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Materiais Estruturais PROF: ANDRE JAQUES

AULA 04-09

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materiais da construção

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Materiais Estruturais

Materiais Estruturais

PROF: ANDRE JAQUESFinalidade das EstruturasA finalidade da estrutura transmitir para o solo as cargas que atuam no edifcio. Essa ao pode ser simplificada atravs de duas aes elementares: puxar e empurrar, ou seja, tracionar e comprimir.Por mais que as cargas sejam numerosas e variadas e a estrutura seja geometricamente complicada, seus elementos so puxados pelas cargas e se esticam, ou so empurrados e se encurtam. Em linguagem estrutural, as cargas tensionam a estrutura, que sofre desgaste sob tenso.Os materiais estruturais sofrem alongamento sob trao e encurtamento sob compresso. Essas deformaes so variveis em funo das propriedades desses materiais e do carregamentoaplicado.

Elasticidade e Plasticidade

A resistncia no a nica propriedade necessria a todos os materiais estruturais. As cargas podem agir sobre uma estrutura de forma permanente, intermitente ou apenas por um breve perodo, mas os elementos estruturais no devem alongar-se e encurtar-se indefinidamente, e as deformaes devem desaparecer quando a ao da carga termina. A primeira condio garante que o material no se estique ou se retraia a ponto de se romper sob a ao das cargas. A segunda assegura que o material e, portanto, a estrutura, retorne forma original quando livre da carga.Sempre que caminhamos sobre uma ponte de madeira notamos que as tbuas cedem, ainda que minimamente, sob nosso peso. Assim que o peso do nosso corpo retirado da tbua, essa volta ao seu estado original.A propriedade elstica de um material relaciona-se com o fato desse material retornar ao estado original aps a retirada de um carregamento.

Elasticidade

a capacidade de voltar forma original aps sucessivos ciclosde carga e descarga. A deformao elstica reversvel, ou seja,desaparece quando a tenso removida. Todos os materiais estruturais comportam-se com elasticidade se as cargas forem mantidas dentro de valores limitados especficos. Quando as cargas ultrapassarem tais valores, os materiais apresentam deformaes maiores, que esto fora de proporo com as cargas. Tais deformaes, que no desaparecem quando as cargas cessam, so chamadas de deformaes permanentes ou residuais. Quando isso acontece, diz-se que o material comporta-se plasticamente. Se as cargas continuam a aumentar depois do aparecimento de comportamento plstico, os materiais logo entram em colapso.

Plasticidade

a propriedade do material de no voltar forma original aps a ao dedeterminada carga e descarga. A deformao plstica no reversvel, ou seja, no desaparece quando a tenso removida. A propriedade plstica til para fins de anlise estrutural. Por exemplo, se carregarmos uma estrutura progressivamente e medirmos as deformaes crescentes, teremos o aviso de que aestrutura corre risco de colapso logo que constatarmos que as deformaes aumentam mais que as cargas. Os materiais que se comportam elasticamente sob cargas relativamente pequenas e plasticamente sob cargas mais altas no atingem o ponto de ruptura de repente. Quando tais materiais param de se comportar elasticamente, prosseguem se deformando sob cargas crescentes at que passam a faz-lo mesmo sem um aumento de carga, ou seja, quando atingem o patamar de escoamento.Os materiais que no sofrem escoamento so chamados de frgeis e no podem ser utilizados em estruturas porque se comportam elasticamente at o ponto de ruptura e rompem-se subitamente, sem nenhum aviso. Essa a razo pelas quais o vidro no pode ser usado em estruturas, embora alguns tipos de vidro apresentem maior resistncia a trao e a compresso que o ao. Portanto resistncia, elasticidade e plasticidade so propriedades necessrias para umcomportamento estrutural adequado.

AO

O ao uma liga metlica, com propriedades especficas, sobretudo de resistncia e de ductilidade, constituda basicamente de ferro e carbono (de 0,002% at 2,00%), obtida pelo refino do ferro gusa, sendo que o refino o processo onde se obtm a reduo dos teores de carbono, silcio e enxofre contidos no ferro gusa.So produzidos aos para a indstria em forma de perfis, chapas, vergalhes e fios.O processo siderrgico o processo para a obteno do ao. Este processo se inicia com a chegada do minrio de ferro na siderrgica at a obteno do produto final (ao).

Material Estrutural

As propriedades mecnicas definem o comportamento dos aos quando sujeitos a esforos mecnicos e correspondem s propriedades que determinam a sua capacidade de resistir e transmitir esforos que lhe so aplicados, sem que rompam ou tenham deformaes excessivas.Os tratamentos trmicos dos aos so feitos por alteraes da velocidade de esfriamento e da temperatura de aquecimento, ou da queda de temperatura na qual so esfriados os materiais.O ao utilizado em estruturas principalmente para suprir a baixa resistncia trao apresentada pelo concreto. No entanto, como o ao resiste bem tanto a trao quanto compresso, poder absorver esforos tambm em regies comprimidas do concreto. Os aos para concreto armado so fornecidos sob a forma de barras e fios de seo circular, com propriedades e dimenses padronizadas por norma.O ao sofre um processo de fadiga quando submetido sucessivamente trao e compresso e esse ciclo repetido vrias vezes. Fazemos uso de tal fenmeno para quebrar um fio de arame, aodobr-lo para frente e para trs vrias vezes.

CONCRETO ARMADO

Combinando a resistncia compresso do concreto e a resistncia trao do ao, obtemos o material estrutural chamado de concreto armado. Entre suas caractersticas, podemos destacar o fato de o concreto armado poder ser moldado facilmente atravs de formas adequadas, disponvel a relativo baixo custo e a prova de fogo.Esquematicamente pode-se indicar que a pasta o cimento misturado com a gua, a argamassa a pasta misturada com a areia, e o concreto a argamassa misturada com a pedra ou brita, tambm chamado concreto simples (concreto sem armaduras).

Material Estrutural

Concreto armado = concreto simples (pasta + agregados) + armadura + aderncia.

O trabalho conjunto do concreto e do ao possvel porque os coeficientes de dilatao trmica dos dois materiais so praticamente iguais. Outro aspecto positivo que o concreto protege o ao da oxidao (corroso), garantindo a durabilidade do conjunto. Porm, a proteo da armadura contra acorroso s garantida com a existncia de uma espessura de concreto entre a barra de ao e a superfcie externa da pea (denominado cobrimento), entre outros fatores tambm importantesrelativos durabilidade, como a qualidade do concreto, por exemplo.

MADEIRA

A madeira tem resistncias diferentes trao e compresso e, alm disso, se comporta de diferentes maneiras conforme submetida a foras na direo do veio ou em ngulo reto em relao a ele. Para superar essa peculiaridade, lminas de madeira com fibras orientadas em direes diferentes podem ser aderidas com colas plsticas, formando o compensado laminado, que temaproximadamente as mesmas propriedades de resistncia me todas as direes. A madeira um dos poucos materiais naturais com alta resistncia trao e foi usada no decorrer da histria em vigas e outros elementos submetidos a foras de trao. Entretanto, a madeira queima a temperaturas baixas e deve receber tratamento contra o fogo, embora tal tratamento diminua a sua resistncia.

Material Estrutural

Cimento PortlandANDRE JAQUESOrigem histricaO surgimento do cimento se evidencia no tempo das pirmides do Antigo Egito, onde a preocupao em construir as magnficas obras fez os egpcios desenvolverem um tipo de cimento fabricado pela mistura de um gesso calcinado.

Nas construes romanas, como no Panteo de Agripa e o Coliseu, foi criado um tipo de cimento mais sofisticado. Foi desenvolvido uma argamassa que continha areia, pedaos de telhas, calcrio calcinado e cinzas vulcnicas.13Origem histricaPor meados do sculo XVIII, o engenheiro britnico John Smeaton, foi designado a produzir um cimento capaz de resistir a ao da eroso da gua do mar. Assim com o emprego de cinza vulcnica originaria da Itlia, John conseguiu fabricar um cimento de excelente qualidade, que foi empregado na construo do Farol de Eddystone, edificao essa que resistiu a mais de um sculo em perfeito estado.James Parker, tambm britnico, criou um novo tipo de cimento por volta do ano de 1796, atravs da calcinao de ndulos de calcrio impuro contendo argila (cimento romano).

14Origem histricaO chamado Cimento Portland foi criado no ano de 1824, quando Joseph Aspdin queimou em um forno de alvenaria em forma de garrafa pedras calcrias e argila. Ao observar seu experimento, Joseph percebeu que aps sua secagem, a mistura tornava-se to dura quanto as pedras que deram origem ao p fino. Assim Joseph no mesmo ano patenteia sua criao com o nome de cimento Portland. Esse nome se deve a semelhana da cor, durabilidade e solidez das rochas da ilha britnica de Portland.15definioO cimento Portland o produto obtido pela pulverizao do clnquer, constitudo essencialmente de silicatos hidrulicos de clcio, com uma certa proporo de sulfato de clcio natural.O cimento Portland um p fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ao da gua. Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido ao da gua, o cimento Portland no se decompe mais.16CONSTITUINTESO cimento Portland composto de clnquer e de adies. O clnquer o principal componente e est presente em todos os tipos de cimento Portland. As adies podem variar de um tipo de cimento para outro e so principalmente elas que definem os diferentes tipos de cimento.Os constituintes fundamentais do cimento Portland so a cal (CaO), a slica (SiO2), a alumina (Al2O3), o xido de ferro (Fe2O3), magnsia (MgO) e pequena porcentagem de anidrito sulfrico (SO3).17CONSTITUINTESCal, slica, alumina e xido de ferro so os componentes essenciais do cimento Portland e constituem cerca de 95 a 96% do total na anlise de xidos.

A mistura das matrias-primas que contenha, em propores convenientes, estes constituintes finamente pulverizada e homogeneizada submetida a ao do calor at a temperatura de fuso incipiente, que resulta na obteno do clnquer. Nesse processo ocorrem combinaes qumicas que conduzem formao dos seguintes compostos:18CONSTITUINTESSilicato Triclcico (3CaO SiO2 = C3S);

Silicato Biclcico (2CaO SiO2 = C2S);

Aluminato Triclcico (3CaO Al2O3 = C3A);

Ferro Aluminato Tetraclcico ( 4CaO Al2O3 FeO3 = C4AFe)19CONSTITUINTESO silicato triclcico o maior responsvel pela resistncia em todas as idades, especialmente at o fim do primeiro ms de cura;O silicato biclcico adquire maior importncia no processo de endurecimento em idades mais avanadas;O aluminato triclcico tambm contribui para a resistncia, principalmente no primeiro dia.O ferro aluminato tetraclcio em nada contribui para a resistncia20Propriedades fsicasAs propriedades fsicas do cimento Portland so consideradas sob 3 aspectos distintos:

do produto em sua condio natural em p;

da mistura de cimento e gua e propores convenientes de pasta;

da mistura da pasta com agregado padronizado.

21Propriedades fsicasDensidade: a densidade absoluta do cimento usualmente considerada 3,15. A densidade aparente de 1,50.

Na pasta de cimento a densidade um valor varivel com o tempo, aumentando medida que progride o processo de hidratao. Este fenmeno chamado de retrao e ocorre nas pastas, argamassas e concretos.22Propriedades fsicasFinura: uma noo relacionada com o tamanho dos gros. definida de duas maneiras: pelo tamanho mximo do gro e pelo valor da superfcie especfica.

A superfcie especfica do produto o fator que governa a velocidade da reao de hidratao e tem tambm influncia nas qualidades de pasta, das argamassas e dos concretos23Propriedades fsicasTempo de pega: o fenmeno da pega do cimento compreende a evoluo das propriedades mecnicas da pasta no incio do processo de endurecimento. um fenmeno artificialmente definido como o momento em que a pasta adquire certa consistncia que a torna imprpria para o uso.No processo de hidratao, os gros de cimento que inicialmente estavam em suspenso se aglutinam paulatinamente uns aos outros atravs do efeito de floculao, construindo um esqueleto slido responsvel pela estabilidade da estrutura geral24Propriedades fsicasA caracterizao da pega do cimento feita pela determinao de dois tempos distintos: o tempo de incio e o tempo de fim de pega.O ensaio para determinao do tempo de pega do cimento feito com pasta de cimento, de consistncia normal, e geralmente com o aparelho de Vicat. Nesse aparelho mede-se a resistncia penetrao de uma agulha na pasta de cimento.Em canteiro pode-se fazer o ensaio para determinar o tempo de pega de forma grosseira. Devem ser elaboradas uma srie de pequenas bolas de pasta e, posteriormente, esmag-las com os dedos. Quando o esmagamento deixa de ser plstico, tm-se o incio da pega. Quando as bolas se esfarinham, tm-se o fim da pega.25Propriedades fsicasResistncia: A resistncia mecnica dos cimentos determinada pela ruptura compresso de corpos de prova realizados com argamassa. No Brasil, o corpo de prova um cilindro de 10 cm de altura e 5 cm de dimetro. Os corpos de prova aps executados so conservados em cmara mida por 24 horas, e a seguir imersos em gua at a data do rompimento, geralmente executado no 1, 3, 7 e 28 dias.A NBR 5732 exige aos 3 dias de idade, resistncia mnima de 8 Mpa, aos 7 dias 15 Mpa e aos 28 dias 25 MPa26Propriedades fsicasExsudao: A exsudao um fenmeno de segregao que ocorre nas pastas de cimento. Os gros de cimento, sendo mais pesados que a gua que os envolve, so forados, por gravidade a sedimentao. Resulta dessa tendncia um afloramento do excesso de gua, expulso das pores inferiores. Este fenmeno ocorre antes do incio da pega.27Propriedades QUMICASEstabilidade: uma caracterstica ligada ocorrncia eventual de expanses volumtricas aps o endurecimento do concreto. Resulta da hidratao da cal livre, que ao se hidratar aps o endurecimento aumenta de volume provocando a microfissurao interna, podendo causar a desagregao do material.Para determinao da estabilidade do cimento faz-se ensaios de expanso em autoclave, onde a pasta de cimento submetida a um processo de endurecimento acelerado em elevada temperatura, forando o aparecimento da expanso resultante pela hidratao da cal livre. (NBR-7215)28Propriedades qumicasCalor de hidratao: durante o processo de endurecimento do cimento, considervel quantidade de calor se desenvolve nas reaes de hidratao. O desenvolvimento de calor varia com a composio do cimento, especialmente com as propores de silicato e aluminato triclcicos.

O calor de hidratao do cimento Portland varia entre 85 e 100 cal/g, reduzindo-se a ordem de 60 a 80 cal/g nos cimentos de baixo calor de hidratao.29classificaoEm cada pas, a indstria produz os cimentos padronizados pelo organismo normalizador nacional. No Brasil so produzidos vrios tipos de cimento oficialmente normalizados. So conhecidos como cimento Portland comum, modificado, de alta resistncia inicial, de baixo calor de hidratao e resistente a sulfatos.

Fabrica-se tambm no Brasil o cimento Portland branco, no estrutural.30classificao

31classificaoO cimento tipo 1 o cimento Portland comum utilizado nos trabalhos gerais de construo;O cimento tipo 2 conhecido como modificado ou composto um cimento de moderado calor de hidratao;O cimento tipo 3 o cimento de alta resistncia inicial, por possuir maior quantidade de silicato triclcico e maior finura;O cimento tipo 4 um cimento de calor de hidratao muito baixo, destinado ao emprego em construes volumosas;O cimento tipo 5 o cimento destinado ao emprego em obras onde a resistncia a guas sulfatadas importante.32FABRICAOO cimento Portland atualmente produzido em instalaes industriais de grande porte, localizadas prximas as jazidas e aos centros consumidores.A fabricao do cimento Portland comporta seis operaes principais:Extrao da matria prima;Britagem;Moedura e mistura;Queima;Moedura do clnquer;Expedio.33FABRICAOAps extrada a matria prima, quando rochosa, submetida britagem para reduo do tamanho dos gros. Aps o processo de britagem, os materiais so encaminhados para depsitos apropriados, onde so encaminhados para a linha de produo que pode ser por via seca ou via mida.No processo por via seca a matria conduzida a uma estufa, onde convenientemente secada. Aps este processo os materiais argilosos e calcrios so conduzidos aos moinhos e silos, onde so reduzidos a gros de pequenos tamanhos em mistura homognea, ficando armazenadas nos silos aguardando a queima.34FABRICAONo processo por via mida, a argila misturada com gua, formando uma lama espessa. Em seguida o calcrio britado adicionado a mistura, que conduzida ao moinho. A lama resultante, aps a moedura do calcrio, conduzida aos silos de homogeneizao, onde so feitas eventuais correes qumicas. Posteriormente a mistura levada ao silos de armazenamento de cru.Nesse estgio, os dois processos novamente se encontram, procedendo para alimentao do forno.35FABRICAOA mistura encaminhada ao forno, onde fica por cerca de 3 a 4 horas em processo de queima. O material resultante chamado de clnquer, e sai do forno em elevada temperatura, sofrendo processo de resfriamento mediante corrente de ar ou por ao de gua;O clnquer resfriado encaminhado para depsitos apropriados e posteriormente para moagem;O clnquer entra no moinho com a parcela de gipsita natural dosada;36FABRICAOO clnquer pulverizado conduzido para os separadores de ar, um ciclone que reconduz ao moinho os gros de tamanho grande e dirige os de menor tamanho, o cimento propriamente dito, para os silos de estocagem;O produto acabado ento ensacado automaticamente em sacos de papel ou encaminhado a granel para os veculos de transporte.A produo anual de cimento no mundo alcana 300.000.000 de toneladas, e no Brasil da ordem de 5.000.000 de toneladas.37