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UNIVERSIDADE FEEVALE JÉSSICA LUANA STOFFEL AUDITORIA INTERNA DE ROTINAS TRABALHISTAS EM UMA EMPRESA COMERCIAL Novo Hamburgo 2011

Auditoria Trabalhista 2

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Auditoria trabalhista

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UNIVERSIDADE FEEVALE

JÉSSICA LUANA STOFFEL

AUDITORIA INTERNA DE ROTINAS TRABALHISTAS

EM UMA EMPRESA COMERCIAL

Novo Hamburgo

2011

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JÉSSICA LUANA STOFFEL

AUDITORIA INTERNA DE ROTINAS TRABALHISTAS

EM UMA EMPRESA COMERCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial

à obtenção do grau de Bacharel

em Ciências Contábeis pela

Universidade Feevale.

Professora Orientadora: Maria Saléti Altenhofen

Novo Hamburgo

2011

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3

JÉSSICA LUANA STOFFEL

Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis, com título Auditoria

Interna de Rotinas Trabalhistas em uma Empresa Comercial, submetido ao

corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção

do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Aprovado por:

__________________________________

Maria Saléti Altenhofen

Profª. Orientadora

__________________________________

Professor 1

Banca Examinadora

__________________________________

Professor 2

Banca Examinadora

Novo Hamburgo, maio de 2011.

Page 4: Auditoria Trabalhista 2

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter permitido alcançar o objetivo.

Aos meus pais Inácio e Clarice e meu irmão Diego,

pelo carinho, compreensão, apoio e ensinamentos.

Ao meu noivo Leandro pela compreensão e pela

paciência durante essa caminhada.

Aos amigos Jacinta e Alcindo pelo apoio.

A minha orientadora, Professora Maria Saléti

Altenhofen, pela atenção, paciência e dedicação, sua

contribuição foi importantíssima para a conclusão

deste trabalho.

A todos colegas que tornaram-se especiais durante

essa caminhada, através do apoio e incentivo.

E por fim, a todos que de uma forma ou de outra

contribuíram para tornar esse sonho realidade.

Page 5: Auditoria Trabalhista 2

5

RESUMO

O tema do presente trabalho é a auditoria contábil interna aplicada às rotinas trabalhistas, como instrumento de prevenção de passivos trabalhistas em uma empresa comercial, com nome fictício de XYZ Comercial, situada no Vale do Rio dos Sinos - RS. A auditoria busca revisar os controles internos das empresas para identificar o cumprimento das normas decorrentes da legislação e daquelas estabelecidas pela administração, verificando a necessidade de novas rotinas para

desenvolver o aperfeiçoamento do processo. Através do estudo de caso buscou-se

verificar se a empresa está em conformidade com a legislação trabalhista, considerado o ano de 2010. Como objetivos o trabalho revisa e descreve as rotinas trabalhistas decorrentes da legislação em vigor, visando à prevenção de passivos trabalhistas, através dos novos procedimentos de auditoria vigentes a partir de janeiro de 2010, demonstrando as irregularidades encontradas na auditoria trabalhista aplicada através do programa de auditoria elaborado. Como técnica de pesquisa foi utilizada a pesquisa descritiva com coleta de dados bibliográfica e documental, analisados através de estudo de caso com abordagem qualitativa, conforme evidenciado no Capítulo 3. A abordagem teórica conceitua contabilidade e auditoria no Capítulo 1, e relata no Capítulo 2 os principais procedimentos decorrentes da legislação trabalhistas em vigor. No Capítulo 4, através da verificação das rotinas, documentos e procedimentos trabalhistas realizados pela empresa, busca-se evidenciar eventuais erros que possam gerar passivos trabalhistas, sugerindo melhorias.

Palavras chaves: Auditoria, Rotinas, Legislação, Trabalhistas.

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ABSTRACT

The purpose of this paper is to study the internal accounting audits applied to laboring routines as an instrument of prevention of labor liabilities in a trading company, with fictitious name of XYZ Commercial, located in the Vale do Rio dos Sinos - RS. The audit aims to review the internal controls of companies to identify compliance with the standards imposed by legislation and those established by management, verifying the need for new routines to develop process improvement. The study case sought to determine whether the company complies with the laboring law, considering the year 2010. This study reviews and describes the laboring routines under the legislation, aimed at preventing labor liabilities, through the new audit procedures with effect from January 2010, demonstrating the irregularities found in the labor audit implemented through the elaborated audit program. Descriptive study with data collection and bibliographic documents were used as research techniques, analyzed through a study case with a qualitative approach, as evidenced in Chapter 3. The theoretical conceptualization in accounting and auditing in Chapter 1, and describes in Chapter 2 the main procedures arising from current laboring legislation. In Chapter 4, a verification of routines, procedures and documents made by the laboring organization, seeks to highlight any errors that may generate labor liabilities, suggesting improvements.

Keywords: Audit, Practices, Laboring, Legislation.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Valores salário família 2010 ..................................................................... 45 Quadro 2 – Valores salário família 2010 a partir de 16.06.2010 ............................... 46 Quadro 3 – Imposto de renda na fonte 2010 ............................................................. 50 Quadro 4 – Faixas do INSS 2010 de 01.01.2010 a 15.06.2010 ................................ 51 Quadro 5 – Faixas do INSS 2010 a partir de 16.06.2010. ......................................... 51 Quadro 6 - Composição alíquotas devidas para terceiros nas atividades comerciais

........................................................................................................................... 53 Quadro 7 – Dias de Férias ........................................................................................ 55 Quadro 8 – Proporcionalidade de dias de férias ....................................................... 57 Quadro 9 - Número de parcelas do seguro desemprego .......................................... 67 Quadro 10 – Principais Rotinas Complementares ..................................................... 71 Quadro 11 – Dimensionamento de pessoal especializado em medicina e segurança

do trabalho ......................................................................................................... 74 Quadro 12 – Medidas de prevenção à medicina e a saúde do trabalhador .............. 78 Quadro 13 – Programa de auditoria quanto a constituição empresarial .................... 83 Quadro 14 - Programa de auditoria quanto à admissão de empregados .................. 85 Quadro 15 - Programa de auditoria quanto a remunerações e descontos de

empregados ....................................................................................................... 90 Quadro 16 – Resumo folha de pagamento mês de outubro/2010 ............................. 91 Quadro 17 - Programa de auditoria quanto à rescisão de contrato de trabalho ........ 93 Quadro 18 - Programa de auditoria quanto a rotinas complementares ..................... 94 Quadro 19 - Programa de auditoria quanto à segurança e medicina do trabalho ..... 95 Quadro 20 - Análise dos procedimentos de auditoria ................................................ 96

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Procedimentos de auditoria .................................................................. 100

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AR - Aviso de Recebimento

Art. - Artigo

ASO - Atestado de Saúde Ocupacional

CA - Certificado de Aprovação

CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho

CD - Comunicação da Dispensa

CF - Constituição Federal

CFC - Conselho Federal de Contabilidade

CID - Código Internacional de Doenças

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CPF - Cadastro de Pessoa Física

CRC - Conselho Regional de Contabilidade

CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social

DC - Diretoria Colegiada

EPI’s - Equipamentos de Proteção Individual

ETC – Et. cetera

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FPAS - Fundo de Previdência e Assistência Social

GFIP - Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e

Informações à Previdência Social

GPS - Guia da Previdência Social

IN - Instrução Normativa

INSS - Instituto Nacional de Segurança Social

IRF - Imposto de Renda Retido na Fonte

LTCAT - Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho

MF - Ministério da Fazenda

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MPS - Ministério de Estado da Previdência Social

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

Nº - Número

NR - Norma Regulamentadora

PASEP - Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PCMSO - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional

PIS - Programa de Integração Social

PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário

PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PRES - Presidente

RAIS - Relação Anual de Informações Sociais

RFB - Receita Federal do Brasil

RSR - Repouso Semanal Remunerado

SEFIP - Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência

Social

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESC - Serviço Social do Comércio

SESI - Serviço Social da Indústria

SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho

SF - Salário Família

SRT - Secretária de Relações do Trabalho

TRCT - Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................13 1 CONTABILIDADE E AUDITORIA ..................................................................... 16

1.1 NORMAS E PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA ....................................... 17 1.2 TRABALHOS INICIAIS E PLANEJAMENTO DE AUDITORIA ..................... 20

1.3 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA E EVIDÊNCIA DE AUDITORIA ......... 22 1.4 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA ............................................................ 25 1.5 RELATÓRIOS DE AUDITORIA .................................................................... 26

1.6 AUDITORIA TRABALHISTA ........................................................................ 28 2 ROTINAS TRABALHISTAS .............................................................................. 30

2.1 ROTINAS TRABALHISTAS RELATIVAS À ADMISSÃO DE EMPREGADOS 30

2.1.1 Carteira de Trabalho .............................................................................. 31 2.1.2 Exames Médicos ................................................................................... 31 2.1.3 Contrato de Trabalho ............................................................................. 32

2.1.4 Livro ou Ficha Registro de Empregados ................................................ 34 2.1.5 Horário de Trabalho e Compensação ou Prorrogação de Horas ........... 35

2.2 ROTINAS RELATIVAS A REMUNERAÇões E DESCONTOS SALARIAIS . 37 2.2.1 Salários e remunerações ....................................................................... 37

2.2.2 Cartão ponto e descanso semanal remunerado .................................... 39 2.2.3 Atestado médico e acidente do trabalho ................................................ 41 2.2.4 Horas extras .......................................................................................... 43

2.2.5 Adicional de insalubridade e periculosidade .......................................... 43 2.2.6 Adicional noturno e adicional por tempo de serviço ............................... 45

2.2.7 Salário família ........................................................................................ 45 2.2.8 Contribuição sindical e assistencial ....................................................... 48 2.2.9 Vale transporte ...................................................................................... 49 2.2.10 Imposto de Renda Retido na Fonte e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço .......................................................................................................... 50 2.2.11 Desconto do INSS .............................................................................. 51 2.2.12 Pagamento de salários ....................................................................... 54

2.3 FÉRIAS ........................................................................................................ 54 2.4 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO ................................................................... 58 2.5 ROTINAS TRABALHISTAS RELATIVAS À DEMISSÃO DE EMPREGADOS 60

2.6 ROTINAS TRABALHISTAS COMPLEMENTARES...................................... 68 2.7 ROTINAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ........................................................................................................... 71

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 79

3.1 Quanto aos Objetivos e Técnicas de Coleta de Dados ................................ 79 3.2 Quanto ao método de análise de dados e abordagem ................................ 80

4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 82

4.1 LEVANTAMENTOS DE DADOS .................................................................. 82

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4.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ......................................................... 96 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................102 REFERÊNCIAS .......................................................................................................104 ANEXO A - Incidências de IRRF, INSS, FGTS .......................................................112 ANEXO B - Partilha do Simples Nacional Comércio ..............................................116

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INTRODUÇÃO

A auditoria contábil tem por objetivo básico assegurar à proteção ao

patrimônio e auxiliar os administradores na gestão eficaz dos negócios, com o

constante acompanhamento e avaliação das rotinas de controle interno. Entre estas

rotinas estão às decorrentes da complexa legislação trabalhista brasileira, que em

sua implementação requerem um grande número de procedimentos e constante

atualização por parte dos profissionais que as desenvolvem.

Em razão da complexidade das normas e dos possíveis conflitos e passivos

trabalhistas delas decorrentes, com o decorrer dos anos as empresas estão tendo

que alterar e aprimorar seus procedimentos de controle interno a elas vinculados,

bem como, seus conceitos em relação as suas práticas trabalhistas, uma vez serem

os colaboradores elementos importantes e fundamentais para o crescimento das

organizações.

No entanto, na relação de emprego ainda acontecem alguns conflitos

decorrentes do uso incorreto das normas trabalhistas. Muitas vezes isso ocorre

devido ao excesso de mudanças e detalhes existentes na legislação, outras por

descuidos ou erros em sua aplicação. Para prevenir possíveis riscos, as empresas

podem fazer uso da auditoria contábil trabalhista, com o intuito de analisar os

procedimentos realizados pela empresa.

Levando em consideração esses aspectos, o tema do trabalho desenvolvido

foi a auditoria interna trabalhista como instrumento de prevenção de possíveis

passivos trabalhistas em uma empresa comercial, com nome fictício de XYZ

Comercial, situada no Vale do Rio dos Sinos - RS. A partir do tema proposto foram

observados os procedimentos adotados e analisada a documentação relativa às

suas rotinas trabalhistas durante o ano de 2010, com o intuito de verificar se as

mesmas estão de acordo com as normas prescritas pela legislação trabalhista.

A escolha do tema decorreu do significativo desenvolvimento nos últimos

anos da área de auditoria contábil, sendo crescente o número de empresas que

estão aderindo a esses procedimentos, principalmente na área trabalhista, devido à

necessidade de verificação do bom funcionamento da organização, não aguardando

a ocorrência de autuações por parte dos órgãos fiscalizadores para sanar

procedimentos incorretos. Além disso, afirma-se que o tema foi escolhido em virtude

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de ser uma ferramenta de prevenção de passivos trabalhistas e por ser a legislação

trabalhista rica em detalhes e mudanças, que requerem constante

acompanhamento.

Diante do tema proposto é levantada a seguinte questão: “A auditoria

contábil interna pode evidenciar a correta aplicação das rotinas trabalhistas visando

à prevenção de passivos trabalhistas?”.

Para obter resposta ao problema de pesquisa tem se como objetivo geral

identificar as rotinas decorrentes da legislação trabalhista e estabelecer

procedimentos de auditoria interna para a sua validação visando à prevenção de

passivos trabalhistas.

E como objetivos específicos:

- descrever os processos das rotinas de pessoal, utilizando as normas e

legislações trabalhistas;

- caracterizar procedimentos de auditoria, evidenciando as novas normas

vigentes a partir de janeiro de 2010;

- aplicar instrumento de verificação do cumprimento da legislação trabalhista

no âmbito da empresa, através da elaboração de um programa de auditoria; e

- apontar possíveis irregularidades encontradas e indicar melhorias no

gerenciamento das rotinas trabalhistas da empresa XYZ Comercial.

Quanto a metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho, a pesquisa

quanto aos objetivos é descritiva, com coleta de dados bibliográfica e documental,

analisados através de estudo de caso com abordagem qualitativa, conforme roteiro

apresentado no Capítulo 4. O estudo de caso foi realizado através da visitação ao

local, da coleta de dados da empresa, realizados entre os meses de novembro/2010

a março/2011, na qual buscou-se coletar todos os documentos da rotina trabalhista

referente o ano de 2010 para a realização do programa de auditoria e da análise e

interpretação dos dados obtidos.

A auditoria interna é uma forma de prevenção de erros ou fraudes, e uma

ferramenta de orientação técnica e de assessoramento que tem por finalidade

apontar melhorias no sistema de controle interno das empresas. Por medida de

segurança contra a possibilidade de manipulação de informação, as organizações

estão exigindo que seus documentos e processos sejam auditados, o que requer

profissionais habilitados e com capacidade técnica reconhecida.

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O setor trabalhista das empresas, em razão do grande volume de

informações e procedimentos que lhe são pertinentes, é um dos que apresenta

maiores possibilidades de ocorrência de erros, que podem levar ao surgimento de

ações trabalhistas, que por sua vez geram os chamados “passivos trabalhistas”, ou

seja, encargos adicionais com a mão de obra que não foram computados nos custos

da empresa. Por isso há a necessidade da auditoria trabalhista por parte das

empresas, que visa verificar se a documentação e as rotinas de pessoal se

encontram em conformidade com a legislação.

O trabalho está dividido em 4 capítulos. No Capítulo 1 e 2 foi procedida a

revisão bibliográfica sobre contabilidade, auditoria e rotinas trabalhistas, enquanto o

Capítulo 3 apresenta a metodologia de pesquisa e o Capítulo 4 apresenta o estudo

de caso procedido, onde não foram evidenciadas maiores incorreções por parte da

empresa XYZ Comercial quanto as suas rotinas trabalhistas.

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1 CONTABILIDADE E AUDITORIA

A contabilidade tem sua origem na necessidade de controle do patrimônio de

pessoas físicas e jurídicas, bem como, em demonstrar a evolução das alterações

nele ocorridas. Para Jund (2007, p. 11) “[...] deve ser vista como um sistema de

informações, cujo método de trabalho consiste, simplificadamente, em coletar,

processar e transmitir dados sobre a situação econômico financeira de uma

entidade, em determinado momento, e sua evolução em um dado período”.

Marion (2006, p. 30) afirma que:

Costuma-se dizer que a Contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem. Se abrirmos a Bíblia em seu primeiro Livro, Gênesis, entre outras passagens que sugerem a Contabilidade, observa-se uma “competição” no crescimento da riqueza (rebanho de ovelhas) entre Jacó e seu sogro Labão (+4000 a.C). Se a riqueza de Jacó crescia mais do que a de Labão, para conhecer esse fato era necessário um controle quantitativo, por mais rudimentar que fosse.

Na contabilidade contemporânea, a administração das empresas tem o

dever de divulgar as informações financeiras para seus usuários através das

demonstrações contábeis, apresentando-as de forma adequada. Para a verificação

dessas demonstrações e para atingir a sua finalidade, a contabilidade utiliza-se de

determinadas técnicas entre elas a auditoria.

Embora haja indícios da existência dessa técnica desde o século XIV, a

auditoria ainda é considerada uma função nova da contabilidade com grande

potencial de desenvolvimento. Attie (2006) afirma que foi a partir de 1934, nos

Estados Unidos, que a função ganhou importância, devido às empresas com ações

negociadas em Bolsas de Valores serem obrigadas a utilizarem serviços de

auditoria.

No Brasil a evolução está relacionada com a instalação de empresas

internacionais de auditoria independente, uma vez que investimentos também

internacionais, aqui se instalaram e a partir de então surgiu à necessidade dessas

empresas investidoras terem as demonstrações financeiras auditadas.

Os trabalhos de auditoria podem ser desenvolvidos através da auditoria

externa denominada independente e interna considerada operacional. O principal

objetivo da auditoria externa, conforme Jund (2007) é determinar se as informações

contidas nas demonstrações e registros contábeis de uma empresa representam

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17

adequadamente a situação evidenciada e merecem credibilidade, já a auditoria

interna ou operacional, visa auxiliar à administração da empresa, no sentido de

verificar se as rotinas de controle interno estabelecidas estão sendo cumpridas.

O desenvolvimento do trabalho de auditoria envolve todo um processo que

requer técnicas específicas, como será abordado a seguir.

1.1 NORMAS E PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

A auditoria contábil de acordo com Souza e Pereira (2006, p. 21)

[...] é a técnica contábil composta por um conjunto de normas e procedimentos específicos, utilizada por profissional qualificado (contador – portador do diploma de ciências contábeis), que visa sobretudo demonstrar a fidedignidade dos resultados econômicos financeiros indicados nas Demonstrações Financeiras de uma entidade em determinado período.

O profissional qualificado para a realização desses procedimentos é

denominado auditor. A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)

número (Nº). 1.203/09 afirma que esse termo é usado em referência à pessoa ou

pessoas que conduzem a auditoria. Gonçalves (2006) define ser uma pessoa

qualificada a planejar e conduzir auditoria de acordo com as normas e padrões, a

qual procurará obter elementos que a levem a fundamentar e a emitir uma opinião

sobre o objeto de estudo.

Como já referido, os trabalhos de auditoria podem ser desenvolvidos através

da auditoria externa denominada independente e interna considerada operacional.

De acordo com Almeida (2003) auditoria externa é aquela em que o auditor não tem

vínculo empregatício com a empresa auditada, tem maior grau de independência e

seu principal objetivo é emitir um parecer1 ou opinião sobre as demonstrações

contábeis, a fim de verificar se as mesmas apresentam adequadamente a situação

patrimonial e financeira da empresa.

A auditoria interna visa auxiliar à administração, tendo em vista que com a

expansão dos negócios o administrador ou até mesmo o próprio proprietário não

teriam condições de supervisionar todas as atividades da empresa. De acordo com

Almeida (2003) a auditoria interna é realizada por pessoa que trabalhe na

1 Após a Resolução CFC 1203/09, a denominação parecer foi substituída pelo termo “relatório”.

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organização, e é destinada a examinar as operações contábeis e operacionais da

empresa, com o intuito de verificar se as normas internas estão sendo cumpridas, se

as mesmas precisam ser aprimoradas ou se existe a necessidade de criação de

novas normas. É importante frisar que o auditor interno não deverá ser vinculado

aos trabalhos aos quais está subordinado.

De acordo com Oliveira e Diniz Filho (2001), a auditoria interna torna-se um

instrumento de controle administrativo e operacional, na qual o auditor analisa as

deficiências da organização e os riscos envolvidos, visando proteção contra fraudes,

desvios e a constatação de possíveis irregularidades que comprometam o

desempenho da empresa, e tem como objetivo apresentar recomendações que

visam o aperfeiçoamento do controle interno da empresa. O trabalho proposto está

relacionado com a auditoria interna.

Como citado anteriormente um dos objetivos da auditoria é prevenir

incorreções, fraudes societárias, comerciais, fiscais, trabalhistas, entre outros, por

isso deve-se esclarecer a diferença entre fraude e erro. Conforme a Resolução CFC

Nº. 1.207/09, item 2, “[...] o fator distintivo entre fraude e erro está no fato de ser

intencional ou não intencional a ação subjacente que resulta em distorção”,

complementando o assunto, o item 11 dessa Resolução afirma que “fraude é o ato

intencional [...], que envolva dolo para obtenção de vantagem injusta ou ilegal”,

sendo assim, afirma-se que fraude é o ato intencional de omissão ou distorção dos

fatos, enquanto que erro é o ato não intencional geralmente ocorrido por desatenção

ou por má interpretação dos acontecimentos. O auditor no momento em que

detectar alguma fraude, segundo a Resolução CFC Nº 1.207/09, deve comunicar o

ocorrido à pessoa de nível apropriado da administração que têm a responsabilidade

de prevenir e detectar fraudes.

Para que o trabalho realizado pelo auditor tenha credibilidade, o mesmo

deve fornecer segurança razoável de que são cumpridas as exigências éticas

profissionais, evidenciando a sua honestidade. A Resolução CFC Nº. 1.201/09, item

A7, explica “os princípios fundamentais da ética profissional a serem observados

pelos auditores incluem: (a) integridade; (b) objetividade; (c) competência

profissional e devido zelo; (d) confidencialidade; e (e) comportamento profissional”.

De acordo com Attie (2006) a integridade refere-se ao quanto o auditor deve

ser íntegro em todos os seus compromissos, já confidencialidade torna-se elementar

Page 19: Auditoria Trabalhista 2

19

na atividade de auditoria, pois tendo em vista que a mesma tem total acesso a

informações estratégicas e importantes da empresa, o auditor em hipótese alguma

poderá divulgar essas informações, utilizando-as somente para desenvolver o seu

trabalho. A Resolução CFC N° 1.100/07, item 1.6.2.5, estabelece que somente

poderá ser divulgada informações a terceiros caso “[...] seja autorizado, por escrito,

pela administração da entidade com poderes para tanto, que contenha, de forma

clara e objetiva, os limites das informações a serem fornecidas”.

Quanto a objetividade, Jund (2007) ensina que o auditor deve ser objetivo,

não se prendendo em detalhes, o que normalmente prejudica o trabalho. Referente

à competência profissional Perez Junior (2010) afirma que o trabalho de auditoria

contábil deverá ser desenvolvido por profissional qualificado formado em Ciências

Contábeis e devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade de sua

região, devendo manter seu conhecimento atualizado com relação a legislação

inerente à profissão. Em relação ao zelo profissional, Perez Junior (2010, p. 39)

ensina que o auditor deve aplicar o máximo de cuidado na execução do seu

trabalho.

Além das exigências éticas o auditor está sujeito as exigências relativas à

independência. A Resolução CFC Nº 1.203/09 aponta que a independência aprimora

a capacidade do auditor de atuar com integridade e objetividade, em razão da

capacidade de formar a sua opinião da auditoria realizada, sem ser afetado por

influências que poderiam comprometer a opinião. A mesma Resolução ainda afirma

que o auditor deve planejar e executar a auditoria com ceticismo profissional, ou

seja, estar alerta para condições que possam indicar possíveis distorções devido a

erros ou fraudes e ter uma avaliação crítica das evidências de auditoria

(RESOLUÇÃO CFC Nº 1203/09).

De acordo com a Resolução CFC Nº 821/97 que trata das normas

profissionais de auditoria independente, ao assumir a responsabilidade por algum

trabalho o profissional deverá ter conhecimento das atividades da empresa a ser

auditada. Esse conhecimento em relação à entidade deverá ser obtido mediante

avaliação junto a administração, devendo recusar o serviço sempre que estiver

incapacitado para desenvolvê-lo.

Em suma, o auditor deverá sempre agir com ética profissional, estando

atento para possíveis condições de fraudes e erros que possam ter ocorrido na

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organização, para que o seu trabalho tenha credibilidade e as opiniões emitidas

sobre as informações auditadas tenham relevância. Para uma correta realização da

auditoria, a mesma deverá ter um planejamento adequado como será abordado a

seguir.

1.2 TRABALHOS INICIAIS E PLANEJAMENTO DE AUDITORIA

Antes do início dos trabalhos de auditoria, o auditor e a empresa deverão

formular uma carta de contratação de auditoria ou outra forma adequada de acordo,

por escrito. Essa carta, segundo a Resolução CFC Nº 1.204/09 informa os termos do

trabalho de auditoria estabelecidos.

A forma e o conteúdo da carta de contratação podem variar, porém devem

incluir o objetivo e o alcance da auditoria, as responsabilidades do auditor, as

responsabilidades da administração, a declaração de que existem circunstâncias em

que o relatório elaborado pelo auditor pode ter forma e conteúdo diferente do

esperado, entre outros. Conforme a Resolução CFC Nº 1.204/09, item A23, a carta

também pode fazer referência à

[...] - elaboração do escopo da auditoria, incluindo referência à legislação, regulamentos, normas de auditoria e normas éticas e outras aplicáveis de órgãos profissionais aos quais pertence o auditor; - a forma de qualquer outra comunicação sobre os resultados do trabalho de auditoria; - o fato de que devido às limitações inerentes da auditoria, juntamente com as limitações inerentes de controle interno, há um risco inevitável de que algumas distorções relevantes podem não ser detectadas, mesmo que a auditoria seja adequadamente planejada e executada de acordo com as normas de auditoria; - acordos sobre o planejamento e a execução da auditoria, incluindo a composição da equipe de auditoria;

Após a contratação inicia-se o trabalho de auditoria, o qual deve ser

planejado adequadamente. A Resolução CFC Nº 1.211/09 informa que o

planejamento envolve a definição da estratégia global para o trabalho e o

desenvolvimento do plano de auditoria. Segundo o item 2 da Resolução CFC Nº

1.211/09, um planejamento adequado é benéfico, inclusive para:

[...] - auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da auditoria;

Page 21: Auditoria Trabalhista 2

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- auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas potenciais; - auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria para que seja realizado de forma eficaz e eficiente; - auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apropriados de capacidade e competência para responderem aos riscos esperados e na alocação apropriada de tarefas; - facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a revisão do seu trabalho; - auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros auditores e especialistas.

Ainda de acordo com a Resolução CFC Nº. 1.211/09, item 7, “o auditor deve

estabelecer uma estratégia global de auditoria que defina o alcance, a época e a

direção da auditoria, para orientar o desenvolvimento do plano de auditoria”.

Segundo a mesma Resolução, item 8, ao definir a estratégia global, o auditor deve:

[...] (a) identificar as características do trabalho para definir o seu alcance; (b) definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época da auditoria e a natureza das comunicações requeridas; (c) considerar os fatores que no julgamento profissional do auditor são significativos para orientar os esforços da equipe do trabalho; (d) considerar os resultados das atividades preliminares do trabalho de auditoria e, quando aplicável, se é relevante o conhecimento obtido em outros trabalhos realizados pelo sócio do trabalho para a entidade; e (e) determinar a natureza, a época e a extensão dos recursos necessários para realizar o trabalho.

Uma vez definida a estratégia global, pode ser desenvolvido o plano de

auditoria para tratar dos diversos temas identificados. Conforme a Resolução CFC

Nº 1.211/09, item A12, o plano de auditoria “é mais detalhado [...] visto que inclui a

natureza, a época e a extensão dos procedimentos de auditoria a serem realizados

pelos membros da equipe de trabalho”. Ainda de acordo com essa Resolução no

plano o auditor poderá incluir outros procedimentos planejados e necessários para

que o trabalho esteja em conformidade com as normas de auditoria.

Em suma, após a contratação da auditoria por intermédio de uma carta,

realiza-se o planejamento através da estratégia global e do plano de auditoria, os

quais definem a natureza, a época, e qual direção tomar, no entanto, o primeiro

refere-se ao desenvolvimento da auditoria enquanto o segundo a extensão dos

procedimentos de auditoria. A seguir será explicado melhor o planejamento dos

procedimentos de auditoria.

Page 22: Auditoria Trabalhista 2

22

1.3 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA E EVIDÊNCIA DE AUDITORIA

À medida que o plano de auditoria é desenvolvido, ocorre também o

planejamento dos procedimentos, o qual poderá ser complementado sempre que

necessário, durante a realização do trabalho. De acordo com Perez Junior (2010,

p.126) “os procedimentos de auditoria representam os trabalhos que serão

executados pelo auditor para obtenção da evidência de auditoria que suportará a

opinião que será emitida”.

Conforme a Resolução CFC Nº 1.203/09 evidência de auditoria são as

informações relevantes e confiáveis utilizadas pelo auditor para fundamentar as

conclusões nas quais se baseiam a sua opinião. Obtém-se evidência mediante

testes de controle ou procedimentos substantivos de auditoria.

Teste de controle de acordo com a Resolução CFC Nº 1.214/09, item 4, “[...]

é o procedimento de auditoria planejado para avaliar a efetividade operacional dos

controles na prevenção ou detecção e correção de distorções relevantes”. Conforme

Perez Junior (2010) os testes de controle são realizados para obter evidência de que

os procedimentos de controle interno estão sendo aplicados na forma prevista.

Ainda segundo Perez Junior (2010, p. 96)

Os testes de controle geralmente são aplicados na execução dos trabalhos de auditoria realizados na primeira visita do auditor (visita de ínterim), [...]. Nessa visita, o auditor avalia o controle interno, [...], e aplica os testes de controle para confirmar as informações obtidas na avaliação do controle interno [...] e verificar o grau de cumprimento desses controles pelos funcionários que executam as operações.

Os procedimentos substantivos, de acordo com Perez Junior (2010, p. 97),

“[...] são realizados para se obter evidência relacionada com a inteireza, exatidão e

validade da informação contida nas demonstrações contábeis”. De acordo com o

mesmo autor (2010, p. 97) os procedimentos substantivos podem ser:

(a) testes de detalhes (de classes de transações, de saldos de contas e de divulgações), que visam obter evidência de que o saldo de determinada conta é adequado. Por exemplo, contagem de caixa e inspeção de contratos de empréstimos.

(b) procedimentos analíticos substantivos, que visam identificar operações ou saldos anormais por meio da comparação de saldos ou da evolução de determinadas contas ao longo do período. Por exemplo, o valor da despesa mensal de salários e encargos deve ser uniforme ao longo do período contábil; ao comparar esses valores o auditor poderá identificar períodos com oscilações relevantes que poderão indicar anormalidades

Page 23: Auditoria Trabalhista 2

23

ou erros que deverão ser investigados.

Podem ser utilizados como procedimentos de testes de controles ou

procedimentos substantivos os procedimentos de auditoria denominados de

inspeção, observação, confirmação externa, recálculo, reexecução e procedimentos

analíticos e indagação, descritos pela Resolução CFC Nº 1.217/09 nos itens A14 a

A22,

A14. A inspeção envolve o exame de registros ou documentos, internos ou externos, em forma de papel, em forma eletrônica ou em outras mídias, ou o exame físico de um ativo. A inspeção de registros e documentos fornece evidência de auditoria com graus variáveis de confiabilidade, dependendo de sua natureza e fonte e, no caso de registros internos e documentos, da eficácia dos controles sobre a sua produção. [...] A17. A observação consiste no exame de processo ou procedimento executado por outros, por exemplo, a observação pelo auditor da contagem do estoque pelos empregados da entidade ou da execução de atividades de controle. A observação fornece evidência de auditoria a respeito da execução de processo ou procedimento, mas é limitada ao ponto no tempo em que a observação ocorre e pelo fato de que o ato de ser observado pode afetar a maneira como o processo ou procedimento é executado. A18. Uma confirmação externa representa evidência de auditoria obtida pelo auditor como resposta escrita de terceiro (a parte que confirma) ao auditor, em forma escrita, eletrônica ou em outra mídia. A19. O recálculo consiste na verificação da exatidão matemática de documentos ou registros. O recálculo pode ser realizado manual ou eletronicamente. A20. A reexecução envolve a execução independente pelo auditor de procedimentos ou controles que foram originalmente realizados como parte do controle interno da entidade. A21. Os procedimentos analíticos consistem em avaliação das informações feitas por meio de estudo das relações plausíveis entre dados financeiros e não financeiros. Os procedimentos analíticos incluem também a investigação de flutuações e relações identificadas que sejam inconsistentes com outras informações relevantes ou que se desviem significativamente dos valores previstos. A22. A indagação consiste na busca de informações junto a pessoas com conhecimento, financeiro e não financeiro, dentro ou fora da entidade. A indagação é utilizada extensamente em toda a auditoria, além de outros procedimentos de auditoria. As indagações podem incluir desde indagações escritas formais até indagações orais informais. A avaliação das respostas às indagações é parte integral do processo de indagação.

O auditor deve determinar meios para o teste de auditoria. Segundo a

Resolução CFC Nº 1.217/09, item A52, “um teste eficaz fornece evidência de

auditoria apropriada na medida em que, considerada com outra evidência de

auditoria obtida ou a ser obtida, será suficiente para as finalidades do auditor”. Ainda

de acordo com esse item “os meios à disposição do auditor para a seleção de itens

a serem testados são: (a) seleção de todos os itens (exame de 100%); (b) seleção

de itens específicos; e (c) amostragem de auditoria”.

Page 24: Auditoria Trabalhista 2

24

A seleção de todos os itens, chamada exame de 100%, examina toda a

população de itens. A Resolução CFC Nº 1.217/09, item A53, afirma que o exame de

100% pode ser apropriado quando:

- a população constitui um número pequeno de itens de grande valor; - há um risco significativo e outros meios não fornecem evidência de auditoria apropriada e suficiente; ou - a natureza repetitiva de um cálculo ou outro processo executado automaticamente por sistema de informação torna um exame de 100% eficiente quanto aos custos.

Em relação à seleção de itens específicos, a Resolução CFC Nº 1.217/09

item A54, afirma que os itens selecionados podem incluir:

- valor alto ou itens chave. O auditor pode decidir selecionar itens específicos dentro de uma população porque eles têm valor elevado ou exibem alguma característica, por exemplo, itens suspeitos, não usuais, particularmente propensos a riscos ou que tenham histórico de erros; - todos os itens acima de certo valor. O auditor pode decidir examinar itens cujos valores registrados excedam certo valor, de modo a verificar uma grande proporção do valor total de uma classe de transações ou saldo contábil; - itens para obtenção de informação. O auditor pode examinar itens para obter informações sobre assuntos como a natureza da entidade ou a natureza de transações.

A amostragem de auditoria, de acordo com a Resolução CFC Nº 1.217/09,

destina-se a possibilitar conclusões de uma população inteira com base nos testes

de amostragem extraídos. A Resolução CFC Nº 1.222/09 complementa

Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria em menos de 100% dos itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de amostragem tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma base razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a população.

Em suma, o auditor deverá elaborar procedimentos que visam obter

evidência de auditoria, as quais devem suportar a opinião a ser emitida. Para a

obtenção da evidência deverão ser realizados testes de controles ou procedimentos

substantivos, os quais deverão ser aplicados na fatia dos itens ou na população

inteira. Após o levantamento de dados o auditor deverá elaborar a documentação de

auditoria, conforme será tratado a seguir.

Page 25: Auditoria Trabalhista 2

25

1.4 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA

É necessário para o auditor elaborar documentação de auditoria a fim de

registrar todo o trabalho realizado por este. A Resolução CFC Nº 1.206/09, item 6,

conceitua a documentação de auditoria como “[...] o registro dos procedimentos de

auditoria executados, da evidência de auditoria relevante obtida e conclusões

alcançadas pelo auditor”. Usualmente também é utilizada a expressão papéis de

trabalho. De acordo com Attie (2006, p. 154) “os papéis de trabalho formam o

conjunto de formulários e documentos que contêm as informações e apontamentos

obtidos pelo auditor durante seu exame, bem como as provas e descrições dessas

realizações; constituem a evidência do trabalho executado e o fundamento de sua

opinião”.

No desenvolvimento do trabalho, conforme a Resolução CFC Nº 1.206/09,

item 5, o auditor deve preparar documentação que forneça: “(a) registro suficiente e

apropriado do embasamento do relatório do auditor; e (b) evidências de que a

auditoria foi planejada e executada em conformidade com as normas e as

exigências legais e regulamentares aplicáveis”.

De acordo com a Resolução CFC Nº 1.206/09, item A3, “a documentação de

auditoria pode ser registrada em papel, em formatos eletrônicos ou outros”. Segundo

Perez Junior (2010) os papéis de trabalho são de propriedade exclusiva do auditor,

por isso a responsabilidade de guarda e sigilo das informações.

Os papéis de trabalho conforme Perez Junior (2010, p. 105) tem as

seguintes finalidades:

(a) Fornecer um registro escrito permanente do trabalho efetuado, incluindo: - descrição dos fatores referentes à extensão do trabalho, considerados no planejamento; - evidência da revisão e avaliação do sistema de controle interno; - extensão do exame realizado sobre os registros analíticos e testes de auditoria; - natureza e grau de credibilidade das informações obtidas. (b) Fornecer informações com relação ao planejamento contábil, financeiro e fiscal. (c) Serem apresentados, mediante solicitação, como evidência que fundamenta o relatório emitido. (d) Fornecer aos encarregados a oportunidade de avaliar os atributos dos membros da equipe quanto a: - competência em assuntos de auditoria; - senso de organização;

Page 26: Auditoria Trabalhista 2

26

- habilitação em planejar e executar o trabalho.

A Resolução CFC Nº 1.206/09 cita como exemplo de documentação de

auditoria o programa de auditoria, a análise, a lista de verificação, entre outros. É

importante frisar que no trabalho a ser realizado será elaborado um programa de

auditoria que visa verificar as rotinas trabalhistas de uma empresa.

Perez Junior (2010, p. 118) explica que “os programas de auditoria são a

forma escrita de uma série de procedimentos de verificação a serem aplicados a

elementos determinados, com a finalidade de obter informações adequadas que

possibilitem ao auditor formar sua opinião”. De acordo com a Resolução CFC Nº

1.211/09, item A17, “[...] o auditor pode utilizar programas de auditoria padrão ou

listas de verificação de conclusão da auditoria, adaptados de forma a refletirem as

circunstâncias particulares do trabalho”. Segundo Perez Junior (2010, p.107), o

programa de auditoria apresenta:

- Resumo dos procedimentos e das etapas. - Perguntas adequadas sobre o controle interno contábil, seguidas dos passos do programa elaborado para comprovar os controles existentes. - A sequência do trabalho a realizar.

Perez Junior (2010, p. 118) comenta que o programa é “elaborado na fase

de planejamento e revisado na fase de execução da auditoria, que visa definir os

meios eficientes e oportunos para se atingirem os objetivos da auditoria”.

Após elaborada a documentação de auditoria, na qual consta o registro do

trabalho executado e os resultados obtidos, deverá ser elaborado o relatório, no qual

o auditor emite uma opinião sobre o processo realizado com base na avaliação das

conclusões obtidas.

1.5 RELATÓRIOS DE AUDITORIA

Como produto final do trabalho realizado o auditor precisa emitir relatórios

para os interessados, os quais devem ser de modo informativo e esclarecedor,

estando relacionado com a atividade da organização e a auditoria efetuada. Perez

Junior (2010) define os relatórios de auditoria como um documento no qual o auditor

expressa sua opinião sobre as informações auditadas. Segundo a Resolução CFC

Page 27: Auditoria Trabalhista 2

27

Nº 1.231/09, para formar sua opinião o auditor deve concluir se obteve segurança

razoável sobre as informações obtidas, e se essas não apresentam distorções

relevantes causadas por fraude ou erro.

De acordo com a Resolução CFC Nº 1.231/09, item 43, o relatório do auditor

independente deve ser por escrito e deverá conter:

[...] (a) título; (b) destinatário, conforme exigido pelas circunstâncias da contratação; (c) parágrafo introdutório que identifica as demonstrações contábeis auditadas; (d) descrição da responsabilidade da administração (ou outro termo apropriado, [...]) pela elaboração das demonstrações contábeis; (e) descrição da responsabilidade do auditor por expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis e o alcance da auditoria, que inclui: (i) referência às normas de auditoria brasileiras e internacionais de auditoria e a lei ou regulamento; e (ii) descrição da auditoria de acordo com essas normas; (f) parágrafo da opinião contendo a opinião expressa sobre as demonstrações contábeis e referência à estrutura de relatório financeiro aplicável utilizada para elaborar as demonstrações contábeis (práticas contábeis adotadas no Brasil ou, se for o caso, incluir a identificação de origem da estrutura de relatório financeiro aplicada, [...]); (g) assinatura do auditor; (h) data do relatório do auditor independente; e (i) localidade em que o relatório foi emitido.

Conforme a Resolução CFC Nº 1.231/09 o relatório do auditor deverá ter um

título que indique claramente que é o relatório. Ainda de acordo com a mesma

Resolução, em relação ao destinatário o relatório é normalmente endereçado às

pessoas para quem a auditoria é elaborada.

O parágrafo introdutório segundo Perez Junior (2010, p. 157) “deve

identificar as demonstrações contábeis sobre as quais o auditor está expressando

sua opinião, indicando, outrossim, o nome da entidade, as datas e os períodos a que

correspondem”. Na descrição da responsabilidade da administração, conforme

Perez Junior (2010, p.158), “o auditor declara que a responsabilidade da elaboração

das demonstrações contábeis é do administrador”.

Quanto à responsabilidade do auditor, Perez Junior (2010, p. 158), esclarece

que o auditor “declara a responsabilidade assumida no trabalho; apresenta um

resumo das normas de auditoria; declara se o trabalho realizado foi suficiente para

emitir a opinião”. No relatório referente à opinião do auditor, Perez Junior (2010, p.

159) afirma que “nesse parágrafo, o auditor expressa sua opinião sobre a

Page 28: Auditoria Trabalhista 2

28

adequação das demonstrações contábeis em relação às normas estabelecidas para

sua elaboração”.

Ainda Perez Junior (2010) esclarece que a data do relatório corresponde ao

dia de conclusão dos trabalhos, ou seja, o auditor considerou o efeito e evento das

demonstrações contábeis ocorridos até aquela data. O relatório deve ser assinado e

datado pelo auditor responsável pelos trabalhos e conter o número de seu registro

no Conselho Regional de Contabilidade (CRC).

É importante ressaltar que as empresas podem realizar auditoria nas

demonstrações contábeis, bem como contratar auditoria operacional, para analisar

diversas áreas da organização. O presente trabalho visa realizar a auditoria interna

verificando o processo trabalhista existente em uma empresa, caracterizando assim

uma auditoria trabalhista.

1.6 AUDITORIA TRABALHISTA

Os conflitos nas relações de trabalho entre empregador e colaborador

existentes decorrem do uso incorreto das normas/legislações, as quais podem

acarretar diferenças nos pagamentos efetuados, gerando crescente número de

passivos trabalhistas. Para prevenir possíveis riscos, utiliza-se a auditoria trabalhista,

que consiste no exame analítico dos procedimentos e documentos, sendo

analisados com exatidão e integridade, de acordo com a legislação.

A auditoria trabalhista envolve a área de pessoal e sua importância está

diretamente ligada com a prevenção de contingências trabalhistas e previdenciárias.

Conforme Teixeira (2009, p. 11) “[...] a auditoria é uma ferramenta de orientação

técnica, assessoramento, prevenção e consultoria objetivando a melhoria da

atividade de gestão do RH2”.

Segundo Teixeira (2009) a auditoria trabalhista tem como objetivo verificar a

situação da empresa, diminuir erros e prejuízos das rotinas auditadas, evitar

pagamentos indevidos e outras irregularidades, contribuindo assim para a melhoria

dos processos da organização.

2 RH: Recursos Humanos

Page 29: Auditoria Trabalhista 2

29

É importante ressaltar que na auditoria trabalhista os exames realizados

estão diretamente ligados aos empregados da empresa, sendo uma auditoria

totalmente desvinculada das questões numéricas e resultados das demonstrações

contábeis.

O trabalho em rotinas trabalhistas é realizado de forma interna nas

empresas, sendo que são realizados procedimentos de auditoria normalmente nos

documentos do mês anterior ao da visita. De acordo com Teixeira (2009) para o

início das análises deve-se observar a folha de pagamento e através desta solicitar

os seguintes documentos:

- dossiês (pastas) de funcionários contratados recentemente; (o Auditor deverá solicitar ao RH, listagem contento nome dos funcionários, data de admissão e salário); - dossiês (pastas) de funcionários com desconto de IRRF; - dossiês (pastas) de funcionários com desconto de vale transporte, vale-alimentação, farmácia, mercado, seguro de vida e outros descontos; - dossiês (pastas) de funcionários com horas extras de 50%, 100%. Adicional noturno, adicional de periculosidade, comissões e outras situações; (além de outras finalidades, essas pastas serão utilizadas para verificar as médias variáveis, pois normalmente nas pastas dos funcionários encontram-se os recibos de pagamento de salários); - dossiês (pastas) de funcionários com acidente de trabalho; - dossiês (pastas) de funcionários que já gozaram férias; - dossiês (pastas) de funcionários que percebem salário família; - dossiês (pastas) de funcionários com categoria diferenciada (contadores, engenheiros, outros); - dossiês (pastas) de funcionários demitidos sem justa causa e com justa causa, com pedido de demissão, abandono de emprego, [...]; - dossiês (pastas) de telefonistas; - outras situações que chamou a atenção do auditor através da visualização da na folha de pagamento; - guias de recolhimento de INSS, FGTS, IRRF, contribuição sindical; - RAIS, CAGED; [...] - folha de pagamento do 13º salário do ano anterior; - recibo de pagamentos de autônomos; - reclamatórias trabalhistas para verificar o recolhimento do INSS e do IRRF.

É importante para as empresas a realização da auditoria trabalhista, pois

através dessa é possível verificar o cumprimento da legislação trabalhista e

previdenciária, na busca de prevenir possíveis reclamatórias ou passivos

trabalhistas. Para uma correta auditoria trabalhista faz-se necessário o domínio da

legislação, como será abordado a seguir.

Page 30: Auditoria Trabalhista 2

30

2 ROTINAS TRABALHISTAS

Por rotinas trabalhistas entende-se o processo que engloba a prática de

normas da legislação trabalhista desde a admissão de empregados até a rescisão

contratual, incluindo os cálculos da folha de pagamento, férias, décimo terceiro

salário, segurança e medicina do trabalho, entre outros. Esse capítulo visa revisar os

processos trabalhistas realizados pelas empresas.

2.1 ROTINAS TRABALHISTAS RELATIVAS À ADMISSÃO DE EMPREGADOS

Admissão de pessoal é o processo de contratação de uma pessoa física

para prestação de serviço a outra pessoa física ou jurídica, respectivamente

conhecidos por empregado e empregador. A Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT) caracteriza a figura de ambos, no Artigo (Art.). 2º, estabelece que “considera-

se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da

atividade econômica, admite, assalaria, e dirige a prestação pessoal de serviços”. Já

no Art. 3º estabelece que “considera-se empregado toda pessoa física que prestar

serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e

mediante salário”.

Esclarecidos os termos acima pode-se afirmar que para uma correta

admissão, conforme normas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o

empregado deve apresentar ao empregador entre outros, os seguintes documentos:

Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); atestado médico admissional;

uma foto 3x4, no mínimo; cópia da carteira de identidade; cópia do Cadastro de

Pessoa Física (CPF); cópia do título de eleitor; cópia da carteira de habilitação, caso

houver; comprovante de residência; cópia do certificado de reservista ou prova de

alistamento no serviço militar, quando do sexo masculino; documentos para o

recebimento do salário família, que adiante serão melhor especificados.

Page 31: Auditoria Trabalhista 2

31

2.1.1 Carteira de Trabalho

É de extrema importância a apresentação da CTPS no momento da

admissão, pois o Art. 13 da CLT determina, “a CTPS é obrigatória para o exercício

de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário,

e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada”.

Para Campanhole e Campanhole (1977, p. 27),

A carteira de trabalho será obrigatoriamente apresentada, pelo empregado, à empresa que o admitir, a qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver. As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja a sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou parte em dinheiro e parte em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta.

De acordo com Saad (2001) a empresa como forma de comprovação de

recebimento/devolução da CTPS entregará um contra recibo ao empregado, o qual

deverá ser assinado, impedindo assim posteriores reclamações referentes a

extravios. É importante ressaltar que a Lei 5.553/68 não permite a retenção de

qualquer documento de identificação pessoal, os quais deverão ser devolvidos no

prazo de até cinco dias ao empregado. A retenção dos mesmos por prazo maior que

o estabelecido, somente será possível mediante ordem judicial.

2.1.2 Exames Médicos

Certas formalidades devem ser respeitadas no momento da admissão, como

é o caso do exame médico, o qual verifica a aptidão física da pessoa a ser

contratada. Serson (1995, p. 34) esclarece, “[...] a empresa que não cumpre a

obrigação de submeter seus empregados aos exames médicos completos torna-se

culpada de todas as doenças que venham a contrair no trabalho, e pode responder

por indenização de culpa”.

Em relação ao exame admissional o Art. 168 da CLT estabelece

Art. 168. Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a

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32

serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I - na admissão; II - na demissão; III - periodicamente. [...] § 2º - Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. § 3º - O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos.

Para cada exame realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde

Ocupacional (ASO), em duas vias. A Portaria do MTE N.º 24/94, define que a

primeira via do ASO ficará arquivada no local de trabalho, inclusive em canteiros de

obras, e a segunda via será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante

recibo na primeira via.

A Portaria MTE Nº 24/94, item 7.4.4.3, estabelece que o ASO deve conter no

mínimo:

a) nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função; b) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados; c) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador irá exercer, exerce ou exerceu; d) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato; e) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina.

Segundo o Art. 168 § 5º da CLT “o resultado dos exames médicos, inclusive

o exame complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os preceitos

da ética médica”, sendo que esses registros deverão ser arquivados por período

mínimo de 20 (vinte) anos após o desligamento do mesmo, conforme consta na

Portaria MTE Nº 24/94.

2.1.3 Contrato de Trabalho

Para a formalização da admissão existe o contrato de trabalho, que se

define como um acordo de vontades entre as partes, assinado por empregado e

empregador. Segundo o Art. 443 da CLT, “o contrato individual de trabalho poderá

Page 33: Auditoria Trabalhista 2

33

ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo

determinado ou indeterminado”.

O contrato de trabalho realizado de forma verbal, segundo Russomano

(2000) é aquele celebrado através do ajuste de vontades entre as partes, podendo

ser manifestado tacitamente, porém muitas vezes este tipo de contrato causa

desentendimento na execução das condições de trabalho. O mesmo autor (2000, p.

109) também comenta “[...] a segurança e a precisão dos direitos e das obrigações

ficam resguardadas pelo contrato escrito, o que nem sempre ocorre nos contratos

verbais e, muito menos, na contratação tácita”, por isso, é extremamente importante

elaborar o contrato por escrito, o qual pode ser por prazo indeterminado ou

determinado.

De acordo com o Art. 452 da CLT “considera-se por prazo indeterminado

todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo

determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços

especializados ou da realização de certos acontecimentos”. Campanhole e

Campanhole (1977, p.259) complementa, “[...] é o que é feito sem fixação de seu

termo ou sem previsão deste. De modo geral, é a modalidade de contrato que existe

para a maioria das atividades contínuas”.

Já em relação ao contrato determinado, a CLT Art. 443 § 2º afirma “o

contrato de trabalho por tempo determinado só é válido em se tratando de: (a)

serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; (b)

atividades empresariais de caráter transitório; (c) contrato de experiência”. De

acordo com Brondi e Bermúdez (2010) este contrato não pode ser superior a 2 (dois)

anos, sendo permitida uma única prorrogação, respeitando o limite de prazo. Para

nova contratação por tempo determinado, o empregador deverá observar o intervalo

de 6 (seis) meses.

Como citado anteriormente o contrato de experiência é considerado como

contrato por tempo determinado, porém difere dos demais devido ao seu prazo. Para

Barros (2009), este não poderá exceder o prazo de 90 dias, o qual tem como

finalidade verificar a aptidão e a adaptação do empregado para a atividade

determinada. É válido para qualquer atividade, sendo permitida uma única

prorrogação, a qual não poderá ultrapassar o prazo limite de 90 dias, e caso seja

excedido, vigorará como contrato por prazo indeterminado. Segundo Ferreira,

Page 34: Auditoria Trabalhista 2

34

Machado e Santos (2006), as informações referentes ao contrato de experiência

devem ser anotadas nas páginas de anotações gerais da CTPS, não excedendo o

prazo limite do contrato.

Durante o contrato de trabalho podem ocorrer determinadas situações em

que é necessário o afastamento do empregado por motivo de doença ou acidente de

trabalho, necessitando do benefício do Instituto Nacional de Segurança Social

(INSS). Em relação ao auxílio doença Brondi e Bermúdez (2010, p. 105) esclarecem

“[...] o afastamento para tratamento de saúde (auxílio doença) suspende o contrato a

partir do 16º dia até o término do benefício. Os 15 (quinze) primeiros dias de

afastamento são considerados como tempo de serviço, sendo remunerados

integralmente pela empresa”.

Já em relação ao acidente de trabalho os mesmo autores (2010, p. 105)

explicam que

[...] neste caso, ocorre interrupção do contrato de experiência, a contar de sua ocorrência. O período de afastamento de responsabilidade do empregador ou do INSS considera-se de serviço efetivo. O contrato não sofre solução de continuidade, vigorando plenamente em relação ao tempo de serviço.

No acidente de trabalho ocorre a interrupção do contrato de trabalho, ou

seja, o empregado não percebe salário, mas o período é computado no tempo de

serviço, sendo que o prazo do contrato continua a correr. É importante ressaltar que

a estabilidade provisória do acidente de trabalho não prevalece no contrato de

experiência segundo Brondi e Bermúdez (2010).

Tanto empregado como empregador poderão dar fim a relação de trabalho

durante o contrato de experiência, porém segundo Martins (2008), o empregado que

tenha cumprido o prazo de experiência e sair da empresa não poderá o empregador

ao recontratá-lo para a mesma função, exigí-la novamente, pois o mesmo já foi

testado.

2.1.4 Livro ou Ficha Registro de Empregados

Independente da forma de contrato, todos os empregados deverão ser

registrados em livros conforme determina o Art. 41 da CLT “em todas as atividades

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35

será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores,

podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a

serem expedidas pelo Ministério do Trabalho”.

Nesse registro encontram-se os dados do trabalhador e os relativos à sua

admissão. Como dados obrigatórios Ferreira, Machado e Santos (2006) citam:

número e série da CTPS; data de admissão e demissão; cargo ou função;

remuneração e forma de pagamento; local e horário de trabalho; identificação da

conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da conta do

Programa de Integração Social (PIS) ou Programa de Formação do Patrimônio do

Servidor Público (PASEP); entre outros. Ainda de acordo com os mesmos autores o

registro de empregado deve ser numerado sequencialmente, ficando a ficha ou o

controle eletrônico em posse do empregador, para anotações, como férias,

contribuições sindicais, alterações salariais, acidentes de trabalho, entre outros.

2.1.5 Horário de Trabalho e Compensação ou Prorrogação de Horas

O empregado no momento da admissão deverá ter seu horário de trabalho

estabelecido pelo empregador. Horário de trabalho conforme Delgado (2009, p.

779), “[...] corresponde a delimitação do início e fim da duração diária de trabalho,

com respectivos dias semanais de labor e correspondentes intervalos intrajornadas”.

A Constituição Federal/88 (CF) Art. 7º estabelece que a duração normal de

trabalho não poderá ser superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro)

semanais, exceto se houver compensação ou redução da jornada, mediante acordo

ou convenção coletiva. De acordo com o Art. 58 da CLT nesta duração de trabalho

não estão computados o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho.

Deverá estar afixado em local visível o quadro de horário da empresa,

conforme estabelece o Art. 74 da CLT, “o horário do trabalho constará de quadro,

organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho, [...]. Esse quadro

será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os empregados de

uma mesma seção ou turma”. O empregado tem direito durante o horário de

trabalho a intervalos para as refeições, conforme o Art. 71 da CLT,

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36

Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.

É importante ressaltar que o Art. 66 da CLT estabelece que entre duas

jornadas de trabalho o empregado deverá ter um intervalo no mínimo de 11 (onze)

horas consecutivas para descanso.

Ao empregador é permitido realizar a compensação ou a prorrogação de

horas em determinados dias. Em relação à compensação de horas Martins (2008, p.

497) esclarece “é o ajuste feito entre empregado e empregador para que o primeiro

trabalhe mais horas em determinado dia para prestar serviços em número de horas

inferior ao normal em outros dias”. De acordo com o Art. 59 § 2º da CLT,

Art. 59 § 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.

Em relação ao acordo de prorrogação de horas Martins (2008, p. 492) afirma

“[...] é o ajuste de vontade feito pelas partes para que a jornada de trabalho possa

ser elastecida além do limite legal, mediante o pagamento de adicional de horas

extras”. Jornada normal de trabalho para Martins (2008, p. 479) “[...] é a quantidade

de labor diário do empregado”, assim entende-se que jornada é aquela em que o

empregado está à disposição do empregador na empresa.

De acordo com Brondi e Bermúdez (2010, p. 168) “todos os empregados

maiores, incluindo homens e mulheres, poderão ter a jornada diária de trabalho

prorrogada, mediante acordo individual ou coletivo, convenção coletiva ou sentença

normativa, no máximo 2 (duas) horas, respeitando o limite de 10 (dez) horas diárias”.

Ainda explicam que é proibida a prorrogação para menores de 18 (dezoito) anos,

somente em casos de compensação da jornada em outro dia.

Respeitadas todas as formalidades para a admissão, após certo lapso de

tempo deverá o empregado ser remunerado pelos serviços prestados a empresa,

como será abordado a seguir.

Page 37: Auditoria Trabalhista 2

37

2.2 ROTINAS RELATIVAS A REMUNERAÇÕES E DESCONTOS SALARIAIS

Ao concluir um determinado período de trabalho, o empregado tem direito de

receber seu salário, proveniente das atividades desenvolvidas na empresa. Santos

(2000, p. 121) explica “[...] salário é o valor pago direta e habitualmente pelo

empregador ao empregado em virtude de um contrato de trabalho entre ambos”. É

importante não confundir salário com remuneração.

2.2.1 Salários e remunerações

A remuneração para Baraúna (2000, p. 257) “[...] constitui a totalidade da

retribuição pecuniária paga ao trabalhador, incluindo, além do salário propriamente

dito, outros tipos de acréscimos decorrentes de adicionais salariais, gratificações,

ajuda de custo, etc, pagos com certa habitualidade”. O Art. 457 § 1º da CLT

estabelece “[...] integram o salário não só a importância fixa estipulada, como

também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e

abonos pagos pelo empregador”.

Existem diferentes formas de salários, os quais são classificados como

salário mínimo e ou normativo. Em relação ao salário mínimo o Art. 7º da CF/88

estabelece,

Art. 7º. Salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.

Para jornadas de trabalho de 44 horas semanais é proibida a contratação

por valor inferior ao salário mínimo nacional, conforme consta no Art. 117 da CLT,

“será nulo de pleno direito, [...], qualquer contrato ou convenção que estipule

remuneração inferior ao salário mínimo estabelecido na região, zona ou subzona,

em que tiver de ser cumprido”. De acordo com a Medida Provisória Nº 474/09,

convertida na Lei Nº 12.255/10, o salário mínimo nacional para o ano de 2010 é de

R$ 510,00 por mês. É importante ressaltar que o trabalho a ser realizado, analisará

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38

os documentos da empresa do ano de 2010, razão pela qual está referido o valor do

salário mínimo vigente de 01.01.2010 a 31.12.2010.

Por salário normativo Baraúna (2000, p. 260) esclarece “é o valor fixado em

sentença proferida em dissídio coletivo pelos Tribunais do Trabalho, impedindo a

admissão de empregados com salários inferiores aos fixados por uma sentença

normativa”.

A CF/88 no Art. 7º menciona que o trabalhador deverá receber salário

proporcional à extensão e à complexidade do trabalho, o qual deverá ser definido

por lei, sentença normativa ou convenção coletiva, porém muitos trabalhadores não

tem esse piso definido, por isso a criação por parte dos Estados, do salário mínimo

estadual, o qual determina o valor do piso salarial para esses empregados.

Não poderão existir diferenças salariais entre homens e mulheres conforme

estabelece a CF, Art. 7º, inciso XXX, “proibição de diferença de salários, de exercício

de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”.

Por isso para trabalhos semelhantes em quantidade e qualidade deverá existir

equiparação salarial conforme consta no Art. 461 da CLT,

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. § 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos. § 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antiguidade e merecimento. § 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por merecimento e por antiguidade, dentro de cada categoria profissional. § 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial.

O salário é estabelecido em função do período de trabalho que pode ser por

hora, dia, semana, quinzena ou mês. Para Russomano (2000, p. 348), ensina que

mensalista é o “trabalhador que recebe salário por mês, independentemente do

número de dias úteis de cada período”. Para o mesmo autor (2000) horista ou

diarista são os que recebem salário de acordo com as horas ou dia de efetiva

prestação de serviço, e os repousos dos domingos e feriados.

Page 39: Auditoria Trabalhista 2

39

2.2.2 Cartão ponto e descanso semanal remunerado

Para a identificação da efetiva prestação de serviço realizada no mês utiliza-

se o registro em ponto. De acordo com Brondi e Bermúdez (2010, p. 177) “os

estabelecimentos que possuem mais de 10 (dez) empregados estão obrigados à

marcação de ponto, que poderá ser feita mecanicamente, pelo uso de relógio de

ponto, eletronicamente, por computador ou manualmente”. O Art. 74 § 2º, da CLT,

estabelece que “[...] será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, [...],

conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver

pré assinalação do período de repouso”. Ainda de acordo com o Art. 74 § 3º, “se o

trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará,

explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder”.

O ponto é individual e devidamente identificado. Através dele é possível

constatar os dias efetivos trabalhados e os descansos semanais, os quais são

chamados de repousos semanais remunerados (RSR). Santos (2000, p. 193) explica

que “o RSR, deve ser de 24 horas consecutivas e, preferencialmente aos domingos”.

Ainda de acordo com o conceito o Art. 67 e Art. 68 da CLT determinam,

Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Parágrafo único - Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização. Art. 68 - O trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do art. 67, será sempre subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de trabalho.

Conforme Brondi e Bermúdez (2010, p.192), “para os empregados

contratados para receber o salário por mês ou por quinzena, o descanso semanal já

está incluso no valor total. Para os empregados contratados por semana, dia ou

hora, o descanso semanal é o equivalente a um dia normal de trabalho”. Ainda para

os mesmos autores (2010), é importante lembrar que deverá ser adicionado nas 24

(vinte e quatro) horas do repouso semanal o intervalo intrajornadas, totalizando

assim um descanso de 35 (trinta e cinco) horas.

Page 40: Auditoria Trabalhista 2

40

Para o recebimento do repouso remunerado é importante à assiduidade do

empregado, Martins (2008, p. 542) afirma “terá direito ao RSR se tiver trabalhado

durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente seu horário de trabalho”.

Por semana anterior o Art. 11 § 4º do Decreto Nº 27.048/49 entende como “[...] o

período da segunda feira a domingo, anterior à semana em que recair o dia de

repouso”. Caso o empregado faltar a um dia de trabalho, o mesmo perderá o direito

ao RSR, porém, o Art. 473 da CLT estabelece situações em que o empregado

poderá deixar de comparecer ao trabalho sem prejuízo de salário ou do RSR:

Art. 473. [...] I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III - por um dia, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana; IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva. VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar [...]. VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro.

Devido a CLT ser uma Lei de 1943, pode se notar que alguns artigos

apresentam informações desatualizadas, como é o caso da licença paternidade

estabelecida apenas por um dia e a licença maternidade, a qual nem menciona. A

informação atualizada encontra-se no Art. 7º XIX e Art. 10 § 1º da CF/88 os quais

determinam que em caso de nascimento de filho, a licença paternidade seja de 05

(cinco) dias no decorrer da primeira semana, e no Art. 7º, XVIII da CF/88 que seja

concedido licença a empregada por maternidade ou aborto, na duração de 120

(cento e vinte) dias, sem prejuízo de emprego e salário.

A Lei Nº 11.770/08, regulamentada pelo Decreto Nº 7.052/09, instituiu o

Programa Empresa Cidadã, a qual prorroga a licença maternidade de 120 (cento e

vinte) dias para 180 (cento e oitenta) dias, sendo que os quatro primeiros meses de

licença maternidade continuarão sendo pagos pelo INSS e os salários dos dois

meses a mais serão pagos pelo empregador. De acordo com o Decreto Nº 7.052/09,

Page 41: Auditoria Trabalhista 2

41

a prorrogação será garantida somente se a empresa aderir ao Programa, e desde

que a empregada requeira o benefício até o final do primeiro mês após o parto, a

qual será concedida imediatamente após o término da licença maternidade paga

pelo INSS.

Também não são consideradas faltas ao serviço, conforme o Art. 131 da

CLT: acidente do trabalho ou enfermidade atestado pelo INSS; suspensão

preventiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão preventiva, quanto

for impronunciado ou absolvido; justificada pela empresa; entre outros.

No entanto, caso o empregado não apresente justificativa ou atestado

médico pela falta, Oliveira (2009) explica que poderá ser descontado o valor

referente às horas que esse não compareceu ao trabalho, bem como o repouso

semanal remunerado referente ao domingo da semana subsequente.

2.2.3 Atestado médico e acidente do trabalho

De acordo com a Portaria Ministro de Estado da Previdência Social (MPS)

Nº 3.291/84, o atestado médico para ter validade deverá conter:

a) tempo de dispensa concedida ao segurado, por extenso e numericamente; b) diagnóstico codificado, conforme o Código Internacional de Doenças (CID), com a expressa concordância do paciente, de acordo com a Resolução nº 1.190, de 14/09/84, do Conselho Federal de Medicina; e c) assinatura do médico ou odontólogo sobre carimbo do qual conste nome completo e registro no respectivo Conselho Profissional.

O afastamento por incapacidade além de 15 (quinze) dias é de competência

do INSS. Ferreira, Machado e Santos (2006, p. 99) explicam “à empresa com serviço

médico próprio ou em convênio cabe o exame médico e o abono das faltas

correspondentes ao período de afastamento do empregado por motivo de doença ou

acidente do trabalho, encaminhando o segurado à perícia médica da Previdência

Social quando a incapacidade ultrapassar 15 dias”.

Conforme o Art. 19 da Lei Nº 8.213/91 acidente de trabalho é o acidente “[...]

que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do

trabalho dos segurados [...], provocando lesão corporal ou perturbação funcional que

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42

cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade

para o trabalho”.

Segundo o Art. 20 e o Art. 21 da Lei Nº 8.213/91 considera-se acidente de

trabalho:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, [...], as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. [...] Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

De acordo com o Art. 22 da Lei Nº 8.213/91 “a empresa deverá comunicar o

acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da

ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente [...]”. Essa

comunicação será realizada através do documento chamado de Comunicação de

Acidente de Trabalho (CAT).

Page 43: Auditoria Trabalhista 2

43

2.2.4 Horas extras

O empregado além do seu salário terá direito a adicionais que compõem a

remuneração do trabalhador. Segundo Martins (2008, p. 229) adicional “[...] é um

acréscimo salarial decorrente da prestação de serviços do empregado em condições

mais gravosas”. Pode ser classificado em adicional de horas extras, de

insalubridade, de periculosidade, noturno.

É permitido ao empregado prestar serviço além da sua hora habitual,

fazendo assim jus às horas extras. De acordo com Art. 7º, XVI da CF/88 o adicional

de horas extras é devido pelo trabalho extraordinário à razão de pelo menos 50%

sobre a hora normal. Para Brondi e Bermúdez (2010) poderá haver percentual

superior fixado para as horas extras através de contrato, acordo ou convenção

coletiva de trabalho.

Segundo Barros (2009, p. 729), “o trabalho realizado aos domingos ou em

feriados sem a folga compensatória dará direito ao empregado de receber esse dia

em dobro, independentemente do salário fixo mensal e das sanções de ordem

administrativa”. Sendo assim, o empregado que exercer atividades em dias

destinados ao descanso, sem o recebimento de uma folga compensatória, será

remunerado com um adicional de 100%. Poderá ser dispensado do acréscimo, caso

o excesso de horas em um dia for compensado pela diminuição correspondente em

outro, porém deverá ser respeitada a soma da jornada semanal de 44 horas, e o

limite máximo de dez horas diárias.

2.2.5 Adicional de insalubridade e periculosidade

Em relação ao adicional de insalubridade, de acordo com Martins (2008),

recebem esse adicional somente os trabalhadores que exerçam atividades

consideradas prejudiciais à saúde. O Art. 189 da CLT determina que

Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de

Page 44: Auditoria Trabalhista 2

44

exposição aos seus efeitos.

De acordo com Brondi e Bermúdez (2010) a caracterização e o grau de

insalubridade serão detectados por Médico ou Engenheiro do Trabalho, registrados

no MTE. O Art. 192 da CLT assegura para os trabalhadores em condições

insalubres um adicional de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10%

(dez por cento) do salário mínimo nacional, sendo classificados em grau máximo,

médio e mínimo respectivamente.

A neutralização ou eliminação desse adicional de acordo com o Art. 191 da

CLT ocorrerá “I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho

dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção

individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites

de tolerância”.

Em relação ao adicional de periculosidade de acordo com Martins (2008, p.

234) “o adicional de periculosidade é devido ao empregado que presta serviços em

contato permanente com elementos inflamáveis ou explosivos”. Segundo Brondi e

Bermúdez (2010, p. 207) “a periculosidade será caracterizada por meio de perícia a

cargo do Engenheiro de Segurança do Trabalho, registrado no MTE. Tal perícia

poderá ser solicitada pela própria empresa ou então por meio do sindicato da

categoria profissional respectiva”.

De acordo com o Art. 193 § 1º da CLT “o trabalho em condições de

periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre

o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações

nos lucros da empresa”.

Para Brondi e Bermúdez (2010, p. 208) “o serviço prestado

simultaneamente, em condições insalubres e perigosas, faculta ao empregado optar

por apenas um dos adicionais”. Segundo o Art. 194 da CLT “o direito do empregado

ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do

risco à sua saúde ou integridade física”.

Page 45: Auditoria Trabalhista 2

45

2.2.6 Adicional noturno e adicional por tempo de serviço

Caso o empregado exerça atividades noturnas, esse deverá receber o

adicional noturno. Conforme o Art. 73 da CLT,

Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. § 1º - A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. § 2º - Considera-se noturno, [...], o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.

Após trabalhar um determinado período de tempo na empresa, o empregado

poderá ter direito a receber uma gratificação conhecida como adicional por tempo de

serviço, geralmente chamado de quinquênio. O percentual desse adicional é

estipulado na convenção coletiva de trabalho de cada sindicato.

2.2.7 Salário família

Dependendo da remuneração do empregado no mês, esse terá direito de

receber o salário família (SF). Conforme o Art. 288 da Instrução Normativa (IN)

Presidente (Pres) do INSS Nº 45/10 SF é

Art. 288. [...] o benefício pago na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente de carência e desde que o salário de contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo permitido.

O valor do benefício é fixado pelo Ministério da Previdência Social, e de

acordo com a Portaria Interministerial Nº 350 MPS/Ministro da Fazenda (MF), a partir

de 1º de janeiro de 2010 passaram a vigorar os seguintes valores como consta no

Quadro 1:

Remuneração Valor da cota por dependente

Até R$ 531,12 mensais R$ 27,24 p/filho

De R$ 531,13 até R$ 798,30 R$ R$ 19,19 p/filho Quadro 1- Valores salário família 2010 Fonte: Adaptado da Portaria Interministerial Nº 350 MPS/MF

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A partir de 16.06.2010 a Portaria Interministerial Nº 333 MPS/MF, alterou a

cota do salário família, conforme demonstra o Quadro 2.

Remuneração Valor da cota por dependente

Até R$ 539,03 mensais R$ 27,64 p/filho

De R$ 539,03 até R$ 810,18 R$ R$ 19,48 p/filho Quadro 2 – Valores salário família 2010 a partir de 16.06.2010 Fonte: Adaptado da Portaria Interministerial Nº 333 MPS/MF

Segundo Brondi e Bermúdez (2010, p. 271) por filhos entende-se “[...] os

legítimos, legitimados, ilegítimos e adotivos, nos termos da legislação civil. A prova

de filiação, asseguradora do direito ao SF, é feita mediante a certidão do registro

civil de nascimento ou, para os casos especiais de filiação ilegítima, pelas demais

provas admitidas na legislação civil”. Ainda de acordo com os mesmos autores

(2010) equiparam-se aos filhos o enteado, o menor que esteja sob sua tutela e não

possua bens suficientes para o próprio sustento e educação, porém desde que

comprovada a dependência econômica. Independentemente de trabalharem na

mesma empresa pai e mãe têm direito ao recebimento do benefício. Caso ocorra

divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, o SF passará a ser pago aquele que

ficar com o sustento do menor.

De acordo com o Art. 288 da IN INSS/PRES Nº 45/10, tem direito ao salário

família:

Art. 288 . [...] I - empregado, exceto o doméstico, e trabalhador avulso; II - empregado e trabalhador avulso em gozo de benefício de auxílio doença e ao aposentado por invalidez ou por idade, urbano ou rural; III - ao trabalhador rural aposentado por idade aos sessenta anos, se do sexo masculino, ou cinquenta e cinco anos, se do sexo feminino; e IV - aos demais aposentados com sessenta e cinco anos ou mais de idade, se homem, ou sessenta anos ou mais, se mulher.

Segundo o Art. 290 da IN mencionada anteriormente, o SF será devido a

partir do momento em que for apresentada a certidão de nascimento (original e

cópia) dos filhos de até quatorze anos, sendo que para as crianças com até seis

anos de idade deverá ainda ser apresentado a caderneta de vacinação ou

equivalente, e para crianças de sete a quatorze anos comprovante de frequência

escolar. Somente será devido o SF para dependentes maiores de quatorze anos

caso seja apresentado comprovação de invalidez, a cargo da Perícia Médica do

INSS.

É importante ressaltar que o empregado deve apresentar anualmente à

empresa os documentos citados acima para a renovação do benefício. Segundo o

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47

Art. 290 § 2º da IN INSS/PRES Nº 45/10, de acordo com a idade dos dependentes

deverá ser apresentado a caderneta de vacinação no mês de novembro e a

comprovação de frequência escolar semestral nos meses de maio e novembro. Será

suspenso o pagamento se o segurado não apresentar os documentos nas datas

definidas, retornando o benefício somente no momento em que a documentação for

apresentada, por isso, deve-se proceder como consta no Art. 290 § 3º da IN

INSS/PRES Nº 45/10:

Art. 290 § 3º [...] I - não é devido o salário família no período entre a suspensão da cota motivada pela falta de comprovação da frequência escolar e sua reativação, salvo se provada a frequência escolar no período; e II - se após a suspensão do pagamento do salário família, o segurado comprovar a vacinação do filho, ainda que fora de prazo, caberá o pagamento das cotas relativas ao período suspenso.

Ainda de acordo com o Art. 289 da IN INSS/PRES Nº 45/10, o SF será pago

mensalmente,

Art. 289 [...] I - ao empregado, pela empresa, com o respectivo salário, e ao trabalhador avulso, pelo sindicato ou órgão gestor de mão de obra, mediante convênio; II - aos empregados e trabalhadores avulsos em gozo de auxílio doença ou aposentadoria, [...], pelo INSS, juntamente com o benefício; e III - às empregadas e trabalhadoras avulsas em gozo de salário maternidade, pela empresa, condicionado à apresentação pela segurada da documentação.

Para Martins (2008), o valor pago pelo empregador é reembolsado pelo

INSS mediante abatimento na guia de recolhimento da contribuição previdenciária.

Segundo Brondi e Bermúdez (2010, p. 279) “[...] o valor das cotas não deduzidas em

época própria poderá ser reembolsado no prazo de 5 (cinco) anos contados da data

do recolhimento relativo ao SF”.

Segundo o Art. 292 da IN INSS/PRES Nº 45/10 o benefício cessa

automaticamente:

Art. 292 [...] I - por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito; II - quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de idade, salvo se inválido, a contar do mês seguinte ao da data do aniversário; III - pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a contar do mês seguinte ao da cessação da incapacidade; ou IV - pelo desemprego do segurado.

No mês da admissão e demissão do empregado, Brondi e Bermúdez (2010,

p. 276) explicam “a cota do SF deve ser paga proporcionalmente ao número de dias

Page 48: Auditoria Trabalhista 2

48

trabalhados, considerando-se, nesses casos, o valor da cota pela remuneração que

seria devida no mês”. Em relação à quitação do benefício os mesmos autores (2010,

p. 278) esclarecem “o empregado deve dar quitação à empresa, ao sindicato ou ao

órgão gestor de mão de obra de cada recebimento mensal do SF, na própria folha

de pagamento ou outra forma admitida, de modo que a quitação fique plena e

claramente caracterizada”.

Para Oliveira (1999), para concessão do benefício é entregue ao empregado

a ficha de salário família e o termo de responsabilidade, em que o empregado

compromete-se a comunicar a empresa e ao INSS qualquer fato ou circunstância

que determina a perda do benefício.

2.2.8 Contribuição sindical e assistencial

São permitidos descontos na folha de pagamento do empregado, como é o

caso da contribuição sindical descontada e repassada ao sindicato profissional da

categoria. O Art. 582 da CLT determina que o empregador é obrigado a descontar

da folha de pagamento dos empregados do mês de março de cada ano a

contribuição sindical devida aos respectivos sindicatos. Martins (2008) ensina que

cada empregado, independente de sua forma de remuneração, deverá contribuir

para o sindicato profissional com o valor de um dia de trabalho durante o ano, o qual

deve ser descontado na folha de pagamento do mês de março, e o recolhimento

deve ser efetuado no mês seguinte ao do desconto, em sistema de guias, sendo que

o comprovante de depósito deverá ser remetido ao respectivo sindicato, e na falta

deste a correspondente entidade sindical ou ao MTE.

É necessário que todo empregado ao desligar-se de uma empresa solicite a

anotação na CTPS, para evitar que o novo empregador desconte-a novamente. Para

os contratados após o mês de março, os quais não sofreram o desconto em

nenhuma outra empresa deve-se obedecer o Art. 602 da CLT, “os empregados que

não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto da contribuição sindical,

serão descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho”.

Caso o recolhimento da contribuição sindical seja efetuado fora do prazo

referido, o Art. 600 da CLT determina “será acrescido da multa de 10% (dez por

Page 49: Auditoria Trabalhista 2

49

cento), nos 30 (trinta) primeiros dias, com o adicional de 2% (dois por cento) por mês

subsequente de atraso, além de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês e

correção monetária, ficando, nesse caso, o infrator, isento de outra penalidade”.

Outro desconto revertido para os sindicatos é a contribuição assistencial que

segundo Martins (2008, p. 736) é

[...] pagamento feito pela pessoa pertencente à categoria profissional ou econômica ao sindicato da respectiva categoria, em virtude de este ter participado das negociações coletivas, de ter incorrido em custos para esse fim, ou para pagar determinadas despesas assistenciais realizadas pela agremiação.

Para Brondi e Bermúdez (2010) esta contribuição decorre de convenção

coletiva ou sentença normativa em dissídio coletivo.

2.2.9 Vale transporte

É permitido ainda o desconto de vale transporte, INSS, imposto de renda

retido na fonte (IRF) na folha de pagamento do empregado. Em relação ao vale

transporte, Rocha (2009, p. 21) afirma “o trabalhador tem o direito ao recebimento

do vale transporte para seu deslocamento até o local de trabalho”. Caso o

trabalhador necessite de transporte, o empregador deverá providenciar o vale

correspondente. Segundo o Art. 2º do Decreto Nº 95.247/87 “o vale transporte

constitui benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para utilização

efetiva em despesas de deslocamento residência trabalho e vice versa”. Conforme o

Art. 5º desse mesmo Decreto “é vedado ao empregador substituir o vale transporte

por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento”.

Para o Art. 9º do Decreto Nº 95.247/87 o vale será custeado: “I - pelo

beneficiário, na parcela equivalente a 6% (seis por cento) de seu salário básico ou

vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens; II - pelo empregador, no

que exceder à parcela referida no item anterior”. Brondi e Bermúdez (2010) afirmam

que o vale transporte deve ser fornecido através de recibo. É importante ressaltar

que o vale transporte poderá ser descontado do empregado até 6% do seu salário,

sendo assim, caso o valor não ultrapasse o limite permitido, deverá ser descontado

do funcionário o valor integral do vale transporte.

Page 50: Auditoria Trabalhista 2

50

2.2.10 Imposto de Renda Retido na Fonte e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

O IRF incide sobre os rendimentos do trabalho assalariado pago. A base de

cálculo sujeita à incidência mensal será determinada mediante a dedução de

parcelas. Segundo a Receita Federal do Brasil (2010), para o ano de 2010, pode-se

deduzir mensalmente a quantia de R$ 150,69 por dependente, a contribuição

previdenciária paga no mês, pensão alimentícia de acordo com decisão judicial,

entre outros. Após encontrada a base de cálculo aplica-se a alíquota

correspondente, e deduz-se o valor permitido da parcela. Caso o valor da retenção

do imposto seja igual ou inferior a R$ 10,00, o empregado está dispensado do

recolhimento. É importante lembrar que os dados da empresa que serão analisados

referem-se ao ano de 2010, por isso apresenta-se o Quadro 3 demonstrando as

alíquotas e o valor de dedução permitido para o ano analisado.

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota (%) Valor dedução (R$)

Até 1.499,15 - -

De 1.499,16 até 2.246,75 7,5 112,43

De 2.246,76 até 2.995,70 15 280,94

De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62

Acima de 3.743,19 27,5 692,78 Quadro 3 – Imposto de renda na fonte 2010 Fonte: Receita Federal do Brasil (2010)

Referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de acordo

com Dallegrave Neto e Vianna (2001, p. 258), “o empregador, é obrigado a

depositar, até o dia sete de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância

de 8% da remuneração paga ou devida no mês anterior, a cada trabalhador”. A

remuneração considerada para incidência do percentual é o salário base, acrescido

de todos adicionais a que tiver direito o empregado. Caso no dia do recolhimento

não houver expediente bancário, o mesmo deverá ser realizado no dia útil

imediatamente anterior. As incidências para o cálculo do FGTS e IRRF podem ser

observadas no Anexo A.

Page 51: Auditoria Trabalhista 2

51

2.2.11 Desconto do INSS

Em relação ao desconto para o INSS, Oliveira (2009, p. 17) afirma “o INSS

incide sobre o salário mais horas extras, adicional de insalubridade, periculosidade,

adicional noturno, [...], 13º salário e outros valores admitidos em lei pela previdência

social”. Sobre a base de cálculo encontrada, até o valor limite estabelecido pelo

INSS, será aplicada a alíquota de 8%, 9% ou 11%, conforme Quadro 04

apresentado a seguir, no qual constam as alíquotas de INSS para o período de

01.01.2010 à 15.06.2010, de acordo com a Portaria Interministerial Nº 350/09

MPS/MF.

Valor limite (até) Alíquota INSS (%)

Até 1.024,97 8,00

1.024,98 até 1.708,27 9,00

1.708,28 até 3.416,54 11,00 Quadro 4 – Faixas do INSS 2010 de 01.01.2010 a 15.06.2010 Fonte: Adaptado da Portaria Interministerial Nº 350/09 MPS/MF

Em 2010 houve correção dos valores da tabela, sendo que a partir de

16.06.2010 vigoraram as alíquotas estabelecidas através da Portaria Interministerial

Nº 333/10 MPS/MF, conforme demonstra Quadro 05.

Valor limite (até) Alíquota INSS (%)

Até 1.040,22 8,00

De 1.040,23 Até 1.733,70 9,00

De 1.733,71 Até 3.467,40 11,00 Quadro 5 – Faixas do INSS 2010 a partir de 16.06.2010. Fonte: Adaptado de Portaria Interministerial Nº 333/10 MPS/MF

Quando o empregado recebe salário superior ao limite que consta na tabela,

somente poderá ser descontado o limite estabelecido, ou seja 11% sobre R$

3.467,40, totalizando R$ 381,41 de contribuição previdenciária de 16.06.2010 a

31.12.2010. Para o recolhimento dessa contribuição existe a Guia da Previdência

Social (GPS), que segundo a Receita Federal do Brasil (2010) “é o documento hábil

para o recolhimento das contribuições sociais a ser utilizada pela empresa,

contribuinte individual, facultativo, empregador doméstico e segurado especial”.

Para recolhimento na GPS de acordo com a Resolução INSS da Diretoria

Colegiada (DC) Nº 39/00, será permitido apenas valores superiores a R$ 29,00.

Caso o recolhimento seja inferior ao permitido, o contribuinte deverá acumular o

valor com os futuros recolhimentos, até que a soma atinja o valor mínimo para então

Page 52: Auditoria Trabalhista 2

52

proceder ao recolhimento. De acordo com a Previdência Social (2010) o vencimento

da GPS ocorrerá até o dia 20 do mês seguinte ao do desconto, antecipando-se o

vencimento para o dia útil anterior quando não houver expediente bancário no dia do

vencimento.

Segundo Ferreira, Machado e Santos (2006, p. 192) “a empresa deve

encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissional mais numerosa

entre seus empregados, até o dia 10 (dez) de cada mês, cópia do documento de

arrecadação das contribuições recolhidas ao INSS, relativamente à competência

anterior”.

É importante lembrar que empresas optantes pelo Lucro Real3, Lucro

Presumido4 e Arbitrado5 pagam a contribuição patronal sobre a folha de pagamento.

De acordo com o Art. 72 da IN da Receita Federal do Brasil (RFB) Nº 971/09,

Art. 72. As contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa ou do equiparado, [...], são: I - 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhes prestam serviços, [...]; II - para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhes prestam serviços, [...], correspondente à aplicação dos seguintes percentuais: a) 1% (um por cento), para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento), para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado médio; c) 3% (três por cento), para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado grave; III - 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhes prestam serviços, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de março de 2000; IV - 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, relativamente aos serviços que lhes são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de março de 2000.

3 Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou

compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. 4 O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo do

imposto de renda e da CSLL das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real. 5 O arbitramento de lucro é uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de renda utilizada

pela autoridade tributária ou pelo contribuinte. É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso.

Page 53: Auditoria Trabalhista 2

53

Para fins de recolhimento da contribuição devida a terceiros, a empresa

deverá classificar a atividade por ela desenvolvida e atribuir-lhe o código de Fundo

de Previdência e Assistência Social (FPAS) correspondente. De acordo com a IN

RFB Nº 971/09 a alíquota correspondente para as Confederações Nacionais da

Indústria, do Comércio, dos Transportes Terrestres, das Comunicações e

Publicidades quando empresas de comunicações telegráficas, correios, inclusive

franqueadas e telefônicas é de 5,8%. Já para a Confederação Nacional dos

Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos é de 5,2%, e para a Confederação

Nacional de Educação e Cultura, a Confederação de Comunicações e Publicidades

quando empresas de publicidade e jornalísticas é de 4,5%.

De acordo com a mesma IN, na composição das alíquotas para as empresas

vinculadas à Confederação Nacional da Indústria e Comércio estão aquelas devidas

para o Serviço Social da Indústria (Sesi) e ao Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial (Senai), ou ao Serviço Social do Comércio (Sesc) e ao Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial (Senac). A empresa a ser analisada pertence a

Confederação Nacional do Comércio, a seguir Quadro 06 demonstrando a

composição da alíquota de 5,8%.

Órgãos Alíquota

SESC 1,5%

SENAC 1,0%

SEBRAE 0,6%

SALÁRIO EDUCAÇÃO 2,5%

INCRA 0,2%

Total 5,8% Quadro 6 - Composição alíquotas devidas para terceiros nas atividades comerciais Fonte: elaborado pela acadêmica com base na FPAS comércio

A empresa a ser analisada é optante pelo Simples Nacional6, as quais não

possuem a contribuição previdenciária patronal incidente sobre a folha de

pagamento das empresas, e sim, na própria contribuição do Simples Nacional, que

incide sobre o faturamento das micros7 e pequenas8 empresas, conforme Anexo B.

Estas empresas também estão dispensadas do recolhimento das contribuições para

terceiros.

6 O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei

Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de 01.07.2007. 7 Considera-se Micro empresa, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta

igual ou inferior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais). 8 Considera-se Empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário,

receita bruta superior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

Page 54: Auditoria Trabalhista 2

54

2.2.12 Pagamento de salários

Ao final de determinado período o empregador deverá pagar o respectivo

salário ao empregado. Esse período não deve ser estipulado por tempo superior a 1

(um) mês. Conforme o Art. 464 da CLT: “o pagamento do salário deverá ser

efetuado contra recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de analfabeto,

mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo”. Deve ser

realizado dentro do horário de serviço ou imediatamente após o encerramento da

jornada de trabalho, sendo, permitido à empresa a utilização de via bancária. De

acordo com o Art. 459 da CLT o empregado deverá receber até o quinto dia útil do

mês seguinte ao da competência, no entanto, quando esse não for dia útil, ou não

houver expediente na empresa, o pagamento deverá ser antecipado.

Após determinado período trabalhado na empresa o empregado terá direito

a férias, conforme será abordado no próximo título.

2.3 FÉRIAS

Após 01 (um) ano de trabalho na empresa o empregado terá direito à férias,

as quais visam proporcionar descanso ao trabalhador. Martins (2008, p. 549) define

“férias são o período do contrato de trabalho em que o empregado não presta

serviços, mas aufere remuneração do empregador, após ter adquirido o direito no

decurso de 12 (doze) meses”. Barros (2009, p.735) complementa, “as férias

constituem um direito do empregado de abster-se de trabalhar durante um

determinado número de dias consecutivos por ano, sem prejuízo da remuneração e

após cumpridas certas exigências, entre elas a assiduidade”.

Então, se levarmos em consideração as faltas injustificadas durante o

período aquisitivo, de acordo como o Art. 130 da CLT, o empregado terá direito a

férias na proporção do Quadro 7.

Page 55: Auditoria Trabalhista 2

55

Número de faltas injustificadas Dias de férias

Até 5 faltas 30 dias

De 6 a 14 faltas 24 dias

De 15 a 23 faltas 18 dias

De 24 a 32 faltas 12 dias

Acima de 32 faltas 0 dias Quadro 7 – Dias de Férias Fonte: Adaptado do Art. 130 da CLT

De acordo com o tempo em que o empregado ficar afastado de suas

funções, o mesmo não terá direito de férias referente a esse período. Segundo o Art.

133 da CLT, o empregado perde esse direito quando:

Art. 133. [...] I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subsequentes à sua saída; II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. [...] § 2º - Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quando o empregado, após o implemento de qualquer das condições previstas neste artigo, retornar ao serviço.

É importante esclarecer a diferença dos termos período aquisitivo e período

concessivo. Conforme Garcia (1999, p. 120) “período aquisitivo é o tempo de

trabalho necessário para o empregado fazer jus a férias, no decorrer de 12 (doze)

meses. E o período concessivo é o prazo no qual o empregador deve programar e

fazer o empregado iniciar o gozo de férias, nos 12 (doze) meses subsequentes ao

período aquisitivo”.

Em relação à concessão das férias o Art. 134 da CLT determina “as férias

serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses

subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito”. De acordo com

esse Art. § 1º, “somente em casos excepcionais as férias serão concedidas em dois

períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 dias corridos”, porém, aos

menores de 18 (dezoito) e maiores de 50 (cinquenta) anos é vedado esse

fracionamento. Para Martins (2008) a concessão das férias será realizada por escrito

ao empregado, com antecedência de no mínimo 30 dias, mediante recibo.

Conforme determina o Art. 136 da CLT o mês das férias será o que melhor

atender aos interesses do empregador exceto quando,

Page 56: Auditoria Trabalhista 2

56

Art. 136. [...] § 1º - Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço. § 2º - O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares.

Segundo o Art. 135 da CLT, § 1º, “o empregado não poderá entrar no gozo

das férias sem que apresente ao empregador sua CTPS, para que nela seja anotada

a respectiva concessão”.

Além de férias individuais, o empregador poderá conceder a seus

empregados férias coletivas. De acordo com o Nascimento (2010, p. 799)

Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa, permitido o fracionamento em até dois períodos anuais, desde que nenhum seja inferior a 10 (dez) dias. Necessária, no entanto, prévia comunicação à DRT

9 e ao Sindicato de Trabalhadores, com antecedência mínima de 15

(quinze) dias.

Aos empregados contratados há menos de 12 (doze) meses, Barros (2009,

p. 745) afirma “[...] gozarão, na oportunidade, de férias proporcionais, iniciando-se,

então, novo período aquisitivo do direito às férias”.

Independente se for de forma individual ou coletiva o pagamento das férias,

conforme o Art. 145 da CLT, deve ser efetuado até 2 (dois) dias antes do início do

gozo das mesmas, sendo dada quitação do pagamento, com indicação do início e

do término das mesmas.

Conforme o Art. 142 da CLT as férias deverão ser pagas de acordo com a

remuneração que for devida ao empregado na data da concessão. Ferreira,

Machado e Santos (2006, p.102) complementam “a remuneração das férias

corresponde ao salário do empregado acrescido dos adicionais de horas extras,

noturno etc., bem como das parcelas variáveis, acrescidas do adicional de 1/3 da

CF”.

É permitido ao empregado a “venda de parte das férias”, na qual troca-se o

número de dias de gozo de férias por pagamento em dinheiro, sendo chamado pela

lei de abono pecuniário. O Art. 143 da CLT explica sobre o assunto “é facultado ao

empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em

abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias

9 DRT – Delegacia Regional do Trabalho

Page 57: Auditoria Trabalhista 2

57

correspondentes”, complementa o § 1º do mesmo Art. “o abono de férias deverá ser

requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo”.

Sempre que as férias forem concedidas após o período concessivo o

empregado poderá ajuizar reclamação, de acordo com o Art. 137 da CLT,

Art. 137. [...] § 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas. § 2º - A sentença dominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida. § 3º - Cópia da decisão judicial transitada em julgado será remetida ao órgão local do Ministério do Trabalho, para fins de aplicação da multa de caráter administrativo.

Em caso de cessação do contrato de trabalho antes de completar 12 (doze)

meses de trabalho, exceto quando for despedido por justa causa, é garantido a todo

empregado a remuneração ao período de férias cujo direito tenha adquirido.

Conforme o Art. 146 da CLT, parágrafo único

Art. 146.[...] Parágrafo único [...] após 12 (doze) meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, [...], na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.

Assim sendo, conforme o número de meses trabalhados e o número de

faltas ao trabalho, o empregado terá direito a férias de acordo com o Quadro 08:

Férias Proporcionais

30 dias (até 5 faltas)

24 dias (de 6 a 14 faltas)

18 dias (de 15 a 23 faltas)

12 dias (de 24 a 32 faltas)

1/12 2,5 dias 2 dias 1,5 dias 1 dia

2/12 5 dias 4 dias 3 dias 2 dias

3/12 7,5 dias 6 dias 4,5 dias 3 dias

4/12 10 dias 8 dias 6 dias 4 dias

5/12 12,5 dias 10 dias 7,5 dias 5 dias

6/12 15 dias 12 dias 9 dias 6 dias

7/12 17,5 dias 14 dias 10,5 dias 7 dias

8/12 20 dias 16 dias 12 dias 8 dias

9/12 22,5 dias 18 dias 13,5 dias 9 dias

10/12 25 dias 20 dias 15 dias 10 dias

11/12 27,5 dias 22 dias 16,5 dias 11 dias

12/12 30 dias 24 dias 18 dias 12 dias Quadro 8 – Proporcionalidade de dias de férias Fonte: Brondi e Bermúdez (2010)

O direito do empregado de reclamar em relação às férias não gozadas tem

prescrição. Conforme Soares (2002, p. 32) “prescreve em 5 (cinco) anos o direito

Page 58: Auditoria Trabalhista 2

58

que o empregado tem de pleitar seu crédito de férias não gozadas, ainda durante a

relação de emprego. Extinto o contrato de trabalho, a prescrição é de 2 (dois) anos”.

É importante ressaltar que as férias são um direito do trabalhador, as quais

ele não pode renunciar, sendo assim, após um ano de trabalho em uma empresa o

empregado adquire o direito de 30 dias de férias, as quais deverão ser gozadas nos

próximos 12 meses seguintes.

2.4 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

São destinatários do 13º salário, denominado de gratificação de natal, de

acordo com Barros (2009), os empregados urbanos, os trabalhadores avulsos, os

domésticos, e os trabalhadores temporários. Foi instituído no Brasil pela Lei Nº

4.090, de 13 de julho de 1962, posteriormente alterado pela Lei Nº 4.749, de 12 de

agosto de 1965 e regulamentado pelo Decreto Nº 57.155, de 3 de novembro de

1965.

A lei inicial ordenava que o pagamento da gratificação ocorresse em

dezembro sobre a remuneração do mês, levando em conta a proporção de 1/12 (um

doze avos) para cada mês trabalhado. Com as alterações da lei o pagamento

passou a ser realizado em duas parcelas: a primeira entre os meses de fevereiro e

novembro e a segunda até o dia 20 (vinte) de dezembro de cada ano.

Referente à 1ª parcela da gratificação, o Art. 2º da Lei 4.749/65 afirma “entre

os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como

adiantamento da gratificação referida no artigo precedente, de uma só vez, metade

do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior”. Ainda para a 1ª

parcela, o Art. 3º do Decreto nº 57.155/65 determina,

Art. 3º. [...] § 1º Tratando-se de empregados que recebem apenas salário variável, a qualquer título, o adiantamento será calculado na base da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até o anterior àquele em que se realizar o mesmo adiantamento. § 2º O empregador não estará obrigado a pagar o adiantamento no mesmo mês a todos os seus empregados. [...]. § 4º Nos casos em que o empregado for admitido no curso do ano, ou, durante este, não permanecer à disposição do empregador durante todos os meses, o adiantamento corresponderá à metade de 1/12 avos da remuneração, por mês de serviço ou fração superior a 15 (quinze) dias.

Page 59: Auditoria Trabalhista 2

59

Conforme o Art. 4º do Decreto citado, a primeira parcela da gratificação

poderá ser paga na ocasião das férias, sempre que o empregado solicitar no mês de

janeiro do ano correspondente. Em relação à 2ª parcela, o Art. 1º do Decreto nº

57.155/65 estabelece,

Art. 1º. O pagamento da gratificação salarial, [...], será efetuado pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração devida nesse mês de acordo com o tempo de serviço do empregado no ano em curso. Parágrafo único. A gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral.

O Art. 3º, § 3º desse Decreto determina “a importância que o empregado

houver recebido a título de adiantamento será deduzida do valor da gratificação

devida”. Referente à remuneração da gratificação, Ferreira, Machado e Santos

(2006, p. 103) afirmam, “corresponde ao salário do empregado acrescido dos

adicionais habitualmente recebidos, tais como horas extras, o adicional noturno, de

periculosidade, de insalubridade etc., bem como das parcelas variáveis”.

Na gratificação integral, nos casos de salários variáveis, o Art. 2º do Decreto

nº 57.155/65 estabelece,

Art. 2º. Para os empregados que recebem salário variável, a qualquer título, a gratificação será calculada na base de 1/11 (um onze avos) da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até novembro de cada ano. A esta gratificação se somará a que corresponder à parte do salário contratual fixo. Parágrafo único. Até o dia 10 de janeiro de cada ano, computada a parcela do mês de dezembro, o cálculo da gratificação será revisto para 1/12 (um doze avos) do total devido no ano anterior, processando-se a correção do valor da respectiva gratificação com o pagamento ou compensação das possíveis diferenças.

Para fins do cálculo do 13º salário, de acordo com Brondi e Bermúdez

(2010) é necessário apurar as faltas não justificadas, a fim de verificar se houve pelo

menos 15 (quinze) dias trabalhados no mês, para que o empregado possa receber o

13º salário equivalente a esse período.

Em casos como auxílio doença e acidente de trabalho em que o empregado

está em gozo de benefício e por isso não pode comparecer ao trabalho, é preciso

respeitar a regra explicada por Brondi e Bermúdez (2010, p. 635)

A partir do 16º (décimo sexto) dia de afastamento do empregado, o auxílio doença caracteriza suspensão do contrato de trabalho e, em consequência,

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60

o 13º salário relativo a esse período não deverá ser pago, isto é, a empresa pagará apenas a gratificação correspondente ao período anterior e posterior ao afastamento.

Já em relação ao auxílio por acidente de trabalho, o mesmo não ocorre.

Conforme Oliveira (2009), a empresa é quem deve pagar a gratificação, pois as

ausências decorrentes do auxilio não reduzem o cálculo da gratificação.

Nas parcelas de 13º pagas ao empregado existe a incidência de encargos

sociais, conforme descrito por Brondi e Bermúdez (2010, p. 636),

1ª parcela – não há incidência do INSS, nem IRF. Contudo, é devido o depósito do FGTS, a ser recolhido no mês seguinte ao do pagamento. 2ª parcela – há incidência do IRF sobre a soma da 1ª e 2ª parcelas. Deve ser depositado FGTS até o mês seguinte ao do pagamento sobre a 2ª parcela. Há incidências do INSS sobre a soma da 1ª e 2ª parcelas.

O 13º tem natureza salarial, por isso, quando ocorre a extinção do contrato

de trabalho o empregado tem direito a gratificação proporcional aos meses

trabalhados no ano, exceto se a despedida for por justa causa. O Art. 7º do Decreto

Nº 57.155/65 determina “o empregado receberá a gratificação devida, [...], calculada

sobre a remuneração do respectivo mês”. Se o mesmo já tiver recebido a 1ª parcela

da gratificação, deverá proceder-se de acordo a Lei no 4.749/65 parágrafo único,

“[...] o empregador poderá compensar o adiantamento mencionado com a

gratificação devida, [...], e, se não bastar, com outro crédito de natureza trabalhista

que possua o respectivo empregado”.

Então pode-se afirmar que a gratificação natalina ou o 13º salário é direito

de todo empregado independentemente de ter trabalhado apenas alguns meses ou

o ano todo na empresa, pois para o recebimento da gratificação é necessário

trabalhar fração igual ou superior a 15 dias no mês. Por isso também ao ocorrer a

rescisão do contrato de trabalho, o empregado tem direito ao 13º salário

independente do mês em que ocorrer o desligamento. O processo de demissão será

esclarecido a seguir.

2.5 ROTINAS TRABALHISTAS RELATIVAS À DEMISSÃO DE EMPREGADOS

Tanto o empregado como o empregador poderão dar fim à relação de

emprego existente. Para que isso ocorra, é necessário efetuar a rescisão contratual,

Page 61: Auditoria Trabalhista 2

61

a qual possui determinados critérios que devem ser respeitados para que seja

realizada uma correta rescisão. Primeiramente é importante observar se o

empregado não se encontra em estabilidade, que segundo Garcia (1999, p. 156) “é

uma limitação ao poder do empregador para despedir o empregado”.

São considerados casos de estabilidade conforme consta no Art. 12 da IN da

Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) Nº 15/10:

Art. 12. [...] a) gravidez da empregada, desde a sua confirmação até cinco meses após o parto; b) candidatura para o cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), desde o registro da candidatura e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato; c) candidatura do empregado sindicalizado a cargo de direção ou representação sindical, desde o registro da candidatura e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato; d) garantia de emprego dos representantes dos empregados, titulares ou suplentes, em Comissão de Conciliação Prévia [...], instituída no âmbito da empresa, até um ano após o final do mandato; e e) demais garantias de emprego decorrentes de lei, convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

Além das estabilidades mencionadas ressalta-se que o trabalhador afastado

devido ao acidente de trabalho terá estabilidade, conforme consta no Art. 118 da Lei

Nº 8.213/91, “o segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo

mínimo de 12 (doze) meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,

após a cessação do auxílio doença acidentário, independentemente de percepção

de auxílio acidente”.

Existem várias formas de rescisão contratual: dispensa sem justa causa,

dispensa com justa causa, pedido de demissão, rescisão antecipada de contrato a

prazo determinado, extinção do contrato por fechamento da empresa, extinção de

contrato a prazo determinado (inclusive o contrato de experiência), extinção do

contrato por falecimento do empregado (NASCIMENTO, 2010). O processo

rescisório, independente da forma de rescisão, envolve etapas distintas a serem

cumpridas e observadas entre as partes, sendo que o interessado deve notificar a

parte contrária sobre a decisão tomada. Essa notificação deverá ocorrer através do

aviso prévio.

Saad (2001, p.346) afirma, “aviso prévio é a comunicação que o empregado

faz ao empregador, ou vice-versa, de que, ao cabo de certo lapso de tempo, deixará

de cumprir as obrigações assumidas no contrato de trabalho”. Tem por finalidade de

acordo com Palma (1999, p. 59) “[...] possibilitar a parte que o recebe, o direito de

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62

não sair prejudicado, com a rescisão inesperada”. Dallegrave Neto e Vianna (2001)

complementam que quando concedido pelo empregador, possibilita ao empregado

que esse procure um novo emprego, antes de ter seu contrato rescindido

definitivamente, e se concedido pelo empregado, no qual esse estará se demitindo,

fornece ao empregador oportunidade para contratar outro empregado para o cargo.

De acordo com Brondi e Bermúdez (2010) a duração do aviso prévio será de

30 dias corridos, o qual poderá ser trabalhado ou indenizado. Em relação ao aviso

prévio trabalhado, Dallegrave Neto e Vianna (2001, p. 129) esclarecem “caracteriza-

se o aviso prévio trabalhado quando há a prestação de serviço pelo empregado

durante esse período [...], tanto na hipótese de ter sido o aviso concedido pelo

empregado [...] quanto na de tê-lo sido pelo empregador [...]”. Quando a rescisão

tiver sido promovida pelo empregador, o Art. 488 da CLT determina que o

empregado terá que cumprir o aviso prévio de forma trabalhada, porém terá sua

carga horária normal reduzida, podendo optar pela redução em duas horas diárias

ou 7 dias seguidos, sem prejuízo salarial. Caso o empregado venha a solicitar o

aviso prévio, esse não poderá usufruir as horas de redução do trabalho.

Segundo Palma (1999), o aviso indenizado ocorre quando o empregador

dispensa o empregado do cumprimento do mesmo, indenizando-lhe com o valor do

salário correspondente. Dallegrave Neto e Vianna (2001, p. 124) complementam

“nesta hipótese, o período deverá ser computado como tempo de serviço, gerando

direito ao recebimento, por conseguinte, e na maioria das vezes, de mais 1/12 de

13º salário e 1/12 de férias proporcionais”. Quando o empregado optar por rescindir

o contrato e desejar não cumprir o período referente ao aviso prévio, poderá o

empregador descontar do mesmo, o valor correspondente ao salário, conforme o

Art. 487 § 2º da CLT “a falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao

empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo”.

O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado, sendo assim,

Brondi e Bermúdez (2010, p. 638) afirmam

Havendo recusa do empregado em receber o aviso, a empresa deve solicitar a duas pessoas que assinem como testemunhas. Esse procedimento é legal e o prazo corre normalmente. Pode se enviar o aviso prévio por intermédio de telegrama com aviso de recebimento, ou ainda, por carta com AR (Aviso de Recebimento).

Page 63: Auditoria Trabalhista 2

63

De acordo com o Art. 15 da IN SRT Nº 15/10 “o direito ao aviso prévio é

irrenunciável pelo empregado, salvo se houver comprovação de que ele obteve novo

emprego”. Ainda de acordo com o Art. 19 da IN mencionada “é inválida a

comunicação do aviso prévio na fluência de garantia de emprego e de férias”.

De acordo com a IN SRT Nº 15/2010, o período de aviso prévio se inicia a

partir do dia seguinte ao da comunicação, devendo ser formalizado por escrito. Caso o

empregado receba um aviso prévio indenizado essa informação deverá constar na

CTPS, por isso, conforme o Art. 17 da IN SRT Nº 15/2010 a data da saída a ser

anotada deve ser:

Art. 17. [...] I - na página relativa ao Contrato de Trabalho, a do último dia da data projetada para o aviso prévio indenizado; e II - na página relativa às Anotações Gerais, a data do último dia efetivamente trabalhado. Parágrafo único. No Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT), a data de afastamento a ser consignada será a do último dia efetivamente trabalhado.

Para o cálculo da rescisão contratual é considerado o que é devido ao

empregado horas trabalhadas, descansos semanais, horas extras e demais

adicionais. No entanto, é importante ressaltar que na rescisão descontam-se INSS,

IRF sobre as remunerações, entre outros, além do depósito do FGTS, conforme

cada caso.

O colaborador terá direito ao valor das férias do período correspondente.

Segundo Dallegrave Neto e Vianna (2001 p. 208), “a título de férias proporcionais, o

empregado perceberá remuneração relativa ao período aquisitivo incompleto de

férias, na proporção de 1/12 por mês ou fração igual ou superior a quinze dias de

trabalho”. Os mesmos autores (2001) afirmam que o empregado deverá ter o valor

do provento calculado com base na remuneração devida no mês da rescisão

contratual. Caso possua férias vencidas e não pagas, o valor será acrescido na

rescisão, juntamente com o abono de 1/3 constitucional. Também será de direito no

momento da sua rescisão o 13º salário, o qual deverá ser pago proporcionalmente

ao tempo de serviço transcorrido no ano, sendo calculado sobre a remuneração do

mês da rescisão.

De acordo com Palma (1999) na hipótese de dispensa pelo empregador,

exceto justa causa, esse deverá pagar a título de multa rescisória o valor de 50%

sobre o valor dos depósitos de FGTS realizados durante todo o período trabalhado,

Page 64: Auditoria Trabalhista 2

64

bem como das atualizações monetárias e os juros acrescidos durante esse período,

sendo que 10% desse percentual é destinado para o financiamento da seguridade

social e os 40% restante para o empregado depositado em conta vinculada ao

trabalhador.

Na rescisão contratual é obrigatório realizar o exame médico demissional,

que segundo Oliveira (1997) deverá ser realizado até a data da homologação do

desligamento definitivo, porém se o último exame ocupacional tenha sido realizado a

menos de 90 ou 135 dias (dependendo do grau de risco de acidentes de trabalho da

empresa) não será necessária a realização do exame.

Em relação aos prazos de pagamentos rescisórios o Art. 477 § 6º da CLT

estabelece que “o pagamento [...] deverá ser efetuado nos seguintes prazos: a) até o

primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o décimo dia, contado da

data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização

do mesmo ou dispensa de seu cumprimento”.

Caso o empregado tenha mais de um ano de empresa, Oliveira (2009)

afirma que a rescisão deverá obrigatoriamente ser homologada em órgão

competente, observadas as mesmas datas dos pagamentos rescisórios. De acordo

com o Art. 4º da IN SRT Nº 15/2010 “a assistência na rescisão de contrato de

trabalho tem por objetivo orientar e esclarecer empregado e empregador acerca do

cumprimento da lei, bem como zelar pelo efetivo pagamento das parcelas

rescisórias”.

A Portaria Nº 1.620/10 do MTE, instituiu o Sistema Homolognet, para

assistência à rescisão do contrato de trabalho, que será utilizado gradualmente,

conforme sua implantação. Para a utilização o empregador deverá proceder de

acordo com o Art. 3º da IN SRT Nº 15/2010:

Art 3º. O empregador, ao utilizar o Homolognet, deverá acessar o Sistema por meio do portal do MTE na internet: www.mte.gov.br, cadastrar-se previamente e: I - incluir os dados relativos ao contrato de trabalho e demais dados solicitados pelo Sistema; II - informar-se com o órgão local do MTE, para verificar a necessidade de agendamento da homologação; e III - dirigir-se ao órgão local do MTE, munido dos documentos previstos no Art. 22 desta Instrução Normativa.

É importante ressaltar que as empresas ainda não estão obrigadas a utilizar

o Sistema Homolognet. Dessa forma, a assistência da rescisão contratual poderá

Page 65: Auditoria Trabalhista 2

65

continuar ocorrendo nos órgãos competentes, que segundo a IN SRT Nº 15/2010

Art. 6º são: “I - o sindicato profissional da categoria do local [...] ou a federação [...]; II

- o servidor público em exercício no órgão local do MTE; e III - na ausência dos

órgãos citados [...], o representante do Ministério Público ou o Defensor Público e,

na falta ou impedimentos destes, o Juiz de Paz”.

O Art. 13 da IN mencionada esclarece que é obrigatória a presença de

empregado e empregador para realização da rescisão, porém existem outros casos

que devem ser respeitados,

Art. 13. [...] § 1º Tratando-se de empregado com idade inferior a dezoito anos, será obrigatória a presença e a assinatura de seu representante legal no Termo de Homologação, exceto para os emancipados nos termos da lei civil. § 2º O empregador poderá ser representado por procurador legalmente habilitado ou preposto designado por carta de preposição em que conste referência à rescisão a ser homologada e os poderes para assinatura dos documentos na presença do assistente. § 3º O empregado poderá ser representado, excepcionalmente, por procurador legalmente constituído em procuração com poderes expressos para receber e dar quitação e com firma reconhecida em cartório.

Segundo o Art. 22 da IN SRT Nº 15/2010 para a assistência, é obrigatória a

apresentação dos seguintes documentos: TRCT, em quatro vias; CTPS, com as

anotações atualizadas; livro ou ficha de registro de empregados; notificação de

demissão, comprovante de aviso prévio ou pedido de demissão; extrato para fins

rescisórios da conta vinculada do empregado no FGTS, devidamente atualizado;

guia de recolhimento rescisório do FGTS e da Contribuição Social; Comunicação da

Dispensa (CD) e Requerimento do Seguro Desemprego, nas rescisões sem justa

causa; atestado de saúde ocupacional demissional, ou Periódico; carta de preposto

e instrumentos de mandato, quando necessário, entre outros documentos.

Como mencionado acima é de extrema importância realizar a atualização da

CTPS no momento da rescisão do trabalhador. Deve-se anotar a data de

desligamento do mesmo, férias gozadas, atualizações salariais, entre outros. Não há

previsão legal que autorize o empregador a fazer qualquer anotação desabonadora,

sendo dessa forma proibido mencionar o fato de justa causa ou falta grave cometida

quando houver. De acordo com o Art. 482 da CLT constituem justa causa:

Art. 482. [...] a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual

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trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

O empregado que for dispensado sem justa causa no momento da demissão

recebe a guia de requerimento do seguro desemprego e a comunicação de

dispensa, as quais permitem ao empregado habilitar-se ao seguro desemprego. De

acordo com o Art. 3º da Resolução Nº 392/04 terá direito ao seguro desemprego o

trabalhador que comprove:

Art. 3º. [...] I - ter recebido salários consecutivos no período de 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data da dispensa, de uma ou mais pessoas jurídicas ou físicas equiparadas às jurídicas; II - ter sido empregado de pessoa jurídica ou pessoa física equiparada à jurídica durante, pelo menos, 06 (seis) meses nos últimos 36 (trinta e seis) meses que antecederam a data de dispensa que deu origem ao requerimento do Seguro Desemprego; III - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento de Benefícios da Previdência Social, excetuando o auxílio acidente e a pensão por morte; e IV - não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente a sua manutenção e de sua família.

O seguro desemprego será concedido ao desempregado, segundo Oliveira

(1999), por um período máximo variável de 03 (três) a 05 (cinco) meses, de forma

contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de 16 (dezesseis) meses e sua

finalidade é prover assistência financeira por um determinado período.

Segundo Palma (1999), a partir do 7º dia e até o 120º dia subsequente a

data da sua dispensa, o empregado dispensado poderá encaminhar o requerimento

ao MTE, através de suas Delegacias e do Sistema Nacional de Emprego. É

importante frisar que foram introduzidas novas regras para a concessão do

benefício, conforme essas instruções do MTE (2011), ao encaminhar o requerimento

em alguma das agências, o segurado primeiramente será encaminhado para outras

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67

três vagas de trabalho, as quais devem ser compatíveis com a função e o salário do

emprego anterior. Caso o segurado não adquira novo emprego após esse

encaminhamento o mesmo poderá solicitar o seguro desemprego.

O número de parcelas que o mesmo receberá está diretamente ligado com

tempo do vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela

equiparada nos últimos 36 meses anteriores à data da dispensa. O art. 5º da

Resolução Nº 392/04 determina a quantidade de parcelas que o desempregado fará

jus, conforme Quadro 9:

Número de meses trabalhados Número de parcelas a receber

De 6 a 11 meses 03 parcelas

De 12 a 23 meses 04 parcelas

De 24 a 36 meses 05 parcelas Quadro 9 - Número de parcelas do seguro desemprego Fonte: Adaptado da Resolução Nº 392/04

Segundo Palma (1999) o valor do benefício será estipulado através da

média dos salários dos últimos três meses de trabalho, não poderá esse valor ser

inferior ao salário mínimo. A Resolução Nº 623/09, no art. 1º, dispõe sobre o valor do

benefício do seguro desemprego, e estabelece a partir de 1º de janeiro de 2010, os

seguintes valores do seguro:

Art. 1º. [...] I - Quando a média dos 3 (três) últimos salários anteriores à dispensa for até R$ 841,88 (oitocentos e quarenta e um reais e oitenta e oito centavos), o valor da parcela será o resultado da multiplicação pelo fator 0,8 (oito décimos); II - Quando a média dos 3 (três) últimos salários anteriores à dispensa for compreendida entre R$ 841,89 (oitocentos e quarenta e um reais e oitenta e nove centavos) e R$ 1.403,28 (um mil, quatrocentos e três reais e vinte e oito centavos), aplicar-se-á o fator 0,8 (oito décimos) até o limite do inciso anterior e, no que exceder, o fator 0,5 (cinco décimos). O valor da parcela será a soma desses dois valores; III - Quando a média dos 3 (três) últimos salários anteriores à dispensa for superior a R$ 1.403,28 (um mil, quatrocentos e três reais e vinte e oito centavos), o valor da parcela será, invariavelmente, R$ 954,21 (novecentos e cinquenta e quatro reais e vinte um centavos).

Em relação ao recebimento das parcelas do seguro, o Art. 17 § 2º da

Resolução Nº 392/04 determina que “a primeira parcela será liberada trinta dias

após a data do requerimento e as demais a cada intervalo de 30 (trinta) dias,

contados da emissão da parcela anterior”. A Resolução Nº 392/04 e o Art. 16 da

Resolução Nº 651/10 estabelecem que,

Art. 16. O pagamento do benefício poderá ser efetuado mediante crédito em Conta Simplificada ou Conta Poupança em favor de beneficiário correntista da Caixa Econômica Federal, sem qualquer ônus para o trabalhador, ou em

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68

espécie, por meio da apresentação do Cartão do Cidadão ou documentos abaixo relacionados: a) documento de identificação (Carteira de Identidade ou Carteira Nacional de Habilitação Modelo novo ou Carteira de Identificação Profissional ou que contenha o número do PIS/PASEP); e b) comprovante de inscrição no PIS/PASEP.

É importante lembrar que o número de parcelas do seguro desemprego varia

de acordo com o número de meses trabalhados nos últimos 36 meses, por isso

enquanto o empregado estiver usufruindo do benefício, o mesmo estará

resguardado, garantindo o sustento e a situação financeira da sua família.

Existem diversas formas de rescisão contratual, no entanto, em todas as

modalidades o empregado recebe o que é do seu direito, por isso, no momento do

desligamento deve se realizar os procedimentos corretos para evitar possíveis

transtornos e ações trabalhistas.

2.6 ROTINAS TRABALHISTAS COMPLEMENTARES

Mensalmente o empregador tem a obrigação de informar toda a

movimentação trabalhista ocorrida na empresa à Previdência Social e ao FGTS.

Essa informação é transmitida através do Sistema Empresa de Recolhimento do

FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP), gerando após a sua transmissão

a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações

à Previdência Social (GFIP) e a GPS.

De acordo com a Receita Federal do Brasil (2010), na SEFIP “deverão ser

informados os dados da empresa e dos trabalhadores, os fatos geradores de

contribuições previdenciárias e valores devidos ao INSS, bem como as

remunerações dos trabalhadores e valor a ser recolhido ao FGTS”. Todas as

empresas devem declarar a GFIP/SEFIP de Receita Federal do Brasil (2010), “a

empresa está obrigada à entrega da GFIP ainda que não haja recolhimento para o

FGTS, caso em que esta GFIP será declaratória, contendo todas as informações

cadastrais e financeiras de interesse da Previdência Social”. Essa declaração deverá

ser entregue até o dia 07 do mês seguinte àquele em que a remuneração foi paga.

Após o encerramento da folha de pagamento da empresa, é obrigatório

informar o número de admissões, transferências e demissões de empregados

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ocorridos no mês ao MTE, essa informação é enviada através do Cadastro Geral de

Empregados e Desempregados (CAGED). De acordo com Ferreira, Machado e

Santos (2006, p. 39)

As empresas estão obrigadas a enviar o CAGED sempre que ocorrer admissão, dispensa ou transferência de empregados, com contrato de trabalho regido pela CLT, ou seja, que tenha efetuado qualquer tipo de movimentação em seu quadro de empregados, dentro do mês.

A Portaria MTE Nº 235/03 determina que a entrega deverá ser realizada por

meio eletrônico, através da Internet, até o dia 07 do mês subsequente ao que

ocorreu a movimentação dos empregados. Essa mesma portaria, art. 2º estabelece

que “o estabelecimento deverá manter uma cópia do arquivo, o recibo de entrega e

o extrato da movimentação processada, [...], pelo prazo de 36 meses a contar da

data do envio, para fins de comprovação perante a fiscalização trabalhista”.

Existem rotinas complementares que ocorrem anualmente como é o caso da

declaração da Relação Anual De Informações Sociais (RAIS). De acordo com a

Portaria Nº 10/11 estão obrigados a declaração os empregadores urbanos, rurais,

entre outros. Caso o estabelecimento não manteve empregados ou permaneceu

inativo no ano base, este deve declarar RAIS negativa, preenchendo apenas os

dados pertinentes.

Segundo o Art. 3º dessa portaria “o empregador, ou aquele legalmente

responsável pela prestação das informações, deverá relacionar na RAIS de cada

estabelecimento, todos os vínculos havidos ou em curso no ano base”. Deverá ainda

ser informado de acordo com o Art. 3º, Parágrafo único da Portaria:

Art. 3º. Parágrafo único [...] I - os quantitativos de arrecadação das contribuições sindicais previstas no Art. 579 da CLT, devidas aos sindicatos das respectivas categorias econômicas e profissionais ou das profissões liberais e as respectivas entidades sindicais beneficiárias; II - a entidade sindical a qual se encontram filiados; e III - os empregados que tiveram desconto de contribuição associativa, com a identificação da entidade sindical beneficiária.

O prazo de entrega para a declaração da RAIS do ano base de 2010, de

acordo com a Portaria Nº 10/11, é de 17 de janeiro de 2011 a 28 de fevereiro de

2011, sendo que o recibo de entrega deverá ser impresso após cinco dias úteis a

entrega da declaração. De acordo com o Art. 8º da portaria mencionada, “o

estabelecimento é obrigado a manter arquivado, durante cinco anos, à disposição do

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70

trabalhador e da Fiscalização do Trabalho, [...] I - o relatório impresso ou a cópia dos

arquivos; e II - o Recibo de Entrega da RAIS”.

Outra rotina anual é a contribuição sindical patronal. Brondi e Bermúdez

(2010, p. 592) explicam

A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional, [...], em favor do sindicato representativo da respectiva categoria ou profissão ou, em sua ausência, à federação correspondente da mesma categoria econômica ou profissional patronal.

Ferreira, Machado e Santos (2006, p. 41) afirmam

A contribuição sindical das empresas consiste numa importância proporcional ao seu capital social, registrado na Junta Comercial ou órgãos equivalentes, obtida mediante a aplicação de determinadas alíquotas, e deverá ser recolhida no mês de janeiro. As empresas estabelecidas após janeiro pagam a aludida contribuição no mês do requerimento da licença de funcionamento.

Vale lembrar que a contribuição sindical dos empregados ocorre no mês de

março de cada ano, conforme explicado no título 2.2.8. Após apresentadas às

principais rotinas complementares, foi elaborado o Quadro 10 com o resumo dessas

rotinas acessórias ou complementares.

ROTINAS COMPLEMENTARES

PRINCIPAIS CARACTERISTICAS

PRAZO DE APRESENTAÇÃO

GFIP/SEFIP Todas as empresas devem declarar. Deverá ser informado: - dados da empresa e dos trabalhadores; - as remunerações dos trabalhadores; - fatos geradores de contribuições previdenciárias; - os valores devidos ao INSS e ao FGTS.

Dia 07 do mês seguinte.

CAGED Todas as empresas estão obrigadas a enviar o CAGED, desde que tenham efetuado movimentação (admissão, demissão, transferência) em seu quadro de empregados, dentro do mês.

Até o dia 07 do mês subsequente ao que ocorreu a movimentação.

RAIS Todas as empresas devem declarar. Deverá relacionar na RAIS: - todos os vínculos havidos ou em curso no ano base; - a identificação das entidades sindicais e os valores pagos a título de contribuições.

De 17 de janeiro de 2011 a 28 de fevereiro de 2011. O recibo deverá ser impresso após 05 (cinco) dias úteis.

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CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PATRONAL

A contribuição sindical patronal: consiste na importância proporcional ao seu capital social, obtida mediante a aplicação de determinadas alíquotas.

Deverá ser recolhida no mês de janeiro. As empresas estabelecidas após janeiro pagam a contribuição no mês do requerimento da licença de funcionamento.

Quadro 10 – Principais Rotinas Complementares Fonte: elaborado pela acadêmica a partir da legislação

Deve-se realizar a entrega dessas declarações dentro do prazo de

apresentação, pois se declaradas após o estipulado às mesmas podem estar

sujeitas à multa. É também obrigação da empresa possuir o livro de inspeção do

trabalho.

De acordo com a CLT, Art. 628, § 1º e § 2º

Art. 628. [...] § 1º Ficam as empresas obrigadas a possuir o livro intitulado "Inspeção do Trabalho", cujo modelo será aprovado por portaria Ministerial. [...] § 2º Nesse livro, registrará o agente da inspeção sua visita ao estabelecimento, declarando a data e a hora do início e término da mesma, bem como o resultado da inspeção, nele consignando, se for o caso, todas as irregularidades verificadas e as exigências feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento, e, ainda, de modo legível, os elementos de sua identificação funcional.

Sendo assim todas as empresas deverão ter o Livro de Inspeção do

Trabalho, e caso possua filiais, deverá possuir tantos livros quantos forem os

estabelecimentos, pois o mesmo deverá ficar a disposição da fiscalização no próprio

local de trabalho.

A empresa deverá cumprir com essas obrigações complementares, pois

além de estar sujeita a multa pelo não cumprimento das mesmas, é através dessas

que os órgãos competentes recebem as informações das movimentações

trabalhistas e previdenciárias ocorridas nas empresas e podem realizar

levantamentos, fiscalizações e estatísticas.

2.7 ROTINAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

Devido aos inúmeros acidentes ou doenças decorridas do trabalho foram

introduzidas na legislação trabalhista normas referentes à segurança e medicina

Page 72: Auditoria Trabalhista 2

72

para melhorar o ambiente de trabalho da empresa. A segurança e medicina do

trabalho na visão de Martins (2008, p. 621) “está incumbida de oferecer condições

de proteção à saúde do trabalhador no local de trabalho, e de sua recuperação

quando não estiver em condições de prestar serviços ao empregador”. Existem

simples medidas preventivas que são obrigatórias para a empresa, como é o caso

da realização do exame médico, explicado no título 2.1, e manter equipamentos de

primeiros socorros nos estabelecimentos.

Martins (2008) afirma que todas as empresas deverão estar equipadas com

material necessário à prestação de primeiros socorros, o qual deverá ser guardado

em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim. O Art. 168 § 4º

da CLT afirma “o empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à

prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade”.

Nos locais de trabalho deverá existir condições de segurança para que o

empregado possa exercer suas atividades de forma segura. Para que isso ocorra a

empresa deverá fornecer os equipamentos de proteção individual (EPI’s) para

proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e danos a saúde, de acordo com

o Art. 166 da CLT,

Art. 166. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Em relação aos equipamentos Martins (2008, p. 624) ensina que “o

empregador deverá adquirir o tipo adequado às atividades do empregado; treinar o

trabalhador para o seu uso; substituí-lo quando danificado ou extraviado; e tornar

obrigatório seu uso”. O Art. 167 da CLT determina que “o equipamento de proteção

só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de

Aprovação (CA) do MTE”.

Para Martins (2008), os EPI’s neutralizam os agentes insalutíferos que

configuram a insalubridade, a qual foi explicada no título 2.2.5, adicional de

insalubridade e periculosidade. São considerados equipamentos de proteção: o

protetor auricular, luva, máscara, calçado, capacete, óculos, vestimenta, bota, entre

outros.

Page 73: Auditoria Trabalhista 2

73

As empresas deverão manter obrigatoriamente órgãos especializados para a

segurança e medicina do trabalhador, como é o caso dos Serviços Especializados

em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

O SESMT, conforme Brondi e Bermúdez (2010, p. 681) tem “[...] a finalidade

de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho”,

sendo necessário a existência de profissionais qualificados como médicos, técnicos

em segurança, enfermeiros e engenheiros do trabalho. Para Martins (2008, p. 624)

“o dimensionamento do SESMT depende de gradação de risco da atividade principal

e do número de empregados existentes no estabelecimento”. É importante ressaltar

que a empresa em análise trata-se de um comércio, e que de acordo com a

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) a mesma não apresenta

grau de risco.

O Quadro 11 apresenta o dimensionamento da necessidade de pessoal

especializado em medicina do trabalho, conforme Norma Regulamentadora (NR) 04.

Grau de

Risco

Nº de empregados no estabelecimento

50 a

100

101 a

250

251 a

500

501 a

1.000

1.001 a

2.000

2.001 a

3.500

3.501 a

5.000

Acima de

5.000 para cada grupo

de 4.000

ou fração acima

de 2.000**

Técnicos

1

Técnico Segurança Trabalho

. . . 1 1 1 2 1

Engenheiro Segurança Trabalho.

. . . . . 1* 1 1*

Auxiliar Enfermagem Trabalho.

. . . . . 1 1 1

Enfermeiro do Trabalho. . . . . . . 1* . Médico do Trabalho. . . . . 1* 1* 1 1*

2

Técnico Segurança Trabalho.

. . . 1 1 2 5 1

Engenheiro Segurança Trabalho.

. . . . 1* 1 1 1*

Auxiliar Enfermagem Trabalho.

. . . . 1 1 1 1

Enfermeiro do Trabalho. . . . . . . 1 .

Médico do Trabalho. . . . . 1* 1 1 1

Técnico Segurança Trabalho.

. 1 2 3 4 6 8 3

Page 74: Auditoria Trabalhista 2

74

3 Engenheiro Segurança Trabalho.

. . . 1* 1 1 2 1

Auxiliar Enfermagem Trabalho.

. . . . 1 2 1 1

Enfermeiro do Trabalho. . . . . . . 1 .

Médico do Trabalho. . . . 1* 1 1 2 1

4

Técnico Segurança Trabalho.

1 2 3 4 5 8 10 3

Engenheiro Segurança Trabalho.

. 1* 1* 1 1 2 3 1

Auxiliar Enfermagem Trabalho.

. . . 1 1 2 1 1

Enfermeiro do Trabalho. . . . . . . 1 .

Médico do Trabalho . 1* 1* 1 1 2 3 1

(*) - Tempo parcial (mínimo de três horas) (**) - O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento da faixa de 3.501 a 5.000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4.000 ou fração de 2.000.

OBSERVAÇÕES: Hospitais, Ambulatórios, Maternidades, Casas de Saúde e Repouso, Clínicas e estabelecimentos similares com mais de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um Enfermeiro do Trabalho em tempo integral.

Quadro 11 – Dimensionamento de pessoal especializado em medicina e segurança do trabalho Fonte: NR 04

A CIPA de acordo com Santos (2006) tem por objetivo observar e relatar as

condições de riscos ocupacionais; solicitar as medidas para a redução, neutralização

ou eliminação dos riscos; além de orientar os colaboradores quanto a prevenção de

acidentes. De acordo com Ferreira, Machado e Santos (2006, p. 49) devem

constituir CIPA,

As empresas sejam elas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados, de acordo com o número de empregados no estabelecimento e a sua classificação no agrupamento de setores econômicos cujo quadro é fixado pela CNAE, podem estar obrigados a constituir, por estabelecimento, a CIPA.

De acordo com o Art. 163 e 164 da CLT o MTE regulamentará a atribuição, a

composição e o funcionamento da CIPA, que será composta por representantes da

empresa e dos empregados. Em relação aos representantes da empresa a NR 5

determina que “os representantes dos empregadores, titulares e suplentes serão por

eles designados”, já os represantantes dos empregados, titulares e suplentes, serão

eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação

sindical, exclusivamente os empregados interessados. A NR 05 ainda determina que

“o mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma

Page 75: Auditoria Trabalhista 2

75

reeleição”. Empresas que possuam no seu quadro funcinal de 01 (um) a 19

(dezenove) empregados estão desobrigadas a manter CIPA.

Quando o estabelecimento não estiver obrigado a constituir a CIPA, de

acordo com Ferreira, Machado e Santos (2006, p. 50) “o empregador designará um

responsável pelo cumprimento dos objetivos da mesma, podendo ser adotados

mecanismos de participação dos empregados, através de negociação coletiva”.

É obrigatório para as empresas o desenvolvimento de laudos e documentos

relacionados à segurança e saúde do trabalhado, como por exemplo, o Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Controle Médico e Saúde

Ocupacional (PCMSO), Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e Laudo Técnico

das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT).

Em relação ao PPRA Teixeira (2009, p. 116) afirma “[...] visa à preservação

da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação,

reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos

ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho”. Conforme

Vendrame (2008, p. 142) “[...] é aplicável a toda e qualquer empresa, [...],

independente de seu grau de risco ou número de trabalhadores. No entanto, a

ausência de riscos no local de trabalho isentará a empresa de adotar todos os itens

previstos no programa”.

O PPRA é constituído por laudo de avaliação ambiental e documento base.

Vendrame (2008, p. 142) explica,

O laudo de avaliação ambiental contempla todas as medições dos agentes físicos, químicos e biológicos existentes na atividade do trabalhador, constituindo-se em verdadeiro histórico acerca do ambiente laboral. O documento base do PPRA é a formalização da implantação do programa, inclusive com cronograma das medidas corretivas aplicáveis.

Os riscos ambientais contemplados no laudo são os agentes físicos,

químicos e biológicos que são explicados pela NR 9 - Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais:

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som. Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Page 76: Auditoria Trabalhista 2

76

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

De acordo com Ferreira, Machado e Santos (2006) o PPRA deve conter um

planejamento anual com metas, prioridades e cronogramas estabelecidos, que

deverá ser efetuado pelo menos uma vez ao ano a fim de verificar se deve ser

realizado uma análise global para avaliação do desenvolvimento, concretização,

ajustes necessários, estabelecimento de novas metas e prioridades do mesmo.

Ainda de acordo com os mesmos autores (2006, p. 57)

O PPRA deve sempre buscar a antecipação e o reconhecimento dos riscos; a avaliação da exposição dos trabalhadores; a implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; monitoramento da exposição aos riscos; registro e divulgação dos dados.

Em relação ao PCMSO Teixeira (2009, p. 117) esclarece, “as empresas que

possuam empregados, independente do tamanho e grau de risco, desde que

estejam regidos pela CLT, são obrigadas a implantar o PCMSO”. Segundo

Vendrame (2008) é um programa que específica procedimentos e condutas a serem

adotadas pelas empresas em função dos riscos aos quais os empregados se

expõem no ambiente de trabalho, o qual deve ser realizado em conjunto com o

PPRA.

Dentre as atribuições do PCMSO, para Ferreira, Machado e Santos (2006, p.

54) “[...] a principal é a realização obrigatória dos exames médicos admissional;

periódico; de retorno ao trabalho; de mudança de função e demissional,

compreendendo avaliação clínica”.

Em relação ao conceito de PPP na visão de Vendrame (2008, p. 124),

[...] é o documento histórico-laboral, individual do trabalhador que presta serviço à empresa, destinado a prestar informações ao INSS relativas a efetiva exposição a agentes nocivos que, entre outras informações, registra dados administrativos, atividades desenvolvidas, registros ambientais com base no LTCAT e resultados de monitorização biológica com base no PCMSO e PPRA.

A proposta do PPP segundo Vendrame (2008, p. 124) é “[...] ser um

documento dinâmico que mostra todas as alterações ocorridas na vida funcional do

segurado, sob o aspecto exposição, saúde e mesmo administrativo”. De acordo com

Teixeira (2009, p. 125) “o PPP deverá ser atualizado sempre que houver alteração

que implique mudança das informações contidas nas suas seções, com a

atualização feita pelo menos uma vez ao ano, quando permanecerem inalteradas

Page 77: Auditoria Trabalhista 2

77

suas informações”. A partir da IN INSS/DC Nº 78/02, o PPP passou a ser obrigatório

para todas as empresas, devendo o empregado receber uma cópia do documento,

no momento da rescisão contratual.

E em relação ao LTCAT Vendrame (2008, p.135) define,

[...] é um documento técnico elaborado por engenheiro de segurança e medicina do trabalho ou médico do trabalho, consubstanciando as atividades, local de trabalho e exposição a que o segurado estaria sujeito, representando um panorama na exposição ambiental do segurado.

Nos termos da legislação vigente, considera-se LTCAT atualizado aquele

que corresponde às condições ambientais do período a que se refere. Segundo o

Art. 247 da IN INSS/PRES Nº 45/10 o LTCAT apresenta os seguintes aspectos:

Art. 247. [...] I - se individual ou coletivo; II - identificação da empresa; III - identificação do setor e da função; IV - descrição da atividade; V - identificação de agente nocivo capaz de causar dano à saúde e integridade física, arrolado na Legislação Previdenciária; VI - localização das possíveis fontes geradoras; VII - via e periodicidade de exposição ao agente nocivo; VIII - metodologia e procedimentos de avaliação do agente nocivo; IX - descrição das medidas de controle existentes; X - conclusão do LTCAT; XI - assinatura do médico do trabalho ou engenheiro de segurança; e XII - data da realização da avaliação ambiental.

O Quadro 12 resume as principais medidas de prevenção em relação à

medicina e a saúde do trabalhador:

MEDIDAS CARACTERÍSTICAS

Exame médico Deverá ser realizado exame médico, por conta do empregador na admissão, periodicamente ou na demissão a fim de verificar a capacidade ou aptidão física e mental do empregado.

Equipamentos de primeiros socorros

Os materiais de primeiros socorros deverão ser guardados em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.

EPI A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento em perfeito estado de conservação e funcionamento. O empregador deverá adquirir o tipo adequado às atividades do empregado; treiná-lo para o seu uso; substituí-lo quando danificado ou extraviado; e torná-lo obrigatório.

SESMT Promove a saúde e protege a integridade do trabalhador no local de trabalho. A elaboração do SESMT depende de gradação de risco da atividade principal e do número de empregados existentes no estabelecimento.

CIPA Tem por objetivo observar e relatar as condições de riscos ocupacionais; solicitar as medidas para a redução, neutralização ou eliminação dos riscos; além de orientar os colaboradores

Page 78: Auditoria Trabalhista 2

78

quanto a prevenção de acidentes. O MTE regulamentará a atribuição, a composição e o funcionamento da CIPA, que será composta por representantes da empresa e dos empregados. Quando um estabelecimento não estiver obrigado a constituir a CIPA, o empregador designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos da mesma.

PPRA O PPRA deve buscar a antecipação e o reconhecimento dos riscos; a avaliação da exposição dos trabalhadores; a implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; monitoramento da exposição aos riscos; registro e divulgação dos dados. É aplicável a toda e qualquer empresa, independente de seu grau de risco ou número de trabalhadores. O PPRA deve conter um planejamento anual com metas, prioridades e cronogramas estabelecidos, que deverá ser efetuado pelo menos uma vez ao ano.

PCMSO É um programa que específica procedimentos e condutas a serem adotadas pelas empresas em função dos riscos aos quais os empregados se expõem no ambiente de trabalho. As empresas que possuam empregados, independente do tamanho e grau de risco, são obrigadas a implantação. Dentre as atribuições a principal é a realização obrigatória dos exames médicos.

PPP É um documento dinâmico que mostra todas as alterações ocorridas na vida funcional do segurado, sob o aspecto exposição, saúde e mesmo administrativo. O PPP deverá ser atualizado sempre que houver alteração que implique mudança das informações contidas nas suas seções. É obrigatório para todas as empresas.

LTCAT É um documento técnico elaborado por engenheiro de segurança e medicina do trabalho ou médico do trabalho, contendo as atividades, local de trabalho e exposição a que o segurado estaria sujeito, representando um panorama da exposição ambiental do segurado. O LTCAT apresenta os seguintes aspectos: identificação de agente nocivo; localização das possíveis fontes geradoras; descrição das medidas de controle existentes; entre outros.

Quadro 12 – Medidas de prevenção à medicina e a saúde do trabalhador Fonte: Elaborado pela acadêmica a partir da legislação

Torna-se importante para a empresa a realização dos procedimentos

mencionados acima, pois através destes estará proporcionando ao trabalhador um

ambiente de trabalho melhor e mais organizado, além de contribuir com o bem estar

e a qualidade de vida do mesmo.

A partir da revisão bibliográfica procedida, o Capítulo 3 apresenta os

procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento do presente trabalho, e

que deu suporte ao estudo de caso apresentado no Capítulo 4.

Page 79: Auditoria Trabalhista 2

79

3 METODOLOGIA

Neste Capítulo será evidenciada a metodologia que foi utilizada para o

desenvolvimento da pesquisa. Prodanov e Freitas (2009, p.19) ensinam que por

metodologia científica entende-se:

[...] uma série de regras através das quais o conhecimento deve ser obtido. Estas regras atribuem à produção científica um alto grau de confiabilidade, à medida que permitem apresentar a comprovação daquilo que afirmam. Não são, portanto, conjecturas, suposições, mas conclusões baseadas em dados da realidade.

Para a realização do trabalho proposto foi efetuada a revisão bibliográfica

das normas legais e dos procedimentos correspondentes que são aplicados às

rotinas trabalhistas, visando sua aplicação em um estudo de caso que pretendeu o

desenvolvimento de um programa de auditoria trabalhista em uma empresa

comercial de pequeno porte, situada no Vale do Rio dos Sinos - RS.

A metodologia envolve todo um processo com classificação quanto aos

objetivos, às técnicas de coletas de dados, ao método de análise, e à forma de

abordagem do problema que são utilizados, como a seguir especificado.

3.1 QUANTO AOS OBJETIVOS E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

A pesquisa, quanto aos objetivos, pode ser classificada com base em seus

objetivos gerais, podendo ser exploratória, descritiva ou explicativa. De acordo com

Gil (1991) a pesquisa exploratória proporciona o aprimoramento de idéias com

planejamento flexível, o que permite estudar o assunto sob diversos aspectos.

Beuren (2006, p.80) afirma

A caracterização do estudo como pesquisa exploratória normalmente ocorre quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada. Por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa.

Referente à pesquisa descritiva Prodanov e Freitas (2009) afirmam que é o

tipo de pesquisa em que são utilizadas técnicas de coletas de dados, observações,

Page 80: Auditoria Trabalhista 2

80

registros e descrições dos fatos e características da população sem interferência do

pesquisador. Já a pesquisa explicativa conforme Gil (1991, p. 46) visa “[...] identificar

os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”, ou

seja, explica a razão, o porquê das coisas. Cervo e Bervian (1996, p. 51)

complementam “[...] pretende dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é

produzido”, sendo o estudo da relação entre causa e efeito.

O trabalho proposto quanto aos objetivos pode ser classificado em pesquisa

descritiva, porque está embasada na descrição de um referencial teórico previsto em

legislação e sobre o qual o pesquisador não tem como interferir, além de empregar

técnica de coleta de dados, observações e descrições das características coletadas,

decorrentes de procedimentos sobre os quais a pesquisadora teve ingerência.

As técnicas de coleta de dados para o desenvolvimento de uma pesquisa

podem ser documentais ou bibliográficas, podendo as fontes ser primárias ou

secundárias. Os dados primários estão vinculados à pesquisa documental, porque

são os dados extraídos da realidade, pelo trabalho do próprio pesquisador. Gil

(1991), afirma que recebem esta designação por se tratar de informações que não

encontram registro em nenhum outro documento, sendo pesquisados pela primeira

vez.

Os dados secundários ou bibliográficos, segundo Lakatos e Marconi (1999),

são aqueles já disponíveis, que não foram coletados especialmente para o trabalho,

os quais são acessíveis mediante pesquisa em livros, periódicos, revistas, artigos,

entre outras fontes. A pesquisa desenvolvida tem caráter documental e bibliográfico,

sendo que os dados primários coletados são extraídos da realidade da empresa e os

secundários são extraídos de bibliografias que tratam das áreas de auditoria e da

legislação trabalhista.

3.2 QUANTO AO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS E ABORDAGEM

Referente aos métodos de análises de dados as pesquisas podem ser

classificadas em estudo de caso ou análise dos dados (pesquisa ex-post-facto).

Para Gil (1999, p. 58) “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e

Page 81: Auditoria Trabalhista 2

81

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e

detalhado conhecimento”.

Prodanov e Freitas (2009, p. 74) complementam “[...] pode permitir novas

descobertas de aspectos que não foram previstos inicialmente. Restringe-se o

estudo a um objeto, que pode ser um indivíduo, um grupo, um produto, uma

empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país”. Em relação à

análise dos dados Prodanov e Freitas (2009, p. 76) explicam que “[...] a pesquisa ex-

post-facto analisa situações que se desenvolveram naturalmente após algum

acontecimento. [...] Estudamos um fenômeno já ocorrido, tentamos explicá-lo e

entendê-lo”. De acordo com Gil (1999) esse tipo de pesquisa é muito utilizada nas

ciências sociais para a investigação de determinantes econômicos e sociais de uma

sociedade em geral.

Pode-se afirmar que a pesquisa realizada no presente trabalho configura um

estudo de caso, abordando aspectos de procedimentos de auditoria contábil

aplicados às rotinas trabalhistas de uma empresa comercial.

Quanto à forma de abordagem do problema as pesquisas podem ser

consideradas qualitativas ou quantitativas. Pesquisa qualitativa para Prodanov e

Freitas (2009) é a relação dinâmica entre o mundo e o sujeito, que não pode ser

traduzido em números, tendo como fonte direta de dados o ambiente sem qualquer

manipulação dos dados por parte do pesquisador.

Na pesquisa quantitativa Prodanov e Freitas (2009, p.80) esclarecem “que

tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e

informações para classificá-las e analisá-las”. Beuren (2006, p. 92) complementa

“[...] a abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumentos

estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados”. Podem ser

considerados instrumentos estatísticos de acordo com Prodanov e Freitas (2009)

percentagem, média, moda, mediana, entre outros.

A presente pesquisa foi realizada fazendo uso da abordagem qualitativa,

com a elaboração de um programa de auditoria contábil trabalhista, apresentado no

capítulo 4.

Page 82: Auditoria Trabalhista 2

82

4 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi realizado em uma empresa comercial situada no Vale

do Rio dos Sinos – RS, a qual foi atribuída o nome fictício de XYZ Comercial, em

razão da solicitação de serem mantidos no anonimato os seus dados cadastrais. A

empresa em estudo é enquadrada na categoria de microempresa, com tributação

pelo Simples Nacional, e atua a mais de 14 anos no mercado varejista de artigos do

vestuário, buscando oferecer variedade e qualidade de produtos, aliado a preços

competitivos e ótimas promoções de vendas aos clientes.

A missão da empresa é buscar o crescimento da organização e satisfazer as

necessidades dos clientes. Tem como princípios atender o cliente com respeito e

honestidade, e capacitar os empregados para a realização de suas tarefas e para o

bom atendimento ao público.

A idéia do empreendimento surgiu mediante decisão do casal de

proprietários em ter um negócio próprio e identificando a oportunidade de

crescimento e a necessidade do tipo de empreendimento onde instalaram a

empresa. Inicialmente contavam apenas com dois empregados, com o passar dos

anos, o negócio foi crescendo e surgiu a necessidade de ampliação das instalações,

das tecnologias empregadas, bem como do quadro funcional. Atualmente conta com

uma equipe de sete empregados. Por se tratar de uma população pequena os dados

serão analisados na totalidade, como a seguir abordado.

4.1 LEVANTAMENTOS DE DADOS

Neste título serão descritos os procedidos levantamentos de dados da

empresa selecionada. Para a realização do estudo de caso foi disponibilizado a

documentação trabalhista completa referente o ano de 2010, tais como, documentos

relativos a admissões e demissões de pessoal, relatórios de folhas de pagamentos,

recibos de férias e de décimo terceiros salários, rescisões contratuais, fichas de

registro de empregados, envelopes de pagamentos, entre outros. Os dados serão

analisados na sua totalidade, ou seja, será realizada a auditoria trabalhista para a

Page 83: Auditoria Trabalhista 2

83

população total de empregados no ano de 2010, através da elaboração do programa

de auditoria trabalhista.

De acordo com Attie (2006, p. 167) “o programa de auditoria é o plano de

ação voltado para orientar e controlar a execução dos exames de auditoria”. O

programa deve contemplar os procedimentos para as rotinas que se pretende

auditar, no caso, as rotinas trabalhistas.

O desenvolvimento do programa de auditoria teve como objetivo sua

aplicação na empresa selecionada para o estudo de caso, com o intuito de verificar

se os dados analisados estão em conformidade com a legislação trabalhista, para

orientar no sentido de prevenir a empresa contra possíveis passivos trabalhistas,

que possam acorrer por causa de eventuais erros.

Conforme informações obtidas, até o presente ano de 2010 a empresa não

apresentou nenhum tipo de ação trabalhista. No quadro 13 apresenta-se o programa

de auditoria trabalhista, o qual foi adaptado de Teixeira (2009) para a empresa a ser

analisada.

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Constituição empresarial

Verificar o requerimento de empresário10 e Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), e conferir se as atividades desenvolvidas pela empresa estão de acordo com os documentos;

X

Verificar o alvará de funcionamento; X

Verificar a opção pelo Simples Nacional. X

Quadro 13 – Programa de auditoria quanto a constituição empresarial Fonte: Elaborado pela acadêmica com base na bibliografia.

Analisados os documentos quanto à constituição da empresa, pode se

afirmar que as atividades desenvolvidas pela mesma estão de acordo com o que

consta no cartão de CNPJ, podendo assim a empresa desenvolver suas atividades.

O quadro 14 apresenta o programa de auditoria quanto a admissão de

empregados.

10

Requerimento de Empresário é o contrato social da pessoa que abre empresa individualmente.

Page 84: Auditoria Trabalhista 2

84

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Admissão de empregado

Todos os empregados tem registro em carteira de trabalho; X

Existe o contrato de trabalho e o mesmo é celebrado por escrito;

X

No contrato de trabalho consta cláusula de horário; X

No contrato de trabalho consta cláusula de compensação e prorrogação de jornada, de autorização para descontos, entre outros;

X

Observar se são respeitados os prazos legais para vigência de contrato de experiência;

X

Ao recontratar um empregado é exigido novamente o contrato de experiência;

X

O empregado no momento da admissão apresenta a documentação completa;

X

Estão sendo realizadas de forma correta as anotações obrigatórias na CTPS;

X

Informações referente ao contrato de experiência são anotadas na CTPS;

X

A CTPS do empregado está atualizada quanto a atualização salarial; férias gozadas; contribuição sindical; entre outros;

X

A empresa respeita o limite de 48 horas para a realização das anotações na CTPS e a devolução da mesma aos funcionários;

X

É apresentado ao empregado o comprovante de entrega e devolução da CTPS por ocasião da admissão do funcionário e demais ocasiões em que a CTPS é apresentada aos empregados como férias, alterações salariais, contribuições sindicais;

X

São realizados exames médicos no momento da admissão; X

São realizados os exames complementares, conforme solicitação médica;

X

Verificar os recibos de custeio dos exames médicos, e se os mesmos são pagos pela empresa;

X

Verificar se a primeira via da ASO está arquivada no local de trabalho e a segunda via do exame está entregue ao empregado mediante recibo firmado pelo mesmo na 1ª via;

X

Todos os empregados possuem fichas de registros; X

Os dados obrigatórios da ficha registro estão corretamente preenchidos;

X

Verificar se o quadro de horário da empresa está em local visível;

X

O horário de trabalho e de intervalos para descanso está especificado na ficha registro;

X

Existe horário de intervalo para a alimentação do trabalhador;

X

Continua

Page 85: Auditoria Trabalhista 2

85

Conclusão

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Existe o acordo de compensação de horas, ocasionado pela supressão ou diminuição relativa a jornada de trabalho do sábado;

X

Verificar se há o acordo de prorrogação de horas, no qual o funcionário concorda em prorrogar a jornada de trabalho;

X

Verificar se existe o intervalo mínimo de 11 horas entre uma jornada e outra;

X

Quadro 14 - Programa de auditoria quanto à admissão de empregados Fonte: Elaborado pela acadêmica com base na revisão bibliográfica.

Quanto às observações referentes à análise da admissão de empregados

pode se constatar que o empregador solicita os documentos pessoais exigidos pelo

MTE ao empregado para a sua correta admissão, conforme Art. 13 e seguintes da

CLT. A empresa realiza contrato de trabalho por escrito com os empregados, o qual

possui validade e efeito, por estar devidamente preenchido e assinado,

mencionando às cláusulas referentes ao trabalho e a empresa, como função, salário,

autorização para descontos, entre outros. Porém, o dado que chamou a atenção foi

em relação à cláusula do horário de trabalho, a qual menciona que a informação

será anotada na ficha de empregado, não ficando esclarecido no documento o

horário de trabalho do empregado, que Segundo Campanhole (1977) e Serson

(1995) é obrigatório.

A empresa respeita os prazos do contrato de experiência, na maioria dos

casos realiza um único contrato de experiência de 30 dias, no entanto, quando os

prorroga não excede o prazo limite permitido em lei. Ao recontratar o empregado

para a mesma função, a empresa não exige novamente o contrato de experiência,

pois o mesmo já foi testado.

As anotações da admissão estão sendo realizadas na CTPS do empregado

na qual constam as informações referente à data de admissão, a remuneração com

especificação do salário, o número da ficha e a função, sendo que as informações

referente ao contrato de experiência estão sendo anotadas nas páginas de

anotações gerais da CTPS, sempre respeitando o limite máximo de 90 dias para o

contrato de experiência. Essas anotações estão sendo realizadas dentro do prazo

legal de 48 horas como pode ser comprovado através do documento de entrega e

devolução da CTPS, tais dispositivos estão previstos no Art. 168 da CLT.

Page 86: Auditoria Trabalhista 2

86

A empresa realiza os exames médicos no momento da admissão com todos

os empregados, e dependendo da função que o empregado exercerá são realizados

os exames complementares solicitados pelo médico, como é o caso da audiometria

ocupacional, para cargo de motorista. Quanto ao documento, a primeira via da ASO

encontra-se no local de trabalho e a segunda entregue ao empregado, conforme

determina a Portaria do MTE Nº 24/94 . Pode-se observar que a ASO está

devidamente preenchida, onde consta nome completo do trabalhador, indicação dos

procedimentos a que foi submetido, data da realização dos exames, e definição de

aptidão do funcionário, entre outros.

No momento da contratação são preenchidas as fichas de empregados, nas

quais constam informações referente à admissão como nome do empregado, data

de admissão, função, salário, dados pessoais (escolaridade, estado civil) e

documentos de identificação (nº da carteira de identidade, CPF, título de eleitor,

CTPS, PIS, endereço). Todos os empregados possuem ficha de registro sendo

numeradas de forma sequencial, as quais encontram-se de posse do empregador,

ou seja, na empresa, conforme Ferreira, Machado e Santos (2006).

Quanto ao horário de trabalho é importante salientar que por ter horários

diferenciados a empresa está dispensada do quadro de horário dos funcionários. O

horário de trabalho e os intervalos para descansos estão especificados na ficha do

próprio empregado, sendo que a empresa apresenta os seguintes horários de

trabalho aos funcionários: Horário A – 8:00 às 11:30 horas e das 14:00 às 17:50

horas de segunda feira a sábados. Horário B – 8:40 às 12:00 horas e das 15:00 às

19:00 horas de segunda feira a sábados, devido a carga horária da empresa o

horário de intervalo para a alimentação é superior as 2 horas permitidas em lei, para

que o empregado cumpra somente as 44 horas semanais.

Durante a verificação constatou-se que a empresa não apresenta

empregados sem carteira assinada desenvolvendo atividades no estabelecimento,

pois durante a visitação ao local, todos possuíam registro em fichas de empregados.

O Quadro 15 apresenta o programa de auditoria quanto as remunerações e

descontos salariais de empregados.

Page 87: Auditoria Trabalhista 2

87

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Remunerações e descontos de empregados

Verificar se existe empregado recebendo salário inferior ao salário mínimo;

X

Verificar se o salário dos empregados está de acordo com o salário normativo da categoria;

X

Verificar as equiparações salariais; X

Verificar reajustes salariais estipulados por convenções; e se os mesmos estão corretos;

X

Verificar se a empresa possui marcação do cartão ponto; X

Verificar se funcionários não excedem jornada de 10 horas diárias;

X

Verificar se a empresa paga aos empregados o RSR; X

Verificar se em casos de faltas a empresa procede de forma correta em relação ao desconto do RSR;

X

Verificar o pagamento dos atestados médicos; X

Verificar se existem empregados em benefício do INSS, por auxílio doença ou acidente de trabalho. E se a empresa pagou os 15 primeiros dias do atestado médico encaminhando- o após para o benefício;

X

Cálculos na folha de pagamento que devem ser averiguados:

Hora extra com adicional de 50%; X

Hora extra com adicional de 100%; X

DSR horas extras; X

Adicional por tempo de serviço – quinquênio; X

Adicional de insalubridade; X

Adicional de periculosidade; X

Adicional noturno; X

Salário Família

Verificar se existem empregados com direito ao salário família e se os mesmos estão recebendo de forma correta o benefício;

X

Verificar se o empregado trouxe a documentação completa para o recebimento do SF;

X

Verificar o termo de responsabilidade, se está assinado e devidamente preenchido;

X

Verificar se é apresentado semestralmente o comprovante de frequência escolar para filhos a partir dos 07 anos de idade, nos meses de maio e novembro de cada ano;

X

Verificar se é apresentada anualmente a caderneta de vacinação para filhos com até 06 anos de idade, no mês de novembro de cada ano;

X

Desconto da contribuição sindical e assistencial dos empregados:

A contribuição é recolhida uma vez só, e a mesma equivale a um dia de trabalho do funcionário;

X

Continua

Page 88: Auditoria Trabalhista 2

88

Continuação

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Verificar o desconto referente aqueles admitidos durante o mês de março;

X

Verificar o desconto para os admitidos após o mês de março;

X

Existe algum empregado afastado no mês de contribuição;

X

A empresa faz a anotação na CTPS do trabalhador referente a contribuição sindical;

X

A empresa desconta dos empregados a contribuição assistencial de acordo com a convenção coletiva;

X

O comprovante de depósito ou guia paga é remetida ao sindicato;

X

Vale transporte

Verificar se todo funcionário admitido fez a opção pela utilização ou não utilização do vale transporte, mediante declaração;

X

Verificar se a opção assinalada pelo empregado está sendo procedida;

X

A empresa está observando o limite de 6% para o desconto do vale transporte sobre o salário base;

X

O desconto de 6% não está sendo maior do que o preço pago pela empresa eventualmente;

X

Desconto do IRRF:

Verificar os cálculos do IRRF; X

Verificar a existência de retenção do IRRF, quando o valor do desconto for inferior a R$ 10,00;

X

Verificar a retenção do IRRF sobre férias gozadas, 13º salário;

X

Os dependentes deduzidos do IR estão declarados na declaração de encargos de família para fins de IR;

X

O total do IRRF na folha de pagamento confere com as guias recolhidas;

X

Desconto do INSS:

Está sendo realizado de acordo com a tabela de recolhimento para o ano de 2010;

X

Está sendo descontado o INSS sobre todas as verbas de natureza salarial;

X

A empresa vem recolhendo o INSS descontado dos funcionários;

X

A empresa apresenta a guia para o sindicato carimbar; X

Verificar se o cálculo da folha, o preenchimento da GPS, e o valor da SEFIP estão corretos, ou seja todos apresentam o mesmo valor;

X

A empresa esta pagando a contribuição patronal incidente sobre a folha de pagamento;

X

A GPS está exposta no quadro de avisos da empresa; X

Continua

Page 89: Auditoria Trabalhista 2

89

Continuação

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

FGTS, verificar:

Somar todas as verbas trabalhistas que têm incidência de FGTS, e conferir se o cálculo está correto, aplicando o percentual de 8%;

X

Verificar se o valor do FGTS está de acordo com o valor informado na página inicial da SEFIP;

X

A empresa esta recolhendo o FGTS; X

Outros

Verificar a data que consta no recibo de pagamento de salário (se o pagamento foi efetuado até o 5º dia útil);

X

Os envelopes de pagamentos estão assinados; X

Férias

Verificar se as faltas injustificadas foram descontadas das férias de forma correta;

X

Verificar se a empresa aguarda o fechamento do período aquisitivo para o gozo das férias;

X

É respeitado o tempo concessivo das férias; X

A empresa concede as férias em um só período; X

Em casos de fracionamento de férias, as mesmas são concedidas apenas em dois períodos, e nenhum desses inferiores a 10 dias corridos;

X

A empresa entrega o aviso de concessão de férias ao empregado, respeitando o prazo de 30 dias;

X

As férias são anotadas na CTPS do trabalhador no momento do gozo das mesmas;

X

Verificar se a empresa concede férias coletivas e se há comunicação previa a DRT e ao sindicato;

X

Verificar se para os empregados com menos de 12 meses de trabalho inicia-se novo período aquisitivo quando ocorrem férias coletivas;

X

Verificar o cálculo das verbas conforme período aquisitivo;

X

Verificar o requerimento de empregado para o abono pecuniário e se o mesmo é atendido pela empresa;

X

Verificar se existem férias pagas após o período concessivo e se as mesmas foram pagas em dobro;

X

Verificar férias vencidas e indenizadas na rescisão; X

Verificar férias proporcionais e indenizadas na rescisão; X

Verificar o prazo de pagamento das férias; X

Verificar incidências de FGTS, INSS e IRF; X

13º Salário

Verificar o cálculo da primeira e da segunda parcela do 13º salário;

X

Verificar o cálculo para os empregados com salários variáveis período integral (12 meses);

X

Continua

Page 90: Auditoria Trabalhista 2

90

Conclusão

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Conferir os comprovantes de pagamentos do 13º salário;

X

Conferir o cálculo de 13º para empregados com benefício no INSS;

X

Em caso de pagamento da 1ª parcela no momento das férias conferir a solicitação do empregado;

X

Verificar os funcionários que trabalharam em um mês fração igual ou superior a 15 dias se teve direito ao 13º salário;

X

Verificar o pagamento de 13º salário na rescisão contratual.

X

Quadro 15 - Programa de auditoria quanto a remunerações e descontos de empregados Fonte: Elaborado pela acadêmica com base na revisão bibliográfica.

Os empregados da empresa recebem salário normativo da categoria ou

acima deste sendo que os reajustes salariais para o ano de 2010 foram calculados

de acordo com o percentual estipulado na convenção coletiva. Na auditoria realizada

constatou-se que existem salários diferentes para empregados que exercem a

mesma função, de acordo com o proprietário isso ocorre devido à produtividade de

ambos. De acordo com o Art. 461 da CLT deveria existir equiparação salarial para

essas funções, pois a diferença de tempo de serviço entre esses empregados não é

superior a 2 (dois) anos.

A empresa não possui cartão ponto, a qual está de acordo com a legislação,

pois estabelecimentos com menos de 10 (dez) empregados estão desobrigados à

marcação do mesmo, porém precisam manter livro ponto, o que também não se

aplica. Mesmo não possuindo cartão ponto, na ficha de empregado consta o horário

de trabalho do funcionário, que não ultrapassa a jornada de 10 horas diárias, porém

isto não serve como prova, porque se o empregado, mesmo mentindo, comprovar

por testemunhas que trabalhava mais do que 10 horas diárias, a empresa não vai ter

como fazer a contraprova, porque vai ser testemunha contra testemunha, e a justiça

trabalhista vai dar ganho de causa ao empregado, por isto que precisa manter o livro

ponto.

Ao analisar os cálculos da folha de pagamento, constatou-se que os

mesmos foram realizados de forma correta e que os funcionários da empresa são

mensalistas, porém foi encontrada apenas uma falha, pois a empresa não paga o

adicional por tempo de serviço conforme estipulado por convenção coletiva (3%). As

Page 91: Auditoria Trabalhista 2

91

bases do INSS, IRRF, FGTS também foram verificadas e estavam de acordo com os

documentos apresentados e com o permitido em lei, conforme o quadro de

incidências no Anexo A.

Os empregados não excedem 44 horas semanais de trabalho, por isso

inexistindo o cálculo de horas extras. Para as atividades consideradas insalubres

são fornecidos os equipamentos de proteção que neutralizam a intensidade dos

agentes, conforme prevê o Art. 191 da CLT, por isso a inexistência do adicional.

Referente ao Salário Família os empregados não tem filhos menores de 14 anos ou

inválidos, por isso a empresa não apresenta nenhum empregado que receba o

benefício. Quanto ao vale transporte tendo em vista que os empregados residem

próximos a empresa e fizeram a opção pela não utilização do vale transporte, não

foram encontrados descontos referente ao vale transporte no pagamento dos

empregados. O resumo da folha de pagamento dos empregados referente ao mês

de outubro pode ser verificado no Quadro 16.

Código Empre- gado

Nome Empregado

Dias/Horas Trabalha-

das Salário Total INSS

Valor Total a Pagar

FGTS

01 A 30 R$ 1.463,50 R$ 131,72 R$ 1.331,78 R$ 117,08

02 B 29,5 R$ 849,40 R$ 67,95 R$ 781,45 R$ 67,95

03 C 30 R$ 876,50 R$ 70,12 R$ 806,38 R$ 70,12

04 D 30 R$ 670,50 R$ 53,64 R$ 616,86 R$ 53,64

05 E 30 R$ 1.356,50 R$ 122,09 R$ 1.234,41 R$ 108,52

06 F 30 R$ 1.076,50 R$ 96,89 R$ 979,81 R$ 86,12

07 G - Em benefício - - - Quadro 16 – Resumo folha de pagamento mês de outubro/2010 Fonte: Folha de pagamento da empresa XYZ Comercial

Pode se notar que existe apenas um empregado afastado por auxílio

doença, sendo que a empresa procedeu de forma correta, pagando os 15 primeiros

dias de afastamento e após encaminhando o funcionário para o benefício do INSS,

segundo Ferreira, Machado e Santos (2006), sendo que no mês de outubro o

mesmo já encontrava-se em auxílio doença.

A contribuição sindical é recolhida e descontada no mês de março para os

empregados admitidos até aquela data, realizando a anotação na CTPS do

empregado como forma de comprovação do desconto, conforme determina o Art.

582 da CLT. A empresa não desconta a contribuição sindical para os admitidos após

esse mês, mesmos se não sofreram o desconto em outra empresa.

Page 92: Auditoria Trabalhista 2

92

Referente ao IRRF no ano analisado não houve recolhimento, pois nenhum

empregado ultrapassou a base de R$ 1.499,15, conforme limite de isenção previsto

em lei para o ano de 2010. No entanto, no mês de abril/2010, no momento das férias

do empregado, o mesmo auferiu remuneração de R$ 1.736,32, porém reduzindo as

deduções autorizados pela legislação do Imposto de Renda e aplicando a alíquota

correspondente, o IRF obtido ficou abaixo de R$ 10,00, não sendo descontado do

empregado o valor de R$ 3,47, conforme faculta a Lei.

Quanto ao INSS os descontos e recolhimentos estão sendo procedidos

corretamente, tendo em vista que a empresa é optante pelo Simples Nacional, e não

possui contribuição patronal e de terceiros incidente sobre a folha de pagamento. Os

cálculos do INSS descontado dos empregados encontram-se no quadro 16.

Os pagamentos de salários segundo o proprietário da empresa são

realizados dentro do prazo legal,o mesmo foi questionado pois nos envelopes de

pagamentos encontram-se impressas as datas, sempre no último dia do mês, não

deixando a possibilidade de preenchimento da data por parte do empregado, o que

não está de acordo com as determinações legais.

Quanto às férias a empresa procede de acordo com a legislação pertinente

ao assunto. A empresa não concede férias coletivas, somente individuais, sendo que

o aviso de férias é concedido 30 dias antes do seu gozo, porém durante a auditoria

notou-se uma irregularidade, ao funcionário que gozaria férias no período de

01/03/10 a 30/03/10 foi entregue o aviso no dia 01/02/10 não totalizando os 30 dias

de aviso. A empresa concede as férias de uma só vez, não fracionando o período,

sempre respeitando os períodos aquisitivos e concessivos. Os cálculos analisados

estão corretos, sendo que o pagamento das mesmas é realizado dois dias antes do

empregado sair em gozo das férias, conforme prevê a legislação.

Referente ao 13º salário constata-se que foi procedido de forma correta para

o ano analisado, paga-se o mês correspondente quando existem 15 dias de trabalho

no mês, na segunda parcela há o desconto da antecipação, os comprovantes estão

preenchidos corretamente e assinados, como determina a Lei Nº 4.749/65 e o

Decreto Nº 57.155/65. A primeira parcela foi paga a todos os empregados no dia

30/11/10 e a segunda foi paga no dia 20/12/10 dentro dos prazos legais. Os cálculos

analisados estão corretos.

Page 93: Auditoria Trabalhista 2

93

No Quadro 17 está apresentado o programa de auditoria quanto às rotinas

de rescisão de contratos de trabalho.

PROGRAMA DE AUDITORIA

Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO

Verificar se o empregado não possui estabilidade no momento da demissão;

X

Verificar o aviso prévio, redução da carga horária (quando aviso prévio trabalhado), data de concessão e início, e se está assinado;

X

Em caso de aviso prévio indenizado verificar se foram pagos 01/12 avos de férias proporcionais e o 13º salário pelo período do aviso;

X

Conferir o valor da multa rescisória e se a mesma encontra-se paga no momento da demissão;

X

Existe o extrato com os saldos do FGTS atualizados, o qual foi utilizado para efetuar o cálculo da multa rescisória de 50%;

X

Foi realizado exame médico demissional; X

Verificar se o pagamento das verbas rescisórias acontecem dentro do prazo legal;

X

Para rescisões em que o empregado tem mais de um ano as mesmas ocorrem nos órgãos competentes;

X

Para empregados menores de idade, existe a assinatura e a presença do responsável legal no momento da homologação;

X

A empresa entrega ao empregado o requerimento do seguro desemprego, quando dispensa sem justa causa;

X

Verificar nas rescisões:

O cálculo do desconto do IRRF; X

O cálculo do desconto do INSS, sendo que o desconto do INSS sobre o 13º Salário é em separado das demais verbas;

X

O cálculo das férias indenizadas e proporcionais, de acordo com seu período aquisitivo;

X

O cálculo do 13º proporcional; X

Se o salário família foi pago proporcional aos dias trabalhados;

X

Se foram efetuados os descontos do vale transporte referentes aos dias que faltam para concluir o mês;

X

Quadro 17 - Programa de auditoria quanto à rescisão de contrato de trabalho Fonte: Elaborado pela acadêmica com base na bibliografia.

Na rescisão contratual o empregado recebe todo o valor a que tem direito.

Para proceder a esse tramite a empresa entrega o aviso prévio ao empregado,

Page 94: Auditoria Trabalhista 2

94

notificando-o do desligamento dentro de 30 dias, de acordo com o mencionado por

Brondi e Bermúdez (2010). Para os avisos trabalhados os empregados optaram pela

redução de 2 horas na jornada diária, conforme consta no Art. 488 da CLT. A

empresa realiza todos os procedimentos exigidos para a demissão, realiza o exame

médico demissional, as anotações na CTPS, paga a rescisão e a multa rescisória

(quando houver) dentro do prazo legal, fornece a guia de seguro desemprego

(quando é o caso) e quando necessário homologa a rescisão no sindicato da

categoria.

Na rescisão com aviso prévio trabalhado, na qual a empresa deve pagar a

multa rescisória, utiliza-se os extratos do FGTS com saldos atualizados para o

cálculo de acordo com Palma (1999), porém na auditoria realizada foi constatado

que umas das multas rescisórias foi paga a maior no valor de R$ 15,00. É

importante ressaltar que a empresa contrata empregados menores de idade, ou

seja, com idade entre 16 e 18 anos, porém no ano auditado não houve desligamento

de menores.

No Quadro 18 está apresentado o programa de auditoria quanto a rotinas

complementares.

PROGRAMA DE AUDITORIA Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Rotinas complementares

A empresa entrega a SEFIP mensalmente; X

A SEFIP é entregue dentro do prazo legal; X

Os valores declarados na SEFIP são os mesmos que constam nas guias de FGTS, GPS e folha de pagamento;

X

A empresa informa através do CAGED as movimentações ocorridas no mês;

X

A empresa possui o extrato da movimentação do CAGED; X

A empresa declarou a RAIS referente o ano base 2010; X

Os dados da RAIS conferem com o nome do empregado, data de admissão, desligamento, verbas salariais, entre outros;

X

Verificar se a quantidade de empregados relacionados na RAIS é a mesma que consta nas folhas de pagamentos;

X

A empresa pagou a contribuição sindical patronal do ano de 2010;

X

A empresa possui o livro de inspeção do trabalho. X

Quadro 18 - Programa de auditoria quanto a rotinas complementares Fonte: Elaborado pela acadêmica com base na bibliografia.

Page 95: Auditoria Trabalhista 2

95

Quanto à análise das rotinas complementares da empresa nota-se que a

mesma entrega as suas declarações dentro do prazo legal, como é o caso da

SEFIP, RAIS, CAGED. Nessas declarações conforme observado encontram-se

todas as informações e movimentações ocorridas no mês ou no ano

correspondente.

As rotinas relativas a segurança e medicina do trabalho foram auditadas

através do programa apresentado no Quadro 19.

PROGRAMA DE AUDITORIA Item Conforme

Sim Não Não se

enquadra

Segurança e medicina do trabalho

A empresa possui materiais de primeiros socorros; X

A empresa fornece os EPI’s para a proteção do empregado;

X

A empresa adquire o tipo adequado para a atividade e fiscaliza o uso do equipamento de proteção;

X

A empresa possui os profissionais qualificados para a saúde do trabalhador como medico enfermeiros, entre outros, conforme o SESMT;

X

Verificar se o estabelecimento está obrigado a manter a CIPA, em função do número de funcionários;

X

A empresa possui o laudo do PPRA, PCMSO, LTCAT e PPP;

X

Em relação ao PCMSO estão sendo respeitadas a periodicidade e a realização dos exames médicos;

X

A empresa entrega o PPP ao funcionário no momento da rescisão contratual.

X

Quadro 19 - Programa de auditoria quanto à segurança e medicina do trabalho Fonte: Elaborado pela acadêmica com base na revisão bibliográfica.

Para os empregados em condições insalubres a empresa adquire o

equipamento adequado para a atividade, para a neutralização do agente insalubre, e

exige que o empregado utilize o equipamento, fiscalizando constantemente o uso

dos mesmos, conforme comentado por Martins (2008). Como forma de comprovação

de entrega solicita a assinatura do empregado na ficha de controle de EPI.

A empresa não possui os laudos do PPRA, PCMSO, LTCAT e PPP, por isso

em se tratando dos exames médicos realiza-os somente no momento da admissão e

demissão, sendo que os exames periódicos não são realizados. E por não possuir o

laudo do PPP, não entrega o relatório do PPP referente ao empregado no momento

Page 96: Auditoria Trabalhista 2

96

da rescisão contratual. Apesar da empresa analisada ser uma microempresa a

mesma está obrigada ao cumprimento das normas referente aos laudos médicos.

A partir da coleta de dados procedida através do programa de auditoria

apresentado nos quadros 13 a 19, e das ocorrências verificadas, passar-se-á a

análise dos dados obtidos com o desenvolvimento da pesquisa.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Através da aplicação do programa de auditoria busca se analisar os dados

coletados, com a finalidade de verificar se a empresa está em conformidade com as

rotinas trabalhistas e se os eventuais erros cometidos não prejudicam o empregado,

e com isto passam a ser possíveis causadores de passivos trabalhistas. O Quadro

20 detalha as conformidades e inconformidades verificadas na aplicação do

programa de auditoria.

PROCEDIMEN-TOS DE

AUDITORIA

ITEM CONFOR-

ME (QUANTI-

DADE)

ITEM CONFOR-

ME (%)

ITEM NÃO CONFOR-

ME (QUANTI-

DADE)

ITEM NÃO CONFOR-

ME (%)

NÃO SE APLICA A EMPRESA (QUANTI-

DADE)

TOTAL DE PROCEDI- MENTOS,

DOS ITENS CONFORMES

E NÃO CONFORMES

Constituição empresarial

03 100% - - - 03

Admissões de empregados

23 92% 02 8,00% 01 25

Remunerações e descontos de empregados

43 87,76% 06 12,24% 23 49

Rescisões de contrato de trabalho

08 88,88% 01 11,12% 06 09

Rotinas Complementa-res

10 100% - - - 10

Segurança e medicina do trabalho

03 50% 03 50% 02 06

Total 90 88,24% 12 11,76% 32 102

Quadro 20 - Análise dos procedimentos de auditoria Fonte: Desenvolvido pela Autora a partir da aplicação do programa de auditoria

No Quadro 20 pode ser verificado que das 134 ocorrências verificadas

através do programa de auditoria, 90 estavam conformes, 12 apresentaram alguma

Page 97: Auditoria Trabalhista 2

97

inconformidade e 32 não eram aplicadas às rotinas da empresa, evidenciando que

9% dos procedimentos analisados requer revisão do controle interno aplicado às

rotinas trabalhistas da empresa, para que a mesma iniba a geração de prováveis

passivos trabalhistas. Porém se desconsiderarmos os dados que não se aplicam a

empresa constata-se que foram analisados 102 itens, sendo que desse total 88,24%

estavam conformes e 11,76% desses itens analisados não estão em conformidade

com a legislação.

Os dados coletados referente à constituição empresarial demonstram que a

empresa está constituída adequadamente e está liberada para desenvolver suas

atividades, as quais estão sendo desenvolvidas de acordo com o descrito no cartão

de CNPJ. As rotinas trabalhistas adotadas pela empresa em razão da sua opção de

tributação pelo Simples Nacional estão adequadas, tendo em vista que a

contribuição patronal incidente sobre a folha de pagamento é recolhida no Simples

Nacional.

Referente à admissão de empregados a empresa apresenta todos os

funcionários registrados com carteira assinada caracterizando vínculo empregatício,

fazendo com que o mesmo tenha direito a férias, 13º terceiro salário, entre outros

benefícios. Os empregados apresentam a documentação necessária para a

admissão, e os procedimentos para a contratação são realizados corretamente,

existindo o contrato de trabalho assinado por todos os empregados, realização de

exames admissionais e complementares da admissão, ficha de empregados,

respeitando o que menciona em Lei, exceto quanto a cláusula do horário de trabalho

no contrato de trabalho, intervalo de alimentação superior às 2 horas permitidas em

Lei e a não realização dos exames médicos periódicos.

No contrato de trabalho a cláusula referente ao horário de trabalho informa

apenas que o mesmo será anotado na ficha de empregado, não sendo esclarecido

neste documento qual o horário de trabalho do empregado, conforme prevê a

legislação. Referente à inexistência dos exames periódicos, a empresa afirmou que

providenciará a partir da presente auditoria a realização dos mesmos.

A irregularidade referente ao intervalo de alimentação ocorre devido ao

horário de funcionamento da empresa ser das 7:30H às 12:00H e das 14:00H às

19:30H, de segunda feira a sábado. A empresa proporciona aos empregados dois

horários de trabalho, ambos com o intervalo de alimentação superior ao permitido,

Page 98: Auditoria Trabalhista 2

98

pois com essa elasticidade no intervalo, é possível distribuir os empregados dentro

da carga horária de funcionamento da empresa, sem que seja ultrapassado as 44

horas semanais de trabalho.

Quanto à remuneração e descontos salariais de empregados, muitas

questões não se aplicam a empresa selecionada como é o caso das férias coletivas,

as quais são concedidas de forma individual, horas extras tendo em vista que os

empregados cumprem as atividades dentro das 44 horas semanais, adicional de

periculosidade, adicional noturno, salário família, vale transporte, entre outros.

Porém foram encontradas algumas irregularidades como a equiparação salarial na

qual existem salários diferentes para mesmas funções, de acordo com a empresa há

a diferenciação no salário devido à produtividade e qualidade do trabalho realizado.

Tendo como base a legislação, deveria existir equiparação salarial para essas

funções, pois os empregados apresentam o mesmo tempo de serviço.

Empresas com menos de 10 (dez) empregados estão desobrigadas a

marcação do cartão ponto, no entanto deveriam pelo menos manter o livro ponto

com marcação do horário de trabalho do funcionário, porém o mesmo não acontece

pela empresa. Diante do apontamento será providenciada a regularização do item.

Durante a verificação dos documentos foi constatado que a empresa não

realiza o desconto da contribuição sindical para os admitidos após o mês de março e

que não contribuíram em nenhuma outra empresa durante o ano. De acordo com o

Art. 602 da CLT o desconto deveria acontecer no mês seguinte ao da admissão.

Também foi constatado que a data de quitação que os empregados deveriam

escrever nos envelopes de pagamento, está de forma impressa com a data do

último dia do mês, sendo que não existe a possibilidade de preenchimento da data

no momento do efetivo pagamento por parte do empregado, como determina o Art.

464 da CLT. A administração da empresa afirma que realiza os pagamentos de

salários sempre até o 5º dia útil do mês seguinte. De qualquer modo, esta é uma

inconformidade que facilmente poderia ser solucionada pela empresa, visto se tratar

de procedimento burocrático que requer somente a não pré impressão da data e o

registro da mesma pelos empregados, quando da efetiva quitação.

A empresa concede o aviso de férias 30 dias antes do gozo das mesmas,

conforme mencionado por Martins (2008), porém em determinado caso foi entregue

ao empregado aviso de concessão com dias inferiores aos exigidos em lei, isso

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ocorreu devido o gozo das férias iniciar em 01/03/10 e a empresa elaborar o mesmo

considerando o mês de fevereiro como sendo de 30 dias. Esse pode ser

considerado um eventual erro, o qual tem poucas possibilidades de ocorrer

novamente tendo em vista que nos demais casos os avisos foram preenchidos de

forma correta, por isso quando questionada afirmou que terá mais atenção na

elaboração do aviso de férias.

Porém dentre as irregularidades constatadas na empresa pode se afirmar

que a mais prejudicial ao empregado é o não recebimento da remuneração

correspondente do adicional por tempo de serviço. Tendo em vista que existe

apenas um empregado com 05 anos de empresa e que o mesmo recebe um alto

salário, o estabelecimento optou por não pagar o quinquênio estipulado em

convenção coletiva de 3% a este, mesmo o adicional sendo obrigatório. Diante da

informação de que o não pagamento do adicional pode levar a um efetivo passivo

trabalhista, a empresa procederá a regularização da situação, para prevenir futuras

condenações em ações trabalhistas.

Em relação às rescisões contratuais a empresa está em conformidade com a

legislação, concede o aviso prévio ao empregado, paga as verbas rescisórias

devidas no momento da demissão, realiza os exames demissionais e anotações na

CTPS, e quando necessário, paga a multa rescisória, concede o requerimento do

seguro desemprego e homologa as rescisões no sindicato da categoria, conforme

consta na legislação trabalhista. Porém pode-se afirmar que houve um erro em

relação ao pagamento a maior da multa rescisória de um funcionário, sendo que

este não foi prejudicado pelo ocorrido, mas sim beneficiado no valor de R$ 15,00.

Com relação às rotinas complementares a empresa está regular entregando

as declarações pertinentes a área trabalhista como a SEFIP, CAGED e RAIS,

sempre dentro do prazo legal estipulado e preenchidos de forma correta, conforme

verificação realizada.

Em relação à medicina e segurança do trabalho a empresa toma cuidado

para preservar a saúde do trabalhador, principalmente para as atividades

desenvolvidas em condições insalubres, na qual providencia o equipamento

adequado para a proteção do funcionário, exigindo que o mesmo seja utilizado para

neutralizar os agentes insalubres, conforme Martins (2008). Uma das maiores

irregularidades cometidas pela empresa é que a mesma não possui nenhum laudo

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100

referente à medicina e segurança do trabalho, como é o caso do PPRA, PCMSO,

LTCAT, PPP.

Sendo assim, não realiza os exames médicos periódicos, como mencionado

anteriormente, e não entrega o documento do PPP no momento do desligamento do

empregado, o que posteriormente pode ocasionar transtornos, em razão de ser este

o documento no qual constam todas as alterações de ocupação ocorridas na vida

funcional do empregado, sob o aspecto de saúde e exposição a agentes insalubres

ou perigosos.

Os documentos referidos muitas vezes são utilizados no momento da

comprovação de requerimento de aposentadoria especial, concedida a quem fica

exposto a agentes que prejudicam sua saúde. A empresa diante da inexistência dos

laudos exigidos em Lei, comprometeu em providenciar os documentos o mais breve

possível.

Após a realização da análise dos dados coletados, apresenta-se o Gráfico 1,

que demonstra em percentual o grau de conformidades, não conformidades e itens

não aplicáveis verificados na empresa auditada.

Gráfico 1 – Procedimentos de auditoria Fonte: Desenvolvido pela Autora a partir da aplicação do programa de auditoria

Em suma, diante da auditoria realizada nota-se que a empresa está em

grande parte em conformidade com a legislação trabalhista, apresentando baixo

grau de irregularidades e erros, das quais poucas podem gerar um possível passivo

trabalhista.

Dentre as irregularidades constatadas torna-se prejudicial ao empregado o

não pagamento do adicional por tempo de serviço, na qual o mesmo deixa de

receber a remuneração correspondente de 3% pelo adicional, sendo que no ano

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auditado apenas um empregado foi prejudicado, por apenas esse encontrar-se nesta

situação. Para a empresa torna-se prejudicial à inexistência da marcação de cartão

ponto ou livro ponto e a inexistência dos laudos da medicina e saúde do trabalho,

pois diante de uma ação trabalhista em que o empregado exija o pagamento de

horas extras, insalubridade ou até mesmo alegue dano a saúde ocasionado pelo

trabalho, o estabelecimento não terá documentação efetiva que comprove o

ocorrido, sendo aconselhável providenciar o quanto antes esses documentos como

forma de prevenção a possíveis passivos trabalhistas e a doenças causadas no

ambiente de trabalho e regularizar a situação referente ao adicional por tempo de

serviço.

Outras sugestões de melhorias podem ser indicadas à empresa como é o

caso do desconto da contribuição sindical para os admitidos após o mês de março e

que não sofreram o desconto em outra empresa e nos envelopes de pagamentos de

salários não colocar de forma impressa a data de pagamento, e sim, deixar que o

empregado o faça no momento do efetivo recebimento de salário.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após um longo período de pesquisas e estudos, ao final desse processo,

nota-se o quão é importante para as empresas, independente do porte, desenvolver

instrumentos de análises e verificações de suas rotinas trabalhistas, por meio da

auditoria. Levando em consideração os complexos detalhes existentes na legislação

trabalhista, a auditoria interna nesta área se justifica na medida em que colabora de

modo efetivo na prevenção de erros, muitas vezes ocasionados por desatenção ou

má interpretação dos fatos ou da legislação que lhes é aplicada, os quais podem em

alguns casos ocasionar passivos trabalhistas.

Constata-se que a auditoria além de prevenir e corrigir eventuais erros, tem

por finalidade indicar soluções de melhoria para a situação anterior a aplicação de

procedimentos de auditoria nas empresas, através dos dados levantados e da

análise de documentos procedida.

O presente estudo teve como foco a auditoria trabalhista realizada em uma

empresa comercial situada no Vale do Rio dos Sinos – RS. O problema de pesquisa

do trabalho tinha em vista a seguinte questão: “A auditoria contábil interna pode

evidenciar a correta aplicação das rotinas trabalhistas visando à prevenção de

passivos trabalhistas?”, questão esta que se considera suficientemente respondida a

partir da análise realizada no estudo de caso desenvolvido, onde os resultados

alcançados permitem afirmar que auditoria contábil interna efetivamente colabora

com a prevenção de passivos trabalhistas.

O objetivo geral do presente trabalho foi identificar as rotinas decorrentes da

legislação trabalhista e estabelecer procedimentos de auditoria interna para a sua

validação visando à prevenção de passivos trabalhistas, enquanto que os objetivos

específicos foram descrever os processos das rotinas trabalhistas e caracterizar os

procedimentos de auditoria, através das novas normas vigentes a partir de janeiro

de 2010. Tendo em vista os objetivos traçados, pode-se afirmar que os mesmos

foram alcançados através do programa de auditoria desenvolvido e aplicado, onde

se usou todo o referencial teórico revisado para a verificação dos procedimentos

trabalhistas da empresa comercial XYZ, onde foram identificadas falhas ou não

conformidades no processo, sendo que a administração da empresa se

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comprometeu a ajustar suas rotinas de pessoal para prevenir possíveis ações que

pudessem gerar passivos trabalhistas.

A empresa analisada em sua grande parte encontra-se em conformidade

com a legislação trabalhista, porém foram encontradas algumas não conformidades

e apontadas sugestões de melhoria para a mesma, apresentadas no capítulo do

estudo de caso, a fim de prevenir a empresa contra possíveis passivos trabalhistas.

A maioria das não conformidades verificadas na empresa decorrem de desatenção

ou má interpretação da legislação trabalhista. No entanto, foram identificadas

irregularidades capazes de gerar, com o decorrer dos anos, passivos trabalhistas e

para as quais seria interessante providenciar imediatamente as sugestões de

melhoria apresentadas.

Pode-se afirmar que a pesquisa realizada teve relevância acadêmica, por

descrever as novas regras de auditoria vigentes a partir de 2010, além de

demonstrar a importância da auditoria como instrumento de prevenção de passivos

trabalhistas. Para a acadêmica o presente trabalho contribuiu no âmbito profissional,

agregando e reforçando o conhecimento sobre a área trabalhista, através da revisão

bibliográfica.

Foram encontradas algumas dificuldades para a realização do trabalho,

devido ao pouco referencial teórico existente referente às novas normas de

auditoria, tendo em vista que até a finalização deste trabalho, apenas um dos

autores pesquisados apresentou sua obra atualizada. Sendo assim, a pesquisa

quanto a esse assunto, foi obtida através das Resoluções editadas pelo Conselho

Federal de Contabilidade, a partir de pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê

de Pronunciamentos Contábeis e que visam à convergência das normas brasileiras

às normas internacionais de auditoria.

Como sugestão para a continuidade da pesquisa, aponta-se a ampliação do

programa de auditoria desenvolvido, e sua aplicação em empresas do segmento

industrial e de prestação de serviços.

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111

PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Auditoria de demonstrações contábeis: normas e procedimentos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani César de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2009. ROCHA, Renato Mendonça da. Rotinas trabalhistas e previdenciárias para organizações contábeis. 5. ed. Rio Grande do Sul: Conselho Regional de Contabilidade, 2009. RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2. ed., (ampl. e atual.) Rio de Janeiro: Forense, 2000. SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 34. ed. São Paulo: LTR, 2001. SANTOS, Hélio Antônio Bittencourt. Curso básico de direito do trabalho. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2000. SANTOS, Rodrigo Coimbra. Direito do trabalho. Novo Hamburgo: Feevale, 2006. SERSON, José. Curso de rotinas trabalhistas. 36. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 1995. SOARES, Leila Moreira. Cálculos trabalhistas. São Paulo: WVC, 2002. SOUZA, Benedito Felipe de; PEREIRA, Anisio Candido. Auditoria contábil: abordagem prática e operacional. São Paulo, SP: Atlas, 2006. TEIXEIRA, Paulo Henrique. Manual de auditoria trabalhista. Obra eletrônica. Disponível em: <www.guiatrabalhista.com.br>. Acesso em: 20 mar 2011. VENDRAME, Antonio Carlos. Gestão de risco ocupacional: o que as empresas precisam saber sobre insalubridade, periculosidade, PPRA, PPP, LTCAT, FAP, NTEP, entre outros documentos legais. 2 ed. São Paulo: IOB, 2008.

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112

ANEXOS

ANEXO A – incidências de IRRF, INSS, FGTS

Tabela de incidência Tributária

Rendimento IR - Fonte INSS FGTS

Abonos de qualquer natureza, execeto os expressamente desvinculados do salário (art. 457,§ 1°, da CLT).

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (atrs.3° e 7°).

Lei n° 8.212/91 (art.28, inciso I)

Lei n° 8.036/90 (art.15)

Abono pecuniário de férias (Concessão de 1/3 do período de férias em dinheiro)

NÃO NÃO NÃO

IN RFB n°936 Art.1° de 05/05/09

CLT, Art.144 Lei n° 8.212/91 art. 28,§9° letra "E"

CLT, art.144 IN 17/00 art.3°, II

Adicional de Insalubridade SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I

IN 17/00 art.2°, II

Adicional de Periculosidade SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I

IN 17/00 art.2°, II

Adicional de Trabalho Noturno SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I

IN 17/00 art.2°, II

Adicional de Horas Extras SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I

IN 17/00 art.2°, I

Adicional por Tempo de Serviço SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I

IN 17/00 art.2°, III

Adicional por Transferência de local de trabalho

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I

IN 17/00 art.2°, IV

Ajuda de Custo (parcela única para transferência)

NÃO NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 (art.6º, inciso

XX)

Lei n° 8.212/91, art.28 §9° letra

"G"

IN 17/00 art.3°, II

Auxílio-Doença acidentário (primeros 15 dias a cargo da empresa)

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I, Lei n°8.213/91,

art.60,§3°

IN 17/00 art.1°, §2°,III (durante todo o período de afastamento do empregado).

Auxílio-Doença (primeros 15 dias a cargo da empresa)

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I, Lei n° 8.213/91,

art.60,§3°

IN 17/00 art.1°, §2°,II

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113

Aviso Prévio Indenizado NÃO SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.6º, inciso V)

Decreto n° 6.727/2009

IN 17/00 art.2°, XVIII

Aviso Prévio Trabalhado SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

ON SPS n° 8/97 item 13.4, letra

"J"

IN 17/00 art.2°, XVIII

Comissões SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, inciso I,

ON SPS n° 8/97 item 13.4, letra

"O"

IN 17/00 art.2°, XVIII

Décimo Terceiro Salário parcela adicional de 1/12 paga em rescisão, devido ao aviso prévio indenizado

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°) Lei

n° 7.959/89 art.5°, inciso II

Decreto n° 6.727/2009

IN 17/00 art.2°, XIII

Décimo Terceiro Salário 1ª parcela

NÃO NÃO SIM

IN n° 25/96, art.14

Decreto n° 3.048/99,

art.214, §6°

IN 17/00 art.1°, §2°,III

Décimo Terceiro Salário 2ª parcela ou no mês da rescisão do contrato de trabalho.

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°) Lei

n° 7.959/89 art.5°, inciso II

Decreto n° 3.048/99,

art.214, §6°

IN 17/00 art.1°, §2°,III

Diárias para viagem até 50% do salário

NÃO NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 art.6º, inciso II

(diárias destinadas

exclusivamente, ao pagamento

de despesas de alimentação e pousada, por

serviço eventual,

realizado em município

diferente do da sede de trabalho)

Lei n° 8.212/91, art.28 §9° letra

"H"

IN 17/00 art.3°, XII

Diárias para viagem acima de 50% do salário

SIM SIM SIM

PNCST 10/92, (diárias

destinadas exclusivamente, ao pagamento

de despesas de alimentação e pousada, por

serviço

Lei n° 8.212/91, art.28 §8° letra

"A"

IN 17/00 art.2°, X

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114

eventual, realizado em

município diferente do da

sede de trabalho) Sem prestação de

contas.

Estagiários (Lei n° 6.494/77) Bolsa de Complementação Educacional

SIM NÂO NÂO

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28 §9° letra

"I"

IN 17/00 art.3°, XVIII

Férias gozadas e adicional de férias

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°) IN

n° 25/96, art 15.

Lei n° 8.212/91, art.28 inciso I

Decreto n° 3.048/99,

art.214,§4°

IN 17/00 art.2°, VII e VIII

Férias dobradas parcela das férias paga em dobro devido a fruição fora do prazo da lei.

SIM NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°) IN

n° 25/96, art 15.

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra "D" Decreto n°

3.048/99, §9° IV

IN 17/00 art.3°, IV

Férias Inenizadas e Adicional de férias

SIM NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°) IN

n° 25/96, art 15.

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"D"

IN 17/00 art.3°, V

Fretes e carretos pagos à pessoa física

SIM SIM NÃO

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°).

Base de cálculo (art.9°, incisoI,

da lei n°7.713/88).

Lei Complementar

n° 84/96. Decreto n° 1.826/96

Lei n° 8.036/90, (art.15)

Gorjetas SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28 inciso I

IN 17/00 art.2°, XII

Gratificação ajustada ou contratual

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28 inciso I

IN 17/00 art.2°, XIV (gratificação

ajustadas, epressa ou

tacitamente, tais como:

produtividade, de balanço, de

função ou cargo de confiança).

Indenização adicional - Empregado dispensado no periodo de trinta dias que antecede a data de sua correção salarial (Lei n° 6.708/79, art.9° e

NÃO NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 art.6º, inciso V

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"E", Lei n° 9.711/98

IN 17/00 art.3°, VII

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Lei n° 7.238/84, art.9°)

Indenização por rescisão antecipada do contrato de trabalho com termo estipulado (ex: Contrato de Eperiência).

NÃO NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 art.6º, inciso V

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"E"

IN 17/00 art.3°, VIII

Indenização por tempo de serviço, não optantes do FGTS (art 478 da CLT).

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 art.6º, inciso V

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"E"

IN 17/00 art.3°, VI

Participação dos Empregados nos Lucros

SIM NÃO NÃO

MP n° 1.982 Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"J"

IN 17/00 art.3°,I

Prêmios SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28 inciso I

IN 17/00 art.1°

Quebra de caixa (Gratificação de caixa)

SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

ON n°8/97, item 13.4,letra "Q"

IN 17/00 art.2°, XIX

Salários SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28 inciso I

IN 17/00 art.1°

Salário - Maternidade SIM SIM SIM

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, § 2°

IN 17/00 art.1°, §2°, IV

Salário - Família NÃO NÃO NÃO

Lei n° 8.218/91 Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"A"

IN 17/00 art.3°, XV

Vale - Transporte NÃO NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 (art.3° e 7°)

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"F"

IN 17/00 art.3°, XVII

Valor da alimentação NÃO NÃO NÃO

Lei n° 7.713/88 art.6º, inciso I

Lei n° 8.212/91, art.28, §9, letra

"C". (PAT)

IN 17/00 art.3°, XVI

Fonte: www.sitecontabil.com.br

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ANEXO II - Partilha do Simples Nacional:Comércio

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

ALÍQUOTA IRPJ CSLL COFINS PIS/PASEP CPP ICMS

Até 120.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25%

De 120.000,01 a 240.000,00

5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86%

De 240.000,01 a 360.000,00

6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33%

De 360.000,01 a 480.000,00

7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56%

De 480.000,01 a 600.000,00

7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58%

De 600.000,01 a 720.000,00

8,28% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82%

De 720.000,01 a 840.000,00

8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84%

De 840.000,01 a 960.000,00

8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87%

De 960.000,01 a 1.080.000,00

9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07%

De 1.080.000,01 a 1.200.000,00

9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%

De 1.200.000,01 a 1.320.000,00

9,95% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%

De 1.320.000,01 a 1.440.000,00

10,04% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41%

De 1.440.000,01 a 1.560.000,00

10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45%

De 1.560.000,01 a 1.680.000,00

10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48%

De 1.680.000,01 a 1.800.000,00

10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51%

De 1.800.000,01 a 1.920.000,00

11,23% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82%

De 1.920.000,01 a 2.040.000,00

11,32% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85%

De 2.040.000,01 a 2.160.000,00

11,42% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88%

De 2.160.000,01 a 2.280.000,00

11,51% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91%

De 2.280.000,01 a 2.400.000,00

11,61% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95%

Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leiscomplementares/2006/leicp123.htm