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Distr. GERAL LC/G.2439(SES.33/10) 11 de maio de 2010 PORTUGUÊS ORIGINAL: ESPANHOL ATIVIDADES DO SISTEMA DA CEPAL NO BIÊNIO 2008-2009 PARA PROMOVER E APOIAR A COOPERAÇÃO SUL-SUL 2010-232

ATIVIDADES DO SISTEMA DA CEPAL NO BIÊNIO 2008-2009 PARA PROMOVER E … · 2010-05-18 · Apoio à Cúpula da América Latina e do Caribe ... e pesquisa que prestam aos países de

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Distr. GERAL

LC/G.2439(SES.33/10) 11 de maio de 2010

PORTUGUÊS ORIGINAL: ESPANHOL

ATIVIDADES DO SISTEMA DA CEPAL NO BIÊNIO 2008-2009 PARA PROMOVER E APOIAR A COOPERAÇÃO SUL-SUL

2010-232

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ÍNDICE

Página I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 II. A COOPERAÇÃO TÉCNICA DA CEPAL EM 2008-2009: EXECUÇÃO E FONTES DE RECURSOS................................................................................................... 5 A. Fontes multilaterais ........................................................................................................... 6 B. Fontes bilaterais................................................................................................................. 8 III. RESULTADOS E CONQUISTAS IMPORTANTES PARA A COOPERAÇÃO SUL-SUL NO BIÊNIO 2008-2009 ......................................................................................... 9 A. Função catalisadora ........................................................................................................... 10 1. Colaboração com o Grupo do Rio............................................................................... 11 2. Apoio à Cúpula da América Latina e do Caribe sobre integração e desenvolvimento (CALC) ........................................................................................... 11 3. Apoio à Cúpula Empresarial China-América Latina .................................................. 12 B. Iniciativas de caráter normativo ........................................................................................ 12 1. Função convocatória ................................................................................................... 13 2. Promoção..................................................................................................................... 14 3. Orientação e assessoramento de peritos ...................................................................... 15 4. Integração do conceito de cooperação Sul-Sul............................................................ 16 C. Iniciativas de programação................................................................................................ 21 1. Pesquisa e capacitação ................................................................................................ 21 2. Assessoramento técnico .............................................................................................. 23 3. Documentação sobre boas práticas.............................................................................. 26 4. Criação de redes .......................................................................................................... 27 5. Transferências de tecnologia ....................................................................................... 28 IV. REFLEXÃO FINAL................................................................................................................ 31

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I. INTRODUÇÃO Este relatório é apresentado ao Comitê de Cooperação Sul-Sul da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), por ocasião do trigésimo terceiro período de sessões da CEPAL (Brasília, junho de 2010). O objetivo, como em cada período de sessões desde 1979, é informar ao Comitê sobre as atividades realizadas pela Secretaria da CEPAL para promover e apoiar a cooperação Sul-Sul no biênio anterior. Em 2008 e 2009 promoveu-se um amplo debate em nível internacional sobre a cooperação Sul-Sul, que culminou na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre a Cooperação Sul-Sul (Nairóbi, dezembro de 2009)1. O resultado da Conferência cristalizou-se num documento, aprovado pela Assembleia Geral em 21 de dezembro de 2009, em cujo parágrafo 18 figura uma definição consensual sobre o que é, e não, a cooperação Sul-Sul2. “Reafirmamos que a cooperação Sul-Sul é uma iniciativa comum aos povos e aos países do Sul, originária de afinidades e experiências compartilhadas, baseada em objetivos unos e solidariedade comum, e guiada, entre outros fatores, pelos princípios de respeito à soberania e às peculiaridades de cada nação, livres de quaisquer imposições. A cooperação Sul-Sul não deveria ser considerada assistência oficial para o desenvolvimento. Trata-se de uma associação de colaboração entre iguais baseada na solidariedade. A esse respeito, reconhecemos a necessidade de melhorar a eficácia da cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento aumentando a prestação de contas mútua e a transparência, assim como coordenando suas iniciativas com outros projetos e programas de desenvolvimento sobre sua esfera, em conformidade com os planos e prioridades nacionais de desenvolvimento. Reconhecemos também que se deveriam avaliar os efeitos da cooperação Sul-Sul visando melhorar sua qualidade, segundo proceda, de maneira orientada à obtenção de resultados”3. Nesse mesmo documento também figuram algumas questões sobre o papel das comissões regionais das Nações Unidas. No parágrafo 10, se inclui de forma explícita as comissões regionais, quando se reafirma o papel fundamental do sistema das Nações Unidas de apoiar e promover a cooperação entre os países em desenvolvimento. Na seção “d” do parágrafo 21 exorta-se “as comissões regionais das Nações Unidas a desempenharem um papel catalisador na promoção da cooperação Sul-Sul e da cooperação triangular, bem como a reforçarem a assistência técnica e o apoio em matéria de políticas e pesquisa que prestam aos países de suas respectivas regiões”. Na seção “e” do parágrafo 21 define-se um papel mais ativo para as comissões regionais ao solicitar-lhes que apóiem o fortalecimento dos centros de excelência para a cooperação Sul-Sul.

1 Na resolução 642(XXXII) do trigésimo segundo período de sessões da CEPAL (Santo Domingo, junho de 2008) se

solicitava à Secretaria que apoiasse, em colaboração com outras instituições regionais, as atividades de preparação da conferência de alto nível que se celebraria por ocasião do trigésimo aniversário da aprovação do Plano de Ação Buenos Aires para promover e realizar a cooperação técnica entre os países em desenvolvimento, em particular a eventual consulta regional preparatória. Finalmente, a reunião geral não pôde ser realizada devido à falta de tempo, já que a convocação por parte da Assembleia Geral para conferência internacional que se celebraria em 2 de dezembro de 2009 foi feita em 6 de outubro, isto é, com menos de dois meses de antecedência.

2 Resolução 64/222 da Assembleia Geral. 3 Traduzido do Informe de la Conferencia de Alto Nivel de las Naciones Unidas sobre la Cooperación Sur-Sur

(A/Conf.215/2).

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A distinção entre as funções que podem ter as comissões regionais na promoção na cooperação Sul-Sul, como a função catalisadora e a de caráter normativo, encontram-se analisadas com mais detalhes no relatório do Secretário-Geral preparado para a Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre a Cooperação Sul-Sul4. No relatório, assinala-se que as Nações Unidas devem cumprir três funções básicas de apoio à cooperação Sul-Sul, ou seja, atuar como catalisador, como intermediário e como facilitador. As atividades realizadas agrupam-se em três categorias, a saber: a função catalisadora, as iniciativas de caráter normativo e as iniciativas de programação. As últimas duas categorias, por sua vez, subdividem-se em diversos tipos de atividades. No presente relatório parte-se dessa mesma classificação para apresentar as atividades da CEPAL de apoio à cooperação Sul-Sul. O relatório do Secretário-Geral conclui que o trabalho das Nações Unidas deve centrar-se primordialmente no desenvolvimento da capacidade em esferas prioritárias, facilitando a difusão dos conhecimentos entre as regiões e dentro das próprias regiões em vias de desenvolvimento. Recomenda também que o sistema das Nações Unidas preste apoio à cooperação Sul-Sul e triangular, principalmente com uma perspectiva regional, promovendo os processos de integração regional e sub-regional. Tratar-se-ia definitivamente, que o sistema apóie a capacidade nacional para fortalecer as comunidades regionais e sub-regionais na esfera do desenvolvimento no Sul. No décimo oitavo período de sessões da CEPAL (La Paz, abril de 1979), aprovou-se a resolução 387 (XVIII) relativa à cooperação entre países e regiões em desenvolvimento de diferentes zonas geográficas. Nela estabelece-se, entre outras questões, “que o tema da cooperação entre os países e regiões em desenvolvimento seja examinado em cada período de sessões da Comissão por um Comitê do período de sessões, mediante prévia consulta aos governos, com o objetivo de examinar as atividades de cooperação intrarregional e interregional que considera a Secretaria da Comissão com vistas a formular as medidas de apoio pertinentes para a impulsão dessa cooperação”. Desde então, o Comitê tem se reunido em cada período de sessões, centrando seu trabalho na revisão das atividades do sistema da CEPAL em apoio à cooperação Sul-Sul. Em cada oportunidade tem-se insistido na importância dessa cooperação, tem-se exortado os países membros a que adotem medidas para fortalecê-la, e tem-se solicitado à Secretaria que, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e outros organismos do sistema das Nações Unidas, assim como com instituições regionais e sub-regionais, promova em suas atividades a utilização de modalidades de cooperação Sul-Sul. No trigésimo período de sessões da CEPAL (San Juan, junho de 2004), aprovou-se a resolução 611 (XXX), que mudou o nome do Comitê de Cooperação entre Países e Regiões em Desenvolvimento, que passou a denominar-se “Comitê de Cooperação Sul-Sul”, de acordo com os novos critérios aprovados pela Assembleia Geral, sem que isso implicasse mudanças em relação às disposições e aos âmbitos da atividade. Este relatório apresenta a contribuição da CEPAL, como órgão intergovernamental e como Secretaria, à cooperação Sul-Sul. Ao mesmo tempo documenta a maneira como a cooperação Sul-Sul tem contribuído para o alcance dos objetivos da instituição. Dessa perspectiva, no relatório apresenta-se a relação como uma interação; a CEPAL contribui para a cooperação Sul-Sul e triangular à medida que utiliza essa cooperação como instrumento ou modalidade para apoiar os países da região.

4 Promoción de la cooperación Sur-Sur para el desarrollo: una perspectiva de 30 años. Informe del Secretario

General (A/64/504), 27 de outubro de 2009.

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Como é habitual, apresenta-se em primeiro lugar a informação sobre a execução do programa de cooperação técnica da CEPAL, em particular a que se financia com fundos fiduciários recebidos pela organização para projetos de cooperação. Na segunda seção, apresentam-se alguns exemplos e resultados dos projetos que se assemelham mais do que outros à cooperação Sul-Sul. Como já mencionado, para apresentar as contribuições da CEPAL à cooperação Sul-Sul, o relatório usa a mesma classificação que figura no relatório do Secretário Geral preparado para a Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre a Cooperação Sul-Sul.

II. A COOPERAÇÃO TÉCNICA DA CEPAL EM 2008-2009: EXECUÇÃO E FONTES DE RECURSOS

No presente relatório afirma-se que grande parte do trabalho da CEPAL promove e apóia a cooperação Sul-Sul e a cooperação triangular. Isto é válido tanto para o programa de trabalho ordinário da CEPAL, financiado com os recursos alocados pela Assembleia Geral, quanto para seu programa de cooperação, que inclui projetos financiados com recursos adicionais que a Secretaria recebe e administra como fundos de fideicomisso para objetivos específicos e pré-determinados. Como indicado no relatório anterior5, a cooperação técnica que a CEPAL presta, complementa e reforça o trabalho analítico e normativo de seu programa de trabalho. Seria um tanto artificial ou arbitrário tratar de distinguir entre as atividades de apoio à cooperação Sul-Sul e as demais, já que quase todo o trabalho da CEPAL, financiado com recursos ordinários e extraordinários, em maior ou menor grau, apóia e promove a cooperação Sul-Sul e a cooperação triangular. No biênio 2008-2009, o gasto total correspondente ao programa de cooperação técnica ascendeu a 34,5 milhões de dólares, o que supõe um aumento nominal de 18% em comparação com o biênio anterior. Os recursos procederam de distintas fontes. Um quinto (21%) foi aportado pela Assembleia Geral, através do Programa Ordinário de Cooperação Técnica e da Conta para o Desenvolvimento; outro quinto proveio de diferentes organismos das Nações Unidas, como o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e outros. Doze por cento procederam de organismos multilaterais que formam parte do sistema das Nações Unidas. Em conjunto, as fontes multilaterais aportaram algo mais que a metade do total. A outra metade proveio de fontes bilaterais: quase 30% de agências de cooperação de países desenvolvidos e 15% de governos da América Latina e do Caribe. Por último, as fontes privadas, ou seja, organizações não governamentais e acadêmicas aportaram 5%. No quadro 1 mostra-se o panorama global das fontes de financiamento para o programa de cooperação técnica da CEPAL no biênio 2008-2009.

5 Actividades del Sistema de la CEPAL durante el bienio 2006-2007 para promover y apoyar a la cooperación

Sur-Sur (LC/G.2371(SES. 32/7)).

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Quadro 1 FONTES DE FINANCIAMENTO E NÍVEL DE EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE

COOPERAÇÃO TÉCNICA NOS BIÊNIOS 2006-2007 E 2008-2009

Milhões de dólares Porcentagens Fonte de recursos

2006-2007 2008-2009 2006-2007 2008-2009

Nações Unidas 11,0 13,3 38 39

Outros organismos multilaterais 5,9 4,3 20 12

Doadores bilaterais 12,5 16,9 43 49

Governos da América Latina e do Caribe 4,7 5,2 16 15

Governos de outros países 5,5 10,0 19 29

Organizações não governamentais 2,3 1,7 8 5

Gastos totais 29,3 34,5 100 100

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

A. FONTES MULTILATERAIS Entre as fontes multilaterais, a maior parte corresponde a distintas fontes do sistema das Nações Unidas, tanto da própria Secretaria, quanto de outros organismos e programas. O Instituto Latino-Americano e do Caribe de Planejamento Econômica e Social (ILPES) financiou atividades de cooperação por um montante de 2,0 milhões de dólares no biênio 2008-2009 (5,8% do total). A CEPAL também dispõe de recursos gerados pela matrícula em cursos e pelas contribuições de usuários de programas de computação. Com esses fundos aportaram-se 500.000 dólares (1,4% do total) ao financiamento das atividades (Veja a epígrafe “contribuições diversas” do quadro 2). No biênio 2008-2009, o Programa ordinário de cooperação técnica aportou 5,6 milhões de dólares. Além disso, a CEPAL utilizou 2,5 milhões de dólares da Conta para o Desenvolvimento, orçamento alocado pela Assembleia Geral para o financiamento de projetos de cooperação técnica e administrado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DAES), com frequência em cooperação com outras comissões regionais. Por esse motivo, estes projetos constituem os melhores exemplos de cooperação Sul-Sul interregional do programa de cooperação técnica da CEPAL. A importância da Conta para o Desenvolvimento das Nações Unidas no total do financiamento das atividades de cooperação técnica da CEPAL aumentou notavelmente. Em 2008-2009, a mencionada fonte contribuiu para financiar mais de 7% dos gastos totais em cooperação.

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Quadro 2 GASTO EM COOPERAÇÃO FINANCIADO POR FONTES MULTILATERAIS,

2006-2007 E 2008-2009

Milhões de dólares Porcentagens Fonte de recursos

2006-2007 2008-2009 2006-2007 2008-2009

Sistema da CEPAL 2,9 2,5 10,0 7,2 Contribuições voluntárias ao Instituto Latino-Americano e do Caribe de Planejamento Econômica e Social (ILPES)

2,5 2,0 9,0 5,8

Contribuições diversas 0,4 0,5 1,0 1,4

Outras fontes do sistema das Nações Unidas 8,2 10,8 28,0 31,3

Programa ordinário de cooperação técnica 5,0 5,6 17,0 16,2

Programa ordinário de população e desenvolvimento 1,1 1,7 4,0 4,9

Conta para o Desenvolvimento 1,3 2,5 4,0 7,2

Convênios com organismos e programas do Sistema 0,8 1,0 3,0 2,9

Outras fontes multilaterais 5,8 4,3 20,0 12,5

Comissão Europeia 4,0 3,0 14,0 8,7

Banco Interamericano de Desenvolvimento 0,8 0,1 3,0 0,3

Secretaria Geral Ibero-Americana 0,6 0,5 2,0 1,4

Outros organismos multilaterais 0,4 0,7 1,0 2,0

Total das fontes multilaterais 16,9 17,6 58,0 51,0

Total do gasto em cooperação 29,3 34,5 100,0 100,0

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). A CEPAL mantém uma cooperação muito estreita com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), e nesse marco encarregou-se de executar algumas partes do programa ordinário de população e desenvolvimento por um montante de 1,7 milhões de dólares em 2008-2009. Por outro lado, no biênio 2008-2009 os convênios específicos de cooperação com organismos e programas das Nações Unidas, como o PNUD, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS) e outros, alcançaram 1 milhão de dólares de gastos. Em seu conjunto, quase 40% das atividades de cooperação para o desenvolvimento executadas pela CEPAL foram financiadas por distintas fontes do sistema das Nações Unidas. As atividades financiadas com fontes multilaterais alheias ao sistema das Nações Unidas alcançaram um total de 4,3 milhões de dólares (12,5% do total). Destaca-se neste grupo o apoio recebido da Comissão Europeia (vide quadro 2), por exemplo, para o projeto da Aliança para a Sociedade da Informação (@LIS), e o financiamento complementar dos estudos de impacto econômico das mudanças climáticas, como parte da preparação do décimo quinto período de sessões da Conferência das Partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima (COP 15) celebrado em Copenhague. No biênio 2008-2009 deu-se continuidade à estreita colaboração com a Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB), em particular para apoiar a preparação da Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo. Tanto na Cúpula de San Salvador (2008), quanto na de Estoril (2009), a SEGIB e seus países membros apoiaram-se na CEPAL para a preparação da documentação técnica. Esta

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organização ibero-americana também tem impulsionado a colaboração entre seus integrantes, que igualmente são membros da CEPAL e, em sua grande maioria, países do Sul.

B. FONTES BILATERAIS No quadro 3 observa-se que os gastos financiados com os aportes bilaterais dos países da região somaram 5,2 milhões de dólares (15% do total) no biênio 2008-2009. A CEPAL brinda à Argentina um variado programa de cooperação técnica, canalizado sobretudo através de seu escritório em Buenos Aires, financiado por pelo menos nove entidades governamentais e quatro organizações não governamentais no referido país. Em Brasília, o escritório da CEPAL segue este mesmo padrão e, com o financiamento do Governo do Brasil, presta apoio, em particular, ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O mesmo acontece nos escritórios da Comissão em Bogotá e Montevidéu, e no Chile e México, onde se presta cooperação a distintos organismos governamentais e instituições acadêmicas com financiamento dos respectivos governos. Outros países, como a República Dominicana, solicitaram à CEPAL importantes projetos de cooperação técnica e proporcionaram o financiamento para sua execução. A totalidade das atividades financiadas bilateralmente com países da América Latina e do Caribe juntamente com outras dotadas de recursos por fontes não governamentais dos países da região beneficiam os mesmos países doadores.

Quadro 3 GASTO EM COOPERAÇÃO FINANCIADO POR FONTES BILATERAIS,

2006-2007 E 2008-2009

Milhões de dólares Porcentagens Fonte de financiamento

2006-2007 2008-2009 2006-2007 2008-2009

Governos da América Latina e do Caribe 4,7 5,2 16,0 15,1

Governos de outros países 5,5 10,0 18,9 29,1

Alemanha 2,6 2,3 8,9 6,7

Canadá 1,2 1,7 4,1 4,9

Dinamarca 0,0 0,5 0,0 1,4

Espanha 0,3 1,9 1,0 5,5

Estados Unidos 0,04 0,1 0,1 0,3

França 0,2 0,1 0,7 0,3

Itália 0,6 0,6 2,0 1,7

Japão 0,05 0,03 0,2 0,1

Reino Unido 0,04 1,3 0,1 3,8

República da Coreia 0,1 0,3 0,3 0,9

Suécia 0,4 1,2 1,4 3,5

Organizações não governamentais 2,3 1,7 8,2 4,9

Fundação Kellogg 1,6 1,2 5,5 3,5

Fundação Telefônica 0,1 0,0 0,3

Outros 0,8 0,4 2,7 1,2

Total das fontes bilaterais 12,5 16,9 43,1 49,1

Total do gasto em cooperação 29,3 34,5 100 100

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

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O aporte dos governos dos países da região, somando-se o financiamento bilateral à contribuição do ILPES para cooperação, ascende a aproximadamente 7 milhões de dólares (21% do total). O financiamento da cooperação técnica com fundos de fideicomissos recebidos bilateralmente pela CEPAL de governos de outros países ascendeu a 9,9 milhões de dólares (29,7% do total) no biênio 2008-2009. Essa é a fonte que mais tem aumentado em relação ao biênio anterior em termos absolutos. O Organismo Alemão de Cooperação Técnica (GTZ) mantém com a CEPAL um programa multianual e multisetorial que cobre uma ampla gama de temas prioritários para a região, nos quais a cooperação alemã tem vantagens comparativas. O mesmo acontece com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). O Centro Internacional de Pesquisa para o Desenvolvimento (CIID), do Governo do Canadá, sustenta distintos projetos importantes relacionados com a sociedade da informação e outros temas relevantes. Em muitos casos, o aporte dos países doadores de fora da região se parece com a cooperação triangular, no sentido de que os projetos financiados por terceiros países empregam os peritos da América Latina e do Caribe para realizar atividades de cooperação em países da mesma região. Este é o caso dos projetos do CIID e da maioria dos componentes dos programas financiados pela GTZ da Alemanha, pelo Organismo Sueco de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (OSDI) e pela AECID da Espanha. Em casos pontuais, como a já mencionada colaboração com a França, o Japão e a República da Coreia, os projetos surgem de uma relação de cooperação tradicional, que utiliza os conhecimentos especializados dos países doadores em benefício dos países do Sul. O setor privado (fundações, universidades, associações privadas) financiou 1,7 milhões de dólares (4,9%) do gasto total do biênio, como pode observar-se no quadro 3. O principal doador foi a Fundação Kellogg, que aportou 1,1 milhões de dólares (3,3% do total), principalmente através do concurso “Experiências em inovação social na América Latina e no Caribe”, implementado pela CEPAL em 2004, cujo objetivo é identificar, analisar, reconhecer e difundir experiências inovadoras em matéria de saúde comunitária, educação básica, programas dirigidos à juventude, geração de renda, desenvolvimento rural e agrícola, segurança alimentar e nutrição, responsabilidade social e voluntariado. A Fundação Telefônica mantém com a CEPAL uma relação de cooperação na esfera da sociedade da informação. Um fato destacável é o interesse demonstrado por algumas associações e grupos setoriais em contar com a assessoria da CEPAL em relação a temas pontuais, como o exemplificam os convênios com o Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (IPCVA) e o Instituto Latino-Americano de Ferro e Aço (ILAFA), para analisar as projeções de consumo em médio e longo prazo. A colaboração tradicional que a CEPAL mantém com universidades e institutos de pesquisa, tanto da região como de fora dela, em conjunto representa 1,2% do gasto total efetuado em 2008-2009.

III. RESULTADOS E CONQUISTAS IMPORTANTES PARA A COOPERAÇÃO SUL-SUL NO BIÊNIO 2008-2009

Nesta seção enumeram-se os principais resultados e conquistas da CEPAL em apoio à cooperação Sul-Sul. Como já mencionado, parte-se da mesma classificação que figura no relatório do Secretário-Geral preparado para a Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre a Cooperação Sul-Sul.

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A. FUNÇÃO CATALISADORA O papel catalítico das Nações Unidas significa criar ou melhorar as condições para que os países intensifiquem a cooperação entre si. A CEPAL, desde sua criação, tem sido coadjuvante da cooperação entre os países da região, gerando informação, análises e novos conhecimentos que têm contribuído para idear e implementar uma estratégia própria de desenvolvimento na região. Um dos projetos mais importantes neste sentido, impulsionado pela CEPAL no princípio dos anos sessenta, foi o do Mercado Comum Latino-Americano, que não prosperou como tal, porém derivou, entre outras coisas, na criação da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). Num contexto mundial e regional muito distinto do de meados do século XX, com um intercâmbio comercial entre os países do Sul muito mais elevado, e apoiado em maior interconexão em todos os âmbitos, a CEPAL continua sendo, no princípio do século XXI, um dos catalisadores da cooperação entre os países da América Latina e do Caribe, assim como entre estes e outros países em desenvolvimento do resto do mundo. Além de organizar os períodos de sessões e as reuniões dos órgãos intergovernamentais próprios da CEPAL (vide quadro 4), a Secretaria apoiou a celebração de vários encontros de alto nível na região e, graças às suas bases de dados e à sua capacidade analítica, pôde preparar documentação e análises que contribuíram para seu êxito. Em seguida, informa-se sobre alguns dos encontros mais destacados na região durante o biênio, que refletem a contribuição e o papel catalisador da CEPAL na América Latina e no Caribe e em relação a outras regiões em desenvolvimento.

Quadro 4 REUNIÕES DE ÓRGÃOS INTERGOVERNAMENTAIS DO SISTEMA DA CEPAL, 2008-2009

Número de países representados

Número de participantes

Trigésimo segundo período de sessões da CEPAL, Santo Domingo, junho de 2008 Comitê Especial sobre População e Desenvolvimento do período de sessões da CEPAL, Santo Domingo, junho de 2008 Comitê de Cooperação Sul-Sul, Santo Domingo, junho de 2008

37 325

Vigésimo segundo período de sessões do Comitê de Desenvolvimento e Cooperação do Caribe (CDCC), abril de 2008

12 57

Quinta reunião da Conferência Estatística das Américas da CEPAL, Bogotá, agosto de 2009

21 96

Oitava reunião do Comitê Executivo da Conferência Estatística das Américas da CEPAL, Santo Domingo, outubro de 2008

21 62

Quadragésima primeira reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, Bogotá, abril de 2008

21 101

Quadragésima segunda reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, Santiago, dezembro de 2008

15 64

Quadragésima terceira reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, Port of Spain, julho de 2009

22 90

Vigésimo quinto período de sessões do Comitê Plenário da CEPAL, Nova York, fevereiro de 2009

43 82

Décima quarta reunião do Comitê de Monitoramento do Comitê de Desenvolvimento e Cooperação do Caribe (CDCC), Port of Spain, setembro de 2009

9 33

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

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1. Colaboração com o Grupo do Rio A CEPAL tem colaborado intensamente com o Mecanismo Permanente de Consulta e Concertação Política ou Grupo do Rio, em vários encontros decisivos. O relatório da Chancelaria do México, como Secretaria pro tempore do organismo faz menção a isso6. O Grupo do Rio e a CEPAL organizaram um encontro em maio de 2009 em Nova York para debater a posição da América Latina e do Caribe ante a Conferência das Nações Unidas sobre a crise financeira e econômica mundial e seus efeitos no desenvolvimento. Nessa reunião destacou-se a necessidade de que tanto o Grupo do Rio quanto todos os países em desenvolvimento adotassem um enfoque unificado frente aos elementos centrais da futura arquitetura mundial do desenvolvimento. Na declaração do Grupo do Rio sobre a crise financeira internacional, na qual também se abordou a posição conjunta da região frente ao tema do financiamento para o desenvolvimento, o Grupo reiterou “seu apreço pelos aportes substantivos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e solicitou que continue brindando suas capacidades e experiência de apoio à agenda de financiamento para o desenvolvimento e à concomitante configuração de uma nova arquitetura financeira internacional”7.

2. Apoio à Cúpula da América Latina e do Caribe sobre integração e desenvolvimento (CALC)

Em Montego Bay, em novembro de 2009, os ministros de relações exteriores da Cúpula da América Latina e do Caribe sobre integração e desenvolvimento (CALC) propuseram novos mecanismos para impulsionar a integração de ambas regiões. Para isso, utilizaram-se os documentos elaborados pelo Sistema Econômico Latino-Americano e do Caribe (SELA) e a CEPAL8.

6 Veja [on-line] http://www.sre.gob.mx/grio-sptmexico/. 7 Veja [on-line] http://portal2.sre.gob.mx/gruporio/images/STORIES/Pronunciamientos/Crisis_Doha_esp.pdf. 8 Veja [on-line] http://www.mre.gov.ve/index.php?option=com_content&view=article&id=2781:cumbre-de-america-

latina-y-el-caribe-trabaja-agenda-presidencial-&catid=119:11-2009-xxviii-reunion-de-cancilleres-del-g-rio&Itemid=253.

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A primeira vez na história em que os países da América Latina e do Caribe organizaram uma reunião própria como grupo foi em dezembro de 2008, na Costa do Sauípe (Brasil), sob o nome de “Cúpula da América Latina e do Caribe sobre integração e desenvolvimento (CALC)”, e nela participaram os Chefes de Estado e de Governo dos 33 países da região9. Na “Declaração de Salvador, Bahia” destacaram a importância da cooperação Sul-Sul e decidiram colaborar estreitamente, em nível de ministros de finanças, para encontrar posições e soluções coletivas ante a crise financeira mundial. De acordo com essas disposições, a CEPAL e o Ministério da Fazenda do Chile organizaram a primeira reunião de peritos dos Ministérios da Fazenda para acompanhamento da Cúpula da América Latina e do Caribe sobre integração e desenvolvimento, que se celebrou em junho de 2009. Por outro lado o documento da CEPAL, La reacción de los gobiernos de las Américas frente a la crisis internacional: una presentación sintética de las medidas de política anunciadas hasta 31 de marzo de 2009 foi atualizado muitas vezes para que os ministros de finanças e outras autoridades que participaram de distintas reuniões ao longo de 2009 tivessem à sua disposição a informação mais recente e de maneira que fosse comparável entre todos os países da região.

3. Apoio à Cúpula Empresarial China-América Latina O papel catalítico da CEPAL na esfera da cooperação Sul-Sul não se limita a apoiar reuniões governamentais; as reuniões empresariais também se beneficiam da informação estatística e analítica da CEPAL. Assim, o Conselho Chinês de Promoção do Comércio Internacional (CCPIT) e as autoridades da província de Heilongjiang e do município de Harbin patrocinaram, em nome do Governo da China, a segunda Cúpula Empresarial China-América Latina, celebrada em outubro de 2008. A participação latino-americana foi impulsionada pela CEPAL e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Mil empresários e funcionários de 24 países participaram do evento e alcançaram 414 intenções de cooperação, que incluíam planos de comércio, de investimento e de outra índole10. Por solicitação do CCPIT, a CEPAL elaborou o documento Las relaciones económicas y comerciales entre América Latina y Asia-Pacífico. El vínculo con China (outubro de 2008). A primeira Cúpula Empresarial China-América Latina foi celebrada em 2007, em Santiago do Chile, e a terceira em novembro de 2009 em Bogotá, na qual participaram mais de 700 empresários e contou com o já habitual apoio da CEPAL.

B. INICIATIVAS DE CARÁTER NORMATIVO O papel normativo das Nações Unidas faz referência à promoção da ideia comum de como “deve ser” o mundo e como alcançá-lo: criar consciência e prestar assessoria e orientação sobre o que contribui ou não para conquistar esse ideal. A CEPAL desempenha esse papel normativo em relação ao desenvolvimento sustentável da América Latina e do Caribe. Sua contribuição à construção da visão de futuro da região no imaginário coletivo deu-se conjuntamente com a articulação do modelo “cepalino” de desenvolvimento, que, como já mencionado a respeito do papel catalítico, tem contribuído de maneira significativa para estreitar os laços de cooperação entre os países da região.

9 Veja [on-line] http://www.mre.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2239&Itemid=1316. 10 Veja [on-line] http://english.people.com.cn/90001/6523245.html.

13

No mencionado relatório do Secretário Geral distinguem-se diversas funções correspondentes ao papel normativo geral das Nações Unidas na cooperação Sul-Sul; esta seção oferece um resumo dos resultados e conquistas da CEPAL que correspondem a cada uma delas.

1. Função convocatória No quadro 4 figura a informação básica sobre as reuniões intergovernamentais oficiais do sistema da CEPAL; cabe assinalar que os órgãos subsidiários da Comissão com frequência têm entre suas prioridades o apoio à cooperação Sul-Sul, em seu âmbito geográfico ou temático específico. Em particular, o Comitê de Desenvolvimento e Cooperação do Caribe (CDCC) tem como primeiro objetivo “promover e fortalecer a cooperação e a integração econômica e social entre os países do Caribe e fomentar a cooperação entre eles e os países e processos de integração da América Latina”11. A Conferência Estatística das Américas da CEPAL (CEA-CEPAL) tem como objetivo, entre outros, promover a cooperação internacional, regional e bilateral entre os escritórios nacionais e os organismos internacionais e regionais. Ambos os órgãos celebraram suas reuniões ordinárias correspondentes ao biênio 2008-2009 e impulsionaram atividades que se resumem mais adiante.

Mapa 1 EVENTOS ORGANIZADOS PELA CEPAL, 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

11 CEPAL, texto traduzido da Declaración constitutiva y funciones y reglamento del Comité de Desarrollo y

cooperación del Caribe (LC/CAR/G.780/Rev.1, 2005).

... financiou a participação de cidadãos deAnguila 1

Honduras

Argentina

Estado Plurinacional da Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

Paraguai

Panamá

Peru

República Bolivariana da Venezuela

Uruguai

Costa Rica

El Salvador

Guatemala

Nicarágua

México

Granada

Guiana

45

182

48

148

110

109

70

41

54

88

78

105

59

65

59

119

9

28

Montserrat

Barbados

Antígua e Barbuda

Bahamas

Cuba

Dominica República Dominicana

Jamaica

Haiti

São Vicente e Granadinas

Suriname

Santa Lucía

Trinidad e Tobago

São Cristóvão e Névis

Aruba Ilhas Virgens Britânicas

Belize

Ilhas Caimã

31

1

22

13

5

42

1 46

31

11

19

28

20

9

1 2

19

1

8

355 eventos em 32 países

14

A CEPAL também convoca reuniões ad hoc de alto nível, de peritos governamentais, de peritos em geral, workshops e conferências. Como se indica no mapa 1, no biênio 2008-2009 a CEPAL organizou ou coorganizou 355 eventos em 32 países, dentro e fora da Região. Quase 2.000 pessoas, de 65 nacionalidades diferentes, assistiram a esses eventos com apoio financeiro da CEPAL, e muitos outros participantes cobriram seus próprios gastos ou contaram com o patrocínio de terceiros. Muitas vezes trata-se de convocações conjuntas entre a CEPAL e um governo da região, um organismo internacional ou um centro acadêmico. A capacidade de convocação da CEPAL é amplamente reconhecida na região e, de fato, é usada assiduamente para impulsionar a cooperação entre os países.

2. Promoção A CEPAL continuou com a publicação de informação e análise sobre a cooperação Sul-Sul nas esferas do desenvolvimento sustentável. Assim, uma das principais publicações da Comissão, o Panorama de la inserción internacional de América Latina y el Caribe, dedicou a edição de 2008-2009 ao tema da crise e espaços de cooperação regional. No primeiro capítulo do documento analisa-se a conjuntura econômica internacional e presta-se especial atenção às mudanças que a crise está gerando e à crescente importância das economias emergentes. No segundo capítulo revisa-se, como é habitual, a evolução do comércio e do investimento na região. No terceiro e último capítulo examinam-se os espaços de cooperação regional na América Latina e no Caribe. Assinala-se que o novo contexto internacional exige maior cooperação entre os países da região, não só pela capacidade de limitar os efeitos da atual crise, como também pela urgência de melhorar sua inserção na economia mundial. Com esta finalidade, propõe-se privilegiar sete áreas de trabalho: infraestrutura, apoio ao comércio, inovação, redução das assimetrias, coesão social, mudanças climáticas e aproximação com a região da Ásia-Pacífico. A publicação tem sido citada em meios de comunicação de toda a região, assim como de outros continentes em desenvolvimento12. Outras publicações da CEPAL também cumprem a função de criar maior consciência sobre a importância e as características da cooperação Sul-Sul. Nesse contexto, cabe destacar o trabalho do escritório da CEPAL em Brasília que, em colaboração com o IPEA e com o financiamento do Governo do Brasil, têm elaborado vários documentos importantes nesta esfera. Um deles, por exemplo, analisa a experiência asiática e latino-americana em respeito à cooperação financeira e monetária13 e outro se dedica ao estudo do comércio entre as maiores economias emergentes14. Todas as publicações da CEPAL tratam sobre temas relacionados com o desenvolvimento sustentável da América Latina e do Caribe e, portanto, contribuem para a criação de consciência sobre o desenvolvimento da Região e promovem a cooperação entre os países. Como se pode observar no mapa 2, a CEPAL publicou mais de 700 documentos no biênio 2008-2009, muitos dos quais têm sido utilizados como documentação nas reuniões intergovernamentais e de peritos.

12 Veja “El desafío es la cooperación regional”, Inter Press Service (IPS) [on-line] http://ipsnoticias.net/nota.asp?

idnews=93127; ou “Latin ECLAC group calls for increase trade relations with China” [on-line] www.namnewsnetwork.org/v2/read.php?id=93180.

13 Cooperação monetária e financeira: o que é bom para a Ásia também é para a América Latina? (LC/BRS/R.193), junho de 2009.

14 O comércio entre os países “BRICS”, agosto de 2009.

15

Mapa 2 PUBLICAÇÕES 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

3. Orientação e assessoramento de peritos Neste biênio, um bom exemplo que ilustra o papel desempenhado e as conquistas alcançadas pela CEPAL com relação à função de assessorar e orientar os países membros no tema da cooperação Sul-Sul é a Conferência internacional de acompanhamento sobre o financiamento para o desenvolvimento, encarregada de examinar a aplicação do Consenso de Monterrey, (Doha, novembro de 2008). Durante o trigésimo segundo período de sessões da CEPAL (Santo Domingo, junho de 2008), a Comissão organizou a consulta regional preparatória. Como resultado disso, o Ministro de Economia da Guatemala, que presidiu a consulta regional, apresentou ao Presidente da Assembleia Geral o documento sobre as tendências e desafios na cooperação internacional e a mobilização de recursos para o desenvolvimento na América Latina e no Caribe. Esse documento também permitiu à CEPAL oferecer suas contribuições sobre este tema em outras reuniões e conferências. A CEPAL, em colaboração com o Grupo do Rio, organizou o seminário internacional “O Grupo do Rio e a Conferência internacional sobre o financiamento para o desenvolvimento, Doha 2008” (Santiago, agosto de 2008). A CEPAL também participou no diálogo regional sobre financiamento ao desenvolvimento e dívida externa às vésperas da reunião de alto nível da ONU encarregada de examinar a aplicação do Consenso de Monterrey, Doha 2008 (junho 2008), organizado pelo SELA. No marco da Conferência celebrada em Doha, a CEPAL preparou alguns eventos paralelos, como o organizado com o Governo do Chile, no qual analisou, a partir de uma perspectiva latino-americana, o tema da estabilidade financeira como um bem público global. Em outro ato, juntamente com as demais comissões regionais das Nações Unidas, abordou-se o tema da cooperação regional e do oitavo Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (Fomentar uma aliança

Sede da CEPAL em Santiago

Sede sub-regional no México

Sede sub-regional para o Caribe

Escritório em Buenos Aires

Escritório em Brasília

Escritório em Bogotá

Escritório em Montevidéu

Escritório em Washington

397

130

109

24

42

2

5

13

717 Documentos

16

mundial para o desenvolvimento). Além disso, em colaboração com o Governo da Noruega e outras comissões regionais, a CEPAL organizou um evento sobre o financiamento do desenvolvimento e a economia de gênero. A contribuição da CEPAL ao debate ajudou o Grupo do Rio a formular uma perspectiva regional que se juntou à Declaração de Doha sobre o financiamento para o desenvolvimento. Cabe assinalar também as referências dessa Declaração à cooperação Sul-Sul e sua relação com a efetividade da cooperação para o desenvolvimento, assim como o fortalecimento da capacidade para negociar acordos bilaterais de investimento15. Da mesma forma foi importante assessorar e orientar os países na preparação da sua participação no décimo quinto período de sessões da Conferência das Partes na Convenção Marco das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 15) (Copenhague, dezembro de 2009). Organizaram-se várias reuniões preparatórias em distintos países da Região, como as reuniões do Comitê Assessor de Alto Nível sobre a Economia das Mudanças Climáticas, celebradas em Barbados e em Trinidad e Tobago. Durante a Conferência em Copenhague, a CEPAL organizou três reuniões paralelas e apoiou permanentemente os países com informação, análise e assessoria. No mapa 3 apresentam-se os dados sobre as viagens de assessoria e assistência técnica do pessoal da CEPAL e dos consultores contratados. No total, realizaram-se 1.833 missões de cooperação em 40 países da região, incluindo os membros associados no Caribe.

4. Integração do conceito de cooperação Sul-Sul A estratégia geral da CEPAL para alcançar os objetivos estabelecidos no seu programa de trabalho 2008-2009 centra-se, entre outras coisas, no fomento da cooperação, no estabelecimento de redes e no intercâmbio de experiências em nível regional, interregional (incluída a cooperação Sul-Sul) e internacional. Em ao menos 7 dos 12 subprogramas, integraram-se as áreas e as modalidades específicas para promover a cooperação Sul-Sul, no plano de trabalho denominado também “cooperação horizontal”. Por exemplo, o primeiro subprograma, Inserção Internacional, competitividade e especialização produtiva, inclui uma seção especial sobre cooperação regional. O Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) – Divisão de População da CEPAL – orienta seu trabalho em direção à promoção do Plano de Ação Regional Latino-Americano e do Caribe sobre População e Desenvolvimento. As sedes sub-regionais têm órgãos intergovernamentais e desenvolvem atividades especificamente orientadas a promover a cooperação sub-regional. A Divisão de Assuntos de Gênero, a de Estatística e Projeções Econômicas e o Instituto Latinoamericano e do Caribe de Planejamento Econômico e Social também prestam serviços a órgãos intergovernamentais que se dedicam a promover a cooperação Sul-Sul na esfera temática de sua competência. Na estratégia de cooperação técnica da CEPAL, a cooperação Sul-Sul integrou-se como uma modalidade de preferência. Alguns dos resultados dessas atividades figura na seção seguinte. Nos mapas 4 a 6 mostra-se a atividade das missões de assistência técnica aos países da Região, por grandes áreas temáticas.

15 “La perspectiva del Grupo de Río sobre la financiación al desarrollo en las atuales condiciones de crisis

económica global”, apresentação na Reunião regional de análise dos resultados da Conferência de Alto Nível da ONU sobre financiamento para o desenvolvimento, Caracas, 23 de março de 2009.

17

Mapa 3 MISSÕES DE COOPERAÇÃO TÉCNICA DA CEPAL DO BIÊNIO 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Nota: Os limites e os nomes que figuram neste mapa não implicam apoio ou aceitação oficial pelas Nações Unidas.

Ilhas Turcas e Caicos Haiti

Cuba

México

El Salvador

Guatemala

Honduras

Nicarágua

Costa Rica

Panamá

Equador

Colômbia

Peru

Bolívia (Estado Plurinacional da)

Chile

Argentina

Venezuela (República Bolivariana da)

Jamaica República Dominicana

Antilhas Holandesas

Porto Rico

Antígua e Barbuda

Dominica

Santa Lúcia

Barbados

Brasil

Guiana

Uruguai

Paraguai

Trinidad e Tobago

São Vicente e Granadinas

Belize

Total: 1 913 atividades de cooperação em 1 833 missões

Suriname

Ilhas Caimã

Montserrat

São Cristóvão e Névis

Bahamas Aruba

Granada

Área econômica

Área social

Área de desenvolvimento sustentável

1 030

440

443

18

Mapa 4 MISSÕES DE COOPERAÇÃO TÉCNICA DA CEPAL NA ÁREA ECONÔMICA, BIÊNIO 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Nota: Os limites e os nomes que figuram neste mapa não implicam em apoio ou aceitação oficial pelas Nações Unidas.

Simbologia e número total de missões de cooperação técnica segundo subtemas da área econômica

Crescimento econômico e financiamento do desenvolvimentoDesenvolvimento produtivoEstatísticas econômicasAdministração da crise financeiraPlanejamento e administração públicaPolíticas macroeconômicasTIC (Tecnologia da Informação e das Comunicações) e inovação

Total: 1 030 atividades de cooperação

Comércio 10538

112113120388

42112

México

El Salvador

Guatemala

Honduras

Nicarágua

Costa Rica

Panamá

Equador

Colômbia

Peru

Bolívia (Estado Plurinacional da)

Chile

Argentina

Venezuela (RepúblicaBolivariana da)

Brasil

Uruguai

Paraguai

República Dominicana

Antígua e Barbuda

Santa Lúcia

Barbados

Trinidad e Tobago

São Vicente e Granadinas

São Cristóvão e Névis

Haiti

Cuba

Jamaica

Bahamas

19

Mapa 5 MISSÕES DE COOPERAÇÃO TÉCNICA DA CEPAL NA ÁREA SOCIAL, BIÊNIO 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Nota: Os limites e os nomes que figuram neste mapa não implicam apoio ou aceitação oficial pelas Nações Unidas.

Simbologia e número total de missões de cooperação técnica, segundo subtemas da área social

Coesão social e grupos vulneráveisDinâmica populacional e políticas públicasEducação/saúde/nutrição Erradicação da pobreza

Total: 440 atividades de cooperação

Censos e estatísticas sociais 131101

233716

MigraçãoProteção social

3340

Gênero, fecundidade, saúde reprodutiva e HIV-AIDS 59

México

El Salvador

Guatemala

Honduras

Nicarágua

Costa Rica

Panamá

Equador

Colômbia

Peru

Bolívia (Estado Plurinacional da)

Chile

Argentina

Venezuela (RepúblicaBolivariana da)

Belize

Brasil

Uruguai

Paraguai

Suriname

República Dominicana

Antígua e Barbuda

Dominica

Santa Lúcia

Barbados

Trinidad e Tobago

São Cristóvão e Névis

Granada

Haiti

Jamaica

Ilhas Caimã

Bahamas

20

Mapa 6 MISSÕES DE COOPERAÇÃO TÉCNICA DA CEPAL NA ÁREA DE DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL, BIÊNIO 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Nota: Os limites e os nomes que figuram neste mapa não implicam apoio ou aceitação oficial pelas Nações Unidas.

Simbologia e número total de missões de cooperação técnicasegundo subtemas da área de desenvolvimento sustentável

Total: 443 atividades de cooperação técnica

Mudanças climáticasDesenvolvimento e planejamento urbanoDesastres naturaisEnergia

Água e mineração 399420

10889

Meio ambienteTransporte

3547

Estatísticas ambientais 11

México

El Salvador

Guatemala

Honduras

Nicarágua

Costa Rica

Panamá

Equador

Colômbia

Peru

Bolívia (Estado Plurinacional da)

Chile

Argentina

Venezuela (RepúblicaBolivariana da)

Belize

Brasil

Guiana

Uruguai

Paraguai

Ilhas Turcas e Caicos

República Dominicana

Antilhas Holandesas

Porto Rico

Antígua e Barbuda

Santa Lúcia

Barbados

Trinidad e Tobago

Montserrat

São Cristóvão e Névis

Aruba

Haiti

Cuba

Jamaica

Ilhas Caimã

Bahamas

21

C. INICIATIVAS DE PROGRAMAÇÃO Se a função de catalisador refere-se à possibilidade de que terceiros interajam, e a função normativa à promoção da aceitação geral do “deve ser”, a função de programação se refere à intervenção direta da organização. Nesta função, distinguem-se os âmbitos de pesquisa e capacitação, assessoramento técnico, documentação sobre práticas ótimas, criação de redes e transferência de tecnologia.

1. Pesquisa e capacitação A CEPAL aborda suas pesquisas de acordo com as prioridades temáticas e as modalidades que se estabelecem nos períodos de sessões, com um enfoque multidisciplinar e colaborador, fortalecendo as capacidades existentes nos centros de excelência dos países da região. Por exemplo, o estudo do impacto econômico e social das mudanças climáticas sobre a economia da mudança climática na América Latina e no Caribe, que ajudou os países da região a prepararem-se para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Copenhague, dezembro de 2009) e suas reuniões preparatórias, realizou-se em colaboração com várias instituições e organismos da região e de fora dela. Contou-se com um importante financiamento da Comissão Europeia e dos Governos do Reino Unido, Dinamarca, Alemanha e Espanha. A CEPAL também obteve financiamento da Conta para o Desenvolvimento e colaborou estreitamente com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Participaram, naturalmente, todos os governos da América Latina e do Caribe e os organismos sub-regionais através de suas instâncias pertinentes. Quanto à utilização dos conhecimentos especializados da Região, cabe destacar a colaboração da CEPAL com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e a Fundação Bariloche, da Argentina. O INPE elaborou uma nova série de cenários para a América do Sul, a partir do seu modelo ETA para as previsões do clima no Brasil. Os resultados destes novos cálculos foram apresentados a especialistas de 19 países ibero-americanos, que participaram de um workshop organizado pela CEPAL juntamente com o Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo do Brasil e a Rede Ibero-Americana de Escritórios de Mudanças Climáticas. A CEPAL pôde contar com a colaboração dos principais centros de excelência científicos e tecnológicos da América Latina e do Caribe. Cabe assinalar também que conta com a colaboração do Instituto de Hidráulica Ambiental da Universidade de Cantábria. A CEPAL apoiou os países da região na análise do impacto econômico das mudanças climáticas utilizando como modelo o conhecido Relatório Stern sobre a economia das mudanças climáticas (2006); somente os Governos do México e do Brasil realizaram sua própria pesquisa. O Departamento de Desenvolvimento Internacional do Governo do Reino Unido (DFID) teve interesse em colaborar com a Comissão Centro-Americana de Ambiente e Desenvolvimento (CCAD), através da CEPAL, para efetuar um estudo ad hoc na região centro-americana. O CCAD está integrado pelas autoridades nacionais ambientais, ou seja, os ministérios de meio ambiente dos países do Istmo Centro-Americano, que incluí Belize, Panamá e República Dominicana16. Na Cúpula sobre Mudança Climática e Meio Ambiente da América Central e Caribe (San Pedro Sula, 2008) apresentou-se um primeiro estudo, no qual se estabeleceram as linhas e as bases da estratégia regional que, um ano depois, permitiu aos países do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA) adotar uma posição comum sobre as mudanças climáticas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Copenhague, dezembro de 2009).

16 Veja [on-line] http://www.ccad.ws/.

22

O exemplo da colaboração da CEPAL e do DFID com os países centro-americanos impulsionou a CEPAL a analisar o impacto das mudanças climáticas em toda a região. O DFID patrocinou alguns estudos nacionais em países da América do Sul e um estudo regional no Caribe. O Banco Interamericano de Desenvolvimento financiou outros estudos nacionais de países da América do Sul. A CEPAL recebeu financiamento adicional da Conta para o Desenvolvimento, da Comissão Europeia e do Governo da Dinamarca para completar os estudos nacionais e temáticos sobre o impacto das mudanças climáticas na região. Para o desenvolvimento da metodologia e a supervisão dos estudos, a CEPAL contratou a equipe que havia elaborado o estudo para o Governo do México, e desta forma impulsionou a utilização de conhecimentos desenvolvidos num país do Sul (México) em sua aplicação a outros países do Sul. No estudo regional do Caribe, a CEPAL colaborou estreitamente com a secretaria da Comunidade do Caribe (CARICOM) e assinou um convênio de colaboração com o Centro de Mudanças Climáticas da Comunidade do Caribe (CCCCC). Nos países da América do Sul, os aportes da CEPAL foram fundamentais para a definição das posições dos países. Conseguiu-se que os governos da região modificassem seus conceitos a respeito das mudanças climáticas, uma vez que foi possível envolver ativamente os ministérios da fazenda, deixando de ser uma questão restrita às áreas ambientais, como ocorria até poucos anos atrás. Concluindo, o apoio da CEPAL aos países da região na preparação da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Copenhague, dezembro de 2009) foi uma iniciativa que revelou os aspectos mais destacados da cooperação Sul-Sul e triangular. As pesquisas da CEPAL estão a cargo dos funcionários do organismo e, em determinadas ocasiões, de consultores contratados que desenvolvem seu trabalho sob a supervisão dos funcionários da Comissão. No quadro 5 reúne-se a informação sobre o número de consultores contratados e suas nacionalidades. No biênio 2008-2009, realizaram-se 1.578 contratos com 950 consultores de 50 países diferentes; 91% são cidadãos de algum país da América Latina e do Caribe. Em total, contrataram-se 3.426 meses de trabalho. A pesquisa própria constitui a base para a capacitação, como demonstra o exemplo sobre as mudanças climáticas. Na CEPAL, a capacitação concentra-se no ILPES. Durante o biênio de referência, o ILPES realizou 28 cursos internacionais, que contaram com a participação total de 699 representantes de 23 países da região e de fora dela. No âmbito de convênios de cooperação com distintos países da Região, realizaram-se 169 cursos, workshops e seminários de capacitação nacionais, aos quais assistiram um total de 3.878 participantes. Cabe também destacar a realização de cinco cursos de educação à distância sobre a metodologia do marco lógico e o desenvolvimento local e regional, que contaram com 169 participantes de 22 países da América Latina e do Caribe. Em suma, durante o biênio, o ILPES realizou 202 cursos internacionais, nacionais e de educação à distância, capacitando a 4.746 profissionais de 23 países da região, pertencentes a diferentes organismos, tanto públicos como privados ou acadêmicos. Ao processo de capacitação dedicaram-se mais de 6.000 horas docentes.

23

Quadro 5 CONSULTORES CONTRATADOS PELA CEPAL, 2008-2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

2. Assessoramento técnico a) Medir a utilização das tecnologias da informação e das comunicações Na América Latina e no Caribe, o desenvolvimento das tecnologias da informação e das comunicações (TIC) durante as últimas décadas não foi acompanhada da implementação de sistemas de medição adequados. Até há pouco tempo, por exemplo, os países da região não contavam com estatísticas comparáveis sobre questões tão importantes como a utilização da Internet. Com o propósito de resolver esta necessidade, a CEPAL, com o apoio do CIID e juntamente com os escritórios nacionais de estatística dos países da região e outros produtores de informação estatística oficial, desenhou e aplicou métodos homogêneos de medição das TIC, através do Observatório para a Sociedade da Informação na América Latina e Caribe (OSILAC). Atualmente, 20 países da região coletam informação sobre as atividades ou os lugares de utilização individual da Internet, no âmbito de suas pesquisas domiciliares, o que supõe um grande avanço considerando-se que, em 2001, somente 2 países dispunham deste tipo de estatística, que constitui o principal ponto de referência no monitoramento da construção e evolução da sociedade da informação. Até 2004, somente 15 países da América Latina possuíam indicadores sobre o acesso à Internet e 3 sobre a utilização desse acesso, enquanto atualmente 18 países possuem dados sobre o acesso à Internet e 15 sobre a sua utilização individual. A informação disponível no Caribe é menor: até 2004, consta que 2 países possuíam indicadores sobre o acesso à Internet e 2 sobre a sua utilização individual, enquanto atualmente 6 países possuem dados sobre o acesso e 5 sobre a utilização individual, no âmbito de suas pesquisas de domicílios. Contudo, cabe assinalar que na maioria dos censos de população dos países do Caribe já se pergunta sobre o acesso a computadores e à Internet no módulo correspondente aos bens e serviços dos domicílios. Por outro lado, 11 países da América Latina e do Caribe incorporaram perguntas sobre as TIC em pesquisas de empresas.

862 Consultores da América Latina e do Caribe

1 578 contratos para 950 consultores de 50 países diferentes

Argentina

Costa Rica

El Salvador

Guatemala

Nicarágua

Panamá

República Dominicana

Cuba México

Honduras

Haiti

Antígua e Barbuda

Barbados

Belize

Granada

Guiana

Jamaica

Trinidad e Tobago

Santa Lúcia

Porto Rico

Estado Plurinacional da Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

Paraguai

Peru

Uruguai

República Bolivariana da Venezuela

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Um dos resultados importantes neste sentido foi a implementação do Sistema de Informação Estatístico das TIC on-line, que reúne as bases de dados existentes sobre as pesquisas de domicílios dos países da região, o que permite o cálculo e a análise de indicadores TIC ao longo do tempo, entre os países e ao interior dos países da região, assim como em relação a outros países e regiões do mundo. Com base nesses dados realizaram-se análises econométricas sobre o acesso e a utilização das TIC nos domicílios dos países da região. Atualmente, o Sistema de Informação Estatística das TIC conta com informação de 17 países da América Latina, com exceção da Argentina e de Cuba, que engloba 80 bases de dados das pesquisas de domicílios realizadas nos países da região até agora, coletadas e harmonizadas pelo OSILAC. O sistema encontra-se disponível on-line no endereço eletrônico: www.cepal.cl/tic/flash. A colaboração tem sido bem valorizada pelos institutos nacionais de estatística da região. Segundo a avaliação realizada por 19 países da América Latina, 63,5% consideram que o projeto tem sido importante para consolidar a medição harmonizada das TIC. Além disso, os resultados demonstram que em mais da metade dos países as estatísticas sobre as TIC já fazem parte do programa regular de pesquisas das instituições, que em sua maioria já elabora informação sobre a utilização das TIC, e que a inclusão dos indicadores TIC nas pesquisas deveu-se principalmente a uma solicitação do OSILAC. b) Infraestrutura urbana sustentável Junto com a Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico (CESPAP), a CEPAL executa um projeto sobre a sustentabilidade ambiental da infraestrutura urbana. O efeito mais importante conseguido na região é que, graças a este projeto, atualmente conta-se com linhas claras para incluir os três princípios de ecoeficiência —economia de energia e recursos, diminuição de emissões e inclusão social— no desenho e na implementação da infraestrutura urbana. Até agora há cinco cidades que cumprem integralmente com os três princípios: Barranquilla, Cartagena e Santa Marta (Colômbia), e La Serena e Coquimbo (Chile). c) Estatísticas sociais no Caribe Como resultado da execução do projeto “Fortalecimento da capacidade dos escritórios nacionais de estatística dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento do Caribe para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e outros objetivos de desenvolvimento estabelecidos”, financiado pela Conta para o Desenvolvimento, o Governo de Belize recebeu apoio para facilitar uma revisão da sua linha nacional de pobreza. Além disso, funcionários do Escritório Nacional de Estatística da sub-região e outras instituições governamentais que participam do acompanhamento e da apresentação de relatórios sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio participaram de exercícios de capacitação nos quais se avaliou a compilação de dados e os mecanismos de apresentação de relatórios sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio no Caribe. Tiveram também oportunidade de compartilhar as melhores práticas na região e identificar suas necessidades de assistência técnica em nível nacional e regional. O anteriormente exposto constitui três exemplos dos projetos de cooperação técnica que a CEPAL brinda aos países da América Latina e do Caribe. No biênio 2008-2009, a CEPAL teve 300 projetos ativos17de cooperação técnica, alguns muito pontuais e outros muito amplos, e todos financiados com recursos específicos, como se detalha na primeira seção deste documento. Muitos destes projetos se assemelham à cooperação Sul-Sul e triangular. No gráfico 1 figura a informação sobre o número de projetos por área temática.

17 Projetos ativos são todos aqueles que registraram gastos no biênio 2008-2009.

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Gráfico 1 NÚMERO DE PROJETOS POR ÁREA TEMÁTICA

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Comércio

Crescimento econômico efinanciamento do desenvolvimento

Desenvolvimento produtivo

Estatísticas econômicas

Administração da crise financeira

Políticas macroeconômicas

TIC e inovação

Planejamento e administração pública

0 10 20 30 40 50 60Projetos em execução no biênio 2008-2009

Área econômica

Censos e estatísticas sociais

Coesão social e grupos vulneráveis

Dinâmica populacional e políticas públicas

Educação, saúde e nutrição

Erradicação da pobreza

Migração

Proteção social

Gênero

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20Projetos em execução no biênio 2008-2009

Área Social

Água / Mineração

Mudanças climáticas

Desenvolvimento e planejamento urbano

Desastres naturais

Energia

Meio ambiente

Transporte

Estatísticas ambientais

0 2 4 6 8 10 12 14Projetos em execução no biênio 2008-2009

Área de desenvolvimento sustentável

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3. Documentação sobre boas práticas a) Respostas à crise Como já assinalado, um dos principais temas do biênio foi a crise financeira e econômica mundial e como reagir a ela. A CEPAL apoiou os países da região em suas respostas de políticas, macroeconômicas e setoriais, frente à crise financeira. Concretamente, com o apoio da cooperação alemã e do Governo do Uruguai, organizou-se em Montevidéu o Foro União Europeia, América Latina e o Caribe – As políticas fiscais em tempo de crise: volatilidade, coesão social e economia política das reformas, um foro internacional sobre o papel das políticas fiscais dos Estados da Região em resposta à crise. O evento, realizado nos dias 19 e 20 de maio de 2009, permitiu aos representantes dos países da América Latina e do Caribe comparar suas respostas em matéria de política fiscal e intercambiar melhores práticas. Destacou-se em particular a importância de implementar políticas anticíclicas de gasto público para fortalecer a estabilidade dos mercados frente a movimentos econômicos conjunturais. Em continuidade a este evento, e em resposta ao interesse mostrado pelos governos, organizaram-se dois foros sub-regionais em El Salvador (para a América Latina e o Caribe) e em Santiago do Chile (para a América do Sul) para debater as respostas nacionais à crise. Os foros, organizados com o apoio da Comissão Europeia, permitiram analisar o efeito da crise mundial nas decisões de políticas públicas, seu financiamento, e examinar as características das políticas macroeconômicas que permitiriam determinar uma tendência sustentável de crescimento e limitar a vulnerabilidade das economias da região frente às turbulências de origem externa ou interna. b) Projetos sociais Em colaboração com a Fundação Kellogg, a CEPAL organizou quatro concursos para premiar os projetos sociais mais inovadores da região. Isto permitiu reunir de forma sistemática a experiência de mais de três mil iniciativas, tanto governamentais quanto não governamentais, em nível nacional e local. Graças aos concursos, os distintos projetos de experiências em inovação social apresentados foram divulgados em toda a região, e seus conhecimentos, metodologias, desenvolvimento e resultados foram tomados como base e exemplo para a elaboração de novas ideias, muitas das quais foram convertidas em políticas públicas.

REINSERÇÃO JUVENILA CEPAL organiza um concurso chamadoExperiências em Inovação Social

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4. Criação de redes a) Os grupos de trabalho da Conferência Estatística das Américas da Comissão Econômica

para a América Latina e o Caribe A Conferência Estatística das Américas da CEPAL tem grupos de trabalho que se dedicam a distintas áreas temáticas, e uma delas é a Rede de Transmissão do Conhecimento (RTC). A RTC está integrada pelos centros de formação e capacitação em estatística e por outras instâncias que contribuíam para este propósito nos países da CEPAL. A direção está a cargo de um Conselho constituído pela atual Presidência do Comitê Executivo da CEA-CEPAL, a Presidência anterior e três países designados pela Conferência. Um dos membros do Conselho exerce as funções de secretaria. No período 2007-2009 o Conselho estará integrado pela Colômbia, Cuba, Jamaica e México, e Espanha como seu coordenador. O Conselho elaborará o programa bienal de formação para sua aprovação pela Conferência; criará e manterá uma bolsa de peritos em estatística oficial; manterá a interação com os doadores e alocará recursos financeiros. As funções fundamentais da secretaria são: coleta e a informação sobre a oferta e a demanda de capacitação dos países da CEPAL; informar sobre a oferta de formação e capacitação; dar seguimento à execução do programa de trabalho adotado; e reunir os relatórios elaborados pelos centros sobre as atividades efetuadas no âmbito de atuação da RTC. Em 2008 realizaram-se 11 atividades de cooperação, coordenadas por vários países no âmbito da Rede de Transmissão do Conhecimento, com um resultado de 270 pessoas beneficiadas em 25 países da Região. Outra das redes da CEA-CEPAL é a de estatísticas de gênero. Uma das repercussões dos projetos em assuntos de gênero foi a promoção das pesquisas sobre o uso do tempo, que permitiu, por exemplo, transferir para o Estado Plurinacional da Bolívia os conhecimentos especializados do Equador, que já contava com pesquisas desse tipo, já que se trata de países com situações similares. De forma análoga, a interação através do grupo de estatísticas de gênero permitiu aproveitar a experiência do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI) e sua participação no grupo da CEA e na rede de Aguascalientes para propor um sistema de classificação de atividades do trabalho não remunerado, que se publicará proximamente. Da mesma forma a experiência do México em pesquisas estatísticas sobre o uso do tempo está sendo aproveitada na elaboração da medição da violência física e sexual recomendada pela Comissão de Estatística das Nações Unidas. Este ano houve um grande intercâmbio de experiências entre os países no âmbito das estatísticas de gênero, que foi integrado ao trabalho do Observatório de igualdade de gênero da América Latina e Caribe. b) Os grupos de trabalho do Plano de Ação da Sociedade da Informação na América Latina e

no Caribe (eLAC 2007) Existem 13 grupos de trabalho que reúnem peritos regionais e multisetoriais para investigar e desenvolver iniciativas conjuntas relacionadas com metas específicas do Plano de Ação da Sociedade da Informação na América Latina e no Caribe (eLAC 2010). Cada grupo é liderado por um país, com um coordenador responsável. Oito grupos foram criados no marco do eLAC 2007 e cinco são novos, aprovados na Segunda Conferência Ministerial sobre a Sociedade da Informação da América Latina e do Caribe do eLAC 2010, celebrada em San Salvador, e em reunião da Mesa Diretiva celebrada durante o Painel de 2008 da Comissão de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CSTD) das Nações Unidas.

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O exposto constitui dois exemplos da maneira como a CEPAL promove a cooperação em rede das autoridades e dos especialistas da América Latina e do Caribe. O sistema da CEPAL organiza e participa de uma grande quantidade de redes temáticas, setoriais e regionais. O quadro 6 oferece informação sobre os convênios formais que a CEPAL mantém vigentes com distintas instâncias, tanto na América Latina e no Caribe como fora da região. Em total, registram-se mais de 200 convênios de cooperação vigentes, que não implicam transferências de recursos financeiros entre as instituições. A ênfase está em convênios de cooperação bilaterais com instituições de governo em países da América Latina e do Caribe (73). Outra característica notável é a grande quantidade de convênios de cooperação com instituições acadêmicas, tanto dentro quanto fora da região (48). Observa-se, igualmente, a coordenação e colaboração com entidades do sistema das Nações Unidas (34) e outros organismos multilaterais, tanto oficiais quanto não governamentais.

Quadro 6 CONVÊNIOS ASSINADOS VIGENTES

Multilaterais 70 Nações Unidas 34

Outros multilaterais governamentais 25

Multilaterais não governamentais 11

Bilaterais 148

Organismos governamentais 85

Países da América Latina e do Caribe 73

Outros países 12

Organismos não governamentais 15

Países da América Latina e do Caribe 6

Outros países 9

Instituições acadêmicas 48

Países da América Latina e do Caribe 29

Outros países 19

Total 218

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

5. Transferências de tecnologia a) Recuperação de dados para áreas pequenas por microcomputador (REDATAM):

informação sociodemográfica para a tomada de decisões A Comissão intersetorial para o avanço da população afro-colombiana, palenquera e raizal recomendou, entre outras coisas, a promoção de um projeto de lei de igualdade de oportunidades para estas populações18.

18 Recomendações da Comisión intersectorial para el avance de la población afrocolombiana, palenquera y raizal,

Ministério do Interior e da Justiça, Bogotá, maio de 2009.

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Em Nairóbi, em setembro de 2009, o PNUD solicitou candidatos para uma consultoria com o objetivo de estabelecer banco centralizador de todos os dados sobre o desenvolvimento da Somália que o sistema das Nações Unidas administra19. O elemento que une estes dois fatos é o REDATAM, um instrumento computacional desenvolvido no Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) – Divisão de População da CEPAL. A comissão que teve como objetivo “avaliar as condições de vida da população afro-colombiana, palenquera e raizal, e apresentar ao Governo Nacional recomendações para a superação das barreiras que impedem o avanço da população mencionada, em particular das mulheres e das crianças, no campo econômico e social, assim como a proteção e a realização efetiva de seus direitos civis”, fez sua análise sobre a base do censo de população de 2005 da Colômbia, acessível mediante o sistema REDATAM. O Grupo de Trabalho sobre programas de estatísticas internacionais e coordenação, do sistema das Nações Unidas na Somália, está tentando compensar a clara escassez de dados disponíveis para o planejamento das intervenções de apoio ao desenvolvimento do país, devido à desintegração da instituição responsável pela compilação, processamento, análise e difusão de dados. Para tal fim o Grupo de Trabalho considerou que o software REDATAM é o instrumento idôneo para guardar as distintas bases de dados sociodemográficos dos organismos e programas do sistema e fazer com que sejam acessíveis para a análise. O CELADE iniciou em meados dos anos oitenta o desenvolvimento deste instrumento computacional ao qual denominou REDATAM, com o objetivo de promover a análise exaustiva e criativa de dados sociodemográficos desagregados geograficamente, a fim de apoiar a tomada de decisões em matéria de políticas públicas. Durante os 24 anos de desenvolvimento do REDATAM contou-se com a contribuição de todos os escritórios nacionais de estatísticas da América Latina e do Caribe, assim como de outras regiões do mundo. O apoio do UNFPA, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do CIID e de outras organizações foi primordial para a continuidade e o avanço do REDATAM. Na década de 1990, o CELADE recebeu várias solicitações de apoio técnico de países fora da região da América Latina e do Caribe, nas quais se observava uma crescente necessidade de contar com instrumentos para a gestão, análise e a difusão das informações provenientes dos censos de população e moradia, tanto durante a volta de 1990 e 2000, quanto para a seguinte volta de censos de 2010. A primeira assessoria por parte do CELADE fora da região realizou-se no Vietnã em 1992, e o primeiro contato à distancia realizou-se com o Camboja, em agosto de 2000, para gerar a base de dados do censo de população de 1998 em formato REDATAM. Em 1992, o CIID incluiu o REDATAM no seu livro 101 Tecnologies. From the South for the South. Posteriormente, começaram a solicitar numerosas assessorias e workshops de capacitação do REDATAM em todo o mundo, que foram se multiplicando até os dias atuais, como pode ser visto no mapa abaixo.

19 Veja [on-line] http://www.reliefweb.int/rw/res.nsf/db900SID/OCHA-7VQGM9.

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Mapa 7 PANORAMA GLOBAL: DIFUSÃO DO REDATAM, POR PAÍSES, 2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Não só o CELADE impulsionou o uso do REDATAM. Da mesma forma, a Divisão do UNFPA na África prestou apoio técnico e proporcionou capacitação a organismos governamentais para a utilização do REDATAM. Na última década, em particular, a utilização deste instrumento computacional expandiu-se por impulso próprio tanto na América Latina e no Caribe, quanto na Ásia e África. A incorporação do módulo para processamento de bases de dados on-line (utilizando o servidor web do REDATAM) permitiu aos escritórios nacionais de estatística oferecer o acesso a seus censos e a outras estatísticas através da Internet. Por exemplo, o Escritório Nacional de Estatística da República Dominicana utiliza o REDATAM como plataforma para seu Banco de Microdados de Censos, Pesquisas e Registros Administrativos (BADECER), ao qual se pode acessar a partir do seu site20. O REDATAM se consolidou como uma ferramenta idônea para acessar grandes bases de dados sociodemográficos, e promoveu a cooperação entre especialistas de distintos continentes, que criaram uma comunidade prática que utiliza Facebook e Twitter para aumentar sua colaboração. b) Reduzir o risco de desastres naturais Devido às recomendações derivadas das atividades de cooperação técnica em matéria de redução de risco de desastres naturais do Programa ordinário de cooperação técnica (RPTC), Belize e as Ilhas Caimã aprovaram uma ampliação das normativas de planejamento para a construção de escolas. Essas recomendações incluíam a remodelação dos centros comunitários e a aplicação do enfoque de “afastar-se e voltar a construir” no desenvolvimento da infraestrutura. Nas Ilhas Caimã, adotou-se também a medida de mitigação adicional recomendada para reforçar os telhados das escolas. Em geral, a execução das missões de apoio técnico para realizar avaliações de perdas e danos posicionou a CEPAL como um associado fundamental no Caribe, já que os relatórios de avaliação de impacto continuam sendo utilizados

20 Veja [on-line] http://www.one.gob.do/index.php?module=articles&func=view&catid=152.

Sem difusão

Menos de 10%

10,1 a 50%

50,1 a 70%

Mais de 70%

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como um elemento decisivo ao efetuar negociações com os organismos doadores e de financiamento relacionadas com as intervenções de recuperação. Um exemplo da importância atribuída ao relatório de avaliação de perdas e danos no processo de recuperação depois de um desastre é a função que a metodologia de avaliação das perdas e danos desempenhou ao facilitar a concessão de doações do Grupo do Banco Mundial ao Governo da Jamaica depois de danos causados pelo furacão Gustav.

IV. REFLEXÃO FINAL A cooperação Sul-Sul intensificou-se consideravelmente nas últimas décadas. Esta tendência permitiu ao Sul diminuir sua dependência dos países desenvolvidos e estabelecer relações de cooperação Norte-Sul mais equitativas. Para os países da América Latina e do Caribe, a CEPAL é uma expressão e um impulsor desta tendência, como se quis demonstrar com os exemplos e dados oferecidos no presente relatório.