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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA A POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR FREDERICO DIAS Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 3 – Poder Executivo: Atribuições e Responsabilidades do Presidente da República. Segurança pública. Olá, caro aluno, Hoje vamos tratar de Poder Executivo. Quais são as atribuições do Presidente da República? O que acontece quando ele comete um crime? São assuntos interessantíssimos, e serão tratados hoje aqui. O seu edital foi bastante claro: o Cespe quer que você saiba atribuições e responsabilidades (processo de responsabilização) do Presidente da República. Sendo assim, não vou tratar de outros aspectos que não tenham relação com esses temas, ok? Posteriormente, vamos discutir como a Constituição da República organizou a segurança pública no Brasil e de que forma a Polícia Federal (seu próximo órgão) se enquadra nessa estrutura. Tenho certeza de que você “sairá” desta aula com esses assuntos muito bem aprendidos... Vejamos nosso conteúdo. 1 – Poder Executivo 1.1 – Atribuições do Presidente da República 1.2 – Responsabilidades do Presidente da República 2 – Segurança Pública 2.1 – Polícia Federal 2.2 – Polícia Rodoviária Federal e Ferroviária Federal 2.3 – Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares Preparado então? Vamos lá! 1 – Poder Executivo O Poder executivo é abordado pela nossa Constituição entre os arts. 76 e 91. Ele exerce a função típica de administrar. Isso compreende funções de governo e de administração da coisa pública. Como as funções estatais não são atribuídas aos órgãos de forma exclusiva, o Poder Executivo também exerce funções atípicas: I) função legislativa: edição de medidas provisórias e decretos autônomos; II) função de julgamento: no âmbito de processos administrativos. Agora, entremos exatamente no que o seu edital está cobrando.

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Aula 3 – Poder Executivo: Atribuições e Responsabilidades do Presidente da República. Segurança pública.

Olá, caro aluno,

Hoje vamos tratar de Poder Executivo. Quais são as atribuições do Presidente da República? O que acontece quando ele comete um crime? São assuntos interessantíssimos, e serão tratados hoje aqui.

O seu edital foi bastante claro: o Cespe quer que você saiba atribuições e responsabilidades (processo de responsabilização) do Presidente da República. Sendo assim, não vou tratar de outros aspectos que não tenham relação com esses temas, ok?

Posteriormente, vamos discutir como a Constituição da República organizou a segurança pública no Brasil e de que forma a Polícia Federal (seu próximo órgão) se enquadra nessa estrutura.

Tenho certeza de que você “sairá” desta aula com esses assuntos muito bem aprendidos...

Vejamos nosso conteúdo.

1 – Poder Executivo

1.1 – Atribuições do Presidente da República

1.2 – Responsabilidades do Presidente da República

2 – Segurança Pública

2.1 – Polícia Federal

2.2 – Polícia Rodoviária Federal e Ferroviária Federal

2.3 – Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares

Preparado então? Vamos lá!

1 – Poder Executivo

O Poder executivo é abordado pela nossa Constituição entre os arts. 76 e 91. Ele exerce a função típica de administrar. Isso compreende funções de governo e de administração da coisa pública.

Como as funções estatais não são atribuídas aos órgãos de forma exclusiva, o Poder Executivo também exerce funções atípicas:

I) função legislativa: edição de medidas provisórias e decretos autônomos;

II) função de julgamento: no âmbito de processos administrativos.

Agora, entremos exatamente no que o seu edital está cobrando.

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1.1 – Atribuições do Presidente da República

O art. 84 da Constituição Federal estabelece quais são as atribuições do Presidente da República. Observe abaixo, atentando para os destaques em negrito.

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;

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XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Com uma leitura atenta, você pode observar que diversas competências dessa lista são bem intuitivas. Ou seja, está na cara que se referem a atividades de responsabilidade do Presidente da República.

Isso facilita a sua vida, certo? Afinal, a quem mais competiria competências como as seguintes: nomear ministros; exercer a direção da administração pública; iniciar, sancionar, promulgar, fazer publicar e vetar projetos de lei; manter relação outros Estados e celebrar tratados internacionais; decretar estado de defesa, de sítio e intervenção; enviar ao Congresso seu plano de governo, leis orçamentárias e prestar contas; entre outras?

Sugiro que você dê mais uma lida com esse foco: observar que a grande maioria das competências naturalmente são associadas à figura do Presidente da República.

Observe que, no que for pertinente, essas atribuições serão estendidas aos governadores e prefeitos municipais.

As questões comentadas logo a seguir auxiliarão a memorização dessas competências.

Antes, entretanto, preciso mencionar os detalhes mais importantes para concursos: (i) distinção entre o decreto regulamentar e decreto autônomo; e (ii) delegação de competências aos ministros de Estado, AGU e PGR.

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Poder regulamentar e decreto autônomo

Trata-se da distinção entre as competências previstas nos incisos IV e VI do art. 84 da CF/88. Vejamos:

Compete privativamente ao Presidente da República:

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Esse assunto é campeão em concursos!

Tenha em mente que até a EC 32/2001 nossa Constituição autorizava ao Presidente da República apenas a edição de decretos regulamentares (CF, art. 84, IV). Trata-se de prerrogativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo de editar decretos e regulamentos (normas infralegais) que visem a regulamentar leis.

E o que significa poder editar decretos regulamentares? É a competência de que dispõe Presidente da República de editar decretos que detalhem as leis, especifiquem como aquela lei será aplicada, na prática. Ou seja, primeiro o Congresso Nacional aprova uma lei geral, depois o Presidente da República edita um decreto que regulamente aquela lei.

O fato é que, antes, o Presidente só podia editar esse tipo de decreto: decreto regulamentar (ato infralegal, situado abaixo das leis).

Pois bem, a EC 32/2001 deu ao chefe do poder executivo competência para a edição dos chamados decretos autônomos (atos normativos com força de lei, ou seja, independentemente de lei anterior), exclusivamente nas seguintes hipóteses (CF, art. 84, VI):

I - organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

II - extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Ou seja, hoje, o chamado decreto autônomo (atos primários, diretamente hauridos no texto da Constituição, com força de lei) está expressamente autorizado, mas apenas nessas situações restritas explicitadas no inciso VI do art. 84 do texto constitucional.

Portanto, os decretos regulamentar (inc. IV) e autônomo (inc. VI) não se confundem. E você não pode confundi-los!

Repetindo.

O decreto regulamentar (CF, art. 84, IV) é editado para assegurar a fiel execução das leis, tem fundamento de validade na lei e status de

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norma secundária, infralegal. Quanto ao decreto autônomo (CF, art. 84, VI), ele tira seu fundamento de validade diretamente da Constituição e tem status de norma primária, equiparado às leis.

Como veremos logo a seguir, o decreto regulamentar não é delegável. Já o decreto autônomo poderá ser delegado pelo Presidente da República aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações (CF, art. 84, parágrafo único).

Competências delegáveis aos ministros de Estado, ao AGU e ao PGR

O parágrafo único do art. 84 é um dos dispositivos da Constituição mais cobrados em concurso e, de fato, é de suma importância. Esse dispositivo enumera as atribuições do Presidente da República que são delegáveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República (PGR) ou ao Advogado-Geral da União (incisos VI, XII e XXV, primeira parte).

Assim, as competências delegáveis são apenas:

I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI);

II) conceder indultos e comutar penas (CF, art. 84, XII);

III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

Quanto a este último ponto, fique atento!

Compete privativamente ao Presidente da República prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei (CF, art. 84, XXV).

O provimento pode ser delegado aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União. A extinção não!

Entretanto, se o cargo estiver vago, trata-se da extinção de cargos vagos, que o Presidente da República pode realizar por meio de decreto autônomo (nos termos do art. 84, VI, “b” da CF/88). Nesse caso, se é decreto autônomo, pode ser delegado também.

Cabe comentar que o provimento e a extinção dos cargos públicos por ato do Presidente abrangem os cargos do Poder Executivo.

Outro detalhe interessante é que, para o Supremo Tribunal Federal, a competência para prover cargos públicos (CF, art. 84, XXV, primeira parte) abrange a de desprovê-los. Portanto, a competência de desprover os cargos públicos é suscetível de delegação a Ministro de Estado (CF, art. 84, parágrafo único).

Com isso é válida a Portaria de um Ministro de Estado que, no uso de competência delegada, aplica a pena de demissão a servidor (MS 25.518, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 10-8-2006).

Repare que, ao enumerar expressamente as matérias que são delegáveis, de certa forma, a Constituição está também fixando as matérias que são indelegáveis (demais incisos do art. 84 da CF/88).

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E, antes que alguém me pergunte, o “indulto” é uma espécie de graça processual penal. Trata-se de ato de clemência do Poder Executivo, que extingue a punibilidade (o poder de punir por parte do Estado para aquele condenado).

Por favor, não marque bobeira! Memorize essas hipóteses em que o decreto autônomo se aplica, bem como as competências do Presidente que podem ser delegadas. E vá para sua prova tranquila (ou tranquilo)...

1. (CESPE/ANALISTA/ANEEL/2010) A CF atribuiu ao presidente da República a competência privativa para prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

Trata-se da competência prevista no inciso XXV do art. 84. Houve alunos meus que erraram essa questão, argumentando que só seria competência do presidente da República extinguir os cargos públicos quando eles estiverem vagos.

Veja que uma coisa é a competência prevista no inciso XXV de extinção dos cargos, que será exercida na forma da lei (nos limites que a lei determinar). Essa competência está expressa na Constituição, e a questão foi mera transcrição. Portanto, está correta.

Por outro lado, há a competência para extinguir cargos vagos mediante decreto autônomo, de acordo com o art. 84, VI, “b”. Observe que o decreto autônomo tira fundamento de validade diretamente da Constituição.

Item certo.

2. (CESPE/ANALISTA/ANEEL/2010) O presidente da República não dispõe de competência constitucional para conceder indulto, por se tratar de competência exclusiva do Poder Judiciário.

Compete privativamente ao Presidente da República conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (CF, art. 84, XII). Saiba essa competência, pois ela é delegável.

Item errado.

3. (CESPE/PROMOTOR/MPE-SE/2010) O presidente da República pode, mediante decreto, delegar todas as atribuições privativas que a CF lhe reserva, observados os limites traçados nas delegações.

O parágrafo único do art. 84 é um dos dispositivos da Constituição mais cobrados em concurso e, de fato, é de suma importância. Esse dispositivo enumera as atribuições do Presidente da República que são delegáveis (incisos VI, XII e XXV, primeira parte).

I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI);

II) conceder indultos e comutar penas (CF, art. 84, XII);

III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

Se a Constituição enumera expressamente as matérias delegáveis, de certa forma, ela fixa também indelegáveis (demais incisos do art. 84).

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A questão está errada, pois nem todas as competências privativas do Presidente são delegáveis.

Item errado.

4. (CESPE/AGENTE/PF/2012) Como são irrenunciáveis, todas as atribuições privativas do presidente da República previstas no texto constitucional não podem ser delegadas a outrem.

Como vimos, a Constituição Federal autoriza ao Presidente da República delegar algumas de suas competências, quais sejam:

I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI);

II) conceder indultos e comutar penas (CF, art. 84, XII);

III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

Item errado.

5. (CESPE/TJDF/CONTROLE INTERNO/2008) O presidente da República tem competência para delegar, aos presidentes dos tribunais, a competência de prover e extinguir os cargos públicos federais no âmbito da administração pública direta, o que abrange o Poder Judiciário.

A competência para prover cargos públicos em tribunais é do próprio Poder Judiciário (e não do Presidente da República).

“Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

(...)

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

(...)

e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;”

Item errado.

6. (CESPE/SGA/AC/Escrivão de Polícia/2008) A extinção de funções ou cargos públicos vagos é competência privativa do presidente da República, exercida por meio de decreto.

Trata-se do chamado decreto autônomo, previsto no art. 84, VI da CF/88, que faculta ao Presidente extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos e dispor sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos.

Item certo.

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7. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2012) No exercício do poder regulamentar, compete ao presidente da República dispor, mediante decreto, sobre a criação e a extinção de órgãos, funções e cargos públicos, quando tal ato não implicar aumento de despesa.

Por decreto autônomo, o chefe do poder executivo pode (CF, art. 84, VI):

I - organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

II - extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Ou seja, não se admite a criação ou extinção de órgãos públicos por meio de decreto.

Item errado.

8. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Compete privativamente ao presidente da República extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

De fato, nos termos do art. 84, XXV da CF/88, compete ao presidente da República prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

Observe um detalhe: quanto a esse inciso, a Constituição estabelece que seria delegável apenas a competência prevista na “primeira parte”.

Como as competências desse inciso são (i) prover e (ii) extinguir, entende-se que o presidente pode delegar o provimento dos cargos, mas não a extinção de cargos ocupados.

Se o cargo estiver vago, aí sim. Ele cai na regra do decreto autônomo (CF, art. 84, VI, “b”) e aí pode ser delegado.

Item certo.

9. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Conforme entendimento do STF, o presidente da República pode delegar aos ministros de Estado, por meio de decreto, a atribuição de demitir, no âmbito das suas respectivas pastas, servidores públicos federais.

Compete ao presidente da República prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte). Nos termos do parágrafo único do art. 84, essa competência poderá ser delegada aos ministros de Estado, ao Procurador Geral da República e ao Advogado Geral da União.

Pois bem, segundo o STF, essa competência para prover cargos públicos abrange a competência de desprovê-los. Assim, pode o ministro de Estado, com base em competência delegada, aplicar pena de demissão a servidor.

Item certo.

10. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) Algumas competências privativas do presidente da República podem ser delegadas

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aos ministros de estado. Entre elas está a de presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa quando não estiver presente na sessão.

A competência para presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa não pode ser delegada.

Tenho certeza de que você não errou essa!

Item errado.

11. (CESPE/TECNICO/ANVISA/2007) Violaria a Constituição Federal um decreto do presidente da República que extinguisse a ANVISA e transferisse as competências dessa agência para um órgão do MS.

De fato, esse ato violaria a Constituição, na medida em que, por meio de decreto autônomo, até poderia o presidente dispor sobre organização e funcionamento da administração federal, desde que não implicasse aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (CF, art. 84, VI, “a”).

Item certo.

12. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DP/SE/2005) O poder regulamentar do presidente da República, conforme texto atual da Constituição Federal, não autoriza a extinção de cargos públicos, matéria esta afeta ao princípio da legalidade.

No direito administrativo, a doutrina denomina de Poder regulamentar as competências do chefe do Poder executivo para editar atos normativos, englobando também o chamado decreto autônomo.

De acordo com o art. 84, VI, “b”, o Presidente da República pode, por meio de decreto, dispor sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Item errado.

13. (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA / TST / 2008) O presidente da República pode, por meio de decreto presidencial, transferir para um órgão da Presidência determinada competência atribuída ao Ministério do Trabalho.

Desde que não aumente de despesa ou acarrete criação/extinção de órgão público, pode o Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal (CF, art. 86, VI).

Item certo.

14. (CESPE/JUIZ/ TRT 1ª REGIÃO (RJ)/2010) A CF admite a possibilidade de o advogado-geral da União conceder indulto e comutar penas, com audiência dos órgãos instituídos em lei, se necessário.

O parágrafo único do art. 84 enumera as atribuições do Presidente da República que são delegáveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União:

I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI);

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II) conceder indultos e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (CF, art. 84, XII);

III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

Memorize isso, por favor!

Bem, se o Presidente pode delegar ao AGU a concessão de indultos e a comutação de penas podemos considerar que a Constituição admite sim a possibilidade de que o Advogado-Geral da União conceda indulto e comute penas, com audiência dos órgãos instituídos em lei, se necessário.

Item certo.

15. (CESPE/ADVOGADO/CORREIOS/2011) De acordo com a CF, o presidente da República pode, em caráter excepcional, delegar aos ministros de Estado sua competência para editar medidas provisórias.

A Constituição assegura ao Presidente da República competência privativa para editar medidas provisórias com força de lei (CF, art. 84, XXVI). Todavia, tal competência não está entre aquelas que podem ser delegadas aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União (CF, art. 84, parágrafo único).

Item errado.

16. (CESPE/AGENTE DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) O presidente da República pode delegar aos ministros de Estado, conforme determinação constitucional, a competência de prover cargos públicos, a qual se estende também à possibilidade de desprovimento, ou seja, de demissão de servidores públicos.

Como comentado, segundo o STF a competência de prover os cargos públicos inclui a competência de demitir os servidores públicos.

Assim, como o parágrafo único do art. 84 da Constituição estabelece que seria delegável o provimento dos cargos públicos federais, podemos entender que também a demissão poderia ser delegada.

Fique atento! Essas competências que podem ser delegadas são as mais importantes para concursos.

Item certo.

17. (CESPE/DIPLOMATA/IRB/2011) De acordo com a CF, incluem-se entre as competências privativas do presidente da República as de manter relações com Estados estrangeiros, acreditar seus representantes diplomáticos e celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

De fato, compete ao Presidente da República manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos (CF, art. 84, VII). Trata-se de competência a ser desempenhada no exercício da função de chefe de Estado.

Item certo.

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18. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/ES/2011) A concessão de indulto é uma atribuição do presidente da República que pode ser delegada ao ministro da justiça.

De fato, a concessão de indulto é uma competência delegável do Presidente da República. Portanto, poderá ser delegada a qualquer ministro de Estado (CF, art. 84, parágrafo único).

Item certo.

19. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/ES/2011) Em que pese a existência do princípio da legalidade, é possível, perante a CF, que o chefe do Poder Executivo, mediante decreto, extinga órgãos, funções ou cargos públicos na administração direta do Poder Executivo.

Esta questão deve ser respondida com base no art. 84, VI, da CF/88, que permite que o Presidente a edição de decreto autônomo nas seguintes hipóteses:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Ou seja, a assertiva está incorreta, pois mediante decreto autônomo o presidente não pode criar/extinguir órgãos públicos, nem cargos ou funções ocupadas.

Item errado.

20. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/ES/2011) As competências privativas atribuídas ao presidente da República pelo texto constitucional não podem, pela sua natureza, em nenhuma hipótese, ser objeto de delegação.

Vimos que diversas competências do Presidente da República podem ser delegadas, nos termos do art. 84, parágrafo único, da CF/88.

Item errado.

21. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011) O presidente da República pode delegar a atribuição de concessão de indultos ao ministro da Justiça.

Observe como as questões ficam repetidas... Por isso é importante resolver tantos exercícios.

O parágrafo único do art. 84 permite que o Presidente da República delegue aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União as seguintes competências:

I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI);

II) conceder indultos e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (CF, art. 84, XII);

III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

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Item certo.

22. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011) O presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre a organização e o funcionamento da administração federal, promovendo a extinção de funções ou cargos públicos que julgar desnecessários e inconvenientes para o serviço público.

O Presidente pode editar decreto autônomo para dispor sobre organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (CF, art. 84, VI, I).

Item errado.

23. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA I/TRE/MT/2010) De acordo com a CF, o presidente da República poderá delegar a atribuição de conferir condecorações e distinções honoríficas.

Compete privativamente ao Presidente da República conferir condecorações e distinções honoríficas. Todavia, tal competência é indelegável (CF, art. 84, XXI c/c parágrafo único).

Item errado.

24. (CESPE/JUIZ/TJ/CE/2012) De acordo com o STF, é indelegável a competência do chefe do Poder Executivo federal para aplicar pena de demissão a servidores públicos federais.

Uma das competências delegáveis do Presidente da República é a de prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

Segundo o Supremo Tribunal Federal, a competência para prover cargos públicos abrange a de desprovê-los. Portanto, a competência de desprover os cargos públicos também é suscetível de delegação a Ministro de Estado (CF, art. 84, parágrafo único).

Diante disso, pode o Presidente da República delegar a Ministro de Estado a competência para aplicar pena de demissão a servidor.

Item errado.

1.2 – Responsabilidades do Presidente da República

Nos arts. 85 e 86, a Constituição estabelece os crimes de responsabilidade do Presidente da República, bem como o procedimento de sua responsabilização.

Os crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas cometidas no desempenho da função.

A Constituição estabelece rol exemplificativo de crimes de responsabilidade, como sendo os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

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II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Esses crimes serão definidos em lei federal, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Atenção! Lei federal é que estabelecerá os crimes de responsabilidade, mesmo os dos governadores ou prefeitos, uma vez que compete à União legislar sobre direito penal.

São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. (Súmula 722 do STF)

Pois bem, além dos crimes de responsabilidade, o Presidente da República também será responsabilizado por infrações penais comuns, ou crimes comuns, se tiverem relação com o exercício do mandato. Explicarei melhor esse aspecto ao tratar das imunidades do Presidente da República.

Antes eu gostaria de detalhar como funciona o processo de responsabilização do Presidente, nos termos do art. 86 da CF/88.

Como veremos logo a seguir, a Câmara deve autorizar o processo de responsabilização do Presidente. Pois bem, uma vez admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (CF, art. 86).

Infrações penais comuns → STF

Crimes de responsabilidade → Senado Federal

Em suma, o processo de responsabilização do Presidente da República passa por duas fases sequenciais:

a) admissão da acusação, por dois terços da Câmara dos Deputados;

b) julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

Significa dizer que primeiro há um juízo de admissibilidade da ação (Câmara dos Deputados). Depois é há o julgamento em si (STF ou Senado)

A repetição é que ajuda a memorização...rs

Uma vez admitida a acusação pela Câmara dos Deputados, o Presidente ficará suspenso de suas funções (CF, art. 86, § 1º):

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I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

Entretanto, essa suspensão das atividades presidenciais não poderá ultrapassar o prazo de cento e oitenta dias. Com efeito, decorrido o prazo de 180 dias sem que o julgamento esteja concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CF, art. 86, § 2º).

Seguem algumas observações importantes acerca desse processo de responsabilização do Presidente da República.

I) A autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, não implica a suspensão do Presidente da República do exercício de suas funções.

Essa suspensão só ocorrerá posteriormente, após a instauração do processo pelo Senado Federal (nos casos de crime de responsabilidade) ou se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal (nos casos de crimes comuns).

II) Como destaquei para você, a autorização da Câmara dos Deputados vincula o Senado Federal, mas não vincula o STF.

É o seguinte: se a Câmara dos Deputados admitir a acusação, o Senado Federal estará obrigado a instaurar o processo contra o Presidente da República.

Por outro lado, o mesmo não acontece com o STF. Se a Câmara dos Deputados admitir a acusação, o STF avaliará se recebe ou não a denúncia ou queixa-crime contra o Presidente da República (não estará obrigado).

A condenação do Presidente por crime de responsabilidade acarretará a perda do cargo e a inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (CF, art. 52, parágrafo único).

A condenação por crime comum em decisão transitada em julgado do STF também ocasionará a perda do cargo decorrente da suspensão de direitos políticos do Presidente da República.

Deixe-me falar um pouco das imunidades do Presidente da República, disciplinadas em dispositivos do art. 86 da Constituição Federal e resumidas logo abaixo.

Em primeiro lugar, uma coisa que confunde muita gente... O aluno aprende que os parlamentares têm imunidade material. Ou seja, são invioláveis, civil e penalmente, por suas manifestações, por suas palavras. Afinal, ora, trata-se do parlamento!

Aí, o aluno sai carregando essa imunidade material... Achando que todo mundo tem imunidade material... Não.

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Você, que está em alto nível, não pode mais achar que são a mesma coisa a imunidade material e a imunidade formal. Não, meu caro, você não pode confundi-las (sua banca vai tentar fazer isso em algumas questões).

O Presidente da República não dispõe de imunidade material, isto é, ele não é inviolável, civil e penalmente, por suas manifestações, ainda que estritamente ligadas ao exercício de suas funções presidenciais (essa imunidade é restrita aos membros do Poder Legislativo). Observe que se relaciona com as manifestações (que não estão protegidas por imunidade material no caso do presidente).

Entretanto, o Presidente da República dispõe de três imunidades processuais (ou formais), a saber:

a) necessidade de autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, para que seja julgado pelo STF, nas infrações comuns, ou pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (CF, art. 86, caput);

b) não submissão às prisões cautelares (em flagrante, temporária ou preventiva), haja vista que ele somente poderá ser preso quando sobrevier sentença condenatória (CF, art. 86, § 3º);

c) irresponsabilidade temporária, na vigência de seu mandato, por atos estranhos ao exercício de suas funções presidenciais (CF, art. 86, § 4º).

Atenção! Uma questão batida de concurso é perguntar quais dessas imunidades são estendidas aos governadores. Guarde isso: dessas três imunidades, só se aplica ao governador a primeira (autorização do Poder Legislativo para que possa seja julgado).

No que tange à terceira imunidade, ela assegura ao Presidente da República uma irresponsabilidade temporária em relação a certos atos, haja vista que, na vigência do seu mandato, ele não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções (CF, art. 86, § 4º).

Essa terceira imunidade refere-se à prática de crime comum pelo Presidente da República, situação em que teremos o seguinte:

a) se o crime comum praticado pelo Presidente da República tiver relação com o exercício de suas funções presidenciais, ele responderá por esse crime, na vigência do mandato, perante o STF, ficando suspenso de suas funções desde o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, por até 180 dias;

b) se o crime comum praticado pelo Presidente da República for estranho ao exercício de suas funções, ele não responderá por esse crime na vigência do seu mandato. Aliás, ele só responderá por esse crime após o término do mandato, perante a justiça comum, haja vista que, com o término do mandato, expira-se o direito ao foro especial por prerrogativa de função.

Você consegue identificar a distinção entre o crime comum conexo e o crime comum estranho ao exercício das funções?

Por exemplo, matar alguém é um tipo de crime comum. Mas, uma coisa é a nossa presidenta da república assassinar um ministro do TCU que embargou

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uma obra de uma estrada por desvio de recursos públicos (tem relação com o exercício da sua função como presidenta). Outra coisa diferente é matar o cunhado por causa de uma dívida ou o cabeleireiro por causa de um penteado mal feito (não tem nada a ver com o cargo de presidente).

No primeiro caso, o crime foi cometido na condição de Presidente da República (conexo com o exercício de suas funções). Assim, ele (ou ela) responderá, na vigência do mandato, perante o STF (situação em que ficará suspenso de suas funções desde o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, por até 180 dias).

No segundo exemplo, o crime foi cometido na condição de cidadão comum (sem nenhuma conexão com o exercício das suas funções). Nesse caso, ele (ou ela) não responderá por esse crime na vigência do mandato perante o STF (ele só responderá por este crime após o término do mandato, perante a justiça comum).

Observe atentamente os principais aspectos no esquema abaixo.

Sintetizando:

Vamos ver como o Cespe tem cobrado esses assuntos.

25. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2012) O presidente da República só pode ser processado, pela prática de infrações penais comuns ou crimes de responsabilidade, após juízo de admissibilidade por dois terços dos membros da Câmara dos Deputados.

Tanto em crimes comuns quanto em crimes de responsabilidade, a responsabilização do Presidente da República depende de autorização (juízo de admissibilidade) por dois terços da Câmara dos Deputados.

Presidente da

República

Imunidades

Responsabilização

Não dispõe de imunidade material

Formais

Necessidade de autorização da CD (art. 86, caput)

Proteção contra prisões cautelares (art. 86, §3°)

Não será responsabilizado por atos estranhos às suas

funções (art. 86, §4°)

Admissão

Julgamento

Afastamento

2/3 da Câmara dos Deputados

crimes comuns

Responsabilidade

STF

SF ( Condenação por 2/3 )

Crimes

comuns → se recebida a denúncia pelo STF

Responsabilid. → após a instauração pelo SF

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Item certo.

26. (CESPE/JUIZ/TRF5/2006) O fato de que o presidente da República, na vigência de seu mandato, não possa ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções revela hipótese de imunidade material.

O Presidente da República não dispõe de imunidade material (essa imunidade é restrita aos membros do Poder Legislativo). Entretanto, o Presidente da República dispõe de três imunidades processuais (ou formais), uma delas é a irresponsabilidade temporária, na vigência de seu mandato, por atos estranhos ao exercício de suas funções presidenciais (CF, art. 86, § 4º).

Ou seja, a questão está errada já que a não responsabilização por atos estranhos às suas funções não consubstancia imunidade material.

Item errado.

27. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Os crimes de responsabilidade praticados pelos ministros de Estado, sem qualquer conexão com o presidente da República, serão processados e julgados pelo STJ.

De acordo com o art. 102, I, “c”, os ministros de Estado são julgados pelo STF tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade. Todavia, essa regra tem uma exceção. No caso de crimes de responsabilidade cometidos em conexão com delito praticado pelo Presidente da República a competência para julgamento será do Senado Federal (art. 52, I). Em suma, o erro da questão é atribuir ao STJ competência para julgar os ministros de Estado.

Item errado.

28. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 17ª REGIÃO/2009) São crimes de responsabilidade os atos do presidente da República que atentem contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais.

Como vimos, e segundo o art. 85 da CF/88, são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.”

Item certo.

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29. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Para que o presidente da República seja julgado pelo STF por crimes comuns, é necessária a autorização de dois terços da Câmara dos Deputados, por força da qual fica ele suspenso das suas funções.

De fato, para que o presidente da República seja julgado pelo STF por crimes comuns, é necessária a autorização de dois terços da Câmara dos Deputados. Todavia, ele só fica suspenso das suas funções se o STF receber a denúncia ou queixa-crime (CF, art. 86, § 1°, I).

Item errado.

30. (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Os ministros de Estado, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, como regra geral, serão julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.

De acordo com o art. 102, I, “c”, os ministros de Estado são julgados pelo STF tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade.

Lembrando que, se os crimes de responsabilidade tiverem conexão com delito praticado pelo Presidente da República, a competência para julgamento será do Senado Federal (CF, art. 52, I).

Item errado.

31. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) O presidente da República responde por crimes comuns e de responsabilidade perante o Senado Federal, depois de autorizado o seu julgamento pela Câmara dos Deputados.

Como vimos, nas infrações penais comuns o Presidente é julgado pelo STF, e não pelo Senado. Pelo Senado ele é julgado no caso de crimes de responsabilidade.

Item errado.

32. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) As infrações penais praticadas pelo presidente da República durante a vigência do mandato, sem qualquer relação com a função presidencial, serão objeto de imediata persecutio criminis.

Nesse caso, não haverá a persecução criminal, não haverá a responsabilização do Presidente. Na vigência de seu mandato, o Presidente da República não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções (CF, art. 86, § 4°).

Item errado.

33. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/CENSIPAM/2006) Quando a Constituição Federal estabelece que o presidente da República não será responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, durante a vigência de seu mandato, não estabelece, com isso, uma imunidade penal, mas simplesmente uma imunidade temporária ao processamento criminal.

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De fato, a não responsabilização por atos estranhos ao exercício da função apenas suspende a possibilidade de se apurar e processar esses crimes quando cometidos pelo Presidente. Entretanto, após o mandato ele poderá ser processado normalmente, tendo em vista que se trata de uma imunidade temporária, e não absoluta.

Item certo.

34. (CESPE/AGENTE JURÍDICO/MPE-AM/2008) A imunidade formal relativa à prisão do presidente da República não se aplica ao Poder Executivo estadual.

Segundo a jurisprudência do STF, de todas as imunidades formais do Presidente da República, somente pode ser estendida aos governadores de Estado uma única: a necessidade de autorização do Poder Legislativo para o processo, por dois terços de seus membros.

É dizer que poderá a Constituição do Estado dispor que o Governador só será processado e julgado pelo STJ após prévia autorização da Assembléia Legislativa, por decisão de dois terços de seus membros.

Item certo.

35. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 5ª REGIÃO/2008) Caso haja recebimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de queixa-crime contra o presidente da República pela prática de infração penal, este terá suspensas as suas funções.

Já comentei isso. Nas infrações penais comuns, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal (CF, art. 86, § 1º). De se destacar que o STF não está obrigado a instaurar processo de impeachment contra o Presidente.

Ao contrário, nos crimes de responsabilidade, a autorização da Câmara dos Deputados obriga o Senado Federal a instaurar o processo de impeachment do Presidente da República.

Item certo.

36. (CESPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) Presidente da República que praticar crime eleitoral na disputa pela reeleição pode ser julgado pelo Senado Federal por crime de responsabilidade, após aprovação de dois terços dos membros da Câmara dos Deputados.

Nesse caso, como não se trata de crime de responsabilidade, será ele julgado perante o STF, após autorização da Câmara dos Deputados por dois terços de seus membros (CF, art. 86).

Item errado.

37. (CESPE/CONTADOR/STF/2008) Compete ao STF processar e julgar originariamente o vice-presidente da República nas infrações penais comuns.

Assim, como ocorre com o Presidente da República, o Vice será julgado pelo Senado nos crimes de responsabilidade. E assim como ocorre com o

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presidente, compete ao STF processar e julgar o Vice nas infrações penais comuns.

Item certo.

38. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/SEGURANÇA JUDICIÁRIA/TRE/BA/2010) Para que seja instaurado processo contra ministro de Estado, é necessária autorização do Senado Federal.

Segundo a Constituição, compete à Câmara dos Deputados autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República, bem como contra os ministros de Estado (CF, art. 51, I).

Logo, incorreta a questão.

Ao interpretar esse dispositivo, o Supremo Tribunal Federal deixou assente que, no caso de ministros de Estado, a autorização da Câmara só é necessária se o crime for conexo com o do Presidente da República.

Ou seja, só existe a necessidade de autorização da Câmara se o crime cometido pelo Ministro de Estado tiver alguma conexão com crime cometido pelo Presidente da República.

Item errado.

39. (CESPE/JUIZ/TRT/1ª REGIÃO/2010) Nos casos de crimes de responsabilidade conexos com os do presidente da República e de crimes comuns, os ministros de Estado serão processados e julgados perante o STF.

Compete ao STF processar e julgar os ministros de Estado por crimes comuns e de responsabilidade (CF, art. 102, I, “c”). Entretanto, se o crime de responsabilidade por eles praticado for conexo com o do Presidente o julgamento é de competência do Senado Federal (CF, art. 52, I).

Item errado.

40. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011) Os crimes de responsabilidade relativos ao presidente da República devem ser processados e julgados no Senado Federal, após autorização de pelo menos 2/3 da Câmara dos Deputados.

A responsabilização do Presidente por crimes de responsabilidade passa por duas etapas (CF, art. 86, caput c/c art. 51, I e art. 52, I):

I) Juízo de admissibilidade na Câmara dos Deputados (em que os deputados só podem autorizar a instauração do processo por voto de dois terços);

II) Processo e Julgamento pelo Senado Federal cuja condenação depende do voto de dois terços dos membros.

O esquema abaixo serve para você observar o que acontece quando o Presidente da República comete um crime.

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Sintetizando:

Item certo.

41. (CESPE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC/ES/2011) O julgamento do presidente da República por crime de responsabilidade será feito pelo Senado Federal, em sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, e a condenação dependerá da aprovação de dois terços dos votos de todos os membros do Senado.

De fato, nos crimes de responsabilidade o Presidente será processado e julgado pelo Senado Federal (CF, art. 52, I). Nessa hipótese, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal e a condenação será proferida por dois terços dos votos (CF, art. 52, parágrafo único).

Item certo.

Passemos ao estudo da segurança pública, dentro da disciplina de direito constitucional.

2 – Segurança Pública

A Constituição Federal abre o capítulo da segurança pública consignando que ela é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. Além disso, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos (CF, art. 144):

I - Polícia Federal (PF);

II - Polícia Rodoviária Federal (PRF);

III - Polícia Ferroviária Federal (PFF);

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IV - Polícias Civis (PC);

V - Polícias Militares (PM) e corpos de bombeiros militares.

Segundo o Supremo Tribunal Federal, o art. 144 da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública. Nesse sentido, os estados-membros, assim como o Distrito Federal, devem seguir o modelo federal. Resta, pois, vedada aos Estados-Membros a possibilidade de estender esse rol, que é exaustivo (numerus clausus).

Observe que a segurança pública será exercida por órgãos federais e estaduais. Todavia, o § 8° do art. 144 permite aos Municípios a constituição de guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. Mas as funções da guarda municipal são essencialmente patrimoniais, não podendo esse órgão integrar a estrutura de segurança pública para exercer função de polícia ostensiva ou judiciária. Guarde bem esse detalhe.

Cabe destacar que a lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades (CF, art. 144, § 7°).

É competência privativa da União legislar sobre a competência da Polícia Federal e das Polícias Rodoviária e Ferroviária Federais (CF, art. 22, XXII).

Por fim, o § 9º do art. 144 estabelece o subsídio como forma de remuneração dessas carreiras.

Vejamos algumas questões inicialmente.

42. (CESPE/ANALISTA TÉCNICO/MS/2010) Os municípios não possuem força policial própria, mas podem constituir guardas municipais destinadas unicamente à proteção de seus bens, seus serviços e suas instalações.

Em regra, a segurança pública será exercida por órgãos federais e estaduais. Mas, de fato, os municípios podem constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações (CF, art. 144, § 8°).

Item certo.

43. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) A segurança pública é dever da União e tem como objetivo fundamental a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Como mencionado, a segurança pública é dever do Estado (e não da União). Por isso, errada a questão. De fato, nos termos do art. 144 da CF/88, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Item errado.

44. (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) A segurança pública deverá ser exercida pelas polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civis, militares e corpos de bombeiros militares.

De fato, a segurança pública é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio por meio dos seguintes órgãos:

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I - Polícia Federal (PF);

II - Polícia Rodoviária Federal (PRF);

III - Polícia Ferroviária Federal (PFF);

IV - Polícias Civis (PC);

V - Polícias Militares (PM) e corpos de bombeiros militares.

Portanto, correta a questão.

Item certo.

45. (CESPE/PERITO CRIMINAL/PC/ES/2011) Sendo a segurança um dever estatal, direito e responsabilidade de todos, os municípios, em momentos de instabilidade social, podem constituir guardas municipais destinadas ao policiamento ostensivo e à preservação da ordem pública.

Vimos que os municípios podem instituir guardas municipais. Entretanto, suas funções devem ser essencialmente patrimoniais, não podendo esse órgão integrar a estrutura de segurança pública para exercer função de polícia ostensiva ou judiciária.

Item errado.

46. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Os municípios que tiverem mais de vinte mil habitantes podem constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações.

De acordo com o art. 144, § 8°, os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. Ou seja, a Constituição federal não faz ressalva nem restrição quanto ao número de habitantes necessário para que seja possível a instituição de guardas municipais.

Item errado.

2.1 – Polícia Federal

O art. 144, § 1°, apresenta as competências da PF. Segundo esse dispositivo, a polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

I – apurar:

(a) infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas;

(b) outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

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III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Vejamos uma questão do último concurso.

47. (CESPE/AGENTE/PF/2009) A Polícia Federal tem competência constitucional para prevenir e reprimir, com exclusividade, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho.

Você não pode ir para sua prova sem conhecer as competências da Polícia Federal, seu futuro órgão, não é?

Segundo o art. 144, § 1°, II da CF/88, compete à PF prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência.

Ou seja, a questão está errada, já que na prevenção e repressão ao tráfico de drogas a PF não atua com exclusividade. Pelo contrário, sua atuação não afeta a ação fazendária e de outros órgãos públicos nas suas áreas de competências.

Item errado.

2.2 – Polícia Rodoviária Federal e Ferroviária Federal

A Constituição Federal estabelece a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Ferroviária Federal (PFF) como órgãos permanentes, organizados e mantidos pela União e estruturados em carreira (CF, art. 144, §§ 2° e 3°).

A PRF destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

Já a PFF destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

48. (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) O patrulhamento ostensivo das rodovias federais é de competência exclusiva dos DETRANs.

Segundo o art. 144, § 2°, compete à Polícia Rodoviária Federal (PRF), na forma da lei, a função de patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

Item errado.

2.3 – Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares

Em âmbito estadual, temos as polícias civil, militar e o corpo de bombeiros militares.

A Polícia Civil é dirigida por delegados de polícia de carreira. A ela incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares (CF, art. 144, § 4°).

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Cabem à Polícia Militar a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. Aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil (CF, art. 144, § 5°).

Para a doutrina, a atividade de polícia de segurança compreende a polícia ostensiva e a polícia judiciária. A polícia ostensiva tem por objetivo prevenir os delitos de forma a se preservar a ordem pública. A polícia judiciária exerce atividades de investigação, de apuração das infrações penais e de indicação de sua autoria, a fim de fornecer os elementos necessários ao Ministério Público em sua função repressiva das condutas criminosas.

Nos termos do § 6º do art. 144 da CF/88, as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Com base nesse dispositivo, o STF não admite que leis estaduais atribuam às polícias civis autonomia administrativa, funcional e financeira.

49. (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) As polícias militares, os corpos de bombeiros militares, as forças auxiliares e a reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis, ao presidente da República.

Segundo o art. 144, § 6°, as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Item errado.

Elaborei um esquema com os aspectos mais literais relacionados ao assunto “Segurança Pública”

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Sintetizando:

Em segurança pública é isso aí. Vejamos agora diversas questões do Cespe sobre esse assunto, em que detalharemos algumas decisões jurisprudenciais recentes.

50. (CESPE/AGENTE/PF/2012) Cabe à Polícia Federal apurar infrações penais que atentem contra os bens, serviços e interesses da administração direta, das autarquias e das fundações públicas da União. Às polícias civis dos estados cabem as funções de polícia judiciária das entidades de direito privado da administração indireta federal.

Compete à Polícia Federal apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas (CF, art. 144, § 1°, I).

Ou seja, as empresas públicas são entidades de direito privado da Administração Pública Federal e os crimes que atentem contra essas entidades serão apurados pela Polícia Federal.

Por outro lado, os crimes que atentem contra as sociedades de economia mista são apurados pela polícia civil.

Item errado.

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51. (CESPE/AGENTE/PF/2012) A Polícia Federal, as polícias militares e os corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do exército.

As polícias militares e corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército (CF, art. 144, § 6°), mas não a Polícia Federal.

Item errado.

52. (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/2010) É permitido a um estado da Federação criar instituto geral de perícias estadual e inseri-lo no rol constitucional dos órgãos encarregados do exercício da segurança pública.

O entendimento do STF é o de que o rol de órgãos encarregados do exercício da segurança pública (CF, art. 144, I a V) é taxativo e esse modelo federal deve ser observado pelos estados-membros e pelo Distrito Federal.

Nesse sentido, considerou inconstitucional a inserção de instituto geral de perícias na lista dos órgãos responsáveis pela segurança pública estadual (ADI 2.827, Rel. Min. Gilmar Mendes, 16-9-2010).

Item errado.

53. (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/2010) As corporações consideradas forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se aos governadores dos estados, do Distrito Federal e dos territórios.

Segundo o § 6° do art. 144, as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Item certo.

54. (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reservas do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos governadores dos estados, do Distrito Federal (DF) e dos territórios.

Segundo o § 6° do art. 144, as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Quanto ao Distrito Federal, cabe destacar que:

1 – compete à União organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal (art. 21, XIV);

2 – lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar (art. 32, §4°);

3 – compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal (Súmula 647 do STF).

Uma leitura sistemática da Constituição permite-nos concluir então que compete à União organizar e legislar sobre as polícias civil, militar e o corpo de

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bombeiros do DF, entretanto, esses órgãos continuam subordinados ao Governador.

Item certo.

55. (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) A Polícia Federal tem competência exclusiva para exercer as funções de polícia judiciária da União.

Segundo o art. 144, § 1°, IV, a Polícia Federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a, entre outras funções, exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Item certo.

56. (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) Os municípios têm a faculdade de, por meio de lei, constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, não lhes cabendo, contudo, o exercício da polícia ostensiva.

É de se observar que a segurança pública é exercida através de órgãos federais (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal) e estaduais (Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares). Todavia, o art. 144, § 8°, permite aos municípios a constituição de guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

Discute-se (inclusive por meio de uma PEC) a ampliação das competências das guardas municipais. Entretanto, atualmente, encontram-se destituídas de competência para a realização de policiamento ostensivo e preventivo.

Item certo.

57. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, inclusive as militares.

A questão está errada apenas por um detalhe. Está correto que as polícias civis são dirigidas por delegados de polícia de carreira e a elas incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, salvo as militares. Ou seja, o § 4° exclui da competência da polícia civil a apuração das infrações militares.

Aproveitemos para comentar alguns entendimentos jurisprudenciais sobre a atividade policial.

Apesar de a investigação ser função da polícia judiciária, o Ministério Público pode oferecer denúncia independentemente de investigação policial, desde que possua os elementos mínimos de convicção quanto à materialidade e aos indícios de autoria. Entendeu o Supremo que esse procedimento não afronta o art. 144 da CF.

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Por outro lado, ofende o art. 144 atribuir a policiais militares a função de atendimento em delegacias de polícia, nos municípios que não dispõem de servidor de carreira para o desempenho das funções de delegado de polícia. Assim, não há que se atribuir a função de delegado de polícia a servidores estranhos à carreira.

Vá para sua prova com esses detalhes memorizados, caro aluno.

Item errado.

58. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) A Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais, estaduais e municipais.

A PRF é órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. A ela compete, na forma da lei, o patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Não é atribuída à PRF a função de patrulhamento ostensivo das rodovias estaduais e municipais.

Acredito que você já percebeu que quase a totalidade das questões sobre esse tema será resolvida com o conhecimento da Constituição. Assim, como forma de fixação, faremos uma grande quantidade de itens sobre o assunto.

Item errado.

59. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Às polícias civis competem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

De fato, competem às polícias civis, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, salvo as militares (CF, art. 144, § 4°). Observe que o § 4° exclui da competência da polícia civil a apuração das infrações militares.

Polícias civis → Polícia judiciária e apuração de infrações penais

Ressalvam-se < → competências da União

→ apuração de infrações militares

Item certo.

60. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) Compete à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, sendo certo que cabe às polícias civis exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.

O art. 144, § 1°, apresenta as competências da PF. Se você preferir, o esquema logo atrás também organizou essas competências. O que não é admitido é que você vá para a prova da PF sem memorizar suas competências:

I – apurar:

(a) infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas;

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(b) outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Ou seja, compete à PF e não à Polícia Civil as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. Daí o erro da questão.

Ademais, a PF será instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira.

Item errado.

61. (CESPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/PRF/2008) A Polícia Federal, a PRF e a polícia ferroviária federal são consideradas, juntamente com as polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército.

Segundo nossa Constituição, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Ferroviária Federal, as Polícias Militares e os corpos de bombeiros militares são todos órgãos da segurança pública. Entretanto, não podem ser considerados auxiliares e reserva do Exército, característica específica da PM e do corpo de bombeiros, segundo o § 6° do art. 144.

Segundo a doutrina, isso significa que o efetivo da PM e o do corpo de bombeiros poderiam ser requisitados pelo exército em situações especiais (estado de emergência ou em decorrência de uma guerra, por exemplo).

Item errado.

62. (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) Os municípios podem instituir guardas municipais com a função de reforçar a segurança pública, em auxílio à polícia civil.

As guardas municipais caracterizam-se por desempenhar uma função de proteção ao patrimônio. Assim, não podem desempenhar funções de polícia investigativa.

Item errado.

63. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) As polícias militares e os corpos de bombeiros militares subordinam-se aos governadores dos estados, com exceção do DF, onde a subordinação se dá em relação ao chefe de governo da União.

Essa questão cobrou um detalhe que confunde muita gente.

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Segundo o § 6° do art. 144, as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

É certo que compete à União organizar e legislar sobre as polícias civil, militar e o corpo de bombeiros do DF (CF, art. 21, XIV), entretanto, esses órgãos continuam subordinados ao Governador do Distrito Federal (e não ao Presidente da República).

Item errado.

64. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) A CF não obriga que a remuneração dos policiais rodoviários federais seja feita por meio de subsídio.

A CF determina expressamente, em seu art. 144, § 9°, que a remuneração dos servidores policiais (incluindo os da PRF) será feita por meio de subsídio.

Item errado.

65. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) Competem às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, inclusive as militares.

Observe que não é a primeira vez que o CESPE cobra isso. As polícias civis são dirigidas por delegados de polícia de carreira e a elas incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

Item errado.

66. (CESPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/PRF/2003) De acordo com a atual Carta Política, a PRF é um órgão transitório da segurança pública, destinado ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

Segundo a CF, a polícia rodoviária federal é órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. Destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

Item errado.

67. (CESPE/OFICIAL De DILIGÊNCIA /MPE-RR/2008) Segundo a Constituição Federal, o MP não integra os órgãos de segurança pública.

De acordo com a CF, os órgãos integrantes do sistema de segurança pública são:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

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Ou seja, o Ministério Público não pertence a esse quadro, por isso está certa a questão. De qualquer forma, entre as funções do MP destaca-se a de exercer o controle externo da atividade policial (CF, art. 129, VII).

Item certo.

68. (CESPE/OFICIAL De DILIGÊNCIA /MPE-RR/2008) O MP estadual e a polícia civil são subordinados ao governador do estado.

Segundo o art. 144, § 6°, as polícias civis são subordinadas ao governador do estado, do DF ou do território. Já o Ministério Público (incluindo o MPE) dispõe de independência e autonomia funcional, não se encontrando subordinado ao Poder Executivo (em âmbito federal ou estadual).

Item errado.

69. (CESPE/Delegado de Polícia Civil - SECAD/TO/2007) As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, apesar de serem forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos governadores. Isso é válido também para a polícia militar e a polícia civil do Distrito Federal (DF), que também são subordinadas ao governador do DF.

Já vimos exaustivamente que tanto a PM, quanto o corpo de bombeiros militares e a Polícia Civil subordinam-se ao Governador do Estado. Isso é válido também no Distrito Federal, mesmo que, nesse caso, a organização desses órgãos seja competência da União.

Item certo.

70. (Delegado de Polícia Civil - SECAD/TO/2007) As polícias civis estão incumbidas da função de polícia ostensiva e da preservação da ordem pública, além da função de polícia judiciária e da apuração de infrações penais.

A Polícia Civil exerce a função de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as militares (CF, art. 144, § 4°). A função de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública é de competência da Polícia Militar (CF, art. 144, § 5°).

Item errado.

71. (CESPE/Consultor Legislativo/Câmara dos Deputados/2003) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia ostensiva e a apuração de infrações penais, excluindo-se as militares.

O único erro da assertiva é afirmar que seria da Polícia Civil a função de polícia ostensiva. Segundo o art. 144, § 5°, essa função é da Polícia Militar. À Polícia Civil, ao contrário, competem as funções de polícia judiciária.

Item errado.

72. (CESPE/Consultor Legislativo/Câmara dos Deputados/2003) À Polícia Federal cabem, entre outras previstas na Constituição da República, as funções de prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas

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afins, bem como o contrabando, inserindo-se a prevenção e a repressão do descaminho nas atribuições das polícias militares.

Bom, você já percebeu que a memorização de todo o art. 144 é requisito para a sua prova. Dentre os vários aspectos tratados nesse artigo, um dos mais importantes é o § 1°, que apresenta as competências da Polícia Federal.

A PF, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

I – apurar:

(a) infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas;

(b) infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Observe que a prevenção e repressão ao contrabando e descaminho estão inseridas dentro da esfera de competência da PF.

Apesar de ser competência da PF a repressão ao tráfico de drogas, o Supremo decidiu que a circunstância de haver atuado a polícia militar não contamina o flagrante e a busca e apreensão realizadas com base em mandado expedido por autoridade judiciária. Observe que segundo nossa Corte, nesse caso, a atuação coaduna-se com a atividade ostensiva prevista como de competência para a PM (HC 91.481, rel. Min. Marco Aurélio,19/8/2008).

Item errado.

73. (CESPE/Consultor Legislativo/Câmara dos Deputados/2003) A Constituição da República conferiu aos municípios a possibilidade de constituição de guardas municipais destinadas tão-somente à proteção de seu bens, serviços e instalações, não lhes sendo facultado o exercício das funções de polícia ostensiva ou judiciária.

A segurança pública compõe-se de órgãos estaduais e federais. Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. Todavia, o exercício dessa competência não se confunde com as funções de polícia ostensiva e investigativa (judiciária).

Item certo.

74. (CESPE/Consultor Legislativo/Câmara dos Deputados/2003) Compete à União, e não ao governo do Distrito Federal (DF), organizar e manter a polícia militar e o corpo de bombeiros no âmbito do DF.

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A União é responsável pela organização e manutenção da polícia militar e do corpo de bombeiros do DF (art. 21, XIV). Como já dito nessa aula, apesar disso, o efetivo se subordina ao Governador do DF.

Item certo.

75. (CESPE/Consultor Legislativo/Câmara dos Deputados/2003) As funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras serão exercidas pela Polícia Federal.

Segundo o art. 144, § 1°, III, compete à PF exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.

Item certo.

76. (CESPE/Analista Judiciário/TJDFT/2007) A organização e a manutenção dos serviços locais de segurança pública do DF (Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros) são de competência privativa do próprio DF.

Errada a questão por afirmar que os serviços locais de segurança pública teriam sua organização e manutenção inseridas na competência do DF. Já vimos que se encontram na competência da União (art. 21, XIV).

Item errado.

(CESPE/CPMDF/2005 – Seleção Interna) A palavra polícia correlaciona-se com a segurança. Vem da palavra grega polis, que significava o ordenamento político do Estado. Aos poucos, polícia passou a significar a atividade administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz interna, a harmonia e, mais tarde, o órgão do Estado que zela pela segurança dos cidadãos.

Com relação ao tema abordado no texto acima e a respeito da organização constitucional dos órgãos de segurança pública, julgue os próximos itens.

77. (CESPE/CPMDF/2005 – Seleção Interna) A multiplicidade dos órgãos de segurança pública prevista pela Constituição Federal de 1988 indica a redução da possibilidade de intervenção das Forças Armadas na segurança interna.

O STF já decidiu que o rol dos órgãos componentes da segurança pública é numerus clausus, ou seja, exaustivo. Assim, a existência dos órgãos que compõem a segurança pública ocasiona a redução da possibilidade de intervenção das Forças Armadas (não incluída no rol) na segurança interna.

Item certo.

78. (CESPE/CPMDF/2005 – Seleção Interna) A Constituição Federal atribui às polícias militares e aos corpos de bombeiros a qualidade de forças auxiliares e reserva do Exército.

Já comentamos em questão anterior que segundo a CF, as polícias militares e corpos de bombeiros militares classificam-se como forças auxiliares e reserva do Exército. Subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados.

Item certo.

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79. (CESPE/CPMDF/2005 – Seleção Interna) A Constituição Federal concedeu aos municípios a faculdade de constituir guardas municipais, as quais podem exercer atuação de polícia judiciária e ostensiva.

Como já comentamos, é facultado aos municípios instituírem guardas municipais, mas esses órgãos não poderão exercer atividades de polícia judiciária e ostensiva.

Item errado.

80. (CESPE/CPMDF/2005 – Seleção Interna) As polícias civis e militares do Distrito Federal (DF) são organizadas e mantidas pelo governo do DF e estão entregues ao comando do governador.

No DF as polícias civis e militares estão sob o comando do governador (art. 1 44, § 6°), mas são organizadas e mantidas pela União (art. 21, XIV).

Item errado.

(CESPE/Analista Judiciário/TJDFT/2007) Julgue os itens que se seguem, relativos à organização da segurança pública, constitucionalmente fixada.

81. (CESPE/Analista Judiciário/TJDFT/2007) A criação de um departamento de trânsito como órgão componente da segurança pública estadual é medida que não se compatibiliza com o modelo federal. A Constituição Federal, quando aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública, condiciona os estados a acompanharem esse mesmo modelo, fixando um rol que se considera numerus clausus.

O Supremo já decidiu que o modelo federal de organização da segurança pública é de observância obrigatória pelos estados, sendo vedado a esses alterarem o rol dos órgãos componentes por ser este exaustivo (numerus clausus). Veja:

“Resta, pois, vedada aos Estados-Membros a possibilidade de estender o rol, que esta Corte já firmou ser numerus clausus, para alcançar o Departamento de Trânsito.” (ADI 1.182, voto do Min. Eros Grau, 24/11/05)

Item certo.

82. (CESPE/Analista Judiciário/TJDFT/2007) É cabível e constitucionalmente formal lei de iniciativa do Poder Legislativo estadual ou do DF que tenha por objeto a gestão da segurança pública.

Segundo o STF, a gestão da segurança pública estadual, como parte integrante da Administração Pública, é atribuição privativa do Governador de Estado (ADI 2.819/6-4-05).

Assim, declarou inconstitucional lei estadual de iniciativa do Poder Legislativo que versava sobre segurança pública.

Essa decisão teve por base os art. 84, VI, “a” e 61, §1°, II, “b”, segundo os quais compete ao chefe do Poder Executivo Federal a organização administrativa federal. Como a segurança pública está abrangida no conceito de organização administrativa, aquele tema é de competência do chefe do Poder Executivo.

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Item errado.

83. (CESPE/Analista Judiciário/TJDFT/2007) O envolvimento de policiais militares em um crime, ainda que os delitos sejam estranhos à atividade militar, como o roubo e o tráfico de drogas, desloca a atribuição das investigações e da presidência do inquérito para a policia militar.

Mais uma questão tratando sobre jurisprudência do Supremo.

Primeiro, vamos contextualizar a questão. Observe o teor do § 4° do art. 144:

Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

Ou seja, foge à competência da Polícia Civil as infrações penais de natureza militar. Até aí, todo mundo já decorou. Mas, e no caso de uma quadrilha de tráfico de drogas, por exemplo? Só o fato de haver participação de policiais militares na quadrilha é suficiente para caracterizar crime militar, deslocando a competência da investigação para a Polícia Militar? Segundo o Supremo, não.

Com efeito, nossa Corte Maior decidiu que a simples circunstância de ter-se o envolvimento de policiais militares nas investigações não desloca a atribuição do inquérito para a Polícia Militar. Tratando-se de fatos estranhos à atividade militar, incumbe a atuação à Polícia Civil.

No caso concreto, tratava-se de crime de quadrilha visando à prática de homicídio, de tráfico de drogas e de roubo (HC 89.102, rel. Min. Celso de Mello, 12/6/2007).

Item errado.

84. (CESPE/Procurador – PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA/2007) É facultada aos municípios, por meio do exercício de suas competências legislativas, a criação de guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. A Constituição Federal, no entanto, não reconhece a possibilidade de exercício das atividades de polícia ostensiva ou judiciária às guardas municipais.

Mais uma vez o Cespe cobra essa questão. Está de acordo com o § 8° do art. 144, bem como com toda a estrutura da segurança pública que não prevê o exercício das funções de polícia ostensiva ou judiciária para as guardas municipais.

Item certo.

85. (CESPE/Técnico Judiciário/TRE-AL/2004) Seria inconstitucional lei do município de Maceió – AL criando um departamento de polícia civil municipal e atribuindo-lhe a função de realizar o policiamento ostensivo no território do município.

Observe que há vários aspectos em desacordo com a Constituição na assertiva.

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Primeiro, a Polícia Civil é órgão estadual, subordinado ao governador. Porém, a CF garante aos municípios a possibilidade de instituírem guardas municipais com função de proteção do patrimônio.

Outra incongruência é a de que o policiamento ostensivo não é função da Polícia Civil e sim da Polícia Militar.

Item certo.

86. (CESPE/AGENTE/POLÍCIA FEDERAL/2004) No caso de a organização criminosa ter sido constituída para a prática de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e para a sua comercialização local, o combate a essas ações criminosas será da competência exclusiva da Polícia Federal.

Dispõe o § 1° do art. 144 que, entre outras funções, compete à PF:

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

Item errado.

87. (CESPE/ESCRIVÃO/POLÍCIA FEDERAL/2004) Atendidas as disposições legais, é atribuição da polícia federal apurar infrações penais cuja prática tenha repercussão interestadual e exija repressão uniforme.

De acordo com o art.144, § 1°, I, compete à PF apurar infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.

Item certo.

88. (CESPE/ESCRIVÃO/POLÍCIA FEDERAL/2004) A apuração das infrações penais praticadas contra empresas públicas da União somente é de competência da Polícia Federal caso tenham repercussão interestadual, exigindo repressão uniforme.

Agora você já deve ter memorizado as funções da Polícia Federal. Observe mais uma vez e não faça confusão entre as competências.

I – apurar:

(a) infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas;

(b) outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

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Ou seja, a questão misturou duas competências diferentes da Polícia Federal. Se o crime for em detrimento de empresa pública, a competência para apuração será da Polícia Federal, independentemente de repercussão interestadual.

Item errado.

89. (CESPE/ESCRIVÃO/PCES/2006) A gestão da segurança pública, do ponto de vista da administração pública nos estados, é competência privativa dos seus governadores.

Outra questão sobre o mesmo assunto já abordado. No âmbito dos estados, a competência para gestão da segurança pública, do ponto de vista da administração pública, está na competência privativa do governador.

Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucional norma estadual de iniciativa da Assembléia Legislativa que trata da organização policial.

Item certo.

90. (CESPE/Agente Comunitário de Segurança/PMV/2007) Os estados-membros e os municípios têm amplo direito de criarem modelos e órgãos de segurança pública diferentes do modelo federal estabelecido constitucionalmente.

Observe essa jurisprudência do STF bastante cobrada pelo Cespe. Com relação à segurança pública, os estados e o DF devem seguir o modelo federal.

Com base nesse entendimento, o Supremo entendeu que estaria vedada aos Estados-Membros a possibilidade de estender o rol dos órgãos incumbidos do exercício da segurança pública (que essa Corte já firmou ser numerus clausus) para alcançar o Detran.

Item errado.

91. (CESPE/Agente Comunitário de Segurança – PMV/2007) No caso de haver carência de pessoal, a nomeação de pessoa estranha à carreira para o exercício da função de delegado de polícia atende às disposições constitucionais.

Vimos que o STF já decidiu que ofende a CF atribuir a policiais militares a função de atendimento em delegacias de polícia, nos municípios que não dispõem de servidor de carreira para o desempenho das funções de delegado de polícia (ADI 3.614, rel. Min. Cármen Lúcia, 20/9/07). Assim, não há que se atribuir a função de delegados de polícia a servidores estranhos à carreira.

Item errado.

92. (CESPE/Agente Comunitário de Segurança – PMV/2007) O sistema policial brasileiro é formado, basicamente, por instituições com competências ostensivas e judiciárias. Ao município é permitida a constituição de guardas municipais, com as características das demais forças policiais, cuja finalidade principal é a proteção dos bens, serviços e instalações dos cidadãos e do próprio município.

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O sistema policial brasileiro é formado por instituições federais e estaduais, que exercem competências de policiamento ostensivo e judiciário (investigativo).

Os municípios poderão instituir guardas municipais, mas com uma finalidade de proteção do patrimônio (bens, serviços e instalações dos cidadãos e do próprio município). Todavia, o CESPE considerou incorreto afirmar que as guardas municipais terão as características das demais forças. Em verdade, elas não exercerão nem as atividades de polícia ostensiva nem as de polícia judiciária.

Item errado.

93. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) A Polícia Federal será competente para instaurar inquérito contra indivíduo preso em flagrante acusado de ter praticado crime de furto ao Banco do Brasil.

Interessante essa questão, já que relaciona conhecimentos de Direito Administrativo e Direito Constitucional.

Quanto à competência da Polícia Federal, observe o que dispõe a Constituição Federal (Art. 144, § 1º):

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, (...)

Ou seja, é competência da PF apurar crimes praticados em detrimento da União ou de suas autarquias e empresas públicas federais. Essa regra não contempla as sociedades de economia mista, como o Banco do Brasil. Nesse caso, a apuração ficará a cargo da Polícia Civil.

Item errado.

94. (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) A gestão da segurança pública, nos estados, é atribuição privativa dos delegados de polícia civil.

Já comentamos que a gestão da segurança pública nos estados é atribuição privativa do governador.

Item errado.

95. (CESPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) Em caso de roubo a agência do Banco do Brasil, o inquérito policial deve ser aberto por delegado da Polícia Civil, e não, da Polícia Federal.

A competência de apuração da PF não alcança os crimes cometidos contra as sociedades de economia mista (como é o caso do Banco do Brasil), mas tão somente aqueles contra a União ou suas autarquias e empresas públicas federais (CF, art. 144, § 1º, I).

Item certo.

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96. (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) Em função da rígida divisão de competências administrativas instituídas pela CF para os órgãos que integram o sistema de segurança pública brasileiro, o cumprimento pela polícia militar de uma ordem judicial de busca e apreensão ou a realização de um flagrante de tráfico de drogas é suficiente para contaminar os mencionados atos.

Dentre as competências da PF está a de prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Todavia, o Supremo já decidiu que a circunstância de haver atuado a polícia militar não contamina o flagrante e a busca e apreensão realizadas com base em mandado expedido por autoridade judiciária (HC 91.481, rel. Min. Marco Aurélio, 19/8/08).

Nesse caso, a atuação da PM coaduna-se com a atividade ostensiva prevista constitucionalmente como de sua competência.

Item errado.

97. (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) Caso, em uma investigação da polícia civil, seja detectado o envolvimento de policiais militares em um fato criminoso, como uma quadrilha, por exemplo, a investigação deve ser deslocada para a polícia militar.

Segundo a nossa Corte Constitucional, o envolvimento de policiais militares em um crime comum não é suficiente para caracterizar o crime como militar. Assim sendo, mantida a competência da Polícia Civil atuar no caso, com base no § 4° do art. 44.

Item errado.

98. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) A organização e o funcionamento dos órgãos federais responsáveis pela segurança pública serão disciplinados mediante decreto do presidente da República, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

A Constituição Federal exige lei para organização e funcionamento dos órgãos federais responsáveis pela segurança pública. É o que se depreende do § 7° do art. 144:

“§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.”

Item errado.

99. (CESPE/ESCRIVÃO/PCES/2006) O custeio da segurança pública pode ser sustentado por meio de taxas de segurança pública, ainda quando o uso do serviço seja potencial.

O Supremo decidiu que é incabível a cobrança de taxa para custeio da segurança pública, que, por sua natureza, deve ser custeada por impostos.

As taxas são um tipo de tributo previsto no art. 145, II, que dispõe que elas poderão ser instituídas:

a) em razão do exercício do poder de polícia; ou

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b) pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

Observe então que a taxa é, pois, um tributo que tem como fato gerador uma atuação estatal específica relativa ao contribuinte.

Esse “poder de polícia” está entendido de forma ampla, englobando o regular exercício de atividades administrativas. É o caso, por exemplo, da fiscalização do IBAMA sobre as atividades poluidoras.

Segundo o STF, o serviço de segurança pública não se encaixa nesse conceito, sendo que, na realidade, seria enquadrado no item “b”, caso fosse um serviço específico e divisível.

Por exemplo, a limpeza urbana como um todo não pode ser considerada um serviço público divisível e específico, não podendo ser remunerada por taxa. Por outro lado, a coleta de lixo domiciliar, pode sim, ser remunerada por taxa, por ter caráter específico e divisível.

Isso porque não é possível individualizar o serviço de limpeza urbana prestado aos contribuintes de forma coletiva. Já o serviço de coleta de lixo domiciliar é individualizado a cada residência separadamente.

Portanto, devido à natureza da segurança pública (serviço público geral e universal), essa atividade pode ser sustentada pelos impostos, mas não por taxas. Esse foi o entendimento do Supremo.

Mas não é preciso se preocupar com esses detalhes, mais relativos ao direito tributário, que não está no seu edital. Guarde que as taxas não podem remunerar os serviços de segurança pública.

Item errado.

100. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) Caso um indivíduo faça parte de uma quadrilha que rouba bancos em diversos estados da Federação, o inquérito que vise investigar as ações do bando desse indivíduo somente poderá ser instaurado pela polícia civil de um dos estados onde o crime tiver sido praticado.

Interessante a situação hipotética. Se o crime teve repercussão interestadual e exige repressão uniforme sua apuração será de competência da Polícia Federal.

Com efeito, o art. 144, § 1°, I consigna que compete à PF apurar infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.

Item errado.

101. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) Desde que previsto expressamente na Constituição estadual, é possível a garantia de foro especial por prerrogativa de função a delegados de polícia civil.

O foro especial por prerrogativa de função é uma garantia que acompanha alguns agentes públicos, a fim de assegurar a eles o direito de ser julgados perante determinado órgão. Exemplo: o governador de Estado tem foro

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especial por prerrogativa de função perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ); logo, caso ele pratique um crime, será julgado diretamente pelo STJ.

O Supremo Tribunal Federal admite a atribuição de foro especial por prerrogativa de função à autoridade local pela Constituição Estadual, desde que as atribuições da função pública justifiquem tal prerrogativa.

Assim, o STF considerou válida a atribuição de foro especial, exclusivamente pela Constituição Estadual, a defensor público estadual (membro da Defensoria Pública Estadual). Entretanto, o STF não admitiu a outorga de foro especial a delegado de polícia civil, por entender que as atribuições do cargo não justificam tal prerrogativa processual.

Item errado.

102. (CESPE/DELEGADO/PC/ES/2011) Segundo o STF, não há subordinação dos organismos policiais civis, que integram a estrutura do Estado, ao chefe do Poder Executivo, razão pela qual considera constitucional lei estadual que estabeleça autonomia administrativa, funcional e financeira à polícia civil.

Segundo o art. 144, § 6°, as polícias civis integram a estrutura institucional do Poder Executivo. Portanto, estão em posição de dependência administrativa, funcional e financeira em relação ao Governador do Estado.

Diante disso, considera-se inconstitucional lei estadual que estabeleça autonomia administrativa, funcional e financeira à polícia civil.

Item errado.

103. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) O ordenamento jurídico brasileiro admite a instituição de taxa para o custeio de serviços prestados por órgãos de segurança pública, na medida em que tal atividade, por ser essencial, pode ser financiada por qualquer espécie de tributo existente.

Mais uma questão sobre o assunto do custeio dos serviços prestados por órgãos de segurança pública.

Leve para sua prova o entendimento de que os serviços de segurança pública, por terem caráter geral e indivisível, não podem ser remunerados mediante taxa.

Item errado.

Bem, acredito que esta aula conseguiu dar uma boa ideia sobre a doutrina, jurisprudência e literalidade da Constituição. Tudo relacionado com poder executivo e segurança pública.

Aguardo você na última aula do curso.

Até lá!

Um grande abraço.

Frederico Dias

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 2009.

HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional, 2010.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2009.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 2009.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 2007.

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional, 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 2010.

http://www.stf.jus.br

http://www.cespe.unb.br