Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR - UECE

    CENTRO DE CINCIAS E TECNOLOGIA - CCTPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIAMESTRADO ACADMICO EM GEOGRAFIA - MAG

    ANALISE DO USO E OCUPAO DO SOLO E SEUS IMPACTOS EMZONAS COSTEIRAS: PARACURUCE

    AUGUSTO GUTHIERE FIALHO ARRUDA

    FORTALEZA - CEMaio/2013

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    AUGUSTO GUTHIERE FIALHO ARRUDA

    ANALISE DO USO E OCUPAO DO SOLO E SEUS IMPACTOS EMZONAS COSTEIRAS: PARACURUCE

    Dissertao submetida coordenao do Programa dePs- Graduao em Geografia, da Universidade Estadualdo Cear, rea de concentrao: Analise GeoambientalIntegrada e Dinmica das Paisagens Semi ridas eLitorneas. Linha de pesquisa: Dinmica e Gesto deAmbientes Costeiros, como requisito parcial paraobteno do grau de Mestre em Geografia.

    Orientador: Professor Dr. Fbio Perdigo Vasconcelos

    FORTALEZA - CE

    Maio/2013

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    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao

    Universidade Estadual do Cear

    Biblioteca Central Prof. Antnio Martins Filho

    Bibliotecrio (a) Leila Cavalcante StiroCRB-3 / 544

    A778a Arruda,Augusto Guthiere Fialho.Analise do uso e ocupao do solo e seus impactos em zonas costeiras:

    Paracuru-CE/Augusto Guthiere Fialho Arruda.2013.CD-ROM 126f. : il. (algumas color.) ; 4 pol.

    CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalhoacadmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm).

    Dissertao (mestrado) Universidade Estadual do Cear, Centro deCincias e Tecnologia, Mestrado Acadmico em Geografia, Fortaleza,2013.

    rea de Concentrao: Estrutura e Dinmica das Paisagens Semiridase Litorneas.

    Orientao: Prof. Dr. Fbio Perdigo Vasconcelos.

    1. Impactos socioambientais. 2. Ocupao. 3. SIG. I. Ttulo.

    CDD: 910

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    ... Se de um Deus infinito e pessoal, paratornar conhecida e amada a sua glriamultiforme, tratar qualquer assunto semreferencia a Deus no erudio, insurreio.

    John Piper - Pense

    Se te fatigas correndo com homens quevo a p, como poders competir com oscavalos? Se to-somente numa terra de

    paz ests confinado, como fars naenchente do Jordo?

    Jeremias 12:5Bblia Sagrada.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em primeiro lugar, pois a Ele toda honra, toda glria e todo

    louvor, ao meu Deus Rei Jesus, pois sei que me condicionou nos momentos

    mais difceis, quando a inspirao, a mim, no chegava. Por ter me revelado

    que poderia correr contra cavalos de puro sangue , quando eu no tinha

    pernas para isso. Por ter me dado, como promessa, quilo que no merecia e

    simplesmente por amor e misericrdia, me promoveu.

    minha esposa, um presente para minha vida, Stephany Dannyell,

    pelas discusses acadmicas que travvamos. Pelo incentivo e preocupao,pois ns somos um. Pela companhia, que findou em inspirao e aes nos

    momentos certos.

    A minha famlia (pai, me e irmo) por ter me ensinado o caminho que

    me levou at aqui. Um caminho que me fez refletir e dar importncia ao que

    realmente fazia sentido; por terem tecido em mim os valores que me

    proporcionaram prosperidade de esprito.

    Ao professor Fbio Perdigo, por ter me recebido de maneira to

    complacente. Por ter me orientado e ajudado no campo das idias, quando

    ainda estava na graduao. At em momentos de descontrao, se mostrava

    mestre para ensinar algo para ns, seus orientandos.

    Aos meus amigos e colaboradores do LAGIZC (Otvio Barra, Nayara

    Santos, Jaqueline Pinheiro, Lidia Xavier e Anderson Freitas) e a RobertoAnderson (Computao UECE) que em momentos de angustia nos deram

    apoio moral e tcnico, afinal somos uma famlia.

    Agradeo ao Programa de PsGraduao em GeografiaProPGeo e

    todos os seus colaboradores e professores, pois sem o apoio direto e indireto

    deles, no se faria o engrandecimento do prprio programa para nos dar

    possibilidades de qualificao.

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    s professoras Luzia Neide Coriolano e Isorlanda Caracristi, bem como

    ao professor Paulo Henrique Lima de Oliveira, por tambm ter me apresentado

    idias para direcionar meus trabalhos, que vieram a ser de grande beneficio

    para os pensamentos e para o texto.

    Enfim, por todos aqueles que torceram, preocuparam - se e colaboram

    de alguma forma para findar em uma produo que me enriqueceu e deu vetor

    para prximos saltos na vida acadmica.

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    RESUMO

    O municpio de Paracuru, inserido na costa oeste do Estado do Cear (Brasil),

    apresenta um elevado ndice de mobilidade da populao, notadamente para a

    rea que compreende a Zona Costeira do municpio. A especulao imobiliria

    um dos fatores que contribuem veementemente para uma intensificao dos

    processos de uso e ocupao da zona costeira de Paracuru, implicando assim,

    em um desequilbrio na evoluo sedimentolgica e por sua vez nas feies

    morfolgicas naturais da zona costeira desse municpio. Sendo assim, a ao

    antrpica na zona costeira do municpio, est interferindo negativamente nos

    processos morfodinmicos e bioecolgicos da plancie costeira do municpio doParacuru. Este estudo tem como objetivo apreciar os processos de uso e

    ocupao e suas conseqncias na zona costeira do Paracuru, procurando

    apontar sugestes para uso e manejo sustentvel desse ambiente e contribuir

    na definio de bases conceituais para uma gesto ambiental integrada dessa

    rea.

    PalavrasChave: Impactos socioambientais, Ocupao, Legislao e SIG.

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    ABSTRACT

    The municipality of Paracuru, located at the west coast of Cear (Brazil), has a

    high rate of population mobility, especially to the area comprehending the

    coastal zone of the municipality. The land speculation is one of the factors that

    strongly contribute for an intensification of the process of land use and

    occupation of the coastal zone of Paracuru, implying in an unbalanced

    sedimentological evolution which in turn at the natural morphological features of

    the coastal zone of that municipality. Thus, the anthropic action on the coastal

    zone of the municipality is interfering negatively in the morphodynamic and

    bioecological processes at the coastal plain of Paracuru. This study aims to

    assess the processes of land use and occupation and its consequences for the

    coastal zone of Paracuru, trying to point out suggestions for sustainable use

    and management of this environment and contribute to the definition of

    conceptual basis for an integrated environmental management of this area.

    Key - Words: Impacts environmental, Occupation, Legislation and GIS.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01 Imagem das rotas tursticas pela capital (FortalezaCE). 17

    Figura 02 Setores de trabalho do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro(PNGCGERCO). 32

    Figura 03 Acesso ao municpio de Paracaru-Ce. 33

    Figura 04 Investimentos PRODETUR I. 36

    Figura 05 Investimentos PRODETUR II. 38

    Figura 06 Turistas por municpio no estado do Cear. 40

    Figura 07 Imagem do grupo 01 referente a 2004. 49

    Figura 08 Imagem do grupo 01 referente a 2011 49

    Figura 09 Imagem do grupo 02 referente a 2004 50

    Figura 10 Imagem do grupo 02 referente a 2011 51

    Figura 11 Imagem do grupo 03 referente a 2004 52

    Figura 12 Imagem do grupo 03 referente a 2011 53

    Figura 13 Imagem do grupo 04 referente a 2004 53

    Figura 14 Imagem do grupo 04 referente a 2011 54

    Figura 15 Imagem do grupo 05 referente a 2004 55

    Figura 16 Imagem do grupo 05 referente a 2011 55

    Figura 17 Imagem do grupo 06 referente a 2004 56

    Figura 18 Imagem do grupo 06 referente a 2011 57

    Figura 19 Imagem do grupo 07 referente a 2004 58

    Figura 20 Imagem do grupo 07 referente a 2011 58

    Figura 21 Imagem do grupo 08 referente a 2004 60

    Figura 22 Imagem do grupo 08 referente a 2011 60

    Figura 23 Imagem do grupo 09 referente a 2004 61

    Figura 24 Imagem do grupo 09 referente a 2011 62

    Figura 25 Imagem do grupo 10 referente a 2004 63

    Figura 26 Imagem do grupo 10 referente a 2011 63

    Figura 27 Imagem do grupo 11 referente a 2004 64

    Figura 28 Imagem do grupo 11 referente a 2011 65

    Figura 29 Imagem do grupo 12 referente a 2004 66

    Figura 30 Imagem do grupo 12 referente a 2011 66

    Figura 31 Imagem do grupo 13 referente a 2004 67

    Figura 32 Imagem do grupo 13 referente a 2011 67Figura 33 Tabua de Mar do dia 09/12/2011 68

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    Figura 34 Os quatro tipos de mars 70

    Figura 35 Tabua de Mar do dia 08/09/2004 71

    Figura 36 Elementos e agentes remodeladores do territrio 75

    Figura 37 Grfico de Receita e Despesas do municpio costeiro de

    Paracuru, CE 83

    Figura 38 rea de atuao do PNGC I e II 93

    Figura 39 Nmeros de estabelecimentos com Hospedagem 97

    Figura 40 Organograma de elementos que compem o turismo

    em zona costeira 102

    Figura 41 Grfico do perfil de escolaridade do usurio (sendo morador ou

    visitante) no litoral da cidade de ParacuruCe 105

    Figura 42 Elementos de um sistema costeiro 107

    Figura 43 Grfico comparativo de reas ocupadas do municpio

    (rea sede) de ParacuruCE (19992004) 108

    Figura 44 Imagem da Localizao das APAs do Municpio do Paracuru 109

    Figura 45 Compartimentao Geombiental do Cear 110

    Figura 46 Barracas de praia municpio de Paracuru 113

    Figura 47 Amostra da ao erosiva prximo as barracas de praia 113

    Figura 48 Exemplar da formao de Tabuleiro aflorada no estirancio praial 114

    Figura 50 Embarcaes ao tabuleiro 114Figura 51 Linha de Preamar e os fixos 114

    Figura 52 Mostra o fixamento da duna por interveno antropica 116

    Figura 53 Mtodo de conteno da abraso marinha 116

    Figura 54 Afloramento de estruturas internas dos estabelecimentos

    comerciais na orla do municpio 116

    Figura 55 Exemplo da m apropriao dos espaos litorneos no

    municpio de Paracuru 117

    Figura 56 Imagem de galerias pluviais que podem prejudicar a sade da

    praia bem como seu uso 118

    ANEXOS

    Anexo 1 Mapa da situao da Uso e Ocupao 121

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 Diferenciao e Intercesso das duas fases do PRODETUR. 37

    Tabela 02 Municpios mais procurados no estado do Cear. 39

    Tabela 03 Populao residente no municpio de Paracuru entre

    anos de 1970 e 2000 39

    Tabela 04 Tipologia das praias na perspectiva da gesto 46

    Tabela 05 Classificao das praias por nvel de ocupao em

    Paracuru (2013) 66

    LISTA DE SIGLAS

    APA rea de Proteo Ambiental

    AQUASIS Associao de Pesquisa e Preservao de Ecossistemas Aquticos

    BNDO Banco Nacional de dados Oceanogrficos.

    BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

    CIRM Comisso Interministerial para os Recursos do Mar

    GERCO Gerenciamento Costeiro

    GIZC Gesto Integrada da Zona Costeira.

    IAB Instituto de Arquitetos do Brasil.

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia

    IPECE Instituto de Pesquisa e Estratgia Econmica do Cear

    INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

    MCC Ministrios das Cidades

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    PAF Plano de Ao Federal

    PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

    PNGC Plano Nacional Gerenciamento Costeiro

    PRODETUR Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo

    SEMACE Secretria de Meio Ambiente do Estado do Cear

    http://www.secirm.mar.mil.br/http://www.secirm.mar.mil.br/https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&sqi=2&ved=0CCkQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.ipece.ce.gov.br%2F&ei=xnWfUcOdFpS60QHF2IHwDw&usg=AFQjCNEK_doltp2dnpUuoVWR-wW4vq9AFQ&bvm=bv.47008514,d.dmQhttps://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&sqi=2&ved=0CCkQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.ipece.ce.gov.br%2F&ei=xnWfUcOdFpS60QHF2IHwDw&usg=AFQjCNEK_doltp2dnpUuoVWR-wW4vq9AFQ&bvm=bv.47008514,d.dmQhttp://www.secirm.mar.mil.br/
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    SETUR Secretaria do Turismo

    SI Sistema de Informaes

    SIG Sistema de Informaes Geogrficas

    OMT Organizao Mundial do Turismo

    UECE Universidade Estadual do Cear

    UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

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    SUMRIO

    1 INTRODUO 15

    2 AS OCUPAES E EXPLARAES NA ZONA COSTEIRA 21

    2.1 As ocupaes e exploraes da Zona Costeira no Brasil 252.2 Primeiras Ocupaes: Costa do Paracuru 302.2.1 Localizao 322.3 O PRODETUR e o redirecionamento da costa cearense 332.3.1 PRODETUR 352.3.2 PRODETUR II e suas implicaes 37

    2.4 Paracuru e sua relao com o Turismo 40

    3 METODOS E PROCEDIMENTOS OPRACIONAIS 423.1 Procedimentos Cartogrficos e SIGs 463.1.1 Procedimentos de analise: Variveis das Mars 69

    4 GESTO E ORDENAMENTO TERRITORIAL EMZONAS COSTEIRAS 72

    4.1 Gesto, Plano e Ordenamento 754.1.2 Territrio e suas variveis de estudo 774.2 Representatividades legais na gesto em zonas costeiras 844.3 A Legislao e os ambientes costeiros 884.3.1 Polticas de gesto da zona costeira no Brasil 91

    5 PROCESSO DE OCUPAO: VARIAVEISSOCIOECONOMICAS E AMBIENTAIS NA ZONA COSTEIRA 95

    5.1 As ocupaes e seus efeitos sociais 1035.2 Caracterizao Geoambiental de Paracuru 1065.2.1 As ocupaes e seus efeitos ambientais 112

    6 CONSIDERAES FINAIS 119

    ANEXOS 122

    REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 125

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    rio So Gonalo, passando por dunas, falsias, enseadas de mar calmo e

    arrecifes com piscinas naturais, at os manguezais da foz do rio Curu.

    De acordo com dados obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia

    (IBGE), no municpio de Paracuru, Cear, entre as dcadas de 70 e 80 a

    populao apresentou um crescimento de 14%. Posteriormente, na dcada

    seguinte, j houve uma diminuio considervel de quase 27%, contudo volta a

    crescer nos anos 90.

    As zonas costeiras correspondem a uma parcela de territrio que

    extremamente valorizada. Cerca de 2/3 da populao no mundo est alocada

    em reas de zona costeira (VASCONCELOS, 2005). Elas representam a

    interconexo das diversas relaes de interesse vital, tanto do ponto de vista

    ecolgico, como do humano. Como explica Suguio:

    (...) as regies litorneas comportam um dos mais ricos e mais

    importantes conjuntos de ecossistemas naturais, de cuja

    preservao dependem os ciclos vitais de inmeros animais evegetais. Dentre alguns desses ecossistemas podem ser

    mencionados os seguintes: praias, manguezais e recifes de

    corais (SUGUIO, 1996, p.3).

    Toda a problemtica que envolve a ocupao do municpio de Parucuru

    est atrelada a idia de ocupao desordenada, j que esta ocupao est

    sendo caracterizada em um dos ambientes que mais so influenciados pela

    presso econmica, no s no estado do Cear, mas em todo pas.

    No caso especfico do Estado do Cear, observa-se a ocorrncia de um

    crescimento expressivo do fluxo turstico via Fortaleza que age como centro

    difusor na atividade no estado por possuir o maior aeroporto de carga e

    descarga e passageiros no Cear, bem como possuir pontos de partida das

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    principais rodovias que interligam a boa parte dos municpios costeiros e no

    costeiros.

    Figura 1: Imagem das rotas tursticas pela capital (Fortaleza - CE). Fonte:

    http://mapasblog.blogspot.com.br/2013/04/mapas-de-fortaleza-ce.html (Acesso em 17/11/2013

    s 15:45).

    O litoral do estado do Cear zona de atrao populacional,

    impulsionadas principalmente, pela especulao imobiliria, desencadeada

    pela vilegiatura, lazer, e todas as demandas do prprio setor econmico

    impulsionados pelo turismo.

    Nos primeiros contatos com a pesquisa nos inquietaram quanto a falta

    de fiscalizao e de medidas mitigadoras de rgos competentes quanto

    preservao ambiental na costa do municpio do Paracuru.

    A situao e localizao da rea da pesquisa despertou maior ateno,

    para uma anlise integrada no que tange a gesto de espaos costeiros j que

    Paracuru se inseri no programa de gerenciamento costeiro (GERCO).

    No entanto, a realidade visualizada atravs de estudos preliminares

    (Arruda e Vasconcelos, 2005), revela que a rea sede do municpio doParacuru- CE, que compreende um total de 236,076 km, se percebe,

    http://mapasblog.blogspot.com.br/2013/04/mapas-de-fortaleza-ce.htmlhttp://mapasblog.blogspot.com.br/2013/04/mapas-de-fortaleza-ce.html
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    notoriamente, um aumento do espao ocupado. Fazendo um comparativo de

    imagens, se constatou que no ano de 1999 ao ano de 2004,que o percentual

    de rea ocupada aumentou de 25% (59,019 km) para 29,85% (70,473 km), ou

    seja, 4,85% (11,454 km) de rea que compreende em um aumento da

    expanso urbana do municpio no perodo de 5 anos.

    A Constituio Federal, no artigo 225, pargrafo 4 afirma que:

    a zona costeira patrimnio nacional e que sua utilizao se

    dar, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a

    preservao ambiental, inclusive quanto ao uso dos recursos

    naturais. (Brasil, 1988)

    A legislao veemente quando se faz meno contundente ao uso de

    espaos costeiros, pois por fazer parte de um circuito ecolgico de grande

    importncia no ambiente marinho, propicia relaes econmicas para o prprio

    homem. Numa forma geral, a administrao e a gesto dessas reas, em tese,

    cuidam de balizar s aes realizadas atravs de planos que deveriam

    viabilizar um desenvolvimento de forma sustentvel que fosse cmoda a todasas esferas que fazem parte dos conceitos concebidos no que tange

    sustentabilidade e na formao e configurao dos espaos costeiros que

    necessitam da relao harmoniosa entre sociedade e natureza.

    Alguns questionamentos se fizeram presentes para dar sustentao ao

    estudo e sua orientao:

    Se o crescimento urbano algo necessrio para o ponto de vista

    desenvolvimentista, como est acontecendo este crescimento?

    Como as polticas publicas interagem nesse meio onde existe uma

    normatizao especifica?

    Se h uma legislao municipal regente, para ocupao e uso do solo,

    como vem sendo balizado a relao sociedade e natureza no municpio?

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    Quais os pontos de maior e menor densidade urbana?

    Esses pontos esto sobre reas de preservao e proteo ambiental?

    Diante destes questionamentos o trabalho tem como objetivo analisar

    os processos de uso e ocupao, na zona costeira no Paracuru - CE, para

    apontar sugestes para uso e manejo sustentvel desse ambiente e contribuir

    na definio de bases conceituais e no ordenamento territorial relacionando as

    conjunturas para a gesto ambiental integrada dessa rea.

    Nas reas condicionadas ao erosiva ocorre o recuo da linha de

    costa, principalmente na preamar das mars de sizgia e automaticamente

    permitindo que a abraso marinha ponha em risco ou em situao condenvel

    os fixos que esto instalados mais a oeste da regio (reas onde houve o

    recuo da linha de costa), como no caso de vrias cidades que instalaram fixos

    na regio de costa e atualmente sofrem os desgastes da abraso marinha. No

    entanto, a zona de costa merece ateno especial por estar sob presso

    ambiental e antrpica. Seguindo esse modelo de prticas anti -processuais, a

    ocupao de reas em que existe uma tenuidade maior entre o homem e o

    ambiente costeiro, se segue com uma legislao existente sim, mas que na sua

    maior parcela conjuntural, no contempla a realidade local, ou foge com

    veemncia do arcabouo jurdico que a rege. Uma tentativa de apontar

    sugestes a um reordenamento territorial a fim de aperfeioar o uso e relao

    da sociedade com o espao (zona costeira) um dos objetivos da presente

    pesquisa.

    So ainda objetivos:

    a) Estudar o uso e a ocuapo da zona costeira de Paracuru.

    b) Compreender os processos de ocupao e gesto do territrio na

    costa do municipio de Paracuru.

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    c) Identificar os uso e ocupao para dar subsdio na analise dos

    impactos promovidos pelo uso e ocupao.

    d) Fomentar o zoneamento dentro das propostas referidas pela GERCO

    para gesto da zona Costeira.

    Esse dissertao foi estrutuda em seis partes. Na introduo se faz uma

    apresentao das potencialidades e problmticas scio-ambientais da area

    em estudo, e os questionamentos que aqruitetaram os vetores e objetivos do

    trabalho.

    No segundo capitulo, trata do inicio das ocupaes e como as aes da

    sociedade culminaram nos primeiros contatos com zonas costeiras e como

    admnistrao publica vem promovendo as ocupaes no Brasil e no estado do

    Cear , bem como a localizao do municipio de Paracuru. O terceiro capitulo

    traa os metodos e procedimentos do estudo que foram importantes para o

    levantamento dos dados e possiveis resultados, possibitando gerar

    informaes contundentes aos objetivos estipulados.

    O quarto capitulo faz um levantamento da legislao de zonas costeiras

    e suas respresentaes e atores sociais, propondo a atender as possiveis

    demandas de ordemanto territorial do ponto de vista ambiental, com o intuito de

    levar a educao e sustentabilidade.

    O quinto capitulo traz a caracterizao ambietal do municipio e com os

    resultados vistos nos procediementos e metodos, trazer os possiveis efeitos da

    m aproriao de areas costeiras no munipio.

    Por fim, as consideraes finais do estudo, com base nas variaveis

    apresentadas e extraidas da base teorico-empirica da pesquisa.

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    2. AS OCUPAES E EXPLORAES NA ZONA COSTEIRA.

    A relao do homem com o mar se modifica ao longo do tempo. At a

    Idade Mdia havia uma srie de imagens repulsivas em relao ao mar. Essasimagens eram associadas ao desconhecido, e vinculado a representaes

    mticas de obstculos intransponveis como o abismo que engolia os navios, o

    mar habitado por monstros e deuses colricos ou repletos de recifes

    desumanos, sempre associados idia de morte, colonizaes, tempestades,

    naufrgios ou saques de piratas (Dantas, 2002).

    Para Diegues (1998), a aproximao da sociedade com espaos costeirosse deve muito mais a essas tendncias dadas na Europa, que por qualquer

    outra coisa.

    Para Corbin (1989), o empenho da sociedade pelos espaos costeiros, se

    faz durante o sculo XVII e de maneira mais contundente no sculo XVIII,

    quando os banhos teraputicos se fazem eficientes no meio da sociedade mais

    abastada. A Europa predecessor dos primeiros indcios da freqncia no uso

    das praias e suas tendncias para uso teraputico dos banhos espalham-se

    pela Inglaterra, Frana, Holanda, Itlia e Espanha. Dada a tendncia, tal

    interesse toma de conta de outras localidades europias, estendendo-se at

    Amrica.

    No entanto, h a necessidade de transformar essas imagens negativas,

    relacionadas nova ordem comercial vigente, que se fazia no somente como

    busca por riquezas, tambm como uma necessidade dada concorrncia aos

    produtos asiticos no sculo XVI. J no sculo XVII, os conceitos passam por

    modificaes provindas de um novo conhecimento que foi atribudo a Teologia

    do Natural, cuja viso do mundo leva criao de imagens mais aceitveis dos

    espaos litorneos, explicaes atribudas criao por Deus para o bem-estar

    dos homens e para o desenvolvimento da navegao, que conseqentemente

    levaria a aquisio de riquezas, bem como para avanos cientficos. De modo

    que a partir das grandes navegaes, as sociedades geram demandas que

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    findariam em busca de terras e riquezas, o que favorece o crescimento do

    comrcio com a descoberta de novos continentes.

    O conceito de espao,estudado no mbito da subjetividade (Santos, 2000),

    complementado pelo conceito de valorao (Moraes, 2007), est sujeito a

    quem o maneja, ou seja, quem usa e ocupa, sendo que o valor dado e suas

    funes postuladas so diversificados estando amarrado percepo e

    aspiraes do individuo que interage com o meio (espao).

    Nessa viso a atividade e sua lucratividade que definem o

    valor econmico de um bem natural, em outras palavras, a

    utilizao que qualifica o recurso, ao dar-lhe uma destinao

    produtiva num dado empreendimento. (Moraes, 2007, p. 18)

    Com tal idia, pode-se afirmar que a heterogeneizao do pensamento

    acerca dos vrios usos dados a uma determinada rea, praial ou no, nos

    mostra a necessidade de uma intercesso e inteirao na relao cincia (num

    modo geral) e os diversos atores que modificam a paisagem ( no senso comum

    os modeladores da paisagem) buscando educar e conscientizar dos efeitos de

    uma gesto no que diz respeito a conservao do patrimnio natural dascostas, num modo geral.

    Um dos grandes questionamentos da relao sociedade & natureza na

    perspectiva de ocupao da zona costeira, so as conseqncias que as aes

    em um ambiente de fcil impacto no que tange aos processos naturais.

    O valor do litoral se afirma pelo fato de intermediar relaes econmicasque requerem maior relao com o mar. As zonas costeiras correspondem a

    uma rea cujas potencialidades vm convergindo num processo de ocupao,

    em ritmo cada vez mais acelerado, associado ao desenvolvimento dos variados

    setores econmicos.

    Tais processos de ocupao so dados, dentro de municpios costeiros,

    por um acelerado processo de urbanizao a qual o planejamento do municpio

    no faz comunho com os intensificados processos de turistificao que eleva

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    o crescimento da ocupao pelos vrios atrativos econmicos que toda a zona

    de costa propicia o crescimento nos municpios costeiros, o que por sua vez,

    leva gestores a verdadeiros equvocos no que tange as aes nos territrios

    costeiros, implicando assim no impacto de processos naturais.

    O processo urbano visto aqui como a aglomerao de

    adaptaes do espao, ela mesma podendo ser considerada

    uma adaptao ou um instrumento. Essas adaptaes so

    produzidas com o objetivo de atender as necessidades

    humanas pelo trabalho dos homens sobre o espao natural ou

    anteriormente adaptado. (Serra, p.17, 1991).

    As adaptaes, que na realidade brasileira, so formadas de improvisos e

    tambm dadas de forma aleatria sem nenhum ou pouco compromisso com os

    regimentos dados pelo planejamento municipal, conduzidos por instancias

    maiores (Estadual e Federal), que so considerados, dentro dos conceitos,

    verdadeiros equvocos na relao da sociedade com os bens naturais que

    formam a zona costeira.

    A regra geral constitucional tem importncia no s por indicar

    ao administrador pblico, aos particulares e ao juiz que o

    desenvolvimento econmico no deve ser predatrio, como

    torna claro que a gesto do litoral no interessa somente a

    seus ocupantes diretos, mas a todo brasileiro, esteja ele onde

    estiver, pois se trata de um patrimnio nacional (MACHADO,

    2004 p. 568).

    No sentido em que o estudo da formao e das funes na ocupao nos

    municpios est dentro da zona costeira, se mostra de bastante relevncia,

    quando se fala de um ambiente que to peculiar no ponto de vista ambiental.

    Mais propriamente na zona costeira de Paracuru que apresenta feies

    litorneas como planos de fundo, com todas suas unidades ambientais em seu

    entorno.

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    Em vias gerais, o uso inadequado do espao em zona costeira se traduz

    em processos de eroso, assoreamento, transformaes do perfil de praia

    (progradao e recuo da linha de costa), degradao das dunas, entre outros

    (ANDRADE, 1998). Os processos erosivos em costas sedimentares tm

    grande expresso no mundo. Segundo a Unio Geogrfica Internacional (UGI)

    apud Lins-de-Barros (2005), 70% das costas sedimentares do mundo esto em

    processos de eroso.

    A dinmica costeira caracterizada por uma grande variedade de

    processos e pela interdependncia entre eles. A anlise integrada do litoral

    requer um conhecimento apurado de principais aspectos evolutivos e agentes

    modeladores (SOUSA, 2007). A eroso marinha um problema intrnseco

    principalmente ocupao irregular no ambiente de costa; aterros ao longo dos

    mangues; planejamento e controle urbano dbeis, em escala mundial, com as

    mudanas climticas e, conseqentemente, a elevao do nvel do mar e

    intensificao dos ventos. Christofoletti (1980) cita que os fatores ambientais

    so atuantes sobre as formas de relevo das costas. Assim, os agentes naturais

    correlacionados com as intervenes antrpicas podem vir a causar impactos

    macios ou irreversveis no ambiente. Caso de muitas praias do litoral

    cearense, as quais sucumbiram a processos de eroso de origem natural e/ou

    antrpico.

    Em contrapartida, os ambientes costeiros apresentam potencialidades

    naturais referentes ao uso do patrimnio paisagstico e atrativos tursticos,

    atividades ligadas pesca, explorao de recursos minerais e hdricos e

    implantao de rede viria e edificaes (CAVALCANTI, 2003).

    Nesse sentido, a legislao precisa apregoar e levar vigncia em aes

    problemtica ambiental que tem sido vista nos espaos costeiros no Brasil.

    Perceber esta relao que envolve as demandas sociais e os processos

    ambientais j descrita como critica por muitos estudiosos da rea. Antes de

    levantar medidas mitigadoras, a educao ambiental deve estar em pauta para

    viabilizar uma conscientizao em todos os setores da sociedade envolvidos,promovendo um conhecimento que levar uma conservao das unidades

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    ambientais em espaos costeiros, bem como o enfraquecimento de aes que

    levam empecilhos aos processos que so vitais na formao e na hierarquia

    das reas depreservao.

    2.1 - As ocupaes e exploraes da Zona Costeira no Brasil.

    No que tange a ocupao das zonas de costa no Brasil, sabe-se que

    no h homogeneidade nas ocupaes quando se direciona o estudo do ponto

    de vista nacional, ou seja, as interaes entre os atores sociais, que so

    definidos como a prpria sociedade atuante no processo de formao do

    espao, e as especificidades dos processos ambientais deram vises

    divergentes quando se fala de formao de espao costeiro.

    A importncia das zonas costeiras, uma escala nacional, mostra que

    cada estado tem seu prprio processo que repercuti em ndices diferenciados.

    [...] Tome se exemplo do Amap e do Rio Grande do Sul,

    aproximados quando a analise acima efetuada, o primeiro

    apresentando 81% de seus habitantes na zona costeira,

    enquanto no litoral gacho este valor da ordem de 5%. Os

    estado do Rio de Janeiro e Cear reafirmam suas vocaes

    litorneas, ambos com 65%da populao vivendo a beira-mar

    [...] (Moraes, 2007. p.49).

    Dentro desta perspectiva, trata-se de termo em mente que a valorao

    da paisagem costeira sofre mudanas sob o aspecto das demandas sociais.

    Isso em um mbito nacional, as variveis que levam um determinado espao asofrer especulao tem um molde diferente do ponto de vista regional.

    O litoral ou costa (de acordo com a UNESCO so sinnimos) definido

    como uma zona de usos diferenciados, pois em toda sua extenso so

    encontradas diferentes formas de uso e ocupao com as mais diversas

    finalidades.

    Esses ndices mostram que a ocupao da zona costeira no Brasil est

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    atrelada muito mais polticas publicas que fomentam os movimentos

    populacionais do que pensar que so oriundos de um processo dado pelo

    acaso, sem nenhuma motivao, haja vista que as atividades voltadas para o

    turismo influenciam e so influenciadoras da formao dessa cadeia de

    produo que repercuti no s nos servios, mas para com todos os insumos

    voltados ao mesmo.

    Para Moraes (2007), quanto mais setentrional, mais inexpressiva em

    ocupao so as cidades. De uma forma comparativa para deixar evidente a

    constatao, o estado do Cear possui densidade demogrfica de 252 h/km,

    perdendo somente para Pernambuco 913 h/km e Rio de Janeiro com 806

    h/km, sendo (h/km) unidade de relao habitante por quilometro quadrado.

    Diante desses ndices, questionamentos acerca das densidades

    promovidas e suas relaes com seus respectivos ambientes de zona costeira

    um tanto preocupante quando se remete gesto nestas reas quando no

    regimentados e fiscalizadas de forma inapropriada.

    A zona costeira alvo, h muito tempo, de um processo de uso e

    ocupao que pouco leva em conta as variveis ambientais e tem seu

    comprometimento com bases em valores e premissas que envolvem a terra

    como mercadoria, que se agrega valores pelo patrimnio natural, em um

    contexto econmico muito mais amplo que a prpria discusso remete.

    Para Vasconcelos (2005), a prpria ocupao das zonas costeiras, isso

    falando do contexto nacional, est intrinsecamente ligada aquisio de bensimveis, que impulsionado pela demanda de apropriao da terra em que o

    proprietrio se faz parte integrante do territrio influenciando toda uma cadeia

    de setores e atores atuantes no determinado espao o qual est vinculado pela

    aquisio.

    A especulao imobiliria adapta fatores que contribuem veementemente

    para intensificao dos processos de uso e ocupao que implicam emempecilhos para processos que ocorrem e que fazem parte de uma equao

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    dada por variveis que no se isolam e so balanceadas por processos

    naturais na zona costeira.

    Especulao imobiliria, numa forma ampla, a compra ou aquisio de

    bensimveis com a finalidade de vend-los oualug-los posteriormente, na

    expectativa de que seuvalor de mercado aumente durante o lapso de tempo

    decorrido.

    De acordo com a pesquisa do ndice Fipe/Zap (2012),ndice que calcula

    bens imveis, o preo do metro quadrado, em reas costeiras no Cear, subiu

    em torno de 2,6% ao ms. Se esse calculo fatorado ao ano, encontraremos

    uma valorizao de 31,2%.

    A relao econmica que estabelecida extremamente lucrativa e

    interfere diretamente no circuito econmico que influenciado e influenciador

    de movimentos que so formados pela valorao e valorizao dos espaos

    costeiros. Que d fortes indcios, que seus desdobramentos, so contrrios aos

    processos naturais de ambientes que esto em uma escala temporal

    divergente ao tempo que demandado pela produo.

    Podemos exemplificar de forma bem categrica tal relao dada pela

    valorizao de reas quando falamos de territrios costeiros. No caso o

    recurso aqui valorizado, o que est atrelado o da paisagem e todos seus

    atributos que agregam valor.

    O ambiente de praia, uma das unidades formadoras da zona costeira,

    representa um dos ambientes de maior vulnerabilidade entre os ambientes decosteiros de sedimentao (DAVIS, 1978). A procura por casas de segunda

    residncia (vilegiatura e turismo) elevaram os ndices de mobilidade, mesmo

    sendo movimentos sazonais impulsionados por eventos ligados a cultura de

    um determinado lugar, descanso e/ou lazer nos fins da semana.

    Dados do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID) apontam que

    cerca de 60% dos 475 milhes de habitantes da Amrica Latina, vivem emprovncias ou estados costeiros, bem com 60 das 77 maiores cidades so

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Im%C3%B3velhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Aluguelhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Valor_de_mercadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Valor_de_mercadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Aluguelhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Im%C3%B3vel
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    costeiras (LEMAY, 1998). As atividades voltadas para o excursionismo e setor

    de servios, que subsidia as atividades tursticas, a qual pases em

    desenvolvimento e subdesenvolvidos passaram a investir nas ultimas

    dcadas, impulsionam, desta forma, os movimentos migratrios do interior

    para as zonas costeiras.

    Para Frosh (2004), a discusso em torno do desenvolvimento

    sustentvel, ou seja, de uma economia desenvolvida a partir do meio ambiente

    que respeita direitos humanos e a legislao ambiental (desde a Constituio

    Federal de 1988 o meio ambiente direito fundamental) se intensifica quando a

    economia convencionala do lucro em curto prazoinvade espaos onde h

    geraes que persistem nas relaes scio-ambientais de economias de

    subsistncia, junto com a implantao de grandes projetos de turistificao

    que causam grandes impactos como a degradao do meio ambiente, como

    um fator preponderante quando se fala de impacto ambiental, e a

    descaracterizao de atividades nativas em que andavam em consonncia

    com processos naturais, mesmo que para elevao do nvel de qualidade de

    vida, mas mesmo dessa forma, desmonta as imagens das primeiras

    ocupaes.

    Forma-se assim um circuito que envolve ndices populacionais, eventos

    que impulsionam o turismo local e todos os servios que do subsdios a

    alocao de empreendimentos ligados ao turismo em zonas costeiras, como o

    caso do municpio de Paracuru, Cear. Sendo assim, a legislao posta pelas

    bases da GERCO, no inicio da dcada de noventa (no Cear), retoma uma

    discusso, que remete reflexo da eficcia e interveno dos rgoscompetentes e componentes ao MMA, para atender a demanda que cresce de

    maneira desordenada e contrria aos processos naturais desse ambiente

    costeiro e todas as suas relaes estabelecidas.

    A lgica da especulao imobiliria foi formada a partir do surgimento de

    um circuito econmico-social que envolve origem de demandas, que so os

    mesmos que segregam, influenciam a formao e configurao do espaocosteiro. A aproximao do homem com a costa, que propiciou a busca de

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    riquezas pela expanso martima, onde foi possvel e necessria a criao de

    portos que por sua vez, atraiu pessoas levando e elevando as taxas migratrias

    para a costa; e tambm, devido promoo da logstica em meios de

    transporte marinho, atraiu as indstrias a fim de maximizar os lucros

    promovidos por tal logstica; com a concentrao econmica nesses espaos,

    leva a uma eminente captao de pessoas, formando assim vilas que

    posteriormente, somados de um forte investimento em infra-estrutura, pelo

    Estado, inserindo os processos de urbanizao; condiciona toda uma estrutura

    de demanda de servios que formaro, posteriormente, as atividades ligadas

    ao turismo. Sendo assim promover mais migrao pela lgica gerada pelo

    consumismo, originando mais demanda de servios e promovendo mais a

    complexidade dos circuitos econmico-sociais.

    Os mesmos que produzem as necessidades so os que legislam o controle

    delas. O circuito que produz essa demanda por consumo muito mais

    complexo do que possa entendido de forma superficial. O modelo propcio; o

    modelo controla; o modelo forma. autocataltico no que tange em gerar

    necessidades para que dele seja suprida. E depois de suprida, fomenta outras

    atividades que faro parte de sistema econmico-social que gerar uma nova

    demanda e um novo circuito.

    O crescente deslocamento de uma massa populacional das grandes

    cidades para a zona de costa, tendo em vista as caractersticas de zona

    praiana com tabuleiro rico de recursos naturais, principalmente hdricos, tem

    levado a crescente ocupao deste espao, tanto para moradia como,

    segunda residncia, veraneio e uso de fins de semana prolongados,promovendo a instalo de infraestrutura tursticas como restaurantes, bares,

    pousadas e hoteis. Associa-se a essa situao, as condies naturais

    vulneraveis, que agredidas, interferem negativamente nos processos

    morfodinmicos e bioecolgicos da plancie costeira, aumentam assim a

    instabilidade (causada pela presena de fixos na rea de costa) em ambiente

    extremamente susceptvel ao manejo mal elaborado. Portanto, o uso e

    ocupao da zona costeira precisam ser pesquisados e avaliados, tendo emvisto as mudanas decorrentes das atividades econmicas nesse espao em

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    detrimentos dos usos tradicionais postos pelo mercado prodominantemente

    voltado para o turismo, remetendo para o aprofundamento terico de gesto

    de zona costeira.

    2.2- Primeiras Ocupaes: Costa do Paracuru.

    Em estgios embrionrios da ocupao do litoral cearense mostrou-se

    divergente na perspectiva da instalao, mas na pauta do uso e ocupao suas

    evidentes particularidades promoveram certas diferenciaes no que tem haver

    com adensamentos e migraes mais incisivas e influenciadoras. Iniciaram-se

    no perodo das grandes navegaes, apos a chegada de portugus-espanhis

    na costa brasileira.

    Paracuru tem origem em uma vila de pescadores beira mar. Existem

    as seguintes definies, segundo informaes do IBGE para o topnimo

    Paracuru. Uma originria da lngua Tupi: Paracuru significa Lagarto do Mar.

    Outra verso: Mar de Cascalho. Par (Mar) + Curu (Cascalho) ou aindaPar (Rio) + Curu (Cascalho), Rio de Cascalho.

    De acordo com o historiadorRodolfo Spnola (2001) em29 de janeiro de

    1500, o navegador espanhol Vicente YezPinzn protagonizou a primeira

    batalha em terras brasileiras, entre europeus e indgenas paracuruenses

    (Tremembs), s margens da foz do rio Curu. Como saldo do combate,

    pereceram vinte indgenas e oito espanhis. Numa antiga e pequena

    povoao a beira mar, habitado quase que exclusivamente por pescadores,

    mas que um dia foi tragado pelas areias amareladas das dunas de Paracuru,

    obrigando os moradores a construir nova vila em um local mais alto e seguro. E

    foi assim que o Padre Joo Francisco Necupoceno da Rocha, nascido em

    Parazinho, deu incio a construo da igreja, edificando ao seu redor as

    primeiras casas, sendo por esse motivo considerado o Fundador de Paracuru.

    Logo em seguida, no ano de 1862, o referido padre doou todas as terras de

    http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rodolfo_Sp%C3%ADnola&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/29_de_janeirohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1500http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Y%C3%A1%C3%B1ez_Pinz%C3%B3nhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Trememb%C3%A9shttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Curuhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Curuhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Trememb%C3%A9shttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Y%C3%A1%C3%B1ez_Pinz%C3%B3nhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1500http://pt.wikipedia.org/wiki/29_de_janeirohttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rodolfo_Sp%C3%ADnola&action=edit&redlink=1
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    sua famlia para a igreja catlica para conseguir a elevao da capela de

    Nossa Senhora dos Remdios categoria de Parquia

    Em 27 de novembro de 1868, a Lei de n. 1.235, elevou a categoria devila povoao do Parazinho com a denominao de Vila do Paracuru, e

    territrio desmembrado de Trairi. Aps a instalao do municpio j com a

    denominao de Parazinho, a histria passou a ser marcada por muitas idas e

    vindas da sede municipal, travando brigas polticas ferrenhas com Trairi e

    posteriormente com So Gonalo do Amarante (ex-So Gonalo e Anacetaba),

    de acordo com o poder poltico dos coronis, que mandavam e desmandavam

    nos redutos.Em 14 de agosto de 1874, de conformidade com a Lei 1.604, o

    municpio de Paracuru foi suprimido, transferindo-se a parquia e a sede

    municipal para Trairi que doravante recebeu a denominao de Nossa Senhora

    do Livramento.

    O municpio volta a ser restaurado, de acordo com o Decreto n. 73, de

    1 de outubro de 1890, tendo a sede instalada dia 25 de outubro daquele ano.

    Em 1921 perde sua autonomia sendo sua sede transferida para So Gonalo.J em 30 de julho de 1926, a sede do municpio volta a Paracuru, sendo So

    Gonalo rebaixado condio de povoado com a denominao de Anacebata.

    Em setembro de 1828, a Lei n. 2.589 leva a sede novamente para So

    Gonalo, mas em 20 de maio de 1931, Paracuru passou novamente a sede,

    perdendo mais uma vez essa condio para So Gonalo em 7 de agosto de

    1935.

    Finalmente a Lei de n. 1.153, de 22 de novembro de 1951, deu a

    Paracuru a emancipao poltica definitiva elevando o distrito categoria de

    municpio, e territrio desmembrado de So Gonalo do Amarante, para no

    mais perder esta condio. Mesmo assim Paracuru permaneceu ainda, sob o

    domnio poltico de So Gonalo do Amarante at a realizao das eleies de

    3 de outubro de 1954, sendo a sede municipal instalada a 25 de maro de

    1955, com a posse dos novos eleitos para gerir os destinos do municpio recm

    criado.

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    2.2.1 - Localizao.

    A costa de Paracuru est localizada na Regio Nordeste do Brasil, no

    Estado do Cear, a 87 km de Fortaleza (capital do Estado). Coordenadas:

    325'18"S/391'52"W. Imagem da localizao do municpio de Paracuru CE

    (Anexo 1).O territrio tem limite ao norte com o oceano atlntico e Paraipaba,

    ao Sul com So Gonalo do Amarante, ao Leste com So Gonalo do

    Amarante e Oceano Atlntico e a Oeste com Paraipaba e Oceano Atlntico,

    estando na rea de analise da GERCO, Setor III (Bases da GERCO PNGC-

    MMA)

    Figura 02: Setores de trabalho do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGCGERCO). Fonte: SEMACE, 1990

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    O acesso ao municpio feito pela BR-222/CE-341-CE-085/CE-135(Figura 3).

    Figura 03: Acesso ao municpio de Paracaru-Ce.Fonte: Google Maps, 2011.

    2.3O PRODETUR e o redirecionamento da costa cearense.

    A atividade turstica um fenmeno moderno que surgiu na Inglaterra no

    sculo XIX, tendo como principal incentivo, o preenchimento do tempo ocioso

    das classes com maior poder aquisitivo.

    No sculo XX, o turismo de origem local e nacional expandiu para um

    turismo de massa, articulado a vrios outros setores econmicos. A atividade

    ganha visibilidade internacional, tornando-se fundamental para o

    desenvolvimento econmico dos pases emergentes e pobres que desfrutam

    de potencialidades paisagsticas para o incremento da atividade. Desta forma,

    o turismo foi includo na poltica estatal de desenvolvimento e planejamento

    (Arajo e Pereira, 2011).

    O turismo , atualmente, uma das formas de lazer mais realizadas nomundo. Dentro desse cenrio de demandas sociais atividades voltadas para

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    dar fomento ao turismo que teve grande repercusso no somente no Cear,

    mas tambm em muitos pases que se apropriariam desta modalidade

    econmica. As divisas e setores da sociedade envolvidas neste circuito

    crescem nos ltimos anos. De acordo com a Organizao Mundial do Turismo

    (OMT) no ano de 2009, cerca de 880 milhes de turistas movimentaram, numa

    escala global da atividade, um valor na razo de um trilho de dlares.

    Com finalidade de se apropriar da tendncia das atividades voltadas

    para o turismo, no final da dcada de 80, com intuito de desenvolver e dar

    subsdio as atividades tursticas no estado, que, diga-se de passagem, foi um

    dos grandes investimentos feitos no Estado, atravs do PRODETUR, levaram

    uma intensificao dos processos que findaram novamente os movimentos

    para ndices inflacionrios no que diz respeito a movimentos populacionais no

    que tange ao turismo, e conseqentemente ocupao e especulao de

    zonas de costa. J que os modelos paisagsticos com maiores potencialidades

    (no momento de implantao) tursticas, no Cear, se encontram na zona

    costeira cearense.

    Os programas governamentais do Estado e da Unio foram direcionados

    para a valorizao de investimentos voltados para o planejamento turstico.

    So eles: Programa de Desenvolvimento Prioritrio do Litoral do Cear

    (PRODETURIS) iniciado no ano de 1989, PRODETUR-NE em 1993

    (homologado pelo Congresso Nacional) e obras a partir de 1997 na fase I

    (chamado de PRODETUR I); em 2003, temos a fase II (chamado de

    PRODETUR II) e atualmente, o PRODETUR NACIONAL, que deveria ter sido

    iniciado em 2006, porm, seus recursos ainda esto em anlise.

    O PRODETUR/NE, tanto na fase I como na fase II, configuram-se como

    um dos principais programas de planejamento territorial estatal com maior

    influencia do espaoscosteiros no estado do Cear. Os investimentos de 440

    milhes de reais so direcionados a 18 municpios litorneos: Acara,

    Amontada, Aquiraz, Barroquinha, Camocim, Caucaia, Chaval, Cruz, Fortaleza,

    Granja, Itapipoca, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, Paracuru, Paraipaba, SoGonalo do Amarante, Trairi e Viosa do Cear.

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    2.3.1 - PRODETUR I

    O PRODETUR I baseia-se nas diretrizes e no planejamento realizado

    pelo Programa de Desenvolvimento Prioritrio do Litoral do Cear

    (PRODETURIS) realizado em 1989, que visava o desenvolvimento econmico

    cearense. Com recursos escassos no estado, o programa limitou-se a ser o

    plano turstico cearense, porm, com a assinatura do PRODETUR/NE em

    1992, as aes e diretrizes foram finalmente concretizadas.

    A valorao de espaos litorneos no estado do Cear se mostrou mais

    intensa incialmente na capital, Fortaleza. Com os investimentos, inicialmente

    sendo feitos nas respectivas capitais, se possibilitou o escoamento desses

    investimentos para as cidades que faziam parte da costa oeste do estado.

    O programa teve como maior intento garantir investimentos na

    infraestrutura, das cidades pertencentes ao plano.A regio que

    economicamente desvalida tem todas as condies necessrias para a

    atividade: mo-de-obra abundante, localidades sem grandes densidades e

    centros tursticos, j que na percepo do plano, a costa leste j havia certa

    visibilidade no contexto turstico numa escala maior.

    De acordo com a SETUR, 2009, oestado recebeu cerca de 150 milhes

    de dlares (cerca de 360 milhes de reais pelo cambio da poca) para

    investimentos em vrios setores: transporte (construo, ampliao, duplicao

    de estradas), saneamento bsico (rede de gua e esgoto), expanso do

    Aeroporto e proteo/recuperao do patrimnio natural. No mapa a seguir,temos a distribuio destes investimentos.

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    Figura 04: Investimentos PRODETUR I, Arajo, E.F. 2010.

    Arajo (2011) faz meno dos dados que promoveram o plano de

    incentivo ao turismo e destaca que os investimentos prioritrios do PRODETURI eram: saneamento bsico, transportes e a ampliao do Aeroporto Pinto

    Martins, totalizando R$ 300 milhes de reais (84% do total do Cear). Fortaleza

    recebeu R$ 183 milhes (53%), seguidos de Caucaia e Itapipoca (R$ 39,4 e

    43,8), S. Gonalo do Amarante (R$ 25,4 milhes). Trairi, Paracuru e Paraipaba

    que receberam quantias abaixo de R$ 16,6 milhes de reais. Com os recursos

    do PRODETUR I, foi feitas vrias obras de construo e expanso de rodovias

    que possibilitaram um melhor acesso a municpios amparados pelo programa.A prpria CE 085 (Estruturante) foi concebida pelos investimentos do

    PRODETUR I que foram calculados num razo de 60 milhes de reais.

    Numa viso maior, o PRODETUR I foi o ponto de partida que promoveu

    a visibilidade do nordeste nacional, inserindo tambm, a regio no circuito

    produtivo do turismo de massa, que consequentemente mudar as

    configuraes de territrios costeiros, impulsionando a ocupao e a dinmica

    tradicional nas sociedades a qual os municpios tm interao.

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    2.3.2PRODETUR II e suas implicaes.

    O PRODETUR II e o PRODETUR NACIONAL so levados a vigncia

    nos anos 2000 para a continuao de investimentos da costa nordestina;

    promovendo fluxos tursticos e mais divisas para a receita. O PRODETUR II

    ampliaria seus investimentos e seus componentes, aumentando de sete (7)

    para dezoito (18) os municpios contemplados, todos pertencentes costa

    oeste.

    O PRODETUR II inicia-se, em 2000, porm, algumas de suas obras

    ainda esto em andamento. Foram contemplados os municpios: Caucaia,

    Fortaleza, Itapipoca, Paracuru, Paraipaba, S. Gonalo do Amarante, Trairi,

    Acara, Amontada, Barroquinha, Camocim, Chaval, Cruz, Granja, Itarema,

    Jijoca de Jericoacora, Viosa do Cear e Aquiraz (costa leste).

    Os investimentos foram de, aproximadamente, 152 milhes de reais

    vindos da parceria entre Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e

    governo federal.

    Com a insero de mais municpios, na fase dois (2) do programa, no

    houve grandes mudanas no que tange a direcionamento de investimentos,

    pois os demais municpios inseridos deveriam passar pelas mesmas melhorias

    que os municpios participantes da fase um (1) tiveram, como: Na infra-

    estrutura, a fim de melhorar a capacidade e qualidade no turismo local; e

    possibilitar o acesso pela construo e expanso de vias.

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    Figura 05: Investimentos PRODETUR II, Arajo, E.F. 2010.

    Na figura acima percebemos uma intensificao dos investimentos nosmunicpios inseridos na 2 fase do programa e uma continuao desses

    investimentos na cidade de Fortaleza, que ser o grande captador e escoador

    da demanda turstica no estado do Cear.

    Grande parte desses incentivos na capital est justificada pela

    ampliao do aeroporto Pinto Martins que passa a ter uma ampliao

    considerada, indo de 800.000 passageiros/ano para 2.200.000passageiros/ano.

    Os demais municpios que receberam grande parte da parcela dos

    investimentos resultam nos mesmos investimentos feitos na 1 fase do

    programa de incentivo ao turismo.

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    Tabela 01: Diferenciao e Intercesso das duas fases do PRODETUR.

    Fonte: BNB, 2007 apudArajo, E.F, 2010.

    Vemos no quadro acima, que houve uma mera continuao nos

    investimentos em infraestrutura dos municpios com mudanas em conceitos

    que no mudariam os objetivos que eram de expandir e aperfeioar reas para

    o recebimento das atividades tursticas na costa cearense.

    Nas linhas quatro, que se deve fazer perceber que a aes de

    problemas ambientais so mudadas para promover o aumento das receitas

    tursticas. Vemos que na justificativa de aumentar o poder aquisitivo da

    populao, em tese, se divorcia da relao com processos naturais que

    consequentemente redundaram em impactos ambientais.

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    2.4Paracuru e sua relao com o Turismo.

    De acordo com Arajo (2010), alguns municpios que participaram das

    duas fases do programa de incentivo ao turismo, como Paracuru, no tiveramseus objetivos alcanados de forma mais plena. Pode se constatar pelos

    prprios nmeros que encontramos quando vemos Paracuru. Esto tal quais

    municpios mais centrais (serranos e sertanejos), que no receberam

    incentivos de investimentos do PRODETUR.

    Figura 06: Turistas por municpio no estado do Cear, Arajo, E.F, 2010.

    Esses ndices igualados se devem pela importncia que a atividade

    turstica tem em conceito local, no somente pela aproximao do municpio

    em questo com capital, ou pela falta de investimentos nas gestes da mais

    diferenciadas esferas, contudo pelo cenrio de demanda que o prprio turista

    gera a moda em um determinado momento, tendo em vista que a indicao

    fator no-mensurvel extremamente importante no estudo de municpios

    procurados.

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    Tabela 02: Municpios mais procurados no estado do Cear. * = Inseridos no

    PRODETUR. Fonte: SETUR, 2009.

    Tabela 03: Populao residente no municpio de Paracuru entre anos de 1970 e 2000.

    Fonte: IBGE

    Entre 1991 e 2000, numero de habitantes em Paracuru cresceu perto de

    24%, estabilizando a deflao populacional da dcada anterior. Isso dado pela

    melhor qualidade de vida nas grandes e influentes cidades tursticas da zona

    costeira cearense que findou em elevadas taxas populacionais de maneira

    mais rpida, observando que os planos de crescimento e gesto urbana no

    deram conta da volubilidade dos ndices apresentados.

    Populao Residente no municpio de Paracuru1970 1980 1991 1996 2000

    Total 24.522 28.610 20.942 23.018 27.541

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    3.METODOS E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS.

    Dentro da perspectiva de metodologia foi feito, a priori, um apanhado

    documental para dar subsdios iniciais ao planejar e executar o arcabouo dotexto. Para Vergara (2004) a pesquisa documental aquela que busca

    informaes em documentos conservados no interior de rgos pblicos

    (VERGARA, 2004, p. 49). Para este estudo, foi levando em conta dados na

    leitura de documentos normativos e tcnicos relativos aos instrumentos de

    Gerenciamento Costeiro e gesto ambiental e urbana.

    Alm da realizao de uma pesquisa documental, foi de suma importnciafazer uso, tambm, de fundamentao terica em livros e publicaes j

    existentes na rea por meio de uma pesquisa bibliogrfica, o que deu subsidio

    para a discusso da temtica tratada neste trabalho. Um conhecimento de

    gesto e legislao, do ponto de vista de constituio (numa estncia de poder

    mais elevada), bem como da legislao do ponto de vista municipal (leitura e

    analise dos PDDUs de vrios municpios-casos), possibilitou uma

    compreenso da conjuntura que balizam os processos e atores sociais que

    elencam as zonas costeiras.

    Assim, na pesquisa foi utilizado no s o conhecimento estruturado em

    estudos j feitos pela academia, um conhecimento lgico e formal dos

    processos, mas tambm se levou em conta, a percepo, um conhecimento

    experiencial. Para Ldke e Andr (1986), este carter subjetivo importante

    no processo de anlise dos dados, porque enriquece a pesquisa qualitativa,

    visto que, na observao participante, o principal instrumento de pesquisa, o

    investigador, num contacto direto, freqente e prolongado com os atores

    sociais e os seus contextos.

    Para analisar as taxas de ocupao, bem como chegar tipificao e

    classificao das reas costeiras no municpio de Paracuru, foi utilizado o SIG

    (Sistemas de Informao Geogrfica). Para Camara e Casanova (1996):

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    Sistemas de Informao Geogrfica so sistemas

    automatizados usados para armazenar, analisar e manipular

    dados geogrficos, ou seja, dados que representam objetos e

    fenmenos em que a localizao geogrca uma

    caracterstica inerente informao e indispensvel para

    analis-la.(Camara e Casanova, p.21, 1996)

    Para fins de banco de dados das imagens, foi usado o software: Google Earth,

    que um programa livre que dispunha de imagens que foram utilizadas na

    identificao e mensurao das reas ocupadas. Para medir as taxas de

    ocupao nas imagens, foi feito o uso do AutoCad, que possibilitou minimizaras margens de erro dadas pela escala das imagens, bem como se utilizar no

    calculo das reas j ocupadas. A estimativa da taxa de ocupao da Orla

    Martima de Paracuru foi baseada no clculo do percentual da rea ocupada

    nas proximidades de cada ponto.Onde se delimitou uma rea de 200 m da

    praia em direo ao continente para calcular o percentual de ocupao em

    cada ponto.

    Os produtos cartogrficos, que espacializam as unidades

    de paisagem, podem servir de respaldo documental para os

    instrumentos jurdicos de interveno poltica no territrio de

    um municpio, como os Planos Diretores, a fim estabelecer o

    Zoneamento do uso do solo, das atividades industriais, das

    atividades agrcolas, entre outras.(Francisco, p. 39-62, 2011)

    No que tange a analise das imagens, o mtodo utilizado, partiu do raciocnio

    comparativo temporal, que se define como pela comparao dos dados obtidos

    em anos (perodos) diferentes, a fim de constatar ou refutar questes sobre a

    problemtica levantada, que por fim, possibilitou o estudo e na aquisio de

    dados que foram pertinentes na obteno dos resultados.

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    Posteriormente foram realizadas visitas a campo, onde foram

    identificadas e executadas trilhas para o reconhecimento da rea e

    diagnsticos da atual situao de uso e ocupao da zona costeira. Nesta

    etapa do in lcus, utilizamos a tcnica da observao direta, que consiste na

    observao, descrio, anlise e interpretao de imagens, anlise emprica,

    alm de entrevistas informais com moradores locais.

    Os dados coletados sero tratados e analisados utilizando-se das

    tcnicas de anlise ambiental integrada, conforme metodologia sugerida pela

    UNESCO (1997) e por Vasconcelos (2005).

    Para o Metological Guide to Integrated Coastal Zone Management,

    publicado pela UNESCO (1997) vivel e recomenda que seus procedimentos

    sejam concretizados a fim de levar a um ordenamento de territrios que tem

    zona de costa como unidades exemplares, no obstante em municpios que

    levam um considerado adensamento populacional. So seis os

    encaminhamentos adotados dentro de uma analise integrada (UNESCO), que

    nosso proposio mediante o olhar cientifico aqui estabelecido.

    As unidades geoambientais identificadas constituem os elementos

    fundamentais do parcelamento espacial. Elas so estabelecidas de acordo com

    um sistema integrado pelo conjunto de elementos mutuamente relacionados,

    onde so contemplados os componentes fsicos e biolgicos, alm das

    condies de uso e ocupao.

    Os trabalhos iniciais, na perspectiva metodolgica identificar aproblemtica na rea estudada. Tendo em vista que o litoral um ecossistema

    composto e complexo por envolver elementos fsicos, biolgicos e antrpicos.

    Deve se assim delimitar a rea de estudo, que no caso o municpio de

    Paracuru (rea sede do municpio).

    Logo aps ter identificado o problemas recorrentes na rea delimitada,

    elencar as unidades geogrficas. Para Vasconcelos (2005) cita que asdefinies das unidades coerentes de gesto e da escala de atuao devem

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    ser pertinentes com a problemtica, principalmente em termos de inserir os

    grupos de atores interessados na formulao de solues viveis aos

    problemas existentes.

    Seguindo, de extrema importncia que a comunidade local esteja

    envolvida, parcialmente, na qualificao da hierarquizao em detrimento de

    uma classificao tipolgica a fim de definir critrios e parmetros de manejo

    no espao costeiro que so bem particulares dependendo do critrio adotado.

    Uma vez sendo caracterizada a qualificao, os dados levam a formao

    de indicadores de presso sobre as unidades geoambientais.

    Vasconcelos (2005) complementa que esta fase concretizada atravs

    da transformao dos critrios e parmetros em indicadores da avaliao do

    estado do lugar.

    Posteriormente formada uma base de dados atravs do sistema de

    informaes (SI) que podero fomentar o gestor ou trabalhos futuros de

    responsabilidade acadmica. Por fim, os encaminhamentos so dados que

    daro subsidio planos de gesto (PDDU).

    O uso de produtos de sensoriamento remoto ajuda na

    caracterizao dos sistemas deposicionais, possibilitando no

    a distino entre eles, mas tambm o reconhecimento de

    variaes dentro de um mesmo sistema, como resposta da suadinmica de sedimentao e eroso.( Florenzano ,2008,p.280)

    Para Vasconcelos (2005), a zona costeira deve ser gerida a partir de

    objetivos e de prioridades definidas num quadro territorial apropriado, ou seja,

    gerenciando por unidade coerente de gesto. As peculiaridades dos municpios

    costeiros devem ser identificadas para que haja eficcia nos estudos,

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    promovendo a gesto do territrio concomitantemente os vrios critrios que

    devem ser obedecidos na gesto que devem tambm ser amparados pela lei.

    3.1 - Procedimentos Cartogrficos e SIGs.

    Partindo do vis da gesto, os artifcios de estudo propostos se

    enquadram com eficincia, quando se trata da analise do uso e ocupao do

    solo em reas costeiras por se tratar do intento geral do trabalho que levantar

    a discusso, isso no campo jurdico como administrativo do uso do solo no que

    tem a ver com o tnus das questes envolvendo problemticas ambientais em

    zonas costeiras no estado do Cear, como no Brasil em geral.

    [...] Segundo os mesmos parmetros gerais do

    mesozoneamento, os estados, de preferncia em parceria com

    municpios litorneos, desenvolveriam planos de

    microzoneamento ambiental, com vistas a subsidiar os Planos

    Diretores Municipais. O uso das escalas de detalhe nesse caso

    imperativo (1:10.000 e outras), bem como uma metodologiaespecifica quando tratar-se de reas de intensa urbanizao ou

    rpido processo de urbanizao[...] (Moraes, p. 194, 2007).

    Para dar fundamentos e seguimentos aos procedimentos aqui adotados

    para anlise da ocupao da orla do municpio de Paracuru, iremos fazer uso

    da tipologia das praias remetida por Moraes (2007), bem como se utilizar da

    proposta de ordem institucional, abordada por Moraes (2007), que faz meno

    dos parmetros gerais de microzoneamento, que faz uso da escala de 1:10.000

    por se tratar de um municpio litorneo com 17km (quilmetros) de extenso do

    que tange orla. O uso do tamanho da escala proposta, possibilita a

    percepo de detalhes pertinentes para obter o zoneamento e dar

    contribuies futuras s gestes no que se relaciona s impresses de uso e

    ocupao do solo no municpio de Paracuru, bem como para municpios que

    tem caractersticas similares.

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    Tipologia Classificao Definio

    Tipo 1 Praia urbana deteriorada

    Terrenos da beiramar ocupados,

    alto adensamento e construes e /oupopulao, paisagemtotalmente

    antropizada, altos nveis de

    contaminao.

    Tipo 2 Praia urbana turstica adensada

    Terrenos da beira-mar ocupados por

    construes verticalizadas, alto

    adensamento de construes e

    populao, paisagem totalmente

    antropizada; altos nveis de

    contaminao.

    Tipo 3 Praia urbana turstica

    Terrenos da beira mar ocupados,

    mdio adensamento de populao,

    paisagem totalmente antropizada,

    possvel contaminao.

    Tipo 4 Praia suburbana consolidada

    Terrenos da beira mar ocupados,

    mdio adensamento de populao,

    antigas reas de segunda residncia

    tornadas residenciais, possvel

    contaminao.

    Tipo 5Praia suburbana em processo de

    ocupao

    Terrenos da beira mar ocupados,

    mdio adensamento de populao,

    antigas reas de segunda residncia

    tornadas residenciais, possvel

    contaminao..

    Tipo 6Praia suburbana com processo de

    ocupao pouco adensado

    Terrenos da beira mar pouco

    ocupados, baixo adensamento de

    populao e edificaes, presenasignificativa de vegetao, baixa

    contaminao.

    Tipo 7 Praia de Balnerio consolidada

    Terrenos da beira mar totalmente

    ocupados, populao flutuante alta,

    predominncia de hotis e segundas

    residncias, paisagemantropizada,

    possvel contaminao.

    Tipo 8

    Praia de Balnerio em

    consolidao

    Terrenos da beira mar no totalmente

    ocupados, populao fixa pequena esazonalidade na ocupao, predominncia

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    Tabela 04: Tipologia das praias na perspectiva da gesto. (Moraes, 2007, p.215)

    de segundas residncias,presena de

    poucos equipamentos tursticos,

    paisagem ainda no totalmente

    antropizada, contaminao baixa, com

    presena de vegetao.

    Tipo 9 Praia Rural

    Terrenos da beira mar ainda no

    ocupados, populao pequena ou semi

    isolada , presena de atividade agrcola ,

    presena de poucos equipamentos

    tursticos, paisagem pouco antropizada,

    contaminao baixa com presena de

    vegetao.

    Tipo 10

    Praia ocupada por populao

    tradicional

    Terrenos da beira mar pouco ocupados,

    com habitaes rsticas populao

    pequena ou isolada,presena de atividadede subsistncia, paisagem pouco

    antropizada, contaminao baixa.

    Tipo 11 Praia isolada ou semi-isolada

    Terrenos da beira mar no ocupados,

    populao residente inexistente,

    paisagem com alto grau de originalidade ,

    contaminao inexistente .

    Tipo 12 Praia de unidade de conservao

    Terrenos da beira mar no ocupados e

    de ocupao seletiva e regulamentada ,

    populao fixa muito pequena ou

    inexistente, paisagem com alto grau de

    originalidade , contaminao inexistente .

    Tipo 13 Praia em rea de projeto especial.

    Classe virtual enquadrvel em todas as

    outras, podendo se manifestar em

    qualquer situao, existncia do plano vai

    qualific-la, rea de objeto de

    licenciamento.

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    Figura 07: Imagem do grupo 01 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 08: Imagem do grupo 01 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

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    No primeiro grupo de imagens, nos primeiros seiscentos (600) metros do

    conjunto de imagens analisadas, localizadas no extremo oeste da costa do

    municpio de Paracuru, se mostra um decrscimo na razo de 2,3% ao ano que

    se inicia o levantamento comparativo, no que tange a ao uso do solo, nos oito

    anos comparados. Esse decrscimo se mostra evidente, nas imagens, pela

    remoo de uma residncia na margem do rio Curu. Dentro do critrio de

    classificao de uso e ocupao de zonas costeiras, dada por Moraes (2007),

    temos, no primeiro grupo, praia do tipo (12), praia de unidade de conservao.

    Figura 09: Imagem do grupo 02 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

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    Figura 10: Imagem grupo 02 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    No segundo grupo de imagens, temos um decrscimo na taxa de

    ocupao, comparando os dois(2) anos bases de estudo, de 28,7%. Dentro datipologia adotada, temos praia do tipo 6, praia suburbana com processo de

    ocupao pouco adensado.

    Nos dois primeiros grupos estudados, se percebe que o adensamento

    urbano tem suas taxas diminutas, pois o que se percebe na conjuntura dos

    planos expanso urbana, que boa parte do crescimento do municpio se d no

    setor central, caracterizando os 2 grupos , a priori, como de baixa ocupao,

    sem maiores danos a conservao original da unidade ambiental.

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    Figura 11: Imagem do grupo 03 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 12: Imagem do grupo 03 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Na comparao deste grupo, a orla do municpio, j apresenta um

    adensamento maior. At pelo fato de se aproximar do centro do municpio e as

    feio da orla estar com aspectos mais urbanizados. Se falarmos de taxa de

    ocupao, diferentemente dos outros 2 grupos, h um acrscimo, comparando

    os 2 anos base, na razo de 5,5% em relao ao ano de 2004.

    Dentro da tipologia de caracterizao das praias, temos neste grupo: (5),

    praia suburbana em processo de ocupao. Nesta situao, podemos notar, no

    canto esquerdo superior da imagem de 2011, um muro de conteno com a

    finalidade de impedir a abraso marinha. Isto evidencia eroso, se temos a

    zona de estirancio invadindo o berma praial. Do ponto de vista de legislao,

    alguns fixos no esto em conformidade com os 33 metros do terreno de

    marinha. Com base na mdia de mars altas e baixas foi traada uma linha

    imaginria que corta a costa brasileira. A partir dessa linha, no sentido do litoral

    brasileiro, todo terreno que estiver a 33 metros da preamar mdia ser

    considerado da Unio.

    Figura 13: Imagem do grupo 04referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 14: Imagem do grupo 04 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    No grupo 4, o adensamento no que tem relao ocupao, ainda

    segue a tendncia de ocupao visto no grupo anterior. Nesta situao, se ver,

    ao comparar as imagens base, um ajuste s bases de ocupao dadas pela

    legislao dos terrenos de marinha. Isso se percebe ao ver a aproximao dos

    fixos no ano de 2004 e um retrocesso dessas medidas no ano de 2011.

    Mais uma vez vemos um decrscimo nas taxas de ocupao. Calculado

    na razo de 1,9% em relao ao ano de 2004.

    Na imagem, percebemos que a urbanizao j se estabelece de uma

    maneira mais contundente, contudo ainda se preserva uma vegetao ps-

    litornea. Com as caractersticas, temos a praia do tipo (8)praia de Balnerioem consolidao.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 15: Imagem do grupo 05referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 16: Imagem do grupo 05 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Com mudanas um pouco mais expressivas na ocupao, com um

    acrscimo na taxa de ocupao da rea de 16.1%. Pela comparao das

    imagens, ainda persiste as ocupaes em terrenos de marinha. A rea praia

    est caracterizada pelo tipo (3) praia urbana turstica. vlido ressaltar, na

    imagem, o avano da linha de costa, no canto superior direito. Isso dado pela

    linha de preamar, que se compararmos as imagens notria a diferenciao.

    Figura 17: Imagem do grupo 06 referente a 2004.Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 18: Imagem do grupo 06 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    No grupo 6 o acrscimo na ocupao j passa a ser de 4,6%. Com

    caractersticas j de urbanizao consolidada, a rea, prxima ao centro

    comercial do municpio, passa por alteraes a fim de remeter ao turista, um

    grau de desenvolvimento por apresentar equipamentos tursticos que

    fomentam o turismo propriamente dito. Pelas caractersticas, a tipologia da

    rea denominada pelo tipo (1) praia urbana deteriorada. Nesse grupo, se

    percebe com muito mais veemncia o alto grau de eroso em que a orla do

    municpio vem sido acometida. Por mais que os processos erosivos sejam de

    ordem natural, as ocupaes irregulares, historia de formao e configurao

    do municpio, contribui certamente para a falta de manuteno da praia, como

    visto in lcus e pelo estudo das imagens. Pela comparao, na rea de praia,

    o berma j praticamente j no mais visvel, evidenciando a progradao

    marinha para reas ocupadas, quer seja pelo turismo ou pelos equipamentos

    que subsidiam o mesmo.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 19: Imagem do grupo 07 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 20: Imagem do grupo 07 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Ainda na rea do centro do municpio, o grupo 7 ainda evidencia um

    crescimento nas taxa de ocupao da zona costeira, em torno de 3% na

    comparao com 2004. Na imagem de 2004, deste grupo, a zona de estirancio

    ainda era ponto de locao de barracas de praia, contudo j vulnerveis a

    abraso marinha. Sendo, a rea, menos adensada que o a rea estudada

    anteriormente, a tipificao, aqui adotada para esse grupo do tipo (3) praia

    urbana turstica.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 21: Imagem do grupo 08 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 22: Imagem do grupo 08 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    J neste grupo, ainda se d o aumento de 3% na taxa de ocupao, com

    a o adensamento j mais modesto do ponto de vista que as reas mensuradas

    esto em menores valores. Percebe-se nestas imagens que h uma

    conservao da praia. No dizendo que ainda no passe pelos processos de

    eroso, entretanto parece que os balanos sedimetolgicos ainda esto

    estveis ou em processo de desestabilizao. Por se tratar da rea leste do

    municpio, onde vamos encontrar a APA das dunas do Paracuru, o que foi visto

    in lcus que a praia mais conservada, as dunas so, tambm, unidades

    controladoras de deriva litornea, ou seja, ajudam na manuteno e equilbrio

    dos processos erosivos. No que tange a tipologia, ainda do tipo (3), praia

    urbana turstica.

    Figura 23: Imagem do grupo 09 referente a 2004.Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 24: Imagem do grupo 09 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Com adensamento ainda menor, comparando outros grupos, temos no

    grupo 9, o inicio da APA da dunas do Paracuru. No contra-fluxo da parte central

    da sede do municpio, com decrscimo de 22,3% na taxa de ocupao. Este

    decrscimo incentivado pelo movimento natural (elico) das dunas, que pelas

    imagens, tem o sentido latitudinal balizado na direo ESE.

    Sendo assim, os fixos alocados devem ser abandonados ou retirados

    para que no haja incidentes ou prejuzos maiores. A rea classificada do tipo

    (12) praia de unidade de conservao.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 25: Imagem do grupo 10 referentea2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 26: Imagem do grupo 10 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Ao descrever o grupo 10 de imagens, entre os anos de 2004 e 2011, no

    deparamos a reduo zero das taxas de ocupao. Ainda estamos na rea

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    do sentido do cordo de dunas (APA das Dunas do Parcuru), que com o passar

    do tempo invadiu a construo, em pequeno numero, que estavam alocadas

    nos anos de 2004.

    Dentro da classificao tipolgica podemos, e houver semelhante a esse

    processo, podemos list-la como tipo (11) praia isolada ou semi-isolada.

    Figura 27: Imagem do grupo 11 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 28: Imagem do grupo 11 referente a 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Nestas imagens, quase a extremo leste da costa do municpio de

    Paracuru, vemos as instalaes da Petrobrs, que grosso modo, vemos um

    acrscimo na ocupao da zona costeira, parecendo devidamente legislado e

    em conformidade com os processos naturais. Com um acrscimo,

    comparando os dois anos bases de analise, de 19,4%. Na segunda seo de

    imagens, de instalaes da Petrobrs, no vemos tantas alteraes

    significativas no que tange a ocupao. O que se percebe so vias, que do

    acesso ao empreendimento, que esto fixando as dunas e promovendo a

    especulao das mesmas. At por se tratar de um ponto da zona costeira do

    municpio, que ainda tem os traos de originalidade natural e ter seus

    processos naturais, ainda, bem equilibrados. Tanto o grupo 11, como o grupo12 esto classificados como tipo (12) praia em rea de projeto especial. Tanto

    por estarem em rea de influencia de dunas, como possuir instalaes de

    interesse econmico-desenvolvimentista para todas as esferas de gesto.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 29: Imagem do grupo 12 referente a 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 30: Imagem do grupo 12 referente 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Figura 31: Imagem do grupo 13 referente 2004. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

    Figura 32: Imagem do grupo 13 referente 2011. Fonte: Google Earth (editada para

    analise do autor), 2013.

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    O ultimo grupo de imagem, no extremo leste da zona costeira do

    municpio, temos um decrscimo na taxa de ocupao de 49,2%, tendo em

    vista que essa diminuio est por conta das residncias nativas, que devido

    novas demandas socioeconmicas, dadas pelo municpio , nos 7 anos de

    comparao, afirma-se a mudana de reas de residncias para reas mais

    centrais do municpio. Com reminiscncia de algumas instalaes que j esto

    sofrendo influencia do avano de mars, como visto da imagem do grupo 13

    (2011). A classificao est o tipo (11) praia isolada ou semi-isolada.

    Grupo Tipo Taxa de ocupao

    1(12), praia de unidade de

    conservao-2,3%

    2(12), praia de unidade de

    conservao-28,7%

    3(5), praia suburbana em

    processo de ocupao+5,5%

    4

    (8),praia de Balnerio em

    consolidao. -1,9%

    5 (3), praia urbana turstica. +16,1%

    6(1) praia urbana

    deteriorada+4,6%

    7(3) praia urbana turstica

    +3%

    8 (3), praia urbana turstica +3%

    9(12) praia de unidade de

    conservao.-22,3%

    10(11) praia isolada ou semi-

    isolada0,0%

    11(12) praia em rea de

    projeto especial--

    12(12) praia em rea de

    projeto especial+19,4%

    Tabela 05: Classificao das praias por nvel de ocupao em Paracuru (2013)

    adaptado de Moraes et al(2007).

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    O que se compreende, ao analisar os dados obtidos, que no existe um

    grau substancial de heterogeneidade nas caractersticas da orla do municpio

    de Paracuru. O que facilmente percebido so os acrscimos nas ocupaes

    nas reas centrais, que compreende dos grupos de 5 ao grupo 8, definindo a

    orla nos processos intensos de ocupao da zona de costa, como um todo.

    O produto do estudo e levantamento das formas de uso e ocupao no

    municpio de Paracuru, segue no Anexo 2.

    3.1.1- Procedimentos de analise: Variveis das Mars.

    Nas imagens estudadas esto datadas, e para fins de constatao dos

    nveis de mar das respectivas datas, foi feito meno destes dados para

    verificao. De modo a entender se h na realidade um avano natural das

    linhas de costa, ou se est realmente sofrendo interferncia antropica,que

    eleva os nveis de eroso da orla.

    Figura 33: Tabua de Mar do dia 09/12/2011 Porto do Pecm.Fonte:

    http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/30337Dez2011.htm (Acessado em 23:39 de

    23/04/13).

    http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/30337Dez2011.htmhttp://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/30337Dez2011.htm
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    Pelo constatado nas imagens de 2011, a tabua de mar (BNDO), as

    alturas mximas e mnimas esto respectivamente, 2.6 e 2.3 de altura, como

    demonstrado na tabela 01. Mostra que a influencia de formao de mares

    estava para lua crescente.

    Neste momento, a lua e sol esto em ngulo reto (90). Nesta situao a

    lua e o sol esto estado de oposio. No se pode falar de anulao da foras,

    pois Lua est mais prxima da Terra. Sendo assim, as amplitudes esto

    regulares como demonstrado na tabua de mar.

    A Figura abaixo mostra as formaes de mar e a influencia/confluncia

    dos astros na tipologia de mars e suas atividades.

    Figura 34: Os quatro tipos de mars. Fonte:http://www.aprh.pt/rgci/glossario/mare.html. Acessado: 23:54 de 23/04/2013.

    Na imagem da tabulao dos dados de mar referente ao ano de 2011,

    se evidencia que o estado de mar era de baixa amplitude para o dia09/12/2011.

    http://files.professoralexeinowatzki.webnode.com.br/200000063-b39cfb5911/mare2fases.jpg
  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fialho Arruda

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    Na tabua de mar, referente s imagens de 2004, notou-se a formao

    de mar de maior proporo que nos remete uma maior probabilidade de

    processos erosivos no ponto em estudo.

    Figura 35: Tabua de Mar do dia 08/09/2004Porto do Pecm. Fonte: Mar (Brasil).

    Comparando as duas tabuas de mars, para os respectivos dias de

    estudo de ocupao, bem como na verificao da situao das linhas de costa

    do municpio de Paracuru, vemos que a linha de costa, percebida pelas

    imagens de satlite, esto mais avanadas nos anos de 2011, tendo em vista

    que os maiores ndices de mar esto no ano de 2004, sendo assim,

    corroborando com a tese de eroso em nveis mais elevados para o ano de

    2011 (ano que se constataram acrscimos na ocupao da orla em reas de

    maior influencia urbana).

  • 7/21/2019 Augusto Guthiere Fia