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Macroeconomia Aula 01 - Conceitos Fundamentais de Economia Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula 01 - Conceitos Fundamentais de Economia Nesta aula, você aprenderá o que a Economia estuda. Será apresentado(a) aos conceitos de escassez, produção, bens e serviços e fatores de produção. Saberá quais os problemas econômicos fundamentais e como a economia de mercado responde a eles. Conhecerá o método de estudo da Economia, através dos modelos econômicos, e observará dois modelos simples – o fluxo circular da renda e a fronteira das possibilidades de produção. Introdução e Desenvolvimento O objeto central da economia: a escassez A razão essencial da existência da Teoria Econômica (ou Ciência Econômica) é a escassez. Este conceito refere-se à falta ou insuficiência de alguma coisa. No caso das sociedades humanas, observamos que há um conflito constante entre necessidades e recursos, pois as nossas necessidades são ilimitadas, enquanto os recursos são escassos. Ao falarmos das necessidades, estamos nos referindo aos principais elementos que garantem a sobrevivência material da espécie humana ( todos e cada um de nós). No que você pensa quando se fala de necessidades com esse significado? Enumerei abaixo as necessidades básicas do homem atual. É bastante provável que esta lista contenha muitos, ou quase todos, os itens da sua própria lista: • alimentos (sólidos e líquidos) • vestuário e calçados • moradia, mobília • água corrente e eletricidade

Aula 01 - Conceitos Fundamentais de Economia · Macroeconomia Aula 01 - Conceitos Fundamentais de Economia Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb O que a economia tem a ver

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    Aula 01 - Conceitos Fundamentais de Economia

    Nesta aula, voc aprender o que a Economia estuda. Ser apresentado(a)

    aos conceitos de escassez, produo, bens e servios e fatores de produo.

    Saber quais os problemas econmicos fundamentais e como a economia

    de mercado responde a eles. Conhecer o mtodo de estudo da Economia,

    atravs dos modelos econmicos, e observar dois modelos simples o

    fluxo circular da renda e a fronteira das possibilidades de produo.

    Introduo e Desenvolvimento

    O objeto central da economia: a escassez

    A razo essencial da existncia da Teoria Econmica (ou Cincia Econmica)

    a escassez. Este conceito refere-se falta ou insuficincia de alguma

    coisa. No caso das sociedades humanas, observamos que h um conflito

    constante entre necessidades e recursos, pois as nossas necessidades

    so ilimitadas, enquanto os recursos so escassos.

    Ao falarmos das necessidades, estamos nos referindo aos principais

    elementos que garantem a sobrevivncia material da espcie humana (

    todos e cada um de ns). No que voc pensa quando se fala de necessidades

    com esse significado?

    Enumerei abaixo as necessidades bsicas do homem atual. bastante

    provvel que esta lista contenha muitos, ou quase todos, os itens da sua

    prpria lista:

    alimentos (slidos e lquidos)

    vesturio e calados

    moradia, moblia

    gua corrente e eletricidade

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    utenslios domsticos e eletrodomsticos

    meios de transporte

    Esta lista muito limitada. Observe, por exemplo, que exclumos tudo

    o que representa lazer e recreao no lar (aparelhos eletrnicos, livros e

    revistas etc.). Observe, ainda, que os meios de transporte podem variar

    de uma simples bicicleta a uma moto, um automvel ou ao transporte

    pblico (nibus, trem, metr). Atividades fora do lar nem foram arranhadas

    (cinema, bares e restaurantes, viagens etc.). Alm disso, se pensarmos que

    a vida em sociedade requer tambm que cada um possa contribuir para a

    melhora coletiva, atravs da participao enquanto cidado livre e ativo,

    ento o rol das necessidades aumenta bastante. No acha? Pois estaramos

    falando tambm em educao e sade generalizados, imprensa livre e

    variada, governos democrticos com eleies regulares, justia organizada

    e eficiente, etc.

    Existe um nmero significativo de seres humanos que conseguem, ao

    menos, usufruir a lista de necessidades bsicas e muitos destes tambm

    se beneficiam dos itens citados abaixo da lista, tais como lazer, educao,

    sade, etc. No entanto, os itens enumerados como de necessidades bsicas

    do homem est fora do alcance de parcelas significativas da humanidade

    atual. Milhes de pessoas, no Brasil e no mundo, no tem acesso a essa lista

    como um todo. No mximo, elas conseguem obter dois ou trs daqueles

    itens em quantidades insuficientes. Voc j viu quantas pessoas passam

    fome no Brasil e no mundo? Quantos desabrigados existem pelas ruas a

    fora? A este fato denominamos de excluso social, ou seja, a excluso do

    acesso aos bens materiais mais elementares e prpria participao nas

    decises da sociedade.

    O registro desse fato comum importante para assinalar duas importantes

    caractersticas da vida social: as desigualdades sociais e a atualidade da

    luta pela sobrevivncia de todos e de cada um. Os includos isto ,

    aqueles que tem pelo menos acesso lista mnima e participao na

    cidadania so, na imensa maioria, pessoas sem qualquer segurana de

    que mantero esse acesso por toda a sua vida.

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    O que a economia tem a ver com isso tudo?

    Veja, voc acabou de ter o seu primeiro contato com a escassez, no sentido

    econmico da palavra. Se voc for analisar, perceber que os prprios itens

    da nossa lista, considerados necessrios a um mnimo de qualidade de

    vida humana, no esto acessveis a todos. Entre os que conseguem esse

    acesso, a maioria o faz custa de muita luta, por todos os dias e anos de

    suas vidas. Mas o principal aspecto da escassez ainda no foi mencionado:

    a escassez de recursos.

    E o que so recursos? A palavra recursos no se refere apenas a dinheiro.

    Olhe novamente aquela lista de itens bsicos e reflita: o que preciso para

    que cada um deles esteja disponvel para o nosso consumo? Aparecer

    uma outra lista de elementos necessrios para torn-los disponveis: terra,

    ou rea (espao); materiais que se transformaro naqueles itens (sementes,

    matrias-primas e componentes); ferramentas, mquinas, instalaes para

    possibilitar o processamento desses materiais; mo-de-obra humana, tanto

    direta (com a mo na massa), como indireta (tcnicos, administradores,

    pessoal de apoio administrativo). Essa lista de elementos necessrios

    acabar se tornando maior do que a primeira.

    Podemos dizer, ento, que so necessrios recursos materiais, tcnicos,

    humanos e financeiros para os itens de necessidade bsica do ser humano

    estejam disponveis s pessoas que deles necessitam.

    Assim, os recursos financeiros que correspondem ao dinheiro ou a

    algo equivalente a ele (conta bancria, cartes de crdito ou linhas de

    financiamento, ttulos e aes etc.) - so importantes, mas no exclusivos.

    Sua importncia que eles possibilitam comprar ou pagar pelos demais

    recursos mas no os substituem. No se faz comida, roupa ou moradia

    com dinheiro.

    Infelizmente, os recursos mencionados so escassos. Em parte, porque

    a natureza no os oferece em todos os lugares de forma abundante. Os

    materiais bsicos, por exemplo, no esto disponveis generalizadamente.

    Sementes requerem, muitas vezes, solos especficos e tratamento das

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    plantas (alm disso, as plantas pertencem aos proprietrios das terras em

    que esto enraizadas). Os minrios esto mal distribudos. A mo-de-obra

    necessria para produzir certos bens e servios pode no ser aquela que

    se encontra numa regio ou pas: os conhecimentos e habilidades variam

    muito.

    Outra parte do problema refere-se ao uso que os homens fazem desses

    recursos. A terra, por exemplo, j foi no passado e continua a ser hoje

    motivo de disputa pela sua posse alguns a tm e outros querem t-la,

    mas no dispem de meios para isso. Essa disputa foi importante em

    diversos pases e continua a ser assunto dirio no Brasil.

    Alm disso, ns, humanos, acabamos utilizando, muitas vezes de forma

    irresponsvel, alguns recursos da natureza que no eram, mas passaram a

    ser (por nossa culpa) escassos. A gua o maior exemplo da atualidade. O

    planeta gua como se refere a cano est cada vez mais ameaado

    pela poluio e pelo desperdcio desse lquido precioso. Alguns estudiosos

    (inclusive economistas) consideram que, j neste sculo, a gua pode vir a

    ser mais valorizada do que o petrleo hoje.

    O bicho-homem um eterno criador de necessidades

    Parece-nos muito natural ficarmos preocupados com um apago, como

    ocorreu h poucos anos, ou com a possibilidade de racionamento de gua.

    Muitos de ns nos angustiamos com a queda da conexo da Internet ou a

    interrupo de uma ligao do celular: Negcios importantes ou assuntos

    pessoais urgentes podem sofrer graves danos!

    Algum de vocs j pensou em consultar seus pais (para quem est na

    casa dos 40 anos suficiente) ou avs, sobre como eles viviam sem essas

    angstias? Nossa espcie tem algumas dezenas de milhares de anos e

    somente agora tais necessidades tornaram-se indispensveis. As abelhas

    e as formigas possuem uma organizao social complexa, mas vivem

    hoje exatamente como viviam h dez mil anos, ao contrrio dos seres

    humanos.

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    Essa nossa caracterstica no conjunto do reino animal. Conscincia e

    inteligncia nos levaram, muito cedo, a compreender que, individualmente,

    no sobreviveramos. Somos uma espcie muito desprotegida: sem garras,

    bicos ou veneno, sem plos ou pele gordurosa contra o frio, sem nada que

    nos habilite a sobreviver ante os perigos da natureza. S a organizao

    coletiva podia fazer frente a isso: fomos coletores, depois caadores,

    depois agricultores e criadores de animais. A cada mudana e dentro

    dessas maiores, outras mudanas menores ocorriam freqentemente:

    a descoberta de novos produtos a cultivar, novos animais a criar, novas

    tcnicas de uso do solo e assim por diante crivamos novas necessidades.

    Novos materiais, novas ferramentas, novos espaos, novas formas de

    organizao coletiva, novas habilidades e conhecimentos, tudo est em

    constante mudana. Alm disso, at os produtos e recursos tradicionais

    tinham que ser continuamente aumentados, tanto pelo crescimento da

    populao, como pelo desejo natural de melhorar os padres de vida.

    Durante uns quatro milnios, as mudanas ocorriam entre sculos.

    Porm, os ltimos duzentos anos foram particularmente velozes nas

    transformaes. Durante a Idade Mdia (cujas datas-limite oficiais so 476

    e 1453), a vida de um europeu no era muito diferente daquela de seu

    bisav, salvo em algum detalhe secundrio. Mas, desde o final do sculo

    XVIII (18), a humanidade entrou em uma vertigem de mudana cada vez

    maior. O historiador Eric Hobsbawm assinala que na segunda metade

    do sculo XX ocorreu uma transformao de maior vulto em nossa vida

    coletiva: pela primeira vez, a maioria da nossa espcie deixou de viver

    da agropecuria e passou a depender das atividades urbanas (indstria,

    comrcio e servios). J h quarenta anos, os psiclogos analisam o

    conflito de geraes. Esse conflito , em grande parte, devido mudana

    brutal no modo de produzir, consumir e viver em sociedade, que altera

    vrias vezes os valores e a percepo que as pessoas tm do mundo ao

    longo de uma vida humana. A chave desse processo de transformao, de

    criao de novas necessidades e redescoberta constante da escassez o

    processo de trabalho. Das comunidades primitivas sociedade moderna,

    ele tem sido o motor da vida social. O trabalho o centro da produo.

    Essa produo a arma coletiva que descobrimos para tentar superar a

    escassez.

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    E o que os seres humanos produzem? Essencialmente, dois tipos de

    produtos: BENS e SERVIOS.

    A produo de bens e servios: nossa resposta escassez

    O que so bens e servios? De forma geral, bens e servios so produtos

    do trabalho humano que atendem a necessidades humanas. Porm, o

    primeiro trata de produtos materiais (fsicos) e o segundo de produtos

    abstratos que envolvem a oferta de aes especificas realizadas geralmente

    por outros seres humanos que dominam a tcnica para realiza-las.

    Como disse anteriormente, bens so produtos com existncia fsica,

    portanto so tangveis (podemos v-los, senti-los ou toc-los). Eles tm

    forma, cor, textura - enfim, caractersticas fsicas - e subdividem-se em

    quatro grupos:

    - bens de consumo no durveis: devem ser renovados freqentemente,

    esgotam-se ou desgastam-se rapidamente. Isso inclui alimentos e

    bebidas, materiais de higiene e limpeza, vesturio e calados;

    -bens de consumo durveis: podem ser consumidos durante um tempo

    maior e no precisam ser renovados com freqncia. Automveis

    (veculos em geral), eletrodomsticos e aparelhos eletrnicos so

    tpicos deste grupo;

    - bens intermedirios: resultam de um primeiro processamento

    industrial, mas no servem para o consumo. Voltam ao processo

    produtivo para dar origem a bens finais. Exemplos: ao, celulose,

    metais processados, petrleo, produtos qumicos;

    -bens de capital: so bens finais, mas no se destinam ao consumo das

    famlias e sim das empresas. So bens que produzem outros bens.

    Mquinas e equipamentos, em geral, representam este grupo.

    Servios no tm existncia fsica: um nibus fsico (portanto, um

    bem), mas o transporte que ele realiza (deslocamento de pessoas entre

    locais distintos) no algo fsico, no pode ser tocado, sentido ou visto em

    termos de forma ou cor. Um corte de cabelo utiliza bens fsicos tesoura,

    aparelho eltrico mas no , em si mesmo, fsico. Vemos seu resultado

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    na pessoa, o barbeiro/cabeleireiro, agindo, mas o corte em si mesmo

    no existe fisicamente. Esta aula utiliza elementos fsicos e voc a est

    lendo em papel ou no computador mas a aula em si, a transmisso do

    conhecimento, no fsica. E um dos elementos desta aula a energia

    eltrica transmitida desde uma usina a centenas ou milhares de km de

    distncia: voc a usa (como iluminao para sua leitura em papel, ou como

    fonte de energia para seu computador), mas no a v.

    Outra importante diferena: bens so primeiro produzidos e depois

    consumidos. H uma separao no tempo entre esses dois momentos.

    Ela pode ser grande ou pequena (anos, dcadas ou minutos) mas

    sempre h distino entre a produo e o consumo. J os servios so

    consumidos apenas durante o perodo em que esto sendo prestados. Se

    o motorista parar para um cochilo, o servio de transporte se interrompe

    imediatamente. O corte de cabelo acaba quando o barbeiro cessa

    seu trabalho. A aula termina assim que o professor deixa de transmitir

    os conhecimentos pretendidos. Se o operador da usina hidroeltrica

    interromper sua atividade, imediatamente voc ficar sem energia e

    ter que parar sua aula no computador ou sua leitura (se a luz do sol for

    insuficiente). Por isso, mais correto falar em prestao de servios.

    somente para simplificar que dizemos produo de bens e servios.

    A produo de bens e servios uma atividade central na vida social,

    desde o final da pr-histria at a nossa era de economia globalizada. Ela

    baseia-se em dois princpios fundamentais:

    realizada atravs do trabalho humano. Por mais automatizada que

    seja a produo, ainda no se conseguiu tornar nenhum bem ou servio

    totalmente independente do trabalho humano. E inmeros produtos

    mantm um nvel muito limitado de automatizao.

    Sua produo requer aqueles recursos mencionados anteriormente

    (materiais, tcnicos, financeiros e humanos) que so chamados de recursos

    produtivos, ou ainda, fatores de produo.

    Separamos, anteriormente, os recursos produtivos em tcnicos,

    materiais, humanos e financeiros. Mas para os economistas tem-se uma

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    outra classificao. Os fatores de produo agrupam-se em trs tipos

    fundamentais:

    - terra, ou recursos naturais (inclui a vegetao, o subsolo etc.)

    - trabalho (a expresso mo-de-obra limitada, porque o fator

    trabalho inclui tambm o trabalho tcnico, administrativo e

    intelectual)

    - capital: este termo refere-se aos equipamentos fsicos usados no

    processo de trabalho, como mquinas, ferramentas, instalaes

    fsicas (fbricas, galpes, currais, escritrios etc.)

    O que a cincia econmica estuda

    Podemos agora sintetizar o objeto de estudo da Economia em:

    Como os homens alocam (distribuem) seus recursos escassos para atender

    necessidades sempre crescentes. Tambm estudamos como as sociedades

    se organizam para realizar a produo e como os produtos criados so

    repartidos ou distribudos entre os membros da sociedade.

    Produo, distribuio e consumo esto no foco da Cincia Econmica.

    Nesses trs processos, uma infinidade de decises so tomadas. Produtores

    decidem como combinar os fatores de produo (quanto de cada fator

    ser utilizado); consumidores decidem quanto de cada bem ou servio iro

    comprar. Produtores e consumidores sofrem uma restrio oramentria:

    os recursos financeiros de que dispem so limitados. Portanto, cada

    escolha significa uma renncia a um uso alternativo desses recursos. Usar

    mais de um fator (por exemplo, trabalho) implica em usar menos de outro

    (por exemplo, mquinas). Comprar mais de um bem ou servio implica

    em reduzir ou anular as compras de outro(s). Isso leva alguns economistas

    a definir a Economia como cincia das escolhas, o estudo cientfico de

    como essas decises so tomadas e das conseqncias que acarretam

    para a prpria economia.

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    Os economistas chamam custo de oportunidade aquilo que se deixa de

    produzir ou consumir cada vez que se faz uma escolha. Se pago meus

    estudos, terei que gastar menos com diverso ou roupas de grife. O que

    deixei de consumir o custo de oportunidade de minha opo pelo estudo.

    De maneira anloga, um empresrio que aloca seus fatores de produo

    para um produto prioritrio est sacrificando a produo de outro

    produto. Este produto no fabricado o custo de oportunidade daquele

    efetivamente produzido. Note que este conceito de custo distinto do

    conceito contbil: aqui no se gastou nada, apenas deixou-se de produzir

    ou consumir algo. Em economia, este custo no substitui o custo contbil,

    mas tem uma grande importncia. Na verdade, um custo oculto: nem

    todos o percebem, mas real e tem conseqncias estudadas pela Cincia

    Econmica.

    Muitos estudos econmicos so, na verdade, comparaes entre usos

    alternativos dos recursos: teria sido melhor para a empresa ou para a

    sociedade produzir bens e servios diferentes daqueles escolhidos? O

    gasto em bens e servios alternativos traria melhores resultados em

    termos de bem-estar individual ou coletivo? Quem, na verdade, est

    pagando pelas decises adotadas em nome da sociedade? No apenas

    pagando monetariamente, mas com a renncia a dispor de bens e

    servios diferentes daqueles escolhidos. Um economista famoso cunhou

    um provrbio repetido por todos os autores sobre Economia: No existe

    almoo de graa. Talvez, quem ir pagar a conta no esteja percebendo

    isso; nem por isso deixar de arcar com os custos, de uma maneira ou de

    outra.

    A economia uma cincia social, ou seja, estuda as interaes entre

    as atividades e decises individuais (de empresas e de pessoas) e seu

    impacto para a sociedade em seu conjunto, ou para os diversos grupos

    que a compem. Por isso, ela interage com outras cincias sociais, como o

    direito, a sociologia, a histria e a cincia poltica. Robinson Cruso sozinho

    numa ilha no um tema de estudo econmico, a no ser por contraste

    com outras pessoas interagindo entre si.

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    Os problemas econmicos fundamentais ou as trs grandes perguntas de

    toda economia.

    Uma vez que a Economia estuda como se combinam recursos escassos

    para produzir bens e servios que satisfaam as necessidades humanas

    e como estes sero distribudos, surgem imediatamente trs perguntas

    que qualquer organizao social tem que responder, desde uma tribo

    indgena, uma sociedade escravocrata (como o Brasil no sc. XIX) a uma

    economia capitalista ou socialista. So elas:

    - O que produzir? Ou seja, quais bens e servios sero priorizados,

    dado que a escassez de recursos impossibilita produzir tudo o que

    a sociedade deseja;

    - Como produzir? Isto , quais tcnicas sero utilizadas, que proporo

    de cada fator de produo ser adotada na produo de cada bem

    e servio;

    - Para quem produzir? Quer dizer, ao final de tudo, quem ir adquirir

    e consumir os bens e servios produzidos esta questo relaciona-

    se com a distribuio de renda na sociedade.

    Historicamente, houve diversas respostas a essas questes. Cada resposta

    (ou melhor, cada conjunto de respostas) implica num determinado

    sistema econmico: um conjunto de leis, instituies, regras e atitudes

    sociais que envolvem toda a atividade produtiva.

    Atualmente, a maioria dos pases adota a economia de mercado (tambm

    denominada sistema capitalista) como forma de responder a essas

    questes. As economias socialistas j foram uma resposta alternativa,

    mas hoje poucos pases adotam esse sistema. H economistas, cientistas

    sociais, lderes polticos e empresrios que consideram as respostas

    do capitalismo como adequadas. Outros discordam: estes crticos vm

    buscando alternativas viveis, desde o fim do socialismo sovitico e do

    Leste europeu.

    Podemos observar essa discordncia em dois grupos de lideranas que

    se renem periodicamente. O primeiro o Frum de Davos (cidade sua

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    onde costumam ocorrer suas reunies), dos defensores da economia

    de mercado, que buscam aperfeio-la. O segundo o Frum de Porto

    Alegre (assim chamado porque sua principal reunio mundial ocorreu na

    capital gacha), que discute formas alternativas de organizao social e

    econmica.

    A economia de mercado funciona baseada em decises descentralizadas.

    Empresrios decidem individualmente sobre os processos produtivos e as

    famlias (consumidores) decidem individualmente sobre seu consumo. Os

    empresrios baseiam-se em seus recursos disponveis e nas indicaes do

    mercado: preos em alta significam interesse dos consumidores; preos

    em baixa mostram desinteresse destes. Observando os preos dos bens e

    servios e tambm dos fatores de produo (salrios etc.), os empresrios

    escolhem o que iro oferecer ao mercado. Os consumidores (as famlias)

    baseiam-se na sua renda e nos preos do mercado para decidir o que

    consumiro. O papel do governo manter as regras gerais e evitar abusos,

    interferindo pouco nessas decises.

    O mtodo da cincia econmicaO ECONOMISTA COMO CIENTISTA

    Os economistas tentam tratar seu campo de estudo com a objetividade

    de um cientista. Eles encaram o estudo da economia de forma muito

    semelhante de um fsico quando estuda a matria ou de um bilogo

    quando estuda a vida. Eles formulam teorias, coletam dados e depois

    analisam esses dados para confirmar ou refutar suas teorias.

    Parece estranho, primeira vista, afirmar que a economia uma cincia.

    Afinal, os economistas no trabalham com tubos de ensaio ou telescpios.

    Contudo, a essncia da cincia o mtodo cientfico a conformao e o

    teste desapaixonados de teorias sobre o funcionamento do mundo. Esse

    mtodo de estudo to aplicvel ao estudo da economia de uma nao

    quanto ao estudo da gravidade terrestre ou da evoluo das espcies. Como

    disse Albert Einstein, A cincia no nada mais do que o refinamento do

    pensamento cotidiano .

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    Embora o comentrio de Einstein seja verdadeiro tanto para as cincias

    sociais, como a economia, quanto para as cincias naturais, como a fsica,

    poucas pessoas esto acostumadas a olhar para a sociedade com os olhos

    do cientista. Portanto, vamos tratar algumas das formas pelas quais os

    economistas aplicam a lgica da cincia ao exame do funcionamento de

    uma economia.

    Mtodo Cientfico: observao, teoria e mais observao

    Isaac Newton, o famoso cientista e matemtico do sculo XVII, ficou

    curioso um dia, segundo se conta, ao ver uma ma caindo da rvore.

    Essa observao levou a Newton desenvolver uma teoria da gravidade

    que tanto serve para uma ma que cai no cho quanto a quaisquer dos

    objetos do universo. Subseqentes testes da teoria de Newton mostraram

    que ela se aplica a muitas circunstncias (embora, como mais tarde Einstein

    observaria, no todas as circunstncias). Como a teoria de Newton foi to

    bem sucedida na explicao de observaes, ela ensinada em cursos de

    fsica ainda hoje.

    Uma interao entre teoria e observao tambm se registra no campo

    da economia. Um economista pode viver em um pas que registra rpido

    crescimento e em funo dessa observao poder formular uma teoria

    da inflao. A teoria pode afirmar que altas inflaes ocorrem quando

    o governo emite moedas demais. Para testar esta teoria, o economista

    poder coletar e analisar dados sobre preos e moeda de diferentes pases.

    Se o crescimento da quantidade de moeda no registrasse nenhuma

    relao como a taxa de crescimento dos preos, o economista duvidaria da

    validade de sua teoria. Se o crescimento da moeda e dos preos estivesse

    altamente correlacionado nos dados internacionais, como de fato est, o

    economista passaria a ter mais confiana em sua teoria.

    Embora os economistas, como os demais cientistas, utilizem a teoria

    e a observao, eles enfrentam um empecilho que torna sua tarefa

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    extremamente desafiadora: com freqncia, os experimentos no campo

    da economia so difceis. Os fsicos que estudam a gravidade podem deixar

    cair muitos objetos no laboratrio para gerar dados necessrios ao teste

    das suas teorias. J os economistas que estudam a inflao no podem

    controlar a poltica monetria do pas simplesmente para gerar dados

    teis. Os economistas, como os astrnomos e os bilogos que estudam a

    evoluo, em geral tm que trabalhar com quaisquer dados que o mundo

    possas lhes fornecer.

    Para encontrar um substituto para as experincias de laboratrio, os

    economistas prestam muita ateno aos experimentos naturais oferecidos

    pela histria. Quando uma guerra no Oriente Mdio interrompe o fluxo de

    petrleo cru, por exemplo, seus preos disparam em todo o mundo. Isso

    deprime os padres de vida dos consumidores de petrleo e derivados.

    Para os formuladores de polticas econmicas, esse fato coloca uma escolha

    difcil quanto s medidas mais adequadas a serem implementadas. Mas

    para os cientistas econmicos, tal fato proporciona uma oportunidade de

    estudar os impactos de um produto natural de fundamental importncia

    sobre a economia mundial, e essa oportunidade persiste muito tempo

    depois do fim do aumento dos preos do petrleo. Esses episdios so

    valiosos, para o estudo porque nos permitem ver como a economia

    funcionou no passado, e sobretudo, porque nos permitem ilustrar e avaliar

    as teorias econmicas do presente.

    O papel das hipteses

    Se voc perguntar a um fsico quanto tempo leva para uma bolinha de

    gude cair do alto de um edifcio de dez andares, ele responder a questo

    supondo que a bolinha cai no vcuo. Naturalmente esta suposio falsa.

    De fato, o edifcio est cercado de ar, que exerce um atrito sobre a bolinha

    e retarda sua queda.

    Contudo, o fsico esclarecer, corretamente, que esse atrito sobre a bolinha

    to pequeno que negligencivel. Supor que a bolinha cai no vcuo

    simplifica muito o problema sem alterar substancialmente a resposta.

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    Os economistas elaboram hipteses pela mesma razo: as hipteses

    facilitam a compreenso do mundo. Para estudar os efeitos do comrcio

    internacional, por exemplo, podemos supor que o mundo constitudo

    por dois pases e cada um produz dois bens. Na verdade, o mundo real

    formado por muitos pases e cada um deles produz milhares de bens.

    Mas a hiptese de dois pases e dois bens permite concentrar nosso

    pensamento. Uma vez que compreendido o comrcio internacional num

    mundo imaginrio de dois pases e dois bens, estamos em melhor posio

    para entender o comrcio internacional no mundo complexo em que

    vivemos.

    A arte do pensamento cientfico refira-se ele fsica, biologia ou

    economia est em decidir quais hipteses formular. Suponha, por exemplo,

    que em lugar de deixar cair a bolinha de gude, deixamos cair uma bola de

    futebol do alto do prdio. O fsico considerar que a hiptese de ausncia

    de atrito no se aplica neste caso: o atrito afeta mais a bola de futebol do

    que a bolinha de gude. A hiptese de que a gravidade opera no vcuo

    razovel para estudar a queda da bolinha de gude mas no para estudar a

    queda da bola de futebol.

    Da mesma forma, os economistas usam diferentes hipteses para responder

    a diferentes questes. Suponha que queremos estudar o que ocorre na

    economia quando o governo altera a quantidade de dlares que circula na

    economia. Parte importante desta anlise saber como os preos reagiro.

    Muitos dos preos de uma economia mudam com pouca freqncia; os

    preos das revistas, por exemplo, s mudam depois de vrios anos. Sabendo

    deste fato podemos formular diferentes hipteses para estudar os efeitos

    da alterao da poltica em diferentes horizontes temporais. Para estudar

    esses efeitos em curto prazo, podemos supor que os preos no mudam

    muito, podemos at considerar a hiptese extrema e artificial de que os

    preos permanecem fixos. Contudo, ao estudar os efeitos da poltica em

    longo prazo, podemos supor que os preos so completamente flexveis. Da

    mesma forma que o fsico usa diferentes hipteses quando estuda a queda

    de bolinhas de gude ou de bolas de futebol, os economistas usam diferentes

    hipteses quando estudam os efeitos de uma alterao na quantidade de

    moeda no curto e no longo prazo.

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    Modelos econmicos

    Na escola secundria os professores de biologia ensinam anatomia bsica

    usando rplicas plsticas do corpo humano. Esses modelos tm todos os

    rgos principais o corao, o fgado, os rins e assim por diante. Esses

    modelos permitem ao professor mostrar a seus alunos, de uma forma

    simples, como se encaixam as partes importantes do corpo. Naturalmente,

    esses modelos plsticos no so corpos humanos de verdade, e ningum

    confundiria o modelo com a pessoa. Esses modelos so estilizados e evitam

    vrios pormenores. Contudo, a despeito dessa falta de realismo na verdade,

    devido a essa falta de realismo - estudar esses modelo til para aprender

    como o corpo humano funciona.

    Os economistas tambm usam modelos para prender o funcionamento

    do mundo, mas em vez de serem de plstico, os modelos econmicos so

    compostos de diagramas e equaes. Como os modelos de plstico do

    professor de biologia, os modelos econmicos omitem muitos detalhes para

    omitir uma viso do que realmente importante. Da mesma forma que o

    modelo de plstico do professor de biologia no inclui todos os msculos e

    vasos capilares, os modelos do economista no incluem todos os aspectos

    da economia.

    Da mesma forma que o fsico comea a anlise da queda da bolinha de

    gude afastando a existncia do atrito, os economistas afastam muitos dos

    pormenores da economia que so irrelevantes para a questo em pauta.

    Todos os modelos na fsica, na biologia ou na economia simplificam a

    realidade para melhorar sua compreenso.

    Primeiro Modelo: o diagrama do fluxo curricular da renda

    A economia constituda de milhes de pessoas envolvidas em muitas

    atividades compra, venda, trabalho, locao, produo e assim por

    diante. Para entender como funciona a economia precisamos encontrar

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    alguma forma de simplificar o quadro de tais atividades. Em outras palavras,

    precisamos d e um modelo que explique, em termos gerais, como se

    organiza a economia.

    A figura acima apresenta um modelos visual da economia chamado

    diagrama do fluxo circular da renda. Neste modelo, a economia

    compreende dois tipos de tomadores de decises famlias e empresas.

    As empresas produzem bens e servios usando vrios ensumos, tais como

    trabalho, terra e capital (prdios e mquinas). Esses insumos so chamados

    fatores de produo. As famlias so as proprietrias dos fatores de produo

    e consomem todos o bens de servios produzidos pela empresa.

    Famlias e empresas interagem em dois tipos de mercados. Nos mercados

    de bens e servios as famlias so compradoras e as empresas, vendedoras.

    Em outras palavras, as famlias compram os bens e servios produzidos pelas

    empresas. Nos mercados de fatores de produo, as famlias so vendedoras

    e as empresas, compradoras. Nestes mercados, as famlias oferecem s

    empresas os insumos necessrios produo de bens e servios. O diagrama

    do fluxo circular da renda oferece uma forma simples de organizar todas as

    transaes econmicas que ocorrem e torno das famlias e das empresas na

    economia.

    No circuito interno do diagrama, as empresas usam os fatores para produzir

    bens e servios que, por sua vez, so vendidos s famlias nos mercados de

    bens e servios. Portanto, os fatores de produo fluem das famlias para as

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    empresas, e os bens e servios fluem das empresas para as famlias.

    O circuito esterno do diagrama mostra o fluxo de dlares. As famlias

    gastam dlares para comprar bens e servios oferecidos pelas empresas.

    As empresas usam parte da receita de suas vendas para pagar os fatores

    de produo, como, por exemplo, salrios aos funcionrios. O que sobra

    lucro dos donos das empresas, que por sua vez so membros das famlias.

    Portanto, a despesa com bens e servios flui das famlias para as empresas

    e a renda, em forma de salrios, de aluguis e de lucros, flui das empresas

    para as famlias

    O diagrama do fluxo circular de renda um modelo simples da economia.

    Deixa de lado vrios elementos que em certas circunstncias so importantes.

    Um modelo de fluxo circular da renda mais complexo e realstico incluiria, por

    exemplo, o governo e o comrcio internacional. Contudo, esses pormenores

    no so cruciais para um entendimento bsico da forma de organizao da

    economia. Em funo de sua simplicidade til ter em mente o diagrama

    do fluxo circular da renda quando se quer pensar sobre a forma como as

    peas da economia se encaixam.

    No texto acima, voc passou a conhecer o mtodo utilizado pela Cincia

    Econmica. O modelo apresentado (o fluxo circular da renda) muito til.

    Nada se altera se pensarmos em reais ao invs de dlares. O modelo refere-

    se a uma economia genrica. Guarde suas principais definies para o

    momento em que estudaremos a Macroeconomia (aula 07).

    Vejamos agora um segundo modelo, tambm importante para um contato

    inicial com os desafios da Economia. Vamos falar da Curva (ou Fronteira) das

    Possibilidades de Produo.

    Uma economia simplificada (lembre-se, um modelo) produz apenas dois

    tipos de bens: alimentos (bens de consumo) e mquinas (bens de produo).

    Alimentos saciaro a fome agora, mas nada ficar para amanh ou para o

    prximo ano. A capacidade produtiva da economia no ter aumentado,

    mas a populao, provavelmente, sim. Por outro lado, mquinas novas

    permitiro produzir mais no futuro, mas hoje (neste ano) no saciaro as

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    necessidades das pessoas. O que decidiremos produzir?

    Podemos pensar nos fatores de produo utilizados para produzir cada

    grupo citado. Eles podem ser deslocados da produo de mquinas para

    a de alimentos, ou vice-versa. Os fatores so escassos (essa a lei geral da

    Economia), por isso no poderemos produzir todas as mquinas e todos os

    alimentos que gostaramos. Temos que escolher. A tabela abaixo mostra as

    escolhas possveis.

    As alternativas 1 e 5 representam os extremos: na primeira, produziremos

    apenas mquinas e nenhum alimento. Os fatores de produo existentes

    permitem, nesse caso, a produo de 25 mil mquinas. No outro extremo,

    podemos utilizar esses fatores apenas para produzir alimentos, atingindo

    assim o mximo de 70 toneladas. As demais alternativas mostram

    combinaes possveis de ambos os produtos, utilizando todos os fatores

    de produo disponveis.

    As combinaes da tabela podem ser representadas no grfico a seguir (a

    curva correspondente tabela a cheia). Os pontos 1 at 5 so os da tabela.

    Todos esto sobre a curva, o que significa que todos eles representam o

    mximo de produo que se pode obter com os fatores de produo

    existentes. J o ponto 6 representa uma combinao possvel de mquinas

    e alimentos, porm subutilizando os fatores existentes. Ou seja, um nvel

    de produo abaixo das possibilidades dessa sociedade, indicando que h

    fatores no aproveitados (desemprego de fatores de produo). O ponto 7

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    representa um nvel de produo impossvel de ser obtido com os fatores

    existentes atualmente.

    O formato cncavo da curva (continuamos olhando apenas a curva cheia)

    indica uma caracterstica importante. Cada vez que resolvemos aumentar

    a produo de alimentos, teremos que fazer uma reduo cada vez maior

    no nmero de mquinas produzidas (observe qual o sacrifcio de mquinas

    cada vez que se aumenta em 10 toneladas a produo de alimentos).

    Simetricamente, se decidirmos aumentar a produo de maquinrio,

    teremos que ir reduzindo proporcionalmente cada vez mais a produo

    de alimentos (veja o sacrifcio de alimentos a cada 5 mil novas mquinas

    produzidas). Isso significa que os custos de oportunidade de qualquer das

    duas opes sero crescentes. A causa disso que os fatores de produo

    no se adaptam perfeitamente a qualquer uma das escolhas. Fatores mais

    eficientes na produo de mquinas sero pouco eficientes na produo

    de alimentos. Por isso, teremos que deslocar um volume cada vez maior de

    fatores para aumentar o mesmo nmero de mquinas a cada vez.

    A curva das possibilidades de produo uma fronteira. Isso quer dizer

    que ela mostra o mximo, o limite superior de produo de mquinas e

    alimentos dessa sociedade. Para obter mais que isso por exemplo, o ponto 7,

    que indica uma combinao de 25 mil mquinas e 50 toneladas de alimentos

    seriam precisos mais fatores de produo que os existentes. Esse ponto

    poder ser alcanado medida que aumentar a fora de trabalho dessa

    sociedade com o crescimento demogrfico, ou que novas terras vierem a

    ser aproveitadas. Uma outra possibilidade, muito importante, dada pelo

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    avano tecnolgico. Com novas tecnologias possvel extrair mais produtos

    com o uso do mesmo volume de fatores. Nesse caso, a curva ou fronteira

    das possibilidades de produo se deslocaria para fora (seguindo as setas),

    mostrando novas combinaes de mquinas e alimentos, hoje impossveis,

    mas amanh tornadas possveis pelas inovaes tecnolgicas. Essa nova

    fronteira est sendo representada pela curva tracejada do grfico.

    Assim, pode-se afirmar que a tecnologia amplia a capacidade produtiva

    de uma economia e, por isso, tem papel central no desenvolvimento

    econmico.

    Subdivises da teoria econmica: micro e macroeconomia

    Muitos ramos do conhecimento so subdivididos para possibilitar um

    desenvolvimento mais aprofundado de seu estudo. A Economia costuma

    ser subdividida em dois campos principais: micro e macroeconomia.

    A Microeconomia estuda as unidades de produo (empresas) e as unidades

    de consumo (famlias), individualmente ou em grupos. Por exemplo, buscar

    entender a relao da indstria automobilstica com seus fornecedores ou

    com as concessionrias de veculos um problema tpico de seu estudo; ou

    tentar compreender como as grandes empresas negociam crdito com os

    bancos e as dificuldades das pequenas empresas para ter acesso ao mesmo

    crdito.

    J a Macroeconomia estuda os grandes nmeros da economia, sem

    decomp-los. Questes tais como a taxa de crescimento do produto e da

    renda nacional, o nvel de emprego e o desemprego, a inflao, as taxas de

    juros, a receita e a despesa do governo ou o comrcio exterior so algumas

    das principais abordadas pelos macroeconomistas. Como eles no so

    decompostos, mas vistos de forma total (ou agregada), costuma-se falar de

    agregados macroeconmicos.

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    Podemos fazer um paralelo com algum que deseja conhecer uma nova

    cidade. Ele pode, primeiramente, subir numa montanha prxima cidade

    e observ-la no conjunto: seu tamanho, o que a rodeia (mar, rio, floresta,

    caatinga, cerrado, outras cidades), que relaes ela estabelece com esse

    entorno (h muito movimento de entrada de pessoas ou cargas?), a altura

    mdia das construes, as principais reas em que se divide (residencial,

    comercial, terrenos vazios, reas de chcaras, parques). Outra forma

    entrar diretamente na cidade e observ-la por dentro: os tipos humanos,

    as casas, ruas, pontes, os veculos, os postes, a iluminao etc. evidente

    que o primeiro mtodo dar uma impresso geral logo de incio, mas no

    observar detalhes importantes. J o segundo possibilitar conhecer bem

    detalhadamente a regio ou as regies que se conseguir visitar, mas deixar

    de lado a viso geral (e, se a cidade for grande, outras regies ficaro

    desconhecidas do observador).

    Obviamente, os dois mtodos se completam: pode-se iniciar por um ou

    outro, mas o ideal observar a cidade das duas maneiras citadas (por isso, na

    falta da montanha, turistas e pessoas interessadas costumam olhar mapas

    e ler materiais de apresentao de uma cidade quando querem conhec-

    la, ao mesmo tempo em que se embrenham por ela). Da mesma forma,

    a micro e a macroeconomia no so excludentes, mas complementares.

    Na verdade, estamos olhando para a mesma coisa uma determinada

    economia, como a do Brasil de duas formas distintas, que, em conjunto,

    nos permitem compreender melhor o seu funcionamento.

    Sntese

    Nesta aula, voc entrou em contato com o objeto de estudo da Economia

    e com os problemas econmicos fundamentais. Foi apresentado a alguns

    conceitos econmicos fundamentais: escassez, produo de bens e servios,

    fatores de produo, custos de oportunidade. Comeou a observar o

    mtodo cientfico adotado em Economia. Conheceu dois modelos bsicos

    bastante importantes: o fluxo circular da renda e a curva das possibilidades

    de produo. E ficou sabendo que a Economia subdividida, para efeito de

    estudo, em dois campos: Macro e Microeconomia.

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    A prxima aula iniciar o estudo da Microeconomia, abordando os dois

    principais agentes da economia: os produtores e os consumidores. Voc

    ficar sabendo o que Oferta (que se refere aos produtores) e Demanda

    (que se refere aos consumidores). Receber explicaes sobre os fatores que

    explicam a oferta e a demanda e como elas se combinam para produzir o

    que chamamos equilbrio de mercado, uma situao que parece impossvel

    mas ocorre com freqncia. Esses temas sero estudados nas Aulas 2 e 3.

    At a prxima aula!

    Referncias Bibliogrficas

    MANKIW, G.M. Introduo economia. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

    NOGAMI, Otto & PASSOS, C.R.M. Princpios de Economia. 3 ed. So Paulo:

    Pioneira, 2003.

    PINHO, D. B. (coord.). Manual de Economia equipe de professores da

    USP. So Paulo: Saraiva, 2003.

    VASCONCELLOS, M. A. S. & GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. So

    Paulo: Saraiva, 2004.