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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO SOLO, SOB SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA FELIPE ALVES DOS SANTOS JULIANE CRISTINA PEREIRA CALAÇA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA Brasília, DF Dezembro de 2011

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO

SOLO, SOB SISTEMA DE INTEGRAÇÃO

LAVOURA-PECUÁRIA

FELIPE ALVES DOS SANTOS

JULIANE CRISTINA PEREIRA CALAÇA

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

Brasília, DF

Dezembro de 2011

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO

SOLO, SOB SISTEMA DE INTEGRAÇÃO

LAVOURA-PECUÁRIA

FELIPE ALVES DOS SANTOS

JULIANE CRISTINA PEREIRA CALAÇA

ORIENTADORA PROFESSORA DRa. MARIA LUCRÉCIA GEROSA RAMOS

Brasília, DF

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Dedicamos este trabalho aos nossos pais e irmãos.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pelas oportunidades concedidas e por todas as pessoas que colocou em

nossos caminhos.

Aos nossos pais, Antônio César Calaça e Eliane Pereira Calaça, e Ariovaldo

Alves dos Santos e Marluce Prazer Lucas dos Santos, por todo amor, paciência e

incentivo. É em vocês que nos inspiramos, devemos tudo o que somos a vocês. Em

especial, à Antônio César Calaça, pelo grande homem e pai, e que mesmo não estando

mais no meio de nós, tanto nos ajudou nessa conquista.

Aos nossos queridos irmãos Vanessa Calaça, Juninho Calaça, Tiago Alves dos

Santos, Ana Carolina Lucas dos Santos, Luís Gustavo Lucas dos Santos, Danilo Lucas

dos Santos, Maria Luíza Lucas dos Santos e João Gabriel Alves dos Santos, por todo

apoio, carinho e amizade. Vocês são nossa alegria.

À todos os nossos familiares, que nos ajudaram com incentivo, apoio e carinho.

À professora Lucrécia, pelo apoio, paciência e incentivo, que tornaram possível

a conclusão deste trabalho.

Aos nossos amigos Janice, Ana Luíza, Tiago, Samuel, Pedro, Marcus Vinícius e

Helder pelo apoio e amizade.

Ao Douglas e Laryssa por todo auxílio e ajuda.

À todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão desse trabalho.

Muito obrigado!

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RESUMO

ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO SOLO SOB SISTEMA DE

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) produz em uma mesma

área grãos e forragem, seja por consórcio, rotação ou sucessão. Este sistema

tem potencial para aumentar e diversificar da renda do produtor, recuperar

áreas degradadas, quebrar o ciclo de patógenos, pragas e plantas daninhas e

melhorar os atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Alterações nos

atributos biológicos têm sido quantificadas através de diferentes análises,

como carbono e nitrogênio da biomassa microbiana, respiração basal,

carbono orgânico e nitrogênio total. O objetivo deste trabalho foi analisar os

atributos microbiológicos do solo, sob sistema de integração lavoura-

pecuária, após dois anos da instalação do sistema. Os tratamentos

estabelecidos para a realização das análises foram Panicum maximum cv.

Aruana; Brachiaria humidicola + milho; Pousio (Área 1); Brachiaria

humidicola; Panicum maximum cv. Aruana + milho; Pousio (Área 2). Os

resultados mostraram que o consórcio entre o Panicum maximum cv.

Aruana e milho diminuiu o carbono orgânico do solo, na camada de 0-10

cm, em relação ao Panicum maximum cv. Aruana solteiro. Os capins

solteiros ou em consórcio com milho não alteraram a respiração do solo. O

sistema Brachiaria humidicola + Milho apresentou os maiores valores de

Cmic e de razão Cmic:Corg na camada de 0-10 cm. O tratamento

Brachiaria humidicola apresentou maiores valores de Nmic e razão

Nmic:Ntotal em comparação a este capim em consórcio. O oposto ocorreu

com o capim Panicum maximum cv. Aruana, que apresentou maiores

valores de Nmic e razão Nmic:Ntotal em consórcio quando comparado ao

Panicum maximum cv. Aruana solteiro. O nitrogênio total do solo foi menor

na camada de 10-20 cm.

Palavras chave: Qualidade do solo, Biomassa microbiana do solo, Carbono

orgânico do solo, Nitrogênio total do solo.

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SUMÁRIO

1. Introdução..................................................................................................................13

2. Revisão Bibliográfica.................................................................................................15

2.1. Cerrado........................................................................................................15

2.1.1. Bioma Cerrado.............................................................................15

2.1.2. Solos do Cerrado..........................................................................15

2.1.3. Pastagem do Cerrado...................................................................16

2.2. Sistema de Integração Lavoura- Pecuária..............................................17

2.3. Matéria Orgânica........................................................................................18

2.3.1. Biomassa Microbiana..................................................................19

2.4. Carbono.......................................................................................................20

2.5. Nitrogênio....................................................................................................21

2.6. A qualidade do solo e seus indicadores.....................................................22

3. Material e métodos....................................................................................................24

3.1. Área experimental.......................................................................................24

3.2. Coleta do Solo..............................................................................................30

3.3 Determinação dos atributos biológicos......................................................30

3.3.1. Respiração Basal..........................................................................31

3.3.2. Carbono da Biomassa microbiana do solo.................................31

3.3.3. Carbono Orgânico........................................................................33

3.3.4. Nitrogênio da Biomassa microbiana..........................................33

3.3.5. Nitrogênio Total...........................................................................34

3.4 Análises Estatísticas.....................................................................................35

4. Resultados e discussão...............................................................................................36

4.1. Carbono Orgânico .....................................................................................36

4.2. Carbono da Biomassa microbiana do solo ..............................................37

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4.3. Respiração Basal do solo ...........................................................................39

4.4. Razão Cmic- Corg.......................................................................................41

4.5. Nitrogênio Total .........................................................................................42

4.6. Nitrogênio da Biomassa microbiana do solo ...........................................43

4.7. Razão Nmic: Ntotal.....................................................................................44

5. Conclusões..................................................................................................................46

6. Referências Bibliográficas........................................................................................47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ILP – Integração lavoura-pecuária

MOS – Matéria orgânica do solo

Cmic – Carbono da biomassa microbiana do solo

Corg – Carbono orgânico

Nmic – Nitrogênio da biomassa microbiana do solo

Ntotal – Nitrogênio total

CTC – Capacidade de troca catiônica

BMS – Biomassa microbiana do solo

N – Nitrogênio

C – Carbono

Hcl – Ácido clorídrico

KOH – Hidróxido de potássio

BaCl2 – Cloreto de bário

K2SO4 – Sulfato de potássio

K2Cr2O7 – Dicromato de potássio

H2SO4 – Ácido sulfúrico

H3PO4 – Ácido fosfórico

(NH4)2 Fe(SO4)6H2O – Sulfato ferroso amoniacal

CHCl3 – Cloroformio

CuSO4 – Sulfato de cobre

NaOH – Hidróxido de sódio

H3BO3 – Á cido bórico

RB – Respiração basal

TFSA – Terra fina seca ao ar

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LISTA DE FIGURAS

Figura Título Página

1 Piquete B. humidicola + milho após a colheita do milho 29

2 Colheita do milho para posterior entrada dos animais 29

3 Ovinos no piquete sob B. humidicola 29

4 Animais no piquete sob P. maximum cv. Aruana + milho 30

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LISTA DE TABELAS

Tabela Título Página

1 Histórico dos sistemas de manejo estudados

25

2 Carbono orgânico do solo (g C kg

-1 solo) em sistema

solteiro e sob integração lavoura-pecuária 36

3 Carbono da biomassa microbiana do solo (mg C kg

-1 solo)

em sistema solteiro e sob integração lavoura-pecuária. 38

4 Respiração basal do solo (mg C Kg

-1 solo dia

-1) em sistema

solteiro e sob integração lavoura-pecuária. 40

5 Relação Cmic:Corg (%) em sistema solteiro e sob integração

lavoura-pecuária. 41

6 Nitrogênio total do solo (g N Kg

-1 solo) em sistema solteiro

e sob integração lavoura-pecuária. 42

7 Nitrogênio da biomassa microbiana do solo (mg N Kg

-1

solo) em sistema solteiro e sob integração lavoura-pecuária. 43

8

Razão porcentual do Nitrogênio da Biomassa Microbiana do

solo e Nitrogênio total do solo (Nmic:Ntotal) em sistema

solteiro e sob integração lavoura-pecuária.

44

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1. INTRODUÇÃO

Nos Cerrados, a exploração isolada da lavoura ou da pecuária tem demonstrado

indícios de falta de estabilidade, com vários aspectos negativos. Portanto, a diminuição

dos custos de produção e melhor aproveitamento na utilização da área são fatores

essenciais para competitividade e a sustentabilidade do setor (MARCHÃO, 2007).

O sistema de integração lavoura-pecuária tem recebido cada vez mais atenção

por parte dos agricultores nos últimos anos por proporcionar maior estabilidade e

sustentabilidade à produção agropecuária (S OUZA et al., 2008). ILP refere-se à

atividade pecuária e produção de grãos em uma mesma área (MORAES et al., 1999),

seja pela rotação, consorciação ou sucessão dessas (ALVARENGA et al., 2006).

Dentre os benefícios da integração estão a possibilidade de introdução,

renovação e recuperação das pastagens a custos menores, pastagens favorecidas pela

presença de adubo residual dos cultivos, menor incidência de pragas, doenças e plantas

invasoras, maior rentabilidade e diversificação para o produtor no momento da

comercialização, maximização do uso da terra, infra estrutura e mão de obra

(LUNARDI, 2005).

Este sistema é uma das alternativas para o manejo sustentável dos solos. As

pastagens, quando bem manejadas, melhoram a qualidade física, química e biológica do

solo, pois estas são mais eficientes na reciclagem de nutrientes, reestruturação do solo,

no armazenamento da água e na produção de matéria orgânica, comparada às culturas

anuais (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

Grande quantidade de palha e raízes é produzida pelas pastagens, aumentando-se

assim a matéria orgânica no solo (MORAES, 1993). A matéria orgânica fornece energia

e nutrientes para o desenvolvimento microbiano do solo, e o aumento dessa atividade

resulta na liberação de nutrientes para as plantas, como o nitrogênio (GOEDERT,

1985). Portanto, a perda de matéria orgânica do solo é uma forma de avaliar o nível de

degradação do ecossistema, podendo ser utilizada como critério para avaliar a

sustentabilidade do agroecossistema (LAL, 1994).

A matéria orgânica do solo é gerada a partir da decomposição dos resíduos de

plantas e animais, sendo formada por diversos compostos de carbono em vários graus

de alteração (LOUREIRO, 2008). Ela desempenha diversas funções, das quais se pode

citar maior infiltração da água, aumento da capacidade de troca catiônica do solo,

promovendo um maior armazenamento e retenção de nutrientes, e a ação positiva sobre

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a atividade de microorganismos e do solo (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).

A biomassa microbiana do solo é a parte viva da matéria orgânica do solo,

composta de bactérias, fungos, microfauna e algas, desde que tenham dimensões de até

5x10³μm³, sendo responsável por processos bioquímicos e biológicos no solo e é

influenciada pelo ambiente, como temperatura, umidade, tipo de manejo, cultivo

(MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).

Segundo Carvalho (2007), a biomassa microbiana do solo tem sido utilizada

como um indicador de qualidade do solo, pois ela responde de maneira rápida às

pequenas alterações no solo, as quais podem desencadear melhoria ou perda da

qualidade do solo. Ela representa o compartimento central do ciclo do carbono no solo,

pois pode funcionar como local de reserva de nutrientes e acelerar a decomposição do

carbono orgânico do solo (SOUZA et al., 2008).

Os nutrientes são imobilizados temporariamente pela biomassa microbiana e são

liberados após sua morte e decomposição, tornando-se, assim disponíveis para as

plantas (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). O nitrogênio é considerado um dos

principais nutrientes limitadores da produção e tem como principal fonte de

armazenamento a matéria orgânica (RANGEL et al., 2009).

O objetivo do trabalho foi quantificar o carbono orgânico do solo, nitrogênio

total, a respiração basal e o nitrogênio e o carbono da biomassa microbiana do solo, em

uma área após dois anos sob sistema de integração lavoura-pecuária.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Cerrado

2.1.1. Bioma Cerrado

O Bioma Cerrado ocupa 24% do território nacional, o que representa dois

milhões de quilômetros quadrados e perde apenas para o Bioma Amazônia, que possui

mais de quatro milhões de quilômetros quadrados (IBGE, 2006). Da área utilizada no

Cerrado, o que representa 80 milhões de hectares, 26,5% é ocupado por pastagens

cultivadas e 10,5% por culturas agrícolas (SANO et al., 2008).

Segundo a classificação de Koopen o clima do cerrado é o Aw, tropical

chuvoso (SANO et al., 2008). A temperatura média anual varia entre 22 e 27 °C e a

precipitação concentra-se entre os meses de outubro a março, com índice pluviométrico

entre 1200 e 1800 mm. Entretanto durante a estação chuvosa pode ocorrer curtos

períodos de seca, denominados veranicos, onde se destaca a importância de práticas

agrícolas adequadas, como a integração lavoura-pecuária, que propicia maior

armazenamento de água no solo (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

2.1.2. Solos do Cerrado

Os solos predominantes no Cerrado são Latossolos, o que representa cerca de

43% desse bioma, seguidos dos Neossolos Quartzarênicos. Os Latossolos são solos

muito profundos, normalmente superiores a 2 metros, são bem drenados, com

topografia plana a suave ondulado, e com cores que variam de vermelho-escuro a

amarelo. Estes solos encontram-se em estágio avançado de intemperização, com teor de

argila entre 15 e 80% em que predominam óxidos hidratados de ferro e alumínio ou

argilominerais 1:1, com baixa capacidade de troca de cátions (KLUTHCOUSKI et al.,

2003).

A segunda classe de maior importância, os Neossolos Quartzarênicos, são solos

profundos, bem drenados, com teor máximo de argila de 15%, baixa disponibilidade de

nutrientes e baixa CTC (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

Os solos do Cerrado, em sua maioria, são distróficos, álicos, formado

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principalmente por caulinita, gipsita e hematita, com uma quantidade baixa de bases,

que resulta em baixa CTC, o que leva a uma menor retenção de nutrientes e água

(RESCK et al., 1996). Por esses motivos a CTC desses solos é altamente dependente da

matéria orgânica (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

Pode-se aumentar a quantidade de matéria orgânica nos solos do Cerrado

utilizando sistemas integrados de produção, com a rotação de culturas adequadas,

principalmente com a inclusão das Brachiaria nesses sistemas (KLUTHCOUSKI et al.,

2003).

2.1.3. Pastagens do Cerrado

No Centro-Oeste, a maior parte das áreas com pastagens são formadas por

Brachiaria, principalmente Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha (SALTON et

al., 2005). Em 2004, Vilela et al., estimou que essa área sob pastagens era da ordem de

61 milhões de hectares e concluiu que a tendência seria a estabilização, ou mesmo a

redução, devido à substituição de parte das áreas de pastagens por lavouras de grãos.

O mau manejo das pastagens levou as mesmas a um alto nível de degradação.

Cerca de 60 % das áreas com pastagens no Cerrado apresentam algum grau de

degradação (MARTHA JÚNIOR; VILELA, 2002; SALTÓN et al., 2005). A

degradação de uma pastagem é um processo de perda de vigor e produtividade

forrageira, sem possibilidade de recuperação natural, tornando a produção e a qualidade

da forragem insuficiente para as exigências do animal, bem como mais suscetível ao

ataque de patógenos, pragas e vulnerável à invasão de plantas invasoras (MACEDO,

1995).

Os fatores que levam à degradação das pastagens são a escolha errada da

espécie a ser plantada em determinado local; formação inicial e condução ruim da

pastagem, pela ausência ou mau uso de práticas de preparo do solo, adubação inicial e

de manutenção, plantio, práticas culturais como fogo; ocorrência de patógenos, pragas e

plantas daninhas e taxa de lotação superior à capacidade de suporte (MACEDO et al.,

2001 apud KANNO et al., 2001) .

As pastagens podem ser recuperadas de maneira indireta, através da utilização

de práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se uma pastagem anual ou uma

lavoura de grãos com o objetivo de revigorar a forrageira existente (MACEDO et al.,

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2001 apud KANNO et al., 2001). Assim, o sistema de integração lavoura-pecuária se

torna uma importante prática que pode ser utilizada para este fim (CEZAR et al., 2000;

MACEDO, 2001).

2.2.Sistema de integração lavoura-pecuária

A deficiência e a baixa qualidade das pastagens no período seco do ano são

grandes problemas da pecuária. Nesse período, as pastagens são escassas e apresentam

baixo valor nutritivo, baixo coeficiente de digestibilidade e pouca palatabilidade para o

rebanho, o que acarreta grandes prejuízos para os criadores, devido à baixa eficiência

produtiva e reprodutiva dos animais (YOKOYAMA et al., 1999).

A integração lavoura-pecuária surge como uma alternativa parar driblar esses

problemas. Segundo Kluthcouski et al. (2003), a integração lavoura-pecuária são

sistemas produtivos de grãos, fibra, carne, leite, lã, realizados na mesma área, em

plantio consorciado, em sucessão ou rotacionado. Este sistema objetiva maximizar a

utilização dos ciclos biológicos das plantas, animais, e seus respectivos resíduos, assim

como efeitos residuais de corretivos e nutrientes, otimizar a utilização de agroquímicos,

aumentar a eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão de obra e visar a

sustentabilidade (NASCIMENTO e CARVALHO, 2011), isso possibilita, ainda, diluir

os custos de produção e diversificar a renda do produtor.

Os objetivos principais do sistema de integração lavoura-pecuária são a

recuperação de pastagens degradadas, a melhoria nas condições físicas, químicas e

biológicas do solo, produção de pasto e grãos para alimentação animal (ALVARENGA

et al., 2005). Podendo, também, quebrar o ciclo de doenças, pragas e plantas daninhas,

diminuir as diferenças de temperatura no solo e melhorar a conservação da água

(KLUTHCOUSKI et al., 2003).

A ILP é uma das alternativas para o manejo sustentável dos solos, pois as

pastagens, quando bem manejadas, melhoram a qualidade física, química e biológica do

solo, sendo mais eficientes na reciclagem de nutrientes, no armazenamento da água e na

produção de matéria orgânica, além de fornecer grande quantidade de palhada

(KLUTHCOUSKI et al., 2003). As pastagens também deixam grandes quantidades de

raízes no perfil do solo e a decomposição destas cria uma rede de canais no solo, de

grande importância nas trocas gasosas e na movimentação da água (ALVARENGA et

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al., 2005).

A lavoura também traz benefícios para a pecuária, pois a pastagem aproveita os

resíduos das adubações deixadas pelas lavouras, o que resulta na produção de forragem

de melhor qualidade, recuperação da produtividade de pastagens, menor custo na

implantação de uma nova pastagem, aumento da produtividade e maior ganho de peso

dos animais (NASCIMENTO e CARVALHO, 2011).

2.3. Matéria orgânica

A fotossíntese é a fonte primária de produção de matéria orgânica, que utiliza

energia solar para fixar carbono atmosférico e transformá-lo em compostos orgânicos. A

matéria orgânica do solo engloba resíduos vegetais e animais em diferentes estágios de

decomposição, a biomassa microbiana, raízes e a fração mais estável, denominada

húmus (CAMARGO et al., 1999). Carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e

enxofre são os principais constituintes da MOS (VARGAS e HUNGRIA, 1997).

A matéria orgânica pode ter diferentes destinos ao ser incorporada no solo.

Parte dela é imobilizada pela biomassa microbiana, outra fração sofre o processo de

humificação e a última parte é mineralizada (CERRI et al., 1992).

De acordo com Vargas et al. (1997), no processo de imobilização os

microorganismos utilizam de 10 a 70% do carbono do substrato para manutenção e

síntese celular, e a mineralização consiste na transformação dos materiais de origem em

substâncias minerais solúveis ou gasosas.

A humificação é a fase do ciclo do carbono em que as formas orgânicas do

carbono se estabilizam e acumulam no solo. O húmus é formado por uma mistura

heterogênea de compostos, sendo praticamente impossível reconhecer a estrutura exata

dos seus materiais de origem (CERRI et al., 1992). Além de ser fonte de nutrientes, o

húmus possui propriedades coloidais, e ao agregar as partículas minerais do solo cria

boas condições de porosidade e friabilidade ao solo e é também o grande responsável

pela CTC do solo (RAIJ, 1991).

A matéria orgânica assume importantes funções no solo, dentre elas, destacam-

se: liberação de nutrientes para as plantas, fonte de energia para os microorganismos,

aumento na agregação das partículas minerais, aumento da CTC, alterações na

porosidade e armazenamento de água e oxigênio (KLUTHCOUSKI et al., 2003), maior

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resistência à erosão, maior atividade e diversidade biológica do solo (VEZZANI, 2001

apud SALTON et al., 2005; MIELNICZUK et al., 2003), efeito tampão (VARGAS e

HUNGRIA, 1997), redução do alumíno tóxico (CORRAZA et al., 1999) são exemplos

dos benefícios resultantes da adição de matéria orgânica ao solo.

Com o cultivo do solo, as taxas de acúmulo ou perdas de MOS variam de

acordo com as características do solo, dos sistemas de cultivo, do preparo do solo e das

condições climáticas, que aceleram ou retardam os processos de decomposição dos

resíduos e de síntese e decomposição da MOS (SANCHEZ, 1976). A decomposição

consiste na transformação de resíduos vegetais e animais, através da atividade biológica,

em compostos menores. Esse processo compreende grande quantidade e diversidade de

microrganismos (VARGAS e HUNGRIA, 1997).

Em regiões tropicais, as taxas de perda da matéria orgânica são até cinco vezes

maiores do que em regiões temperadas, (RESCK et al., 1996), e manejos em que se faz

o revolvimento do solo há uma aceleração da decomposição da matéria orgânica

(KLUTHCOUSKI, 2003), principalmente devido ao fato dos resíduos orgânicos

ficarem mais expostos ao ataque de organismos (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

2.3.1. Biomassa microbiana

A biomassa microbiana do solo é a parte viva da matéria orgânica do solo e

representa de 2 a 5% do carbono orgânico e mais de 5 % do N total do solo

(JENKINSON e POLWLSON, 1976) e é composta de bactérias, fungos, actinomicetos,

protozoários e algas. Os microrganismos do solo atuam na decomposição da matéria

orgânica, participam da ciclagem de nutrientes e, conseqüentemente a sua

disponibilidade no solo. Assim, a biomassa microbiana do solo funciona como

importante reservatório de vários nutrientes (GRISI e GRAY, 1986).

Segundo Anderson et al. (1989), a biomassa microbiana é influenciada pela

umidade, temperatura, manejo do solo, cultivo e, também, pelos resíduos vegetais. E

assim, a MOS pode ser utilizada como um indicador biológico de qualidade de sistemas

de produção.

O manejo do solo afeta de maneira diferenciada a biomassa microbiana, e isso

pode alterar os processos de decomposição, mineralização e humificação no solo e estes

regulam propriedades importantes do solo como, a formação e estabilização de

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agregados, fluxo de nutrientes, manutenção da diversidade, simbioses e antagonismos

(ROSCOE et al., 2006).

Os indicadores microbiológicos podem ser utilizados na avaliação precoce de

possíveis efeitos adversos do manejo sobre a qualidade do solo, e isso permite a adoção

preventiva de medidas corretivas ou de controle, além de identificar a sustentabilidade

do sistema (CHAER et al., 2007).

A biomassa microbiana do solo é um indicador sensível da dinâmica de carbono

e nitrogênio. Porém, este indicador isoladamente não expressa, adequadamente, a

dinâmica de C e N no solo (CARVALHO, 2007), isto porque a BMS apresenta forte

relação com a matéria orgânica do solo, e reflete as mudanças da mesma. Outras

análises devem ser feitas junto à BMS como a determinação do carbono orgânico do

solo, a respiração microbiana (WANDER, 1994) e nitrogênio total (CARVALHO,

2007).

2.4. Carbono

Através da fotossíntese o carbono mineral, na forma de gás carbônico, é fixado

na forma de compostos orgânicos, como carboidratos, lignina, proteínas e lipídios, e por

isso esse elemento é essencial para as plantas. Após a morte dos órgãos vegetais e

também aqueles de origem animal, o carbono orgânico entra em contato com o solo.

Esses resíduos são decompostos, principalmente pelos microrganismos, formando gás

carbônico, dando reinício ao ciclo (CERRI et al., 1992).

O ciclo do carbono pode ser dividido em três fases principais. A primeira é

anabólica e consiste na captura do dióxido de carbono atmosférico pelos organismos

fotossintetizadores. Na segunda, há a liberação dos produtos sintetizados e sua

estabilização no solo e a última fase consiste na mineralização de substratos orgânicos e

retorno do carbono mineral para atmosfera (CERRI et al., 1992). As taxas de ganhos

ou perdas de carbono orgânico se resumem com a entrada de carbono por resíduos

animais ou vegetais e perdas do mesmo por mineralização da MOS (BAYER e

MIELNICZUK, 1997).

Em ecossistemas naturais, os teores de MOS se mantêm estáveis no tempo,

como resultado da entrada de carbono orgânico ser semelhante à saída de carbono na

forma de CO2. Quando o solo passa a ser cultivado o acúmulo ou perda de MOS são

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alterados pelo tipo de solo, condições climáticas, manejo do solo e sistema de cultivo

implantado, que aceleram ou retardam o processo de decomposição (SANCHEZ, 1976).

A adição de carbono ao solo depende dos sistemas de cultivo implantados.

Sistemas com pousio ou aqueles que removem os resíduos culturais, deixando o solo

exposto, apresentam baixa adição de carbono. Em sistemas em que os resíduos são

mantidos na área a adição de carbono é pouco afetada (BOLINDER et al., 1999).

Culturas com sistema radicular mais agressivo e abundante, como as forrageiras,

enviam uma maior quantidade de carbono fotossintetizado para as raízes do que culturas

anuais, e por isso serão mais eficientes em aumentar os estoques de carbono orgânico do

solo (LOVATO et al., 2004).

2.5. Nitrogênio

O nitrogênio é um elemento essencial na constituição de moléculas vitais,

como aminoácidos e ácidos nucléicos. A precipitação pluviométrica, fixação biológica

do N2 atmosférico, intemperismo de rochas (VIANA, 2002), fertilizantes e resíduos

animais e vegetais são as formas de entrada do nitrogênio no solo. As perdas ocorrem,

principalmente, por lixiviação, erosão, remoção pelas culturas, volatilização e

desnitrificação (CERRI et al. 1992).

O nitrogênio da matéria viva encontra-se principalmente nas plantas, e

representa mais de 90% do total, o restante está presente na microbiota e nos animais.

Estima-se que o N da matéria orgânica do solo varia entre 3. 1017

a 5,5. 1017

g de N,

sendo 1,5. 1015

g de N na biomassa microbiana do solo e 1.1015

g de N orgânico no solo

(PEREZ et al., 2004).

A biomassa microbiana pode imobilizar grande quantidade de nutrientes, no

caso do nitrogênio pode ser acima de 100 kg ha-1

(ANDERSON e DOMSCH, 1980).

À medida que os microrganismos morrem, eles são mineralizados pelos microrganismos

restantes, e o nitrogênio imobilizado é disponibilizado, processo esse chamado de

remineralização (MARY et al., 1996). Por esses processos de mineralização e

imobilização, que controlam a disponibilidade do nitrogênio, pode-se dizer que a

biomassa microbiana age como um tampão do N do solo (VARGAS et al., 1998).

O N é um elemento relevante nos estudos de matéria orgânica do solo, e de

elevada dinâmica no sistema. A mineralização da matéria orgânica do solo transforma,

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em média, de 2% a 5% do N orgânico por ano. Dentro deste processo fazem parte as

reações de amonificação e nitrificação. Este processo pode ser influenciado pelo uso e

manejo do solo. Nas áreas com pastagens, substâncias excretadas pelas raízes das

gramíneas favorecem a amonificação e inibem a nitrificação (MOREIRA e SIQUEIRA,

2002).

2.6. A qualidade do solo e seus indicadores microbiológicos

A capacidade que o solo tem em exercer diversas funções e sustentar a

produtividade biológica, manter ou melhorar a qualidade ambiental e contribuir para o

melhor desenvolvimento de plantas, animais e humanos definem qualidade do solo

(DORAN e PARKIN, 1994). Uma das maneiras de avaliar essa qualidade é através da

quantificação de atributos biológicos do solo como carbono e nitrogênio da biomassa

microbiana e taxa de respiração. O monitoramento das alterações nos níveis de

biomassa microbiana do solo é uma medida adequada para determinar se um conjunto

de práticas é sustentável (ALVAREZ VENEGAS et al., 2002).

A disponibilidade de nutrientes para o sistema depende do tamanho e da

atividade da biomassa microbiana do solo, já que esta representa o carbono e o

nitrogênio mais lábil do solo (JENKINSON e LADD, 1981). O carbono da biomassa

microbiana indica a capacidade de reserva de C no solo que participa de vários

processos no solo, inclusive o de humificação e perda de C do solo. Quanto maior o

Cmic, maior será a reserva do C no solo (CARVALHO, 2007).

O nitrogênio da biomassa microbiana do solo é liberado para o ambiente de

maneira mais rápida que o N do material em decomposição. Por isso, a quantificação do

Nmic é muito importante, pois ele controla a disponibilidade e as perdas de nitrogênio

inorgânico do solo (SCHLOTER et al., 2003).

Vários índices podem ser utilizados para monitorar as transformações da matéria

orgânica do solo, como o carbono da biomassa microbiana e o nitrogênio da biomassa e

a razão Cmic/Corg e Nmic/Ntotal (ALVAREZ VENEGAS et al., 2002), e pode ser

influenciada por diversos fatores, como o histórico de manejo do solo (SPARLING,

1992).

A respiração basal é o parâmetro mais antigo usado para quantificar a atividade

dos microorganismos do solo (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002) e pode ser obtida pela

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medição de gás carbônico liberado das amostras durante o período de incubação,

representando, então a atividade microbiana (BALOTA et al., 1998).

A adoção destes indicadores para a realização de pesquisas possibilitaria a

análise agregada dos resultados obtidos por diferentes pesquisadores, permitiria definir

sustentabilidade de maneira mais confiável e tornaria viável a organização de modelos

padronizados de qualidade do solo (GOEDERT, 2005).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área experimental

O experimento foi conduzido na Fazenda experimental da UnB - Fazenda Água

Limpa - localizada em Vargem Bonita, Brasília – DF. As coordenadas geográficas

desse local são as 15°55’58’’S e 47

°51’02’’W e altitude de 1000 metros.

O sistema de integração lavoura-pecuária foi instalado na safra 2007/2008 sob

Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico típico. O experimento foi conduzido por três

safras agrícolas, e as análises microbiológicas realizadas são referentes à safra

2009/2010.

Anteriormente à implantação do experimento, a área em questão, era cultivada

com Andropogon gayanus variedade Planaltina, durante seis anos. A pastagem foi

implantada no sistema de plantio convencional. Em outubro de 2007 realizou-se aração

seguida de gradagem em toda a área, para o preparo do solo e incorporação do calcário.

A calagem foi realizada com dose de calcário dolomítico de 2 ton ha-1

, e esta foi feita

somente no ano da implantação.

A área experimental é de 6 hectares, que foi dividida em 6 piquetes de 1 hectare

e cada piquete foi dividido em 4 parcelas de 0,25 ha. Inicialmente os piquetes foram

submetidos aos seguintes tratamentos:

Piquete 1: Panicum maximum cv. Aruana;

Piquete 2: Brachiaria humidicola + Milho (Zea mays);

Piquete 3: Soja (Glycine max);

Piquete 4: Brachiaria humidicola;

Piquete 5: Panicum maximum cv. Aruana + Milho;

Piquete 6: Soja

O histórico da área pode ser observado na Tabela 1:

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Tabela 1. Histórico dos sistemas de manejo estudados.

Sistemas Histórico por ano agrícola

2007/2008

Panicum

maximum

cv. Aruana

Adubação de plantio realizada a lanço utilizando-se 45 kg ha-1

de N na forma de uréia, 90 kg ha-1

de P2O5 na forma de

superfosfato simples, 60 kg ha-1

de K2O na forma de cloreto de

potássio e 20 kg ha-1

de sulfato de zinco.

Foram utilizados 30 kg ha-1

de sementes, com valor cultural de

30% descontado, para o plantio a lanço.

Brachiaria

humidicola

+ milho

Adubação de plantio realizada em sulcos utilizando-se 20 kg ha-1

de N na forma de uréia, 100 kg ha-1

de P2O5 na forma de super

fosfato simples, 40 kg ha-1

de K2O na forma de cloreto de

potássio e 20 kg ha-1

de sulfato de zinco.

Adubação de cobertura realizada próximo a linha de plantio do

milho, utilizando-se 100 kg ha-1

de N divididos em duas épocas,

50 kg ha-1

aos 25 e aos 35 dias após a emergência, 50 kg ha-1

de

K2O na primeira cobertura, junto com o nitrogênio;

O espaçamento do milho foi de 0,95 cm e densidade de sete

sementes metro linear-1

. O plantio da forragem e da cultura foi

realizado simultaneamente, os capins foram plantados a lanço e

utilizou-se a mesma quantidade de semente do estabelecimento

dos capins solteiros.

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Soja

Adubação de plantio realizada no sulco de plantio utilizando-se

120 kg ha-1

de P2O5 na forma de superfosfato simples, 40 kg ha-1

de K2O na forma de cloreto de potássio e 20 kg ha-1

de sulfato de

zinco;

Adubação de cobertura realizada próximo a linha de plantio

utilizando-se 80 kg ha-1

de K2O na forma de cloreto de potássio,

40 dias após a emergência;

Plantio feito com espaçamento de 0,45 m. A inoculação das

sementes de soja foi feita utilizando-se inoculante comercial que

continha 3x109 células g

-1 de inoculante. A dosagem empregada

foi de 800g do inoculante 50 kg-1

de sementes de soja.

Brachiaria

humidicola

Adubação de plantio realizada a lanço utilizando-se 45 kg ha-1

de N na forma de uréia, 90 kg ha-1

de P2O5 na forma de super

fosfato simples, 60 kg ha-1

de K2O na forma de cloreto de

potássio e 20 kg ha-1

de sulfato de zinco.

Plantio realizado a lanço, utilizaram-se 30 kg ha-1

de sementes,

com valor cultural de 30% descontado.

Panicum

maximum

cv. Aruana

+ milho

Plantio e adubação realizados conforme as recomendações

técnicas descritas no piquete sob Brachiaria humidicola +

milho.

Soja

Realizou-se plantio e adubação conforme descrito nas

recomendações técnicas do outro piquete de soja.

2008/2009

Panicum

maximum

cv. Aruana

A adubação das pastagens solteiras foi feita somente na

instalação do experimento, em Novembro de 2007. Foi utilizado

o banco de sementes já estabelecido no piquete na safra

2007/2008.

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Brachiaria

humidicola

+ milho

Na época de plantio das culturas, o piquete com Brachiaria

humidicola foi pulverizado com meia dose do herbicida

Gramoxone;

Foi utilizado o banco de sementes já estabelecido no piquete na

safra 2007/2008;

Plantio e adubação do milho foram feitos de acordo com as

recomendações técnicas feitas da safra anterior.

Feijão

No segundo ano, os piquetes com soja foram substituídos por

feijão.

Brachiaria

humidicola

Mesmo procedimento para o Panicum maximum cv. Aruana na

safra 2008/2009.

Panicum

maximum

cv. Aruana

+ milho

Na época de plantio da cultura, o piquete com Panicum

maximum cv. Aruana foi pulverizado com a dose recomendada

para o herbicida Gramoxone. Com aparecimento de problemas

técnicos, realizou-se novamente o plantio do P.maximum cv.

Aruana;

Plantio e adubação da forragem e do milho foram realizados

conforme as recomendações técnicas da safra 2008/2009

descritas para o piquete sob Brachiaria humidicola + milho.

Feijão

No segundo ano, os piquetes com soja foram substituídos por

feijão.

2009/2010

Panicum

maximum

cv. Aruana

A adubação das pastagens solteiras foi feita somente na

instalação do experimento, em Novembro de 2007. Foi utilizado

o banco de sementes já estabelecido na parcela nos anos de

cultivo anteriores.

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Brachiaria

humidicola

+ milho

Na época de plantio das culturas, a parcela com Brachiaria

humidicola foi pulverizada com meia dose do herbicida

Gramoxone;

Para a forrageira foi utilizado o banco de sementes já

estabelecido no piquete das safras anteriores;

O plantio e a adubação do milho realizada em sulcos de acordo

com o ano de implantação.

Pousio

Piquete estava em pousio.

Brachiaria

humidicola

Foram realizados os mesmos procedimentos técnicos descritos

para o P.maximum cv. Aruana neste mesmo ano.

Panicum

maximum

cv. Aruana

+ milho

Na época de plantio da cultura, a parcela com Panicum

maximum cv. Aruana foi pulverizada com meia dose do

herbicida Gramoxone;

Foi utilizado o banco de sementes já estabelecido no piquete

relativo ao ano de cultivo anterior;

Plantio do milho de acordo com as recomendações técnicas

feitas no Brachiaria humidicola + milho desse mesmo ano.

Pousio

Piquete estava em pousio.

Nos anos de condução do experimento, após a colheita da cultura do milho, vinte

ovinos de idade e peso semelhantes entravam nas áreas na mesma época (maio) e

pastejavam por um mês. O sistema de pastejo estabelecido foi o rotacional em que cada

animal ficou aproximadamente sete dias em cada quadrante de cada piquete.

As figuras abaixo mostram alguns dos sistemas de manejo empregados:

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Figura 1: Piquete B. humidicola + milho, após colheita do milho

Figura 2: Colheita do milho, para posterior entrada dos animais.

Figura 3: Ovinos no piquete sob B. humidicola.

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Figura 4: Animais no piquete sob P. maximum cv. Aruana + milho.

3.2. Coleta de solo

As coletas de solo foram realizadas em novembro de 2009, antes do plantio do

milho. Foram coletadas amostras representativas de três das quatro parcelas de cada

piquete, correspondendo às repetições.

As coletas foram feitas nas profundidades de 0-10 e de 10-20 cm, com o auxílio

de um trado. Para cada amostra composta, foram coletadas dez amostras simples. As

amostras passaram por peneira de 8 mm para eliminação de raízes e torrões, e

posteriormente foram colocadas em sacos plásticos, identificadas e mantidas em caixas

de isopor com gelo até a chegada ao laboratório onde foram colocadas em um

refrigerador a 10 °C para posteriores análises microbiológicas.

3.3. Determinação dos atributos biológicos

Antes da realização das análises foi quantificada a umidade das amostras.

Foram pesados, em latinhas de alumínio, 10 gramas de solo e colocados na estufa por

dois dias à temperatura de 105 ºC. Após este período, as latinhas foram pesadas

novamente e a umidade foi determinada pela diferença de pesos do solo úmido e seco.

As análises realizadas foram: respiração basal, carbono da biomassa microbiana

do solo e carbono orgânico, nitrogênio da biomassa microbiana e nitrogênio total. Todas

as análises biológicas tiveram a umidade do solo corrigida para 80% da capacidade de

campo.

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3.3.1. Respiração basal

A respiração basal foi realizada através da metodologia proposta por Alef e

Nannipieri (1995). Para a determinação da respiração basal, pesaram-se, para cada

amostra de campo, 20 gramas de solo, em triplicata para posterior incubação.

As amostras foram incubadas por sete dias em recipiente de vidro de 500 ml,

hermeticamente fechado. Nestes recipientes de vidro foi acondicionado um frasco de

vidro contendo 10 ml de hidróxido de potássio 0,3 M. Foram feitas 3 testemunhas

(recipiente hermeticamente fechado contendo frasco com 10 ml de KOH 0,3 M, sem

solo).

Após sete dias de incubação foi realizada a titulação, com ácido clorídrico 0,1 N

(padronizado), das soluções de KOH 0,3 M que estavam no interior dos frascos. Antes

da titulação, foram adicionados 3 ml de solução 20% de cloreto de bário em cada frasco

contendo o KOH. Em cada frasco foram adicionadas 3 gotas de fenolftaleina (indicador)

e feita a titulação com HCl 0,1 N.

Antes da utilização do HCl na titulação, foi determinada sua normalidade. Este

procedimento foi realizado através da pesagem de 0,2 gramas de C8H5O4K (P.M.

201,2). Adicionou-se 20 ml de água destilada e 1 gota do indicador fenolftaleína e esta

foi titulada com KOH 0,1 M. O volume gasto de KOH foi anotado.

Na segunda etapa da determinação da normalidade do ácido clorídrico, foi

colocado 10 ml de KOH, com 1 gota de fenolftaleína em um erlenmeyer e realizada a

titulação com HCl 0,1 M.

A respiração basal foi determinada indiretamente através da quantidade de CO2

liberado das amostras. A quantidade de CO2 liberada foi calculada pelo número de

moles de KOH inicial, menos o número de moles de KOH que reagiu com o HCL 0,1

N. Os resultados foram calculados em mg de CO2 kg-1

de solo seco dia-1

.

3.3.2. Carbono da biomassa microbiana do solo

O carbono da biomassa microbiana foi determinado através do método de

fumigação e extração (VANCE et al., 1987). De cada amostra de solo foram pesadas

seis subamostras de 20 gramas; três foram colocadas em vidros de 500 ml

hermeticamente fechados e as outras três em frascos de 100 ml que foram tampados

com papel alumínio. Após o sexto dia de incubação, as amostras dos frascos de 100 ml

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foram colocadas em um dessecador a vácuo, contendo no centro uma placa de petri com

clorofórmio, processo esse chamado de fumigação. Depois de 24 horas as amostras

foram retiradas do dessecador e submetidas à extração do carbono, juntamente com

aquelas as outras amostras mantidas nos vidros de 500 ml.

Em todas as amostras, fumigadas e não fumigadas, foram adicionados 70 ml da

solução de sulfato de potássio 0,5 M, com pH ajustado entre 6,4 a 6,8. As amostras

foram agitadas por agitador mecânico a 150 rpm, por 40 minutos. Após este período, as

amostras foram deixadas em repouso para decantarem, e o sobrenadante foi filtrado em

papel filtro, armazenado em frascos e colocado no freezer para posterior análise do

carbono da biomassa microbiana.

Para a análise de carbono da biomassa microbiana, foram colocados 8 ml do

extrato (amostras fumigadas e não fumigadas), 2 ml da solução 0.066 M de dicromato

de potássio, 15 ml da solução 2:1 de H2SO4 : H3PO4 concentrados em um tubo de

digestão. Foram feitos brancos, amostras contendo os mesmos componentes, menos o

extrato do solo. Os tubos foram colocados em um bloco digestor a 100 ºC por 30

minutos.

Após este tempo, cada amostra foi resfriada e transferida para uma proveta

com capacidade de 50 mL e o volume foi completado com água destilada. O dicromato

residual foi medido por titulação com uma solução de [(NH4)2Fe(SO4)6H2O] em H2SO4

concentrado na presença do indicador ferroína.

O sulfato ferroso amoniacal usado na titulação foi padronizado. Para a

padronização foram pipetados 3 ml de K2Cr2O7 0,066 M em um erlenmeyer de 125 ml.

Foram adicionados 50 ml de água destilada e 15 ml de ácido sulfúrico concentrado.

Procedeu-se com a titulação com sulfato ferroso amoniacal, na presença do indicador

ferroína.

Determinou-se o carbono da biomassa microbiana pela redução do dicromato

de potássio dos extratos filtrados. A quantidade de carbono da biomassa microbiana do

solo foi determinada pela diferença do carbono orgânico extraído das amostras de solo

fumigado e não fumigado.

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3.3.3. Carbono orgânico

O carbono orgânico foi determinado pelo método de Walkey e Black (1934). De

cada amostra de solo coletada, uma porção de solo foi seca ao ar, macerada e peneirada

em peneira 0,50 mm.

Em um erlenmeyer de 500 ml, foram colocados 0,5 gramas de terra fina seca ao

ar, adicionados 10 ml da solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7) 1N e agitado

manualmente para homogeneização. Em seguida, 20 ml de H2SO4 concentrado foram

adicionados e novamente agitado, permanecendo em repouso por 30 minutos. Após este

período, foram colocados 200 ml de água destilada, 10 ml de H3PO4, 1 ml do indicador

difenilamina 0,16% e a solução foi titulada com sulfato ferroso amoniacal 0,5N.

Para a realização dos brancos foi utilizado o mesmo procedimento, sem utilizar

0,5 gramas de terra fina seca ao ar. A matéria orgânica do solo foi calculada da seguinte

forma:

MO total (%) = 10 x (1 – A/B) x 1,34

Onde:

A = volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da amostra

B = volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação do branco

Para a determinação do carbono orgânico, dividiu-se o valor da matéria

orgânica calculada por 1,724, visto que 58% da matéria orgânica é representado pelo

carbono orgânico.

3.3.4. Nitrogênio da biomassa microbiana

O nitrogênio da biomassa microbiana foi quantificado pelo método de

fumigação e extração (BROOKES et al., 1985), que consiste na lise celular da

microbiota do solo pelo CHCl3. O procedimento inicial de incubação e extração do solo

é o mesmo usado para a determinação do carbono da biomassa microbiana.

De cada amostra filtrada, foram retirados 20 ml de extrato e transferidos ao tubo

de digestão contendo 3 ml de H2SO4 concentrado e 1g da mistura catalítica (K2SO4 :

CuSO4 : selênio metálica, com os grânulos triturados e homogeneizados, na proporção

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de 1: 0,1: 0,01). O K2SO4 tem como objetivo elevar o ponto de ebulição do ácido

sulfúrico, enquanto que o Cu e o Se atuam como aceleradores na oxidação da matéria

orgânica. Em cada tubo, foram colocadas cinco bolinhas de ebulição. Os tubos,

contendo a solução, foram colocados em um bloco digestor por 1 hora e 30 minutos a

150 ºC, e depois por 3 horas a 300° C.

Utilizaram-se 20 ml da solução de hidróxido de sódio 40% para fazer a

destilação das amostras. Foi preparada uma solução de 6 ml de vermelho de metila e 15

ml de verde de bromocresol a 0,1% em meio alcoólico, 20 g de H3BO3 e três gotas de

NaOH 0,1 N e completado para um litro de água destilada. Foram utilizados 10 ml

dessa mistura para coletar o destilado em erlenmeyer de 50 ml.

Para fazer a destilação, foi utilizado H2SO4 a 0,0025 N. As amostras tituladas

sem a adição do extrato serviram como branco. O nitrogênio extraído das amostras foi

calculado pela diferença com o branco, e posteriormente por regra de três, pressupondo-

se que 1 meq de H2SO4 equivaleria a 0,0025 e 1 meq de NH4 + a 0,005.

O nitrogênio microbiano foi calculado pela seguinte fórmula: Nmic= (NF -

NNF)/KN, onde NF e NNF são as quantidades totais de nitrogênio mineral liberado dos

solos fumigados e não fumigados, respectivamente. O KN (0,54) é uma constante que

representa a quantidade de nitrogênio da biomassa microbiana que é mineralizada

(Wardle, 1994).

3.3.5. Nitrogênio total

O N total foi determinado pelo método Kjeldahl (NOGUEIRA e SOUZA,

2005). As amostras foram secas ao ar e posteriormente foram moídas em um cadinho.

Pesaram-se 0,2 g dessa TFSA de cada amostra em tubos próprios para análise de

nitrogênio. Adicionaram-se 0,8 g de mistura catalítica, composta de 20 g de sulfato

K2SO4 e 2 g de sulfato de cobre pentahidratado triturado e homogeneizado e 3 ml de

ácido sulfúrico concentrado.

A solução foi agitada e colocada em bloco digestor a 335oC. Após 45 minutos

foi acrescentado 1 ml de peróxido de hidrogênio (H2O2) e permaneceu no bloco digestor

para que o extrato assumisse a coloração verde claro. Após o resfriamento foram

colocados aproximadamente 10 mL de água destilada.

A destilação foi feita com a adição de 20 mL de NaOH 50% (500 g L-1

) e

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35

recebida em frasco de erlenmeyer contendo 10 mL de ácido bórico a 2% até o volume

de 30 mL.

O destilado foi titulado com ácido sulfúrico 0,03 N. Em paralelo, foi feita uma

curva padrão com doses conhecidas de nitrogênio (0, 20, 40 e 60 ppm) e os cálculos

foram feitos através da curva de regressão.

3.4. Análises estatísticas

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA). As análises

tiveram as médias comparadas pelo teste t a 5% de significância. As análises foram

realizadas utilizando-se o programa estatístico SISVAR. O delineamento experimental

foi de blocos inteiramente casualisados.

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36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Carbono orgânico

Na coleta de solo feita após dois anos de integração lavoura-pecuária houve

interação significativa entre os sistemas de produção e as profundidades de solo, para o

carbono orgânico do solo. Na camada de 0-10 cm, o capim Panicum maximum cv.

Aruana apresentou o maior valor de Corg (31,56 g C kg-1

solo) e a área sob Pousio,

apresentou o menor valor (24,76 g C kg-1

solo). Na profundidade 10-20 cm, o sistema

de consórcio Brachiaria humidicola + Milho (26,03 g C kg-1

solo) foi maior do que o

consórcio Panicum maximum cv. Aruana + Milho (23,84 g C kg-1

solo), que apresentou

o menor valor (Tabela 2).

Tabela 2. Carbono orgânico do solo (g C kg-1

solo) em sistema solteiro e sob integração

lavoura-pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm)

0-10 10-20

Panicum maximum cv. Aruana 31,56Aa 26,42Ab

Brachiaria humidicola + Milho 27,45Ba 26,03Aa

Pousio 24,76Ca 25,26ABa

Brachiaria humidicola 26,81Ba 25,26ABa

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 27,45Ba 23,84Bb

Pousio A 27,45Ba 26,55Aa

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem entre

si, pelo teste t (p<0,05)

Neste trabalho foram observados valores maiores de Corg (Tabela 2) do que os

obtidos por Leite et al. (2010), que observaram valores após 2 anos de plantio direto em

área com plantio de milheto e soja, de 21, 7 g C kg-1

solo na profundidade de 5-10 cm e

15,9 g C kg-1

solo na profundidade de 10-20 cm, e após 6 anos de sistema de plantio

direto, na camada de 5-10 cm, o valor foi de 24,4 g C kg-1

solo e na profundidade de

10-20 foi de 21,9 g C kg-1

solo.

Na profundidade de 0-10 cm, o capim Brachiaria humidicola solteiro ou em

consórcio, apresentou valores semelhantes de carbono orgânico (26,81 e 27,45 g C kg-1

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solo) respectivamente, sugerindo que o milho não promoveu efeito no solo sob a

Brachiaria humidicola após dois anos de implantação do ILP. Já os tratamentos com

capim Panicum maximum cv. Aruana em consórcio com o milho apresentou menores

valores de carbono orgânico (27,45 g C kg-1

solo), quando comparado ao Panicum

maximum cv. Aruana solteiro. Em relação ao capim Panicum maximum cv. Aruana

solteiro ou em consórcio com o milho, a mesma tendência foi obtida na camada de 10-

20 cm. Entre as camadas de solo, o capim Panicum maximum cv. Aruana solteiro ou em

consórcio com milho, apresentou menores valores na camada de 10-20 cm (Tabela 2).

Nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm, o piquete com Panicum maximum

cv. Aruana apresentou valor maior de Corg do que em consórcio com o milho (Tabela

2). Resultados semelhantes foram obtidos por Carneiro et al., (2008) em Neossolos,

onde a Brachiaria apresentou valores maiores do que em consórcio com soja.

Vários autores têm observado que o Corg do solo normalmente é maior nas

camadas mais superficiais (CARMO, 2011; FONSECA et al., 2007; BATISTA et al.,

2008). Isto ocorre porque nas camadas superficiais do solo há uma maior deposição de

resíduos vegetais sobre o mesmo, além de uma maior presença de raízes e liberação de

exsudatos (FONSECA et al., 2007). A diminuição de Corg nas profundidades maiores

também pode ser explicada pelo não revolvimento do solo aumentando a quantidade de

matéria orgânica e diminuindo a decomposição dos resíduos vegetais nas camadas mais

superficiais do solo (JANTALIA et al., 2007). No presente trabalho, apesar de se

observar que na profundidade de 0-10 cm os valores de Corg foram maiores, os

resultados não apresentaram diferença estatística significativa, com exceção do Panicum

maximum cv. Aruana e Panicum maximum cv. Aruana + Milho, e isto pode ser

possivelmente pelo curto tempo de implantação do sistema.

4.2. Carbono da biomassa microbiana do solo

Na camada de 0-10 cm, o capim Brachiaria humidicola em consórcio com

milho, apresentou maior Cmic (438,57 mg C kg-1

solo) que o capim Brachiaria

humidicola solteiro (147,72 mg C kg-1

solo). O capim Panicum maximum cv. Aruana

solteiro ou em consórcio apresentou valores semelhantes, entre 163,59 e 171,20 mg C

kg-1

solo, respectivamente. Na camada de 10-20 cm, o Cmic foi menor no capim Aruana

e maior e semelhante nos outros sistemas de produção (Tabela 3).

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Tabela 3. Carbono da biomassa microbiana do solo (mg C kg-1

solo) em sistema solteiro

e sob integração lavoura-pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm)

0-10 10-20

Panicum maximum cv. Aruana 163,59BCa 70,67Ba

Brachiaria humidicola + Milho 438,57Aa 249,45Ab

Pousio 176,57BCa 190,77Aa

Brachiaria humidicola 147,72Ca 189,28ABa

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 171,20BCa 209,24Aa

Pousio A 281,93Ba 158,33ABa

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem entre

si, pelo teste t (p<0,05)

O carbono da biomassa microbiana foi maior nas áreas com integração

Brachiaria humidicola + Milho, em comparação com a Brachiaria humidicola solteira

(Tabela 3). Resultados similares foram observados por Carneiro et al. (2008), em

experimento semelhante em Mineiros (GO) e por Carmo (2011), em análises realizadas

em área adjacente ao presente trabalho, nos anos de 2008 e 2010. Carmo (2011) sugere

que o aumento do Cmic em áreas sob consórcio Brachiaria humidicola + Milho pode

ter sido devido a um possível incremento de matéria orgânica pelos sistemas

consorciados, o que contribui para aumento da biomassa microbiana no solo.

De acordo com Stenberg (1999), uma quantidade maior de Cmic é o reflexo de

que uma maior quantidade de matéria orgânica está ativa no solo, o que leva a uma alta

taxa de decomposição dos resíduos vegetais, e, portanto, uma maior reciclagem de

nutrientes.

Entre as camadas de solo, em geral o Cmic foi igual, com exceção do tratamento

Brachiaria humidicola + milho (Tabela 3). Carmo (2011) observou esta mesma

tendência. Por outro lado, resultados diferentes foram obtidos por Giacomini et al.

(2006), que obtiveram valores maiores de Cmic nas profundidades mais superficiais do

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solo. A obtenção de maiores valores de Cmic na profundidade de 10-20 cm, pode ter

sido devido ao maior desenvolvimento radicular ou a maior renovação de raízes, e estas

podem ter sido fonte de nutrientes à microbiota do solo.

O capim Panicum maximum cv. Aruana, na profundidade de 10-20 cm, foi o

tratamento que apresentou o menor valor de Cmic (Tabela 3), e nos dados da Tabela 4,

pode-se observar que o valor de respiração basal para este mesmo tratamento apresentou

valores intermediários o que pode indicar que a mineralização dos resíduos vegetais e

carbono orgânico deste tratamento foi menor que nos outros sistemas de produção.

Carneiro et al. (2008) em experimento similar, chegou a resultados semelhantes para

respiração basal e Cmic em integração Brachiaria + soja, e concluiu que estes dois

resultados juntos podem demonstrar que nesta área, está ocorrendo perdas de carbono,

pois uma baixa população microbiana do solo necessita de grande quantidade, de

carbono para sua manutenção. Efeito contrário ao Panicum maximum cv. Aruana foi

obtido no tratamento Panicum maximum cv. Aruana + Milho, que apresentou maiores

valores de Cmic (Tabela 3) e uma taxa baixa de respiração basal (Tabela 4),

provavelmente proporcionado pela presença do milho no sistema.

O Cmic não variou significativamente entre as camadas de solo, com exceção do

Brachiaria humidicola + Milho, que apresentou maior Cmic na profundidade de 0-10

cm. O mesmo foi observado por Fonseca et al. (2007), em experimento na Embrapa

Arroz e Feijão, com integração Brachiaria sp. com milho e soja e cultivo de feijão sob a

palhada de Brachiaria.

4.3. Respiração basal do solo

A respiração basal do solo foi menor no sistema Panicum maximum cv. Aruana

+ Milho (3,33 mg C Kg-1

solo dia-1

) em relação ao Brachiaria humidicola + Milho,

Brachiaria humidicola e Pousio, mostrando uma menor atividade microbiana naquele

sistema (Tabela 4).

Na camada de 10 a 20 cm, a respiração basal foi menor que na camada de 0-10

cm (Tabela 4), o que era esperado, pois nesta camada mais superficial, o processo de

transformação da matéria orgânica do solo pelos microrganismos é mais intenso. Araújo

et al. (2007) em trabalho sobre a qualidade de um solo sob pastagem também observou

alto valor de RB na camada superior do solo, e atribuiu a obtenção destes resultados ao

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40

intenso desenvolvimento radicular das gramíneas forrageiras nesta camada, o que

possivelmente favoreceu a atividade biológica. Batista et al. (2008), ao estudar a

respiração basal do solo nesta mesma área, antes da implantação do sistema de

integração lavoura-pecuária, observou a mesma tendência na respiração basal do solo.

Tabela 4. Respiração basal do solo (mg C Kg-1

solo dia-1

) em sistema solteiro e sob

integração lavoura-pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm) MÉDIA

0 - 10 10 - 20

Panicum maximum cv. Aruana 8,53 3,75 6,14AB

Brachiaria humidicola + Milho 14,29 5,43 9,86A

Pousio 11,63 6,89 9,26A

Brachiaria humidicola 12,53 7,38 9,95A

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 3,39 3,27 3,33B

Pousio A 6,45 6,44 6,45AB

Média 9,47a 5,53b

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem entre

si, pelo teste t (p<0,05)

Dentre os fatores que afetam a respiração basal têm-se a umidade, temperatura e

a disponibilidade de nutrientes (ROSCOE et al., 2006). Segundo Insam e Domsch

(1988), à medida que a biomassa microbiana se torna mais eficiente, menos carbono é

perdido pela respiração e uma parte significativa de carbono é incorporada à BMS.

Porém não se deve considerar que uma baixa taxa de respiração basal é sempre

desejável. Altas taxas de respiração basal podem ser interpretadas de maneira positiva e

negativa. Considerando que a decomposição da matéria orgânica irá disponibilizar

nutrientes para as plantas, a alta taxa é desejável, porém uma alta atividade respiratória

também pode indicar que ocorrerá uma intensa decomposição da matéria orgânica

estável, levando ao comprometimento de processos físicos, químicos e biológicos do

solo (ROSCOE et al., 2006).

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41

4.4. Razão Cmic:Corg

A razão Cmic:Corg, na camada de 0-10 cm, foi maior no sistema capim

Brachiaria humidicola + Milho (1,58%), e menor nos outros sistemas de produção. Na

camada de 10-20 cm, a razão Cmic:Corg, foi menor nas áreas sob Panicum maximum

cv. Aruana (0,27%) e maior e semelhante entre as outras áreas (Tabela 5).

Tabela 5. Relação Cmic:Corg (%) em sistema solteiro e sob integração lavoura-pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm)

0-10 10-20

Panicum maximum cv. Aruana 0,52Ca 0,27Ba

Brachiaria humidicola + Milho 1,58Aa 0,97Ab

Pousio 0,71BCa 0,75Aa

Brachiaria humidicola 0,55Ca 0,75Aa

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 0,62BCa 0,88Aa

Pousio A 1,03Ba 0,60ABb

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem entre

si, pelo teste t (p<0,05)

A relação Cmic:Corg é um indicador da disponibilidade da matéria orgânica

para os microrganismos (LEITE et al., 2004). Quando a BMS está sob estresse, a

eficiência de uso do carbono e a imobilização de nutrientes tende a ser menor, e assim a

razão Cmic:Corg diminui. Esta razão irá aumentar quando matéria orgânica de boa

qualidade for adicionada ao solo, pois com a isso a BMS pode aumentar de maneira

rápida (SILVA et al., 2007).

Os valores de Cmic:Corg obedeceram a mesma tendência do carbono da

biomassa microbiana do solo (Tabela 3). Os maiores valores de Cmic foram observados

na área de Brachiaria humidicola + milho, e o mesmo ocorreu com a razão Cmic:Corg.

Resultados semelhantes foram observados por Carneiro et al. (2008), onde foram

verificados maiores valores sob a área de ILP Brachiaria humidicola + milho. Segundo

Sparling (1992), a razão Cmic:Corg reflete a eficiência de conversão do Corg em Cmic,

perdas do Corg e a própria estabilidade do Corg na fração mineral do solo.

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Apenas nos tratamentos Brachiaria humidicola + Milho e o Pousio A

apresentaram maiores valores de Cmic:Corg nas camadas superficiais em relação às

camadas mais profundas. Carmo (2011) e Leite et al. (2010) observaram maiores

valores de Cmic:Corg na profundidade de 10-20 cm.

4.5. Nitrogênio total (Nt)

O nitrogênio total do solo foi maior na área sob capim Panicum maximum cv.

Aruana (1,53 g N Kg-1

solo) e menor nas outras áreas (Tabela 6).

Tabela 6. Nitrogênio total do solo (g N Kg-1

solo) em sistema de integração lavoura-

pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm) MÉDIA

0 - 10 10 - 20

Panicum maximum cv. Aruana 1,71 1,31 1,53A

Brachiaria humidicola + Milho 1,54 1,38 1,46AB

Pousio 1,42 1,32 1,37B

Brachiaria humidicola 1,51 1,30 1,41B

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 1,42 1,33 1,38B

Pousio A 1,45 1,33 1,39B

Média 1,52a 1,33b

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não

diferem entre si, pelo teste de t (p<0,05)

O N total foi menor na camada de 10-20 cm em relação à camada de 0-10 cm

para todos os tratamentos estudados (Tabela 6). Resultados semelhantes foram obtidos

na mesma área de estudo deste trabalho por Fernandes et al. (2008) anteriormente à

implantação do sistema deste estudo e por Batista et al. (2009) após 1 ano da

implantação do ILP. Estes resultados mostram que, no presente experimento, até dois

anos após a implantação do experimento, não houve efeito do sistema ILP no N total do

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solo, com exceção da área Panicum maximum cv. Aruana que tendeu a apresentar

maiores valores de N total, após dois anos de implantação do sistema. Bayer e

Mielniczuk (1997) e Corazza et al. (1999) atribuem que o maior valor de N total está

associado à maior quantidade de matéria orgânica presente na camada mais superficial.

4.6. Nitrogênio da biomassa microbiana do solo

O nitrogênio da biomassa microbiana foi maior nas áreas sob capim Brachiaria

humidicola (34,45 mg N Kg -1

solo ) e Panicum maximum cv. Aruana + Milho e menor

nas áreas sob Pousio (8,39 mg N Kg -1

solo). O Nmic foi maior no consórcio entre

capim Panicum maximum cv. Aruana + Milho (31,74 mg N Kg -1

solo), comparado ao

capim Panicum maximum cv. Aruana solteiro (16,77 mg N Kg -1

solo), mostrando que

houve efeito da cultura do milho para o incremento do Nmic. Pode-se observar que

houve efeito oposto da cultura do milho em consórcio com as pastagens, visto que o

tratamento Brachiaria humidicola (34,45 mg N Kg -1

solo) , apresentou maior valor de

Nmic comparado ao consórcio com o milho (24,30 mg N Kg -1

solo) (Tabela 7).

Tabela 7. Nitrogênio da biomassa microbiana do solo (mg N Kg -1

solo) em sistema de

integração lavoura-pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm) MÉDIA

0 - 10 10 - 20

Panicum maximum cv. Aruana 16,09 17,44 16,77C

Brachiaria humidicola + Milho 27,74 20,85 24,30B

Pousio 6,24 10,54 8,39D

Brachiaria humidicola 36,02 32,89 34,45A

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 31,54 31,93 31,74A

Pousio A 17,26 18,76 18,01C

Média 22,49a 22,07a

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não

diferem entre si, pelo teste de t (p<0,05)

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Não houve diferença de Nmic entre as duas profundidades analisadas. O mesmo

foi observado por Batista et al. (2009) no primeiro ano de instalação desse sistema de

integração lavoura-pecuária. Perez et al. (2005), em sistema de plantio direto com soja

observou maiores valores nas profundidades mais superficiais.

Também pode-se observar que houve um aumento do Nmic do primeiro

(BATISTA, 2009) para o segundo ano, visto que no primeiro ano esses valores variaram

de 5,09 mg N Kg -1

solo na área de Pousio A, que na época estava plantada com soja, e

24, 37 mg N Kg -1

solo no Panicum maximum cv. Aruana + Milho.

4.7. Razão Nmic:Ntotal

A razão Nmic: Ntotal foi maior no capim Brachiaria humidicola (2,45%) e

capim Panicum maximum cv. Aruana + milho (2,33%), e menor nas áreas sob Pousio

(0,62%) e Panicum maximum cv. Aruana (1,13%) (Tabela 8).

Tabela 8. Razão porcentual do Nitrogênio da Biomassa Microbiana do solo e Nitrogênio

total do solo (Nmic:Ntotal) em sistema de integração lavoura-pecuária

TRATAMENTO

PROFUNDIDADE (cm) Média

0 - 10 10 - 20

Panicum maximum cv. Aruana 0,72 1,34 1,13C

Brachiaria humidicola + Milho 1,80 1,51 1,66B

Pousio 0,44 0,79 0,62D

Brachiaria humidicola 2,37 2,53 2,45A

Panicum maximum cv. Aruana + Milho 2,25 2,42 2,33A

Pousio A 1,19 1,42 1,31BC

Média 1,50a 1,67a

Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não

diferem entre si, pelo teste de t (p<0,05)

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45

As áreas com Panicum maximum cv. Aruana + Milho e Brachiaria humidicola

apresentaram os maiores valores ( Tabela 8), o que pode ser relacionado com os valores

de Nmic (Tabela 7), visto que o tratamento Panicum maximum cv. Aruana + Milho e

Brachiaria humidicola também apresentaram os maiores valores de Nmic. Segundo

Sparling (1992), quanto maior for esta relação, melhor será a qualidade da matéria

orgânica do solo.

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46

5. CONCLUSÕES

O consórcio entre capins e milho alterou os atributos microbiológicos do solo.

O consórcio entre o Panicum maximum cv. Aruana e milho diminuiu o carbono

orgânico do solo, na camada de 0-10 cm, em relação ao Panicum maximum cv. Aruana

solteiro.

Os capins solteiros ou em consórcio com milho não alteraram a respiração do

solo.

O sistema Brachiaria humidicola + Milho apresentou os maiores valores de

Cmic e de razão Cmic:Corg na camada de 0-10 cm.

O tratamento Brachiaria humidicola apresentou maiores valores de Nmic e

razão Nmic:Ntotal em comparação a este capim em consórcio. O oposto ocorreu com o

capim Panicum maximum cv. Aruana, que apresentou maiores valores de Nmic e razão

Nmic:Ntotal em consórcio quando comparado ao Panicum maximum cv. Aruana

solteiro.

O nitrogênio total do solo foi menor na camada de 10-20 cm.

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47

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2006. 13 p. Circular Técnica 80. ISSN 1679-1150

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Embrapa Milho e Sorgo, 2005. 16 p. (Documentos/Embrapa Milho e Sorgo, ISSN

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ALVAREZ VENEGAS, V. H.; SCHAEFER, C. E. G. R.; BARROS, N. F. de; MELLO,

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