74
UNIFMU FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA C.P.P.G – CENTRO DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre Barbosa de Souza SÃO PAULO 2004

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

UNIFMU FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA C.P.P.G – CENTRO DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO

Alexandre Barbosa de Souza

SÃO PAULO 2004

Page 2: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

ALEXANDRE BARBOSA DE SOUZA

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO

Monografia apresentada à Faculdade de Educação Física do UniFMU Centro Universitário, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde.

ORIENTADOR: PROF. DR. LUZIMAR TEIXEIRA CO-ORIENTADOR: PROF. MS. LUCIANO PONTES JUNIOR

Page 3: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado mais uma chance de

evoluir e elaborar esse trabalho, cujo qual espero que sirva de recurso para muitas

pessoas que dele precisarem.

Minha mãe Yule por me incentivar e apoiar sempre que eu precisei. Te amo

mãe

Professor Doutor Luzimar Teixeira e professor mestre Luciano Pontes Jr, por

me orientarem nas consultas bíbliográficas bem como me ajudarem na montagem

do trabalho. Agradeço também a todos os profissionais que me ajudaram: Cleiton

Augusto Libardi, David Alvisi, Érika Sarita, Flávia Maluf Romanelli, Maria

Cândida Camargo Rolim e Patrícia C. Nogueira, e ainda, aqueles que me apoiaram

e também a todos que não acreditaram em mim.

A todos o meu muito obrigado.

Page 4: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

DEDICATÓRIA

Em primeiro lugar dedico este trabalho a DEUS, por ter me dado mais uma

chance de evoluir como profissional.

Dedico á minha mãe, quem mais lutou e se dedicou para que eu conseguisse

chegar onde cheguei, mesmo diante de muitas dificuldades. Mãe amo a senhora!

Ao meu pai, que onde quer que esteja, está vendo que eu venci mais uma fase.

Dedico também a todos os profissionais da área e a todos aqueles estão ligados à

mesma de uma forma ou de outra.

Page 5: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

SUMÁRIO Página

AGRADECIMENTOS ..........................................................................................i DEDICATÓRIA ...................................................................................................ii LISTA DE TABELAS ........................................................................................iv RESUMO .............................................................................................................v ABSTRACT ........................................................................................................vi INTRODUÇÃO ...................................................................................................7 OBJETIVO .........................................................................................................10 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................11 DISCUSSÃO ......................................................................................................55 CONCLUSÃO ....................................................................................................68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................69

Page 6: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

LISTA DE TABELAS Página

Tabela 3. 1 Comparação entre Diabete melito 1 e 2 ............................................7

Tabela 3. 2 Valores de glicose plasmática (mg/dl) para diagnóstico de Diabete

Melito e seus estágios pré clínicos .....................................................................15

Tabela 3. 3 Ações da insulina e seus efeitos .....................................................19

Tabela 3. 4 Benefícios do exercício ..................................................................37

Tabela 3. 5 Os hormônios e seus efeitos ...........................................................39

Tabela 3. 6 Alteração percentual dos níveis de insulina ...................................41

Tabela 3. 7 Modelo de treinamento em circuito ................................................53

Tabela 3. 8 Modelo de treinamento em circuito não tradicional .......................54

Page 7: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

RESUMO

Esta revisão de literatura apresentará informações sobre as complicações

associadas à síndrome do Diabete Melito, sua etiologia, diagnóstico, parâmetros

fisiológicos, assim como a insulina, seu mecanismo de ação, seu órgão secretor e

seu efeitos. Estas informações servirão de subsídios para uma melhor compreensão

do assunto principal deste trabalho, que é a utilização da atividade física regular,

como coadjuvante no tratamento do Diabete Melito, principalmente para os

indivíduos diabéticos tipo 2. Nesse sentido, o foco deste trabalho é demonstrar a

importância das atividades físicas, seja ela aeróbia e/ou anaeróbia, em benefício de

um controle da síndrome, através da prescrição de atividades físicas

individualizadas, com o intuito de otimizar seus efeitos em função da intensidade,

duração, freqüência semanal, e ainda, será também apresentada sugestões e

propostas do como prescrever o treinamento para diabéticos, seguindo os padrões

de eficiência e segurança. O exercício físico confere ao diabético tipo 1, benefícios

fisiológicos comuns a todos os indivíduos, porém tem pouca expressão sobre a

síndrome em si, de modo que seu maior valor em termos de benefícios no controle

da síndrome está mais ligado ao diabético tipo 2.

Palavras chaves: atividade física, Diabete Melito, treinamento de força,

treinamento aeróbio, endurance, resistência insulínica.

Page 8: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

ABSTRACT

This revision of literature will present information on the complications

associated to the syndrome of the Melito Diabetes, its etiology, diagnosis,

physiological parameters, as well as the insulin, its action’s mechanism, its secretor

organ and its effects. This information will serve of subsidies for a better

understanding of the main subject of this work, which is the use of the regular

physical activity, as coadjuvante in the treatment of the Melito Diabetes, mainly

for the type 2 diabetic individuals. In this sense, the focus of this work is to

demonstrate the importance of the physical activities, either aerobic and/or

anaerobic it, in benefit of a control of the syndrome, through the prescription of

individualized physical activities, with intention to optimize its effect in function

of the intensity, duration, weekly frequency, and still, will be also presented

suggestions and proposals on how to prescribe the training for diabetic, following

the patterns of efficiency and security. The physical exercise provides to the type 1

diabetic, physiological benefit common to all the individuals, however it has little

expression on the syndrome itself, in a way that its bigger value in terms of

benefits on the control of the syndrome is more related to the type 2 diabetic.

Words keys: physical activity, Melito Diabete, strength training, aerobic training,

endurance and insulin resistance.

Page 9: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

1 - INTRODUÇÃO

A síndrome do Diabete Melito está associada a problemas de retirada de

glicose do sangue, conforme AMERICAN COLLEGE of SPORT MEDICINE

(2000) apud ARAÚJO (2000), podendo ou não apresentar resistência periférica

insulínica dos tecidos alvos com possíveis distúrbios como hiperglicemia,

glicosúria, tendência ao desenvolvimento da aterosclerose, microangiopatia,

nefropatia e neuropatia (SBD, 2000; GROSS et al., 2001; GUYTON, 1973),

levando ainda, à morte (POWERS & HOWLER, 2000).

Já em 1930, segundo DÂMASO (2001), o Diabete Melito passou a ser

considerado uma síndrome causada por vários fatores que interagem entre si e

por ser constatado a ausência de sensibilidade à insulina em pacientes de idade

mais avançada.

De acordo com CAMPOS (2000), devido a esta disfunção, ocorre um

elevado nível de açúcar no sangue, bem como sua eliminação pela urina. Tal

excesso de açúcar não é utilizado como fonte de energia no diabético, resultando

em acúmulo e conseqüentemente em altas taxas de açúcar sangüíneo (VALLE;

1979).

WYNGAARDEN & SMITH (1986), definem que o Diabete Melito é uma

síndrome que abrange uma constelação de anormalidades anatômicas e

bioquímicas, as quais apresentam um distúrbio na manutenção do equilíbrio da

glicemia normal, graças a uma disfunção das células beta do pâncreas

endócrino. Para SCHAUF et al, (1993) tal síndrome é uma fome celular em

meio a abundância.

De acordo com a ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000), existem dois tipos

principais desta síndrome, sendo um o Diabete Melito tipo 1, que resulta de uma

deficiência pancreática de produção de insulina ou relacionada com

Page 10: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

anormalidades metabólicas. O outro tipo da síndrome é o 2, que está associada à

sensibilidade celular diminuída de insulina. Conforme as informações de

ALBRIGHT, et al., (2003), embora os fatores genéticos que causam o Diabete

Melito tipo 2 não estejam bem esclarecidos, em alguns casos, podem também,

apresentar uma deficiência pancreática na produção/liberação de insulina

incidindo a maior faixa de ocorrência em questões de idade avançada, histórico

familiar, baixo nível econômico e obesidade (principalmente a distribuição de

gordura intra abdominal).

A síndrome do Diabete Melito atinge aproximadamente 7,6% da

população adulta entre 30 a 69 anos (GROSS et al., 2001; VIVOLO et al.,

1996), sendo a maior parcela portadora de Diabete Melito tipo 2 (VIVOLO et

al., 1996) e ainda abrange cerca de 0,3% das gestantes, entretanto, cerca de 50%

dos portadores de Diabete Melito desconhecem que apresentam tal síndrome

(GROSS et al., 2001).

Além dos problemas metabólicos relativos à manutenção da glicemia, o

indivíduo diabético pode também apresentar várias outras complicações

associadas (CAMPOS, 2000; VALLE, 1979; WYNGAARDEM & SMITH,

1986; McARDLE et al., 1996). Entre estas complicações, que serão citadas no

decorrer deste trabalho, de acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA de

DIABETES (2000), a hipertensão arterial está presente em aproximadamente

50% dos diabéticos tipo 2, e nos diabéticos tipo 1 se manifesta tardiamente

juntamente com o surgimento da microalbuminúria progredindo para

macroproteinúria e redução da função renal. ALBRIHGT (2003) relata que a

hipertensão arterial está presente em cerca de 60% dos indivíduos diabéticos

tipo 2 e suas complicações estão fortemente ligadas as de origem microvascular

e macrovascular, além da incidência do risco cardiovascular ser 50% maior no

homem diabético e 150% maior na mulher diabética. Além disso, os diabéticos

Page 11: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

tipos 2 apresentam uma influência da síndrome sobre a saúde psicológica e

quando instalada por um longo tempo requer ajustes psicossociais mais

pronunciados, sendo a depressão um dos fatores de forte expressão nos

portadores do diabete (ALBRIGHT et al, 2003).

É de fundamental importância para o indivíduo diabético a adesão a

programas de atividades físicas regularmente (CAMPOS, 2000; COLBERG,

2003; McARDLE et al., 1996;), principalmente o diabético tipo 2, pois são os

que mais se beneficiam (McARDLE et al, 1996; VIVOLO et al., 1996). Para

CAMPOS (2000), se o exercício tem ou não alguma influência na manutenção

dos níveis plasmáticos de glicose isso merece mais estudos, porém a atividade

física é de fundamental importância na redução dos riscos de doenças

coronarianas através da redução de hiperinsulinemia ou na redução da gordura

corporal. COLBERG (2003), afirma que os efeitos benéficos do exercício físico

regular podem retardar os processos de envelhecimento e reduzir os riscos

associados ao Diabete Melito a longo prazo. Programas de exercícios físicos

bem elaborados, incluindo treinamento de endurance e exercícios resistidos, têm

sido muito utilizados como terapia para indivíduos portadores de Diabete Melito

tipo 2 (ALBRIGHT et al, 2003).

N.A. SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes.

ACSM - American College Science Medicine

Page 12: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

2- OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apontar, através de uma revisão literária, os

distúrbios associados à síndrome do Diabete Melito, a importância da atividade

física regular como coadjuvante no tratamento e prevenção desta disfunção

metabólica e também apresentar uma proposta de planejamento do treinamento

para diabéticos.

Page 13: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

3 - REVISÃO DE LITERATURA

A manifestação do Diabete Melito é causada geralmente por um processo

auto imune, no qual são destruídas as células beta do pâncreas, que é a glândula

produtora e secretora de insulina (ALBRIGHT, 2003; COLBERG, 2003).

Ocorre normalmente em indivíduos mais jovens e está associada à deficiência

absoluta da secreção de insulina (McARDLE et al., 1996; POWERS &

HOWLERS, 2000). O Diabete Melito pode ser causado por lesão das células

beta do pâncreas induzida por vírus, fatores genéticos e imunológicos

(DÂMASO, 2001).

O Diabete Melito tipo 1 tem sua origem primária na destruição das células

beta do pâncreas, onde tal destruição, além de ter origem em casos de doença

auto imune, apresenta também causas desconhecidas, onde em ambos os casos,

com tendências à cetoacidose (SBD, 2000).

De acordo com WILMORE & COSTILL (1999) a destruição das células

beta pode estar relacionada também com a maior susceptibilidade a viroses e

degeneração das células do pâncreas, sendo manifestada geralmente na infância

ou na adolescência. Para VALLE (1979) a gravidade do Diabete Melito está

associada ao número de células beta destruídas no pâncreas.

Quando ocorre a destruição de células beta, há a suspensão total ou parcial

de secreção de insulina (COSTILL, 1999; GUYTON, 1973), conseqüentemente,

o diabético passa a utilizar gordura como fonte de energia, ocasionando um

quadro de cetoacidose diabética (GUYTON, 1973), que, segundo GROSS et al

(2001) é a expressão máxima da deficiência de insulina. Raramente é encontrada

a deposição de amilóides nas Ilhotas de Langerhans nesse tipo de síndrome

(BELL et al., 1996) apud KOESLAG et al (2003). POWERS & HOWLER

(2000) alertam que os sinais que merecem atenção para a detecção da existência

Page 14: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

do Diabete Melito tipo 1 são a micção freqüente, sede exagerada, fome

exagerada, perda rápida de peso, fraqueza, fadiga e irritabilidade.

Com relação ao Diabete Melito tipo 2, a síndrome é caracterizada por uma

resistência insulínica por parte dos tecidos alvos do hormônio pancreático

insulina, o que causa uma redução na eficiência da insulina em retirar glicose do

sangue (ACSM, 2003; CAMPOS, 2000; McARDLE et al., 1996; NEDEAU &

PERONNET et al., 1985), sendo esse quadro resultado de uma desordem

metabólica (DÂMASO, 2001), podendo também apresentar uma certa

deficiência na produção/liberação de insulina por parte do pâncreas (AIRES et

al., 1999: GROSS et al., 2001; SBD, 2000).

Conforme colocado por BOOTH et al., (2002), 91% dos casos de Diabete

Melito tipo 2 são causados por uma combinação de fatores ambientais, tais

como, índice de massa corporal maior que 25, dietas baixas em fibras e cereais,

alto consumo de gordura polissaturada, fumo e vida sedentária, como por

exemplo a execução de menos de trinta minutos diários de atividades físicas.

A obesidade tem uma grande contribuição para o desenvolvimento do

Diabete Melito tipo 2 (BOOTH et al., 2002), causando uma redução da resposta

aos aumentos de glicose sangüínea pelas células beta, conseqüentemente, as

células do corpo que são alvos da insulina, inclusive as células do tecido

muscular, passam a ter também menor resposta à ação da insulina, devido à

redução do número ou da eficiência dos receptores de tal hormônio (WILMORE

& COSTILL, 1999; NEDEAU & PERONNET et al., 1985).

Outro resultado da obesidade é a elevação acentuada da secreção de

insulina causando a hiperinsulinemia, a qual acompanha o aumento de peso em

função da própria obesidade e estilo de vida sedentário, constituindo um fator de

risco para o surgimento do Diabete Melito tipo 2, bem como para doença

cardiovascular. Também podem ocorrer anormalidades mais sutis na secreção de

Page 15: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

insulina no início do desenvolvimento deste tipo de Diabete Melito, como a

menor freqüência de pulsos de insulina e sua resposta retardada ao aumento dos

níveis plasmático de glicose acompanhado de alterações no ciclo e evolução

deste quadro, até que ocorra o total não reconhecimento de glicose como

estímulo para liberação de insulina pelo pâncreas (BERNE & LEVY et al.,

1998).

A destruição auto imune de células pancreáticas beta não se faz presente

nesse tipo de síndrome, surgindo normalmente por volta de quarenta anos de

idade, atingindo seu pico de incidência por volta de sessenta anos (GROSS et

al., 2001). Evidências apontam que o desenvolvimento deste tipo de Diabete

Melito está associado com a inatividade física e o baixo nível de

condicionamento, independentemente da obesidade (POWERS & HOWLER,

2000).

De acordo com WESTERMARK & WILANDER (1978), COOPER et al

(1978), KHAN (2000) e HAYDEN (2002) apud KOESLAG et al (2003), em

cerca de 90% dos casos de Diabete Melito tipo 2 o mais substancial e uniforme

aspecto morfológico da doença é a deposição exclusiva de corpos amilóides nas

Ilhotas de Langerhans, sendo que, a severidade desse tipo da síndrome, está

relacionada com a quantidade de amilóides depositadas nas Ilhotas o que causa a

destruição de células beta do pâncreas (KAHN, 2000) apud KOESLAG et al.

(2003). O surgimento da deposição dos amilóides em diabéticos tipo 1 é

extremamente raro (BELL et al., 1996) apud KOESLAG et al (2003).

Algumas comparações entre os dois principais tipos de Diabete Melito são

citadas na tabela 1 de acordo com WYNGAARDEN & SMITH (1986):

Tabela 3. 1: Comparação entre Diabete Melito 1 e 2

Page 16: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

TIPO 1 TIPO 2

Sinonímia Início juvenil, tendência a

cetose e instável

Início na maturidade,

resistência a cetose e

estável

Dependência da insulina Eventualmente 100% Não freqüente

Necessidade insulínica Sempre, exceto nas fases

iniciais

Cerca de 20 a 50% dos

casos

Idade de início Pico aos doze anos Pico na quinta ou sexta

década de vida

Hereditariedade Cromossoma 6?

dominante

Dominante para o

multigênico

Gêmeos monozigóticos Concordante entre ¼ à

metade

Sempre concordante

Causa viral, auto imune Provável Não implicada

Obesidade Não freqüente Muito freqüente

Wingaarden & Smith, (1986).

O Diabete Melito inclui uma série de doenças metabólicas oriundas da

hiperglicemia, como resultado da deficiência tanto da secreção como da ação da

insulina. A hiperglicemia é manifestada por poliúria (urinar excessivamente),

polidipsia (ingestão excessiva de água), perda de peso (devido ao metabolismo

elevado de gordura, mais freqüente em diabéticos tipo 1), visão turva (devido ao

excesso de glicose circulante nos capilares dos olhos), polifagia (a não absorção

de glicose nas células originando sensação de fome e não saciedade) e ainda

pode ocorrer complicações agudas induzindo à morte. São exemplos a

cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica

(GROSS et al., 2001).

Page 17: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

O conseqüente aumento do uso das proteínas como fonte de energia em

ocasiões especiais, a presença de hormônios que contribuem para hiperglicemia,

a prática inadequada de exercícios, estresse, ingestão inadequada de

medicamentos, entre outros, podem contribuir para o agravamento de todas

essas manifestações de origem hiperglicêmica (CANCELLIÉRE, 1999).

O indivíduo diabético descontrolado pode ainda apresentar um quadro de

desidratação tanto intracelular como extracelular, devido ao efeito osmótico

aumentado da hiperglicemia sangüínea, retirando os líquidos do meio

intracelular, como também pela diurese excessiva, na tentativa de eliminar os

altos níveis de glicose (CANCELLIÉRE, 1999; GUYTON, 1973).

Os principais problemas associados à síndrome são de origem

microvascular e macrovascular, os quais incluem uma série de complicações em

diferentes órgãos do corpo. Dentre elas estão a doença vascular, ateriosclerose

cerebral e cardiovascular, hipertensão, neuropatia autonômica e periférica,

nefropatia e retinopatia (GROSS et al, 2001; ALBRIGHT et al, 2003).

As doenças cardiovasculares (aterosclerose, arteriosclerose e

enfermidades coronárias graves) apresentam uma maior incidência em

indivíduos diabéticos, sendo que tais doenças têm seu caráter dentro do alto

nível de metabolismo de lipídeos (GUYTON, 1973) e ainda um baixo nível de

condicionamento aeróbio está ligado aos riscos de desenvolver uma doença

cardiovascular (ZINMAN et al., 2003). O diabético tipo 2 apresenta um

VO2max reduzido quando comparado com um indivíduo não diabético

(ALBRIGHT et al, 2003).

Como forma geral as doenças vasculares são denominadas de doença

vascular periférica onde durante o exercício físico, pode ser notada uma dor

isquêmica por incompatibilidade de suprimento de oxigênio muscular ativo e

demanda, sendo que essa dor ocorre geralmente na panturrilha, mas também

Page 18: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

pode começar no glúteo e irradiar-se para os membros inferiores. As

manifestações isquêmicas podem ainda ser detectadas por sensações de

queimação, cãibras, insensibilidade, aflição e tensão e os sintomas geralmente

somem com a cessação do exercício ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000).

Além disso, o excesso de morbidez, bem como a mortalidade no diabético tipo 2

está fortemente associados a tais doenças (McARDLE et al., 1996).

A neuropatia periférica é uma doença que afeta os nervos responsáveis

pela sensibilidade e que controlam o funcionamento muscular (CAMPOS,

2000). Está associada a úlceras e lesões nos pés do indivíduo diabético sendo

sua avaliação possível de ser feita por toques com filamentos finos na sola dos

pés do indivíduo, sensibilidade vibratória, reflexos dos tendões e posição dos

membros inferiores (ZINMAN et al., 2003).

A neuropatia autonômica atinge os nervos que controlam as funções dos

órgãos internos importantes como o coração (CAMPOS, 2000) podendo

aumentar o risco de problemas cardiovasculares durante a atividade física,

apresentar taquicardia de repouso (mais de 100 batimentos por minuto), queda

da pressão arterial sistólica em mais de 20 mmHg, ou ainda outros distúrbios do

sistema nervoso autônomo, envolvendo a pele, pupilas, sistema gastrointestinal

ou sistema geniturinário (ZINMAN et al., 2003).

De acordo com WYNGAARDEN & SMITH (1986), na retinopatia a

concentração excessiva de glicose nos cristalinos dos olhos e nos rumores

ópticos resultam na turvação da visão e dificuldades de acomodação e miopia,

podendo também ocorrer a opacificação do cristalino formando a catarata, bem

como a presença da lipemia retinalis, onde as artérias e veias do globo ocular

apresentam uma cor avermelhada ao invés de sua coloração normal que é

vermelho escuro.

Page 19: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

As lesões de retina nos diabéticos consistem de uma retinopatia de fundo,

que apresenta microaneurismas e exsudatos devido a distúrbios na parede capilar

levando à formação de bolsas, micro aneurismas e aumento de extravasamento

de proteínas (WYNGAARDEN & SMITH, 1986).

Segundo SCHAUF et al, (1993), os elevados níveis de glicose sangüínea

saturam os mecanismos renais de transporte da glicose causando seu

extravasamento pela urina. Para WYNGAARDEN & SMITH (1986), os rins

ficam sujeitos a infecções, sendo, o principal problema para o diabético, a

microangiopatia, onde a presença da proteinúria relatada em cerca de dois terços

dos pacientes, com média de vinte anos da instalação da doença progride para o

comprometimento dos rins e manifestação da uremia em cerca de cinco anos,

com 40% de diabéticos tipo 1 levados à morte por insuficiência renal.

Com menor freqüência podem surgir também em indivíduos diabéticos,

manifestações dermatológicas, resultantes das complicações micro e

macrovasculares, das predisposições a infecções e aos distúrbios lipídicos

secundários do sangue (SCHAUF et al, 1993).

A incidência de Diabete Melito, principalmente tipo 2, é bem relevante na

população portadora de lesões da coluna vertebral, bem como doenças

cardiovasculares, sendo ambas associadas à obesidade e estando diretamente

correlacionadas ao grau de inatividade física, nível de lesão da coluna vertebral e

ao período decorrido após a ocorrência da lesão. Portanto, desta forma, em

relação a pessoas não portadoras de lesão de coluna vertebral, a incidência de

Diabete Melito tipo 2 é bem maior em portadores de LCV (KOCINA,

JOHNSON e ALBUQUERQUE, 2002).

Em um estudo realizado por Imai e Col. apud KOCINA, JOHNSON e

ALBUQUERQUE (2002), foi observado a presença de Diabete tipo 2 em 22%

de todos os paraplégicos analisados, sendo que a incidência da síndrome era de

Page 20: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

11% nas pessoas da população em geral observadas, portanto indivíduos com

LCV apresentam uma alta concentração de glicose plasmática e maior

resistência à insulina.

Outro estudo realizado por Duckworth e Col. apud KOCINA, JOHNSON e

ALBUQUERQUE (2002), detectou uma estreita relação entre o nível de

resistência à insulina e o nível e duração da LCV. Neste estudo foram

observados 52% portadores de LCV e em 23% foram detectados níveis de

glicose plasmática acima de 130mg/100ml de sangue em jejum, 30%

apresentaram hiperglicemia (acima dos 200mg/100ml) após receberem glicose

via oral e mais de 40% apresentaram elevados níveis de insulina durante o teste

de tolerância glicose por via oral. Esses indivíduos resistentes à insulina eram

mais obesos e estavam com LCV há mais tempo que os não resistentes ao

hormônio.

Segundo HURLEY & ROTH (2000), a obesidade pode ser um fator que

aumente a resistência à insulina sendo assim, de acordo com KOCINA,

JOHNSON e ALBUQUERQUE (2002), a inatividade física pode explicar tal

estudo, pois a maioria dos receptores de insulina está localizada no sarcolema,

além das membranas adipócitas e a reduzida massa muscular pode diminuir o

número de receptores insulínicos.

Outro fator que pode induzir pessoas com LCV à síndrome do Diabete são as

lesões acima de T4, o que afetam significativamente o sistema nervoso

simpático, prejudicando a estimulação/liberação de adrenalina em

quadriplégicos, uma vez que a adrenalina promove glicogenólise e aumenta a

absorção de insulina no músculo esquelético. Tais conseqüências podem reduzir

a atividade dos receptores de insulina dos músculos esqueléticos atrofiados

(KOCINA, JOHNSON e ALBUQUERQUE, 2002).

Page 21: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

De acordo com o ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000), de forma geral as

doenças vasculares são denominadas de doença vascular periférica onde durante

o exercício físico, pode ser notada uma dor isquêmica por incompatibilidade de

suprimento de oxigênio muscular ativo e demanda, sendo que essa dor ocorre

geralmente na panturrilha, mas também pode começar no glúteo e irradiar-se

para os membros inferiores. As manifestações isquêmicas podem ainda ser

detectadas por sensações de queimação, cãibras, insensibilidade, aflição e tensão

e os sintomas geralmente somem com a cessação do exercício. Além disso, o

excesso de morbidez, bem como a mortalidade no diabético tipo 2 estão

fortemente associados a tais doenças (McARDLE et al., 1996).

A neuropatia periférica é uma doença que afeta os nervos responsáveis

pela sensibilidade e que controlam o funcionamento muscular (CAMPOS,

2000). Está associada a úlceras e lesões nos pés do indivíduo diabético sendo

sua avaliação possível de ser feita por toques com filamentos finos na sola dos

pés, sensibilidade vibratória, reflexos dos tendões e posição dos membros

inferiores (ZINMAN et al., 2003).

A neuropatia autonômica atinge os nervos que controlam as funções dos

órgãos internos importantes como o coração (CAMPOS, 2000), podendo

aumentar o risco de problemas cardiovasculares durante a atividade física,

apresentar taquicardia de repouso (mais de 100 batimentos por minuto), queda

da pressão arterial sistólica em mais de 20 mmHg, ou ainda outros distúrbios do

sistema nervoso autônomo, envolvendo a pele, pupilas, sistema gastrointestinal

ou sistema geniturinário (ZINMAN et al., 2003).

De acordo com WYNGAARDEN & SMITH (1986), na retinopatia a

concentração excessiva de glicose nos cristalinos dos olhos e nos rumores

ópticos resultam na turvação da visão e dificuldades de acomodação e miopia,

podendo também ocorrer a opacificação do cristalino formando a catarata, bem

Page 22: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

como a presença da lipemia retinalis, onde as artérias e veias do globo ocular

apresentam uma cor avermelhada ao invés de sua coloração normal que é

vermelho escuro.

As lesões de retina nos diabéticos consistem de uma retinopatia de fundo,

que apresenta microaneurismas e exsudatos devido a distúrbios na parede capilar

levando à formação de bolsas, micro aneurismas e aumento de extravasamento

de proteínas (WYNGAARDEN & SMITH, 1986).

Segundo SCHAUF et al, (1993), os elevados níveis de glicose sangüínea

saturam os mecanismos renais de transporte da glicose causando seu

extravasamento pela urina. Para WYNGAARDEN & SMITH (1986), os rins

ficam sujeitos a infecções, sendo, o principal problema para o diabético, a

microangiopatia, onde a presença da proteinúria relatada em cerca de dois terços

dos pacientes, com média de vinte anos da instalação da doença progride para o

comprometimento dos rins e manifestação da uremia em cerca de cinco anos,

com 40% de diabéticos tipo 1 levados à morte por insuficiência renal.

Com menor freqüência podem surgir também em indivíduos diabéticos

manifestações dermatológicas, resultantes das complicações micro e

macrovasculares, das predisposições a infecções e aos distúrbios lipídicos

secundários do sangue (SCHAUF et al, 1993).

O diagnóstico do Diabete Melito tem como base as alterações de glicose

plasmáticas de jejum ou após sobrecarga oral de glicose, sendo o jejum de 8

horas e a sobrecarga oral de glicose contendo 75 gramas de glicose e ainda para

indivíduos adultos fora de gravidez, o teste deve ser repetido em um dia

subseqüente para real confirmação dos resultados, sendo esse procedimento

desnecessário para indivíduos com sintomas típicos de descompensação ou com

glicemia plasmática igual ou acima de 200mg/dl, para crianças que não

apresentam quadros típicos de descompensação metabólica utiliza-se 1,75

Page 23: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

gramas de glicose por quilograma corporal, porém nunca ultrapassar as 75

gramas de glicose recomendada (GROSS et al., 2001).

Outras formas de detecção da presença da síndrome como, por exemplo, a

determinação da glicose urinária, investigação de corpos cetônicos na urina

hemoglobina glicolisada, secreção de insulina, bem como a detecção de glicose

no sangue e o teste de tolerância à glicose são propostas por SKINNER (1999).

A ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE DIABETES (1997) apud GROSS et al

(2001), propôs que os critérios diagnósticos da síndrome fossem fundamentados

na glicose plasmática de jejum, devido à dificuldade de aplicação do teste de

tolerância à glicose (TTG), em função do fato da possível ocorrência de náuseas

e necessidade de preparação prévia, porém sempre que for possível a utilização

deste procedimento, deverá então ser realizado, pois apresenta uma maior

exatidão quanto sua função em relação à glicose plasmática de jejum. Essa por

sua vez, apresenta como principal ponto negativo, o fato de que seu ponto de

corte não está baseado no surgimento de complicações macrovasculares e sim de

surgimento de complicações microvasculares (a partir de 126mg/dl, como a

retinopatia), sendo que o principal fator de morte de indivíduos diabéticos são as

doenças cardiovasculares (58% dos óbitos em diabéticos). Estudos de meta

regressão demonstram que concentrações de glicose plasmática de jejum em

torno de 75mg/dl, já representam risco de desenvolver doenças cardiovasculares,

sendo 30% dos indivíduos que são submetidos ao teste de tolerância à glicose

(TTG), apresentam neste tipo de teste, uma glicemia de 100mg/dl. Em função

destes dados em relação à taxa de glicose do teste, associada às possíveis

complicações de ordem macrovascular no diabético, o EXPERT COMITTEE on

the DIAGNOSIS and CLASSIFICATION of DIABETES MELLITUS (2003),

conclui que o novo critério para detecção da síndrome situa-se em glicose

plasmática de jejum maior ou igual a 100mg/dl.

Page 24: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

A SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (2000), também

preconiza que são dois os testes de tolerância à glicose para diagnosticar a

presença de Diabete Melito, sendo eles a medida da glicose no soro ou plasma

após jejum de 8 a 12 horas e o teste de tolerância à glicose (TTG), após a

administração via oral de 75 gramas de glicose anidra com medidas de glicose

plasmáticas dentro de 0 a 120 minutos após a ingestão da solução. A

hemoglobina glicada não apresenta eficiência para diagnosticar o Diabete Melito

e não deve ser utilizada como instrumento para tal fato (GROSS et al., 2001;

SBD 2000) e o uso de tiras reagentes de glicemia também não são considerados

adequados para diagnosticar o Diabete Melito (SBD 2000).

A seguir será demonstrada uma tabela com os valores de glicemia de

acordo com as orientações da SBD (2000) e dos estudos de GROSS et al (2001):

Tabela 3. 2: Valores da glicose plasmática (mg/dl) para diagnóstico de Diabete

Melito e seus estágios pré clínicos.

Categorias Jejum 2 horas após 75

gramas de glicose

Casual

Glicemia de

jejum alterada

Acima de 110 e

abaixo de 126

Abaixo de 140

(se realizada)

Tolerância à

glicose diminuída

Abaixo de 126 e Acima ou igual a

140 e abaixo de

200

Diabete Melito Acima ou igual a

126 ou

Acima de 200 ou Acima ou igual a

200 (com sintomas

clássicos)

Adaptado de SBD (2000)

Page 25: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

A insulina é o principal hormônio controlador do metabolismo energético

(AIRES et al., 1999). Ela realiza o transporte de glicose para o interior das

células alvo e controla o metabolismo intermediário da mesma, além do que,

promove a produção de glicogênio, lipídeos e proteínas estimulando a

incorporação dos aminoácidos nestas últimas (DÂMASO, 2001), promovendo o

reparo das estruturas compostas por proteínas e lipídeos (SCHAUF et al, 1993).

Conforme VANDER et al (1981), é um hormônio protéico secretado pelas

ilhotas de Langerhans situadas no pâncreas.

Este hormônio é armazenado nos grânulos das células beta na forma de

hexâmero cristalino com 2 átomos de zinco em cada hexâmero, e no plasma a

insulina é transportada na forma de monômero (BULLOCK et al., 1995).

O cálcio extracelular promove a secreção de insulina quando esse se liga a

uma proteína no interior da célula beta, que é uma proteína de ligação de cálcio

denominada de calmodulina. A insulina apresenta ainda uma meia vida de cerca

de 5 minutos (BULLOCK et al., 1995).

Exerce importante função sobre o direcionamento do fluxo metabólico de

carboidratos, proteínas e gorduras nos tecidos hepáticos, muscular e adiposo

(AIRES et al., 1999), atua nos receptores IGF, o que pode contribuir de forma

adicional ao anabolismo do organismo de uma maneira geral (BACURAU et al.,

2001). Tem como principal função o metabolismo de glicose em todos os

tecidos do corpo, com exceção do cérebro e áreas encefálicas, acarretando uma

redução da glicose sangüínea (McARDLE et al., 1996; VANDER et al., 1981).

A insulina é secretada pelo pâncreas, mais especificamente pelas células

beta das Ilhotas de Langerhans situadas no pâncreas endócrino, as quais são

também sensíveis à concentração de glicose sangüínea (KOESLAG et al., 2003;

McARDLE et al., 1996).

Page 26: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Sua secreção é controlada por fatores metabólicos, neurais e hormonais,

sendo a glicose o principal regulador metabólico da secreção de insulina

desencadeando sua liberação em torno de 30 a 50 segundos (AIRES et al.,

1999), atingindo seu pico em cerca de 5 a 10 minutos. Primeiro ocorre a fase da

liberação com posterior queda de secreção para depois aumentar novamente, de

maneira mais lenta e prolongada, atingindo o pico em torno de 15 a 30 minutos

persistindo enquanto forem mantidos altos os níveis de glicose (AIRES et al.,

1999; WYNGAARDEN & SMITH, 1986).

A glicose por sua vez, estimula tanto a liberação de insulina como sua

síntese, sendo que a concentração de glicose necessária para estimular a síntese

pode ser apenas a metade da concentração necessária para estimular a liberação

(AIRES et al., 1999).

De acordo com WEST et al., (1985) o sistema endócrino é influenciado

pelos fatores alimentícios e também pelos intermediários metabólicos, como por

exemplo, a ingestão de glicose, a qual estimula a liberação de insulina e suprime

a de glucagon, porém a liberação de insulina também está relacionada ao

metabolismo de gordura e proteínas.

A secreção de insulina é diretamente controlada e proporcional à

concentração de glicose sangüínea que passa pelo pâncreas, sendo esta

concentração detectada pelos GLUT 2, contidos nas células beta e informando

ao pâncreas a quantidade adequada de insulina a ser produzida e/ou liberada

(KOESLAG et al., 2003; McARDLE et al., 1996).

Normalmente a secreção de insulina obedece a uma concentração de

glicose sangüínea a partir de 80mmg/ml ou 4,5 mmol/l (BULLOCK et al.,

1995).

Para um melhor entendimento de sua secreção BERNE & LEVY et al.,

(1998) fazem a seguinte descrição:

Page 27: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

1) O GLUT 2, situado nos canalículos entre as células beta, promove a

entrada de glicose para o interior destas aumentando sua concentração;

2) A resposta da célula beta em relação ao aumento da concentração de

glicose em seu interior parece ser controlada por uma enzima

denominada de glicocinase, que promove a primeira etapa responsável

pela limitação da velocidade na utilização da glicose pelas ilhotas de

Langerhans (fosforilação da glicose). Um sinal para liberação de

insulina é gerado pela glicose 6 fosfato e o ritmo de secreção da

insulina é paralelo à oxidação da glicose;

3) Simultaneamente à oxidação de glicose, ocorrem aumentos nas

concentrações de ATP, ATP/ADP, NADH, NADPH e íons de

hidrogênio;

4) É aberto um canal de potássio, sensível ao ATP, se ele fecha, o fluxo

de potássio proveniente da célula beta é suprimido causando a

despolarização da célula. Isso permite o aumento da concentração de

íons de cálcio no interior da célula beta promovendo rapidamente a

ativação do mecanismo dos grânulos secretores ao longo dos

microtúbulos e uma proteína G monomérica (GTPase) se fixa aos

grânulos fazendo-o aderir na membrana da célula e segue-se a

liberação da insulina.

Estes processos descritos acima levam cerca de um minuto, após a

exposição à glicose, para acontecerem.

O transporte da insulina através da parede capilar constitui a primeira

parte da ação deste hormônio (BERNE & LEVY et al., 1998). É conhecido

também como hormônio da abundância, pois quando a disponibilidade de

nutrientes é excessiva à demanda do corpo, tal excesso é armazenado na forma

Page 28: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

de glicogênio no fígado, gordura no tecido adiposo e proteína no músculo

(CONSTANZO, 1999).

Quando a insulina atinge sua célula alvo ela combina-se com seu receptor

específico situado na membrana plasmática (receptor glicoprotéico) (BERNE &

LEVY et al., 1998), após ter sido efetuada a ligação da insulina com seu

receptor específico, é então desencadeado o efeito metabólico do hormônio

(STADIE et al., 1953; ROTH et al., 1975; KAHN et al., 1981) apud WEST et al,

(1985). As principais ações da insulina e seus efeitos sobre os níveis sangüíneos

são citados na tabela 3.3 por CONSTANZO (1999).

Tabela 3. 3: Ações da insulina e seus efeitos

Ação da Insulina Efeitos Sobre os Níveis Sangüíneos

Aumenta a captação de glicose Reduz a glicose sangüínea

Aumenta a formação de glicogênio

Reduz a glicogenólise

Reduz a gliconeogênese

Aumenta a síntese protéica Diminui a concentração de aminoácidos

no sangue

Aumenta deposição de gorduras Reduz a concentração de ácidos graxos

no sangue

Reduz a lipólise Reduz a concentração de cetoácidos no

sangue

Aumenta a captação de potássio nas

células

Reduz a concentração de potássio no

sangue

Adaptado de CONSTANZO, (1999).

Page 29: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

A diminuição da glicose sangüínea pode ser explicada da seguinte

maneira: a insulina estimula a captação de glicose pelos tecidos como os

músculos e tecido adiposo, bem como inibe a liberação de glicose pelo fígado

(CONSTANZO, 1999; WEST et al., 1985), promove a formação de glicogênio

muscular e hepático a partir de glicose (BULLOCK et al., 1995; CONSTANZO,

1999) e a insulina ativa a enzima glicogênio-sintetase que produz glicogênio e

ativa a fosfofruquinase que causa a utilização de glicose (BULLOCK et al.,

1995).

Em relação às concentrações sangüíneas de ácidos graxos e cetácidos a

insulina tem um efeito metabólico global que inibe a mobilização e oxidação das

gorduras aumentando sua deposição, sendo assim reduz-se os níveis de

circulantes de ácidos graxos e cetoácidos circulantes (CONSTANZO, 1999).

No tecido adiposo a insulina estimula a deposição de ácidos graxos e inibe

a lipólise, ao mesmo tempo em que isso causa a inibição da formação de

cetoácidos pelo fígado e significando a redução da degradação de gordura e

conseqüentemente redução do substrato de acetil como enzima A disponível

para formar cetoácidos (CONSTANZO, 1999; GUYTON, 1973).

A captação de aminoácidos sangüíneos também é aumentada na presença

de insulina, causando sua redução no sangue e reduzindo o catabolismo dos

tecidos que os captam (CONSTANZO, 1999; GUYTON, 1973).

Quanto a captação de potássio, a insulina apresenta uma ação protetora

contra a elevação sérica deste, sendo ele transportado para as células alvo

juntamente com a glicose e outros substratos. Além disso, a insulina parece ter

também um efeito direto sobre o centro de saciedade hipotalâmico,

independente das variações que produz na concentração sangüínea de glicose

(CONSTANZO, 1999).

Page 30: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Os tecidos em que a insulina manifesta suas ações metabólicas, são os

tecidos do músculo esquelético, músculo cardíaco, músculo liso, tecido adiposo,

leucócitos, cristalino, pituitária, fibroblastos, glândula mamária, aorta e fígado.

Os tecidos em que a insulina não manifesta suas ações metabólicas são: o

cérebro (provavelmente com exceção da área do hipotálamo), túbulos renais,

mucosa intestinal e glóbulos vermelhos (GANONG, 1973).

Como dito anteriormente por BURNE & LEVY et al, (1998), a primeira

etapa da ação da insulina é seu transporte pela parede dos capilares, porém para

CONSTANZO (1999) a ação da insulina começa quando este hormônio se liga

ao seu receptor específico na membrana celular, que é um tetrâmero formado

por duas subunidades alfa (que ficam no exterior da célula) e duas subunidades

beta (que atravessam a membrana), com uma ponte dissulfeto conectando as

subunidades alfa, cada uma destas, se comunica com uma subunidade beta

também por ponte dissulfeto.

De acordo com MARZZOCO & TORRES (1996), essa modificação

estrutural do receptor de insula promove a ligação à proteína G fazendo com que

a subunidade alfa se ligue à GTP promovendo a dissociação de suas outras

subunidades permitindo que se crie o complexo alfa-GTP-adenilato ciclase,

causando dessa maneira a formação do segundo mensageiro (CAMP). A função

desse segundo mensageiro é promover a migração de vesículas citoplasmáticas

para a membrana plasmática, tais vesículas contêm os GLUTS-4 que são

expostos ao contato com a glicose, permitindo assim o seu carregamento para o

interior das células musculares.

O pâncreas é o responsável pela secreção de insulina e é uma glândula de

formato alongado que pode ser dividida em cabeça, corpo e cauda, sendo

também uma glândula mista, ou seja, exerce uma função endócrina e outra

exócrina (ROSS & ROWRELL, 1993). Apresenta cerca de 14 centímetros,

Page 31: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

pesando aproximadamente 60 gramas, estando situada logo abaixo do estômago

(McARDLE et al, 1996).

As Ilhotas de Langerhans constituem a porção endócrina do pâncreas

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999), compondo aglomerados arredondados e

discretos de células distribuídas pelo tecido pancreático e estão situadas em seu

componente exócrino (STEVENS & LOWE, 2001; JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 1999). Segundo GANONG (1977) as Ilhotas de Langerhans estão

espalhadas por todo o pâncreas, mas em maior concentração na cauda que no

corpo e na cabeça, constituindo cerca de 1 a 2% de seu peso. No homem existem

cerca de 1 a 2 milhões de Ilhotas de Langerhans sendo cada uma delas provida

de um abundante suprimento sangüíneo, STEVENS & LOWE (2001) a porção

central das Ilhotas de Langerhans contém as células beta.

Assim como em todas as glândulas endócrinas, os produtos das Ilhotas são

transportados ao seu destino via corrente sangüínea (ROSS & ROWRELL,

1993).

As Ilhotas de Langerhans são inervadas pelo sistema nervoso autônomo

(S.N.A) em cerca de 10% de todas as células, sendo tanto a parte simpática

como a parassimpática inervadoras das ilhotas, as quais apresentam junções gap

(STEVENS & LOWER, 2001). Tais junções conectam as células alfa com as

células beta e permitem a rápida comunicação célula a célula através do fluxo de

corrente iônica ou pela transferência de moléculas (com peso molecular de até

1.000 Daltons). As inervações das células da Ilhota são feitas por neurônios

adrenérgicos, colinérgicos e peptidérgicos com as células delta apresentando

uma aparência neuronal, enviando prolongamentos semelhantes a dendritos que

se ligam às células beta, sugerindo uma comunicação neural intra Ilhota

(CONSTANZO, 1999). A estimulação parassimpática aumenta a liberação de

Page 32: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

insulina e glucagon e a simpática inibe a liberação de insulina (STEVENS &

LOWER, 2001).

Com relação à atividade física, de uma maneira geral, todos os diabéticos

que pretendem começar um programa de exercícios físicos regulares, deverão

ser submetidos a uma criteriosa avaliação médica com o intuito de detectar

complicações micro e macrovasculares. O objetivo de tal procedimento é para

que os programas de treinamento individualizados não tragam qualquer

agravamento e possam ser elaborados da melhor maneira possível (ZINMAN et

al., 2003).

O diabético tipo 2 é o que mais se beneficia com a prática regular de

exercícios físicos (CAMPOS, 2000), portanto será dada uma maior importância

aos benefícios das atividades físicas para este grupo de portadores de Diabete

Melito, bem como algumas características individuais de tal grupo. Com menor

ênfase, serão também comentadas as atividades físicas para os portadores de

Diabete Melito tipo 1, além de seus riscos e limitações particulares em um

subtítulo específico.

A atividade física é recomendada para o diabético como uma importante

parte de seu tratamento, porém pode apresentar alguns riscos para indivíduo

YOUNG (1998) apud NETTO (2000), os quais serão comentados mais adiante.

Embora exista uma grande importância das atividades físicas para o indivíduo

diabético, não existe ao certo uma dose de exercícios que otimizem os

benefícios destes. Contudo é certo que o aumento dos níveis de atividades

físicas promovam uma melhora na captação da glicose sangüínea (KELLEY &

GOODPASTER, 2000).

As atividades físicas para este grupo de indivíduos deverão seguir certas

normas como, por exemplo, ser predominantemente aeróbia, não oferecer riscos

desnecessários evitando situações onde o socorro não seja possível, deve

Page 33: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

respeitar as limitações físicas do indivíduo, evitar riscos de lesões ortopédicas

em diabéticos com neuropatia periférica ou lesões vasculares periféricas, evitar

esportes do tipo boxe e outras artes marciais quando o diabético for portador de

retinopatia, entre outras. Portanto temos então como atividades recomendadas

para diabéticos a caminhada, jogging, natação, ginástica aeróbia de baixo

impacto, hidroginástica, ciclismo, dança e muitas outras; entre as não totalmente

desaconselhadas podemos citar a maratona, alpinismo, halterofilismo, mergulho

em profundidade e competições em geral, porém necessitam de um cuidado

mais minucioso (CANCELLIÉRE, 1999).

De acordo com COLBERG (2003), o indivíduo diabético apresenta uma

baixa capacidade aeróbia quando comparado a um indivíduo não diabético. Este

quadro pode ser explicado pelo fato de que, quando criança, o diabético tenha

sido superprotegido evitando assim a prática de atividades físicas, ou ainda,

podendo ser também uma conseqüência direta da síndrome devido ao fato de

que a ineficiência ou a parcial e/ou total ausência da insulina, pudesse danificar

a síntese protéica destes indivíduos, ocasionando um mau desenvolvimento das

enzimas oxidativas dos músculos dos diabéticos.

Em homens não diabéticos e sedentários a potência aeróbia pode oscilar

entre 40 – 50 ml/kg/min e em mulheres 32 – 40 ml/kg/min (PLATONOV &

BULATOVA, 2003).

É estabelecido que a prática de atividades físicas para indivíduos

diabéticos melhora sua capacidade aeróbia devido ao aumento significativo das

enzimas oxidativas, porém, estudos relatam que estes aumentos são menores do

que em indivíduos não diabéticos (COLBERG, 2003).

A prescrição de atividades aeróbias nos programas de atividades físicas

para promoção de saúde é uma constante (CARPENTER, 2002), e segundo

LEITE (1986) apud CARPENTER (2002) esse tipo de atividade é sugerida para

Page 34: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

indivíduos de populações especiais, entre outros, os diabéticos, devido à

facilidade de monitoramento de alguns parâmetros fisiológicos, tais como a

freqüência cardíaca, volume sistólico, controle de pressão arterial e outros. Para

CANCELLIÉRE (2000) e NETTO (1999) o melhor tipo de atividade física para

indivíduos diabéticos é uma questão de preferência individual do próprio aluno,

embora haja uma certa preferência em escolher atividades de caráter aeróbio,

devido às contrações rítmicas e envolvimento de uma grande massa muscular,

com preferência em selecionar atividades de baixo impacto. COLBERG (2003)

cita que para se obter uma condição cardiovascular otimizada o programa de

atividades físicas deverá conter exercícios aeróbios.

Estudos recentes demonstraram que o treinamento de força favorece uma

melhora na utilização da glicose, porém esses benefícios estão associados a

aumentos da massa muscular e sua realização deverá ser com uma carga baseada

em endurance muscular, com o objetivo de não acarretar elevados níveis de

pressão sistólica ao diabético (NETTO, 2000). Segundo COLBER (2003),

podem ser utilizados como estímulos para impedir a perda de massa magra com

a idade e o desuso, além de promover o aumento da necessidade calórica diária,

contribuindo para a sensibilidade insulínica e redução de glicemia.

Para FRANCISCHI et al (2001), o treinamento de força, através do

aumento de massa magra, pode gerar uma grande contribuição no gasto calórico

total do indivíduo. Conforme BACURAU et al (2001), a afirmação de que o

gasto calórico é otimizado com o aumento de massa magra através do

treinamento de força, deve ser repensada, pois foi demonstrado através de

estudos científicos, que para cada um quilo de massa magra adquirido com tal

treinamento, indivíduos adultos saudáveis ganharam um aumento na TMR de

apenas 7-10 kcal/dia.

Page 35: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Foi realizado um estudo composto por 10 sujeitos diabéticos (tipo 2) e 7

homens adultos e saudáveis (grupo controle). Os portadores de Diabete Melito,

bem como os homens saudáveis, treinaram força três vezes por semana durante

6 semanas por 30 minutos, porém foi exercitado apenas um dos membros

inferiores e, como conclusão de tal experimento, foi verificado um aumento da

sensibilidade insulínica por parte da musculatura do membro treinado

(HOLTEN et al., 2004). O resultado obtido foi atribuído à melhora dos níveis

das proteínas contendo os GLUT-4, enzima glicogênio sintetase e proteína

Kinase.

A melhora do controle glicêmico do diabético não está exclusivamente

associada à potência aeróbia, pois estes indivíduos foram submetidos a um

programa de treinamento resistido de intensidade moderada e volume moderado

e como resultado do treinamento, houve uma melhora significativa do controle

de glicemia, aumento de massa muscular e nenhum efeito sobre a potência

aeróbia. Segundo o autor de tal pesquisa, este dado demonstra que o controle

glicêmico não está associado exclusivamente ao treinamento aeróbio, mas

também ao tamanho do tecido muscular devido ao aumento dos estoques de

glicogênio e aumento dos capilares musculares, demonstrando uma forte

correlação inversa entre o tamanho do tecido muscular e a concentração de

glicose plasmática (ERIKSSON et al., 1996).

Após cinco meses de treinamento de força em indivíduos saudáveis foi

detectado um aumento de 66% nas reservas intramusculares de glicogênio,

porém não é qualquer tipo de treinamento de força que promove melhoras na

produtividade das enzimas glicolíticas e sim um trabalho que apresente pelo

menos trinta segundos de execução com cargas adequadas por série. Foi também

demonstrado que os níveis de glicose sangüínea não são significativamente

alteradas durante o treinamento de força (FLECK & KRAEMER, 1999).

Page 36: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Várias pesquisas revelam que, com o objetivo atingir um bom controle

metabólico, são cinco os principais pontos para o tratamento nos portadores

dessa síndrome. São eles a dieta, exercícios físicos regulares, administração de

insulina, uso de hipoglicemiantes orais e a educação do indivíduo diabético,

sendo que atividade física regular pode dar uma grande contribuição para as

melhoras da resistência insulínica pelos tecidos alvos, os quais têm seus

transportadores de glicose (GLUT-4) acionados pela contração muscular,

semelhantemente à ação da insulina (DÂMASO, 2001).

No caso do diabético tipo 2, os fatores genéticos associados à resistência

insulínica e à tolerância reduzida de glicose podem resultar em uma baixa e

prejudicada capacidade do indivíduo diabético adaptar-se ao treinamento físico,

e ainda existem evidências de redução da capacidade funcional mesmo em

indivíduos saudáveis que apresentam riscos para desenvolver um Diabete Melito

tipo 2, mesmo antes do surgimento da intolerância à glicose (ALBRIGHT et al.,

2003).

É estabelecido que indivíduos diabéticos quando comparados com

indivíduos saudáveis de mesma idade apresentem valores baixos de VO2máx,

alterações hiperglicêmicas, redução da densidade capilar, menor extração artério

venosa, maior viscosidade do sangue, além da possibilidade de apresentar

complicações neuropáticas e vasculares, o que contribui para a redução do

VO2máx (ALBRIGHT et al., 2003).

Os diabéticos apresentam também distúrbios metabólicos à resposta ao

exercício físico, sendo que estes dependem da intensidade, duração, tipo do

exercício, condição física do indivíduo, controle metabólico, horário da refeição,

e também do horário, tipo e local da administração de insulina ou outro

medicamento (NETTO, 2000).

Page 37: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Os possíveis efeitos benéficos da atividade física para os diabéticos tipo 2

são substanciais e estudos recentes fortalecem a idéia destas nas terapias e/ou

prevenção da ocorrência da síndrome (ZINMAN et al., 2003).

Durante a execução das atividades físicas, em indivíduos diabéticos tipo 2,

não ocorre diminuição da liberação de insulina e conjuntamente ocorre aumento

periférico da utilização de glicose circulante. Isso faz com que a glicemia

sangüínea atinja valores muito baixos nesses indivíduos (GOODYEAR &

SMITH, 1994, P. 93) apud NETTO (2000).

O estilo de vida sedentário, entre outros, é um forte fator ambiental que

contribui para o desenvolvimento do Diabete Melito tipo 2, sendo que a

obesidade central e um alto nível de ácidos graxos livres podem contribuir para

o desenvolvimento de tal síndrome (ALBRIGHT, 2003). Além disso, a atividade

física tem um importante papel na redução dos riscos de doenças coronarianas

devido ao fato de reduzir a hiperinsulinemia ou a porcentagem da gordura

corporal, o que afeta, sem dúvida, a qualidade de vida do diabético (CAMPOS,

2000; McARDLE et al., 1996), atuando também no perfil psicológico, bem

como na prevenção do próprio Diabete Melito em si (McARDLE et al., 1996).

Conforme colocado por JAKICIC et al (2001), é muito importante a

atividade física para redução de peso corporal, principalmente para os

indivíduos que apresentam circunferência abdominal com medida igual ou

superior a 102 cm para homens e igual ou superior a 88 cm para mulheres. Além

disso, a obesidade tem sido fortemente associada ao surgimento de doenças

crônicas, tais como o Diabete Melito tipo 2.

A atividade física foi sugerida para diabéticos tipo 2 inicialmente por

BJORNTORP, FAHLEN & GRIBY (1972) apud NETTO (2000), quando então

foi detectado por estes pesquisadores que o exercício físico melhorava o grau de

resistência à insulina e a tolerância à glicose, com níveis de insulina plasmática

Page 38: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

reduzidos em homens não diabéticos, atletas e homens de meia idade, sendo eles

comparados a indivíduos sedentários de mesma idade e altura. RUNDA e Col.

(1979) apud NETTO (2000), demonstram que alguns meses de exercícios físicos

praticados regularmente apresentam modestas melhoras na tolerância à glicose,

sendo que não é necessário que o treinamento físico seja de período prolongado

para promover essas melhoras, apenas uma semana já é o suficiente.

De acordo com ALBRIGHT (2003) a atividade física, incluindo

exercícios de endurance e treinamento resistido, tem sido considerada uma das

mais importantes terapias no controle do Diabete Melito tipo 2, ocasionando

mudanças favoráveis no grau de resistência insulínica, sendo que estas

alterações são deterioradas após 72 horas da realização da última sessão de

exercícios. Portanto, é de fundamental importância que a atividade física para o

indivíduo diabético seja administrada regularmente para manter os benefícios

sobre o grau de resistência insulínica, de forma também a atingir um gasto

calórico com cerca de um mínimo 1000 kcal por semana, além de promover

também mudanças fisiológicas favoráveis como o aumento do VO2máx,

redução da freqüência cardíaca de repouso, volume de curso e ejeção

aumentados, melhora da extração artério venosa e redução da pressão arterial de

repouso. O treinamento resistido também ajuda o indivíduo a aumentar ou

manter seu nível de massa muscular, bem como sua força e resistência

localizada.

Em concordância com vários autores, POWERS & HOWLEY (2000),

sugerem que a atividade física para diabéticos tipo 2 apresente-se na forma de

treinamento aeróbio, com intensidade em torno de 70-85% da freqüência

cardíaca máxima com a duração de 20-60 minutos e de 5 a 7 vezes por semana,

para facilitar o aumento à sensibilidade insulínica bem como para redução de

peso corporal. Acima da intensidade citada ocorre nenhum ou poucos ganhos.

Page 39: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Os que trabalham a 50% da freqüência cardíaca máxima, em relação à

sensibilidade insulínica, recebem o mesmo efeito do que aqueles que trabalham

em torno de 70% da freqüência cardíaca máxima e o treinamento de força

também deverá ser introduzido no tratamento, porém com pouco peso

(POWERS & HOWLEY, 2000).

Em um estudo científico realizado por HOUMARD et al (2003), em

indivíduos sedentários, com sobrepeso e obesos, foram analisados três

protocolos de uma atividade física de caráter aeróbio. Tal estudo contava com

um grupo que executava atividades com baixo volume e moderada intensidade

(12 milhas com 40 – 55% de VO2Máx por semana), outro grupo que realizava

as atividades com baixo volume e alta intensidade (12 milhas com 65 – 80% de

VO2Máx por semana) e um terceiro grupo com alto volume e alta intensidade

(20 milhas com 65 – 80% de VO2Máx por semana). A conclusão de

HOUMARD et al (2003), foi de que todas as formas de execução de atividade

física foram eficientes em relação às melhoras da sensibilidade insulínica,

porém, o grupo que mostrou melhores resultados foi o que treinou em alto

volume e alta intensidade, sendo o menos eficaz, o grupo de baixo volume e

moderada intensidade.

De acordo com HURLEY & ROTH (2000), a síndrome do Diabete Melito

está associada com o envelhecimento bem como uma redução das respostas

insulínicas e de massa magra. Tendo esse parâmetro como referência os

respectivos pesquisadores levantam a hipótese de que o treinamento de força e o

conseqüente aumento de massa muscular podem contribuir para o controle da

resposta à ação da insulina bem como com o controle da glicemia, sendo

encontradas confirmações em indivíduos jovens, de meia idade e idosos.

Entretanto a resistência à insulina não é observada em atletas idosos que também

Page 40: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

sofrem a deterioração de massa magra, porém apresentam maior massa muscular

embora não participem de atividades físicas com o intuito de aumentar a mesma.

ERIKSSON et al (1996), também chegaram à conclusão de que a

síndrome do Diabete Melito tipo 2 está fortemente associada ao envelhecimento,

cujo qual é acompanhado da redução de massa muscular, portanto, segundo o

referido autor, essa idéia garante grande suporte à hipótese de que o treinamento

resistido deverá ser incluído na programação de atividades físicas para

indivíduos com Diabete Melito tipo 2.

Os efeitos de redução plasmática da insulina, proporcionado pelo

treinamento aeróbio, gera uma contradição na hipótese levantada pelos próprios

autores acima citados, pois se acredita que o treinamento aeróbio não aumente a

massa muscular e indica que a redução de massa magra com o avanço da idade,

não seja responsável pela deterioração da tolerância à glicose (HURLEY &

ROTH, 2000).

A respeito do diabético tipo 1, todos os indivíduos sem complicações e

bem controlados podem freqüentar qualquer tipo de atividade física

independentemente de ser recreativa ou competitiva, sendo importante a

monitoração da glicemia sangüínea antes e após a atividade física a fim de

proporcionar maior margem de segurança, evitando os riscos de hipoglicemia, a

qual pode ocorrer durante, após e ainda muitas horas depois de terminada a

atividade física (Mc ARDLE et al., 1996).

O diabético tipo 1 não deverá iniciar sua sessão de exercícios se a resposta

da tomada glicêmica for maior que 250 mmg/dl e se houver também a presença

de cetoacidose. Em caso de ausência de cetoacidose, mas com glicemia acima de

300mmg/dl, deve ser tomado cuidado (POWERS & HOWLEY, 2000; ZINMAN

et al, 2003).

Page 41: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Para os diabéticos tipo 1 o maior risco da atividade física é o seu efeito

hipoglicemiante, pois estes indivíduos estão em tratamento insulínico, o que já é

capaz de promover os graus desejados de redução de glicose sangüínea. A

hipoglicemia geralmente ocorre em uma sessão de exercícios de intensidade

moderada com longa duração, devido ao fato de que a produção hepática de

glicose pelo fígado não é capaz de acompanhar as demandas energéticas do

exercício (McARDLE et al., 1996), podendo também ocorrer a hiperglicemia,

cetose, isquemia miocárdica silenciosa, agravamento de lesões na retina e lesões

nas extremidades inferiores (FOSS & KETEYAN, 1998).

Na tentativa de impedir a hipoglicemia tardia pós-exercício,

HERNANDEZ et al, (2000), avaliaram a eficiência da água, leite integral, leite

desnatado, uma bebida contendo carboidratos e eletrólitos e uma outra bebida

contendo carboidratos, gorduras e proteínas, durante 1 hora de atividade física

em cicloergômetro a 60% do VO2 Máx, não sendo permitido ajustes nas

dosagens insulínicas.

O resultado encontrado por HERNANDEZ et al, (2000), foi tal que, com

água todos os sujeitos tornaram-se hipoglicêmicos, porém a maioria das bebidas

ocasionou uma hiperglicemia moderada (200-280mg/dl). Não foi o caso do leite

integral que não permitiu um quadro de hipoglicemia durante o exercício, e

ainda, no pós-exercício, a glicemia estava em torno de 80-120mg/dl.

É necessário então fazer ajustes nas dosagens insulínicas com o objetivo

de evitar a hipoglicemia em diabéticos tipo 1 submetidos ao treinamento físico

regular (CAMPOS, 2000., McARDLE et al., 1996; ZINMAN et al., 2003).

Além disso, POWERS & HOWLEY (2000), citam que é necessário prestar

atenção na presença de complicações como a neuropatia autonômica (podendo

apresentar respostas anormais da freqüência cardíaca e da pressão arterial ao

exercício), neuropatia periférica (diabéticos com esse tipo de complicação

Page 42: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

podem apresentar dor, comprometimento do equilíbrio, fraqueza e

propriocepção reduzida), retinopatia (o aumento da pressão arterial pode agravar

o quadro de retinopatia) e complicações renais (que podem alterar o quadro da

pressão arterial prejudicando as condições retinianas do diabético portador de

retinopatia).

Contudo estudos demonstram que em termos de benefícios para

sensibilidade à insulina, a atividade física não tem tanto valor assim quanto para

o diabético tipo 2, porém sua prática é aconselhável do ponto de vista de outros

benefícios fisiológicos comuns a todos os indivíduos saudáveis (ALBRIGHT et

al., 2003; CAMPOS, 2000 MAcARDLE et al., 1996).

De acordo com POWERS & HOWLEY (2000), os seguintes cuidados

devem ser tomados para o diabético tipo 1 que pretende freqüentar sessões de

exercícios físicos:

1) Consumir um lanche com carboidratos se a glicemia for menor ou

igual a 80-100 mg/dl, em caso de estar acima de 250mg/dl, o exercício

deve ser evitado até que a mesma volte aos seus valores inferiores;

2) Não praticar exercícios no momento da ação máxima da insulina, o

que depende muito do tipo do hormônio utilizado, sendo que esta

deverá ser injetada em partes do corpo onde não sejam exercitadas no

respectivo dia de exercício e sua quantidade deverá ser reajustada;

3) Durante a realização dos exercícios a glicose sangüínea deverá ser

verificada (para iniciantes de quinze em quinze minutos e para

experientes com um tempo de intervalo um pouco maior), deve ser

tomada também logo após e de quatro a cinco horas após a atividade

física;

4) Consumir carboidratos após a realização das atividades a fim de evitar

o risco de hipoglicemia pós-exercício.

Page 43: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Segundo os mesmos autores, no caso da presença das complicações

citadas acima (neuropatia autônoma, neuropatia periférica, retinopatia e

nefropatia), os seguintes cuidados devem ser tomados:

1) Aplicar um teste de esforço para prescrição da atividade física,

baseando-se nas respostas cardíaca, percepção subjetiva do esforço e

da pressão arterial obtidas durante o teste;

2) Utilizar atividades de baixo impacto e sem cargas;

3) Evitar o levantamento de peso para minimizar os riscos de manobra de

Valsalva, o que pode elevar a pressão arterial comprometendo o

diabético;

4) Ingerir bastante líquido, trazer sempre carboidratos de forma

disponível e uma identificação visível;

5) Sempre se exercitar acompanhado de alguém habilitado para possível

emergência.

Quanto aos benefícios, existem dois tipos originados pela prática de

atividade física, os benefícios imediatos e os tardios (CANCELLIÉRI, 1999).

A utilização de exercícios físicos na terapia para o indivíduo diabético, se

justifica pelo fato de que a contração muscular estimula o consumo de glicose

pelos músculos, promovendo o seu transporte para o interior destes (YOUNG,

1998) apud NETTO (2000). A atividade física é um fator de grande importância

no tratamento do portador de Diabete Melito, contribuindo para uma melhora da

qualidade de vida e tal como ocorre em indivíduos não portadores de Diabete

Melito, podem ocorrer benefícios importantes (MERCURI & ARRICHEA,

2001)

Ao prescrever a atividade física para o indivíduo diabético devemos

prestar a atenção a três importantes fatores, onde figuram a freqüência,

Page 44: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

intensidade e duração das sessões de exercícios (CANCELLIÉRE, 1999), sendo

citado também por COLBERG (2003) o fator de progressão dos exercícios.

A intensidade e duração são os dois fatores mais importantes no efeito da

atividade física sobre a glicemia durante a sessão de exercícios e é de acordo

com isso que se irá otimizar a ação das vias metabólicas (CANCELLIÉRI,

1999).

Os benefícios em relação às respostas insulínicas em um teste de

tolerância à glicose, só são conseguidas com o treinamento aeróbio HERSEY et

al (1994) apud HURLEY & ROTH (2000), porém SMUTOK et al (1994) apud

HURLEY & ROTH (2000), constataram que ambos os treinamentos, aeróbio e

moderado treinamento de força, podem proporcionar os mesmos benefícios às

respostas insulínicas mediante o teste de tolerância à glicose.

As pesquisas de ISHII et al (1998) apud CAMPOS (2000), relataram que

o treinamento de força aplicado em pacientes não obesos e não insulino

dependentes, quando comparado com indivíduos sedentários, melhorou em 48%

a disponibilidade de glicose. Sendo o treinamento administrado cinco vezes por

semana durante quatro a seis semanas, utilizando-se duas séries com nove

exercícios diferentes com dez a vinte repetições, chegando-se à conclusão de

que o treinamento de força moderado e de alto volume promove melhoras na

sensibilidade insulínica em diabéticos não insulino dependentes e não obesos.

Os benefícios atingidos com a atividade física são de maior relevância

para os indivíduos diabéticos do tipo 2, pois são os que mais se beneficiam da

atividade física regular, tendo em vista que este grupo de diabéticos apresenta

um certo grau de resistência à ação da insulina e que a contração muscular

apresenta uma ação análoga a este hormônio, aumentando a permeabilidade da

membrana celular, diminuindo dessa forma a resistência e aumentando a

sensibilidade à insulina (CAMPOS, 2000).

Page 45: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Em relação ao controle da glicemia estudos severos de longo prazo tem

demonstrado efeitos benéficos da atividade física regular em relação ao

metabolismo de carboidratos e sensibilidade à insulina, utilizando uma faixa de

intensidade com cerca de 50 a 80% do VO2máx com duração de 30 a 60

minutos por sessão, com uma freqüência semanal de 3 a 4 vezes por (ZINMAN

et al., 2003). Mudanças favoráveis nos tipos de fibra muscular hipertrofia

muscular, aumento da densidade capilar muscular, melhoras no sistema

enzimático associados com o armazenamento e oxidação de glicose sangüínea,

aumento na oxidação de lipídeos, modificações favoráveis em relação à

hiperinsulinemia, na coagulação sangüínea (que é precária em diabéticos), nas

proteínas plasmáticas e na pressão arterial (CAMPOS, 2000).

A duração e a intensidade têm um efeito direto e significativo no açúcar

sangüíneo, e de maneira geral, os exercícios mais intensos e com menos

duração, causam menores reduções de glicemia quando comparados aos

exercícios prolongados (COLBER, 2003). Ainda de acordo com McARDLE et

al, (1996), o exercício físico pode acarretar modificações em relação à

sensibilidade insulínica dos músculos ativos, persistindo por vários dias

conforme a intensidade do exercício, porém as melhoras com o exercício físico

são muito mais dependentes dos efeitos agudos de cada sessão de exercícios do

que das alterações crônicas da função tecidual.

Além da melhora do perfil glicêmico, o exercício físico regular promove a

maior captação de ácidos graxos pelos músculos trabalhados, causando melhoras

na sensibilidade à insulina, uma vez que a resistência insulínica é também

originada pela hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e ainda baixos níveis de

HDL-colesterol.

A melhora da captação de glicose no período pós-exercício pode

contribuir na redução dos fatores de risco cardiovasculares, melhora a circulação

Page 46: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

de membros inferiores, aumenta o fluxo sangüíneo nos músculos, contribui para

redução de colesterol e triglicérides no sangue, reduz a perda óssea, pode reduzir

a quantidade diária de insulina e como resultado final melhora a qualidade de

vida do indivíduo diabético (DÂMASO, 2001).

A atividade física confere ao diabético um bom nível de prevenção de

doença cardiovascular, sendo que para os indivíduos diabéticos com doenças

cardiovasculares, aconselha-se uma faixa de treinamento de cerca de 60 a 80%

da freqüência cardíaca máxima ou 50 a 74% do VO2máx (ALBRIGHT et al.,

2003).

Existe uma relação inversamente proporcional entre níveis de atividade

física e incidência de D.A.C (doença arterial coronariana) e sua associação com

mortalidade, sendo que um gasto energético de cerca de 2000 kcal por semana

parece fornecer uma proteção ótima no combate ou prevenção contra os riscos

do D.A.C e cerca de 500 kcal por semana parece fornecer uma proteção parcial

(ZINMAN et al; 2003).

Os prováveis efeitos fisiológicos causados pelos exercícios regulares com

o objetivo de proteger/prevenir os riscos das complicações cardiovasculares, são

as alterações no perfil lipídico, melhora da tolerância à glicose, perda de peso,

redução da pressão arterial e redução da freqüência cardíaca, redução das

necessidades de oxigenação do miocárdio, aumento da vascularização

miocárdica, redução da coagulabilidade sangüínea e a diminuição da

vulnerabilidade cardíaca a arritmias graves (SKINNER, 1999).

O aumento da capacidade de tolerar melhor os exercícios físicos, está

fortemente ligado a menor ansiedade, aumento do bem estar, melhora da auto-

estima, humor, controle psicológico, bem como uma qualidade de vida melhor

para o indivíduo diabético (McARDLE et al., 1996), contribuindo dessa maneira

para uma melhora do perfil psicológico

Page 47: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

O exercício físico é uma das recomendações mais importantes para o

indivíduo portador de Diabete Melito tipo 2 devido ao seu efeito redutor de

gordura, desde que aliado a uma boa educação alimentar. Como resultado dessa

união entre atividade física e alimentação adequada temos a melhora do perfil

lipídico, aumento à sensibilidade insulínica, menor porcentagem da gordura

corporal e conseqüentemente a redução de peso corporal, o que melhora o

quadro da síndrome conforme citado anteriormente (POWERS & HOWLEY,

2000).

As recomendações de redução de peso corporal sugerem que modestas

reduções (5 – 10% do peso corporal), já ocasionam melhoras no perfil de saúde

dos indivíduos com sobrepeso. Esta melhoras estão associadas com reduções

dos lipídeos sangüíneos, pressão sangüínea e também fatores relacionados aos

quadros de Diabete Melito tipo 2, sendo otimizadas tais melhoras com uma

redução de peso, a longo prazo, acima de 10% do peso corporal (JAKCIK,

2001).

O exercício físico regular confere também ao diabético redução dos riscos

de acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio devido a redução da

aderência plaquetária, com menor possibilidade de formação de coágulo,

melhorando sua fibrinólise (COLBER, 2003).

De acordo com CANCELLIÉRE (1999), efeitos benéficos ocorridos em

diabéticos que praticam atividades físicas regulares com programas bem

elaborados, têm os seguintes benefícios atingidos, citados na tabela 3.4.

Tabela 3.4: Benefícios do exercício

EFEITOS

Peso e volume do coração Aumento

Page 48: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Volume sangüíneo Aumento

Freqüência cardíaca de repouso Diminuição

Fluxo sangüíneo e distribuição do

sangue

Aumento

Pressão arterial em repouso Diminuição

Vo2máx Aumento

Freqüência cardíaca máxima Aumento

Glicogênio muscular e hepático Aumento

Freqüência respiratória em repouso Aumento

Massa muscular Aumento

Adaptado de CANCELLIÉRE, (1999).

Os esportes do tipo endurance são os que normalmente forçam o sistema

aeróbio de fornecimento de energia, sendo os ATPs produzidos através de

carboidratos, gorduras e proteínas, além do que, atividades físicas regulares de

caráter aeróbio são as de maior importância, principalmente as de duração

prolongada (COLBER, 2003). Acima de dois a três minutos de duração do

esforço contínuo, a utilização do oxigênio já passa ser otimizada, contribuindo

para uma elevação do metabolismo de glicose e posteriormente para o

metabolismo de gorduras, sendo assim, após alguns minutos o oxigênio passa

contribuir com uma grande queima de glicose e de gordura (CANCELLIÉRE,

1999).

As atividades de menor intensidade utilizam preferencialmente as

gorduras como fonte de energia e também alguns depósitos intramusculares de

triglicerídeos, glicogênio e a glicose sangüínea. Atividades moderadas a intensas

utilizam preferencialmente o carboidrato, principalmente o glicogênio

intramuscular e também fontes de glicose sangüínea; já as atividades intensas

Page 49: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

usam quase que exclusivamente os carboidratos. Em atividades prolongadas,

como a maratona, por exemplo, é preferencialmente utilizada a gordura e

também a proteína (cerca de 10%-15% do total de energia produzida), à medida

que os estoques de glicogênio intramuscular e hepático vão se esgotando

(COLBERG, 2003).

A maior utilização de glicose durante o exercício físico, acredita-se que

seja durante os primeiros 15 a 20 minutos de duração contínua, sendo a partir

daí, o predomínio de gordura como fonte principal de energia, quando então,

passa a existir um efeito mais pronunciado da atividade física com maior

incidência aos benefícios conferidos ao indivíduo diabético. Portanto as

atividades aeróbias devem, preferencialmente durar acima disto, porém sempre

levando em consideração os efeitos do exercício em relação ao perfil hormonal,

uma vez que o glucagon (hormônio que eleva a glicose sangüínea) manifesta

seus efeitos conforme a intensidade e duração do exercício (CANCELLIÉRE,

1999).

Além da insulina e do glucagon, sofrem influências direta do exercício

físico vários outros hormônios, cujos quais, exercem efeitos na glicemia

sangüínea, portanto é muito importante saber as relações destes com a

intensidade e duração das sessões das atividades físicas (CANCELLIÉRE,

1999).

Tabela 3. 5: Os hormônios e seus efeitos

HORMÔNIO

AÇÃO

EFEITO NA SUA

PRODUÇÃO

PELO

EXERCÍCIO

OBSERVAÇÃO

Page 50: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Hormônio do

Crescimento

Incrementa:

Síntese protéica;

Mobilização de

gorduras.

Diminui:

Utilização dos

carboidratos.

Aumenta

proporcionalmente

ao aumento do

exercício.

Necessita de

insulina e

carboidratos

circundantes para

agir com

eficiência.

Cortisol Incrementa:

Mobilização dos

ácidos graxos;

Glicogênese pelo

fígado em até dez

vezes;

Concentração de

glicose no sangue.

Aumenta apenas

no exercício

intenso.

Calor ou frio

elevam a sua

produção.

Tiroxina Incrementa:

Ritmo metabólico

geral

Aumenta

proporcionalmente

ao exercício.

Durante o

exercício sua

produção aumenta

em 35%.

Adrenalina e

Noradrenalina

Incrementa:

Metabolismo

orgânico;

Glicogenólise

hepática;

Glicose sangüínea.

A adrenalina

aumenta

proporcionalmente

com a intensidade

do exercício.

A noradrenalina

aumenta no

exercício, mas

Page 51: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

diminui com o

aumento da

intensidade.

Endorfina Diminui:

Sensação de dor

Aumenta com o

exercício de longa

duração

Corticotrofina Incrementa:

Produção de

cortisol,

aldosterona, e

outros hormônios

supra renais

(corticosterona que

eleva o

catabolismo das

proteínas)

Incerto Sua produção

aumenta em

estresse físico ou

mental.

Adaptado de CANCELLIÉRE, (1999).

Quanto aos esportes de potência, os diabéticos também podem participar

assim como de qualquer outra atividade física, porém esse tipo de atividade

apresenta séries curtas e com grande dispêndio de energia. Isso causa um efeito

insignificante na glicemia, a não ser que o indivíduo engaje-se nesse tipo de

atividade física de modo a proporcionar períodos mais longos na realização das

séries, bem como mais séries executadas, pois haverá então um acúmulo da

utilização dos estoques de glicogênio, podendo então causar uma redução do

açúcar sangüíneo (COLBERG, 2003).

Page 52: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Para esportes de endurance COLBERG, (2003) propõe as seguintes

alterações em relação à redução percentual dos níveis de insulina, os quais são

citados na tabela 6:

Tabela 3.6: Alteração percentual dos níveis de insulina

Duração Baixa intensidade Intensidade

moderada

Alta Intensidade

15’ 0 5-10 0-15

30’ 0 10-20 10-30

45’ 5-15 15-30 20-45

60’ 10-20 20-40 30-60

90’ 15-30 30-55 45-75

120’ 20-40 40-70 60-90

180’ 30-60 60-90 75-100

Adaptado de COLBERG (2003).

De acordo com COLBERG (2003), o treinamento com pesos mobiliza

principalmente reservas energéticas anaeróbias (fosfagênios armazenados e

glicogênio) e o treinamento em forma de circuito apresenta um número maior de

repetições contra uma resistência menor, tornando-se ligeiramente mais aeróbio

que o treinamento convencional, sendo necessárias alterações mínimas nas

dosagens de insulina, porém um treinamento prolongado como o powerlifting,

pode causar reduções significativas no açúcar sangüíneo ocasionando uma

hipoglicemia de origem tardia.

Segundo CAMPOS (2000), o treinamento com peso para diabéticos, deverá

ser feito de forma a equilibrar ou retirar qualquer desequilíbrio muscular, podendo

ser trabalhado na forma de circuito, cujo qual utiliza-se de forma alternada o

Page 53: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

metabolismo aeróbio e anaeróbio, sob duas formas principais. Uma dessas formas

consiste em executar todos os exercícios do programa ininterruptamente,

alternando os grupos musculares, até que termine o circuito. É dado então um

intervalo de preferência com recuperação ativa, onde predomine o metabolismo

aeróbio, com posterior reinicio do circuito. A segunda opção é similar a primeira

sendo que a cada exercício do programa, o aluno executa um período de exercício

aeróbio, como, por exemplo, esteira rolante ciclo ergômetro, etc.

O treinamento com pesos na forma de circuito foi elaborado com a

finalidade de melhorar a capacidade física, desenvolvendo de maneira combinada a

força, velocidade, resistência e a agilidade. Tal treinamento pode se apresentar com

predomínio do metabolismo aeróbio, contendo uma estrutura de 6 a 15 estações,

intensidade média, execução ritmada em “steady state”, freqüência cardíaca entre

120 a 150 batimentos por minuto com pequeno intervalo entre as estações e com o

objetivo de desenvolver a resistência muscular localizada, habilidade e

flexibilidade (COSSENZA, 1999).

É de fundamental importância que se evite o treinamento isométrico e de alta

intensidade no diabético tipo 2, a fim de se prevenir contra o aumento da pressão

sistólica, principalmente em diabéticos que apresentem complicações

microvasculares e embora não haja evidências até o momento de que exercícios de

alta intensidade possa promover o desenvolvimento de retinopatia ou nefropatia, os

aumentos exagerados de pressão arterial sistólica poderão ocasionar complicações

futuras, quando o quadro de complicações da síndrome já estiver plenamente

estabelecido (YOUNG, 1998) apud NETTO (2000).

O treinamento de alta intensidade e baixo volume também deve ser evitado,

a fim de evitar complicações cardiovasculares, sendo mais aconselháveis os

treinamentos de moderada intensidade com médio ou alto volume (ERIKSSON, et

al., 1996), já que os treinamentos de moderada intensidade e volume médio foram

Page 54: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

associados a um alto índice de HDL e baixo índice de LDL-colesterol, sendo até

comparáveis aos índices de colesterol dos treinamentos de corridas de longas

distâncias, HURLEY et al, apud ERIKSSON et al, (1996).

O tempo de duração dos exercícios aeróbios será estipulado de acordo com o

grau de condicionamento de cada indivíduo e da intenção do programa, quanto aos

exercícios resistidos as repetições por números poderão ser substituídas por

intervalos de tempo (quarenta e cinco segundos de leg press por quarenta e cinco

segundos de esteira, por exemplo) (CAMPOS, 2000).

A atividade física de caráter aeróbio, quanto mais intensa e curta for

apresentará uma redução menor do açúcar sangüíneo, quando comparada aos

exercícios de maior duração. O nível circulante de insulina durante a atividade

também irá causar uma redução no açúcar sangüíneo, sendo que sessões adequadas

de atividades físicas deverão constar de vinte a sessenta minutos de exercícios

aeróbios com intensidade entre 60% a 90% da freqüência cardíaca máxima, um

período de aquecimento com exercícios aeróbios de cinco a dez minutos, sendo

estes realizados antes ou após cinco a dez minutos de alongamento estático e para

terminar a sessão deverá ser efetuado um resfriamento com exercícios aeróbios

leves (COLBERG, 2003).

Com o intuito de prevenir complicações cardiovasculares, bem como o

surgimento de doenças tipo o Diabete Melito, o ACSM (2001), propõe-se a

execução de um mínimo de cerca de cento e cinqüenta minutos de atividades

físicas de caráter aeróbio

De acordo com ZINMAN (1995) apud NETTO (2000) e

CANCELLIÉRE (1999), os diabéticos podem correr certos riscos devido à prática

de atividades físicas e entre eles destacam-se:

Page 55: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

1) Hipoglicemia, pacientes com administração de insulina ou

hipoglicemiantes podem sofrer hipoglicemia imediata ou tardia (24

horas após o exercício ou mais);

2) Hiperglicemia ou cetose;

3) Retinopatia hemorrágica;

4) Neuropatia autonômica ou periférica, entre elas podemos citar as

lesões articulares, lesões de tecidos moles, desidratação e

desequilíbrio hídrico e isquemia;

5) Problemas cardiovasculares: angina, arritmias e morte súbita.

Segundo a American College of Sports Medicine (2000) apud ARAÚJO

(2000), o indivíduo diabético deve se exercitar de 5 a 7 dias por semana, com a

duração de 30-40 minutos e a intensidade de 60-75% de freqüência cardíaca

máxima ou 50-60% do consumo máximo de oxigênio. A atividade deverá ser de

predominância aeróbia, sendo que concentrações séricas de glicose variando

entre 200-400 mg% (mg/dl), exigem supervisão médica durante o exercício, já

que o exercício físico é contra indicado para diabéticos que apresentam

concentrações séricas de glicose (em jejum) acima de 400 mg%.

1) Monitorar a glicose sangüínea freqüentemente quando iniciar um

programa de exercícios;

2) Diminuir a dose de insulina (por 1 a 2 unidades como prescrito pelo

médico) ou aumentar a ingestão de carboidrato (10 a 15 gramas por cada

30 minutos de exercício) antes de uma sessão de exercício;

3) Injetar insulina em uma área que não está ativa durante o exercício como

o abdômen;

4) Evitar o exercício durante períodos de pico da ação da insulina;

5) Fazer refeições leves de carboidratos antes e durante as sessões

prolongadas de exercícios;

Page 56: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

6) Estar consciente dos sinais de hipo e hiperglicemia;

7) Exercitar-se com um parceiro.

Exercícios de intensidade elevada ou longa duração devem ser evitados

(acima de 60 minutos), como também temperaturas elevadas.

Page 57: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

4 - DISCUSSÃO

Segundo CANCELLIÉRE (2000) e NETTO (1999), deverá existir uma

preferência em escolher atividades de predominância do metabolismo aeróbio

no programa de treinamento do indivíduo diabético. CAMPOS (2000) e

COLBER (2003), citam que deverá constar também em tal programa o

treinamento de força. ERIKSSON et al, (1996) e HURLEY & ROTH (2000),

afirmam que o treinamento de força deverá ser incluído com o objetivo de

aumentar a massa magra e assim melhorar o metabolismo de glicose, sendo as

atividades com o volume moderado a alto e com intensidade moderada.

O programa de atividades físicas incluindo o treinamento aeróbio em

conjunto com o treinamento de força são os dois principais pontos do uso de

exercícios como coadjuvante na terapia diabética (ALBBRIGHT, 2003).

Recomenda-se que o treinamento aeróbio seja realizado em uma intensidade de

cerca de 70 – 85% de freqüência cardíaca máxima tendo como período de

duração 20 – 60 minutos e uma freqüência de 5 a 7 vezes por semana (POWERS

& HOWLEY, 2OOO). Há também a recomendação em uma freqüência semanal

de 4 a 7 dias por semana (FOSS & KETEYIAN, 2000). COLBER (2003) aponta

que a intensidade dos exercícios aeróbios deverá ser monitorada mantendo-se a

intensidade de 60 – 90% da freqüência cardíaca máxima, pelo VO2Máx ou

ainda pela freqüência cardíaca de reserva (50 – 85%), através do método de

prescrição de Karvonen para freqüência cardíaca ideal. A Escala de Percepção

Subjetiva de Esforço (Escala de Borg), também pode ser utilizada, com o

treinamento de força sendo prescrita de maneira a exigir baixa intensidade

(POWERS & HOWLEY, 2000). O treinamento de força, visando resistência

muscular deve observar cuidados para não elevar a pressão sistólica do

indivíduo (NETTO, 2000), podendo ser prescrito na forma de circuito e com um

Page 58: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

bom componente aeróbio (CAMPOS, 2003; COLBERG, 2003). COLBER

(2003) também cita a importância do treinamento de força, assim como já dito

anteriormente por outros autores, com o objetivo de impedir a perda de massa

muscular com a idade, o desuso e também para promover o aumento da

necessidade calórica diária, aumentar a sensibilidade insulínica e reduzir

glicemia. Existe também a necessidade de um alongamento prévio antes das

sessões de exercícios principalmente para diabéticos que apresentem hipertensão

arterial, com o intuito de relaxar a musculatura e reduzir seu estresse sobre a

parede das artérias (CAMPOS, 2003). Recomenda-se sua utilização também no

final das sessões de atividades físicas, com intuito de evitar a perda da amplitude

articular em função da maior eliminação de subprodutos da glicose, que são

responsáveis por tal redução de amplitude articular e outras possíveis lesões

ortopédicas (COLBERG, 2003).

A resposta ao treinamento físico é rápida, apenas uma semana já é o

suficiente para que ocorram as melhoras de sensibilidade à insulina (RUNDA e

Col., 1979) apud NETTO (2000), porém ALBRIGHT et al; (2003), cita que as

melhoras de sensibilidade à insulina são deterioradas com um período de 72

horas após a realização da última sessão de exercícios, sendo, portanto

necessário a programação regular das sessões das atividades físicas.

Existem também os riscos das atividades físicas para os diabéticos, sendo

os maiores riscos o quadro de hipoglicemia, hiperglicemia, retinopatia

hemorrágica, cetose, neuropatia periférica, problemas cardiovasculares entre

outras, NETTO (2000).

As atividades físicas devem ser evitadas quando o diabético apresentar

glicemia sangüínea acima de 250 mg/dl com a presença de cetoacidose ou com

glicemia de 300mg/dl sem cetoacidose (POWERS & HOWLEY, 2000;

Page 59: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

ZINMAN et al, 2003). Porém para o ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000) essa

margem de cuidado é de 200-400 mg/dl.

Para evitar o agravamento e complicações do quadro o ACSM (2000)

apud ARAÚJO (2000), apresenta as seguintes recomendações de segurança:

1) Monitorar a glicose sangüínea freqüentemente quando iniciar um

programa de exercícios;

2) Diminuir a dose de insulina (por 1 a 2 unidades como prescrito pelo

médico) ou aumentar a ingestão de carboidrato (10 a 15 gramas por cada

30 minutos de exercício) antes de uma sessão de exercício;

3) Injetar insulina em uma área que não está ativa durante o exercício como

o abdômen;

4) Evitar o exercício durante períodos de pico da ação da insulina;

5) Fazer refeições leves de carboidratos antes e durante as sessões

prolongadas de exercícios;

6) Estar consciente dos sinais de hipo e hiperglicemia;

7) Exercitar-se com um parceiro.

Exercícios de intensidade elevada ou longa duração devem ser evitados

(acima de 60 minutos), como também temperaturas elevadas.

Tendo como base a discussão acima, é possível sugerir propostas e modelos

de treinamento para os indivíduos diabéticos.

De acordo com COLBERG (2003), o treinamento com pesos tradicional tem

um perfil mais anaeróbio e o treinamento em forma de circuito apresenta um perfil

mais aeróbio. Segundo CAMPOS (2000), o treinamento com pesos para diabéticos

deverá ser feito de forma a equilibrar ou retirar qualquer desequilíbrio muscular,

podendo ser trabalhado na forma de circuito.

Page 60: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

É de fundamental importância que se evite o treinamento isométrico e de alta

intensidade no diabético tipo 2, principalmente em diabéticos que apresentem

complicações microvasculares (YOUNG, 1998) apud NETTO (2000).

O treinamento de alta intensidade e baixo volume também deve ser evitado,

visando evitar complicações cardiovasculares, sendo mais aconselháveis os

treinamentos de moderada intensidade com médio ou alto volume (ERIKSSON, et

al., 1996), sendo que os treinamentos de moderada intensidade e volume médio

foram associados com um alto índice de HDL e baixo índice de LDL-colesterol,

sendo até comparáveis aos índices de colesterol dos treinamentos de corridas de

longas distâncias, HURLEY et al, apud ERIKSSON et al, (1996).

O tempo de duração dos exercícios aeróbios é estipulado de acordo com o

grau de condicionamento de cada indivíduo e da intenção do programa. Quanto aos

exercícios resistidos, as repetições por números poderão ser substituídas por

intervalos de tempo (quarenta e cinco segundos de leg press por quarenta e cinco

segundos de esteira, por exemplo) (CAMPOS, 2000).

Com o intuito de prevenir complicações cardiovasculares, bem como o

surgimento de doenças como o Diabete Melito, o ACSM (2001), propõe a

execução de um mínimo de cerca de cento e cinqüenta minutos de atividades

físicas de caráter aeróbio.

Os componentes do treinamento aeróbio que incorporam uma sessão de

treinamento, são citados a seguir por COLBERG (2003), de acordo com as

orientações do ACSM, com a finalidade de otimizar os objetivos de melhorar a

aptidão física e controlar o açúcar sangüíneo. Tais componentes como já citados

anteriormente são o modo, a intensidade, a duração e a freqüência das sessões de

treinamento.

O modo diz respeito à maneira como serão realizados os exercícios para

atingir melhoras no condicionamento aeróbio. Tais melhoras ocorrem quando os

Page 61: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

exercícios empregados envolvem a participação de uma grande massa muscular em

movimentos contínuos, ritmados e com longa duração.

A intensidade corresponde ao grau de dificuldade do exercício a ser

realizado e deverá ser fundamentada de acordo com o objetivo do programa ao

qual o indivíduo está submetido, ou seja, será determinada de uma maneira se o

objetivo for apenas gasto calórico (atividades de baixa intensidade e de longa

duração). Se o objetivo for aumento do condicionamento aeróbio deverá ser

escolhida com outro nível de dificuldade (moderado a intenso e com menor

duração em relação a anterior).

A intensidade dos exercícios pode ser monitorada pela freqüência cardíaca

(60 – 90% da freqüência cardíaca máxima) ou pelo VO2Máx ou pela freqüência

cardíaca de reserva (50 – 85%), podendo a freqüência cardíaca máxima ser obtida

por teste diretos ou ser estimada através da fórmula de 220 – idade. A seguir

utilizar-se do método de Karvonen para estimar a freqüência ideal para o

treinamento de acordo com objetivo, como o exemplo a seguir: limite inferior de

treinamento = freqüência cardíaca de repouso + 0.50 (freqüência cardíaca máxima

– freqüência cardíaca de repouso); limite superior de treinamento = freqüência

cardíaca de repouso + 0.85 (freqüência cardíaca máxima – freqüência cardíaca de

repouso), dessa forma a variação de freqüência cardíaca fica dentro do intervalo

dos limites inferior e superior.

Uma outra maneira de se prescrever a intensidade do treinamento é através

da utilização da Escala de Borg, que é a escala de percepção subjetiva de esforço.

A duração é o tempo de que o indivíduo vai permanecer em atividade

durante a sessão, sendo recomendado um intervalo entre vinte a sessenta minutos

de atividades aeróbias contínuas, para que ocorram melhoras no nível de aptidão

física, porém pessoas com um nível de aptidão muito baixo podem se beneficiar

com sessões mais curtas e varias vezes ao dia ou até mesmo com duas semanais.

Page 62: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

A freqüência está ligada intimamente com a intensidade e duração dos

exercícios, sendo aconselhável um mínimo de três a cinco vezes por semana. Essa

orientação é importante para se manter um bom nível de sensibilidade insulínica e

ganhos de condicionamento. Também é de grande importância um dia da semana

para repousar o corpo a fim de evitar lesões por excesso de uso (tendinite e lesões

ortopédicas).

Com relação à progressão dos exercícios, esta deve ser realizada de acordo

com a evolução do indivíduo submetido ao treinamento. É realizada em três

momentos: a fase inicial de adaptação com cerca de quatro a seis semanas, a fase

de aperfeiçoamento que dura cerca de quatro a cinco meses e a fase de manutenção

que dura a partir de seis meses.

Uma sessão de treinamento adequada deverá constar de componentes

específicos: o aquecimento, um exercício aeróbio e um resfriamento. O

aquecimento e o resfriamento compreendem exercícios mais leves que a parte

principal da sessão e devem durar cerca de cinco a dez minutos. O final da sessão

deverá constar cerca de cinco a dez minutos de exercícios de alongamento estático

dos grupos musculares exercitados.

É de fundamental importância o aquecimento, resfriamento e alongamento

para o indivíduo diabético, devido ao fato de que diabéticos produzem mais

produtos finais da glicose que indivíduos não diabéticos. Estes subprodutos de

glicose aderem a diversas estruturas do corpo inclusive às cartilagens e colágenos,

fazendo com que estas estruturas endureçam e percam flexibilidade com maior

rapidez que indivíduos não diabéticos. Como resultado disso, há uma maior chance

de desenvolver lesões por excesso de uso como a tendinite e o ombro congelado do

diabético que causa dores e limitações, além da demora para recuperação de lesões

articulares.

Page 63: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Assim como no treinamento aeróbio, o treinamento de força também deverá

seguir os mesmos critérios de organização apresentados: intensidade, progressão,

freqüência e volume de treinamento, sendo seguidas as recomendações

preconizadas por CAMPOS (2000), tais como:

Antes de qualquer objetivo de treinamento, o primeiro passo com o

indivíduo diabético é dar a ele uma boa base das áreas do corpo que dão

sustentação, ou seja, priorizar o fortalecimento as áreas do esqueleto axial, pelve,

joelhos, ombros, cotovelos, punhos e tornozelos com o intuito de evitar possíveis

lesões no futuro.

Em musculação entende-se por volume o número de séries e repetições que

serão realizadas, tendo cada volume um objetivo prioritário, como por exemplo:

uma a três séries com oito a doze repetições cada uma, o objetivo é de ganho geral

de condicionamento.

A intensidade está relacionada com a sobrecarga levantada. Esta só deve ser

reajustada quando o aluno conseguir realizar o respectivo volume de séries e

repetições com relativa facilidade, sendo ajustada à carga em cerca de dois a cinco

por cento (2 - 5%).

A progressão do treinamento de força deverá ser feita de maneira linear tanto

no volume quanto na intensidade. Esse mesmo raciocínio deve ser aplicado ao

intervalo de recuperação entre as séries, sendo este reduzido. Uma outra variação

da progressão é feita na posição em que o indivíduo realiza os exercícios, como,

por exemplo, executar um exercício sentado e após algum tempo o mesmo

exercício em pé.

A progressão linear é de fundamental importância para preservar a

integridade do indivíduo em seu processo adaptativo, pois quando a progressão é

feita de maneira muito abrupta o tecido muscular se adapta bem ao novo nível de

estímulo, porém as estruturas passivas demoram um pouco mais de tempo que o

Page 64: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

tecido muscular para se adaptar. Desta maneira o músculo passa a suportar uma

sobrecarga maior de que tais estruturas passivas, que ainda não estão bem

adaptadas. Este fato aumenta o risco de lesões como tendinites, bursites, periostites

e avulsões ligamentares no momento em que o treinamento atingir um nível mais

elevado.

Em um primeiro momento os exercícios de musculação deverão ter um

caráter mais aeróbio, pois a maioria dos benefícios adquiridos com a prática de

atividades físicas para o diabético tem caráter aeróbio. Assim o volume de trabalho

deverá ser alto, com cerca de três séries por exercícios e cerca de doze a quinze

repetições, garantindo uma baixa sobrecarga afim de que o metabolismo aeróbio

também seja bem solicitado. Estando o indivíduo bem condicionado o número de

repetições poderá ser reduzido para cerca de oito a doze com o intuito de se

aumentar a sobrecarga utilizada. Nesta fase deverá ser dada uma ênfase maior para

os exercícios clássicos de origem aeróbia, pois é de fundamental importância a

presença do metabolismo aeróbio durante as sessões de treinamento.

A freqüência dos exercícios se refere a quantas vezes um determinado grupo

muscular será enfatizado na semana, sendo recomendado que cada grupo muscular

seja enfatizado cerca de duas a quatro vezes na semana obedecendo a regra de que

quanto maior for a intensidade de treino, menor será a freqüência semanal deste

grupo muscular.

O tempo de duração de uma boa sessão de exercícios regulares requer cerca

de trinta a sessenta minutos de duração, porém com um programa bem elaborado,

quinze minutos já pode causar algum efeito benéfico ao aluno. O programa de

musculação deverá conter de um bom equilíbrio entre os exercícios visando evitar

descompensações musculares. Os grupos compostos por músculos maiores deverão

se exercitados com um pouco mais de ênfase que os grupos musculares menores

exatamente para que não haja tais descompensações.

Page 65: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

De acordo com CARPENTER (2002), o modelo de treinamento em circuito

que será listado a seguir na tabela 3.7, representa um modelo clássico desta linha

de treinamento, sendo proposto por GETTMAN, (1982).

Tabela 3.7: Modelo de treinamento em circuito

Exercício Séries Repetições Intensidade

Agachamento 3 12-15 40% de 1 RM

Desenvolvimento

de ombros

3 12-15 40% de 1 RM

Flexão de joelhos 3 12-15 40% de 1 RM

Supino 90º

horizontal

3 12-15 40% de 1 RM

Leg press 3 12-15 40% de 1 RM

Flexão de

cotovelos

3 12-15 40% de 1 RM

Extensão de tronco 3 12-15 40% de 1 RM

Extensão de

cotovelos

3 12-15 40% de 1 RM

Flexão de tronco

no solo

3 12-15 40% de 1 RM

Flexão horizontal

de ombros (máq.)

3 12-15 40% de 1 RM

Adaptado de CARPENTER (2002).

Page 66: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

Entre os exercícios existe o trabalho aeróbio proposto pelo mesmo autor do

circuito com intensidade em torno de 60 % do VO2 máx com uma duração de

cerca de 30 segundos.

Em atividades aeróbias como, por exemplo, a corrida prolongada, há um uso

mais acentuado do glicogênio muscular e glicose sangüínea, isso pode acarretar em

um aumento da ingestão de carboidratos e reduzir as doses de insulina afim de que

haja uma compensação (COLBERG, 2003).

De acordo com COSSENZA, (1999), apud CARPENTER (2002), um

modelo muito utilizado em academia, sem repouso nenhum entre as estações é

descrito na tabela 3.8, porém este não é o modelo tradicional de treinamento em

circuito e exige um grau de condicionamento maior:

Tabela 3.8: Modelo de treinamento em circuito não tradicional

Exercício Série Repetições Intensidade

Esteira rolante 1 20 minutos 60%

doVO2máx

Leg press 45° 3 15 50% de 1 RM

Remada na máquina 3 15 50% de 1 RM

Extensão horizontal

de quadril

3 20 50% de 1 RM

Flexão de tronco no

solo

3 40 50% de 1 RM

Transport 1 20 minutos 70% do VO2

máx

Flexão horizontal de 3 20 50% de 1 RM

Page 67: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

quadril

Supino 90º vertical 3 15 50% de 1 RM

Flexão de joelhos 3 15 50% de 1 RM

Flexão inversa de

tronco

3 40 50% de 1 RM

Monociclo

estacionário

1 20 minutos 50% do VO2

máx

Adaptado de CARPENTER (2002).

CAMPOS (2000), cita que deverá ser dada uma boa ênfase em membros

inferiores, pois isso melhora o retorno venoso e conforme for melhorando o

condicionamento, as séries de musculação devem se tornar mais pesadas.

Para os diabéticos tipo 1, o exercício físico não tem grande valor relacionado

a melhorias na sensibilidade insulínica, assim como para o diabético tipo 2, mas

isso não é razão para não incentivar a prática de atividades físicas para este grupo,

pois podem atingir outros tipos de benefícios fisiológicos que são comuns a todos

os indivíduos que praticam atividades físicas (ALBRIGHT et al, 2003). Segundo

CANCELLIÉRE (2000) e NETTO (1999), deverá existir uma preferência em

escolher atividades de predominância do metabolismo aeróbio no programa de

treinamento do indivíduo diabético, porém CAMPOS (2000) e COLBER (2003),

citam que deverá constar também em tal programa o treinamento de força.

ERIKSSON et al, (1996) e HURLEY & ROTH (2000), o treinamento de força

deverá ser incluído com o objetivo de aumentar a massa magra, visando o

metabolismo de glicose. Para essa finalidade, o programa de treinamento de força

deverá ser constituído por um volume moderado a alto e com intensidade

moderada.

Page 68: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

O programa de atividades físicas incluindo o treinamento aeróbio em

conjunto com o treinamento de força são os dois principais pontos da terapia

diabética (ALBBRIGHT, 2003).

O treinamento aeróbio deverá ser realizado em uma intensidade de cerca de

70 – 85% de freqüência cardíaca máxima tendo como período de duração 20 – 60

minutos e uma freqüência de 5 a 7 vezes por semana (POWERS & HOWLEY,

2000), ou pode também ser prescrito em uma freqüência semanal de 4 a 7 dias por

semana (FOSS & KETEYIAN, 2000). Para COLBER (2003) a intensidade dos

exercícios aeróbios deverá ser monitorada com a intensidade de 60 – 90% da

freqüência cardíaca máxima, pelo VO2Máx ou ainda pela freqüência cardíaca de

reserva (50 – 85%), através do método de prescrição de Karvonen para freqüência

cardíaca ideal ou ainda pela Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (Escala de

Borg).

Em relação ao treinamento de força, este é utilizado de maneira a exigir baixa

intensidade (POWERS & HOWLEY, 2000), sendo administrado em nível de

endurance muscular e com cuidados para não elevar a pressão sistólica do indivíduo

(NETTO, 2000), utilizando-se do modelo de circuito com um bom componente

aeróbio (CAMPOS, 2003; COLBERG, 2003). COLBER (2003) também cita a

importância do treinamento de força com o objetivo de impedir a perda de massa

muscular com a idade, o desuso e também para promover o aumento da necessidade

calórica diária, aumentar a sensibilidade insulínica e reduzir a glicemia.

É também de fundamental importância um alongamento prévio antes das

sessões de exercícios principalmente para diabéticos que apresentem hipertensão

arterial, visando um relaxamento da a musculatura para reduzir seu estresse sobre a

parede das artérias (CAMPOS, 2003), e também no final das sessões de atividades

físicas com intuito de evitar a perda da amplitude articular em função da maior

Page 69: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

eliminação de subprodutos da glicose, os quais são responsáveis por tal redução de

amplitude articular e outras possíveis lesões ortopédicas (COLBERG, 2003).

Não há a necessidade de que o treinamento físico seja praticado em um

período prolongado, de forma que um curto período de apenas uma semana já é o

suficiente para que ocorram melhoras de sensibilidade à insulina (RUNDA e Col.,

1979) apud NETTO (2000). Porém ALBRIGHT (2003), cita que as melhoras de

sensibilidade à insulina são deterioradas com um período de 72 horas após a

realização da última sessão de exercícios, sendo necessário a programação regular

das sessões de atividades físicas.

Existem também os riscos da atividade física para os diabéticos, sendo os

maiores riscos o quadro de hipoglicemia, hiperglicemia, retinopatia hemorrágica,

cetose, neuropatia periférica, problemas cardiovasculares, entre outras NETTO

(2000).

Devem ser evitadas as atividades físicas para o diabético que apresentar

certas complicações como, por exemplo, glicemia sangüínea acima de 250 mg/dl

com a presença de cetoacidose ou com glicemia de 300mg/dl sem cetoacidose

(POWERS & HOWLEY, 2000; ZINMAN et al, 2003), porém para o ACSM (2000)

essa margem de cuidado é de 200-400 mg/dl.

Para evitar o agravamento de tais problemas, o ACSM (2000), apresenta

certas recomendações de segurança as quais devem ser devidamente seguida.

Para os diabéticos tipo 1 em relação as melhorias de sensibilidade á insulina, o

exercício físico não tem grande valor assim como para o diabético tipo 2, mas isso

não é razão para não incentivar a prática de atividades físicas para este grupo, pois

podem atingir outros tipos de benefícios fisiológicos que são comuns a todos os

indivíduos que praticam atividades físicas (ALBRIGHT et al, 2003; CAMPOS

2000; Mc ARDLE et al, 1996).

Page 70: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

5 - CONCLUSÃO

O Diabete Melito é uma doença metabólica que abrange uma série de

complicações associadas e que exige um tratamento multidisciplinar, onde o

exercício físico tem um importante papel.

A atividade física regular, individualizada e bem elaborada por um

profissional de Educação Física, confere, principalmente ao diabético tipo 2,

melhoras em seu condicionamento físico.

A sessão de exercícios deve ser composta por treinamento aeróbio,

treinamento de força em nível de resistência muscular localizada e exercícios de

flexibilidade, muito embora seja dada maior ênfase ao treinamento aeróbio.

Contudo, antes de iniciar um programa de condicionamento físico, todo e

qualquer diabético deverá ser submetido a uma criteriosa avaliação médica.

Em relação ao diabético tipo 1, a atividade física regular, também lhe

confere melhoras no condicionamento físico comuns a todos os indivíduos

engajados em um programa de exercícios físicos, embora não tenha um efeito

tão pronunciado na síndrome em si, como ocorre no diabético tipo 2. Para este

grupo de diabéticos, o maior risco da atividade física é a hipoglicemia, para qual

devem ser tomadas a precauções adequadas.

Desde de que estejam bem controlados e supervisionados, todos os

diabéticos podem participar de programas de atividades físicas regulares,

principalmente nas atividades que mais lhes agradem.

Page 71: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position Stand: appropriate intervention strategies for weight loss and prevention regains for adults. Medicine & science in Sport & Exercise, v. 31, n. 11 (suppl), p. S502 – S510, 1999. AIRES, M. M. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. ARAÚJO, C. G. Manual do ACMS para teste de esforço e prescrição de exercício. 5ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. BACURAU, R, F.; NAVARRO, F.; UCHIDA, M.; COSTA ROSA, L, F. Hipertrofia hiperplasia: Fisiologia, nutrição e treinamento do crescimento muscular. 1º ed. São Paulo: Phorte Editora, 2001. BERNE, R, M. & LEVY, M, N. Fisiologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. BULLOCK, J.; BOYLE, J.; WANG, M, B. Fisiologia (NMS – national medical series para estudos independentes). 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. CAMPOS, M. A. Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças e obesos. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. CANCELLIÉRI, C. Diabetes & atividades físicas. 1ª ed. Jundiaí: Fontoura, 1999. CARPENTER, C. S. Treinamento cardiorrespiratório. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. COLBERG, S. Atividade física e diabete. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2003. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. DÂMASO, A. Nutrição e exercício na prevenção de doenças. 1ª ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2001.

Page 72: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

ERIKSSON, J.; TAIMELA, S.; ERIKSSON, K; PARVIAINEM, S.; PELTONEN,J.; KUJALA, U. Resistence training in the tratment of nom insulin dependet diabetes mellitus. Int. J. Sports Med, Helsinki, v. 18, n. 4, p. 242-246, novembro,1997. FLECK, S, J. & KRAEMER, W, J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2ª ed. Porto Alegret: Artmed, 1999. FRANCISCHI, R, P., PEREIRA, L.O; LANCHA JR, A, H. Exercício, comportamento alimentar e obesidade: revisão dos efeitos sobre a composição corporal e parâmetros metabólicos. Revista paulista de Educação Física, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 117-140, 2001. FOSS, M, L; KATEYIAN, S, J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. GANONG, W, F. Fisiologia médica. 3ª ed. São Paulo: Atheneu Editora São Paulo S. A, 1977. GROSS, J. L., SILVEIRO, S. P., CAMARGO, J. L., REICHELT, A. J & AZEVEDO, M. J. Diabetes melito: diagnósticos, classificação e avaliação do controle glicêmico – Arq Bras Metab. Vol 46, n° 1, Pg. 16-25, 2002. GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. HERNANDEZ, J, M; MOCCIA, T; FLUCKEY, J, D; ULBRECHT, J, S; FARREL, P, A. Fluid snacks to help persons with type 1 diabetes avoid late onset postexercise hypoglycemia, Medicine & Science in Sport & Exercise, v. 32(5), p. 904-910, May 2000. HOLTEN, M, K; ZACHO, M; GASTER, M; JUEL, C; WOJTASZEWSKI, J, F, P; DELA, & DELA, F. Strength tarining increases insulin mediated glucose uptake, glut-4 content, and insulin signaling in skeletal muscle in patients with type 2 diabetes. Diabetes, v. 53, p. 294-305, 2004.

Page 73: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

HOUMARD, J, A; TANNER, C, J; SLENTZ, C, A; McCARTNEY, J, S & KRAUS, W, E. effect of the volume and intensity on insulin sensitivity. Journal Applied Physiology, v. 96, p. 101-106, September 12, 2003. HURLEY, B, F.; ROTH, S, M. Strenth training in the elderly: efeitos on risks factors for age-related diseases. Sports Medicine, Maryland, v. 30, n. 4, p. 249-269, outubro. 2000. JUNQUEIRA, L, C. & CARNEIRO, J. Histologia básica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. KELLEY, D, E; GOODPASTER, B, H. Effects of exercise on glucose homeostasis in type 2 diabetes mellitus. Medicine and Science in Sport and Exercise, v. 33 (6), p. S495-S501, June 2001. KOCINA, P. CENTER, J. & ALBUQUERQUE, A. Composição corporal de adultos com lesão na coluna vertebral. Sprint Magazine, vol 25, n° 119, Pg 14-17, 2002. KOESLAG, J, H.; SAUNDERS, P, T.; TERBLANCHE, ELMARIE. A reappraisal of the blood glucose homeostat which comprehensively explains the type 2 diabetes mellitus-syndrome x complex. J. Physol, Londres, v. 549, n. 2, pp. 333-346, Abril, 2003. MARZZOCO, A & TORRES, B. B. Bioquímica básica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A, 1999. McARDLE, W. D., KATCH, F. I. & KATCH V. L. Fisiologia do exercício–energia, nutrição e desempenho humano. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. MELLEROWICZ, H. & MELLER, W. Treinamento físico : Bases e princípios fisiológicos. 2ª ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1979. NETTO, E, S. Atividade física para diabéticos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

Page 74: ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre … · ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes,

WEST, J, B. & TAYLOR. As bases fisiológicas da prática médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989. WILMORE, J, H. & COSTILL, D, L. Physiology of sport and exercise. United States of America: Human Kinetics, 1999. po. box 5076, Champaign, IL 61825-50 76 POWERS, S, K. & HOWLEY, E, T. Fisiologia do exercício. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2000. ROSS, M, H. & ROWRELL, LYNN, J. Histologia texto e atas. 2 ª ed. São Paulo: Editorial Médica Panamericana, 1993. SKINNER, J. S. Prova de esforço e prescrição de exercícios para casos especiais. Rio de Janeiro: Revinter Ltda, 1991. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diagnóstcio e classificação do diabetes mellitus e tratamento do diabetes mellitus tipo 2. Consenso Brasileiro Sobre Diabetes. 2000. SCHAUF, C, L., MOFFETT, D, F., MOFFETT, S, B. Fisiologia humana. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. STEVENS, A. & LOWE, J, S. Histologia humana. 2ª de. São Paulo: manole, 2001. THE EXPERT COMMITEE ON THE DIAGNOSIS AND CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS. Follow up report on the diagnosis of diabetes mellitus, Diabetes Care, v. 26, p.3160-3167, November 2003. VALLE, J, P. Viva em paz com seu diabetes. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1979. VANDER, A, J., SHERMAN, J, H. & LUCIANO, D, S. Fisiología humana. 3ª ed. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1981.