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AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROCESSO DE LICENÇA PRÉVIA DO TERMINAL PORTUÁRIO DE MACAÉ, RJ CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental – RJ DATA: 15 de janeiro de 2014. LOCAL: Rua Hildebrando Alves Barbosa, 160, Macaé, Rio de Janeiro. CIEP Leonel de Moura Brizola HORÁRIO DE INÍCIO: 19 horas SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, queiram sentar para darmos início à audiência pública referente ao Licenciamento Ambiental do Terminal Portuário de Macaé. Bom, vamos então dar início aos trabalhos da audiência pública referente ao Licenciamento Ambiental do Terminal Portuário de Macaé. Meu nome é Maurício Couto, eu sou engenheiro civil e analista da Secretaria de Estado do Ambiente. Fui designado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental, a CECA, pra presidir os trabalhos dessa audiência pública. Quem vai ajudar os trabalhos da mesa, secretariando aqui a minha esquerda, é o Sr. Paulo Roberto, e aqui a minha direita, Aline Peixoto, que é a representante do grupo de trabalho do INEA, responsável pela análise do Estudo de Impacto Ambiental. Bom, senhores, a audiência pública, ela é uma etapa do licenciamento ambiental, ela não tem caráter decisório, nem deliberativo, isso quer dizer, não vai ser hoje aqui que nós vamos decidir se a licença será ou não expedida. O objetivo aqui dessa audiência é recolher sugestões, críticas e comentários que serão registrados e analisados dentro do processo de licenciamento. Essa audiência pública ela tá sendo gravada, ela vai ser depois transcrita, e tudo o que for dito aqui será anexado aos autos do processo de licenciamento. Então nós estamos numa fase preliminar do licenciamento prévio, e após essa audiência nós ainda teremos o prazo de 10 dias pra encaminhamento de manifestações, tanto para a CECA quanto INEA, vocês vão ver durante as apresentações os endereços dos dois órgãos. Após esses 10 dias, então, o grupo de trabalho responsável pela análise ainda fará o parecer final, encaminhando posteriormente à Procuradoria do Inea que fará uma análise detalhada em relação a todo o tramite processual legal. Após essa análise, o processo é encaminhado então à Comissão Estadual de Controle Ambiental, a CECA, esse colegiado, sim, tem a competência para determinar pela expedição da licença prévia ou não. Muito bem. Eu gostaria de... A audiência pública ela é dividida em duas fases, a primeira fase é a fase destinada às explanações, que começa com uma breve apresentação da representante do Inea, sobre o atual estágio do licenciamento, os principais passos que foram dados até agora. Posteriormente, a empresa responsável pelo empreendimento ela vai ter o tempo de até 30 minutos pra fazer a apresentação do projeto, e posteriormente, a empresa responsável pela elaboração de Estudo de Impacto Ambiental fará apresentação, então, dos principais impactos, dos planos e programas propostos, as medidas mitigadoras, o que foi identificado no Estudo de Impacto Ambiental.

AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROCESSO DE LICENÇA PRÉVIA … · ... que é a fase destinada às perguntas e respostas. ... eu convido a todos para ouvir o ... Boa noite a todas e a todos

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AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROCESSO DE LICENÇA PRÉVIA DO TERMINAL PORTUÁRIO

DE MACAÉ, RJ

CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental – RJ

DATA: 15 de janeiro de 2014.

LOCAL: Rua Hildebrando Alves Barbosa, 160, Macaé, Rio de Janeiro.

CIEP Leonel de Moura Brizola

HORÁRIO DE INÍCIO: 19 horas

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, queiram sentar para darmos início à audiência pública referente ao

Licenciamento Ambiental do Terminal Portuário de Macaé.

Bom, vamos então dar início aos trabalhos da audiência pública referente ao Licenciamento

Ambiental do Terminal Portuário de Macaé.

Meu nome é Maurício Couto, eu sou engenheiro civil e analista da Secretaria de Estado do

Ambiente. Fui designado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental, a CECA, pra presidir os

trabalhos dessa audiência pública.

Quem vai ajudar os trabalhos da mesa, secretariando aqui a minha esquerda, é o Sr. Paulo

Roberto, e aqui a minha direita, Aline Peixoto, que é a representante do grupo de trabalho do INEA,

responsável pela análise do Estudo de Impacto Ambiental.

Bom, senhores, a audiência pública, ela é uma etapa do licenciamento ambiental, ela não tem

caráter decisório, nem deliberativo, isso quer dizer, não vai ser hoje aqui que nós vamos decidir se a

licença será ou não expedida. O objetivo aqui dessa audiência é recolher sugestões, críticas e comentários

que serão registrados e analisados dentro do processo de licenciamento.

Essa audiência pública ela tá sendo gravada, ela vai ser depois transcrita, e tudo o que for dito

aqui será anexado aos autos do processo de licenciamento.

Então nós estamos numa fase preliminar do licenciamento prévio, e após essa audiência nós

ainda teremos o prazo de 10 dias pra encaminhamento de manifestações, tanto para a CECA quanto

INEA, vocês vão ver durante as apresentações os endereços dos dois órgãos.

Após esses 10 dias, então, o grupo de trabalho responsável pela análise ainda fará o parecer

final, encaminhando posteriormente à Procuradoria do Inea que fará uma análise detalhada em relação a

todo o tramite processual legal. Após essa análise, o processo é encaminhado então à Comissão Estadual

de Controle Ambiental, a CECA, esse colegiado, sim, tem a competência para determinar pela expedição

da licença prévia ou não.

Muito bem. Eu gostaria de... A audiência pública ela é dividida em duas fases, a primeira fase é

a fase destinada às explanações, que começa com uma breve apresentação da representante do Inea, sobre

o atual estágio do licenciamento, os principais passos que foram dados até agora.

Posteriormente, a empresa responsável pelo empreendimento ela vai ter o tempo de até 30

minutos pra fazer a apresentação do projeto, e posteriormente, a empresa responsável pela elaboração de

Estudo de Impacto Ambiental fará apresentação, então, dos principais impactos, dos planos e programas

propostos, as medidas mitigadoras, o que foi identificado no Estudo de Impacto Ambiental.

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Ao longo dessas explanações, vocês na entrada receberam um folheto, um folder, e um

formulário de perguntas. Vocês podem ir formulando as perguntas ao longo desse período que, no final

das apresentações, nós ainda teremos o prazo... Perdão. No intervalo de 30 minutos, e até o final desse

intervalo, nós ficaremos recebendo aqui na mesa as perguntas. Findo o intervalo, então nós passaremos à

segunda fase, que é a fase destinada às perguntas e respostas.

Quem quiser fazer uso da palavra, utilize o mesmo formulário, destacando que quer fazer uso

da palavra. Só que as pessoas que quiserem fazer uso da palavra ficarão para o final. Primeiro as

perguntas por escrito serão respondidas.

Então, continuando na composição da mesa, eu gostaria de convidar o secretário de Meio

Ambiente aqui do município, o Guilherme Sardenberg, por favor, se estiver presente.

Convidar também o representante do Ministério Público Estadual se estiver aqui presente, por

favor. E o representante do Ministério Público Federal. Por favor, dirijam-se aqui na mesa que nós

estamos, que é a mesa destinada às autoridades.

Convidando agora pra fazer parte da mesa aqui, das apresentações, eu convido pela empresa

empreendedora, o Sr. Robinson Ávila e o Sr. José Roberto Serra. Pela empresa consultora responsável

pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, Sra. Raquel de Paula e o senhor Dyrton Bellas.

Muito bem. Antes de dar início à audiência propriamente dita, eu convido a todos para ouvir o

Hino Nacional. Por favor.

Enquanto estão colocando o hino no ponto, eu gostaria de informar que também tá aí a

tradutora de libras, aqui ao lado direito da mesa.

[Execução do Hino Nacional].

Bom, senhoras e senhores, eu gostaria de registrar a presença aqui do chefe do Parque de

Jurubatiba, o Marcelo Pessanha que está aqui conosco pra contribuir com a audiência pública. Muito

obrigado pela presença. Do vereador Marcel Silvano também aqui conosco, obrigado pela participação.

O secretário de Desenvolvimento de Macaé, o Fernando César também que tá aqui, muito

obrigado pela participação de todos.

Bom, senhoras de senhores, dando início então aos procedimentos da audiência pública, que o

rito todo é feito conforme a Resolução Conema 035/2011.

Eu passo a palavra, então, pra representante do Inea, Dra. Aline Peixoto, pra fazer a

apresentação.

SRA. ALINE PEIXOTO: Boa noite! Meu nome é Aline Peixoto, sou bióloga e faço parte do grupo de

trabalho que está analisando hoje esse Estudo de Impacto Ambiental.

Bom, então aqui eu vou tá falando rapidamente do histórico que ele tá tendo de todos os

procedimentos dentro do Inea, do Instituto Estadual do Ambiente, onde está sendo analisado.

Como já dito pelo presidente da mesa, o objetivo da audiência pública é de divulgar

informações; recolher as opiniões; críticas e sugestões da população interessada, hoje no caso aqui vocês,

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de forma que vocês participem na decisão quanto ao Licenciamento Ambiental pertinente a essa

audiência pública.

Bom, então, nessa fase hoje que nós nos encontramos do licenciamento e da licença prévia, ela

é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, aprovando a sua localização e

concepção. Ela testa a viabilidade ambiental e estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem

atendidos nas próximas fases de sua implementação, ou seja, hoje aqui, após a audiência pública, e

mesmo que seja concedida uma licença prévia, eles não vão poder começar a instalar.

Bom, o objetivo da nossa análise é avaliar a possibilidade de implantação da retroarea onshore

com o terminal logístico e porto offshore, situado no município aqui de Macaé. O terminal ele será de uso

privativo na modalidade mista e projetado pra atender a movimentação e armazenamento de cargas

destinadas a operações das plataformas nas áreas de exploração marítima das bacias de Campos e Santos.

Posteriormente a minha apresentação, tanto o empreendedor como a consultora, vai explicar

mais detalhadamente o objetivo.

Bom, então o histórico, o requerimento da licença prévia, ele foi feito em 31 de janeiro de

2013, através do processo que está aqui em tela, o 0021325/2013.

Pelas características da atividade após essa abertura... pelas características da atividade e a

legislação ambiental vigente, que é a nossa Lei Estadual 1356/88, foi nomeado um grupo de trabalho

através da Portaria do Inea 426/2013, para os procedimentos dessa avaliação hoje aqui.

Bom, após essa abertura foi emitida uma notificação pela nossa Coordenação de Estudos

Ambientais específicas que a gente tem dentro do Inea, em 2 de julho, pra apresentação desse Estudo de

Impacto Ambiental e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental, conforme uma instrução técnica

específica que foi expedida pra esse empreendimento de número 15, em 2013.

Bom, como rito, eles fizeram a publicação referente à entrega dessa instrução técnica que foi

feito em 8 de julho de 2013. O EIA foi entregue pelo, Tepor, pelo empreendedor, e ele não foi de

primeiro aceito pelo Inea através dessa notificação que está em tela, em 24 de outubro, por não

contemplar todos os itens exigidos na nossa Instrução Técnica 15.

Bom, em 29 de outubro foi entregue a documentação solicitada pra essa complementação, e

assim foi aceito o EIA pelo Inea, através dessa notificação que está em tela. Então, o empreendedor

publicou o aceite do EIA no Diário Oficial do estado do Rio, no “O Dia”, o “O Globo” e no “Expresso”,

como a legislação determina.

Os órgãos que receberam o Estudo de Impacto Ambiental e o seu respetivo RIMA foram: A

Prefeitura Municipal de Macaé, a Câmara Municipal de Macaé, a Superintendência Regional de Macaé e

Rio das Ostras, Supma, que é a nossa Superintendência do Inea, o Ministério Público Federal, o

Ministério Público Estadual, a CECA, que é a nossa Comissão Estadual de Controle Ambiental, a Alerj, o

Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, o Iphan, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente de

Recursos Humanos Renováveis, o Ibama, e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, ICMBio.

Bom, então foi solicitada a realização dessa audiência pública e através da Deliberação CECA

5.695, de 3 de dezembro, foi autorizada a convocação da referida audiência.

Bom, as publicações, como a legislação prevê, as publicações referentes a essa audiência foram

feitas nos jornais “O Dia”, “Expresso” e no “Extra”, em 27 de dezembro de 2013.

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Esse é o grupo de trabalho que tá analisando hoje o EIA, temos vários especialistas de várias

áreas, como vocês podem ver, todos com matrícula do Inea, todos do porto.

Bom, e também como dito pelo presidente da mesa, além das manifestações apresentadas hoje

aqui na fase dos debates que serão incorporadas na análise técnica final nossa, nós estaremos aguardando

as manifestações nos próximos 10 dias que deverão ser encaminhados ou pro Inea ou para a CECA.

Bom, o Inea vocês tem aí o endereço e o endereço eletrônico. Ah, é, perdão, o endereço tá

errado. É Sacadura Cabral, mas tá aqui correto, não tá? No folder, no folheto que vocês receberam, aqui tá

o endereço correto.

E esse é o endereço da CECA que também se encontra no folheto de vocês. Obrigada.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, Dra. Aline. Dando prosseguimento, então, aos procedimentos da

audiência pública, gostaria de convidar o representante da empresa, não sei se Robson ou o José Roberto,

vão fazer apresentação. Por favor, se quiser fazer ali na frente, embaixo pra ter maior acesso.

SR. JOSÉ ROBERTO: Boa noite a todas e a todos. Inicialmente eu gostaria de cumprimentar o Dr.

Maurício Couto, na pessoa dele, cumprimentar a todos os representantes da mesa, que compõem a mesa,

cumprimentar a todos que aqui estão presentes. Agradecer a presença de todos e procurar dividir, como já

foi dito, a nossa apresentação em dois momentos.

O primeiro momento é esse que nós vamos apresentar agora, que trata especificamente das

condições técnicas e das condições de implantação do terminal, e das características básicas do terminal.

Esse trabalho começou há aproximadamente três anos e meio, os primeiros trabalhos que

foram desenvolvidos há três anos e meio atrás, e efetivamente ganharam um corpo, o seu estudo, os

diversos estudos, nas diversas modalidades do nosso projeto através dos estudos que foram feitos de

localização, de estudos ambientais, estudos de engenharia, enfim, todos aqueles estudos necessários à

homologação e habilitação de um terminal junto a todos os órgãos, não só de governo, municipais,

estaduais e federais.

Nós sabemos hoje que existem diversas de legislações que têm que ser atendidas para um

empreendimento desse porte, e desde o início a nossa preocupação é exatamente essa, atender plenamente

todas essas regulamentações. E para isso fizemos todo esse trabalho que está resumido nessa apresentação

que eu gostaria de pedir licença aos senhores pra poder iniciar, então, essa atividade de apresentação

documental pro porto de Macaé.

O grupo que eu represento, o grupo empreendedor, que é formado de três empresas: A empresa

Queiroz Galvão Gestão de Negócios; o Grupo Meira Lins e Albar Logistics, todos representantes aqui

presentes também, que também trabalham já há mais de três anos na concepção e nos estudos desse

projeto.

Portanto, nós estamos aqui como empreendedor do Terminal Portuário de Macaé, essa é a

apresentação do nosso terminal com essas características que estão sendo e serão apresentadas.

Inicialmente, para que nós tivéssemos... para que nós tivéssemos o estudo do ambiente em que

vive hoje o Brasil, principalmente com base no plano estratégico da Petrobras, publicado recentemente

onde ele projeta, onde ele projeta para os próximos anos a visão de desenvolvimento da exploração de

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petróleo, e considerando fundamentalmente o papel que desempenha o município de Macaé neste cenário,

nós vamos entender o que ia acontecer com o cenário de desenvolvimento das prospecções, perfurações e

exploração de petróleo na costa brasileira, notadamente naquilo que pertine à exploração do pré-sal.

Temos o cenário... Temos o cenário... Temos o cenário de 2012 onde se tem, por onde se

vislumbra a movimentação, a exploração de dois milhões de barris/dia, relatório da Petrobrás desse plano

estratégico da Petrobrás, apontando para a concepção e exploração do pré-sal, 4,2 milhões de barris no

ano de 2020.

Como consequência direta desse sistema surge na costa brasileira, que hoje é uma realidade,

nós temos uma avaliação pelo número de embarcações supridoras que atendem a toda logística de apoio

às plataformas de petróleo, através dos pontos em terra que fazem a conexão de toda a estrutura logística

de produção e suprimento, de todos os produtos que demandam as plataformas.

Então nós podemos observar o crescimento dessas embarcações supridoras será muito

substancial se compararmos no âmbito de 2009 até 2020, segundo dados da nossa consultora, da IRUS

que presta serviço em todo o Brasil, e pras próprias empresas de petróleo, onde se projeta 2020, 504 é o

número de embarcações nacionais e internacionais operando na costa brasileira pra atender a todo esse

mercado, e irá surgir todas essas bacias desde o Espírito Santo até a Bacia de Santos.

Quando nós estudamos especificamente o cenário das bacias desde o Espírito Santo até a bacia

de Santos, nós pudemos estratificar o processo de distribuição dessas explorações e fizemos estudos

completos sobre as melhores oportunidades, e as melhores localizações, quais seriam aqueles locais que

teriam as maiores aptidões, absorver a demanda que será registrada nesses próximos anos até o cenário de

2020... e 2022, e nós pudemos, através de estudos e simulações, localizar Macaé como um dos pontos

estrategicamente posicionados em relação às bacias fundamentalmente de Campos meio, as bacias de

Campos sul e a Bacia de Santos norte, que seriam esses os pontos mais próximos ou mais exequíveis de

concorrer com essa oferta e essa demanda, portanto, das empresas, para atender o mercado de

embarcações que atenderiam a estratégia de suporte logístico às plataformas.

A demanda registrada por esses estudos mostram que nessa região de Macaé oferece-se

oportunidade, ou uma demanda necessária de em torno de quatro milhões de toneladas, desde a Bacia do

Espírito Santo se considerarmos as quase 11 milhões de toneladas que surgirão com a movimentação

desses produtos e insumos a partir desses pontos estratégicos para atender com esses navios presentes.

As embarcações supridoras são de diversos tipos, os nossos estudos revelam que cada vez

mais... e a maior delas é essa embarcação que nós vemos aqui em cima, à direita, e essa fase de apoio que

é a estrutura de apoio às embarcações supridoras, estariam atendendo a toda a versatilidade, a todos os

tipos de embarcações naqueles números que nós vimos anteriormente, no crescimento, a maior delas é

essa, é a embarcação que faz suprimento das plataformas.

Mas nós temos diversos tipos de embarcações, inclusive, uma das mais recentes que se vê

agora, inclusive nesse leilão do Campo de Libra, é aquela que trata do combate a derrames e a possíveis

vazamentos, exigindo cada vez mais situações de oferta de infraestrutura que apresentem e compram

qualquer tipo de emergência que surjam na costa... nessa costa de exploração do pré-sal.

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Nesse caso, esse empreendimento surge como um elo de apoio a todo esse mercado que se

configura e se mostra cada vez mais próximo das prospecções que irão acontecer nesse cenário que nós

mostramos.

Portanto, esse empreendimento apresenta, depois de vários estudos, foi estudado 11 regiões em

toda a costa, desde o Espírito Santo até São Paulo, Guarujá, São Sebastião, Santos, enfim, até a região do

norte do Espírito Santo, nós identificamos neste local uma alta demanda para apoio à indústria offshore de

petróleo pela competitividade que existe hoje, e da quase que natural, ao longo desses 37 anos de

desenvolvimento dessas nações técnicas dentro desta área, com uma demanda de mercado de apoio à

indústria offshore de petróleo com uma vantagem locacional de Macaé.

A localização estratégica de Macaé em relação às bacias de produção e exploração de petróleo

dentro dos nossos trabalhos se mostra absolutamente clara em função das distâncias. Porque isso tudo tem

a ver com deslocamento de embarcações, suprimento de... consumo de diesel, enfim, tudo aquilo que é

necessário para atender. Não adianta querer fazer pra atender essas bacias um determinado terminal em

outras regiões que não tem a menor competitividade pra que atenda a esse mercado.

Portanto, a outra relação estratégica de Macaé, e com base nesse relatório final do grupo

técnico que foi desenvolvido pelo estado do Rio de Janeiro, através desse Decreto 43868/2012, se retirou

essas duas observações como vantagens locacionais dessa região, e esse relatório diz que há uma

convergência com a vocação regional, industrial e portuária existente, e que esta região se torna favorável

à implantação de novos empreendimentos portuários, portanto, o relatório nos impulsionou a buscar então

aquelas... os estudos necessários para que, a partir dessas conclusões técnicas, nós pudéssemos avançar na

concepção do nosso terminal.

Quais são as principais vantagens e oportunidades geradas pelo empreendimento? O que é que

nós deslumbramos além de outras oportunidades que cada um, dependendo da sua visão, poderá elencar?

Primeiro, um grande potencial de geração de empregos e renda. Nós vamos ver em seguida que

cada uma dessas atividades geradas de emprego dentro do terminal, nós geramos pelo menos quatro

outras oportunidades de emprego indireto dentro dessa atividade, no seu suprimento logístico, na sua

cadeia logística.

Nós temos um fortalecimento e concentração das cadeias de suprimento, já existem aqui em

Macaé, elas se tornariam, em função de limitações logísticas de escoamento de carga pelas instalações do

porto de Imbetiba; nós teríamos um fortalecimento de consolidação nessas cadeias de suprimento que já

existem hoje.

Hoje, nós podemos dizer que em torno de 70% do que é produzido dentro dessas indústrias

saem se deslocando para outras unidades portuárias para atender, o que se torna extremamente

preocupante, na medida em que isso se tornar e impulsionar numa eventual transferência dessas empresas

pra outras localidades que surjam oferecendo infraestrutura portuária adequada pra atender esse mercado,

que, querendo ou não, acontecerá na costa brasileira.

Teremos o fortalecimento da transferência de tecnologia, com a participação de empresas

estrangeiras, que já também é realidade. Teremos os efeitos no aumento da arrecadação, no próprio

município de Macaé, através não só das operações do porto, propriamente dito, mas além de todos os

trabalhos, do desdobramento dessa arrecadação a todos os serviços que surgirão na sua cadeia logística. E

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o suporte à implantação de indústria de base de apoio ao offshore, a permanecerem e atração de novas

empresas tendo esse terminal como um braço operacional de irrigação de todo esse caminho logístico.

Como nós dissemos, os impactos positivos é a geração de mais de 600 a 1.500 empregos

diretos na fase de obra; nós teremos uma geração de 600 empregos diretos na fase de operação, 24 horas,

365 dias no ano. A consolidação e a manutenção da vocação regional, e a indústria de petróleo de Macaé

é responsável notadamente pelo maior número de empregos formais da região norte fluminense, e este

setor, juntamente com o comércio varejista, é que alavancam, que podem alavancar essa geração de

emprego cada vez maior.

A localização dentro do município, ela fica na região norte do município, a 5km do Porto de

Macaé, a 4km do Terminal de Cabiúnas, a 8km do Terminal de Imbetiba, e também posicionado em

relação a parte de tubos e ao acesso pela BR-101.

A localização dele, 95% dos terrenos foram adquiridos; além disso, nós temos nessa

localização... Os vizinhos, os nossos vizinhos que ocupam os espaços ao norte, que seria o canal, o canal

de Macaé, nós temos mais ao sul desses terrenos o condomínio da MRV; à direita nós temos o posto de

abastecimento, o hotel e diversas casas que se situam na parte mais a leste desse terreno.

O projeto em mar, ele foi desenhado de tal forma que ele se projeta dentro das instalações, as

instalações portuárias em mar se projetam a 1.530m exatamente da face de linha de costa; a ponte, ela tem

1.630m, ela será toda apoiada sobre pilotis, sobre pilares, a fim de evitar qualquer tipo de transtorno, ou

de impedimento de passagem da água, de todas as estruturas ao longa ponte, entre a linha de costa e a

estrutura da plataforma. Esse terminal tá projetado pra oferecer até 14 berços, sendo que um dos berços de

carga de alto peso, alto valor... de alta massa. A capacidade de 32 atracações por dia, uma profundidade

de 10m, e um quebra-mar pra abrigar essa estrutura toda de 1.530m.

Será executado um canal de acesso a esta plataforma interna, onde nós teremos, portanto, a

profundidade de 10m compatível com o perfil de todas aquelas embarcações que hoje nós apresentamos,

o perfil das embarcações que frequentarão a toda essa estrutura de apoio às plataformas.

As principais características construtivas marítimas, elas serão um quebra-mar de estruturas de

piers localizados, como eu disse, a 1.570m da linha de costa, não há plataforma oceânica. Essa dragagem

que será realizada, ela será executada para que haja a elaboração desta área de 90.000m² na parte de mar.

O projeto de iluminação da ponte e da estrutura de mar que será elaborado com estudos de iluminotécnica

com o menor impacto possível, e essa tecnologia já se tem. O pátio offshore possuirá sistemas de

drenagem fechada, toda área será um sistema de drenagem fechada com águas coletadas de chuva e com

caixas separadoras, onde tudo é recuperado na plataforma sem que haja qualquer tipo de transbordamento

desses produtos para a região de mar. Ela será toda ela projetada que garanta exatamente a estanqueidade

dessa estrutura sem que haja nenhum comprometimento disso.

O projeto em terra são 400.000m²; há uma estrutura de ligação passando pela Amaral Peixoto

com o viaduto, evitando qualquer tipo de transferência dessas operações internas ao pátio e ao terminal

para essa rodovia, fazendo com que você tenha um fluxo de mercadorias adequado neste pátio, garantirá

que nós tenhamos um absoluto controle da chegada da carga, o armazenamento e a previsão de

distribuição dessa carga pras embarcações e vice-versa.

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A área é suficientemente grande para que se possa fazer um plano estratégico de armazenagem

de mercadorias e chegadas de caminhões para que você tenha, então, uma distribuição da chegada de

caminhões da maneira que se pretender, e não de maneira aleatória.

Então, este pátio, nós teremos uma área aí de 270.000m², que poderá contar internamente com

empresas, inclusive, que possa fazer transferência de produtos, importar produtos, porque esse terminal

será também alfandegário.

As principais características, a exemplo do que nós tivemos na parte de mar, que não haverá

plataforma de terraplenagem, a parte de nivelamento do terreno será toda ela de tal forma que nós não

teremos nem que pedir empréstimo de areia ou de qualquer coisa pra fazer, mas também não vamos

descartar, haverá um balanço equilibrado de todo esse material. Esses pátios também, a exemplo do que

acontece na parte mar, terá um sistema de caixas separadoras, de captação, de fechamento e de águas

coletadas. Todo o sistema de tancagem que abastece as plataformas também, ficarão na posição em terra,

absolutamente com diques de contenção individuais. E será construído esse viaduto rodoviário sobre a

Rodovia Amaral Peixoto, com a alça viária ao porto, onde a gente terá dentro das atividades internas do

terminal, absolutamente nenhuma transferência de trânsito, de tráfego pra via, a Rodovia Amaral Peixoto.

O que se busca neste projeto, além de se botar o que há em termos de engenharia e construção,

o estado da arte, das últimas... em termos de construção de uma instalação portuária como essa, que já

existem várias no Brasil e no exterior, a visão, a melhoria da eficiência operacional.

No aspecto portuário, operar 365 dias ao ano. O que não se quer é deixar navio esperando nas

zonas de fundeio. Se quer receber as embarcações e liberar rapidamente essas embarcações.

Tem a classificação de ser um terminal de uso privado, onde se tenha um ambiente controlado,

absolutamente alfandegado com controle da Receita Federal de todas as mercadorias que chegam e que

saem do mercado exterior.

Ter um terminal especializado em operações de suplly boats, não se trata de um terminal de

operação de trigo, de grãos, de fertilizantes, de óleo cru, enfim, nada, é um terminal especializado em

suplly boats, não se pretende movimentar outro tipo de produto que não sejam aqueles que demandam um

terminal com essas características.

No aspecto terrestre, a busca é de integração dos parques de tubos da Petrobras, da área da

UTE Mario Lagos e do terminal de Cabiúnas, com esta nova infraestrutura. A integração com o aeroporto

de Macaé, que é um grande diferencial dessa região em relação a diversas outras que não têm um apoio

logístico de um aeroporto na sua área que pode se transformar num apoio de operação com cargas, com

extrema vantagem competitiva; e a integração, portanto, com as BR-101 e RJ-106, de uma forma que

cada vez mais melhore a integração logística desses principais acessos.

Na parte marítima, nós destacaremos duas posições, em face da localização de Macaé em

relação, sobretudo, à Bacia de Campos do meio, a Bacia de Campos Sul e a Bacia de Santos Norte, nós

vamos ver que há uma coisa muito visível que se mostra, que é exatamente fazer chegar aquelas

mercadorias e aquelas cargas que necessitam ser embarcadas, não só com a frequência regular, mas,

sobretudo, com aquelas cargas que demandam atender estados de emergência.

A maior dificuldade que se tem hoje de terminais, e a gente pode dizer isso aqui, hoje o

terminal, o Porto de Imbetiba é um terminal absolutamente especializado também, ele é um terminal que

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atende especificamente a esse tipo de propósito. Mas quando se vai pra alguns outros terminais, houve

adaptações ao longo do tempo.

Portanto, a resposta a emergências, ao acesso, a chegada a essas embarcações, da chegada a

essas instalações, a operação desses produtos e o encaminhamento em função da distância marítima aos

principais pontos, é condição fundamental pra determinar a condição de localização de uma estrutura de

base superior.

Portanto, Macaé, ela se configura como uma resposta em caso de emergências marítimas, e

eventualmente, qualquer tipo de problema que exista das plataformas, é preciso que haja soluções no

sentido de você ofertar rápidas respostas. E esse é um dos grandes diferenciais, onde você tem um

terminal absolutamente especializado, com um número berços compatíveis a essas demandas e a todo tipo

de navio supridor.

No aspecto ambiental do licenciamento, nós já vimos a apresentação já do Inea sobre os

prazos, e eu não gostaria mais de... apenas dizer que protocolamos o EIA/RIMA no dia 16/10/2103 no

Inea.

Por favor, pode seguir porque isso já foi detalhado pelo Inea.

No que se refere a licenças e outorgas em todos os órgãos oficiais, nós temos aí a Agência

Nacional de Transporte Aquaviário, o processo já está sendo apreciado. Na Marinha do Brasil também o

processo já foi iniciado; na Secretaria de Patrimônio da União, e não só na parte que regulamenta, não só

a questão do uso de terras... de terrenos de Marinha, e acrescidos de Marinha, mas como também áreas

em mar, onde você ocupa plataformas como esta que nós estamos falando; e junto à Prefeitura Municipal

de Macaé.

O projeto, ele foi concluído em julho... junho de 2013, o projeto conceitual, e o projeto básico

foi concluído agora no final de 2013. Hoje nós já temos, portanto, todo o trabalho de projeto básico já

definido.

O cronograma que nós identificamos e vislumbramos desde o início é que a fase de

licenciamento... a fase de construção tá estimada em aproximadamente em 30 meses, a fase de construção

de toda a estrutura, de terra e de mar.

Portanto, o objetivo é se ter o início destas operações em meados de 2017, para que este

terminal possa, de fato, estar compatível com a demanda das plataformas e dos projetos apresentados pela

Petrobras e pelas outras empresas exploradoras de petróleo para que essa infraestrutura esteja apta a

executar e atender a este mercado. Uma vez que tudo o que tá acontecendo em termos de exploração a

partir de agora é uma questão de cronograma, e nós, portanto estamos com um desafio grande pela frente

que é colocar esse terminal operando até 2017.

Bem, senhoras e senhores, eu gostaria de agradecer a atenção de todos e de nos colocar na fase

posterior à disposição pra esclarecimentos necessários. Muito obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, José Roberto pela apresentação. Antes de passar pra a empresa

consultora, eu gostaria de lembrar que nós temos as atendentes aqui no corredor central, quem já tiver

elaborado a pergunta é só levantar a mão que elas vão já recolher.

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Eu sugiro que vocês aguardem também a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental, que

algumas das perguntas podem ser respondidas, porque após a explanação da consultora, nós ainda

aguardaremos por 30 minutos, então dá tempo de todo mundo formular as perguntas.

Então eu convido agora a representante da empresa consultora, a Sra. Raquel de Paula, pra

fazer a apresentação da parte referente ao Estudo de Impacto Ambiental.

SRA. RAQUEL DE PAULA: Meu nome é Raquel de Paula, eu sou coordenadora de projetos da

Masterplan Consultoria de Projetos e Meio Ambiente, e eu sou a coordenador técnica do Estudo de

Impacto Ambiental do terminal portuário. Boa noite a todos da mesa! Muito obrigada.

O empreendedor do projeto é o Terminal Portuário de Macaé, e a empresa consultora é a

Masterplan Consultoria de Projetos e Meio Ambiente.

Esse EIA/Rima ele foi elaborado por uma equipe multidisciplinar, conforme a Resolução

Conama, composta por 49 técnicos de nível superior, sendo 16 biólogos, 11 engenheiros, cinco geógrafos,

oceanógrafos, geólogos e químicos; equipe multidisciplinar.

Caracterização do empreendimento: Conforme o empreendedor retratou, o objetivo do terminal

portuário é fazer o apoio logístico para as plataformas de exploração de petróleo. O cronograma previsto é

de 18 a 30 meses de obras civis, podendo ter uma contratação de 600 até 1.500 funcionários durante a

obra, e 600 a 800 na fase de operação do empreendimento.

Então, o EIA/Rima, ele foi todo elaborado conforme instrução técnica do Inea, e a gente fez

um estudo de alternativas locacionais, em atendimento à Resolução Conama 0186, onde estão

identificados quatro pontos da instalação do terminal portuário.

A alternativa 1, Angra, no Tebig; alternativa 2, Verolme; alternativa 3 Marica, em Jaconé; e

alternativa 4, Macaé.

Foram adotadas premissas ambientais e legais da Antaq. Entre as premissas ambientais a gente

encontra o plano diretor do zoneamento municipal pra ver se haveria uma restrição legal em termos do

plano diretor da área pra instalação de terminal portuário; acessibilidade rodoviária e logística, pensando

no fluxo de caminhões, de entrada e saída do terminal; a geomorfologia; interferência em áreas de

preservação permanente em outras áreas legais; o tipo de vegetação existente; a classificação da área

turística e beleza cênica, núcleo urbano; e o plano geral de outorgas da Antaq que retrata que não pode ser

emitida uma autorização da Antaq, que é a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, pra um outro

terminal privado que se localize a menos de 30km do porto público.

Então, com isso, as duas alternativas de Angra se mostraram satisfatórias porque a Antaq não

permitiria isso. Ficamos entre a alternativa de Maricá e Macaé, e na época que análise do EIA/Rima,

Maricá tinha no seu plano diretor em 2006, essa área de Jaconé, Unidade de Planejamento 05 como zona

de expansão urbana, impossibilitando a instalação do terminal portuário.

Num segundo momento, a gente analisou o relatório do grupo técnico do governo do estado do

Rio de Janeiro, criado pelo Decreto 43.868/2012, e separou toda a costa do litoral do Rio de Janeiro em

seis trechos, desde o litoral norte até a Baía da Ilha Grande.

E, com isso, esse grupo técnico identificou também que a região de Cabo Frio, Baía de

Guanabara, Baía da Ilha Grande e Baía de Sepetiba, se mostraram inviáveis por aspectos ambientais e

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socioeconômicos, e a questão de Maricá e litoral norte. Maricá, conforme eu retratei, o plano diretor não

permitia. Então, depois disso, de todo os estudos técnicos, a consultoria identificou Macaé como melhor

área.

Depois disso fizemos um estudo sobre a alternativa tecnológica pra dragagem, pra ver qual era

a draga mais eficiente pra minimizar o tempo da dragagem, minimizando assim a duração dos impactos

ambientais que essa atividade gera.

Hoje você tem no mercado dois tipos de draga, que é a mecânica e a hidráulica. A mecânica é

insuficiente, ela não poderia nos atender porque o tipo de sedimento que ela draga seria cascalho,

sedimento consolidado, e, além disso, a produtividade dela é 10 vezes pior do que a draga hidráulica.

Então, a dragagem que o empreendedor vai fazer três meses, duraria 30 meses. Então todos os

impactos ambientais na parte marinha, tem previsão de três meses, daria 30, então foi escolhida a draga

hidráulica, você tem a “hopper” e a de sucção e recalque.

A draga “hopper” ela é a mais eficiente, o tipo de sedimento que a gente tem ali também seria

pra “hopper” e a draga de sucção e recalque, ela só poderia operar no mar mais calmo, que tem amplitude

de onda de até meio metro, que não é o caso de Macaé. Então a escolha da draga foi a draga do tipo

“hopper”.

Aqui é apenas uma fotografia ilustrando o que seria a dragagem, que é a retirada do assoalho,

né, pra diminuir, aumentar o calado pra chegada dos navios, e a draga “hopper”.

Num segundo momento, a gente tem um estudo tecnológico do aterro hidráulico, que pra

dragagem, todo esse material dragado vai ser depositado na parte marinha pra construir a ilha, retro área

offshore, não havendo deposição de material de bota-fora oceânico.

Então você tem hoje no mercado três tipos que seria: o despejo, descarregamento direto do

sedimento, por barcaça; e o Rainbow. Esse é o Rainbow, ele é muito usado nas ilhas de Dubai pra fazer

ilha, e não será usado aqui exatamente pelo impacto ambiental que ele acarreta.

Então, a metodologia escolhida foi o bombeamento indireto, onde na própria draga que vai

dragar o sedimento, você já tem a tubulação, direcionando esse sedimento diretamente pra construir a

retro área offshore, diminuindo assim a pluma de sedimentos na dragagem.

Então, o que são as áreas de influência do empreendimento? A Resolução do Conama 01/86,

ela fala que você deve separar em área de influência direta e área de influência indireta. Então a área

diretamente afetada é aquela onde realmente vai ter o empreendimento.

Então seria na parte terrestre as três fases, os três lotes onde vai ser a parte terrestre; a ponte

que vai ligar a parte terrestre até a parte marinha, que é 1,630km sobre o pilotis, sobre estacas, cada estaca

separada 17m uma da outra, pra minimizar o impacto na rede costa; e aí a gente tem a retro área offshore,

a parte da retro área marinha, o canal de dragagem e a proposta de área de fundeio.

Área de influência direta é até onde se entende que os impactos diretos pelo empreendimento

possam ser sentidos. Então a consultoria entendeu que, pra parte terrestre, a gente adotou a resolução do

Conama 428/2010, que fala que unidade de conservação que não tem plano de manejo instituído, deve

considerar uma zona de amortecimento de 3km em volta.

Então, em cada vértice da parte terrestre foi feito um “buffer” de 3km pra formar essa parte

terrestre, do meio físico e do meio biótico. E a gente separou a área de influência no meio marinho porque

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os impactos na parte terrestre são diferentes do meio marinho. E no meio marinho são duas metodologias,

o estudo da pluma, os sedimentos a ser dragado, que eu vou falar daqui a pouco, que aponta que num pior

cenário essa pluma pode se deslocar até 6km a norte e a sul, mas sem paralela à costa. E depois a gente

considerou também esses 6km em volta da área de fundeio, aumentando o buffer e formando essa

imagem.

Área de influência indireta do meio físico e biótico, aqui a gente tem a resolução Conama que

fala que deve ser preferencialmente a bacia ou sub-bacia hidrográfica. Então aqui foi definido como a

sub-bacia do baixo Rio Macaé, mais parcela da Bacia de Carapebus, e área de influência indireta pelo raio

de 10km em volta de toda área marinha, abrangendo o Arquipélago de Sant’Ana, ficou sendo

conservador, por ser uma unidade de conservação de proteção integral.

O meio socioeconômico, a área de influência direta foi delimitada como os bairros que estão

limítrofes ao empreendimento, que seriam Lagomar, São José do Barreto, o Parque Aeroporto, e mais a

Colônia de Pesca Z3, que tá na costa em Macaé; e na área de influência indireta, todo o município de

Macaé.

Então o diagnóstico ambiental ele foi separado no meio físico, biótico e socioeconômico. O

físico retrata o meio físico: Água, solo, qualidade do ar, ruído. O meio biótico é a vegetação, os animais,

unidade de conservação; e meio socioeconômico, a população em geral.

Em relação ao meio físico, na geologia, geomorfologia, tipo de solo, foi identificado pela

consultoria a predominância de depósitos marinhos, e o tipo de solo é argissolo, gleissolo e espodossolo.

Foi realizado um estudo do material a ser dragado em atendimento à Resolução do Conama

454/2012. Foram feitas 60 amostras em toda a área a ser dragada pra ver a qualidade daquele sedimento,

se ele poderia trazer algum impacto à biota aquática ou não. E aí foi identificado todos abaixo do nível 2,

que traria impacto, e 67% do material era areia.

Foi feito um estudo de ruído que contou com 15 pontos em toda a área de influência direta, que

são aqueles 3km que eu falei antes, onde foi identificado que 40% desses pontos já apresentam linear alto.

O estudo de áreas suscetíveis à inundação foi realizado usando modelagens, e a geomorfologia

do terreno, histórico de cheias, e a gente identificou que na região alta de Macaé é baixa a suscetibilidade

de inundação, porque quando chove muito essa água escoa pras áreas de baixada, que é o caso da área

onde se pretende instalar o terminal portuário. Então a área onde pretende instalar o terminal portuário

apresenta alta suscetibilidade de inundação.

E esse problema seria mitigado... Isso aqui é uma figura ilustrativa de uma rede drenagem,

onde você instala uma rede drenagem de acordo com a chuva, né, o índice pluviométrico, o

dimensionamento da rede de acordo com isso, e direciona essas águas pluviais, evitando assim o

alagamento do terreno.

O estudo da qualidade da água do mar teve como objetivo, assim como o ruído, como todos os

tópicos falados, entender qual é o cenário hoje, como que a área está hoje.

Então foram feitos cinco pontos na parte marinha, sendo um ponto na saída do Rio Macaé com

o objetivo de ver como que a cidade, às vezes, lançando no efluente o esgoto sem tratamento no Rio

Macaé, poderia trazer o pior na qualidade da água do mar.

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O ponto P2, localizado próximo do Arquipélago de Sant’Ana, sendo extremamente um ponto

conservador pra que a gente possa monitorar durante a atividade de obra como que essa qualidade da água

do mar poderia vir a sofrer algum tipo de alteração.

O ponto P3, como controle também. O ponto P5, próximo da saída da água de Cabiúnas. E o

ponto P4, exatamente aquele onde vai ser dragado, pretende se dragar.

Todos os parâmetros foram analisados de acordo com a 357, resolução Conama também, e

todos apresentaram alguma violação do parâmetro, seja compactante, ferro dissolvido, aporte de matéria

orgânica, isso serve como background saber hoje como que a qualidade da água do mar está.

Foi realizado um estudo sobre o efeito das estruturas de abrigo na região costeira. Quando o

empreendedor falou, ele falou que na parte marinha vai ser feita uma ponte de 1,630km e vai ter um

encurtamento pra criar essa ilha na parte marinha.

Então a gente teve que estudar como que essa ilha artificial, essa parte marinha, pode... vai

impactar nas ondas, na hidrodinâmica e na morfologia costeira. Foram usados modelos numéricos pra

identificar os efeitos dessas estruturas.

A metodologia consistiu com posições oceanográficas, meteorológicas, hidrológicas na região

com dados primários e secundários. A gente foi fundeado com um ADCP, que ficou 25 dias fundeado na

região onde pretende instalar o terminal, com o objetivo de identificar a corrente marítima ali. Depois de

25 dias chegou-se à conclusão que a corrente, ela tá diretamente ligada com o vento, então o resultado foi

satisfatório.

Em relação à alteração do padrão de propagação de ondas. Hoje, esse cenário aqui é o cenário

hoje, onde a amplitude da onda varia de um metro até 1,5m, isso sem ser ressaca. Então, depois, com a

construção do impedimento, o objetivo dessa parte marinha é diminuir as ondas pra que os navios possam

pelo canal de dragagem acessar nos berços. Então, o objetivo é diminuir as ondas e esse foi o resultado,

então diminuiria a onda que hoje é de um metro a 1,5m pra zero a meio metro na região do

empreendimento, esse impacto seria local.

Em relação à alteração da hidrodinâmica, o cenário predominante que ao vento de sudeste não

haveria nenhuma alteração significativa, mas em tempestades seriam formadas duas grandes células em

relação à hidrodinâmica.

Pra estudar o impacto da morfologia costeira que é a linha de costa da praia, primeiramente foi

feito um estudo daquela encosta desde 1989, pra entender como que hoje a praia responde às condições

de mar, corrente, mar, meteorológico. Então foi feito 68 transeptos em toda a região, desde a costa do Rio

Macaé até a Lagoa de Cabiúnas. Cada transepto de 200m entre eles.

E como resultado, desde 1889 até 2012, aqui a gente apresenta... o gráfico em azul é quando

você mostra um acréscimo, acréscimo de sedimento, representa como se fosse um engordamento; e o

vermelho seria uma erosão, um decréscimo de praia.

Então, desde 1989 até 2012, vocês conseguem ver aqui que a praia, ela responde variando de

acordo com a corrente marítima, com o mar, com a onda, com a condição meteorológica. Então, hoje já

tem, desde 89, essa variação, onde na primeira década de estudo de 89 a 99, teria havido um acréscimo

dos transeptos iniciais até o 11, e depois houve uma estabilização e uma pequena erosão.

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Depois disso, a gente conseguiu fazer um outro estudo da alteração na morfologia costeira.

Você sabendo o cenário hoje, desde 1989 como que a região de praia, e depois da implantação do porto.

O resultado foi que, depois de cinco anos vai haver um engordamento da praia, exatamente na zona de

sombra... exatamente na zona de sombra do quebra-mar, vai diminuir a profundidade aqui. Esse impacto

vai ser sentido em até 1,5km a norte, e 1,5km a sul.

Foi feito um estudo do processo de dispersão da pluma de sedimentos, que conforme eu falei

pra vocês vai ser usada a draga “hopper” que hoje é a mais eficiente no mercado, e essa dragagem vai

durar apenas três meses.

Sessenta e sete por cento do material a ser dragado é areia, e o restante é silte e argila. Então,

assim, na primeira hora, o impacto da pluma de sedimento é local, na região onde pretende instalar o

terminal, e depois de 18 horas, o cenário predominante, que é vento de nordeste, essa pluma se desloca

em até 6km em direção à foz do Rio Macaé.

E conforme eu falei, quando a gente fundeou o ADCP pra entender os dados de correntes

marítimas, a gente viu que a corrente ela tá ligada com a direção do vento, então ela tá sempre bem

paralela à costa, bem paralela à areia que vai ser dragada. E o azul aqui, ela representa em miligramas por

litro.

Na fase de operação do terminal, vão ser instalados três tanques “dieseis”, cada um com

1.200m³, eles vão ficar na parte onshore, e eles têm como objetivo abastecer as embarcações e também

ser como carga pra levar pra plataforma de petróleo.

Esse abastecimento vai ser feito, primeiramente, por caminhões nos comboios, que, mediante

bombas, tubulações, vão abastecer os tanques na parte onshore, e desses tanques vão sair tubulações fixas

direto pras embarcações.

O tanque, ele tem que ser projetado de acordo com padrões e normas internacionais, contendo

diques de contenção, e a drenagem tem que ser separada do sistema de drenagem pluvial, evitando assim,

minimizando assim a contaminação.

Foi feita a análise de risco pra entender os cenários de possíveis derramamentos de óleo desses

tanques “dieseis”. Identificamos 42 eventos de derrame, sendo que 92,9% é risco 2, e não foram

detectados riscos 3, 4 e 5. E acredita-se que, se houver vazamento, esse vazamento fique contido nas

bacias de contenção.

O inventário de emissões atmosféricas, ele teve como objetivo saber qual são as emissões

atmosféricas que o terminal vai emitir na fase de operação, desde a época de manuseio de graneis,

manuseio de cimento, manuseio de óleo diesel, e os processos de combustão, a combustão incompleta dos

navios.

Os principais poluentes são material particulado, carbono orgânico volátil, dióxido de enxofre,

dióxido de nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarboneto.

A metodologia usada foi a da EPA, que é a agência americana governamental, botamos um

modelo de emissões e depois fizemos uma modelagem com essa taxa de emissão pra saber até onde pode

ser sentido o impacto das emissões atmosféricas do terminal.

Aqui é uma rosa-dos-ventos, foi feito um banco de dados de três anos, de meteorologia, aqui

extraído da base da Aeronáutica, e a gente considerou todos os dados do terreno, desde a geomorfologia

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natural até o modelo americano, que se chama “building for washing”, onde todas as estruturas devem ser

consideradas, pra você conseguir entender a dispersão dessa pluma.

E como resultado o único parâmetro regulamentado pela Conama 03/90, que apresentou uma

pequena violação, foi de dióxido de nitrogênio, na média de uma hora, e esse impacto, aqui ele será

sentido, principalmente na área do porto e nos acidentes geográficos localizados mais afastados. Depois, a

gente rodou a média anual do NOX, também considerado a Conama 03 e não apresentou a violação.

O estudo do meio biótico foi separado em flora, que é a vegetação; fauna, os animais; e as

áreas protegidas.

Em relação à vegetação, a gente tem ali três fitofisionomias e a restinga herbácea pós-praia,

que é essa rasteira aqui pós-praia, fixadora; atrás a gente tem a restinga arbustiva arbórea e a floresta

ombrófila densa, atrás da Amaral Peixoto.

Na restinga herbácea foi feito um método de parcela, amostragens. Identificamos 42 espécies.

E a restinga arbustiva arbórea e a floresta ombrófila de terras baixas foi feito o Censo, em atendimento à

Lei da Mata Atlântica, onde o Censo, para a restinga (inaudível) diâmetro da altura do peito; e a floresta

vai pra cinco em atendimento à Lei 11.428. Identificamos 6,3 hectares de restinga arbustiva arbórea, e

0,59 de floresta ombrófila.

Não foram encontradas espécies ameaçadas, de acordo com a Instrução Normativa do

Ministério do Meio Ambiente 0608. A cabeça-de-frade estava como deficiente de dados por esta

instrução.

Foram mapeadas as áreas de preservação permanente de acordo com o Código Florestal,

resolução do Conama e a Lei Orgânica municipal, e foram mapeadas a faixa marginal de proteção do

canal Macaé-Campos, e aquela vegetação de restinga. Ela é área de preservação permanente pela Lei

Orgânica. O lago artificial, ele não é APP porque ele é menor do que um hectare, mas ele vai ser

conservado.

Em relação à unidade de conservação foi feito um buffer, né, usando shape (inaudível) em

todas as esferas, federal, estadual e municipal. Identificou que da área do empreendimento, a gente tá a

2,8km do Parque de Jurubatiba, 6,8km do parque do arquipélago de Sant’Antana, e 5,7km do parque do

estuário do rio Macaé. E o Tepor estaria sobreposto à área de proteção ambiental do parque natural do

arquipélago de Sant’Ana.

O estudo de fauna foi realizado com base em dados secundários, que são os dados disponíveis

na literatura hoje desde artigos científicos, publicações em anais de congresso, EIAs/Rimas e planos de

manejo. Então, a gente, por dado secundário, a gente considerou bastante o Estudo de Impacto Ambiental

de Cabiúnas e o plano de manejo de Jurubatiba. E, num segundo momento, a gente fez um levantamento

primário, depois de conseguir autorização do Inea pra todos os três grupos, montamos armadilhas em toda

área de influência... na área de influência direta, dispersão dessas armadilhas, pra identificar a fauna que

existe ali.

Como resultado por anfíbios, que são sapos e pererecas, identificamos com dados primários

dez espécies, sendo amais constante a Perereca do Litoral; os repteis, cobras e lagartos, quatro espécies, a

mais constante Lagartixa de Parede. Aves, 98; mais constantes: Corruíra, Suiriri, Bem-te-vi e Sabiá-poca.

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E mamíferos, 17 espécies; e a mais constante: Gambá, ratos e cachorros. Porque a área hoje, a área onde

se pretende instalar o terminal, ela já possui interferência urbana.

Mas foram encontradas espécies ameaçadas. Pra anfíbios, que são os sapos e pererecas,

encontramos a rãzinha, que ela é presumivelmente ameaçada no estado do Rio de Janeiro. E repteis: O

Lagarto-do-rabo-verde. Aves: O Sabiá-da-praia, ele tá em perigo no estado do Rio de Janeiro. E, em

relação a mamíferos, nenhuma ameaçada dentro da área diretamente afetada.

O estudo da fauna aquática abrangeu todos os grupos, aves marinhas, cetáceos, mamíferos

marinhos, tartarugas, peixes, zoobentos, zooplâncton e fitoplânctons.

Como resultado, no grupo de peixes, foram identificados 25 espécies, sendo que o mais

constante foi o Roncador. Essa campanha foi realizada em junho. Tartaruga, a gente pegou um exemplar,

que é a tartaruga-verde, pegou na rede. Mamíferos marinhos, com dado primário, não foi encontrado

nenhum mamífero marinho. E aves marinhas, 16 espécies, e o grupo das garças foi o mais representativo.

Foram encontradas também espécies ameaçadas na fauna marinha, mas no grupo de peixes,

nenhuma. Das 25 espécies encontradas, 16 têm importância comercial, mas nenhuma tá ameaçada.

Tartaruga. Todas as cinco tartarugas que existem na costa do Brasil inteiro, elas estão ameaçadas, são

ameaçadas. Então, a tartaruga-verde, ela tá na lista como vulnerável. Mamíferos marinhos com dados

primários, não foi encontrado nenhum, mas a gente sabe que Macaé é habitat da turminha de várias outra

espécies migratórias. Aves marinhas, trinta-réis... trinta-réis-real é vulnerável; tiriba-grande, em perigo;

chauá, vulnerável; e a migratória vira-pedra.

Em relação ao meio socioeconômico, o município de Macaé, ele possui a base operacional da

Petrobras e empresas de apoio desde 1970, quando teve a instalação do porto de Imbetiba. Então, com

isso, você teve um crescimento do setor industrial de serviços, expansão de atividades e mão de obra,

tidas como vãs; mudança no uso e ocupação do solo. Antes da década de 70, Macaé era rural; depois, com

a vinda da Petrobras, foi mudando aos poucos. Paulatinamente foi mudando esse uso e ocupação do solo.

Então, teve o crescimento econômico, muitas migrações e especulação imobiliária.

Na área de influência direta, a gente fez um estudo com revisão da literatura existente de todo o

território, pesquisa quantitativa em dados oficiais, como IBGE, a prefeitura, Tribunal de Contas, e

pesquisa qualitativa baseada em entrevistas com cidadãos macaenses, gestores locais e associações de

moradores.

Na área de influência direta, seria o bairro Lagomar, o Parque Aeroporto, São José do Barreto,

a gente identificou o Parque Aeroporto, ele é um pouco mais bem estruturado em relação a receber o

esgoto, a água e todas essas informações. Aqui, esgotamento sanitário, o Parque Aeroporto, ele tem mais

de 95% ligado à rede geral de esgotos. Em compensação, o Lagomar, ele usa muito mais fossa séptica e

fossa rudimentar.

Em relação à escolaridade também, o Parque Aeroporto apresenta... apresentou maiores índices

de escolaridade. Assim como fonte e abastecimento de água. A rede geral, o Parque Aeroporto apresenta

mais de 95% ligado à rede geral. Em compensação, Lagomar, São José do Barreto, usam mais poços e

nascentes próprias.

Então, o município de Macaé hoje, ele conta com muitos imigrantes qualquer vieram das

regiões Norte, Nordeste e de várias outras regiões do Brasil, em busca de emprego, né, desde a década de

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70, quando houve a instalação da Petrobrás aqui. Identificamos que a infraestrutura em relação à saúde,

educação, insuficiente, assim como o abastecimento de água e esgoto. Os moradores possuem

necessidade de deslocamento pra estudar. E quando foi feita a conversa com os moradores da área de

influência direta, foi identificadas relações... expectativas em relação ao empreendimento positivas e

negativas. Positiva seria a possibilidade de geração de emprego e melhorias na infraestrutura; e negativa

restrição de espaço e necessidade de remoções, que não vão haver, pro terminal portuário não será

necessária desapropriação.

Patrimônio arqueológico, a gente fez, em atendimento à Portaria 230 do Iphan, que é o órgão

responsável por isso, em atendimento à instrução técnica do Inea, com caracterização arqueológica com

dados secundários. E já está protocolado dentro do Iphan o projeto de uma expedição arqueológica,

solicitando pra esse órgão a anuência pra que se possa fazer um monitoramento arqueologia aqui.

Como resultado preliminar, a gente identificou que o canal Macaé-Campos, ele tem

tombamento provisório do Inepac, a nível estadual.

A restinga da praia de São José do Barreto, ela é patrimônio paisagístico. E, por ser região de

praia, você tem potencial de sítios arqueológicos de sambaqueiros.

Colônia de pesca Z3, tá mapeada na área de influência direta, ela tá localizada na foz do rio

Macaé. Em conversa com os representantes foi identificado que existem 1,8 mil associados cadastrados,

350 a 400 embarcações, e a pesca de 20 a 30 toneladas por mês por pesca artesanal.

Foi realizado um estudo de tráfego na Rodovia Amaral Peixoto pra identificar qual é o nível de

serviço hoje, como que a Rodovia Amaral Peixoto está hoje e como que ela pode responder na fase de

instalação e operação do terminal portuário. Então, foi... nos localizamos nesse ponto de contagem aqui,

próximo ao Minha Casa, Minha Vida, durante 12 horas, e contamos 14.573 veículos, tanto nos dois

sentidos, né, norte e sul. Isso seria um nível de serviço D.

Então, depois de todo diagnóstico ambiental, a equipe multidisciplinar, aqueles 49 técnicos que

eu comentei anteriormente, se reuniu pra fazer a avaliação dos impactos ambientais, com base na

caracterização da atividade, que é a caracterização do empreendimento, nos dados do projeto que o

terminal portuário nos forneceu; o diagnóstico ambiental, que demonstra como que é hoje a situação aqui

em relação a ruído, fauna, vegetação e tudo, e aí chegou na avaliação dos impactos ambientais pra

poderem ser propostas pela equipe multidisciplinar medidas mitigadoras, medidas compensatórias,

monitoramento dos impactos, formando assim os programas ambientais.

Então, após isso, a equipe identificou 55 impactos ambientais; a maioria ocorreria na fase de

obra, e na fase de operação muitos desses impactos iriam cessar depois, no segundo momento.

Em relação aos impactos sinergéticos, que são aqueles que é quando um impacto se junta com

outro e cria um outro, foram identificados 11 na fase da instalação e cinco na operação. E os cumulativos,

quatro na instalação e quatro na operação.

Os principais impactos identificados na fase de obra seriam: Risco de aumento da imigração,

incômodo da vizinhança, risco de atrito com a população, aumento da oferta de trabalho, impacto visual,

pressão sobre a oferta de serviços públicos e infraestrutura, que já é deficiente em Macaé, intensificação

do fluxo de veículos pesados, perturbação da fauna terrestre, afugentamento da fauna marinha e

interferência na atividade pesqueira.

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E na fase de operação seria: Incômodos à vizinhança, risco de atrito com a população,

interferência na atividade pesqueira, efeitos sobre a tributação, que é a arrecadação de impostos, restrição

e redução da área de lazer, aumento do tráfico terrestre e marítimo, alteração da qualidade do ar, alteração

da hidrodinâmica costeira, alteração da dinâmica sedimentar e interferência na atividade pesqueira.

Então, depois disso foram propostas medidas mitigadoras, programas de controle e

monitoramento e programa de compensação desses impactos que não podem ser mitigáveis.

Em relação à perturbação da fauna terrestre, a gente propõe um programa de controle e

monitoramento de ruído, onde todos os equipamentos que trabalharem na obra devem ser avaliados pra

ver se seu ruído estaria acima do permitido pela lei, minimizando assim o ruído na fauna. E também foi

proposto no EIA a instalação de uma barreira de isolamento com isoladores de som em volta de toda a

área do terminal, barreira verde.

Também sugere, né? Antes da supressão vegetal, ou qualquer interferência no terreno ser

instaladas armadilhas de percepção e queda pra você poder pegar os animais e resgatar dentro do

subprograma de resgate e deslocação da fauna em algum habitat semelhante. É proposto também um

programa de monitoramento da fauna, onde toda fauna, onde toda a fauna deveria ser anilhada pra você

acompanhar como que aquela população, aquela fauna que existe ali tá reagindo com o terminal. Você vai

operar efeitos ecológicos, abundância de diversidade, tudo isso.

Em relação ao afugentamento de biota aquática seria a fauna marinha, na fase de instalação, a

fauna marinha toda, desde peixes até mamíferos marinhos, é proposto dentro de um programa de gestão

ambiental, técnicos, biólogos e oceanógrafos especializados pra, diariamente olharem, antes de começar a

obra, num raio de 500m como zona de exclusão, se há mamíferos marinhos ou quelônios na área, e o

tráfico de embarcações deve ser controlado em épocas de maior sensibilidade.

Foi proposto programa de monitoramento da biota aquática, e o programa de monitoramento

de cetáceos e quelônios.

Em relação à interferência na atividade pesqueira é proposto um programa específica]o de

apoio à pesca, onde deve ter... o Tepor, né, de incentivar capacitações e apoiar incentivos à cooperativa,

colônias e associações.

Intensificação do fluxo de veículos pesados, é proposto um programa de auxílio à mobilidade

urbana, que seria uma parceira do empreendedor com a prefeitura pra viabilizar a construção de novas

vias de acesso.

Alteração da qualidade do ar, proposto um subprograma de monitoramento e controle da

qualidade do ar, contando com estação meteorológica específica do terminal full time, meteorológica e

atmosférica, além de outras medidas, como, se ligar ao Proconve do Inea, onde tem que ser obrigatória a

manutenção regular e periódica de todos os equipamentos, máquinas e veículos. Além de (inaudível) de

vias, implementar um 0800 de críticas e sugestões.

Em relação à alteração da dinâmica sedimentar e da morfologia costeira, que é o impacto de

1,5km a norte e a sul, proposto um programa de monitoramento da hidrodinâmica, onde o material

proveniente da dragagem de manutenção , na fase de operação do porto será utilizado nas regiões de

praia, onde houver alguma alteração na linha de costa provocada pela operação do porto e detectada pelo

monitoramento do porto.

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Os impactos positivos que o terminal portuário poderá gerar: Geração de expectativa

relacionada ao empreendimento, o aumento da oferta de trabalho, podendo chegar num pico de 1,5 mil

funcionários.

Esses impactos positivos eles devem ser potencializados com a implementação de programas

de potencialização, como o programa de comunicação social, programa de capacitação profissional,

programa de educação ambiental da comunidade.

Criação de micro habitat e os efeitos sobre a tributação e a arrecadação de impostos.

Prognóstico ambiental você faz pra você imaginar a região sem o empreendimento nos

próximos anos. Então, o que é que a consultoria pensou? A gente fez uma análise do município de Macaé

desde a década de 70, quando houve a instalação da base da Petrobras aqui e começou a ocorrer a

mudança no uso e ocupação do solo, que antes era rural e começou a ter uma visão mais industrial. O

bairro Lagomar, ele cresceu de 2000 a 2010 537%, um crescimento, conforme a gente apresentou, um

pouco com déficit de infraestrutura em relação à água ou esgoto. Então, hoje, essas duas imagens aqui

debaixo representam fotos do terreno, que recebe efluentes sem tratamento e despejo também de resíduos

e lixo no terreno.

Então, o prognóstico ambiental sem o empreendimento, a consultoria entendeu que, se não

tiver o terminal ali, deverá ter ocupação por casa ou por indústrias.

E a região com o empreendimento teria como objetivo o apoio logístico à plataforma de

petróleo, viabilizando um aumento logístico disso, desafogar o porto de Imbetiba, que hoje sempre que

vai pra praia, você vê vários navios fundeados ali esperando pra poder atracar no porto; viabilizando a

gestão de cadeia de suprimentos indispensáveis às operações offshore. E a geração de emprego e renda,

dinamização da economia, então oportunidade para investimentos públicos na melhoria da qualidade de

vida local.

Então, depois de tudo isso, foram identificados 55 impactos ambientais, propostas medidas

mitigadoras pra eles e propostos também nesse EIA/Rima 28 programas.

Nessa etapa do licenciamento, o EIA/Rima, ele propõe o programa. Caso a licença vier a ser

concedida, o Inea, ele deve analisar esses programas, ele pode pedir pra acrescentar programa, pra tirar

programa... Isso vai ser detalhado depois, em outra fase de licença. Então, os programas foram separados

em introdução, objetivos, indicadores, que é a eficiência do programa, metodologia, acompanhamento e

avaliação. Quem são as pessoas, os técnicos que devem acompanhar isso? É biólogo, é engenheiro, é

geólogo? E avaliação. De quanto em quanto tempo a sua campanha? Então, foi proposto no EIA/Rima. E

a inter-relação com os programas.

Dentro do programa de gestão ambiental, o empreendedor teria a responsabilidade de criar uma

equipe de gestão ambiental formada por técnicos que deveriam dar treinamentos em toda a equipe,

mediante o programa de educação ambiental, e é o grupo responsável por consolidar todos os resultados

desses 28 programas e reportar, a cada seis meses, ao Inea pra que o Inea posa ver como que está

decorrendo as obras aqui.

O plano de atendimento à emergência, ele visa estabelecer procedimentos capazes de evitar e

combater possíveis acidentes ambientais das atividades realizadas no Tepor. Deveria contar com uma

equipe especializada, também, com o pessoal de engenharia, e o pessoal que trabalha com segurança do

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trabalho e tudo, lotada por embarcação pra qualquer vazamento você fazer uma contenção local,

minimizando, assim, as chances de dispersão de possíveis óleos.

Proposto um programa de ruído, como eu já falei antes, e um programa de monitoramento e

controle da qualidade do ar.

Em relação a resíduos efluentes de sedimentos a gente propõe programa de monitoramento da

qualidade da água pros cinco pontos que eu falei antes, né, que a gente viu hoje qual é a situação do mar

em Macaé, então a gente propõe o acompanhamento disso pra ver se os parâmetros aumentaram ou

diminuíram, ou se apareceram outros parâmetros. Um programa de gerenciamento de efluentes, onde o

terminal pretende instalar duas estações de tratamento de efluentes a nível secundário. Um programa de

monitoramento e controle de erosão.

Em relação à supressão vegetal, que é a interferência ali na restinga herbácea, a restinga

arbustiva arbórea e a floresta ombrófila nessas terras baixas. Proposto um programa de resgate de

germoplasma vegetal pra vegetação herbácea de cactaceaes e bromélias, e o programa de compensação

vegetal em atendimento à Lei da Mata Atlântica, que o Inea é o órgão responsável por estipular qual

deverá ser essa compensação.

Em relação à fauna terrestre, proposto um programa de monitoramento da fauna com

anilhamentos e tem o objetivo: Avaliar a dinâmica das comunidades de vertebrados terrestres afetadas

pelas atividades de implantação do empreendimento, registrar as pressões antrópicas à fauna, aumentar o

conhecimento sobre a fauna de vertebrados terrestre das áreas de influência, mediante o anilhamento de

indivíduos.

O subprograma de resgate seria você montar armadilhas na área onde qualquer interferência do

empreendimento pra você resgatar o maior número de animais possíveis.

E o programa de preservação do lagarto-do-rabo-verde, que é vulnerável.

Em relação à fauna aquática é proposto programa de monitoramento da biota aquática, onde

deverá acompanhar e avaliar a recuperação da biota em todos os níveis nas áreas adjacentes ao

empreendimento. Esses dados devem alimentar o sistema de monitoramento ambiental da zona costeira

do Inea; acompanhar e monitorar a possível introdução de espécies exóticas no ambiente marinho; e

mitigar eventuais alterações.

O subprograma de monitoramento de cetáceos quelônios deverá ser realizado mediante o

monitoramento de encalhes, análise da distribuição espacial das espécies, análise do padrão de curva de

atividades de cetáceos e quelônios; estimativa de abundância, de saber qual é a população que tem ali,

quantos são; análise de alteração do habitat gerada pela instalação e pela operação do empreendimento e

seus possíveis efeitos sobre cetáceos e quelônios; e atividades de educação ambiental com toda a

comunidade costeira, inclusive pescador, falando do problema das redes de malha.

Em relação à população é proposto o programa ambiental de comunicação e responsabilidade

social. Tem como objetivos intermediar conflitos e promover diálogos com agentes e atores sociais, e a

instauração de um 0800 pra críticas e sugestões. Subprograma de apoio e incentivo à pesca, incentivo a

capacitações; subprograma de apoio e fortalecimento da identidade local.

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Subprograma de capacitação profissional, que tem como objetivo qualificar mão de obra de

Macaé para o setor de construção civil. E, no segundo momento, potencializar essas pessoas para

trabalhar no terminal portuário. E o programa de mitigação da interferência no sistema viário.

Políticas públicas. É proposto um programa de cooperação às políticas públicas e

responsabilidade social porque, quando a gente fez o diagnóstico na área de influência direta, a gente

identificou que alguns itens não estão satisfatórios, como escola, educação, saúde está proposto uma

parceria com operação políticas publicas e também um programa de auxilio mobilidade urbana e

ordenamento territorial, na morfologia costeira é proposto o programa de monitoramento da

hidrodinâmica sedimentar e da arqueologia que já está protocolado no Iphan, o órgão responsável, a

composição do programa do patrimônio cultural e arqueologia preventiva. Próximo.

Diante do exposto a consultoria entendeu que o terminal portuário de Macaé assim como

qualquer porto vai gerar impactos, os impactos são semelhantes independente da área seria impacto na

linha da costa, impacto na biota aquática, perturbação da fauna, emissão de ruído então foram

identificado 55 impactos a maioria na fase de obra foram propostas medidas mitigadoras por 28

problemas de controle, programas de compensação o terminal irá gerar impactos positivos e a gente

entende isso como oportunidade para investimentos públicos então a consultoria conclui que o

empreendimento é viável no ponto de vista social e ambiental, desde que haja fidedigna implementação

dos programas ambientais propostos e a correta condição sócio ambiental das outras. Obrigado! Próximo

ai.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado doutora Raquel eu gostaria de registrar a presença do vice-prefeito

Danilo Funke muito obrigado pela participação, agradecer também a presença das pessoas aqui Nara

Salvatoni e Zinei Max também que encaminharam ofício primeiro lá pra CECA. Bom conforme o

(inaudível) da audiência pública nós vamos fazer intervalo agora que vamos tentar em 20 minutos, onde

vai ser servido um pequeno lanche lá nos fundos aqui do salão e depois retornaremos, podem continuar

fazendo as perguntas com calma que aguardaremos aqui o encaminhamento. Já temos aqui cerca de 40

perguntas encaminhadas a mesa e 10 pessoas que farão o uso da palavra no final da fase dos debates.

(INTERVALO)

SR. MAURÍCIO COUTO: As perguntas que chegarem posteriormente elas vão ter o prazo de cinco dias

pra serem respondidas ainda. Então vocês podem encaminhá-las à mesa.

Então vamos fechar nossas 60 perguntas e 21 inscrições pra fazer o uso da palavra. Conforme

rege a resolução CONEMA 35, nós vamos começar com as perguntas que foram encaminhadas por

escrito.

Mas, antes disso, dando cumprimento à resolução, eu vou convidar o secretário municipal pra

fazer uma explanação, e depois o nosso representante, o chefe da unidade de conservação aqui do Parque

de Jurubatiba, o Marcelo Pessanha.

Em função ao número de perguntas a gente tem aqui um prazo pelo fato de ser reduzido, então

eu pediria que os dois fossem breves, até no máximo cinco minutos. Secretário, por favor.

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SR.GUILHERME SARDENBERG: Boa noite a todos. No papel de representante do governo

municipal aqui a mesa, nós estamos cumprindo aqui o papel de participar desse processo, que é legal,

legítimo e democrático. Temos o papel de coletar essas informações pra regular o relatório que vai ser

disponibilizado ao prefeito e aqui no governo.

Essas informações elas serão ajustadas também com as informações que ontem nós tivemos

uma reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, uma reunião

muito rica, muito promissora e que teve uma manifestação muito técnica também, inclusive, emocional,

sentimental, que é extremamente legítimo.

Vamos coletar também... estamos coletando essas informações aqui da audiência pública, e

obviamente, toda essa manifestação que vai ocorrer agora.

Ressaltamos também a importância de todas essas manifestações, tanto técnicas, ambientais,

sociais, econômicas, inclusive, emocionais, que são importantes e fundamentais porque somos o povo.

Eu queria destacar a qualidade das colocações que tivemos ontem no COMMADS, e dizer que

eu me sinto muito orgulhoso da sociedade civil organizada de Macaé da qual... por ser macaense, estou

inserido nessa sociedade, nessa comunidade, mas que durante muito tempo participei ativamente de sua

construção.

Cumprimos o nosso dever de enviar uma manifestação técnica da Secretaria de Meio

Ambiente, por conta da conservação... das unidades de conservação do Arquipélago de Sant’Ana, tanto

do parque quanto da APA, e vamos cumprir o prazo de em 10 dias encaminhar as manifestações ao

INEA, as manifestações também do governo, as informações pro governo.

Então, portanto, esse é um processo legítimo, legal, reconheço também como legal, legítimo, a

manifestação contra o Porto e outras manifestações, isso é fundamental pro processo decisório e

democrático a que estamos participando. Obrigado, então, e boa noite a todos.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, secretário. Eu convido agora Marcelo Pessanha, por favor, pra

fazer uso da palavra. É o chefe da Unidade de Conservação do Parque Nacional. Marcelo, boa noite.

SR. MARCELO PEÇANHA: Boa noite a mesa, quero saudar o senhor secretário de meio ambiente, na

pessoa dele saúdo a mesa. Eu tenho algumas considerações a fazer, algumas bastante importantes e eu só

vou falar em termos de Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

A primeira colocação no âmbito em termos de análise de alternativas locacionais, me

impressionou mal, me deixou profundamente entristecido, ver que as alternativas locacionais foram

selecionadas somente ao sul, e na apresentação da consultoria ela destaca o litoral norte e depois fala em

Macaé, e a área do estado é o litoral norte.

E me causa muita estranheza que a Queiroz Galvão que faz parte do consórcio que está fazendo

sand by pass da Barra do Furado, não tenha também analisado a alternativa locacional da Barra do Furado

e muito menos o Porto do Açu, que são duas obras, duas infraestruturas já detentoras de licenciamento

ambiental. E essas não foram incluídas, o que causou uma estranheza muito grande.

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Uma outra estranheza é que no estudo de dinâmica morfológica de costa, apresenta-se vários

pontos de sedimentação ao longo da costa do Parque Nacional, e isso depois não aparece em lugar

nenhum.

No capítulo I, na pág. 27, vocês se referem que depois falarão sobre as unidades no capítulo III.

Na realidade, não é o capítulo III, vocês vão falar no capítulo IV, e apresentam uma página sobre o

Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, sem falar em nenhum impacto no parque.

Me causa também muita estranheza que a área de influência indireta do meio biótico acabe na

fronteira do parque. Me causou uma estranheza muito grande, que depois quando vocês vão analisar a

bacia hidrográfica, vocês também não reconheçam que a hidrografia do local corre em direção a Lagoa de

Jurubatiba que faz parte do Parque Nacional.

Me causa estranheza que vocês deduzam que a fauna habitante na região não vai usar o maior

porto hídrico disponível pra dessedentação que é a Lagoa de Jurubatiba.

Me causa também estranheza que ao falar da sedimentação no litoral, vocês estejam falando do

impacto direto sobre o objetivo de criação da unidade, o que já dá uma incompatibilidade no

licenciamento.

Ao sedimentar a base da Lagoa de Jurubatiba, vocês estão causando um dano direto às lagoas

do parque que são objeto legal de preservação da unidade. Da mesma forma, entre a Lagoa de Jurubatiba

e a Lagoa de Carapebus, existem vários pontos na costa aonde aparecem os fundos ancestrais das lagoas

que ocupavam a região antes da última progressão.

Essa área é uma área de patrimônio histórico arqueológico e paleontológico, que não é citado

em nenhum momento, em nenhum momento. Vai haver um impacto direto sobre sítios paleontológicos e

arqueológicos, o Iphan não é ouvido, o parque não é ouvido e o estudo simplesmente ignora.

Então, a única conclusão em termos do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba é que com

os atuais estudos apresentados, é incompatível com o objetivo de conservação da unidade.

Está claro que essa é a posição do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, não é a posição

do Instituto Chico Mendes, porque pelo Instituto do Chico Mendes, antes de eu me manifestar existem

duas coordenações que deverão se manifestar.

A área marinha está dentro do plano de ação nacional da Toninha PLAN Toninha, por isso,

será necessária a oitiva do coordenador geral de espécies ameaçada do instituto. Por outro lado, existe um

processo aberto de ampliação do parque para a área marinha. Todos nós que trabalhamos na área sabemos

uma coisa, mas uma parte das pessoas não sabe. Então existe um processo aberto pra criação, ou

ampliação da unidade de conservação, a lei garante a essa área que tá em estudo, a mesma proteção da

unidade que está sendo ampliada. Isso também não foi observado, por isso eu peço a oitiva também do

coordenador de criação e ampliação de unidade de conservação. Muito obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado Marcelo, pela participação. Então, antes da gente começar com as

perguntas eu gostaria que a empresa consultora deve ter pontuado aí os principais tópicos levantados pelo

Marcelo Pessanha, então se vocês já quiserem responder, quase isso tudo que o Marcelo falou também já

está aqui dentro desse grande número de perguntas, mas de qualquer forma se a conssultora já quiser ir

respondendo os principais pontos que o Marcelo levantou, obviamente tudo aquilo que ele falou em

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relação as manifestações nos diversos setores lá do ICMBio, com certeza, eles todos... o EIA/RIMA foi

encaminhado pra lá e nós precisamos, nós que eu digo, a Secretaria do Estado do Ambiente, no caso o

INEA, que é o órgão licenciador, encaminhou um ofício consultando o Instituto Chico Mendes e no caso

aqui o Parque Nacional em relação a anuência de empreendimento.

Então tudo isso que o Marcelo Pessanha colocou aqui, com certeza vai ser encaminhado ao

INEA através de ofício, resposta ao ofício que nós já encaminhamos ao Chico Mendes.

Mas se a empresa quiser responder alguns pontos específicos que o Dr. Marcelo Pessanha

colocou aqui, por favor, por favor, Dyrton Bellas.

SR. DYRTON BELLAS: Só pra esclarecer em relação ao porquê não foi consultado mais ao norte, uma

alternativa locacional, há algum tempo atrás teve um estudo da Irus que apresentou pontos em relação a

aspectos e a região de Barra do Furado ela não tem infraestrutura pra suportar esse porto lá.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Em Macaé!

SR. MAURÍCIO COUTO: Um minutinho, por favor, deixa ele completar.

SR. DYRTON BELLAS: Então, foi avaliado, sim, inicialmente ele foi descartado porque não há

infraestrutura, não há estrada, não há nada que você possa ter na retroárea do porto a chegada desse

material.

Então ela foi descartada inicialmente por questões de infraestrutura, e se a gente levar pra

questões ambientais, aquela região ali também é de desova de tartaruga. Então é mais um problema para a

implantação do porto.

SR. MARCELO PESSANHA: Desculpa, eu preciso fazer uma observação.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, Marcelo.

SR. MARCELO PESSANHA: Preciso fazer uma observação muito séria. Consta na lei que

fornecimento de informações falsas ou enganosas, procedimento de licenciamento ambiental (inaudível)

está falando, vai contra todo o licenciamento ambiental da Barra do Furado. Todo o licenciamento de

Barra do Furado fala o inverso do que o senhor está falando. E o que o senhor fala de infraestrutura de

logística de estradas, vocês preveem pra cá, duplicação da RJ; asfaltamento da estrada de terra interna;

asfaltamento da outra alça de chegada. Vocês propõem uma série de logísticas viárias que são exatamente

do mesmo tamanho da necessidade de Barra do Furado. Exatamente do mesmo tamanho.

SR. DYRTON BELLAS: Eu tô respondendo exatamente o seu questionamento, e tô falando que em

época pretérita aquilo, sim, foi avaliado por uma outra empresa e foi descartada por esses motivos.

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Se o senhor quiser anexar falta de hospitais e outros itens, a gente pode anexar também. Então,

são esses itens que fizeram com que a empresa não levasse em conta essa possibilidade, essa

possibilidade, essa alternativa locacional. Só isso.

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok. Então, com certeza essa manifestação que o Marcelo Pessanha fez, ele

vai encaminhar ao INEA e a CECA e a Secretaria, através de ofício, resposta aquela ofício. Obrigado,

Marcelo.

Bom, tá registrado, o que ele colocou aqui vai ser transcrito e vai fazer parte dos autos do

processo de licenciamento. Eu gostaria de registrar a presença aqui dos vereadores Júlio César de Barros,

né, que tá aqui conosco, e acho que Maxwell Vaz também, aqui que acho que é presidente da comissão

Maio Ambiente. É isso vereador? Obrigado pela participação.

Bom, vamos começar agora pelos portos, como são muitas perguntas nós fizemos, né,

agrupamos pelo tema, a gente lê quem fez a pergunta e passa pra empresa consultora fazer a manifestação

porque nós vamos ter a fase a oral que está com vinte e poucas pessoas inscritas aqui.

Então vamos lá! O Pedro Henrique pergunta: “A empresa consultora sobre o processo de

dragagem, existe possibilidade de animais marinhos serem sugados”.

A Júlia de Araújo: “Em referência as medidas mitigadoras do ambiente marinho, como saber

as épocas de maior sensibilidade para limitar a movimentação de embarcações se a forma de peixes for

estimada em uma única ocasião com esforço amostral deficiente”.

Acho que a Nilce, acho que é isso. Obrigada pela participação, Nilce.

“Como moradora do Lagomar é comum ver mamíferos aquáticos na praia. O estudo

apresentado não indicou a presença deles, existem erros de dados.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Eu posso pedir a palavra um pouquinho depois?

SR. MAURÍCIO COUTO: Pode, sim, depois que eles se manifestarem. E pro Fábio Fabiano, ele quer

falar depois também, mas ele pergunta qual a metodologia aplicada para a avaliação dos impactos em

ambiente aquático, escala de alcance e (inaudível) específica para esse ambiente.

Desculpa. Então, por favor, a resposta a consultora, depois o que for preciso a gente passa pra

você.

SR. DYRTON BELLAS: A Raquel vai responder.

SR.ª RAQUEL DE PAULA: Boa noite. Obrigada a todos. Em relação ao risco de animais marinhos

serem sugados, existem hoje metodologias utilizadas no mercado como cabeça de draga pra minimizar

esse risco; épocas de maior sensibilidade em relação a rota migratória de mamíferos marinhos,

normalmente é primavera e inverno, mas com o monitoramento a gente vai conseguir identificar isso, e

até viabilizar, talvez, minimizar a chegada e saída de embarcações nessa época de maior acessibilidade, e

a metodologia de impactos ambientais é de Sanchez, 2008, a referência biográfica, que você considera a

severidade, se o impacto é direto ou não, com base na área de influência que foi demarcada e representada

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anteriormente. Obrigada. E os mamíferos que não foram vistos conforme eu retratei anteriormente, não

foi visto na nossa campanha de dados primários, mas com o levantamento de dados secundários feitos 20

anos de abrangência a gente sabe que aqui é habitat deles.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: É, mas como então vão fazer o porto?

SR. MAURÍCIO COUTO: Espera aí, deixa só ela acabar. Em relação a metodologia, acho que o

Fabiano perguntou, ela falou?

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Não, não falou não.

SR. MAURÍCIO COUTO: Em relação à metodologia que o Fábio Fabiano perguntou aqui. “Qual a

metodologia aplicada para a avaliação para os impactos no ambiente aquático?”.

SR.ª RAQUEL DE PAULA: Foi utilizada a referência bibliográfica de Sanchez, de 2008, onde você

analisa se o impacto é direto ou indireto, positivo ou negativo, temporário ou permanente, severidade,

magnitude pra você chegar na significância dele, levando em conta a área de influência direta que o meio

marinho é seis quilômetros, e a área de influência indireta que é 10km. Obrigada.

SR. MAURÍCIO COUTO: Bom, você tinha feito a pergunta? Você quer complementar sua pergunta?

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: É, eu quero...

SR. MAURÍCIO COUTO: Pega o microfone, por favor, que está sendo gravado vai ser transcrito, vai

fazer parte dos autos. É a Nilce, né? Só seja breve, tá bom Nilce, em função do número de perguntas. E a

gente tá deixando o uso da palavra depois, se quiser no final.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Meu nome é Nilce, tenho 13 anos, e eu tô fazendo um curso de

cinema ambiental pela UFRJ, e hoje mesmo nós estávamos passando ali pra poder pesquisar sobre o

bairro, fazer um levantamento, nós vimos o golfinho toninha e boto cinza, tem muito por ali. Como que

vocês falam... eu não tô na ignorância, só quero fazer uma pergunta pra esclarecer minha dúvida. Como

que não foi visto durante a pesquisa? É isso o que eu quero saber. Porque como que... Vocês vivem

dizendo que nós não podemos invadir a natureza, não podemos ir na casa dos animais, como vocês vão

fazer isso agora? Se já tem lá em Imbetiba ou que não dá pra fazer, por que tem que ser justamente onde

os animais estão? Eu sei que todo lugar vai ter um animal, mas vai prejudicar esses animais lindos por

causa de um porto, que com certeza vai trazer popularidade pra cidade de Macaé, mas vai trazer muito

prejuízo pros animais. Como vocês fariam se entrasse alguém dentro da casa de vocês e falasse assim:

“Espera aí que o dinheiro é mais importante”? E agora?

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pela sua manifestação. Parabéns pela sua participação.

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Agora nós temos umas perguntas em relação à dragagem. Franciete pergunta: “Para onde será

encaminhado toda a areia dragada pela Hopper? Se tem ideia do nível de ruído e tremor que vai chegar

ao Condomínio Costa Paradiso? E qual será a rota das centenas de caminhões que levarão as pedras

pra fazer o quebra-mar?”.

E Dominique Werneck pergunta: “Após a construção do referido porto, se haverá necessidade

de fazer a dragagem de manutenção em relação a manter o calado do canal de acesso?”.

Por favor, a consultora.

SR. ROBINSON ÁVILA: Boa noite. Em questão a dragagem, todo o material dragado será utilizado na

construção daquela ilha e mar, será todo usado na obra.

O nível do ruído, nós fizemos as medições atuais de nível de ruídos, iremos implementar um

programa de controle de nível de ruído para não ultrapassar os níveis que estão estabelecidos hoje.

Nas rotas de rochas serão pela BR-101, entrando pelo trevo norte, pela 040 até a Amaral

Peixoto, chegando ao porto. E a dragagem de manutenção será necessária após o quinto ano, um volume

médio de 50.000m³ por ano.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Aonde vai ser depositado o material?

SR. MAURÍCIO COUTO: Aonde vai ser depositado o material?

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Da dragagem de manutenção.

SR. MAURÍCIO COUTO: Da dragagem de manutenção.

SR. ROBINSON ÁVILA: O volume dragado na manutenção será disposto próximo à região da praia

atrás do quebra-mar.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: E o impacto que isso pode gerar?

SR. MAURÍCIO COUTO: Qual é o volume?

SR. ROBSON ÁVILA: Em torno de 50.000m³ por ano.

SR. MAURÍCIO COUTO: Então, a princípio será disposto ali junto ao quebra-mar.

SR. ROBINSON ÁVILA: Na praia, na região de praia, na região do quebra-mar, até 1,5km acima,

1,5km abaixo.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Qual o impacto que isso pode gerar?

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SR. MAURÍCIO COUTO: Pode deixar, que o que acontece? Tudo o que ele tá respondendo tá sendo

gravado, tá sendo incluído, então na análise quando o grupo do INEA for fazer o parecer, ele vai ter que

considerar isso que você tá falando.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Que eu botei aí na pergunta e o senhor não fez.

SR. MAURÍCIO COUTO: Vai ser em outro papel ou nesse mesmo?

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Nesse mesmo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Então pode fazer, por favor, no microfone que tá sendo gravado. Se

identifique, por favor, só pra ficar registrado.

DOMINIQUE WERNECK: Boa noite. Meu nome é Dominique, né, eu represento a instituição sem fins

lucrativos (inaudível) do meio ambiente. A pergunta é: Esse material que vai ser retirado durante a

manutenção, onde vai ser depositado que ninguém respondeu? Mas eu gostaria de saber qual o impacto

que isso vai ser gerado?

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok, obrigado, Dominique. Alguém da consultora pode fazer já uma...

preparar uma resposta com relação a isso? Com certeza que o INEA também já tá preocupado em relação

a isso.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. O material que vai ser dragado é o material que foi analisado, é o material

do fundo marinho que será utilizado na região de praia, que é o mesmo ciclo retroalimentativo dos

segmentos que tem na região.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá ok. Dominique, o que a gente pode fazer é o monitoramento de toda área

de costa, você sempre ficar exigindo esse tipo de controle. No caso do Porto do Açu, aconteceu isso dos

estudos da dinâmica costeira mostrava que tinha a norte, em torno de 1,5km a parte sofria um

solapamento que a gente chama de erosão, e por sul, uma parte de assoreamento.

Então é feito um controle através do monitoramento, então eventualmente você tem

necessidade de pegar onde tá o assoreamento, transportar pra fazer a reconstrução da praia. Sua

preocupação é justamente pertinente, e o grupo de trabalho vai considerar na avaliação. Muito obrigado

pela participação.

Agora, Matheus Tomás, ele diz que o EIA representa o estudo de dinâmica, também na mesma

linha, oceânica com maré e ondas. “Qual foi o período de coleta de dados que serviram de base para o

estudo? Está de acordo com o CONEMA 44/2012?”.

E o Vicente Connoviski: “Informações mais detalhadas sobre o alcance de seis quilômetros de

material em suspensão no período de construção, na ilha de atracagem dos navios”.

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E o Claudio Rocha: “Se haverá mudanças de correnteza em caso de algum depósito. Os

moradores teriam que fazer, caso de algum desastre”. Pergunta se os moradores deveriam fazer o quê.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. Eu posso convidar o oceanógrafo que participou do estudo pra responder

a parte. Por favor, Rafael.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, microfone, se identifique.

SR. RAFAEL BONANATA: Boa noite. Eu sou o Rafael Bonanata, eu sou oceanógrafo, mestre em

engenharia de portos e encostas na Espanha e tenho 13 anos de experiência em projeto dessa natureza.

Eu sou responsável pela elaboração do estudo de dinâmica costeira. Desculpa, a primeira

pergunta.

SR. MAURÍCIO COUTO: O período em que é feita a coleta de dados para o estudo.

SR. RAFAEL BONANATA: Bom, os estudos não é... existem vários... são estudos de hidrodinâmica,

maré, ondas e nós fizemos a coleta. Teve a coleta primária de 25 dias pra calibração do modelo, mas pra

limitação do modelo foi utilizado uma série histórica, por exemplo, de ondas de 64 anos, os modelos em

análise, calibrados os dados (inaudível) e APM de Arraial do Cabo.

Então tem várias séries utilizadas e coletadas no ponto do quebra-mar, que é o ponto mais

próximo de experiência, como outras séries pra todos os estudos que foram feitos. Tem séries de vários

pontos e vários comprimentos.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. O segundo ponto é a questão da distância da pluma na fase de obra.

SR. RAFAEL BONANATA: Isso. A distância da pluma ela atinge até seis quilômetros do ponto de

dragagem e esse estudo foi feito com o modelo calibrado, justamente com esse dados coletados. Essa é a

estimativa da dispersão.

SR. ROBINSON ÁVILA: Outra questão, se vai haver mudança de correnteza.

SR. RAFAEL BONANATA: Tem a formação, atrás do quebra-mar dessas células que foram mostradas

aí no estudo de impacto ambiental, em momentos de tempestade. E em momento de bom tempo, as

estruturas elas não geram mudanças na praia, é uma mudança localizada pela própria estrutura, a corrente

que passava, agora ela vai desviar e vai ter que passar pela estrutura, mas não é na praia. Quando que em

momento de tempestade você tem a criação de algumas células na zona de sombra do quebra-mar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Bom, temos aqui o previsto no teu estudo então.

SR. VICENTE: Podia responder, por favor?

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SR. MAURÍCIO COUTO: Você fez pergunta? Você é o Vicente. Ali, por favor, no microfone. Se

identifique também.

SR. VICENTE: Eu trabalho no centro, Secretaria do Meio Ambiente, e eu tive uma participação na

questão costeira e marinha, e a gente tem uma vivência bastante grande em Macaé sou capitão amador

também, e pelos dados que a gente tem da Marinha, a gente tem uma corrente costeira que varia de cinco

nó... 0,5 nós a um nó e meio.

Só na velocidade que qualquer material que seja produzido, sedimento e suspensão, ou

contaminação por algum acidente no próprio porto depois estabelecido no lugar, que dá pra contaminar...

não é seis quilômetros, é muito mais do que seis quilômetros, isso aí abrange toda a costa de Macaé, vai

até Búzios.

Então, isso daí é uma mentira, eu não sei da onde tiraram isso, é um modelo completamente

falso. Fraudado. Nem a uma criança a gente mente, quanto mais a um monte de pessoas tão interessadas

no assunto pra gente ter uma legitimidade de uma obra... que tem que ser.

Então eu acho que... eu acho, não, eu tenho certeza que esse dado é completamente

equivocado. Em menos de um dia e meio, qualquer material em suspensão vai chegar até Búzios. Como é

que vai... Todo esse mar é 26%, parece de sedimento, de lama, dessa areia que vai ser jogada dentro do

aterro, é lama que vai fluir na água.

Esse material vai cobrir corais na ilha, isso vai cobrir todos os nossos costões rochosos, e não

tem só costão rochoso como vocês colocaram no EIA/RIMA, tem um monte de vida marinha.

Então eu acho que foi muito primário, eu não consigo entender a profundidade do trabalho que

foi feito.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá ok, Vicente. Tá registrado aqui sua manifestação, foi gravado, será

transcrito.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: CONEMA 044? Não respondeu.

SR. MAURÍCIO COUTO: Em relação ao CONEMA 044, implementar. Por gentileza, alguém da

consultora ou da empresa, em relação ao atendimento da CONEMA 044.

SR. ROBINSON ÁVILA: Deve ser verificado e encaminhado. Não tenho de cabeça agora o CONEMA

044, mas será verificado, será motivo de análise.

SR. PEDRO: Ele rege sobre critérios mínimos de estudos de costa.

SR. MAURÍCIO COUTO: Espera aí Mateus. Mateus.

SR. PEDRO: Meu nome é Pedro. Ele rege sobre critérios mínimos de estudo de costa.

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SR. MAURÍCIO COUTO: Pedro, vai no microfone, tá sendo gravado.

SR. PEDRO: O oceanógrafo, ele deixou claro que os dados utilizados não foram da área, ele utilizou

dados de outra área. Estudo usado foi de 25 dias, ele tá ferindo o CONAMA... o CONEMA.

SR. ROBINSON ÁVILA: O CONEMA. Só corrigindo, foi colocada uma DCP local durante 25 dias e

coletado os dados na área, exatamente na construção. Além disso, usou-se dados históricos.

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok, então. De qualquer forma foi registrado, vai ser tudo averiguado.

Tem o Ricardo Abreu aqui, jornalista, ele bate no ponto em relação como viabilizar o porto em

área de abrangência que engloba parte do Parque de Jurubatiba e o arquipélago de Sant’Ana. Eu acho que

o Marcelo Pessanha já colocou isso aqui de uma forma bastante clara e detalhada.

O Adeilton Santos ele pergunta: “Onde será divulgada as análises da avaliação feita pela

comissão eleita...”, acho que essa comissão eleita deve ser o grupo de trabalho do INEA. “Se é possível

saber o nome, currículo, dos membros desse grupo”.

Adeilton, o que acontece?

Tem aquele procedimento que eu te falei, quando o grupo de trabalho concluir o parecer final

que vai ser encaminhado a procuradoria, ele vai pra procuradoria do INEA, esse parecer, quando ele

retorna da procuradoria, antes dele vir pra Comissão Estadual de Controle Ambiental, a CECA, ele fica

divulgado no site do INEA, você vai ter que entrar, fazer referência.

Você já deve ter acesso, quem já tiver visitado o site, você tem o número do processo, então

você através dele você consegue acessar todos os pareceres e a identificação dos técnicos que fizeram

parte nesse parecer técnico.

O Ivres Drumond, acho que é isso. “Por que o IBAMA não está participando do licenciamento

no TEPOR, uma vez que a competência é sua, pois esta área está na zona de amortecimento do

Parque?”.

Bom, Ivres, como a gente falou ele tem que ser ouvido pela Lei Complementar 140 que

determina, faz a repartição das competências, no caso do estado do Rio de Janeiro, mas obviamente com a

participação do IBAMA e anuência do Chico Mendes.

Então, o EIA/RIMA foi encaminhado pros dois órgãos, os dois vão se manifestar, então mesmo

não estando presente ele com certeza está participando, e vai participar, encaminhar um parecer técnico

em relação ao EIA/RIMA e ao projeto em si.

Nós temos diversas perguntas agora aqui de preocupações em relação até a desapropriação, a

parte social. Então, assim: “Existe algum estudo sobre o impacto social que a cidade poderá sofrer?”.

Eu vou escutar algumas porque são bastante parecidas. “Se essa atitude for tomada esse

(inaudível), Pedro”.

Agora é Maria Helena: “Gostaria de saber se haverá desapropriações de áreas vizinhas ou

próximas ao porto”.

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Aqui o Paulo César Carvalho... Paulo Sérgio Carvalho, ele diz que: “Alguns anos, mais uma

manifestação, ele adquiriu um terreno, Loteamento Jardim Franco II, pelo motivo do mesmo

proporcionar uma vista restrita para o mar, por ser restrita, e que imaginei ser eterno. No entanto, a

construção do terminal portuário do Barreto, mudará totalmente esta configuração e a partir de então

terei uma vista eterna de um porto. Face ao exposto, pergunto qual será a minha situação de

compensação pela perda da beleza cênica que me levou a adquirir este lote?”.

Luciano Eduardo: “Qual seria o favorecimento do porto para os bairros vizinhos além de

empregos?”.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Destruição.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tem outra aqui do Marcos Liwinsky. Obrigado, Marcos.

“O que a prefeitura vai fazer com a área, tipo, aparelhos públicos na área da água, na área

diretamente afetada, e da orla da praia do Barreto?”.

SR. MARCOS: Posso falar?

SR. MAURÍCIO COUTO: Pode, por favor.

SR. MARCOS: Ali a área...

SR. MAURÍCIO COUTO: No microfone, Marcos, por favor. Vamos fechar esse bloco, tem mais, mas

só pra gente fazer uma pausa pro pessoal começar a responder.

SR. MARCOS: Marcos (inaudível). Eu sou tenente de bombeiro e morador dali daquela área, e quero

dizer até que corpos que são afogados ali chegam em Búzios, tá? A gente acha corpos que se afogam ali e

chegam em Búzios.

Mas, a prefeitura doou 65.000m², não sei quanto...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Imagina óleo.

SR. MARCOS: E naquela área ali tá previsto dentro do mapa do meu bairro, da praia do Barreto, que ali

teriam quiosques, aquele brejo, hoje que é um brejo, era uma lagoa, tem uma ciclovia em volta, tem

playground e tem um hotel de turismo. A prefeitura doou e não nos consultou.

Eu queria saber aonde a prefeitura vai colocar esses aparelhos públicos que ela tirou da gente

ali na praia do Barreto. A gente quer a urbanização da orla.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá ok. Fica registrado aqui, a gente precisa que você faça contato direto com

os secretários, nós estamos com um número bastante de secretários aqui por causa dessa questão. Mas tá

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registrado o que você falou, vai constar em ata, mas a gente tá tentando objetivar aqui a questão do porto,

tá?

SR. MARCOS: Mas, na audiência pública a gente imagina que vão ter pessoas aqui que vão sanar todas

as nossas dúvidas. Deve ter um secretário aqui que vai me responder isso hoje.

SR. MAURÍCIO COUTO: Se não tiver, com certeza, ele vai lhe responder prontamente em hora

oportuna. Mas, realmente...

SR. MARCOS: Senão temos que fazer uma outra audiência pública.

SR. MAURÍCIO COUTO: Com certeza. Com certeza. Bom, se uma equipe da consultora já quiser, da

empresa, também já responder algumas perguntas que já foram lidas.

Tem outra também do Fábio Feleto: “Também serão realizadas desapropriações na área?

Qual será a depredação das áreas limítrofes do terminal, será utilizado cerca ou muro? E qual será a

integração dos proprietários e moradores das áreas adjacentes?”.

Vamos responder essas por enquanto, por favor.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. Com a questão da desapropriação, não haverá desapropriação, a área

apresentada é área de interesse do empreendimento onde 95% dos terrenos foram adquiridos, já são

terrenos próprios, 5% ainda não são terrenos próprios que cabe negociação junto aos proprietários caso

tenham interesse. Então não haverá desapropriações.

Quanto ao projeto de cercamento do porto, será utilizado cerca com plantio de cerca viva, com

vegetação.

SR. JOSÉ ROBERTO: Informando que a parte do terreno que foi mencionado que teria um outro tipo

de utilização que foi feito pela prefeitura, existe uma lei que fez uma doação onerosa, essa área de

65.000m², uma área que foi avaliada que tem que ser devolvida pelo empreendedor pelo mesmo valor,

avaliado em R$ 4.630.000,00 milhões, isso tá na Lei 3.614/2011 do dia 21/09/2011, e nessa oportunidade

foram estabelecidas algumas premissas pra que houvesse essa doação, repito, onerosa.

Primeiro, que houvesse uma prioridade de contratação do pessoal local na base de 70% da

contratação do pessoal para trabalhar no terminal, e segundo, que se criasse, e isso já está escrito, o

Instituto Porto Cidadão na região do Lagomar, onde teria todas as prerrogativas de treinamento de mil

jovens por ano para a incorporação até 24 anos de idade em todas essas atividades a partir das demandas

específicas para a operação do porto.

SR. MAURÍCIO COUTO: Dentro dessa linha ainda, o Natã e o Cristiano, Sindpresp – Sindicato

Portuário de Macaé, eles informam que... eles ressaltam que possuem uma escola de qualificação na área

portuária, que está inteiramente à disposição do projeto para fechar uma parceria. Ele deixa o telefone

dele aqui, eu acho importante pra vocês terem acesso a essa informação.

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Ao tema da Claudia Silva já foi respondida, né, Claudia, as áreas de implantação do projeto se

são próprias ou de terceiros.

O Sebastião Roberto, que tá aqui na frente, ele encaminhou perguntas pra Dra. Aline, pra

empresa e pra Raquel.

Pra Dra. Aline do INEA ele perguntou: “Quais os fatores fundamentais gerados no EIA?”.

E pra empresa ele pergunta: “Hoje a média de embarcações é 7.200 por ano. Qual a projeção

para a operação do porto? A profundidade de 10m será suficiente?”.

E a pergunta pra Raquel sobre pescador, nós vamos entrar na parte dos pescadores.

Por favor, se vocês puderem responder, Dra. Aline primeiro.

SR.ª ALINE PEIXOTO: Boa noite, Sr. Sebastião. Todos os fatores são importantíssimos pra serem

analisados no EIA. Por isso nós temos uma equipe multidisciplinar, são vários profissionais analisando, e

desde o meio físico, meio biótico, socioeconômico, inclusive, hoje aqui nessa audiência tudo tá sendo

levado em conta pra análise desse estudo de impacto ambiental.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Mas as pessoas mais importantes não foram consultadas. SR.ª ALINE PEIXOTO: Como? SR. SEBASTIÃO ROBERTO: As pessoas mais importantes e mais qualificadas não foram consultadas;

que são os pescadores. Não foram consultadas, porque eu também sou pescador e não respondi a

nenhuma pergunta. E nós conhecemos pessoalmente, profundamente, tudo o que acontece no solo

marinho aqui em Macaé. Com relação a rebocadores, é fácil de chegar a esta conta: 20 rebocadores por

dia, 600 por mês 7.200 por ano, imagine o impacto ambiental que isso já causou em 35 anos, duzentos e

cinquenta e tantos mil buracos no solo marinho, buraco de âncora. E a rotatividade das hélices, dos

rebocadores, matam toda a fauna marinha.

SR.ª ALINE PEIXOTO: Obrigada por sua contribuição, Sr. Sebastião.

SR. MARCOS: Com relação ao calado que o senhor Sebastião Roberto falou.

SR. ROBINSON ÁVILA: Sim, o canal de 10m atende todas as embarcações sobre proas previstas no

projeto.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Acredito que não. Acredito que não porque eu fui radio operador na

Petrobras durante 16 anos, inclusive trabalhei embarcado e para que haja calado e mobilidade adequada

às embarcações exige muito mais de 10m.

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SR. MAURÍCIO COUTO: Registrado a sua manifestação. O projeto então na área de pesca, o Sebastião

já emendou aqui, em qual momento os pescadores foram consultados. Eu acho que o pessoal da empresa

consultora pode responder. E também o Eduardo tem essa preocupação como ficar...

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Essa pergunta é para a Dra. Raquel.

SR. MAURÍCIO COUTO: Isso. Como vai ficar a situação dos pescadores? O Geraldo Gonçalves, se eu

não me engano. “Por que não foi falado sobre o equipamento de pesca pro setor que sofre com esse

equipamento?”.

O Jeferson da Silva: “Gostaria de saber como vai ficar as famílias dos pescadores da zona

costeira? Se o pescador vai ganhar com o porto? Como vai ficar este projeto e como essas famílias vão

resolver os seus problemas?”.

O Vanderlei Miranda, ele diz: “Considerando ser insuficiente os dados de pesquisa sobre

biota, recomenda constar no EIA/RIMA execução de pesquisas para identificar espécies quantitativas de

áreas pesqueiras; realização de seminários com a classe pesqueira. E com a criação desse diagnóstico a

classe pesqueira, então, terá condições de avaliar o potencial comercial do projeto”.

E o Marcelo Pereira também, na mesma linha ele pergunta: “Como será e qual será a

compensação do impacto na pesca, já que os pescadores serão os principais impactados pela construção

do porto, antes, durante e depois quando o mesmo operar?”.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. Só pra responder, existe um diálogo aberto com os pescadores feito

através da Colônia Z3, através da liderança dessa colônia, né, onde a gente procurou as lideranças formais

dessa liderança que representa 1.800 associados na época que nós fizemos o censo com a colônia.

Entendemos, sim, que o porto causa impacto para os pescadores, que esses serão afetados com

uma área de exclusão de 500m na região do porto na fase de obra, e estamos abertos a sentar com os

pescadores nas próximas fases de detalhamento de EIA/RIMA para propormos programas para os

pescadores que efetivamente serão atingidos.

Não queremos criar programas que não atendam, sentar em conjunto com os pescadores para

analisar programas que realmente sejam efetivos para a pesca.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Na audiência pública...

SR. MAURÍCIO COUTO: Seja breve.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: ...uma professora universitária feita aí no data show onde ela explicava o

seguinte: a produção pesqueira da pesca artesanal, que historicamente é Macaé, pesca artesanal, vocês

estão querendo transformar a pesca artesanal em pesca industrial.

Na pesca artesanal toda a produção está na beirada, quanto mais mar a dentro você entra,

menos peixe você pega, só a pesca industrial, já que tudo produz.

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Agora, digo a vocês, vocês não tem conhecimento do impacto que isso causa. Em toda a região

norte ela não impacta a costa, só se tem os impactos naturais, mas quando a água tá ao sul, arrebenta aqui

a fronteira que vocês não sabem como conter isso.

E eu digo a vocês, consultem o Instituto de Oceanografia de Lisboa, e consultem a prefeitura

do Rio, quando fez a obra e o calçamento de Copacabana.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, Raquel com a palavra.

SR. ROBINSON ÁVILA: Marcelo da Colônia Z3 quer se colocar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, microfone. Se identifique, por favor.

SR. MARCELO: Boa noite a mesa e a todos os presentes. Presidente, eu tenho um comentário aqui

alguns dados que foi lançado no EIA, que realmente não é a realidade. Sobre a produção de pescado não é

de 20 a 30 toneladas a mês e sim a dias e também não concordo com a pesquisa que foi feita nessa região

no mês de julho, que é o mês de inverno porque a pescadinha é um peixe migratório que, no verão, vem

toda para a costa.

E hoje temos um caminhão lá na Colônia que o pescador de pequeno porte pesca nessa região

onde vai ficar o porto, e todos os dias é retirado dali mais de uma tonelada de pescadinha então esta sua

pesquisa não condiz o que acontece perante os pescadores durante todos os dias agora no verão.

E, sobre a compensação que aqui a gente fala, como será e qual será a compensação, por quê?

Porque uma vez sendo aprovada com a estrutura de porto, irá aumentar mais de 100% o tráfego de

embarcações como rebocadores, embarcações no solo, e aí é um grande conflito. Por quê? Ele na qual é

uma contrapassagem pras embarcações de pequeno e grande portes que pescam ao norte da ilha, porque

eu acho que é uma obra ruim para o pescado até mesmo nossas embarcações de pequeno porte, e uma vez

sendo aprovado e construído este porto o impacto será muito dentro da pesca. E aí a gente fomo ouvido e

vamos analisar pra frente que vai ser tomado a decisão.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá ok, Marcelo. Muito bem colocado com relação a compensação pros

pescadores, uma vez que isso aí já foi objeto de sucesso, no empreendimento de uma dragagem esta sendo

feito lá pela Petrobras na Baía de Guanabara, a implantação do porto de acesso de equipamentos pesados

do COMPERJ.

Então, muito importante sua colocação, acho que isso vai ser avaliado pelo trabalho do INEA

em relação a aplicar uma compensação, tanto na fase de construção, quanto na fase de operação do porto.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Que tipo de compensação?

SR. MAURÍCIO COUTO: Ela pode ser de várias formas, aceitamos até sugestões, pode ser

encaminhadas dentro desse período de 10 dias, em função do estágio levantado pela empresa consultora e

da posição aqui do Marcelo da Z3, se não me engano, que falou, acho que isso pode ser trabalhado em

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função do que é produzido, do que é pescado durante as fases, tanto a fase de implantação e depois na

fase de operação, o que o canal pode prejudicar. Isso depende do estudo e obviamente, a partir daí se vai

definir uma compensação dos pescadores.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Só o que não prejudica é não ter o porto. Se tiver o porto vai

prejudicar tudo.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Com relação...

SR. MAURÍCIO COUTO: Concluindo agora senhor... Concluindo, Sr. Sebastião.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Eu quero saber o seguinte, eu estou vendo esse porto por dois lados. Um

lado de impacto positivo para o município; e o outro, como uma tentativa de homicídio genocida dos

pescadores. Porque se já existe uma proibição de 15 milhas, com mais 7.000m do porto, os pescadores

vão fatalmente... Vocês estão assinando a sentença de morte dos pescadores.

E eu pergunto: Como eles serão... Serão indenizados? Vocês irão cataloga-los para que cada

pescador receba mensalmente de três a cinco salários-mínimos, vocês vão fazer isso?

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok, fica a sua manifestação registrada, será considerado não só pelo grupo

de trabalho, mas também pela Comissão Estadual de Controle Ambiental, a CECA, que vai analisar tudo

o que foi dito aqui e está sendo transcrito.

O Diógenes (inaudível) ele tem preocupações em relação a mobilidade, ele pergunta: “O porto

prejudicará a mobilidade urbana de Macaé?”. Por que o diesel não pode chegar por via marítima?”.

Retroporto, perdão. “Se pode chegar no retroporto por via marítima?”.

E também, Rafael Xavier pergunta: “Como será a ligação entre as empresas localizadas no

Porto de Imbetiba e o TEPOR? Será feita alguma obra viária? Quem a fará? E será um caos ao trânsito

da cidade”. Isso em relação à mobilidade urbana.

Quem puder responder isso.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. Com relação à mobilidade urbana haverá um acréscimo de caminhões pra

Amaral Peixoto, pra quem vier pelo sul de Macaé poderá utilizar atualmente a Linha Azul, caindo na

linha industrial, Amaral Peixoto, chegando ao porto.

Também pode ser, quem vem ao sul pode continuar pela BR-101, entrar no acesso norte, vir

pela 040 e utilizar a Amaral Peixoto. E quem vem ao norte pode usar...

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: A 040 é o Trevo dos 40.

SR. ROBINSON ÁVILA: O Trevo dos 40. Perdão, correto o senhor. E até a Amaral Peixoto. Junto a

isso temos e podemos ter uma programação de área dos caminhões pra chegar exatamente ao porto, não

gerando filas, bem como o nosso projeto contém uma área de estacionamento, além de um viaduto sobre a

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Amaral Peixoto, para a mínima interferência com essa rodovia em termos de tráfego. Bem como as

programações previstas também podem contemplar o não tráfego dos caminhões nas horas de pico das

vias, da via Amaral Peixoto.

SR. MARCELO PESSANHA: Eu queria deixar claro, o EIA/RIMA apresenta...

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, Marcelo, fala no microfone que a gente tá gravando.

SR. MARCELO PESSANHA: Pra deixar claro o impacto viário, o EIA/RIMA apresenta que hoje

Macaé tem um tráfego de 700 carretas, e nas palavras do EIA/RIMA esse tráfego quintuplicará para 3.500

carretas. Está escrito no EIA/RIMA.

SR. MAURÍCIO COUTO: Fica registrada a observação do Dr. Marcelo Pessanha. Em relação à

pergunta se vai ter alguma intervenção diária, quem fala?

SR. JOSÉ ROBERTO: A colocação que você tem que fazer, as experiências recentes nossas em termos

de programação de carretas, não contemplam apenas 5.000 (inaudível), são 15.000 carretas/dia.

Esses são programas que são feitos, programas que contemplam não só, e se resolve com a área

interna, mas a distribuição da chegada da carga. Se você trabalha de oito da manhã às 18 da tarde, é uma

hora de pico.

SR. MARCELO PESSANHA: Combinou com a BR?

SR. JOSÉ ROBERTO: Quando você trabalha...

SR. MARCELO PESSANHA: Combinaram com a BR? Vai dar tudo certo na BR, não vai ter

interrupção de tráfego, vai dar tudo certo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Depois você fala, Marcelo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Continua.

SR. JOSÉ ROBERTO: Essa é uma questão de programação, se nós botarmos carretas pra trabalharmos

dentro de áreas de oito da manhã às 18 da tarde, isso vai trazer problemas. Se você conseguir fazer a

distribuição ao longo das 24h por dia, e utilizando os períodos noturnos, você consegue resolver essa

questão facilmente.

SR. MAURÍCIO COUTO: Raquel.

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SRA. RAQUEL DE PAULA: Obrigada. Apenas para complementar o que o José Roberto falou, o

estudo de tráfego apontou que em 12h de contagem, todos os veículos automotores; moto, caminhão,

carro normal, em 12h foram contados 14.573 veículos. E isso caracteriza a via Amaral Peixoto como

nível de serviço D.

SR. MARCELO PESSANHA: Mantendo os 3.500 significa 145 carretas/hora, se chegar os 15.000 que

o senhor acaba de introduzir como dado novo que quadriplica isso, nós vamos estar falando de 600

carretas/hora.

SR. JOSÉ ROBERTO: Desculpe. Penso que não fui claro.

SR. MARCELO: Não, o senhor tá quase chegando ao enganoso, quase.

SR. JOSÉ ROBERTO: Quinze mil veículos, 15.000 veículos não é a realidade que tá sendo projetado

aqui, isso não existe essa realidade pra carro. Os 15.000 veículos foram projetos que foram feitos pra

portos fora dessa região, portos na região sudeste, como o Porto de Santos que recebe 15.000 carretas por

dia e tem problemas sérios. Então, não é a realidade nesse projeto, apenas nós exemplificamos que existe

sistemas que fazem controle de chegada, controle de placa, programação de chegada dos veículos, e é isso

que tá sendo proposto.

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok, tá registrado aqui de qualquer forma.

SR. MARCELO PESSANHA: Porto de Santos faz programação há anos e não consegue cumprir a

programação, porque você consegue fazer a programação da área interna, só que você não consegue

compilar os acidentes na BR; o senhor não consegue compilar com o tráfego da BR.

Então, o que vocês estão falando aqui está beirando a tentativa de enganar a plateia. Esta

beirando.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pela manifestação.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: Vamos dar oportunidade à manifestação com respeito à plateia que está aqui.

Marcos Freire, ele faz sua pergunta: “Qual a capacidade de operação de litros dias na ETE – Estação de

Tratamento de Esgoto, qual o seu nível de tratamento, se primário ou secundário, e qual também a

estimativa de geração em tonelada/mês na fase operacional dos resíduos sólidos da classe 1”.

SR. ROBINSON ÁVILA: Bom, da questão ETE – Estação de Tratamento de Esgoto, ela é uma 0,25

litros/segundo que equivale a 0,99m³/h. O dado exatamente de cor não lembro de cabeça, mas posso

consultar e passar pra pessoa que queira esclarecimento.

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SRA. RAQUEL DE PAULA: E apenas pra complementar o Robinson, nível de tratamento secundário,

foi influência da primeira resolução 430 do CONAMA pro lançamento.

SR. MAURÍCIO COUTO: Em relação a resíduso sólidos, me desculpa, você ficou de levantar a posição

pra informar pro Marcos (inaudível).

Bom, aqui o José Roberto da Silva, ele diz: “Por que não o porto? Pois, vai nos proporcionar

mais emprego e vai trazer mais benefício e renda para Macaé”. Fica registrada aqui a sua colocação,

José Roberto.

O Evandro Cunha, também na mesma linha...

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Renda pra quem?

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Tá ganhando quanto?

SR. MAURÍCIO COUTO: Outro aqui, tem mais: “Importantíssimo para toda a cadeia de fornecedores

de petróleo, gerando mais emprego e renda, e consequente impostos para o município, sendo que o porto

da Petrobras já não atende sendo deslocados para outros portos como no Rio e para Vitória.

Melhorará, com certeza, a mobilidade e não mais estará concentrada no centro de Macaé.

Terá muitos caminhões com materiais da BR... tirará muitos caminhões com materiais da BR-101. Dará

melhor oportunidade para continuarmos a ser a capital do petróleo.

Muitas empresas já não estão se instalando em nossa cidade, essencialmente pela questão

logística, nossos custos serão menores e maior contratação, novos colaboradores para as nossas

empresas, e novas empresas registradas”. Evandro Cunha.

Agora, Fernando Marcelo.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Macaé tá saturada!

SR. MAURÍCIO COUTO: Fernando Marcelo Tavares. “Na página 41 do EIA/RIMA, há referência a

organizações sociais consultadas sem citá-las. Quais foram essas organizações? Na página 49, há

referência a um aumento populacional de Barreto apenas com anúncio do empreendimento.

As medidas mitigadoras previstas para este impacto que será potencializado com o

impedimento. Quais são as medidas mitigadoras que serão tomadas?

Em outra consulta as pesquisas realizadas pelo doutor (inaudível), geógrafo da COPPE da

UFRJ, estudou profundamente o processo evasivos costeiros dessa região? Ele tá perguntando sobre

consulta.

E na década de 90, a retirada de areia de Lagomar afetou o Arquipélago Sant’Ana, as praias

do Cavaleiros e do Pecado, e o portal da Foz do Rio Macaé”.

Esse fenômeno foi considerado nos estudos, agora tá...

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ORADORA NÃO IDENTIFICADO: Só no papel, na prática nenhuma. Só no papel.

SR. MAURÍCIO COUTO: “Será criado uma Comissão Cidadã para fiscalizar as ações de construção

pro desenvolvimento do porto?”.

E Alexandre Sherman: “É possível que haja um desenvolvimento econômico do porte de

Macaé com instalação do porto?

E existe alguma estatística do desenvolvimento de trânsito pesado no trecho, perto de

Imbituba...”. Imbetiba, perdão. “Para o recebimento do porto? E haverá desassoreamento do trânsito na

BR-101, desafogamento?

E existe projeto de contenção de destinar empregos diretos para o cidadão macaense?”.

Tem mais uma aqui.

“Qual população de qualificar... qual a preocupação, desculpe, de qualificar essas pessoas e

os comerciantes locais?”.

Algumas já foram respondidas mas aqui...é da Firjan, o Alexandre, seria bom vocês frisarem o

que vai ser feito.

SR.ª RAQUEL DE PAULA: Obrigada. Em relação às associações que foram ouvidas na época do... na

elaboração do EIA/RIMA, eu gostaria de pedir pra Rita que trabalha com a gente, que respondesse essa

pergunta.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, Rita, no microfone.

SRA. RITA: Boa noite! Boa noite a todos e todas. Eu sou Rita, eu sou economista, sou responsável pelo

diagnóstico socioeconômico do estudo, sou economista formada pela Universidade Federal Rural do Rio

de Janeiro, e sou cientista social, com especialização em sociologia e antropologia urbana, fiz mestrado

no IBGE em estudos populacionais e pesquisas sociais, e doutorando em demografia da Unicamp.

A gente fez como procedimento metodológico duas formas de avaliação. A primeira forma de

avaliação com dados quantitativos, baseados em dados censitários, pra ver justamente acréscimo

populacional e as condições de vida mais gerais população.

Com relação ao trabalho qualitativo de elaboração do estudo, a gente tomou os seguintes

procedimentos: a gente primeiro pegou, fez um levantamento da área espacial, isso ainda dentro do

escritório, olhando as imagens pra ver... Calma. Não, depois a gente foi pra campo.

E aí eu fui pra campo, primeiro eu conversei com algumas instituições, associações de

moradores, administradores locais tanto, de Lagomar quanto de São José do Barreto, conversei, estive

também com o Marcelo, da Colônia de Pesca Z3... Z03.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Z3.

SRA. RITA: Z3. Obrigada. E aí, a gente fez um levantamento e eu fiz uma avaliação de observação

participante de ir pra área, praticamente morar lá, ver as condições de vida da população. Porque a gente

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tinha uma preocupação de saber quais eram os gargalos sociais que já existiam e que podiam ser

potencializados ou minimizados com os impactos.

Então a gente ficou olhando dentro do terminal rodoviário de Lagomar, conversando com as

pessoas, vivendo aquela experiência de pegar ônibus lá, demorar 40, 50min pra chegar em Barra de

Macaé, a gente ficou conversando pra ver a questão do transporte escolar, ficou vendo também a questão

importantíssima de conversar com os moradores e perceber as dificuldades que eles tem com relação ao

abastecimento de água que já aparecia nos dados quantitativos que a gente viu aqui, eu acho que no

campo que tá muito mais visível, a dificuldade para ter uma fossa de um lado e tem um poço pra retirar

água do outro, ou seja, é tudo muito junto, uma dificuldade, uma precariedade.

Então a gente ficou realmente convivendo com aquela realidade social, então todos os

procedimentos a gente valorizou mais a questão da vivência, da experiência de tá residindo nesse lugar,

de tá convivendo com as pessoas nesse lugar, conversando como se a gente fosse de lá, vivenciando em

termos antropológico, sociológico, aquela realidade local pra gente poder, assim, ter um conjunto maior

de informações, de percepção, sem um viés, sem a preocupação do viés de tá falando de um lugar que às

vezes inibe as pessoas. Então falando como... tentando agir de igual pra falar de igual.

Então foi esse o procedimento que a gente utilizou, ele tá escrito no EIA, que o estudo já

começa falando a questão qualitativa, citando l[a pra justificar essa questão da hierarquia, citando lá pra

falar sobre esse espaço do sentimento, da percepção, como o rapaz colocou aqui que tem muito a ver com

questão dele tá pendendo a área dele lá que ele vai ter de espaço pra olhar e observar.

Enfim, esses foram os procedimentos e foi o que a gente deu enfoque pros estudos

socioeconômicos.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pela colaboração. Tem uma pergunta aqui... Gente, desculpa, o

secretário aqui, o Guilherme, vai fazer um pronunciamento. Por favor, um minutinho.

SR.GUILHERME SARDENBERG: Eu vou pedir licença a vocês que eu tenho que sair agora, eu perdi

um ente familiar. Gostaria de chamar... Pra não parecer estranho minha saída aqui, eu perdi um ente

familiar agora e não tenho mais condições emocionais de ficar aqui. JoséRodrigo, gostaria que você

viesse a mesa aqui pra representar o governo. Obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, secretário, meus sentimentos. Bom, por favor, vamos dar

continuidade aqui.

A Eliana Petrele ela é do Partido Verde, ela diz o seguinte: “Foi escrito que o objetivo do

TEPOR é dar suporte logístico a indústria do petróleo. Por que foi suprimido, portanto, ficou claro que

há como objetivo também atividade alfandegária que atenderá o mercado de importação e exportação?

Qual o plano que a empresa tem para o impacto viário?”.

As pessoas discutiram nessa primeira parte e renova o pedido de esclarecimento por parte da

empresa.

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SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. Só pra esclarecer, o TEPOR especializado para indústria offshore,

materiais exclusivamente do mercado offshore.

Dentro do mercado offshore existe materiais importados, alguns equipamentos, válvulas. A

questão de ser alfandegado é pra atender esses equipamentos da indústria offshore.

SR. MAURÍCIO COUTO: Bom, a Aline Coutinho tá aí? Aline, olha só, a sua pergunta é referente a

pesca, é que ela ficou aqui no outro grupo de perguntas, mas as preocupações da Aline ela identifica o

RIMA na página 69...

SRA. ALINE: É rápido.

SR. MAURÍCIO COUTO: É rápido? Tua pergunta tá aqui, então tem que ser mais rápido do que a

pergunta. Vamos lá, Aline. Nós temos todo o tempo aqui, vamos ficar até tarde.

SRA. ALINE: Bem, primeiro eu gostaria de dar boa noite a todos estou aqui representando a

Subsecretaria Municipal de Pesca. Primeiro eu gostaria de agradecer também a Maria Inês e ao

Guilherme, por ter aberto as portas da Secretaria do Meio Ambiente, para estar consultando o RIMA e o

estudo de impacto ambiental, até mesmo porque o primeiro ponto foi um erro, porque a subsecretaria de

pesca sempre recebeu de todos os empreendimentos o RIMA e o estudo de impacto ambiental, e dessa

vez não recebemos. Então, queria agradecer ao Guilherme.

E segundo, eu queria dizer o seguinte, as reuniões feitas com as entidades de pesca, no meu

ponto de vista não é o subsecretário de pesca, não é o presidente da colônia e não é o presidente da

associação que tem que ser ouvido, quem tem que ser ouvido pra reivindicar seus direitos são os

pescadores, porque eles sabem o que eles passam em alto mar, eles sabem todas as dificuldades que eles

passam, principalmente nos empreendimentos, e principalmente com a área offshore.

E com base no RIMA, de acordo com o estudo do RIMA de meio ambiente, lá na página 69,

parágrafo 2º, ele diz o seguinte, que os pescadores saem do Rio Macaé e pescam em direção ao

Arquipélago de Sant’Ana. Sendo assim, a instalação do empreendimento não irá interferir na rota desses

pescadores, mas poderá afetar a pesca mediante afastamento da área dos peixes.

Então eu queria dizer o seguinte, os pescadores não pescam só na rota do Rio Macaé ao

Arquipélago de Sant’Ana, não, esse é um engano. Tá aqui o subsecretário de pesca, tá aqui o presidente

da colônia, pode dizer a vocês. Os pescadores pescam na costa toda de Macaé, os pescadores pescam até

Cabo Frio, pesca até em Búzio, pesca em tudo, e esse empreendimento realmente irá impactar, sim, os

pescadores. Porque vai haver muita embarcação de apoio e essas embarcações de apoio com certeza vai

haver a exclusão, entrando esse empreendimento que não é uma exclusão pequena, é uma exclusão muito

grande.

E outra coisa, em convergência a normativa número 12, engraçado que a normativa número 12

que está proibindo os pescadores de pescar na areia da costa a rede de arrasto por causa da Toninha.

Engraçado que pra um empreendimento desse, o INEA, o IBAMA, tudo dá oportunidade pode fazer o

empreendimento. Errado, errado. Não é justo isso.

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E outra coisa essas embarcações apoio de vocês que ficam fundeados em frente ao

Arquipélago de Sant’Ana, vocês sabem que cada vez mais está afugentando com nossas espécies. Hoje o

mercado de peixe, camarão, que era vendido a R$ 20,00, R$ 30,00 a um tempo atrás, hoje tá R$ 70,00 o

quilo. Por quê? Por causa da escassez. Entendeu?

E lá na página 52 tá dizendo o seguinte, que a perda vai ter na pesca uma grande perda de

habitat da fauna. E tá dizendo lá no item 11, as alterações da qualidade da água. No item 20, que vai ter...

vai afugentar as espécies, afugentamento da biótica aquática.

Agora eu pergunto a vocês: Qual a compensação, principalmente financeira pro pescador? O

pescador não quer mais programa de comunicação social, porque ele não come, não bebe e não paga

aluguel com programa de comunicação social. E fazem um conluio com a Associação de Pesca e com a

Colônia de uma cesta básica e isso é uma vergonha. Uma vergonha. Está aqui minha reinvidicação pelo

pescador.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado Aline, pela participação.

SR. FERNANDO: Uma questão de ordem, por favor. Eu fiz três perguntas, duas perguntas, a moça

concluiu suas respostas e não contemplou então acho muito importante nos estudos saber se foi

considerado, se não foi considerado, que considere um estudo do Professor Dillenburg geógrafo da UFRJ

que fez um estudo intenso aqui, saber se foi considerado, se não foi, por favor, considerar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, Fernando. Realmente não respondemos a sua pergunta em relação

essa consulta do professor Dillenburg se foi feita quando da elaboração de estudo.

SR. ROBINSON ÁVILA: Posso pedir pro Rafael, nosso oceanógrafo, pra responder essa questão.

SR. RAFAEL BONANATA: O professor Dillenburg é referência na região, com certeza pra você

conhecer a dinâmica sedimentar mas pra entender o que vai acontecer você precisa ver o que acontece

hoje em dia e não tem como estudar essa região sem estudar todos os trabalhos do Dillenburg.

SR. MAURÍCIO COUTO: Então foi considerado?

SR. RAFAEL: Foi considerado.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Mentira!

SR. MAURÍCIO COUTO: Foi considerado então, Fernando.

Bom, agora, Júlio de Pedra de Barro, ele pergunta qual o valor do investimento até o início da

operação.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok. É na casa de um bilhão de reais.

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SR. MAURÍCIO COUTO: “Após a instalação do TEPOR qual o grande ganho econômico em termo

monetário para o município? Quanto em percentual? E a outra pergunta: Se acabarão os barcos fluviais

em frente a Barra do Rio Macaé, que ficam aguardando atracação no Porto de Imbetiba, cujo tempo

fundeado impacta a pesca e causa impactos ambientais? Imbetiba voltará a ser a princesinha do

Atlântico?”. Do Manoel Dutra.

SR. ROBSON ÁVILA: O impacto na tributação é o impacto direto na arrecadação do porto, a prefeitura

os impostos tarifação sobre a receita do porto, bem como toda a tarifação que recai sobre as empresas que

utilizam porto com dutos, com os produtos todos que carregam lá.

Com relação a questão dos navios fundeados, o porto justamente veio oferecer uma

infraestrutura de 14 berços, onde vai ter disponibilidade da utilização desses navios dos 14 berços, e todo

mundo sabe que navio parado é custo perdido. Então nós acreditamos que vai haver uma redução

significativa dos navios fundeados, justamente por não ter disponibilidade de atracar e sair para a

plataforma.

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok. O Márcio Nascimento faz três perguntas aqui. A primeira é se houve

licitação para a concessão do uso de área pública. Depois, se será considerada como remanescente da área

de restinga como APP, ou se será desconsiderado esse instrumento legal de proteção.

E a última, ele quer saber se será desconsiderado a indicação com audiência pública para a

criação de uma unidade de conservação nesta área.

Ele é o Márcio Nascimento da Silva.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Macaé só tem jogo de interesses.

SR. ROBSON ÁVILA: Ok. Só a primeira questão. Esse é um terminal de uso privado, ele não é um

porto público. Ea questão da terra comentada pelo José Roberto, são 65.000m², de 400.000, sendo que

esses 65.000 foi um projeto de lei onde o TEPOR terá que fazer uma permuta de um terreno de igual

valor ao colocado ao projeto de lei pela prefeitura.

SR. MAURÍCIO COUTO: Raquel vai falar? Raquel, por favor.

SRA. RAQUEL DE PAULA: Vou sim. Em relação a interferência na área de preservação permanente, o

Código Florestal regulamentado ano passado, a Lei 2.651 classifica no seu Art. 3º se eu não me engano,

impedindo como utilidade pública interesse social, e o porto ainda como de utilidade pública podendo

intervir em área de preservação permanente, mas terá que compensar isso, o valor será estipulado pelo

órgão ambiental.

SR. MAURÍCIO COUTO: Se identifique porque está sendo gravado, tá?

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SR. MÁRCIO: Vou ser rápido excelência. Meu nome é Márcio, eu represento o segmento ambiental na

região serrana, no auto curso da bacia hidrográfica de Macaé, sou secretário-geral do COMMADS, e

venho acompanhando todo esse processo.

Aprendi a respeitar os profissionais que estão trabalhando nessa área porque é direito todos

tentarem implementar seus empreendimentos. Mas é muito bom saber e estar aqui presente com todo esse

público, reivindicando os direitos coletivos, pena que o Guilherme também não está aqui agora, porque

foi bom ouvir ele hoje falar e ver e entender também que ele se sensibilizou pelo “tum-tum-tum” ontem

falado na região do COMMADS, e ele se apresentou com a licença de ambientalista.

São algumas coisas muito importantes. A unidade de conservação ali do Barreto, eu acho que

tem que ser a primeira coisa a ser trabalhada. Ser criada essa unidade de conservação, precise talvez ali

implementado uma área de recepção, de reintrodução de animais marinhos, coisas deste tipo,

equipamentos de uso da tecnologia, porque nós não conhecemos nada ainda, não podemos sair chegando

e detonando tudo.

Segundo, é muito difícil segurar a pressão econômica, então mesmo o Guilherme não estando

aqui eu vou deixar isso registrado. O sistema político é muito forte, os interesses são muito fortes. Temos

que dar o crédito as instâncias e os fóruns legítimos como o COMMADS, porque quando uma pessoa que

representa a parte política atualmente, tem no seu sangue a questão ambientalista, ele tem que lavar as

mãos e deixar o colegiado decidir legitimo.

O COMMADS é uma instância deliberativa, tem que ser ouvido e tem que ser respeitado.

Então, a criação da unidade de conservação já tivemos audiência pública, e se ainda tiver algum vereador

aqui, que repense essa situação, que encaminhe na câmara a proposta da criação na nossa unidade de

conservação, a partir daí salvapatriando todas as espécies inexistentes dos ecossistemas do nosso planeta,

podemos pensar em desenvolvimento econômico, no desenvolvimento ambiental sustentável.

A questão da economia não pode vir de cima pra baixo a qualquer preço, todos devem respeitar

a todos. O planeta é um só, quem oprime... os oprimidos sofrem, mas não podemos esquecer que aqueles

que estão fazendo as opressões, os opressores, vão sofrer as consequências também. É um momento

único, não é tempo de brincar, temos que ser homens sérios, trabalhar sério, respeitar uns aos outros e

implementar as ações que dizem respeito a qualidade de vida.

Os pescadores tem o oceano em abundância pra pescar, não podem vir assim e determinar que

vão acabar com a pesca, que eles vão fazer isso ou aquilo, tem que haver respeito, a todas as espécies, a

todos os reinos que aqui existem.

É isso o que eu tenho a falar, muito obrigado.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Obrigado pelas palavras. Cícero.

SR. MARCELO PESSANHA: Questão de esclarecimento.

SR. MAURÍCIO COUTO: Pois não, Marcelo, no microfone.

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SR. MARCELO PESSANHA: Só um esclarecimento. A unidade de conservação que tá se falando no

Barreto, é mais referente ao terreno hoje ocupado pelo Parque Nacional com sua sede provisória e os três

quilômetros e meio que vão até a praia do porto essa área continua sendo disponibilizada para criação de

uma unidade municipal, é um acordo feito entre o INCRA e o Instituto Chico Mendes então não está em

jogo a área separada no Barreto para unidade de conservação. É saber se terreno que se refere unidade de

conservação é um outro terreno é um terreno hoje ocupado pela sede do PAC.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pelo esclarecimentos, Marcelo. É Cícero.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Como Conselheiro do meio ambiente...

SR. MAURÍCIO COUTO: Pera ai paixão.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Peço esclarecimento pro Marcelo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Então por favor seja breve.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Só pra completar esclarecimento na gestão do governo passado da

secretaria do meio ambiente do COMMADS já ficou estipulado que a unidade de conservação do Barreto

iria da Barra até entrada do Lagomar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pelo esclarecimento é Cícero Figueró: “Considerando sua breve

apresentação não mencionou sobre as emissões oriundas do empreendimento e dos acréscimos que será

atraído sobre a região direta e da região aumentada. É não apresentou nenhuma medida mitigadora e

nenhuma compensação para essas emissões.” Consultora quer se manifestar?

SR.ª RAQUEL DE PAULA: Obrigado, foi falado sim ta o cálculo de emissões atmosféricas levando em

consideração manuseio de cimentos, graneis, emissões dos tanques de diesel e a combustão incompleta

dos motores das embarcações e ai foi feito depois a modelagem com uma base de dados de três anos

daqui da região de Macaé, pra ver até onde podemos sentir o impacto da gravação do dióxido de

nitrogênio apontado no EIA/RIMA e como medida mitigadora a gente aponta pra material particulado

que será gerado durante a obra multiplicação de acesso, estação do 0800, caminhões (inaudível) e na fase

de operação instalar uma base de programa de monitoramento metereológico e atmosférico.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Que não serve pra nada.

SR. MAURÍCIO COUTO: Cícero.

SR. CÍCERO FIGUERÓ: Sou Cícero Figueró, sou da ONG (inaudível), organização ambiental para o

desenvolvimento sustentável, sou membro do conselho de meio ambiente da Casa do Caminho, sou

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membro do conselho comitê de bacia hidrográfica (inaudível). Eu observei que na colocação dos mil e

duzentos litros num tanque num reservatório vocês vão expor ao risco desde as refinarias até o ponto de

abastecimento de seus reservatórios com vinte e quatro carretas tanques, considerando 50 mil litros cada

um, quando você falou em comboio para abastecer com diesel então se você considerar vindo da Reduc,

nós passaremos pela importante porto hídrico do nosso país que é Baia da Guanabara. Ou estas reservas

tanto integrais como as particulares de Silva Jardim, Casemiro de Abreu, Rebio, qualquer acidente na BR

101 estará em obra, após ao início das operações (inaudível) será prejudicial inclusive ao nosso recursos

hídrico aqui na região.

Outro ponto das emissões das carretas nós consideramos esses cálculos nas suas

matrizes matemáticas outros problemas, nós não considera que a cidade vai ser assaltada por um número

incidente de equipamentos que ficam parados aqui nas nossas ruas, nos nossos logradouros, aguardando

operação, e isso é prejudicial hoje, sem o porto! E quando você projeta isso, o que acontece, os que serão

contratados por vocês para entrar pelo trevo da BR 101, pelo trevo dos 40, pra acessar o porto não vai ser

controlado, porque vocês só programarão o interior do porto, então o acesso ela vai privilegia vai vim pro

Rio com o carro vai atravessar Rio das Ostras, vai vim pela tal Santa Tereza, é uma rodovia que o

Município ontem aportou quarenta e cinco milhões de dinheiro público, municipal pra aportar o quê? O

seu empreendimento, uma contra partida deveria vir de vocês: nós vamos dar o dinheiro e construir a

rodovia: uma rodovia é pública. Outro ponto importante é a qualificação, nós temos uma deficiência

gravíssima aqui na região, não é só Macaé não de qualificação, como a Petrobras foi pro Comperj dois

anos antes a Petrobras estava implantando um sistema de agenda 21 na região: onze municípios foram

envolvidos com agendas 21, trazendo a sociedade para decidir o que ela quer por meta, como ela quer,

como ela vai querer e foi pedido educação cujos os maiores e mais fortes vínculos nas nossas audiências

públicas dentro de Itaboraí, Rio Bonito, São Gonçalo foi pontuado educação e qualificação, o

empreendimento, ele está lá acontecendo: foi falado isso - 150 industria de aporte irão para a região,

(inaudível) pros onze municípios principais .

Então, nós começamos a educar, começamos empreender educando a população, principalmente

os jovens, os jovens querem um emprego não queriam só o salário eles queriam ser qualificados porque

um dia eles poderão sentar no lugar de vocês, nossos jovens eu mesmo estou me aposentando, tem muitos

jovens que a gente está encaminhado para produção, nós temos que trazer primeiro a educação, o aporte,

o empreendimento tem que se pensado dessa forma, foi a colocação nas (inaudível) por que não é só a

área do porto que você vai usar vai se toda a região. Você verá as condições de estacionamento, as

carretas estão estacionadas nas ruas os caras não tem espaços para botar as carretas dentro dos seus pátios,

então são coisas que tem que ser pensadas.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado Cícero, grato pela sua contribuição e pela sua preocupação. A Ana

Lúcia ela diz que “Macaé tem um déficit habitacional de 35 mil unidades, sendo onze mil de população

de renda de zero a três salários. A consultora levantou exaltou como impacto a migração, mas não foi

proposta nenhuma medida mitigadora, ou programa habitacional logo a empresa não apresentará não

construirá nenhuma habitação na cidade, essa conta ficará para quem?” Em relação a atender este

déficit. O Alexandre também tem a preocupação, na verdade é mais uma manifestação ele diz “se atual

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gestão mal consegue lidar com problemas básicos e que se arrastam a anos: polo de saneamento básico,

polo de segurança, saúde e mobilidade urbana cada vez pior, um empreendimento dessa magnitude irá

piorar ainda mais a qualidade de vida da população. Que garantias serão dadas a população para que

isso não ocorra?” O Genan está na mesma linha e só pontua três coisas, chama de: “risco, desafios e

impactos.” São só essas três palavras.

A Monique Bezerra ela fala “que na página 15 do RIMA, foi mencionado que um dos critérios

foi verificar a proximidade com UCs e outros dois critérios quanto as exigências da ANTAQ: a

profundidade mínima, a questão de distância mínima de trinta quilômetros de um porto público. Na

transcrição da página 16 ficou clara que dois outros critérios foram suficientes para anular as

alternativas 1,2 e 3, mas as interferências na restinga (APP), no Parque nacional de restinga de

Jurubatiba não são impeditivos para o projeto, considerando que as interferências estão avaliados com

base em dados secundários” esta é a primeira, tem uma segunda: “Já existe o porto de Imbetiba que

causou na sua instalação e até hoje todos os impactos e impactos indiretos no local. Em algum momento

foi feito alguns estudo de a viabilidade para a ampliação do porto de Imbetiba, não haveria alguma

outra forma de utilizar a necessidade de atender a demanda mencionada na apresentação a possibilidade

de se manter os impactos concentrados numa única área já afetada? Afinal o porto de Imbetiba não é

um porto público ou seria impeditivo como no caso de Angra, logo não seria é uma parceira com o grupo

de pretende construir com a própria BR”. Bom você responde essa serie primeiro depois a gente vai pra

as outras perguntas.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Responde tudo isso aí em cinco minutos.

SR. ROBSON ÁVILA: Ok, com relação a Imbetiba, Imbetiba é um porto privado da Petrobras a

questão de análise de ampliação de Imbetiba é uma questão interna da Petrobras, nós somos um outro

grupo que analisa esse novo porto, onde justamente a gente vê um grande diferencial desse novo porto

está fora daquela região de Macaé, onde já existe alguma situação de estrangulamento do tráfego para

aquela região justamente desse diferencial do nosso porto está no vetor norte da cidade.

SR.ª RAQUEL DE PAULA: E em relação às alternativas locacionais, além do impeditivo da ANTAQ

que não daria uma autorização para a instalação de um terminal privado a menos de trinta quilômetros

de porto público, isso é uma publicação da ANTAQ de 2009, Angra tem um maior número de unidades

de conservação, tem a APA de Tamoios, também tem espécie de mamífero marinhos ameaçadas, Maricá

tem a questão do zoneamento, na época de análise zona de expansão urbana, tem também norte a reserva

da Serra de Maricá, reserva ecológica da Serra de Maricá, ainda tem a presença do sítio arqueológico de

Bitipoca, então por isso a gente optou por Macaé.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Destruir a comunidade!

SR. MAURÍCIO COUTO: Bento Gonçalves: “Qual será a contribuição de TEPOR...” Pera ai!

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ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Macaé pode tudo!

SR. MAURÍCIO COUTO: “Qual será a contribuição do TEPOR para o sistema de drenagem do

entorno, visto que a área apresenta elevado grau para alagamento.” O Fábio Siqueira me pergunta “O

que está previsto para zona de impacto”. Não entendi muito bem. A Ligia de Jesus de Carvalho, “a

respeito das medidas mitigadoras dos impactos ambientais, problemas propostos por leigos necessitam

serem implementados antes do início das obras”, ela pergunta. “E o veículo de comunicação para

divulgação dessas ações a população e também uma proposta na... de fato implementada”. Então estão

perguntando qual serão as medida mitigadoras que seráo implementadas e qual o veiculo de comunicação

que será divulgado.

SRª. Alessandra: Desculpa, mas que queria que a primeira pergunta feita não foi respondida eu queria

que a empresa respondesse por favor.

SR. MAURÍCIO COUTO: Se poderia só citar o nome.

SRª. Alessandra: Eu sou Alessandra, eu sou a subsecretaria de educação, e eles tinham feito uma

pergunta sobre a questão habitacional, eles disseram no impacto da imigração um população que vai vim

procedente do emprego e vai ter impacto social, então existe, pode, segundo este EIA-RIMA que é um

estudo, sobre a questão habitacional, a questão social que vai ser instaurada no entorno deste porto? E

também é importante lembrar que vai pagar essa conta? Será que a conta vai ficar igual? Vale a pena todo

o investimento no Porto e a questão do problema social que vai está em torno dele, eu queria que a

empresa me respondesse, por favor.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigada Alessandra, realmente não foi respondido aquele levantamento do

deficit habitacional não sei se a empresa pode se manifestar conta isso, existe algum programa?

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok nós entendemos especial esse risco possível da migração, esse é um

programa que vai ter que ser em parceria público privado, nós podemos apenas responder aqui pelo setor

público.

SRª. ALESSANDRA: A gente não quer resposta do setor público, a gente quer saber se a empresa via

fazer essa parceira público-privado?

SR. ROBINSON ÁVILA: A empresa irá fazer parceira pública privado o acompanhamento, mas a

principio não está previsto construção de habitações.

SR. MAURÍCIO COUTO: Esse foi os esclarecimentos da empresa...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto!

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SR. MAURÍCIO COUTO: Mas fica o registro da Alessandra aqui do déficit habitacional.

SR. MAURÍCIO COUTO: A Ana Pepe fala sobre a área de influência direta afetada pelo

empreendimento que sobrepõe os limites do único parque nacional a proteger restingas, lagos costeiras,

além do avanço sobre a zona de amortecimento. Então isso já foi dito aqui pelo Marcelo. E ela também

diz: “Não consigo compreender como as espécies de peixes a serem potencialmente impactada a partir

de uma... foi analisada a partir de uma amostragem realizando cinco arrastos, instalando um jogo de

rede de espera para levantamento desses dados. Necessário. Isso que ela está perguntando e passamos

para a consultora em relação a esse levantamento. Se os impactos foram minimizados em função desse

levantamento.

SR.ª RAQUEL DE PAULA: No primeiro momento a gente fez um levantamento de dados secundários

da hidrografia existente da região, que apontou vários espécies de peixes e depois a gente fez campanha

de dados primários com rede, com arrasto de rede.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Amarelou!

SR. MAURÍCIO COUTO: Em relação a drenagem também acho que também já teve resposta.

Fernando Gonçalves não sei se chegou a responder. Em relação à drenagem “qual será a contribuição do

TEPOR no sistema de drenagem no entorno, uma vez que é uma área propicia a alagamentos?”

SR. ROBINSON ÁVILA: Alô! O projeto de drenagem do TEPOR nós levamos em consideração toda

aquela área de contribuição. Sendo identificado que aquela área é uma área, é uma área que tem

susceptibilidade a inundação, isso pode ser resolvido com robusto projeto de drenagem com capacidade

de para suportar as chuvas na região do porto.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Macaé está a 75 centímetros abaixo do nível do mar.

SR. MAURÍCIO COUTO: A Mariá pergunta: “A empresa responsável pelo relatório de impacto

ambiental encontra-se em discordância, superficialização. Os estudos foram baseados em quais

pesquisas?” ela pergunta, e “Qual momento a UFRJ Macaé, foram consultados para parcerias, para uma

área...”

SRª ALINE PEIXOTO: “Em qual momento a UFRJ Macaé foi consultada ou teve parcerias para uma

realidade nas pesquisas realizadas pela mesma? E as pesquisas que foram realizadas na UFRJ Campus

Macaé não são consideradas? Em nenhum momento discute os impactos diretamente ligados a restingas

de Imbetiba. Sendo impacto nacional os impactos diretamente causados pelo porto, e as espécies

diretamente ameaçadas? E a diversidade biológica?”

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ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: Agora Juliana.

SRª ALINE PEIXOTO: “Alguns impactos identificados no EIA/Rima não constam como programa que

de fato possam mitigá-los ou resolvê-los, caso da especulação imobiliária e da pressão sobre os serviços

públicos e infraestruturas: quais são as medidas concretas referentes a eles? A casos de desconexão

entre os objetivos dos programas e a metodologias. No caso do subprograma de apoio à pesca, com a

metodologia apresentada de coleta e divulgação de dados pode alcançar o objetivo de estimular a pesca

e sua reprodução social. No subprograma de cooperações políticas públicas e planejamento, que

medidas práticas e concretas levam a potencializar planos de gestão municipal ou a cooperação do

planejamento Urbano e territorial?”

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, respondam esse bloco aqui que ainda tem bastante pergunta.

SRA. RAQUEL DE PAULA: Em relação a UFRJ Macaé a gente entrou na plataformas CAPES e fez

uma varredura de todos os artigos que tinham publicados na plataforma CAPES pra dados secundários.

SR. DYRTON BELLAS: Em relação a pesca como é que já foi dita anteriormente, você simplesmente

nessa etapa de licenciamento você identifica um projeto, um programa, uma medida mitigadora, e a

proposta é conforme foi dito aqui é pensar com os pescadores que são as pessoas que são mais

interessadas mais prejudicadas nesse período, para que eles determine e propõe quais medidas que eles

querem e o que é importante para eles.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Xô porto!

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Retira!

SR. ROBINSON ÁVILA: O mesmo se refere as parcerias com o serviço público na questão do

planejamento mobilidade urbana, por exemplo, será detalhada as próximas etapas.

SR. MAURÍCIO COUTO: Bem, Eduardo Veiga ele pergunta “Haverá programa permanente de

monitoramento de contaminação do subsolo inclusive com a construção de poços de monitoramento?”

Ele pergunta: “Se foi realizado estudos geofísico para se correlacionar com os estudos hidrogeológicos e

hidrofílicos de forma a produzir uma modelagem mais robusta?” E também pergunta: “Se foi

desenvolvido estudo de impacto a longo prazo para os bairros circunvizinhos em função da

impermeabilização do solo que será afetado, e também com as demais regiões do município?” A Paula

Araujo pergunta: “É possível que teria sobre os efeitos da pluma de sedimentos considerando que a

modelagem aplicada utilizou os dados de evasão do Rio Macaé, são alguns da estação de Galdinópolis

sendo que Galdinópolis se localiza no trecho superior a seguir. A montante do aporte importante

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afluente da bacia?” E o Rômulo Campos diz: “Como o consumo de água do empreendimento e como este

consumo será suprido?”.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto!

SR. ROBINSON ÁVILA: Bom consumo de água previsto é na fase de obra 96 metros cúbicos por dia.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Pro porto tem, pra Macaé não.

SR. ROBINSON ÁVILA: Na base de operação é previsto 100 metros cúbicos por hora.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Pro porto tem água.

SR. ROBINSON ÁVILA: Nós estamos conversando com a CEDAE...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Abastece com água só com a CEDAE... só pro porto.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Só pro porto.

SR. ROBINSON ÁVILA: Estamos conversando com a CEDAE.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: Deixa ele completar, por favor.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok, estamos conversando com a CEDAE de criar uma parceria é da criação

na CEDAE já existe um projeto abastecimento água/mar que é adutora nº2, que já esta em fase até de

projeto implantação onde teria capacidade segundo a CEDAE de atender o porto, e a nossa parceria

entraria é numa melhoria da capitação e um possível aceleramento das obras pra atender o porto.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Uma questão de ordem. Uma questão de ordem.

SR. MAURÍCIO COUTO: Uma questão de ordem, no microfone.

SR. SEBASTIÃO ROBERTO: Eu gostaria de pedir aos participantes, a manifestação é livre e é valida

eu só gostaria que atentasse para o seguinte detalhe esta esvaziada a audiência tinha três vezes mais,

vamos respeitar a fala do pessoal pra a gente poder agilizar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado Sebastião. Tendo fim as perguntas por escrito vamos passar agora

para o uso da palavras então por favor, nós temos uma ordem aqui.

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SR. LEONARDO: Minha pergunta não foi lida.

SR. MAURÍCIO COUTO: Qual o seu nome por favor.

SR. LEONARDO: Leonardo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Leonardo você esta escrito pra fazer uso da palavra? Então provavelmente

ela passou pra cá.

SR. LEONARDO: Isso ai eu queria falar logo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Você vai fazer uso da palavra, você vai fazer. Então vamos começar, em

função do número de escrito, tem 25 pessoas escritas pra falar, como ainda tem muita gente ainda aqui

assistindo, ainda tem muita gente pra falar vamos estipular...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Uma pergunta não foi respondida.

SR. MAURÍCIO COUTO: Nesse bloco? Por favor então. Sobre impermeabilização? Isso, por favor, se

quiser repetir...

SR. EDUARDO MEIDA: É que você... só uma correção, você falou Eduardo Veiga mas é Eduardo

Meida eu sou geofísico da Petrobras.

SR. MAURÍCIO COUTO: Ok, perdão.

SR. EDUARDO MEIDA: Não foi devidamente respondida uma questão... as três perguntas que eu fiz,

eu lê os estudos confesso que não lê tudo não tive oportunidade de receber mas pelo que eu vi apresentar

eu achei... desculpa assim se estou sendo franco, não quero agredir ninguém mas achei o estudo pobre

principalmente com relação, como se faz com relação, os estudos de superfície tem lá, estão lá, os dados,

mas como se correlaciona isso com subsolo? Sinceramente os principais dados não foram implementados

no estudo, pelos eu não vi, ao meu conhecimento. Quando fala de drenagem ai você esta

impermeabilizando uma área enorme e o prefeito, Aluisio, quando foi candidato e assumiu ele falou

sempre desta questão de impermeabilização: impermeabilização na Linha Azul, Linha Verde, linha disso,

disso, e vão continuar impermeabilizando o porto, ou seja, qual é a modelagem ou qual estudo realmente

em longo prazo que nós vamos identificar? Não adianta você fazer uma drenagem que as águas da chuva

vão descer do meio da serra, região de maior sensibilidade, a gente esta falando de um vasto estuário do

Rio Macaé que é uma área de grande aporte e recebimento de águas das chuvas principalmente da região

serrana e a gente quer ver como isso vai ser modelado ao longo dos tempos, por que ao final de contas

sem fazer nenhuma crítica nós podemos ter os melhores projetos do mundo mas se não for coordenado,

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não for compatível, não tiver um programa de monitoramento inclusive da contaminação do solo do

lençol freático, os empreendedores vão gastar o seu dinheiro no Caribe e na Europa, e as nossas

populações vão ficar alagadas aqui sofrendo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Bom. Por favor, Dyrton.

SR. DYRTON BELLAS: Obrigado pelas perguntas não sei se vou atender a plenitude dessas questões é

mas foi feito uma investigação preliminar que você executa em função do histórico da área, não há

histórico de ocupação de área contaminada naquela região isso é o item um. O item dois foram feitas

sondagens está proposto uma realização de novas sondagem até pra você avaliar o background da área até

uma proteção até para a empresa, não só para a região, mas para a empresa também. A realidade em

termo da... quando você faz impermeabilização ou eventual fundamentação, mais uma vez pedir desculpa,

não sou específico da área, mas foi verificado que a gente vai ter tancagem, há possibilidade da tancagem.

Então, nessa área vai ser impermeabilizada pra você evitar contaminação do solo ou vazamento desses

tanques, eventuais vazamentos.

Não há previsão de você trabalhar com algum material dentro da área do entorno que possa

contaminar o solo. Então, em relação à drenagem não, mas me parece que ela consegue segurar a área

interna do porto, mas é o projeto que vai ser levado a cabo, se a licença prévia for aprovada e esse projeto

é submetido a diversos órgãos pra análise, num tempo de recorrência de cinco anos, 10 anos.

SR. MAURÍCIO COUTO: Bom, agora vou passar pro uso da palavra, como eu estava falando, tem 25

pessoas ainda inscritas aguardando. Nós vamos ter que limitar o tempo de dois minutos pras explanações,

eu acredito que a maioria das perguntas já foram encaminhadas, algumas foram respondidas, estão aqui

para serem ainda melhores definidas.

Então eu gostaria de chamar, por favor, que atenda o nosso pedido de tempo, Luiz Carneiro,

por favor.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Um esclarecimento, mesa, por favor.

SR. MAURÍCIO COUTO: Pois não. No microfone, por favor. Identifique-se, por favor.

SR. PEDRO: Meu nome é Pedro. Eu ouvi direito ou o senhor falou que não tem movimentação de

contaminante no porto, é isso?

SR. DYRTON BELLAS: Não falei isso não. Eu disse que na realidade você tem previsível para o porto

os tanques de óleo, esses são materiais que eventualmente possam trabalhar. A princípio não há, você vai

trabalhar com corrente, duplos, não são materiais.

SR. PEDRO: Só?

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SR. DYRTON BELLAS: Não, Pedro, não sei se é só, só estou lhe dizendo...

SR. PEDRO: Exatamente o problema do EIA.

SR. DYRTON BELLAS: É, obrigado pelas informações.

SR. MAURÍCIO COUTO: Luiz Carneiro, obrigado pela participação.

SR. LUIZ CARNEIRO: Boa noite a todos. Parabéns mais uma vez pela condução dos trabalhos. Eu sou

Luiz Carneiro, sou diretor do Clube de Engenharia lá no Rio de Janeiro, sou conselheiro do CREA, faço

parte do setor de construção civil do CREA.

Então, não vou abordar nada sobre biologia, sobre pescador, meio ambiente, que isso foi

discutido e já tá esgotado e só tem dois minutos, aliás, um minuto e meio.

Queria apenas dizer o seguinte, Macaé, antes da Petrobras chegar era pequena, Macaé ela só tá

nesse tamanho hoje por causa da Petrobrás. Acredito que a maioria das pessoas aqui trabalham para a

Petrobras ou presta serviço pra Petrobras.

E Macaé é um engarrafamento só, é igual o prefeito lá do Rio que derrubou a Perimetral, deu

um engarrafamento geral com um prejuízo de combustível pra todos os habitantes, um prejuízo social,

pessoa perdendo tempo, isso não tem dúvida.

Macaé é um engarrafamento só. Então eu penso que o porto se aprovar, minha opinião é que

deixe (minha opinião é que deve ser aprovado, respeito todas as outras opiniões) é que deva ter alternativa

de tráfego para chegar, para minimizar o engarrafamento da Amaral Peixoto, não resta dúvida. Esse

contorno pela 101 é muito longo, foi dito aqui que a Estrada de Santa Tereza é recurso DER -

Departamento de Estradas de Rodagem, não está saindo do município, de repente, tipo um arco, pra levar

direto os caminhões pra minimizar o impacto que ocorra.

Nós não estamos discutindo a parte do pescador, respeito tudo isso, quero ver apenas a parte de

mobilidade urbana que nós fazemos parte disso tudo. Obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Rigorosamente os dois minutos. Salvatori Siciliano, por favor.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Lê sempre o próximo pra ir se acertando.

SR. MAURÍCIO COUTO: Isso, bem colocado. Davi Tavares, se já puder ir se posicionando.

SR. SALVATORI SICILIANO: Boa noite a todos. Meu nome é Salvatori Siciliano, sou pesquisador da

Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, e coordeno o Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da

Região dos Lagos.

E uma coisa que me chama logo muito atenção, a localização desse porto a menos de três

quilômetros da entrada do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Esse porto arromba, arromba, é um

arrombamento de porta de um parque nacional da relevância de Jurubatiba.

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Ainda ele fere diretamente um documento submetido pelo INEA, que é a ampliação do Parque

Nacional da Restinga de Jurubatiba visando entre outras coisas, entre várias espécies de (inaudível) que

aqui... que os colegas aqui vão detalhar, uma espécie que tá criticamente ameaçada, que é a Toninha.

Se o Brasil pretende ser um país moderno, sério, se pretendemos ser sério e moderno, a gente

tem que respeitar algumas convenções internacionais que o país é signatário. Entre elas a Convenção de

Ramsar de áreas úmidas, que protegem não só espécie de aves migratórias, mas qualquer espécie que ali

tenha relevância ecológica, que é o caso da Toninha. O Brasil é signatário há mais de 20 anos dessa

convenção internacional, além claro da convenção de diversidade biológica.

Então, esse projeto jamais poderia ser considerado aqui, ele fere princípios básicos da

convenção que o Brasil é signatário. A gente precisa escolher, escolher qual caminho ele quer seguir.

E eu quero também deixar bem claro e registrado, no meu ponto de vista, a indústria do

petróleo é uma indústria antiquada, o Brasil está na contramão, ultrapassado. Enquanto o resto do mundo

pensa em outras alternativas, o petróleo vai acabar, o pré-sal é muito caro, isso é uma enganação.

Vamos falar de coisas claramente, petróleo, porto, isso não é solução de nada. Nenhum país do

mundo constrói um porto por município; isso não existe.

Basta olhar a Coreia que é um modelo de desenvolvimento. Na Coreia os portos estão em

Busan, todos concentrados numa cidade. Não se espalha porto por cada município.

SR. MAURÍCIO COUTO: Dois minutos. Davi, por favor.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Resposta! Responde.

SR. MAURÍCIO COUTO: Davi Tavares. Vai, Davi.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Não tem resposta. Não, não tem resposta. Responde a pergunta. É

difícil, né?

DAVI TAVARES: O professor Salvatori, inclusive, falando com ele, ele pesquisa na região desde

2007... Como ele já tocou nos portos, eu vou principalmente ressaltar que lendo esse EIA/RIMA me

remeteu a época do segundo grau, com meus colegas, não é. Me parece um trabalho de revisão de aluno

de primeiro ano, na verdade, não é. Eu vou citar somente alguns exemplos aqui de questionamento, vocês

mesmos apontam aqui, toda área é área de inundação.

Justamente porque ela é área de inundação ela é uma proposta desde 1986 de um (inaudível)

pra aves nidículas. Inclusive, vocês não citam aves nidículas, que apesar de não serem ameaçadas há pelo

menos 19 espécies de aves migratórias quem vem do Canadá e viajam pelo menos 20.000km anualmente

pra se alimentar aqui, na área que vai ser isolada pelo povo e alagada.

Além disso, vocês mencionam no setor de aves que nenhum estudo existe pra região, e isso

conduziu vocês no EIA/RIMA a utilizarem o plano de manejo da Rebio União. O que é muito engraçado

porque lá a Rebio de áreas de floresta ombrófilas e eucaliptal principalmente.

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No entanto, existem pelo menos 12 trabalhos, 12 trabalhos que não foram citados. Acho que se

vocês digitam no Google “ave jurubatiba” aparecem lá entre... na primeira página do Google, e o técnico

não fez isso.

Bom, das outras espécies que vocês listaram no EIA/RIMA, 140 - são muito mais, não? - pássaros, e pelo

menos 72 são aves aquáticas que habitam o parque úmido, e totalizam pelo menos 211 espécies. Boa

noite.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO:Xô, porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: (inaudível) manifestar (inaudível).

SR.ª RAQUEL DE PAULA: Obrigada pelas colocações. Eu gostaria de convidar o Tomás, o nosso

biólogo que participou da elaboração do levantamento de fauna pra responder o Siciliano.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Seja convincente, Tomás. Seja convincente, hei, por favor.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, vamos ouvi-lo.

SR. TOMÁS: Boa noite a todos. Meu nome é Tomás, como a Raquel já comentou, eu sou biólogo e

participei da equipe que elaborou parte do estudo do meio biótico, principalmente o estudo de fauna. Em

relação à inclusão ou não ou não de artigos com função da revisão bibliográfica, como a Raquel já

comentou, foi feita a revisão bibliográfica na plataforma CAPES e foi o nosso técnico ornitólogo que fez

a revisão na plataforma CAPES e juntou os dados obtidos a partir desta revisão. É claro que, em algum

momento que tenha se passado por algum trabalho, num segundo momento agora, esses trabalhos serão

incorporados e considerações poderão ser feitas a partir desses novos dados. Desculpe, a outra ...questão

anterior...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: A Toninha!...

SR. TOMÁS: A toninha. O estudo, na verdade não ter sido feita a identificação de exemplares da

Toninha com dados primários, a gente teve o cuidado até porque tem estudos que indicam a presença da

Toninha, por exemplo, visualizações do estudo recentemente do Daniel Danilewicz em que ele coloca

visualizações de indivíduos na área mais norte do parque. Então é de consenso que a área é de

distribuição da Toninha, inclusive está no PAN Toninha, e por isso que o estudo, ele indica cronogramas

e indica a preocupação, o impacto da exclusão desses animais com a implementação do porto nessa área.

Então isso tá no EIA/RIMA e são propostos programas e é a resposta à preocupação com a toninha em

estudo.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pela participação.

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ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Botar num aquário, né? Bota a toninha no aquário, né, a solução,

né?

SR. FABIO: Boa noite a todos. Eu sou professor do NUPEM UFRJ, doutor em geologia, eu sou

especialista em mamíferos silvestres, terrestres, junto como o meu colega Salvatori. Eu trabalho com os

mamíferos silvestres aqui na região há mais de cinco anos, e tenho já 20 anos de experiência trabalhando

com o grupo, tenho currículo lattes também na plataforma da CAPES, então assim, eu não entendo como

é que vocês não encontraram esse trabalho publicado com nossa fauna local nos últimos 10 anos.

Realmente, eu acho que a metodologia utilizada no inventário, pelo menos no que toca

mamíferos silvestres, ela é extremamente deficitária, nitidamente um esforço amostral muito aquém do

colocado no stander, colocado para inventar os locais de mamíferos.

Só pra se ter uma ideia, né, os inventários colocam no mínimo mil armadilhas/noite no

inventário aqui de vocês que é apresentado pelo estudo de impacto ambiental torna no máximo 225

armadilhas/noite, que é que durante cinco dias num mesmo ano, ou seja, só em junho de 2013 as pessoas

passaram cinco dias em campo, com 225 armadilhas/noite, sendo que os trabalhos então demandam muito

mais tempo que isso, muito mais armadilha do que isso, praticamente cinco vezes mais o esforço

movimentado pra amostrar a diversidade local.

Outra questão é que a revisão dos dados secundários ela é extremamente deficiente, falhando

documentar várias espécies de ocorrência comprovada aqui na região, inclusive, em fragmento de matas

do empreendimento. E dentre essas espécies, pelo menos duas espécies são endêmicas, e uma se encontra

na lista de forma ameaçada de extinção no estado do Rio de Janeiro: o roedor (inaudível) um roedor de

espinho elencado como tão ameaçado pela (inaudível) como o mico leão dourado.

Então são todas as espécies de ocorrência comprovada, quanto na literatura quanto de coleções

científicas que foram completamente negligenciadas no trabalho de levantamento faunístico, nenhum

exemplar foi examinado.

Por último, só uma última questão técnica que invalida completamente o levantamento e o

acesso, o grau de preservação da mastofauna local, os poucos exemplares capturados, se eu não me

engano, três espécies, que é os mamíferos terrestres somente, todos eles, pelo menos dois deles figurados

lá nas ilustrações, estão identificados erradamente, a identificação estão incorretas, isso eu falo como

especialista com 20 anos de trabalhador (inaudível).

Então, e uma delas, inclusive, é uma das espécies recém-descritas, o ratinho goitacá, que foi

identificado como (inaudível), ou seja, nem foi identificado do nível específico, e foi identificado um

nível genérico completamente errado, é uma espécie endêmica da região descrita, tá lá no Currículo

Latter na plataforma CAPES e foi amplamente noticiado aqui nos jornais aqui da região, porque é uma

espécie endêmica das restingas aqui ao sul do Paraíba do Sul. Então é realmente com os resultados,

diagnóstico ambiental, a gente não consegue avaliar ali o grau de preservação da área.

Por último, assim, faltou localidades dentro do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba,

uma vez que ela tá inserida dentro das áreas de influência direta do empreendimento, nenhuma localidade

amostral foi colocada lá no parque, sendo que o Parque da Restinga de Jurubatiba é a restinga mais rica

em mamíferos do estado do Rio de Janeiro.

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Então basicamente não existe comparação, nenhum parâmetro de comparação nenhum, pra

diagnosticar que a mastofauna é depauperada, é pobre, na área do empreendimento. Pelo contrário, os

próprios dados, apesar dos erros de legislação já acusam a presença de pelo menos uma espécie endêmica

“cerradomys goytaca”, figurado no próprio relatório, apesar de estar identificada erradamente pelos

técnicos.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá ok, Fábio.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: Rodrigo, Weliton (inaudível) e Martinho (inaudível). Por favor, pode

começar.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Não tem resposta,não?

SR. RODRIGO: Boa noite a todos eu sou o Rodrigo, eu sou professor da UFRJ aqui de Macaé, faço

parte do NUPEM, e a gente... eu não tenho muito o que perguntar, não, a gente produziu uma série de

documentos, os documentos estão protocolados ali no INEA, e parte desses documentos também foram

enviados ao Ministério Público, mas a gente questiona principalmente nesse aspecto.

Eu não sei se vocês estão reparando, mas a argumentação tá rolando em torno de que vai haver

compensação. Quer dizer, o porto pra mim, ou pelo menos a fala, desculpa, inclusive na fala dos

avaliadores quando cita, por exemplo, que vai haver mecanismo de compensação do pescador, pra mim é

como se o porto tivesse algo incerto.

Agora, pra mim também ficou claro que a atividade de pesca acabou aqui em Macaé, porque

compensação não garante que essa tradição continue existindo, compensação pelo contrário, causa uma

acomodação e esses pescadores não serão mais pescadores. É realmente o fim da pesca, não existe

compensação possível pra isso, vocês me desculpem.

Bom, com relação a várias coisas que a gente cita aí, a gente explícita, vou fazer bem o papel

do Marcelo Pessanha aqui, a gente tem sentidos que mostram que a pluma de dispersão aqui de Macaé

chega até Búzios, inclusive é responsável pela morte de corais de Búzios. Isto está documentado, artigos

publicados, numa revista de fácil aquisição, eu tenho o nome dela aqui então eu documento pra vocês

também do INEA poderem consultar. Por favor, gente, façam o dever de casa de vocês, tá?

Alguns dados de vocês, inclusive, de dispersão, de contaminantes, eu não sei com o outro

professor que fez esse documento, eles mostram que os dados climatológicos estão defasados em 20 anos,

eles usaram a simulação com dados defasados em 20 anos, e isso tem a página do documento que mostra

isso e tá aí também no relatório de vocês.

Confesso que fiquei bastante assustado com o fato do INEA tá licenciando vocês me desculpe,

porque a gente tem uma série de outros empreendimentos muito danosos, como por exemplo, a

duplicação da faixa de duto do terminal Cabiúnas que foi licenciado pelo IBAMA.

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E será que pra ser considerado ações sinergéticas desses vários empreendimentos que estão

acontecendo na costa a área de fundeio, na minha opinião, eu não sou... não tive tempo de fazer isso, mas

a área de fundeio deste empreendimento está exatamente em cima da faixa de duto, essa faixa que vai ser

duplicada, basta uma âncora pra romper esse duto pra gente ter um grande acidente, de grande escala.

E aí o cara vem falando pra mim: efeito de baixa densidade e derramamento de um e dois, mas

é basta pra mim tem que somar esses efeitos sinergéticos todos, inclusive, da já existência de um porto

que quantificou em cinco anos, isso são dados do Ministério Público, 67 derramamentos de petróleo em

ocasiões de abastecimento de embarcações. Uma soma de coisas que vão tornar realmente um ambiente

muito arriscado pro pescador, pra banhistas etc.

O relatórios tem erros grosseiros, tem partes compiladas inteiras, inteiras – desculpa gente –

tem parte copiladas inteiras desse EIA/RIMA da ampliação do Terminal de Cabiúnas. Parágrafos,

inclusive, mal colocados, porque tem lugar lá que a pessoa tá avaliando floresta ondrófila densa e aí ela

recorta um trecho falando da floresta (inaudível) recorta um trecho e não fala mais (inaudível), fica lá

aquele parágrafo recortado, jogado lá no meio.

Então, assim, e eu acho que por último, assim, eu acho que... eu queria saber onde é que eu vão

ficar, onde que vão dormir esses caminhoneiros que estão aportados na cidade? Como é que esses

moradores vão ter que conviver com essa vizinhança, que são esses caminhoneiros que vão vir pra cá?

Quem acha que as terras de vocês vão valorizar, que o preço do imóvel vai aumentar... Eu acho

difícil. A gente sabe que qual é a vizinhança que porto trás. A gente sabe muito bem a vizinhança que o

porto trás.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Vai trazer o inferno.

SR. RODRIGO: Uma coisa que aconteceu, e é claro, na escolha por Macaé, eu acho que ficou claro que

os fatores determinantes foram: as fragilidades legais de instrumentos municipais que garantem a

contenção de áreas urbanas; a demora dos tramites legais de criação de novas unidades de conservação do

Barreto; a ineficácia do poder público de controlar invasões; e principalmente questões financeiras

relacionadas ao custo de implantação do empreendimento. Isso fica claro.

O ponto que torna perfeito as avaliações todas feitas de outras localidades, o ponto que torna

Macaé um lugar legal é falar que Macaé não tem beleza cênica. Faltou falar pra mim que Macaé é feia,

como se a feiura de Macaé não fosse fruto de exatamente esse tipo de empresa que chega aqui.

SR. MAURÍCIO COUTO: (inaudível) todos esses documentos eu vou abrir protocolo aqui...

SR. RODRIGO: Só pra terminar, eu queria que você desse uma lida nos cenários futuros desse

documentinho que foi entregue pra vocês. E depois ficar aqui duas horas ouvindo uma pessoa falar que

Macaé é uma cidade feia e que eles vão arrumar uma maneira da prefeitura finalmente olhar pra

população.

Esse pessoal vai concorrer pela água, vai concorrer pelos investimentos públicos, favorecendo

exatamente essa logística. Me perdoe, gente, eu devo ser muito burro.

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ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: (inaudível)

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Pessoal, eu sou médico sanitarista, sou médico do trabalho, atuo na

medicina nessa área de saúde do trabalhador e ecologia humana, e nesse caso, toxicologia humana e

ambiental.

Me assusta um pouco ou completamente, a total ausência de mencionar no EIA/RIMA essa

questão dos produtos químicos tóxicos e da questão dos produtos radioativos principalmente. Quem lida

com a indústria de petróleo sabe que há radioatividade presente nos tubos que são utilizados a longa

profundidade.

Então, nós já temos problemas de contaminação radioativa aqui no município, já temos

problema de contaminação de produtos químicos, tóxicos aqui, metais pesados.

Então, você faz uma EIA/RIMA e não cita isso, eu acho que é uma coisa muito grave. Então

você tem, você vai trazer um risco pra população, você nem tá mencionando aí o risco de explosões com

relação a não só produtos como óleo diesel, ou outros básicos, mas centenas, milhares de produtos são

utilizados na produção do petróleo.

Então todos esses produtos vão estar sendo utilizados e sendo armazenados nesse porto,

mesmo que seja temporariamente, e colocando um risco gravíssimo para os trabalhadores e para a

população.

Então eu não vi aqui exposto em momento... aliás, não está descrito no EIA/RIMA nada sobre,

nem produto químico, nem produto radioativo, são um grande nó que a gente tem aqui.

Chamo atenção como sanitarista pra questão da balneabilidade das praias, que obviamente que

vai piorar muito em função desse empreendimento aqui na região também.

E queria dizer pras pessoas que estão aqui, eu acho que tem pessoas que estão aqui que são

sinceras, embora as pessoas que estão apoiando o porto pra mim, são pessoas que tem interesses

comerciais.

Mas, as pessoas que acreditam mesmo e pode ter algum avanço pra população de Macaé,

vamos pensar no seguinte, vai haver uma piora já comprovada aqui e colocada. Na mobilidade urbana,

pra fauna e pra flora, os pescadores, pra qualidade de vida, seja na questão da balneabilidade das praias,

ou seja, pra poder utilizar as praias, pra não ficar inviáveis muitas dessas praias pra utilização pra

população, e seja pela questão do enfeiamento da cidade.

Teve até uma pessoa que mencionou, que comprou um lote de frente pro mar, que agora dá de

frente pro porto. Isso, sim, enfeia uma cidade, você colocar um porto é um negócio horroroso pra

qualquer no meio de uma cidade, que já tem bastante problemas ambientais, diga-se de passagem, não são

poucos. Além disso, impossível de citar...

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Impossível para (inaudível) porto.

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ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Exatamente. Então, riscos para a saúde da população, dos

trabalhadores, seja por metais pesados ou radioativos. E aí eu queria dizer uma mensagem final pra essas

pessoas que pensam em melhorar Macaé.

Eu acho que a melhoria pra Macaé não é trazer um porto pra cá, já tem outros na região aqui

que resolvem o problema. A questão é acabar com a corrupção do dinheiro público de Macaé, isso é que

resolveria o problema da região.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: (inaudível) Com relação ao material químico e radiativo o senhor poderia

dar uma colocação, por favor.

SR. ROBINSON ÁVILA: Ok, os materiais previstos para a movimentação do porto são: água, diesel,

cimento, petronita, salmoura e baritina. Esses são os produtos que estão previstos, além das cargas gerais

como tubo, válvulas, cabos.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Tubos contaminados.

SR. ROBINSON ÁVILA: A questão dos tubos, vamos analisar aqui a colocação do colega.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Vem morar em Macaé aqui do lado do porto.

SR. MAURÍCIO COUTO: Martinho (inaudível) O Pedro Marinho se quiser vir aqui pra frente, o

Leonardo Esteves.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Vocês tem que morar do lado do porto.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Vem pra cá.

SR. MAURÍCIO COUTO: Martinho. Deixa o Martinho falar, gente.

SR. MARTINHO SANTAFÉ: Boa noite a todos. Conforme vocês estão ouvindo e vendo o futuro de

Macaé está entregue a EIA/RIMA que é pior do que o EIA/RIMA do Porto do Açu e lá também foi

aprovado pelo INEA, e depois que a salinização daquela área se tornou um escândalo internacional, que o

INEA finalmente interveio, e ensaiou uma multa para a empresa EBX, do Eike Batista.

E coincidentemente, depois que Eike Batista começou a quebrar, o INEA depois de ter

aprovado uma termelétrica a carvão, o INEA resolveu voltar atrás. É assim que tem funcionado.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: É o poder econômico.

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ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Comprometimento.

SR. MARTINHO SANTAFÉ: Eu discordo, embora respeite, os argumentos da governança empresarial

de Macaé. Como eu discordo com um argumento simples, econômico.

Quando a governança fala que Macaé, esse porto será fundamental pra Macaé porque trará

mais recursos, e aí sim, a prefeitura poderá fazer os devidos... as devidas ações sociais.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Pobrinho! É muito pobre.

SR. MARTINHO SANTAFÉ: Parece que Macaé é um município que tem um orçamento de R$ 200 mil

por mês. Isso lembra muito a orçamento de dois milhões, isso lembra muito o Delfim Neto, como

ministro da Fazenda na época da ditadura. Ele falava: “Primeiro vamos fornecer o bolo e depois vamos

dividir”. Mas aí chegavam os ratos comiam o bolo e não dividia nada.

Existe uma teoria básica da macroeconomia que é o seguinte, o crescimento ele tem um grau

ascendente, o crescimento econômico na cidade. Chega um ponto que esse grau ascendente faz uma curva

assim, o crescimento começa a fazer mais mal do que bem. Por quê? Esse crescimento que quer colocar

em Macaé, que já está em Macaé, já está fazendo mal, porque as demandas são maiores do que as

receitas.

Por isso que Macaé tem dois bilhões, mas parece que não tem. Eu vou até dividir o que falei

ontem no COMMADS eu tenho uma amiga que é do PCdoB, é vereadora de Guarulhos, né, quando a

gente tá junto: “E sua cidade, dois milhões, lá deve ter calçada de mármore, né?”. Tem calçada de

mármore, não tem buraco na rua. Quando chove então é uma beleza, você que tem barco em casa, é um

lazer que você.

Então, isso não funciona, senhores, isso é ciência econômica. O crescimento atinge um grau

que ele começa a fazer mal, isso é ciência econômica, não é coisa de ambientalista. E Macaé já começou

a acontecer isso.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: A ganância.

SR. MARTINHO SANTAFÉ: Já começou, parece que quanto mais dinheiro entra aqui, parece que

dinheiro cai como bomba. Todo mês eu vejo no jornal, Macaé recebe mais 250 milhões. Mas o problema

é isso, né? Todo dia eu vi no Jornal Nacional, o prefeito de uma cidade recebeu sete bilhões de alguma

coisa. O cara chorou, o cara fez feriado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Martinho, por favor.

SR. MARTINHO SANTAFÉ: Então, funciona... não funciona, esse argumento é falso, ele funciona até

certo ponto. Quando o crescimento atinge o patamar, ele começa a fazer mais mal do que bem. É isso o

que eu queria falar. Obrigado.

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SR. MAURÍCIO COUTO: Pedro Marinho.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto!

SR. PEDRO: Bom, boa noite a todos! Eu sou macaense, morador de Macaé, e por ser morador de Macaé

acho que isso basta pra apresentação, porque eu vou morar aqui antes do porto, e se houver o porto eu vou

continuar morando em Macaé.

Bom, várias questões foram levantadas aqui e o primeiro ponto que tem que ser dito, eu li o

EIA, a parte social, eu li o RIMA, e a primeira coisa que tem que ser dita e que vocês devem perceber ao

ler, que esse EIA é uma grande ofensa a todos nós que nos propomos a pensar uma cidade. Porque dentre

todos os erros ele tem, inclusive, cópias de outros EIAs o que é criminoso, até onde eu entendo.

Então, sintam-se como pesquisadores, como técnicos do governo, ofendidos ao ler esse estudo,

como eu me senti ofendido como morador de Macaé ao ter contato com esse estudo.

Existe um erro no RIMA, básico, ele identifica a unidade de conservação como parque natural

municipal, e diz que ela é de uso sustentável. São esses profissionais que fizeram esse estudo, um erro

básico que fere o CONAMA, o SNUC, desculpa.

Eu gostaria de perguntar a Masterplan se ela tem funcionários aposentados do INEA?

Cabiúnas tem uma estação de tratamento de água pra abastecer o seu consumo. No mínimo,

esse porto tem que ter uma estação também pra garantir seu próprio consumo e não depender da CEDAE.

Isso aí é uma compensação básica de um empreendimento desse porte, mínima.

Eu quero lembrar que a população dos bairros limítrofes sofrem hoje com a falta d’água, e isso

não está considerado no EIA.

Os critérios de estabelecimento da área de influência direta, vocês me desculpem, vocês

mesmos disseram que um dos critérios foi exatamente os processo erosivos. Só que os corpos hídricos

dessa área correm pra dentro do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

Como que vocês usam o critério pra estabelecer essa área de influência, e deixam o parque de

fora, se um dos critérios são os processos erosivos e de escoamento de água?

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: É pra tirar o IBAMA da competência.

SR. PEDRO: Então, que fique claro que esse estudo, ele é uma afronta a qualquer pessoa que se propõe a

pensar o lugar que mora.

E mais, as pessoas que estão aqui hoje passando por isso e assistindo isso. Outra coisa, a

plenária está esvaziada, eu concordo com o senhor, mas não é porque nós estamos aí manifestando não, é

porque ela foi marcada às sete horas da noite, e ela deveria ter sido marcada num sábado, às 10h da

manhã, às 9h da manhã. Tem que lembrar que as pessoas aqui trabalham com outras coisas que não essas

que vocês trabalham. Nós vamos trabalhar amanhã de manhã.

Potencial de emprego. Potencial de emprego. Vocês falam de 400 empregos sem qualificação,

com o porto em funcionamento, emprego direto, 400 sem qualificação; 70 empregos de nível médio e 10

de nível superior. E quer me dizer que isso é um grande atrativo pro empreendimento?

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Eu quero que vocês pensem o seguinte, se a gente tivesse um programa de coleta seletiva,

minimamente esse programa de coleta seletiva, através de cooperativas, teriam empregabilidade de 1.200

pessoas, minimamente.

Então, não me venha com essa que vai ser bom pra Macaé ter meros 500 empregos, não chega

nem a 500 empregos diretos, por um investimento dessa magnitude. Ou seja, se a gente pegasse o valor

real desse investimento e dividisse pelas pessoas que vão ser diretamente afetadas... contratadas, a gente

estaria tornando uma parcela da população macaense milionária.

Eu quero lembrar que o bairro do Lagomar, hoje, limítrofe ao empreendimento, é uma

ocupação desordenada dentro de uma zona de amortecimento de um parque, e o estudo deve considerar

que essa área vai sofrer expansão pra dentro, sim, dos limites do parque, porque isso é um processo que já

vem acontecendo e é histórico na cidade de Macaé, e ele ainda não é considerado. Ou seja, Lagomar vai

avançar sobre o Parque Jurubatiba, e isso, sim, é um impacto direto.

Eu quero que o INEA considere que deve, sim, o Parque de Jurubatiba tá dentro da área de

influência direta, pois, do contrário, os senhores estarão sendo omissos, não só conosco, mas com as

futuras gerações, levando em consideração que o Parque de Jurubatiba é considerado pela UNESCO,

patrimônio da humanidade.

SR. MAURÍCIO COUTO: Pedro...

SR. PEDRO: Eu não terminei ainda e eu faço questão de terminar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, conclua...

SR. PEDRO: A comunidade que pesca, ela deve ser considerada...

SR. MAURÍCIO COUTO: Peço pra você ir concluindo, por favor.

SR. PEDRO: A comunidade que pesca, ela deve... Eu esperei até agora pra falar, agora os senhores vão

esperar.

A comunidade de pesca deve ser considerada como uma comunidade, uma população

tradicional e, portanto, regida por decreto federal que rege sobre essas questões.

SR. MAURÍCIO COUTO: Pedro, presta atenção, tem várias pessoas inscritas, você já passou em muito

o tempo, eu peço pra você concluir, por favor. Tá ok, Pedro?

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Nós estamos aqui escutando vocês.

SR. PEDRO: A Rodovia Amaral Peixoto é o único acesso...

SR. MAURÍCIO COUTO: Pedro, tem 16 pessoas inscritas.

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SR. PEDRO: É o único acesso ao empreendimento, e, portanto...

SR. MAURÍCIO COUTO: Pedro, pode falar no microfone.

SR. PEDRO: Ela tá me dando a fala dela.

SR. MAURÍCIO COUTO: Qual o seu nome?

SRA. BERNADETE: Bernadete.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá, então quando a Bernadete falar você vai voltar, tá bom? E aí, Pedro, fica

aí do lado.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Falta de respeito!

SR. MAURÍCIO COUTO: Leonardo Esteves. Leonardo, por favor.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Nós ficamos aqui escutando mentira de você.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Quem é o próximo?

SR. LEONARDO ESTEVES: Boa noite a todos e todas! Eu sou o Leonardo Esteves, sou presidente do

PSOL de Macaé, e é lamentável que todo o empreendimento tenha o tempo necessário pra expor toda, né,

os seus estudos, inclusive, equivocados, e os nossos participantes que vêm a essa audiência não contam

com o mesmo tempo.

Então, antes da minha fala eu queria reivindicar que libere o microfone pras pessoas

concluírem os seus pensamentos, assim como todos ficamos aqui esperando é... Eu vou esperar a atenção

do colega do INEA.

Eu queria reivindicar, antes de começar a minha fala, que tudo o que foi falado aqui, gravado,

registrado, seja transcrito e colocado no site do INEA, porque quando a gente vai fazer a consulta de

outros processos de audiências públicas, não são todas as audiências públicas que contém registro

videográfico e a transcrição do que as pessoas falam. E isso consiste num grave desvio no processo de

licenciamento, que é evitar que o público conheça o que foi debatido. Então eu peço, por gentileza, esse

registro.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá registrado aqui. Se você puder encaminhar os que estão faltando também

pra CECA, a CECA vai cobrar do INEA pra disponibilizar.

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SR. LEONARDO ESTEVES: Ok, então agora eu vou começar minha fala. Bom, companheiros e

companheiras, o Partido Socialismo e Liberdade acredita que esse EIA/RIMA, esse processo de

construção do porto, além de ser... o projeto que foi inscrito, processo de relatório e o Estudo de Impacto

Ambiental é insuficiente, inadequado, não contemplou, segundo diversos especialistas que vieram fazer

uso desse microfone e submeteram documentos na mesa, são incongruentes com relação... inconclusivos

com relação ao projeto.

Então nós não reconhecemos esse processo do EIA/RIMA, apresentado pela empresa Queiroz

Galvão nessa audiência como um documento pertinente pra ser analisado, visto a quantidade de furos e

ausências de debates que faltaram na condução do projeto e no debate com a população. Queria que fosse

registrado isso também.

A outra questão que eu gostaria de colocar bem claramente, e se puder fazer a resposta agora

pra eu poder dar a tréplica é: Qual é a previsão de lucro líquido da Queiroz Galvão após a fase de

recuperação do investimento? Por gentileza, qual é a projeção de lucro líquido anual que vocês projetam

pro empreendimento de vocês?

SR. MAURÍCIO COUTO: É sua última pergunta?

SR. LEONARDO ESTEVES: Sim, depois eu vou fazer uma consideração.

SR. MAURÍCIO COUTO: Pois não, se a empresa tiver condições de responder, não sei se ela tem esse

dado aí.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: É segredo, segredo, não conta pra ninguém não, hein?

SR. ROBINSON ÁVILA: O faturamento bruto de R$ 300 milhões, com uma margem líquida de 5%.

SR. LEONARDO ESTEVES: Anual?

SR. ROBINSON ÁVILA: Anual. Em torno de R$ 15 milhões de lucro líquido/ano. Sim.

SR. LEONARDO ESTEVES: Então, companheiro... quando... Só pra concluir. Quando nós fomos

convidados para essa audiência pública, houve o anúncio, inclusive, o setor político, né, os parlamentares,

os poderes executivos e legislativos, em sua ampla maioria, defendem a construção desse projeto, porque

eles estão pensando somente na lucratividade da empresa.

Quando esse projeto foi apresentado pra população, foi apresentada a ideia de que isso traria

um bem pro município, traria empregos pro município, que atenderia a expectativa de expansão do setor

produtivo do petróleo. A Petrobras tem um projeto de expansão da produção que sai de 2013, com 2,1

bilhões de barris de petróleo/dia pra 2020, projetados pra quatro milhões de barris/dia.

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Então, em nenhum momento foi dito qual é a lucratividade que a Queiroz Galvão vai auferir

aqui nesse projeto, e esse projeto tem sido vendido pra população de modo falso que trará um benefício

pra ela. E a gente tá vendo que isso não tá ocorrendo mediante as inúmeras falações.

Então, população e companheiros que vieram aqui reclamar, e reivindicar contra a construção

do porto, não é verdade que os impactos ambientais poderão ser mitigados e compensados, existem

impactos ambientais, existem impactos sociais que destruirão toda uma cultura da pesca; que destruirão a

fauna e a flora que não foram estudados no relatório e no Estudo de Impactos Ambientais. São prejuízos à

humanidade irreparáveis, nenhum porto, nenhum lucro de uma empresa substituirá o desaparecimento de

espécies, que pode, inclusive, conter a cura de doenças da humanidade.

A outra questão é que a população mais afetada, que é a do entorno do projeto, sequer tá sendo

considerada. Se você que pega ônibus todo dia no município de Macaé... todo mundo... Se você que pega

ônibus no município de Macaé vive o problema e o drama da falta de qualidade no serviço público de

transporte e de saúde, vai entender que esse projeto vai piorar essa... a qualidade desse serviço. Porque

esse projeto não é pra atender a melhoria da população, é pra atender a lucratividade e a perspectiva de

lucro da Queiroz Galvão, arriscando a qualidade de vida da população.

Pra encerrar, desculpa abusar da palavra, pra encerrar aqui, eu queria fazer uma convocação

pra todos os militantes, todos os ativistas, toda a população que esteve presente aqui resistindo a esse

projeto, que a gente continue na caminhada. Porque eles têm os milhões deles nas contas e nos projetos

deles, e nós podemos ser milhões, milhares nas ruas, porque só assim que a gente vai parar esse porto.

Que o poder econômico não vai superar o poder da massa de pessoas nas ruas reivindicando.

SR. MAURÍCIO COUTO: Gustavo também, se puder vir aqui pra frente. Gustavo...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Boa noite a todas as pessoas presentes, Dr. Maurício, prazer em

revê-lo aqui, nós que nos encontramos em tantas audiências pelo Norte Fluminense principalmente.

Eu não gosto de currículo, não, mas eu já notei que é necessário a gente falar alguma coisa a

respeito do que se faz. Olha, eu tenho mestrado e doutorado em História Social pela UFRJ, sou

pesquisador em História Ambiental desde 1980, sou militante, sou ativista em defesa da questão

ambiental no norte, noroeste Fluminense, e sul do Espírito Santo, desde 1977.

Então eu estou aqui porque a região é... eu faço parte dessa região, eu trabalho nela, né? Não é

o fato de eu não ser macaense, que nem campista eu sou, eu não sou campista, isso não quer dizer nada.

O que eu acho é o seguinte, examinando o EIA e o RIMA. Primeiramente... a região que vem

do Rio Itapemirim, do Espírito Santo, até o Rio Macaé, que eu denomino de região, eco-região de São

Tomé. Essa região tem características muito singulares. Por exemplo: ela é formada por um grande aterro,

a costa, um grande aterro vindo do mar e vindo da serra.

Isso não foi devidamente caracterizado nos estudos, então a gente vê que nesse trecho, do Rio

Itapemirim até o Rio Macaé, vão ser agora cinco empreendimentos portuários, e não se leva em momento

nenhum a questão da sinergia negativa desses cinco empreendimentos funcionando ao mesmo tempo.

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Nós temos o Porto de Presidente Kennedy, espero que o INEA não licencie o Porto de Canaã,

de São Francisco, o Porto do Açu, que a gente não sabe onde que vai parar. O empreendimento portuário

de Barra do Furado, e esse aqui da TEPOR. Cinco atuando, isso não parece ser levado em consideração.

Tipo, não se pode mais hoje em dia licenciar uma represa pra geração de energia elétrica do

Rio Paraíba, por exemplo, sem levar em conta toda a bacia do Rio Paraíba.

Mas, os empreendimentos fazem estudos, assim, muito pontuais, não leva em conta o que está

a montante e jusante. Então eu acho que foi isso, não foi levado em consideração isso.

A presença das unidades de conservação, dos arredores desse empreendimento, isso já foi

apontado aqui com bastante propriedade. Eu acho que não é necessário me aprofundar enquanto a isso.

Eu não consigo também entender, desculpem, é ignorância minha, não consigo saber como é

possível conciliar peixes, mamíferos aquáticos, e a circulação de navios. Não sei. Esses navios circulam

pra cá e pra lá, e os peixes também se afastam.

Isso eu me lembro muito bem do último diretor... penúltimo... do Departamento Nacional de

Obras e Saneamento, quando a gente reclamou que os peixes entravam pelo canal da Flecha, batiam nas

comportas e não chegavam à lagoa Feia. Ele falou: “Isso é muito simples, basta o peixe subir, entrar pelo

Rio Paraíba, pegar um canal e chegar até a lagoa Feia!”.

Eu falei: Se o senhor financiar um programa de educação para o trânsito para os peixes e

colocar sinalização, tudo bem...

Eu acho que Macaé também já tá saturado, hoje não é mais Macaé, hoje é Macaé, Rio das

Ostras, é Barra de São João, Unamar, é uma coisa só, tá saturado, isso vai saturar mais ainda, um porto

satura mais ainda.

Agora, olha só, apontar várias falhas num Estudo de Impacto Ambiental e no RIMA. Eu

endosso. É simples, vou pegar só um elemento aqui pra mostrar. Na bibliografia do RIMA colocaram

Alberto Lamego como sendo um só, botaram Alberto Frederico de Moraes Lamego, que é o pai, e

Alberto Ribeiro Lamego, que é o filho, como se fosse uma pessoa só escrevendo aqueles trabalhos todos.

Isso é um desleixo!

Sabe o que é que acontece? Acontece que as pessoas querem impressionar o reitor com

bibliografia, então aí jogam aquilo tudo lá sem nenhum critério, sem conhecer aquilo tudo.

Então, em outras palavras, eu quero dizer o seguinte, eu pesquiso desde 1980, toda vez que eu

acho que eu sei alguma coisa dessa região eu levo um tombo, aparece um dado que eu não tinha antes.

Apanhei, apanhei. Agora, não é um estudo de três meses, de seis meses, tem pelo menos um ano de

estudo pra se conhecer uma área, não é assim, eu sei que não é.

No caso do Porto de Canaã, a equipe, quer dizer, a consultoria ambiental se perdeu, se perdeu

no município. Achei, assim, uma coisa surrealista, a equipe se perder no município? Aconteceu isso. O

Rio Guaxindiba, eles consultaram. Como é o nome desse rio? Canalão. Botaram Canalão! E dizem que

não tem estudo, tem estudo que não acaba mais. Mas, eu acho que a pressa não permite isso, né?

Agora, eu pergunto aos senhores, só essa pergunta: Os senhores realmente acreditam em tudo o

que estão falando? Acreditam mesmo?

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Porque fica difícil. Eu agradeço muito, né? E deixo bem claro qual é a minha posição: eu acho

que esse porto não pode se instalar aqui, pelo menos três já existem, e a Petrobras vai ampliar as suas

instalações, o que é preciso cuidado também.

Então nós teremos o Porto de Imbetiba, o Porto de Barra do Furado, o Porto do Açu e o Porto

de Presidente Kennedy. Peço mais uma vez, encareço ao INEA e a CECA, que não aprove esse porto

aqui, nem o Porto de Canaã.

SR. MAURÍCIO COUTO: Gustavo (inaudível) tá aí? Então vamos pro Fábio Fabiano. Por favor, Fábio.

SR. FÁBIO FABIANO: Boa noite pra todos! Meu nome é Fábio Fabiano, sou assessor parlamentar

socioambiental da deputada Janira Rocha, PSOL. Em primeiro lugar eu gostaria de identificar qual foi o

cidadão da mesa que disse que querendo ou não vai acontecer o porto. Pode se identificar, por favor,

quem falou essa frase? Ninguém falou. Eu achava que não ia ter coragem de aparecer...

Bom, então, falando isso, acho que tem que botar um nariz de palhaço, porque isso aqui é uma

palhaçada, né? Por quê? Porque a gente assiste a dizer que desenvolvimento econômico é isso? Cadê o

desenvolvimento social? Econômico pra quem? Quem que vai se elucubrar com esse desenvolvimento

econômico, né? Então essa é uma questão.

Outra questão é a questão de compensação. A palavra compensação ambiental nem sempre

compensa, e nesse caso não compensa, principalmente o social, a gente fala mais em compensação

ambiental e o social, não.

Aí, mais uma vez se compensa os pescadores, coitados, eles não sabem pescar, temos que

ensiná-los a pescar. E aí se dispõe um dinheiro de compensação ambiental para capacitação de

pescadores, pra ensinar o pescador a usar rede direito, a usar o anzol, a pescar em lugar onde não tem

poluição de barita, como o cidadão falou, baretina, é barita, é metal pesado, né? Lembra o (inaudível),

aquele remédio, todo mundo tomou e morreu? Pois é, então, é lançado por aí e nego nega que não tem

concentração com a radioatividade.

Os tubos também têm radioatividade. Eu me lembro em Arraial do Cabo, quando eu era

(inaudível) da reserva, eu pedi a empresa que contratasse uma empresa pra medir. Aí o cara disse: “Não,

isso aí você pode dormir em cima.”. Então deita você, com seus órgãos genitais aí em cima pra ver se tá

certo, pra ver se um dia você vai reproduzir mais alguém nessa terra. Não teve condição também pra isso,

assim como não tem coragem o nosso amigo da mesa se identificar.

Então, acho um absurdo gastar dinheiro pros pescadores quem sabe pescar é pescador, né?

E a questão também, vou fazer um breve histórico em relação ao licenciamento do INEA. Aí

eu fui funcionário da ex-SUDEPE, do Ibama, hoje sou do ICMBio, à disposição da Alerj, porque eu

fiquei lotado em Brasília, saí de Arraial do Cabo, aí me lotaram em Brasília pra eu não voltar, né, aí eu tô

nessa questão de voltar.

Então, na realidade, o que a gente tem é a certeza de impunidade de licenciamento, né? Vamos

lá citar o histórico do licenciamento do INEA. No Rio de Janeiro, TKCSA, pessoas morrendo

envenenadas pelo ar, pela água, pelo solo, por tudo quanto é lugar. Não acontece nada.

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Questão do Comperj, licenciamento também acontece, todas as unidades do ICMBio foram

contra, tiraram pessoas de um lugar pra outro, por causa disso. Uns caem outros sobem, né? Eu não sei

como esse pessoal da consultoria deve ganhar muito bem pra poder tá aqui fazendo um papel desse, um

papel desse ridículo, né? Pelo amor de Deus!

Porto do Açu. Pra que aquele porto? Cadê? Licença do INEA.

Porto de Arraial do Cabo. Malte, não está contemplado no EIA/RIMA, mas o porto malte e voa

pra tudo quanto é lado, né? Então mais um absurdo do licenciamento do INEA mais uma vez aqui.

É lógico que é uma dobradinha do IBAMA e o INEA, lógico, enquanto tiver o nosso grande

secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, vai ser essa questão. O IBAMA é anulado pra que seja

feito pelo INEA.

Só que como é que se anula um licenciamento do IBAMA numa zona costeira, numa lei

federal, e o patrimônio nacional garantido pela Constituição Federal? É ridículo!

Bom, então só, na verdade, aqui, eu também não acredito em nenhum laudo monitório, não

existe monitoramento nesse país. Ninguém monitora nada, vai dar licença, não vai renovar a licença, vai

continuar tendo licença e ninguém vai monitorar nada. Então isso aqui é tudo uma mentira. Isso é tudo

uma mentira, se já tá comprovado por toda atuação que é ilegal, só me resta reivindicar ao INEA que

multe a empresa consultora, como está na lei.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado. Tiago, Tiago Silva. Tiago, boa noite!

SR. TIAGO SILVA: Boa noite a todos. Sou Tiago Silva, represento o bairro do Lagomar, e assim, ficou

bem a apresentação aí que Macaé veio de uma vila de pescador; a Petrobras chegou aqui com o poder

capitalista, pisou nos pescadores, colocou o porto, desenvolveu a cidade, e agora tá querendo pisar mais

uma vez com esse porto.

Só que a culpa disso não é da empresa, não é do INEA, o que eu tô vendo é das nossas câmaras

que passaram aí, e assim, a lei do município permite isso, só que a lei de Maricá não permitiu, a lei de

Angra não permitiu, entendeu? As nossas câmaras que passaram por aí, que alguns de nós elegeram aí

essas pessoas, não lutaram pelo nosso município, não planejaram a nossa cidade. Agora tão querendo

acabar de acabar com a nossa Macaé. Obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Mateus.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Arruma as malas de volta...

SR. MATEUS OLIVEIRA: Boa noite! Sou Mateus Oliveira, sou militante do PSTU, sou petroleiro,

inclusive, trabalho aqui no terminal de Cabiúnas, que foi bastante citado.

Existe um mito que estava tentando se construído, e hoje esse mito deu com a cara na parede

de que Macaé precisava desse porto. Agora, tá cada vez mais claro de que, de fato, quem precisa desse

porto é a Queiroz Galvão. Indo mais além é, inclusive, os Estados Unidos, que quer, sim, impor uma

lógica no Brasil de produção de petróleo a ritmo frenético... a ritmo frenético pra poder conseguir escoar

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petróleo com preço de banana aqui no Brasil, ao invés de ter que comprar do Oriente Médio, que passa

por uma série de revoluções, a Primavera Árabe, porque o povo que sempre foi oprimido e explorado,

apesar de ter uma riqueza gigantesca, tá levantando a cabeça agora, erguendo a cabeça, se recusando a

continuar na servidão.

Qualquer semelhança com Macaé não é mera coincidência; uma cidade rica que, como muitos

citaram aqui, ano após ano, mês após mês, nós vemos as matérias do aumento a arrecadação, e, no entanto

a classe trabalhadora, a população que faz essa riqueza não vê ela no dia a dia.

Então, quem precisa desse porto, vamos dizer muito claro, é, sim, a Queiroz Galvão, são fins

parlamentares ligados a essas empresas que financiam suas campanhas. É, sim, os Estados Unidos, por

quê? Se a gente for ver a população macaense, os trabalhadores, pergunta aqui aos pescadores se eles

querem esse porto. Pergunte, vamos ver de perto. Aos moradores de São João da Barra, que foram

assediados e coagidos com milícias armadas, porque se recusaram a abrir mão de suas casas com aluguel

social caindo na miséria, e que foi isso que foi proposto por lá.

Existe um filósofo alemão que dizia: “A história acontece como tragédia e se repete como

farsa”. A tragédia nós estamos vendo aí no Porto do Açu, a Cidade X, nós estamos vendo com as

promessas da Copa, e eu não quero que essa farsa se repita aqui em Macaé.

E se for necessário a gente seguir os ensinamentos que a população brasileira recordou, nos fez

ensinar mais uma vez nas ruas, em 2013, nós vamos fazer aqui também, nós vamos seguir esses

ensinamentos.

Desde o ano passado a população brasileira retomou, redescobriu a força que tem, impediu o

aumento da passagem no Brasil inteiro. Esse ano a gente tá vendo aí nas mídias, nas redes sociais, a

imprensa querendo criminalizar, e a palavra de ordem é essa mesma: Não vai ter Copa. Por quê? Essa

Copa que foi prometida como uma Copa dos brasileiros, uma Copa da população, é, na verdade, uma

Copa de uma meia dúzia, é a Copa da Fifa, é a Copa dos despejos forçados, e mera coincidência com esse

porto não é um raio em céu azul.

E nós vamos seguir então aqui, eu faço um chamado, quero somar aqui o chamado que o

Leonardo Esteves fez. Porque essa audiência já tá clara, né, que tem um valor protocolar quase, pra dizer

que teve. Não vai ser aqui que nós vamos barrar esse absurdo.

E, para além, complementando sobre mitigar ou barrar o porto, o próprio estudo do porto

quando diz respeito aos impactos sociais, ele lista alguns, mas, na hora de dar uma política, não consegue.

Porque isso não tem como mitigar, não tem solução. Sabe qual é a solução? É fora porto! Não vai ter

Copa, é o que estão falando o Brasil inteiro, e aqui com a galera vamos dizer: Não vai ter porto! Não vai

ter porto!

Porque não vale a pena nós colocarmos em risco a população da nossa cidade, inclusive, alguns

argumentos aqui de higienização social. Porque falaram lá em Imbetiba é mais desenvolvido, é mais

estruturado, vamos solucionar esse problema, vamos simplesmente pegar o problema e colocar próximo

ao maior bairro de Macaé, que é o Lagomar.

É isso, então a solução pra quem mora bem em Macaé, pra quem tem mais dinheiro, é

simplesmente transferir e ampliar o problema pra onde já tem muito problema e, sequer, saneamento

básico e água é garantida.

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Então, eu faço um chamado aqui, a gente seguir adiante de cabeça erguida, aprendendo que a

população brasileira reensinou pra gente no ano passado. E se no Brasil inteiro eles estão falando: “Não

vai ter Copa”, apesar de nós termos aqui o nosso arquipélago, Macaé é uma ilha, vamos aprender com

isso também, e seguir aqui na nossa cidade, dizendo o seguinte: Não vai ter porto!

Esse é o chamado que a gente faz aqui do PSTU. Não quero respostas porque já estou muito

esclarecido. Aqueles... eu vi colegas aqui, engenheiros do Crea e tudo, que sempre se balizam em

argumentos técnicos. Acho que essa audiência aqui hoje deixou claro que tecnicamente esse porto não

tem motivo pra existir.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, Mateus.

SR. MATEUS OLIVEIRA: O que tem motivo pra esse porto existir são, de fato, o valor do lucro

líquido que a Queiroz Galvão vai arrecadar ano após ano aqui. A população de macaense, os

trabalhadores de macaense não merecem mais esse ataque. Não queremos ter uma nova Cubatão, e o

chamado que a gente faz é esse: Engrossar as lutas e vamos barrar esse porto.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado. Vicente. Vicente. Vicente já falou, mas, se quiser fazer uso. Você

já se manifestou. Depois é a Bernadete, que eu acho que ela vai passar a palavra pro Pedro. Considerações

finais, Vicente, apresente as considerações finais. Microfone pro Vicente, por favor.

SR. VICENTE: Pra falar a verdade, eu tô me sentindo, assim, tão contemplado com o que eu já ouvi, o

que eu teria pra falar eu acho que já foi dito. Então eu concordo com o que as pessoas colocaram aqui de

uma forma muito pura, e às vezes até com um subsídio muito grande também.

Então eu tô completamente satisfeito do que eu ouvi, e eu acho que colocaria... eu ia repetir

muita coisa. Eu acho que é isso aí, a gente tem que lutar por uma coisa que a gente acredita, o objetivo

não é ir contra alguém, mas é em defender a qualidade de vida que a gente merece ter, nós estamos todos

vivos ainda, e a qualidade de vida é muito mais do que lucro, do que... a gente precisa de tempo pra

conviver entre os nossos semelhantes, com a natureza.

E um empreendimento desses agora pra Macaé, ele só pode trazer mais tumulto, a gente não

tem como subsidiar uma coisa dessas, a prefeitura não consegue cumprir com o mínimo. Eu trabalho

dentro da prefeitura, eu sinto a maior dificuldade em trabalhar, eu não quero aqui colocar essa situação

porque a gente se sente até mal, porque são companheiros nossos que nos coordenam e tudo. Mas a gente

tem uma dificuldade muito grande em promover qualquer coisa, e mais um empreendimento desse a

gente não visualiza uma melhoria de qualidade de vida de forma alguma. O aumento de população que

vem junto com o porto, você promove emprego pra 500 pessoas, pra 600 pessoas, aí vem 20 mil pessoas

atrás disso daí.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Sessenta mil só no Lagomar e Engenho de Dentro.

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SR. VICENTE: Pois é, então, pra mim, eu tô satisfeito com o que eu ouvi, não com o EIA/RIMA, mas

eu acho que a gente pode aprimorar uma outra linha de desenvolvimento pra cidade.

SR. MAURÍCIO COUTO: Sra. Bernadete, Pedro... acho que é Bernadete e Pedro, né?

SRA. BERNADETE VASCONCELOS: O Pedro vai falar, eu só quero falar uma coisa. Boa noite a

todos! Meu nome é Bernadete Vasconcelos, eu faço parte da... sou membro da Agenda 21, trabalho na

Revista Visão Socioambiental.

Eu acho que hoje é um dia histórico, e é preciso, antes de mais nada, refletimos o que tá

acontecendo aqui agora, pra esta e futuras gerações. Muito fácil decidirmos agora a questão do porto,

depois de instalado, os problemas virão, não existe essa coisa de mitigar, me desculpe, mas mitigar e

compensar, não existe. A história, os outros empreendimentos estão mostrando isso.

Então, me desculpe mais uma vez, depois de tantas falhas no EIA/RIMA, gostaria de me dirigir

ao INEA, como acreditar numa empresa que, na primeira fase, ela não teve a responsabilidade de produzir

um material digno pra ser apresentado a uma população aqui em Macaé.

Subestimaram... subestimaram a nossa capacidade, isso que é uma verdade. Houve tempo

suficiente, e com certeza a empresa deve ter pagado muito bem para os seus consultores. Agora, ela

também é responsável porque fez a escolha. Muito bem.

Macaé não tem como sustentar um porto, um outro porto. A população macaense não suporta

mais. Macaé com mais um porto, Sandra, Macaé morto. Obrigada. E depois pro Pedro.

SR. MAURÍCIO COUTO: Um minuto e cinquenta e nove. Pedro, por favor, complemente com a sua

fala, por favor.

SR. PEDRO: Tentando concluir. O EIA não considera a comunidade pesqueira como atividade

tradicional, e aí ela passa a não ser regida por decreto específico e garante uma série de direitos à

comunidade pesqueira.

E aí é preciso lembrar que a comunidade pesqueira de Macaé ela tá aqui antes da Petrobras, e

trabalha desde então nos mesmos termos, com as mesmas ferramentas, o mesmo tipo de barco, com os

mesmos equipamentos, portanto, trata-se, sim, de uma atividade tradicional.

Eu quero levar em consideração também, quero chamar atenção a todos, que a Rodovia Amaral

Peixoto é o único acesso ao empreendimento, e a Rodovia Amaral Peixoto já serve de acesso ao terminal

Cabiúnas; já sofre com grande quantidade de trânsito, com engarrafamentos imensos, de grande parcela

da população. Então, deve-se considerar uma medida compensatória, isso se é que existe.

Existe uma petição de criação pra uma unidade de conservação municipal, no parque

municipal, na área do empreendimento, exatamente na mesma área. Essa petição, ela foi impetrada na

Conferência Municipal de Meio Ambiente em 2012, e o EIA não considera isso. E, segundo a legislação

eu entendo que se há o pedido de criação de unidade de conservação, não pode haver a possibilidade de

criação de nenhum outro empreendimento até que isso seja resolvido. E o EIA simplesmente apresenta o

seguinte, pra eles, se não fizer o porto, lá vai se tornar uma favela, é isso o que eles dizem.

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E aí é interessante porque também já se considera toda a população do entorno, né? Enfim, não

vou nem completar a frase.

O bairro do entorno não tem rede de esgoto, não tem rede de esgoto. Todo aquele bairro em

volta do empreendimento não tem, e é esse bairro que tá na área de interferência direta do

empreendimento. Então, pode compensar, vai botar rede de esgoto pra todo mundo?

Falta área de lazer no bairro, se o INEA parar pra observar, segundo a lei orgânica do

município, o Estatuto das Cidades, ela diz que determinada quantidade de habitantes você tem que ter

aparelhos de lazer e você tem que ter áreas verdes. Nessas áreas limítrofes não há essas áreas verdes, nem

essas áreas de lazer, e, portanto, doar uma área municipal que poderia tá sendo usada como área verde,

área de lazer pra mais um porto num bairro carente, é simplesmente um absurdo, e priva a população dos

seus direitos.

A falta de água é comum no município. Autorizar um empreendimento a consumir 100m³ de

água/hora, é um absurdo. Portanto, eu quero perguntar o seguinte, esse porto é para quem? Segundo, não

é possível compensar esse porto, por isso, o porto não compensa.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, Pedro. Ana (inaudível). Ana está aí? Está ali. Obrigado, Ana.

Ajuda aí a Ana, por favor.

SRA. ANA: Boa noite a todos, boa noite! Tô aqui e daqui a cinco horas eu vou sair pra completar a lista

de espécies porque a gente precisa levantar os recursos naturais dessa região.

E é em função dessa informação que eu gostaria só de fazer um pedido junto ao INEA, de que

considere a possibilidade de simplesmente desconsiderar o seu relatório de estudo ambiental o Rima e

EIA, em função de infelizmente encontrar, assim como os meus colegas já falaram, né, também sou

professora da UFRJ, pesquisadora, muitas inconsistências. E eu vou me basear basicamente num único

argumento.

Pra 18 lagoas no Parque Nacional de Restinga de Jurubatiba e uma lagoa urbana em

(inaudível), são 100 espécies de peixes que vivem nessas lagoas. Isso representa mais ou menos metade

das espécies de peixes que toda a Austrália tem.

O Rio Macaé sozinho no seu estuário, no seu estuário que é poluído, poluidaço, possui 128

espécies de peixes. E eu gostaria de entender, perguntando a empresa consultora, como pode um

levantamento feito na área do empreendimento, levantar apenas 25 espécies, se em lagoas existem 100 e

no estuário poluído, 128?

Muitas dessas 128 espécies de peixes são espécies que vivem nessa área de costa próxima. Na

verdade, não vou nem perguntar porque eu já imagino a resposta, foi um trabalho feito no mês de junho,

com um jogo de rede de espera e com quatro arrastos.

E me desculpa, o pescador, ou quem fez esse arrasto, fez muito mal feito! Se fosse um aluno

meu eu desconfiaria disso. Não tem condições de acreditar que num trabalho de pesquisas se levante 25

espécies de peixes no mar.

A lista que complementa, que chega a quase 100 espécies, ela é válida, mas ela não é válida pra

essa região, ela é válida pros estuários de Sepetiba, pra outras áreas do Rio de Janeiro.

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E agora o celular de alunos meus, porque o meu celular não tem acesso à internet, a gente

colocou “peixes da região de Macaé” e tem condições de baixar esses trabalhos, não necessariamente no

site do CAPES o que é louvável que a empresa tenha pegado no site do CAPES, mas nós temos várias

dissertações e vários trabalhos que poderiam ser acessados pela internet.

Então, realmente, eu não vou me posicionar, quer dizer, me posiciono como cidadã de Macaé,

contra o porto por não ver a sua viabilidade. Mas eu consideraria até avaliar a possibilidade de acontecer

ele, mas não baseado nesse estudo como ele está.

Por fim, eu gostaria de deixar uma lição de casa pra todo mundo, um home work pra todos nós,

quem não tem ainda, tente comprar um livro chamado “Colapso”, vai ser um investimento na vida de

vocês. Esse livro eu comprei há oito anos atrás, numa livraria de um aeroporto, no aeroporto, quando eu

vim do Rio Grande do Sul pra virar macaense, e o que me chamou atenção no capítulo... no penúltimo

capítulo desse livro... esse livro ele é escrito... ele é um recorde de vendas pelo mundo, é escrito por um

geógrafo chamado de “Jared Diamond”, e no penúltimo capítulo desse livro ele apresenta aqueles lugares

do mundo que foram beneficiados... beneficiados e prejudicados pela indústria do petróleo. É possível,

mas quando eu peguei esse penúltimo capítulo hoje e comparei com todo o material que estava a minha

disposição, que como técnica eu avaliei, eu vi que nós vamos seguir o caminho contrário. E a continuação

desse título é “Colapso - Como a Sociedade Escolhe o Fracasso ou o Sucesso”. Tchau.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, Dra. Ana. Agora, Aristóteles, por favor. Já foi? Então, por favor, é

o Germanes.

GERMANES MOTA: Bom, pessoal, eu sou Germanes Mota, sou funcionário da Petrobras, há 12 anos

trabalho no porto e sou macaense nato, sou tetraneto de um homem chamado Juca Brilhantino, o homem

que construiu a Lira dos Conspiradores, e que construiu também, ajudou na participação da Nova Aurora.

A Lira dos Conspiradores foi depois.

Por que é que eu tô falando isso? Esse homem também ajudou a brigar pela linha férrea que

existia entre Glicério até Macaé, e a ativação do Porto de Imbetiba para a produção de café.

Nossa cidade era uma grande produtora de café, até a década de 30, quando teve o crack.

Depois disso, todos esses sobrenomes que nós temos aqui, estrangeiros, bacanas que nós temos em

Macaé, são famílias que praticamente passavam fome depois da crise do café. Passavam fome porque

acabou a produção de café. Uma realidade dura, que muitos macaenses têm vergonha de falar, porque

seus avós e bisavós se silenciaram sobre isso.

Com relação à Jurubatiba, eu tenho uma coisa pra dizer, graças a Deus, se eu não me engano

em 98, conseguimos fazer com que Jurubatiba se tornasse um parque nacional, e felizmente nós temos um

parque pra poder preservar a natureza e as espécies da restinga. Caso contrário, se não tivéssemos, já

teríamos passado Carapebus há muito tempo, igual fizemos com Rio das Ostras, já emendamos Unamar,

São João da Barra e já estamos e lá em Cabo Frio.

Com relação às espécies de Jurubatiba, que nós temos dispersas por toda a nossa região dentro

do meu quintal havia uma espécie de Jurubatiba, eu quero dizer o seguinte, se a gente for querer preservar

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tudo relativo a Jurubatiba, nós vamos ter que tirar essa escola, vamos ter que tirar o batalhão da Polícia

Militar, vamos ter que tirar a praia daqui. Eu te pergunto: Vocês vão morar aonde, em Marte?

Evidentemente que não. Isso é uma coisa que vocês têm que refletir.

Ajude a preservar Jurubatiba, isso sim é importante, é vital. O nosso amigo Marcelo só tem seis

funcionários pra tocar Jurubatiba inteira.

SR. MARCELO PESSANHA: Não, eu falei pro senhor, eu tenho seis pessoas no meu quadro, 30

pessoas em outros quadros.

GERMANES MOTA: Oficialmente seis, o resto é ilegal. Não atende, não atende, você tem deficiência.

SR. MARCELO PESSANHA: Atende sim, eu sou o chefe e afirmo: Atende.

GERMANES MOTA: Jurubatiba tá atendida?

SR. MARCELO PESSANHA: Está muito bem atendida.

GERMANES MOTA: O senhor sabe que em Jurubatiba tem um monte de caçadores, tem lixo jogado lá,

é um lugar horroroso, você sabe muito bem disso. Eu estou aqui pra defender Jurubatiba e o senhor não

está. Está faltando com a verdade, sabe disso, sabe disso.

Ano retrasado nós tivemos... Era... Campos era secretário de Meio Ambiente, ele teve que

retirar um monte de pessoas que estavam fazendo farofa, jogando lixo, poluindo a área de Jurubatiba, a

Lagoa de Jurubatiba, o senhor sabe muito bem disso. Por favor. Poderia? Procede isso aí que eu tô

falando em relação à invasão da lagoa?

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Ah, é assim? Pode falar? Várias pessoas podem falar, mesa?

Mesa, vai ficar aberto, mesa?

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Vai ficar aberto? Eu quero falar também.

CAMPOS: Eu sou o Campos, do plano diretor de Macaé. Em relação ao que o Fernando colocou,

Fernando, a prefeitura fez algumas intervenções, mas fez sempre acionado pelo pessoal do ICMBio e pelo

Ibama.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pelo esclarecimento. Foi aberto um esclarecimento.

MARCELO PESSANHA: A prefeitura atuou sozinha... (inaudível) porque, se atuasse seria presa por

falta de competência pra atuação. Quem tem competência pra atuar em um parque nacional é a União

Federal.

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GERMANES MOTA: Eu entendo da seguinte forma...

SR. MAURÍCIO COUTO: Conclua, por favor.

GERMANES MOTA: A partir do momento...

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, gente, vamos respeitar. Todo mundo falou... por favor, cada vez

que é interrompido, eu vou parar o tempo. Por favor...

GERMANES MOTA: Olha só, o meu raciocínio é o seguinte, eu penso o seguinte, assim como na

década de 30, (inaudível) e eu penso que nós temos que pensar da seguinte forma, embora eu não acredite

muito nessa teoria da evolução... Quando o homem saiu da árvore e resolveu ser um caçador, ele passou a

correr risco, os riscos fazem parte da nossa realidade, quando a gente deixa o nosso carro pra viajar de

avião.

Se a gente não assumir nossos riscos nós não seremos seres humanos, e nós deixaremos de ser

uma civilização. A civilização ela atua, exatamente lidando com o contraditório, aceitando críticas, sendo

rebatidas e tentando trazer, mitigar os problemas.

O homem aprendeu a se desviar da onça, e hoje nós estamos aqui. Porque se ele não

aprendesse a se desviar da onça, nós não seríamos uma civilização. Eu sou a favor do porto, tive a

coragem de estar aqui defendendo o porto, peço que vocês me respeitem nesse sentido, assim como eu

respeito o posicionamento de vocês. Muito obrigado e uma boa noite!

SR. MAURÍCIO COUTO: Pode falar.

MARCELO PESSANHA: Quero deixar claro uma coisa, o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba

se orgulha de estar nos municípios de Macaé Carapebus e Quissamã. Nós detemos termos de cooperação

técnica com as três prefeituras que nos garantem o apoio das guardas ambientais dos três municípios.

Hoje, nós temos, dentro de Jurubatiba, 25 guardas municipais ambientais, dos três municípios

trabalhando todos os dias, coisa que nenhuma unidade de conservação federal já conseguiu fazer. E a

gente só conseguiu porque as prefeituras entenderam a importância do parque.

Então, o que foi falado pelo último perguntador aqui é mentira, mentira!

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado pelo esclarecimento. Marcos (inaudível). Marcos, por favor.

SR. MARCOS: Eu saio daqui insatisfeito porque eu vim... eu sou morador da área, não sou técnico, não

entendo da área offshore, não entendo de porto, entendo apenas que no Lagomar a minha água é da

mesma cor que a água da Lagoa da Coca-Cola, e da mesma cor da água da Lagoa de Jurubatiba, num

porto com poço semiartesiano.

E eu não entendo o porto ter essa quantidade de água potável antes de eu e todos os moradores

lá sermos abastecidos com essa água de qualidade, certo? Eu fiz uma pergunta aqui e eu achei que o

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secretário de Desenvolvimento, o secretário de Obras, o prefeito, o secretariado, um vereador qualquer

que estivesse presente, ou que esteja presente, se pronunciasse e viesse pra responder. Eu vim numa

audiência pública e não tive a minha resposta. Obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado. Paulo Sérgio. Paulo Sérgio protocolou um documento aqui com

algumas sugestões. Se quiser ler, pode. De qualquer forma foi recebido pela mesa, vai fazer parte dos

autos do processo.

SR. PAULO SÉRGIO: Boa noite a todos e a todas. Em primeiro lugar eu gostaria de solicitar ao

presidente da mesa e ao Henrique que vai avaliar esse processo, que preste muito bem atenção a tudo o

que foi colocado aqui, que a gente não pode, né, deixar de considerar todo esse conhecimento que foi

despejado aqui pelos professores, pelo professor Soffiati, pelo próprio Pessanha, em relação ao Parque,

pelo pessoal do NUPEM que tem todo esse conhecimento, pelos estudiosos de Macaé, pela comunidade

que veio aqui se manifestar, pelos pescadores. Então que o INEA tenha esse bom senso de acatar todas as

informações que foram colocadas aqui, e pensar muito bem nesse processo de licenciamento.

E uma coisa que a gente tem que falar aqui para o grupo da empresa de consultoria, e para a

empresa TEPOR, é que acho que faltou um pouco de sensibilidade de vocês de não contratarem os

profissionais daqui da nossa região pra fazer esse trabalho. Acho que poderia ter tido um resultado bem

melhor aí nesse processo.

Mas, se, de qualquer maneira, esse processo for irreversível, se esse processo... se acontecer a

licença do porto, nós do movimento que a gente intitula Amigos da Árvore e de outras causas nobres do

município de Macaé, a gente gostaria que fosse considerado algumas ações, né, como compensação da

instalação do porto, que são essas ações que eu vou colocar, na verdade, dar o resumo aqui do documento

que foi encaminhado e o motivo dessas ações.

Então, primeiro como compensação, a implantação do Projeto Orla. O Projeto Orla é de 2003,

e o Projeto Orla teve a participação do SPU, Ministério do Meio Ambiente, da Prefeitura Municipal de

Macaé, do Jurubatiba, e também da sociedade civil e de outras entidades, Capitania dos Portos e tudo.

Definindo já todo o processo de urbanização dessas praias envolvidas... definindo, todo esse processo de

urbanização das praias envolvidas que estão na área de influência do porto, além de que também a criação

da Unidade de Conservação do Barreto, além da recuperação da restinga, todo esse processo que foi

encaminhado.

Então, gera um processo preliminar na discussão, tem anuência desses órgãos que nós citamos,

tem anuência também de algumas entidades da sociedade civil que participaram, então merece um ajuste,

e poderia ser uma ótima compensação para a instalação do porto.

Uma outra compensação que a gente também reivindica nesse documento, é a revitalização do

Canal Macaé-Campos. A revitalização do Canal Macaé-Campos que tá instalado... o Canal Macaé-

Campos é do lado do empreendimento, e é um absurdo, inclusive o canal é que vai receber os influentes

do empreendimento. Então, é um absurdo a gente não pensar na revitalização desse canal como uma

compensação ainda pelo empreendimento.

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E a gente coloca também, né, que é superimportante se a gente pensar nesse processo, temos

que pensar na qualificação, na qualificação principalmente qualificação profissional dessas comunidades

que estão aqui no entorno do porto. Então também seria uma das compensações oferecer qualificação

profissional para essas comunidades, além também de dar prioridade para a ocupação dessas vagas.

Uma outra... tô tentando falar, né? Vamos lá. Uma outra compensação que nós colocamos

também é a construção... a gente tem um problema sério, foi falado aqui em vários momentos, esse nó

que vai dar na Amaral Peixoto, na Rodovia Amaral Peixoto. E eu não entendi por que não foi pensado

num viaduto ligando o empreendimento à via industrial, rodovia industrial, que também está do lado, o

canal... Campos está do lado do empreendimento. Evitaria já diversas discussões se fosse imaginado já

um viaduto ligando à rodovia industrial, liberando esse trecho da Amaral Peixoto.

Bem, um outro que a gente colocou aqui também seria a necessidade de um programa de

incremento da pesca, e aqui já foi falado pelos próprios pescadores que os pescadores não estão querendo

aquilo que vem sempre sendo oferecido como compensação, sim querendo o incremento da pesca.

E a gente defende algumas defesas que a gente fez em outras audiências, e a gente solicitou

aqui para a nossa região, que seriam recifes artificiais. Então pensar numa área, numa zona dessas daí,

que a gente possa alocar esses recifes, e ali pensar em atrair a pesca, e aí voltada alguma coisa que

certamente vai ser o mais afetado com esse porto.

E um outro que a gente colocou, um outro item que a gente colocou, seria o impedimento de

qualquer tipo de operações da offshore lá no cais do mercado do peixe. Até porque aquilo ali é uma

vergonha, porque não sabe o que é que entra, o que é que sai, então também que isso fosse pensado como

uma compensação desse processo.

Colocar aqui para os amigos e amigas, que estão presentes até esse horário, que eu não tô aqui

defendendo a construção do porto. A gente não tá defendendo isso, o que nós pensamos, quando foi

falado nesse processo do porto, era pensar de que maneira que a gente, nós macaenses, nós desse grupo,

nós desse movimento, poderíamos pensar em compensações. Mas não estamos aqui defendendo,

levantando... não estamos defendendo a construção do porto, e sim, defendendo a possibilidade de ter

uma Macaé melhor. Muito obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado, Paulo Sérgio. Estão me informando aqui que além do documento

protocolado pelo Paulo Sérgio, os professores, Dra. Ana Cristina Bete, Pablo Rodrigues Gonçalves,

Salvador Siciliano, Davi Tavares, Dr. Maurício (inaudível), Felipe Mesquita, professor Gustavo

Amarantes Camargo e Juliana Prado. Todos os documentos foram protocolados e fazem parte aqui do

nosso processo.

Lembrando a vocês...

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: A única compensação é xô porto! Não tem compensação

nenhuma.

SR. MAURÍCIO COUTO: Então, olha só, pra concluir... Depois você vem aqui e a gente confere.

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ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Não, tem que colocar bem alto.

SR. MAURÍCIO COUTO: Nós ainda temos 10 dias e vamos esperar as manifestações a serem

encaminhadas pra CECA ou pro INEA, o endereço tá aí atrás do folheto de vocês, então nós estamos com

aproximadamente 4h50 de audiência pública, todos foram ouvidos, todo mundo que escreveu fez uso da

palavra. Sebastião, você não falou ainda?

SR. SEBASTIÃO: Não, não deixaram eu falar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Qual o seu nome?

SR. SEBASTIÃO: Sebastião.

SR. MAURÍCIO COUTO: Não só você, Sebastião... Eu acho que você já falou. Jorge, você se

inscreveu? Jorge?

SR. JORGE: Boa noite! Meu nome é Jorge, eu resido em Macaé desde 90, e aposentei-me pela

Petrobras, tendo trabalhado no ano de 1980, inclusive, a maior parte do tempo em offshore.

E o que a gente tem que olhar é o seguinte, eu vejo o seguinte, no discurso aí do pessoal da

mesa técnico, que são doutores, pessoas de grande conhecimento no assunto, existe a parte técnica, mas

também existe um pouco, pra quem é leigo no assunto, de terrorismo ambiental.

Então, é o seguinte, porque se a gente for por essa linha, nada pode ser feito. Segundo, o

seguinte, vocês têm que se atentar no seguinte, o amigo aqui, o último, falou o seguinte, e eu já

testemunhei isso: o mercado do peixe tem sido usado de forma regular pra embarque de peças e

desembarque e embarque de pessoas, isso eu já testemunhei, e foi objeto, inclusive, de denúncia na

imprensa.

Agora, é o seguinte, outra coisa, a gente tem assistido nesses últimos meses aí, um grande

número de demissões na indústria do petróleo. Então é o seguinte, Macaé, do ponto de vista logístico, pra

indústria de petróleo, realmente já chegou (inaudível). Então é o seguinte, se nós, entendeu, não dermos

condições de você melhorar essa parte logística, seja através da BR-101, através da possibilidade aí de

construção do porto, no futuro, como tem algumas cidade aí no exterior, que vocês não falaram isso,

viveram lá do petróleo, e depois verificaram cidades fantasmas. Então o seguinte, a gente corre esse risco

também. Então, o porto pra nós é fundamental.

Agora, eu vi um discurso também de cunho fortemente socialista, comunista, que é o seguinte,

as pessoas parece que têm aversão ao lucro. E o capitalismo, que é o sistema de democracia, o lucro é a

remuneração do empreendedor. Então, porto pra sustentar...

É democracia...

SR. MAURÍCIO COUTO: Vamos respeitar...

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ORADORA NÃO IDENTIFICADA: A população só se ferra!

SR. MAURÍCIO COUTO: Conclua!

SR. JORGE: Vocês que moram no Lagomar, você que é associação, veja a quantidade de obras que a

prefeitura está fazendo, inclusive tá aqui. Eu pessoalmente me preocupei. Vai ter água pro porto e não vai

dar a população? Tá aqui o superintendente da CEDAE, tá sendo feito uma linha de 600mm de água em

direção a Lagomar.

Prestem atenção. Escuta só. Por que só agora tá sendo feito? Aí eu devolvo a pergunta pra

vocês. Esses governantes que a gente teve até então, esse dinheiro sumia e não era revertido em obras,

parece que agora a coisa tá mudando, vocês não observam isso não?

Lagomar era um bairro que nunca atenção. Eu, por exemplo, tenho vários empregados,

inclusive alguns deles estavam aqui que são testemunhas dos investimentos que estão sendo feitos no

bairro que não era nem olhado. E cuidado com uma coisa, por exemplo, falaram aqui algumas bobagens

que eu, como petroleiro, apesar de aposentado, eu tenho que reprimir.

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor... Pode de falar que eles vão fazer silêncio. Vamos respeitar.

Respeitaram até agora, nós estamos no final da audiência, por favor, senhora. Jorge, por favor.

SR. JORGE: Vocês do lado de lá... O esgoto, vocês perguntam o seguinte: Por que é que não fez esgoto

até agora? Pergunto: Quem vocês escolheram pra ser nossos governantes anteriormente? Por isso que o

dinheiro deve ter sumido...

Agora a coisa tá mudando. Então, é o seguinte...

A empresa vai pagar pelo terreno, o preço depois, e é lógico, ela não vai pagar antes, depois

que ela tiver a viabilidade do empreendimento aprovada.

Então é o seguinte, na verdade, entendeu? Tudo bem, a gente não deve atrapalhar a rota das

aves migratórias, porque quem vai ter que migrar daqui a pouco vamos ser nós, isso aqui vai virar uma

cidade fantasma se você não tiver. Boa noite.

SR. MAURÍCIO COUTO: Tá bom, muito obrigado, senhoras e senhores, então...

SR. ALEXANDRE SHERMANN: Eu deixei meu nome inscrito também.

SR. MAURÍCIO COUTO: Qual o seu nome?

SR. ALEXANDRE SHERMANN: Alexandre Shermann.

SR. MAURÍCIO COUTO: Você encaminhou a pergunta ou você se inscreveu pra uso da palavra?

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SR. ALEXANDRE SHERMANN: Encaminhei pergunta que o senhor já leu, mas me inscrevi também

pra...

SR. MAURÍCIO COUTO: Por favor, dois minutos, por favor, Alexandre.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Depois eu quero um minuto também.

SR. SEBASTIÃO: Eu me inscrevi pra falar.

SR. MAURÍCIO COUTO: Sebastião, você vai ser o último a falar está escrito aqui é que eu achei que

você já estava satisfeito. Então esta bom você vai falar. Por favor Alexandre.

SR. ALEXANDRE: Bom, boa noite presidente da mesa, boa noite município é boa noite a todos aqui

presente eu queria apenas trazer um depoimento em nome da Firjan eu não queria entrar na questão do

EIA/RIMA eu acho que já foi muito bem debatido temos vários detalhes que com certeza a empresa de

consultoria vão levar em consideração e que também não é da minha competência, não é da minha

competência técnica falar de meio ambiente. Mas eu gostaria de levantar um dado de desenvolvimento.

Vim aqui pra falar de desenvolvimento econômico eu vejo que o município de Macaé vem trazendo é

suportável economicamente pela indústria do petróleo, todos nós sabemos é fato não precisa ser discutido

é o fato notório, e fato notório é visto por todos. A indústria do petróleo baseado aqui em Macaé ela vem

logisticamente sendo suportada pelo porto de Imbetiba que hoje está saturado, não tem mais espaço de

crescimento físico...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Toda Macaé, toda Macaé.

SR. ALEXANDRE: Existe um engessamento daquela zona portuária. O que isso ocorre em termos de

desenvolvimento econômico? Ocorre que a Petrobras não consegue mais suportar através de seu porto o

desenvolvimento que em crescendo, anos a pós anos.

Pois bem, com esse problema nas mãos, o nosso hoje prefeito tem como base de sustentação de

desenvolvimento, programa de governo a implantação do novo Porto, seja ele TEPOR, seja ele um outro

porto qualquer ou porto na praia Campista ou um porto aonde puder, mas o fato é que há necessidade de

se ter uma zona portuária.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: (inaudível) vai ficar legal.

SR. ALEXANDRE: Não desculpa ...

SR. MAURÍCIO COUTO: Alexandre.

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SR. ALEXANDRE: Pois não senhor. A questão que eu quero chegar é o seguinte, existe um plano de

governo de desenvolvimento baseada numa estrutura portuária que vem desafogar uma indústria que se

não for desafogada daí eu concordo com a pessoa que falou aqui anteriormente Diógenes nós vamos

começar a perder a indústria que aqui está instalado, e se perdemos a industria que está aqui instalado, nós

temos que lembrar , gente, que Macaé, essas quatro mil empresas que estão aqui são prestadoras de

serviços, elas fecham a porta e vão embora.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Quantas mais não virem (inaudível)

SR. ALEXANDRE: E se fecharem as portas e irem embora, 90% das pessoas não vão ter a onde

trabalhar.

ORADORA NÃO IDENTIFICADA: Isso é uma farsa.

SR. ALEXANDRE: Os bairros vão ficar desabitados, todos...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Será o fim do mundo!

SR. ALEXANDRE: Desculpa, mas eu sou... não, é o fato não é uma discussão filosófica é um fato,

então por favor, só gostaria...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Esse discurso é uma fraude!

SR. ALEXANDRE: Eu só gostaria concluído, eu só gostaria que se fosse pensado nisso, eu gostaria se

fosse pensado porque nós vivemos em um município a onde é baseado o seu sustentáculo econômico

numa prestação de serviço que pode ir embora a qualquer momento, e precisamos fixar a economia, fixar

a economia talvez o Porto seja a nossa solução. Então muito obrigado pela atenção obrigado. Me faz

muito bem a sua vaia que pode ser que eu melhore com isso, muito obrigado.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: Sebastião agora o senhor conclui, por favor. Sebastião?

SEBASTIÃO: Olha minhas únicas reflexões eu gostaria de lembrar o seguinte eu sou pescador, vou

contar até o meu histórico aqui, sou acadêmico de direito também, sou rádio-operador da Petrobras há 16

anos, também pescador, sou Conselheiro do meio ambiente, delegado (inaudível) participativo e também

conselheiro da saúde (inaudível) eu gostaria... vou até ser repetitivo eu lembrar aqui uma frase que eu vê

escrita no NUPEM que vai servir de repercussão pra esta audiência a frase que diz o seguinte: “Muito se

fala em deixa pro filho um meio ambiente melhor para os nossos filhos, mas quando começaremos a

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pensar em deixar filhos melhores para o nosso meio ambiente?” era isso que eu queria lembrar que meio

ambiente é mais importante (dinheiro é importante e faz falta) ...mas a qualidade saúde é melhor.

SR. MAURÍCIO COUTO: Obrigado Sebastião.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Eu não estou escrito, mas um minuto.

SR. MAURÍCIO COUTO: Só um minuto.

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Meu nome é (inaudível) sou macaense moro aqui nascido e criado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Você encaminhou a pergunta?

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Eu encaminhei a pergunta e hoje eu quero fazer um requerimento

aqui de público que a manhã nós estaremos protocolando no mínimo em função da inconsistência técnica

e cientifica do estudo á uma necessidade no mínimo mais um audiência pública, então faço esse

requerimento aqui que vocês levem em consideração, mais uma audiência pública para que a gente possa,

e se isso ao ocorrer já estou também aqui anunciando que nós vamos judicializar esse empreendimento e

vocês todos sabem que em uma judicialização é ruim para todo mundo, pro Estado, pra empresa para nós

cidadão. Então vai se judicializado em função da inconsistência inclusive foi demonstrado aqui que houve

omissões no estudo há crimes cometidos em cima disso, então vai se judicializado e eu quero uma outra

audiência pública, estou requerendo como cidadão. Obrigado.

SR. MAURÍCIO COUTO: Fica registrado a sua manifestação o seu pedido...

ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Xô porto! Xô porto!

SR. MAURÍCIO COUTO: Senhores, nós temos então dez dias ainda para que seja encaminhadas

manifestações para a CECA, na Av. Venezuela, nº 110 no 15ª andar, e para o INEA, na Rua Sacadura

Cabral, número 103 térreo. Declaro encerrada a sessão....

SR.PEDRO: As perguntas não foram respondidas pelo empreendimento entre elas a pergunta: se há

funcionário da Masterplan e aposentados do INEA?

SR. PEDRO: Em relação a pergunta ali do Pedro eu acho que a empresa consultora pode responder por

favor, essa resposta, por favor, representante da consultora?

SR. DYRTON BELLAS: Eu sou Dyrton Belas da Silva, sou químico, sou ex-funcionário do INEA.

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SR. MAURÍCIO COUTO: (inaudível) muito obrigado. Declaro encerrado a audiência pública uma boa

noite a todos muito obrigado pela participação.