídeos identificados nas amostras foram os FOS – fruto-oligossacarídeos (GF2,

GF3 e GF4) e os MOS – malto-oligossacarídeos (G3, G4, G5, G6 e G7), sendo maior teor

determinado na goiaba. O mecanismo de extração ultrassom mostrou ser o mais eficiente na

recuperação dos oligossacarídeos nas amostras. O estudo indica que o subproduto

agroindustrial da goiaba possui grande potencial antioxidante em extratos obtidos por

processos sequenciais, merecendo atenção para aplicação em alimentos. As informações

apresentadas de oligossacarídeos na goiaba e seu subproduto agroindustrial são uma boa

base para um desenvolvimento de banco de dados de composição de alimentos, podendo

ser melhores explorados por processo de otimização de extrações para melhor

aproveitamento desse prebiótico e aplicação em alimentos.

Palavras-chave: frutas tropicais; subprodutos; compostos fenólicos; compostos bioativos,

prebióticos.

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ABSTRACT

Guava (Psidium guajava L.), one of the most consumed tropical fruit and used in Brazilian

industry, is known as a source of bioactive compounds related to the prevention of various

diseases in humans and its agro-industrial by-product also linked to this benefit. The

purpose of this study was to provide data on the by-product obtained from guava processing

of the variety Paluma, analyzing different methodologies of extraction and determination of

the antioxidant capacity of phenolic compounds present in the matrix and identifying the

presence of oligosaccharides, important prebiotic and its quantification, highlighting the

importance of its application in food. Two kinds of extraction – single with hydroethanol

80% solution and sequentially with hydroacetonic 80% solution (free phenol), hexane

(soluble phenolic) and ethyl acetate (phenolic conjugates) - were used for the quantification

of the phenolic compounds, flavonoids and tannins, and the evaluation of the antioxidant

activity performed by three antioxidant assays (DPPH – 2,2-Diphenyl-1-picrylhydrazyl,

ABTS – 2,2′-Azino-bis(3-ethylbenzothiazoline-6-sulfonic acid) and ORAC – oxygen

radical absorbance capacity). The identification and quantification of the oligosaccharides

were performed on extracts obtained by three mechanisms - shaker, ultra-rurrax and

ultrasound, evaluating the most efficient mechanism to recover the compound. The agro-

industrial by-product proved to be a good source of phenolic compounds, sequential

extraction with an improved efficiency in extraction of phenolic compounds (0.56 mg

EAG.g-1

- single extraction and 2.60 mg GAE.g-1

- sequential extraction), reflecting the

increased antioxidant activity determined by the three tests when compared with fruit.

Oligosaccharides identified in the samples were the FOS – fructooligosaccharides (GF2,

GF3 and GF4) and MOS – maltooligosaccharides (G3, G4, G5, G6 and G7), higher specific

content in guava. The extraction mechanism ultrasound showed to be the most efficient in

the recovery of oligosaccharides in the samples. The study indicates that the agro-industrial

by-product from guava has great potential antioxidant extracts obtained by sequential

processes, deserving attention for application in food. The information presented

oligosaccharides in guava and its agro-industrial by-product are a good basis for a database

development of food composition and can be best exploited by extraction optimization

process to better use of prebiotic and application in food.

Keywords: tropical fruits; by-products, phenolic compounds; bioactive compounds;

prebiotics.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 3

2.1. Objetivo geral .............................................................................................................. 3

2.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5

3.1. Goiaba .......................................................................................................................... 5

3.1.1. Subprodutos agroindustriais do processamento da goiaba .................................... 8

3.2. Compostos Fenólicos ............................................................................................. 12

3.2.1. Flavonoides ..................................................................................................... 17

3.2.2. Taninos ........................................................................................................... 21

3.3. Atividade antioxidante ........................................................................................... 24

3.3.1. Métodos de determinação da atividade antioxidante ...................................... 29

3.4. Oligossacarídeos .................................................................................................... 33

3.4.1. Fruto-oligossacarídeos .................................................................................... 42

3.4.2. Malto-oligossacarídeo .................................................................................... 50

4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 53

4.1. Obtenção das amostras ........................................................................................... 53

4.2. Caracterização das amostras .................................................................................. 53

4.2.1. Determinação do pH ....................................................................................... 53

4.2.2. Análise de acidez total titulável ...................................................................... 54

4.2.3. Determinação de sólidos solúveis .................................................................. 54

4.3. Composição fenólica .............................................................................................. 54

4.3.1. Obtenção dos extratos ..................................................................................... 54

4.3.2. Determinação de fenólicos totais .................................................................... 55

4.3.3. Quantificação de flavonoides ......................................................................... 56

4.3.4. Determinação de taninos condensados ........................................................... 57

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4.4. Ensaios antioxidantes in vitro ................................................................................ 58

4.4.1. Atividade sequestradora do radical DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) ........ 58

4.4.2. Atividade antioxidante pelo método de redução do radical ABTS [2,2´-

azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)]......................................................... 58

4.4.3. Determinação da capacidade de absorção do radical oxigênio (ORAC)........ 59

4.5. Análise de açúcares e oligossacarídeos.................................................................. 60

4.5.1. Preparo dos extratos ....................................................................................... 60

4.5.2. Identificação e quantificação de açúcares e oligossacarídeos ........................ 60

4.6. Análise estatística .................................................................................................. 62

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 63

5.1. Caracterização das amostras .................................................................................. 63

5.2. Composição fenólica .............................................................................................. 66

5.3. Ensaios de atividade antioxidante .......................................................................... 74

5.3.1. Atividade sequestrante do radical livre DPPH ............................................... 74

5.3.2. Atividade antioxidante pelo método ABTS ................................................... 79

5.3.3. Ensaio da Capacidade de Absorção do Radical Oxigênio (ORAC) ............... 82

5.3.4. Influência do tipo de extração na obtenção de compostos antioxidantes ....... 86

5.3.5. Correlação entre compostos fenólicos e atividade antioxidante ..................... 90

5.4. Caracterização de açúcares e oligossacarídeos ...................................................... 93

5.4.1. Identificação e caracterização ......................................................................... 93

5.4.2. Efeito dos mecanismos de extração de açúcares e oligossacarídeos .............. 99

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 105

7. PERSPECTIVAS FUTURAS ..................................................................................... 107

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 109

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“Pois vos é necessária à perseverança para fazerdes a vontade de Deus e

alcançardes os bens prometidos.”

Hebreus 10:36

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DEDICATÓRIA

À minha família que sempre me incentivou para a realização dos meus ideais, encorajando-

me a enfrentar todos os momentos difíceis da vida e a acreditar mais em mim. Com muito

carinho, dedico a vocês, obrigada pela compreensão, apoio e contribuição para essa mais

nova conquista na minha vida.

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela presença constante, pela sabedoria, força e amor que tem me dado

todos os dias, por ter ajudado a manter a fé nos momentos mais difíceis durante essa etapa.

À orientadora Gláucia Maria Pastore que me deu a oportunidade de fazer parte da

sua equipe, me ouvindo e confiando em mim, meus sinceros agradecimentos ao seu olhar

crítico e construtivo que me ajudaram na obtenção desse título.

Aos professores Solange Guidolin Canniatii-Brazzaca, Vera Sônia Nunes da Silva,

Rosângela dos Santos e Raimundo Wilane de Figueiredo pela disponibilidade em avaliarem

meu trabalho, contribuindo com sugestões e comentários valiosos para a sua melhoria.

Aos colegas do Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos, Iramaia,

Gustavo, Renata, Maysa, Verônica, Nadir, Ana Paula, Ana Stela, Dora e Débora que

ouviram os meus desabafos, que me ajudaram nas dificuldades, que me passaram

ensinamentos valiosos, que contribuíram com o enriquecimento das minhas análises e na

minha vida acadêmica. Em especial, a Jane que com seu conhecimento em HPLC e

oligossacarídeos me ajudou de forma excepcional com paciência e carinho, minha eterna

gratidão; e ao Henrique que desde o início do mestrado esteve ao meu lado, me dando

conselhos, tirando duvidas, orientando em certas análises e sendo um amigo em momentos

bons e ruins, à você meu muito obrigada.

As amigas Arícia e Débora pelo convívio durante o mestrado, pelos ensinamentos,

pelos desabafos e pelas risadas.

As meninas da república Sabrina, Gabriela Souza, Gabriela Silva, Bárbara, Gizele,

Naara, Beatriz, Ana Cláudia, Ruth e Karol por esses dois anos de convivência,

confidências, compreensões, sorrisos e aprendizados. Grata pelo acolhimento e a amizade

formada.

À Tatiane, Tamires, Luiz Gustavo, Rafaela, Mariana, Natália e Suzan, amigos que

desde a graduação provam que a distância não é um empecilho quando verdadeiros laços de

amizade são formados. Grata pelos momentos especiais nos nossos reencontros, grata pela

torcida e motivação de sempre.

Ao Instituto Federal de São Roque por ter permitido o meu deslocamento à

Campinas para a realização do Mestrado, obrigada pela compreensão.

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Aos meus amigos de São Roque, Roseli, Tiago, Eddy, Milena, Thiago, Adriana,

Herlison, Solema, Allan, Ricardo Rodriguez, Silvan, Janaína, Ramiéri, Marcos, Rafael,

Elis, Ricardo Coelho, Daniela, Rodrigo, Diego, Nathália e Luiza que mostraram

preocupação e carinho, me motivando em momentos difíceis, seja na vida pessoal, como

profissional e acadêmica.

Aos meus amigos Suzan e Richtier que mesmo de longe contribuíram com

sugestões, dando apoio e motivação.

À indústria De Marchi por fornecer as matérias-primas necessárias para a realização

deste trabalho.

E em especial a minha família, meus pais Rubens e Maria Aparecida, irmãs Renata

e Carolina e cunhados Adriano e Felipe que desde sempre acreditaram em mim, me

incentivaram na realização dessa etapa, me deram broncas quando me sentia incapaz, me

motivaram quando o desânimo vinha, oraram pela minha vida, se alegraram com minhas

alegrias e me apoiaram em minhas conquistas, me mostrando sempre o verdadeiro sentido

do amor. Sem vocês os obstáculos seriam bem mais difíceis de serem ultrapassados, sem

vocês essa caminhada e conquista não teria o mesmo gosto de dever cumprido.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram, meus sinceros

agradecimentos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma das rotas da síntese dos compostos fenólicos. (Fonte: Tiveron, 2010).

.............................................................................................................................................. 13

Figura 2. (A) Estrutura básica dos flavonoides e (B) Estrutura básica dos flavonoides com

grupo carbonila no C-4. (Fonte: Huber & Rodriguez-Amaya, 2008). ................................. 18

Figura 3. Principais classes dos flavonoides. (Fonte: Huber & Rodriguez-Amaya, 2008). . 19

Figura 4. Estrutura genérica das maiores classes dos flavonoides. (Fonte: Balasundram,

Sundram e Samman, 2006). .................................................................................................. 19

Figura 5. Estrutura de um tanino hidrolisável. (Fonte: Battestin, Matsuda e Macedo, 2008).

.............................................................................................................................................. 22

Figura 6. Estrutura de um tanino condensado. (Fonte: Martins, 2012). ............................... 22

Figura 7. Reação da vanilina com o tanino condensado. (Fonte: Martins, 2012). ............... 24

Figura 8. Representação esquemática da estrutura química do DPPH e sua redução a radical

DPPH•. (Fonte: Pazinatto, 2008). ......................................................................................... 30

Figura 9. Representação esquemática da estrutura química do composto ABTS. (Fonte:

Pereira, 2009). ...................................................................................................................... 31

Figura 10. Monossacarídeos presentes nas estruturas de oligossacarídeos. (Fonte: Mussatto

e Mancilha, 2007). ................................................................................................................ 34

Figura 11. Representação química de processos de produção de oligossacarídeos. (Fonte:

Mussatto e Mancilha, 2007, adaptada). ................................................................................ 41

Figura 12. Estrutura química dos principais fruto-oligossacarídeos: (A)1-kestose, (B)

nistose e (C) frutofuranosil nistose. (Fonte: Tuohy et al., 2005). ......................................... 44

Figura 13. Subprodutos agroindustriais da goiaba “Paluma” após lavagem e separação. ... 63

Figura 14. Aspecto visual da goiaba in natura e do subproduto agroindustrial antes da etapa

de liofilização (A) e (B), respectivamente e, após a etapa de liofilização e moagem (C) e

(D), respectivamente. ............................................................................................................ 66

Figura 15. Curva analítica – (A) ácido gálico padrão de referência (n=7) para o cálculo do

teor de compostos fenólicos; (B) catequina padrão de referência (n=9) para o cálculo do

teor de flavonoides e (C) catequina padrão de referência (n=8) para o cálculo do teor de

taninos. .................................................................................................................................. 67

Figura 16. Curva analítica do Trolox padrão de referência (n = 11) para capacidade

antioxidante de sequestro do radical DPPH ABTS e seu coeficiente de correlação linear

(R²). ....................................................................................................................................... 76

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Figura 17. Atividade antioxidante (%) dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial da goiaba na concentração 3,33 mg.mL-1

, em base fresca, pelo método do

sequestro do radical livre DPPH (média ± desvio padrão, mínimo n = 3). .......................... 78

Figura 18. Curva analítica do Trolox padrão de referência (n = 8) para capacidade

antioxidante de sequestro do radical ABTS e seu coeficiente de correlação linear (R²). ..... 80

Figura 19. Curva analítica do Trolox padrão de referência (n = 9) para capacidade

antioxidante determinada pelo ensaio ORAC hidrofílico (A) e lipofílico (B) e seus

respectivos coeficientes de correlação linear (R²). ............................................................... 82

Figura 20. Área de decaimento da intensidade dos extratos em relação ao branco no ensaio

ORAC para compostos fenólicos hidrofílicos e lipofílicos. ................................................. 84

Figura 21. Teor de (A) compostos fenólicos e (B) flavonoides (C) taninos e atividade

antioxidante pelos ensaios (D) DPPH, (E) ABTS e (F) ORAC em goiaba in natura e

subproduto agroindustrial de goiaba, em base fresca (média ± desvio padrão, mínimo n =

3). .......................................................................................................................................... 88

Figura 22. Perfil HPLC ilustrando os mono- e dissacarídeo na goiaba in natura (A) e seu

subproduto agroindustrial (B) e oligossacarídeos na goiaba in natura (C) e seu subproduto

agroindustrial (D) extraídos pelo mecanismo Ultrassom: GF2: 1-kestose, GF3: nistose,

GF4: 1F-β fructofuranosylnystose, G3: maltotriose, G4: maltotetriose, G5: maltopentaose,

G6: maltohexaose, G7: maltoheptaose. ................................................................................ 94

Figura 23. Teor de (A) açúcares (glicose, frutose e sacarose) e (B) oligossacarídeos em

goiana in natura e subproduto agroindustrial de goiaba de acordo com os mecanismos de

extração. .............................................................................................................................. 102

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores nutricionais por 100 g da parte comestível de goiaba ............................... 7

Tabela 2. Usos medicinais de subprodutos da goiaba Psidium guajava .............................. 11

Tabela 3. Classificação dos compostos fenólicos segundo o esqueleto principal ................ 14

Tabela 4. Fontes de alguns flavonoides presentes em vegetais ............................................ 20

Tabela 5. Exemplos de oligossacarídeos e suas composições .............................................. 36

Tabela 6. Micro-organismos anaeróbicos predominantes no cólon humano ....................... 37

Tabela 7. Compostos prebióticos do grupo dos oligossacarídeos ........................................ 42

Tabela 8. Exemplos de fontes de fruto-oligossacarídeos e seus teores expressos em

porcentagem (base fresca) .................................................................................................... 43

Tabela 9. Exemplos de aplicações do FOS em produtos alimentícios e suas funcionalidades

.............................................................................................................................................. 46

Tabela 10. Características físico-químicas da goiaba in natura “Paluma” e do seu

subproduto agroindustrial ..................................................................................................... 64

Tabela 11. Valores de umidade, rendimento e matéria seca da goiaba in natura e do

subproduto agroindustrial após o processo de liofilização ................................................... 65

Tabela 12. Teor de compostos fenólicos, flavonoides e taninos condensados de goiaba in

natura e subproduto agroindustrial de goiaba, expressa em base fresca .............................. 68

Tabela 13. Valor do IC50 (mg.mL-1

) dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial da goiaba, expressa em base fresca ............................................................... 75

Tabela 14. Atividade antioxidante dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial da goiaba, expressa em base fresca, pelo método do sequestro do radical livre

DPPH•................................................................................................................................... 77

Tabela 15. Atividade antioxidante dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba, expressa em base fresca, pelo método ABTS .............................. 80

Tabela 16. Atividade antioxidante dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba pelo ensaio ORAC, expressos em µmol TE.g–1

, em base fresca .. 83

Tabela 17. Coeficiente de correlação linear de Pearson (r²) entre os compostos fenólicos e

flavonoides e os ensaios de atividade antioxidante de goiaba in natura e seu subproduto .. 91

Tabela 18. Coeficiente de correlação linear de Pearson (r²) entre os ensaios de atividade

antioxidante de goiaba in natura e seu subproduto agroindustrial ....................................... 92

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Tabela 19. Composição de mono- e dissacarídeo em goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba, expressa em base seca, obtidos por diferentes mecanismos de

extrações ............................................................................................................................... 95

Tabela 20. Composição de oligossacarídeos em goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba, expressa em base seca, obtidos por diferentes mecanismos de

extrações ............................................................................................................................... 98

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABTS: acido 2,2'-azinobis-3-etilbenzotiazolina-6-sulfonico

AGCC: Ácidos graxos de cadeia curta

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AOAC: Association of Official Analytical Chemists

ATT: Acidez total

CF: Compostos fenólicos

CLAE-TI: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada em sistema de troca iônica

Cr: Espécie mineral cromo

Cu: Espécie mineral cobre

Cu+: Íon cuproso

DNA: Ácido desoxirribonucleico

DP: Grau de polimerização

DPPH: 2,2-difenil-1-picrilhidrazil

EAG: Equivalente de ácido gálico

ECFC: Extrato de compostos fenólicos conjugados

ECFL: Extrato de compostos fenólicos livres

ECFSH: Extrato de compostos fenólicos solúveis em hexano (lipossolúveis)

EE: Extrato em solvente hidroetanólico

ES: Processo de extração sequencial de compostos fenólicos

EU: Processo de extração única (apenas um solvente) de compostos fenólicos

FAO: Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação

Fe: Espécie mineral ferro

Fe2+:

Íon ferroso

FL: Flavonoides

FOS: Fruto-oligossacarídeo

HDL: Lipoproteína de alta densidade

H2O2: Radical peróxido de hidrogênio

HO2•: Radical hidroperóxido

HOCl: Radical ácido hipocloroso

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IAL Instituto Adolfo Lutz

IC50: Concentração mínima da substancia antioxidante necessária para reduzir em 50% a

concentração inicial do DPPH.

LDL: lipoproteína de baixa densidade

Mn: Espécie mineral manganês

MOS: Malto-oligossacarídeo

NO•: Radical óxido nitroso

NO2•: Radical dióxido de nitrogênio

O2•-: Radical

superóxido

OH•: Radical hidroxila

OND: Oligossacarídeos não digeríveis

OONO-: Radical peroxinitrito

ORAC: Capacidade de Absorção de Oxigênio Radical

pH: Potencial Hidrogeniônico

RNOS: Espécies reativas de nitrogênio

ROS: Espécies reativas de oxigênio

RS•: Radicais derivados de tióis

SK: Shaker

SST: Sólidos solúveis totais

TC: Taninos condensados

TE: Trolox

TEAC – Capacidade antioxidante equivalente ao Trolox

TROLOX – 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromo-2-acido carboxilico

US: Ultrassom

UT: Ultra-Turrax

USDA:United States Departament of Agriculture

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1. INTRODUÇÃO

A comprovação de que dietas ricas em frutas contribuem na prevenção de doenças

como as cardiovasculares e os cânceres tem se tornado mais expressiva em estudos

científicos, despertando o interesse pela identificação de novas fontes de origem vegetal

com compostos bioativos com efeitos benéficos para aumento do consumo das frutas.

O Brasil, após a China e a Índia, se encontra entre os maiores produtores mundiais

de frutas. Ocupando a terceira posição no rancking, possui produção anual de mais de 41

milhões de toneladas, representando quase 5,7% da produção mundial (ANDRADE, 2010).

Dentre as frutas tropicais mais produzidas nacionalmente se destaca a goiaba da

variedade Paluma (GOUVEIA et al., 2004; ARSHIYA, 2013) da espécie Psidium guajava

L. (PEREIRA et al., 2005), que além de ser consumida na sua forma in natura apresenta

uma gama de aplicações na indústria alimentícia, podendo ser encontrada na forma

desidratada, servir de base para o preparo de polpa, geleia, xaropes, doces, bebidas,

sorvetes entre outras aplicações.

A goiaba apresenta excelente valor nutricional, sendo fonte de vitaminas C, A, E, do

complexo B (ácido pantotênico e niacina) (PEREIRA, 2009), de minerais como cálcio,

fósforo e ferro (TEIXEIRA et al., 2006; ROBERTO, 2012; ARSHIYA, 2013), e compostos

bioativos relacionados à prevenção de doenças como carotenoides entre eles licopeno e

compostos fenólicos, tais como taninos, flavonoides, óleos essenciais, álcoois

sesquiterpenoides e ácidos triterpenoides (NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010;

BARBALHO et al., 2012).

Do processamento da goiaba há a geração de um alto volume de resíduos,

conhecidos como subproduto, o qual é constituído basicamente por sementes, bagaços e

cascas (MANTOVANI et al., 2004; SOUSA, 2009). Esses subprodutos quando destinados

de forma inadequada contribuem com problemas ambientais globais tais como

contaminação do solo, do ar e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.

Assim, como a fruta in natura, os subprodutos apresentam em sua composição

vitaminas, minerais, fibras e compostos bioativos como antioxidantes, podendo assim ser

utilizados para a suplementação na alimentação humana (SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011).

No entanto, os estudos sobre os compostos com propriedades funcionais presentes nos

subprodutos do processamento da goiaba ainda são limitados, sendo o maior foco nos

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compostos com capacidade antioxidante (MELO, 2010; NASCIMENTO, 2010; SOUSA;

VIEIRA; LIMA, 2011; MARTÍNEZ et al., 2012).

Outro composto bioativo enfatizado em estudos científicos são os oligossacarídeos.

Encontrados nas plantas, atua como açúcares de reserva em sementes e tubérculos, sendo

utilizados durante o crescimento das plantas (VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006).

Os oligossacarídeos são compostos de cadeia relativamente pequena com baixo grau

de polimerização (DP 2 a 10) (ROBERFROID; SLAVIN, 2000), que por apresentarem em

sua estrutura ligações do tipo β presentes nos carbonos anoméricos (C1 ou C2) entre seus

monossacarídeos não podem ser clivados pelas enzimas digestivas humanas (MARTIN;

BURKERT, 2009), sendo, portanto, fermentados pela microflora presente no intestino

grosso, refletindo em benefícios à saúde humana.

Desse modo, este composto bioativo não digerível tem sido aplicado na produção de

alimentos, cosméticos, e produtos farmacêuticos (MUSSATTO; MANCILHA, 2007)

devido às funcionalidades atribuídas a ele como efeitos bifidogênicos, redução do risco de

osteoporose, aumento da absorção de minerais, prevenção de aterosclerose por meio da

redução da síntese de triglicerídeos e redução das concentrações plasmáticas de colesterol

(JOVANOVIC-MALINOVSKA, KUZMANOVA, WINKELHAUSEN, 2014).

Apesar de existir pesquisas que identificaram e quantificaram oligossacarídeos em

alguns alimentos de origem vegetal, poucos estudos são encontrados em frutas e,

principalmente, em seus subprodutos, sendo a goiaba uma delas.

Assim, verifica-se a importância de mais estudos que envolvam frutas a fim de

despertar o interesse pelo maior consumo destas, visto o papel que representam na dieta

humana e, também a necessidade de investigações científicas e tecnológicas mais profundas

que possibilitem a utilização dos seus subprodutos agroindustriais como fontes de extração

de fitoquímicos ou aplicação em produção de alimentos de forma eficiente, econômica e

segura.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Fornecer novos dados sobre o subproduto obtido do processamento de goiaba

vermelha da variedade Paluma e sobre sua importância na aplicação de produtos

alimentícios.

2.2. Objetivos específicos

Quantificar os compostos fenólicos, flavonoides e taninos condensados por dois

métodos de extração – único solvente e extração sequencial (fracionado), determinando

o método mais eficiente;

Avaliar a capacidade de sequestrar radicais livres dos extratos do subproduto do

processamento da goiaba e da fruta in natura por três ensaios – DPPH, ABTS e ORAC;

Identificar e quantificar, com auxílio de padrões analíticos, os oligossacarídeos

presentes no subproduto da goiaba vermelha bem como na fruta in natura para fins

comparativos, por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), em coluna de troca

iônica;

Realizar a extração de oligossacarídeos por três métodos de mecanismo (shaker,

ultrassom e ultra-turrax), a fim de se avaliar o efeito sobre a extração de

oligossacarídeos nas amostras;

Mostrar que o subproduto do processamento da goiaba vermelha, assim como a fruta,

pode apresentar um conteúdo de compostos bioativos significativo, podendo ser

aplicado como ingrediente funcional.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Goiaba

Com origem na América tropical, possivelmente entre o México e o Peru

(NASCIMENTO, 2010), a goiaba (Psidium guajava L.), pertencente à família Myrtaceae

(PEREIRA et al., 2005; SANTOS, 2011), abrange mais de 130 gêneros e 3600 espécies

difundidas principalmente nos trópicos e subtrópicos (HAIDA et al., 2011).

A goiabeira é uma árvore de médio porte (cerca de 10 metros de altura)

(GUTÍERREZ; MITCHELL; SOLIS, 2008). O fruto é uma baga, que consiste de casca,

polpa carnuda e sementes pequenas, brancas e duras distribuídas desuniformemente na

região central da polpa (JIMÉNEZ-ESCRIG, 2001; ARSHIYA, 2013). Comumente possui

5 centímetros de diâmetro (GUTIÉRREZ; MITCHELL; SOLIS, 2008) e de 4 a 12

centímetros de comprimento, sendo o seu formato redondo ou oval. O fruto apresenta

aroma peculiar semelhante à casca de limão, porém menos acentuado. A polpa com sabor

de doce a azedo apresenta coloração de quase branca à rosa escuro/vermelha, já a casca

apresenta sabor de amargo a doce e textura áspera (ARSHIYA, 2013).

A produção mundial da goiaba gira em torno de 500 mil toneladas por ano (MELO,

2010), com grande distribuição e importância no comércio internacional e na economia

interna de mais de 50 países das áreas tropicais e subtropicais (SENA, 2008), sendo

produzida, principalmente, em países da América Latina destacando-se o Brasil, a

Colômbia, o México e a Venezuela (MELO, 2010).

Sua importância se deve mais a fatores como bom valor nutricional, boa aceitação

da fruta in natura (UCHÔA, 2007), diversidade na aplicação em produtos alimentícios

(como suco, néctar, polpa, compota, desidratados, xarope e sorvete) (GOUVEIA et al.

2004; ARSHIYA, 2013) e excelente adaptação em climas adversos (UCHOA, 2007).

No Brasil, a goiaba se destaca dentre as frutas tropicais, sendo uma das mais

cultivadas, o que coloca o país na posição de um dos maiores produtores mundiais da fruta

(NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010), ocupando o 4º lugar do rancking, seguindo

Índia, Paquistão e México (POMMER; MURAKAMI; WATLINGTON, 2006).

Com plantação concentrada nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil

(NASCIMENTO, 2010), a sua aplicação em produção de polpa congelada para indústrias

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de suco e produção de doces como sorvetes e geleias tem se intensificado (SENA, 2008). E

devido às condições climáticas e do solo brasileiro serem favoráveis ao cultivo da

goiabeira, além do ótimo valor nutricional, a tendência de melhorar o desenvolvimento da

produção agrícola e, consequentemente, aumentar a produção da fruta, leva a expansão da

atividade industrial e aumento do potencial de exportação (SANTOS, 2011).

A goiaba vermelha da variedade “Paluma” (P. guajava var pomifera) e a branca da

variedade “Kumagai” (P. guajava var pyrifera) (HAIDA et al., 2011; BARBALHO et al.

2012) são as variedades de maior produção e destaque no Brasil, no entanto, por ser mais

nobre e apreciável pelo paladar, além de ter maior utilidade na aplicação de alimentos, a

goiaba vermelha tem produção predominante (PEREIRA, 2009).

O volume de produção de goiaba no Brasil é de cerca de 316 mil toneladas plantada

em uma área de aproximadamente 15 mil ha (RAMOS et. al., 2011). O estado de São Paulo

como maior produtor detém cerca de 40% da produção brasileira de goiaba,

correspondendo a 35 mil toneladas por ano da fruta. Nos municípios de Vista Alegre do

Alto, Monte Alto e Taquaritinga, responsáveis pela maior produção da fruta, se concentram

as maiores agroindústrias processadoras de goiaba, onde 70% da produção se destinam à

industrialização (NATALE et al., 2011), pois o processamento da goiaba é uma forma de

agregar valor econômico à fruta, levando a minimização de desperdícios e perdas que

naturalmente ocorrem durante a comercialização da fruta in natura.

O conhecimento das características nutricionais da goiaba ainda é escasso. A goiaba

é uma fruta rica em vitaminas como ácido ascórbico (teor no mínimo quatro vezes superior

ao da laranja) (PEREIRA, 2009), vitamina A, E, do complexo B (ácido pantotênico e

niacina), além de ser fonte de minerais como cálcio, fósforo, e ferro (PEREIRA et al. 2005;

TEIXEIRA et al., 2006; ROBERTO, 2012; ARSHIYA, 2013), selênio, cobre e magnésio

(UCHOA, 2007), e fibras (TEIXEIRA et al., 2006).

A Tabela 1 apresenta a composição centesimal, de minerais e de vitaminas por 100

g de goiaba (TACO-UNICAMP, 2006).

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Tabela 1. Valores nutricionais por 100 g da parte comestível de goiaba

Nutriente Teor Nutriente Teor

Umidade 85 g Fósforo 15 mg

Proteína 1,1 g Ferro 0,2 mg

Lipídeos 0,4 g Sódio Traço

Carboidrato 13 g Potássio 198 mg

Fibra alimentar 6,2 g Cobre 0,04 mg

Cinzas 0,5 g Zinco 0,1 mg

Magnésio 7 mg Riboflavina Traço

Manganês 0,09 mg Piridoxina 0,03 mg

Fonte: TACO-UNICAMP, 2006.

O consumo da fruta, principalmente em sua forma in natura, é indicado em dietas

por possuir baixo teor de açúcar e gordura. E devido os seus nutrientes e compostos

bioativos, a goiaba traz benefícios à saúde humana, sendo o carotenoide licopeno (goiaba

vermelha) o composto de maior interesse, visto que está relacionado à prevenção de

diversos tipos de câncer (UCHOA, 2007), principalmente o de próstata bem como de

doenças cardiovasculares (PEREIRA, 2009).

Além dos carotenoides outros compostos fitoquímicos contribuem com a ação

benéfica à saúde do consumo da goiaba. A fruta é rica em compostos fenólicos, tais como

taninos, flavonoides, óleos essenciais, álcoois sesquiterpenoides e ácidos triterpenoides, os

quais por suas propriedades antioxidantes estão relacionados à prevenção de doenças

crônicas degenerativas não transmissíveis (NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010;

BARBALHO et al., 2012).

E é devido à presença desses compostos bioativos que o consumo regular de goiaba

está relacionado a tratamentos de várias doenças e sintomas tais como disenteria, diarreia,

cólicas, enterite, infecções amebianas, arritmias e algumas doenças cardíacas, infecções de

ouvido e olho, gota, malária, úlcera, depressão, tosse, hipertensão, ansiedade, convulsões e

dores menstruais (KUMAR, 2012).

No entanto, parte dos compostos responsáveis por tais benefícios à saúde humana

não são aproveitados por serem descartados durante o processamento industrial da goiaba.

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3.1.1. Subprodutos agroindustriais do processamento da goiaba

O crescimento populacional bem como a concentração da população em centros

urbanos tem refletido no aumento da demanda por alimentos (NATALE et al., 2011).

Consequentemente, as atividades agroindustriais têm se intensificado, levando a um

aumento da geração de resíduos agroindustriais (MENDES, 2013).

O termo resíduo, no âmbito alimentício, pode ser definido como qualquer

componente não considerado produto ou matéria-prima dentro da especificação oriundo do

processamento de matérias-primas na agroindústria (SANTOS, 2011).

De acordo com as características físico-químicas, os resíduos alimentícios são

classificados como resíduos sólidos molhados e orgânicos, respectivamente, podendo ser de

origem domiciliar, industrial e agrícola. A norma NBR 10.004 - Resíduos Sólidos (2004),

redigida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), também classifica os

resíduos em três classes distintas: classe I - perigosos, classe II – não inertes e classe III –

inertes, sendo os resíduos de alimentos enquadrados na classe II por não oferecerem

periculosidade, apesar de não serem inertes, pois podem apresentar propriedades como

biodegradabilidade ou solubilidade em água (KRAEMER, 2005).

Grande parte dos resíduos gerado em indústrias, comércio e domicílios é

direcionada para aterros sanitários (NATALE et al., 2011). Estes resíduos frequentemente

são caracterizados como poluidores ambientais, podendo o seu mau gerenciamento e

direcionamento implicar na gravidade de problemas ambientais (SOUSA, 2009), por serem

fontes de contaminação do solo, do ar e dos mananciais hídricos superficiais e subterrâneas

(KRAEMER, 2005). Contudo, os resíduos possuem em suas composições importantes

nutrientes que são depreciados durante o descarte, refletindo na perda de biomassa e de

nutrientes (SOUSA, 2009).

Os estabelecimentos geradores de resíduos são obrigados a realizar o

gerenciamento, o transporte, o tratamento e a destinação final adequada dos mesmos. Nesse

contexto, a busca por ações de controle e soluções como reaproveitamento dos resíduos

como subprodutos a fim de reduzir os possíveis impactos ao ambiente e aproveitar as

propriedades tecnológicas, nutricionais e funcionais destes resíduos tem se intensificado

(KRAEMER, 2005).

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O reaproveitamento dos subprodutos agroindustriais, além de favorecer o meio

ambiente, beneficia as indústrias processadoras por reduzir o volume total de resíduos,

minimizar os gastos operacionais e gerar, possivelmente, uma nova formulação alimentar

para indústria (SANTOS, 2011) e pode agregar valor a algum produto da indústria

(ROBERTO, 2012), sendo uma excelente alternativa para as indústrias alimentícias.

O Brasil é um dos países que mais produz subprodutos agroindustriais. No

processamento das frutas, sementes, parte da fração da pele/casca e da polpa oriundos do

despolpamento ou de outras etapas físicas são descartados (NASCIMENTO; ARAÚJO;

MELO, 2010). Estudos comprovam que a maior parte dos nutrientes se concentram nas

cascas e sementes das frutas (SOUSA et al., 2011), os quais poderiam ser aplicados para o

desenvolvimento de novos produtos alimentícios como biscoitos, bolos e barras de cereais

(SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011). Contudo, os componentes presentes nas frutas e suas

propriedades devem ser melhores estudadas para que haja o aproveitamento adequado do

subproduto (SANTOS, 2011).

No caso da goiaba utilizada na indústria processadora, após as etapas de

despolpamento e de lavagem com água clorada, o subproduto gerado é composto por uma

mistura constituída por sementes, principalmente, bagaços e cascas, na proporção de 4 a

12% da massa total dos frutos (MANTOVANI et al., 2004; SOUSA, 2009). A etapa de

corte também gera os subprodutos cascas e sementes (SANTOS, 2011). Estima-se que de

cerca de 202 mil toneladas por ano de goiaba processadas, 6% corresponde a sementes, o

que representa, aproximadamente, 12 mil toneladas de subprodutos por ano (SANTOS,

2011).

Assim como a goiaba in natura, o subproduto da goiaba apresenta composição

química com vários nutrientes – 8,6-10,90% de proteína bruta, 43,44 – 61,25% fibra bruta e

48,81 – 81,95% de fibra detergente neutro (LIRA et al., 2011).

O subproduto da goiaba é considerado um resíduo com alto índice de fibra

alimentar e fibra bruta. Uchoa et al. (2008) analisando bagaço de goiaba (sementes e

cascas), transformados em pós alimentícios, encontraram 39,56% de fibra bruta total e

24,46% de fibra alimentar, representando 61,83% da fibra bruta total do subproduto de

goiaba, o que permite considerar o bagaço de goiaba como um alimento de elevado teor de

fibra alimentar, visto que de acordo com a Portaria nº27, de 13 de janeiro de 1998

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(BRASIL, 1998) para um alimento ser considerado com alto teor de fibras deve possuir no

mínimo 6 g de fibra por 100 g de produto pronto.

Além de fibras, o subproduto de goiaba também contém minerais que contribui com

sua utilização. Fernandes et al. (2002) analisando subproduto da goiaba determinou 17, 2 e

3 g.kg-1

de N, P e K, respectivamente (MANTOVANI et al., 2004).

A Tabela 2 mostra algumas aplicações medicinais que se encontram associadas às

folhas, cascas e sementes da goiaba. A explicação para as propriedades citadas se deve a

presença significativa de fitoquímicos com potencial antioxidante como os compostos

fenólicos não só na polpa da goiaba como nas folhas, cascas e sementes da fruta (MELO,

2010). Sousa, Vieira e Lima (2011) encontraram no subproduto da goiaba teores fenólicos

igual a 46,77 e 24,63 mg.100 g-1

, expressos em ácido gálico, em extrato hidroalcoólico e

aquoso, respectivamente.

Segundo Naczk e Shahidi (2004) a eficiência da extração dos compostos fenólicos

nos vegetais depende de alguns fatores como natureza química dos fitoquímicos e

solventes; o método de extração utilizado e solvente; o tamanho da amostra de partícula; o

tempo e as condições de armazenamento; e a presença de substâncias interferentes. Além

disso, os fenólicos podem ser encontrados complexados com hidratos de carbono, proteínas

e outros nutrientes presentes nos vegetais ou estar em sua forma insolúvel na matriz.

A solubilidade depende de características dos compostos fenólicos como polaridade

dos polifenóis presentes na amostra, grau de polimerização e interação com outros

constituintes no vegetal (NACZK; SHAHIDI, 2004; NASCIMENTO, 2010). Nascimento,

Araújo e Melo (2010) avaliando a eficiência de extração de fenólicos em subproduto da

goiaba com diferentes solventes – hidroacetônico, hidrometanólico, hidroetanólico e

aquoso – encontraram 5.317,27; 2.176,46; 514,23 e 498,80 mg.100 g-1

, respectivamente.

Certos subprodutos de frutas apresentam teores de compostos fenólicos superiores

ao da polpa (NASCIMENTO, 2010). De acordo com os pesquisadores Hassimotto,

Genovese e Lajolo (2005), na polpa de goiaba vermelha encontram-se cerca de 124

mg.100g-1

de fenólicos, na casca da fruta em torno de 420 mg.100g-1

e nas sementes 250,53

mg.100g-1

. Reforçando a necessidade de utilização dos subprodutos de goiaba na

alimentação humana por apresentarem compostos bioativos com poder antioxidante.

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Tabela 2. Usos medicinais de subprodutos da goiaba Psidium guajava

Tipo de

resíduo

Ação Referências

Folhas

Tratamentos respiratórios, hipertensão,

obesidade, diabete, antiespasmódico, anti-

inflamatório, sedativo para a tosse,

anticancerígenas

Barbalho et al., 2012

Antibacterial, analgésico, Lozoya et al., 2002

Tratamento de aftas Mailoa et al., 2013

Tratamento de gastroenterite e disenteria Lozoya et al., 2002; Gutiérrez,Mitchell,

Solis, 2008; Barbalho et al., 2012

Tratamento para diarreias Lozoya et al., 2002; Gutiérrez,Mitchell,

Solis, 2008; Barbalho et al., 2012;

Kumar, 2012; Mailoa et al., 2013

Tratamento de dor reumática, úlcera e dor

de dente

Tratamento malária, inflamações nos rins,

dores menstruais, tosses, alergias,

hemorragia uterina

Gutiérrez, Mitchell, Solis, 2008;

Kumar, 2012

Atividade antioxidante Melo, 2010

Cascas

Tratamento de leucorréia, de cólera

asiática e de úlceras externas;

Okamoto, 2010

Atividade antifúngica Gutiérrez ,Mitchell, Solis, 2008;

Richard, Joshua, Philips, 2013

Atividade antibacteriana Rahim et al., 2010, Richard, Joshua,

Philips, 2013

Tratamento de diarréia, distúrbios

gastrointestinais

Gutiérrez, Mitchell, Solis, 2008;

Okamoto, 2010; Barbalho et al., 2012;

Richard, Joshua, Philips, 2013

Dores de dente, resfriados e inchaço Richard, Joshua, Philips, 2013

Problemas respiratórios, hipertensão,

obesidade, diabete, antiespasmódico, anti-

inflamatório, sedativo para a tosse,

anticancerígenas

Cicatrização de feridas

Barbalho et al., 2012

Kumar, 2012

Atividade antioxidante Hassimotto, Genovese, Lajolo, 2005;

Melo et al., 2008; Nascimento, Araújo,

Melo, 2010

Sementes

Tratamentos gastrointestinais, antialérgica,

anticarcinogênico, antiglicêmico

Barbalho et al., 2012

Antimicrobiana Pelegrini et al., 2008; Castro-Vargas et

al., 2010; Barbalho et al., 2012

Atividade antioxidante Guo et al., 2003; Castro-Vargas et al.,

2010; Melo, 2010

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O teor de carboidratos em subproduto da goiaba (27,98%) (SOUSA et al., 2011)

também é superior ao da polpa (13%) (TACO-UNICAMP, 2006). Dentre os carboidratos

destacam-se os oligossacarídeos, classificados como carboidratos não digeríveis. Estes

compostos glicosídicos formados por poucos resíduos de monossacarídeos (SLAVIN,

2007), além de conferirem propriedades tecnológicas aos alimentos, têm merecido destaque

pela ação prebiótica que permite que sejam aplicados na produção de alimentos, cosmético

e em produtos farmacêuticos (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

Apesar de existir pesquisas que identificaram e quantificaram oligossacarídeos em

alimentos de origem vegetal como alcachofra, cebola, alho e chicória (VERNAZZA;

RABIU; GIBSON, 2006; MUSSATTO; MANCILHA, 2007), poucos estudos são

encontrados em frutas e nenhum em seus subprodutos, sendo a goiaba uma delas.

Alimentos de origem vegetal fontes de oligossacarídeos não digeríveis (OND) além

de possuírem custo de aquisição mais barato quando comparado com produtos

industrializados, proporcionam a ingestão variada de OND combinados com outros

nutrientes, como fenólicos, vitaminas e minerais (JOVANOVIC-MALINOVSKA;

KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2014).

3.2. Compostos Fenólicos

Devido à funcionalidade dos compostos fenólicos sobre a saúde humana, o interesse

por alimentos de origem vegetal fontes destes compostos tem crescido anualmente.

Os compostos fenólicos são produtos aromáticos do metabolismo secundário dos

vegetais (BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006). Por serem sintetizados

durante as fases de desenvolvimento e em condições de estresse (ferimentos, infecções,

radiações UV, injúrias e, entre outros), são essenciais no desenvolvimento e reprodução, na

promoção de ação antipatogênica nas plantas, na produção de pigmentação (NACZK;

SHAHIDI, 2004; ANGELO; JORGE, 2007), na síntese de lignina e na formação de

características sensoriais e nutricionais dos vegetais (SOUSA, 2009).

O termo “fenólico” envolve um grupo de compostos que possui como característica

comum pelo menos um anel aromático e hidroxilas nas formas simples ou de polímeros

como substituintes (MENDONÇA et al., 2003; ANGELO; JORGE, 2007, PRADO, 2009),

sendo derivados de fenilalanina e tirosina (NACZK; SHAHIDI, 2004).

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Dentro do grupo dos fenólicos encontram-se os compostos fenóis simples, ácidos

fenólicos (benzoico e derivados do ácido cinâmico), flavonoides, taninos hidrolisáveis e

condensados, cumarinas, estilbenos, lignanas e ligninas (NACZK; SHAHIDI, 2004), os

quais se encontram na natureza em pequena ou grande escala, sendo os flavonoides e

derivados e os ácidos fenólicos de grande escala (PRADO, 2009).

Os compostos fenólicos podem ser encontrados na forma livre ou conjugada, sendo

a maior parte conjugado com mono e polissacarídeos, ligado a um ou mais dos grupos

fenólicos (BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006).

A síntese dos compostos fenólicos pelas plantas pode ser de duas maneiras: por

ácido chiquímico (participa da biossíntese da maioria dos fenóis vegetais) e por ácido

malônico (Figura 1) (TIVERON, 2010).

Figura 1. Fluxograma das rotas da síntese dos compostos fenólicos. (Fonte: Tiveron, 2010).

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Os fenólicos fazem parte do complexo grupo de fitoquímicos, com mais de 8.000

estruturas conhecidas que podem ser divididas em várias classes de acordo com o esqueleto

carbônico dos fitoquímicos (MELO et al., 2008). Na Tabela 3 é apresentada a classificação

segundo o esqueleto da cadeia principal dos fenólicos.

Tabela 3. Classificação dos compostos fenólicos segundo o esqueleto principal

Esqueleto básico Classe de compostos

C6

C6-C1

Fenóis simples, benzoquinonas

Ácidos fenólicos

C26-C2 Acetofenonas e ácidos fenilacéticos

C6-C3 Fenilpropanóides: ácidos cinâmicos e compostos análogos,

fenilpropenos, cumarinas, isocumarinas e cromonas

C6-C4 Naftoquinonas

C6-C1-C6 Xantonas, benzofenonas

C6-C2-C6 Estilbenos, antraquinonas

C6-C3-C6 Flavonóides, isoflavonóides e chalconas

(C6-C3)2 Lignanas

(C6-C3-C6)2 Diflavonóides

(C6)n Melaninas vegetais

(C6-C3)n Ligninas

(C6-C1)n Taninos hidrolisáveis

(C6-C3-C6)n Taninos condensados

Fonte: Tiveron, 2010.

As concentrações dos compostos fenólicos nos vegetais variam de acordo com o

gênero, a espécie, a cultivar (BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006), as

condições climáticas, a germinação, o estágio de maturação, o processamento, o tipo de

armazenamento (ROCKENBACH et al., 2008; SOUSA, 2009), a complexidade dos

compostos presentes, as metodologias de extração e/ou de quantificação aplicada

(ROCKENBACH et al., 2008), entre outros fatores.

Devido parte dos compostos fenólicos estar presente na forma ligada nas plantas, a

quantificação dessa forma muitas vezes é excluída da análise, resultando num teor de

fenólicos subestimados (BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006).

Além de seu interesse para as plantas, os compostos fenólicos contribuem com as

características sensoriais dos alimentos, conferindo sabores como amargos ou

adstringentes, contribuindo no desenvolvimento da cor e do odor e promovem estabilidade

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oxidativa do produto alimentício, sendo de grande interesse para os produtores,

processadores e consumidores (NACZK; SHAHIDI, 2004).

Devido à ação antioxidante, os fenólicos cooperam com a redução dos danos

oxidativos celulares originados por espécies reativas de oxigênio e nitrogênio

(NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010), bem como na prevenção de cânceres,

mutações e outras doenças crônicas degenerativas (VIEIRA et al., 2011).

A ação se deve pela capacidade dos compostos fenólicos em transferir hidrogênio

ou elétrons aos radicais, contribuindo com a inibição da oxidação de vários constituintes do

alimento, particularmente de ácidos graxos, bem como na prevenção de certas doenças

(HAIDA et al, 2011).

A relação ação antioxidante e benefícios à saúde humana depende da capacidade de

absorção e metabolismo do composto fenólico que é determinada pela sua estrutura,

incluindo a sua conjugação com outros compostos fenólicos, o grau de

glicosilação/acilação, tamanho molecular e solubilidade. No entanto, a ingestão elevada de

alguns compostos fenólicos pode causar efeitos adversos como carcinogenicidade,

genotoxicidade, toxicidade da tireóide, a interação com os produtos farmacêuticos e

atividade estrogênica (isoflavonas), devendo se ter cuidado com a ingestão em grandes

quantidades (BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006).

Dentre os alimentos de origem vegetal, as frutas, principalmente as que exibem cor

vermelha/azul, são as mais importantes fontes de fenólicos (DEGÁSPARI;

WASZCZYNSKYJ, 2004), sendo de grande importância na saúde humana

(ROCKENBACH et al., 2008).

O perfil dos compostos fenólicos se diferencia pela parte da fruta. A goiaba

apresenta em sua composição flavonoides (miricetina, apigenina, antocianina, quercetina,

canferol) (THAIPONG et al., 2006; PRADO, 2009), ácido elágico (THAIPONG et al.,

2006), taninos, óleos essenciais, álcoois sesquiterpenoides, e ácidos triterpenoides

(NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010).

Os antioxidantes presentes na goiaba possuem ação primária (PRADO, 2009), ou

seja, são capazes de transferir elétrons ou hidrogênio aos radicais livres, interrompendo a

reação em cadeia (ANGELO e JORGE, 2007).

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Tanto a polpa quanto a casca da goiaba possuem teores significativos de compostos

fenólicos com efeito antioxidante comprovado (PRADO, 2009). Estudos mostram a

presença de compostos fenólicos totais nos subprodutos agroindustriais do processamento

da goiaba bem como sua atividade antioxidante. Extratos de sementes de goiaba exibiram

efeitos anticâncer, antimicrobiano, gastrointestinais e antiglicêmico devido à presença de

glicosídeos fenólicos (BARBALHO et al., 2012).

As camadas externas dos vegetais podem possuir maiores teores de compostos

fenólicos do que as partes internas (NACZK; SHAHIDI, 2004) como afirmado por estudos

que verificaram que as cascas de certos frutos exibem maior teor de fenólicos do que a

polpa, sendo também nas sementes encontrado maior nível destes compostos

(NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010; HUBER et al., 2012).

Nascimento, Araújo e Melo (2010) analisando as partes da goiaba vermelha

verificaram teor maior na casca (420 mg.100g -1

), em seguida na semente (250,53 mg.100g-

1) e, por fim, na polpa (124 mg.100g

-1). O que direciona maior atenção para os subprodutos

agroindustriais das frutas, os quais podem ser utilizados como fonte de compostos fenólicos

para benefícios à saúde humana (SOUSA, 2009).

De modo geral, os compostos fenólicos podem ser extraídos de suas matrizes por

meio de vários métodos, sendo os solventes mais utilizados na determinação de compostos

fenólicos metanol, etanol, acetona, propanol, acetato de etila e dimetilformamida, podendo

ser na sua forma pura ou em diferentes concentrações na água. A polaridade do solvente

influencia na solubilidade do composto e, consequentemente, na sua recuperação. Os

procedimentos de extração podem variar, também, as condições de extração como

temperatura e tempo utilizados, o que pode, também, influenciar na quantificação precisa

do teor e capacidade antioxidante do composto, bem como no tipo de composto fenólico

extraído, sendo essa diversidade de método de extração um fator que dificulta a

comparação de resultados obtidos com relatos na literatura (ALOTHMAN; BHAT;

KARIM, 2009).

Dentre os grupos de fenólicos presentes em plantas destacam-se os flavonoides

(NASCIMENTO, 2010) e os taninos (BATTESTIN; MATSUDA; MACEDO, 2008)

devido a sua larga distribuição na natureza (BATTESTIN; MATSUDA; MACEDO, 2008;

NASCIMENTO, 2010).

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3.2.1. Flavonoides

Os flavonoides representam o maior grupo dos compostos fenólicos de plantas

(ROCKENBACH et al., 2008), estando presentes, principalmente, nas frutas, folhas,

sementes e em outras partes da planta (NASCIMENTO, 2010).

Responsáveis pelo crescimento, desenvolvimento, aumento da resistência das

plantas a condições adversas e proteção contra herbívoros e patógenos (PRADO, 2009), os

flavonoides também apresentam funcionalidade na saúde humana, estando envolvidos em

ações como prevenção de alergias, hipertensão, viroses, inflamações, artrites, mutações e

carcinogênese, câncer (ROCKENBACH, 2008), antifibrótica, anticoagulante,

antibacteriana, anti-hipertensiva e doenças cardiovasculares (HUBER; RODRIGUEZ-

AMAYA, 2008), antidiabéticos, antienvelhecimento, prevenção e tratamento de catarata,

úlcera, asma e outras alergias além de possuírem atividade antioxidante e aumentarem o

efeito antioxidante de vitaminas (SHOHAIB et al., 2011).

Oriundos da junção de derivados sintetizados a partir da fenilalanina (via metabólica

do ácido chiquímico) e ácido acético (HUBER; RODRIGUEZ-AMAYA, 2008), os

flavonoides são constituídos por 15 átomos de carbono arranjados em uma configuração

C6-C3-C6, resultando em uma estrutura de baixo peso molecular (ROCKENBACH et al.,

2008).

Presentes na forma de glicosídeos ou agliconas (ANGELO; JORGE, 2007), a

estrutura química dos flavonoides consiste em dois anéis aromáticos - anel A e B, unidos

por três carbonos que formam um anel heterocíclico, denominado anel C (ANGELO;

JORGE, 2007; PRADO, 2009), no caso dos flavonóis e antocianidinas, por exemplo, ou

formam uma pirona como nos flavonóis, flavonas, isoflavonas e flavanonas, que possuem

um grupo carbonila na posição C-4 do anel C, compreendendo as principais classes dos

flavonoides (Figura 2). O anel aromático A é oriundo do ciclo acetato/malonato, já o anel B

é oriundo da fenilalanina (ANGELO; JORGE, 2007; ROCKENBACH et al., 2008) por

meio da via metabólica do shikimato (ROCKENBACH et al., 2008).

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Figura 2. (A) Estrutura básica dos flavonoides e (B) Estrutura básica dos flavonoides com grupo carbonila no

C-4. (Fonte: Huber & Rodriguez-Amaya, 2008).

Os subgrupos de flavonoides resultam de acordo com a substituição do anel C

padrão, sendo eles: flavonóis (quercetina, miricetina, por exemplo), flavonas (apigenina,

luteolina, por exemplo), flavanonas (naringenina, hesperitina, por exemplo), catequinas

(epicatequina, galocatequina, por exemplo), isoflavonas (genisteina, daidzeina, por

exemplo) e antocianinas (cianina, pelargonina, por exemplo) (ANGELO; JORGE, 2007;

HOFFMANN-RIBANI; RODRIGUEZ-AMAYA, 2008) (Figura 3). Os glicosídeos de

quercetina pertencentes ao grupo flavonóis são os mais abundantes na natureza (PRADO,

2009) e com o maior poder sequestrador de espécies reativas de oxigênio, atribuído pela

presença do grupo catecol no anel B e do grupo hidroxila na posição 3 do anel C (HUBER;

RODRIGUEZ-AMAYA, 2008).

E é devido as diferentes estruturas químicas e dos vários substituintes da molécula,

que a capacidade antioxidante é variável, visto que a estrutura básica pode sofrer uma série

de modificações, como glicosilação, esterificação, amidação, hidroxilação, entre outras

alterações que modularão a polaridade, toxicidade e direcionamento intracelular destes

flavonoides (HUBER; RODRIGUEZ-AMAYA, 2008).

Na dieta humana os flavonoides mais consumidos são os glicosilados, os quais são

classificados em antocianinas, flavanóis, flavonas, flavanonas, e flavonóis (Figura 4)

(ROCKENBACH et al., 2008), sendo distribuídos de forma variada nos alimentos (Tabela

4) (PRADO, 2009). No entanto, as informações sobre a composição de flavonóis e flavonas

em alimentos ainda são escassas em âmbito mundial.

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Figura 3. Principais classes dos flavonoides. (Fonte: Huber & Rodriguez-Amaya, 2008).

Figura 4. Estrutura genérica das maiores classes dos flavonoides. (Fonte: Balasundram, Sundram e Samman,

2006).

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Tabela 4. Fontes de alguns flavonoides presentes em vegetais

Classes Nome Fonte

Flavonóis

Epicatequina

Catequina

Epigalocatequina

Epicatequina galato

Epigalocatequina galato

Chás verde e preto, uvas, vinho tinto

Flavanonas Naringina

Taxofolina

Cascas de frutas cítricas

Frutas cítricas

Flavonóis Canferol

Quercetina

Mirecetina

Brócolis, chá preto, alho-poró, rabanete

Cebola, alface, casca de maçã, cerejas,

brócolis, vinho tinto

Uvas, vinho

Antocianidinas Malvidina

Cianidina

Apigenidina

Uvas roxas, vinho tinto

Morangos, uvas, cerejas

Frutas e casca de frutas coloridas

Fonte: Rice-Evans, Miller, Paganda (1996).

Nos alimentos os subgrupos de flavonoides mais analisados são os flavonóis

miricetina, quercetina e kaempferol e as flavonas apigenina e luteolina. Em goiaba branca

encontra-se em média 12 μg.g-1

de parte comestível de quercetina e 10 μg.g-1

em goiaba

vermelha (HUBER; RODRIGUEZ-AMAYA, 2008).

Em subprodutos agroindustriais do processamento de goiaba foram encontrados

teores de flavonoides com efeitos antioxidantes evidenciados. Extratos de casca de goiaba

foram investigados em estudos para redução de índices glicêmicos e tratamento de malária,

apresentando efeitos positivos (BARBALHO et al., 2012).

O consumo de flavonoides no Brasil é maior que em outros países. Estudos

mostram que mulheres brasileiras consomem em média 70,5 mg.dia-1

de flavonoides, sendo

que 68% desse consumo vem da ingestão de laranja, 12% dos vegetais (como alface) e

2,5% de tomate; mulheres do Japão em média consomem diariamente 16,7 mg.dia-1

de

flavonóis e flavonas, sendo 46% provenientes da cebola e 47,2 mg.dia-1

de isoflavonas

(37% de tofu); já o consumo de flavonoides pela população holandesa é estimada em torno

de 23 mg.dia-1

, onde 48% do total de ingestão é proveniente de chá, seguido de 29% de

cebola e 7% de maçã (HASSIMOTTO; GENOVESE; LAJOLO, 2005).

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A extração dos flavonoides de plantas normalmente é realizada simultaneamente

com a hidrólise das formas glicosídicas a agliconas (HUBER; RODRIGUEZ-AMAYA,

2008), sendo os solventes mais utilizados metanol, etanol, água ou a sua combinação, que

em alguns casos são acidificados (NACZK; SHAHIDI, 2004).

Para a determinação de flavonoides nas frutas podem ser usados ensaios

colorimétricos. O princípio consiste na reação de cloreto de alumínio (AlCl3) e nitrito de

sódio (NaNO2) com formação de um complexo flavonoide-alumínio, ao alcalinizar o meio

com hidróxido de sódio (NaOH), o complexo adquire coloração rosa, cuja intensidade da

absorção é medida no comprimento de onda igual a 510 nm (JIA; TANG; WU, 1999),

sendo um método que permite que não haja interferência de outras classes de compostos

fenólicos, principalmente dos ácidos fenólicos (JANOVIK et al., 2009).

3.2.2. Taninos

Os taninos são polímeros fenólicos solúveis em água e solventes orgânicos

amplamente distribuídos no reino vegetal, podendo ser encontrado de forma variada (teor e

tipo) nas raízes, no lenho, na casca, nas folhas, nos frutos, nas sementes e na seiva das

plantas (BATTESTIN; MATSUDA; MACEDO, 2008).

De peso molecular relativamente alto são classificados em taninos hidrolisáveis e

taninos condensados de acordo com a estrutura química (ANGELO e JORGE, 2007).

Os taninos hidrolisáveis (Figura 5), presentes na família Choripetalae das

dicotiledôneas (CASTEJON, 2011), são formados por ésteres complexos, consistindo em

uma cadeia de carboidrato central, normalmente a D-glicose, na qual duas ou mais

hidroxilas são esterificadas com ácido gálico ou ácido hexa-hidroxidifênico (OLIVEIRA;

BERCHIELLI, 2007).

Presentes normalmente em baixa concentração nas plantas, os taninos hidrolisáveis

no metabolismo microbiano e na digestão gástrica são convertidos em metabólitos de baixo

peso molecular, sendo alguns desses metabólitos tóxicos e associados a hemorragias gastro-

entéricas e necrose do fígado e rins, principalmente em monogástricos (BEELEN;

PEREIRA FILHO; BELEN, 2008).

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Figura 5. Estrutura de um tanino hidrolisável. (Fonte: Battestin, Matsuda e Macedo, 2008).

Os taninos condensados (Figura 6) são mais comuns na dieta humana do que os

taninos hidrolisáveis, em concentrações relativamente importantes em alguns frutos tais

como uvas e maçãs, no cacau e chocolate. (CASTEJON, 2011). Amplamente distribuídos

nas folhas, flores, frutos e raízes de plantas de grande porte são oriundos da polimerização

de flavonoides como flavan-3-ol (catequina) e flavan-3,4-diol (leucoantocianinas) e por

conferir um conjunto de nuances rosa, vermelha, violeta e azul às plantas (BATTESTIN;

MATSUDA; MACEDO, 2008) como as antocianidinas também recebe o nome de

proantocianidinas (MARTINS, 2012).

Figura 6. Estrutura de um tanino condensado. (Fonte: Martins, 2012).

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O tanino condensado mais amplamente distribuído nos tecidos da planta são as

procianidinas, derivadas de catequina ou epicatequina, podendo conter ésteres de ácido

gálico (SULAIMAN et al., 2011).

Além de pigmentação, os taninos condensados estão envolvidos no fornecimento de

adstringência de frutas, sucos e vinhos (BATTESTIN; MATSUDA; MACEDO, 2008). A

sensação de adstringência aparentemente é resultante da interação entre os constituintes de

tanino e proteínas da saliva e/ou o tecido da mucosa da boca (AMAROWICZ, 2007).

A reatividade dos taninos condensados com moléculas de importância biológica tem

consequências nutricionais e fisiológicas importantes (SULAIMAN et al., 2011).

Devido à sua elevada afinidade por ligações com polímeros como a celulose,

hemicelulose e pectina, minerais e, principalmente, proteínas, com formação de complexos

insolúveis difíceis de serem digeridos, os taninos estão associados a efeitos antinutricionais

(AMAROWICZ, 2007; OLIVEIRA; BERCHIELLI, 2007).

Por outro lado, os taninos têm sido considerados "componentes que promovem a

saúde" devido a efeitos funcionais assim como os flavonoides e outros compostos

fenólicos. A atividade biológica dos taninos condensados pode estar associada à presença

do ácido gálico em sua cadeia (OLIVEIRA; BERCHIELLI, 2007). Dentre os benefícios

encontram-se anticancerígenas, antimutagênicas, antimicrobianas, antioxidantes

(AMAROWICZ, 2007), antialérgico, redução de risco de doenças cardiovasculares, úlceras

(ZHANG et al., 2010) e pressão arterial, anti-inflamatório, anti-helmíntico (TIAN et al.,

2012). No entanto, os efeitos dependem do tipo de tanino ingerido, da dose e período de

ingestão (CASTEJON, 2011).

Pesquisas já comprovaram a eficiência de tanino contido nas folhas de goiaba como

antibacterianos (MAILOA et al., 2013), os quais apresentam potencial antioxidante (SEO et

al., 2014). No entanto, há uma escassez de pesquisa em goiaba e, principalmente, em

subproduto agroindustrial, gerando mais em torno da folha da planta.

O método de vanilina (Figura 7) é um dos métodos colorimétricos mais utilizados

na determinação de taninos condensados em alimentos. O princípio da reação baseia-se na

formação de um complexo em meio ácido com coloração em tons de vermelho que por

espectrofotometria permite ser lido (JANOVIK et al., 2009).

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Figura 7. Reação da vanilina com o tanino condensado. (Fonte: Martins, 2012).

O ensaio é específico para flavan-3-ols, di-hidrochalconas e proantocianinas que

possuem uma ligação simples na posição 2-3 e uma hidroxila livre na posição meta do anel

B (ANGELO; JORGE, 2007).

3.3. Atividade antioxidante

Antioxidante é o nome fornecido a compostos que mesmo presentes em baixas

concentrações apresentam a capacidade de intervir na iniciação ou propagação de reações

em cadeia de oxidação que originam compostos tóxicos como cetonas, aldeídos,

hidrocarbonetos e álcoois, retardando, neutralizando ou prevenindo ações de substratos

oxidáveis, (ANDRADE et al., 2007; SILVA; ROCHA; CANNIATTI BRAZACA, 2009),

além de atuar na inibição da peroxidação lipídica e da lipoxigenase (HUBER et al., 2012).

Os radicais oxidativos como espécies reativas de oxigênio (ROS), de cloro, de

carbono e de nitrogênio (NO•), radicais derivados de tióis e complexos metais de transição

são formados nos processos metabólicos como subprodutos acidentais ou produtos

principais de reações enzimáticas ou não enzimáticas (HAIDA et al., 2011; SOUSA;

VIEIRA; LIMA, 2011), podendo ser de fontes exógenas também (SOUSA; VIEIRA;

LIMA, 2011).

Como espécies reativas de oxigênio (ROS) encontram-se o superóxido (O2•),

peróxido de hidrogênio (H2O2), o ácido hipocloroso (HOCl) e o radical hidroxila (OH•). O

superóxido é gerado a partir da coenzima Co-Q ou de enzimas com metais como citocromo

P450, xantinaoxidase e NADPH-oxidase. O superóxido por ser aceptor de elétrons pode ser

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reduzido a peróxido de hidrogênio. Já o radical hidroxila é produzido a partir do superóxido

na presença de Fe2+

ou Cu+ por meio da reação de Fenton e/ou a partir de peróxido de

hidrogênio na reação de Haber-Weiss (HAIDA et al., 2011).

As espécies reativas de nitrogênio (RNOS) são representadas pelo composto não

radical peroxinitrito (OONO-) e o radical dióxido de nitrogênio, gerados na reação do

radical livre óxido nitroso (NO) com o O2 ou com o superóxido (O2•-), além de estarem

presentes naturalmente no meio ambiente (fumaça de cigarro e radiação ultravioleta, por

exemplo) e poderem ser formados na célula (HAIDA et al., 2011).

Esses radicais quando em excesso podem ocasionar danos celulares, contribuindo

com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, neurológicas, alguns tipos de câncer

(SOUSA; VIEIRA; LIMA; 2011), reumatismo, catarata (PRADO, 2009), arterosclerose,

artrite, diabetes e processos de envelhecimento do corpo (SOUSA, 2009).

De modo geral, a ação dos radicais livres se deve a presença de um elétron isolado

livre o qual pode se ligar a qualquer outro elétron de uma molécula e, assim, reagir com

lipídeos das membranas celulares, nucleotídeos do DNA e ligações sulfidril em proteínas

(PRADO, 2009).

Os antioxidantes podem ser classificados em sintéticos e naturais (PRADO, 2009;

NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010). Apesar dos antioxidantes sintéticos possuírem

maior estabilidade e terem uma boa eficiência, a busca por novas fontes naturais de

antioxidantes está mais intensa, visto que o uso de sintéticos está relacionado a reações

adversas às enzimas do sistema biológico humano (PRADO, 2009) e a combinação de

antioxidantes naturais apresenta maior efeito em processos de oxidação do que compostos

sintéticos (HUBER et al., 2012).

Dentre os antioxidantes presentes na natureza os compostos fenólicos são os mais

encontrados e que apresentam maior ação antioxidante, sendo muito utilizados em

indústrias alimentícias a fim de prevenir oxidações lipídicas, prevenindo a qualidade

nutricional do alimento e, de promover benefícios à saúde humana reduzindo os danos

provocados por espécies reativas (PRADO, 2009).

Os fenólicos tais como os flavonoides (antocianinas, flavonóis e seus derivados),

ácidos fenólicos (ácidos benzoicos, cinâmico e seus derivados), fenóis simples, cumarinas,

ligninas e tocoferóis (ANGELO; JORGE, 2007) são responsáveis pela desativação de

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radicais livres como os superperóxidos (O2•), as hidroxilas (OH•), os hidroperóxidos

(HO2•), os óxidos nítricos (NO•), os dióxidos de nitrogênio (NO2•) (BISCARO, 2009),

radicais derivados de tióis (RS•), espécies reativas de cloro, de carbono e complexos de

metais de transição, principalmente Fe, Cu, Mn e Cr (HUBER et al., 2012), sendo as

hidroxilas as mais reativas em lesionar moléculas celulares e os peróxidos responsáveis por

danificar o DNA celular (BISCARO, 2009).

Ao interagir com os radicais, os fenólicos são consumidos durante a reação,

conferindo estabilidade oxidativa ao alimento, sendo seu modo de ação classificado em

primários e secundários. Os antioxidantes de ação primária ao doarem elétrons ou

hidrogênio aos radicais livres atuam na interrupção da cadeia da reação, convertendo-os em

produtos termodinamicamente estáveis (ANGELO; JORGE, 2007), devido à ressonância

do anel aromático presente na estrutura dessas substâncias (HUBER et al., 2012). Já os

antioxidantes secundários retardam a etapa de iniciação da autoxidação, por meio de

mecanismos diferentes, como complexação de metais, sequestro de oxigênio,

decomposição de hidroperóxidos, absorção da radiação ultravioleta ou desativação de

oxigênio singlete, dando origem as espécies não radicais (ANGELO; JORGE, 2007).

Desse modo, o mecanismo de ação dos compostos fenólicos permite a redução da

oxidação lipídica em tecidos, vegetal e animal, contribuindo com a conservação e qualidade

do alimento, além de promover a redução do risco de desenvolvimento de patologias, como

hipertensão, arteriosclerose e câncer (ANGELO; JORGE, 2007).

A ação antioxidante dos compostos fenólicos depende de fatores como absorção e

metabolismo os quais são determinados pela estrutura química (BALASUNDRAM;

SUNDRAM; SAMMAN, 2006; MELO et al., 2008), a conjugação com outros compostos

fenólicos, o grau de glicosilação/acilação, tamanho molecular, solubilidade

(BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006) e concentração deles no alimento

(MELO et al., 2008).

Os fenólicos apresentam em sua estrutura química pelo menos um anel aromático,

unido a uma ou mais hidroxilas (SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011), sendo o número e a

posição dessas hidroxilas na cadeia determinantes para o modo de complexar os radicais

livres e a intensidade da ação antioxidante (MELO et al., 2008; SOUSA; VIEIRA; LIMA,

2011).

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Os flavonoides atuam eliminando espécies reativas oxidantes, como ânion

superóxido, hidroxilas, e radicais peroxil (HASSIMOTTO; GENOVESE; LAJOLO, 2005)

e sequestrando quelantes de metais capazes de catalisar a peroxidação de lipídeos (HUBER;

RODRIGUEZ-AMAYA, 2008), sendo sua capacidade antioxidante determinada pelas

características estruturais e natureza de substituições nos anéis B e C (BALASUNDRAM;

SUNDRAM; SAMMAN, 2006); o número e a posição dos grupos de hidrogênio e suas

conjugações; e a presença de elétrons nos anéis benzênicos (ROCKENBACH, 2008).

A substituição de grupos hidroxila no anel B dos flavonoides por grupos metoxil

altera o potencial redox, o que modifica a capacidade de capturar os radicais pelos

flavonoides. A presença de uma ligação dupla entre C2 e C3, conjugado com o grupo 4 -

oxo no anel C aumenta a capacidade antioxidante dos flavonoides (BALASUNDRAM;

SUNDRAM; SAMMAN, 2006). Flavonoides com grupos hidroxila nas posições 3, 4 e 5 do

anel B apresentam maior potencial antioxidante do que compostos com apenas um grupo

hidroxila (ROCKENBACH, 2008).

O método colorimétrico Folin Ciocalteau é o mais empregado na quantificação de

compostos fenólicos. O reagente Folin Ciocalteau é formado pela mistura dos ácidos

fosfomolibídico e fosfotúngstico, onde o molibdênio se encontra no estado de oxidação (cor

amarela – Na2MoO4.2H2O). Os compostos fenólicos em meio alcalino sofrem

desprotonação, originando os ânions fenolatos, os quais atuam como agentes redutores

sobre os componentes do reagente de Folin formando o complexo molibdênio-tungstênio

de coloração azul [(PMoW11O4)4-

], permitindo a determinação da concentração das

substâncias redutoras (OLIVEIRA et al., 2009).

Um estudo com chá verde e suco de uva mostrou a capacidade dos flavonoides

antocianinas, delfinidina, cianidina, daidzeína, genisteína, equol, catequina e teaflavina de

impedir a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL). Em geral, esse efeito de

proteção está relacionado com o poder destes compostos de eliminar radicais livres ou

quelar metais. Outro estudo demonstrou a capacidade dos flavonoides de inibir a ação das

enzimas ciclooxigenase-2 e 5-lipoxigenase envolvidas em processos inflamatórios

(HASSIMOTTO; GENOVESE; LAJOLO, 2005).

Os flavonoides catequinas e epicatequinas possuem um alto potencial antioxidante e

de inibir a proliferação celular (SOARES et al., 2008). No entanto, a quercetina é o

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flavonoide que apresenta o maior poder de sequestrar espécies reativas de oxigênio, devido

à presença do grupo catecol no anel B e do grupo hidroxila na posição 3 do anel C

(HUBER; RODRIGUEZ-AMAYA, 2008).

Estudos demonstraram que a malvidina 3-p-cumarilglucósido-5-glucósido, a

cianidina 3-glucósido e a cianidina presentes em extratos brutos de uvas, groselhas,

framboesas e uva-do-monte apresentam excelente atividade antioxidante, sendo o potencial

da malvidin 3-p-cumarilglucósido-5-glucósido o dobro dos antioxidantes comerciais como

a catequina e o α-tocoferol. A cianidin 3-O-β-D-glucósido e a cianidina em ratos promoveu

uma ação antioxidante na auto-oxidação do ácido linoleico, em lipossomas, na membrana

de eritrócitos e nos sistemas microssomais do fígado (SOARES et al., 2008). Extratos

enriquecidos com antocianina obtidos a partir de amora preta selvagem promoveu aumento

na capacidade antioxidante do plasma em seres humanos, além de inibir o desenvolvimento

de células cancerígenas em pulmão (HASSIMOTTO et. al, 2013).

O potencial antioxidante dos taninos se deve a capacidade de quelar íons de metal

tais como Fe2+

, interferindo em um dos passos de reação na reação de Fenton e assim

retarda a oxidação bem como de inibe a peroxidação lipídica por meio da inibição da ciclo-

oxigenase. No entanto, poucas pesquisas relatam a capacidade antioxidante dos taninos, o

que faz de seus mecanismos de ação para essa finalidade pouco citado (AMAROWICZ,

2007).

Por causa das atividades biológicas dos compostos fenólicos, novas fontes vegetais

naturais estão sendo pesquisadas. Neste contexto, pesquisas com subprodutos

agroindustriais vêm crescendo a fim de se caracterizar os possíveis compostos bioativos

presentes responsáveis por conferir ação antioxidante, como já realizado em subproduto de

carambola, de maracujá, de abacaxi, de acerola e em casca de manga, entre outros

(NASCIMENTO; ARAÚJO; MELO, 2010).

Levando em consideração que a goiaba possui potencial antioxidante primário,

sendo os compostos fenólicos responsáveis por fazer uma varredura nos radicais, inibindo a

iniciação e propagação da reação em cadeia (ARSHIYA, 2013), os subprodutos gerados do

seu processamento também exibem atividade antioxidante, visto que estudos apontam que

sementes e cascas de algumas frutas possuem maior potencial antioxidante do que a polpa

(NASCIMENTO, 2010). Assim, a divulgação do potencial antioxidante dos subprodutos

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pela realização de ensaios antioxidantes (SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011) e sua utilização

subprodutos para extração de seus compostos antioxidantes naturais até mesmo para

aplicação em produtos alimentícios pode ser uma boa alternativa na prevenção contra

doenças decorrentes de estresse oxidativo se consumida regularmente na dieta humana

(ARSHIYA, 2013).

3.3.1. Métodos de determinação da atividade antioxidante

A determinação da atividade antioxidante permite se conhecer o potencial

antioxidante dos alimentos para efeitos de saúde, se avaliar a proteção contra oxidação e

deterioração que os compostos antioxidantes presentes neles conferem aos alimentos,

contribuindo com a qualidade e o valor nutricional do produto (RIBEIRO, 2011).

Apesar do potencial antioxidante de compostos bioativos não poderem ser medidos

diretamente (PRADO, 2009), existem várias técnicas analíticas (químicas, físicas e/ou

físico-químicas) para determinação da capacidade antioxidante de compostos bioativos

(PEREIRA, 2009), os quais medem o controle da extensão da oxidação proporcionado

pelos compostos (PRADO, 2009).

Devido à diversidade dos métodos com fundamentos variados e interferências, a

comparação dos resultados de atividade antioxidante se torna difícil (PEREIRA, 2009;

PRADO, 2009), sendo o uso de solventes no preparo da amostra também um fator

influenciável na eficiência de extração e resultado da determinação da capacidade

antioxidante da matriz (PEREIRA, 2009). Desse modo, a aplicação de duas ou mais

técnicas de determinação antioxidante é recomendável, visto que nenhum método isolado

permite a obtenção exata do potencial antioxidante de um composto bioativo, assim pode-

se avaliar de modo mais completo a atividade de antioxidante (BRAGA et al., 2010).

Os métodos analíticos utilizados para a determinação da atividade antioxidante in

vitro são muito utilizados em frutas e hortaliças devido à facilidade de aplicação (PRADO,

2009), sendo os métodos ORAC (Capacidade de Absorção de Oxigênio Radical), ABTS

(ácido 2,2-azino-bis(3-etilbenzotiazolin)-6-sulfônico) e DPPH ( radical 1,1-difenil-2-

picrilhidrazil) frequentemente utilizados na avaliação da capacidade antioxidante relativa

de diferentes amostras de alimentos (THAIPONG et al., 2006; BRAGA et al., 2010;

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TIVERON, 2010; RIBEIRO, 2011). Nestes ensaios resultados diferentes entre as espécies

dos vegetais analisadas e laboratórios podem ser obtidos (THAIPONG et al., 2006).

Os métodos DPPH e ABTS são relativamente simples, rápidos e de baixo custo para

se realizarem (PRADO, 2009; TIVERON, 2010). As técnicas se baseiam em reações de

transferência de elétron, em que um composto antioxidante reduz um substrato oxidante por

meio da transferência de elétrons (PAZINATTO, 2008).

O método DPPH, sugerido em meados da década de 50, a priori era utilizado para

descobrir doadores de hidrogênio em produtos naturais e após algumas décadas começou a

ser aplicado na determinação do potencial antioxidante em fenólicos na forma individual ou

em conjunto (TIVERON, 2010) de forma prática, rápida e sensível, sendo muito aplicado

na análise de mecanismos de reação de compostos fenólicos com radicais livres, onde

alguns compostos ao reagir com o DPPH•, reduz um número de moléculas igual ao número

de grupos OH disponíveis, formando as ortoquinonas correspondentes (PAZINATTO,

2008).

O DPPH (2,2-difenil-2-picrilhidrazil) é um radical nitrogênio orgânico estável de

cor violeta intenso com espectro de absorção de UV-Vis máxima em 515 nm em meio

metanólico. Esse radical simula as espécies reativas de oxigênio (ROS) e ao receber um

elétron do agente antioxidante tem seu elétron emparelhado (Figura 8) e sua intensidade de

coloração reduzida até amarela (PAZINATTO, 2008), podendo ser medida a atividade

antioxidante pelo método de espectrofotometria no comprimento de onda 517 nm, onde a

medida que o antioxidante vai inativando os radicais por meio da doação de elétron ocorre

a diminuição da intensidade da coloração violeta (TIVERON, 2010), ou seja, a redução da

absorbância é proporcional a concentração e a atividade antioxidante da amostra

(RIBEIRO, 2011).

Figura 8. Representação esquemática da estrutura química do DPPH e sua redução a radical DPPH•. (Fonte:

Pazinatto, 2008).

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Entretanto, o ensaio por DPPH apresenta limitações como: apresentar baixíssima

similaridade com a elevada reatividade e transitoriedade dos radicais peroxil envolvidos na

peroxidação lipídica por ser um radical de nitrogênio de vida longa (PAZINATTO, 2008);

não poder ser aplicado em avaliações in vivo pelo fato do pH do meio reacional ser em

torno de 5,5, diferente do pH fisiológico humano; pode interagir com outros radicais como

alquil (RIBEIRO, 2011); proporcionar mensuração não apropriada da atividade

antioxidante, visto que alguns antioxidantes que reagem rapidamente com radicais peróxido

podem reagir vagarosamente ou mesmo serem inertes ao DPPH (PAZINATTO, 2008).

O ABTS (Figura 9) é um método caracterizado pelo sequestro de radicais cátions

ABTS•+

por antioxidantes presentes na reação em longo prazo (PEREIRA, 2009), sendo um

método indireto com boa estabilidade assim como o DPPH (TIVERON, 2010).

Figura 9. Representação esquemática da estrutura química do composto ABTS. (Fonte: Pereira, 2009).

Ao contrário do radical DPPH que já vem pronto, o ABTS•+

necessita ser gerado por

meio de reações químicas com persulfato de potássio e água, dando origem a um composto

de cor azul esverdeada, sendo a solução estocada no escuro a temperatura ambiente por 12–

16 h antes do uso (RIBEIRO, 2011). A leitura se dá por meio da absorbância lida em

espectro de absorção de UV-Vis máxima em 734 nm e, a medida que a captura do radical

vai ocorrendo, há um decréscimo da absorbância, visualizada pela redução da intensidade

da cor do composto (PEREIRA, 2009).

Apresenta a vantagem, em relação ao DPPH, de ser solúvel tanto em solventes

aquosos como em orgânicos, não sendo afetado pela força iônica, assim pode ser aplicado

na determinação da capacidade antioxidante de extratos e fluidos corpóreos, hidrofílicos e

lipofílicos (RIBEIRO, 2011).

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O método ORAC, diferente do DPPH e ABTS, baseia-se em reações de

transferência de átomos de hidrogênio (PAZINATTO, 2008), sendo mais relevante por

utilizar fonte de radicais que se assemelham mais ao sistema biológico (THAIPONG et al.,

2006).

Na reação do ensaio ORAC participam os seguintes constituintes: radicais

peroxilas; composto AAPH [2,2′-azobis(2-methylpropionamidine) dihydrochloride] que

promove a geração das peroxilas na reação por meio da sua decomposição espontânea

acima de determinada temperatura; e fluoresceína, que é um marcador fluorescente

fotoestável e termoestável, que tem sua fluorescência reduzida pela peroxila (RIBEIRO,

2011) ao ter sua estrutura química degradada (PEREIRA, 2009).

Os geradores térmicos de radicais levam a fluxos constantes de radicais peroxilas

em soluções saturadas de ar, ocorrendo à competição entre o antioxidante e o oxidante

pelos radicais com inibição ou retardo do substrato oxidante (PAZINATTO, 2008).

O antioxidante ao doar átomos de hidrogênio, inibe a perda da intensidade da

fluorescência, sendo a inibição proporcional à atividade antioxidante. Apesar do padrão

utilizado para construção da curva ser o Trolox, ao contrário do DPPH e ABTS, o

decaimento não segue uma cinética de primeira ordem (linear com o tempo), mas sim de

segunda ordem com o tempo, assim a quantificação é realizada por meio da técnica da área

sob a curva de decréscimo (AUC) (PEREIRA, 2009; RIBEIRO, 2011).

Assim como o ABTS, o ORAC pode ser aplicado para determinação da capacidade

antioxidante de compostos lipofílicos e hidrofílicos. Quando comparado com os demais

métodos, o ORAC apresenta as vantagens de sofrer menos interferências de compostos

coloridos presentes em amostras como frutas e hortaliças por se basear na fluorescência e

não na absorbância, além disso, o ensaio reflete mais as condições reais do sistema

biológico por utilizar radicais peroxilas ou hidroxilas pró-oxidantes (PEREIRA, 2009),

radicais abundantes e os maiores responsáveis pelos danos oxidativos (RIBEIRO, 2011).

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2007) publicou um

estudo com a capacidade antioxidante de 277 alimentos por meio do método ORAC, sendo

a atividade antioxidante da goiaba vermelha expressa em equivalente de Trolox de 19,90

μmol.g-1

(RIBEIRO, 2011). Thaipong et al. (2006) aplicando três ensaios verificou a

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atividade antioxidante em quatro cultivares de goiaba, sendo a média de 25,2 (DPPH), 31,1

(ABTS) e 21,3 (ORAC) μmol de Trolox.g-1

.

Os resultados dos ensaios antioxidantes DPPH, ABTS e ORAC podem ser

expressos em TEAC (Trolox Equivalent Antioxidant Activity – Atividade antioxidante

equivalente ao Trolox). Trolox é um composto sintético hidrossolúvel análogo da vitamina

E. As leituras realizadas no comprimento de onda específico para o radical específico

formado pelo ensaio são interpolados em uma curva de calibração e expressas em

capacidade antioxidante equivalente de Trolox (PEREIRA, 2009), que indica o número de

μmoles de Trolox que produz a mesma atividade correspondente a 1 mg de amostra

(RIBEIRO, 2011).

3.4. Oligossacarídeos

Os carboidratos, representantes de um dos grandes grupos de biomoléculas na

natureza, apresentam papéis estruturais e metabólicos de extrema importância ao ser

humano (BENDER; MAYES, 2013), tais como fonte de energia, preservativos de

proteínas, protetores contra corpos cetônicos e combustível para o sistema nervoso central

(PINHEIRO; PORTO; MENEZES, 2005).

Uma das classificações dos carboidratos pode ser de acordo com o número de

monômeros que possuem em sua estrutura química, sendo ela: monossacarídeos,

oligossacarídeos e polissacarídeos (PINHEIRO; PORTO; MENEZES, 2005).

Os monossacarídeos são as unidades mais simples de carboidratos que não podem

ser hidrolisadas em carboidratos mais simples, como exemplo de monossacarídeos mais

encontrados em frutas tem-se a frutose e a glicose (BENDER; MAYES, 2013).

A frutose é caracterizada por ser o mais doce dos açúcares simples e por fornecer

energia de forma gradativa, sendo absorvida lentamente, evita que a concentração de açúcar

no sangue aumente muito depressa. Ao contrário da glicose que é rapidamente absorvida

pelas células, sendo utilizada como uma das principais fontes de energia imediata ou

armazenada no fígado e no músculo na forma de glicogênio muscular (PINHEIRO;

PORTO; MENEZES, 2005).

A condensação de duas moléculas de monossacarídeos resulta na formação de

dissacarídeos, sendo o mais comum nas frutas a sacarose (BENDER; MAYES, 2013). A

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sacarose, oriunda da ligação glicosídica α 1-4 entre glicose e frutose (TAPPY; LÊ, 2010),

apresenta rápida absorção e metabolização, sendo responsável por elevar o índice glicêmico

e fornecer energia imediata para a atividade física, além de contribuir para a formação das

reservas de glicogênio (PINHEIRO; PORTO; MENEZES, 2005).

De modo geral, os monossacarídeos e os dissacarídeos são responsáveis por conferir

sabor, cor e textura ao alimento, contribuindo de forma diferenciada com o poder de

doçura, sendo sua quantificação importante para o sabor final do produto (SILVA;

MAGALHÃES; GONÇALVES, 2009).

No entanto, nos últimos anos a busca por carboidratos funcionais tem se

intensificado, sendo os oligossacarídeos um composto promissor à saúde humana.

Os oligossacarídeos são compostos de cadeia relativamente pequena (VERNAZZA;

RABIU; GIBSON, 2006) com baixo grau de polimerização (DP 2 a 10) (ROBERFROID;

SLAVIN, 2000), sendo constituídos geralmente de 3 a 10 unidades de monossacarídeos

(SLAVIN, 2007) unidas covalentemente por meio de ligações glicosídicas (MARTIN;

BURKET, 2009), os quais são representados por frutose, galactose, glicose e/ou xilose

(Figura 10) (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

Figura 10. Monossacarídeos presentes nas estruturas de oligossacarídeos. (Fonte: Mussatto e Mancilha,

2007).

A maioria dos oligossacarídeos é considerada não digerível, visto que as ligações do

tipo β presentes nos carbonos anoméricos (C1 ou C2) entre seus monossacarídeos não

podem ser clivadas pelas enzimas digestivas humanas (MARTIN; BURKERT, 2009),

sendo, portanto, fermentados pela microflora presente no intestino grosso, refletindo em

benefícios à saúde humana (SLAVIN, 2007).

Glicose Galactose Frutose Xilose

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Os oligossacarídeos se diferenciam pelo comprimento da cadeia, composição

monossacarídica (Tabela 5), grau de ramificação e pureza. A lactulose apesar de ter menos

que três unidades de monossacarídeos apresenta propriedades semelhantes às dos

oligossacarídeos, sendo inclusa na classe de oligossacarídeos, assim como a xilobiose (DP

2), que por possuir propriedades tecnológicas e efeitos benéficos como os xilo-

oligossacarídeos faz parte desse grupo (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

As plantas são fontes de oligossacarídeos, os quais são considerados como açúcares

de reserva em sementes e tubérculos e utilizados durante o crescimento das plantas

(VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006). Desse modo, podem ser encontrados em frutas e

legumes, como cebola, alcachofra de Jerusalém, chicória, alho-poró, alho, alcachofra,

banana, centeio e cevada, sendo as concentrações de oligossacarídeos entre 0,3 % e 6 % do

peso fresco; a alcachofra de Jerusalém é o alimento de origem vegetal que apresenta a

maior porcentagem de oligossacarídeos – 20%. Além de frutas e vegetais, os

oligossacarídeos também podem ser encontrados em mel e leite (MUSSATTO;

MANCILHA, 2007).

No entanto, na literatura poucos dados são encontrados sobre a presença e

quantificação de oligossacarídeos em alimentos, mostrando a necessidade da realização de

mais estudos e divulgação de seus resultados à comunidade (JOVANOVIC-

MALINOVSKA; KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2014).

Os oligossacarídeos são de natureza intermediária entre açúcares simples e

polissacarídeos e por se comportarem como fibras dietéticas são considerados prebióticos

(QIANG; YONGLIE; QIANBING, 2009).

Substâncias prebióticas são ingredientes alimentares não digeríveis que beneficiam

o hospedeiro ao incitar seletivamente o crescimento e/ou a atividade de um ou mais grupos

limitados de bactérias presentes naturalmente no cólon, contribuindo assim em uma

mudança no equilíbrio microbiano global no cólon e na melhora da saúde do hospedeiro

(VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006; CASCI, RASTALL, GIBSON, 2007).

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Tabela 5. Exemplos de oligossacarídeos e suas composições

Tipo Estrutura

molecular*

Monossacarídeos** Número de

monossacarídeos

**

Ligação responsável pela

funcionalidade**

IMOS (Isomalto-oligossacarídeos) (Gu)n Glicose 2–5 α-1,4

SBOS (Oligossacarídeos de soja) (Ga)n–Gu–Fr Frutose, galactose, glicose 2–4 α-1,6

FOS (Fruto-oligossacarídeos) (Fr)n–Gu Sacarose, frutose 2–5 β-1,2

XOS (Xilo-oligossacarídeos) (Xy)n Xilose 2–7 α-1,4

MOS (Malto-oligossacarídeos) (Gu)n Manitose, glicose 2–10 α-1,2, α-1,4

Gentio-oligossacarídeos (Gu)n Glicose 2–10 β-1,6

Glicose-oligossacarídeos (Gu)n Glicose 2–10 α -1,2, β-1,3, β-1,6

Palatinose ou isolmaltulose (Gu–Fr)n Glicose, frutose 2 β-1,6

Malto-oligossacarídeos (Gu)n Glicose 2–8 α-l,2

Lactosucrose Ga–Gu–Fr Galactose, frutose 2–3 β-1,4

Glicosilsucrose (Gu)n–Fr Glicose, frutose 3 α-l,2, β-l,4

GOS (Galato-oligossacarídeos) (Ga)n–Gu Galactose 2–5 β-1,2, α-1,4

Lactulose Ga–Fr Galactose, frutose 2 β-1,4

Rafinose Ga–Gu–Fr Galactose, frutose, glicose 3 β-l,2, α-l,4

Estaquiose Ga–Gu–Fr Galactose, frutose, glicose 4 α-1,4

*Ga, galactose; Gu, glucose; Fr, fructose; Xy, xylose

Fonte: Mussatto e Mancilha, 2007*; Qiang, Yonglie e Qianbing, 2009**.

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O cólon possui cerca de 400 espécies de bactérias distintas (PAK, 2006), sendo a

maioria anaeróbica (Tabela 6) (MUSSATTO; MANCILHA, 2007), as quais são

distribuídas entre cepas patogênicas, produtoras de metabólitos tóxicos e carcinogênicos e

espécies benéficas (PAK, 2006).

Tabela 6. Micro-organismos anaeróbicos predominantes no cólon humano

Grupo de anaeróbios Faixa na contagem de log (g peso seco-1

)

Bacteroides 9.2–13.5

Eubacteria 5.0–13.3

Bifidobacterium 4.9–13.4

Clostridium 3.3–13.1

Lactobacillus 3.6–12.5

Ruminococci 4.6–12.8

Peptostreptococci 3.8–12.6

Peptococci 5.1–12.9

Streptococci (anaerobic) 7.0–12.3

Methanobrevibacter 7.0–10.3

Desulfovibrios 5.2–10

Fonte: Mussatto e Mancilha, 2007.

As bifidobactérias e os lactobacilos são os grupos de bactérias benéficas ao

organismo mais relatados em estudos envolvendo oligossacarídeos (MUSSATTO;

MANCILHA, 2007; VANDENPLAS et al., 2008), os quais ajudam no processo de síntese

de vitaminas e enzimas digestivas, além de inibirem a adesão e crescimento de micro-

organismos patogênicos, reduzirem o pH do ambiente colonizado, contribuírem na resposta

imunológica (VANDENPLAS et al., 2008), estimularem o crescimento de bactérias

benéficas ao intestino, ajudarem com a absorção de íons como cálcio e facilitarem a síntese

de vitamina B (PAK, 2006).

A extensão da fermentação depende de alguns fatores como grau de polimerização,

tipo de oligossacarídeo e ligação glicosídica, grau de ramificação, sinergia entre as

bactérias fermentativas, relação entre as bactérias do substrato e dos produtos de

fermentação, natureza das impurezas e capacidade sacarolítica (MUSSATTO;

MANCILHA, 2007; VANDENPLAS et al., 2008).

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A ingestão de probióticos e prebióticos contribui na restauração das bifidobactérias

(ROWLAND; GILL, 2008), sendo os prebióticos responsáveis por induzir aumento de 10 a

100 vezes o número da população intestinal de espécies Bifidobacterium (CRITTENDEN,

2006).

No grupo dos prebióticos os oligossacarídeos têm despertado grande interesse na

saúde humana em pesquisas na área de Ciência e Tecnologia, visto que além de

contribuírem com o crescimento e desenvolvimento de espécies bacterianas como as

Bifidobacterium no cólon (CASCI, RASTALL, GIBSON, 2007), conferem baixo índice

glicêmico, não são cariogênicos (CRITTENDEN, 2006) e estão relacionados à redução de

riscos de infecção e de diarreia, e melhora na resposta do sistema imunitário (MUSSATTO;

MANCILHA, 2007).

Os oligossacarídeos, devido a sua não digestibilidade, não possuem valor calórico,

no entanto, o processo de fermentação que sofrem no cólon (ROBERFROID; SLAVIN,

2000) contribuem com um valor energético de cerca de 0 a 3 kcal.g-1

(QIANG; YONGLIE;

QIANBING, 2009), análogo ao da fibra dietética solúvel (ROBERFROID; SLAVIN,

2000).

Na literatura, os oligossacarídeos com efeitos prebióticos mais citados e estudados

são Fruto-oligossacarídeo (FOS), Galacto-oligossacarídeo (GOS), Xilo-oligossacarídeo

(XOS), Isomalto-oligossacarídeo (IMO) e Lactulose (CRITTENDEN, 2006; VERNAZZA;

RABIU; GIBSON, 2006), sendo o FOS de maior representação.

De forma resumida, o interesse pelos oligossacarídeos se deve aos seguintes fatores:

capacidade de formarem gel viscoso que diminui a absorção de glicose liberada na corrente

sanguínea e a secreção de insulina, sendo indicado para diabéticos; possuem baixa caloria,

sendo um bom substituto do açúcar comum para perda de peso; não são cariogênicos;

promovem ambiente intestinal propício às bactérias benéficas da flora; melhoram e

eliminam sintomas de diarreia; estimulam a absorção intestinal de minerais, como cálcio,

magnésio e ferro; diminuem o risco de doenças crônicas degenerativas, tais como a doença

cardiovascular, câncer de cólon e obesidade (QIANG; YONGLIE; QIANBING, 2009).

Estudos com cultura de fermentação de bactérias fecais humanas têm demonstrado

que os FOS, GOS, XOS e IMO atuam como bons alteradores na microflora, elevando o

nível de bifidobactéria e/ou lactobacilos (VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006).

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Os oligossacarídeos contribuem, também, com a redução ou inibição da colonização

da mucosa intestinal por bactérias patogênicas como clostrídios e bacteroides

(VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006). Essas bactérias são capazes de se ligar as

glicoproteínas (lectinas ou fimbrias) da parede intestinal, se proliferando. Os

oligossacarídeos por terem afinidade com as glicoproteínas se ligam a elas e, ao serem

excretados na forma de fezes carregam com eles as bactérias patogênicas (LAMOUNIER,

2012).

Os oligossacarídeos não digeríveis, em geral, apresentam outras ações benéficas aos

seres humanos, tais como: alívio de constipação, melhora o controle da glicemia,

modulação no metabolismo de triglicérides, contribuição na produção de vitaminas do

complexo B (B1, B2, B6 e B12), ácido fólico e nicotínico e na absorção de minerais como

cálcio, ferro e magnésio; efeito benéfico sobre o metabolismo de hidratos de carbono e

lipídios; redução de risco de câncer intestinal, principalmente (MUSSATTO; MANCILHA,

2007).

Além disso, muitos oligossacarídeos apresentam melhor solubilidade em água

quando comparado às suas moléculas nativas (SILVA et al., 2008) e apresenta dulçor em

torno de 0,3 a 0,6 vezes superior ao da sacarose, sendo esse poder determinado pela

estrutura química, grau de polimerização e níveis da presença de mono e dissacarídeos na

mistura, conforme aumento o comprimento da cadeia de oligossacarídeos o dulçor reduz

(MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

Na aplicação em alimentos, são bons substitutos de açúcares simples, conferindo

menor dulçor, fornecendo maior viscosidade, apresentando menor ponto de congelamento e

menor participação em reações de Maillard (CRITTENDEN, 2006). Atuam como agente

de volume em alimentos muito doce, juntamente com edulcorantes artificiais como o

aspartame ou sucralose, mascarando os “aftertastes” oriundos de alguns de alguns

edulcorantes e, proporcionam boa capacidade de retenção de umidade, impedindo a

secagem excessiva com baixa atividade de água e, consequentemente, ajuda no controle da

contaminação microbiana (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

Sendo, assim, utilizados em indústrias alimentícias na produção de bebidas como

sucos, café, chás, refrigerantes, bebidas alcoólicas; produtos lácteos como iogurtes, leite

fermentado, pó instantâneo, leite em pó e sorvete; produtos de confeitaria como doces,

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biscoitos, bolachas e pães (CRITTENDEN, 2006; MUSSATTO; MANCILHA, 2007);

sobremesas como gelatinas, pudins, sorvetes, chocolates, compotas e geleias; e produtos de

carne, tais como pasta de peixe e tofu, além de serem encontrados comercialmente em sua

forma pura ou heterogenia, contendo um número de oligossacarídeos de diferentes

tamanhos moleculares (número de porções de açúcar) (CRITTENDEN, 2006).

A utilização de oligossacarídeos também se estende a produção de cosméticos,

produtos estabilizantes, agentes imunoestimulantes e as indústrias farmacêuticas (QIANG;

YONGLIE; QIANBING, 2009), sendo utilizados em formulação de medicamentos como

agentes carreadores, por resistirem à ação de glicosidases e outras hidrolases que existem

nos organismos (GIESE et al., 2011).

Apesar dos benefícios tecnológicos e funcionais, o consumo de oligossacarídeos

deve ser moderado, visto que está relacionado a desconfortos intestinais como flatulências,

dores abdominais e diarreias. No entanto, os efeitos negativos dependem de fatores como

idade e predisposição do indivíduo (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

Os oligossacarídeos podem ser obtidos por três maneiras: extração direta de plantas;

hidrólise controlada de polissacarídeos; síntese enzimática usando hidrolases e/ou glicosil-

transferases de plantas ou de micro-organismos, sendo pela via enzimática, as hidrolases

(EC 3.2) e as transferases (glicosil-transferases, EC 2.4) as principais enzimas envolvidas

na produção (CASCI; RASTALL, 2006).

Dentre as reações enzimáticas para produção industrial dos oligossacarídeos

destacam-se as reações de hidrólise, transglicosilação e isomerização, sendo a reação de

acordo com o tipo de oligossacarídeo (GIESE et al., 2011) (Figura 11).

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Figura 11. Representação química de processos de produção de oligossacarídeos. (Fonte: Mussatto e

Mancilha, 2007, adaptada).

Nos processos industriais a extração se dá a partir de fontes naturais por hidrólise de

polissacarídeos, enzimática ou síntese química a partir de substratos de dissacarídeos, sendo

o processo enzimático por transglicosilação ou hidrólise de polissacarídeos (amido e xilano,

por exemplo) o mais aplicado, gerando oligossacarídeos com diferentes graus de

polimerização (DP) (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

Em geral, os xilo-oligossacarídeos (XOS) e os isomalto-oligossacarídeos (IMO) são

oriundos da hidrólise enzimática de polissacarídeos; fruto-oligossacarídeo (FOS) e galacto-

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oligossacarídeo (GOS) por meio da transgalactosilação; e lactulose por meio de

isomerização (CASCI; RASTALL, 2006). A Tabela 7 apresenta a via de obtenção dos

principais oligossacarídeos.

Tabela 7. Compostos prebióticos do grupo dos oligossacarídeos

Oligossacarídeo Método de produção

Fruto-oligossacarídeo (FOS) Extração de água quente a partir de raiz de

chicória, seguido de hidrólise enzimática ou

por polimerização de monômeros de frutose

Galacto-oligossacarídeo (GOS) Transgalactosilação enzimática da lactose

Xilo-oligossacarídeo (XOS) Hidrólise enzimática de xilanos

Isomalto-oligossacarídeo (IMO) Transglucosilação de amido liquefeito

Fonte: Vernazza, Rabiu e Gibson, 2006.

Apesar dos oligossacarídeos isomalto-oligossacarídeos, glico-oligossacarídeos e

xilo-oligossacarídeos serem considerados prebióticos em algumas pesquisas, infelizmente,

as enzimas específicas para a hidrólise desses compostos ainda não foram totalmente

elucidadas, sendo o mecanismo de ação prebiótica não totalmente evidente (CASCI,

RASTALL, GIBSON, 2007).

A separação e a análise quantitativa de oligossacarídeos são importantes para

aplicação na área industrial e de saúde. A determinação de oligossacarídeos em geral é

realizada por técnicas cromatográficas, sendo a cromatografia líquida de alta eficiência

(CLAE ou HPLC) a mais aplicada (LAMOUNIER, 2012).

3.4.1. Fruto-oligossacarídeos

Os fruto-oligossacarídeos (FOS) são os carboidratos não digeríveis de maior

representação no grupo de oligossacarídeos, sendo encontrados em vários alimentos de

origem vegetal (Tabela 8), como cebola, aspargos, alcachofra, alho, trigo, banana, tomate,

além do mel (SABATER-MOLINA et al., 2009; ALLES, 2012), porém em baixa

concentração em mel (CSANÁDI; SISAK, 2008).

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Tabela 8. Exemplos de fontes de fruto-oligossacarídeos e seus teores expressos em

porcentagem (base fresca)

Fonte Parte comestível Unidades de

frutose

Teor de fruto-

oligossacarídeos (%)

Banana Fruta 2 0,3 – 0,7

Centeio Cereal 2 0,5 – 1

Alho poro Bulbo na 2 – 10

Trigo Cereal N 0,8 – 4

Alho Bulbo N 1 – 16

Chicória Raiz N 15 – 24

Aspargo Broto 2 – 4 2 – 3

Alcachofra

Jerusalém

Tubérculo 2 16 – 22

Alcachofra Folhas centrais 2 3 – 10

Yacon Raiz 3 – 19

Cebola Bulbo 2 – 4 1,1 – 7,5

Fonte: Hauly e Moscatto, 2002; Vernazza; Rabiu; Gibson, 2006.

Com um grau de polimerização de 3 a 10 (ALLES, 2012), são representados por

cadeias mistas de frutosil, com uma unidade terminal de glicose, sendo derivados a partir de

açúcar por meio de processos de fermentação naturais, produzindo 1-cestose (GF2), nistose

(GF3) e 1-frutosil-nistose (GF4) em que as unidades de frutosilo (F) são ligadas na posição

β-2,1 da sacarose (SABATER-MOLINA et al., 2009) (Figura 12) (LAMOUNIER, 2012).

Devido à presença de ligações β(2-1) entre os monômeros de frutose, resistem às

hidrólises enzimáticas na parte superior do trato gastrintestinal humano (PAK, 2006,

ALLES, 2012), as quais atuam somente sobre ligações α-glicosídicas (KOLIDA; GIBSON,

2008; ALLES, 2012), se comportando assim como fibras alimentares.

Ao atingirem o intestino grosso intactos, primeiramente são hidrolisados por beta-

oxidases bacterianas originando monômeros (SABATER-MOLINA et al., 2009) e,

posteriormente, fermentados pelas bactérias do cólon gerando como produtos ácidos graxos

de cadeia curta – AGCC (acetato, propionato, butirato), lactato, biomassa bacteriana e gases

(CO2, H2 e metano) (PAK, 2006; SABATER-MOLINA et al., 2009). No entanto, a

quantidade e o tipo de AGCC obtidos da fermentação dependerão do tipo de

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oligossacarídeo não digerível e do perfil da flora intestinal (MUSSATTO; MANCILHA,

2007).

Figura 12. Estrutura química dos principais fruto-oligossacarídeos: (A)1-kestose, (B) nistose e (C)

frutofuranosil nistose. (Fonte: Tuohy et al., 2005).

Desse modo, os FOS são considerados prebióticos, proporcionando o crescimento e

estabilização dos probióticos, como Acidophillus, Bifidus e Faecium (PASSOS; PARK,

2003; GIESE et al., 2011) e inibição de bactérias patogênicas, como Escherichia coli e

Clostridium perfringens, por reduzir o pH do trato gastrointestinal (PASSOS; PARK,

2003), se tornando moduladores na integridade do epitélio e do sistema imunológico e

melhora na produção de enzimas digestivas, proporcionando benefícios ao intestino

humano como redução de riscos de enfermidades gastrointestinais (PAK, 2006; ALLES,

2012). De modo geral, com a ingestão regular de FOS podem-se observar aumentos entre

0,5 e 1,0 ciclo logarítmicos na população de bifidobactérias (ALLES, 2012).

Em plantas, os FOS são sintetizados a partir da sacarose por meio da transferência

repetida de frutosil (transfrutosilação pela enzima β- fructoranosidase ou β-D-

frutosiltransferases) (CASCI; RASTALL, 2006).

Na indústria a produção de FOS por meio da sacarose necessita inicialmente de uma

alta concentração de sacarose para se obter uma transfrutosilação eficiente, além de reduzir

custos com evaporação no processamento final (MUSSATTO; MANCILHA, 2007). Nesse

meio de produção existem duas rotas: (i) sistemas de lote usando enzimas solúveis; e (ii)

sistemas contínuos utilizando enzimas imobilizadas ou células inteiras. As enzimas

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envolvidas podem ser intra ou extracelular (CASCI; RASTALL, 2006) e o grau de

polimerização varia entre 1 e 5 unidades de frutosil (PASSOS; PARK, 2003).

Comercialmente, encontram-se disponíveis FOS em pó e na forma de xaropes com

75% de sólidos (ALLES, 2012). A composição dos xaropes de FOS comerciais apresenta

de 25 - 30 % (m/m) de 1-cestose (GF2), de 10 - 15% de nistose (GF3), de 5 - 10% de

nistose 1F-frutofuranosil (GF4) e de 25 - 30 % de glicose (CASCI; RASTALL, 2006).

Os FOS também podem ser obtidos a partir da hidrólise parcial enzimática da

inulina extraída da raiz da chicória. A inulina é um tipo de frutano com ligações β-2,1-D-

fructofuranosil encontrados em plantas e sintetizada por fungos e com grau de

polimerização (DP) variando entre 2 e 70, sendo maior que o de FOS, o qual tem peso

molecular inferior a inulina (DP > 30) (CASCI; RASTALL, 2006).

Segundo a terminologia da IUB-IUPAC (1982), o ponto de divisão entre oligo e

polissacarídeos é 10 (HAULY; MOSCATTO, 2002). O grau de polimerização dos FOS

obtidos por meio da inulina varia entre 1 e 7 unidades de frutosil. E a hidrólise pode ocorrer

de forma natural, sendo esses FOS encontrados em uma ampla variedade de plantas, sendo

as principais, alcachofras, aspargos, beterraba, chicória, banana, alho, cebola, trigo, tomate,

tubérculos, como o yacon, bulbos, como os de lírios vermelhos e até em mel e açúcar

mascavo (PASSOS; PARK, 2003).

As frutosiltransferases aplicadas na produção de FOS podem ser obtidas por meio

de plantas ou de micro-organismos (principalmente fungos), sendo as espécies de micro-

organismos mais usadas para obtenção dessa enzima as Aspergillus niger, Aureobasidium

pullulans e Aspergillus japonics (CASCI; RASTALL, 2006).

Um exemplo de micro-organismo que pode se obter a enzima β-frutofuranosidase é

a levedura Scwhanniomyces occidentalis. A ação da enzima sobre a sacarose gera o

composto 6-cestose, que é um oligossacarídeo constituído por moléculas de frutose ligadas

por ligações glicosídicas do tipo β-(2→6). Indústrias também utilizam a enzima produzida

pelo Aspergillus niger para obter FOS de beterraba (GIESE et al., 2011).

Quando comparada com a sacarose os FOS apresentam grandes diferenças nas

propriedades tais como: baixa intensidade de doçura; baixíssima caloria por não ser

metabolizado, apenas fermentado; alta capacidade higroscópica; viscosidade superior de

outro açúcar devido ao maior peso molecular de FOS; estabilidade térmica superior ao da

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sacarose; não cariogênico já que não são utilizados pelo Streptococcus mutans para formar

os ácidos e insolúveis β-glucanas, principais causas de cáries dentárias (SABATER-

MOLINA et al., 2009); não cristalizam; não precipitam e; não deixam sensação de secura

ou aspereza na boca (PASSOS; PARK, 2003).

Todas essas propriedades permitem que o FOS seja um bom substituto da sacarose

(SABATER-MOLINA et al., 2009) em formulações de sorvetes e sobremesas lácteas com a

indicação de açúcar reduzido, sem adição de açúcar, calorias reduzidas ou produto sem

açúcar; em dietas para diabéticos; como ingrediente funcional em formulações que

combinem efeito nutricional com efeito prebiótico; em iogurtes, promovendo efeito

simbiótico com o probiótico; em produtos de panificação e confeitaria; em barras de

cereais; sucos e néctares frescos, molhos, entre outras aplicações (PASSOS; PARK, 2003).

A Tabela 9 apresenta algumas funcionalidades dos FOS na produção de alimentos

(ALLES, 2012).

Tabela 9. Exemplos de aplicações do FOS em produtos alimentícios e suas funcionalidades

Aplicação Funcionalidade Dosagem

(%massa/massa)

Produtos lácteos Substituto de açúcar; sinergia com

edulcorantes; corpo e mounth feel

(sensação na boca); estabilidade de espuma; fibras e prebióticos

2 – 10

Sobremesas

congeladas

Substituto de açúcar; sinergia com

edulcorantes; textura e ponto de derretimento; fibras e prebióticos

5 – 12

Produtos de panificação

Retenção de umectância; substituto de açúcar; fibras e prebióticos

2 – 25

Cereais matinais Crocância; fibras e prebióticos 2 – 15

Recheios Substituto de açúcar; melhoria de textura 2 – 50

Preparados de frutas Substituto de açúcar; sinergia com

edulcorantes; corpo e mounth feel (sensação na boca); fibras e prebióticos

5 – 50

Produtos dietéticos e

substitutos de refeições

Substituto de açúcar; sinergia com

edulcorantes; corpo e mounth feel

(sensação na boca); fibras e prebióticos; baixo valor calórico

2 – 20

Pastilhas Substituto de açúcar; fibras e prebióticos 2 – 10

Fonte: Franck, 2002.

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Devido à maior produção e estudos direcionados a ação prebiótica, os FOS são

considerados uma das principais classes de oligossacarídeos bifidogênicas (KOLIDA;

GIBSON, 2008). No entanto, para se obter o efeito bifidogênico a ingestão diária de FOS

deve ser entre 5 a 20 g de FOS (PAK, 2006).

De acordo com a ANVISA (BRASIL, 2008) para receber a alegação “contribuem

para o equilíbrio da flora intestinal” a porção do alimento deve fornecer no mínimo 3 g de

FOS, para alimentos sólidos ou 1,5 g, para alimentos líquidos, sendo na tabela de

informação nutricional declarada a quantidade de FOS abaixo de fibras alimentares.

Os FOS, na maioria dos países, são considerados ingredientes e não aditivos

alimentares. Nos Estados Unidos o carboidrato não digerível apresenta o status GRAS

(Geralmente Reconhecido como Seguro) (PASSOS; PARK, 2003).

Vários estudos já demonstraram os efeitos benéficos do FOS. O consumo de 12,5

g.dia-1

de FOS durante 3 dias promovem a redução significativa de micro-organismos

anaeróbios totais em fezes. Este estudo realizado por BOUHNIK et al. (2006) também

verificou diminuição no pH do intestino grosso, na atividade de nitroredutases, nas

azoredutases, nas β-glucoronidases e nas concentrações de bile ácida e esterol neutro e

inibição de bactérias patogênicas putrefativas, fatores que contribuem com a colonização de

bifidobactérias no intestino. Além disso, a ingestão de FOS evita a constipação e

desconforto intestinais (PASSOS; PARK, 2003).

A ingestão diária de FOS para obtenção dos efeitos bifidogênicos, de acordo com

alguns estudos, varia entre 2 a 13 g. Um aumento na contagem de bifidobactérias fecais em

seres humanos foi verificado ao se ingerir doses de 4 a 12,5 g.dia-1

de fruto

oligossacarídeos de cadeia curta (BOUHNIK et al., 2006). Outro estudo já comprovou que

doses entre 2 e 10 g.dia-1

em adultos é o suficiente para se obter o efeito bifidogênico do

FOS. E outros pesquisadores verificaram que o consumo de pelo menos 4 g.dia-1

, sendo

preferencialmente, de 8 g.dia-1

de fruto-oligosacarídeos são suficientes para aumentar de

forma significativa o número de células de bifidobactérias no intestino humano

(MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

O FOS pode evitar a constipação devido ao aumento da produção de gases e de

massa microbiana que leva a um aumento do conteúdo fecal do cólon. O aumento do bolo

fecal se deve aos ácidos graxos de cadeia curta obtidos da fermentação de FOS no cólon

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que são absorvidos e utilizados pelas células do epitélio do cólon, estimulando o

peristaltismo intestinal. Há também aumento da absorção de sais e água pela massa fecal, o

que eleva a umidade das fezes por meio da pressão osmótica, resultando no aumento do

peristaltismo intestinal, na redução do tempo de trânsito do bolo fecal e do tempo

disponível para a reabsorção de água que, consequentemente, aumenta o volume das fezes

(SABATER-MOLINA, 2009; QIANG; YONGLIE; QIANBING, 2009). Os

oligossacarídeos MOS e GOS também apresentam o mesmo mecanismo de ação (QIANG;

YONGLIE; QIANBING, 2009).

Além de seu efeito bifidogênico, os FOS apresentam baixo valor calórico (1,9 –

2,15 kcal) em comparação aos monossacarídeos, não gerando em sua hidrólise moléculas

de glicose e frutose intrassanguíneas, ou seja, não induz aumento de concentração de

insulina no sangue, como mostrado em estudo com diabéticos insulinos independentes,

onde o consumo de 8 gramas de FOS durante 2 semanas reduziu as concentrações de

insulina, glicose sanguínea, colesterol total e LDL, podendo o efeito ser explicado pela

influência dos ácidos graxos de cadeia curta gerado na fermentação sobre o metabolismo

dos carboidratos e lipídeos (PAK, 2006).

Alterações no metabolismo de hidratos de carbono e lipídios promovidas pela

ingestão de oligossacarídeos contribui com a redução de triglicerídeos e de colesterol,

concentração de fosfolipídios sanguíneo, levando a diminuição de riscos de diabetes e de

obesidade (MUSSATO; MANCILHA, 2007).

A relação da ingestão de FOS e os demais oligossacarídeos funcionais com a

redução dos níveis lipídicos sanguíneos pode ser explicada por meio do processo de

fermentação dos oligossacarídeos no cólon e a produção de ácidos graxos de cadeia curta.

O propionato de etila produzido durante a fermentação do FOS promove a redução da

gliconeogênese, favorecendo a glicólise hepática, a diminuição da concentração de ácidos

graxos no plasma (SABATER-MOLINA et al., 2009) e até a inibição da síntese de

triglicerídeos, provavelmente devido a inibição de enzimas lipogênicos no fígado

(VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006). No entanto, o acetato presente no fígado já pode

ser lipogênico e colesterogênico (ÖNNING, 2007).

A relação entre a ingestão de oligossacarídeos e redução dos níveis de colesterol

ainda não está bem elucidada, visto que as alterações no metabolismo dos lipídeos podem

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ser induzidas pela produção de AGCC como consequência de uma adaptação metabólica do

fígado (MUSSATO; MANCILHA, 2007).

Os FOS contribuem também com o aumento da biodisponibilidade de alguns

minerais no intestino como cálcio, magnésio, fósforo e zinco (ALLES, 2012). A relação da

ingestão de FOS com a melhora na absorção de minerais pode se dever a dois fatores. O ser

humano apresenta insuficientes níveis da enzima fitase endógena que é responsável pela

quebra da molécula fitato, os FOS por servirem como substratos a microflora intestinal,

permite a produção de enzimas fitases pelos micro-organismos, contribuindo assim com a

liberação dos minerais complexados ao anti-nutricional fitato, ficando disponíveis para

absorção (SCHOLZ-AHRENS et al., 2007). Além disso, durante a fermentação a redução

do pH no cólon íleo e ceco e a produção de AGCC (PAK, 2006) promovem aumento na

concentração de minerais ionizados, o que facilita a difusão passiva, aumentando a

solubilidade e disponibilidade dos minerais (SABATER-MOLINA et al., 2009).

Em um estudo doses de FOS foram fornecidas a ratos o que promoveu além do

aumento da biodisponibilidade de cálcio, melhora na estrutura óssea (PAK, 2006),

contribuindo na redução ou prevenção de osteoporose e anemia (SABATER-MOLINA et

al., 2009). Outro estudo com animais observaram aumento na absorção de cálcio,

magnésio, fósforo e de elementos traços como zinco, ferro e cobre (ALLES, 2012). E um

com humanos verificou aumento aparente da absorção de cálcio e magnésio com a ingestão

de 15 g de FOS diária (VERNAZZA; RABIU; GIBSON, 2006). A relação entre a absorção

de cálcio e a melhora na estrutura óssea ainda não está totalmente comprovada, entretanto,

sugere-se que ao FOS contribui com a mineralização e a densidade óssea (ALLES, 2012).

A ingestão de FOS estende seus benefícios à prevenção e inibição de câncer de

cólon. Fezes, pH, amônia, p-cresol e indol são alguns fatores que contribuem com o

desenvolvimento de células cancerígenas no intestino (MUSSATTO; MANCILHA, 2007).

O FOS, assim como outros oligossacarídeos, promove a redução do pH que causa a

desintoxicação de genotoxinas no intestino; confere propriedades antineoplásicas que

aumentam a proliferação de células normais e suprimi as transformadas e aumenta a

apoptose de células transformadas. Além disso, o ácido butírico obtido na fermentação do

FOS pode aumentar a secreção de mucina, melhorando a barreira de proteção as células

epiteliais contra o ataque de compostos reativos (PAK, 2006). Além disso, o aumento da

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biomassa e do bolo do fecal acelera o tempo de trânsito no cólon, reduzindo,

consequentemente, o tempo de exposição da microbiota do cólon aos agentes cancerígenos

(SABATER-MOLINA et al., 2009).

O consumo de FOS incita outros benefícios ao organismo humano, tais como a

redução da pressão sanguínea, alteração do metabolismo de ácidos gástricos, regulação do

metabolismo lipídico, influenciada pela produção de AGCC e aumento da produção de

compostos imuno estimulantes com atividade antitumoral (PASSOS; PARK, 2003).

3.4.2. Malto-oligossacarídeo

O malto-oligossacarídeo (MOS) é um composto formado pela mistura de vários

monossacarídeos de glicose que ao ser hidrolisado gera outras cadeias: G1 – glicose, G2 –

maltose, G3 – maltotriose, G4 – maltotetraose; G5 – maltopentaose, G6 – maltohexaose e

G7 – maltoheptaose, entretanto, somente os G3 – G7 são considerados oligossacarídeos

(YOO et al., 2005).

Essas moléculas apresentam diversas aplicações como ingredientes com funções

tecnológicas na indústria alimentícia e funcional na área da saúde. Uns dos interesses na

indústria se devem a sua capacidade de inibir a alta viscosidade, a retenção de água e a

cristalização em produtos (KUMAR; KHARE, 2012). Além disso, as funções podem variar

de acordo com o tipo de MOS utilizado. Por exemplo, o G5 pode ser usado como agente

antienvelhecimento (YOO et al., 2005); G3 e G5 impedem a migração de umidade a partir

de grânulos de amido, contribuem para a diminuição do processo de retrogradação, inibindo

o realinhamento das cadeias de amilose e de amilopectina (KUMAR; KHARE, 2012).

Como ingrediente funcional os MOS estão envolvidos na redução de índices

glicêmicos e colesterol (YOO et al., 2005), alívio de constipação (QIANG; YONGLIE;

QIANBING, 2009) e promoção do crescimento das bifidobactérias do cólon humano. No

entanto, em relação ao FOS, há poucos estudos sobre esses oligossacarídeos em alimentos.

Estudos têm mostrado que a ingestão de xarope de milho enriquecido com

maltotetraose (G4) promoveu a redução do nível de Clostridium perfringens no cólon. Já

outro estudo utilizando como fonte de carbono malto-oligossacarídeos verificou um

crescimento das cinco estirpes de Bifidobactéria (B. adolescentis, B. infantis, B. lactis, e

duas estirpes de B. longum) (WOOD, 2010).

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A síntese de MOS pode ocorrer a partir das enzimas amilases produzidas pelas

seguintes bactérias Bacillus stearothermophilus, B. subtilis, Brachybacterium sp. estirpe

LB25 e B. acidicola, no entanto, somente algumas estirpes – B. subtilis e Bacillus sp.

GM8901 – são capazes de produzir maltotrose e maltotetraose (KUMAR; KHARE, 2012).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Bioaromas e Compostos

Bioativos do Departamento de Ciência de Alimentos da Faculdade de Engenharia de

Alimentos – FEA/UNICAMP, Campinas, Estado de São Paulo, Brasil.

4.1. Obtenção das amostras

O subproduto agroindustrial de goiaba e a fruta goiaba vermelha em grau de

maturação comercial foram cedidos, no mês fevereiro/2014, por uma indústria produtora de

sucos e néctares de frutas (DE MARCHI), localizada na cidade de Jundiaí-SP.

O transporte das amostras foi realizado sob refrigeração até o Laboratório de

Bioaromas e Compostos Bioativos do Departamento de Ciência de Alimentos da Faculdade

de Engenharia de Alimentos – FEA/UNICAMP e congelados até a preparo dos extratos.

4.2. Caracterização das amostras

O subproduto agroindustrial da goiaba, obtido por despolpamento a quente, foi

lavado, peneirado, seco em temperatura ambiente e separados em sementes e

cascas/pedúnculos a fim de se estimar em porcentagem a composição do subproduto em

sementes, cascas/pedúnculos e polpa.

Antes do processamento das amostras para as análises, determinações de pH, acidez

titulável e concentração de sólidos solúveis (°Brix) foram realizadas a fim de se caracterizar

as condições em que as matérias-primas chegaram no laboratório, se estavam aptas para o

consumo.

4.2.1. Determinação do pH

A medida de pH foi realizada em um pHmetro digital Digimed (modelo DM-20,

Brasil), calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0 a 20ºC de acordo com AOAC

(1984).

Pesou-se 5 gramas da amostra em béquer e diluiu-se em 50 mL de água destilada e

mediu-se o pH inserindo os eletrodos do pHmetro diretamente na solução.

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4.2.2. Análise de acidez total titulável

A acidez total titulável (ATT) foi realizada por titulação de acordo com método

descrito pelo Instituto Adolfo Lutz (1985).

Pesou-se 5 gramas de amostra em frasco Erlenmeyer e adicionou-se 50 mL de água

destilada. Adicionou-se de 4 gotas de solução fenolftaleína, titulando-se com solução de

hidróxido de sódio 0,1M, até coloração rósea.

Com o volume gasto na titulação foi calculada a acidez total titulável da amostra,

sendo expressa em porcentagem, v/m.

4.2.3. Determinação de sólidos solúveis

O teor de sólidos solúveis totais (SST) foi determinado por meio de leitura direta em

refratômetro digital Atago (modelo RX-5000α, Brasil) de acordo com AOAC (1984).

Homogeneizou-se a amostra e transferiu-se 2 gotas, pipetadas com pipeta de

Pasteur, de cada uma das amostras, para o prisma do refratômetro, desprezando-se

partículas grandes. Os resultados foram expressos em °Brix.

4.3. Composição fenólica

4.3.1. Obtenção dos extratos

Os extratos das amostras foram obtidos em triplicata por dois métodos de extração,

com solvente único (hidroetanólica 90%) e sequencial.

4.3.1.1. Extração única

A extração única foi realizada de acordo com o proposto por Côrrea (2010), com

modificações. As amostras frescas (0,5 g) foram agitadas em shaker New Brunswick

Scientific (modelo C76, Edison, NJ, USA) a 180 rpm por 30 minutos em ambiente escuro e

gelado com 3 mL de solvente etanol a 90% (10:90, v.v-1

, água destilada:etanol) depois

centrifugadas em centrífuga Hettich Zentrifugen (modelo Rotanta 460R, Germany) por 15

minutos a 4750 rpm e 4ºC. O resíduo foi re-extraído nas mesmas condições, totalizando 60

minutos de extração. Os sobrenadantes resultantes foram combinados e o volume ajustado

para 10 mL. Os extratos (EE – extrato em solvente hidroetanólica) acondicionados em

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frasco âmbar foram armazenados a 4ºC por aproximadamente um mês até às análises

subsequentes.

4.3.1.2. Extração sequencial

A extração sequencial foi realizada de acordo com a sugerida por Sun et al. (2002) e

Dewanto, Wu, Liu (2002), com modificações, permitindo a obtenção de três frações. Os

compostos solúveis fenólicos livres (fração 1/ECFL) foram extraídos utilizando 50 g de

peso fresco das amostras homogeneizados com 100 mL de solução hidroacetônica 80%

(v/v) em liquidificador industrial Skymsen (modelo LI-1,5-N, Brasil) durante 5 minutos e

mais 3 minutos em ultra-turrax Poly Tron (modelo PT – MR 2100, Switzerland), sendo

posteriormente centrifugadas a 5°C por 15 minutos a uma velocidade de 5000 rpm. Os

sobrenadantes, compostos por agliconas livres e conjugados solúveis (formas glicosiladas),

foram evaporados em rotaevaporador Büchi (modelo R-210) acoplado em Chiller Büchi

(modelo F108) 45°C até evaporação de cerca de 90% do sobrenadante e ressuspendidos em

água deionizada para um volume final de 50 mL. Nos resíduos obtidos da centrifugação das

amostras foram adicionados 20 mL de solução NaOH 2 N e homogeneizados em shaker à

temperatura ambiente durante 1 hora (200 rpm) para hidrólise das ligações dos compostos

conjugados. Os meios foram acidificados com HCl concentrado até pH 2 e lavados com 25

mL de hexano para remoção da gordura, centrifugados e os sobrenadantes recolhidos para

as análises (fração 2/ECFSH). Os resíduos, obtidos na segunda centrifugação, foram

lavados seis vezes com acetato de etila, centrifugado, evaporado a 45°C até evaporação

completa do solvente e ressuspendidos em água deionizada para um volume final de 10 mL

(fração 3/ECFC – extratos fitoquímicos conjugados). Os extratos foram armazenados em

freezer por aproximadamente um mês até à suas utilizações para as análises.

4.3.2. Determinação de fenólicos totais

A concentração dos compostos fenólicos totais foi determinada em Fluorímetro

NOVOstar (modelo S/N 700-0120, Switzerland) a 760 nm, utilizando reagente Folin-

Ciocalteau, segundo a metodologia descrita por Roesler et al. (2007), com modificações. O

método colorimétrico Folin-Ciocalteau envolve a redução do reagente pelos compostos

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fenólicos das amostras com concomitante formação de um complexo azul cuja intensidade

aumenta linearmente.

Uma curva de referência nas concentrações de 10 a 70 µg.mL-1

em metanol 50% foi

construída utilizando-se como padrão o ácido gálico (Sigma Aldrich, USA) 100 µg.mL-1

.

Para a determinação de compostos fenólicos, os extratos com concentrações conhecidas

(mg.mL-1

) em metanol 50%, foram homogeneizados em banho ultrassom UltraSonic

Cleaner (modelo M/UNIQUE, Brasil) por 30 minutos e a partir deles, diluições seriadas em

solução de metanol 50% foram realizadas e, assim, determinada a melhor concentração

para se obter o teor de compostos fenólicos nos extratos (localizada na faixa mediana ao

centro da curva analítica).

Para a reação colorimétrica, uma alíquota 30 µL da solução metanólica de extrato foi

homogeneizada em agitador de placas Eppendorf (modelo MixMate, Espanha) por 2 minutos

com 120 µL de solução Folin Ciocalteau, posteriormente homogeneizada com 130 µL de

solução de carbonato de sódio 5% e mantida em incubação a 50ºC por 5 minutos em banho-

maria New Brunswick Scientific (modelo C76, Edison, NJ, USA) para desenvolvimento de

cor. O sistema foi resfriado rapidamente em banho de gelo e realizado a leitura em

Fluorímetro a 760 nm a temperatura ambiente (25ºC±2). Um branco foi realizado

substituindo a solução metanólica de extrato por 30 µL de hidrometanólica 50% (v/v). A

quantificação de compostos fenólicos nos extratos foi determinada por meio da curva

analítica e os resultados foram expressos em equivalente de ácido gálico (EAG) - mg de

ácido gálico por g de fruta fresca.

4.3.3. Quantificação de flavonoides

A quantificação dos flavonoides foi realizada pelo método colorimétrico descrito

por Zhishen, Mengcheng e Jianming (1999), com modificações em Fluorímetro NOVOstar

(S/N 700-0120, Switzerland) a 510 nm. A curva de referência foi construída utilizando-se

o padrão catequina (Sigma Aldrich, USA) 500 µM nas concentrações de 10 a 200 μmol.

Para a determinação dos flavonoides, extratos com concentrações conhecidas

(mg.mL-1

) em água destilada foram homogeneizados por 30 minutos em banho ultrassom

UltraSonic Cleaner (modelo M/UNIQUE, Brasil) e a partir deles, diluições seriadas em

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água deionizada (Milipori Bedford, modelo CT Q3UV, USA) foram realizadas e, assim

determinada a melhor concentração para se obter o teor de flavonoides nos extratos.

A reação colorimétrica ocorreu com a homogeneização de 28 µL do extrato com

110 µL de água destilada em agitador de placas Eppendorf (modelo MixMate, Espanha)

por 30 segundos a 500 rpm, posteriormente outras séries de homogeneização com soluções

foram realizadas – 8 µL de NaNO2 por 2 minutos, 8 µL de AlCl3 por 3 minutos e 56 µL de

NaOH mais 67 µL de água destilada por 30 segundos. Para o branco o extrato foi

substituído por 28 µL de água destilada. As leituras das absorbâncias foram realizadas em

fluorímetro a 510 nm a temperatura ambiente (25ºC±2) e os resultados expressos em

equivalente de catequina - mg de catequina por g de fruta fresca.

4.3.4. Determinação de taninos condensados

A quantificação dos taninos condensados foi realizada pelo método colorimétrico

vanilina descrito por Price, Van Scoyoc e Butler (1978), com modificações em fluorímetro

NOVOstar (S/N 700-0120, Switzerland) a 510 nm. A curva de referência foi construída

utilizando-se o padrão catequina (Sigma Aldrich, USA) nas concentrações de 0,02 a 1,2

mg.mL-1

.

Para a determinação dos taninos condensados, os extratos com concentrações

conhecidas (mg.mL-1

) em metanol foram homogeneizados por 30 minutos em banho

ultrassom UltraSonic Cleaner (modelo M/UNIQUE, Brasil) e a partir deles, diluições

seriadas em metanol foram realizadas e, assim determinada a melhor concentração para se

obter o teor de taninos condensados nos extratos.

A reação colorimétrica ocorreu com a homogeneização de 50 µL do extrato com

250 µL de reagente vanilina (1% de vanilina + HCl 4% em metanol, 1:1 v/v) em agitador

de placas Eppendorf (modelo MixMate, Espanha) por 30 segundos a 500 rpm. Para o

branco o extrato foi substituído por 50 µL de metanol em 250 µL de HCl 4%. A

microplaca foi mantida em incubação a 30ºC por 20 minutos em banho-maria New

Brunswick Scientific (modelo C76, Edison, NJ, USA) para desenvolvimento de cor. As

leituras das absorbâncias foram realizadas em fluorímetro a 510 nm a temperatura ambiente

(25ºC±2) e os resultados expressos em equivalente de catequina - mg de catequina por g de

fruta fresca.

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4.4. Ensaios antioxidantes in vitro

4.4.1. Atividade sequestradora do radical DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil)

O ensaio foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Roesler et al.

(2007) e Thaipong et al. (2006), ambos com modificações, sendo em sistema de

microplacas com leitura das absorbâncias em fluorímetro NOVOstar (S/N 700-0120,

Switzerland). A solução estoque de DPPH 0,004% foi preparada em metanol e banho

ultrassom UltraSonic Cleaner (modelo M/UNIQUE, Brasil) por 15 minutos em banho de

gelo e ao abrigo da luz. Em seguida, a absorbância da solução foi aferida em microplaca

entre 0,8 a 1,2 a 517 nm em fluorímetro NOVOstar (S/N 700-0120). A curva padrão foi

preparada com o análogo hidrossolúvel da vitamina E, Trolox (Sigma Aldrich, USA) 1500

µmol, dissolvido em metanol, nas concentrações de 10 a 250 μM. Os extratos

homogeneizados em metanol e em ultrassom por 30 minutos foram diluídos em sequência

seriada, agitados em agitador de placas Eppendorf (modelo MixMate, Espanha) com 250

µL de DPPH 0,004% por 5 minutos e deixados a reagir por 25 minutos em temperatura

ambiente e local escuro. Em seguida, foi realizada a leitura da absorbância a 517 nm. Os

resultados foram expressos em valores de IC50, por meio da construção de curvas lineares

entre a capacidade antioxidante do respectivo extrato e sua concentração para cada

concentração de extrato, obtendo-se regressão linear e a equação da reta para cálculo do

IC50 e em valores de µmol de Trolox equivalente por gramas de amostra fresca.

4.4.2. Atividade antioxidante pelo método de redução do radical ABTS [2,2´-

azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)]

O método de redução do radical ABTS foi realizado conforme metodologia descrita

por Li et al. (2007), com modificações, sendo em sistema de microplacas com leitura das

absorbâncias em fluorímetro NOVOstar (S/N 700-0120, Switzerland). A formação do

radical ABTS•+ foi dada por meio da homogeneização e estocagem por 12 horas em

temperatura ambiente no escuro de ABTS (Sigma Aldrich, USA) 7 mM e persulfato de

potássio 140 mM. A solução então foi diluída em água deionizada (Milipori Bedford,

modelo CT Q3UV, USA) até obtenção de uma absorbância de a 0,7000 ± 0,02 a 734 nm e a

curva padrão foi preparada com o análogo hidrossolúvel da vitamina E, Trolox (Sigma

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Aldrich, USA) 1500 µmol, dissolvido em água deionizada, nas concentrações de 10 a 250

μmol. Os extratos homogeneizados em água deionizada em banho ultrassom UltraSonic

Cleaner (modelo M/UNIQUE, Brasil) por 30 minutos foram agitados em agitador de placas

Eppendorf (modelo MixMate, Espanha) com 250 µL de solução ABTS•+ durante 5

minutos no escuro a 600 rpm. Em seguida, foi realizada a leitura da absorbância a 734 nm.

Os resultados foram expressos em µmol TE equivalente por gramas de amostra fresca.

4.4.3. Determinação da capacidade de absorção do radical oxigênio (ORAC)

O ensaio foi realizado baseado na metodologia apresentada por Dávalos, Gómez-

Cordovéz e Bartolomé (2004), com modificações. As leituras foram realizadas em

fluorímetro NOVOstar (S/N 700-0120, Switzerland), sendo analisados os compostos

fenólicos hidrofílicos e lipofílicos. A curva padrão foi preparada com Trolox (Sigma

Aldrich, USA) 1500 µmol, dissolvido em tampão fosfato de potássio 75 mM, pH 7,4

(hidrofílicos) e solução ciclodextrina metilada randomizada a 7% (RMCD) (Sigma Aldrich,

USA) (lipofílicos), nas concentrações de 50 a 800 μmol. Os extratos homogeneizados nos

solventes tampão fosfato de potássio ou RMCD em banho ultrassom UltraSonic Cleaner

(modelo M/UNIQUE, Brasil) por 30 minutos foram agitados em agitador de placas

Eppendorf (modelo MixMate, Espanha) com 120 µL de solução de fluoresceína no escuro

por 30 segundos a 600 rpm e, em seguida, nas mesmas condições de agitação com 60 µL de

AAPH (Sigma Aldrich, USA) diluído em tampão fosfato de potássio 75 mM, pH 7,4. A

leitura foi realizada nas condições da fluoresceína a 485 nmEX/520 nmEM, a cada 60

segundos em um ciclo igual a 80 (80 minutos) a 37ºC. A determinação da curva de

decaimento da fluorescência de cada reação foi calculada pela fórmula – AUC = 1 + fi/f0

+...fi/f0+...f80/f0, onde f0 corresponde a fluorescência obtida no tempo 0 e fi a fluorescência

nos tempos intermediários entre 0 e 80 minutos. Os resultados foram expressos em µmol

TE por grama de amostra fresca.

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4.5. Análise de açúcares e oligossacarídeos

4.5.1. Preparo dos extratos

A goiaba in natura foi cortada em cubos e o subproduto agroindustrial de goiaba foi

homogeneizado. As amostras foram congeladas, liofilizadas em lioflizador Terroni (modelo

LS 3000, Brasil), em placas de Petri, moídas em moinhos de facas Marconi (modelo

MA340, Brasil) para obtenção de uma farinha, que foram acondicionadas em sacos de

polietileno (escuro), fechados e mantidos em temperatura de congelamento até a extração

para as análises.

A extração de oligossacarídeos foi realizada de acordo com metodologia proposta

por Ekvall, Stegmark e Nyman (2007) com modificações. Um grama de amostra liofilizada

foi homogeneizado por 30 segundos em agitador de tubos vórtex Merse (modelo Lab

Dancer – IKA, USA) com 10 mL de solução de etanol 50% v/v.

Para avaliar a influência dos mecanismos sobre a extração de açúcares e

oligossacarídeos, três mecanismos distintos foram aplicados – banho de agitação com

velocidade igual a 200 rpm (shaker New Brunswick Scientific modelo C76, Edison, NJ,

USA); banho ultrassom UltraSonic Cleaner (modelo M/UNIQUE, Brasil) e ultra-turrax

Poly Tron (modelo PT – MR 2100, Switzerland), sendo a temperatura e o tempo de

extração dos dois primeiros mecanismos de 25ºC e 1 hora, respectivamente e para o ultra-

turrax de 25ºC e 1 minuto a 11.000 rpm.

Após a aplicação de cada mecanismo, os extratos foram centrifugados (centrífuga

Hettich Zentrifugen modelo Rotanta 460R, Germany) a 5ºC por 15 minutos a velocidade de

10.000 rpm, os sobrenadantes rotaevaporados à 45ºC e ressupendidos em 10 mL de água

deionizada (Milipori Bedford, modelo CT Q3UV, USA) e, em seguida, armazenados em

tubos eppendorfs em freezer até a determinação de oligossacarídeos.

4.5.2. Identificação e quantificação de açúcares e oligossacarídeos

A separação e quantificação dos açúcares e oligossacarídeos foram realizadas

conforme metodologia desenvolvida no Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos

do Departamento de Ciência de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos

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(UNICAMP, Campinas), por meio do sistema Dionex ICS-5000 e Software de Automação

Cromatográfica Chromeleon versão 7.0 (Dionex, CHM-1, USA).

Para a separação dos açúcares – glicose, frutose e sacarose o sistema cromatográfico

foi equipado com coluna analítica CarboPac PA-1 de troca iônica (250 x 4 mm, 5 µm de

tamanho de partícula) e pré-coluna CarbonPac PA-1 (50 x 4 mm) e dos oligossacarídeos –

fruto- e malto-oligossacarídeos com coluna analítica CarboPac PA-100 de troca iônica (250

x 4 mm, 5 µm de tamanho de partícula) e pré-coluna CarbonPac PA-100 (50 x 4 mm).

Alíquotas dos extratos foram diluídas em água deionizada (Milipori Bedford,

modelo CT Q3UV, USA) e passadas em filtros de membrana 0,22 µm, sendo transferidas a

vials antes de serem injetadas no equipamento. As condições para a separação foram:

- Monos- e dissacarídeo: Cinquenta (50) µL das amostras foram injetadas por meio do

autoamostrador. A fase móvel foi formada por solução A (NaOH 0,2 M) e B (NaOH 0,18

M), sendo as condições de corrida: vazão da fase móvel de 1 mL.min-1

, temperatura

constante em 30ºC; tempo de corrida de 22 minutos, iniciando com 10 minutos de corrida

isocrática (B), 7 minutos com 100% de A para limpeza da coluna e 5 minutos para

reequilibrar o sistema com as condições iniciais aplicadas na corrida com solução B.

- Oligossacarídeos: Vinte e cinco (25) µL das amostras foram injetadas por meio do

autoamostrador. A fase móvel foi formada por solução A (NaOH 0,1 M) e solução B

(acetato de sódio 0,5 M em NaOH 0,1M) com gradiente de acetato de sódio (NaOAc),

sendo as condições de corrida: vazão da fase móvel de 1 mL.min-1

, temperatura constante

em 30ºC; tempo de corrida de 28 minutos, iniciando com 2 minutos de corrida isocrática

97% (A) e 3% (B), 16 minutos com um gradiente linear de 3 a 40% de (B) e, após cada

corrida, 5 minutos com 100% de B para limpeza da coluna e 5 minutos para reequilibrar o

sistema com as condições iniciais aplicadas na corrida.

Padrões da marca Sigma de frutose, glicose, sacarose, kestose (GF2), nistose (GF3),

frutofuranosil-nistose (GF4), maltotriose (G3), maltotetrose (G4), maltopentose (G5),

maltohexose (G6) e heptahexose (G7) foram utilizados e a curva de calibração para

quantificação foi obtida utilizando-se dez pontos.

A identificação dos açúcares (monos- e dissacarídeo) e dos oligossacarídeos

presentes nas amostras foi realizada por meio da comparação com o tempo de retenção e

ordem de eluição de misturas de padrões autênticos. A quantificação foi realizada por meio

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de curvas analíticas construídas por meio de uma solução mix de padrões em diferentes

concentrações (0,04 a 4 ppm – açúcares e 0,1 a 1,9 ppm – oligossacarídeos), sendo os

teores expressos em g por 100 g de amostra em base seca para os monos- e dissacarídeo e

em mg por 100 gramas para os oligossacarídeos.

4.6. Análise estatística

A análise estatística foi realizada com três repetições por análise, sendo os

resultados expressos em média±desvio-padrão. As diferenças estatisticamente significativas

entre os extratos e amostras diferentes foram feitas pelo programa STATISTICA,

versão 7.0 (STATSOFT, 2004), sendo a análise de variância (one-way ANOVA) seguida

do Teste de Tukey, ao nível de 5% (n=3; p<0,05). As correlações entre os dados obtidos da

composição fenólica e atividade antioxidante foram calculadas por meio do coeficiente de

correlação de Pearson (r).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Caracterização das amostras

A goiaba da variedade Paluma utilizada para as análises foi composta por polpa,

casca e semente, ou seja, a goiaba integral na sua forma in natura. Estimou-se que de 100%

de subproduto agroindustrial da goiaba, 18,67% era representado por sementes, 3% por

casca/pedúnculo (Figura 13), tendo maior representatividade de polpa (78,33%) que

durante a etapa de despolpamento acaba sendo descartada.

Figura 13. Subprodutos agroindustriais da goiaba “Paluma” após lavagem e separação.

(A) Subproduto agroindustrial da goiaba; (B) Sementes + casca/pedúnculo; (C) Sementes; (D)

Casca/pedúnculo.

A Tabela 10 apresenta os resultados da caracterização físico-química das amostras

determinados na primeira semana de recebimento.

O teor de sólidos solúveis (ºBrix) é uma medida que indica a maturidade e a

qualidade da fruta, sendo um fator determinante no sabor das frutas (PEREIRA, 2009), pois

originalmente refere-se ao teor de sacarose em uma solução pura, além de outras

substâncias solúveis que também alteram o índice de refração. Assim, era de se esperar que

o subproduto agroindustrial da goiaba apresentasse menor teor de sólidos solúveis totais

(3,8 ºBrix) que a fruta (11,7 ºBrix), visto que apresenta menor teor de polpa em sua

composição.

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Tabela 10. Características físico-químicas da goiaba in natura “Paluma” e do seu

subproduto agroindustrial

Amostra Sólidos solúveis

(ºBrix) a 20ºC

pH Acidez total

titulável (%)

Goiaba in natura 11,7±0,11¹a² 4,4±0,01

b 0,45±0,01

a

Subproduto agroindustrial 3,8±0,15b 4,6±0,01

a 0,42±0,02

a

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna

diferem significativamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

Para a goiaba in natura o resultado superou os apresentados por Silva, Magalhães e

Gonçalves (2009), 8,18 ºBrix em polpa, por Pereira et al. (2005), 7,4 a 9,20 ºBrix em polpa

com tempo de armazenamento de 1 a 29 dias, respectivamente e se apresentou dentro dos

valores expostos por Mendonça et al. (2007), entre 8 e 12 ºBrix em polpa com tempo de

armazenamento de 2 a 18 dias, respectivamente.

Para subproduto agroindustrial de goiaba não foi encontrado nenhum dado literário

a fins de comparação, no entanto devido sua baixa concentração de sólidos solúveis, este

produto poderia ser aplicado em alimentos de baixo valor calórico.

Fatores como cultivar, clima, solo, grau de maturação e métodos de irrigação podem

influenciar nos teores de sólidos solúveis em frutas (PEREIRA, 2009), refletindo nas

divergências dos resultados.

A goiaba in natura apresentou maior teor de ácidos totais tituláveis (0,45% e 0,42%,

respectivamente) do que o seu subproduto, caracterizando o seu menor pH (4,4 e 4,6,

respectivamente), contudo, somente os resultados do pH tiveram diferença significativa.

A acidez total titulável (ATT) é um parâmetro de avaliação da qualidade dos

alimentos, visto que fatores como palatabilidade, desenvolvimento microbiológico,

métodos de conservação como temperatura de esterilização e tipo de aditivos são

influenciados pelo pH do alimento (BARROS, 2011).

Mendes (2013), analisando o pH de farinha de subproduto de goiaba determinou

valor semelhante ao do presente trabalho, 4,6. Brunini, Oliveira e Varanda (2003)

encontraram valores de ATT para polpa de goiaba “Paluma” armazenada a -20ºC entre

0,405 e 0,51% e pH entre 3,15 a 4,03, já Silva, Magalhães e Gonçalves (2009)

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determinaram 0,50% de ATT e pH 3,8 em polpa de goiaba “Paluma”, tais resultados

diferem dos apresentados na Tabela 10, possivelmente há fatores que influenciam a

composição da matéria-prima e, consequentemente, a leitura das análises, tais como, tempo

de armazenamento e preparo da amostra (polpa ou integral).

No entanto, apesar das amostras não serem polpa, os parâmetros analisados se

encontram próximos a alguns dos Padrões de Identidade e Qualidade para polpa de goiaba

estabelecido pelo Ministério de Estado da Agricultura e do Abastecimento – teores de

sólidos solúveis mínimo de 7,0ºBrix à 20ºC; pH entre 3,5 a 4,2; ATT mínimo expressa em

ácido cítrico de 0,40 g.100g-1

; (BRASIL, 2000), podendo ser utilizado para alimentação

humana.

A relação entre o teor de sólidos solúveis e o teor de ácidos orgânicos representados

pela ATT é um dos fatores que permite se avaliar a qualidade sensorial das matrizes

alimentares (PEREIRA, 2009; BARROS, 2011) bem como o grau de maturação da fruta

(CAMPOS et al., 2011) – quanto maior a relação mais elevada à doçura do produto

(PEREIRA, 2009; BARROS, 2011) e mais madura a fruta. A goiaba in natura apresentou

uma relação ºBrix/ATT igual a 26, superior ao encontrado por Pereira (2009),

aproximadamente 20. Já no subproduto agroindustrial da goiaba foi encontrada relação

igual a 9, apresentando, portanto, sabor menos adocicado que a fruta.

A Tabela 11 apresenta os resultados obtidos de rendimento após o processo de

liofilização (Figura 14), umidade e matéria seca das amostras.

Tabela 11. Valores de umidade, rendimento e matéria seca da goiaba in natura e do

subproduto agroindustrial após o processo de liofilização

Amostra Umidade (%)* Rendimento após

liofilização (%)

Matéria Seca (%)*

Goiaba in natura 85,91±0,00 17,71 14,09±0,16

Subproduto agroindustrial 64,86±0,00 39,11 35,14±0,02

*Os valores referem-se à média aritmética de três determinações, juntamente com o desvio-padrão

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Figura 14. Aspecto visual da goiaba in natura e do subproduto agroindustrial antes da etapa de liofilização

(A) e (B), respectivamente e, após a etapa de liofilização e moagem (C) e (D), respectivamente.

O maior teor de umidade da goiaba in natura é caracterizado pela obtenção de

menor rendimento após a liofilização, o que reflete em menor quantidade de matéria seca,

ao contrário do seu subproduto que por apresentar grande quantidade de sementes em sua

composição é caracterizado por menor teor de umidade, maior rendimento após a

liofilização e, consequentemente, maior teor de matéria seca.

5.2. Composição fenólica

A identificação de novas fontes naturais e a quantificação de compostos fenólicos

(CF) em matrizes alimentares é importante por estar correlacionada com a capacidade

antioxidante atribuída ao alimento, sendo a ingestão regular de frutas e vegetais

recomendável devido à presença dos compostos antioxidantes.

Os CF devido à capacidade de doar hidrogênio ou elétrons e quelarem metais atuam

como antioxidantes, conferindo benefícios à saúde humana na prevenção de doenças

crônicas degenerativas tais como diabete, hipertensão, arteriosclerose, doenças cardíacas e

câncer. Além disso, previnem a oxidação de alguns constituintes do alimento, como os

ácidos graxos e os óleos (HAIDA et al., 2011).

A quantificação de CF por análises colorimétricas envolve uma reação de redução

dos reagentes pelos compostos fenólicos presentes na amostra com concomitante formação

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de complexos com coloração específica cuja intensidade aumenta linearmente no

comprimento de onda do composto analisado, assim, quanto maior a intensidade da reação

maior o teor de analito na matriz.

Os teores de CF, flavonoides (FL) e taninos condensados (TC) dos extratos foram

obtidos por meio das curvas analíticas dos padrões de referência ácido gálico (EAG) – CF e

catequina – FL e TC (Figura 15) construídas de acordo com os valores de absorbância das

diferentes concentrações dos padrões e definida a equação da reta.

Figura 15. Curva analítica – (A) ácido gálico padrão de referência (n=7) para o cálculo do teor de compostos

fenólicos; (B) catequina padrão de referência (n=9) para o cálculo do teor de flavonoides e (C) catequina

padrão de referência (n=8) para o cálculo do teor de taninos.

A partir da equação da reta obtida pode-se determinar o teor de CF, FL e TC

presentes nos extratos da goiaba in natura e seu subproduto agroindustrial obtidos nos dois

diferentes métodos de extração, os quais estão apresentados na Tabela 12.

Com base nos resultados obtidos, verificou-se que houve diferença significativa no

teor de CF entre a goiaba in natura e o seu subproduto agroindustrial para os extratos

ECFSH, ECFC e EE, sendo maior no subproduto agroindustrial nos dois primeiros,

A B

C

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implicando no teor de CF superior ao da goiaba na extração sequencial (ES). Já para FL,

apenas o ECFC apresentou diferença estatística.

Tabela 12. Teor de compostos fenólicos, flavonoides e taninos condensados de goiaba in

natura e subproduto agroindustrial de goiaba, expressa em base fresca

Extrato CF (mg ácido gálico.g-1

) FL (mg de catequina.g-1

) TC (mg de catequina.g-1

)

Goiaba Subproduto Goiaba Subproduto Goiaba Subproduto

ECFL* 2,06±0,051a2

2,28±0,27a 1,17±0,04

a 1,28±0,12

a 0,004±0,00

b 0,027±0,00

a

ECFSH 0,08±0,00b 0,18±0,00

a 0,13±0,00

a 0,13±0,01

a 0,004±0,00

a 0,003±0,00

b

ECFC 0,02±0,00b 0,14±0,01

a 0,02±0,00

b 0,08±0,01

a 0,0003±0,00

b 0,0005±0,00

a

Total ES

EE

2,16±0,05b

0,93±0,02a

2,60±0,26a

0,56±0,06b

1,32±0,03a

0,66±0,07a

1,49±0,11a

0,74±0,07a

0,0083±0,00b

0,002±0,00b

0,0305±0,00a

0,006±0,00a

*ECFL – extrato de compostos fenólicos livres; ECFSH – extrato de compostos fenólicos solúveis em

hexano; ECFC – extrato de compostos fenólicos conjugados; ES – extração sequencial; EE – extrato

hidroetanólico

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha para

mesmo composto analisado diferem significativamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

O TC se caracterizou como menor representante dos CF nas amostras, sendo o seu

maior teor no extrato ECFL do subproduto agroindustrial determinante na diferença

estatística na ES para as amostras (0,0083 e 0,0305 mg de catequina.g-1

de goiaba e

subproduto agroindustrial, respectivamente).

A maior parte dos CF totais e os analisados de ambas amostras apresentaram maior

afinidade com o solvente acetona 80%, utilizado no método de ES (fração 1 - ECFL). A

acetona é considerada um bom solvente para dissolver compostos lipofílicos com uma

gama relativamente polar (WU et al., 2004) – miscível em água com polaridade relativa

igual a 0,355 (MUROV, 2010), sendo responsável por extrair as agliconas livres e formas

glicosiladas da amostra, caracterizando os compostos fenólicos livres (SUN et al. 2002;

DEWANTO, WU, LIU, 2002).

A aplicação de solução hidroetanólica na extração de CF é uma das mais utilizadas

em frutas e outros alimentos de origem vegetal (ALOTHMAN et al., 2009; CORRÊA,

2010; MELO, 2010; SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011; CHIARI et al., 2012; MARTINEZ et

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al., 2012; ARAÚJO et al., 2014), devido a sua facilidade de manuseio, baixa toxicidade

quando comparado com outros solventes como metanol e eficiência na extração (CORRÊA,

2010). Entretanto, nas matrizes do presente estudo tiveram menor eficiência de extração

que a acetona utilizada no método de ES.

Determinando o melhor solvente para a extração de CF, na planta Limonium

delicatulum, Medini et al. (2014) verificaram também maior eficiência em acetona 80%,

seguida de metanol 80%, etanol 90%, água e por último hexano para os CF e FL, já para os

taninos (TC) o metanol apresentou maior eficiência do que a acetona. Soares et al. (2008)

analisando o efeito dos solventes metanol, etanol e acetona em diferentes concentrações em

bagaço de maçã observaram que a extração com acetona nas concentrações de 75% e 100%

(v/v) apresentaram maior teor de compostos fenólicos (4,67 mg EAG.g–1

e 522,74 ± 4,02

mg EAG.100 g–1

, expresso em base seca) do que os demais solventes. Concordando com os

resultados obtidos no presente estudo.

A redução do teor dos CF totais e analisados nas frações obtidas na ES (ECFL,

ECFSH e ECFC) pode ser explicada pela solubilidade dos compostos conforme afinidade

com o solvente aplicado, sendo a polaridade em ordem decrescente dos solventes aplicados

na ES são acetona (0,355) > acetato de etila (0,228) > hexano (0,009) (MUROV, 2010).

Dentre os CF livres encontram-se alguns ácidos fenólicos que podem ser extraídos

em soluções aquosas-orgânicas, tais como metanol, etanol ou acetona (MIRA et al., 2008),

podendo os mesmos ácidos estarem conjugados na amostra como indicado por Soares et al.

(2008) que no bagaço de maçã gala verificaram a presença dos ácidos salicílico, gálico,

sináptico e p-cumárico tanto na fração de ácidos fenólicos livres quanto nas frações

conjugadas, sendo o ácido ferúlico, cinâmico, vanílico, caféico e elágico, considerados

nessa última fração.

A composição dos CF nos alimentos varia de acordo com a espécie, variedade,

maturidade e outros fatores, assim, para se determinar a composição exata dos diferentes

extratos fenólicos obtidos na ES, seria necessária a realização de processos cromatográficos

para identificação dos compostos de cada fração.

O teor de fenólicos para a goiaba in natura, no processo de ES, foi de 2,16 mg

EAG.g-1

, valor superior aos encontrados por Lim, Lim, Tee (2007) de 1,71 mg EAG.g-1

(base fresca) e Freire et al. (2013) de 1,24 mg EAG.g-1

(base fresca) e de acordo com

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Thaipong et al. (2006) que encontraram valores entre 1,70 e 3,45 mg EAG.g-1

(base

fresca), sendo o teor da extração única inferior aos apresentados.

Já para o subproduto agroindustrial da goiaba os valores verificados de 2,60 (ES) e

0,56 mg EAG.g-1

(extração única) superam o exposto por Sousa, Vieira, Lima (2011) de

0,46 mg EAG.g-1

(base fresca) e por Martínez et al. (2012), 0,4 e 2,4 mg EAG.g-1

(base

fresca) em etanol absoluto e metanol:acetona, respectivamente, sendo o teor da extração

única (EU) intermediária à esses pesquisadores.

Chiari et al. (2012) analisando goiaba integral constataram teores de FL em torno de

0,8 e 0,1 mg de quercetina.g-1

em amostra seca extraídos em etanol 70% e água,

respectivamente, valores inferiores ao encontrado no presente trabalho para ES – 1,32

equivalente a 9,37 mg de catequina.g-1

em amostra seca e o valor da EU – 0,66 equivalente

a 4,68 mg de catequina.g-1

em amostra seca intermediário aos autores, apesar de serem

padrões diferentes. Enquanto Gull et al. 2012 determinaram concentrações menores, sendo

entre 0,19 a 0,46 mg de catequina.g-1

em amostra seca. Já para o subproduto agroindustrial

de goiaba, os nossos valores superaram o encontrado por Sousa et al. (2011) de 0,001 mg

de catequina.g-1

em amostra fresca.

As informações acerca de FL nos alimentos ainda são escassas mesmo a nível

mundial, sendo a carência de estudos mais proeminente no Brasil. Assim, a quantificação

desses fitoquímicos é de extrema importância para identificação de fontes naturais (SOUSA

et al., 2011) e, possível aplicação dessas em alimentos. Na goiaba e no seu subproduto

agroindustrial os FL se apresentaram como maiores representantes na composição fenólica.

Poucos estudos em goiaba integral para determinação de TC são encontrados e

nenhum para o subproduto agroindustrial. Jiménez-Escrig et al. (2001) avaliando o teor de

TC em polpa de goiaba e casca determinaram concentrações baixas como as determinadas

no presente estudo, sendo 0,010 e 0,024 mg catequina.g-1

, respectivamente. Possivelmente,

a dificuldade de se encontrar dados de pesquisas relacionadas a taninos em goiaba e

subprodutos se deve a esse teor ínfimo presente nas matrizes quando comparado com outras

frutas como o caju (1,12 a 2,14 mg catequina.g-1

), a pitanga (0,51 a 2,91 mg catequina.g-1

)

(ROCHA et al., 2011) e uva – polpa (1,70 a 2,28 mg catequina.g-1

) e casca (0,87 a 6,55 mg

catequina.g-1

) (POZZAN; BRAGA; SALIBE, 2012). No entanto, a determinação e

identificação de TC são importantes devido às diversas atividades biológicas atribuídas à

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eles tais como antioxidante e redução de risco de doenças cardiovasculares (TIAN et al.,

2012).

As diferenças dos valores entre os autores se deve a vários fatores tais como o

gênero, a espécie, a cultivar, as condições climáticas, o estágio de maturação, a forma de

armazenamento, à complexidade dos compostos antioxidantes presentes (polaridade e

solubilidade), as metodologias de extração e/ou de quantificação aplicada, ao composto

fenólico utilizado como padrão para a quantificação dos compostos fenólicos, ao tipo de

processamento, ao tempo de estocagem, entre outros fatores.

Como exemplo de metodologia de extração que pode justificar as diferenças de

resultados tem-se condições aplicadas: por Thaipong et al. (2006) para a goiaba integral –

proporção amostra:solvente 3 g para 25 mL de metanol, mecanismo ultra-turrax,

conservação do extrato em 4ºC durante 12 horas e centrifugação a 15.000 rpm por 20

minutos; e por Martínez et al. (2012) para subproduto agroindustrial de goiaba – aplicação

de dois procedimentos, no primeiro proporção 1:20 de amostra em etanol absoluto durante

24 h à temperatura ambiente e no segundo 2,5 g de amostra agitados à temperatura

ambiente durante 60 min com 20 mL de metanol-água-HCl (50:50 v / v, pH 2) e em

seguida o resíduo da centrifugação re-extraído nas mesmas condições com 20 mL de

acetona-água (70:30 v/v), com combinação dos sobrenadantes após centrifugação por 5 min

a 3000 g. Condições totalmente diferentes dos dois tipos de extrações (EU e ES) utilizadas

no presente trabalho.

O perfil dos CF pode variar de acordo com a parte da fruta. De acordo com

Barbalho et al. (2012) os principais compostos fenólicos presentes na goiaba são ácido

ascórbico, ácido gálico, equivalentes de catequina, álcool cinamil, benzoato etílico, ß-

cariofileno, (E) -3-acetato hexenil e α-bisabolene. Já no bagaço pode-se encontrar ácido

isovanílico, ácido vanílico, ácido 2,4-dihidroxibenzóico, ácido m-cumárico, ácido gálico,

epicatequina e quercetina como reportado por Melo et al. (2011).

Os CF podem estar presentes nos alimentos na forma livre ou ligada, como

determinado pela ES. Pouco se pesquisam sobre os compostos fenólicos ligados ou

conjugados nas determinações dos teores dos fenólicos totais, de modo geral, a

determinação de compostos fenólicos totais é mais utilizada.

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Os fenólicos conjugados são compostos de baixo peso molecular, solúveis em água,

presentes no citosol, ou formas lipossolúveis, relacionadas às ceras da superfície da planta,

podendo ser encontrados sob a forma de ésteres e amidas, raramente ocorrendo como

glicosídeos (MIRA et al., 2008).

Os CF conjugados podem ser liberados dos compostos que estão ligados como a

lignina, pectina e proteínas estruturais, por exemplo (ACOSTA-ESTRADA; GUTIÉRREZ-

URIBE; SERNA-SALDÍVAR, 2014), por meio de processos alcalinos, ácidos ou

tratamentos enzimáticos das amostras (LIYANA-PATHIRANA; SHAHIDI, 2006). Na ES

para a goiaba in natura e seu subproduto agroindutrial foi utilizado solução de NaOH a fim

de se promover a hidrólise das ligações fenólicos-compostos ligantes e assim liberar os

compostos conjugados para mensurar a sua capacidade antioxidante, como sugerido por

Sun et al. (2002) e Dewanto, Wu e Liu (2002).

No ser humano os CF conjugados, por resistirem as ações da acidez do estômago

humano e a digestão no intestino delgado, atingem o cólon de forma intacta, sendo sua

bioatividade melhor aproveitada à saúde (SUN et al., 2002). Alguns estudos mostraram que

os CF conjugados de caráter insolúvel têm demonstrado capacidade antioxidante

significativamente maior em comparação com livres e conjugados solúveis (ACOSTA-

ESTRADA; GUTIÉRREZ-URIBE; SERNA-SALDÍVAR, 2014).

Assim, a determinação tanto dos CF livres quanto dos conjugados permite uma

estimativa mais concisa da composição fenólica, que por métodos cromatográficos poderia

ser caracterizada e se realizar um estudo da importância de cada um.

A goiaba e seu subproduto agroindustrial tiveram maior representatividade de CF de

caráter livre (ECFL) do que conjugados (ECFC) (Tabela 12). Em frutas a forma livre

solúvel tem maior representatividade, resultado obtido por uma pesquisa realizada por Sun

et al. (2002) que determinaram o teor de CF livres e conjugados em maçã, banana, uva

vermelha, laranja, limão, morango, pêssego e pera. Dewanto, Wu e Liu (2002) já

verificaram maior teor de compostos conjugados em milho doce, o que demonstra que cada

matéria-prima é caracterizada por diferentes proporções de compostos fenólicos.

A aplicação de calor na fruta também é outro fator que influencia na composição

dos compostos antioxidantes (CHIPURURA; MUCHUWETI; MANDITSERAA, 2010). O

subproduto agroindustrial utilizado foi obtido da goiaba após selecionada, higienizada,

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triturada e mantida por alguns minutos em tanque cozedor, onde é realizado o

branqueamento com água potável à temperatura entre 90 a 95ºC, com o objetivo de facilitar

o despolpamento e separação dos “resíduos”.

Granito, Brito e Torres (2007) afirmam que os processos como a cocção podem

promover modificações nos anéis aromáticos dos compostos fenólicos, levando a reações

de polimerização ou degradações estruturais, o que influencia na redução do teor de

fenólicos, o que pode supor que o subproduto agroindustrial pode apresentar maior teor de

compostos fenólicos do que o encontrado.

No entanto, infelizmente não existe um consenso sobre como o processamento

térmico influencia na qualidade dos produtos ricos em CF totais e sua atividade

antioxidante. Diversos estudos demonstraram os efeitos, os quais são variados, por

exemplo, em pimenta pungente (Capsicum annuum), feijão (Phaseolus vulgaris), brócolis

(Brassica oleracea), espinafre (Spinacia oleracea), milho (Zea mays) e berinjelas roxas a

fervura, o cozimento e a ação do micro-ondas promoveram aumento na capacidade

antioxidante e conteúdo fenólico total das matrizes, provavelmente devido o rompimento da

parede celular e liberação dos compostos antioxidantes. Enquanto que em tomate

(Lycopersicon esculentum), alho (Allium sativum) e pimentas não pungentes (Capsicum

annuum) os processos de cozinhar, assar e fritar promoveram efeitos negativos

(CHUMYAM et al., 2013). Já Dewanto, Wu e Liu (2002) verificaram que o tratamento

térmico promoveu aumento no teor dos compostos fenólicos livres e redução nos

conjugados em milho doce, provavelmente a redução pode ser explicada pelo fato do

aquecimento úmido hidrolisar os constituintes celulares da matriz e liberar os compostos

fenólicos e componentes de ligamento, aumentando o teor de CF livres.

De modo geral, o subproduto agroindustrial da goiaba apresentou maior teor de CF

do que a goiaba in natura, com exceção do extrato hidroetanólico. Alguns estudos revelam

que os subprodutos do processamento de certos frutos apresentam maior quantidade de

fitoquímicos antioxidantes do que a polpa (AJILA et al., 2007; NASCIMENTO; ARAÚJO;

MELO, 2010; NURLIYANA et al., 2010; HUBER et al., 2012). Hassimotto, Genovese e

Lajolo (2005) verificaram em goiaba vermelha quantidade de fenólicos totais da polpa de

1,24 mg.g-1

e na casca desta fruta de 4,20 mg.g-1

.

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Estudos com os CF extraídos de goiaba têm demonstrado que a fruta pode ser

considerada uma fonte natural de antioxidante (HAIDA et al., 2011), sendo, assim, o

subproduto obtido de seu processamento – subproduto agroindustrial, por apresentar teor

considerável de compostos fenólicos, também, pode ser indicado como um produto natural

de antioxidantes. No entanto, há a necessidade de mais estudos para testar a eficácia da

ação antioxidante dos seus compostos fenólicos, principalmente, em estudos in vivo.

5.3. Ensaios de atividade antioxidante

5.3.1. Atividade sequestrante do radical livre DPPH

Os resultados do ensaio DPPH podem ser expressos de três maneiras – IC50, µmol

de Trolox por grama de amostra ou porcentagem de inibição, sendo o IC50 muito expresso

em pesquisas científicas. O IC50 representa a concentração mínima necessária de uma

amostra/extrato com os compostos bioativos de interesse para conduzir a uma redução de

50% dos radicais DPPH• presentes na matriz analisada (PRADO, 2009).

Analisando-se a Tabela 13, verifica-se que o extrato de CF livres (ECFL) do

subproduto agroindustrial da goiaba apresentou o menor valor de concentração necessária

para reduzir em 50% a ação do radical DPPH• (0,90 mg.mL-1

), ou seja, comparado com os

demais extratos apresentou melhor potencial em sequestrar os radicais livres DPPH.

A goiaba é considerada uma planta fitoterápica devido os componentes ativos

presentes em sua composição, sendo várias partes da planta já aplicadas na medicina

tradicional relacionadas a tratamentos contra a malária, gastroenterite, vómitos, diarreia,

disenteria, feridas, úlceras, dor de dentes, tosse, dor de garganta, anti-bacteriano

(Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella enteritidis, e Bacillus cereus), gengivas

inflamadas, diabetes, hipertensão e obesidade (BISWAS et al., 2013). Um estudo com seres

humanos verificou que o consumo da fruta por um período de 12 semanas promoveu a

redução em 8% da pressão sanguínea, em 9% dos níveis de colesterol total e aumentou os

níveis HDL-c (BARBALHO et al., 2012).

Prado (2009) analisando polpa de goiaba verificou que 2,36 mg.mL-1

do extrato

hidroetanólico 80% da polpa liofilizada conduziu a uma redução de 50% dos radicais

DPPH• no ensaio. Já Freire et al. (2013) determinaram um valor de IC50 em extrato

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acetônico-etanólico de goiaba in natura de 2,57 mg.mL-1

e em extrato acetônico-

metanólico 2,09 mg.mL-1

, expressos em base fresca, tais concentrações mínimas foram

próximas ao encontrado para o extrato ECFL (2,07 mg.mL-1

) e inferiores ao EE (6,93

mg.mL-1

).

Tabela 13. Valor do IC50 (mg.mL-1

) dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial da goiaba, expressa em base fresca

Amostra IC50¹

Goiaba in natura Subproduto agroindustrial

ECFL* 2,07 0,90

ECFSH n.d 193,29

ECFC 1.843,66 38,17

EE 6,93 7,44

*ECFL – extrato de compostos fenólicos livres; ECFSH – extrato de compostos fenólicos solúveis em

hexano; ECFC – extrato de compostos fenólicos conjugados; EE – extrato hidroetanólico; IC50 – concentração

em mg.mL–1

de extrato necessária para inibir 50% dos radicais DPPH.

n.d. = não determinado

1O valor IC50 foi obtido por meio da média de três replicadas de pelo menos sete diferentes concentrações de

extratos

Em subprodutos do processamento de goiaba alguns estudos apontam valores de

IC50 menores que o da fruta, 1,71 mg.mL-1

– goiaba integral (LIM; LIM; TEE, 2007), 0,142

mg.mL-1

– subproduto em base fresca (SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011) e 0,169 mg.mL-1

subproduto em base seca (ARAÚJO et al., 2014), indicando que o subproduto apresenta

maior potencial antioxidante, o que condiz com os resultados apresentados na tabela 13,

com exceção do EE, onde a fruta apresentou melhor potencial.

Os IC50 referentes aos extratos ECFC e ECFSH se apresentaram maior ao da

literatura. Pelo fato de serem frações obtidas da ES, devido ao processo de extração

exaustiva a tendência de se extrair os CF com afinidade pelos solventes é reduzida, assim,

espera-se mesmo que sejam necessários maiores teores dos extratos para redução de 50%

dos radicais DPPH•. Devido ao efeito de matriz do ECFSH da goiaba, ou seja, presença de

possíveis substâncias interferentes extraídas com o solvente hexano, tais como carotenoides e

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lipídeos ou até mesmo a característica de turbidez do extrato, não foi possível se determinar

o seu IC50 desse extrato na goiaba in natura.

Os extratos obtidos pela extração única, também apresentaram maiores

concentrações de extrato para obtenção do IC50 ao da literatura. No entanto, devido a

fatores extrínsecos como tipo de solvente extrator, proporção solvente e amostra, tempo de

extração, mecanismo de extração, número de etapas de extração e fatores intrínsecos como

variedade da amostra e tipo de cultivo e estágio de maturação do fruto a comparação

precisa dos dados obtidos com os apresentados em pesquisas científicas se torna

inadequada.

A atividade antioxidante de extratos também pode ser expressa em função do

Trolox, que é um antioxidante sintético análogo à vitamina E, sendo utilizado como

referência para a capacidade antioxidante de uma mistura complexa. Para o cálculo da

atividade antioxidante dos extratos foi construída uma curva analítica de Trolox (Figura 16)

de acordo com os valores de porcentagem de inibição do radical DPPH• de concentrações

seriadas de Trolox.

Figura 16. Curva analítica do Trolox padrão de referência (n = 11) para capacidade antioxidante de sequestro

do radical DPPH ABTS e seu coeficiente de correlação linear (R²).

A partir da equação da reta gerada pela curva analítica calculou-se a atividade

antioxidante das amostras pelo ensaio DPPH, expressa em µmol de Trolox equivalente por

grama de amostra em base fresca (µmol TE.g–1

), o qual é definido como a concentração de

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Trolox que apresenta o mesmo percentual de inibição que uma concentração de 1 mM do

composto de referência, desse modo, quanto maior o valor equivalente ao Trolox (TE),

mais forte é a capacidade antioxidante da matriz alimentar (SOUSA; VIEIRA; LIMA,

2011).

Os resultados da capacidade de sequestro do radical DPPH de cada extrato exibidos

na Tabela 14 permitem verificar que os extratos referentes ao subproduto agroindustrial da

goiaba apresentaram melhor capacidade de sequestro do radical DPPH• nos extratos

obtidos pelo método de ES do que a goiaba in natura no mesmo método.

Tabela 14. Atividade antioxidante dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial da goiaba, expressa em base fresca, pelo método do sequestro do radical livre

DPPH•

Amostra µmol TE.g–1

Goiaba in natura Subproduto agroindustrial

ECFL* 14,68±0,421b2

23,35±0,24a

ECFSH 0,23±0,03b 0,73±0,02

a

ECFC 0,03±0,00b 0,46±0,00

a

Total ES 14,94±0,42b 24,54±0,23

a

EE 6,36±0,56a 3,84±0,04

b

*ECFL – extrato de compostos fenólicos livres; ECFSH – extrato de compostos fenólicos solúveis em

hexano; ECFC – extrato de compostos fenólicos conjugados; EE – extrato hidroetanólico; ES – soma da

atividade antioxidante dos extratos obtidos da extração sequencial

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha diferem

estatisticamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

Levando-se em consideração que os extratos que obtiveram maior capacidade

antioxidante foram os extratos de compostos fenólicos livres (ECFL) e extrato

hidroetanólico (EE), escolheram-se estes extratos para tornar possível à comparação dos

resultados dos valores de atividade antioxidante obtidos dos extratos entre as amostras,

sendo os resultados apresentados em atividade antioxidantes – % de inibição. As

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concentrações utilizadas para a comparação entre as amostras de mesmo extrato foi de 3,33

mg.mL-1

(Figura 17).

Figura 17. Atividade antioxidante (%) dos extratos de goiaba in natura e subproduto agroindustrial da goiaba

na concentração 3,33 mg.mL-1

, em base fresca, pelo método do sequestro do radical livre DPPH (média ±

desvio padrão, mínimo n = 3).

ECFL – extrato de compostos fenólicos livres obtido pelo método de extração sequencial; EE – extrato

hidroetanólico; Letras minúsculas diferentes para amostras diferentes em mesmo tipo de extrato diferem

significativamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey.

Conforme na Figura 17, o ECFL do subproduto agroindustrial da goiaba apresentou

melhor atividade frente ao radical DPPH• que o extrato da fruta in natura, sendo próxima a

90%, já na extração com etanol, a goiaba in natura apresentou maior porcentagem de

inibição do DPPH•, o que era de se esperar visto que no EE a goiaba apresentou maior teor

de CF do que seu subproduto.

Melo et al. (2008) classificaram a força da atividade dos extratos de frutas de acordo

com a porcentagem de inibição. Atividades acima de 70% foram consideradas eficazes no

sequestro do radical livre DPPH, entre 50 e 70%, ação moderada e abaixo de 50%, ação

fraca. Na concentração 3,33 mg.mL-1

apenas os extratos ECFL das amostras apresentaram

atividade antioxidante classificada como eficaz no ensaio DPPH, os demais podem ser

considerados com ação fraca. Ongphimai et al. (2013) analisando a capacidade antioxidante

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de extrato de goiaba por ensaio de radical livre DPPH verificaram também porcentagens de

inibição baixas, sendo de 22% para os CF insolúveis e 20% para os solúveis. Os autores

sugeriram que possivelmente a baixa atividade determinada se deve à lenta taxa de reação

entre as moléculas de DPPH e dos fenólicos de extrato de goiaba.

Alguns estudos comprovaram que o subproduto do processamento da goiaba (casca,

sementes e bagaço) pode ser uma potencial fonte de fitoquímicos com ação preservativa ou

nutracêutica (MELO, 2010), por possuírem também alta capacidade de sequestro de

radicais livres, sendo fontes importantes de agentes antioxidantes primários, contribuindo

com o controle do peso corporal e distúrbios bioquímicos como glicemia, dislipidemia,

hipertensão e outros riscos de doenças cardiovasculares (BARBALHO et al., 2012), além

de atuarem como antimicrobianos (MELO, 2010), sendo de grande importância para a

indústria de alimentos (MELO et al., 2011).

De modo geral, o subproduto agroindustrial da goiaba apresentou maior potencial

antioxidante, visto que para a maioria dos extratos sua capacidade superou ao da goiaba, no

entanto, o tipo de extração alterou o quadro, pois no extrato somente com solução

hidroetanólica a goiaba demonstrou maior capacidade em estabilizar o radical DPPH•.

Apesar do ensaio DPPH ser prático, devido à interação do agente antioxidante com

o radical DPPH ser dependente da conformação estrutural do CF, que influencia na reação

de alguns compostos de forma mais rápida que outros (PRADO, 2009), se torna necessário

a caracterização dos intermediários e os produtos de reação, além da separação e

identificação dos compostos envolvidos na capacidade antioxidante por meio de métodos

cromatográficos, a fim de se obter melhor interpretação dos resultados apresentados.

Deve-se lembrar também de outros fatores que podem influenciar nos resultados da

atividade antioxidante como os fatores extrínsecos e intrínsecos como já citados neste

tópico.

5.3.2. Atividade antioxidante pelo método ABTS

O ensaio antioxidante ABTS apresenta vantagens de aplicação como simplicidade

técnica, reprodutibilidade, diversidade e uso flexível em múltiplos meios para determinar

tanto a capacidade antioxidante hidrofílica e lipofílica de extratos alimentares, devido à

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solubilidade do reagente/radical em meios aquosos e solventes orgânicos (APAK et al.,

2007).

Utilizando a curva analítica de Trolox padrão referência e a equação da reta gerada

(Figura 18) foram possíveis obter os resultados da atividade antioxidante pelo ensaio

ABTS•+

que estão expressos em µmol TE.g–1

de amostra em base fresca (Tabela 15).

Figura 18. Curva analítica do Trolox padrão de referência (n = 8) para capacidade antioxidante de sequestro

do radical ABTS e seu coeficiente de correlação linear (R²).

Tabela 15. Atividade antioxidante dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba, expressa em base fresca, pelo método ABTS

Amostra µmol TE.g–1

Goiaba in natura Subproduto agroindustrial

ECFL* 22,50±1,15¹a2

23,92±0,72a

ECFSH 0,75±0,02a 0,21±0,02

b

ECFC 0,03±0,00b 0,58±0,02

a

Total ES 23,28±1,16a 24,71±0,75

a

EE 6,20±0,21a 3,16±0,26

b

*ECFL – extrato de compostos fenólicos livres; ECFSH – extrato de compostos fenólicos solúveis em

hexano; ECFC – extrato de compostos fenólicos conjugados; EE – extrato hidroetanólico

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha diferem

estatisticamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

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Diferente da capacidade antioxidante medida pelo ensaio DPPH, os extratos ECFL

da goiaba in natura e do seu subproduto não tiveram diferença significativa e o extrato

ECFSH da goiaba apresentou melhor potencial no sequestro do radical ABTS•+

do que o

subproduto, o que determinou diferença não significativa na ES entre as amostras, 23,28 e

24,71 µmol TE.g–1

, goiaba e subproduto respectivamente.

Verificou-se que no ensaio ABTS a goiaba no processo de ES (23,28 µmol TE.g–1

)

apresentou maior potencial antioxidante do que no ensaio DPPH (14,94 µmol TE.g–1

).

Apesar destes ensaios possuírem o mesmo princípio baseado na transferência de elétrons

pelo antioxidante ao radical livre, pode-se supor que a diferença se deve ao tipo de solvente

e polaridade utilizado em cada ensaio que pode influenciar nessa transferência

(BERGAMASCHI, 2010). O composto ABTS apresenta boa solubilidade em soluções

aquosas e orgânicas. No ensaio ABTS a água deionizada foi utilizada como solvente para

diluição dos extratos prontos, já no DPPH foi o metanol, provavelmente os compostos

hidrofílicos presentes nos extratos apresentaram melhor afinidade com a água (polaridade

igual a 1) do que no metanol (polaridade igual a 0,762) (MUROV, 2010), refletindo no

maior potencial no ensaio ABTS. Entretanto, devido às particularidades dos métodos há

dificuldade quanto à comparação dos resultados entre os diferentes ensaios, assim como

observado por Pazinatto (2008).

Thaipong et al. (2006) determinaram pelo ensaio ABTS atividade antioxidante em

extrato metanólico de polpa de goiaba igual a 31,1 µmol TE.g–1

, expresso em base fresca, já

Freire et al. (2011) encontraram potencial antioxidante em goiaba utilizando extrato

hidroetanólica - 96,10 µmol TE.g–1

e extrato hidrometanólica - 152,79 µmol TE.g–1

. Em

subprodutos agroindustriais de goiaba, Sousa; Vieira; Lima (2011) encontraram valores em

extrato hidroetanólico igual a 421 µmol TE.g–1

e aquoso, a 148 µmol TE.g–1

, expressos em

base fresca, já Martínez et al. (2012), 1,9 µmol TE.g–1

em extrato hidroetanólico e 15,4

µmol TE.g–1

hidrometanólico.

Apesar de alguns desses autores utilizarem o mesmo tipo de solvente na obtenção de

seus extratos, há diferença em seus resultados, visto que o mecanismo de extração, tamanho

da amostra, proporção amostra e solvente e outros fatores intrínsecos a matriz alimentar

(tipo, variedade, grau de maturação, condições edafoclimáticas de cultivo, entre outros)

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influenciam na extração dos fenólicos envolvidos na ação antioxidante, dificultando a

comparação com nossos resultados.

5.3.3. Ensaio da Capacidade de Absorção do Radical Oxigênio (ORAC)

O ensaio ORAC em relação aos métodos DPPH e ABTS apresenta a vantagem de se

utilizar o radical peroxila o qual está relacionado com a oxidação lipídica livre, estando

estreitamente envolvido em funções biológicas de quebra de cadeia

(MAHATTANATAWEE et al., 2006).

Para a determinação da atividade antioxidante dos extratos pelo método ORAC foi

necessária à construção de duas curvas analíticas com o padrão de referência Trolox

(Figura 19), por ser um ensaio que permite a determinação da capacidade antioxidante tanto

de compostos hidrofílicos quanto lipofílicos (RIBEIRO, 2011), assim como o ensaio ABTS

por ser solúvel também em solventes aquosos e orgânicos (APAK et al., 2007). As curvas

foram construídas de acordo com os valores de áreas sob a curva de decréscimo (AUC) da

perda de fluoresceína das diferentes concentrações de Trolox.

Figura 19. Curva analítica do Trolox padrão de referência (n = 9) para capacidade antioxidante determinada

pelo ensaio ORAC hidrofílico (A) e lipofílico (B) e seus respectivos coeficientes de correlação linear (R²).

A Tabela 16 apresenta os resultados obtidos por meio da curva de referência sendo

expressos em µmol TE.g-1

. Todos os extratos apresentaram ação antioxidante contra os

radicais peróxidos, sendo a atividade antioxidante dos diferentes extratos do subproduto

agroindustrial da goiaba maior que os da goiaba in natura com exceção do extrato de

A B

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compostos fenólicos conjugados (ECFC) lipofílico que foi menor e para o hidrofílico não

houve diferença significativa.

Tabela 16. Atividade antioxidante dos extratos de goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba pelo ensaio ORAC, expressos em µmol TE.g–1

, em base fresca

Amostra Goiaba in natura Subproduto agroindustrial

ORAC

hidrofílico

ORAC

lipofílico

ORAC

hidrofílico

ORAC

lipofílico

ECFL* 17,33±1,32¹b² 20,59±0,52

b 27,86±0,00

a 40,23±0,96

a

ECFSH 3,43±0,24b 55,06±4,59

b 8,75±0,18

a 78,66±5,99

a

ECFC 7,84±0,72a 10,07±0,93

a 8,42±0,05

a 7,40±0,07

b

Total ES 28,60±0,66bB

85,72±3,46bA

45,03±0,18aB

126,29±3,53aA

EE 9,84±1,09bA

8,24±0,28bB

13,54±0,19aA

12,67±0,03aB

*ECFL – extrato de compostos fenólicos livres; ECFSH – extrato de compostos fenólicos solúveis em

hexano; ECFC – extrato de compostos fenólicos conjugados; EE – extrato hidroetanólico

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha para

mesmo tratamento e distintas amostras, e letras maiúsculas diferentes para mesma amostra e tratamentos

distintos na linha diferem estatisticamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

Analisando a Tabela 16 observou-se que na ES os fenólicos de caráter lipofílico

demonstraram maior potencial antioxidante frente aos hidrofílicos, ao contrário da extração

com solvente hidroetanólico. De acordo com Deng et al. (2012), casca e sementes de

goiaba apresentam maior composição de componentes fenólicos solúveis em gordura (5,55

e 1,34 mg EAG.g-1

, respectivamente) do que CF hidrofílicos (1,71 e 0,34 mg EAG.g-1

,

respectivamente). O que pode explicar a predominância da ação antioxidante dos

compostos lipofílicos tanto da goiaba in natura quanto do seu subproduto bem como o

maior potencial desses compostos no subproduto (126,29 e 12,67 µmol TE.g–1

, ES e EU,

respectivamente) do que na goiaba (85,72 e 8,24 µmol TE.g–1

, ES e EU, respectivamente),

visto que a proporção de sementes e cascas no subproduto agroindustrial é maior que na

fruta in natura. No entanto, a fim de se afirmar com maior certeza essa relação seria

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necessário caracterizar a composição fenólica dos nossos extratos por meio de técnicas

cromatográficas.

Os resultados apontados são confirmados pela área da curva de decréscimo da

intensidade de fluorescência (Figura 20).

Figura 20. Área de decaimento da intensidade dos extratos em relação ao branco no ensaio ORAC para

compostos fenólicos hidrofílicos e lipofílicos.

*ECFLR – extrato de compostos fenólicos livres do subproduto de goiaba; ECFLG – extrato de compostos

fenólicos livres da goiaba in natura; EER – extrato hidroetanólico de compostos fenólicos do subproduto de

goiaba; EEG – extrato hidroetanólico da goiaba in natura.

Como a perda da intensidade da fluoresceína não é linear com o tempo e sim

exponencial utiliza-se a área sob a curva de decréscimo (AUC) para esse ensaio

(PEREIRA, 2009). O maior tempo de retardamento da queda da intensidade da

fluorescência no ensaio indica maior eficiência do antioxidante em transferir átomos de

hidrogênio ao radical peroxila e, assim, inibir a velocidade de reação de perda da

intensidade da fluoresceína. Adotando-se apenas os extratos de CF livres das amostras que

obtiveram maior atividade antioxidante que os demais extratos obtidos da ES e os extratos

hidroetanólicos das amostras, a efeito de comparação, verificou-se melhor atividade

antioxidante nos extratos de CF livres do subproduto do processamento da goiaba (ECFLR)

que a partir dos 40 minutos começou a ter maiores decréscimos da fluorescência, tanto no

ensaio hidrofílico como lipofílico.

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Observou-se grande diferença entre as atividades antioxidantes determinadas nos

extratos nos diferentes ensaios – DPPH, ABTS e ORAC. Devido os diferentes princípios,

tipos de solventes, proporções extrato e solvente, e afinidades químicas entre radicais e

antioxidantes as variações podem ser justificadas. No entanto, pode-se afirmar que o ensaio

ORAC apresentou resultados mais expressivos, visto que o uso de solventes – tampão

fosfato de potássio 75 mM e RMCD 7% - como solventes dos extratos permitem a quantificação

de CF hidrofílicos e lipofílicos, respectivamente, presentes nas amostras, o que explica a

maior atividade antioxidante determinada pelo ensaio, sendo de grande importância à

aplicação do método ORAC em análises in vitro, além dos demais métodos de

determinação antioxidante visto que utiliza fonte radical relevante à biologia humana

(peroxila), o qual está envolvido em sistemas biológicos, assim como o oxigênio atômico, o

superóxido, e espécies reativas de nitrogênio (WU et al., 2004), possuindo eficácia como

antioxidantes em análises in vivo (HAYTOWITZ; BHAGWAT, 2010).

Um estudo publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA, 2007) mostrou que a goiaba vermelha apresenta atividade antioxidante de 19,90

µmol TE.g-1

determinada pelo ensaio ORAC. Mahattanatawee et al. (2006) determinaram

menor atividade, 16,7 µmol TE.g-1

, já Thaipong et al. (2006) reportaram valor igual a 21,3

µmol TE.g-1

em polpa goiaba. Tais valores se apresentaram inferiores aos encontrados no

presente estudo para goiaba in natura, provavelmente devido à parte da amostra, preparo da

amostra, determinação apenas dos compostos hidrofílicos, entre outras variáveis. Para

subproduto do processamento de goiaba nenhum estudo foi encontrado.

Desse modo, mais uma vez verifica-se grande dificuldade em comparar tanto os

resultados de diferentes métodos quanto de mesmo ensaio visto à complexidade e

diversidade dos compostos antioxidantes e as peculiaridades das metodologias que diferem

quanto ao solvente, mecanismo de reação, diferentes condições de análise, como já

discutido. Além disso, de acordo com Oliveira et al. (2011) a comparação do potencial

antioxidante dos métodos realizados não pode ser realizada em valores absolutos visto que

cada método tem uma escala de valores específicos, sendo necessários padronização e

estabelecimentos de critérios para obtenção de resultados possíveis de comparação tais

como aplicação de moléculas biologicamente relevantes; adaptabilidade do método para

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ensaios de antioxidantes hidrofílicos e lipofílicos; boa reprodutibilidade; e mecanismos

químicos bem definidos.

Assim, devido a essa diversidade de fundamentos, tipos de compostos e ensaios

antioxidantes nenhum método isolado permite a obtenção exata da atividade antioxidante

total de um extrato ou matriz alimentar, sendo a realização de duas ou mais técnicas melhor

para inferir com maior segurança o potencial do extrato ou alimento.

5.3.4. Influência do tipo de extração na obtenção de compostos antioxidantes

As propriedades biológicas dos CF bem como efeitos funcionais à saúde

intensificaram esforços de investigação de métodos mais eficazes de extração, separação e

identificação a partir de fontes naturais para aplicação desses compostos em alimentos,

sendo a extração uma etapa de extrema importância no estudo dos compostos, os quais

podem determinar os resultados obtidos nas etapas (quantificação, atividade antioxidante)

posteriores a essa.

No processo de extração diversos fatores podem influenciar nos teores dos

compostos obtidos tais como temperatura, proporção líquido-sólido, taxa de fluxo do

tamanho de partícula, tipo de composto (IGNAT et al., 2011).

Devido às diversidades de CF e suas diferentes interações com os solventes não há

um único método e padrão universal adequado para extração dos CF em plantas.

A solubilidade dos CF em um solvente é uma característica do composto bioativo

vinculada ao seu peso molecular (PELLEGRINI et al., 2007), a polaridade dos fenólicos,

além do grau de polimerização, da interação com outros constituintes (APAK et al., 2007) e

ao tipo de grupos funcionais como –OH e –COOH e, é devido à diversidade desses

compostos nos alimentos com distintas propriedades que os métodos para avaliar o

potencial antioxidante dos alimentos são fortemente influenciados pelos solventes

utilizados durante a extração (PELLEGRINI et al., 2007).

Algumas classes de compostos fenólicos, como ácidos fenólicos e ácidos

hidroxicinâmicos, flavonoides e carotenoides, para serem extraídos necessitam da aplicação

de ordem decrescente de polaridade do solvente, podendo a combinação de polaridades

distintas ser aplicada para fins específicos (APAK et al., 2007).

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Os solventes mais utilizados para a extração de CF em alimentos por ordem de

polaridade decrescente são água, metanol 80% ou etanol a 70%, 80%, acetona e acetato de

etila (APAK et al., 2007). A concentração e sua eficácia dependem de fatores como a

polaridade dos fitoquímicos presentes na amostra, do grau de polimerização e da interação

com outros constituintes (CAETANO et al., 2009).

Para a extração de CF dois tipos podem ser realizados – a extração única (EU) e a

extração sequencial (ES). Nos procedimentos de EU, o metanol é o solvente mais eficiente

para extração de CF, entretanto, o etanol por ser mais seguro que o metanol a saúde

humana, tem maior preferência na indústria de alimentos (IGNAT et al., 2011), o que

conduziu a aplicação do etanol na extração única realizada no presente trabalho.

No entanto, levando-se em consideração que os vegetais apresentam classes de CF

variadas com estruturas químicas e polaridades distintas, o método de ES por utilizar a

mesma amostra para extração dos fenólicos com solventes de diferentes graus de polaridade

possibilita uma melhor e mais eficiente extração dos compostos diferentes de forma

exaustiva (CAETANO et al., 2009) – compostos livres e conjugados (DEWANTO; WU;

LIU, 2002; SUN et al., 2002), ou seja, uma melhor estimativa dos teores dos CF presentes

na matriz alimentar, principalmente de alguns dos compostos que se apresentam ligados em

compostos nas plantas, sendo muitas vezes sua quantificação excluída de análises de

extração única, resultando num teor de fenólicos subestimados (BALASUNDRAM;

SUNDRAM; SAMMAN, 2006).

Fato comprovado nos resultados apresentados no presente estudo, onde a ES

mostrou maior eficiência na extração dos compostos fenólicos analisados presentes na

goiaba e em seu subproduto agroindustrial, culminando na maior atividade antioxidante

avaliada pelos ensaios DPPS, ABTS e ORAC (Figura 21), visto que abrange maior gama de

CF presentes nas matrizes, o que mostra a importância de extrair o máximo possível os

compostos bioativos de polaridade diferentes por esse tipo de extração (MELO et al.,

2008).

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Figura 21. Teor de (A) compostos fenólicos e (B) flavonoides (C) taninos e atividade antioxidante pelos

ensaios (D) DPPH, (E) ABTS e (F) ORAC em goiaba in natura e subproduto agroindustrial de goiaba, em

base fresca (média ± desvio padrão, mínimo n = 3).

¹ Média da soma dos extratos do ensaio ORAC hidrofílico e lipofílico; Extração sequencial – soma dos

extratos de compostos fenólicos livres (ECFL), de compostos fenólicos solúveis em hexano (ECFSH) e de

compostos fenólicos conjugados (ECFC); Extração única – extração com etanol 90% (v/v); Letras minúsculas

diferentes entre as extrações distintas da mesma amostra diferem significativamente (p ≤ 0,05) pelo teste de

Tukey.

Existem várias combinações de solventes orgânicos para a ES. Para a obtenção de

CF em maçã liofilizada foram utilizados hexano para remoção carotenóides, metanol para

A B

D

E F

C

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ácidos orgânicos e CF de baixo peso molecular e acetona aquosa para polifenóis

polimerizados (DAI; RUSSELL; MUMPER, 2010). Aparício-Fernandez et al. (2005) já

apresentaram uma avaliação mais profunda da composição fenólica em variedades de

feijão, separando os polifenóis por cromatografia líquida a vácuo em sílica gel com éter de

petróleo, éter de petróleo + acetato de etila; acetato de etila; 16 combinações diferentes de

acetato de etila + metanol/água; metanol/água; metanol e água, obtendo 6 frações principais

por recombinação adjacentes de subfrações de composição similar, as quais possuíam a

seguinte composição: F2 – proantociandinas (85% de catequinas e epicatequinas), F3 –

proantociandinas (61,9%), antiocianinas (12,6%) e flavonóides (16,6%), F4 –

proantociandinas (17,5%), antiocianinas (56,2%), F5 – proantociandinas (7,3%),

antiocianinas (17,7%) e F6 – 8,2% de proantociandinas e 16,5% de antocianinas.

A ordem de eficiência de solvente na extração dos CF para o ES em goiaba e

subproduto agroindustrial foi acetona 80% > hexano > acetato de etila, sendo o teor obtido

na extração única com etanol 90% entre hexano e acetona 80%.

A eficiência da acetona, na extração de fenólicos totais, também foi constatada por

Caetano et al. (2009) ao evidenciarem que, em subproduto agroindustrial de acerola, a

acetona 80% extraiu a maior quantidade destes compostos, quando comparada com

metanol, 80%, etanol 80% e água. Entretanto, se a ordem de aplicação dos solventes for

alterada, é possível que a maior eficiência da solução de acetona na extração possa ser

diferente.

Alothman et al.(2009) ao quantificarem o teor de CF em polpa de goiaba com

diferentes solventes (metanol, etanol, acetona e água) e em diferentes concentrações (50, 70

e 90%) verificaram que a acetona 90% conseguiu extrair com maior eficiência os CF

presentes na amostra (1,91 mg EAG.g-1

), seguida do etanol 90% (1,85 mg EAG.g-1

), do

metanol 70% (1,55 mg EAG.g-1

) e da água (1,53 mg EAG.g-1

), condizendo com os

resultados obtidos no presente trabalho. O solvente acetona utilizado no estudo teve

concentração de 80% o que pode explicar a diferença do teor CF ao comparar com o

resultado dos autores, além dos fatores como mecanismo de extração, tempo de extração,

relação amostra e solvente, cultivar da matéria-prima, entre outros.

Alguns estudos verificaram resultados diferentes em vegetais, sendo a ordem de

eficiência etanol > metanol > acetato de etila > acetona 80% > acetona > hexano

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(ZARENA; SANKAR, 2009) e etanol > metanol > água > acetona > éter de petróleo >

butanol > clorofórmio > cloreto de metileno > hexano (MOHSEN; AMMAR, 2009). As

diferenças obtidas de interação solvente-analito podem ser devido aos distintos tipos de

compostos presentes nas matrizes vegetais e parte do vegetal analisado e ordem de

aplicação do solvente.

A influência dos solventes e tipo de extração dos CF obtidos nos extratos de goiaba

e no subproduto agroindustrial expressaram a mesma ordem na atividade antioxidante nos

ensaios DPPH e ABTS, sendo as maiores atividades determinadas nos extratos ECFL

(acetona 80%) e as menores atividades nos extratos ECFC (acetato de etila).

Zarena e Sankar (2009) para o ensaio ABTS determinaram atividade antioxidante

em mangostão na ordem etanol > metanol > acetato de etila > acetona 80% > acetona >

hexano condizendo com os teores obtidos em cada extrato, já para o ensaio DPPHIC50 a

ordem foi hexano > etanol > metanol > água > acetona > acetato de etila. O que leva a

supor que a composição fenólica dos extratos influencia na atividade antioxidante de forma

diferente aos vegetais.

No entanto, existem outras famílias de compostos bioativos presentes nos extratos

que influenciam na eliminação de radicais livres tais como carotenoides, tocoferois

(vitamina E), vitamina C, clorofilas entre outros (PELLEGRINI et al., 2007), que

necessitariam ser mensurados por influenciarem na atividade antioxidante.

5.3.5. Correlação entre compostos fenólicos e atividade antioxidante

Os CF apresentam importante ação na redução da oxidação lipídica, contribuindo

não apenas com a conservação dos alimentos, mas também por estarem incorporados na

alimentação humana, diminuem o risco de desenvolvimento de patologias, como doenças

cardiovasculares, câncer, diabetes, processos inflamatórios e infecções (JORGE et al.,

2009).

No entanto, para que os CF sejam considerados antioxidantes é necessário que

mesmo presentes em baixas concentrações apresentem a capacidade de impedir, retardar ou

prevenir a auto-oxidação ou oxidação promovidas pelos radicais livres e que o produto

formado após a reação seja estável (SOARES et al., 2008). Os resultados obtidos para os

compostos fenólicos de modo geral demonstraram que os extratos mesmo em baixas

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concentrações apresentaram atividades antioxidantes nos diferentes ensaios realizados,

principalmente, no subproduto agroindustrial da goiaba.

Estudos verificaram correlações diretas entre os CF e atividade antioxidante, sendo

esses os componentes de maior ação antioxidante em frutas (MELO et al., 2011;

OLIVEIRA et al., 2011; VIEIRA et al., 2011). A goiaba in natura e seu subproduto por

meio dos ensaios de atividade antioxidante se mostraram importantes fontes de CF, assim

como demonstrado na literatura.

Correlações positivas entre a atividade antioxidante pelos ensaios realizados e os

CF, bem como os FL e TC foram determinadas, por estarem próximas de 1 (Tabela 17),

sendo a correlação realizada por meio dos resultados totais para goiaba in natura e seu

subproduto nos dois tipos de extração realizados – ES e EU.

Tabela 17. Coeficiente de correlação linear de Pearson (r²) entre os compostos fenólicos e

flavonoides e os ensaios de atividade antioxidante de goiaba in natura e seu subproduto

Determinações analíticas Coeficiente de correlação (r²)

DPPH ABTS ORAC

Compostos fenólicos 0,969 0,990 0,970

Flavonoides 0,948 0,960 0,998

Taninos 0,908 0,713 0,888

Os coeficientes de correlação confirmam os resultados expostos no trabalho. O

extrato sequencial do subproduto do processamento de goiaba com maior concentração de

CF foi justamente o extrato com maior atividade antioxidante, tanto pelos ensaios de

transferência de elétrons (DPPH e ABTS) quanto de transferência de átomos de hidrogênio

(ORAC). A forte correlação indica que a contribuição dos CF nesse modelo é relevante,

principalmente, dos CF totais e FL, confirmando relatos de outros autores

(MAHATTANATAWEE et al., 2006; PEREIRA, 2009; SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011).

Estudos da USDA-ARS (United States Departament of Agriculture - Agriculture

Research Service) determinaram o coeficiente de correlação para DPPH e CF igual a 0,92

(ROESLER et al., 2007). No presente estudo, verificou-se relação positiva entre o

conteúdo de fenólicos totais e a atividade antioxidante total nos extratos de CF da goiaba in

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natura e do seu subproduto (r = 0,969), ou seja, concentrações maiores de compostos

fenólicos resultaram em maior atividade antioxidante total, assim como para os demais

compostos – FL e TC.

Este resultado está conforme estudos anteriores que mostram relação direta entre a

concentração de CF e a capacidade de sequestrar radicais livres DPPH dos extratos de

frutas, indicando que esses fitoquímicos podem ser os principais contribuintes na atividade

antioxidante (ROESLER et al., 2007; MELO, 2010; ONGPHIMAI et al., 2013; SEO et al.,

2014). No entanto, compostos como o ácido ascórbico e carotenoides presentes nas

amostras também podem contribuir no sequestro do radical DPPH (ROESLER et al., 2007),

sendo neste estudo não mensurados.

Rufino (2008) analisando a correlação entre os CF e o ensaio ABTS encontrou forte

correlação positiva (0,92), já para DPPH a correlação foi negativa (-0,72). Zheng e Wang

(2003) em “berries” determinaram correlação de 0,99 entre o ensaio ORAC e os CF, já

Silva et al. (2007) reportaram moderada correlação (0,70) em diversas plantas da região

amazônica (PAZINATTO, 2008).

A relação entre os CF e a atividade antioxidante pode depender de fatores como

método escolhido e também das características hidrofóbicas ou hidrofílicas do sistema teste

e dos antioxidantes testados (ROESLER et al., 2007; OLIVEIRA et al. 2011), diferenças na

composição fenólica entre extratos de plantas e variação na resposta de CF diferentes para o

reagente de Folin-Ciocalteu, o que pode explicar a variação nas correlações, já que

correlação linear negativa entre o teor total de CF e atividade antioxidante já foi

determinada (HASSIMOTTO; GENOVESE; LAJOLO, 2005).

Verificou-se também correlação linear forte e positiva entre os ensaios (Tabela 18).

Tabela 18. Coeficiente de correlação linear de Pearson (r²) entre os ensaios de atividade

antioxidante de goiaba in natura e seu subproduto agroindustrial

Coeficiente de correlação (r²)

DPPH/ABTS ABTS/ORAC DPPH/ORAC

0,929 0,952 0,982

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A correlação forte positiva já era de se esperar visto que os ensaios demonstraram

comportamentos semelhantes na avaliação da atividade antioxidante das amostras

analisadas.

Correlações positivas entre o ensaio DPPH e ABTS realizados em frutas são

reportadas na literatura – 0,90 (SOUSA; VIEIRA; LIMA, 2011) e 0,85 (THAIPONG et al.,

2006). Entre o ensaio DPPH e ORAC também se verificaram correlação positiva de 0,91

(MAHATTANATAWEE et al., 2006). Apesar do ORAC ser um ensaio com princípio

distinto do DPPH e ABTS, a correlação pode existir devido aos mecanismos de reação

semelhante, no entanto, nem sempre está em acordo totalmente, visto que os ensaios

utilizam diferentes radicais, espécies de frutas e apresentam composição fenólica

diversificada.

Os resultados sugerem claramente que o subproduto obtido do processamento da

goiaba in natura apresenta ótimo potencial na estabilização de radicas livres, assim como a

fruta, em alguns extratos superando a capacidade da goiaba. No entanto, a atividade

antioxidante de um extrato não pode ser explicada apenas com base em seu teor de

fenólicos totais, sendo necessária a caracterização do perfil dos compostos bioativos

presentes na matriz e estudo de sua estrutura, além de estudos in vivo.

5.4. Caracterização de açúcares e oligossacarídeos

5.4.1. Identificação e caracterização

A técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC) tem sido

muito aplicada na identificação de compostos bioativos presentes em pequenas

concentrações em matrizes alimentares (GUIMARÃES; COLLINS, 1997; CECCHI, 2003;

JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006), sendo o sistema de troca iônica (CLAE-TI)

com coluna CarboPac® e detector de triplo pulso amperométrico (DPA) na identificação de

oligossacarídeos e outros açúcares de cadeia menor responsáveis na obtenção de uma linha

de base mais estável e uma melhor resolução dos picos que os demais tipos de

cromatografia, ou seja, de alta seletividade (RODRIGUES, 1998).

Os carboidratos são moléculas não ionizadas que ao entrarem em contato com um

meio alcalino sofrem diferentes graus de dissociação, assumindo cargas negativas. As

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espécies aniônicas resultantes podem ser separadas por mecanismos de troca de ânion

(RODRIGUES, 1998). Por isso, realizou-se a aplicação da fase móvel aquosa de hidróxido

de sódio (NaOH) e acetato de sódio (NaOAc), sendo o NaOAc utilizado para obtenção de

um gradientes de concentração o qual facilitou a eluição dos oligossacarídeos de forma

seletiva ao detector amperométrico, permitindo a identificação e quantificação dos açúcares

e oligossacarídeos nos extratos de goiaba in natura e subproduto agroindustrial de goiaba

(Figura 22) de acordo com o tipo de mecanismo de extração realizado.

Figura 22. Perfil HPLC ilustrando os mono- e dissacarídeo na goiaba in natura (A) e seu subproduto

agroindustrial (B) e oligossacarídeos na goiaba in natura (C) e seu subproduto agroindustrial (D) extraídos

pelo mecanismo Ultrassom: GF2: 1-kestose, GF3: nistose, GF4: 1F-β fructofuranosylnystose, G3: maltotriose,

G4: maltotetriose, G5: maltopentaose, G6: maltohexaose, G7: maltoheptaose.

Em frutas, os mono- e dissacarídeos atuam basicamente como agentes de sabor

(doçura). A Tabela 19 apresenta os teores desses açúcares presentes na goiaba in natura e

em seu subproduto.

A frutose foi o açúcar de maior representatividade na goiaba e no seu subproduto

agroindustrial. Apesar da ingestão de um grama desse açúcar conferir o mesmo valor

calórico que a sacarose (4 kcal), devido ao seu poder de doçura superior (117% contra 70%

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da glicose e 100% da sacarose) o consumo de quantidade desse açúcar como adoçante se

torna menor que o da sacarose, fornecendo menor aporte calórico (VIGGIANO, 2003).

Tabela 19. Composição de mono- e dissacarídeo em goiaba in natura e subproduto

agroindustrial de goiaba, expressa em base seca, obtidos por diferentes mecanismos de

extrações

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha para

mesmo mecanismo de extração diferem significativamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

De acordo com a National Food Institute (2009) o teor de glicose, frutose e sacarose

da goiaba é igual a 1,3, 2,6 e 0 g.100 g-1

(base fresca), respectivamente, valores inferiores

aos determinados no estudo (2,0, 3,46 e 0,44 g.100 g-1

, média dos teores dos mecanismos

convertidos para base fresca), sendo as diferenças devido a fatores intrínsecos e extrínsecos

a matéria-prima. Já para subproduto agroindustrial de goiaba não se encontrou dados a fim

de comparação.

A goiaba apresentou maior teor de açúcares que o subproduto agroindustrial, o que

já era esperado, uma vez que sua concentração de sólidos solúveis (ºBrix) foi superior (11,7

e 3,8 ºBrix, respectivamente) (Tabela 10). De acordo com Manica et al. (1998) os teores de

sólidos solúveis totais são utilizados como uma determinação aproximada dos teores de

açúcares, influenciando na manutenção do sabor e aroma da goiaba e produtos derivados.

Desse modo, devido à baixa concentração de sólidos solúveis relacionada ao baixo teor de

açúcares do subproduto agroindustrial da goiaba pode-se sugerir que este subproduto

apresenta a vantagem ao ser aplicado em alimentos de baixo valor calórico referente a

açúcares.

g por 100 gramas de amostra expressa em base seca

Shaker Ultra-Turrax Ultrassom

Goiaba Subproduto Goiaba Subproduto Goiaba Subproduto

MONOSSACARÍDEO

Glicose 12,00±0,55¹a² 2,37±0,08b 14,60±0,39a 2,73±0,22b 16,04±1,04a 2,77±0,07b

Frutose 21,01±0,89a 4,15±0,09b 24,93±0,65a 4,70±0,37b 27,40±1,77a 4,80±0,12b

Total MONO- 33,01±1,44a 6,52±0,16b 39,53±1,08a 7,43±0,42b 43,44±2,81a 7,57±0,19b

DISSACARÍDEO

Sacarose 2,57±0,10a 0,19±0,02b 3,24±0,09a 0,15±0,02b 3,48±0,21a 0,16±0,02b

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Os benefícios vinculados à inserção dos carboidratos não digeríveis na dieta

alimentar são inúmeros (GIESE et al., 2011), sendo o envolvimento na promoção do

crescimento de bactérias benéficas no cólon que os caracteriza como prebiótico, o mais

citado.

Devido aos benefícios da ingestão de oligossacarídeos a busca por fontes, pesquisas

de extração, produção e aplicações nas áreas de alimentos, rações animais, fármacos,

cosméticos a fim de aproveitar suas propriedades biológicas, funcionais e tecnológicas tem

se intensificado.

Os FOS são os oligossacarídeos mais pesquisados e citados pelo seu efeito

prebiótico. Em ambas as amostras foram identificadas os três tipos de FOS – 1-cestose

(GF2), Nistose (GF3) e 1-frutosil-nistose (GF4), exceto o GF2 no subproduto agroindustrial

(Tabela 20). A goiaba in natura apresentou maior teor de FOS do que o subproduto

agroindustrial, o que já era de se esperar, visto que a fruta apresentou maior concentração

de sólidos solúveis (11,7±0,11 ºBrix) que o subproduto (3,8±0,15 ºBrix) (Tabela 10).

Khalili, Abdullah e Manaf (2014) determinaram em polpa de mamão papaia teor

total de FOS de 0,12 mg.100g-1

e em sua casca de 0,02 mg.100g-1

, sendo uma proporção de

1:6. Para as amostras analisadas a proporção de FOS fruta:subproduto foi igual aos dos

autores.

O GF3 foi o oligossacarídeo de maior predominância nas amostras, representando

mais de 50% da composição dos FOS, em seguida o GF4 em torno de 25% e por último o

GF2 em torno de 20%.

Para se obter o efeito bifidogênico dos FOS alguns pesquisadores estimam que a

ingestão diária deve ser entre 2 e 10 g para adultos, outros autores consideram que no

mínimo 4 g por dia, mas, preferencialmente, 8 g para elevar de forma significativa o

número de células de bifidobactérias no intestino humano (MUSSATO; MANCILHA,

2007).

FOS também foi encontrado em quantidades substanciais em vegetais como a

alcachofra de Jerusalém, cebola, raiz de chicória, alho, aspargo e alguns cereais como trigo

e cevada (MUSSATO; MANCILHA, 2007).

Não há dados publicados sobre o conteúdo de oligossacarídeos em goiaba e seu

subproduto agroindustrial para comparação de teores. Jovanovic-Malinovska; Kuzmanova;

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Winkelhausen (2014) quantificaram pequenas concentrações de FOS em 32 frutas, onde 5

delas apresentaram os três tipos de FOS. O conteúdo total em ordem decrescente foi

nectarina > melancia > pera > framboesa > maçã (890, 810, 560, 510 e 290 mg.100g-1

, em

base seca), teores superiores aos encontrados para a goiaba e o seu subproduto que

apresentaram em média de 31,41 e 7,08 mg.100 g-1

em base seca, respectivamente.

Em todos os extratos foram identificados todos os malto-oligossacarídeos (MOS),

com exceção dos extratos do subproduto agroindustrial da goiaba obtidos pelos

mecanismos ultra-turrax e ultrassom, não sendo determinado o GF4.

Os MOS G3 e G5/G6 apresentaram maior representatividade nos extratos da goiaba

in natura e do seu subproduto, respectivamente. Analisando mamão papaia, pitaia de polpa

vermelha e branca Khalili, Abdullah e Manaf (2014) encontraram os 5 tipos de MOS tanto

nas polpas quanto nas cascas, sendo os teores de G3, G4, G5 mais significativos de acordo

com os autores. Os teores desses MOS na polpa do mamão papaia foi de 0,30, 0,77 e 0,11

mg.100g-1

, respectivamente, já na casca da fruta foi igual a 0,025, 0,007 e 0,087 mg.100g-1

,

o que condiz com nossos resultados, mostrando que a fruta possui maior teor de MOS que o

seu subproduto.

De acordo com Jovanovic-Malinovska; Kuzmanova; Winkelhausen (2014) alguns

fatores podem influenciar nos níveis de oligossacarídeos em alimentos, tais como variedade

de alimentos, a maturidade, a variação sazonal, clima, processo de extração, tempo de

armazenamento e temperatura de armazenamento, bem como método analítico para

determinação de oligossacarídeos, como constatado na comparação do nível de FOS na

nectarina (890 mg.100g-1

) encontrada em sua pesquisa que superou o descrito por Muir et

al. (590 mg.100g-1

), e o relatado por Khalili, Abdullah e Manaf (2014) que determinaram

maior teor de G6, G7 e FOS na polpa de pitaia do que na casca contradizendo os resultados

expostos por Wichienchot, Jatupornpipat e Rastall (2010) para a mesma fruta.

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Tabela 20. Composição de oligossacarídeos em goiaba in natura e subproduto agroindustrial de goiaba, expressa em base seca,

obtidos por diferentes mecanismos de extrações

*l.d.b – Limite de detecção baixo

1 Média de três repetições ± desvio padrão;

2 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha para mesmo mecanismo de extração diferem

significativamente (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey

mg por 100 gramas de amostra expressa em base seca

Shaker Ultra-Turrax Ultrassom

Goiaba Subproduto Goiaba Subproduto Goiaba Subproduto

FRUTOOLIGOSSACARÍDEO

1-cestose (GF2) 7,50±0,60 1,03±0,08 9,79±0,26 l.d.b* 9,07±0,47 0,74±0,03

Nistose (GF3) 14,58±0,22 4,44±0,59 15,75±0,62 3,99±0,30 16,50±0,24 4,67±0,11

1-frutosil-nistose (GF4) 5,91±0,13 1,77±0,22 7,68±0,54 1,93±0,19 7,46±0,11 2,45±0,13

TOTAL FOS 27,99±0,281a2

7,24±0,78b 33,22±1,38

a 5,92±0,37

b 33,03±0,48

a 7,86±0,23

b

MALTOOLIGOSSACARÍDEO

Maltotriose (G3) 8,29±0,10 0,61±0,01 10,81±0,50 0,75±0,07 10,61±0,43 0,75±0,01

Maltotetraose (G4) 2,23±0,03 0,26±0,03 2,81±0,14 l.d.b 2,78±0,11 l.d.b

Maltopentaose (G5) 4,49±0,05 1,49±0,03 5,34±0,30 1,35±0,10 5,27±0,22 1,53±0,05

Maltohexaose (G6) 3,78±0,04 1,40±0,13 4,90±0,26 1,36±0,08 4,83±0,23 1,45±0,03

Maltoheptaose (G7) 0,25±0,02 0,09±0,01 0,30±0,03 0,09±0,02 0,37±0,01 0,22±0,01

TOTAL MOS 19,04±0,18a 3,85±0,19

b 24,16±1,21

a 3.55±0,20

b 23,86±0,86

a 3,95±0,09

b

TOTAL DE OLIGOSSACARÍDEO

47,03±0,13a

11,09±0,93b

57,38±0,26a

9,47±0,48b

56,89±1,33a

11,81±0,26b

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Provavelmente, outros tipos de oligossacarídeos podem estar presentes na goiaba e

em seu subproduto, visto que nos cromatogramas mais picos foram detectados, no entanto,

a sua identificação não foi possível devido à falta de padrões de outros tipos de

oligossacarídeos.

Os oligossacarídeos já são aplicados em molhos para salada, assados, produtos de

baixo teor de gordura queijo, chocolate e confeitaria, devido as suas funções prebióticas,

por contribuírem com a promoção do crescimento e seletividade de bactérias benéficas

presentes no trato intestinal, por aumentarem a disponibilidade de minerais, por

apresentarem baixo valor calórico, entre outras ações que estão relacionados à redução de

risco de infecção, diarreia e câncer intestinal e a melhora na resposta do sistema

imunológico, bem como a prevenção de outras patologias (ROBERFROID; SLAVIN,

2000).

Desse modo, a identificação e quantificação dos oligossacarídeos na goiaba e no seu

subproduto agroindustrial abrem portas para se estudar a aplicação dos extratos das

matrizes em produtos alimentícios a fim de se aproveitar o benefício dos oligossacarídeos

presentes nelas, sendo o processo de extração uma das etapas importante na obtenção

máxima dos compostos nas matrizes.

5.4.2. Efeito dos mecanismos de extração de açúcares e oligossacarídeos

Os parâmetros mais variáveis em pesquisas de extração dos oligossacarídeos em

matrizes vegetais são tempo, temperatura, tipo e concentração do solvente (EKVALL;

STEGMARKB; NYMAN, 2007; WICHIENCHOT; JATUPORNPIPAT; RASTALL, 2010;

JOVANOVIC-MALINOVSKA; KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2015).

A água é muito indicada como solvente na extração de carboidratos de baixo peso

molecular, como os oligossacarídeos, entretanto, outros compostos com ótima solubilidade

em água (proteínas, polissacarídeos, por exemplo) podem ser interferentes durante a

extração, desse modo, a utilização de soluções alcoólicas se mostra mais viável para esse

tipo de extração (EKVALL; STEGMARKB; NYMAN, 2007), pois podem aumentar o

rendimento da extração, como demonstrado por Wichienchot, Jatupornpipat e Rastall

(2010) que verificaram rendimento de 27,4% da extração de oligossacarídeos em pitaia

com etanol 80% contra 15,1% de extração com água.

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O etanol em diferentes concentrações (20%, 50%, 80, 85%) tem sido muito aplicado

em estudos de otimização de extração de oligossacarídeos (EKVALL; STEGMARKB;

NYMAN, 2007; WICHIENCHOT; JATUPORNPIPAT; RASTALL, 2010; JOVANOVIC-

MALINOVSKA; KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2015), sendo sua eficiência

variável, de acordo com a matriz analisada.

Ekvall, Stegmarkb e Nyman (2007) analisando a melhor concentração de solução

hidroetanólica para a extração de oligossacarídeos em ervilhas, em especial rafinose,

verificaram que a concentração de 80% promove à desnaturação de algumas proteínas,

sendo a formação de precipitado um fator limitante na difusão do oligossacarídeo da matriz

à solução extratora, ao contrário da concentração 50% que se mostrou mais eficiente, fato

que determinou a escolha dessa concentração em nossos estudos.

Tanto temperatura ambiente, como acima de 50ºC, foram utilizadas para a extração

de oligossacarídeos. Analisando o conteúdo de oligossacarídeos em pitaias de polpa

vermelha e branca por 1 hora a temperatura ambiente Wichienchot, Jatupornpipat e Rastall

(2010) encontraram um teor total de 8960 e 8620 mg.100g-1

, respectivamente, já Khalili,

Abdullah e Manaf (2014) durante o mesmo tempo de extração mas à 50ºC determinaram

valores de 1,66 e 1,08 mg.100g-1

, respectivamente. Devido à proporção solvente, amostra,

método de extração e outros fatores intrínsecos às amostras, tais como espécie, cultivo e

maturidade, diferenças de resultados entre autores são comuns. Ekvall, Stegmarkb e Nyman

(2007) estudando a influência da temperatura ambiente e de 50ºC na extração de alguns

oligossacarídeos em ervilha verificaram pouco ou nenhum efeito sobre o rendimento da

extração dos compostos, apesar de afirmar que a temperatura mais alta provavelmente

implicará na aceleração da extração com o solvente hidroetanólico (50%), a temperatura de

ebulição com etanol poderia ser afetada devido à formação de proteínas precipitadas.

De acordo com a literatura, o período mais citado para extração de oligossacarídeos

corresponde à 1 hora (WICHIENCHOT; JATUPORNPIPAT; RASTALL, 2010;

JOVANOVIC-MALINOVSKA; KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2014; KHALILI;

ABDULLAH; MANAF, 2014; JOVANOVIC-MALINOVSKA; KUZMANOVA;

WINKELHAUSEN, 2015). Ekvall, Stegmarkb e Nyman (2007) ao avaliarem três tempos

de extração diferentes em ervilhas (15, 30 e 60 minutos) verificaram que com tempos

superiores a 30 minutos maior eficiência na extração de oligossacarídeos pode ser obtida.

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Nos estudos citados a extração sempre é realizada em shaker (banho-maria com

agitação). Como o tipo de mecanismo também é um fator que influi na eficiência da

extração dos compostos, o presente estudo avaliou três diferentes mecanismos para

averiguar qual apresentaria melhor eficiência na extração dos oligossacarídeos nas matrizes

estudadas.

Os mecanismos ultra-turrax (UT) e ultrassom (US) mostraram-se mais eficientes na

extração de açúcares e oligossacarídeos na goiaba, não diferindo estaticamente entre si

(Figura 23), com exceção para os oligossacarídeos no subproduto agroindustrial (Figura

23B). Já para o subproduto agroindustrial de goiaba, o mecanismo ultrassom apresentou

maior eficiência na extração de FOS e na soma dos oligossacarídeos (FOS + MOS), no

entanto não houve diferença de eficiência do processo de shaker (SK), sendo que esse

também não apresentou diferença estatística do mecanismo UT (7,86, 7,24 e 5,92 mg.100g-

1, para FOS e 11,81, 11,09 e 9,47 mg.100g

-1 oligossacarídeos totais, respectivamente).

O UT como mecanismo de extração e formação de microemulsões em pesquisas

tem sido muito aplicado. Basicamente, o mecanismo consiste na força de cisalhamento da

amostra por meio da alta velocidade de um rotor, levando a formação de partículas de

tamanhos menores e diferenciados de acordo com a intensidade do cisalhamento, o que

facilita a interação composto e solvente extrator (KAUSHIK; SINGH, 2011; ZHAO et al,

2013), sendo um processo de cavitação (FANGUEIRO et al., 2012). No entanto, poucas

informações encontram-se sobre a sua ação e eficiência na extração de compostos bioativos

comparado com outros tipos de mecanismos.

Estudos têm mostrado que a aplicação de US na extração de compostos bioativos

em alimentos é um mecanismo mais vantajoso na obtenção de melhores rendimentos do

que mecanismos convencionais como o SK (CHEMAT; HUMA; KHAN, 2011;

JOVANOVIC-MALINOVSKA; KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2015),

caracterizando-o como método eficaz na obtenção de oligossacarídeos (JOVANOVIC-

MALINOVSKA; KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2015).

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Figura 23. Teor de (A) açúcares (glicose, frutose e sacarose) e (B) oligossacarídeos em goiana in natura e

subproduto agroindustrial de goiaba de acordo com os mecanismos de extração.

Letras minúsculas diferentes em entre os mecanismos para mesma amostra diferem significativamente (p ≤

0,05) pelo teste de Tukey.

A

B

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A eficiência do US pode estar atribuída ao fenômeno físico vinculado ao químico

(CHEMAT; HUMA; KHAN, 2011), os quais promovem a ruptura da parede celular,

reduzindo o tamanho das partículas a fragmentos de baixo peso molecular, o que melhora a

transferência de massa do conteúdo da célula para o solvente provocada pelo colapso das

bolhas produzidas pela cavitação, facilitando a interação do solvente com os compostos

extraíveis (DAI; MUMPER, 2010; JOVANOVIC-MALINOVSKA; KUZMANOVA;

WINKELHAUSEN, 2015).

Além do maior rendimento, a aplicação de US traz as vantagens de reduzir o tempo

de extração e os perigos físicos, bem como o volume de solvente extrator utilizado no

processo (CHEMAT; HUMA; KHAN, 2011; JOVANOVIC-MALINOVSKA;

KUZMANOVA; WINKELHAUSEN, 2015).

Jovanovic-Malinovska, Kuzmanova e Winkelhausen (2015) analisando o

mecanismo de US versus o método convencional (banho-maria) nas frutas nectarina,

melancia, framboesa e mirtilo verificaram diminuição significativa do tempo de extração de

50 minutos (10 min de US contra 60 min de banho-maria), sendo as diferenças dos teores

de oligossacarídeos totais (FOS, rafinose e estaquiose) significativas entre os mecanismos

convencionais e US – para mirtilo e framboensa próximos de 500 e 1000 mg.100g-1

e

melancia e nectarina próximos de 1000 e 2000 mg.100g-1

, respectivamente.

Desse modo, partindo-se do princípio que o conteúdo de açúcares e oligossacarídeos

quantificados pelo mecanismo de US não diferenciou do UT, para a maioria dos compostos

analisados, supõe-se que a realização de processo de otimização levando-se em

consideração os parâmetros variáveis concentração solvente e mecanismo (US e UT) seria

uma das alternativas mais viáveis a fim de se determinar as melhores condições de

extração, principalmente, de oligossacarídeos em goiaba in natura e seu subproduto

agroindustrial e, assim, aproveitar de forma mais eficiente este prebiótico para estudos e

aplicação como ingrediente em produtos alimentícios com alegação funcional.

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6. CONCLUSÕES

O subproduto agroindustrial de goiaba apresentou maiores teores de compostos

fenólicos, flavonoides e taninos do que a goiaba para a maioria dos extratos, refletindo no

maior potencial antioxidante determinado pelos ensaios in vitro, os quais determinaram

diferentes respostas dos compostos em cada um dos métodos devido os seus distintos

princípios, uso de solventes e comprimento de onda, sendo alguns fatores que determinam

os tipos de compostos analisados.

A extração sequencial se mostrou mais eficiente na recuperação dos compostos

antioxidantes, visto que a aplicação de solventes de diferentes polaridades em uma amostra

permite a interação diferente dos vários fenólicos presentes na matriz, possibilitando até a

quantificação de compostos conjugados que por extração única não é possível se

determinar.

A técnica de HPLC-TI permitiu a identificação e quantificação dos açúcares, FOS e

MOS na goiaba e em seu subproduto agroindustrial, sendo os teores de oligossacarídeos na

goiaba superior ao do subproduto agroindustrial, visto que é uma matriz com menor

porcentagem de sólidos solúveis.

O ultra-turrax e o ultrassom podem representar um mecanismo de extração de ótimo

potencial na recuperação de oligossacarídeos em goiaba e subproduto, sendo a elaboração

de processo de otimização na extração importante na obtenção de melhores resultados do

que o obtido em estudo.

As informações apresentadas de oligossacarídeos na goiaba e seu subproduto

agroindustrial representam grande oportunidade para a inserção em banco de dados de

composição de alimentos.

Assim, a menor concentração de açúcares (mono- e dissacarídeo) no subproduto

agroindustrial de goiaba permite a aplicação deste como ingrediente em produtos com

baixo valor calórico e aliado ao seu ótimo potencial antioxidante mostra que a matriz deve

ser alvo de mais pesquisas visando o isolamento e o estudo mais profundo dos compostos

analisados e de outros bioativos presentes nela a fim de viabilizar o melhor aproveitamento

de seus benefícios funcionais como ingrediente em alimentos e contribuindo com a redução

da contaminação ambiental por resíduos industriais.

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7. PERSPECTIVAS FUTURAS

Caracterizar o subproduto de goiaba com o teor de fibras solúveis e insolúveis, visto

que atuam como prebióticos, assim como os oligossacarídeos e, o subproduto de frutas

terem uma boa composição de casca e sementes;

Determinar o teor de carotenoides (licopeno, principalmente) e vitamina C, compostos

também envolvidos na atividade antioxidante de vegetais;

Verificar por cromatografia líquida a composição fenólica das frações obtidas na

extração sequencial da goiaba e do seu subproduto para se caracterizar e estudar a

importância dos compostos na saúde humana;

Analisar a composição de oligossacarídeos por cromatografia utilizando-se outros

padrões de identificação;

Utilizar cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas a fim se identificar

com maior precisão os oligossacarídeos presentes na goiaba e no seu subproduto

agroindustrial;

Realizar um planejamento experimental de otimização do processo de extração de

oligossacarídeos levando-se em consideração os mecanismos ultra-turrax e ultrassom e

a concentração solvente hidroetanólica como parâmetros variáveis, a fim de se obter o

máximo possível de oligossacarídeos nos extratos das matrizes;

Aplicar o subproduto agroindustrial de goiaba em alguma formulação de produto para

se avaliar a sua viabilidade nutricional, funcional, sensorial e econômica.

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