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Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
1
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de CasoProfessora Shirley Rodrigues Maia
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
2
Introdução 3
Fundamentação teórica do estudo baseado em evidência 3
Trabalho na comunidade 7
O estudo de caso 8
Exemplo de um estudo de caso 8
Ações a ser realizadas após coletas de dados 10
Quanto à orientação ao professor 10
Modelo de estudo de caso 14
O papel do psicopedagogo no estudo de caso 16
Modelo de funções comunicativas para trabalhar com crianças ou jovens sem comunicação oral 20
Referências 25
SUMÁRIO
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
3
INTRODUÇÃOEsta disciplina abordará como o psicopedagogo
pode realizar o estudode evidência, e isso irá auxiliar
no acompanhamento e avaliação do desenvolvimento
dos casos em atendimento pelos alunos cursistas de
psicopedagogia, além de orientar na escrita do Trabalho
de Conclusão de Curso.
O curso de Psicopedagogia tem em seu quadro
de disciplinas o estágio supervisonado de 100 horas
para cumprimento de cronograma e matriz curricular
do curso. Como não hámuitas clínicas queatendem
diretamentepessoas com dificuldade de aprendizagem
e outros comprometimentos, bem como não há muitos
serviços educacionais oferecidos pela rede pública ou
particularquerealizem esse trabalho tão necessário aos
estudantes com problemas para aprender ou questões
emocionais que desencadeiam comportamentos
inesperados,às vezes gerando o fracasso escolar,
decidimos trabalhar com esta disciplina para dar
orientação supervisonada aos alunos que realizam o curso
de Psicopedagogia pela Universidade Gama Filho.
Serão esclarecidos os passos do estudo e
acompanhamento do caso, além de buscar facilitar a
organização do plano de atendimento e de estratégias
para suprir as necessidades do atendido.
Os instrumentos a ser utilizados durante as reuniões
com famílias e comunidade escolar, bem como os registros
dos atendimentos, já foram disponibilizados na disciplina
Avaliação Psicopedagógica, conteúdos: Institucional/
Clínica: Instrumentos de Avaliação, Orientação Familiar
e Orientação Comunidade Instituição, realizadas com as
professoras Sandra Mesquita e Angélica Chico.
Começaremos a disciplina falando sobre as novas
terminologias e conceito sobreestudo de caso, que passa
a ser denominado agora de Estudo Baseado em Evidência.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO ESTUDO BASEADO EM EVIDÊNCIA
Para falarmos dessa prática, temos que ter em
consideração os seguintes conceitos (RODRIGUES, 2012):
Intervenção. Queremos certamente dizer
intervenção educacional, e não só um aspecto
restrito da aprendizagem de uma tarefa. Será que
este termo “intervenção” se reporta a uma ação
de um professor que num ambiente controlado
influi numa aprendizagem bem delimitada
do aluno? Se assim for, trata-se de uma ação
muito delimitada que dificilmente poderá ser
reproduzida em contextos diferentes dos que
foram experimentados. Se o termo intervenção é
usado numa acepção mais baixa, então teremos
que contemplar a aprendizagem que se faz por
meio de equipamentos, de colegas, enfim um
conceito bem mais complexo de interação que é
impossível de reproduzir.
2. Baseada. Baseada não quer dizer
reproduzida nem copiada. Baseada quer dizer
“inspirada” “com referência a”. Não se espera,
portanto que os procedimentos onde se
obteve uma dada informação sejam fielmente
reproduzidos. Espera-se que os princípios e as
relações que foram encontradas possam inspirar
novas formas de ensino e de aprendizagem.
Ora essas novas formas têm que ser criadas,
inventadas no contexto em que o aluno,
professor e escola se encontram.
3. Evidência. O termo evidência refere-
se ao conhecimento acumulado e sufragado
pela investigação. Assim, não se faz o que nos
parece melhor, mas sim o que deve ser feito,
o que é correto fazer. É interessante rever o
que se quer dizer por evidência. Existem alguns
princípios sancionados pela experiência ou pela
investigação que poderão ser denominados de
“evidência”. Os professores e os técnicos devem
conhecê-los e dominar a sua aplicação, mas a
variabilidade humana leva necessariamente a
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
4
uma variabilidade de condições de aplicação e
de obtenção de resultados.
Enfim, quando falamos em IBE [Intervenção
Baseada em Evidência] devemos ser prudentes
e não pensar que tudo poderá ser resolvido com
a aplicação de um conjunto de “técnicas” que
poderão eliminar as dificuldades dos alunos.
Para uma criança que está implicada num
processo educativo a sua grande ferramenta de
desenvolvimento, de autonomia, de participação
e de socialização é a escola na sua complexidade
e diversidade. Nenhuma IBE poderá substituir
a riqueza e diversidade que a escola pode
proporcionar aos alunos. Precisamos conhecer
o que nos ensina a IBE não para tornar o
ensino num hospital em que o tratamento é a
pedagogia, mas numa oportunidade de aprender
em contexto, de aprender em conjunto e de
aprender “em” e “para” a autonomia.
Esta abordagem trata da prioridade absoluta
para promover práticas eficazes centradas
na família e nacomunidade, visando os
apoiosnecessários para crianças: com problemas
de saúde mental, deficiência, dificuldades
de aprendizagem e suas famílias, abordando
necessidade cultural relevante, serviços
individualizados, estigma, e incorporando
oconceito de recuperação da saúde mental
das crianças. Essa abordagem foi concebida
para expandir a matriz depráticas baseadas
em evidências, por meio de um processo
participativo «baixo para cima», processo
destinado a desenvolver e testar abordagens
para descrever, documentar e avaliar as práticas
que são altamente valorizadas e pensadas
parapromover o bem-estar de crianças, jovens
e famílias, no qual a evidência empírica é muito
insuficiente.
A IntervençãoBaseada em Evidência (EBP) é um termo
utilizado de duas maneiras:
- Como práticas ou programas que foram consideradas
eficazes, feitas por meio de metodos científicos rigorosos.
- Como a base para tomada de decisão e de ação,
um processo para assegurarque um indivíduo ou grupo
de indivíduos recebam a intervenção da melhor maneira
possível, é um serviço ou apoio com base em uma avaliação
das necessidades, preferências e opções disponíveis.
Segundo os autores Gibbs e Gambrill (2002), aEBP é
definida como: “uso consciente, explícito e judicioso da
melhor evidência atual na tomada dedecisões”, referindo-
se em especial ao cuidado da pessoa que apresenta
necessidades educacionais especiais.
Em relação à EBP, alguns pesquisadores na área não
têm certeza de que essa nova terminologia possa responder
àquilo para que foi proposta. O uso predominante do termo
refere-se à primeira definição realizada especificamente
para pesquisas,programas e práticas.
Nas discussões realizadas entre os pesquisadores
sobre o uso da nova terminologia, foram levantadas
algumaspreocupações sobre as limitações da EBPs. São
elas:
- A determinação do que constitui a evidência é limitada
e concentra-sede forma linear nas relações de causa-
efeito.
- Não há um acompanhamento necessário para pessoas
que precisam dissoem saúde mental.
Os EBPs podem ter menos relevância e abrangência
para a prática em ambientes comunitários se não tivermos
em consideração os tópicos abaixo:
- Não excluir intervenções desenvolvidas recentemente,
bem como as terapias desenvolvidas por grupos
alternativos.
- Não negligenciar o levar em consideração as influências
culturais e contextuais das crianças e das famílias.
- Se não escolhemor as famílias,disponibilizar atenção
e acompanhamento.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
5
Algumas práticas estão sendo utilizadas para dar
condições de boas intervenções baseadas em evidência.
São elas:
1. As que podem ser descritas e testadas utilizando
modelos tradicionais de pesquisa, incluindo ensaios
controlados, mas não limitadas a eles. Essas abordagens
têm elementos e características com apelo generalizado,
masmuitas vezes não têm uma definição clara nem uma
avaliação sistemática.
2.As que têm práticas própriasdisponíveis, ou
quando o contexto filosófico e cultural em que elas são
usadasimpediria a implementação de procedimentostais
como a atribuição aleatória, ou mesmo, talvez,observação.
Para ambos os tipos de práticas, existe uma necessidade
de estratégias para descrevê-las e documentá-las,
assim como para a revisão e/ou o desenvolvimento
de abordagens de avaliação para identificar a teoria
do programa e as atividades e processos importantes
aplicados, de modo que sua eficácia possa ser avaliada.
Desse modo, a base de dados para sua utilização pode
ser ampliada, e elas podem ser reconhecidas e ter como
apoio a parte deprática aceitável.Como complemento às
EBPs, há um modelo alternativo de serviço para ciência,
denominadocomoPrática Baseada emEvidência (PBE),
a qual foi desenvolvida usando evidências derivadas da
prestação de serviços de rotina emcomunidade. O modelo
PBEenvolve prestadores de serviços na coleta de dados
e na análise deles, que podem informar a práticaem
contextos locais e culturais.
As qualidades de intervenções que são necessárias
para apoiar os atendimentos das crianças com dificuldades
de aprendizagem, com deficiências e/ou com transtornos
emocionais precisam de individualização, flexibilidade,
abrangência, além de profissional que saiba como trabalhar
para poder descrever e avaliar.
A opção por uma intervenção qualitativa é justificada
por ser a mais apropriada à proposta de conhecer
como ocorre a sequência de um comportamento, ter os
testemunhos e entrevistas dos envolvidos na investigação,
avaliar e registrar o contexto observado e compreender o
que aí ocorre.
Em geral, as investigações que se voltam
para uma análise qualitativa têm como
objeto situações complexas ou estritamente
particulares. Os estudos que empregam uma
metodologia qualitativa podem descrever
a complexidade de determinado problema,
analisar a interação de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos
vividos por grupossociais, contribuir no processo
de mudança de determinado grupo e possibilitar,
em maior nível de profundidade, o entendimento
de particularidades do comportamento dos
indivíduos (RICHARDSON, 1999, p. 80).
Este autor enfatiza ainda que é importante relatar o
processo que permitiu a realização investigação, sobretudo
um material de experiência registrada que deu base ao
estudo. A definição do objeto de pesquisa, assim como a
opção metodológica, constitui um processo essencial para
o pesquisador. Como esclarece esse autor, se os resultados
e conclusões de uma pesquisa são possíveis apenas a partir
dos instrumentos e metodologias escolhidos, por sua vez
a descrição do processo oferece oportunidade para que
a intervenção baseada em evidências seja utilizada como
estratégia para a construção de conhecimento.
Uma das preocupações nos trabalhos de intervenção
baseada em evidência em programas de famílias é com
erros em diagnósticos que retratam o problemae possam
levar a cura. As figuras abaixo retratam algumas situações
e temas que demonstram essa preocupação.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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Fig. 1- Mapa conceitual de modelos relacionais
Cultura
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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Fonte: elaborado pela autora com base em BOVE, 2010
TRABALHO NA COMUNIDADEÉ importante levar em consideração, ao trabalhar na comunidade, as diferenças culturais e linguísticas. Isso requer
também estudar o processo familiar do caso envolvido e como ele atua na sua comunidade. Questões importantes a
esse respeito estão relacionadas abaixo.(retirado de BOVE, 2010)
(1) Incluir diversos representantes da comunidade na equipe de pesquisa.
(2) Ver todos os membros da equipe como especialistas.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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(3) Determinar as prioridades de pesquisa na
comunidade local.
(4) Colaborar com as famílias locais para desenvolver
perguntas adequadas ao contexto da comunidade.
(5) Solicitar revisão de questões de sensibilidade.
(6) Permitir aos membros da comunidade participar
como coletores de dados.
(7) Fornecer frequentes relatos de participantes e
mostrar-lhes como os resultados foram utilizados.
Esses aspectos são discutidos no mapa com as famílias
e para levantamento dos gostos, habilidades e o que não
gosta, sonhos e desejos.
O ESTUDO DE CASOO estudo de caso é indicado quando se quer
compreender um conjunto de fenômenos tendo como uma
das fontes de informações mais importantes a entrevista.
É por meio dessa entrevista que a pessoa que participa
como entrevistado expressa sua opinião sobre as perguntas
realizadas, utilizando suas próprias interpretações,
conforme descreve Oliveira (1997).Também, no caso
de alunos com dificuldades de aprendizagem, há a
possibilidade do uso de instrumentos para aplicação e
avaliar e ter um diagnóstico sobre a necessidade da pessoa
que está no processo de avaliação.
Quais são as características de um estudo de caso?
a - O fenômeno é observado em seu ambiente natural,
no qual são exploradas situações de vida real.
b - Os dados são coletados por diferente meios.
c - Pessoas, grupos e outros são estudados
intensamente.
d - Não são utilizados controles experimentais.
e - A pesquisa envolve as questões como e por quê.
f - Não considera prevalências e ou incidências.
Para o autor Bonoma (1985), o estudo de caso tem
sido visto mais como um recurso pedagógico ou como
uma forma de gerar insights exploratórios que um método
de pesquisa.
Para realização das coletas de dados em um estudo de
caso, podemos utilizar:
a - Documentos, que são fontes de dados importantes
(família, escola e outros atendimentos) e que devem ser
utilizados para ampliar e aumentar as evidências vindas de
outras fontes.
b - Documento em arquivos, que podem ser utilizado
em conjunto com outras fontes de informações tanto para
verificar a exatidão como para avaliar dados, possibilitando
o cruzamento de informações e evitando conclusões
equivocadas.
c - Entrevista, que é uma fonte de dados importantes
para o estudo de caso.
d - Observação direta, importante ao se coletar as
evidências.
e - Observação participante, que vai possibilitar ao
observador deixar de ser uma pessoa que está apenas em
um papel passivo e assim poder apoiar e assumir outros
papeis.
Dessa forma, o estudo de caso proporciona ao
pesquisador acesso e coleta de dados por meio de outros
eventos. Assim, em outros tipos de pesquisa, seria muito
dificil realizar estudo de caso.
EXEMPLO DE UM ESTUDO DE CASOO caso a ser estudado é de um aluno com diversos
relatos em suas avaliações de que não está acompanhando
a sala de aula por dificuldades de escrita. Esse caso é de
um menino de oito anos que frequenta uma escola do
municipio de São Bernardo do Campo.
Essa escola fica na periferia do municipio, uma área
que apresenta muitas dificuldades de acessibiliade e um
contexto de vulnerabilidade. A sala de aula está com
40 alunos, e a professora não conta com apoio de um
professorauxiliar para ajudar nas atividades em virtude do
número alto de alunos por sala.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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O menino mora em uma comunidade que foi invadindo o espaço aberto do município. Sua família é composta de pai,
mãe e cinco irmãos. Ele é o segundo filho.
A mãe, durante a reunião inicial com a professora,comentou que é muito difícil apoiar o filho para realizar as tarefas,
mas que busca, em alguns momentos, entre as atividades do lar e os cuidados com os outros filhos, dar atenção às
necessidades dele.
A professora relata também que é muito dificil dar atenção individualizada devido ao alto número de alunos em sala
de aula, mas que, em algunsmomentos, consegue dar algumas dicas para ele para ver se assim diminui as dificuldades
que ele vem apresentando para escrita.
O estudo começou a ser organizado com levantamento do documental que existia do aluno na escola e em casa.
Os documentos levantados foram:
- As avaliações mensais aplicadas durante os anos escolares.
- O portfólio do aluno contendo todas as atividades.
- Relato de reunião com a família contendo a rotina e a dinâmica familiar.
- Relato das observações durante as aulas em sala.
A organização de dados coletados pode ser realizada por meio de quadros. Os modelos de quadros para uso nos
estudos de casos seguem abaixo:
Quadro 1 – Dados da famíliaComposição familiar Idade Grau de escolaridade Vida profissional Estado
Socioeconômico
Mãe
Pai
Irmão
Caso em estudo
Irmã
Irmão
IrmãElaboração Shirley R. Maia, 2013.
Quadro 2 - Dinâmica familiar
Período da rotina Rotina da família Como participam os pais
Como participam os irmãos
Como participa o caso em estudo
Manhã
Tarde
Noite
Elaboração Shirley R. Maia, 2013.
Dados da escola
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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Quadro 3 - Dados das avaliações realizadas
Data da avaliação Dados da avaliação Dificuldades encontradas
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
6ª
7ª
8ª
Elaboração Shirley R. Maia, 2013.
Quadro 4- Dado do portfólio
Dados Atividades Participação do aluno Observação do professor
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
Elaboração Shirley R. Maia, 2013.
Quadro 5 – Relatos da observaçãoData de observação Atividades Comportamento
do aluno durante a atividade
Dificuldade apresentada pelo aluno
Ações do professor frente à dificuldade do aluno
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
6ªElaboração Shirley R. Maia, 2013.
A organização por quadros dá maior visibilidade dos dados para avaliação e busca de soluções em conjunto com
todos que estão envolvidos no processo.
Neste caso, a profissional responsável pelo levantamento do caso para organização de uma estratégia de atendimento,
após ter os dados coletados, poderá organizar as seguintes estratégias.
AÇÕES A SER REALIZADAS APÓS COLETAS DE DADOS
Quanto à orientação ao professor
- Organizou orientações esclarecedoras sobre como melhor organizar o portfólio, emvirtude de ter concluido que os
dados deste não estavam relatando as reais necessidadesdes do aluno em questão.
Modelo de sugestão: do portfólio.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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O que é o portfólio?
É uma coleção de dados, documentos eevidências de
aprendizagem, que precisa ser:
- Datada.
- Organizada.
- Planejada com objetivo.
- Revista sistemática e regularmente.
Ela “fotografa” o desenvolvimento do aluno num
determinado período de tempo.
Por que realizamos o portfólio?1. Documentar a aprendizagem do aluno.
2. Documentar o processo de ensino-aprendizagem
3. Documentar e não perder estratégias de ensino
eficientes e mais criativas.
4. Verificar e avaliar a implementação das intervenções
e o impacto no aluno.
O que são evidências de aprendizagem? - Trabalhados realizados pelo aluno.
- Gravações de diálogos: vídeo e áudio (quando
possível) de músicas de sua preferência, histórias etc.
- Fotografias de atividades que registram sua
participação.
- Registros de vídeos.
- Registros escritos elaborados pela família e pelos
profissionais que participam do processo educacional.
- Planejamentos de intervenções.
- Relatórios de avaliação.
O que queremos alcançar com o portfólio?- Auxiliar o aluno a tomar consciência e refletir sobre
sua aprendizagem.
- Ajudar o professor a escolher as atividades e as
estratégias de ensino e aprendizagem.
- Ajudar o professor em perspectiva e participação na
construção do projeto de vida do aluno.
- Ajudar o professor a partilhar com a família o percurso
de aprendizagem e o desenvolvimento de competências
do seu filho.
- Ajudar a família a acompanhar e compreender
o percurso de aprendizagem e o desenvolvimento de
competências do aluno.
- Ter no espaço escolar um registro do percurso do
aluno ao longo de um período de tempo.
Outro aspecto foi de orientar o professor a preencher
adequadamente os instrumentos, principalmente a ficha
de avaliação.
Com relação à famíliaFoi organizada uma rotina para auxiliar a mãe nas
atividades com os filhos e o lar e, quando necessário, no
apoio às atividades com o caso em questão.
Foi esclarecido para a mãe quais eram as reais
dificuldades do aluno e também feitos os encaminhamentos
para os exames necessários, visando ao atendimento dele.
Também foi explicado como a família poderia contribuir no
desenvolvimento do filho.
Com relação ao alunoFoi organizado um dicionário contendo as palavras do
vocabulário utilizado na sala de aula. A pesquisadora pediu
para a professora da sala organizar um espaço para ser o
de consulta com diferentes materiais - dicionário, livros
de histórias e jogos - para feedbackdos vocabulários que
estavam sendo utilizados no dia a dia.
Foi realizado encaminhamento para o neurologista
em virtude de o menino ter nascido prematuro e sofrido
alguns problemas durante o período de internação, o que
pode ocasionar a dificuldade de concentração.
Outro exemplo de estudo de caso.
Proposição de um casoPatrícia Souza (nome fictício) tem 13 anos e está
matriculada, atualmente, numa escola pública de ensino
regular. Também frequenta o Centro de Atendimento
Educacional Especializado em dois dias da semana por
duas horas,sendo bastante assídua às duas instituições
de ensino. Ela tem deficiência intelectual, provavelmente
desde a gestação. Patrícia reside com sua família no interior
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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de seu município. Sua mãe é dedicada às atividades diárias
da filha e de seu irmão mais novo, porém seu pai realiza
trabalhos provisórios, porque sua esposa acompanha seus
filhos em suas rotinas.
Na sala de aula do 7º ano do ensino regular, Patrícia
apresenta necessidades específicas nas atividades de leitura
e escrita para poder participar com sua turma das mesmas
atividades. Mesmo assim, seus professores relatam que
a aluna é assídua às aulas, calma, pinta bem, recorta,
faz colagem, porém sua comunicação com colegas ainda
é distante, a não ser com seu irmão ou quando alguém
se manifesta em sua direção.Os professores dizem sentir
dificuldades por não saber executar e realizar atividades
diante da necessidade específica de Patrícia.
Patrícia foi encaminhada para o Centro de Atendimento
Educacional Especializado no mesmo turno de sua
escola pela dificuldade de transporte escolar e facilidade
de realizar consultas médicas. No atendimento, são
desenvolvidas ações e estratégias que atendam às
necessidades específicas da aluna e outras iniciativas que
possibilitam a orientação da família e da escola.
Seus pais relatam que conhecem as necessidades de
sua filha, mas nem por isso aceitam vê-la sendo excluída
em algum lugar, porque a amam e desejam o melhor
possível para Patrícia.
Análise e clarificação do problemaNas entrevistas realizadas com a família e a escola,
as informações coletadas da mãe são de que Patrícia,
quando criança, era bastante agitada, pronunciava
algumas palavras que ao passar dos anos foi perdendo
sem que possa explicar o motivo. Ela descreveu a infância
de sua filha com muita emoção e detalhes e falou sobre
a dificuldade de colocá-la na escola por achar Patrícia
diferente das crianças de sua localidade e pelas barreiras
do preconceito de muitos profissionais. Em sua casa,
não pratica atividades domésticas por razões de sua
deficiência. Atualmente, Patrícia possui alguns amigos e
diverte-se melhor com eles. Gosta de brincar no quintal de
sua casa com alguns animais. Seus pais cuidam muito bem
de sua saúde, sendo assíduas as visitas médicas quando
necessário. Patrícia, diante de suas necessidades, é calma,
faceira e risonha.
Em relação à vida escolar, sempre frequentou o ensino
regular, sendo promovida todo ano.Seus professores não
demonstraram preocupação com sua aprendizagem.Eles
declararam que o mais importante para Patrícia era a sua
integração na sala, que pintava,gostava de rabiscar, fazia
bolinhas em seu caderno e, geralmente, levava atividades
para casa. Hoje, seus professores dizem que a aluna é
calma, sua coordenação fina é boa, sua lateralidade e
espacialidadenos momentos das atividades precisam ser
sempre orientadas,por isso,sua participação é mínima até
mesmo no momento do intervalo.Mas é perseverante em
sua escola regular.
Segundo Mantoan apud Cavalcanti (2007),“Inclusão é
o privilégio de conviver com as diferenças.” Patrícia e sua
família têm um privilégio de ser resistentesà exclusão e
acreditar que a educação é um direito de todos que precisa
ser respeitado.
As informações observadas pelo Centro de Atendimento
Educacional Especializado permitem constatar que Patrícia
tem necessidades relacionadas ao seu desenvolvimento
intelectual, em escrita, comunicação, oralidade e conceitos
matemáticos. Em sala de aula, demonstra atitudes de
dependência nas atividades, precisando de ajuda de seus
colegas, da iniciativa de seus professores, que precisam
de capacitações para acolher as necessidades específicas
dela. A família cuida bem de sua saúde, procurando
mantê-la sadia.
Santos (1995), afirma que “é preciso que tenhamos
o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a
diferença nos inferioriza”.
Por isso, Patrícia precisa de professores conscientes
do modo como atuam para promover e valorizar a
multiplicidade do processo de inclusão do ensino
regular, de duas professoras(titular e auxiliar) na sala
proporcionando-lhe uma boa socialização com a turma
e de tentativas que possibilitem a aprendizagem. O
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
13
Centro de Atendimento Educacional Especializado planeja
estratégias individuais e coletivas que estimulem o
desenvolvimento cognitivo oportunizando experiências
que promovam o desenvolvimento de suas funções
mentais e corporais,ajudando em sua família e na escola
na qual atualmente estuda.
Plano de Atendimento Educacional Especializado1. Caso:Patrícia, é uma pessoa com deficiência intelectual, está
na escola de Ensino Fundamental, 7º ano, turma A.
2. Objetivos:- Articular estratégias em conjunto com a professora
da sala de aula comum, promovendo juntas a autonomia e
independência da aluna.
- Desenvolver a coordenação motora por meio de
dinâmica como futebol, músicas, danças, brincadeiras
corporais, dramatizações, desenhos e pinturas livres.
- Desenvolver a leitura e a escrita com auxílio de
recursos pedagógicos.
- Desenvolver o raciocínio lógico com jogos educativos
diversos.
3. Organização do Atendimento: - Período de atendimento: agosto a setembro de 2011.
- Frequência: duas vezes por semana.
- Tempo de atendimento: 1h30.
- Composição do atendimento: individual e coletivo.
4. Atividades a ser desenvolvidas para o aluno: - Atividades de recorte, colagem em desenhos, pinturas,
desenhos, jogos simbólicos.
- Dramatizações, músicas, jogo da memória, associação
de imagens, letras e palavras.
- Assistir histórias em DVD, recontá-las e solicitar que a
aluna expresse seu entendimento e sua interpretação por
meio de gestos ou desenhos.
- Dinâmicas: danças, músicas com gestos para estimular
a sua integração e coordenação.
- Atividades no computador para desenvolver o
raciocínio lógico.
- Atividades diversificadas para trabalhar a escrita do
nome.
- Atividades com jogos pedagógicos diversos para
desenvolver aprendizagem da aluna.
5. Seleção de materiais a serem produzidos para o aluno:
- Jogos.
- Passaporte para comunicação.
- Cartões alfabéticos com desenhos e letras.
- Músicas (selecionadas).
6. Adequações de materiais:- Jogos simbólicos.
- Recursos pedagógicos.
- Cartões.
- DVD e CD.
7. Tipos de parcerias necessárias para aprimoramento doatendimento e daprodução de materiais:
- Professores da sala de aula regular.
- Coordenador pedagógico.
- Família.
- Colegas de classe.
- Fonoaudiólogo.
- Psicólogo.
- Psicopedagogo.
8. Profissionais da escola que receberão orientação do professor de A.E.E. sobre serviços e recursos oferecidos ao aluno:
- Professores de sala de aula.
- Orientador educacional.
- Profissionais da saúde.
- Colegas da turma.
9. Avaliação:A avaliação do plano será feita no decorrer do
atendimento por meio de fichas de acompanhamento
relacionando as mudanças constatadas de acordo com
as necessidades da aluna. Espera-se que, no decorrer do
desenvolvimento do plano de AEE, as necessidades de
Patrícia sejam atendidas e, em relação ao aspecto afetivo,
ela demonstre grande satisfação e motivação em participar
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
14
das atividades em sala de aula sozinha ou em parcerias
com seus colegas.
A coleta de dados para a descrição do caso pode
ser feita por meio de observações diretas, entrevistas,
gravações, avaliação escrita, análise de documentos,
pareceres pedagógicos e clínicos, entre outros.
MODELO DE ESTUDO DE CASOBaseado em Gomes, Poulin e Figueiredo, 2010
Nome: M. B. C.
A coleta de dados para a descrição do caso pode
ser feita por meio de observações diretas, entrevistas,
gravações, avaliação escrita, análise de documentos,
pareceres pedagógicos e clínicos, entre outros.
A. Informações referentes ao aluno: idade, série,
escolaridade, tipo de deficiência, outros. O aluno em
questão encontra-se na fase pré-linguística, o que dificulta
as informações precisas.
B - Informações colhidas do aluno:- O aluno gosta da escola? Sim.
- Tem amigos? Interage com os colegas da sala.
- Tem um colega predileto? Não.
- Quais as atividades que ele gosta mais de fazer?
Brincar com a bola.
- Que dificuldades ele tem para realizar suas tarefas?
Não consegue permanecer concentrado por muito tempo
sentado.
- Que apoio ele considera que seria bom para realizá-
las? Movimentos coativos mão sobre mão.
- A professora dá a ele atenção quando ele tem
necessidade? Sim.
- Por que ele acha importante vir à escola e estudar
nela? Ele manifesta sensações de desejo e sentimento de
prazer ao vir à escola por meio de gestos e risos.
- Está satisfeito com os apoios (material pedagógico
especializado, equipamentos, informática acessível,
intérprete, outros atendimentos) de que dispõe no
momento? A escola vem se empenhando para melhor
atender os alunos, embora esteja longe do ideal, mas
contamos com o apoio da equipe gestora e multidisciplinar.
- Desejaria ter outros? Quais? Sim, mas acessibilidade,
mais recursos.
C - Informações colhidas da escola:- 1 - Como o aluno participa e interage nas atividades
e espaços da escola? O aluno costuma participar das
atividades e do espaço da escola, porém sua interação é
bastante restrita.
- 2 - Das atividades propostas para a turma, quais
ele realiza com facilidade e quais ele não realiza ou
realiza com dificuldades? Por quê? Realiza com facilidade
organização da mochila e o lanche; dificuldade: sua higiene
pessoal. Por quê? Ainda está em fase de desenvolvimento
(construindo).
- 3 - Como é a participação do aluno nas atividades
propostas à sua turma? Participa das atividades
integralmente, parcialmente ou não participa?
Parcialmente.
- 4 - Quais são as necessidades específicas do aluno,
decorrentes da deficiência e impostas pelo ambiente
escolar? Necessidade de um ambiente adequado que
estimule sua independência favorecendo sua qualidade de
vida – autonomia.
- 5 - Que tipo de atendimento educacional e/ou clínico
o aluno já recebe e quais são os profissionais envolvidos?
Fono, psicóloga, psicopedagoga, pedagogo e educação
física, recreador. - 6 - O que ele espera e projeta para si como resultado
de sua vida escolar? Devido a o aluno estar no período pré-
linguístico, podemos colocar as expectativas da família.
- 7 - Como é esse aluno do ponto de vista social, afetivo,
cognitivo, motor, familiar e outros? Em termos social-
afetivos, está em processo de interação, dando respostas
aos contatos. Cognitivo: necessita continuar sendo
estimulado constantemente, com pistas de comunicação
por repetição e imitação. Motor: esta de acordo com seu
desenvolvimento, anda, corre, pula, sobe rampa etc.
Familiar: segundo o relato da mãe, vem respondendo às
expectativas de independência.
- 8 - Qual a avaliação que o professor de sala de aula
faz sobre o desempenho escolar desse aluno? Aluno vem
respondendo a contento de acordo com as atividades
propostas, necessitando continuar sendo estimulada
constantemente.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
15
- 9 - Quais as preocupações apontadas pelo professor
de sala de aula e quais os apoios que ele sugere para que
o aluno atinja os objetivos educacionais traçados para sua
turma? Neste momento, as preocupações são diversas em
função de falta de espaço e recursos adequados, os quais
irão colaborar para que os objetivos educacionais sejam
alcançados.
- 10 - Como a comunidade escolar percebe a interação
do aluno com seus colegas de turma? A aceitação do aluno
nos espaços da escola vem melhorando gradativamente.
- 11 - Quais as expectativas escolares do professor em
relação a esse aluno? Que ele desenvolva sua capacidade
de interação, socialização, independência e autonomia.
- 12 - Quais são as principais habilidades e
potencialidades do aluno, segundo esse professor? Correr,
subir na cadeira, banco, escadas, mesa, jogar bola, rolar.
- 13 - A escola dispõe de recursos de acessibilidade
para o aluno, tais como mobiliário, materiais pedagógicos,
informática acessível, outros? Quais os recursos humanos e
materiais de que a escola não dispõe e que são necessários
para esse aluno? Não, falta uma estrutura física adequada,
areia, parque, piscina, área verde. A escola não possui
mobiliário adequado, e o aluno ainda não tem acesso a
informática.
- 14 - Quem avaliou os recursos utilizados por esse
aluno? Eles atendem às suas necessidades? O professor e
a equipe multidisciplinar.
- 15 - Como é o envolvimento afetivo, social da turma
com o aluno? Bom, boa interação entre os colegas.
- 16 - Qual é a opinião da escola (equipe pedagógica,
diretor, professores, colegas de turma) sobre seu
desenvolvimento escolar? A escola acredita que o aluno
possa se desenvolver-se em todas as áreas física,
intelectual, cognitivos podendo ser autônomo e ter
qualidade de vida.
D. Informações colhidas da família:- Qual é a opinião da família sobre a vida escolar do
aluno? Segundo a mãe/avó, a vida escolar é necessária.
- A família se envolve com a escola? Participa de
reuniões, de comemorações entre outras atividades da
escola? Comparece quando solicitada a reuniões.
- Tem consciência dos direitos de seu filho à educação
inclusiva? Exige a garantia de seus direitos? Sim, além de
exigir, conhece também.
- A família identifica habilidades, necessidades e
dificuldades na vida pessoal e escolar do aluno? Quais?
Não.
- Quais as expectativas da família com relação ao
desenvolvimento e escolarização de seu filho? Que ele
consiga ser alfabetizado.
E - Observações gerais importantes para o professor e comunidade escolar: Não ficar apenas em
teorias, mas praticá-la com novas experiências e trocar
essas experiências com outros profissionais.
F- Proposta de intervenção baseada nas aulas do curso:
- Objetivos: Desenvolver as habilidades básicas da vida
diária com relação ao banho.
- Metas: Comunicação gestual e independência. Obter
o hábito de tomar banho de forma independente.
- Atividades: aprender a tomar o banho de forma
independente em casa e na escola.
- Recursos necessários: No banheiro: espelho, chuveiro,
toalha, sabonete, shampoo, pente e a roupa para se trocar.
- Quem participará do programa? Pedagogo/professor,
família, equipe multifuncional, instrutora surda, ADI.
- Como será a avaliação? Pela observação constante e
acompanhamento de todo o processo de banho diário e
relatório descritivo.
RelatórioO aluno, segundo o diagnóstico, apresenta deficiências
múltiplas, deficiência auditiva, perda auditiva severa e
profunda bilateral. Déficit visual, catarata congênita com
microftalmia.
Segundo a avó, que é responsável por ele, a mãe
contraiu rubéola na gestação. Ele prontifica-se para vir à
escola demonstrando prazer ao pegar a mochila, realiza
atividades em grupo, mas precisa aprender regras sociais
de estar junto com outras pessoas. Suas atividades
preferidas: jogar bola, rolar pneus, correr e tomar banho
de piscina.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
16
Tem dificuldade de realizar atividades que exijam
concentração, só as realiza com apoio individual da
professora. Atividade de vida diária na busca de sua
autonomia. Escovação, banho e sua higiene pessoal.
Apresenta habilidades em jogar bola e descer e subir
escadas.
No espaço da escola, o aluno participa e interage em
algumas atividades com restrição. Das atividades propostas
para a turma, realiza com facilidade a organização da
mochila e o lanche e sente dificuldade na higiene pessoal.
Participa de algumas atividades parcialmente,
necessitando de um ambiente escolar com adaptações
com sinalizações para favorecer sua autonomia.
Hoje no C., o aluno é atendido por uma professora
pedagoga na sala, fono, psicóloga, psicopedagoga,
professora recreadora, ADI e instrutor surdo e assistente
social.
Quanto à família, esta apresenta muita expectativa.
O aluno encontra-se no processo de interação social e
afetiva.
Seu cognitivo necessita continuar sendo estimulado
constantemente, no aspecto motor está de acordo com a
sua faixa etária. Para a família, o aluno vem respondendo
às expectativas a independência.
Em relação ao desempenho em sala de aula, a
professora coloca que o desenvolvimento do aluno está
caminhando, mas precisa continuar sendo estimulado
constantemente.
No momento a professora coloca que a falta de espaço
adaptado, mobiliário adequado, parque, área verde, bem
como os poucos recursos que tem, são preocupantes para
que o aluno seja mais bem atendido.
O educando vem sendo aceito pela comunidade escolar
gradativamente, e a professora trabalha para que sua
capacidade de interação, socialização, independência e
autonomia seja alcançada.
Hoje, suas habilidades que mais se destacam são jogar
bola, correr, explorar objetos visualmente e de forma
tátil. O aluno foi avaliado pela professora e pela equipe
multidisciplinar do CEDDA.
O envolvimento afetivo e social do aluno com a turma
é bom. Apresenta uma boa interação, pois não há conflito
entre eles. Todos os envolvidos da escola com esse trabalho
acreditam que o aluno possam se desenvolver em todas as
áreas, física, intelectual, cognitiva, podendo melhorar sua
qualidade de vida e sua autonomia.Para a família, mais
precisamente para a mãe/avó, a vida escola é necessária.
A família vai à escola sempre que é solicitada para
reuniões. Ela tem consciência em relação aos direitos do
seu filho e exige que eles sejam respeitados.
A mãe/avó espera que seu filho seja alfabetizado pela
escola.
É importante que esse trabalho não fique apenas nas
teorias, mas que se edifique também na prática.
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO ESTUDO DE CASO
O psicopedagogo tem fundamental importância no
estudo de caso, principalmente na equipe durante as
decisões para dar condições e oportunidades para alunos
ou pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem
pelos mais diferentes causas: físicas, neurológicas,
emocionais e psíquicas.
O psicopedagogo que vai realizar as avaliações
diretamente com a pessoa vai também estar em contato
com a família para levantamento do que ocorre no
cotidiano dela.Quando não há uma equipe e somente o
atendimento desse profissional, é ele quem vai buscar as
parcerias e os encaminhamentos necessários para atender
às necessidades dessas pessoas.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
17
No trabalho educacional, o psicopedagogo vai apoiar diretamente as atividades dos professores da sala de aula e, no
atendimento clínico, em parceria com o psicólogo ou até mesmo o neurologista e o psiquiatra, vai apoiar o tratamento
e o acompanhamento com a família.
Com os alunos com deficiência que apresentam dificuldades de aprendizagem, o psicopedagogo precisa atuar
também em parceria, em colaboração com a nova perspectiva de educação inclusiva, com o professor do Atendimento
Educacional Especializado, visando ao acompanhamento no processo de inclusão.
Nos trabalhos com pessoas com deficiência que apresentam dificuldades de aprendizagem e também não falam, o
papel do psicopedagogo é buscar, em conjunto com os professores, o desenvolvimento da comunicação para eliminar
uma das barreiras para conseguir ter um processo de aprendizagem adequado.
Seguem alguns modelos de documentos para apoiar o trabalho com pessoas com deficiência que não falam. Aspectos para avaliar
Porque é importante avaliar estes aspectos
O que vamos observar Aspectos relevantes durante a avaliação
Estado biocomportamental
Quando a criança ou jovem está alerta de uma forma calma ou ativa, isso significa que ela está mais disponível para aprendizagem.
Qual o estado de alerta da criança/jovem.Quais os fatores/estímulos que influenciam os estados biocomportamentais da criança ou jovem.Quanto tempo a criança ou jovem consegue estar em alerta de uma forma calma ou ativa.Se a criança/jovem consegue controlar o seu estado biocomportamental.
A quantidade de estímulos existentes no ambiente pode influenciar os estados biocomportamentais.Quando o ambiente está calmo, a criança/jovem tende ficar menos em alerta e vice e versa.Os níveis mais altos e os mais baixos de excitação dependem muito dos problemas internos da criança/jovem.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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Res
post
a a
estí
mul
os
Resp
osta
s or
ient
adas
Ajuda a coletar informações relevantes sobre a forma como a criança/jovem obtém a informação do mundo que a rodeia.É importante perceber como a criança/jovem usa os órgãos dos sentidos para adquirir a informação.É importante compreender como a criança/jovem responde aos estímulos que recebe dos ambientes.
Qual ou quais são os órgãos dos sentidos que a criança/jovem utiliza (visão, audição, tato, olfato, paladar, vestibular, cinestésico, proprioceptivo) para receber a informação (canais envolvidos na exibição das respostas).Quais são os estímulos que conduzem as respostas.Quais são os estímulos que mais motivam a dar uma resposta.Como é que a criança/jovem responde aos estímulos provenientes do ambiente e das pessoas.Se os estímulos provenientes do ambiente e das pessoas são capazes de ajudar a criança/jovem a dar respostas.
A intensidade da resposta é determinada pelo estado biocomportamental.Quando a criança/jovem está em alerta de uma forma calma ou ativa, é muito provável responder aos estímulos.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
19
Resp
osta
a e
stím
ulos
Hab
ituaç
ão
Essa capacidade informa sobre o modo como a criança/jovem processa a informação recebida.
Se a criança/jovem está recebendo e processando a informação, como utiliza os canais sensoriais para processá-la e quais comportamentos apresenta demonstrando que está recebendo e processando.
Checar sempre se o ambiente não está favorecendo a interpretação, ou mesmo se a pessoa que está realizando a avaliação está interpretando da forma correta a intenção comunicativa da pessoa. Oprocessamento adequado da informação sensorial é fundamental para:Desenvolvimento emocional.Relação social.Interações físicas.Habilidades cognitivas.
Memórias e antecipação de rotinas
Dá informação sobre as capacidades de memória da criança/jovem.Dá informação sobre as capacidades de antecipação de atividades ou rotinas que a criança/jovem tem.
Se a criança/jovem consegue diferenciar as pessoas conhecidas das desconhecidas.Se a criança/jovem consegue compreender que as coisas existem mesmo quando não estão presentes.Se a criança/jovem reage quando o acontecimento não acontece como o previsto.Se a criança/jovem é capaz de antecipar atividades ou rotinas significativas.Se a criança/jovem consegue aprender uma rotina simples e se mais tarde se lembra dela.Se a criança/jovem demonstra saber usar funcionalmente os objetos.
Para avaliar essa capacidade, é necessário existir uma rotina que ocorra com frequência.É importante que as pessoas que conhecem essa criança saibam as rotinas a que ela frequentemente estáexposta.
Com
unic
ação
Inte
raçõ
es S
ocia
is
É fundamental saber como é que a criança/jovem interage socialmente com os seus pares e com os adultos.É com base no estabelecimento de uma relação afetiva segura que a criança/jovem sente curiosidade para explorar o ambiente no qual está.
Se a criança/jovem consegue “pegar a vez”, ou seja, se ela espera o parceiro realizar a ação e depois faz em resposta à ação ao adulto ou ao parceiro de comunicação.Quantos turnos (minha vez sua vez, ou seja, ele intercala com a pessoa que está se relacionando) é capaz de tomar antes de se desinteressar da interação.Se a criança/jovem consegue iniciar, manter ou terminar uma interação.Quais são os parceiros com quem interage.
É importanteque o adulto se coloque na posição de parceiro, que demonstre que está interessado na relação e que entendeu e que motive a pessoa para responder.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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Com
unic
ação
Capa
cida
des
Com
unic
ativ
as
É essencial saber como ocorre e como a criança/jovemse comunica, dada a importância que a capacidade tem na aprendizagem.
Se a criança/jovem demonstra ter interação comunicativa.Quais são as formas de comunicação que usa para receber a informação e quais são as formas que usa para se expressar.Quais são as razões (funções/intenções) pelas quais comunica.Se é capaz de fazer escolhas.
É preciso existir oportunidades para que a criança/jovem possa se comunicar.A criança/jovem precisa sentir a necessidade de comunicar-se e de ter razões para fazê-lo.
Resolução de problemas Essa capacidade envolve como a pessoa com deficiência consegue ter um comportamento com relação a todos os aspectos anteriormente citados.
Se a criança/jovem tenta repetir acontecimentos significativos, se procura adquirir objetos desejados.Se a criança/jovem demonstra compreender relações de causa e efeito.Se a criança/jovem usa os adultos ou os objetos para alcançar os seus desejos.Como resolve situações problemáticas.
Para avaliar essa capacidade, é necessário envolver a criança/jovem em todos os passos da atividade e criar situações nas quais ela tenha oportunidades para resolver situações problemáticas, mesmo que muito simples.
Tabela organizada por Shirley R. Maia (2013) com base em Nelson; Van Dijk, 1998 apud Amaral et al, 2004.
É muito importante que o psicopedagogo saiba como fazer uma avaliação em crianças com deficiência sem
comunicação oral. Para tanto, é importante conhecer as funções comunicativas e utilizá-las durante o processo de
avaliação ou de atuação direta, bem como orientar os familiares e as professoras para melhor atuação.
MODELO DE FUNÇÕES COMUNICATIVAS PARA TRABALHAR COM CRIANÇAS OU JOVENS SEM COMUNICAÇÃO ORAL
A figura nº5 apresenta algumas funções comunicativas e como podem ser interpretadas ou mesmo motivadas para
respostas.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
21
Para realização de entrevista com as famílias de crianças que não têm comunicação oral.Ficha decondutas da comunicação
Fonte: Título original: Las conductas de la comunicación.Apostila do acervo do Centro de Recursos da SENSE, Novembro/2004. Tradução, adaptação e revisão para o português Lilia Giacomini e Shirley Rodrigues Maia, Agosto/2006.
NOME: _________________________________________________
DATA DE NASCIMENTO: ______/_______/_________
IDADE: _______________
Explique brevemente como ocorrem (ou ocorreram) com seu filho(a) os seguintes comportamentos:
Como seu filho(a) faz para mostrar o que deseja? _____________________________________________________
__________________________________________________________________________________
O que acontece com seu filho (a) se ele(a) não consegue ter o que deseja? _______________________________
_______________________________________________________________________________________________
_________
Como ele (a) indica que quer mais? _______________________________________________________________
___________________________________________
Como ele (a) indica que não quer mais? ____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Com que objetos/brinquedos brinca usualmente? _____________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
22
Como utiliza esses brinquedos/objetos? ____________________________________________________________
____________________________________________________________________________
De que atividades ou programas de estimulação ele (a) participa e gosta? _________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______
Que palavras você acredita que ele(a) entende? ______________________________________________________
______________________________________________________________________________
Você acredita que ele (a) compreende seu tom de voz? ________________________________________________
__________________
Como é a reação do seu filho(a) quando alguém desconhecido fica próximo ou fala com ele(a)? _______________
_______________________________________________________________________________________________
_________________________
Qual a reação de seu filho (a) quando uma música ou um som cessa ou quando lhe tiram algum brinquedo? _____
_______________________________________________________________________________________________
___________________________________
Qual a posição em que ele (a) necessita estar para realizar certas atividades? ______________________________
_______________________________________________________________________________________________
__________
Consegue produzir balbucios, palavras ou alguns sons de forma consistente? _______________________________
_____________________________________
Faz gestos com frequência no seu diaadia? __________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Esses materiais e instrumentos permitem ao psicopedagogo acompanhar os casos de alunos sem comunicação oral
e organizar planos de atendimento e orientação a professores, familiares e outros profissionais.
Outro aspecto importante para o psicopedagogo é lembrar-se de como ocorre o processamento sensorial na criança.
Até os sete anos, o cérebro é primordialmente uma máquina de processamento sensorial. Isso significa que sente as
coisas e aprende seu significado diretamente das sensações. Uma criança não tem muitos pensamentos ou conceitos
sobre as coisas: ela aprende das sensações que as coisas produzem e do movimento de seu corpo com relação a elas.
Suas respostas adaptativas são mais de tipo muscular ou motora do que mentais.
Por isso, os primeiros sete anos de vida são chamados os anos do desenvolvimento sensório-motor. À medida que a
criança cresce, muitas de suas respostas e atividades motoras são substituídas por comportamentos mais elaborados,
mas na base está um desenvolvimento sensório-motor adequado.
Antes de aprender a ler, a criança precisa ter tido uma adequada maturação dos sistemas sensoriais básicos e das
áreas de integração sensorial, já que essa ação requer um processamento complexo das sensações provenientes dos
olhos, dos músculos oculares, do pescoço e do sistema vestibular, que se encontra no ouvido interno.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
23
Quando a capacidade de integração sensorial do
cérebro é suficiente para fazer frente às demandas do
meio ambiente, a criança consegue responder eficiente,
criativa e satisfatoriamente. Quando isso acontece, a
criança diverte-se, ganha segurança em si mesma e é feliz.
O ser humano foi criado para aproveitar e obter prazer
e gratificação de tudo o que promova o desenvolvimento
do seu cérebro (a orientação primária do ser humano é
em direção ao prazer). Por isso, buscamos naturalmente
as sensações que nos ajudam a consegui-lo.
O papel em especial do psicopedagogo é apoiar as
famílias das pessoas com deficiência que não se comunicam
por comunicação oral e de empoderá-los a saber como
realizar as atividades de forma mais adequada possível.
Seguem algumas sugestões de como dar orientações
aos familiares:
- A criança com mais de uma deficiência representa
um grande desafio para a família. Foi demonstrado que
muitas delas podem obter grandes progressos se suas
necessidades forem adequadamente satisfeitas. Cada
criança possui necessidades diferentes, e os programas
devem ser desenvolvidos baseando-se na crença de que
cada uma tem capacidade de crescer e aprender. É muito
normal que os pais se sintam angustiados e desorientados;
por esse motivo, você pode ter a tendência de proteger
muito seu filho. Não se preocupe em cometer erros; é
melhor tentar fazer algo do que nunca arriscar. Se algo
que você tentar realizar com seu filho não funcionar, tente
fazer de outra maneira.
- Evite proteger muito seu filho. Passeie com ele para
que possa tocar, escutar, cheirar, provar e “ver”.
- Movimente, segure no colo e abrace o seu filho;
incentive os outros membros da família ou amigos a fazer
o mesmo.
- Ajude seu filho a formar uma ideia positiva de si mesmo,
permitindo que ele tome decisões e que experimente ter
sucesso.
- Estimule todos os seus sentidos – tato, paladar,
ouvido, olfato e visão – de maneira que eles sejam parte
das atividades da vida diária da criança.
- Trate de desencorajar maneirismos repetitivos ou sem
nenhum sentido, tais como esfregar os olhos ou balançar-
se, e incentive-o a desenvolver condutas positivas,
tais como pegar um brinquedo para eliminar a conduta
indesejada.
- Trate de encontrar movimentos, alimentos ou
brinquedos de que seu filho goste. Utilize os que lhe dão
prazer para motivá-lo.
- Deixe que seu filho experimente diferentes texturas
(grama, areia, piso de cimento ou madeira), diferentes sons
(aspirador, música variada, ruídos em centros comerciais
cheios), diferentes temperaturas (espaguete quente ou
gelatina fria) ou diferentes sabores (requeijão, pizza ou
verduras). Se seu filho não quiser algo, deixe passar algum
tempo antes de tentar de novo, até que ele gradualmente
vá se acostumando com a mudança. Lembre-se de que,
em geral, qualquer mudança é extremamente difícil para
uma criança com deficiênciasmúltiplas, mas os benefícios
que o fato de ir ajudando-a a tolerar as coisas em geral
acarretam permitirão que ela vá aprendendo mais sobre o
mundo que a rodeia.
- Motive-o a desenvolver as habilidades da linguagem,
dizendo ao seu filho o que está acontecendo à sua volta,
identificando os sons do seu ambiente e nomeando objetos
que ele estiver segurando em suas mãos (mas lembre-se
de dar a ele um só objeto por vez, para que a tarefa seja
mais fácil).
- Você também pode combinar que seu filho brinque
regularmente com as crianças de outras famílias, para que
ele possa mais facilmente aceitar pessoas que não sejam
parentes.
- Permita que seus outros filhos possam expressar
sentimentos positivos e negativos. Permita que eles se
sintam bravos ou ciumentos e que possam reconhecer que
é difícil ter um irmão deficiente.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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Recompense você mesma pelas horas de trabalho
duro; procure ajuda na forma de recursos ou de pessoas
que possam substituí-la quando precisar e viva um dia por
vez.
Atuação do Psicopedagogo no Estudo de Caso
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REFERÊNCIAS
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Portugal, 2004.
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sobre Desenho Universal da Aprendizagem. Projeto Hilton
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técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
RODRIGUES, David. Intervenção baseada na evidência. Newsletter da Associação Nacional de
Docentes da Educação Especial, nº 41, Almada (Portugal),
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SANTOS, Boaventura de Souza. Entrevista com Jurandir Malerba. Disponível em: http://www.dhi.
uem.br/jurandir/jurandir boaven1.htm, 1995. Acesso em
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