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AULA 01 – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Estado é o ordenamento jurídico constitucional que se auto-regula e determina as funções do cidadão dentro do Estado. Administração pública é o instrumento (são os órgãos, as entidades, as empresas) que o Governo usa para colocar em prática suas políticas públicas. Nos últimos anos a administração pública passou a se inspirar nos modelos de gestão privada para modernizar suas políticas públicas. Processo de modernização da Administração Pública - 1500 até 1930 – tem-se um pacto oligárquico a partir de um modelo primário exportador, ou seja, tudo que era produzido era exportado. - 1930 – 1964 – a partir de Getúlio. Surge uma burguesia. - 1964 – Golpe militar -1985 – abertura democrática, pacto populista. -1995 – idéia de modernização, idéia liberal. Tem-se uma nova forma de governar. - Fases do Processo no Mundo Pré-capitalismo O mercantilismo surge com o declínio do feudalismo, o poder é centralizado nas mãos dos soberanos. Estes dirigentes são apoiados por uma crescente classe média, ou burguesia, que beneficia de um governo central forte, capaz de manter a ordem e criar um clima propício para o florescimento do comércio. A característica desse período era o regime monárquico que se regenerou para a formação dos estados absolutistas. Os reis ganharam grande poder, passam a ser fortes, impondo sua vontade inclusive sobre a economia.

AULA 01 - Evoluçao historica da administração pública

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AULA 01 – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Estado é o ordenamento jurídico constitucional que se auto-regula e determina as funções do cidadão dentro do Estado.

Administração pública é o instrumento (são os órgãos, as entidades, as empresas) que o Governo usa para colocar em prática suas políticas públicas.

Nos últimos anos a administração pública passou a se inspirar nos modelos de gestão privada para modernizar suas políticas públicas.

→ Processo de modernização da Administração Pública

- 1500 até 1930 – tem-se um pacto oligárquico a partir de um modelo primário exportador, ou seja, tudo que era produzido era exportado.

- 1930 – 1964 – a partir de Getúlio. Surge uma burguesia.

- 1964 – Golpe militar

-1985 – abertura democrática, pacto populista.

-1995 – idéia de modernização, idéia liberal. Tem-se uma nova forma de governar.

- Fases do Processo no Mundo

Pré-capitalismo

O mercantilismo surge com o declínio do feudalismo, o poder é centralizado nas mãos dos soberanos. Estes dirigentes são apoiados por uma crescente classe média, ou burguesia, que beneficia de um governo central forte, capaz de manter a ordem e criar um clima propício para o florescimento do comércio.

A característica desse período era o regime monárquico que se regenerou para a formação dos estados absolutistas. Os reis ganharam grande poder, passam a ser fortes, impondo sua vontade inclusive sobre a economia.

O período mercantilista foi caracterizado por uma forte ingerência do Estado na economia. O mercantilismo consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-Nacionais e a adoção de uma moeda única. O grande objetivo do período era a comercialização. Havia a necessidade de buscar novos mercados – colonialismo.

Na concepção administrativa o modelo de administrar era o modelo patrimonial. Os reis comandavam a administração pública se sentindo donos do Estado. Não separavam o que era patrimônio público do patrimônio privado, ou seja, não diferenciavam a res publica e a res

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principis. Para alguns historiadores diz-se que existe uma interpermeabilidade (interdependência) entre o patrimônio público e o privado. Além disso, os cargos públicos eram ocupados em razão do favoritismo.

O controle do Estado sobre a economia deixava a burguesia cada vez mais insatisfeita, pois não poderiam comercializar livremente com outros lugares o que, segundo as práticas mercantilistas, poderia empobrecer o Estado.

Os burgueses que ajudaram os monarcas a assumir o poder passam a se tornar descontentes pelo tratamento dado pelo rei. Essa limitação mercantil fez surgir os liberalistas, inicialmente na Inglaterra depois na França, que pediam a não intervenção do Estado na economia.

A idéia de liberdade e de não imposição leva ao declínio do estado monárquico.

A partir de 1688 inicia a primeira revolução dos burgueses pela busca de liberdade, de direitos iguais, tendo a figura do rei como de chefe de estado, mas não como chefe de governo. As revoluções burguesas promovem uma nova forma de Estado.

Liberalismo

Liberalismo pode ser definido como um conjunto de princípios e teorias políticas, que apresenta como ponto principal a defesa da liberdade política e econômica. Neste sentido, os liberais são contrários ao forte controle do Estado na economia e na vida das pessoas. Nesse período o Estado sai da administração. Tem-se um Estado mínimo que não intervém em nada permitindo que o mercado se auto-regule. Prevalece a lei da oferta e da procura. O Estado limita-se apenas a manutenção e funcionamento do sistema.

Como princípios básicos encontram-se:

- Defesa da propriedade privada;- Liberdade econômica (livre mercado);- Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado);- Igualdade perante a lei (estado de direito);

A partir desse momento surgem as grandes constituições, separação dos poderes.

Sob o ponto de vista administrativo, a administração pública se torna mais racional, se tornando mais burocrática, baseada em regras, formalismo, hierarquia.

Esse período constitui um híbrido administrativo, pois é tanto patrimonial quanto burocrática.

Esse período é chamado de capitalista. Inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo de capital.

A diferença de poder econômico entre as classes é um pressuposto do sistema, ou seja, a classe dominante acumula riquezas por meio da exploração do trabalho das classes operárias. A idéia era da busca da eficiência os trabalhadores trabalhavam até 16 horas por dia. Não se tinha uma regulação por parte do Estado. Nesse cenário surgem as forças contrárias

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denominadas de socialistas. Na busca de melhores condições sociais surgem os movimentos trabalhistas.

Sob o ponto de vista econômico marcou-se pela idéia de imperialismo, ou seja, surgimento das grandes nações e dos interesses econômicos. O imperialismo levou a recessão com o advento da 1º Guerra Mundial, pois as indústrias continuavam produzindo sem ter para quem vender.

- Primeira Guerra Mundial

Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se consolidaram como a maior potência econômica do mundo, responsável por 50% da produção industrial mundial. Terminada a guerra, os países europeus voltaram a organizar e a desenvolver sua estrutura produtiva. Para isso, acabaram reduzindo as importações de produtos americanos, porém o ritmo de produção industrial e agrícola dos Estados Unidos continuava a crescer aceleradamente.

Isso acarretou uma crise de superprodução nos EUA e o Estado não intervinha. A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra) da bolsa de valores.

Para solucionar a crise, propôs-se mudar a política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia, deixando tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. Com isso, surgiu uma nova idéia mundial, pois a idéia de um Estado não interventor levou a uma grande recessão. Surgiu a necessidade de uma nova ordem de um Estado mais forte, interventor.

Esse período de estado liberal vai de 1688 até o século XX precisamente em 1929 com o Crash da Bolsa de Nova Iorque.

Sob o ponto de vista econômico foi inaugurado uma nova ordem do Estado do Bem Estar Social ou intervencionista visando impedir a recessão. Estado de bem-estar social, também conhecido como Estado-providência é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia.

Segue as idéias de Keynes no qual o estado deve promover o desenvolvimento inclusive se endividando, promovendo incentivos de créditos. Para Keynes o Estado é que deveria promover o desenvolvimento e não o mercado. O Estado passa a desempenhar um papel estratégico na coordenação da economia capitalista.

- Evolução da administração pública no Brasil

A evolução da administração pública em nosso país passou por três modelos diferentes: A administração patrimonialista, a administração burocrática e a administração gerencial. Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do tempo, não significando, porém, que alguma delas tenha sido definitivamente abandonada.

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- 1500 – Brasil é colônia de Portugal.

O Brasil era constituído pelas capitanias hereditárias, um imenso território com ausência de autoridade, pois a autoridade estava em Portugal.

Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Hereditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o Governo-Geral. Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia.

Do rei ao governador-geral (vice-rei), aos capitães (capitanias) e às autoridades municipais perspassava uma complexa, confusa, tumultuária e fluída hierarquia. O gabinete real de muitos auxiliares, casas, conselhos e mesas constituíam o domínio absoluto do monarca.

Tentava-se limitar a ação dos prepostos da Coroa com a minudência dos regulamentos que eram repetitivos, superpostos, contraditórios e confusos. Como estatuíam instituições simétricas às da administração da metrópole, pecavam pelo artificialismo mimético que tornava as normas supérfluas e ineficazes. O formalismo das regras, o braço curto da autoridade e a corrupção generalizada ensejavam o autoritarismo daqueles que deviam se impor aos súditos entregues ao abandono, com os próprios meios que deles conseguissem extrair.

- 1808 – Vinda da família real portuguesa.

O fato é que a transferência da corte e mais tarde a elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno, que se consolidou posteriormente com a independência.

Todo um aparato burocrático, transplantado de Lisboa ou formado aqui, em paralelo à antiga administração metropolitana, teve que ser montado para que a soberania se afirmasse, o Estado se constituísse e se projetasse sobre o território, e o governo pudesse tomar decisões, ditar políticas e agir.

Com a declaração da independência dá se início a uma demarcação de poderes, mas o Estado ainda era patrimonial.

No patrimonialismo o Estado funciona como uma extensão do poder do soberano. A contratação do estado continuava sendo para os amigos do rei, auxiliares e servidores possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados prebendas. A res publica não é diferenciada da res principis e tem a corrupção e o nepotismo inerentes a esse tipo de administração.

Constituía um Estado unitário e centralizador, cujo território era dividido em províncias, que substituíam as antigas capitanias. Os poderes políticos eram quatro — Legislativo, Moderador, Executivo e Judicial. Cada província era dirigida por um presidente e em cada uma delas havia também um conselho geral, cujos membros eram eleitos juntamente com a representação

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nacional. O monarca exercia o Poder Moderador, com o apoio do Conselho de Estado, órgão de caráter consultivo e, ao mesmo tempo, o Poder Executivo, auxiliado pelos seus ministros de Estado. O Poder Legislativo era exercido pela Assembléia Geral, formada pela Câmara dos Deputados e pela Câmara dos Senadores ou Senado do império. O Poder Judicial era exercido pelos juízes de direito e pelos juízes de paz, para as tentativas de conciliação prévias a qualquer processo.

Com o tempo, a abolição da escravatura suprimiu uma das bases de sustentação da ordem imperial. O problema da autonomia das províncias contrapunha os centralizadores e os partidários da descentralização. E por fim a Guerra do Paraguai trouxe como conseqüência o desequilíbrio das finanças públicas, o fortalecimento do papel político do Exército e a exposição da contraditória condição do soldado escravo, contribuindo para desestabilizar ainda mais o governo.

Nesse ambiente político, germinava um incipiente movimento republicano, que se dividia em dois pólos — o federalismo e o liberalismo. As críticas mais comuns recaíam sobre a centralização excessiva do regime monárquico, que restringia a liberdade política e econômica das províncias.

- 1889 – Proclamação da República (República Velha)

A partir de 1889 com a Proclamação da República se iniciou a tentativa de implantação de um estado liberal, pois já havia, por parte da burguesia, vários Estados buscando a liberdade financeira. A implantação da República não parte das camadas sociais, a revolução burguesa foi feita pelos grandes latifundiários que queriam exportar a produção (política agro-exportadora).

A proclamação da República não alterou profundamente as estruturas socioeconômicas do Brasil imperial. A riqueza nacional continuou concentrada na economia agrícola de exportação, baseada na monocultura e no latifúndio. O que se acentuou foi a transferência de seu centro dinâmico para a cafeicultura e a conseqüente mudança no pólo dominante da política brasileira das antigas elites cariocas e nordestinas para os grandes cafeicultores paulistas.

Mesmo após a proclamação da República o poder continuou na mão dos mesmos, pois os grandes latifundiários traziam consigo a idéia de estado patrimonial, uma das características da República Velha, sendo assim o Estado não conseguiu promover grandes mudanças. Simplesmente afastaram o rei, mas mantiveram as mesmas políticas. Diferente do cenário mundial que durante esse período era híbrido.

A República Velha durou cerca de 40 anos. Aos poucos, foi se tornando disfuncional ao Brasil que se transformava, pela diversificação da economia, pelo primeiro ciclo de industrialização, pela urbanização e pela organização política das camadas urbanas.

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A eleição do paulista Júlio Prestes para suceder o também paulista Washington Luís, derrotando o gaúcho Getúlio Vargas, desencadeou o rompimento do pacto com os mineiros e com as demais oligarquias estaduais, abrindo espaço para mais uma intervenção do Exército — a Revolução de 1930.

- Revolução de 1930

A chamada “Revolução de 1930” representou muito mais do que a tomada do poder por novos grupos oligárquicos, com o enfraquecimento das elites agrárias. Significou, na verdade, a passagem do Brasil agrário para o Brasil industrial. Para compreender essa transformação e a emergência do modelo de crescimento que presidiu o desenvolvimento nacional no século XX, é preciso entender como se dava a inserção do país na economia internacional e como o Brasil viveu a Grande Depressão.

Estado e mercado, autônomos com relação à ordem do sagrado e à dominação patriarcal e cada vez mais separados entre si, constituem as bases da formação social moderna. Seu desenvolvimento, consideradas as características do contexto local, se dá no sentido da racionalização. A burocracia está no horizonte da administração pública que se consolida e atualiza

Como foi dito, o Brasil era uma economia periférica apoiada na exportação de produtos primários entre os quais se destacava o café, principal item da pauta de exportações. O lucro dessa monocultura permitiu financiar o primeiro ciclo de industrialização brasileira, concentrando-se em São Paulo, pólo da cafeicultura. Os interesses dos produtores de café eram protegidos pelo governo federal, com políticas de câmbio favorável e formação de estoques reguladores. Com a crise de 1929, que penalizou os mercados consumidores, o Brasil foi obrigado a reduzir a exportação de café, ficando sem divisas para manter a importação de produtos industrializados. O governo federal, entretanto, continuou comprando, embora a preços reduzidos, o excedente de café não-exportável, formando estoques que não conseguia comercializar. Conforme os estoques envelheciam, o café era queimado para dar lugar à aquisição de novas safras. Essa política mantinha um fluxo de renda para o setor mais dinâmico da economia, evitando o desemprego no campo e a recessão generalizada. Por outro lado, a impossibilidade de continuar importando para satisfazer a demanda por produtos industrializados estimulou uma série de iniciativas de produção industrial para substituir bens importados. Praticava-se assim, de forma intuitiva, uma política keynesiana, onde o Estado exercia um papel fundamental na manutenção da demanda agregada, pela transferência de rendas para os trabalhadores-consumidores, e estimulava a substituição de importações. Traz a idéia de um estado interventor.

Para Keynes o Estado deveria se endividar para promover o crescimento e desenvolvimento. Deveria dar dinheiro para a iniciativa privada para gerar empregos, produzir mais e inclusive consumir mais.

O sucesso do New Deal, política de intervenção do Estado na economia americana para recuperar sua dinâmica de crescimento, levava a pensar que ela também seria possível e desejável para promover o crescimento das economias periféricas. O Estado nacional poderia

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liderar o processo de desenvolvimento, estabelecendo barreiras alfandegárias, construindo infra-estruturas, criando subsídios e incentivos e oferecendo crédito. Esse papel supunha não só a capacidade de gerar poupança interna para participar da formação bruta de capital como também um elevado grau de intervenção na economia e na vida social. Estavam lançadas as bases do modelo de crescimento e do Estado intervencionista brasileiro.

No Brasil diz que a Revolução de 1930 ocorreu para se opor ao Estado patrimonial que estava entranhado em todas as esferas do poder.

- O Estado Social

O primeiro período de Vargas na presidência durou 15 anos, sendo quatro de governo provisório, três de governo constitucional e oito de ditadura. No período inicial, houve uma grande concentração de poderes nas mãos do Executivo federal, em conseqüência da dissolução dos corpos legislativos e da nomeação de interventores para os governos estaduais.

Embora tenha contribuído para a ampliação e consolidação da burguesia industrial, essa foi a imagem bifronte da política de Vargas — uma face voltada para as oligarquias rurais e outra para as massas urbanas.

Nasce o Estado do bem estar social, que além de financiar sob o ponto de vista econômico passa a fornecer os direitos (casa própria, saúde, eliminação das doenças) que até então não se haviam concedidos, e ainda promover o desenvolvimento. A partir de 1930, o Brasil deixa de ser agrícola. O Estado começa a gerar poupança forçada. Passa a conceder subsídios, créditos, incentivos, e a comprar a produção, os bancos passam a financiar. É o Estado desenvolvimentista. Demanda agregada, poupança forçada – substituição de importações

A centralização e a suspensão das franquias constitucionais geraram crescente insatisfação em setores liberais, que ensejou a convocação de uma Constituinte e, em seguida, a promulgação da Constituição de 1934 que restabeleceu os direitos e garantias dos cidadãos, restaurou o Poder Legislativo e devolveu a autonomia dos estados.

A CF de 1934 não consentiu a volta dos mesmos níveis de descentralização que vigoravam na República Velha. Na repartição de encargos e recursos, concentrou competências no nível da União. Promoveu a uniformização das denominações dos cargos de governador e prefeito e fixou limites para a organização e as atribuições dos legislativos estaduais. Inaugurou o federalismo cooperativo, com a repartição dos tributos, beneficiando inclusive os municípios, e a coordenação de ações entre as três esferas de governo. Getulio tentou minimizar os efeitos da corrupção e nepotismo.

Inicia-se a administração publica burocrática, cujas características são formalismo (só pode o que está na lei), impessoalidade (entra no serviço público independente do nome que carrega), meritocracia (esta relacionado com o mérito), hierarquia. Tudo isso na busca da eficiência do estado.

- Golpe de 1937

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Até 1934, Getúlio Vargas vive o governo provisório e, até 1937, ele passa a ser eleito por eleições indiretas.

Na área de pessoal, a Constituição de 1934 introduziu o princípio do mérito. Em 1935, foi criada a comissão mista de reforma econômico-financeira, que destacou uma subcomissão para estudar reajustamento do serviço público civil.

Em decorrência do seu trabalho, em 1936 foi promulgada a Lei no 284, de 28 de outubro, a chamada Lei do Reajustamento, que estabeleceu nova classificação de cargos, fixou normas básicas e criou o Conselho Federal do Serviço Público Civil.

Em 1937 passa a crescer no mundo o movimento socialista. Enfrentando a oposição político-partidária e a ação organizada do movimento integralista e a ação revolucionária dos comunistas, o governo encontrou o pretexto de que precisava para desfechar um golpe de Estado que se deu em novembro de 1937, instituindo o chamado Estado Novo. A ditadura fechou o Congresso Nacional e as assembléias legislativas, suspendeu as garantias constitucionais, destituiu os governadores eleitos, centralizou recursos, entre outras coisas, e outorgou uma nova constituição. A centralização passa a constituir um princípio de organização do Estado brasileiro que se aplica de forma sistemática em todos os setores e níveis de estruturação territorial.

Nesse estado autoritário suprime os direitos políticos, porém foi o período dos maiores ganhos de direitos sociais (consolidação das leis do trabalho).

Mantendo a política de proteção às matérias-primas exportadas, o governo lançou-se de maneira franca e direta no projeto desenvolvimentista, criando as bases necessárias da industrialização — a infra-estrutura de transporte, a oferta de energia elétrica e a produção de aço, matéria-prima básica para a indústria de bens duráveis. Mais do que isso, assumiu papel estratégico na coordenação de decisões econômicas. Para tanto, teve que aparelhar-se. As velhas estruturas do Estado oligárquico, corroídas pelos vícios do patrimonialismo, já não se prestavam às novas formas de intervenção no domínio econômico, na vida social e no espaço político remanescente. Urgia reformar o Estado, o governo e a administração pública.

Assim, sob o impulso de superação do esquema clientelista e anárquico de administração oligárquica, o governo de Getúlio Vargas iniciou uma série de mudanças que tinham pelo menos duas vertentes principais (Lima Junior, 1998):

- estabelecer mecanismos de controle da crise econômica, resultante dos efeitos da Grande Depressão, iniciada em 1929, e subsidiariamente promover uma alavancagem industrial;

- promover a racionalização burocrática do serviço público, por meio da padronização, normatização e implantação de mecanismos de controle, notadamente nas áreas de pessoal, material e finanças.

A partir de 1937, promoveu uma série de transformações no aparelho de Estado, criando inúmeros organismos especializados e empresas estatais. Até 1930 existiam no Brasil 12

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empresas públicas; de 1930 a 1945, foram criadas 13 novas empresas, sendo 10 do setor produtivo, entre elas a Companhia Vale do Rio Doce e a CSN.

De todas essas medidas, a mais emblemática foi a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público, por meio de um decreto-lei 578/38, dentro do estado autoritário com a idéia de implantar uma administração pública burocrática.

O DASP foi efetivamente organizado com a missão de definir e executar a política para o pessoal civil, inclusive a admissão mediante concurso público e a capacitação técnica do funcionalismo, promover a racionalização de métodos no serviço público e elaborar o orçamento da União. O DASP tinha seções nos Estados, com o objetivo de adaptar as normas vindas do governo central às unidades federadas sob intervenção.

Através do DASP ele consegue realizar mais de 20 concursos públicos para cargos de alto escalão, porém o baixo escalão continuava sendo preenchido por contratações clientelistas.

Estava voltada para a administração de pessoal, de material e do orçamento, para a revisão das estruturas administrativas e para a racionalização dos métodos de trabalho.

A reforma administrativa do Estado Novo foi, portanto, o primeiro esforço sistemático de superação do patrimonialismo. Foi uma ação deliberada e ambiciosa no sentido da burocratização do Estado brasileiro, que buscava introduzir no aparelho administrativo do país a centralização, a impessoalidade, a hierarquia, o sistema de mérito, a separação entre o público e o privado. Visava constituir uma administração pública mais racional e eficiente, que pudesse assumir seu papel na condução do processo de desenvolvimento, cujo modelo de crescimento, baseado na industrialização via substituição de importações, supunha um forte intervencionismo estatal e controle sobre as relações entre os grupos sociais ascendentes — a nova burguesia industrial e o operariado urbano.

O DASP representou a concretização desses princípios, já que se tornou a grande agência de modernização administrativa, encarregada de implementar mudanças, elaborar orçamentos (projeto de planejamento orçamentário), recrutar e selecionar servidores, treinar o pessoal, racionalizar e normatizar as aquisições e contratos e a gestão do estoque de material. Na área de pessoal foi criado o plano de cargos e carreiras, para garantir isonomia de ganhos para os cargos exercidos.

Estabelece ainda um projeto que vai tratar do estatuto dos servidores públicos. Mas somente no segundo governo de Getulio surge o estatuto.

- Acordo de Brettel Woods – Foi o nome dado a um acordo de 1944 no qual estiveram presentes 45 países aliados e que tinha como objetivo reger a política econômica mundial. Segundo o acordo de Bretton Woods as moedas dos países membros passariam a estar ligadas ao dólar variando numa estreita banda de +/- 1%, e a moeda norte-americana estaria ligada ao Ouro a 35 dólares. Para que tudo funcionasse sem grandes sobressaltos foram criadas com o acordo Bretton Woods duas entidades de supervisão, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, para promover o crédito e desenvolvimento das economias.

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Assim, com o acordo de Bretton Woods, o dólar passou a ser a moeda forte do sistema financeiro mundial e os países membros utilizavam-na para financiar os seus desequilíbrios comerciais, minimizando custos de detenção de diversas moedas estrangeiras

- 1945 – saída de Getulio Vargas.

O DASP foi relativamente bem-sucedido até o início da redemocratização em 1945, quando houve uma série de nomeações sem concurso público para vários organismos públicos. O DASP é esvaziado e se mantém durante muito tempo só controlando a área de pessoal. Foi finalmente extinto em 1986.

Em 1946, presidência da República foi entregue ao presidente do STF, que conduziu o governo de transição e convocou as eleições e a Assembléia Nacional Constituinte. A Constituição de 1946 restabeleceu o estado de direito e as garantias individuais, restaurou a divisão de poderes da República, devolveu a autonomia dos estados, ampliou os direitos sociais dos trabalhadores, reorganizou o Judiciário e previu a mudança da capital. Fortaleceu-se o federalismo cooperativo, por meio de novos mecanismos de coordenação e transferência de rendas entre regiões.

Cinco anos depois de deixar o governo, Getúlio Vargas foi eleito presidente da República, pelo voto direto, em 03 de outubro de 1950. Vargas assumiu o governo, com poderes limitados pela Constituição de 1946, para cumprir um programa francamente nacionalista e reformista, prometendo ampliar os direitos dos trabalhadores e investir na indústria de base e em transportes e energia, o que requeria o aumento da intervenção do Estado no domínio econômico.

No segundo governo de Getúlio surge a idéia nacionalista. Nesse período, foram criadas 13 empresas estatais, entre elas a Petrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), grande pilar da política de fomento da política nacional. Vargas também tentou controlar a remessa de lucros das empresas estrangeiras e criar a Eletrobrás, empresa controladora do setor elétrico.

Durante o segundo governo Vargas também se pretendeu retomar os esforços reformistas pela designação, em 1952, de um grupo de trabalho com a missão de elaborar um projeto de reforma administrativa que resultou num projeto de lei que previa a reorganização administrativa do ministério e a alteração do código de contabilidade das despesas públicas, abolindo o registro prévio. Submetida ao Congresso Nacional, mereceu um substitutivo de comissão interpartidária que previa a criação do Conselho de Planejamento e Coordenação e dos ministérios do Interior e das Comunicações e Transportes, que não chegou a ser aprovado, não obstante o apoio do Executivo. Contra ele insurgiram-se as forças conservadoras ligadas a interesses contrariados, desencadeando acirrada oposição.

Tem-se um híbrido de burocracia patrimonial, no governo Vargas, pois o sistema sempre esteve permeado de atitudes patrimoniais. Além disso, apesar das inúmeras mudanças históricas pelas quais passou o Brasil, o aparato administrativo e político permaneceram sob a apropriação de um mesmo grupo social (estamento burocrático), que tinha como objetivo a

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obtenção de poder, prestígio e riqueza. É uma classe de burocratas que entravam na administração por meio de concurso público, mas que posteriormente, isolavam-se voltando aos seus próprios interesses. Formaram uma nova classe chamada de patronato político brasileiro. O isolamento dessa classe é denominado insulamento burocrático. A idéia do insulamento é se isolar da dinâmica político-partidária (corrompida e clientelista), mas ela apresenta um lado disfuncional, pois essa classe acabou se isolando da própria sociedade. O estado passou a se chamar de modelo auto-referido. Ou seja, a referência passou a ser ele próprio. Ao invés das regras servirem para atender a sociedade e o interesse público essa classe passou a atender os seus próprios interesses suas próprias regras

- Juscelino Kubitscheck (1956 – 1961)

Depois de um tumultuado período de incertezas assume em 1956, Juscelino Kubitschek. Ele segue a mesma linha de atuação de Getulio, cria um Plano de Metas que tinha 36 objetivos, com destaque para quatro setores-chave: energia, transporte, indústria pesada e alimentação. Propugnava a industrialização acelerada, apoiada na associação entre capitais nacionais e estrangeiros, com ênfase na indústria de bens duráveis, dando prioridade à indústria automobilística e ao transporte rodoviário. Seu lema era a realização de “50 anos em cinco” e a meta símbolo era a construção da nova capital do país, Brasília, procurando desenvolver o centro do país com a construção da capital. Mas JK encontrou a máquina pública muito engessada, morosa, cheia de níveis hierárquicos. A criação da COSB (Comissão de Simplificação Burocrática) e da CEPA (Comissão de Estudos e Projetos Administrativos), em 1956, representa as primeiras tentativas de realizar as chamadas reformas globais.

¤ COSB – tinha como objetivo principal promover estudos visando à descentralização dos serviços, por meio da avaliação das atribuições de cada órgão ou instituição e da delegação de competências, com a fixação de sua esfera de responsabilidade e da prestação de contas das autoridades

¤ CEPA – teria a incumbência de assessorar a presidência da República em tudo que se referisse aos projetos de reforma administrativa (que promovia alteração da maquina pública)

Foi no governo de JK que surgiram as bases para a administração gerencial. Esse período se caracteriza por uma crescente cisão entre a administração direta, entregue ao clientelismo e submetida, cada vez mais, aos ditames de normas rígidas e controles, e a administração descentralizada (autarquias, empresas, institutos e grupos especiais ad hoc), dotados de maior autonomia gerencial e que podiam recrutar seus quadros sem concursos, com o objetivo de empreender os objetivos do plano de metas, preferencialmente entre os formados em think thanks especializados, remunerando-os em termos compatíveis com o mercado.

JK não conseguiu promover nenhuma reforma substancial no seio da maquina pública.

- 1963 - João Goulart

O governo instalou-se em meio a uma crise. Jango se propunha a realizar um programa de esquerda, orientado para a realização de reformas de base — bancária, fiscal, urbana, agrária,

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universitária e administrativa. O programa contemplava a extensão do direito de voto aos analfabetos e às patentes.

Jango enfrentou forte oposição, mas apesar da crise, o governo Goulart criou a Comissão Amaral Peixoto, que deu início a novos estudos para a realização da reforma administrativa. Seu principal objetivo era promover “uma ampla descentralização administrativa até o nível do guichê, além de ampla delegação de competência”. Tenta resgatar a idéia do mérito, reorganizar a área de materiais, etc.

Embora tenha havido avanços isolados durante os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, o que se observa é a manutenção de práticas clientelistas, que negligenciavam a burocracia existente, além da falta de investimento na sua profissionalização.

Todas as iniciativas anteriormente descritas, como a criação dessas comissões, mesmo que não tenham sido implementadas, não deixaram de inaugurar uma nova visão na administração pública com a introdução de conceitos, diretrizes e objetivos mais racionais, que serviriam de base para futuras reformas no aparato administrativo brasileiro. Na verdade, algumas das grandes inovações introduzidas pela reforma de 1967 estavam consignadas nos relatórios da COSB, da CEPA e, sobretudo, da Comissão Amaral Peixoto.

- 1964 – Golpe Militar

Ainda em 1964, o novo governo retirou do Congresso Nacional o projeto de lei elaborado pela Comissão Amaral Peixoto para reexame do assunto por parte do Poder Executivo. Instituiu a COMESTRA (Comissão Especial de Estudos da Reforma Administrativa), presidida pelo ministro extraordinário para o planejamento de coordenação econômica, com o objetivo de proceder ao “exame dos projetos elaborados e o preparo de outros considerados essenciais à obtenção de rendimento e produtividade da administração federal”

Do trabalho dessa comissão e das revisões que se seguiram em âmbito ministerial resultou a

edição do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, o mais sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da administração federal. O Decreto-Lei nº 200 se apoiava numa doutrina consistente e definia preceitos claros de organização e funcionamento da máquina administrativa. O estatuto básico se apoiava nos seguintes princípios:

1. A administração pública deveria se guiar pelos princípios do planejamento, da coordenação, da descentralização, da delegação de competência e do controle. Descentralizar significa separar a administração centralizada (direta) da administração indireta.

2. Estabelecia a distinção entre a administração direta (os ministérios e demais órgãos diretamente subordinados ao presidente da República) e a indireta, constituída pelos órgãos descentralizados (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista). Bem como a expansão de empresas estatais e de órgãos independentes (fundações públicas) e semi-independentes

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(autarquias). A administração direta continua seguindo as mesmas regras, porém a administração indireta precisava concorrer com a iniciativa privada, sendo assim não poderia concorrer com as mesmas normas da administração direta.

3. Fixava a estrutura do Poder Executivo federal, indicando os órgãos de assistência imediata do presidente da República e distribuindo os ministérios entre os setores político, econômico, social, militar e de planejamento, além de apontar os órgãos essenciais comuns aos diversos ministérios.

4. Desenhava os sistemas de atividades auxiliares - pessoal, orçamento, estatística, administração financeira, contabilidade e auditoria e serviços gerais. Definia as bases do controle externo e interno.

5. Indicava diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos. Na área de pessoal viu-se a necessidade de fortalecimento e expansão do sistema do mérito, sobre o qual se estabeleciam diversas regras e diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos.

6. E finalmente, estatuía normas de aquisição e contratação de bens e serviços.

Esse decreto lei também traz a idéia de flexibilização. O DL 200/67 é considerado o primeiro momento da administração gerencial.

Em 1965 teve início a reforma tributária que se consolidou com a Constituição de 1967, uniformizando a legislação, simplificando o sistema e reduzindo o número de impostos. Ela trouxe uma brutal concentração de recursos nas mãos da União, esvaziando financeiramente estados e municípios que ficaram dependentes de transferências voluntárias.

Esse período militar promoveu 02 grandes movimentos:

- Centrípeto: concentração de recursos na união. Aumenta a capacidade extrativa, capacidade de arrecadar tributos.

- Centrífugo: quando o Estado expande sua capacidade econômica. O Estado passa a atuar em outras esferas econômicas através das empresas públicas e sociedades de economia mista.

Embora tenha se verificado um pequeno crescimento na administração direta, sobretudo com o aumento do número de ministérios que foram desmembrados de outros, a marca maior do modelo do crescimento foi mesmo a expansão da administração indireta. Isso resultou no fenômeno da dicotomia entre o Estado tecnocrático e moderno das instâncias da administração indireta e o Estado burocrático, formal e defasado da administração direta.

Todo o movimento mundial de crescimento chega ao seu declínio. Pois os estados estavam gastando demais e não tiveram uma evolução entre as suas receitas e despesas.

A crise política do regime militar, que se inicia já em meados dos anos 1970, agrava ainda mais a situação da administração pública, já que a burocracia estatal foi identificada com o sistema autoritário em pleno processo de degeneração. A nova crise na administração pública

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denominada de crise de governabilidade está relacionada com a crise fiscal do Estado (relação entre receita e despesa – o Estado passou a gastar mais do que o arrecadado). A crise fiscal gera a incapacidade dos governos de atenderem as demandas sociais.

*Governabilidade x Governança

Governabilidade é o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder. Compreende a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e o equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação. Diz respeito à capacidade política de decidir. A Governabilidade expressa a possibilidade em abstrato de realizar políticas públicas. . Esta relacionada com a capacidade substantiva e material de implementar suas políticas públicas, de governar o Estado.

Governança é a competência do governo de praticar as decisões tomadas ou, em outras palavras, a capacidade de governo do Estado. Envolve a disposição institucional pela qual a autoridade é exercida, de modo a propiciar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução dos arranjos que o governo adota. Governança é a capacidade adjetiva e instrumental de colocar em prática as políticas públicas. A governança está no aparato do Estado. A governança acontece através dos funcionários públicos, pois é a capacidade prática de fazer valer suas idéias.

A Governabilidade deriva, ainda, da legitimidade dada pela sociedade ao Estado e a seu governo, enquanto a Governança é a capacidade abrangente financeira e administrativa de uma organização de praticar políticas. Sem condições de Governabilidade é impossível uma adequada Governança, embora esta possa ser deficiente ainda que haja boas condições de Governabilidade. Por outro lado, uma boa Governança pode aumentar a legitimidade que um povo confere a seu governo, aumentando, assim, a Governabilidade do país.

- Estado Neo-Liberal

O mundo vivia a crise de governabilidade. Trazia uma idéia oposta, que estado grande não atendia as demandas sociais. Havia a necessidade de diminuir despesas, diminuir o Estado, enxugar a máquina pública.

Em 1973 ocorre a primeira crise do petróleo, a qual deixa os Estados ainda mais endividados. Em seguida, a crise que se desencadeou em 1979, com o segundo choque do petróleo caracteriza-se pela perda de capacidade do Estado de coordenar o sistema econômico de forma complementar ao mercado.

Assume na Grã-Bretanha Margaret Thatcher e, nos EUA assume Reagan. Ambos com o intuito de diminuir o tamanho do Estado, cortar despesas, vender empresas que haviam sido criadas. A base do programa para inverter a crise da economia era a redução da intervenção estatal e a implementação de um programa de privatização.

No Brasil, os militares gastavam a torto e a direito, escondendo da população que o mundo estava em crise. A globalização permite a interligação dos mercados e dá informação.

Em 1979, já no governo de Figueiredo – foi criado o programa nacional de desburocratização que tinha 02 frentes: uma de desburocratização e outra de desestatização (de modo a enxugar a máquina pública).

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Antes da descrição da reforma administrativa da Nova República, merecem registro dois programas de reforma elaborados entre 1979 e 1982, a desburocratização e a desestatização. De iniciativa do Poder Executivo, os dois programas foram concebidos de forma a atender objetivos complementares que seriam o aumento da eficiência e eficácia na administração pública e o fortalecimento do sistema de livre empresa.

Mais especificamente, o programa de desburocratização, instituído pelo Decreto-Lei no 83.740, de 18 de julho de 1979, “visa à simplificação e à racionalização das normas organizacionais, de modo a tornar os órgãos públicos mais dinâmicos e mais ágeis”. Esperava-se que a supressão de etapas desnecessárias tornaria mais ágil o sistema administrativo, trazendo benefícios para funcionários e clientes (desburocratização até o nível de guichê).

Diferentemente dos outros programas, o da desburocratização privilegiava o usuário do serviço público. Daí o seu ineditismo, porque nenhum outro programa antes era dotado de caráter social e político (pois tentou melhorar a vida do cidadão na sociedade). Mas, ele também incluía entre seus objetivos o enxugamento da máquina estatal, já que recomendava a eliminação de órgãos pouco úteis ou cuidava para impedir a proliferação de entidades com tarefas pouco definidas ou já desempenhadas em outras instituições da administração direta e indireta.

Esse programa trabalhou em uma série de políticas voltadas a microempresa, desburocratizou a necessidade de uma série de documentos, entre outros, constituindo o caminho rumo a administração gerencial.

O programa da desestatização havia sido concebido para estabelecer limites aos excessos de expansão da administração pública descentralizada, tendência marcante na década anterior sem, entretanto, se configurar na reversão desse processo.

**Nos concursos cobra-se que a crise no Brasil começa na década de 80. É a década perdida. Começa a inflação, recessão, corte de moedas. Com isso o governo militar passa a se tornar insustentável.

- Estado democrático de direito – Nova República a partir de 1985

Em 1985 tem início a abertura democrática. Resgate do que foi perdido. O discurso dos que voltam é que os 21 anos de historia, a recessão, a inflação, o agravamento da pobreza era culpa dos militares. Esse período constituiu-se no maior loteamento dos cargos públicos da história. Cada partido queria um pedaço, um cargo e estes foram distribuídos.

A reforma do Estado era uma das principais promessas da Nova República, que se traduzia em diversas bandeiras de luta que iam muito além do rearranjo administrativo — vigência efetiva do império da lei, desobstrução do Legislativo, aparelhamento da Justiça, reforma tributária, descentralização e, subsidiariamente, reforma agrária, saneamento da previdência, implantação do sistema único de saúde, erradicação do analfabetismo, reforma do ensino básico, desenvolvimento regional.

O governo civil que acabara de se instalar em 1985, após mais de duas décadas de ditadura militar, herdava um aparato administrativo marcado ainda pela excessiva centralização.

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No final das mais de duas décadas de regime ditatorial a situação do país não era muito alentadora. Paralelamente ao desafio da redemocratização, lidava-se com uma severa crise econômica marcada pelas crescentes desigualdades sociais.

Assim, o governo da chamada Nova República teria como tarefa inadiável a reversão desse quadro, que se expressaria na necessidade de tornar o aparelho administrativo mais reduzido, orgânico, eficiente e receptivo às demandas da sociedade.

As ações rumo a uma administração pública gerencial são, entretanto, paralisadas na transição democrática de 1985 que, embora representasse uma grande vitória democrática, teve como um de seus custos mais surpreendentes o loteamento dos cargos públicos da administração indireta e das delegacias dos ministérios nos Estados para os políticos dos partidos vitoriosos. Um novo populismo patrimonialista surgia no país. De outra parte, a alta burocracia passava a ser acusada, principalmente pelas forças conservadoras, de ser a culpada da crise do Estado, na medida em que favorecera seu crescimento excessivo.

Sarney criou um grande projeto para reformar a máquina pública. O governo Sarney instituiu uma numerosa comissão, cujos objetivos eram extremamente ambiciosos, já que, num primeiro momento, pretendia redefinir o papel do Estado. O primeiro programa de reformas do governo Sarney, que tinha três objetivos principais: racionalização das estruturas administrativas, formulação de uma política de recursos humanos e contenção de gastos públicos. Nesse período a crise fiscal era tão grande que não conseguiu criar nenhuma mudança.

A única coisa feita por Sarney foi a Constituição Federal de 1988, que refletiu esse cenário.

No plano econômico não houve alteração. A Constituição de 1988 proclamou uma nova enunciação dos direitos de cidadania, ampliou os mecanismos de inclusão política e participação, estabeleceu larga faixa de intervenção do Estado no domínio econômico, redistribuiu os ingressos públicos entre as esferas de governo, diminuiu o aparato repressivo herdado do regime militar e institucionalizou os instrumentos de política social, dando-lhes substância de direção. Nesse sentido, a promulgação da Carta Magna representou uma verdadeira reforma do Estado.

Entretanto, do ponto de vista da gestão pública, a Constituição de 1988, levou a um retrocesso burocrático sem precedentes. no anseio de reduzir as disparidades entre a administração central e a descentralizada, acabou por eliminar a flexibilidade com que contava a administração indireta que, apesar de casos de ineficiência e abusos localizados em termos de remuneração, constituía o setor dinâmico da administração pública. Sem que houvesse maior debate público, o Congresso Constituinte promoveu um surpreendente engessamento do aparelho estatal, ao estender para os serviços do Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as mesmas regras burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. A nova Constituição determinou a perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos, instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis da União, dos Estados-membros e dos Municípios, e retirou da administração

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indireta a sua flexibilidade operacional, ao atribuir às fundações e autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às que regem a administração direta.

Este retrocesso burocrático foi em parte uma reação ao clientelismo que dominou o país naqueles anos. Foi também uma conseqüência de uma atitude defensiva da alta burocracia que, sentindo-se injustamente acusada, decidiu defender-se de forma irracional.

*Na CF/88 foram atribuídas as mesmas regras da administração direta da década de 30. No plano gerencial, houve uma volta aos ideais burocráticos dos anos 1930 e, no plano político, uma tentativa de retorno ao populismo dos anos 1950. Partindo de uma perspectiva de análise política, considera que os dois partidos que comandaram a transição eram, apesar de democráticos, visceralmente populistas, eles não tinham como a sociedade brasileira também não tinha noção da gravidade da crise que o país estava atravessando.

Afinal, geraram-se dois resultados: de um lado, o abandono do caminho rumo a uma administração pública gerencial e a reafirmação dos ideais da administração pública burocrática clássica; de outro lado, dada a ingerência patrimonialista no processo, a instituição de uma série de privilégios, que não se coadunam com a própria administração pública burocrática. Como exemplos, temos a estabilidade rígida para todos os servidores civis, diretamente relacionada à generalização do regime estatutário na administração direta e nas fundações e autarquias, a aposentadoria com proventos integrais sem correlação com o tempo de serviço ou com a contribuição do servidor.

Resumindo, a CF/88 concentra as mesmas práticas patrimonialistas vigorantes até então, como demonstra três práticas:

- no ato das disposições transitórias todos que estavam no serviço público, passaram a se tornar estáveis no serviço público, inclusive os que tinham entrado sem concurso público.

- todos os servidores que estavam nas autarquias e fundações passaram a ser considerados estatutários e se enquadravam num regime jurídico único.

- essas pessoas passam a fazer parte da previdência do estado, e a aposentadoria será feita com proventos integrais independentemente do tempo de contribuição.

Enquanto o mundo todo estava diminuindo despesas o Brasil promove o retrocesso burocrático colocando inclusive na CF práticas patrimonialistas, inchando a máquina pública e trazendo para ela um maior crescimento das despesas.

- 1990 – Movimento diretas já e governo Collor

Diretas Já foi um movimento político democrático com grande participação popular que ocorreu no ano de 1984. Este movimento era favorável e apoiava a emenda do deputado Dante de Oliveira que restabeleceria as eleições diretas para presidente da República no Brasil.

Em 25 de abril de 1984, a emenda constitucional das eleições diretas foi colocada em votação. Porém, para a desilusão do povo brasileiro, ela não foi aprovada.

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Em 15 de janeiro de 1985, ocorreram eleições indiretas e Tancredo Neves foi eleito presidente do Brasil. Porém, em função de uma doença, Tancredo faleceu antes de assumir o cargo, sendo que o vice, José Sarney, tornou-se o primeiro presidente civil após o regime de Ditadura Militar (1964-1985).

As eleições diretas para presidente do Brasil só ocorreriam em 1989, após ser estabelecida na Constituição de 1988.

Em 15 de março de 1990, tomou posse o primeiro governo civil eleito pelo voto direto, nos últimos 30 anos, de um século de vida republicana. Fernando Collor era um grande latifundiário de Alagoas, mas tinha um discurso neoliberal de moralização, de acabar com a corrupção, diminuir despesas, entre outras coisas.

Para cumprir seus propósitos reformadores criou uma nova moeda, congelou a poupança popular, taxou haveres financeiros e redesenhou a máquina de governo, fechando diversos órgãos públicos essenciais. Em menos de 24 horas, editou 23 medidas provisórias, sete decretos e 72 atos de nomeação, aos quais se seguiram inúmeras portarias ministeriais e instruções normativas autárquicas. Com o objetivo de reduzir a intervenção do Estado na vida social, criou uma série de restrições e regulamentos temporários para que, aos poucos, os cidadãos perdessem a memória inflacionária e pudessem usufruir mais os benefícios decorrentes do exercício das novas liberdades. Collor teve a idéia de abertura do mercado para o Exterior. Criou a idéia de gestão para resultados, através do contrato de gestão.

A rápida passagem de Collor pela presidência provocou, na administração pública, uma desagregação e um estrago cultural e psicológico impressionantes. Sua reforma administrativa caminhou de forma errática e irresponsável no sentido da desestatização e da racionalização. Algumas das extinções tiveram que ser logo revistas, como a da Capes, por exemplo. Hoje, são de conhecimento perfeitamente acessível o impacto do inciso de um artigo de uma lei de conversão, a alíquota de IOF que incide sobre cada ativo financeiro e as projeções sobre os estoques de base monetária e da moeda em circulação.

Muitas das fusões, principalmente de ministérios, não eram convenientes, pois criavam superestruturas (como os ministérios da Economia e da Infra-Estrutura) sujeitas a pressões de interesses poderosos, e dificultavam a supervisão que intentavam favorece. Os cortes de pessoal, desnecessários, se examinarmos a administração como um todo, não trouxeram expressiva redução de custos.

Na verdade, movida a oportunismo neoliberal e constituída como uma empresa de desmantelamento do setor público, ela produziu uma série de remanejamentos no plano da organização administrativa, desarticulou as estruturas encarregadas de operar políticas compensatórias e em nada contribuiu para a garantia de direitos civis ou de direitos sociais básicos. Ocorreu também um aumento desmedido de desemprego no país. A falta de planejamento estratégico gerou uma grande recessão e, alem disso, foi descoberto o maior esquema de corrupção da história. No governo Collor, a resposta às medidas foi equivocada e apenas agravou os problemas existentes, na medida em que se preocupava em destruir ao invés de construir.

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- Governo Itamar Franco

O governo Itamar Franco, dado o seu caráter de excepcionalidade, adotou uma postura tímida e conservadora com relação à reforma do Estado e mesmo à reforma administrativa. Para conservar a ampla base de apoio que possibilitou a sua emergência, persistiu na estratégia de ressuscitar ministérios extintos por Collor e restringiu-se a tocar, de forma hesitante, o programa de privatização. O governo Itamar Franco buscou essencialmente recompor os salários dos servidores, que haviam sido violentamente reduzidos no governo anterior.

Conseguiu resgatar a estabilização da economia através do Plano Real, diminuindo a inflação e a recessão.

O discurso de reforma administrativa assume uma nova dimensão a partir de 1994, quando a campanha presidencial introduz a perspectiva da mudança organizacional e cultural da administração pública no sentido de uma administração gerencial. Itamar criou a base para a eleição de FHC em 95.

- Governo FHC

Em outubro de 1994 foi eleito Presidente da República em primeiro turno, tendo sido fundamental para a sua eleição o sucesso do Plano Real, que fora finalizado pelo presidente Itamar Franco durante o mandato de seu ministro da fazenda Rubens Ricupero, em junho daquele ano. Fernando Henrique Cardoso, no entanto, para favorecer sua eleição - então com a concordância de Itamar, que o apoiava - assinou como se ainda fosse ministro da fazenda as cédulas da nova moeda Real, embora quando elas entraram em circulação ele já não fosse mais ministro há 4 meses

FHC resgata a governabilidade perdida e, com isso, também resgata a governança. Para resgatar a governança ele cria o Ministério da Administração e Reforma do Estado sob o comando do ministro Bresser Pereira. Este conectado com as idéias neoliberais já fracassadas dizia que FHC era social democrata. Propugnava na máquina pública trazer de volta as políticas sócias que estavam em segundo plano, mas continuando a enxugar a máquina pública.

Ainda em 1995 edita o PDRAE (plano diretor da reforma do aparelho do estado). O qual mostra a necessidade de reforma e as medidas a serem realizadas para ter novamente o crescimento e o desenvolvimento.

O Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado tinha como proposta explícita inaugurar a chamada “administração gerencial”, o que parece designar o fim da história da administração pública redentora do estatismo patrimonialista e do ogro burocrático.

O PDRAE partia de uma premissa — a de que a crise latino-americana era uma crise do Estado.

*Algumas provas já colocam Collor como sendo a base da administração gerencial, outras colocam a reforma ocorrida no governo de FHC como base para a administração gerencial.

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A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social, para se tornar seu promotor e regulador.

O Estado assume um papel menos executor (privatizando as empresas de modo a diminuir o tamanho do Estado) ou prestador direto de serviços mantendo-se, entretanto, no papel de regulador (criação das agencias reguladoras) e provedor destes (buscando entes que queiram executar as políticas públicas, que são as entidades do terceiro setor sem fins lucrativos que queiram desempenhar serviço público). O Estado continua financiando, mas não mais executa.

Nesta nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das suas funções de regulação e de coordenação, particularmente no nível federal, e a progressiva descentralização vertical, para os níveis estaduais e municipais, das funções executivas no campo da prestação de serviços sociais e de infra-estrutura. Considerando essa tendência, pretende-se reforçar a governança — a capacidade de governo do Estado — por meio da transição programada de um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para uma administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento da cidadania.

A administração gerencial é a idéia de comprovação de resultados, de controle social, da sociedade civil organizada, monitorando e controlando a implementação das políticas públicas.

Em 1998, consegue promulgar a Emenda Constitucional nº 19/98, que modificou dispositivos da Constituição Federal de 1988, referentes à Administração Pública e ao servidor público, alterou o regime administrativo do Estado brasileiro, seus princípios e normas, além de propor o controle das despesas e finanças públicas, para influenciar o custeio de atividades a cargo do Distrito Federal. A Lei 9.649/98, promulgada poucos dias antes da Emenda nº 19/98, autorizou o Poder Executivo a qualificar como agência executiva a autarquia ou fundação que houvesse celebrado contrato de gestão com o respectivo ministério supervisor, para o fim de cumprir objetivos e metas com este acertado. O contrato de gestão passa a ser o instrumento de contratação da administração pública.

A mudança formal à Magna Carta de 1988, em linhas gerais, interferiu na admissão de pessoal na política remuneratória, na estabilidade e na descentralização das funções das entidades administrativas.

O princípio da eficiência, no ordenamento jurídico constitucional, tem origem na EC 19/98, que o incorporou ao texto da Constituição de 1988 (artigo 37, caput). A inserção do princípio da eficiência, no texto constitucional, ao lado dos princípios clássicos da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade fundaram-se no argumento de que o aparelho estatal deve se orientar para gerar benefícios, prestando serviços à sociedade e respeitando o cidadão contribuinte.

O modelo conceitual da Reforma do Aparelho de Estado de Bresser-Pereira está apoiado em três dimensões: formas de propriedade, tipos de administração pública e níveis de atuação do Estado. As relações entre essas dimensões estabelecem o quadro referencial e a estratégia da reforma.

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Bresser também trata de dois tipos de propriedade — a pública e a privada, sendo pública toda aquela que está no domínio do Estado, e privada, por exclusão, todas as demais, que ordinariamente se diz estarem na esfera do mercado. O modelo propõe que a propriedade pública possa ser classificada em dois tipos: a propriedade pública estatal e a propriedade pública não-estatal. A propriedade estatal seria aquela tradicionalmente designada como propriedade pública, ou seja, o conjunto de bens sob controle estatal (o Estado não pode passar pra frente). Já a propriedade pública não-estatal compreenderia todos aqueles bens que, embora, não sejam de propriedade do Estado, servem ao interesse público (é público mas o estado não mais vai desempenhar). Está nessa categoria o patrimônio de todas as instituições sem fins lucrativos dedicadas a prestar serviços à comunidade, como as fundações, as associações sem fins lucrativos, as sociedades civis de interesse público, as beneficências. Na hipótese de extinção, o patrimônio delas reverte ao Estado.

Bresser-Pereira chama a atenção para o fato de que a existência desse tipo de propriedade gera direitos de cidadania, os chamados direitos republicanos, que não têm titular certo, mas afetam o bem-estar e a sobrevivência de todos os indivíduos em novas formas de apropriação do mundo e de inserção na vida social. Eles dão ao cidadão direitos ao futuro comum, à informação fidedigna, à proteção ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e à coisa pública.

*a governança se dá através dos servidores públicos. Cria a idéia de treinamento sistemático, além de promover a realização de concursos públicos anuais. Promove a profusão de cargos e carreiras e a idéia de demissão voluntária.

Sob o ponto de vista social o governo de FHC caracteriza-se pela volta das políticas sociais. Surgimento do programa bolsa família, bolsa escola, vale gás – políticas sociais de renda mínima que surgiram localmente em Estados e municípios que posteriormente foram copiados pelo governo federal.

No segundo governo a reforma já estava consolidada, mas era necessário fortalecê-la. Com isso cria o MPOG. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) é um ministério do poder executivo do Brasil, cuja função é planejar a administração governamental, planejar custos, analisar a viabilidade de projetos, controlarem orçamentos, liberar fundos para estados e projetos do governo.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), oficialmente Lei Complementar nº 101, é uma lei brasileira que tenta impor o controle dos gastos de estados e municípios, condicionado à capacidade de arrecadação de tributos desses entes políticos. Tal medida foi justificada pelo costume, na política brasileira, de gestores promoverem obras de grande porte no final de seus mandatos, deixando a conta para seus sucessores. A LRF também promoveu a transparência dos gastos públicos.

O poder executivo federal, ao propor o projeto que deu origem à Lei Complementar 101/2000, apoiou-se no argumento de que a medida fazia parte do conjunto de estratégias componentes do Programa de Estabilidade Fiscal - PEF. Porém, implicitamente o objetivo era de ampliar a arrecadação de recursos e racionalizar seu emprego, para cumprir compromissos nacionais

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relativos à dívida externa e atender às exigências oriundas do FMI, do Banco Mundial e dos Estados Unidos da América (organismos financeiros internacionais credores de nosso país).

- Governo Lula

Em 2003, assume a presidência Luiz Inácio Lula da Silva – populista e estadista – após 04 tentativas de chegar ao poder.

A gestão Lula iniciou dando segmento a política econômica do governo anterior, FHC. O capital internacional encontrava-se em "debandada" à época. Para tanto, nomeou Henrique Meirelles, deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás em 2002, para a direção do Banco Central do Brasil dando um forte sinal para o mercado - principalmente o Internacional, em que Meirelles é bastante conhecido por ter sido presidente do Bank Boston - de que não haveria mudanças bruscas na política econômica no governo Lula.

O Governo Lula caracterizou-se pela baixa inflação, redução do desemprego e constantes recordes da balança comercial. Tanto no governo de FHC quanto de Lula ainda se manteve um controle da economia, através do controle da taxa de dólar.

Promoveu o incentivo às exportações, à diversificação dos investimentos feitos pelo BNDES, estimulou o micro-crédito e ampliou os investimentos na agricultura familiar através do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar). Na gestão do presidente Lula observou-se o recorde na produção da indústria automobilística, em 2005 e o maior crescimento real do salário mínimo resultando na recuperação do poder de compra dessa parte da população. Também houve o refortalecimento da Petrobrás, que culminou com o renascimento da indústria naval brasileira, que em 2009 passou a ser a sexta maior do mundo.

Ao final de 2008 houve um colapso na bolsa de valores, que não afetou tão intensamente o Brasil uma vez que o país não era mais neoliberal, ou seja, o Estado controla a economia. Não emitia papel sem lastro.

Atualmente o Brasil se encontra no Estado máximo. Começou a crescer novamente, criar várias empresas e gastar mais do que arrecadar.