Aula 01 (5)

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  • NOES DE DIREITO ADMINISTRATIVO - PATRCIA CARLA

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    Oi, gente! Tudo bem?

    Iniciaremos hoje os nossos encontros de Direito Administrativo.

    Fora, coragem e f em Deus.

    Esse cargo seu, acredite!

    Olha s, j sabemos que a nossa banca ser a FUNRIO, no entanto,

    quero dizer a vocs que essa banca muito, muito, muito fraca....

    alm disso ela no tem uma diversidade to grande de questes.

    Assim, para um estudo bacana da nossa disciplina e objetivando uma

    melhor preparao para o concurso do INSS, iremos fazer alm de

    questes FUNRIO, questes de outras bancas, tais como CESPE e

    FCC.

    Na nossa 1 aula veremos o seguinte contedo:

    AULA 01

    1 Estado, governo e administrao pblica: conceitos, elementos, poderes e organizao; natureza, fins e princpios. 2 Direito Administrativo: conceito, fontes e princpios. 3 Organizao administrativa da Unio; administrao direta e indireta.

    Rumo aprovao!

    Beijo e bons estudos.

    Com carinho,

    Profa. Patrcia Carla

    Princpios da Administrao Pblica

    No Direito, princpios so frmulas nas quais esto contidos os

    pensamentos diretores do ordenamento, de uma disciplina legal ou

    de um instituto jurdico. Os princpios constituem as bases nas quais

    assentam institutos e normas jurdicas.

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    No Direito Administrativo, os princpios revestem-se de grande

    importncia. Por ser um ramo do direito de elaborao recente e no

    codificado (no temos cdigo de Direito Administrativo!) os princpios

    auxiliam a compreenso e consolidao de seus institutos.

    A importncia dos princpios para o Direito Administrativo deve-se

    tambm ao fato de que eles possibilitam a soluo de casos no

    previstos em lei, para permitir uma melhor compreenso dos textos

    esparsos e para conferir certa segurana aos cidados quanto

    extenso dos seus direitos e deveres.

    Segundo o prof. Celso Antnio Bandeira de Mello, princpio , pois,

    por definio, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro

    alicerce dele, disposio fundamental que se irradia sobre diferentes

    normas, compondo-lhes o esprito e servindo de critrio para exata

    compreenso e inteligncia delas, exatamente porque define a lgica

    e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tnica que

    lhe d sentido harmnico. Para o referido autor, violar um princpio

    muito mais grave do que violar uma norma.

    Os princpios revestem-se de funo positiva ao se considerar a

    influncia que exercem na elaborao de normas e decises

    sucessivas, na atividade de interpretao e integrao do direito;

    atuam, assim, na tarefa de criao, desenvolvimento e execuo do

    direito e de medidas para que se realize a justia e a paz social; sua

    funo negativa significa a rejeio de valores e normas que os

    contrariam.

    Em resumo, pode-se afirmar que os princpios cumprem duas funes

    essenciais dentro do Direito Administrativo, vejamos:

    1. Funo hermenutica: o princpio pode ser utilizado para a

    interpretao de determinada norma;

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    2. Funo integrativa: o princpio pode ser tambm utilizado

    para suprir lacunas em caso de ausncia de norma legal acerca

    de determinada matria.

    Na Constituio de 1988 encontram-se mencionados explicitamente

    como princpios os seguintes: Legalidade, Impessoalidade,

    Moralidade, Publicidade e Eficincia (este ltimo acrescentado pela EC

    19/1998). Outros princpios do Direito Administrativo decorrem da lei,

    da elaborao jurisprudencial e doutrinria.

    Vejamos agora cada um dos princpios do Direito Administrativo mais

    cobrados em provas de concursos. Vamos comear pelos princpios

    expressos na CF/1988, art. 37, caput: Legalidade, Impessoalidade,

    Moralidade, Publicidade e Eficincia = LIMPE A ADMINISTRAO!

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    L

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    M

    P

    E

    Princpio da Legalidade: Tal princpio decorrncia do Estado de

    Direito e traduz a idia de que a Administrao s pode fazer o que a

    lei permite. Ao contrrio, na relao entre particulares, o princpio

    aplicvel o da autonomia da vontade, segundo o qual o particular

    pode fazer tudo o que a lei no probe.

    ATENO: Essa frase cai em toda prova! Helly Lopes Meirelles:

    Enquanto na administrao particular lcito fazer tudo o que a lei

    no probe, na Administrao Pblica s permitido fazer o que a lei

    autoriza.

    A relao que o particular tem com a lei de liberdade e autonomia

    da vontade, de modo que os ditames legais operam fixando limites

    negativos atuao privada. Assim, o silncio da lei quanto ao

    regramento de determinada conduta recebido na esfera particular

    como permisso para agir. Por isso, normas permissivas no Direito

    Privado tendem a ser desnecessrias, j que a simples ausncia de

    disciplina legal equivale a autorizao. As normas privadas

    permissivas servem para criar excees dentro de proibies gerais

    ou reforar liberdades j existentes em decorrncia da falta de

    regramento. O Direito Privado tem uma norma geral permissiva

    implcita, pois a ausncia de norma especfica est tacitamente

    regulada como permisso genrica.

    Ao contrrio, a relao do agente pblico com a lei de

    subordinao, razo pela qual os regramentos estabelecidos pelo

    legislador desenham limites positivos para as atividades pblicas. Por

    isso, a ausncia de disciplina legal sobre certo comportamento

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    significa no mbito da Administrao Pblica uma proibio de agir. O

    legislador define normas pblicas proibitivas somente para

    excepcionar permisses gerais ou rechaar comportamentos vedados

    pela falta de norma especfica. No Direito Pblico existe uma norma

    geral proibitiva implcita na medida em que a falta de regra especfica

    atrai a incidncia de um comando proibitivo genrico.

    Diferenas entre legalidade privada e legalidade pblica

    Critrio de diferenciao

    Legalidade privada

    Legalidade pblica

    Destinatrio Particulares Agentes pblicos

    Fundamento Autonomia da vontade

    Subordinao

    Significado Podem fazer tudo o que a lei no

    probe

    S podem fazer o que a lei autoriza

    Silncio legislativo Equivale a permisso

    Equivale a proibio

    Sentido da norma especfica

    Normas permissivas excepcionam

    proibies gerais ou reforam liberdades

    Normas proibitivas excepcionam

    permisses gerais ou reforam vedaes

    Norma geral implcita Permissiva Proibitiva

    Na relao administrativa, a vontade da Administrao Pblica a

    que decorre da lei. Aqui no se aplica a autonomia das vontades das

    relaes particulares. A relao que o particular tem com a lei de

    liberdade e autonomia da vontade, de modo que os ditames legais

    operam fixando limites negativos atuao privada. Dessa forma, o

    silncio da lei quanto ao regramento de determinada conduta

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    recebido na esfera particular como permisso para agir. Ao contrrio,

    a relao do agente com a lei de subordinao, assim, a ausncia

    de disciplina legal sobre certo comportamento significa no mbito da

    Administrao Pblica uma proibio de agir.

    De acordo com a CF/88, art. 84, IV, compete ao Presidente da

    Repblica sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como

    expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execuo.

    Evidencia-se, destarte, que mesmo os decretos, inclusive quando

    expedem regulamentos, s podem ser produzidos para ensejar

    execuo fiel da lei, ou seja, pressupem sempre uma dada lei da

    qual sejam os fiis executores.

    Em decorrncia disso, a Administrao Pblica no pode, por simples

    ato administrativo, conceder direitos de qualquer espcie, criar

    obrigaes ou impor vedaes aos administrados; para tanto, ela

    depende de lei. A Lei n 9.784/99, que regula o processo

    administrativo federal, prev que nos processos administrativos sero

    observados, entre outros, os critrios de atuao conforme a lei e o

    direito.

    ATENO! A existncia de atos administrativos discricionrios (a ser

    estudado nas prximas aulas) NO constitui exceo ao princpio da

    legalidade. Pelo princpio da legalidade o administrador s poder

    fazer aquilo que a lei autoriza ou permite. No entanto, tal princpio

    no exclui a atividade discricionria do administrador uma vez que a

    Administrao em certos casos ter que usar a discricionariedade

    para efetivamente atender finalidade legal e, como conseqncia,

    atender ao princpio da legalidade. interessante observar que

    discricionariedade no se confunde com arbitrariedade, esta ilegal,

    ato praticado fora dos limites da lei. J aquela liberdade de ao

    dentro da lei.

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    Bloco da legalidade e princpio da juridicidade: o princpio da

    legalidade no se reduz ao simples cumprimento da lei em sentido

    estrito. A Lei Federal n 9.784/99, no art. 2, pargrafo nico, I,

    define legalidade como o dever de atuao conforme a lei e o Direito.

    A redao do dispositivo permite contemplar o que a doutrina

    estrangeira tem chamado de princpio da juridicidade, isto , a

    obrigao de os agentes pblicos respeitarem a lei e outros

    instrumentos normativos existentes na ordem jurdica. A juridicidade

    uma ampliao do contedo tradicional da legalidade. Alm de

    cumprir leis ordinrias e leis complementares (lei em sentido estrito),

    a Administrao est obrigada a respeitar o denominado bloco da

    legalidade. Significa dizer que as regras vinculantes da atividade

    administrativa emanam de outros veculos normativos, a saber: a) A

    Constituio Federal, incluindo as Emendas Constitucionais; b)

    Constituies Estaduais e Leis Orgnicas; c) Medidas Provisrias; d)

    Tratados e Convenes Internacionais; e) Costumes; f) Atos

    Administrativos normativos como decretos e regimentos internos; g)

    Decretos Legislativos e Resolues (art.59, CF); h) Princpios Gerais

    do Direito.

    Princpio da Impessoalidade: A impessoalidade tanto aplicada

    aos particulares como prpria Administrao Pblica. Quando a

    impessoalidade aplicada aos particulares, est relacionada com a

    finalidade pblica que deve nortear a atividade administrativa. Nesse

    sentido, a Administrao no pode prejudicar e nem beneficiar

    pessoas determinadas, uma vez que sempre o interesse pblico que

    deve conduzir a atividade do administrador.

    Assim, o princpio da impessoalidade, considerado por muitos

    administrativistas como princpio da finalidade, impe ao

    administrador pblico que s pratique o ato para o seu fim legal de

    forma impessoal. A finalidade de todo ato administrativo sempre o

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    interesse pblico, o ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se- a

    invalidao por desvio de finalidade, que a Lei de Ao Popular

    conceituou como o fim diverso daquele previsto, explcita ou

    implicitamente, na regra de competncia do agente (Lei n

    4.717/65, art. 2, pargrafo nico, e).

    A relao da impessoalidade com a noo de finalidade pblica

    indiscutvel. Para Helly Lopes Meirelles, o princpio da impessoalidade

    nada mais do que o clssico princpio da finalidade, o qual impe

    ao administrador pblico que s pratique o ato para seu fim legal. E o

    fim legal unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa

    ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.

    Ao agir visando a finalidade pblica prevista em lei, a Administrao

    Pblica necessariamente imprime impessoalidade e objetividade na

    atuao, evitando tomar decises baseadas em preferncia pessoal

    ou sentimento de perseguio.

    Quando a impessoalidade aplicada ao administrador, aplica-se a

    idia da proibio de nomes, smbolos ou imagens que caracterizem

    promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos em

    publicidade de atos, programas, obras, servios e campanhas dos

    rgos pblicos.

    A presena de nomes, smbolos ou imagens de agentes ou

    autoridades nas propagandas governamentais compromete a noo

    de res publica e a impessoalidade da gesto da coisa pblica. Pela

    mesma razo ofende a impessoalidade: a) nome de poltico; b)

    imprimir logomarcas (pequenas imagens que simbolizam polticos ou

    denominaes partidrias, como vassouras, vasos, rosas, bonecos

    etc) em equipamentos pblicos ou uniformes escolares; c) manter a

    data de inaugurao ao lado da obra.

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    No julgamento do RE 191668 do RS, julgado em 14 de abril de 2008,

    o STF entendeu que a incluso de slogan de partido poltico na

    publicidade dos atos governamentais tambm ofende o art. 37, 1,

    da CF: Considerou-se que a referida regra constitucional objetiva

    assegurar a impessoalidade da divulgao dos atos governamentais,

    que devem voltar-se exclusivamente para o interesse social, sendo

    incompatvel com a meno de nomes, smbolos ou imagens, a

    includos slogans que caracterizem a promoo pessoal ou de

    servidores pblicos. Asseverou-se que a possibilidade de vinculao

    do contedo da divulgao com o partido poltico a que pertena o

    titular do cargo pblico, ofende o princpio da impessoalidade e

    desnatura o carter educativo, informativo e de orientao que

    constam do comando imposto na Constituio.

    A Lei n 9.784/99, em seu art. 2, pargrafo nico, inciso III, exige

    objetividade no atendimento do interesse pblico, vedando a

    promoo pessoal de agentes ou autoridades. (grifou-se)

    Vale lembrar que o princpio da impessoalidade tambm aplicado na

    Teoria do Agente de Fato, quando se reconhece validade aos atos

    praticados por funcionrio irregularmente investido no cargo ou

    funo, sob fundamento de que os atos so do rgo e no do agente

    pblico. Vejamos: a atuao dos agentes pblicos imputada ao

    Estado, significando um agir impessoal da Administrao. Assim, as

    realizaes no devem ser atribudas pessoa fsica do agente

    pblico, mas pessoa jurdica estatal a que estiver ligado. Por isso

    que, em regra, a responsabilidade pela reparao de danos causados

    no exerccio regular da funo administrativa do Estado, e no do

    agente que realizou a conduta.

    Princpio da Moralidade: Deve-se entender a moralidade

    administrativa como um conjunto de valores ticos que fixam um

    padro de conduta que deve ser necessariamente observado pelos

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    agentes pblicos como condio para uma honesta, proba e ntegra

    gesto da coisa pblica, de modo a impor que estes agentes atuem

    no desempenho de suas funes com retido de carter, decncia,

    lealdade, decoro e boa-f.

    ATENO! A moralidade no se confunde com a legalidade

    administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de

    vista legal, mas moralmente deficiente, caso no represente atitude

    tica e de boa-f, no sendo til a adoo desta norma ou atividade.

    Assim, legalidade moralidade e so princpios autnomos, ambos tem

    previso expressa na CF/1988, art. 37, caput.

    ATENO! A moralidade administrativa difere da moral comum. O

    princpio jurdico da moralidade administrativa no impe o dever de

    atendimento moral comum vigente na sociedade, mas exige

    respeito a padres ticos, de boa-f, decoro, lealdade, honestidade e

    probidade incorporados pela prtica diria ao conceito de boa

    administrao.

    A imoralidade administrativa produz efeitos jurdicos, j que acarreta

    a anulao do ato, que pode ser decretada pela prpria Administrao

    (princpio da autotutela) ou pelo Poder Judicirio.

    A Lei n 9784/99 prev o princpio da moralidade no art. 2, caput,

    como um dos princpios a que se obriga a Administrao Pblica; e,

    no pargrafo nico, inciso IV, exige atuao segundo padres ticos

    de probidade, decoro e boa-f, com referncia evidente aos

    principais aspectos da moralidade administrativa.

    Um outro aspecto importante da moralidade est na Smula

    Vinculante n13 que veda a prtica do nepotismo no servio pblico.

    Vejamos:

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    Smula Vinculante n 13 do Supremo Tribunal Federal, de

    21/08/2008: A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em

    linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da

    autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica

    investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o

    exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo

    gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos

    Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios,

    compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a

    Constituio Federal.

    ATENO! O prprio Supremo Tribunal Federal ressalvou que a

    proibio NO extensiva aos agentes polticos do Poder Executivo

    como ministros de estado e secretrios estaduais, distritais e

    municipais (Rcl MC AgR 6650/PR, STF).

    A CF/1988, ao consagrar o princpio da moralidade, determinou a

    necessidade de sua proteo e a responsabilizao do administrador

    pblico amoral ou imoral. Para tanto, encontram-se no ordenamento

    jurdico inmeros mecanismos para impedir atos de imoralidade tais

    como:

    a) Regras sobre a improbidade administrativa, no art. 37, 4, CF

    e na Lei n 8.429/92;

    b) Crimes de responsabilidade do Presidente da Repblica e de

    outros agentes polticos, CF/1988, art. 85, art. 5, LXXIII;

    c) Ao Popular, CF/1988, art. 5, LXXIII e Lei n 4.717/65;

    Alm dos citados acima, h ainda outros instrumentos de proteo da

    moralidade administrativa previstos no ordenamento jurdico, como,

    por exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n101/00).

    Instrumentos para defesa da moralidade:

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    A legislao brasileira prev diversos instrumentos de proteo da

    moralidade administrativa. Merecem destaque os seguintes:

    a) Ao Popular: a ser proposta por qualquer cidado contra ato

    lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado

    participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao

    patrimnio histrico e cultural (art. 5, LVIII, da CF e Lei n

    4717/65);

    b) Controle externo exercido pelos Tribunais de Contas: nos

    termos do art. 70 da CF, cabe aos Tribunais de Contas da Unio a

    fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e

    patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e

    indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao

    das subvenes e renncia de receitas;

    c) Comisses Parlamentares de Inqurito (CPIs): o art. 58,

    3, da Constituio Federal autoriza a instaurao, mediante

    requerimento de um tero dos membros da Cmara dos Deputados

    ou do Senado, em conjunto ou separadamente, de comisso

    parlamentar de inqurito com poderes de investigao prprios de

    autoridades judiciais para apurao de fato determinado;

    d) Ao Civil Pblica de Improbidade Administrativa: de

    legitimidade do Ministrio Pblico e demais pessoas jurdicas

    interessadas, pode ser intentada contra ato de improbidade praticado

    por qualquer agente pblico, servidor ou no, contra a administrao

    direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Unio, dos

    Estados, do Distrito Federal, dos Municpios, de Territrio, de

    empresa incorporada ao patrimnio pblico ou de entidade para cuja

    criao ou custeio o errio haja concorrido ou concorra com mais de

    cinqenta por cento do patrimnio ou da receita anual (Lei n

    8429/92). As penas aplicveis so perda dos bens ou valores

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    acrescidos ilicitamente ao patrimnio, ressarcimento integral do dano,

    perda da funo pblica, suspenso dos direitos polticos, pagamento

    de multa civil e proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber

    benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios.

    Princpio da Publicidade: Em conseqncia deste princpio,

    expressado na CF/1988, art. 37, caput, todos tem o direito de

    receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular

    ou de interesse coletivo ou geral (CF/1988, art. 5, XXXIII).

    A publicidade representa condio de eficcia para os atos

    administrativos (ela NO elemento formativo do ato

    administrativo), marcando o incio de produo de seus efeitos

    externos, j que ningum est obrigado a cumprir um ato

    administrativo se desconhece a sua existncia. Assim, o ato

    administrativo, como de resto todo ato jurdico, tem na sua

    publicao o incio de sua existncia no mundo jurdico, irradiando, a

    partir de ento, seus legais efeitos, produzindo, assim, direitos e

    deveres.

    O modo de dar-se a publicidade varia conforme o tipo de ato. No caso

    dos atos individuais, que so dirigidos a destinatrio certo, ou mesmo

    para atos internos, a publicidade garantida pela simples

    comunicao do interessado, ex. autorizao para o servidor sair

    mais cedo.

    Quanto aos atos gerais, isto , dirigidos a destinatrios

    indeterminados, a publicidade depende de publicao no Dirio

    Oficial, ex. edital convocatrio para concurso pblico.

    Tambm exigem publicao no Dirio Oficial os atos individuais de

    efeitos coletivos, que so aqueles do interesse imediato de um

    indivduo, mas com repercusso para um grupo de pessoas, ex.

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    deferimento de frias de servidor (implica a redistribuio de tarefas

    todos na repartio).

    Os objetivos da publicidade dos atos administrativos so os

    seguintes:

    a) Exteriorizar a vontade da Administrao Pblica divulgando o

    seu contedo para conhecimento pblico;

    b) Tornar exigvel o contedo do ato;

    c) Desencadear a produo de efeitos do ato;

    d) Permitir o controle de legalidade do comportamento do

    administrador.

    A desobedincia ao dever de publicar os atos oficiais pode

    caracterizar ato de improbidade administrativa, Lei n 8.429/92, art.

    11, inciso IV.

    Como no existe princpio absoluto, a publicidade comporta excees,

    ou seja, a publicidade a regra que comporta excees, seja por

    exigncia dos interesses sociais, seja por imperativos da segurana

    do Estado.

    A Lei n 11.111, de maio de 2005, regulamentando o art. 5, XXXIII,

    CF/1988, disciplina o acesso aos documentos pblicos de interesse

    particular, interesse coletivo ou interesse geral, ressalvadas as

    hipteses em que o sigilo seja ou permanea imprescindvel

    segurana da sociedade e do Estado (art. 2).

    Princpio da Eficincia: Este princpio, acrescido Constituio

    Federal pela EC n 19/98, visa exigir que a Administrao Pblica

    funcione de forma mais eficiente, preocupada com o seu desempenho

    e em alcanar resultados cada vez mais positivos, procurando a

    busca pela maior produtividade, em contraposio aos velhos hbitos

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    e rotinas burocrticas que sempre nortearam a atividade pblica. A

    eficincia est ligada a uma noo de Administrao mais moderna,

    mais gerencial, preocupada com resultados.

    So conseqncias desse princpio as criaes de institutos como

    contratos de gesto, agncias executivas e reguladoras, organizaes

    sociais e a procura pela ampliao de autonomia de rgos e

    entidades.

    O princpio da eficincia tambm pode ser considerado em relao ao

    modo de atuao do agente pblico, do qual se espera o melhor

    desempenho possvel de suas atribuies, para lograr os melhores

    resultados; e em relao ao modo de organizar, estruturar, disciplinar

    a Administrao Pblica, tambm com o mesmo objetivo de alcanar

    os melhores resultados na prestao do servio pblico.

    A exigncia de eficincia ao agente pblico acarretou a alterao

    feita, tambm pela EC n 19/98, no art. 41, 1, da Constituio

    Federal, ao criar nova possibilidade de perda do cargo para o servidor

    pblico estvel mediante procedimento de avaliao peridica de

    desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla

    defesa. Dessa forma, o servidor, mesmo estvel, que no seja

    eficiente em seu desempenho funcional, poder perder o cargo, aps

    a devida regulamentao da matria por lei complementar.

    Para o servidor ainda no estvel, tambm houve mudanas

    decorrentes da exigncia de eficincia, vez que a reforma

    administrativa alterou o art. 41, caput, ao aumentar o tempo de

    efetivo exerccio exigido para aquisio de estabilidade de dois para

    trs anos, e acrescentou o 4, segundo o qual como condio para

    a aquisio da estabilidade, obrigatria a avaliao especial de

    desempenho por comisso instituda para essa finalidade, condio

    essa no exigida anteriormente.

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    EFICINCIA X EFICCIA X EFETIVIDADE

    Segundo a lio de Jos dos Santos Carvalho Filho, eficincia, eficcia

    e efetividade so conceitos que no se confundem. A eficincia seria

    o modo pelo qual se exerce a funo administrativa. A eficcia diz

    respeito aos meios e instrumentos empregados pelo agente. E a

    efetividade voltada para os resultados de sua atuao.

    PRINCPIOS INFRACONSTITUCIONAIS

    O universo dos princpios do Direito Administrativo no se esgota no

    plano constitucional. Os doutrinadores fazem referncia a diversos

    outros princpios administrativos, muitos dos quais esto previstos na

    legislao infraconstitucional, especialmente no art. 2, da Lei n

    9784/99: A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos

    princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade,

    proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio,

    segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Importante frisar que a falta de previso constitucional no significa

    menor importncia diante dos princpios diretamente mencionados no

    Texto Maior. Princpios infraconstitucionais e doutrinrios tm a

    mesma relevncia sistmica daqueles referidos na Constituio

    Federal.

    Princpio da Supremacia do interesse pblico sobre o interesse

    do particular: Uma vez que o Estado representa toda a coletividade,

    o interesse da Administrao deve ser entendido como interesse de

    todos, e, portanto, deve prevalecer quando em conflito com

    determinado interesse particular, desde que sejam respeitados os

    direitos individuais deste.

    Tal princpio exalta a superioridade do interesse da coletividade,

    estabelecendo a prevalncia do interesse pblico sobre o interesse do

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    particular, como condio indispensvel de assegurar e viabilizar os

    interesses individuais.

    A Administrao Pblica est sujeita ao chamado regime

    jurdico administrativo que formado pelo princpio da

    supremacia do interesse pblico e pelo princpio da

    indisponibilidade do interesse pblico.

    Pelo princpio da supremacia vigora a verticalidade nas relaes entre

    a Administrao e o particular, desse princpio resulta a exigibilidade

    e executoriedade dos atos administrativos, as clusulas exorbitantes

    dentro dos contratos administrativos, a interveno do Estado sobre a

    propriedade privada etc.

    J o Princpio da Indisponibilidade do interesse pblico serve

    para limitar a atuao do agente pblico, revelando-se um

    contrapeso superioridade descrita no princpio da supremacia do

    interesse pblico. Sendo o interesse pblico qualificado como prprio

    da coletividade, este no se encontra livre disposio de quem quer

    que seja, por ser insuscetvel de apropriao. Os prprios sujeitos da

    Administrao que o representam no tem disponibilidade sobre ele,

    haja vista que lhes incumbe to-somente zel-lo, no desempenho de

    um dever.

    Assim, os bens e o interesse pblico so indisponveis, porque

    pertencem coletividade. , por isso, o administrador, mero gestor

    da coisa pblica, no tendo disponibilidade sobre os interesses

    confiados sua guarda e realizao. Desse princpio resulta a

    obrigatoriedade da Administrao fazer concurso pblico para o

    preenchimento dos seus cargos, bem como se submeter ao

    procedimento licitatrio para aquisio de bens e servios.

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    Princpio da Motivao: A Administrao Pblica deve motivar os

    seus atos, ou seja, demonstrar os motivos pelos quais est agindo de

    determinada maneira, para conhecimento e garantia dos

    administrados, que assim tero a possibilidade de contestar o motivo

    alegado pela Administrao, caso discordem do mesmo.

    A Lei n 9.784/99 trouxe de forma expressa o princpio da motivao

    em seu art. 2, segundo o qual nos processos administrativos sero

    observados, entre outros, os critrios de indicao dos pressupostos

    de fato e de direito que determinam a deciso.

    A referida Lei em seu art. 50, 1, permitiu a denominada motivao

    aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordncia com

    fundamentos anteriores, informaes, decises ou propostas j

    considerada motivao do ato administrativo. Ope-se a chamada

    motivao contextual em que os fundamentos de fato e de direito

    esto indicados no prprio contexto do ato, no havendo remisso

    motivao externa.

    Dessa forma, no viola o princpio da motivao dos atos

    administrativos o ato da autoridade que, ao deliberar acerca de

    recurso administrativo, mantm deciso com base em parecer de

    consultoria jurdica, sem maiores consideraes.

    interessante lembrar que quando o administrador motiva o ato, ele

    estar vinculado ao motivo, em virtude da aplicao da Teoria dos

    Motivos Determinantes. De acordo com esta teoria, a Administrao

    tem total vinculao com os motivos que apresenta para a prtica do

    ato, de tal sorte que, se inexistentes os motivos, o ato ser anulado.

    ATENO: A motivao deve ser apresentada simultaneamente ou

    no instante seguinte prtica do ato. Motivao intempestiva

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    (posterior) ou extempornea (anterior) causa nulidade do ato

    administrativo.

    ATENO: Determina o art. 50, 1, da Lei n 9784/99, que a

    motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir

    em declaraes de concordncia com fundamentos de anteriores

    pareceres, informaes, decises ou propostas, que sero parte

    integrante do ato. Ao definir esses trs atributos, o legislador desejou

    inibir a apresentao de motivao implcita, obscura ou

    desarrazoada.

    Princpio da Segurana jurdica: Est relacionado necessidade

    de respeito, pela Administrao, boa-f dos administrados que com

    ela interagem, no sentido de que, quando esses tem um determinado

    direito reconhecido pela Administrao, no podem vir a ser

    prejudicados, ulteriormente, por mudanas de entendimento da

    prpria Administrao sobre aquela matria.

    Tambm chamado de boa-f ou proteo confiana, o princpio da

    segurana jurdica um fundamento geral aplicvel a todo o Direito.

    Seu contedo volta-se garantia de estabilidade social e

    previsibilidade das atuaes estatais. Alinha-se finalidade primeira

    de toda a ordem jurdica que propiciar segurana e estabilidade

    para o convvio social, evitando sobressaltos e surpresas nas aes

    governamentais.

    Em termos prticos seu principal emprego no Direito Administrativo

    est na proibio de aplicao retroativa de novas interpretaes de

    dispositivos legais e normas administrativas. nesse sentido que

    deve ser compreendida a norma prevista no art. 2, pargrafo nico,

    XIII, da Lei n 9784/99: nos processos administrativos sero

    observados, entre outros, os critrios de: (...) XIII interpretao da

    norma administrativa de forma que melhor garanta o atendimento do

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    fim pblico a que se dirige, vedada a aplicao retroativa de nova

    interpretao.

    Segundo a doutrina, diversos institutos jurdicos refletem a proteo

    da segurana jurdica, tais como: decadncia, prescrio, precluso,

    usucapio, direito adquirido, irretroatividade da lei, coisa julgada e

    manuteno de atos praticados por funcionrio de fato,

    Princpio da Proporcionalidade: Tal princpio irradia para a

    Administrao Pblica a obedincia ao bom senso, moderao,

    prudncia, proibio de excessos, equidade e valores afins. um

    princpio constitucional implcito que exige a verificao do ato do

    poder pblico quanto aos seguintes caracteres: adequao

    (utilidade), necessidade (exigibilidade) e proporcionalidade em

    sentido estrito.

    Assim, aplicado tal princpio Administrao Pblica, impe-se que as

    entidades, rgos e agentes pblicos, no desempenho das funes

    administrativas, adotem meios que, para a realizao de seus fins,

    revelem-se adequados, necessrios e proporcionais.

    A lei n 9.784/99 explicitou, a nvel infraconstitucional, o referido

    princpio, exigindo da Administrao Pblica a observncia do

    princpio da razoabilidade e da proporcionalidade. Com efeito, prev o

    seu art. 2, caput, que a Administrao Pblica obedecer, dentre

    outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao,

    razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,

    contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Ademais, prev a Lei em tela, no pargrafo nico do art. 2, que nos

    processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios

    de adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes,

    restries e sanes em medida superior quelas estritamente

    necessrias ao atendimento do interesse pblico.

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    PROPORCIONALIDADE PERANTE A LEI

    E PROPORCIONALIDADE NA LEI

    O respeito proporcionalidade vincula a Administrao Pblica e o

    Poder Legislativo. Fala-se, assim, em proporcionalidade perante a lei

    e proporcionalidade na lei.

    A proporcionalidade perante a lei aplica-se ao administrador pblico,

    que dever evitar exageros no modo de aplicao da lei ao caso

    concreto.

    Pelo contrrio, a proporcionalidade na lei constitui exigncia aplicvel

    ao legislador, pois, no momento de criao da norma, est obrigado,

    sob pena de violao do devido processo legal material (art. 5, LIV,

    CF), a estabelecer penas adequadas gravidade dos comportamentos

    a serem reprimidos.

    Princpio da Razoabilidade: Segundo Jos dos Santos Carvalho

    Filho, Razoabilidade a qualidade do que razovel, ou seja, aquilo

    que se situa dentro de limites aceitveis.

    Ser razovel uma exigncia inerente ao exerccio de qualquer

    funo pblica. Sob vigncia do Estado de Direito no se pode admitir

    a utilizao de prerrogativas pblicas sem moderao e racionalidade.

    A prpria noo de competncia implica a existncia de limites e

    restries sobre o modo como as tarefas pblicas devem ser

    desempenhadas. No Direito Administrativo o princpio da

    razoabilidade impe a obrigao de os agentes pblicos realizarem

    suas funes com equilbrio, coerncia e bom senso. No basta

    atender finalidade pblica predefinida pela lei, importa tambm

    saber como o fim pblico deve ser atendido. Trata-se da exigncia

    implcita da legalidade.

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    Comportamentos imoderados, abusivos, irracionais, desequilibrados,

    inadequados, desmedidos, incoerentes ou desarrazoados no so

    compatveis com o interesse pblico, pois geram a possibilidade de

    invalidao judicial ou administrativa do ato deles resultante.

    Vejam o seguinte exemplo: Prefeito resolve construir uma escola,

    seria razovel se o Prefeito anterior no tivesse deixado 6 escolas

    inacabadas! Ora, se h 6 escolas inacabadas pela gesto anterior,

    construir uma nova escola viola o princpio da razoabilidade.

    Princpio da Isonomia: A Constituio Federal, no art.5, caput,

    estabelece que, sem distino de qualquer natureza, todos so iguais

    perante a lei. Todos devem ser tratados por ela igualmente tanto

    quando concede benefcio, confere isenes ou outorga vantagens

    como quando prescreve sacrifcios, multas, sanes e agravos. Tal

    princpio tem a finalidade de impedir distines, discriminaes e

    privilgios arbitrrios ou odiosos. Toda diferenciao deve estar

    fundamentada em uma justificativa objetiva e razovel, sendo que a

    violao ao princpio da igualdade restar caracterizada toda vez que

    o elemento discriminador for de encontro a uma finalidade albergada

    pelo ordenamento jurdico. comum a distino entre igualdade

    formal e material. A primeira, tambm conhecida como igualdade

    perante a lei (Jos Afonso da Silva), consiste no tratamento igual

    conferido a todos os seres de uma mesma categoria essencial. A

    igualdade material consiste na busca pela igualizao dos desiguais

    por meio da concesso de direitos sociais substanciais. Para que haja

    uma igualdade material necessrio que o Estado atue positivamente

    proporcionando aos menos favorecidos igualdades reais de condies.

    A Carta Magna consagra a igualdade formal, mas impe a busca por

    uma igualdade material, conforme se pode depreender de vrios

    dispositivos, dente eles, o art.3, III que estabelece como um dos

    objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil a reduo

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    das desigualdades sociais e regionais. As chamadas discriminaes

    positivas ou aes afirmativas aes que beneficiam grupos menos

    favorecidos para que tenham igualdade material de condies no

    so vedadas pela Constituio, desde que amparadas por critrios

    justificveis e albergados pelo ordenamento jurdico.

    Smula 339, STF: No cabe ao poder judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores pblicos sob fundamento de isonomia.

    Princpio da Autotutela: Consagra o controle interno que a

    Administrao Pblica exerce sobre seus prprios atos. Como

    conseqncia da sua independncia funcional, a Administrao no

    precisa recorrer ao Judicirio para anular seus atos ilegais e revogar

    os atos inconvenientes que pratica. Consiste no poder-dever de

    retirada dos atos administrativos por meio da anulao e da

    revogao. A anulao envolve problema de legalidade, a revogao

    trata de mrito do ato administrativo.

    O princpio da autotutela decorrncia da supremacia do interesse

    pblico e encontra-se consagrado em duas smulas do STF:

    Smula 356: A administrao pblica pode declarar a nulidade dos

    seus prprios atos.

    Smula 473: A administrao pode anular seus prprios atos,

    quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se

    originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou

    oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em

    todos os casos, a apreciao judicial.

    A utilizao do verbo pode para se referir anulao est

    equivocada nas duas smulas. A Administrao deve anular seus atos

    ilegais.

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    Por fim, convm destacar que autotutela no se confunde com tutela

    administrativa ou tutela ministerial. Esta ltima o poder de

    superviso ministerial exercido pela Administrao Direta sobre

    entidades da Administrao Indireta.

    Vamos sintetizar tudo?

    1. Princpio da legalidade: uma exigncia que decorre do

    Estado de Direito, ou seja, da submisso do Estado ao imprio

    da ordem jurdica. Assim, a atividade administrativa s pode

    ser exercida em conformidade com a lei. Para a Administrao

    a legalidade, ou seja, ela s faz aquilo que a lei autoriza ou

    permite. Para o particular a autonomia da vontade, ou seja,

    ele pode fazer tudo o que quiser desde que a lei no proba;

    2. Princpio da impessoalidade: exige que a atividade

    administrativa seja exercida de modo a atender a todos os

    administrados, ou seja, a coletividade, e no a certos

    membros em detrimento de outros, devendo apresentar-se,

    portanto, de forma impessoal. A impessoalidade veda a

    prtica do nepotismo, afastando os parentes da Administrao

    Pblica (SV 3). De acordo com tal princpio a atividade

    administrativa exercida pelo agente pblico imputada ao

    rgo e no ao prprio agente;

    3. Princpio da Moralidade: determina o emprego da tica,

    honestidade, retido, probidade, boa-f e lealdade com as

    instituies administrativas e polticas no exerccio da

    atividade administrativa;

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    4. Princpio da publicidade: exige uma atividade

    administrativa transparente, a fim de que o administrado

    tome conhecimento dos comportamentos administrativos do

    Estado. A publicidade condio de eficcia do ato

    administrativo;

    5. Princpio da eficincia: introduzido pela EC n 19/1998,

    trouxe para a Administrao o dever explcito de realizar as

    suas atribuies com rapidez, perfeio e rendimento;

    6. Princpio da supremacia do interesse pblico: este

    princpio exalta a superioridade do interesse da coletividade,

    estabelecendo a prevalncia do interesse pblico sobre o

    interesse do particular, como condio indispensvel de

    assegurar e viabilizar os interesses individuais;

    7. Princpio da indisponibilidade do interesse pblico: os

    bens e os interesses pblicos no esto entregues livre

    disposio da vontade do administrador. Ao contrrio, cumpre

    a ele o dever de proteg-los nos termos da finalidade legal a

    que esto vinculados;

    8. Princpio da motivao: por este princpio o ato

    administrativo deve ser motivado, seja ele discricionrio ou

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    vinculado. Quando o administrador motiva o ato, mesmo

    aquele no qual no obrigatria a motivao (ex. exonerao

    de servidor pblico ocupante de cargo em comisso), ele

    estar vinculado ao motivo, em face da aplicao da Teoria

    dos Motivos Determinantes;

    9. A Teoria dos Motivos Determinantes implica para a

    Administrao a total vinculao com os motivos que

    apresenta para a prtica do ato, dessa forma, inexistentes os

    motivos, o ato ser anulado;

    10. A Lei n 9.784/99, em seu art. 50, 1, permitiu a

    denominada motivao aliunde ou per relationem, segundo a

    qual a concordncia com fundamentos anteriores,

    informaes, decises ou propostas j considerada

    motivao do ato administrativo;

    11. Princpio da Segurana Jurdica: Esse princpio

    tambm chamado de boa-f ou proteo confiana, por

    ele fica vedada a aplicao retroativa de nova interpretao

    de norma administrativa.

    JURISPRUDNCIA SOBRE O ASSUNTO DA AULA:

    Princpio da Impessoalidade. Constituio Estadual pode proibir

    atribuio de nome de pessoa viva a bens e logradouros pblicos.

    ADI 307/CE, rel. Min. Eros Grau, INFO 494 STF.

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    O direito constitucional de petio e o princpio da legalidade no

    implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para

    discusso judicial (RE 233.582/RJ, INFO 506 STF).

    A exigncia de depsito ou arrolamento prvio de bens e direitos

    como condio de admissibilidade de recurso administrativo

    constitui obstculo srio (e intransponvel, para considerveis

    parcelas da populao) ao exerccio do direito de petio (CR, art.

    5, XXXIV), alm de caracterizar ofensa ao princpio do

    contraditrio (CR, art. 5, LV) (ADI 1976/DF, INFO 461 STF).

    Smula Vinculante 21: inconstitucional a exigncia de depsito

    ou arrolamento prvios de dinheiro ou bens para admissibilidade

    de recurso administrativo

    Estado x Governo x Administrao Pblica

    Noes de Estado: O Estado pessoa jurdica territorial soberana,

    formada pelos elementos povo, territrio e governo soberano. Esses

    trs elementos so indissociveis e indispensveis para a noo de

    um Estado independente: o povo, em um dado territrio, organizado

    segundo sua livre e soberana vontade.

    O Estado um ente personalizado (pessoa jurdica de direito pblico,

    nos termos dos arts. 40 e 41 do Cdigo Civil), apresentando-se

    tanto nas relaes internacionais, no convvio com outros Estados

    soberanos, quanto internamente como sujeito capaz de adquirir

    direitos e contrair obrigaes na ordem jurdica.

    A organizao do Estado matria de cunho constitucional,

    especialmente no tocante diviso poltica do seu territrio,

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    organizao de seus Poderes, forma de governo adotada e ao modo

    de aquisio do poder pelos governantes.

    Noes de Governo: No mbito do direito administrativo, a

    expresso governo usualmente empregada para designar o

    conjunto de rgos constitucionais responsveis pela funo poltica

    do Estado. O governo tem a incumbncia de exercer a direo

    suprema e geral do Estado, determinar a forma de realizao de seus

    objetivos, estabelecer as diretrizes que pautaro sua atuao, os

    planos governamentais, sempre visando a conferir unidade

    soberania estatal. Essa funo poltica, prpria do governo, abrange

    atribuies que decorrem diretamente da Constituio e por esta se

    regulam.

    Conforme se constata, a noo de governo est relacionada com a

    funo poltica de comando, de coordenao, de direo e de fixao

    de planos e diretrizes de atuao do Estado (as denominadas polticas

    pblicas). No se confunde com o conceito de administrao pblica

    em sentido estrito, que vem a ser o aparelhamento de que dispe o

    Estado para a mera execuo das polticas do governo, das polticas

    pblicas, estabelecidas no exerccio da atividade poltica.

    Noes de Administrao Pblica: Administrao Pblica em

    sentido amplo abrange os rgos de governo, que exercem funo

    poltica e tambm os rgos e pessoas jurdicas que exercem funo

    meramente administrativa. Deve-se entender por funo poltica,

    neste contexto, o estabelecimento das diretrizes e programas de ao

    governamental, dos planos de atuao do governo, a fixao das

    denominadas polticas pblicas. De outra parte, funo meramente

    administrativa resume-se execuo das polticas pblicas

    formuladas no exerccio da referida atividade poltica.

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    Administrao pblica em sentido estrito s inclui os rgos e

    pessoas jurdicas que exercem funo meramente administrativa, de

    execuo dos programas de governo. Ficam excludos os rgos

    polticos e as funes polticas, de elaborao das polticas pblicas.

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    ADMINISTRAO PBLICA EM SENTIDO FORMAL, SUBJETIVO OU ORGNICO

    Administrao pblica em sentido formal, subjetivo ou orgnico o

    conjunto de rgos, pessoas jurdicas e agentes que o nosso

    ordenamento jurdico identifica como administrao pblica, no

    importa a atividade que exeram (como regra, evidentemente, esses

    rgos, entidades e agentes desempenham funo administrativa).

    O Brasil adota o critrio formal de administrao pblica. Portanto,

    somente administrao pblica, juridicamente, aquilo que nosso

    direito assim considera, no importa a atividade que exera. A

    administrao pblica, segundo nosso ordenamento jurdico,

    integrada exclusivamente: a) pelos rgos integrantes da

    denominada administrao direta (so os rgos integrantes da

    estrutura de uma pessoa poltica que exercem funo administrativa)

    e b) pelas entidades da administrao indireta.

    So entidades da administrao indireta:

    a) autarquias;

    b) fundaes pblicas;

    c) empresas pblicas;

    d) sociedades de economia mista

    ADMINISTRAO PBLICA EM SENTIDO MATERIAL, OBJETIVO OU FUNCIONAL

    Administrao pblica em sentido material, objetivo ou funcional

    representa o conjunto de atividades que costumam ser consideradas

    prprias da funo administrativa. O conceito adota como referncia

    a atividade (o que realizado), no obrigatoriamente quem a exerce.

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    So usualmente apontadas como prprias da administrao pblica

    em sentido material as seguintes atividades:

    a) servio pblico: prestaes concretas que representem, em si

    mesmas, diretamente, utilidades ou comodidades materiais

    para a populao em geral, oferecidas pela administrao

    pblica formal ou por particulares delegatrios sob regime de

    direito pblico;

    b) polcia administrativa: restries ou condicionamentos

    impostos ao exerccio de atividades privadas em benefcio do

    interesse pblico; ex. atividades de fiscalizao;

    c) fomento: incentivo iniciativa privada de utilidade pblica, por

    exemplo, mediante a concesso de benefcios ou incentivos

    fiscais;

    d) interveno: abrangendo toda interveno do Estado no setor

    privado, exceto a sua atuao direta como agente econmico;

    est includa a interveno na propriedade privada, a exemplo

    da desapropriao e do tombamento, e a interveno no

    domnio econmico como agente normativo e regulador, por

    exemplo, mediante a atuao das agncias reguladoras, a

    adoo de medidas de represso a prticas tendentes

    eliminao da concorrncia, a formao de estoques

    reguladores etc.

    Organizao da Administrao Pblica

    Entidades polticas, pessoas polticas, ou entes federados so os

    integrantes da Federao brasileira, caracterizados por possurem

    autonomia poltica. Simplificadamente, pode-se dizer que a

    autonomia poltica traduzida pela capacidade de auto-organizao

    (elaborao das prprias Constituies ou Leis Orgnicas) e,

    sobretudo, pela possibilidade de legislar, mais precisamente, de

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    editar leis com fundamento em competncias prprias, diretamente

    atribudas pela Constituio da Repblica.

    As entidades polticas so pessoas jurdicas de direito pblico interno,

    dotadas de diversas competncias de natureza poltica, legislativa e

    administrativa, todas elas conferidas diretamente pela Constituio

    Federal.

    No Brasil, so entidades polticas a Unio, os Estados, o Distrito

    Federal e os Municpios.

    Entidades administrativas so as pessoas jurdicas que integram a

    administrao pblica formal brasileira, sem dispor de autonomia

    poltica. Mais especificamente, entidades administrativas so as

    pessoas jurdicas que compem a administrao indireta, a saber, as

    autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas e as

    sociedades de economia mista.

    As entidades polticas tm competncias legislativas e

    administrativas, recebidas diretamente da Constituio Federal,

    enquanto as entidades administrativas s possuem competncias

    administrativas, isto , de mera execuo de leis. Uma entidade

    administrativa recebe suas competncias da lei que a cria ou autoriza

    sua criao, editada pela pessoa poltica que originalmente recebeu

    da Constituio Federal essas competncias.

    DESCENTRALIZAO # DESCONCENTRAO

    Concentrao o modo de cumprimento de competncias

    administrativas por meio de rgos pblicos despersonalizados e sem

    divises internas em reparties ou departamentos.

    Na desconcentrao as atribuies so repartidas entre rgos

    pblicos pertencentes a uma nica pessoa jurdica, mantendo a

    vinculao hierrquica. Ex. de desconcentrao so os ministrios da

    Unio, as secretarias estaduais e municipais, as delegacias de policia,

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    os postos de atendimento da Receita Federal, as subprefeituras, os

    Tribunais, as Casas Legislativas.

    O conceito central da concentrao e da desconcentrao a noo

    de rgo pblico.

    rgo pblico um ncleo de competncias estatais sem

    personalidade jurdica prpria.

    O conjunto formado pela somatria de todos os rgos pblicos

    recebe o nome de Administrao Pblica Direta ou Centralizada.

    Pertencem Administrao Direta todas as entidades federativas, ou

    seja, Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios e Municpios.

    CENTRALIZAO # DESCENTRALIZAO

    Centralizao o desempenho de competncias administrativas por

    uma nica pessoa jurdica governamental. o que ocorre, por

    exemplo, com as atribuies exercidas diretamente pela Unio,

    Estados, Distrito Federal e Municpios.

    J na descentralizao, as competncias administrativas so

    exercidas por pessoas jurdicas autnomas, criadas pelo Estado para

    tal finalidade. Ex. autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas

    e sociedades de economia mista.

    O instituto fundamental da descentralizao o de entidade. Nos

    termos do art. 1, 2, II, da Lei n 9784/99, entidade a unidade

    de atuao dotada de personalidade jurdica prpria. Tendo

    personalidade autnoma, tais entidades respondem judicialmente

    pelos prejuzos causados por seus agentes pblicos.

    A descentralizao, nos termos do art. 6, do Decreto-Lei n 200/67,

    tem natureza jurdica de principio fundamental da organizao

    administrativa.

    O conjunto de pessoas jurdicas autnomas criadas pelo Estado

    recebe o nome de Administrao Pblica Indireta ou Descentralizada.

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    Essa descentralizao poder acontecer de duas formas:

    Descentralizao por outorga: diz-se outorgado ao servio

    repassado pela lei, que inclui a titularidade e a execuo e por prazo

    indeterminado.

    Descentralizao por delegao: transfere-se somente a execuo

    do servio, por meio de contrato administrativo e por prazo

    determinado.

    UNIO

    ESTADOS

    MUNICPIOS

    DF

    AUTARQUIAS

    FUNDAES

    SOC. ECON. MISTA

    EMP. PBLICAS

    LEI

    ENTE A + ENTE B

    (descentralizao)

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    Descentralizao

    Por outorga

    Por delegao

    Lei

    Contrato

    Transfere a titularidade e a execuo do servio

    Transfere apenas a execuo do servio

    Prazo indeterminado

    Prazo determinado

    Ex. autarquia

    Ex. concesso de servio pblico

    fcil memorizar, veja:

    dEscentralizao = Ente = Entidade = pEssoa

    Na descentralizao no h hierarquia ou subordinao, mas um

    controle finalstico, ministerial, tutela (no pra confundir com

    autotutela que o poder que a Administrao possui de anular e

    revogar os seus prprios atos).

    Dessa forma, o controle administrativo da Administrao Direta sobre

    entidades da Administrao Indireta dito finalstico, focado que na

    verificao quanto ao atingimento das finalidades para as quais foram

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    estas institudas. Tal controle tambm chamado de tutela

    administrativa ou superviso ministerial.

    Exemplo de descentralizao: quando a Unio transferiu a

    titularidade dos servios relativos seguridade social ao INSS

    (autarquia federal).

    descOncentrao = rgo

    Na desconcentrao temos os rgos, centros de competncia

    institudos para o desempenho de funes estatais, atravs de seus

    agentes, cuja atuao imputada pessoa jurdica a que pertencem.

    Os rgos so entes despersonalizados, dizer, no tem

    personalidade jurdica, no so capazes de exercer, por sua conta,

    direitos ou assumir obrigaes, ao contrrio dos entes.

    Exemplo de desconcentrao: ministrios, secretarias,

    departamentos, delegacia etc.

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    AUTARQUIA

    DPTO. DE PESSOAL

    UNIO

    MINISTRIOS

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    A descentralizao acontece de vrias formas, vejamos:

    1. Descentralizao poltica: ocorre sempre que pessoas

    jurdicas de direito pblico concorram com competncias

    polticas, com competncia para legislar;

    2. Descentralizao administrativa: ocorre a criao de entes

    personalizados, com poder de autoadministrao, capacidade

    de gerir os prprios negcios, mas com subordinao a leis e a

    regras impostas pelo ente central;

    3. Descentralizao territorial ou geogrfica: ocorre com

    entidade local geograficamente delimitada, dotada de

    personalidade jurdica prpria de direito pblico, com

    capacidade administrativa genrica para exercer a totalidade ou

    a maior parte dos encargos pblicos de interesse da

    coletividade. o caso dos territrios;

    4. Descentralizao por servios, funcional ou tcnica: se

    verifica quando a Administrao Direta cria uma pessoa jurdica

    de direito pblico ou privado e a ela transfere a titularidade e a

    execuo de determinado servio pblico;

    5. Descentralizao por colaborao: ocorre quando a

    Administrao transfere a execuo de determinado servio

    pblico pessoa jurdica de direito privado, previamente

    existente. Nesse caso o Poder Pblico conserva a titularidade do

    servio, podendo dispor dele de acordo com o interesse pblico.

    O instrumento de formalizao, via de regra, um contrato ou

    ato administrativo unilateral.

    A diferena entre concentrao e desconcentrao leva em conta a

    quantidade de rgos pblicos encarregados do exerccio das

    competncias administrativas. Por outro lado, a distino entre

    centralizao e descentralizao baseia-se no nmero de pessoas

    jurdicas autnomas competentes para desempenhar tarefas pblicas.

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    Quadro comparativo entre desconcentrao e descentralizao

    Desconcentrao Descentralizao

    Competncias atribudas a rgos pblicos sem personalidade jurdica prpria

    Competncias atribudas a entidades com personalidade jurdica autnoma

    O conjunto de rgos forma a chamada Administrao Pblica Direta ou Centralizada

    O conjunto de entidades forma a chamada Administrao Pblica Indireta ou Descentralizada

    rgo no podem ser acionados diretamente perante o Poder Judicirio, com exceo de alguns rgos dotados de capacidade processual especial

    Entidades descentralizadas respondem judicialmente pelos prejuzos causados a particulares

    Ex. Ministrios, Secretarias, Delegacias de Polcia, Delegacias da Receita Federal, Tribunais e Casas Legislativas

    Ex. Autarquias, Fundaes Pblicas, Empresas Pblicas e Sociedades de Economia Mista

    Qual a diferena entre administrao pblica extroversa e

    administrao pblica introversa? Administrao Pblica extroversa o conjunto de relaes jurdicas

    externas entre o Poder Pblico e os administrados. A Administrao

    Pblica introversa significa o complexo das vinculaes internas

    envolvendo agentes pblicos, rgos estatais e entidades

    administrativas.

    Teoria do rgo Pblico

    A doutrina sempre procurou explicar como a atuao do agente

    pblico atribuda ao Estado. A evoluo do tema encontrou respaldo

    na formulao de trs teorias diferentes:

    a) Teoria do Mandato: Por esta teoria, que toma por base um

    instituto tpico do direito privado, a relao entre o Estado e

    seus agentes pblicos teria por base o contrato de mandato.

    Mandato, para o Direito Privado, o contrato mediante o qual

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    uma pessoa, o mandante, outorga poderes a outra, o

    mandatrio, para que este execute determinados atos em

    nome do mandante e sob a responsabilidade deste. O

    instrumento do contrato de mandato a procurao. Assim, o

    agente, pessoa fsica, seria o mandatrio da pessoa jurdica,

    agindo em seu nome e sob a responsabilidade dela, em razo

    de outorga especfica de poderes. A principal crtica a esta

    teoria decorre da impossibilidade lgica de o Estado, que no

    possui vontade prpria, outorgar o mandato. No se responde,

    assim, questo: quem outorga o mandato ao agente pblico?

    Outro ponto importante e no solucionado pela teoria diz

    respeito responsabilizao do Estado quando o mandatrio

    exorbitasse dos limites da procurao. Se fosse adotada a

    disciplina jurdica delineada para o instituto do mandato no

    direito privado, o Estado no responderia perante terceiros

    quando o mandatrio agisse com excesso de poderes, ou seja,

    alm das atribuies a ele conferidas.

    b) Teoria da Representao: Pela teoria da representao, o

    agente pblico seria equiparado ao representante das pessoas

    incapazes (incapacidade civil, como a do menor de idade). O

    agente seria uma espcie de tutor ou curador do Estado, que o

    representaria nos atos que necessitasse praticar. Como

    enfatiza Helly Lopes Meirelles, inconcebvel que o incapaz

    outorgue validamente a sua prpria representao.

    c) Teoria do rgo: Por esta teoria, amplamente adotada por

    nossa doutrina e jurisprudncia, presume-se que a pessoa

    jurdica manifesta sua vontade por meio dos rgos, que so

    partes integrantes da prpria estrutura da pessoa jurdica, de

    tal modo que, quando os agentes que atuam nestes rgos

    manifestam a sua vontade, considera-se que esta foi

    manifestada pelo prprio Estado. Fala-se em imputao (e no

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    representao) da atuao do agente, pessoa natural, pessoa

    jurdica.

    Maria Sylvia Di Pietro explica que essa teoria utilizada para justificar

    a validade dos atos praticados por funcionrio de fato, pois considera

    que o ato por ele praticado ato do rgo, imputvel, portanto,

    Administrao.

    Deve-se notar que no qualquer ato que ser imputado ao Estado.

    necessrio que o ato revista-se, ao menos, de aparncia de ato

    jurdico legtimo e seja praticado por algum que se deva presumir

    ser um agente pblico (teoria da aparncia). Fora desses casos, o ato

    no ser considerado ato do Estado.

    CARACTERSICAS DOS RGOS PBLICOS

    1) integram a estrutura de uma pessoa poltica (Unio, Estado,

    Municpio, DF), no caso dos rgos da administrao direta, ou

    de uma pessoa jurdica administrativa (autarquia, fundao,

    empresa pblica ou sociedade de economia mista), no caso de

    rgos da administrao indireta;

    2) no possuem personalidade jurdica;

    3) so resultado da desconcentrao;]

    4) alguns possuem autonomia gerencial, oramentria e

    financeira;

    5) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de

    gesto com outros rgos ou com pessoas jurdicas;

    6) no tm capacidade para representar em juzo a pessoa

    jurdica que integram;

    7) alguns tm capacidade processual para defesa em juzo de

    suas prerrogativas funcionais;

    8) no possuem patrimnio prprio.

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    Classificao dos rgos Pblicos Quanto a sua estrutura, os rgos podem ser:

    a) rgos simples: ou unitrios, so constitudos por um s centro

    de competncia. Estes rgos no so subdivididos em sua

    estrutura interna, integrando-se em rgos maiores. No

    interessa o nmero de cargos que tenha o rgo, mas sim a

    inexistncia de subdivises com atribuies especficas em sua

    estrutura, ou seja, estes rgos exercem suas atribuies

    prprias de forma concentrada.

    b) rgos compostos: os rgos compostos renem em sua

    estrutura diversos rgos, como resultado da desconcentrao

    administrativa. o que ocorre com os ministrios e secretarias.

    c) rgos singulares: tambm denominados unipessoais, so os

    rgos em que a atuao ou as decises so atribuies de um

    nico agente, seu chefe e representante. Ex. Presidncia da

    Repblica.

    d) rgos colegiados: tambm denominados pluripessoais, so

    caracterizados por atuarem e decidirem mediante obrigatria

    manifestao conjunta de seus membros. Os atos e decises

    so tomados aps a liberao e aprovao pelos membros

    integrantes do rgo, conforme as regras regimentais

    pertinentes a quorum de instalao, de deliberao, de

    aprovao etc. Ex. Congresso Nacional e os tribunais.

    e) rgos independentes: os rgos independentes so os

    diretamente previstos no texto constitucional, representando os

    trs Poderes (Cmara dos Deputados, Senado Federal, STF, STJ

    e demais tribunais, Presidncia da Repblica, e seus simtricos

    nas demais esferas da Federao). So os rgos sem qualquer

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    subordinao hierrquica ou funcional. As atribuies destes

    rgos so exercidas por agentes polticos.

    f) rgos autnomos: situam-se na cpula da administrao,

    hierarquicamente logo abaixo dos rgos independentes.

    Possuem ampla autonomia administrativa, financeira e tcnica,

    caracterizando-se como rgos diretivos. Ex. Ministrios,

    Secretarias de Estado, Advocacia Geral da Unio etc.

    g) rgos superiores: so rgos que possuem atribuies de

    direo, controle e deciso, mas que sempre esto sujeitos ao

    controle hierrquico de uma chefia mais alta. No tm

    autonomia administrativa nem financeira. Ex. Procuradorias,

    Coordenadorias, Gabinetes etc.

    h) rgos subalternos: so todos os rgos que exercem

    atribuies de mera execuo, sempre subordinados a vrios

    nveis hierrquicos superiores. Tm reduzido pode decisrio. Ex.

    sees de expediente, de pessoal, de material, de portaria.

    AUTARQUIAS

    Autarquias so pessoas jurdicas de direito pblico, cuja principal

    diferena perante os entes polticos Unio, os Estados-membros,

    Distrito Federal e Municpios a falta de capacidade de fazer suas

    prprias leis (capacidade poltica), limitando-se capacidade de

    autoadministrar-se, nos limites impostos pela lei.

    De acordo com a CF/1988, art. 37, XIX e XX, sua criao deve ser

    feita por lei especfica, bem como a criao de suas subsidirias ou a

    participao em empresas privadas. Tal lei de iniciativa exclusiva do

    Chefe do Executivo.

    Espcies de Autarquia:

    Autarquia Territorial/geogrfica: a diviso geogrfica, com

    personalidade jurdica prpria, criada para prestar servios genricos

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    sociedade, como sade, educao, segurana, justia etc. Exemplos

    desse tipo de autarquia so os territrios federais, que atualmente

    no existem no Brasil, mas podem vir a ser criados (art. 33, CF/88).

    No faz parte da federao, no possuem autonomia legislativa, e

    so subordinados ao poder central;

    Autarquia de servios/institucional: aquela criada por lei

    possuindo capacidade administrativa especfica, restrita ao servio

    pblico determinado que lhe foi imputado. Ex. INSS;

    Autarquia Fundacional: a fundao pblica de direito pblico, a

    elas se aplicaro todas as prerrogativas das autarquias, ou seja, o

    regime jurdico de direito pblico;

    Autarquia Corporativa: tambm chamada de corporaes

    profissionais ou autarquias profissionais, so entidades com atuao

    de interesse pblico encarregadas de exercer controle e fiscalizao

    sobre determinadas categorias profissionais. Ex. CRO, CRM, CREA.

    ATENO! A OAB, segundo o STF, no considerada uma autarquia

    profissional.

    Agncia Reguladora: Com o fenmeno da desestatizao, que

    promoveu a mudana de paradigma do Estado brasileiro, de

    prestador para regulador e fiscalizador, ganhou importncia a

    presente figura da agncia reguladora.

    Trata-se de autarquia criada sob regime especial, com a atribuio de

    exercer o poder normativo das concesses e permisses de servios

    pblicos, competncia essa que, originalmente, do Poder Pblico.

    Sua competncia, ento, de natureza exclusivamente

    administrativa.

    Assim, exerce o poder de polcia, fiscalizando e controlando a atuao

    dos concessionrios e permissionrios. Exemplos: ANEEL, ANA,

    ANATEL, ANS.

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    Agncia Executiva: uma qualidade ou atributo de pessoa jurdica

    de direito pblico (autarquia ou fundao pblica) que celebre

    contrato de gesto, tambm conhecido como acordo-programa (art.

    37, 8, CF/88 e art. 5, Lei Federal n 9.637/98), para otimizar

    recursos, reduzir custos, aperfeioar o servio pblico. Exemplo:

    INMETRO.

    Caractersticas das Autarquias

    1 pessoas jurdicas de direito pblico:

    2 so criadas e extintas mediante lei especfica;

    3 dotadas de autonomia gerencial, oramentria e patrimonial;

    4 so imunes a impostos;

    5 celebram contratos administrativos;

    6 o regime normal de contratao estatutrio;

    7 possuem as prerrogativas especiais da Fazenda Pblica;

    8 responsabilidade objetiva e direta;

    9 seus bens so bens pblicos;

    10 no exercem atividade econmica

    EMPRESA PBLICA & SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

    A definio de empresa pblica foi dada pelo Decreto-Lei n 200/67,

    em seu art. 6, II, que dizia ser ... entidade dotada de personalidade

    jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital exclusivo

    do Estado, criada por lei (de acordo com a atual CF/88, em seu art.

    37, XIX, exige-se apenas lei especfica para autorizao; uma vez

    autorizada, a criao dar-se- por meio de decreto) para a

    explorao de atividade econmica, podendo revestir-se de qualquer

    das formas admitidas em direito.

    Da mesma forma que a empresa pblica, a definio de sociedade de

    economia mista tambm foi dada pelo Decreto-Lei n 200/67, em seu

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    art. 6, III, in verbis: ... entidade dotada de personalidade jurdica

    de direito privado, criada por lei para a explorao de atividade

    econmica, sob a forma de sociedade annima.

    Enquanto as empresas pblicas devem ter 100% do capital pblico,

    nas sociedades de economia mista a participao deve ser majoritria

    do Poder Pblico, admitindo-se a participao de capital privado.

    Por outro lado, as empresas pblicas podem revestir-se de qualquer

    forma admitida em direito, enquanto que as sociedades de economia

    mista devem ser sob a forma de sociedade annima. A primeira pode

    ser civil ou comercial; a segunda, sempre comercial.

    Finalmente, enquanto a empresa pblica tem foros diferentes (Justia

    Federal, no caso das empresas pblicas federais, e Justia Estadual,

    no caso das estaduais e municipais), as sociedades de economia

    mista tm como foro, em geral, a Justia Estadual.

    Caractersticas das Empresas Pblicas

    1 Criao autorizada por lei especfica;

    2 Todo o capital pblico;

    3 Forma organizacional livre;

    4 Suas demandas so de competncia da Justia Federal (no caso

    das empresas pblicas distritais, estaduais ou municipais, em regra,

    as demandas so julgadas em varas especializadas da Fazenda

    Pblica na Justia Estadual)

    Caractersticas das Sociedades de Economia Mista

    1 Criao autorizada por lei especfica; 2 A maioria do capital pblico;

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    3 Forma de sociedade annima; 4 Demandas so julgadas na Justia Estadual Vamos resumir as diferenas entre elas em um quadro para facilitar a

    nossa memorizao?

    EMPRESA PBLICA

    SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

    CAPITAL

    100% PBLICO

    MISTO (PBLICO E PRIVADO)

    FORMA DECONSTITUIO

    ADMITE QQ FORMA

    APENAS S/A

    COMPETNCIA PARA

    JULGAMENTO DE SUAS AES

    A DEPENDER, PODER SER JF OU

    JE.

    APENAS JE

    FALNCIA

    Lei n 11.101/2005 (Lei de Falncia), art. 2, I: esta Lei no se aplica a empresa pblica e sociedade de economia mista

    FUNDAO Fundao um patrimnio personalizado, sem fins lucrativos,

    destinado a um fim especfico. Prev o art. 37, XIX da CF/88, que a

    criao de fundaes ser autorizada por lei especfica, sendo que lei

    complementar definir suas reas de atuao. A fundao goza de

    privilgios tributrios, ou seja, a fundao pblica tem imunidade

    para impostos, quando ao patrimnio, rendas e servios vinculados

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    s suas finalidades essenciais (art. 150, VI, a e 2, CF). A fundao

    pblica pode ser de direito pblico ou de direito privado, se for de

    direito pblico ser uma espcie de fundao, chamada autarquia

    fundacional.

    OS & OSCIP (TERCEIRO SETOR) O nome terceiro setor designa atividades que no so, nem

    governamentais (primeiro setor), nem empresariais e econmicas

    (Segundo setor). Desse modo, o terceiro setor composto por

    entidades privadas da sociedade civil que exercem atividade de

    interesse pblico sem finalidade lucrativa.

    O regime aplicvel a tais entidades predominantemente privado,

    parcialmente derrogado por normas de Direito Pblico.

    So os chamados entes de cooperao e NO INTEGRAM A

    ADMINISTRAO INDIRETA.

    Organizao Social: So pessoas jurdicas de direito privado sem

    fins lucrativos, voltadas ao desempenho de atividades de interesse

    pblico, em especial nas reas de sade, cultura, ensino, pesquisa,

    tecnologia, meio ambiente que, declaradas de interesse social ou de

    utilidade pblica, celebram contratos de gesto com a Administrao

    Pblica.

    Assim, no so entidades da Administrao Indireta, mas apenas

    pessoas jurdicas de direito privado que prestam atividades pblicas

    atravs de contrato de gesto, com apoio e controle pblicos.

    Organizaes da sociedade civil de interesse pblico: Elas tm

    finalidades semelhantes s Organizaes Sociais. Contudo, no so

    criadas a partir da extino de rgos, mas sim devem atuar h pelo

    menos um ano no ramo de atividade em questo.

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    So organizaes no governamentais (ONGs) que cumpriram os

    requisitos da lei, em especial os relativos transparncia

    administrativa. Cumpridos tais requisitos, a outorga da qualificao

    como OSCIP ato vinculado (Lei n 9.790/99, art. 1, 2).

    A Administrao firma Termo de Parceria com a OSCIP para executar

    um plano de modernizao da Administrao, que, em tese, uma

    necessidade temporria (Lei n 9.790/99, art. 9). Tal termo uma

    alternativa vantajosa aos convnios, tendo maior agilidade e

    razoabilidade em prestar contas. Sujeitam-se ao controle do Tribunal

    de Contas e s regras de licitao.

    Servios Sociais Autnomos: So todos aqueles institudos por lei,

    com personalidade jurdica de direito privado, para ministrar

    assistncia ou ensino a certas categorias sociais ou grupos

    profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotaes

    oramentrias ou por contribuies parafiscais. (Hely Lopes

    Meirelles). Ex. SESI.

    Outro quadro para facilitar o nosso estudo:

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    ORGANIZAO SOCIAL OS

    (Lei n. 9637/98)

    ORGANIZAO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PBLICO

    OSCIP

    (Lei n. 9790/99)

    Atividades: ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento

    tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade

    art. 1

    Atividades: o mbito de suas atividades mais amplo.

    Art. 3 da Lei n 9.790/99

    Entidades: sociedades, associaes ou fundaes, sem fins lucrativos

    Entidades: a lei estabelece expressamente quais entidades no podem ser credenciadas como OSCIP, dentre as quais algumas ONGS,

    conforme art. 2.

    CONTRATO DE GESTO

    TERMO DE PARCERIA

    QUALIFICAO ATO DISCRICIONRIO

    QUALIFICAO ATO VINCULADO

    A LEI EXIGE QUE A OS POSSUA UM CONSELHO DE ADMINISTRAO

    A LEI EXIGE QUE A OSCIP POSSUA UM CONSELHO FISCAL

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    Vamos agora exercitar o que aprendemos na aula de hoje?

    Lista de Questes

    1 (FUNRIO/MPOG/Agente/2009) Com relao ao regime dos

    empregados de uma sociedade de economia mista correto afirmar:

    a) contratao por concurso pblico e regidos pelas normas do

    Regime Jurdico nico dos Servidores Pblicos Federais (Lei n

    8112/90);

    b) contratao por concurso pblico e regidos pelas normas da

    Consolidao das Leis do Trabalho;

    c) contratao sem concurso pblico e regidos pelas normas do

    Regime Jurdico nico dos Servidores Pblicos Federais (Lei n

    8112/90);

    d) contratao sem concurso pblico e regidos pelas normas da

    Consolidao das Leis do Trabalho;

    e) contratao sem concurso pblico e regidos exclusivamente pelo

    Estatuto Social da Sociedade de Economia Mista.

    2 (Vunesp/SPTrans/Advogado/2012) Os bens e interesses

    pblicos no pertencem Administrao nem a seus agentes. Cabe-

    lhes apenas geri-los, conserv-los e por eles velar em prol da

    coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses

    pblicos. (Jos dos Santos Carvalho Filho in Manual de Direito

    Administrativo)

    A conceituao acima reproduzida trata de um dos princpios do

    direito administrativo. Assinale a alternativa que contm um princpio

    que corretamente representa essa conceituao doutrinria.

    a) Autotutela

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    b) Eficincia

    c) Indisponibilidade

    d) Proteo confiana

    e) Precauo

    3 (Vunesp/Fundao Casa/Analista/2010) Sobre o regime

    jurdico da Administrao Pblica, correto afirmar que:

    a) segundo o princpio da isonomia, a Administrao no pode ter

    privilgios em suas relaes com os administrados.

    b) as pessoas administrativas tm disponibilidade sobre os interesses

    pblicos confiados sua guarda.

    c) a Administrao pode revogar os seus prprios atos, mas no pode

    anul-los.

    d) o princpio da continuidade fundamenta a encampao da

    concesso do servio pblico pelo Estado.

    e) o ato discricionrio do administrador que no transgrediu nenhuma

    norma concreta e expressa no pode ser submetido apreciao do

    Poder Judicirio.

    4 (Vunesp/TJ-SP/Juiz/2009) A Smula n 13, do Supremo

    Tribunal Federal, ps um ponto final na prtica do chamado

    "nepotismo" na Administrao Pblica brasileira. Nos julgados que

    deram ensejo referida Smula, foram destacados alguns pontos

    fundamentais para a sua exata compreenso, tais como:

    a) somente por lei formal pode ser vedada a nomeao para cargo

    em comisso de parente prximo, cuja funo administrativa seja de

    assessoramento.

    b) a investidura poltica, ou seja, sem concurso pblico, por si s,

    revela-se afrontosa moralidade pblica.

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    c) a Smula n 13, do STF, compatvel com o ideal republicano, j

    que este abriga o exerccio do poder administrativo pro domo sua.

    d) no caracteriza imoralidade administrativa a nomeao, pela

    autoridade administrativa competente, de parente prximo para

    ocupar cargo pblico de natureza poltica.

    5 (Vunesp/TJ-SP/Juiz/2009) Um dos aspectos primordiais do

    Direito Administrativo brasileiro o de ser um conjunto:

    a) de princpios e normas aglutinador dos poderes do Estado de

    maneira a colocar o administrado em relao de subordinao

    hierrquica a tais poderes.

    b) de princpios e normas que no alberga a noo de bem de

    domnio privado do Estado.

    c) instrumental de princpios e normas que regula exclusivamente as

    relaes jurdicas administrativas entre o Estado e o particular.

    d) de princpios e normas limitador dos poderes do Estado.

    6 (FCC/TRE-PE/Tcnico/2011) No que concerne s fontes do

    Direito Administrativo, correto afirmar que:

    a) o costume no considerado fonte do Direito Administrativo.

    b) uma das caractersticas da jurisprudncia o seu universalismo,

    ou seja, enquanto a doutrina tende a nacionalizar-se, a jurisprudncia

    tende a universalizar-se.

    c) embora no influa na elaborao das leis, a doutrina exerce papel

    fundamental apenas nas decises contenciosas, ordenando, assim, o

    prprio Direito Administrativo.

    d) tanto a Constituio Federal como a lei em sentido estrito

    constituem fontes primrias do Direito Administrativo.

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    e) tendo em vista a relevncia jurdica da jurisprudncia, ela sempre

    obriga a Administrao Pblica.

    7 (FCC/TRT-SE/Analista/2011) No que concerne

    Administrao Pblica, o princpio da especialidade tem por

    caracterstica:

    a) a descentralizao administrativa atravs da criao de entidades

    que integram a Administrao Indireta.

    b) a fiscalizao das atividades dos entes da Administrao Indireta.

    c) o controle de seus prprios atos, com possibilidade de utilizar-se

    dos institutos da anulao e revogao dos atos administrativos.

    d) a relao de coordenao e subordinao entre uns rgos da

    Administrao Pblica e outros, cada qual com atribuies definidas

    em lei.

    e) a identificao com o princpio da supremacia do interesse privado,

    inerente atuao estatal.

    8 (FCC/TRE-AP/Analista/2011) A conduta do agente pblico

    que se vale da publicidade oficial para realizar promoo pessoal

    atenta contra os seguintes princpios da Administrao Pblica:

    a) razoabilidade e legalidade.

    b) eficincia e publicidade.

    c) publicidade e proporcionalidade.

    d) motivao e eficincia.

    e) impessoalidade e moralidade.

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    9 (FCC/TRT-1/Tcnico/2011) Analise as seguintes proposies,

    extradas dos ensinamentos dos respectivos Juristas Jos dos Santos

    Carvalho Filho e Celso Antnio Bandeira de Mello:

    I. O ncleo desse princpio a procura de produtividade e

    economicidade e, o que mais importante, a exigncia de reduzir os

    desperdcios de dinheiro pblico, o que impe a execuo dos

    servios pblicos com presteza, perfeio e rendimento funcional.

    II. No texto constitucional h algumas referncias a aplicaes

    concretas deste princpio, como por exemplo, no art. 37, II, ao exigir

    que o ingresso no cargo, funo ou emprego pblico depende de

    concurso, exatamente para que todos possam disputar-lhes o acesso

    em plena igualdade.

    As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes princpios

    da Administrao Pblica:

    a) moralidade e legalidade.

    b) eficincia e impessoalidade.

    c) legalidade e publicidade.

    d) eficincia e legalidade.

    e) legalidade e moralidade.

    10 (FCC/TRT-23/Tcnico/2011) O Jurista Celso Antnio

    Bandeira de Mello apresenta o seguinte conceito para um dos

    princpios bsicos da Administrao Pblica: De acordo com ele, a

    Administrao e seus agentes tm de atuar na conformidade de

    princpios ticos. (...) Compreendem-se em seu mbito, como

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    evidente, os chamados princpios da lealdade e boa-f. Trata-se do

    princpio da:

    a) motivao.

    b) eficincia.

    c) legalidade.

    d) razoabilidade.

    e) moralidade.

    11 (FCC/TJ-AP/Titular de servios de notas e

    registros/2011) Constituem princpios do processo administrativo,

    explcitos ou implcitos no Direito positivo:

    a) oficialidade, publicidade e motivao.

    b) sigilo, economia processual e unilateralidade.

    c) on