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1 AULA 05 - PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE AUDITORIA. AULA 05 PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE AUDITORIA. AUDITORIA INTERNA

Auditoria Interna - aula 05

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1AULA 05 - PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE AUDITORIA.

AULA 05PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE

AUDITORIA.

AUDITORIA INTERNA

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2 AUDITORIA INTERNA

O QUE É PLANEJAMENTO EM AUDITORIA?

A realização de trabalhos de auditoria, querer certos cuidados e precauções, afim de que o auditor consiga executar suas tarefas de maneira lógica, racional e com a otimização dos recursos que ele dispõe.

Assim como no nosso dia-a-dia programamos o que fazer e em qual período, também na atividade de auditoria é necessário despender uma grande parte do nosso tempo na preparação de planos adequados de trabalho, desde aqueles realizados rotineiramente até aqueles mais estratégicos.

Nesta etapa dos nossos estudos, vamos abordar o planejamento dos trabalhos em auditoria, mencionando aspectos conceituais e formas de estabelecimento de uma linha de conduta para que esta atividade seja executada com êxito.

O planejamento em auditoria consiste na realização de estratégias claramente ordenadas, sistematizadas e bem definidas, para que quando da execução dos trabalhos de auditoria, estes possam ser executados com qualidade, profundidade e abordando todos os aspectos relevantes do objeto auditado.

Como bem nos ensina ATTIE (1986), o planejamento em auditoria permite a determinação antecipada de quais procedimentos serão aplicados, bem como a extensão e a distribuição destes procedimentos no tempo e a determinação de quem executará os trabalhos.

As normas de auditoria relativas à execução dos trabalhos, exigem que o trabalho de auditoria seja adequadamente planejado. Planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e a um menor custo possível.

Atividades que devem fazer parte de um plano global de auditoria.

A realização de um planejamento global dos trabalhos exige muita experiência e profundo conhecimento das operações da organização para a qual está sendo desenvolvido o plano.

Existem várias etapas que devem fazer parte do planejamento de auditoria, sendo que o auditor necessita de organização, e raciocínio lógico para desempenhar esta importante atividade.

O AUDIBRA1 Instituto dos Auditores Internos do Brasil, fornece subsídios para que um plano global de auditoria seja desempenhado com rigor e cumpra às várias etapas recomendadas.

1 Estaremos indicando apenas partes das Normas de Auditoria Interna emitidas pelo AUDIBRA, sendo que a sua totalidade pode ser obtida mediante filiação ao Instituto através do site www.audibra.org.br

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De acordo com este organismo, o planejamento dos trabalhos de auditoria deve ser documentado e compreenderá:

• Estabelecimento dos objetivos de auditoria e do âmbito do trabalho;

• Obtenção de informações básicas sobre as atividades a serem examinadas;

• Determinação dos recursos necessários à realização da auditoria;

• Comunicação a todos que precisam ter conhecimento da auditoria;

• Realização de um levantamento, no local de trabalho, para que os auditores encarregados se familiarizem com as atividades e controles a serem examinados; para que se identifiquem as áreas a serem ressaltadas e se estimule a apresentação de comentários e sugestões;

• Elaboração do programa de auditoria;

• Determinação de como, quando e a quem os resultados da auditoria serão comunicados.

Para poder cumprir suas tarefas de modo eficaz e eficiente, de conformidade com os objetivos definidos, em conjunto a administração e com os requisitos profissionais exigidos, o órgão de Auditoria Interna deve contar com uma adequada estrutura de apoio logístico aos seus auditores.

A Auditoria Interna deve atuar sobre todos os setores e atividades da organização e sob diferentes enfoques técnicos. A efetiva do seu desempenho depende de maneira decisiva do apoio logístico fornecido ao auditor designado para a execução dos trabalhos. Esse apoio deve compreender pelos seguintes aspectos:

• Elaboração do programa de controle baseado na realidade do fluxo das operações a serem controladas, onde sejam definidos os enfoques e procedimentos profissionais a serem aplicados, caso a caso, assim como a extensão, profundidade e parâmetros a serem observados;

• Agindo dessa forma o auditor estabelecerá os procedimentos adequados a cada exame, facilitará a supervisão dos trabalhos executados, terá melhores condições de dividir o trabalho por nível de auditor e melhor adequar tempos e datas para a execução dos trabalhos;

• A programação dos tempos de execução dos trabalhos, época de sua realização, datas previstas e simultaneidade das ações de controle, levando em conta a complexidade, natureza e tamanho dos testes, materialidade e criticidade do objeto do controle, a qualidade de sua organização e de seus controles internos;

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• A programação de auditores de diferentes graus de experiência e conhecimento a serem designados para a execução dos trabalhos, levando em conta o grau de capacitação necessário em relação à materialidade, criticidade e complexidade da área e dos seus fluxos operacionais e sistêmicos, bem como das técnicas e procedimentos a serem aplicados, entre os quais a utilização da informática na execução dos controles;

• As prioridades a serem observadas em função:

• da programação anual de atividades de auditoria;

• do grau de risco e seu potencial de influência nos seus resultados;

• da ocorrência de alterações materiais nos sistemas, nas estruturas, na direção, na natureza ou volume da atividade das áreas a serem examinadas;

• modificações de importância essencial na política econômica, fiscal ou incentivos, nos interesses governamentais ou ainda, na política industrial e tecnológica que possam vir a expor a organização a riscos ou perda de oportunidades de importância capital para seus resultados ou para a continuidade de suas atividades;

• Estruturação de tipo, natureza, formato e periodicidade dos relatórios a serem emitidos pela Auditoria Interna;

• Elaboração do manual de auditoria e treinamento aplicado sobre o mesmo, para garantir de forma inequívoca seu entendimento e observância;

• Estrutura de supervisão dos trabalhadores, durante sua execução prática; acompanhamento periódico do seu andamento e da solução das dificuldades surgidas nos seus aspectos técnicos, materiais ou de relações humanas.

Na elaboração do programa de controle, o gerente de auditoria aplicará o seu julgamento profissional de maneira a assegurar que esse programa possibilitará ao seu executor atingir de forma eficaz dos objetivos nele estabelecidos.

Segundo seu critério e conforme a capacitação de seus assistentes diretos, o gerente de auditoria poderá delegar aos mesmos, no todo ou mesmo da elaboração do programa de controle; nesse caso, tomará as medidas necessárias para se certificar da qualidade e completeza desse programa em relação aos objetivos predeterminados.

Essas medidas compreenderão, também, a forma de testar, treinar e introduzir definitivamente o programa de controle de trabalhos do órgão de Auditoria Interna.

Visando a cobertura de todas as áreas/processos em potencial durante um ano, o auditor deve planejar as atividades a serem executadas durante o ano. Este planejamento

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deve ser realizado antes do término do ano anterior.

O primeiro passo é determinar a disponibilidade total de horas/auditor para a realização de exame no ano específico, procurando alocar aquelas pessoas que possuem maior experiência para a realização de trabalhos especiais.

O total disponível de horas/auditor será dividido entre atividades planejadas e atividades não planejadas. As horas não planejadas constituem uma reserva para eventualidades, como: exames especiais, solicitações da administração, treinamentos especiais, etc. Devem ser determinadas com base na experiência anterior e nas discussões com a administração.

Para estabelecer as horas a serem dedicadas aos exames normais, é necessário considerar vários fatores, tais como:

• auditorias rotineiras;

• auditorias especiais;

• acompanhamento em inventários;

• revisões de procedimentos internos;

Ao elaborar o plano anual, as equipes de auditores já devem ser designadas para os diversos exames. Esta atividade deve ser documentada, e aprovada pelo gerente de auditoria, em conjunto aos órgãos independentes da organização, preferencialmente o conselho de administração, ou comitê de auditoria.

Em resumo, o planejamento dos trabalhos de auditoria é essencial para que o auditor consiga cumprir todas com qualidade e adequação. Ao planejar suas atividades o auditor deve ter em mãos informações que permitam a ele adequar sua equipe de auditores nasa áreas que efetivamente serão auditadas.

O planejamento deve ser formalmente documentado e de conhecimento das pessoas que irão executar as atividades de auditoria, compondo o manual de auditoria interna da organização.

IMPORTÂNCIA DO ESTABELECIMENTO DE UM CRONOGRAMA

Para que as atividades desenvolvidas sejam rigorosamente cumpridas dentro de um período estimado, é de fundamental importância a elaboração de um cronograma com descrição das atividades, bem como quem será o responsável pelos trabalhos nas

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várias fases e quem os revisará.

O cronograma estabelecido deverá ser cumprido integralmente, de tal maneira que sejam alcançadas as áreas/processos que haviam sido planejadas no ano anterior, evitando que a equipe de auditoria deixe de efetuar trabalhos rotineiros, como aqueles especiais.

O cronograma de auditoria permite a visualização de todas as etapas que devem ser cumpridas pela equipe de auditoria, e fazem com que o auditor se sinta “pressionado” à medida que transcorre o tempo e pode inclusive demonstrar a necessidade de contratação de mais profissionais.

O cronograma dos trabalhos deve ser planejado no ano anterior ao que ele será executado, de maneira que haja a possibilidade de uma visualização global de todo o trabalho que deverá ser executado no ano seguinte.

Poderá ser dividido entre as atividades consideradas preliminares, que acontecem antes dos exames efetivos de auditoria e ao final, em que os auditores estão distribuídos nas áreas para a execução das tarefas.

No cronograma deverá aparecer, ainda, a função de cada auditor, bem como o seu cargo dentro da estrutura organizacional, de maneira a ficar claro que as atividades consideradas mais relevantes sejam executadas por profissionais com maior experiência.

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EXEMPLO DE CRONOGRAMA DE PLANEJAMENTO DE HORAS

Em resumo, a elaboração de um cronograma de auditoria é o item fundamental no planejamento dos trabalhos, considerando que é por meio deste instrumento que serão distribuídas as tarefas dentro da equipe de auditoria, bem como proporciona a visualização dos trabalhos a serem cumpridos.

No cronograma, devem ser distribuídas as tarefas dentre a equipe de auditores por ordem de importância, ou seja, quanto mais complexas as atividades, estas serão direcionadas para aquelas pessoas com maior experiência.

O cronograma deve ser desenvolvido no ano anterior aquele que ele será aplicado, de tal sorte que sirva como um direcionamento das tarefas que devem ser executadas no ano seguinte, com o conhecimento de todos os componentes da equipe de auditoria.

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E OPERACIONAL EM TRABALHOS DE AUDITORIA

Por: Prof. MSc Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro2

Planejamento Estratégico.

I. Introdução

Considerando cada vez mais a quantidade de prestadores de serviços na área de auditoria, obterão sucesso aquelas organizações que tiverem uma preocupação maior com aspectos voltados ao planejamento adequado dos trabalhos que serão realizados, bem como clara definição do público que se queira atingir.

Sob esta ótica, é fundamental que tenhamos em mente conceitos e técnicas de Planejamento Estratégico, para que possamos obter sucesso nos desafios e oportunidades que surgem a todo o momento quando estamos dispostos a oferecer trabalhos de auditoria com qualidade e eficácia, sem perda e desgaste de recursos.

Estaremos a partir deste momento, destacando o que é o Planejamento Estratégico, e qual a sua importância para o sucesso de uma tarefa. Para que tenhamos claro o conceito do Planejamento Estratégico nas organizações, vejamos o conceito de ALMEIDA (2001, pg 13) que afirma:

Planejamento estratégico é uma técnica administrativa que procura ordenar as ideas das pessoas, de forma que se possa criar uma visão de caminho que se deve seguir (estratégia). Depois de ordenar as idéias, são ordenadas as ações, que é a implementação do Planejamento estratégico, para que, sem desperdício de esforços, caminhe na direção pretendida.

Já a estratégia, de acordo com SILVEIRA E VIVACQUA (1999, pg 32), “corresponde à

2 Auditor e professor de auditoria, perícia contábil nas Faculdades Santa Cruz/Inove, no curso de graduação e de pós-graduação. Professor de graduação de Contabilidade Internacional do Uni-cenP – Centro Universitário Positivo.Mestre em Administração e Gestão Financeira pela Universidade de Extremadura da Espanha e-mail: [email protected]

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capacidade de se trabalhar contínua e sistematicamente o ajustamento da organização às condições ambientais em mutação, tendo em mente a visão de futuro e a perpetuidade organizacional”.

Quanto ao primeiro conceito, podemos dizer que as pessoas são eficientes ao desenvolver bem um processo e eficazes ao alcançar bons resultados. É claro que um trabalho eficiente ajuda a alcançar a eficácia, mas não é só ser eficiente, pois isso é obrigação, é preciso ser eficaz.

As técnicas de Planejamento Estratégico a seguir abordadas, não irão demonstrar como realizar a auditoria propriamente dita, mas irão auxiliar na estruturação das ações para que sejam dirigidas para o público certo que se pretende atingir, bem como a filosofia da organização, pontos determinantes para a organização das idéias, e re-direcionamento das atividades de auditoria.

II. Estratégias para o Planejamento

O estabelecimento de estratégias a serem seguidas para o desenvolvimento do planejamento, pode variar de autor para autor, entretanto estaremos seguindo a linha de raciocínio estabelecido por ALMEIDA (2001, pg 14), quando definiu basicamente quatro atividades básicas para a realização da estratégia da entidade, representada pela figura a seguir:

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• Análise dos aspectos internos: nessa atividade, ocorre a conscientização sobre os pontos fortes e fracos; essa é a forma de maximizar a eficiência da entidade. Destinada ao levantamento, junto ao corpo funcional, das restrições internas da organização impeditivas do bom desempenho de suas atribuições.

• Análise do ambiente: essa é atividade mais complexa e geralmente mais importante do PE, pois nela são indicadas as oportunidades e ameaças que serão à base para se chegar à eficácia da entidade.

• Comparação da missão ou vocação com o campo de atuação: nessa atividade, é verificada a coerência entre aquilo a que a entidade se propõe, ou é vocacionada a fazer e aquilo que realmente está fazendo.

• Estabelecimento da estratégia vigente: corresponde à montagem da estratégia a ser seguida pela entidade, para alcançar os objetivos a que se propôs.

III. A missão de uma organização

Para que um Planejamento Estratégico realmente seja levado a termo, independentemente do ramo de atuação da entidade, é necessário que a organização procure definir qual é a sua missão e visão.

A missão é a razão de ser da entidade e serve para delimitar seu campo de atuação, como também para indicar as possibilidades de expansão de suas ações.

Uma missão comporta o paradigma central ou objetivo a ser perseguido, os meios para a sua conquista e a contribuição a ser oferecida à sociedade. Dentro do conceito de missão, pode-se acrescer os valores da organização que também nortearão toda a estratégia da empresa.

Exemplo de missão de uma empresa de auditoria:

Oferecer serviços de auditoria contábil, operacional e de gestão, no estado do Paraná, com qualidade, suportada nos recursos humanos com a qualificação constante do corpo técnico de colaboradores, superando as expectativas dos clientes, sempre pautados em procedimentos éticos

IV. Metas e objetivos

De acordo com TIFFANY E PETERSON (1999, pg 26), “depois de concluir a declaração

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de missão, suas metas correspondem ao itinerário básico para chegar ao destino que você deseja. ”

As metas são resultados abrangentes com os quais a entidade assumiu compromisso definitivo. Para atingir metas a empresa deve estar disposta a comprometer recursos, humanos e financeiros, necessários para alcançar os resultados almejados.

Para alcançar a meta, a empresa precisa fornecer orientação sobre como chegar lá, portanto, é necessário que esta meta seja acompanhada por uma série de objetivos. Os objetivos são declarações específicas que se relacionam diretamente a uma determinada meta, fornecem detalhes sobre o que deve ser feito e quando, é comum os objetivos estarem associados a datas e números.

Exemplo de metas e objetivos para uma empresa de auditoria:

V. Detalhando as premissas básicas para o desenvolvimento do PE para uma empresa que presta serviços de auditoria

a) Análise dos aspectos internos.

Nesta atividade de análise dos aspectos internos, são identificados os fatores de sucesso de uma empresa em seus ramos de atividade, de uma unidade da empresa ou de um profissional, que levam a entidade ao cumprimento da sua missão.

Esses fatores que levam uma entidade ao sucesso são chamados de fatores críticos de sucesso (FCS). Os FCS são os fatores considerados como chave, ou seja, cujo

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desenvolvimento será determinante e principal responsável para que uma entidade se sobressaia em relação a outras entidades.

Esta fase caracteriza-se pela identificação e análise dos pontos fracos e fortes da organização, a fim de viabilizar o aproveitamento das oportunidades, e evitar que fique vulnerável às ameaças externas.

Exemplo de Análise dos aspectos internos para uma empresa de auditoria:

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b) Análise do ambiente externo

A análise do ambiente é geralmente a etapa mais importante do Plano Estratégico, pois é quando as entidades são levadas a alcançar a eficácia pela descoberta de oportunidades e ameaças. O ambiente de uma entidade é tudo aquilo que influencia em seu desempenho sem que ela pouco ou nada possa fazer para mudar tais fatores ou variáveis. Enquanto a análise dos aspectos internos visualiza o presente, e medidas que só dependem da entidade, a análise do ambiente visualiza o futuro e, como pouco ou quase nada pode ser feito para mudá-lo, cabe à entidade apenas tomar medidas para se preparar para esse futuro. Na análise ambiental, são identificadas as oportunidades e ameaças, que são os principais condicionantes da eficácia organizacional, ou seja, para se ter sucesso, deve-se aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças.

Exemplo de oportunidades e ameaças para uma empresa de auditoria.

c) Comparação da missão ou vocação com o campo de atuação.

Os conceitos de missão e de vocação são muito próximos e servem para delimitar o campo de atuação de uma entidade, e verificar se esta não está atuando em algo que não lhe diz respeito ou está deixando de atuar em algo que deveria. O conceito de missão está ligado à razão de ser, que pode ser de uma organização,

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unidade ou profissional.

Não teria sentido, por exemplo, à prestação de serviços de consultoria, em uma empresa que se diz especializada na prestação de serviços de auditoria, principalmente se for para os mesmos clientes, pois além de problemas relacionados a aspectos éticos, estaria indo contrário a sua missão.

d) Estabelecimento da estratégia vigente

Para que não aconteça uma descontinuidade, é necessário que se conheça qual é a estratégia que a entidade vem seguindo, para que se preocupe, sempre que possível, não mudar radicalmente de direção, o que poderá implicar prejuízos para a entidade. Para conseguir identificar a estratégia que vem norteando uma empresa, pode-se perguntar quais são as atividades que são consideradas de maior importância em um período curto, como um ano, bem como as atividades que representaram maior desembolso nesse período. Assim, não teria sentido o investimento de altos recursos na contratação de uma profissional especialista no desenvolvimento de auditoria de gestão, se na região onde a empresa esteja sediada a demanda por auditoria desta natureza é quase nula. Planejamento Operacional

Por planejamento operacional entenda-se aquele realizado no dia a dia das organizações, seguido por cronogramas, tarefas específicas, e alvos mensuráveis, assegurando que as combinações de recursos estarão disponíveis na hora certa. Voltando o conceito para a realidade da auditoria as normas relativas à execução desta atividade, estas exigem que o trabalho de auditoria seja adequadamente planejado. Planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e a um menor custo possível. De acordo com LOPES DE SÁ (1999) os principais objetivos a serem alcançados no planejamento de auditoria são:• Adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, e organização global da

empresa;• Planejar maior volume de horas na auditoria preliminar;• Obter total cooperação dos funcionários da empresa;• Determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditorias;• Identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, auditoria e

impostos.

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Seguindo a padrões auditoria, conforme as normas da IFAC International Federation of Accountants, passaremos a abordar o tema segundo uma perspectiva internacional.

VI. Planejamento do trabalho

O planejamento adequado do trabalho de auditoria ajuda a garantir que se devote atenção apropriada às áreas importantes da auditoria, que os problemas em potencial sejam identificados e que o trabalho seja completado rapidamente. O planejamento também ajuda a distribuir apropriadamente o trabalho aos assistentes, bem como a coordenar o trabalho feito por outros auditores e, especialistas. A extensão do planejamento varia de acordo com o porte da entidade, a complexidade da auditoria, o conhecimento que o auditor tiver da entidade e seu conhecimento do negócio. Obter conhecimento do negócio é uma parte importante do planejamento do trabalho. O conhecimento do negócio ajuda o auditor a identificar eventos, transações e práticas que podem ter efeito relevante sobre as demonstrações contábeis. É possível que o auditor queira discutir elementos do plano global de auditoria e certos procedimentos de auditoria com o comitê de auditoria, a administração e o pessoal da entidade, para melhorar a eficácia e a eficiência da auditoria e para coordenar os procedimentos de auditoria com o trabalho do pessoal da entidade. Todavia, o plano global de auditoria e o programa de auditoria permanecem sendo da responsabilidade do auditor.

VII. O plano global de auditoria

O auditor deve desenvolver e documentar um plano global de auditoria que descreva o alcance e a conduta esperados da auditoria. Embora o registro do plano global de auditoria precise ser suficientemente detalhado para orientar o desenvolvimento do programa de auditoria, seu conteúdo e forma precisão variar de acordo com o porte da entidade, a complexidade da auditoria, e a metodologia e tecnologia específicas usadas pelo auditor.

Os assuntos que o auditor deve considerar ao desenvolver o plano global de auditoria incluem:

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Conhecimento do negócio.

• Condições do setor e fatores econômicos gerais que afetam o negócio da entidade;• Características importantes da entidade, seu negócio, seu desempenho financeiro • O grau geral de competência da administração.

Entendimento dos sistemas contábeis e de controles internos

• As políticas contábeis adotadas pela entidade e as mudanças dessas políticas;• O efeito de novos pronunciamentos contábeis ou de auditoria;• O conhecimento cumulativo que o auditor tiver dos sistemas contábeis e de

controle interno e a ênfase relativa que se espera que seja colocada nos testes de controle e procedimentos de comprovação.

Risco e relevância

• As avaliações esperadas de riscos inerentes e de controle e a identificação de áreas de auditoria significativas;

• O estabelecimento de níveis de relevância para fins de auditoria;• A possibilidade de distorções relevantes, incluindo a experiência de períodos

passados ou fraude;• A identificação de áreas contábeis complexas, incluindo as áreas que envolvem

estimativas contábeis.

Natureza, época de aplicação e extensão dos procedimentos

• Possível mudança de ênfase em áreas de auditorias específicas;• O efeito tecnológico da informática sobre a auditoria;• O trabalho da auditoria interna e seu efeito esperado sobre os procedimentos de

auditoria externa.

Coordenação, direção supervisão e revisão

• O envolvimento de outros auditores na auditoria de componentes, como subsidiárias, filiais e divisões;

• O envolvimento de especialistas e/ou peritos;

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17AULA 05 - PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE AUDITORIA.

• O número de locais;• Exigências de pessoal.

Outros assuntos

• A possibilidade de que o pressuposto de continuidade operacional esteja sendo questionado;

• Condições que exigem atenção especial, tais como a existência de partes relacionadas;

• As condições do trabalho e quaisquer responsabilidades legais;• A natureza e época dos relatórios ou outras comunicações com a entidade, que

são esperadas do trabalho.

VIII. Programa de auditoria

O auditor deve desenvolver e documentar um programa de auditoria que estabeleça a natureza, época de aplicação e extensão dos procedimentos de auditoria planejados, necessários para implantar o plano global de auditoria. O programa de auditoria serve como um conjunto de instruções para os assistentes envolvidos na auditoria e como meio de controlar e registrar a execução apropriada do trabalho. Ao preparar o programa de auditoria, o auditor deve considerar as avaliações específicas de riscos inerentes e de controle, bem como o grau necessário de segurança a ser fornecida pelos procedimentos de comprovação. O plano global de auditoria e o programa de auditoria devem ser revisados no decurso da auditoria, conforme seja necessário. O planejamento é contínuo durante todo o trabalho, devido à mudança nas condições ou resultados inesperados dos procedimentos de auditoria. As razões de mudanças significativas devem ser registradas.

Com base na leitura e reflexão do artigo acima exposto, bem como do material disponível neste tópico, proponho a você o desenvolvimento de um planejamento de auditoria na empresa em que vocês atuam. Caso não exista uma área de auditoria, simule que há este departamento com cinco pessoas com os seguintes cargos:

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• Gerente de Auditoria Interna (uma pessoa);• Auditor Sênior (uma pessoa);• Auditor Pleno (uma pessoa);• Assistente de auditoria (duas pessoas).

Nesta empresa, a área de auditoria está vinculada ao Conselho de Administração. Compete a você:

• Desenvolver planejamento estratégico de auditoria para o ano de 2007, em formulário específico, conforme modelos a seguir anexados;

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O ANO DE 20073

MISSÃO4

3 Sistematização de planejamento desenvolvido pelo Prof. Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro.4 Descrever a razão da existência da área na companhia. Deve ser iniciada sempre com um verbo no presente, como: Garantir, Proporcionar, Dirigir, Agregar, Realizar

ÁREA: CDC:

Responsável:

Superior Imediato:

ÁVERA VÍNCULADA A:(Indicar ao lado a subordinação)

CADDPDAFDPRDCMDMK

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IDENTIFICAÇÃO DOS CLIENTES INTERNOS5

QUEM SÃO? ONDE ESTÃO? O QUE ESPERAM DA MINHA ÁREA?

FORTALEZAS E DEBILIDADES6

FORTALEZAS DEBILIDADES

VALOR(ES) AGREGADO(OS) DA ÁREA PARA A COMPANHIA7

5 Relacionar quem são os clientes internos da área, onde se encontram, e o que esperam da área. Deve ser descrito na forma de itens, como por exemplo: Quem são: Divisão de Contabilidade e Plane-jamento – Onde estão: Sede Administrativa em Curitiba – O que esperam: Informações precisas, com qualidade, e no tempo certo. 6 Uma vez analisados os clientes internos relacionados no item II., descrever as principais forta-lezas e debilidades da área, com base nos sucessos e fracassos ocorridos em períodos anteriores. Deve ser descrito na forma de itens, com palavras chaves, como por exemplo: Fortalezas: Conhecimento téc-nico dos colaboradores, Experiência em trabalhar em ambientes competitivos – Debilidades: Ausência de treinamentos específicos em...., Morosidade no fluxo de informações de....7 Relacionar qual (ais) é (são) o (s) valor (es) que a área agrega para a companhia. Estes valores devem ser quantificáveis, seja financeiramente ou outra métricas, de maneira que fique evidenciado o benefício para a corporação da existência da área. Por exemplo: Redução sistemática no número de reclamações de clientes, Recuperação de ...% da carteira de inadimplentes, Redução no prazo de fatura-mento em .... dias, Manutenção da certificação da qualidade, trazendo como benefícios:.....,......,

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OBJETIVOS PERMANENTES8

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS9

CONCLUSÃO

Com a finalização deste tópico, temos a convicção que vocês atingiram os seguintes objetivos:

• Demonstrar a importância do planejamento nos trabalhos de auditoria;

8 Descrever os objetivos permanentes da área para o ano 2007, vinculando estes à missão da área. Os objetivos permanentes devem ser descritos na forma de itens, onde proporcione o acompanhamento efetivo dos resultados. Os objetivos descritos devem ser aqueles que fazem parte das atividades rotineiras da área.9 Descrever os objetivos estratégicos da área para o ano 2007. Os objetivos estratégicos devem ser descritos na forma de itens, onde proporcione o acompanhamento efetivo dos resultados. Os objetivos descritos devem ser aqueles que proporcionem melhorias nos processos internos da companhia, fazen-do vínculo com a missão corporativa da organização. Estes objetivos podem estar relacionados com os permanentes, desde que causem melhorias sistemáticas daqueles. Deverão ter datas específicas de início e de término de maneira que propicie o acompanhamento dos resultados.

DATA

INÍCIOTÉRMINO

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• Apresentar distintos tipos de planejamento como o estratégico e o operacional;• Demonstrar a importância do estabelecimento de um cronograma de atividades.

É impossível à realização de trabalhos de auditoria com pleno êxito, se estes não forem planejados previamente ao desenvolvimento. O sentido do planejamento é o de atingir os objetivos perseguidos pela auditoria com qualidade e no menor tempo possível. O planejamento permite ao auditor realizar trabalhos com maior segurança considerando que são contempladas uma série de situações com antecedência, as quais poderiam trazer maiores riscos para a auditoria, se não tivessem sido previstas com antecedência. A atividade de planejar deve ser executada pela pessoa de maior nível hierárquico no quadro da auditoria, considerando que, normalmente, é esta pessoa que possuí amplo conhecimento da organização e de seus colaboradores.

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22 AUDITORIA INTERNA

ATTIE, Willian. Auditoria interna. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1986.

ATTIE, Willian. Auditoria conceitos aplicações. São Paulo: Atlas, 1995.

CORDEIRO, Cláudio Marcelo Rodrigues. “Planejamento Estratégico e Operacional em Trabalhos de Auditoria”. Artigo técnico publicado na Revista do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná - nº 139 - página 18. Curitiba: 2004. CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil Teoria e Prática. 1999.

SÁ, Antônio Lopes de. Curso de auditoria. 10ª edição. São Paulo: Atlas, 2002.