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Janio Guimarães, CPF:27651398491 CURSO ONLINE – DIREITO CONSTITUCIONAL MPU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 3 - Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Municípios. Olá! E aí, caro aluno? Pronto para mais uma aula? Bem, hoje trataremos de repartição de competências. Em primeiro lugar, quero que você observe como seu edital está pedindo o assunto organização do Estado. Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Municípios.” Ou seja, parece que ele detalhou o que será cobrado dentro de organização do Estado: o assunto repartição de competências. Assim, antes de entrar em repartição de competências, vou dar uma pincelada em organização do Estado de maneira geral (não vou deixar de tratar do assunto). Mas, nos seus estudos, acho que você deve priorizar a repartição de competências, ok? Em primeiro lugar, você deve lembrar como a Constituição da República estruturou o nosso Estado (Estado Federal, forma republicana e sistema presidencialista de governo). Tenha em mente que o Estado brasileiro é do tipo federado, porque integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos termos da Constituição Federal (CF, art. 18). Como núcleo, essência de um Estado Federado, temos a chamada repartição de competências. Isso porque a distribuição de competências entre os entes é o que assegura a autonomia dos entes federados. Então, ao estudar repartição de competências, deveremos saber o o seguinte: que princípios nortearam a repartição das competências entre os entes federados? Quais competências foram outorgadas à União? Quais matérias foram atribuídas aos municípios? Isso é o que me proponho a revisar com você hoje. Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 - Organização Político-Administrativa 1.1 - Forma de Estado 1.2 - Forma de Governo 1.3 - Sistema de Governo 1.4 - Estado Federal 1.5 - Entes Federados 1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios 2 - Repartição de Competências

Aula 03 - Da Organização Político-Administrativa

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Aula 3 - Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Municípios. Olá! E aí, caro aluno? Pronto para mais uma aula? Bem, hoje trataremos de repartição de competências. Em primeiro lugar, quero que você observe como seu edital está pedindo o assunto organização do Estado. “Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Municípios.” Ou seja, parece que ele detalhou o que será cobrado dentro de organização do Estado: o assunto repartição de competências. Assim, antes de entrar em repartição de competências, vou dar uma pincelada em organização do Estado de maneira geral (não vou deixar de tratar do assunto). Mas, nos seus estudos, acho que você deve priorizar a repartição de competências, ok? Em primeiro lugar, você deve lembrar como a Constituição da República estruturou o nosso Estado (Estado Federal, forma republicana e sistema presidencialista de governo). Tenha em mente que o Estado brasileiro é do tipo federado, porque integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos termos da Constituição Federal (CF, art. 18). Como núcleo, essência de um Estado Federado, temos a chamada repartição de competências. Isso porque a distribuição de competências entre os entes é o que assegura a autonomia dos entes federados. Então, ao estudar repartição de competências, deveremos saber o o seguinte: que princípios nortearam a repartição das competências entre os entes federados? Quais competências foram outorgadas à União? Quais matérias foram atribuídas aos municípios? Isso é o que me proponho a revisar com você hoje. Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 - Organização Político-Administrativa

1.1 - Forma de Estado

1.2 - Forma de Governo

1.3 - Sistema de Governo

1.4 - Estado Federal

1.5 - Entes Federados

1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios

2 - Repartição de Competências

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3 - Exercícios de Fixação

Dê especial atenção às formas de Estado e governo e aos sistemas de governo. E, principalmente, ao assunto “repartição de competências”. Sem dúvidas, nessa parte da matéria, são os temas mais cobrados em concursos. É isso aí! Durante a aula, você perceberá que grande parte das questões cobrará a literalidade da Constituição. O mesmo acontece em outros assuntos no nosso curso. Portanto, reserve um tempo para dar uma “passada de olho” na Constituição. Lembrando que os exercícios comentados servem também como forma de complementação e aprofundamento da matéria. E, no final, serão apresentados diversos exercícios para fixar e sedimentar o conhecimento. Bem, iniciarei a aula tratando de um tema que relaciona Organização do Estado com os próprios princípios fundamentais já estudados neste curso. 1 – Organização Político-Administrativa Ao apresentar a você os princípios fundamentais, comentamos sobre a opção da nossa Constituição quanto à forma de Estado (Federação) e à forma de Governo (República). É o que podemos observar com a leitura do art. 18 da CF/88.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Veja que aqui se apresentam também quais são os entes federativos - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios -, deixando patente o fato de que eles são dotados de autonomia política. Objetivamente, eles são dotados de autonomia (não é soberania). Guarde isso: não há menção aos territórios no art. 18 da CF/88. Isso porque os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. 1.1 – Forma de Estado Quando examinamos as formas de Estado, preocupamo-nos em saber como o poder é exercido dentro do território. Ou quantos poderes políticos autônomos existem no território do Estado.

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O Estado unitário (ou simples) é aquele em que não há uma descentralização política, isto é, não há uma divisão espacial e política de poder, sendo todas as competências políticas definidas pelo poder político central. Constitui, pois, caso de centralização política. Ele pode ser centralizado ou puro (quando o poder político central define e também executa diretamente, de forma centralizada, as políticas públicas). Por outro lado, pode ser descentralizado ou regional (quando o poder político define as políticas públicas, mas não as executa diretamente, criando entidades administrativas para esse fim). No Estado federado (composto, complexo ou federal) há a chamada descentralização política. Ele é formado por união indissolúvel de entidades regionais dotadas de autonomia política (capacidade de autogoverno, autolegislação e autoadministração). Essa estrutura e a repartição de competência entre essas entidades são estabelecidas por uma Constituição. Lembre-se que o Brasil é um Estado federal (formado pela União, estados, Distrito Federal e municípios, todos autônomos). O Estado composto ou complexo pode assumir, ainda, a forma de confederação, em que também há mais de um poder político no território. O que diferencia a confederação da federação é que, na primeira, os poderes estão organizados no texto de um tratado internacional. Na segunda, estão orgabnizados no texto de uma Constituição. Ademais, na confederação, os entes são soberanos (e não apenas autônomos), e podem se separar da confederação quando entenderem conveniente (ou seja, têm o direito de secessão). Voltaremos a falar de Estado Federal logo adiante. Sintetizando:

Vejamos uma questão do Cespe sobre o assunto.

Unitário Federação Confederação

(centralização política)

→ Unitário puro

→ Descentralizado adm.

(descentralização política)

(descentralização política)

• Constituição

• Autonomia

• Indissolubilidade (vedada secessão)

• Tratado

• Soberania

• Dissolubilidade (direito de secessão)

Forma de Estado Distribuição territorial

do Poder

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1. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – ACRE/2006) Estado unitário é aquele em que não ocorre a chamada descentralização administrativa à mercê do poder central.

O que caracteriza o Estado unitário é a centralização política. Portanto, ele pode ser centralizado ou puro, em que ocorre a execução dos serviços e das políticas públicas de forma centralizada. Ou descentralizado ou regional, quando o poder político continua concentrado, mas a execução de políticas públicas ocorre de forma descentralizada, por meio de entidades administrativas criadas para esse fim. Item errado. 1.2 – Forma de Governo A forma de Governo diz respeito à relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e o exercício do poder. É saber como se dá a instituição do poder na sociedade, como são escolhidos os governantes e como eles se relacionam com os governados. Pode-se dividir as formas de governo em: república e monarquia. De início, vale ressaltar que o Brasil adota a república como forma de Governo. A república é a forma de governo que tem as seguintes características: (i) eletividade (na medida em que os governantes são eleitos); (ii) temporalidade (pois o exercício do poder se dá por um período transitório – período certo); e (iii) responsabilidade ou dever de prestar contas (já que os administradores têm o dever de prestar contas sobre a gestão da coisa pública). A monarquia é a forma de governo que tem as seguintes características: (i) hereditariedade (os governantes chegam ao poder pelo critério hereditário); (ii) vitaliciedade (mandatos sem prazos determinados); (iii) irresponsabilidade (na medida em que o monarca não presta contas dos seus atos). Sintetizando:

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2. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL – ESPECIALIDADE CIÊNCIAS

JURÍDICAS/MINISTÉRIO PÚBLICO – TO/2006) Decorre do princípio republicano a regra constitucional de que o mandato do presidente da República será de quatro anos.

De fato, o mandado de quatro anos do Presidente decorre do princípio republicano. Trata-se da “temporalidade”, relacionada à alternância no exercício do poder. Item certo. 3. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

/SEGER/ES/2008) A forma republicana pressupõe, modernamente, que o representante do governo seja eleito pelo povo, que este seja representado em câmaras ou assembléias populares e que os mandatos eletivos sejam temporários.

São características da república (como visto no esquema): eletividade e temporalidade. Item certo. 1.3 Sistema de Governo Estudar sistemas de governo é examinar a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo. Poderá haver maior independência, ou então maior colaboração entre eles, de acordo com o sistema adotado. No Brasil, adota-se o sistema presidencialista, de acordo com o Plebiscito de 1993. O presidencialismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características: (i) independência entre os poderes; (ii) mandatos por prazo certo (membros do Executivo e do Legislativo exercem mandatos

relação entre governantes e governados Forma de Governo

Monarquia

República

Eletividade

Temporalidade

Responsabilidade dever de prestar contas

Hereditariedade

Vitaliciedade

Irresponsabilidade não há obrigação de prestar contas perante os governados

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por prazo certo, que não podem ser abreviados); e (iii) chefia monocrática ou unipessoal (as chefias de Estado e de Governo estão concentradas numa mesma pessoa). Veja que é o caso do Brasil. O Presidente é eleito para um mandato de quatro anos, e tem direito a cumpri-lo integralmente, até o último dia de seu governo, sem nenhuma interferência do Legislativo. Não é dado ao Legislativo abreviar o mandato do chefe do Poder executivo. E vice-versa: o Presidente não pode determinar a dissolução do Congresso Nacional, a fim de abreviar o mandado dos congressistas. Ademais, no Brasil o Presidente da República exerce, simultaneamente, a chefia de Estado e a chefia de Governo. Ele figura como chefe de Estado quando representa a República Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante organizações internacionais (quando celebra um tratado internacional, por exemplo). Ou mesmo quando corporifica internamente a unidade nacional (quando decreta a intervenção federal para manter a integridade nacional – art. 34, I -, por exemplo). Já o exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente da República cuida dos negócios internos de interesse da sociedade brasileira (quando atua como administrador, por exemplo). Por outro lado, o parlamentarismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características: (i) maior interdependência, proximidade e colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo; (ii) mandatos por prazo incerto; (iii) chefia dual (na medida em que as chefias de Estado e de Governo são exercidas por duas pessoas distintas: a chefia de Estado é exercida pelo Monarca ou Presidente da República, conforme seja a forma de governo Monarquia ou República; e a chefia de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro). Explicando melhor o funcionamento do Parlamentarismo: a) o povo elege o parlamento; e b) o chefe de Estado (chefe do Executivo) escolhe seu chefe de Governo (o Primeiro Ministro); este último submete seu plano de governo ao Parlamento, que passa a se responsabilizar também por ele. Daí então, se estabelece uma relação de interdependência entre os poderes, na medida em que o Primeiro Ministro só se sustenta se tiver apoio do Parlamento. Por outro lado, o governo tem o poder de dissolver o Parlamento e convocar novas eleições parlamentares. Sintetizando:

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4. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – ACRE/2006) O

parlamentarismo e o presidencialismo são formas de governo previstas no texto constitucional.

Essa questão é clássica em concursos públicos: confundir o candidato misturando os conceitos de forma de Estado, forma de governo e sistema de governo. Esta questão está errada, já que presidencialismo e parlamentarismo não são formas de governo, mas sim sistemas de governo (formas de governo são república e monarquia). Item errado 5. (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E

VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) A CF adota o presidencialismo como forma de Estado, já que reconhece a junção das funções de chefe de Estado e chefe de governo na figura do presidente da República.

De fato, a junção das funções de chefe de Estado e chefe de governo na mesma pessoa (chefia monocrática) é característica do presidencialismo. Entretanto, presidencialismo e parlamentarismo são sistemas de governo (e não formas de Estado). Item errado. Objetivamente, as formas de Estado não se confundem com os sistemas de governo (presidencialismo x parlamentarismo) ou com as formas de governo (república x monarquia). 1.4 – Estado Federal Podemos relacionar o surgimento do Estado Federal com os Estados Unidos da América, na data de 1787. Antes disso (1776), tinha ocorrido a declaração da independência das colônias americanas, em que tinham surgido 13 Estados soberanos no território norte-americano. Naquele momento tratava-se ainda de uma confederação. Entretanto, esses Estados soberanos optaram por se unir, formando apenas uma

relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo Sistema de Governo

Presidencialismo

Parlamentarismo

Independência entre os Poderes Executivo e Legislativo

Mandatos por prazo certo

Chefia monocrática ou unipessoal

Interdependência (maior colaboração entre os poderes)

Mandatos por prazo incerto

Chefia dual

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Federação (e suprimindo a soberania e o antigo direito de secessão de que dispunham). Como já comentado, o Brasil adota a forma federativa de Estado. Vejamos o que estabelece o art. 1° da nossa Constituição:

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Observe ainda (grifado) o chamado princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. Ele tem duas finalidades básicas: unidade nacional e necessidade descentralizadora. Ou seja, nossa Constituição afasta qualquer pretensão de separação de um estado-membro, do DF ou de qualquer município da Federação. Significa dizer que, no nosso ordenamento, não existe direito de secessão. Podemos apontar como as principais características do Estado Federal: I) descentralização política: o poder se encontra dividido pelo território, sendo exercido pelos entes autônomos (pois apenas o Estado Federal é soberano); II) participação dos estados-membros: os estados-membros dispõem de auto-organização (elaboram suas Constituições) e representação no Poder legislativo (no Senado Federal), mas não detêm direito de secessão (uma vez criada a Federação, não se admite mais a dissolução, não é tolerada a saída de um dos entes componentes do Estado Federal); III) repartição de competências: a distribuição de competências entre os entes federados assegura a autonomia de cada um deles; IV) repartição de receitas: cada ente deve possuir uma esfera de competência tributária que lhe assegure receitas próprias; V) Constituição assegurada por um órgão superior: o pacto federativo é firmado em uma Constituição rígida (proporcionando estabilidade institucional), que é protegida por um órgão guardião (no nosso caso, o STF). Veja que interessante: no caso brasileiro, aconteceu o contrário do ocorrido nos Estados Unidos. O Estado Federal nasce a partir da divisão de um Estado anteriormente unitário. Assim, podemos ter dois tipos de formação do Estado Federal.

I) Por agregação → movimento centrípeto → de fora pra dentro; e II) Por desagregação → movimento centrífugo → de dentro pra fora.

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No primeiro caso, antigos Estados independentes abrem mão de sua soberania para constituir um Estado Federal único (é o caso dos Estados Unidos). No segundo caso, um Estado unitário descentraliza-se, dividindo aquele poder inicialmente concentrado e formado diversos entes autônomos (é o caso brasileiro). O federalismo pode ser ainda dual ou cooperativo. Será dual se houver uma rígida separação de competências entre os entes federados (como é o caso dos Estados Unidos). No Brasil, adota-se o federalismo cooperativo, em que a separação das competências não é rígida. Observe como o Cespe cobrou isso: 6. (CESPE/AUFC/TCU/2009) No âmbito do federalismo cooperativo, os

entes federados devem atuar de forma conjunta na prestação de serviços públicos. Para esse fim, a CF prevê os consórcios públicos e os convênios, inclusive autorizando a gestão associada desses serviços, com a transferência de encargos, serviços e até mesmo de pessoal e bens.

No Brasil ocorre o federalismo cooperativo, em que a divisão de competências não é rigidamente definida. Assim, a boa coexistência desses entes autônomos exige mecanismos de coordenação e cooperação entre eles, sendo os consórcios e os convênios dois exemplos desses tipos de instrumento expressos na CF: Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Item certo. Por fim, vale comentar que mais dois detalhes relativos à Federação na CF/88: I) a forma federativa de Estado é cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, I); e II) ao contrário da Federação convencional (formada apenas pela União e estados-membros), nossa Federação é composta de quatro entes federados: União, estados-membros, Distrito Federal e municípios (assim, trata-se de uma peculiaridade brasileira os municípios e o DF como entes autônomos).

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1.5 – Entes Federados Como comentado, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos (CF, art. 18). De início, vai uma dica: não faça confusão entre a República Federativa do Brasil (RFB) e a União! São duas coisas diferentes. A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional que engloba União, estados, municípios e DF. No âmbito externo, a União até representa o Estado brasileiro. Mas a União é pessoa jurídica de direito público interno. Enfim, a União é parte integrante do Estado federal, vale dizer, é uma das entidades políticas que integram o Estado federal. Como os demais entes, a União dispõe de autonomia, enquanto a RFB dispõe de soberania. Não é um assunto muito cobrado em concursos, mas a Constituição estabelece os bens da União em seu art. 20, segundo o qual, são bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. A Constituição assegura aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União,

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participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração (CF, art. 20, § 1°). Ademais, estabelece que a faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei (CF, art. 20, § 2°). Vamos a algumas questões. 7. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª

REGIÃO/2009) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios, do Distrito Federal e dos territórios.

Veja o que está estabelecido no art. 1°:

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (...)

Bem, veja dois detalhes então: a) DF e Municípios como entes federados são peculiaridades da

nossa Federação. b) Territórios não são entes federados. Daí o erro da questão.

Item errado. 8. (CESPE/BACHAREL EM DIREITO/CORPO DE BOMBEIROS –

DF/2007) O termo União designa entidade federal de direito público interno, autônoma em relação às unidades federadas. A União distingue-se do Estado federal, que é o complexo constituído da União, dos estados, do DF e dos municípios e dotado de personalidade jurídica de direito público internacional.

Não faça confusão entre a República Federativa do Brasil (RFB) e a União! A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional. Enquanto a União é pessoa jurídica de direito público interno. Enfim, a União integra o Estado federal. Item certo. 9. (CESPE/OFICIAL DE CHANCELARIA/MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES

EXTERIORES/2006) No Estado federal, cada componente da Federação detém soberania e autodeterminação para desempenhar relações de direito público internacional.

No Estado federal, os entes federados dispõem, apenas, de autonomia política. A soberania é atributo exclusivo da República Federativa do Brasil como um todo (o Estado federal).

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Item errado. 10. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) São bens da União as terras

devolutas. Os bens da União estão explícitos no art. 20 da CF/88. Assim, não se pode afirmar serem todas as terras devolutas bens da União. Nos termos do art. 20, II, são bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. Item errado. O próximo ente federado a ser estudado são os estados-membros. É importante você conhecer a tríplice capacidade garantidora de autonomia dos estados-membros, que assegura a eles: (i) autogoverno; (ii) autoadministração; e (iii) auto-organização e normatização própria. I) Autogoverno: o povo daquele estado-membro escolhe seus próprios governantes (poderes executivo e legislativo locais) sem qualquer vínculo de subordinação ou tutela por parte da União. II) Autoadministração: os estados-membros se autoadministram por meio do exercício das suas competências legislativas, administrativas e tributárias definidas pela Constituição Federal. III) Auto-organização e normatização própria: os estados-membros editam suas próprias Constituições, bem como sua própria legislação, respeitados os princípios da Constituição Federal (que funcionam como limitadores da autonomia estadual). Sintetizando:

Apesar dessa autonomia, devemos lembrar que os estados-membros estão sujeitos a determinadas limitações impostas pela Constituição, e devem respeitar, portanto, seus princípios (CF, art. 25). Por fim, vale destacar que, segundo o art. 26 da Constituição são bens dos estados: (i) as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as

Autogoverno

Autoadministração

Elaboração das suas Constituições

Elaboração de leis própriasart. 25, caput

Organização dos Poderes

Executivo

Legislativo

Judiciário

art. 28

art. 27

art. 125

Competências próprias (administrativas, tributárias e legislativas)

art. 25, §§ 1° a 3°

Auto-organização e

Autolegislação

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decorrentes de obras da União; (ii) as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; (iii) as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e (iv) as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Vamos verificar como o Cespe tem abordado esses assuntos. 11. (CESPE/BACHAREL EM DIREITO/CORPO DE BOMBEIROS –

DF/2007) Em razão da autonomia política dos entes federados, um estado-membro poderá, por lei estadual, criar vantagens e distinções, como isenções tributárias ou incentivos sociais diversos, em favor dos brasileiros nascidos naquele território em detrimento de brasileiros originários de outros estados.

Uma lei com esse teor seria contrária à Constituição, pois vai contra a ideia de estado Federal. Ademais, segundo o art. 19: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.” Item errado. 12. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO DE 2ª

CATEGORIA/2007) Na elaboração das normas locais, o poder constituinte decorrente deve respeitar o modelo de estruturação do Estado fixado pela CF.

Ao elaborar a Constituição estadual, o poder constituinte derivado decorrente deve obediência aos princípios estabelecidos na Constituição Federal (CF, art. 25). Item certo. Além disso, temos os municípios e o Distrito Federal, também dotados de autonomia. Tanto o município quanto o DF regem-se por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara (municipal ou distrital), que a promulgará. Deverão ser atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal. No caso dos municípios, devem ser respeitados ainda os princípios da Constituição do respectivo Estado.

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Os aspectos concernentes à organização dos municípios estão expressos no art. 29 da CF/88. Já os aspectos concernentes ao DF estão no art. 30 da CF/88. Sobre o DF, vale comentar os seguintes detalhes: I) é vedada sua divisão em municípios (CF, art. 30, caput); II) o DF acumula as competências legislativas reservadas aos estados e aquelas reservadas aos municípios (esse assunto será melhor detalhado mais à frente). 13. (CESPE/DIPLOMATA/ RIO BRANCO/2008) Ao Distrito Federal são

atribuídas as competências legislativas dos estados e municípios. Como comentado, o DF acumula tanto as competências reservadas aos estados como aquelas atribuídas aos municípios. Item certo. Por fim, abro um parêntese para mencionar algo importante sobre os municípios. É que, recentemente, houve a aprovação da Emenda Constitucional nº 58/2009, alterando regras dos arts. 29 e 29-A (assuntos não muito cobrados em concursos). Em resumo, essa nova emenda constitucional: a) cria 24 limites máximos para a composição das Câmaras Municipais (art. 1º, alterando o inciso IV do art. 29 da Constituição), aumentando em 7.709 o número de vereadores em todo o país; b) fixa novos limites percentuais máximos do total de despesas para as Câmaras Municipais (art. 2º, alterando o art. 29-A da Constituição). O interessante (interessante para quem???) é que a letra “a” acima foi aprovada com efeitos retroativos às eleições pretéritas, realizadas em 2008. A finalidade disso era recalcular os quocientes eleitorais, de forma a já dar posse a 7.709 vereadores não eleitos em todo país. Você, que está dando duro para buscar seu cargo público, acha justo? Pois é! Graças ao bom senso, imediatamente, o Procurador-Geral da República propôs uma ação direta de inconstitucionalidade perante o STF impugnando tais disparates. Ainda bem que prevaleceu a moralidade e a Corte Maior afastou, com efeitos retroativos, a eficácia dessa determinação de aplicação retroativa do referido comando. Assim, outorgou-se efeitos ex tunc (retroativos) à medida cautelar concedida, para o fim de tornar nulas as posses dos mais afoitos.

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1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios Os parágrafos 3° e 4° do art. 18 estabelecem as regras de formação de estados e municípios. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Para isso deverão ser consultadas as respectivas Assembléias Legislativas (CF, art. 48, VI). Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: I) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; II) manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; III) aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. Já os municípios seguem regra distinta. Segundo o art. 18, § 4° da CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Em suma, para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios é necessário: I - aprovação de lei complementar federal fixando genericamente o período dentro do qual poderá ocorrer a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios; II - aprovação de lei ordinária federal estabelecendo a forma de apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal; III - divulgação dos estudos de viabilidade municipal, na forma estabelecida pela lei ordinária federal acima mencionada; IV - consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos; V - aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, a incorporação, a fusão ou o desmembramento do município, ou dos municípios. Ou seja, a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a depender da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei complementar federal. Assim, se não houver tal lei complementar, não se pode alterar limites de municípios no Brasil. Sintetizando:

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Por fim, vale a pena mencionar aspectos relevantes sobre os territórios federais. Segundo o art. 18, § 2º da Constituição, os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. Vamos aos exercícios comentados. 14. (CESPE/ANALISTA – ASSUNTOS JURÍDICOS/SERPRO/2004) A

criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios, dentro do período determinado por lei complementar estadual, dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos, após divulgação dos estudos de viabilidade municipal, apresentados na forma da lei.

Segundo o art. 18, § 4° da CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Item errado. Aproveitando essa questão, deixe-me tratar de um detalhe bastante atual. Apesar de não existir a referida lei complementar federal, foram criados, após a introdução dessa exigência pela EC nº 15/1996, mais de cinquenta municípios (contrariando § 4º do art. 18 da CF/88).

Formação

Estados

Municípios

Incorporação

Subdivisão

Desmembramento

Incorporação

Fusão

Desmembramento

Criação

I – Plebiscito

II – Oitiva das Assembléias Legislativas

III – LC Federal

I – LC Federal → período

II – LO Federal → forma de divulgação do EVM

III – Divulgação do EVM

IV – Plebiscito

V – LO Estadual formalizando o ato

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Pois é, instado a posicionar-se quanto ao problema, o STF manifestou-se pela inconstitucionalidade dos procedimentos de criação de tais municípios. Ademais, reconheceu ainda a inconstitucionalidade por omissão do Congresso Nacional, configurada pela ausência de elaboração da lei complementar reclamada pela Constituição (fixou até um prazo de 18 meses para que esse órgão legislativo suprisse tal omissão). Entretanto, havia um problema concreto: a situação dos municípios criados em ofensa à Constituição. Assim, o STF estabeleceu um prazo de 24 (vinte e quatro) meses para que se regularizasse essa questão. Diante disso, o Congresso Nacional promulgou a EC nº 57/2008, que acrescentou o art. 96 ao ADCT, convalidando os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo estado à época de sua criação. 15. (CESPE/AUDITOR DAS CONTAS PÚBLICAS/TCE-PE/2004) Se,

por hipótese, os estados de Pernambuco e de Alagoas decidissem fundir-se para gerar um novo estado, a justiça eleitoral deveria promover plebiscito entre as populações envolvidas e, no caso de aprovação, o resultado deveria ser enviado ao Congresso Nacional, para ser objeto de emenda constitucional, já que a fusão alteraria a estrutura federativa originalmente prevista na Constituição.

Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar (não é necessária emenda constitucional). Para isso deverão ser consultadas as respectivas Assembléias Legislativas (CF, art. 48, VI). Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: I) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; II) manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; III) aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. Item errado. 16. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) Os

territórios federais são considerados entes federativos. Os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. Uma informação histórica: vale lembrar que na vigência da Constituição Federal pretérita (CF/1969), os Territórios Federais eram entes federados autônomos, e os municípios não. A atual Constituição Federal de 1988

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inverteu tal situação: retirou a natureza de ente federado dos Territórios Federais e atribuiu essa condição aos municípios. Item errado. 17. (CESPE/ANALISTA/ANEEL/2010) A CF admite a incorporação, a

subdivisão ou o desmembramento de estados. A questão está de acordo com o art. 18, § 3° da Constituição . Item certo. 2 – Repartição de Competências Bem, vamos falar um pouco sobre repartição de competências? Esse sim é o assunto mais importante dentro de Organização do Estado. Em primeiro lugar, tenha em mente que a repartição de competências é o ponto nuclear de um Estado Federado, sua essência, já que é o que garante a autonomia dos entes que o integram. Assim, por exemplo, quando assegura ao município competência privativa para tratar um assunto específico, a Constituição está garantindo, em relação a essa matéria, a autonomia desse ente federado. Ou seja, ele poderá dispor sobre aquela matéria sem qualquer subordinação à União ou ao estado-membro a que pertence. Segundo José Afonso da Silva, competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. A própria Constituição Federal estabelecerá as competências legislativas, administrativas e tributárias de cada um dos entes. A competência tributária é a aptidão para criar tributos, descrevendo hipóteses de incidência, sujeitos ativos e passivos, bases de cálculo e alíquotas. Mas, para nós, objetivamente, o importante são as competências administrativas e legislativas. As competências administrativas (materiais) consistem num campo de atuação político-administrativa. Não se trata de atividade legiferante, mas de atuação efetiva para a execução de tarefas. Por sua vez, as competências legislativas são competências constitucionalmente definidas para a elaboração de leis sobre aqueles assuntos expressamente definidos. Vou sintetizar, desde já, o quadro-geral de competências estabelecidas pela nossa Constituição. Observe bem como funciona a repartição de competências.

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Ao longo da aula explicarei as classificações apresentadas nesse esquema. Assim, ao terminar a leitura, volte a ele para uma total compreensão. Sintetizando:

Bem, podemos considerar que há dois modelos de repartição de competências: o modelo horizontal e o modelo vertical. Na repartição horizontal, não há relação de subordinação entre os entes no exercício da competência. É dizer, naquelas matérias, os entes atuam em pé de igualdade (cada um com plena autonomia para exercer aquelas competências). É o caso das competências estabelecidas nos arts. 21, 22, 23, 25 e 30 da CF/88, em que não há ingerência de um ente na atuação do outro. Na repartição vertical, ocorre uma relação de hierarquização no exercício da competência estabelecida pela Constituição. Os entes atuam sobre as mesmas matérias, mas têm níveis diferentes de poder no exercício daquelas competências. É o caso da chamada competência legislativa concorrente prevista no art. 24 da Constituição, como será visto adiante. Mas (você me pergunta) me diga qual o critério utilizado pela Constituição para se afirmar que uma competência seria de um ou outro ente? Pois assim posso ter uma idéia de qual competência é de quem... Posso dizer que a Constituição Federal de 1988 adotou como diretriz geral, para repartir as competências, o princípio da predominância do interesse.

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Ou seja, as matérias de interesse predominantemente local foram atribuídas aos municípios (ente federado local). E as matérias de interesse predominantemente regional? Foram destinadas aos estados-membros (pois ele é o ente federado regional). E as matérias de interesse predominantemente geral (ou nacional)? Ficaram nas mãos da União (pois ela é o ente federado nacional ou que trata de assuntos gerais). A predominância do interesse foi, portanto, o princípio adotado como regra para a repartição de competências pela Constituição Federal de 1988. Atenção! Essa regra não é absoluta, pois há exceções. Por exemplo, a competência para a exploração do gás canalizado, embora seja assunto de interesse predominantemente local, foi outorgada aos estados, e não aos municípios (CF, art. 25, § 2º). Visto isso, vale comentar que, ao analisar a Constituição, não se observa, de forma expressa, todas as competências de todos entes. Não, não foi essa a forma adotada pela Constituição para apresentar as competências. O poder constituinte originário optou pela seguinte técnica:

• União → enumerou expressamente – competência enumerada expressa (art. 21 e 22);

• Municípios → enumerou expressamente – competência enumerada expressa (art. 30);

• Estados-membros → não enumerou expressamente, reservando a eles as competências que não lhes são vedadas na Constituição – competência não-enumerada ou remanescente (art. 25, § 1º).

Observe que, se, como regra, a Constituição não enumerou expressamente a competência dos estados, não se pode dizer que nenhuma competência foi outorgada a eles de forma expressa na Constituição. Afinal, é dos estados a competência para exploração do gás canalizado (CF, art. 25, § 2º), para a criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (CF, art. 25, § 3º), para a modificação dos limites territoriais dos municípios (CF, art. 18, § 4º), bem assim para organizar sua própria Justiça (CF, art. 125). Outro aspecto é que, em se tratando de competência tributária (competência para instituir tributos), é a União que dispõe de competência residual (e não os estados!) para instituir novos impostos além daqueles discriminados na Constituição (CF, art. 154, I), bem assim para instituir novas contribuições de seguridade social (CF, art. 195, § 4º).

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Já o Distrito Federal, recebeu as competências de interesse predominantemente local (municipais) e regional (estaduais), pois há vedação à sua divisão em municípios (CF, art. 32). Entretanto, você deve ter em mente que nem todas as competências dos estados foram atribuídas ao DF. Afinal, os incisos XIII e XIV do art. 21 estabelecem que compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Foram ainda criadas: I) competência administrativa comum – outorgando-a a todos os entes federados (CF, art. 23) – caso de competência administrativa em que os entes atuam com igualdade de condições (atuação paralela, sem subordinação); II) competência legislativa concorrente – apenas entre a União, os estados e o Distrito Federal (CF, art. 24). Quanto a esta última, trata-se de competência importantíssima para concursos públicos. A competência legislativa concorrente está disciplinada no art. 24 da CF/88. Observe, logo de início, o primeiro detalhe: concorrem a União, estados e DF (municípios não). I) Competência para União, estados e DF legislarem sobre determinados temas, mas não em condições de igualdade (modelo vertical, em que há certa hierarquização). II) União → estabelece normas gerais, o que não exclui a competência suplementar dos Estados. III) Estados-membros → podem suplementar as normas gerais expedidas pela União, desde que não as contrariem. Ou seja, compete ao governo federal estabelecer as normas gerais, sem descer aos pormenores. Cabe aos estados e ao DF a adequação da legislação às suas peculiaridades. IV) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Entretanto, a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Atenção! Nesse último caso a superveniência de lei federal suspende a eficácia da lei estadual (não se trata de revogação), no que lhe contrariar. Assim, se a União resolver revogar a sua lei federal de normas gerais, a lei estadual, até então com a eficácia suspensa, volta automaticamente a produzir efeitos. Em suma, funciona assim a competência concorrente. A União edita lei de normas gerais. Os estados e DF suplementam essa legislação (de acordo com as diretrizes exaradas nas normas gerais da

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União), editando normas específicas para atender às suas peculiaridades. Enquanto não houver normas gerais, a competência dos estados-membros é plena. Caso venham a ser editadas as normas gerais da União em momento posterior, elas suspendem a eficácia daqueles dispositivos das normas dos estados que as contrariem. Por fim, vale comentar que a competência concorrente não inclui os municípios. Entretanto, compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (CF, art. 30, II). Cabe comentar ainda alguns detalhes. Em primeiro lugar, as competências da União estão previstas no art. 21 e no art. 22 da CF/88. No art. 21, estão estabelecidas as competências administrativas (de competência exclusiva da União, portanto indelegável). No art. 22, estão estabelecidas as competências legislativas (de competência privativa da União, portanto delegável). É dizer, são listados temas sobre os quais compete à União legislar.

Competências da União: a) Privativa → legislativa e delegável (art. 22) b) Exclusiva → administrativa e indelegável (art. 21)

Quanto à competência privativa, vale destacar que pode ser que os estados e DF (municípios não) venham a legislar sobre questões específicas relacionadas às matérias listadas no art. 21. Para isso, é necessário que a União delegue essa competência por lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único). Esse detalhe é importante. A delegação deverá ser, apenas, para tratar de questões específicas e não sobre uma das matérias da competência privativa da União em geral. Assim, por exemplo, a autorização não poderá ser para legislar sobre direito civil (em geral), mas apenas para legislar sobre questões específicas no âmbito do direito civil. Por fim, vale ressaltar que a União não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns estados-membros, pois isso ofenderia a isonomia federativa, segundo a qual é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, III). É dizer, a União pode delegar essas competências, mas se o fizer será em favor de todos os estados e do Distrito Federal, sem criar nenhuma distinção entre estes entes federados. Há diversos entendimentos jurisprudenciais importantes sobre repartição de competências. Optamos por apresentá-los logo abaixo, no decorrer da resolução das questões comentadas.

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18. (CESPE/AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTOS/PCRN/2008) O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades componentes do Estado federal é o da predominância do interesse, segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos municípios concernem os assuntos de interesse local. José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 24.ª ed., 2005, p. 478 (com adaptações). Com referência ao texto acima e com base na CF, assinale a opção correta.

a) A CF enumerou, expressamente, as competências administrativas dos estados-membros. b) Ao DF são atribuídas apenas as competências legislativas reservadas aos estados. c) A CF conferiu à União diversas competências administrativas, sendo a sua principal característica a delegabilidade a outros entes federativos. d) Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte. Entretanto, diante de interesse local, a União pode delegar esta competência legislativa, por meio de lei complementar, a apenas um estado-membro da Federação. e) A CF enumerou as competências administrativas e legislativas dos municípios.

A alternativa “a” está errada, pois aos estados foi atribuída a chamada competência remanescente (CF, art. 25, § 1º). A alternativa “b” está errada porque ao Distrito Federal foram atribuídas as competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º). Lembre-se, de qualquer forma, que nem todas as competências dos estados foram atribuídas ao DF. Segundo o os incisos XIII e XIV do art. 21, compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. A alternativa “c” está errada. As competências atribuídas à União estão nos arts. 21 e 22 da CF/88. O art. 21 apresenta as diversas competências administrativas, materiais, atribuídas à União (a chamada competência exclusiva). Essas competências têm como principal característica a indelegabilidade. A alternativa “d” está errada. O art. 22 apresenta as competências legislativas (a chamadas competências privativas). Essas competências podem ser delegadas aos estados e ao DF por meio de lei complementar (ao contrário da competência exclusiva).

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Assim, realmente compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte (art. 22, XI), competência essa que pode, mediante lei complementar, ser delegada aos estados para o trato de questões específicas (art. 22, parágrafo único). Todavia, entende-se que a União não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns estados-membros. Como comentado, isso ofenderia a isonomia federativa, contrariando o dispositivo segundo o qual é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, III). A alternativa “e” está certa, pois a Constituição Federal enumerou expressamente as competências dos municípios (tanto administrativas, como legislativas). Gabarito: “e” 19. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Compete exclusivamente à

União legislar acerca da responsabilidade por dano ao meio ambiente.

Amigo, essa não dava para errar! As competências exclusivas são materiais (ou administrativas) e não legislativas, ok? Em realidade, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente (CF, art. 24, VIII). Item errado. Bem, infelizmente algumas questões vão cobrar a memorização de determinadas competências... Aqui vai uma dica: são muitas as competências para você memorizar. Ainda como concurseiro, aprendi que o difícil mesmo é saber diferenciar o campo da competência privativa da União (art. 22) com o da competência concorrente (art. 24). Isso porque as competências exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23) são materiais e não legislativas. E a diferença entre essas duas não é tão complicada. Pegue sua Constituição... Temas gerais como (CF, art. 23): zelar pela guarda da Constituição, conservar o patrimônio público, proteger o meio ambiente, preservar as florestas; são exemplos de competências de todos os entes (veja como são assuntos bem comuns e gerais). Já assuntos como (CF, art. 21): manter relações com Estados estrangeiros, declarar a guerra e celebrar a paz, decretar intervenção federal, emitir moeda; são exemplos de competências exclusivas (materiais) da União.

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Quanto a essa distinção, não há grandes dificuldades (verifique os arts. 21 e 23 da sua Constituição)... Já a distinção entre competências privativas da União e competências concorrentes não é tão simples. Portanto, minha sugestão é a de que você guarde apenas aquelas competências expressas no art. 24 (competências concorrentes). Faça uma lista e memorize essas competências. Assim, caso venha uma questão cobrando competência legislativa fora daquelas do art. 24 (competência concorrente), você poderá marcar que é competência privativa da União. Vamos ver quais são essas competências: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (Mnemônico: P – E – T – U - F); II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino e desporto; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.” Bem, apesar do que eu disse, eu sugiro que você memorize pelo menos as seguintes competências privativas da União (sempre cobradas em concursos):

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I) direito penal e direito civil (CF, art. 22, I); II) trânsito e tranporte (CF, art. 22, XI); e III) sistemas de consórcios e sorteios (CF, art. 22, XX). Além disso, acredito que valha a pena conhecer os arts. 25 e 30 da CF/88 (que são bem pequenos). “Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.” “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.” Façamos mais algumas questões. 20. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL – ESPECIALIDADE CIÊNCIAS

JURÍDICAS/MINISTÉRIO PÚBLICO – TO/2006) No âmbito da competência concorrente, a superveniência da lei geral pela União

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suspende e não revoga a lei estadual já editada, no que lhe for contrário, de forma que revogada a lei geral da União, a lei estadual suspensa volta a viger.

Na competência legislativa concorrente, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. A questão está correta, pois a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual (e não revoga), no que lhe for contrário. A diferença é que, se a União resolver revogar a sua lei federal de normas gerais, a lei estadual, que estava com a eficácia suspensa, volta a produzir efeitos. Item certo. 21. (CESPE/GESTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS - ACRE/2006)

Somente por lei complementar a União poderá autorizar os estados a legislar a respeito de questões específicas da sua competência privativa.

De acordo com o parágrafo único do art. 22 da Constituição Federal, lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões específicas das matérias da competência privativa da União. Item certo. 22. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/STF/2008) O DF, por deter

competência normativa relativa aos estados e municípios, poderá, legitimamente, editar ato normativo que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios.

Nesse assunto de repartição de competências, há bastante jurisprudência do STF, como veremos. Bem, o entendimento a que esta questão se refere você não pode errar. Afinal, há súmula vinculante sobre ele:

Súmula Vinculante 2: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

A edição dessa súmula surgiu do fato de que muitos estados vinham editando leis próprias instituindo e disciplinando loterias estaduais, jogos de bingos e outros tipos de jogos e sorteios oficiais; contrariando o art. 22, XX da CF/88, segundo o qual compete à União legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios. Item errado. 23. (CESPE/ANALISTA/DIREITO/2008) Os estados podem, por meio de

lei, anistiar seus servidores de ilícitos penais praticados contra a administração pública estadual.

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É competência exclusiva da União conceder anistia (CF, art. 22, XVII). Ademais, compete privativamente à União legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I). Portanto, errada a questão. Atenção! O Supremo Tribunal entende que a anistia de infrações disciplinares de servidores estaduais é competência do estado-membro. Só caracteriza competência da União quando se cuidar de anistia de crimes (competência federal privativa para legislar sobre Direito Penal). Segundo a Corte, conferir à União – e somente a ela – o poder de anistiar infrações administrativas de servidores locais constituiria exceção radical e inexplicável ao dogma fundamental do princípio federativo – qual seja, a autonomia administrativa de Estados e Municípios (ADI 104, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 4-6-07). Portanto, podemos concluir segundo essa decisão, caso o ato se caracterize como infração administrativa disciplinar, a anistia seria de competência do estado-membro. Caso se caracterize como ilícito penal, aí sim a competência seria a União. Item errado. 24. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/STF/2008) Lei municipal

que obrigue a instalação, em estabelecimento bancário, de equipamentos de segurança é considerada constitucional, pois aborda um assunto de interesse eminentemente local.

Jurisprudência batida e rebatida do STF. Observe que se o assunto diz respeito a interesse local a competência é dos municípios. Guarde os seguintes detalhes sobre as competências municipais: I) “é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.” (Súmula 645) II) cabe à União (e não ao município!) a competência para a fixação do horário de funcionamento de agências bancárias, tendo em vista que o tema extrapola o interesse meramente local. III) por outro lado, cabe aos municípios legislar sobre qualidade de atendimento aos clientes, inclusive de instituições bancárias (instalação de equipamentos de segurança, tempo máximo de espera na fila etc.). Item certo. 25. (CESPE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/VITÓRIA/2007) A

vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária é inconstitucional.

Segundo a jurisprudência do STF, é inconstitucional, por ofensa à autonomia federativa, a vinculação do reajuste de vencimentos de

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servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária. Esse assunto foi sumulado pela nossa Corte: “É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária” (Súmula nº 681). Item certo. 26. (CESPE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/VITÓRIA/2007) Se

determinado município Y editar lei que proíba a instalação de nova farmácia a menos de 500 metros de estabelecimento da mesma natureza, tal lei será considerada inconstitucional, pois a norma exorbita de sua competência para o zoneamento da cidade, afrontando princípios constitucionais como a livre concorrência, a defesa do consumidor e a liberdade do exercício das atividades econômicas, que informam a ordem econômica consagrada pela Constituição Federal brasileira.

Outra questão que cobra o conhecimento de súmula do STF: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área” (Súmula nº 646). Item certo. 27. (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Compete à União explorar

diretamente, na forma da lei, ou mediante concessão, os serviços de gás canalizado.

Trata-se de uma das poucas competências enumeradas dos estados-membros. Segundo o art. 25, § 2º, compete aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação Item errado. 28. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento

do STF, é inconstitucional lei estadual que disponha sobre aspectos relativos ao contrato de prestação de serviços escolares ou educacionais, por se tratar de matéria inserida na esfera de competência privativa da União.

É inconstitucional norma do Estado ou do Distrito Federal sobre obrigações ou outros aspectos típicos de contratos de prestação de serviços escolares ou educacionais. Segundo o STF, leis que versam sobre contraprestação de serviços educacionais têm natureza das normas que regem contratos. Ou seja, trata-se de tema próprio do âmbito de direito civil.

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Assim, norma estadual que disponha sobre esse assunto está usurpando a competência privativa da União; ofendendo o art. 22, I, da CF/88. Item certo. 29. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Para o STF, é inconstitucional

norma inserida no âmbito de constituição estadual que outorgue imunidade formal, relativa à prisão, ao chefe do Poder Executivo estadual, por configurar ofensa ao princípio republicano.

Outro tema batido em concursos públicos. Dentre as diversas imunidades de que dispõe o chefe do Poder Executivo federal, a Constituição do estado só pode estender ao Governador uma delas: a necessidade de autorização do poder legislativo para que ele possa ser responsabilizado criminalmente (CF, art. 86, caput). Item certo. 30. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A CF atribui à União a

competência tributária residual, permitindo-lhe instituir, mediante lei ordinária específica, outros impostos além dos arrolados em sua esfera de competência, desde que esses impostos não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos arrolados na CF e sejam não cumulativos.

Para esse assunto (organização do Estado e repartição de competências), o importante é você ter em mente aquilo que comentei: apesar da competência remanescente ser dos estados-membros, compete à União a chamada competência tributária residual. Assim, nos termos do art. 154, I da CF/88, a União poderá instituir novos impostos, mediante lei complementar, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição. Bem, mas esse detalhe é mais específico do assunto Sistema Tributário Nacional. Item errado. 31. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/AL/2009) Segundo

entendimento do STF, é constitucional lei estadual que estabelece o dever dos municípios de transportar, da zona rural para a sede do município, alunos carentes matriculados no ensino fundamental, tendo em vista a competência municipal para atuar prioritariamente no ensino fundamental.

O STF considerou inconstitucional, por afronta à autonomia municipal, artigo da Constituição do Ceará que impunha aos Municípios ao encargo de transportar da zona rural para a sede do Município, ou Distrito mais próximo, alunos carentes matriculados a partir da 5º série do ensino fundamental (ADI 307, voto do Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 13-2-08).

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Entendeu-se que haveria ali indevida ingerência na prestação de serviço público municipal, com reflexos diretos nas finanças locais. Item errado. 32. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O estado-membro tem

competência para estabelecer, desde que na constituição estadual, regras de imunidade formal e material aplicáveis a vereadores.

De acordo com o STF, o Estado-membro não tem competência para estabelecer regras de imunidade formal e material aplicáveis a Vereadores. Isso porque a Constituição Federal atribui à União a competência de legislar sobre Direito Penal e Processual Penal. (ADI 371/SE , Rel. Min. Maurício Corrêa, 23/04/2004). Item errado. 33. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O STF considera

inconstitucional, por invasão da competência da União para dispor sobre trânsito e transporte, lei estadual que autorize o Poder Executivo do estado a apreender e desemplacar veículo de transporte coletivo encontrado em situação irregular.

Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI). Entretanto, o STF considerou constitucional lei estadual que autorizava o Poder Executivo a apreender e desemplacar veículos de transporte coletivo de passageiros encontrados em situação irregular. No caso, entendeu-se que essa natureza de norma insere-se no poder de polícia do Estado e não na competência de legislar sobre trânsito e transporte de forma geral. (ADI 2.751, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 31-8-05). Item errado. 34. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Os estados-membros não

possuem competência para explorar nem regulamentar a prestação de serviços de transporte intermunicipal, por se tratar de matéria de interesse local.

É de se observar que dentro da repartição de competências estabelecida pela Constituição coube aos Estados a denominada competência remanescente (art. 25, § 1°). A questão traz um ótimo exemplo para explicar melhor essa competência: o serviço de transporte. De acordo com o art. 30, V da CF/88, compete aos municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial. Já no art. 21, XII, “e”, a CF/88 atribui à União a competência de explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os

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serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Observe que quanto ao transporte intermunicipal foi silente a nossa Carta Maior. Diante desses comandos constitucionais e a natureza remanescente da competência dos estados (art. 25, § 1°), concluiu o STF restar aos estados-membros explorar e regulamentar o serviço de transporte intermunicipal. E o mais interessante! Veja como esse exemplo (transporte público de passageiros) demonstra bem o critério da predominância do interesse. I) O transporte coletivo, dentro do município, tem interesse meramente local: competência dos municípios. II) O transporte entre municípios (intermunicipal) extrapola o interesse local, e é de interesse regional: competência estadual. III) O transporte entre estados (interestadual) ou internacional já apresenta um caráter de interesse nacional: competência da União. Item errado. 35. (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2006) A definição dos crimes

de responsabilidade é competência legislativa privativa da União, assim como o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento destes.

Segundo entendimento consolidado do STF, compete privativamente à União legislar sobre crime de responsabilidade, pois se trata de legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I): “São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento” (Súmula 722). Item certo. 36. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) São bens da União as terras

devolutas. Os bens da União estão explícitos no art. 20 da CF/88. Assim, não se pode afirmar serem todas as terras devolutas bens da União. Nos termos do art. 20, II, são bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. Item errado. 37. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª

REGIÃO/2008) Por constituírem a medida do modelo federativo brasileiro, os dispositivos constitucionais que disciplinam a competência legislativa, são considerados implicitamente pétreos, e por isso não podem ser modificados por emenda constitucional.

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Os dispositivos que disciplinam a repartição de competências entre os entes federativos poderiam ser alterados por emendas. O que não seria admitida seria uma alteração na repartição de competências como um todo, capaz de colocar em xeque a própria Federação. Essa sim (a Federação) constitui cláusula pétrea. Item errado. 38. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) Conforme a

jurisprudência do STF, os estados-membros, em razão de sua autonomia político-administrativa, não estão obrigados a seguir compulsoriamente as regras básicas do processo legislativo federal, como, por exemplo, aquelas que dizem respeito à iniciativa reservada de lei ou aos limites do poder de emenda parlamentar.

As regras básicas do processo legislativo previstas na CF/88 são de observância obrigatória para estados e municípios. Isso inclui os tipos de espécie normativas (CF, art. 59); os procedimentos de aprovação; as hipóteses de iniciativa privativa; deliberações; vedações etc. Item errado. 39. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) Na medida em que

as autoridades e órgãos da União representam a República Federativa do Brasil nos atos e relações de âmbito internacional, a União é o único ente federativo que possui personalidade jurídica de direito internacional.

Compete à União manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais (CF, art. 21, I). Todavia, não faça confusão entre a República Federativa do Brasil (RFB) e a União. A RFB é que é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional. A União é pessoa jurídica de direito público interno. Item errado. 40. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª

REGIÃO/2008) Os municípios detêm competência para legislar sobre a distribuição de gás canalizado, o que é conseqüência de sua atribuição para dispor acerca da concessão para exploração desse tipo de gás.

Compete aos estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação (CF, art. 25, § 2º). Item errado. 41. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) A maior parte da

competência legislativa dos estados membros está explicitamente enunciada no texto constitucional, cabendo aos municípios, como regra, os poderes ditos remanescentes ou residuais.

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Compete aos estados a competência remanescente, na medida em que são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição (CF, art. 25, § 1º). Item errado. 42. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) O DF não dispõe da

capacidade de auto-organização, já que não possui competência para legislar sobre organização judiciária, organização do MP e da Defensoria Pública do DF e dos Territórios.

Podemos dizer que no regime federal, a autonomia dos estados-membros caracteriza-se pela sua capacidade de (i) auto-organização e autolegislação (tem base no art. 25, caput); (ii) autogoverno (baseado nos arts. 27, 28 e 125) e de (iii) auto-administração (art. 25, §§ 1° a 3°). Diante disso, a competência de auto-organização relaciona-se com a elaboração das Constituições estaduais. A capacidade de autogoverno é que outorga competência aos estados-membros para organizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Também ao DF, a Constituição assegurou essa tríplice capacidade garantidora de autonomia. A questão se refere ao art. 21, XIII, segundo o qual compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios. De qualquer forma, não há que se falar nem em inexistência de autogoverno no caso do DF. Apesar de não organizar sua justiça, MP e Defensoria, sua capacidade de autogoverno materializa-se na competência do DF de eleger seu governador (executivo) e deputados distritais (legislativo). Item errado. Vamos fazer agora mais algumas questões do Cespe, referentes aos últimos concursos, cujas provas foram aplicadas há apenas alguns meses. 43. (CESPE/ANALISTA DE INFRA ESTRUTURA/MPOG/2010) Segundo

a CF, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal (DF), os municípios e os territórios, todos dotados de autonomia.

Os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. Item errado. 44. (CESPE/ANALISTA DE INFRA ESTRUTURA/MPOG/2010) Se

determinado estado-membro editar lei que estabeleça obrigações a serem observadas pelos empregadores em suas relações com os

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empregados, tal lei será inconstitucional, visto que é de competência privativa da União legislar a respeito de direito do trabalho.

De fato, é o que se pode deduzir do art. 22, I da CF/88. Como eu disse, o ideal é você memorizar pelo menos as competências concorrentes. Isso se aplica especialmente no caso dos direitos. Assim, vale a pena memorizar que compete à União, estados-membros e DF legislar concorrentemente sobre direito penitenciário, econômico, tributário, urbanístico e financeiro – PETUF (CF, art. 24, I). Observe que o direito do trabalho não está nesse rol. Assim, encontra-se na competência privativa da União. Item certo. 45. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) A forma federativa de Estado

poderá ser alterada mediante emenda constitucional. A forma federativa de Estado não pode ser alterada por emenda constitucional pois constitui cláusula pétrea. Item errado. 46. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) Compete privativamente à União

legislar sobre direito financeiro. O direito financeiro está dentro do rol do art. 24, I da CF/88, referente aos direitos que se encontram na competência concorrente (CF, art. 24, I). Para auxiliar a memorização, lembre-se do mnemônico PETUF. Item errado. 47. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) O sistema federal adotado pelo

Brasil confere autonomia administrativa e política aos estados, ao DF e aos municípios, mas não lhes confere competência para o exercício de sua atividade normativa, em razão dos diversos limites impostos pelas normas de observância obrigatória.

Concede-se autonomia não só administrativa e política aos estados, mas também a autonomia para o exercício da sua atividade normativa, embora haja de fato diversos limites para essa capacidade de auto-normatização. Item errado. 48. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) É possível a criação de novos

territórios federais, na qualidade de autarquias que integrem a União, na forma regulada por lei complementar.

Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar (CF, art. 18, § 2º). Item certo

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49. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) É da competência exclusiva da União promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.

Vale a pena comentar que as competências administrativas não são tão cobradas quanto as competências legislativas. Segundo a Constituição, é competência comum promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (CF, art. 23, IX). Item errado. 50. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) Compete privativamente à União

legislar a respeito da responsabilidade por dano ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Segundo a Constituição é competência concorrente da União, estados e DF legislar sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Item errado. 51. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES) É permitida a edição de medida

provisória para regulamentação dos serviços de gás canalizado, cuja exploração, diretamente ou mediante concessão, pertence aos estados, conforme competência constitucionalmente prevista.

Segundo o art. 25, § 2° da CF/88, compete aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. Item errado. 52. (CESPE/PROMOTOR/MPE/SE) As matérias de competência

privativa da União podem ser delegadas por meio de lei complementar que autorize os estados a legislar sobre temas específicos nela previstos.

De fato, as competências privativas da União poderão ser delegadas aos estados-membros por meio de lei complementar. Como comentado, trata-se de transferir a aquela matéria para que os estados disponham sobre temas específicos. Item certo. Meu caro, por hoje é só! Até a próxima aula! Um grande abraço e bons estudos! Fred Dias

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3 – Exercícios de Fixação 53. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) Na medida em que

as autoridades e órgãos da União representam a República Federativa do Brasil nos atos e relações de âmbito internacional, a União é o único ente federativo que possui personalidade jurídica de direito internacional.

54. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª REGIÃO/2009) Segundo a CF, os estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexar a outros, ou formar novos estados, mediante aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito e do Congresso Nacional, por lei complementar.

55. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/STF/2008) Compete à União legislar sobre direito processual, mas não sobre procedimentos em matéria processual, o que seria de competência concorrente entre a União, os estados e o DF.

56. (CESPE/ANALISTA/DIREITO/2008) É constitucional lei municipal que disponha sobre a fixação do tempo máximo que o público pode esperar por atendimento em agências bancárias localizadas em seu território.

57. (CESPE/GESTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS - ACRE/2006) É reservada aos municípios a chamada competência residual, assim compreendidas todas as competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição Federal.

58. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Segundo o STF, é constitucional, e não se confunde com a atividade-fim das instituições bancárias, lei municipal que disponha sobre atendimento ao público e tempo de espera nas filas de atendimento das referidas instituições.

59. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª REGIÃO/2008) Lei complementar pode autorizar os estados e o DF a legislar sobre questões específicas de matéria cuja competência legislativa seja privativa da União.

60. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TST/2008) Considere que uma emenda à Constituição Federal (CF) revogue o dispositivo que atribui à União competência privativa para legislar sobre direito do trabalho. Nessa situação, a competência para legislar sobre essa matéria passaria a ser estadual.

61. (CESPE/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS/ANTAQ/2009) Compete

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concorrentemente à União, estados, Distrito Federal e municípios legislar sobre águas.

62. (CESPE/AUFC/TCU/2009) Se a União delegar aos estados e ao DF competência para legislar sobre questões específicas de licitação e contratação de suas entidades autárquicas e fundacionais, a delegação será inconstitucional, pois essa competência é indelegável da União.

63. (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2004) É facultado aos estados, com base em sua competência legislativa suplementar, elaborar lei estadual que discipline a exploração de serviços remunerados de transporte de passageiros por meio da utilização de motocicletas.

64. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª REGIÃO/2008) Compete aos estados legislar sobre direito agrário.

65. (CESPE/BACHAREL EM DIREITO/CORPO DE BOMBEIROS – DF/2007) Em razão da autonomia política dos entes federados, um estado-membro poderá, por lei estadual, criar vantagens e distinções, como isenções tributárias ou incentivos sociais diversos, em favor dos brasileiros nascidos naquele território em detrimento de brasileiros originários de outros estados.

66. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO DE 2ª CATEGORIA/2007) Na elaboração das normas locais, o poder constituinte decorrente deve respeitar o modelo de estruturação do Estado fixado pela CF.

67. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª REGIÃO/2008) Segundo a teoria dos poderes remanescentes, hoje aplicada no direito brasileiro, as matérias que não são expressamente objeto de legislação estadual podem ser editadas pela União.

68. (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO DE ALAGOAS/PGE/AL/2008) Acerca do federalismo, assinale a opção correta.

a) A descentralização política, apesar de ocorrer em alguns países que adotam a forma federativa de Estado, não é uma característica marcante do federalismo. b) Quando da constituição de um Estado na forma federativa, os entes que passam a compor o Estado Federal (estados membros) perdem sua soberania e autonomia. Esses elementos passam a ser característicos apenas do todo, ou seja, do Estado Federal. c) Alguns dos elementos que asseguram a soberania dos estados-membros no federalismo são a possibilidade de auto-organização por

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meio da elaboração de constituições estaduais e a existência de câmara representativa dos estados-membros. d) Doutrinariamente, entende-se que a formação da Federação brasileira se deu por meio de movimento centrípeto (por agregação), ou seja, os estados soberanos cederam parcela de sua soberania para a formação de um poder central. Isso explica o grande plexo de competências conferidas aos estados-membros brasileiros pela CF se comparados à pequena parcela de competências da União. e) As constituições dos estados organizados sob a forma federativa possuem, em regra, instrumentos para coibir movimentos separatistas. No Brasil, a CF prevê a possibilidade de se autorizar a intervenção da União nos estados para manter a integridade nacional e considera a forma federativa de Estado uma cláusula pétrea.

69. (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/SEAD/FHS/SE/2008) A não-observância da aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais nas ações e serviços públicos de saúde autoriza a União a intervir nos estados e no DF.

70. (CESPE/JUIZ/TRF5 REGIÃO/2006) Cabe ao Tribunal Superior do Trabalho a requisição de intervenção da União nos estados ou no DF, para assegurar a execução de decisões da justiça do trabalho. E

71. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ/SE/2008) Suponha que a União tenha intervindo nos estados A, B e C, com os seguintes propósitos

I - reorganizar as finanças no estado A, visto que essa unidade da Federação deixou de entregar aos municípios, dentro dos prazos estabelecidos em lei, receitas tributárias fixadas constitucionalmente. II - no estado B para prover a execução de ordem judicial. III - assegurar, no estado C, a aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. A CF ampara expressamente a intervenção da União no(s) caso(s) descrito(s) a) no item II, apenas. b) no item III, apenas. c) nos itens I e II, apenas. d) nos itens II e III, apenas. e) em todos os itens.

72. (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) Caso determinado estado da federação tentasse se separar do Brasil, tal ato não ensejaria a decretação da intervenção federal naquele estado,

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porque a própria CF estabeleceu núcleos de poder político, conferindo autonomia ao referido ente.

73. (CESPE/ANALISTA JURÍDICO/TRT 10ª REGIÃO/2004) Inexiste hipótese de intervenção federal nos estados mediante requisição do TST.

74. (CESPE/AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTOS/PCRN/2008) O art. 34 da CF dispõe que a União não intervirá nos estados nem no DF, salvo algumas exceções. Quanto à intervenção federal, assinale a opção correta à luz da CF.

a) Para assegurar a observância do princípio constitucional dos direitos da pessoa humana, a decretação da intervenção federal dependerá de provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. b) Para garantir o livre exercício do Poder Judiciário, a decretação da intervenção federal dependerá de requisição do STJ. c) O decreto de intervenção federal deverá ser submetido à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 48 horas. d) Para garantir o livre exercício do Poder Judiciário, a decretação da intervenção federal dependerá de requisição do Tribunal Superior Eleitoral. e) Para assegurar a observância do princípio constitucional da autonomia municipal, a decretação da intervenção federal dependerá de provimento pelo tribunal de justiça do respectivo estado.

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GABARITOS OFICIAIS

53) E 54) C 55) C 56) C 57) E

58) C 59) C 60) C 61) E 62) E

63) E 64) E 65) E 66) C 67) E

68) E 69) C 70) E 71) E 72) E

73) C 74) A

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDRINO, Marcel; PAULO, Vicente. Direito Constitucional, 2009. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2009. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 2009. MORAES, Alexandre. Direito Constitucional, 2010. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 2010.