Aula 09 (2)

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    1/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    AULA 09 CRIME ORGANIZADO. CRIMES CONTRA O SISTEMA

    FINANCEIRO NACIONAL. CRIMES CONTRA A ORDEMECONMICA E TRIBUTRIA E AS RELAES DE CONSUMO.LAVAGEM DE DINHEIRO. CRIMES HEDIONDOS. CRIMES DE

    TORTURA.

    Futuros Delegados da Polcia Federal,

    Hoje veremos diversos assuntos da Legislao Penal Especial.

    Vamos ao que interessa!

    Bons estudos!!!

    *****************************************************************

    9.1 DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTRIA

    Caro (a) aluno (a), a partir de agora comearemos a tratar sobre os crimescontra a ordem tributria.

    Vamos comear!

    9.1.1 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES

    Constituem-se crimes os atos praticados por particulares, visando suprimir oureduzir tributo ou contribuio social e qualquer acessrio, atravs da prticadas condutas definidas nos artigos 1 e 2, da Lei 8.137/1990.

    O art. 1 da lei n. 8.137/90 um dos mais exigidos em prova. Segundo ele,constitui crime contra a ordem tributria suprimir ou reduzir tributo oucontribuio social e qualquer acessrio, mediante as seguintes condutas:

    Omitir informao ou prestar declarao falsa s autoridadesfazendrias;

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    2/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Fraudar a fiscalizao tributria, inserindo elementos inexatos ouomitindo operao de qualquer natureza em documento ou livro

    exigido pela lei fiscal; Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou

    qualquer outro documento relativo operao tributvel;

    Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saibaou deva saber falso ou inexato;

    Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatrio, nota fiscal oudocumento equivalente relativo venda de mercadoria ou prestaode servio, efetivamente realizada, ou fornec-lo em desacordo com alegislao.

    Complementando as condutas tipificadas no art. 1 da lei n. 8.137/90, o art.2 vem dizer que constitui crime da mesma natureza:

    Fazer declarao falsa ou omitir declarao sobre rendas, bens oufatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ouparcialmente, de pagamento de tributo;

    Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuiosocial, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de

    obrigao e que deveria recolher aos cofres pblicos; Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficirio,

    qualquer percentagem sobre a parcela dedutvel ou deduzida deimposto ou de contribuio como incentivo fiscal;

    Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatudo, incentivofiscal ou parcelas de imposto liberadas por rgo ou entidade dedesenvolvimento;

    Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados quepermita ao sujeito passivo da obrigao tributria possuir informao

    contbil diversa daquela que , por lei, fornecida Fazenda Pblica.

    Por fim, o art. 12 vem definir que:

    Art. 12. So circunstncias que podem agravar de 1/3 (um tero)at a metade as penas previstas nos arts. 1, 2 [...]:

    I - ocasionar grave dano coletividade;

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    3/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    II - ser o crime cometido por servidor pblico no exerccio de suasfunes;

    III - ser o crime praticado em relao prestao de servios ouao comrcio de bens essenciais vida ou sade.

    Recentemente foi aprovado o enunciado da Smula Vinculante n. 24, quetrata dos crimes contra a ordem tributria, nos seguintes termos:

    "No se tipifica crime material contra a ordemtributria, previsto no art. 1, incisos I a IV, da Lei n8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo".

    O teor desta smula leva a uma importante considerao, originada no direitopenal, com marcantes conseqncias na esfera tributria. Trata-se dadistino conceitual existente entre os crimes materiais, enquadrados pelasmula vinculante, e os crimes formais.

    Como voc j sabe, crimes materiais so aqueles delitos que apenas sereputam consumados com a materializao do resultado previsto no tipopenal. Em outras palavras, no basta a ao ou omisso do agente, sendonecessrio que o resultado lesivo tenha sido devidamente atingido com a aoou omisso.

    Por outro lado, crimes formais so aqueles nos quais, embora seja previsto oresultado lesivo, este no necessrio para que o crime seja consideradoconsumado. Assim, no crime formal, o delito se consuma com a simples aoou omisso tpica, sem que se atualize o resultado previsto.

    Conforme reconhece a prpria smula vinculante, os delitos previstos no art.1 da Lei n. 8.137/90 so crimes materiais, isto , so crimes que apenas seconsumam com a realizao do resultado, que, na espcie, coincide com asupresso ou reduo do imposto devido.

    Ocorre que a existncia de supresso ou reduo dos tributos apenas pode ser

    declarada mediante atividade administrativa de lanamento, com aconstituio do referido crdito tributrio, o qual ainda poder ser objeto deimpugnao por parte do contribuinte.

    Sendo assim, a constituio definitiva do crdito tributrio necessria, poisela que possibilita a avaliao da existncia do elemento "resultado",necessrio consumao do crime material. Portanto, sem a constituiodefinitiva do crdito tributrio, no pode haver ao penal, muito menoscondenao por crime previsto no art. 1 da Lei n. 8.137/90.

    Sem embargo, a mesma situao no se estende s condutas previstas no

    art. 2 da Lei n. 8.137/90, que estabelece crimes formais contra a ordem

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    4/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    tributria; ou seja, que determina a existncia de condutas tipificadaspenalmente, independentemente da realizao do resultado de supresso ou

    reduo de tributos.Como se percebe, nenhuma das condutas tipificadas no art. 2 exige a efetivareduo do tributo. Pelo contrrio, tais crimes tm como objetivo apenasantecipar a tutela penal para um mbito pr-leso ao errio, afastando odireito penal tributrio do clssico princpio da lesividade.

    Disto decorre o fato de que, para os crimes do art. 2 da Lei n. 8.137/90, no necessria a constituio definitiva do crdito tributrio, vez que o resultadolesivo ao errio apenas indiretamente mencionado, no sendo essencial consumao dos crimes previstos neste artigo, que, portanto, classificam-secomo crimes formais.

    Este o entendimento do Supremo Tribunal Federal, conforme publicado noInformativo STF n. 560:

    O Tribunal conheceu de embargos de declarao para, emprestando-lhes efeitosmodificativos, negar provimento a recurso ordinrio em habeas corpus, de forma apermitir o prosseguimento de inqurito policial instaurado contra a paciente, acusadapela suposta prtica dos crimes previstos no art. 2, I, da Lei 8.137/90 (sonegaofiscal) e no art. 203 do CP ("Frustrar, mediante fraude ou violncia, direito asseguradopela legislao do trabalho") - v. Informativo 513.

    Na espcie, o acrdo embargado dera parcial provimento ao recurso ordinrio paratrancar o inqurito policial relativamente ao crime de sonegao fiscal, aplicando oentendimento firmado pela Corte no sentido de que o prvio exaurimento da viaadministrativa condio objetiva de punibilidade, no havendo se falar, antes dele,em consumao do crime material contra a Ordem Tributria, haja vista que, somenteaps a deciso final do procedimento administrativo fiscal que ser consideradolanado, definitivamente, o referido crdito.

    Asseverou-se que tal orientao jurisprudencial seria inerente ao tipo penal descrito noart. 1, I, da Lei 8.137/90, classificado como crime material, que se consuma quandoas condutas nele descritas produzem como resultado a efetiva supresso ou reduodo tributo.

    Observou-se que o crime de sonegao fiscal, por sua vez, crime formal queindepende da obteno de vantagem ilcita em desfavor do Fisco, bastando a omissode informaes ou a prestao de declarao falsa, isto , no demanda a efetivapercepo material do ardil aplicado.

    Da que, no caso, em razo de o procedimento investigatrio ter por objetivo aapurao do possvel crime do art. 2, I, da Lei 8.137/90, a deciso definitiva noprocesso administrativo seria desnecessria para a configurao da justa causaimprescindvel persecuo penal. RHC 90532 ED/CE, rel. Min. Joaquim Barbosa,23.9.2009. (RHC-90532)

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    5/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    9.1.2 DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONRIOSPBLICOS

    A partir de agora trataremos dos crimes contra a ordem tributria praticadospor funcionrios pblicos. ATENO TOTAL!!!

    Mas professor... Mais crimes praticados por funcionrios pblicos??? Assimno possvel!!!!

    possvel sim, e no s possvel como fcil. Observe o que dispe a lei n8.137/90 no captulo I, Seo II:

    Art. 3 Constitui crime funcional contra a ordem tributria, alm dosprevistos no Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -Cdigo Penal (Ttulo XI, Captulo I):

    I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, deque tenha a guarda em razo da funo; soneg-lo, ou inutiliz-lo,total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexatode tributo ou contribuio social;

    II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ouindiretamente, ainda que fora da funo ou antes de iniciar seu

    exerccio, mas em razo dela, vantagem indevida; ou aceitarpromessa de tal vantagem, para deixar de lanar ou cobrar tributoou contribuio social, ou cobr-los parcialmente. Pena - recluso,de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa.

    III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante aadministrao fazendria, valendo-se da qualidade de funcionriopblico. Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

    Perceba que os crimes apresentados nos incisos I, II e III so bemsemelhantes a alguns j vistos:

    Inciso I Semelhante ao delito de extravio, sonegao ou inutilizaode livro ou documento. Veja:

    Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de quetem a guarda em razo do cargo; soneg-lo ou inutiliz-lo, totalou parcialmente.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    6/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Inciso II Unio do crime de concusso com a corrupo passiva:

    Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela,vantagem indevida.

    Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ouindiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, masem razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de talvantagem.

    Inciso III Semelhante ao delito de advocacia administrativa. Observe:

    Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privadoperante a administrao pblica, valendo-se da qualidade defuncionrio.

    DIFERENAS

    ACRESCENTA AO DELITO DE EXTRAVIO, SONEGAO OU INUTILIZAO

    DE LIVRO OU DOCUMENTO UM RESULTADO NATURALSTICO, QUAL SEJA:

    ACARRETAR PAGAMENTO INDEVIDO OU INEXATO DE

    TRIBUTO OU CONTRIBUIO SOCIAL

    DIFERENAS

    APS UNIR OS VERBOS CORRESPONDENTES CONCUSSO E

    CORRUPO PASSIVA, ACRESCENTA UM FIM ESPECIAL:

    PARA DEIXAR DE LANAR OU COBRAR TRIBUTO OU

    CONTRIBUIO SOCIAL, OU COBR-LOS PARCIALMENTE.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    7/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Visto isso, fica claro que para sua PROVA, no que diz respeito aos crimesfuncionais contra a ordem tributria, basta conhecer bem os delitos estudadosquando tratamos dos Crimes contra a Administrao Pblica e ter conhecimentodas diferenas em relao a eles.

    9.1.3 EXTINO DA PUNIBILIDADE

    A extino da punibilidade dos crimes contra a ordem tributria (sonegao fiscal)era disciplinada pelo artigo 14 da Lei n. 8137/90 que determinava que opagamento do dbito tributrio feito antes do recebimento da denncia criminalera causa excludente da punibilidade, mas foi revogado pelo art. 98 da Lei n.8.383/91.

    O art. 34 da Lei n. 9.249/95, contudo, voltou a admitir a mencionada extinoda punibilidade. Observe:

    Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei n 4.729, de 14 de

    julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributoou contribuio social, inclusive acessrios, antes do recebimentoda denncia.

    DIFERENAS

    SUBSTITUI A EXPRESSO ADMINISTRAO PBLICA POR

    ADMINISTRAO FAZENDRIA.

    RECEBIMENTO

    DA DENNCIA

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    8/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    9.1.4 PENA DE MULTA

    Como voc deve ter percebido, nos arts. 1 a 3, temos a definio daaplicabilidade da pena de multa quando da ocorrncia dos delitos.

    O art. 8 da lei n 8.137/90 vem definir regras para a aplicabilidade de talsano. Observe:

    Art. 8 Nos crimes definidos nos arts. 1 a 3 desta lei, a pena demulta ser fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessrio e suficiente para reprovao e

    preveno do crime.Pargrafo nico. O dia-multa ser fixado pelo juiz em valor noinferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bnus doTesouro Nacional BTN.

    Complementando o art. 8, temos o art. 10, dispositivo este constantementeexigido em PROVAS. Sendo assim, ateno:

    Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilcito e a situaoeconmica do ru, verifique a insuficincia ou excessivaonerosidade das penas pecunirias previstas nesta lei, poderdiminu-las at a dcima parte ou elev-las ao dcuplo.

    9.1.5 DELAO PREMIADA

    Nos termos do pargrafo nico do art. 16 da lei n. 8.137/90, o co-autor oupartcipe que, atravs de confisso espontnea, revelar autoridade policial ou

    judicial toda a trama delituosa, ter a sua pena reduzida de um a dois teros.

    Art. 16. Qualquer pessoa poder provocar a iniciativa do MinistrioPblico nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escritoinformaes sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo,o lugar e os elementos de convico.

    Pargrafo nico. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos emquadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partcipe que atravs de

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    9/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    confisso espontnea revelar autoridade policial ou judicial toda atrama delituosa ter a sua pena reduzida de um a dois teros

    9.1.6 AO PENAL E REPRESENTAO FISCAL

    Nos crimes contra a ordem tributria, a ao penal PBLICAINCONDICIONADA.

    A representao fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordemtributria definidos nos arts. 1 e 2 da Lei n 8.137, de 27 de dezembro de1990, ser encaminhada ao Ministrio Pblico depois de proferida a deciso

    final, na esfera administrativa, sobre a exigncia fiscal do crdito tributriocorrespondente.

    *****************************************************************

    9.2 CRIMES CONTRA A ORDEM ECONMICA

    No tpico anterior vimos diversos dispositivos a respeito da lei n 8.137/90,

    porm analisamos os aspectos tributrios da norma. A partir de agorapassaremos a anlise dos crimes contra a ordem econmica.

    A lei 12.529/11, que comeou a vigorar em 01 de junho de 2011, revogoudiversos artigos da Lei 8.137/90. Esta lei (12.529/11) descriminalizou algumascondutas que, antes eram consideradas crimes contra a Ordem Econmica.

    Estas condutas descriminalizadas passaram a ser consideradas meras "infraescontra a Ordem Econmica", sendo o infrator punido administrativamente, compenas que variam entre multa, proibio de contratar com o Poder Pblico, dentreoutras.

    Para sua PROVA o que importante a legislao ATUAL e no as modificaes.Todavia, estou citando tal fato, pois muitas questes de PROVAS anterioresesto, agora, desatualizadase, portanto, voc deve ter cuidado.

    Nos crimes econmicos, o bem jurdico tutelado a ordem econmica a qual almde dever ser entendida como um conjunto de regras e princpios relativos produo, distribuio e ao fornecimento de bens materiais, suscetveis deapreciao monetria e negociao, evidentemente composta por bens jurdicoscoletivos ou individuais.

    As infraes penais econmicas so constitudas por violaes organizaoeconmica do Estado, tipificadas criminalmente. Podem tipificar-se como crimes

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    10/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    econmicos todos aqueles que ponham em causa a credibilidade da organizaoeconmica constante da Constituio, repercutindo-se na confiana que ao

    pblico deve merecer essa organizao.Essas infraes violam, alm de bens jurdicos, interesses gerais da sociedade,que se consubstanciam em normas reguladoras da produo, circulao edistribuio de bens.

    Assim, a fim de resguardar o bom andamento nas relaes econmicas em nossoPas, almejando a garantia da livre concorrncia e da livre iniciativa, comfundamento imediato no artigo 173, pargrafo 4 da Constituio Federal, olegislador ptrio houve por bem editar a j mencionada lei n 8.137 de 27/12/90.

    Art. 173[...]

    4 - A lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e aoaumento arbitrrio dos lucros.

    Apesar de serem crimes cometidos sem violncia contra a pessoa, os crimescontra a ordem econmica, previstos na lei n 8.137/90, na sua maioria soseveramente sancionados com pena privativa de liberdade ou multa.

    Alm disso, h previso legal de que a ocorrncia do delito em determinadassituaes amplie ainda mais a penalizao. So circunstncias que podemagravar de 1/3 (um tero) at a metade as penas previstas para os crimes contraa ordem econmica:

    OCASIONAR GRAVE DANO COLETIVIDADE;

    SER O CRIME COMETIDO POR SERVIDOR PBLICO NO EXERCCIO DE SUAS

    FUNES;

    SER O CRIME PRATICADO EM RELAO PRESTAO DE SERVIOS OU AOCOMRCIO DE BENS ESSENCIAIS VIDA OU SADE.

    Os crimes contra a ordem tributria e econmica so de iniciativa pblica e,conquanto no seja expressa na norma apenadora, tal iniciativa no estcondicionada, por exemplo, representao do ofendido.

    A matria encontra-se presente na smula 609 do Supremo Tribunal Federal,que, embora editada antes da edio da lei n 8.137/90, permanece atual,

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    11/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    STF - SMULA 609.

    PBLICA INCONDICIONADA A AO PENAL POR CRIME DE SONEGAO FISCAL.

    assentando que pblica incondicionada a ao penal por crime contra a ordemtributria de sonegao fiscal.

    9.2.1DUMPING, MONOPLIO E OLIGOPLIO

    O instituto do dumping se caracteriza por ser a venda de um produto por umvalor menor que o de mercado e o de custo, de forma a eliminar aconcorrncia. Tal prtica, antes criminalizada com rigor pela lei n 8.137/90,hoje j no encontra amplo amparo legal.

    O monoplio , em geral, a figura comercial mais conhecida por todos e podeser definida como a situao em que uma empresa detm o controle domercado em relao a determinado servio ou produto, impondo seu preo erestringindo a liberdade do consumidor. DIFERENTEMENTE DO QUE MUITOSPENSAM, ESSE INSTITUTO NAO E CRIME.

    H a existncia tambm do oligoplio que algo espontneo e se caracteriza

    pela juno de alguns produtores que tem a percepo de que mais lucrativoagir de maneira interdependente do que de forma solitria.

    Esse instituto pode dar ensejo a um monoplio tambm, quando o objetivo detal unio a constituio de uma nica organizao empresarial.

    No oligoplio no se tem incentivo para a competio nos preos, mas deve-seevitar a imposio abusiva dos mesmos., ou seja, aqui no se tem umaassociao entre as empresas, a competico ainda existe e os preos podemate ser parecidos mas isso se d espontaneamente, ou seja, no soacordados. chamado por muitos de concentrao econmica.

    Pode-se dizer que o mesmo um monoplio de muitos, lembrando que aprincipio no crime. O delito pode ser caracterizado no momento em que secaracteriza a vontade de prejudicar o consumidor originando o instituto docartel. Voc vai compreender o que o cartel no prximo tpico.

    9.2.2 CARTEL

    O cartel uma unio de empresas que tem como objetivo aumentar o preodos produtos ou restringir a oferta para os consumidores, dominando assim o

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    12/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    (TJ-SC / Juiz - TJ-SC / 2010) O crime de cartel (elevar sem justa causa opreo de bem e ou servio, valendo-se de posio dominante no mercado) crime material.

    GABARITO: ERRADA

    COMENTRIOS: Trata-se de crime de MERA CONDUTA.

    mercado e suprimindo a livre iniciativa. Nesse instituto se observa uma efetivaassociao dos grupos empresarias, impondo os preos e, assim, prejudicando

    o consumidor.O cartel crime contra a ordem econmica previsto no art. 4 da Lei n.8.137/90.

    Art. 4 Constitui crime contra a ordem econmica:

    II - formar acordo, convnio, ajuste ou aliana entre ofertantes,visando: (Redao dada pela Lei n 12.529, de 2011).

    a) fixao artificial de preos ou quantidades vendidas ouproduzidas; (Redao dada pela Lei n 12.529, de 2011).

    Trata-se da formao de acordo, convnio, ajuste ou aliana entre ofertantes,visando fixao de preos ou quantidades vendidas ou produzidas, previstano inciso II, "a" do dispositivo em questo. Trata-se de crime pessoal, cujasano consiste em pena de recluso ou multa.

    O cartel, tipificado na Lei n. 8.137/90, crime de mera conduta, sendosuficiente para sua caracterizao a conjugao da inteno do agente (dolo)

    com a formao do acordo independentemente do resultado ou, antes,independentemente da possibilidade de que se alcance o resultado(factibilidade).

    So indcios de cartis o alinhamento de preos entre empresas ou gruposempresariais e/ou o aumento simultneo dos mesmos num determinadoperodo de tempo.

    CAIU EM PROVA!!!

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    13/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Por fim, destaca-se que para caracterizar dado crime deve-se ter um acordo oualgo parecido para o controle do mercado e a limitao da concorrncia e no

    apenas a averiguao dos indcios supracitados.

    9.2.3 DEMAIS DELITOS CONTRA A ORDEM ECONMICA

    Trataremos agora de outros delitos contra a ordem econmica. Com asmodificaes da lei n 12.529/11 o assunto ficou bem simples.

    So crimes que dificilmente aparecem em PROVA, mas que, quando soexigidos, basta que o candidato tenha conhecimento de que a citada condutacaracteriza uma figura tpica e que constitui um delito contra a ordemeconmica.

    Desta forma, sem aprofundamentos desnecessrios para o seu concurso, leia oquadro abaixo e tenha uma noo global das condutas apresentadas. Noperca muito tempo tentando decorar as criminalizaes.

    Vamos comear:

    DISPOSITIVO

    LEGAL

    FIGURA TPICA PENA

    Art. 4, I Abusar do poder econmico, dominando o mercado oueliminando, total ou parcialmente, a concorrnciamediante qualquer forma de ajuste ou acordo deempresas.

    PENA -RECLUSO, DE 2

    (DOIS) A 5(CINCO) ANOS,

    OU MULTA.

    Art. 4, II Formar acordo, convnio, ajuste ou aliana entreofertantes, visando:b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ougrupo de empresas;c) ao controle, em detrimento da concorrncia, de rede dedistribuio ou de fornecedores.

    *****************************************************************

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    14/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    9.3 CRIMES CONTRA A RELAO DE CONSUMO

    Trataremos, agora, de um tema pouco presente em PROVAS, mas que consta emseu edital. Analisaremos efetivamente o que importa para sua aprovao.

    O Direito Penal do Consumidor um ramo do Direito Penal Econmico que tempor finalidade o estudo de toda a forma de proteo penal relao de consumo,como bem jurdico imaterial, supra-individual e difuso.

    Os delitos visam proteger, de forma imediata, a relao de consumo. Todavia,outros objetos tais como o direito vida, sade, ao patrimnio etc., sotutelados de forma mediata ou reflexa.

    Basicamente os crimes contra as relaes de consumo afetam um interesse(objeto jurdico), sem afetar um objeto material. Para bem entender esses crimes necessrio ter em mente que o resultado previsto na figura tpica , sobretudo,um resultado jurdico, portanto, a repercusso material pode no existir.

    No Direito Penal do Consumidor observam-se os seguintes princpios especficos:

    Princpio da Integridade ou da Intangibilidade das Relaes de Consumo,isto , atravs das normas penais do consumidor, o que se visa assegurara integridade daquela relao, sua seriedade, importncia e retido.

    Princpio da Informao Veraz, da Informao Adequada e Sria: significaque o fornecedor pode ser apenado criminalmente pela omisso dainformao ao consumidor. Este princpio praticamente domina os delitosrelativos s infraes de consumo.

    No tocante ao Concurso de Pessoas aplica-se o princpio da culpabilidade, razopela qual se entende que o art. 75, do Cdigo de Defesa do Consumidor quemistura responsabilidade objetiva com responsabilidade subjetiva foi revogadopelo art. 11, da Lei n 8.137/90.

    Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoajurdica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide naspenas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    15/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    So elementos comuns dos crimes contra as relaes de consumo:

    SUJEITO ATIVO o fornecedor.

    SUJEITO PASSIVOPrincipal, a coletividade, secundrio, o consumidor.

    OBJETO MATERIAL o produto.

    ELEMENTO SUBJETIVO o dolo de perigo (vontade livremente dirigidano sentido de expor o objeto jurdico a perigo de dano). admitido o direto

    e o eventual. Eis os elementos bsicos de entendimento.

    Conforme define o art. 7, da lei n 8.137/90, so crimes contra as relaes deconsumo:

    DISPOSITIVO

    LEGAL

    FIGURA TPICA PENA

    Art. 7, I Favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou

    fregus, ressalvados os sistemas de entrega ao consumopor intermdio de distribuidores ou revendedores.

    DETENO, DE02 (DOIS) A 05

    (CINCO) ANOS,OU MULTA.

    Art. 7, II Vender ou expor venda mercadoria cuja embalagem,tipo, especificao, peso ou composio esteja emdesacordo com as prescries legais, ou que nocorresponda respectiva classificao oficial.

    Art. 7, III Misturar gneros e mercadorias de espcies diferentes,para vend-los ou exp-los venda como puros; misturargneros e mercadorias de qualidades desiguais para

    DICIONRIO DO CONCURSEIRO

    Princpio da Culpabilidade

    O principio da culpabilidade impe a subjetividade daresponsabilidade penal. No cabe, em direito penal, umaresponsabilidade objetiva, derivada to-s de uma associaocausal entre a conduta e um resultado de leso ou perigopara um bem jurdico. indispensvel a culpabilidade.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    16/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    vend-los ou exp-los venda por preo estabelecido paraos demais mais alto custo.

    Art. 7, IV Fraudar preos por meio de:

    a) alterao, sem modificao essencial ou de qualidade,de elementos tais como denominao, sinal externo,marca, embalagem, especificao tcnica, descrio,volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou servio;

    b) diviso em partes de bem ou servio, habitualmenteoferecido venda em conjunto;

    c) juno de bens ou servios, comumente oferecidos venda em separado;

    d) aviso de incluso de insumo no empregado naproduo do bem ou na prestao dos servios.

    Art. 7, V Elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ouservios, mediante a exigncia de comisso ou de taxa dejuros ilegais.

    Art. 7, VI Sonegar insumos ou bens, recusando-se a vend-los a

    quem pretenda compr-los nas condies publicamenteofertadas, ou ret-los para o fim de especulao.

    Art. 7, VII Induzir o consumidor ou usurio a erro, por via deindicao ou afirmao falsa ou enganosa sobre anatureza, qualidade do bem ou servio, utilizando-se dequalquer meio, inclusive a veiculao ou divulgaopublicitria.

    Art. 7, VIII Destruir, inutilizar ou danificar matria-prima ou

    mercadoria, com o fim de provocar alta de preo, emproveito prprio ou de terceiros.

    Art. 7, IX Vender, ter em depsito para vender ou expor venda ou,de qualquer forma, entregar matria-prima oumercadoria, em condies imprprias ao consumo.

    **********************************************************************************************************

    Passemos, agora, a um novo tema!

    **********************************************************************************************************

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    17/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    9.4 CRIMES HEDIONDOS LEI N 8.072/90 - INTRODUO

    Os crimes hediondos, do ponto de vista da criminologia sociolgica, so os crimesque esto no topo da pirmide de desvalorao axiolgica criminal, devendo,portanto, ser entendidos como crimes mais graves, mais revoltantes, que causammaior averso coletividade. Segundo Ftima Aparecida de Souza Borges:

    Crime hediondo diz respeito ao delito cuja lesividade acentuadamenteexpressiva, ou seja, crime de extremo potencial ofensivo, ao qual denominamoscrime de gravidade acentuada.

    9.5 ASPECTOS DA LEI N 8.072/90

    9.5.1 DEFINIO DOS CRIMES HEDIONDOS

    A Constituio da Repblica, no seu artigo 5, XLIII, protegendo os direitosfundamentais dos brasileiros e estrangeiros residentes no Pas, determinou quealguns delitos, desde logo, fossem denominados hediondos e, assim, fosseminafianveis e insuscetveis de graa ou anistia.

    Dentre eles a tortura, o trfico de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo eoutros que fossem classificados pelo legislador.

    De acordo com a Lei 8.072, de 25/06/1990 Lei de Crimes Hediondos tambm so considerados crimes desta categoria:

    Homicdio quando praticado em atividade tpica de extermnio, ainda quecometido por um s agente, e homicdio qualificado (art. 121, pargrafo 2,incisos I,II, III,IV e V);

    Latrocnio; Extorso qualificada pela morte;

    Extorso mediante sequestro e na forma qualificada;

    Estupro, art.213 caput e 1 e 2;

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    18/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Estupro de vulnervel (art. 217-A, caput e 1o, 2o, 3o e 4o);

    Epidemia com resultado morte;

    Falsificao, corrupo, adulterao ou alterao de produto destinado afins terapeuticos ou medicinais;

    Crime de genocdio previsto nos artigos 1, 2 e 3 da lei 2889/56.

    9.5.2 ANISTIA, GRAA E INDULTO

    A graa e o indulto juntamente com a anistia so formas de extino dapunibilidade (art.107, II, CP).

    Anistia conceitua-se como sendo um ato pelo qual uma autoridade concede operdo a determinados indivduos, geralmente por crimes de teor poltico.

    A graa destina-se a pessoa determinada e no ao fato, j o indulto, umamedida de carter coletivo. Ambas, s podem ser concedidas pelo Presidenteda Republica que pode delegar tal atribuio a Ministro de Estado ou a outrasautoridades.

    A graa, o indulto e a anistia no so aplicveis aos delitos que se referem apratica de tortura, trafico ilcito de entorpecentes e drogas afim, o terrorismo eos definidos como crimes hediondos.

    Art. 2 Os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de

    entorpecentes e drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de:

    OBSERVAO

    Com a redao que lhe deu a Lei n. 12.015/09, o artigo 1., incisos Ve VI, da Lei n. 8.072/90, dispe que so considerados hediondos osseguintes crimes [...]: [...] V - estupro (art. 213, caput e 1. e 2.);VI - estupro de vulnervel (art. 217-A, caput e 1., 2., 3. e 4.).

    A meno clara s figuras do caput e dos pargrafos no deixa dvidaquanto hediondez tanto das modalidades simples como dasqualificadas desses delitos, pondo fim controvrsia terico-

    jurisprudencial sobre a aplicabilidade da Lei dos Crimes Hediondos aocrime de estupro simples (e atentado violento ao pudor simples), oucom violncia presumida, na anterior frmula com que o Cdigo Penaltratava a matria.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    19/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    I - anistia, graa e indulto;

    9.5.3 FIANA E LIBERDADE PROVISRIA

    O artigo 2, inciso II da Lei 8072/90, em sua redao original, vedavaexpressamente a concesso de fiana e liberdade provisria nos crimeshediondos e equiparados.

    Porm, a Constituio Federal, em seu artigo 5, inciso XLIII veda apenas aconcesso de fiana (e no de liberdade provisria) nos crimes hediondos eequiparados:

    Art. 5

    [...]

    XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis degraa ou anistia a prtica da tortura , o trfico ilcito deentorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos comocrimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, osexecutores e os que, podendo evit-los, se omitirem;

    Fica claro que o que fez o poder constituinte foi restringir a concesso de fianaa certos crimes, mas de forma alguma objetivou proibir a liberdade provisria,pois esta pode ser concedida com ou sem fiana, nos termos da lei processualpenal, conforme artigo 5, inciso LXVI da CF:

    Art. 5

    [...]

    LXVI - ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei

    admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana;

    Nesta linha, o legislador revogou o inciso II do artigo 2, da Lei 8072/90 naparte em que vedada a liberdade provisria nos crimes hediondos eequiparados. Observe a atual redao:

    "Art. 2 Os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcitode entorpecentes e drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de:

    I - anistia, graa e indulto;

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    20/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    II - fiana e liberdade provisria.

    (...)II - fiana. (Redao dada pela Lei n 11.464, de 2007)"

    Ora, no atual ordenamento constitucional a liberdade a regra, e qualquerespcie de priso cautelar deve ser devidamente fundamentada nos termos doartigo 312 do Cdigo de Processo Penal.

    O STF j se manifestou inmeras vezes nesse sentido. No HC 95.464-SP, oMinistro Celso de Mello enfatizou: "A PRISO CAUTELAR CONSTITUI MEDIDADE NATUREZA EXCEPCIONAL" e "A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NOCONSTITUI FATOR DE LEGITIMAO DA PRIVAO CAUTELAR DALIBERDADE." (STF HC N. 95.464-SP. RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO)

    Portanto, qualquer priso cautelar deve ser devidamente fundamentada combase em elementos reais, que sero analisados em cada caso concreto, demodo que a gravidade em abstrato do crime (seja hediondo ou no) no servede fundamento para a restrio do status libertatis de algum, sob pena deconstrangimento ilegal.

    9.5.4 PROGRESSO DE REGIME E APELAO EM LIBERDADE

    Trataremos, inicialmente, de um ponto que, at pouco tempo, era objeto deinmeros debates. Trata-se da possibilidade de progresso de regime noscrimes hediondos e equiparados.

    Para a sua PROVA, o importante que voc tenha o cabal entendimento de queagora, legalmente admitida a progresso de regime prisional quando setratar de condenao por crime hediondo e seus equiparados (tortura, trficoilcito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo), uma vez que o novo 1,do art. 2 da Lei dos Crimes Hediondos, diz que a pena, por tais crimes ser

    cumprida inicialmenteem regime fechado.

    Art. 2

    [...]

    1o A pena por crime previsto neste artigo ser cumpridainicialmente em regime fechado.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    21/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    O 2, do mencionado artigo, estabelece a quantidade que deve ser cumpridada pena, para que seja possvel a progresso do regime (ou seja, 2/5 para

    apenados primrios, e 3/5 para reincidentes). Veja:Art. 2

    [...]

    2o A progresso de regime, no caso dos condenados aos crimesprevistos neste artigo, dar-se- aps o cumprimento de 2/5 (doisquintos) da pena, se o apenado for primrio, e de 3/5 (trsquintos), se reincidente.

    Por fim, cabe ressaltar que segundo a lei n 8.072/90, poder a autoridadejudicial permitir que o ru apele em liberdade. Observe:

    Art. 2

    [...]

    3o Em caso de sentena condenatria, o juiz decidirfundamentadamente se o ru poder apelar em liberdade.

    9.5.5 DELAO PREMIADA

    A delao premiada o ato de um acusado, em troca da reduo ou atiseno da pena, denunciar outros participantes do crime, indicar a localizaoda vtima em caso de seqestro ou contribuir, de alguma forma, para aresoluo do caso.

    Na Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/90), em seu art. 8, pargrafo nico,est prevista uma forma de delao premiada chamada de traio benfica.Observe:

    Art. 8 [...]

    Pargrafo nico. O participante e o associado que denunciar autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seudesmantelamento, ter a pena reduzida de um a dois teros.

    A delao premiada prevista na lei de crimes hediondos tem como requisitos aexistncia de quadrilha ou bando, formada especificamente para a prtica decrimes de tortura, terrorismo, trfico de drogas ou crime hediondo, delatado

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    22/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    autoridade por um de seus co-autores ou partcipes, bem como a eficcia datraio, consistente no desmantelamento do bando.

    H uma reflexo que se deve fazer em relao ao reclamadodesmantelamento: no h necessidade de comprovao futura no sentido deque a quadrilha ou bando deixou de atuar, se desfez completamente.

    No seria razovel exigir que para a reduo de pena o delator tivesse quecontar com a comprovao de evento futuro e incerto, e sendo assim, parausufruir o benefcio basta que as informaes apresentadas sejam aptas elucidao do emaranhado criminoso investigado, com resultado exitoso emtermos de tornar possvel a responsabilizao penal.

    *****************************************************************

    Parabns por mais um assunto finalizado. Passemos, agora, a um novo,importante e interessante tema!

    *****************************************************************

    9.6 CRIME ORGANIZADO

    A lei n 9.034/95 dispe sobre a utilizao de meios operacionais para apreveno e represso de aes praticadas por organizaes criminosas e, logo

    em seu art. 1, define sua finalidade geral:

    Art. 1o Esta Lei define e regula meios de prova eprocedimentos investigatrios que versem sobre ilcitosdecorrentes de aes praticadas por quadrilha ou bando ouorganizaes ou associaes criminosas de qualquer tipo.

    Perceba que, generalizando, o intuito principal da lei delinear a atuaorepressiva ao crime organizado. Mas o que significa a expresso: CRIME

    ORGANIZADO?.Embora a lei no traga um conceito bem delineado, a Conveno das NaesUnidas contra o Crime Organizado Transnacional definiu, no artigo 2, o conceitode organizao criminosa como sendo:

    o grupo estruturado concertadamente com o fim de cometer infraesgraves, com a inteno de obter benefcio econmico ou moral.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    23/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Essa definio, mesmo sendo muito ampla e genrica, foi adotada pelo SuperiorTribunal de Justia para efeito de aplicar a Lei n. 9613/98 (crime de lavagem de

    capitais) no julgamento de uma organizao criminosa que se valia da estruturade uma entidade religiosa como fachada, ludibriando fiis mediante variadasfraudes (estelionato), desviando os numerrios oferecidos para determinadasfinalidades ligadas Igreja em proveito prprio e de terceiros (STJ HC 77771 / SP2007/0041879-9 rgo Julgador T5 - 30/05/2008).

    Complementando o conceito e o entendimento correto do art. 1, segundo aConveno de Palermo, a organizao criminosa pode se configurar com, nomnimo, 03 (trs) pessoas; enquanto na quadrilha ou bando (art. 288, CP) sonecessrias, no mnimo, 04 (quatro) pessoas.

    9.6.1 ANLISE LEGAL

    Vamos passar agora a analisar os dispositivos legais:

    Art. 2o Em qualquer fase de persecuo criminal sopermitidos, sem prejuzo dos j previstos em lei, osseguintes procedimentos de investigao e formao deprovas:

    O art. 2 da lei n 9.034/95 define uma srie de procedimentos especiais quepodem ser adotados quando da ocorrncia dos delitos decorrentes de aespraticadas por quadrilha ou bando ou organizaes ou associaes criminosasde qualquer tipo. Vamos conhec-los:

    II - a ao controlada, que consiste em retardar a interdiopolicial do que se supe ao praticada por organizaescriminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sobobservao e acompanhamento para que a medida legal seconcretize no momento mais eficaz do ponto de vista daformao de provas e fornecimento de informaes;

    O inc. II, do art. 2., estabelece a figura da ao controlada, consistente emretardar a interdio policial do que se supe ao praticada por organizaescriminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observao eacompanhamento para que a medida legal se concretize no momento maiseficaz do ponto de vista da formao de provas e fornecimento deinformaes.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    24/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    a "ao controlada" uma espcie diferente de priso em flagrante, a qualno se confunde com o flagrante provocado, uma vez que no h instigao

    ou induzimento ao cometimento do crime.Para ficar bem claro, no flagrante provocado, a autoridade policial ou qualqueragente infiltrado faz o papel do Advogado do Diabo, ou seja, instiga oindivduo a cometer o delito e fica aguardando a ocorrncia para prend-lo.Sobre este assunto, dispe o STF:

    Smula 145: No h crime, quando a preparao do flagrante pelapolcia torna impossvel a sua consumao.

    Diferentemente, na ao controlada, tambm chamada de flagrante esperado,no h participao direta do poder pblico na ocorrncia do crime. Consistetal instituto numa prorrogao ou retardamento do flagrante, estando estesob a discricionariedade (avaliao dos aspectos de convenincia eoportunidade) das autoridades policiais. Isso quer dizer que o policial no estobrigado a realizar o flagrante no momento da ocorrncia do crime, podendoestudar a melhor ocasio, com o desenrolar dos fatos, para agir.

    III - o acesso a dados, documentos e informaes fiscais,bancrias, financeiras e eleitorais.

    Neste supra dispositivo legal, o legislador achou por bem autorizar a quebrade sigilo de dados e informaes fiscais, bancrias, financeiras, eleitorais.

    Quanto a este ponto, surge um importante questionamento: Hobrigatoriedade de autorizao judicial para a ocorrncia da quebra?

    A doutrina majoritria vem entendendo ser necessria a autorizao judicialpara violar legalmente o sigilo desses dados, logo, deve ser esteentendimento que voc deve levar para a sua PROVA.

    IV a captao e a interceptao ambiental de sinaiseletromagnticos, ticos ou acsticos, e o seu registro e

    anlise, mediante circunstanciada autorizao judicial;

    A interceptao ambiental consiste em gravar a conversa entre duas ou maispessoas, por um terceiro que esteja no mesmo local. Tal procedimento,autorizado pelo inciso IV, depende de autorizao judicial.

    V infiltrao por agentes de polcia ou de inteligncia, emtarefas de investigao, constituda pelos rgos

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    25/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    especializados pertinentes, mediante circunstanciadaautorizao judicial.

    O inciso V cuidou de tratar do chamado agente infiltrado. este, em termosprticos, o agente que passa a fazer parte de organizao criminosa a fim decolher informaes necessrias.

    O procedimento investigatrio do agente infiltrado impe necessriaautorizao judicial, devendo permanecer no mais absoluto sigilo enquantodurar o procedimento. Sem o devido sigilo, pe-se em risco toda ainvestigao e, principalmente, a vida do agente.

    Art. 3 Nas hipteses do inciso III do art. 2 desta lei,

    ocorrendo possibilidade de violao de sigilo preservadopela Constituio ou por lei, a diligncia ser realizadapessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo dejustia.

    Para a sua PROVA, voc no precisa ter grandes preocupaes com o art. 3 epargrafos, pois na ADI/DF n. 1.570, o Supremo Tribunal Federal declarou ainconstitucionalidade em parte do referido dispositivo. Observe:

    EMENTA: AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEICOMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAOIMPLCITA. AO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUO". REALIZAODE DILIGNCIAS PESSOALMENTE. COMPETNCIA PARA INVESTIGAR.INOBSERVNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. IMPARCIALIDADE DOMAGISTRADO. OFENSA. FUNES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAO DASATRIBUIES DO MINISTRIO PBLICO E DAS POLCIAS FEDERAL E CIVIL.

    1. Lei 9034/95. Supervenincia da Lei Complementar 105/01. Revogao dadisciplina contida na legislao antecedente em relao aos sigilos bancrio efinanceiro na apurao das aes praticadas por organizaes criminosas. Ao

    prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem sobre o acesso a dados,documentos e informaes bancrias e financeiras.

    2. Busca e apreenso de documentos relacionados ao pedido de quebra de sigilorealizadas pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do princpio daimparcialidade e conseqente violao ao devido processo legal.

    3. Funes de investigador e inquisidor. Atribuies conferidas ao Ministrio Pblicoe s Polcias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e 2o; e 144, 1o, I e IV, e 4o). A realizao de inqurito funo que a Constituio reserva polcia.Precedentes. Ao julgada procedente, em parte.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    26/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    O julgado expressou o entendimento de que o dispositivo impugnado (art. 3)confere ao Juiz competncia para diligenciar, pessoalmente, a obteno de

    provas pertinentes persecuo penal de atos de organizaes criminosas, oque, de fato, gera uma relao de causa e efeito entre as provas coligidascontra o suposto autor do crime e a deciso a ser proferida pelo mesmo.

    Afirmou-se, ainda, que ningum pode negar que o magistrado, pelo simplesfato de ser humano, aps realizar pessoalmente as diligncias, fique envolvidopsicologicamente com a causa, contaminando sua imparcialidade.

    Em verdade, tal voto muito representou na busca da imparcialidade do JuizCriminal e na reafirmao de um sistema verdadeiramente acusatrio.

    Entretanto, como foi dito, a ao foi julgada procedente "em parte", somente

    extirpando da aplicabilidade do dispositivo as atuaes que envolvessem osigilo fiscal e eleitoral.

    Assim, a ao no foi julgada totalmente procedente e ainda remanesce, emnosso ordenamento, o art. 3, pelo menos na parte em que no diz respeitoaos sigilos fiscais e eleitorais.

    Art. 5 A identificao criminal de pessoas envolvidas com aao praticada por organizaes criminosas ser realizadaindependentemente da identificao civil.

    Esse art. 5 tambm no importante para sua PROVA, pois, em face dosurgimento da Lei 10.054/2000 (Lei de Identificao Criminal), o SuperiorTribunal de Justia passou a decidir pela revogao do art. 5. da Lei n.9.034/95 (STJ RHC 12968 / DF T-5 05/08/2004).

    Art. 6 Nos crimes praticados em organizao criminosa, apena ser reduzida de um a dois teros, quando acolaborao espontnea do agente levar ao esclarecimento

    de infraes penais e sua autoria.

    Assim, como vimos na lei de lavagem de dinheiro, o legislador fez constar nanorma que agora estudamos o instituto da delao premiada.

    Segundo o art. 6, da lei n 9.034/95, caso haja colaborao espontnea doagente que possibilite a identificao da autoria e das infraes penais, a penaser reduzida de um a dois teros.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    27/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Art. 8 O prazo para encerramento da instruo criminal, nosprocessos por crime de que trata esta Lei, ser de 81

    (oitenta e um) dias, quando o ru estiver preso, e de 120(cento e vinte) dias, quando solto.

    A lei define um prazo especial para o encerramento da instruo criminal noscrimes definidos na lei n 9.034/95.

    Ru preso 81 dias;

    Ru solto 120 dias;

    Por fim, define o art. 11 que as disposies do Cdigo de Processo Penaldevem ser aplicadas de forma subsidiria s lacunas da lei.

    *****************************************************************

    Analisaremos, agora, os crimes contra o sistema financeiro nacional.

    *****************************************************************

    9.7 CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

    A Lein. 7492/86, chamada de Leidos Crimesde Colarinho Branco, tinhainicialmente como alvo os diretores e administradores de instituies financeiras.Hoje essa denominao estende-se a vrios outros indivduos que, alguma forma,lesam a ordem econmica.

    H uma grande preocupao dos nossos governantes, em proteger o Sistema

    Financeiro Nacional, pois os crimes cometidos contra ele atingem, muitas dasvezes, diretamente a economia nacional. Portanto, o Sistema Financeiro umbem jurdico importantssimo que mereceu a proteo penal.

    Mas o que quer dizer a expresso SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL?

    O sistema financeiro compreende o conjunto de instituies, sejam monetrias,bancrias e sociedades por aes, e o mercado financeiro de capitais e valoresmobilirios. Em seu artigo 1 a Lei n 7.492/86 define o que se compreendecomo instituio financeira. Observe:

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    28/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    ATENO!!!

    PERCEBA QUE O CONCEITO ABRANGE INSTITUIES PBLICAS E

    PRIVADAS. ESSE PONTO QUESTO RECORRENTE DE PROVA!!!

    Artigo 1 Considera-se como instituio financeira, para efeitodesta lei, a pessoa jurdica de direito pblico ou privado, que tenha

    como atividade principal ou acessria, cumulativamente ou no, acaptao, intermediao ou aplicao de recursos financeiros deterceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custdia,emisso, distribuio, negociao, intermediao ou administraode valores mobilirios.

    Pargrafo nico. Equipara-se instituio financeira:

    I- a pessoa jurdica que capte ou administre seguros, cmbio,consrcio, capitalizao ou qualquer tipo de poupana, ou recursosde terceiros;

    II- a pessoa natural que exera quaisquer das atividades referidasneste artigo, ainda que de forma eventual.

    amplssimo o conceito de instituio financeira fixado pelo art. 1 da Lei7.492/86. Esse conceito ampliado mais ainda pelas regras previstas nos incisosI e II do pargrafo nico deste artigo, que equipara instituio financeira apessoa jurdica que capte ou administre seguros, cmbio, consrcio, capitalizaoou qualquer tipo de poupana, ou recursos de terceiros, bem como a pessoanatural que exera quaisquer atividades referidas no artigo, ainda que de formaeventual.

    Antes de prosseguirmos tratando das particularidades da norma que define oscrimes contra o sistema financeiro nacional, vamos traar um panorama geral daLei n 7.492/86 a fim de que voc consiga organizar as idias.

    A citada lei possui 35 artigos, organizados da seguinte maneira:

    O PRIMEIRO ARTIGO, COMO VIMOS, CONCEITUA, PARA FINS PENAIS,

    INSTITUIO FINANCEIRA;

    OS ARTIGOS 2 AO 24, ESTABELECEM OS CRIMES CONTRA O SISTEMA

    FINANCEIRO NACIONAL; E

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    29/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    OS ARTIGOS 25 AO 35 CUIDAM DA APLICAO E DO PROCEDIMENTO

    CRIMINAL.

    claro, caro (a) aluno (a), que o mais importante para a sua PROVA so ascondutas definidas nos arts. 2 ao 24, pois definem as figuras tpicas contra osistema financeiro nacional.

    Neste ponto, diferentemente do que fizemos com outras espcies de delitos,atenha o estudo ao conhecimento das condutas.

    9.7.1 CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

    Vamos comear a analisar os crimes contra o sistema financeiro nacional:

    CRIME CONDUTA OBSERVAES

    IMPRESSO OU

    PUBLICAO NO

    AUTORIZADAS

    Imprimir, reproduzir ou, dequalquer modo, fabricar ou prem circulao, sem autorizaoescrita da sociedade emissora,certificado, cautela ou outrodocumento representativo dettulo ou valor mobilirio.

    Incorre na mesma pena quemimprime, fabrica, divulga,distribui ou faz distribuirprospecto ou material depropaganda relativo aos papisreferidos.

    DIVULGAO

    FALSA OU

    INCOMPLETA DE

    INFORMAO

    Divulgar informao falsa ouprejudicialmente incompletasobre instituio financeira.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    30/96

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    31/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    SONEGAO DE

    INFORMAO

    Induzir ou manter em erro,

    scio, investidor ou repartiopblica competente,relativamente a operao ousituao financeira, sonegando-lhe informao ou prestando-afalsamente.

    EMISSO,

    OFERECIMENTO OU

    NEGOCIAO

    IRREGULAR DE

    TTULOS OU

    VALORES

    MOBILIRIOS

    Emitir, oferecer ou negociar, dequalquer modo, ttulos ouvalores mobilirios:

    I - falsos ou falsificados;

    II - sem registro prvio deemisso junto autoridadecompetente, em condiesdivergentes das constantes doregistro ou irregularmenteregistrados;

    III - sem lastro ou garantiasuficientes, nos termos dalegislao;

    IV - sem autorizao prvia da

    autoridade competente, quandolegalmente exigida.

    EXIGNCIA DE

    REMUNERAO

    ACIMA DA

    LEGALMENTE

    PERMITIDA

    Exigir, em desacordo com alegislao, juro, comisso ouqualquer tipo de remuneraosobre operao de crdito oude seguro, administrao defundo mtuo ou fiscal ou deconsrcio, servio decorretagem ou distribuio de

    ttulos ou valores mobilirios:

    FRAUDE

    FISCALIZAO OU

    AO INVESTIDOR

    Fraudar a fiscalizao ou oinvestidor, inserindo ou fazendoinserir, em documentocomprobatrio de investimentoem ttulos ou valoresmobilirios, declarao falsa oudiversa da que dele deveriaconstar.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    32/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    DOCUMENTOS

    CONTBEIS

    FALSOS OU

    INCOMPLETOS

    Fazer inserir elemento falso ou

    omitir elemento exigido pelalegislao, em demonstrativoscontbeis de instituiofinanceira, seguradora ouinstituio integrante dosistema de distribuio dettulos de valores mobilirios.

    CONTABILIDADE

    PARALELA

    Manter ou movimentar recursoou valor paralelamente contabilidade exigida pelalegislao.

    O delito traz no bojo a figurado caixa dois, ou seja, punea movimentao escusa derecursos sem que hajaqualquer espcie de registroda atividade indepen-dentemente da finalidade quepode ser satisfazer despesasno demonstrveis, majorarindevidamente os lucros dediretores ou gerentes sem adevida incidncia tributria.

    OMISSO DE

    INFORMAES

    Deixar, o ex-administrador deinstituio financeira, deapresentar, ao interventor,liquidante, ou sndico, nos

    prazos e condiesestabelecidas em lei asinformaes, declaraes oudocumentos de suaresponsabilidade.

    DESVIO DE BEM

    INDISPONVEL

    Desviar (Vetado) bemalcanado pela indisponibilidadelegal resultante de interveno,liquidao extrajudicial oufalncia de instituiofinanceira.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    33/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    APRESENTAO

    DE DECLARAO

    OU RECLAMAO

    FALSA

    Apresentar, em liquidaoextrajudicial, ou em falncia deinstituio financeira,declarao de crdito oureclamao falsa, ou juntar aelas ttulo falso ou simulado.

    MANIFESTAOFALSA

    Manifestar-se falsamente ointerventor, o liquidante ou osndico, (Vetado) respeito deassunto relativo a interveno,liquidao extrajudicial oufalncia de instituiofinanceira.

    OPERAO

    DESAUTORIZADADE INSTITUIO

    FINANCEIRA

    Fazer operar, sem a devidaautorizao, ou comautorizao obtida mediante

    declarao falsa, instituiofinanceira, inclusive dedistribuio de valoresmobilirios ou de cmbio.

    EMPRSTIMO A

    ADMINISTR DORES

    OU PARENTES E

    DISTRIBUIO

    DISFARADA DE

    LUCROS

    Tomar ou receber, qualquer daspessoas mencionadas no art.25 desta lei, direta ouindiretamente, emprstimo ouadiantamento, ou deferi-lo a

    controlador, a administrador, amembro de conselhoestatutrio, aos respectivoscnjuges, aos ascendentes oudescendentes, a parentes nalinha colateral at o 2 grau,consangneos ou afins, ou asociedade cujo controle seja

    por ela exercido, direta ouindiretamente, ou por qualquerdessas pessoas.

    Incorre na mesma pena quem:

    I - em nome prprio, comocontrolador ou na condio deadministrador da sociedade,

    conceder ou receberadiantamento de honorrios,remunerao, salrio ouqualquer outro pagamento,nas condies referidas nesteartigo;

    II - de forma disfarada,promover a distribuio oureceber lucros de instituiofinanceira.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    34/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    VIOLAO DE

    SIGILO BANCRIO

    Violar sigilo de operao ou deservio prestado por instituiofinanceira ou integrante dosistema de distribuio dettulos mobilirios de que tenhaconhecimento, em razo deofcio.

    OBTENO

    FRAUDULENTA DE

    FINANCIAMENTO

    Obter, mediante fraude,financiamento em instituio

    financeira.

    A pena aumentada de 1/3(um tero) se o crime cometido em detrimento de

    instituio financeira oficial oupor ela credenciada para orepasse de financiamento.

    APLICAO

    IRREGULAR DE

    FINANCIAMENTO

    Aplicar, em finalidade diversada prevista em lei ou contrato,recursos provenientes definanciamento concedido porinstituio financeira oficial ou

    por instituio credenciada para

    repass-lo.

    FALSA IDENTIDADEAtribuir-se, ou atribuir aterceiro, falsa identidade, pararealizao de operao decmbio.

    Incorre na mesma pena quem,para o mesmo fim, sonegainformao que devia prestarou presta informao falsa.

    EVASO DE

    DIVISAS

    Efetuar operao de cmbiono autorizada, com o fim de

    promover evaso de divisas doPas.

    Incorre na mesma pena quem,a qualquer ttulo, promove,sem autorizao legal, a sadade moeda ou divisa para oexterior, ou nele mantiverdepsitos no declarados repartio federal competente.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    35/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    PREVARICAO

    FINANCEIRA.

    Omitir, retardar ou praticar, ofuncionrio pblico, contradisposio expressa de lei, atode ofcio necessrio ao regularfuncionamento do sistemafinanceiro nacional, bem comoa preservao dos interesses evalores da ordem econmico-financeira.

    9.7.2 PROCEDIMENTO CRIMINAL

    Ao comear a tratar sobre o procedimento dos crimes contra o sistema financeironacional dispe o art. 25 da lei n 7.492/86:

    Art. 25. So penalmente responsveis, nos termos desta lei, ocontrolador e os administradores de instituio financeira, assim

    considerados os diretores, gerentes (Vetado). 1 Equiparam-se aos administradores de instituio financeira(Vetado) o interventor, o liquidante ou o sndico.

    O art. 25, da Lei 7492/86 limita a responsabilidade penal ao controlador,administrador, diretor, gerente, interventor, liquidante e sndico. O agente quepraticar os delitos estatudos na lei dever estar investido em uma dessasfunes. Em no se exercendo uma dessas funes, o delito no corresponderqueles descritos nos tipos penais da lei.

    Posteriormente, a lei trata do instituto da DELAO PREMIADA e define quenos crimes previstos, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor oupartcipe que atravs de confisso espontnea revelar autoridade policial oujudicial toda a trama delituosa ter a sua pena reduzida de um a dois teros.

    Art. 25

    [...]

    2 Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partcipe que atravs de confisso

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    36/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    espontnea revelar autoridade policial ou judicial toda a tramadelituosa ter a sua pena reduzida de um a dois teros.

    Quanto a COMPETNCIA, e aqui temos um ponto importante para a PROVA devocs, dispe a lei que a ao penal dos delitos descritos na lei ser promovidapelo Ministrio Pblico, perante a JUSTIA FEDERAL.

    Art. 26. A ao penal, nos crimes previstos nesta lei, serpromovida pelo Ministrio Pblico Federal, perante a JustiaFederal.

    Cabe ressaltar que a Justia Federal dispe de varas especializadas objetivandopunir esses crimes. H diversas divergncias sobre a validade destes tribunaisespecializados, todavia a jurisprudncia vem se posicionando pela possibilidadedas varas especializadas. Observe o pronunciamento do STJ sobre o caso:

    A AO PENAL, no caso da ocorrncia de um crime contra o sistema financeironacional, pblica, logo a proposio da ao independe de qualquer condio deprocedibilidade, bastando a denncia do Ministrio Pblico.

    STJ - HC 41643/CE - DJ 03.10.2005

    Habeas corpus. Processo Penal. Crimes contra o sistema financeiro nacional e

    de Lavagem de dinheiro. Especializao da 11 Vara Federal da SeoJudiciria do Cear. Resoluo 10-A/2003 do TRF da 5 Regio. Resoluo 314do Conselho da Justia Federal. Denncia no oferecida. Redistribuio.Possibilidade. Ofensa aos princpios da reserva de lei, da separao dospoderes e do juiz natural. Inocorrncia. Ordem denegada.

    1. A especializao de vara Federal para processamento e julgamento doscrimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultao de bens,direitos e valores, por meio da Resoluo 10-A/2003 do TRF da 5 Regio e daResoluo 314 do Conselho da Justia Federal, no ofende os princpios dareserva de lei, da separao dos poderes e do juiz natural.

    2. Se a denncia ainda no havia sido oferecida quando da especializao da11 Vara Federal para julgamento de tais crimes impe-se a redistribuio dofeito.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    37/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Quando, no exerccio de suas atribuies legais, o Banco Central do Brasil ou aComisso de Valores Mobilirios - CVM, verificar a ocorrncia de crime contra o

    sistema financeiro nacional, disso dever informar ao Ministrio Pblico Federal,enviando-lhe os documentos necessrios comprovao do fato.

    Art. 28. Quando, no exerccio de suas atribuies legais, o BancoCentral do Brasil ou a Comisso de Valores Mobilirios - CVM,verificar a ocorrncia de crime previsto nesta lei, disso deverinformar ao Ministrio Pblico Federal, enviando-lhe os documentosnecessrios comprovao do fato.

    Pargrafo nico. A conduta de que trata este artigo ser observada

    pelo interventor, liquidante ou sndico que, no curso de interveno,liquidao extrajudicial ou falncia, verificar a ocorrncia de crimede que trata esta lei.

    Ressalta-se que, para os crimes contra o sistema financeiro nacional, no hcabimento da ao penal privada subsidiria da pblica, pois, segundo o art.27, quando a denncia no for intentada no prazo legal, o ofendido poderrepresentar ao Procurador-Geral da Repblica, para que este a oferea, designeoutro rgo do Ministrio Pblico para oferec-la ou determine o arquivamentodas peas de informao recebidas.

    Art. 27. Quando a denncia no for intentada no prazo legal, oofendido poder representar ao Procurador-Geral da Repblica,para que este a oferea, designe outro rgo do Ministrio Pblicopara oferec-la ou determine o arquivamento das peas deinformao recebidas.

    DICIONRIO DO CONCURSEIRO

    AO PENAL PRIVADA SUBSIDIRIA DA PBLICA

    Nos casos de ao pblica, o Ministrio Pblico tem determinado prazo para oferecer

    denncia. Passado esse prazo sem qualquer manifestao do Promotor de Justia,comea a correr o prazo decadencial para que a vtima, a fim de no ser prejudicadapela inrcia do MP, proponha a ao penal privada subsidiria da pblica.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    38/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Por fim, iremos tratar da PRISO PREVENTIVA estabelecida no art. 30 da leidefinidora dos crimes contra o sistema financeiro nacional. Observe o que dispe

    texto legal:

    Art. 30. Sem prejuzo do disposto no art. 312 do Cdigo deProcesso Penal, aprovado pelo Decreto-lei n 3.689, de 3 deoutubro de 1941, a priso preventiva do acusado da prtica decrime previsto nesta lei poder ser decretada em razo damagnitude da leso causada

    A priso preventiva uma das medidas cautelares pessoais previstas no processo

    penal brasileiro e nos crimes contra o sistema financeiro nacional, o art. 30 da Lei7.492/86, ostenta um pressuposto especfico para a priso: a magnitude daleso causada.

    Em primeiro plano parece que este artigo estabeleceu uma nova hiptese para adecretao da priso preventiva. Contudo a maioria doutrinria entendeu no setratar de um fundamento autnomo para a decretao da custdia cautelar.

    Segundo Maia, Tendo em vista a excepcionalidade que deve revestir a prisocautelar estamos que a exegese deste artigo dever ser restritiva, sendo oprejuzo causado, por maior que seja, insuficiente por si mesmo de ensejar adecretao da priso preventiva, o que parece ter sido a mens legis ao noalterar a redao do art. 312 do CPP e, sim, determinar que este fosseconsiderado quando do sopesamento da magnitude da leso.

    Assim, a magnitude da leso causada pelo ilcito no pode ser parmetro nicopara a decretao da medida cautelar, devendo ser considerada globalmentecom os demais requisitos autorizados da medida. Independentemente damagnitude da leso, desde que se mostre desnecessria, a priso cautelar nopoder ser decretada pela autoridade jurisdicional.

    Os Tribunais tm assim decidido:

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    39/96

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    40/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Diante do exposto, para sua PROVA lembre-se de queA MAGNITUDE DA LESOCAUSADA, POR SI S, NO CONTM UM PERIGO CONCRETO CASO MANTIDA A

    LIBERDADE DO ACUSADO. SE ASSIM FOSSE, A MEDIDA TERIA NATUREZAEXCLUSIVAMENTE PUNITIVA E NO ACAUTELATRIA COMO DE DIREITO.

    ****************************************************************************************************

    FUTURO(A) APROVADO(A), MUITO BOM!!! AQUI VOCACABA DE FINALIZAR MAIS UM IMPORTANTE TEMA

    RUMO TO SONHADA APROVAO. A CADA INSTANTE

    VOC EST ADQUIRINDO MAIS E MAIS CONHECIMENTO

    E ISSO QUE FAR A DIFERENA NO DIA DE COLOCAR OESFORO EM PRTICA.

    DITO ISTO, RESPIRE FUNDO, RECARREGUE AS SUAS

    ENERGIAS E VAMOS LUTA COM O MAIS UM TEMA DE

    NOSSA AULA!!!

    **********************************************************************************************************

    9.8 TORTURA - LEI N. 9.455/97 CONCEITOS GERAIS

    O primeiro ponto para a correta compreenso da lei n. 9.455/97 o

    conhecimento de que ela define regras especiais sobre o crime de tortura,estando, entretanto, vinculada s seguintes normas definidas pela ConstituioFederal:

    Art. 5 - [...].

    III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumanoou degradante; [...].

    XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graaou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes edrogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,

    por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,podendo evit-los, se omitirem;

    9.8.1 CONCEITO

    Mas o que quer dizer a palavra tortura? simplesmente o castigo corporal?

    A resposta negativa. Podemos afirmar que tortura a imposio de dor fsicaou psicolgica por crueldade, intimidao, punio, para obteno de umaconfisso, informao ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    41/96

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    42/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Art. 233. Submeter criana ou adolescente sob sua autoridade,guarda ou vigilncia a tortura. (Revogado)

    A chamada lei da tortura trouxe muitas novidades para nosso ordenamentojurdico (definio de crimes, regulao de aspectos processuais etc.) e veio,em sntese, suprir omisso indesculpvel do legislador brasileiro.

    A lei n. 9.455/97 define logo em seu art. 1 o que, efetivamente, constituicrime de tortura. Observe:

    Art. 1 Constitui crime de tortura:

    I - constranger algum com emprego de violncia ou graveameaa, causando-lhe sofrimento fsico ou mental:

    a) com o fim de obter informao, declarao ou confisso davtima ou de terceira pessoa;

    b) para provocar ao ou omisso de natureza criminosa;

    c) em razo de discriminao racial ou religiosa;

    II - submeter algum, sob sua guarda, poder ou autoridade, comemprego de violncia ou grave ameaa, a intenso sofrimento fsicoou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de

    carter preventivo.Pena - recluso, de dois a oito anos.

    Vamos analisar os delitos definidos na lei comeando com o primeiro inciso dosupracitado artigo.

    A conduta tipificada no inciso I apresenta trs figuras penais caracterizadorasda tortura que podem ser definidas da seguinte forma:

    TORTURA-PROVA ou TORTURA-PERSECUTRIADefinida naalnea a do inciso I:

    a) com o fim de obter informao, declarao ou confisso davtima ou de terceira pessoa;

    Exemplo: Imaginemos que Tcio mediante tortura visa obter aconfisso de Caio sobre um determinado delito. Neste casoestaremos diante da TORTURA-PROVA.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    43/96

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    44/96

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    45/96

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    46/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 46

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Autoridade (Lei n. 4.898/65) e no artigo 5, XLIX da Carta Magna,reproduzidos abaixo:

    Art. 4 [...]b) Constitui tambm abuso de autoridade submeter pessoa sobsua guarda ou custdia a vexame ou a constrangimento noautorizado em lei.Art. 5 [...]

    XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica emoral;

    9.9.2 OMISSO PERANTE A TORTURA

    Diferentemente do que muitos pensam, a tortura tambm punvel em suaforma omissiva. Sobre o tema, dispe o pargrafo 2 do art. 1 da lei detortura:

    2 Aquele que se omite em face dessas condutas, quandotinha o dever de evit-las ou apur-las, incorre na pena de

    deteno de um a quatro anos. (grifo nosso)

    Para o correto entendimento deste tipo penal chamado de OMISSOPERANTE A TORTURA, devemos interpret-lo juntamente com o Art. 5,XLIII, da CF e o Art. 13, 2 do CP. observe:

    Art. 5[...]XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis degraa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito deentorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidoscomo crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes,os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem.(grifei)

    Art. 13 [...]. 2 A omisso penalmente relevante quando o omitentedevia epodia agir para evitar o resultado. (grifei)

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    47/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 47

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Agora, futuro Policial Federal, com base nos dispositivos supracitados, cabe umimportante questionamento:

    Ao interpretarmos o pargrafo 2 com foco apenas na Lei de Tortura,percebemos claramente que a idia do legislador foi a de incriminar s aqueleque tem o deverde evitar a tortura e deixa de faz-lo. Esse o entendimentoque voc deve levar para a sua PROVA.

    Cabe ressaltar que h grande divergncia doutrinria quanto a este ponto, poistomando por base a Constituio Federal e o Cdigo Penal alguns estudiososconcluem que aquela pessoa no possuidora de obrigao, mas com afaculdade de agir para evitar a tortura, tambm pode ser incriminada.Todavia, PARA SUA PROVA, mais uma vez, ressalto:

    9.9.2.1 LESO CORPORAL GRAVE E GRAVSSIMA OU MORTE

    A lei apresenta penalizaes mais rgidas para os casos em que a torturaresulta em leso corporal grave ou gravssima ou, ainda, morte. Observe otexto legal:

    Art. 1 [...]

    3 Se resulta leso corporal de natureza grave ou gravssima,a pena de recluso de quatro a dez anos; se resulta morte, arecluso de oito a dezesseis anos.

    S PODE SER PUNIDO O INDIVDUO COM O DEVER DE

    EVITAR O ATO DE TORTURA OU A PESSOA COM A

    FACULDADE E POSSIBILIDADE DE AGIR TAMBM

    PUNVEL?

    S RESPONDEM PELA OMISSO PERANTE A TORTURA

    AS PESSOAS QUE POSSUEM O DEVER JURDICO DE

    APURAR OS CRIMES DE TORTURA E NO O FAZEM.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    48/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 48

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Depois da leitura do supracitado pargrafo fica claro que as leses graves egravssimas, juntamente com a morte, constituem qualificadorasdo crime

    de tortura.

    No caso da ocorrncia de morte temos que fazer uma comparao entredois crimes:

    1)Tortura qualificada pela morte Neste delito a tortura empregada sem dolo de provocar a morte, que ocorre de formaculposa. um crime preterdoloso.

    CONHECER PARA ENTENDER!!!

    As leses graves so as descritas no Art. 129, 1 do CP e as lesesgravssimas so as descritas no 2 do mesmo artigo:

    Leso corporal

    Art. 129. [...].

    Leso corporal de natureza grave 1 Se resulta:

    I - Incapacidade para as ocupaes habituais, por mais de trinta dias;II - perigo de vida;III - debilidade permanente de membro, sentido ou funo;IV - acelerao de parto:

    Pena - recluso, de um a cinco anos.

    2 Se resulta:I - Incapacidade permanente para o trabalho;II - enfermidade incurvel;III - perda ou inutilizao do membro, sentido ou funo;IV - deformidade permanente;V - aborto:

    Pena - recluso, de dois a oito anos.

    CABE RESSALTAR QUE MUITO COMUM EM PROVA O CESPE CITAR ALESO CORPORAL LEVE COMO SENDO QUALIFICADORA DO DELITO DE

    TORTURA O QUE, OBVIAMENTE, EST INCORRETO. NO CASO DAOCORRNCIA DESTE TIPO DE LESO, ESTA FICA ABSORVIDA PELO

    CRIME DE TORTURA SIMPLES.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    49/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 49

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2)Homicdio qualificado pela tortura (Art. 121, 2, III doCP) Neste crime a tortura empregada como meio para

    acarretar a morte, enfim, o agente quer ou assume o risco deproduzir o homicdio qualificado pela tortura.

    9.9.2.2 CAUSAS DE AUMENTO DA PENA

    Dispe o pargrafo 4 do Art. 1:

    Art. 1

    [...]

    4 Aumenta-se a pena de um sexto at um tero:

    I - se o crime cometido por agente pblico;

    II se o crime cometido contra criana, gestante, portador dedeficincia, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

    III - se o crime cometido mediante seqestro.

    Vamos analisar cada inciso do dispositivo legal:

    I - se o crime cometido por agente pblico;

    A Lei de Tortura no tratou de definir a abrangncia da expresso agentepblico utilizada neste dispositivo, dessa forma, os doutrinadores alternamentre a aplicao do art. 327, caput, do Cdigo penal e do art. 5 da Lei4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade). Os conceitos so bem parecidos e,para efeito de PROVA, traduzem a mesma idia. Observe:

    Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitospenais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao,exerce cargo, emprego ou funo pblica.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    50/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 50

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Art. 5 - Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,quem exerce cargo, emprego ou funo pblica, de natureza

    civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunerao.

    Com base nos dispositivos supra, devemos entender por funcionriospblicos todos aqueles que desempenham funo, submetidos a umarelao hierarquizada para com o ente administrativo, independentementede ser este ente da administrao direta ou indireta, bem como de ser estelabor permanente ou temporrio, voluntrio ou compulsrio, gratuito ouoneroso.

    Deste modo, podemos afirmar que a lei de tortura adota a noo

    ampliadado conceito de funcionrio pblico discutido na esfera do DireitoAdministrativo. Alm disso, no exige para a caracterizao nem sequer oexerccio profissional ou permanente da funo pblica.

    Cabe ressaltar que esta causa de aumento de pena no poder ser aplicadaa determinados casos de tortura em que a condio de funcionrio pblico pressuposto da existncia do tipo penal. Como exemplo, temos o art. 1, 2 (omisso perante a tortura).

    II se o crime cometido contra criana, gestante,portador de deficincia, adolescente ou maior de 60(sessenta) anos;

    Para o correto entendimento deste dispositivo h um importante conceitoque precisa ser aprendido: Qual a definio da palavra criana e daexpresso adolescente?

    Segundo o Estatuto da Criana e do Adolescente, criana aquela quepossui menos de 12 anos, enquanto que adolescente, aquele que possuimais de 12 e menos de 18 anos.

    Este inciso foi alterado em 2003 pelo Estatuto do Idoso, onde foi includa acircunstncia do crime ser praticado contra pessoa maior de 60 anos.

    Por fim, a deficincia a que se refere este inciso tanto pode ser fsica, comomental.

    III - se o crime cometido mediante seqestro.

    Caro (a) aluno (a), perceba que o legislador, quanto a supracitada causa deaumento de pena, trata do SEQUESTRO. Consequentemente, h que se

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    51/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 51

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    diferenciar a simples privao da liberdade da vtima para que tenha efeitoa tortura, da situao em que um indivduo seqestrado e, durante este

    seqestro torturado.Vamos exemplificar para ficar bem claro:

    Imagine o seguinte: Mvio levado por Caio a um galpo. Neste galpoZico Ourio aguarda Mvio com os instrumentos que sero utilizados paratortura.

    Depois do cometimento deste ilcito, os criminosos colocam Mvio no carroe o deixam em determinado local.

    Neste caso crime cometido mediante sequestro???

    Claro que no, pois a privao da liberdade teve efeito S para que seefetivasse a tortura.

    9.9.2.3 EFEITO EXTRAPENAL DA CONDENAO

    As esferas penal e administrativa so independentes, mas, muitas vezes,decises na esfera criminal influenciam outras instncias. Um destes casosem que a deciso penal influencia outras esferas est presente no pargrafo5 do art. 1 da lei de tortura nos seguintes termos:

    Art. 1 [...]

    5 A condenao acarretar a perda do cargo, funo ouemprego pblico e a interdio para seu exerccio pelo dobro doprazo da pena aplicada.

    Com a condenao por crime de tortura, o agente pblico demonstra queviolou os seus deveres funcionais e que o Estado, juntamente com asociedade, no podem mais confiar em seus servios. Essa a razo desse

    dispositivo.Portanto, da condenao podem resultar:

    11..PPEERRDDAADDOOCCAARRGGOO//FFUUNNOO//EEMMPPRREEGGOOPPBBLLIICCOO;;

    22..IINNTTEERRDDIIOO PPAARRAA OO EEXXEERRCCCCIIOO DDEE CCAARRGGOO,, FFUUNNOO OOUUEEMMPPRREEGGOO PPBBLLIICCOO PPEELLOO DDOOBBRROO DDOO PPRRAAZZOO DDAA PPEENNAAAAPPLLIICCAADDAA..

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    52/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 52

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Para finalizar, observe o julgado:

    9.9.3 IMPOSSIBILIDADE DE GRAA OU ANISTIA. E O INDULTO?

    A lei de tortura, ao tratar da anistia e da graa, causas de extino dapunibilidade, apresenta a seguinte determinao:

    Art. 1

    [...]

    6 O crime de tortura inafianvel e insuscetvel de graaou anistia.

    A anistia significa o esquecimento de certas infraes penais. Juridicamenteos fatos deixam de existir. Aplica-se, em regra, a crimes polticos,entretanto, tem lugar tambm nos crimes militares, eleitorais, contra a

    organizao do trabalho e alguns outros.A graa, por sua vez, somente extingue a punibilidade, substituindo o crime,a condenao irrecorrvel e seus efeitos secundrios. A graa tem carterindividual.

    Ocorre que, operando os mesmos efeitos da graa, porm com cartercoletivo, existe um instituto chamado INDULTO, e este no tratado nosupracitado dispositivo legal.

    STJ, HC 57.293/MG, DJ 18.12.2009

    O Tribunal de Justia local tem competncia para decretar, comoconseqncia da condenao, a perda da patente e do posto de oficialda Polcia Militar, tal como previsto no art. 1, 5, da Lei de Tortura(Lei n 9.455/97).

    A condenao por delito previsto na Lei de Tortura acarreta, como efeito

    extrapenal automtico da sentena condenatria, a perda do cargo,funo ou emprego pblico e a interdio para seu exerccio pelo dobrodo prazo da pena aplicada. Precedentes do STJ e do STF.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    53/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 53

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    NNOOCCABBVEELLOOIINNDDUULLTTOONNOOSSCCRRIIMMEESSDDEEFFIINNIIDDOOSS

    NNAALLEEIIDDEETTOORRTTUURRAA..

    Do exposto surge um importante questionamento: Ser que a inteno dolegislador foi deixar de fora, propositalmente, tal instituto a fim de permitir

    sua aplicao?A resposta negativa! Apesar de diversas divergncias doutrinrias o que importante o que o CESPE leva em considerao e, segundo entendimentoda banca:

    Para consolidar o entendimento, veja o julgado:

    9.9.4 CUMPRIMENTO DA PENA

    Atualmente, todos os crimes hediondos e suas figuras equiparadas devemcumprir a regra de iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.Porm nem sempre foi assim.

    Com o advento da Lei dos 8.072/90, os condenados por crimes hediondos esuas figuras equiparadas (Tortura, Trfico de Drogas e Terrorismo) deveriamcumprir a pena em regime integralmentefechado.

    Tal situao perdurou at o advento da Lei de tortura (1997), quando estaexcluiu o crime de tortura desse procedimento. A nova lei aplicou regra emque o condenado por crime de tortura deveria apenas iniciaro cumprimentode pena em regime fechado, enquanto que os condenados por crimeshediondos e pelas outras figuras equiparadas a hediondos continuavam acumprir a pena em regime integralmente fechado.

    Essa modificao abriu espao para que se fortalecessem as teses sobre ainadequao do cumprimento em regime integralmente fechado quanto aosdemais crimes hediondos. Isso obrigou o STF a se manifestar atravs daSmula 698, onde ficou estabelecido que a admissibilidade de progresso deregime de execuo da pena aplicado ao crime de tortura no se estendiaaos demais crimes hediondos.

    STF, RE 605.998/SP, DJ 18.02.2010

    Os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentese drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de anistia, graa e indulto.

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    54/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 54

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    1. QUE A VTIMA DO CRIME SEJA BRASILEIRA; E/OU

    2. QUE O AUTOR DO CRIME DE TORTURA ESTEJA

    EM LOCAL ONDE A LEGISLAO BRASILEIRA

    APLICVEL.

    Smula 698 - "No se estende aos demais crimes hediondos aadmissibilidade de progresso no regime de execuo da penaaplicada ao crime de tortura".

    Posteriormente, em 2007, com o advento da Lei 11.464, tal discussoperdeu o valor, pois foi abolido o cumprimento de pena em regimeintegralmente fechado para os crimes hediondos e equiparados igualando-seao que havia ocorrido com o crime de tortura em 1997. Ou seja, a partirde 2007, todos os crimes hediondos e equiparados devemter suas penas cumpridas IINNIICCIIAALLMMEENNTTEE em regimefechado.

    1.9.5 APLICABILIDADE DA LEI

    Sobre o tema dispe o pargrafo 2 da lei n 9.455/97. Observe

    Art. 2 O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime no

    tenha sido cometido em territrio nacional, sendo a vtimabrasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdiobrasileira.

    Segundo o dispositivo acima, pelo menos uma das duas hipteses descritasabaixo deve ocorrer para que esta legislao seja aplicvel:

    *****************************************************************

  • 7/22/2019 Aula 09 (2)

    55/96

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 55

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOSDELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    9.10 LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO

    A velocidade com qu