32
1 Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria: Transferências Interbancárias Entrevista Luís Manta Salvador - SOMAGUE Janeiro/Março 2010 Trimestral Distribuição gratuita Nº 37

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

1

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

 

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Auditoria: Transferências Interbancárias

Entrevista Luís Manta Salvador - SOMAGUE

Janeiro/Março 2010      Trimestral    Distribuição gratuita        Nº 37 

Page 2: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

2

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Agenda 2010

CURSO LOCAL DATA FORMADOR

1 Introdução ao Controlo e Auditoria Interna Lisboa

Porto Jan, 25-26 Set, 16-17

Francisco Albino, CIA, CCSA, CGAP

2 Enquadramento Internacional de Práticas Profissionais de Auditoria Interna

Porto Lisboa

Fev, 22-23 Out, 11-12

Francisco Albino, CIA, CCSA, CGAP

3 Auditoria Interna Baseada no Risco – Metodologia ERM

Lisboa Mai, 3-4 Nuno Oliveira, CIA

4 Auto-avaliação do Risco e do Controlo – Preparação para o Exame CCSA

Lisboa Jun, 28-29 Nuno Oliveira, CIA Orlando Sousa, CCSA Júlia Santos. CCSA

5 Quality Assessment and Improvement Program Lisboa Jun, 18 * Prof. Glenn Sumners, CIA, CPA, CFE

6 Fraude e Auditoria Interna Lisboa Set, 27-28 Tiago Lopes, CIA, CCSA, CFE

7 Relatórios de Auditoria Lisboa Mai, 10-11 Francisco Albino, CIA, CCSA, CGAP

8 Amostragem para Auditoria Lisboa Dez, 13-14 Céu Almeida, ROC

9 SNC – Reforma da Contabilidade Lisboa Mar, 1-2 Baia Engana, ROC Gervásio Lérias, ROC

10 Auditoria de Sistemas e Tecnologias de Informação Lisboa Mai, 31-Jun, 1 Paulo Gomes, CISA

11 Segurança de Sistemas de Informação Lisboa Set, 6-7 Pedro Cupertino, CISA

12 Liderança e Comunicação em Auditoria Interna Lisboa Porto

Mar, 29-30 Out, 18-19

Filipa Oliveira

13 CIA Review – I Part Lisboa Jun, 14 * Prof. Glenn Sumners, CIA, CPA, CFE

14 CIA Review – II Part Lisboa Jun, 15 * Prof. Glenn Sumners, CIA, CPA, CFE

15 CIA Review – III Part Lisboa Jun, 16-17 * Prof. Glenn Sumners, CIA, CPA, CFE

16 CIA Review – IV Part Lisboa Jun, 17 * Prof. Glenn Sumners, CIA, CPA, CFE

17 Preparação para o exame CIA – I Parte Lisboa Set, 20 Francisco Albino, CIA, CCSA, CGAP

18 Preparação para o exame CIA – II Parte Lisboa Set, 21 Nuno Oliveira, CIA

19 Auditoria de Instituições Públicas – Preparação para o Exame CGAP

Lisboa Abr, 26-27 Francisco Albino, CIA, CCSA, CGAP

20 Auditoria de Empreitadas de Obras Públicas Lisboa Mai, 24-25 Sara Pestana, CIA Sofia Correia, CIA

21 Auditoria Interna no âmbito de Basileia II -Preparação para o Exame CFSA

Lisboa A indicar A indicar

22 Seminário especializado em parceria com o MIS Lisboa A indicar

Pode consultar o calendário em http://www.ipai.pt/gca/index.php?id=69 

 

 

 

 

Page 3: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

3

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Índice  

 

 

Colabore. Envie uma sugestão para 

[email protected] 

 

 

 

Editorial: Anos de 2009 e 2010 – perspectivas e estratégias, Joaquim Leite Pinheiro 5 Audire: A Auditoria interna, Manuel Marques Barreiro 6

Subsídios para a compreensão da

auditoria fiscal, Miguel Gonçalves 8

Entrevista: Luís Manta Salvador, Auditoria Interna, Somague 17

A u d i t A u t o m a t i o n F a c i l i t i e s – M ó d u l o d e a u d i t o r i a , Fernando Fernandes

21

Caneta digital 24

Biblioteca do Auditor 24

Novos Associados 24

P e s q u i s a n a r e d e 26

Notícias 28

Pesquisa de Institutos de Auditoria Interna - Europa 29

O Zé Auditor, Miguel Silva 30

Missão

Promover a partilha do saber e da prática

em auditoria interna, gestão do risco e

controlo interno.

Propriedade e Administração

IPAI – Avenida Duque de Loulé, 5 – 2º B – 1050-085 LISBOA

Contribuinte nº 502 718 714; Telefone/Fax: 213 151 002

Correio electrónico: [email protected]

FICHA TÉCNICA

Presidente da Direcção: Domingos Sequeira

Director: Joaquim Leite Pinheiro

Coordenação de edição: Orlando Sousa

Redacção: Manuel Marques Barreiro; Raul Fernandes

Conselho Editorial: Manuel Barreiro, Domingos Sequeira, Francisco Melo Albino

Colaboradores nesta edição: Manuel Barreiro, Fernando Fernandes, Miguel Silva, Luís Manta Salvador, Miguel Gonçalves.

Pré-impressão: IPAI

Impressão e Acabamento: CEM

Ano XII – Nº 37 – TRIMESTRAL Janeiro/Março 2010

TIRAGEM: 1200 exemplares; Registo: DGCS com o nº 123336;

Depósito Legal: 144226/99; Expedição por correio; Grátis

Correspondência: IPAI – Avenida Duque de Loulé, 5 – 2º B – 1050-085 LISBOA Telefone/Fax: 213 151 002

[email protected]

Visite-nos em www.ipai.pt

Nota: Os artigos vinculam exclusivamente os seus autores, não reflectindo necessariamente as posições da Direcção e do Conselho Editorial da Revista nem do IPAI. A aceitação de publicação dos artigos na Revista Auditoria Interna do IPAI, implica a autorização para a inserção no sítio do IPAI após a edição da revista impressa.

Page 4: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

4

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

IPAI - Membros Colectivos

http://www.ipai.pt/gca/index.php?id=45

     

 

 

 

CP    

  

 

 

   

     

 

Page 5: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

5

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Editorial 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ano de 2009 foi cheio de sucessos para o IPAI e, portanto, para os seus associados, com alguns aspectos relevantes:

Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

Prémio “Melhor aluno”: 3 candidaturas;

Site:

19894 Visitas até Dezembro de 2009.

62 Newsletter enviadas;

32 Notícias elaboradas.

Revista: 4 edições publicadas (o último número de 2009 diferido face à programação);

Forum de Auditoria: 146 participantes;

Conferência Anual: 194 participantes e oradores com elevado nível;

Formação: realizadas acções de formação com grande envolvimento dos participantes.

Sócios Colectivos: 17 empresas de prestígio;

Protocolos celebrados com Universidades e empresas:

Núcleos: Um forte trabalho dos núcleos, com excepção do Núcleo do Sector Público.

No ano de 2010, é fundamental consolidar estes ganhos e potenciar novas colaborações dos associados, para potenciar uma maior partilha do conhecimento.

No caso da revista e site, é fundamental que os associados expressem a opinião, sobre aspectos a melhorar, desde novas rubricas, entrevistas, traduções de artigos e mesmo a sua participação nestes projectos.

Todas as ideias e sugestões são bem acolhidas. Temos de observar na edição da revista o prazo programado e, por outro lado, garantir uma maior participação e envolvimento dos associados: colaborem e enviem os vossos artigos.

Torna-se essencial que os associados participem mais na vida do IPAI.

Digam-nos como podem colaborar. 

 

Anos de 2009 e 2010 – perspectivas e estratégias

Joaquim Leite Pinheiro

Page 6: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

6

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Audire 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

auditor interno não vive isolado numa ilha.

Como qualquer outro agente dentro da

organização, faz parte de um vasto conjunto

de colaboradores que, prosseguindo objectivos

diferenciados convergem no entanto para a mesma

meta final, isto é, abreviando, tudo terá que ver com a

luta pela sobrevivência e com o desenvolvimento da

organização onde prestam o seu trabalho.

Assim, e tal como se passa com qualquer outro

colaborador, coexistem dentro de cada instituição ou

organização empresarial, factores que exercem

contínua influência com origem em naturezas diversas

nos modos de actuação das pessoas perante a

realidade com que se vão deparando.

Como é óbvio, as reacções suscitadas por essas

influências condicionam, por vezes de forma severa, o

seu modo de exercer a actividade.

Um factor causador de perturbações que poderão

acarretar alguma gravidade para o auditor interno e,

consequentemente para a auditoria, é aquilo que se

designa por boato.

Não importa chamar aqui à colação as causas que

podem desencadear este fenómeno. São muitas, tem

as mais diversas origens e pretendem alcançar os

propósitos mais diferenciados, quer sejam eles de

natureza meramente especulativa, até aos que visam

objectivos inconfessáveis, passando por objectivos

políticos, criminosos ou ainda meramente de índole

pessoal.

O

O Ambiente de boato

Manuel Marques Barreiro, Consultor e Presidente do

Conselho Geral do IPAI

É verdade. É preciso muita coragem, muita soma de vontade. Não direi, obviamente, que o auditor interno tem que ser um santo, pois ele, como qualquer mortal, sofre e acusa, das formas mais diversas, esse sofrimento.

B

O T

A

Page 7: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

7

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

A verdade é que o boato pode transformar-se em

rumor, criar alguma consistência dado o

envolvimento de natureza psicológica que pode

trazer consigo logo à nascença, daqui alastrar para

uma verdade tímida, inconsistente, até evoluir para

uma verdade supostamente absoluta, ainda que sem

qualquer aderência à realidade.

Contudo, qualquer que seja a sua etiologia ou

objectivos, mesmo que paire sobre ele a dúvida

quanto ao seu verdadeiro sentido, o certo é que

provoca situações de perplexidade em torno do real.

Então, perante este tipo de constrangimentos, porque

é disso que se trata, qual deve ser a melhor atitude

que o auditor interno deve tomar?

Sabemos quanto é difícil ignorar um qualquer rumor

quer ele seja externo ou interno à organização.

Mesmo que se não revista de situações de ameaça

física, o certo é que arrastará o auditor interno para

graus de emotividade que deve procurar contornar.

Essa atitude devê-la-á ter presente quer nas

entrevistas que vai fazendo aquando dos trabalhos de

campo, removendo mentalmente todos os obstáculos

que possam influenciar a relação interpessoal,

continuando a manter a distância que se impõe em

relação ao fenómeno quando já em trabalho de

gabinete.

Dir-me-ão:- Isso é bom de dizer em teoria mas na

prática as coisas tomam formas e proporções nem

sempre fáceis de contornar!?

É verdade. É preciso muita coragem, muita soma de

vontade. Não direi, obviamente, que o auditor interno

tem que ser um santo, pois ele, como qualquer mortal,

sofre e acusa, das formas mais diversas, esse

sofrimento.

E isso pode acontecer sem que se dê conta. As

influências do meio cercam-no e tentam condicionar a

sua independência, podendo, também por isso,

comprometer os resultados da sua acção.

Certamente que, de forma instintiva, vai reagindo a

esses estímulos. Estou tentado a dizer que essa

reacção pode revestir características quase

subliminares, acontecendo de forma tão natural como

corriqueira, dependendo apenas do aparelho psíquico

de cada um.

Não fica mal que cada auditor tenha presente este tipo

de situações, porque elas existem de facto.

Deve conhecê-las bem até ao ponto de ser capaz de

subtrair essa componente negativa, influente do seu

comportamento, a qual, como acima vimos e nunca

será de mais insistir, pode afectar o resultado do seu

trabalho.

É isso que o deve preocupar. É isso que deverá ter

sempre presente. Se o conseguir, verá, certamente

com agrado, que ultrapassou uma situação de

natureza ambiental, ainda que intangível, como se de

uma importante vitória se tratasse.

Consequentemente, o boato, independentemente da

sua natureza, não deve fazer parte dos factores cuja

importância possam influenciar a qualidade da

auditoria interna.

O boato e os rumores são exactamente o seu

contrário. É bom que se não perca isso de

vista.

o  

Pode comentar para [email protected] 

 

 

O Ambiente de boato

Page 8: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

8

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Artigos 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 – DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS DUAS ESPECIALIDADES

Se a eficiência de uma auditoria financeira só é conseguida se existir um profundo conhecimento teórico e prático da contabilidade e das normas nacionais e internacionais que lhe estão subjacentes, na auditoria fiscal deve existir, como acréscimo, um forte conhecimento da legislação fiscal. Esta é, pois, uma diferença que desde já assinalamos entre as duas disciplinas.

Revela-se assim importante, numa primeira etapa, clarificar os conceitos dos dois tipos de auditoria no sentido de definir com precisão e rigor o papel e a missão da auditoria fiscal.

Genericamente, podemos afirmar que a auditoria financeira tem por objectivo essencial dar credibilidade

à informação financeira apresentada nas demonstrações financeiras (DF) preparadas pelos gestores das empresas, ao passo que, grosso modo, o termo auditoria fiscal é normalmente utilizado para definir as acções de fiscalização tributária desenvolvidas pela administração fiscal levadas a cabo, nomeadamente, pela Direcção Geral dos Impostos (DGI) e pela Inspecção Geral de Finanças (IGF).

Na esteira de Costa (2000), acreditamos não existir uma definição rígida e taxativa de Auditoria Financeira, se bem que existam determinados termos que são comuns a muitas definições emanadas pelos mais diversos organismos consultados para efeitos de elaboração do presente trabalho.

SUBSÍDIOS PARA A COMPREENSÃO DA AUDITORIA FISCAL

Miguel Gonçalves, Docente do ISCAC - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra; Licenciatura em Organização em Gestão de Empresas; Pós-Graduação em Economia; Mestrado em Contabilidade e Auditoria; Doutorando em Contabilidade

Pode comentar para [email protected]

O objectivo deste artigo passará essencialmente por fornecer elementos válidos para a discussão mais generalizada de um tema que não tem merecido o tratamento que a sua actual importância exige, no seio dos objectivos de redução de carga fiscal e minimização de riscos fiscais, transversais a todas as empresas.

A literatura tocante à problemática da Auditoria Fiscal não é na realidade generosa, pelo menos em quantidade, ao contrário da sua congénere Auditoria Financeira.

Resulta assim que este é um tema ainda muito por explorar na literatura fiscalista em Portugal, o que vem abrir novas avenidas de investigação aos interessados em matérias que de algum modo entrecruzem aspectos contabilísticos e fiscais.

Page 9: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

9

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

A comprová-lo, referenciamos três tentativas de definição que julgamos merecedoras de destaque, uma por ter a chancela do principal organismo mundial normalizador de normas de auditoria – IFAC (International Federation of Accountants) e outra por proceder de reputados académicos da área da auditoria. Neste sentido, o IFAC define Auditoria Financeira, na sua ISA n.º 1 (International Standard on Auditing), como

[…] uma verificação ou exame feito por um auditor dos documentos de prestação de contas com o objectivo de o habilitar a expressar uma opinião sobre os referidos documentos de modo a conferir aos mesmos a maior credibilidade.

Para Stamp & Moonitz, citados por Costa (2000) e Lourenço (2000), trata-se (a auditoria financeira) de

um exame independente, objectivo e competente de um conjunto de demonstrações financeiras de uma entidade, juntamente com toda a prova de suporte necessária, sendo conduzido com a intenção de exprimir uma opinião informada e fidedigna, através de um relatório escrito, sobre se as demonstrações financeiras apresentam apropriadamente a posição financeira e o desempenho da entidade, de acordo com as normas de contabilidade geralmente aceites.

Já Arens & Loebbecke (2000: p. 16) definem-na como

an audit conducted to determine whether the overall financial statements of an entity are stated in accordance with specified criteria (usually generally accepted accounting principles).

Somos de opinião também de que não haverá certamente uma definição rígida de Auditoria Fiscal, mas ainda assim sublinhamos a de Chadefaux (1987), citado por Guimarães (1998):

A Auditoria Fiscal é o exame do tratamento que a empresa reserva às questões de ordem fiscal. Este exame tem por base critérios de regularidade e de eficácia. Pelo controlo da regularidade, a auditoria fiscal assegura-se do respeito pelas normas fiscais a que a empresa está submetida; pelo controlo da eficácia, a auditoria fiscal mede a aptidão da empresa em mobilizar recursos do direito fiscal na sua gestão.

Todavia, pensamos que esta apreciação de Chadefaux peca por escassa, na medida em que o autor a amputa de uma perspectiva essencial à qual fizemos referência no início do tema que aqui nos ocupa – a circunstância da auditoria fiscal não ser só desenvolvida pela

empresa mas também, e principalmente, pela administração tributária.

Nestes termos, parece-nos mais feliz e completa a definição dada por Gonçalves e Soares (1994). Na expressão dos autores,

conceptualmente, podemos considerar a Auditoria Fiscal como uma parte autónoma da Auditoria Financeira, realizada quer pela empresa quer pelo Estado, e que apresenta como principal objectivo certificar-se de que as Demonstrações Financeiras foram preparadas em estrita observância aos princípios contabilísticos geralmente aceites (PCGA) e de que não enfermam de erros que de algum modo possam vir a deturpar o seu resultado, influenciando negativamente o resultado fiscal e consequentemente o imposto devido ao Estado.

Identificadas que estão algumas definições das duas modalidades de auditoria em exame, procuramos, de seguida, averiguar os seus principais pontos de contacto e zonas de convergência.

Destarte, a auditoria fiscal, numa primeira fase, avalia a veracidade da informação contabílistico-financeira, a sua conformidade com os PCGA e com os normativos contabilísticos.

Segue, portanto, neste particular aspecto, a metodologia utilizada pela auditoria financeira. Numa segunda fase, procurará avaliar a existência de derrogações aos normativos fiscais em vigor e determinar se esses desvios produzem reflexos nas declarações fiscais. O objectivo da auditoria fiscal passará pela determinação de um correcto apuramento do valor sujeito a tributação, no sentido de não lesar os interesses do Estado, sem contudo colocar em causa a obtenção de uma imagem verdadeira e apropriada das contas da empresa, desígnio magno da auditoria financeira.

Tal como o auditor financeiro, também o fiscal inicia o planeamento do seu exame com a recolha dos elementos imprescindíveis ao primeiro contacto com a entidade auditada. O conhecimento do negócio, a percepção da realidade económica do sujeito passivo e o levantamento/avaliação do sistema de controlo interno, são indicadores que possibilitam a concepção de um programa de trabalho de auditoria fiscal mais ou menos profundo, mas em todo o caso menos exaustivo do que o levado a efeito pela auditoria financeira.

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 10: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

10

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Decorre do exposto que, sob o nosso ponto de vista, as analogias supra contribuem para que na realidade se possa invocar a emancipação da auditoria fiscal como disciplina autónoma, mas complementar, em grande parte, da sua referência base – a auditoria financeira.

Sustentamos a opinião, por considerarmos, na linha de Lourenço (2000), estarmos na presença de uma disciplina com objecto e objectivos específicos, programas de trabalho1 e suportes documentais de trabalho2 próprios. Não obstante, e sem prejuízo desta observação, cabe aqui na oportunidade fazer alusão ao art.º 57.º do Regime Complementar do Procedimento de Inspecção Tributária3 (RCPIT) com o propósito mais de salientar a interdependência das duas disciplinas, do que propriamente a subjugação, quer conceptual, quer real, da auditoria fiscal à auditoria financeira.

Um outro tópico de aproximação entre as duas disciplinas prende-se com o facto de ambas se poderem subdividir nas mesmas três fases - as clássicas etapas do (1) planeamento, (2) execução e (3) elaboração do relatório4. Em (1) destacamos o estudo preliminar e a elaboração do plano de auditoria, e em (2) a par da já citada avaliação do sistema de controlo interno, a elaboração e execução do programa de trabalho.

No pólo oposto, também na literatura contabilística se encontram factores distintivos dos dois campos de

                                                            1 Note-se que a elaboração do programa de trabalho deve ter em conta a especificidade fiscal de cada uma das áreas financeiras, uma vez que cada uma delas apresenta características fiscais próprias que terão de ser analisadas em conformidade.

2 Devem ser uma constante do trabalho na auditoria fiscal, na medida em que os documentos têm de obedecer a determinados requisitos fiscais, sob pena de não cumprirem a sua missão fiscal, uma vez que a lei impõe regras precisas na sua elaboração (cf. por exemplo, o Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, art.º 35.º, n.º 5 – “Formalidades das facturas e documentos equivalentes”).

3 Art.º 57.º do RCPIT: “Técnicas de auditoria contabilística” – “Nos actos de inspecção podem ser utilizadas, quando aplicáveis, técnicas de auditoria contabilística.”

4 O relatório de auditoria é o culminar de um longo processo onde se faz o relato preciso e objectivo do trabalho efectuado e das irregularidades verificadas, assim como das conclusões e recomendações que o seu autor entende transmitir aos auditados. As conclusões e recomendações de natureza fiscal devem ter em conta: – A redução da amplitude do risco fiscal; – A indicação ao auditado do que tem de fazer numa situação

concreta; – A indicação se as irregularidades podem e devem ser corrigidas

e qual a margem de manobra para a sua correcção; – A referência às situações que permitam evitar no futuro que o

auditado não cometa os mesmos erros.

auditoria que ora nos ocupam. Nas questões atinentes a esta problemática, Silva (1992) refere-nos serem duas as diferenças substanciais, concretamente as relativas ao seu âmbito e à sua profundidade. Assim, nas palavras do autor, é objectivamente importante distinguir que a auditoria fiscal é:

1. mais limitada no seu âmbito, na medida em que a comprovação da imagem fidedigna centra-se nos resultados (a inclusão de todos os proveitos e a efectividade de todos os seus custos). A fidedignidade da posição financeira é complementar, a menos que tenha transcendência tributária; e

2. mais profunda na sua análise, porque não são suficientes as análises financeiro-contabilísticas. Os factos económicos registados têm de ser submetidos a qualificações jurídico-tributárias, no sentido de determinar e quantificar os factos tributáveis sujeitos a imposto, bases tributáveis e tipos de impostos, função que requer conhecimentos profundos de todos os impostos integrantes do sistema fiscal do país em questão.

A realização da auditoria fiscal, quando efectuada através dos serviços competentes da DGI e da IGF, insere-se, como havíamos dito, no campo dos interesses do Estado e, por este motivo, orienta-se por princípios nem sempre coincidentes com os que norteiam a auditoria financeira. A Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) parece reconhecer implicitamente esta dislexia de pontos de vista na sua directriz de revisão/auditoria (DRA) n.º 511, de Abril de 2005, intitulada de “Verificação do Cumprimento dos Deveres Fiscais e Parafiscais”, em concreto no seu § 1, introdução, ao mencionar que

o sistema fiscal português estabelece normas, regras e critérios que nalguns casos divergem dos princípios contabilísticos geralmente aceites estabelecidos no Plano Oficial de Contabilidade e nas Normas Internacionais de Relato Financeiro.

Prosseguindo a nossa análise distintiva dos dois domínios de Auditoria, a fiscal actua quase sempre a posteriori, verificando se foram cumpridas as obrigações fiscais e a conformidade com a regularidade da situação tributária da entidade e com as formalidades que lhe estão subjacentes, enquanto que a financeira actua quase sempre a anteriori, porque é este tipo de auditoria desenvolvida pelos auditores financeiros [Revisores Oficiais de Contas (ROC) ou não] que fornece muito do suporte documental que será aproveitado no trabalho dos auditores fiscais.

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 11: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

11

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Vale a pena, para concluir por agora, assinalar no quadro infra, uma tentativa de síntese das principais diferenças entre Auditoria Financeira e Auditoria Fiscal:

Quadro 1: Principais diferenças entre Auditoria Financeira e Auditoria Fiscal

Fonte: Adaptado de Guimarães (1998)

Aspecto Comparativo

Auditoria Financeira Auditoria Fiscal

Objectivo principal

Imagem verdadeira e apropriada das contas

Observação das exigências fiscais em matéria tributária como salvaguarda dos superiores interesses do Estado

Objectivos secundários

Detecção de erros e fraudes contabilísticas

Cumprimento das obrigações fiscais e Gestão/Planeamento fiscal (quando executada pela empresa)

 

Aspecto Comparativo

Auditoria Financeira Auditoria Fiscal

Normas Sist. Norm. Cont. (SNC), NIC, DRA5, NIA6

SNC (cf. CIRC7 art.º17.º, n.º 3 a)8)

Legislação CSC9, CC10, CVM11, Códigos Fiscais

Códigos Fiscais, “DireitoCirculado e DireitoInstrutório12”

Auditores Externos (ROC, Grandes

Auditores internos daempresa, Auditores

                                                            5 Directrizes de Revisão/Auditoria promovidas pela OROC. 6 Normas Internacionais de Auditoria ou IAS (International Standards on Auditing) publicadas pelo IFAC. 7 Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas. 8 A contabilidade deve estar organizada de acordo com a normalização contabilística, sem prejuízo das disposições previstas no CIRC – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas. 9 Código das Sociedades Comerciais, republicado e aditado pelo DL 76-A/2006, de 29 de Março, com entrada em vigor em 30 de Junho de 2006. 10 Código Comercial. 11 Código dos Valores Mobiliários. 12 Não configurando obviamente um ramo do Direito, referimo-nos às circulares, ofícios circulados e demais jurisprudência emanada pela administração fiscal a cumprir pelos agentes da mesma.

Multinacionais de Auditoria), outros

Externos (incluindo ROC) e organismos oficiais do Estado (DGI, IGF)

Principais conhecimentos exigidos ao auditor

Contabilidade, Auditoria

Fiscalidade, Direito Fiscal

Base Legal Sim Não

Sucede assim que, como principais elementos de conclusão retirados da tabela acima, temos:

(i) a auditoria fiscal afasta-se da auditoria financeira nos objectivos a atingir e

(ii) preocupa-se sobretudo, cremos, com a demonstração dos resultados por naturezas, como consequência, refira-se, dos seus próprios objectivos específicos.

Após havermos:

(i) sinopseado algumas definições dos dois tipos de Auditoria – fiscal e financeira;

(ii) colocado em evidência o carácter autónomo da primeira, sem prejuízo da sua complementaridade com a segunda; e

(iii) detectado as fundamentais zonas de convergência/divergência das duas disciplinas, afigura-se-nos agora oportuno uma incursão mais detalhada pelo tema que aqui pretendemos escalpelizar.

2 – FORMAS DE AUDITORIA FISCAL

Sem embargo de posterior análise, podem identificar-se umas quantas formas do caso que aqui nos ocupa, mormente relacionadas com os seus principais agentes concretizadores. Seleccionámos para o efeito três delas13:

Assim, em primeiro lugar, registamos a Auditoria Fiscal desempenhada por auditores externos, visando o controlo da regularidade fiscal de forma a contribuir para uma maior eficiência da gestão fiscal dentro dos limites do quadro da legislação em vigor.

                                                            13 No entanto, apenas as duas primeiras serão credoras da nossa atenção em capítulos seguintes, por duas ordens de razões. A primeira, por entendermos serem estas as modalidades de auditoria fiscal mais correntes e mais aplicáveis ao tecido empresarial português e a segunda por, no seu conjunto, estarem em conformidade com a definição de auditoria fiscal com a qual mais concordamos: aquela que reúne o tríptico de objectivos (i) gestão fiscal, (ii) planeamento fiscal e (iii) verificação da regularidade tributária das empresas.

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 12: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

12

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

A auditoria fiscal desenvolve-se ao longo do exercício, englobando o atempado cumprimento das obrigações fiscais, quer pecuniárias, quer declarativas; é contínua.

Por outro lado, a Auditoria Fiscal executada por organismos oficiais da administração fiscal (serviços de fiscalização da DGI e IGF) tem como objectivo a verificação da regularidade fiscal, tendo em vista os interesses do Estado, não assumindo assim os aspectos de uma auditoria com as características de prevenção das situações fiscais irregulares e de planeamento fiscal. Assume mais o aspecto de inspecções ou fiscalizações, em áreas específicas da fiscalidade, visando apenas a regularidade fiscal. A fiscalização tributária visa essencialmente a análise das DF de uma empresa, por um técnico fiscal (perito de fiscalização tributária/inspector tributário), com o objectivo de verificar se o contribuinte cumpriu com as suas obrigações fiscais; é pontual.

Esta pode incidir tanto sobre empresas como particulares. Tem como objectivos colaterais a detecção de erros nas declarações de rendimentos, de erros contabilísticos e de operações marginais à contabilidade ou operações nela dolosamente simuladas14.

Por fim, apresenta-se-nos a Auditoria fiscal exercida por especialistas de fiscalidade pertencentes aos próprios quadros da empresa. Trata-se, em nosso entender, de uma situação atípica, porventura pouco frequente e com pouca aplicabilidade em Portugal e apenas possível em empresas de grande dimensão, o que não é, como é do domínio público, o caso do nosso país.

Todavia, neste contexto, a opinião de Ascensão (2002) parece atestar a sua existência, nomeadamente quando o autor refere que a auditoria fiscal é aquela que é praticada ao nível das empresas pelo responsável da área fiscal e tem em vista adequar as normas internas às normas fiscais.

Efectivamente, algumas sociedades podem dispor nos seus quadros de profissionais, altamente qualificados técnica e cientificamente em domínios afins à Fiscalidade, capazes de per si poderem responder às

                                                            14 Trata-se, no essencial, de operações perpetradas com claros objectivos de consumação de fraude fiscal e relativamente às quais a sua concretização pode revestir-se das mais diversas modalidades, que vão desde ocultação de proveitos e activos a custos, perdas e

passivos simulados.

preocupações de base da empresa em matérias de gestão e planeamento fiscal, sobretudo. Evidentemente que a solução aqui preconizada envolve gastos com o pessoal que, como avançámos, não são suportáveis pela esmagadora maioria das nossas sociedades, motivo pelo qual as mesmas recorrem ad hoc a serviços de consultadoria/assessoria fiscal prestados por terceiros.

3 – A AUDITORIA FISCAL DESEMPENHADA POR AUDITORES EXTERNOS

A especificidade das matérias fiscais e o peso financeiro da carga fiscal sobre as empresas determinam que estas queiram conhecer a sua verdadeira situação fiscal. Tal tarefa constitui, sob este primado, o objecto da auditoria fiscal.

Como defende Lourenço (2000: p. 66), citando Chadefaux (1987),

a auditoria fiscal tem por missão efectuar um exame da situação fiscal da empresa tendo em vista o controlo da regularidade fiscal, assim como o conhecimento dos riscos que decorrem da prática de eventuais erros de forma a contribuir para uma maior eficiência da gestão fiscal, dentro dos limites do quadro da legislação em vigor.

A situação fiscal de uma empresa é sobretudo influenciada pela atitude da própria empresa no cumprimento das suas obrigações fiscais. O incumprimento integral dessas obrigações pode provocar a aplicação de penalidades, situações que podem ter graves consequências na saúde financeira das empresas.

A falta de cumprimento das obrigações fiscais pode ser voluntária ou involuntária, mas envolve sempre, em qualquer dos casos, um risco fiscal15, cabendo à auditoria fiscal analisar essas falhas de incumprimento e efectuar as necessárias recomendações à minimização dos aspectos económicos desses riscos.                                                             15 Na avaliação do risco fiscal o auditor deve atender a: (i) antecedentes fiscais (se a empresa recebe com frequência pedidos de esclarecimento da Administração Fiscal e se com frequência tem sido sujeita a verificações contabilísticas) e a uma (ii) análise financeira das declarações de rendimento (variações em certos indicadores sem justificação válida e apresentação, sem razão consistente, de valores muito diferentes das médias apuradas para o sector são factores que aumentam o risco fiscal). Se à avaliação do risco fiscal, adicionarmos o conhecimento global do regime e das obrigações fiscais da empresa, encontramos os dois tipos de tarefas inseridas nos trabalhos preliminares do auditor fiscal que, em conjunto, determinarão a natureza, o momento e o alcance dos procedimentos de auditoria a aplicar.

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 13: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

13

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Um outro aspecto da auditoria fiscal é o de aferir da regularidade fiscal da empresa de modo a que esta contribua para a imagem verdadeira e apropriada das DF, uma vez que o incumprimento das obrigações fiscais aumenta o risco fiscal e este, consequentemente, pode colocar em causa a obtenção de a true and fair view da informação financeira (IF).

Apesar de ser da responsabilidade da auditoria financeira a certificação da IF, já é da responsabilidade da auditoria fiscal verificar a conformidade dos registos contabilísticos com a Fiscalidade.

Em resumo, são as seguintes algumas das razões consubstanciadoras do interesse das empresas na auditoria fiscal:

1) Influência da fiscalidade na vida das empresas; 2) Risco financeiro resultante do não cumprimento

das normas fiscais e 3) Dificuldades de dotar as empresas de recursos

próprios capazes de responder com eficiência e eficácia à evolução da própria fiscalidade.

Estes motivos justificam a existência de auditorias fiscais, determinando que as empresas estejam em permanente risco fiscal, que deve ser do conhecimento dos seus dirigentes. Para que as empresas conheçam essas situações torna-se necessário recorrer, muitas vezes, aos serviços de empresas de consultadoria e auditoria (fiscal e financeira).

Na realidade, a auditoria fiscal acaba por fornecer à sociedade contratante uma posição teórica bem fundamentada sobre a sua verdade fiscal, possibilitando-lhe interpretações argumentativas bastante consistentes, pois nela estiveram envolvidos especialistas em diversas matérias, todas com um denominador comum – a Fiscalidade.

3.1 Funções gerais cometidas aos auditores fiscais

Seguindo de perto o pensamento de Guimarães (1998), Lourenço (2000), Ascensão (2002), as funções básicas normalmente arroladas aos auditores fiscais são, sem prejuízo de outras, as seguintes:

(1) Avaliar a confiança e a integridade das DF, o cumprimento das políticas, planos, procedimentos e legislação aplicável à empresa;

(2) Examinar se todas as operações estão suportadas por documentos que obedeçam aos requisitos de validade exigidos por lei;

(3) Cumprir com as obrigações fiscais (auditoria de cumprimentos específicos);

(4) Examinar a regularidade fiscal da empresa, o que se torna, por vezes, difícil, já que a interpretação da lei pode ser diferente da efectuada pelo técnico da Administração Fiscal;

(5) Assegurar que os prazos de entrega das declarações fiscais, bem como os respectivos pagamentos, foram cumpridos;

(6) Atender às conclusões da auditoria financeira, pois podem facilitar o seu trabalho e também fornecer elementos importantes sobre a integralidade, realidade e exactidão dos registos contabilísticos;

(7) Emitir parecer sobre a regularidade fiscal da empresa. A opinião emitida é importante porque permite à empresa reduzir o risco fiscal ou eliminar fontes de irregularidade e

(8) Ser o guardião dos interesses daqueles que se relacionam com as empresas – investidores, financiadores, credores, Estado e público em geral, principalmente.

Na prática, os aspectos fiscais acabam, frequentemente, por ser tratados no âmbito da auditoria financeira, integrando as equipas de trabalho um especialista em questões fiscais.

Atendendo ao n.º 1 da Recomendação Técnica 19 da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (RT19) – “A Utilização do trabalho de outros Revisores/Auditores e de Técnicos ou Peritos” –“existem diversas situações que normalmente levam o revisor/auditor a utilizar o trabalho efectuado por outro revisor/auditor ou por técnicos ou peritos” e uma delas pode ser a “necessidade de o revisor/auditor se socorrer de trabalhos ou pareceres de técnicos ou peritos externos”.

Acrescente-se que, mesmo no caso em que o revisor/auditor utiliza o trabalho de outro(s) revisor(es) ou de técnicos ou peritos, continua ele a ser responsável por todo o trabalho que suporta as suas conclusões.

A auditoria fiscal é um tipo especializado de auditoria; não se trata de uma auditoria global, pois é exclusiva da área dos impostos, observando as necessidades da empresa em matéria fiscal e de avaliação da eficácia da gestão fiscal. Saliente-se, a pretexto da passagem para a próxima sub-secção – Enquadramento da Auditoria Fiscal – a perspectiva de Guimarães (1998: p. 106) que, a propósito do nosso último sublinhado, escreve:

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 14: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

14

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

a auditoria financeira desenvolve-se através das chamadas “áreas de auditoria” (e.g.: disponibilidades, compras), as quais, de uma forma directa e /ou indirecta, influenciam os impostos (e.g.: IVA, IRC,IRS).

Assim, não seria de todo descabido falar-se de uma área de auditoria específica dos impostos que se designaria “área de impostos”.

3.2 Enquadramento da Auditoria Fiscal

Tradicionalmente a Auditoria Financeira é executada através da análise das seguintes áreas: disponibilidades; terceiros; existências; imobilizado; …

A Auditoria Fiscal, em cada uma das áreas objecto de análise da Auditoria Financeira, averigua os aspectos específicos da fiscalidade que se prendem nomeadamente com:

a. os princípios definidos pelas normas e doutrinas fiscais;

b. a mensuração; c. as normas de incidência; d. liquidação e cobrança;

e. regras de liquidação na fonte e de pagamento do imposto e

f. obrigações contabilísticas e declarativas.

A Auditoria Fiscal efectua o seu trabalho com base nalguns pressupostos da Auditoria Financeira, nomeadamente: registos, controlo e procedimentos contabilísticos.

Acresce que, geralmente, o não cumprimento das normas fiscais acarreta maiores penalizações do que a não observância das regras contabilísticas.

3.3 Objectivos de Auditoria Fiscal

3.3.1 O controlo da regularidade fiscal

A falta de cumprimento ou o não cumprimento integral das obrigações fiscais pode provocar a aplicação de penalidades e a exigência do cumprimento da obrigação fiscal. Situações destas podem ter consequências graves na situação financeira das empresas, colocando em causa a continuidade da empresa e a imagem verdadeira e apropriada das DF.

Neste sentido, cabe ao auditor fiscal, na esteira do que havíamos escrito aquando da secção relativa às notas iniciais do presente ponto:

a. Analisar as faltas de cumprimento das obrigações fiscais;

b. Analisar o risco subjacente; c. Fazer as recomendações necessárias à minimização

dos aspectos económicos dos riscos e d. Avaliar as capacidades da empresa para maximizar as

possibilidades que lhe oferece a legislação fiscal, dentro do princípio da estrita legalidade.

De salientar que, e como referido anteriormente, a situação financeira de uma empresa pode ser posta em causa pela sua situação fiscal. Ora aos ROC compete analisar o cumprimento da regularidade fiscal. O art. 24º da LGT impõe-lhes, bem como aos restantes membros dos órgãos sociais, o cumprimento dessas obrigações.

Neste mesmo sentido podemos questionar se caberá, então, aos ROC a missão de se pronunciarem sobre a regularidade fiscal.

Na expressão do autor que temos vindo a seguir, (Lourenço, 2000), uma vez que se houver irregularidades fiscais, elas podem vir a influenciar a situação financeira da empresa, e se é missão do ROC pronunciar-se sobre a imagem fiel e verdadeira das DF, então é provável que ele tenha de se pronunciar também acerca da regularidade fiscal.

Também a legislação comercial16 refere que os ROC respondem para com os credores da sociedade solidariamente com os gerentes, directores e administradores da sociedade, quando por inobservância culposa das disposições legais ou contratuais destinadas à protecção destes.

Perante esta situação e ainda que o Estatuto dos ROC não lhes atribua competências relacionadas com o controlo fiscal, é difícil dissociar as suas actividades das funções de regularidade fiscal, não só porque a lei o impõe, mas sobretudo porque a regularidade fiscal contribui para a imagem fiel e verdadeira das DF.

                                                            16 Cf. CSC, art.º 82.º – “Responsabilidade dos revisores oficiais de contas”, com remissões para o art. 73.º – “Solidariedade da responsabilidade” e art.º 78.º – “Responsabilidade para com os credores sociais”.

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 15: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

15

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

3.3.2 Gestão/Planeamento Fiscal

Trata-se de integrar a fiscalidade nas actividades da empresa, podendo as opções da gestão serem umas ou outras, consoante forem fiscalmente mais favoráveis, no quadro e dentro dos limites da legislação em vigor.

Pretende-se, assim, atingir o grau mais elevado da eficácia fiscal, tendo em vista a obtenção de vantagens financeiras e a contribuição para a eficácia da gestão global.

Existem várias vias possíveis para os contribuintes se colocarem ao abrigo do pagamento de impostos:

(1) vias legais (intra legem); (2) vias antijurídicas (extra legem) e

(3) vias ilícitas (contra legem) Em (1), a poupança fiscal é expressa ou implicitamente motivada pelo legislador, que estabelece normas negativas de tributação como: exclusões tributárias, deduções específicas, reportes de prejuízos e isenções fiscais.

No que releva a (2), também conhecidas como elisão fiscal, a poupança fiscal verifica-se através da utilização de negócios jurídicos que não estão previstos nas normas de incidência fiscal, ou que, estando previstos, têm um regime de tributação menos oneroso, os quais mediante determinadas práticas contabilísticas, podem conduzir ao apuramento de um lucro fiscal menor.

No que concerne a (3), comummente designadas medidas de evasão fiscal, a poupança é conseguida por via de actos ilícitos (por exemplo: falsificação da contabilidade, facturas falsas, apropriação de impostos retidos), estando logicamente sujeitas a sanções legais. O fenómeno de evasão fiscal pode reflectir-se através das seguintes situações previstas no Regime Geral das Infracções Tributárias (RGIT):

• burla tributária (art.º 87.º); • frustração de créditos (art.º 88.º); • fraude (art.º 103.º); • abuso de confiança (art.º 105.º); • fraude contra a segurança social (art.º 106.º) e • abuso de confiança contra a segurança social (art.º

107.º).

Outras medidas tomadas tendo em vista evitar a evasão e fraude fiscal, através do já citado Decreto-Lei

n.º 413/98, de 31 de Dezembro, que aprovou o RCPIT, estão relacionadas com os procedimentos de inspecção, os quais levaram em conta a adopção do princípio do contraditório que, se bem aplicado, contribui para aliviar a sempre desconfortável tensão entre os contribuintes e a administração tributária.

Concluímos, assim, que o importante para as empresas será a optimização dos custos fiscais com recurso a um atempado planeamento/gestão fiscal. Considera-se legítimo que as empresas procurem as soluções que melhor satisfaçam os seus objectivos fiscais que passam racionalmente por minimizar a sua carga fiscal, sendo que a procura destes cenários de eficiência fiscal dentro da moldura jurídico-legal colocada ao dispor das empresas não pode ser considerada como fuga aos impostos, quer estejamos na presença de objectivos puramente quantitativos de redução da carga fiscal, quer mesmo em face de estratégias de diferimento de impostos.

Falta-nos, portanto, dedicar atenção nesta exposição a uma matéria que tem ganho, nos tempos recentes, particular acuidade. Trata-se de analisar a auditoria fiscal sob a óptica da administração fiscal, ou, se quisermos simplificar, na perspectiva de uma fiscalização tributária.

4 – A EXECUÇÃO DA AUDITORIA FISCAL: EXEMPLOS DE TESTES

Para terminar, assinalamos casos concretos de testes a executar pelos auditores na prossecução de objectivos de auditoria fiscal17:

Teve-se em conta o coeficiente de desvalorização da moeda no apuramento das mais valias / menos valias fiscais? Analisar o cálculo das mais-valias / menos valias fiscais através do respectivo mapa.

É conhecido o valor do terreno e o valor da construção e foi atribuído a cada um deles o respectivo valor? Verificar os elementos que compõem o custo, assim como o cálculo do valor do terreno e da construção.

As taxas de depreciação são definidas pela empresa ou aplicam-se as taxas contidas na legislação fiscal? Verificar se as taxas de amortização praticadas são as constantes da legislação.

Em caso de destruição de bens foi participado o facto à DGI e foi elaborado o auto de destruição dos mesmos? Verificar se foi elaborado auto de abate e se foi pedida a presença de elementos da AF.

                                                            17 Em itálico realçamos a actuação do auditor fiscal.

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 16: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

16

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

As depreciações superiores às devidas foram acrescidas à matéria colectável? Verificar a existência de depreciações em excesso e se as mesmas foram acrescidas para efeitos fiscais.

O IVA contido na aquisição das viaturas de turismo e barcos de recreio (por exemplo) tem sido deduzido? Verificar o tratamento do IVA através dos documentos de compra dos bens.

Os bens em curso foram transferidos para o imobilizado só depois de estarem concluídos? Verificar os registos, a transferência de valores para a conta de imobilizado, assim como a existência física dos bens.

Foram tidas em conta as exigências fiscais no desreconhecimento de activos fixos tangíveis? Verificar se foi comunicado à AF a data e o local dos abates.

Os impostos retidos pela empresa estão creditados nas respectivas contas? Foram respeitadas as taxas de retenção? Verificar os movimentos contabilísticos, as taxas de retenção assim como os demais formalismos legais.

As retenções de imposto efectuadas por terceiros foram-no devidamente? Verificar a natureza das retenções assim como os respectivos documentos, designadamente bancários.

Os cálculos da estimativa para férias e subsídio de férias estão correctamente efectuados? Verificar os cálculos efectuados tendo em atenção a massa salarial.

As doações constam do activo da empresa pelo seu

justo valor? Verificar o critério em questão.

CCOONNCCLLUUSSÃÃOO

Procurámos, ao longo do presente artigo, evidenciar as

afinidades existentes entre a Auditoria Fiscal e

Financeira, sem deixar se realçar o carácter autónomo

da primeira.

Revelámos, de seguida, que as formas de Auditoria

Fiscal podem ser encaradas numa tripla perspectiva: a

levada a cabo por auditores externos, a executada

pelos serviços da DGI e da IGF e a desempenhada por

especialistas de fiscalidade pertencentes à própria

estrutura organizativa da empresa.

Sem prejuízo de outras relevantes apreciações finais,

uma derradeira parece-nos a mais adequada – a de

que a Auditoria Fiscal constitui um importante

instrumento ao serviço da gestão das

empresas e um indispensável mecanismo para

acautelar os interesses do Estado na presença

de situações irregulares do ponto de vista da

arrecadação de impostos.

o

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENS, Alvin A. ; LOEBBECKE, James K. (2000) – Auditing: An Integrated Approach. 8 th ed.. Prentice Hall International, Inc. New Jersey. ASCENSÃO, Adílio Hélder Ramos (2002) – “Auditoria Fiscal”. Jornal de Contabilidade, n.º 305. Ano XXVI. Boletim da Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC). Lisboa. COSTA, Carlos Baptista da (2000) – Auditoria Financeira: teoria e prática. 7.ª ed.. Lisboa : Editora Rei dos Livros. I. COSTA, Carlos Baptista da (2006) – Transparências para aulas de Relato Financeiro. Trabalho efectuado no âmbito da disciplina de Relato Financeiro do Mestrado em Contabilidade e Auditoria do ISCA-UA, ano lectivo 2005/2006, 2.º semestre. Acessível no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro. Aveiro. Portugal. LOURENÇO, João Cabrito (2000) – A Auditoria Fiscal. 2.ª ed.. Vislis Editores. Lisboa. GONÇALVES, Joaquim e SOARES, José (orgs) (1994) – Auditoria Fiscal. Curso da Câmara dos Revisores Oficiais de Contas. GUIMARÃES, Joaquim Fernando da Cunha (1998) – “Auditoria Fiscal”. Revista de Contabilidade e Comércio. Separata do n.º 217 – Vol. LV – 1.º trimestre de 1998. Porto. pp. 65-120. IFAC (International Federation of Accountants) – ISA n.º 1. OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (2005) – Directriz de Revisão/Auditoria n.º 511: Verificação do Cumprimento dos Deveres Fiscais e Parafiscais. OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas – Recomendação Técnica n.º 19: A Utilização do trabalho de outros Revisores/Auditores e Técnicos ou Peritos. PORTUGAL., Decreto-Lei n.º 398/98, de 17 de Dezembro. Lei Geral Tributária. PORTUGAL., Decreto-Lei n.º 433/99, de 26 de Outubro. Código de Procedimento e de Processo Tributário. PORTUGAL., Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30 de Novembro. Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas. PORTUGAL, Decreto-Lei n.º 394-B/84, de 26 de Dezembro. Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. PORTUGAL., Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março. Código das Sociedades Comerciais. PORTUGAL., Lei n.º 15/2001, de 5 de Junho. Regime Geral das Infracções Tributárias. PORTUGAL., Decreto-Lei n.º 413/98, de 31 de Dezembro. Regime Complementar do Procedimento de Inspecção Tributária. SILVA, José Manuel (1992) – “Auditoria Fiscal (I): Auditoria Financeira e Auditoria Fiscal”. Revista Fiscália, n.º 3/4 de Maio/Agosto.

o

 

Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira

Page 17: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

17

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Entrevista  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como caracteriza a Direcção de Auditoria Interna da SOMAGUE?

O Grupo Somague (Somague) é detido, desde 2005, pelo Grupo Sacyr Vallahermoso (Grupo SyV), tendo a função de auditoria Interna sido operacionalmente verticalizada no início de 2007 e funcionando desde então como uma subdirecção da DAI Grupo SyV, perfeitamente alinhada na sua missão, objectivos e práticas.

A DAI da Somague assegura a função de auditoria interna nas subsidiárias do Grupo SyV em Portugal (Somague Engenharia, Somague Utilities, Somague Concessões, Somague Ambiente e Somague Imobiliária), dependendo hierarquicamente do Director de Auditoria Interna do Grupo SyV e funcionalmente da Presidência da Somague.

Por sua vez a DAI do Grupo SyV depende directamente do Presidente do Conselho de Administração e do Comité de Auditoria do Grupo SyV.

 

Luís Manta Salvador

Auditoria Interna, Somague

 

“Os reguladores deveriam ter um papel mais activo e determinante na salvaguarda da independência e do bom funcionamento da função de assurance “.

Page 18: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

18

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

A Direcção tem no seu conjunto 11 profissionais, 8 em Madrid e 3 em Lisboa, sua estrutura é composta por 1 Director, 1 Subdirector, 2 Gerentes e 7 Auditores, eu integro o organigrama como Subdirector, responsável pela Somague.

Como caracteriza o sistema de controlo interno (modelo de governação, gestão do risco) e o papel da auditoria interna na sua empresa?

A Somague funciona de acordo com um Sistema de Gestão orientado por processos, o qual designou por Modelo de Funcionamento e que foi estabelecido com o objectivo de criar e implementar um conjunto de normas de procedimentos que suportem a estratégia e os processos da Empresa. Os processos estão divididos em Processos de Negócio e Processos de Suporte.

A Gestão Empresarial do Risco é uma componente essencial do Governo da Sociedade que deve existir concertada com as outras componentes, as funções de Auditoria e o Sistema de Gestão (inclui os processos de controlo de gestão). As recomendações da Gestão do Risco traduzem-se em alterações ao Sistema de Gestão, participando a função de Auditoria na verificação do cumprimento e implementação de tais recomendações.

Na Somague temos implementado a metodologia para a definição e implementação de uma Enterprise Risk Management - Integrated Framework, que seguiu os standards internacionais de gestão do risco definidos pelo COSO (“ Committee of Sponsoring Organizations of the Tredaway Commission”).

A Gestão de Riscos da Somague está alinhada com a Gestão de Riscos do Grupo SyV e está sujeita a uma revisão periódica por parte do Comité de Auditoria do Grupo.

No que se refere ao papel da DAI no Grupo, a nossa principal função é fornecer à Presidência do Grupo e ao Comité de Auditoria uma opinião independente sobre a efectividade do Sistema de Gestão e do Sistema de Controlo Interno da Somague. Este objectivo é assegurando com a realização das seguintes tarefas:

- Realizar uma avaliação sistemática da eficácia dos processos de identificação, controlo e gestão dos riscos com o objectivo de colaborar na excelência da gestão e na qualidade da informação;

- Assegurar a fiabilidade e integridade da informação financeira e operacional, rever a eficiência e a eficácia das operações, a protecção adequada de activos e o cumprimento da legislação e regulamentação vigente;

- Analisar a idoneidade dos controlos e procedimentos existentes, o seu grau de cobertura dos riscos e adequado cumprimento, promovendo a sua melhoria contínua mediante recomendações resultantes do trabalho de revisão constante;

- Analisar a ética e os valores da Organização, colaborando na melhoria do bom Governo Corporativo.

Que tipo de auditorias são realizadas?

Tradicionalmente classificamos as nossas auditorias de acordo com a tipologia dos trabalhos, nomeadamente;

- Avaliações de Controlo Interno:

Análise e avaliação de procedimentos, no que se refere por exemplo à sua existência, idoneidade, grau de cumprimento, etc.. Estão também aqui incluídos os trabalhos relativos à Gestão do Risco.

- Auditoria de Processos de Negócio:

Revisão de processos críticos de negócio, por exemplo na construção: o Grau de acabamento, o armazém e a especialização dos exercícios, no imobiliário: a compra de solo e o controlo da promoção, nas concessões: o plano económico e financeiro e o clico de ingressos, etc.

- Auditoria de Processos de Suporte:

Revisão de processos de suporte ao negócio, por exemplo Pessoal: estimativas e registo contabilístico, Tesouraria: conciliações de saldos e controlo dos passivos, contas a receber, controlo do imobilizado.

- Avaliações de cumprimento Regulatório:

Auditorias ao cumprimento de toda a legislação aplicável; fiscal, legal, laboral, prevenção de branqueamento de capitais, LOPD, etc. Por exemplo Fiscal: análise do planeamento fiscal, cumprimento da legislação, avaliação da probabilidade e quantificação de passivos fiscais e do seu registo adequado, Legal: análise dos litígios, avalização de possíveis passivos e do seu registo adequado.

Entrevista Auditoria Interna SOMAGUE

Page 19: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

19

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

- Revisões Especiais

Neste tipo de auditorias incluem-se todas as que não sejam enquadráveis com as anteriores, por exemplo: Protecção física e jurídica de activos, trabalhos de prevenção e detecção de fraude, trabalhos relacionados com o bom governo corporativo, sociedades em situações especiais (dissolução, venda ou aquisição), trabalhos solicitados pela Presidência ou pelo comité de auditoria, etc.

Em que sentido a auditoria interna fornece valor à empresa?

O nosso objectivo de acrescentar valor é bastante ambicioso, participamos activamente na elaboração e seguimento da Politica de Controlo e Gestão dos Riscos da Somague e por isso procuramos que os nossos trabalhos sejam úteis na gestão global dos riscos.

Anualmente elaboramos o Plano de Auditoria, em que detalhamos a nossa missão, objectivos, prioridades, tipos de trabalhos a realizar, tendo em consideração as necessidades da Presidência da Somague mas também os objectivos assumidos pela DAI SyV com o Comité de Auditoria e o Presidente do Grupo SyV,

Na nossa planificação anual deixamos 25% no nosso tempo disponível para trabalhos que respondam a necessidades do Conselho de Administração da Somague, e que realizamos a seu pedido. Temos observado um acréscimo de solicitações de trabalhos em termos quantitativos e qualitativos, todos eles relacionados com a mitigação de riscos importantes da Somague.

Deste modo realizamos o nosso trabalho de forma mais ampla, assumindo alguns trabalhos de consultoria, como por exemplo:

apoio na elaboração dos mapas de risco da

Somague e cada linha de negócio;

apoio na criação do Departamento de Prevenção de

Branqueamento de Capitais,

apoio na elaboração do Código de Ética e Conduta,

lançamento e gestão da Linha de Ética e Consulta,

trabalhos de detecção de Fraude,

colaboração activa na Politica de Controlo e Gestão

dos Riscos da Somague.

Como é feita a supervisão e avaliação da função de auditoria interna?

A supervisão da função de auditoria no Grupo SyV é realizada através de reuniões mensais com o Presidente do Conselho de Administração e trimestrais com o Comité de Auditoria. Na Somague, reunimos regularmente com a Administração com o sentido de planear necessidades de trabalhos e apresentar os relatórios.

Os relatórios de auditoria Interna gerados na Somague são apresentados: ao Responsável e ao Administrador do departamento visado e à Presidência da Somague, adicionalmente integram o reporte executivo feito pela DAI SyV ao Presidente e ao Comité de Auditoria do Grupo SyV.

Internamente, realizamos avaliações de qualidade semestral, que consistem em revisões dos trabalhos mais complexos ou significativos por gerentes que não estiveram envolvidos na sua execução. As nossas principais preocupações são a qualidade técnica final do trabalho, o suporte e documentação das principais conclusões e a sua utilidade para o negócio.

Em finais de 2007, solicitámos uma Revisão de Qualidade Externa (QAR) ao IAI de Espanha com objectivo de obtermos uma opinião independente de que se estamos realmente alinhados com as melhores práticas do mercado que permitem um trabalho rigoroso e completo.

Os avaliadores do instituto realizaram uma revisão aprofundada ao nosso estatuto, plano de auditoria, relatórios e papeis de trabalho, reuniram com alguns auditados, com a Administração e com o Comité de Auditoria, o que lhes permitiu conhecer a nossa a nossa função em detalhe, expressar uma opinião fundamentada e emitir recomendações que entretanto já implementámos.

A obtenção desta certificação é a nossa garantia de qualidade para os nossos StakeHolders e uma excelente ferramenta de Marketing.

Entrevista Auditoria Interna SOMAGUE

Page 20: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

20

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

A nossa maior satisfação na obtenção da

certificação é que esta significa uma opinião

favorável e independente que reconhece o nosso

compromisso de melhoraria contínua da qualidade

e profissionalismo, o uso das melhores práticas e o

cumprimento das Normas Internacionais para a

prática de Auditoria Interna.

Nº DE REGISTRO:No REGISTER: 07.004-E

Como se mede o desempenho da função de auditoria

Interna?

Os objectivos qualitativos e quantitativos (numero e tipo de projectos, recursos, formação, qualidade dos relatórios, maturidade profissional, capacidade técnica) são definidos no inicio do ano em conjunto com o Comité de Auditoria e a Presidência do Grupo e são oficializados e publicados no plano de auditoria. Semestralmente faz-se uma avaliação de acompanhamento ao plano.

Qual a formação dos auditores internos, nomeadamente,

quantos auditores certificados (CIA´s, CCSA, CFSA,

CGAP, CISA) existem na empresa?

Todos os nossos recursos têm formação superior e vários detêm pós-graduações e mestrados nas áreas de interesse da nossa profissão, a maioria têm experiencia anterior em auditoria externa em uma das Big4, eu e o Director somos Revisores Oficiais de Contas.

Por tudo isto, no nosso enfoque em temas de formação é no reforço dos conhecimentos em matérias relacionadas com: (i) auditoria interna, (ii) conhecimento do negócio e (iii) com o desenvolvimento pessoal de cada auditor (desenvolvemos um programa específico de formação de acordo com o perfil de necessidades de cada auditor).

Na nossa planificação destinamos em média 8,5% do tempo a temas de formação e desenvolvimento pessoal.

Na Direcção existem actualmente 6 auditores certificados (CIAS), sendo dois da DAI Somague. No segundo ano do plano de carreira, torna-se requisito obrigatório a obtenção do título CIA.

Considera o papel do IPAI importante na função auditoria

interna em Portugal?

O IPAI, sendo o veículo do IIA em Portugal, tem a responsabilidade de impulsionar a evolução e a valorização da nossa profissão. Um exemplo dessa importância é a criação e patrocínio de grupos sectoriais que permitem a partilha e intercâmbio de conhecimentos e experiências entre associados.

Adicionalmente o IPAI desempenha um papel fundamental em temas relacionados com a formação em auditoria interna e áreas de interesse para a nossa profissão e na promoção dos programas de formação e certificação do IIA.

Qual o desafio mais relevante do modelo de governação e

da auditoria interna nos próximos tempos?

Considero que estamos num momento importante para a nossa profissão, está acontecer uma mudança cultural ao nível das organizações em matérias como a gestão do risco, reputação, bom governo, sustentabilidade, a própria função de auditoria interna está neste momento a ser mais e melhor valorizada dentro das organizações.

Temos a sorte de integrar um Grupo que reconhece e aposta

no valor da função, mas existem ainda muitas empresas que

subvalorizam a função relegando-a para funções de apoio

contabilístico ou financeiro e não lhe assegurando condições

que salvaguardem a independência relativamente à gestão

executiva.

Os reguladores deveriam ter um papel mais activo e

determinante na salvaguarda da independência e

do bom funcionamento da função de assurance

(conselhos de auditoria, auditorias externas e

internas e conselhos fiscais).

o

Entrevista Auditoria Interna SOMAGUE

Page 21: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

21

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Fernando Fernandes (Director Projectos da WJPortugal)

Audit Automation Facilities – Módulo de Auditoria

Na sequên c i a do a r t i g o an t e r i o r , i r emos ana l i s a r um ca so p r á t i c o de Aud i t o r i a .

Auditoria: Transferências Interbancárias

P l a n o d e T r a b a l h o

1 – P r o c e s s o

2 – C o n t r o l o s

3 – P r o g r a m a d e T r a b a l h o

E x e c u ç ã o d a A u d i t o r i a

4 – P a p é i s d e t r a b a l h o

5 – I n c o n f o r m i d a d e s

6 – R e c o m e n d a ç õ e s

7 – R e l a t ó r i o s ( P r ó x i m a e d i ç ã o )

Plano de Trabalho

( 1 – P r o c e s s o )

T r a n s f e r ê n c i a s I n t e r b a n c á r i a s e f e c t u a d a s

e n t r e c l i e n t e s e B a l c õ e s .

( 2 - C o n t r o l o s )

A t í t u l o d e e x e m p l o v a m o s c o n s i d e r a r a p e n a s

o s s e g u i n t e s c o n t r o l o s :

1 . S o l i c i t a ç õ e s d o C l i e n t e

2 . M a p a d e t r a n s f e r ê n c i a s e x e c u t a d a s

O n - l i n e .

( 3 - P r o g r a m a d e t r a b a l h o )

N o P r o g r a m a d e T r a b a l h o v a m o s c o n s i d e r a r

o s s e g u i n t e s t e s t e s d o s C o n t r o l o s

s e l e c c i o n a d o s :

Agora já pode interagir on- l ine com os audi tados no decorrer das auditor ias , para sol ic i tar in formação, negociar prazos, etc . A comunicação entre auditores e audi tados f ica guardada e indexada à audi tor ia em curso.

Agora já pode enviar “ inconformidades” para os responsáveis (auditados) no decorrer da Auditor ia .

Page 22: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

22

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

T e s t e s

C o n t r o l o 1

E x i s t e e v i d ê n c i a d a c o n f e r ê n c i a d e a s s i n a t u r a s ? ( V e r i f i c a r p o r a m o s t r a g e m s e e x i s t e e v i d ê n c i a d a c o n f e r ê n c i a d e a s s i n a t u r a s d a s s o l i c i t a ç õ e s d o s c l i e n t e s ) .

E x i s t e m s o l i c i t a ç õ e s e s c r i t a s e f e c t u a d a s p e l o c l i e n t e ? ( e l a b o r a r L i s t a g e m d a s m e s m a s ) . C o n t r o l o 2

O s m a p a s d e f i n i t i v o s s ã o c o n f e r i d o s ? ( C o n f e r ê n c i a d i á r i a d o s m a p a s d e f i n i t i v o s d a s o p e r a ç õ e s o n - l i n e e x e c u t a d a s ) .

O s m a p a s p r o v i s ó r i o s s ã o c o n f e r i d o s ? ( C o n f e r ê n c i a d i á r i a d o s m a p a s p r o v i s ó r i o s d a s o p e r a ç õ e s o n - l i n e e x e c u t a d a s ) .

E x e c u ç ã o d a A u d i t o r i a

( 4 - P a p é i s d e t r a b a l h o )

A P a s t a d o A u d i t o r - V i s ã o d o p r o g r a m a d e t r a b a l h o e d o s t e s t e s a e x e c u t a r :

E c r ã d o P r o g r a m a d e T r a b a l h o a e x e c u t a r

N o t a s :

P e r m i t e a r e v i s ã o d o s t r a b a l h o s ( o p c i o n a l ) .

O s d o c u m e n t o s q u e s e e n c o n t r a m a v e r m e l h o n ã o f o r a m l i d o s o u f o r a m a l t e r a d o s a p ó s a s u a l e i t u r a . C o m o s e p r o c e s s a a e x e c u ç ã o d o s t e s t e s ?

A p ó s s e l e c ç ã o d o t e s t e a e x e c u t a r , o s i s t e m a p e r m i t e - l h e :

D o c u m e n t a r o t e s t e n o i t e m “ P a p e l d e T r a b a l h o ” , q u e i n t e r a g e d i r e c t a m e n t e c o m o M i c r o s o f t W o r d .

E c r ã d o T e s t e ( D o c u m e n t a r t e s t e -i n t e r a c ç ã o c o m o W o r d )

I n d e x a r t o d o o t i p o d e a n e x o s a o t e s t e . E f e c t u a r c o m e n t á r i o s s o b r e o t e s t e . S o l i c i t a r i n f o r m a ç õ e s o u d o c u m e n t o s a o

A u d i t a d o .

E c r ã d o T e s t e ( S o l i c i t a r i n f o r m a ç õ e s a o A u d i t a d o

C o n s u l t a r i n f o r m a ç õ e s s o b r e o p r o c e s s o e m a n á l i s e .

C o n s u l t a r i n f o r m a ç õ e s s o b r e o p r o g r a m a d e t r a b a l h o ( O b j e c t i v o , d e s c r i ç ã o , e t c . ) .

E c r ã d o T e s t e ( l i n k s p a r a p r o c e s s o / c o n t r o l o s / t e s t e s / P r o g r a m a d e T r a b a l h o )

A u d i t A u t o m a t i o n F a c i l i t i e s – M ó d u l o d e A u d i t o r i a

Page 23: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

23

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

A p ó s a e x e c u ç ã o d o t e s t e o A u d i t o r r e g i s t a o r e s u l t a d o , c o m a s s e g u i n t e s p o s s i b i l i d a d e s :

“ N ã o a n a l i s a d o ” – ( D e f a u l t ) “ N ã o A p l i c á v e l ” – O t e s t e s e r á

d e s c o n s i d e r a d o , p a r a o q u a l s e r á n e c e s s á r i o u m a j u s t i f i c a ç ã o .

“ E m C o n c l u s ã o ” – O t e s t e e s t á e m e x e c u ç ã o

“ C o n c l u í d o ” - O t e s t e e s t á f i n a l i z a d o .

E c r ã d e S i t u a ç ã o d o T e s t e

O “ E s t a d o ” d e “ C o n c l u í d o ” p o s s i b i l i t a d u a s o p ç õ e s :

“ S a t i s f a t ó r i o ” , o p c i o n a l m e n t e p o d e r á s e r c r i a d a u m a “ C o n s i d e r a ç ã o ”

“ I n s a t i s f a t ó r i o ” , p e r m i t e c r i a r u m a “ I n c o n f o r m i d a d e ” .

E c r ã d o R e s u l t a d o d e u m t e s t e

( 5 - I n c o n f o r m i d a d e s ( P o n t o s ) )

A C r i a ç ã o d e u m a i n c o n f o r m i d a d e p o d e t e r p o r b a s e u m “ P o n t o P a d r ã o ” o u u m “ P o n t o C o m u m ” .

E c r ã d e c r i a ç ã o d e u m P o n t o

A u t i l i z a ç ã o d o “ P o n t o P a d r ã o ” a u x i l i a o t r a b a l h o d o A u d i t o r , q u e n ã o n e c e s s i t a d e s e p r e o c u p a r c o m o t e x t o , s i m p l e s m e n t e a d i c i o n a r á o s c a m p o s v a r i á v e i s .

E c r ã d e i m p o r t a ç ã o d e u m P o n t o p a d r ã o

( 6 - R e c o m e n d a ç õ e s )

P a r a c a d a i n c o n f o r m i d a d e o A A F p e r m i t e c r i a r u m a o u v á r i a s r e c o m e n d a ç õ e s .

E c r ã d e C r i a ç ã o d e u m a R e c o m e n d a ç ã o

P e r m i t e i g u a l m e n t e e n v i a r a s r e c o m e n d a ç õ e s

p a r a r e s o l u ç ã o n o d e c o r r e r d a a u d i t o r i a .

E c r ã d e e n v i o d e u m a R e c o m e n d a ç ã o

C o n t i n u a n o p r ó x i m o a r t i g o . . .

 

A u d i t A u t o m a t i o n F a c i l i t i e s – M ó d u l o d e A u d i t o r i a

Page 24: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

24

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Caneta Digital

“Não prejudiques ninguém. Se o compreenderes bem, faz o que te apetecer”, Confúcio

“A liberdade dos lobos é, frequentemente, a morte das ovelhas”.

Biblioteca do auditor

 

 

 

 

 

 

 

Livros para Venda

The International Professional Practices Framework (IPPF) is the conceptual framework that organizes authoritative guidance promulgated by The Institute of Internal Auditors.

Preço para sócios: 36,73 Euros; Preços para não sócios: 38,40 Euros; Acresce portes de correio: 4,00 Euros (Portugal Continental).

Preço: 30 Euros; Portes de correio: 3,30 Euros (Portugal Continental).

Para encomendar

Enviar cheque a favor do Instituto Português de Auditoria Interna, com indicação do livro pretendido e morada para envio (ou utilizar o método de transferência bancária utilizando o NIB do IPAI, com informação através do correio

electrónico [email protected])

Não hesite em contactar-nos. Telef. / Fax 213 151 002 (Dr. Bombarda Azevedo).

Novos associados

Carla Alves Faria

Cármen Ludovina Vieira Guerra

Elsa Jobling Reis Guerreiro

Sandra Manuela Mendes

João Carlos Nascimento Revés

Maria João Duarte Carvalho

Ana Cristina Afonso dos Reis

Nelson Alberto Camilo Ferreira

Augusto Estradas Nogueira

Artur Jorge Dias Gonçalves

Ricardo José Coimbra Neto

Joana Coutinho Calado Domingues

Patrícia de Oliveira Ferreira Cabido

Rita Colaço Franjoso da Silva Duarte

Patrícia Maria R. A. Costa Reis

José Fernando Santos Silva

Alexandre Herculano Fernandes Costa

Ana Sofia Sousa Tavares

António Carlos Teixeira Botelho

António Fernando Jesus Ferreira

António Júlio Luís Sousa

Carla Cristina Santos Fernandes

Eduardo Serrano Duque

Fernando Sérgio Silva Pimenta

Gonçalo Soeiro Figueiredo Castro

Isabel Maria Correia Antunes

Page 25: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

25

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

João Alexandre Sousa Gomes João Carlos Castro Vanzeller

João Luís Domingos Jacinto

João Miguel Costa Guegues

Jorge Manuel Pinto Morais

José Manuel Madureira Santos

Luís Manuel Rosário Ferreira

Luís Manuel Penedos Cartaxeiro

Mahomed Animo Nazir

Marino Rui Pires Carvalho

Pedro Alexandre Marques Loureiro

Pedro Jorge Pimenta Abreu

Raquel Marçalo Marim Caeiro

Ricardo José Leão Aguas

Victor Manuel Lopes Alves

António Fernandes Silva Gonçalves

Carlos Miguel Oliveira Pinto

Cristina Maria Rocha Barrona

François Ponce

Maria Luz Vilela Miranda

Maria Leonor Palma Coelho

Maria Lurdes Araújo Fonseca

Mário João Fonte Guerra

Marta Sofia Silvestre Santos

Nuno Alexandre Rosado Cruz

Rui Sérgio Moreira Calado

Teresa Maria Matos Lemos

Cármen Maria Fonseca Bettencourt

João Eduardo Arantes Oliveira

João Pedro Delgado Carreira

José António Carmona Leitão

Manuel Paulo Barata Lima

Miguel Ângelo Nunes Fernandes

Miguel Nuno Costa Marques

Nuno Alexandre Loreto Valada

Paulo Alexandre Romeiras Duque

Rui Manuel Silva Rodrigues

António Manuel Jesus Catarino

Francisco Manuel Canelas Lopes

Nuno Vasco Outeiro Barreto

Pedro Manuel Dias Madeira

Rui Pedro Gomes Pereira

António Joaquim Oliveira

José Manuel Pires Gonçalves

Luís Filipe Alves António

Manuel José Batista Sousa

Rui Fernando Almeida Santos

Paulo Alexandre Gonçalves Dias

António Nunes Gonçalves

Maria José Franco Madeira

Ana Filipa Medeiros Vaza

Vasco Nelson Fernandes Urbano

Novos sócios colectivos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Colabore:

The IIA’s Global Internal Audit Survey – A

Component of the CBOK Study 

The IIA’s Global Internal Audit Survey is the most

comprehensive global study of the profession to be conducted

since the 2006 study and should provide internal audit

practitioners with the latest information on the status of the

profession across the globe.

The results of the survey will:

Present insights on emerging issues and challenges facing the profession.

Help identify new opportunities to add value as an internal audit professional to your organization.

Contribute to the development of new standards and guidance. Show changes in the profession since the 2006 study was

conducted, and much more.

 

Novos associados

Page 26: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

26

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Pesquisa na rede 

 

http://aeiou.expresso.pt/cientista‐da‐fundacao‐

champalimaud‐ganha‐maior‐premio‐europeu=f557434 

Cientista da Fundação Champalimaud ganha maior prémio europeu

Zachary Mainen, cientista da Fundação Champalimaud, acaba de ganhar uma bolsa de €2,3 milhões do European Research Council, tornando-se no segundo cientista a trabalhar em

Portugal a conquistar o maior prémio científico europeu.

Zachary Mainen, coordenador do Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud no Instituto Gulbenkian de Ciência, acaba de ganhar o primeiro prémio de Ciências da Vida do European Research Council (ERC), considerado o Nobel europeu.

O prémio, no valor de 2,3 milhões de euros, já tinha sido conquistado em 2008 na área da Engenharia pela cientista portuguesa Elvira Fortunato, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, devido à invenção dos transístores e memórias em papel.

Com a duração de cinco anos, a bolsa do ERC servirá para apoiar o estudo das funções biológicas da serotonina, um dos temas mais enigmáticos nas Neurociências. A serotonina é um neurotransmissor que permite a comunicação entre os neurónios do nosso cérebro.

O objectivo de Mainen e da sua equipa é descobrir o papel da serotonina no controlo de comportamentos vitais como comer, dormir ou respirar, e nas perturbações psiquiátricas associadas, como a ansiedade, a depressão, a enxaqueca ou as disfunções alimentares.

Segundo o cientista laureado, "medicamentos anti-depressivos como o Prozac aumentam o nível de serotonina no cérebro, mas ainda pouco se sabe sobre o que leva o cérebro a libertar a sua própria serotonina, ou como é que isso afecta o funcionamento do sistema nervoso".

Zachary Mainen acrescenta que os estudos a desenvolver pela sua equipa "poderão ter aplicações clínicas e contribuir

para o desenvolvimento de drogas mais eficazes no tratamento de perturbações do comportamento, e até mesmo de terapias genéticas mais avançadas".

O ERC é o mais importante organismo europeu de apoio à Ciência. Nesta segunda edição do prémio Advanced Investigator Grant houve 512 candidaturas provenientes de países de toda a Europa.

Zachary Mainen nasceu nos EUA, estudou na Universidade de Yale e doutorou-se em Neurociências na Universidade da Califórnia. Foi professor no Laboratório de Cold Spring Harbor (Nova Iorque), e em 2007 veio para Portugal e foi contratado como investigador principal e coordenador do Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud.

o

http://www.weforum.org/documents/riskbrowser201

0/risks/ 

 

 

 

 

 

Quotas de 2010 em pagamento.

Partilhe as suas experiências: escreva um 

artigo para a revista Auditoria Interna. 

Page 27: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

27

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Six Steps to Earning a Certification in Internal Auditing

Below are the six steps an internal auditor should review when making the decision to become certified in the profession.

Step 1: Decide Which Certification Is Right for You

The IIA's Certified Internal Auditor® (CIA®) certification

is the only globally accepted designation for internal

auditors. It is a four-part exam that remains the

standard by which individuals demonstrate their

comprehensive competence and professionalism in the

internal auditing field.

The IIA also offers three specialty certifications: 1.

Certification in Control Self-Assessment® (CCSA®); 2.

Certified Government Auditing Professional® (CGAP®);

and 3. Certified Financial Services Auditor® (CFSA®).

Individuals may choose to take a specialty exam as

credit for Part IV of the CIA exam or individuals who do

not meet the CIA program education and experience

eligibility requirements may wish to take one of the

specialty certifications, which are one-part exams.

Step 2: Determine Your Eligibility and Skill Level

Each of The IIA certification programs has unique and

specific education eligibility requirements that a

candidate must meet to take the exam. In addition, you

may want to assess your skill level by taking a practice

test using the sample questions on the Web site.

Although your score on a practice test will not

necessarily indicate what your score would be on a

certification exam, a practice test may assess your

readiness and lets you know in what areas you need

improvement.

Click on exam links in Step 1 for more about eligibility

requirements.

Step 3: Register for the Exam

The IIA's certification exams are now offered through

computer-based testing, year-round at more than 500

locations worldwide.

Apply and register for the CIA exam.

Apply and register for the CGAP exam.

Apply and register for the CFSA exam.

Apply and register for the CCSA exam.

Step 4: Prepare for the Exam

You determine the method(s) in which you need to

prepare for the exam. We provide you with a list of

available resources for your consideration. Click on

exam links in Step 1 to find preparation resources.

Step 5: Take the Test

With the transition to computer-based testing (CBT),

The IIA's certification exams are administered through

the worldwide network of Pearson VUE Testing

Centers. The Pearson VUE network increases the

availability of the exam from approximately 250 exam

sites to over 500 exam sites. For more information on

the testing experience, read the Candidate Handbook.

Step 6: Receive Your Certificate

Once you have passed the exam and met all other

program requirements, your certificate will be issued to

your local IIA institute for distribution.

o  

Se desejar algum esclarecimento complementar pode escrever para [email protected] 

 

Page 28: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

28

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Notícias 

 

http://www.iia2010atl.org/ 

Dear Colleague:

Your role within the internal audit profession has never been

more critical. Recent events have only further bolstered your

value, not only to the profession but your organization. With

more than 150,000 members representing more than 100

countries, The Institute of Internal Auditors (IIA) continues to

set the standard for internal auditing. The IIA’s standard for

excellence continues with the 2010 International Conference

in Atlanta, June 6 – 9, where thousands of practitioners from

around the world will come together for the profession’s

premier training and development event.

It’s with great pleasure to invite you to this upcoming event,

featuring “Auditing Through Leadership,” bringing you the

best conference program in one exciting location. Conference

keynote speakers include:

Carole B. Tomé, The Home Depot’s chief financial officer and

executive vice president of corporate services and audit

committee chair for United Parcel Service (UPS).

Zanny Minton-Beddoes – The Economist’s Editor on Global

Economic Outlook.

Dr. Walter Massey – Bank of America’s Chairman of the

Board and President Emeritus of Morehouse College

(Invited).

Mark Sanborn – Author of The Fred Factor.

In addition to our world-class keynote speakers, this

conference will also feature 12 program tracks covering

Governance, Risk Management, GRC and Compliance,

Fraud Prevention and Detection, Leadership, Information

Technology, Emerging Global Issues, Public Sector, and

much more! Continue to check the conference website

periodically as announcements are made about the well-

known speakers and relevant topics that will be part of these

tracks.

Also, throughout the conference you will have opportunities to

network with your peers in your industry and at your career

level. Networking can be done during scheduled networking

breaks, breakfasts and lunches, or during the Sunday

Welcome Reception, the annual Gala on Tuesday evening, or

at Monday’s Vendor Reception where you can be introduced

to new business solutions.

This is the MUST attend event of 2010, so register today at

www.iia2010atl.org where you can also find the most up-to-

date program and session information.

Also, attention IIA Members – save more than US $500

when you register for the conference before January 31!

We look forward to seeing you in Atlanta as we all discover

ATL – “Auditing Through Leadership.”

Sincerely,

William J. “Bill” Mulcahy, CIA

2010 International Conference Chairman

 

 

Page 29: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

29

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

Publicidade 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pesquisa de Institutos de Auditoria - Europa

http://www.iiacyprus.org.cy/ 

CHIPRE

 

 

 

Page 30: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

30

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

O Zé Auditor 

 

 

 

 

Page 31: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

31

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 32: Auditoria Fiscal versus Auditoria Financeira Auditoria ... · Auditoria Interna Janeiro/Março 2010 Nº 37 Agenda ... aspectos relevantes: Prémio “Melhor estudo”: 8 candidaturas;

32

Auditoria Interna   Janeiro/Março 2010  Nº 37