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CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS P/ ANATEL PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI CRASE No último encontro, falamos sobre REGÊNCIA e mencionamos o fato de este assunto estar intimamente relacionado a CRASE, ponto a ser estudado hoje. Afinal, o que tem a ver uma coisa com outra? Quando algum termo (verbo, adjetivo, advérbio, substantivo) exige a preposição “a” e, em seguida, existe outro “a” (artigo, pronome demonstrativo etc.), ocorre a CRASE. Esse é um fenômeno de encontro de duas vogais iguais e contíguas. Volta e meia, ele ocorre. Por exemplo, em “amigo oculto”, pronunciamos apenas uma vez a vogal “o” (“amigoculto”). Acontece que, graficamente, só se registra, com o acento grave, o encontro da preposição a com outro a, que poderá ser um artigo definido feminino, um pronome demonstrativo ou um pronome relativo. COMO ANALISAR A OCORRÊNCIA DE CRASE? Da mesma forma como você ensina uma criança a atravessar a rua. “Filhinho, você deve olhar para os dois lados!”. Então, aplicamos essa lição à análise de crase – devemos olhar para os dois lados. Essa é a “técnica do TERMO REGENTE + TERMO REGIDO”. De um lado, há um termo regente, que pode ou não exigir uma preposição - e, nesta aula, só nos interessa a preposição “a”. Do outro lado, há um termo regido, que pode aceitar ou não um artigo definido feminino. Nessa posição de “termo regido” também pode existir um pronome demonstrativo a(s), aquele(s), aquela(s) ou aquilo, um pronome relativo a qual/as quais. Se houver o encontro da preposição a com o outro a, OCORRE A CRASE : os dois viram um só “a” e recebem o acento grave (`) para indicar essa fusão: “à”. Em resumo, só haverá crase (fusão) se houver dois “as”: um deles necessariamente será a preposição, exigida pelo termo regente, e o outro, como termo regido, pode ser: - pronome demonstrativo a (s), a quele(s), a quela(s), a quilo; - pronome relativo a qual / a s quais; - artigo definido feminino (singular ou plural): a (s). Para ter certeza de que a palavra admite o artigo definido feminino, construa uma frase em que essa palavra seja o sujeito e verifique a possibilidade de colocar o artigo definido antes dela. Exemplo: a palavra escolhida é “você”. Não seria possível usar o artigo feminino antes desse pronome de tratamento -“A você está linda hoje”-, logo não há crase antes de “você”. Nesse resumo estão várias daquelas regras de crase. Não ocorre crase: ƒ antes de palavra masculina (pois não admite artigo definido feminino por ser masculina); www.pontodosconcursos.com.br - 1 -

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CRASE

No último encontro, falamos sobre REGÊNCIA e mencionamos o fato de este assunto estar intimamente relacionado a CRASE, ponto a ser estudado hoje.

Afinal, o que tem a ver uma coisa com outra?

Quando algum termo (verbo, adjetivo, advérbio, substantivo) exige a preposição “a” e, em seguida, existe outro “a” (artigo, pronome demonstrativo etc.), ocorre a CRASE. Esse é um fenômeno de encontro de duas vogais iguais e contíguas. Volta e meia, ele ocorre. Por exemplo, em “amigo oculto”, pronunciamos apenas uma vez a vogal “o” (“amigoculto”). Acontece que, graficamente, só se registra, com o acento grave, o encontro da preposição a com outro a, que poderá ser um artigo definido feminino, um pronome demonstrativo ou um pronome relativo.

COMO ANALISAR A OCORRÊNCIA DE CRASE?

Da mesma forma como você ensina uma criança a atravessar a rua. “Filhinho, você deve olhar para os dois lados!”. Então, aplicamos essa lição à análise de crase – devemos olhar para os dois lados.

Essa é a “técnica do TERMO REGENTE + TERMO REGIDO”.

De um lado, há um termo regente, que pode ou não exigir uma preposição - e, nesta aula, só nos interessa a preposição “a”.

Do outro lado, há um termo regido, que pode aceitar ou não um artigo definido feminino. Nessa posição de “termo regido” também pode existir um pronome demonstrativo a(s), aquele(s), aquela(s) ou aquilo, um pronome relativo a qual/as quais.

Se houver o encontro da preposição a com o outro a, OCORRE A CRASE: os dois viram um só “a” e recebem o acento grave (`) para indicar essa fusão: “à”.

Em resumo, só haverá crase (fusão) se houver dois “as”: um deles necessariamente será a preposição, exigida pelo termo regente, e o outro, como termo regido, pode ser:

- pronome demonstrativo a(s), aquele(s), aquela(s), aquilo;

- pronome relativo a qual / as quais;

- artigo definido feminino (singular ou plural): a(s).

Para ter certeza de que a palavra admite o artigo definido feminino, construa uma frase em que essa palavra seja o sujeito e verifique a possibilidade de colocar o artigo definido antes dela.

Exemplo: a palavra escolhida é “você”. Não seria possível usar o artigo feminino antes desse pronome de tratamento -“A você está linda hoje”-, logo não há crase antes de “você”.

Nesse resumo estão várias daquelas regras de crase. Não ocorre crase:

ƒ antes de palavra masculina (pois não admite artigo definido feminino por ser masculina);

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ƒ antes de verbo (pois não admite artigo definido feminino – mesmo quando

substantivado, recebe o artigo masculino e não feminino – “o ranger”, “o regressar”);

ƒ antes de pronomes em geral; com exceção dos pronomes possessivos (como veremos adiante) e os enumerados no resumo (demonstrativos a, aquele, aquela, aquilo, e relativos a qual, e seus plurais), todos os demais não admitem artigo definido feminino;

ƒ antes de substantivos em sentido vago, genérico (não admitem artigo definido feminino por serem vagos, genéricos);

ƒ em expressões de palavras repetidas (cara a cara, dia a dia, boca a boca).

Existem alguns casos em que o “a” recebe o acento grave (à) mesmo não havendo

esse encontro de dois “as”. São os chamados casos especiais:

- locuções femininas, sejam elas adverbiais (à força, à vista), adjetivas (à fantasia, à toa), conjuntivas (à medida que, à proporção que) ou prepositivas (à espera de, à procura de) – a polêmica em torno desse conceito será apresentada no decorrer da aula;

- diante de masculino, em que esteja subentendida a expressão “à moda de”,

“à maneira de” (“Ele escrevia à Machado de Assis.”, “O artilheiro fez um gol à Romário.”). Cuidado: em “bife a cavalo” ou em “frango a passarinho” não está subentendida essa expressão (não é “à maneira do cavalo ou do passarinho”...rs...) e, por isso, não leva acento.

Por fim, antes de iniciarmos os comentários às questões de prova, destacamos dois casos chamados “facultativos”, explicando que tipo de “faculdade” é essa:

- pronomes possessivos – esses pronomes admitem o artigo definido antes de si (“Minha mesa está suja” ou “A minha mesa está suja”). Por isso, caso se empregue o pronome possessivo com artigo, desde que o termo regente exija preposição a, haverá crase (preposição a + artigo definido feminino + possessivo = à sua – “Refiro-me à sua professora.”); em não se colocando o artigo antes do possessivo, haverá somente a preposição e, por isso, não haverá a ocorrência de crase (preposição a + possessivo = a sua - “Refiro-me a sua professora.”). Alguns autores chamam de um caso facultativo de crase, e nesse sentido segue o Cespe, mas o que ocorre, na verdade, é o uso opcional do artigo definido feminino;

- com a locução prepositiva “até a” (que é a junção das duas preposições:

até + a). Havendo um termo regido que admita o artigo definido, haverá crase (até a + a = até à – “Andei até à entrada de sua casa.”). Essa locução prepositiva equivale à preposição “até”, que, quando usada na forma simples, não leva à fusão de dois ‘as’, pois só existe um – o artigo (até + a = até a - “Andei até a entrada de sua casa.”). Por isso, alguns falam simplesmente que, com a preposição “até”, a crase é facultativa. Na verdade, o que é facultativo é o uso da locução prepositiva “até a” ou da preposição “até” – com a primeira, haverá crase (até à próxima semana, entregarei o trabalho); com segunda, não (até a próxima semana, entregarei o trabalho).

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Você verá que, a partir do esquema “TERMO REGENTE + TERMO REGIDO”, facilmente conseguirá resolver a maior parte das questões que envolvem CRASE.

Por fim, veremos uma série de questões do Cespe que tratavam, simultaneamente, de CRASE e REGÊNCIA. Bom proveito e bons estudos.

QUESTÕES DE PROVA

1 - (UnB CESPE/ TRE MA- Analista / 2006)

Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos apresentados nos seguintes itens.

I - Opinião favorável ou contrária à coligações partidárias.

II - Direito a candidatar-se à qualquer cargo eletivo.

III - Disposições aplicadas à sítio mantido por empresas públicas.

IV - Tema à que se refere a legislação em vigor. V - Submissão às regras da lei eleitoral.

VI - Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão.

VII - Características semelhantes às da legislação eleitoral.

O emprego da crase está correto apenas nos itens

A) I, II e IV.

B) I, IV e VII.

C) II, V e VII.

D) III, IV e VI.

E) V, VI e VII. Gab. E

Comentário.

Mas que beleza de questão!!! Ela nos dá a oportunidade de treinar a tal da “técnica do TERMO REGENTE x TERMO REGIDO”. Vamos analisar cada um dos itens.

I – Opinião favorável ou contrária .... coligações partidárias.

Temos dois adjetivos como termos regentes. Cuidado! Como vimos na aula passada, não podemos “misturar” as regências – para ligar um termo regido a dois regentes, é imprescindível que ambos os regentes exijam a mesma preposição.

É o famoso exemplo de “Entrei e saí da casa”. Alguém entra EM algum lugar e sai DE algum lugar. Se os verbos regem preposições diferentes, não podem compartilhar do mesmo termo regido. Para corrigir, deveríamos “dar a César o que é de César”: “Entrei na casa e saí dela.”, ou seja, colocar cada verbo com seu próprio termo regido.

Nesse caso, os dois adjetivos regem a mesma preposição: algo é favorável A alguém / algo é contrário A alguém. Beleza!!!

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Já sabemos que os termos regentes exigem a preposição “a”. Vamos olhar para o “outro lado da rua” – o termo regido.

Para ter certeza de que este admite o artigo definido feminino, vamos colocá-lo na função de SUJEITO de uma oração.

“Coligações partidárias facilitaram a eleição do presidente.”

“As coligações partidárias facilitaram a eleição do presidente.”

Com artigo, entendemos que tais coligações foram definidas anteriormente no texto; sem artigo, a menção é genérica.

Note, contudo, que “coligações partidárias” é um substantivo que está no PLURAL. Assim, se houvesse algum artigo definido, seria “as”, formando, no encontro com a preposição, “às”, e não “à”. Por isso, o item I está ERRADO.

II – “Direito a candidatar-se ....... qualquer cargo eletivo.”

Para começar, “cargo eletivo” é um sintagma nominal MASCULINO. Além disso, está acompanhado do pronome indefinido “qualquer”. Só para treinarmos, vamos colocar esse sintagma nominal na função de SUJEITO:

“Qualquer cargo eletivo iria satisfazê-lo.”

Não seria possível usar nenhum artigo, tendo em vista o caráter indefinido do pronome (“O qualquer cargo eletivo iria satisfazê-lo...?!?!?!...”). Assim, ainda que o termo regente, o verbo “candidatar”, exija a preposição “a” (Alguém se candidata A alguma coisa), do outro lado não temos outro “a”, não havendo a ocorrência de crase.

Assim, o item II também está ERRADO.

III – “Disposições aplicadas .... sítio mantido por empresas privadas.”

Essa foi a mais simples até agora: “sítio” é um substantivo masculino. Então, não poderia ser precedido de um artigo FEMININO, o que impossibilita a ocorrência de crase. Item ERRADO.

IV – “Tema ...... que se refere a legislação em vigor.”

Para começar, vamos eliminar um dogma que pode acompanhar você desde a época do primário: é possível SIM haver acento grave antes do QUE, só que, nesse caso, será o encontro da preposição “a” com um pronome demonstrativo “a”, e não um artigo.

Vamos analisar a seguinte construção:

“Esta redação é igual ..... que redigi.”

Alguma coisa é igual a outra coisa. O adjetivo “igual” rege a preposição “a”. Note que, antes do pronome relativo “que” (em “que redigi”), temos um pronome demonstrativo “a”, que poderia ser substituído pelo “aquela”: “Esta redação é igual a + aquela que redigi.”.

Então, há dois “as”: a preposição exigida pelo termo regente “igual” e o pronome demonstrativo “a”: “Esta redação é igual à [a + a] que redigi.”.

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Acontece que, na construção apresentada pelo examinador, existe apenas um “a”: a preposição exigida pelo verbo REFERIR-SE: “A legislação em vigor refere-se a um tema” Î “O tema a que se refere a legislação em vigor.”.

Note que, se substituíssemos o “que” pelo pronome relativo “o qual” (já que “tema” é substantivo masculino), a construção seria: “O tema ao qual se refere a legislação em vigor.” (a + o qual = ao qual / a + que = a que).

Portanto, também está ERRADO este item.

V – “Submissão ....... regras da lei eleitoral”

O termo regente é o substantivo “submissão”, que rege a preposição “a” (submissão A alguma coisa). O termo regido é “regras”, que admite o artigo definido feminino (“as regras”). Por isso, ocorre crase: “Submissão às regras da lei eleitoral”. Finalmente, um item CORRETO!!!

VI – “Restrições impostas ...... rádios e ..... emissoras de televisão.”

O termo regente é “impostas” (algo é imposto A alguém). No termo regido, temos dois elementos: rádios e emissoras, dois substantivos femininos que admitem artigos femininos antes de si (note que o primeiro substantivo não designa o aparelho que a pessoa coloca no ouvido lá no Maracanã, de preferência, torcendo pelo Mengão [...rs...], mas a estação de rádio, como a Globo, Tupi etc.): “Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão.”

Item CERTO.

VII – “Características semelhantes ........ da legislação eleitoral.”

Agora, quem exige a preposição “a” é o adjetivo “semelhante” (algo é semelhante A alguma coisa). Antes da preposição “de”, temos um pronome demonstrativo, que substitui a palavra “características”: “características semelhantes a + aquelas da legislação eleitoral”, havendo crase. Também está CERTA a estrutura “Características semelhantes às da legislação eleitoral.”.

Desse modo, estão certos os seguintes itens: V, VI e VII – opção E.

2 - (UnB CESPE/SEAD-PA/2007)

1 As enchentes urbanas vêm fazendo parte, com

freqüência, da rotina dos habitantes das grandes cidades,

tendo como principal causa o próprio processo de

4 urbanização. Nas grandes cidades brasileiras, pode-se

constatar a ocupação desordenada do solo urbano, a

remoção da cobertura vegetal da bacia hidrográfica, com 7 a conseqüente impermeabilização da superfície, a

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ocupação de grandes extensões de várzeas naturalmente

inundáveis, além do aumento na geração de lixo e esgoto

10 sanitário, coletados e tratados inadequadamente. Todos

esses fatores modificam e causam impactos no sistema de

drenagem natural, que sofre também alterações diretas

13 pela implantação de canais artificiais. A conseqüência é

o aumento da freqüência, da magnitude, da rapidez e do

tempo de permanência das cheias que têm causado 16 prejuízos às cidades.

Marcelo Miguez e Flávio César Borba Mascarenhas. In: O Globo, 30/11/2006 (com adaptações).

Julgue a assertiva abaixo.

- Na linha 16, o emprego de sinal indicativo de crase em “às cidades” justifica-se pela regência de “têm” e pela presença de artigo feminino plural.

ITEM ERRADO

Comentário.

O verbo TER é transitivo direto, ou seja, liga-se ao complemento sem preposição obrigatória. Assim, não poderia ser ele o termo regente de “às cidades”.

Para identificar corretamente os elementos dessa relação, vamos relembrar a passagem do texto:“A conseqüência é o aumento da freqüência, da magnitude, da rapidez e do tempo de permanência das cheias que têm causado prejuízos às cidades.”.

O verbo CAUSAR (principal da locução “têm causado”) é bitransitivo: apresenta objeto direto (prejuízos) e indireto (às cidades). Assim, quem atua como termo regente é, na verdade, o verbo CAUSAR e não o seu auxiliar. A assertiva está incorreta.

3 - (UnB CESPE /TRE PA – Analista / 2007)

Com referência às relações de regência e ao emprego do sinal indicativo de crase, assinale a opção incorreta.

A) Todos os eleitores faltosos permanecem sujeitos àquelas penalidades previstas em lei.

B) A posse dos deputados estaduais eleitos compete às assembléias legislativas dos estados.

C) A população assistiu, ao vivo e em cores, à contagem dos votos no último processo eleitoral.

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D) A escolha dos dirigentes do Poder Executivo para seus cargos submete-se à vontade popular.

E) Ninguém tem o direito de alegar à ignorância no que diz respeito à necessidade e à importância do voto.

GAB. E

Comentário.

Questão “básica” que envolve crase. Vamos começar pelo item incorreto (gabarito).

O verbo ALEGAR é transitivo direto (alguém alega alguma coisa). O seu complemento se liga diretamente ao verbo. Portanto, não há preposição e, conseqüentemente, não ocorre crase.

Além disso, “ignorância” é usado de forma genérica e prescinde de artigo antes de si: “Ninguém tem o direito de alegar ignorância...”.

Em seguida, o termo regente é a expressão “diz respeito” que rege a preposição “a” (alguma coisa DIZ RESPEITO A outra) que, em função do encontro com os artigos que antecedem os termos regidos (necessidade e importância), provoca a ocorrência de crase (“... no que diz respeito à necessidade e à importância...”). Esta última parte da construção estava correta – só errou no início.

Vejamos as demais opções:

a) O termo regente é “sujeitos”, que exige a preposição “a” (alguém está sujeito A alguma coisa). Em função de seu encontro com o pronome demonstrativo “aquelas”, devemos empregar o acento grave: “... sujeitos àquelas penalidades...”.

b) O verbo COMPETIR é o termo regente, pois apresenta transitividade indireta (algo compete A alguém). Antes de “assembléias legislativas” podemos usar o artigo definido feminino plural. Assim, ACENTO GRAVE nele!!! (... compete às assembléias legislativas...).

c) O verbo ASSISTIR, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto, com a preposição “a”. Como o termo regido admite artigo definido feminino (a contagem dos votos), ocorre crase: “... assistiu (...) à contagem dos votos...”.

d) O verbo SUBMETER é transitivo direto e indireto (alguém submete alguma coisa A alguém). Como, no objeto indireto, temos um substantivo que admite artigo definido feminino (vontade popular), CRASE há (rs...)!!!

4 - (UnB CESPE / ICMS AC / 2006)

Analise e julgue a opção em relação à sintaxe de concordância, de regência ou ao emprego do sinal indicativo de crase.

- Um anti-herói é a figura lendária à qual faltam as qualidades físicas ou as virtudes atribuídas ao herói clássico.

ITEM CERTO

Comentário.

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Esse é um dos casos de crase com pronome relativo. Os pronomes relativos retomam um antecedente (isso você já sabe...rs...). Nesse período, o referente é o substantivo “figura” presente na oração anterior, o que justifica a forma feminina (...figura ... a qual...). Na oração subordinada adjetiva, este substantivo iria exercer a função sintática de OBJETO INDIRETO (alguma coisa falta a alguém): “As qualidades físicas ou as virtudes atribuídas ao herói clássico faltam à figura lendária.”.

Como o verbo exige a preposição “a” e, em vez de “figura lendária”, o que temos é o pronome relativo “a qual”, ocorre crase (encontro da preposição “a” com “a qual”, formando “à qual”): “... figura lendária à qual faltam as qualidades físicas ou as virtudes...”.

5 - (UnB CESPE/ IRBr Diplomata/ 2006)

1 A história do Brasil, nos três primeiros séculos, está

intimamente ligada à da expansão comercial e colonial

européia na Época Moderna. Parte integrante do império

4 ultramarino português, o Brasil-colônia refletiu, em todo o

largo período de sua formação colonial, os problemas e os

mecanismos de conjunto que agitaram a política imperial

7 lusitana. Por outro lado, a história da expansão ultramarina e

da exploração colonial portuguesa desenrola-se no amplo quadro

da competição entre as várias potências, em busca do

10 equilíbrio europeu; dessa forma, é na história do sistema geral

de colonização européia moderna que devemos procurar o

esquema de determinações no interior do qual se processou a

13 organização da vida econômica e social do Brasil na primeira

fase de sua história e se encaminharam os problemas políticos

de que esta região foi o teatro. Fernando A. Novais. Aproximações: estudos de história e historiografia. São Paulo: Cosac Naify, 2005, p. 45.

Com relação a aspectos lingüísticos do texto, julgue o item a seguir.

- No trecho “ligada à da expansão comercial e colonial européia” (R.2-3), o acento grave indica crase de preposição e pronome, o qual substitui “história”.

ITEM CERTO

Comentário.

Como recurso coesivo, houve a substituição da palavra “história”, no primeiro período do texto: A história do Brasil, nos três primeiros séculos, está intimamente

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ligada à [história] da expansão comercial e colonial européia na Época Moderna.

No lugar do substantivo, foi empregado o pronome demonstrativo “a”.

Como o termo regente é o adjetivo ‘ligada”, que exige a preposição “a” (alguma coisa é ligada A outra), houve ocorrência de crase – encontro da preposição com o pronome demonstrativo: “... ligada à da expansão comercial e colonial européia.”.

Está perfeita a assertiva.

6 - (UnB CESPE/MRE Oficial de Chancelaria/ 2006)

Soy loco por ti, América

1 “A interpretação da nossa realidade com esquemas

alheios só contribui para tornar-nos cada vez mais

desconhecidos, cada vez menos livres, cada vez mais

4 solitários.” Fomos “descobertos” ou reinventados pelos

colonizadores, que impuseram o sentido que mais lhes

convinha à nossa história. “Insistem em medir-nos com o 7 metro que se medem a si mesmos” e assim se consideram

“civilizados” e a nós, “bárbaros”. Não se dão conta de que

“os estragos da vida são iguais para todos” e que a busca da

10 identidade própria é tão árdua e sangrenta para nós como foi

para eles. Talvez os ex-colonizadores — hoje imperialistas — fossem mais compreensivos conosco — os “bárbaros” —,

13 se olhassem melhor para o seu próprio passado, sem a

mistificação com que o envolveram antes de exportá-lo para

nós. 16 A América Latina e o Caribe reivindicam o direito

de ter uma história própria, assim como temos uma cultura

e um esporte próprios — tão admirados por eles.

19 “A solidariedade com nossos sonhos não nos fará sentir

menos solitários, enquanto não se concretize com atos de

apoio legítimo aos povos que assumam a ilusão de ter uma 22 vida própria na divisão do mundo.”

“Por que a originalidade que nos é admitida, sem

reservas na literatura, nos é negada com todo tipo de 25 suspeitas em nossas tão difíceis tentativas de transformação

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social, que os colonizadores tiveram tanta dificuldade — eles

também — para encontrar e, ainda assim, com defeitos, que

28 cada vez mais ficam evidentes? Por que nos condenar a viver

“como se não fosse possível outro destino senão o de viver

à mercê dos grandes donos do mundo? Este é, amigos, o 31 tamanho da nossa solidão.”

A Vila Isabel desfilou este ano, na passarela do

Sambódromo, com o tema Soy loco por ti, América,

34 originalmente na música de Capinam e de Gil, reatualizando

as citações do discurso com que García Márquez recebeu o

Prêmio Nobel de Literatura em 8 de dezembro de 1982 –— 37 já lá vai um quarto de século.

Emir Sader. Jornal do Brasil, 26/2/2006 (com adaptações).

Com referência ao texto “Soy loco por ti, América”, julgue o item seguinte.

- A expressão “à nossa história” (R.6) é complemento do verbo impor, e, nela, é facultativo o emprego do acento indicativo da crase.

ITEM CERTO

Comentário.

É facultativo o emprego de artigo definido antes de pronomes possessivos, tornando facultativo o emprego do acento grave (indicativo de crase):

- “Meu livro ficou com você.” / “O meu livro ficou com você.”;

- “Minha posse foi adiada.” / “A minha posse foi adiada.”.

Havendo um termo regente que exija preposição “a” e um pronome possessivo feminino (singular ou plural), pode haver ou não crase, a depender do emprego do artigo antes desse pronome.

Em “impuseram o sentido que mais lhes convinha à nossa história.”, o verbo IMPOR é bitransitivo (alguém impõe alguma coisa [OD] a alguém [OI]). O verbo possui, como objeto direto, “o sentido que mais lhe convinha” e, como indireto, “à nossa história”. Emprega, portanto, a preposição “a” antes do complemento indireto.

Ao seu encontro, vem uma estrutura iniciada por um pronome possessivo. Por isso, é facultativo o acento - por ser facultativo o artigo definido.

Até agora, está achando tudo fácil, tranqüilo??? Então, prepare-se para a próxima questão.

7 - (UnB CESPE/ PM DF/ 2006)

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1 O conceito mais conhecido de inteligência é aquele

relacionado com a capacidade de resolver problemas — dos

mais simples aos mais complexos, na grande variedade das

4 conquistas humanas nas diversas áreas do saber. É também

a capacidade de criar produtos, materiais ou intelectuais, que

sejam aceitos socialmente. É um potencial biológico e

7 psicológico, isto é, a inteligência está associada aos nossos

desejos e às nossas ações conscientes e inconscientes.

Significa também escolher. É a capacidade pela qual

10 conseguimos conhecer e compreender as coisas por meio de

uma seleção de opções que se nos apresentam no dia-a-dia.

Todo ser humano tem suas habilidades para

13 interagir com o meio onde vive. Nossa inteligência não está

em um espaço fechado chamado cérebro. Interagimos com o mundo e, utilizando nosso corpo e nosso ser, participamos

16 da nossa cultura. Pensamos e sentimos como um todo.

A diversidade das habilidades humanas torna uns diversos

dos outros. Não uns mais do que os outros, mas diversos,

19 com competências diferentes, constituindo seres construtivos

da história humana. Portanto, todos os humanos são seres

inteligentes, com potenciais para ir além do que são já, neste 22 instante.

Celso Ribeiro. In: Jornal de Negócios/Vida e Saúde, 2/6/2002 (com adaptações).

Com relação ao texto acima, julgue o próximo item.

- O emprego do sinal indicativo de crase é facultativo no trecho “às nossas ações conscientes e inconscientes” (R.8) porque antecede o pronome possessivo “nossas”.

ITEM ERRADO

Comentário.

Aparentemente, essa questão é idêntica à anterior, não é mesmo? Não é MESMO!!! Quem acelerou acabou errando...

Essa foi uma questão bastante capciosa e o erro não estava no emprego do artigo antes de possessivo, nem na ocorrência de crase... (música de suspense no ar: tchan, tchan, tchan, tchaaaaan...rs...).

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Vejamos a passagem em questão.

É um potencial biológico e psicológico, isto é, a inteligência está associada aos nossos desejos e às nossas ações conscientes e inconscientes.

A palavra “associada” é o termo regente e exige o emprego da preposição “a” (alguma coisa está associada A outra).

No papel de termo regido, há dois elementos (e é aqui que começa o problema...rs...): “nossos desejos” e “nossas ações conscientes e inconscientes”.

Antes do primeiro termo regido, houve o emprego do artigo antes do possessivo. Assim, houve a contração da preposição com o artigo (aos nossos desejos).

Por questão de paralelismo, se empregarmos um artigo antes do primeiro elemento de uma série, faremos o mesmo com os demais elementos (“... aos nossos desejos e às nossas ações...”). Foi exatamente isso que fez o autor do texto.

Outra opção seria manter os determinantes (artigo e pronome) antes do primeiro elemento, como se os elementos formassem um grupo, um conjunto (“... aos nossos desejos e ações”).

As três possibilidades de construção seriam, pois:

1) “... associada a nossos desejos e a nossas ações ...” – somente preposição + possessivo, sem artigo nos dois termos regidos;

2) “... associada aos nossos desejos e às nossas ações...” – preposição + artigo + possessivo nos dois elementos.

3) “... associada aos nossos desejos e ações...” – preposição + artigo + possessivo antes do primeiro elemento, apenas, formando um grupo: “desejos e ações”.

Uma dúvida poderia surgir: seria possível omitir a preposição no segundo elemento (“... associada aos nossos desejos e as [somente artigo] nossas ações...”) como sugere o examinador?

Essa é uma questão polêmica, mas, a partir do gabarito, vemos que o Cespe já tomou partido. Considerou ERRADA no item a manutenção do artigo desacompanhado de preposição junto ao segundo termo regido.

Alguns autores afirmam que a preposição deve ser repetida quando os elementos coordenados forem pronomes pessoais (Ele não se lembra de mim nem de ti.) e na maioria dos casos em que são acompanhados de artigo (como nesse).

Nos demais casos, a repetição da preposição seria facultativa. Com o conectivo, enfatiza-se cada um dos elementos (“Ele chegou carregado de malas, de lembranças e de saudade.”); sem ele a partir da segunda ocorrência, a ênfase recai no conjunto (“Ele chegou carregado de malas, lembranças e saudade.”).

Para evitar o chamado “galicismo” (um termo com preposição e outro sem, como foi sugerido pela banca), que poderia ser encarado como um erro de regência, recomenda-se omitir, a partir da segunda ocorrência, tanto a preposição quanto o artigo.

Nesse caso, como o gabarito apontou para um ERRO no item, vemos que a banca segue esta indicação – ou se repete a preposição (exemplos 1 e 2) ou se omite tudo – preposição e artigo (exemplo 3). O que não pode é manter apenas o artigo (sem preposição) antes do segundo elemento.

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Uma última observação sobre emprego de artigo antes de possessivos. Alguns gramáticos, como Cegalla e Sacconi, rejeitam o artigo antes de nomes de parentesco precedidos de possessivos. Segundo eles, o correto seria “Refiro-me a minha mãe” (só a preposição).

Não chegamos a encontrar nenhuma questão do Cespe sobre esse ponto, o que exige do candidato toda atenção. Caso haja menção expressa sobre o emprego de artigo antes de parentesco, é porque a banca está tratando especificamente do posicionamento desses autores. Caso contrário, reze um Pai-Nosso, recite um salmo... com as questões são de certo/errado, só Deus sabe o que passa pela cabeça do examinador...

(UnB CESPE/TCE PE – Assistente Técnico /2004)

Texto para as questões 8 a 12.

1 A maioria dos direitos é formal. Os direitos

fundamentais dependem, todos, da adesão incondicional

à norma que os cria. 4 As formalidades são indissociáveis da democracia.

Seria possível defender o recesso da liberdade, com base em

argumentos substantivos, como criar condições para o

7 desenvolvimento, combater a pobreza, garantir a segurança

nacional. A aceitação do princípio de que os direitos individuais não podem ser suspensos deslegitima o

10 argumento e autoriza a resistência à desobediência.

A lógica jurídica é, em si, uma lógica pura, que se refere à forma e ao conteúdo das normas, não a objetivos

13 práticos ou conseqüências concretas. Há limites para a

interpretação razoável da norma constitucional, mas ela não

se condiciona a questões que lhe são estranhas. 16 Parece filigrana, mas não é. Se a Constituição

Federal não é protegida, termina por se tornar mera

legislação ordinária, que se altera ao sabor das maiorias que 19 se formam politicamente, a cada conjuntura. A Constituição

Federal é a proteção dos cidadãos.

Sérgio Abranches. Questão de lógica. In: Veja, 16/6/2004 (com adaptações). Julgue os seguintes itens, a respeito das idéias e das estruturas lingüísticas do texto acima.

8 - O emprego do sinal indicativo de crase em “à norma” (R.3) indica que esse substantivo depende de “adesão” (R.2).

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ITEM CERTO

Comentário.

Os direitos fundamentais dependem, todos, da adesão incondicional à norma que os cria.

O substantivo “adesão” rege a preposição “a”. Como na seqüência o termo regido é “norma”, que admite artigo definido, estabeleceu-se a relação entre os elementos, devendo haver a contração da preposição com o artigo.

9 - Por estar iniciando oração subordinada, o emprego da preposição “de” (R.8) é opcional; por isso, sua retirada não violaria as regras da norma culta e preservaria a coerência textual.

ITEM ERRADO

Comentário.

Neste item, o examinador explora a regência da palavra “princípios”, que rege a preposição “de”.

A aceitação do princípio de que os direitos individuais não podem ser suspensos deslegitima o argumento e autoriza a resistência à desobediência. Na aula passada, vimos que o Dicionário Prático de Regência Nominal faculta a omissão da preposição para os seguintes vocábulos: ansioso, convencido, crente, esperança e esquecido.

Assim, não poderia haver a retirada do conectivo após a palavra “princípio”, sob risco de incorrer em erro de regência.

10 - Nas linhas 12 e 13, a ausência do sinal indicativo de crase em “a objetivos práticos” indica que esse termo não serve de complementação sintática a “se refere”.

ITEM ERRADO

Comentário.

A lógica jurídica é, em si, uma lógica pura, que se refere à forma e ao conteúdo das normas, não a objetivos práticos ou conseqüências concretas.

O verbo REFERIR-SE (pronominal) rege a preposição “a” (alguém se refere a alguma coisa). Os termos que complementam o verbo são “forma”, “conteúdo das normas”, “objetivos práticos” e “conseqüências concretas”.

, tendo esses dois últimos usados em sentido genérico, o que levou à dispensa de artigo definido, mas não da preposição que antecede o terceiro.

O que motivou a ausência do sinal foi o emprego em sentido genérico dos dois últimos elementos, havendo, nesse caso, somente a preposição que serve de ligação entre termo regente (verbo) e termos regidos.

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11 - Não se usou, no texto, o sinal indicativo de crase logo antes de “questões” (R.15) porque esse substantivo está sendo empregado de maneira genérica, sem a determinação pelo artigo.

ITEM CERTO

Comentário.

“...mas ela não se condiciona a questões que lhe são estranhas.”

Este item resumo o que falamos na questão anterior – o emprego de substantivo de forma genérica faz com que não seja usado nenhum determinante, como o artigo. Com isso, não existe a chance de haver crase – se houver um “a”, este será a preposição exigida pelo termo regente, que, neste caso, é o verbo CONDICIONAR.

12 - Preserva-se a correção das relações de regência no texto ao se substituir o pronome átono “lhe” (R.15) por a ela.

ITEM CERTO

Comentário.

Há limites para a interpretação razoável da norma constitucional, mas ela não se condiciona a questões que lhe são estranhas.

A troca do pronome “lhe” por “a ele/ela” é sempre válida, pois mantém a função sintática do pronome (no caso, complemento nominal, por se relacionar com um adjetivo).

13 - (CESPE UNB / AGU – Procurador Federal / 2002)

O que a escravidão representa para o Brasil, já o sabemos. Moralmente, é a destruição de todos os princípios e fundamentos da moralidade religiosa ou positiva — a família, a propriedade, a solidariedade social, a aspiração humanitária; politicamente, é o servilismo, a desagregação do povo, a doença do funcionalismo, o enfraquecimento do amor à pátria, a divisão do interior em feudos, cada um com seu regime penal, o seu sistema de provas, a sua inviolabilidade perante a polícia e a justiça; econômica e socialmente, é o bem-estar transitório de uma classe única, e essa, decadente e sempre renovada; a eliminação do capital produzido pela compra de escravos; a paralisação de cada energia individual para o trabalho na população nacional; o fechamento dos nossos portos aos imigrantes que buscam a América do Sul; a valorização social do dinheiro, qualquer que seja a forma como for adquirido; o desprezo por todos os que, por escrúpulos, se inutilizam ou atrasam em uma luta de ambições materiais; a venda dos títulos de nobreza; a desmoralização da autoridade, desde a mais alta até à mais baixa. Observamos a impossibilidade de surgirem individualidades dignas de dirigir o país para melhores destinos, porque o país, no meio de todo esse rebaixamento do caráter, do trabalho honrado, das virtudes

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obscuras, da pobreza que procura elevar-se honestamente, está, como se disse, “apaixonado por sua própria vergonha”.

A minha firme convicção é que, se não fizermos todos os dias novos e maiores esforços para tornar o nosso solo perfeitamente livre, se não tivermos sempre presente a idéia de que a escravidão é a causa principal de todos os nossos vícios, defeitos, perigos e fraquezas nacionais, o prazo que ainda tem de duração legal — calculadas todas as influências que lhe estão precipitando o desfecho — será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social.

Joaquim Nabuco. O abolicionismo. In: Intérpretes do Brasil, v. I. Nova Aguilar, 2000, p. 148-51 (com adaptações).

Em relação ao texto, julgue o item que se segue.

- O emprego de crase em “desde a mais alta até à mais baixa” (R.18-19) é obrigatório, segundo os princípios da norma culta.

ITEM ERRADO

Comentário.

O vocábulo “até” pode ser classificado como:

a) PREPOSIÇÃO – neste caso, estabelece limite: “Chegarei até o meio-dia.”;

b) PALAVRA DENOTATIVA – dá a idéia de “inclusão”: “Ele deu o golpe em várias pessoas, até em sua mãe.”.

No primeiro caso, existe também a possibilidade de empregar a locução prepositiva “até a” (contração das duas preposições: até + a). Assim, se houver um termo regido com outro “a”, ocorre crase (contração de “até a” com “a”, formando “até à”).

Isso é muito comum na indicação de horas: “Chegarei até as 10 horas.” ou “Chegarei até às 10 horas.”.

Assim, pode haver crase (se houver o emprego de “até a” + outro “a”) ou não (se houver apenas a preposição “até” com outro “a”). É por isso que o acento não é obrigatório, como foi afirmado na questão, tornando-a ERRADA.

Ressalte-se que tal faculdade não existe no caso do “até” ser palavra denotativa de inclusão (“Ele roubou até a mãe.”).

Voltando a falar sobre paralelismo, na indicação de horas, caso se resolva empregar o artigo antes de um elemento, deve-se empregar também junto aos demais.

“A loja funciona .... 7h .... 10h.”

Como é que fica?

1ª opção - com artigo antes dos dois termos: “A loja funciona das 7h às 10h.”;

2ª opção – sem artigo: “A loja funciona de 7h a 10h.”.

Incorre em erro a construção “de 7h às 10h”, por falta de paralelismo sintático.

14 - (UnB CESPE / BRB /2005)

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Julgue se o item subseqüente está gramaticalmente correto e adequado para a correspondência oficial.

- Se a integração de sistemas, possibilitada pela tecnologia da informação, propiciou a realização de várias transações a distância, ela ainda não integrou o sistema bancário às aplicações de comércio eletrônico e muito menos à outras transações no âmbito do governo, como a gente gostaria de ver.

ITEM ERRADO

Comentário.

O primeiro problema da construção é o emprego do acento grave.

A preposição “a” foi exigida pelo termo regente, o verbo INTEGRAR (integrou o sistema bancário a ...), sendo dois os termos regidos – “às aplicações de comércio eletrônico” e “.... outras transações no âmbito do governo”.

Como o segundo termo regido foi usado em sentido genérico “outras transações” (= quaisquer outras transações), o que impede o emprego de artigo definido.

Note que, se usássemos o determinante, estaríamos nos referindo a certas transações (As outras transações – essa, essa e aquela...), e não a quaisquer transações.

Em seguida, nota-se outro problema. Como o enunciado indica ser esta uma correspondência oficial, não se deve usar expressões coloquiais, como “a gente. Além disso, textos oficiais devem ser impessoais, evitando-se opiniões de caráter subjetivo (como “nós gostaríamos de ver”).

(UnB CESPE / TJ BA - Administrador / 2005)

Texto para as questões 15 e 16.

1 A responsabilidade política do Poder Judiciário no

MERCOSUL é nítida nesta quadra. Precisamos, portanto,

com absoluta transparência, discutir e verificar como as

4 nossas instituições jurídicas estão desenhadas. A justiça

brasileira ainda está presa às concepções autonômicas do

século XIX, e, por isso, o tratado internacional tem

7 sido considerado norma de natureza ordinária, e,

conseqüentemente, é sujeito à modificação, à revogação e à

alteração por qualquer legislação ordinária, sem qualquer

10 audiência dos organismos internacionais e dos países que

foram co-participantes da elaboração de um tratado, seja ele

de qualquer natureza: comercial, civil, tributária.

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Internet: <http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/palavra_dos_ministros (com adaptações).

Acerca do texto acima, julgue os itens seguintes.

15 - Na linha 5, estaria gramaticalmente correta a preferência pela estrutura presa a concepções, em que é omitido o artigo feminino plural, com a permanência da preposição.

ITEM CERTO

Comentário.

Se em vez de identificas as concepções (“...está presa às concepções autonômicas do século XIX...”), o autor preferisse o emprego genérico do substantivo (“... esta presa a concepções...”), não seria usado o artigo, não havendo possibilidade de crase (contração de preposição com outro “a”). Está correta a afirmação.

16 - Os três sinais indicativos de crase empregados à linha 8 têm justificativas diferentes, e dois deles podem ser omitidos sem prejuízo para a correção gramatical do período.

ITEM ERRADO

Comentário.

O trecho em análise é: “... conseqüentemente, é sujeito à modificação, à revogação e à alteração por qualquer legislação ordinária...”.

São, portanto, três os termos regidos pelo vocábulo “sujeito”, que rege a preposição “a”: modificação, revogação e alteração.

Por respeito ao paralelismo sintático, se houvesse a supressão do artigo antes de dois elementos, o mesmo deveria ser feito antes do terceiro, uma vez que todos exercem a mesma função sintática: “... sujeito a modificação, revogação e alteração...”.

17 - (UnB CESPE/ DPF - Delegado/ 2004)

1 A análise que a sociedade costuma fazer da

violência urbana é fundamentada em fatores emocionais,

quase sempre gerados por um crime chocante, pela falta de

4 segurança nas ruas do bairro, por preconceito social ou por

discriminação. As conclusões dos estudos científicos não são

levadas em conta na definição de políticas públicas. Como 7 reflexo dessa atitude, o tratamento da violência evoluiu

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pouco no decorrer do século XX, ao contrário do que

ocorreu com o tratamento das infecções, do câncer ou da

10 AIDS. Nos últimos anos, entretanto, estão sendo

desenvolvidos métodos analíticos mais precisos para avaliar a influência dos fatores econômicos, epidemiológicos

13 e sociológicos associados às raízes sociais da violência

urbana: pobreza, impunidade, acesso a armamento,

narcotráfico, intolerância social, ruptura de laços familiares, 16 imigração, corrupção de autoridades ou descrédito na justiça.

Dráuzio Varella. Internet: <http://www.drauziovarella.com.br> (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item que se segue.

- Na linha 13, o emprego do sinal indicativo de crase em “às raízes” justifica-se pela regência de “associados” e pela presença de artigo; o sinal deveria ser eliminado caso a preposição viesse sem o artigo.

ITEM CERTO

Comentário.

Já deu para perceber que a banca gosta de bater na mesma tecla – emprego de substantivo em sentido genérico dispensa o artigo e impossibilita a ocorrência de crase.

Como a preposição é exigida por “associados”, o termo regido foi usado com artigo (“... associados às raízes sociais da violência...”). Se fosse retirado o artigo, haveria apenas um “a” – a preposição – não havendo crase (“... associados a raízes sociais da violência...”). Está perfeita a proposição.

18 - (UnB CESPE / STM Técnico /2004)

1 Sempre que um crime violento envolvendo menores

abala a sociedade, ressurge a discussão sobre a necessidade

de alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo 4 seus defensores, diminuir a responsabilidade penal para 16

anos inibiria a ação delituosa de rapazes e moças.

Segmentos da população, assustados com o aumento

7 da violência, imaginam ser esse o caminho para a reconquista

da segurança perdida. Encarar o Estatuto da Criança e do Adolescente

10 como bode expiatório das mazelas nacionais é solução

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cômoda, mas ineficaz. Ninguém de bom senso pode crer que

situar em faixa etária mais baixa a imputação criminal seja a

13 fórmula mágica capaz de devolver a paz às ruas e aos lares.

Bandidos que hoje usam jovens menores de 18 anos como

escudo, com a mudança, recorrerão a menores de 16 anos. 16 Depois virão os de 14, 12, 10.

Correio Braziliense. Opinião. 13/7/2004, p. 16 (com adaptações).

Julgue o seguinte item, a respeito do texto acima.

- Na linha 13, por estar marcado pelo sinal de crase como objeto indireto de “devolver”, o termo “às ruas” admite ser deslocado para imediatamente antes do termo “a paz”, sem que fique prejudicada a correção do texto.

ITEM ERRADO

Comentário.

Vamos reproduzir o trecho em comento: “...fórmula mágica capaz de devolver a paz às ruas e aos lares.”

O verbo DEVOLVER apresenta bitransitividade: devolver algo a alguém.

O objeto direto é “a paz”, enquanto que são dois os objetos indiretos: “às ruas e aos lares”.

O examinador sugere a mudança de posição de apenas um dos núcleos do objeto indireto, mantendo o outro na mesma posição, o que provocaria um truncamento sintático à construção (“... devolver às ruas a paz e aos lares”). Ou se desloca todo o objeto indireto (“... devolver às ruas e aos lares a paz”), ou se deixa do jeito que está. Sempre que a banca fizer qualquer sugestão, vá ao texto e verifique se isso não provocaria prejuízo gramatical ou à coerência e coesão textuais.

19 - (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2003)

Os muitos livros que temos e que envolvem, de maneira descritiva, ensaística ou ficcional, o território chamado Brasil e o povo chamado brasileiro, sempre nos serviram de farol (e não de espelho, como quer uma teoria mimética apegada à relação estreita entre realidade e discurso). Com a sua ajuda e facho de luz é que temos caminhado, pois eles iluminam não só a vasta e multifacetada região em que vivemos, como também a nós, habitantes que dela somos, alertando-nos tanto para os acertos quanto os desacertos administrativos, tanto para o sentido do progresso moral quanto para o precipício dos atrasos irremediáveis. São eles que nos instruem no tocante às categorias de análise e interpretação dos valores sociais, políticos, econômicos e estéticos que — conservadores, liberais ou revolucionários; pessimistas, entreguistas ou ufanistas — foram, são e serão determinantes da nossa condição no concerto das

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nações do Ocidente e, mais recentemente, das nações do planeta em vias de globalização.

O interesse mais profundo e direto que esses livros manifestam não é pelo habitante privilegiado desde a primeira hora. Aquele que, ao se transplantar de lá para cá, recebeu benesses, ou aquele outro que foi alvo de ato de nomeação para ocupar cargo oficial, auferindo altos proventos e jurando obediência irrestrita à Coroa portuguesa. Interessam-se, antes e quase que exclusivamente, pelo habitante que, já nascido nestas terras, buscava construir (ou inventar) um pequeno domínio de que seria proprietário exclusivo, sem reconhecer os limites das amarras políticas e fiscais metropolitanas; interessam-se ainda pelo estrangeiro que, ao adotar a nova pátria, queria colonizá-la à sua própria maneira, dela extraindo o que havia de mais rentável para si próprio e para os seus descendentes.

Silviano Santiago. Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. I, 2000, p. XV (com adaptações).

A propósito dos recursos lingüísticos e semânticos que estruturam o texto, julgue o item subseqüente.

- Em “à sua própria maneira” (R.22), de acordo com a norma culta, o emprego do sinal indicativo de crase é opcional

ITEM CERTO

Comentário.

Um dos pontos polêmicos quando se trata de crase é o emprego do acento em locuções adverbiais femininas.

Alguns autores só admitem o acento se houver necessidade de se eliminar ambigüidade (Napoleão Mendes de Almeida é um deles).

Imagine a seguinte construção: “Chegou a noite”.

Pode-se entender que (1) “anoiteceu” ou que (2) “chegou ao anoitecer”. No primeiro sentido, “a noite” seria sujeito e, portanto, sem preposição. Já no segundo, a expressão tem valor adverbial e, para não ser confundido com o primeiro, receberia acento (Chegou à noite.).

Não havendo ambigüidade, segundo essa doutrina, não se acentuaria (“Matei a faca.”). Outros gramáticos, porém, afirmam ser necessário o acento mesmo que não haja esse risco de ambigüidade. Neste grupo, inclui-se Celso Luft, que recomenda o acento em todas as locuções femininas: prepositivas, conjuntivas, adjetivas e adverbiais. Temos, portanto, duas linhas doutrinárias: uma só aceita o acento se houver ambigüidade; outra exige o acento de forma incondicional.

Note, contudo, que a banca ficou “em cima do muro”, ao afirmar que tal locução adverbial poderia se apresentar com ou sem acento (“a sua própria maneira” ou “à sua própria maneira”).

Ao mesmo tempo em que não haveria nenhum risco de ambigüidade (o que eliminaria o acento Î “... queria colonizá-la a sua própria maneira...”), afirmou ser o acento opcional, contrariando, assim, a recomendação de Luft, de que o acento seria indispensável.

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Parece-nos que a banca raciocinou no sentido do emprego de pronome possessivo, que, como vimos, faculta o acento, sem adentrar no mérito de ser esta uma expressão de valor adverbial. Com isso, ficamos sem saber se segue um ou outro posicionamento doutrinário.

Vejamos a próxima questão, que, aliás, é bem recente.

20 - (UnB CESPE/TJ-DFT Analista/2008)

Os seres humanos, nas culturas orais primárias, não afetadas por qualquer tipo de escrita, aprendem muito, possuem e praticam uma grande sabedoria, porém não “estudam”. Eles aprendem pela prática — caçando com caçadores experientes, por exemplo —, pelo tirocínio, que constitui um tipo de aprendizado; aprendem ouvindo, repetindo o que ouvem, dominando profundamente provérbios e modos de combiná- los e recombiná-los, assimilando outros materiais formulares, participando de um tipo de retrospecção coletiva — não pelo estudo no sentido estrito.

Quando o estudo, no sentido estrito de análise seqüencial ampla, se torna possível com a interiorização da escrita, uma das primeiras coisas que os letrados freqüentemente estudam é a própria linguagem e seus usos. A fala é inseparável da nossa consciência e tem fascinado os seres humanos, além de trazer à tona reflexões importantes sobre ela própria, desde os mais antigos estágios da consciência, muito tempo antes do surgimento da escrita.

Walter Ong. Oralidade e cultura escrita. Papirus, 1998, p. 17 (com adaptações).

A partir da organização do texto acima, julgue o seguinte item.

- Na linha 11, mesmo que o verbo que antecede a locução adverbial “à tona” não exigisse objeto regido pela preposição a, como exige esse emprego do verbo “trazer”, o sinal indicativo de crase seria obrigatório nesse contexto.

ITEM CERTO

Comentário.

São duas as análises realizadas: uma em relação à sintaxe de regência do verbo TRAZER e a segunda, sobre o emprego do acento grave.

Primeiramente, o verbo TRAZER, no texto, poderia ser bitransitivo, ou seja, trazer algo a alguém/alguma coisa. O examinador afirma, então, que, ainda não tivesse esse verbo um objeto indireto, o acento grave deveria ser usado.

Então, devemos analisar a função de “à tona”, a passagem em análise.

Essa é uma locução feminina e, como tal, DEVE ser acentuada, segundo as lições já estudadas. Assim, com essa questão, temos finalmente o posicionamento adotado pela banca do CESPE – locução adverbial feminina deve receber acento grave OBRIGATORIAMENTE. Que bom!

21 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002)

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O ano de 2001 caracterizou-se por grandes desafios para a economia brasileira, que levaram a mudanças substanciais na formação de expectativas quanto ao desempenho das principais variáveis econômicas. No início, configurou-se um cenário promissor, com perspectivas de crescimento real da economia brasileira oscilando entre 4% e 5%. A deterioração desse cenário ocorreu pela combinação de fatores internos e externos, que desviaram consideravelmente o crescimento real do produto interno bruto (PIB) para 2,25%, até setembro de 2001, comparado com igual período do ano anterior. No cenário interno, o aumento da taxa SELIC no final de 2001 e o racionamento energético contribuíram para a desaceleração da economia.

No cenário internacional, o agravamento da crise argentina e o desaquecimento econômico dos Estados Unidos da América (EUA), principalmente após os atentados terroristas de 11 de setembro, aumentaram as preocupações quanto ao contágio das tensões externas sobre a economia nacional. Apesar dessas adversidades, o ano de 2001 terminou com reversão parcial do pessimismo instaurado na economia brasileira. As políticas fiscal e monetária contribuíram para fortalecer os fundamentos econômicos, limitando os impactos inflacionários da depreciação cambial.

Relatório do Banco do Brasil S.A. In: Correio Braziliense (com adaptações).

Com base no texto, julgue o item que se segue.

- O uso do sinal indicativo de crase em “levaram a mudanças” (R.2) é facultativo, porque “mudanças” está no plural.

ITEM ERRADO

Comentário.

Se resolvêssemos empregar um artigo antes da palavra “mudanças”, este seria necessariamente PLURAL (as mudanças), formando crase em “levariam às mudanças”, em função de o termo regente exigir a preposição “a”.

O que não é possível é empregar acento grave sem a flexão no plural do artigo (“levariam à mudanças*...”), como sugere o examinador.

(UnB CESPE /TCU – Técnico /2004)

Texto para as questões 22 a 24.

1 Em uma iniciativa inédita, dez grandes corporações

assinaram um compromisso com o Fórum Econômico

Mundial para divulgar regularmente o volume de suas

4 emissões de gases poluentes. Com isso, elas se antecipam

aos governos que ainda estão aguardando a entrada em vigor

do protocolo de Kyoto. Pelo acordo, denominado Registro

7 Mundial de Gases que Causam o Efeito Estufa, as

multinacionais passam a informar o seu grau de poluição do

meio ambiente, atendendo a expectativas de acionistas, que

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10 cobram mais transparência sobre o tema. Juntas, essas

empresas são responsáveis pela emissão de 800 milhões de

toneladas de dióxido de carbono por ano, o que representa 13 cerca de 5% das emissões mundiais.

O Globo, 23/1/2004, p. 30 (com adaptações).

A partir do texto acima e considerando aspectos marcantes da questão ambiental no mundo contemporâneo, julgue os itens seguintes.

22 - Caso se optasse por às expectativas em lugar de “a expectativas” (R.9), o período em que se encontra essa expressão continuaria atendendo às exigências da norma culta escrita.

ITEM CERTO

Comentário.

O termo regente, o verbo ATENDER, rege a preposição “a”. O termo regido foi empregado em sentido genérico, dispensando-se o artigo (“... atendendo a expectativas...”). Caso se deseje determinar o substantivo, será usado o artigo definido feminino plural, formando “... atendendo às expectativas...”, exatamente do jeitinho que o examinador sugeriu. Por isso, está correta a proposição.

23 - Para tornar o texto mais formal e adequado a uma redação oficial, mantendo a correção gramatical e as relações semânticas, deve-se reescrever o trecho “passam a informar o seu grau” (R.8) da seguinte forma: passam a informar-lhe o grau.

ITEM ERRADO

Comentário.

Vimos na aula sobre PRONOMES que o pronome oblíquo “lhe” pode ser usado com valor possessivo. Assim, sob o ponto de vista gramatical, seria possível empregar “informar-lhe o grau” no lugar de “informar o seu grau”. Contudo, em função da regência do verbo INFORMAR, a nova estrutura levaria a uma ambigüidade: o pronome “lhe” poderia ser considerado o objeto indireto do verbo, no sentido de “informar a alguém o grau.”.

Em função dessa alteração de sentido da construção original, a proposição estaria ERRADA, já que não seriam mantidas as relações semânticas.

24 - Serão respeitadas as regras gramaticais se for utilizado o sinal indicativo de crase no “a” que precede “informar” (R.8).

ITEM ERRADO

Comentário.

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Se o termo regido é um VERBO, não existe possibilidade alguma de haver crase, uma vez que não se pode empregar um artigo definido feminino antes desse termo. O que existe é apenas a preposição. Por isso, o emprego de acento grave provocaria erro gramatical à passagem.

(UnB CESPE / STM Técnico /2004)

Texto para as questões 25 e 26.

1 Filhos malcriados e agressivos... O problema da autoridade

em crise não é do vizinho, não acontece no exterior, não é

confortavelmente longínquo. É nosso. Parece

4 que criamos um bando de angustiados, mais do que seria

natural. Sim, natural, pois, sobretudo na juventude, plena de

incertezas e objeto de pressões de toda sorte, uma boa dose 7 de angústia é do jogo e faz bem.

Mas quando isso nos desestabiliza, a nós, adultos,

e nos isola desses de quem estamos ainda cuidando, a quem

10 devemos atenção e carinho, braço e abraço, é porque,

atordoados pelo excesso de psicologismo barato, talvez

tenhamos desaprendido a dizer não, nem distinguimos 13 quando se devia dizer sim.

Ter um filho é necessariamente ser responsável.

Ensinar numa escola é ser responsável. Estar vivo, enfim, é

16 uma grave responsabilidade.

Lya Luft. Sobre pais e filhos. In: Veja, 16/6/2004, p. 21 (com adaptações). Considere as idéias e as estruturas lingüísticas do texto acima para julgar os itens subseqüentes.

25 - Para preservar a correção gramatical, se o termo “adultos” (R.8) fosse substituído por um termo no feminino, a preposição antes de “nós” (R.8) sofreria contração com o artigo feminino e receberia acento indicativo de crase.

ITEM ERRADO

Comentário.

O termo regente, o verbo “desestabilizar”, é transitivo direto (algo desestabiliza alguém), ou seja, não é o verbo que exige a preposição, mas, sim, o pronome oblíquo “nós”. Estes pronomes - nós, vós, ele(s), ela(s) – quando atuam como oblíquos vêm sempre regidos por preposição (algo desestabiliza a nós.).

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Só que, acompanhando o pronome oblíquo, está somente a PREPOSIÇÃO, não havendo, assim, nenhuma possibilidade de haver crase, diante da impossibilidade de se colocar um artigo definido feminino antes do pronome.

Por isso, a mudança do substantivo “adultos” não modifica em nada a relação entre a preposição e o pronome pessoal: “quando isso nos desestabiliza, a nós, mulheres...”.

26 - Preserva-se a coerência textual ao se substituir o pronome “quem” (R.9) pelo pronome que; mas para se preservar a correção gramatical será, então, necessário retirar-se a preposição que o antecede.

ITEM ERRADO

Comentário.

Estudamos na aula sobre pronomes que o relativo “quem” é usado quando o referente for “pessoa” e está sempre acompanhado de preposição. Nesse caso, a preposição é exigida pelo verbo CUIDAR (alguém cuida de alguém/algo), presente na oração subordinada adjetiva (“...desses de quem estamos ainda cuidando...”).

Se, em vez de usarmos o relativo “quem”, quisermos usar o relativo universal – que -, haveria mudança tão-somente no emprego do pronome, em nada se alterando a regência do verbo CUIDAR, que continuaria a exigir a preposição: “...desses de que estamos ainda cuidando...”).

Assim, está incorreta a afirmação de que, para preservar a correção gramatical, seria necessário retirar a preposição. Essa retirada provocaria erro à construção.

(CESPE UNB/DEFENSOR/2004)

Texto para as questões 27 e 28.

Não temos dado muita atenção a uma de nossas mais importantes riquezas nacionais. Trata-se de nosso patrimônio lingüístico. Exatamente as línguas ou idiomas e dialetos falados em nosso país. Qual é a situação atual e importância? Há proteção legal para eles? É o que tentaremos analisar.

O idioma, como uma das formas de expressão de uma cultura, constitui um bem cultural e como tal tem caráter difuso, ou seja, é de uso comum do povo e seus titulares são pessoas indeterminadas.

O patrimônio lingüístico de um país é um dos seus maiores bens, além de seu maior legado às gerações futuras, pois, com a transmissão dos idiomas, transferem-se milhares de características, fatores e costumes especiais e únicos.

Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.

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Portanto, a manutenção de um idioma é um fator importantíssimo para a identidade de um povo, por constituir um dos seus principais suportes culturais, além de ser uma expressão preservadora de sua dignidade e orgulho. Daí a necessidade de conhecermos nosso riquíssimo patrimônio lingüístico, conscientizarmo-nos de sua importância e da necessidade de protegê-lo, inclusive com uma efetiva aplicação da legislação, se for preciso.

Antônio Silveira. R. dos Santos. Patrimônio lingüístico: importância e proteção. In: Correio Braziliense, Direito e Justiça, 5/7/2004, p. 3 (com adaptações).

A respeito da organização do texto acima, julgue os seguintes itens.

27 - Na linha 1, é gramaticalmente opcional o emprego do sinal indicativo de crase em “a”, mas seu uso tornaria o sentido de “atenção” menos genérico e mais especificamente direcionado para “riquezas nacionais” (R.2).

ITEM ERRADO

Comentário.

Não temos dado muita atenção a uma de nossas mais importantes riquezas nacionais.

O termo regente “DAR”, verbo principal da locução verbal “temos dado”, exige a preposição “a” antes de seu complemento indireto (dar atenção A alguém/algo).

Na posição de termo regido, temos a expressão “uma de nossas mais importantes riquezas”, que impossibilita o emprego do artigo definido feminino antes de si. Em função disso, está ERRADO afirmar que o emprego de acento grave seria opcional. Ele seria, sim, inadequado, por não haver crase.

28 - Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.”, o emprego da preposição que antecede os termos “um país” e “humanidade” é exigido pelas regras de regência segundo as quais está empregado o verbo implicar.

ITEM ERRADO

Comentário.

O verbo IMPLICAR, como vimos na aula passada, é originalmente transitivo direto (implicar alguma coisa), mas já apresenta inovação sintática, em função de sua proximidade semântica com outros verbos transitivos indiretos.

Contudo, o examinador passou longe dessa discussão. O complemento verbal é perda, ligado diretamente ao verbo (mantendo, assim, a regência originária). Esse substantivo, por sua vez, é o termo regente de dois termos regidos: “um país” e

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“humanidade”, ligando a eles por meio da preposição “a” (perda a um país e à humanidade).

O erro da questão está em afirmar ser o verbo IMPLICAR o termo regente.

(UnB CESPE /TCDF - Analista/2002)

Texto para as questões 29 a 31.

1 Em geral, quando falamos de violência, pensamos em

uso da força, com vistas à exclusão de grupos ou indivíduos

de uma dada situação de poder. Essa violência pode ou não

4 encontrar resistência na violência dos excluídos. Como quer

que seja, nos dois casos estão em jogo os princípios

axiológicos que permitem arbitrar o que é legal ou ilegal,

7 legítimo ou ilegítimo, na interação entre os humanos. O ponto

central é a noção de abuso de poder, de invasão desestruturante

de uma ordem desejável, posta no horizonte 10 ético da cultura.

O fato histórico do alheamento de indivíduos ou

grupos humanos em relação a outros não é novo na dinâmica

13 social. Desqualificar moralmente o outro significa não vê-lo

como um agente autônomo e criador potencial de normas éticas

ou como um parceiro na obediência a leis partilhadas

16 e consentidas ou, por fim, como alguém que deve ser

respeitado em sua integridade física e moral. No estado de alheamento, o agente da violência não

19 tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o

possível objeto da violência nada tem a oferecer-lhe, então

não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha

22 a sofrer. Ao contrário da crueldade inspirada na rivalidade

ameaçadora, real ou imaginária, a indiferença anula quase

totalmente o outro em sua humanidade.

Jurandir Freire. A ética democrática e seus inimigos. In: O desafio ético, p. 77-80 (com adaptações).

Com respeito ao emprego das expressões ou palavras no texto, julgue os itens que se seguem.

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29 - Por estar empregado na acepção de discorrer, o verbo falar, na expressão “falamos de violência” (R.1), admite alternativamente o emprego da preposição em ou sobre, em lugar de “de”.

ITEM CERTO

Comentário.

Nessa acepção, o verbo FALAR admite as preposições mencionadas pelo examinador. Está correta a assertiva, que trata de sintaxe de regência verbal.

30 - Mantém-se a coerência textual e a correção gramatical se, na expressão “à exclusão de” (R.2), o termo sublinhado for substituído pelo verbo excluir, com a conseqüente retirada da preposição “de”.

ITEM ERRADO

Comentário.

Se trocássemos a palavra “exclusão” (feminina) pelo verbo EXCLUIR, além de retirar a preposição “de”, haveria também a necessidade de se eliminar o acento grave, uma vez que, antes de verbo, não se emprega acento por não haver artigo definido feminino.

31 - Não ocorre o sinal indicativo de crase em “a leis” (R.15) por não estar aí empregado o artigo definido feminino.

ITEM CERTO

Comentário.

Isso já está ficando chato....(rs...).

Por ter sido usado em sentido genérico, o vocábulo “leis” não se faz acompanhar por artigo definido e, como conseqüência, impossibilita a ocorrência de crase – há apenas a preposição “a”.

(UnB CESPE / DPF – Escrivão / 2002)

Texto para as questões 32 e 33.

Lembremos que a modernidade se caracteriza não apenas por um novo modo de produção e de vida, mas também por uma nova forma de relacionamento entre os homens na sociedade, o que influi até mesmo no julgamento que fazemos uns dos outros. Essa forma de relacionamento, que vem desde a Revolução Industrial, é

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intermediada pelo trabalho, e os parâmetros para julgar as pessoas são o dinheiro e a propriedade.

Entretanto, trabalho e dinheiro não estão disponíveis para todos. Em cidades superpopulosas, em meio às crises das indústrias, freqüentemente os trabalhadores se vêem sem meios de sobreviver. Essa relação entre os homens é, portanto, uma relação desigual, em que geralmente os trabalhadores estão em desvantagem, já que não possuem meios estáveis de sobrevivência e dependem de empregadores.

Andréa Buoro et al. Violência urbana – dilemas e desafios. São Paulo: Atual, 1999, p. 26.

Julgue os itens seguintes, a respeito das estruturas lingüísticas empregadas no texto.

32 - A substituição de “Lembremos” (R.1) por Lembremo-nos de provoca erro gramatical.

ITEM ERRADO

Comentário.

Agora, o que o examinador explorou foi a regência dos verbos LEMBRAR e LEMBRAR- SE. O primeiro é transitivo direto (“Lembremos que...”) e o pronominal exige complemento indireto com a preposição “de” (Lembremo-nos de que...).

Não se verifica erro algum na construção sugerida, tornando a assertiva INCORRETA.

33 - O emprego do sinal indicativo de crase antes de “crises” (R.8) indica que aí está presente também o artigo definido feminino plural as.

ITEM CERTO

Comentário.

O termo regente é a locução prepositiva “em meio a”. O termo regido é o substantivo “crises”, que admite artigo definido feminino (as crises). Por isso, ocorreu crase.

34 - (UnB CESPE/ TJ PA – Analista / 2006)

1 Se separarmos da palavra civilização as noções de

utilitarismo e progressismo, dadas pelo senso comum e pelo

pensamento conservador (“desenvolvimento da indústria e do

4 comércio, aquisição de bens materiais e de luxo”), e

restituirmos a ela o sentido original, “fineza dos costumes”, “educação dos espíritos”, “desenvolvimento da polidez”,

7 “cultura das artes e das ciências”, podemos dizer então que

a civilização está a perigo. No plano político, no lugar da antiga idéia de

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10 Constituição e respeito à cidadania, o termo civilização

passou a ser associado a performance, espetáculo, marketing,

simulação e, principalmente, eficácia.

Adauto Novaes. Sobre tempo e história. In: Adauto Novaes (Org.). Tempo e história (com adaptações).

Julgue a assertiva abaixo.

- É possível a inserção da preposição a antes de “eficácia” (R.12).

ITEM CERTO

Comentário.

O trecho em análise é “o termo civilização passou a ser associado a performance, espetáculo, marketing, simulação e, principalmente, eficácia.”.

O termo regente é “associado” (parece que o Cespe adora essa palavra, não é?). Os termos regidos são “performance, espetáculo, marketing, simulação e eficácia”. Em função da distância ocasionada pelo advérbio, é possível repetir a repetição antes do último elemento. Note, contudo, que esta preposição precisa vir desacompanhada de artigo, para que seja mantido o paralelismo sintático com os demais elementos do grupo.

35 - (UnB CESPE/PETROBRAS /2007)

1 Após os dois choques de preços do petróleo,

problemas ligados ao desequilíbrio do balanço de pagamentos e à garantia do suprimento de energia levaram

4 à formulação de uma política energética cujos objetivos

centrais eram a conservação da energia, o aumento da

produção nacional de petróleo e de eletricidade e a

7 substituição de derivados de petróleo por fontes alternativas

nacionais (energia hidrelétrica, biomassa, carvão mineral etc.). Os instrumentos utilizados foram a política de preços

10 de energia, a política tecnológica e a política de incentivos e

subsídios, além de medidas de restrição ao consumo através do estabelecimento de quotas às empresas do setor industrial.

Comissão interministerial para a preparação da conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento (CIMA). O desafio do desenvolvimento sustentável.

Secretaria de Imprensa. Presidência da República, dez. de 1991 (com adaptações).

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Tomando por base a organização do texto acima, julgue o item subseqüente.

- O emprego do sinal de crase em “à garantia” (R.3) e “à formulação” (R.4) indica que são dois os complementos de “ligados” (R.2).

ITEM ERRADO

Comentário.

Cuidado com as indicações de termos regentes.

Em “... problemas ligados ao desequilíbrio do balanço de pagamentos e à garantia do suprimento de energia levaram à formulação de uma política energética cujos objetivos”, o termo regido “garantia” possui como regente o adjetivo “ligados” (“... ligados ao desequilíbrio ... e à garantia...”), mas o substantivo “formulação” é complemento do verbo LEVAR (“... levaram à formulação...”). Uma leitura atenta bastaria para solucionar essa questão.

36 - (UnB CESPE / TST – Analista / 2008)

Muitas coisas nos diferenciam dos outros animais,

mas nada é mais marcante do que a nossa capacidade de

trabalhar, de transformar o mundo segundo nossa

4 qualificação, nossa energia, nossa imaginação. Ainda assim,

para a grande maioria dos homens, o trabalho nada mais é do

que puro desgaste da vida. Na sociedade capitalista, a

7 produtividade do trabalho aumentou simultaneamente a tão

forte rotinização, apequenamento e embrutecimento do

processo de trabalho de forma que já não há nada que mais

10 nos desagrade do que trabalhar. Preferimos, a grande

maioria, fazer o que temos em comum com os outros

animais: comer, dormir, descansar, acasalar.

13 Nossa capacidade de trabalho, a potência humana de

transformação e emancipação de todos, ficou limitada a ser

apenas o nosso meio de ganhar pão. Capacidade, potência,

16 criação, o trabalho foi transformado pelo capital no seu

contrário. Tornou-se o instrumento de alienação no sentido

clássico da palavra: o ato de entregar ao outro o que é nosso, 19 nosso tempo de vida.

Emir Sader. Trabalhemos menos, trabalhemos todos. In: Correio Braziliense, 18/11/2007 (com adaptações).

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Julgue a assertiva a seguir.

- A ausência do sinal indicativo de crase em “a tão forte” (R.7-8) indica que nesse trecho não foi empregado artigo, mas apenas preposição.

ITEM CERTO

O verbo aumentar é INTRANSITIVO (a produtividade aumentou). A estrutura iniciada por "simultaneamente" exerce a função de adjunto adverbial, no seguinte sentido: "a produtividade aumentou AO MESMO TEMPO EM QUE AUMENTOU A TÃO FORTE ROTINIZAÇÃO".

Assim, o termo regente é o advérbio "simultaneamente", que exige a preposição "a"; o termo regido é "rotinização", que aceitaria artigo definido feminino.

Assim, se houver a retirada do artigo antes de "rotinização" (uso genérico da palavra), haverá apenas a ocorrência de uma preposição, esta exigida pelo advérbio.

37 - (UnB CESPE / TST – Técnico / 2008)

1 Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir

novos papéis para atender às exigências das empresas. Muitos países já estão revendo seus conceitos comerciais e

4 os profissionais familiarizados com políticas e práticas sociais

terão cada vez mais destaque no mercado de trabalho. Gente

boa em inclusão social é o que se quer. 7 Trocando em miúdos, o desenvolvimento

econômico e social de um país depende do compromisso

ético de empresas e governos. In: Escola, jan./fev., 2004 (com adaptações).

Julgue a assertiva a seguir.

- Preservam-se a coerência textual e a correção gramatical do texto, ao se substituir a expressão verbal “para atender” (R.2) pela equivalente nominal em atendimento, desde que seja retirado o sinal indicativo de crase em “às exigências” (R.2).

ITEM ERRADO

O verbo ATENDER pode ser indistintamente transitivo direto ou indireto no sentido de “dar ou prestar atenção”, “considerar” ou “responder” (nesses casos, se o complemento for um pronome pessoal, só se emprega a forma objetiva direta: “atender os/aos conselhos”, mas “atendê-los”).

Assim, originalmente, por ser o termo regente o verbo ATENDER com complemento sob a forma nominal, e não pronominal (“... para atender às exigências...”), está correta a regência. Ao se substituir “para atender” por “em atendimento”, manter-se-ia a correção gramatical com a MANUTENÇÃO DO ACENTO GRAVE, uma vez que o novo

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termo regente “atendimento” também rege a preposição “a” (“... em atendimento às exigências...”).

Por isso, está incorreta a afirmação de que seria necessária a retirada do acento indicativo de crase.

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Até a próxima. Bons estudos.

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LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS

1 - (UnB CESPE/ TRE MA- Analista / 2006)

Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos apresentados nos seguintes itens.

I - Opinião favorável ou contrária à coligações partidárias.

II - Direito a candidatar-se à qualquer cargo eletivo.

III - Disposições aplicadas à sítio mantido por empresas públicas.

IV - Tema à que se refere a legislação em vigor. V - Submissão às regras da lei eleitoral.

VI - Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão.

VII - Características semelhantes às da legislação eleitoral.

O emprego da crase está correto apenas nos itens

A) I, II e IV.

B) I, IV e VII.

C) II, V e VII.

D) III, IV e VI.

E) V, VI e VII.

2 - (UnB CESPE/SEAD-PA/2007)

1 As enchentes urbanas vêm fazendo parte, com

freqüência, da rotina dos habitantes das grandes cidades,

tendo como principal causa o próprio processo de

4 urbanização. Nas grandes cidades brasileiras, pode-se

constatar a ocupação desordenada do solo urbano, a

remoção da cobertura vegetal da bacia hidrográfica, com

7 a conseqüente impermeabilização da superfície, a

ocupação de grandes extensões de várzeas naturalmente

inundáveis, além do aumento na geração de lixo e esgoto

10 sanitário, coletados e tratados inadequadamente. Todos

esses fatores modificam e causam impactos no sistema de

drenagem natural, que sofre também alterações diretas

13 pela implantação de canais artificiais. A conseqüência é

o aumento da freqüência, da magnitude, da rapidez e do

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tempo de permanência das cheias que têm causado

16 prejuízos às cidades.

Marcelo Miguez e Flávio César Borba Mascarenhas. In: O Globo, 30/11/2006 (com adaptações).

Julgue a assertiva abaixo.

- Na linha 16, o emprego de sinal indicativo de crase em “às cidades” justifica-se pela regência de “têm” e pela presença de artigo feminino plural.

3 - (UnB CESPE /TRE PA – Analista / 2007)

Com referência às relações de regência e ao emprego do sinal indicativo de crase, assinale a opção incorreta.

A) Todos os eleitores faltosos permanecem sujeitos àquelas penalidades previstas em lei.

B) A posse dos deputados estaduais eleitos compete às assembléias legislativas dos estados.

C) A população assistiu, ao vivo e em cores, à contagem dos votos no último processo eleitoral.

D) A escolha dos dirigentes do Poder Executivo para seus cargos submete-se à vontade popular.

E) Ninguém tem o direito de alegar à ignorância no que diz respeito à necessidade e à importância do voto.

4 - (UnB CESPE / ICMS AC / 2006)

Analise e julgue a opção em relação à sintaxe de concordância, de regência ou ao emprego do sinal indicativo de crase.

- Um anti-herói é a figura lendária à qual faltam as qualidades físicas ou as virtudes atribuídas ao herói clássico.

5 - (UnB CESPE/ IRBr Diplomata/ 2006)

1 A história do Brasil, nos três primeiros séculos, está

intimamente ligada à da expansão comercial e colonial

européia na Época Moderna. Parte integrante do império

4 ultramarino português, o Brasil-colônia refletiu, em todo o

largo período de sua formação colonial, os problemas e os

mecanismos de conjunto que agitaram a política imperial 7 lusitana. Por outro lado, a história da expansão ultramarina e

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da exploração colonial portuguesa desenrola-se no amplo

quadro da competição entre as várias potências, em busca do

10 equilíbrio europeu; dessa forma, é na história do sistema geral

de colonização européia moderna que devemos procurar o

esquema de determinações no interior do qual se processou a

13 organização da vida econômica e social do Brasil na primeira

fase de sua história e se encaminharam os problemas políticos

de que esta região foi o teatro. Fernando A. Novais. Aproximações: estudos de história e historiografia. São Paulo: Cosac Naify, 2005, p. 45.

Com relação a aspectos lingüísticos do texto, julgue o item a seguir.

- No trecho “ligada à da expansão comercial e colonial européia” (R.2-3), o acento grave indica crase de preposição e pronome, o qual substitui “história”.

6 - (UnB CESPE/MRE Oficial de Chancelaria/ 2006)

Soy loco por ti, América

1 “A interpretação da nossa realidade com esquemas

alheios só contribui para tornar-nos cada vez mais

desconhecidos, cada vez menos livres, cada vez mais

4 solitários.” Fomos “descobertos” ou reinventados pelos

colonizadores, que impuseram o sentido que mais lhes

convinha à nossa história. “Insistem em medir-nos com o 7 metro que se medem a si mesmos” e assim se consideram

“civilizados” e a nós, “bárbaros”. Não se dão conta de que

“os estragos da vida são iguais para todos” e que a busca da

10 identidade própria é tão árdua e sangrenta para nós como foi

para eles. Talvez os ex-colonizadores — hoje imperialistas — fossem mais compreensivos conosco — os “bárbaros” —,

13 se olhassem melhor para o seu próprio passado, sem a

mistificação com que o envolveram antes de exportá-lo para

nós. 16 A América Latina e o Caribe reivindicam o direito

de ter uma história própria, assim como temos uma cultura

e um esporte próprios — tão admirados por eles. 19 “A solidariedade com nossos sonhos não nos fará sentir

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menos solitários, enquanto não se concretize com atos de

apoio legítimo aos povos que assumam a ilusão de ter uma 22 vida própria na divisão do mundo.”

“Por que a originalidade que nos é admitida, sem

reservas na literatura, nos é negada com todo tipo de

25 suspeitas em nossas tão difíceis tentativas de transformação

social, que os colonizadores tiveram tanta dificuldade — eles

também — para encontrar e, ainda assim, com defeitos, que 28 cada vez mais ficam evidentes? Por que nos condenar a viver

“como se não fosse possível outro destino senão o de viver

à mercê dos grandes donos do mundo? Este é, amigos, o 31 tamanho da nossa solidão.”

A Vila Isabel desfilou este ano, na passarela do

Sambódromo, com o tema Soy loco por ti, América,

34 originalmente na música de Capinam e de Gil, reatualizando

as citações do discurso com que García Márquez recebeu o

Prêmio Nobel de Literatura em 8 de dezembro de 1982 –— 37 já lá vai um quarto de século.

Emir Sader. Jornal do Brasil, 26/2/2006 (com adaptações).

Com referência ao texto “Soy loco por ti, América”, julgue o item seguinte.

- A expressão “à nossa história” (R.6) é complemento do verbo impor, e, nela, é facultativo o emprego do acento indicativo da crase.

7 - (UnB CESPE/ PM DF/ 2006)

1 O conceito mais conhecido de inteligência é aquele

relacionado com a capacidade de resolver problemas — dos

mais simples aos mais complexos, na grande variedade das

4 conquistas humanas nas diversas áreas do saber. É também

a capacidade de criar produtos, materiais ou intelectuais, que

sejam aceitos socialmente. É um potencial biológico e

7 psicológico, isto é, a inteligência está associada aos nossos

desejos e às nossas ações conscientes e inconscientes.

Significa também escolher. É a capacidade pela qual

10 conseguimos conhecer e compreender as coisas por meio de

uma seleção de opções que se nos apresentam no dia-a-dia.

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Todo ser humano tem suas habilidades para

13 interagir com o meio onde vive. Nossa inteligência não está

em um espaço fechado chamado cérebro. Interagimos com o mundo e, utilizando nosso corpo e nosso ser, participamos

16 da nossa cultura. Pensamos e sentimos como um todo.

A diversidade das habilidades humanas torna uns diversos

dos outros. Não uns mais do que os outros, mas diversos,

19 com competências diferentes, constituindo seres construtivos

da história humana. Portanto, todos os humanos são seres

inteligentes, com potenciais para ir além do que são já, neste 22 instante.

Celso Ribeiro. In: Jornal de Negócios/Vida e Saúde, 2/6/2002 (com adaptações).

Com relação ao texto acima, julgue o próximo item.

- O emprego do sinal indicativo de crase é facultativo no trecho “às nossas ações conscientes e inconscientes” (R.8) porque antecede o pronome possessivo “nossas”.

(UnB CESPE/TCE PE – Assistente Técnico /2004)

Texto para as questões 8 a 12.

1 A maioria dos direitos é formal. Os direitos

fundamentais dependem, todos, da adesão incondicional

à norma que os cria. 4 As formalidades são indissociáveis da democracia.

Seria possível defender o recesso da liberdade, com base em

argumentos substantivos, como criar condições para o

7 desenvolvimento, combater a pobreza, garantir a segurança

nacional. A aceitação do princípio de que os direitos individuais não podem ser suspensos deslegitima o

10 argumento e autoriza a resistência à desobediência.

A lógica jurídica é, em si, uma lógica pura, que se refere à forma e ao conteúdo das normas, não a objetivos

13 práticos ou conseqüências concretas. Há limites para a

interpretação razoável da norma constitucional, mas ela não

se condiciona a questões que lhe são estranhas. 16 Parece filigrana, mas não é. Se a Constituição

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Federal não é protegida, termina por se tornar mera

legislação ordinária, que se altera ao sabor das maiorias que 19 se formam politicamente, a cada conjuntura. A Constituição

Federal é a proteção dos cidadãos.

Sérgio Abranches. Questão de lógica. In: Veja, 16/6/2004 (com adaptações). Julgue os seguintes itens, a respeito das idéias e das estruturas lingüísticas do texto acima.

8 - O emprego do sinal indicativo de crase em “à norma” (R.3) indica que esse substantivo depende de “adesão” (R.2).

9 - Por estar iniciando oração subordinada, o emprego da preposição “de” (R.8) é opcional; por isso, sua retirada não violaria as regras da norma culta e preservaria a coerência textual.

10 - Nas linhas 12 e 13, a ausência do sinal indicativo de crase em “a objetivos práticos” indica que esse termo não serve de complementação sintática a “se refere”.

11 - Não se usou, no texto, o sinal indicativo de crase logo antes de “questões” (R.15) porque esse substantivo está sendo empregado de maneira genérica, sem a determinação pelo artigo.

12 - Preserva-se a correção das relações de regência no texto ao se substituir o pronome átono “lhe” (R.15) por a ela.

13 - (CESPE UNB / AGU – Procurador Federal / 2002)

O que a escravidão representa para o Brasil, já o sabemos. Moralmente, é a destruição de todos os princípios e fundamentos da moralidade religiosa ou positiva — a família, a propriedade, a solidariedade social, a aspiração humanitária; politicamente, é o servilismo, a desagregação do povo, a doença do funcionalismo, o enfraquecimento do amor à pátria, a divisão do interior em feudos, cada um com seu regime penal, o seu sistema de provas, a sua inviolabilidade perante a polícia e a justiça; econômica e socialmente, é o bem-estar transitório de uma classe única, e essa, decadente e sempre renovada; a eliminação do capital produzido pela compra de escravos; a paralisação de cada energia individual para o trabalho na população nacional; o fechamento dos nossos portos aos imigrantes que buscam a América do Sul; a valorização social do dinheiro, qualquer que seja a forma como for adquirido; o desprezo por todos os que, por escrúpulos, se inutilizam ou atrasam em uma luta de ambições materiais; a venda dos títulos de nobreza; a desmoralização da autoridade, desde a mais alta até à mais baixa. Observamos a impossibilidade de surgirem individualidades dignas de dirigir o país para melhores destinos, porque o país, no meio de todo esse rebaixamento do caráter, do trabalho honrado, das virtudes obscuras, da pobreza que procura elevar-se honestamente, está, como se disse, “apaixonado por sua própria vergonha”.

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A minha firme convicção é que, se não fizermos todos os dias novos e maiores esforços para tornar o nosso solo perfeitamente livre, se não tivermos sempre presente a idéia de que a escravidão é a causa principal de todos os nossos vícios, defeitos, perigos e fraquezas nacionais, o prazo que ainda tem de duração legal — calculadas todas as influências que lhe estão precipitando o desfecho — será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social.

Joaquim Nabuco. O abolicionismo. In: Intérpretes do Brasil, v. I. Nova Aguilar, 2000, p. 148-51 (com adaptações).

Em relação ao texto, julgue o item que se segue.

- O emprego de crase em “desde a mais alta até à mais baixa” (R.18-19) é obrigatório, segundo os princípios da norma culta.

14 - (UnB CESPE / BRB /2005)

Julgue se o item subseqüente está gramaticalmente correto e adequado para a correspondência oficial.

- Se a integração de sistemas, possibilitada pela tecnologia da informação, propiciou a realização de várias transações a distância, ela ainda não integrou o sistema bancário às aplicações de comércio eletrônico e muito menos à outras transações no âmbito do governo, como a gente gostaria de ver.

(UnB CESPE / TJ BA - Administrador / 2005)

Texto para as questões 15 e 16.

1 A responsabilidade política do Poder Judiciário no

MERCOSUL é nítida nesta quadra. Precisamos, portanto,

com absoluta transparência, discutir e verificar como as

4 nossas instituições jurídicas estão desenhadas. A justiça

brasileira ainda está presa às concepções autonômicas do

século XIX, e, por isso, o tratado internacional tem

7 sido considerado norma de natureza ordinária, e,

conseqüentemente, é sujeito à modificação, à revogação e à

alteração por qualquer legislação ordinária, sem qualquer

10 audiência dos organismos internacionais e dos países que

foram co-participantes da elaboração de um tratado, seja ele

de qualquer natureza: comercial, civil, tributária. Internet: <http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/palavra_dos_ministros (com adaptações).

Acerca do texto acima, julgue os itens seguintes.

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15 - Na linha 5, estaria gramaticalmente correta a preferência pela estrutura presa a concepções, em que é omitido o artigo feminino plural, com a permanência da preposição.

16 - Os três sinais indicativos de crase empregados à linha 8 têm justificativas diferentes, e dois deles podem ser omitidos sem prejuízo para a correção gramatical do período.

17 - (UnB CESPE/ DPF - Delegado/ 2004)

1 A análise que a sociedade costuma fazer da

violência urbana é fundamentada em fatores emocionais,

quase sempre gerados por um crime chocante, pela falta de

4 segurança nas ruas do bairro, por preconceito social ou por

discriminação. As conclusões dos estudos científicos não são

levadas em conta na definição de políticas públicas. Como

7 reflexo dessa atitude, o tratamento da violência evoluiu

pouco no decorrer do século XX, ao contrário do que

ocorreu com o tratamento das infecções, do câncer ou da

10 AIDS. Nos últimos anos, entretanto, estão sendo

desenvolvidos métodos analíticos mais precisos para avaliar a influência dos fatores econômicos, epidemiológicos

13 e sociológicos associados às raízes sociais da violência

urbana: pobreza, impunidade, acesso a armamento,

narcotráfico, intolerância social, ruptura de laços familiares, 16 imigração, corrupção de autoridades ou descrédito na justiça.

Dráuzio Varella. Internet: <http://www.drauziovarella.com.br> (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item que se segue.

- Na linha 13, o emprego do sinal indicativo de crase em “às raízes” justifica-se pela regência de “associados” e pela presença de artigo; o sinal deveria ser eliminado caso a preposição viesse sem o artigo.

18 - (UnB CESPE / STM Técnico /2004)

1 Sempre que um crime violento envolvendo menores

abala a sociedade, ressurge a discussão sobre a necessidade

de alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo

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4 seus defensores, diminuir a responsabilidade penal para 16

anos inibiria a ação delituosa de rapazes e moças.

Segmentos da população, assustados com o aumento

7 da violência, imaginam ser esse o caminho para a reconquista

da segurança perdida. Encarar o Estatuto da Criança e do Adolescente

10 como bode expiatório das mazelas nacionais é solução

cômoda, mas ineficaz. Ninguém de bom senso pode crer que

situar em faixa etária mais baixa a imputação criminal seja a

13 fórmula mágica capaz de devolver a paz às ruas e aos lares.

Bandidos que hoje usam jovens menores de 18 anos como

escudo, com a mudança, recorrerão a menores de 16 anos. 16 Depois virão os de 14, 12, 10.

Correio Braziliense. Opinião. 13/7/2004, p. 16 (com adaptações).

Julgue o seguinte item, a respeito do texto acima.

- Na linha 13, por estar marcado pelo sinal de crase como objeto indireto de “devolver”, o termo “às ruas” admite ser deslocado para imediatamente antes do termo “a paz”, sem que fique prejudicada a correção do texto.

19 - (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2003)

Os muitos livros que temos e que envolvem, de maneira descritiva, ensaística ou ficcional, o território chamado Brasil e o povo chamado brasileiro, sempre nos serviram de farol (e não de espelho, como quer uma teoria mimética apegada à relação estreita entre realidade e discurso). Com a sua ajuda e facho de luz é que temos caminhado, pois eles iluminam não só a vasta e multifacetada região em que vivemos, como também a nós, habitantes que dela somos, alertando-nos tanto para os acertos quanto os desacertos administrativos, tanto para o sentido do progresso moral quanto para o precipício dos atrasos irremediáveis. São eles que nos instruem no tocante às categorias de análise e interpretação dos valores sociais, políticos, econômicos e estéticos que — conservadores, liberais ou revolucionários; pessimistas, entreguistas ou ufanistas — foram, são e serão determinantes da nossa condição no concerto das nações do Ocidente e, mais recentemente, das nações do planeta em vias de globalização.

O interesse mais profundo e direto que esses livros manifestam não é pelo habitante privilegiado desde a primeira hora. Aquele que, ao se transplantar de lá para cá, recebeu benesses, ou aquele outro que foi alvo de ato de nomeação para ocupar cargo oficial, auferindo altos proventos e jurando obediência irrestrita à Coroa portuguesa. Interessam-se, antes e quase que exclusivamente, pelo habitante que, já nascido nestas terras, buscava construir (ou inventar) um pequeno domínio de que seria proprietário exclusivo, sem reconhecer os limites das amarras políticas e fiscais metropolitanas; interessam-se ainda pelo estrangeiro que, ao adotar a nova pátria,

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queria colonizá-la à sua própria maneira, dela extraindo o que havia de mais rentável para si próprio e para os seus descendentes.

Silviano Santiago. Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. I, 2000, p. XV (com adaptações).

A propósito dos recursos lingüísticos e semânticos que estruturam o texto, julgue o item subseqüente.

- Em “à sua própria maneira” (R.22), de acordo com a norma culta, o emprego do sinal indicativo de crase é opcional

20 - (UnB CESPE/TJ-DFT Analista/2008)

Os seres humanos, nas culturas orais primárias, não afetadas por qualquer tipo de escrita, aprendem muito, possuem e praticam uma grande sabedoria, porém não “estudam”. Eles aprendem pela prática — caçando com caçadores experientes, por exemplo —, pelo tirocínio, que constitui um tipo de aprendizado; aprendem ouvindo, repetindo o que ouvem, dominando profundamente provérbios e modos de combiná- los e recombiná-los, assimilando outros materiais formulares, participando de um tipo de retrospecção coletiva — não pelo estudo no sentido estrito.

Quando o estudo, no sentido estrito de análise seqüencial ampla, se torna possível com a interiorização da escrita, uma das primeiras coisas que os letrados freqüentemente estudam é a própria linguagem e seus usos. A fala é inseparável da nossa consciência e tem fascinado os seres humanos, além de trazer à tona reflexões importantes sobre ela própria, desde os mais antigos estágios da consciência, muito tempo antes do surgimento da escrita.

Walter Ong. Oralidade e cultura escrita. Papirus, 1998, p. 17 (com adaptações).

A partir da organização do texto acima, julgue o seguinte item.

- Na linha 11, mesmo que o verbo que antecede a locução adverbial “à tona” não exigisse objeto regido pela preposição a, como exige esse emprego do verbo “trazer”, o sinal indicativo de crase seria obrigatório nesse contexto.

21 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002)

O ano de 2001 caracterizou-se por grandes desafios para a economia brasileira, que levaram a mudanças substanciais na formação de expectativas quanto ao desempenho das principais variáveis econômicas. No início, configurou-se um cenário promissor, com perspectivas de crescimento real da economia brasileira oscilando entre 4% e 5%. A deterioração desse cenário ocorreu pela combinação de fatores internos e externos, que desviaram consideravelmente o crescimento real do produto interno bruto (PIB) para 2,25%, até setembro de 2001, comparado com igual período do ano anterior. No cenário interno, o aumento da taxa SELIC no final de 2001 e o racionamento energético contribuíram para a desaceleração da economia.

No cenário internacional, o agravamento da crise argentina e o desaquecimento econômico dos Estados Unidos da América (EUA), principalmente após os atentados terroristas de 11 de setembro, aumentaram as preocupações quanto ao contágio das tensões externas sobre a economia nacional. Apesar dessas adversidades, o ano de

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2001 terminou com reversão parcial do pessimismo instaurado na economia brasileira. As políticas fiscal e monetária contribuíram para fortalecer os fundamentos econômicos, limitando os impactos inflacionários da depreciação cambial.

Relatório do Banco do Brasil S.A. In: Correio Braziliense (com adaptações).

Com base no texto, julgue o item que se segue.

- O uso do sinal indicativo de crase em “levaram a mudanças” (R.2) é facultativo, porque “mudanças” está no plural.

(UnB CESPE /TCU – Técnico /2004)

Texto para as questões 22 a 24.

1 Em uma iniciativa inédita, dez grandes corporações

assinaram um compromisso com o Fórum Econômico

Mundial para divulgar regularmente o volume de suas

4 emissões de gases poluentes. Com isso, elas se antecipam

aos governos que ainda estão aguardando a entrada em vigor

do protocolo de Kyoto. Pelo acordo, denominado Registro

7 Mundial de Gases que Causam o Efeito Estufa, as

multinacionais passam a informar o seu grau de poluição do

meio ambiente, atendendo a expectativas de acionistas, que

10 cobram mais transparência sobre o tema. Juntas, essas

empresas são responsáveis pela emissão de 800 milhões de

toneladas de dióxido de carbono por ano, o que representa 13 cerca de 5% das emissões mundiais.

O Globo, 23/1/2004, p. 30 (com adaptações).

A partir do texto acima e considerando aspectos marcantes da questão ambiental no mundo contemporâneo, julgue os itens seguintes.

22 - Caso se optasse por às expectativas em lugar de “a expectativas” (R.9), o período em que se encontra essa expressão continuaria atendendo às exigências da norma culta escrita.

23 - Para tornar o texto mais formal e adequado a uma redação oficial, mantendo a correção gramatical e as relações semânticas, deve-se reescrever o trecho “passam a informar o seu grau” (R.8) da seguinte forma: passam a informar-lhe o grau.

24 - Serão respeitadas as regras gramaticais se for utilizado o sinal indicativo de crase no “a” que precede “informar” (R.8).

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(UnB CESPE / STM Técnico /2004)

Texto para as questões 25 e 26.

1 Filhos malcriados e agressivos... O problema da autoridade

em crise não é do vizinho, não acontece no exterior, não é

confortavelmente longínquo. É nosso. Parece

4 que criamos um bando de angustiados, mais do que seria

natural. Sim, natural, pois, sobretudo na juventude, plena de

incertezas e objeto de pressões de toda sorte, uma boa dose 7 de angústia é do jogo e faz bem.

Mas quando isso nos desestabiliza, a nós, adultos,

e nos isola desses de quem estamos ainda cuidando, a quem

10 devemos atenção e carinho, braço e abraço, é porque,

atordoados pelo excesso de psicologismo barato, talvez

tenhamos desaprendido a dizer não, nem distinguimos 13 quando se devia dizer sim.

Ter um filho é necessariamente ser responsável.

Ensinar numa escola é ser responsável. Estar vivo, enfim, é

16 uma grave responsabilidade.

Lya Luft. Sobre pais e filhos. In: Veja, 16/6/2004, p. 21 (com adaptações). Considere as idéias e as estruturas lingüísticas do texto acima para julgar os itens subseqüentes.

25 - Para preservar a correção gramatical, se o termo “adultos” (R.8) fosse substituído por um termo no feminino, a preposição antes de “nós” (R.8) sofreria contração com o artigo feminino e receberia acento indicativo de crase.

26 - Preserva-se a coerência textual ao se substituir o pronome “quem” (R.9) pelo pronome que; mas para se preservar a correção gramatical será, então, necessário retirar-se a preposição que o antecede.

(CESPE UNB/DEFENSOR/2004)

Texto para as questões 27 e 28.

Não temos dado muita atenção a uma de nossas mais importantes riquezas nacionais. Trata-se de nosso patrimônio lingüístico. Exatamente as línguas ou idiomas e dialetos falados em nosso país. Qual é a situação atual e importância? Há proteção legal para eles? É o que tentaremos analisar.

O idioma, como uma das formas de expressão de uma cultura, constitui um bem cultural e como tal tem caráter difuso, ou seja, é de uso comum do povo e seus titulares são pessoas indeterminadas.

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O patrimônio lingüístico de um país é um dos seus maiores bens, além de seu maior legado às gerações futuras, pois, com a transmissão dos idiomas, transferem-se milhares de características, fatores e costumes especiais e únicos.

Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.

Portanto, a manutenção de um idioma é um fator importantíssimo para a identidade de um povo, por constituir um dos seus principais suportes culturais, além de ser uma expressão preservadora de sua dignidade e orgulho. Daí a necessidade de conhecermos nosso riquíssimo patrimônio lingüístico, conscientizarmo-nos de sua importância e da necessidade de protegê-lo, inclusive com uma efetiva aplicação da legislação, se for preciso.

Antônio Silveira. R. dos Santos. Patrimônio lingüístico: importância e proteção. In: Correio Braziliense, Direito e Justiça, 5/7/2004, p. 3 (com adaptações).

A respeito da organização do texto acima, julgue os seguintes itens.

27 - Na linha 1, é gramaticalmente opcional o emprego do sinal indicativo de crase em “a”, mas seu uso tornaria o sentido de “atenção” menos genérico e mais especificamente direcionado para “riquezas nacionais” (R.2).

28 - Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.”, o emprego da preposição que antecede os termos “um país” e “humanidade” é exigido pelas regras de regência segundo as quais está empregado o verbo implicar.

(UnB CESPE /TCDF - Analista/2002)

Texto para as questões 29 a 31.

1 Em geral, quando falamos de violência, pensamos em

uso da força, com vistas à exclusão de grupos ou indivíduos

de uma dada situação de poder. Essa violência pode ou não

4 encontrar resistência na violência dos excluídos. Como quer

que seja, nos dois casos estão em jogo os princípios

axiológicos que permitem arbitrar o que é legal ou ilegal,

7 legítimo ou ilegítimo, na interação entre os humanos. O ponto

central é a noção de abuso de poder, de invasão desestruturante

de uma ordem desejável, posta no horizonte 10 ético da cultura.

O fato histórico do alheamento de indivíduos ou

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grupos humanos em relação a outros não é novo na dinâmica

13 social. Desqualificar moralmente o outro significa não vê-lo

como um agente autônomo e criador potencial de normas éticas

ou como um parceiro na obediência a leis partilhadas

16 e consentidas ou, por fim, como alguém que deve ser

respeitado em sua integridade física e moral. No estado de alheamento, o agente da violência não

19 tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o

possível objeto da violência nada tem a oferecer-lhe, então

não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha

22 a sofrer. Ao contrário da crueldade inspirada na rivalidade

ameaçadora, real ou imaginária, a indiferença anula quase

totalmente o outro em sua humanidade.

Jurandir Freire. A ética democrática e seus inimigos. In: O desafio ético, p. 77-80 (com adaptações).

Com respeito ao emprego das expressões ou palavras no texto, julgue os itens que se seguem.

29 - Por estar empregado na acepção de discorrer, o verbo falar, na expressão “falamos de violência” (R.1), admite alternativamente o emprego da preposição em ou sobre, em lugar de “de”.

30 - Mantém-se a coerência textual e a correção gramatical se, na expressão “à exclusão de” (R.2), o termo sublinhado for substituído pelo verbo excluir, com a conseqüente retirada da preposição “de”.

31 - Não ocorre o sinal indicativo de crase em “a leis” (R.15) por não estar aí empregado o artigo definido feminino.

(UnB CESPE / DPF – Escrivão / 2002)

Texto para as questões 32 e 33.

Lembremos que a modernidade se caracteriza não apenas por um novo modo de produção e de vida, mas também por uma nova forma de relacionamento entre os homens na sociedade, o que influi até mesmo no julgamento que fazemos uns dos outros. Essa forma de relacionamento, que vem desde a Revolução Industrial, é intermediada pelo trabalho, e os parâmetros para julgar as pessoas são o dinheiro e a propriedade.

Entretanto, trabalho e dinheiro não estão disponíveis para todos. Em cidades superpopulosas, em meio às crises das indústrias, freqüentemente os trabalhadores se vêem sem meios de sobreviver. Essa relação entre os homens é, portanto, uma

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relação desigual, em que geralmente os trabalhadores estão em desvantagem, já que não possuem meios estáveis de sobrevivência e dependem de empregadores.

Andréa Buoro et al. Violência urbana – dilemas e desafios. São Paulo: Atual, 1999, p. 26.

Julgue os itens seguintes, a respeito das estruturas lingüísticas empregadas no texto.

32 - A substituição de “Lembremos” (R.1) por Lembremo-nos de provoca erro gramatical.

33 - O emprego do sinal indicativo de crase antes de “crises” (R.8) indica que aí está presente também o artigo definido feminino plural as.

34 - (UnB CESPE/ TJ PA – Analista / 2006)

1 Se separarmos da palavra civilização as noções de

utilitarismo e progressismo, dadas pelo senso comum e pelo

pensamento conservador (“desenvolvimento da indústria e do

4 comércio, aquisição de bens materiais e de luxo”), e

restituirmos a ela o sentido original, “fineza dos costumes”, “educação dos espíritos”, “desenvolvimento da polidez”,

7 “cultura das artes e das ciências”, podemos dizer então que

a civilização está a perigo. No plano político, no lugar da antiga idéia de

10 Constituição e respeito à cidadania, o termo civilização

passou a ser associado a performance, espetáculo, marketing,

simulação e, principalmente, eficácia.

Adauto Novaes. Sobre tempo e história. In: Adauto Novaes (Org.). Tempo e história (com adaptações).

Julgue a assertiva abaixo.

- É possível a inserção da preposição a antes de “eficácia” (R.12).

35 - (UnB CESPE/PETROBRAS /2007)

1 Após os dois choques de preços do petróleo,

problemas ligados ao desequilíbrio do balanço de pagamentos e à garantia do suprimento de energia levaram

4 à formulação de uma política energética cujos objetivos

centrais eram a conservação da energia, o aumento da

produção nacional de petróleo e de eletricidade e a

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7 substituição de derivados de petróleo por fontes alternativas

nacionais (energia hidrelétrica, biomassa, carvão mineral etc.). Os instrumentos utilizados foram a política de preços

10 de energia, a política tecnológica e a política de incentivos e

subsídios, além de medidas de restrição ao consumo através do estabelecimento de quotas às empresas do setor industrial.

Comissão interministerial para a preparação da conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento (CIMA). O desafio do desenvolvimento sustentável.

Secretaria de Imprensa. Presidência da República, dez. de 1991 (com adaptações).

Tomando por base a organização do texto acima, julgue o item subseqüente.

- O emprego do sinal de crase em “à garantia” (R.3) e “à formulação” (R.4) indica que são dois os complementos de “ligados” (R.2).

36 - (UnB CESPE / TST – Analista / 2008)

Muitas coisas nos diferenciam dos outros animais,

mas nada é mais marcante do que a nossa capacidade de

trabalhar, de transformar o mundo segundo nossa

4 qualificação, nossa energia, nossa imaginação. Ainda assim,

para a grande maioria dos homens, o trabalho nada mais é do

que puro desgaste da vida. Na sociedade capitalista, a

7 produtividade do trabalho aumentou simultaneamente a tão

forte rotinização, apequenamento e embrutecimento do

processo de trabalho de forma que já não há nada que mais

10 nos desagrade do que trabalhar. Preferimos, a grande

maioria, fazer o que temos em comum com os outros

animais: comer, dormir, descansar, acasalar.

13 Nossa capacidade de trabalho, a potência humana de

transformação e emancipação de todos, ficou limitada a ser

apenas o nosso meio de ganhar pão. Capacidade, potência,

16 criação, o trabalho foi transformado pelo capital no seu

contrário. Tornou-se o instrumento de alienação no sentido

clássico da palavra: o ato de entregar ao outro o que é nosso, 19 nosso tempo de vida.

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Emir Sader. Trabalhemos menos, trabalhemos todos. In: Correio Braziliense, 18/11/2007 (com adaptações).

Julgue a assertiva a seguir.

- A ausência do sinal indicativo de crase em “a tão forte” (R.7-8) indica que nesse trecho não foi empregado artigo, mas apenas preposição.

37 - (UnB CESPE / TST – Técnico / 2008)

1 Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir

novos papéis para atender às exigências das empresas. Muitos países já estão revendo seus conceitos comerciais e

4 os profissionais familiarizados com políticas e práticas sociais

terão cada vez mais destaque no mercado de trabalho. Gente

boa em inclusão social é o que se quer. 7 Trocando em miúdos, o desenvolvimento

econômico e social de um país depende do compromisso

ético de empresas e governos. In: Escola, jan./fev., 2004 (com adaptações).

Julgue a assertiva a seguir.

- Preservam-se a coerência textual e a correção gramatical do texto, ao se substituir a expressão verbal “para atender” (R.2) pela equivalente nominal em atendimento, desde que seja retirado o sinal indicativo de crase em “às exigências” (R.2).

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GABARITO

1 – E

2 - ERRADO

3 – E

4 - CERTO

5 - CERTO

6 - CERTO

7 - ERRADO

8 - CERTO

9 - ERRADO

10 - ERRADO

11 - CERTO

12 – CERTO

13 - ERRADO

14 - ERRADO

15 - CERTO

16 - ERRADO

17 - CERTO

18 - ERRADO

19 - CERTO

20 – CERTO

21 - ERRADO

22 - CERTO

23 - ERRADO

24 - ERRADO

25 - ERRADO

26 - ERRADO

27 - ERRADO

28 - ERRADO

29 - CERTO

30 - ERRADO

31 - CERTO

32 - ERRADO

33 - CERTO

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34 - CERTO

35 – ERRADO

36 – CERTO

37 – ERRADO

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