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Aula 01 – Conceito de Empresário e Empresário Individual I Direito Empresarial – Alexandre Gialluca. @alegialluca (twitter.com) Facebook.com/AlexandreGialluca. 1. Bibliografia. Manual de Direito Comercial – Fábio Ulhoa Coelho. – 2014 para frente. I. Direito Comercial no Brasil. I.1. Código Comercial no Brasil. O Código Comercial de 1850 se divide em três partes: Parte Primeira: do comércio em geral; Parte segunda: do comércio marítimo; e Parte terceiro: das quebras. Revogada pelo Decreto Lei 7661/1945 ; que por sua vez foi revogado pela Lei 11.101/2005 (Lei de falências). A Primeira Parte era a parte que tratava da figura do comerciante, e adotou expressamente a teoria dos atos de comércio. Essa teoria é uma teoria de

Aula 01 e 02 – Conceito de Empresário e Empresário Individual e EIRELI 1 – Direito Empresarial – Alexandre Gialluca 2015

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Minhas anotações referentes a primeira e segunda aula do curso de direito empresarial, do professor Alexandre Gialluca, do ano de 2015

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Aula 01 Conceito de Empresrio e Empresrio Individual I Direito Empresarial Alexandre Gialluca.@alegialluca (twitter.com)Facebook.com/AlexandreGialluca.1. Bibliografia.Manual de Direito Comercial Fbio Ulhoa Coelho. 2014 para frente.I. Direito Comercial no Brasil.I.1. Cdigo Comercial no Brasil.O Cdigo Comercial de 1850 se divide em trs partes: Parte Primeira: do comrcio em geral; Parte segunda: do comrcio martimo; e Parte terceiro: das quebras. Revogada pelo Decreto Lei 7661/1945; que por sua vez foi revogado pela Lei 11.101/2005 (Lei de falncias).A Primeira Parte era a parte que tratava da figura do comerciante, e adotou expressamente a teoria dos atos de comrcio. Essa teoria uma teoria de origem francesa. E segundo essa teoria, tnhamos a figura do comerciante, e a figura da sociedade comercial.Sendo o comerciante a pessoa fsica, e a sociedade comercial a chamada pessoa jurdica. E s seriam comerciantes aqueles que realizassem atos de comrcio (quer era um rol taxativo, regulamentado por decreto).E o Cdigo Civil, por meio do seu Art. 2.045, revoga a parte primeira do cdigo comercial.Assim, somente a parte segunda do Cdigo Comercial de 1850, ainda est em vigor. I.2. Cdigo Civil de 2002.O Cdigo Civil de 2002 adota a teoria da empresa, que uma teoria de origem italiana. E o Cdigo Civil, que revogou a primeira parte do cdigo comercial de 1850, adotou um novo conceito de empresrio.II. Empresrio.II.1. Incidncia do conceito de empresrio:O conceito de empresrio que iremos analisar, um gnero. Esse gnero tem como espcies: pessoas fsicas, ou pessoas jurdicas.A pessoa fsica, quando inserida no contexto de empresrio, ser chamado de empresrio individual.E a pessoa jurdica, quando inserida no conceito de empresrio, ser chamado de: uma sociedade empresria ou uma EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada).Importante observar que a diferena fundamental entre a EIRELI e o empresrio individual que o empresrio individual uma pessoa fsica que exerce atividade empresria. Enquanto a EIRELI uma pessoa jurdica, de responsabilidade limitada, porm, de um nico empresrio.O empresrio individual no pessoa jurdica (e sim pessoa fsica), possui CNPJ apenas para ter o mesmo tratamento tributrio que uma pessoa jurdica.II.2. Conceito de empresrio.O conceito de empresrio est no Art. 966 do Cdigo Civil.Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios.Nota: ver teoria tripartida do Art. 966, definio de empresrio, estabelecimento e empresa.Empresrio a (a.) pessoa, natural ou jurdica, que (b.) exerce profissionalmente (c.) atividade econmica (d.) organizada para a (e.) produo ou circulao de bens ou de servios.b. Profissionalmente necessrio a prtica da atividade econmica de forma habitual, ou continua.c. Atividade econmica.Para ter natureza empresarial, imprescindvel que a atividade seja exercida com finalidade lucrativa.d. Organizao.Essa organizao a chamada organizao empresarial. A atividade econmica organizada a reunio dos quatro fatores de produo.d.1. Mo de obra; d.2. Matria prima; d.3. Capital; e d.4. Tecnologia (conhecimento).O professor Fbio Ulhoa afirma categoricamente que se faltar algum dos elementos da organizao, no ser empresria a atividade. Porm o professor (Gialluca) identifica atividades empresrias que so realizadas sem mo de obra por exemplo, dizendo que esses requisitos ainda esto sendo destrinchados pela jurisprudncia e doutrina.e. para produo ou circulao de bens ou servios.

II.3. Agentes econmicos excludos do conceito de empresrio.a. Atividade Profissional Intelectual.O pargrafo nico do Art. 966 exclui do conceito de empresrio algumas profisses intelectuais.Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce (a.) profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa.Profisso intelectual.Quem exerce profisso de natureza cientifica (ex.: mdico, contador, advogado, arquiteto, engenheiro, dentista), literria (Jornalista; Autor de livros) ou artstica (pintor; msico).Se pessoa fsica ser chamado de profissional liberal ou autnomo.Se pessoa jurdica ser chamada de sociedade simples. Art. 982 do C.C.Art. 982. Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.Ou seja, as sociedades que no so empresrias, sero consideradas sociedades simples.Ainda que tenha auxiliares ou colaboradores, se no verificado o elemento de empresa, no ser considerada atividade empresria, se for uma profisso intelectual.Salvo se o exerccio da profisso (intelectual), constituir elemento de empresa.

Excees. Profissionais Intelectuais empresrios.Sero atividades empresrias, mesmo as profisses intelectuais, quando a atividade profissional intelectual estiver elemento de empresa.Obs.: A excluso do Art. 966, p.u. decorre do papel secundrio que a organizao assume nestas atividades. Vez que nelas o essencial a atividade pessoal (do profissional intelectual), o que no se compatibiliza com o conceito de empresrio.Obs.2: As atividades intelectuais so prestadas de forma pessoal, e ainda que contenha auxiliares ou colaboradores o personalismo prevalece.A natureza pessoal do exerccio da atividade sede espao para uma atividade maior, de natureza empresarial, e com isso, gera impessoalidade.Podemos entender o elemento de empresa, como uma organizao empresarial que descaracteriza a atividade profissional pessoal, de modo que a atividade possa ser exercida, mesmo sem o profissional intelectual.Elemento de empresa = impessoalidade + organizao empresarial.I) Quando a atividade intelectual oferecida conjuntamente com uma atividade empresarial, e a segunda contamina a primeira.Ex.: clnica veterinria que alm da atividade do veterinrio, tem um petshop, que vende diversos produtos para o animal.Nesse caso, a atividade empresarial contamina a atividade intelectual.II) Quando h oferta de prestaes intelectuais de pessoas contratadas para a atividade fim.Ex.: estdio de fotografia do Joo Carlos. Que contrata fotgrafos para fazer a fotografia de diversos eventos. Assim existir natureza empresarial.Quando a atividade fim, for prestada por pessoas contratadas, a natureza empresarial.b. Quem exerce atividade rural sem registro. Art. 971 do C.C.Art. 971. O empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro.Assunto da prxima aula.c. Cooperativas. Art. 982, pargrafo nico do C.C.Pargrafo nico. Independentemente de seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa.III Empresrio Individual.Empresrio individual a pessoa natural, que, individualmente organiza uma atividade econmica para produo ou circulao de bens ou de servios.III.1. Requisitos. Art. 972 do C.C.Para ser empresrio individual necessrio:Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos.a. Estar em pleno gozo da capacidade civil.Aqueles que tem maioridade, e aqueles que esto emancipados.b. No ter impedimentos legais.Os funcionrios pblicos em geral, NO PODEM SER EMPRESRIOS INDIVIDUAIS. Porm, podem ser scios de empresa, desde que no exeram a administrao dela. No material complementar trata-se melhor desse assunto.III.2. Hipteses excepcionais de autorizao para incapaz ser empresrio individual Art. 974 do C.C.Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana.Portanto o incapaz no pode iniciar uma atividade empresria. Mas a Lei permite, em casos excepcionais, que ele continue uma atividade empresria. possvel o incapaz exercer atividade empresria em casos de: Sucesso; e Incapacidade Superveniente.a. Requisitos:Esses requisitos servem tanto para os incapazes, quanto para os que tem incapacidade superveniente. necessrio o preenchimento de dois requisitos:O incapaz deve estar assistido ou representado; Art. 974, 1 - autorizao judicial para exercer a atividade. 1o Nos casos deste artigo, preceder autorizao judicial, aps exame das circunstncias e dos riscos da empresa, bem como da convenincia em continu-la, podendo a autorizao ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuzo dos direitos adquiridos por terceiros.Lembrando que essa autorizao judicial pode ser revogada a qualquer tempo essa autorizao.b. Incapaz scio.Lembrando que o incapaz no pode, via de regra, ser empresrio individual. Mas o incapaz pode, sem menor problema, ser scio de sociedade empresria, desde que no seja seu nico scio, ou administrador. Art. 974, 3.Essa matria ser estudada em profundidade no intensivo II, quando estudaremos sociedades empresria.III.3. Responsabilidade do empresrio individual.Significa que o empresrio responde, com seus bens pessoais, por dvidas empresariais contradas.Vigora nesse caso o princpio da unidade patrimonial. Ou seja, uma pessoa tem somente um patrimnio, que envolve todos os seus bens, ativos e passivos.Assim, as pessoas, tanto as jurdicas, quanto as fsicas, tem um nico patrimnio cada.E como o empresrio individual exerce empresa como pessoa fsica. Uma pessoa = um patrimnio.Obs.: Enunciado n 5 da primeira jornada de direito comercial.5. Quanto s obrigaes decorrentes de sua atividade, o empresrio individual tipificado no art. 966 do Cdigo Civil responder primeiramente com os bens vinculados explorao de sua atividade econmica, nos termos do art. 1.024 do Cdigo Civil.

Responsabilidade do empresrio individual incapaz.Art. 974, 2.Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana. 2o No ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz j possua, ao tempo da sucesso ou da interdio, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvar que conceder a autorizao.Portanto, a responsabilidade do empresrio individual ilimitada, salvo se for um incapaz continuando atividade empresria, seja a ttulo de sucesso, ou de incapacidade superveniente. uma criao de um patrimnio de afetao para a figura do incapaz empresrio individual.III.4. Empresrio individual casado.O Art. 1.647 do C.C. traz a regra de que, com a exceo do casamento com separao total de bens, um conjugue no pode alienar, ou onerar seu imvel, sem a autorizao do seu conjugue.Porm, necessrio observar a regra do Art. 978 do C.C.Art. 978. O empresrio casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imveis que integrem o patrimnio da empresa ou grav-los de nus real.Assim, mesmo o empresrio individual, casado, pode alienar livremente os imveis utilizados para atividade empresarial. Devendo a regra do Art. 1.647 funcionar para os imveis de qualquer dos conjugues que no seja utilizado para atividade empresarial, excetuado os casos de separao total de bens.Portanto, conclumos, com o entendimento expresso no enunciado 58 da segunda jornada de direito empresarial.58. O empresrio individual casado o destinatrio da norma do art. 978 do CCB e no depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de nus real o imvel utilizado no exerccio da empresa, desde que exista prvia averbao de autorizao conjugal conferncia do imvel ao patrimnio empresarial no cartrio de registro de imveis, com a consequente averbao do ato margem de sua inscrio no registro pblico de empresas mercantis.IV. EIRELI.A EIRELI foi introduzida no direito brasileiro pela Lei 12.401 de 2011, e acrescentou no cdigo civil o Art. 980-A.Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, ou EIRELI, nos termos do Art. 980-A uma pessoa jurdica de direito privado constituda por uma nica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que no ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salrio-mnimo vigente no Pas.IV.1. Responsabilidade.Na EIRELI a responsabilidade do titular limitada. Ou seja, o titular no responde com seus bens pessoas por dvidas empresariais contradas pela pessoa jurdica. Conforme previsto no Art. 980-A, 6 do C.C.IV.1.1. Desconsiderao da personalidade jurdica da EIRELI.Cabe desconsiderao da personalidade jurdica? Sim. Desde que ocorrendo qualquer das hipteses do Art. 50 do C.C.Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica.Nesse sentido, importante conhecer o enunciado 470 da V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justia Federal.470) Art. 980-A. O patrimnio da empresa individual de responsabilidade limitadaresponder pelas dvidas da pessoa jurdica, no se confundindo com opatrimnio da pessoa natural que a constitui, sem prejuzo da aplicao doinstituto da desconsiderao da personalidade jurdica.IV.2. Capital mnimo.a. Valor mnimo.O art. 980-A diz que para constituio de uma EIRELI necessrio a destinao de capital social no inferior a 100 salrios mnimos P.J.100.b. forma de integralizao.A EIRELI requer, para sua constituio, a integralizao de pelo menos 100 salrio mnimos. Essa integralizao pode ser feita em dinheiro, ou bens, sejam mveis ou imveis.Obs.: Art. 156, 2 da C.F. transferncia de imveis para integralizao de capital social nessa operao no incidir imposto de ITBI. uma regra de imunidade tributria especial.Art. 156. (...) Impostos Municipais. 2 O imposto previsto no inciso II (ITBI):I - no incide sobre a transmisso de bens ou direitos incorporados ao patrimnio de pessoa jurdica em realizao de capital, nem sobre a transmisso de bens ou direitos decorrente de fuso, incorporao, ciso ou extino de pessoa jurdica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locao de bens imveis ou arrendamento mercantil;Obs.: Enunciado n4 da I Jornada de Direito Comercial. O salrio mnimo o vigente poca da integralizao.4. Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de responsabilidade limitada no sofrer nenhuma influncia decorrente de ulteriores alteraes no salrio mnimo.Obs.: V Jornada de Direito Civil, diz ainda que algumas espcies de patrimnio intelectual no so suficientes para integralizao do patrimnio da EIRELI.473) Art. 980-A, 5. A imagem, o nome ou a voz no podem ser utilizados para a integralizao do capital da EIRELI.IV.3. Aplicao subsidiria.De acordo com o Art. 980-A, 6 do C.C., EIRELI aplicam-se subsidiariamente as regras da sociedade limitada.IV.4. Limitao de EIRELI por pessoa.Art. 980-A, 2 do C.C. estabelece que uma pessoa natural pode ser titular de uma nica EIRELI. Assim, somente uma EIRELI por C.P.F.Essa limitao no existe para empresrios individuais ou sociedades empresrias.IV.5. Titular.Existem duas correntes, divergentes, sobre quem pode ser titular de uma EIRELI: h quem entenda que pode somente a pessoa natural; e quem ache que tanto a pessoa natural, quanto a jurdica.1 Corrente: somente pessoa natural. Posio majoritria.A instruo normativa n 117 do DNRC, Departamento Nacional de Registro de Comrcio, essa instruo veda, expressamente uma pessoai jurdica de titularizar uma EIRELI.A ideia da EIRELI acabar com a informalidade (falta de registro) do empresrio individual.Alm disso, o direito deve primar pela igualdade de tratamento. Assim, a nica interpretao do Art. 980-a, 2, que no diferencia entre pessoa fsica e pessoa jurdica, a impossibilidade de pessoa jurdica ser titular de EIRELI. A fim de evitar desigualdade em tratamento.Por fim, o vetado 4 trazia disposio clara sobre a impossibilidade de constituio de EIRELI por pessoa jurdica, e essa disposio no foi a razo do veto.Enunciado 468, da V Jornada de Direito Civil.468) Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada s poder serconstituda por pessoa natural.2 Corrente: Tanto pessoas naturais, quanto pessoas jurdicas.O primeiro argumento de que Lei, em momento algum, probe a constituio de EIRELI por pessoa jurdica.A instruo normativa 117, uma instruo criada pelo DNRC, que no tem competncia constitucional para legislar sobre direito empresaria, mas meramente sobre os atos de registro. Somente a Lei pode impedir a iniciativa privada, art. 5 da C.F.O prprio caput do Art. 980-A usa a expresso pessoa, em sentido amplo. E em oposio, o 2 utiliza a expresso pessoa fsica.IV.6. Administrador.O administrador da EIRELI no tratado no Art. 980-A, e portanto, deve ser estudado aplicando subsidiariamente, no que couber, as regras das sociedades limitadas. Tal regra est prevista no Art. 1.061 do c.c., e diz que o administrador poder ser um scio da empresa, ou algum estranho empresa, mas que exera profissionalmente o cargo de administrador.E assim, chegamos concluso que o no titular tambm pode exercer a administrao de uma EIRELI.IV.8. Transformao.A transformao regulada no Art. 980-A, 3 do C.C.3 A empresa individual de responsabilidade limitada tambm poder resultar da concentrao das quotas de outra modalidade societria num nico scio, independentemente das razes que motivaram tal concentrao.Tanto o empresrio individual, quanto a sociedade empresria, podem se transformar em EIRELI, para o empresrio individual, basta satisfazer os requisitos, e peticionar a transformao na junta comercial, e ento o empresrio individual, e seu patrimnio especializado tornaram-se EIRELI e titular.E a sociedade empresria, para se tornar uma EIRELI, deve antes de proceder com os mesmo passos do empresrio individual, haver a concentrao das cotas sociais em uma nica pessoa.Obs.: no existir, em nenhuma das hipteses uma baixa de uma empresa, mas sim a continuao sob nova modalidade de personalidadeObs.: possvel ainda a transformao de EIRELI em empresrio individual, ou mesmo de sociedade empresria, devendo, claro, satisfazer os requisitos para tanto.a. EIRELI originria. aquela EIRELI que o desde a sua constituio.b. EIRELI derivada. aquela EIRELI decorrente de transformao.V. Obrigaes empresrias.Respondem por essas obrigaes tanto o empresrio individual, a sociedade empresria e a EIRELI, ou seja, todas as pessoas que exercem empresa.V.1. Registro.A primeira obrigao empresarial o registro.a. Competncia.Obs.: Lei 8.934/1994 trata do registro pblico de empresas mercantis. E por essa Lei, temos o sistema chamado de SINREM, ou Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis. E pelo SINREM temos dois rgos, o DNRC (Departamento Nacional do Registro de Comrcio) e as Juntas Comerciais.O DNRC, segundo a maior parte da doutrina, foi substitudo pelo DREI (Departamento de Registro Empresarial e Informao) pelo Decreto 8.021 de 2003. E tem como funo a normatizao e a fiscalizao de atos relativos a empresas mercantis.E por sua vez, a Junta Comercial tem funo executora.O registro portanto, das pessoas que exercem empresa, devem ser realizados na Junta Comercial. E as outras pessoas, que necessitam de registro, devem ser realizados pelo registro civil das pessoas jurdicas.Obs.: Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis e Entes Federados.Cumpre observar que o DNRC um rgo federal, enquanto as juntas comercias so rgos estaduais. Sendo que o primeiro tem competncia de regulamentao e fiscalizao. E as juntas comerciais tem carcter executrio.b. Obrigatrio.A todos que exercem empresa necessrio o registro nas Juntas Comerciais.Exceo: aquele que explora atividade rural, tem o registro como ato facultativo Art. 971 do C.C.Art. 971. O empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam oart. 968e seus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro.c. Atos de registro.A Lei 8.934 de 1994, no seu Art. 32, trata de trs atos de registro: matricula, arquivamento e autenticao.Art. 32. O registro compreende:I - a matrcula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores pblicos e intrpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazns-gerais;II - O arquivamento:a) dos documentos relativos constituio, alterao, dissoluo e extino de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;b) dos atos relativos a consrcio e grupo de sociedade de que trata aLei n 6.404, de 15 de dezembro de 1976;c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil;d) das declaraes de microempresa;e) de atos ou documentos que, por determinao legal, sejam atribudos ao Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresrio e s empresas mercantis;III - a autenticao dos instrumentos de escriturao das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comrcio, na forma de lei prpria.c.1. Matrcula.A matricula serve de registro para os entes que colaboram com a atividade empresarial.Ex.: tradutor interprete juramentado; leiloeiro; c.2. Arquivamento.Envolve os atos de constituio, modificao, ou extino do empresrio, sociedade empresria ou da EIRELI.Assim os atos de constituio de empresa no so matriculados, mas sim arquivados na junta comercial.c.3. Autenticao.A Autenticao se refere aos Livros contbeis e escriturao.Ou seja, instrumentos de escriturao e livros contbeis no so arquivados, mas sim autenticados na junta comercial.d. Consequncias da ausncia de registro.A primeira consequncia ser a responsabilidade ilimitada dos scios ou titulares, perante as dvidas as sociedade.Outra consequncia que o empresrio que no tem registro no poder requerer a falncia de terceiro. Porm, lhe possvel requer a prpria falncia (prova da defensoria).No poder pleitear a recuperao judicial.No obter CND certido negativa de dbitos tributrios.e. Natureza jurdica do registro Declaratria.O registro do empresrio tem que ser tratado de forma diversa do registro do empresrio rural.Cumpre lembrar, que ser empresrio (EIRELI, Sociedade empresria ou empresrio individual), quem exerce empresa (Art. 966 lucro, profissional, organizao).Ou seja, o empresrio definido por sua atividade. Ou seja, o registro do empresrio no o fator que o constitui como empresrio, mas sim o exerccio de atividade empresria.e.1. Empresrio.Assim, seguindo a regra geral, para o empresrio urbano o registro no requisito para caracterizao de empresrio. Mas sim uma condio de regularidade.Assim, a ausncia de registro para o empresrio o torna em empresrio irregular, mas jamais tirar-lhe- a condio de empresrio.Assim o registro ato declaratrio de regularidade. Nesse sentido, enunciados 198 e 199 da Jornada de Direito Civil.Enunciado 198 - Art. 967: A inscrio do empresrio na Junta Comercial no requisito para a sua caracterizao, admitindo-se o exerccio da empresa sem tal providncia. O empresrio irregular rene os requisitos do art. 966, sujeitando-se s normas do Cdigo Civil e da legislao comercial, salvo naquilo em que forem incompatveis com a sua condio ou diante de expressa disposio em contrrio.Enunciado 199 - Art. 967: A inscrio do empresrio ou sociedade empresria requisito delineador de sua regularidade, e no de sua caracterizao.e.2. Exceo: Empresrio rural Art. 971 do C.C.Nos casos do empresrio rural, em razo do Art. 971, o registro tem natureza constitutiva da atividade empresarial. Vez que o registro muda o regime jurdico da atividade. Nesse sentido, o enunciado 202 da Jornada de Direito Civil.202 Arts. 971 e 984: O registro do empresrio ou sociedade rural na Junta Comercial facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurdico empresarial. inaplicvel esse regime ao empresrio ou sociedade rural que no exercer tal opo.f. Competncia para julgamento dos atos das juntas comerciais.A junta comercial duplamente subordinada, a subordinao administrativa, e a subordinao tcnica.Ela administrativamente est subordinada ao Estado, vez que esse que contrata seus membros, define seu oramento, etc.Porm as juntas comerciais devem subordinao tcnica ao DNRC. E assim, as aes relativas as funes tcnicas (atividade fim) da junta comercial, em razo de sua subordinao tcnica um rgo da Unio, devem ser ajuizados na justia federal.Esse entendimento do STF, conforme expresso no julgado:Juntas Comerciais. rgos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente autoridade federal, como elementos do sistema nacional dos Servios de Registro do Comrcio. Conseqente competncia da Justia Federal para o julgamento de mandado de segurana contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua atividade fim.(STF - RE: 199793 RS , Relator: OCTAVIO GALLOTTI, Data de Julgamento: 04/04/2000, Primeira Turma, Data de Publicao: DJ 18-08-2000 PP-00093 EMENT VOL-02000-04 PP-00954)