Aula 04 LEGISLAÇÃO ADUANEIRA – RFB/2012PROFESSORES: LUIZ MISSAGIA E RODRIGO LUZ

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    AULA 04

    (PONTO 9 DO PROGRAMA DE AFRFB/2012)

    (PONTO 9 DO PROGRAMA DE ATRFB/2012)

    SUMRIO DA AULA

    SISCOMEX ........................................................................................................................................ 3HABILITAO NO SISCOMEX ................................................................................................... 7IMPORTAO POR CONTA E ORDEM E POR ENCOMENDA............................................ 8DESPACHO ADUANEIRO............................................................................................................ 10DESPACHO DE IMPORTAO.................................................................................................. 11Disposies Gerais ............................................................................................................................ 11Locais de Realizao do Despacho ................................................................................................. 14Modalidades de Despacho ............................................................................................................... 15Espcies de Declarao de Importao .......................................................................................... 18Etapas do Despacho de Importao ............................................................................................... 21Incio do Despacho ........................................................................................................................... 21Controles Prvios ao Registro da DI .............................................................................................. 22Verificao da Mercadoria pelo Importador ................................................................................ 24Documentos de Instruo do Despacho ......................................................................................... 25Desembarao Aduaneiro ................................................................................................................. 43Cancelamento da Declarao de Importao ................................................................................ 45Despacho de Importao - DI ......................................................................................................... 47ATIVIDADES RELACIONADAS AOS SERVIOS ADUANEIROS ...................................... 48REVISO ADUANEIRA................................................................................................................ 54LANAMENTO DOS IMPOSTOS INCIDENTES NA IMPORTAO ............................... 55

    Ol pessoal.

    Nessa aula trataremos basicamente de Despacho de Importao emais alguns assuntos que giram em torno do despacho. O assunto estcontemplado no Ponto 9 tanto do programa de auditor quanto do programa deanalista do Edital da RFB 2012. O tpico mistura importao com exportao.Dada a peculiaridade e riqueza de detalhes da importao, trataremos delaaqui nessa aula, e na seguinte falaremos de exportao e dos casos especiaisde importao e de exportao previstos na legislao (tpico 9.2.4), OK?

    O edital de analista, no tpico 9.7, pede Siscomex. O de auditor, nomesmo ponto, pede Lanamento dos Impostos Incidentes sobre aImportao. Bom, eu acho muito temerrio para o candidato a auditor

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    estudar despacho sem estudar Siscomex, se a maioria esmagadora dosdespachos so efetuados no Siscomex (?). Para os analistas, eu tambmrecomendaria uma lida no tpico (que pequeno) correspondente ao

    lanamento.......

    Bom, o assunto contempla a regulamentao do comrcio exteriorbrasileiro.

    Assim, para esquentar os motores, e de forma muito resumida,imaginemos uma operao de importao brasileira. Isso quer dizer que umaempresa brasileira pretende adquirir mercadorias de uma empresaestrangeira. Posteriormente, detalharemos o assunto com aprofundamento nalegislao, que afinal o que cai na prova. Mas antes importante que vocs

    entendam o fluxo da operao de importao, para facilitar o estudo dasnormas.

    Preliminarmente, o importador brasileiro necessita estar habilitado aatuar no sistema informatizado de importao e exportao brasileiro, oSiscomex. Essa habilitao solicitada pelo importador, mediante processo,

    junto Receita Federal do Brasil (RFB). Obtida a habilitao, o importadorbrasileiro j pode operar no comrcio exterior.

    Para realizar uma determinada operao de importao, a empresaimportadora entra em contato com o exportador no exterior e negocia preo eforma de pagamento, incluindo a o prazo de entrega e meio de transporte,inclusive definindo-se qual das partes ser responsvel por contratar otransporte. Certamente o importador precisa verificar, junto s autoridadesadministrativas brasileiras, se a mercadoria que deseja importar de livrecirculao no pas e quais as condies e/ou documentos necessrios suaentrada no Brasil. Isso tudo feito por meio de um procedimentoadministrativo denominado licenciamento das importaes, a ser obtido noprprio Siscomex. Trata-se de uma espcie de autorizao para importar.

    O importador tambm precisa verificar a tributao do seu produto, com ofim de avaliar a viabilidade do negcio, uma vez que, alm de pagar pela

    mercadoria ao exportador, cabe ao importador recolher os tributos e demaisgravames incidentes sobre as importaes (II, IPI, PIS, Cofins, ICMS).Realizada essa verificao tributria e administrativa, considerando que oimportador conseguiu obter um licenciamento para sua importao, e queentendeu ser o custo da operao (incluindo os tributos) vivel, este (oimportador) manda vir a mercadoria do exterior para o Brasil.

    Aps a chegada da carga no Brasil, pode o importador optar por solicitar aliberao (desembarao) da mesma junto Alfndega de entrada (porto,aeroporto ou porto de fronteira), ou, alternativamente, enviar a mercadoria aum outro local (previamente autorizado pela RFB), onde ser armazenada e

    conferida. o caso, por exemplo, de um porto seco.

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    Suponha que a mercadoria tenha chegado ao pas por meio de um porto.Neste local, h um fiel depositrio que atesta a chegada da carga ao localde armazenamento, avisando, por meio do Siscomex, que a mercadoria j

    est no porto, sob sua custdia. A aduana (fiscalizao da Receita Federal) e oimportador ficam sabendo disso por meio do sistema. Nesse momento, oimportador j pode apresentar sua declarao de importao (DI) ReceitaFederal do Brasil (RFB), iniciando o que se chama de despacho aduaneirode importao. Tal declarao registrada no Siscomex pelo prprioimportador.

    A Receita Federal, por meio do sistema e dos documentos apresentados,analisa a regularidade da importao. Se houver alguma pendncia nodespacho, a aduana proceder s exigncias cabveis. Estando tudo correto, adeclarao desembaraada e a mercadoria pode ser entregue pelo fiel

    depositrio ao importador.Trata-se de descrio muuuuuuito resumida sobre a sistemtica de uma

    importao brasileira. Entendo que sua compreenso muito importante paraposicionar o aluno em relao a cada um dos temas especficos a seremapresentados, em matria aduaneira.

    .....

    SISCOMEX

    No Brasil, a atividade governamental no comrcio exterior dividida emvrias funes, que se encontram distribudas por diversos rgos. A RFB atuano controle tributrio e aduaneiro; a SECEX, no controle administrativodas importaes e exportaes; o Bacen, no controle cambial (emborarecentemente, esse controle esteja sendo transferido para RFB relativamenteao comrcio exterior). Os rgos anuentes (ANVISA, VIGIAGRO, Exrcito,....) so responsveis pelo deferimento de licenas de importao, quandoforem exigidas.

    Com o objetivo de tornar mais geis as atividades de comrcio exteriorbrasileiro, desde 1992, por meio do Decreto n 660, foi criado o SISCOMEX,

    Sistema Integrado de Comrcio Exterior, que integra as atividades afinsda Secretaria de Comrcio Exterior - SECEX, da Receita Federal do Brasil - RFBe do Banco Central do Brasil - BACEN, no registro, acompanhamento econtrole das diferentes etapas, das operaes de importao e de exportao.

    Com isso, foi adotado um fluxo nico de informaes, tratado pela viainformatizada, que permite a eliminao de diversos documentos utilizadosno processamento das operaes. O acesso ao SISCOMEX IMPORTAO feito por meio de conexo do computador do usurio com o Serpro. Valeressaltar que o Brasil um dos pases que possuem o sistema mais avanadonesse sentido.

    O importador ou exportador registra sua transao no sistema. OSISCOMEX, a partir do registro informatizado dos dados da transao, e das

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    informaes prestadas pelos agentes intervenientes (alm do importador eexportador, atuam transportador e depositrio ), condensa as atividades daRFB, do BACEN, da SECEX, e de outros rgos intervenientes e anuentes no

    sistema, como o Ministrio da Sade ou o Ministrio da Agricultura. OSISCOMEX preserva as funes bsicas dos rgos envolvidos, e elimina acoexistncia de controles paralelos ao adotar fluxo nico de informaes pelavia eletrnica, harmonizando conceitos e uniformizando cdigos enomenclaturas. Trata-se de uma verdadeira revoluo ( poca em que foicriado) na forma de controlar o comrcio exterior.

    O Siscomex dividido em mdulos (partes), de acordo com algumaoperao especfica que se deseja controlar. J esto em operao osseguintes mdulos do sistema.

    Os mdulos do Siscomex que se encontram em operao (at a data dapublicao do edital) so os seguintes:

    - Exportao (desde 1993): condensa o fluxo das exportaes brasileiras

    - MANTRA (desde 1995): Manifesto e Trnsito traz informaesrelativas a armazenamento de cargas em aeroportos alfandegados

    - Importao (desde 1997): controle desde a fase de licenciamento,passando pelo registro da DI, desembarao e retificao.

    - Trnsito (desde 2002): relativo ao regime especial de trnsitoaduaneiro, com exceo do trnsito de exportao, que tratado no

    Siscomex-Exportao.- Internao ZFM (2002): para registro e controle das mercadorias

    sadas da Zona Franca de Manaus para o restante do territrio nacional

    - Carga (desde 2008): onde o transportador martimo deve informar osdados relativos carga que est transportando

    - Drawback Integrado Web (2010): para controle da Secex dasoperaes relativas ao regime especial de drawback, desde a concesso at ocomprovao dos requisitos para encerrar o regime

    - Novo EX / Siscomex-WEB (2010): nova cara para a fase

    administrativa do Siscomex Exportao. A declarao de exportao ainda registrada no antigo Siscomex Exportao.

    Os mdulos mais recentes foram implementados por meio de acesso viainternet, no havendo necessidade de instalao de programa especfico nocomputador do usurio.

    Os rgos gestores do sistema so:

    - RFB (funo aduaneira) controle de entrada e sada de bens no pas

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    - BACEN (funo cambial, embora essa atividade venha sendo transferidapara a RFB amparada por normas recentes)

    - SECEX (funo administrativa)

    Pelo Decreto 660/92, continua o Bacen previsto como rgo gestor doSiscomex. Porm, o que ocorre que, na prtica, o Bacen no tem maisopinado no Siscomex.

    Vejam o que diz o Decreto 660/92 (grifos nossos), que instituiu oSiscomex:

    Art. 1 Fica institudo o Sistema Integrado de Comrcio Exterior - SISCOMEX.

    Art. 2 O SISCOMEX o instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento econtrole das operaes de comrcio exterior, mediante fluxo nico, computadorizado, de informaes.

    Art. 3 O Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento constituir uma comisso para administrar oSISCOMEX, composta por um representante do Departamento de Comrcio Exterior da Secretaria Nacional deEconomia, um do Departamento da Receita Federal da Secretaria da Fazenda Nacional, e um do Banco Centraldo Brasil.

    1 A escolha dos membros da comisso ter carter institucional e dever guardar estrita correlao com asmatrias instrumentadas pelo SISCOMEX.

    2 A presidncia da comisso ser exercida por um dos seus membros, em regime de rodzio anual.

    Art. 4 As disposies dos atos legais, regulamentares e administrativos que alterem, complementem ouproduzam efeitos sobre a legislao de comrcio exterior vigente, devero ser implementadas, no SISCOMEX,

    concomitantemente com a entrada em vigor desses atos.

    .....

    Concluindo, o que recomendamos para efeito de estudo que semantenha o Bacen como rgo gestor do Siscomex, em matria cambial,restando claro, porm, que em um futuro no muito distante, a transfernciado controle cambial para a RFB deve constar mais explicitamente em normaslegais ou infralegais.

    .....

    Podemos sintetizar a utilizao do Siscomex por meio do esquema aseguir:

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    Os rgos anuentes so todos aqueles que possuem competncia paradeferir ou indeferir (autorizar ou no) determinadas importaes ouexportaes, como, por exemplo, o Ministrio da Agricultura, para as

    importaes de plantas; o Ministrio da Sade (Anvisa) para a importao deremdios; o Ministrio da Defesa Comando do Exrcito - para a importaode munies; a prpria SECEX, para as importaes sujeitas a cotas.

    Esses rgos anuentes intervm no sistema quando se trata demercadoria sujeita a seu controle. Por exemplo: uma importao de perfumesnecessita de licenciamento, autorizao para importar. Quem dita as regrasgerais sobre licenciamento de mercadorias na importao? A SECEX. Qual orgo anuente que deve licenciar especificamente uma importao deperfumes? A ANVISA. Ento, o importador cadastra no sistema a solicitao delicenciamento para a importao de sua carga de perfumes. Umfuncionrio da ANVISA tem que informar, no Siscomex, se defere ou seindefere o licenciamento daquela importao. Somente aps esse deferimento,o importador pode registrar sua declarao de importao (DI), que seranalisada pela Receita Federal.

    No mdulo Siscomex Importao, as importaes podem estardispensadas de licenciamento ou no. A regra geral a dispensa delicenciamento. Quando h exigncia de licenciamento, o importador registrauma ou mais LI (licenas de importao) no sistema, que sero analisadaspelo rgo anuente. Aps o deferimento da LI, o importador j pode vincul-la

    a uma declarao de importao (DI). Se a LI for indeferida, o importador nopoder registrar declarao para a respectiva carga. Se a mercadoria noexigir licenciamento, o importador registra diretamente a DI no sistema. Aps

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    o registro da DI, a mesma ser submetida a despacho aduaneiro para anlisepela Receita Federal, visando ao seu desembarao.

    J no mdulo Siscomex Exportao, o exportador registra um ou mais RE

    (Registros de Exportao) que sero ou no deferidos pela SECEX, paraposterior vinculao a uma DE (Declarao de Exportao) no sistema.

    HABILITAO NO SISCOMEX

    Para que uma empresa inicie suas operaes de importao e exportao, necessrio requerer junto RFB uma habilitao para operar no Siscomex.Essa habilitao obrigatria para importadores, exportadores e

    credenciamento de representantes, que pretendam realizar operaes decomrcio exterior, j que, como regra, o processamento das operaes deimportao e de exportao (despacho aduaneiro) ocorre no SistemaIntegrado de Comrcio Exterior (Siscomex). Por meio desse procedimento, oagente interveniente consegue utilizar, por meio de senha, o Siscomex em seucomputador. Esse procedimento de habilitao visa evitar a atuao deempresas inidneas no comrcio exterior.

    A ideia cortar o mal pela raiz. Pra que deixar a empresa fraudulentaregistrando DI se ela s faz trambique? Pra dar mais trabalho para osauditores do despacho? Ento no vamos nem habilit-la!

    Os procedimentos para deferir ou indeferir a habilitao esto previstos naIN/SRF 650/2006, onde consta que sero aferidas a capacidadeoperacional e financeira da empresa e empresarial dos scios, deacordo com o tipo de operao do interveniente. Para averiguar essacapacidade, a RFB solicita documentos como cpia do Balano Patrimonial,contrato social da empresa e estimativa de operaes de importao e deexportao.

    Muito resumidamente, a habilitao pode ser:

    Ordinria - para as pessoas jurdicas que atuem habitualmente no

    comrcio exteriorSimplificada - para as pessoas fsicas, as empresas pblicas ou

    sociedades de economia mista, as entidades sem fins lucrativos e, tambm,para as pessoas jurdicas que se enquadrarem em determinadas situaesespeciais (ex: atue no comrcio exterior em operaes de pequena monta)

    Especial - para rgo da administrao pblica direta, autarquia efundao pblica, rgo pblico autnomo, organismo internacional e outrasinstituies extraterritoriais

    Restrita - para pessoa fsica ou jurdica que tenha operado anteriormente

    no comrcio exterior, exclusivamente para a realizao de consulta ouretificao de declarao

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    A legislao prev casos de dispensa de habilitao, como porexemplo, para realizao de operaes de importao ou de exportao semregistro no Siscomex ou bagagem desacompanhada. Tambm esto

    dispensados do procedimento de habilitao o depositrio, o agente martimo,a empresa de transporte expresso internacional, a ECT (Correios), otransportador, o consolidador e o desconsolidador de carga, bem como outrosintervenientes, quando realizarem, no Siscomex, operaes relativas sua atividade-fim.

    Autorizada a empresa a operar no comrcio exterior, a RFB cadastra amesma e efetua a habilitao do seu responsvel legal (dirigente, diretor,scio-gerente). Esta pessoa fsica habilitada credencia os representantes daempresa (prepostos ou despachantes aduaneiros) diretamente no Siscomex.

    IMPORTAO POR CONTA E ORDEM E POR ENCOMENDA

    A empresa que desejar trazer mercadorias do exterior para si pode elamesma providenciar os trmites burocrticos da importao ou terceirizar oservio. Quando no h terceirizao, diz-se que a operao de importao por conta prpria. Porm, para realizar tal servio (de importao ou deexportao), a empresa dever possuir um setor de comrcio exterior, commo-de-obra especializada e treinamento. Vocs esto percebendo como essalegislao especfica. Por isso pode no valer a pena para a empresa fazer aimportao por conta prpria. E mais! O erro nesse tipo de operao podecustar caro s empresas ineficientes. Assim, por questes operacionais,logsticas, financeiras, tributrias ou por outras razes, pode a empresacontratar um servio especializado (terceirizado)para realizar as atividadesde comrcio exterior de seu interesse.

    Nesse caso, a legislao prev as hipteses de importao por conta eordem e de importao por encomenda. Em ambos os casos, as empresasdevem observar o tratamento tributrio especfico, inclusive relativo ao fiscoestadual. Na importao por conta e ordem, o contratante do servio

    conhecido como adquirente, e na importao por encomenda, ocontratante conhecido como encomendante. Nesse ltimo caso, oimportador contratado revende a mercadoria ao encomendante.

    Na importao por conta e ordem (IN/SRF 225/2002), uma empresa a adquirente , interessada em uma determinada mercadoria, contrata umaprestadora de servios a importadora por conta e ordem para que esta,utilizando os recursos originrios da contratante, providencie, entreoutros, o despacho de importao da mercadoria em nome da empresaadquirente. Assim, o despacho ter como importador o prestador de servio(mandatrio do adquirente) e como adquirente (importador de fato) a

    empresa que o contratou.

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    Vejam. a adquirente que contrata a compra internacional e dispe decapacidade econmica para o pagamento, pela via cambial, da importao.Mas cuidado! Diferentemente do que ocorre na importao por encomenda,

    a operao cambial para pagamento de uma importao por conta e ordempode ser realizada em nome da importadora ou da adquirente.

    Pode ser que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos aofornecedor estrangeiro. Mesmo assim, no se caracteriza uma operao porsua conta prpria, mas sim, entre o exportador estrangeiro e a empresaadquirente, pois dela se originam os recursos financeiros.

    Na importao por encomenda (IN/SRF 634/2006), uma empresa(encomendante predeterminada), que desejar comprar determinadamercadoria no exterior, contrata uma outra empresa a importadora paraque esta, com seus prprios recursos (da importadora), providencie aimportao dessa mercadoria e a revenda posteriormente para a empresaencomendante. Como o importador quem compra a mercadoria doexportador estrangeiro, ele (importador) e o encomendante devem possuircapacidade econmica para realizar essa operao. No se consideraimportao por encomenda a operao realizada com recursos doencomendante, ainda que parcialmente

    Cabe ressaltar que tanto a empresa encomendante como a adquirentedevem ser habilitadas no Siscomex como tais. Certamente que a importadoratambm deve estar habilitada.

    Modalidades deImportao

    Por conta prpria- a PJ que compra do exportador registraa DI no Siscomex e faz toda a operao

    Por conta e ordem- um adquirente (importador de fato)contrata um prestador de servios(importador na DI)- o adquirente deve possuir capacidadeeconmica para a operao- no h uma de operao de venda damercadoria do importador para oadquirente- o importador mero consignatrio damercadoria de terceiro (adquirente)

    Por encomenda

    - o encomendante contrata uma empresa(importador) para realizar a importao,

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    com recursos prprios do importador- o importador revende a mercadoria aoencomendante

    - ambos devem possuir capacidadeeconmica para realizar a operao

    DESPACHO ADUANEIRO

    Antes de entrarmos na aula em si, cabe ressaltar que o assuntoDespacho Aduaneiro foi contemplado nos editais de auditor e de analista nasmodalidades de importao e de exportao conjuntamente no tpico 9. Porquestes didticas, trataremos de importao e de exportaoseparadamente, um em cada aula.

    Mas o que despacho aduaneiro? A atividade aduaneira dos pases,dependendo da poltica externa de cada um e de suas estruturas poltico-administrativas, pode estar atrelada no somente arrecadao, comotambm regulao econmica e a proteo da sociedade. Considerando osacordos comerciais vigentes e a tendncia queda das barreiras tarifrias, aadministrao aduaneira passa, cada vez mais, a assumir outros papis, alm

    da funo arrecadatria, como defesa da concorrncia e proteo sociedade.Como assim proteo sociedade? E o trfico de drogas? A droga no entrae sai do pas e a aduana no est ali para verificar tudo o que entra e sai? E oque o despacho tem a ver com isso tudo?

    Quando um importador quer trazer uma mercadoria do exterior para oBrasil, ou quando o exportador quer remeter uma mercadoria para fora doPas, os interessados no podem fazer isso sem controle algum, no mesmo?Alis, toda essa matria de legislao que estamos estudando gira em tornodo controle aduaneiro que o governo (no caso especfico a Receita Federal)faz em cima de mercadorias que entram ou saem do Pas.

    Pois . Ento, para fazer a coisa de forma regular, h necessidade de umprocedimento previsto em norma, uma burocracia, diriam alguns, necessriopara liberar (autorizar) a operao pretendida de importao ou deexportao. Enfim, o despacho a sequncia de atos onde a operao (deimportao ou de exportao) apresentada pelo interessado (importador ouexportador) autoridade aduaneira, que ento verificar se os documentos ea mercadoria apresentada esto de acordo com a legislao especfica. Nessesentido, v-se que o despacho aduaneiro exerce papel fundamental nocontrole aduaneiro, que no se limita a verificao do recolhimento detributos nas transaes com o exterior, atuando tambm em prol da proteo

    da sociedade, da defesa da concorrncia e da competitividade da atividadeempresarial. A ideia que, com o trabalho de fiscalizao aduaneira

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    combatendo os ilcitos no comrcio exterior, o governo impea (ou ataque) asempresas que procuram se beneficiar indevidamente nas operaes deimportao ou de exportao, no s declarando imposto a menor, mas

    tambm importando mercadoria falsificada, ou remetendo divisas ilegalmentepara o exterior. o carter extrafiscal do controle aduaneiro.

    O despacho processado com base em declarao apresentada pelointeressado (importador ou exportador), sendo na maioria dos casosregistrado no Siscomex.

    DESPACHO DE IMPORTAO

    Disposies Gerais

    Os dispositivos sobre o despacho de importao esto previstos noRegulamento Aduaneiro RA (Decreto 6.759/2009), e mais especificamente,na Instruo Normativa RFB 680/2006. Quando nos referirmos a um artigonessa aula genericamente, estaremos falando do Regulamento Aduaneiro.

    Conforme o art. 542 do RA, Despacho de importao oprocedimento mediante o qual verificada a exatido dos dadosdeclarados pelo importador em relao mercadoria importada, aosdocumentos apresentados e legislao especfica.

    Mas afinal, quais as mercadorias que devem ser submetidas a despachode importao? A resposta , como regra geral: TODAS as procedentes doexterior.

    Veja o que diz o artigo 543 do RA: Toda mercadoria procedente doexterior, importada a ttulo definitivo ou no, sujeita ou no aopagamento do imposto de importao, dever ser submetida a despachode importao, que ser realizado com base em declarao apresentada unidade aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria.

    Vejamos alguns pontos desse artigo em relao mercadoria que deveser submetida a despacho.

    - Importada a ttulo definitivo ou no: uma mercadoria pode serimportada para consumo no pas, situao na qual a mercadoria serincorporada economia nacional (nacionalizada). Trata-se de importaodefinitiva. o caso, por exemplo, de mercadoria adquirida para revenda oupara uso da empresa. O despacho de importao obrigatrio. Por outro lado,temos o caso, por exemplo, de uma importao onde a mercadoria vem aoPas para participao em evento esportivo, devendo retornar ao exterior apso evento. o caso de regime especial de uma admisso temporria (a servisto em aula prpria). Trata-se de importao no definitiva, mas odespacho de importao obrigatrio da mesma forma. Aparelhos eequipamentos importados que venham ao pas para as Olimpadas de 2016,

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    apenas para participar do evento, retornando em seguida, devero sersubmetidos a despacho na entrada (importao a ttulo no definitivo).

    - sujeita ou no ao pagamento do imposto de importao: em um

    primeiro momento, poderia se pensar que, se no paga imposto, estdispensada de despacho. Mas o pensamento deve ser exatamente o oposto!Se no h imposto a pagar, da mesma forma a mercadoria deve sersubmetida a despacho, at para que a autoridade possa verificar se todas ascondies foram cumpridas para o no pagamento do tributo.

    Sero submetidas a despacho de importao ainda mercadorias que, apsterem sido submetidas a despacho de exportao, retornem ao Pas oupermaneam no Pas em carter definitivo ou temporrio (IN/SRF680/2006, art 1, 1). Como assim? As mercadorias nacionais que foremexportadas e sarem do Pas, ao retornarem, tero de ser submetidas adespacho. At a nenhuma novidade, j que toda mercadoria procedente doexterior tem que ser submetida a despacho de importao. Alis, mesmo quea exportao tenha sido temporria (ex: mercadoria enviada ao exteriorpara conserto), no seu retorno, que conhecido como reimportao (retornoao Pas de mercadoria exportada a ttulo no definitivo), ter de ser submetidaa despacho de importao.

    O segundo caso acima bem interessante. Uma mercadoria pode serexportada, mas no sair fisicamente do Pas. Trata-se de procedimentoprevisto pela legislao (art. 233 do RA) e conhecido como exportao sem

    sada do territrio aduaneiro. Cuidado para no confundir com exportaofictcia, que caracterizaria uma fraude no comrcio exterior. Bom, amercadoria exportada legalmente que no saiu fisicamente do Pas pode vir aser posteriormente importada, mesmo que em carter no definitivo. E nessecaso, ter de ser submetida a despacho de importao, sem que tenha sadodo Pas.

    Submetem-se ainda a despacho de importao:

    - mercadorias que tenham sido exportadas e retornem ao Pas porfatores alheios vontade do exportador, como: enviadas ao exterior eno vendidas no prazo; devolvidas por defeito tcnico; por motivo de guerra

    ou de modificao na sistemtica de importao no Pas importador (incisos Ia V do art. 70 do RA). Assim, por exemplo, uma mercadoria foi vendida aoexterior, embarcou e foi concluda a exportao. Se por motivos alheios vontade do exportador essa mercadoria retorne ao Pas, tambm ter de sersubmetida a despacho de importao, OK?

    - Mercadorias de origem estrangeira que venham a ser submetidasa outro regime aduaneiro especial ou despachadas para consumo(IN/SRF 680/2006, art 1, 2). Ora, a mercadoria que ingressar no Pas paraparticipar de uma feira, por exemplo, ser submetida a despacho deimportao para admisso temporria na entrada, certo? Posteriormente, essamercadoria pode vir a ser transferida para outro regime especial (ex:entreposto aduaneiro na importao) ou nacionalizada (despacho para

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    consumo). O que a norma est dizendo que, em ambos os casos, ter de sersubmetida a (novo) despacho. Perceberam? A mesma mercadoria foisubmetida a um despacho quando ingressou no Pas (admisso temporria) e

    posteriormente a um novo despacho (para consumo ou para admisso emoutro regime) quando j se encontrava em territrio nacional.

    Afinal de contas, quando que no h despacho de importao? Vejam aexceo:

    Fica dispensada de despacho de importao a entrada, no Pas, demala diplomtica.

    O que isso? Mala diplomtica o volume que contem to-somentedocumentos diplomticos e objetos destinados a uso oficial. Ela deveconter sinais exteriores visveis que indiquem seu carter e ser entregue

    a pessoa formalmente credenciada pela Misso Diplomtica, conhecidacomo correio diplomtico.

    A mala consular, da mesma forma, tambm est dispensada dedespacho.

    Por favor, no confundam a mala diplomtica com a mala dodiplomata!!! A mala diplomtica a que contm documentos oficiais, e deveestar identificada externamente como tal. A mala do diplomata (olha o duplosentido a) seria a bagagem do diplomata, que tambm tem tratamentoespecial, mas no est dispensada formalmente de despacho. Diz o art. 567do RA que a bagagem dos integrantes das misses diplomticas econsulares de carter permanente no est sujeita a verificao, salvo seexistirem fundadas razes para se supor que contenha bens de importao

    proibida ou destinados a uso diverso do previsto nas respectivas Convenesde Viena sobre Relaes Diplomticas e Consulares.

    Ento, como regra, todas as importaes esto sujeitas a despacho, comexceo da mala diplomtica e consular.

    E tambm como regra, os despachos devem ser registrados no Siscomex,com excees. Uma delas o despacho de urna funerria (sim, isso temque estar previsto). O despacho de importao de urna funerria ser

    realizado em carter prioritrio e mediante rito sumrio, logo aps a suadescarga, com base no respectivo conhecimento de carga (veremos esseconceito adiante) ou em documento de efeito equivalente, ou seja, hdespacho de importao, mas no com base em declarao de importao,mas apenas com base no conhecimento de carga e manifestao daautoridade sanitria. Mas ateno, uma importao de caixes para revendano ser realizada em carter prioritrio coisa nenhuma! Para que o despachoda urna seja realizado em carter prioritrio, rito sumrio, e com base emconhecimento de carga, e necessrio que a urna contenha restos mortais.

    O despacho de importao ser processado, como regra, no

    Siscomex. Mas h excees, conforme a natureza da mercadoria ou daoperao, bem como a qualidade do importador, situaes especiais onde o

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    despacho pode ser simplificado, com ou sem registro no sistema. Veremosas espcies de declarao, com ou sem registro no Siscomex.

    Despacho deImportao

    Obrigatrio para mercadoria queproceda do exterior e ingresse noPas, incluindo:- importao definitiva ou no- com ou sem pagamento do II- exportada e que retorne ao Pas- exportada sem sair do Pas e que venhaa ser importada

    - reimportada- transferida de um regime aduaneiroespecial para outro- despachada para consumo apsadmisso prvia em regime especial

    No confunda!

    Regra Geral = Despacho de importaoobrigatrio para mercadoriasprocedentes do exteriorDispensa de despacho: maladiplomtica e consular--------------------------------------------Regra Geral = Despacho no SiscomexUma das excees: urna funerria(com base em conhecimento de carga,em carter prioritrio e rito sumrio)

    Locais de Realizao do Despacho

    O despacho de importao poder ser efetuado em zona primriaou em zona secundria. Creio que os conceitos de zona primria e zonasecundria foram vistos em aula prpria. Assim, uma carga trazida do exteriorpara o Rio de Janeiro pode ter o seu despacho realizado no prprio Porto doRio de Janeiro. Nesse caso, o despacho seria realizado junto a uma equipe daReceita Federal que jurisdicione o Porto do Rio, na zona primria.

    Se o importador preferir, pode levar sua carga para o Porto Seco de SoCristvo, por exemplo (tambm j viram esse conceito na aula inaugural,

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    certo?) e l apresent-la para despacho. Nesse caso, o despacho ocorrer emzona secundria. E ser acompanhado por uma equipe da Receita Federalque jurisdicione o Porto Seco.

    Modalidades de Despacho

    Conforme o art 2 da IN/SRF 680/2006, o despacho de importaocompreende duas modalidades bsicas:

    I) Despacho para Consumo: quando as mercadorias ingressadas noPas forem destinadas a uso no pas. Esse uso pode serconsiderado como consumo prprio, revenda ou mesmo destinaopara produo, como insumos, matrias-primas, bens de produo eprodutos intermedirios. A mercadoria despachada para consumoser ento nacionalizada (importao definitiva), ou seja,incorporada economia nacional.

    II) Despacho para admisso em regime aduaneiro especial ou aplicadoem reas especiais: o caso de bens provenientes do exterior, quedevam permanecer no Pas por prazo certo, para cumprirdeterminada finalidade, e que ficam com tributos suspensos at aextino da aplicao do regime. Por exemplo, aplica-se s

    mercadorias a serem admitidas temporariamente.

    So ainda considerados como despacho para consumo, amercadoria (IN/SRF 6080/2006, art 2):

    a) ingressada no Pas sob o regime aduaneiro especial de drawback(a ser visto em aula prpria)

    b) destinada Zona Franca de Manaus (ZFM), Amaznia Ocidental(AMO) ou rea de Livre Comrcio (ALC).

    c) contida em remessa postal internacional (RPI) ou expressa ou,ainda, conduzida por viajante, se aplicado o regime deimportao comum.

    d) admitida em regime aduaneiro especial ou aplicado em reasespeciais, que venha a ser posteriormente submetida ao regimecomum de importao.

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    Vejam um exemplo da letra d acima. Um tear trazido do exterior parauma feira de tecidos e mquinas em So Paulo. Ao entrar no Pas, oequipamento submetido a despacho na modalidade de despacho de

    admisso. A mercadoria submetida ao regime de admisso temporria,ficando com tributos suspensos, por prazo certo, para participar da feira. Sque a mercadoria vendida na feira para uma empresa brasileira. Assim,haver necessidade de um segundo despacho para essa mercadoria. Essesegundo despacho ser de consumo, quando os tributos sero pagos e amercadoria ser nacionalizada.

    Ainda sobre esse assunto, uma considerao importante e delicada. Porque existem essas modalidades de despacho de admisso e de consumo? Odespacho para consumo aquele referente importao definitiva, ou seja,o importador, como regra, paga os tributos e no precisa cumprir maiscondies. E a Receita tambm no fica controlando o regime. A exceoclssica, que a ESAF adora cobrar em prova, est na letra a acima. o regimede drawback (o drawback, assim como todos os regimes especiais, sotratados em aula prpria), onde a mercadoria submetida a um regimeespecial, mas o despacho para consumo.

    Para as mercadorias que ingressem na Zona Franca de Manaus (ZFM),Amaznia Ocidental ou rea de Livre Comrcio, quando o importador solicitar obenefcio fiscal aplicvel nas reas especiais, o caso do despacho deadmisso previsto na letra d acima. Por outro lado, a mercadoria entrada na

    Zona Franca no amparada pelo benefcio fiscal pertinente, ser submetida aum despacho para consumo (letra b acima). o caso, por exemplo deimportao de armas e munies, mercadorias que no gozam dos benefciosfiscais previstos para o regime ZFM.

    A mercadoria que entra na Zona Franca de Manaus gozando dosbenefcios e posteriormente destinada ao restante do territrio nacional(procedimento esse conhecido como internao) deve ser objeto de controleespecial. Por que isso? Porque os benefcios da ZFM foram criados com oobjetivo de se desenvolver a regio. Assim, a ideia que as mercadorias

    importadas com benefcio fiscal sejam utilizadas naquela regio. Se amercadoria entrar por l somente para auferir benefcio fiscal e depois sairpara o restante do Pas sem nenhum tipo de controle no teria cabimento, no mesmo? Seria uma maneira de o importador fraudador utilizar a ZFM paraobter benefcio fiscal para suas mercadorias no destinadas quela regio.

    E para a nossa aula de despacho o que devemos saber? Na normaanterior (IN/SRF 206/2002, revogada pela IN/SRF 680/2006), o despacho deinternao era considerado como modalidade de despacho de importao. Nanorma atual (IN/SRF 680/2006, art. 2), s h duas modalidades de

    despacho de importao previstas (consumo e admisso). O procedimentode internao passou a ser regido por outra norma (IN/SRF 242/2002). Assim,o despacho de internao, pela IN/SRF 680/2006, no mais considerado

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    Espcies de Declarao de Importao

    Conforme o art. 551 do RA, a declarao de importao o

    documento base do despacho de importao. Ela deve conter aidentificao do importador, a classificao, o valor aduaneiro e a origem damercadoria, alm de outras informaes, definidas pela RFB. O Regulamentoabriu ainda a possibilidade de que a RFB estabelea diferentes tipos dedeclarao de importao, apropriados natureza dos despachos, ou asituaes especficas em relao mercadoria, ou ao seu tratamentotributrio.

    A modalidade clssica de declarao a Declarao de Importao(DI), registrada no Siscomex. No Siscomex, h diversos tipos de DI, paraque o importador selecione a modalidade adequada no momento do registro,como o caso de declarao para consumo; para admisso em regimeespecial; para nacionalizao de admisso temporria; para nacionalizao deentreposto aduaneiro; e outras, conforme previsto no sistema.

    Alm da Declarao de Importao (DI), registrada no Siscomex, alegislao prev outras espcies de declarao de despacho de importao.Essas declaraes so aplicveis em casos especficos e tm como objetivopromover a simplificao do despacho. So elas:

    - Declarao Simplificada de Importao (DSI), com registro no

    Siscomex, conhecida como DSI eletrnica (IN/RFB 611/2006)

    - DSI em formulrio, conhecida como DSI papel (IN/RFB 611/2006)

    E agora, a pergunta: quando se utiliza DI, DSI-eletrnica ou DSI-formulrio? Ora, garanto para vocs que nenhum auditor sabe de cabea alista de casos onde possvel o registro de DSI papel ou de DSI eletrnica (noSiscomex). Os casos onde se pode utilizar DSI, assim como o fluxo dodespacho simplificado, esto previstos em outra norma, a IN/SRF 611/2006. impossvel decorar tudo aquilo. Tal norma acoberta declaraes simplificadas

    para importao e exportao (DSI e DSE). O que eu entendo que importante o seguinte.

    Art 1. Os despachos aduaneiros de importao e de exportao, nas situaesestabelecidas nesta Instruo Normativa, podero ser processados com base emdeclarao simplificada.

    Perceberam? Os despachos podero ser processados em DSI nos casosrelacionados na norma. Isso significa que, quem pode o mais pode o menos. Autilizao de DSI opcional, quando se tratar dos casos simplificados previstosna norma. E que casos so esses?

    Para DSI eletrnica, a norma prev:

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    Art. 3o A DSI apresentada de conformidade com o estabelecido no caput do art. 2o poder ser utilizada nodespacho aduaneiro de bens:I - importados por pessoa fsica, com ou sem cobertura cambial, em quantidade e freqncia que nocaracterize destinao comercial, cujo valor no ultrapasse US$ 3,000.00 (trs mil dlares dos Estados Unidosda Amrica) ou o equivalente em outra moeda;

    II - importados por pessoa jurdica, com ou sem cobertura cambial, cujo valor no ultrapasse US$ 3,000.00(trs mil dlares dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalente em outra moeda;III - recebidos, a ttulo de doao, de governo ou organismo estrangeiro por:a) rgo ou entidade integrante da administrao pblica direta, autrquica ou fundacional, de qualquer dosPoderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios; oub) instituio de assistncia social;IV - submetidos ao regime de admisso temporria, nas hipteses previstas no art. 4o da Instruo NormativaSRF no 285, de 14 de janeiro de 2003;V - reimportados no mesmo estado ou aps conserto, reparo ou restaurao no exterior, em cumprimento doregime de exportao temporria; eVI - que retornem ao Pas em virtude de:a) no efetivao da venda no prazo autorizado, quando enviados ao exterior em consignao;b) defeito tcnico, para reparo ou substituio;c) alterao nas normas aplicveis importao do pas importador; oud) guerra ou calamidade pblica;

    VII - contidos em remessa postal internacional cujo valor no ultrapasse US$ 3,000.00 (trs mil dlares dosEstados Unidos da Amrica) ou o equivalente em outra moeda;VIII - contidos em encomenda area internacional cujo valor no ultrapasse US$ 3,000.00 (trs mil dlares dosEstados Unidos da Amrica) ou o equivalente em outra moeda, transportada por empresa de transporteinternacional expresso porta a porta, nas seguintes situaes:a) a serem submetidos ao regime de admisso temporria, nas hipteses de que trata o inciso IV deste artigo;b) reimportados, nas hipteses de que trata o inciso V deste artigo;c) a serem objeto de reconhecimento de iseno ou de no incidncia de impostos; oud) destinados a revenda;IX - integrantes de bagagem desacompanhada;X - importados para utilizao na Zona Franca de Manaus (ZFM) com os benefcios do Decreto-Lei no 288, de28 de fevereiro de 1967, quando submetidos a despacho aduaneiro de internao para o restante do territrionacional, at o limite de US$ 3,000.00 (trs mil dlares dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalente emoutra moeda;XI - industrializados na ZFM com os benefcios do Decreto-Lei no 288, de 1967, quando submetidos a despachoaduaneiro de internao para o restante do territrio nacional, at o limite de US$ 3,000.00 (trs mil dlares

    dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalente em outra moeda;XII - importados para utilizao na ZFM ou industrializados nessa rea incentivada, com os benefcios doDecreto-Lei no 288, de 1967, quando submetidos a despacho aduaneiro de internao por pessoa fsica, semfinalidade comercial; ouXIII - importados com iseno, com ou sem cobertura cambial, pelo Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientfico e Tecnolgico (CNPq) ou por cientistas, pesquisadores ou entidades sem fins lucrativos, devidamentecredenciados pelo referido Conselho, em quantidade ou freqncia que no revele destinao comercial, at olimite de US$ 10.000,00 (dez mil dlares dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalente em outra moeda.

    Para DSI fomulrio, a norma prev:

    Art. 4o Podero ser utilizados os modelos de formulrios Declarao Simplificada de Importao DSI, FolhaSuplementar e Demonstrativo de Clculo dos Tributos constantes, respectivamente, dos Anexos II a IV a estaInstruo Normativa, instruda com os documentos prprios para cada caso, quando se tratar do despachoaduaneiro de:I - amostras sem valor comercial;II - livros, documentos, folhetos, peridicos, catlogos, manuais e publicaes semelhantes, inclusive gravadosem meio magntico, importados sem cobertura cambial e sem finalidade comercial, desde que no estejamsujeitos ao pagamento de impostos;II - livros, jornais, peridicos, documentos, folhetos, catlogos, manuais e publicaes semelhantes, inclusivegravados em meio magntico, importados sem finalidade comercial, desde que no estejam sujeitos aopagamento de tributos; (Redao dada pela IN RFB n 908, de 9 de janeiro de 2009)III - outros bens importados por pessoa fsica sem cobertura cambial e sem finalidade comercial, de valor nosuperior a US$ 500.00 (quinhentos dlares dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalente em outra moeda,quando no estiverem sujeitos ao pagamento de tributos;III - outros bens importados por pessoa fsica, sem finalidade comercial, de valor no superior a US$ 500.00(quinhentos dlares dos Estados Unidos da Amrica); (Redao dada pela IN RFB n 846, de 12 de maio de2008.)

    IV - bens importados ou industrializados na ZFM com os benefcios do Decreto-Lei no 288, de 1967, cujo valorno ultrapasse o limite de US$ 500.00 (quinhentos dlares dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalenteem outra moeda, submetidos a despacho aduaneiro de internao por pessoa fsica;

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    V - veculos, de viajantes residentes no exterior, a serem submetidos ao regime especial de admissotemporria;VI - bens importados por misso diplomtica, repartio consular de carreira e de carter permanente,representao de organismo internacional de que o Brasil faa parte ou delegao acreditada junto ao GovernoBrasileiro, bem assim por seus respectivos integrantes, funcionrios, peritos ou tcnicos;

    VII - rgos e tecidos humanos para transplante;VIII - animais de vida domstica, sem cobertura cambial e sem finalidade comercial;IX - importaes previstas no art. 3o, quando no for possvel o acesso ao Siscomex, em virtude de problemasde ordem tcnica, por mais de quatro horas consecutivas;X - doaes referidas no inciso III, alnea "a", do art. 3o, e bens importados sob o regime de admissotemporria, para prestao de ajuda humanitria em decorrncia de decretao de estado de emergncia ou decalamidade pblica; ouXI - bens de carter cultural, nas hipteses previstas naInstruo Normativa SRF no 40, de 13 de abril de 1999.X - doaes referidas no inciso III, alnea "a", do art. 3o, e bens importados sob o regime de admissotemporria, para prestao de ajuda humanitria em decorrncia de decretao de estado de emergncia ou decalamidade pblica; (Redao dada pela IN RFB no 741, de 3 de maio de 2007)XI - bens de carter cultural, nas hipteses previstas na Instruo Normativa SRF no 40, de 13 de abril de1999; ou (Redao dada pela IN RFB no 741, de 3 de maio de 2007)XII - bens importados por rgo ou entidade integrante da administrao pblica direta, autrquica oufundacional, de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, cujo valor

    no ultrapasse o limite de US$ 500.00 (quinhentos dlares dos Estados Unidos da Amrica) ou o equivalenteem outra moeda. (Includo pela IN RFB no 741, de 3 de maio de 2007)XIII - medicamentos, sob prescrio mdica, importados pela pessoa fsica a que se destine ou seurepresentante; ou (Includo pela IN RFB n 908, de 9 de janeiro de 2009)XIV - bens retornando ao Pas, cujo despacho aduaneiro de exportao tenha sido realizado por meio dadeclarao de que trata o art. 31. (Includo pela IN RFB n 908, de 9 de janeiro de 2009) 1o Na hiptese do inciso V:I - ser firmado Termo de Responsabilidade para garantia dos tributos suspensos, conforme modelo constantedo Anexo I Instruo Normativa SRF no 285, de 2003;II - o prazo de vigncia do regime ser fixado de conformidade com aquele estabelecido pela autoridademigratria para a permanncia do viajante no Pas; eIII - a sada do veculo do Pas ser informada, pela Unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) que realizeo controle, quela que concedeu o regime, para fins de baixa do Termo de Responsabilidade firmado. 2o A impossibilidade de acesso ao Siscomex a que se refere o inciso IX deste artigo ser reconhecida pelotitular da Unidade da SRF responsvel pelo despacho aduaneiro da mercadoria, no mbito de sua jurisdio.

    Gente, no tem mesmo como decorar isso. Sugiro dar uma lida nos casos,para ter uma ideia, e seguir em frente.

    Uma outra hiptese de declarao simplificada a Nota de TributaoSimplificada NTS (IN/SRF 101/1991). O art. 5 da IN/SRF 611/2006determina que, no caso de bens integrantes de remessa postalinternacional cujo valor no ultrapasse US$ 500.00, submetidos ao Regimede Tributao Simplificada (RTS), o despacho aduaneiro ser processado

    mediante o pagamento do imposto de importao incidente, lanado pelaautoridade aduaneira por meio da Nota de Tributao Simplificada (NTS),sem qualquer outra formalidade aduaneira.

    O caso acima aquele onde voc importa determinada mercadoria pelocorreio, espera chegar na sua casa, quando na verdade chega um aviso paravoc comparecer agncia dos correios mais prxima para pagar o valor doimposto correspondente.

    Outra espcie de declarao de importao seria a Declarao de

    Importao de Remessa Expressa (DIRE), com registro no sistemaREMESSA (IN/RFB 1.073/2010). A remessa expressa o documento ou

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    encomenda internacional transportada em um ou mais volumes por empresade transporte expresso internacional, por via rea, porta a porta.

    Espcies deDeclarao

    DI no SiscomexDSI no SiscomexDSI formulrioDIRENTSOutras (estabelecidas pela RFB)

    Etapas do Despacho de Importao

    O despacho de importao um procedimento dividido em etapas, queso as seguintes:

    1)Registro da declarao de importao2)Seleo parametrizada3)Recepo dos documentos de instruo4)Distribuio do despacho para conferncia5)Conferncia aduaneira6)Desembarao aduaneiro

    Incio do Despacho

    J sabemos que a RFB pode estabelecer (e de fato ela estabeleceu)diferentes espcies de declarao de importao. Porm, para explicarmos odespacho de importao de forma completa, com todas as suas etapas epeculiaridades, tomaremos como base o despacho de importao com baseem DI registrada no Siscomex, nos termos previstos na IN/SRF 680/2006.

    O despacho de importao considerado iniciado na data do registro dadeclarao de importao (conhecida como DI). Esse registro obtidoquando da sua numerao pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, pormeio do SISCOMEX.

    Pessoal, o registro da DI um marco importantssimo, que configura ofato gerador do imposto de importao para efeito de clculo, e exclui a

    espontaneidade do sujeito passivo. A partir do momento em que ele registra aDI, considerado em procedimento fiscal em relao mercadoria declarada.

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    At o ato final do despacho, que o desembarao aduaneiro, o importador nopode invocar a denncia espontnea em relao operao amparada pela DI.

    Como funciona na prtica? O importador acessa o Siscomex do seucomputador. Para isso, ele precisa estar habilitado no sistema, nos termos daIN/SRF 650/2006. Quando desejar importar uma mercadoria, ele (oimportador) deve preencher os dados da DI no sistema (em seu computador) etransmitir a declarao Receita Federal. O sistema proceder a uma srie deverificaes, como veremos, e, se tudo estiver OK, efetivar o registro da DI,retornando o nmero da DI ao usurio (importador).

    A IN/SRF 680/2006 define as informaes a serem prestadas peloimportador na DI, de acordo com o tipo de declarao e com a modalidade dedespacho aduaneiro (art. 4).

    Lembram-se das modalidades de despacho? Pois . H casos em que amercadoria procede do exterior (A) e outros em que a mercadoria se encontrano Pas amparada por regime aduaneiro especial ou aplicado em reasespeciais (B). No permitido agrupar, em uma mesma declarao,mercadorias nas situaes A e B acima. O importador ter de registrar uma DIpara cada situao.

    Agora, cuidado com a pegadinha do 3 do art. 4 da IN/SRF 680/2006.Se a mercadoria procede diretamente do exterior, mas uma parte ser

    destinada para consumo e a outra para regime de admisso temporria oureimportao, possvel o registro de apenas uma DI.

    O que reimportao mesmo? o retorno ao Pas, de mercadoria quefora exportada a ttulo no definitivo (exportao temporria).

    Controles Prvios ao Registro da DI

    Aps a transmisso da declarao no sistema pelo importador, uma sriede verificaes realizada, e o registro da declarao de importao

    somente ser efetivado (art. 15 da IN/SRF 680/2006):

    1) Se verificada a regularidade cadastral do importador ora, oSiscomex verifica o CNPJ do importador no sistema correspondente. Se aempresa importadora estiver com o seu CNPJ na situao baixado nocadastro, por exemplo, no ser possvel o registro da DI.

    2) aps o licenciamento da importao, quando exigvel, e averificao do atendimento s normas cambiais a fase de licenciamentoda mercadoria na importao, o controle administrativo, anterior aodespacho. Assim, se o importador desejar importar medicamentos, por

    exemplo, que esto sujeitos anuncia da ANVISA, dever, antes de registrara DI, conseguir uma LI (licena de importao) deferida pela ANVISA para

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    seu produto. No momento do registro da DI, ele informar o nmero da LIcorrespondente, e o sistema verificar se a LI encontra-se deferida e vlida. isso. Se houver alguma norma cambial vigente que implique alguma situao

    no momento do registro da DI, esta tambm ser verificada.3) aps a chegada da carga, exceto na modalidade de registro

    antecipado da DI como regra, a DI s pode ser registrada aps achegada da carga ao Pas. E como o sistema sabe que a carga j chegou? Oartigo 5 da IN/SRF 680/2006 determina que, como regra, o depositriodever informar RFB, de forma imediata, sobre a disponibilidade da cargarecolhida sob sua custdia em local ou recinto alfandegado, mediante indicaodo correspondente Nmero Identificador da Carga (NIC). Ah! E o que sefaz com esse tal de NIC? Simples, meus amigos.

    Esse nmero gerado que comprova que a carga chegou ao Pas e queest sob custdia de um depositrio. A, quando o importador receber essainformao, ele j pode registrar a sua DI no sistema. E mais, ele (oimportador) utilizar esse nmero (o NIC) quando preencher a DI. Assim, osistema saber identificar qual a carga para a qual ele deseja registrar a DI.Legal, no?

    S um detalhe: vimos as modalidades de despacho antecipado (registroda DI antes da chegada da carga), certo (art. 17 da IN/SRF 680/2006)?Lembram? Granis, perecveis, animais, plantas, inflamveis, papis para

    livros, mercadoria transportada por via terrestre, fluvial ou lacustre? Nessescasos, o registro da DI feito antes da chegada da carga. Ento ainda no hNIC no momento do registro da DI, mas o sistema aceitar o registro de DIsem NIC, quando informado que se trata de despacho antecipado.

    4) aps a confirmao pelo banco do dbito em conta (doimportador) dos tributos, contribuies e direitos devidos, inclusive da Taxa deUtilizao do Siscomex vejam que beleza! Os tributos so recolhidos nomomento do registro da DI. E de forma automtica! Os fiscais no tm que sepreocupar com isso. Se a DI estiver registrada, porque o dinheiro referenteaos tributos indicados na DI foi retirado da conta do importador e depositadona conta da Unio. Basta verificar, claro, se o valor dos tributos est correto.Isso facilitou muito a anlise que se deve fazer da DI.

    Um detalhe. So recolhidos, no momento do registro da DI, alm do II, doIPI, do PIS e da Cofins, a Taxa de Utilizao do Siscomex e os eventuaisdireitos antidumping e compensatrios devidos por ocasio da importao.

    5) Se no for constatada qualquer irregularidade impeditiva doregistro conforme a peculiaridade de cada campo de preenchimento da DI,o sistema pode executar algum tipo de verificao no momento do registro.

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    Guardem isso!

    Verificaesprvias noSiscomex pararegistro da DI

    1) Regularidade cadastral do Importador2) Licenciamento, quando exigvel3) Ateste da chegada da carga4) Dbito em conta de tributos, direitos

    e taxa do Siscomex5) Outras irregularidades

    Verificao da Mercadoria pelo Importador

    Bom, o importador perde a espontaneidade se ele registrar a DI certo? Ese ele registrar a DI com erro, por exemplo, relativo classificao fiscal damercadoria, leva uma multa por erro de classificao. E classificao fiscal uma atividade difcil pra caramba, que exige boa dose de conhecimentomerceolgico. Imagina o coitado do importador tendo que classificar amercadoria sem poder v-la antes. claro que muitas vezes possvel oenquadramento na NCM somente com a descrio do produto, manual,catlogo etc. Mas s vezes no! E tem mais! Pode ser que o importador peabanana ao exportador, e este envie ma, por engano ou mesmo por m f. Oimportador s saber dando uma chegadinha no armazm para conferir. Epor isso a legislao possibilita ao importador essa faculdade de verificar seuproduto antes do registro da DI para sanar essas dvidas quanto aotratamento tributrio ou aduaneiro, inclusive no que se refere sua perfeitaidentificao com vistas classificao fiscal e descrio detalhada (art. 10da IN/SRF 680/2006).

    O importador deve fazer seu pedido previamente ao registro da DI,instrudo com o conhecimento de carga e dirigido ao chefe do setor dedespacho, que deve indicar um servidor para acompanhar o ato.

    Posteriormente, veremos que a verificao fsica da mercadoria uma

    das etapas da conferncia aduaneira. Pois . A verificao prvia que oimportador pede (antes do despacho), quando realizada, no dispensa averificao fsica da mercadoria pela autoridade aduaneira, por ocasio dodespacho, quando ela for necessria.

    No confunda!Verificao Prvia pelo importador- antes do despacho- requerimento amparado porconhecimento de carga

    - no dispensa verificao da aduana

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    Verificao Fsica da Mercadoria- Etapa da Conferncia Aduaneira- Durante o despacho- Realizada pela fiscalizao- Obrigatria em DI de canais vermelho ecinza (veremos adiante)

    Ento, lembrem-se. A carga chega ao Pas, por exemplo, no Porto do Riode Janeiro. D entrada em recinto alfandegado de zona primria, nesse caso.Ser que a carga pode ficar ali no recinto alfandegado a vida inteira? O

    importador no tem que iniciar o despacho? Em quanto tempo? o queveremos agora.

    O despacho de importao dever ser iniciado em:

    I - at noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recintoalfandegado de zona primria;

    II - at quarenta e cinco dias aps esgotar-se o prazo de permannciada mercadoria em recinto alfandegado de zona secundria; e

    III - at noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada daremessa postal.

    Assim, dependendo do local onde a carga se encontra, ou seja, onde serrealizado o despacho, h um prazo especfico previsto para que o importadorregistre a DI. No nosso exemplo, para a carga chegada no Porto do Rio deJaneiro, que um local de zona primria, o importador tem at 90 dias dadescarga da mercadoria no Porto para iniciar o despacho. E se ele no o fizer?O que acontece? A a carga ser considerada abandonada (ser visto em aulaprpria), e a Receita Federal poder iniciar o processo de perdimento damesma.

    Documentos de Instruo do Despacho

    O documento base do despacho de importao a declarao deimportao (DI). Tudo no despacho gira em torno da DI. por meio da DIque o importador declara Receita Federal as mercadorias que est trazendo e

    j providencia o pagamento dos tributos no momento do seu registro noSiscomex. Uma comparao grosseira que costumo fazer com a nossadeclarao de imposto de renda. Ns que a preenchemos, ns informamos os

    nossos bens e pagamos o imposto conforme o que foi declarado. Isso no querdizer que a Receita Federal aceitar aquele valor. Na importao a mesma

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    coisa. O importador declara, submete sua DI no Siscomex, e a Receita Federalento decidir o que fazer com aquela carga, que pode ser liberada semnenhuma conferncia, pode ser realizada somente conferncia documental;

    documental e fsica; a carga pode ser retida por indcio de fraude; enfim, todoum procedimento iniciado com o registro da DI no Siscomex. o despachode importao.

    A declarao de importao dever conter:

    I - a identificao do importador; e

    II - a identificao, a classificao, o valor aduaneiro e a origem damercadoria.

    A declarao de importao pode vir a ser retificada, caso necessrio.Dependendo da situao e do momento em que efetivada essa retificao,ela deve ser feita pelo prprio interessado (retificao a pedido) ou pelaautoridade aduaneira (retificao de ofcio).

    As declaraes do importador subsistem para quaisquer efeitosfiscais, ainda que o despacho de importao seja interrompido e a mercadoriaabandonada. Isso significa o seguinte: o que ele declarou ali pode ser utilizadocontra ele (ou favor), mesmo que ele j tenha levado a mercadoria, ou elaesteja retida sob fiscalizao no recinto alfandegado.

    A declarao de importao ser instruda com os seguintes documentos(art. 553 e IN/SRF 680/2006, art. 18):

    I - a via original do conhecimento de carga ou documento de efeitoequivalente;

    II - a via original da fatura comercial, assinada pelo exportador;

    III - o comprovante de pagamento dos tributos, se exigvel;

    IV o romaneio de carga (Packing List), quando aplicvel;

    V - outros documentos exigidos em decorrncia de acordos internacionaisou por fora de lei, de regulamento ou de outro ato normativo.

    H previso normativa de entrega dos documentos de instruo da DI emmeio digital, porm, esse tipo de apresentao de documentos encontra-sesuspensa at que seja implementada funo especfica no Siscomex.

    Conhecimento de carga

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    um documento emitido pelo transportador quando recebe a carga queele deve entregar no destino. O conhecimento de carga original comprova aposse ou a propriedade da mercadoria. O conhecimento possui informaes

    como o consignatrio da mercadoria, o valor do frete, a quantidade devolumes transportados, o peso bruto.

    O consignatrio do conhecimento de carga a pessoa (fsica ou jurdica)que poder registrar a declarao de importao em seu nome e retirar amercadoria junto ao fiel depositrio do recinto alfandegado. O embarque damercadoria no exterior considerado como a data de emisso doconhecimento de carga. Essa data pode trazer importantes efeitos em termosde infraes aduaneiras.

    Os seus requisitos regem-se pelos dispositivos da legislao comercial ecivil, sem prejuzo da aplicao das normas tributrias, quanto aos efeitosfiscais. Trata-se de ttulo de crdito endossvel.

    Conforme o art. 46 do RA, para efeitos fiscais, qualquer correo noconhecimento de carga dever ser feita por carta de correo dirigida peloemitente do conhecimento autoridade aduaneira do local de descarga.Havendo aceitao da carta de correo do conhecimento, considera-secorrigido o manifesto. Atualmente a sistemtica de correo de conhecimentode carga no transporte martimo efetivada no Siscomex Carga.

    Como regra, a carta de correo deve ser apresentada antes do incio dodespacho aduaneiro, mas se apresentada at o desembarao pode serapreciada, a critrio da autoridade aduaneira, e no implica dennciaespontnea.

    O conhecimento de carga tambm pode ser referido como conhecimentode embarque, conhecimento de transporte, conhecimento de frete ou B/L (Billof Lading).

    A cada conhecimento de carga deve corresponder uma nica

    declarao de importao, salvo excees estabelecidas pela RFB. AIN/SRF 680/2006 estabeleceu, como exceo, casos especiais (art. 67 e 68)onde pode haver o registro de mais de uma declarao para cadaconhecimento de carga, ou, ainda, casos de utilizao de uma declarao deimportao para mais de um conhecimento de carga.

    Fatura Comercial

    A fatura comercial (commercial invoice) o documento que retrata aoperao de compra e venda entre o importador brasileiro e o exportador

    estrangeiro. Ela emitida pelo exportador, mediante qualquer processo. Noconfundam a fatura comercial com a nota fiscal, que documento tributriobrasileiro. Nos casos em que no ocorre uma transao de compra e venda, o

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    importador geralmente apresenta uma fatura proforma (proforma invoice)ou outra declarao de valor apenas para fins aduaneiros. A fatura proformaequivale a uma proposta para celebrao de um contrato. Nas importaes de

    mercadoria para admisso temporria, por exemplo, como a mercadoria noest sendo vendida, o documento de instruo do despacho uma faturaproforma. Como regra geral, porm, a fatura comercial o documento deinstruo.

    A fatura deve conter os elementos que caracterizem a operao comercial,conforme o art. 557 do RA:

    Art. 557. A fatura comercialdever conter as seguintes indicaes:I - nome e endereo, completos, do exportador;II - nome e endereo, completos, do importador e, se for caso, do adquirente ou do encomendantepredeterminado;

    III - especificao das mercadorias em portugus ou em idioma oficial do Acordo Geral sobre Tarifas eComrcio, ou, se em outro idioma, acompanhada de traduo em lngua portuguesa, a critrio da autoridadeaduaneira, contendo as denominaes prprias e comerciais, com a indicao dos elementos indispensveis asua perfeita identificao;IV - marca, numerao e, se houver, nmero de referncia dos volumes;V - quantidade e espcie dos volumes;VI - peso bruto dos volumes, entendendo-se, como tal, o da mercadoria com todos os seus recipientes,embalagens e demais envoltrios;VII - peso lquido, assim considerado o da mercadoria livre de todo e qualquer envoltrio;VIII - pas de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria ou onde tiverocorrido a ltima transformao substancial;IX -pas de aquisio, assim considerado aquele do qual a mercadoria foi adquirida para ser exportada para oBrasil, independentemente do pas de origem da mercadoria ou de seus insumos;X - pas de procedncia, assim considerado aquele onde se encontrava a mercadoria no momento de suaaquisio;

    XI - preo unitrio e total de cada espcie de mercadoria e, se houver, o montante e a natureza das redues edos descontos concedidos;XII - custo de transporte a que se refere o inciso I do art. 77 e demais despesas relativas s mercadoriasespecificadas na fatura;XIII - condies e moeda de pagamento; eXIV - termo da condio de venda (INCOTERM).Pargrafo nico. As emendas, ressalvas ou entrelinhas feitas na fatura devero ser autenticadas peloexportador.

    Sobre a condio de venda, no inciso XIV, destacado o INCOTERMcorrespondente. O incoterm uma condio de venda, que rege o momento

    em que os custos e as responsabilidades referentes carga transacionadapassam do exportador para o importador. Porm, cabe ressaltar que aResoluo Camex 21/2011 define que, nas importaes e exportaesbrasileiras, sero aceitas quaisquer condies de venda praticadas nocomrcio internacional, desde que compatveis com o ordenamento jurdiconacional. Assim, o Incoterm (International Commercial Term) de usofacultativo no Brasil. Em uma prova de comrcio internacional, no podemosdizer que o uso do Incoterm obrigatrio. Em termos de legislao aduaneira,o RA indica a condio de venda como obrigatria na fatura, fazendo menoao Incoterm. Certamente que, se a transao for amparada por um Incoterm,

    ele deve constar na fatura. isso.

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    Sobre a indicao de pases na fatura, vejam um exemplo: umamercadoria de fabricao chinesa, de propriedade de empresa Sua, estava noJapo quando uma empresa brasileira a adquiriu.

    Assim:

    Pas de origem: ChinaPas de aquisio: SuaPas de procedncia: Japo

    .....

    Equipara-se fatura comercial, para todos os efeitos, o conhecimento

    de carga areo, desde que nele constem as indicaes de quantidade,espcie e valor das mercadorias que lhe correspondam (art. 560).

    Conforme os artigos 560 e 561, a RFB poder estabelecer, vista desolicitao da Camex, a exigncia de visto consular em fatura comercial.Esse visto pode ser substitudo por declarao de rgo pblico ou de entidaderepresentativa de exportadores, no pas de procedncia ou na comunidadeeconmica a que pertencerem. C entre ns, h 15 anos trabalhando com isso,nunca vi um s caso em que a RFB tenha estabelecido essa exigncia. Mas,para efeito de prova de concurso, o que vale o que est previsto.

    Romaneio de Carga (Packing List)

    O romaneio de carga, ou packing list, um documento que contmuma relao das mercadorias que foram entregues pelo exportador aotransportador no exterior. Essa lista contempla cada volume da carga, com arespectiva descrio, quantidade, marcas, nmeros e modelos. No todacarga que possui romaneio. Por exemplo, no caso de uma carga de um svolume ou uma carga a granel (petrleo transportado no poro do navio, porexemplo) no tem sentido emitirpacking list.

    Mas, quando se trata de carga geral, com diversas caixas dentro de umcontiner, e cada caixa me contendo diversas caixas menores commercadorias distintas, opacking list, alm de obrigatrio, mesmo muito tilpara facilitar a verificao da mercadoria no armazm. Se, por exemplo,dentro de um critrio de amostragem, a autoridade aduaneira desejar verificarum produto especfico dentro de um universo de 500 caixas, por meio doromaneio que se identificar em qual caixa est tal produto. A fatura comercialno traz essa informao. Opacking list mais ou menos assim:

    Caixa 1

    - 500 caixas da mercadoria X

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    Caixa 2

    - 200 caixas da mercadoria X

    - 300 caixas da mercadoria Y

    Caixa 3

    - 200 caixas da mercadoria Z

    - 100 caixas da mercadoria Y

    .....

    Comprovante de pagamento dos tributos

    Atualmente, o pagamento dos tributos devidos na importao efetivadono momento do registro da declarao de importao no Siscomex, por meiode dbito automtico em conta corrente bancria do importador. Essemecanismo vale para II/IPI/PIS/Cofins/Taxa do Siscomex. Tambm sorecolhidos por meio de dbito em conta no registro da DI os direitosantidumping e compensatrios eventualmente devidos. Excepcionalmente, noscasos em que no ocorrer, por algum motivo, esse dbito em conta, deverser apresentado o comprovante de pagamento por meio de documento de

    arrecadao de receitas federais (DARF).

    Outros Documentos de Instruo do Despacho

    No caso de importaes de mercadorias que gozem de tratamentotributrio favorecido em razo de sua origem, esta deve ser comprovada porqualquer meio julgado idneo, em conformidade com o estabelecido nocorrespondente acordo internacional. Em geral, o documento que comprova aorigem dessas mercadorias o certificado de origem, que emitido porentidade autorizada do pas onde a mercadoria foi produzida.

    Documentos deInstruo da DI

    Conhecimento de CargaFatura ComercialRomaneio de CargaDARF (quando no debitado)Outros (ex: Certificado de Origem)

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    Seleo Parametrizada

    Conforme o art. 21 da IN/SRF 680/2006, aps o registro, a DI ser

    submetida a anlise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais deconferncia aduaneira:

    I - verde, pelo qual o sistema registrar o desembarao automtico damercadoria, dispensados o exame documental e a verificao da mercadoria;

    II - amarelo, pelo qual ser realizado o exame documental, e, nosendo constatada irregularidade, efetuado o desembarao aduaneiro,dispensada a verificao da mercadoria;

    III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente ser desembaraada apsa realizao do exame documental e da verificao da mercadoria; e

    IV - cinza, pelo qual ser realizado o exame documental, a verificaoda mercadoria e a aplicao de procedimento especial de controleaduaneiro, para verificar elementos indicirios de fraude, inclusive no quese refere ao preo declarado da mercadoria, conforme estabelecido em normaespecfica.

    .....

    No passado, o canal cinza implicava exame de valor aduaneiro.Atualmente (desde 2002) o canal cinza muito mais abrangente, e significaque o auditor deve aplicar procedimento especial de controle aduaneiro,para verificar elementos indicirios de fraude na importao, comoveremos adiante, com base em norma especfica.

    Apesar do direcionamento da DI de canal verde para desembaraoautomtico, a legislao (IN/SRF 680/2006, art. 21, 2), como resguardo,prev que essa declarao poder ser objeto de conferncia fsica oudocumental, quando forem identificados elementos indicirios de

    irregularidade na importao, pelo AFRFB responsvel por essa atividade. Pois pessoal, h um grupo especial de auditores que fica bisbilhotando asdeclaraes de canal verde. E eles podem encaminhar essas declaraes paraconferncia se encontrarem algo suspeito.

    Voltando seleo para conferncia efetuada pelo Siscomex, elarecebe o nome de parametrizao, e efetuada com base em anlise fiscalonde se leva em considerao:

    I - regularidade fiscal do importador;

    II - habitualidade do importador;

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    III - natureza, volume ou valor da importao;

    IV - valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importao;

    V - origem, procedncia e destinao da mercadoria;

    VI - tratamento tributrio;

    VII - caractersticas da mercadoria;

    VIII - capacidade operacional e econmico-financeira do importador; e

    IX - ocorrncias verificadas em outras operaes realizadas peloimportador.

    Pessoal, todo importador gostaria de saber exatamente que tipo deparmetros a Receita est utilizando para alimentar o sistema. Essasinformaes definem quais as declaraes sero selecionadas para cada umdos canais de parametrizao. Existe um grupo que faz esse trabalho. Trata-sede informao que no pode ser divulgada aos importadores.

    ....

    Ateno!Mesmo declaraes parametrizadasno canal verde podem serencaminhadas para conferncia

    Recepo de Documentos

    Os documentos de instruo da DI devem ento ser encaminhados RFB.Um detalhe. A IN/SRF 680/2006 instituiu o encaminhamento dessesdocumentos em meio digital (art. 19). Porm, a mesma norma reconhece

    que, enquanto no implementada funo especfica no Siscomex para tal (eainda no foi implementada mesmo at julho/2012), fica suspensa essaapresentao de documentos em meio digital.

    Ento, como que est funcionando hoje? A seguir, vocs vero quealgumas declaraes so selecionadas para conferncia e outras no. Muitobem. Se a declarao de importao (DI) registrada pelo importador forselecionada para conferncia, ele deve (enquanto no implementada a funode envio digital de documentos) entregar, na unidade da RFB de despacho, emenvelope com o nmero da DI, o extrato da DI acompanhado dos documentos

    de instruo (fatura, conhecimento de carga e outros).

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    Ento, alerta! Somente as declaraes selecionadas para confernciadevem ser entregues fisicamente na repartio para anlise.

    Distribuio para ConfernciaAs declaraes de importao selecionadas para conferncia aduaneira

    sero distribudas para os Auditores-Fiscais da Receita Federal (AFRFB)responsveis, por meio de funo prpria no Siscomex (IN/SRF 680/2006, art.22). E quem faz essa distribuio no sistema? o AFRFB que tiver perfil de

    Supervisor no Siscomex Importao. E como ele faz isso? A distribuio podeser aleatria (o sistema roda a roleta) ou dirigida (o supervisor escolhe paraquem vai distribuir cada DI).

    Ateno: Pessoal, vou repetir isso porque muito importante mesmo.Uma DI de canal verde pode ser objeto de conferncia fsica oudocumental, quando identificados indcios de irregularidade. H uma equipeespecial que analisa (conforme parmetros especficos), as declaraes decanal verde no sistema. Esse pessoal pode encaminhar essa DI verde paraconferncia, mediante motivao. como se fosse a parametrizao manualdas declaraes de canal verde. Vejam, o sistema j executa a seleoparametrizada e manda para o verde um conjunto de DI. A unidade da RFBainda tem a prerrogativa de avermelhar algumas dessas declaraes. Essasdeclaraes eram conhecidas no passado como DI melancia (verde por fora evermelha por dentro). Hoje, na prtica, o Siscomex permite alterar

    manualmente o canal da DI de verde para vermelho.

    As declaraes selecionadas para conferncia (amarelas, vermelhas, cinzaou verdes avermelhadas) sero distribudas para AFRFB, que ser oresponsvel pelo despacho.

    Na constatao de indcio de fraude, independente do canal deconferncia atribudo DI, o servidor deve encaminhar os elementosverificados ao setor competente, para avaliao da necessidade de aplicaodos procedimentos especiais de controle (art. 23). Pessoal, prestem ateno! O

    termo procedimentos especiais de controle compreende a anlise maisprofunda que a RFB faz em DI. cabvel em caso de fraude, certo? Se a DIcai no canal cinza, o procedimento especial deve ser executado. Mas mesmose no cair no cinza, a norma prev que ele pode ser executado, se constatadoindcio de fraude. o acinzentamento da DI.

    A coisa toda tem uma lgica. Vejam. O sistema faz a parametrizao, combase em informaes alimentadas pela prpria RFB. Mesmo aps aparametrizao, alguma DI suspeita pode ter escapado do controle realizadopelo sistema e ter cado no canal verde ou no amarelo. Por isso a norma prev

    que a devida ao fiscal seja executada. O agravamento do grau defiscalizao permitido.

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    Conferncia Aduaneira

    De posse de uma DI distribuda para si, o que deve o auditor fazer? Deve

    conferi-la, ou seja, verificar se est tudo certo, ou, caso contrrio, exigir o quetem que ser exigido.

    Conforme o art. 564 do RA, a conferncia aduaneira na importaotem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria e a correodas informaes relativas a sua natureza, classificao fiscal, quantificao evalor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigaes, fiscais e outras,exigveis em razo da importao.

    A conferncia aduaneira, conforme o canal de parametrizao, prev 3etapas. So elas:

    - exame documental- verificao da mercadoria- aplicao de procedimentos especiais de controle aduaneiro.

    No exame documental, verifica-se:

    - a integridade dos documentos apresentados;- a exatido e correspondncia das informaes prestadas na declarao

    em relao quelas constantes dos documentos que a instruem, inclusive noque se refere origem e ao valor aduaneiro da mercadoria;- o cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar

    correspondentes aos regimes aduaneiro e de tributao solicitados;- o mrito de benefcio fiscal pleiteado; e- a descrio da mercadoria na declarao, com vistas a verificar se esto

    presentes os elementos necessrios confirmao de sua correta classificaofiscal.

    No exame documental, o auditor faz aquele batimento entre o que o

    importador declarou na DI, os documentos e a legislao vigente. possvelverificar se, conforme a descrio da mercadoria, a classificao fiscal estcorreta ou no. Sim, isso possvel mesmo sem ver a mercadoria. Basta sabersuas especificaes. E lembrem-se de que as caractersticas do produtotambm podem ser consultadas nos sites oficiais dos fabricantes.

    Outro exemplo. No exame documental, pode ser constatado se amercadoria foi embarcada no exterior antes de emitida a licena de importao(LI), quando esta exigida. Se for o caso, multa nele! (trata-se de penalidadeprevista no RA).

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    Dependendo da mercadoria, documentos especficos so exigidos, como o caso do Certificado de Adequao de Trnsito (CAT) na importao deveculos.

    Verificao da Mercadoria

    A verificao fsica o procedimento fiscal destinado a identificar equantificar a mercadoria submetida a despacho aduaneiro, a obter elementos

    para confirmar sua classificao fiscal, origem e seu estado de novo ou usado,bem assim para verificar sua adequao s normas tcnicas aplicveis (IN/SRF680/2006, art. 29).

    Quem o responsvel pelo procedimento e quem acompanha aconferncia?

    J vimos que o responsvel pelo despacho o AFRFB. Ele pode realizardiretamente verificao da mercadoria, no curso da conferncia ou emqualquer outra ocasio. Mas a verificao tambm pode ser realizada, sobsuperviso do AFRFB, por servidor integrante da Carreira Auditoria da ReceitaFederal do Brasil ARF (o analista tributrio integrante da carreira ARF), napresena do viajante, do importador ou de seus representantes.

    Se a mercadoria estiver depositada em recinto alfandegado, pode serdispensada a presena do importador, mas a verificao deve ser sempre na

    presena do depositrio ou de seus prepostos (fiel depositrio).

    A carga a ser verificada deve ser posicionada pelo depositrio paraverificao. Por esse motivo, a legislao prev que a verificao ser realizadamediante agendamento, conforme regras estabelecidas pelo chefe do setorde despacho. Esse agendamento existe para que o depositrio possa organizarsua logstica quando h uma grande quantidade de cargas a serem verificadaspela RFB. Pode ser que falte espao, pessoal, maquinrio, ou tudo ao mesmotempo, para posicionar a carga.

    A verificao o momento onde o AFRFB tem que se levantar da cadeira eir ao armazm para conferir fisicamente as mercadorias. Dependendo dasmercadorias, essa atividade pode vir a ser muito interessante, por estarmossempre em contato com os produtos de ponta na tecnologia, com marcasfamosas, como os automveis de luxo, roupas, brinquedos, vinhos, eletrnicosetc. Mas h mercadorias importadas no to atraentes, como produtosqumicos, adubos, cevada, cobre etc.

    Enfim, em determinadas situaes, pode ficar difcil para a autoridadeidentificar ou quantificar as mercadorias importadas. Vejam esse exemplo.

    Um produto qumico declarado com um grau de pureza de 90%, enquadrado em um cdigo da NCM onde o imposto de importao 0%exatamente por conta desse grau de pureza. A pergunta que no quer calar:

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