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O café e o crescimento da indústria durante a Primeira República (1889-1930) Belo Horizonte, 06/abr/2010 - O café e o desenvolvimento da indústria

Aula 02 cafe&industria

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O café e o crescimento da indústria durante a Primeira República (1889-1930)

Belo Horizonte, 06/abr/2010

- O café e o desenvolvimento da indústria

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Condições para a industrialização

• Anos 40 do séc. XIX, surgimento de estabelecimentos industriais.

Tarifas de proteção.

Fábricas de tecidos grosseiros: escravos e população pobre.

Outros ramos: chapéus, cerveja e fundições (Ponta de Areia, Barão de Mauá).

Estabelecimentos pontuais, ambiente limitado para o desenvolvimento industrial: massa trabalhadora preponderantemente escrava.

• Expansão cafeeira e condições para o desenvolvimento industrial, segundo Dean (1975).

Transição do trabalho escravo para o assalariado: surgimento de uma massa de salários.

Imigrantes tinham bagagem cultural mais adequada à sociedade industrial, formando uma massa de trabalhadores para a atividade.

“Complexo cafeeiro”, diversificação de atividades: estradas de ferro, bancos, empresas comerciais.

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Condições para a industrialização

• Cardoso (1961), constituição do capitalismo antecede a industrialização:

capitalistas e trabalhadores.

“o espírito de empresa”.

• Silva (1976), desenvolvimento do capitalismo mundial:

Exportação de capitais.

Investimentos em países periféricos: ferrovias, bancos, casas comerciais, serviços urbanos.

Introdução de técnicas e relações de produção capitalistas.

Condições internas: fim do monopólio comercial com Portugal; formação de uma burguesia comercial brasileira.

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Características da indústria

• Localização da indústria na primeira República reafirma a relação entre a expansão do café e a produção industrial.

Em 1907, Rio (33%) e São Paulo (16%) respondiam por 49% da produção industrial.

Em 1920, a relação se inverte, São Paulo (33%) e o Rio (20%).

Rio de Janeiro: cidade portuária, para onde se dirigia a produção de café; além disso, crescimento urbano em função da capitalidade.

Declínio da industria carioca: decadência do café, concorrência paulista e concorrência com funções administrativas.

Maior estímulo à indústria no oeste paulista: expansão do café, novas linhas férreas e grande massa de imigrantes.

• Características:

Industrialização retardatária: possível saltar etapas, predomínio de grandes empresas.

Predomínio dos setores de bens de consumo: oportunidades em bens importados; economia de escala necessária limita o avanço a indústrias de bens de capital.

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Características da indústria

• Características:

Origem do capital: fábricas como desdobramento de atividades comerciais, importadores.

Origens sociais do industrial: fazendeiros e imigrantes; longa experiência em atividades urbanas.

Reduzida participação estrangeira.

Setor (%) Setor (%)

Têxtil 27,0 Minerais não-metálicos 2,7

Roupas e calçados 8,2 Metalurgia 3,4

Alimentos 32,9 Mecânica 0,1

Bebidas 4,7 Material de transporte 1,3

Fumo 3,6 Química e farmacêutica 5,7

Madeira 4,3 Borracha 0,3

Couros e peles 2,5 Papel e papelão 1,3

Mobiliário 1,4

Edição e diversos 0,8

Total 85,4 14,6

Bens de Consumo Bens de Produção

Tabela: Estrutura da indústria, Brasil (1920)

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Características da indústria

• Correntes sociais nas duas primeiras décadas do séc. XX:

Trabalhismo: crescimento industrial, formação de um proletariado urbano.

Anarquismo: disseminação de idéias a partir de imigrantes europeus.

Comunismo.

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Crescimento industrial

• Teoria dos choques adversos, Suzigan (1986)

Crise da economia mundial favorece a indústria local porque bloqueia as importações que abastecem o mercado interno.

Restrição de oferta, período de guerra (I Guerra Mundial 1914 – 1918)

Crise do setor exportador, desvalorização cambial, encarecimento de artigos estrangeiros.

• Ótica das industrialização liderada pelas exportações

Teoria da base exportadora

Tanto o mercado como os capitais para a industria local dependem da economia exportadora.

Desvalorização cambial encarece bens de capital.

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Crescimento industrial

• Polêmica..

Evidências empíricas inconclusivas.

Complexas relações entre capital cafeeiro e industrial

Conclusão: posição subordinada da indústria à economia cafeeira na Primeira República.

Ano ExportaçõesImportação de equipamentos

Produção industrial

1912 100 100 100

1913 88 106 100

1914 63 43 90

1915 72 13 102

1916 76 14 114

1917 84 18 125

1918 82 16 123

1919 157 30 138

1920 110 47 147

Tabela: Exportações, importações de equipamentos e produção industrial, Brasil (1912-20)

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Política econômica

• Política econômica da República Velha vai além da versão tradicional de atender exclusivamente a cafeicultura.

Outros grupos políticos: interesses internacionais, demais grupos oligárquicos, lideranças urbanas.

Própria cafeicultura não constitui segmento homogêneo.

Primeiros anos da República favoráveis ao crescimento industrial: Rui Barbosa defensor da industrialização, facilidade creditícia, legislação comercial.

Joaquim Murtinho (Campos Sales): política de defesa do café.

I Guerra Mundial: estímulo a industrialização, reduzir a vulnerabildade da balança de pagamentos.

• Oscilação da política monetária e cambial

1889 – 1896, política monetária não ortodoxa (Rui Barbosa), câmbio flexível e situação externa favorável, expansão do crédito, crescimento econômico e especulação (Encilhamento).

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Política econômica

1896 – 1906, desequilíbrio fiscal, desvalorização cambial, dificuldades coma dívida externa, acerto com credores (funding loan) e adoção de política monetária restritiva ainda com cambio flutuante).

1906 -1914, dificuldade de crescimento econômico, política de valorização do café, “caixa de conversão”, adoção de regime de câmbio fixo com política monetária passiva.

1914 – 1926, reversão da situação externa (I Guerra Mundial), política monetária contracionista, abandono do regime e retorno ao câmbio flutuante, aceleração da inflação.

1926 – 1929, melhoria da situação externa, retorno ao cambio fixo, crescimento econômico.