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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MARCELO CASAGRANDE ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE BAURU 2006

Atividade Fisica Na Terceira Idade

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Page 1: Atividade Fisica Na Terceira Idade

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

MARCELO CASAGRANDE

ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE

BAURU 2006

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MARCELO CASAGRANDE

ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE

BAURU 2006

Trabalho de conclusão de Curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Faculdade de Ciências da Unesp, campus de Bauru pela disciplina Trabalho de Formatura ministrada pela Profa. Marli Nabeiro.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais: Anay e Gilberto, que me deram a

vida e me ensinaram a lutar e viver com dignidade. Em especial à minha irmã Giseli,

que sempre confiou em mim.

In Memorian, ao meu eterno amigo João Paulo, que, enquanto presente

me ensinou o quão importante é valorizar as amizades sinceras e verdadeiras. Ele

se foi num adeus eterno; mas está aqui.

Amo vocês

Marcelo Casagrande

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AGRADECIMENTOS

À todos os professores e colegas de sala, por esses quatro anos que

passamos juntos compartilhando momentos de dificuldades mas também de

bastante alegria.

À minha mãe, Anay, que sempre esteve ao meu lado auxiliando com sua

experiência e dedicação.

À Mônica, Tatiana e Adriano pela abnegação de seus tempos e trabalhos,

por todos os momentos que tive às suas colaborações.

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“O Segredo da existência humana consiste não

somente em viver, mas em encontrar um movito

de viver.”

Dostoievski

Page 6: Atividade Fisica Na Terceira Idade

RESUMO

Este estudo de revisão bibliográfica tem como objetivo avaliar a ação dos

exercícios físicos no cotidiano dos idosos para uma melhor condição de vida em

suas atividades diárias. Para tanto, buscou-se entender as conseqüências do

envelhecimento sobre esta faixa etária, a importância da atividade física e a

manutenção desta na vida diária dos idosos; e a ação dos exercícios físicos como

melhoria na qualidade de vida proporcionando uma vida saudável aos idosos.

Concluiu-se que programas de exercícios físicos sistematizados podem melhorar a

qualidade de vida em diversas atividades e tarefas realizadas por esta população.

Realizando minuciosa leitura para compor a revisão literária, verificou-se que os

exercícios físicos podem contribuir de forma mais eficaz na independência funcional

visando a realização das tarefas diárias dos idosos, tal qual pode-se observar no

entendimento dado pelos diversos autores citados, onde idosos praticantes de

programas de exercícios físicos obtêm melhor desempenho em tarefas simulando

atividades da vida diária.

PALAVRAS-CHAVE: idoso, atividade física e qualidade de vida.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................9

CAPÍTULO I: REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................14

1 A TERCEIRA IDADE E SUAS CARACTERISTICAS .............................................14

1.1 As etapas de envelhecimento..........................................................................14

1.2 Aspectos do envelhecimento – físico, psicológico e social ..............................16

1.3 Pontos em que a idade transparece ................................................................18

2 O QUE É ATIVIDADE FÍSICA................................................................................19

2.1 A importância da atividade física .....................................................................20

2.2 Objetivos e benefícios da atividade física ........................................................20

2.3 Atividade física na terceira idade .....................................................................21

2.4 Atividade física e seus benefícios no envelhecimento.....................................22

2.5 Envelhecimento e exercício .............................................................................24

2.5.1 O Fenômeno do envelhecimento ..............................................................26

2.5.2 Classificação da idade ..............................................................................26

2.5.3 Envelhecimento e Consumo Energético ...................................................27

2.5.4 Envelhecimento e Performance Aeróbia ...................................................27

2.5.5 Freqüência cardíaca..................................................................................28

2.5.6 Volume de ejeção......................................................................................28

2.5.7 Diferença artério-venosa para o oxigênio..................................................29

2.5.8 Conseqüências Funcionais .......................................................................29

2.5.9 Idade e Resposta ao Treinamento ............................................................30

2.5.10 Envelhecimento e Função Músculo-Esquelética .....................................30

2.6 A influência da atividade física na manutenção do osso..................................35

2.6.1 Necessidades e Restrições do Idoso, Como o corpo envelhece? ............40

2.6.2 Aptidão Física Relacionada à Saúde ........................................................40

2.6.3 Atividades da Vida Diária São Classificadas de Acordo com a American

Geriatrics Society em .........................................................................................40

2.6.4 Classificação do nível de atividade do IDOSO..........................................41

2.6.5 Tipos de testes de avaliação para o idoso ................................................42

3 QUALIDADE DE VIDA ..........................................................................................45

3.1 Introdução ao conceito de Qualidade de Vida .................................................45

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8

3.2 A Qualidade de Vida na perspectiva da Organização Mundial de Saúde........45

3.2.1 O paradigma do Estilo de Vida Ativa.........................................................46

3.2.2 Atividade Física, Saúde e Qualidade de vida............................................47

3.3 Praticar exercícios: uma questão de começar .................................................49

3.4 Reconhecimento das limitações ......................................................................51

4 OBJETIVOS ...........................................................................................................52

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................53

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................55

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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a Terceira Idade é

considerada a partir dos 60 anos. A Legislação Brasileira adotou a mesma

orientação. Consoante a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil será, até

o ano 2025, o sexto país mais envelhecido do mundo, com uma população

projetada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 219.346.505

habitantes, dos quais 30.265.658 habitantes estarão na faixa etária acima de 60

anos, situando-se à frente das Filipinas e México. Em 01/10/2003 foi promulgada a

Lei n.º10.741, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso bem como contamos com o

decreto 1948/96, que regulamenta a lei 884/ 94 estabelecendo a Política Nacional do

Idoso. Embora essas medidas legais representem um ganho para a sociedade,

ainda existe um longo caminho a percorrer até que se inaugure o tempo em que o

cumprimento dessas leis represente o atendimento às reais necessidades da

população idosa, melhorando assim a sua qualidade de vida. Outra iniciativa, como

em outros paises vem se fomentando, são as Universidades Abertas da Terceira

Idade, instituições públicas e privadas que têm trazido para dentro de seus espaços

um número cada vez maior de idosos que buscam retomar seu lugar na sociedade,

participando como sujeitos de saber e não apenas como objetos de estudo.

No processo de envelhecimento, a manutenção do corpo em atividade é

fundamental para conservar as funções vitais em bom funcionamento. A estimulação

corporal favorece o melhor desempenho das atividades rotineiras. As pessoas de

idade avançada ao praticarem atividades físicas com regularidade e sob orientação

médica, quando comparadas às de vida ociosa, mostram melhor adaptação orgânica

aos esforços físicos, além de maior resistência às doenças e ao estresse emocional

e ambiental. A Educação Física para os idosos envolve outras áreas, buscando um

trabalho multiprofissional. As trocas de informações e conhecimentos favorecem o

alcance dos objetivos propostos e a melhor condução das atividades para esta faixa

etária. O trabalho de atividade física deve ser adaptado ao idoso visando atingir seus

anseios, necessidades e suas condições físicas. O corpo do idoso em movimento é

sinal de saúde e alegria. A atividade física regular favorece a uma mudança

comportamental, que poderá proporcionar transformações sociais (Lopes, M.A. e

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10

Siedler, M.J., 1997), visto que o idoso quando se valoriza pode desencadear junto a

sua família e no seu meio social, grandes mudanças. O envelhecimento humano é

definido como um processo natural, irreversível, atinge todo ser humano e provoca

uma perda estrutural e funcional progressiva no organismo. O processo de

envelhecimento trás consigo várias alterações fisiológicas, como a progressiva

atrofia muscular, fraqueza funcional, descalcificação óssea, aumento da espessura

da parede de vasos, aumento do nível de gordura, diminuição da capacidade

coordenativa, dentre outras. Problemas esses que, em sua maioria, têm seus efeitos

minimizados pela assimilação de um estilo de vida ativo.

A diminuição da capacidade funcional é decorrente em grande parte de

doenças hipocinéticas, ou seja, doenças decorrentes da inatividade física. O

exercício físico pode ser destacado como elemento de prevenção.

Guedes e Guedes (1995) consideram que os exercícios corretamente

prescritos e orientados desempenham importante papel na prevenção, conservação

e recuperação da capacidade funcional dos indivíduos, repercutindo positivamente

em sua saúde. Esses não farão parar o processo de envelhecimento, mas, poderão

retardar o aparecimento de complicações, interferindo positivamente no seu bem

estar.

Com o envelhecimento humano a força muscular localizada tende a ser

diminuída. Segundo Shephard (1997) esta ocorre devido à diminuição da massa

muscular magra. Aoyagi e Shephard (1992) destacam que esta diminuição ocorre

devido ao declínio do número de fibras e/ou redução na área de seção transversa.

Acredita-se que há diminuição no número dos moto neurônios alfa e desenervação

de um certo número de fibras musculares e que estas são conseqüências da

degeneração da placa motora. A atividade física na terceira idade tem como objetivo

o retardamento do processo inevitável do envelhecimento, através da normalização

da vida do idoso, afastando os riscos comuns na terceira idade. Dar um sentido, uma

qualidade a esta terceira etapa da existência, revalorizar as pessoas da terceira

idade, ante seus próprios olhos e os da sociedade, reintegra-las nas relações

sociais, tem sido na atualidade, fonte de importantes iniciativas. Uma das formas de

se alcançar à manutenção ou recuperação da vitalidade é a participação em

atividades físicas e recreativas, permitindo ao indivíduo da terceira idade readaptar

seu corpo. O trabalho do professor de Educação Física nesta faixa da população

exige que uma série de preconceitos sejam revistos e que se respeite as limitações

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a que estão submetidas às pessoas que se encontram na terceira idade. Segundo

Guerra (1988), atividades recreativas são aquelas acima de tudo prazerosas e

criadas para que o indivíduo possa melhor ocupar o seu tempo livre. Devem atender

aos diferentes interesses das diversas faixas etárias e dar liberdade de escolha das

atividades para que o prazer seja gerado. No caso do idoso, tenha o objetivo

principal de contribuir para que as pessoas se integrem ao meio social onde vivem,

segundo seus interesses e necessidades motoras, intelectuais e afetivo-sociais.

Devem ser prazerosas, desinibidoras, interessantes, capazes de ampliar as relações

sociais e facilitar o convívio de pessoas que se identificam na participação do

programa. A atividade física corretamente orientada, altera favoravelmente o

metabolismo lipídico e dos carboidratos, induz ao aumento dos níveis de

lipoproteínas de alta densidade (HDL), tem efeito benéfico sobre a distribuição do

tecido adiposo, melhora a sensibilidade insulínica, sendo importante na redução do

risco cardiovascular.

Apesar do pequeno número de trabalhos com idosos e reabilitação, é

indiscutível a melhora de capacidade funcional desse grupo, justificando maior

difusão dos benefícios da atividade física regular dos programas de reabilitação para

essa faixa etária.

Por outro lado, a respeito das evidências dos benefícios da atividade física

como fator de prevenção de incapacidade, mesmo nos países desenvolvidos, a

adesão aos programas de exercícios regulares ainda é baixa. Esses dados levam à

conclusão de que nos países em desenvolvimento o percentual de idosos que

exerce alguma atividade física regular é ainda mais baixo. No processo de

envelhecimento, a manutenção do corpo em atividade é fundamental para conservar

as funções vitais em bom funcionamento. A estimulação corporal favorece o melhor

desempenho das atividades rotineiras. As pessoas de idade avançada ao praticarem

atividades físicas com regularidade e sob orientação médica, quando comparadas as

de vida ociosa, mostram melhor adaptação orgânica aos esforços físicos, além de

maior resistência às doenças e ao estresse emocional e ambiental. A atividade física

regular favorece a uma mudança comportamental, que poderá proporcionar

transformações sociais (LOPES; SIEDLER, 1997), visto que o idoso quando se

valoriza pode desencadear junto a sua família e no seu meio social, grandes

mudanças. O envelhecimento humano é definido como um processo natural,

irreversível, atinge todo ser humano e provoca uma perda estrutural e funcional

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progressiva no organismo. Por outro lado, sabe-se que o processo de

envelhecimento é acompanhado por uma série de alterações fisiológicas ocorridas

no organismo (FARO JR; LOURENÇO e BARROS NETO, 1996), bem como pelo

surgimento de doenças crônico – degenerativas advindas de hábitos de vida

inadequada (tabagismo, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividades laboral,

ausência de atividade física regular, etc.). A diminuição da capacidade funcional é

decorrente em grande parte de doenças hipocinéticas, ou seja, doenças decorrentes

da inatividade física. O exercício físico pode ser destacado como elemento de

prevenção. Guedes e Guedes (1995) consideram que os exercícios corretamente

prescritos e orientados desempenham importante papel na prevenção, conservação

e recuperação da capacidade funcional dos indivíduos, repercutindo positivamente

em sua saúde. Estes não farão parar o processo de envelhecimento, mas, poderão

retardar o aparecimento de complicações, interferindo positivamente no seu bem

estar. Desta forma, torna-se extremamente importante para os profissionais de

Educação Física, a importância de compreender o trabalho junto a esta faixa etária,

desenvolvendo atividades que favoreçam aos idosos possibilidades de um

envelhecimento saudável com novas perspectivas de vida. O tema escolhido é de

fundamental importância aos profissionais de Educação Física, pois demonstra que

através dos conhecimentos teóricos e práticos obtidos pode o profissional programar

e realizar atividades físicas para integração de pessoas da terceira idade. E

principalmente mostrar teoricamente os benefícios das atividades físicas nas

implicações funcionais de uma idade avançada. Este estudo aborda a importância

das atividades físicas para a qualidade de vida na terceira idade, apontando as

transformações que ocorrem com o processo de envelhecimento e algumas

possibilidades de se buscar o equilíbrio entre as potencialidades e as limitações do

idoso, por meio de uma vida mais saudável. Destaca também, que, para obter a

melhora na qualidade de vida da terceira idade através de atividades físicas, é

necessário adaptá-las aos idosos visando atingir seus anseios, necessidades e suas

condições físicas. O corpo do idoso em movimento é sinal de saúde e alegria. A

atividade física deve ser dirigida para quebrar o ciclo vicioso do envelhecimento,

melhorando sua condição aeróbica e diminuindo os efeitos deletérios do

sedentarismo, melhorar o contato social, reduzindo a ansiedade e a depressão,

comuns nesta faixa etária, desenvolver a resistência e a força muscular, melhorar

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sua mobilidade articular, redobrar suas energias, vitalidade e disposição, tornando

sua vida mais alegre.

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CAPÍTULO I: REVISÃO DE LITERATURA

1 A TERCEIRA IDADE E SUAS CARACTERISTICAS

1.1 As etapas de envelhecimento

“Envelhecimento é a conseqüência de alterações, que os indivíduos

demonstram, de forma característica, com progresso do tempo, da idade adulta até o

fim da vida”. (MEIRELLES, 1997).

Idade do meio ou critica – dos 45 aos 60 anos, aproximadamente,

encontram-se os primeiros sinais de envelhecimento, que representam

frequentemente uma tendência ou predisposição ao aparecimento de doenças, entre

as quais se destacam:

a) senescência gradual – dos 60 aos 70 anos, aproximadamente. É

caracterizada pelo aparecimento de alterações fisiológicas e funcionais instaladas,

típicas da idade avançada;

b) velhice- nesta idade, que se inicia por volta dos 70 anos, está-se frente

ao velho ou ancião no sentido estrito;

c) longevo – ou grande velho – aquele com mais de 90 anos.

De maneira geral, os estudiosos em gerontologia são unânimes em

salientar que a idade cronológica não corresponde a idade biológica, e essa

classificação é utilizada como uma orientação para o profissional quanto à maneira

de se abordar a problemática apresentada pelo individuo: se preventiva, reabilitativa

ou paliativa. Várias são as teorias que tentam explicar cientificamente o fenômeno

do envelhecimento, entre elas estão:

d) dos distúrbios no mecanismo de reparação do DNA;

e) de erros nas funções celulares fundamentais;

f) dos radicais livres, que surgem na presença de oxigênio que atacam

as membranas celulares causando envelhecimento;

g) do estresse (fase de alarme, fase de resistência, fase de esgotamento).

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A fase de esgotamento consistiria no envelhecimento, caracterizado por

uma diminuição da resistência. Segundo Verderi (2002), o envelhecimento é

acompanhado de mudanças com grau de variação entre os indivíduos. Uma coisa,

porém, é inegável, o envelhecimento é a regressão de funções e a diminuição de

vulnerabilidade e não da aproximação da morte. A população de idosos está

atualmente ocupando um espaço muito importante em nossa sociedade, o aumento

dessa população é uma realidade. Dado este fato, em nosso país começa a surgir

certa preocupação em diversos setores, no sentido de não desampará-los dando-

lhes melhores e maiores assistências mediantes as necessidades.

O envelhecimento é uma preocupação constante do homem em todos os

tempos. Em nossa sociedade o homem rejeita o envelhecimento, não se

conformando com sua evidência. A terceira idade desperta sentimento negativo

como piedade, medo e constrangimento (AZEVEDO, 1998). Existem várias maneiras

de se envelhecer, dentro da variação individual, ao chegar a uma idade mais

avançada pode transcorrer de maneira harmoniosa, sendo responsável por uma

etapa feliz e digna da vida do indivíduo, ou pode acontecer de maneira desastrosa,

onde, apesar da longevidade, o prazer de viver é perdido pelo caminho. Envelhecer

não significa necessariamente acumular perdas e abandonar perspectivas. O temor

com a possível aproximação da morte se torna menos lógica quando observarmos

as estatísticas. É a própria vida quem nos aproxima da morte e não o

envelhecimento. Este é uma dádiva que poucos recebem e, menos ainda,

conseguem ou sabem usufruir. Portanto, o mais substancial é poder, saber e querer

envelhecer com dignidade. E para isso é necessário que uma vida digna seja

acessível a todos os indivíduos em todas as fases evolutivas do seu viver. Em no

que diz respeito à prevenção em gerontologia, para que possamos prolongar a vida

com saúde, isto é, com qualidade de vida, devemos sempre que possível, promover

fatores que possibilitem o retardo dos declínios decorrentes do envelhecimento, e

reduzir ao máximo as situações que gerem perda da capacidade ou autonomia do

indivíduo.

O envelhecimento é um processo fisiológico que não necessariamente

corre paralelo à idade cronológica, apresentando considerável variação individual. O

fator em comum de todas essas evidências é que todos nós estamos envelhecendo

e envelhecemos a cada dia de nossa vida, acreditando que envelhecer faz parte do

processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano, e ao contrário do que a

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sociedade pensa, o envelhecimento está associado não somente a fatores

negativos, mas também a uma série de aspectos positivos que enriquecem a vida do

indivíduo em diversas áreas. Dessa forma, o idoso não pode ser mais visto como um

ser que não tem mais nada a oferecer, ou associado à imagem de doença,

incapacidade e dependência (MATSUDO, 2001).

Envelhecimento é um fenômeno fisiológico, progressivo e inerente a todo

ser humano. No entanto, ele não será necessariamente patológico. Patológico,

podemos dizer que encontramos na senilidade, e que muitas vezes acompanha um

envelhecimento vinculado a uma precária qualidade de vida. Nessa situação, o

organismo passaria a apresentar algumas limitações, desequilíbrios no sistema

motor e/ou cognitivo, comprometendo assim, o dia-a-dia do idoso. Muitas mudanças

físicas que ocorrem com a idade afetam a aparência. Ganho de gordura

generalizado, perda dos músculos, perda da estatura, má postura, pele seca,

renovação mais lenta das células lubrificantes, pele pálida devido à perda de

pigmentos da pele, manchas na pele muito expostas ao sol, os vasos sanguíneos se

tornam mais evidentes devido ao afinamento da pele e outras no sistema psicológico

e funcional. No entanto, apesar de alguns decréscimos de eficiência e capacidade

físico-motora, à medida que envelhecemos, não deixa de ser possível manter um

nível relativamente alto de desempenho físico e mental por muitos anos. Aqueles

que mantêm uma vida ativa de forma física, cognitiva e social serão sempre

privilegiados (VERDERI, 2004). A diminuição ou perda da capacidade funcional leva

a incapacidade funcional, que em muitos casos é conseqüência das perdas

associadas ao envelhecimento, mas principalmente à falta ou diminuição da

atividade física associada ao aumento da idade cronológica, que leva à perdas

importantes na condição cardiovascular, força muscular e equilíbrio, que são

responsáveis em grande parte pelo declínio na capacidade funcional (MATSUDO,

2001).

1.2 Aspectos do envelhecimento – físico, psicológico e social

O processo de envelhecimento ocasiona alterações consideráveis no

indivíduo, nos quais são destacados os aspectos físicos, psicológicos e sociais, que

de certa maneira um está relacionado com o outro e caminham juntos.

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Pode–se citar dentre os fatores físicos, alterações em todos os órgãos e

sistema dos organismos intracelulares que prejudicam não somente sua função

como também sua multiplicação. No sistema nervoso ocorre uma diminuição da

atividade cerebral, deficiência e perda de neurônios, diminuindo o número de

ramificações e conexões com os outros órgãos que inervam, diminuição dos reflexos

da sensibilidade e da percepção corporal, diminuição da capacidade intelectual,

alterações na atenção e etc. No sistema motor, as articulações, músculos e ossos

sofrem diversas alterações.

Segundo Lorda Paz (1990), a estatura diminui começando entre os 50 e

55 anos devido à compreensão das vértebras e aos achatamentos dos discos

intervertebrais, de 3 a 4 centímetros, há uma constante perda de equilíbrio devido a

mudanças motoras, ombros se curvam, a cabeça se inclina para adiante, a curvatura

dorsal acentua-se, ocorre um flexionamento dos joelhos, nos ossos eles passam de

um estado consistente para um estado esponjoso, a descalcificação, que caracteriza

a osteoporose.

Nas articulações a sobrecarga é danosa e principalmente à do idoso que

se torna mais delgada e mais frágil. Há perda de tônus muscular, ocasionando

atrofia muscular nos grandes grupos musculares. No sistema cardiovascular o

coração aumenta seu volume, a freqüência cardíaca diminui, há uma diminuição de

volume de sangue que o coração bombeia, os pulmões diminuem de tamanho e

peso. Já no aspecto social, se dá ao isolamento e ao esquecimento dos idosos,

prejudicando também o psicológico. Mas nem sempre na velhice ocorre isso, pois

existem atitudes e sociedades diferentes, que faz com que ocorram várias situações.

No livro de Rauchbach (1990) relata com exemplo as tribos de esquimós, na qual o

envelhecimento só chegava para os indivíduos no momento em que não

conseguiam, pois si sós, proverem suas próprias necessidades e colaborarem no

geral do grupo, sentindo-se então pesados aos demais e recorriam ao suicídio,

solução indicada pela própria cultura. A sociedade da antiguidade em geral, acatava

os velhos sábios quando atingiam essa etapa. Na questão dos idosos no Brasil

existem dois pontos distintos, os do nordeste e os do sul. No nordeste ainda

predomina a família patriarcal, onde é muito forte a presença da cultura indígena, em

que o velho desempenha o papel de destaque, de transferir para os jovens a cultura

da tribo, seu folclore, sua crença, sendo o mais respeitado pela experiência

acumulada ao longo da vida. No sul, predomina a sociedade industrial, marcada pelo

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acirramento de competição entre as pessoas, na busca da promoção social e

humana. O equilíbrio social na velhice se torna mais difícil, decorrente da longa

história de vida, quer pela aquisição de um sistema de reivindicações e desejos

pessoais, quer pela fixação de estratégias de comportamento. Atrás de uma barreira

de isolamento social, podemos encontrar o pessimismo na sua existência,

passividade, queixas somáticas, baixa auto-estima, ansiedade, depressão e as

insônias precursoras comuns de infarto do miocárdio.

Ocorrem modificações no decorrer dos anos, onde alteram seus valores e

atitudes. Os entusiasmos são menores, a motivação tende a diminuir, é preciso criar

estímulos bem maiores para fazê-lo empreender uma nova ação, para lutar contra

fatores internos e externos que ameaçam a vida.

Por isso, os benefícios ao idoso, ocasionado através da prática regular de

exercícios físicos, transcendem os aspectos fisiológicos e contemplam o ser humano

em sua globalidade: atendem também suas necessidades sociais e psicológicas. Por

esse motivo, a Educação Física possui um papel importante na vida das pessoas, e

a sua prática é um direito a todos.

1.3 Pontos em que a idade transparece

Segundo Morgenthaler (1996), à medida que as pessoas envelhecem, por

mais fortes e saudáveis que sejam, sempre há algum ponto em que a idade

transparece. Pode ser:

1 – MÃOS: enfeiam, aparecem rugas.

2 – CABELOS: embranquecem ou caem.

3 – JOELHOS: desgaste

4 – OLHOS: enfraquecem

5 – OUVIDOS: alcance diminuído

6 – PELE: diminuição da elasticidade, adquire manchas, rugas.

7 – COLUNA: aparecem bico de papagaio, desgaste, discos, etc.

8 – ANDAR: quanto menos andar, mais lento e difícil se torna.

9 – PULMÕES: mais fracos.

10 – CORAÇÃO: arteriosclerose, pressão alta, etc.

Page 19: Atividade Fisica Na Terceira Idade

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11 – APETITE: diminui, e eles podem atingir um estado de subnutrição, o

intestino funciona mais devagar. O problema pode ser também a dentadura, ou os

dentes.

12 – MEMÓRIA: debilitada, as vezes parece que a mente não envia aos

sentidos o comando. Neste item, a autora chama a atenção: problemas de memória

podem ser o problema de gente idosa, mas não se senil. Muitas vezes, um idoso

tem problemas, mas esta longe da senilidade. Às vezes, qualquer comportamento,

confusão, DEPRESSÃO, causados por nervosismo ou outro, são julgados como

SENILIDADE, DEMÊNCIA OU ARTERIOSCLEROSE, até por médicos menos

experientes. A DEPRESSÃO, doença comum da terceira idade tem por sintomas

choro fácil, falta de apetite, tristeza, cansaço, fácil irritabilidade, sentimento de culpa,

isolamento, falta de vontade de conversar e se movimentar, angústia e insônia.

2 O QUE É ATIVIDADE FÍSICA

Atividade Física pode ser determinada como sendo o conjunto de ações que um indivíduo

ou grupo de pessoas pratica envolvendo gasto energético e alterações orgânicas, através de

exercícios que envolvam movimento corporal, com aplicação de uma ou mais capacidades físicas,

associado à atividade mental e também social, onde este indivíduo terá como resultado benefícios à

sua saúde, melhorando sua capacidade cárdio-respiratória, seu nível de força, flexibilidade, tônus

muscular, entre outras, tudo isso dependendo do tipo de atividade e da intensidade, freqüência e

duração da mesma. Além de, também, diminuir os riscos de doenças como diabetes, hipertensão,

controle de estresse, etc. Para melhor compreensão dessa área, são: Atividade Física e Educação

Física, termos correntes nas publicações. De acordo com Bouchard &Shephard (1994), entende-se

por atividade física qualquer movimento corporal produzido pelos músculos que resulte num

substancial aumento do gasto das reservas energéticas, o que inclui as atividades físicas de lazer, a

ginástica, o esporte, as tarefas da vida diária, entre outras. Já o termo Educação Física refere-se aos

conhecimentos sistematizados sobre o movimento humano, conhecimento esse que deve capacitar o

aluno para, com autonomia, otimizar suas potencialidades e possibilidades de movimentos para se

regular, interagir e transformar o meio ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida. Sendo

assim, nem toda atividade física é educação física pois, as atividades do cotidiano, do trabalho e da

vida social implicam movimentos, mas isso não caracteriza educação física. Pode-se praticar

atividades físicas como, por exemplo, o futebol e a ginástica como um meio para se alcançar

objetivos de lazer, melhorar a condição física ou com finalidades estéticas. Entretanto, esses

objetivos são variados e definidos pelo praticante em um amplo universo de possibilidades; são,

portanto, da ordem do possível e da vontade do praticante. Já essas mesmas atividades, como

conteúdos da educação física, são os meios para se alcançar objetivos definidos “a priori”, que são da

ordem do necessário, isto é, aquilo que não pode deixar de ser. Nesse sentido, a educação física tem

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como objetivo precípuo instrumentalizar o aluno para participar de programas de atividades físicas

como ginástica, natação, dança, esporte, etc., avaliando sua qualidade e adequação para a

promoção da saúde e bem estar. Tudo indica que a diferença fundamental está na relação meio/fim.

No primeiro caso, a atividade física se constitui num fim em si mesma e, no segundo caso, a atividade

física é um meio para a Educação Física. Além disso, a educação física deve contribuir para a

formação de um consumidor crítico dos espetáculos esportivos e informações veiculadas nos meios

de comunicação, através de elementos conceituais e perceptivos que lhe permitam apreciar e refletir

sobre a estética e a técnica dessas manifestações.

2.1 A importância da atividade física

A atividade física é importante porque através dela pode-se melhorar o nível de Aptidão

Física que nada mais é que o conjunto de atributos que se relacionam com a capacidade que um

indivíduo tem de realizar atividades físicas, onde este nível está relacionado diretamente ao nível de

saúde que as pessoas apresentam, sendo o sedentarismo considerado tão prejudicial à saúde quanto

qualquer outra doença como o diabetes, hipertensão e outros, estando o sedentário mais predisposto

a estes mesmos distúrbios. As pessoas inativas e sedentárias estão mais expostas a doenças

relacionadas ao estilo de vida.

Atividades Físicas que se constituem de exercícios bem planejados, bem estruturados,

que são feitos de maneira repetitiva e intencional são responsáveis pelos maiores e melhores

resultados para quem os pratica, além de terem seus riscos minimizados através de boas orientações

e controles adequados.

Os exercícios regulares aumentam a longevidade, melhorando a energia do indivíduo,

sua disposição e saúde de um modo geral. Melhorando também o seu nível intelectual e seu

raciocínio, sua velocidade de reação e o seu convívio social, ou seja, seu estilo de vida que é a sua

própria qualidade de vida.

2.2 Objetivos e benefícios da atividade física

Várias pesquisas como a situada na revista do CREF4/SP, Ano IV, nº 007,

dezembro de 2.003, mostram que a atividade física seja ela qual for, desde que bem

orientada, promove benefícios à saúde.

Recentemente, documentou-se a importância da força para a manutenção

da homeostase e hemodinâmica na vida diária. Ou seja, idosos com pouca força

muscular apresentaram aumento acentuado na freqüência cardíaca e pressão

arterial. Isso devido á falta de força faz com que atividades comuns no cotidiano

Page 21: Atividade Fisica Na Terceira Idade

21

tornem-se esforços de alta intensidade. Os principais objetivos e benefícios da

atividade física na terceira idade são:

a) manutenção da massa magra ( músculos) – torna o idoso apto a

realizar tarefas diárias que exigem maior intensidade de força, tais como: subir

escadas, carregar objetos, sentar e levantar de alturas relativamente baixas, dar

pequenos piques, todas essas tarefas são muito mais comuns para o idoso, do que

correr ou nadar longas distâncias;

b) manutenção de um alto metabolismo basal, devido à massa

magra, evitando assim obesidade e suas conseqüências;

c) prevenção de doenças crônicas ou crônico – degenerativas, tais

como: osteoporose, por influenciar positivamente na mineralização e na matriz

óssea;

d) fator psicológico: desenvolve a auto estima aumentando a vaidade

e a vontade de viver.

Atividade física na terceira idade também previne e combate doenças

como diabetes e varizes.

2.3 Atividade física na terceira idade

A velhice pode ser vista pelos dois lados: como apogeu de uma vida ou

como a decadência de um indivíduo. Na atualidade, a velhice vive seu eterno

conflito. A indústria da beleza vende a eterna juventude e nega a velhice, pois esta

privilegia as pessoas altamente produtivas. O ser humano não pode continuar a ser

encarado como um produto com prazo de validade, pois a velhice nasce com o

homem e é resultado de sua trajetória biológica e espiritual.

A velhice não existe. O que existe é uma fase da vida em que as pessoas deverão colher

os frutos de seus trabalhos, tendo consciência de que agora é sua vez como uma participação

prazerosa e saudável dentro da sociedade. O passar do tempo faz com que o círculo das relações

familiares e de amigos diminua pelo processo natural de dispersão, óbitos, ficando o idoso com a

impressão de perder bruscamente a fase de sua razão de ser social. Alguns indivíduos chegam até

mesmo a perda acentuada da capacidade de adaptação e de menor expectativa de vida. A

professora Silene Okuma (1998) que tem livros e artigos publicados sobre o assunto – lembra que a

população brasileira hoje vive mais, o que significa uma convivência maior com a velhice, associada

às alterações físicas e de saúde que o envelhecimento traz. "Daí a importância de oferecer recursos

para as pessoas diminuírem as perdas ou lidarem melhor com essas perdas, que acabam interferindo

nas condições sociais.". Este processo leva à perda das possibilidades de interação social e,

conseqüentemente, a uma condição psicológica negativa. "Não é o envelhecimento em si que produz

Page 22: Atividade Fisica Na Terceira Idade

22

a condição negativa, mas a forma como a pessoa experimenta este envelhecimento", explica a

professora. E uma das melhores formas de experimentá-lo é inserindo a atividade física no dia-a-dia.

Com a autoridade de quem tornou-se uma referência nacional no assunto, Silene Okuma (1996) frisa

que o sedentarismo é muito negativo para as condições de saúde e acelera as modificações

resultantes da idade. "Para diminuir a velocidade da ação do tempo é preciso ativar, estimular o

corpo." Como os exercícios físicos mantêm a funcionalidade dos sistemas e órgãos, eles aumentam a

resistência às doenças. Segundo Okuma (1996), à medida que nos exercitamos, damos uma reserva

funcional ao organismo, permitindo a manutenção de boas condições físicas mesmo no caso de

doenças. Pode não parecer, mas um bom sistema imunológico é importante também para manter

uma relação saudável com o meio. "O indivíduo, para 'funcionar' no meio social, precisa de um corpo

que funcione”, relata Okuma.

Quando se começa a perder as capacidades, vem a condição de aprisionamento,

geradora de muito mal-estar e de condições psicológicas negativas. É quando as pessoas passam a

assumir o estereótipo de que o idoso é incapaz. "A longevidade ainda é algo novo na nossa

sociedade. A caricatura que se faz do idoso ainda é de muita passividade e isolamento. E muitos

ainda assumem esta imagem." Para a autora, quando o idoso percebe que não é incapaz, muda seus

conceitos e passa a ter uma relação positiva com a velhice, de menos dependência dos outros. A

mesma dá um importante recado: "Quem nos mostra que chegamos à velhice é o corpo. É ele que

reflete as transformações. Não existe envelhecimento social, e sim físico." Daí a importância de

manter o corpo em boas condições.

2.4 Atividade física e seus benefícios no envelhecimento

Segundo Matsudo (2001), a atividade física é definida como qualquer movimento corporal

produzido pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto calórico acima do basal. O exercício

físico é definido como uma subcategoria da atividade física que é planejada, estruturada e repetitiva,

resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física. A atividade física

está apoiada em vários fundamentos científicos. É preconizada como indicador de qualidade de vida

em todas as faixas etárias de caráter saudáveis ou comprometidos. Relata ainda a forte associação

entre qualidades físicas (entre outras resistências, coordenação, velocidade, força, equilíbrio,

flexibilidade, relaxamento, ritmo e agilidade), habilidades motoras (movimentos mais precisos como

receber, passar, quicar, arremessar, costurar, cortar, escrever etc).

A atividade física para idosos deve ter os seguintes objetivos: manter a capacidade

funcional geral, preservar a integridade músculo-esquelético, aprimorar o estado psicológico, prevenir

e tratar coronariopatia e o diabetes tipo II. O plano de atividade física deve ter: tipo de exercício

(ênfase no movimento aleatório, na flexibilidade e em alguns exercícios de resistência), intensidade

(moderada sob recarga com progressão lenta), duração (com base na capacidade do indivíduo, até

sessenta minutos por dia, em múltiplas sessões), freqüência (todos os dias com atividades de níveis

mais baixos, como caminhar). Os exercícios se forem bem conduzidos, favorecem ás áreas físicas,

Page 23: Atividade Fisica Na Terceira Idade

23

psíquicas e social tais como: composição corpórea (aumenta a massa magra e reduz a massa

gordurosa, pois, ajuda na queima de calorias, contribuindo para redução do peso); aparelho

cardiovascular central e periférico (aumenta a capacidade do coração e das veias para bombear

sangue); perfil lipídico (reduzindo LDL colesterol e triglicerídeos e aumentando o HDL colesterol, que

tem efeito protetor sobre a parede arterial); aparelho respiratório (melhorando sua performance,

aumentando a massa muscular, previne quedas, melhora o equilíbrio, a força muscular, a mobilidade

articular, a massa óssea e a coordenação motora, melhora a imagem corporal e ajuda o idoso a ter

autoconfiança). As atividades físicas estimulam o crescimento, e o fortalecimento dos músculos. Os

músculos, como estão presos nos ossos, estimulam estes a crescerem, a aumentar a massa óssea.

Elas também melhoram as condições do coração, da respiração, dando mais fôlego e aumentando a

oxigenação do cérebro e do sangue. A pessoa que faz exercícios tem mais disposição, vontade de

viver, servindo os exercícios físicos de musculação, acompanhados de exercícios de relaxamento

muscular, como poderoso método de tratamento de problemas emocionais e sexuais. As angústias,

ansiedade, depressões e fobias podem melhorar com a realização de exercícios leves de músculos e

de respiração (KNOPLICH, 2001). Em parte devido ao impacto sobre vários aspectos da saúde física

a atividade física regular tem uma importante influência sobre as capacidades funcionais, qualidade

de vida e saúde mental do cidadão idoso. Embora o hábito de praticar atividade física regular possa

estender o ciclo vital de uma pessoa em um a dois anos, um benefício muito mais importante é o

aumento de seis a dez anos na expectativa de vida ajustada ao aumento da qualidade de vida

incluem relatórios de maior bem-estar, uma melhora da auto-estima e sensação de auto-eficácia, bem

como uma redução do risco de ansiedade e depressão (SHEPHARD, 1997). Os benefícios da

atividade sobre o controle da pressão arterial acontecem por diversos fatores diretos e indiretos da

atividade física no organismo e que foram sintetizados assim: alterações cardiovasculares (diminuição

da freqüência cardíaca de repouso, do débito cardíaco em repouso, da resistência periférica e do

volume plasmático, aumento da densidade capilar); alterações endócrinas e metabólicas (diminuição

da gordura corporal, diminuição dos níveis de insulina, diminuição na atividade do sistema nervoso

simpático, aumento da sensibilidade à insulina, melhora da tolerância à glicose); composição corporal

(efeito diurético, aumento da massa muscular, aumento de força muscular); comportamento

(diminuição do estresse, diminuição da ansiedade). Efeitos na saúde mental: melhora do auto-

conceito; melhora da auto estima; melhora do humor; melhora da imagem corporal; desenvolvimento

da auto-eficácia; melhora da tensão muscular e da insônia; diminuição do consumo de

medicamentos; melhora das funções cognitivas e da socialização (MATSUDO, 2001). A atividade

física é um ponto importante na qualidade de vida do idoso. No entanto, o tipo de exercício a ser

realizado depende do organismo e da vontade de cada um. Não há nenhuma fórmula predeterminada

do que deve ser feito na terceira idade. O idoso precisa olhar para si e ver qual a sua capacidade

funcional nas atividades do dia-a-dia, como subir as escadas de um ônibus, carregar panelas de

pressão, arrumar camas, abaixar-se para ver o forno, por exemplo, (OKUMA, 1998). A atividade física

é um fator fundamental na saúde do idoso. Estudos mostram que pelo menos 70% dos idosos têm

um problema de saúde e a atividade física pode ser uma grande aliada do tratamento. A prática da

atividade física pode controlar a manifestação e os sintomas de várias doenças, como hipertensão,

Page 24: Atividade Fisica Na Terceira Idade

24

por exemplo; e reduzir o consumo de remédios. Para isso, é preciso trabalhos com três sistemas do

corpo humano: o cardiovascular, o nervoso e o músculo-esquelético. A prática de atividade física

melhora o andar e o equilíbrio; melhora a auto-eficácia; contribui para a manutenção e/ou aumento da

densidade óssea; auxilia o controle do diabetes, da artrite, das doenças cardíacas e dos problemas

com colesterol alto e hipertensão; melhora a ingestão alimentar; diminui a depressão; reduz as

ocorrências de acidentes, pois os reflexos e a velocidade ao andar ficam melhores; contribui na

manutenção do peso corporal e melhora da mobilidade do idoso (OKUMA, 2006).

2.5 Envelhecimento e exercício

No Brasil, segundo projeções demográficas, estima-se crescimento de 16

vezes no número de idosos no período de 1950 a 2020. Por outro lado, ocorre

diminuição do envolvimento do número em atividades físicas vigorosas e moderadas

e da vida diária com o aumento progressivo da idade, levando ao decréscimo da

capacidade física. Tal fato tem-se associado com o aumento do risco de doenças

crônicas não transmissíveis, como a hipertensão, diabetes tipo 2, doença

coronariana, acidente vascular cerebral, osteoartrite, problemas respiratórios e

desvios posturais. Sugere-se que a morbimortalidade associada às doenças

crônicas poderia ser reduzida com a prevenção, incluindo mudanças no estilo de

vida, principalmente na dieta e atividade física. Paffenbarger et al (1978).

demonstraram que a prática da atividade física regular reduziu o risco de

mortalidade por doença coronariana e outras causas, aumentando a longevidade.

Portanto, a atividade física tem sido amplamente empregada como estratégia para

melhorar a qualidade de vida do idoso, diminuindo os efeitos deletérios causados

pelas alterações que vêm acompanhadas com o aumento da idade e o contato

social, reduzindo os problemas psicológicos.

Alguns estudos que tinham como principal objetivo aumentar o nível de

atividade física mediante orientações com técnicas de mudanças de comportamento

se mostraram eficazes.

Durante o processo do envelhecimento temos alterações fisiológicas e em

nossas capacidades físicas:

- Redução da força.

- Redução do volume muscular.

- Aumento do tecido não contrátil (gordura e tecido conectivo) no

músculo.

Page 25: Atividade Fisica Na Terceira Idade

25

- Redução na área de secção transversa do músculo esquelético, tem

início aos25 anos e se torna mais pronunciada a partir da 5 década de

vida.

- As fibras tipo II, com o envelhecimento, reduzem em tamanho

enquanto que as fibras do tipo I permanecem praticamente inalteradas.

- A redução da área de secção transversa do músculo também se dá às

custas da redução do número de fibras ao longo do processo de

envelhecimento.

- O envelhecimento parece provocar redução no número tanto de fibras

do tipo I como do tipo II.

- Com o envelhecimento ocorre também uma redução no número de

unidades motoras. Esse fenômeno parece ser resultante da perda de

neurônios motores alfa da medula espinhal com subseqüente

degeneração de seus neurônios em contra partida as unidades

motoras remanescentes aumentam de tamanho.

- Capacidade reduzida no idoso em gerar força em alta velocidade

(potência).

- Vários estudos têm relacionado a redução da força muscular a uma

maior suscetibilidade a quedas, fraturas e dependência do idoso.

- Parte da redução da capacidade aeróbia (50%) no idoso tem sido

atribuída a sua perda de massa muscular.

Alterações da Força em Função da Idade

Manutenção Declínio

Músculos utilizados em atividades diárias Músculos utilizados raramente

Força isométrica Força Dinâmica

Contrações excêntricas Contrações concêntricas

Contrações em baixa velocidade Contrações em alta velocidade

Força utilizando pequenos ângulos de amplitude articular

Força utilizando grandes ângulos de amplitudes articulares

Força nos indivíduos do sexo masculino Força nos indivíduos do sexo feminino

Fonte: Spirduso. W.W.1995 - Physical Dimensions of Aging

Diretrizes e documentos oficiais sobre a prescrição da atividade física para

idosos:

Page 26: Atividade Fisica Na Terceira Idade

26

2.5.1 O Fenômeno do envelhecimento

Envelhecer e morrer parecem ser características de todos os organismos

vivos. Ateroesclerose e arterioesclerose progressivamente diminuem o fornecimento

de oxigênio, e em alguns órgãos como no cérebro, as células que morrem não são

substituídas. Em outros tecidos, os componentes celulares modificam-se com a

idade. Em conseqüência, diversas funções biológicas mostram uma progressiva

degeneração relacionadas com a idade. Por exemplo: ocorre uma degeneração das

fibrilas colágenos dos tecidos, que leva a um enfraquecimento de certas estruturas

como os tendões. Os mecanismos controladores do processo do envelhecimento

não estão bem esclarecidos. Possíveis hipóteses incluem: um "desgaste" que

excede a capacidade regenerativa dos tecidos; uma desregulação do sistema

imunológico que passa a atuar contra estruturas do organismo como proteínas; erros

na divisão celular que são agravadas por fenômenos naturais como a radiação solar;

aumento dos radicais livres. Alguns biólogos argumentam que o envelhecimento foi

"programado" pelo mecanismo da evolução para evitar os perigos de uma

superpopulação.

2.5.2 Classificação da idade

Maioridade jovem cobre o período de 20-35 anos de idade, quando tanto a

função biológica quanto a performance física atingem o máximo. Durante a meia-

idade (35-45 anos), atividade física geralmente diminui, havendo um aumento de 5-

10 kg da massa de gordura corporal. Uma vida ativa pode estar presente mesmo

com o crescimento familiar, porém torna-se menos importante impressionar o patrão

ou pessoas do sexo oposto com aparência física e performance. Durante a

maturidade (45-65 anos), mulheres atingem a menopausa, e os homens reduzem

,também, a produção dos hormônios sexuais.As carreiras profissionais têm

geralmente atingindo o auge, e uma maior disponibilidade de renda diminui em muito

os trabalhos domésticos que passam a ser delegados a empregados. O declínio

,assim, da condição física aumenta e pode acelerar. Em idosos (65-75 anos), pode

haver um modesto incremento da atividade física, para preencher o tempo livre

resultante da aposentadoria (8). No grupo de 75-85 anos muitos indivíduos têm

adquirido alguma deficiência física-motora, e em idosos muito avançados (acima de

Page 27: Atividade Fisica Na Terceira Idade

27

85 anos) há um aumento muito grande da dependência de terceiros para a

realização de atividades. Há, entretanto, uma larga inter-individual diferença no

estado funcional em uma determinada idade. Em termos de consumo máximo de

oxigênio, força muscular e flexibilidade uma pessoa com 65 anos, em boa forma

física, pode obter desempenhos comparados a jovens de 25 anos sedentários.

Então uma avaliação, por exemplo, para continuar-se em determinada atividade

(emprego), ou para uma prescrição de exercícios deve levar em conta a idade

biológica antes que a cronológica. Infelizmente, não há muitos métodos satisfatórios

para a determinação da idade biológica, porque os sistemas do organismo

apresentam-se em diferentes taxas de idades (envelhecimento). Tentativas de

combinação de medidas, como a descoloração do cabelo, perda da elasticidade da

pele, uma diminuição da capacidade vital e do tempo de reação, tomadas como um

índice global parecem prover não mais que um complicado e impreciso método de

avaliar a idade cronológica individual.

2.5.3 Envelhecimento e Consumo Energético

O metabolismo basal (de repouso) dá conta por grande parte do gasto

calórico diário, e como o metabolismo de repouso diminui com a idade, cerca de

10% da maioridade jovem até a idade de aposentadoria, e mais 10%

subseqüentemente, pode ocorrer um substancial aumento no peso. Uma razão é a

perda de massa muscular ativa com um aumento, paralelo, nos depósitos de

gorduras. Em idosos, pode também haver uma redução global no metabolismo

celular. A ingestão de alimentos deve ser correspondentemente ajustada. Uma baixa

ingestão de alimentos pode não ser suficiente para satisfazer as necessidades de

proteínas e outros nutrientes essenciais, particularmente o cálcio. Uma importante

conseqüência da atividade física para os idosos é que pode ocorrer um aumento na

ingestão calórica (devido ao gasto pelo exercício) aumentando assim as dosagens

dos nutrientes essenciais sem que para isso sejam adotados suplementos

vitamínicos e, ou, minerais.

2.5.4 Envelhecimento e Performance Aeróbia

Page 28: Atividade Fisica Na Terceira Idade

28

O consumo máximo de oxigênio declina entre 5 ml/kg /min por década a

partir dos 25 anos até os 65 anos de idade, com alguma possibilidade de uma

aceleração deste valor após os 65 anos(8). É difícil saber até quanto esta perda é

inevitável, e a importância da diminuição da atividade física habitual para a mesma;

normalmente as pessoas tornam-se mais sedentárias com a idade e atletas mais

velhos normalmente reduzem seus treinamentos. Há evidências, ocasionais, que

indicam que pessoas que tornam-se vigorosamente ativas sustentem um mesmo

consumo máximo de oxigênio por muitos anos (6), porém uma revisão crítica dos

dados sugere que uma vez que semelhantes sujeitos iniciam um treinamento e

percebem qualquer resposta imediata, do treino, eles continuam uma relativamente

normal taxa de envelhecimento. Igualmente em atletas que mantiveram seu volume

de treino diário, a taxa de diminuição do consumo de oxigênio é somente um pouco

menor que na população em geral. Causas potenciais da perda de potência aeróbia,

relacionada à idade, incluem uma diminuição da freqüência cardíaca máxima, do

volume de ejeção e da diferença artério-venosa, todos sendo determinantes do

consumo máximo de oxigênio (CONSUMO DE OXIGÊNIO MÁXIMO =

FREQÜÊNCIA CARDÍACA MÁXIMA x VOLUME DE EJEÇÃO CARDÍACO MÁXIMO

x DIFERENÇA ARTÉRIO-VENOSA MÁXIMA).

2.5.5 Freqüência cardíaca

A freqüência cardíaca máxima diminui, principalmente, por causa de uma

resposta menor das catecolaminas circulantes. A equação clássica (freqüência

Cardíaca máxima = 220 – idade) implica num máximo de 155 batimentos por minuto

na idade de 65 anos (1). Pesquisas mais recentes sugerem que um bem motivado

sujeito de 65 anos de idade pode atingir uma taxa de 170 b.p.m., ou mais, durante

uma corrida na esteira com inclinação, embora a fraqueza muscular possa levar a

um valor mais baixo durante ciclo-ergometria (10). Valores máximos são ainda mais

diminuídos se o sujeito experimenta falta de ar (em doenças pulmonares crônicas)

ou desenvolve isquemia do miocárdio.

2.5.6 Volume de ejeção

Page 29: Atividade Fisica Na Terceira Idade

29

Weisfeldt (apud Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2003),

argumentou que se cuidados forem tomados para excluir sujeitos com isquemia no

miocárdio, o coração de um indivíduo de 65 anos pode compensar a menor taxa de

freqüência cardíaca máxima por um aumento no volume diastólico final e assim no

volume de ejeção cardíaca. Todavia, este ponto de vista não foi confirmado em

pesquisas posteriores. Durante exercícios submáximos, o volume de ejeção pode

ser maior que em um adulto jovem, porém uma pessoa idosa tem dificuldade em

manter o volume de ejeção quando o esforço máximo aproxima-se. Há muitas

restrições na função ventricular do idoso. O enchimento venoso é piorado pelo:

pobre tônus venoso periférico, veias varicosas, e um lento relaxamento da parede

ventricular. Uma sensibilidade reduzida para as catecolaminas atrapalha o

incremento inotrópico durante o exercício vigoroso. A pós-carga do ventrículo

também aumenta mais que em indivíduos jovens, em parte devido a hipertensão e a

perda da elasticidade arterial, e também devido a debilidade dos músculos

esqueléticos que devem contrair-se em uma maior percentagem da força voluntária

máxima. Finalmente, a contratilidade ventricular pode ser piorada pelo

desenvolvimento da isquemia silenciosa do miocárdio.

2.5.7 Diferença artério-venosa para o oxigênio

A máxima diferença artério-venosa do oxigênio diminui, de talvez 140 –

150- ml/dl em adultos jovens até 120 – 130 ml/dl em cidadãos idosos. Esta mudança

reflete o redirecionamento de uma grande fração do rendimento cardíaco do

exercício para regiões (pele e vísceras) onde a extração de oxigênio é bastante

limitada.

2.5.8 Conseqüências Funcionais

Dependendo da natureza da tarefa e do ambiente de trabalho, o exercício

torna-se fatigante quando a demanda atinge 33%-50% do consumo máximo de

oxigênio. Assim, o envelhecimento do sistema de transporte do oxigênio

progressivamente restringe a habilidade do idoso em empreender atividades do

cotidiano como uma caminhada numa pequena elevação (9). A independência total

provavelmente requer um transporte máximo de oxigênio de 12-14 ml/kg/min. O

Page 30: Atividade Fisica Na Terceira Idade

30

consumo máximo de oxigênio de muitos idosos cai abaixo do mínimo por volta dos

80 anos de idade, a dependência vai aumentando a medida que a função vai sendo

perdida por períodos de repouso na cama causado por doenças inter-relacionadas.

2.5.9 Idade e Resposta ao Treinamento

Um programa correto de treinamento aeróbio pode aumentar a potência

aeróbia em sujeitos de 65 anos tanto quanto 10 ml/kg/min num período de 3 meses

de treino, reduzindo efetivamente a idade biológica do sistema transportador de

oxigênio em 20 anos. A falta de um treinamento aeróbio, no entanto, não deve limitar

a independência de indivíduos ativos, a menos que ele, ou ela viva até uma idade,

não comum, de 100 anos. O treinamento aeróbio ajuda a eliminar uma inaptidão

prematura, porém tem pouca influência na sobrevivência além dos 80 anos de idade,

porém uma boa saúde será preservada até bem perto do óbito (4). Padrões de

atividade nas idades entre 45-65 anos são fortes preditores da probabilidade de

dependência na idade mais velha. Se a aptidão inicial é bastante baixa, a condição

aeróbia do idoso pode ser melhorada por uma baixa intensidade de treinamento.

Ganhos são maiores se uma freqüência cardíaca em torno de 130-140 batimentos

por minuto puder ser mantida, porém é também proveitoso, mesmo que com ganhos

mais lentos, o treinamento com freqüências variando entre 110-120 b.p.m. No ancião

debilitado a freqüência cardíaca raramente excede 85 b.p.m, então alguma resposta

ao treinamento pode ser antecipada até mesmo com atividades que induzam a uma

atividade de somente 100 b.p.m.

2.5.10 Envelhecimento e Função Músculo-Esquelética

O envelhecimento conduz a uma progressiva diminuição da força e

flexibilidade muscular.

2.5.10.1 Músculos

A força máxima é atingida por volta dos 25 anos de idade, e entra num

platô até a faixa dos 35-40 anos, quando mostra um declínio rápido, com 25% de

perda de força muscular máxima na idade de 65 anos. A massa muscular diminui,

Page 31: Atividade Fisica Na Terceira Idade

31

aparentemente com uma perda seletiva na secção transversa. Não está claro se isto

é uma hipotrofia geral do músculo esquelético ou uma hipoplasia seletiva e

degeneração das fibras tipo II, associada com a perda do broto terminal do nervo

motor. Outras causas da perda funcional incluem uma deterioração das estruturas

terminais das placas motoras, junções mio neurais; piora do mecanismo de

excitação-contração, e diminuição do recrutamento de fibras. Tanto o tempo de

contração e o tempo de relaxamento estão prolongados, e, por isto, a velocidade de

contração máxima é diminuída. Mudanças são maiores nas pernas que nos braços,

possivelmente porque há uma maior diminuição no uso das pernas com a idade. A

resistência muscular em dada fração da força voluntária máxima, aparentemente,

melhora com a idade, em parte devido aos músculos, agora, conterem uma maior

proporção de fibras tipo I, e também pela menor força muscular, que diminui a

pressão sobre os vasos, restringindo, menos que em pessoas jovens, a perfusão

dos tecidos. A perda da força progressivamente impede ações normais do dia-a-dia.

Torna-se difícil transportar um pacote de 5 kg de alimentos, abrir um frasco de

remédio, e até levantar o próprio corpo do assento do toalete (9). A relação de força

homem/mulher não é alterada. A força muscular pode ser bastante melhorada por

um período tão curto como 8 semanas de treinamento com pesos, até mesmo em

sujeitos com 90 anos de idade (3). A síntese protéica ocorre mais lentamente que

em adultos jovens, porém a comparação de secções transversas de músculos entre

pessoas ativas e inativas sugere que muito da perda de tecido magro pode ser

evitada por um treinamento regular com pesos. Músculos preparados melhoram a

função das articulações, reduzem o risco de quedas e diminuem a magnitude da

dispnéia. Algumas vezes há o temor que exercícios com pesos possam causar um

perigoso aumento da pressão arterial, provocando um ataque cardíaco. Todavia, se

o sujeito evitar a manobra de Valsava, e mantiver 60 % da força máxima voluntária

por mais que poucos segundos, o aumento da pressão sangüínea não será maior

que durante uma série de exercícios na bicicleta ergométrica.

2.5.10.2 Flexibilidade

A "elasticidade" dos tendões, ligamentos e cápsulas articulares diminuem

devido a deficiências no colágeno. Durante a vida ativa, adultos perdem algo como

8-10 cm de flexibilidade na região lombar e no quadril, como medido no teste do

Page 32: Atividade Fisica Na Terceira Idade

32

alcance máximo – sentar e alcançar ou "sit and reach". A restrição na amplitude do

movimento das maiores articulações torna-se maior durante o período da

aposentadoria, e eventualmente, a independência é ameaçada porque o indivíduo

não consegue utilizar um carro ou um banheiro normal, subir numa pequena escada,

ou combinar os movimentos de vestir-se e pentear os cabelos. Pensa-se que a

flexibilidade possa ser conservada por suaves movimentos levados em toda a

amplitude das principais articulações. Se a fraqueza muscular e artrite estão

avançadas tais movimentos devem ser tentados em água aquecida. A flutuabilidade,

gerada pelo empuxo da água, que sustenta o peso corporal, e o aquecimento da

água incrementam a flexibilidade imediata das articulações.

2.5.10.3 Estrutura Óssea

Há uma progressiva diminuição no conteúdo de cálcio com a deterioração

da matriz orgânica do osso com o envelhecimento. Todavia o limiar entre

normalidade e patologia não está claro, e, também, é incerto como uma diminuição

da atividade física habitual contribui para uma idade relacionada perda de cálcio.

Mudanças são maiores nas mulheres que nos homens, devido em parte as

diferenças no aspecto hormonal, e em parte à baixa ingestão de cálcio e proteína de

alta qualidade pelas mulheres. A perda de cálcio pode começar tão cedo como aos

30 anos, e nas mulheres o processo acelera-se por volta do período da menopausa.

Em idosos, os ossos tornam-se tão fracos que uma pequena queda, um acesso de

tosse ou ainda uma contração muscular mais vigorosa podem causar uma fratura.

Uma fratura do quadril é um modo bastante comum de iniciar um mórbido período de

acamação. Uma deterioração das vértebras, também, contribui para a cifose senil.

Uma regular e orientada carga de exercício pode parar e algumas vezes reverter a

perda mineral até a oitava década de vida. Semelhantemente uma dieta é

particularmente efetiva quando acompanhada por um alto conteúdo de cálcio (1500

mg/dia). Em mulheres, os experts recomendam o uso de estrógenos, embora os

riscos de tal terapia, ainda requererem maiores investigações.

2.5.10.4 Envelhecimento e Função Metabólica

Muitos mecanismos hormonais diminuem sua eficiência em pessoas

idosas. Por exemplo, o pâncreas e a tiróide são afetadas por lesão e, ou, diminuição

Page 33: Atividade Fisica Na Terceira Idade

33

no número de células secretoras, e o miocárdio tem uma diminuição no número de

receptores para as catecolaminas. Conseqüências clínicas destas mudanças

incluem o desenvolvimento de diabetes e mixedema, resultando em obesidade,

diminuição da tolerância ao frio e depressão. Diabete mellitus apresenta um imediato

risco de cetose, hiper e hipoglicemia. Complicações crônicas em longo prazo

(infecções na pele, úlceras, arteriosclerose, isquemia do miocárdio, neuropatia

periférica, retinopatias e catarata) podem limitar a tolerância ao exercício físico. No

entanto, um exercício moderado com uma dieta de restrição energética é um

tratamento efetivo para a diabetes iniciada no idoso; muitos pacientes são, assim,

poupados de complicações em longo prazo da terapia insulínica e controle rígido da

ingesta alimentar. Os exercícios físicos podem, também, corrigir tanto a obesidade e

a depressão no paciente com hipotireodismo.

2.5.10.5 Performance Atlética

A idade da performance máxima depende da característica principal da

atividade do competidor. Em eventos onde a flexibilidade é requerida (por exemplo,

ginástica olímpica) os melhores competidores são, normalmente, adolescentes. Em

eventos aeróbios, a performance atinge o auge na metade da vigésima década,

como ganhos de treinamentos prolongados, mesmo com a melhora nas habilidades

motoras e experiência competitiva há uma diminuição do consumo máximo de

oxigênio e flexibilidade. Pela manutenção dos níveis de força muscular por um

tempo mais longo, a performance em atividades anaeróbias diminui menos

abruptamente, e em competições como o golfe e equitação, onde a experiência é

essencial, os melhores competidores estão na faixa dos 30-40 anos. Cuidados são

necessários na elaboração de inferências fisiológicas para recordes atléticos, pois o

conjunto de competidores em potencial diminui com a idade. Além disso, os motivos

para a participação trocam de um sucesso competitivo (vencer a todo custo) para

uma interação social, e em alguns participantes de eventos Masters há uma falta de

habilidades acumuladas, pois muitos só começaram a competir quando atingiram a

terceira década de vida.

2.5.10.6 Riscos do Exercício Físico:

Page 34: Atividade Fisica Na Terceira Idade

34

O risco de uma emergência cardíaca esta substancialmente incrementada

quando uma pessoa está exercitando-se. Alguns médicos argumentam, assim, que

pessoas idosas que tenham intenção de exercitar-se devem submeter-se a uma

exaustiva rotina de avaliações, incluindo um teste de esforço. Isto pode ser desejável

se o indivíduo vai engajar-se num treinamento competitivo e vigoroso, porém não

torna-se desejável se o idoso deseja, meramente, um pequeno incremento no seu

nível diário de atividade física. É difícil estimular pessoas idosas para o exercício

regular. Insistência numa longa avaliação médica sugere que atividade física seja

perigosa, e cria barreiras adicionais de custo e tempo, os quais reduzem a

probabilidade de através de exercícios físicos, os idosos adquiram um

comportamento fisicamente ativo. De fato, a interpretação de um ECG de esforço é

muito difícil em muitos idosos, e há pequena evidência que alguma avaliação clínica

ou um teste de esforço possa detectar aqueles que têm uma resposta adversa ao

exercício. Além disso, a pessoa que inicia um programa de exercícios tem um menor

risco de morte súbita que um semelhante sedentário, e talvez por uma atitude menos

ambiciosa para o exercício, o risco relativo da atividade física (mortes quando

exercitando-se versus mortes quando sedentário) diminui numa proporção maior que

o aumento esperado em indivíduos envelhecendo. Finalmente, se uma forma de

exercício em que o idoso sinta-se bem e confortável provocar uma morte súbita em

alguém de 80 anos, este será um meio mais agradável de morrer que outros

(doenças, por exemplo). Todavia, certas precauções podem incrementar a

segurança do exercício para o sujeito idoso. A dose recomendada de exercícios

deve, deixar, o praticante levemente cansado, e não mais que isso, no dia seguinte.

O processo de recuperação ocorre lentamente, e um treinamento mais vigoroso

deve ser, assim, realizado em dias alternados. Uma rápida caminhada é melhor que

uma corrida, pois além de oferecer um estímulo de treinamento, diminui o risco de

deslizamentos, escorrego, diminui o impacto sobre os membros inferiores.

Atividades em meio aquático são particularmente úteis para aqueles com problemas

articulares. A visão, audição e o equilíbrio estão mais prejudicados. O senhor deve,

assim, evitar esportes onde haja riscos de colisões com oponentes ou obstáculos

estacionários. Se há um histórico de quedas, cuidados especiais são necessários

para a realização de atividades que requerem um bom senso de equilíbrio

(escaladas, ciclismo, corridas, ou meramente caminhar, principalmente ao redor de

piscinas). Em idosos com medicação hipotensiva, há o perigo de uma repentina

Page 35: Atividade Fisica Na Terceira Idade

35

perda de consciência quando em pé no final de uma série de exercícios,

particularmente se o local está quente, ou as veias estão com o tônus diminuído,

relaxadas, pelo um período numa piscina. Condições ambientais extremas são

fracamente toleradas, e se o clima é extremamente quente ou frio, a atividade deve

levar as possibilidades técnicas do local em conta (no calor deve haver um ar-

condicionado numa sala preparada, por exemplo, para caminhada indoor, caso não

haja um local assim o shopping center passa a ser um bom local). Para aqueles

extremamente fracos, alguma condição física pode ser atingida usando exercícios

em uma posição sentada. O treinamento físico não pode restaurar tecidos que já

foram destruídos, porém pode proteger o praticante contra um número de doenças

crônicas relacionadas ao envelhecimento. Mais importante é maximizar as funções

fisiológicas do organismo que ainda estão conservadas. Em alguns casos, a idade

biológica é reduzida até em mais de 20 anos. A expectativa de vida é incrementada,

condições debilitantes são adiadas, e ocorrem muitos ganhos na qualidade de vida.

O exercício físico pode ser, então, um componente de grande importância para uma

vida saudável em cidadãos idosos.

2.6 A influência da atividade física na manutenção do osso

Segundo Knoplich (2001), a mulher que praticou ginástica durante sua

vida, desde a adolescência, chega a menopausa com massa muscular maior. Os

músculos das coxas e dos braços são mais fortalecidos e estão presos aos ossos,

assim quando se pratica qualquer tipo de atividade física, na realidade estimula-se

também os ossos a crescerem e a ficarem mais fortes. A mulher que tem a

musculatura mais firme está mais protegida contra a osteoporose. A mulher que não

faz nenhum tipo de atividade física e fica muito na cama tem maior facilidade de ter

osteoporose. O serviço de dona de casa é também considerado como atividade

física. As mulheres que trabalham fora de casa, tomam condução, escrevem à

máquina, andam etc., também estão fazendo atividade física. Quando se aposentam

e deixam essas atividades, aumentam as chances do aparecimento da

osteoporose. Uma diminuição da massa óssea ou, mais precisamente, uma baixa da

resistência do osso é considerável fator de risco para uma possível fratura. Nas

pessoas idosas, a atividade física regular participa da manutenção da densidade

mineral óssea. No conjunto, estudos transversais mostram que as pessoas idosas

Page 36: Atividade Fisica Na Terceira Idade

36

com antecedentes de atividade física regular possuem, em média, uma massa óssea

mais elevada do que as pessoas sedentárias da mesma idade. Todavia, há

controvérsias sobre a importância dessa diferença da massa óssea entre essas duas

populações. Essa diferença depende também do local ósseo examinado. Ela é

superior para o osso trobecular do esqueleto axial (coluna vertebral) em relação ao

osso compacto (chamado de osso cortial) do esqueleto apendicular (todos os ossos

longos, especialmente o fêmur e o rádio). Nas pessoas idosas que gozam de boa

saúde observa-se uma diminuição da força muscular de um a dois por cento por

ano, entre sessenta e cinco e oitenta e nove anos. Essa fraqueza muscular é

atribuída a uma perda das fibras musculares associada a uma atrofia daquelas

remanescentes (diminuição da quantidade e tamanho das fibras musculares). A

atividade física permite adquirir um capital ósseo mais considerável e diminuir a

perda óssea relacionada à idade e à menopausa. Além disso, a atividade física

aumenta a força e a coordenação muscular das pessoas idosas, diminuindo, assim,

as quedas e as fraturas a elas associadas (MANIDI & MICHEL, 2001). A atividade

física beneficia não só o conteúdo mineral ósseo, mas igualmente outros fatores

relacionados aos riscos de fraturas como a força muscular, a flexibilidade, o tempo

de reação e o equilíbrio. A atividade pode diminuir as perdas ósseas, mas ainda não

há definição quanto ao programa para preveni-las. A atividade física regular

incrementa o pico de massa óssea, ajudando na manutenção da massa óssea

existente e diminuindo sua perda associada ao envelhecimento (OKUMA, 1998).

Encontramos no processo de envelhecimento funcional outras alterações articulares

e ósseas que estão intimamente ligadas com o histórico de vida de cada um, fator

genético, atividade física, alimentação e qualidade de vida: osteoartrite (patologia

degenerativa das articulações), osteoartrose (desgaste e ruptura da cartilagem),

artrite reumatóide (inflamação da membrana sinovial). A atividade física adequada

estará contribuindo para minimizar o processo da desmineralização e fortalecimento

da musculatura. Os mais indicados nesse processo são os exercícios aeróbicos,

trabalhando a freqüência cardíaca máxima entre cinqüenta a setenta e cinco por

cento. A atividade realizada com regularidade é uma das principais bases para a

manutenção da saúde, associada à alimentação adequada e ao estado emocional

equilibrado (VERDERI, 2002). A prática regular da atividade física sistemáticas pode

retardar ou suprimir a perda mineral óssea nas mulheres (ERNEST, 2001).

Page 37: Atividade Fisica Na Terceira Idade

37

Os exercícios, isto é, o uso do esqueleto devem ser incentivados. Não se

conhece nenhum substituto tão eficiente quanto o estresse mecânico para estimular

a formação e a calcificação óssea (SANTOS, 1996). Observa que de qualquer

maneira, um incremento do estresse mecânico sobre os ossos induz a múltiplas

alterações fisiológicas que, indiretamente, aumenta a densidade óssea (DIMASI,

2000). Assim, quando se pratica algum exercício, está na realidade estimulando

também o osso a crescer e a ficar mais forte (SOVA, 1998). A atividade física deve

ser praticada desde a infância, pois proporciona um fortalecimento muscular e, com

isso uma estrutura esquelética bem desenvolvida. Os indivíduos que adquirem uma

maior disposição óssea na fase inicial de suas vidas estariam menos propensos a

osteoporose. Observa-se ainda que uma boa reserva óssea retarda o processo de

desmineralização óssea, resultando numa diminuição da degeneração óssea

precoce. Quanto maior o estímulo da matriz óssea, maior é a formação ou

regeneração óssea (BÁLSAMO & BATTARO, 2005). Por mecanismos ainda pouco

esclarecidos, os exercícios mais eficientes são os que implicam em suporte de

cargas e contrações musculares fortes. Dentre esses tipos de exercícios, os mais

sugeridos e praticados são os exercícios com peso (KON & CARVALHO, 2005). A

atividade física é certamente um fator preventivo para várias doenças, e, também

para a osteoporose, devendo ser praticada desde a infância, já que a sua prática

proporciona uma massa muscular mais forte e, com isso, uma estrutura esquelética

tão desenvolvida quanto a massa muscular. Assim, mulheres atletas, por terem

praticado esporte desde a infância, possuem uma musculatura firme. Por esse fato,

elas estariam menos propensas à osteoporose, já que teriam adquirido uma maior

disposição óssea na fase inicial de sua vidas (OURIQUES & FERNANDES, 1997).

Níveis adequados de atividade física na juventude também são importantes para

que as pessoas alcancem uma boa massa óssea máxima, que se admite ser o

parâmetro mais importante para se prever a osteoporose futura (SANTAREM, 2005).

A prática de atividade física desde a adolescência proporciona uma massa muscular

mais forte. Como os músculos estão inseridos nos ossos, estes também são

estimulados no seu desenvolvimento. Além disso, é durante a puberdade, mais

específica dos nove aos vinte anos, que ocorre a formação da densidade óssea

ideal, porém é entre os vinte e trinta anos que ocorre o pico de massa óssea. Depois

de o pico ser atingido a remodelagem óssea permanece em equilíbrio até

aproximadamente cinqüenta anos, só a partir dessa idade é que começa a ocorrer a

Page 38: Atividade Fisica Na Terceira Idade

38

perda gradual da massa óssea por aceleração da atividade osteoclástica. Portanto a

formação óssea atingida na puberdade poderá ser decisiva no futuro, causando uma

aceleração da massa óssea inevitável que ocorrerá com o passar da idade

(SIMÕES, 2005). O exercício físico preserva a massa óssea, tanto por ação direta

do impacto sobre o esqueleto, como por ação indireta, pelo aumento da força

muscular, já que há uma tendência da massa óssea ser proporcional à força

muscular, pois a maior tração, exercida por músculos mais fortes, serve como

estímulo à mineração dos ossos (OSTEOPOROSE, 2005). Um dos mecanismos

pelos quais os exercícios físicos estimulam o aumento de massa óssea seria no

processo de remodelagem do osso que ocorre quando as forças mecânicas dobram

ligeiramente o órgão, produzindo cargas elétricas negativas na região côncava e

positivas na convexa, o cálcio e o fósforo acumulam-se na região côncava e são

reabsorvidos na região convexa. Imagina-se que a hipertrofia do osso em função

muscular, o estresse físico produzido micro-lesões, as osteoclastos removeriam as

estruturas lesadas, os osteoblastos reparariam a matriz calcificada na área, em

maior quantidade do que a removida, as micro-lesões causadas pela sobrecarga

tensional estimulariam o tecido ósseo a produzir alguma substância estimulante da

osteogênese.

Outra possibilidade é um mecanismo alternativo ou sinérgico ao anterior,

onde se postula a existência de mecanoreceptores no osso, regulados por

hormônios sexuais, que estimulariam estímulos de tensão em estímulos bioquímicos

para a osteogênese (SANTAREM, 2005). O osso é ligado ao músculo pelo tendão,

nele encontramos as terminações nervosas, nas quais estão relacionadas com a

energia elétrica. A atividade muscular juntamente com a atividade óssea (ligação

óssea – tendínea) são responsáveis pela energia mecânica. As terminações

nervosas existentes nessa região são responsáveis em levar os estímulos

proporcionados pela atividade física até a medula espinhal ou cérebro. Sendo assim,

o estimulo da carga mecânica provocado pela atividade física ocasiona um efeito

piezo elétrico localizado no osso, gerando mudanças elétricas que resultarão numa

maior atividade osseblástica e aumentando a formação óssea por meio do

incremento da síntese de proteína e de DNA (MATSUDO & MATSUDO, 1991). A

atividade física provoca um aumento significativo na fosfátase alcalina, aumentando

também a formação osteoblástica responsável pelo aumento do fator de crescimento

insulínico IGF-1 e da proteína neutro fina 4 (NT-4), o primeiro está relacionado com o

Page 39: Atividade Fisica Na Terceira Idade

39

aumento da massa magra, sendo um possível medidor potencial da interação

músculo – osso, o segundo é responsável pelos efeitos benéficos do exercício no

desempenho muscular, ou seja, a proteína 4 (NT-4) facilita a conexão entre nervos e

músculos. Os exercícios com peso são os mais eficientes para aumentar a massa

óssea, e também os que mais estimulam estes hormônios anabolizantes. A relação

Testosterona/Cortisol reflete o estado anabólico e está aumentando

significativamente nos exercícios com peso, contribuindo para o aumento da massa

óssea e muscular (SANTAREM, 2005). As recomendações, para a prevenção e

possível tratamento da osteoporose são: a musculação (levantamento de peso),que

é uma atividade física essencial para um desenvolvimento normal e para a

manutenção de um esqueleto saudável, atividades focadas no aumento da força

muscular podem ser benéficas, especialmente para os ossos não expostos a tração

de cargas. Evidências têm demonstrado que o osso em desenvolvimento é mais

repulsivo à carga mecânica e à atividade física do que os ossos maduros,

destacando então que o exercício regular na infância pode ser um importante fator n

a prevenção da osteoporose; treinamento excessivo de exercício de longa duração

(endurece) pode induzir alterações hormonais, distúrbios mentais e até efeitos

adversos na estrutura óssea; exercícios não podem ser recomendados como um

substituto da reposição hormonal; atividades que promovem um aumento da força,

flexibilidade e coordenação podem indiretamente e efetivamente diminuir a

incidência de fraturas por osteoporose, través da diminuição da possibilidade de

quedas (COHEN, 1998). São bastante diversificados os tipos de atividades físicas

que promovem o aumento da densidade óssea. Porém, deve-se dar preferência

àquelas realizadas sob a ação da gravidade que também tenham a possibilidade de

prevenir as outras doenças, como cardiovasculares. Recomenda-se a prática de

atividade aeróbicas, realizadas de 3 a 5 vezes por semana, com intensidade entre

60 e 85% da freqüência cardíaca máxima. Seria interessante também um trabalho

complementar para o fortalecimento das principais musculaturas. Deste ponto de

vista, a natação, também poderá ser utilizada principalmente em indivíduos

osteoporóticos sujeitos às fraturas (OURIQUES & FERNANDES, 1997). Ocorre

também a diminuição do número e comprimento dos sarcômeros. Além da perda da

força muscular, a habilidade do músculo para exercer força rapidamente (potência),

também diminui com a idade. A potência muscular é uma habilidade vital e pode

servir como um mecanismo protetor na queda, uma das causas mais freqüentes de

Page 40: Atividade Fisica Na Terceira Idade

40

lesões nos idosos, além de ser importante para o desempenho das atividades

diárias. Recentes estudos têm enfocado os efeitos do treinamento de força no

metabolismo das proteínas musculares. Campbell e colaboradores apud Fleck e

Kraemer (1999), descobriram que o treinamento de força aumenta a retenção de

nitrogênio e a velocidade de síntese de proteínas do corpo todo, isso indica que o

sistema hormonal em indivíduos mais velhos, ainda funciona na medida necessária

para promover algumas adaptações ao treinamento de força.

Nieman (1999), afirma que pessoas idosas que se exercitam com pesos,

recuperam uma boa parte de sua força perdida, o que as capacita para um melhor

desempenho das atividades diárias. Benedetti e Petroski (1999) destacam que os

exercícios de resistência muscular são importantes para os idosos, pois auxiliam na

manutenção da força muscular e impedem uma intensa atrofia muscular. Através de

seus estudos os autores evidenciam a ocorrência da perda de fibras glicolíticas com

o envelhecimento e isso acontece provavelmente porque o idoso quase não executa

contração muscular vigorosa contra uma resistência.

A partir dessas considerações, observamos que a atividade física é de suma importância

para a autonomia dos idosos, pois é citada como um dos componentes mais importantes para uma

boa qualidade de vida. A busca pelo prazer, pela satisfação e bem estar pessoal vem crescendo

demasiadamente, e estes benefícios podem ser encontrados na prática da atividade física.

2.6.1 Necessidades e Restrições do Idoso, Como o corpo envelhece?

Não está exatamente claro como nosso corpo envelhece, porém, o processo de

envelhecimento difere de pessoa para pessoa, assim como de um aparelho ou sistema (cardíaco,

respiratório, muscular, etc.) para outro. Os principais fatores que influenciam o envelhecimento são:

Tempo, Hereditariedade, Meio Ambiente, Dieta, Estilo de Vida Nível de Atividade Física.

2.6.2 Aptidão Física Relacionada à Saúde

É a capacidade de: realizar as tarefas do cotidiano com vigor e energia; Demonstrar

traços e capacidades associados a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de distúrbios

orgânicos provocados pela falta de atividade física.

2.6.3 Atividades da Vida Diária São Classificadas de Acordo com a American Geriatrics Society em

Básicas (ABVD): São as atividades de Auto-Cuidado; Intermediárias (AIVD): Englobam

as ABVD e incluem tarefas essenciais para a manutenção da independência; Avançadas (AAVD):

Referem-se às funções necessárias para se viver sozinho, sendo específica para cada indivíduo. Elas

Page 41: Atividade Fisica Na Terceira Idade

41

incluem a manutenção das funções ocupacionais, recreacionais e prestação de serviços

comunitários.

2.6.4 Classificação do nível de atividade do IDOSO Nível Classificação Características

I Fisicamente

Incapaz Não realiza nenhuma AVD e tem total dependência dos outros.

Fisicamente Dependente

Realiza algumas ABVD: caminha pouco, banha-se, veste-se alimenta-se, transfere-se de um lugar para outro; necessita de cuidados de terceiros.

II Fisicamente

Frágil

Faz tarefas domésticas leves: prepara comida; faz compras leves; pode realizar algumas AIVD e todas as ABVD, pode fazer atividades domésticas.

III Fisicamente

Independente

É capaz de realizar todas as AIVD. Realiza trabalhos físicos leves; é capaz de cuidar da casa e ter "hobbies" e atividades que demandem baixo gasto de energia (caminhadas, jardinagem, dança social, viagens, dirigir automóveis). Está sujeito a passar para o nível II se houver alguma intercorrência na saúde, pois tem baixas reservas físicas. Neta categoria estão incluídos idosos que vão desde os que mantém um estilo de vida que demanda muito pouco da condição física até aqueles muito ativos, mas sedentários.

IV Fisicamente Apto/Ativo

Realiza trabalho físico moderado, esportes de resistência e jogos. Capaz de fazer todas as AAVD e a maioria dos hobbies. Tem aparência física mais jovem que seus pares da mesma faixa etária.

V Atletas Realiza atividades competitivas, podendo competir em nível internacional e praticar esportes de alto risco.

Fonte: Revista Brasileira de Medicina do Esporte ISSN 1517-8692 Rev. Brás. Méd. Esporte v.9 n.6 Niterói nov./dez. 2003 doi: 10.1590/S1517-86922003000600003.

2.6.4.1 Idosos Fisicamente Dependentes

Eles necessitam melhorar as funções que permitam realizar as tarefas de auto-cuidado,

como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, usar o banheiro, transferir-se de um lugar para outro e

caminhar. Tais atividades requerem força muscular de tronco, braços, pernas, quadris, mãos e dedos;

Flexibilidade de ombros, quadris, joelhos, punhos e tornozelos; e destreza de mãos. (OKUMA APUD

MATSUDO-SD, 2001).

2.6.4.2 Idosos Fisicamente Frágeis

Page 42: Atividade Fisica Na Terceira Idade

42

Necessitam melhorar as funções que permitam realizar as ABVD e as

AIVD, tais como cozinhar, limpar a casa, fazer compras, sair de casa. Estas últimas

requerem força muscular e flexibilidade pra melhorar o padrão da marcha, estabilizar

ombros e melhorar a postura, que influenciarão no equilíbrio. (OKUMA APUD

MATSUDO-SD, 2001).

2.6.4.3 Idosos Fisicamente Independentes

Necessitam melhorar e manter as funções físicas que lhes permitem independência e

previnem doenças, incapacidades ou lesões que possam levar ao nível de fragilidade. Isto requer

força e resistência muscular, flexibilidade, endurance cardiovascular, equilíbrio, tempo de reação e de

movimento, agilidade e coordenação. (OKUMA APUD MATSUDO-SD, 2001).

2.6.4.4 Idosos Fisicamente Ativos/Aptos

Necessitam manter em nível ótimo a aptidão física e funcional, ou seja, a

força e resistência muscular, a flexibilidade, a endurance cardiovascular, o equilíbrio,

o tempo de reação e de movimento, a agilidade e a coordenação.(Okuma Apud

Matsudo-SD).

2.6.4.5 Idosos Atletas

Necessitam de treinamento que mantenha o nível de aptidão física e

condições de performances máximas específicas das atividades competitivas ou

recreativas. (Okuma Apud Matsudo-SD)

2.6.5 Tipos de testes de avaliação para o idoso

Classificaçã

o Características

Fisicamente Dependente Testes de ABVD

Fisicamente Frágil Testes de ABVD e AIVD Fisicamente Independente

Testes de aptidão física: VO² máx, força, flexibilidade, tempo de reação e de movimento;agilidade; equilíbrio. Testes de AAVD

Fisicamente Apto/Ativo

Testes de aptidão física: VO² máx, força, flexibilidade, tempo de reação e de movimento;agilidade; equilíbrio.

Atletas Testes de aptidão física: VO² máx, força, flexibilidade, tempo de reação e de movimento;agilidade; equilíbrio; específicos da modalidade.

Fonte: Revista Brasileira de Medicina do Esporte ISSN 1517-8692 Rev. Brás. Méd. Esporte v.9 n.6 Niterói nov./dez. 2003 doi: 10.1590/S1517-86922003000600003.

Page 43: Atividade Fisica Na Terceira Idade

43

O que o envelhecimento pode causar no sistema muscular do idoso

(=diminuição):

- Do número de células musculares;

- Tamanho das células musculares;

- Fluxo sanguíneo pra o músculo;

- Velocidade de contrações musculares;

- Elasticidade Muscular;

- Conteúdo de água e gordura no músculo;

- Facilidade dos músculos sofrerem lesões;

- Capacidade dos músculos se recomporem.

Como conseqüência pode ser notado:

- Tamanho dos músculos;

- Força Muscular;

- Resistência Muscular;

- Controle e na rapidez dos movimentos;

- Equilíbrio;

- Flexibilidade;

- Cãimbras e dores nos músculos;

- Lesões Musculares.

2.6.5.1 Mecanismos da Redução da Força Muscular e da Potência com a idade

Inúmeros fatores poderiam contribuir para a perda de força muscular e da

potência com a idade. Ainda não se sabe como estes fatores interagem uns com os

outros e quais os mecanismos exatos que predominam sob certas condições ou em

certas idades. A força física diminui cerca de 5% a 10% por década entre os adultos

que não exercitam seus músculos. Isso ocorre devido à perda gradual de tecido

muscular que acompanha o processo de envelhecimento.

2.6.5.2 Principais fatores associados com a fraqueza muscular.

- Alterações músculo-esqueléticas da senilidade; Acúmulo de doenças

crônicas;

- Medicamentos necessários para o tratamento de doenças;

Page 44: Atividade Fisica Na Terceira Idade

44

- Alterações no sistema nervoso; Redução das secreções Hormonais;

Desnutrição;

- Atrofia por desuso.

2.6.5.3 O que o exercício regular pode fazer para o idoso

- Aumenta a força muscular;

- Aumenta a resistência muscular;

- Aumenta a flexibilidade;

- Aumenta o fluxo sanguíneo para os músculos;

- Diminui lesões musculares;

- Melhora a coordenação;

- Melhora a digestão e a excreção.

2.6.5.4 Treinamento de Força para Idosos

Durante os últimos 10 anos, ficou comprovado que os idosos podem se

beneficiar com a participação em programas de treinamento de força.

Indivíduos com mais de 90 anos podem conseguir ganhos de força durante um

período de treinamento de 8 semanas (FIATARONE ET AL.,1990).

O Treinamento regular conserva e aumenta a força muscular. Aumentos

na força muscular foram observados para homens e mulheres com mais de 50 anos

depois de oito semanas de exercícios de treinamento de força (367 pessoas

envolvidas na pesquisa). Aumento de força e capacidade funcional podem melhorar

a qualidade de vida até mesmo de indivíduos com doenças crônicas; O treinamento

de força é um modo de diminuir o declínio da força e da massa muscular relacionado

a idade. Além da perda de força muscular, a habilidade do músculo para exercer

força rapidamente (potência) parece diminuir com a idade; Essa habilidade é vital e

pode servir como um mecanismo protetor na queda. As quedas nos idosos são uma

das causas mais importantes de lesões, podem levar a morte e representam um

grande problema de saúde pública (WOLINSKY & FITZGERALD,1994);

A potência muscular e sua treinabilidade em idosos não tem sido objeto de

muitos estudos, mas pode ser até mesmo mais importante que a força muscular

para as capacidades funcionais do indivíduo, pois muitas atividades diárias

(caminhar, subir escadas, levantar objetos) exigem um desenvolvimento rápido da

força ou um certo grau de potência para serem realizadas;

Page 45: Atividade Fisica Na Terceira Idade

45

Com idosos Homens (88,5 +/- 6 anos) e Mulheres (8,5 +/- 6 anos), a

potência dos extensores de joelho foi significativamente relacionada com a

velocidade de levantar da cadeira, velocidade e potência de subir escadas e

velocidade de caminhada.

3 QUALIDADE DE VIDA

3.1 Introdução ao conceito de Qualidade de Vida

Historicamente, desde os anos 60 do século XX, que a expressão qualidade de vida tem

sido utilizada de forma cada vez mais freqüente. No entanto, enquanto conceito científico pode

revelar-se ambíguo, a não ser que seja objeto de uma definição precisa. Alguns autores (FLECK,

1999A; NOLL, 2000) indicam que a sua origem tem raízes no contexto político, apontando como

referência o discurso do Presidente americano Lyndon Johnson que, em 1964, referiu que “o

progresso social não pode ser medido através do balanço dos bancos, mas através da qualidade de

vida proporcionada às pessoas”. O interesse pela qualidade de vida (QDV) surgiu igualmente ligado

aos sistemas de indicadores sociais, em que prevalecia uma abordagem essencialmente

economicista que analisava o crescimento econômico das sociedades através da evolução do

respectivo PIB ou do rendimento per capita. A evolução do conceito de QDV tem-se encontrado

também associada a diversos referenciais teóricos que refletem conceitos como: satisfação com a

vida, felicidade, existência com significado e bem-estar subjectivo, na generalidade dos casos

utilizados indiscriminadamente como sinônimos. Este fato tem contribuído para dificuldades na

delimitação científica do conceito. No entanto, ainda que relacionados, estas designações são

estruturalmente diferentes do conceito de qualidade de vida. O interesse e aplicabilidade da

expressão QDV na área da saúde decorre sobre tudo da definição de Saúde assumida pela

Constituição da Organização Mundial de Saúde - OMS (1948) como um estado de completo bem-

estar físico, mental e social e não simplesmente como a ausência de doença.

3.2 A Qualidade de Vida na perspectiva da Organização Mundial de Saúde

Foi neste contexto, de simultânea relevância e de falta de precisão conceptual do

conceito de qualidade de vida, ao qual correspondia uma proliferação de instrumentos de avaliação,

muitos deles sem base conceptual e a maioria ancorados na cultura americana que, no início da

década de 90, a OMS reuniu um conjunto de peritos pertencentes a diferentes culturas (WHOQOL

Group) com o objetivo de debater o conceito de QDV e, subsequentemente, construir um instrumento

para a sua avaliação: o WHOQOL. A definição de qualidade de vida foi a primeira preocupação do

WHOQOL Group. Logo nos primeiros documentos do Grupo, QDV surge definida como a percepção

do indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos

Page 46: Atividade Fisica Na Terceira Idade

46

quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações

(WHOQOL Group). Esta definição explícita uma concepção abrangente de QDV, influenciada de

forma complexa pela saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais,

crenças pessoais e suas relações com aspectos do meio envolvente em que o indivíduo está inserido

(WHOQOL Group, 1995). Composto por seis domínios (físico, psicológico, nível de independência,

relações sociais, ambiente e aspectos espirituais/religião/crenças pessoais), em cada um, várias

facetas da qualidade de vida sintetizam o domínio particular de qualidade de vida em que se inserem,

num total de 24 facetas específicas e uma de QDV geral. Cada faceta do WHOQOL pode ser

caracterizada como uma descrição de um comportamento, um estado, uma capacidade ou uma

percepção ou experiência.

Subjectiva. A primeira versão em língua portuguesa do WHOQOL-100 foi desenvolvida

para Português do Brasil, em Porto Alegre (FLECK ET AL., 1999a, 1999b, 2000).

3.2.1 O paradigma do Estilo de Vida Ativa

“Paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum

tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência.” (Kuhn,

1997)

A par das evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada

vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade

física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas sustenta-se a

hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu estilo de vida,

levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu cotidiano. Nessa

perspectiva, o interesse em conceitos como “ATIVIDADE FÍSICA”, “ESTILO DE

VIDA” e “QUALIDADE DE VIDA” vem adquirindo relevância, ensejando a produção

de trabalhos científicos vários e constituindo um movimento no sentido de valorizar

ações voltadas para a determinação e operacionalização de variáveis que possam

contribuir para a melhoria do bem-estar do indivíduo por meio do incremento do nível

de atividade física habitual da população. Da análise às justificativas presentes nas

propostas de implementação de programas de promoção da saúde e qualidade de

vida por meio do incremento da atividade física, depreende-se que o principal

argumento teórico utilizado está fundamentado no paradigma contemporâneo do

estilo de Vida Ativa. Tal estilo tem sido apontado, por vários setores da comunidade

científica, como um dos fatores mais importantes na elaboração das propostas de

promoção de saúde e da qualidade de vida da população. Este entendimento

fundamenta-se em pressupostos elaborados dentro de um referencial teórico que

associa o estilo de vida saudável ao hábito da prática de atividades físicas e,

Page 47: Atividade Fisica Na Terceira Idade

47

consequentemente, a melhores padrões de saúde e qualidade de vida. Este

referencial toma a forma de um paradigma na medida em que constitui o modelo

contemporâneo no qual se fundamentam a maioria dos estudos envolvendo a

relação positiva entre atividade física, saúde, estilo de vida e qualidade de vida.

Identifica-se, neste paradigma, a interação das dimensões da promoção da saúde,

da qualidade de vida e da atividade física dentro de um movimento denominado aqui

de Movimento Vida Ativa, o qual vem sendo desencadeado no âmbito da Educação

Física e Ciências do Esporte, cujo eixo epistemológico centra-se no incremento do

nível de atividade física habitual da população em geral. O pressuposto sustenta a

necessidade de se proporcionar um maior conhecimento, por parte da população,

sobre os benefícios da atividade física e de se aumentar o seu envolvimento com

atividades que resultem em gasto energético acima do repouso, tornando os

indivíduos mais ativos. Neste cenário, entende-se que o incremento do nível de

atividade física constitui um fator fundamental de melhoria da saúde pública.

3.2.2 Atividade Física, Saúde e Qualidade de vida

Recentemente, a relação: atividade física e saúde vem sendo

gradualmente substituída pelo enfoque da qualidade de vida, o qual tem sido

incorporado ao discurso da Educação Física e das Ciências do Esporte. Tem, na

relação positiva estabelecida entre atividade física e melhores padrões de qualidade

de vida, sua maior expressão. Observa-se, nos eventos científicos, nacionais e

internacionais, realizados nos últimos anos, a ênfase dada a esta relação. Muitas

são as declarações documentadas neste sentido. O Simpósio Internacional de

Ciências do esporte realizado em São Paulo em outubro de 1998, promovido pelo

CELAFISCS com o tema Atividade Física: passaporte para a saúde, privilegiou em

seu programa oficial a relação saúde/atividade física/qualidade de vida destacando

os seus aspectos funcionais e anatomo-funcionais. Os resumos e conferências

publicadas nos anais do Congresso Mundial da AIESEP realizado no Rio de Janeiro,

em janeiro de 1997, cujo tema oficial foi a Atividade Física na perspectiva da cultura

e da Qualidade de Vida, destacam a relação da qualidade de vida com fatores

morfofisiológicos da atividade física. No I Congresso Centro-Oeste de Educação

Física, Esporte e Lazer, realizado em setembro de 1999, na cidade de Brasília,

promovido pelas instituições de ensino superior em Educação Física da região

Centro-Oeste, o tema da atividade física e saúde representaram 20% dos trabalhos

Page 48: Atividade Fisica Na Terceira Idade

48

publicados nos anais. A temática da atividade física e qualidade de vida foi objeto de

discussão em conferências e mesas redondas. Também neste evento observa-se a

ênfase dada aos aspectos biofisiológicos da relação atividade física/saúde/qualidade

de vida. Vários autores e entidades ligados à Educação Física ratificam este

entendimento. Katch & McArdle (1996) preconizam a prática de exercícios físicos

regulares como fator determinante no aumento da expectativa de vida das

pessoas. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1999), em

posicionamento oficial, sustenta que a saúde e qualidade de vida do homem podem

ser preservadas e aprimoradas pela prática regular de atividade física. Matsudo &

Matsudo (1999, 2000), reiteram a prescrição de atividade física enquanto fator de

prevenção de doença e melhoria da qualidade de vida. Lima (1999) afirma que a

Atividade Física tem, cada vez mais, representado um fator de Qualidade de Vida

dos seres humanos, possibilitando-lhes uma maior produtividade e melhor bem-

estar. Guedes & Guedes (1995) reconhecem as vantagens da prática de atividade

física regular na melhoria da qualidade de vida. Nahas (1997) admite a relação entre

a atividade física e qualidade de vida. Citando Blair (1993) & Pate (1995), o autor

identifica, nas sociedades industrializadas, a atividade física enquanto fator de

qualidade de vida, quer seja em termos gerais, quer seja relacionada à saúde.

Silva (APUD LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES,1999), ao

distinguir a qualidade de vida em sentido geral (aplicada ao indivíduo saudável) da

qualidade de vida relacionada à saúde (aplicada ao indivíduo sabidamente doente)

vincula à prática de atividade física à obtenção e preservação da qualidade de

vida. Dantas (APUD LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, 1999),

buscando responder em que medida a atividade física proporcionaria uma desejável

qualidade de vida, sugere que programas bem organizados de atividades físicas

podem suprir as diversas necessidades individuais, multiplicando as oportunidades

de se obter prazer e, consequentemente, otimizar a qualidade de vida. Lopes &

Altertjum (1999) escrevem que a prática da caminhada contribui para a promoção da

saúde de forma preventiva e consciente. Vêem na atividade física um importante

instrumento de busca de melhor qualidade de vida. O “Manifesto de São Paulo para

a promoção de Atividades Físicas nas Américas” - publicado na Revista Brasileira

Ciência e Movimento, jan./2000 (APUD LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y

DEPORTES, 1999) - destaca a necessidade de inclusão da prática de atividade

física no cotidiano das pessoas de modo a promover estilos de vida saudáveis rumo

Page 49: Atividade Fisica Na Terceira Idade

49

a melhoria da qualidade de vida. Fora dos círculos acadêmicos, os meios de

comunicação constantemente veiculam informações a respeito da necessidade de o

homem contemporâneo melhorar sua qualidade de vida por meio da adoção de

hábitos mais saudáveis em seu cotidiano. Neste contexto, a Federação Internacional

de Educação Física - FIEP, elaborou o “Manifesto Mundial de Educação Física -

2000”, o qual representa um importante acontecimento na história da Educação

Física pois pretende reunir em um único documento as propostas e discussões

efetivadas, no âmbito desta entidade, no decorrer do século XX. O manifesto

expressa os ideais contemporâneos de valorização da vida ativa, ou seja, ratifica a

relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida e prioriza o combate ao

sedentarismo como objetivo da Educação Física (formal e não formal) por meio da

educação para a saúde e para o lazer ativo de forma continuada.

3.3 Praticar exercícios: uma questão de começar

Várias pesquisas têm demonstrado que a participação em atividades físicas regulares e

recreativas e de lazer são fundamentais para um bom desempenho físico do idoso (LEITE,1990;

YASBEK e BATISTELLA,1994; FEDERIGHI,1995; MATSUDO MATSUDO,1992). Estas geram

autoconfiança, satisfação e bem estar, incluindo-o socialmente a partir de mudanças no seu estilo de

vida. Para isso, deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e potencialidades do idoso

contribuem para que o mesmo lide com as inevitáveis perdas decorrentes do processo de

envelhecimento.

As atividades direcionadas ao idoso devem ser organizadas considerando as suas

particularidades e realizadas de forma gradual. Elas também devem promover a aproximação social,

ter caráter lúdico, com intensidade moderada e de baixo impacto, ser diversificadas; considerar a

memória e o conhecimento acumulado pelo idoso para que o mesmo possa partilhar e reviver

situações que lhe dão prazer.

Um estilo de vida ativo traz efeitos benéficos para a manutenção da capacidade funcional

e da autonomia física durante o processo de envelhecimento. Além de melhorar a capacidade cárdio-

respiratória, a atividade física bem orientada contribui para:

• Melhorar o equilíbrio;

• Melhorar o andar;

• Aumentar o nível de atividade física espontânea;

• Melhorar a auto-eficácia;

• A manutenção e/ou aumento da densidade óssea;

• Controlar a diabetes, a artrite e doenças cardíacas;

• Melhorar a ingestão de alimentos;

• Diminuir a depressão;

Page 50: Atividade Fisica Na Terceira Idade

50

• Fortalecer os músculos das pernas e costas;

• Melhorar os reflexos;

• Melhorar a sinergia motora das reações posturais;

• Incrementar a flexibilidade;

• Melhorar a mobilidade;

• Manutenção do peso corporal;

• Aumentar o fluxo sangüíneo para os músculos;

• Diminuir lesões musculares;

• Melhorar a auto-estima.

No entanto, antes de iniciar qualquer tipo de exercício é importante que o idoso seja

submetido a uma avaliação médica cuidadosa, a fim de que seja feita a prescrição de um programa

de atividades físicas que leve em conta suas possibilidades e limitações. Esse programa deve estar

diretamente relacionado com as modificações mais importantes que ocorrem durante o processo de

envelhecimento, proporciona benefícios em relação às capacidades motoras que apóiam a realização

das atividades do cotidiano e favorece a capacidade de trabalho e de lazer bem como altera a taxa de

declínio do estado funcional, visando à melhoria da qualidade de vida do idoso.

Estar em boa forma não é apenas uma questão estética; acima de tudo é uma terapia

para a alma, corpo e mente. Portanto, a escolha correta de atividades que se adaptem aos objetivos

pessoais e dedicação de tempo e esforços que combinem com o nível atual de condicionamento, é o

segredo para atingir uma saúde perfeita.

A melhor forma de praticar atividade física é escolher um exercício do qual a pessoa

goste, que se encaixe na sua rotina diária como ir ao shopping de bicicleta ao invés de pegar o carro,

subir as escadas ao invés de tomar o elevador, ir andando à padaria, etc. são maneiras simples de

melhorar a forma física. Porém, é preciso ter calma, não devendo entrar em forma muito rapidamente:

seu corpo precisa de um certo tempo para se adaptar à nova rotina. Não tenha pressa, à medida que

seu condicionamento for melhorando, você poderá aumentar o tempo e a intensidade dos exercícios.

Outro fator importante é o aquecimento antes e o alongamento (desaquecimento) depois

de uma atividade física. Se não fizer nenhum aquecimento, estará se expondo à dores musculares ou

até a lesões mais graves. Mesmo sendo portador de alguma doença, poderá iniciar um programa de

exercícios, desde que tome as devidas precauções. Consulte o médico. Ele poderá dizer se um

esforço físico maior poderá trazer riscos a saúde.

O ideal é fazer um check-up de rotina antes de iniciar qualquer programa de exercícios,

principalmente se enquadrar-se em algum desses casos:

a) Mais de 60 anos;

b) Mais de 35 anos e fora de forma (não faz exercícios físicos há algum tempo);

c) Obeso;

d) Fumante;

e) Hipertensão, doenças cardíacas, diabetes ou outros problemas de saúde;

f) Histórico familiar de doenças cardíacas antes do 50 anos.

Page 51: Atividade Fisica Na Terceira Idade

51

3.4 Reconhecimento das limitações

Praticar exercícios com segurança também é ser capaz de reconhecer quando você está

prejudicando alguma parte do corpo por estar se excedendo nos exercícios. Nesses casos, lesões

sérias, distensões, desmaios e outras reações poderiam ser evitadas se as pessoas soubessem o

momento de parar ou diminuir a atividade que estão realizando.

Portanto, veja a tabela abaixo e se tiver algum dos sintomas, tome as providências

adequadas a seu caso:

TABELA 2 – Partes do Corpo e Sintomas

PARTE DO CORPO SINTOMAS DE ALERTA O QUE FAZER Coração Dores no peito, pescoço,

mandíbulas e braços; palpitações, intensa falta de ar; tontura, sensação de cabeça oca e de desmaio.

Pare imediatamente. Faça um check-up assim que for possível

Articulações Dor, rigidez e inchaço. Diminua a rotina de exercícios e coloque uma palmilha acolchoada no tênis.

Articulações Dor, desconforto e rigidez após uma sessão de exercícios, que persistem até a sessão seguinte.

Dê um intervalo maior entre as sessões para que os músculos se recuperem. Não exagere nos exercícios de fortalecimento.

Músculos Dor, desconforto e rigidez após uma sessão de exercícios, que persistem até a sessão seguinte.

Dê um intervalo maior entre as sessões para que os músculos se recuperem. Não exagere nos exercícios de fortalecimento.

Rins Sangue na urina. Vá ao médico, que talvez o aconselhe a diminuir o percurso das corridas de distância (por exemplo). Se a urina não voltar ao normal, submeta-se a exames.

Intestino Diarréia ou sangue ou muco nas fezes.

Vá ao médico. Se seu treinamento inclui corrida de longa distância, diminua.

FONTE/AUTOR: Redação da Saúde Informações

Veja a seguir, o gasto calórico de algumas atividades. Estes valores foram baseados na

medida padrão: mulher de 60 quilos em ação contínua durante um período de 1 hora; portanto, eles

podem variar em função da intensidade do exercício, nível técnico e peso de quem o faz.

Page 52: Atividade Fisica Na Terceira Idade

52

TABELA 3 – Atividade x Calorias

Atividade Gasto Calórico Andar de bicicleta 230 cal Dar banho no cachorro 225 cal Caminhar na areia fofa 520 cal Jogar frisbee 360 cal Carregar a prancha do namorado 465 cal Andar na água na altura do tornozelo 360 cal Plantar um canteiro de flores 250 cal Andar no calçadão ouvindo walkman 290 cal Jogar queimada com os amigos 345 cal Jogar vôlei na piscina 180 cal Praticar mergulho (snorkel) 330 cal Jogar cartas 90 cal Tocar violão 165 cal Ver o pôr-do-sol (sentada) 75 cal Tirar leite da vaca 195 cal Nadar no rio (crawl) 460 cal Jogar frescobol 600 cal Caminhar com água na altura do joelho 425 cal Jogar vôlei na praia 325 cal Cavalgar 150 cal

FONTE/AUTOR: Redação da Saúde Informações

4 OBJETIVOS

Este estudo aborda a importância das atividades físicas para a qualidade de vida na

terceira idade, apontando as transformações que ocorrem com o processo de envelhecimento e

algumas possibilidades de se buscar o equilíbrio entre as potencialidades e as limitações do idoso,

por meio de uma vida mais saudável. Destaca também, que, para obter a melhora na qualidade de

vida da terceira idade através de atividades físicas, é necessário adaptá-las aos idosos visando atingir

seus anseios, necessidades e suas condições físicas. O corpo do idoso em movimento é sinal de

saúde e alegria. A atividade física deve ser dirigida para quebrar o ciclo vicioso do envelhecimento,

melhorando sua condição aeróbica e diminuindo os efeitos deletérios do sedentarismo, melhorar o

contacto social, reduzindo a ansiedade e a depressão, comuns nesta faixa etária, desenvolver a

resistência e a força muscular, melhorar sua mobilidade articular, redobrar suas energias, vitalidade e

disposição, tornando sua vida mais alegre.

Page 53: Atividade Fisica Na Terceira Idade

53

5 CONCLUSÃO

Diante do que foi tratado teoricamente, concluímos que os estudos direcionados a

terceira idade, têm apontado uma gama de benefícios à saúde deste segmento promovidos com a

prática de atividades físicas cotidianas. Uma rotina ativa com simples tarefas, incluindo atividades

leves individuais ou coletivas como: caminhadas de baixa intensidade, a utilização de escadas ao

invés de elevadores, cuidar do jardim, atividades aquáticas, viagens turísticas a lazer em geral,

proporcionam uma melhoria na condição física e psicológica, auxiliando na realização de movimentos

do dia-a-dia, tornando esses indivíduos prestativos em seu meio social e conscientes enquanto

cidadãos. Temos que ter em mente que a construção de uma boa velhice vai se dando ao longo da

vida. Uma velhice tranqüila é o somatório de tudo quanto beneficie o organismo, como por exemplo,

exercícios físicos, alimentação saudável, espaço para lazer, bom relacionamento familiar, enfim, é

preciso investir numa melhor qualidade de vida. A elaboração de um programa de atividade física

para a terceira idade deve levar basicamente em consideração o preparo para que o idoso possa

cumprir suas necessidades básicas diárias (necessidades impostas pelo cotidiano), aprendendo a

lidar com as transformações de seu corpo, tirando proveito de sua condição, prevenindo e mantendo

em bom nível sua plena autonomia. Para isso é necessário que se procure estilos de vida ativos,

integrando atividades físicas a sua vida cotidiana. As atividades recreativas devem ser: atraentes,

diversificadas, com intensidade moderada, de baixo impacto, realizadas de forma gradual,

promovendo a aproximação social, sendo desenvolvidos de preferência coletivamente, respeitando

as individualidades de cada um, sem estimular atividades competitivas, pois tanto a ansiedade como

o esforço aumenta os fatores de risco. Com isso é possível se alcançar níveis bastante satisfatórios

de desempenho físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e interação social.

Constatou-se durante este estudo que, através das atividades físicas é possível recuperar funções e

oferecer recursos para os idosos lidarem melhor com estas perdas – com atividade física, e com

profissionais focados nessa transformação. Com atividade física, o corpo pode voltar a ter músculos

fortes, articulações flexíveis e condições cardiorespiratórias. A transformação do corpo, vai se refletir

na vida: ‘‘O corpo é a dimensão concreta de nossa existência, e quando ele muda, muda também

nossa dimensão interna, a maneira como nos relacionamos com o mundo’’ (Silene Okuma, Londrina,

2006). Por isso, quando as pessoas da terceira idade percebem que não são incapazes, seus

conceitos mudam, e eles podem passar a ter uma relação positiva com a velhice, de menos

dependência dos outros. A sociedade, portanto, tem o dever de criar mecanismos que contribuam

para a superação deste quadro e garantir ao idoso uma vida mais tranqüila. Para isso, além de

vencer os preconceitos, é necessário criar condições para que o idoso possa usufruir do tempo que

tem disponível com qualidade, beneficiando-se por meio de: atividades físicas apropriadas para sua

condição, alimentação saudável, espaço para lazer, bom relacionamento social e liberdade de

expressão e criação.

Ao término deste estudo, demonstramos como resultado esperado que a atividade física

traz inúmeros benefícios ao indivíduo nesta fase, retardando o processo de envelhecimento humano,

mantendo sua produtividade social. O início de uma tomada de consciência profissional e humana

Page 54: Atividade Fisica Na Terceira Idade

54

junto a esse novo grupo social exige sensibilidade, competência profissional, conhecimento e

disponibilidade para agir, pois, a Educação Fisica na terceira idade já constitui uma marcante

realidade no mundo em que vivemos. Constatamos que a atividade física é importante para todas as

pessoas, mas se reveste de uma importância ainda maior quando se trata da terceira idade, não

apenas como meio de proporcionar maior saúde e bem estar físico, mas também, é importante pela

integração social, oferecendo ao idoso condições de enfrentar as deficiências normais desse período

de vida.

Page 55: Atividade Fisica Na Terceira Idade

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Page 59: Atividade Fisica Na Terceira Idade

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