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Direito Empresarial Aula 01 - Introdução Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 1 – Introdução Objetivos da aula: Nesta aula, você conhecerá o conteúdo do Direito Comercial, a sua finalidade e objetivo, bem como a definição jurídica de algumas expressões utilizadas em nosso dia-a-dia. INTRODUÇÃO Quando falamos em Direito Comercial, imediatamente nos lembramos da palavra “comércio”. Podemos definir comércio sob dois aspectos: a) Aspecto econômico: é a atividade humana que tem por objetivo colocar em circulação a riqueza produzida. b) Aspecto jurídico: é o conjunto de atos de intermediação entre o produtor e o consumidor, visando ao lucro. Conclui-se que o COMERCIANTE é aquele que faz a intermediação, ou ainda, é o mediador entre o produtor e o consumidor. 1. ORIGEM DO COMÉRCIO Os povos da Antiguidade tinham como hábito produzir em sua casa, para consumo de sua família, todos os produtos necessários à sua subsistência, tais como móveis, roupas e outros utensílios. Dessa produção, aquilo que não seria utilizado era trocado entre seus amigos, vizinhos ou aqueles que demonstrassem interesse em adquiri- los.

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Aula Nº 1 – IntroduçãoObjetivos da aula:

Nesta aula, você conhecerá o conteúdo do Direito Comercial, a sua

finalidade e objetivo, bem como a definição jurídica de algumas expressões

utilizadas em nosso dia-a-dia.

INTRODUÇÃO

Quando falamos em Direito Comercial, imediatamente nos lembramos da

palavra “comércio”.

Podemos definir comércio sob dois aspectos:

a) Aspecto econômico: é a atividade humana que tem por objetivo colocar

em circulação a riqueza produzida.

b) Aspecto jurídico: é o conjunto de atos de intermediação entre o produtor

e o consumidor, visando ao lucro.

Conclui-se que o COMERCIANTE é aquele que faz a intermediação, ou

ainda, é o mediador entre o produtor e o consumidor.

1. ORIGEM DO COMÉRCIO

Os povos da Antiguidade tinham como hábito produzir em sua casa, para

consumo de sua família, todos os produtos necessários à sua subsistência,

tais como móveis, roupas e outros utensílios.

Dessa produção, aquilo que não seria utilizado era trocado entre seus

amigos, vizinhos ou aqueles que demonstrassem interesse em adquiri-

los.

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Alguns povos da Antiguidade, como os fenícios, destacaram-se intensificando as

trocas e, com isto, estimularam a produção de bens destinados especificamente

à venda. Esta atividade de fins econômicos, o comércio, expandiu-se com

extraordinário vigor.(COELHO, 2006, p.5)

Assim, a produção destinada ao consumo de terceiros, estranhos à família,

deu origem ao “comércio”.

2. Origem do Direito Comercial

Na Idade Média, com a ascensão da burguesia e a crescente troca de

mercadorias entre os povos, surge a necessidade de se regulamentar

melhor essa atividade que se difundiu pelo mundo civilizado.

A partir desta origem, podemos falar que o Direito Comercial passou por

três fases distintas, até chegar à atualidade:

2.1. Primeira fase: CORPORATIVISTA OU SUBJETIVISTA

Esta fase vai do século XII ao século XVII. Acentua-se durante o Renascimento

na Europa, quando comerciantes e artesãos se uniam em “corporações”,

como uma forma de fortalecer sua atividade.

Nessas corporações, foram surgindo regras para regulamentar as relações

de seus membros, primeiras normas do Direito Comercial.

Pergunta-se: Nessa fase, quem era considerado comerciante?

Eram considerados comerciantes, só aquelas pessoas registradas nas

corporações de comércio.

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2.2. Segunda fase: OBJETIVA OU DA “TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO”

Esta fase engloba o período entre o século XVIII e o século XX. A lei passa

a traçar um rol taxativo de atos que podem ser considerados como

“comércio”, não levando em conta o sujeito que o pratica, mas o ATO em

si.

É a “Teoria dos Atos de Comércio”, que surgiu com o Código Comercial

Francês de 1808, época de Napoleão, e delimitava a atuação comercial.

Referida teoria foi adotada no Brasil por nosso Código Comercial de 1850,

que ditava: “atos de comércio são aqueles especificados na lei”.

No entanto, o Código Comercial Brasileiro não especificava quais eram os

considerados “atos de comércio”, surgindo o Regulamento 737 de 1850,

que considerou como atos de comércio, dentre outros, os seguintes:

a) compra e venda de bens móveis e semoventes (animais);

b) atividades bancárias e de seguros;

c) operações de câmbio;

d) expedição e armação de navios;

e) espetáculos públicos.

Observamos, com o rol acima que, as atividades referentes à compra e

venda de bens imóveis, as prestações de serviços e as atividades rurais não

eram consideradas como “atos de comércio”.

2.3. Terceira fase: EMPRESARIAL OU DA “TEORIA DA EMPRESA”

A partir de 1942, surge a previsão, no Código Civil Italiano, da “Teoria da

Empresa”, que expande a incidência do Direito Comercial.

A Teoria da Empresa preconiza que se considera empresa qualquer atividade

organizada para a produção e circulação de bens e serviços, salvo as atividades

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intelectuais.

Verificamos que sua abrangência é bem maior do que aquela pretendida

pela Teoria dos Atos de Comércio, considerando, também, a compra e

venda de bens móveis e imóveis (uma Imobiliária passa a exercer uma

atividade empresarial) e os prestadores de serviços.

Tal fato se deu em razão de a Teoria dos Atos de Comércio não ter

acompanhado a evolução da sociedade nem a dinâmica econômica, pois

não abrangia atividades cada vez mais importantes, como a prestação de

serviços e as atividades rurais.

As defasagens entre a teoria dos atos de comércio e a realidade disciplinada pelo

Direito Comercial – sentidas especialmente no tratamento desigual dispensado

à prestação de serviços, negociação de imóveis e atividades rurais – e a

atualidade do sistema italiano começam a ser apontadas na doutrina brasileira

nos anos 1960 [...] alguns juízes começaram a decidir processos desconsiderando

o conceito de atos de comércio – embora ainda em vigor o Código Comercial.

(COELHO, 2006, p.10).

Após já estar reconhecida pela Doutrina e pela Jurisprudência Brasileira, a

Teoria da Empresa foi adotada por nosso Código Civil de 2002, que prevê

Artigo 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade

econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de

serviços.

Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual,

de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares

ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de

empresa.

Em conformidade com o disposto acima, o Direito Comercial passa

a regulamentar a “atividade empresarial”, que é aquela desenvolvida,

habitual e profissionalmente, por um empresário individual ou por uma

sociedade empresária, de forma economicamente organizada e destinada

à produção ou circulação de mercadorias e serviços.

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O Código Civil de 2002, ao consagrar a Teoria da Empresa, revogou,

parcialmente, o Código Comercial de 1850, pois também passou a

regulamentar outros assuntos, tais como os títulos de crédito e os contratos

mercantis.

Diante das informações anteriores, algumas dúvidas podem surgir e

passamos a elucidá-las:

1) Qual é a legislação aplicável ao Direito Comercial?

O Código Civil, o Código Comercial (na parte em que não foi revogado)

e as Leis extravagantes (Leis que tratam de assuntos específicos e se

encontram fora dos Códigos).

2) Em razão de o Novo Código Civil cuidar de atividades empresariais,

houve uma unificação entre o Direito Civil e o Direito Comercial?

Uma boa parcela das matérias de Direito Comercial está disposta no Código

Civil, todavia o Direito Comercial continua sendo um ramo autônomo, pois

é regido por princípios próprios.

3) O Direito Comercial cuida apenas de matérias relativas às atividades

empresariais?

Não, cuida também de outras matérias, como títulos de crédito, contratos

mercantis, atividades bancárias e de seguros, atividades marítimas,

propriedade industrial.

4) Em razão de nossa legislação ter adotado a Teoria da Empresa, em

substituição à Teoria dos Atos de Comércio que está ultrapassada,

não deveria, então, esse ramo do Direito ser denominado de Direito

Empresarial?

Como vimos nesta aula, a denominação “Direito Comercial” tem raízes

históricas, ela é aceita tradicionalmente, e a Teoria da Empresa só foi

englobada por nossa legislação a partir de 2002.

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Assim, essa nomenclatura, apesar de ainda estar sendo utilizada, aos

poucos vem sendo substituída por “Direito Empresarial”, a exemplo da

Lei de Registro de Empresas e de muitos doutrinadores e juristas que já a

utilizam em suas obras.

Síntese

Esta aula nos apresentou o Direito Comercial e sua evolução, que culminou

com a atual Teoria da Empresa.

Resta-nos saber, agora, a definição de empresa e como esta será

regulamentada pelo Direito Comercial.

Referências

BRASIL. Código Civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17. ed. São Paulo:

Saraiva, 2006.