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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS MÓDULO DE DIREITO ADMINISTRATIVO ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br Página | 1 Olá pessoal, Esta é a nossa 7ª aula. Desculpem-me pelo atraso em virtude de minha viagem. Na terça-feira que vem lanço a aula final. Hoje vamos estudar ”Responsabilidade civil do Estado”. Então, vamos ao que interessa. Responsabilidade Civil do Estado Conforme ressalta Celso Antônio Bandeira de Mello “todos os povos, todas as legislações, doutrina e jurisprudência universais, reconhecem, em consenso pacífico, o dever estatal de ressarcir as vítimas de seus comportamentos danosos”. O Estado, assim como os demais sujeitos de direito existente em uma sociedade, se sujeita às determinações proscritas no ordenamento jurídico. Não há qualquer sujeito que se intitule fora da ordem normativa, eis que é próprio do Estado Democrático de Direito à sujeição de todos à ordem jurídica. Com efeito, estando o Estado também sujeito à incidência do ordenamento jurídico (princípio da jurisdicidade), é normal que ele responda pelos danos que causar, sobretudo, quando o causa em nome da coletividade em detrimento de um ou de alguns. Nesse sentido, a título de curiosidade, os dois últimos Estados a se sucumbirem à teoria da responsabilidade, foram Estados Unidos e Inglaterra, respectivamente em 1946 e 1947, entendendo que o Estado não está imune à responsabilidade de reparar danos causados a terceiros. Nos Estados Unidos a teoria da irresponsabilidade perdurou até 1946, quando por meio do Federal Tort Claim Act foi abolida, e na Inglaterra até 1947 quando foi editado o Crown Proceding Act. Nestes dois Estados passou-se a responder de forma

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Olá pessoal, Esta é a nossa 7ª aula. Desculpem-me pelo atraso em

virtude de minha viagem. Na terça-feira que vem lanço a aula final. Hoje vamos estudar ”Responsabilidade civil do Estado”.

Então, vamos ao que interessa.

Responsabilidade Civil do Estado

Conforme ressalta Celso Antônio Bandeira de Mello

“todos os povos, todas as legislações, doutrina e jurisprudência universais, reconhecem, em consenso pacífico, o dever estatal de ressarcir as vítimas de seus comportamentos danosos”.

O Estado, assim como os demais sujeitos de direito existente em uma sociedade, se sujeita às determinações proscritas no ordenamento jurídico. Não há qualquer sujeito que se intitule fora da ordem normativa, eis que é próprio do Estado Democrático de Direito à sujeição de todos à ordem jurídica.

Com efeito, estando o Estado também sujeito à

incidência do ordenamento jurídico (princípio da jurisdicidade), é normal que ele responda pelos danos que causar, sobretudo, quando o causa em nome da coletividade em detrimento de um ou de alguns.

Nesse sentido, a título de curiosidade, os dois últimos

Estados a se sucumbirem à teoria da responsabilidade, foram Estados Unidos e Inglaterra, respectivamente em 1946 e 1947, entendendo que o Estado não está imune à responsabilidade de reparar danos causados a terceiros.

Nos Estados Unidos a teoria da irresponsabilidade

perdurou até 1946, quando por meio do Federal Tort Claim Act foi abolida, e na Inglaterra até 1947 quando foi editado o Crown Proceding Act. Nestes dois Estados passou-se a responder de forma

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subjetiva, ou seja, quando seus agentes tiverem causado o dano por ato culposo.

Dessa forma, com apoio na lição de Dirley da Cunha

Junior (Curso de Direito Administrativo, 2006:287), pode-se dizer que a responsabilidade extracontratual do Estado “é a obrigação que incumbe ao Estado de reparar os danos lesivos a terceiros e que lhe sejam imputáveis em virtude de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”.

Celso Antônio, sempre com maestria, assevera que se

“entende por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”.

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro “a

responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”.

É importante, portanto, percebemos que nem sempre

vigeu a teoria da responsabilidade do Estado pelos seus atos, ou seja, evoluiu-se da irresponsabilidade para a responsabilidade. Evolução: Teoria da Irresponsabilidade do Estado

Então, como destacado, na origem dos Estados modernos, vigia o sistema de irresponsabilidade do Estado, visto que o Rei, representante divino e por vezes a própria divindade, jamais poderia errar ou cometer atos que supostamente fossem reprováveis

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sob qualquer aspecto, pois sua vontade era algo absolutamente irretocável.

Nesse período, vigorava o princípio da

irresponsabilidade do Estado, de maneira que não haveria meios de responsabilizar o Estado pelos seus atos ou omissões. Conhecidas as expressões que marcam sobremaneira essa fase (Le roi ne peut mal faire ou The king can do not wrong).

Nesse período, denominado absolutista, o Rei, que se

confundia com a própria figura do Estado, não respondia por seus atos, portanto, insuscetível de qualquer reprovação. Destarte, o Estado não respondia por quaisquer danos que causasse a seus súditos, porque se isso ocorresse era a própria manifestação do poder do Rei, da divindade.

Nessa fase é possível verificar a evolução do sistema de

responsabilidade, passando em alguns países a haver temperamentos, tal como na França, onde leis específicas passaram a prevê a responsabilidade do Estado (Lei do 28 pluvioso do Ano VIII) ou de seu agente, quando o ato pudesse ser imputado diretamente a ele.

Obviamente que com a derrocada dos regimes

absolutistas, impondo-se limitações ao Estado, submetendo-o ao regime das leis, passou-se a adotar a teoria da responsabilidade. Teoria da Responsabilidade por Culpa (Civilista)

A teoria da responsabilidade surge sob a idéia da responsabilidade estatal baseada na culpa, discutia-se acerca da culpa do agente. Em primeiro momento, havendo distinção entre os atos chamados de império (no qual o Estado não respondia) e os chamados atos de gestão, sob os quais o Estado responderia.

É valioso saber que a teoria da responsabilidade

civilista do Estado nasce sob o auspício da jurisprudência francesa, à

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margem do tratamento legal, tendo como marco histórico o julgamento proferido pelo Tribunal de Conflitos Francês no caso Blanco (1873).

Conforme narra a Profa. Di Pietro:

“A menina Agnes Blanco, ao atravessar uma rua em

Bordeaux, foi colhido por uma vagonete da Cia.

Nacional de Manufatura do Fumo; seu pai promoveu

ação civil de indenização, com base no princípio de que

o Estado é civilmente responsável por prejuízos

causados a terceiros, em decorrência de ação danosa

de seus agentes. Suscitado conflito de atribuições entre

a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o

Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia deveria

ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se

tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de

funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a

responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos

princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras

especiais que variam conforme as necessidades do

serviço e a imposição de conciliar os direitos do Estado

com os diretos privados".

Tal evolução se deve ao memorável Conselheiro Davi, que apontou a necessidade de evolução no tocante à responsabilidade civil do Estado, que tal responsabilidade é distinta da estabelecida nas relações privadas, de maneira que não fosse necessário demonstrar a culpa individual, mas a culpa do serviço.

Surge daí, em abandono a teoria civilista, a teoria da

responsabilidade subjetiva do Estado baseada na culpa administrativa ou denominada faute du service. Teoria da Responsabilidade por Culpa Administrativa

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Inicialmente passou a adotar a responsabilidade do Estado nos mesmos moldes da do indivíduo, ou seja, passou o Estado a responder toda vez que se demonstrasse a culpa.

No entanto, verificou-se que demonstrar a culpa estatal

era sempre algo complexo, de modo que a responsabilidade subjetiva passou a ser entendida como decorrência da denominada culpa administrativa ou culpa anônima.

A teoria da culpa administrativa funda-se na idéia de

que a responsabilidade do Estado não está vinculada a culpa individual (subjetiva) do agente público. O Estado responderá, mesmo que agente não seja culpado pelo evento danoso, mas quando em razão de falha na prestação de suas atividades puder decorrer um dano para terceiros.

Trata-se de culpa administrativa ou anônima do

serviço (culpa do serviço ou faute du service), que ocorre quando: i) o serviço não existiu ou não funcionou quando devia funcionar; ii) serviço funcionou mal, iii) serviço atrasou.

Nessas três hipóteses, diz-se que houve a culpa do

serviço, conforme os franceses faute du service. Em tal situação, poderá ocorrer de a vítima não ter como demonstrar a culpa do Estado, eis que estando fora do aparelho estatal não detém poder para buscar as informações que comprove a culpa estatal.

Assim, haverá a presunção de culpa, ficando a vítima

desobrigada a prová-lo, ou seja, nessa modalidade a culpa é presumida, cabendo ao Estado, para afastar sua responsabilidade, demonstrar que ela não ocorreu. Teoria da Responsabilidade Objetiva

A evolução da teoria publicista da responsabilidade do

Estado avançou para a denominada teoria da responsabilidade objetiva em que a obrigação de reparar o dano, por ato lícito ou

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ilícito, era cabível no caso de se comprovar a relação de causalidade entre o dano e o ato do agente.

In casu, a responsabilidade objetiva, não perpassa por

análise de qualquer elemento subjetivo, isto é, não se verifica a necessidade de demonstra que o ato se deu por culpa (culpa ou dolo), ainda que seja ela presumida. É que, na hipótese, não há que se perquirir acerca da culpa, basta que haja a relação entre o comportamento e o dano para que o Estado seja responsabilizado por este.

Com efeito, na teoria da responsabilidade objetiva não

é necessário provar a culpa do Estado ou de seus agentes, para a configuração de três elementos: o ato estatal, o dano e a nexo causal entre a ação e o dano.

Outrossim, a teoria da responsabilidade objetiva evolui

e se divide em duas teorias, a teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral.

É a teoria do risco que dá fundamento para

responsabilidade objetiva, baseando-se no sentido de que se deve partir os benefícios gerados pela atuação do Estado. E, por isso, todos também devem suportar os encargos advindos dessa atuação.

Nessa teoria, a ideia de culpa é substituída pelo nexo

de causalidade entre o comportamento estatal e o dano sofrido, sem se cogitar em culpa do serviço ou culpa do agente.

Como ressaltado, dividi-se em risco administrativo e

risco integral. Na Teoria do risco administrativo há possibilidade de causas excludentes de responsabilidade, no risco integral não se admite excludente, de modo que o Estado é responsável pelo simples fato da atividade existir.

Celso Bandeira de Mello salienta que o estágio a que se

caminha a teoria da responsabilidade é para a teoria da

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responsabilidade do risco social, onde o Estado seria responsável por condutas ainda que não fossem imputadas ao próprio Estado. Evolução da Responsabilidade Extracontratual no Brasil

É assente na doutrina que no Brasil não se passou pelo período da irresponsabilidade do Estado, tendo sido adotada a teoria da responsabilidade.

A Constituição de 1946, no seu artigo 194, no entanto,

foi a primeira Constituição a prevê expressamente a responsabilidade do Estado por danos, seguindo-se pelas Constituições de 1967 (art. 105) e 1969 (art. 107).

Em todas essas Constituições, na linha preconizada

pelo Código Civil de 1916, utilizou-se a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado.

No entanto, a Constituição de 1988 em seu artigo 37,

§6º introduz a chamada responsabilidade objetiva do Estado, calcada na teoria do risco administrativo, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço público, são responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as

pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de

serviço público responderão pelos danos que seus

agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,

assegurado o direito de regresso contra responsável

no caso de dolo ou culpa.

Nesse tipo de situação, o particular lesionado não carece demonstrar a culpa em sentido amplo, ou seja, a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia) ou dolo do servidor ou da Administração para que esta venha a responder,

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basta, tão-somente, demonstrar o dano, o nexo de causalidade, e a conduta atribuída à Administração ou a seu agente.

Alguns autores controvertem acerca desse assunto.

Para uns a responsabilidade objetiva somente seria aquele em que se deu o dano por ação do agente. A responsabilidade por omissão seria subjetiva. O próprio Supremo Tribunal Federal, por vezes, vacila no tocante ao tema, vejamos:

"A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos

documentos constitucionais brasileiros desde a Carta Política

de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade

civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes

públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão.

Essa concepção teórica, que informa o princípio

constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder

Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo

causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo

dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente

de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de

demonstração de falta do serviço público. Os elementos que

compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade

civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade

do dano, (b) a causalidade material entre o eventus damni e

o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do

agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva,

imputável a agente do Poder Público, que tenha, nessa

condição funcional, incidido em conduta comissiva ou

omissiva, independentemente da licitude, ou não, do

comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de

causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 –

RTJ 71/99 – RTJ 91/377 – RTJ 99/1155 – RTJ 131/417)." (RE

109.615, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 02/08/96)

"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a

responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige

dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a

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negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,

entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser

atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do

serviço. A falta do serviço — faute du service dos franceses

— não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do

nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder

público e o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por

quadrilha da qual participava um apenado que fugira da

prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de

causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio." (RE

369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 27/02/04). No mesmo

sentido: RE 409.203, Rel. Min. Carlos Velloso, Informativo

391.

É fato, no entanto, que a corrente majoritária é no

sentido de que a responsabilidade objetiva é decorrente de AÇÃO estatal, remanescendo a subjetiva, por culpa administrativa, no caso de omissão.

Todavia, como ressaltado, a responsabilidade objetiva,

na modalidade risco administrativo, poderá ser afastada nos casos de: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.

Entretanto, na hipótese de culpa concorrente, ou seja,

se o dano advém também de conduta do terceiro e de conduta da Adminstração, a exemplo de uma pessoa que fura um sinal vermelho, enquanto uma viatura policial também fura de um outro lado, vindo a colidir os dois veículos, não ficará afastada a responsabilidade da Administração, ou seja, não há compensação de culpas, há a mera gradação da indenização a ser concedida.

É a denominada concausa, ou seja, a culpa

concorrente não afasta a responsabilidade, somente atenua o quantum a ser indenizado.

É claro que uma sendo obrigada a indenizar e a

administração, quando conseguir demonstrar a culpa do agente,

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poderá promover a ação de regresso para se ver ressarcida do que despendeu.

A expressão responsabilidade civil do Estado, chamada

por alguns de responsabilidade administrativa (terminologia inadequada), pode advir de uma relação contratual, ou seja, qual decorrente de um contrato, ou extracontratual (decorrente de atos lícitos ou ilícitos da administração pública).

Ademais, a responsabilidade do Estado pode advir de

um ato administrativo, legislativo ou judicial. Celso Antônio Bandeira de Mello, citando lição do

Professor Oswaldo Aranha, salienta que a responsabilidade objetiva do Estado será sempre por ação ou quando o Estado é o criador da situação que induz o risco (presídio em local habitável, paiol de munições etc). Outrossim, será subjetiva a responsabilidade decorrente de ato omissivo do Estado.

De outro lado, é possível destacar que em certas

situações, muito embora não se possa identificar uma ação condutora da dano, o Estado poderá propiciar que tal ocorra. É a denominada responsabilidade em razão de atuação propiciadora do Risco.

Ocorre no caso de o Estado, embora não cause

diretamente o dano, dá ensejo à situação propiciadora do risco. Ex. Depósito de material explosivo. Preso que mata outro detento. Preso que foge do presídio e comete vários crimes da fuga. Semáforo estragado.

Em todas essas situações o Estado responderá

objetivamente. Vamos às questões.

QUESTÕES COMENTADAS – CESPE

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1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço, ficando o fator culpa desconsiderado como pressuposto da responsabilidade objetiva; a caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal.

Comentário:

De fato, na responsabilidade objetiva não se verifica culpa, verificando-se, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato (conduta) administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal. Gabarito: Certo.

2. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Consoante a teoria do risco administrativo, consagrada no ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados aos administrados baseia-se na equânime repartição dos prejuízos que o desempenho do serviço público impõe a certos indivíduos, não suportados pelos demais.

Comentário:

A responsabilidade objetiva funda-se na distribuição dos prejuízos, ou seja, no princípio da igualdade dos ônus ou encargos sociais, de modo que eventual prejuízo sofrido por um em razão de atuação do Estado, deve ser suportado por toda a coletividade.

"A responsabilidade civil do Estado,

responsabilidade objetiva, com base no risco

administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa

do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir

a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante

dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação

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administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o

dano e a ação administrativa. A consideração no

sentido da licitude da ação administrativa é irrelevante,

pois o que interessa, é isto: sofrendo o particular um

prejuízo, em razão da atuação estatal, regular ou

irregular, no interesse da coletividade, é devida a

indenização, que se assenta no princípio da

igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE

113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-

1992, Segunda Turma, DJ de 3-3-1992.)

Gabarito: Certo.

3. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito.

Comentário:

De acordo com o art. 37, §6º, CF/88, o Estado responderá por ação, seja lícita ou ilícita, que seja causadora de dano a terceiros, sob a modalidade objetiva, quer dizer independentemente de culpa. Gabarito: Certo.

4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado deve ser aplicada de modo absoluto, não sendo admitida hipótese de exclusão nem de abrandamento.

Comentário:

Como observado, a teoria da responsabilidade objetiva não é absoluta, eis que se admite excludente de responsabilidade, tal como no caso de culpa exclusiva da vítima, força maior, caso fortuito

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ou fato de terceiros, bem como abrandamento no caso de culpa concorrente. Gabarito: Errado.

5. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Em uma rodovia estadual muito movimentada, próxima ao centro da cidade, João colidiu o seu veículo com uma vaca, que pertencia a Antônio, quando esta se encontrava indevidamente no meio da pista, em uma área sem qualquer sinalização sobre a existência de animais na região. Nessa situação, a responsabilidade civil do Estado será objetiva.

Comentário:

Observe que a responsabilidade na questão não decorre de ato estatal, por isso não é objetiva. Assim, somente poderia ser subjetiva, sob a modalidade de falta do serviço, eis que há prejuízos pela falta de sinalização. Gabarito: Errado.

6. (PROCURADOR – BANCO CENTRAL – CESPE/2009) A responsabilidade das autarquias pelos prejuízos causados a terceiros não é direta, de modo que, diante da ocorrência de dano, o lesado deve buscar a reparação diretamente ao ente federativo e não à autarquia.

Comentário:

Sabemos que as autarquias são pessoas jurídicas de direito público e como tal gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica. Assim, eventual dano causado a terceiros haverá a responsabilidade direta da autarquia.

É importante destacar que o ente criador não responde

subsidiariamente pela autarquia, devendo ser demanda a própria

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autarquia e não o ente federativo, salvo no caso de extinção da entidade, quando aí será demandado o próprio criador.

Gabarito: Errado.

7. (ADVOGADO DA UNIÃO – AGU – CESPE/2009) Para sua configuração, a responsabilidade do Estado demanda os seguintes pressupostos: conduta comissiva ou omissiva, ocorrência de dano, bem como nexo de causalidade entre a conduta e o dano. No caso de responsabilização do Estado, os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, no percentual de 12% ao ano.

Comentário:

Para que se verifique a responsabilidade objetiva do Estado é necessária a configuração dos seguintes elementos:

(a) ato comissivo

(b) dano

(c) nexo de causalidade

Nesse sentido é o entendimento do Supremo Tribunal

Federal. Ilustrativamente:

"A responsabilidade civil do Estado,

responsabilidade objetiva, com base no risco

administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa

do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir

a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante

dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação

administrativa; c) e desde que haja nexo causal

entre o dano e a ação administrativa. A

consideração no sentido da licitude da ação

administrativa é irrelevante, pois o que interessa, é

isto: sofrendo o particular um prejuízo, em razão da

atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da

coletividade, é devida a indenização, que se assenta no

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princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE

113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-

1992, Segunda Turma, DJ de 3-3-1992.)

É importante destacar que a responsabilidade do

Estado por omissão, conforme doutrina majoritária, é do tipo subjetiva, adotando-se a denomina culpa administrativa ou anônima.

"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a

responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo

que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três

vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência,

não sendo, entretanto, necessário individualizá-

la, dado que pode ser atribuída ao serviço público,

de forma genérica, a falta do serviço. A falta do

serviço – faute du service dos franceses – não dispensa

o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de

causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder

público e o dano causado a terceiro." (RE 369.820,

Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4-11-

2003, Segunda Turma, DJ de 27-2-2004.) No mesmo

sentido: RE 602.223-AgR, Rel. Min. Eros Grau,

julgamento em 9-2-2010, Segunda Turma, DJE de 12-

3-2010; RE 409.203, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim

Barbosa, julgamento em 7-3-2006, Segunda Turma, DJ

de 20-4-2007; RE 395.942-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie,

julgamento em 16-12-2008, Segunda Turma, DJE de

27-2-2009.

No entanto, como já destaquei, o Estado responde

objetivamente, diante de omissões, quando é o criador do risco e atua na posição de garantidor, ou seja, daquele que tem o dever de cuidado com o bem.

Acerca da condenação em danos, que pode ser moral ou patrimonial, é certo que os juros fluem a partir do evento danoso, mas fica restrito a 6% (seis por cento) conforme Lei nº 9.494/97 até a entrada em vigor do novo Código Civil quando deverá observar a

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SELIC, conforme reiteradamente vem decidido o Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – OFENSA AO

ART. 535 DO CPC NÃO-CONFIGURADA –

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO

– ELEMENTO SUBJETIVO RECONHECIDO PELA

INSTÂNCIA ORDINÁRIA – SÚMULA 7/STJ – JUROS DE

MORA – ÍNDICE – ART; 1.062 DO CC/1916 E ART. 406

DO CC/2002 – PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL –

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS –

REVISÃO – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULA 7/STJ –

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

1. Não há ofensa ao art. 535 do CPC, pois o Tribunal de

origem se manifestou expressamente sobre a incidência

da verba honorária em 15% sobre a condenação, e

sobre os juros legais, fixados indevidamente em 12%

ao ano.

2. A jurisprudência dominante tanto do STF como deste

Tribunal, nos casos de ato omissivo estatal, é no

sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade

subjetiva.

3. Hipótese em que o Tribunal local, apesar de adotar a

teoria da responsabilidade objetiva do Estado,

reconheceu a ocorrência de culpa dos agentes públicos

estaduais na prática do dano causado ao particular.

4. Os juros relativos ao período da mora anterior

à data de vigência do novo Código Civil

(10.1.2003) têm taxa de 0,5% ao mês (art. 1062

do CC/1916) e, no que se refere ao período

posterior, aplica-se o disposto no art. 406 da Lei

10.406, de 10.1.2002.

5. A Corte Especial do STJ, por ocasião do

julgamento dos Embargos de Divergência

727.842/SP, firmou posicionamento de que o art.

406 do CC/2002 trata, atualmente, da incidência

da SELIC como índice de juros de mora, quando

não estiver estipulado outro valor.

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6. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a

revisão do valor da indenização somente é possível, em

casos excepcionais, quando exorbitante ou

insignificante a importância arbitrada, em flagrante

violação dos princípios da razoabilidade e da

proporcionalidade, o que, todavia, in casu, não se

configurou.

7. É firme o entendimento da Primeira Seção quanto à

impossibilidade de, em Recurso Especial, modificar-se o

percentual de honorários sucumbenciais fixados pelas

instâncias de origem, salvo quando há fixação em

valores irrisórios ou excessivos, hipótese não

configurada nos autos.

8. Recurso especial parcialmente provido.

(REsp 1069996/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON,

SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2009, DJe

01/07/2009)

Gabarito: Errado.

8. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O nexo de causa e efeito não constitui elemento a ser aferido na apuração de eventual responsabilidade do Estado.

Comentário:

No âmbito da responsabilidade civil do Estado, como já observado, é necessária a verificação do nexo de causalidade entre a conduta comissiva ou omissiva estatal e o dano, sob pena de não se configura a responsabilidade pela interrupção do nexo causal.

"A responsabilidade do Estado, embora objetiva por

força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e,

atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não

dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do

nexo de causalidade entre a ação ou a omissão

atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros.

Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no

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art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto

ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e

imediato, também denominada teoria da

interrupção do nexo causal. Não obstante aquele

dispositivo da codificação civil diga respeito a

impropriamente denominada responsabilidade

contratual, aplica-se ele também à responsabilidade

extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela

que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva,

afasta os inconvenientes das outras duas teorias

existentes: a da equivalência das condições e a da

causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira

Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ

de 7-8-1992.)

Gabarito: Errado.

9. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Caracterizada a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a conjugação concomitante de três elementos - dano, negligência administrativa e nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do poder público -, é inafastável o direito à indenização ou reparação civil de quem suportou os prejuízos.

Comentário:

Como já sabemos, o Estado pode responder sob a modalidade responsabilidade objetiva ou sob a responsabilidade subjetiva. Nesta, é necessária a demonstração de três elementos, sendo: o dano, o nexo de causalidade, e o comportamento culposo do Estado.

Assim, diante da configuração desses elementos, estará

configurada a responsabilidade do Estado, que deverá suportar a indenização a fim de reparar os prejuízos sofridos pelo terceiro. Gabarito: Certo.

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10. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O Brasil adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado, segundo a qual a administração pública somente poderá reparar o prejuízo causado a terceiro se restar devidamente comprovada a culpa do agente público.

Comentário:

De acordo com o art. 37, §6º, da Constituição Federal, adotamos a teoria da responsabilidade objetiva, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços públicos, respondem, independentemente de culpa, pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros.

É verdade, no entanto, que também se adota a

responsabilidade subjetiva, nos casos de omissão estatal, desde que o Estado não tenha criado a situação de risco ou esteja na posição de garante (dever de cuidado, de proteção, tendo em vista a criação do risco), eis que aqui também se adota a teoria da responsabilidade objetiva, conforme entendimento do STF:

“Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da

Constituição do Brasil. Latrocínio cometido por foragido.

Nexo de causalidade configurado. Precedente. A

negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia

das autoridades policiais diante da terceira fuga e o

curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime

são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade.

Ato omissivo do Estado que enseja a

responsabilidade objetiva nos termos do disposto

no art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil.” (RE

573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-

6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.)

Pode-se dizer, ademais, que também adotamos a teoria

da responsabilidade subjetiva, sob a modalidade culpa administrativa,

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por fato de terceiros ou da natureza, em razão do mal funcionamento dos serviços, hipótese em que não é necessária a comprovação da culpa, pois o ônus se inverte, cabendo ao administrado provar apenas que o serviço não funcionou, funcionou mal ou não existiu.

Assim, a Administração Pública poderá reparar o

prejuízo causado a terceiro ainda que não demonstrada a culpa do agente público. Gabarito: Errado.

11. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A teoria da irresponsabilidade do Estado é aplicável no direito brasileiro.

Comentário:

Não se aplica no âmbito da Administração Pública brasileira a teoria da irresponsabilidade do ato, na medida em que a Administração responde por ação ou omissão, dolosa ou culposa.

A teoria da irresponsabilidade não seria aplicável tendo

em vista que isentaria o agente e o Estado de responder pelos danos causados ao terceiros, de modo que, na atualidade, incide a teoria da responsabilidade estatal. Gabarito: Errado.

12. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) A doutrina dominante é no sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade subjetiva nos casos de ato comissivo estatal.

Comentário:

Como já observamos a responsabilidade do Estado será objetiva ou subjetiva. Ocorre a responsabilidade objetiva diante de atos estatais, ou seja, diante de ato comissivo estatal.

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De outro lado, em regra, a responsabilidade subjetiva

decorre da omissão estatal, ou seja, dos atos omissivos. Gabarito: Errado.

13. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o prejuízo causado ao particular.

Comentário:

Diante da omissão estatal, como visto, incide a responsabilidade subjetiva. Gabarito: Errado.

14. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Para se caracterizar a responsabilidade civil do Estado no caso de conduta omissiva, não basta a simples relação entre a omissão estatal e o dano sofrido, pois a responsabilidade só estará configurada quando estiverem presentes os elementos que caracterizem a culpa.

Comentário:

A responsabilidade subjetiva para ser configurada é necessária a demonstração da conduta (ação ou omissão), o nexo de causalidade, o dano e a culpa (culpa ou dolo).

Assim, não basta provar que houve a omissão estatal,

faz mister provar a configuração dos demais elementos, sobretudo que a omissão foi dolosa ou culposa (negligência). Gabarito: Certo.

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15. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) Em se tratando de conduta omissiva, para configuração da responsabilidade estatal, é necessária a comprovação dos elementos que caracterizam a culpa, de forma que não deve ser aplicada absolutamente a teoria da responsabilidade objetiva.

Comentário:

Como visto, a regra da responsabilidade objetiva não é absoluta. O Estado poderá responder sob a forma subjetiva. Nesta hipótese, em regra, por omissão, e desde que demonstrado os demais elementos ensejadores da responsabilidade, tal como dano, nexo, culpa ou dolo. Gabarito: Certo.

16. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessária a comprovação da negligência na atuação estatal, ou seja, a prova da omissão do Estado, em que pese o dever legalmente imposto de agir, além do dano e do nexo causal entre ambos.

Comentário:

Mais uma vez, reforça-se. O Estado por omissão responderá sob a forma da responsabilidade subjetiva, na qual se deve demonstrar a conduta omissiva, o dano, o nexo causal, bem como a culpa (negligência). Gabarito: Certo.

17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço

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público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A Constituição Federal de 1988 (CF) adotou a responsabilidade objetiva do Estado, sob a modalidade do risco integral, razão pela qual a pessoa jurídica deverá responder pelos danos.

Comentário:

A Constituição Federal de 1988 não adotou a teoria da responsabilidade administrativa sob a modalidade de risco integral. Essa modalidade de responsabilidade objetiva, sob o risco integral, não admite excludente de responsabilidade.

Com efeito, a responsabilidade objetiva ficará afastada

toda vez que houver a interrupção do nexo causal, na medida em que se demonstra que não há relação entre o dano e a conduta estatal.

Nesse sentido, admite-se, a fim de demonstrar o

rompimento do nexo, como causas que excluem a responsabilidade a: culpa exclusiva da vítima; caso fortuito; força maior. Gabarito: Errado.

18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. Trata-se de hipótese que exclui o dever de indenizar, visto que Joaquim estava executando serviço público de natureza urgente.

Comentário:

Que é isso? Sempre desconfie dessas aberrações. Devemos lembrar, nos termos do art. 37, §6º, CF/88 que as pessoas

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jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço público, respondem pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros.

Então, a frase mágica da questão é pessoa jurídica

prestadora de serviço na medida em que esta responde objetiva, ou seja, independentemente de dolo ou culpa.

Significa dizer que na responsabilidade objetiva não é

necessário a configuração da culpa lato sensu, basta que exista o ato imputado à Administração, o dano e o nexo de causalidade entre o ato e dano.

Portanto, percebam que o dano decorre da atuação do

motorista. Pois é, ainda que ele (motorista) não tivesse agido com culpa, mas tivesse causado o dano, incidiria o dever da Administração de indenizar, ante a aplicação da responsabilidade objetiva.

Nesse caso, como o servidor agiu com culpa (foi

negligente) deve o Estado promover a ação regressiva a fim de que venha se ressarcir de eventual indenização.

A propósito, só a título de curiosidade, se o servidor era

motorista, como poderia ser culpado por imperícia, já que a imperícia ocorre quando o agente não tem conhecimento ou aptidão técnica para realizar o ato? (risos).

Vale destacar que na responsabilidade objetiva, no

risco administrativo, admite-se excludente de responsabilidade por meio de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Assim, a urgência não se insere dentre as causas de excludente. Gabarito: Errado.

19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por

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imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será exclusiva de Joaquim, visto que agiu com imperícia e imprudência.

Comentário:

Então, esse é o clássico exemplo da responsabilidade objetiva. É que o agente estava transportando o documento na realização de suas atribuições e colidiu com outro veículo.

Devemos lembrar a aplicação da teoria do órgão ou da

imputação. Assim, o dano causado pelo agente é imputado ou atribuído ao seu órgão e, por isso, ao ente ou entidade administrativa.

Dessa maneira, a responsabilidade é objetiva, sendo

atribuída ao próprio ente ou entidade e somente regressivamente ao servidor, que não responderá diretamente pelos danos causados.

"A responsabilidade do Estado, embora objetiva por

força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e,

atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não

dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do

nexo de causalidade entre a ação ou a omissão

atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros.

Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no

art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto

ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e

imediato, também denominada teoria da

interrupção do nexo causal. Não obstante aquele

dispositivo da codificação civil diga respeito a

impropriamente denominada responsabilidade

contratual, aplica-se ele também à responsabilidade

extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela

que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva,

afasta os inconvenientes das outras duas teorias

existentes: a da equivalência das condições e a da

causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira

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Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ

de 7-8-1992.)

Gabarito: Errado.

20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) O Estado pode exercer o direito de regresso contra o agente responsável pelo dano praticado, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.

Comentário:

Conforme estabelece o art. 37, §6º, CF/88 quando o Estado for obrigado a reparar o dano, deverá promover ação regressiva contra o agente que deu causa ao dano, isso quando ficar demonstrado que este agiu com dolo ou culpa. Gabarito: Errado.

21. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente responsável pelo dano, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.

Comentário:

Direito de regresso é o direito conferido ao Estado para promover ação com a finalidade de se ver ressarcido do que eventualmente arcou no caso de danos causados a terceiros, em razão de conduta, dolosa ou culposa, de seus agentes. Gabarito: Errado.

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22. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será da pessoa jurídica, na modalidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso contra o motorista.

Comentário:

É isso aí! Exatamente isso, conforme verificamos na questão anterior, ou seja, responde a pessoa jurídica na modalidade responsabilidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso contra o serviço, conforme estabelece o art. 37, §6º da CF/88, vejamos:

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de

direito privado prestadoras de serviços públicos

responderão pelos danos que seus agentes, nessa

qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito

de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou

culpa.

Gabarito: Certo.

23. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) As empresas prestadoras de serviços públicos não respondem pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Em tal hipótese, o ressarcimento do terceiro prejudicado deve ser feito diretamente pelo agente causador do dano.

Comentário:

Como observamos, tanto as pessoas jurídicas de direito público, quanto as pessoas jurídicas de direito privado, neste caso quando prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos

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que seus agentes causarem nesta condição, conforme dicção do art. 37, §6º, da CF/88. Gabarito: Errado.

24. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A reparação do dano, na hipótese de prejuízo causado a terceiros pela administração, pode ser feita tanto no âmbito administrativo quanto no judicial.

Comentário:

É assente na doutrina que a reparação do dano pode ocorrer no âmbito da própria Administração, por meio de processo administrativo, uma vez demonstrado o dano, promovendo a própria Administração Pública a reparação do dano.

De outro lado, como é cediço, acaso não ocorra a

reparação no âmbito administrativo, poderá o prejudicado provocar o poder judiciário a fim de buscar a reparação. Gabarito: Certo.

25. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – STM – CESPE/2011) A reparação do dano causado a terceiros pode ser feita tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, mas, neste último caso, a administração é obrigada a pagar o montante indenizatório de uma só vez, em dinheiro, de maneira a recompor plenamente o bem ou o interesse lesado.

Comentário:

De fato, a reparação do dano pode ocorrer de forma amigável, no âmbito da Administração, ou Judicialmente. Todavia, não há determinação alguma no sentido de que a Administração deva pagar o montante indenizatório de uma só vez.

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Gabarito: Errado.

26. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A reparação de danos causados a terceiros somente pode ser feita no âmbito judicial, pois a administração não está legitimada a, por si só, reconhecer a sua responsabilidade e definir o valor de uma possível indenização.

Comentário:

Pois é? É exatamente igual às anteriores. Sabido que a reparação, indenização, pode ocorrer no âmbito Administrativo ou perante o Judiciário.

Lembre-se do fatídico caso ocorrido no Rio de Janeiro,

em que um ex-aluno, ceifou a vida de diversas criancinhas. A prefeitura reconhecendo sua responsabilidade convocou os familiares para, além de assumir as despesas com funeral, também indenizá-las pelo ocorrido. Gabarito: Errado.

27. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Os agentes que, por ação ou omissão, podem gerar a responsabilidade civil do Estado são os servidores estatutários, uma vez que apenas eles têm relação de trabalho que os vincula diretamente à administração.

Comentário:

Como sabido, a responsabilidade civil do Estado decorre de dano causado por agente, agindo nesta condição. Significa dizer que o agente público está atuando no exercício de suas funções ou em decorrência dela.

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A expressão agente, é importante destacar, deve ser concebida em sentido amplo, ou seja, de modo a compreender os agentes políticos, administrativos, honoríficos, credenciados e os delegados, não se restringindo apenas aos servidores públicos (estatutários). Gabarito: Errado.

28. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Para efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente o servidor que, em sua atuação, causar dano a terceiros. Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo típico de trabalho com a administração e os agentes colaboradores e sem remuneração.

Comentário:

Como destacado, a expressão agente tem alcance mais amplo, não se referindo tão-somente aos servidores públicos, na medida em que engloba, inclusive, os funcionários das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, os temporários, os honoríficos, bem como os credenciados. Gabarito: Errado.

29. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado no caso de morte de pessoa custodiada é subjetiva.

Comentário:

Como observamos nas linhas iniciais, quando o Estado assume a posição de garante, tal como no caso de crianças em escolas, pessoas encarceradas, pessoas em nosocômios etc., o Estado assume para si o ônus de garantir a integridade física e moral de alguém, a responsabilidade por dano, quando a pessoa estiver nessa situação, será objetiva.

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Nessa situação o Estado tem o dever de garantir a

integridade física e moral, de modo que se algo acontecer a essas pessoas, responderá o Estado de forma objetiva, pois não cumpriu bem sua função.

INFORMATIVO Nº 567

TÍTULO: Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil

Objetiva - Dever de Indenizar (Transcrições)

PROCESSO: AI - 299125

ARTIGO

Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil Objetiva -

Dever de Indenizar (Transcrições) AI 299125/SP* RELATOR:

MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL

OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º). CONFIGURAÇÃO.

REBELIÃO NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DO CARANDIRU.

RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE

QUE SE ACHAM PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS

IDENTIFICADORES DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O

DANO. NÃO-COMPROVAÇÃO, PELO ESTADO DE SÃO PAULO,

DA ALEGADA RUPTURA DO NEXO CAUSAL. CARÁTER

SOBERANO DA DECISÃO LOCAL, QUE, PROFERIDA EM SEDE

RECURSAL ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM APOIO NO

EXAME DOS FATOS E PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA

EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER

PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS E

FATOS EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA (SÚMULA

279/STF). DOUTRINA E PRECEDENTES EM TEMA

DERESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO.

ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO.

DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o

presente agravo de instrumento foi interposto contra

acórdão, que, confirmado, em sede de embargos de

declaração (fls. 101/103), pelo E. Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo, está assim ementado (fls. 96):

“RESPONSABILIDADE CIVIL – DETENTO FALECIDO EM

REBELIÃO OCORRIDA NA CASA DE DETENÇÃO –

INDENIZAÇÃO DEVIDA – EMBARGOS INFRINGENTES COM

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VOTO VENCIDO QUE ENTENDE IMPROCEDENTE A AÇÃO –

EMBARGOS REJEITADOS.” (grifei) O Estado de São Paulo, no

apelo extremo em questão, alega que, “Ao apontar a

responsabilidade estatal pelo episódio, desconsiderou o E.

Tribunal o fato de que os agentes policiais agiram no estrito

cumprimento do dever legal, em contraposição à injusta

agressão dos amotinados, durante rebelião nas dependências

da Casa de Detenção” (fls. 109 – grifei). O exame destes

autos convence-me de que não assiste razão ao Estado ora

agravante, quando sustenta que o estrito cumprimento de

dever legal e a prática de legítima defesa - que,

alegadamente, teriam pautado a conduta de seus agentes -

bastariam para descaracterizar a responsabilidade civil

objetiva do Poder Público a respeito do evento danoso em

causa. Com efeito, a situação de fato que gerou o trágico

evento narrado neste processo põe em evidência a

configuração, no caso, de todos os pressupostos primários

que determinam o reconhecimento da responsabilidade civil

objetivada entidade estatal ora agravante. Como se sabe, a

teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos

documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política

de 1946, revela-se fundamento de ordem doutrinária

subjacente à norma de direito positivo que instituiu, em

nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do

Poder Público, pelos danos que seus agentes, nessa

qualidade, causarem a terceiros, por ação ou por omissão

(CF, art. 37, § 6º). Essa concepção teórica - que informa o

princípio constitucional da responsabilidade civil objetiva do

Poder Público, tanto no que se refere à ação quanto no que

concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera

ocorrência de lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de

indenizá-la pelo dano moral e/ou patrimonial sofrido,

independentemente de caracterização de culpa dos agentes

estatais, não importando que se trate de comportamento

positivo (ação) ou que se cuide de conduta negativa

(omissão) daqueles investidos da representação do Estado,

consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES

MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 650, 31ª

ed., 2005, Malheiros; SERGIO CAVALIERI FILHO, “Programa

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de Responsabilidade Civil”, p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros;

JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Curso de Direito Administrativo”,

p. 90, 17ª ed., 2000, Forense; YUSSEF SAID CAHALI,

“Responsabilidade Civil do Estado”, p. 40, 2ª ed., 1996,

Malheiros; TOSHIO MUKAI, “Direito Administrativo

Sistematizado”, p. 528, 1999, Saraiva; CELSO RIBEIRO

BASTOS, “Curso de Direito Administrativo”, p. 213, 5ª ed.,

2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO,

“A Responsabilidade Civil Objetiva no Direito Brasileiro”, p.

61/62, 3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA NICIDA GARCIA,

“Responsabilidade do Agente Público”, p. 199/200, 2004,

Fórum, v.g.), cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida

por ODETE MEDAUAR (“Direito Administrativo Moderno”, p.

430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005, RT): “Informada pela ‘teoria

do risco’, a responsabilidade do Estado apresenta-se hoje, na

maioria dos ordenamentos, como ‘responsabilidade objetiva’.

Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou culpa do agente, o

mau funcionamento ou falha da Administração. Necessário se

torna existir relação de causa e efeito entre ação ou omissão

administrativa e dano sofrido pela vítima. É o chamado nexo

causal ou nexo de causalidade. Deixa-se de lado, para fins de

ressarcimento do dano, o questionamento do dolo ou culpa

do agente, o questionamento da licitude ou ilicitude da

conduta, o questionamento do bom ou mau funcionamento

da Administração. Demonstrado o nexo de causalidade, o

Estado deve ressarcir.” (grifei) É certo, no entanto, que o

princípio da responsabilidade objetiva não se reveste

de caráter absoluto, eis que admite abrandamento e,

até mesmo, exclusão da própria responsabilidade civil

do Estado nas hipóteses excepcionais (de todo

inocorrentes na espécie em exame) configuradoras de

situações liberatórias - como o caso fortuito e a força

maior - ou evidenciadoras de culpa atribuível à própria

vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50 - RTJ 163/1107-1109,

v.g.). Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da

jurisprudência prevalecente no Supremo Tribunal Federal

(RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que

os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil

da responsabilidade civil objetiva do Poder Público

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compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade

material entre o “eventus damni” e o comportamento

positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c)

a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente

do Poder Público, que, nessa condição funcional, tenha

incidido em conduta comissiva ou omissiva,

independentemente da licitude, ou não, do seu

comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de

causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 -

RTJ 71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). A

compreensão desse tema e o entendimento que resulta da

exegese dada ao art. 37, § 6º, da Constituição foram bem

definidos e expostos pelo Supremo Tribunal Federal em

julgamentos cujos acórdãos estão assim ementados:

“RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO -

PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. - A teoria do risco

administrativo, consagrada em sucessivos documentos

constitucionais brasileiros desde a Carta Política de 1946,

confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil

objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes

públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão.

Essa concepção teórica, que informa o princípio

constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder

Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo

causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo

dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente

de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de

demonstração de falta do serviço público. - Os elementos

que compõem a estrutura e delineiam o perfil da

responsabilidade civil objetiva do Poder Público

compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade

material entre o ‘eventus damni’ e o comportamento positivo

(ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a

oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente

do Poder Público, que tenha, nessa condição funcional,

incidido em conduta comissiva ou omissiva,

independentemente da licitude, ou não, do comportamento

funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa

excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ

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71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). - O

princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de

caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até

mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do

Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de

situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior -

ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria

vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50). (...).” (RTJ 163/1107-

1108, Rel. Min. CELSO DE MELLO) “- Recurso extraordinário.

Responsabilidade civil do Estado. Morte depreso no interior

do estabelecimento prisional. 2. Acórdão que proveu

parcialmente a apelação e condenou o Estado do Rio de

Janeiro ao pagamento de indenização correspondente às

despesas de funeral comprovadas. 3. Pretensão de

procedência da demanda indenizatória. 4. O consagrado

princípio da responsabilidade objetivado Estado resulta da

causalidade do ato comissivo ou omissivo e não só da culpa

do agente. Omissão por parte dos agentes públicos na

tomada de medidas que seriam exigíveis a fim de ser evitado

o homicídio. 5. Recurso conhecido e provido para condenar o

Estado do Rio de Janeiro a pagar pensão mensal à mãe da

vítima, a ser fixada em execução de sentença.” (RTJ

182/1107, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA - grifei) É por isso

que a ausência de qualquer dos pressupostos legitimadores

da incidência da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta

Política basta para descaracterizar a responsabilidade civil

objetiva do Estado, especialmente quando ocorre

circunstância que rompe o nexo de causalidade material

entre o comportamento do agente público e a consumação

do dano pessoal ou patrimonial infligido ao ofendido.

Estabelecidas tais premissas, passo ao exame destes autos.

E, ao fazê-lo, observo que as circunstâncias do presente caso

- apoiadas em pressupostos fáticos soberanamente

reconhecidos pelo Tribunal “a quo” - evidenciam que todos os

elementos identificadores da responsabilidade civil

objetiva do Estado acham-se demonstrados no caso ora em

análise, especialmente o nexo de causalidade material (que

restou plenamente configurado) e cuja ruptura a parte ora

agravante, que alegara a ocorrência de causa excludente de

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sua responsabilidade civil, não conseguiu demonstrar. Daí a

correta observação feita pelo E. Tribunal de Justiça do Estado

de São Paulo, quando do julgamento da apelação cível

interposta pela parte ora agravante (fls. 81/82): “Com a

prisão do indivíduo, assume o Estado o dever de cuidar

de sua incolumidade física, quer por ato do

próprio preso (suicídio), quer por ato de terceiro

(agressão perpetrada por outro preso). Assim, ante a

rebelião que eclodiu no Pavilhão 9, da Casa de

Detenção, tinha o Estado o dever de proteger a

incolumidade física dos presos e dos próprios

revoltosos, uns dos atos dos outros. Sua intervenção

no episódio era, portanto, de rigor. E ocorrendo ofensa

à integridade física e morte do detento, é seu dever

arcar com a indenização correspondente. A propósito,

ressalta RUY BARBOSA: - ‘a legalidade do ato, ainda que

irrepreensível, não obsta à responsabilidade civil da

administração desde que haja dano a um direito’ (‘A Culpa

Civil das Administrações Públicas’ – 1898, Rio, pág. 67). Tal

dever somente restaria afastado se a ação causadora do

evento danoso tivesse ocorrido em legítima defesa própria

(entenda-se: - do agente policial) ou de terceiro (de outro

preso) que, no momento, estaria sendo agredido ou na

iminência de o ser, frise-se, pelo detento morto. Mas mesmo

encontrando-se nessa situação lícita (legítima defesa), se

tivesse produzido, com sua ação, a morte de outrem não

envolvido no fato (‘aberratio ictus’), sua seria também a

obrigação de indenizar, pois a ação, apesar de necessária, foi

agressiva, atingindo quem não estava em posição de ataque

(art. 1519 do Código Civil). Assim, para afastar sua

obrigação de reparar o dano, deveria a Fazenda do Estado

demonstrar que o detento falecido, Francisco Ferreira dos

Santos, estava, no momento de sua morte, agredindo os

policiais ou outro preso. Mas esta prova não foi produzida (o

‘onus probandi’ é seu). Como não a produziu, certa é sua

obrigação de indenizar.” (grifei) Inquestionável, desse modo,

que o Tribunal de Justiça local – ao reconhecer não

comprovada, pelo Estado de São Paulo, a ocorrência da

alegada causa de exclusão da responsabilidade estatal –

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assim decidiu com apoio no conjunto probatório subjacente

ao pronunciamento jurisdicional em referência. Esse dado

assume relevo processual, pois a discussão ora suscitada

pelo Estado de São Paulo - em torno da pretendida

existência, na espécie, de causa excludente de

responsabilidade - revela-se incabível em sede de recurso

extraordinário, por depender do exame de matéria de fato,

de todo inadmissível na via do apelo extremo. Como se sabe,

o recurso extraordinário não permite que se reexaminem,

nele, em face de seu estrito âmbito temático, questões de

fato ou aspectos de índole probatória (RTJ 161/992 – RTJ

186/703). É que o pronunciamento do Tribunal “a quo” sobre

matéria de fato reveste-se de inteira soberania (RTJ 152/612

– RTJ 153/1019 – RTJ 158/693, v.g.). Impende destacar,

neste ponto, que esse entendimento (inadmissibilidade do

exame, em sede recursal extraordinária, da existência, ou

não, de causa excludente de responsabilidade), tratando-se

do tema suscitado pela parte ora agravante, tem pleno

suporte no magistério jurisprudencial desta Suprema Corte

(AI 411.502/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – AI

586.270/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – RE 508.315/CE,

Rel. Min. ELLEN GRACIE – RE 595.267/SC, Rel. Min. CÁRMEN

LÚCIA, v.g.): “ACÓRDÃO QUE DECIDIU CONTROVÉRSIA

ACERCA DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO COM BASE NA

PROVA DOS AUTOS. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 37, § 6.º,

E 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Impossibilidade da

abertura da via extraordinária em razão da incidência, na

hipótese, do óbice das Súmulas 279, 282 e 356 desta Corte.

Agravo desprovido.” (AI 391.371-AgR/RJ, Rel. Min. ILMAR

GALVÃO - grifei) Cumpre ressaltar, por tal razão, em face do

caráter soberano do acórdão recorrido (que reconheceu, com

apoio no exame de fatos e provas, a ausência de

demonstração da ruptura do nexo causal sustentada pelo

Estado de São Paulo), que o Tribunal de Justiça interpretou,

com absoluta fidelidade, a norma constitucional que

consagra, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil

objetiva do Poder Público. Com efeito, o acórdão impugnado

em sede recursal extraordinária, ao fazer aplicação do

preceito constitucional em referência (CF, art. 37, § 6º),

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reconheceu, com inteiro acerto, no caso em exame, a

cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes (1) à

consumação do dano, (2) à conduta dos agentes estatais, (3)

ao vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento

dos agentes públicos e (4) à ausência de qualquer causa

excludente de que pudesse eventualmente decorrer a

exoneração da responsabilidade civil do Estado de São Paulo.

Cabe acentuar, por relevante, que a colenda Segunda Turma

do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar controvérsia

virtualmente idêntica à versada nesta causa, proferiu decisão

que se reflete, por igual, no presente julgamento (RTJ

140/636, Rel. Min. CARLOS VELLOSO). Essa orientação

jurisprudencial - cabe enfatizar - reflete-se no magistério da

doutrina (RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil –

Doutrina e Jurisprudência”, p. 1.204, 7ª ed., 2007, RT;

ARNALDO RIZZARDO, “Responsabilidade Civil”, p. 362 e

369/371, 1ª ed., 2005, Forense; JOSIVALDO FÉLIX DE

OLIVEIRA, “A Responsabilidade do Estado por ato lícito”, p.

74/82, Editora Habeas; GUILHERME COUTO DE CASTRO,

“A responsabilidade civil objetiva no direito brasileiro”, p.

52/55, 3ª ed., 2000, Forense; CELSO ANTÔNIO BANDEIRA

DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 995/997,

1002 e 1026/1027, 26ª ed., 2009, Malheiros; GIANNA CARLA

RUBINO LOSS, “Responsabilidade Civil do Estado por Atos

Lícitos”, “in” Cadernos do Ministério Público do Paraná, vol. 8,

nº 01, janeiro/março de 2005, p. 08/12, e JOSÉ ANTONIO

LOMONACO e FLÁVIA VANINI MARTINS MARTORI, “A

Responsabilidade Patrimonial do Estado por Ato Lícito”, “in”

Revista Nacional de Direito e Jurisprudência nº 06, Ano 1,

Junho de 2000, p. 23/24), valendo referir, ante a pertinência

de suas observações, o preciso (e sempre valioso)

entendimento de YUSSEF SAID CAHALI (“Responsabilidade

Civil do Estado”, p. 44, item n. 3.5, 3ª ed., 2007, RT): “A

responsabilidade civil do Estado, com base no risco

administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do

particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a

responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante dos

seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa;

e c) desde que haja nexo causal entre o dano e a ação

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administrativa. A consideração no sentido da licitude da ação

administrativa é irrelevante, pois o que interessa é isto:

sofrendo o particular um prejuízo, em razão da atuação

estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é

devida a indenização, que se assenta no princípio da

igualdade dos ônus e encargos sociais.” (grifei) Sendo assim,

e pelas razões expostas, nego provimento ao presente

agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso

extraordinário a que ele se refere. Publique-se. Brasília, 05

de outubro de 2009. (21º Aniversário da promulgação da

Constituição democrática de 1988) Ministro CELSO DE MELLO

Relator * decisão publicada no DJE de 20.10.2009

Gabarito: Errado.

30. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STM – CESPE/2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo. No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido.

Comentário:

Como sabido, o Estado assumiu a posição de garantidor da integridade física do aluno. Assim, qualquer dano que venha a sofrer quando estiver nessa condição o Estado será chamado a responder.

Veja que esses absurdos ocorrem todos os dias. Certa vez, uma amiga foi chamada às pressas para

buscar sua filha, pois tinha quebrado o braço na escola, porque um coleguinha havia empurrado.

A direção da escola, absurdamente, não tomara as

providencias de levar a criança até o hospital mais próximo,

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acreditou-se que era obrigação dos pais, tão-somente. Pois é, ainda hoje assistimos dessas coisas, isto é, pessoas despreparadas prestando serviços públicos. Gabarito: Certo.

31. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Pedro foi preso preventivamente, acusado de praticar conduta descrita como crime; essa prisão durou 824 dias, após os quais o acusado foi devidamente inocentado, com base na ausência notória de autoria. Nessa situação, conforme entendimento do STJ, haverá responsabilidade objetiva do Estado por dano moral.

Comentário:

Observe que o dano poderá ser moral ou material, ou seja, não quer dizer que o dano deve ser apenas ao patrimônio material (bens móveis ou imóveis) da pessoa. Pode ser em relação aos seus direitos de personalidade, tal como imagem, honra.

Assim, se por ato da Administração (Estado) ocorreu

um dano a terceiro, surge o dever de indenizar. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal

de Justiça. Ilustrativamente:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO

MORAL. GARANTIA DE RESPEITO À IMAGEM E À

HONRA DO CIDADÃO. INDENIZAÇÃO CABÍVEL.

PRISÃO CAUTELAR. ABSOLVIÇÃO. ILEGAL

CERCEAMENTO DA LIBERDADE. PRAZO EXCESSIVO.

AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA

HUMANA PLASMADO NA CARTA CONSTITUCIONAL.

MANIFESTA CAUSALIDADE ENTRE O "FAUTE DU

SERVICE" E O SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO SOFRIDOS

PELO RÉU.

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1. A Prisão Preventiva, mercê de sua legalidade, dês

que preenchidos os requisitos legais, revela aspectos da

Tutela Antecipatória no campo penal, por isso que, na

sua gênese deve conjurar a idéia de arbitrariedade.

2. O cerceamento oficial da liberdade fora dos

parâmetros legais, posto o recorrente ter ficado

custodiado 741 (setecentos e quarenta e um)

dias, lapso temporal amazonicamente superior

àquele estabelecido em Lei - 81 (oitenta e um)

dias - revela a ilegalidade da prisão.

3. A coerção pessoal que não enseja o dano moral

pelo sofrimento causado ao cidadão é aquela que

lastreia-se nos parâmetros legais (Precedente:

REsp 815004, DJ 16.10.2006 - Primeira Turma).

4. A contrario senso, empreendida a prisão

cautelar com excesso expressivo de prazo,

ultrapassando o lapso legal em quase um

décuplo, restando, após, impronunciado o réu, em

manifestação de inexistência de autoria, revela-se

inequívoco o direito à percepção do dano moral.

5. A doutrina legal brasileira à época dos fatos assim

dispunha: "Código Civil de 1916: Art. 159 - Aquele que,

por ação ou omissão voluntária, negligência, ou

imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem

fica obrigado a reparar o dano." "Art. 1550 - A

indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no

pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao

ofendido, e no de uma soma calculada nos termos do

parágrafo único do art. 1.547.

Art, 1551 - Consideram-se ofensivos da liberdade

pessoal (art. 1.550): (...) III- a prisão ilegal (art.

1.552). Art. 1552 - No caso do artigo antecedente, no

III, só a autoridade, que ordenou a prisão, é obrigada a

ressarcir o dano" Por sua vez, afere-se do Código Civil

em vigor que: "Art. 186 - Aquele que, por ação ou

omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar

direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito." "Art.954 - A

indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no

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pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao

ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem

aplicação o disposto no parágrafo único do artigo

antecedente.

Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade

pessoal: (....) III - a prisão ilegal." Do Código de

Processo Penal: "Art. 630 - O Tribunal, se o interessado

o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa

indenização pelos prejuízos sofridos;

§ 1º - Por essa indenização, que será liquidada no juízo

cível, responderá a União, se a condenação tiver sido

proferida pela justiça do Distrito Federal ou de

Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva

justiça.

§ 2º - A indenização não será devida: a) se o erro ou a

injustiça da condenação proceder de ato ou falta

imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a

ocultação de prova em seu poder;

b) se a acusação houver sido meramente privada." 6. O

enfoque jurisprudencial do tema restou assentado no

Resp 427.560/TO, DJ 30.09.2002 Rel. Ministro Luiz

Fux, verbis: "PROCESSO CIVIL. ERRO JUDICIÁRIO.

ART. 5º, LXXV, DA CF. PRISÃO PROCESSUAL.

POSTERIOR ABSOLVIÇÃO. INDENIZAÇÃO. DANOS

MORAIS.

1. A prisão por erro judiciário ou permanência do

preso por tempo superior ao determinado na

sentença, de acordo com o art. 5º, LXXV, da CF,

garante ao cidadão o direito à indenização.

2. Assemelha-se à hipótese de indenizabilidade por erro

judiciário, a restrição preventiva da liberdade de

alguém que posteriormente vem a ser absolvido. A

prisão injusta revela ofensa à honra, à imagem, mercê

de afrontar o mais comezinho direito fundamental à

vida livre e digna. A absolvição futura revela da

ilegitimidade da prisão pretérita, cujos efeitos

deletérios para a imagem e honra do homem são

inequívocos (notoria no egent probationem).

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3. O pedido de indenização por danos morais

decorrentes de restrição ilegal à liberdade, inclui o dano

moral, que in casu, dispensa prova de sua existência

pela inequivocidade da ilegalidade da prisão, duradoura

por nove meses. Pedido implícito, encartado na

pretensão às perdas e danos. Inexistência de afronta

ao dogma da congruência (arts. 2º, 128 e 460, do

CPC).

4. A norma jurídica inviolável no pedido não integra a

causa petendi. "O constituinte de 1988, dando especial

relevo e magnitude ao status libertatis, inscreveu no rol

da chamadas franquias democráticas uma regra

expressa que obriga o Estado a indenizar a condenado

por erro judiciário ou quem permanecer preso por

tempo superior ao fixado pela sentença (CF, art. 5º,

LXXV), situações essas equivalentes a de quem

submetido à prisão processual e posteriormente

absolvido.

5. A fixação dos danos morais deve obedecer aos

critérios da solidariedade e exemplaridade, que implica

na valoração da proporcionalidade do quantum e na

capacidade econômica o sucumbente.

6. Recurso Especial desprovido."

7. A prisão ilegal por lapso temporal tão excessivo,

além da violação do cânone constitucional específico,

afronta o Princípio Fundamental da República

Federativa do Brasil, consistente na tutela da Dignidade

Humana, norma qualificada, que, no dizer insuperável

de Fábio Konder Comparato é o centro de gravidade do

direito na sua fase atual da ciência jurídica.

8. É que a Constituição da República Federativa do

Brasil, de índole pós-positivista e fundamento de todo o

ordenamento jurídico expressa como vontade popular

que a mesma, formada pela união indissolúvel dos

Estados, Municípios e do Distrito Federal, constitui-se

em Estado Democrático de Direito ostentando como um

dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana

como instrumento realizador de seu ideário de

construção de uma sociedade justa e solidária.

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9. Consectariamente, a vida humana passou a ser o

centro do universo jurídico, por isso que a aplicação da

lei, qualquer que seja o ramo da ciência onde se deva

operar a concreção jurídica, deve perpassar por esse

tecido normativo-constitucional, que suscita a reflexão

axiológica do resultado judicial.

10. Direitos fundamentais emergentes desse comando

maior erigido à categoria de princípio e de norma

superior estão enunciados no art. 5º da Carta Magna, e

dentre outros, o que interessa ao caso sub judice

destacam-se: (...) LXV - a prisão ilegal será

imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

11. A garantia in foco revela inequívoca

transgressão aos mais comezinhos deveres

estatais, consistente em manter-se preso um ser

humano por quase 800 (oitocentos) dias

consecutivos, preventivamente, e, sem o devido

processo legal após exculpado, com afronta ao

devido processo legal.

12. A responsabilidade estatal, quer à luz da legislação

infraconstitucional (art. 159 do Código Civil vigente à

época da demanda) quer à luz do art. 37, §6º da

CF/1988 sobressai evidente.

13. Deveras, a dignidade humana retrata-se, na visão

Kantiana, na autodeterminação e na vontade livre

daqueles que usufruem de uma vida sadia.

14. O reconhecimento da dignidade humana,

outrossim, é o fundamento da liberdade, da justiça e da

paz, razão por que a Declaração Universal dos direitos

do homem, inaugura seu regramento superior

estabelecendo no art. 1º que "todos os homens nascem

livres e iguais em dignidade e direitos". Deflui da

Constituição Federal que a dignidade da pessoa

humana é premissa inarredável de qualquer sistema de

direito que afirme a existência, no seu corpo de

normas, dos denominados direitos fundamentais e os

efetive em nome da promessa da inafastabilidade da

jurisdição, marcando a relação umbilical entre os

direitos humanos e o direito processual.

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15. Deveras, à luz das cláusulas pétreas

constitucionais, é juridicamente sustentável assentar

que a proteção da dignidade da pessoa humana

perdura enquanto subsiste a República Federativa,

posto seu fundamento.

16. O direito à liberdade compõe a gama dos direitos

humanos, os quais, segundo os tratadistas, são inatos,

universais, absolutos, inalienáveis e imprescritíveis. Por

isso que a exigibilidade a qualquer tempo dos

consectários às violações dos direitos humanos decorre

do princípio de que o reconhecimento da dignidade

humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da

paz.

17. A ampliação da responsabilidade estatal, com

vistas a tutelar a dignidade das pessoas, sua

liberdade, integridade física, imagem e honra, não

só para casos de erro judiciário, mas também de

cárcere ilegal e, igualmente, para hipóteses de

prisão provisória injusta, embora formalmente

legal, é um fenômeno constatável em nações

civilizadas, decorrente do efetivo respeito a esses

valores" (Roberto Delmanto Junior - In "As

Modalidades de Prisão Provisória e seu Prazo de

Duração - 2ª edição - Renovar - páginas 377/386)

18. A Responsabilidade estatal é inequívoca porquanto

há causalidade entre o "faute du service" na expressão

dos doutrinadores franceses, doutrina inspiradora do

tema e o sofrimento e humilhação experimentados pelo

réu, exculpado após ter cumprido prisão ilegal,

princípios que se inferem do RE 369820/RJ, DJ 27-02-

2004, verbis: "(...) a falta do serviço - faute du service

dos franceses - não dispensa o requisito da

causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a

ação omissiva atribuída ao poder público e o dano

causado a terceiro."

19. Por esses fundamentos DOU PROVIMENTO ao

Recurso Especial, divergindo do Relator, para restaurar,

in totum, a indenização fixada na sentença a quo.

(REsp 872.630/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,

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Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,

julgado em 13/11/2007, DJe 26/03/2008)

Gabarito: Certo.

32. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele não tivera nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto, por causa da prisão cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral. Nessa situação, conforme entendimento recente do STF, poderão ser indenizáveis os danos moral e material sofridos.

Comentário:

O STF tem entendimento no sentido de ser indenizável a prisão indevida ou aquela que se excedeu além do tempo determinado, configurando a culpa da administração judiciária, conforme veiculado no seguinte informativo:

INFORMATIVO Nº 473

TÍTULO: Responsabilidade Civil do Estado: Revisão

Criminal e Prisão Preventiva - 2

PROCESSO: RE - 505393

ARTIGO

Entendeu-se que se trataria de responsabilidade

civil objetiva do Estado. Aduziu-se que a

constitucionalização do direito à indenização da

vítima de erro judiciário e daquela presa além do

tempo devido (art. 5º, LXXV), reforçaria o que já

disciplinado pelo art. 630 do CPP (“O tribunal, se

o interessado o requerer, poderá reconhecer o

direito a uma justa indenização pelos prejuízos

sofridos.”), elevado à garantia individual. No

ponto, embora se salientando a orientação consolidada

de que a regra é a irresponsabilidade civil do

Estado por atos de jurisdição, considerou-se que,

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naqueles casos, a indenização constituiria garantia

individual, sem nenhuma menção à exigência de dolo

ou de culpa do magistrado, bem como sem o

estabelecimento de pressupostos subjetivos à

responsabilidade fundada no risco administrativo do

art. 37, § 6º, da CF. Salientou-se, ainda, que muito se

discute hoje sobre o problema da prisão preventiva

indevida e de outras hipóteses de indenização por

decisões errôneas ou por faute de service da

administração da Justiça, as quais não se encontram

expressamente previstas na legislação penal. Vencido o

Min. Ricardo Lewandowski que fazia ressalvas à plena

adoção da tese da responsabilidade objetiva do Estado

no tocante a revisões criminais, em especial, nas

ajuizadas com base no inciso III do art. 621 do CPP

(“Art. 621. A revisão dos processos findos será

admitida:... III - quando, após a sentença, se

descobrirem novas provas de inocência do condenado

ou de circunstância que determine ou autorize

diminuição especial da pena.”). RE 505393/PE, rel. Min.

Sepúlveda Pertence, 26.6.2007. (RE-505393)

Gabarito: Certo.

33. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Segundo o STF, os atos jurisdicionais típicos no âmbito cível ensejam a responsabilidade objetiva do Estado.

Comentário:

Segundo o entendimento do STF, o Estado não responde de forma objetiva pelos atos dos juízes. É que tais atos estariam imunes do campo da responsabilidade estatal.

Gabarito: Errado.

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34. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Em face da prolação de sentença penal com equívoco do juiz, o ordenamento jurídico não permite a reparação dos eventuais prejuízos em ação contra o Estado, mas tão somente contra o próprio magistrado.

Comentário:

De acordo com o art. 133 do CPC o juiz responderá pessoalmente, por perdas e danos, quando proceder com dolo ou fraude, ou ainda no caso de recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo, providencia que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.

Observe, no entanto, que no caso de sentença penal,

aplica-se a regra do art. 5º, LXXV, CF/88 que estabelece que o Estado indenizará o condenado por erro judiciário ou o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.

Porém, em tais casos a responsabilidade direta é do

Estado e não do magistrado. Gabarito: Errado.

35. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Lúcio ajuizou ação de rito ordinário contra uma empresa de transporte coletivo urbano, tendo em vista danos material e moral sofridos em acidente de trânsito causado por motorista dessa empresa. Nessa situação, adotando-se o princípio da especialidade, conforme a legislação em vigor, o prazo prescricional da ação de indenização será de 5 anos.

Comentário:

É preciso destacar que o STF tinha entendimento de que a responsabilidade de dano causado por prestador de serviço público a não usuário era na modalidade subjetiva.

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No entanto, essa orientação fora modificada recentemente. Entende agora o STF que incide a responsabilidade objetiva para usuário e não usuário de serviço público, conforme o seguinte:

INFORMATIVO Nº 557

TÍTULO: Responsabilidade Civil Objetiva e Terceiro

Não-Usuário do Serviço - 2

PROCESSO: RE - 591874

ARTIGO

No mérito, salientando não ter ficado evidenciado, nas

instâncias ordinárias, que o acidente fatal que vitimara

o ciclista ocorrera por culpa exclusiva deste ou em

razão de força maior, reputou-se comprovado o nexo

de causalidade entre o ato administrativo e o

dano causado ao terceiro não-usuário do serviço

público, e julgou-se tal condição suficiente para

estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa

jurídica de direito privado, nos termos do art. 37,

§ 6º, da CF (“As pessoas jurídicas de direito público e

as de direito privado prestadoras de serviços públicos

responderão pelos danos que seus agentes, nessa

qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito

de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou

culpa.”). Asseverou-se que não se poderia

interpretar restritivamente o alcance do art. 37, §

6º, da CF, sobretudo porque a Constituição,

interpretada à luz do princípio da isonomia, não

permite que se faça qualquer distinção entre os

chamados “terceiros”, ou seja, entre usuários e

não-usuários do serviço público, haja vista que

todos eles, de igual modo, podem sofrer dano em razão

da ação administrativa do Estado, seja ela realizada

diretamente, seja por meio de pessoa jurídica de direito

privado. Observou-se, ainda, que o entendimento de

que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam

de proteção constitucional decorrente da

responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito

subjetivo de receber um serviço adequado, contrapor-

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se-ia à própria natureza do serviço público, que, por

definição, tem caráter geral, estendendo-se,

indistintamente, a todos os cidadãos, beneficiários

diretos ou indiretos da ação estatal. Vencido o Min.

Marco Aurélio que dava provimento ao recurso por não

vislumbrar o nexo de causalidade entre a atividade

administrativa e o dano em questão. Precedentes

citados: RE 262651/SP (DJU de 6.5.2005); RE

459749/PE (julgamento não concluído em virtude da

superveniência de acordo entre as partes). RE

591874/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009.

(RE-591874)

Assim, no tocante aos prestadores de serviços públicos,

em especial a pessoas jurídicas de direito privado, a responsabilidade é objetiva em relação a usuários e não-usuários desses serviços, basta que o dano tenha decorrido da atuação do prestador dos serviços.

Quanto ao prazo prescricional, é importante destacar

que o Decreto nº 20.910/32 estabelece que a prescrição contra a Fazenda Pública é qüinqüenal, ou seja, é de cinco anos a partir do conhecimento do fato lesivo.

Contudo, há relevante divergência no âmbito do

Superior Tribunal de Justiça, de modo que há turma que entende ser o prazo prescricional de cinco anos, conforme o citado decreto, e que entende, a partir da vigência do novo Código Civil, ser o prazo de três anos, vejamos a divergência:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. ATO

ILÍCITO. DANO MORAL. VIOLAÇÃO ART. 535.

INOCORRÊNCIA. SÚMULA 05/STJ. PRESCRIÇÃO.

VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL”.

1. Os embargos de declaração, por sua natureza

integrativa, não se prestam a materializar nítido

questionário dirigido ao julgador, pois o processo,

enquanto instrumento de distribuição da justiça, não

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tem a pretensão de viabilizar verdadeiros diálogos

entre os litigantes e as magistraturas do Estado. No

caso concreto, o recorrente está a pretender nova

análise, das questões já apreciadas pelos acórdãos

anteriores.

2. É pacífico o entendimento desta Corte que ”- À

luz do novo Código Civil os prazos prescricionais

foram reduzidos, estabelecendo o art. 206, § 3º,

IV, que prescreve em três anos a pretensão de

ressarcimento de enriquecimento sem causa. Já o

art. 2.028 assenta que 'serão os da lei anterior os

prazos, quando reduzidos por este Código, e se,

na data de sua entrada em vigor, já houver

transcorrido mais da metade do tempo

estabelecido na lei revogada'.

Infere-se, portanto, que tão-somente os prazos em

curso que ainda não tenham atingido a metade do

prazo da lei anterior (menos de dez anos) estão

submetidos ao regime do Código vigente, ou seja, 3

(três) anos. Entretanto, consoante nossa melhor

doutrina, atenta aos princípios da segurança jurídica,

do direito adquirido e da irretroatividade legal, esses

três anos devem ser contados a partir da vigência do

novo Código, ou seja, 11 de janeiro de 2003, e não da

data da constituição da dívida”.

3. Recurso Especial não conhecido.

(REsp 761.634/PB, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE

MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO

TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado em 05/11/2009, DJe

16/11/2009)

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO

ESTADO. PRESCRIÇÃO. DECRETO Nº 20.910/32.

ADVENTO DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. REDUÇÃO DO

PRAZO PRESCRICIONAL PARA TRÊS ANOS.

1. O legislador estatuiu a prescrição de cinco anos em

benefício do Fisco e, com o manifesto objetivo de

favorecer ainda mais os entes públicos, estipulou que,

no caso da eventual existência de prazo prescricional

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menor a incidir em situações específicas, o prazo

quinquenal seria afastado nesse particular. Inteligência

do art. 10 do Decreto nº 20.910/32.

2. O prazo prescricional de três anos relativo à

pretensão de reparação civil – art. 206, § 3º, V,

do Código Civil de 2002 – prevalece sobre o

quinquênio previsto no art. 1º do Decreto nº

20.910/32.

3. Recurso especial provido.

(REsp 1137354/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,

SEGUNDA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe

18/09/2009)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO

REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANO MORAL

E MATERIAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 1º DO

DECRETO N. 20.910/32. NORMA ESPECIAL QUE

PREVALECE SOBRE LEI GERAL. PRECEDENTES.

ACÓRDÃO A QUO EM DISSONÂNCIA COM A

JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

1. As ações por responsabilidade civil contra o

Estado prescrevem em cinco anos, nos termos do

art. 1º do Decreto n. 20.910/32, porquanto é

norma especial, que prevalece sobre lei geral.

2. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 1149621/PR, Rel. Ministro BENEDITO

GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em

12/05/2010, DJe 18/05/2010)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. MORTE DE PRESIDIÁRIO

EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. LEGITIMIDADE

ATIVA. IRMÃOS DA VÍTIMA. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO

DO DECRETO Nº 20.910/32.

1. O art. 1º do Decreto nº 20.910/32 dispõe

acerca da prescrição qüinqüenal de qualquer

direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja

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qual for a sua natureza, a partir do ato ou fato do

qual se originou.

2. In casu, a pretensão deduzida na inicial não resultou

atingida pelo decurso do prazo prescricional, uma vez

que o fato ensejador do dano, qual seja, morte do

irmão dos autores no interior de instituição prisional, na

qual cumpria pena, ocorreu em 17.01.2002, e a ação

foi ajuizada em 07.12.2006, consoante se infere do

voto condutor do acórdão recorrido à fl. 203.

3. Os irmãos da vítima ostentam legitimidade ativa ad

causam para pleitear indenização por danos morais e

em razão do falecimento de outro irmão. Precedentes

do STJ: Resp 1054443/MT, Rel. Ministro CASTRO

MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe 31/08/2009; AgRg no

Ag 833.554/RJ, QUARTA TURMA, DJe 02/02/2009;

REsp 254.318/RJ, QUARTA TURMA, DJ 07/05/2001.

3. Ad argumentandum tantum, a hodierna

jurisprudência desta Corte está sedimenta no

sentido de que a prescrição, nas ações de

responsabilidade civil do Estado, subsume-se ao

prazo quinquenal encartado no art. 1º do Decreto

20.910/32. Precedentes do STJ: REsp

1160403/ES, SEGUNDA TURMA, DJe 22/03/2010;

e AgRg no REsp 1073796/RJ, SEGUNDA TURMA,

DJe 01/07/2009.

4. Agravo Regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1184880/RR, Rel. Ministro LUIZ FUX,

PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/06/2010, DJe

01/07/2010)

Vê-se, portanto, que está configurado o dissenso no

âmbito do Superior Tribunal de Justiça, situação que deve ser de basta cautela e atenção nas provas.

Observe, no entanto, que conforme o comando,

adotando-se o princípio da especialidade, assim em detrimento da norma geral (CC/02), devemos aplicar a prescrição qüinqüenal. Gabarito: Certo.

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36. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público alcança também não usuários do serviço por ela prestado.

Comentário:

Conforme verificamos, o STF firmou novo entendimento no sentido de se aplicar a responsabilidade objetiva aos prestadores de serviços públicos tanto no que se refere ao usuário, quanto ao não-usuário dos serviços públicos, que tenha sofrido dano em razão da atuação do prestador.

INFORMATIVO Nº 557

TÍTULO: Responsabilidade Civil Objetiva e Terceiro

Não-Usuário do Serviço - 2

PROCESSO: RE - 591874

ARTIGO

No mérito, salientando não ter ficado evidenciado, nas

instâncias ordinárias, que o acidente fatal que vitimara

o ciclista ocorrera por culpa exclusiva deste ou em

razão de força maior, reputou-se comprovado o nexo

de causalidade entre o ato administrativo e o

dano causado ao terceiro não-usuário do serviço

público, e julgou-se tal condição suficiente para

estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa

jurídica de direito privado, nos termos do art. 37,

§ 6º, da CF (“As pessoas jurídicas de direito público e

as de direito privado prestadoras de serviços públicos

responderão pelos danos que seus agentes, nessa

qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito

de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou

culpa.”). Asseverou-se que não se poderia

interpretar restritivamente o alcance do art. 37, §

6º, da CF, sobretudo porque a Constituição,

interpretada à luz do princípio da isonomia, não

permite que se faça qualquer distinção entre os

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chamados “terceiros”, ou seja, entre usuários e

não-usuários do serviço público, haja vista que

todos eles, de igual modo, podem sofrer dano em razão

da ação administrativa do Estado, seja ela realizada

diretamente, seja por meio de pessoa jurídica de direito

privado. Observou-se, ainda, que o entendimento de

que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam

de proteção constitucional decorrente da

responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito

subjetivo de receber um serviço adequado, contrapor-

se-ia à própria natureza do serviço público, que, por

definição, tem caráter geral, estendendo-se,

indistintamente, a todos os cidadãos, beneficiários

diretos ou indiretos da ação estatal. Vencido o Min.

Marco Aurélio que dava provimento ao recurso por não

vislumbrar o nexo de causalidade entre a atividade

administrativa e o dano em questão. Precedentes

citados: RE 262651/SP (DJU de 6.5.2005); RE

459749/PE (julgamento não concluído em virtude da

superveniência de acordo entre as partes). RE

591874/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009.

(RE-591874)

Gabarito: Certo.

37. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/ES – CESPE/2011) Suponha-se que Maria estivesse conduzindo o seu veículo quando sofreu um acidente de trânsito causado por um ônibus da concessionária do serviço público municipal de transporte público, o qual lhe causou danos materiais. Nessa situação hipotética, eventual direito à indenização pelos danos suportados por Maria somente ocorrerá se ficar provado que o condutor do referido coletivo atuou com culpa ou dolo, já que não haverá responsabilidade objetiva na espécie, pois, na oportunidade, Maria não era usuária do serviço público de transporte público coletivo.

Comentário:

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Conforme entendimento do STF a responsabilidade

objetiva aplica-se aos prestadores de serviços públicos tanto no que se refere aos usuários, quanto aos não-usuários dos serviços públicos. Gabarito: Errado.

38. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Maria ingressou com ação de indenização, por danos materiais e morais, contra o estado de Rondônia, diante da morte de seu filho na UTI de um hospital público, devido a responsabilidade objetiva; o estado, em processo administrativo, entendeu que o fato fora causado por culpa da equipe médica de plantão. Nessa situação, mesmo que não haja a denunciação à lide dos servidores responsáveis no processo judicial no prazo adequado, poderá o estado mover ação de regresso contra eles, após o trânsito em julgado da ação proposta por Maria.

Comentário:

Novamente temos a configuração da responsabilidade objetiva do Estado, ou seja, uma vez que temos uma ação estatal, um dano a terceiro, e o nexo de causa e efeito, surge, como já sabemos, o dever do Estado de indenizar, reparar o dano moral ou material.

No processo contra o Estado então a responsabilidade

ficará adstrita a demonstração desses três elementos (ato estatal, dano e nexo entre o ato e o dano). Assim, como não há discussão de culpa não está o Estado obrigado a denunciar a lide, não se aplicando a pena de perda do direito de regresso.

É que a denunciação aqui, em regra, não é admitida

pelo Judiciário em face de se modificar o plano da discussão da responsabilidade objetiva para a subjetiva, já que os servidores respondem somente por dolo ou culpa (subjetivamente), conforme firme posicionamento do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO –

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – DISSÍDIO

JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO (ART. 541 DO

CPC E ART. 255 DO RISTJ) – INEXISTÊNCIA DE

OFENSA AO ART. 535 DO CPC – DENUNCIAÇÃO DA

LIDE – DIREITO DE REGRESSO – CPC, ART. 70, III –

OBRIGATORIEDADE AFASTADA – PRECEDENTES –

REDUÇÃO DO QUANTUM DA INDENIZAÇÃO – SÚMULA

7/STJ.

1. É entendimento sedimentado o de não haver

omissão no acórdão que, com fundamentação

suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas

partes, decide de modo integral a controvérsia posta.

2. Não havendo o recorrente demonstrado, mediante a

realização do devido cotejo analítico, a existência de

similitude das circunstâncias fáticas e do direito

aplicado nos acórdãos recorrido e paradigmas, resta

desatendido o comando dos arts. 541 do CPC e 255 do

RISTJ.

3. A denunciação da lide só é obrigatória em

relação ao denunciante que, não denunciando,

perderá o direito de regresso, mas não está

obrigado o julgador a processá-la, se concluir que

a tramitação de duas ações em uma só onerará

em demasia uma das partes, ferindo os princípios

da economia e da celeridade na prestação

jurisdicional, sendo desnecessária em ação

fundada na responsabilidade prevista no art. 37,

§ 6º, da CF/88, vez que a primeira relação

jurídica funda-se na culpa objetiva e a segunda

na subjetiva, fundamento novo não constante da

lide originária.

4. Não perde o Estado o direito de regresso se não

denuncia a lide ao seu preposto.

5. É pacífico nesta Corte o entendimento de que a

revisão do valor da indenização nos casos de

responsabilidade civil do Estado esbarra no óbice da

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Súmula 7/STJ, exceto nos casos de valores irrisórios ou

exorbitantes, o que não se afigura no caso concreto.

6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte,

não provido. (REsp 955.352/RN, Rel. Ministra ELIANA

CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2009,

DJe 29/06/2009)

A propósito, saliento que a denunciação da lide é um

mecanismo processual para se trazer ao processo aquele que por regresso compete indenizar o denunciante se acaso for condenado a indenizar.

No caso da ação por responsabilidade objetiva não

caberá a denunciação da lide, pois tumultuaria o processo trazendo discussão acerca de responsabilidade subjetiva, o que demandaria maior instrução processual.

Assim, ao Estado, acaso condenado, surgirá o dever de

promover a ação de regresso em face do servidor, no caso de ter agindo com dolo ou culpa, não perdendo seu direito de regresso, em face de não ter denunciado a lide no processo em que se postula o terceiro a reparação de dano por força de responsabilidade objetiva do Estado. Gabarito: Certo.

39. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Determinado município construiu um importante viaduto com vistas a desafogar o trânsito no centro da cidade; no entanto, essa construção impôs a Maria o aumento da poluição sonora, visual e ambiental de seu apartamento, localizado ao lado desse viaduto. Nessa situação, conforme entendimento do STF, não há que se falar em responsabilidade objetiva do referido município, diante da licitude do ato praticado.

Comentário:

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É importante destacar que a responsabilidade objetiva decorre de ato lícito ou ilícito, ou seja, mesmo que a ação estatal tenha sido lícita, porém causou dano a terceiro e esse dano decorre de referida ação, surge o dever de indenizar, nos termos da responsabilidade objetiva.

É que, conforme o entendimento do Supremo Tribunal

Federal, a verificação da licitude ou não do ato comissivo estatal é irrelevante, na medida em que se houver o dano, em razão da atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é devida a indenização, que se assenta no princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais, conforme o seguinte:

CONSTITUCIONAL. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL

DO ESTADO. C.F., 1967, art. 107. C.F./88, art. 37, par-

6.. I. A responsabilidade civil do Estado,

responsabilidade objetiva, com base no risco

administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa

do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir

a responsabilidade estatal, ocorre, em sintese, diante

dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação

administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o

dano e a ação administrativa. A consideração no

sentido da licitude da ação administrativa e

irrelevante, pois o que interessa, e isto: sofrendo

o particular um prejuizo, em razão da atuação

estatal, regular ou irregular, no interesse da

coletividade, e devida a indenização, que se

assenta no princípio da igualdade dos onus e

encargos sociais. II. Ação de indenização movida por

particular contra o Município, em virtude dos prejuizos

decorrentes da construção de viaduto. Procedencia da

ação. III. R.E. conhecido e provido. (RE 113587,

Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, SEGUNDA TURMA,

julgado em 18/02/1992, DJ 03-04-1992 PP-04292

EMENT VOL-01656-02 PP-00382 RTJ VOL-00140-02 PP-

00636)

Gabarito: Errado.

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40. (ANALISTA DE SANEAMENTO – EMBASA – CESPE/2010) Quando ocorre enchente em determinado local devido a excesso de chuva, o Estado pode ser responsabilizado civilmente pelos danos causados à população.

Comentário:

De acordo com o que discutimos, temos observado que também se adota no Brasil a teoria da responsabilidade subjetiva, na modalidade culpa administrativa, diante dos casos de omissão, inércia estatal, por força de eventos da natureza ou fato de terceiros, quando o Estado poderia evitá-los, conforme aplicação da teoria da falta do serviço (serviço não funcionou, funcionou mal ou não existiu).

INFORMATIVO Nº 391

TÍTULO: Responsabilidade Civil do Estado e Ato Omissivo

(Transcrições)

PROCESSO: 409203 - RE

ARTIGO

Responsabilidade Civil do Estado e Ato Omissivo

(Transcrições) RE 409203/RS* RELATOR: MIN. CARLOS

VELLOSO EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS PÚBLICAS.

ATO OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: ESTUPRO PRATICADO

POR APENADO FUGITIVO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:

CULPA PUBLICIZADA: FALHA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, §

6º. I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a

responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que

exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes,

a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,

entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode

ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a

falta do serviço. II. - A falha do serviço - faute du

service dos franceses - não dispensa o requisito da

causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a

ação omissiva atribuída ao poder público e o dano

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causado a terceiro. III. - Crime de estupro praticado por

apenado fugitivo do sistema penitenciário do Estado: nesse

caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do

apenado e o crime de estupro, observada a teoria, quanto ao

nexo de causalidade, do dano direto e imediato. Precedentes

do STF: RE 369.820/RS, Ministro Carlos Velloso, "DJ" de

27.02.2004; RE 172.025/RJ, Ministro Ilmar Galvão, "DJ" de

19.12.1996; RE 130.764/PR, Ministro Moreira Alves, RTJ

143/270. IV. - RE conhecido e provido. Relatório: O acórdão

recorrido, em ação sob o rito ordinário, proferido pela Décima

Câmara Cível do Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio

Grande do Sul, está assim ementado: "RESPONSABILIDADE

CIVIL DO ESTADO. 1. Apenado em regime aberto que,

durante fuga, invade residência e pratica violência contra as

moradoras, uma delas sendo vítima de estupro. Falha

evidente do Estado na fiscalização do cumprimento da pena

pelo autor do fato, que, apesar de ter fugido em sete

oportunidades, não foi sujeito à regressão de regime.

Confirmação da sentença de procedência, por seus próprios

fundamentos, inclusive quanto ao valor arbitrado como

reparação dos danos morais. Homologação da desistência do

apelo das autoras, restando prejudicado o recurso adesivo.

Sentença confirmada em reexame necessário." (Fl. 260) Daí o

RE, interposto pelo ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL,

fundado no art. 102, III, a, da Constituição Federal, com

alegação de ofensa ao art. 37, § 6º, da mesma Carta,

sustentando, em síntese que o dano suportado pela recorrida

decorreu exclusivamente de ato de terceiro, não havendo

falar em responsabilidade civil do Estado do Rio Grande do

Sul. Ademais, inexiste nexo causal entre a suposta falha do

serviço estatal e o dano sofrido pela recorrida. Admitido o

recurso, subiram os autos. A Procuradoria Geral da República,

em parecer lavrado pelo ilustre Subprocurador-Geral da

República, Dr. Wagner de Castro Mathias Netto, opinou pelo

não-conhecimento do recurso e, se conhecido, pelo não-

provimento. Autos conclusos em 10.3.2005. É o relatório.

Voto: Trata-se de ação de indenização por danos morais

contra o Estado do Rio Grande do Sul. Um apenado, fugitivo

da prisão, invadiu a casa das autoras e, portando arma,

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exigiu-lhes dinheiro. Não atendida a exigência do meliante, as

autoras foram submetidas a ameaças, sendo que uma delas,

de 12 anos de idade, foi estuprada. Pediram, então,

indenização por danos morais ao Estado, por isso que "o

indivíduo era foragido do sistema penitenciário estadual" (fl.

261). A ação foi julgada procedente em 1ª instância,

confirmada a sentença pelo Tribunal de Justiça, mediante a

aplicação do princípio da responsabilidade objetiva do Estado.

O acórdão admitiu ter havido "falha evidente do Estado na

fiscalização do cumprimento da pena pelo autor do fato, que,

apesar de ter fugido em sete oportunidades, não foi sujeito à

regressão de regime" (fl. 260, ementa do acórdão).

Preliminarmente, o recurso é de ser conhecido, por isso que

não se torna necessário, no caso, o exame da prova. O

acórdão esclarece os fatos e realiza a sua tipificação legal. O

que nos cabe, agora, é verificar se essa tipificação está

correta. Passo ao exame do mérito. Em caso semelhante,

oriundo, aliás, do Rio Grande do Sul, RE 369.820/RS, por

mim relatado, decidiu o Supremo Tribunal Federal: "EMENTA:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL.

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS PÚBLICAS. ATO

OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: LATROCÍNIO PRATICADO

POR APENADO FUGITIVO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:

CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º.

I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a

responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige

dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a

negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,

entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser

atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do

serviço. II. - A falta do serviço - faute du service dos

franceses - não dispensa o requisito da causalidade, vale

dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída

ao poder público e o dano causado a terceiro. III. - Latrocínio

praticado por quadrilha da qual participava um apenado que

fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em

nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio.

Precedentes do STF: RE 172.025/RJ, Ministro Ilmar Galvão,

"D.J." de 19.12.96; RE 130.764/PR, Relator Ministro Moreira

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Alves, RTJ 143/270. IV. - RE conhecido e provido." ("DJ" de

27.02.2004) Assim o voto que proferi por ocasião do citado

julgamento: "(...) A autora-recorrida e seu marido estavam

num veículo estacionado às margens da BR 386, no Km 328,

quando foram assaltados por 'um apenado fugitivo, em co-

autoria com outros delinqüentes', culminando o fato com a

morte do marido da autora. (fls. 310/313). Anote-se, por

primeiro, portanto: o marido da autora foi morto por 'um

apenado fugitivo, em co-autoria com outros delinqüentes', em

número de quatro. O Estado do Rio Grande do Sul, em razão

disso, foi condenado, já que o homicídio fora praticado por

um apenado foragido, a indenizar a autora-recorrida por

danos materiais e dano moral. Está no voto em que se

embasa o acórdão: '(...) O autor do dano tinha

movimentadíssima folha de antecedentes, com prévias

condenações. E o documento de fl. 249 faz certo que havia

fugido em 20 de fevereiro de 1992, sendo recapturado em 27

de junho do mesmo ano. Ora, o lastimável evento se deu em

22 de junho. Portanto, durante lapso temporal em que o

assassino esteve foragido. E a fuga de presídio, lançando-se à

rua perigoso delinqüente corresponde à inequívoca falta do

serviço. O acórdão recorrido concluiu, assim, estar

evidenciada a responsabilidade do Poder Público, em face da

existência de nexo causal entre o evento lesivo e o

desempenho das tarefas estatais, considerada,

especialmente, a circunstância de o mesmo haver sido

praticado por criminoso de alta periculosidade, em co-autoria

com outros delinqüentes, ainda que foragido há quatro meses

e que a sua pena, à época, somasse quatro anos e três meses

de reclusão, e não cinqüenta e quatro anos, como depois

fixada pelo Tribunal. Ainda, os fatos evitam o argumento

genérico de um mero dever de dar segurança, como se o

Estado fosse responsável por algum tipo de seguro de vida ou

de patrimônio. Não é o caso. Na hipótese, é evidente a falta

de serviço, em que perigosíssimo delinqüente conseguiu fugir.

Fica claro, portanto, que o Estado deve responder pelo mal

funcionamento de seus serviços, sempre que seu funcionário

for demorado, lento e vagaroso no desempenho dos mesmos

e desse estado de letargia surgir o dano, como referiu

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Ulderico Pires dos Santos, na obra A responsabilidade civil na

doutrina e jurisprudência, Forense, 1984, p. 597. (...)' (fl.

399). II No caso, o dano não resultou de ato praticado por

agente público, mas foi causado mediante ato comissivo de

terceiro. Ter-se-ia, portanto, ato omissivo do poder público.

No voto que proferi no RE 204.037/RJ, cuidei do tema: a

responsabilidade do poder público por ato omissivo. Destaco

do voto que proferi: '(...) O § 6º do art. 37 da CF dispõe:

'Art.37. (...) (...) § 6º - As pessoas jurídicas de direito público

e as de direito privado prestadoras de serviços públicos

responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,

causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra

o responsável nos casos de dolo ou culpa.' Em princípio, pois,

a responsabilidade objetiva do poder público, assentada na

teoria do risco administrativo, ocorre por ato de seus agentes.

Dir-se-á que o ato do agente público poderá ser omissivo.

Neste caso, entretanto, exige-se a prova da culpa. É que a

omissão é, em essência, culpa, numa de suas três vertentes:

negligência, que, de regra, traduz desídia, imprudência, que é

temeridade, e imperícia, que resulta de falta de habilidade

(Álvaro Lazarini, 'Responsabilidade Civil do Estado por Atos

Omissivos dos seus Agentes', em 'Rev. Jurídica', 162/125).

Celso Antônio Bandeira de Mello, dissertando a respeito do

tema, deixa expresso que 'o Estado só responde por

omissões quando deveria atuar e não atuou - vale

dizer: quando descumpre o dever legal de agir. Em uma

palavra: quando se comporta ilicitamente ao abster-se.'

E continua: 'A responsabilidade por omissão é

responsabilidade por comportamento ilícito. E é

responsabilidade subjetiva, porquanto supõe dolo ou

culpa em suas modalidades de negligência, imperícia

ou imprudência, embora possa tratar-se de uma culpa

não individualizável na pessoa de tal ou qual

funcionário, mas atribuída ao serviço estatal

genericamente. É a culpa anônima ou faute de service

dos franceses, entre nós traduzida por 'falta de

serviço'. É que, em caso de ato omissivo do poder

público, o dano não foi causado pelo agente público. E o

dispositivo constitucional instituidor da

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responsabilidade objetiva do poder público, art. 107 da

CF anterior, art. 37, § 6º, da CF vigente, refere-se aos

danos causados pelos agentes públicos, e não aos

danos não causados por estes, 'como os provenientes

de incêndio, de enchentes, de danos multitudinários, de

assaltos ou agressões que alguém sofra em vias e

logradouros públicos, etc.' Nesses casos, certo é que o

poder público, se tivesse agido, poderia ter evitado a

ação causadora do dano. A sua não ação, vale dizer, a

omissão estatal, todavia, se pode ser considerada

condição da ocorrência do dano, causa, entretanto, não

foi. A responsabilidade em tal caso, portanto, do

Estado, será subjetiva. (Celso Antônio Bandeira de Mello,

'Responsabilidade Extracontratual do Estado por

Comportamentos Administrativos', em 'Rev. dos Tribs.',

552/11, 13 e 14; 'Curso de Direito Administrativo', em 'Rev.

dos Tribs.', 552/11, 13 e 14; 'Curso de Direito

Administrativo', Malheiros Ed. 5º ed., pp. 489 e segs.). Não é

outro o magistério de Hely Lopes Meirelles: 'o que a

Constituição distingue é o dano causado pelos agentes da

Administração (servidores) dos danos ocasionados por atos

de terceiros ou por fenômenos da natureza. Observe-se que o

art. 37, § 6º, só atribui responsabilidade objetiva à

Administração pelos danos que seus agentes, nessa

qualidade, causem a terceiros. Portanto o legislador

constituinte só cobriu o risco administrativo da atuação ou

inação dos servidores públicos; não responsabilizou

objetivamente a Administração por atos predatórios de

terceiros, nem por fenômenos naturais que causem danos aos

particulares'. A responsabilidade civil por tais atos e fatos é

subjetiva. (Hely Lopes Meirelles, 'Direito Administrativo

Brasileiro', Malheiros Ed., 21ª ed., 1996, p. 566). Esta é,

também, a posição de Lúcia Valle Figueiredo, que, apoiando-

se nas lições de Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e Celso

Antônio Bandeira de Mello, leciona que 'ainda que consagre o

texto constitucional a responsabilidade objetiva, não há como

se verificar a adequabilidade da imputação ao Estado na

hipótese de omissão, a não ser pela teoria subjetiva'. E

justifica: é que, 'se o Estado omitiu-se, há de se perquirir se

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havia o dever de agir. Ou, então, se a ação estatal teria sido

defeituosa a ponto de se caracterizar insuficiência da

prestação de serviço.'(Lúcia Valle Figueiredo, 'Curso de

Direito Administrativo', Malheiros Ed., 1994, p. 172). Desse

entendimento não destoa a professora Maria Sylvia Zanella Di

Pietro ('Direito Administrativo', Ed. Atlas, 5ª ed., 1995,

p.415). Posta a questão em tais termos, força é concluir, no

caso, pelo não-conhecimento do recurso, dado que, conforme

vimos, a versão fática do acórdão é que não houve culpa do

servidor da empresa ao não impedir a ocorrência do fato,

nem é possível presumir, no caso, a faute de service, ou a

culpa anônima, vale dizer, a culpa que poderia ser atribuída

ao serviço estatal de forma genérica. (...)' (RTJ 179/797-

798). Maria Helena Diniz também sustenta que a

responsabilidade do Estado por ato omissivo é subjetiva

('Cód. Civil Anotado', Saraiva, 4ª ed., pág. 31). De outro lado,

há juristas que entendem que a responsabilidade estatal por

ato omissivo é objetiva. Assim, por exemplo, Yussef Said

Cahali ('Responsabilidade Civil do Estado', Malheiros Ed., 2ª

ed., 1995, pág. 40), Odete Medauar ('Direito Administrativo

Moderno', Ed. R.T., 4ª ed., 2000, pág. 430) e Celso Ribeiro

Bastos ('Curso de Direito Administrativo', Saraiva, 3ª ed.,

1999, p. 190), dentre outros. No voto que proferi no RE

204.037/RJ, retrotranscrito, mencionei que Hely Lopes

Meirelles adotara a responsabilidade subjetiva na hipótese de

ações omissivas do poder público. Agora, melhor examinando

a obra do saudoso e notável mestre, reconheço o meu

engano. Hely Lopes Meirelles, na verdade, sustentava a teoria

da responsabilidade objetiva do Estado pelos atos comissivos

e omissivos dos seus agentes. 'O essencial é que o agente da

Administração haja praticado o ato ou a omissão

administrativa no exercício de suas atribuições ou a pretexto

de exercê-las.' ('Direito Administrativo Brasileiro', Malheiros

Ed., 24ª ed., 1999, pág. 589). Continua: 'O que a

Constituição distingue é o dano causado pelos agentes da

Administração (servidores) dos danos ocasionados por atos

de terceiros ou por fenômenos da natureza. Observe-se que o

art. 37, § 6º, só atribui responsabilidade objetiva à

Administração pelos danos que seus agentes, nessa

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qualidade, causem a terceiros.' (grifei). E acrescenta,

esclarecendo: 'Portanto, o legislador constituinte só cobriu o

risco administrativo da atuação ou inação dos servidores

públicos; não responsabilizou objetivamente a Administração

por atos predatórios de terceiros, (...)' ('Direito Administrativo

Brasileiro', Malheiros Ed., 24ª ed., 1999, págs. 589/590).

Ora, no citado RE 204.037/RJ, cuidávamos de ato praticado

por terceiro, no interior de veículo de transporte coletivo,

assim de concessionária do serviço público. O Supremo

Tribunal Federal, pela sua 1ª Turma, no RE 109.615/RJ,

Relator o Ministro Celso de Mello, decidiu no sentido de que é

objetiva a responsabilidade do Estado 'pelos danos a que os

agentes públicos houverem dado causa, por ação ou por

omissão.' (RTJ 163/1.107). III No caso, o acórdão decidiu

pela ocorrência da falta do serviço. A falta do serviço decorre

do não-funcionamento ou do funcionamento insuficiente,

inadequado, tardio ou lento do serviço que o poder público

deve prestar. No RE 179.147/ SP, por mim relatado, decidiu

esta 2ª Turma que 'tratando-se de ato omissivo do poder

público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo

que exige dolo ou culpa, numa de suas três vertentes,

negligência, imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto,

necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao

serviço público, de forma genérica, a faute du service dos

franceses.' (RTJ 179/791). IV Todavia, a faute du service não

dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de

causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público

e o dano causado a terceiro. O Ministro Moreira Alves, no voto

que proferiu no RE 130.764/PR, lecionou que 'a teoria

adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano

direto e imediato, também denominada teoria da interrupção

do nexo causal', que 'sem quaisquer considerações de ordem

subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias

existentes: a da equivalência das condições e a da

causalidade adequada' (cf. Wilson Mello da Silva,

'Responsabilidade sem culpa', nºs. 78 e 79, págs. 128 e

seguintes, Ed. Saraiva, São Paulo, 1974). Essa teoria, como

bem demonstra Agostinho Alvim ('Da Inexecução das

Obrigações', 5ª ed., nº 226, pág. 370, Ed. Saraiva, São

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Paulo, 1980), só admite o nexo de causalidade quando o dano

é efeito necessário de uma causa, o que abarca o dano direto

e imediato sempre, e, por vezes, o dano indireto e remoto,

quando, para a produção deste, não haja concausa sucessiva.

Daí, dizer Agostinho Alvim (1. c): 'os danos indiretos ou

remotos não se excluem, só por isso; em regra, não são

indenizáveis, porque deixam de ser efeito necessário, pelo

aparecimento de concausas. Suposto não existam estas,

aqueles danos são indenizáveis.' (RE 130.764/PR, RTJ

143/270, 283). V A questão a ser posta, agora, é esta: a fuga

de um apenado da prisão, vindo este, tempos depois,

integrando quadrilha de malfeitores, assassinar alguém,

implica obrigação de indenizar por parte do poder público, sob

color de falta do serviço? No citado RE 130.764/PR, da

relatoria do Ministro Moreira Alves, cuidou-se de tema

semelhante ao aqui tratado. Ali, a espécie versada foi a

seguinte: bando de marginais, integrado por dois evadidos de

prisões estaduais, invadiu residência e, dominando a família,

apossou-se de bens desta, levando o terror às pessoas,

agredindo o dono da casa e causando elevado prejuízo à

família. Proposta a ação de indenização, reconheceram as

instâncias ordinárias a responsabilidade civil do Estado,

condenando-o a compor os danos materiais, mediante a

aplicação da responsabilidade objetiva e invocando a falta do

serviço. Decidiu, então, o Supremo Tribunal Federal, no

mencionado RE 130.764/PR: 'EMENTA: Responsabilidade Civil

do Estado. Dano decorrente de assalto por quadrilha de que

fazia parte preso foragido vários meses antes. - A

responsabilidade do Estado, embora objetiva por força do

disposto no artigo 107 da Emenda Constitucional nº 1/69 (e,

atualmente, no § 6º do artigo 37 da Carta Magna), não

dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo

de causalidade entre a ação ou a omissão atribuída a seus

agentes e o dano causado a terceiros. - Em nosso sistema

jurídico, como resulta do dispositivo no artigo 1.060 do

Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade

é a teoria do dano direto e imediato, também denominada

teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele

dispositivo da codificação civil diga respeito à impropriamente

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denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele

também à responsabilidade extracontratual, inclusive a

objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer

considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes

das outras duas teorias existentes: a da equivalência das

condições e a da causalidade adequada. - No caso, em face

dos fatos tidos como certos pelo acórdão recorrido, e com

base nos quais reconheceu ele o nexo de causalidade

indispensável para o reconhecimento da responsabilidade

objetiva constitucional, é inequívoco que o nexo de

causalidade inexiste, e, portanto, não pode haver a incidência

da responsabilidade prevista no artigo 107 da Emenda

Constitucional nº 1/69, a que corresponde o § 6º do artigo 37

da atual Constituição. Com efeito, o dano decorrente do

assalto por uma quadrilha de que participava um dos

evadidos da prisão não foi o efeito necessário da omissão da

autoridade pública que o acórdão recorrido teve como causa

da fuga dele, mas resultou de concausas, como a formação

da quadrilha, e o assalto ocorrido cerca de vinte e um meses

após a evasão. - Recurso extraordinário conhecido e provido.'

('D.J.' de 07.8.92). No RE 172.025/RJ, Relator o Ministro

Ilmar Galvão, decidiu o Supremo Tribunal Federal: 'EMENTA:

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LATROCÍNIO PRATICADO POR

PRESO FORAGIDO, MESES DEPOIS DA FUGA. Fora dos

parâmetros da causalidade não é possível impor ao Poder

Público uma responsabilidade ressarcitória sob o argumento

de falha no sistema de segurança dos presos. Precedente da

Primeira turma: RE 130.764, Relator Ministro Moreira Alves.

Recurso extraordinário não conhecido.' ('D.J.' de 19.12.96).

Nesse RE 172.025/RJ, cuidou-se de ação de reparação de

dano proposta contra o Estado do Rio de Janeiro, com base

no art. 107 da CF/67, por ter sido o marido da autora vítima

de latrocínio praticado por presidiário foragido. Caso igual,

portanto, ao que examinamos aqui. (...)." O caso aqui tratado

é igual ao que foi examinado e decidido no RE 369.820/RS,

acima transcrito. Não há dúvida que, no caso, houve falha do

serviço, a faute du service dos franceses. Esta, todavia, não

prescinde da demonstração do nexo de causalidade. É dizer,

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no caso, deveria estar demonstrado o nexo de causalidade

entre a fuga do apenado e o lamentável fato ocorrido, certo

que há de ser observada a teoria, quanto ao nexo de

causalidade, do dano direto e imediato. Não há possibilidade,

portanto, da adoção, no caso sob julgamento, da falha do

serviço. Do exposto, conheço do recurso e dou-lhe

provimento. * julgamento pendente de conclusão em virtude

do pedido de vista do Min. Joaquim Barbosa

Gabarito: Certo.

41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) Se a pessoa que sofrer dano contribuir, de alguma forma, para o resultado danoso, a responsabilidade do Estado estará, então, afastada, pois este só responde pelos danos cuja responsabilidade lhe seja integralmente atribuída.

Comentário:

Como disse, no que se refere à responsabilidade objetiva podemos ter a configuração da modalidade risco administrativo, a qual admite excludente de responsabilidade, e a risco integral, na qual não se permite a exclusão da responsabilidade estatal.

Na responsabilidade sob o risco administrativo temos

como hipótese de exclusão de responsabilidade a culpa exclusiva da vítima, a ocorrência de caso fortuito ou força maior, quando há interrupção do nexo causal.

No entanto, pode ocorrer a chamada culpa concorrente

(concorrência de culpa), quando o dano decorre de conduta estatal e do administrado, em concomitância, ficando a responsabilidade estatal mitigada ou atenuada, respondendo na proporção de sua conduta.

Assim, se a pessoa que sofrer dano contribuir, de

alguma forma, para o resultado danoso, a responsabilidade do Estado

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não será afastada, somente será proporcional à sua participação no dano. Gabarito: Errado.

42. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A força maior, como acontecimento imprevisível e inevitável, estranho à vontade das partes, não gera a responsabilidade civil do Estado.

Comentário:

Lembremos que no âmbito da responsabilidade civil do Estado temos excludentes de responsabilidade, sendo a culpa exclusiva da vítima, a força maior, caso fortuito e fato de terceiros.

A força maior é evento estranho à Administração e ao

particular, imprevisível, inevitável e irresistível, tal como uma guerra civil, tsunami, furacão, terremoto etc.

Fato de terceiros é acontecimento imputado a terceiros

que não decorrem de conduta da Administração. No âmbito da responsabilidade objetiva devemos

perceber que tais excludentes devem ser associadas ao rompimento do nexo causal, sob pena de o Estado, mesmo diante de tais circunstâncias, responder pelos danos. Gabarito: Certo.

Por hoje é isso pessoal. Fiquem com Deus, bons estudos e até a volta. Grande abraço, Prof. Edson Marques

QUESTÕES SELECIONADAS

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1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço, ficando o fator culpa desconsiderado como pressuposto da responsabilidade objetiva; a caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal.

2. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Consoante a teoria do risco administrativo, consagrada no ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados aos administrados baseia-se na equânime repartição dos prejuízos que o desempenho do serviço público impõe a certos indivíduos, não suportados pelos demais.

3. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito.

4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado deve ser aplicada de modo absoluto, não sendo admitida hipótese de exclusão nem de abrandamento.

5. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Em uma rodovia estadual muito movimentada, próxima ao centro da cidade, João colidiu o seu veículo com uma vaca, que pertencia a Antônio, quando esta se encontrava indevidamente no meio da pista, em uma área sem qualquer sinalização sobre a existência de animais na região. Nessa situação, a responsabilidade civil do Estado será objetiva.

6. (PROCURADOR – BANCO CENTRAL – CESPE/2009) A responsabilidade das autarquias pelos prejuízos causados a terceiros não é direta, de modo que, diante da ocorrência de dano, o lesado deve buscar a reparação diretamente ao ente federativo e não à autarquia.

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7. (ADVOGADO DA UNIÃO – AGU – CESPE/2009) Para sua configuração, a responsabilidade do Estado demanda os seguintes pressupostos: conduta comissiva ou omissiva, ocorrência de dano, bem como nexo de causalidade entre a conduta e o dano. No caso de responsabilização do Estado, os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, no percentual de 12% ao ano.

8. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O nexo de causa e efeito não constitui elemento a ser aferido na apuração de eventual responsabilidade do Estado.

9. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Caracterizada a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a conjugação concomitante de três elementos - dano, negligência administrativa e nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do poder público -, é inafastável o direito à indenização ou reparação civil de quem suportou os prejuízos.

10. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O Brasil adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado, segundo a qual a administração pública somente poderá reparar o prejuízo causado a terceiro se restar devidamente comprovada a culpa do agente público.

11. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A teoria da irresponsabilidade do Estado é aplicável no direito brasileiro.

12. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) A doutrina dominante é no sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade subjetiva nos casos de ato comissivo estatal.

13. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o prejuízo causado ao particular.

14. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Para se caracterizar a responsabilidade civil do Estado no caso de conduta omissiva, não basta a simples relação entre a omissão

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estatal e o dano sofrido, pois a responsabilidade só estará configurada quando estiverem presentes os elementos que caracterizem a culpa.

15. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) Em se tratando de conduta omissiva, para configuração da responsabilidade estatal, é necessária a comprovação dos elementos que caracterizam a culpa, de forma que não deve ser aplicada absolutamente a teoria da responsabilidade objetiva.

16. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessária a comprovação da negligência na atuação estatal, ou seja, a prova da omissão do Estado, em que pese o dever legalmente imposto de agir, além do dano e do nexo causal entre ambos.

17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A Constituição Federal de 1988 (CF) adotou a responsabilidade objetiva do Estado, sob a modalidade do risco integral, razão pela qual a pessoa jurídica deverá responder pelos danos.

18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. Trata-se de hipótese que exclui o dever de indenizar, visto que Joaquim estava executando serviço público de natureza urgente.

19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues

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com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será exclusiva de Joaquim, visto que agiu com imperícia e imprudência.

20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) O Estado pode exercer o direito de regresso contra o agente responsável pelo dano praticado, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.

21. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente responsável pelo dano, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.

22. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será da pessoa jurídica, na modalidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso contra o motorista.

23. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) As empresas prestadoras de serviços públicos não respondem pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Em tal hipótese, o ressarcimento do terceiro prejudicado deve ser feito diretamente pelo agente causador do dano.

24. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A reparação do dano, na hipótese de prejuízo causado a terceiros pela administração, pode ser feita tanto no âmbito administrativo quanto no judicial.

25. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – STM – CESPE/2011) A reparação do dano causado a terceiros pode ser feita tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, mas, neste último caso, a administração é obrigada a pagar o montante indenizatório de

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uma só vez, em dinheiro, de maneira a recompor plenamente o bem ou o interesse lesado.

26. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A reparação de danos causados a terceiros somente pode ser feita no âmbito judicial, pois a administração não está legitimada a, por si só, reconhecer a sua responsabilidade e definir o valor de uma possível indenização.

27. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Os agentes que, por ação ou omissão, podem gerar a responsabilidade civil do Estado são os servidores estatutários, uma vez que apenas eles têm relação de trabalho que os vincula diretamente à administração.

28. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Para efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente o servidor que, em sua atuação, causar dano a terceiros. Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo típico de trabalho com a administração e os agentes colaboradores e sem remuneração.

29. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado no caso de morte de pessoa custodiada é subjetiva.

30. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STM – CESPE/2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo. No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido.

31. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Pedro foi preso preventivamente, acusado de praticar conduta descrita como crime; essa prisão durou 824 dias, após os quais o acusado foi devidamente inocentado, com base na ausência notória de autoria. Nessa situação, conforme entendimento do STJ, haverá responsabilidade objetiva do Estado por dano moral.

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32. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele não tivera nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto, por causa da prisão cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral. Nessa situação, conforme entendimento recente do STF, poderão ser indenizáveis os danos moral e material sofridos.

33. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Segundo o STF, os atos jurisdicionais típicos no âmbito cível ensejam a responsabilidade objetiva do Estado.

34. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Em face da prolação de sentença penal com equívoco do juiz, o ordenamento jurídico não permite a reparação dos eventuais prejuízos em ação contra o Estado, mas tão somente contra o próprio magistrado.

35. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Lúcio ajuizou ação de rito ordinário contra uma empresa de transporte coletivo urbano, tendo em vista danos material e moral sofridos em acidente de trânsito causado por motorista dessa empresa. Nessa situação, adotando-se o princípio da especialidade, conforme a legislação em vigor, o prazo prescricional da ação de indenização será de 5 anos.

36. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público alcança também não usuários do serviço por ela prestado.

37. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/ES – CESPE/2011) Suponha-se que Maria estivesse conduzindo o seu veículo quando sofreu um acidente de trânsito causado por um ônibus da concessionária do serviço público municipal de transporte público, o qual lhe causou danos materiais. Nessa situação hipotética, eventual direito à indenização pelos danos suportados por Maria somente ocorrerá se ficar provado que o condutor do referido coletivo atuou com culpa ou dolo, já que não haverá responsabilidade objetiva na espécie, pois, na oportunidade, Maria não era usuária do serviço público de transporte público coletivo.

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38. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Maria ingressou com ação de indenização, por danos materiais e morais, contra o estado de Rondônia, diante da morte de seu filho na UTI de um hospital público, devido a responsabilidade objetiva; o estado, em processo administrativo, entendeu que o fato fora causado por culpa da equipe médica de plantão. Nessa situação, mesmo que não haja a denunciação à lide dos servidores responsáveis no processo judicial no prazo adequado, poderá o estado mover ação de regresso contra eles, após o trânsito em julgado da ação proposta por Maria.

39. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Determinado município construiu um importante viaduto com vistas a desafogar o trânsito no centro da cidade; no entanto, essa construção impôs a Maria o aumento da poluição sonora, visual e ambiental de seu apartamento, localizado ao lado desse viaduto. Nessa situação, conforme entendimento do STF, não há que se falar em responsabilidade objetiva do referido município, diante da licitude do ato praticado.

40. (ANALISTA DE SANEAMENTO – EMBASA – CESPE/2010) Quando ocorre enchente em determinado local devido a excesso de chuva, o Estado pode ser responsabilizado civilmente pelos danos causados à população.

41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) Se a pessoa que sofrer dano contribuir, de alguma forma, para o resultado danoso, a responsabilidade do Estado estará, então, afastada, pois este só responde pelos danos cuja responsabilidade lhe seja integralmente atribuída.

42. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A força maior, como acontecimento imprevisível e inevitável, estranho à vontade das partes, não gera a responsabilidade civil do Estado.

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