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“E perguntou-lhe Jesus, dizendo: “Qual é o teu nome?” E ele disse: “Legião”, porque tinham entrado nele muitos demônios.” LUCAS, versículo 8, capítulo 30. ESTUDO PARA TRABALHADORES DA DESOBSESSÃO

Aula 01 - Desobsessão

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slides de estudos Umbanda.

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“E perguntou-lhe Jesus, dizendo: “Qual é o teu nome?”E ele disse: “Legião”, porque tinham entrado nele muitos demônios.”

LUCAS, versículo 8, capítulo 30.

ESTUDO PARA TRABALHADORES DA DESOBSESSÃO

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Atendendo ao trabalho da desobsessão nos arredores de Gádara, vemos Jesus a conversar fraternalmente com o obsesso que lhe era apresentado, ao mesmo tempo que se fazia ouvido pelos desencarnados infelizes.

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Importante verificar que ante a interrogativa do Mestre, a perguntar-lhe o nome, o médium, consciente da pressão que sofria por parte das Inteligências conturbadas e errantes, informa chamar-se “Legião”, e o evangelista acrescenta que o obsidiado assim procedia “porque tinham entrado nele muitos demônios”.

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Sabemos hoje com Allan Kardec,no item 6 do cap. 12º, “Amai os vossos inimigos”, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que “esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais”.

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No episódio, observamos o Cristo entendendo-se, de maneira simultânea, com o médium e com as entidades comunicantes, na benemérita empresa do esclarecimento coletivo, ensinando-nos que a desobsessão não é caça a fenômeno e sim trabalho paciente do amor conjugado ao conhecimento e do raciocínio associado à fé.

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Seja no caso de mera influenciação ou nas ocorrências da possessão profunda, a mente medianímica permanece jugulada por pensamentos estranhos a ela mesma, em processos de hipnose de que apenas gradativamente se livrará.

Daí o imperativo da assistência sistemática aos desencarnados prisioneiros da insatisfação e da angústia, por intermédio das equipes de companheiros consagrados aos serviços dessa ordem que, aliás, demandam paciência e compreensão similares às de enfermeiros dedicados ao socorro dos irmãos segregados na psicose, em processo de cura mental.

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Os trabalhos de desobsessão exigem o concurso fraterno de corações amigos, com bastante entendimento e bastante amor à tarefa. Trata-se de precioso esforço no alívio aos obsessos, através dos colaboradores de todas as condições.

“Obsidiados e obsessores, consciente ou inconscientemente arrojados à desorientação, no mundo ou além do mundo, são irmãos que nos pedem arrimo, companheiros que nos integram a família terrestre, e o amparo à família não é ministério que devamos relegar para a esfera dos anjos e sim obrigação intransferível que nos compete abraçar por serviço nosso”.

EMMANUELPrefácio do livro “Desobsessão”

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Para lá das teias fisiológicas que entretecem o carro orgânico de que se vale o Espírito para o estágio educativo no mundo, é possível identificar os quadros obscuros de semelhantes desastres, nos quais as forças magnéticas desajustadas pelo pensamento em desgoverno assimilam forças magnéticas do mesmo teor, estabelecendo a alienação mental, que vai do tique à loucura, escalando por fobias e moléstias-fantasmas.

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Vemo-los instalados em todas as classes, desde aquelas em que se situam as pessoas providas de elevados recursos da inteligência àquelas outras onde respiram companheiros carecentes das primeiras noções do alfabeto, desbordando, muita vez, na tragédia passional que ocupa a atenção da imprensa ou na insânia conduzida ao hospício. Isso tudo, sem relacionarmos os problemas da depressão, os desvarios sexuais, assíndromes de angústias e as desarmonias domésticas.

André Luiz - Desobsessão

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Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiritual que lhes rondam as portas, para defesa e conservação de si mesma.

André Luiz - Desobsessão

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Oferecemos, desse modo, estas páginas despretensiosas aos que sintam suficiente amor pelos que jazem transviados nas trevas das ilusões e paixões em que se consomem, circunscritos aos marcos estreitos da ignorância, na Terra e além da Terra, nos tormentos e desvarios do “eu”.

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E entregando-as aos amigos que nos possam acolher o desejo de acertar e avaliar conosco a extensão e agravidade do problema, recordemos, reconhecidamente, junto de todos eles, que o Espiritismo é o Cristianismo Restaurado e que o pioneiro número um da desobsessão, esclarecendo Espíritos infelizes e curando obsidiados de todas as condições, foi exatamente

Jesus.

ANDRÉ LUIZUberaba, 2 de janeiro de 1964

(Página recebida pelo médium Waldo Vieira.)

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O Espírito André Luiz convidou os médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier a psicografarem com ele o presente volume, responsabilizando-se ambos pelos capítulos de números ímpares e pares, respectivamente.

As fotografias que ilustram este volume representam gentileza dos companheiros de ideal e pertencem aos arquivos da Exposição Espírita Permanente da CENTRO ESPÍRITA C., de Uberaba, Minas.

Francisco Cândido Xavier - Desobsessão - pelo Espírito André Luiz

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1Preparo para a reunião: Despertar No dia marcado para as tarefas de desobsessão, os integrantes da equipe precisam, a rigor, cultivar atitude mental digna, desde cedo. Ao despertar pela manhã, o dirigente,os assessores da orientação, os médiuns incorporadores, os companheiros da sustentação ou mesmo aqueles que serão visitas ocasionais no grupo, devem elevaro nível do pensamento, seja orando ou acolhendo idéias de natureza superior. Intenções e palavras puras, atitudese ações limpas.

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Intenções e palavras puras, atitudes e ações limpas.Evitar deliberadamente rusgas e discussões, sustentando paciência e serenidade, acima de quaisquer transtornos que sobrevenham durante o dia. Trata-se de preparação adequada a assunto grave: a assistência a desencarnados menos felizes, com a supervisão de instrutores da Vida Espiritual.Imaginem-se os companheiros no lugar dos Espíritos necessitados de socorro e compreenderão a responsabilidade que assumem. Cada componente do conjunto é peça importante no mecanismo do serviço. Todo o grupo é instrumentação.

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2Preparo para a reunião: AlimentaçãoA alimentação, durante as horas que precedem o serviço de intercâmbio espiritual, será leve.Nada de empanturrar-se o companheiro com viandas desnecessárias.Estômago cheio, cérebro inábil.A digestão laboriosa consome grande parcela de energia, impedindo a função mais clara e mais ampla do pensamento, que exige segurança e leveza para exprimir-senas atividades da desobsessão.

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Aconselháveis os pratos ligeiros e as quantidades mínimas, crendo-nos dispensados de qualquer anotação em torno da impropriedade do álcool, acrescendo observar que os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião, quando não lhes seja possível a abstenção total, compreendendo-se que a posição ideal será sempre do participante dos trabalhos que transpõe a porta do templo sem quaisquer problemas alusivos à digestão.

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3Preparo para a reunião: Repouso físico e mentalApós o trabalho, seja ele profissionalou doméstico, braçal ou mental, faça o seareiro da desobsessão o horário possível de refazimento do corpo e da alma.Repouso externo e interno.Relaxe, com ideações edificantes.Abstenção de pensamentos impróprios.Aspirações para cima.Distância de preocupações inferiores.Preparação íntima, podendo incluir leitura moralizadora e salutar.

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Formação de ambiente particular respeitável, de cujos agentes espirituais, enobrecidos e puros, se valham os instrutores para a composição dos recursos de alívio e esclarecimento aos irmãos que, desenfaixados da veste física, ainda sofrem. Os responsáveis pelas tarefas da desobsessão devem compreender que as comunicações reclamam espontaneidade e que o preparo a que nos referimos é de ordem geral, sem a fixação da mente em exigências ou gratificações de sentimento pessoal.

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4Preparo para a reunião: Prece e meditaçãoPelo menos durante alguns minutos, horas antes dos trabalhos, seja qual for a posição que ocupe no conjunto, dedique-se o companheiro de serviço à prece e à meditação em seu próprio lar.Ligue as tomadas do pensamento para o Alto.Retire-se, em espírito, das vulgaridades do terra-a-terra, e ore, buscando a inspiração da Vida Maior.

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Reflita que, em breve tempo, estará em contacto, embora ligeiro, com os irmãos domiciliados no Mundo Espiritual, para onde irá igualmente, um dia, e antecipe o cultivo da simpatia e do respeito,da compaixão produtiva e da bondade operosa para com todos aqueles que perderam o corpo físico sem a desejada maturação espiritual.Dessa forma, estará caminhando para a colaboração digna com os benfeitores desencarnados que são os legítimos ministradoresdo bem.

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5Superação de impedimentos: ChuvaHora de sair para a reunião. Necessário vencer os percalços que o tempo é capaz de oferecer.Não raro, é a promessa de aguaceiro iminente ou a ventania forte, comparecendo por empecilhos habituais.Chuva ou frio...O integrante da equipe não se prenderá em casa por semelhantes obstáculos.Conservará, sempre à mão, o agasalho preciso e enfrentará quaisquer desafios naturais, consciente das obrigações que lhe competem.

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PELO ESPÍRITO ÂNGELO INÁCIOPsicografia de ROBSON PINHEIRO

Sombra e luz, escuridão e claridade. Essa realidade dupla forma o interior do ser humano, que tenta negar-se a cada dia, enganando-se. A maioria das pessoas quer ser apenas luz. Recusam-se a identificar a sombra que faz parte delas. Religiosos de um modo geral falam de um lado sombrio, diabólico, umbralino, como se esse lado escuro fosse algo externo, ruim, execrável. Até quando negar a realidade íntima? Até quando adiar o conhecimento do mundo interno? Várias tentativas foram realizadas para conscientizar o homem terreno de que as chamadas trevas exteriores são apenas o reflexo doque existe dentro dele.

Um olhar sobre o Reino das Sombras

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Luz e sombra são aspectos internos do ser e não representam necessariamente um lado ruim e outro bom. A sombra não é pior do que a luz. Apenas faz parte de um equilíbrio universal ainda necessário para a visão do homem terrestre. São dois pólos de uma verdade interna, mais profunda.A sombra representa um aspecto transitório, porém necessário para o ser reavaliar-se ante os apelos da vida e as lutas que o fizeram ser o que é.

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Essa transitoriedade em qualquer plano da vida é uma etapa de aprendizado, adaptação, revisão dos valores adquiridos em lutas e desafios na grande jornada interna, pessoal, íntima. Portanto, viver esse lado de forma mais plena, conhecer-se mais profundamente, enfrentar-se sem mascarar-se talvez seja um caminho mais excelente — parafraseando o apóstolo Paulo — do que aquele que as religiões do mundo vêm oferecendo e que se reflete em fugas da realidade.

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Quando é proposta a realização de uma excursão aos domínios das sombras, espera-se que haja coragem para admitir que esse reino obscuro tem sua raiz dentro do próprio ser humano. Ele não existe à parte ou em separado. É preciso reconhecer que a natureza do plano astral, da paisagem extrafísica é apenas a exteriorização do mundo íntimo de cada um. Dessa forma, não há como descortinar a realidade do astral inferior sem enfrentar-se, sem encontrar a si mesmo, em seu lado sombra, escuro e muitas vezes renegado.

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Adentrar o umbral ou o astral é se obrigar a penetrar na própria sombra. Conhecer as estruturas internas das falanges do mal é, sobretudo, conhecer a própria capacidade de esparzir escuridão em si e em torno de si. Descer aos domínios das trevas e tomar conhecimento de seus métodos, de suas falanges, de sua força talvez seja uma forma de se revelar — trazer à consciência a própria realidade. Admitir-se, sem culpas e sem máscaras.

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O passado humano é fixo e dependente de conceitos religiosos deturpados e castradores, que foram amplamente difundidos e ainda estão arraigados no psiquismo, mesmo naqueles que afirmam rechaçar atualmente qualquer crença. Isso faz com que o ser humano, principalmente aquele mais apegado às questões religiosas, negue a verdade de sua sombra. Para muita gente, somos apenas luz. Quemsabe tal atitude seja uma tentativa de multiplicar as máscaras que trazemos incrustadas na face do espírito?

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Devido ao passado de ignorância, alimentada pela religião secular, ortodoxa e detentora do monopólio cultural, infundiram-se no ser humano certos símbolos das sombras, que representam conceitos moralistas de erro, pecado e desequilíbrio. São mecanismos que agem nas matrizes do pensamento, no inconsciente.

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Muitas pessoas, ao adentrar o mundo além da matéria, quer estejam desdobradas em espírito, quer através dos portais da morte, ficam inquietas e sentem-se prisioneiras de uma realidade tão implacável que temem ou julgam haver sido injustiçadas. Dizem-se inteiramente boas, sem nenhuma sombra moral ou ética que as possa comprometer; com freqüência, nesses momentos, declaram-se detentorasde qualidades e virtudes prodigiosas.

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Mas a vida além do corpo é apenas uma extensão da vida interna da alma. A estrutura e a organização das legiões do mal precisam ser visualizadas, conhecidas e pesquisadas sem que nos escondamos por trás de máscaras de religiosidade ultrapassada. Afinal, toda relação no universo se estabelece em bases de sintonia.

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Visitar o umbral ou estagiar nas regiões sombrias não representa necessariamente atraso espiritualou moral; muito pelo contrário. Lá é que se encontram, inclusive, os espíritos realmente iluminados eabnegados, que renunciam às paragens celestes — seu habitat verdadeiro — para se localizar onde imperao clamor daqueles que sofrem. Para a decepção dos que adotam idéias místicas e fantasiosas, "océu está vazio", como costumamos dizer por aqui.Portanto, a jornada que ora se inicia pode representar muito para seu crescimento. (...) É preparo para algo que, em breve, virá como alerta e alternativa para os povos da Terra.

Belo Horizonte, MG, junho de 2006.

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“Dirigimo-nos em seguida ao salão multifuncionalno qual se realizariam as conferências da noite. De imediato encontramos velhos conhecidos nossos. Pai João de Aruanda estava radiante e, junto dele, o nosso amigo Tupinambá, vestindo um elegante traje que em nada lembrava a roupa típica de índio; remetia aos paramentos utilizados pelos iniciados maias. Zarthú caminhava junto a Estêvão e Martha Figner, e, mais além, estavam diversos trabalhadoresligados às tarefas desobsessivas. Sentimo-nos em casa, e somente então Raul obteve a certeza de que estava integrado à atividade certa, pois viu que ambos os convites que recebera eram relativos ao mesmo evento. Não lhe restava mais dúvida”.

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“Zarthú discorreu serenamente a respeito dos componentes psicológicos que envolviam o intricado processo utilizado por magos e cientistas e falou de forma interessante sobre osmodelos mentais desses espíritos, traçando um mapa psíquico de seu comportamento. Joseph Gleber abordou com maestria os fundamentos científicos dos processos de obsessão complexa, tais como a síndrome dos aparelhos parasitas, e elaborou uma tese que melhor definiu o comportamento das partículas mentais e das correntes parasitas de pensamento desorganizado”.

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“O tema arrebatou a platéia de espíritos encarnados e desencarnados. Estêvão entrou em cena e apresentou elementos ligados ao pensamento evangélico, falando a respeito dos processos obsessivos nos tempos bíblicos e, em seguida, da era cristã em diante, culminando com o pensamento de Allan Kardec e a necessidade de atualização da metodologia e do conhecimento sobre o assunto. Falou longamente da importância de os médiuns se colocarem à disposição para uma abordagem mais ampla e detalhada no tocante ao chamado reino das sombras”.

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“Ocorre algo semelhante, mas não podemos classificar como sendo a hipnose clássica. A mente da criatura desequilibrada, que não se preparou para a vivência ou o conhecimento da espiritualidade, encontra-se nublada, embotada e, por conseguinte, incapaz de realizar observações com maior grau de lucidez. Esse estado de dormência dos sentidos espirituais faz com que as entidades em sofrimento sejam os objetos prediletos de magos e feiticeiros, quando querem realizar uma transferência energética mórbida para o corpo humano.

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Funcionam como depósito de morbofluido, que ao longo do tempo se acumulou em seu perispírito. A mente adoecida cria continuamente clichês de sofrimento, além da matéria astral contaminada. Tais elementos ficam condensados na delicada tessitura de seus corpos espirituais patogênicos. Exalam uma espécie de matéria mental densa, pegajosa e de alto poder corrosivo. Por tudo isso, magos e feiticeiros freqüentemente aproveitam essa turba de espíritos infelizes na consecução de seus planos destruidores”.

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“Enquanto Pai João conversava com o guardião, caminhávamos todos em direção àquela luz mais forte que eu vira antes. Dirigindo-se a mim e Raul, o preto-velho informou:— Estes guardiões são os caveiras, como são conhecidos nestas regiões do astral inferior, bem como nos cultos umbandistas e de tradição afro. Ao contrário do que muitos médiuns ignorantes da realidade espiritual dizem, esta legião de espíritos trabalha para o bem, auxiliando nos cemitériosaqueles seres que desencarnaram e que, por algum motivo, permaneceram ligados ainda aos despojos em deterioração nas sepulturas. Especializou-se na tarefa de limpeza energética dos cemitérios, evitando que magos negros e feiticeiros ainda encarnados, mas desdobrados, tenham êxito quando vêm em busca do fluido vital restante contido nos duplos das pessoas recém-desencarnadas”.

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“— Por que este nome tão bizarro, caveiras? — Muitos guardiões utilizam-se de nomes cabalísticos, pois que convivem diariamente com uma espécie de seres desencarnados, habitantes das regiões inferiores, que os respeitam exatamente por trazerem algo diferente, um nome ou um símbolo que evoca em sua memória espiritual algo que eles mesmos não sabem explicar. Como trabalham em cemitérios, o símbolo mais óbvio a ser escolhido foia caveira. Sua tarefa, de singular importância, consiste no processo de limpeza energética, ao mesmo tempo em que realizam a transição, para as esferas mais altas, daqueles espíritos que já acordaram para algo maior”.

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“Raul interferiu em nosso diálogo, acrescentando suas observações:— O movimento espírita normalmente rejeita o uso de símbolos e nomes estranhos...— Sim, meu filho, mas o movimento espírita não é a doutrina espírita. Nesses redutos habitados por seres com costumes e interesses diferentes daqueles classificados como equilibrados, a atmosfera é muitíssimo densa. Ante a densidade dos fluidos, a periculosidade de muitos que estagiam por aqui e a insalubridade energética de regiões inteiras do plano astral, a linguagem do pensamento, como a conhecemos, torna-se muitas vezes difícil de se propagar.

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Basta traçar um paralelo com a dimensão física para entender melhor essa realidade. Portanto, nada mais lógico do que associar imagens, símbolos e ideogramas para que certas falanges de espíritos prontamente se comuniquem e identifiquem logo com quem estão lidando. Veja bem o caso de certos espíritos bastante respeitados, como os da Legião de Maria, tão comentada em um livro da médium Yvonne Pereira. Seus integrantes exibem uma cruz azul como emblema de sua tarefa, de seu vínculo com esse corpo de trabalhadores”.

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"O espiritismo, para o desgosto dos adeptos pouco perspicazes, traz um sinal distintivo inspirado pelo próprio Espírito Verdade. Falo da insígnia que Allan Kardec inseriu no cabeçalho do texto intitulado Prolegômenos, que temos como a ata de fundação do espiritismo na Terra. Está lá, logo no início de O livro dos espíritos, a cumprir uma determinação direta daquelas almas que patrocinaram a Codificação,conforme ele explica. É o ramo da videira, simbologia destrinchada pelos espíritos ao longo do texto.”

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"Você mesmo — falei a Pai João — desenhou nos fluidos um símbolo e o projetou no alto; só então os guardiões liberaram a nossa passagem.— Pois é, meus filhos, esta é a simbologia dos pontos riscados, algo bem mais profundo do que se pode imaginar a princípio e com implicações mais vastas do que muitos iniciados conhecem. Esses símbolos têm a função primordial de identificar certas entidades, falanges ou agrupamentos de espíritos, como eu disse. Assim como as bandeiras, flâmulas e fardas que militares usam em todos os países do mundo contêm seus emblemas, também os guardiões possuem seus símbolos distintivos”.

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"Aproximamo-nos do local de onde se irradiava a luz que me chamara a atenção. Pude ver que setratava de uma enorme cruz. Uma aura de espiritualidade envolvia aquele cruzeiro, como era conhecidoo lugar.— O cruzeiro, meus filhos, presente em quase todo cemitério, é o ponto de convergência de vibrações mais sutis, que atendem às necessidades dos guardiões em suas tarefas. As pessoas que visitam os cemitérios em geral se dirigem ao cruzeiro, onde realizam suas orações para os pretensos mortos.

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Com o tempo, essas mesmas vibrações, de devoção, saudade e amor, criam essa aura que se irradia daqui. Também é nesse espaço que os chamados exus caveira, guardiões dedicados a estes distritos, reúnem-se para determinar suas ações, de cujo benefício muitas dessas almas desesperadas não podem prescindir. Se não fosse a determinação desses comandos especializados, que trabalham no resgate e na condução das almas desequilibradas, há muito os magos negros já teriam dominado completamente todos os cemitérios do planeta, transformando-os em laboratórios de extração de ectoplasma”.

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— Quando chegamos aqui, aqueles espíritos que estão lá fora tentavam vencer a segurança — principiou Raul, fazendo menção com o braço. — Eles estão sob o comando dos magos?Desta vez foi o guardião quem respondeu:— Os seres em forma de réptil são degenerações do aspecto espiritual de pessoas que se especializaram no roubo de energias vitais. Procuram os restos de ectoplasma que ficam no ambiente dos cemitérios após o sepultamento. Embora não percam o patrimônio intelectual adquirido, trazem a consciência nublada, e, aos poucos, sua forma exterior vai degenerando. Nossa tarefa é justamente assegurar que não obtenham o que vieram buscar. Devemos impedir que capturem tanto essas energias vitais quanto aqueles espíritos que ainda se apegam ao corpo, suas presas prediletas, como poderão ver depois.

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“— Isso mesmo — falou o guardião com o símbolo de caveira. — Por esse motivo, procuramosregularmente os centros umbandistas para nos auxiliar nas tarefas, pois neles nossos trabalhadores dapolícia astral manifestam-se e são conhecidos como exus caveira. Evidentemente, também enfrentamosproblemas sérios nos centros de umbanda, só que de natureza distinta. Com o tempo, porém, temoscerteza de que cada vez mais umbandistas e espíritas se esclarecerão, de modo que possamos realizarum trabalho em parceria, com eficácia ainda maior.— Se os umbandistas sabem sobre vocês e o papel que desempenham, por qual razão há problemasem sua participação?

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— O conhecimento somente aos poucos vai conquistando as mentes e os corações dos verdadeiros umbandistas, assim como ocorre com todas as pessoas. Muitos médiuns e dirigentes estão cativos de idéias preconcebidas ou transmitidas por pessoas absolutamente despreparadas. Conhecem certos símbolos, sagrados para eles, e sabem de nossos nomes, é verdade. Entretanto, quando procuramosalguns médiuns para realizar um trabalho de parceria, teatralizam tanto a nossa manifestação através deles que perdem de vista o objetivo da tarefa. Existem casos extremos em que nos vemos compelidos a nos afastar, deixando o médium sozinho, entregue à encenação de um verdadeiro teatro. Encurva-se todo, fala palavras incompreensíveis, até mesmo palavrões, como se nos comportássemos de modo tão grotesco. Querem apenas uma platéia para aplaudir sua performance notável.

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Graças ao investimento do Alto, vem surgindo uma geração de umbandistas cada vez mais conscientes, que têm procurado estudar, conhecer mais e trabalhar melhor sua mediunidade, de maneira mais afeita aos ideais superiores, o que também os torna mais aptos a promover resgates, defesas e limpezas no astral, atividades com as quais muitos guardiões, de diversas falanges, estão seriamente comprometidos."