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O BRASIL E O MUNDO GLOBALIZADO GLOBALIZAÇÃO O que é Globalização Definição Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. O que a globalização apresenta para uma sociedade não são somente produtos, mas sim idéias quanto ao mercado, à democracia, à educação, à família, à sexualidade, ao trabalho, lazer, etc. Esferas da Globalização Econômica Globalização Comercial A globalização comercial consiste na integração dos mercados nacionais por meio da diminuição das barreiras comerciais e, conseqüentemente, do aumento do comércio internacional. Se o crescimento do comércio mundial der-se a uma taxa de crescimento média anual mais elevada do que a do PIB mundial podemos afirmar que há globalização comercial: maior internacionalização da produção via comércio de bens e serviços e maior grau de abertura das economias Globalização Financeira Modificou o papel do Estado na medida em que alterou radicalmente a ação governamental, que agora é dirigida quase exclusivamente para tornar possível às economias nacionais desenvolverem e sustentarem condições estruturais de competitividade em escala global. Faz-se através da intercomunicação dos mercados de capitais acelerando a velocidade na alocação do capital (smart money). Se por um lado, a mobilidade dos fluxos financeiros através das fronteiras nacionais pode ser vista como uma forma eficiente de destinar recursos internacionais e para países emergentes, por outro, a possibilidade de usar os capitais de curto prazo para ataques especulativos contra moedas são considerados como uma nova forma de ameaça à estabilidade econômica dos países. Globalização Produtiva Fenômeno mundial associado a uma revolução nos métodos de produção que resultou numa mudança significativa nas vantagens comparativas das nações. As fases de produção de uma determinada mercadoria podem ser realizadas em qualquer país, pois busca-se aquele que oferecer maiores vantagens econômicas. Isto tem levado a uma acirrada competição entre países - em particular aqueles em desenvolvimento - por investimentos externos. Globalização Tecnológica A revolução tecnológica levou à chamada economia digital e à idéia de que o saber é o principal recurso de uma nação teríamos entrado na chamada ―era da informação‖. O surgimento da Internet leva a uma mudança radical na produção e na comercialização de bens e serviços, tendo efeitos tanto sobre a relação de uma empresa com seus fornecedores quanto com seus consumidores. As empresas transnacionais se aproveitam desse contexto e se fortalecem, planejando suas ações com o objetivo de vender para o mercado global. A globalização tecnológica não atinge toda a superfície terrestre, embora altere a dinâmica econômica e social da maior parte dos países. Se a produção de chips e de computadores, o controle dos serviços e equipamentos de telecomunicações e a fabricação de remédios estão nas mãos de algumas poucas grandes empresas multinacionais, também o consumo desses produtos e serviços encontra-se concentrado nos países desenvolvidos. Empresas Multinacionais e Transnacionais Muitos autores adotam as expressões multinacionais e transnacionais como sinônimos. Outros, no entanto, consideram diferenças peculiares entre elas, a saber: Multinacionais são empresas que mantêm filiais em vários países do mundo, comandadas a partir de uma sede situada no país de origem. Transnacionais são empresas cujas filiais não seguem as diretrizes da matriz, pois possuem interesses próprios e às vezes conflitantes com os do país no qual se originaram. Ou ainda, são aquelas empresas que procuram se adaptar às singularidades e à cultura local do país onde se encontram instaladas. Origens da Globalização e suas características A segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX podem ser consideradas uma etapa da história da humanidade de uma dinâmica de transformações significativas: o término das revoluções burguesas, início das revoluções socialistas (Rússia em 1917); o surgimento das potências emergentes como os EUA, o Japão e a Rússia, em concorrência com os impérios europeus, principalmente com o Império britânico; os avanços tecnológicos que aumentam a produção, a produtividade e a diversidade industrial, acelerando o consumismo com um aumento na exploração dos recursos naturais seguido de uma enorme degradação ambiental; com a formação de mercados consumidores no Terceiro Mundo; expansão e posterior esgotamento da fase neocolonial, modificando de forma drástica a forma de produção e, por conseqüência, a realidade sociocultural dos povos africanos, americanos e da Ásia. A disputa pela hegemonia mundial provoca a Primeira Guerra, a primeira revolução socialista vitoriosa na Rússia, seguida da crise de superprodução do sistema capitalista em 1929 e chega ao auge com a Segunda Guerra Mundial terminando, assim, com a fase do capitalismo industrial e iniciando o que hoje classificamos de capitalismo financeiro. Estas mudanças alteram as relações internacionais de forma radical quanto ao seu eixo de comando, onde a "Nova Roma" (EUA) substitui os impérios europeus. Para que isto ocorresse, os EUA precisavam de novas formas de parceria como também de novas entidades internacionais que através de suas ingerências, transformassem os princípios da "Doutrina Monroe" (o comando da América), para a "Doutrina Truman", assumindo o comando mundial. Conferência de Bretton Woods (1944) Reunião cujo objetivo principal era restabelecer uma ordem monetária internacional de acordo com a nova realidade nas relações de poder do pós-Segunda Guerra Mundial. Havia a necessidade de se definir as novas regras para regular as relações econômicas e comerciais entre os países. Um dos efeitos práticos do ―sistema Bretton Woods‖ foi a estipulação do dólar americano com moeda internacional. Pode-se dizer que esta conferência foi o "pontapé inicial" para que fossem surgindo novas organizações mundiais para atenderem aos interesses da superpotência norte-americana. Banco Mundial (1944) No início, tinha como missão financiar a reconstrução dos países devastados na 2º Guerra Mundial e fortalecer o capitalismo. Hoje, sua missão é financiamento e empréstimos aos países em desenvolvimento. Seu funcionamento é garantido por quotizações definidas e reguladas pelos países membros. Atualmente é composto por 184 países membros com sede em Washington. O Banco Mundial é dividido em quatro organizações para atuação de acordo com objetivos específicos, mas que no fundo se complementam. Dentre elas, o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento é o mais ligado ao Brasil, pois atua diretamente com os governos dos países em desenvolvimento com bons antecedentes de crédito, facilitando para que adquiram credibilidade no Mercado Internacional e fazendo a intermediação entre o Mercado Financeiro Internacional. Atualidades

Atualidades2012 - Abin

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O BRASIL E O MUNDO GLOBALIZADO GLOBALIZAÇÃO O que é Globalização – Definição Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. O que a globalização apresenta para uma sociedade não são somente produtos, mas sim idéias quanto ao mercado, à democracia, à educação, à família, à sexualidade, ao trabalho, lazer, etc. Esferas da Globalização Econômica Globalização Comercial A globalização comercial consiste na integração dos mercados nacionais por meio da diminuição das barreiras comerciais e, conseqüentemente, do aumento do comércio internacional. Se o crescimento do comércio mundial der-se a uma taxa de crescimento média anual mais elevada do que a do PIB mundial podemos afirmar que há globalização comercial: maior internacionalização da produção via comércio de bens e serviços e maior grau de abertura das economias Globalização Financeira Modificou o papel do Estado na medida em que alterou radicalmente a ação governamental, que agora é dirigida quase exclusivamente para tornar possível às economias nacionais desenvolverem e sustentarem condições estruturais de competitividade em escala global. Faz-se através da intercomunicação dos mercados de capitais acelerando a velocidade na alocação do capital (smart money). Se por um lado, a mobilidade dos fluxos financeiros através das fronteiras nacionais pode ser vista como uma forma eficiente de destinar recursos internacionais e para países emergentes, por outro, a possibilidade de usar os capitais de curto prazo para ataques especulativos contra moedas são considerados como uma nova forma de ameaça à estabilidade econômica dos países. Globalização Produtiva Fenômeno mundial associado a uma revolução nos métodos de produção que resultou numa mudança significativa nas vantagens comparativas das nações. As fases de produção de uma determinada mercadoria podem ser realizadas em qualquer país, pois busca-se aquele que oferecer maiores vantagens econômicas. Isto tem levado a uma acirrada competição entre países - em particular aqueles em desenvolvimento - por investimentos externos. Globalização Tecnológica A revolução tecnológica levou à chamada economia digital e à idéia de que o saber é o principal recurso de uma nação – teríamos entrado na chamada ―era da informação‖. O surgimento da Internet leva a uma mudança radical na produção e na comercialização de bens e serviços, tendo efeitos tanto sobre a relação de uma empresa com seus fornecedores quanto com seus consumidores. As empresas transnacionais se aproveitam desse contexto e se fortalecem, planejando suas ações com o objetivo de vender para o mercado global. A globalização tecnológica não atinge toda a superfície terrestre, embora altere a dinâmica econômica e social da maior parte dos países. Se a produção de chips e de computadores, o controle dos serviços e equipamentos de telecomunicações e a fabricação de remédios estão nas mãos de algumas poucas grandes empresas multinacionais, também o consumo desses produtos e serviços encontra-se concentrado nos países desenvolvidos. Empresas Multinacionais e Transnacionais Muitos autores adotam as expressões multinacionais e transnacionais como sinônimos. Outros, no entanto, consideram diferenças peculiares entre elas, a saber:

Multinacionais – são empresas que mantêm filiais em vários países do mundo, comandadas a partir de uma sede situada no país de origem. Transnacionais – são empresas cujas filiais não seguem as diretrizes da matriz, pois possuem interesses próprios e às vezes conflitantes com os do país no qual se originaram. Ou ainda, são aquelas empresas que procuram se adaptar às singularidades e à cultura local do país onde se encontram instaladas. Origens da Globalização e suas características A segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX podem ser consideradas uma etapa da história da humanidade de uma dinâmica de transformações significativas: o término das revoluções burguesas, início das revoluções socialistas (Rússia em 1917); o surgimento das potências emergentes como os EUA, o Japão e a Rússia, em concorrência com os impérios europeus, principalmente com o Império britânico; os avanços tecnológicos que aumentam a produção, a produtividade e a diversidade industrial, acelerando o consumismo com um aumento na exploração dos recursos naturais seguido de uma enorme degradação ambiental; com a formação de mercados consumidores no Terceiro Mundo; expansão e posterior esgotamento da fase neocolonial, modificando de forma drástica a forma de produção e, por conseqüência, a realidade sociocultural dos povos africanos, americanos e da Ásia. A disputa pela hegemonia mundial provoca a Primeira Guerra, a primeira revolução socialista vitoriosa na Rússia, seguida da crise de superprodução do sistema capitalista em 1929 e chega ao auge com a Segunda Guerra Mundial terminando, assim, com a fase do capitalismo industrial e iniciando o que hoje classificamos de capitalismo financeiro. Estas mudanças alteram as relações internacionais de forma radical quanto ao seu eixo de comando, onde a "Nova Roma" (EUA) substitui os impérios europeus. Para que isto ocorresse, os EUA precisavam de novas formas de parceria como também de novas entidades internacionais que através de suas ingerências, transformassem os princípios da "Doutrina Monroe" (o comando da América), para a "Doutrina Truman", assumindo o comando mundial. Conferência de Bretton Woods (1944) Reunião cujo objetivo principal era restabelecer uma ordem monetária internacional de acordo com a nova realidade nas relações de poder do pós-Segunda Guerra Mundial. Havia a necessidade de se definir as novas regras para regular as relações econômicas e comerciais entre os países. Um dos efeitos práticos do ―sistema Bretton Woods‖ foi a estipulação do dólar americano com moeda internacional. Pode-se dizer que esta conferência foi o "pontapé inicial" para que fossem surgindo novas organizações mundiais para atenderem aos interesses da superpotência norte-americana. Banco Mundial (1944)

No início, tinha como missão financiar a reconstrução dos países devastados na 2º Guerra Mundial e fortalecer o capitalismo. Hoje, sua missão é financiamento e empréstimos aos países em desenvolvimento. Seu funcionamento é garantido por quotizações definidas e reguladas pelos países

membros. Atualmente é composto por 184 países membros com sede em Washington. O Banco Mundial é dividido em quatro organizações para atuação de acordo com objetivos específicos, mas que no fundo se complementam. Dentre elas, o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento é o mais ligado ao Brasil, pois atua diretamente com os governos dos países em desenvolvimento com bons antecedentes de crédito, facilitando para que adquiram credibilidade no Mercado Internacional e fazendo a intermediação entre o Mercado Financeiro Internacional.

Atualidades

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Fundo Monetário Internacional (FMI - 1945) Assume a responsabilidade de acompanhar, fiscalizar e exigir o cumprimento das medidas impostas pelo BIRD. Busca evitar que desequilíbrios nos balanços de pagamentos e nos sistemas cambiais dos países membros possam prejudicar a expansão do comércio e dos fluxos de capitais internacionais. O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar desequilíbrios no balanço de pagamentos. Além disso, planeja e monitora programas de ajustes estruturais e oferece consultoria aos países membros. A Organização Mundial do Comércio (OMC/WTO - 1995) Entidade internacional, hoje formada por 153 países. Sua missão é criar regras para o comércio entre seus aderentes, segundo o princípio da liberalização, no qual não devem existir barreiras (como impostos de importação) para a compra e a venda de produtos, não importa qual seja sua origem. Portanto, busca a redução dos obstáculos ao intercâmbio comercial, a elaboração de um código de normas comerciais, bem como atuar como um instrumento de ação internacional no campo do desenvolvimento do comércio. Regras - As leis da OMC são negociadas entre seus membros. Todos têm poder de voto igual. Os acordos são feitos nas rodadas de negociação (as famosas ―Rodadas de Doha‖).

Protecionismo - Os países ricos gastam bilhões de dólares em subsídios e impõem taxas de importação, cotas e restrições. As demais nações também buscam proteger ramos de sua economia sensíveis à competição externa. Disputas enquanto não se chega a um acordo sobre os subsídios, os membros da OMC podem usar as regras já acordadas para se proteger. Se não houver um acordo, pode-se iniciar um processo. Caso

perca, o réu deve acatar a sentença da OMC, ou sujeitar-se a retaliações econômicas no mesmo valor do prejuízo causado. Vitórias do Brasil na OMC - Dos 25 principais processos que já iniciou, o país teve ganho total ou parcial em todos. As maiores vitórias foram na agricultura (açúcar, soja, suco de laranja), pecuária (carne bovina), aviação (Embraer) e metalurgia. O Consenso de Washington e o Neoliberalismo (1989) Conjunto de medidas formulado em novembro de 1989 por economistas de instituições financeiras baseadas em Washington, como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista John Williamson, e que se tornou a política oficial do FMI em 1990, quando passou a ser "receitado" para promover o "ajustamento macroeconômico" dos países em desenvolvimento que passavam por dificuldades. Foi usado ao redor do mundo para consolidar o receituário de caráter neoliberal na onda mundial que teve sua origem no Chile de Pinochet nos anos 70, sob orientação dos “Chicago Boys” e posteriormente na Inglaterra de Margareth Thatcher e pelos Estados Unidos de Ronald Reagan nos anos 80. O FMI passou a recomendar essas medidas nos países emergentes, durante a década de 90, como sendo uma fórmula infalível, destinada a acelerar seu desenvolvimento econômico. As regras básicas do Neoliberalismo: 1. Disciplina fiscal 2. Redução dos gastos públicos 3. Reforma tributária 4. Juros de mercado 5. Câmbio de mercado 6. Abertura comercial 7. Investimento estrangeiro direto 8. Privatização das estatais 9. Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e

trabalhistas e do controle de capital especulativo)

Fórum Econômico Mundial (FEM) x Fórum Social Mundial (FSM) O FEM é uma reunião anual em janeiro entre executivos-chefe das corporações mais ricas do mundo, alguns líderes políticos nacionais (presidentes, primeiros ministros e outros) e intelectuais e jornalistas seletos - em torno de 2.000 pessoas no total - que geralmente acontece em Davos, Suíça. O FEM tem status de consultor da ONU e é considerado o representante das ideologias dos países desenvolvidos (Norte). As últimas reuniões do Fórum Econômico Mundial foram marcadas por manifestações antiglobalização, aquecimento global e crise de alimentos. Em seus dois mandatos, o presidente Lula compareceu três outras vezes em Davos - em 2003, 2005 e 2007 -, levando bandeiras como o combate à fome e a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula não participará do encontro em 2010 por motivos de saúde, mas receberá o prêmio de ―Estadista do Ano‖ oferecido pelo FEM. Contrapondo-se a essa posição ideológica e a essa entidade, o FSM é organizado por diversas ONGs simultaneamente com o FEM. Nele predomina a ideologia de esquerda que prega a luta contra a globalização econômica e contra o neoliberalismo. Como consenso de parte dos movimentos que compõem majoritariamente o fórum, produziu-se durante o fórum de 2005, em Porto Alegre, o ―Consenso de Porto Alegre‖ que vai contra o ―Consenso de Washington‖. O de 2009 foi realizado em Belém, o de 2010 em Salvador e o de 2011 foi realizado em Dacar, capital do Senegal. BRASIL - ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Ação brasileira na OMC Hoje, de acordo com a Organização Mundial do Comércio, os subsídios à produção agrícola somam cerca de 120 bilhões de dólares nos Estados Unidos, nos países da União Européia e no Japão. As tarifas de importação ultrapassam 900% em certos casos. Isso afeta diretamente o Brasil, que podem ria ganhar cerca de 6 bilhões de dólares a mais por ano se tivesse mais oportunidades de vender seus produtos nos mercados dos paises desenvolvidos. A diplomacia brasileira tem sido atuante na OMC, buscando retirar obstáculos da rota de nossos produtos. Até o momento, o país já iniciou mais de 20 contenciosos no órgão e venceu a Argentina em disputas sobre têxteis e Frangos. A União Européia impôs sobretaxas ao Frango brasileiro por duas vezes e teve de recuar em ambas. As principais decisões a favor do Brasil ocorreram quando a OMC condenou os EUA, por injetar 3 bilhões de dólares por ano na produção do algodão, o que baixou artificialmente seu preço no mercado mundial, e a União Européia, por Favorecer o açúcar produzido na Europa, prejudicando os produtores de fora de suas fronteiras, Nestes casos, o Brasil ganhou o direito de reparações no valor do que havia perdido. As Rodadas de Doha – Negociações da OMC As tentativas de reduzir as diferenças no quadro da OMC fazem-se nas ―rodadas‖ de negociação, em que os membros debatem o que precisa ser feito e tentam acordos — o que pode levar anos. Desde 2001, estava em curso a Rodada de Doha com previsão para terminar em 2006 e cujo objetivo central é reduzir os subsídios agrícolas e limitar as tarifas de importação. Acontece que os países em litígio não conseguiram superar as diferenças, e a rodada foi suspensa em meados de julho de 2006 sem conseguir chegar a nenhum acordo. A rodada de Doha começou em Doha (Qatar) em 2001, e negociações subseqüentes tiveram lugar em: Cancún (México) 2003, Genebra (Suíça) 2004, Paris (França) 2005, Hong Kong (China) 2005,e Potsdam (Alemanha) 2007.

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Para a rodada avançar, exigem-se concessões dos países desenvolvidos, como um corte considerável dos subsídios agrícolas que os EUA concedem a seus produtores e uma redução substancial nas taxas de importação que protegem os europeus da concorrência no setor agropecuário. Na reunião de janeiro de 2007 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, os principais países envolvidos tentaram acertar as bases para a retomada da Rodada de Doha. As divergências, porém, ainda se mantinham, e não havia sinal de que as negociações pudessem recomeçar. Cúpula do G20 O Grupo dos 20 (ou G20) é um grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Européia. Foi criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990.

―Quero entrar para história por ter emprestado ao FMI‖ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que gostaria de entrar para a história como o presidente que emprestou "alguns reais" para o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Você não acha chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI?", disse. "Eu passei parte da minha juventude carregando faixa contra o FMI no centro de São Paulo." O Brasil já decidiu que vai colocar recursos no fundo, tornando-se credor pela primeira vez na história. Falta, agora, definir o montante e analisar os detalhes do mecanismo, para não reduzir o valor das reservas externas.

Fim do G-8, a consolidação do G-20 e a disparada do BRIC

O debate que está sendo lançado pelas declarações do ministro brasileiro é sobre: a morte anunciada do G8; sua eventual substituição pelo G20 e se o grupo cumpriria melhor funções hoje supostamente desempenhadas pelo G8

Para muitos analistas e governantes, o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) serão as novas potências econômicas já nas próximas décadas. O bloco possui, indiscutivelmente, grandes vantagens comparativas e competitivas. Ao todo, são aproximadamente três bilhões de pessoas que precisam de soluções para os principais problemas mundiais, como distribuição de renda, saúde e educação.

G20 substitui G8 nas decisões sobre economia - 25/09/2009 Decisão dos líderes reunidos em Pittsburgh foi anunciada pelo governo norte-americano. O grupo dos 20 maiores países desenvolvidos e emergentes vai se tornar o ―principal fórum para a cooperação econômica internacional‖, o que significa que a partir de agora o G20 é o principal fórum econômico mundial. O governo norte-americano não informou, no entanto, qual será o destino do G8, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia, que até pouco tempo era a principal instância decisória sobre os rumos da economia global. A China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil Gazeta Mercantil - 04/05/2009 A China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil em abril, ocupando o lugar dos Estados Unidos. Apesar de o crescimento do comércio com a China ser importante para o Brasil, a perda de espaço como os americanos é negativa porque são eles que, tradicionalmente, são os principais compradores de produtos manufaturados brasileiros, enquanto a China concentrada suas compras em produtos básicos, o que preocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

OS BLOCOS ECONÔMICOS NO MUNDO Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a formação de blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. Tipos de Blocos Econômicos a) Área de Livre Comércio Em uma área de livre comércio todas as restrições ao comércio dentro da região devem ser eliminadas, tanto as tarifárias quanto as não-tarifárias. Porém, cada um dos países membros mantém sua política comercial em relação ao resto do mundo. Por isso, para que uma área de livre comércio possa funcionar adequadamente, precisa incluir um sistema de regras de origem que defina as condições que os produtos trocados devem cumprir para desfrutar do benefício da tarifa zero. Um artigo produzido num país poderá ser vendido noutro sem quaisquer impedimentos fiscais, respeitando-se apenas as normas sanitárias ou outras legislações restritivas que eventualmente apareçam. b) União Aduaneira Em uma união aduaneira, os países não só liberalizam o comércio dentro da região (área de livre comércio), mas adotam também uma política comercial comum para o resto do mundo. Adotam uma tarifa externa comum e normas alfandegárias e de procedimento comuns, de tal forma que os bens são tratados da mesma maneira, independentemente do ponto por onde ingressarem na união aduaneira. No limite, uma união aduaneira implica desaparecimento das alfândegas internas. Numa União Aduaneira, os objetivos são mais amplos, abrangendo a criação de regras comuns de comércio com países exteriores ao bloco. c) Mercado Comum Um mercado comum é uma união aduaneira com políticas comuns de regulamentação de produtos e com liberdade de circulação de todos os três fatores de produção (terra, capital e trabalho) e de iniciativa. Em tese, a circulação de capital, trabalho, bens e serviços entre os membros deve ser tão livre como dentro do território de cada participante. d) União Econômica e Monetária Implica numa integração econômica mais profunda, com a adoção das mesmas normas de comércio interno e externo, unificando as economias e, num estágio mais avançado, as moedas e instituições.

Principais Blocos Econômicos 1 – UNIÃO EUROPÉIA - UE A União Européia é o mais antigo e o melhor estruturado. Sua formação resulta da necessidade dos países da Europa Ocidental, no pós-Segunda Guerra, e às necessidades dos Estados Unidos, que através do Plano Marshall

deu início ao processo de contenção à tendência expansionista soviética neste continente. A base de tudo se deu em 1944 quando foi criado o Benelux - União Econômica entre a Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1952, foi criada a CECA - Comunidade Européia do Carvão e do Aço, incluindo ao Benelux, a Alemanha Ocidental (RFA), a França e a Itália. Esta união fica mais fortalecida com a formação do Grupo de Roma, em 1957, formando o MCE – Mercado Comum Europeu ou CCE – Comunidade Econômica Européia. Em 1948 foi criada a Organização Européia de Cooperação Econômica (OECE) para administrar os recursos do Plano Marshall na reconstrução dos países da Europa ocidental. Em 1961, essa organização foi substituída pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE - Também chamada de "Clube dos Ricos"), que tem objetivos mais amplos e reúne países de várias partes do mundo. Em 1959/60 foi criada e implantada a AELC - Associação Européia de Livre Comércio, unindo o Reino Unido com os países escandinavos, mas aos poucos esses países entraram no MCE.

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Nas décadas de 60 e 70, outros membros são incorporados ao MCE, mas a geopolítica mundial, com o acirramento da Guerra Fria (EUA x URSS), impede um maior avanço em sua organização. Nas décadas de 80/90, as mudanças internacionais, principalmente com a redução dos riscos de uma guerra nuclear entre as superpotências, abrem espaço para que propostas mais ousadas sejam retomadas pelos países europeus. 1986 – O Ato Único Europeu.

Proposta de transformação do MCE em CE - Comunidade Européia.

1991/1992 – Tratado de Maastricht. O tratado assinado na cidade holandesa de Maastricht estabeleceu competências supranacionais, como o mercado único e os fundos estruturais, além de ampliar a noção de cidadania européia. Representou também um grande passo em direção à união econômica e monetária do continente, determinando que os países-membros que cumprissem os critérios econômicos estabelecidos adotariam a moeda única — o Euro — em 1° de novembro de 1999. Além disso, apontou para uma maior cooperação entre os governos no que concerne à política exterior, à segurança comum, à justiça e aos assuntos internos. Tratado de Maastricht consagrou oficialmente a denominação “União Européia” que, a partir daí, substituiu a de “Comunidade Européia”. A ratificação de seus termos foi aprovada por referendos nos diversos países-membros, entrando em vigor em 2 de novembro de 1993. 1992 – Tratado do Porto

Os países mais ricos priorizam seus investimentos na recuperação dos países-membros mais pobres, investindo em larga escala nos países atlânticos ou mediterrâneos, como Portugal, Espanha, Grécia, centro-sul da Itália e na República da Irlanda.

Estava avançando o pensamento neoliberal com a proposta de reduzir a capacidade de influência do Estado na economia, diminuindo o welfare state - isto é, o estado do bem estar social, provocando queda na qualidade de vida das populações e ressurgindo o etno-xenofobismo, com a criação de grupos radicais na Europa e, com riscos da ultradireita reconquistar o poder em alguns países membros.

1993 - Início de implantação do Tratado de Maastricht

Livre trânsito de pessoas, mercadorias, capital e tecnologia entre os países-membros.

O melhor exemplo desta situação foi o elevado processo de migração das regiões periféricas em direção aos países centrais, gerando uma superoferta de mão-de-obra, menos qualificada, ao mesmo tempo em que os países centrais estavam entrando para a fase pós-urbano/industrial, onde as novas formas de produção, com novas máquinas substituindo os trabalhadores. Este foi um dos principais fatores que acabaram gerando o recrudescimento dos grupos radicais racistas e neonazistas.

1999 - Implantação parcial do EURO - moeda única

11 países adotam o Euro como oficial em período de transição.

2002 - Adoção do Euro

O Euro passa a circular como dinheiro para todos os países-membros que aprovaram a

troca (atualmente 16) e para os países-satélites como Andorra, Vaticano, San Marino e Mônaco.

A União Européia hoje A União Européia passa por uma das maiores crises de sua história. O projeto de Constituição, que visa a consolidar a integração do bloco e deveria ser aprovado por todos os países-membros para entrar em vigor, foi rejeitado em plebiscitos na França e na Holanda. Constituição – O projeto de Constituição da UE prevê a criação dos cargos de presidente e ministro das Relações Exteriores — o que simboliza a unificação das políticas externa e de segurança do bloco — e o fim da exigência de unanimidade entre os países-membros na tomada de decisões importantes.

Por que o ―não‖? - Grande parte dos franceses votou contra o projeto de Constituição por dois motivos principais: expressar descontentamento com o governo do presidente Jacques Chirac, defensor do ―sim‖, e a aplicação das diretrizes da UE no país; e o medo de que as políticas neoliberais do bloco acabem com o Estado de bem-estar social vigente no país. 2009 – Tratado de Lisboa Inicialmente conhecido como Tratado Reformador, assinado em 2007, entrou em vigor em 1 de dezembro de 2009. Importantes mudanças incluíram o aumento de decisões por votação por maioria qualificada no Conselho da União Européia, o aumento do Parlamento Europeu, no processo legislativo através da extensão da co-decisão com o Conselho da União Européia, e a criação de um Presidente do Conselho Europeu, com um mandato mais longo, e um Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, apresentando uma posição unida sobre as políticas da UE. O Tratado também fez com que a Carta da União em matéria de direitos humanos, a Carta dos Direitos Fundamentais, se tornasse juridicamente vinculativa. 2 – ALCA e o NAFTA No final da década de 80 e início de 90, o Presidente George Bush passa a defender "a iniciativa para as Américas", com a proposta de uma área de livre comércio para todos os países da América, à exceção de Cuba, que permaneceria sofrendo o boicote americano; é a proposta de criação da ALCA - Acordo de Livre Comércio para as Américas. Este acordo foi delineado na Cúpula das Américas realizada em Miami, em 1994. A proposta do ALCA é de criar uma área de livre comércio na América, por isso é bom não confundir com a idéia de mercado comum, pois zona de livre comércio não permite o livre trânsito de pessoas, capital, tecnologia e mercadorias e nem propõe a unificação de tarifas e impostos entre os países membros.

Na impossibilidade de implantação rápida do ALCA, os países Latino-Americanos mais importantes, principalmente o Brasil, contestam o conteúdo da proposta por não incluir questões sociais e somente econômicas; os EUA elaboram um projeto alternativo, criando o NAFTA - Mercado Livre da América do Norte.

O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (North American Free Trade Agreement) ou NAFTA é um tratado envolvendo Canadá, México e Estados Unidos da América numa atmosfera de livre comércio, com custo reduzido para troca de mercadorias entre os três países. O NAFTA entrou em efeito em 1º de janeiro de 1994 com um prazo de 15 anos para a total eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países. Diferentemente da União Européia, a NAFTA não cria um conjunto de corpos governamentais supranacionais, nem cria um corpo de leis que seja superior à lei nacional. 3 – APEC

A APEC (traduzido, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) é um bloco que engloba economias asiáticas, americanas e da Oceania. Sua formação deveu-se à crescente interdependência das economias da região da Ásia-Pacífico. Foi

criada em 1989, inicialmente apenas como um fórum de discussão entre países da ASEAN (Association of the SouthEast Asian Nations) e alguns parceiros econômicos da região do Pacífico, se tornando um bloco econômico apenas em 1993, na Conferência de Seattle, quando os países se comprometeram a transformar o Pacífico numa área de livre comércio. A APEC tem vários membros, tais como: Austrália; Canadá; Chile; China; Hong Kong; Indonésia; Japão; Coréia do Sul; México; Nova Zelândia; Papua New Guinea; Peru; Filipinas; Rússia; Cingapura; Taipei; Tailândia; Estados Unidos e Vietnam. 4 – ASEAN

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Criada em 1967, na Tailândia, a Associação das Nações do Sudeste Asiático tem como objetivo principal assegurar a estabilidade política como uma maneira de acelerar o desenvolvimento no Sudeste asiático. Têm programas de cooperação entre os membros em diversas áreas como transportes, educação e energia. Em 1992, os membros assinaram um acordo com o objetivo de eliminar as barreiras econômicas e alfandegárias. Membros: Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia, Vietnã. 5 – O MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

A América Latina, desde os anos 80, assistiu ao esgotamento da industrialização por substituição de importações e à transição dos regimes autoritários à democracia. A abertura das economias nacionais, a transformação do aparelho estatal, a consolidação dos regimes

democráticos e o encerramento da maior parte dos conflitos armados regionais ou internos não bastaram para solucionar os problemas acumulados na década precedente. Depois da "década perdida" na economia dos anos 80, os custos sociais dos ajustes estruturais dos anos 90 provocaram uma desintegração generalizada das sociedades do subcontinente. Criado em março de 1991 pelo Tratado de Assunção entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Tratava-se de uma continuidade e aprofundamento do ―Acercamento Brasil-Argentina‖, iniciado em 1986, pelos presidentes José Sarney e Raul Alfonsin. Através da integração com os países vizinhos, além de benefícios econômicos mais imediatos, se reforçaria a base regional como forma de incrementar a participação do Brasil e de seus parceiros platinos no plano mundial. Quando os EUA anunciaram a criação do NAFTA, o Brasil reagiu, lançando em 1993, a iniciativa da ALCSA (Área de Livre Comércio Sul-Americana) e estabelecendo com os países sul-americanos e africanos a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZoPaCAS), numa estratégia de círculos concêntricos a partir do Mercosul. O Mercosul em negociações com a União Européia culminou com a assinatura do primeiro acordo interblocos econômicos, o Acordo Marco Inter-regional de Cooperação União Européia-Mercosul, assinado em Madrid em dezembro de 1995. Etapas de criação/implantação do Mercosul 1986 - Acordo Bilateral Brasil X Argentina

Redemocratização na América Latina.

Brasil - Plano Cruzado. Primeiro presidente civil, ainda eleito pelo colégio eleitoral, José Sarney, substitui o último presidente militar, General João Batista de Figueiredo.

Argentina - Plano Alfonsin ou Austral. O presidente civil eleito substitui o general Galtieri, responsável pela Guerra das Malvinas.

1991 - Tratado de Assunção

Criação do Mercosul.

Proposta de criar urna área de livre trânsito de pessoas, mercadorias, capital e empresas no estilo europeu. Não é (ainda) um mercado comum, funcionando primeiro como área de livre comércio.

Países-membros: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. 1995 - Reunião de Ouro Preto (MG)

O Mercosul passa a funcionar como União Aduaneira.

Adota a TEC -Tarifa Externa Comum para as importações.

Brasil = Plano Real. Onde um real é igual ou aproximadamente igual a um dólar, adotando o sistema de banda cambial ou câmbio fixo-flutuante.

Argentina = Plano Cavallo (dolarização ou paridade das moedas, um peso = um dólar) ou política de câmbio fixo; somente a Argentina e Hong-Kong funcionam desta forma tão radical.

1997 - Reunião de Fortaleza

A Bolívia formaliza o pedido de entrada como membro, a exemplo do Chile, como ―associada‖ ou "parceira preferencial", até tomar as medidas econômicas necessárias. Conseguem privilégios

criando uma área de livre comércio com a União Aduaneira dos países-membros do Mercosul.

Surge a idéia da moeda única.

A integração do Mercosul aumentou em mais de 400% o comércio entre os países-membros.

1999 - Crise do Real

O Brasil adota o câmbio flutuante, permitindo que o valor da moeda nacional oscile de acordo com a lei da oferta e da procura em relação ao dólar.

A desvalorização da moeda brasileira inverte a balança comercial com a Argentina, provocando um significativo déficit para a Argentina, com fuga

dos investimentos e das empresas para o Brasil, aumentando as exportações brasileiras e reduzindo as importações dos países vizinhos.

O Brasil é obrigado a recorrer ao FMI O que é o Mercosul do ponto de vista comercial? O Mercosul hoje é uma área de livre comércio incompleta, onde grande parte totalidade dos bens é comercializada livre de tarifas. Em matéria de política comercial externa comum, o Mercosul também está na metade do caminho porque, embora exista formalmente uma tarifa externa comum (características de uma União Aduaneira), ela tem uma série de perfurações que fazem com que, na prática, nem todos os países apliquem a mesma tarifa para um produto similar e da mesma origem. Em 1991, o Tratado de Assunção, assinado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai buscava ser um bloco econômico nos moldes de uma União Aduaneira, através da eliminação progressiva das tarifas alfandegárias entre os países-membros e da adoção de uma tarifa externa comum (TEC) para a comercialização com os outros países não pertencentes ao bloco. Mas até 1995, o Mercosul funcionou apenas como uma Zona de Livre Comércio. A partir desse ano foi oficializada a constituição da União Aduaneira, mesmo que ainda incompleta.

Venezuela - Ingresso do país no bloco ainda depende de aprovação do plenário do Senado e do Paraguai BBC Brasil A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou a 29 de novembro de 2009, o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. A decisão ocorre depois de meses de discussões entre parlamentares governistas e de oposição. O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul foi assinado em 2006 e deve ser aprovado por todos os integrantes para que o país se torne um membro integral do bloco. Argentina e Uruguai já ratificaram o ingresso da Venezuela no Mercosul. O Paraguai espera a decisão do Brasil para votar o protocolo. Que impacto a entrada da Venezuela no Mercosul deverá ter no bloco e nas relações com outros países? Setores contrários à entrada da Venezuela no Mercosul afirmam que o governo do presidente Hugo Chávez deixa a desejar em relação ao respeito aos princípios democráticos e que a adesão de seu país pode ser prejudicial ao bloco. No entanto, o argumento dos defensores do ingresso da Venezuela no Mercosul é o de que não se pode impedir a entrada do povo venezuelano no bloco devido à atual circunstância política e que deixar o governo Chávez isolado seria pior. O ingresso da Venezuela no Mercosul pode aumentar o poder de influência de Hugo Chávez na região? Alguns analistas afirmam que o ingresso da Venezuela no Mercosul dará a Chávez mais poder de influência na região. O país, que já

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integra a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), ganharia um palco importante. Como os venezuelanos vêem a adesão do país ao bloco? Nesta semana, um dos principais opositores de Chávez, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, veio ao Brasil e defendeu a aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. O líder opositor afirma que o povo venezuelano não pode ser punido com o isolamento por causa do governo Chávez. O Protocolo de Ushuaia, parte do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, afirma que "a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração" do bloco. Em caso de não cumprimento das cláusulas democráticas, um país pode sofrer suspensão. Para fazer parte do Mercosul, a Venezuela tem de cumprir critérios, entre eles a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), vigente no comércio do bloco. Críticos afirmam que a Venezuela ainda não cumpriu esses critérios e não aceitou o tratado de tarifas comuns com terceiros países.

Israel será parceiro comercial do Mercosul 15/03/2010 – Valor Econômico O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em visita a Israel, que foi aprovado o acordo de livre comércio entre o país e o Mercosul. Israel é o primeiro país fora da América do Sul a ter um acordo de livre comércio com o bloco econômico. O Brasil é o maior parceiro comercial de Israel na América Latina. O intercâmbio comercial do Brasil com Israel saltou de US$ 440 milhões, em 2002, para US$ 1,6 bilhão, em 2008. O acordo de livre comércio entre Mercosul e Israel passa a valer a partir de 4 de abril. A expectativa, segundo empresários, é que o comércio triplique nos próximos cinco anos. Dos 200 empresários que participaram de um seminário no qual Lula discursou, 80 eram brasileiros. O seminário reuniu representantes de vários setores, do agronegócio à defesa espacial, incluindo mineração, indústria têxtil, tecnologia, aviação e medicamentos. O acordo foi comemorado pelo governo israelense.

Os Tigres Asiáticos O Japão, que saiu da segunda guerra mundial destruído, adquiriu capacidade industrial, comercial e financeira e, na década de 70, ampliou sua influência para a Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, os chamados Tigres Asiáticos (ou Dragões Asiáticos). Mão-de-obra barata e incentivos às indústrias caracterizam os Tigres, que ampliaram suas exportações mundialmente. Em qualquer loja é possível ver produtos made in Taiwan.

A CRISE ECONÔMICA AMERICANA E O MUNDO – 2007/2009 Origens A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência. O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda

baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco. Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos. Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito). Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis. Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta - com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.

COMO COMEÇOU A CRISE

1. IMÓVEIS VALORIZADOS Com juros baixos e crédito farto, os preços dos imóveis nos EUA tiveram forte valorização, encorajando mutuários a refinanciar suas hipotecas. Os bancos davam aos mutuários uma diferença em dinheiro, utilizada para consumir.

2. TÍTULOS LASTREADOS Para captar dinheiro, os bancos criaram instrumentos financeiros complexos chamados títulos lastreados em hipotecas (uma espécie de nota promissória garantida pelas hipotecas) e venderam para investidores que também emitiram seus próprios títulos lastreados nesses títulos e passaram-nos para frente, espalhando-os por todo sistema bancário.

3. JUROS ALTOS E QUEDA DOS PREÇOS As taxas de juros começaram a subir para combater a inflação enquanto os preços dos imóveis passaram a cair, fazendo com que as mensalidades da casa própria ficassem mais caras. A inadimplência disparou e, assim, os títulos que eram garantidos por essas hipotecas perderam valor.

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4. PERDA DOS BANCOS Além dos prejuízos com a inadimplência, os bancos tiveram fortes perdas com os títulos. Os bancos com maiores proble-mas se viram à beira da falência e precisaram da ajuda do governo americano.

5. CRISE DE CONFIANÇA Instalou-se uma grave crise de confiança e os bancos não querem mais emprestar, com medo de calotes.

Efeitos No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais. Foi esse o efeito visto em setembro de 2007 quando o BNP Paribas francês congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos de investimento citando preocupações sobre o setor de crédito "subprime" nos EUA. Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário e bancos passaram a sofrer os efeitos da retração e faliram.

Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns tiveram prejuízos bilionários decorrentes da crise. As duas hipótecárias possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae) e de US$ 821 milhões (Freddie Mac). Já o banco Lehman Brs. vinha procurando uma fonte de

crédito para poder honrar seus compromissos, mas não teve sucesso. Sem alternativa, o banco pediu concordata. O Merrill Lynch foi vendido ao Bank of America para não ter o mesmo destino. A seguradora americana AIG foi outra que quase quebrou, mas foi salva por um empréstimo de US$ 85 bilhões do Fed, em troca do controle da empresa. Conseqüências O PIB americano caiu 3,8% no trimestre passado (final de 2008). Foi o pior desempenho trimestral desde o período de janeiro a março de 1982, quando a economia caiu mais de 6% - á época, como agora, o país estava em uma recessão. A crise, e o risco para o sistema bancário que ela representava, levou o governo americano a propor um pacote de US$ 700 bilhões - aprovado em outubro de 2008. O pacote iria ajudar os bancos com balanços comprometidos pelo peso dos derivativos lastreados nas hipotecas "subprime". O setor automobilístico vive uma situação problemática que é consequência direta da crise de crédito resultante dos problemas com hipotecas. A GM e a Chrysler, com quedas nas vendas devido às dificuldades dos compradores em obter financiamento, precisaram de ajuda do governo para fechar suas contas.

O mercado de trabalho também sofre uma contração, nos EUA e além, causada pela crise de crédito originada nos problemas do mercado imobiliário. A taxa de desemprego nos EUA fechou 2008 em 7,2%, pior nível desde 1993. O número de desempregados no país no ano passado chegou a 2,6 milhões, maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Sob pressão de Obama, Senado vota pacote de estímulo. 10 de fevereiro de 2009 O Senado americano vota nesta terça-feira o plano de reativação econômica sob a pressão do presidente Barack Obama e a grande expectativa dos mercados mundiais. A ofensiva de Obama, que foi enfático em suas colocações sobre a necessidade de aprovar o plano durante sua primeira coletiva de imprensa como presidente dos Estados Unidos, concedida na segunda-feira, será testada nesta votação no Senado, onde os democratas, com 58 cadeiras, precisam de pelo menos 60 votos para aprovar o pacote. Na coletiva, Obama renovou o pedido para que o Congresso aprove o pacote econômico para tirar o país da crise econômica e financeira, insistindo, para isso, que os parlamentares "superem as divergências" e não adiem ainda mais a aprovação do pacote de US$ 827 bilhões, que deve ser aplicado "o mais rápido possível". Segundo o jornal The New York Times, o plano de Geithner deve consistir em pedir a colaboração dos fundos de investimentos privados para comprar ativos "podres" dos bancos em crise. O governo americano garantirá um valor mínimo desses ativos (créditos hipotecários ou de consumo, em sua grande parte) para incentivar a participação privada, explicou o jornal. EUA anunciam concordata da GM e o fechamento de 11 fábricas Governo americano controlará 60% do capital da empresa 31/05/09 – G1 O governo dos EUA anunciou neste domingo (31) que a montadora General Motors irá pedir concordata nesta segunda, abrindo um processo que durará entre 60 e 90 dias e que resultará no fechamento de 11 das suas fábricas.

Crise fortaleceu papel do Brasil no mundo Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevêem que o país, ao lado de outros emergentes, se recupere da crise mais rapidamente e também amplie a margem de vantagem em relação ao crescimento dos países ricos. Segundo um relatório recente da OCDE sobre o Brasil, a relação dívida pública/PIB deve manter-se próxima de 40% do PIB em 2009 - e depois deve cair gradualmente para 35% no médio prazo. Os países emergentes são grandes produtores de commodities, vistas como investimentos seguros no longo prazo. No começo da crise, o preço de muitas commodities caiu drasticamente, afetando também grandes exportadores como o Brasil. No entanto, alguns preços já voltaram a subir. De dezembro até junho, o preço da soja subiu 60%. Segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), o preço geral das commodities comercializadas pelo Brasil está crescendo no segundo semestre deste ano, graças à China, que está aumentando suas importações. O Brasil ainda tem problemas enormes em várias áreas, como terrível infra-estrutura, um enrolado sistema tributário que não é atraente para investidores, baixos níveis de educação dos trabalhadores em geral - apesar de alguns bolsões de excelência - e serviços públicos muito pobres.

CRISE INTERNACIONAL – Nova fase: Crise 3.0 Fernando Canzian - Folha O primeiro trimestre de 2009 foi um desastre. Tirando China e Índia, nenhuma economia representativa do globo saiu ilesa. Todas afundaram. Em termos anualizados, EUA e Europa encolheram cerca de 6%. Os últimos seis meses foram o pior período econômico para o mundo desde o final da Segunda Guerra, em 1945. É a conta da farra financeira que explodiu de uma vez em setembro de 2008.

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As principais Bolsas de Valores mundiais antecipam há várias semanas a expectativa de volta do crescimento. Em Nova York, as ações se valorizaram 30% desde março. Os preços das commodities estão subindo (puxando a Bovespa) e há alguma esperança de que o pior já passou. Nos últimos meses, os governos das maiores economias do mundo abriram a porteira para gastos estatais. Nos EUA, a expectativa é de que o endividamento como proporção do PIB salte dos atuais 44% para 77% em quatro anos. No Reino Unido, que dobre de 49% para 97%. Nos 16 países que têm o euro como moeda, com diferenças, há também tendência de aumento do endividamento público. A aposta que os países desenvolvidos fazem é arriscada: esperam injetar dinheiro suficiente na economia (via dívidas) para fazer com que seu PIB cresça mais à frente. Diminuindo, portanto, a relação endividamento/PIB. O imenso risco que os países correm é que a economia não cresça rapidamente. Neste caso, em vez de ajudar, o endividamento público irá se somar a todos os outros problemas nada menores já existentes (desemprego elevado, "ativos tóxicos" entupindo os bancos, despejos de famílias nos EUA, etc.). A "fase 1", terrível e fascinante da turbulência inicial da crise, já ficou para trás. A "fase 2", de sedimentação de um quadro grave de desemprego e contração da atividade, também já está plenamente entendida. Como último recurso, após violentos cortes de juros pelos bancos centrais de vários países, entramos agora "na fase 3": a explosão das dívidas estatais.

A Crise Econômica Global, os PIIGS e os STUPID Para tentar debelar o incêndio financeiro, os governos dos principais países do mundo passaram a adotar medidas para reativar a economia. Os juros foram cortados ao máximo para estimular o consumo, os prejuízos foram assumidos pelos Tesouros Nacionais e os Bancos Centrais destes paises passaram a derramar trilhões de dólares no mercado financeiro na tentativa de dar tranqüilidade aos investidores e empresários a fim de forçar uma nova onda de crescimento. Tal estratégia dos países desenvolvidos foi arriscada. Os governos injetaram fábulas de dinheiro no mercado, aumentando de maneira descontrolada suas dívidas públicas para fazer com que a roda da economia voltasse a girar. A questão é que a economia ainda não voltou a crescer de maneira satisfatória e, neste caso, em vez de ajudar, o endividamento público irá somar-se aos outros problemas. Dentre os mais atingidos por tal tsunami de prejuízos e que adotaram essa estratégia, destacam-se os EUA, Japão e União Européia. Desta, um pequeno grupo de países conhecidos como PIIGS é a maior preocupação do bloco, pois suas dívidas públicas chegaram a níveis alarmantes se comparadas ao seu PIB. Mas afinal, quem são os PIIGS e porque eles causam tanta preocupação? Nascido inicialmente como PIGS (acrônimo pejorativo na língua inglesa cuja pronúncia significa ―porcos‖) na imprensa britânica, em meados de 2008, para designar os principais países da União Européia com sérios déficits públicos (Portugal, Itália, Grécia e Espanha - Spain em inglês), em finais do mesmo ano, o acrônimo foi acrescido de um ―I‖ para designar também a Irlanda. Desde então, a forma PIIGS passou ser a principal. Estes países atravessam uma delicada situação econômica, considerada a maior da zona do Euro (países da União Européia que utilizam o euro com moeda oficial), pois todos os anos seus déficits públicos ficam acima dos 3% máximos limitados pela União Européia. O resultado é o crescimento cada vez maior da dívida estatal em relação ao PIB (a União Européia não permite dívidas públicas acima de 30% do PIB) e o medo de moratória (calote) é cada vez maior entre os credores (bancos e investidores, sobretudo Alemães).

Como fazem parte da zona do Euro, muitas estratégias usadas em outros países como desvalorização da moeda local são proibidas pelas regras do bloco econômico, deixando a situação ainda mais alarmante, pois todos esses problemas causam desemprego, aumento de impostos e preços (inflação), perda de investimentos e competitividade no mercado internacional. Se a Grécia – país mais prejudicado e que vem sofrendo violentíssimos protestos da população nas ruas – decretar moratória, pode ser o primeiro caso de fracasso econômico dentro da zona do Euro, alastrando-se por todo o bloco e, consequentemente, para toda a economia globalizada. O problema é que a cura apontada por boa parte dos especialistas pode ser um remédio amargo demais: redução nos salários, reforma na previdência social, aumento de impostos, cortes de investimentos em áreas sociais e mais demissões. Este remédio pode matar o paciente ao invés de curá-lo, além do risco dessa nova crise se transformar em uma nova epidemia na economia global. E como dissemos antes, o dilema do endividamento público não se resume aos países da zona do Euro. No começo de 2010, apareceu na imprensa inglesa um novo acrônimo chamado STUPID (estúpido) que envolve Espanha (Spain), Portugal, Itália, Turquia, Reino Unido e Dubai (sendo os três últimos países fora da zona do Euro) e que também enfrentam problemas de déficit públicos, podendo ser duramente atingidos com a crise grega. Para completar o quadro caótico das contas públicas européias, a até então sólida Alemanha anunciou recentemente, além de outros números negativos, um déficit público de 3,5% do PIB no primeiro semestre de 2010 (acima do estabelecido pelas regras da União Européia). Será que outro acrônimo será criado em breve?

Jornal britânico Financial Times ironiza Portugal dizendo que ele vire Colônia do Brasil – 25/03/2011 Ocupando posições quase opostas economicamente – crescimento do lado brasileiro, fragilidade econômica crônica do lado de lá – os dois países já estariam vivendo uma inversão de papéis, e Portugal, combalido, poderia tirar vantagem de se anexar ao Brasil. ―A União Europeia considera Portugal problemático: sem governo, com alta resistência à austeridade e fraca performance econômica. Diz o articulista. ―Aqui está uma idéia inovadora para lidar com a situação: a anexação pelo Brasil‖. O veículo prossegue elencando as virtudes brasileiras: crescimento do PIB de em média 4% ao ano na última década e presença no seleto grupo dos BRICs, o centro emergente do poder mundial, "uma casa melhor do que a velha e cansada União Européia".

AS PRINCIPAIS CRISES DO CAPITALISMO NO

SÉCULO XX E XXI – até 2009

O crash de 1929 Wall Street vivia uma euforia especulativa, com a ilusão de crescimento da economia, sem sustentação em bases reais. Após dias de fortes perdas, em 29 de outubro, a chamada ―terça-feira negra‖, a bolsa de Nova York fechou em queda de 12%. Além das tragédias pessoais, vieram uma crise bancária e uma onda de falências, acompanhadas de queda da produção e desemprego em massa. Arrastado pelos EUA, o mundo entrou na Grande Depressão. No Brasil, os cafeicultores perderam suas fontes de financiamento, levando a uma crise econômica com queda nas exportações. A situação mundial só começaria a se recuperar após Franklin Roosevelt assumir a presidência dos EUA em 1933, instituindo a política do New Deal.

A Segunda Guerra Mundial Economias abaladas pela guerra, sobretudo na Europa, a experiência da Grande Depressão e a consciência dos efeitos devastadores de uma crise levaram ao Acordo de Bretton Woods, que daria origem ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial. O objetivo do encontro entre 44 nações era estabelecer regras de convivência na economia na mundial. Foi criado um padrão cambial atrelado ao dólar, que, por sua vez, teria lastro em ouro. Ao FMI, caberia sua manutenção.

O choque do petróleo de 73 Até então abundante e barato, o petróleo começou a ser alvo de especulação. Em outubro de 1973, com a Guerra do Yom Kippur, entre Israel e países árabes, o cartel da Opep cortou parte de sua

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produção e interrompeu o fornecimento aos EUA. Com oferta menor, os preços do barril pularam de US$3 para cerca de US$12 em menos de três meses. A moratória dos anos 80 na América Latina Em agosto de 1982, o México suspendeu o pagamento de sua dívida externa, para a surpresa da comunidade financeira internacional. Os juros superavam US$20 bilhões, para um principal de US$86 bilhões. Essa moratória foi a primeira de uma série de países da América Latina ao longo de década de 80, entre os quais o Brasil.

O efeito tequila - México As reservas internacionais do México caíram de US$ 29 bilhões para quase zero em 1994, numa enorme fuga de capitais. Em dezembro, o governo desvalorizou o peso em mais de 50%, iniciando uma crise com reflexos, principalmente, nos países emergentes. Com socorro dos EUA (US$ 50 bilhões) e do FMI, a crise mexicana ficou restrita à América Latina. Mas o país pagou caro, como desemprego e recessão.

Crise dos Tigres Asiáticos As turbulências experimentadas pelos países latinos se repetiram do outro lado do mundo em 1997. O pontapé foi a desvalorização do bath, moeda da Tailândia, mas os efeitos se espalharam rapidamente com a globalização financeira, atingindo vários tigres asiáticos. A resposta das autoridades financeiras demorou. Logo, as atenções se voltaram para Hong Kong, com apostas de que o país também não manteria a paridade de sua moeda frente ao dólar. Essa conjuntura provocou a queda de 30% da bolsa local, arrastando Nova York. No Brasil, pela primeira vez em 28 de outubro, o ―circuit breaker‖ foi acionado, interrompendo os negócios.

A vez da Rússia e do Brasil O rublo era a bola da vez em 1998. Como resposta aos ataques especulativos, o governo russo declarou a moratória de sua dívida externa, e a moeda perdeu até 33%. Em 21 de agosto, a Bovespa chegou a cair 10%, voltando a acionar o ―circuit breaker‖. Com o real ainda sobrevalorizado, o Brasil foi bater às portas do FMI e, em janeiro de 1999, era forçado a fazer a desvalorização de sua moeda, após a eleição de Fernando Henrique Cardoso para um segundo mandato.

O estouro da bolha da Nasdaq

Em fevereiro de 1999, a Nasdaq (bolsa americana que reúne empresas do setor de tecnologia) chegou a

acumular alta de 105% e 12 meses, com o boom da internet. Mas no primeiro trimestre de 2000, sem a sustentação dos resultados positivos das empresas ―pontocom‖, o índice começou a despencar, com quedas recordes.

Os ataques terroristas O 11 de setembro de 2001 levou terror também ao mercado financeiro. Vizinha dos escombros do World Trade Center, a Bolsa de Nova York ficou quatro dias sem operar. Quando o pregão reabriu nos EUA, as perdas foram de US$ 590 bilhões, com o Dow Jones perdendo 7,13% no pior desempenho em pontos de sua história. Por todo o mundo, houve uma reação na direção de baixar os juros, a fim de estimular as economias. Em dezembro, as bolsas foram atingidas pelo escândalo da gigante de energia Enron, que fazia fraudes contábeis. O efeito tango Na América Latina, ao longo de 2001 e 2002, a Argentina seria o epicentro de uma nova crise dos emergentes. Rumores sobre desvalorização do peso, dados econômicos ruins e déficits fiscais elevados assustaram os mercados. A crise política sobreveio com troca de presidente, pacotes econômicos, moratória, confisco bancário (―corralito‖) e desvalorização cambial.

EUA: subprime e a recessão global

A tempestade voltou em fevereiro de 2007, com especulações em relação a medidas de controle de capital estrangeiro na China. No meio do ano, o foco se voltou para as operações de crédito imobiliário de alto risco nos EUA. Essas hipotecas (subprime) são empréstimos para clientes que não

têm bom histórico de crédito. Como os juros estavam muito baixos há alguns anos, os bancos emprestavam em busca de retornos maiores. Só que a elevação dos juros encareceu os financiamentos, e muitos deixaram de pagar. O cenário gerou uma crise de liquidez e crédito, com redução da atividade econômica no mundo todo. BRASIL: ESPAÇO E SOCIEDADE O Brasil é dividido em 3 macrorregiões econômicas

Centro-Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Nordeste - Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Maranhão.

Amazônia - Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá, Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima.

Cada macrorregião possui características distintas devido a vários fatores, como história, desenvolvimento, população, economia. A região Centro-Sul, de todas as macrorregiões, é a mais desenvolvida, não só economicamente, mas também em indicadores sociais (saúde, educação, renda, mortalidade infantil, analfabetismo entre outros). As migrações internas

Na história das migrações internas do país, a maioria partiu do Nordeste. Na década de 50 para a construção de Brasília (Candangos); entre 1950 e 1985 para as grandes cidades do Sudeste, contribuindo para a expansão urbano-industrial e a partir da década de 1970, para a Amazônia. Por outro lado, o maior fluxo migratório ocorrido na história do Brasil foi o da industrialização, que trouxe migrantes de várias regiões brasileiras para o eixo Rio-São Paulo, atraídos pela grande oferta de emprego e a falta de condições nas regiões de origem dos migrantes. Segundo o IBGE, a mobilidade da população brasileira aumentou na segunda metade do século XX. Entre a década de 1940 e o final dos anos 80, aproximadamente 57 milhões de brasileiros mudaram de cidade ou região. Durante todo o processo de povoamento do Brasil, elas tiveram um papel de destaque. No início foram as áreas marginais da zona

açucareira nordestina, seguidos pela pecuária no agreste e sertão nordestino, O passo seguinte foi o da mineração, em Minas Gerais que levou um grande contingente de pessoas para a região. Até mesmo a região amazônica também foi um forte pólo de atração migratória, com o ciclo da borracha, acompanhado pela expansão cafeeira no Sudeste. A região que menos teve migrações até este período foi o Sul do país, onde os imigrantes fizeram uma colonização diferenciada do restante do país, mas a partir de 1970, eles foram incentivados a trabalhar em áreas da região Norte, através de vantagens oferecidas pelo governo. Migração interregional — O Sudeste ainda é um dos principais destinos dos migrantes. Hoje em dia, o Centro-Oeste é a região que mais recebe gente. Sul e o Norte apresentam equilíbrio de entrada e saída de pessoas. O Nordeste ainda é a região de maior emigração. No entanto, de acordo com o último Censo do IBGE, o padrão das migrações internas mudou drasticamente e é notado um fluxo de retorno à região de origem, devido as limitações do mercado de trabalho, devido à crise socioeconômica da década de 80, que persiste até hoje, com redução no número de empregos e aumento no número de pessoas subempregadas. Sudeste — heterogeneidade estrutural e perspectivas O crescimento industrial ocorrido na fase conhecida como ―milagre brasileiro‖, a partir do final da década de 60 e durante os anos 70, baseou-se fundamentalmente no padrão industrial e tecnológico anterior, com grande ênfase em indústrias de bens intermediários, altamente intensivas em recursos naturais, e de bens duráveis de consumo. A existência de variados mecanismos de incentivos

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estaduais e regionais e uma ampla fronteira de recursos naturais, apoiada no avanço da infra-estrutura, propiciaram um processo de desconcentração para várias regiões e estados brasileiros. O crescimento agropecuário, ao contrário, se fez com grandes transformações estruturais e tecnológicas, especialmente com a incorporação produtiva dos cerrados. Assim, ao lado do grande crescimento da produção de4grâos nos estados do Sul do Brasil ocorreu também o movimento da fronteira em sentido ao Centro-Oeste. O movimento migratório e os serviços tenderam a acompanhar o crescimento industrial e agropecuário. As transformações estruturais em curso alterarão, seguramente, o sentido regional do desenvolvimento econômico brasileiro. No Brasil, quase 40% da população mora fora do município no qual nasceu As persistentes desigualdades entre as regiões do Brasil são há décadas motivo para migrações internas. Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 39,8% da população, cerca de 72 milhões de brasileiros, vive fora do município de origem. A maioria está em idade economicamente ativa, entre 18 e 39 anos. Comparando-se os dados recentes aos do Censo de 2000, verifica-se que o volume de migrantes que circulam entre as regiões do país caiu de 5,2 milhões para 4,8 milhões, um decréscimo de 7%. O Sudeste deixou de ser o principal destino das migrações. Isso ocorre em razão do aumento de investimentos no Interior, principalmente na Região Centro-Oeste, que passou a atrair a maioria dos migrantes brasileiros, tendo 36,3% de população vinda de fora (veja a tabela abaixo). Segundo o IBGE, atualmente Mato Grosso é o estado líder em crescimento na participação do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, resultado da expansão agrícola e da indústria. Os números também evidenciam o avanço de migrantes em direção à Amazônia. No entanto, uma tendência histórica se mantém: a região que mais ―exporta‖ migrantes ainda é o Nordeste. Nordestinos totalizam 33% da população em outras localidades do país. Mas o Nordeste também vive a ―migração de retorno‖. Entre 1999 e 2004, 714 mil nordestinos regressaram à região. Os estados onde esse movimento é mais evidente são o Maranhão, com um aumento de 79%, e o Rio Grande do Norte, com crescimento de 54%. O fator determinante para o retorno é a desconcentração industrial em benefício de todas as regiões do país. Desigualdades Regionais O Brasil possui vários momentos históricos em relação a produção comercial e industrial e as mudanças provocadas pelos mesmos no espaço geográfico, mas a desigualdade entre suas regiões é muito grande. Até 1950, o país era de predominância rural e o trabalhador do campo era mais valorizado e nossa economia vivia da produção dessas áreas rurais. Nessa década, houve um investimento muito forte na expansão industrial do país, mas ela foi feita de maneira a tornar o país dependente das indústrias multinacionais, além de transformar o país em urbano e causando um aumento na diferença entre o desenvolvimento entre as regiões, aumentando as diferenças regionais, desenvolvendo muito o Centro-Sul do país e pouco a Amazônia e o Nordeste. A diferença social entre o norte e o sul do país caiu pela metade nos últimos dez anos, de acordo com o IDS (Índice de Desenvolvimento Social), criado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em 2006 para avaliar as diferenças sociais entre as regiões brasileiras. São avaliados indicadores da educação, saúde e renda.

IDS (índice de desenvolvimento social) do BNDES

Dados do Censo IBGE 2010 – Dados Preliminares Os censos demográficos são realizados no Brasil a cada dez anos A coleta do Censo 2010 foi realizada entre 1º de agosto e 30 de outubro de 2010. Palmas é a capital com o maior crescimento populacional em 10 anos – Censo 2010 Segundo o IBGE, migração justifica aumento no número de habitantes. São Paulo e Rio de Janeiro apresentam queda na taxa de crescimento. Palmas é a capital brasileira que apresentou, entre 2000 e 2010, a maior taxa média de crescimento anual de população, segundo dados do Censo Demográfico 2010. A população de Palmas foi a que mais cresceu entre as capitais em função do crescimento migratório. Como o Tocantins é um estado criado recentemente, há muita migração De acordo com o Censo 2010, na capital do Tocantins, a taxa de crescimento foi de 5,2% em dez anos. O segundo lugar, entre as capitais, é ocupado por Boa Vista, em Roraima (3,55%), seguido de Macapá, no Amapá (3,46%). Já a capital brasileira com a menor taxa média de crescimento anual no período foi Porto Alegre (0,35%), seguida por Belo Horizonte (0,59%). Cidades mais populosas As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que lideram, em 2000 e 2010, o ranking dos municípios mais populosos, vêm apresentando queda na taxa de crescimento, apesar do aumento populacional em números absolutos. Essas duas cidades continuam sendo áreas de atração, mas não com tanto ímpeto quanto há algumas décadas. Os movimentos migratórios vêm diminuindo ao longo do tempo e uma das principais causas para isso é a exigência de um nível de escolaridade alto no mercado de trabalho das grandes metrópoles. Com isso, o imigrante tem dificuldade de se inserir e acaba optando por municípios onde a mão de obra é menos qualificada. Percentual de idosos na população segue em crescimento Nas últimas décadas, o Brasil tem registrado redução significativa na participação da população com idades até 25 anos e aumento no número de idosos. E a diferença é mais evidente se comparadas as populações de até 4 anos de idade e acima dos 65 anos. De acordo com o IBGE, o grupo de crianças de 0 a 4 anos do sexo masculino, por exemplo, representava 5,7% da população total em 1991, enquanto o feminino representava 5,5%. Em 2000, estes percentuais caíram para 4,9% e 4,7%, chegando a 3,7% e 3,6% em 2010. Enquanto isso, cresce a participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. A Região Norte, apesar do contínuo envelhecimento, ainda apresenta, segundo o IBGE uma estrutura bastante jovem. As regiões Sudeste e Sul são as mais envelhecidas do país Distribuição por sexo De acordo com o Censo 2010, há 96 homens para cada 100 mulheres no Brasil. A diferença ocorre, segundo o IBGE, porque a taxa de mortalidade, entre homens, é superior. Mas nascem mais homens no país: a cada 205 nascimentos, 105 são de homens. Das grandes regiões, a única que foge à regra é a Região Norte, onde os homens são maioria. Isso se dá por conta da migração dessa localidade, onde há atividade de mineração para os homens. Censo 2010 contabiliza mais de 60 mil casais homossexuais

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O Brasil tem mais de 60 mil casais homossexuais, segundo dados preliminares do Censo Demográfico 2010. Essa foi a primeira edição do recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a contabilizar a população residente com cônjuges do mesmo sexo. Número de moradores por domicílio cai 13,2% em 10 anos Em 2000, a média de moradores em domicílios particulares ocupados era de 3,8. Agora está em 3,3. Tendência de declínio está relacionada à redução da fecundidade. (IN)JUSTIÇA SOCIAL NO BRASIL Racismo, Preconceito e Intolerância no Brasil Discriminação - Os negros (pretos e pardos) representam 47,3% da população brasileira. Na camada mais pobre da população, eles são 66%. No topo da pirâmide social, há apenas um negro para cada nove brancos. Raiz histórica - A discriminação racial vem da época da escravidão. Sua abolição, porém, não foi acompanhada de políticas para melhorar a condição de vida dos ex-escravos. Como resultado, perpetuou-se a pobreza dos negros. Condições de vida - O analfabetismo atinge 12,9% dos negros. Em média, eles têm dois anos de estudos a menos que os brancos. Apenas 16% chegam à faculdade, e só 2% se formam. Na média nacional, a renda dos negros equivale à metade da renda dos brancos. A discriminação fica patente quando, mesmo com formação idêntica e ocupando cargos equivalentes ao dos brancos, os negros recebem salários menores. Ações afirmativas - O Brasil hoje discute o uso de cotas e políticas afirmativas para ampliar as oportunidades aos negros. Entre as medidas, está a reserva de cotas nas universidades. As medidas são polêmicas: não é possível definir com exatidão quem é negro; além disso, essas medidas podem provocar mais discriminação. A unanimidade entre os especialistas é a necessidade de investimento maciço para ampliar o acesso à educação, desde o ensino básico. A polêmica do Projeto do Estatuto da Igualdade Racial O projeto traz orientações para o governo sobre como tratar os negros no Brasil. Torna obrigatória a identificação dos estudantes de acordo com a raça no censo escolar. Pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde também terão de se autodefinir de acordo com a cor da pele. O estatuto prevê ainda a criação de cotas para negros em vários setores: nas universidades; no serviço público; em empresas privadas; nos partidos políticos. ―Não devemos ter medo de assegurar oportunidades para quem sofreu as piores consequências. A escravidão neste país é o maior crime que o Estado brasileiro cometeu com o nosso povo negro‖, lembra o deputado Vicentinho (PT-SP). ―O que nós estamos fazendo hoje é efetivamente uma discriminação‖, acrescenta o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR). A expectativa é de que ainda haja muito debate. Porque o estatuto, do jeito que está, prevê tratamento diferenciado para a população negra em todas as áreas. Empresas que promovam ações de inclusão racial, por exemplo, teriam preferência em licitações publicas. Até a capoeira receberia estimulo das autoridades.

STF reconhece união civil homoafetiva – 5 maio de 2011 O Supremo Tribunal Federal reconheceu oficialmente os direitos dos casais homossexuais que vivem em união estável e esse julgamento histórico vai servir de base para futuras decisões da Justiça. A decisão foi unânime. Os ministros votaram a favor da união civil estável entre pessoas do mesmo sexo. No julgamento das ações do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Procuradoria Geral da República, o procurador Roberto Gurgel defendeu o reconhecimento da união homossexual como uma entidade familiar. Representantes da sociedade civil também se manifestaram, a maioria a favor. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi contra: ―Aqui não se trata de dizer ‗Sou contra‘ ou ‗Sou a favor‘ de alguma

coisa. Aqui se trata de dizer: ‗É ou não é constitucional‘‖, disse Hugo Cysneiro, advogado da CNBB.

Intolerância no Brasil - Pesquisa Fundação Perseu Abramo

Droga de elite Folha.com.br - 11/05/2011 Higienópolis (cidade da higiene) rechaçou a chegada do metrô. Para quem não conhece, é um bairro rico e central de São Paulo. O bairro abrigaria uma ex-futura estação do coletivo, agora deslocada para o Pacaembu, com bem menos concentração de pessoas. O lobby dos ricos venceu. O governo tucano tucanou de novo diante da pressão dos moradores. Empregadas, babás, porteiros, faxineiros, feirantes, garis, funcionários do Pão de Açúcar e milhares de empregados do bairro que servem diariamente os moradores continuarão sem a melhor, mais rápida, pontual, organizada e limpa opção de transporte público. Temia-se o aparecimento de camelôs nas redondezas. De "uma gente diferenciada", um morador chegou a dizer. Reclama-se muito que São Paulo não consegue ser cosmopolita, democrática. Vamos a Nova York e à Europa e voltamos deslumbrados. Carentes da não dependência do carro e saudosos de "civilização". Não conseguimos fazer o mesmo onde vivemos. Conviver com o próprio povo é um porre. Fernando Canzian é repórter especial da Folha.

Governo federal faz balanço do ―Bolsa Família‖ em 2010 O programa Bolsa Família fechou 2010 atendendo 12,8 milhões de famílias – cerca de 50 milhões de brasileiros. Mais da metade das famílias está no Nordeste. Em sete anos, o orçamento do programa passou de R$ 3,4 bilhões para R$ 14,4 bilhões. Ele atende a famílias com renda de até R$ 140 por pessoa, consideradas pobres, e de até R$ 70 per capita, em extrema pobreza. Os benefícios vão de R$ 32 a R$ 242 dependendo da renda e do tamanho da família. A média do benefício é de R$ 115. Para receber o dinheiro, as pessoas precisam cumprir algumas regras: o cartão de vacinação das crianças com menos de sete anos deve estar atualizado, os filhos são obrigados a frequentar a escola e as gestantes devem fazer o pré-natal. De 2008 a 2009, 400 mil famílias foram cortadas do programa por estarem em desacordo. A secretária Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Lúcia Modesto acredita que o principal legado do programa é a redução da pobreza, a melhora dos indicadores de educação e saúde das famílias e o acesso ao sistema bancário. O impacto financeiro do reajuste é de R$ 2,1 bilhões e atenderá 12,9 milhões de famílias, cerca de 50 milhões de pessoas com renda mensal per capita de até R$ 140. O investimento no Programa Bolsa Família representa cerca de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

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Serão investidos R$ 11 milhões para Restaurantes Populares, R$ 4,5 milhões para o Banco de Alimentos e R$ 14,6 milhões para as Cozinhas Comunitárias. A manutenção e gestão desses equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional serão de responsabilidades das Prefeituras ou governos estaduais.

Concentração de Renda – Coeficiente Gini Desenvolvido pelo matemático italiano Corrado Gini, o Coeficiente de Gini é um parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países. O coeficiente varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo do zero menor é a desigualdade de renda num país, ou seja, melhor a distribuição de renda. Quanto mais próximo do um, maior a concentração de renda num país. O índice Gini é apresentado em pontos percentuais (coeficiente x 100). O Índice de Gini do Brasil o terceiro pior do mundo em 2010, o que demonstra que nosso país, apesar da melhora dos últimos anos, ainda tem uma alta concentração de renda.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) É uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os países desenvolvidos (muito alto desenvolvimento humano), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo).Todo ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc. O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual. O IDH combina três dimensões:

Expectativa de vida ao nascer

Anos Médios de Estudo e Anos Esperados de Escolaridade

PIB (PPC) per capita Mudança de metodologia em 2010 do IDH-ONU No antigo IDH, os países eram classificados no intervalo de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido o país. Quanto mais próximo de zero, menos desenvolvido. A partir de 2010, dividiu-se o ranking de 169 países em quatro partes – os de desenvolvimento humano muito alto são a parcela de 25% que está no topo da tabela; os de alto desenvolvimento são os 25% seguintes; os de médio, outros 25%; e os de baixo desenvolvimento, os 25% últimos. Em 2010 o IDH brasileiro foi de 0,699, numa escala de 0 a 1. Em 2009, com a metodologia antiga, o Brasil ocupava a 75ª posição no ranking, com IDH de 0,813. Segundo o relatório deste ano, o IDH do Brasil apresenta "tendência de crescimento sustentado ao longo dos anos". Mesmo com a adoção da nova metodologia, o Brasil continua situado entre os países de alto desenvolvimento humano, como em 2009.

Cerca de 16,2 milhões de brasileiros são extremamente pobres Equivalente a 8,5% da população. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir da linha de extrema pobreza definida pelo governo federal em abril de 2011. A linha estipula como extremamente pobre as famílias cuja renda per capita seja de até R$ 70. Esse parâmetro será usado para a elaboração das políticas sociais, como o Plano Brasil sem Miséria, que deve ser lançado em breve pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). De acordo com a ministra do MDS, Tereza Campello, o valor definido é semelhante ao estipulado pelas Nações Unidas.

MERCADO DE TRABALHO E RENDA Três componentes formam o desemprego: Desemprego cíclico ou conjuntural: Aquele que acompanha os ciclos de recessão e crescimento. É aquele em que a demissão é ocasionada, na maioria das vezes, por crises passageiras. Portanto a demissão é temporária, uma vez que, superada a crise, o emprego é novamente ofertado. Desemprego friccional: Aquele causado por trocas de emprego. Pode-se dizer que seja normal, pois, sempre haverá pessoas procurando emprego para melhorar de função ou porque teve algum desentendimento no emprego anterior. É um desemprego que ocorre durante o funcionamento normal da economia. Desemprego estrutural: Ocorre quando há um descasamento entre a habilidade dos trabalhadores e a demanda de especialidades na economia. O desemprego causado pelas novas tecnologias, como a robótica e a informática, recebe o nome de desemprego estrutural. Ele não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção. Quando o desemprego cíclico é nulo diz-se que a economia está na sua taxa natural de desemprego. Essa taxa dá a noção de pleno emprego desenvolvida pelos economistas. A idéia é que a economia precisa de algum desemprego friccional para que os trabalhadores e as empresas estabeleçam a junção ideal entre capacidade e função. Conceito de Desemprego O conceito clássico de desemprego, também chamado de desemprego aberto, identifica como tal a situação em que, simultaneamente, durante o período de referência da pesquisa, uma pessoa de determinada faixa etária não está trabalhando, mas está disponível para trabalhar e procurou emprego remunerado ou trabalho por conta própria. Identificadas as pessoas nessas condições, disso resulta uma taxa de desemprego, calculada como porcentagem da população economicamente ativa. Há também o "desemprego oculto", a qual inclui as pessoas que têm um trabalho precário e outras, as chamadas desalentadas, que desistiram de procurar trabalho por não encontrá-lo.

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Taxa de desemprego em 2010 é a menor em oito anos Índice fechou 2010 em 6,7%, ante 8,1% em 2009, segundo o IBGE

País criou 2,86 milhões de vagas formais em 2010 - G1, 11/05/2011 Crescimento em relação a 2009 foi de 6,94%.

Setores da Economia e a População Economicamente Ativa: O conjunto de pessoas que exercem funções remuneradas é chamado de PEA e mostra a força de trabalho de um país e sua força produtiva. Essa população está dividida em 4 setores:

Primário: Corresponde ao grupo de trabalhadores que exercem suas funções nas áreas agropecuárias e no extrativismo vegetal, hoje em minoria no país e com um número maior de pessoas nas regiões mais pobres.

Secundário: Corresponde ao trabalho junto ao setor industrial, da construção civil e extrativismo mineral, ocupando o segundo lugar em número de pessoas.

Terciário: é também conhecido como setor de serviços e ocupa a maior parte das pessoas do país, o que representa um problema sério para o Brasil, pois é o setor mais burocrático e que mais despesas proporciona ao país e o que menos traz divisas.

Quaternário: O mais novo setor, voltado para as pesquisas científicas e altas tecnologias e informática. Trabalho Formal, Informal e Autônomo Trabalho Informal - O uso da expressão trabalho informal tem suas origens nos estudos realizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) no âmbito do Programa Mundial de Emprego de1972. Trabalho informal é o trabalho sem vínculos ou benefícios fornecidos por uma empresa, sem carteira assinada, renda fixa e férias pagas. Esse tipo de trabalho teve grande crescimento na década de 90 com o Neoliberalismo. Para alguns analistas, o fator que dá força ao trabalho informal no Brasil é o excesso de tributos incidentes sobre o emprego. O problema do Brasil nesse campo é que a lei trabalhista (CLT) é uma lei única tanto para uma mega empresa, quanto para uma microempresa, e isso cria um problema porque são situações diferentes. Nos tempos atuais, o trabalho informal atinge aproximadamente 48% da ocupação da mão de obra. Trabalho Formal – É o trabalho com benefícios e carteira profissional assinada. Consiste em trabalho fornecido por uma empresa, com todos os direitos trabalhistas garantidos. O papel ocupado ou a função que a pessoa desempenha em alguma atividade econômica lhe confere uma remuneração. No caso dos empregados de uma empresa, por exemplo, essa remuneração pode ser chamada de salário ou de vencimentos, sendo esta muito utilizada para se referir aos rendimentos dos que trabalham em órgãos do governo. Os trabalhadores que têm registro em carteira e que recolhem uma taxa para a aposentadoria (contribuição ao INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social), estão de acordo com uma série de leis que se referem ao trabalho e às atividades econômicas e têm seus direitos trabalhistas garantidos. Trabalho Autônomo - No Brasil, o trabalhador autônomo é pessoa física que exerce por conta própria atividade econômica com ou sem fins lucrativos. É o prestador de serviços que não tem vínculo empregatício porque falta o requisito da subordinação. Em outras

palavras, é a pessoa física que presta serviços a outrem por conta própria, por sua conta e risco. Não possui horário, nem recebe salário, mas sim uma remuneração prevista em contrato. Não se exige como requisito do trabalhador autônomo o diploma de curso superior.

Trabalho Infantil O trabalho infantil está em queda no Brasil. O número de crianças e adolescentes na faixa etária entre 5 e 13 anos com ocupação caiu acentuadamente: 19,2%, de 1,2 milhão em 2007 para 993 mil em 2008, segundo levantamento da Pnad-IBGE. O nível de ocupação de pessoas entre 5 e 13 anos de idade é o menor da década, com 3,2%.

Trabalho infanto-juvenil no Brasil

Idade 2007 2008 Queda

5 a 17 4,8 milhões 4,4 milhões 7,6%

5 a 13 1,2 milhão 993 mil 19,2%

5 a 9 158 mil 141 mil 10,7%

10 a 13 1 milhão 852 mil 20,4%

O perfil do trabalhador infantil é predominantemente homem, negro ou pardo, alfabetizado, sendo que 19% não freqüentam escola. Trabalho Feminino Em 1973, apenas 30,% da PEA do Brasil era do sexo feminino. A participação das mulheres no mercado de trabalho, aliás, tem sido cada vez mais expressiva, segundo o IBGE. A taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho [proporção que participa como ocupada ou desempregada] voltou a crescer, ao passar de 55,1% para 56,4%, entre 2007 e 2008, segundo estudo da Fundação Seade e do Dieese. As mulheres ganham cerca de 27% a menos que os homens exercendo a mesma função. Conforme o salário cresce, cai a participação feminina. Entre aqueles que recebem mais de vinte salários, apenas 19,3% são mulheres. Mas a tendência é de queda das diferenças.

Classe C passa a ser maioria no país - 26 de março de 2008 Nos últimos dois anos as classes D e E deixaram de ser a maioria da população brasileira e perderam espaço para a classe C, que agora é a majoritária entre as faixas sócio-econômicas do País. Em 2007, as classes D e E representavam 39% dos brasileiros. Em 2005, 34% da população pertencia à classe C, proporção que subiu para 46% em 2007. Os dados fazem parte de uma pesquisa do instituto Ipsos. O levantamento diz que houve diminuição na desigualdade de renda. Em 2005, a renda média familiar das classes A/B era R$ 2.484. Ela caiu para R$ 2.325, em 2006, e depois atingiu R$ 2.217, em 2007 - queda de 11%. No mesmo período, nas classes D/E a renda média familiar subiu de R$ 545, em 2005, para R$ 571, em 2006, e R$ 580, em 2007. Um crescimento de pouco mais de 6%. A renda média da classe C permaneceu no mesmo patamar durante esses três anos: cerca de R$ 1,1 mil.

IBGE: programas sociais contribuíram na renda O presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, atribuiu o crescimento do rendimento médio mensal do brasileiro a pelo menos dois fatores: o ganho real do salário mínimo e a aplicação de programas sociais do governo federal, entre eles o Bolsa Família.

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Em 2010, o salário mínimo fechará o governo Lula com um ganho real de 53%. Aumentam trabalhadores com mais de 40 anos no mercado A participação de pessoas com 40 anos ou mais na população ocupada aumentou e alcançou mais de dois quintos da população ocupada total (40,1%). O grupo na faixa de 50 a 59 anos foi o que apresentou maior elevação de participação entre os ocupados, passando de 12,2% para cerca de 13% em 2007 As pessoas escolhem ficar no mercado de trabalho em razão da elevação dos rendimentos, de novas regras da Previdência, além de dificuldades econômicas o que faz com que engrossem a renda familiar. Além disso, a população brasileira está envelhecendo, o que contribui para essa alta.

Transição Demográfica Modelo teórico que explica o ritmo de envelhecimento da população de cada nação, conforme seu desenvolvimento socioeconômico. Há quatro fases clássicas de transição. Na primeira, as taxas de natalidade e de mortalidade são muito altas. A população cresce lentamente. Na segunda fase, na qual se enquadram os países menos desenvolvidos, a taxa de mortalidade cai em razão de avanços da medicina e da tecnologia. Crescem a população em geral e a proporção de idosos. Na terceira fase ocorre uma queda na taxa de natalidade, que leva à redução do ritmo de crescimento populacional. Mas o número de idosos ainda é alto. É o caso da maioria dos países da América Latina, inclusive do Brasil. Na quarta fase, as taxas de natalidade e mortalidade voltam ao equilíbrio, muito baixas. A proporção de idosos é muito alta. As nações desenvolvidas da União Européia e da América do Norte encaixam-se aí. Os especialistas identificam uma quinta fase, na qual a taxa de natalidade é inferior à de mortalidade, provocando um crescimento negativo da população. Países como Alemanha, Áustria e Itália já estão nesse patamar.

Educação no Brasil Unesco: Brasil avança na educação, mas segue em posição intermediária - janeiro/2010 Programas governamentais como o Bolsa Família, o Fome Zero e o Brasil Alfabetizado ajudaram o Brasil a melhorar nos índices de educação avaliados pela Unesco no relatório Alcançando os Marginalizados. No entanto, estes avanços não foram suficientes para tirar o país de uma posição intermediária no continente, ficando ao lado de países como Peru, Paraguai e Bolívia, de acordo com a agência da ONU. Argentina, Cuba e México, entre outros, já alcançaram ou estão próximos de alcançar o índice ideal proposto pela Unesco. Apesar de progressos limitados entre os anos de 1999 e 2007, o Brasil permanece sendo o país com a maior população de crianças fora da escola na região do Caribe e América Latina e o 12º país na esfera mundial.

Brasil é o país com maior número absoluto de analfabetos na América Latina – 08/09/2009 No Dia Internacional da Alfabetização, o Brasil aparece como o país com o maior número de analfabetos na América Latina, apesar de alguns progressos, segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, em inglês). No total, 14,1 milhões de brasileiros, o que equivale a 10,5% da população maior de 15 anos, não saber ler nem escrever. Na última década, o Brasil reduziu essa taxa em cinco pontos percentuais. Porém, em números absolutos, essa diminuição significa a alfabetização de apenas dois milhões de pessoas.

Repetência Outro ponto crítico é a alta taxa de repetência na escola primária no Brasil. Enquanto a taxa de repetência na região da América Latina e Caribe era menor do que 4% em 2007, no Brasil, ela chegava a 19%. A qualidade da educação oferecida também foi avaliada. Alunos com oitos anos de educação tiveram a sua habilidade de leitura testada. No Brasil, assim como no Chile, Colômbia, México, Uruguai e Argentina, entre 36% e 58% dos alunos foram incapazes de demonstrar uma capacidade de leitura normalmente alcançada no meio da escola primária em países desenvolvidos. O Relatório de Monitoramento Global da Unesco avalia o progresso feito em 160 países para alcançar os seis objetivos propostos pelo projeto Educação Para Todos. O projeto foi assinado pela comunidade internacional em 2000, em Dacar, no Senegal, e estabelece metas específicas a serem alcançadas até o ano de 2015. De todas as regiões em desenvolvimento, América Latina e Caribe lideram os avanços no projeto Educação Para Todos. Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA O PISA é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. Esse programa é desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais ―Anísio Teixeira‖.

Pisa melhora, mas ainda estamos longe de uma Educação de qualidade - dezembro de 2010 A avaliação educacional mais importante – e relevante – do mundo revelou que a Educação brasileira está melhorando, mas ainda ocupamos uma posição baixa: em um ranking de 65 países somos o 53º colocado em Leitura e Ciências e 57º em Matemática.

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Apesar da má colocação, o Ministério da Educação (MEC) enaltece a melhora do desempenho brasileiro nesses últimos anos. Em sua página oficial, o ministério destaca o aumento de 33 pontos na média geral nos últimos 10 anos. O relatório mostra que o Brasil é o terceiro país que mais cresceu em Educação básica na década, atrás de Chile (crescimento de 37 pontos) e Luxemburgo (melhora de 38 pontos). Para o ministro Fernando Haddad, um dos principais motivos dessa melhora foi o estabelecimento de metas por escolas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

Ideb - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica O Ideb é a "nota" do ensino básico no país. Numa escala que vai de 0 a 10, o MEC (Ministério da Educação) fixou a média 6, como objetivo para o país a ser alcançado até 2021. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar (informações enviadas pelas escolas e redes), e médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb - para os Estados e o Distrito Federal, e a Prova Brasil - para os municípios. Criado em 2007, o Ideb serve tanto como diagnóstico da qualidade do ensino brasileiro, como baliza para as políticas de distribuição de recursos (financeiros, tecnológicos e pedagógicos) do MEC. Se uma rede municipal, por exemplo, obtiver uma nota muito ruim, ela terá prioridade de recursos. Os Indicadores em 2010 mostram uma evolução na qualidade da educação em todos os níveis de ensino - primeira e segunda etapas do ensino fundamental e ensino médio. As metas de progressão estabelecidas foram superadas. http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/ideb/news10_01.htm Bolsa Família e Educação - Inclusão social Projetos de assistência social, como o Oportunidades, no México, e o Bolsa Família, no Brasil são reconhecidos pela Unesco como meios para combater a marginalização no setor da educação. No Brasil, o Bolsa Família ajudou a transferir de 1% a 2% da renda nacional bruta para a parcela da população mais pobre do país, formada por 11 milhões de pessoas. Há um limite no que se pode avançar no setor da educação por meio da escola apenas. O maior problema no Brasil está relacionado à pobreza e à desigualdade de renda. De acordo com a Unesco, avanços na área da educação exigem intervenções específicas integradas com uma estratégia mais ampla para a redução da pobreza e a inclusão social. Outra iniciativa brasileira citada no estudo da Unesco é o Fome Zero. O relatório aprova os resultados obtidos pelo programa, incluindo a garantia de alimentação para 37 milhões de crianças nas escolas do país. Já o Brasil Alfabetizado, coordenado pelo Ministério da Educação, é apontado pela Unesco como um programa de sucesso, que já ofereceu curso de alfabetização para cerca de 8 milhões de brasileiros.

Ministro da Educação - ENEM obrigatório na rede pública O ministro da Educação, Fernando Haddad acatou a proposta que torna o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) obrigatório na rede pública em 2010. Hoje a participação no Enem é voluntária. A idéia é que com a universalização, o Enem passe a certificar a etapa. Ou seja, para obter o diploma do ensino médio, o aluno precisará participar da prova e alcançar uma nota mínima, que será determinada por cada secretaria de estado. Em 2008, 4 milhões de alunos se inscreveram no exame. Segundo Haddad, a nova prova será mais focada na compreensão de problemas do que na memorização de datas ou fórmulas. De acordo com ele, os conteúdos cobrados na edição de 2009 permanecerão os mesmos ministrados hoje pelo ensino médio.

As universidades federais terão até o fim de maio para decidir se vão aderir ao novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) proposto pelo Ministério da Educação (MEC). A QUESTÃO DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL Estrutura fundiária é a divisão da terra em propriedades, variando de acordo com o número e o tamanho das propriedades. Obviamente, esta divisão da terra se dá de acordo com o processo histórico próprio à área analisada, seguindo também as leis acerca da propriedade da terra definidas pelo Estado em questão. A má distribuição das terras no Brasil é conseqüência de um processo histórico que se inicia com a colonização e vem percorrendo caminhos diversos até produzir os atuais problemas que observamos em nosso cotidiano. A violência no campo, principalmente a dos massacres de posseiros, trabalhadores sem terra e índios, é uma conseqüência direta desta história de concentração de terras. Histórico da Concentração de Terras Tal processo histórico se divide em duas fases, cada uma delas contendo períodos menores, mas diferentes entre si. A grande diferença entre estas duas fases é a posição das atividades agrárias na economia nacional, sendo assim, podemos chamar a primeira fase, que vai de 1500 até por volta de 1930, de fase agroexportadora e a segunda, que começa com o fim desta primeira e alcança a atualidade, de fase urbano-industrial. Lei de Terras de 1850 1. Proibia as aquisições de terras por outro meio que não a compra.

Extingue-se o regime de posses. 2. Elevação do preço das terras dificultando sua aquisição.

Destinava o produto das vendas de terras a importação de mão de obra imigrante.

Efeitos da Lei de Terras 1. Dificultou o acesso a terra de pequenos proprietários e assim

estes seriam mão de obra disponível para as fazendas de café. 2. A Lei de Terras nada mais fez que reafirmar e estimular a tradição

latifundiária no país. Conceito de Módulo Rural É a quantidade de terra necessária para um trabalhador e sua família, de quatro pessoas, proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência e o progresso social e econômico. Assim, o módulo rural é variável de acordo com fatores naturais e sócio-econômicos. Onde as condições de produção requerem pouco espaço o módulo rural é menor que nas outras áreas, onde se necessita de um espaço mais amplo. O Estatuto da Terra criado em 1964 permite o dimensionamento das propriedades rurais no Brasil, a partir da efetivação do Módulo Rural. Tipos de propriedade fundiária no Brasil

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Minifúndio Todo imóvel com área explorável inferior ao módulo rural fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela correspondentes. Estas pequenas propriedades agrícolas estão ligadas à exploração através da agricultura de subsistência, que em vez de vender muito faz pouca produção para pequenas vendas (em feiras, etc.). Latifúndio Pode ser definido, no direito agrário brasileiro, como o imóvel rural de área igual ou superior ao módulo rural que, mantida inexplorada ou com a exploração incorreta, ou, ainda, de dimensão incompatível com a razoável e justa repartição da terra. Há dois tipos de latifúndio: o latifúndio por extensão e o latifúndio por exploração, falta de exploração ou exploração incorreta.

Latifúndio por dimensão - todo imóvel com área superior a 600 vezes o módulo rural médio fixado para a região e tipos de exploração nela correspondentes.

Latifúndio por exploração - todo imóvel rural onde sua dimensão não exceda aquela admitida como máxima, ou seja, 600 vezes o módulo rural, tendo área igual ou superior a dimensão do módulo da região, mas que seja inexplorada.

Empresa rural São os imóveis explorados de forma econômica e racional, com uma área que, no máximo chega a 600 módulos rurais. Incra O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) analisa se as terras ocupadas são ou não produtivas. Se forem improdutivas, os sem-terra podem ser assentados, ou seja, recebem a posse das terras; no caso da propriedade rural ser produtiva é expedida uma ordem judicial de reintegração de posse. Na maioria dos casos, os camponeses se retiram sem maiores problemas. Porém, muitas vezes ocorre do grupo se recusar a cumprir o mandado judicial de reintegração de posse, sendo desta forma desalojada através de força policial. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

É um movimento social brasileiro de inspiração marxista que declara ter o objetivo de promover a reforma agrária. Teve origem na oposição ao modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente nos anos 1970, que priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, com objetivo de exportação de excedentes populacionais e

integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST declara buscar a redistribuição das terras improdutivas. Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma agrária no Brasil remontarem apenas às ligas camponesas de 1950 e 1960, o MST proclama-se como herdeiro ideológico de todos os movimentos de base social camponesa ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias de acordo com o direito feudal português. A Questão Indígena e Quilombola A luta da população indígena do Brasil pela demarcação de terras gerou mortes, violência, intimidações e outras violações dos direitos humanos, segundo um relatório anual divulgado pela organização não-governamental Anistia Internacional. O documento, intitulado "O Estado dos Direitos Humanos no Mundo 2009", com dados relativos ao ano passado, destaca o atraso nas decisões judiciais para demarcação de terras e afirma que "a persistente discriminação deve ser o fundamento para a formação de políticas, prestação de serviços e aplicação da Justiça". O relatório cita o episódio ocorrido em maio do ano passado, quando homens encapuzados atiraram e lançaram bombas incendiárias contra um grupo de índios da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ferindo dez pessoas. "Os ataques foram atribuídos aos fazendeiros de arroz que ocupavam ilegalmente a terra que havia sido demarcada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005", afirma o relatório. Economia x Direitos Humanos

A parte do relatório dedicada ao Brasil ainda ressalva que, apesar da expansão econômica do país e projetos sociais financiados pelo governo, "as desigualdades na distribuição de renda e riqueza permaneceram uma das mais altas da região". "As comunidades mais pobres continuaram a ter acesso negado a serviços, a sofrer atos de violência comandados por gangues e violações sistemáticas dos direitos humanos por parte da polícia". Sem-terra A Anistia ainda destacou que a violência contra trabalhadores sem-terra continuou no ano de 2008, com "tentativas de criminalizar movimentos que, no seu esforço para tentar garantir a reforma agrária, apóiam pessoas sem terra". O relatório voltou a criticar o sistema de justiça criminal brasileiro, salientando que a estrutura é caracterizada por "negligência, discriminação e corrupção". "Apesar de ter havido uma redução nas taxas de homicídio, comunidades pobres nos centros urbanos e pequenas cidades do interior continuaram a registrar altos índices de crime e violência". Entenda a disputa em torno da Reserva Raposa Serra do Sol em Roraima A reserva foi demarcada em 1998 e homologada em 2005, quando começou a retirada dos não-índios da região. Em 2008, porém, após mais de dois anos do processo de saída de pequenos produtores, a Polícia Federal foi chamada para ajudar na retirada de grandes produtores de arroz, que tem fazendas na parte sul de Raposa. Um grupo de fazendeiros e de índios que os apóiam resistiram e o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, recorreu ao STF pedindo a suspensão da operação federal. Em maio de 2008, o Supremo decidiu pela paralisação da operação até que fosse julgado o mérito das ações que contestam a legalidade da reserva. Como foi a demarcação? O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso promoveu a demarcação da reserva em 1998, e o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou as terras, em 2005. O laudo antropológico com base no qual a área foi demarcada diz que a extensão da área se justifica pela grande migração existente entre os índios das cinco etnias que vivem na região. O governo de Roraima contesta o laudo, alegando que nem todos os interessados, incluindo índios, foram consultados. Quais são os principais argumentos a favor e contra de uma reserva contínua? Os que são a favor alegam que a Constituição de 1988 assegura aos índios "os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens". O desmembramento da reserva ameaçaria a sobrevivência física e sociocultural dos povos indígenas. Os índios afirmam que precisam de áreas grandes para viver por causa de sua tradição e da maneira coletivista de produzir e se organizar. O campo contra a demarcação contínua alega que parte dos índios já está aculturada e que o reconhecimento dos direitos indígenas independe da demarcação contínua. Os que são contra, como o próprio governo de Roraima e produtores de arroz instalados na área da reserva, sustentam que a reserva aumenta para mais de 45% a área do Estado ocupada por terras indígenas e prejudica a economia do Estado. Os defensores da reserva alegam que os quase 60% restantes são suficientes para atender ao resto da população e que a densidade rural em outras áreas do Estado também são muito baixas, como na reserva. Outro argumento contra diz respeito ao risco à soberania nacional pelo fato de a reserva estar localizada na fronteira com Venezuela e

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Guiana. Como os índios não ocupam toda a área de forma uniforme, aquela área ficaria vulnerável a infiltrações. O que propõem os militares? Assim como o governo do Estado e produtores rurais de grande porte, os militares propõem a demarcação do território em ―ilhas‖, o que permitiria a constituição de núcleos urbanos e rurais na faixa de fronteira. Quem está a favor e quem está contra? Uma grande parte dos indígenas, representados principalmente pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), além de entidades da sociedade civil ligadas à defesa da causa indígena ou social. Entre elas, a ONG Instituto Socioambiental, Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Além do próprio governo do Estado, são contra os rizicultores, criadores de gado e a restante população não-índia da região, apoiados por parte dos indígenas, reunidos na Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima (Sodiur). O que é uma "terra indígena"? É uma área de propriedade da união com usufruto indígena. São definidas de acordo com a ocupação tradicional das terras. A Constituição de 1988, no artigo 231, reconhece "aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens". No parágrafo segundo, o texto constitucional estabele ainda que "as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes". O Brasil tem atualmente 653 terras indígenas reconhecidas, que abrigam 227 povos, com cerca de 480 mil pessoas. Essas terras representam 12,5% do território nacional. A maior parte das áreas indígenas está nos nove Estados da Amazônia Legal.

Lula assina transferência de terras da União para Roraima 28/01/2009 – Estadão A transferência das terras da União - 6 milhões de hectares, cerca de 30% do território do Estado - foi uma forma de compensar Roraima pela criação da reserva, de 1,7 milhões de hectares. A reivindicação era antiga na região para que se regularizasse a produção agropecuária do Estado. Atualmente, não há titularidade da terra e toda a ocupação é irregular. Caberá ao Incra local fazer a regularização. "Esse passo que estamos dando agora é para dar legitimidade e legalidade ao Estado", disse o presidente. O julgamento sobre a constitucionalidade da criação da reserva foi interrompido na primeira semana de dezembro, depois de oito votos a favor, por um pedido de vistas do ministro Marco Aurélio Mello. A expectativa é que seja retomado em fevereiro.

Comunidades Quilombolas A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) divulgou, em 1994, um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Comunidades Negras Rurais em que se define o termo ―remanescente de quilombo‖: Contemporaneamente, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de movimentos insurrecionais ou rebelados, mas, sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar. As comunidades remanescentes de quilombo são grupos sociais cuja identidade étnica os distingue do restante da sociedade. É importante deixar claro que, quando se fala em identidade étnica, trata-se de um processo de auto-identificação bastante dinâmico, e que não se reduz a elementos materiais ou traços biológicos distintivos, como cor da pele, por exemplo. O que caracterizava o quilombo não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia. O que define o quilombo é o movimento

de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Tudo isso demonstra que a classificação de comunidade como quilombola não se baseia em provas de um passado de rebelião e isolamento, mas depende antes de tudo de como aquele grupo se compreende, se define. Atualmente, a legislação brasileira – baseada na Constituição de 1988 - já adota este conceito de comunidade quilombola e reconhece que a determinação da condição quilombola advém da auto-identificação. Hoje são mais de 2 mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988. Existem comunidades quilombolas em pelo menos 24 estados do Brasil. INFRA-ESTRUTURA BRASILEIRA – REDE DE TRANSPORTES Ferrovias Até o século XIX, o que existia no Brasil colônia em termos de comunicações eram apenas os caminhos (verdadeiras picadas no meio das matas). Esses caminhos partiam geralmente do litoral brasileiro em direção ao interior. No século XIX, quando o comércio nacional começa a se intensificar, surge a preocupação de transformar estes caminhos em estradas que possibilitassem o tráfego dos coches e diligências. Com o desenvolvimento da economia cafeeira, foi implantado no país o transporte ferroviário. Principalmente de 1870 a 1920, vivemos a ―era das ferrovias‖. De 1920 em diante, o que prevaleceu foi um crescimento até 1960 de apenas 34% e um posterior decréscimo até a década de 1970 de 20% em relação à década anterior. Porcentagem do PIB investido público em infra-estrutura

1970/1980 1981/1990 1991/2000 2001/2003 2004 2005 2006

1,2% 0,6% 0,3% 0,25% 0,1% 0,5% 0,7%

Transporte Rodoviário De 1920 em diante, as rodovias passaram a ter um notável crescimento no Brasil, e a partir da década de 1950, com a instalação da indústria automobilística no país, o governo federal passou a realizar grandes obras rodoviárias. Apesar do alto custo e das deficiências das estradas, é o principal meio de transporte do país. Apenas 12% das estradas brasileiras são asfaltadas e a maior parte está em estado crítico de conservação. Além disso, as rodovias apresentam falhas estruturais, como o predomínio de pistas simples em regiões de topografia acidentada, dentre outras.

Com a transferência das rodovias para o setor privado, cresce o número de pedágios e o valor das tarifas. Entretanto, por outro lado, as condições de segurança, sinalização e estado do piso são realmente bem superiores à média nacional e de outras rodovias que não dispõem do sistema de pedágios, visto que os valores ali arrecadados são para manutenção da sua própria malha viária. MATRIZ INADEQUADA

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Uma boa matriz é aquela que permite que as mercadorias e as pessoas circulem no tempo adequado com o menor custo possível. Para isso, é preciso conjugar três tipos principais de meio de transporte: rodoviário, ferroviário e hidroviário. As rodovias são o meio mais indicado para interligar pontos próximos. Construir e manter estradas custa caro, e a capacidade de carga dos veículos é reduzida. As ferrovias, embora exijam investimento pesado, transportam um volume bem maior de carga. São adequadas a trajetos médios, nos quais haja necessidade de transporte eficiente e constante de grandes cargas. Nas hidrovias, embora a velocidade seja baixa, gasta-se pouco para carregar milhares de toneladas. Um país de dimensões continentais como o Brasil, voltado para a exportação de um imenso volume de grãos e de minérios produzidos em áreas distantes do oceano, deveria utilizar de forma equilibrada as três modalidades. O impacto do alto custo do transporte não recai apenas sobre as exportações. As empresas em território nacional gastam tanto com transporte que precisam repassar esse valor para os preços. Com preços mais altos, os consumidores compram menos, reduzindo a demanda, o que leva as empresas a cortar a produção. Ferrovias, Hidrovias e Portos A deterioração das linhas ferroviárias e dos trens é decorrência da concentração dos investimentos do país no modelo rodoviário, decisão tomada por diferentes governos no decorrer de décadas. Além da modernização e manutenção das vias, das locomotivas e dos vagões, outro grande desafio é aumentar a extensão da malha ferroviária.. As hidrovias têm expressivo potencial: os rios brasileiros somam 43 mil quilômetros de extensão, dos quais 28 mil são navegáveis naturalmente e 15 mil podem ser aproveitados. Uma única barcaça pode carregar o equivalente a 16 vagões ou a 60 caminhões. Mas o Brasil possui instalados apenas 10 mil quilômetros de hidrovias. Apesar de o volume de cargas transportadas por rio ter crescido nos últimos anos, a expansão ainda é lenta. Os portos são outro ponto da infra-estrutura com problemas de dificil solução. Eles servem a dois tipos de atividade: a navegação internacional e a de cabotagem, que é o tráfego de navios em águas nacionais. O Brasil está se estruturando no setor como os países desenvolvidos: alguns portos maiores, chamados de hub ports, concentram o comércio exterior e os demais servem à navegação de cabotagem, que faz a ligação com os hub ports. O porto de Santos, o maior do país, tem 26% do movimento portuário do país. A navegação de cabotagem atualmente responde por apenas 5% do transporte nacional de carga a distâncias acima de mil quilômetros, e o aumento dessa percentagem ajudaria a reduzir a carga sobre as rodovias. Mas a eficiência do setor portuário depende de investimentos para a ampliação dos armazéns, hoje com capacidade menor do que o necessário, da modernização do maquinário de movimentação de carga e da integração dos sistemas de informação portuários. Privatização do setor de Transportes O investimento privado vem sendo a principal opção dos últimos governos federais para tentar desafogar os gargalos do transporte no Brasil. Atualmente, 100% das linhas férreas estão privatizadas e parte significativa dos serviços portuários (em mar e rios) encontra-se nas mãos de empresas particulares. As rodovias exploradas por consórcios privados já alcançam mais de 10 mil quilômetros. Masa porcentagem do PIB investida pelo governo federal no setor de transporte é cada vez menor. Em 1976, beirava os 2%. Em 2004, esteve abaixo de 0,2%. OS ―APAGÕES‖ Gargalos - Os apagões ocorrem quando a infra-estrutura não dá conta de atender às necessidades do país. São resultado da falta de investimentos do governo federal. Sem manutenção, equipamentos envelhecem e estruturas se deterioram, além de ficar cada dia mais obsoletas em razão do crescimento da população e da economia.

Causas - Os problemas de infra-estrutura têm sua origem no passado: na ausência de planejamento, na falta de recursos públicos e nas decisões erradas sobre como gastá-Ios. Nos últimos anos, o orçamento federal vem sendo fortemente pressionado pela decisão de usar os recursos para reduzir a dívida pública. Do dinheiro efetivamente gasto, o governo atual prioriza aplicar em programas assistenciais, deixando de investir em infra-estrutura. O Apagão Elétrico - A crise energética estourou no Brasil em junho de 2001. A falta de planejamento e de investimentos, aliada a um ano de seca, baixou o nível dos reservatórios a um ponto em que não seria possível atender à demanda por eletricidade. Foi imposto um racionamento que durou oito meses, e se estabeleceram metas de economia de consumo de até 20%. Apagão Aéreo - A crise do setor aéreo foi deflagrada pela queda do Boeing da GOL na floresta Amazônica, em setembro de 2006. Acuados com a perspectiva de serem apontados como culpados, os controladores de vôo decidiram fazer uma operação-padrão, passando a seguir as regras internacionais. Com isso, estabeleceu-se o caos nos principais aeroportos do Brasil entre outubro e dezembro de 2007.

Leilão do trem-bala Rio-SP - fev/10 Depois de atrasos nos estudos sobre o traçado, a operação e os custos do trem-bala brasileiro, o Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estimou para junho o leilão do projeto na Bolsa de Mercadorias e Futuros. O empreendimento, que prevê interligar 511 km entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, ainda encontra diversas divergências dentro do governo, mas publicamente, no balanço de três anos do PAC, foi apontado como em execução "adequada". A empresa vencedora terá concessão de 40 anos e será responsável pela construção, manutenção e prestação de serviço aos passageiros. .

O traçado do Trem-Bala

Parcerias Público-Privadas - PPS Historicamente, as Parcerias Público-Privadas já existem há muito tempo, mas chegaram no Brasil somente em 2004 para solucionar de uma forma clara e socialmente eficaz a relação investimento privado e infra-estrutura pública em áreas de altíssima relevância social. Para entender o que é Parceria Publico-Privada, como a própria sigla diz: "é uma parceria entre a Administração Pública e a iniciativa privada, com o objetivo de fornecer serviços de qualidade à população, por um largo período de tempo. Explicando melhor, uma PPP é uma parceria onde o setor privado projeta, financia, executa e opera uma determinada obra/serviço, objetivando o melhor atendimento de uma determinada demanda social. Como contraprestação, o setor público paga ou contribui financeiramente, no decorrer do contrato, com os serviços já prestados a população, dentro do melhor padrão de qualidade aferido pelo Poder concedente. Alguns exemplos de obras realizada por PPPs são vagas prisionais, leitos hospitalares, energia elétrica, autoestrada, aeroportos dentre outras.

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Dilma definiu concessão para obras em três aeroportos, diz Palocci – R7 – 26/04/2001 O ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, afirmou que três aeroportos começarão a passar por reformas e que essas obras serão feitas em regime de concessão. De acordo com o ministro, a decisão foi tomada pela presidente Dilma Rousseff. Serão reformados os aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (em Campinas, SP) e Brasília. Palocci informou que o governo ainda estuda promover investimentos nos aeroportos de Confins, em Belo Horizonte, e do Galeão, no Rio de Janeiro. De acordo com Palocci, o governo quer começar logo as obras, combinando ações privadas e públicas. A preocupação com a infraestrutura aeroportuária também foi manifestada pela própria presidente, que ressaltou que o gargalo existente hoje é um "bom problema" a ser administrado pelo governo. De acordo com Dilma, é preciso lembrar que os aeroportos lotados são consequência do aumento do poder de consumo da população nos últimos anos, que passou a viajar mais de avião.

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL GEOPOLÍTICA E QUESTÃO AMBIENTAL A economia mundial continua sendo uma das forças motrizes da degradação ambiental, tanto quando se trata da perda da floresta tropical, como pelo aquecimento da Terra por milhões de toneladas de gases que são despejados na atmosfera por veículos e fábricas. Os pobres são os mais prejudicados, simplesmente porque têm menos recursos para sobreviver. PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS Poluição atmosférica A poluição associa-se à idéia de modificação, tanto na estrutura quanto na composição dos ecossistemas, causando prejuízo aos seres vivos. Neste contexto está a atmosfera, que mais e mais sofre alterações devido à emissão de resíduos sólidos e gasosos em quantidade superior à sua capacidade ele absorção. Essa poluição deriva de várias fontes:

Meios de transporte, que nas cidades são responsáveis pela maior parte da poluição atmosférica, pois emitem gases como o monóxido e o dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, derivados de hidrocarbonetos e chumbo;

Indústrias que, além do gás carbônico, também emitem enxofre, chumbo e outros metais pesados e diversos resíduos sólidos;

Queimadas das matas e capoeiras, que também geram altos índices de gás carbônico;

Incineração de resíduos sólidos (lixo);

Poluição natural provocada pelas erupções vulcânicas. A alta concentração desses poluentes eleva na atmosfera a quantidade de microorganismos que provocam doenças como: distúrbios respiratórios, alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso, câncer e outras. A poluição atmosférica tende, portanto, a modificar profundamente as funções da atmosfera gerando conseqüências inesperadas, tais como destruição da camada de ozônio, aquecimento global, o efeito estufa, as chuvas ácidas, os desequilíbrios climáticos, etc. Destruição da camada de ozônio O ozônio é um gás encontrado na estratosfera, entre 20 e 35 km de altitude, formando uma camada de 15 km aproximadamente. Essa camada funciona como um filtro que protege a Terra da radiação ultravioleta emitida pelo Sol. Esse tipo de radiação é nocivo à saúde e provoca principalmente câncer de pele e doenças oculares. Em decorrência da ação de poluentes no planeta, cientistas vêm alertando sobre a redução da camada de ozônio, decorrente, sobretudo, do uso do CFC, ou seja, compostos gasosos de carbono contendo cloro e flúor, também chamados de clorofluorcarbonetos. Esses gases são utilizados principalmente como substâncias refrigerantes em geladeiras, condicionadores de ar e como propelente em frascos de aerosois. O ―Protocolo de Montreal‖ foi o tratado internacional em que os países signatários se comprometem

a diminuir a emissão de CFC. O tratado esteve aberto para adesões em 1987 e entrou em vigor em de 1989. A chuva ácida A presença de componentes estranhos na atmosfera (principalmente óxido de nitrogênio e de enxofre) tem sido responsável pela ocorrência das chuvas ácidas. Na atmosfera, essas substâncias reagem quimicamente e produzem os ácidos sulfúrico e nítrico. Esses gases, ao atingirem a Terra sob a forma de precipitações, alteram também a composição química do solo e das águas prejudicando as formações florestais e as lavouras. Além disso, a ação corrosiva dos ácidos sulfúrico e nítrico atingem fortemente as estruturas metálicas, as edificações, além de provocar sérios problemas à saúde da população. A Questão da Água - O problema da escassez de água no Mundo e no Brasil A escassez de água no mundo é agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. As diferenças registradas entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento chocam e evidenciam que a crise mundial dos recursos hídricos está diretamente ligada às desigualdades sociais. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico. 35% da população mundial não têm acesso a água tratada. 43% da população mundial não contam com serviços adequados de saneamento básico. A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira:

97,5% de oceanos e mares;

2,5 de água doce; o 68,9% (da quantidade geral de água doce) formam

as calotas polares, geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra;

o 29,9% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas

o 0,9% respondem pela água na superfície Água no Brasil O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Essa água, no entanto, é distribuída de forma irregular. A Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da água superficial. Enquanto isso o Sudeste tem disponível 6% do total da água. O desperdício chega entre 50% e 70% nas cidades. Assim, parte da água no Brasil já perdeu a característica de ―recurso natural renovável‖ (principalmente nas áreas densamente povoadas), em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados, mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água. Aquíferos no Brasil Nas últimas décadas, tem-se atribuído um papel significativo aos reservatórios hídricos subterrâneos em todo o mundo. Pesquisas buscam detalhar as características dos aquíferos mundiais e traçar mecanismos necessários para uma utilização sustentável. O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani, finalizado em 2009, fez o mapeamento do reservatório, durante seis anos, e apontou estratégias e instrumentos para garantir o uso adequado dos

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recursos hídricos nas regiões onde está localizado (em oito estados brasileiros, mais Uruguai, Paraguai e Argentina). Enquanto isso, avaliações recentes de pesquisadores no Norte do País, apontam para a grande potencialidade do Aquífero Alter do Chão, na região Amazônica, onde estudos comprovam a qualidade e abrangência do reservatório, sendo o maior do mundo.

Transposição do Rio São Francisco A transposição do Rio São Francisco se refere ao polêmico e antigo projeto de transposição de parte das águas do rio. Orçado atualmente em R$ 4,5 bilhões, que prevê a construção de dois canais que totalizam 700 quilômetros de extensão. Tal projeto, teoricamente, irrigará a região nordeste e semi-árida do Brasil. A idéia de transposição das águas é tida como desde a época de Dom Pedro II, já sendo vista como única solução para a seca do nordeste. Naquela época não foi iniciado o projeto por falta de recursos da engenharia, mas algumas décadas mais tarde, foi retomada a discussão do projeto, como em 1943 por Getúlio Vargas e em 1994 por FHC. O projeto prevê a construção de dois canais, sendo que um deles, o leste, terá cerca de 210 km, e trará água ao estado de Pernambuco e levará água também para a Paraíba. O canal norte, por sua vez, terá 402 km, e também beneficiará Pernambuco e Paraíba, mais o Ceará e o Rio Grande do Norte. Com previsão de beneficiar 12 milhões de pessoas, o projeto prevê a captação de 1,4% da vazão de 1.850 metros cúbicos por segundos (m³/s). Transpor e interligar as bacias desses rios parece lógico e muito promissor, mas o projeto gerou e ainda gera polêmicas e críticas daqueles que temem danos sociais e ambientais em razão de variáveis não-previstas. Ambientalistas, geógrafos, biólogos, assistentes sociais e padres se perguntam: qual será o impacto disso para as espécies que hoje vivem nesse rio ou nos rios que receberão a água? Se houver diminuição das espécies de peixe, o que acontecerá com as populações que dependem deles? A retirada da água pode comprometer a vazão do rio nas áreas mais próximas da foz? Se água sumir em áreas onde ela é abundante, o que acontecerá aos que dependem dela? O ministério da Integração Nacional, que cuida do projeto, diz que sua revisão e detalhamento foi mais cuidadosa, o que garantirá resultados melhores, e que o volume de água a ser usado é inferior a 1,4% do que o rio despeja no mar.

AÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO GOVERNAMENTAIS A partir do momento em que o ser humano foi forçado, pela carência de recursos naturais, a se fixar num determinado espaço físico, teve início o desenvolvimento das primeiras atividades econômicas, como a agricultura, a pecuária e a criação de animais domésticos. Sua relação com a natureza se tornou predatória, afetando a biodiversidade e degradando cada vez mais as três camadas globais, levando a uma possível destruição total do planeta. Em 1972, ocorre a Primeira Conferência Internacional Sobre Meio Ambiente em Estocolmo que, em resumo, procurou alertar o

mundo, principalmente as superpotências da época, quanto à forma de desenvolvimento econômico e tecnológico que estava sendo implantado nas últimas décadas e seus resultados devastadores em relação às condições naturais do planeta. A fase da "neurose nuclear" e das armas químicas e biológicas começa a despertar uma consciência ambiental. Pela primeira vez, de forma mais organizada, o ser humano torna conhecimento sobre assuntos e palavras como ecologia, biodiversidade, consciência ecológica ou ambiental e surgem as primeiras Organizações Não-Governamentais (ONGs). Os próximos anos seriam de um avanço nos estudos sobre as degradações ambientais inimagináveis nas décadas anteriores; o efeito estufa, a ruptura na camada de ozônio, as chuvas ácidas, o envenenamento dos solos e das águas, a maré vermelha, a maré negra, as ilhas de calor, a inversão térmica alcançam destaque na imprensa mundial e passam a ser assuntos obrigatórios nos currículos escolares. ECO RIO – 92 – A CONFERÊNCIA DO RIO

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais comumente chamada de "Fórum Global", realizou-se no Rio de Janeiro em junho de 1992. O seu desafio principal era o de "estabelecer a fundação de uma associação global entre os países em vias de desenvolvimento e os países mais

industrializados, tendo como base as suas necessidades mútuas e os seus interesses comuns, com o intuito de assegurar o futuro do planeta" e de se encontrar um "equilíbrio justo e viável entre o meio ambiente e o desenvolvimento". Delegações de 179 Estados participaram desse encontro. Diversas manifestações se realizaram à margem da reunião política, congregando representantes de organizações não governamentais (ONGs), cientistas e industriais. AGENDA 21 A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas. Contendo 40 capítulos, a Agenda 21 Global foi construída de forma consensuada, com a contribuição de governos e instituições da sociedade civil na Rio 92. O programa de implementação da Agenda 21 e os compromissos para com a carta de princípios do Rio foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Johannesburgo, ou Rio + 10, em 2002. Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município, região, setor e planeja o futuro de forma sustentável. E esse processo deve envolver toda a sociedade na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazo. A análise do cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizados dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, ambiental e político-institucional da localidade. É importante destacar a Agenda 21 é uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável. O enfoque desse processo de planejamento não é restrito às questões ligadas à preservação e conservação da natureza, mas sim a uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante, onde predomina o econômico, dando lugar à sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social, ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com o problema mundial da pobreza.

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Sequestro de carbono É um processo de remoção de gás carbônico (CO2). Tal processo ocorre principalmente em oceanos, florestas e outros organismos que, por meio de fotossíntese, capturam o carbono e lançam oxigênio na atmosfera. O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de Quioto com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera. Seqüestro de Carbono Artificial Ecossistema Oceânico - O seqüestro de carbono artificial no oceano é acelerar o processo natural de captura de CO2 da atmosfera, reduzindo o efeito estufa. O seqüestro artificial pode ser obtido a partir de dois métodos: Injeção Direta - Consiste na injeção direta do CO2 no fundo do oceano. Mas se a injeção for a grandes profundidades o CO2 afundará e formará um ―lago‖ o pH no local da injeção, deixando a água mais ácida. O aumento da acidez afeta o crescimento e as taxas de reprodução de alguns organismos marinhos como peixes e plâncton. Fertilização do Oceano - Se dá através da adição de ferro em regiões onde a produtividade biológica é limitada pelo ferro, provocando um aumento no crescimento do fitoplâncton, acelerando a atividade fotossintética. Ecossistema Florestal - As ―florestas novas‖ (reflorestamentto) não podem ser seqüestradoras diretas do carbono. Embora a floresta natural seja um estoque líquido de CO2, o reflorestamento pode inicialmente ser uma fonte da emissão de CO2 quando o carbono do solo é liberado na atmosfera. Plantar florestas fornecem um número de benefícios adicionais incluindo a redução da erosão, da captação da água e de benefícios econômicos colhidos de sustentabilidade. Os mecanismos para realçar o seqüestro do carbono no solo incluem: conservação de áreas naturais e rotação de culturas. IPCC – Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU sobre o aquecimento global - Concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso aumentaram notavelmente como resultado das atividades humanas desde 1750. As conclusões estão descritas no "Resumo para os Formuladores de Políticas", que integra a primeira parte do relatório "Mudanças Climáticas 2007". COPENHAGUE – COP 15 (2009) – Tempo Perdido O maior encontro diplomático dos últimos tempos, realizado em Copenhague (Dinamarca) em dezembro de 2009, tinha o objetivo de envolver o mundo em ações concretas para evitar o aquecimento global, uma alta descontrolada da temperatura resultante da ação humana. Mas ―omissão‖ é a palavra que define melhor o ―resultado‖ da 15ª Conferência das Partes (COP), a reunião anual que congrega as nações signatárias da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima das Nações Unidas (UNFCCC). Este ano a COP foi em Copenhague, capital da Dinamarca, país que sonhava em entrar para a história como o anfitrião de um acordo abrangente que substituísse o Protocolo de Kyoto, acordado em 1997 na COP 3 , sediada na cidade japonesa. Mas, para azar do mundo, o que vai constar nos anais da história será a desconcertante incapacidade de aglutinação da liderança dinamarquesa e a truculenta repressão de manifestações de ONGs ambientalistas. Esperava-se que os países se comprometessem a cortar gases-estufa segundo as recomendações científicas do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, explicadas em detalhes ao mundo em 2007. Para evitar uma alta da temperatura

superior a 2°C neste século, seria preciso que as nações industrializadas cortassem suas emissões de gases-estufa em 25% a 40% até 2020, e em 80% a 95% até 2050. As não industrializadas deveriam adotar ações consistentes para frear suas emissões. O que saiu da Dinamarca foi uma declaração de intenções. Não tem efeito vinculante, mas mesmo que tivesse, não vincularia ninguém a nada muito decisivo. Os países admitem que de fato é bom evitar uma alta da temperatura em 2°C neste século. Está escrito que as nações ricas se comprometem a direcionar US$ 30 bilhões nos próximos três anos para ajudar nações pobres a lidar com as alterações climáticas, mas não se sabe quem vai pagar e como.

CANCUN – COP 16 (2010) – Pequeno avanço O ―pessimismo‖ e o ―pé no chão‖ dos negociadores de 194 países durante a 16ª Reunião Quadro da Convenção das Partes para a Mudança do Clima (COP16), realizada em dezembro de 2010 em Cancun, no México, possibilitaram um acordo balanceado conhecido como ―Pacote Cancun‖. Em relação às recomendações da ciência (que indicam corte de emissões entre 25% e 40%), pouco se avançou. Os países não encontraram ambiente para negociar novas metas, mas, ao final, definiram a permanência do Protocolo de Quioto, que prevê metas de redução de emissões de países do Anexo I (países desenvolvidos). Dentre as novidades positivas da COP 16, destaca-se a criação do Fundo Verde para Mudanças Climáticas, que permitirá que os países em desenvolvimento recebam recursos das nações industrializadas para desenvolvimento de baixo carbono e medidas de adaptação. Também foi estabelecido o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), importante para países com florestas, como o Brasil e estados com grande estoque florestal, como o Amazonas. A próxima Conferência, a COP17 em 2011 será em Durban, na África do Sul.

Breve histórico do UNFCCC A resposta internacional à mudança do clima começou com a aprovação do Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em 1992, que estabelece um quadro de ação com o objetivo de estabilizar as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa. A UNFCCC entrou em vigor em 21 de março de 1994 e agora tem 194 partes. Em dezembro de 1997, os delegados da COP 3 em Quioto, no Japão, concordaram em um protocolo para a UNFCCC, que compromete os países industrializados e países em transição para uma economia de mercado para atingir metas de redução de emissões. Estes países, conhecidos como partes do Anexo I no âmbito da UNFCCC, concordaram em reduzir suas emissões totais de seis gases de efeito estufa em uma média de 5,2% abaixo dos níveis de 1990 entre 2008-2012 (primeiro período de compromisso), com metas específicas variando de país para país. O Protocolo de Quioto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 e agora tem 192 partes.

A QUESTÁO DA AMAZÔNIA Recursos Naturais - A região amazônica já era cobiçada pelo potencial de suas riquezas desde a chegada dos primeiros colonizadores, nos séculos XVII e XVIII. Inicialmente, os habitantes tiravam o sustento da pequena agricultura e do extrativismo vegetal. Os ciclos econômicos da borracha deram impulso ao crescimento econômico da região.

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Zona Franca - Manaus, a antiga capital da borracha, voltou a florescer na economia após a criação da Zona Franca, há 40 anos, atraindo indústrias por meio de incentivos fiscais e redução de taxas alfandegárias. O projeto se enquadrou na estratégia do governo militar de levar desenvolvimento para a região de fronteira, com o objetivo de garantir a ocupação territorial e a soberania nacional.

Estradas e Destruição - O êxodo da floresta para as cidades foi impulsionado pela abertura de estradas, que também levaram para a Amazônia grandes levas de colonos provenientes de outras regiões. As rodovias abrem caminho para a ação dos grileiros, que tomam posse de terras públicas para desmatar. Atrás deles chegam os madeireiros e depois os agricultores e pecuaristas, que derrubam a floresta. A mata cobre uma área, hoje, 17% menor do que a original - o equivalente a mais de três vezes o tamanho do estado de São Paulo. Somente entre 2004 e 2006, o desmatamento atingiu uma área equivalente à da Jamaica. Desafio Atual - É aumentar o valor econômico da floresta mantida de pé, aproveitando o grande potencial da biodiversidade. A exploração sustentável de madeira, que segue critérios ambientais, começa a crescer. A Amazônia poderá ser compensada economicamente pelos benefícios ambientais que fornece ao planeta. Ao abrigar um terço das florestas tropicais do mundo, a região é chave para o equilíbrio do clima global. O desmatamento promove a emissão de gases do efeito estufa, aumentando a temperatura da Terra.

O Plano Amazônia Sustentável - PAS É uma iniciativa do Governo Federal em parceria com os estados da região amazônica. Propõe estratégias e linhas de ação, aliando a busca do desenvolvimento econômico e social com o respeito ao meio ambiente. O Plano tem como objetivo geral implementar um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia brasileira, pautado na valorização da potencialidade de seu enorme patrimônio natural e sócio-cultural.

Suas estratégias estão voltadas para a geração de emprego e renda, a redução das desigualdades sociais, a viabilização das atividades econômicas dinâmicas e inovadoras, com inserção em mercados regionais, nacionais e internacionais, bem como para o uso sustentável dos recursos naturais com manutenção do equilíbrio ecológico. O PAS se organiza em torno de cinco grandes eixos temáticos:

produção sustentável com inovação e competitividade

gestão ambiental e ordenamento territorial

inclusão social e cidadania

infra-estrutura para o desenvolvimento

novo padrão de financiamento Principais Órgãos do governo brasileiro para o Meio Ambiente IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis é uma autarquia federal criada em 1989. Está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente - MMA sendo o responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA - e desenvolve diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc). Ele é ainda responsável pelos estudos ambientais e pela liberação das licenças ambientais, de empreendimentos a nível nacional. O Licenciamento Ambiental é um procedimento pelo qual o órgão ambiental competente, federal, estadual ou municipal, permite a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, e que possam ser consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Com este instrumento busca-se garantir que as medidas preventivas e de controle adotadas nos empreendimentos sejam compatíveis com o desenvolvimento sustentável. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é o mais novo órgão ambiental do governo brasileiro. Foi criado em agosto de 2007. É uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). A sua principal missão institucional é administrar as unidades de conservação (UCs) federais, que são áreas de importante valor ecológico. Nesse sentido, cabe ao instituto executar as ações da política nacional de unidades de conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as UCs instituídas pela União. O instituto tem também a função de executar as políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação federais de uso sustentável. As suas outras missões institucionais são fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação federais.

Inpe confirma queda recorde no desmatamento da Amazônia Folha – 29/04/2010 O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) acaba de divulgar os dados consolidados do Prodes, o sistema que mede a taxa oficial de desmatamento. Entre agosto de 2008 e julho de 2009, a Amazônia perdeu 7.464 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a cinco municípios de São Paulo. Mesmo assim, esta é a taxa de desmatamento mais baixa já registrada desde que o país começou a monitorar a Amazônia com imagens de satélite, em 1988. Trata-se de uma queda de 42% em relação ao biênio anterior (o "ano fiscal" do desmatamento é sempre medido de agosto a julho do ano seguinte).

Unidades de Conservação Proteção Integral - São aquelas que têm como objetivo básico preservar a natureza, livrando-a, o quanto possível, da interferência humana. Compreendem as seguintes categorias: Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural (MN) e Refúgio de Vida Silvestre (REVIS). O Instituto Chico Mendes gerencia 126 Unidades de Conservação de Proteção Integral. Uso Sustentável - São aquelas cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de

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seus recursos naturais. Elas visam a conciliar a exploração do ambiente com a garantia de perenidade dos recursos naturais renováveis considerando os processos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Constituem este grupo as seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Fauna (REFAU), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Ao todo o Instituto Chico Mendes faz gestão de 166 Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Agência Nacional de Águas (ANA), criada em 2000, tem como missão regular o uso das águas dos rios e lagos de domínio da União e implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, garantindo o seu uso sustentável, evitando a poluição e o desperdício e assegurando, para o desenvolvimento do país, água de boa qualidade e em quantidade suficiente para a atual e as futuras gerações. A Agência é uma autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, conduzida por uma Diretoria Colegiada.

Senado divide o Ibama e cria o Instituto Chico Mendes - 2007 O plenário do Senado aprovou a medida provisória que divide o Ibama e cria o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Entre outras atribuições, o novo órgão vai fiscalizar as unidades federais de conservação. O licenciamento ambiental continuará com o Ibama. A medida provisória segue para sanção presidencial.

Como enfrentar os danos das enchentes no Rio de Janeiro Enchentes e inundações não são acontecimentos da atualidade. Há muito tempo a imprevisibilidade do clima e das chuvas preocupa as populações. Na verdade, como qualquer evento da natureza, as enchentes podem ser consideradas benéficas, sendo o principal benefício a renovação do ecossistema onde ocorrem, como por exemplo, os enormes encantos e belezas a partir de cheias em locais como o Pantanal do Mato Grosso. A cheia só é considerada indesejável quando resultante das ações pouco responsáveis da raça humana no meio ambiente. É o caso das enchentes urbanas que castigam as grandes metrópoles e, particularmente, aquelas que ocorrem nos climas quentes e úmidos, como na cidade do Rio de Janeiro. É indiscutível que a ocupação desordenada das áreas urbanas desprovidas de infra-estrutura adequada tende a aumentar em magnitude e rapidez a ocorrência das inundações. O tratamento do problema das cheias urbanas vem sofrendo drásticas alterações nas últimas décadas, sob o ponto de vista da engenharia de recursos hídricos, ―Crescimento sustentável‖ está na ordem do dia, sendo a escassez ou excesso de água, ou melhor, sua quantidade, característica totalmente indissociável da sua qualidade. O conceito moderno de combate às enchentes encontra-se amarrado à necessidade de fazer os volumes escoados nas bacias urbanas se aproximarem o mais possível dos valores anteriores à ocupação e urbanização descontroladas e desordenadas. Não são necessários conhecimentos técnicos profundos para se constatar que a urbanização torna impermeável boa parte do solo da bacia, reduzindo drasticamente a capacidade de infiltração e posterior recarga dos lençóis subterrâneos. Nos países desenvolvidos atualmente é proibido impermeabilizar, e são empregados dispositivos simples como trincheiras de infiltração, ―telhados verdes‖, armazenamento e reuso em loteamentos, pavimentos permeáveis ou vazados, etc. Por outro lado, a ocupação de áreas de risco, tais como zonas próximas aos cursos de água ou canais, bem como áreas de encostas, contribui mais ainda para o agravamento do problema, além dos deslizamentos e desabamentos. É triste notar que em geral são as populações mais carentes que, por falta de opção e de dinheiro, tendem a ocupar tais áreas de risco iminente. A proximidade de assentamentos em relação às calhas dos rios reduz enormemente a capacidade de escoamento da chamada calha secundária, que se destina a acomodar e conduzir as águas de inundação. A ocupação de encostas, por sua vez, torna

ainda mais vulnerável a bacia urbana, tanto pela remoção da vegetação natural, que possui aspecto altamente protetor, retendo e ajudando a evaporação das águas de chuva, como pela exposição à erosão a que os solos desmatados ficam submetidos. As chuvas irão erodir tais solos e carrear mais material sólido, além do lixo, para as estruturas de drenagem, comprometendo seriamente sua capacidade. As soluções em longo prazo para evitar tais problemas passam pela elaboração conjunta de Planos Diretores Urbano e de Drenagem, com implementação de medidas que demandam tempo e dinheiro. No entanto cá estamos às portas do verão e as medidas devem ser de curto prazo, infelizmente. Ainda assim há muito que ser feito, principalmente quanto à manutenção da rede urbana de drenagem, por mais insuficiente que seja a mesma. Evitar o quanto possível a proliferação de ocupações irregulares do espaço urbano é fundamental. É preciso ainda efetuar dragagem dos rios e canais, cuidar da coleta e disposição regulares do lixo urbano e, principalmente, conscientizar a população em termos de educação ambiental. Não jogar pequenos lixos nas ruas pode parecer atitude despretensiosa e isolada, porém se multiplicada por quase todos os habitantes da cidade fornece excelentes resultados para minimizar o impacto das inundações. É necessário que cada um faça sua pequena parte para o alcance de um todo ambientalmente mais agradável, menos agressivo e menos alagado. Flávio Cesar Borba Mascarenhas. Chefe do Laboratório de Hidráulica Computacional da Escola Politécnica da UFRJ.

Os 3 “R” do Lixo Urbano: fonte de metano, diversos danos ambientais, sociais e doenças

Responsabilidade Socioambiental Corporativa As transformações sócio-econômicas dos últimos 20 anos têm afetado profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande poder, vem grande responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social. A idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente recente. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações. Infelizmente, muitos ainda confundem o conceito com filantropia, mas as razões por trás desse paradigma não interessam somente

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ao bem estar social, mas também envolvem melhor performance nos negócios e, conseqüentemente, maior lucratividade. A busca da responsabilidade social corporativa tem, grosso modo, as seguintes características:

É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia, ao governo, ao setor não-governamental e ambiental e, por fim, às comunidades com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de novos parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo não apenas representa uma mudança de comportamento da empresa, mas também significa maior legitimidade social.

É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como consumidores, empresas também são responsáveis por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos.

É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais.

É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde sua performance é aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos prevêem que relatórios sócio-ambientais serão compulsórios.

2 º Fórum Mundial de Sustentabilidade – Manaus março de 2011 O Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado pela Seminars e promovido pelo LIDE, reunirá novamente em Manaus, Amazonas, grandes empresários, executivos, lideranças políticas e entidades ambientais para discutir a sustentabilidade econômica, ambiental e social da Amazônia e do planeta. Com o tema principal "Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social da Amazônia e do Planeta", receberá as palestras de Bill Clinton e do ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger e de Lideranças de ONG´s ambientais nacionais e globais ale de empresários e intelectuais. Objetivos • Difundir práticas e mecanismos bem-sucedidos de desenvolvimento sustentável na Amazônia e no mundo; • Demonstrar o valor econômico e ambiental da floresta em pé e suas implicações para a região e o mundo; • Criar um compromisso político e empresarial com o desenvolvimento sustentável do planeta. No encerramento, dia 26 de março, a iluminação interna do Teatro Amazonas será completamente desligada pela ―Hora do Planeta‖. Os Biomas do Brasil e a Biodiversidade Um Bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação tem bastante similaridade e continuidade, com um clima mais ou menos uniforme, tendo uma história comum em sua formação. Por isso tudo sua diversidade biológica também é muito parecida.

AMAZÔNIA 49,29% CERRADO 23,92% MATA ATLÂNTICA 13,04% CAATINGA 9,92% PAMPA 2,07% PANTANAL 1,76%

“Hotspots” brasileiros O conceito Hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para resolver um dos maiores dilemas dos ecologistas: ―Quais as áreas mais importantes para preservar a biodiversidade na Terra?‖ Dos seis biomas brasileiros, a Mata Atlântica e o Cerrado estão inscritos na lista de biodiversidade dos Hotspots da Conservation International. Com mais de 20.000 plantas e 2.300 animais, a Mata Atlântica é considerado um dos Top 5 hotspots de biodiversidade no mundo.

Ano Internacional da Biodiversidade - 2010 A Assembléia Geral das Nações Unidas declarou que 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade (AIB), e que ajudará a promover a consciência da importância da biodiversidade em todo o mundo. A biodiversidade pode ser traduzida como uma variedade de formas de vida no planeta. A sua preservação garante a sobrevivência de espécies raras e ainda viabiliza estudos para a cura de doenças, por exemplo. BRASIL - TÓPICOS RELEVANTES EM DIVERSAS ÁREAS SEGURANÇA PÚBLICA Dever do Estado - De acordo com a Constituição, é dever do Estado cuidar da segurança pública. A principal tarefa é dos 26 estados e do Distrito Federal, responsáveis pelas polícias Militar e Civil. O governo federal tem a Polícia Federal e as Forças Armadas, e os municípios, as Guardas. Polícia Militar - A PM é responsável pela prevenção e pelo policiamento ostensivo nas ruas. A estrutura e a hierarquia das PMs brasileiras, que seguem as normas das Forças Armadas, são herança do regime militar. Polícia Civil - Atua depois que o crime é cometido. Faz o trabalho de investigação e de apuração das infrações. As evidências acumuladas constituem a base para a abertura de um processo na Justiça. Polícia Federal - Está presente em todo o território nacional. Atua na proteção das fronteiras, na investigação dos crimes relacionados à esfera federal de poder (ministérios, autarquias, empresas públicas) e no combate ao tráfico de drogas e ao contrabando. Força Nacional - Criada em agosto de 2004, tem 7,7 mil integrantes selecionados na elite das polícias militares estaduais, que se reúnem apenas quando algum estado passa por crise aguda de segurança e solicita ajuda do governo federal. Exército - Seu papel constitucional é defender a pátria e a segurança nacional. Mas há defensores da presença do Exército nas ruas, como única forma de controlar o crime organizado. Os que são contra alegam que não existe preparo das forças para atuar como segurança pública.

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Guardas Municipais - Destinada a protegera patrimônio municipal, não deve atuar como polícia ostensiva ou investigativa. É vista como uma possibilidade para a aproximação entre a polícia e a comunidade.

Quase metade das mortes de jovens é por assassinato 21/07/09 – G1 Quase metade das mortes de adolescentes no Brasil é por assassinato. A revelação assustadora faz parte de um estudo inédito feito pela Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Observatório de Favelas e o Unicef. O adolescente do sexo masculino tem 12 vezes mais risco de morrer vítima de homicídio do que uma menina da mesma idade. Já a probabilidade de um garoto negro ser assassinado é quase 3 vezes maior de que a de um branco. Segundo os pesquisadores, o estudo se preocupou com adolescentes porque é nessa fase que muitos abandonam a escola e se envolvem com o crime. E depois, dos 19 aos 24 anos, acabam sendo as principais vítimas da violência. O relatório também mostra um número alarmante. Até 2012, cerca de 33 mil adolescentes não chegarão aos 19 anos de idade porque terão sido assassinados. Nas comunidades mais pobres, a esperança de impedir a precisão está em projetos sociais que oferecem instrumentos para os jovens se afastaram da violência. Este é só um dos projetos sociais do Afroreggae, no Rio. Em 16 anos, o grupo já deu oportunidades a 10 mil jovens e crianças.

Os números do Crime no Brasil e no Mundo

Proporcionalmente, o Brasil é campeão em quatro dos seis principais tipos de crime

Crime Total - ano Nº de pcorrências a cada 100 Mil

Brasil Brasil EUA Itália México

Homicídios 41.000 22,2 5,6 1 13

Mortes por arma de fogo

36.000

20,3

3,88

0,1

2,6

Assaltos 942.000 510 140 78 146

Furtos 2.150.000 1.170 4.300 2.560 112

Seqüestros 650 0,4 0,03 0,2 0,3

Detenção por porte ou tráfi- co de drogas

900.000

48,5

622

41

23,4

Fontes: Ministério da Justiça (2005), governo da Itália (2005) e ONU (2004) Número de homicídios entre negros no Brasil é duas vezes maior que entre brancos A constatação é de um levantamento feito pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). A diferença entre o número de homicídios de negros e brancos é maior entre as crianças e jovens de 10 a 24 anos. Entre os maiores de 40 anos, o número de homicídios é quase o mesmo nos dois grupos. Os números mostram que os negros estão sujeitos a uma exposição maior de risco que os brancos, em várias partes do país. Além disso, de acordo com Paixão, há pesquisas que mostram que a letalidade policial - a morte provocada por policiais - é maior entre os negros do que entre os brancos. Um terceiro fator seria a baixa auto-estima da juventude negra que vive em áreas pobres e que não vê alternativas para a sua vida, e que, por isso, teria mais probabilidades de se envolver em situações de risco.

Cinema quebra o gelo do debate sobre drogas Desde a retomada do cinema nacional, em meados dos anos 90, poucos bons filmes romperam os limites do circuito de arte e

atingiram o grande público da telona, hoje formado majoritariamente pela faixa etária de 18 a 27 anos. Entre as produções brazucas que cativaram a juventude hipnotizada pela força dos blockbusters milionários, vários abordam a questão das drogas. E a enfocam sob a ótica de personagens jovens, bem diferentes entre si. Refiro-me principalmente a "Bicho de Sete Cabeças" (2000); "Cidade de Deus" (2002); "Tropa de Elite" (2007) e "Meu nome não é Johnny" (2008). Interessante notar que todos são baseados em histórias verídicas ou ficção imersa num contexto profundamente real e brasileiro. Três deles (a exceção é "Cidade de Deus") se concentram em poucos personagens, o que provoca forte identificação com o público. Tendo em vista o sucesso de bilheteria que estes filmes obtiveram, da intensa repercussão na mídia e o acalorado debate na blogosfera, é possível dizer que, em boa medida, o cinema nacional quebrou o gelo do diálogo entre pais e filhos sobre drogas. De maneira geral o espaço de discussão midiática sobre o tema foi, nas décadas passadas, ocupado por militares e psicólogos reacionários e ex-dependentes arrependidos, de um lado. E a turma do delírio, desbunde e apologia do outro, com forte influência na comunicação underground e no fetiche e linguagem subliminar do próprio cinema. Nada que facilite o diálogo entre pais e filhos. Muito pelo contrário, os distancia. O contato entre integrantes de mundos tão estanques não respeita e não reconhece o outro. São indivíduos estranhos. Agora aportam ao debate figuras bem mais complexas, contraditórias e falíveis. Pais arrependidos por "pegar pesado". Gente de boa índole que é arrastada para o tráfico. Bons policiais que seguram a barra da guerra nos morros com dignidade, mesmo em condições indignas. Jovens usuários burgueses e ingênuos, falsamente intelectualizados e egoístas. E, por fim, o traficante gente boa (sem ironia), igualmente burguês. O conjunto dos quatro filmes citados não deixa nenhuma resposta fácil permanecer na linha de conforto. Famílias, usuários e Estado são convidados a refletir sobre o ônus provocado por posicionamentos radicais, tanto de viés conservador quanto liberal. Ao mesmo tempo, as motivações e dramas de todos os agentes envolvidos na questão estão bem contemplados. Pais, filhos, policiais, menores e maiores de comunidades carentes, e traficantes. O mesmo espectador é capaz de ter raiva dos pais que internam filhos maconheiros em manicômios horríveis. E de vibrar com policiais sanguinários que combatem o tráfico com tortura institucionalizada. De se solidarizar com meninos da favela que partem para o crime; e com juízes que não titubeiam em condenar a décadas de prisão traficantes desarmados. O resultado potencial é a dúvida, e não certezas. É um convite à reflexão não só sobre as drogas, mas a respeito de todo o contexto que as cercam, no Brasil e no mundo. Cada um destes filmes tem ganhado espaço em salas de aula, blogs, páginas de jornais e revistas e em programas de televisão, inclusive de boa qualidade. Em contraste à abordagem superficial e caricata dos piores folhetins, a soma destas obras contém um olhar complexo e tridimensional sobre a questão, o que convida à ocorrência de um debate rico. Não só na mídia, mas também na sociedade e no meio familiar. Um papel importante que o cinema nacional cumpre ao provocar o público ao autoquestionamento. Ainda mais numa época em que jovens e adolescentes cada vez mais são impactados pela propagação de modelos de felicidade ligados a doses extremas de poder, prestígio e dinheiro. Encorajados a consumir o que há de "melhor" em excesso, com prazer inconseqüente e ilimitado. A admirar, enfim, tudo o que a droga e o tráfico são capazes de prometer e até de realizar, mesmo que seja por pouco tempo. Ricardo Kauffman é jornalista e roteirista.

Entenda as UPPs - Unidades de Polícia Pacificadora As unidades são apontadas pelo Estado como um item-chave da política de segurança pública, mas também são alvo de críticas.

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Como funciona a ocupação e a instalação das UPPs? A estratégia do governo fluminense consiste em promover a ocupação de favelas a partir de operações do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), para tirá-las do domínio de traficantes ou de grupos armados. Após a ocupação, são instaladas as Unidades de Polícia Pacificadora, que, segundo o governo, visam promover um policiamento preventivo e abrir espaço para que a população local volte a ter acesso a serviços sociais, sejam públicos ou privados (de água a TV a cabo). A UPP é uma espécie de batalhão dentro da comunidade e tem uma sede fixa, com policiamento constante. Quais os critérios para a escolha das favelas que serão ocupadas? São escolhidas para ocupação zonas com altos índices de violência, trânsito constante de pessoas, pouca presença do Estado e onde acredita-se que estejam abrigadas grandes quantidades de drogas e armas. Segundo o coronel Robson Rodrigues, comandante da polícia pacificadora, "o objetivo das unidades não é erradicar de vez o narcotráfico". "Tampouco vamos a todas as comunidades. Vamos das menos para as mais complexas. Vamos àquelas com armas de guerra, onde a polícia local não tinha possibilidade de entrar", acrescenta Rodrigues. "Com isso, o programa vai desonerar os batalhões e fazer com que eles mesmos possam dar conta de fazer a prevenção das comunidades menos complexas." Onde foi instalada a primeira unidade? A primeira UPP foi instalada em dezembro de 2008 no morro Santa Marta, no bairro de Botafogo (zona Sul), que antes havia ficado um mês sob ocupação policial. A comunidade do Santa Marta foi escolhida por ser razoavelmente pequena e sob controle dos traficantes. Serviu de laboratório para as 12 outras unidades que vieram depois. Após denúncias de abuso policial no local, a polícia do Rio montou uma cartilha sobre direitos dos cidadãos a serem observados durante abordagens dos oficiais da UPP. Quais os argumentos a favor do modelo? Defensores do modelo dizem que ele permitiu que as comunidades pacificadas deixassem de ser subjugadas por narcotraficantes e contassem com um policiamento menos agressivo e "parceiro" da população. Os índices de violência caíram nas comunidades com UPPs. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), que compila as estatísticas de violência na cidade, os registros de roubos no Santa Marta diminuíram 39,5% no primeiro ano após a ocupação, em comparação com o ano anterior. Já na Cidade de Deus, o número de roubos teve uma redução de 68,6%, e o número de homicídios caiu de 34, no ano anterior à UPP, para seis, no primeiro ano após sua implantação. As UPPs também atraíram projetos sócio-culturais e de capacitação profissional para a população local. E quais os argumentos contra? Críticos do modelo dizem que ele simplesmente força o deslocamento dos traficantes para outras favelas, que podem se tornar novos bastiões do tráfico e da violência. Também questiona-se se as UPPs serão sustentáveis em grande escala, já que a estimativa é de que há cerca de mil favelas no Rio e Grande Rio. Além disso, teme-se que a ausência de narcotraficantes nas favelas possa abrir espaço para a formação de milícias. Por fim, críticos dizem que o modelo de policiamento cerceia em alguns casos a vida comunitária das favelas pacificadas, restringindo, por exemplo, festas e bailes funk. Quais os próximos passos previstos? Até 2014, espera-se que a cidade tenha entre 40 e 50 UPPs, abrangendo até 165 favelas. Algumas comunidades, como Rocinha e Macacos, devem receber mais de uma UPP. Fonte: BBC Brasil. Projeto Ficha Limpa e o STF – Março de 2011 No ano passado, terminou empatada a decisão sobre a validade da lei para as eleições de outubro. Apesar do empate – possível devido à aposentadoria de Eros Grau, que deixou a corte com dez ministros –, o STF decidiu manter decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que considerou a validade para as eleições de 2010. O Supremo Tribunal Federal (STF) tomou a decisão ao definir que a Lei da Ficha Limpa só poderá ser aplicada nas eleições de 2012.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou sem vetos o projeto de lei Ficha Limpa, que barra a candidatura de políticos com "fichas sujas" na Justiça. A campanha Ficha Limpa foi lançada em 2008 com o objetivo de melhorar o perfil dos candidatos e candidatas a cargos eletivos do país. Em setembro de 2009, integrantes de movimentos contra a corrupção entregaram a proposta à Câmara após coletar cerca de 1,6 milhão de assinaturas. O texto foi aprovado com unanimidade nos plenários do Senado e da Câmara

ECONOMIA ATUAL – BRASIL – 2009/2010/2011 Indicadores de Inflação As diferentes metodologias usadas pelos institutos de pesquisa apontaram diversos índices de inflação. Oficialmente, o governo usa o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido mensalmente pelo IBGE em dez regiões metropolitanas, mais o Distrito Federal, no regime de metas de inflação – que tem como objetivo estipular um teto máximo para a aceleração dos preços. Neste ano, a meta estipulada é de 4,5%, podendo ser revista dois pontos percentuais para ou para baixo. Ou seja, a inflação pode fechar o ano de 2010 em 2,5% ou em 6,5% que estará dentro do teto estabelecido pelo governo. Caso perceba ao longo do ano que pretende passar desse resultado, o governo deve aumentar os juros, a Selic, para conter a disparada nos preços. Os outros indicadores, divulgados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Fipe (Fundação de Pesquisas Econômica Aplicada) são usados pelo mercado como termômetro dos setores, mas não entram na conta do governo. Eles são usados para reajustar alguns preços, como o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Consumidor – Mercado) usado nos contratos de aluguel.

Motivos que atrapalham um maior crescimento econômico

Juros altos, que inibem os investimentos e encarecem o crédito ao consumidor.

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Dívida pública elevada, que obriga o governo a gastar recursos que poderiam ser investidos em infra-estrutura.

Infra-estrutura precária e insuficiente

Carga de impostos equivalente a 39% do PIB, o que encarece os produtos nacionais e diminui nossa competitividade para vender em outros mercados

Alto custo de funcionamento do aparelho do Estado

Forte burocracia nos procedimentos ligados à atividade empresarial, que tira dos processos econômicos a agilidade cada dia mais necessária no mundo atual »cotação do dólar ruim para as exportações Os empresários pedem que o governo intensifique a adoção das Parcerias público-Privadas (PPPs), iniciativas conjuntas em que o empresariado banca os investimentos e a infra-estrutura em troca de explorar um serviço público por um período determinado. Mas os críticos das PPPs afirmam que, na prática, elas são uma transferência da responsabilidade pelos serviços públicos do governo para a iniciativa privada, em que a necessidade de dar lucro se toma mais importante do que o bom atendimento à população ou a própria qualidade do serviço. O acidente nas obras do metrô de São Paulo, em janeiro de 2007, que matou sete pessoas, reforçou esse argumento, pois a obra era feita por uma PPP. A IMPORTÃNCIA DO AGRONEGÓCIO Definições - O termo agropecuária refere-se à agricultura e à criação de gado. Já agronegócio é o conjunto das atividades econômicas envolvidas com a agropecuária, que inclui fornecedores de equipamentos e serviços para a zona rural e também a industrialização dos produtos. a agronegócio é responsável por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, 37% das exportações e 35% dos empregos. Produtos - O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. Também lidera o ranking das exportações de soja, carne bovina e de frango, tabaco, couro e calçados de couro. Em 2005, o país produziu quase 2,2 milhões de toneladas de café - 28% do total mundial. No mesmo ano, foi responsável por 24% da produção mundial de soja, ficando atrás apenas dos EUA. Expansão - O agronegócio está crescendo e busca novas áreas. As principais são a franja sul da Amazônia, o sul do Maranhão e do Piauí e o oeste da Bahia. Comércio mundial - Os conflitos comerciais globais são debatidos na Organização Mundial do Comércio (OMC). A instituição quer reduzir os subsídios, que são a liberação de dinheiro público a produtores via financiamentos a juro baixo ou incentivos fiscais, visando a ampliar a produção e reduzir os preços. Com taxas e impostos de importação, as nações tornam mais caro os produtos vindos de fora, levando o consumidor a preferir o nacional. Biocombustíveis – O país tem investido na criação de combustíveis produzidos a partir de material orgânico, como soja, mamona, girassol, rícino, algodão e até gordura animal. A Petrobras já vende nos postos uma mistura de diesel com óleo vegetal, o biodiesel. A larga experiência brasileira faz da cana-de-açúcar a principal matéria-prima para produz álcool para carros desde os anos 1970. 5. Agronegócio e Agricultura Familiar – Indissociáveis ou complementares? Um dos principais problemas do agronegócio brasileiro são de ordem ambiental (expansão de monoculturas), com elevado uso de fertilizantes e defensivos químicos. Segundo seus críticos, trata-se de um modelo que compromete os recursos naturais e a biodiversidade. Na questão social, o impacto ocorre no processo de concentração de riquezas no Brasil e nas relações de trabalho com críticas em vários aspectos. Na concepção de segurança alimentar nutricional implica-se considerar o modo de produção e os tipos de produtos. Nesta área não importa o recorde na produção, mas a qualidade de produção e o acesso aos alimentos como questão principal.

Os defensores do agronegócio criticam a falta de eficiência da agricultura familiar; os defensores da agricultura familiar criticam o caráter concentrador do agronegócio. Só que um depende do outro. O agronegócio gera divisas, empregos, riqueza. Mas expõe os preços internos aos preços internacionais, provoca êxodo no campo (substituído por emprego de melhor qualidade, mas em menor número e pegando um público distinto daquele da agricultura familiar). A agricultura familiar está próxima aos centros urbanos, não está exposta às intempéries dos movimentos internacionais de commodities. Segura o homem no campo e garante renda ou de sobrevivência ou para o consumo. Além disso, pode ser uma excelente alavanca para grandes empreendimentos, quando organizada em torno de cadeias produtivas – como a do frango e do leite. Essa será a grande síntese final da agricultura brasileira: o agronegócio convivendo com a agricultura familiar. BALANÇA COMERCIAL Déficit e Superávit - O superávit comercial ocorre quando o valor das exportações é superior ao das importações. O contrário é chamado déficit comercial. Taxa de Câmbio - O valor do real em relação ao dólar determina o preço das mercadorias brasileiras no mercado mundial e quanto devemos pagar por produtos importados. O real desvalorizado diminui o preço dos produtos brasileiros em dólar, mas encarece a importação, que também é paga em dólar. Já com o real valorizado, os produtos brasileiros ficam mais caros no exterior, enquanto as importações se tornam mais baratas. Entraves à Exportação - Com a economia mundial vivendo excelente fase, era de esperar uma participação mais ativa do Brasil no mercado global. Isso não ocorre por três motivos: as políticas protecionistas dos países desenvolvidos criam barreiras para a entrada de produtos agrícolas brasileiros; a recente valorização do real tornou o valor dos itens exportados mais alto nos últimos anos; o atraso tecnológico brasileiro leva o país a exportar produtos com baixo valor agregado e a importar bens de alta tecnologia e preço elevado. Destino das nossas Exportações

No ano de 2010, o superávit da balança comercial foi de 20,27 bilhões de dólares. Não é um dos melhores resultados dos últimos

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anos, mas está acima das previsões dos economistas de muitos bancos que previam um superávit de 15 a 17 bilhões de dólares.

Se a expectativa dos analistas de mercado se concretizar, o ano de 2010 deverá concentrar o segundo maior volume em investimentos estrangeiros diretos desde 1947, ano

que marca o início da série histórica sobre os aportes. A projeção atual é de desembolsos de US$ 37,5 bilhões.

CIÊNCIA e TECNOLOGIA INCLUSÃO DIGITAL E DESIGUALDADE SOCIAL

Estudo vê maior inclusão digital no Brasil Segundo o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), até o ano passado quase metade (47%) da população brasileira jamais havia utilizado um computador. Em 2006, outra pesquisa do órgão indicava que 54% dos brasileiros estavam na mesma situação. Embora os dados de 2007 indiquem que 59% da população nunca tinham acessado a rede mundial de computadores e que apenas 24% dos domicílios possuíam computadores, o Cetic considerou que houve um forte aumento na posse e no uso das tecnologias da informação e comunicação, já que em 2006 esses índices eram de 67% e 20%, respectivamente. O Ministério da Ciência e Tecnologia investirá, até 2010, cerca de R$ 50 milhões na criação de 2 mil telecentros, de centros vocacionais tecnológicos, além de ajudar o Ministério da Educação a informatizar escolas públicas. ―Não basta colocarmos as máquinas. Há um complemento, como o conteúdo que será colocado nessas máquinas. E também a questão da conectividade, que é fundamental para conseguirmos a efetividade do processo de inclusão digital‖, disse.

Desigualdades sociais dificultam inclusão digital – dez/09 Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em dezembro de 2009, aponta que o número de brasileiros que acessam a internet aumentou 75,3% nos últimos três anos, mas que as desigualdades sociais ainda são obstáculo à inclusão digital no país. Os avanços são positivos, mas o levantamento aponta que pobreza e falta de escolaridade são entraves à democratização do acesso à internet. De acordo com a pesquisa do IBGE, o acesso à rede mundial de computadores cresce conforme aumenta o grau de escolaridade e de renda. 1. As lan houses são o segundo lugar de onde mais se conecta (35,2%), perdendo para o acesso doméstico (57,1%). Nas regiões Norte e Nordeste, elas lideram o ranking de locais de acesso. 2. Em 2008, 83,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa disseram que usavam a rede para se comunicar com outras pessoas. Em 2005, esse era o terceiro maior motivo declarado. 3. A conexão por banda larga praticamente dobrou em cinco anos, passando a ocupar o primeiro lugar em forma de acesso. Google encerrou as atividades na China – mar/10 No dia 22 de março de 2010, o Google encerrou as atividades do serviço de busca na China comunista, em razão da censura imposta pelo governo chinês à internet. Segundo relatório recente da ONG Repórteres Sem Fronteiras, os países que violam a liberdade de expressão na internet são: Arábia Saudita, Birmânia, China, Coreia do Norte, Cuba, Irã, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turcomenistão e Vietnã. O caso WikiLeaks e Julian Assange Julian Assange, o fundador da WikiLeaks - site especializado em vazar registros confidenciais de governos e empresas – foi preso e considerado pelo Departamento de Estado Americano, como um "criminoso" e "anarquista". Assange foi preso no dia 07 de dezembro de 2010 e solto no dia 16 do mesmo mês. Ele

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havia sido acusado de manter relações sexuais sem preservativos com duas mulheres suecas, o que naquele país é considerado uma forma de estupro. O site WikiLeaks divulgou cerca de 251 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA. Os documentos revelam detalhes da política externa americana entre dezembro de 1966 e fevereiro de 2010. Os assuntos tratam de política externa, de assuntos internos dos governos, de direitos humanos, de condições econômicas, de terrorismo e do Conselho de Segurança da ONU. A maioria dos documentos (15.365) fala sobre o Iraque. Os telegramas foram divulgados por meio de um grupo de publicações internacionais: "The New York Times" (EUA), "Guardian" (Reino Unido), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França) e "Der Spiegel" (Alemanha). Telefonia Fixa e Móvel – Portabilidade Numérica De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a portabilidade numérica é a possibilidade de o usuário mudar de operadora, móvel ou fixa, sem precisar trocar seu número telefônico. Com ela, o número deixa de pertencer a uma operadora ou a endereço original. Empresas e usuários que utilizam o número para trabalho, por exemplo, não precisarão mais ficar presos à operadora apenas para não perdê-lo. O Serviço de Portabilidade Numérica estará plenamente disponível para todo o país a partir de março de 2009, tanto na telefonia fixa quanto na telefonia móvel. Grupo fabrica 1ª célula sintética – maio/2010 Após 15 anos de esforços e gastos de US$ 40 milhões, cientistas nos EUA construíram a primeira célula viva sintética. Trata-se de uma bactéria cujo DNA foi inteiramente sintetizado a partir de informações contidas num computador e depois inserido num micróbio "oco", sem DNA. Este foi "reinicializado" e passou a se replicar, dando origem a colônias de células sintéticas. TIPOS DE FONTES DE ENERGIA O Brasil possui uma matriz energética limpa. Em 2008, cerca de 46% da energia gerada no Brasil vem de fontes renováveis. Somente a cana fornece 16% dessa oferta interna de energia no país, em sua maioria na forma de etanol para o funcionamento de automóveis.

Matriz energética brasileira

Geração de Eletricidade

A energia hidráulica sempre foi dominante, uma vez que o Brasil é um dos países mais ricos do mundo em recursos hídricos. A introdução da biomassa, energia nuclear e gás natural reduziu a porcentagem da hidroeletricidade de 92% em 1995 para 76% em 2008.

1. Carvão É um combustível fóssil extraído de explorações minerais e foi o primeiro a ser utilizado em larga escala, é o que se estima ter maiores reservas (200 anos) e o que acarreta mais impactos ambientais, em termos de poluição e alterações climáticas.

2. Petróleo Constituído por uma mistura de compostos orgânicos é, sobretudo, utilizado nos transportes. É uma das maiores fontes de poluição atmosférica e motivo de disputas econômicas e de conflitos armados. Estima-se que as suas reservas se esgotem nos próximos 40 anos.

3. Gás Natural Embora menos poluente que o carvão ou o petróleo, também contribui para as alterações climáticas. É utilizado como combustível, tanto na indústria, como em nossas casas. Prevê-se que se as suas reservas se esgotem nos próximos 60 anos.

4. Urânio É um elemento químico existente na Terra, constituindo a base do combustível nuclear utilizado na indústria de defesa civil. Tem um poder calorífico muito superior a qualquer outra fonte de energia fóssil.

Protestos na obras da Usina Hidrelétrica de Jirau - Rondônia Trabalhadores do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho, voltaram a atear fogo a ônibus, três carros e alojamentos na manhã desta quinta-feira (17 de março de 2021). Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os manifestantes interditaram parcialmente um trecho da rodovia BR-364, ateando fogo a pneus sobre uma das pistas. Houve registro de saques na cidade

A manifestação começou nesta terça-feira (15), quando mais de 40 veículos foram incendiados e instalações funcionais da obra foram destruídas. Houve trégua nesta quarta-feira (16), mas a situação é considerada como crítica pela Polícia Militar de Rondônia.

Entenda o polêmica envolvendo a usina de Belo Monte, no Pará A hidrelétrica de Belo Monte é uma das maiores obras de infraestrutura previstas pelo governo federal e também um dos projetos que enfrenta maior resistência. Enquanto o governo diz que a obra é necessária para garantir o abastecimento de energia elétrica nos próximos anos para o país, moradores locais, entidades e especialistas destacam que os riscos ambientais e sociais podem ser mais prejudiciais do que os benefícios econômicos da obra. A hidrelétrica ocupará parte da área de cinco municípios do Pará: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu, mas teve a certeza de que o início da obra se aproximava após a concessão em fevereiro de 2010, pelo Ibama, da licença ambiental. Uma das críticas ao projeto se refere à capacidade de geração de energia. Segundo dados do governo, o rio Xingu perde vazão – quantidade de água - no verão, época de seca. Por conta disso, a expectativa é de que Belo Monte, que terá capacidade instalada de 11.233 MW, tenha uma geração média de 4.500 MW.

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A população que depende do Rio teme ainda a seca na Volta Grande, local habitado por índios e ribeirinhos. Isso porque parte da água terá seu curso desviado para um reservatório, uma área que será alagada, e com isso a vazão será reduzida no trecho de 100 quilômetros. Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal, o que torna o empreendimento o segundo mais custoso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), atrás apenas do trem-bala entre São Paulo e Rio, orçado em R$ 34 bilhões. A usina deve começar a operar em fevereiro de 2015, mas as obras devem ser finalizadas em 2019. A questão das Biomassas Uma característica particular do Brasil é o desenvolvimento industrial em grande escala e a aplicação das tecnologias de energia de biomassa. Bons exemplos disso são: a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, o carvão vegetal oriundo de plantações de eucaliptos, a co-geração de eletricidade do bagaço de cana e o uso da biomassa em indústrias de papel e celulose (cascas e resíduos de árvores, serragem, licor negro etc.). A utilização de biomassa no Brasil é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a disponibilidade de recursos e mão-de-obra baratas, rápida industrialização e urbanização e a experiência histórica com aplicações industriais dessa fonte de energia em grande escala. Aproximadamente 75% do álcool produzido é proveniente do caldo de cana. Os restantes 25% têm origem no melaço resultante da produção de açúcar. A utilização da lenha no Brasil é ainda significativa, principalmente nas carvoarias para produzir carvão vegetal e na cocção de alimentos nas residências. Em 2004, o setor residencial consumiu cerca de 26 milhões de toneladas de lenha, equivalentes a 29% da produção. O consumo tem crescido nos últimos anos pelo aumento dos custos do seu substituto direto, o gás liquefeito de petróleo (GLP), vendido em botijões.

Cana-de-açúcar já é 2ª matriz energética – balanço de 2008 A cana-de-açúcar ultrapassou pela primeira vez a energia hidráulica, em 2007, e se tornou a segunda principal matriz energética do Brasil. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O primeiro colocado continua sendo o petróleo. A participação de petróleo e derivados na produção de energia passou de 37,8%, em 2006, para 36,7% em 2007. Já a cana-de-açúcar passou de 14,5% para 16% no mesmo período e o índice de energia hidráulica e eletricidade caiu de 14,8% para 14,7%. O grande responsável pelo avanço do uso da cana-de-açúcar foi o etanol. O avanço da cana-de-açúcar ocorreu devido ao crescimento da frota de carros flex e a queda do preço do etanol por causa das boas safras. Um futuro promissor para os biocombustiveis Uma vertente promissora do agronegócio, na qual o Brasil está na vanguarda, é o desenvolvimento de combustíveis feitos de matéria-prima orgânica, os biocombustíveis. Estão em andamento em vários centros brasileiros de pesquisa estudos sobre a produção de combustíveis a partir de plantas como soja, girassol, ricino, algodão e mamona A Embrapa trabalha num produto à base de gordura animal. A Petrobras já está vendendo o H-bio, mistura de diesel com óleos extraídos de oleaginosas. Até agora, a principal matéria-prima para a fabricação de combustível orgânico é a cana-de-açúcar. Além da longa tradição de produção canavieira, o Brasil domina o processo de fabricação do álcool combustível desde a criação do Programa Brasileiro do Álcool (Proálcool), em 1975. Hoje, o setor sucroalcooleiro movimenta 20 bilhões de reais por ano e é o principal agente do Programa Nacional de Biocombustíveis. As empresas do setor recebem ajuda também do Ministério da Agricultura e do Banco Japonês de Cooperação Internacional. O processo é incentivado pelo aumento da frota de veículos flexíveis que funcionam com mais de um tipo de combustível.

O Proálcool, criado em 1975, em plena crise mundial do petróleo, era um esforço de substituição em larga escala dos combustíveis tradicionais. Graças a ele, até 2000 foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. Mas, a partir de 1986, o preço do barril de óleo bruto caiu de 40 para 12 dólares. A mudança coincidiu com a falta de recursos públicos para subsidiar combustíveis alternativos, e o Proálcool perdeu força. Agora, tudo mudou. Um estudo da Única, a associação dos produtores, indica que o setor terá de atender até 2010 a uma demanda adicional de 10 bilhões de litros de álcool por ano. Cana de açúcar, estrela e vilã A expansão da produção de cana-de-açúcar vai agravar problemas ainda não resolvidos da lavoura canavieira. Os principais são rela-cionados ao meio ambiente. A queimada da palha após a colheita, além da poluição, que provoca doenças respiratórias, também causa sérios danos ao solo. A vinhaça, resíduo das destilarias de álcool, com o tempo pode contaminar os lençóis freáticos. Hoje, a indústria do setor desenvolve métodos para uso da vinhaça como fertilizante e há leis fixando prazos para o fim das queimadas. Outra questão é a do trabalho. Há muitos acidentes graves entre trabalhadores, e só no estado de São Paulo morreram 13 bóias-frias em 2004 e 2005. O ritmo fatigante do corte de cana, sem intervalos para descanso nem alimentação adequada, causou a morte por exaustão dos trabalhadores. Em agosto de 2006, fiscais do Ministério do Trabalho encontraram e libertaram 430 bóias-frias que realizavam trabalho escravo para usineiros paulistas.

Petróleo no Brasil Auto-Suficiência em 2006 O Brasil alcançou em 2006 a auto-suficiência na produção de petróleo com a plataforma P—50. Atualmente, quase todo o petróleo extrafdo nos campos nacionais é pesado e, como as nossas refinarias mais antigas não têm capacidade para processar todo o petráleo pesado extraído, é necessário importar o petróleo leve, que apresenta custos mais baixos de refino, e exportar o pesado, mas exporta o excedente do que extrai para refino em outros países. A Petrobras investe na modernização e adequação de suas refinarias ao petróleo brasileiro e, também, investe na procura de petróleo leve no país. A auto-suficiência significa que essa conta está equilibrada ou superavitária para o Brasil.

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Começa a extração do Petróleo na camada pré-sal Correio Braziliense - 02/05/2009 O governo comemorou ontem o início das operações na reserva de Tupi, que marca a nova era do Brasil na extração e na produção de óleo. A estimativa da Petrobras é de que sejam extraídos 219 mil barris diários até 2013. O poço que começou a operar está a 3 mil metros abaixo do solo marinho — uma camada de sal. Início das operações marca nova era na produção brasileira de óleo. Reserva na área de Tupi é estimada em até 8 bilhões de barris.

Energia Nuclear no Brasil Angra I Para atender as possíveis necessidades futuras, em 1972 foi iniciada a construção de Angra I, mas só em 1985 a usina entrou em operação comercial. Angra I tem 657 MW de potência. Funciona com reator de água pressurizada, moderado e refrigerado a água com prédio de contenção. Foi construída na praia de Itaorna em Angra dos Reis - Rio de Janeiro, e mesmo obedecendo aos mais exigentes padrões internacionais de segurança, ainda há muita polêmica. Além de programas de segurança, testes periódicos de rotina garantem a proteção contra acidentes com liberação de radioatividade para o meio ambiente. Angra II Em junho de 2000, Angra II teve seu reator entrou em fissão, com potência de 1.309 Mw. O IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, é responsável pelo licenciamento ambiental de empreendimentos industriais de grande porte. Para conceder a Licença de Operação de Angra II, foi exigido que fosse preparado o EIA (Estudo de Impacto Ambiental). Angra III Ao Conselho Nacional de Política Energética, em sua Resolução nº 3, de 25 de junho de 2007, determinou a retomada da construção da Usina Nuclear Angra III, com previsão de entrada em operação comercial em 2013. As usinas nucleares brasileiras são seguras contra terremotos e tsunamis? Uma comparação direta entre as situações brasileira e japonesa não é adequada, pois enquanto o Japão está situado em uma região de alta sismicidade – causada pela proximidade da borda de placa tectônica, onde ocorrem cerca de 99% dos grandes terremotos -, o Brasil está em uma região de baixa sismicidade, em centro de placa tectônica. O projeto estrutural das usinas de Angra leva em consideração a possível ocorrência de um abalo sísmico? As usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários tipos de acidentes. O maior terremoto registrado na região Sudeste, nas últimas décadas, ocorreu em 22 de abril de 2008, atingiu 5,2 graus na escala Richter e teve seu epicentro no Oceano Atlântico, a 215 km da cidade de São Vicente, no litoral

paulista. Angra está projetada para resistir tremores mais acima desse nível. Qual a possibilidade de um tsunami (maremoto) atingir o litoral brasileiro na região Sudeste? Um evento desta natureza é provocado na maioria das vezes em decorrência de um abalo sísmico de grande magnitude (superior a 7.0) no mar, em que o foco esteja pouco profundo e em regiões de borda de placas tectônicas que se movem uma em direção à outra, gerando ondas que podem alcançar grande amplitude nas regiões costeiras próximas. A região Sudeste do litoral brasileiro está situada na placa tectônica Sul-Americana, que se afasta da placa tectônica Africana. Portanto, no oceano Atlântico Sul, não existem as condições necessárias para gerar os tsunamis (maremotos). Mesmo assim, Angra suportaria até ondas de 7 metros. Japão – Terretomos, Tsunamis e Crise Nuclear – março 2011 Às 14h46 (horário local; 2h46 em Brasília) da dia 11 de março de 2001 um terremoto de 8,9 graus de magnitude atingiu o arquipélago do Japão. Foi o mais forte terremoto registrado no Japão e o sétimo na história do mundo. O tsunami no Japão ocorreu porque uma placa tectônica deslizou por baixo de outra no chamado ―assoalho oceânico‖. São 12 as principais placas tectônicas em toda a Terra, quatro delas estão próximas à localização do Japão. São as placas das Filipinas, do Pacífico, Euro-Asiática e Norte-Americana. O número de mortos até o momento passa de 10 mil e os prejuízos são calculados em centenas de bilhões de dólares

Entenda a Crise Nuclear no Japão 1 O que causou o acidente nuclear no Japão? Problemas tiveram início quando o terremoto da última sexta-feira cortou a energia da usina de Fukushima 1, interrompendo o sistema que esfria os reatores. O sistema de emergência começou a operar, mas foi danificado pelo tsunami. 2 Por que houve as explosões nos tetos dos reatores? As tentativas de resfriar os reatores falharam, e o superaquecimento provocou as explosões. 3 Qual o risco de radiação? O governo japonês afirmou ter registrado níveis de radiação acima do limite de segurança, mas que não representam risco imediato à saúde humana.

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4 Quantas pessoas foram expostas à radiação? Estima-se que pelo menos 190 pessoas foram expostas à radiação, mas esse número pode ser muito maior. Cerca de 210 mil pessoas foram retiradas de uma área de 20 km no entorno de Fukushima por precaução.

BRASIL - RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DIPLOMACIA Secretário-Geral – Atualmente é o sul-coreano Ban Ki-Moon. A organização é o mais respeitado fórum de discussão e encaminhamento dos problemas mundiais, embora esteja longe de conseguir assegurar a paz no planeta, como previa sua carta de fundação, de 1945. O secretário-geral, cargo mais importante da instituição, atua com limites, pois depende do aval das principais potências, que detêm o real poder na ONU. Fundação da Onu - A ONU foi fundada após a II Guerra Mundial e seu funcionamento está marcado pela situação da época. No Conselho de Segurança (CS), que delibera sobre a segurança mundial e discute intervenções militares, os cinco membros permanentes - EUA, China, Federação Russa, França e Reino Unido -, as nações que ganharam a guerra, têm poder de veto sobre as decisões. Muitos países acham que o formato do CS ficou inadequado e defendem mudanças. Reformas - Entre as propostas em debate está a ampliação do número de países membros no CS de 15 para 24 ou 26. Essa proposta é apoiada pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan. O Grupo dos 4 (G-4), formado por Alemanha, Japão, Brasil e índia, defende a idéia de que haja mais seis integrantes com assento permanente: os quatro e dois representantes da África. O Brasil e o Conselho de Segurança das Nações Unidas Desde o começo do governo Lula, o Brasil mantém a clara intenção de propor uma mudança na estrutura do Conselho de Segurança da ONU. Além de aumentar o número de participantes, o governo brasileiro busca um assento permanente. Atualmente, o Conselho é formado por 15 membros, sendo que destes, 5 são membros permanentes e com direito a veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Os outros 10 membros são rotativos e têm mandatos de 2 anos. Atualmente o Brasil é um dos membros. UNASUL - A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) é formada pelos doze países da América do Sul. O tratado constitutivo da organização foi aprovado durante Reunião Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo, realizada em Brasília, em 23 de maio de 2008. Dez países já depositaram seus instrumentos de ratificação (Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela e Uruguai), completando o número mínimo de ratificações necessárias para a entrada em vigor do Tratado no dia 11 de março de 2011. A sede do bloco sul-americano será em Quito, capital equatoriana. A presidência do órgão será alternada entre os presidentes dos países e o mandato será de um ano. A primeira representante escolhida é a presidente chilena Michelle Bachelet. A intenção da Unasul por enquanto é auxiliar na convergência dos blocos já existentes: o MERCOSUL e a Comunidade Andina. O Grupo do Rio Mecanismo Permanente de Consulta e Concertação Política - Grupo do Rio (GRIO) - criado em 1986, no Rio de Janeiro. Dele fazem parte Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Venezuela, Uruguai e um representante da Comunidade do Caribe/CARICOM. A partir da Cúpula de Cartegena (2000) Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e República Dominicana participam do GRIO como membros plenos e individuais. O Grupo do Rio é um mecanismo singularmente dotado para consultas políticas no mais alto nível, com grande maleabilidade de procedimentos e um grau mínimo de institucionalização. Tem sido um importante instrumento na contenção de processos que colocam em risco a ordem democrática. Além disso, tornou-se um foro privilegiado de concertação de posições latino-americanas e caribenhas em questões regionais e internacionais.

BRASIL NO HAITI Brasil comanda missão da ONU para reorganizar país O Haiti está localizado na América Central insular, na parte oeste da ilha La Hispaniola. O país apresenta o pior IDH - Índice de Desenvolvmento Humano - das Américas e um dos piores do mundo. Possui uma população de quase 8,6 milhões de habitantes com 96% formada por população negra ou mestiça. A ocupação européia foi feita inicialmente pela Espanha. A partir de 1697, o território foi dominado pelos franceses, que implantaram a agricultura canavieira com a mão-de-obra escrava vinda da África. Embora tenha se tornado independente em 1804, o Haiti sofreu invasões da Espanha e dos EUA (1915 a 1934). Papa Doc e Baby Doc Em 1957, François Duvalier (chamado Papa Doc) foi eleito presidente do Haiti e criou a Milícia de Voluntários da Segurança, cujos membros, mais conhecidos como Tonton Macoutes ("bichos papões", no dialeto local), eliminaram a oposição. Iniciou-se, então, um regime ditatorial baseado no terror, inclusive com elementos do sobrenatural: o vodu passou a ser usado para amedrontar a população descontente e ameaçar a Igreja. Com a sua morte do Papa Doc, em 1971, seu filho Jean-Claude Duvalier (ou Baby Doc) assumiu o poder e continuou com os mesmos métodos de controle e repressão. A insatisfação popular cresceu a ponto do Baby Doc ser forçado a abandonar o país em 1986. Uma junta governou o país até as eleições de 1990, vencidas pelo padre de esquerda Jean Bertrand Aristide que sofreu um golpe de Estado e se refugiou no Canadá. Muitos refugiados se dirigiram aos EUA e países vizinhos, o que levou o governo norte-americano de Bill Clinton e a ONU a reivindicarem o retorno de Aristide ao poder. A Era Aristide Ao retornar ao Haiti, Aristide dissolveu o exército haitiano e governou até 1995, quando elegeu o seu sucessor: René Prèval. Nas eleições de 2000, Aristide venceu novamente, com 92% dos votos, e o seu partido ganhou todas as cadeiras de deputados e senadores em disputa. Porém, em 2004 o Haiti possuía cerca de 70% da sua população desempregada, o mandato dos deputados e senadores se encerrou sem novas eleições e Aristide governava por decretos. A oposição ao seu governo aumentou e armou-se, começou uma luta armada e Aristide deixou o país (retirado pelos EUA, à força). Tropas da ONU No mesmo ano, a ONU enviou tropas com soldados do Chile, EUA, Canadá e França e instalou um governo provisório. O Conselho de Segurança da ONU instituiu a Operação Minustah para garantir a segurança e as condições estáveis de modo a restabelecer um processo político e constitucional no país. O comando das tropas foi confiado ao Brasil. A Operação Minustah visa ajudar o governo transitório, na reforma de sua polícia nacional e em programas de desarmamento de grupos paramilitares e bandidos. O Brasil enviou cerca de 1.200 soldados para o Haiti e assumiu o comando das tropas das ONU (cerca de 8.360 soldados de 40 países). O Brasil em ação no Haiti Em 2006, o general brasileiro Urano Teixeira da Matta Bacellar se suicidou. O suicídio teria sido causado pela falta de perspectiva de solução dos conflitos internos no Haiti (pois eles deixaram de ser políticos e os problemas sociais ganharam maior importância): desemprego em torno de 80% da população, desestruturação social, aumento da violência e a falta de ajuda internacional. Para o Brasil, o comando das tropas da ONU é visto como uma forma de o país pleitear um assento no Conselho de Segurança da ONU, ganhar experiência na luta contra o crime em favelas do Rio de Janeiro (o exército realizou uma seqüência de incursões que desmontaram as gangues de Cité Soleil - favela localizada na capital, Porto Príncipe, a área mais violenta do Haiti) e melhorar os equipamentos militares de combate urbano (o que já ocorreu com o Cascavel e o Urutu). BRASIL e ITÁLIA - O Caso Cesare Battisti

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A polêmica em torno do julgamento do pedido de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti teve início em janeiro, quando o ministro da Justiça, Tarso Genro, o concedeu status de refugiado político. Em novembro de 2008, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) havia negado, em placar apertado, o pedido de refúgio em favor do ex-militante. Battisti é apontado como terrorista na Itália e foi condenado à prisão perpétua à revelia na década de 80 por supostamente ter coordenado o assassinato de quatro pessoas entre 1977 e 1979. Ele está preso desde 2007 no Brasil, ano em que a Itália pediu sua extradição. Na avaliação do Ministro Tarso Genro, a decisão do governo é soberana e deveria anular o pedido de extradição, libertando Battisti. Mas, sob grande pressão do governo italiano, o STF levou o caso a julgamento, e o relator do pedido, Cezar Peluso, considerou ilegal o status de refugiado, mandando extraditar o italiano. Para Peluso, Battisti é um "criminoso comum", e os assassinatos pelos quais foi condenado não podem ser considerados crimes políticos. No fim do julgamento, os ministros decidiram, por cinco votos a quatro, que a palavra final sobre a entrega do estrangeiro ficaria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No último dia de mandato, Lula decidiu manter Cesare Battisti no Brasil, mas o STF pode voltar a analisar a questão. ORIENTE MÉDIO e MUNDO ÁRABE – 2010/2011

Osama bin Laden é morto no Paquistão – Maio de 2011 No final da noite de 1º de maio de 2011 (madrugada do dia 2 no Brasil), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou a morte do terrorista Osama bin Laden. "A justiça foi feita", afirmou Obama num discurso histórico representando o ápice da chamada "guerra ao terror", iniciada em 2001 pelo seu predecessor, George W. Bush. Osama foi encontrado e morto em uma mansão na cidade paquistanesa de Abbottabad, próxima à capital Islamabad, após meses de investigação secreta dos Estados Unidos. A morte de Bin Laden - o filho de uma milionária família que acabou por se tornar o principal ícone do terrorismo contemporâneo -, foi recebida com enorme entusiasmo nos Estados Unidos e massivamente saudada pela comunidade internacional. Enquanto a secretária de Estado dos EUA afirmava que a batalha contra o terrorismo continua, o alerta disseminado em aeroportos horas depois da notícia simboliza a incerteza do impacto efetivo da morte de Bin Laden no presente e no futuro.

O Acordo Nuclear Turquia-Irã mediado pelo Brasil - 2010 Em maio de 2010, o presidente Lula, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, firmaram um acordo para troca de material nuclear entre Irã e Turquia: o Acordo de Teerã. A principio, o acordo parecia ser a solução para a crescente tensão entre Irã e o Conselho de Segurança da ONU em relação ao Programa Nuclear iraniano. Mas muitos especialistas dizem que o acordo não vai impedir que o Irã consiga a tecnologia necessária para a construção da bomba atômica, por mais que o presidente Ahmadinejad diga que o programa é apenas para fins pacíficos. Países como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido dizem que o acordo não passa de um embuste do Irã para ganhar tempo. Pelo acordo, o Irã entregará uma quantidade urânio enriquecido a 3,5% à Turquia. Em troca, receberá parte deste urânio enriquecido a 20%. Nessa faixa, seu uso limita-se apenas à produção de energia elétrica e pesquisas médicas. Para ser utilizado em uma bomba atômica, o urânio deve ser enriquecido a mais de 90%. Toda operação seria fiscalizada pela Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU. Mas apesar do acordo, o governo do Irã disse que continuará a fazer pesquisas para o enriquecimento do seu urânio independente do acordo firmado com Brasil e Turquia. Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido – membros do Conselho de Segurança da ONU – não concordaram com os termos do acordo e querem apertar as sanções sobre o Irã. Em resposta, Ahmadinejad ameaçou não cumprir o acordo feito com Brasil e Turquia. A crise continua.

Ataques de Israel à “A Frotilha da Paz” – maio/2010 Uma frota de 6 embarcações da organização Free Gaza transportava 750 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, quando foi interceptada pela Marinha de Israel em águas

internacionais. Vários barcos

israelenses cercaram a frota. Soldados desceram de helicópteros até um dos navios - o Mavi Marmara, de bandeira turca. Houve confronto, ao menos 9 ativistas morreram (19 de acordo com algumas outras fontes) e outras 60 pessoas ficaram feridas, incluindo oito soldados israelenses. Segundo os organizadores, antes de zarpar a frota tinha ativistas de 60 nacionalidades, inclusive uma brasileira. A maior parte da comunidade internacional condenou o ataque, classificando como ato de pirataria e até mesmo terrorismo de estado. O bloqueio israelense à Faixa de Gaza A ONU declarou ser ilegal o bloqueio contra Gaza imposto por Israel decretado em 2007. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 61% das famílias em Gaza vivem em estado grave de insegurança alimentar. Israel justifica o bloqueio em se tratar de tática de guerra contra o Hamas, grupo radical paramilitar e político (hoje é um partido político) que controla Gaza desde 2009. Gaz não faz mais parte de Israel desde 2005 e faz parte da Autoridade Nacional Palestina. Qual a relação entre os dois episódios? A primeira vista, pode parecer que os dois eventos não têm qualquer vínculo. Mas para quem tem uma boa idéia da história do conflito israelense-palestino e suas relações com as nações árabes, tais episódios mostram a difícil construção de um caminho de paz no Oriente Médio. O Acordo Turquia-Irã-Brasil não foi visto com bons olhos pelos governos de Israel e de seu aliado histórico, Estados Unidos. A desconfiança de que o Irã continuará a enriquecer urânio para fins bélicos é a principal razão para o ceticismo em relação à eficiência do tratado recém firmado. O Irã não fica no Oriente Médio e sequer é uma nação de etnia árabe, mas o fato da maioria da população ser muçulmana cria um laço cultural que a aproxima das nações da Liga Árabe. Nos últimos anos, o presidente Mahmoud Ahmadinejad vem fazendo severas críticas e ameaças ao Estado de Israel, o que vem deixando a relação entre os dois países cada vez mais tensa a ponto de uma quase guerra.

Protestos por Democracia no Oriente Médio - 2011 Tunísia Protestos continuam na Tunísia apesar da decisão do presidente Zine al-Abidine Ben Ali de renunciar em janeiro. Ele deixou o país após semanas de manifestações e choques entre manifestantes e a polícia. O gatilho foi o ato desesperado de um jovem desempregado, no dia 17 de dezembro. Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, quando autoridades de sua cidade impediram-no de vender legumes nas ruas de Sidi Bouzid sem permissão. O gesto detonou protestos que se espalharam pelo país. A resposta violenta das autoridades - com a polícia abrindo fogo contra manifestantes - parece ter exacerbado a ira da população e fomentado novos protestos, que terminaram levando à derrocada do presidente. Egito Centenas de milhares de pessoas se reuniram no Cairo em fevereiro para marcar uma semana da queda do presidente Hosni Mubarak. O líder de 82 anos renunciou após 18 dias de protestos. Ele estava no poder desde 1981.

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O Egito há muito vinha sendo um centro de estabilidade em uma região volátil, mas isso mascarava problemas, que vieram à tona nas demandas de manifestações populares contra o governo de 30 anos de Mubarak. Os principais gatilhos foram a pobreza, inflação, exclusão social, raiva contra a corrupção e o enriquecimento da elite política do país. Com Mubarak fora do jogo, as Forças Armadas do país assumiram o poder através de um Conselho Militar, que governará pelos próximos seis meses, até que eleições sejam realizadas. O grupo islamista conservador Irmandade Muçulmana tem chances de ter um bom desempenho em quaisquer eleições livres e justas, mas temores de que o timão político no Egito se volte para o lado do conservadorismo islâmico é a principal fonte de preocupação do Ocidente e de Israel. Síria O presidente Bashar al-Assad prometeu promover reformas políticas após herdar o poder de seu pai, Hafez, em 2000, após três décadas de um regime autoritário. O presidente da Síria, Bashar al-Assad, convocou uma comissão de juristas para estudar o fim das leis de emergências que vigoram no país há quase 50 anos. A legislação atual permite a polícia efetuar prisões sem acusação formal e restringe o direito a manifestações públicas. Segundo a agência oficial de notícias da Síria, a comissão deverá elaborar novas leis para preservar a segurança e combater o terrorismo. Mas de nada adiantou. A situação no sul da Síria no mês de Abril de 2011 ficou mais violenta e mais de 500 pessoas morreram atacadas pelas tropas do presidente Bashar al-Assad em poucas semanas. Líbia Benghazi, segunda maior cidade do país, foi o principal foco de revoltas e de violência. Os protestos se espalharam para a capital, Trípoli, no dia 20 de fevereiro. O filho de Khadafi, Saif al-Islam, advertiu em pronunciamento pela TV para o risco de uma guerra civil poderia atingir o país. O governo bloqueou a internet e vem dificultando o trabalho da mídia estrangeira, o que torna difícil ter uma idéia da proporção real dos distúrbios no país. Protestos são proibidos na Líbia, mas a revolta foi detonada pela prisão de um advogado conhecido por ser um crítico aberto do governo. Khadafi é o líder há mais tempo no poder na África e no Oriente Médio - desde 1969 - e um dos mais autocráticos.

Conselho de Segurança autoriza medidas contra Kadafi; Brasil se abstém - 17/03/2011. O Conselho de Segurança da ONU adotou hoje uma resolução que autoriza "todas as medidas necessárias" para proteger a população civil líbia dos ataques das tropas de Muammar Kadafi e estabelece uma zona de exclusão aérea sobre o país norte-africano. A medida recebeu o respaldo de 10 dos 15 membros do principal órgão de segurança internacional, enquanto nenhum votou contra e os outros cinco se abstiveram. Os países que se abstiveram foram Brasil, Índia, Alemanha, China e Rússia, sendo que estes dois últimos são membros permanentes do Conselho de Segurança e que teriam vetado a medida se houvessem votado contra.

Força aliada de cinco países lança ofensiva contra Líbia - 22/03/2011 Após os primeiros ataques contra a Líbia, o Pentágono publicou uma nota confirmando os países que integram a força aliada. Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Canadá lideram a operação batizada de Odyssey Dawn, em tradução livre "Odisseia da Alvorada". De acordo com a nota, o objetivo da força militar é prevenir futuros ataques de aliados de Kadafi contra a população líbia. Em reunião a portas fechadas com Dilma Rousseff, o presidente Obama recebeu informações sobre a situação na Líbia. Ele interrompeu a conversa e autorizou as ações no país. Logo depois, teria explicado para a presidente do Brasil que a intervenção se tratava do diálogo sobre o impasse no país africano.

Primeiro ataque da França: o primeiro ataque ocorreu às 16h45min (13h45min no Brasil). Segundo o Estado-Maior do Exército da França, o disparo foi contra um veículo das forças de Kadafi.

Mapa das Revoltas no Mundo Árabe Bahrein A monarquia sunita que governa o país ofereceu diálogo com representantes da maioria xiita do Bahrein, após dias de protestos na principal praça da capital, Manama. O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu calma ao Bahrein, que é um país estrategicamente importante para os EUA. Representantes de alto escalão do principal grupo político xiita do país, Wefaq, pediram a renúncia do governo. Entre outras demandas está a libertação dos presos políticos e conversas sobre uma nova Constituição. Manifestantes xiitas reclamam de problemas econômicos, falta de liberdade política e discriminação no mercado de trabalho a favor de sunitas. O grande prêmio de F1 de abertura da temporada 2011 foi cancelado dias antes.

Otan aceita assumir o comando das operações militares na Líbia - 27/03/2011 A Otan assumirá o comando de todas as operações militares na Líbia, anunciou neste domingo (27) um dirigente da Aliança Atlântica ao término de uma reunião dos 28 embaixadores de seus países-membros em Bruxelas. "A Otan decidiu hoje (domingo) implementar todos os aspectos da resolução 1973 da ONU para proteger os civis e as zonas povoadas de civis, ameaçados por ataques por parte do regime do coronel Kadhafi", declarou um representante da Otan que não quis ser identificado.

Marrocos O principal grupo de oposição do Marrocos afirmou que a "autocracia" será varrida do país, se reformas econômicas profundas não forem implementadas. O país enfrenta vários problemas econômicos. O governo anunciou um aumento nos subsídios do Estado para tentar conter o aumento no preço das commodities. O rei diz que a luta contra a pobreza no país é uma prioridade, o que lhe valeu o epíteto de "guardião dos pobres". Mas organizações não-governamentais dizem que pouco mudou, que a pobreza e o desemprego ainda são grandes no país. O Marrocos vem sendo atingido por greves, nos setores público e privado. Argélia Protestos esporádicos vêm acontecendo no país desde o começo de janeiro, com manifestantes pedindo a renúncia do presidente Abdelaziz Bouteflika. Grupos de manifestantes se uniram em seu movimento contra o governo, incluindo pequenos sindicatos e partidos políticos menores. O gatilho para os protestos parece ter sido principalmente econômico - em particular o aumento acentuado no preço dos alimentos. Iêmen Após dias de protestos, o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou, em fevereiro, que não concorreria a outro mandato, após

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três décadas no poder. Ele também disse ao Parlamento que não passaria o poder a seu filho, afirmando: "Nenhuma extensão, nenhuma herança, nenhum cronômetro zerado". Mas os protestos continuam, com pessoas saindo às ruas nas cidades de Sanaa, Aden e Taiz. Manifestantes antigoverno pedindo reformas políticas entraram em choque com grupos leais ao governo, e a polícia foi enviada para reprimir manifestações. Jordânia Milhares de jornadanianos saíram às ruas ao longo das últimas cinco semanas, pedindo melhores perspectivas de emprego e redução nos preços de alimentos e combustível. Em resposta, o rei Abdullah 2º demitiu o primeiro-ministro Samir Rifai, acusando-o de promover reformas lentas. Marouf al-Bakhit, ex-general do Exército e embaixador do país em Israel, foi nomeado em seu lugar. A morte do rei Hussein, que governou por 46 anos, deixou a Jordânia na briga pela sobreviência econômica e social, assim como pela paz regional. Seu filho, Abdullah, que o sucedeu no trono, enfrenta o desafio de manter a estabilidade e atender a demandas por reforma. Irã O sistema político complexo e incomum do Irã combina elementos de uma teocracia islâmica com democracia. Uma rede de instituições não sujeitas a voto popular e controladas pelo altamente poderoso Líder Supremo do país tem como contrapartida um presidente e um Parlamento eleitos pelo povo. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito em 2005, é um adepto da linha-dura, que prometeu reprimir qualquer protesto contra o regime.

Palestina pode ser reconhecida pela maioria dos países em 2011 – Janeiro de 2011 O ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad al-Malki, disse que a maioria dos países do mundo, entre eles os da União Européia, reconhecerão em 2011 a Palestina como Estado. A afirmação foi feita depois de reunião com a chanceler espanhola, Em dezembro de 2010, Brasil, Argentina, Bolívia, Equador e posteriormente o Chile reconheceram a Palestina como um "Estado livre e independente no interior das fronteiras de 1967", ou seja, o traçado da fronteira antes da guerra dos Seis Dias. O Uruguai anunciou que fará o mesmo em 2011, sem informar em que fronteiras. Cuba, Venezuela, Nicarágua e Costa Rica já reconhecem o Estado palestino. Malki indicou que a Autoridade Palestina se esforça para obter o reconhecimento do México e de outros países da América Central e do Sul.

BRASIL X PARAGUAI – A QUESTÃO DE ITAIPU O Tratado de Itaipu A usina hidrelétrica de Itaipu é resultado de acordos entre Paraguai e Brasil, que ganharam impulso na década de 1960, entrando em operação em 1984. A empresa pertence aos dois países em partes iguais. Pelo contrato de 1973, cada um tem direito a 50% da energia produzida. Caso uma das partes não use toda a cota, vende o excedente ao parceiro a preço de custo. Como o Paraguai utiliza apenas cerca de 5% dessa energia - o que atende 95% da demanda do país-, o restante é vendido ao Brasil -no total, 20% da energia elétrica usada por aqui vem de Itaipu. O contrato tem essa forma porque o Brasil bancou sozinho a construção e, depois, a recapacitação da usina. Ao vender energia a preço de custo, o Paraguai está pagando a sua parte de Itaipu. A última "prestação" vencerá em 2023, quando está prevista a renegociação do contrato. A reivindicação do atual governo paraguaio do presidente Fernando Lugo está ancorada no baixo preço pago pelo Brasil ao Paraguai.

Paraguai e Brasil chegam a acordo sobre energia de Itaipu 25/07/2009 Paraguai e Brasil chegaram a um acordo sobre a hidrelétrica binacional Itaipu que implica maiores benefícios econômicos para o Paraguai, mas não inclui mudança do tratado que fundou a central. A decisão foi conhecida após encontro entre os presidentes do Paraguai, Fernando Lugo, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, celebrado na sede do governo paraguaio, no centro de Assunção. O Brasil praticamente triplicou o montante que paga ao vizinho pela energia elétrica que o vizinho não consome para abastecer a região sudeste, além de permitir ao Paraguai a venda gradual do produto ao mercado brasileiro sem a intermediação da estatal Eletrobrás. O acordo abriu a possibilidade para que ambos os países possam comercializar a energia de Itaipu com outros mercados a partir de 2023, uma recusa à exigência paraguaia de modificar o tratado que rege a administração da central.

ATUALIDADES – TEMAS DIVERSOS

PRINCIPAIS ESTATUTOS DO ESTADO BRASILEIRO O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - é um conjunto de normas do ordenamento jurídico brasileiro que tem o objetivo de proteger a integridade da criança e do adolescente. O ECA foi instituído pela Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 e representa um avanço no direito das pessoas ao explicitar os princípios da proteção integral e da prioridade absoluta, já previstos na Constituição Federal de 1988, que elevou a criança e o adolescente a preocupação central da sociedade e orientar a criação de políticas públicas em todas as esferas de governo (União, Estados , Distrito Federal e Municípios). Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Estatuto das Cidades – é responsável por regulamentar e definir instrumentos propícios à efetivação das diretrizes encontradas no capítulo sobre Política urbana da mais recente Constituição brasileira. É a denominação oficial e consagrada da lei 10.257 de 10 de julho de 2001, responsável pela regulamentação do desenvolvimento urbano no Brasil. Estatuto das Cidades surgiu como projeto de lei em 1990, proposto pelo então senador Pompeu de Souza, tendo sido aprovado apenas em 2001, onze anos depois. As principais características do Estatuto das Cidades estão na atribuição aos municípios da implementação de planos diretores participativos para as suas cidades, definindo uma série de instrumentos urbanísticos que têm no combate à especulação imobiliária e na regularização fundiária dos imóveis urbanos seus principais objetivos. Estatuto do Idoso - é uma lei brasileira que visa garantir direitos às pessoas idosas. Foi aprovado pelo Governo do Brasil no dia 1º de outubro de 2003. Tem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, para assim promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Reconhecendo o Progresso de envelhecimento populacional no Brasil e as demandas geradas por esse fenômeno, foi promulgada legislação específica para esse seguimento etário, a Política Nacional do Idoso (PNI) de janeiro de 1994, que trouxe nova perspectiva para o atendimento ao idoso e nova forma de encará-lo, considerando-o como um cidadão com direitos e deveres e pessoas em desenvolvimento, apta a se cuidar e se governar. Constitui um marco, chamando atenção para o fato de o tema velhice ser pertinente a toda sociedade. No artigo 3º, estabelece: ·A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo a sua dignidade, bem-estar e direito à vida; ·O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas por meio desta política; ·O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza. Estatuto da Terra – Um dos primeiros códigos inteiramente elaborados pelo Governo Militar no Brasil, a Lei 4504, de 30 de

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novembro de 1964, foi concebida como a forma de colocar um freio nos movimentos campesinos que se multiplicavam durante o Governo João Goulart. Conquanto seus conceitos abarcam definições de cunho inteiramente político, serve para nortear as ações de órgãos governamentais de fomento agrícola e de reforma agrária, como o INCRA. São diversos os conceitos ali enunciados, com importantes repercussões para a vida no campo, bem como a relação do proprietário de terras com o seu imóvel. Dentre elas:

Reforma agrária - é o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.

Módulo rural - consiste, em linhas gerais, na menor unidade de terra onde uma família possa se sustentar ou, como define a lei: ―lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico - e cujas dimensões, variáveis consoante diversos fatores (localização, tipo do solo, topografia, etc.)‖, são determinadas por órgãos oficiais.

Minifúndio - Uma propriedade de terra cujas dimensões não perfazem o mínimo para configurar um módulo rural.

Latifúndio - propriedades que excedam a certo número de módulos rurais ou, independente deste valor, que sejam destinadas a fins não produtivos (como a especulação).

Estatuto do Desarmamento - é uma lei federal que entrou em vigor no dia seguinte à sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se da Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003, que ―dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição (...)‖. Somente poderão andar armados os responsáveis pela garantia da segurança pública, integrantes das Forças Armadas, policiais, agentes de inteligência e agentes de segurança privada. Já os civis, mediante a concessão do porte da arma de fogo, só podem comprar agora os maiores de 25 anos, e não maiores de 21 anos, devido a estatísticas que revelam um esmagador número de perpetradores e vítimas de mortes ocorridas com jovens entre 17 e 24 anos. Em 23 de outubro de 2005, o governo promoveu um referendo popular para saber se a população concorda com a proibição da venda de arma de fogo e munição em todo o território nacional denominado Referendo Sobre a Proibição do Comércio de Armas e Munição no Brasil. A medida não foi aprovada. Estatuto do Índio - é o nome como ficou conhecida a lei 6.001. Promulgada em 1973, ela dispõe sobre as relações do Estado e da sociedade brasileira com os índios. Em linhas gerais, o Estatuto seguiu um princípio estabelecido pelo velho Código Civil brasileiro (de 1916): de que os índios, sendo "relativamente capazes", deveriam ser tutelados por um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio/SPI; atualmente, a Fundação Nacional do Índio/Funai) até que eles estivessem ―integrados à comunhão nacional‖, ou seja, à sociedade brasileira. A partir de 1991, projetos de lei foram apresentados pelo Executivo e por deputados para regulamentar dispositivos constitucionais e para adequar a velha legislação aos termos da nova Carta. Em 1994, uma proposta de Estatuto das Sociedades Indígenas foi aprovada por uma comissão especial da Câmara dos Deputados. O novo "Estatuto dos Povos Indígenas" é uma proposta que visa garantir a proteção e os direitos das sociedades indígenas, entre outros, nos contextos:

Da demarcação das terras indígenas

Do usufruto dos recursos florestais

Da proteção ambiental

Da saúde

Da educação

Das atividades produtivas

Das normas penais

Dos crimes contra os índios Desde 1994 esta proposta está com sua tramitação paralisada na Câmera dos Deputados.

STF rejeita revisão da Lei da Anistia – abril/2010 O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que a lei de anistia é válida e, portanto, é impossível processar penalmente e punir os agentes de estado que atuaram na ditadura e praticaram crimes contra os opositores do governo como tortura, assassinatos e

desaparecimentos forçados. Depois de dois dias de julgamento, a maioria dos ministros do STF rejeitou ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que questionava a concessão de anistia a agentes da ditadura e propunha uma revisão. No debate, venceu, por 7 votos a 2, a tese defendida pelo relator da matéria.

HUGO CHAVEZ e a VENEZUELA Força Política - Eleito presidente pela primeira vez em 1998, Chávez modificou a Constituição para ampliar seus poderes. Fortemente combatido pela oposição, sobreviveu a uma tentativa de golpe em 2002 e teve seu mandato ratificado pelas urnas num referendo em 2004. Com 63% dos votos, Chávez foi reeleito presidente em 2006. Socialismo do Século XXI - Ao iniciar o novo mandato, Chávez aprofunda o rumo: anunciou a nacionalização de setores estratégicos, como telecomunicações e energia, além de aumentar a participação do Estado na exploração do petróleo. Superpoderes - Pelas medidas que toma, Chávez é acusado de autoritarismo porque modificou a Constituição para tornar a reeleição ilimitada, e pela concentração inédita de poderes que recebeu do Congresso. Relação com os EUA - Chávez foi um crítico ferrenho da política do ex-presidente norte-americano George W. Bush, que, por sua vez, encara a Venezuela como uma ‖força negativa‖ na América Latina. Apesar dos atritos, quase metade do petróleo exportado pela Venezuela vai para os EUA. Petróleo - Base da economia do país, o petróleo responde por cerca de um terço do PIB venezuelano. Com o dinheiro obtido, Chávez financia sua política social, o que lhe garante uma base de sustentação das classes mais pobres.

Venezuela e Bolívia anunciam controle total do petróleo O governo do venezuelano Hugo Chávez anunciou ontem que assumiu os controles acionário e operacional dos campos de petróleo da faixa do rio Orinoco. As companhias norte-americanas ConocoPhillips, Chevron, Exxon Mobil, a britânica British Petroleum, a norueguesa Statoil (Sincor) e a francesa Total concordaram em obedecer ao decreto que transfere o controle operacional, embora a Venezuela tenha reclamado que a ConocoPhillips mostrou resistência.A italiana ENI e a Petrocanadá não assinaram acordo, esta última por ―problemas técnicos‖. A medida é parte de um extenso plano de nacionalizações iniciado em janeiro pelo presidente, após sua reeleição em dezembro, que inclui também os setores de telecomunicações e energia, além da invasão de terras, do controle de frigoríficos e da regulamentação do serviço médico privado. Bolívia A Bolívia consolidará hoje a nacionalização de hidrocarbonetos decretada há apenas um ano, ao assumir pleno controle da produção e comercialização de gás e petróleo bruto que na última década estiveram nas mãos de transnacionais, anunciou ontem a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). A nacionalização do petróleo é a principal medida econômica dos primeiros 15 meses do governo de Morales, que também empreendeu processos de recuperação do controle estatal sobre a mineração e as telecomunicações. Antes da nacionalização — anunciada há exatamente um ano pelo presidente Evo Morales — o país recebia US$ 328 milhões anuais, agora recebe US$ 1,649 bilhão por ano. O presidente da YPFB afirmou que a empresa e as petrolíferas consideram a possibilidade de visitar Evo Morales na quarta-feira no Palácio do Governo, na hora indicada, para um ato formal de aplicação dos contratos. Em 2008, a Venezuela pretende comprovar que a região do rio Orinoco possui 270 bilhões de barris de petróleo para serem extraídos, se considerada a tecnologia atual. Esta certificação, que é

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realizada por companhias estatais de países aliados, somada às reservas provadas atuais, colocaria a Venezuela à frente do líder mundial em reservas, a Arábia Saudita.

CONCEITOS DE CIÊNCIA POLÍTICA

FORMA DE ESTADO Depende da classificação doutrinária. A clássica é: Estado Unitário e Estado Federado.

Federação ou Estado federal a um Estado composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio, geralmente conhecidas como "estados".

Estado unitário é um Estado ou país que é governado constitucionalmente como uma unidade única. O poder político do governo em tais Estados pode ser transferido para níveis inferiores, como os das assembléias eleitas local ou regionalmente, mas o governo central detém o direito principal de retomar tal delegação de poder.

FORMA DE GOVERNO Forma de governo é o nome dado a instituições políticas que são utilizadas para determinar a maneira de administrar uma nação. Cada instituição política busca o poder político bem como o seu exercício. As formas de governar uma nação por instituições políticas podem ser:

Anarquismo: De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita defendendo tipos de organizações horizontais e libertárias.

República: Forma política que designa um representante para que se eleito pelo povo assuma o mais alto cargo do poder executivo.

Monarquia: Forma política que tem o rei como chefe máximo de estado. Normalmente o chefe de estado recebe o cargo como herança, ou seja, o trono é passado de pai para filho ou em casos de não haver um herdeiro legítimo é passado para o parente mais próximo.

SISTEMA DE GOVERNO O sistema de governo é a maneira pela qual o poder político é dividido e exercido no âmbito de um Estado.

Presidencialismo: É um sistema de governo no qual há uma nítida separação dos poderes entre o executivo e o legislativo, de maneira que o poder executivo é exercido independentemente do parlamento, não é diretamente responsável perante este e não pode ser demitido em circunstâncias normais.

Parlamentarismo: É um sistema de governo no qual o poder executivo de um Estado depende do apoio direto ou indireto do parlamento, usualmente manifestado por meio de um voto de confiança. Assim, não há uma clara separação dos poderes entre os poderes executivo e legislativo.

Semi-presidencialismo: é um sistema de governo no qual o chefe de governo (geralmente com o título de primeiro-ministro) e o chefe de Estado (geralmente com o título de presidente) compartilham em alguma medida o poder executivo, participando, ambos, do quotidiano da administração pública de um Estado. Difere do parlamentarismo por apresentar um chefe de Estado, geralmente eleito pelo voto direto, com prerrogativas que o tornam mais do que uma simples figura protocolar; difere, também, do presidencialismo por ter um chefe de governo com alguma medida de responsabilidade perante o legislativo.

REGIME POLÍTICO Regime político é o nome que se dá ao conjunto de instituições políticas por meio das quais um estado se organiza de maneira a exercer o seu poder sobre a sociedade. Cabe notar que esta definição é válida mesmo que o governo seja considerado ilegítimo.

Democracia: Os regimes políticos democráticos se caracterizam por eleições livres, liberdade de imprensa, respeito aos direitos civis constitucionais, garantias para a oposição e liberdade de organização e expressão do pensamento político.

Autoritarismo: Os regimes políticos autoritários, localizados na América Latina nos anos 1960/1970, operam através da suspensão das garantias individuais e das garantias políticas. No regime político autoritário as normas constitucionais são manipuladas ou reeditadas conforme os interesses do grupo ou partido que detêm o poder.

Totalitarismo: Os regimes políticos totalitaristas diferem fundamentalmente dos dois regimes citados. No totalitarismo, o regime político está concentrado em uma pessoa que representa a figura de um comandante supremo. Nos regimes políticos totalitários não há nenhuma instituição política que possa representar qualquer vestígio de democracia. Tais regimes ocorreram entre os anos 1920/1945 na forma de fascismo na tália e Espanha, nazismo na Alemanha e stalinismo na União Soviética.

Egípcios vão às urnas, mas repressão continua na Síria

Quase um ano após o início dos protestos no Oriente Médio, o Egito realiza as primeiras eleições livres de sua história. Porém, enquanto os egípcios dão o primeiro passo rumo à democracia, as revoltas continuam em países como a Síria, onde a repressão fez milhares de vítimas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Até agora, a ―primavera árabe‖ derrubou três ditadores, na Tunísia, no Egito e na Líbia. Em outros países, como Jordânia, Bahrein, Iêmen e Síria, manifestações populares levaram ao anúncio de reformas ou violentas reações do Estado.

Nações árabes, tradicionalmente, são governadas por monarquias absolutistas, ditaduras militares ou teocracias, que controlam algumas das maiores reservas de petróleo do planeta. Os protestos pró-democracia se espalharam pelo Norte da África e Oriente Médio, em razão da alta do preço dos alimentos, do desemprego e da insatisfação de uma geração jovem com a falta de liberdade.

A primeira queda de um ditador aconteceu na Tunísia, em 14 de janeiro. O presidente Zine El Abidine Ben Ali renunciou depois de 23 anos no cargo. Em 23 de outubro foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte, na primeira eleição livre ocorrida no país.

Na Líbia, Muammar Gaddafi foi expulso do Palácio por forças rebeldes em agosto, ao final de seis meses de guerra civil. Dois meses mais tarde, foi capturado e morto pelos revoltosos. Entre os líderes árabes, era o que estava há mais tempo no poder – 41 anos.

O Conselho Nacional de Transição (CNT), que assumiu o controle da Líbia, prometeu realizar eleições no prazo de oito meses.

Egito

No Egito, mais influente e populoso país árabe (82 milhões de habitantes), o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de fevereiro, encerrando três décadas de ditadura. Mesmo assim, os protestos recomeçaram em 19 de novembro, desta vez contra a junta militar que constituiu o governo provisório. Os manifestantes exigem a transição para um governo civil.

Na tentativa de conter os levantes, que já mataram 42 pessoas nas últimas semanas, as eleições parlamentares foram

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antecipadas. A votação começou em 28 de novembro e o processo terminará em 11 de janeiro.

Serão eleitos 498 deputados para a Assembleia do Povo ou Câmara Baixa do Parlamento. Um terço dos cargos será preenchido pelos candidatos mais votados, e o restante, eleito pelo sistema proporcional (por exemplo, se um partido tiver 10% dos votos, terá direito a ocupar 10% das cadeiras).

A despeito da precariedade política – os partidos de oposição eram proibidos durante a ditadura – a população compareceu às urnas para escolher entre 10 mil candidatos e 40 partidos diferentes. Dados preliminares apontam vitória da Irmandade Muçulmana, do recém-fundado Partido Liberdade e Justiça (PLJ).

Se isso se confirmar, grupos fundamentalistas islâmicos, que venceram também as eleições na Tunísia e no Marrocos, serão a principal força no cenário político pós-ditatorial no Oriente. O sucesso eleitoral desses partidos religiosos preocupa sobretudo Israel, devido ao seu conflito histórico com o mundo islâmico.

Massacre

Em outros países, revoltas e reformas estão em curso. O caso mais dramático ocorre na Síria, onde a repressão do governo de Bashar al-Assad (há 11 anos na Presidência) estaria promovendo o maior massacre contra opositores do regime desde o começo da ―primavera árabe‖.

Segundo um relatório da ONU, divulgado no dia 28 de novembro, 3,5 mil pessoas foram assassinadas, incluindo 256 crianças, e mais de 20 mil foram presas. A violência afetaria 3 milhões de pessoas na Síria, que possui 22,5 milhões de habitantes.

O governo estaria impedindo a população de fugir do país, colocando minas terrestres e soldados armados nas fronteiras. O relatório conclui que a Síria cometeu crimes contra a humanidade durante a repressão aos manifestantes, desde março deste ano.

No começo do mês, o governo sírio firmou um acordo com a Liga Árabe para o término da repressão, a libertação de presos políticos e a promoção de reformas políticas. As medidas, contudo, não entraram em vigor, e aumentaram a pressão internacional e as sanções contra o governo de al-Assad.

No Iêmen, uma das nações mais pobres do mundo árabe, o ditador Ali Abdullah Saleh assinou um acordo, em 23 de novembro, que prevê sua renúncia e eleições livres. Saleh, que escapou ferido de um atentado em junho, governa há 33 anos.

A pressão popular também resultou em reformas na Jordânia, anunciadas pelo rei Abdullah 2º. Já no Bahrein, o rei sunita Hamad al Khalifa resiste com violência aos opositores da monarquia.

10 anos de Brics

A força dos emergentes

Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric para se referir a quatro países de economias em desenvolvimento – Brasil, Rússia, Índia e China – que desempenhariam, nos próximos anos, um papel central na geopolítica e nos negócios internacionais.

O acrônimo ganhou uso corrente entre economistas e se tornou um dos maiores símbolos da nova economia globalizada. Neste quadro, os países emergentes ganharam maior projeção política e econômica, desafiando a hegemonia do grupo de nações industrializadas, o G7 (formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão).

Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam conferências anuais. Em abril do ano passado, a África do Sul foi admitida no grupo, adicionando-se um ―s‖ ao acrônimo, que passou a ser Brics.

No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos últimos dez anos, os países do Bric apresentaram crescimento além da média mundial. Estima-se que, em 2015, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brics corresponda a 22% do PIB mundial; e que, em 2027, ultrapasse as economias do G7.

A China é o ―gigante‖ do grupo. A abertura da economia chinesa, mediante um conjunto de reformas, tornou o país a segunda maior economia do planeta, atrás somente dos Estados Unidos e ultrapassando Japão e países da Europa.

A economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro que compõem o grupo. O PIB chinês, em 2010, foi de US$ 5,8 trilhões, superior aos US$ 5,5 da soma de todas as outras – Brasil (US$ 2 trilhões), Rússia (US$ 1,5), Índia (US$ 1,6) e África do Sul (US$ 364 bilhões).

Mas os chineses enfrentam hoje desafios em áreas como meio ambiente e política, alvos da pressão internacional.

Brasil

A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional positiva, que dificilmente seria alcançada de outro modo e em um curto período. Como resultado, o país tem hoje representação nas principais cúpulas internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e o G20.

O Brasil entrou no grupo em razão do crescimento econômico, ocorrido principalmente a partir de 2005. Esse crescimento foi possível por causa do controle da inflação, com a implantação do Plano Real, em 1994, e o aumento das exportações para países como China, principal parceiro comercial, a partir de 2001.

Com a estabilidade econômica, veio a confiança do mercado e o aumento do crédito para empresas e consumidores. O setor privado contratou mais gente, gerando mais empregos, e houve aumento de salários, fazendo que, entre 2005 e 2006, 30 milhões de brasileiros migrassem das classes D e E para a C, a classe média. Contribuíam também, para isso, programas sociais como o Bolsa Família. Assim, mais pessoas passaram a consumir, aquecendo o mercado de varejo.

Desigualdade

Os programas do governo Lula também tiveram reflexos no âmbito da justiça social. Na última década e meia, o país foi o único entre os Brics a reduzir a desigualdade, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Porém, mesmo assim, a distância entre ricos e pobres no Brasil ainda é a maior entre os países emergentes.

A desigualdade é medida pelo índice Gini, que caiu de 0,61 para 0,55 entre 1993 e 2008 (quanto menor o valor, melhor o índice). Nos demais países do Brics, houve aumento. Mesmo assim, o Gini do Brasil é o maior entre eles e o dobro da média dos países ricos: no Brasil, 10% dos mais ricos ganham 50 vezes mais do que os 10% mais pobres.

Outro desafio para o país é fazer ajustes na política econômica. A divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre deste ano, que registrou uma variação zero em relação ao trimestre anterior, apontou a desaceleração da economia. Para sair da estagnação, o governo terá que fazer reformas, inclusive no sistema

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de tributação, para estimular o investimento por parte do setor privado.

Rússia

Suspeita de fraude eleitoral motiva protestos

Denúncias de fraudes em eleições parlamentares provocaram a maior onda de protestos na Rússia contra o governo desde o fim do regime comunista em 1991. As manifestações reuniram milhares de pessoas em Moscou, capital, e outras dezenas de cidades russas.

As eleições para o Parlamento, ocorridas dia 4 de dezembro, terminaram com a vitória do partido do primeiro-ministro Vladimir Putin. O partido governista, Rússia Unida, obteve 49% dos votos contra o Partido Comunista, que ficou em 19%.

Apesar de ter encolhido – passando de 64%, nas últimas eleições, para 49% – a legenda de situação manteve a maioria, obtendo 238 das 450 cadeiras da Duma (parlamento russo). Por outro lado, cresceu a representatividade da oposição, formada por comunistas, nacionalistas e social-democratas.

As acusações de fraude foram feitas por observadores internacionais da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e a PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa). Na Rússia, o grupo Golos apontou o registro de 5,3 mil irregularidades.

O Golos é o único grupo independente que monitora as eleições russas. Ele é mantido com fundos vindo dos Estados Unidos e da Europa. Depois de ter denunciado irregularidades nas urnas, o site do grupo sofreu ataque de hackers.

Nas eleições parlamentares anteriores, de 2007, nas quais Putin também saiu vitorioso, aconteceram as mesmas acusações de fraudes. Mas, neste ano, pela primeira vez o Kremlin foi alvo da insatisfação dos eleitores.

Após a votação, os protestos tomaram conta da capital e outras cidades por três dias seguidos. Centenas de pessoas foram presas em manifestações em Moscou e São Petersburgo, as maiores cidades russas. Apesar das autoridades terem liberado locais para protestos, mediante negociações com líderes de oposição, houve confrontos com a polícia.

Manifestantes usaram a internet, celulares e redes sociais para disseminar informações sobre supostas irregularidades na votação. Isso foi possível devido ao maior contingente de russos com acesso a novas tecnologias.

Até mesmo o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev pediu que as eleições fossem anuladas. O governo, contudo, descartou qualquer anulação dos resultados e sustentou a legitimidade do pleito.

A situação teve repercussão internacional e esfriou ainda mais as relações entre Rússia e Estados Unidos. Putin acusou o governo americano de incentivar a oposição, em razão de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ter manifestado reservas quanto aos resultados da votação.

Autoritário

Putin está há 12 anos no poder na Rússia. Ele foi presidente entre 2000 e 2008 e depois primeiro-ministro, cargo que ocupa atualmente. O premiê é favorito para a eleição presidencial em março do próximo ano. As manifestações, no entanto, podem mudar esse quadro.

A Rússia é o maior país do mundo em área, o nono mais populoso (142 milhões de habitantes) e a nona economia do planeta. Por 74 anos, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) foi uma superpotência militar e modelo de Estado comunista.

Reformas políticas e econômicas derrubaram o regime comunista em 1991. Seguiu-se uma crise econômica que, nos anos 1990, causou a contração do PIB (Produto Interno Bruto) em 40%.

A partir de 1998, por uma década, a alta do preço do petróleo impulsionou um período de crescimento econômico – o PIB registrou aumento de 185%, uma média anual de 7,3%. Por isso, o país foi incluído no Brics, grupo das economias em desenvolvimento, que inclui Brasil, Índia, China e África do Sul. Em 2008, a crise econômica mundial derrubou as exportações e trouxe um período de recessão.

No plano político, a Rússia não abandonou por completo o Estado autoritário dos tempos de Stalin. A despeito de ter adotado a democracia e o regime semipresidencialista, abolindo o domínio do Partido Comunista, o partido Rússia Unida, do premiê Putin e do presidente Dmitri Medvedev, dominam a cena política.

Putin (ex-oficial da KGB, o serviço secreto russo), é acusado de perseguir inimigos políticos; reprimir com violência os separatistas da Chechênia; atos de corrupção; e censura velada aos meios de comunicação do país, por meio do controle estatal dos canais de TV.

Os bons rumos da economia russa fizeram Putin desfrutar da aprovação de 78% do eleitorado, o que garantiu sua reeleição presidencial. Ao término do mandato, foi empossado premiê pelo presidente Medvedev, e apontado como seu sucessor.

Se Putin for eleito presidente em 2012, Medvedev deverá ser empossado primeiro-ministro, invertendo as posições atuais dos políticos e garantindo, assim, a permanência do mesmo grupo no poder. Mas agora os planos de Putin enfrentam obstáculos com a oposição, que prometeu continuar os protestos da ―primavera russa‖.

Kim Jong-il

Líder norte-coreano ameaçou o mundo com confronto nuclear

O ditador norte-coreano Kim Jong-il, morto no dia 17 de dezembro, transformou seu país em uma potência militar que, nos últimos cinco anos, ameaçou o planeta com um programa nuclear com fins militares. A dinastia de Jong-il comanda há meio século a Coreia do Norte, um dos países mais pobres e fechados do mundo.

O líder comunista morreu de ataque cardíaco enquanto viajava de trem, próximo à capital Pyongyang. O anúncio foi feito pela TV estatal na segunda-feira (19), dois dias depois da morte. Ele estava com 69 anos e doente desde 2008, quando o serviço de inteligência norte-americano informou que havia sofrido um derrame cerebral.

A notícia da morte de Jong-il levou apreensão aos países vizinhos na Ásia. A Coreia do Norte continua tecnicamente em guerra com a vizinha Coreia do Sul, quase 60 anos após assinado o armistício (cessar-fogo).

Por conta do risco de instabilidades na transição de poder, a Coreia do Sul colocou suas Forças Armadas em estado de alerta máximo, e afirmou que a vizinha do Norte fez testes com mísseis, logo depois do comunicado da morte do ditador.

Jong-il comandava há 17 anos a república fundada por seu pai, Kim Il-sung, após a divisão das Coreias, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Ele era chamado de ―querido líder‖ e cultuado como uma espécie de divindade por seu povo, com imagens suas

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espalhadas por todo o país. Para os ocidentais, era visto como uma figura de aparência exótica, com óculos escuros enormes e penteados extravagantes.

O Partido Trabalhista anunciou que o filho mais novo do ditador, Kim Jong-un, substituiu o pai no cargo. Pouco se sabe sobre o sucessor. Jong-un estudou na Suíça e estima-se que tenha 28 anos (nasceu em 1983 ou 1984). Ele foi escolhido ano passado para suceder o pai em 2012. A inexperiência política de Jong-un, entretanto, poderá dificultar a manutenção do regime comunista norte-coreano.

Armas atômicas

A Coreia do Norte possui um PIB de US$ 28 bilhões, menor do que países africanos e 36 vezes menor do que a Coreia do Sul, de US$ 1, 007 trilhões. Apesar disso, possui o quarto maior exército do mundo, com 1,1 milhão de soldados na ativa (ou 20% da população masculina com idade entre 17 e 54 anos). O número só é menor que os efetivos dos exércitos da China (2,3 milhões), Estados Unidos (1,5 milhões) e Índia (1,3 milhões).

O Estado norte-coreano conta ainda com armas nucleares – entre 2 e 9 – e mísseis de médio alcance, que permitem atingir países vizinhos como Coreia do Sul e Japão.

A militarização da Coreia do Norte começou após a Guerra Fria. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão desocupou a Coreia, que foi dividia em dois países: a do Sul ficou sob o controle dos Estados Unidos, enquanto a do Norte foi ocupada pela antiga União Soviética.

Entre 1950 e 1953, as duas Coreias travaram guerra. Os confrontos foram suspensos por um cessar-fogo que dura até hoje, sem que um acordo de paz fosse assinado.

Com o fim da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu, a Coreia do Norte sofreu abalos econômicos. Sem os antigos parceiros comerciais, mergulhou num período de escassez de alimentos que, aliado aos desastres naturais, teria causado a morte de cerca de dois milhões de norte-coreanos nos anos de 1990.

Mesmo assim, Jong-il aplicou a maior parte dos recursos econômicos na área militar, e passou a chantagear países ocidentais com um programa atômico. Em 2006 e 2009, Pyongyang realizou dois testes com armas nucleares, violando a resolução 1.718 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Desde então, a ONU vem pressionado o país comunista para que suspenda os testes e abandone o programa.

Retrospectiva 2011

Os protestos que abalaram o mundo

Mohamed Bouazizi, 26 anos, era um vendedor ambulante numa cidadezinha na zona rural de Túnis, capital da Tunísia. Na manhã de 17 de dezembro de 2010, teve a barraca de frutas confiscada pelas autoridades. Humilhado e sem meios de sustentar a família, ateou fogo ao próprio corpo em frente à sede do governo. Morreu no hospital 18 dias depois.

A morte do tunisiano foi o estopim de revoltas que se espalharam no mundo árabe em 2011 e influenciaram outras revoltas na Europa, Estados Unidos e América Latina. A chamada ―primavera árabe‖, ainda em curso, foi um fato inédito na região. Pela primeira vez na história, ditadores e dinastias foram depostos do poder pela população, exasperada com a alta do preço dos alimentos e a falta de liberdade.

Quatro regimes autoritários chegaram ao fim, na Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen, dando início a processos de transição em

países sem partidos, Constituição ou sequer registros de eleições livres. Na Líbia, Muamar Kadafi, há 42 anos no poder, teve um final trágico: capturado por rebeldes em 20 de outubro, foi executado e exibido como troféu. Em outros países, manifestações têm sido reprimidas com violência. Na Síria, o governo de Bashar al-Assad teria matado entre 4 e 5 mil pessoas, reprimindo protestos ainda em curso que visam a sua deposição.

Protestos de rua também agitaram capitais do continente europeu, que enfrenta a pior recessão econômica desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em maio, 58 cidades espanholas foram tomadas por manifestantes do grupo ―Indignados‖, às vésperas das eleições regionais. Nos dias seguintes, o movimento reuniu até 8 milhões de espanhóis no país e em outras 16 capitais estrangeiras.

Por motivos diversos, Londres foi palco de uma onda de violência que deixou cinco mortos e mais de 3 mil detidos pela polícia. Tudo começou em 9 de agosto, quando 120 pessoas marchavam contra a morte de um rapaz de 29 anos, ocorrida durante uma ação da polícia londrina. Na madrugada, gangues iniciaram distúrbios que se estenderam até 10 de agosto por outras cidades do Reino Unido.

Na América Latina, os chilenos foram às ruas para protestar contra o sistema de ensino. Em 26 de agosto, confrontos entre policiais e manifestantes causaram a morte de um jovem de 16 anos. Os sindicatos aderiam ao movimento, até que, em setembro, conseguiram forçar o governo a negociar as reivindicações dos grupos estudantis.

Porém, nenhum movimento inspirado na ―primavera árabe‖ foi mais global que o ―Ocupe Wall Street‖. Iniciado em Nova York em 17 de setembro, logo se alastrou pelas principais cidades norte-americanas e outras metrópoles mundiais (incluindo Brasil). O alvo dos rebeldes são a especulação financeira e as políticas neoliberais, responsabilizadas pela crise de 2008.

Sustos nas bolsas

O ano de 2011 foi também aquele em que a população mundial atingiu a marca de 7 bilhões de habitantes, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas). O número representa desafios para viver nas cidades, que já concentram 70% da população.

China e Índia são os países mais populosos com, respectivamente, 1,35 bilhão e 1,2 bilhão de habitantes, posição que se inverterá até 2025; nesse ano, de acordo com as projeções, estaremos a um quarto de século dos 9,3 bilhões de habitantes no planeta. E como será o mundo em 2050?

O olhar sobre 2011 oferece mais incertezas do que respostas. Mesmo na zona do Euro, com potências econômicas como Alemanha, França e Reino Unido, o ano foi de abalos na economia e na política. Ameaçada pela recessão e a crise dos débitos fiscais, a Europa teve que aprovar pacotes de ajuda a países como a Grécia, que anunciou um calote de 50% da dívida pública para evitar a moratória. Como resultado da crise, líderes políticos, entre eles o polêmico premiê italiano Silvio Berlusconi, perderam o cargo junto com a confiança do mercado e dos eleitores.

Um dos momentos mais dramáticos aconteceu em 5 de agosto, quando a agência de classificação de risco S&P rebaixou a nota da dívida americana para AA+ (fato que não acontecia desde 1917). O motivo foi a insegurança deixada pela disputa entre os partidos Democrata e Republicano sobre a elevação do teto da dívida, para evitar um calote histórico do governo americano.

Contudo, o presidente norte-americano Barack Obama teve uma importante vitória no ano que lembrou uma década dos ataques do 11 de Setembro. Em 1o de maio, Osama Bin Laden foi morto em uma operação militar nos arredores de Islamabad, capital paquistanesa. A guerra contra o terrorismo custou US$ 1,18 trilhão

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aos cofres americanos, em gastos militares com duas guerras, no Afeganistão e no Iraque.

Tsunami

Ásia, uma das piores tragédias de 2011 foi o terremoto no Japão, ocorrido em 11 de março. O tremor de 8.9 de magnitude provocou um tsunami no Oceano Pacífico que devastou a região noroeste do país, matando 20 mil pessoas e causando vazamento na usina nuclear de Fukushima.

Já no continente africano, as tragédias, como é usual, têm causas humanas. Em 20 de julho, a ONU anunciou crise de fome no Chifre da África, que inclui Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália e Uganda. A epidemia de fome afeta 12,5 milhões de pessoas e já é considerada a pior do século. A situação é mais grave na Somália, onde metade da população passa fome e 15 crianças morrem por hora.

No Brasil, o primeiro ano do mandato da presidente Dilma Rousseff foi caracterizado pela queda de sete ministros, em razão de denúncias de irregularidades, e pelo aumento do prestígio internacional do país, que deve superar o Reino Unido e se tornar a sexta maior potência econômica do mundo, atrás dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França.