FACULDADE DE DESENVOLVIMENTO E INTEGRAO REGIONAL

MBA EXECUTIVO EM SEGURANA PBLICA

CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS

Trabalho acadmico apresentado pelo

discente Magalhes Galvo Loureno

disciplina de Cidadania e Direitos

Humanos, ministrada pelo Prof. Ms.

Ddimo Matos, como trabalho de

concluso de disciplina.

Joo Pessoa - 2013

I - Cidadania

O termo cidadania remete-nos em sua essncia etimolgica, a idia de

cidade, por ser esta palavra originada do latim civitas, que quer dizer cidade. De

acordo com enciclopdia digital Wikipdia, Cidadania o conjunto de direitos e

deveres ao qual um indivduo est sujeito em relao sociedade em que vive.

Neste sentido, podemos entender o termo referencial cidade no em

seu sentido geogrfico, mas sim, sociolgico, em termos de se viver em sociedade.

Logo, percebemos que a cidadania esta intrinsecamente ligada ao conceito de direitos,

sobretudo aqueles direitos que permitem ao individuo participar ativamente da

administrao do Estado, os conhecidos direitos polticos.

O conceito de cidadania remete-nos, em sua origem, Grcia clssica,

quando designava os direitos relativos ao cidado, ou seja, e entenda-se como cidado

na sociedade grega clssica, aqueles indivduos que viviam na cidade e ali

participavam ativamente dos negcios e das decises polticas.

Nossa prpria Lei Maior trs no bojo de seu artigo 1, II, o termo

cidadania com um dos fundamentos do Estado Democrtico de Direito. Este conceito

de Estado de Direito remete-nos a uma situao jurdica na qual predomina o respeito

ao direito desde a hierarquia das normas, a separao dos poderes e a garantia dos

direitos fundamentais. Logo, identificamos, tambm, a estreita relao da cidadania

com a democracia.

Com o passar dos tempos, o conceito de cidadania foi sendo

reformulado, tomando corpo mais abrangente, e passando a englobar tambm a

noo de deveres.

De acordo com Mazzuoli (2001):

Esta ideia, entretanto, vai sendo gradativamente modificada,

quando do incio do processo de internacionalizao dos direitos

humanos, iniciado com a proclamao da Declarao Universal

dos Direitos Humanos, de 1948. Passa-se a considerar como

cidados, a partir da, no somente aqueles detentores de direitos

civis e polticos, mas todos aqueles que habitam o mbito da

soberania de um Estado e deste Estado recebem uma carga de

direitos (civis e polticos, sociais, econmicos e culturais) e tambm

deveres, dos mais variados.

Podemos ir mais alm e dizermos que medida que o estado assegura

direitos ao individuo, este j poderia ser considerado cidado, haja vista que, tambm,

todo direito gera uma contrapartida sob a forma de deveres a serem cumpridos.

Percebemos que a Declarao Universal dos Direitos Humanos, de 10 de

dezembro de 1948, caracteriza-se como um marco na releitura da realidade mundial,

espalhando sua influencia por todo o mundo. Em nosso pas, esta influencia pode ser

claramente percebida pela ampliao do rol dos direitos do individuo na Carta Magna

de 1988 e pela ampliao do conceito e do entendimento acerca dos termos cidado

e cidadania.

Portanto, somente a partir da internacionalizao dos direitos

humanos, que o cidado passa a ser visto como aquele que habita um Estado, cuja

Constituio lhe assegura direitos, deveres e garantias, dando a estes indivduos o

poder para o efetivo exerccio de seus direitos. (Mazzuoli, 2001)

II - Direitos Humanos

Notoriamente, toda pessoa j ouviu falar em direitos humanos no

decorrer de sua vida. Mais notrio ainda saber que pouqussimas delas saberiam

definir o que so os direitos humanos.

Podemos partir de um pressuposto de entendimento, onde

consideramos Direitos tudo aquilo que permitido em nvel de garantia, seja ela

individual ou no. Consideremos, ainda, humanos como relativo a espcie humana,

ao homo sapiens, independente que seja homem, mulher ou criana. Este pressuposto

inicial ser fundamental para uma compreenso simplria do termo. Logo,

percebemos os direitos humanos como garantias universais inerentes a condio do

ser humano, ou seja, para se ter este direito no precisa-se de cidadania, basta apenas

que seja pessoa, que seja um ser humano. Outrossim, por serem universais, tais

direitos so garantidos, ou seja, se aplicam as pessoas e qualquer lugar do planeta,

independentemente de fatores como cor, idade, gnero, profisso, dentre outros.

De acordo com as Naes Unidas temos ao todo 30 direitos humanos

que se encontram distribudos e agrupados ao longo do documento chamado

Declarao Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada pela Organizao das

Naes Unidas (ONU) em 1948, quando o mundo ainda tentava se reerguer dos

horrores vividos durante a 2 Guerra Mundial.

No pensemos, pois, que a histria dos direitos humanos se inicia com o

fim da 2 Grande Guerra. A origem destes remonta a 539 a.c. quando Ciro O Grande,

Rei Persa, conquista a Babilnia concedendo o direito liberdade e escolha da

religio aos escravos.

Outro fator fundamental para a propagao desta ideologia foi o

surgimento do conceito de Lei Natural, introduzido pelos romanos durante a

Repblica. Todavia, com o passar dos sculos tal conceito foi-se perdendo ou caindo

em desuso, por permanecer restrito ao mbito da Europa. A maior prova disso que,

no sculo XV, com o inicio do desbravamento de novas terras e o surgimento de

colnias europeias nos mais diversos lugares do mundo, a exemplo da Amrica e da

frica, j no se ouvia mais falar em direitos humanos. Tais conceitos s voltariam a

voga a partir de eventos histricos como a Revoluo Francesa e a Revoluo

Amrica.

No incio do sculo XX, um jovem advogado chamado Mahatma Gandhi,

chamou a ateno do mundo para os direitos inerentes a condio do ser humano.

Com seus apontamentos inteligentes e convincentes ajudou a difundir mundialmente

a ideia das garantias humanas como um direito universal de qualquer ser humano.

Entretanto, sua filosofia de paz foi abalada pela realizao de duas grandes guerras,

que levaram os direitos humanos quase a desaparecerem.

Fora as atrocidades cometidas durante as guerras, a exemplo do

extermnio de 11 milhes de judeus nos campos de concentrao alemes, durante a

segunda guerra, o saldo desumano das duas guerras foi absurdo. Fala-se em 19

milhes de mortos na primeira guerra e 50 milhes na segunda.

Foi s a partir da criao das Naes Unidas em 1945, num cenrio

ainda marcado pelo choque das atrocidades, que retomou-se a discusso acerca dos

direitos humanos universais, todavia, no se chegava a um consenso. Foi sob a

superviso de Eleanor Roosevelt que, finalmente, conquistou-se a DUDH, adotava

hoje por centenas de pases.

Porm, mesmo com um documento escrito acerca de tais garantias, o

mundo ainda teve de assistir a graves violaes tais como a Guerra do Vietn, que

vitimou quase 2 milhes de vietnamitas. A prpria Ditadura Militar no Brasil, que

tambm deixou um rastro de tortura e morte que ainda hoje podemos visualizar seus

estigmas; A Ditadura Argentina, que deixou um saldo de 30 mil desaparecidos. A

Guerra do Iraque, onde 63% dos mortos foram civis ou, ainda, a Guerra do

Afeganisto com quase dois mil e quinhentos civis mortos.

Inicialmente, a DUDH no tinha fora de Lei e, portanto, era opcional a

adeso dos pases aos seus termos. Porm, com a afirmao do Direito Internacional

dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitrio como disciplinas

autnomas ao Direito Internacional Pblico, tais questes passaram a ser vistas com

outro enfoque, e os pases se viram compelidos a uma concretizao da plena eficcia

dos direitos humanos.

O uso do direito internacional passa a ter um papel fundamental no

sentido de aprimorar e fortalecer o nvel de proteo dos direitos fundamentais da

pessoa humana, j consagrados. Isso se deu a partir de normas tuteladoras dos bens

fundamentais do ser humano (vida, dignidade, segurana, sade, honra, trabalho, etc)

e a partir de elaborao de instrumentos polticos e jurdicos que se dispusessem a

assegurar a implementao de tais direitos.

III - Cidadania e direitos humanos: uma concluso

Enfim, tivemos uma trajetria milenar at que a defesa dos direitos

humanos se consolidasse e ganhasse a fora que tem hoje. Entretanto, percebemos

que entre a ideologia e a realidade prtica ainda temos um longo caminho a ser

percorrido.

A garantia inalienvel dos direitos humanos a qualquer cidado deveria

ser pressuposto de cidadania, mas, infelizmente, no isso que observamos. Foi

preciso o surgimento de outros tantos lderes, com coragem suficiente para gritar

contra um sistema de excluso perverso e legal. Como exemplo podemos citar

Marthin Luther King, nos Estados Unidos e Nelson Mandela na frica do Sul.

Outros lderes ainda precisaro surgir para que tenhamos um mundo

mais justo e igualitrio, aonde os direitos humanos sejam regra e no exceo. Para

que as Naes Unidas acordem para o seu verdadeiro papel e no continue a fechar os

olhos para certas atrocidades cometidas por grandes potencias, a exemplo da guerra

do Iraque e da Guerra do Afeganisto.

No entanto, as maiores atrocidades contra os direitos dos seres

humanos encontram-se em pleno vigor, de forma velada, quando tantas pessoas so

privadas de educao no digo nem educao de qualidade, de sade, de segurana,

de lazer, de alimentao. E essa violncia praticada pelo prprio Estado. Esse

mesmo Estado que assume obrigaes perante a comunidade internacional,

assinando e ratificando acordos, tratados, convenes e protocolos.

Fica difcil imaginarmos um Estado que assegure ao cidado direitos,

em sua plenitude, enquanto tivermos um sistema poltico corrupto e viciado, para o

qual cidadania pressupe apenas est em dia com suas obrigaes eleitorais e

possuir ttulo de eleitor para poder votar e ser votado.

Portanto, evidente que para que possamos ver os conceitos de

cidadania e direitos entrelaados de forma indissocivel na realidade prtica, ainda

teremos um longo caminho pela frente, com muitos desafios a serem vencidos e

muitos espaos a serem conquistados. Mas para tanto, o primeiro entrelaamento

deve acontecer dentro de cada um de ns, formadores de opinio.

Bibliografia

Cidadania. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadania, acesso em 06 de julho de

2013, s 23:45h.

Manzzuoli, Valrio de Oliveira. Direitos humanos, cidadania e educao. Disponvel

em http:/jus.com.br/revista/texto/2074.

Vianna, A.ndr Luiz Rabello; Jnior, Erich Meier. Direitos Humanos aplicados

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Bellinho, Lilith Abrantes. Uma evoluo histrica dos direitos humanos. Unibrasil.

2006.